(in)formação nº20 (nov. 2012/fev. 2013)

Transcrição

(in)formação nº20 (nov. 2012/fev. 2013)
( i n ) formação CDI
Centro de Documentação e Informação da Escola Superior de Dança
Newsletter nº 20 | Quadrimestral | novembro 2012-fevereiro2013
NOVIDADES CDI
MÚSICA E DANÇA
Ear training for the body :
a dancer's guide to music
Autor: Katherine Teck
Ano: cop. 1993
Cota: I03-TEC-EAR
Dance composition :
an interrelated arts
approach
Autor: Janice Power
Ano: cop. 2009
Cota: J05-POM/DAN
Twentieth-century music :
a history of musical style
in modern Europe and
America
Autor: Robert P. Morgan
Ano: cop. 1991
Cota: I03-MOR/TWE
Music dances : Balanchine
choreographs Stravinsky [DVD]
Autor: conceived, written, and narrated
by Stephanie Jordan ; Virginia Brooks,
Nancy Reynolds, Delia Peters
Ano: cop. 2010
Cota: DMC-MUS
Música de cena : dramaturgia
sonora
The Routledge companion to aesthetics
Autor: Livio Tragtenberg
Ano: 2008
Cota: G07-TRA/MUS
Autor: Berys Gaut and &
Dominic McIver Lopes (ed.)
Ano: 2005
Cota: I01-ROT
Ficha técnica
(in)formação CDI - Quadrimestral- nº20
Conteúdos e design gráfico: Lília Rodrigues
Colaboraram neste número:
Ana Silva Marques (Professora equiparada a adjunta da ESD)
Isabel Duarte (Professora adjunta da ESD)
novembro 2012 - fevereiro 2013
Centro de Documentação e Informação (CDI) - Escola Superior de Dança (ESD)
Rua da Academia das Ciências 5, 1200-003 Lisboa
Tel.: +351 213 244 789 | E-mail: [email protected] | Site CDI: http://cdi.esd.ipl.pt
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5 MINUTOS…
AS ESCOLHAS DE…
Ana Silva Marques*
É inevitável não se apontar a interdisciplinaridade entre a Música e a Dança, mais especificamente a Dança Criativa.
Nas aulas de Dança Criativa existe uma relação natural com a música, em que se identifica e
explora a qualidade dos sons, compreende-se a organização e estruturação sonora e musical
e identifica-se auditivamente mudanças rítmicas, melódicas e harmónicas.
Os estímulos auditivos são determinantes para o desenvolvimento criativo, expressivo e interpretativo do movimento. Deve existir uma intencionalidade na escolha da seleção musical de
apoio à consecução da aula de dança, no sentido em que se estimula a improvisação, a criação das linguagens, bem como a seleção de movimento e articulação entre o mesmo para a
realização do trabalho criativo concreto, em que o sentido de comunicação está em estreita
ligação com a música. Desta forma, o acompanhamento sonoro varia de acordo com o objetivo do professor e objetivos específicos de cada aula ou exercício.
A utilização de recursos musicais (instrumentos musicais, canções e uso de variedade de
apoio musical de diversos estilos musicais) é fundamental para ajudar os alunos a desenvolver o seu sentido de ritmo e o ritmo dos seus corpos.
Eric Chapelle é um autor de referência no que respeita a recursos musicais concretizados
especificamente para aulas de Dança Criativa. Nas suas obras, disponíveis no CDI da ESD,
mais especificamente no Cd “Music For Creative Dance: Contrast and Continuum”, Vols. 1 – 4
(que inclui ideias para
dança criativa de
Anne Gilbert). Um
conjunto de 4 CDs
com características
variadas no que respeita ao contraste,
textura e outros elementos da música em
que existe uma correspondência direta aos
elementos da dança.
Apesar de serem apresentados, como proposta de consulta, os CDs de Eric Chapellee, consideramos que nas aulas de dança criativa devem ser utilizados recursos diferenciados (no
que diz respeito a diferentes tipologias musicais, com diferentes estilos e orientações estéticas, da música étnica à erudita), uma vez que são um dos aspetos centrais da diversificação
nos contextos de aprendizagem. Por isso, é sempre importante estarmos atentos aos recursos que temos à nossa disposição na documentação existente no CDI, tornando as nossas
aulas e exercícios mais apelativos e diversificados na relação intensa e desejável entre
Música e Dança.
Professora equiparada a adjunta da Escola Superior de Dança (ESD)*
novembro 2012 - fevereiro 2013
Explorar sons e silêncios
Explorar sons e silêncios permite expandir a nossa musicalidade e desenvolver competências de profunda audição, reconhecendo contrastes de ritmos, texturas e tons
da música de percussão, bem como os nossos ritmos
internos de respiração e de batimento cardíaco.
Para conseguirmos entender e sentir o poder das batidas
cardíacas e das batidas de tambores, podemos fazer um
dos exercícios recomendados pela autora Janice Pomer,
no seu livro “Dance composition : na interrelated arts
approach”.
“The first drum you hear is in your mother’s womb.
The rhythm of her heart vibrates through you, and
your own heart answers back. As an infant your
inner drum supports and strengthens you. Tou
move to your inner drum, and from it you learn to
recognize and respond to the complementary
rhythms and vibrations around you. Before you can
walk, you dance: shifting weight from side to side,
from body part to body part, smoothly, erratically,
sympathetically, ecstatically. Is is possible to separate the drum from the dance?” (Pomer, 2009, p.
265)
O nosso corpo reage a sons e a vibrações. Para percebermos isto basta, seguindo o exercício “Heartbeats and
drumbeats” (p. 67), deitarmo-nos no chão, fecharmos os
olhos e ouvir música de percussão intercalada de períodos de silencio.
[Música do compositor Barry Prophet que colaborou com a
autora Janice Pomer na criação de um CD de música que
acompanha o livro citado anteriormente.]
O exercício completo deve ser realizado em grupo e
permite a exploração individual e coletiva do movimento
do corpo.
Poderá consultar todos os exercícios apresentados pela
autora Janice Pomer, no livro “Dance composition : na
interrelated arts approach”, disponível no CDI.
RECENSÃO CRÍTICA
Que música para a dança?
Isabel Duarte,
Professora adjunta da ESD
“(…) se tivermos de apontar um universo de pessoas cuja relação com a música
seja verdadeiramente próxima, vivida e intensa, um dos primeiros que devemos
considerar é precisamente aquele constituído por todos os que entram diariamente
num estúdio ou numa sala de aula para trabalhar o corpo em permanente interação
com a música (…)” (Leitão, 2007, p.164)
Vários autores se têm debruçado sobre a relação entre a música e a dança
teatral e sobre a sua evolução ao longo dos séculos e em particular no século XX (Hodgins, 1992; Banes, 1994; Mackrell, 1997; Fogelsanger, 2006).
Historicamente, com principal relevo para os grandes Ballets do século XIX,
a relação entre a música e a dança era uma relação quase mimética, em que
quase se pode dizer que cada gesto de cada bailarino estava representado
numa frase melódica ou rítmica de um ou vários instrumentos e cada acontecimento musical estava representado nos gestos dos bailarinos.
No entanto, ao longo de todo o século XX, uma explosão de acontecimentos
teve lugar não só na dança teatral e na composição musical, mas também no
desenvolvimento da relação entre estas duas expressões artísticas.
Para além do incontornável exemplo da longa colaboração de John Cage
(compositor) com Merce Cunningham (coreógrafo), que juntos desenvolveram inúmeras formas revolucionárias de relacionarem as duas artes (de
entre as quais destacamos o facto de a música e a dança poderem coexistir
no tempo e no espaço sem qualquer relação entre elas a não ser o acaso),
ao longo do século XX, e em particular da segunda metade do século, vimos
bailarinos dançar em silêncio, acompanhados por música que tinha apenas
um papel de “pano de fundo” ou de “paisagem sonora”, sem qualquer relação rítmica direta com o movimento, espetáculos em que a música é tocada
ou improvisada ao vivo ou até espetáculos em que o/a bailarino/a é o próprio
compositor e executante musical em palco.
Importa por isso reconhecer que a relação entre a música e a dança teatral
se tem vindo a alterar, que tem hoje uma maior panóplia de abordagens
possíveis, como as já referidas, e outras que vão ganhando terreno na atual
tendência de convergência das artes performativas e visuais.
Allen Folsanguer, numa conferência em que participou em Estocolmo em
1998 (à qual tivemos o privilégio de assistir) afirmava o seguinte:
“(…) if I were to make a prediction of what developments are in store for us, I
would say that the next revolution of choreomusical activity will be trigged by
advancing technology, namely the increasing possibilities for dancers to make
music themselves.” (Fogelsanger, 1998, p.14).
Com efeito, as palavras proferidas por Fogelsanguer já provaram a sua verdade na forma como neste início de século e na “era digital” podemos observar o desenvolvimento de vários projetos, incluindo em Portugal, de interação direta entre o movimento e a música, feita em tempo real, através de
software informático especificamente criado para esse efeito (Guedes, 2005).
Também Kennedy se refere à relação da dança com a era digital:
“As artists seek new ways to reflect an increasingly digital and global culture, theatrical dance has seen a growing collaboration and crossfertilization between forms of dance, theatre, visual art, film and technology” (Kennedy, 2009, p.63).
novembro 2012 - fevereiro 2013
Acreditamos que este relacionamento da dança com as “novas tecnologias”
ou com os “espetáculos multimédia” está ainda a dar os primeiros passos,
que a interação da dança não só com a música, mas também com o vídeo,
iluminação e outros elementos, em tempo real, na atual tendência de convergência entre as várias expressões artísticas, continuará a trilhar novos caminhos e a encontrar novas relações e formas de expressão.
E é nesta perspetiva que acreditamos que a própria relação dos bailarinos,
coreógrafos e profissionais da dança em geral com a música e o estudo da
mesma deve também adotar novas perspetivas e trilhar novos caminhos.
Terminaremos, tal como começámos, com as palavras de Rui Leitão (que
para além de musicólogo, compositor e professor de música, é ainda professor de Práticas de Expressão e Comunicação na Licenciatura em Dança da
Faculdade de Motricidade Humana e formador de História da Música e
Expressão Musical para Performers nos cursos promovidos pelo Fórum Dança), que defende que:
“Pela sua importância, os profissionais da Dança devem entender a Música
como uma ferramenta de trabalho essencial. Todavia, a sua abordagem não se
pode formatar nos tradicionais paradigmas do ensino (…) É urgente melhorar a
formação musical dos profissionais da dança, mas não através do tradicional
solfejo. Impõe-se desenvolver o hábito de descriminar aquilo que se ouve,
traduzindo os parâmetros musicais existentes num vocabulário que sirva ambas
as disciplinas e que garanta uma plataforma comum de entendimento” (Leitão,
2007, p. 164).
Leitão deixa-nos aqui algumas pistas sobre as suas conceções do ensino da
música adaptado às necessidades dos profissionais da dança no século XXI.
Esta é também a nossa visão sobre o papel do ensino da música na formação dos futuros profissionais da dança, e é neste sentido que continuamos a
trabalhar na melhoria e atualização do ensino da música adaptado às necessidades dos profissionais da dança.
BIBLIOGRAFIA
Banes, S. (1994). Writing dancing in the age of Postmodernism. USA: University Press of
New England.
Fogelsanger, A. (2006). Music composition for dance in the Twenty-First Century: Questions about dance/music relationship. Consultado em maio 23, 2012, em
http://www.armadillodanceproject.com/af/cornell/stockholm4bonlinf.htm
Guedes, C. (2005). Mapping movement to musical rhythm: A study in Interactive Dance.
Tese de Doutoramento, The Steinhardt School of Education, New York University, New
York.
Hodgins, P. (1992). Relationships between score and choreography in Twentieth-Century
dance: Music, movement and metaphor. Lampeter: Edwin Mellen Press.
Kennedy, M. (2009). An examination of critical approaches to interdisciplinary dance performance. Research in Dance Education, 10(1), pp.63-74.
Leitão, R. (2007). A música em movimento. In: M. Moura & E. Monteiro (org.), Dança em
Contextos Educativos (pp. 161-166). Cruz Quebrada: FMH Edições.
Mackrell, J. (1997). Reading dancing. London: Penguin Books.
FONTES DE INFORMAÇÃO NA INTERNET
Dance Cult : Journal of Electronic Dance Music Culture [en]
URL: http://dj.dancecult.net/
A revista “Dance Cult” é uma publicação peer-reviewed, em open-acess, cujo corpo editorial é constituído por vários investigadores de universidades internacionais de renome. É possível consultar os artigos desta revista, em texto integral, desde 2009.
The Stanford Center for Computer Research in Music and Acoustics (CCRMA)
[en]
URL:https://ccrma.stanford.edu/
O “Stanford Center for Computer Research in Music and Acoustics (CCRMA)” faz parte do Departamento de Música da Universidade de Stanford.
É um local multidisciplinar de partilha, onde compositores e investigadores trabalham em conjunto utilizando a tecnologia computacional, tanto
como meio artístico, como ferramenta de pesquisa. Destaca-se a secção Research > Publications, onde se encontram disponíveis vários artigos
científicas.
Armadillo Dance Project [en]
URL: http://www.armadillodanceproject.com/
O projeto “Armadillo Dance” utiliza a tecnologia computacional para criar performances e instalações que entrelaçam movimento, som e outros
media. No site existem vários videos de performance disponíveis que podem ser consultados online.
Trinity Laban Conservatoire of Music and Dance [en]
URL: http://www.trinitylaban.ac.uk/
O “Trinity Laban Conservatoire of Music and Dance” conta com o departamento “Dance Science Research” que tem lançado vários estudos de
investigação inéditos e experimentais. Entre eles está o “Music & Dance Science Research: Optimising Performance Project” que tem uma página
dedicada com vários trabalhos e artigos científicos.
SABIA QUE...
QUEM DISSE?
“(…) the choreographer will
be quick to realize a great
advantage to the modern
dance: the simultaneous composition of both dance and
music. The materials of dance, already including rhythm,
require only the addition of
sound to become a rich, complete vocubulary. The dancer should be better equipped than the musician to use this vocabular, for more
of the materials are already at his command. (…) The
form of the music-dance composition should be a
necessary working together of all materials used. The
music will be more than an accompaniment; it will be
na integral part of dance.”
- John Cage
novembro 2012 - fevereiro 2013
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