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JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2008 v. 1, n. 1, p. 35-48 Hemangiossarcoma canino: revisão de literatura Canine hemangiosarcoma: literature review Hemangiosarcoma en el perro: revisión de literatura José Ricardo de Souza Ferraz1; Marcello Rodrigues da Roza2; Jorge Caetano Júnior3 e Alessandra Castello da Costa4 Resumo Com o aumento do tempo médio de vida dos animais, cresce também a incidência de doenças relacionadas à idade. Dentre elas, as neoplasias respondem por um elevado número de animais acometidos e, muitas vezes, levados à morte. O hemangiossarcoma é uma neoplasia maligna de origem endotelial vascular, cujo principal sítio primário é o baço, e que ocorre com maior freqüência nos cães em comparação com as demais espécies, acometendo, sobretudo, animais com idades entre oito e 13 anos e apresentando sinais, muitas vezes, inespecíficos. A realização desta revisão bibliográfica objetiva sistematizar o acesso às informações sobre o hemangiossarcoma canino, relacionar os órgãos e sistemas acometidos por esta neoplasia com os sinais clínicos mais freqüentes, discutir as opções de diagnóstico e tratamento. Palabras-chave: cães, baço, hemangiossarcoma Resumen Con el aumento del tiempo de la vida media de los animales, también crece la tendencia del aparecimiento de algunas enfermedades. Entre estas enfermedades, las neoplasias son la causa de un grande número de los animales enfermos y, muchas veces, llevan a la muerte. Hemangiosarcoma es una neoplasia maligna de origen endotelial vascular, cuya localización primaria principal es en el bazo y que ocurre con más frecuencia en los perros. Afecta a animales con edades entre ocho y 13 años con presentación, muchas veces, de síntomas inespecificos. El objetivo de esta revisión bibliográfica es identificar los órganos y los sistemas afectados por esta neoplasia, relacionandolos con los síntomas 1 Médico Veterinário autônomo. Pós-graduando em Clínica e cirurgia animal. [email protected] Médico Veterinário. OdontoZoo. Doutorando em Ciência Animal - UFG. MSc, Dr. Médico Veterinário, MAPA DF. 4 Médica veterinária, mestranda do Programa de Ciência Animal da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, bolsista do CNPq. 2 3 35 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2008 v. 1, n. 1, p. 35-48 clínicos más frecuentes, discutir las opciones del diagnostico y, finalmente, las opciones para su tratamiento. Palabras Clave: perros, bazo, hemangiosarcoma Abstract With the increase of animals’ average life time it also grows the trend of related illnesses. Amongst these illnesses, neoplasia is at the top and, frequently, it has a poor prognosis even followed by death. Hemangiosarcoma is a malignant neoplasia of vascular endotelial origin. The most common primary localization is the spleen and dogs, between eight and 13 years old, are much more affected than any other species. The signalment is often unspecific which makes the diagnosis even harder. The objective of this literature review is to put together the most recent information regarding canine hemangiosarcoma as well as prevalence of affected organs, clinical signs, diagnosis and treatment options. Key Words: dogs, hemangiossarcoma, spleen Introdução Os avanços ocorridos ao longo do tempo no campo da de sua prevalência em indivíduos de idade avançada. Medicina Veterinária contribuíram para o estabelecimento e As neoplasias se enquadram nas neste contexto e seu diagnóstico condições de nutrição, imunização, torna-se cada vez mais rotineiro na prevenção e tratamento de doenças prática da clínica veterinária. Em dos uma série de 2.000 necropsias, 23% consolidação animais de melhorias de companhia, acompanhadas por maior interação dos entre proprietários e seus animais, relacionar o dado à idade, tiveram especialmente os cães, permitindo- morte lhes ampliar sua expectativa de vida. Com enquanto estes fatores, surge também a viveram até dez anos de idade necessidade de se dedicar maior tiveram atenção às afecções consideradas cães necropsiados, ocasionada 45% morte por dos sem câncer, cães relacionada 1 neoplasias . outrora raras devido à concentração 36 que a JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2008 v. 1, n. 1, p. 35-48 O hemangiossarcoma Revisão de Literatura (HSA) é uma neoplasia maligna de origem endotelial vascular O HSC, também conhecido cujo 2,3 principal sítio primário é o baço . como hemangioendotelioma maligno ou Ocorre com maior freqüência nos angiossarcoma, é uma neoplasia cães em comparação com todas as originária do endotélio vascular2,3. demais espécies, fato que ressalta a Há maior ocorrência de casos em importância de um estudo detalhado raças de grande porte, sendo o Pastor da doença neste grupo de animais. Alemão significativamente 2,4,5,6,7 . a mais Acomete principalmente indivíduos acometida com idade variando entre oito e Golden treze anos1. Seus sinais clínicos são Greyhound inespecíficos e variam de acordo incidência alta para este tipo de com a localização do tumor. A neoplasia2,6,7. Quando relacionada manifestação mais grave é a morte ao súbita decorrente de hemorragias Schultheiss (2004) citaram haver severas na cavidade torácica ou incidência aparentemente maior em abdominal provindas da ruptura do machos, enquanto Prymak (1985) tumor2. não encontrou diferença significativa Labrador e Retriever também sexo, Retriever, MacEwen Italian apresentam (2001) e em sua pesquisa, embora tenha A realização desta revisão relatado maior incidência castradas em bibliográfica objetiva sistematizar o fêmeas quando acesso às informações sobre o comparadas com fêmeas intactas. hemangiossarcoma canino, mapear Os nódulos de HSC podem os órgãos e sistemas acometidos por esta neoplasia, relacionar os apresentar-se sinais freqüentes, variados, coloração cinza pálida a discutir as opções de diagnóstico e vermelho escuro, forma nodular e tratamento disponíveis, a fim de mole. É comum serem encontradas facilitar o seu entendimento pelos áreas hemorrágicas e de necrose. médicos Caracterizam-se clínicos mais veterinários e a comunicação destes profissionais serem com encapsulados, os proprietários acometidos. de cães aderidos pouco a em tamanhos também, circunscritos, e por não freqüentemente órgãos adjacentes. 37 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2008 v. 1, n. 1, p. 35-48 Rupturas e hemorragias são vistas 2 com freqüência . afirmou que HSC de átrio direito é a neoplasia cardíaca mais comum. A maioria A ainda causa desta não foi neoplasia esclarecida, dos tumores isoladamente, mas ocorre pode se manifestar em focos múltiplos no entretanto, relatos em humanos átrio ou na aurícula. mostraram sua associação com conseqüência da neoplasia, pode exposição ao dióxido de tório, aos haver erosão do miocárdio com arsênicos e ao cloreto de vinil. subseqüente ruptura da parede do Sabe-se que, em cães, a exposição átrio e desenvolvimento de efusão à luz ultravioleta está associada ao pericárdica surgimento de HSA em indivíduos cardíaco. ou Como tamponamento com pele menos pigmentada ou com pêlos mais rarefeitos como, por A pele pode ser acometida exemplo, Beagles, Bulldogs brancos como sítio primário ou metastático 2 do HSA. A localização pode se dar e o Pointer Inglês . apenas na derme ou se estender O órgão mais acometido pelo para os tecidos subcutâneos. As HSA é o baço2, entretanto, fígado, apresentações mais coração e pele são freqüentemente ocorrem região sítios primários desta neoplasia4,5,6. abdominal e no prepúcio2,6. Essas MacEwen (2001) citou que, dentre localizações os tumores manifestados no baço, suposição de que a exposição à luz dois terços são HSC, constituindo a ultravioleta principal neoplasia esplênica em surgimento do HSC, já que a região cães. Por se originar do endotélio ventral e o prepúcio são áreas de vasos sanguíneos, o HSC pode menos expostas à incidência de luz ocorrer solar, em vascularizada qualquer do corpo. região Pele, na comuns contradizem relaciona-se apesar ventral de com a o comumente possuírem pêlo mais rarefeito. Um pericárdio, pulmões, rins, cavidade outro oral, bexiga portadores de HSA cutâneo revelou urinária e peritônio também são a presença de tumores na região possíveis sítios neoplasia. Da músculos, ossos, estudo com 185 cães para essa ventral em 46 animais, 37 nos mesma forma, membros, 31 no dorso, 18 na 38 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2008 v. 1, n. 1, p. 35-48 cabeça, 11 no ombro, e 11 no devido à compressão exercida pelo pescoço. Não foram obtidos dados aumento no volume de fluido no quanto à localização do tumor em pericárdio. Os 7 31 cães . abafados à batimentos ficam auscultação, pode ocorrer arritmia e sinais de falha A característica agressiva do HSC, com elevado índice direita2. cardíaca Colapso ou de intolerância marcante ao exercício metástase, se deve à sua origem de físico são comuns, podendo haver células de vasos proporcionando, desta morte súbita8. forma, rápida disseminação de células tumorais por via hematógena e por O HSA cutâneo é percebido implantação transabdominal2,6. Os geralmente tecidos discreta, mais atingidos por como firme, uma forma elevada, pápula metástase incluem fígado, omento, vermelha escura a roxa, nódulos ou mesentério e pulmões2. massas subcutâneas hemorrágicas2. Usualmente não ocorre ulceração2,7. Os sinais clínicos decorrentes Tumores mais invasivos envolvendo do HSC variam de acordo com o musculatura local do tumor primário2,6. Podem como ser aguda, inchaço rígido do músculo e observados, mais freqüentemente, sinais inespecíficos como fraqueza, distendido, apresentar conseqüência claudicação edema distal2. abdômen respiração Hemangiossarcomas primários de aumentados, mucosas pálidas e ossos são raros. Sua incidência é perda de peso. Os episódios de menor que cinco por cento de todos fraqueza comumente duram horas os ou o caninos. Cães de porte médio a restabelecimento do cão. Ascite grande são mais predispostos. Os também é percebida com freqüência2. ossos mais acometidos são úmero Quando há envolvimento cardíaco, (região proximal), costela, fêmur, e geralmente efusão vértebras. O tumor gera intensa tamponamento osteólise com conseqüente fratura cardíaco, havendo uma diminuição patológica. Sua expansão se dá do proximalmente e distalmente ao até pulso podem mesmo pericárdica retorno e dias ocorre ou venoso ao até coração tumores ósseos primários 39 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2008 v. 1, n. 1, p. 35-48 longo da cavidade medular. Radiografias seqüenciais mostram CD31 também conferem alta 7 precisão ao diagnóstico de HSA . lise óssea intensa a partir da cavidade medular, sendo possível perceber menor opacidade. O diagnóstico diferencial para massas esplênicas inclui tumores Acredita-se que essa forma de malignos expansão seja menos dolorosa, leiomiossarcoma, linfoma, osteossarcoma, levando à ausência de sintomas até fibrossarcoma, a ocorrência de fratura patológica. mesenquim oma, Entretanto, não se deve descartar a indiferenciados dor como possível sintoma para o fibroso maligno, além de hematoma HSA periosteal esplênico não-neoplásico, também nodular e ósseo. ausente Reação ou mínima caracteriza essa neoplasia9. não-vasculares como lipossarcom a, sarcomas e histiocitoma hiperplasia hemangioma. particularmente importante É não confundir hematom a com HSC. O diagnóstico definitivo é obtido a partir de exame histopatológico. Faz-se necessária, Apenas o exame histopatológico poderá determinar o diagnóstico final2. portanto, biópsia ou excisão do tumor primário ou metastático2. É importante, direcionar a avaliação secções de tecidos se atenção para possíveis metástases. mostrar de difícil realização, Sabe-se que 80% dos pacientes confirmando a necessidade da biópsia incisional ou a utilização de saca-bocado 6 do diagnóstico desta neoplasia. Radiografia torácica e ultra-som avaliação histopatológica não se abdominal são recomendados na mostrar suficiente, deve se recorrer maioria dos casos. A forma cutânea ao imunohistoquímico. não invasiva é a única exceção, Amostras coradas para antígeno dispensando o uso desses exames relacionado a fator VIII permitem complementares. A ecocardiografia pode identificação ser realizada em casos de suspeita precisa de Se apresentam metástase no momento a exame dérmico . cão, a Punção aspirativa por agulha fina ou podem do durante células endoteliais. Expressão de marcadores de endoteliais pericárdico2. selecionados como envolvimento A cardíaco ou ecocardiografia 40 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2008 v. 1, n. 1, p. 35-48 bidimensional permite extramedular, hipoxemia, espaço pericárdico repleto de fluido, hipoesplenismo associado sonolucente infiltração ou avaliar ecóico misto, neoplásica. e com Efusões freqüente quando há envolvimento encontradas na cavidade torácica do coração, assim como permite ou detectar possível tumor cardíaco ou sero-sanguinolentas, podendo ser da base do coração e colapso de até átrio e ventrículo direitos decorrente hemorrágicas, além de geralmente 10 ou hemólise normalmente mesmo são francamente não coagularem2. de tamponamento cardíaco . Hemorragias abdominal intracavitárias microangiopática A realização adequado de um estadiamento dos podem causar anemia regenerativa tumores normocítica normocrômica caracterizada importante. A definição precisa do por policromasia, anisocitose, hipocromasia, estágio reticulocitose e presença de hemácias determinação do prognóstico para o nucleadas no sangue periférico. cão e do protocolo terapêutico mais Ainda adequado. Costuma-se utilizar o pode ser detectada é da neoplasia leucocitose neutrofílica, porém a sistema anemia é o achado hematológico mais metastasis) comum. classificação2. Hemorragias trombocitopenia, intravascular espontâneas, particularmente TNM facilita (tumor, como forma a node, de coagulação disseminada (CID) O tratamento de eleição para podem ocorrer . Um estudo revelou o HSC é a cirurgia2. Withrow (2001) incidência de 46,7% de CID em considerou que a excisão cirúrgica cães valor completa de um tumor localizado significativamente superior a outras cura mais pacientes que qualquer 2 com HSC, avaliadas 1 2 . neoplasias A outra forma de tratamento. Além de trombocitopenia pode ser vista em exames 30% a 60% dos cães com HSA. As rotineiros, como causas fisiológicas de hemácias completo, avaliação nucleadas incluem hepática e renal, é importante a infiltração de células malignas na realização de um coagulograma medula devido a possível ocorrência de no óssea, sangue hematopoiese laboratoriais pré-cirúrgicos hemograma bioquímica 41 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2008 v. 1, n. 1, p. 35-48 CID. O procedimento cirúrgico deve administração respeitar as margens de segurança, quadro 1. que variam de dois a é mostrado no três centímetros em todos os sentidos Recomenda-se a aplicação ao redor do tumor, sendo tão de difenidramina (anti-histamínico), agressivo quanto possível visando a na dose de 1 mg/kg por via completa intramuscular excisão de tecidos acometidos (Figuras 1, 2 e 3)2. (IM) lentamente, A é adjuvante para a administrado contribuindo contra o causando importante cirurgia, um . quimioterapia EV antes 12,14 doxorrubicina ou Este da medicamento gera liberação de histamina se muito rapidamente, prurido e tumefação caráter altamente metastático do graves, HSC. Protocolos baseados no uso durante a administração. Anorexia, de doxorrubicina, sozinha ou em vômito associação a outros medicamentos também podem ocorrer dentro de quimioterápicos, como vincristina, 12 a 24 horas14. É importante prednisona, ciclofosfamida realizar a contagem de células metotrexato, são os e mais utilizados2,12. especialmente e diarréia sanguíneas, na face, sanguinolenta incluindo plaquetas, previamente a cada tratamento. Cães com número de granulócitos O protocolo VAC se baseia inferior a 3000 células/µL devem ter na associação de doxorrubicina com a quimioterapia interrompida por 2,12 vincristina e ciclofosfamida . A três a cinco dias, podendo ser literatura relata sobrevida média de administrado 172 dias para cães tratados com o pacientes que se mostrem febris. O protocolo VAC após cirurgia, e de procedimento 19 a 65 dias para pacientes tratados realização de auscultação cardíaca, apenas com cirurgia13. As dosagens eletrocardiograma e ecocardiografia recomendadas neste protocolo são antes de cada aplicação. Cães com 2 25 mg/m de doxorrubicina EV, 0,7 2 mg/m de vincristina EV e 50 mg/m 2 cardiomiopatias tratados com antibiótico ideal não para inclui devem este a ser agente de ciclofosfamida por via oral (VO) a citostático. A doxorrubicina causa cada 24 horas. O esquema de toxicidade cardíaca imediata e 42 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2008 v. 1, n. 1, p. 35-48 cum ulativa. administração Durante pode-se sua observar administração para o protocolo VAC II é mostrado no quadro 2. arritmias e parada cardíaca. O efeito cumulativo manifesta-se por A terapia biológica apresenta arritmias e insuficiência cardíaca estudos congestiva a esclarecedores sobre seu resultado, é porém secundária cardiomiopatia difusa, e que é não se mostram uma possibilidade de conseqüência de lesão miocárdica tratamento a ser considerada. A 12 associação de cirurgia, quimioterapia e por radicais livres . imunoterapia, O protocolo VAC II se apresentou com lipossomos aumento de quatro diferencia do VAC por alterações meses no tempo de vida dos em pacientes2. dosagem e esquema de Muramil administração. A vincristina é usada fosfatidiletanolamina na dosagem de 0,7 mg/m2 EV, 30 um mg/m 2 de doxorrubicina EV para cães com mais de dez quilos, 25 mg/m 2 imunomodulador estimular a tripeptídeo (MTP-PE) é capaz de habilidade de macrófagos e monócitos em EV para cães com peso reconhecer e destruir células menor ou igual a dez quilos ou 1 neoplásicas humanas e caninas por mg/kg EV para cães com menos de uma variedade de mecanismos. Seu dez quilos, e a ciclofosfamida na encapsulamento em lipossomo (L- dosagem de 200 mg/m2 VO ou EV. MTP-PE) aumenta a endocitose e a captação tecidual de MTP-PE por A antibioticoterapia profilática monócitos e macrófagos, e prolonga também é realizada, sendo indicado sua meia-vida na circulação. Em sulfametoxazol trimetoprima (10 a humanos 20 mg/kg VO, a cada 12 horas). estimula a ação anti-tumoral dos Este monócitos, bem como gera aumento antibiótico deve ser administrado do primeiro ao oitavo na dia do protocolo. As precauções TNF-α e cães, concentração e 15 IL-6, plasmática entre de outras antes e após a administração dos citocinas . quimioterápicos são as mesmas do demonstraram em seu estudo que 12 protocolo VAC . O esquema de Vail L-MTP-PE et al. (1995) L-MTP-PE possui atividade antitumoral em cães com HSA. A 43 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2008 v. 1, n. 1, p. 35-48 associação de esplenectomia, O prognóstico para o HSC doxorrubicina e ciclofosfamida com canino depende da localização do L-MTP-PE conseguiu significativo nódulo, se o tumor está rompido ou prolongamento não, de sobrevida. O da presença de nódulos tempo de vida médio de 277 dias, linfáticos envolvidos, e da presença segundo o autor, é o maior relatado de para cães com HSA esplênico reservado e ruim2. metástases, variando entre tratados por qualquer outro método. Cães com L-MTP-PE adicionado ao tratamento ocorrência apresentam de Considerações finais menor metástases. O O HSC é uma neoplasia tratamento com L-MTP-PE se inicia extremamente agressiva, com alta no primeiro dia da quimioterapia e capacidade se estende por oito semanas. As realização do correto estadiamento, aplicações são feitas duas vezes bem por semana em infusão EV por diagnóstico, cinco a oito minutos. A primeira importância na determinação do 2 como metastática. a A precisão são de do suma dose é de 1 mg/m , enquanto as protocolo terapêutico a ser seguido. doses seguintes são aumentadas Existem diversos exames auxiliares para 2 mg/m2,15. que permitem diagnóstico. A radioterapia paliativa é exames direcionar Entretanto, só histopatológico o os e raramente utilizada em casos de imunohistoquímico são capazes de HSC canino devido à localização precisá-lo. dos tumores e à alta taxa de metástase àquela O tratamento cirúrgico ainda localizadas se mostra a melhor opção para o na pele, HSC na maioria dos casos, exigindo podem ter seu tamanho reduzido grande conhecimento sobre o tumor drasticamente, e habilidade cirúrgica dos médicos neoplasia. associada Massas externamente, como apesar de não significar aumento no tempo de 2 vida . veterinários. Os protocolos apresentam melhores que resultados envolvem a associação de cirurgia com quimioterapia, podendo-se 44 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2008 v. 1, n. 1, p. 35-48 ainda utilizar imunoterapia como esclarecer a importância da mais um adjuvante da terapia. qualidade de vida do cão, auxiliando o proprietário a definir a pertinência Finalizando, os proprietários de tratamentos que visem à devem ser informados sobre a ampliação do tempo de vida do redução da expectativa de vida, animal, ou da busca de conforto e mesmo bem-estar após a realização de quaisquer terapias existentes. É papel do médico no tempo de vida restante. veterinário Quadro 1: Esquema de administração do protocolo VAC em cães Dia Doxorrubicina Vincristina Ciclofosfamida 1º X X 8º ao 11º X 15º ao 17º X 22º Repetir todo o ciclo, num total de 6 vezes Fonte: DE NARDI, 2004. Quadro 2: Esquema de administração do protocolo VAC II em cães Dia Doxorrubicina Ciclofosfamida Vincristina 1º X X 8º X 15º X 22º Repetir todo ciclo acima, num total de 4 a 6 vezes Fonte: DE NARDI, 2004. 45 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2008 v. 1, n. 1, p. 35-48 Figura 1: Hemangiossarcoma ulcerado na língua de um cão. Figura 2: Aspecto macroscópico do hemangiossarcoma após sua remoção da língua de um cão. 46 JBCA – Jornal Brasileiro de Ciência Animal 2008 v. 1, n. 1, p. 35-48 Figura 3: Aspecto final da língua de um cão após remoção de hemangiossarcoma Referências Bibliográficas 1. WITHROW, S.J. Why Worry About Cancer in Pets. In: WITHROW, S.J.; MACEWEN, E.G. Small animal clinical oncology, Philadelphia: WB Saunders, 2001. p. 1-3. 2. MACEWEN, E.G. Miscellaneous Tumors. In: WITHROW S. J.; MACEWEN E.G. Small animal clinical oncology, Philadelphia: WB Saunders, 2001. p. 639646. 3. PETTERSON J.L.; COUTO C.G. Tumores Cutâneos e Subcutâneos. In: BIRCHARD S.J.; SHERDING R. G. 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