Livro - Uma História de Amor - miolo.cdr
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“As Samaritanas”, Uma história de amor. Autor: Francisco Navais Filho Digitação: Gabriel Costa Navais Revisão: Tateane Teixeira Rodrigues de Oliveira Capa e Impressão: Gráfica Lafaiete - Tel.: 31 3763-5578 Terra dos Campos Alegres dos Carijós A Queluz de Minas - 18/07/2012 Velho Foca 2012 “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Dedico aos que sonham com uma “Samaritanas” cada vez melhor, e não medem esforços para transformar os sonhos em realidade. A vocês a minha reverência! “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 AGRADECIMENTOS Ao senhor da vida, arquiteto maior do universo – DEUS. A JESUS guia e modelo. A ALLAN KARDEC, cujo pensamento restaurou a minha fé. Aos espíritos amigos: José Dominguez de Sant'maria – orientador, parceiro, presença constante em minha vida, Gilberto Victorino de Souza – pela participação na elaboração desta obra. Aos amigos prefaciadores – Gesué e Arquimedes, palavras de incentivo, sentimentos de carinho e generosidade. LÚCIA, MAÍRA e GABRIEL – esposa e filhos, amores e parceiros. À família Samar – pelo respeito e confiança ao concederem-me a honra de administrar a nossa casa. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 PREFÁCIO A QUATRO MÃOS Esta obra é um roteiro histórico destinada aos que trazem o coração pulsando no bem e a mente vibrando nos ideais e do amor ao próximo. Relacionar em um volume os fatos marcantes da grandiosa obra espírita chamada “As Samaritanas”... Visão luminosa!... Qual espírito de luz terá sussurrado ao amigo Francisco Navais Filho esta ideia? Ou, que sonho maravilhoso foi esse que ora se torna realidade? Certamente que da Pátria espiritual lá estavam a inspirá-lo, naquele momento, algumas daquelas valorosas mulheres que nos idos de 1949 galhardamente fundaram a “União Espírita As Samaritanas”, instituição que hoje, 2012, completa os seus 63 anos bem vividos e que “vê” sua vida ser contada neste livro para deleite dos atuais “samaritanos” e também daqueles que de outras searas admiram esta Casa do Amor. Sacrifício, renúncia, dedicação, amor ao próximo e muita confiança em Deus, tudo isso e muito mais foram marcas destas mulheres e ideal cristão que um dia começaram a erguer “As Samaritanas”... e constituem igualmente os marcos, os alicerces desta valorosa e tão querida Casa onde na atualidade nos reunimos com as bênçãos de Jesus para estudar e divulgar a consoladora doutrina codificada por Allan Kardec. Este livro/roteiro certamente auxiliará e servirá de inspiração a todos que sofrem e choram, que estão cansados e oprimidos, bem como os que estão em busca de algo para acreditar... que um sonho é possível quando nele se crê. Sejam as bênçãos de nosso Pai Celestial para com todos os irmãos e irmãs que participaram e colaboraram com a nossa querida “As Samaritanas”, hoje e sempre! GESUÉ TAVARES NETO Agradecendo primeiramente a Jesus, que nos agraciou com esta alma dinâmica e empenhada, nosso amigo Chico Navais, ora nos presenteando com esta obra espetacular para aqueles que como nós, adquiriram o carinho incondicional por este ninho de amor, habitualmente conhecida por União Social Espírita As Samaritanas; por nós outros chamada de Família Samar. Misto de poeta e escritor, o velho Foca consegue transmitir-nos pelas páginas da presente obra a exata ideia da evolução histórica da sociedade, relatando fatos até então ocultos para a maioria de nós. Ao falar sobre "As Samaritanas", ele declama vidas e viventes que nesta casa de passagem deixaram impressas pelas paredes os seus nomes, trazidos à tona por árduo trabalho de pesquisa, onde só os mais persistentes conseguem sair-se triunfantes “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 e do qual muitas vezes fomos testemunha fiel. Ao pontapé inicial , com a participação de um grupo de amigos que acreditavam em sua capacidade de "contar histórias" , iniciou-se o processo gestacional do qual brinda o mundo com esta trabalho que ficará para sempre nos anais da história de Nossa Casa. Na busca pelas raízes, há que se remexer o solo, trazendo à tona não somente as origens, mas todo o substrato que a sustentou e fortaleceu, tornando possível ao futuro perceber quão belas flores hoje compõem este jardim de amor e sermos gratos àqueles que ocultamente tornaram possível sua idealização. Contar uma história... Construir a história... Viver a história!!! Nesta ordem poderíamos colocar os personagens envolvidos neste enredo de amor chamado União Social Espírita As Samaritanas? Onde posicionar cada um, já que se confundem ao longo dos anos que transcorrem desde a fundação? Me explico: Sebastiana, Olinda, Avelino, Gilberto e demais, precederam os samaritanos do presente e em face do intercâmbio constante entre as esferas física e espiritual, construíram e sustentam, cada qual cumprindo seu papel no suporte das ações mantenedoras da harmonia e do trabalho fundado no amor e mantido pela esperança no bem e no aperfeiçoamento interior. Roteiro seguro para aqueles que se proponham a seriamente conhecer a alma desta Instituição, Uma História de amor traz impresso em suas páginas cada lágrima, suor, as dores e alegrias que se materializaram em cada tijolo, cada pedra que formaram este amplo salão de paz, onde a caridade se completa com o conhecimento e a oportunidade de trabalho; e cada um de nós em dado momento sentiu-se convidado a dele participar, doando o seu quinhão. Também traz à nossa alma outras tantas alegrias e emoções pela sensibilidade artística do autor, carinhosamente enfeitando as páginas com seus toques poéticos. Por mim, recebi com alegria o honroso convite do amigo leal para dar conhecer o original. Assim pude, antes do público leitor, maravilhar-me com o que aqui está escrito. Parabéns Velho Foca, pelo trabalho! Mais um filho vem ao mundo. Obrigado por permitir-me chama-lo de irmão. ARQUIMEDES SANTOS “Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro”. APOCALIPSE 19:9 “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 SUMÁRIO 11 11 12 13 14 15 17 18 19 23 25 28 31 31 34 36 37 38 41 42 43 45 48 56 “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 64 65 70 75 76 77 78 80 83 85 85 92 93 96 98 99 100 100 105 110 111 111 112 113 114 114 116 “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 122 122 124 126 127 129 132 137 141 150 153 155 157 162 164 165 166 171 172 174 CARINHO VEM CARINHO VAI 174 191 193 “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 APRESENTAÇÕES DO LIVRO É o olhar de quem ama, sem fugir à verdade dos fatos. Desfocados de questões menores comuns a toda sociedade, cujos componentes ainda carregam imperfeições morais, pretendemos: - Relatar os principais acontecimentos que marcaram e constituem a vida e a memória de nossa Casa; - Tê-los agrupados, com fácil acesso; - Ser mais uma peça histórica de nosso acervo; - Falar das pessoas e suas realizações, expressar-lhes nossa gratidão; - Tudo isso e muito mais... Enovelar o fio que, no tear da vida, foi capaz de constituir tão admirável tecido social. Um fio sensível, quase imperceptível, feito de fibras tênues, que entrelaçadas desafiam o tempo. Renovam-se, rejuvenescem-se. Ah, que fio é esse? Por enquanto, recorro ao poema “Ontem ao Luar”, de Catulo da Paixão Cearense: “Ontem ao luar, nós dois em plena solidão, Tu me perguntaste: - Qual é a dor da paixão? Nada respondi; calmo assim fiquei Olhando o céu azul, te fitei: Como definir o que só sei sentir. Ao apagarem-se as luzes de 2011, na terra dos Campos Alegres dos Carijós. A Queluz de Minas. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 DESENVOLVIMENTO TEMÁTICO Para facilitar o desenvolvimento da nossa narrativa, os fatos mais relevantes que construíram a nossa casa estarão contidos implicitamente em três períodos: Período 1º - Da Fundação até a Inauguração da Nova Sede 06/02/1949 a 28/10/1961; Período 2º - Da Inauguração da nossa Sede até a Implantação do Colegiado 28/10/1961 a 28/03/1998; Período 3º - Da Implantação do Colegiado – 28/03/1998 até 12/10/2011. Faremos desses períodos guardiões da nossa história, da qual pessoas e fatos são os protagonistas. Fatos são radiografias de uma sociedade capaz de sinalizar o estado das pessoas, seus esforços e realizações. As pessoas são a alma das sociedades, elas realizam, dinamizam e imprimem suas marcas. Os fatos podemos enumerar até dar-lhes uma ordem de relevância, pessoas, é impossíveis alcançá-las na essência, podemos traçar e traçaremos alguns pontos que interligados, permitiram-nos sentir algumas de suas emoções. Analisamos documentos, ouvimos pessoas considerando também a nossa participação efetiva nestes vintes e seis anos de convivência e aprendizagem em nossa casa. Ao dividirmos em períodos a nossa narrativa, encontramos, entre eles, similaridades. As dificuldades e realizações são relativas às épocas e meios disponíveis. Erros e acertos resultam do estágio evolutivo dos membros, dos seus componentes e do conhecimento doutrinário. O crescimento das atividades e adesão das pessoas resultou do planejamento e da metodologia adotada. As relações com setores da sociedade não espírita baseiam-se na prestação de serviços ao público, principalmente na seriedade dos trabalhos. Faz-se necessário dizer que não nos deteremos cronologicamente aos fatos, às vezes os encontraremos desordenados pela lógica natural dos acontecimentos e pela liberdade de relatar e de sentir do autor. São períodos de igual importância, de real interdependência, são elos que formam esta corrente de amor e caridade. Oportuno ainda esclarecer: Escrevi por amor Com transbordante alegria Às vezes tomado por emoção Sempre com gratidão “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Cada um a seu tempo. É a história, faz a história Tive coragem pra falar de mim Sem pedantismo, nada da minha vida pessoal Ora, pois, faço parte dessa família Todos os dias destes 26 anos Faço sua história, escrevo sua história Rego-a com minhas lágrimas Emolduro-a com meus sorrisos e sonhos Obrigado Senhor! Pela oportunidade de trabalhar De aprender, de servir, de melhorar Obrigado, família Samar DO VIAGEIRO DO TEMPO Eu e o velho foca somos amigos, parceiros desde um tempo em que não se mediam tantas coisas; era mais sentir e agir. Isto foi, foi... e chegou até hoje. É o mais importante. Desculpas, mil desculpas! Para quem não leu “Contos do velho Foca”, devo me apresentar: Sou um viageiro do tempo – do que se mede e daquele que somente se sente. Distante das mãos, junto aos corações. Ando por muitas terras: grandes cidades, pequenos lugarejos, residências isoladas... Sou de todos e de ninguém. Carrego fortunas e não possuo um vintém. Conheço pessoas das mais variadas formas de viver e maneiras de pensar. É um universo complexo e rico em sentimentos e culturas, é a grande experiência de conviver com as diferenças, enriquece a alma, desenvolve a fraternidade. Isso, portanto, não faz de mim conhecedor de tudo, jamais tive tal pretensão, pois, às vezes, os meus limites são os mais comuns. O viageiro do tempo é assim mesmo. No mar da vida é igual à onda. Vai e volta. Um dia aqui, outro acolá. Não tem hora certa pra ir nem pra voltar. Quando precisar é só chamar. O pensamento transporta-me, a vontade dirige-me e o sentimento hospeda-me. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 DO AUTOR O velho foca surgiu de uma carinhosa e criativa brincadeira feita pelos amigos lá da pauliceia durante o primeiro sarau realizado dia 23/06/2000, no quintal da mãe Cena, minha avó paterna, na Terra dos Guarás Piranga. Qualquer semelhança com o autor deste livro não será mera coincidência. É um autodidata, desta vez. Muitas trilhas percorridas Alguns espinhos. Não faltam carinhos. Entre as flores colhidas No campo ou na cidade A sua mais bela é a amizade. Solidão é dos seus maiores temores. Vários amores, diversas formas e cores. Um guerreiro sonhador De batalhas infindas Com ideais mil. Agora maravilhado pelas rimas Hospeda n'alma a poesia Com ela, Vive, vê, fantasia. O Amigo espiritual Sant'Maria. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 PELA JANELA DO TEMPO, A DESCONSTRUÇÃO SOCIAL Quarta-feira, vinte e dois de dezembro de dois mil e dez, antes de iniciar a reunião pública das dezenove horas e quarenta e cinco minutos, estávamos na secretaria eu, Gesué e Arquimedes, conversando sobre as atividades da nossa casa, quando, subtamente, o amigo Gesué, em tom enfático, diz, reportando-se a mim: - Francisco, você poderia nos dar um presente? - Se estiver ao meu alcance, com todo prazer! – respondi. - Um presente de muito valor escrever um livro contando a história de nossa casa. Fiquei impactado pelo pedido que, vindo do amigo Gesué, é uma ordem: - Nossa! Quanta responsabilidade, quanta honra! Sinto-me profundamente emocionado e perplexo. Viajarei amanhã e, quando voltar, falaremos sobre o assunto. Eles se retiraram da secretaria, e, logo em seguida, dirigi-me à cozinha para tomar um gole d'água, enxugar as lágrimas, para depois tentar recompor-me emocionalmente. Era tarde de Natal, estava na varanda num dos apartamentos da Av. Beira Mar, em Piúma, Espírito Santo, a observar o vai e vem das pessoas, às vezes os olhos corriam até o mar em rápidos lampejos de contemplação. Momentos depois, arrastado pela emoção, senti meus pés tocarem a areia quente, muito quente da praia e as águas mornas. Assentado sobre a areia, dei asas ao pensamento e, no vai e vem das ondas mar adentro, embrenhei-me. Incompreensível que estivesse tão próximo, tão visível, palpável. Minha abstração do ambiente foi interrompida; ei-lo novamente, o viajante do tempo. Senti sua presença amiga, fora emoldurar a bela paisagem com afeto e alegria comum entre nós. Olá, viageiro amigo, seja bem-vindo! Vim trazer-lhe o meu fraternal abraço. Aproveito a suavidade do momento para avivar o pedido do nosso amigo: escrevermos sobre “As Samaritanas”. Caro amigo, diga-me, por onde devo começar? Começaremos olhando, pela janela do tempo, a desconstrução da sociedade. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Desconstruir? Refiro-me não a demolir, mas reverter o processo de construção, identificar o fio condutor que iniciou , construiu e sustenta a sociedade. Vejamos o mar. Desconstruí-lo é identificar as suas capilaridades (rios, riachos, lagos, lagoas, nascentes, fios d'água). Assim poderemos desconstruir a União Social Espírita “As Samaritanas” e encontrarmos o fio condutor que a originou, construiu e a mantém. Encontrá-lo é voltarmos a um tempo, a um estado mental de consciência anterior à existência de suas atividades físicas. Os dias seguintes foram vividos com intensidade. Várias vezes pensei sobre o pedido do amigo Gesué. A conversa com o viajante do tempo fez fervilhar minhas ideias. Ao apagar das luzes de 2010, em preces e com muita emoção, tomamos a decisão: escreveremos sobre a nossa casa. Ao escrever, nem sempre publico, mesmo quando o faço não me sinto partícipe do mundo seleto dos escritores, onde a formalidade e o requinte são comuns. Faço por extrema necessidade, sentimentos fortíssimos envolvem-me: melancolia, excitação e alegria alteram o estado de consciência, conduzem-me, arrebatam-me. Inicia-se um mágico processo de gestação mental. Então, após o período de gestação o parto é inevitável. “Em dor darás a luz a teus filhos” (GEN 3:16) E, quem não gosta de mostrar seus filhos? Nem todos são belos e bons, mas são nossos filhos. Ao retornar, comuniquei aos amigos a minha decisão, pedi-lhes ajuda para escrever conforme vejo e sinto “As Samaritanas”. Os fatos históricos não serão omitidos, porém a dinâmica será de forma que os fatos agradáveis serão destacados com ênfase e coloridos com efeito e, em contrapartida, os desagradáveis serão abordados com o desfigurar dos tempos, até não relatados. Pela janela do tempo desconstruiremos a nossa casa espírita, encontraremos o seu fio condutor, relataremos seus fatos mais relevantes, contaremos sua história, certos de que contaremos, escreveremos mais e muito mais, sem jamais podermos dimencioná-la. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 “AS SAMARITANAS” Origens – Formação da Sociedade ETIMOLOGIA Mulheres nascidas ou que viviam em Samaria (semerab – vigia, sentinela). Antiga província situada entre a Judeia e a Galileia, 50 km ao norte do mar Mediterrâneo até o vale do rio Jordão. Formada pelos descendentes proscritos das dez tribos de Israel, exilados babilônicos e refugiados de vários lugares. A Samaria simbolizava tudo que não prestava, povo sem nenhum valor. O preconceito e as discriminações alimentavam uma cultura de ódio ao ponto de um Judeu, quando encontrava um Samaritano, além de mudar seu curso, dizer: raca! – que significa pessoa sem valor, e em seguida dava uma cusparada ao chão, em sinal de nojo. Sociologicamente, representam os guetos, as favelas, os bolsões de miséria que vemos atualmente. Se aos Judeus são atribuídos esses lamentáveis acontecimentos, a um Judeu também coube mudar substancialmente a história. Pela ação e pela palavra, Jesus fez e faz a diferença. O governador espiritual da Terra via na Samaria apenas mais um lugar de extensão planetária, e seus habitantes tão necessitados quanto quaisquer outros. Se algum destaque merece, seria em razão do sofrimento do seu povo. Segundo a narrativa do evangelista João (4:1-3), certa vez Jesus e seus amigos estavam na Galileia e precisavam ir à Judeia. O caminho mais curto entre as duas localidades atravessava parte da Samaria, mas se tornava muito perigoso devido aos conflitos sociais. Passar pela Samaria? Nem pensar, diziam os outros. Jesus, acima das questões sociais e livre de quaisquer embaraços, não perdeu tempo, começou a caminhada, sem ser questionado pelos temerosos amigos. Ao chegarem à cidade de Sicar, a comitiva dirigiu-se ao poço de Jacó para descansarem um pouco e também tomarem água. Logo encontraram uma mulher com um cântaro, retirava água e enchia-o. A Samaritana, símbolo de toda discriminação, preconceito, intolerância, mulher pobre, sem cultura, de vários homens, de muitos amores, enfim... O verdadeiro amor, o verbo divino pede-lhe e lhe dá. Pediu-lhe água e lhe deu outra dimensão de vida. Perplexidade geral, inclusive dela, tão acostumada às torturas dos “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 olhos, dos dizeres, das indiferenças. Começa então um dos mais belos e importantes diálogos do evangelho, surge uma nova visão da mulher: Respeito – Coragem – Ternura. Noutra oportunidade, segundo o evangelista Lucas (10:25-33), Jesus, a conversar com um doutor da Lei Moisaica sobre quem é o nosso próximo, ilustra a conversa com uma das mais belas historietas do seu evangelho: a parábola do bom samaritano, síntese da caridade. O verbo divino agora é transformar – mudar – valorizar. Na terra dos campos alegres dos carijós – a Queluz de Minas – temos “As Samaritanas”, a nossa casa espírita cuja origem e vida, em alguns pontos, assemelham-se à Samaria da antiga Palestina. Faremos algumas reflexões de aspectos históricos, sociais e espirituais que nos proporcionarão visualizar essas semelhanças mantidas através dos tempos, se não pela forma, pelo conteúdo. ORIGEM DA SOCIEDADE A Samaria, fundada em 920 a.C, teve como origem conflitos e disputas entre as dez tribos de Israel. Dois aspectos importantes deram origem e mantêm “As Samaritanas” daqui: o primeiro de natureza espiritual, cuja direção cabe aos espíritos superiores responsáveis pela difusão da doutrina espírita e, principalmente, pela multiplicação das casas espíritas. Planejam as suas ações sempre com base na fraternidade, na harmonia, respeitando o livre arbítrio dos encarnados. O segundo, de natureza humana, traz consigo as virtudes e os defeitos inerentes aos ciclos evolutivos ascensionais em que se encontram os espíritos encarnados (humanos). Paulo de Tarso, em sua primeira carta aos Corintos (1cor. 3:3), esclarece-nos: “... portanto ainda sois carnais; pois havendo entre vós inveja e contenda, não sois porventura carnais e não estais andando segundo a carne?” Na década de quarenta, do século XX, o Grupo Espírita Paz, a nossa casa mãe, viveu conflitos de ordem administrativa cujas consequências geraram a sua primogênita: União Social Espírita “As Samaritanas”. Pelos olhos humanos, divergências, desobediências, equívocos, rupturas, cisão, até mesmo inimizade, porém as pessoas continuaram espíritas. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Pelos olhos da espiritualidade superior, oportunidade de crescimento do movimento espírita. FORMAÇÃO DA SOCIEDADE A Família Soares, Berço da Família Samar O processo de ruptura entre os membros de uma sociedade é sempre desgastante, traumático e fragiliza a todos. Mas a convivência conflituosa e constante ocasiona danos irreparáveis, até mesmo o caos social. Na impossibilidade do entendimento, do equilíbrio entre as partes conflitantes, o melhor remédio é a ruptura. Cada um segue a sua vida, e Jesus abençoa a todos! Analisamos o fato sob o ponto de vista histórico, sem fazermos juízo de valores ou evidenciamos razões, já que cada parte teve a sua. “... em dores darás a luz a teus filhos” (Gen 3:16) O grupo dissidente, alguns anos liderado por Dona Sebastiana Soares, após romper com o Grupo Espírita Paz, manteve-se unido, reunindo informalmente até a noite de 06 de fevereiro de 1949, na residência da família Soares (Sr. Avelino e Dona Sebastiana), à Rua Saldanha Marinho, nº 136, bairro Fonte Grande, quando decidem formar uma nova sociedade espírita. Iniciada a reunião, com a prece proferida por Dona Sebastiana, num clima de muita emoção, ela abre o Evangelho Segundo o Espiritismo ao “acaso”! Cap. 15, item 2 “ A Parábola do Bom Samaritano”. Breves comentários sobre o tema, novamente a emoção envolve a todos, Dona Sebastiana diz: - Vamos definir a situação do nosso grupo, a partir de agora, com base na lição do evangelho e sob a proteção de São Francisco de Assis e Dr. Bezerra de Menezes, somos o Grupo Espírita “Os Samaritanos”. Porém “Os Samaritanos” teve vida muito curta, apenas alguns minutos, porque o Sr. Avelino Soares sugere com autoridade: - Vamos demonstrar o nosso reconhecimento ao trabalho de caridade realizado pelas nossas irmãs desde 1934 e mudar o nome do recém formado grupo para: “As Samaritanas”. (relatou-nos Dona Sebastiana Soares por via mediúnica na noite de 05 de fevereiro de 1999). Naquela noite de 06 de fevereiro de 1949, estiveram presentes: Sebastiana Soares, Avelino Soares, Heliodora Furtado, Olinda Ribeiro Dias, “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Presciliana Martins Souza (Dona Filinha), Gilberto Victorino de Souza, Antônio José Furtado, entre outros, os quais não se pôde saber no presente. Começa mais uma célula de luz. Dificuldades, obstáculos pelo caminho. Simetria com a Samaria da antiga Palestina. Nas terras de Queluz1, não se formou um gueto, nem por isso deixou de haver preconceitos. Principalmente religioso. As cusparadas não existiram, mesmo que, no fundo d'alma, ainda estejam desconfianças, ciúmes... Enquanto na Palestina, com o passar dos tempos, o caldo de ignorância fervia, chegando à ebulição social, aqui, graças à pluralidade destes Brasis, diluíase aos poucos. Com a evolução das mentes, vieram o respeito e até mesmo a admiração. Os proscritos, rejeitados e desequilibrados! Todos fazem desta casa o refúgio, o oásis, mesmo por algumas horas durante a semana. São produtos de séculos de exploração, exclusão e escravidão. Somos todos necessitados. Para compreendermos a origem, formação e manutenção da nossa Samaritanas, buscamos, sempre, explicações, como se possível fosse obtê-las com certeza e, pela nossa lógica, ordená-las de tal maneira que estivessem ao alcance das mãos. Analisamos muito mais as razões, supondo encontrá-las, e delas elaborarmos nossas teorias. Porém, ao olharmos a nossa casa pela janela do tempo e com a visão espiritual, ofusca-se a visão humana, e a lógica racional desaparece. Uma obra direcionada pelos espíritos superiores, cujas mãos dos encarnados são os instrumentos no plano físico. Então o viageiro do tempo interrompe: - Permita-me algumas considerações: “A simetria entre As Samaritanas da terra dos Campos Alegres dos Carijós, a Queluz de Minas, e a sua homônima da antiga Palestina não é fantasia, mas realidade”. Observando com mais atenção, verificamos que esta sociedade estrutura-se em bases sólidas (espirituais e materiais). Estrutura constituída de um fio de luz tão tênue, tão indestrutível. Ao enovelar-se no tear espírita um tecido capaz de conviver e amenizar as diferenças, diluir as tristezas, ampliar o horizonte do conhecimento espiritual, acalentar a dor, amparar os desequilibrados, acender e realimentar a chama da 1 Queluz de Minas, antigo nome da Cidade de Conselheiro Lafaiete –MG. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 esperança. Bem lhe cabe a alcunha: BETE-BARA (casa de passagem). Mas um fio multiuso, tão precioso que as intempéries do tempo não corroem, renova-se dia a dia. “Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão” (JESUS MT 24:35) Jesus, entrando num dos barcos que era de Simão, pediu-lhe que afastasse um pouco da terra, e, sentando-se, ensina de barco às multidões. Quando acabou de falar, disse a Simão: - Faze-te ao largo e lançai as vossas redes para a pesca. Ao que disse Simão: - Mestre, trabalhamos a noite toda e nada apanhamos. Mas sobre a tua palavra, lançarei as redes. Feito isto, apanharam uma grande quantidade de peixes, de modo que as redes se rompiam. (LC 5:3-6) “Não há fé inabalável senão aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da humanidade” (ESE – ALLAN KARDEC) “Espíritas amai- vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo. Todas as verdades se encontram no cristianismo; os erros que nele se enraizaram são de origem humana...” (ESE 6:5 O espírito da Verdade, Paris 1860) Portanto, eis o fio de luz: ensinamentos do Cristo, que enovelados no tear espírita, produzem o tecido social: União Social Espírita “As Samaritanas”. FIO DE LUZ – AMOR – CARIDADE. “Fora da caridade não há salvação. Toda a moral de Jesus se resume na caridade e na humanidade, quer dizer, nas duas virtudes contrarias ao orgulho e ao egoísmo” (ESE 15 – ALLAN KARDEC) “Estes princípios, a meu ver, não existem em teoria, pois que os ponho em prática, faço tanto bem quanto o permite a minha posição, presto serviços “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 quando posso, os pobres nunca foram repelidos de minha porta, ou tratados com dureza. Foram sempre recebidos, a qualquer hora, com a mesma benevolência, jamais me queixei dos passos que hei dado para fazer um benefício...” Esse texto poderia ser subscrito pelas Samaritanas sem nenhum desrespeito ao mestre ou pretensão de nossa parte. Ele faz parte dos pensamentos íntimos de Allan Kardec, num documento achado entre seus papéis e transcrito em “Obras Póstumas”. A caridade espiritual e material gerou “As Samaritanas”, desenvolvendo-a e mantendo-a no nível atual. Portanto, não há exagero algum, nem mesmo força de expressão, em dizer: “Sem caridade não há Samaritanas”. “O sangue (corpo) resgatou o espírito, e o espírito deve hoje resgatar o homem da matéria” (ESE 11:8) O corpo físico é imprescindível para o espírito atuar no mundo material, mas ele é o seu comandante, servindo-o de instrumento. Semelhante ocorre com “As Samaritanas”, onde a caridade é sua razão de ser. Todas as estruturas organizacionais desenvolvidas através dos tempos devem servi-la em todas suas formas. O ato realizado na noite de 06 de fevereiro de 1949, onde os presentes, pela palavra, firmaram o compromisso de iniciar e dar continuidade à nova sociedade espírita, é o marco simbólico mais importante da família Samar, relembrando todos os anos com júbilo e comemorações. A casa situada na Rua Saldanha Marinho, nº 136, Bairro Fonte Grande, nesta cidade de Conselheiro Lafaiete, residência da família Soares (Dona Sebastiana e Sr. Avelino), serviu de berço para a primeira sede, acompanhou os primeiros passos de “As Samaritanas”. Foram doze anos, sete meses e vinte e sete dias até a primeira reunião interna realizada na sede atual, situada na Av. Dom Pedro II, nº 218, Bairro São Sebastião, à época em construção, ocorrida em 03 de outubro de 1961. Caminhemos, então, passo a passo pelo transcurso do tempo. Dona Sebastiana coordenava a assistência às gestantes desde 1934 (enxovais para recém nascidos), mesmo com muita dificuldade, devido às circunstâncias naturais de uma nova sociedade, continuou os trabalhos por muitos anos. A ausência de registros dos primeiros anos sobre as demais atividades não significa que eles não existissem, deduzimos como um período de maturação das ideias, dos objetivos e rumos, manter a chama da esperança acesa era o maior desafio. As reuniões aconteciam sem a regularidade comum. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 A NOSSA BETA-BARA, A CASA DE PASSAGEM Beta-bara significa casa do Vau2, lugar às margens do rio Jordão onde João batizava (JO 1:28). Embora o texto evangélico refira-se a Betânia, os pesquisadores, dentre eles Orígenes, não encontraram nada que certifique tratar-se de Betânia, mas de Beta-bara, um dos Vaus do Jordão, a 19 Km ao sul do mar da Galileia. Alguns Vaus tiveram destaque na história religiosa, tais como o Vau de Jaboque (GEN 32:22), o Vau de Armon (ISA 16:2), porém, além de Beta-bara ser o mais utilizado, devido à sua localização, água bem rasa, estrutura de hospedagem, notabilizou-se por ser o local onde João batizou Jesus (MT3:13). Aqueles locais fazem parte do rio Jordão, então teceremos algumas considerações sobre o famoso rio: “Jordão significa aquele que desce, bebedouro”. É o maior rio da Palestina e o mais famoso do mundo para os Cristãos. Sua fama não é devida ao seu cumprimento (260 km aproximadamente) de curso d'água, nem pelas suas margens serem fertilizadas no período das inundações ou pelas grandes cidades nelas situadas. A fama do rio Jordão não se deve às características físicas, mas aos eventos históricos religiosos ocorridos nele. Nasce no monte Hermon (2750m de altitude), forma o lago de Genezaré (Tiberíades, mar da Galiléia) e deságua no mar Mediterrâneo. É o único rio que corre abaixo do nível do mar. Tinha uma largura média de 35m, profundidade de 2 a 4 metros. A topografia dos terrenos, maior parte plana, fazia com que, por onde corria, formasse uma correnteza muito forte. Entretanto modificava o curso d'água constantemente, devido às condições climáticas, especificamente pelos ventos fortíssimos, até os Vaus mais rasos ficavam fundos de uma hora para outra. Não havia pontes, por isso as travessias eram perigosas, feitas em períodos curtos, escolhidos conforme o hábito da convivência local e da observação da natureza. Estabeleceu-se, então, que as primeiras horas após o raiar do dia seriam as melhores e mais seguras para realizarem as travessias. “Então se levantou Davi e todo o povo que com ele estava passaram o Jordão, e ao raiar da manhã não faltavam nem um só que não tivesse passado”. (II SAM 17:22) 2 Vau é um lugar no rio ou mar onde a água tem pouca profundidade, de modo que se passa a pé ou a cavalo. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Atravessar com segurança pessoal, sem danos às bagagens, era mais um capítulo emocionante da grande aventura chamada “viagem”. Chegar a um Vau a tempo de tal façanha era enfrentar longa caminhada, em caminhos difíceis com todo tipo de perigo. Se as condições não fossem favoráveis, mesmo estando num Vau, o que fazer? Esperar a melhor hora era a solução correta. Novamente Beta-bara se destaca dos outros Vaus, pois possuía estrutura para hospedagem, alimentação e pessoas treinados para servir aos viajantes naquilo de que precisassem. Funcionava semelhante a um terminal rodoviário, uma estação ferroviária, um aeroporto, onde a maior parte das pessoas passam, porém alguns ficam e se revezam na missão de facilitar a passagem dos viajantes na busca de seus destinos. Portanto, nesses locais, somente permanecem os que precisam, sejam quais forem suas necessidades. Cumprem sua missão de servir bem aos que passam por ali e, quando partem, não lastimam sua ausência, guardam, às vezes, fugaz lembrança de que tão grande importância tiveram, pois foram oportunidades valiosas de servir e aprender. Nas terras dos Campos Alegres dos Carijós, nestes Brasis, suas montanhas, planaltos e matas favorecem os cursos d'água, por isso a instabilidade climática não altera sua característica momentaneamente. Os rios possuem vários Vaus, nenhum deles chama-se Jordão, mas acolhem-nos durante as nossas travessias. É uma simetria perfeita entre o plano físico da Palestina e a nossa realidade psicoemocional e espiritual em Queluz de Minas. Na vida terrena, quantas são as travessias até o destino, a verdadeira casa, o mundo espiritual. Arrastados pela evolução caminhamos às vezes atordoados pelas instabilidades emocionais, atravessamos de várias maneiras, de diferentes graus, sempre desafios, tudo muito simples, desde que na hora certa. Procuramos um Vau, qual náufrago espera o resgate, pois o momento propício pouco acertamos. Os Vaus são importantes meios que facilitam as nossas travessias, no entanto não podemos olvidar que os viajantes são responsáveis pelas decisões, momentos e formas das travessias. Passar, atravessar de um lado para outro, das trevas de ignorância à luz do saber, enfim.... Todos nós fazemos nossas travessias, sejam quais forem as circunstâncias, lamentar não nos ajudará, nem mesmo a ausência de quem já está noutros lados. “As Samaritanas” é também um Vau, ou melhor, a Beta-bara onde inúmeras pessoas passam, outras ficam à espera das suas travessias. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 A CONSTRUÇÃO LEGAL DA SOCIEDADE A doutrina espírita entende por sociedade um ser coletivo, resultado da associação de individualidades ou instituições. Tem a mesma origem, os mesmos objetivos, usos e costumes, as mesmas leis. Toda sociedade é bidimensional e constitui uma integração entre o plano espiritual e o físico e sobre aspectos estruturais distintos e indissociáveis, o espiritual e o legal (conforme as leis). ALLAN KARDEC fundou, em 1º/04/1858, a primeira sociedade espírita, chamada Sociedade Parisiense para Estudos Espíritas, constituindo-a legalmente em 13/04/1858, conforme a autorização do Decreto do Senhor Prefeito de Polícia3, de acordo com o aviso de Exmo. Senhor Ministro do Interior e da Segurança Geral. (LM cp. 30). Assim o codificador dá o exemplo a todas as sociedades espíritas. Em suas anotações, mais tarde transcritas no livro “Obras Póstumas”, o mestre Liones justificava: “Um corpo social legalmente constituído tem maior ascendente contra os adversários...” Kardec foi sempre fiel aos ensinamentos de Jesus, vejamos: Certa vez, os Fariseus, em mais uma de suas armadilhas feitas para verem em contradição, lhe pergunta: “... dize-nos, pois que te parece? É lícito4 pagar o tributo5 a César ou não? Jesus, porém, percebendo a sua malícia, responde: - Por que me experimentais, hipócritas6? Mostrai-me a moeda do tributo. E eles lhe apresentaram um Denário7. Perguntou-lhes Jesus: De quem é esta imagem e inscrição? Responderam-lhe: - De César. 3 Prefeito de Polícia corresponde o cargo de Delegado de Polícia do Brasil. Licito no brocardo jurídico significa: conforme as leis humanas e vigentes. 5 Tributo: Obrigação, dever social. 6 Jesus os chama de hipócritas, porque eles sabiam quais eram os seus deveres e direitos sociais. 7 Moeda Romana que equivalia a um dia do trabalho. Trazia esculpida as inscrições do império e a imagem do Imperador. 4 “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Então, disse-lhes: - Dai, pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. (MT 22:17-21) Analisando superficialmente esse diálogo entre Jesus e os Fariseus, estão separadas distintamente as questões espirituais das materiais. Porém, ALLAN KARDEC aprofunda a análise no ESE 11:7 e diz: “Jesus também prescreve a respeito dos direitos e deveres de cada um, para com o próximo, para com Deus, estende-se ainda aos deveres contraídos com a família, com a sociedade e com as autoridades”. “As Samaritanas” seguiu as orientações Kardequianas, iniciou-se o processo de constituição legal. Transcrevo parte da primeira ata da Assembleia Geral, contendo os artigos 1º e 15 do primeiro Estatuto da Sociedade. “Ata da primeira Assembléia Geral da União Social Espírita “As Samaritanas”. Aos trinta dias do mês de junho de 1953, nesta cidade de Conselheiro Lafaiete, Estado de Minas Gerais, na residência de Dona Sebastiana Soares, à Rua Saldanha Marinho, nº 136, realizouse a Assembléia Geral da União Social Espírita “As Samaritanas”, previamente convocada para fundação legal da sociedade e aprovação de seus estatutos. Havendo grande número de sócios fundadores, foi iniciada a sessão sob a presidência do Senhor Delvio de Almeida Guimarães que convidou a mim, José Albanaz Mendes para secretariar estes trabalhos. O Presidente mandou proceder a leitura dos estatutos elaborados e após discussão, foram os mesmos aprovados unanimemente e constam dos seguintes artigos: Estatuto da União Social Espírita “As Samaritanas”. Denominação, fins sociais, sede e fundo social. Art. 1º- Sob a denominação de União Social Espírita “As Samaritanas”, fica mantida a associação civil, fundada com esse nome em seis de fevereiro de 1949, sediada nesta cidade de Conselheiro Lafaiete, tendo por fim a prática de assistência social, em todas as suas modalidades e ministrar a educação moral cristã às crianças de ambos os sexos. Art. 15- A primeira mesa administrativa, cujo mandato irá até 3 de “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 outubro de 1953, eleita é a seguinte: Presidente – Olinda Ribeiro Dias, casada, – Vice-Presidente – Presciliana Martins de Souza, viúva, – 1º Secretário – Heliodora Furtado, casada, – 2º Secretário – Gilberto Victorino de Souza, solteiro, – 1º Tesoureiro – Sebastiana Soares – 2º Tesoureiro – Antônio José Furtado, os dois últimos casados, todos residentes nesta cidade. Conselheiro Lafaiete, 30 de julho de 1953. A assembléia ratificou a eleição da primeira diretoria constante dos Estatutos, confirmando–as, incumbindo o Presidente de tratar de registrar os Estatutos. E, nada mais havendo a tratar, encerrou-se a presente assembléia, depois de ter sido lavrada esta ata, lida, discutida e aprovada por unanimidade. Eu, José Albanaz Mendes, secretário, lavrei e assino com os presentes: José Albanaz Mendes, Delvio de Almeida Guimarães, Antônio José Furtado, Jandyr Nascimento Souza,Sebastiana Soares, Heliodora Furtado, Olinda Ribeiro Dias, Presciliana Martins de Souza, Avelino Soares, Maria Geralda O processo de constituição legal continua... EXMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DE CONSELHEIRO LAFAIETE A União Social Espírita “As Samaritanas”, sociedade civil, sediada nesta cidade, pela sua diretoria infra assinada, requer o registro de seus Estatutos para o fim de adquirir personalidade jurídica, juntando com a presente dois exemplares do “Minas Gerais”, que publicou o extrato dos Estatutos, bem como um exemplar do inteiro teor dos Estatutos mencionados. Pede deferimento. Conselheiro Lafaiete, 15 de setembro de 1953. Olinda Ribeiro Dias Presidente Gilberto Victorino de Souza Secretário “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Conclusão da primeira etapa: Em 03/11/1953, “As Samaritanas” obtém o seu primeiro Estatuto registrado em cartório, e, em 22/09/1953, obtém a personalidade jurídica com o respectivo CGC 18.304.055/0001.50. O REGIMENTO INTERNO “Normas e estatuto devem preceder a toda execução. Como a ninguém é dado possuir a luz universal, nem fazer perfeito o que quer que seja; como um homem pode equivocar-se acerca de suas próprias ideias, enquanto outros podem ver o que ele não vê; as normas e o estatuto serão submetidos à apreciação da sociedade, o qual poderá fazer retificações que parecem convenientes”. (ALLAN KARDEK – OBRAS PÓSTUMAS) As normas de que fala o codificador, mais detalhadas, específicas a cada atividade formam o regimento interno de uma sociedade, sem o qual os procedimentos têm caracteres pessoais, o que não acontece com o regimento interno, porque, mesmo que as normas contidas nele tenham origens individuais, ao crivo da apreciação dos membros, se aprovadas, tornam-se partes de um corpo coletivo. O processo de construção coletiva é sempre lento, requer disposição e coragem de seus construtores em exercerem o diálogo, a paciência em busca senão do ideal, mas do possível, demonstração de maturação social, uma conquista de todos. Entre as ideias, a elaboração, implantação e funcionamento do regimento interno, existem entraves capazes de retardarem ou até impedirem seu funcionamento. Os instrutores da vida maior em O Livro de Espíritos, questão 913, dizem: “Do egoísmo deriva o mal” Um instrumento de administração que despersonifica poderes faz dos dirigentes executores das decisões coletivas, sem desqualificá-los ou desautorizá-los no exercício do poder outorgado pela coletividade, é natural que encontrasse resistência, desconfiança e oposição. As individualidades só poderão exercer o poder nas relações sociais “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 quando delegadas pela coletividade e dentro dos limites estabelecidos pelas normas. Na realidade, o regimento interno aumenta significantemente o poder dos dirigentes em duas circunstâncias específicas: exercerem-no conforme as regras estabelecidas pela coletividade e em seu nome; também prevê em seu corpo que, nos casos omissos por ele, poderão os dirigentes decidir sobre seus juízos. Nem todos pensam assim, vários temem mudanças, não admitem “perder o poder”. Outro entrave é a consciência política (participação na polissociedade), fruto da cultura de um povo. A maioria elege pessoas para que administrem por elas, representem-nas. Poucas pessoas interessam-se pela vida social e participam efetivamente dela. Nas casas espíritas, a situação agrava, porque muitos não associam a parte doutrinária com a administração da sociedade. “As Samaritanas” sentiu necessidade de elaborar um regimento interno, conforme verificamos na ata da reunião realizada em 31 de junho de 1965, dirigida pelo então presidente Geraldo Francisco da Silva, cujo ponto de pauta foi o tema abordado. Novamente o assunto voltou à pauta de outra reunião da diretoria, no dia 03 de outubro de 1977, pelo presidente àquela época, Hamilton Junqueira, porém ficou apenas nas intenções, nas propostas. “Tudo tem sua ocasião própria, e há tempo para todo propósito debaixo de céu”. (SALOMÃO – ECL 3:1) Em novembro de 1993, no exercício de vice-presidente da casa, apresentei ao presidente Hamilton e à diretoria um cronograma de trabalho da vice-presidência, visto que sua atuação seria efetiva devido à ausência do presidente, por compromissos fora da casa espírita. O cronograma foi aprovado, sem nenhum impedimento para execução de suas propostas, exceto uma: a elaboração do regimento interno. Construímos e coordenamos uma comissão composta por cinco membros para apresentar ao Presidente o projeto de regimento interno. Trabalhamos arduamente, apresentamos as propostas, todas aceitas, sem jamais serem encaminhada para votação dos órgãos competentes. Continuamos o nosso trabalho com determinação e zelo, embora tristes. Assunto encerrado, lamentamos. Isso não diminuiria a nossa atuação na sociedade, saberíamos esperar a ocasião certa. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Era início de setembro de 1995, o presidente Hamilton chama-me em sua casa, onde o assunto tratado foi as eleições de outubro. Expôs suas ideias e projetos, convidou-me para continuar o trabalho juntamente com ele na próxima diretoria. Agradeci a confiança, mas condicionei a minha participação em qualquer cargo de direção ao encaminhamento à votação do regimento interno. Duas semanas após a nossa conversa, Hamilton compareceu a uma reunião de estudos e disse: - Francisco, tenho a resposta sobre aquela conversa que tivemos. Quero que você seja o próximo presidente de “As Samaritanas”, ajudarei com a minha amizade junto aos irmãos para elegê-lo Presidente de nossa Casa. Eleito Presidente, as providências para a implantação de regimento interno estavam em minhas mãos. Gostaria que fosse a primeira ação da nova administração, mas outros problemas surgiram, impedindo-nos de iniciar. Enfim, chegou a hora! Convocamos três assembleias realizadas nos dias 12, 19 e 26 do mês de março de 1996, para apreciação do projeto de regimento interno. Aprovado pela assembleia, oficializamo-lo em 18 de abril de 1996. Vale então, transcrever os dois primeiros artigos do total de 20 que compuseram nosso regimento interno em sua primeira edição: Art. 1º - Pontos básicos 1) Manter fidelidade ao Cristo e a Kardec; 2) Respeitar o livre-arbítrio e o ciclo evolutivo de cada um; 3) Buscar o aprimoramento 4) Clareza nos objetivos e metas; 5) Unidade entre a doutrina e o movimento espírita; Art. 2º - Objetivos 1) Disciplinar as atividades do movimento espírita, sempre ajustando-a à doutrina; 2) Manter a unidade e fraternidade da casa; 3) Despersonificar as responsabilidades disciplinares, fazendo com que os dirigentes sejam executores das normas, evitando desgastes pessoais e melindres; Seis modificações foram feitas até o presente momento. A primeira em 19 de outubro de 1997, para dar suporte à reforma administrativa com o projeto “Nosso Sal, Nossa Lei”. A segunda reforma deu-se em 31 de março de 1999, a terceira em 31 de dezembro de 2001, a quarta em janeiro de 2004, a quinta reforma deu-se em junho de 2007, e por fim, a sexta, em 12 de outubro de 2011. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 MANUTENÇÃO DA SOCIEDADE E SUAS FONTES O ANO QUE NÃO ACABOU Obedecendo à cronologia do tempo, como instrumento de medição, os anos ordinariamente começam e terminam, tudo que nesses períodos acontece tornam-se fatos históricos. Alguns fogem à regra, porque o que neles aconteceu continua extrapolando a barreira da história, tendo começo, mas não terão fim. Por exemplo, o Brasil cuja data de descobrimento conta a história ser 22/04/1500. Vários historiadores, sociólogos e pesquisadores, no entanto, apontam 1808 como o verdadeiro marco inicial do país que temos hoje, devido às transformações causadas pela vinda de Dom João VI com toda sua corte, com isso iniciando a formação social, política, econômica, artística e intelectual do nosso povo. A família Samar tem semelhança histórica com o Brasil. Tem como data simbólica de sua fundação 06/02/1949, comemorada a cada ano com festividades e emoções, mas foram os acontecimentos do ano de 1954 que o tornaram o ano que não acabou. As atividades iniciadas em seus dias romperam seus limites, prosseguem vivas até hoje, assim sendo, estamos dando sequência aos intermináveis dias de 1954. Sem essas atividades certamente “As Samaritanas” não sobreviveria. A manutenção das atividades de uma sociedade espírita competirá aos espíritas. Espíritos desencarnados (espíritos espíritas), espíritos encarnados, em nossa sociedade tipificados no artigo 4º do Estatuto Social, de “sócios ativos”. Têm como dever a atuação frequente nas atividades, principalmente as doutrinárias e contribuição financeira regular, têm em consequência todos os direitos estatutários e regimentais. São de três fontes específicas que originam os recursos da nossa casa. Os recursos espíritas, vindos dos espíritos responsáveis pelo desenvolvimento do espiritismo em nossa região, de igual importância são as orientações dos benfeitores da vida maior contida em forma de corpo doutrinário e as mensagens orais ou escritas. As pessoas de boa-vontade, espíritas e não espíritas, são fontes por onde escoam a dedicação, a generosidade, a caridade e o amor. Tipificadas também como trabalhadores e assistidos, porém essa é apenas uma ordem de expressão. As circunstâncias da vida invertem constantemente as posições dessa ordem. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Sempre quando assistimos aos irmãos em suas carências espirituais ou materiais, somos os primeiros a ser assistidos pelos emissários de JESUS. “o amor é o mais alto investimento de que se tem notícias, antes de atingir os objetivos a que se propõe , produz no nascedouro as excelências de que se reveste”. (JOANNA DE ÂNGELIS) No mundo em que vivemos, os recursos materiais tornam-se, quando bem usados, alavancas do progresso social. Doações de várias espécies como recursos financeiros dão a sustentabilidade e o equilíbrio material à sociedade. Esse é um tema delicado, varia segundo sua interpretação em cada época, sem polemizar, faremos algumas reflexões. ALLAN KARDEC, ao fundar a primeira sociedade espírita, a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas em seu regulamento (LM CAP 30), artigo 15, estabelece: “para prover as despesas da sociedade, é paga uma cotização anual de 24 Francos para os titulares e de 20 Francos para os associados livres. As despesas eram aluguéis e outros encargos. A sociedade era somente de estudos”. Se assim fosse nos dias atuais, nossas despesas seriam mínimas. A nossa casa desenvolve atividades de assistência material aos necessitados. Vejamos o que disse JOSÉ HERLANO PIRES em O Centro Espírita: “Os serviços assistenciais à pobreza, prestados pelos centros espíritas, constituem a contribuição espírita para o desenvolvimento da nova mentalidade social em nosso mundo egoísta. Não basta semear ideias fraternistas entre os homens, é necessário concretizá-las em atos pessoais e sinceros. Há misérias cruciantes que têm de ser atendidas agora, neste momento. Negar auxílio, nesses casos, a pretexto de que estamos sonhando com medidas melhores, é falta de caridade, comodismo disfarçado de idealismo superior”. O exercício contínuo da caridade material requer, seja das pessoas ou das instituições, alguns fatores determinantes, pela ordem seguinte: a consciência das carências, o desejo de ajudar, a determinação que transforma esse desejo em ação, a continuidade das ações e, obviamente, os recursos pessoais e materiais. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Somente com os recursos provenientes dos espíritas, é improvável o desenvolvimento e manutenção das atividades materiais da assistência social por uma causa principal, a consciência espírita. A consciência espírita é fruto da educação espírita, segundo ALLAN KARDEC, em O livro dos Espíritos, questão 685, que assim disse: “Educação é a arte de formar caracteres, é o conjunto de hábitos adquiridos”. A educação espírita consiste em conhecimentos e hábitos espíritas. O codificador concebeu a estruturação do movimento espírita em sociedades, centros, casa, cujos membros têm deveres e direitos. Dentre os deveres, encontramos o de suprir as suas necessidades materiais e financeiras. Primeiramente, são deveres conscienciais, depois sociais. Orar sem praticar, conhecer superficialmente ou desconhecer, exercitar a mediunidade na casa espírita sem comprometimento com a causa e a casa, julgar desnecessário ou pouco atrativo os estudos, criticar sem apontar soluções práticas e viáveis para o melhoramento. Não participar da vida social, são procedimentos ainda existentes entre nós, explicáveis pois, que aos poucos vão desaparecendo. A nossa explicação para a maioria das casas é o atavismo religioso, resquícios das práticas religiosas de outrora, são o que chamamos de “espiritólicos8”, sem menosprezo ou rótulo pejorativo. Historicamente, a igreja Católica não desenvolvia trabalhos assistenciais, nem estimulava seus fieis à colaboração financeira, pois, estruturada como Estado político e doutrina religiosa, tem sua maneira de sobrevivência própria. Muitos espíritas são oriundos da igreja Católica, trazem consigo algumas práticas que são desnecessárias à vida espírita, porém ainda não se desfizeram delas. A adesão consciencial dos espíritas às realizações das sociedades a que pertencem encontra-se em estágio embrionário, isso aumenta consideravelmente as dificuldades em cumprir os compromissos assumidos, muitas vezes gerados pela emoção, em nome da “caridade”, e, sobretudo, de evoluir. Em nossa casa, a aplicação dos recursos financeiros obedece às normas estatutárias, especificados em duas categorias, conforme a natureza das necessidades, custeio e investimentos. Os custeios são as despesas do dia a dia, sem as quais a sociedade não funcionaria, quais sejam: pagamentos de água, luz, telefone, gás, gêneros alimentícios, produtos de higiene, manutenção do patrimônio, materiais de escritório. Os investimentos são necessários, sem eles a sociedade estaciona, com o tempo regride, eles proporcionam crescimento e ajustam a casa espírita à realidade em que vivemos. 8 Denominados aqueles espíritas cujas práticas continuam Católicas. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Como conseguir investir se todo recurso é absorvido! Sabemos que as nossas maiores despesas provêm dos compromissos assumidos nas atividades da assistência social. As despesas relativas às atividades doutrinárias são menores. Ah, o que fazer? Lamentar não é preciso, trabalhar, sim, é preciso! A nossa casa utilizou várias formas de arrecadação de recursos financeiros, também nesta área veremos a evolução do conceito espírita. Cartas solicitando adesões de sócios, campanhas para realização dos natais dos pobres, campanhas de cobertores e agasalhos, campanhas para realização dos almoços com os presos, tarde esportiva promovida pela Liga Municipal de Futebol, realizada no campo do Guarani Esporte Clube, em 02 de dezembro de 1979, por intermédio de Dr. Antônio Di Giuseppe Estanislau, livro de ouro destinado às contribuições de maior valor, desfiles de moda, jantares beneficentes, rifas, participações na vendas de cartões de bingos, ocorridos em grande escala na cidade, feijoadas, festivais de tortas, festivais de macarrão, edição de livros (O Saboritano e Ave do Céu), campanha do azulejo, para cobertura da laje do refeitório e de carona, para acabamento da frente do prédio, subvenções (convênios com instituições públicas) e, por fim, reciclagem de latas de bebidas. AS CAMPANHAS VÊM AÍ Aos quatro dias do mês de fevereiro do ano de 1954, é eleita e empossada a terceira diretoria composta de: Nelson Martins – Presidente, Delvio de Almeida Guimarães – Vice Presidente, João Bento da Silva – 1º Secretário, José Edie Dias – 2º Secretário, José Albanaz Filho – 1º Tesoureiro, Antônio José Furtado – 2º Tesoureiro e Comissão de Assistência Social composta por Sebastiana Soares, Olinda Ribeiro Dias e Heleodora Furtado. Os principais objetivos eram: criação do quadro de sócios – campanhas arrecadadoras de recursos financeiros e materiais – construção da sede própria. Os desafios constantes de uma sociedade espírita começam a ser enfrentados, provê-la de recursos financeiros e materiais, além de transformar as ideias em práticas, proporciona independência de princípios, sobretudo os doutrinários. Se as dificuldades geradas pela falta de recursos financeiros ou materiais são significativas em grupos iniciantes ou pequenos, quanto maior se tornam maiores compromissos assumem e maiores dificuldades enfrentam. A causa maior está entre os membros dos grupos, que por “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 desconhecimento doutrinário, indiferença ou até mesmo má vontade, não se sensibilizam com esta realidade social. Não basta apenas aos membros da sociedade espírita a colaboração no que se refere à execução das atividades, pois existem necessidades que serão atendidas com recursos financeiros, ou seja, as necessidades do dia a dia, como pagamentos de água, luz, telefone, produtos de higienização, entre outros, alimentos que nos comprometemos a doar aos assistidos. Tudo isso tem uma regularidade rígida, por isso as contribuições deverão seguir os passos das necessidades. Os compromissos assumidos nessas áreas, devidamente cumpridos, geram credibilidade à sociedade e resultam em sua melhoria para a alegria de todos. Muitos colaboradores, mesmo mantendo a regularidade, não as reajustam conforme a realidade econômica do nosso país. Quando há qualquer dificuldade em sua vida financeira, necessitando de economizar, a contribuição espírita é a primeira da lista a ser cortada. Tenho o dever de salientar esses pontos, como espírita e, principalmente, na condição de diretor de “As Samaritanas”, visto que ALLAN KARDEC nos dá a base de sustentação. Diz o mestre em “A Viagem Espírita”, 1862: “É evidente que não se pode considerar uma exploração a mensalidade que se paga a uma sociedade espírita, para que enfrente as despesas de sua intenção. Outrossim, a mais vulgar equidade diz não se poder impor esses gastos às pessoas que não dispõem de possibilidades financeiras ou tempo para frequência contínua como associados. Há especulação em convocar o primeiro que surge, curioso ou indiferente para exigir seu dinheiro. Uma sociedade espírita que agisse assim seria tão repreensível, ou mais ainda, do que um indivíduo, e não mereceria nenhuma confiança. Uma sociedade espírita deve prover as suas necessidades; ele deve dividir entre todos suas despesas e nunca lançá-las aos ombros de um só; ou de poucos, isto é justo, e não existe nesse critério nem exploração nem especulação”. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 A formação do quadro de sócios deve-se com a distribuição de cartas pelos membros da diretoria e colaboradores, à comunidade Queluziana9, solicitando a adesão das pessoas. Paralelamente, revenderam a revista espírita “Reformador10”, usando-a apara arrecadar fundos. A CAMPANHA DO QUILO O nome campanha do quilo surgiu porque se pedia um quilo de alimentos para composição das cestas básicas doadas às famílias carentes. É uma das atividades pioneiras da nossa casa. Seus objetivos são: · Ato de pedir, exercício da humildade; · Levar à nossa cidade a mensagem da doutrina espírita e as realizações da nossa casa; · Servir de meio para que as pessoas, em suas casas, possam ajudar aos necessitados; · Ajudar no suprimento das cestas básicas (atualmente a maior parte vem de outras fontes). Seu desenvolvimento: · · · · · · · 9 A arrecadação das doações acontece aos segundo e quarto domingo de cada mês, das 8h30min às 11h30min; Admitem-se arrecadações feitas individualmente, desde que a pessoa se credencie; É facultada a formação de outros grupos coletores em outros dias e horários; O grupo é devidamente identificado com crachás, percorre rua por rua, casa por casa; Antes de sair, o grupo se reúne para a leitura do “Evangelho Segundo o Espiritismo” e a prece inicial. Selecionam as ruas que irão percorrer e as mensagens que irão distribuir; Os iniciantes são acompanhados e instruídos pelos mais experientes; Os veículos de transporte são importantes, bem como os patrocinadores para as mensagens. Queluz de Minas, antigo nome da cidade de Conselheiro Lafaiete. 10 Revista Espírita “Reformador” foi criada por Allan Kardec, em que ele comentava as obras espíritas publicadas. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 A SEMANA DO QUILO Era uma atividade destinada à coleta de doações de gêneros alimentícios e produtos de higiene. Seus participantes faziam contatos com o comércio local, pedindo ajuda em gêneros ou dinheiro para compor as cestas básicas doadas às famílias carentes. Após os contatos, estabeleciam o dia e horário da semana para as arrecadações. Por isso chamada “Semana do Quilo”. Iniciou-se de forma organizada em 23 de março do ano de 1954. SOCORRAM-ME Dias difíceis! Sei que tens ocupações mil. Conheço o teu desejo de ajudar, e a tua generosidade. Percebo também a tua solidariedade, Por isso ouça-me com atenção. Muitos precisam de mim, e eu mais ainda de ti. Ando triste, quase desolada. Às vezes penso em parar, preciso ser mais freguentada. Não posso parar! Se isso acontecer, Os nossos assistidos irão sofrer. Se tiveres alguma sugestão, Tenha bom ânimo, abra o teu coração, Será bem recebido (a) pela nossa direção. Por caridade, não me deixe assim Faça algo por mim. Quem sou eu? Sou a companheira das primeiras Samaritanas, Estou nesta casa desde a sua fundação. Podes ajudar-me de várias maneiras, uma delas é emprestar a tua mão. Ah! Pois bem, o meu nome? Chamam-me “CAMPANHA DO QUILO” Junho de 2001 “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 O ARRECADINO As sociedades espíritas devem prover suas necessidades financeiras pelas contribuições de seus membros, estabelecendo uma relação de direitos e deveres, além de manter a independência de suas atividades, segundo os princípios doutrinários, proporciona igualdade de deveres e direitos. As contribuições das pessoas e instituições não espíritas são bemvindas, desde que suas procedências sejam compatíveis com os princípios éticomorais do espiritismo e os vínculos existentes sejam os da fraternidade e da caridade. A vida orgânica de uma casa espírita, semelhante à de uma família, é um desafio constante e multifacetário. É um exercício de equilíbrio entre espírito e matéria. A essência é espiritual, paralelamente está o dinheiro, com a força relativa ao mundo físico, principalmente em nosso país onde um capitalismo voraz é desenvolvido. Para que dinheiro no centro espírita? O dinheiro no centro espírita deve ser o mínimo possível? São indagações cujas respostas não podem ser monossilábicas ou reduzidas a uma visão pontual. ALLAN KARDEC, no projeto 1868 – Obras Póstumas, sugere: “O mais urgente seria prover a sociedade de um local convenientemente situado e disposto para as reuniões e recepções sem lhe dar um luxo desnecessário e, ao demais, sem cabimento, precisaria que nada aí denotasse penúria, mas apresentasse um aspecto tal que as pessoas de distinção pudessem estar lá sem se considerar muito diminuídas”. O codificador fala das sedes das sociedades espíritas bem cuidadas, sem luxo nem misérias, apenas aptas a receber pessoas de todas classes sociais com dignidade. No caso do Mestre, recebia o príncipe da França, Napoleão III, sem nenhum tratamento diferenciado. Portanto, o dinheiro é necessário. “Tirano destruidor é o dinheiro que se faz senhor do destino. Servo precioso é ele, quando dirigido na sementeira do bem” (Dicionário da Alma – Chico Xavier) Ora, pois, quem faz o dinheiro tirano e destruidor ou servo precioso? Ele é neutro, às inteligências que dele se utilizam caberá a “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 responsabilidade de sua aplicação. “Porque embora andando na carne, não militamos segundo ma carne”. (PAULO COR 13:3) O tecelão do evangelho alerta-nos quanto ao limite do equilíbrio entre usar as coisas materiais do mundo, jamais escravizarmos a elas. “... não é a vida mais do que o alimento e o corpo mais do que o vestuário?” (JESUS MT 6:20) No que se refere ao nível de importância que o dinheiro tem em sua vida, são as próprias respostas. Para suprir as necessidades materiais da nossa casa, duas são as fontes: o dinheiro arrecadado das contribuições dos sócios ou esporádicas e doações diversas. Pelos caminhos do tempo, ao visitarmos as estações das almas, encontramos algumas explicações para os procedimentos administrativos de cada época. É de fato uma luta interminável. Demanda e recursos, fazer ou não fazer, esperar o tempo certo, mas qual será o tempo certo? Remeter aos espíritos as nossas atribuições? Progredir ou estacionar? Lutas de um bom combate travadas silenciosamente, dia após dia, pelos dirigentes, em que a coragem e a dedicação são os diferenciais. O público alvo aumenta, as dificuldades humanas multiplicam-se, as condições de execução das atividades melhoram. A área da assistência social exemplifica bem o tema: os cuidados com a higiene, desde o armazenamento dos gêneros alimentícios aos ambientes de preparo e distribuição, as cestas básicas são montadas em sacolas de plástico, substituindo os sacos imundos trazidos pelos assistidos. Construímos banheiros equipados com chuveiros capazes de ser utilizados simultaneamente, reformas e construções, enfim, algumas das necessidades supridas com o dinheiro. Como melhorar a captação dos recursos financeiros? Essa foi uma das mudanças ocorridas com a reestruturação organizacional da nossa casa, o que, como dito, chamamos de “Projeto O nosso Sal, nossa Lei”. Estruturado por ALLAN KARDEC em forma de sociedade, o espiritismo, em sua parte orgânica e funcional, requer dos seus membros deveres regulares, dentre eles a contribuição financeira. Sem impor a ninguém este dever, mas conscientizando da sua importância, criamos um sistema de arrecadação sem cobrança, sem estipular quantia, apenas a consciência torna-se o cobrador. Despersonificamos a imagem do tesoureiro, sem desqualificar a sua “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 relevância social, pois esse cargo faz parte da direção da casa. Se colocarmos o arrecadador em segundo lugar, quem ficou em seu lugar? Criamos um personagem que representa a necessidade do dinheiro, é real, porém, não é humano. Ele é um resultado, uma consequência, um símbolo. Ele é o Arrecadino. Implantado em 05 de outubro de 1997, com ele a arrecadação financeira aumentou 90%. Em nossos informativos periódicos “O Samaritano”, o Arrecadino está presente. Arrecadino. Este é o nome carinhoso que me deram, sou eu que ajudo a manter as atividades da casa, mas só consigo fazer isto por causa da ajuda que recebo. Me ajudem a colaborar. Ajude-nos a ajudar! Eu arrecado sua valiosa contribuição Portanto não se esqueça de mim. Estar em dia com o Arrecadino assegura-nos os direitos sociais e mantém as atividades da nossa casa em regular funcionamento. Quando foi implantado, seu controle era através de fichas, atualmente está informatizado. O que o Arrecadino precisa a mais do que novas adesões é do reajuste das contribuições, já que os preços aumentam. “Cada um contribua segundo propôs no seu coração, não com tristeza, nem por obrigação, porque DEUS ama ao que dá com alegria”. (PAULO II COR 9:7) Conceitualmente, o Arrecadino é a consciência da contribuição espontânea, sem cobrança, com alegria. Fisicamente é uma caixa coletora afixada na porta do depósito de alimentos, devidamente fechada e acessada somente pela tesouraria. Os doadores se dirigem ao refeitório Lenita Leite Alves, utilizam-se de envelopes e contribuem, identificando-se ou não. Prezado amigo(a), que Jesus nos abençoes. Sou o Arrecadino. Mais uma vez venho agradecer-lhe pela contribuição recebida. Aproveito sempre o Samaritano para “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 levar a minha mensagem a todos, além de dirigir-me especialmente a você que regularmente me mantém. Muitos me conhecem, mas ainda não sou tão procurado quanto preciso. Desde que fui idealizado, em 1997, minha função é Arrecadar a sua valiosa contribuição financeira, ela proporciona a nossa “Samaritanas” manter a sua total independência quanto aos princípios doutrinários condizentes com a realidade social e divulgar melhor o espiritismo. Meus idealizadores, porém, não me atribuíram a função de cobrador, respeitando o livre-arbítrio das pessoas e evitando constrangimentos, deixando que a consciência e sobretudo o comprometimento com a casa estabeleçam a regularidade e a quantidade da contribuição nos compromissos dessa sociedade, dever de todos. Ah, a quantidade da contribuição? Tenho como parâmetro a lição evangélica do óbolo da viúva, o mais importante é a alegria em doar. A você que nos ajuda, o nosso muito obrigado. A você que deseja ajudar, mas não pode, obrigado pela intenção, ore por nós. A você que não ajuda por outros motivos, esperamos que sensibilizem. Ajude-nos, sempre será tempo de integrar essa corrente de amor e caridade. Fraternamente. SUPORTES INDISPENSÁVEIS A manutenção proporciona condições materiais para que as atividades se desenvolvam. Cuida da limpeza da casa, do nosso patrimônio fixo e móvel, das reformas e consertos, construções e aquisições, providencia o suprimento dos materiais necessários. Controla a mutação do patrimônio móvel, atende às solicitações dos grupos. Sua missão é estar disponível, fazer com eficiência as pequenas, porém indispensáveis tarefas. Suprimentos e reposições automáticas destacam-se. Numa sociedade espírita, as atividades de secretaria, tesouraria e manutenção, mesmo reconhecidas de fundamental importância, devem ter o mínimo de visibilidade para o público, são trabalhos estruturais submersos pela “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 própria natureza, destacam-se quando não funcionam. Melhor continuarem desapercebidos. As pessoas que executam essas atividades devem ter consciência desta peculiaridade, igualmente com aquilo que fazem permanecer. Quando a coletividade cresce, crescemos juntos. “Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte”. (JESUS MT 5:14) GRUPO DE SINDICÂNCIA “Também é necessário que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em opróbrio, e no laço do diabo”. (do opositor) (PAULO 1 TIM 3:7) Este Grupo, pelas informações sócio-econômicas que obtém dos assistidos pela casa proporciona condições para a Diretoria de Promoção Humana distribuir as doações da melhor forma possível, atendendo realmente a quem precisa, com equidade de tratamento. Evita abusos e inadequações no uso dos benefícios distribuídos e acompanha o desenvolvimento do trabalho assistencial. É composto por membros da casa e voluntários devidamente treinados e ao entrevistarem os assistidos, são necessárias as seguintes observações: · Identificar-se e dizer o motivo da entrevista; · Falar edificantemente, evitar opiniões e conversas inoportunas; · Respeitar o entrevistado, jamais pressioná-lo a responder o questionário de entrevistas; · Limitar-se à entrevista, ater às perguntas sem desviar o propósito; · Jamais fazer promessas pessoais ou em nome de “As Samaritanas”; · Não fazer proselitismo, consolar, orientar, amparar e promover; · Estar acompanhado de outro tarefeiro. Somos intermediários de recursos materiais e financeiros doados pela comunidade, para que sejam bem empregados e tenham os destinos esperados pelos doadores. Atender às necessidades dos carentes, manter e melhora a sociedade. Conforme o adágio popular. “à mulher de César não basta ser honesta, “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 deverá também parecer honesta”. A CONTABILIDADE O serviço contábil é de fundamental importância no aspecto de transparência quanto às origens e aplicações dos recursos financeiros de uma sociedade e atende às leis do nosso país. Exige mão de obra especializada de técnicos e contadores que respondem conjuntamente com os dirigentes pelos demonstrativos financeiros e contábeis apresentados. Desde 1997, contamos com o apoio do escritório de Contabilidade Senas, que gratuitamente presta-nos seus serviços. A todos seus integrantes, somos profundamente gratos pelos relevantes serviços prestados. O TEMPERO “SAMAR” A captação de recursos financeiros para atender às necessidades da nossa casa requer um verdadeiro malabarismo da administração. Aumentam as demandas em descompasso com a consciência do dever coletivo da maioria dos membros, a alternativa é trabalhar, sem reclamar ou impor quaisquer métodos para aumentar a arrecadação, buscamos ampliar a base de captação de diversas formas, uma delas é ter uma atividade que nos proporcione rendimentos contínuos. Surgiu então a ideia de fabricar queijos, vendê-los para aumentar a nossa receita, ela propagou em nossa casa, reunimo-nos algumas vezes e mandamos fazer uma banca de ardósia para iniciarmos a produção. Tudo preparado, no último domingo de abril de 1997, reunimos para acertar os últimos detalhes, dentre eles o início do trabalho. Abro aqui um parêntese para reafirmar: “Não existe o acaso”. Chamamos acontecimentos inexplicáveis, devido ao nosso desconhecimento ou falta de visão espiritual, disso sabemos, nisso acreditamos, constantemente esquecemos. Sem querer contradizer ao amigo Sant'Maria, quando diz não sermos instrumentos dos espíritos, esta não é uma maneira inadequada de expressar, pois instrumentos não têm vontade própria, somos parceiros. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Às vezes agimos como se fôssemos instrumentos guiados por forças externas, pelos espíritos, conforme os nossos pensamentos, para o mal ou para o bem. Voltamos à reunião. Prosseguia normalmente, cada detalhe sendo definido quando uma jovem, de nome Aparecida Tavares, dirigiu-se ao local para chamar seu pai, Gesué Tavares. Ela se detém alguns minutos, presta atenção no assunto em pauta e educadamente intervém: “Permitam-me dar uma sugestão, uma fonte de renda para a casa é muito importante, porém acho que queijo é um negócio muito trabalhoso, devido à falta de estrutura e pessoas para realização deste trabalho. Fabriquem tempero! Mais fácil de preparar e de vender”. Ficamos atônitos, um silêncio absoluto entre nós, quebrado por um “com licença”. Ela e o pai retiraram-se, uma reviravolta nos rumos da reunião. A sugestão da jovem passou a ser discutida, algum tempo depois a decisão. Vamos fabricar o tempero Samar. Não tenho outra explicação lógica para esse acontecimento, senão que mais uma vez a espiritualidade agiu diretamente sobre nós. Aos primeiros dias de maio de 1997, começamos a produzir o tempero Samar do tipo simples ou branco, composto por alho, óleo e sal. Meses depois, o composto ou verde, contendo alho, óleo, sal, louro, páprica, coentro e salsinha. Essa atividade é importante na composição da receita financeira, no custeio da assistência social e no suprimento do tempero para a cozinha. A ótima qualidade matém a procura. Ultimamente a produção diminuiu, é quase artesanal. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 MÃOS ÀS LATAS Recolhendo as latas, Mais limpa fica a cidade O que pra você é descartável Aqui tem utilidade. Sua ajuda é importante “As Samaritanas” agradece Com o fruto dessa campanha O trabalho cresce. Algumas formas de captação de recursos financeiros são desaconselháveis segundo princípios ético-morais-espíritas. Mesmo que os fins sejam nobres, os meios para alcançá-los não poderão destoar de suas origens. A nossa sociedade obedece a leis morais, espíritas e civis, portanto, rigidez e flexibilidade integram-se no contexto prático da vida social. Juridicamente, o desconhecimento da lei não isenta o infrator de suas consequências, nas relações morais e espíritas, o aspecto da lei é fundamentado na evolução ascensional dos espíritos. “Pois vos digo que, se a vossa justiça (lei) não exceder a dos Escribas e Fariseus, de modo algum entrareis no reino dos céus”. (MT 5:20) Nesta fala, JESUS simboliza os Escribas e Fariseus como os deveres legais de uma sociedade, as obrigações materiais. O que deve ser exceção da lei é a sua espiritualização, são os caracteres de ordem emocional, fundamentais para o nosso entendimento. PAULO DE TARSO, escrevendo aos romanos 2:14, aborda em ângulos mais específicos o assunto: “Porque quando os Gentios, que não têm lei, fazem por natureza as coisas da lei, eles, embora não tendo lei, para si mesmos são a lei”. Agindo por desconhecimento das formas convenientes a uma sociedade espírita, captamos recursos financeiros, aplicamos cuidadosamente “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 em benefício da nossa casa. Sem crítica, sem remorsos, com coragem de olhar para o passado dele, tiramos lições para o futuro e agradecemos às mãos que se dispuseram a trabalhar. Recebemos da Federação Espírita Brasileira (FEB) um manual de orientações aos centros espíritas, aprovado pelo Conselho Federativo nacional em reunião de novembro de 2006. Vejamos a síntese de seus objetivos: A título de sugestão e de subsídio, oferece orientações e materiais de apoio, elaborados e disponibilizados pelos órgãos federativos e de unificação do movimento espírita, para as atividades dos centros espíritas e demais instituições, visando facilitar as tarefas de seus trabalhadores, no encaminhamento de assuntos doutrinários, administrativos, jurídicos e de unificação. Resultado de debates em todo Brasil, entre trabalhadores interessados na melhor orientação dos centros espíritas, tem o objetivo de orientar e colaborar com os centros e demais instituições espíritas na realização e prática da doutrina espírita. “E mais um instrumento útil para o trabalho tenaz é profícuo das casas espíritas, sob o signo da doutrina espírita” Em seu capítulo IX, item 6, intitulado recomendações e observações, alínea d, temos: “A sustentação financeira do centro espírita deve decorrer de contribuições espontâneas, colaborações de sócios e outros meios de obtenção constante de recursos financeiros, observando sempre rigoroso critério éticomoral-espírita, evitando o uso de tômbolas, bingos, rifas, bailes beneficentes e outros meios desaconselháveis ante a doutrina espírita”. Pergunta-se: o que tem de anti-ético-moral-espírita em algumas das formas de arrecadação financeira citadas anteriormente? Tômbolas, rifas, bingos são jogos em que todos alimentam emoções de competição e vitória. Pouquíssimos ganham, aos perdedores, às vezes, o sentimento de derrota, de fracasso, de inutilidade. Bailes, ainda que não sejam servidas alcoólicas, mesmo selecionando as músicas a serem executadas, tornam-se ambientais inadequados para associá-los ao centro espírita. Por isso, ao modificarmos o estatuto da nossa sociedade, em 29 de maio de 2006, especificamos as fontes de receitas, vejamos: “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Art. 33 – As receitas deverão ser destinadas ao atendimento das necessidades sociais e suas origens compatíveis com os princípios doutrinários. III – serão constituídos: a) Do arrecadino (sistema de arrecadação mensal a que se dispuserem os sócios); b) Das doações e subvenções; c) Da locação de bens patrimoniais móveis e comercialização de produtos fabricados pela sociedade; d) Das promoções, eventos e campanhas. Somos uma sociedade de livres pensadores, nosso procedimento não se encontra circunscrito às letras, mas usa-nas como direcionamento, em que o bom senso é fundamental, portanto alguns deles são resultados interpretativos, levando-se em conta a evolução moral e intelectual de cada um. Existem normas criadas pela nossa casa que regulamentam nossas atividades pela nossa interpretação à luz da codificação espírita, modificáveis conforme a evolução social ou até inaceitáveis, desde que não possuam fundamentação evangélico-doutrinária. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 A SEDE PRÓPRIA Construção e ampliações A sede própria é de fundamental importância e, quando construída, além das ampliações, a conservação do patrimônio não tem fim. Aproveito a oportunidade para esclarecer um equívoco, se não do passado, às vezes ainda permanece. As reuniões espíritas (mediúnicas) em residências familiares podem causar danos aos seus habitantes, especificamente referindo-se aos espíritos obsessores, sofredores e inferiores. Vejamos o comentário do professor José Herculano Pires numa de suas obras, “O centro espírita”: “Um trabalho de amor ao próximo feito com seriedade e intenções elevadas conta com a proteção dos espíritos superiores, é a própria defesa de suas boas intenções. Entretanto, uma sede própria mantida pelos membros dos grupos ou colaboradores proporciona liberdade no desenvolvimento das atividades e acesso ao público externo”. O sonho começa a tomar formas práticas, prenunciando a concretização. Sonhos e ideais misturam-se na essência das mentes idealistas. “Somente um idealista sabe quanto queima o fogo do ideal”. (Dom Helder Câmara) Entendemos inicialmente que Dom Helder estava se referindo ao desejo veemente de fazer inquietude d'alma, pela demora ou impossibilidade de realização, que para os idealistas não é um querer cíclico, fogo de labaredas altas e sim, querer constante, esperar pouco, agir mais, braseiro que não se apaga, ilumina sempre. Farol, lâmpada, candeeiro, vela ou vagalume que ilumina e aquece os obstáculos para serem transpostos. Problemas para serem resolvidos ou administrados. Dificuldades para serem superadas, sonhos para serem concretizados, depois virão outros. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Dom Helder, falando ainda sobre os idealistas deixou-nos outro ponto para reflexão: “O idealista não é dono de sua vida, mas escravo de seu ideal”. A relação é de servidão, fidelidade incondicional ao senhor, submissão às suas ordens. O fogo que queima, mas não destrói, ou seja, a inquietude d'alma provém do descompasso existente entre os sonhos, projetos e realidade. Falta de recursos financeiros, materiais humanos e lentidão das ações. Queima sim, e muito. Para aliviar a inquietude, nada melhor que o trabalho, ações múltiplas e contínuas. Posso sentir quanto ardor d'alma viveu Dona Sebastiana Soares. Desde a noite de 6 de fevereiro de 1949, já pensava e via a sede própria. Logo aliviou sua inquietude, seguiu o caminho comum dos idealistas: a ação, por menor que seja, alivia a inércia, que faz ardência insuportável. Envolveu as amigas, e, juntas, foram à luta. Pedir ajuda a todos, com humildade e fé, um dia a sede será construída, diziam otimistas: “Sabemos da força do petitório espírita”. “Pedi, e dar-se-vos-á; Buscai, e achareis, batei; e abrir-se-vos-a”. (Jesus MT 7:7) Dois homens de poder, sensibilidade e influência na sociedade local atendem aos pedidos das guerreiras do bom combate, cada um a seu tempo, doam lotes para a construção da sede. Primeiro foi o Sr. Floriano Lopes Franco, que, de suas propriedades, doou um lote na Vila Carijós, oficializando a doação pela reunião de 20 de março de 1954. Tínhamos o terreno, continuava o sonho, pois não tínhamos os recursos para edificação da casa. Mãos à obra, continuamos as campanhas. Em 27 de março de 1954, iniciava a campanha do tijolo. Foram distribuídas várias listas aos membros da casa para conseguirem o valor referente a um ou mais tijolos. O segundo foi Telésforo Cândido de Resende, Prefeito Municipal, que enviou à Câmara de Vereadores um projeto de lei que autorizava a doar a “As Samaritanas” um lote de propriedade do município de Conselheiro Lafaiete. A câmara aprova o projeto, transformando-o em Decreto Lei: “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Decreto Lei nº 486/59 Autoriza o prefeito municipal a fazer doação à União Espírita “As Samaritanas” com funcionamento legal em Conselheiro Lafaiete, de um lote para configuração de sua sede social. A câmara Municipal de Conselheiro Lafaiete decreta e eu sanciono a seguinte lei: Art. 1º- Fica o Sr. Prefeito autorizado a celebrar escritura de doação, em que figure como doador o Município e como donatário a União Social Espírita “As Samaritanas”, de lote nº 04 (quatro) da quadra pertencente ao município e delimitada pelas Ruas Bias Fortes, São José, Avenida Pedro I e Avenida Pedro II. Art. 2º- Neste lote deverá ser edificada a sede social da União Social Espírita “As Samaritanas”. Art. 3º- Na escritura estabelecer-se-á que a donatária fará construir dentro do prazo de 1(um) ano, pena de ficar sem efeito a doação. Art. 4º- O imóvel doado não poderá ser objeto de alienação ou permuta, nem poderá ser gravado de hipoteca e penhor, revertendo ao município, com seus acessórios, caso desapareça, se dissolva ou altere sua finalidade a donatária. Art. 5º- Revogadas as disposições em contrário, entrará esta lei em vigor na data de sua publicação. Mando, portanto, a todas autoridades a quem o conhecimento e execução desta lei pertencer que a cumpram e façam cumprir tão inteiramente como nela contém. Prefeitura Municipal de Conselheiro Lafaiete, 06 de novembro de 1959. Telésforo Cândido de Resende Prefeito Municipal Dra. Antônia da Conceição Rodrigues Secretária “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Decreto Lei nº 521/61 Retifica a Lei 486/59 Art. 1º- Fica Retificado o nome da entidade donatária a que se refere à Lei nº486/59, para União Social Espírita “As Samaritanas” e não como saiu publicado União Espírita “As Samaritanas”. Art. 2º- esta lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. Mando, portanto, a todas autoridades a quem o conhecimento e execução desta lei pertencer que a cumpram e façam cumprir tão inteiramente como nela contém. Prefeitura Municipal de Conselheiro Lafaiete, 11 de fevereiro de 1961. Telésforo Cândido de Resende Prefeito Municipal Lineu A. Batista Secretário Em dezenove de abril do mesmo ano, lavrou-se a escritura de doação do lote número 04 da quadra 1ª da Av. Dom Pedro II, local da nossa sede, nº 218, tendo como signatário do documento o Sr. Telésforo Cândido de Resende, Prefeito Municipal, e Sr. Antônio de Almeida Casarões, Presidente da União Social Espírita “As Samaritanas”. E agora, Samar? Possuístes dois lotes, algum dinheiro em caixa insuficiente para execução da obra... Agora? O mesmo de sempre. Quem tem Dona Sebastiana Soares tem a certeza de que os sonhos concretizar-se-ão. Sua ardência de ideias novamente aquece mentes e corações, impulsiona e age, resolve então procurar o Sr. Floriano Franco e lhe expõe a situação, pede a sua permissão para vender o lote doado por ele, pois “As Samaritanas” havia ganhado também da prefeitura municipal outro lote, o qual por determinação da lei de doação, não poderia ser vendido, comprometendo-se com o benfeitor que com o dinheiro arrecadado com a referida venda seria totalmente aplicado na construção da sede. Com o consentimento do Sr. Floriano, Dona Sebastiana reúne-se com o Presidente Casarões no dia 15 de julho de 1961, o qual autoriza vender o lote. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 O comprador foi Sr. Geraldo José Nunes, pela quantia de CR$ 100.000,00, pagos em 2 parcelas, metade por ocasião da assinatura da escritura e o restante 30 dias após aquela data. Ao folhear as páginas de nº 41 a 44 do primeiro livro de atas da nossa sociedade, ler repetidamente a ata da reunião de 28 de outubro de 1961, contendo registros da inauguração da nossa sede - nossa casa, fechei os olhos para ver além. Minha alma viajou. Foi procurar aquilo incontido naquelas páginas, mas permanente nas estruturas psíquicas do ambiente. A doutrina espírita, estudando a psicometria11, esclarece sobre isso: “A figura de linguagem torna-se realidade”. Fiz, das linhas paralelas e dos espaços destinados ao alinhamento da escrita, contornos e um dos caminhos onde, em companhia do amigo viageiro. senti as emoções guardadas nos escaninhos do tempo. Encontramos relíquias apenas empoeiradas, basta um simples lustre de sensibilidade para fulgurarem. Enviadas cartas às autoridades locais, como Prefeito, Juiz de Direito, Delegado de Polícia, Presidente da Câmara dos Vereadores, Instituições de Assistência Social, Loja Maçônica Estrela de Queluz e Grupo Espírita Paz, chegou o dia tão esperado. Simbolicamente, o Presidente Antônio de Almeida Casarões entregou a sede social para uso da família Samar e também à disposição da sociedade Queluziana, naquilo que fosse possível. Em seguida, prestou contas e deu por concluída a obra: 11 Psicometria é a faculdade que o médium possui em, tocando em determinados objetos ou estando em determinados lugares, entrar em relação com as pessoas e fatos ligados aos mesmos. Esses objetos ou lugares ficam impregnado da influência pessoal (fluidos). “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Prestação de contas A sociedade dispunha..........................................CR$ 111.005,70 Doações apuradas pela lista...............................CR$ 141.103,40 Venda do Lote Vila Carijós...................................CR$ 100.000,00 Total....................................................................CR$ 352.103,10 Custo da Obra.....................................................CR$ 345.574,00 Saldo......................................................................CR$ 6.535,10 Estiveram presentes: Antônio de Almeida Casarões – Presidente, Nilo de Souza – 1º Secretário, Gilberto Victorino de Souza – 2º Secretário, José Baptista Espada – 1º Tesoureiro, João Victorino de Souza, Sebastiana Soares – Diretora de Assistência Social, Elvira Monteiro de Castro – Assistente Social, Olinda Ribeiro Dias, Wilia Ferreira Caixeta, Maria Perrim de Lima, Maria Barros, Odete B. Gonçalves, Floriano Lopes Franco, Maria Augusta Baêta Franco, João Baêta Franco, Raimundo Pio de Araújo, Juvenal Braga, Avelino Soares, Henrique Tolomelli, Raimundo José de Faria, José Elias R., Magda Luiza Gomes, Marília Gomes, Sônia Ramalho de Souza, Eva Maurício de Faria, Maria Antônia P. Casarões, Noeme Pereira Casarões, José Matias, Helen Monteiro de Castro, Simone Baêta Neves, Roseane de Souza Dias, Gracinha Monteiro de Castro, Maria Fonseca Rezende, Rosângela Soares de Souza, Leci da Cruz Machado, Zulmira de Siqueira Machado, Florípedes Souza Dias, Maria José Dias Ferraz, Célia Pereira, Teresinha Dutra Telomelli, Rosemary Soares de Souza, Angelina Neto Barros, Antônia de Barros e Enir Dias. Ao finalizar a reunião, Gilberto Victorino de Souza proferiu o seguinte discurso: Ilmo. Sr. Floriano e D.D Esposa, É com fraternal alegria que em meu nome e no de todos os componentes da “As Samaritanas”, dirijo-me ao Sr. Floriano e respeitável esposa, mui dignos beneméritos de “As Samaritanas” a quem cristamente doaram um lote, situado na Vila Carijós, para que fosse construída a sede própria, e posteriormente concederam que o lote fosse vendido e o valor da venda fosse aplicado na constrição da sede em que nos encontramos agora, em humilde solenidade, inauguramos. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Na placa de “As Samaritanas”, deveria constar o nome do Sr. Floriano, como um gesto de gratidão ao anônimo e caritativo auxílio que nos prestou, mas a pedido do bondoso homenageado fizemos constar o nome de seu falecido pai, João Lopes Franco, que foi o criador benemérito da Vila Carijós. Compreendo, no gesto do Sr. Floriano, que ele ao doar o terreno e ao esquivar-se da homenagem escrita na placa, quis por intermédio de “As Samaritanas” fazer uma homenagem póstuma a seu saudoso e inesquecível pai, de quem recebeu pela força da hereditariedade e exemplos as virtudes cristãs de que é possuidor e dentre estas destaca-se a caridade. “As Samaritanas” embora dirigida por espíritas é uma sociedade cuja finalidade é prestar caridade a todo aquele que precisa, seja o necessitado branco ou preto, Católico ou Protestante, Espírita ou Ateu. Os seres humanos são iguais perante a Deus e a religião de Jesus é Amor, e o amor quer dizer ajudar ao próximo, amá-lo como Jesus nos ama, dar o que nos sobra para os que nada têm. O evangelho deve ser o nosso guia, a nossa estrada, a nossa identidade e não devemos usá-lo para fazer a separação entre as religiões, para criar ódio entre os cristãos, mas devemos utilizá-lo para a caridade desinteressada, para a fraternidade legítima, para prática da bondade; não deixemos para amanhã o que pudermos fazer de bom porque poderemos dormir e não acordar na terra e em que condições nossa alma prestará contas a Deus? Ao falar sobre caridade, lembrei-me de uma história real, uma história que se assemelha com a vida das quatro fundadoras de “As Samaritanas”, Dona Sebastiana, Dona Olinda, Dona Heleodora e Dona Filhinha: “Numa cidade brasileira, da qual não me lembro o nome, quatro senhoras reunidas em torno de uma mesa, dirigiram preces a Jesus e pediram-lhe auxílio para conseguirem a cooperação dos homens de negócio para a construção de uma escola, porque o número de crianças da “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 cidade era bem maior do que cabiam as existentes. Já haviam conseguido, de pessoas caridosas, o terreno, as pedras, a areia e a cal, faltava somente madeira para que a obra fosse executada, e para esse fim, no dia seguinte dirigiram-se à carpintaria mais próxima, que era também uma fábrica de imóveis de grandes recursos. O Engenheiro proprietário recebeu-as cortesmente mas disse que não daria nenhuma madeira porque escolas, orfanatos e assistência social era dever do governo e que ele não tinha nada com isso... Elas alegaram se poderia esperar que o governo fizesse tudo e também muitos governantes não se lembram do povo, quando eleitos. Os responsáveis pelos cofres públicos prestarão conta a Deus e que todos os que ajudassem nas obras de caridade seriam recompensados. Enquanto ele, com ironia discordava das senhoras, chegou um operário, dizendo que um curto circuito provocara violento incêndio na seção de compensado. Foi corre - corre, gritaria, confusão. As quatro senhoras não perderam tempo, foram as primeiras a prestar socorro, carregando baldes d'água, segurando mangueiras e apesar de sofrerem graves queimaduras, ajudaram a apagar o incêndio. O prejuízo fora superior a CR$ 200,00 (duzentos cruzeiros). O Engenheiro proprietário da fábrica de móveis dirigindo-se às quatro senhoras disse-lhes: - O Deus das senhoras venceu! Vou levá-las no meu carro até a farmácia e pagarei os curativos e medicamentos necessários para curar as queimaduras das senhoras. Amanhã mandem busca toda a madeira que necessitarem. Meses depois a escola, com um departamento de Assistência Social, foram inaugurados, o Engenheiro Ateu, sentiu-se orgulhoso de ser o padrinho da escola”. Que a história sirva de exemplo a todos nós. A vida aqui na terra é passageira, ontem éramos meninos, hoje somos adultos e amanhã estaremos mortos, isto “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 é, morrerá o nosso corpo porque o que é da terra fica na terra, na natureza nada se perde, tudo se transforma, mas o espírito, a alma retorna à pátria espiritual, porque é eterno. Se não praticarmos o bem, se não formos bons por amor, sê-lo-emos pela dor. Quem planta, quem faz o bem, recebe o bem, que faz o mal recebe o mal. O que nos sobra será útil a muitos que nada têm, enquanto confortavelmente alimentamos e dormimos, outros nada têm o que comer e nem onde dormir e são de carne e osso como nós, nascem e morrem como nós. Em nome da diretoria e dos membros do Departamento de Assistência Social, agradecemos de coração a todos os presentes. Gilberto Victorino de Souza Conselheiro Lafaiete, 28 de outubro de 1961. A NOSSA SEDE NOSSA CASA Anos após a inauguração da nossa sede, a família Samar cresceu, vieram os desgastes naturais, especificamente o telhado, com várias goteiras, necessitava a nossa casa de urgentes reformas e ampliações para atender melhor às necessidades. Em 26 de agosto de 1980, iniciaram as campanhas para aquisição de recursos financeiros destinados à execução das obras. Paralelamente, foi solicitado um projeto ao Engenheiro Carlos Alberto Gomes Beato, que, gratuitamente atendeu ao nosso pedido. O projeto foi dividido em duas partes. Na primeira constavam as reformas de cômodos existentes, troca do telhado por laje de concreto e estruturação para o 2º pavimento. Na segunda parte constava o 2º pavimento, destinado à construção de um salão para reuniões públicas, uma cabine de passes e banheiros. A primeira parte do projeto foi concluída, e sua inauguração aconteceu dia 29 de agosto de 1981, fazendo parte dos eventos comemorativos dos cento e cinquenta anos de nascimento de BEZERRA DE MENEZES. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Inácio de Souza Neto, do Grupo Espírita André Luiz, ministrou a palestra inaugural com o tema: “O centro espírita na atualidade”. Novas campanhas para aquisição de recursos financeiros para a execução da segunda parte do projeto iniciaram em 25 de março de 1988. Concluídas as obras, sugeri ao então Presidente Hamilton Junqueira que denominássemos o salão de “SALÃO DE REUNIÕES SEBASTIANA SOARES”, em uma demonstração de gratidão à nossa fundadora. O Presidente submeteu a sugestão aos demais membros da casa, a qual, por unanimidade, foi aceita. A inauguração fez parte das comemorações da semana espírita e do nascimento de ALLAN KARDEC, realizada no dia 04 de outubro de 1995. Além do numeroso público que nos prestigiou, recebemos os familiares de Dona Sebastiana Soares, espíritas desta cidade e das cidades de Ouro Branco e Congonhas. A emissora de televisão de nossa cidade, TV Lafaiete, também esteve presente. Dona Lenita, diretora de Assistência Social, fez a prece antecedente à abertura da reunião. Um histórico de vida e obra da homenageada foi lido por Aparecida Tavares. Saudando a família Samar, falou Dona Elvira Monteiro de Castro, trabalhadora do Cristo que serviu a nossa casa. Pela família Samar falou o Presidente Hamilton Junqueira, coordenador das duas etapas da obra. Carlos Eduardo Soares de Souza, neto de Dona Sebastiana Soares, agradeceu a homenagem em nome da Família Soares. Tive a honra de ministrar a palestra inaugural. O tema? “ALLAN KARDEC, luz a serviço de JESUS”. O trabalho de assistência social continuou crescendo. Desta vez, necessitávamos de melhor estrutura física para atendermos às necessidades, principalmente o almoço fraterno realizado aos sábados. Uma cozinha maior, bem equipada, um refeitório para acolher dignamente os assistidos que ficavam expostos ao tempo ou em lugares impróprios, a facilitação na higienização dos ambientes, local adequado para a sala de costuras e confecção de enxovais para recém-nascidos, que, naquela época, funcionavam no mesmo local especificado para a evangelização infantil. Enfim, um grande desafio estava por vir. Aos poucos, com determinação, as obras começaram. Valendo do bom relacionamento com o Deputado Arnaldo Penna, solicitamos dele ajuda. Ele, prontamente atendeu-nos e encaminhou o pedido de “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 uma verba à Secretaria de Assuntos Municipais do Governo do Estado de Minas Gerais (SEAM). Celebramos, então, convênio de nº 388/97, em 14 de junho de 1997, no valor de R$15.000,00 (quinze mil reais), para conclusão da primeira parte do projeto inaugurado em dezembro de 1997. Os laudos técnicos, projetos arquitetônicos e estruturais, planilhas orçamentárias, cálculos de materiais, acompanhamento e responsabilidade técnica pela obra, recebemos gratuitamente do Engenheiro Francisco Martins Costa. A segunda parte do projeto era a construção do 3º pavimento do prédio II. Executada com recursos próprios, angariados de abril de 1995 a maio de 2000, é o pavimento “AVELINO SOARES”, homenagem e gratidão a quem muito se dedicou. São 80m² de construção, divididos em três salas, sendo duas delas destinadas à evangelização das crianças e reuniões mediúnicas e uma destinada a costuras e aos enxovais para recém-nascidos. Atender aos moradores de rua é uma atividade por natureza mais difícil, requer cuidados diferenciados, quando as condições físicas do ambiente são precárias, aumentam os problemas. Em 2001, melhoramos essa atividade, construindo dois banheiros com chuveiros. Trocamos o padrão Cemig existente por outro de maior capacidade, foi um avanço. Outras obras seriam necessárias, dentre elas a ampliação do refeitório Lenita Leite Alves. Primeiramente as providências inerentes aos sonhadores, visionários atemporais. Pedi ao Engenheiro Francisco Martins Costa que fizesse um projeto para construirmos, em nosso pátio, o restante do refeitório, mas disselhe que mantivesse em segredo, por enquanto. Meses depois, apresentei o projeto numa reunião do colegiado, e todos gostaram, aprovaram, mesmo sem externar, os olhares diziam: - Onde conseguir recursos para execução da obra? Acredito que, por caridade, se pensaram, não me chamaram de louco. Sempre digo: se vocês nos ajudarem, os projetos saem mais rápido do papel, porém, se houver má vontade, saem assim mesmo, pois eles não nos pertencem, somos simples instrumentos a serviço de mãos poderosas. O SENHOR DA OBRA É MAIOR DO QUE TODOS NÓS. Mais cedo do que esperava, encontro, em uma loja, o Deputado Estadual da época, José Milton de Carvalho Rocha, gentilmente nos “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 cumprimentamos e ele perguntou-me: Chico, você ainda está na direção administrativa de “As Samaritanas”? - Sim, Deputado, continuamos o trabalho com a mesma dedicação. Então ele me indagou: - Os documentos da instituição estão em dia? Porventura vocês têm algum projeto para ser executado que necessite de recursos? Fiz uma emenda ao orçamento do Estado, fui atendido pelo Governador, portanto vou repassar recursos para algumas entidades, desde que estejam legalmente aptas em recebê-los. Procure o meu escritório o mais rápido possível, pois o tempo é curto. Não posso prometer muito, mas ajudará bastante. – Concluiu o Deputado. Lembram-se daquele projeto audacioso, em repouso, à espera dos recursos? Pois bem, foi só lançar mão dele. Isso aconteceu numa sexta-feira à tarde, e, segunda-feira pela manhã fui ao seu escritório, era início do mês de setembro. Ah, o atendimento? O melhor possível, deixando-nos surpresos. Celebramos, dia 26 de agosto de 2006, um convênio com a Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado de Minas Gerais, nº 938/06, no valor de R$ 7.500,00 (sete mil e quinhentos reais), suficientes para construirmos a parte de alvenaria da ampliação do refeitório. E agora? A luta continua... Mais uma campanha para conclusão da obra. A campanha do azulejo. Escrevi e distribui 200 cartas na cidade com o seguinte teor: “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Conselheiro Lafaiete, 09 de junho de 2008 CAMPANHA DO AZULEIJO! Prezado (a) Senhor(a) A U.S.E “As Samaritanas”vem a sua presença, para solicitar ajuda na colocação dos azulejos em seu refeitório. Trata-se do revestimento de parede para melhorar as condições de higiene e facilitar a limpeza do local onde são servidas as refeições aos moradores de rua e pessoas carentes todos os sábados. De acordo com o orçamento já feito serão necessários 100m² de azulejo que colocados, nos custará em torno de R$2.500,00 (dois mil e quinhentos reais), em preços atuais. Colabore com essa campanha, doando pelo menos 1m² de azulejo, o que equivale a R$25,00. Atencipadamente agradecemos, rogando a Jesus que o abençoe e ilumine sempre! Francisco Navais Filho Diretor Administrativo Dezembro de 2008, a obra foi concluída, o refeitório aumentou, mas ainda restava um problema, algo desconfortante: as infiltrações causadas pelas chuvas, devido às emendas das lajes do prédio antigo com o novo. Orientados pelo engenheiro da obra, decidimos resolver o problema. Cobrimos a laje da parte nova do refeitório. Cobriríamos aquela área simplesmente ou faríamos um salão multiuso. Optamos pela segunda alternativa, mais trabalhosa, mais demorada, porém melhoraríamos as nossas possibilidades de atendimento ao público. Novamente, mãos às obras! Outra campanha foi iniciada em setembro de 2009. Fizemos e distribuímos 100 carnês para captação dos recursos financeiros. Fizemos cartazes e afixamos em nossa casa. O projeto foi dividido em duas fases: inicialmente a cobertura, com telhas galvanizadas e estrutura metálica, conjuntamente reformaríamos o telhado do salão de reuniões Sebastiana Soares, posteriormente faríamos outra campanha para conclusão da obra. Orçamentos feitos, prevíamos obter o dinheiro em 15 meses, porém isso não era o planejamento dos construtores da vida maior. Em dezembro a primeira parte estava concluída. Como? Qual a magia? Chama-se boa vontade, altruísmo, desejo de construção coletiva. A nossa irmã Catarina emprestou-nos o dinheiro para pagar a cobertura, e nós a pagaríamos em 20 parcelas. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Em novembro de 2010, ao pagarmos a dívida, encerramos a campanha. O Samaritano de dezembro de 2010 noticiou: A cobertura da laje do refeitório Lenita Leite Alves, além de eliminar as infiltrações causadas pelas chuvas devido às emendas das lajes, possibilitou-nos aproveitar a área para no futuro ser o nosso salão de eventos sociais. Também reformamos o telhado do salão de palestras Sebastiana Soares. Obras concluídas e pagas muito antes do tempo previsto. Trabalhamos com fé e coragem. Fé em Deus, Em Jesus, em nossos amigos espíritas, principais fontes mantenedoras da casa. Fé no nosso povo, cuja generosidade sempre destacamos. Fé nas mulheres e homens, que conosco sonham com uma “Samaritanas cada vez melhor”, e trabalham dia a dia, sem medir esforços para que os sonhos se tornem realidade. Coragem para administrar, planejar, pedir ajuda e executar os projetos. Coragem para reconhecer as limitações, os acertos e desacertos. Coragem para suportar as adversidades. Coragem para continuar e continuar... Demonstrando a nossa gratidão aos colaboradores da campanha enviandolhes um cartão de agradecimento: A NOSSA C A SEDE A Cobertura da laje do refeitório Lenita Leite Alves Com fé e coragem Com sua ajuda Mais uma obra Mais uma etapa Concluída e paga Antes do tempo previsto Por isso, obrigado. Conselheiro Lafaiete, dezembro de 2010. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 O Samaritano de agosto de 2010 trouxe em sua primeira folha: Cozinha Maria Alves do Nascimento. De cara nova, reforma total. Atendemos ao pedido das cozinheiras. Pedido de quem trabalha é ordem! Mais espaço, melhor funcionamento, facilidade para higienização novo visual obras concluídas corajosamente. O dinheiro? Ainda não temos. Um samaritano que sonha com uma Samaritanas cada vez melhor e confia em nossa administração nos emprestou. Após quitarmos a divida contraída para cobrir o refeitório Lenita Leite Alves, pagaremos o empréstimo em prestações. Certamente você nos ajudará. Essa obra foi executada em trinta dias, as ajudas vieram, pagamos o empréstimo ao irmão Gesué antes do tempo previsto. Meses depois, ganhamos do empresário Marco Antônio de Faria os armários planejados e colocados pela Parma S/A. “Ajuda-te, e o céu te ajudará”. (ALLAN KARDEC ESE 25) “As Samaritanas”, ao desenvolver atividades cujos objetivos são assistir espiritual e materialmente as pessoas, coloca em prática os princípios filosóficos da doutrina espírita e do evangelho de JESUS, seus pilares de sustentação, ao mesmo tempo, torna-se merecedora da assistência dos espíritos superiores, sob a orientação de JESUS, e também da generosidade da comunidade Queluziana. O que, às vezes, surpreende-nos são substanciais ajudas vindas de formas inesperadas, prova da atuação dos espíritos. Em junho de 2010, o casal Luiz Márcio Vaz e Neli Aparecida Ramos Vaz, “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 após visitarem a nossa casa e serem atendidos fraternalmente, perceberam nossa constante luta para construir uma Samaritanas cada vez melhor e doaram 2 lotes no residencial São Luiz, na localidade de Joaquim Murtinho, em Congonhas, cidade circunvizinha a Conselheiro Lafaiete. Deixamos claro, contudo, que não tínhamos condições financeiras de construir, tampouco de utilizá-los para fins sociais. “Vocês vendam os lotes e apliquem o dinheiro nas obras da casa”, dissenos o casal. Assim, no dia 20 de julho de 2010, foi outorgada procuração dando totais poderes a “As Samaritanas” para comercialização dos lotes. Vendemos os lotes para Gilson Lúcio de Vasconcelos, profissional da construção civil, cujo pagamento tem sido realizado através de sua mão de obra na feitura de atividades em nossa casa, o acabamento do exterior da nossa casa, principalmente a fachada, reboco, pintura, janelas, placas indicativas, revestimentos para o passeio e parte da parede de frente. Por isso, mais uma campanha para arrecadar recursos financeiros e material dos doadores teve início em fevereiro deste ano, está em andamento, e aproximadamente 70% das obras já foram executados. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 AS MÃOS E AS OBRAS “Vedes então que pelas obras que o homem é justificado, e não somente pela fé”. (TIAGO 2/;24) Mãos que trabalham, instrumentos vivos da fé, do amor e da caridade. Elas evangelizam, administram, preparam e distribuem alimentos, vestem e calçam, limpam e higienizam, amparam, magnetizam. Carregam, afagam, disciplinam; mãos que abraçam, que se entrelaçam, todas são elos desta corrente de amor. Incontáveis, anônimas, não importa quanto tempo trabalham, menos ainda a quantidade, se fizerem movidas pela necessidade, oportunidade, consciência ou missão, até as que foram recompensadas pela remuneração financeira, todas são construtoras da estrutura da nossa sociedade, da nossa casa. Pelos caminhos do tempo, ao passo peculiar de cada época, num vai e vem, seguiremos. Este período guarda momentos de relevos afetivos, pessoas que se aportaram em nossa Beta-bara, cujas atividades desenvolvidas marcaram significantemente. Abrem-se as cortinas para o grande espetáculo da vida espírita, a sinfonia da caridade. Uma produção da espiritualidade superior regida ao compasso da simplicidade envolve a todos. Os instrumentos são as múltiplas necessidades e circunstâncias desta vida de provas e expiações. Os músicos são todos que, de boa vontade dispõem-se ao trabalho. Os espectadores, plateia selecionada pela lei de causa e efeito, revezam-se, multiplicam-se dia a dia. Os necessitados de pão do corpo e do espírito. Com a casa própria, melhoram as condições para o trabalho social e doutrinário. Faz-se efetivamente a integração com as sociedades espíritas e não espíritas, ampliam-se os horizontes, aumentam os desafios. “Na verdade, a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos; rogai, pois, ao senhor da seara que mande os trabalhadores para sua seara”. (JESUS – LC 10:2) Levantarei levemente o véu do anonimato, pelo dever do reconhecimento, citarei alguns nomes na intenção de que sejam transmissores “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 dos nossos sentimentos de gratidão e admiração. As demais mãos, impossíveis de serem lembradas, mencionadas por nós, já que, dos registros espirituais, sempre contarão. “Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte”. JESUS MT 5:14 ALÉM DO “IN MEMORIAM” Não te conheci: vives em meus pensamentos. Minhas palavras para ti não são “in memoriam”. Não és memória, és presença. Sinto-te tão próxima. Peço-te ajuda. Sei que nos ajuda, nos orienta. Continuaremos a realizar muitos dos teus sonhos. O teu desejo de uma Samaritanas cada vez melhor. Dele faço a minha razão de viver. O ardor do fogo do ideal a inquietar-te. Também inquieta-me tempos afora. Quão grande emoção! Inauguração da sede própria. Sei como sentistes. De experimentar também. Inauguramos várias obras em nossa sede Lideradas por mim, e pelo mestre Junqueira. Sempre com os olhos marejados, a voz embargada O coração descompassado, a alegria assenhora sempre. Compartilhei da alegria com amigos De Mariana, de Capela Nova, de Carndaí. Do solo erguem o sonho da casa própria. Cada abraço, cada sorriso, cada lágrima, emoção pura. Sei o que a família Samar sentiu. Dona Sebastiana Soares Dona Samaritana “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Pela tua vida reverencio-me a ti Não consigo caminhar a teu lado Aquém palmilho teus rastros Com KARDEC e JESUS Caminhamos, caminharemos Na hora da minha travessia, sirva-me de tua luz. Nascida nesta cidade, em 19 de setembro de 1897, filha de pais pobres, casou-se aos 19 anos com o pedreiro Avelino Soares. Dessa união de 57 anos, até a travessia do companheiro em 1972, nasceram 16 filhos. A família numerosa, o baixo salário do marido, o trabalho doméstico ou de lavadeira na antiga fonte grande não foram empecilhos para que a serva de Jesus praticasse a caridade fora do seu lar. Em 1934, inicia seu encontro com o Cristo na pessoa do irmão carente, assumindo a tarefa de assistência social do Grupo Espírita Paz. Em setembro de 1985, chega a sua vez de fazer a travessia rumo ao mundo espiritual, o que não significa ausência da nossa casa. As rogativas ao pai, o senhor da seara, recomendou-nos Jesus. Para mandar-nos seareiros sempre são atendidas, se não em quantidade, conforme nossos desejos, são em qualidade, atendendo aos desígnios do pai. Assim, logo após a inauguração da nova casa, Dona Sebastiana recebe Dona Lenita Leite Alves. Dona Lenita, Da nossa convivência nasceu a amizade, Entre flores e espinhos Flores plantadas e cultivadas, eternizaram. Ah, os espinhos? Foram colocados, apodreceram, desapareceram. Nada é inútil, ficou o ensinamento. O teu trabalho nessa casa O teu carinho, tua alegria. Com tua presença, nossa segurança. Distante dos olhos, veio a saudade. Quando vem a lembrança A face cora, o ser chora. Mas, pra que choramingos, Se não fostes embora? “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Obrigado amiga! Ao final da década de 60, do século passado, mais um operário da caridade chega para integrar a nossa família, Sr. Gesué Tavares Neto. Senhor Jesué, O Zezinho barbeiro de ofício. O Samaritano de fé. O amigo de gentilezas O conselheiro pela vivência. Às vezes em mares revoltos navegamos A nau quase à deriva. Tuas mãos conosco no timão Certeza de equilíbrio. Não naufragaremos Mares adentro seguiremos Durante os anos 70, aporta-se em nossa Beta-bara o Sr. Hamilton Junqueira. Senhor Hamilton, Mestre Junqueira, respeitosamente Sempre com carinho e gratidão Mais de vinte anos de dedicação Marcas indeléveis deixastes, Na administração e nas pessoas. Fizestes precocemente a travessia Fostes servir a nossa cidade Nas áreas da política e acadêmica. Compreendemos. Reclamar exclusividade, jamais! É que às vezes bate a saudade. A maior transformação na área doutrinária da nossa casa aconteceu no início dos anos 80, promovida e coordenada por Dona Alda Vieira Cruz. O estudo sistematizado e regular da doutrina espírita. “Estudai, antes praticardes, porquanto é esse o “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 único meio de não adquirirdes experiência à nossa própria custa”12 Dona Alda é de berço espírita, sempre fez do estudo parte importante da sua vida, isso consequentemente, deu-lhe vasto saber doutrinário, especificamente sobre orientação e prática da mediunidade. Prossegue a indeterminável rotina de uma casa de passagem. Todos chegam, permanecem o tempo que lhes é necessário, reequilibram-se, suprem as suas carências e partem. Os que ficam longos períodos, às vezes, fixam residência à espera da travessia comum a todos nós, determinada pelo senhor da vida, poucos deixam marcas profundas nas pessoas e na casa. Os anos 80 do século XX foram incomuns, férteis em germinar lideranças dentre os poucos que ficam em nossa Beta-bara. É o caso do viageiro, cujos esforços e trabalhos o fizeram ajudante de muitos, esperamos que fique até... Ele é um homem que não sente frio. Desafia o tempo, desafia as dores. Se o corpo lhe impõe obstáculos O espírito o impulsiona. Parece insensível às mudanças climáticas. É sensível às turbulências da alma Acalma, acolhe, orienta. Ele é o senhor mediunidade. Simplicidade e dedicação É parceiro da espiritualidade Pra qualquer hora, pra vida afora. Ele é Gilmar Ank de Vasconcelos Para quem temos poucas palavras Certamente as que temos são incapazes de expressar O que ele representa para esta casa. Podemos, no entanto, dizer dos nossos sentimentos. Em uníssono, obrigado irmão! Só Jesus poderá recompensar-lhe. Este período não finalizaria sem outra adesão. 12 Ensinamento de Allan Kardec em “O livro dos Médiuns”. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Apanhei-a pela rede dos nossos petitórios das quartas-feiras... Sou interrompido pelo amigo viageiro do tempo: Quem vem lá? Donde vem ela? Alguém me contou Posso te contar Eu não o conheço Disse-me que ela vem lá do começo É bem maior do que penso. Donde vem ela? Aquela singela Olhar penetrante De águia altaneira De força, de chamego, De paz e sossego. Quem será ela? Uma Cinderela sem sonhos Uma aquarela sem tela Vem de mãos abertas Rainha sem reino Ela é mais, sempre mais! Que isso importa? Ser mais são migalhas para ela Porém, ajuntando as migalhas Todos os dias, com sabedoria. Faz da palavra um pensamento Do pensamento ação Das ações canções Do trabalho uma obra Da obra uma razão pra viver. E agora sei quem é ela, Apanhada pela rede do petitório, Catarina de Faria Lopes. Velho Foca 2012 “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 SEM FRONTEIRAS O pensamento espírita tem como um dos seus pilares de sustentação a universalidade, isto é, respeito, compreensão e tolerância com as diferenças, não se aprisiona o pensamento nos estreitos horizontes em que a grande parte dos espíritos deste mundo se encontram. A universalidade não exige concordância cega nem submissão ideológica, convida-nos a compartilhar da fraternidade universal, unindo-nos em nossas semelhanças e nos ensinando a conviver com as diferenças, fazendo delas as oportunidades de crescimento pessoal e coletivo. É, portanto, um agente demolidor dos preconceitos, desafiando-nos às mudanças internas. O processo de mudar algo exige esforços, é lento, porém fecundo, exige coragem para dar o primeiro passo e determinação para continuar. As resistências são comuns, de diferentes matizes. Queiramos ou não, a lei de evolução alcança-nos, está além das nossas mãos, lei divina instituída para o bem de todos. “Toda planta que meu pai celestial não plantou será arrancada”. (JESUS MT 15:13) A lei de evolução é árvore plantada pelo pai, tudo que obsta sua marcha será arrancado. Arrancar é mais traumático do que retirar com cuidado e lentamente, portanto, sejamos menos resistentes às mudanças. Os espíritos superiores são universalistas, alguns transpuseram as fronteiras rígidas da intolerância em direção ao ilimitado. Vejamos o exemplo do convertido de Damasco, antes perseguidor daqueles que não pensavam conforme suas crenças, depois deixa seu pensamento renovado à posterioridade em testamento de luzes e testemunhos de fé. “Tu, porém, fala o que convém a sã doutrina”. (Paulo a Tito 2:1) Essa recomendação ao jovem amigo e discípulo é luz que penetra nas trevas da intolerância. Sã doutrina? Qual? O cristianismo, para eles. Sã doutrina é aquela que cada um entende que assim seja, é uma escolha pessoal, consciente e jamais imposta. Para nós, o espiritismo, para os outros, aquela que lhes convém. O mestre LIONES, em suas obras, aborda esse tema com instruções dos espíritos superiores e seu ponto de vista. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 A oração sempre foi motivo de controvérsias em todos os tempos, seja pela forma, tempo de duração, eficácia e conteúdo. No Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. 28, o codificador assim esclarece: “Os espíritos sempre disseram: A forma não é nada; o pensamento é tudo, orai, cada um segundo as vossas convicções e o modo que mais vos toca, um bom pensamento vale mais do que muitas palavras estranhas ao coração” “Fora da caridade não há salvação”. (ESE 15) Certa vez, CHICO XAVIER, ao comentar sobre essa máxima de ALLAN KARDEC, disse: “Se Allan Kardec tivesse dito fora do Espiritismo não há salvação, eu não seria espírita”. Se a condição maior para a salvação é a caridade, quem pode fazer caridade? Não faz quem não quer. Aí está, mais uma vez vivo, o princípio da universalidade. Quais são as nossas fronteiras? Barreiras naturais ou artificiais, obstáculos que delimitam territórios, locais de segregação, preconceitos, escolhos da convivência universal. Sejam quais forem todas, a seu tempo, poderão ser transpostas, pela força do senhor (espírito), cairão simultaneamente. No mundo físico, elas nos apresentam tão sólidas, bem definidas, de existências milenares, apresentam mesmo intransponibilidade. A vestimenta carnal, com suas necessidades e limitações, geradas segundo as leis biológicas, porém sob a determinação maior da lei de causa e efeito. “Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não da nossa parte”. (Paulo 2 cor 4:7) O doutor Tecelão chama o corpo de vaso de barro, importante para guardar a joia (espírito), jamais devemos subverter essa ordem. Quantos espíritos estão submetidos a corpos deficientes para reeducação num processo também de resgate, contrariando a lógica mental, e vivem como se de um instrumento perfeito dispusessem. Os limites geográficos incrustaram sociedades vivendo distantes umas das outras. Seus usos e costumes permaneciam intocáveis, até a evolução tecnológica derrubá-los. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 O homem percorre por toda a terra, explorando o espaço, e a globalização fez da terra uma grande sala de visitas com apenas diferentes interlocutores. Os idiomas podem ser falados, ouvidos e interpretados por todos da grande sala, pela tecnologia – tradução simultânea. A cor da pele, quanta ignorância, quanto ódio, quanta maldade. Primeiro veio a miscigenação, impulsionada por alguns fatores desconhecidos pela ciência, cabendo a ela o sepultamento da “supremacia racial”. Quando a genética afirma: “somos todos da raça humana”, afirma mais ainda: é um percentual mínimo de gens que determina a cor da pele. A barreira da moral em que vícios e virtudes são catalogados e enumerados, forma uma evidente divisão: os bons e os maus. Sabiamente o poeta libanês GIBRAN KAHALIL GIBRAN convida-nos à reflexão: “Que julgamento pronunciareis, vós, que quereis ser juízes e honestos, para aqueles que embora honestos na carne, são ladrões no espírito”. “Vós julgais segundo a carne, eu a ninguém julgo. E, mesmo que julgue, o meu juízo é verdadeiro, porque não sou eu só, mas eu e o pai que me enviou”. (Jesus – João 8:15-16) O tempo e suas marcas visíveis em todos seres vivos, na infância, juventude, adultez e senectude. “E acontece que, passados três dias, acharamno (Jesus - menino) no templo, sentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. E todos que ouviam se admiravam da sua inteligência e das suas respostas”. (Lc 2:46-47) Foi a jovem de 16 anos RUTH JAPHET, pela sua mediunidade, com espírito “A verdade”, que revisou a primeira edição do Livro dos Espíritos. A inteligência e o bom senso do professor HIPPOLYTE LEON DENIZARD RIVAL (Alan Kardec), aos cinquenta e dois anos, tornaram-no o codificador do consolador prometido por Jesus. (JO 14:15-17) Homens e mulheres, independente da idade, classe social, nível cultural, continuam trabalhando na construção do bem, pelas vias mediúnicas, conforme a profecia de Joel, 460 a. C. “Acontecerá depois que derramarei o meu “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 espírito sobre toda a carne, vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos anciãos terão sonhos, vossos mancebos terão visões, e também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu espírito”. (JOE 2:28) A idade, a condição social, cultural, familiar, trabalho e estudo jamais serão impeditivos para nossas realizações espirituais. Vida e morte, duas fases distintas na trajetória evolutiva do espírito, mas também não servem de desculpas para a inércia. “Onde estás, ó morte, a tua vitória? Onde estás, ó morte, o teu aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei”. (1 cor. 15:55) Paulo fala-nos da impossibilidade da morte em relação à vida espiritual, dando-lhe outro significado, além de cessar a vida física, simboliza o distanciamento do espírito com Deus, pelo mau uso de seu livre-arbítrio. A doutrina espírita aprofunda mais ainda a análise da vida e da morte, certificando-nos que são apenas etapas importantes da trajetória dos espíritos. O fenômeno material da morte enseja a verdadeira vida do espírito imortal, sem retirar nenhuma de suas qualidades intelecto-morais, prosseguindo, no mundo dos espíritos, com todas as atividades inerentes ao espírito, e, às vezes, carregando consigo as que deveriam ficar no túmulo, mas que, por descuido seu, ainda o acompanham. Nem a morte nos servir-nos-á de desculpas. Nem a morte poderá deter a construção do bem. Quais são as nossas fronteiras? Percebemos serem delimitadas mais pela vontade do que propriamente pela condição física. O desafio constante em superá-las estimula a inteligência, aguça a sensibilidade e une os laços de fraternidade. “Não existe saber mais, nem saber menos, existem saberes diferentes”. O educador Paulo Freire escancara de vez as janelas e as portas para a universalidade. Deixemos os ares destas mentes arejarem nossos pensamentos. “Veio uma mulher de Samaria tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber, pois seus discípulos tinham “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 ido à cidade comprar comida. Disse-lhe então a mulher Samaritana: Como, sendo Judeu, me pedes de beber, a mim que sou mulher Samaritanas?” (JO 4:7-9) Essa é uma das partes dos ensinamentos contidos no diálogo entre Jesus e a Samaritana, dela extraímos a visão universalista de Jesus e a alternância das nossas posições diante das circunstâncias da vida. Às vezes somos doadores, outras recebedores, assistimos pessoas em suas dificuldades. Também somos assistidos. Aprendemos e ensinamos, essa é a dinâmica da vida. Poderia Jesus suprir suas necessidades físicas (comida e água) e de seus amigos, utilizando-se dos seus conhecimentos e, sobretudo, de sua inigualável força espiritual? A doutrina espírita ensina-nos sobre o fluido cósmico universal, elemento do qual derivam todas as coisas. Manipulado por mentes que conheçam e saibam os mecanismos, poderão realizar prodígios, milagres (Mirari-Admirável), vejo a telefonia celular como um dos milagres da tecnologia (coisa admirável), nada fora da ordem natural das leis físicas. Jesus, o governador espiritual do planeta Terra, reconhecido, à sua época como o maior taumaturgo, até pelos seus detratores, podia fazer aparecer do nada13 comida e água, porém não o fez naquela circunstância. A passagem em análise é um ensinamento contido na admirável lição do diálogo ocorrido entre Jesus e a mulher de Samaria. O mestre separa mais uma vez os dois elementos importantes para a vida do espírito na matéria: o espírito e o material. Todas as necessidades e realizações têm a mesma origem, embora devam permanecer distintas entre si, têm interdependência no que se refere à vida do espírito encarnado. Naturalmente devemos seguir o curso próprio, dando-lhe a atenção, importância e destaque conforme sua origem. “Deus enviou seu filho, nascido de mulher, nascido debaixo da lei”. (PAULO GAL 4:4) ALLAN KARDEC analisa a natureza de Jesus (GEN 15:2), destacamos o trecho: “Como homem, tinha a organização dos seres animais, porém, como espírito puro, desprendido da matéria, havia de viver mais da vida espiritual do que da vida corpórea, de cujas fraquezas não era passível”. 13 Fluido cósmico imperceptível aos olhos físicos. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Fome e sede são inerentes à vida orgânica, importantes instrumentos do instinto de conservação, não são fraquezas, indicam a necessidade das substâncias capazes de repor as energias para a continuidade da vida, disso era passível Jesus. “Não penses que vim destruir a lei ou os profetas, não vim destruir, mas cumprir”. (JESUS MT 5: 17) Os organismos sociais originam-se e mantêm-se da mesma forma, as ideias (espírito) associam-se umas às outras pela lei de sintonia, os meios materiais proporcionam-lhes as realizações dos seus objetivos. Pela constante troca, dão e recebem material e espiritualmente. NOSSA RELAÇÕES COM AS CASAS ESPÍRITAS “Os espíritas do mundo todo terão princípios comuns, que os ligam à grande família pelo sagrado laço da fraternidade, mas cujas aplicações variarão segundo as regiões, sem que, por isso, a unidade fundamental se rompa, sem formarem seitas dissidentes”. (ALLAN KARDEC – OBRAS PÓSTUMAS) As previsões do mestre, feitas antes do seu desencarne, ocorrido em 31 de março de 1869, são uma realidade. A família espírita é una, a fraternidade e os princípios fundamentais ensinados pelos espíritos reveladores são os elos indestrutíveis que unem seus membros. O tempo passa, os adeptos aumentam, multiplicam-se as casas, os elos da família permanecem inalterados. Tutelados pela espiritualidade superior, vão se formando novos grupos, casas espíritas motivadas por diversas circunstâncias, como estudos, trabalhos de assistência social, desentendimentos com outras casas, obsessões, dificuldades de acesso às existentes, mudanças de bairro, cidade ou estado. Seja qual for o motivo, a origem também é comum de células a núcleos, de núcleos a grupos e destes às sociedades legalmente constituídas. O Grupo Espírita Paz, fundado em 31 de março de 1906, pelo funcionário da Estrada de Ferro Central do Brasil, João Alves de Almeida Pires, é a nossa casa mãe. Sem desqualificar a oralidade como fonte importante de pesquisas e informações, os documentos, ainda que frios, são fontes mais seguras. As nossas relações com a casa mãe são sempre fraternas, de respeito e “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 eterna gratidão, mesmo em alguns momentos de estremecimento, os laços que nos unem são indestrutíveis. Se, portanto, alguns ressentimentos e restrições houver, devemos respeitar as opiniões individuais, já que as sociedades disto não participaram, conforme os documentos esclarecem-nos. Dos livros de ata da Mocidade Espírita Bezerra de Menezes – departamento da União Social Espírita “As Samaritanas”, extraímos as seguintes informações: “A nossa irmã Dona Sebastiana Soares esclarece que a mocidade presente foi fundada em 1937, e por motivos de força maior não pode ser prosseguida e expôs a razão de uma reabertura de trabalho em benefício da doutrina e em nosso próprio benefício14”. Suas reuniões continuaram sendo realizadas na Avenida Furtado, nº.80, sede do Grupo Espírita Paz, até 30 de março de 1952. Somente em 19 de abril de 1953, são transferidos para a Rua Saldanha Marinho, nº.136, bairro Fonte Grande, sede provisória de “As Samaritanas”, segundo anotações de João Bento da Silva – 1º Secretário. Em momento algum, encontramos sinais de obstáculos colocados pelo Grupo Espírita Paz, para as realizações das reuniões da Mocidade Bezerra de Menezes, em sua sede, uma vez que “As Samaritanas”, desde 06 de fevereiro de 1949, já não fazia parte daquela sociedade. SEMENTE DA UNIÃO “... mas outra semente caiu em boa terra, e dava fruto, um a cem, outro a sessenta e outro a trinta por um”. (JESUS MT 13:8) Em 1957, a Federação Espírita Brasileira mobilizou todos os espíritas do Brasil, para que juntos comemorassem o centenário de lançamento do Livro dos Espíritos15, ocorrido em Paris, por ALLAN KARDEC. As duas casas espíritas da nossa cidade também participaram. Mais do que isso, aproveitaram a oportunidade para desfazerem quaisquer dificuldades que, por ventura, pudessem existir entre elas. 14 15 Anotações de Nauriá Campos de Castro, em 25 de julho de 1963. Centenário do Livro dos Espíritos: 18/04/1857 – 18/04/1957. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Dia 03 de fevereiro de 1957, a nossa casa recebe os irmãos Geraldo Brandão, Ary Lelis e Vicente Albanaz Mendes, em nome do Grupo Espírita Paz e de seu presidente Ramiro Ferreira Maia, unem-se para, juntos trabalharem nas comemorações tão importantes para o espiritismo. Naquele dia, semeou-se a união, a integração entre as duas casas, para, em 09 de julho de 1964, com a fundação da Aliança Municipal Espírita de Conselheiro Lafaiete, formalizaram, assim, o que de fato existia e ainda existe: integração e cooperação. Estavam quebradas as barreiras, novos tempos, novas perspectivas. Outra similaridade é o ambiente familiar (doméstico-residencial) onde as células (pessoas) multiplicam-se, ambiente fecundo para o desenvolvimento da fraternidade e do amor. A maioria, com poucos recursos intelecto-materiais, supera obstáculos de toda ordem com dedicação e amor à causa. GRUPO ESPÍRITA IRMÃ ANGÉLICA “As Samaritanas” participou efetivamente para a formação do Grupo Espírita Irmã Angélica, sociedade em pleno funcionamento, contribuindo de maneira relevante para a divulgação da doutrina espírita, com estudos, palestras, assistência espiritual e material aos necessitados. Sua célula original foi o casal Omar Nonato e Lili Laporte Nonato, membros do Grupo Espírita Paz e “As Samaritanas”, que, na intimidade do lar, geraram essa corrente de amor e caridade. Dois outros aspectos fazem do Irmã Angélica referência para a formação de novos grupos: 1) um grupo formado sem dissidência (ideal de Allan Kardec) e 2) livre de quaisquer constrangimentos, seus membros atuavam nos grupos simultaneamente, reunindo condições para que, no momento oportuno, houvesse o desmembramento harmoniosamente. A nossa casa teve participação importante, como por exemplo, a participação do senhor Omar Nonato como membro da nossa diretoria, exercendo o cargo de Diretor de Patrimônio no período de 01/11/1970 a 03/10/1971, bem como Segundo Secretário de 03/10/1971 a 26/11/1972. A ata da reunião realizada em 17 de novembro de 1978, que oficializou a constituição do Grupo Espírita Irmã Angélica, tem como uma das signatárias a nossa Samaritana querida de tantas saudades, Dona Lenita Leite Alves. Lembro-me das reuniões das segundas-feiras, na década de 80, em nossa casa, Dona Lili Laporte, senhor Nonato, Dona Regina e Maria Alice Antunes, todos do Irmã Angélica. Atualmente, os laços estreitaram-se ainda mais, amizade, intercâmbio doutrinário e relações comerciais com a Fábrica de Salgados Tia LIli, cujo gerente “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 é Ricardo Emmanuel Nonato, responsável por suprir nossa cozinha com seus saborosos salgados destinados aos lanches das quartas-feiras. E para o futuro? Certamente continuaremos parceiros. O Grupo Espírita “André Luiz” e o Grupo Espírita “Bezerra de Menezes” são parceiros, cujas relações de fraternidade e colaboração sempre foram elos entre nós. Ah, não poderíamos esquecer! Do mais novo rebento da família Samar. A mais recente chispa, da doutrina espírita Lá em Entre Rios, das Minas, das Gerais. Caminhar é o seu nome. Luiz Maia Quintão, filho dessa casa É o seu luzeiro AS NOSSAS RELAÇÕES COM AS OUTRAS RELIGIÕES A mais próxima de nós é a Umbanda. Alguns fatores aproximam-nos, mas há um equívoco que fazem entre as duas religiões. Mesmo que as casas de Umbanda tenham em suas fachadas o escrito “Centro Espírita de Umbanda”, ou “Tenda Espírita”, nem os costumes dos leigos são capazes de tornar as duas religiões iguais. A Umbanda é mais antiga que o espiritismo, veio da África, trazida pelos escravos no século XVI, e designa um misto de religiões e folclore típicos de suas gentes, tribos e nações. O Espiritismo é a doutrina codificada por ALLAN KARDEC, na França, no século XIX, que lhe deu este neologismo. Não possui rituais, imagens, ervas aromáticas, símbolos, danças. Não adota trajes especiais, tambores, colares, velas, sacrifícios de animais e aves, bebidas, termos desusados, tudo isso tópico do sincretismo religioso. Às vezes, erroneamente, usa-se o termo “espiritismo de mesa branca” para nos diferenciar. O único ponto comum entre nossas práticas é o intercâmbio mediúnico, no que se refere ao contato com os espíritos desencarnados, porém nem as formas destes contatos são iguais. Dessa forma, entendemos que não nos fazem superiores ou inferiores, apenas diferentes. Tanto uma quanto outra religião têm seus seguimentos e, seguindo suas crença,s trabalham para o bem comum. Além da prática mediúnica adotada abertamente pelo Espiritismo e pela Umbanda, infelizmente algo que nos torna igual é o preconceito, a discriminação, as campanhas difamatórias feitas por alguns segmentos e sacerdotes da igreja católica e pelas igrejas Protestantes em todas suas denominações. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Quanto a isso não nos preocupamos, sabiamente disse ALLAN KARDEC: “O Espiritismo terá como maior inimigo os próprios espíritas” JESUS, também nos adverte sobre as dificuldades ainda existentes entre os da mesma fé: “Respondeu-lhe Jesus: Não vos escolhi a vós os doze? Contudo um de vós é o diabo16”. Temos ainda uma proximidade física com a Tenda Espírita “Santa Helena”, nossa vizinha, com a qual temos relações fraternas e troca de experiências administrativas. Em 13 de abril de 1963, o primeiro tesoureiro da União Social Espírita “As Samaritanas” e vice-presidente da União Umbandista Municipal solicita ao presidente de “As Samaritanas” o salão de reuniões para que sejam realizadas sessões da entidade, o que foi atendido por unanimidade. Ata do dia 13 de abril de 1963 – 2º livro de atas, pág. 01: Na solenidade de posse da diretoria da Tenda Espírita Santa Helena, realizada em 29/12/1963, atendo ao convite feito oficialmente pela entidade, “As Samaritanas”, foi representada por Dona Sebastiana Soares.. Atas 17/12/63 – 08/02/64 O informativo “O Samaritano”, edição 47 de julho de 2011: Recebemos em nossa casa dirigentes e membros do Grupo Espírita Caminhar de Entre Rios de Minas e da Tenda Espírita Santa Helena de Conselheiro Lafaiete. Sentimos felizes e honrados pela visita dos irmãos. Além da cortesia, abordamos assuntos referentes ao funcionamento, administração e projetos das casas. A troca de experiências é sempre importante. 16 Diabo: do Aramaico To Diabolus = opositor – contestador – adversário. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 NEM TANTO AO MAR, NEM TANTO À TERRA Esse adágio da sabedoria popular contém recomendações quanto ao bom senso, ao equilíbrio e a prudência, imprescindíveis à nossa vida. A universalidade que devemos desenvolver é de sentimentos e pensamentos, respeitando crenças e descrenças, usos e costumes, culturas e preferências. Isso, porém, não quer dizer que, para alcançarmos esta integração social, devamos nos violentar, abdicar dos nossos princípios, da nossa identidade. O bom senso sem dúvidas é a amálgama da construção social, capaz de integrar sem que ninguém perca ou violente sua identidade. Evidenciar as diferenças existentes entre nós é fundamental para que busquemos nossos pontos de convergência, com respeito, tolerância. Sem julgamento. Quem prefere o azul, deverá sempre diferenciar-se daquele que prefere o vermelho, no entanto, poderão escolher uma cor alternativa, sem imposições de espécies alguma. “Amai-vos um ao outro, mas não façais do amor um grilhão; Que haja antes um mar ondulante entre as praias de vossas almas. Enchei à taça um do outro, mas não bebais na mesma taça. Cantai e dançai juntos, e sedes alegres, mais deixai um de vós estar sozinho. Assim como as cordas da lira são separadas e, no entanto, vibram na mesma harmonia”. (GIBRAN KHALLIN GIBRAN – O PROFETA) Um membro da direção de “As Samaritanas” exercer simultaneamente o cargo de vice-presidente da União Umbandista Municipal e obter autorização da diretoria para realizar sessões daquela entidade em nossa casa causa-nos perplexidade nos dias atuais, com razão. Não nos cabe censura, porém analisarmos alguns fatos da época. Nenhum deles, à luz da doutrina espírita, justifica, mas explica. Destacamos este acontecimento com o único objetivo – demonstrar a evolução da nossa sociedade em suas atividades doutrinárias. “Ora, Pedro estava sentado fora, no pátio, e aproximou-se dele uma criada, que disse: Tu também estavas com Jesus, o Galileu? Mas ele negou diante de todos, dizendo: Não sei o que dizes”. (MT26:69-70) Esse fato é narrado pelos quatro evangelistas. Entendemos que o motivo jamais fora denegrir ou diminuir Simão Pedro. A lição que ficou é que, “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 mesmo estando convivendo com a LUZ (JESUS), Pedro ainda não estava lucificado, pois o processo de lucificação é interno, pessoal e intransferível, o que somente ocorre nos episódios de Pentecostes, conforme narrativa de Lucas, em atos dos Apóstolos, capítulos 2 e 4. As qualidades que os membros de uma sociedade imprimem-lhe têm duas fontes: moral e intelectual. “Espíritas! Amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo”. (Espírito de verdade, Paris 1860 – ESE 6:5) Com o desmembramento do Grupo Espírita Paz para formação da nova sociedade espírita – “As Samaritanas” – importantes carências surgiram. A casa mãe teve o trabalho de assistência social minimizado, enquanto a primogênita formara-se com pouco conhecimento espírita. Somente o tempo normalizou a situação. O impacto maior foi vivido pela nossa casa, já que algumas atividades desenvolvidas não se pautavam conforme as orientações doutrinárias. O acesso à literatura em geral era precário, principalmente aos livros espíritas, o desejo de se instruir até hoje é uma das dificuldades de uma casa espírita, onde os estudos têm frequência reduzida. Portanto, mesmo que os princípios sejam bons e nobres, serão os procedimentos que determinarão a qualidade de uma sociedade e organização social espírita. Ao final da década de 70 do século XX, a espiritualidade superior, coordenada por Ismael (guia espiritual do Brasil), iniciou o processo de transformação do movimento espírita brasileiro, tendo à retaguarda a Federação Espírita Brasileira e suas federativas. Para nós, a União Espírita Mineira e a Aliança Municipal de Conselheiro Lafaiete, num curto espaço de tempo, iniciaram as ações, disponibilizando todos os recursos às AMES17 e casas espíritas, desde que se interessassem. Mais uma vez, Dr. Bezerra de Menezes é solicitado para dirigir tão importante processo. Processo lento, gradativo e fecundo, não temos informações sobre a sua conclusão, deduzindo que continua em andamento. A União Espírita Mineira (UEM) aqui se fez presente por seus membros e dirigentes, atuaram com intensidade, ministrando palestras, seminários, promovendo encontros, ofertando materiais didáticos, cursos de formação de trabalhadores palestrantes, médiuns, evangelizadores, assistência social, administração da casa espírita, recepção, organização social, passes e apoio jurídico. Um dos programas desenvolvidos pela UEM foi o PQRM – Programa de 17 Aliança Municipal Espírita. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Qualificação das Reuniões Mediúnicas – que obteve grandes resultados, modificando consideravelmente essas atividades. Dentro dessa avalanche de informações, coube aos Samaritanos aproveitá-las e, com coragem, colocar em prática aquilo que foi possível, culminando com a reforma social em 1997, com o projeto “O nosso Sal e a Nossa Lei”, que mais à frente abordaremos. Entre as várias reformas que fizemos, incluíram-se as normas estatutárias e regimentais. A situação anterior hoje não seria possível, além da ampliação dos conhecimentos espíritas, também as normas estatutárias impedem: Art. 19,§ 8º - Todos os cargos do colegiado e coordenação dos demais órgãos serão ocupados por sócios ativos e exercidos gratuitamente. Quem são os sócios ativos que somente podem dirigir “As Samaritanas”? Art. 4º (...) § 1º - Sócio ativo é o espírita atuante, com frequência mínima de 80%(oitenta por cento), em mais de uma atividade nesta instituição e devidamente inscrito e sujeito aos direitos e obrigações impostos no presente estatuto. Art. 25 (...) X) Compete ao diretor administrativo emprestar por tempo limitado qualquer dependência de “As Samaritanas”, a pessoas ou entidades, para fins doutrinários ou que visem a promoção humana, observando-se as disposições deste estatuto. Alguns membros da nossa casa são oriundos da Umbanda, assim como existem outros que vieram de outras religiões. Jamais existiu qualquer impedimento para que crentes ou descrentes frequentassem as nossas atividades públicas. Atualmente, as atividades da assistência social são abertas aos que se dispuserem ajudar. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 AS NOSSAS RELAÇÕES COM A IGREJA CATÓLICA O poder exercido pela igreja romana ainda é grande. No século XIX, na Europa, nem os ideais libertários da revolução francesa foram capazes de diminuir a intervenção da Igreja, sobretudo nas questões políticas e intelectuais. Na Espanha e Portugal, quem tivesse um livro de VOLTARIE18, ROUSSEAU19, DIDEROT20 e outros pensadores, era denunciado, preso, com fim incerto. Equivaleria, hoje, a alguém que fosse denunciado pelo tráfico de drogas. Até a França estava nesse emaranhado de insanidades. Nenhuma obra literária poderia ser publicada sem a aprovação da Igreja através das suas arquidioceses. “A ciência, cujas linhas ascensional guarda o seu ponto de princípio na curiosidade ou na dúvida, bem como a filosofia, que se constitui das mais altas indagações espirituais estavam totalmente escravizadas à teologia, então senhora absoluta de todas as atividades do homem com poderes de vida e morte sobre todas as criaturas...”. (EMMANUEL – A CAMINHO DA LUZ – cap. XIX.) A espiritualidade superior deu lugar de destaque à igreja romana no advento da doutrina espírita, fazendo-a sua primeira avalista no plano terrestre, através do censor-mor da arquidiocese de Paris, Abade Leçanu, que, ao analisar o conteúdo do manuscrito original de “O livro dos Espíritos”, em novembro de 1856, após aprová-lo, fez o seguinte comentário: “Observando-se as máximas de O Livro dos Espíritos de Allan Kardec, faz-se céu aqui na terra”. (Histórias de Satanás) No Brasil, com a Carta Política de 1988, o catolicismo deixou de ser religião oficial, o Estado democrático de direito faz de conta que é também laico21. Sinceramente não compreendo, não consigo enxergar essa nossa laicidade senão diminuta. 18 François Marie Arouet. Jean Jaques Rousseau. 20 Denis Diderot . 21 Estado laico é uma nação ou país que é oficialmente neutro em relação às questões religiosas, não apoia nem se opõe a nenhuma religião, é um estado que trata todos seus cidadãos igualmente, independentes de sua escolha religiosa e não deve dar preferência a indivíduos de certa religião. 19 “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Temos liberdade de culto religioso, garantida pela Magna Carta, é verdade. Temos também feriados nacionais motivados por fatores religiosos. Prédios públicos têm, em suas paredes símbolos religiosos. Funcionários públicos, no exercício de suas funções, usam emblemas religiosos. É comum, em salas de espera dos prédios públicos, encontrarmos televisores sintonizados em canais cujas programações sejam religiosas. As autoridades brasileiras, em todos os níveis, fazem-se surdas quando, em canais de televisões, concessões públicas, “religiosos” atacam e difamam religiões. Onde, portanto, está a nossa laicidade, enquanto estado democrático, nação livre e plural? Jamais tivemos relações institucionais com a igreja católica, nunca existiram motivos para que tivéssemos. Reconhecemos que, em JESUS CRISTO, somos irmãos, com prática, usos e costumes diferentes. A caridade, portanto, é capaz de superar quaisquer diferenças, unindo-nos de fato. “Fica sempre um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas, nas mãos que sabem ser generosas. Dar o pouco que se tem ao que tem menos ainda enriquece o doador, faz sua alma ainda mais linda. Dar ao próximo alegria parece coisa tão singela aos olhos de Deus, porém, é das artes mais bela”. A pastoral da criança da paróquia Santa Terezinha, em Conselheiro Lafaiete, agradece a esta entidade a doação do enxoval para bebê de uma residente no bairro Carijós. A solidariedade prestada será sempre lembrada no sorriso de alegria e esperança daquela mãe, que poderá acolher sua criança com dignidade para que assim, ela seja muito bem-vinda. DEUS LHE PAGUE! Conselheiro Lafaiete, 12 de fevereiro de 2001. Pastoral da criança da paróquia Santa Terezinha – Arquidiocese de Mariana CNBB – para que todas as crianças tenham vida. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 AS NOSSAS RELAÇOES COM A VERTENTE PROTESTANTE As nossas relações com as igrejas Protestantes, isto é, as diversas denominações oriundas do cisma provocado por MARTIN LUTERO22, no século XVI, na igreja romana, institucionalmente jamais existiram. Importante salientar que, no campo social, ainda é via de mão única. Tratamos todos seus membros com o devido respeito, reconhecemos a importância de suas realizações. Devido às nossas diferenças em questões conceituais do cristianismo, recebemos ataques, discriminações e intolerância gradativa, conforme o nível evolutivo de seus dirigentes e adeptos. Continuaremos abertos ao diálogo, à convivência fraterna. “AS SAMARITANAS” E SUAS RELAÇÕES COM AS PESSOAS “As Samaritanas” é uma célula viva do organismo social (Conselheiro Lafaiete), pelos seus relevantes trabalhos em benefício das pessoas, espirituais e materiais, é reconhecida como de utilidade pública pelo Estado brasileiro, que é laico, em suas esferas de governos municipal, estadual e federal. Sua vida depende das relações que mantém com as pessoas e com as outras células do organismo social – sociedades. Essas relações acontecem em três tipos diferentes: iguais, semelhantes e diferentes. São seus iguais pessoas e sociedades espíritas, com as quais não existem nenhum tipo de restrição doutrinária quanto aos procedimentos recíprocos. São seus semelhantes pessoas que professam outro tipo de religião ou sociedade do mesmo modo. E são seus diferentes as sociedades que não estão vinculadas à prática religiosa. Nos dois últimos casos, as relações acontecem nas áreas da assistência social ou em prol do bem comum. Entendemos que “As Samaritanas” compõe-se de três elementos fundamentais, basilares e indissociáveis. O espiritual, o sentimento de prática à caridade, que, desde 1934, tornou-se uma constante nas ações de Dona Sebastiana Soares e suas amigas, ainda integrantes do Grupo Espírita Paz, mantendo-se integrado até hoje. 22 MARTIN LUTERO nasceu na cidade Alemã de Eisleben, no dia 10 de novembro de 1483. Segundo a Obra de Herminio Corrêa de Miranda, Martin Lutero é a reencarnação de Paulo de Tarso. Seu pai e sua mãe, João e Margarida, educaram a ele e seus irmãos com muita disciplina e fervor a Deus. Aos 14 anos matriculou-se na Escola Superior de Latim, em Magdeburgo, onde encontrou pela primeira vez uma Bíblia. Em 1502, Lutero conquistou o título de bacharel em Filosofia e, em 1505, o de mestre em artes. A pedido de seu pai, Lutero ingressou no curso de Direito, no entanto, logo perdeu o interesse pela matéria, e vivia atormentado por questões como: Por que Deus é um juiz tão severo? “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 O outro componente essencial são as pessoas, no plano físico materializam os sentimentos e as orientações dos espíritos. Quando a sociedade constitui-se, legalmente ratifica esse sentimento, essa prática de assistência social, mas vai além e o faz base legal, norma pétrea do estatuto. Em 04 de fevereiro de 1954, as senhoras Sebastiana Soares, Olinda Ribeiro Dias, Presciliana Martins Souza (Dona Filhinha) e Heleodora Furtado formam a primeira comissão de assistência social de “As Samaritanas”. Como posso ir para o céu? Mas, por mais que quisesse agradar a Deus com sua vida, não pode achar a deseja paz de espírito. Lutero entrou para o convento de frades mendicantes, o mais rígido de Erfurt. Seu pai negou-lhe licença para tal. Mas, Lutero continuou firme no seu propósito, sendo ordenado como monge a 27 de fevereiro de 1507. Mesmo assim, não encontrava a tão sonhada paz de espírito. Ao passar do tempo, com seus estudos, viagens, pregações, debates e meditação na Palavra de Deus, Lutero percebeu que a Igreja da época estava errada em tentar vender a salvação para as pessoas. Muitas pessoas pobres, incultas e fracas na fé e no conhecimento da Palavra de Deus compravam documentos que lhes garantiriam o perdão dos pecados passados, presentes e futuros. Estes documentos eram conhecidos como "indulgências". Por isso, no dia 31 de outubro de 1517, Lutero afixou à porta da Igreja de Wittemberg as suas 95 teses, onde destacamos: 1. Quando nosso Senhor Jesus Cristo disse: Arrependei-vos – ele queria que a vida dos seus fiéis aqui na terra fosse um constante arrependimento. 32. Aqueles que acham que podem estar seguros de sua salvação eterna mediante os breves de indulgência, irão para o inferno, juntamente com os seus mestres. 36. Todo cristão que sente verdadeiro arrependimento e pesar pelos seus pecados, tem remissão plena de suas culpas e castigos, a qual lhe pertence sem os méritos da indulgência. 37. Todo cristão verdadeiro, vivo ou morto, participa de todos os benefícios de Cristo e da igreja. Deus lhe concedeu esta participação mesmo sem os méritos de indulgências. 62. O verdadeiro tesouro da igreja é o santo evangelho da glória e graça de Deus. Depois de alguns anos, seguidos por debates, pregações, ataques e vitórias, Lutero compareceu à Dieta de Worms, para ser julgado. Essa Dieta se reuniu em 1521. Lutero pediu que lhe provassem na Bíblia se estivesse errado. Ninguém o pode provar. Por isso, Lutero se recusou a desmentir qualquer cousa do que havia dito ou escrito. Como não se retratou, pois ninguém o convenceu ou mostrou com a Bíblia que estivesse errado, recebeu do Imperador, como prometido anteriormente, um salvo-conduto de 21 dias. Depois disso foi declarado fora da lei. Ao atravessar uma floresta, foi atacado por homens mascarados e foi levado a um castelo, chamado Wartburgo, onde permaneceu escondido e disfarçado como cavaleiro. Ali, compôs hinos, escreveu sermões, tratados e traduziu o Novo Testamento para a língua do povo. Anos mais tarde, foram organizados os escritos de Lutero e seus colaboradores. Aproveitando o aperfeiçoamento da imprensa, Lutero utilizou-se da mesma para divulgar seus escritos e, mais tarde, colocar na mão de pastores e líderes congregacionais manuais para o ensino de crianças e jovens. Manuais estes que nós conhecemos como o Catecismo Menor e o Catecismo Maior de Lutero. Foi também terminada a tradução da Bíblia e editado um hinário contendo oito hinos, dos quais quatro eram da autoria de Lutero. Lutero contribuiu muito para a educação, com seus escritos e filosofia de ensino, além, da experiência com seus seis filhos, frutos do casamento com Catarina de Bora. Lutero faleceu no dia 18 de fevereiro de 1546. Antes de sua morte e, na presença de seus amigos, orou: "Meu querido Pai celestial, Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, Deus de todo consolo, graças te dou porque revelaste teu querido Filho Jesus Cristo, em quem eu creio, a quem eu tenha pregado e confessado, a quem eu tenho amado e enaltecido e a quem o papa desprezível e todos os ímpios desonram, perseguem e ofendem. Suplico-te, Senhor Jesus Cristo, que tomes conta de minha alma. Ó Pai celestial, se devo deixar este corpo e ser arrancado desta vida, tenha a absoluta certeza de que estarei eternamente em tua companhia e que ninguém me arrebatará de tuas mãos." Depois ele repetiu três vezes o versículo de Jo 3.16 e as palavras do salmo 68: "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.""... Bendito seja o Senhor que, dia após dia, leva o nosso fardo! Deus é a nossa salvação. O nosso Deus é o Deus libertador; com Deus, o Senhor, está o escaparmos da morte..."(v. 19,20). Lutero mostrou ao mundo não a sua vontade, mas sim a vontade de Deus, o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade. As palavras e mensagem de Lutero podemos levar sempre em nossa vida. Confiar em Cristo, que pagou pelos nossos pecados e nos dá a vida eterna, esse é o centro da Reforma na qual Lutero tanto se empenhou. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 O estatuto vigente, aprovado pela Assembleia Geral de 13 de abril de 2009, é fruto da evolução social. Amplia conceitos, ajusta-se às leis do nosso país, disciplina outras atividades, porém mantém inalteradas as bases doutrinárias e de práticas de assistência social, contidas em seus três primeiros artigos. Transcrevo, a seguir, algumas destas disposições: “As Samaritanas é uma sociedade religiosa, com atividades nas áreas doutrinárias, assistencial, cultural, beneficente e filantrópica...” (art 1º). “A sociedade, cujo prazo de duração é indeterminado, terá por fim: · O estudo teórico, experimental e prático do espiritismo; propaganda de seus ensinamentos doutrinários, difundindo as obras de Allan Kardec, por todos os meios que oferece a palavra escrita e falada, de conformidade com o evangelho de Jesus Cristo; · Participar do laço e solidariedade entre as associações espíritas do Brasil; · Praticar a caridade moral e material por todos os meios ao seu alcance, principalmente no que concerne ao menor carente; · Evangelização da criança, obedecendo, evidentemente, a um esquema planificado; · Prestar assistência espiritual a todos dentro de suas possibilidades; · Prestação de serviço gratuito, permanentemente sem qualquer discriminação de clientela, nos projetos e programas, benefícios e serviços de assistência social; · Programas que utilizem os recursos da assistência social como meio para a promoção psicosocial e espiritual dos assistidos e assistentes; · Programas de amparo à gestante com orientações e também doação de alimentos, enxovais para recém-nascidos; · Atendimento com cestas básicas, vestuário, calçados, banhos, corte de cabelo, café, almoço, móveis, colchões, eletro-eletrônicos. Citamos algumas das disposições estatutárias contidas em seus artigos 1º, 2º e 3º, que constituem as bases da nossa sociedade, podem ser modificadas, “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 alteradas, porém jamais descaracterizando os princípios que dispõem o art. 12. Vejamos: Art. 12 - Ficam expressamente proibidas quaisquer alterações que descaracterizem os princípios institucionais expressos nos artigos 1º, 2º, 3º, seus parágrafos e itens. Preservamos, assim, os princípios sobre ao quais “As Samaritanas” baseia-se mesmo antes de ser uma sociedade legalmente constituída. “Normas e estatutos devem preceder a toda execução. Como a ninguém é dado possuir a luz universal, nem fazer perfeito o que quer que seja; como um homem pode equivocar-se acerca de suas próprias idéias, enquanto outros podem ver o que ele não vê; como seria abusiva a pretensão de quem quisesse imporse por qualquer título, as normas e o estatuto serão submetidos à apreciação da sociedade, o qual poderá fazer retificações que parecerem convenientes”. (ALLAN KARDEC – OBRAS PÓSTUMAS) Outro fator relevante em qualquer sociedade é a participação das pessoas, sejam dirigentes, trabalhadores, participantes ou assistidos. Todos deixam suas marcas, independente do nível de evolução, em última análise, deixam suas energias imantadas no ambiente e registradas nos arquivos espirituais. O desejo de ajudar aos necessitados, somado ao novo instrumento de ação – A sede Própria – fez com que dois dias antes da inauguração oficial, dia 28 de outubro de 1961, fosse criado um abrigo para algumas senhoras, e estas zelariam pela conservação da casa23. Adotando o mesmo procedimento, em 10 de novembro de 1962, foi permitido pela diretoria que o Sr. João Bosco Ferreira e sua esposa morassem em nossa sede, com a finalidade de zelar pelo patrimônio. 23 1º livro de atas, pág. 40. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Sem formalizar essa situação, a aprovação em ata era o único documento, até que, ao assumir a presidência da sociedade, em 09 de outubro de 1977, o mestre Hamilton Junqueira tomou conhecimento dos fatos e esclareceu aos membros da diretoria o risco que “As Samaritanas” correria, caso aquela família recorresse à justiça pleiteando obter posse definitiva da propriedade, devido ao tempo que ali se encontravam. O Presidente negociou com o Sr. João Bosco Ferreira, e, em 09 de novembro de 1977, foi celebrado contrato de comodato, assim, dando segurança à sociedade, que apenas solicitou a retirada da família quando esta pôde pagar aluguel em outro local, evitando prejuízos e constrangimentos às partes. A assistência continua espiritual e mentalmente, com amparo às gestantes carentes (enxovais para recém-nascidos), campanhas do agasalho durante os invernos, comemorações do Natal destinadas aos pobres, doações de cestas básicas, roupas, calçados, colchões, móveis. Numa época de maior carência e menos violenta, consequentemente menos perigosa, era oferecido almoço para os presos no último dia de cada mês, oportunidade de solidariedade e ressocialização. Numa sociedade espírita, cuja manutenção material de necessidades seja proveniente da generosidade do povo, é natural que, ao poder retribuir essa generosidade, sempre o faça dentro de suas possibilidades, desde que não haja impedimentos doutrinários, sem nenhuma restrição. Em nome da Secretaria de Educação do Estado de Minas Gerais, o Deputado Agostinho Campos Neto propõe alugar parte da nossa casa para ser utilizada como salas de aula do Grupo Escolar “Manoel Lino”, durante sua reforma. A diretoria, em 04 de abril de 1965, aprovou a solicitação do Deputado, com uma ressalva: não alugou, cedeu gratuitamente. Também em 1978, o fato se repetiu, “As Samaritanas” serviu a comunidade da mesma forma e com a mesma alegria. Outro grande acontecimento, patrocinado pelas “Samaritanas”, foi também em 1981, no dia 20 de novembro, quando aconteceram as comemorações dos concluintes do curso Técnico em Contabilidade, do Colégio “Monsenhor Horta”, de nossa cidade. Tudo aconteceu a pedido da comissão de formandos, que queriam as vibrações positivas emanadas do plano espiritual na sede de “As Samaritanas”. Naquela oportunidade, como Presidente, proferi um discurso saudando os formandos do curso Técnico em Contabilidade do Colégio “Monsenhor Horta”. Fiel aos princípios doutrinários, a nossa sociedade jamais se envolveu com a política partidária, embora seus membros tenham o direito de se envolver, segundo suas convicções, o fazendo-o desde que não usem a sociedade para esses propósitos. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Nenhuma sociedade, portanto, está isenta das consequências advindas das decisões políticas e dos procedimentos dos políticos. Intermediando uma querela da politicagem em nossa cidade, de um lado estava o Governador Newton Cardoso, do PMDB24, e, de outro lado, estava o Prefeito Arnaldo Francisco Penna, do PSDB25, e, no meio, os moradores dos bairros Morro da Mina, Vila Rezende, prejudicados pela decisão política do governador em não liberar uma verba para reforma do Centro Social Urbano do Morro da Mina. O motivo, restringir ao máximo as realizações do prefeito Arnaldo Penna, seu adversário político. O Governador admitia o repasse dos recursos para a obra, desde que não fosse através do Governo Municipal. Problema resolvido. O Secretário da Fazenda do Município de Conselheiro Lafaiete, liderança importante do PSDB e presidente de “As Samaritanas”, Hamilton Junqueira, sugere ao Prefeito que a nossa sociedade fosse a intermediária para o repasse dos recursos do Governo Estadual. Aceita a sugestão pelo Prefeito, Hamilton propõe à sociedade, e, na reunião de 18 de novembro de 1990, a diretoria aprova a celebração do convênio entre a Secretaria Estadual de Assistência Social e o Governo Municipal, em que “As Samaritanas” serviu ao povo, intermediando, de maneira coerente com seus princípios, uma disputa política partidária. Pude participar ativamente desse acontecimento, como 1º Secretário da nossa Casa, era também liderança do PT26 em nossa cidade, estando ao lado do Presidente Hamilton, enfrentando oposições dentro da nossa sociedade, cujas alegações eram que não deveríamos misturar-nos politicamente. Entendi, conforme o nosso Presidente e a maioria dos sócios, que a política que estávamos servindo era a que sempre fizemos, a assistência social. Os recursos financeiros vieram, as obras inspecionadas pelos Samaritanos foram concluídas, e a prestação de contas, aprovada, sendo que a Sociedade não abarcou nenhum centavo sequer. Desse acontecimento nasceu uma relação de respeito, simpatia e bemquerer entre o Dr. Arnaldo Penna e “As Samaritanas”, o qual, posteriormente, ao se tornar Deputado Estadual, foi quem mais beneficiou a nossa casa até a presente data, o que, no campo administrativo, poderá – quem sabe – ser ultrapassado, já que a gratidão permanecerá. Inverno de 2006, a previsão de queda acentuada da temperatura em nossa região levou a Defesa Social de Belo Horizonte alertar a Administração local quanto ao nosso ponto mais vulnerável, os moradores de rua. 24 Partido Movimento Democrático Brasileiro. Partido da Social Democracia Brasileira. 26 Partido dos Trabalhadores. 25 “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Como providência imediata, a Defesa Civil de Conselheiro Lafaiete abrigou os moradores de Rua no Larmena – Lar do Menor Abandonado – porém, as condições físicas e a natureza da entidade permitiram abrigá-los por pouco tempo, até outras providências serem tomadas. O Prefeito Dr. Júlio César de Almeida Barros27 convidou várias entidades da nossa cidade para uma reunião no qual, juntas, encontrariam uma alternativa a curto, médio e longo prazo para solucionar o problema. Discussões, discussões, sugestões e mais sugestões, porém, nenhuma proposta concreta, viável para a execução. “Mas todos um a um começaram a escusarse...”. (JESUS LC 14:18) Semelhante à parábola contada por Jesus, restaram a Prefeitura de Conselheiro Lafaiete, representada por Dr. Júlio (PT) e “As Samaritanas”, representada por mim, seu Diretor Administrativo (sem filiação partidária). Negociamos e celebramos um convênio com a Secretaria de Assistência Social de Conselheiro Lafaiete no valor de R$4.000,000 (quatro mil reais), destinados ao custeio do abrigo provisório dos moradores de rua, por um período de 90 (noventa) dias, em nossa casa, oferecendo-lhes banho, jantar, cama e café da manhã. Todos os trabalhadores da nossa sociedade laboraram gratuitamente, e mais uma vez não ficou um centavo sequer a nosso favor. Um ano depois, tivemos o dissabor de ver o nome de nossa casa envolvido num rol de denúncias que resultaram no afastamento do Prefeito Júlio, justamente pelo convênio acima mencionado. De nossa parte, cumprimos com o dever, agimos dentro da lei, o que não aconteceu com o lado governamental, em que falhas foram deixadas quanto aos trâmites legais de um convênio celebrado entre um órgão público e uma entidade privada. Representantes do povo (empregados do povo), alguns políticos, quer no cumprimento do dever ou por sensibilidade, ajudaram-nos. Foram Thelésforo Cândido de Resende, Agostinho Campos Neto, João Nogueira de Resende, Abel Resende Dutra, Pedro Silva, José Antônio dos Santos (Zé Apavorado), Carlos Alberto Gomes Beato, Hélio Resende, Ivan Tavares, Paulo Magno do Bem, Arnaldo Francisco Penna, José Milton de Carvalho Rocha e Ivar de Almeida Cerqueira Neto. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 O DEPARTAMENTO DE RELAÇÕES SOCIAIS “As Samaritanas” é um ser vivo, formado de corpo e alma. Suas atividades constituem seu corpo, as pessoas são a sua alma. Enquanto o corpo é vitalizado pela dinâmica do trabalho, sua alma é energizada pelas emoções das pessoas. Para cuidar do corpo, existem vários órgãos, então criamos o departamento de relações sociais para cuidar da alma. É formada pelos Grupos de relações sociais e eventos, cujos objetivos são: integrar os membros da família Samar, promover eventos, recepcionar os visitantes, divulgar as atividades. O Grupo de relações sociais organiza e coordena as reuniões públicas, recepciona visitantes, promove a integração dos membros da família Samar e da casa com as outras sociedades espíritas, elabora o informativo “O Samaritano”, operacionaliza a agenda “Bate-Coração”. Essa agenda facilita o contato entre os membros da casa, possibilita ainda que, em nome da família Samar, os aniversariantes recebam cartões de felicitações. Sua primeira edição foi em 1998. O Grupo de eventos promove confraternizações sociais e doutrinárias, buscam parcerias e patrocínios. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 SEM CARIDADE NÃO HÁ SAMARITANAS Abriremos novamente a janela do tempo, desta vez para contemplar as belas paisagens construídas por mãos abnegadas, que, em todas as épocas, usavam como matéria-prima o fio chamado caridade. Poderíamos chamar de amor ou outro sentimento sublime. Ah, esse tempo! Nem mesmo as paisagens poupou, transformou-as em quadros de memória da nossa casa, fazem parte da pinacoteca deste mundo de provas e explicações onde os contrastes destacam-se, sem lhes tisnarem a beleza. Amparo às misérias espirituais e materiais, fraternidade, carinho, respeito, esperança, é o evangelho de JESUS em gotas. As tarefas de uma casa espírita são árduas, não reservam a quem trabalha nenhuma recompensa financeira, nenhum destaque ou privilégio, raras vezes um obrigado, DEUS lhe pague. “Quando, pois, deres esmolas (entendamos trabalho) não faças tocar as trombetas diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa”. (JESUS MT 6:2) Não estamos nos referindo às relações interpessoais pautadas pelo respeito e cordialidade, dever de todos, mas nem todos compreendem, agem diferente, com indelicadeza, ingratidão, à beira da hostilidade. Entendemos, explicamos, porém não cabem justificativas. Quem é o público alvo de uma casa espírita? Todos nós, assistentes e assistidos, numa inversão constante de posições, conforme as circunstâncias. A formação da consciência espírita, consequência de estudos e experiências, proporciona-nos conhecimento, entendimento, aceitação das dificuldades, transformações destas situações em ricas lições de vida. Digo sempre: “querer uma casa espírita sem problemas ou influências dos espíritos obsessores equivale a construirmos um hospital, equipá-lo com todos os recursos necessários para realizar um bom atendimento e afixar em sua porta de entrada principal o dizer ' proibida a entrada de doente'”. Ainda sobre o público alvo, ouçamos JESUS em LC 14:13-14: “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 “Mas, quando deres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os mancos e os cegos e serás bem-aventurados, porque eles não têm com que retribuir, pois te será retribuído na ressurreição dos justos”. A nossa casa oferece banquete todos os dias. Aos pobres, vazios de espiritualidade, desesperançosos, sem recursos financeiros, aleijados e mancos, deficientes de sentimentos, egoístas, cegos de orgulho, de ódio, de desejo, de vingança. Para nós que necessitamos do alimento espiritual, circunstancialmente livres da extrema provocação material, um estudo, uma palestra, uma orientação, uma mensagem formam o cardápio do nosso banquete. Outros são necessitados também do alimento espiritual, mas a eles falta tudo, o café com leite, o pão com manteiga, o banho, as roupas e calçados, as palestras e o almoço aos sábados. Eta banquete bom! É caridade distribuída paulatinamente, num exercício constante de dar e receber. Mas o que é caridade? Recorramos ao pensamento espírita sobre o tema nas palavras dos espíritos superiores e de ALLAN KARDEC, LE 886: “Qual é o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus? – Benevolência para todos, indulgência para com as imperfeições alheias, perdão das ofensas”. Comenta o codificador: “O amor e a caridade são o complemento da lei de justiça, porque amar ao próximo é fazer-lhe todo o bem que está ao nosso alcance e que gostaríamos nos fosse feito a nós mesmos. Tal é o sentido das palavras de Jesus: amai-vos uns aos outros como irmãos. A caridade segundo Jesus, não está restrita á esmola. Ela abrange todas as relações que temos com os nossos semelhantes, quer sejam nossos inferiores, nossos iguais ou nossos superiores. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Ela nos ordena a indulgência, porque nós mesmos temos necessidades dela. Proíbe-nos de humilhar o inferior, contrariamente do que pratica frequentemente. Se uma pessoa rica se apresenta, tem-se por ela mil atenções, mil amabilidades, se é pobre, parece não haver mais necessidade de se incomodar com ele. Quanto mais sua posição seja lastimável, mais deve respeitar antes de aumentar seu sofrimento pela humilhação. O homem verdadeiramente bom procura realçar o inferior aos seus próprios olhos, diminuindo a distância entre ambos” Se optarmos por seguir as orientações do mestre LIONES, estaremos caminhando em direção oposta aos convencionalismos sociais, isso aumenta significativamente a organização e práticas de uma sociedade espírita cujos procedimentos devem ter como direcionamento os princípios evangélicodoutrinários. O primeiro impacto causado por essas máximas acontece em nós mesmos. Quando a teoria transforma-se em ação, todo cuidado é pouco para que os conflitos sejam somente internos, visto que o espiritismo aconselha as transformações do indivíduo e não das massas. A princípio, elas são resultados das individualidades, não existirão mudanças reais, se os indivíduos não mudarem. Em nossa pinacoteca, os quadros da caridade, sob o ponto de vista histórico, já que no sentido funcional são paisagens vivas, com cores e sabores, distinguem-se pela caridade espiritual e pela caridade material. As atividades desenvolvidas pela nossa casa nos dias atuais, organizadas em grupos conforme suas naturezas, cada uma com suas normas de funcionamento, são o resultado de um processo de evolução social. No início e mesmo durante um longo período, não era assim, nem por isso deixava de cumprir os sublimes objetivos de uma casa espírita. É verdade que a organização facilita sobremaneira o funcionamento das atividades, desde que indissociável dela estejam a fraternidade e a funcionalidade. Veremos a seguir as nossas atividades, suas histórias e desenvolvimentos. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 ENSINAR A PESCAR OU DAR O PEIXE? Essa é uma questão difícil, inquietante para todos nós, fazer assistência social com puro assistencialismo é realmente apenas dar o peixe. Realizar a promoção psicossocial e espiritual é ensinar a pescar, é superar obstáculos além dos existentes. Para isso, precisamos, em primeiro lugar, do “querer” dos assistentes e assistidos, imprescindíveis são os recursos pessoais, trabalhadores capacitados e condições financeiras suficientes para realização dos projetos. Trabalhamos sem fixar fronteiras limítrofes entre o ideal e o factível, entendemos que tais situações interpenetram-se, sem nos constrangermos, nem desistirmos da busca do ideal. Numa ou noutra situação, mesmo indesejada, é possível avançar com a evolução social. O bom senso é o melhor método. Certa vez, MADRE TEREZA DE CALCUTÁ – AGNES GONHA (BOTÃO DE FLOR) BOJAXHI falou sobre o tema comum em suas obras: “O ideal é sempre ensinar a pescar, mesmo contra a vontade. Não olvides que existem mãos que não conseguem segurar a vara. Trabalhar com os meios disponíveis, considerando as características de cada época, avançar sempre, continuará o desafio”. Em 1970, “As Samaritanas” promove um curso de corte e costura para 40 moças carentes da região, sob a coordenação de Dona Lenita Leite Alves. Após 9 meses de duração, enfim a formatura. As formandas tiveram como madrinha Dona Sebastiana Soares e paraninfo Wilson Soares, presidente da sociedade. Dessa vez, foi possível ensinar a pescar. Implantar o trabalho de fazer e distribuir sopa aos carentes uma vez por semana, aproveitando a oportunidade para dar-lhes também o alimento espiritual (Evangelho de Jesus) era um sonho acalentado desde os anos 60 do século XX, até que Dona Lenita Leite Alves e algumas de suas amigas fizeram-no realidade. As atividades são vitalizadas pela abnegação e perseverança das pessoas, quando se afastam, o grupo enfraquece, e, conforme a sua natureza, seus dirigentes não têm outra alternativa senão interrompe-las. Assim aconteceu “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 com a sopa, depois de algum tempo. Em fevereiro de 1992, passou pela nossa Beta-bara a família Paixão, Sr. Jorge, Dona Marli e suas filhas Consuelo, Cláudia, Valéria e Vânia, eram o que Dona Lenita precisava para reiniciar o trabalho da sopa realizado aos sábados, ampliada mais tarde por outras atividades que abordaremos nos próximos capítulos. Em 2001, o Banco do Brasil, em parceria com o Ministério da Educação e Cultura, e as organizações não governamentais (ONGs), lançou o projeto BB Educar - Alfabetização de adultos. O Banco do Brasil forneceu os materiais didáticos e uniformes, o MEC28 forneceu o programa com as matérias e metodologia, autorizou as escolas estaduais e municipais a submeteram os alunos a provas, que, uma vez aprovados, diplomassem-lhes. As ONGs participaram com a infraestrutura e os professores. “As Samaritanas” participou do projeto com o Grupo de Evangelização Infantil, com as professoras Lígia, Arlete e Ângela. Oito de nossas alunas foram alfabetizadas, sendo que seis delas receberam o almejado diploma. O projeto Pescar foi uma iniciativa de Dener Damasceno Henriques, iniciado em 31 de março de 2002, objetivava dar à casa espírita a possibilidade de implementar ações sociais de integração das pessoas carentes ao mercado de trabalho, com cursos de aperfeiçoamento profissional em várias modalidades. Chegamos a realizar um curso de culinária com um bom desempenho, participavam 15 alunas, porém faltou estrutura financeira para desenvolver as outras modalidades do projeto, e, em janeiro de 2003, findou sua atividade. Quando acolhemos os moradores de rua no inverno de 2006, fizemos uma parceria com o Governo de Conselheiro Lafaiete para os custeios das despesas, e, assim, elaboramos um projeto intitulado “FICA COMIGO ESTA NOITE”, destinado ao atendimento da população de rua e objetivando a reintegração social, que entregamos à Secretaria de Assistência Social, e então... 28 Ministério da Educação e Cultura. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 ASSISTÊNCIA MÉDICA “Os Serviços Sociais à pobreza, prestados pelo centro espírita constituem a construção espírita para o desenvolvimento de nova mentalidade social em nosso muito egoísta. Não basta semear ideias fraternistas entre os homens, é necessário concentrá-las em atos pessoais e sinceros”. (JOSÉ HERCULANO PIRES – O centro espírita.) “As Samaritanas”, na prática da caridade, contribui diretamente pelas atividades próprias, além de intermediar para que a caridade seja praticada por outras fontes, servindo-lhes de instrumento. Por isso, envolve com atividades cuja natureza seja diferente dos seus objetivos, é o amor ao próximo ultrapassando as barreiras. A Assistência Médica e Farmacêutica são exemplos, sabemos que à casa espírita compete o tratamento do espírito, temos consciência de que somos célula viva de luz do organismo social, ao percebermos as dificuldades do meio onde vivemos a indiferença não cabe, por menor que seja a nossa ajuda, é, sem dúvida, melhor que a inércia. Conseguir um médico que caridosamente pudesse atender as crianças carentes em nossa casa foi um sonho acalentado por trinta e cinco anos, conforme verificamos a proposta de pauta da reunião do dia 17 de dezembro de 1963, sugerida pelo tesoureiro Holandi José. O sonho se concretiza em março de 1998, quando o Dr. Carlos Maia atendeu ao pedido da casa para assistir os carentes (crianças e adultos). Montamos um consultório imediatamente, porém, outros problemas vieram. Como aviar as receitas? Onde conseguir os remédios? Mãos de caridade unem-se novamente e montamos uma farmácia para atender aos carentes. Tudo resolvido? Ainda não, novos problemas para o funcionamento. A farmácia deveria estar em conformidade com as leis. “Daí, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. (JESUS MT 22:21) “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Com empenho do Dr. Roberto Sant'ana Lisboa Batista, coordenador da Secretaria Municipal de Vigilância Sanitária, e toda sua equipe e a generosidade do Farmacêutico e Bioquímico Roosevelt Alves, conseguimos o alvará de funcionamento no dia 04 de novembro de 1998. O passo seguinte foi conscientizar as pessoas de que remédios não se distribuiem da mesma forma que alimentos, portanto, somente com receita médica. A farmácia de “As Samaritanas” atenderia a pessoas carentes, no princípio, nos causou muitos aborrecimentos. As doações de remédios foram tantas que, periodicamente, repassávamos ao Pronto Socorro Municipal ou a postos de saúde. Uma criteriosa seleção dos remédios era realizada por profissionais da área médica, jamais tivemos qualquer problema nessa seara. Em 2006, por falta de demanda, encerramos as atividades da farmácia, mas continuamos coletando remédios e repassamos ao Grupo Espírita André Luiz, onde funcionava um posto médico da Prefeitura. Dr. Carlos Maia continua atendendo aos carentes por nós, encaminhados ao seu consultório com a mesma atenção, o mesmo carinho deste sacerdote da medicina. O PROJETO UMA MÃO LAVA A OUTRA Este projeto foi implantado em 2007 e está em pleno funcionamento. Ele atende às famílias beneficiadas com as cestas básicas. Essa ajuda de alimentos é uma atividade das primeiras em nossa casa, com o projeto “Uma Mão Lava a Outra”, mudou-se substancialmente. Regata a autoestima, substitui o dar por adquirir, incentiva o trabalho, melhora a relação assistente assistido. O assistido ajuda na limpeza da casa, locais usados por eles durante os trabalhos dos sábados, e recebem uma cesta básica. Existem ainda doações emergenciais, atendendo em caráter excepcional à família não cadastrada no projeto, mas que se encontra em estado aflitivo. As cestas são compostas pelas doações provenientes da campanha do quilo, algumas trazidas até a nossa casa e pelos produtos comprados. São montadas previamente, conforme lista estabelecida pela coordenação. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 AS ATIVIDADES AOS SÁBADOS Havia algumas atividades de natureza semelhante, funcionavam em dias e horários diferentes, maiores dificuldades, portanto, resolvemos integrá-las numa mesma manhã, escolhemos os sábados. Desde janeiro de 2000, essas manhãs têm um colorido especial. Atendemos espiritual e materialmente, integramos pessoas e atividades, reduzimos esforços, ampliamos atendimentos. O cronograma dos trabalhos tem a seguinte ordem: 1) · · 2) · · · 3) · · 4) 5) Atendimento aos moradores de rua e demais: Café da manhã – 07h30min a 09h; Corte de cabelo, banho e doações de roupas e calçados – 07h30min a 10h. Palestras – 10h00min a 10h30min; Temas diversificados, Evangelho Segundo o Espiritismo. Não são obrigatórias, estimulamos a presença. Jamais fazemos proselitismo, porém, na casa espírita, as palestras são desenvolvidas à luz da doutrina espírita. Almoço fraterno – confraternização com todos, incluindo visitantes: Preparação – 08h00min a 10h; Coleta de doações – 10h00min a 11h30min. Limpeza da casa – após o almoço. Doação das cestas básicas. Para o desenvolvimento dessas atividades, contamos com espíritas, católicos e evangélicos, em escala de revezamento. OS ENXOVAIS PARA RECÉM-NASCIDOS Os bebês, espíritos que retornam ao mundo físico para novas experiências, novos aprendizados, novos resgates. Encontram pobreza material, espiritual e afetiva como os primeiros obstáculos, a maioria rejeitados antes mesmo de nascer, recebidos, às vezes, como estorvo familiar. Quem diria, são eles a causa primeira de a nossa casa existir, para eles, “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 “As Samaritanas” acende a chama da esperança, ao demonstrar num simples gesto, que, em meio às agruras da vida estão a solidariedade e a caridade. Esses paradoxos de difícil compreensão para o mundo, sobre eles PAULO DE TARSO diz: “Deus escolhe as coisas loucas do mundo para confundir os sábios (do mundo), e Deus escolheu as coisas fracas do mundo para confundir os fortes”. (1 COR 1:27) Gentilmente sou interrompido pelo viageiro do tempo: “Muito bem, meu amigo! Agora desconstruímos verdadeiramente a nossa sociedade, chegamos ao ponto inicial, à nascente, as duas partes elementares do fio que, no tear espírita, produz tão sublime tecido, onde a humanidade se curva em respeito, admiração e gratidão, onde a divindade corporifica – mãe e filho. Do amor materno transbordante nasceu esta casa, uma mãe começou, outras mães se juntaram a ela, outras mães continuam, continuarão... De mulher, mãe com parcos recursos materiais, esposa de um pedreiro, lavadeira para ajudar no sustento de 17 filhos, vem o desejo de aliviar as aflições das gestantes carentes, eles se concretizam em 1934, no Grupo Espírita Paz, ela faz os primeiros enxovais para os bebês. Meu amigo, tenho certeza de que escreve por amor esta obra, usa tintas coloridas pela alma e mistura lágrimas das emoções, os amigos daqui dão uma mãozinha, no entanto, não se inquiete pela impossibilidade de relatar todos os detalhes, todas as minúcias desta casa, demandaria muito tempo, nem sei se é possível, mas tenho certeza de que toda esta obra de amor e caridade pode ser sintetizada em um nome, sem diminuí-la ou desconsiderar “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 todos ou outros. Reverenciamos a Dona Sebastiana Soares” “E teve a seu primogênito, envolveu-o em faixas e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles nas estalagens”. (LC 2:27) Observamos mudanças significativas dos hábitos e costumes de uma época para outra, a rejeição à gravidez fora do casamento, marco visível de uma cultura religiosa repressora, era comum, ocasionava a expulsão de casa de algumas jovens grávidas e solteiras, criando uma crise, sem resolver o problema. Na falta de condições de abrigar temporariamente essas meninas, os enxovais eram uma demonstração de carinho e de esperanças. Os poucos recursos financeiros e humanos são elementos históricos desta atividade, estimulam mais do que desanimam, onde há amor, não falta combustível. Com a evolução social, aspectos foram modificados, procedimentos incorporados, sem descaracterizar a essência: simplicidade. Procuramos atender às necessidades espirituais e materiais. O Evangelho Segundo o Espiritismo é a caridade espiritual, as instruções técnicas de como cuidar do bebê, ministradas por uma enfermeira, e os enxovais completam os objetivos. O funcionamento é simples e objetivo, é procedimento básico da casa que qualquer atendimento feito esteja alicerçado em dois princípios: a necessidade e a possibilidade. Dispensa qualquer tipo de apresentação, indicação, referência, isso assusta muita gente, mesmo vivendo num país que se diz república, a sociedade às vezes se comporta diferente. A nossa sociedade é pública, pertencente ao povo, o que não significa ser governamental. A organização estabelece normas para o desenvolvimento da caridade. Nossa equipe reúne-se às quintas-feiras, de 14h a 16h30min, para a confecção e montagem dos enxovais, recepção e inscrição das gestantes. Um lanche é servido no primeiro contato, já que algumas almoçaram cedo ou nem mesmo almoçaram. A seguir, são preenchidas as fichas de inscrição, para que possamos realizar possíveis sindicâncias, e as gestantes devem apresentar o cartão de seu pré-natal, estimulando-as aos cuidados médicos. As doações dos enxovais acontecem na última quinta-feira dos meses “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 pares, exceto em casos de emergências. Aproveitamos as oportunidades para oferecermos a caridade espiritual e, certa vez, uma mãe doou um enxoval, nele encontramos um cartão enfeitado com bichinhos e crianças, no qual ela falava pelos bebês: “Querida mãe, no teu amor infinito, minha gratidão, no teu começo meu fim... amo-te infinitamente e me engrandeço na perfeição do teu amor. De teu filho(a)” “A criança tem necessidade de cuidados delicados, que só a ternura materna pode lhe dar, e essa ternura cresce com a fraqueza e a ingenuidade da criança. Para a mãe, seu filho é sempre um anjo, e precisava que assim fosse para cativar a sua solicitude. Ela não teria para com ele o mesmo desprendimento se, ao invés da graça ingênua, encontrasse nele, sob os traços infantis, um caráter viril de um adulto, e ainda, se conhecesse o seu passado”. (ALLAN KARDEC ESE 8:4) Com a palavra, as Samaritanas, elas dão continuidade ao trabalho. “Trabalho aqui a 12 anos, para mim significa amparar e doar um pouco de carinho. Faço porque amo, gosto do contato com as mães e com as companheiras, é maravilhoso” Ana Cristina Peixoto “Tem 6 anos que estou trabalhando nos enxovais para recém-nascidos. É de grande importância para amparar os menos favorecidos. Escolhi este trabalho porque amo fazer, ajuda a mim mesma sendo útil. Esta convivência semanal é muito importante em minha vida, muito me acrescenta este contato com as gestante e companheiras. Até hoje me “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 comove quando chega o dia da entrega dos enxovais, fico muito feliz”. Maria José Bastos “Estou neste trabalho a 5 anos, acho que é muito importante doar um pouquinho de amor às gestantes e sempre que podemos, gostamos muito de ver os bebês , após o nascimento. Vim até a casa para buscar um enxoval e me encantei com o trabalho, na semana seguinte comecei a trabalhar. Eu amo trabalhar aqui” Silda Ferreira dos Santos “Estou neste trabalho a 4 meses. É uma oportunidade na qual damos aconchego, palavras de amor e um pouco de materiais, possibilitando, assim, um crescimento espiritual mútuo. Já estava procurando algo e me foi feito um convite irrecusável. Para tentar desenvolver doação, caridade aprendizado... È um trabalho maravilhoso! Agradeço todos os dias a Deus pela oportunidade” Lúcia Vieira da Silva “Frequento 'As Samaritanas' há mais de 15 anos. Iniciei ajudando na cozinha, onde gostava muito e quem sabe um dia retornarei. Simultaneamente comecei no enxoval para os recém-nascidos, pioneiro nos trabalhos sociais, também me sinto feliz fazendo este trabalho. É uma bênção para nós que temos esta oportunidade. Que Deus nos ilumine sempre para continuar. 'As Samaritanas', ela é nossa 2ª casa”. Amélia Rossi de Carvalho BAZAR DA PECHINCHA “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Loja ou local onde se vendem coisas a preço reduzido: bazar da pechincha. O significado literal convertido em prática, mais uma realização corajosa da diretoria de promoção humana, ao implantar essa forma de ajuda aos carentes e também à nossa casa; pioneiro regional nessa atividade. A ideia às vezes era falada sem que tivéssemos a iniciativa de discuti-la com mais profundidade até que no segundo domingo de 1998 participamos de uma reunião dos dirigentes das casas espíritas da região realizada em Congonhas, cujo tema foi “A Assistência Social”, com a presença do expositor Walter Borges representando a União Espírita Mineira. Para surpresa de todos, ele inicia sua exposição com uma reflexão coletiva sobre como se deve assistir os necessitados, no qual sou uma frase que causou-nos o maior espanto, pois, antes de apresentá-la, falou sobre seu autor. “Faremos uma cuidadosa reflexão sobre que disse: não foi JESUS, nem mesmo um dos luminares espirituais, e sim, o cantor e compositor Raul Seixas”. Os olhares entrelaçaram-se num silencioso ohh! Calmamente o expositor abre um cartaz com os dizeres: “Eu calçava 37, papai me dava 36”. Descortinava para nós uma nova visão da assistência social, sem sentimento de culpa ou menosprezo pelo procedimento ainda adotado. Surgia uma nova realidade, um caminhar diferente, o que, para os dirigentes de “As Samaritanas” era comum. A proposta trazida pelo expositor era inverter a forma de ajudarmos, considerando sonhos e desejos, ele despertou-nos para o óbvio. “Às vezes doamos uma cesta de legumes, sem perguntar ao carente se ele gosta de todos que ali estão”. Doamos roupas, sem nos preocuparmos com os tamanhos, as cores, se são do gosto dos carentes, distribuíamos alimentos sem rigor de seleção quanto ao estado ou validade. Gostaríamos de receber o que doamos? Eu e Catarina presenciamos a União Espírita Mineira avalizar publicamente o projeto em curso em nossa casa, mesmo sem citar o seu nome. O que fazer após tão importante palestra? O de sempre, olharmos para o horizonte, perdidos em contemplação do “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 inatingível? Retirarmos da montanha das dificuldades as corriqueiras desculpas? Temer as especulações maledicentes? Corajosamente, com planejamento, organização, usamos esta atividade para aprofundar o processo de transformação social. Na semana seguinte, reunimos as pessoas interessadas nesta área, decidimos que, a partir do mês de março daquele ano implantaríamos o Bazar da pechincha com as finalidades de resgatar a autoestima, comprando, mesmo com o preço simbólico, as pessoas têm o direito de escolha. Evitar que as roupas sejam descartáveis após ficar suja, realidade constatada pela pesquisa realizada antes da implantação do Bazar, arrecadar recursos financeiros para a ajuda no desenvolvimento das atividades da Assistência Social, mesmo com os preços continuando simbólicos. O produto muito tem contribuído para os custeios da nossa casa. Imediatamente surgiram as reações, até de membros da família espírita integrantes de outras casas. “Vender roupas e objetos na casa espírita? Que absurdo! São os vendilhões do templo! As pessoas, quando souberem, vão parar de doar” “Dai gratuitamente o que gratuitamente recebestes”, disse JESUS (MT 10: 81) Vamos, então, desconstruir os equívocos, os mitos e a maldade.Tivemos realmente que transpor várias barreiras, as acima mencionadas foram as que rapidamente caíram. Vendemos roupas e objetos no Bazar da Pechincha realizado em nossa casa, isso não fez de nós vendilhões do templo. JESUS expulsou os vendilhões do templo, condenando, assim, o tráfico das coisas santas sob qualquer forma que seja. “Deus não vende nem sua benção, seu perdão, tampouco a entrada no reino dos céus, pois o homem não tem o direito de as fazer pagar” (ALLAN KARDEC ESE 26:5) As roupas e objetos vendidos destinam-se às pessoas carentes para atender suas necessidades materiais, não lhes atribuindo nenhum poder, senão o que seja proveniente da matéria. Não abençoamos nada, pois não temos poderes para tanto, por isso, imagens e símbolos religiosos são desnecessários ao “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 espiritismo. O que recebemos de graça, de graça devemos dar, conforme determinação de JESUS, são os dons (recursos) espirituais. Quanto paga nosso público pelas palestras? Os atendimentos espirituais, principalmente pela via mediúnica, quanto custam? Qual o preço dos passes ministrados? Para estudar a doutrina espírita, exceção aos livros, quanto se paga? Damos de graça o que de graça recebemos. Portanto, a mais simples observação dos fatos, desde que despida de sentimentos menores, remeterá às conclusões: desconhecimento, desinformação, maldade e difamação. “Pilatos, pois, tornou a entrar no pretório, chamou a Jesus e perguntou-lhe: És tu o rei dos Judeus? Respondeu Jesus: - Dizes isso de ti mesmo ou foram os outros que ti disseram de mim” (JESUS JO 18:33-34) “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”. (JESUS LC 23:34) O Bazar funciona regularmente todas as quartas-feiras de 13h30min a 16h. E as pessoas que não podem pagar nem mesmo os preços simbólicos? São encaminhadas para o atendimento aos sábados, onde receberão as doações. Com a palavra, quem faz do bem uma realidade, uma fonte de solidariedade: “Freqüento o bazar desde que começou, acho ótimo porque compro roupas boas e baratas e todas as pessoas me tratam bem, e faço amizades”. Marlene, bairro São Sebastião “Venho ao bazar tem 3 anos, é muito bem, a gente compra roupas boas e barato e as “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 trabalhadoras da casa me tratam muito bem”. Zilda, bairro Siderúrgico “Tem 2 anos que venho ao bazar. Gosto porque sou bem tratada e compro roupas boas e baratas”. Bruna, bairro Morada do sol “Tem 10 anos que venho aqui; não tenho nada a reclamar, sempre me dei bem com todos, tudo é muito bom”. Fátima Maria, bairro Morada do Sol “Já tem 10 anos que venho ao Bazar. Acho excelente, ajuda todos nós, o tratamento é exemplar”. Vanilda, bairro São João “Tem 2anos que venho ao Bazar, acho muito bom, as coisas boas e baratas me ajudam muito, também a toda a minha família”. Maria Margarida, bairro Paulo VI “Venho ao Bazar desde o começo. Acho muito bom! Minhas roupas são quase todas compradas aqui, inclusive dos meus filhos”. Glória, bairro São Judas Tadeu “Comecei a trabalhar no Bazar tem 5 meses, foi um dos melhores trabalhos que apareceu para mim nos últimos tempos”. Ana Aparecida, do bairro Fonte Grande – Trabalhadora Oportunamente relembramos: todos os trabalhos realizados são gratuitos. “Estou neste trabalho desde o começo, acho muito importante para a nossa casa e para as “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 pessoas que se beneficiam comprando roupas e outros objetos a preços simbólicos. Adoro este trabalho, me sinto feliz e crio laços de amizade. Ana Maria Fidelis, bairro Triângulo – Coordenadora do Bazar “Tem 4 anos que trabalho no Bazar, sua importância começa pelos doadores, pois através das suas doações os nossos irmãos são beneficiados, valorizando seu poder de compra, melhorando sua auto-estima. Rosane, bairro Santa Matilde – Trabalhadora “Frequento o Bazar a 1 ano, sou beneficiada com as coisas que compro para mim e para meus filhos, sou grata à casa Aline do bairro Triângulo “Tem 2 anos que venho aqui, acho muito bom, coisas boas e baratas, ajuda toda a minha família. Maria Margarida, bairro Paulo VI A quantidade de doações tem aumentado constantemente, porque a comunidade, percebendo a seriedade do trabalho na destinação das doações recebidas, na utilização correta dos recursos financeiros, não vendo mais roupas e calçados pelas vias públicas e a solidariedade espraiar-se, participa intensamente desta atividade. Frequentemente recebemos ligações para buscarmos as doações em residências, assim, somos ajudados, ajudamos, e quem recebe a nossa ajuda também ajuda outras pessoas. Tudo que não é útil às nossas assistidas, doamos a outras comunidades da nossa cidade e de Piranga, numa parceria com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais daquela cidade. Assim, o simbolismo material gera lastros de benefícios e afetividade, a solidariedade é o cartão de visitas. O Bazar é um marco importante em nossa casa. PROGRAMA DE SANEAMENTO BÁSICO “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Existem atividades desenvolvidas pela assistência social de grande importância para os carentes. Mas são interrompidas por um período, devido às dificuldades insuperáveis no momento, sem ser esquecidas, encontram-se em estado latente. A higiene básica é uma delas, banheiros em condições mínimas de uso. O que tem uma casa espírita com isso? Porventura, não é atribuição do Estado implementar programas sociais para atender a estas necessidades? Enquanto a república, em seu sentido literal (res = coisa + pública), caminhar lentamente, nós sentiremos as dores dos nossos irmãos, quando possível não passaremos ao largo. Quando “As Samaritanas” construía banheiros nas casas dos carentes tínhamos o cuidado de esclarecer aquilo que, um pouco de bom senso e lógica, facilitaria o entendimento. O quadro mental formado pela ideia apresentada: banheiros, muito distantes dos requintes dos nossos, mas com as funções básicas de privacidade e saneamento. Encontrávamos casas cujas pessoas usavam fossas ou jogando os dejetos no terreiro, outras com o local destinado ao banheiro sem a respectiva porta, apenas com uma cortina improvisada, vasos cuja descarga era através de baldes d'água e outros faltando interligação com a rede de esgoto pública. Passo a passo, caminhávamos. Providenciamos a ligação d'água na casa e, consequentemente, aos sanitários. Logo após, construímos o chuveiro, então, outra etapa seria a ligação da energia elétrica. Assim, o banheiro ficava com porta, sanitário com caixa de descarga, água e chuveiro elétrico. “As Samaritanas” fornecia o material e parte da mão de obra (voluntários), os assistidos ajudavam na obra. Esse programa funcionou de 1995 a 2002, esta é uma oportunidade de voltarmos a discuti-lo e somar esforços para reativá-lo. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 AS DIRETORIAS Conceitualmente, elas constituem a estrutura organizacional da nossa casa, criadas pelo projeto “O Nosso Sal, a Nossa Lei”. Por ocasião da reestruturação administrativa da sociedade, são distintas quanto às formas de desenvolverem suas atividades, mas interdependentes, mantendo, assim, a unidade e a fraternidade. Na prática, elas se dividem em Administrativa, Doutrinária e de Promoção Humana, formadas por atividades semelhantes de seus Grupos ou Departamentos. Os resultados são satisfatórios, é a divisão que multiplica e melhora as ações e aos atendimentos. Integradas ao sistema de colegiado, têm autonomia para desenvolver suas atividades, sem se afastarem ou perderem o foco coletivo, dever maior de todas. A formação dos trabalhadores tem recebido, ultimamente, atenção especial, além do estudo espírita metódico, regular e contínuo, também periodicamente são abordados temas sobre a nossa casa. Suas atividades, seus funcionamentos, suas normas, destaque maior para a importância pessoal e coletiva das pessoas. A nossa meta é sepultar de vez aquele jargão, “isso não é comigo”, “isso não é da minha área”. Somos engrenagens de um mecanismo cuja eficiência de trabalho é proporcional a nossa dedicação. Veremos, a seguir ,os objetivos, composição e funcionamento das diretorias: “Rogo a JESUS que todas as diretorias criadas trabalhem com vontade, amor e humildade. E com muita união tudo será realizado, com as bênçãos de DEUS para a casa de JESUS”. (Dona Lenita Leite Alves) A DIRETORIA ADMINISTRATIVA É o órgão do colegiado responsável pela estrutura organizacional de “As Samaritanas”, além das atribuições específicas da sua natureza, seus Grupos e Departamento têm a missão de executarem as atividades secundárias, servem de suporte para o desenvolvimento das ações principais, possibilitando que os coordenadores concentrem suas energias e atenções especificamente nelas, executando-as com eficiência. Os coordenadores dos estudos das palestras públicas, da mediunidade, “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 do atendimento fraterno certamente terão como últimas da lista de suas preocupações a limpeza da casa, os pagamentos relativos aos compromissos assumidos, as atualizações dos documentos, entre outras. As cozinheiras, todas as manhãs dos sábados, deixam seus afazeres domésticos e vêm fazer o almoço fraterno, mas nenhuma se preocupa se os alimentos estão disponíveis, se tem gás, se temos materiais de limpeza. Atribuições da manutenção, órgãos da Diretoria Administrativa. A administração, consequentemente, não tem como prioridade as atividades principais das outras áreas, assim mesmo, mantém-se solidária a todos. Teoricamente, este é o funcionamento ideal, com a falta de trabalhadores, vários são multifuncionais, atuam em várias atividades de todas as diretorias. A Diretoria Administrativa é formada pela secretária, tesoureira, manutenção e departamento de relações sociais. A secretaria cuida da parte documental, redige atas das reuniões do colegiado e Assembleia Geral, cuida das correspondências, zela pelo arquivamento e acervo histórico, digita textos, auxilia os grupos. A tesouraria é responsável pela parte financeira, promove a arrecadação, controla pagamentos e contribuições, elabora balancetes. A DIRETORIA DE PROMOÇÃO HUMANA “Primeiro o pão depois a fé”. (Santo Agostinho) O grande pensador espiritualista jamais desconsiderou a essência da vida, o espírito, são perfeitamente compreensíveis e atuais as suas palavras, considerando o nível evolutivo ascensional dos espíritos daquela época e também de agora. É natural que, num estágio densamente material (vida fisiológica), a maioria procure primeiramente a satisfação dos instintos, atribuindo-lhe a razão de viver, além daqueles que iniciam o despertar da consciência para as necessidades espirituais, e tanto outros vivem em dilacerantes conflitos íntimos. O processo de espiritualização é proporcional ao nível de consciência, somado aos esforços empregados para transformar sensações em emoções e estas em sentimentos, por isso, cada um experimenta esses níveis sempre numa escala ascendente. As carências materiais, esses instrumentos da lei do progresso, são utilizadas como oportunidades para alimentarmos os espíritos. A caridade material é a origem da nossa casa, através dela a sociedade tornou-se espírita, por ela veio o respeito da comunidade Queluziana, que, generosamente, é de relevante importância em sua manutenção. O Departamento de Assistência Social é um dos pioneiros, com a chegada do colegiado, ganhou nova roupagem. É o caminhar pelos mesmos “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 caminhos de formas diferentes. Transformamos em Diretoria de Promoção Humana. As mudanças acontecem, mais do que no nome, conceitualmente e, sobretudo, na prática. Assistência Social são atividades desenvolvidas para atender às necessidades sociais, materiais das pessoas e famílias (necessidades do corpo). Promoção Humana são programas destinados à recuperação da autoestima, da cidadania, sem proselitismo, recuperam a fé, incentivam o trabalho, abrangem assistidos e assistentes (necessidades espíritas). Utilizam de todos os recursos da Assistência Social para alcançar o público alvo, promovem palestras, alfabetização, treinamentos profissionais. Servem de oportunidade para que os espíritas coloquem em prática os ensinamentos, trabalhando com pessoas de outra religiões, é o ecumenismo prático, real. Outro ponto de destaque é a execução das tarefas conforme as orientações doutrinárias, imprimindo-lhes a marca do espiritismo. A Diretoria de Promoção Humana é formada pelos departamentos de alimentos, vestiário e higiene e Grupo de sindicância. O Departamento de Alimentos integra as ações dos Grupos cujas atividades desenvolvidas sejam relacionadas com a coleta, suprimento, confecção, produção e doação de alimentos. A DIRETORIA DOUTRINÁRIA “Dirigentes, auxiliares e frequentadores de um centro espírita bem organizado sabem que a obra de Kardec é um monumento científico, filosófico e religioso de estrutura dinâmica, mas cujo desenvolvimento exige estudos e pesquisas do maior rigor metodológico, realizadas com humanidade e com sendo”. (JOSÉ HERCULANO PIRES – O CENTRO ESPÍRITA) A diretoria doutrinária, dentro do sistema administrativo de colegiado, é a responsável pela formação espírita, orientação do exercício mediúnico, atendimento espiritual e divulgação. É a guardiã desse movimento a que se refere Herculano Pires, tendo o dever de manter a unidade de ensino e a fidelidade doutrinária dos grupos da casa. Constitui-se pelos grupos de estudos mediúnicos, biblioteca, atendimento espiritual (fraterno), palestras e passes. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 RECONHECIMENTO O trabalho de assistência social, já desenvolvido há anos, possibilitou ao presidente Hamilton Junqueira solicitar às autoridades governamentais o reconhecimento legal de “As Samaritanas”como entidade de utilidade pública. Essa é uma das exigências legais para que uma entidade possa receber recursos financeiros de órgãos públicos, através de convênios, beneficiando tanto a instituição na execução de seus projetos, sobretudo os da assistência social. As leis que reconhecem “As Samaritanas” como utilidade pública foram: Lei Municipal 2.016, de 17 de abril de 1978, proposta pelo então Prefeito Municipal Sr. Pedro Silva à Câmara dos Vereadores, aprovada pela mesma e sancionada por ele, e Lei Estadual 7.335, de 30 de agosto de 1978, proposta pelo então Deputado Hélio Resende, aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais e sancionada pelo Governador Levindo Ozanan Coelho. A Portaria Federal nº 972, de 22 de agosto de 2002 – pelo Presidente da República Fernando Henrique Cardoso. Por iniciativa da nossa administração, em março de 2002, conseguimos, pela internete a lista com os documentos exigidos para solicitarmos o reconhecimento da utilidade pública federal. Preparado e enviado o processo ao Ministério da Justiça, em Brasília, cinco meses após, recebemos o comunicado de que o Presidente da República atendera a nossa solicitação. TRADIÇÕES “Perguntaram-me, pois, os Fariseus e os Escribas: Por que não andam os teus discípulos conforme a tradição dos anciãos, mas comem o pão com as mãos por mim? (MAR 7:5) Tradições são hábitos e costumes transmitidos de geração em geração, respeitáveis, mas a pergunta dos Fariseus e Escribas mostram que os discípulos de JESUS não faziam delas fundamentos de suas vidas, nem o mestre. Tradições não são leis, para as quais a obediência é um dever cristão e espírita, ratificado por ALLAN KARDEC em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. primeiro: “Eu vim destruir a lei”. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 No item três do mesmo capítulo, o codificador comenta: “Jesus não veio destruir a lei, quer dizer, a lei de Deus, ele veio cumpri-la, quer dizer, desenvolvê-la, dar-lhe o seu verdadeiro sentido e apropriá-la ao grau de adiantamento dos homens”. Espiritualizá-la. “As Samaritanas” é uma sociedade espírita, cujos basilares espirituais são os princípios da doutrina espírita subordinada às leis civis, leis dos homens, desde que elas não firam os princípios evangélico-doutrinários. Como exemplo, a venda de bebidas alcoólicas para maiores de 18 anos é permitida pela lei nos homens, porém, em nossa casa, é expressamente proibida a sua venda, bem como a circulação em suas dependências. As leis reconhecem a Assembleia Geral constituída pelos sócios de uma sociedade como seu órgão soberano, com direito de decisões. A nossa sociedade também, conforme item II do artigo 8º do Estatuto vigente, determina que as matérias para ser discutidas e deliberadas pela Assembléia Geral devem estar em conformidade com os princípios da doutrina espírita. Portanto, as normas que direcionam a nossa casa são baseadas nos preceitos evengélico-doutrinários e nas leis de nosso país. Fora disso, entendemos por tradição alguns procedimentos adotados pelas sociedades. Certa vez, visitamos a sede da União Espírita Mineira, à Rua Guarani, número 315, em Belo Horizonte, observamos as salas personalizadas com nomes importantes do espiritismo, justa homenagem e demonstração de gratidão aos abnegados trabalhadores. Resolvemos caminhar o mesmo caminho de um jeito diferente, ousado, corajoso, homenagearíamos também espíritas encarnados. Abrimos as discussões, e os contraditórios vieram, importantes para o processo democrático, mas nem todos com objetivos construtivos. A objeção era devida aos encarnados receberem as homenagens, diziam: “não fica bem, isso poderá aguçar-lhes a vaidade, não é costume essa prática”. Um gesto de reconhecimento e gratidão pelo trabalho realizado, servindo de incentivo aos demais, desde que dentro dos limites do bom senso, sem causar qualquer outro sentimento da pessoa que o recebe, já não é da responsabilidade de quem o faz. Orgulho é um sentimento em grau elevado que alguém faz de si mesmo, reconhecer as qualidades é um importante meio de autoconhecimento, jamais orgulho, desconsiderar as virtudes, a maioria das vezes, é o orgulho travestido de humildade. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Este cuidado em não constranger as pessoas homenageadas, evitar super-excitação do seu ego, deveríamos ter quando as criticamos duramente por menor deslize que cometam, nesses casos sim, a caridade moral deve ser praticada. Coragem para caminhar, mais ainda para percorrer a jornada de um jeito diferente, maior para retroceder ou buscar outras formas de caminhar, quando, pela experiência, concluímos que os resultados deixam a desejar. O projeto “Memórias” tem como objetivo a visibilidade histórica da casa. Sobretudo as pessoas, artífices desta construção social. Inaugurado em 04 de outubro de 1999, com o espaço físico destinado à exposição de fotografias e documentos, naquela oportunidade denominamos a secretaria de Gilberto Victorino de Souza, numa emocionante reunião, principalmente pelas palavras do homenageado ao relembrar o início da nossa casa. Outras homenagens: Ø Ø Ø Ø Ø Ø Ø Ø Ø Ø Salão Antônio de Almeida Casarões; Refeitório Lenita Leite Alves – encarnada à época; Cozinha Maria Alves do Nascimento; Sala de evangelização Olinda Ribeiro Dias; Sala de evangelização Persciliana Martins Souza; Sala de costura Vicentina do Nascimento Bitencourt – encarnada; Pavimento Avelino Soares; Pavimento Hamilton Junqueira – encarnado; Sala de atendimento Gesué Tavares Neto – encarnado; Manutenção Márcio Geraldo do Nascimento – encarnado. TARDES DE PRIMAVERA A estação das flores, suas tardes, suas cores. Foram tantas, serão tantas, nenhuma igual à outra, mesmo que o sincronismo do tempo faça-as semelhantes ou as condições climáticas modifiquem-nas. As estações da alma são diferentes, atemporais, não se subordinam à rigidez sincrônica do tempo, mas às energias das emoções. A alma desafia o tempo e, como num passe de mágica, transforma-o, pinta-o, olha-o com olhares específicos para cada momento ou como jamais percebido. Conforme as emoções, o tempo parece acelerar, parar, até tomar “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 roupagens diferentes, brilhos diferentes. Por isso estamos revivendo uma das primeiras tardes da primavera de 1970, para a família Samar, foi um momento inesquecível. As famílias espíritas (jovens e adultos) de Belo Horizonte, Sabará, Divinópolis, Carandaí, Congonhas e Conselheiro Lafaiete reuniram-se em nossa casa. Aquele encontro chamou-se “COSMENGUE”, aconteceu no sábado e no domingo, 03 e 04 do mês de outubro. A recepção das moças destinou-se às famílias espíritas que as hospedaram. Os rapazes alojaram-se no Grupo Espírita Paz. Ah, o tema do encontro? “Fora da caridade não há salvação”. A tarde de domingo foi especial. Logo após o almoço, Dona Lenita, coordenadora e anfitriã do encontro, recebe um visitante muito especial. A voz embargada pela emoção. Seja bem-vindo, ZÉ ARIGÓ. ZÉ ARIGÓ trouxe tantas rosas para mim, que o salão ficou lindo e perfumado, disse Dona Lenita. Mas quem foi ZÉ ARIGÓ? Pouco, muito pouco falamos dele, seja por desconhecimento ou qualquer outro motivo menor, o certo é que ele ainda permanece na obscuridade, no anonimato do movimento espírita, diferente do que disseram espíritas como CHICO XAVIER, HERCULANO PIRES e JORGE RIZZEINE. “Devemos tanto à mediunidade de nosso caro irmão José Pedro de Freitas - Zé Arigó – que os benfeitores espirituais tomaram por bendito instrumento, em favor de todos nós, os espíritas em pequenino setor de ação e reconhecendo, conforme os ensinamentos do evangelho de Jesus, que toda benção procede do alto e não de nós, rogo a Jesus amparar-nos e proteger-nos, para que o nosso companheiro Zé Arigó e nós outros, seus companheiros na fé, possamos prosseguir fieis aos nossos compromissos, diante da espiritualidade maior, procurando melhorar-nos para atender aos desígnios do senhor hoje e sempre. Uberaba, 15 de dezembro de 1968. CHICO XAVIER “Arigó cumpriu sua missão, que era a de sacrificar-se para que uma nova consciência “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 espiritual se desenvolva no mundo. Então compreenderemos que a vida de um homem simples e bom foi inteiramente sacrificada em benefício do futuro”. JOSÉ HERCULANO PIRES “O fantástico José Pedro de Freitas, nosso ARIGÓ – nome que deveria ser escrito com letras de ouro, pois glorifica a história da espiritualidade em nosso planeta”. (JORGE RIZZEINE, Revista Visão Espírita, 2 de agosto de 2006). Ao final dos trabalhos, Dona Lenita pediu a ZÉ ARIGÓ que proferisse a prece de encerramento. Então, os benfeitores da vida maior falaram pelos lábios de ZÉ ARIGÓ. Após todos esses anos, ainda podemos sentir a emoção, as lágrimas, os sorrisos, os abraços. Ao saírem para o lanche, Dona Lenita surpreende mais uma vez. ARIGÓ coloca a mão em seu bolso, ela leva um susto, porém, refaz-se rapidamente ao perceber que o médium deixara um cheque de CR$ 300.000 (trezentos mil cruzeiros) destinados à assistência social da casa, que precisava muito. Ah, essas tardes de primavera! Quantas surpresas, quantas alegrias ainda nos esperam? Certamente viveremos muitas. Outra tarde inesquecível, um redemoinho de emoções. O pensamento transporta até ele. Parece tão perto, tão presente, palpável, com a mesma intensidade, o coração acelera, recompõe o fôlego, os olhos marejam. Que saudade! Primavera de 2001, 20 de outubro, a Academias de Ciência e Letras de Conselheiro Lafaiete comemora os 211 anos da cidade numa sessão solene, aproveita para homenagear pessoas e entidades cujos serviços prestados à comunidade revelam altruísmo e fraternidade. “As Samaritanas” teve a honra de ser agraciada com o diploma da ordem dos construtores do progresso, segmento de ciências sociais, indicação da acadêmica Márcia Terezinha Carreira Rodrigues. Quando recebi o convite, surpreso, envolvido pela alegria, minha primeira reação foi ligar para Dona Lenita, para que pudéssemos dividir essa emoção. Queria sua companhia na solenidade, sem revelar-lhe mais detalhes, evitando assustá-la, pois, simples como era, recusaria o convite. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Confirmamos a presença com a organização do evento, aguardamos com as melhores expectativas, pois “As Samaritanas” estava representada, reconhecida mais uma vez pelo seu trabalho social, especialmente numa solenidade com a presença de tantas pessoas ilustres de nossa cidade. Além, muito além das expectativas. Tivemos uma recepção carinhosa pelos organizadores, acadêmicos, homenageados e, principalmente, pelo público que encheu o auditório da Câmara Municipal. As formalidades protocolares inerentes a esse tipo de evento organizavam e ordenavam os procedimentos dos participantes. Nada que pudesse constranger as pessoas não habituadas a tais requintes, especialmente nós, samaritanos. Em momento algum, percebemos frieza ou qualquer outro incômodo causado pelo excesso de organização. Sentimos como se estivéssemos em casa, com a família lafaietense e seus visitantes. A mesa de honra foi presidida pelo acadêmico Dr. Carlos Reinaldo de Souza, composta também por diversas autoridades, como o Prefeito de Conselheiro Lafaiete, Juiz de Direito, Presidente da Câmara de Vereadores, Deputados e o Cônsul de Portugal no Brasil. Foi uma tarde luso-brasileira. Músicas portuguesas e brasileiras na voz de Mary Luce, textos e poemas citados pelos acadêmicos Gilberto Victorino de Souza (família Samar) e Efigênia Chaves Janoni. Quando começaram as leituras das histórias dos agraciados e as homenagens, uma estranha sensação tomou conta de mim. Dentro de poucos minutos, receberia tamanha honraria em nome de nossa casa. Claro, o que me incomodava era o sentimento de que o diploma não ficaria bem em minhas mãos pelas circunstâncias de exercer o cargo de diretor administrativo, representante legal da sociedade, na plateia estava Dona Lenita, representante legítima de nossa casa. Mãos que, há 50 anos, trabalhavam nessa obra de amor e caridade. O amigo Gilberto Victorino? Sem desmerecê-lo, aliás a ele dedico e externo sempre minha admiração e gratidão, apesar de ser um dos fundadores de “As Samaritanas”, estava ausente dos trabalhos há anos. Era uma questão de justiça, de reconhecimento público, Dona Lenita receberá o diploma, pensei. E assim o fiz. Ora, pois, protocolos são para serem quebrados. “O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causo do sábado”. (JESUS MAR 2:27) “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Dependendo do motivo, sem desrespeito ou violação de preceitos básicos, as regras podem e devem ser modificadas, o processo de evolução social atesta isso. Ao ser anunciado, o homenageado ou representante da entidade levantava, um breve histórico era lido, e o presidente da sessão passava-lhe a palavra por, no máximo, 3 minutos. Era tudo de que eu precisava, com razão e emoção, quebraria o protocolo. O cerimonial diz: A União Social Espírita “As Samaritanas”... (aplausos) Passada a palavra para mim: Sr. Presidente, Autoridades e público presente, meus cumprimentos. Sinto-me feliz e honrado em receber pelas Samaritanas esta honraria, perdoem- me o atrevimento, não tenho pretensão de ser indelicado, mas devo dizer-lhes que, ao receber o diploma das mãos da acadêmica Márcia Terezinha, sentirei desconfortável, já que na plateia se encontra uma das primeiras Samaritanas a nos prestigiar com sua presença. Peço ao Sr. Presidente que eu me retire para que ela receba-o. Estava prestes a concluir quando o Cônsul Português interrompe: “Sr. Presidente da sessão, faço minha a solicitação do amigo, que os dois possam receber juntos a homenagem”. Dr. Carlos Reinaldo, com o polegar direito erguido para cima, indicou positivo e pediu-me que buscasse Dona Lenita na platéia e a conduzisse à mesa de honra. Naquela época, o acesso ao plenário para as mesas dos Vereadores era pela porta lateral interna. Percorri este pequeno espaço em alguns segundos, mas com duração de horas. Ao chegar ao plenário, foi um teste para cardíaco nenhum se aventurar, a plateia, de pé, aplaudiu efusivamente, Dona Lenita trêmula, começa a lacrimejar e diz: “vocês me matam do coração, não mereço tudo isso”. Rapidamente nos recompusemos emocionalmente e, de braços dados, dirigimo-nos à mesa de honra. Saudações, abraços, agradecimentos. Por uma boa causa, sem desrespeito ou fanfarrice, quebramos o protocolo, recebemos o diploma e posamos para a foto, registrando aquele momento inesquecível. Fizemos três cópias da foto, uma se encontra na sala de memória de nossa casa, outra em meu escritório, e a terceira, até o dia de seu desencarne, Dona Lenita a mantinha em seu quarto, junto a sua foto e de seu marido (Sr. Tonico). Quando a visitava, principalmente durante o período de sua doença, “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 pensava: “meus Deus, não mereço tanto!”. Aconteceu recentemente, 12 de outubro de 2011, cumprimos um dever social, confraternizamos, vivemos momentos de alegria e intensa emoção, a família Samar novamente em festa. Às 13 horas, reuniram-se em Assembleia Geral para empossar os membros do colegiado, mandato 2011/2014, era o cumprimento do dever social, as formalidades legais. Aproveitamos a oportunidade, transformamos o evento formal numa grande confraternização da família espírita com a comunidade, foi uma ocasião especial. Convidamos o médium, escritor e expositor Geraldo Lemos Neto conhecido por nos carinhosamente como Geraldinho para uma conversa entre amigos onde o assunto foi: Relembrando Chico Xavier. Ele conviveu com CHICO XAVIER mais de 20 anos, uma amizade que lhe proporcionou compartilhar da intimidade do “HOMEM AMOR”. Às 14h00min, com a prece inicial e a saudação feita pela direção da casa, o “Coral Espírita A Caminho da Luz”, de Barbacena, começa a cantar. Uma espiral ascendente de emoções arrebata a todos. Geraldinho carinhosamente convida-nos a uma conversa de amigos, conversa de “pé de ouvido”. Fala dos seus avós, vizinhos da família do CHICO XAVIER em Pedro Leopoldo, da sua infância, do momento em que o conheceu em São Paulo. As palavras do médium, disseram-nos alguns videntes, tornavam-se flores, enfeitavam com singeleza o recinto. A energia da exposição, associada às fotografias exibidas, criou uma vibração, uma onda em perfeita sintonia. Lágrimas, sorrisos, alegrias transbordantes, expressões vivas de amor. O que sentimos fluidicamente surpreendeu aos médiuns videntes, com uma luz muito forte, vieram, CHICO XAVIER e seus amigos para conosco confraternizarem. Uma senhora vidente disse:”Meus Deus! O Chico Xavier está parecendo com o Chico das capas dos livros”. Então, Geraldinho toca num ponto de muitas controvérsias: “Chico foi a reencarnação de Allan Kardec”. Cautelosamente, apresenta suas argumentações obtidas pelas observações e análises durante a convivência e indagação feita ao “homem do amor”. Devo dizer, antes nem falava sobre essa possibilidade, hoje, se ainda falta-me total convicção, as argumentações lógicas do Geraldinho dividiram consideravelmente minha opinião. O coral volta a cantar, encerra com uma música dedicada ao Chico, em seguida, fomos para o costumeiro “comes e bebes”. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 VISIBILIDADE Uma publicidade em larga escala, feita nos jornais de maior circulação, levaria o mundo inteiro, até as localidades mais distantes, o conhecimento das idéias espíritas, despertaria o desejo de aprofundá-las e, multiplicando-lhes os adeptos, imporia o silêncio aos detratores, que logo teriam de cedê-lo diante do ascendente da opinião geral. (ALLAN KARDEK – PROJETO 1868 – OBRAS PÓSTUMAS ) A NOSSA LOGOMARCA, O NOSSO EMBLEMA O emblema simboliza e distingue (distintivo) uma sociedade, é uma identificação visual, importante meio de divulgação, associado às suas atividades. “Coloca na cabeça do livro a cepa29 de vinha que te desenhamos, porque é o emblema do trabalho do criador, todos os princípios materiais que podem melhor representar o corpo e o espírito nela se encontram reunidos. O corpo é a cepa. O espírito é licor. A alma ou espírito unida à matéria é o grão. O homem, quintessência o espírito pelo trabalho e tu sabes que não é senão pelo trabalho do corpo que o espírito adquire conhecimento”. (Falam os espíritos superiores, orientadores da Doutrina Espírita, a Allan Kardec – O Livro dos Espíritos, Prolegômenos). O emblema da nossa sociedade era desejo antigo, oficializado pelo estatuto, aprovado pela assembleia geral do dia 30 de junho de 1995, em seu artigo 54, vejamos: “O emblema da União Social Espírita “As 29 Cepa significa tronco da Videira, arvore que da frutos – Uva. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Samaritanas” será oportunamente estudado e elaborado pela diretoria, fazendo parte integral deste estatuto”. Oportunidade, esperar pacientemente que ela surja ao passo do tempo? Observar detalhadamente as circunstâncias, fazer delas oportunidade. Acelerar o tempo? “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. (Geraldo Vandré) Tínhamos as circunstâncias propícias, a reestruturação administrativa da casa onde há liberdade pulverizada aos quatro cantos, terreno fértil às ideias e realizações fornecia as condições básicas. O que era solene ficou simples, sem vulgaridade. Nada inacessível, limites e acessos ordenados por responsabilidades e por decisões coletivas. Estes caminhos levaram-nos até a norma estatutária, fizemos a oportunidade acontecer, aliás, retiramo-la do anonimato, demos-lhe vez e voz. Metaforicamente, chamamos oportunidade uma jovem, igual a tantas que em nossa Beta-bara passam, muitas das quais deixam suas pegadas na areia, ela entalhou sua marca em nossos corações, criou o logomarca da nossa sociedade e fez sua travessia. Falar da nossa logomarca É estar com a nossa amiga, afilhada Vem a emoção, que venha! Saudades, alegrias. Relembrar num pestanejar Das discussões à ideia De sua genialidades, a mão traça O sonho corporifica, o emblema aos poucos surge. Público, o que era restrito, agora público Pra que a gratidão saia da prateleira Se espalhe a todos. Obrigado, Zenaide Aparecida Gomes Chegamos, então, a um consenso sobre a simbologia do emblema. O coração representa o amor, as relações fraternas, a família. As duas mãos, uma dando e a outra recebendo, representam a solidariedade, a caridade em suas várias formas. O pão que se encontra na mão superior representa o pão espiritual, e as doações materiais são constante exercício de dar e receber. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Em 29 de março de 1998, aprovação do novo estatuto, tornou-se oficial. Em 17 de fevereiro de 2003, a assembleia geral aprova um projeto de emendas ao estatuto, onde a 25ª emenda modificou o emblema, acrescentando a ele a inscrição: DESDE 06/02/1949 FAZENDO CARIDADE, VENHA E FAÇA O MESMO. O objetivo era anexar ao emblema a data de fundação da nossa casa, sua razão de ser e constante trabalho – a caridade. Aproveitar o emblema para convidar as pessoas a se integrarem a essa corrente de amor e caridade. Desde 06/02/1949 fazendo caridade, venha e faça o mesmo. O SAMARITANO “Onde não há conselho, frustam-se os projetos, mas com a multidão de conselheiros se estabelecem”. (Prov.15:22) O rei Salomão notabilizou-se pela sabedoria, prudência e justiça, ele sempre ouvia as sugestões de seus conselheiros, suas críticas, embora ao rei fosse permitido tudo. Os conselheiros são imprescindíveis para realização de uma administração cujos objetivos sejam a transparência, o bem comum e dinamismo na execução de seus projetos. Em nossa casa, onde a hierarquia faz-se somente em algumas circunstâncias administrativas, jamais exercida entre pessoas, os nossos amigos são conselheiros, principalmente aqueles que não exercem cargos no colegiado. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Primeiramente, contamos com as orientações dos espíritos benfeitores, da falange dos guias espirituais da casa, Francisco de Assis e Bezerra de Menezes. Também continuam seus trabalhos os homens e mulheres, os primeiros Samaritanos. Essas orientações acontecem naturalmente pelas vias mediúnicas ou pelas instruções recebidas por nós. No plano físico, contamos com os amigos que conosco estão constantemente nos bons e nos difíceis momentos. Por isso, jamais nos sentimos sozinhos, realizamos coisas que extrapolam a nossa capacidade, não nos falta coragem. O nosso ponto comum: sonhamos com uma “Samaritanas” cada vez melhor, trabalhamos continuamente para isso. Amigo, conselheiro e sonhador, o senhor Gesué Tavares ajuda-nos de várias maneiras, às vezes, de forma surpreendente. Numa segunda-feira de mês de janeiro de 1998, antes de iniciar os estudos daquela noite, ele mostra o jornal: “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Ficamos surpresos. Numa época com poucos trabalhadores, não se falava ostensivamente de captação de recursos financeiros, nem eventos destinados a esse fim. No entanto, conseguiram tão importante veículo de divulgação. Gesué deixou conosco o jornal e as ideias fervilharam, os questionamentos também. Agora, com mais recursos, podemos criar um jornal da nossa casa. Se não temos vergonha em copiar o que é bom das outras sociedades (citamos sempre a fonte), por que não reeditar o antigo jornal da nossa mocidade? Um outro jornal com outro nome certamente? Quais os objetivos do jornal? Qual o foco temático das matérias? Quem será o redator? Como custear suas despesas? Cada um a seu tempo, as dúvidas foram esclarecidas: Criamos um outro jornal, o informativo periódico “O SAMARITANO”. Terá como objetivos a divulgação das atividades da nossa casa e da doutrina espírita. O foco temático será diversificado, evitando quaisquer polêmicas. Os recursos financeiros para custeá-lo conseguimos através de publicidade comercial, desde que seus ramos de atividades sejam compatíveis com os princípios doutrinários. O redator? Se se dispuser gratuitamente a nos ajudar, quem tenha capacidade intelectual, tudo bem. Se não encontramos quem se disponha, faremos nós. Podemos falhar quanto aos requintes da língua portuguesa em sua forma convencional, porém jamais falharemos quanto ao conteúdo das matérias. A primeira edição de “O SAMARITANO” foi dia 06 de maio de 1998. O SALTO PARA O MUNDO “Cada um contribua segundo propôs no seu coração, não com tristeza, nem por constrangimento, porque Deus ama ao que dá com alegria”. (PAULO E Cor 9:7) As pessoas deixam suas marcas nas sociedades onde atuam, sejam afetivas, intelectuais, morais e tecnológicas. A nossa casa, em fevereiro deste ano, em caráter experimental, deu o seu maior saltos na divulgação de suas atividades. Realizou a ativação de seu “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 WEBSITE, oficializado pela plenária do dia 05 de junho de 2011. Um dia em nossa beta-bara Chegou um viageiro Ladino, sonhador Olhar de Martim pescador Pouco a pouco, já era da família Este ano virou águia Voou tão alto, tão alto Ousou, rompeu limites Atravessou o impossível Colocou As Samaritanas numa caixa mágica Agora ela anda mundo afora Basta apertar as teclas Lá vai ela, com ela vamos nós. São singelas palavras de amigo, cheias de carinho e gratidão ao amigo Samaritano multiuso, dedicado, cuja coragem e capacitação técnica serviram de trampolim para o salto dado por nossa casa. Valeu, Arquimedes Santos! Sabemos que continuará conosco. O NOSSO TESOURO Se temos um tesouro guardado? Sim, temos. E suas jóias são de incalculável valor. São diferentes das conhecidas, cuidamos delas com muito carinho, mas elas não permanecem todas guardadas no tesouro, nós as emprestamos ,para que as pessoas usem-nas, depois devolvam-nos, senão serviriam apenas como adornos, e elas não foram feitas para adornar. As nossas jóias são os nossos livros. Eles formam o nosso maior tesouro, a nossa biblioteca. O espírito FERNANDO DE OLIVEDEO MIRAMEZ, certa vez, disse: “retire os livros dos homens, e estes voltarão às cavernas”. “O livro que instrui e consola é uma fonte do céu “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 transitando na terra”. (BEZERRA DE MENEZES) O livro traz o mundo às nossas mãos, por ele nos instruímos, emocionamos, divertimo-nos, relacionamo-nos com seus autores. Ouvi o escritor ARIANO SUASSUNA dizer: “ler um livro é conversar com seu autor”. Que coisa maravilhosa! Ter o pensamento dos autores à nossa disposição, quando quisermos. É mesmo uma magia. Sabemos da importância desse instrumento de transformação social, conhecemos sua eficácia e a sua distância das pessoas. Isso tem algumas causas. Segundo LAURENTINO GOMES, em seu livro 1822, naquela época, de cada dez pessoas, apenas uma sabia ler e escrever, o nosso país era um dos quais a igreja romana tinha o poder de controle de toda produção literária, submetendo-a aos seus princípios dogmáticos. Uma sociedade escravocrata, extrativista e agrícola que importava os demais artigos necessários à vida civilizada, as autoridades pouco se importavam com a cultura do povo. Comumente ouvimos: “o livro custa caro”. É verdade, mas esquecemonos de dizer que consumimos vários produtos também caros e, às vezes, de menos utilidade do que o livro. É questão de escolha, de hábito. No movimento espírita, não difere. Queremos a literatura em gotas, mensagens e informativos, todos gratuitos. Para arrecadarmos recursos financeiros, recorremos aos eventos: almoços, festivais de tortas ou macarrão, entre outros. Produzir livros, vendê-los é tarefa difícil, retorno incerto. O SABORITANO, livro de receitas culinárias e AVE DO CÉU, livro doutrinário sobre a vida e obra de ALLAN KARDEC, editados pela nossa casa, tiveram maior aceitação nas cidades vizinhas, as casas espíritas da nossa cidade não se dispuseram em divulgá-los. Vários dos Samaritanos nem sequer tiveram vontade de abri-los. Nada de pessimismo, a luta é árdua, não podemos desanimar. “As Samaritanas” é uma sociedade de pessoas, jamais podemos nos esquecer desta realidade, conforme pensam e agem seus membros, ela caminha. Portanto, observamos que, no dia 10 de novembro de 1962, foi eleito o primeiro bibliotecário da nossa casa, o senhor José Cândido da Conceição Sobrinho, e, somente em 13 de abril de 1963, foi montada a biblioteca. Entretanto, as atividades de Assistência Social funcionavam desde a nossa fundação. Isso demonstra claramente que, antes de ser desinteresse, a causa “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 maior é um processo cultural que se modifica lentamente. Em novembro de 1997, o projeto de reestruturação administrativa “O nosso sal e a nossa lei”, em andamento na sociedade, incluía a biblioteca. Uma campanha para aquisição de livros foi iniciada, obtendo êxito. A etapa seguinte serviu para a seleção das obras e títulos, recuperação e encapamento, coordenado por Iolanda Tavares e Arlete de Oliveira. Na tarde de 24 de junho de 1998, reinauguramos a biblioteca e livraria denominada “JOSÉ DO NASCIMENTO CAMPOS”, demonstração gratuita ao querido irmão divulgador do livro espírita em nossa cidade. Dona Nizia, viúva do homenageado, esteve conosco, e a música daquela tarde coube ao Grupo Gotas de Luz, da cidade de São Paulo. Com as ampliações feitas em nossa sede, destinamos um local específico para o nosso tesouro, anexo ao salão de reuniões públicas. A BIBLIOTECA JOSÉ DO NASCIMENTO CAMPOS E SALA DE MEMÓRIAIS Projeto Memórias Objetivando que a memória desta instituição esteja sempre perto dos olhos e dentro dos corações, a diretoria administrativa inaugura, hoje, este espaço destinado à exposição da história de “As Samaritanas” e dos seus trabalhadores, demonstrando a nossa gratidão a todos que dão continuidade a essa corrente de amor e caridade, convidamos o nosso irmão Gilberto Victorino de Souza que represente todos os Samaritanos, assinando simbolicamente este documento que marca a abertura oficial de “A Memória Samar”. Também foi ele quem assinou no dia 30 de junho de 1953, a primeira ata de reunião oficial de “As Samaritanas”, na condição de seu primeiro secretário. Agradecendo a DEUS, a JESUS, à espiritualidade amiga e a todos que contribuíram para que este projeto se tornasse realidade. Fraternalmente, Francisco Navais Filho – Diretor Administrativo Gilberto Victorino de Souza – 1º Secretário de “As Samaritanas” Leilazita Machado Souza – Atual Secretária. Conselheiro Lafaiete, 10 de outubro de 1999. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Os livros espíritas devem circular. É melhor que eles estejam nas mãos dos leitores do que empoeirando nas prateleiras. Certamente, esse é o princípio elementar da divulgação doutrinária, no entanto, a prática era diferente, seguíamos o comum, o tradicional. É comum a aplicação de um princípio revestir-se de personalismo. Com penduricalhos diferentes da sua natureza, dificultando que a nossa prática distancie-se da simplicidade e funcionalidade. Os meios tornam-se, portanto, mais importantes do que os princípios, em nome do “zelo pelo patrimônio”, surgem os penduricalhos, os entraves burocráticos. Então surgem as placas: “a biblioteca funciona dia...”, “empréstimo de livros somente com o bibliotecário... (às vezes, ele raramente é encontrado), “empréstimos de livros após o preenchimento de ficha”. E as pessoas desconhecidas, visitantes? Simplesmente eram impedidas de solicitar um livro emprestado. Tudo isso, em nome de preservar um tesouro que não construímos, e, mesmo que o tivéssemos construído, não nos pertence. O livro espírita pertence ao leitor. Qual leitor? O próximo, por isso nenhum poderá reter aquilo que a outro pertença. Sempre nos preocupamos em melhorar as formas de atendimento aos verdadeiros donos da joia do nosso tesouro. Tivemos a colaboração de Denise, bibliotecária da Faculdade de Direito de Conselheiro Lafaiete, cuja experiência e competência contribuíram para a biblioteca. Sentimos que algumas dificuldades ainda estavam insolúveis. As fichas e registros dos empréstimos dos livros era o maior desafio. “Um faz de contas, um me engana que eu gosto”. Nem todos as preenchiam, o prazo de trinta dias para devolução dos livros e uma possível renovação do empréstimo somente constavam no regimento. Quem operacionalizava este sistema? Não tínhamos alguém especificamente. Então, “cachorro de muitos donos morre de fome”. Mudar o funcionamento, solucionar as dificuldades, precisávamos de algo diferente, revolucionário, onde encontrá-lo? Estava tão perto de nós, tão imperceptível. Até que, em abril de 2009, Arquimedes Santos convidou-nos a refletir e encontrar aquilo de que necessitávamos. Solução caseira, eficaz para viabilizá-la, dependíamos somente de vontade e coragem. Novamente recorremos a ALLAN KARDEC, quando o mestre questiona aos espíritos superiores: “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 “Onde está escrita a lei de Deus?” Na consciência, respondem os benfeitores da vida maior. (LE- 621) Onde anotar os empréstimos dos livros? Na consciência do leitor. Convidamos a família Samar a refletir conosco. Corajosamente, transformamos nossas reflexões e conceitos em ações. Os “se não”, “mas”, “e se”, foram ficando para trás, hoje nossa realidade é outra. O prazo para devolução continua o mesmo, quanto ao retorno dos livros, apenas por estatística, 99% são devolvidos, e as doações aumentaram. Mais uma vez fica a lição: “Em momentos de dificuldade, impasses, situações aparentemente insolúveis, recorramos a JESUS e a KARDEC”. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 O ESTUDO ESPÍRITA EM NOSA CASA “Não ajunteis para vós tesouros na terra onde a traça e a ferrugem os consomem, e os ladrões minam e roubam, mas ajuntai para vós tesouro no céu onde nem a traça nem a ferrugem os consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam”. (JESUS – MT 6: 19-20) Os tesouros a que Jesus simbolicamente se refere, entendemo-los como as qualidades de espírito, adquiridas pela evolução intelecto-moral. Em suas múltiplas vidas, são conquistas em que a matéria é apenas instrumento de manifestação dessas qualidades. Uma vez adquiridas, não as perdem. Podem até ficar em estado latente numa existência ou não se manifestarem plenamente devido à falta de recursos materiais ou por determinação da lei de causa e efeito. O processo sócio-cultural é fator importante no desenvolvimento dessas qualidades, inerente a ele é o conhecimento adquirido pelas experiências vividas e pelo estudo. O estudo é um poderoso agente de transformação social, sem ele estaríamos vivendo num estágio semelhante aos homens da caverna. “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. (JESUS – JO 8:32) O conhecimento científico liberta-nos da ignorância em relação ao mundo em que vivemos, suas leis físicas, biológicas e evolução social. Somente o discernimento moral liberta da escravidão dos vícios. “O espiritismo é toda uma ciência, toda uma filosofia, aquele que quer seriamente conhecêlo deve, pois, como primeira condição, sujeitarse a um estudo sério e se persuadir de que toda outra ciência não se pode aprender brincando”. Fala ALLAN KARDEC em O livro dos Médiuns, cap. III, item 18, façamos uma breve análise: “Sujeitar-se, submeter-se a um estudo sério, metódico, e regular como primeira condição de aprender qualquer matéria, para um povo culturalmente habituado a estudar, e que faz do estudo uma das condições essenciais da vida “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 civilizada, tem um peso, é uma exigência simples. Mas para um povo ainda em processo de formação cultural, estudar significa ainda obrigação ou artigo de luxo, que utiliza da prática como primeira condição, tem um peso consideravelmente maior, é uma exigência muito difícil, até constrangedora”. Estudar é conhecer, poder comparar, persuadir-se, sem desconsiderar a importância dos pensamentos dos mestres. Ser persuadido é sempre perigoso, é um salto no escuro. Continua o codificador: “O espiritismo, já o dissemos, toca em todas as questões que interessam à humanidade, seu campo é imenso e é, sobretud, o em suas consequências que deve ser examinado. A crença nos espíritos sem dúvida forma-lhe a base, mas não basta para um espírita esclarecido, da mesma forma que a crença em Deus, não basta para fazer um teólogo”. (grifamos) Continuamos a nossa análise: “A crença é a base da construção da cultura espírita, a prática são as matérias que corporificam as ideias, os projetos elaborados pelo estudo”. Não basta praticar, nem teorizar, necessária faz-se a integração das duas. Transplantado da França, país culto, para o Brasil, ainda com grandes carências nesta área, não seria contrassenso exigir estudo dos espíritas? Poderia ser, mas ALLAN KARDEC elucida essa questão: “Que os adeptos não se espantem com essa palavra instrução. Não é apenas o ensinamento dado do alto do púlpito ou da tribuna. Há também o da simples conversação. Toda pessoa que procura persuadir outra, seja através de explicações, seja pelo caminho das experiências, ensina, o que desejamos é que seu trabalho frutifique”. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 “O centro espírita, célula básica do movimento espírita, tem por finalidade esclarecer e consolar as criaturas à luz do espiritismo, mas, para que a casa espírita cumpra esses elevados objetivos, é necessário que se torne um centro de estudos sério e metódico da doutrina espírita. Caberá, portanto, aos responsáveis pela casa espírita, a definição dos programas e metodologias adotada”. (JOSÉ HERCULANO PIRES – O Centro Espírita.) “Espíritas! Amai-vos, eis o primeiro ensinamento, instrui-vos, eis o segundo”. (O espírito de verdade – Paris, 1860 – ESE 6:5.) “Estudai antes de praticar, porque é o único meio de não adquirir experiências à vossas custas”. (ALLAN KARDEC – último parágrafo do Livro dos Médiuns.) Outros pontos a se destacarem desta análise, que explicam a resistência ou desinteresses ao estudo espírita. São as desculpas a falta de tempo, pouco atrativo, difícil assimilação...continuam as mesmas. Todas essas escusas e outras mais são cortinas de fumaça na tentativa de ocultar os verdadeiros motivos. O estudo espírita não concede diplomas, títulos, honrarias, não proporciona ganhos financeiros. Requer dedicação contínua, semelhante a qualquer modalidade do saber humano, amplia conhecimentos, pois o espiritismo é ciência, não se limita ao campo da fé religiosa. O espírita que não estuda é um experimentador prático de um ramo da ciência, sujeito a equivocar-se com mais frequência. É um navegador destemido, enfrenta até hoje mares bravios, e se recusa a usar recursos tecnológicos para se orientar e proporcionar mais segurança em suas viagens, prefere orientar-se pelos sinais da natureza, conforme faziam seus antepassados. O estudo espírita possui qualidade singular. Transforma a moral do espírito, não se limitando a levar luzes às trevas da ignorância. Ilumina a essência do ser. Isso, sem dúvida, é motivo de conflitos íntimos causados pelas mudanças necessárias, pois, sem elas, os estudos assemelham-se a frutas de plástico, enfeitam, mas não alimentam. Assim sendo, entendemos por que espíritas cultos não se dedicam com a mesma intensidade aos estudos espíritas como fazem com a ciência em que se especializaram. Estudos propostos pelo Codificador possuem funcionalidade universal, poucas modificações sofreram até o momento, assentam-se em bases simples e “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 eficazes, podem ser aplicados em qualquer grupo espírita. Nesse sentido, são elas: a fidelidade às orientações dos espíritos superiores codificadas em forma de doutrina, seriedade de seus membros, regularidade e método. Apenas o método é variável em uma de suas partes, como veremos: O professor RIVAILR (Allan Kardec) foi discípulo de JEAN HENRI PESTTALOZI30, de quem adotou o método de ensino que podemos resumir como o partir do conhecido para o desconhecido, do simples para o complexo. Princípio da dedução lógica – método científico. “Qual dentre vós é o homem que, se porventura o filho lhe pedir pão lhe dará pedra? Ou se lhe pedir um peixe lhe dará uma cobra? Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vosso filho, quanto mais o vosso Pai que está no céus...” (JESUS – MT 7:9-11) “Onde se pode encontrar a prova de existência de DEUS? Num axioma que aplicais às vossas ciências. Não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem, e vossa razão vos responderá”. (LE 4) Prosseguindo a nossa análise, quem deverá ministrar o estudo espírita? Quem serão os mestres? A simplicidade e a objetividade no método Kardequiano são impressionantes. Para o espiritismo, o único mestre é JESUS, todos somos aprendizes, somos alunos. Novamente utiliza-se o método Pestalloziano adotado por Kardec. O aluno monitor, aquele que detém maior conhecimento, pode ensinar àquele que menos conhecimento possui, com intuito de direcionar a todos, as obras da codificação e o evangelho de JESUS. Essa é a proposta espírita desde o início. Quanto a sua aplicabilidade, sempre a critério dos grupos, se entenderem desnecessário aceitá-la e desenvolver os “achismos”, sempre será respeitado o livre arbítrio. Observamos que o desenvolvimento do estudo espírita, em nossa casa, caracteriza-se por períodos específicos e entendimentos diferentes dos membros. Inicialmente, não havia regularidade dos estudos pela sociedade, somente a mocidade mantinha regularidade, sem sequência das lições estudadas, quer das obras da codificação, quer do evangelho de JESUS. O restante do grupo valia-se das exposições por ocasião das reuniões 30 JEAN HENRI PESTTALOZI foi um renomado Pedagogo Suíço, professor de Allan Kardec. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 públicas ou da doutrina. A preocupação de modificar a situação é manifestada pelo senhor Alaor, em 08 de junho de 1980, quando propõe a criação de um curso regular da doutrina espírita, com destaque para a área mediúnica. A reunião do dia 09 de outubro de 1983, que elegeu e empossou os membros da diretoria para o biênio 83/85, oficializou o departamento mediúnico cuja diretora, Alda Vieira Cruz, coordenava o curso regular e metódico de mediunidade, começa a era dos estudos doutrinários. Entendemos que é o início da verdadeira sociedade espírita, agora desenvolvendo o tríplice aspecto da doutrina, ou seja, a filosofia, a ciência e a religião. Portanto, essa data significa um divisor para a nossa casa, deflagrando o processo interminável do estudo espírita. Os próximos anos serão férteis do saber espírita, tivemos, em nossa cidade, o apoio total da União Espírita Mineira, de Belo Horizonte, colocando à disposição da Aliança Municipal Espírita seus membros, para treinamento das casas espíritas. A era dos cursos intensivos de preparação dos trabalhadores: expositores, médiuns, dirigentes, assistentes sociais, passistas, evangelizadores, recepcionistas e assistência jurídica. As sementes germinaram, vieram os frutos. Atualmente temos a seguinte programação de estudos sistematizados e regulares: Segunda-feira 19h30min Terça-feira 19h30min grupos mediúnicos; Quarta-feira 15h15min doutrina; Sexta-feira 19h evangelização infantil. – Estudo das obras básicas da codificação; – Estudo para principiantes; –Estudo do Livro dos Médiuns, para um dos – Estudo da mediunidade e aspectos gerais da – Estudo de preparação das aulas de A programação dos cursos específicos continua a atender às necessidades de qualificação e preparação dos trabalhadores em todas as áreas. Então, tudo bem? Ainda não. Os focos de resistência aos estudos diminuíram, mas não acabaram. Poucos são os que resistem, não a nós dirigentes, é claro, resistem ao irresistível; a lei da evolução. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 DO LIMÃO À LIMONADA Outro adágio da sabedoria popular incorporado ao nosso dia a dia refere-se às situações díspares, tristes, difíceis, transformadas em realizações proveitosas, alegres, duradouras. É a dinâmica pendular da vida a nos fazer refletir, sobretudo aprender com as adversidades. A nossa sociedade, hoje, desenvolve vinte e cinco “atividades fins”, estas outras sessenta e cinco “atividades meios” servem de suporte para a execução dos projetos e manutenção dos princípios institucionais. São diferentes formas de execução, pessoas, cada qual com pontos de vistas próprios, todos respeitados e assegurada a livre manifestação. Debates e decisões, sem quebrar o princípio fundamental da unidade doutrinária, segundo as orientações da doutrina espírita e a unidade administrativa, conforme as normas estatutárias e regimentais. Esta realidade é fruto de um processo de evolução social, cujas ferramentas foram o estudo, a organização, a dedicação e coragem. Da teoria à prática é uma luta constante. Quando, em outubro de 1995, fui eleito Presidente da nossa casa, tive como padrinho o mestre Hamilton Junqueira, meu avalista maior perante a família Samar. Em 1977, Hamilton teve como madrinha Dona Sebastiana Soares, que o convidou a conduzir administrativamente a nossa casa, enquanto quisesse e pudesse. Recomendou-lhe, ainda, que, o dia que não pudesse mais dirigir a sociedade, passasse o cargo para uma pessoa de sua confiança. Ao comprometer-se com a administração pública municipal (exercendo o cargo de secretário da fazenda em duas gestões – 1989/1996), faltava-lhe tempo para conciliar as funções acumuladas. Por esse motivo, convidou-me para substituí-lo definitivamente como Presidente da Sociedade, visto que já o fazia no exercício da Vice-Presidência. Com dedicação e lealdade, de 1993 a 1995, desempenhei as duas funções. Foi um período de aprendizado e conhecimento das reais necessidades e desafios da casa. O maior de todos era unir pessoas e atividades, constituir uma família espírita de fato. Naquela época, “As Samaritanas” era constituída de verdadeiras ilhas que não se comunicam, cada qual com seus donos. Notórias rivalidades entre os grupos mediúnicos, numa disputa velada pela preferência dos “espíritos superiores”. Cada um tinha sua própria norma, conforme os “achismos”. Médiuns faziam uso regular de bebidas alcoólicas, cigarro, também “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 mantinham-se em atividades mediúnicas em outras casas espíritas e de Umbanda. Na assistência social, os dois principais grupos disputavam a “supremacia da caridade”. O grupo da campanha do quilo e o grupo da sopa dos carentes conviviam às turras. Seus componentes interessavam-se apenas pelas questões relativas ao seu grupo, o bem comum, a construção coletiva, eram desconsiderados. Os natais eram precedidos de dois almoços aos carentes. Até aí tudo bem, se também não fosse motivo de competição. Jamais havia ajudas recíprocas. A consequência de tudo isso foi o descrédito junto aos órgãos do movimento espírita, até deboches eram comuns. Para aumentar ainda mais as dificuldades, trabalhávamos com uma diretoria dividida, seus membros tinham pouca participação social, e, de alguns deles, não tínhamos apoio. Sem fantasias nem excessos, muito menos ilusões, aceitei o desafio. Unir pessoas a atividades, reconstruir a família Samar. A assembleia geral da noite de 08 de outubro de 1995 foi tensa. Um clima pesado de desconfianças contrastava com a chama de esperança. Hamilton Junqueira conduziu a reunião, usando toda sua força intelectomoral, obtendo a adesão da maioria dos sócios. Elegeu-me o Presidente. A esperança começou a vencer o medo. Meu discurso de posse foi rápido e objetivo, não era responsável direto pela montagem da nossa diretoria. Um turbilhão de emoções invadiu minh'alma, alegria e honra pelo cargo, tristeza por alguns olhares e expressões hostis, a coragem ruborecia meu rosto e a esperança iluminava minha mente. Alguns minutos para recomposição emocional, pronunciei: “Esperem de mim dedicação, organização e transparência administrativa, juntos reestruturaremos a nossa sociedade e os laços afetivos que nos unem. Apresento os pilares de sustentação da administração que pretendo realizar”. PAULO DE TARSO, escrevendo aos Gálatas (GAL 1:10), disse: “Pois busco eu agora o favor dos homens, ou o favor de Deus? “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Ou procuro agradar aos homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria para ser servo de Cristo”. Esse era o primeiro ponto apresentado, em que Paulo nos orienta que os projetos e normas devem ser construídos conjuntamente e atenderem aos interesses coletivos, com bases na doutrina espírita e no evangelho de JESUS CRISTO. Após o primeiro susto, vieram duas “bombas” da minha crença, fabricação caseira. Quero contar com os que sabem pouco, mas que. com dedicação e coragem, coloquem o pouco que sabem em prática a serviço da nossa casa. Estou cheio de muito saber e nada fazer. Muita intelectualidade e pouca atividade. “Uma chama pintada, por mais bela que seja, jamais produzirá o incêndio que uma simples agulha produz”. (JOANA DE ÂNGELIS.) Enquanto eu estiver na direção da nossa casa, vai “mandar” (decidir) quem trabalhar. Um silêncio sepulcral tomou conta do salão, até os olhares tão irrequietos contiveram-se. Minutos depois, aplausos e sorrisos, alguns de lábios entreabertos, enfim... Os dias seguintes foram ao sabor de limões, o limão de cada dia, até vir o adoçante. Noites mal dormidas, preocupações mil. Janeiro está próximo. Iniciaremos pela assistência social. Antes do Natal, agendamos uma reunião com todos os trabalhadores da assistência social, realizada no dia 11 de janeiro de 1996. Antes, no dia 10 de janeiro daquele ano, voltava para o segundo expediente do meu trabalho profissional, quando fui surpreendido. Alguém ao telefone exigia minha presença imediatamente na Samaritanas. Algo de muito grave acontecera. Às pressas, dirigi-me para lá. Chegando, encontrei Dona Lenita pálida, nervosa, mal se expressava. Realmente o quadro era triste. A sala da assistência social encontrava-se com a porta e as janelas arrombadas, e, no chão, haviam misturado todos os alimentos armazenados nas prateleiras. Os enxovais de recém-nascidos todos despedaçados, uma bagunça, um caos. Como primeira providência, reuni algumas pessoas que ali se encontravam. Abrimos O Evangelho Segundo o Espiritismo e, entre dor e lágrimas “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 oramos. A seguir liguei para a Polícia Militar, conforme consta o boletim de ocorrência nº 098 de 10/11/1996, às 13h35min. A Polícia esteve no local, onde apreendeu dois pedaços de ferro e uma talhadeira usados para o arrombamento. Hoje, ao relembramos esse triste acontecimento, temos certeza de que o adoçante para transformar o limão em limonada chegou de forma amarga, inesperada, mas foi necessário. Por que adoçante? A violência sofrida pela casa ativou um instrumento comum em todo processo de dor - A UNIÃO. Nos momentos de dor unimo-nos, somos mais solidários. A família Samar uniu-se pela dor. O reflexo desse acontecimento foi tão forte, que a reunião da noite de 11 de janeiro de 1996, para buscar a unidade das atividades da assistência social, foi um sucesso. Rapidamente construímos os primeiros alicerces de um entendimento eficaz entre os grupos. Naquela noite, nós estávamos com os espíritos desarmados do ciúme, da arrogância, da intolerância, dos “achismos”. O grupo da sopa, o grupo da campanha do quilo e a diretoria, guindados pela dor, avançaram unidos, fazendo do limão uma limonada. Mais uma vez, a esperança venceu o medo. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 O COLEGIADO O colegiado é um sistema administrativo de uma sociedade onde o poder é exercido por membros hierarquicamente iguais, com funções específicas. O poder descentralizado, quem exerce o faz por delegação coletiva, dentro dos limites estabelecidos por regras aprovadas em assembleias, fazendo parte das funções específicas, sem nenhum privilégio. Sua origem vem das assembleias populares da Grécia antiga e do início da República Romana. É altamente democrático, e sua construção faz-se dia a dia, a amálgama principal é a participação efetiva dos membros da sociedade. Três órgãos são fundamentais para o seu funcionamento, independentemente da nomenclatura que se queira usar. Um órgão soberano, formado pelo conjunto dos membros da sociedade num órgão executivo, formado pelos coordenadores dos grupos de trabalho – um órgão fiscalizador, segundo determinação legal. Soberano e o executivo, embora sejam constituídos legalmente pelo Estatuto Social, na prática não são permanentes. Ao reunirem-se, tomam corpo, formas e poderes deliberativos para execução das atividades sociais ou outras providencias. Essa natureza temporal (reúnem-se, constituem-se e dissolvem-se) permite que haja igualdade hierárquica de seus membros. Nem a condição de dirigente das reuniões concede poderes aos dirigentes diferentes daqueles que são previstos pelas normas, garantindo a ordem e disciplina. Esses procedimentos são extensivos a todo organismo social. Esse sistema baseia-se em decisões coletivas, fruto de debates e livres escolhas, avaliações periódicas, organização pormenorizada da sociedade, planejamento, avaliações periódicas, muita dedicação e coragem na transposição dos obstáculos. É lento, trabalhoso, fecundo e eficaz, capaz de fazer diferente e melhor, transforma o simples em excelência, porque nutre-se da participação dos membros da sociedade. Como esse sistema chegou a nossa Samaritanas? Espíritos influenciam pessoas, estas, em contato com outras, multiplicam as influências, trocam experiênciais, aprendem, ensinam, transformam a sociedade. “Ora, aquele que dá a semente que semeia, e pão para comer, também dará e multiplicará a vossa sementeira, e aumentará os frutos da vossa justiça”. (PAULO cor II 9:10) “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Os pensamentos são sementes que, nos terrenos das mentes, germinam em forma de ações, e estas em frutos – o trabalho realizado. Conforme simbolizou PAULO DE TARSO, quem nos deu a semente foram os construtores do bem, cuja sementeira são as diversas experiências de trabalho realizadas com liberdade, disciplina, organização e cordialidade. Na realidade é desejo, fogo que queima a alma, inquieta todo o ser, de fazer diferente e melhor, evolução social, projetos coletivos. Não vivemos somente uma existência, nem aprendemos somente em “As Samaritanas”. O colegiado começou a ser semeado em 1993, quando assumimos a vice-presidência da Casa, ainda que subjetivamente, visto que achava o movimento espírita da nossa cidade muito centralizado. Em novembro do mesmo ano, apresentei à diretoria um cronograma de ações a serem desenvolvidas, cuja coordenação seria do vice-presidente, uma vez que o presidente delegara-me atribuições além das pertinentes ao cargo. Levamos, então, ao conhecimento de todos, o citado cronograma das atividades da vice-presidência, aprovado pela diretoria em novembro de 1993, vejamos: 1) Implantação do DDD (Departamento de Divulgação Doutrinária); 2) Implantação da ERH (Equipe de Relações Humanas); 3) Reestruturação do DAS (Departamento de Assistência Social): · Campanha do Quilo; · Sopa aos Carentes; 4) Reuniões com todos os departamentos da Casa: · Carências; · Objetivos – Metas – Avaliações; 5) Início das discussões sobre a implantação de um regimento interno; 6) Finanças: · Arrecadação de Contribuições Financeiras; · Ações efetivas para Sensibilização e Aumento da Arrecadação; 7) Plano de Ação para Cobertura do 2º Pavimento (Salão Sebastiana Soares). O biênio em que exerci a vice-presidência foi de muito aprendizado, várias situações periféricas impossibilitaram aprofundar as discussões e reestruturar a sociedade. Os anos seguintes tiveram relevos especiais, assumimos a direção da sociedade (ver cap. do Limão à Limonada) ao final do mandato, devido ao trabalho realizado, a possibilidade de reeleição era real. Apesar das pressões, turbulências emocionais, conseguimos avançar. A diretoria dividida e inoperante que fomos colocados a encabeçar “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 achava-se melhor, não era o que precisávamos. A nau, mesmo navegando em mar revolto, não estava à deriva, estávamos diante de uma situação crucial: aceitar a reeleição, compor para formação de uma nova diretoria, sofrer novamente, sem perspectivas melhores, ou apresentar ao grupo um projeto para reformar a sociedade. Escolhemos a segunda alternativa e a colocamos como condição principal para continuarmos dirigindo a nossa casa. O projeto deveria reestruturar administrativamente as atividades desenvolvidas pela nossa sociedade. Teria solidez filosófica e prática, e seriam apresentadas as estruturas básicas, porém sua construção seria coletiva. Apresentamos as equipes, teríamos um tempo razoável para adaptação, coordenação e avaliações, depois, se aprovado, seria implantado legalmente. As principais lideranças aceitaram a nossa ideia logo, iniciamos a idealização do projeto. Utilizamos mais uma vez a oração, haurimos forças e lucidez, por ela fomos conduzidos ao evangelho de JESUS e dele retiramos o conceito filosófico para o projeto. “Vós sois o sal da terra, mas se o sal se tornar insípido, com que há de restaurar-lhe o sabor?” (JESUS MT 5:13) “Pois vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos Escribas e Fariseus, de modo nenhum entrareis no reino de céus”. (JESUS MT 5:20) O sal, simbolicamente, representa uma maneira própria de nos relacionarmos, é o apelo frequente à afetividade, à cordialidade, com equilíbrio. Os conflitos internos haviam desgastado sobremaneira a convivência na nossa casa espírita. A nossa justiça simboliza a nossa forma de organização diferente, as nossas normas, para adequarem os procedimentos aos postulados espíritas. Precisamos agora de um conceito mais específico para o projeto. Ele surgiu em uma noite, ao assistir a um documentário exibido pela TV Cultura, o qual falava sobre a Vida e Obra do escritor e poeta acreano Tiago Amadeu de Melo, que enfatizava seu exílio no exterior, por motivos políticos, durante a época da ditadura em nosso país. O poeta fala sobre suas obras e destaca: “faz escuro, mas eu canto”, e emociona-se ao dizer: “não tenho um novo caminho, porém um jeito novo de caminhar” “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Caminhar pelos mesmos caminhos. As atividades seriam as mesmas, o jeito diferente era e é o diferencial. Após convites feitos em todas as reuniões da nossa casa, durante o mês de junho do ano de 1997, no dia 08 de julho, apresentamos o projeto. “Projeto o nosso sal, a nossa lei” Reforma Organizacional da casa espírita. “Não tenho um novo caminho, porém um jeito novo de caminhar” 1) Mudança na estrutura administrativa – sistema de colegiado 2) Fases do Projeto: a) Apresentação e Apreciação – aconteceu em 20 reuniões realizadas com todos os grupos. b) Desenvolvimento – período previsto de 2 anos, prorrogáveis, se necessário, em que o novo sistema substituiria o antigo gradativamente. c) Implantação – extinção oficial do sistema presidencialista, substituindo-o legalmente pelo colegiado. 3) Os Objetivos a) Reforma organizacional da casa espírita. b) Descentralizar poderes e decisões – Autonomia dos grupos. c) Proporcionar condições para formação de novos trabalhadores. d) Evitar o personalismo. e) Objetividade, simplicidade e funcionalidade das ações. f) Humanizar e fraternizar as relações pessoais. g) Total transparência administrativa. 4) Estas são as linhas mestras para uma construção coletiva, sujeita a avaliações e correções. 5) Dividir responsabilidade, multiplicar os trabalhos e trabalhadores. 6) Funcionalidade a) As atividades serão normatizadas pelo estatuto ou pelo regimento interno, elaborados e aprovados pelos membros da sociedade. b) Constituir-se-ão três diretorias, conforme a natureza das atividades, e seus diretores substituirão o Presidente, sem nenhum prejuízo institucional ou conflito, visto que normas específicas estabelecerão os níveis de atuações, com respeito, autoridade e fraternidade. Nutrimo-nos de esperança, coragem, despimo-nos da vaidade e da ingenuidade. Sabíamos do impacto e das repercussões do projeto. Preparamo-nos espiritual e tecnicamente para discutirmos com a coletividade, principalmente com as pessoas que trabalhavam. Recordamos um dos pontos da nossa fala, por ocasião da posse, em 08 de outubro de 1995: “enquanto eu estiver na diretoria da nossa casa, vai mandar/decidir quem trabalha”. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Após a apresentação, tivemos algumas adesões importantes, como Catarina, Alair, que manifestaram-se favoráveis, comprometendo-se com a multiplicação da ideia. Mãos à obra! Do dia 08 de julho de 1997 a 25 de setembro de 1997, apresentamos o projeto, realizando 20 reuniões específicas, período em que elaboramos um novo regimento interno, para servir de suporte às realizações do colegiado, pois o estatuto seria modificado dois anos depois, caso fosse aprovado o novo sistema. Terminamos a primeira fase. Antes de iniciarmos a segunda fase – o desenvolvimento do projeto –, procuramos o vice-presidente Hamilton e expusemos tudo que aconteceu nas reuniões, quando fomos informados por ele de que não pudera comparecer a nenhuma delas devido à falta de tempo. Fraternalmente lhe disse: – Lidero um expressivo grupo de membros da nossa casa que deseja a minha reeleição à Presidente, somente admiti essa proposta, porque a condicionei à implantação do sistema de colegiado na administração da nossa casa. Em nome da amizade, em gratidão a tudo que o amigo me fez, perguntolhe, há alguma objeção do senhor à implantação do colegiado? Porventura o senhor deseja voltar à presidência da casa? Caso o suas pretensões choquem com as minhas, eu abdicarei das minhas e apoiarei o amigo. Com um sorriso, vieram as respostas. – Não tenho objeção alguma ao colegiado, vou acompanhar a sua implantação, também não posso ser presidente da nossa casa, agradeço a consideração, conte com meu apoio dentro do possível. Articulamos a composição da nossa diretoria e para vice-presidência, sugeri o nome de Catarina de Faria Lopes, até hoje um dos pilares de sustentação da administração da nossa casa. Em 17 de outubro de 1997, com a nossa reeleição, iniciamos a fase de desenvolvimento do projeto “O nosso Sal, a Nossa Lei”, o sistema de colegiado. Recorremos mais uma vez ao mestre LIONES para estruturarmo-nos espiritualmente para os embates futuros. “Toda ideia nova encontra forçosamente oposição, e não há uma única que tenha se estabelecido sem lutas. Ora, em semelhante caso, a resistência está sempre em razão da importância dos resultados previstos, porque quanto mais é grande, mais fere interesses. Se “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 é notoriamente falsa, se julgada sem consequência, ninguém a ela se preocupa e se é verdadeira, se repousa sobre uma base sólida, se se entrevê futuro nela, um secreto sentimento adverte os seus antagonistas de que é um perigo para eles, e para a ordem das coisas em cujas manutenções estão interessada, por isso caem sobre ela e seus partidários. A medida da importância e dos resultados de uma ideia nova se encontra assim, na emoção que causa em seu aparecimento, na violência da oposição que levanta, e no grau e persistência da cólera dos seus adversários”. (ESE 23:12) A lógica Kardequiana mais uma vez aconteceu. O desenvolvimento do projeto começou a modificar a dinâmica da sociedade, analisávamos cada atividade, comparando seus objetivos, suas formas de execução, os níveis de comprometimento dos trabalhadores, sua funcionalidade, modificando-a, estabelecendo metas e prazos para adequar ao novo sistema. Então, os interesses menores foram feridos, alguns extintos, poderes individuais distribuídos, a transparência espraiou-se por toda casa. Da teoria às ações, logo vieram as reações: “As Samaritanas” virou uma bagunça”. “isso não vai dar certo”, “estão criando uma nova doutrina”, “são irresponsáveis, mercadores do templo”. Até recorrer à justiça para impedir a continuidade da reforma chegaram a comentar. Em nossa Beta-bara, as águas estavam revoltas, as travessias ficaram mais difíceis, porém tínhamos urgência em fazê-las ou naufragaríamos. Nunca estivemos, nem estamos sós. Nossos guias acompanham-nos, orientam-nos, mesmo nos momentos de provação e testemunhos pessoais e intransferíveis. As turbulências emocionais não impediram o funcionamento das atividades, fazíamos o que era possível. Uma parte mantinha-se coesa, determinada, trabalhando. Toda crise, toda tempestividade tem o seu ápice, depois começa o declínio. O sinal evidente de que as turbulências em nossa casa iniciavam sua curva descendente foi a chegada de um casal à procura de equilíbrio espiritual. Ela, uma promotora de Justiça, ele, um advogado. A espiritualidade enviou-nos o amparo jurídico de que precisávamos, sendo, naquela oportunidade, fundamental para a elaboração do projeto de reformas do estatuto. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Para implantar oficialmente o sistema de colegiado, a Assembleia Geral de 29 de março de 1998, convocada para apreciar o projeto do novo estatuto, realizou-se às 8 horas, com término às 14 horas, num clima tenso, de discussões inflamadas, até mesmo desequilibradas, portanto, quando não há consenso, decide-se no voto. Os membros da casa estavam divididos, de cada dez Samaritanos, sete estavam trabalhando no desenvolvimento do projeto, dois simpatizavam, embora indefinidos, e um era sistematicamente contra. Presença maciça, como nunca houvera, a proporção acima discutida confirmou-se durante as votações dos 70 artigos e itens. Terminada a votação, abraços e emoções tomaram conta, os contendedores de poucos minutos atrás uniram-se, sabidos que não houve perdedores, mas sim, uma Samaritanas ganhadora. O modelo inicial do sistema de administração colegiada ficou assim: 1) Assembleia Geral – Órgão máximo da Sociedade, formado pelos sócios. 2) O Conselho Administrativo Interno – Órgão com finalidade de supervisionar e orientar os diretores, deliberar sobre matérias conflitantes, entre eles, evitar abusos de autoridade. Faz parte dos acordos para retirada da tensão no clima da Sociedade. Formado por 7 membros, elegemos como seu Presidente Hamilton Junqueira, porém o conselho teve vida curta, devido à inoperância, tornando-se desnecessário e, em uma das reformas estatutárias, foi extinto. 3) O colegiado – Usamos o nome do sistema para o órgão administrativo composto pelos três diretores (substitutos dos Presidentes e Vice- Presidentes), por dois Secretários, dois Tesoureiros e pelos Coordenadorores dos Grupos e Departamentos. 4) O Conselho Fiscal – Composto por três membros efetivos e três suplentes. 5) Os Grupos – Compostos segundo a natureza da atividade desenvolvida. 6) Os Departamentos – Compostos por mais de um Grupo cujas atividades sejam semelhantes, mas com objetivos diferentes. 7) As Diretorias – Formadas pelos Grupos e Departamentos cujas naturezas das atividades desenvolvidas sejam semelhantes, sendo elas: Administrativa, Doutrinária e de Promoção Humana. 8) Coordenação Geral (COGER) – Formada pelos três diretores das diretorias acima citadas, substituindo o cargo de Presidente e VicePresidente. Veremos, a seguir, alguns aspectos práticos que diferenciam o sistema “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 de colegiado: I – Funciona 90% das vezes como órgão supervisionador e aglutinador, e não como deliberativo, visto que aos Grupos é conferida maior autonomia para organização e decisão, cabem-lhe as questões de maior relevância e medidas disciplinares. II – Os coordenadores que o compõem são eleitos pelos Grupos, votando somente seus membros, sendo que os Diretores são eleitos por eleições Gerais. Uma vez composto, seus membros eleitos, são submetidos à apreciação da Assembleia Geral, para homologar as eleições e empossar seus membros. III – O regimento interno normatiza em detalhes os procedimentos para a realização das atividades, especifica poderes e restrições. Os Diretores e Coordenadores têm o dever de fazer cumprir o desejo coletivo manifesto em seu conteúdo. IV – Sugestões são bem-vindas, porém as decisões competem aos membros do Grupo, exceto em casos excepcionais. V – Substituindo o Presidente, a COGER pode interferir, por um dos seus diretores ou em conjunto, nas circunstâncias lesivas à Sociedade ou aos princípios doutrinários. Se tiver que desempatar alguma pendência em qualquer votação, seus membros tornam-se impossibilitados de absterem-se. VI – Autonomia, liberdade e responsabilidade norteiam a família Samar. Quem estivesse vendo de fora teria a impressão (às vezes tem até hoje) de descontrole, de bagunça. Descontrole sim, bagunça não! Mas controlar o quê? Quem deve ser o controlador? A liberdade requer um preço muito alto, o maior deles são as transformações íntimas. Quando saímos de um sistema centralizador, a primeira sensação é de vazio, se tivermos coragem, preencheremos a lacuna deixada por ações livres. Acertos e desacertos são inerentes às pessoas, independentemente do sistema adotado. VII – A organização pormenorizada é fundamental. Planejamentos, avaliações tornam-se costumes. VIII – Acesso às dependências da casa ao alcance de todos. A ideia de nossa casa tornou-se realidade. As chaves não são destinadas às pessoas, mas ao cargo que exerceu ou em função das atividades que executam. IX – As arrumações: duas pesquisas destinadas à avaliação das “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 nossas atividades e funcionamento do novo sistema administrativo, as quais denominamos “Arrumação”. Elaboramos um questionamento com 44 perguntas sobre a nossa casa, deixamos à disposição das pessoas, que identificavam ou não a sua participação na pesquisa. A primeira aconteceu do dia primeiro ao dia trinta de junho do ano de 1999, a segunda, do dia primeiro ao dia trinta de setembro de 2001. Com as avaliações feitas, a direção da casa analisava-as, providenciava as medidas cabíveis. As perguntas abrangiam da limpeza da casa às reuniões de estudo, divididas em blocos, umas comuns a todos, outras específicas às áreas onde atuavam. Destacamos algumas de fundamental importância para o novo sistema: · Quanto ao novo paradigma, em 1999, 37,5% dos entrevistados sentia-se em casa na “As Samaritanas”, nossa casa. Em 2001, esse número subiu para 84,3%. · A aprovação do sistema de colegiado, em 1999, era de 95,2%, em 2001, 98,5%. · Em 1999, 88% dos entrevistados disseram sim à ampliação do nosso patrimônio. Em 2001, 94,1%. · Os responsáveis Samaritanas somos todos nós, em 1999, 88% disseram sim, em 2001, 97,2%. X – Mudanças na prática dos espíritas, jamais na doutrina. · Estudos sistematizados e regulares; · Médiuns que estudam e trabalham, atualmente 95%; · Dirigentes atuantes, presentes nas atividades; · Oportunidade de trabalho e integração a todos. XI – “A nossa casa”, essa não é uma expressão, para a maioria é um fato incorporado em seus hábitos. XII – “As Samaritanas” é um centro de captação e distribuição de recursos espirituais e materiais, quando procurada, dentro de suas possibilidades, ajuda e recebe ajuda, independente da quantidade, sem perguntar qual a crença dos necessitados, quais são as suas condições morais. Para aqueles que desejam ajudar-nos, invertemos a lógica comum, “As Samaritanas” não lhes apresenta suas necessidades, não lhes determina horários nem formas, pergunta-lhes: Como, quando e de que forma poderão nos ajudar? E, em conjunto, encontraremos a melhor alternativa para todos nós. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 AS REUNIÕES MEDIÚNICAS São oportunidades em que estabelecemos o intercâmbio direto e regular com o mundo espiritual, momentos ricos de aprendizado em socorro aos aflitos e bênçãos para todos nós. Foram as comunicações mediúnicas que serviram como fonte de observações e pesquisas para ALLAN KARDEC, e a mediunidade constitui um dos princípios indissociáveis da doutrina espírita. As reuniões mediúnicas são verdadeiros laboratórios do mundo espírita, onde o socorro, o esclarecimento e o aprendizado misturam-se. 867 anos a.C JESUS o profeta Joel previu a difusão da mediunidade: “Acontecerá depois que derramarei o meu espírito sobre toda a carne, vossos filhos e vossas filhas profetizamos os nossos anciãos terão sonhos, os vossos mancebos terão visões; e também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramei o meu espírito”. (JOE 2:28-29) João Evangelista alerta-nos para termos cuidados especiais com o exercício da mediunidade: “Amados, não creiais a todo espírito, mas provai se os espíritos vêm de Deus; porque muitos falsos profetas têm saído do mundo”. (1 JO 4:1) Eram falsos profetas quando encarnados, continuam falsos no mundo espiritual, pois a morte não dá a ninguém qualidade que não possua. ALLAN KARDEC teve especial cuidado com o assunto, deixou-nos um manual de instruções do espiritismo – O Livro dos Médiuns. Vamos agora palmilhar em terreno espinhoso, espinhos artificiais, colocados pelas nossas reuniões mediúnicas, às vezes, áridas, até hostis, devido as relações interpessoais e choques entre direção e membros. Não há estranheza, apenas retratos fiéis das épocas vividas e dos ciclos de evolução pessoais e social. Do caminho espinhoso e íngreme, boa parte já percorremos, às vezes, sangramos os pés, sentindo a fadiga da jornada, sem desânimo, sem mágoas, apoiados no cajado da doutrina espírita. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 O exercício da mediunidade traz consigo apenas as características próprias, quaisquer outros incômodos são artifícios nossos. O descompasso entre as orientações doutrinárias e a prática mediúnica, embora não se justifiquem, têm algumas causas. O desconhecimento e a falta de estudo, sobretudo do livro dos médiuns, o conhecimento atrelado à falta de coragem para transformá-lo em prática, sabendo que isto, inevitavelmente causaria mudanças de comportamento, e, como consequência natural, descontentamentos são causas originárias. Somente trinta e quatro anos após o funcionamento da nossa casa, foi criado, em 09 de outubro de 1983, o departamento de orientações da mediunidade, coordenando por Alda Vieira Cruz, com restritos poderes de atuação. Inicia-se uma nova etapa com a reunião de estudos e desenvolvimento da mediunidade, porém os costumes de praticar sem saber ou não se comprometer com a casa espírita continuavam. Quando assumimos a vicepresidência, a maior dificuldade encontrada foi que 90% dos médiuns não estavam estudando ou não tinham nenhum outro trabalho fora da mediunidade. Vejamos, contudo, algumas recomendações da Federação Espírita Brasileira para quem deseja praticar a mediunidade: ·Possuir conhecimento básico da doutrina espírita (se não possui, consegue estudando); ·Colaborar em outras atividades do centro espírita para ampliar o amparo espiritual de que necessita; ·Cultivar o hábito da oração; ·Realizar o evangelho no lar; ·Demonstrar disciplina, pontualidade e assiduidade perante o compromisso assumido; ·Esforçar-se na busca do aprimoramento moral pela vivência do evangelho à luz dos ensinamentos espíritas. Essas recomendações fazem parte do nosso regimento interno referente ao exercício da mediunidade. A cultura do praticar sem conhecer chegou ao máximo. Alguns médiuns não conheciam nem mesmo o retrato de KARDEC. “… mas aquele que perseverar até o final será salvo”. (JESUS MT 10:22) Aquele que persistir, dedicar, qualificar, alcançará o objetivo. Aquele que fizer bem feito evitará transtornos, causará satisfação pessoal e coletiva. Perseveramos sob pressão, contendas, evasões de pessoas da nossa casa, quanto a isso sempre lembramos: “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 “Pois busco agora o favor dos homens ou o favor de Deus? Ou procuro agradar aos Homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo”. (PAULO GAL 1:10) Organizar e receber regras, mesmo com objetivos nobres, desagrada a alguns, espanta outros e atrai muitos. Dentre os novos procedimentos adotados, alguns tiveram maior impacto: ·Quem desejasse participar das reuniões mediúnicas deveria ser exclusivo de “As Samaritanas”, deixando este trabalho das outras casas espíritas ou até da Umbanda, hábito comum à época; ·Dizer não ao uso de bebidas alcoólicas e cigarro; ·Comprometer-se com o estudo e praticar outra atividade na casa. Respeitamos sempre o livre arbítrio das pessoas, nas questões em que ele deve ser respeitado, investimos no futuro, sem desconsiderar o passado, principalmente daqueles que estão conosco. A formação dos novos trabalhadores e a qualificação dos demais resultaram na expressiva transformação dessa área: hoje temos 90% dos médiuns estudando e realizando outras atividades na casa, para servir de exercício de tolerância e fraternidade aos outros recalcitrantes. Em junho de 1998, o Departamento de Orientação da Mediunidade elaborou um projeto que modificou substancialmente a prática mediúnica em nossa casa. Extinguiram-se as reuniões das segundas-feiras, que eram de tratamentos espirituais com uma pequena exposição do Evangelho Segundo o Espiritismo. Os tratamentos feitos pela equipe médica espiritual aconteciam com a manifestação pública do espírito coordenador dos trabalhos. O tratamento foi transferido para a reunião mediúnica realizada às quintas-feiras, privativa, sem nenhum prejuízo aos necessitados. A reunião das segundas-feiras transformou-se em estudos das obras básicas da codificação. Ordinariamente as reuniões mediúnicas têm o seguinte funcionamento: Às quintas-feiras, das 19h30min às 21h, reúnem-se dois grupos – Sebastiana Soares e Olinda Ribeiro Dias; Às sextas-feiras, das 14h00min às 16h, reúnem-se o grupo Francisco de Assis; Aos domingos, das 08h30min às 10h, reúnem-se o grupo Lenita Leite . “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 AS MOCIDADES Acender a chama do ideal espírita nas mentes juvenis faz parte das finalidades de uma casa espírita. Dona Sebastiana Soares, enquanto teve forças físicas, manteve a mocidade espírita Bezerra de Menezes, um ideal, desde 1937. Hoje essa atividade encontra-se nos escaninhos do tempo, restam lembranças, lições, registros frios em livros empoeirados. Chegou a este ponto por falta do combustível principal para manter acesa a chama: os jovens. Vamos, por alguns instantes, reacendê-la com a energia da emoção, demonstrar gratidão aos que se dedicaram para a essa atividade, quem sabe um dia, dos fragmentos da memória deixados aqui, possamos novamente acender a chama. A mocidade Bezerra de Menezes era um grupo formado pela maioria de adultos, foi precursora de “As Samaritanas”, depois um de seus órgãos. Originariamente se constituía de um Presidente e um Vice-Presidente, dois Secretários, dois Tesoureiros, Bibliotecário, Diretor Social, Diretor Artístico (preferencialmente jovem) e três Mentoras – Dona Sebastiana, Dona Olinda e Dona Heleodora. Administrativamente, tinha finalidade de treinar jovens, para que, no futuro, viessem a dirigir a casa espírita. Até 30 de março de 1952, funcionou na sede do Grupo Espírita Paz, transferindo-se, depois, para a sede provisória de “As Samaritanas”, vindo a fixar-se definitivamente na nova sede à Avenida Dom Pedro II, nº. 218. Importante núcleo, pois, além de preparar os jovens, desenvolvia estudos sobre o evangelho de JESUS e as obras de codificação e subsidiárias. Mesmo sem a regularidade temática ideal, as obras eram abertas no chamado “acaso”, lidas e comentadas. A poesia espírita tinha destaque, os poemas eram lidos, declamados com frequência durante as reuniões da mocidade e da casa. As canções, preces entoadas e no início e final das reuniões, demonstravam a dedicação do Grupo pela música. O teatro era outra forma de integração e divulgação usada, os textos espíritas ou evangélicos eram encenados periodicamente. A mescla adulto-jovens produzia acontecimentos incomuns para um grupo jovem, dentre eles, o de maior destaque foi a promoção de um curso de corte e costura. As vinte e cinco alunas foram diplomadas no dia 10 de maio de 1953, no auditório da Rádio Clube, em Conselheiro Lafaiete, à Rua Marechal Floriano Peixoto. O curso foi denominado “Marilea de Almeida Barbosa”, tendo como paraninfo das formandas Claunionor Silva Neto, oradora da turma Guilhermina “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Damásio Silva, e em nome de “As Samaritanas”, discursou o jovem Gilberto Victorino de Souza. A homenagem especial da noite foi para a diretora do curso, Presciliana Martins Souza, prestada pelas formandas, e também pelo dia das mães, as flores e o presente foram oferecidos pela sua filha, Teresinha Martins Souza. Em 1963, começa o declínio do grupo, interrompendo suas atividades e reabrindo-as em 07 de fevereiro de 1965, porém sem a mesma vitalidade de outrora, Esse reinício tem um fator determinante para a continuidade do grupo, sua mentora e maior líder da nossa casa, a senhora Samaritana – Sebastiana Soares – estava com sessenta e oito anos de idade, embora o espírito não desgastasse, o corpo físico sim. Esses desgastes naturais começaram a diminuir suas forças e, paralelamente, vai se enfraquecendo a mocidade espírita Bezerra de Menezes, até interromper sua jornada em 31 de agosto de 1980. Em nossa Beta-bara, não esqueçamos, todos temos importância, todos fazemos a passagem, seja a comum ou a específica, trabalhamos, colaboramos e, reciprocamente, temos nossos afins, nossos pares, sem muito rodeio, nossos discípulos. Dona Sebastiana, pela sua liderança, era mais do que natural, tinha os seus. Dentre eles Holandi José, um Samaritano atuante em todas as atividades, ajudou muito a mocidade Bezerra de Menezes, esforçando-se para recompor o número de jovens organizando a mocidade “Caminheiros da Luz”, e sempre com ele a mentora. Foi um curto período, de 07 de agosto de 1971 a 12 de dezembro do mesmo ano. Valeu o esforço, valeu a lição! A chama reacende em 06 de janeiro de 1991, surge a Mocidade Espírita Meimei, também mesclada por jovens, porém eles, agora, eram a maioria, permanecendo iluminada por 104 semanas, e, em 27 de dezembro de 1992, apaga-se, por falta de jovens, encerrando suas atividades. Mais tarde, em 20 de abril de 1997, novamente a chama volta a iluminar. Forma-se o Grupo Descontração Mocidade Espírita, formado pela maioria de jovens, coordenado por eles, com participações e colaborações esporádicas dos adultos. Perdurou até 14 de dezembro de 1997 quando a chama, mais uma vez, apagou-se, porém acreditamos continuar em estado latente à espera do momento certo para reacender. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 O DEPARTAMENTO DE DIVULGAÇÃO DOUTRINÁRIA –DDD “... o espiritismo nos solicita uma espécie permanente de caridade – caridade da sua própria divulgação”. (EMMANUEL – ESTUDE E VIVA – Cap. 40) Essas palavras dão-nos a verdadeira dimensão da nossa responsabilidade em divulgar o espiritismo, seja individual ou coletivamente, pelos meios externos disponíveis, mas, sobretudo, pelas nossas ações e reações. Na esfera física, somos veículos transmissores da doutrina espírita, mais uma oportunidade de trabalho e evolução que nossos benfeitores espirituais concedem-nos, mesmo sabendo das nossas limitações. Confiam-nos tão sublime missão e nos pedem fé e coragem. A fé espírita não se restringe aos limites da crença, ela exige também fidelidade, consoante a raiz etimológica da palavra – fides (latim). Ter fé é crer, é ter fidelidade, ou seja, fazer o que se crê. Para isso, tem que conhecer, pois quem conhece exercita a fé raciocinada. O princípio básico da caridade é dar ao outro aquilo que ele mais precisa no momento. Se alguém está com fome alimenta-o, se está precisando de roupas, dê-lhe a vestimenta. Assim sendo, o espiritismo pede que o divulguemos sem ferir seus princípios fundamentais. Temos o livre arbítrio em escolher as formas, desde que nenhuma delas seja incompatível com a moral evangélica ou seus ensinamentos. A coragem determina que coloquemos em prática nossos conhecimentos, não desrespeitando a doutrina espírita em divulgações incompatíveis com seus ensinamentos. Divulgação é propaganda. Propaganda espírita tem a finalidade de visibilidade da doutrina, sem fins comerciais, proselitistas ou exclusivistas. É um chamamento à reflexão sobre seus pontos de vista, deixando as pessoas livres para quaisquer reações. Sabemos da sublimidade do que estamos divulgando, portanto, alguns critérios devem ser observados e seguidos: primeiro, a fidelidade do conteúdo da divulgação com os ensinamentos da doutrina espírita. Segundo, o público alvo. Adequar o conteúdo da divulgação a ele é fator de suma importância. Terceiro, temos os tipos de divulgação, a regularidade, a disponibilidade. Adquiri-la e mantê-la requer estudo e dedicação. Com o crescimento da nossa casa, surgiu a necessidade de um núcleo específico para desenvolver esta atividade. Fazia parte do cronograma das ações da Vice-Presidência a criação de um departamento de divulgação, então, na reunião da diretoria, realizada em 26 “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 de novembro de 1993, apresentamos uma síntese da proposta de implantação do órgão, cujo funcionamento iniciaria em janeiro de 1994. O Departamento de Divulgação Doutrinária – DDD – terá as seguintes funções: a) Coordenar todas as exposições, estudos e reuniões públicas da casa; b) Elaborar escalas de palestras com temas e expositores; c) Promover treinamento e cursos para expositores; d) Promover intercâmbio com outras entidades espíritas nesta área; Justificativa: aprimorar a qualidade da exposição e aproveitar a oportunidade da exposição para aprendizado do expositor (estudo). A direção da casa certificará a capacidade do expositor, pois, além, da responsabilidade enquanto instituição é a doutrina espírita que está em evidência pública. Os treinamentos e cursos evitarão comportamentos, tais como a falta de compostura no vestir e falar. Portanto, entendemos ser útil este departamento, cabendo a todos nós, se aprovada a sua implantação encontrarmos a forma e os meios para tornar viável seu funcionamento. A Diretoria, por unanimidade, aprovou a proposta. Elaboramos o regimento para o Departamento e, em janeiro começaram os trabalhos. A princípio dificuldades e desconfianças naturais do processo, aos poucos foi ganhando credibilidade pelos resultados apresentados, atualmente o DDD coordena os estudos, as palestras públicas (156 por ano) e a biblioteca “José do Nascimento Campos”. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 A EVANGELIZAÇÃO INFANTIL “Desde o berço a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz de sua existência anterior; é a estudá-lo que é preciso se aplicar; todos os males têm seu princípio no egoísmo e no orgulho; espreitei, pois, os menores sinais que revelam os germes desses vícios, e empenhai-vos em combatê-los, sem esperar que lancem raízes profundas; fazei como bom jardineiro, que arranca os maus brotos à medida que os vê despontar sobre a árvore”. (SANTO AGOSTINHO – PARIS – 1862 ESE 14:9) Segundo Santo Agostinho, os pais, simbolicamente comparados aos jardineiros, dispõem de ferramentas importantes para com eficiência desenvolverem suas tarefas. São os seus parceiros, co-partícipes no processo da educação dos seus filhos: os educadores e os ramos da ciência na educação formal, os evangelizadores e a doutrina espírita na educação moral dos espíritos. Dona Sebastiana Soares, Dona Olinda Ribeiro Dias e suas amigas, antes mesmo de fundação de “As Samaritanas”, dedicavam-se ao ensino espírita para crianças e jovens. O zelo com essa atividade é evidenciado por ocasião da formalização da sociedade em 30 de junho de 1953, quando elegeram a primeira diretoria e aprovaram o primeiro estatuto social, cujo artigo 1º estabelece as bases da nossa casa: a assistência social em todas as suas modalidades e a educação moral cristã às crianças de ambos os sexos. Com a evolução social, outros princípios juntam-se a estes, constituindo os alicerces da nossa casa, podem ser modificados, porém, jamais descaracterizados. “A diferença entre um sábio e um ignorante; entre o bom e o mau; o santo e o criminoso; o justo e o ímpio – nada mais é que efeito da educação”. (PEDRO CAMARGO – O MESTRE DA EDUCAÇÃO) “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Evangelizar é educar segundo o evangelho de JESUS, é imprimir caracteres morais. Vai além da formação intelecto-cultural, por isso é uma atividade singular, traz consigo alguns aspectos próprios: 1) O Ensino: “O ensinamento espírita e a moral evangélica são elementos com os quais trabalhamos em nossas aulas. Esses conhecimentos são levados aos alunos por meio de situações práticas da vida, pois a metodologia empregada pretende que o evangelizando reflita e tire conclusões próprias dos temas estudados, pois só assim se efetiva a aprendizagem real”. (Orientações ao Centro Espírita. Fev – 2006) 2) Objetivos do ensino: · “Promover o conhecimento dos ensinamentos morais do evangelho de Jesus à luz da doutrina espírita; · Promover a integração do evangelizando consigo, com o próximo e com Deus; · Proporcionar ao evangelizando o estudo da lei natural que rege o universo, da natureza, origem e destino dos espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal; · Oferecer ao evangelizando a oportunidade de perceber-se como homem integral, crítico, consciente, participativo, herdeiro de si mesmo, cidadão do universo, agente de transformação de seu meio, rumo a toda perfeição de que é suscetível”. (Orientação ao Centro Espírita. Fev. 2006) 3) Os Evangelizandos: crianças entre 3 e 12 anos, espíritos reencarnados. Vejamos o que nos diz Pedro de Camargo – Espírito Vinícius – O mestre da Educação. Cap. 31. “A criança – notemos bem – não é uma entidade recém-criada, é, apenas, recém-nascida, fenômeno este que se consuma em cada uma das vezes que o espírito imortal reveste a indumentária carnal... cada passagem na Terra importa numa oportunidade, sendo que os sete anos iniciais são mais adequados aos lançamentos de bases educativas”. 4) Os Evangelizadores: abnegadas senhoras, atualmente também senhores, têm a nobre missão de semear amor nas mentes ainda infantis. Exercer essa função requer habilidade, carinho no trato com as crianças; suas qualidades morais são requisitos fundamentais, ser orientador, instrutor, facilitador do processo de aprendizagem, pois, para o espiritismo só existe um mestre: JESUS. Sua formação intelectual? “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Não há obrigatoriedade de qualificação do ensino formal, mas, qualquer que seja a área da ciência que tenha cursado, desde que disponibilize os conhecimentos a serviço do espiritismo, sempre será bem-vindo. Evangelizadores também são aprendizes, portanto, o aperfeiçoamento doutrinário-pedagógico é imprescindível, o que acontece semanalmente. 5) A Evangelização: é a iniciação natural do estudo espírita, deverá ser um processo simultâneo à alfabetização escolar, porém, pelas suas particularidades, a prática é diferente. · Sua importância corresponde ao ensino convencional, conforme nível de consciência dos pais; · Não confere diploma nem reprova por ausência; · Às vezes serve de passatempo, os pais deixam os filhos enquanto assistem às palestras; · Num país onde ainda o estudo apresenta de alguma maneira, contrastantes com a sua essência que proporcionará conhecimento e saber, principalmente o estudo espírita, observamos pouco interesse. 6) A Estrutura das Casas Espíritas: culturalmente, se não temos o estudo como agente transformador social, também não valorizamos devidamente suas ramificações. Seja qual for o motivo, explica, contudo, não justifica, a evangelização era um apêndice da nossa casa. Tínhamos um local específico para as palestras públicas, para as reuniões mediúnicas, para a sopa e para guardar os mantimentos. A evangelização funcionava em qualquer lugar. Móveis e utensílios específicos nem pensar! Era luxo. Sabemos que temos muito a caminhar para atingirmos o ideal, para modernizar, aparelhar melhor a nossa evangelização infantil, já percorremos parte significativa deste caminho. Mudanças de paradigma: à evangelização e sua real importância, em palavras e ações. A sua coordenação faz parte da direção colegiada da casa. Construímos salas de aulas, compramos mobiliários, temos emprenhado, para, juntos, avançarmos. A formação de novos colaboradores dessa atividade tornou-se mais “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 simples, com autonomia, responsabilidade e dedicação, os frutos vieram, e hoje é referência em nossa casa. Ouvimos os membros do Grupo de Evangelização sobre a importância dessa atividade e por que a escolheram: “A doutrina espírita representa, hoje, elevada escola de educação do espírito, a serviço de Jesus, com grandiosa tarefa de edificação do reino de Deus na terra, reino esse que se inicia no interior de cada um. Nesse aspecto, a tarefa de evangelização da criança e do jovem assume caráter de mais alta importância em todo movimento espírita. Me tornei evangelizador porque evangelizar é também um processo natural de espiritualização, de desenvolvimento das potências do ser espiritual que somos todos nós, espíritos imortais, filhos de Deus a caminho da perfeição. Em suma, é uma das formas de desenvolver o reino de Deus que está dentro de cada um de nós e, assim, atender ao apelo de Jesus: 'Buscai em primeiro lugar o reino de Deus, e tudo o mais virá por acréscimo'”. José Ricardo Fernandes Dias “O maior objetivo da evangelização tanto de crianças e de jovens, é evidenciar os valores da fé e da moral. Oferecendo o conhecimento é iluminar, facilitando-lhes a renovação da mentalidade quanto à renovação do caráter rumo a um mundo melhor. Me tornei evangelizadora, a princípio por convite, hoje agradeço muito pela oportunidade desse trabalho gratificante. Cada momento que estudo para falar com as crianças, em primeiro lugar aprendo sempre um pouco mais”. Ângela Maria Costa “Tanto na criança como no adulto é de “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 fundamental importância o princípio evangélico, renovando a todos, servindo de suporte para as decisões da vida. Me tornei evangelizador por uma necessidade, a oportunidade se apresenta, vamos aproveitar”. Alair Bittencourt “Através da evangelização aprendemos com mais facilidade e com as crianças a trabalhar a nossa paciência e compreensão. Vim ser evangelizadora através de convite, com isso aprendi a amar o próximo e gosto de ser evangelizadora e ser evangelizada”. Marilene Isidoro “Eu adoro as aulas, porque fico perto das crianças, elas me passam coisas boas e me ensinam a conviver. Nesse momento só estou aprendendo, mas pretendo ser uma ótima evangelizadora” Ana Cristina dos Santos Peixoto “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 ENCONTROS E ENCANTOS Mais uma quarta-feira, tantas virão! Revisto minh'alma de júbilo, a alegria acompanha-me o dia todo. Tenho aprendido com o amigo Sant'maria: este deve ser o estado comum da alma ao realizar qualquer atividade na casa espírita, para nós, diz o orientador. O mais importante não é a relevância da tarefa, mas o sentimento que o tarefeiro dedica a ela. Compreendo, tenho me esforçado para seguir as orientações do amigo. Desculpem-me, as quartas-feiras, para mim, ainda têm um colorido diferente. Organização, cronograma elaborado em desenvolvimento, imprevistos, instabilidades emocionais são contrastes que permeiam nossas ações, aguardamos o público sem a mínima certeza da sua presença. Às vezes enche o salão para ouvir as palestras, outras, reduze o número de encarnados, isso não nos entristece ou desanima, sabemos do outro público invisível aos olhos físicos. Tradicionalmente, o dia dos nossos encontros, de recebermos os visitantes, de evangelização adulta e infantil, de estudos, de confraternização na hora do lanche, dia do Bazar da Pechincha, os passes, cada quarta-feira, para mim, é como se a primeira fosse. Historicamente, as palestras públicas são o primeiro canal de divulgação do espiritismo em nossa casa. “Dois elementos hão de concorrer para o processo do espiritismo: o estabelecimento teórico da doutrina (estudo) e os meios da popularização – divulgação”. (ALLAN KARDEC – OBRAS PÓSTUMAS – PROJETO 1868) Encontros de amigos, oportunidades de fazermos novos amigos, de reequilibrar o espírito e o corpo físico, alimentarmos a esperança, num ambiente impregnado de energias positivas, de paz, de fraternidade e de amor. Encanta-me a recepção carinhosa, principalmente o trato com as pessoas que nos visitam pela primeira vez. Após as palestras, elas recebem um mimo da casa pela importância da sua presença: um botão de rosa com um cartão com o seguinte dizer: “faça desta casa a sua casa e de nós os seus amigos”. O zelo com as crianças, cujo nome é evangelização infantil. As palestras, luzes do plano maior salpicadas, entre nós, pelos mensageiros da “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 doutrina consoladora, iluminam mentes, ensinam-nos a viver melhor. Após o bálsamo das palavras, vêm os remédios fluidoterápicos (os passes). Os estudos são momentos ricos de aprendizado, essenciais para a formação da consciência espírita. Hora de alimentarmos o corpo, aproveitamos para aproximarmos uns dos outros, são lanches vendidos aos nossos visitantes e colaboradores, que ajudam na composição da receita financeira da casa. A casa limpa, bem cuidada, mostra a dedicação dos seus membros. Várias atividades, todas as semanas, anos após anos, muito trabalho, nenhum desentendimento, sem donos, chefes ou patrões, todos obedecem às determinações das necessidades. As falhas e os imprevistos? Oportunidades de aprendizado, de exercitarmos a tolerância, superados sem desequilíbrios emocionais, sem alardes. Tenho, portanto, motivos para encantar-me, para sentir-me feliz, honrado e grato a DEUS por fazer parte da família Samar. As palestras e os passes deram início aos trabalhos das quartas-feiras, poucas pessoas, nem por isso sem dificuldades. As décadas de 80 e 90 de século passado foram marcadas pela explosão demográfica em nossa região, com isso o público aumentou em número e em necessidades específicas, a mais relevante foi a impossibilidade que várias pessoas tinham de frequentar as reuniões noturnas. A família Samar mobiliza-se para atendê-las, em 07 de agosto de 1991, Dona Lenita Leite Alves, Péricles Santiago, Maria Alves do Nascimento, Gilmar Ank de Vasconcelos, Consuelo Marli Paixão dos Santos, Myrna Deslandes Aguiar, Iolanda Tavares e Adélia Aparecida Ildefonso Peixoto começaram as reuniões vespertinas das quartas-feiras, a pioneira da região, seu funcionamento se deu das 13h às 14h30min. · Atendimento espiritual com receituário e psicografia – em 1998 com a reestruturação do DOM, a médiun desta atividade deixou a casa; · Palestras · Passes Pelos mesmos motivos que originaram as reuniões vespertinas, em 2001, criamos um grupo de estudos com os seguintes horários: · Bazar da Pechincha – 13h30min a 16h; · Passes – 14h40min a 15h15min; · Estudos – 15h15min a 16h30min. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 AS PALESTRAS PÚBLICAS “Ide, pois, e levai a palavra divina: aos grandes que a desprezarão, aos Eruditos que exigirão provas, aos pequenos e simples que a aceitarão…” (ERASTO – PARIS. 1863 ESE 20:4) O propósito das palestras é a divulgação da doutrina espírita em seus aspectos científico, filosófico e doutrinário, de maneira a atender ao público em suas necessidades de esclarecimento e consolação. É uma atividade de muita visibilidade, portanto requer conhecimento, dedicação e constante aprimoramento de quem se disponha a realizá-la. Nada de excepcional, pois o codificador não restringiu a exposição evangélico-doutrinária aos limites da erudição convencional. Imprescindível é o conhecimento doutrinário, sem desconsiderar a formação intelectual, para que o expositor não apresente conceitos e princípios contrários aos postulados espíritas. Ao pregador é fundamental a transformação moral, para não ser o “pregador garçom”, segundo Padre Antônio Vieira: “aquele que serve o alimento aos outros e não se alimenta dele”. Paulo de Tarso, escrevendo a Timóteo (1TM 4:16), aconselha-nos: “Tem cuidado de ti mesmo e do teu ensino e da doutrina: persevera nestas coisas; porque fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem”. À casa espírita compete zelar por essa atividade de duas maneiras: formando o seu próprio quadro de expositores e confiando a outros expositores, e, em nome da doutrina espírita e em seu próprio nome, levam a mensagem consoladora em suas dependências, para um público cuja maioria tem frequência constante, sem considerar a quantidade. Com a implantação do departamento de divulgação doutrinária, essa atividade que, por muito tempo, foi única forma de divulgação doutrinária da casa teve significativa melhora, pela preparação dos nossos expositores, pelos critérios de seleção dos demais. Importante meio de interação com a comunidade e intercâmbio com as sociedades espíritas. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 O agendamento prévio dos expositores é feito por escalas contendo os dias e temas a ser abordados, e, em casos específicos, deixamos os temas livres. Como dito alhures, são realizados 156 palestras anuais, assim divididas: às quartas-feiras, das 14h às 14h40min e, posteriormente às 19h45min às 20h45min, e aos sábados, de 10h às 10h30min. OS PASSES A transfusão de energias fisiopsíquicas (os passes) faz parte da fluidoterapia utilizada em nossa casa desde o seu início, ela não é criação do espiritismo, já era praticada na antiguidade, JESUS também a utilizou. “… e os apresentaram perante os apóstolos; estes, tendo orado, lhes impuseram as mãos”. (AT 6:6) Essa atividade também aprimorou-se muito nos últimos anos, quanto aos aspectos de organização, compreensão da sua importância e qualificação dos médiuns. Semelhante a todo processo de aprimoramento, vieram as modificações e, com elas, o “não concordo”, diferente de “estar errado”, com isso, alguns foram embora e outros vieram. O estudo para formação de novos trabalhadores e qualificação dos outros, ao mesmo tempo em que simplificam o seu exercício, destacam o rigor inerente às sessões dos passes acontecem às quartas-feiras às 14h45min e às 20h45min, ou quando houver necessidade. Informamos sempre que os passes não são obrigatórios, pelo fato da presença na casa espírita, não têm contra-indicações, mas não devemos fazer deles um ritual ou uso desnecessário. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 O ATENDIMENTO FRATERNO “As Samaritanas” sempre atendeu espiritualmente aos necessitados, em nossa casa ou, conforme a gravidad,e em suas residências. Em 2002, um grupo coordenado por Gilmar Ank revolveu a caminhar de um jeito diferente, conforme sugeriu o poeta Tiago de Melo. Então, elaborou-se um programa de ações com alguns pontos fundamentais que cabe-nos salientar: 1) O conceitual – o atendimento como atividade contínua da casa; 2) O Estrutural – qualificação dos seus integrantes com o treinamento específico e locais exclusivos para os atendimentos durante as sessões; 3) A disponibilidade – seus integrantes dispõem-se à tarefa sem restrições de dia, locais e horários, salvo em raríssimas circunstâncias; 4) A visibilidade – divulgação de tão importante ajuda oferecida pela casa; 5) Os recursos – a boa-vontade dos integrantes, aos espíritos superiores competem as realizações do trabalho, segundo o merecimento dos necessitados; É uma atividade de tamanha importância, sobre a qual a Federação Espírita Brasileira, em seu Manual de Orientação ao Centro Espírita de 2006 disse: “o atendimento fraterno pelo diálogo consiste em receber aquele que busca o centro espírita, dando-lhe oportunidade de expor livremente e em caráter privativo e sigiloso suas dificuldades e necessidades”. A implantação e, sobretudo, a aceitação dessa nova maneira de atendimento tiveram seus percalços naturais e artificiais. Os naturais são aqueles inerentes ao processo de evolução, resultante dos nossos desacertos, dos nossos refazeres, dos nossos equívocos, nenhuma estranheza, pois, absoluto e perfeito, só DEUS. Os percalços artificiais são aqueles nascidos dos sentimentos menores, dos pensamentos pessimistas, sintonia com espíritos inferiores, combatentes contra o bem, robustece com tais procedimentos, criam barreiras e, às vezes, impedem as boas obras. Conhecidos também por forças ocultas, interesses inconfessáveis, influenciam todas as sociedades, assim endentemos. Porque a difusão do bem é lenta. Um exemplo claro dessa ação contrária ao bem comum observamos na política pública de saúde do nosso país. O Sistema Único de Saúde – SUS – e o Programa de Saúde da Família, reconhecidos mundialmente pela importância, não funcionam como deveriam, por quê? Uma resposta para as indagações: “Assim determina o poder “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 econômico”. Em nossa casa, não permitimos que as forças inferiores assumissem o controle das atividades desenvolvidas. Homens e mulheres responsáveis pela direção da sociedade não lutaram contra ninguém, trabalharam, confiaram e confiam na espiritualidade superior, arquiteta da construção do bem, e em nós, simples operários trabalhadores. As críticas e desconfianças travestidas de “zelo doutrinário” não resistiram ao posicionamento da direção da casa: “quaisquer dúvidas, sugestões ou ajustes que se fizerem necessários, procurem-nos, para, juntos, discutirmos o assunto e deliberarmos sobre possíveis mudanças, estaremos sempre abertos ao diálogo”. A falta de conhecimento, os “achismos”, certamente, impossibilitaram os diálogos, mas diminuíram as pressões, o trabalho seguiu seu curso planejado. As pessoas são acolhidas carinhosamente, ouvidas, orientadas e acompanhadas, sem nenhuma pretensão de transformá-las em espíritas ou prometer-lhes melhoras instantâneas, curas prodigiosas. Se, porventura, acontecerem, mérito dos assistidos e ações dos espíritos. Os atendimentos acontecem normalmente durante as atividades da casa ou em dias e locais diferentes, conforme a necessidade. Todos os recursos disponibilizados pela doutrina espírita são utilizados, orientações, preces, passes, reuniões mediúnicas, cultos evangelho no lar ou na casa espírita. Com a palavra, atendentes e atendidos: “O atendimento fraterno é um momento único onde se encontram encarnados e desencarnados em busca de compreensão, alívio e solução das dificuldades que estão vivenciando, nunca é demais orientar que nesta benção precisamos aprender a ouvir para melhor orientar. Quanto aos atendimentos é com gratidão que vemos estas pessoas aproximarem de nós cujo pensamento é de encontrar um pouco de compreensão e respeito pela sua dor, pelo seu problema e pelo seu sofrimento. Causa emoção ver a equipe atender durante um período, levar-lhes alívio e pelo merecimento deles até a solução de alguns problemas ligados à saúde. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Sempre orientamos que a função do espiritismo não é curar corpos, mas animar o homem afim de que se auto-cure espiritualmente, e a saúde seja uma consequência. Devemos também ter alegria, para que a sala de atendimento fraterno seja um ambiente mais favorável a melhor dos assistidos. Formamos um novo grupo e enriquecemos através dos conhecimentos a unidade de pensamento, aprendemos a nos observar e nos educar para aclarar mais os nossos sentimentos. Me encontro nesta benção, neste campo de avaliações de nós mesmos”. Gilmar Ank de Vasconcelos Diretor Doutrinário e Coordenador do Grupo de Atendimento Fraterno “Vim em busca de um auxílio espiritual para mim e para minha família. Estou pretendendo ficar aqui pela maneira e o tratamento que recebo. Sou acolhida com carinho, atenção, tenho vontade de não ir embora. Agradeço o que fazem, o carinho acolhedor no momento de dor”. Sandra, bairro Carijós Atendida “Estou trabalhando no atendimento fraterno por estar desta forma agindo de acordo com os preceitos da caridade, de minha forma respondendo: eis-me aqui senhor. Amo este trabalho que muito me oferece que me acrescenta no quesito disponibilidade para com o próximo. Obrigado irmãos, por me ajudarem a servir”. Rosemary dos Santos Peixoto Atendente “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 “Tenho muito que agradecer a Deus, a Jesus e aos trabalhadores encarnados e desencarnados pela oportunidade que me dão para ouvir os irmãos falarem das suas dificuldades, onde a espiritualidade ajuda a secar as lágrimas através do diálogo espontâneo e privativo. O Evangelho Segundo o Espiritismo é o fundamento: 'vinde a mim todos vós que estais aflitos e sobrecarregados que vos aliviarei'. Este trabalho não propõe solução dos problemas, mas dá forças, apresenta caminhos para a reabilitação, segundo o ensino espírita. Sugere a reforma íntima através do estudo e trabalho”. Gérson Fidelis Atendente “O atendimento fraterno é a oportunidade do aprendizado que necessitamos e nos leva ao exercício de tudo que a doutrina espírita nos ensina. Baseado no evangelho segundo o espiritismo, buscamos ajudar o próximo e ao mesmo tempo somos ajudados”. Aidyr F. Reis Pereira Gonçalves Atendente “O atendimento fraterno para mim foi de extrema importância, pois eu havia chegado à casa espírita e estava um pouco perdida, esclareceu as minhas dúvidas, expus o que sentia. Pude contar a minha história e desabafar, fui escutada e atendida, também tive visita espiritual que me ajudou muito”. Lívia, bairro São Sebastião Atendida “Fui trazido Às Samaritanas pela minha colega de trabalho e integrante da casa, Rosemary, “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 quando passava por sérios problemas pessoais, com um quadro depressivo, usava remédios controlados, em tratamento psiquiátrico e psicológico e também com uso abusivo de álcool. Conheci o atendimento fraterno pela Rosemary e Gilmar, a partir daquele dia retomei pouco a pouco a vontade de viver. Passei a freqüentar às quartas-feiras, à noite, das palestras e dos passes, sempre que possível acompanhado de minha esposa e filha. Consegui vencer a depressão, não faço mais uso de remédios, nem tratamento psiquiátricos. Mas, a luta contra o álcool é grande, por vezes levando-me ao abatimento e a sensação de abandono, quando isso acontece recorro ao atendimento fraterno, então consigo vencer mais uma luta. Passei a freqüentar os estudos das terçasfeiras, resumindo, só posso dizer que sou muito grato a todos de Às Samaritanas, onde fui muito bem acolhido juntamente com a minha família. A todos vocês o meu obrigado e que Deus esteja conosco. Abraços”. Sérgio, bairro São Dimas “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 NO CINQUENTENÁRIO DA CARIDADE BRILHOU A SIMPLICIDADE Sábado, seis de fevereiro de 1999, das 9 às 21h, comemoramos o cinquentenário da fundação de nossa casa, mais de setecentas pessoas estiveram conosco naquela inesquecível confraternização. A seguir, a programação daquele dia: Coleta de legumes – 10h. Palestra 12 às 13h: tema “O Óbolo da Viúva”. Expositor: Holandi José, samaritano residente em Mogi das Cruzes-SP. Almoço fraterno de 13 às 14h. Parabéns as “As Samaritanas” – 14h. Apresentação do Coral Emmanuel – BH 19h30min. O trabalho em equipe, planejando e organizando, possibilitou que se destacasse a simplicidade, desde a organização até as apresentações. Ao compasso da alegria, a família Samar executou a canção da emoção, envolvendo, gradativamente, a todos, em cada olhar, nos abraços, na palestra, nas falas dos coordenadores, ambiente de ternura e amor. O almoço, além do saboroso paladar e do carinho com que foi preparado, tornou-se um momento lindo, as filhas e filhos do mesmo pai (DEUS), sem as barreiras sociais que os separaram, uniram-se, um coro de centenas de vozes entoou: PARABÉNS, SAMARITANAS. Dona Nair Soares, filha de Dona Sebastiana Soares, e Márcio Geraldo do Nascimento, representando a família Samar, cortaram o bolo de aniversário. A prática da caridade, a evangelização infanto-juvenil e o culto do evangelho no lar foram os temas da peça teatral. Encerrando, o Coral Emmanuel, de Belo Horizonte, com vozes que cantam poemas vivos de esperança, paz e amor. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 DATAS HISTÓRICAS A história de uma pessoa ou de uma sociedade é contada ou escrita sob o ponto de vista do narrador, com base em acontecimentos ocorridos, sejam quais forem as suas naturezas. Os fatos são cinzéis e esculpem, no tempo, os registros das épocas, retratos dos usos e costumes. A indicação de época, ano, mês e dia em que se deu o fato está condicionada a alguns aspectos determinantes: o nível de importância, o nível de interesse e a visão que se tem deles. O nível de importância é uma verdadeira roda gigante, ora embaixo, ora em cima, o que é relevante para uns pode não ser para outros. Os interesses pessoais ou coletivos lhes são o destaque circunstancial ou permanente. Podemos relembrá-los, vê-los com a frieza característica dos números, elementos mensuradores das quantidades, indicadores estatísticos do tempo, determinadores de uma ordem. Podemos revesti-los com a emoção, restaurar-lhes o colorido próprio, retirá-los das planilhas estáticas e vivificá-los (torná-los vivos), isso é possível devido ao impacto causado em nossas vidas ou nas sociedades. Cada dia, cada atividade desenvolvida é uma página escrita na história da vida, a maior parte fica guardada nos caminhos corriqueiros dos nossos acervos, porem outras são emolduradas pela constante lembrança a dar-lhes um lugar de destaque. “As Samaritanas” tem por ordem de importância histórica as seguintes datas: ·Fundação da Sociedade – 06/02/1949; ·Primeira reunião oficial, aprovação do primeiro estatuto e constituição da primeira diretoria – 30/06/1953 ·Obtenção da personalidade jurídica – 22/09/1953; ·Registro do primeiro estatuto – 03/11/1953; ·Primeira Reunião Interna na sede própria – 03/10/1961; ·Inauguração da sede própria – 28/10/1961; ·Visita de José Pedro de Freitas (Zé Arigó) – 07/10/1970; ·Utilidade pública municipal – 17/04/1978 ·Utilidade pública estadual – 30/08/1978; ·Implantação dos estudos regulares e criação do DOM – 09/10/1983; ·Início das reuniões públicas das tardes de quartas-feiras – 07/08/1991; “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 ·Implantação do DDD – 26/11/1993; ·Inauguração do salão de reunião “Sebastiana Soares” – 04/10/1995; ·Implantação do colegiado – 29/03/1998; ·Utilidade pública federal – 22/08/2002; ·Implantação do WEBSITE oficial – 05 /06/2011; ·Visita de Chico Xavier (espírito) – 12/10/2011; ·Uma data muito importante para “As Samaritanas” é a nossa chegada, a minha foi em 31/03/1985, e a sua? ____/____/____ “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 AVE DO CÉU João Hus,em 6/7/1415, na cidade de Constança, Suíça, foi queimado pela fogueira da Inquisição, devido às suas ideias revolucionárias no campo da teologia, e, sobretudo, por pregar o Evangelho de Jesus Cristo à luz da verdade. Momentos antes do suplício, ele profetizou: “o ganso é um pássaro modesto que não voa muito alto, mas virão as aves do céu e essas voam além das armadilhas dos inimigos, e as suas labaredas não as alcançarão.” As aves do céu são os espíritos responsáveis pelo progresso da humanidade, estejam eles encarnados ou no mundo espiritual. São os reveladores das verdades espirituais, tempos afora, em vários lugares. Na segunda metade do século XIX, surgia a Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec (João Hus, que, pela reencarnação, voltara à Terra para continuar a sua obra). De Paris a Salvador, passando pelo Rio de Janeiro, no início do século passado, o Espiritismo chegou à nossa cidade. Uma dessas aves previstas por João Hus migrou-se do Rio de Janeiro e aninhou-se aqui. Espírita, trabalhador da estrada de ferro Central do Brasil, João Alves de Almeida Pires acendeu a luz do Espiritismo em Queluz de Minas. Fundou, em 31/3/1906, o Grupo Espírita “Paz”. CARINHO VEM CARINHO VAI... A Escada de Jacó “Então Jacó sonhou: Estava posta sobre a Terra uma escada, cujo topo chegava ao céu, e eis que os anjos de Deus subiam e desciam por ela. Por cima dela estava o Senhor” (GEN 28:12-13) Desde dezembro de 2009, essa simbologia bíblica está pintada em nosso refeitório. Uma obra de arte. Com carinho de Liége Laporta. O encantamento dos olhares. Uma visão espiritual. Liége Laporta, Pela arte, teu nome permanecerá em nossa Casa, e, pela gratidão, em nossas almas. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 O QUE “AS SAMARITANAS” REPRESENTA PARA A MINHA VIDA... “Meu porto seguro. É onde procuro e encontro o amparo para seguir meu caminho e encaminhar minha família. Tenho em minha vida As Samaritanas como um farol que direciona minha caminhada. Obrigada por vocês existirem!” Soraia C. Bretas Lobo Frequentadora. *** Realmente As Samaritanas é um farol a iluminar Espíritos. Seu combustível é o Evangelho de Jesus e a Doutrina Espírita. No plano físico somos as fagulhas... Falar de “As Samaritanas” é falar de estudos, trabalhos, doações, disciplinas, ajuda uns aos outros. Obrigada a esse grupo de pessoas tão queridas que me receberam com carinho e atenção. Lourdinha Trabalhadora da Casa O Carinho e a atenção que por ventura recebe de nós, é na realidade apenas uma colheita. Sem você certamente seriamos tristes. *** “As Samaritanas” fez com que eu acreditasse em mim. Tornei-me uma pessoa mais alegre. Adoro esta casa e meus irmãos. Ajudou-me a crescer muito. Tenho que agradecer sempre. Aparecida Eugênio Trabalhadora da Casa *** “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Esta alegria você transmite a todos. Certamente se você cresceu, a nossa Casa t a m b é m f i c o u m e l h o r. Q u a n t o a o s agradecimentos: Só um pouquinho para nós, o restante para Jesus. “As Samaritanas” representa muito na minha vida. Aqui encontrei apoio, conforto, respostas claras e lógicas para as minhas dúvidas e dificuldades. Aqui encontrei companheiros e principalmente amigos. Sinto-me feliz por fazer parte desta família. Dorvil Moreira de Andrade Trabalhador da Casa *** A importância é recíproca, principalmente pelos caminhos do aprendizado. O convívio e a troca de experiências estreitam os laços de amizade e irmanamos cada vez mais. *** ‘“As Samaritanas” foi o encontro com a verdade que me libertou; e num segundo momento, a oportunidade de transformar o conhecimento adquirido em ações práticas de amor e caridade para com os meus semelhantes'. Arquimedes Trabalhador da Casa *** Você realmente tem aproveitado bem as oportunidades que o Senhor lhe oferece, e cujo instrumento é a nossa Casa. De participante a trabalhador, de trabalhador a dirigente; o tempo foi curto, a dedicação é que foi intensa. Hoje você é um dos pilares de sustentação do nosso trabalho no plano físico. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 “As Samaritanas” foi e sempre será o berço de minha educação espiritual, onde aprendi as primeiras lições para o espírito que sou hoje.” Jaqueline Grupo Espírita Paz *** Você continua conosco. Sua dedicação junto à equipe de Flávio Sena tem nos proporcionado uma assistência contábil eficiente e gratuita. Alegria maior sentimos ao vê-la na tribuna Espírita expondo o Evangelho de Jesus e a Doutrina Espírita. “A minha profunda gratidão e afeto às Samaritanas, que acendeu as chamas do Espiritismo em nossas vidas, trazendo luz e esperança para a nossa família.” Ricardo Grupo Espírita Paz. *** Vocês nos procuraram em momentos difíceis. Nós os acolhemos, daí nasceu esta relação de afeto, que mesmo à distância, continua. Agradecemos a Jesus por isto. *** “As Samaritanas” representa para mim e para meu netinho uma quarta-feira de reflexão. Parabenizo a diretoria pelos trabalhos realizados. Caetano e Marina Frequentadores da Casa. *** São quartas-feiras felizes: estudamos, confraternizamos, trocamos salutares “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 energias. Vocês compartilham conosco o que nos alegra e nos honra. *** “As Samaritanas” é muito importante na minha vida. Aqui encontro tranqüilidade.” Ana Cristina Trabalhadora do almoço fraterno aos sábados *** Você também é muito importante para nós. Desejamos que as lições aprendidas aqui possam iluminar a sua alma e dar-lhe a tranqüilidade que deseja. “As Samaritanas” é tudo de bom na minha vida. Não consigo faltar nenhum sábado.” Rosa Trabalhadora do almoço fraterno aos sábados As rosas enfeitam e alegram os ambientes. Você também. Como não sentir a sua falta? Pela fala, pelos movimentos, mas, sobretudo pela sua disposição para o trabalho, pelo seu carinho. Portanto Rosa, Não Falte! “Quando venho aqui aos sábados, me sinto muito bem, porque ajudo nos trabalhos.” Antonia Trabalhadora do almoço fraterno aos sábados *** Ao ajudarmos os nossos semelhantes, sintonizamos com os espíritos superiores, por isso nos sentimos bem. É o que acontece com você. *** “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 “As Samaritanas” é a extensão do meu lar”. Diná Trabalhadora da mediunidade *** Aqui também o seu carinho maternal é distribuído a todos. Somos felizes com a sua presença. *** “As Samaritanas” para mim é um educandário, um hospital, um pronto-socorro.” Márcio Geraldo do Nascimento Trabalhados da Casa *** Um irmão querido, um pilar de sustentação do nosso trabalho no mundo físico, um amigo, um conselheiro... Você tem a cara das samaritanas. *** “As Samaritanas” representa para nós a descoberta de um caminho de certezas, bondade e amor ao próximo. É a mão amiga que nos ampara e ensina a interpretar a palavra do mestre Jesus.” Aidyr e Washington Trabalhadores da Casa *** Novos membros de nossa família, e já representam tanto para nós. Vocês significam amizade, confiança, e, sobretudo, esperança. *** “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 “As Samaritanas” é como o lar para onde se volta ao entardecer, para se recuperar as forças para a batalha do dia seguinte.” Margareth Freqüentadora Batalhas são infinitas. Importante é que sejamos combatentes do bom combate. Estamos juntos e unidos. Ajude-nos a revigorar as forças e alimentar a esperança. Somados, os nossos sentimentos de fraternidade, continuaremos a luta. *** “Parabéns, oh Samaritanas! Bendita és tu que vieste para amparar os corações atormentados e sofridos. Não importa a tua idade, o importante é o tempo que sempre terás para acolher, dar amor, esperança, muita fé e caridade a todos aqueles que todos os dias te procuram.” Maria da Conceição Teixeira Rodrigues. Trabalhadora da Casa. *** Uma das novas trabalhadoras da nossa Casa, presença marcante pelo carinho, respeito e dedicação. É a esperança que a cada dia floresce em nossa Casa. É a perspectiva de um futuro cada vez melhor. “As Samaritanas” é um amparo e luz para a minha caminhada, na certeza da justiça, no amor e na caridade. Obrigado Senhor Jesus por esta oportunidade. “Conhecer a verdade e a verdade libertará” Gérson Fidélis Trabalhador da Casa “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Agradeçamos a Jesus pela benção que é esta Casa. Agradeçamos também pelos amigos e companheiros que no mundo físico desenvolvem este trabalho de amor. A nossa caminhada sem você ficaria mais difícil. Sentindo o coração batendo forte Amanheço para a verdade, neste templo. Manso rio de bênçãos a banhar minha alma Aprendizado de amor na caridade bendita Raio Cristalino de luz a iluminar o meu espírito Irmãos em luta como eu Trazendo na bagagem acumulada de milênios A certeza de que não estamos sós Nossas vidas se entrelaçando a tantas outras, Amando-nos, consolando-nos, esclarecendonos. Seguindo em frente, apesar dos tropeços e embaraços do caminho, mas com a certeza de que neste porto seguro encontraremos o caminho para Deus. Que a paz de Jesus permaneça em nossos corações! Cíntia Guimarães Santos Xavier *** “As Samaritanas” é uma casa fraterna de muito crescimento, estudo, amizade e união, onde tenho oportunidade de doar, recebendo em dobro as bênçãos da espiritualidade.” Carmem Reinaldo de Faria Trabalhadora da Mediunidade. *** São anos de convivência, porém o que destacamos é a sua cordialidade, sua simpatia para com todos. Você alegra a nossa Casa. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 “Há muitos anos que freqüento “As Samaritanas”, lembro-me muito de D. Lenita Leite e sua bondade para comigo. Sinto saudades dela. Aqui é minha casa, gosto de todas as pessoas que encontro e sempre vou estar aqui.” Maria José Trabalhadora do almoço fraterno aos sábados. “Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará o teu coração” Jesus MT 6:21. *** A senhora estará sempre conosco, jamais a esqueceremos. Sua dedicação, seu carinho, sua disposição aos trabalhos: é uma jovem que ultrapassou os oitenta anos. A nossa eterna gratidão. *** “A primeira vez que vim aqui estava grávida e recebi um enxoval para o bebê. Depois não parei de vir. São quinze anos, para mim, “As Samaritanas” é um lugar de paz, ambiente muito bom e eu gosto de todos.” Efigênia Trabalhadora do almoço fraterno aos sábados. *** Esta é uma bela lição que aprendemos com você. Sua demonstração de gratidão sensibiliza-nos. “As Samaritanas” é a minha casa, minha família e onde me sinto bem. Venho aqui há sete anos, gosto de todos e aqui sou feliz. Lenita Trabalhadora da Casa. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 São sete anos que a família Samar com a sua presença vem crescendo em qualidade de trabalho, em aprendizado, mas sobretudo em amizade. *** “Já faz doze anos que estou aqui. É como uma família. Gosto de todas as pessoas e sinto muita paz, sempre.” Glória Trabalhadora do almoço fraterno aos sábados. *** Parece que foi ontem que você veio trabalhar conosco. São doze anos de bem viver, por isso nem percebemos o tempo passar. *** “As Samaritanas” representa para mim o equilíbrio e a segurança, a tranqüilidade e a força, para superar as dificuldades do dia a dia e superar a cada dia as minhas expectativas.” Ivete Vanda Vieira Trabalhadora da Casa *** Para nós você é confiança, é esperança, é dedicação. Uma trabalhadora que coloca suas potencialidades a serviço desta Casa. *** “As Samaritanas” representa para mim um lugar de crescimento, aprendizado, trabalho, bons relacionamentos. Um porto seguro onde chegamos com as nossas dificuldades e dores, “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 e nos refazemos com as bênçãos do Pai e dos amigos encarnados e desencarnados.” Márcia Bruno Trabalhadora de Mediunidade. *** Sua amizade e o seu carinho contribuem para a harmonia dos nossos trabalhos. Assim sendo, o porto será sempre seguro; dificuldades, dores e alegrias compartilhadas. “As Samaritanas” representa para mim a continuação do meu lar. O repouso no calor, a cama no cansaço, o travesseiro no repouso. Faz bem à minha saúde. Paz, sossego, aconchego. Satisfação com os amigos e colegas na sala de costura. O prazer de fazer enxovais para recém nascidos. Maria José Bastos Trabalhadora da Equipe de Enxovais para recém nascidos. *** A importância da senhora para a Casa vai além dos enxovais que prepara; muito mais! Sua simplicidade, seu carinho, sua sensibilidade encoraja-nos, fortifica os nossos trabalhos, estreita os nossos laços de fraternidade. Tê-la conosco é uma alegria. “Quando aqui cheguei, senti que seria o meu porto, como se estivesse “escrito” (ou programado) que eu seria mais uma Samaritana. É como uma família que tem amores, afinidades, adversidades e também desencontros... Aqui permaneci e fico feliz em ver Casa crescendo em todos os aspectos. Agradeço a Deus pelos amigos que aqui encontrei. Obrigada Samaritanas.” Rosilene Maria de Souza Costa Trabalhadora da Casa. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Você chegou um pouco tímida, foi se integrando à Casa, estudando e trabalhando. Você é uma Samaritana com carinho, dedicação e simpatia. Vem construindo a sua jornada e conquistando amizades. ASSISTIDOS: “Gosto de vir aqui aos sábados porque me sinto bem ouvindo as palestras, pela tranqüilidade da casa e pela alimentação que recebo.” Claudia Souza “Gosto muito de As Samaritanas porque me alimento e ouço preces.” Jeferson Fernando *** “Aqui é muito bom, é como se fosse a minha casa. Me sinto muito bem quando estou aqui. Já fui abrigado na Samaritanas num período de muitas chuvas, recebia o banho, alimento, agasalho e muito mais.” Silvanei *** “Gosto muito de estar aqui e a alimentação dos sábados é muito boa.” Paulo Roberto de Souza “Cheguei do Rio de Janeiro e venho aqui sempre. Gosto muito das palestras , e receber o alimento e o banho me ajudam muito. Todos são bem recebidos e ajudados.” Denis Martins *** “Venho aqui principalmente porque as pessoas me tratam muito bem.” Leandro Martins “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Esta é uma Casa de caridade, onde nós, necessitados do pão do corpo e do espírito viemos nos saciar. Aqui vocês são considerados e respeitados como irmãos. Quando os acolhemos compartilhamos necessidades, mesmo que aparentemente diferentes, são na realidade comuns a todos nós. Temos oportunidades de colocar em prática o Evangelho de Jesus e da Doutrina espírita no que se refere à caridade. Obrigado amigos! *** “As Samaritanas” para mim é uma escola. Aqui aprendo e posso repassar para minha família aquilo que é mais importante na Doutrina, na minha opinião: A prática da caridade. Alberto Limonta Trabalhador da Casa *** Você entendeu bem a proposta do Espiritismo: Fazer com que a Casa (estrutura física) seja abrigo de uma família. A caridade sem dúvida é um de seus pilares de sustentação, e o amigo tem contribuído muito para o seu fortalecimento. *** “Aqui é minha segunda casa, e onde encontro pessoas amigas.” Eva Sueli Trabalhadora do almoço fraterno aos sábados “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Esperamos contar sempre com a sua amizade. Trabalhando juntos, aprenderemos mais. “As Samaritanas”: Oportunidade de crescimento e melhora. Hugo Trabalhador da reunião de estudos *** Você aproveita bem a oportunidade que a Doutrina espírita lhe oferece. Seu crescimento espiritual se dá por um motivo muito simples: a humildade. Coloca seus conhecimentos científicos e tecnológicos a serviço do Espiritismo. Ensina com simplicidade, proporcionando entendimento àqueles que não estão no seu nível. “As Samaritanas”: espaço físico acolhedor; ligado ao mundo espiritual, que me oferece a oportunidade de estudar a Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec. Além disso, nos abriga em seus trabalhos assistenciais, enquanto colaboradora. Estou feliz, porque sou um membro da família Samaritanas. Leila Zita Trabalhadora da Casa *** A família Samar também se sente feliz pela sua presença e espera muito do seu potencial. *** “Quero agradecer a oportunidade de participar dos estudos da Doutrina Espírita e das tarefas das Samaritanas. Deus abençoe e ilumine os trabalhos maravilhosos! Parabéns!” Ana Cristina Peixoto Trabalhadora da Casa “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 A Doutrina espírita é um dos caminhos. Os caminheiros somos nós. Temos acompanhado a sua caminhada nesta Casa e o seu progresso. A cada dia mais querida por todos. *** “Falar de “As Samaritanas” para mim é ao mesmo tempo fácil e difícil. Difícil é expressar a sua importância, porque ela é tão grande que na hora de me expressar acho que não expressei o suficiente. O fácil fica na parte das oportunidades que oferece aos trabalhadores. Sinto-me dentro de uma grande família.” Marilene Trabalhadora da Casa *** O seu caminhar junto a nossa família é de se destacar: freqüentadora, estudante, Samaritana. Executando tarefas simples e anônimas, outras de destaque, porém sempre com a mesma dedicação. Continue conosco, e permita-nos contar com a sua amizade. “As Samaritanas” para mim é um porto seguro, que me proporciona equilíbrio e harmonia. Iva Rezende Ferreira Trabalhadora da Casa O equilíbrio é fruto da dedicação e da autoconfiança. A Casa é nosso porto seguro. Somos seus companheiros de marejar e agradecemos a Jesus por isto. *** “As Samaritanas” para mim é como uma segunda Casa que me abriu as portas no dia 05 de Abril de 1966 em uma reunião da mocidade na qual se encontravam Dona Sebastiana “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Soares e Olga Lelis, que me receberam com muita alegria... E até hoje sou muito bem recebido, o que para mim é muito gratificante. Gesué Tavares Neto Trabalhador da casa *** Um amigo, um Samaritano que sonha os nossos sonhos, e sem fugir à realidade nos ajuda a concretizá-los. Uma folha de serviços dedicados ao Senhor Jesus cujo caminho é a nossa Casa. Desculpe-nos a pobreza da linguagem. Os sentimentos são melhores. *** “Há muitos anos venho procurando entender as religiões, o significado de Deus e o motivo de termos de passar por tantas dificuldades. E outras religiões não encontrei resposta que me convencesse, e essa e outras indagações permaneceram comigo. No Espiritismo encontrei respostas suficientes para a minha curiosidade. O lugar do encontro foi “As Samaritanas”... O que é “As Samaritanas” para mim? É o lar que acolhe; a escola que ensina e faz evoluir; o hospital que cura e a igreja que nos aproxima da criatura e por meio dela ao criador. Para mim, “As Samaritanas” é tudo. Amo esta Casa e esta família.” Rosemary dos Santos Peixoto Trabalhadora da Casa As indagações e as respostas fazem parte da nossa evolução. Se o Espiritismo não puder satisfazer plenamente a nossa busca, jamais nos impedirá de questionar, pensar, deduzir... Quanto ao nosso lar acolhedor, ele fica mais enriquecido com a sua participação. A nossa “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 irmã e seus filhos já marcaram positivamente as nossas vidas. *** “O que significa “As Samaritanas” para mim? Uma tábua de salvação, uma oportunidade de me conhecer melhor, de dosar um sentimento. Ontem um sonho, hoje uma realidade que temos, e através desta realidade fazemos os nossos agradecimentos a Deus. Samaritanas, realidade que rima com felicidade, e que me ensina a solidariedade, humildade, e a manter sempre a calma na tempestade do momento, e na luz do conhecimento.” Gilmar Ank de Vasconcelos Trabalhador da Casa. *** Sua rima: dedicação, perseverança, esperança... A tarefa que abraçou, os amigos que conquistou. Rancores, males físicos, amores, e você caminhou, caminha, caminha... Com esta Casa, cresce nossas reverências. *** Sinto-me verdadeiramente gratificado por pertencer as SAMARITANAS e, da mesma forma, por 18 anos ininterruptos ter a felicidade de dirigir aquela casa espírita, contando com a colaboração de vários companheiros, que me deram o suporte necessário para várias realizações. Assumi a presidência no dia 09/10/1977 e em 1995, por questões de ordem pessoal, passei a presidência para o companheiro e amigo Francisco Navais Filho, que permanece à frente de “As Samaritanas” até a presente data. Hamilton Junqueira “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 EM TEMPO Pensava estar escrevendo as últimas palavras dessa obra, mas, conforme disse-nos o poeta musicista Paulinho da Viola, “não sou quem me navego, quem me navega é o mar”. Às vezes desejamos ancorar nosso barco, refazer a rota, reabastecer as energias, porém, as ondas da vida arrebatam-nos mar adentro. Dois acontecimentos merecem ser registrados, pelas suas naturezas e devido à força espiritual descomunal de sua protagonista – Dona Sebastiana Soares – passado e presente misturam-se, ela é sempre presença, por ela, para ela, escrevo mais este capítulo, escreveria até uma obra se possível for. Era a campanha do quilo, num domingo frio de inverno do ano de 1970, quando ela e o amigo Gesué Tavares percorriam as ruas do bairro Cachoeira, de sacola nas mãos, à espera das doações. Ao chegarem ao final de uma das ruas, depararam-se com um casebre, que, à primeira vista, não entendiam como ainda estava erguido. O que chamava mais a atenção era uma mulher descalça e maltrapilha a cozinhar do lado de fora de sua casa, uns tijolos improvisados como se fosse um fogão. A Samaritana Sebastiana caminhou resoluta em direção à mulher, interpelando-a carinhosamente: “a senhora precisa de ajuda?” Não houve palavras naquele momento, a cabeça gesticulou o sim! A senhora caridade retirou da sacola o pouco de mantimento que ganhara, e algumas peças de roupas e lhe ofereceu. Um breve diálogo estabeleceu-se, sendo interrompido pela presença do marido. Ele aproveitou a benfeitora misteriosa e disse: “senhora, eu preciso trabalhar para sair desta penúria, pelo amor de Deus, me ajude”! Dona Sebastiana naturalmente condoía-se com as dificuldades alheias, imaginem então quando solicitada da maneira como foi. “O senhor me procura amanhã, com ajuda de Deus daremos um jeito nesta situação”. Deu-lhe seu endereço, e continuaram a campanha do quilo. Na manhã seguinte, o senhor a procurou, juntos foram à casa de uma amiga, um anjo da caridade, cujas mãos providas de recursos agem como alívio dos sofrimentos. Essa senhora era esposa de um homem rico e influente, ligou para o marido, e logo veio a resposta: “Meu marido disse para procurar o Sr... lá na Companhia Santa Matilde”. Juntos foram até o senhor, com a recomendação feita: pois bem, se o senhor quiser, pode começar a trabalhar agora, disse o encarregado da Companhia. Imediatamente o pai de família, agora empregado, fez com que a situação de miséria ficasse para trás, um horizonte de esperança abriu-se. “As Samaritanas”, Uma história de amor. Velho Foca 2012 Esta lição de vida permanece. Sábado, 03 de dezembro de 2011, fomos participar das comemorações das bodas de ouro dos amigos Hamilton Junqueira e Ivanilde. Salão de festas, ambiente requintado e aconchegante, convidados seletos, os mínimos detalhes demonstravam o carinho e o bom gosto com que os filhos e noras do casal prepararam o evento. Uma noite de grandes surpresas para o casal e para nós. De repente, Herman, o filho mais velho, pede a atenção de todos, a música é interrompida, fazendo-se um silêncio instantâneo. Era o início das homenagens ao casal. “Temos essa noite festiva uma reunião de velhos e novos amigos, reservamos algumas surpresas aos nossos pais e as iniciaremos agora” Com a voz demonstrando intensa emoção, continuou Herman: “Nestes 50 anos de união dos nossos pais, além dos acontecimentos diretamente ligados à nossa família, dois outros marcaram significantemente a nossa vida. O primeiro foi em 1977, quando chegou em nossa casa Dona Sebastiana Soares, fundadora da União Espírita 'As Samaritanas' e pede ao pai que assuma a direção da sociedade pelo menos por dois anos. Aqueles 2 anos se transformaram em 20, até que em 1995 ele passasse o cajado a um amigo querido de sua confiança, cuja direção ainda permanece. Este está conosco, convido para que venha dizer algumas palavras Francisco Navais Filho, Diretor Administrativo da União Espírita 'As Samaritanas'”. Senti novamente a presença carinhosa da senhora caridade, mentalmente lhe disse: “esses aplausos demonstram o reconhecimento pelo seu trabalho, pela sua dedicação e pelo seu amor”. As palavras brotaram d'alma, com elas fiz também gratidão ao mestre Junqueira. Foi realmente uma surpresa, uma alegria, uma alegria incontida, uma honra para a família Samar receber o destaque na festa da família Junqueira. Sempre é tempo para falar de Sebastiana Soares, mesmo que as palavras sejam insuficientes para abranger sua magnitude. “As Samaritanas”, Uma história de amor. SEM FIM Esse conto, Quanto mais se conta Mais se encanta A mente não comporta Nenhum conto abrangerá Pois, a fonte inesgotável Sempre jorrará. Anoitece em nossa Beta-bara. É hora de descansar Renovar as energias Esperar o sol raiar Atravessar sem partir Ah, a correnteza? Dou-te a minha mão Segure firme, não soltes Não temas, nem voltes Ela passa, tudo passa. Velho Foca 2012