E a Festa do Halloween? D. Estevão Bettencourt, osb. Em sÃ

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E a Festa do Halloween? D. Estevão Bettencourt, osb. Em sÃ
E a Festa do Halloween?
D. Estevão Bettencourt, osb. Em sÃ-ntese: A Festa dos Halloween é de origem
céltica; tem sua inspiração no druidismo ou na religião dos sacerdotes celtas,
que muito marcaram o pensamento dos povos da Irlanda, da Escócia e de regiões
da Inglaterra. Supunha-se que os mortos vinham a terra visitar seus familiares na noite
de 31/10 para 1º/11; em conseqüência disso os homens e mulheres se vestiam
com trajes fantasiosos a fim de não serem reconhecidos e arrebatados pelos
visitantes do além. A essas concepções se associava o festival de fim do ano
celta celebrado no dia 31/10 com presentes e orgias. Esse fundo de idéias e
práticas pagãs foi, tanto quanto possÃ-vel, cristianizado pela Igreja, que instituiu a
Festa de Todos os Santos a 1º/11 e a comemoração de Finados a 2/11. Ainda
hoje os Halloween são festejados nos Estados Unidos, levados para lá pelos
imigrantes irlandeses. Todavia muitos abusos se têm registrado em tais
celebrações. No Brasil a Festa dos Halloween toma o caráter de um pequeno
carnaval, em que as crianças trajam suas fantasias e recebem presentes. O apreço
dessa celebração em alguns lugares decorre da onda neo-pagã que tem invadido
a civilização ocidental. À tarde de 31/10 celebra-se em alguns lugares a vigÃ-lia da
Festa dos Halloween (Allhallowseven). Muitas pessoas, um tanto estupefatas,
perguntam: que festa é essa? 1. As origens da festa À primeira vista, quem
considera a Festa dos Halloween, como é celebrada no Brasil, dirá que é uma
comemoração folclórica, popular e inofensiva: as crianças então se vestem de
fantasias (quase carnavalescas) e põem seus sapatos à porta da residência dos
vizinhos, para que estes lhe dêem presentes. Há, porém, quem levante suspeitas
sobre o significado de tais celebrações, suspeitas, aliás, justificadas, dada a
origem dos Halloween. Com efeito, a Festa dos Halloween tem seu berço entre os
povos celtas. Estes emigraram da Õsia para o Continente Europeu nos séculos
anteriores a Cristo e se fixaram principalmente na Gália, na Irlanda, na cerdotal dos
druÃ-das, guardiões das tradições religiosas de sua gente, que tinham
conhecimentos de astronomia, medicina e direito. Os druÃ-das exerciam as funções
de juÃ-zes e lÃ-deres, dotados de “dons proféticos― ou da capacidade de
prever o futuro. Acreditavam na imortalidade da alma e de metempsicose ou na
migração das almas dos falecidos. Eles foram um fator de unidade do mundo celta:
por isso foram combatidos pelos romanos, que conquistaram a Gália e as Ilhas
Britânicas. De modo especial, os celtas valorizavam a noite de 31/10 para 1º/11. E
isso por dois motivos: 1) O ano celta terminava em 31/10, dia do olho de Samhain. Tal
dia era celebrado com ritos religiosos e agrários. Nessa ocasião comiam-se
alimentos especiais, como nozes, maçãs e preparavam-se os alimentos para o
inverno. 2) Na noite de 31/10 para 1º/11 julgava-se que os mortos desciam do além
para a terra a fim de visitar seus familiares à procura de calor e bom ânimo frente ao
frio do inverno que se aproximava. Dessa maneira, Samhain assinalava o fim de um
ano e o começo de outro, juntamente com o festival dos mortos. A celebração
respectiva implicava todo um folclore tÃ-pico. Os homens e as mulheres vestiam trajes
fantasiosos a fim de se dissimilarem e não serem arrebatados pelos espÃ-ritos dos
falecidos para o além. Por estarem começando novo ano, desejavam uns aos
outros plena felicidade. Havia magos que procuravam saber “profeticamente―
quem haveria de se casar e quem haveria de morrer no próximo ano; tentavam
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adivinhar também quais as melhores oportunidades de êxito em seus
empreendimentos. Ao lado desse aspecto festivo, havia o apavorante: julgava-se que
as bruxas, as fadas e os gnomos lançavam o terror no povo: eram tidos como seres
de um mundo superior que roubavam crianças, destruÃ-am colheitas e matavam o
gado. Dentro desse quadro de festa e pavor, os homens acendiam lanternas no topo
das colinas sob o olhar de Samhain; o fogo luminoso podia servir para guiar os
espÃ-ritos até a casa dos familiares, como também para matar ou afugentar as
bruxas. Tais são os elementos dos quais dependem a festa moderna dos Halloween.
Além desses dados de origem céltica, julga-se que os Halloween trazem também
resquÃ-cios da festa romana da colheita dita “Pomona―, resquÃ-cios, porém,
muito mais pálidos do que os de origem céltica. O Cristianismo, ao penetrar nas
regiões da Gália e das Ilhas Britânicas, encontrou aÃ- a celebração pagã
mencionada. A Igreja procurou eliminar os elementos mitológicos do festival. Assim o
dia 1º de novembro foi “cristianizado―. Com efeito, o Papa Gregório III
(731-741) escolheu a data de 1º/11 para celebrar a festa da consagração de uma
capela na basÃ-lica de São Pedro em honra de Todos os Santos. Em 834, o Papa
Gregório IV estendeu a festa à Igreja inteira; dessa maneira, procurava-se dar um
sentido cristão à celebração da vinda dos espÃ-ritos dos falecidos praticada pelo
druidismo. A cristianização foi corroborada pelo fato de que em 908 Santo Odilon,
abade de Cluny (França), começou a celebrar a memória de todos os fiéis
defuntos aos 2/11. Os cristãos tentaram assim neutralizar os efeitos dos antigos ritos
pagãos. Todavia não foi possÃ-vel aos cristãos retirarem todo o resquÃ-cio
mitológico. Na Idade Média dava-se grande importância às bruxas, que eram
tidas como agentes do demônio; como se dizia, estes desciam sobre as bruxas em
“sabbaths―, quando havia banquetes e orgias. Um dos mais importantes
“sabbaths― era precisamente o dia da noite de 31 de outubro; supunha-se que as
bruxas iam a esses bacanais voando em cabo de vassoura, acompanhadas de gatos
pretos. Na época moderna os festivais de Halloween caÃ-ram em desuso na Europa,
exceto na Irlanda, na Escócia e em regiões do PaÃ-s de Gales. Mesmo aÃdegeneraram, muitas vezes, tomando o caráter de desmandos com pilhagem e
saques. Grupos de festeiros itinerantes bloqueiam as portas das casas com carretas;
roubam grades e maquinaria, batem nas janelas, arremessam hortaliças contra os
portões, entopem as chaminés para que a fumaça não possa sair. Em alguns
lugares os rapazes e as moças vestem trajes ou fantasias do sexo oposto, usam
máscaras e assim invadem as casas vizinhas para se divertir com os moradores.
Fazem as vezes de bruxas, fadas e gnomos. Para preparar a tarde de Halloween,
muitos adeptos da festa vão de casa em casa pedindo donativos, especialmente
alimentos (nozes, maçãs...). Os doadores generosos são gratificados com
promessas de prosperidade, ao passo que os opositores são ameaçados de
castigos. Essas contribuições são, muitas vezes, solicitadas em nome de Muck
Olla, antiga divindade dos druÃ-das, ou também em nome de São Columba Cille,
missionário na Irlanda do século VI. Nos Estados Unidos a Festa dos Halloween foi
introduzida pelos imigrantes irlandeses a partir de 1840; e tem sido celebrada com
vandalismo e danos para muitas famÃ-lias. No Brasil também há redutos de
Halloween, com fantasias e presentes para as crianças. Tal festividade tem caráter
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ambÃ-guo, fomentado pela onda de paganismo renascente.
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