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BIOLOGIA BIOLOGIA De acordo com a organização estrutural, as células são divididas em: - Células Procariontes - Células Eucariontes 1. ESTRUTURA E FISIOLOGIA CELULAR. Células Procariontes As células procariontes ou procarióticas, também chamadas de protocélulas, são muito diferentes das eucariontes. A sua principal característica é a ausência de carioteca individualizando o núcleo celular, pela ausência de algumas organelas e pelo pequeno tamanho que se acredita que se deve ao fato de não possuírem compartimentos membranosos originados por evaginação ou invaginação. Também possuem DNA na forma de um anel não-associado a proteínas (como acontece nas células eucarióticas, nas quais o DNA se dispõe em filamentos espiralados e associados à histonas). Estas células são desprovidas de mitocôndrias, plastídeos, complexo de Golgi, retículo endoplasmático e sobretudo cariomembrana o que faz com que o DNA fique disperso no citoplasma. A este grupo pertencem seres unicelulares ou coloniais: - Bactérias - Cianofitas (algas cianofíceas, algas azuis ou ainda Cyanobacteria) - PPLO (“pleuro-pneumonia like organisms”) ou Micoplasmas Antiga citologia, a biologia celular estuda as células, seus componentes e funções. Os seres vivos podem apresentar o corpo formado por uma ou mais células, sendo, respectivamente, chamados de unicelulares e pluricelulares. Quanto à estrutura celular eles podem ser classificados em eucariontes e procariontes. Os eucariontes apresentam células constituídas por três partes fundamentais: membrana, citoplasma e núcleo, e compreendem a quase totalidade dos organismos. Os procariontes não apresentam um núcleo típico e são representados por bactérias e cianofíceas. A teoria celular afirma que todos os seres vivos são constituídos por células e produtos resultantes das atividades celulares. Portanto, a célula representa a unidade estrutural e funcional dos seres vivos, da mesma forma que o átomo é a unidade fundamental dos compostos químicos. O ciclo celular é um processo que ocorre nas células para seu crescimento e divisão; ele mostra, como se fosse um relógio, em que situação a célula se encontra no organismo. É dividido tecnicamente em dois momentos, a interfase, período em que a célula não está se dividindo, e a divisão celular propriamente dita, a mitose. A interfase é a fase mais duradoura do ciclo, ocupando em média 90% do tempo deste ciclo. Já a mitose é a parte mais curta, ficando em média com 10% do tempo de duração do ciclo celular. A mitose, processo em que a célula se divide uma vez só, consequentemente formando duas células-filhas geneticamente idênticas, num processo que permite o crescimento e regeneração de tecidos. A meiose é outro tipo de divisão, em que uma célula se divide duas vezes, formando assim quatro células-filhas com metade do equipamento genético da célula-mãe. Dessa forma, a meiose é uma divisão sempre associada à reprodução dos organismos, possibilitando a formação de gametas nos animais: espermatozoides e óvulos. Células Incompletas As bactérias dos grupos das rickettsias e das clamídias são muito pequenas, sendo denominadas células incompletas por não apresentarem capacidade de auto-duplicação independente da colaboração de outras células, isto é, só proliferarem no interior de outras células completas, sendo, portanto, parasitas intracelulares obrigatórios. Diferente dos vírus por apresentarem: - conjuntamente DNA e RNA; - parte da máquina de síntese celular necessária para reproduzirem-se; - uma membrana semipermeável, através da qual realizam as trocas com o meio envolvente. Obs.: já foram encontrados vírus com DNA, adenovirus, e RNA, retrovírus, no entanto são raros, os vírus que possuem DNA e RNA simultaneamente. Célula Procariótica e Eucariótica Células Eucariontes Características Gerais dos Seres Vivos As células eucariontes ou eucarióticas, também chamadas de eucélulas, são mais complexas que as procariontes. Possuem membrana nuclear individualizada e vários tipos de organelas. A maioria dos animais e plantas a que estamos habituados são dotados deste tipo de células. É altamente provável que estas células tenham surgido por um processo de aperfeiçoamento contínuo das células procariontes. Não é possível avaliar com precisão quanto tempo a célula «primitiva» levou para sofrer aperfeiçoamentos na sua estrutura até originar o modelo que hoje se repete na imensa maioria das células, mas é provável que tenha demorado muitos milhões de anos. Acredita-se que a célula «primitiva» tivesse sido bem pequena e para que sua fisiologia estivesse melhor adequada à relação tamanho × funcionamento era necessário que crescesse. Para ser considerado um ser vivo, esse tem que apresentar certas características: - Ser constituído de célula; - buscar energia para sobreviver; - responder a estímulos do meio; - se reproduzir; - evoluir. De acordo com o número de células podem ser divididas em: - Unicelulares - Bactérias, cianofitas, protozoários, algas unicelulares e leveduras. - Pluricelulares - os demais seres vivos. Didatismo e Conhecimento 1 BIOLOGIA Acredita-se que a membrana da célula “primitiva” tenha emitido internamente prolongamentos ou invaginações da sua superfície, os quais se multiplicaram, adquiriram complexidade crescente, conglomeraram-se ao redor do bloco inicial até o ponto de formarem a intrincada malha do retículo endoplasmático. Dali ela teria sofrido outros processos de dobramentos e originou outras estruturas intracelulares como o complexo de Golgi, vacúolos, lisossomos e outras. Quanto aos cloroplastos (e outros plastídeos) e mitocôndrias, atualmente há uma corrente de cientistas que acreditam que a melhor teoria que explica a existência destes orgânulos é a Teoria da Endossimbiose, segundo a qual um ser com uma célula maior possuía dentro de si uma célula menor, mas com melhores características, fornecendo um refúgio à menor e esta a capacidade de fotossintetizar ou de sintetizar proteínas com interesse para a outra. 5- Ergastoplasma ou Retículo endoplasmático rugoso (RER): transporte de proteínas ( há ribossomos grudados nele ) 6- Complexo de Golgi armazena e libera as proteínas 7- Microtúbulos 8- Retículo Endoplasmático Liso: transporte de proteínas 9- Mitocôndrias Respiração 10- Vacúolo: existem em célula animal, porém são muito maiores na célula vegetal, serve como reserva energética 11- Citoplasma 12- Lisossomas: digestão 13- Centríolos: divisão celular A célula vegetal: A célula vegetal é semelhante à célula animal mas contém algumas peculiaridades como a parede celular e os cloroplastos. Está dividida em: Componentes protoplasmáticos que são um composto de organelas celulares e outras estruturas que sejam ativas no metabolismo celular. Inclui o núcleo, retículo endoplasmático, citoplasma, ribossomos, complexo de Golgi, mitocôndrias, lisossomos e plastos e componentes não protoplasmáticos são os resíduos do metabolismo celular ou substâncias de armazenamento. Inclui vacúolos, parede celular e substâncias ergástricas. Os níveis de organização das Células Eucariotas Nesse grupo encontram-se: - Células Vegetais (com cloroplastos e com parede celular; normalmente, apenas, um grande vacúolo central) - Células Animais (sem cloroplastos e sem parede celular; vários pequenos vacúolos) Vacúolo: É uma cavidade delimitada por uma membrana (tonoplasto) e contém o suco celular que é composto de substâncias ergástricas e algumas em células podem conter pigmentos como as flavonas e antocianinas. Células jovens geralmente têm vários vacúolos pequenos que ao longo de seu desenvolvimento se fundem em um mega vacúolo. Eles atuam na regulação osmótica expulsando água da célula ou podem se fundir aos lisossomos e participar do processo de digestão intracelular. Origina-se do complexo de golgi. Componentes Morfológicos das Células Célula Animal A palavra célula foi usada pela 1° vez em 1665, pelo inglês Robert Hooke(1635-1703). Com um microscópio muito simples ele observou pedaços de cortiça, e ele percebeu que ela era formada por compartimentos vazios que ele chamou de células. Célula animal é uma célula que se pode encontrar nos animais e que se distingue da célula vegetal pela ausência de parede celular e de plastos.Possui flagelo, o que não é comum nas células vegetais. - Célula Animal (sem cloroplastos e sem parede celular; vários pequenos vacúolos) Substâncias Ergástricas: São substâncias de reserva ou resíduos, produtos, do metabolismo celular. - Amido: são partículas sólidas com formas variadas, pode ser encontrado no cloroplasto ou no leucoplasto. Formam grãos com muitas camadas centradas em um ponto chamado hilo. - Proteína: as proteínas ergástricas são material de reserva e se apresentam no endosperma de muitas sementes em forma de grãos de aleurona. - Lipídios: pode ocorrer em forma de óleo ou gordura se for para armazenamento ou em forma de terpenos que são produtos finais como óleos essenciais e resinas. - Taninos: um grupo de compostos fenólicos que podem ficar em vários órgãos vegetais (se acumulam no vacúolos) e podem impregnar a parede celular Plasto: É originado do protoplastídeo e tem configurações diferentes, com várias especialidades: Cloroplastos, são plastos de clorofila, responsável pela fotossíntese. Só são encontrados em células expostas à luz. É formado por uma membrana externa e uma interna que sofre invaginações formando sacos empilhados, os tilacoides. Alguns se dispõem uns sobre os outros formando uma pilha chamada granum (plural = grana). A matriz interna é chamada de estroma e pode conter granululos de amido espalhados por ele. São derivados dos cromoplastos. Cloroplastos possuem seu próprio DNA e ribossomos, são relativamente independentes do resto da célula (principalmente do núcleo). Cromoplastos: são Metabolismo -Orgânulos: 1- Nucléolo: armazena carga genética 2- Núcleo celular: cromossomos do DNA 3- Ribossomos: faz a síntese de Proteínas 4- Vesículas Didatismo e Conhecimento 2 BIOLOGIA plastos coloridos (contém pigmentos) de estrutura irregular que dão origem aos cloroplastos. Seus principais pigmentos são os carotenoides (coloração da cenoura) e xantofilas que dão coloração para flores e frutos. Leucoplastos: São incolores e servem para acumular substâncias diversas como proteínas, amidos e lipídios. Dependendo da substância que acumulam, recebem nomes diferentes: oleoplastos, proteoplastos, amiloplastos, etc. Ele imaginou que o núcleo era uma espécie de “semente” da célula. O núcleo é a maior estrutura da célula animal e abriga os cromossomos. Cada cromossomo contém vários genes, o material genético que comanda as atividades celulares. Por isso, dizemos que o núcleo é o portador dos fatores hereditários (transmitidos de pais para filhos) e o regulador das atividades metabólicas da célula. É o “centro vital” da célula. Envoltório nuclear - É a membrana que envolve o conteúdo do núcleo, ela é dotada de numerosos poros, que permitem a troca de substâncias entre o núcleo e o citoplasma. De maneira geral, quanto mais intensa é a atividade celular, maior é o número de poros na carioteca. Nucleoplasma - É o material gelatinoso que preenche o espaço interno do núcleo. Nucléolo - Corpúsculo arredondado e não membranoso que se acha imerso na cariolinfa. Cada filamento contém inúmeros genes. Numa célula em divisão, os longos e finos filamentos de cromatina tornam-se mais curtos e mais grossos: passam, então, a ser chamados cromossomos. Os cromossomos são responsáveis pela transmissão dos caracteres hereditários. Funções das Estruturas Celulares Organelas Celulares Os ribossomos e a produção de proteínas: As células produzem diversas substâncias necessárias ao organismo. Entre essas substâncias destacam-se as proteínas. Os ribossomos são organelas não membranosas, responsáveis pela produção (síntese) de proteínas nas células. Eles tanto aparecem isolados no citoplasma, como aderidos ao retículo endoplasmático. O retículo endoplasmático e a distribuição de substâncias: Essa organela é constituída por um sistema de canais e bolsas achatadas. Apresenta várias funções, dentre as quais facilitar o transporte e a distribuição de substâncias no interior da célula. As membranas do retículo endoplasmático podem ou não conter ribossomos aderidos em sua superfície externa. A presença dos ribossomos confere à membrana do retículo endoplasmático uma aparência granulosa; na ausência dos ribossomos, a membrana exibe um aspecto liso ou não-granulosos. O núcleo celular O pesquisador escocês Robert Brown (1773- 1858) é considerado o descobridor do núcleo celular. Embora muitos citologistas anteriores a ele já tivessem observados núcleos, não haviam compreendido a enorme importância dessas estruturas para a vida das células. O grande mérito de Brown foi justamente reconhecer o núcleo como componente fundamental das células. O nome que ele escolheu expressa essa convicção: a palavra “núcleo” vem do grego nux, que significa semente. Brown imaginou que o núcleo fosse a semente da célula, por analogia aos frutos. O complexo de golgi e o armazenamento das proteínas: É a organela celular que armazena parte das proteínas produzidas numa célula, entre outras funções. Essas proteínas poderão então ser usadas posteriormente pelo organismo. Os lisossomos e a digestão celular: São organelas que contêm substâncias necessárias à digestão celular. Quando a célula engloba uma partícula alimentar que precisa ser digerida, os lisossomos se dirigem até ela e liberam o suco digestório que contêm. Fagocitose e pinocitose: Imagine um glóbulo branco do nosso corpo diante de uma bactéria invasora que ele irá destruir. A bactéria é grande demais para simplesmente atravessar a membrana plasmática do glóbulo. Nesse caso, a membrana plasmática emite expansões que vão envolvendo a bactéria. Essas expansões acabam se fundindo e a bactéria é finalmente englobada e carregada para o interior da célula. A esse fenômeno de englobamento de partículas dá-se o nome de fagocitose. Caso a célula englobe uma partícula líquida, o fenômeno é chamado pinocitose e, nesse caso, não se forma as expansões típicas da fagocitose. Os centríolos e a divisão celular: Os centríolos são estruturas cilíndricas formadas por microtúbulos (tubos microscópicos). Essas organelas participam da divisão celular, “orientando” o deslocamento dos cromossomos durante esse processo. Geralmente cada célula apresenta um par de centríolos dispostos perpendicularmente. Hoje, sabemos que o núcleo é o centro de controle das atividades celulares e o “arquivo” das informações hereditárias, que a célula transmite às suas filhas ao se reproduzir. O núcleo da célula: O botânico escocês Robert Brown (1773 1858) verificou que as células possuíam um corpúsculo geralmente arredondado, que ele chamos de núcleo (do grego nux: ‘semente’). A membrana celular presente nas células eucariontes, mas ausente nas procariontes. Didatismo e Conhecimento Células eucariontes e procariontes 3 BIOLOGIA Na célula eucarionte, o material hereditário está separado do citoplasma por uma membrana – a carioteca – enquanto na célula procarionte o material hereditário se encontra mergulhado diretamente no líquido citoplasmático. Os componentes do núcleo O núcleo das células que não estão em processo de divisão apresenta um limite bem definido, devido à presença da carioteca ou membrana nuclear, visível apenas ao microscópio eletrônico. A maior parte do volume nuclear é ocupada por uma massa filamentosa denominada cromatina. Existem ainda um ou mais corpos densos (nucléolos) e um líquido viscoso (cariolinfa ou nucleoplasma). A face interna da carioteca encontra-se a lâmina nuclear, uma rede de proteínas que lhe dá sustentação. A lâmina nuclear participa da fragmentação e da reconstituição da carioteca, fenômenos que ocorrem durante a divisão celular. A carioteca A carioteca (do grego karyon, núcleo e theke, invólucro, caixa) é um envoltório formado por duas membranas lipoprotéicas cuja organização molecular é semelhante as demais membranas celulares. Entre essas duas membranas existe um estreito espaço, chamado cavidade perinuclear. A face externa da carioteca, em algumas partes, se comunica com o retículo endoplasmático e, muitas vezes, apresenta ribossomos aderidos à sua superfície. Neste caso, o espaço entre as duas membranas nucleares é uma continuação do espaço interno do retículo endoplasmático. A cromatina A cromatina (do grego chromatos, cor) é um conjunto de fios, cada um deles formado por uma longa molécula de DNA associada a moléculas de histonas, um tipo especial de proteína. Esses fios são os cromossomos. Quando se observam núcleos corados ao microscópio óptico, nota-se que certas regiões da cromatina se coram mais intensamente do que outras. Os antigos citologistas já haviam observados esse fato e imaginado, acertadamente, que as regiões mais coradas correspondiam a porções dos cromossomos mais enroladas, ou mais condensadas, do que outras. Para assinalar diferenças entre os tipos de cromatina, foi criado o termo heterocromatina (do grego heteros, diferente), que se refere à cromatina mais densamente enrolada. O restante do material cromossômico, de consistência mais frouxa, foi denominado eucromatina (do grego eu, verdadeiro). Poros da carioteca A carioteca é perfurada por milhares de poros, através das quais determinadas substâncias entram e saem do núcleo. Os poros nucleares são mais do que simples aberturas. Em cada poro existe uma complexa estrutura proteica que funciona como uma válvula, abrindo-se para dar passagem a determinadas moléculas e fechando-se em seguida. Dessa forma, a carioteca pode controlar a entrada e a saída de substâncias. Didatismo e Conhecimento Diferentes níveis de condensação do DNA. (1) Cadeia simples de DNA. (2) Filamento de cromatina (DNA com histonas). (3) Cromatina condensada em interfase com centrómeros. 4 BIOLOGIA (4) Cromatina condensada em prófase. (Existem agora duas cópias da molécula de DNA) (5) Cromossoma em metáfase Centrômero e cromátides Na célula que está em processo de divisão, cada cromossomo condensado aparece como um par de bastões unidos em um determinado ponto, o centrômero. Essas duas “metades” cromossômicas, denominadas cromátides-irmãs são idênticas e surgem da duplicação do filamento cromossômico original, que ocorre na interfase, pouco antes de a divisão celular se iniciar. Durante o processo de divisão celular, as cromátides-irmãs se separam: cada cromátide migra para uma das células-filhas que se formam. O centrômero fica localizado em uma região heterocromática, portanto em uma constrição que contém o centrômero é chamada constrição primária, e todas as outras que porventura existam são chamadas constrições secundárias. Constituição química e arquitetura dos cromossomos Descobrir a natureza química dos cromossomos foi uma árdua tarefa que mobilizou centenas de cientistas e muitos anos de trabalho. O primeiro constituinte cromossômico a ser identificado foi o ácido desoxirribonucleico, o DNA. Em 1924, o pesquisador alemão Robert J. Feugen desenvolveu uma técnica especial de coloração que permitiu demonstrar que o DNA é um dos principais componentes dos cromossomos. Alguns anos mais tarde, descobriu-se que a cromatina também é rica em proteínas denominadas histonas. Cromossomos da célula em divisão Quando a célula vai se dividir, o núcleo e os cromossomos passam por grandes modificações. Os preparativos para a divisão celular têm inicio com a condensação dos cromossomos, que começam a se enrolar sobre si mesmos, tornando-se progressivamente mais curtos e grossos, até assumirem o aspecto de bastões compactos. As partes de um cromossomo separadas pelo centrômero são chamadas braços cromossômicos. A relação de tamanho entre os braços cromossômicos, determinada pela posição do centrômero, permite classificar os cromossomos em quatro tipos: - metacêntrico: possuem o centrômero no meio, formando dois braços de mesmo tamanho; - submetacêntricos: possuem o centrômero um pouco deslocado da região mediana, formando dois braços de tamanhos desiguais; - acrocêntricos: possuem o centrômero bem próximo a uma das extremidades, formando um braço grande e outro muito pequeno; - telocêntricos: possuem o centrômero em um das extremidades, tendo apenas um braço. Constrições cromossômicas Durante a condensação cromossômica, as regiões eucromáticas se enrolam mais frouxamente do que as heterocromáticas, que estão condensadas mesmo durante a interfase. No cromossomo condensado, as heterocromatinas, devido a esse alto grau de empacotamento, aparecem como regiões “estranguladas” do bastão cromossômico, chamadas constrições. Didatismo e Conhecimento 5 BIOLOGIA Após a iniciativa do National Institutes of Health (NIH) dos Estados Unidos, centenas de laboratórios de todo o mundo se uniram à tarefa de sequenciar, um a um, os genes que codificam as proteínas do corpo humano e também aquelas sequências de DNA que não são genes. Laboratórios de países em desenvolvimento também participaram do empreendimento com o objetivo de formar mão-de-obra qualificada em genômica. Para o sequenciamento de um gene, é necessário que ele seja antes amplificado numa reação em cadeia da polimerase, e então clonado em bactérias. Após a obtenção de quantidade suficiente de DNA, executa-se uma nova reação em cadeia (PCR), desta vez utilizando didesoxirribonucleotídeos marcados com fluoróforos para a determinação da sequência. O projeto foi fundado em 1990, com um financiamento de 3 milhões de dólares do Departamento de Energia dos Estados Unidos e dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, e tinha um prazo previsto de 15 anos. Devido à grande cooperação da comunidade científica internacional, associada aos avanços no campo da bioinformática e das tecnologias de informação, um primeiro esboço do genoma foi anunciado em 26 de Junho de 2000, dois anos antes do previsto. Em 14 de Abril de 2003, um comunicado de imprensa conjunto anunciou que o projeto foi concluído com sucesso, com o sequenciamento de 99% do genoma humano, com uma precisão de 99,99%. Os trabalhos do projeto foram dados como concluídos em 2003. Com a tecnologia da época, estimou-se que todos os genes (em torno de 25.000) haviam sido sequenciados. Deve-se lembrar que nem todo o DNA humano foi sequenciado. Estimativas atuais concluem que apenas cerca de 2% do material genético humano é composto de genes, enquanto que a maior parte parece não conter instruções para a formação de proteínas, e existe provavelmente por razões estruturais. Muito pouco dessa maior parte do material genético tem sua sequência conhecida. Por limitações tecnológicas, partes do DNA que possuem muitas repetições de bases nitrogenadas também ainda não foram totalmente sequenciadas. Essas partes incluem, por exemplo, os centrômeros e os telômeros dos cromossomos. De todos os genes que tiveram sua sequência determinada, aproximadamente 50% codificam para proteínas de função conhecida. Apesar dessas lacunas, a conclusão do genoma já está facilitando o desenvolvimento de fármacos muito mais potentes, assim como a compreensão de diversas doenças genéticas humanas. Cromossomos e Genes O que são genes? As moléculas de DNA dos cromossomos contêm “receitas” para a fabricação de todas as proteínas da célula. Cada “receita” é um gene. Portanto, o gene é uma sequência de nucleotídeos do DNA que pode ser transcrita em uma versão de RNA e consequentemente traduzida em uma proteína. Organização celular. Conceito de genoma: Um cromossomo é comparável a um livro de receita de proteínas, e o núcleo de uma célula humana é comparável a uma biblioteca, constituída por 46 volumes, que contêm o receituário completo de todas as proteínas do indivíduo. O conjunto completo de genes de uma espécie, com as informações para a fabricação dos milhares de tipos de proteínas necessários à vida, é denominado genoma. Atualmente, graças a modernas técnicas de identificação dos genes, os cientistas mapearam o genoma humano através do Projeto Genoma Humano. Existem vários níveis hierárquicos de organização entre os seres vivos, começando pelos átomos e terminando nabiosfera. Cada um desses níveis é motivo de estudo para os biólogos. Átomos e moléculas Os átomos forma toda a matéria que existe. Eles se unem por meio de ligações químicas para formar as moléculas, desde moléculas simples como a água (H2O), até moléculas complexas como proteínas, que possuem de centenas a milhares de átomos. Como já vimos, a matéria viva é formada principalmente pela união dos átomos (C) Carbono, (H) Hidrogênio, (O) Oxigênio e (N) Nitrogênio. Projeto Genoma Humano: O Projeto Genoma Humano (PGH) teve por objetivo o mapeamento do genoma humano, e a identificação de todos os nucleotídeos que o compõem. Consistiu num esforço mundial para se decifrar o genoma. Didatismo e Conhecimento 6 BIOLOGIA Organelas e Células Esses fatores não vivos são chamados de fatores abióticos. Os seres vivos são chamados de fatores bióticos. A interação entre os seres bióticos e os abióticos recebe o nome de ecossistema. Por exemplo, uma população de jacarés que está tomando sol em cima de uma pedra, nas margens de um rio. As organelas são estruturas presentes no interior das células, que desempenham funções específicas. São formadas a partir da união de várias moléculas. A célula é a unidade básica da vida, sendo imprescindível para a existência dela. Existem vários tipos de células, cada uma com sua função específica. Biosfera: Tecidos A biosfera é o conjunto de todos os ecossistemas do planeta Terra. A biosfera é a mais alta de todas as hierarquias. Adaptado de: Fabiana Santos Gonçalves. Os tecidos são formados pela união de células especializadas. Os tecidos estão presentes apenas em alguns organismos multicelulares como as plantas e animais. Um exemplo de tecido é o muscular tem a função de produzir os movimentos musculares, o tecido ósseo, formado pelas células ósseas tem a função de sustentar o organismo. Componentes químicos da célula. Todos os seres vivos possuem moléculas e elementos que são essenciais para a sua composição e para o seu metabolismo. É uma grande variedade de substâncias orgânicas e inorgânicas que fazem parte dessa composição. Aqui iremos conhecer um pouco dessas substâncias. Órgãos Os tecidos se organizam e se unem, formando os órgãos. Eles são formados de vários tipos de tecidos, por exemplo. O coração é formado por tecido muscular, sanguíneo e tecido nervoso. Os ossos são formados por tecido ósseo, sanguíneo e nervoso. Substâncias Orgânicas Sistemas Proteínas: presentes em todas as estruturas celulares. São formadas por aminoácidos e sua presença é indispensável para o metabolismo do organismo. As proteínas formam as enzimas. Os sistemas são formados pela união de vários órgãos, que se trabalham em conjunto para exercer uma determinada função corporal, por exemplo, o sistema digestório, que é formado por vários órgãos, como boca, estômago, intestino, glândulas, etc. Vitaminas: podem ser hidrossolúveis (solúveis em água) ou lipossolúveis (solúveis em lipídeos). São necessárias em pequenas quantidades pelo organismo, sua falta pode causar doenças. As vitaminas são adquiridas por meio de uma alimentação variada. Organismo A união de todos os sistemas forma o organismo, que pode ser uma pessoa, uma planta, um peixe, um cachorro, um pássaro, um verme, etc. Carboidratos ou Glicídios ou Açúcares: são fundamentais, pois dão energia às células e ao organismo. São de três tipos: monossacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos. Alguns têm função estrutural, como celulose e quitina; e de reserva, como o amido e glicogênio. População Dificilmente um organismo vive isolado, ele interage com outros organismos da mesma espécie e de outras espécies, e também com o meio ambiente. O conjunto de organismos da uma mesma espécie, interagindo entre si e que habitam uma determinada região, em uma determinada época, chama-se população. Lipídios: insolúveis em água, atuam como reserva de energia, isolante térmico etc. São classificados em glicerídeos, ceras, esteroides, fosfolipídios e carotenoides. Compõem estruturas celulares. Comunidade Substâncias inorgânicas O conjunto de indivíduos de diferentes espécies interagindo entre si numa determinada região geográfica, ou seja, conjunto de diferentes populações vivendo juntas e interagindo é chamado de comunidade. O “Cerradinho”, uma reserva ecológica dentro da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, é uma comunidade que abriga diferentes populações de plantas e animais nativos da região. Ecossistema: Sais minerais: formados por íons. Algumas de suas funções são: formar o esqueleto, participar da coagulação sanguínea, transmissão de impulsos nervosos. Sua falta pode afetar o metabolismo e levar à morte. Água: substância encontrada em maior quantidade nos seres vivos. Pode dissolver diversas substâncias, por isso é classificada como solvente universal. No corpo humano representa cerca de 70% do peso corporal. Participa de inúmeras reações químicas em nosso organismo. A água é fundamental para a vida! O ecossistema é o conjunto dos seres vivos da comunidade, com os fatores não vivos, como temperatura, luminosidade, umidade e componentes químicos. Didatismo e Conhecimento 7 BIOLOGIA Membrana plasmática e transportes. O que aconteceria com a célula se a membrana plasmática não permitisse a passagem de nenhuma substância através dela? Membrana Plasmática Assim como, por exemplo, um carro precisa de portas para as pessoas entrar e sair, as células também possuem mecanismos que permitem a entrada e a saída de substâncias. Dizemos que a membrana plasmática seleciona a passagem destas substâncias e que ela possui, desta forma, uma permeabilidade seletiva. A camada fosfolipídica da membrana plasmática funciona como uma barreira fluida (maleável) e permite a passagem de substâncias diretamente através dela. ESTRUTURAS CELULARES I (membrana plasmática) Tudo que existe, e que é individualizado, precisa se separar do seu meio exterior por algum envoltório. Por exemplo, uma casa é separada do meio externo por paredes, pelo piso e pelo teto. Imagine agora uma célula sem um envoltório. Como seria sua composição? Certamente, semelhante àquela encontrada ao seu redor. Sem esse envoltório, provavelmente a célula nem existiria. Assim, o papel principal da membrana plasmática é delimitar a célula, em outras palavras, separar o conteúdo citoplasmático do meio em que ela se encontra. Por isso, começaremos nosso estudo sobre as estruturas que formam a célula pela membrana plasmática. Você acha que tudo consegue atravessar essa barreira fosfolipídica? A resposta é não. Atravessará a barreira apenas as substâncias pequenas que consigam se entremear através dos fosfoslipídeos. Essas substâncias precisam ter afinidades por lipídeos, senão não conseguiriam se “misturar” com eles para atravessar a membrana. Por outro lado não são apenas substâncias com afinidades por lipídeos que atravessam a membrana plasmática. As substâncias que não conseguem atravessar diretamente a camada fosfolipídica podem entrar ou sair da célula através de suas portas e janelas, que são as proteínas. Quais as substâncias que formam a membrana plasmática? Antes de responder a esta pergunta é importante lembrar que tanto o interior da célula quanto o seu exterior possui grande quantidade de água. Você já pode ter observado o que acontece quando pinga uma gota de óleo sobre a água. O óleo não se mistura. Os lipídeos, substâncias oleosas, são as principais moléculas presentes na membrana plasmática e o fato deles não se misturarem com a água ajuda no papel da membrana plasmática de separação da célula do seu meio externo. Os lipídeos da membrana são chamados de fosfolipídeos e se organizam em uma bicamada (duas camadas justapostas). Os fosfolipídios possuem uma cabeça polar, formada por fósforo (que pode ficar em contato com a água) e caudas apolares (que não tem afinidade por água) que ficam voltadas para o interior da membrana. Além dos fosfolipídeos a membrana também possui proteínas, que funcionam como portas e janelas da célula, e açúcares ligados aos lipídeos e às proteínas. Ou seja, a composição da membrana plasmática …é principalmente lipoproteica (lipídios + proteínas). O modelo mais aceito atualmente foi proposto por Singer e Nicholson e é conhecido como modelo do mosaico fluido, como mostra a figura abaixo. Didatismo e Conhecimento A passagem das substâncias de pequeno porte através da membrana pode ocorrer passivamente ou ativamente. Antes de entender as duas formas principais de transporte na membrana, o passivo e o ativo, é necessário que compreenda muito bem o processo de difusão. Você já deve ter observado o que acontece quando uma pessoa passa um perfume forte e permanece em um ambiente fechado. Em poucos instantes toda a sala fica com o cheiro do perfume. Já parou para se perguntar por que isso ocorre? Lembra que dois corpos não ocupam um mesmo lugar no espaço? Isso significa dizer que quando uma “partícula” se move, ela acaba “tomando o lugar” de uma outra partícula que se encontra ao seu lado. O ar é composto de diversas “partículas” flutuantes diferentes, ou seja, de gases, como o oxigênio, gás carbônico e nitrogênio, que se movem, e que estão sempre trocando de lugar uns com os outros. O perfume é feito por um líquido muito volátil, que se torna um gás facilmente. Quando os gases perfumados são adicionados ao ar, eles também irão se mover e trocar de lugar com os outros tipos de gases. Isso faz com que depois de um tempo tenhamos gases de perfume espalhados por todo o ambiente fechado. As moléculas presentes dentro de líquidos também possuem capacidade de movimento. Dentro da célula e em seu exterior existe grande quantidade de líquidos. Então, quando uma molécula qualquer se move dentro desses líquidos elas deverão também trocar de lugar com as moléculas que estão ao seu redor. Agora, responda a seguinte pergunta: Uma pessoa está parada numa estação final de trem esperando para embarcar. O trem chega lotado de passageiros e abre as portas. A pessoa conseguirá entrar com facilidade? Você já deve ter percebido que esta pessoa terá grande dificuldade de entrar no trem porque haverá um grande fluxo de passageiros saindo dele. 8 BIOLOGIA O mesmo acontece com as substâncias que entram e saem de uma célula. Se existe maior quantidade de substâncias de um lado ou do outro, haverá maior fluxo de passagem para o lado que a substância estiver em menor quantidade. O liso é formado por estruturas membranosas tubulares, sem ribossomos aderidos, portanto de superfície lisa. Os dois tipos estão interligados e a transição entre eles é gradual, observando o retículo endoplasmático, partindo do rugoso em direção ao liso, vemos as bolsas tornarem-se menores e à quantidade de ribossomos aderidos diminui progressivamente, até deixar de existir. O retículo endoplasmático atua como uma rede de distribuição de substâncias no interior da célula. No líquido existente dentro de suas bolsas e tubos, diversos tipos de substâncias se deslocam sem se misturar com o citosol. Outras funções são: o armazenamento de substâncias e o controle da pressão osmótica do hialoplasma. O retículo Endoplasmático liso também é responsável pela produção de lipídios, desintoxicação do organismo (fígado) e ajuda a catalisar as reações químicas na célula, já o rugoso é responsável pela produção de proteínas graças a presença dos ribossomos. As proteínas fabricadas penetram nas bolsas e desloca-se em direção ao aparelho de golgi, passando pelos estreitos e tortuosos canais do retículo endoplasmático liso. Assim, a difusão pode ser entendida como um maior fluxo de movimento de moléculas em direção a uma região onde as mesmas se encontram em menor quantidade. a) Transporte Ativo – Movimento de entrada ou saída de substâncias em uma célula com gasto de energia. Ex: bomba de sódio e potássio. Para entender o transporte ativo, pense em nosso exemplo acima e imagine o caso da pessoa que está do lado de fora do trem. Para entrar no trem esta pessoa terá que “vencer” a direção natural de movimento de passageiros. E, ao fazer isso, terá que se movimentar contra um “gradiente” de passageiros e se esforçar bastante. Em outras palavras, ela terá que gastar energia. Para ocorrer a passagem de uma molécula contra um gradiente de concentração também será necessário o gasto de energia. b) Transporte Passivo – Movimento feito sem gasto de energia, ou seja, respeitando o gradiente de condentração. Ex: osmose. Funções do retículo endoplasmático O retículo endoplasmático, além de conduzir substâncias pelo citoplasma, é o local de produção de várias substâncias importantes. Por exemplo, a síntese de diversos lipídios, como colesterol, fosfolipídios e hormônios esteroides, ocorre no retículo endoplasmático granular. Já o retículo endoplasmático granular, graças aos ribossomos, fabrica diversos tipos de proteínas. O retículo endoplasmático granular também participa dos processos de desintoxicação das células. No retículo agranular das células do fígado, por exemplo, ocorre modificação ou destruição de diversas substâncias tóxicas, entre elas o álcool. RE rugoso: também chamado de ergastoplasma, é formado por bolsas membranosas achatadas, com grânulos – os ribossomos – aderido à superfície externa. Sua principal função, graças aos ribossomos presente, é a síntese de proteínas. RE liso: é formado por tubos membranosos lisos, sem ribossomos aderidos. Suas principais funções são: síntese de diversos lipídios, como o colesterol, hormônios esteroides e fofolipídios. É no RE liso que também ocorre o processo de desintoxicação das células. Osmose – É a difusão da água, ou seja, a passagem de água de um meio hipotônico (onde ela se encontra em maior quantidade) para um meio hipertônico (onde ela se encontra em menor quantidade). Em um meio hipotônico existe maior quantidade de água e menor quantidade de sal dissolvido. O contrário ocorre em um meio hipertônico. Difusão facilitada – É a passagem de macromoléculas através de proteínas especiais denominadas permeases, que formam poros na membrana. A membrana plasmática possui a capacidade de englobar substâncias de maior porte através da endocitose Endocitose – Transporte de moléculas em grande quantidade. Existem dois tipos de mecanismos para esse transporte: a) Fagocitose – Englobamento de partículas sólidas por meio da emissão de pseudópodes pela membrana plasmática. b) Pinocitose – Englobamento de gotículas líquidas por meio de invaginações da membrana plasmática. Complexo de Golgi O aparelho de golgi está presente em praticamente todas as células eucariontes, consistindo em bolsas membranosas achatadas, empilhadas como pratos, chamadas Dictiossomos. Em células animais os dictiossomos geralmente encontram-se reunidos próximo ao núcleo, já nas células vegetais, geralmente os dictiossomos se encontram espalhados pelo citoplasma. O complexo de golgi atua como centro de armazenamento, transformação, empacotamento e remessa de substâncias na célula, além de atuar na secreção do ácido pancreátil, na produção de polissacarídeos (muco, glicoproteína-RER), na produção de lipídios, na secreção de enzimas digestivas, formação da lamela média em células vegetais, formação do lisossomo e na formação do acromossomo do espermatozoide. O aparelho de Golgi desempenha papel fundamental na eliminação de substâncias úteis ao organismo, processo denominado secreção celular. Citoplasma e organelas. Organelas Citoplasmáticas Retículo endoplasmático O citoplasma das células eucariontes contém inúmeras bolsas e tubos cujas paredes têm uma organização semelhante à da membrana plasmática. Essas estruturas formam uma complexa rede de canais interligados, conhecida pelo nome de retículo endoplasmático, que pode ser de dois tipos: Rugoso (granular) e liso (agranular). O rugosa, ou ergastoplasma é formado por sacos achatados, cujas membranas têm aspecto verrugoso devido à presença de ribossomos aderidos à sua superfície externa. Didatismo e Conhecimento 9 BIOLOGIA Lisossomos Os tipos de enzimas presentes nos peroxissomos sugerem que, alem da digestão, eles participem da desintoxicação da célula. O peróxido de hidrogênio, que se forma normalmente durante o metabolismo celular, é tóxico e deve ser rapidamente eliminado. Os lisossomos (do grego lise, quebra, destruição) são bolsas membranosas que contêm enzimas capazes de digerir diversas substâncias orgânicas. Existem mais de cinquenta tipos de enzimas hidrolíticas (atuam por hidrólise) alojadas no interior das pequenas bolsas lisossômicas. Os lisossomos estão presentes em praticamente todas as células eucariontes, sua origem é o Aparelho de Golgi. O retículo endoplasmático rugoso produz enzimas que migram para os dictiossomos (complexo de Golgi), são identificadas e enviadas para uma região especial do Aparelho de Golgi, onde são empacotadas e liberadas na forma de pequenas bolsas. Funções: Uma das funções dos lisossomos é a digestão intracelular. As bolsas formadas na fagocitose ou na pinocitose, que contêm partículas capturadas do meio externo, fundem-se com os lisossomos, originando bolsas maiores, onde a digestão ocorrerá. As bolsas originadas pela fusão de lisossomos com fagossomos ou pinossomos são denominadas vacúolos digestivos; em seu interior as substâncias presentes nos fogossomos ou pinossomos são digeridas pelas enzimas lisossômicas. Com a digestão intracelular as partículas capturadas pelas células são quebradas em pequenas moléculas que atravessam a membrana do vacúolo digestivo, passando pelo citosol. Estas moléculas fornecem energia à célula e serão utilizadas na fabricação de novas substâncias. Os materiais não digeridos no processo digestivo permanecem dentro do vacúolo, que passa a ser chamado vacúolo residual. Muitas células eliminam o conteúdo do vacúolo residual para o meio exterior. Este processo é chamado de clasmocitose ou defecação celular. O vacúolo residual encosta-se à membrana plasmática, fundindo-se nela e lançando seu conteúdo para o meio externo. Outra função do lisossomo é a autofagia (do grego auto, próprio e phagin, comer). Autofagia é uma atividade indispensável à sobrevivência de qualquer célula. Ela é o processo pelo qual as células digerem partes de si mesmas, com o auxílio de seus lisossomos. A autofagia é, em outras situações, uma atividade puramente alimentar. Quando um organismo é privado de alimento e as reservas de seu corpo se esgotam, as células passam a digerir partes de si mesma, como estratégia de sobrevivência. A autofagia permite destruir organelas celulares desgastadas e reaproveitar alguns de seus componentes. Este processo inicia-se com os lisossomos, que se aproximam, cercam e envolvem a estrutura a ser eliminada, que fica contida em uma bolsa repleta de enzimas, denominado vacúolo autofágico. Uma célula do nosso fígado, a cada semana, digere e reconstroi a maioria de seus componentes. Além das funções citadas acima, os lisossomos têm como função a citólise ou autólise, que o processo pelo qual a célula toda é digerida. Isto acontece com a cauda do girino, na sua transformação para a fase adulta. Centríolos No citoplasma das células animais encontramos dois cilindros formando um ângulo reto entre si: são os centríolos. Eles estão localizados em uma região mais densa do citoplasma, próximo ao núcleo. Essa região chama-se centrossomo. Cada centríolo é formado por microtúbulos dispostos de modo característico: há sempre nove grupos de três microtúbulos, formando a parede do cilindro. Os centríolos podem se autoduplicar, isto é, orientar a formação de novos centríolos. Eles têm duas funções: na divisão celular das células animais e na formação de cílios (estruturas curtas e numerosas) e flagelos (estrutura longa e em pequeno número), pelo corpo basal, que servem para a locomoção ou para a captura de alimento. Ribossomos Presentes em todos os seres vivos são grãos formados por ácido ribonucleico (RNA) e proteínas. Nas células eucarióticas, os ribossomos podem aparecer livres no hialoplasma ou associados a membrana do retículo (RE rugoso). É nos ribossomos que ocorre a síntese das proteínas. A síntese é feita através da união entre aminoácidos, sendo o mecanismo controlado pelo RNA. Este é produzido no núcleo da célula, sob o comando do DNA. O RNA, apoiado num grupo de ribossomos chamado polirribossomo ou polissoma, comanda a sequência de aminoácidos da proteína. Durante esse trabalho, os ribossomos vão «deslizando» pela molécula de RNA, à medida que a proteína vai sendo fabricada. Vacúolos São cavidades do citoplasma visíveis ao microscópio óptico. Além destes, há outros dois tipos de vacúolos, como o vacúolo contrátil e o vacúolo de suco celular. Vacúolo Contráteis: presentes nos protozoários de água doce – encarrecam-se de eliminar o excesso de água das células, além de eliminar também, substâncias tóxicas ou em excesso. Vacúolo de Sulco Celular: é característico das células vegetais, que armazena diversas substâncias. A coloração das flores, por exemplo, deve-se às antocianinas, pigmentos que se encontram dissolvidos nesse vacúolo. Vacúolos digestivos Peroxissomos Fagossomos e pinossomos, que contém material capturado do meio pela célula, fundem-se com lisossomos, originando bolsas membranosas chamadas vacúolos digestivos. As enzimas lisossômicas digerem as substâncias capturadas, quebrando-as e reduzindo-as a moléculas menores. Estas atravessam a mesma membrana do vacúolo digestivo e saem para o citosol, onde serão utilizadas como matéria-prima ou fonte de energia para os processos celulares. Eventuais restos da digestão, constituídos por material não-digerido e enzimas, permanecem dentro do vacúolo, agora denominado vacúolo (ou corpo) residual. Peroxissomos são bolsas membranosas que contêm alguns tipos de enzimas digestivas, semelhantes aos lisossomos, como a catalase, que transforma o H2O2 (água oxigenada, formada na degradação dos aminoácidos e das gorduras) em H2O (água) e O2 (oxigênio), e outras, em menor quantidade, que degradam gorduras e aminoácidos. Além disso, os peroxissomos também atuam no processo de desintoxicação das células. Pelo qual os peroxissomos absorvem substâncias tóxicas, modificando-as de modo a que não causem danos ao organismo. Didatismo e Conhecimento 10 BIOLOGIA A interfase – A fase que precede a mitose Este expulsa o conteúdo da célula por clasmocitose. É impossível imaginar a multiplicação de uma fabrica, de modo que todas as filiais fossem extremamente semelhantes a matriz, com cópias fieis de todos os componentes, inclusive dos diretores? Essa, porém, no caso da maioria das células, é um acontecimento rotineiro. A mitose corresponde a criação de uma cópia da fabrica e sua meta é a duplicação de todos os componentes. A principal atividade da célula, antes de se dividir, refere-se a duplicação de seus arquivos de comando, ou seja, à reprodução de uma cópia fiel dos dirigentes que se encontram no núcleo. A interfase é o período que precede qualquer divisão celular, sendo de intensa atividade metabólica. Nesse período, há a preparação para a divisão celular, que envolve a duplicação da cromatina, material responsável pelo controle da atividade da célula. Todas as informações existentes ao longo da molécula de DNA são passadas para a cópia, como se correspondessem a uma cópia fotográfica da molécula original. Em pouco tempo, cada célula formada da divisão receberá uma cópia exata de cada cromossomo da célula se dividiu. As duas cópias de cada cromossomo permanecem juntas por certo tempo, unidas pelo centrômero comum, constituindo duas cromátides de um mesmo cromossomo. Na interfase, os centríolos também se duplicam. Vacúolos autofágicos e heterofágicos Partes da célula, como, por exemplo, organelas velhas e desgastadas são constantemente atacadas e digeridas pela atividade lisossômica. Dessa forma, seus componentes moleculares podem ser reaproveitados. Os lisossomos fundem-se em torno de uma parte celular a ser digerida, formando uma bolsa membranosa chamada vacúolo autofágico (do grego autós próprio, e phagos, comer). Essa denominação ressalta o fato de o material digerido no vacúolo ser uma parte da própria célula. Quando o material digerido vem de fora da célula, capturado por fagocitose ou pinocitose, fala-se em vacúolo heterofágico (do grego heteros, outro, diferente). Mitocôndrias As mitocôndrias são organoides celulares – presentes nos eucariontes – delimitadas por duas membranas lipoproteicas. A membrana externa é lisa, e a interna apresenta inúmeras pregas, chamadas cristas mitocondriais, que se projetam para o interior da organela. Entre as cristas há uma solução chamada matriz mitocondrial. Essa solução viscosa é formada por diversas enzimas, DNA, RNA, pequenos ribossomos e outras substâncias. A mitocôndria é a organela onde ocorre a respiração celular. A respiração celular é, em linhas gerais, uma queima controlada de substâncias orgânicas, por meio da qual a energia contida no alimento é gradualmente liberada e transferida ´para molécula de ATP. ANOTAÇÕES ————————————————————————— ————————————————————————— ————————————————————————— Cloroplastos ————————————————————————— Como as mitocôndrias, são delimitados por duas membranas lipoproteicas. A membrana externa é lisa e a interna forma dobras para o interior da organela, constituindo um complexo sistema membranoso. Nesse sistema, destacam-se estruturas formadas por pilhas de discos membranosos, semelhantes a pilhas de moedas, cada uma chamada granum. Nas membranas internas do cloroplastos estão presentes os fotossistemas, cada um deles constituídos por algumas moléculas de clorofila, reunidas de modo a formar uma microscópica antena captadora de luz. Nos cloroplastos ocorre a fotossíntese. ————————————————————————— ————————————————————————— ————————————————————————— ————————————————————————— ————————————————————————— ————————————————————————— ————————————————————————— Divisão celular. ————————————————————————— Do mesmo modo que uma fábrica pode ser multiplicada pela construção de várias filiais, também as células se dividem e produzem cópias de si mesmas. Há dois tipos de divisão celular: mitose e meiose. Na mitose, a divisão de uma “célula-mãe” duas “células-filhas” geneticamente idênticas e com o mesmo número cromossômico que existia na célula-mãe. Uma célula n produz duas células n, uma célula 2n produz duas células 2n etc. Trata-se de uma divisão equacional. Já na meiose, a divisão de uma “célulamãe” 2n gera “células-filhas” n, geneticamente diferentes. Neste caso, como uma célula 2n produz quatro células n, a divisão é chamada reducional. Didatismo e Conhecimento ————————————————————————— ————————————————————————— ————————————————————————— ————————————————————————— ————————————————————————— ————————————————————————— ————————————————————————— 11 BIOLOGIA A intérfase e a Duplicação do DNA Houve época em que se falava que a interfase era o período de “repouso” da célula. Hoje, sabemos, que na realidade a interfase é um período de intensa atividade metabólica no ciclo celular: é nela que se dá a duplicação do DNA, crescimento e síntese. Costuma-se dividir a interfase em três períodos distintos: G1, S e G2. O intervalo de tempo em que ocorre a duplicação do DNA foi denominado de S (síntese) e o período que antecede é conhecido como G1 (G1 provém do inglês gap, que significa “intervalo”). O período que sucede o S é conhecido como G2. O ciclo celular todo, incluindo a interfase (G1, S, G2) e a mitose (M) – prófase, metáfase, anáfase e telófase – pode ser representado em um gráfico no qual se coloca a quantidade da DNA na ordenada (y) e o tempo na abscissa (x). Vamos supor que a célula que vai se dividir tenha, no período G1, uma quantidade 2C de DNA (C é uma unidade arbitrária). Nas células, existe uma espécie de “manual de verificação de erros” que é utilizado em algumas etapas do ciclo celular e que é relacionado aos pontos de checagem. Em cada ponto de checagem a célula avalia se é possível avançar ou se é necessário fazer algum ajuste, antes de atingir a fase seguinte. Muitas vezes, a escolha é simplesmente cancelar o processo ou até mesmo conduzir a célula à morte. As fases da mitose A mitose é um processo contínuo de divisão celular, mas, por motivos didáticos, para melhor compreendê-la, vamos dividi-la em fases: prófase, metáfase, anáfase e telófase. Alguns autores costumam citar uma quinta fase – a prometáfase – intermediária entre a prófase e a metáfase. O final da mitose, com a separação do citoplasma, é chamado de citocinese. Prófase – Fase de início (pro = antes) - Os cromossomos começam a ficar visíveis devido à espiralação. - O nucléolo começa a desaparecer. - Organiza-se em torno do núcleo um conjunto de fibras (nada mais são do que microtúbulos) originadas a partir dos centrossomos, constituindo o chamado fuso de divisão (ou fuso mitótico). Embora os centríolos participem da divisão, não é deles que se originam as fibras do fuso. Na mitose em célula animal, as fibras que se situam ao redor de cada par de centríolos opostas ao fuso constituem o áster (do grego, aster = estrela). - O núcleo absorve água, aumenta de volume e a carioteca se desorganiza. - No final da prófase, curtas fibras do fuso, provenientes do centrossomos, unem-se aos centrômeros. Cada uma das cromátides-irmãs fica ligada a um dos polos da célula. Didatismo e Conhecimento 12 BIOLOGIA Note que os centrossomos ainda estão alinhados na região equatorial da célula, o que faz alguns autores designarem essa fase de prometáfase. Como cada cromátide passa a ser um novo cromossomo, pode-se considerar que a célula fica temporariamente tetraplóide. A formação de um novo par de centríolos é iniciada na fase G1, continua na fase S e na fase G2 a duplicação é completada. No entanto, os dois pares de centríolos permanecem reunidos no mesmo centrossomo. Ao iniciar a prófase, o centrossomo parte-se em dois e cada par de centríolos começa a dirigir-se para polos opostos da célula que irá entrar em divisão. Telófase – Fase do Fim (telos = fim) - Os cromossomos iniciam o processo de desespirilação. - Os nucléolos reaparecem nos novos núcleos celulares. - A carioteca se reorganiza em cada núcleo-filho. - Cada dupla de centríolos já se encontra no local definitivo nas futuras células-filhas. Metáfase – Fase do meio (meta = no meio) - Os cromossomos atingem o máximo em espiralação, encurtam e se localizam na região equatorial da célula. - No finalzinho da metáfase e início da anáfase ocorre a duplicação dos centrômeros. Citocinese – Separando as células A partição em duas copias é chamada de citocinese e ocorre, na célula animal, de fora para dentro, isto é, como se a célula fosse estrangulada e partida em duas (citocinese centrípeta). Há uma distribuição de organelas pelas duas células-irmãs. Perceba que a citocinese é, na verdade a divisão do citoplasma. Essa divisão pode ter início já na anáfase, dependendo da célula. Anáfase – Fase do deslocamento (ana indica movimento ao contrário) - As fibras do fuso começam a encurtar. Em consequência, cada lote de cromossomos-irmãos é puxado para os polos opostos da célula. Didatismo e Conhecimento 13 BIOLOGIA A mitose serve para... A mitose é um tipo de divisão muito frequente entre os organismos da Terra atual. Nos unicelulares, serve à reprodução assexuada e à multiplicação dos organismos. Nos pluricelulares, ela repara tecidos lesados, repões células que normalmente morrem e também está envolvida no crescimento. No homem, a pele, a medula óssea e o revestimento intestinal são locais onde a mitose é frequente. Nem todas as células do homem, porém, são capazes de realizar mitose. Neurônios e célula musculares são dois tipos celulares altamente especializados em que não ocorre esse tipo de divisão (ocorre apenas na fase embrionária). Nos vegetais, a mitose ocorre em locais onde existem tecidos responsáveis pelo crescimento, por exemplo, na ponta de raízes, na ponta de caules e nas gemas laterais. Serve também para produzir gametas, ao contrário do que ocorre nos animais, em que a meiose é o processo de divisão mais diretamente associado à produção das células gaméticas. A Mitose na Célula Vegetal Na mitose de células de vegetais superiores, basicamente duas diferenças podem ser destacadas, em comparação com que ocorre na mitose da célula animal: - A mitose ocorre sem centríolos. A partir de certos locais, correspondentes ao centrossomos, irradiam-se as fibras do fuso. Uma vez que não há centríolos, então não existe áster. Por esse motivo, diz-se que a mitose em células vegetais é anastral (do grego, an = negativo); - A citocinese é centrífuga, ocorre do centro para a periferia da célula. No início da telófase forma-se o fragmoplasmo, um conjunto de microtúbulos proteicos semelhantes aos do fuso de divisão. Os microtúbulos do fragmoplasto funcionam como andaimes que orientam a deposição de uma placa celular mediana semelhante a um disco, originada de vesículas fundidas do sistema golgiense. Progressivamente, a placa celular cresce em direção à periferia e, ao mesmo tempo, no interior da vesícula, ocorre a deposição de algumas substâncias, entre elas, pectina e hemicelulose, ambos polissacarídeos. De cada lado da placa celular, as membranas fundidas contribuem para a formação, nessa região, das membranas plasmáticas das duas novas células e que acabam se conectando com a membrana plasmática da célula-mãe. Em continuação à formação dessa lamela média, cada célulafilha, deposita uma parede celulósica primária, do lado de fora da membrana plasmática. A parede primária acaba se estendendo por todo o perímetro da célula. Simultaneamente a parede celulósica primária da célula-mãe é progressivamente desfeita, o que permite o crescimento de cada célula-filha, cada qual dotada, agora, de uma nova parede primária. Então, se pudéssemos olhar essa região mediana de uma das células, do citoplasma para fora, veríamos, inicialmente, a membrana plasmática, em seguida a parede celulósica primária e, depois, a lamela média. Eventualmente, uma parede secundária poderá ser depositada entre a membrana plasmática e a parede primária. Meiose Diferentemente da mitose, em que uma célula diplóide, por exemplo, se divide formando duas células também diplóides (divisão equacional), a meiose é um tipo de divisão celular em que uma célula diplóide produz quatro células haplóides, sendo por este motivo uma divisão reducional. Um fato que reforça o caráter reducional da meiose é que, embora compreenda duas etapas sucessivas de divisão celular, os cromossomos só se duplicam uma vez, durante a interfase – período que antecede tanto a mitose como a meiose. No início da interfase, os filamentos de cromatina não estão duplicados. Posteriormente, ainda nesta fase, ocorre a duplicação, ficando cada cromossomo com duas cromátides. As várias fases da meiose A redução do número cromossômico da célula é importante fator para a conservação do lote cromossômico das espécies, pois como a meiose formam-se gametas com a metade do lote cromossômico. Quando da fecundação, ou seja, do encontro de dois gametas, o número de cromossomos da espécie se restabelece. Podemos estudar a meiose em duas etapas, separadas por um curto intervalo, chamado intercinese. Em cada etapa, encontramos as fases estudadas na mitose, ou seja, prófase, metáfase, anáfase e telófase. Vamos supor uma célula 2n = 2 e estudar os eventos principais da meiose nessa célula. Meiose I (Primeira Divisão Meiótica) Prófase I – É a etapa mais marcante da meiose. Nela ocorre o pareamento dos cromossomos homólogos e pode acontecer um fenômeno conhecido como crossing-over (também chamado de permuta). Como a prófase I é longa, há uma sequência de eventos que, para efeito de estudo, pode ser dividida nas seguintes etapas: - Inicia-se a espiralação cromossômica. É a fase de leptóteno (leptós = fino), em que os filamentos cromossômicos são finos, pouco visíveis e já constituídos cada um por duas cromátides. Didatismo e Conhecimento 14 BIOLOGIA - Os pares de cromátides fastam-se um pouco mais e os quiasmas parecem “escorregar” para as extremidades; a espiralação dos cromossomos aumenta. è a última fase da prófase I, conhecida por diacinese (dia = através; kinesis = movimento). Começa a atração e o pareamento dos cromossomos homólogos; é um pareamento ponto por ponto conhecido como sinapse (o prefixo sin provém do grego e significa união). Essa é a fase de zigóteno (zygós = par). Enquanto acontecem esses eventos, os centríolos, que vieram duplicado da interfase, migram para os pólos opostos e organizam o fuso de divisão; os nucléolos desaparecem; a carioteca se desfaz após o término da prófase I, prenunciando a ocorrência da metáfase I. Metáfase I – os cromossomos homólogos pareados se dispõem na região mediana da célula; cada cromossomo está preso a fibras de um só polo. - A espiralação progrediu: agora, são bem visíveis as duas cromátides de cada homólogo pareado; como existem, então, quatro cromátides, o conjunto forma uma tétrade ou par bivalente. Essa é a fase de paquíteno (pakhús = espesso). Anáfase I – o encurtamento das fibras do fuso separa os cromossomos homólogos, que são conduzidos para polos opostos da célula, não há separação das cromátides-irmãs. Quando os cromossomos atingem os polos, ocorre sua desespiralação, embora não obrigatória, mesmo porque a segunda etapa da meiose vem a seguir. Às vezes, nem mesmo a carioteca se reconstitui. Telófase I – no final desta fase, ocorre a citocinese, separando as duas células-filhas haplóides. Segue-se um curto intervalo a intercinese, que procede a prófase II. - Ocorrem quebras casuais nas cromátides e uma troca de pedaços entre as cromátides homólogas, fenômeno conhecido como crossing-over (ou permuta). Em seguida, os homólogos se afastam e evidenciam-se entre eles algumas regiões que estão ainda em contato. Essas regiões são conhecidas como quiasmas (qui corresponde à letra “x” em grego). Os quiasmas representam as regiões em que houve as trocas de pedaços. Essa fase da prófase I é o diplóteno (diplós = duplo). Meiose II (segunda divisão meiótica) Prófase II – cada uma das duas células-filhas tem apenas um lote de cromossomos duplicados. Didatismo e Conhecimento 15 BIOLOGIA Nesta fase os centríolos duplicam novamente e as células em que houve formação da carioteca, esta começa a se desintegrar. Metáfase II - como na mitose, os cromossomos prendem-se pelo centrômero às fibras do fuso, que partem de ambos os polos. Anáfase II – Ocorre duplicação dos centrômeros, só agora as cromátides-irmãs separam-se (lembrando a mitose). Telófase II e citocinese – com o término da telófase II reorganizam-se os núcleos. A citocinese separa as quatro célulasfilhas haplóides, isto é, sem cromossomos homólogos e com a metade do número de cromossomos em relação à célula que iniciou a meiose. O crossing é um fenômeno que envolve cromátides homólogas. Consiste na quebra dessas cromátides em certos pontos, seguida de uma troca de pedaços correspondentes entre elas. As trocas provocam o surgimento de novas sequências de genes ao longo dos cromossomos. Assim, se em um cromossomo existem vários genes combinados segundo uma certa sequência, após a ocorrência do crossing a combinação pode não ser mais a mesma. Então, quando se pensa no crossing, é comum analisar o que aconteceria, por exemplo, quanto à combinação entre os genes alelos A e a e B e b no par de homólogos ilustrados na figura. Nessa combinação o gene A e B encontram-se em um mesmo cromossomo, enquanto a e b estão no cromossomo homólogo. Se a distância de A e B for considerável, é grande a chance de ocorrer uma permuta. E, se tal acontecer, uma nova combinação gênica poderá surgir. As combinações Ab e aB são novas. São recombinações gênicas que contribuem para a geração de maior variabilidade nas células resultantes da meiose. Se pensarmos na existência de três genes ligados em um mesmo cromossomo (A, b e C, por exemplo), as possibilidades de ocorrência de crossings dependerão da distância em que os genes se encontram – caso estejam distantes, a variabilidade produzida será bem maior. Outro processo que conduz ao surgimento de variabilidade na meiose é a segregação independente dos cromossomos. Imaginando-se que uma célula com dois pares de cromossomos homólogos (A e a, B e b), se divida por meiose, as quatro células resultantes ao final da divisão poderão ter a seguinte constituição cromossômica: (a e b), (a e B), (A e b) e (A e B). A variabilidade genética existente entre os organismos das diferentes espécies é muito importante para a ocorrência da evolução biológica. Sobre essa variabilidade é que atua a seleção natural, favorecendo a sobrevivência de indivíduos dotados de características genéticas adaptadas ao meio. Quanto maior a variabilidade gerada na meiose, por meio de recombinação gênica permitida pelo crossing-over, maiores as chances para a ação seletiva do meio. Variabilidade: Entendendo o crossing-over A principal consequência da meiose, sem dúvida, é o surgimento da diversidade entre os indivíduos que são produzidos na reprodução sexuada da espécie. A relação existente entre meiose e variabilidade é baseada principalmente na ocorrência de crossing-over. Na meiose a variação da quantidade de DNA pode ser representada como no gráfico ao lado, partindo-se, por exemplo, de uma célula que tenha uma quantidade 2C de DNA em G1. Didatismo e Conhecimento 16 BIOLOGIA 2. PRINCIPAIS TECIDOS ANIMAIS. Os animais que se reproduzirem sexuadamente formam seus descendentes a partir de uma única célula, o zigoto. Depois de divisões mitóticas sucessivas, as células formam um conjunto pluricelulares , do qual, mediante um processo de diferenciação , formam vários tipos de células que desempenham funções específicas no organismo. O conjunto dessas células com funções específicas no organismo forma um tecido. O estudo dos tecidos é denominado Histologia e compreende, nos animais, os tecidos epitelial (de revestimento e gladular), conjuntivo (abrangendo também os tecidos ósseo, cartilaginoso [de sustentação] e sanguíneo [de nutrição e transporte]; adiposo [de reserva]), muscular (de movimento) e nervoso (de estímulos). TECIDO EPITELIAL A superfície externa do corpo e as cavidades corporais internas dos animais são revestidas por este tecido. O tecido epitelial desempenha várias funções no organismo, como proteção do corpo (pele), absorção de substâncias úteis (epitélio do intestino) e percepção de sensações (pele),dependendo do órgão aonde se localizam. Os tecidos epiteliais ou epitélios têm células perfeitamente justapostas, unidas por pequena quantidade de material cimentante, com pouquíssimo espaço intercelular. Os epitélios não são vascularizados e não sangram quando feridos. A nutrição das células se faz por difusão a partir dos capilares existentes em outro tecido, o conjuntivo, adjacente ao epitélio a ele ligado. O arranjo das células epiteliais pode ser comparado ao de ladrilhos ou tijolos bem encaixados. Didatismo e Conhecimento 17 BIOLOGIA Os epitélios podem ser classificados quanto ao número de células: - Quando os epitélios são formados por uma só camada de células, são chamados de epitélios simples ou uniestratificados (do latim uni, um, e stratum, camada). - Já os epitélios formados por mais de uma camada de células são chamados estratificados. - Existem ainda epitélios que, apesar de formados por uma única camada celular, têm células de diferentes alturas, o que dá a impressão de serem estratificados. Por isso, eles costumam ser denominados pseudo-estratificados. A derme é uma camada formada por tecido conjuntivo do tipo denso, cujas fibras ficam orientadas em diversas direções. Vários tipos de células são encontrados, destacando-se os fibroblastos e os macrófagos. Nervos, terminações nervosas, diferentes tipos de corpúsculos sensoriais e uma ampla rede de capilares sanguíneos cruzam a derme em várias direções. Ela é um importante tecido de manutenção e de apoio. Os nutrientes existentes no sangue difundem-se para as células epidérmicas. Nos mamíferos, a derme é atravessada por finas faixas de células musculares, os músculos eretores dos pelos, cuja contração é involuntária e permite aumentar a camada de ar retirada entre os pelos, que contribui para o isolamento térmico. Mecanismo semelhante ocorre nas aves, com as penas. Abaixo da derme, há uma camada de tecido conjuntivo frouxo, o tecido celular subcutâneo (também conhecido como tela subcutânea e hipoderme), que não faz parte da pele, mas estabelece a sua ligação com as estruturas adjacentes, permitindo o seu deslizamento. Em determinadas regiões do corpo, a hipoderme contém um número variável de camadas de células adiposas, formando o panículo adiposo (o popular “toucinho de porco”), importante como reserva de energia, isolante térmico e facilitador da flutuação na água. Quanto à forma das células, os epitélios podem ser classificados em: - Pavimentosos, quando as células são achatadas como ladrilhos; - Cúbicos, quando as células tem forma de cubo, ou - Prismáticos, quando as células são alongadas , em forma de coluna. No epitélio que reveste a bexiga, a forma das células é originalmente cúbica, mas elas se tornam achatadas quando submetidas ao estiramento causado pela dilatação do órgão. Por isso, esse tipo de epitélio é de denominado, por alguns autores, epitélio de transição. Sensores da pele Diversos tipos de estruturas sensoriais conferem à pele a função de relacionamento com o meio ambiente. Distribuído por toda a pele, são basicamente dendritos de neurônios sensoriais (terminações nervosas livres), sendo que alguns são envoltos por uma cápsula de células conjuntivas ou epiteliais e, por isso, esses receptores são capsulados. Epitélios de revestimento Funciona como uma membrana que isola o organismo, ou parte dele, do meio externo. Está relacionado ao revestimento e proteção de superfícies externas (por exemplo, na pele) e internas (por exemplo, no estômago). Atua, também, na absorção de substâncias, na secreção de diversos produtos, na remoção de impurezas e pode conter vários tipos de receptores sensoriais (notadamente na pele). ANOTAÇÕES Pele: Órgão de contato Nos vertebrados, a pele é importante órgão de contato com o meio. A conquista do ambiente terrestre pelos vertebrados tornou-se possível, entre outras coisas, a partir do isolamento e proteção do corpo e de mecanismos de relação do ser vivo com o meio. O tato, a visão, a olfação, a gustação e a audição são úteis no relacionamento do animal com o ambiente. A pele, órgão responsável pelas sensações táteis, apresenta diferentes tipos de “sensores”, que registram e informam ao ser vivo variações de temperatura (calor ou frio) e pressão (toques, choques, pancadas). A pele é, ainda, importante órgão de defesa contra diversos tipos de agentes infecciosos. ————————————————————————— ————————————————————————— ————————————————————————— ————————————————————————— ————————————————————————— ————————————————————————— ————————————————————————— A histologia da pele Nos mamíferos, a pele é órgão composto por duas camadas: epiderme e derme. A epiderme é um tecido epitelial pluriestratificado. É formada por estratos (ou camadas), dos quais destacam-se o estrato basal (também chamado de estrato germinativo), que fica apoiado na derme e é formado por células de aspecto cúbico. Nessa camada é intensa a atividade de divisão celular mitótica, que repõe constantemente as células perdidas no desgaste diário a que a superfície desse tecido está sujeito. À medida que novas células são formadas, elas vão sendo “empurradas” para formar as demais células, até ficarem expostas na superfície da pele. Didatismo e Conhecimento ————————————————————————— ————————————————————————— ————————————————————————— ————————————————————————— ————————————————————————— ————————————————————————— ————————————————————————— 18 BIOLOGIA Anexos da Pele Três estruturas da pele, derivadas da epiderme, são extremamente importantes na adaptação dos mamíferos ao meio terrestre: pelos, que auxiliam no isolamento térmico; glândulas sudoríparas, que desempenham o papel importante na regulação da temperatura corpórea; e glândulas sebáceas, que lubrificam a pele e estruturas anexas. Epitélio de revestimento intestinal O tecido que reveste internamente o intestino delgado é um bom exemplo de epitélio especializado em absorver nutrientes e permitir que eles passem da cavidade intestinal para o sangue. A alta capacidade de absorção do epitélio intestinal se deve ao fato de suas células possuírem, na membrana a borda livre (isto é, a borda voltada para a cavidade intestinal), muitas projeções finas e alongadas, que lembrem dedos de uma luva, chamadas microvilosidades. TECIDO CONJUNTIVO Os tecidos conjuntivos tem origem mesodérmica. Caracterizam-se morfologicamente por apresentarem diversos tipos de células imersas em grande quantidade de material extracelular, substância amorfa ou matriz, que é sintetizado pelas próprias células do tecido. A matriz é uma massa amorfa, de aspecto gelatinoso e transparente. É constituída principalmente por água e glicoproteínas e uma parte fibrosa, de natureza proteica, as fibras do conjuntivo. As células conjuntivas são de diversos tipos. As principais são: Fibroblasto: Célula metabolicamente ativa, contendo longos e finos prolongamentos citoplasmáticos. Sintetiza o colágeno e as substâncias da matriz (substância intercelular). Macrófago: Célula ovoide, podendo conter longos prolongamentos citoplasmáticos e inúmeros lisossomos. Responsável pela fagocitose e pinocitose de pertículas estranhas ou não ao organismo. Remove restos celulares e promove o primeiro combate aos microrganismos invasores do nosso organismo. Ativo no processo de involução fisiológica de alguns órgãos ou estrutura. É o caso do útero que, após o parto, sofre uma redução de volume. Mastócito: Célula globosa, grande, sem prolongamentos e repleta de grânulos que dificultam, pela sua quantidade, a visualização do núcleo. Os grânulos são constituídos de heparina (substância anticoagulante) e histamina (substância envolvida nos processos de alergia). Esta última substância é liberada em ocasiões de penetração de certos antígenos no organismo e seu contato com os mastócitos, desencadeando a consequente reação alérgica. Plasmócito: Célula ovoide, rica em retículo endoplasmático rugoso (ou granular). Pouco numeroso no conjunto normal, mas abundante em locais sujeitos à penetração de bactérias, como intestino, pele e locais em que existem infecções crônicas. Produtor de todos os anticorpos no combate a microorganismos. É originado no tecido conjuntivo a partir da diferenciação de células conhecidas como linfócitos B. Os diferentes tipos de tecido conjuntivo estão amplamente distribuídos pelo corpo, podendo desempenhar funções de preenchimento de espaços entre órgãos, função de sustentação, função de defesa e função de nutrição. A classificação desses tecidos baseia-se na composição de suas células e na proporção relativa entre os elementos da matriz extracelular. Os principais tipos de tecidos conjuntivos são: frouxo, denso, adiposo, reticular ou hematopoiético, cartilaginoso e ósseo. Didatismo e Conhecimento 19 BIOLOGIA Tipos de Tecido Conjuntivos. Dependendo do modo de organização dessas fibras, esse tecido pode ser classificado em: não modelado: formado por fibras colágenas entrelaçadas, dispostas em feixes que não apresentam orientação fixa, o que confere resistência e elasticidade. Esse tecido forma as cápsulas envoltórias de diversos órgãos internos, e forma também um a derme, tecido conjuntivo da pele; modelado: formado por fibras colágenas dispostas em feixes com orientação fixa, dando ao tecido características de maior resistência à tensão do que a dos tecidos não-modelados e frouxo; ocorre nos tendões, que ligam os músculos aos ossos, e nos ligamentos, que ligam os ossos entre si. Tecido conjuntivo frouxo O tecido conjuntivo frouxo preenche espaços não-ocupados por outros tecidos, apoia e nutre células epiteliais, envolve nervos, músculos e vasos sanguíneos linfáticos. Além disso, faz parte da estrutura de muitos órgãos e desempenha importante papel em processos de cicatrização. É o tecido de maior distribuição no corpo humano. Sua substância fundamental é viscosa e muito hidratada. Essa viscosidade representa, de certa forma, uma barreira contra a penetração de elementos estranhos no tecido. É constituído por três componentes principais: células de vários tipos, três tipos de fibras e matriz. Tecido conjuntivo adiposo Nesse tecido a substância intracelular é reduzida, e as células, ricas em lipídios, são denominadas células adiposas. Ocorre principalmente sob a pele, exercendo funções de reserva de energia, proteção contra choques mecânicos e isolamento térmico. Ocorre também ao redor de alguns órgãos como os rins e o coração. As células adiposas possuem um grande vacúolo central de gordura, que aumenta ou diminui, dependendo do metabolismo: se uma pessoa come pouco ou gasta muita energia, a gordura das células adiposas diminui; caso contrário, ela se acumula. O tecido adiposo atua como reserva de energia para momentos de necessidade. Tipos de fibras As fibras presentes no tecido conjuntivo frouxo são de três tipos: colágenas, elásticas e reticulares. As fibras colágenas são constituídas de colágeno, talvez a proteína mais abundante no reino animal. São grossas e resistentes, distendendo-se pouco quando tensionadas. As fibras colágenas presentes na derme conferem resistência a nossa pele, evitando que ela se rasgue, quando esticada. As fibras elásticas são longos fios de uma proteína chamada elastina. Elas conferem elasticidade ao tecido conjuntivo frouxo, completando a resistência das fibras colágenas. Quando você puxa e solta à pele da parte de cima da mão, são as fibras elásticas que rapidamente devolvem à pele sua forma original. A perda da elasticidade da pele, que ocorre com o envelhecimento, deve-se ao fato de as fibras colágenas irem, com a idade, se unindo umas às outras, tornando o tecido conjuntivo mais rígido. As fibras reticulares são ramificadas e formam um trançado firme que liga o tecido conjuntivo aos tecidos vizinhos. Tecido conjuntivo cartilaginoso O tecido cartilaginoso, ou simplesmente cartilagem, apresentam consistência firme, mas não é rígido como o tecido ósseo. Tem função de sustentação, reveste superfícies articulares facilitando os movimentos e é fundamental para o crescimento dos ossos longos. Nas cartilagens não há nervos nem vasos sanguíneos. A nutrição das células desse tecido é realizada por meio dos vasos sanguíneos do tecido conjuntivo adjacente. A cartilagem é encontrada no nariz, nos aneis da traqueia e dos brônquios, na orelha externa (pavilhão auditivo), na epiglote e em algumas partes da laringe. Além disso, existem discos cartilaginosos entre as vértebras, que amortecem o impacto dos movimentos sobre a coluna vertebral. No feto, o tecido cartilaginoso é muito abundante, pois o esqueleto é inicialmente formado por esse tecido, que depois é em grande parte substituído pelo tecido ósseo. O tecido cartilaginoso forma o esqueleto de alguns animais vertebrados, como os cações, tubarões e raias, que são, por isso, chamados de peixes cartilaginosos. Há dois tipos de células nas cartilagens: os condroblastos (do grego chondros, cartilagem, e blastos, “célula jovem”), que produzem as fibras colágenas e a matriz, com consistência de borracha. Após a formação da cartilagem, a atividade dos condroblastos diminui e eles sofrem uma pequena retração de volume, quando passam a ser chamados de condrócitos (do grego chondros, cartilagem, e kytos, célula). Cada condrócito fica encerrado no interior de uma lacuna ligeiramente maior do que ele, moldada durante a deposição da matriz intercelular. As fibras presentes nesse tecido são as colágenas e as reticulares. Tipos de células O tecido conjuntivo frouxo contém dois principais de células: fibroblastos e macrófagos. Os fibroblastos têm forma estrelada núcleo grande. São eles que fabricam e secretam as proteínas que constituem as fibras e a substância amorfa. Os macrófagos são grandes e ameboides, deslocandose continuamente entre as fibras à procura de bactérias e restos de células. Sua função é limpar o tecido, fagocitando agentes infecciosos que penetram no corpo e, também, restos de células mortas. Os macrófagos, alem disso identificam substâncias potencialmente perigosas ao organismo, alertando o sistema de defesa do corpo. Outros tipos celulares presentes no tecido conjuntivo frouxo são as células mesenquimatosas e os plasmócitos. As células mesenquimatosas são dotadas de alta capacidade de multiplicação e permitem a regeneração do tecido conjuntivo, pois dão origem a qualquer tipo de célula nele presente. Os plasmócitos são células especializadas em produzir os anticorpos que combatem substâncias estranhas que penetram no tecido. Tecido conjuntivo denso No tecido conjuntivo denso há predomínio de fibroblastos e fibras colágenas. Didatismo e Conhecimento 20 BIOLOGIA Tecido conjuntivo sanguíneo O sangue (originado pelo tecido hemocitopoiético) é um tecido altamente especializado, formado por alguns tipos de células, que compõem a parte figurada, dispersas num meio líquido – o plasma -, que corresponde à parte amorfa. Os constituintes celulares são: glóbulos vermelhos (também denominados hemácias ou eritrócitos); glóbulos brancos (também chamados de leucócitos). O plasma é composto principalmente de água com diversas substâncias dissolvidas, que são transportadas através dos vasos do corpo. Todas as células do sangue são originadas na medula óssea vermelha a partir das células indiferenciadas pluripotentes (célulastronco). Como consequência do processo de diferenciação celular, as células-filhas indiferenciadas assumem formas e funções especializadas. Essa classificação é de ordem macroscópica, pois quando essas partes são observadas no microscópio nota-se que ambas são formadas pela mesma estrutura histológica. A estrutura microscópica de um osso consiste de inúmeras unidades, chamadas sistemas de Havers. Cada sistema apresenta camadas concêntricas de matriz mineralizada, depositadas ao redor de um canal central onde existem vasos sanguíneos e nervos que servem o osso. Os canais de Havers comunicam-se entre si, com a cavidade medular e com a superfície externa do osso por meio de canais transversais ou oblíquos, chamados canais perfurantes (canais de Volkmann). O interior dos ossos é preenchido pela medula óssea, que pode ser de dois tipos: amarela, constituída por tecido adiposo, e vermelha, formadora de células do sangue. Tipos de células do osso As células ósseas ficam localizadas em pequenas cavidades existentes nas camadas concêntricas de matriz mineralizada. Quando jovens, elas são chamadas osteoblastos (do grego osteon, osso, e blastos, “célula jovem”) e apresentam longas projeções citoplasmáticas, que tocam os osteoblastos vizinhos. Ao secretarem a matriz intercelular ao seu redor, os osteoblastos ficam presos dentro de pequenas câmeras, das quais partem canais que contêm as projeções citoplasmáticas. Quando a célula óssea se torna madura, transforma-se em osteócito (do grego osteon, osso, e kyton, célula), e seus prolongamentos citoplasmáticos se retraem, de forma que ela passa a ocupar apenas a lacuna central. Os canalículos onde ficavam os prolongamentos servem de comunicação entre uma lacuna e outra, e é através deles que as substâncias nutritivas e o gás oxigênio provenientes do sangue até as células ósseas. Além dos osteoblastos e dos osteócitos, existem outras células importantes no tecido ósseo: os osteoclástos (do grego klastos, quebrar, destruir). Essas células são especialmente ativas na destruição de áreas lesadas ou envelhecidas do osso, abrindo caminho para a regeneração do tecido pelos osteoblastos. Os cientistas acreditam que os ossos estejam em contínua remodelação, pela atividade conjunta de destruição e reconstrução empreendidas, respectivamente, pelos osteoclastos e osteoblastos. Você encontrará mais informações sobre os osteoclastos no texto sobre remodelação óssea. Plaquetas Plaquetas são restos celulares originados da fragmentação de células gigantes da medula óssea, conhecidas como megacariócitos. Possuem substâncias ativas no processo de coagulação sanguínea, sendo, por isso, também conhecidas como trombócitos (do grego, thrombos = coágulo), que impedem a ocorrência de hemorragias. Glóbulos vermelhos Glóbulos vermelhos, hemácias ou eritrócitos (do grego, eruthrós = vermelho, e kútos = célula) são anucleados, possuem aspecto de disco bicôncavo e diâmetro de cerca de 7,2 m m. São ricos em hemoglobina, a proteína responsável pelo transporte de oxigênio, a importante função desempenhada pelas hemácias. Glóbulos brancos Glóbulos brancos, também chamados de leucócitos (do grego, leukós = branco), são células sanguíneas envolvidas com a defesa do organismo. Essa atividade pode ser exercida por fagocitose ou por meio da produção de proteínas de defesa, os anticorpos. Costuma-se classificar os glóbulos brancos de acordo com a presença ou ausência, em seu citoplasma, de grânulos específicos, e agranulócitos, os que não contêm granulações específicas, comuns a qualquer célula. Tecido conjuntivo ósseo O tecido ósseo tem a função de sustentação e ocorre nos ossos do esqueleto dos vertebrados. É um tecido rígido graças à presença de matriz rica em sais de cálcio, fósforo e magnésio. Além desses elementos, a matriz é rica em fibras colágenas, que fornecem certa flexibilidade ao osso. Os ossos são órgãos ricos em vasos sanguíneos. Além do tecido ósseo, apresentam outros tipos de tecido: reticular, adiposo, nervoso e cartilaginoso. Por serem um estrutura inervada e irrigada, os ossos apresentam sensibilidade, alto metabolismo e capacidade de regeneração. Quando um osso é serrado, percebe-se que ele é formado por duas partes: uma sem cavidades, chamada osso compacto, e outra com muitas cavidades que se comunicam, chamada osso esponjoso. Didatismo e Conhecimento 21 BIOLOGIA A formação do tecido ósseo A ossificação – formação de tecido ósseo – pode se dar por dois processos: ossificação intramenbranosa e ossificação endocondral. No primeiro caso, o tecido ósseo surge aos poucos em uma membrana de natureza conjuntiva, não cartilaginosa. Na ossificação endocondral, uma peça de cartilagem, com formato de osso, serve de molde para a confecção de tecido ósseo. Nesse caso, a cartilagem é gradualmente destruída e substituída por tecido ósseo. Crescimento nos ossos longos A ossificação endocondral ocorre na formação de ossos longos, como os das pernas e os dos braços. Nesses ossos, duas regiões principais sofrerão a ossificação: o cilindro longo, conhecido como diáfise e as extremidades dilatadas, que correspondem as epífises. Entre a epífise de cada extremidade e a diáfise é mantida uma região de cartilagem, conhecida como cartilagem de crescimento, que possibilitará a ocorrência constante de ossificação endocondral, levando à formação de mais osso. Nesse processo, os osteoclastos desempenham papel importante. Eles efetuam constantemente a reabsorção de tecido ósseo, enquanto novo tecido ósseo é formado. Os osteoclastos atuam como verdadeiros demolidores de osso, enquanto os osteoblastos exercem papel de construtores de mais osso. Nesse sentido, o processo de crescimento de um osso depende da ação conjunta de reabsorção de osso preexistente e da deposição de novo tecido ósseo. Considerando, por exemplo, o aumento de diâmentro de um osso longo, é preciso efetuar a reabsorção de camada interna da parede óssea, enquanto na parede externa deve ocorrer deposição de mais osso. O crescimento ocorre até que se atinja determinada idade, a partir da qual a cartilagem de crescimento também sofre ossificação e o crescimento do osso em comprimento cessa. Remodelação óssea Depois que o osso atinge seu tamanho e forma adultos, o tecido ósseo antigo é constantemente destruído e um novo tecido é formado em seu lugar, em um processo conhecido como remodelação. A remodelação ocorre em diferentes velocidades nas várias partes do corpo. Por exemplo, a porção distal do fêmur é substituída a cada 4 meses; já os ossos da mão são completamente substituídos durante a vida inteira do indivíduo. A remodelação permite que os tecidos já gastos ou que tenham sofrido lesões sejam trocados por tecidos novos e sadios. Ela também permite que o osso sirva como reserva de cálcio para o corpo. Em um adulto saudável, uma delicada homeostase (equilíbrio) é mantida entre a ação dos osteoclastos (reabsorção) durante a remoção de cálcio e a dos osteoblastos (aposição) durante a deposição de cálcio. Se muito cálcio for depositado, podem se formar calos ósseos ou esporas, causando interferências nos movimentos. Se muito cálcio for retirado, há o enfraquecimento dos ossos, tornando-os flexíveis e sujeitos a fraturas. O crescimento e a remodelação normais dependem de vários fatores - suficientes quantidades de cálcio e fósforo devem estar presentes na dieta alimentar do indivíduo; - deve-se obter suficiente quantidade de vitaminas, principalmente vitamina D, que participa na absorção do cálcio ingerido; - o corpo precisa produzir os hormônios responsáveis pela atividade do tecido ósseo: Didatismo e Conhecimento 22 BIOLOGIA - Hormônio de crescimento (somatotrofina): secretado pela hipófise, é responsável pelo crescimento dos ossos; - Calcitonina: produzida pela tireoide, inibe a atividade osteoclástica e acelera a absorção de cálcio pelos ossos; - Paratormônio: sintetizado pelas paratireoides, aumenta a atividade e o número de osteoclastos, elevando a taxa de cálcio na corrente sanguínea; - Hormônios sexuais: também estão envolvidos nesse processo, ajudando na atividade osteoblástica e promovendo o crescimento de novo tecido ósseo. Com o envelhecimento, o sistema esquelético sofre a perda de cálcio. Ela começa geralmente aos 40 anos nas mulheres e continua até que 30% do cálcio nos ossos seja perdido, por volta dos 70 anos. Nos homens, a perda não ocorre antes dos 60 anos. Essa condição é conhecida como osteoporose. Outro efeito do envelhecimento é a redução da síntese de proteínas, o que diminui a produção da parte orgânica da matriz óssea. Como consequência, há um acúmulo de parte inorgânica da matriz. Em alguns indivíduos idosos, esse processo causa uma fragilização dos ossos, que se tornam mais susceptíveis a fraturas. O uso de aparelhos ortodônticos é um exemplo de remodelação dos ossos, neste caso, resultando na remodelação da arcada dentária. Os aparelhos exercem forças diferentes daquelas a que os dentes estão naturalmente submetidos. Nos pontos em que há pressão ocorre reabsorção óssea, enquanto no lado oposta há deposição de matriz. Assim, os dentes movem-se pelos ossos da arcada dentária e passam a ocupar a posição desejada. A célula muscular estriada apresenta, no seu citoplasma, pacotes de finíssimas fibras contráteis, as miofibrilas, dispostas longitudinalmente. Cada miofibrila corresponde a um conjunto de dois tipos principais de proteínas: as miosina, espessas, e as actinas, finas. Esses proteínas estão organizados de tal modo que originam bandas transversais, claras e escuras, características das células musculares estriadas, tanto as esqueléticas como as cardíacas. Os filamentos de miosina formam bandas escuras, chamadas anisotrópicas (banda A), e os de actina, bandas claras, chamadas isotrópicas (banda I). No centro de cada banda I aparece uma linha mais escura, chamada linha Z. O intervalo entre duas linhas Z consecutivas constitui um miômetro ou sarcômero e correspondem à unidade contrátil da célula muscular. No centro de cada banda A existe uma faixa mais clara, chamada banda H, bem visível nas células musculares relaxadas e que vai desaparecendo à medida que a contração muscular ocorre. Na contração muscular, os miofilamentos não diminuem de tamanho, mas os sarcômeros ficam mais curtos e toda a célula muscular se contrai. O encurtamento dos sarcômeros ocorre em função do deslizamento dos miofilamentos finos sobre os grosso, havendo maior sobreposição entre eles: a banda I diminui de tamanho, pois os filamentos de actina deslizam sobre os de miosina, penetram na banda A e reduzem a largura da banda H. A membrana plasmática da célula muscular estriada esquelética costuma ser chamada sarcolema (do grego, sarcos, carne). TECIDOS MUSCULARES Os tecidos musculares são de origem mesodérmica e relacionam-se com a locomoção e outros movimentos do corpo, como a contração dos órgãos do tubo digestório, do coração e das artérias. As células dos tecidos musculares são alongadas e recebem o nome de fibras musculares ou miócitos. Em seu citoplasma, são ricas em dois tipos de filamento proteico: os de actina e os de miosina, responsáveis pela grande capacidade de contração e distensão dessas células. Exercícios e o aumento da musculatura esquelética Sabemos que exercícios físicos promovem o aumento da musculatura esquelética. Mas o que aumenta: o número de células no músculo ou o volume das células já existentes? A atividade física estimula as células musculares esqueléticas já existentes a produzirem novas miofibrilas, o que ocasiona aumento do volume da célula e consequentemente do músculo. No indivíduo adulto, as células da musculatura esquelética não se dividem mais. No entanto, existem células especiais, chamadas satélites, que são mononucleadas e pequenas e se localizam no conjuntivo que envolve os miócitos. Em situações muito especiais, quando o músculo é submetido a exercícios intensos, essas células podem se multiplicar e algumas delas se fundir com as fibras musculares já existentes, contribuindo também para o aumento do músculo. As células satélites são importantes nos processos de regeneração da musculatura esquelética quando ocorrem lesões. Quando um músculo é estimulado a se contrair, os filamentos de actina deslizam entre os filamentos de miosina. A célula diminui em tamanho, caracterizando a contração. Tipos de tecido muscular Há três tipos de tecido muscular: estriado esquelético, estriado cardíaco e liso. Cada um deles tem características próprias, adequadas ao papel que desempenham no organismo. Tecido muscular estriado esquelético O tecido muscular estriado esquelético constitui a maior parte da musculatura do corpo dos vertebrados, formando o que se chama popularmente de carne. Essa musculatura recobre totalmente o esqueleto e está presa aos ossos, daí ser chamada de esquelética. Esse tipo de tecido apresenta contração voluntária (que depende da vontade do indivíduo). Um músculo esquelético é um pacote de longas fibras. Cada uma delas é uma célula dotada de muitos núcleos, chamado miócitos multinucleados. Uma fibra muscular pode medir vários centímetros de comprimento, por 50 mm de espessura. Didatismo e Conhecimento Tecido muscular estriado cardíaco Apresenta miócitos estriados com um ou dois núcleos centrais. Esse tecido ocorre apenas no coração e apresenta contração independente da vontade do indivíduo (contração involuntária). No músculo cardíaco essa contração é vigorosa e rítmica. Essas células musculares são menores e ramificadas, intimamente unidas entre si por estruturas especializadas e típicas da musculatura cardíaca: os discos intercalares, que fazem a conexão elétrica entre todas as células do coração. 23 BIOLOGIA O axônio é uma expansão celular fina, alongada e de diâmetro constante, com ramificações em sua porção final, de modo que o impulso pode ser transmitido simultaneamente a vários destinos. É uma estrutura especializada na transmissão de impulsos nervosos para outros neurônios ou para outros tipos celulares, como as células de órgãos efetores (musculares e glandulares). Assim, se uma célula receber um estímulo suficientemente forte, ele é transmitido a todas as outras células e o coração como um todo se contrai. Essa transmissão do estímulo é feita por canais de passagem de água e íons entre as células, que facilita a difusão do sinal iônico entre uma célula e outra, determinando a onda rítmica de contração das células. Os discos intercalares possuem estruturas de adesão entre células que as mantêm unidas mesmo durante o vigoroso processo de contração da musculatura cardíaca. As células musculares cardíacas são capazes de autoestimulação, não dependendo de um estímulo nervoso para iniciar a contração. As contrações rítmicas do coração são geradas e conduzidas por uma rede de células musculares cardíacas modificadas que se localizam logo abaixo do endocárdio, tecido que reveste internamente o coração. Existem numerosas terminações nervosas no coração, mas o sistema nervoso atua apenas regulando o ritmo cardíaco às necessidades do organismo. Outras células do tecido nervoso Células de Schwann Certos tipos de neurônios são envolvidos por células especiais, as células de Schwann. Essas células se enrolam dezenas de vezes em torno do axônio e formam uma capa membranosa, chamada bainha de mielina. A bainha de mielina atua como um isolamento elétrico e aumenta a velocidade de propagação do impulso nervoso ao longo do axônio. Na doença degenerativa conhecida como esclerose múltipla, por exemplo, ocorre um deterioração gradual da bainha de mielina, resultando na perda progressiva da coordenação nervosa. Tecido muscular liso ou não-estriado As células musculares lisas não apresentam estriação transversal, característica das células musculares esqueléticas e cardíacas. A razão disso é que os filamentos de actina e miosina não se encontram alinhados ao longo do comprimento da célula. Acredita-se que eles estejam arranjados em espiral dentro da fibra muscular lisa. Os miócitos se apresentam uninucleados e fusiformes, isto é, alongadas e coam as extremidades afiladas. Nessas células a contração é involuntária e lenta. Você pode decidir quando lavar as suas mãos, mas não controla conscientemente os movimentos de seu estômago ou a contração de seu coração. Ocorre nas artérias, sendo responsável por sua contração; ocorre também no esôfago, no estômago e nos intestinos, sendo responsável pelo peristaltismo (ou peristalse) nesses órgãos. Os movimentos peristálticos são contrações em ondas que deslocam o material alimentar dentro desses órgãos do sistema digestório. Células da glia O tecido nervoso apresenta outras células auxiliares que dão suporte ao funcionamento do sistema nervoso: são as células da glia ou gliais. Elas digerem em forma e função, cada uma desempenha um papel diferente na estrutura e no funcionamento do tecido nervoso. Os astrócitos dão suporte mecânico e fornecem alimento à complexa e delicada rede de circuitos nervosos. Os oligodendrócitos desempenham função equivalente à das células de Schwann, formando bainhas protetoras sobre os neurônios que ficam no encéfalo e na medula espinhal. As micróglias são um tipo especializado de macrófago cuja função é fagocitar detritos e restos celulares presentes no tecido nervoso. Transmissão do impulso nervoso TECIDO NERVOSO. Em um neurônio, os estímulos se propagam sempre no mesmo sentido: são recebidos pelos dendritos, seguem pelo corpo celular, percorrem o axônio e, da extremidade deste, são passados à célula seguinte (dendrito – corpo celular – axônio). O impulso nervoso que se propaga através do neurônio é de origem elétrica e resulta de alterações nas cargas elétricas das superfícies externa e interna da membrana celular. A membrana de um neurônio em repouso apresenta-se com carga elétrica positiva do lado externo (voltado para fora da célula) e negativa do lado interno (em contato com o citoplasma da célula). Quando essa membrana se encontra em tal situação, diz-se que está polarizada. Essa diferença de cargas elétricas é mantida pela bomba de sódio e potássio. Assim separadas, as cargas elétricas estabelecem uma energia elétrica potencial através da membrana: o potencial de membrana ou potencial de repouso (diferença entre as cargas elétricas através da membrana). Quando um estímulo químico, mecânico ou elétrico chega ao neurônio, pode ocorrera alteração da permeabilidade da membrana, permitindo grande entrada de sódio na célula e pequena saída de potássio dela. Com isso, ocorre uma inversão das cargas ao redor dessa membrana, que fica despolarizada gerando um potencial de ação. Essa despolarização propaga-se pelo neurônio caracterizando o impulso nervoso. Os seres vivos reagem aos estímulos ambientais. Mudanças nas condições do ambiente, tais como sons, choques, calor e frio, são percebidas pelo organismo, que reage adotando uma postura correspondente ao estímulo. Embora sejam os músculos que respondem aos estímulos, é o tecido nervoso o responsável por sua recepção e escolha da resposta adequada. O tecido nervoso tem origem ectodérmica, nele a substância intercelular praticamente não existe. Os principais componentes celulares são os neurônios e as células da glia. As células da glia ou neuroglia são vários tipos celulares relacionados com a sustentação e a nutrição dos neurônios, com a produção de mielina e com a fagocitose. Os neurônios, ou células nervosas, têm a propriedade de receber e transmitir estímulos nervosos, permitindo ao organismo responder a alteração do meio. Os neurônios são alongados, podendo atingir, em alguns casos, cerca de 1 metro de comprimento, como nos neurônios que se estendem desde nossas costas até o pé. São células formadas por um corpo celular ou pericário, de onde partem dois tipos de prolongamento: dendritos e axônio. Os dentritos são prolongamentos ramificados da célula especializados em receber estímulos, que também podem ser recebidos pelo corpo celular. O impulso nervoso é sempre transmitido no sentido dendrito – corpo – axônio. Didatismo e Conhecimento 24 BIOLOGIA Imediatamente após a passagem do impulso, a membrana sofre repolarização, recuperando seu estado de repouso, e a transmissão do impulso cessa. O estímulo que gera o impulso nervoso deve ser forte o suficiente, acima de determinado valor crítico, que varia entre os diferentes tipos de neurônios, para induzir a despolarização que transforma o potencial de repouso em potencial de ação. Esse é o estímulo limiar. Abaixo desse valor o estímulo só provoca alterações locais na membrana, que logo cessam e não desencadeiam o impulso nervoso. Qualquer estímulo acima do limiar gera o mesmo potencial de ação que é transmitido ao longo do neurônio. Assim, não existe variação de intensidade de um impulso nervoso em função do aumento do estímulo; o neurônio obedece à regra do “tudo ou nada”. Este último degenera e é fagocitado pelos macrófagos, que limpam a região lesada. Já o coto próxima cresce e se ramifica. Ao mesmo tempo, células que formam a bainha de mielina do coto distal modificam-se e proliferam, originando colunas celulares que servirão de guia para os ramos que estão crescendo a partir do coto proximal. Quando um desses ramos penetra nessa coluna de células, ele regenera completamente o axônio. Quando o espaço entre o coto proximal e o distal é muito grande ou quando ocorre uma amputação, os ramos do coto proximal crescem desordenadamente, entrelaçam-se e formam uma estrutura muito sensível à dor, chamada neuroma de amputação. Sinapse: Dos dondritos ao corpo celular e ao axônio, seguese a transmissão elétrica despolarizando e polarizando a célula nervosa. A função destes neurotransmissores, que podem ser a adrenalina ou acetilcolina, é de transmitir quimicamente o impulso nervoso de um neurônio a outro, ou de neurônios para órgãos e glândulas. Alguns neurônios apresentam uma bainha envolvendo o axônio, chamada bainha de mielina. A presença da bainha de mielina acelera a velocidade do impulso vai ocorrendo mais rapidamente que numa célula sem esta bainha. Fibras nervosas – Um conjunto de axônios, envolvidos por tecido conjuntivo, forma uma fibra nervosa. Ao conjunto de fibras nervosas chamados nervos. Os nervos não contém corpo celular de neurônio, apenas axônios. Os nervos podem ser: A)Sensitivos – quando recebem o estímulo e o levam até o centro nervoso que pode ser o encéfalo ou medula. B)Motores – são os nervos que trazem uma resposta do centro nervoso para os órgãos. C)Mistos - quando realizam as duas funções. Lei do tudo ou nada: Um neurônio só formará um potencial de ação se a intensidade do impulso for tanta que faça despolizar e repolarizar a sua membrana. Pouco impulso de nada adianta. Dessa forma, a intensidade das sensações vai depender do número de neurônios despolarizados e da frequência de impulsos. Imagine uma queimadura no dedo. Quanto maior a área queimada, maior a dor, pois mais receptores serão estimulados e mais neurônios serão despolarizados. A transmissão do impulso nervoso de um neurônio a outro ou às células de órgãos efetores é realizada por meio de uma região de ligação especializada denominada sinapse. O tipo mais comum de sinapse é a química, em que as membranas de duas células ficam separadas por um espaço chamado fenda sináptica. Na porção terminal do axônio, o impulso nervoso proporciona a liberação das vesículas que contêm mediadores químicos, denominados neurotransmissores. Os mais comuns são acetilcolina e adrenalina. Esses neurotransmissores caem na fenda sináptica e dão origem aos impulsos nervosos na célula seguinte. Logo a seguir, os neurotransmissores que estão na fenda sináptica são degradados por enzimas específicas, cessando seus efeitos. No sistema nervoso, verifica-se que os neurônios dispõemse diferenciadamente de modo a dar origem a duas regiões com coloração distinta entre si e que podem ser notadas macroscopicamente: a substância cinzenta, onde estão os corpos celulares, e a substância branca, onde estão os axônios. No encéfalo (com exceção do bulbo) a substância cinzenta está localizada externamente em relação a substância branca, e na medula espinha e no bulbo ocorre o inverso. Os nervos são conjuntos de fibras nervosas organizadas em feixes, unidos por tecidos conjuntivo denso. Arco reflexo A cada estímulo que captamos nosso organismo precisa emitir uma resposta para tanto, o nervo sensitivo percebe o estímulo e através do impulso nervoso o leva até o centro nervoso, que pode ser o cérebro ou a medula espinhal. Mas quando a estamos retirando, o nervo sensitivo já enviou a mensagem até a medula e o nervo motor já trouxe a resposta fazendo-nos agir rápida e inconscientemente. Leitura Complementar Drogas e o sistema nervoso Álcool - em baixa concentração no sangue provoca euforia, aumento da autoconfiança e diminuição da timidez ocorrendo também um estímulo no apetite. Num indivíduo alcoolizado, os reflexos se tornam mais lentos propiciando acidentes, a fala se modifica e o equilíbrio é afetado. Doses altas provocam gastrites e úlceras bem como problemas hepáticos que envolvem para cirrose. Maconha - Ataca o humor, a coordenação motora e a memória deteriorando a capacidade de desempenhar tarefas que exijam raciocínio. Outros sintomas são secura na boca e garganta e aumento do apetite. Doses elevadas provocam alucinações e perda de consciência. Cocaína – Sensações de bem – estar e euforia, agitação e excitação. Com o tempo, o indivíduo não se contenta mais com pequenas doses, partindo para doses maiores o que passa a provocar tremores, crises convulsivas, vômitos e depressão. Regeneração das fibras nervosas Assim com as células musculares do coração, os neurônios não se dividem mais depois de diferenciados. Desse modo, se forem destruídos, não são mais repostos. No entanto, os prolongamentos dos neurônios podem, dentro de certos limites, sofrer regeneração, desde que o corpo celular não tenha sido destruído. Quando um axônio é cortado acidentalmente, o que ocorre no caso de ferimentos na pele, a região que fica ligada ao corpo celular é chamada coto proximal, e a que fica separada é chamada coto distal. Didatismo e Conhecimento 25 BIOLOGIA - Embrionárias: São encontradas no embrião humano e são classificadas como totipotentes ou pluripotentes, devido ao seu poder de diferenciação celular de outros tecidos. A utilização de células estaminais embrionárias para fins de investigação e tratamentos médicos varia de país para país, em que alguns a sua investigação e utilização é permitida, enquanto em outros países é ilegal. O STF autorizou as pesquisas no Brasil. - Adultas: São encontradas em diversos tecidos, como a medula óssea, sangue, fígado, cordão umbilical, placenta, e outros. Estudos recentes mostram que estas células-tronco têm uma limitação na sua capacidade de diferenciação, o que dá uma limitação de obtenção de tecidos a partir delas. - Mesenquimais: Células-tronco mesenquimais, uma população de células do estroma do tecido (parte que dá sustentação às células), têm a capacidade de se diferenciar em diversos tecidos. Por conta desta plasticidade, essas células têm sido utilizadas para reparar ou regenerar tecidos danificados como ósseo, cartilaginoso, hepático, cardíaco e neural. Além disso, essas células apresentam uma poderosa atividade imunossupressora, o que abre a possibilidade de sua aplicação clínica em doenças imunomediadas, como as autoimunes e também nas rejeições aos transplantes. Em adultos, residem principalmente na medula óssea e no tecido adiposo. Nicotina - Os problemas de saúde causados pela nicotina também são graves. Entre eles estão arritmias cardíacas, doenças cerebrovascular, aumento da mortalidade pré-natal, doenças nas gengivas, perda do tato e olfato. 3. NOÇÕES SOBRE CÉLULAS-TRONCO, CLONAGEM E TECNOLOGIA DO DNA RECOMBINANTE. As células-tronco, células-mães ou células estaminais são células que possuem a melhor capacidade de se dividir dando origem a duas células semelhantes às progenitoras. As células-tronco de embriões têm ainda a capacidade de se transformar, num processo também conhecido por diferenciação celular, em outros tecidos do corpo, como ossos, nervos, músculos e sangue. Devido a essa característica, as célulastronco são importantes, principalmente na aplicação terapêutica, sendo potencialmente úteis em terapias de combate a doenças cardiovasculares, neurodegenerativas, Diabetes mellitus tipo 1, acidentes vasculares cerebrais, doenças hematológicas, traumas na medula espinhal e nefropatias. O principal objetivo das pesquisas com células-tronco é usá-las para recuperar tecidos danificados por essas doenças e traumas. Quanto a sua classificação, podem ser: - Totipotentes: aquelas células que são capazes de diferenciarem-se em todos os 216 tecidos que formam o corpo humano, incluindo a placenta e anexos embrionários. As células totipotentes são encontradas nos embriões nas primeiras fases de divisão, isto é, quando o embrião tem até 16 - 32 células, que corresponde a 3 ou 4 dias de vida; - Pluripotentes ou multipotentes: aquelas células capazes de diferenciar-se em quase todos os tecidos humanos, excluindo a placenta e anexos embrionários, ou seja, a partir de 32 - 64 células, aproximadamente a partir do 5º dia de vida, fase considerada de blastocisto. As células internas do blastocisto são pluripotentes enquanto as células da membrana externa destinam-se a produção da placenta e as membranas embrionárias; - Oligotentes: aquelas células que se diferenciam em poucos tecidos; - Unipotentes: aquelas células que se diferenciam em um único tecido. Constitui um mistério para os cientistas a ordem ou comando que determina no embrião humano que uma célula-tronco pluripotente se diferencie em determinado tecido específico, como fígado, osso, sangue etc. Porém em laboratório, existem substâncias ou fatores de diferenciação que quando são colocadas em culturas de células-tronco in vitro, determinam que elas se diferenciem no tecido esperado. Um estudo está sendo desenvolvido pela USP para averiguar o resultado do contato de uma célula-tronco com um tecido diferenciado, cujo objetivo é observar se a célula-tronco irá transformar-se no mesmo tecido com que está tendo contato. As células-tronco da pesquisa foram retiradas de cordão umbilical. Podem ser obtidas: - Por Clonagem Terapêutica é a técnica de manipulação genética que fabrica embriões a partir da transferência do núcleo da célula já diferenciada, de um adulto ou de um embrião, para um óvulo sem núcleo. A partir da fusão inicia-se o processo de divisão celular, na primeira fase 16-32 são consideradas células totipotentes. Na segunda fase 32-64 serão células pluripotentes, blastocisto que serão retiradas as células-tronco para diferenciação, in vitro, dos tecidos que se pretende produzir. Nesta fase ainda não existe nenhuma diferenciação dos tecidos ou órgãos que formam o corpo humano e por isso podem ser induzidas para a terapia celular. - Do Corpo Humano as células-tronco adultas são fabricadas em alguns tecidos do corpo, como a medula óssea, sistema nervoso e epitélio, mas possuem limitação quanto a diferenciação em tecidos do corpo humano. - De Embriões Descartados (inviáveis para implantação) e Congelados nas clínicas de reprodução assistida. Podem ser utilizadas: Terapia Celular: tratamento de doenças ou lesões com células-tronco manipuladas em laboratório. O que é Clonagem Reprodutiva? É a técnica pela qual se forma uma cópia de um indivíduo. O procedimento baseia-se na transferência do núcleo de uma célula diferenciada, adulta ou embrionária, para um óvulo sem núcleo com a implantação do embrião no útero humano. Gêmeos univitelinos são clones naturais. Principal diferença das técnicas de Clonagem Terapêutica e Reprodutiva Nas duas situações há transferência de um núcleo de uma célula diferenciada para um óvulo sem núcleo. Mas na técnica de clonagem para fins terapêuticos as células são multiplicadas em laboratório para formar tecidos específicos e nunca são implantados em um útero. Há três possibilidades de extração das células-tronco. Podem ser adultas, mesenquimais ou embrionárias: Didatismo e Conhecimento 26 BIOLOGIA Vantagens e limitações da Clonagem Terapêutica para a obtenção de células-tronco A principal vantagem dessa técnica é a fabricação de células pluripotentes, potencialmente capazes de produzir qualquer tecido em laboratório, o que poderá permitir o tratamento de doenças cardíacas, doença de Alzheimer, Parkinson, câncer, além da reconstituição de medula óssea, de tecidos queimados ou tecidos destruídos etc, sem o risco da rejeição, caso o doador seja o próprio beneficiado com a técnica. Mas a principal limitação é que no caso de doenças genéticas, o doador não pode ser a própria pessoa porque todas as suas células têm o mesmo defeito genético. A clonagem para fins terapêuticos não pode reproduzir seres humanos, porque nunca haverá implantação no útero. As células são multiplicadas em laboratório até a fase de blastocisto, 32-64 células, sendo a partir desse estágio manipuladas para formação de determinados tecidos. Além disso, nessa fase o pré-embrião é constituído por um aglomerado de células que ainda não tem sistema nervoso. Benefícios da clonagem Os cientistas têm muitas esperanças com relação à clonagem na cura de doenças, porem esbarram em parâmetros éticos. Mas acreditam que no futuro a clonagem possa produzir células de órgãos ou até órgãos inteiros, salvando a vida de muitas pessoas e diminuindo a fila dos transplantes. Que também possa utilizar células do próprio organismo no lugar de implantes mamários, clonando as células de gordura, por exemplo. A clonagem de seres humanos poderá solucionar os casos de infertilidade e até evitar que crianças nasçam com defeitos genéticos. Espécies de animais com risco de extinção podem ser clonados. Riscos da clonagem humana Muitos médicos “espertinhos” podem querer lucrar muito com esta técnica, clonando seres humanos, cobrando muito dinheiro por isso. Como ocorreu na ovelha Dolly, os clones podem ter envelhecimento precoce, uma vez que são originados de uma célula adulta. A individualidade do organismo passa a ser invadida, pois ele será ou terá uma cópia andando por aí. Muitas pessoas clonadas podem ser alvos de preconceito. CLONAGEM A clonagem (do grego Klon = broto vegetal) é processo natural ou artificial onde são produzidos organismos geneticamente idênticos. Trata-se de um tipo de reprodução assexuada pois não envolve troca de gametas entre indivíduos. Aspectos éticos Todos nos sabemos que a clonagem pode acabar se tornando um grande comércio no futuro e acabar fugindo do controle. O custo desta técnica é e será cada vez mais caro e poucas pessoas terão acesso a ela. “A ciência precisa seguir em frente no seu objetivo de antecipar-se ao futuro, com prudência e controle democrático sobre suas aplicações práticas”. (Revista Scientifc American, Ano 2, nº 14). Segundo a reportagem “Prós e contras da clonagem humana”, ela pode sim ser realizada, porem necessita de limites e um equilíbrio, respeitando os valores morais e éticos. Uma legislação deve ser construída democraticamente com a participação de todos garantindo uma tecnologia segura a serviço da humanidade, que respeite os valores humanos e ao mesmo tempo possa desenvolver novas tecnologias. Histórico Em 1903 o botânico Herbert J. Webber criou o termo clonagem. Mas ela ficou mundialmente conhecida com a clonagem da ovelha Dolly, que nasceu dia 5 de julho de 1996, feita pelo cientista escocês Ian Wilmut. Em 2001 um médico italiano, chamado Severino Antinori teve a intenção de clonar num ser humano, o que causou grande agito na sociedade cientifica. Outros cientistas até anunciaram que havia clonado um ser humano, porem esses fatos nunca foram provados. Clonagem reprodutiva A clonagem reprodutiva se refere à produção se seres vivos geneticamente idênticos, ou seja, produção cópias idênticas de seres vivos, sejam eles animais, vegetais ou humanos. Neste processo, normalmente o núcleo de uma célula reprodutiva é retirado e esta recebe uma célula somática, que irá se fundir e se dividir, comportando-se como um embrião normal. Este embrião é implantado em uma mãe de aluguel. O organismo formado é geneticamente idêntico ao organismo doador da célula somática. Assim que a ovelha Dolly foi clonada. A célula somática utilizada é de uma glândula mamária. TECNOLOGIA DO DNA RECOMBINANTE Os organismos vivos são compostos de células. AS bactérias, por exemplo, são formados por apenas um célula, enquanto outros mais complexos, como seres humanos, são formados por bilhões de células diferentes. Os cromossomos estão no interior das células, são estruturas delgadas cujo número e cuja forma dependem da espécie em questão. Os cromossomos são formados de DNA, o cromossomo nada mais é do que uma longa fita dupla de DNA, toda enovelada e dobrada sobre si mesma, de várias formas, até atingir o aspecto de cromossomo. Num cromossomo existem milhares de genes diferentes, capazes de produzir um enorme número de diferentes proteínas. Cromossomos semelhantes são chamados de cromossomos homólogos. Também existem nos cromossomos regiões de DNA que não produzem proteína, que podemos chamar de DNA não codificante. Do ponto de vista estrutural, o DNA se apresenta como uma dupla fita dobrada em forma de hélice. As duas fitas são antiparalelas, ou seja, estão dispostas em direções opostas. Clonagem terapêutica O objetivo desta técnica é produzir células-tronco para o tratamento de doenças e produção de órgãos para transplante. Esta técnica é a esperança de muitas pessoas portadoras de doenças como diabetes, Parkinson e Alzheimer. Esta técnica esbarra em muitos preconceitos e parâmetros éticos. O processo de produção de uma célula é muito parecido com a clonagem reprodutiva, porem a célula não é implantada no útero. As células-tronco embrionárias podem se diferenciar em todos os tipos de tecidos e são chamadas de multifuncionais, já as adultas não possuem esta capacidade, cada uma dá origem ao mesmo órgão. Didatismo e Conhecimento 27 BIOLOGIA O que define a direção de cada uma das fitas é o local de ligação entre o grupo fosfato com o anel de desoxirribose. Se a ligação ocorre no carbono 3, dizemos que a fita na direção 3’-5’; se a ligação ocorre no carbono 5, dizemos que a fita está na direção 5’-3’. As células hospedeiras são então plaqueadas e deixadas crescer em colônias separadas. Uma célula individual transformada com um único vetor recombinante irá se dividir em uma colônia com milhões de células, todas portando o mesmo vetor recombinante. Portanto, esta célula individual é capaz de se multiplicar e gerar uma população que contém cópias idênticas do DNA híbrido; esta população é designada clone de DNA. Neste caso, diz-se que o hospedeiro amplificou a molécula recombinante de interesse; Como o DNA foi digerido em muitos fragmentos que podem conter insertos de DNA diferentes, é necessário selecionar o clone bacteriano que contenha o material genético desejado; Uma vez obtido o clone de interesse, o passo final consiste em submetê-lo a uma série de análises que permitam verificar se construção recombinante em um determinado hospedeiro é capaz de expressar, tanto quantitativamente quanto qualitativamente, a proteína de interesse. O DNA do organismo doador e o do vetor são digeridos com enzimas de restrição. O fragmento de interesse e o vetor linearizado são ligados e transformados em uma célula hospedeira apropriada. Esta permite a expressão da proteína de interesse (representada pelas três bolinhas vermelhas). A geração de moléculas recombinantes pela clonagem molecular deve ser diferenciada daquelas obtidas por processos de “crossing-over” que ocorre entre cromossomos homólogos de eucariotos. A tecnologia do DNA recombinante consiste em procedimentos de manipulação experimental que permitem que DNA de fontes diferentes ou heterólogas seja inserido em um hospedeiro capaz de perpetuar o material genético de interesse, produzindo-o de maneira apropriada. O aprofundamento em conhecimentos de genética abriu a imaginação dos pesquisadores e esta ciência se tornou uma das ferramentas mais importantes para o desenvolvimento de técnicas biotecnológicas. Aliado a isto, o conhecimento multidisciplinar de áreas como a biologia molecular e bioquímica permitiu que a biotecnologia avançasse a aplicações industriais. A metodologia envolvida neste processo abarca diversas técnicas que englobam a manipulação do DNA visando à produção de bens de interesse comercial. Esta tecnologia do DNA recombinante, também conhecida como clonagem gênica ou clonagem molecular, compreende processos de transferência da informação genética (DNA) de um organismo a outro. Apesar de não haver uma metodologia universal, os experimentos seguem um protocolo similar: O primeiro passo consiste em caracterizar um gene de interesse. Tendo-se um conhecimento prévio do mesmo, o segundo passo consiste em isolar o DNA do organismo que o contém; este é denominado organismo doador; O DNA de um organismo doador é extraído e sofre uma clivagem ou digestão enzimática. Em seguida, os fragmentos gerados na digestão são ligados a outra molécula de DNA que deve ter uma replicação autônoma, tais como os plasmídeos bacterianos. Esta molécula atua como portadora dos fragmentos de DNA e é denominada vetor de clonagem. Assim, há a formação de um DNA híbrido, ou uma molécula de DNA recombinante. Este é também designado como DNA quimérico, uma analogia ao monstro grego mitológico Quimera; O passo seguinte à obtenção da molécula de DNA que codifica uma proteína de interesse é permitir a perpetuação do vetor recombinante até a produção do bem de escolha. Para isso, há a necessidade de selecionar uma célula hospedeira apropriada a qual será introduzido o vetor recombinante. A introdução do material genético na célula hospedeira ocorre por um processo denominado transformação; Didatismo e Conhecimento 28 BIOLOGIA Fixação de Nitrogênio O nitrogênio, sendo um dos nutrientes fundamentais para as plantas, participa da composição das moléculas de proteína e clorofila, além de desempenhar uma função chave no processo de divisão celular. Assim, uma adequada nutrição em nitrogênio é fundamental para o crescimento vigoroso das plantas. Uma das possibilidades de fornecimento de nitrogênio às plantas é através da fixação biológica, por microrganismos, utilizando o nitrogênio existente no ar. Esses fixadores de nitrogênio, denominados inoculantes, podem ser usados em leguminosas, gramíneas, florestas, ambientes aquáticos, etc. 4. APLICAÇÕES DE BIOTECNOLOGIA NA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS, FÁRMACOS E COMPONENTES BIOLÓGICOS. A biotecnologia moderna se aplica ao entendimento e utilização de informações genéticas de espécies animais e vegetais. A engenharia genética modifica o funcionamento dos genes nas mesmas espécies ou movimenta os genes entre espécies. Com início na descoberta em 1953, da maneira como a informação genética é transmitida de geração a geração, a biotecnologia moderna se desenvolveu de forma acelerada na segunda metade do século XX. Na agricultura, aplicações da biotecnologia se concentram nas modificações genéticas de plantas e espécies animais existentes, por meio de implantação de material genético de uma espécie a outra, quando o cruzamento natural não é eficaz. Safras geneticamente modificadas (GM), milho, soja e outras sementes oleaginosas são, até o momento, as principais aplicações. Uma área em crescimento da biotecnologia industrial é o desenvolvimento de produtos e técnicas para limpeza da poluição causada pela agricultura, indústria ou urbanização – esta área é conhecida como biotecnologia ambiental ou “biosolução”. No decorrer de sua curta história, a biotecnologia moderna permitiu o crescimento de uma grande quantidade de produtos e processos nos campos de ciência da vida. Suas aplicações na indústria constituem o objetivo principal da chamada Biotecnologia Industrial. Controle Biológico de Pragas São inegáveis os danos que os insetos/pragas causam à agricultura. A monocultura e o uso indiscriminado de produtos químicos - defensivos agrícolas - eliminam os inimigos naturais que existem em culturas diversificadas, provocando o desequilíbrio ecológico nas áreas de plantio, gerando condições propícias para o aparecimento de pragas além de aumentar a sua resistência. Os microrganismos patogênicos aos insetos/pragas são adequados à redução específicas, enquanto que os predadores naturais e insetos benéficos são preservados ou podem se desenvolver, estabelecendo o equilíbrio natural. Portanto, os inseticidas microbiológicos são considerados como uma forma alternativa de controle de pragas. Entre esses podem ser mencionados: - fungos: cigarrinha da folha da cana-de-açúcar; - vírus: granulose da broca da cana-de-açúcar; lagarta da laranja; - parasitas moscas: broca da cana-de-açúcar; - vespas: broca da cana-de-açúcar; - bactérias: toxinas - lagarta do algodão e legumes. - moscas domésticas e bicheiras: moscas azuis e verdes, moscas das frutas. Agricultura Cultura de Tecidos Informações dão ciência de que a seleção e reprodução de plantas superiores por métodos convencionais têm sido utilizados desde os tempos antigos considerando a necessidade de produzir quantidades crescentes de alimentos e matérias primas para a indústria. Uma das áreas mais promissoras na Biotecnologia é a da cultura de tecidos. É uma área já antiga, datando dos anos 20, mas que só alcançou progressos razoáveis a partir do fim da década de 60. Nos tecidos e células cultivadas “in vitro” pode-se introduzir alterações por ação de agentes físicos ou químicos com maior eficiência do que em plantas inteiras. Assim, as taxas de alterações podem ser grandemente aumentadas e, a partir dessas culturas, pode-se conseguir a regeneração de plantas com características diferentes. Existe também a possibilidade de fusão de células com características diferentes, possibilitando ou novos tipos de combinação, ou combinação de material genético de células provenientes de espécies muitas vezes diferentes. Uma das vantagens é que através dessa técnica pode-se gerar um grande número de material clonado em curto espaço de tempo e em ambientes reduzidos, sendo ainda indicada para a eliminação de doenças. Didatismo e Conhecimento Sementes A melhoria da produtividade agrícola pode ser conseguida mediante o uso de sementes melhoradas geneticamente. Produtos como a batata , cacau, café, cana-de-açúcar, arroz, cebola, laranja, milho, soja e tomate tiveram progresso na produção agrícola nos últimos anos através do melhoramento genético e seleção de cultivos de maior produtividade e resistência a fatores ambientais. Mineração Lixiviação Bacteriana de Minérios O estudo e aperfeiçoamento dos processos de concentração de metais em geral tem contribuído significativamente para o aproveitamento de minérios. No campo da metalurgia extrativa, mais especificamente da hidrometalurgia, a lixiviação bacteriana de minérios vem merecendo crescente atenção como alternativa para os processos convencionais. Analogamente a lixiviação convencional, baseiase na solubilidade dos metais em soluções adequadas por meio de reações químicas e também de reações bioquímicas. Cobre, urânio e zinco são exemplos de minerais que podem ser recuperados através de lixiviação bacteriana. 29 BIOLOGIA Pecuária Vacinas As vacinas representam um importante instrumento no controle de doenças infecciosas. Muitas doenças podem ser evitadas pela imunidade induzida como a poliomielite, a varíola e o sarampo. As vacinas podem ser de origem viral, bacteriana, protozoária e mesozoária. A Biotecnologia, através da técnica do DNA recombinante, tem envidado esforços no desenvolvimento de novos agentes imunizantes para influenza tipos A e B, herpes, polio e hepatite A e B, Vacinas de origem bacteriana, para diversos tipos de meningite, tem sido produzidas por meio de fermentação, bem como o componente pertussis da vacina tríplice. Inseminação Artificial A técnica de inseminação artificial em bovinos teve um rápido crescimento a partir de meados da década de 70. O Estado de São Paulo é de longe o estado brasileiro mais importante na produção e comercialização de sêmem bovino participando com mais de 60% em relação ao total do País. Como impactos decorrentes da inseminação artificial podem ser citados: - aumento da produtividade na produção leiteira - liberação de áreas antes ocupadas com pastagens para outra atividades agrícolas. Transferência de Embriões O estudo de transferência de embriões é novo no País, tendo sido iniciado no final da década de 70. O que se transfere não é o embrião propriamente dito, mas o zigoto, que é uma massa de células não diferenciadas. A transferência de embriões na seleção de mães de produtoras e reprodutores, na propagação de raças com características raras de produtividade, no aumento do percentual de características genéticas e na diminuição do intervalo entre gerações. Processos Fermentativos A fermentação como processo industrial apresenta hoje uma importância crescente em setores chaves da economia. Assim é, que mais de 300 empresas por todo o mundo produzem e comercializam produtos obtidos através de processos fermentativos, tendo sido a produção em escala industrial de bens, através de processos microbiológicos, iniciada a partir da primeira guerra mundial. Atualmente, existem mais de uma centena de produtos viáveis de serem obtidos através da via fermentativa. Saúde Antibióticos Os antibióticos são empregados no combate a infecções causadas por microrganismos, notadamente bactérias, tanto no organismo humano como no animal e vegetal.. São usados também no controle de infecções em determinados processos fermentativos. Os antibióticos se constituem no grupo de maior importância econômica, entre os produtos obtidos por fermentação. Atualmente existem mais de 5.000 tipos diferentes de antibióticos conhecidos, tendo sido a sua produção grandemente impactada pelo melhoramento genético dos microrganismos utilizados. Dentre os produtos industrializados a maior contribuição comercial provêm das penicilinas e cefalosporinas. Enzimas As enzimas são moléculas de proteínas que têm a função de catalisar reações, sendo produzidas por microrganismos. Foi somente na primeira metade do século XIX que surgiram as primeiras evidências científicas de que os microrganismos possuem substâncias químicas capazes de catalisarem reações químicas (Payen Persaz em 1883). A principal fonte de obtenção de enzimas são os microrganismos, embora muitas enzimas de aplicação industrial tenham sua origem nos tecidos animal ou vegetal: renina, obtida do estômago de bezerros e papaína, obtida do mamão, por exemplo. Os principais tipos de enzimas comercializados atualmente são as proteases, glucoamilase, amilase e glicose isomerase. Proteínas reguladoras do metabolismo A produção dessas macromoléculas por microrganismos, teve grande impulso com as pesquisas do DNA recombinante. Os principais produtos são: insulina humana, interferon, hormônio de crescimento humano, peptídios neuroativos,, etc. Desses fármacos, o que se encontra em estágio tecnológico mais avançado é a insulina, fundamental na regulação do teor de glicose no sangue, sendo usada na terapia de pacientes com diabetes. Ácidos Orgânicos Dentre os ácidos orgânicos que podem ser produzidos por processos fermentativos destacam-se: o ácido acético, o ácido cítrico e o ácido láctico, os três de largo uso industrial, principalmente na área de alimentos, com a função de acidulantes. Transformação de esteroides A cortisona, descoberta no início da década de 30, e suas propriedades no combate à artrite reumática, levou à pesquisa do desenvolvimento de muitos compostos similares, hoje industrializados e comercializados. Inicialmente, a síntese da cortisona era feita por via química. Posteriormente, algumas das etapas principais da síntese passaram a ser realizadas por microrganismos o que proporcionou substancial barateamento no custo final. Outros produtos como hidrocortisona, testosterona, albumina humana, gama globulina, e fator anti-hemofílico estão sendo produzidos e comercializados. Didatismo e Conhecimento Aminoácidos Os aminoácidos constituem a unidade básica das proteínas. O ser humano necessita basicamente de 20 aminoácidos para as suas necessidades de metabolismo e desenvolvimento orgânico. Destes, oito não são sintetizados pelo organismo necessitando, pois, serem ingeridos através de alimentos. Entretanto, dois aminoácidos revestem - se de especial importância: a metionina e a lisina, dado ao fato de não se encontrarem presentes nos cereais. A metionina não foi obtida por processos fermentativos, porém 80% da lisina produzida é obtida por via microbiológica. 30 BIOLOGIA Outros importantes aminoácidos sintetizados por via fermentativa: ácido glutâmico, ácido aspártico, triptofano. Picles, azeitonas, pão, chucrute são outros alimentos que tem a participação de processos biológicos em sua obtenção. Vitaminas Tradicionalmente utilizadas como suplemento alimentar para o ser humano e animais, as vitaminas são, em sua maioria, sintetizadas quimicamente. Entretanto, algumas delas como as do complexo B, notadamente a B2, são produzidas por biosíntese microbiana. A POLÊMICA DOS ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS A engenharia genética apresenta dois aspectos bastante conflitantes: O aspecto benéfico ligado à sua capacidade de produzir medicamentos através de bactérias ou plantas (por exemplo, a insulina), de poder transformar produtos convencionais em medicamentos, e até mesmo de conseguir realizar o sequenciamento completo de bactérias que infestam nossas lavouras. E outro aspecto obscuro e preocupante, consubstanciado nos eventuais riscos dos alimentos de origem transgênica. Diz-se obscuro, em virtude da dificuldade de grande parte da população na compreensão de conceitos complexos como, “biotecnologia”, “DNA recombinante”, “clonagem” e muitos outros. Ressalte-se que tal obscuridade permanece, muito embora os processos da biotecnologia e seus produtos estejam sendo divulgados e debatidos até nos meios de informação mais populares há vários anos. Note-se que a discussão a respeito dos transgênicos se iniciou ainda nos anos 90, quando houve as primeiras colheitas de OGMs. A polêmica se estende desde a produção até a comercialização de produtos, sendo que os argumentos em favor da técnica se alicerçam no suposto potencial produtivo, com a criação de plantas resistentes a insetos, que necessitam de menos inseticidas, preservando o meio ambiente e a saúde humana; ou de frutos com amadurecimento controlado e, portanto, de melhor conservação e qualidade; ou ainda de sementes de plantas como soja, milho, canola e arroz, com seu valor nutricional melhorado. Com isso, os defensores dos transgênicos defendem a utilização de tais técnicas, como instrumento para o aumento da produção de alimentos e a consequente erradicação da fome no planeta. Destarte, a priori, vale esclarecer alguns pontos basilares a respeito da discussão que envolve os alimentos transgênicos. Os Organismos Geneticamente Modificados – OGMs foram desenvolvidos por um restrito grupo de indústrias biotecnológicas que atuam na produção de sementes, agrotóxicos e fármacos. Esse pequeno grupo de indústrias domina o mercado mundial, sendo certo que todo seu investimento na área de alimentos transgênicos tem por objetivo desenvolver sementes que resistam aos herbicidas e aos insetos. Nesse contexto, podemos observar que, a grande maioria das sementes transgênicas cultivadas atualmente, possuem a característica de resistência aos herbicidas (venenos para plantas daninhas). Possibilitando ao produtor agrícola, que antes pulverizava o herbicida com cautela, a fim de não provocar danos a sua plantação, a utilização indiscriminada desses produtos, posto que devido à resistência da lavoura ao veneno, somente as plantas prejudiciais à lavoura morrerão. Vale lembrar que a empresa que desenvolve e vende a semente transgênica é a mesma que produz e vende o agrotóxico. Há ainda, mas em quantidade bem inferior, as sementes chamadas cultivos Bt, que são produzidas a partir da inserção dos genes da bactéria Bacillus thuringiensis (que produz toxinas inseticidas) no código genético da planta. Com isso, essas plantas adquirem uma característica inseticidas, matando os insetos que venham a alimentar de suas folhas. Biopolímeros Comercialmente entende-se por biopolímeros determinados polissacarídeos excretados por microrganismos. Os principais biopolímeros encontrados no mercado são as gomas xantana e as dextranas. As primeiras representam a maior parte do mercado, sendo aplicadas como aditivos em alimentos: estabilizantes de suspensão líquidas e genelatizantes. Solventes Três são os principais solventes orgânicos produzidos por microrganismos: etanol, butanol e acetona. Destes, o etanol se reveste de especial importância no contexto brasileiro pelo seu destaque no segmento da economia. Bebidas Alcoólicas As bebidas alcoólicas são tão antigas quanto a humanidade e numerosas como sua s etnias. Fenícios, assírios, babilônios, hebreus, egípcios, chineses, germanos, gregos e romanos mencionaram-nas e cada povo tem praticamente as suas, a partir das fontes naturais próprias de açúcares e produtos amiláceos como: frutas, cana-de-açúcar, milho, trigo, arroz, batata, centeio, aveia, cevada, e mesmo raízes e folhas. Deve-se lembrar, aliás, de que esses produtos de fermentação alcoólica originavam-se na antiguidade de processos espontâneos de fermentação e que só em época mais recente começara a ser usados nas indústrias, para a sua fabricação, os modernos métodos da Biotecnologia. As bebidas alcoólicas podem ser classificadas em: - fermentadas: cerveja, vinho saquê, sidra, etc. - fermento - destiladas: aguardente, rum, uísque, conhaque, vodca, gim, etc. Microrganismos O primeiro processo industrial para a produção de microrganismos úteis ao homem constituiu-se na produção de levedura para panificação. O uso de proteína unicelular - SCP (sigle cell protein) para a nutrição animal tem-se mostrado mais atraente que para a ingestão humana haja visto que ocorrem problemas quanto à digestibilidade, pelo ser humano, da grande quantidade de ácidos nucleicos componentes da SCP. Todavia, muitas indústrias têm construído fábricas para a produção de proteínas unicelular nos últimos anos, principalmente na Europa, Estados Unidos e Japão. Alimentos Inúmeros são os produtos alimentícios modificados ou produzidos através de processos fermentativos. Alguns como queijos, iogurte, etc. são utilizados pela humanidade há mais de 2.000 anos; Didatismo e Conhecimento 31 BIOLOGIA Por fim, há uma pequena parcela restante das sementes transgênicas que apresentam ambas características, ou seja, possuem tanto a resistência a herbicidas, quanto a propriedade inseticida. Destarte, conclui-se que os produtos transgênicos foram desenvolvidos para serem resistentes a herbicidas e/ou serem inseticidas naturais, não guardando qualquer relação com eventuais potenciais produtivos. É evidente que, sendo os produtos transgênicos oriundos de investimentos e pesquisas de grandes indústrias multinacionais, não possuem qualquer outro caráter (social, filantrópico, etc.) que não seja o financeiro-econômico. Sendo assim, pelo menos por enquanto, não possuem os atributos necessários para a erradicação da fome no planeta. Forçoso convir que não há relação entre a prevalência de fome em um determinado país e o seu índice populacional, sendo esta gerada pela má distribuição de recursos, decorrente de políticas Estatais divorciadas do cunho social. Com efeito, a causa derradeira da fome está na desigualdade social, que provoca a pobreza, e não possibilita o acesso às terras produtivas e consequentemente aos alimentos. Observe-se ainda, que se por um lado não há qualquer comprovação no sentido de que os cultivos transgênicos sejam mais produtivos do que os cultivos convencionais. Cumpre salientar que a utilização em maior escala de defensivos agrícolas, torna o custo das lavouras transgênicas muito mais elevado. Portanto, esse tipo de cultivo (transgênico) não poderia atender às necessidades, no caso de eventual aumento na demanda por alimentos. Some-se a isso o fato das sementes transgênicas serem patenteadas por essas empresas, inserindo o agricultor num processo de dependência mais rígido do que o sistema convencional. Portanto, é nítido o objetivo estritamente comercial das empresas produtoras de produtos GMs, visando à difusão em âmbito mundial de sementes de alto custo, patenteadas e dependentes de sistemas intensivos de produção. Em meio a toda polêmica que envolve os alimentos transgênicos, são apontadas diversas preocupações que podemos classificar em três vertentes: agrotóxicos em certos produtos transgênicos, as pragas e as ervas daninhas tenderão a desenvolver a mesma resistência, tornando-se superpragas. Outro fator preocupante é o controle da contaminação de genes para parentes próximos de maneira a não poluir outras lavouras. Não há também como calcular as eventuais perdas em termos de biodiversidade, nem como controlar a degradação de recursos biológicos, muito menos de prever os efeitos adversos aos vários ecossistemas. No aspecto socioeconômico – A principal preocupação é de enfraquecer o oligopólio criado pelas empresas produtoras de sementes transgênicas, através de uma regulação eficaz para a questão da propriedade intelectual, visando controlar a concentração do conhecimento sem desestimular os investimentos em novas pesquisas. Em suma, as preocupações no aspecto socioeconômico objetivam atenuar a competitividade no setor agrícola, criando oportunidade aos pequenos produtores e, consequentemente, produtos acessíveis a toda população. Estabelecendo assim uma equidade socioeconômica capaz de reduzir, de fato, a fome no mundo. O RISCO DOS ALIMENTOS GENETICAMENTE MODIFICADOS Os produtos orgânicos são consumidos principalmente por causarem menos impacto ambiental. Agora, de acordo com uma nova pesquisa, há uma outra razão para escolher alimentos que não contêm ingredientes geneticamente modificados – a sua saúde. Um estudo do Instituto de Pesquisa Médica Walter and Eliza Hall, na Austrália, descobriu uma evidência preocupante do impacto sobre a saúde de alimentos geneticamente modificados (GMs) como milho e soja. Os pesquisadores identificaram três proteínas encontradas em alimentos GMs que podem causar no corpo reações antigliadina. Em resumo, elas podem ter um papel no desenvolvimento da doença celíaca. A gliadina é um dos dois grupos de proteínas na composição do glúten. A doença celícia é uma condição autoimune na qual o corpo reage ao glúten como se ele fosse uma toxina. O resultado é dano ao intestino delgado e má absorção de nutrientes. Um média de 1 em cada 123 pessoas sofrem deste problema crônico de saúde. A doença celícia não tem cura. A única opção de tratamento disponível é eliminar o glúten da dieta. Os cientistas desenvolveram plantas GM inicialmente para criar espécies mais resistentes a secas e pestes. A ideia parece ter sido boa, mas as consequências para a saúde suplantam os benefícios. E mais: os efeitos desejados parecem ter atingido seus limites. O entomologista Kenneth Ostlie, da Universidade de Minnesota, relata casos isolados de milho GM que não têm mais mostrado resistência a pestes. Parte do problema é que alguns agricultores não fazem a rotação de colheitas. Isto dá às pestes uma oportunidade de se desenvolverem e se tornarem mais resistentes ao próprio inseticida das GM. Dada a curta geração desta organismos, não se espera resistência. No entanto, estas consequências ocorreram mais cedo que o imaginado por cientistas. Estas descobertas são uma evidência adicional de que a agricultura orgânica, com seu uso mínimo de pesticidas, e a Na segurança alimentar – Referente à preocupação sobre o comportamento das toxinas ou das substâncias alérgicas nos produtos transgênicos, ao potencial efeito destas substâncias em longo prazo e como podem vir a afetar a cadeia alimentar. Em virtude de tal incerteza científica, não é descartado o risco de eventuais processos alérgicos em massa, além do surgimento de bactérias resistentes aos antibióticos, visto que algumas plantas GMs recebem um gene de resistência a antibióticos que pode ser absorvido pelas bactérias do intestino humano, tornando-as imunes aos antibióticos. Coloque-se ainda a preocupação com as substâncias tóxicas existentes em algumas plantas e micróbios, utilizadas para defesa de seus inimigos naturais. Estas substâncias, na maioria das vezes, não fazem mal ao ser humano. Porém, com a inserção em alimentos do gene dessas plantas ou desses micróbios, é provável que essas toxinas alcancem níveis intoleráveis, causando mal a pessoas, insetos benéficos e a outros animais. No meio ambiente – Refere-se à preocupação sobre os possíveis meios de controle de concepções inesperadas de novas plantas e de plantas daninhas, pois ao colocar genes resistentes aos Didatismo e Conhecimento 32 BIOLOGIA Rotulagem Muitos transgênicos estão chegando à mesa dos consumidores sem as devidas informações. Todos os consumidores têm o direito de saber o conteúdo do produto que está consumindo e as consequências disso, inclusive qual foi a técnica empregada para a melhoria daquele alimento. proibição de culturas GM, são a alternativa mais segura, diz o About My Planet. Apenas os dados do Instituto Walter and Eliza Hall são convincentes o bastante para adotarmos escolhas mais ecoamigáveis. Melhores práticas, como a rotação de colheitas e o gerenciamento integrado de pestes, oferecem meios de maximizar ganhos e minimizar o impacto no ambiente. ALIMENTOS TRANSGÊNICOS 5. ASPECTOS GENÉTICOS DO FUNCIONAMENTO DO CORPO HUMANO. Os alimentos transgênicos são geneticamente modificados com o objetivo de melhorar a qualidade e aumentar a produção e a resistência às pragas, visando o lucro. O DNA desses alimentos é modificado. Em algumas técnicas, são implantados fragmentos DNA de bactérias, vírus ou fungos no DNA da planta. Esses fragmentos contêm genes que codificam a produção de herbicidas. As plantas que receberam esses genes produzem as toxinas contra as pragas da lavoura, não necessitando de certos agrotóxicos. Algumas são resistentes a certos agrotóxicos, pois em determinadas lavouras precisa-se exterminar outro tipo de vegetal, como ervas daninhas, e o mesmo agrotóxico acaba prejudicando a produção total. Alguns produtos são modificados para que contenha um maior valor nutricional, como o arroz dourado da Suíça, que é muito rico em betacaroteno, substância precursora de Vitamina A. O arroz é um alimento muito consumido em todo o mundo, e quando rico em betacaroneto, ajuda a combater as doenças por deficiência de vitamina A. Alguns vegetais são modificados para resistirem ao ataque de vírus e fungos, como a batata, o mamão, o feijão e banana. Outros são modificados para que a produção seja aumentada e os vegetais sejam de maior tamanho. Existem também alimentos que têm o seu amadurecimento prolongado, resistindo por muito mais tempo após a colheita. Pontos positivos - Aumento da produção - Maior resistência à pragas (vírus, fungos, bactérias e insetos) - Resistência aos agrotóxicos - Aumento do conteúdo nutricional - Maior durabilidade e tempo de estocagem O corpo humano é constituído por diversas partes que são inter-relacionadas, ou seja, umas dependem das outras. Cada sistema, cada órgão é responsável por uma ou mais atividades. Milhares de reações químicas acontecem a todo instante dentro do nosso corpo, seja para captar energia para a manutenção da vida, movimentar os músculos, recuperar-se de ferimentos e doenças ou se manter na temperatura adequada à vida. Nosso corpo é uma mistura de elementos químicos feita na medida certa. As partes do corpo humano funcionam de maneira integrada e em harmonia com as outras. É fundamental entendermos o funcionamento do corpo humano a fim de adquirirmos uma mentalidade saudável em relação a nossa vida. Genética (do grego genno; fazer nascer) é a ciência dos genes, da hereditariedade e da variação dos organismos. Ramo da biologia que estuda a forma como se transmitem as características biológicas de geração para geração. O termo genética foi primeiramente aplicado para descrever o estudo da variação e hereditariedade, pelo cientista William Bateson numa carta dirigida a Adam Sedgewick, da data de 18 de Abril de 1908. Já no tempo da pré-história os agricultores, utilizavam conhecimentos de genética através da domesticação e do cruzamento seletivo de animais e plantas para melhorar suas espécies. Atualmente é a genética que proporciona as ferramentas necessárias para a investigação das funções dos genes, isto é, a análise das interações genéticas. No interior dos organismos, a informação genética está normalmente contida nos cromossomos, onde é representada na estrutura química da molécula de DNA o que diminui bastante o tempo de espera no cruzamento das espécies. Os genes, em geral, codificam a informação necessária para a síntese de proteínas, no entanto diversos tipos de gene não-codificantes de proteínas já foram identificados, como por exemplo genes precursores de microRNAs (miRNA) ou de RNAs estruturais, como os ribossômicos. As proteínas, por sua vez, podem atuar como enzimas (catalisadores) ou apenas estruturalmente, funções estas diretamente responsáveis pelo fenótipo final de um organismo. O conceito de “um gene, uma proteína” é simplista e equivocado: por exemplo, um único gene poderá produzir múltiplos produtos (diferentes RNAs ou proteínas), dependendo de como a transcrição é regulada e como seu mRNA nascente é processador pela maquinaria de splicing. Pontos negativos - A seleção natural tende a ser maior nas plantas que não são transgênicas. - Eliminação de populações naturais de insetos, animais e outras espécies de plantas. - Aumento de reações alérgicas em determinadas pessoas. Segurança Muitas plantas são cultivadas e analisadas pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), porém a comercialização dessas especialidades ainda não está autorizada. Muitos transgênicos ainda não são autorizados para serem comercializados em decorrência da polêmica gerada pelo impacto ambiental e reações alérgicas já observadas em algumas pessoas. A empresa responsável pela autorização do plantio e comercialização é a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Didatismo e Conhecimento Componentes químicos da célula. Todos os seres vivos possuem moléculas e elementos que são essenciais para a sua composição e para o seu metabolismo. 33 BIOLOGIA É uma grande variedade de substâncias orgânicas e inorgânicas que fazem parte dessa composição. Aqui iremos conhecer um pouco dessas substâncias. O óleo não se mistura. Os lipídeos, substâncias oleosas, são as principais moléculas presentes na membrana plasmática e o fato deles não se misturarem com a água ajuda no papel da membrana plasmática de separação da célula do seu meio externo. Os lipídeos da membrana são chamados de fosfolipídeos e se organizam em uma bicamada (duas camadas justapostas). Os fosfolipídios possuem uma cabeça polar, formada por fósforo (que pode ficar em contato com a água) e caudas apolares (que não tem afinidade por água) que ficam voltadas para o interior da membrana. Além dos fosfolipídeos a membrana também possui proteínas, que funcionam como portas e janelas da célula, e açúcares ligados aos lipídeos e às proteínas. Ou seja, a composição da membrana plasmática …é principalmente lipoproteica ( lipídios + proteínas). O modelo mais aceito atualmente foi proposto por Singer e Nicholson e é conhecido como modelo do mosaico fluido, como mostra a figura abaixo. Substâncias Orgânicas Proteínas: presentes em todas as estruturas celulares. São formadas por aminoácidos e sua presença é indispensável para o metabolismo do organismo. As proteínas formam as enzimas. Vitaminas: podem ser hidrossolúveis (solúveis em água) ou lipossolúveis (solúveis em lipídeos). São necessárias em pequenas quantidades pelo organismo, sua falta pode causar doenças. As vitaminas são adquiridas por meio de uma alimentação variada. Carboidratos ou Glicídios ou Açúcares: são fundamentais, pois dão energia às células e ao organismo. São de três tipos: monossacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos. Alguns têm função estrutural, como celulose e quitina; e de reserva, como o amido e glicogênio. Lipídios: insolúveis em água, atuam como reserva de energia, isolante térmico etc. São classificados em glicerídeos, ceras, esteroides, fosfolipídios e carotenoides. Compõem estruturas celulares. Substâncias inorgânicas Sais minerais: formados por íons. Algumas de suas funções são: formar o esqueleto, participar da coagulação sanguínea, transmissão de impulsos nervosos. Sua falta pode afetar o metabolismo e levar à morte. Água: substância encontrada em maior quantidade nos seres vivos. Pode dissolver diversas substâncias, por isso é classificada como solvente universal. No corpo humano representa cerca de 70% do peso corporal. Participa de inúmeras reações químicas em nosso organismo. A água é fundamental para a vida! O que aconteceria com a célula se a membrana plasmática não permitisse a passagem de nenhuma substância através dela? Assim como, por exemplo, um carro precisa de portas para as pessoas entrar e sair, as células também possuem mecanismos que permitem a entrada e a saída de substâncias. Dizemos que a membrana plasmática seleciona a passagem destas substâncias e que ela possui, desta forma, uma permeabilidade seletiva. A camada fosfolipídica da membrana plasmática funciona como uma barreira fluida (maleável) e permite a passagem de substâncias diretamente através dela. Membrana plasmática e transportes. Membrana Plasmática ESTRUTURAS CELULARES (membrana plasmática) Tudo que existe, e que é individualizado, precisa se separar do seu meio exterior por algum envoltório. Por exemplo, uma casa é separada do meio externo por paredes, pelo piso e pelo teto. Imagine agora uma célula sem um envoltório. Como seria sua composição? Certamente, semelhante àquela encontrada ao seu redor. Sem esse envoltório, provavelmente a célula nem existiria. Assim, o papel principal da membrana plasmática é delimitar a célula, em outras palavras, separar o conteúdo citoplasmático do meio em que ela se encontra. Por isso, começaremos nosso estudo sobre as estruturas que formam a célula pela membrana plasmática. Você acha que tudo consegue atravessar essa barreira fosfolipídica? A resposta é não. Atravessará a barreira apenas as substâncias pequenas que consigam se entremear através dos fosfoslipídeos. Essas substâncias precisam ter afinidades por lipídeos, senão não conseguiriam se “misturar” com eles para atravessar a membrana. Por outro lado não são apenas substâncias com afinidades por lipídeos que atravessam a membrana plasmática. As substâncias que não conseguem atravessar diretamente a camada fosfolipídica podem entrar ou sair da célula através de suas portas e janelas, que são as proteínas. Quais as substâncias que formam a membrana plasmática? Antes de responder a esta pergunta é importante lembrar que tanto o interior da célula quanto o seu exterior possui grande quantidade de água. Você já pode ter observado o que acontece quando pinga uma gota de óleo sobre a água. Didatismo e Conhecimento A passagem das substâncias de pequeno porte através da membrana pode ocorrer passivamente ou ativamente. 34 BIOLOGIA Difusão facilitada – É a passagem de macromoléculas através de proteínas especiais denominadas permeases, que formam poros na membrana. Antes de entender as duas formas principais de transporte na membrana, o passivo e o ativo, é necessário que compreenda muito bem o processo de difusão. Você já deve ter observado o que acontece quando uma pessoa passa um perfume forte e permanece em um ambiente fechado. Em poucos instantes toda a sala fica com o cheiro do perfume. Já parou para se perguntar por que isso ocorre? Lembra que dois corpos não ocupam um mesmo lugar no espaço? Isso significa dizer que quando uma “partícula” se move, ela acaba “tomando o lugar” de uma outra partícula que se encontra ao seu lado. O ar é composto de diversas “partículas” flutuantes diferentes, ou seja, de gases, como o oxigênio, gás carbônico e nitrogênio, que se movem, e que estão sempre trocando de lugar uns com os outros. O perfume é feito por um líquido muito volátil, que se torna um gás facilmente. Quando os gases perfumados são adicionados ao ar, eles também irão se mover e trocar de lugar com os outros tipos de gases. Isso faz com que depois de um tempo tenhamos gases de perfume espalhados por todo o ambiente fechado. As moléculas presentes dentro de líquidos também possuem capacidade de movimento. Dentro da célula e em seu exterior existe grande quantidade de líquidos. Então, quando uma molécula qualquer se move dentro desses líquidos elas deverão também trocar de lugar com as moléculas que estão ao seu redor. Agora, responda a seguinte pergunta: Uma pessoa está parada numa estação final de trem esperando para embarcar. O trem chega lotado de passageiros e abre as portas. A pessoa conseguirá entrar com facilidade? Você já deve ter percebido que esta pessoa terá grande dificuldade de entrar no trem porque haverá um grande fluxo de passageiros saindo dele. O mesmo acontece com as substâncias que entram e saem de uma célula. Se existe maior quantidade de substâncias de um lado ou do outro, haverá maior fluxo de passagem para o lado que a substância estiver em menor quantidade. A membrana plasmática possui a capacidade de englobar substâncias de maior porte através da endocitose Endocitose – Transporte de moléculas em grande quantidade. Existem dois tipos de mecanismos para esse transporte: a) Fagocitose – Englobamento de partículas sólidas por meio da emissão de pseudópodes pela membrana plasmática. b) Pinocitose – Englobamento de gotículas líquidas por meio de invaginações da membrana plasmática. Citoplasma e organelas. Organelas Citoplasmáticas Retículo endoplasmático O citoplasma das células eucariontes contém inúmeras bolsas e tubos cujas paredes têm uma organização semelhante à da membrana plasmática. Essas estruturas formam uma complexa rede de canais interligados, conhecida pelo nome de retículo endoplasmático, que pode ser de dois tipos: Rugoso (granular) e liso (agranular). O rugosa, ou ergastoplasma é formado por sacos achatados, cujas membranas têm aspecto verrugoso devido à presença de ribossomos aderidos à sua superfície externa. O liso é formado por estruturas membranosas tubulares, sem ribossomos aderidos, portanto de superfície lisa. Os dois tipos estão interligados e a transição entre eles é gradual, observando o retículo endoplasmático, partindo do rugoso em direção ao liso, vemos as bolsas tornarem-se menores e à quantidade de ribossomos aderidos diminui progressivamente, até deixar de existir. O retículo endoplasmático atua como uma rede de distribuição de substâncias no interior da célula. No líquido existente dentro de suas bolsas e tubos, diversos tipos de substâncias se deslocam sem se misturar com o citosol. Outras funções são: o armazenamento de substâncias e o controle da pressão osmótica do hialoplasma. O retículo Endoplasmático liso também é responsável pela produção de lipídios, desintoxicação do organismo (fígado) e ajuda a catalisar as reações químicas na célula, já o rugoso é responsável pela produção de proteínas graças a presença dos ribossomos. As proteínas fabricadas penetram nas bolsas e desloca-se em direção ao aparelho de golgi, passando pelos estreitos e tortuosos canais do retículo endoplasmático liso. Assim, a difusão pode ser entendida como um maior fluxo de movimento de moléculas em direção a uma região onde as mesmas se encontram em menor quantidade. a) Transporte Ativo – Movimento de entrada ou saída de substâncias em uma célula com gasto de energia. Ex: bomba de sódio e potássio. Para entender o transporte ativo, pense em nosso exemplo acima e imagine o caso da pessoa que está do lado de fora do trem. Para entrar no trem esta pessoa terá que “vencer” a direção natural de movimento de passageiros. E, ao fazer isso, terá que se movimentar contra um “gradiente” de passageiros e se esforçar bastante. Em outras palavras, ela terá que gastar energia. Para ocorrer a passagem de uma molécula contra um gradiente de concentração também será necessário o gasto de energia. Funções do retículo endoplasmático O retículo endoplasmático, além de conduzir substâncias pelo citoplasma, é o local de produção de várias substâncias importantes. Por exemplo, a síntese de diversos lipídios, como colesterol, fosfolipídios e hormônios esteroides, ocorre no retículo endoplasmático granular. Já o retículo endoplasmático granular, graças aos ribossomos, fabrica diversos tipos de proteínas. O retículo endoplasmático granular também participa dos processos de desintoxicação das células. No retículo agranular das células do fígado, por exemplo, ocorre modificação ou destruição de diversas substâncias tóxicas, entre elas o álcool. RE rugoso: também chamado b) Transporte Passivo – Movimento feito sem gasto de energia, ou seja, respeitando o gradiente de condentração. Ex: osmose. Osmose – É a difusão da água, ou seja, a passagem de água de um meio hipotônico (onde ela se encontra em maior quantidade) para um meio hipertônico (onde ela se encontra em menor quantidade). Em um meio hipotônico existe maior quantidade de água e menor quantidade de sal dissolvido. O contrário ocorre em um meio hipertônico. Didatismo e Conhecimento 35 BIOLOGIA de ergastoplasma, é formado por bolsas membranosas achatadas, com grânulos – os ribossomos – aderido à superfície externa. Sua principal função, graças aos ribossomos presente, é a síntese de proteínas. RE liso: é formado por tubos membranosos lisos, sem ribossomos aderidos. Suas principais funções são: síntese de diversos lipídios, como o colesterol, hormônios esteroides e fofolipídios. É no RE liso que também ocorre o processo de desintoxicação das células. Outra função do lisossomo é a autofagia (do grego auto, próprio e phagin, comer). Autofagia é uma atividade indispensável à sobrevivência de qualquer célula. Ela é o processo pelo qual as células digerem partes de si mesmas, com o auxílio de seus lisossomos. A autofagia é, em outras situações, uma atividade puramente alimentar. Quando um organismo é privado de alimento e as reservas de seu corpo se esgotam, as células passam a digerir partes de si mesma, como estratégia de sobrevivência. A autofagia permite destruir organelas celulares desgastadas e reaproveitar alguns de seus componentes. Este processo inicia-se com os lisossomos, que se aproximam, cercam e envolvem a estrutura a ser eliminada, que fica contida em uma bolsa repleta de enzimas, denominado vacúolo autofágico. Uma célula do nosso fígado, a cada semana, digere e reconstroi a maioria de seus componentes. Além das funções citadas acima, os lisossomos têm como função a citólise ou autólise, que o processo pelo qual a célula toda é digerida. Isto acontece com a cauda do girino, na sua transformação para a fase adulta. Complexo de Golgi O aparelho de golgi está presente em praticamente todas as células eucariontes, consistindo em bolsas membranosas achatadas, empilhadas como pratos, chamadas Dictiossomos. Em células animais os dictiossomos geralmente encontram-se reunidos próximo ao núcleo, já nas células vegetais, geralmente os dictiossomos se encontram espalhados pelo citoplasma. O complexo de golgi atua como centro de armazenamento, transformação, empacotamento e remessa de substâncias na célula, além de atuar na secreção do ácido pancreátil, na produção de polissacarídeos (muco, glicoproteína-RER), na produção de lipídios, na secreção de enzimas digestivas, formação da lamela média em células vegetais, formação do lisossomo e na formação do acromossomo do espermatozoide. O aparelho de Golgi desempenha papel fundamental na eliminação de substâncias úteis ao organismo, processo denominado secreção celular. Peroxissomos Peroxissomos são bolsas membranosas que contêm alguns tipos de enzimas digestivas, semelhantes aos lisossomos, como a catalase, que transforma o H2O2 (água oxigenada, formada na degradação dos aminoácidos e das gorduras) em H2O (água) e O2 (oxigênio), e outras, em menor quantidade, que degradam gorduras e aminoácidos. Além disso, os peroxissomos também atuam no processo de desintoxicação das células. Pelo qual os peroxissomos absorvem substâncias tóxicas, modificando-as de modo a que não causem danos ao organismo. Os tipos de enzimas presentes nos peroxissomos sugerem que, alem da digestão, eles participem da desintoxicação da célula. O peróxido de hidrogênio, que se forma normalmente durante o metabolismo celular, é tóxico e deve ser rapidamente eliminado. Lisossomos Os lisossomos (do grego lise, quebra, destruição) são bolsas membranosas que contêm enzimas capazes de digerir diversas substâncias orgânicas. Existem mais de cinquenta tipos de enzimas hidrolíticas (atuam por hidrólise) alojadas no interior das pequenas bolsas lisossômicas. Os lisossomos estão presentes em praticamente todas as células eucariontes, sua origem é o Aparelho de Golgi. O retículo endoplasmático rugoso produz enzimas que migram para os dictiossomos (complexo de Golgi), são identificadas e enviadas para uma região especial do Aparelho de Golgi, onde são empacotadas e liberadas na forma de pequenas bolsas. Funções: Uma das funções dos lisossomos é a digestão intracelular. As bolsas formadas na fagocitose ou na pinocitose, que contêm partículas capturadas do meio externo, fundem-se com os lisossomos, originando bolsas maiores, onde a digestão ocorrerá. As bolsas originadas pela fusão de lisossomos com fagossomos ou pinossomos são denominadas vacúolos digestivos; em seu interior as substâncias presentes nos fogossomos ou pinossomos são digeridas pelas enzimas lisossômicas. Com a digestão intracelular as partículas capturadas pelas células são quebradas em pequenas moléculas que atravessam a membrana do vacúolo digestivo, passando pelo citosol. Estas moléculas fornecem energia à célula e serão utilizadas na fabricação de novas substâncias. Os materiais não digeridos no processo digestivo permanecem dentro do vacúolo, que passa a ser chamado vacúolo residual. Muitas células eliminam o conteúdo do vacúolo residual para o meio exterior. Este processo é chamado de clasmocitose ou defecação celular. O vacúolo residual encosta-se à membrana plasmática, fundindo-se nela e lançando seu conteúdo para o meio externo. Didatismo e Conhecimento Centríolos No citoplasma das células animais encontramos dois cilindros formando um ângulo reto entre si: são os centríolos. Eles estão localizados em uma região mais densa do citoplasma, próximo ao núcleo. Essa região chama-se centrossomo. Cada centríolo é formado por microtúbulos dispostos de modo característico: há sempre nove grupos de três microtúbulos, formando a parede do cilindro. Os centríolos podem se autoduplicar, isto é, orientar a formação de novos centríolos. Eles têm duas funções: na divisão celular das células animais e na formação de cílios (estruturas curtas e numerosas) e flagelos (estrutura longa e em pequeno número), pelo corpo basal, que servem para a locomoção ou para a captura de alimento. Ribossomos Presentes em todos os seres vivos são grãos formados por ácido ribonucleico (RNA) e proteínas. Nas células eucarióticas, os ribossomos podem aparecer livres no hialoplasma ou associados a membrana do retículo (RE rugoso). É nos ribossomos que ocorre a síntese das proteínas. A síntese é feita através da união entre aminoácidos, sendo o mecanismo controlado pelo RNA. Este é produzido no núcleo da célula, sob o comando do DNA. O RNA, apoiado num grupo de ribossomos chamado polirribossomo ou polissoma, comanda a sequência de aminoácidos da proteína. Durante esse trabalho, os ribossomos vão «deslizando» pela molécula de RNA, à medida que a proteína vai sendo fabricada. 36 BIOLOGIA Vacúolos A membrana externa é lisa e a interna forma dobras para o interior da organela, constituindo um complexo sistema membranoso. Nesse sistema, destacam-se estruturas formadas por pilhas de discos membranosos, semelhantes a pilhas de moedas, cada uma chamada granum. Nas membranas internas do cloroplastos estão presentes os fotossistemas, cada um deles constituídos por algumas moléculas de clorofila, reunidas de modo a formar uma microscópica antena captadora de luz. Nos cloroplastos ocorre a fotossíntese. São cavidades do citoplasma visíveis ao microscópio óptico. Além destes, há outros dois tipos de vacúolos, como o vacúolo contrátil e o vacúolo de suco celular. Vacúolo Contráteis: presentes nos protozoários de água doce – encarrecam-se de eliminar o excesso de água das células, além de eliminar também, substâncias tóxicas ou em excesso. Vacúolo de Sulco Celular: é característico das células vegetais, que armazena diversas substâncias. A coloração das flores, por exemplo, deve-se às antocianinas, pigmentos que se encontram dissolvidos nesse vacúolo. Existem vários níveis hierárquicos de organização entre os seres vivos, começando pelos átomos e terminando na biosfera. Cada um desses níveis é motivo de estudo para os biólogos. Vacúolos digestivos Átomos e moléculas Fagossomos e pinossomos, que contém material capturado do meio pela célula, fundem-se com lisossomos, originando bolsas membranosas chamadas vacúolos digestivos. As enzimas lisossômicas digerem as substâncias capturadas, quebrando-as e reduzindo-as a moléculas menores. Estas atravessam a mesma membrana do vacúolo digestivo e saem para o citosol, onde serão utilizadas como matéria-prima ou fonte de energia para os processos celulares. Eventuais restos da digestão, constituídos por material não-digerido e enzimas, permanecem dentro do vacúolo, agora denominado vacúolo (ou corpo) residual. Este expulsa o conteúdo da célula por clasmocitose. Os átomos forma toda a matéria que existe. Eles se unem por meio de ligações químicas para formar as moléculas, desde moléculas simples como a água (H2O), até moléculas complexas como proteínas, que possuem de centenas a milhares de átomos. Como já vimos, a matéria viva é formada principalmente pela união dos átomos (C) Carbono, (H) Hidrogênio, (O) Oxigênio e (N) Nitrogênio. Organelas e Células As organelas são estruturas presentes no interior das células, que desempenham funções específicas. São formadas a partir da união de várias moléculas. A célula é a unidade básica da vida, sendo imprescindível para a existência dela. Existem vários tipos de células, cada uma com sua função específica. Vacúolos autofágicos e heterofágicos Partes da célula, como, por exemplo, organelas velhas e desgastadas são constantemente atacadas e digeridas pela atividade lisossômica. Dessa forma, seus componentes moleculares podem ser reaproveitados. Os lisossomos fundem-se em torno de uma parte celular a ser digerida, formando uma bolsa membranosa chamada vacúolo autofágico (do grego autós próprio, e phagos, comer). Essa denominação ressalta o fato de o material digerido no vacúolo ser uma parte da própria célula. Quando o material digerido vem de fora da célula, capturado por fagocitose ou pinocitose, fala-se em vacúolo heterofágico (do grego heteros, outro, diferente). Tecidos Os tecidos são formados pela união de células especializadas. Os tecidos estão presentes apenas em alguns organismos multicelulares como as plantas e animais. Um exemplo de tecido é o muscular tem a função de produzir os movimentos musculares, o tecido ósseo, formado pelas células ósseas tem a função de sustentar o organismo. Órgãos Mitocôndrias Os tecidos se organizam e se unem, formando os órgãos. Eles são formados de vários tipos de tecidos, por exemplo. O coração é formado por tecido muscular, sanguíneo e tecido nervoso. Os ossos são formados por tecido ósseo, sanguíneo e nervoso. As mitocôndrias são organoides celulares – presentes nos eucariontes – delimitadas por duas membranas lipoproteicas. A membrana externa é lisa, e a interna apresenta inúmeras pregas, chamadas cristas mitocondriais, que se projetam para o interior da organela. Entre as cristas há uma solução chamada matriz mitocondrial. Essa solução viscosa é formada por diversas enzimas, DNA, RNA, pequenos ribossomos e outras substâncias. A mitocôndria é a organela onde ocorre a respiração celular. A respiração celular é, em linhas gerais, uma queima controlada de substâncias orgânicas, por meio da qual a energia contida no alimento é gradualmente liberada e transferida para molécula de ATP. Sistemas Os sistemas são formados pela união de vários órgãos, que se trabalham em conjunto para exercer uma determinada função corporal, por exemplo, o sistema digestório, que é formado por vários órgãos, como boca, estômago, intestino, glândulas, etc. Organismo Cloroplastos A união de todos os sistemas forma o organismo, que pode ser uma pessoa, uma planta, um peixe, um cachorro, um pássaro, um verme, etc. Como as mitocôndrias, são delimitados por duas membranas lipoproteicas. Didatismo e Conhecimento 37 BIOLOGIA População - Diferenciação ou especialização celular, com modificações no tamanho e forma das células que compõem os tecidos. Essas alterações é que tornam as células capazes de cumprir suas funções biológicas. Através da fecundação ocorre o encontro do gameta masculino (espermatozoide) com o feminino (óvulo), o que resulta na formação do zigoto ou célula-ovo (2n). Após essa fecundação o desenvolvimento embrionário apresenta as etapas de segmentação que vão do zigoto até o estágio de blástula. Muitas vezes há um estágio intermediário, a mórula. A gastrulação é o período de desenvolvimento de blástula até a formação da gástrula, onde começa o processo de diferenciação celular, ou seja, as células vão adquirindo posições e funções biológicas específicas. No período de organogênese, há formação dos órgãos do animal, estágio em que as células que compõem os respectivos tecidos se apresentarão especializadas. Os óvulos são gametas femininos que serão classificados em função das diferentes quantidades de vitelo (reservas nutritivas) e das suas variadas formas de distribuição no interior do citoplasma. Essas duas características determinam aspectos diferentes no desenvolvimento embrionário. É o estudo do desenvolvimento do ovo, desde a fecundação até a forma adulta. Dificilmente um organismo vive isolado, ele interage com outros organismos da mesma espécie e de outras espécies, e também com o meio ambiente. O conjunto de organismos da uma mesma espécie, interagindo entre si e que habitam uma determinada região, em uma determinada época, chama-se população. Comunidade O conjunto de indivíduos de diferentes espécies interagindo entre si numa determinada região geográfica, ou seja, conjunto de diferentes populações vivendo juntas e interagindo é chamado de comunidade. O “Cerradinho”, uma reserva ecológica dentro da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, é uma comunidade que abriga diferentes populações de plantas e animais nativos da região. Ecossistema: O ecossistema é o conjunto dos seres vivos da comunidade, com os fatores não vivos, como temperatura, luminosidade, umidade e componentes químicos. Esses fatores não vivos são chamados de fatores abióticos. Os seres vivos são chamados de fatores bióticos. A interação entre os seres bióticos e os abióticos recebe o nome de ecossistema. Por exemplo, uma população de jacarés que está tomando sol em cima de uma pedra, nas margens de um rio. Embriologia vegetal As plantas superiores, que produzem sementes, formam células geradoras de gametas. São os gametófitos masculinos (microgametófitos) e femininos (macrogametófitos), que têm origem em órgãos especializados denominados esporângios (microesporângios e macroesporângios, respectivamente). Nas gimnospermas (plantas que não florescem nem frutificam), os microesporângios acham-se em estruturas cônicas chamadas estróbilos e os macroesporângios em outras, também cônicas e de maior tamanho, chamadas macrostóbilos - que correspondem, por exemplo, às pinhas do pinheiro. Por sua vez, nas angiospermas (vegetais que dão flor e fruto), os microesporângios correspondem a órgãos homólogos, as anteras, e os macroesporângios, aos pistilos. Nas gimnospermas, o microgametófito é constituído de uma célula vegetativa e outra generativa, ambas haploides (com um só jogo cromossômico, consequência do processo de divisão celular conhecido como meiose). A partir da célula generativa, durante o processo de fecundação, formam-se duas células, a pedicular e a espermatógena. O núcleo desta última se biparte, e assim a célula passa a constar de quatro núcleos haploides. Nas plantas angiospermas, o microgametófito compõe-se de uma só célula, que contém três núcleos haploides, dois espermáticos e um vegetativo. O macrogametófito se compõe, nas gimnospermas, de múltiplas células haploides, várias das quais são óvulos (gametas femininos que se fundem com um núcleo espermático, para formar o zigoto) e, nas angiospermas, de sete células: uma central, com dois núcleos haploides, e dois grupos de três células haploides em posição polar. Quando o micromegatófito contido num grão de pólen entra em contato com um macroesporângio, dá-se a polinização. O grão de pólen lança o tubo polínico, pelo qual migram os núcleos espermáticos, que entram em contato com as células do macromegatófito para processar-se a fecundação. Nas gimnospermas, três dos núcleos do micromegatófito degeneram e o restante se funde com o óvulo para formar o zigoto. Nas angiospermas, um dos núcleos espermáticos se une ao óvulo (a Biosfera: A biosfera é o conjunto de todos os ecossistemas do planeta Terra. A biosfera é a mais alta de todas as hierarquias 6. EMBRIOLOGIA, ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANA. EMBRIOLOGIA A maioria das espécies animais e vegetais apresenta mecanismos de reprodução sexual que consistem basicamente na formação dos gametas masculinos e femininos, células especiais que possuem a metade dos cromossomos (onde está contida a informação genética) que o adulto requer e que, mediante sua união, formam o ovo ou zigoto, a partir do qual se origina um novo indivíduo. Embriologia é a ciência biológica que estuda, nos vegetais e animais, o desenvolvimento da semente ou do ovo até constituir um espécime completo. Para alguns, seu campo de aplicação se estende aos processos de formação dos gametas e à fecundação. Em Biologia o desenvolvimento envolve diversos aspectos: - Multiplicação de células, através de mitoses sucessivas. - Crescimento, devido ao aumento do número de células e das modificações volumétricas em cada uma delas. Didatismo e Conhecimento 38 BIOLOGIA célula central de um dos pólos do macromegatófito) e o outro se funde com os dois núcleos da célula central. Assim se constitui o endosperma, tecido de reserva que serve de nutriente ao embrião durante seu desenvolvimento. Os zigotos formados começam a dividir-se ativamente mediante mitose, até formar o embrião, que consta de uma raiz e um talo jovens e de dois ou mais cotilédones (folhas embrionárias), nas gimnospermas, e de um ou dois cotilédones nas angiospermas (conforme sejam monocotiledôneas ou dicotiledôneas). A multiplicação das células caracteriza distintas zonas embrionárias, além dos cotilédones: nas dicotiledôneas, por exemplo, se distinguem o núcleo ou meristema radicular, a fração central ou hipocótilo, a superior ou meristema caulinar, o Albume e o tegumento da semente. Rodeada dos restos de tecido do macroesporângio, constituem-se as sementes que, no caso das angiospermas, ficam dentro do fruto. Depois de uma fase de latência, as sementes germinam e dão início ao crescimento da planta. O arquêntero comunica-se com o exterior por um orifício dito blastóporo, onde têm origem a boca do animal (nos protostomados) e o ânus (nos deuterostomados). O ectoderma e o endoderma podem formar-se mediante diferentes mecanismos, os mais comuns dos quais são a embolia, em que uma parte da blástula se invagina e cresce até entrar em contato com a parte não invaginada, e a epibolia, em que uma parte da blástula cresce e recobre o resto. Uma vez formados o ectoderma e o endoderma, o mesoderma origina-se a partir das células de um deles ou de ambos. Organogênese: Depois de formar-se a gástrula, ocorre proliferação celular e amplo movimento e migração de células, abre-se um poro secundário (que origina a boca ou o ânus) e formam-se pregas e bolsas, fenômenos que, em conjunto, se conhecem como organogenesia, e que dão lugar à constituição dos diferentes órgãos do animal. De modo geral, o ectoderma constitui o sistema nervoso e a pele, o endoderma os aparelhos respiratório e digestivo, como as glândulas a estes associadas, e o mesoderma os ossos, os músculos, os aparelhos excretor, circulatório e reprodutor. Embriologia animal Nos animais, o embrião pode dar lugar a um adulto, em processo de crescimento direto, ou produzir uma larva que passará por metamorfose para converter-se em adulto. As células que apresentam dois jogos cromossômicos homólogos são diploides e os organismos correspondentes diplontes. Isso ocorre em todos os animais: durante a gametogênese, formam-se os gametas (óvulos nas fêmeas e espermatozoides nos machos), que só têm um jogo cromossômico como resultado da meiose. Na fecundação, o núcleo do espermatozoide funde-se com o óvulo para formar o zigoto, que assim constitui a célula diploide. O embrião pode desenvolver-se fora do organismo a partir do qual se formou, alimentando-se de uma substância proporcionada pelo óvulo, o vitelo (caso dos animais ovíparos, como as aves), no interior do gerador, também com nutrição vitelina (animais ovovivíparos, como alguns répteis), ou ainda no interior, mas com alimentação fornecida pelo organismo (caso dos animais vivíparos, como os mamíferos). Fases de desenvolvimento embrionário. A complexidade do processo de crescimento do embrião impõe a atribuição de denominações específicas a numerosas células e grupamentos celulares que intervêm em suas sucessivas etapas de desenvolvimento. Segmentação: O começo do processo embrionário consiste na divisão mitótica do zigoto, que dá origem a duas células que voltam a dividir-se. O processo se repete à medida que aumenta o número de células (2, 4, 8, 16...) até formar uma densa esfera de células, a mórula. O resultado final desse processo, chamado segmentação, é o estado da blástula (nos mamíferos, blastocisto), formada por um conjunto de células denominadas blastômeros e que normalmente contêm uma cavidade, o blastocele (lecitocele nos mamíferos). Animais amniotas: Os embriões de répteis, aves e mamíferos encontram-se protegidos por uma série de membranas. O cório acha-se imediatamente debaixo da casca do ovo nos répteis, aves e mamíferos monotremados e une-se à parede do útero da mãe nos mamíferos superiores, para formar a placenta. A segunda membrana é o âmnio, que contém o líquido amniótico. As duas camadas restantes são invaginações do tubo digestivo: o saco vitelino, cheio de vitelo (exceto nos mamíferos superiores), que serve de alimento ao embrião, e o alantoide, que nos animais que põem ovos se liga à casca por meio de vasos e serve tanto para a respiração como para o acúmulo de substâncias rejeitadas. Nos mamíferos superiores, liga-se à placenta, serve às mesmas funções e ao transporte de alimentos fornecidos pelo sangue da mãe. Nesses animais, o alantoide e a vesícula vitelina (muito reduzida) são rodeados por tecido conectivo e pela pele, constituindo o cordão umbilical. Regulação e mosaico: Nos primeiros passos da segmentação, varia o comportamento de certas espécies, nas quais está determinada a parte do corpo originada de cada célula ou blastômero. Diz-se, em tal caso, que o embrião apresenta um comportamento de mosaico, ou que está determinado. Por exemplo, nas ascídias, animais em geral marinhos, quando se separa um dos blastômeros formados depois da primeira divisão celular, o restante produz apenas a metade do embrião. Em outros casos, como o do ouriço-do-mar, uma operação similar resulta na produção do embrião completo: o blastômero restante é capaz de assumir as funções do que foi eliminado. Dizse, então, que o ovo apresenta regulação. É um mecanismo desse tipo que intervém no desenvolvimento do embrião humano. Em geral, depois de algumas divisões celulares a partir da inicial do zigoto, cada zona do embrião está determinada e se denomina campo morfogenético. Gastrulação: O estado da blástula dá lugar a outro mais desenvolvido, o da gástrula, mediante o processo chamado gastrulação, em que se formam as três camadas celulares fundamentais dos embriões dos animais superiores: o ectoderma na parte externa, o endoderma na interna e o mesoderma entre ambas. Durante a gastrulação, desaparece o blastocele (se existia) e forma-se uma nova cavidade, o arquêntero, que dará lugar ao intestino do animal. Didatismo e Conhecimento Indução: Ao se transplantar para um embrião de anfíbio certos tecidos de outro embrião, os tecidos adjacentes aos transplantados não se desenvolvem como habitualmente, para dar lugar à estrutura 39 BIOLOGIA que originariam em condições normais, mas se transformam em outros, associados aos transplantados. Dá-se a esse fenômeno o nome de indução. Quando, por exemplo, se transplanta de um embrião uma estrutura em forma de círculo retirada da área do globo ocular para a área do ectoderma ventral de outro embrião, as áreas adjacentes ao transplante, que normalmente produzem pele, se diferenciam e formam o cristalino do olho. Um exemplo mais espetacular é o transplante do lábio dorsal do blastóporo, que provoca a formação de um embrião secundário completo. Devido a isso, se conhece essa área como centro organizador. Acredita-se que a segregação de uma substância, chamada organizadora, seja responsável pela organização dos tecidos do embrião. Estima-se que, nas sucessivas etapas de diferenciação dos tecidos, produzem-se fenômenos de indução desse tipo que, devidamente controlados, possibilitam a reparação de defeitos e malformações congênitas de origem embrionária. Nessa fase, o embrião vive à custa do material difusível através do endométrio, uma vez que suas reservas nutritivas (vitelo) são mínimas. A implantação ocorre normalmente na parede posterior do corpo do útero, no espaço entre a abertura de glândulas do endométrio. Não é raro, porém, o blastocisto implantar-se em locais anormais, fora do corpo do útero. Em geral isso leva à morte do embrião, e a mãe sofre severa hemorragia durante o primeiro ou segundo mês de gestação. Fase embrionária: Durante o segundo mês de gestação, ou seja, da terceira à oitava semana do desenvolvimento, o embrião atinge cerca de 25mm. As partes da cabeça e do tronco podem facilmente ser reconhecidas. Dobrado sobre si mesmo, o embrião mantém a parte superior da cabeça voltada para baixo, em direção à cauda. Aparecem os rudimentos dos membros (quarta a quinta semana). Os órgãos genitais podem ser considerados como indiferenciados, pois não têm forma definida, de modo que, pelo simples exame deles, não se consegue indicar o sexo do embrião. Na região da face, o desenvolvimento caracteriza-se pela formação do nariz (a partir dos placoides nasais, que se situam na parte frontal, pouco acima da “boca”) e pela diferenciação do olho, a partir dos placoides ópticos. Embriologia humana Apesar dos progressos na fecundação humana em proveta, certas particularidades do desenvolvimento embrionário ainda não estão bem esclarecidas. Conhecer a idade exata de um embrião ou feto é praticamente impossível, pois raramente se consegue determinar o momento exato em que se deu a fecundação. Sabe-se, porém, que ocorre nas 24 horas depois da ovulação e, em média, nas mulheres que apresentam ciclos menstruais bem definidos, dá-se frequentemente no 14º dia após iniciado o último período menstrual. Quando se levam em conta diferentes casos isolados ou ainda diferentes gestações de uma mesma mulher, verifica-se que o período de desenvolvimento intrauterino é bastante variável. Por ocasião do parto, em cinquenta por cento dos casos o feto tem 266 dias (com uma margem de sete dias para mais ou para menos) -- ou seja, 280 dias, o que corresponde ao tempo convencional de uma gestação, menos os 14 dias correspondentes à primeira metade do ciclo menstrual. O período pré-natal pode ser dividido em três etapas, mais ou menos distintas: (1) implantação do blastocisto, o que corresponde às três primeiras semanas do desenvolvimento, quando ficam diferenciados os epitélios germinativos e esboçadas as membranas extraembrionárias; (2) fase embrionária (da quarta à oitava semana), quando os processos de diferenciação e crescimento são muito rápidos e se constituem os principais sistemas de órgãos; (3) fase fetal (do terceiro ao nono mês de gestação), quando há uma complementação parcial do crescimento e alterações na forma externa. Fase fetal: A partir do terceiro mês, o embrião, que agora se chama feto, inicia alguns movimentos respiratórios, apesar de estar imerso no líquido amniótico. Seus movimentos ainda não são percebidos pela mãe. Os olhos deslocam-se para a posição definitiva e inicia-se a diferenciação na genitália externa. No quarto mês, o feto tem o peso aumentado em aproximadamente seis vezes (passa de vinte para 120 gramas). Durante o quinto e o sexto mês de gestação, inicia-se o crescimento dos cabelo, cílios e supercílios, bem como um desenvolvimento acentuado das unhas. Os movimentos realizados pelo feto são perfeitamente percebidos pela mãe. Caso seja retirado do ventre materno, consegue manter a respiração por mais 24 horas e pode até sobreviver em um incubador, desde que tomados alguns cuidados especiais. Inicia-se no oitavo mês da gestação a deposição de gordura subcutânea, de maneira que o feto perde a aparência enrugada do estágio anterior. Por ser a cabeça bastante pesada em relação ao corpo, o feto ocupa, no útero, uma posição normalmente invertida. Sua pele está recoberta de uma substância esbranquiçada e gordurosa, a vernix caseosa, composta de uma secreção produzida pelas glândulas sebáceas. O feto ganha muito peso durante os dois últimos meses da gestação. Devido, porém, à perda de eficiência da placenta, para de crescer por volta do 260o dia de gestação. Depois do nascimento, o recém-nascido é capaz de manter sua temperatura corporal, graças à aceleração de seu metabolismo. Placenta: Originalmente formada pela associação das membranas extraembrionárias (cório e alantoide) e do endométrio do útero, a placenta é um órgão temporário, mas o principal responsável pelo intercâmbio de alimento e oxigênio necessários ao desenvolvimento do feto. Deve desempenhar, para o feto, as funções que, no adulto, são normalmente desempenhadas pelos pulmões, fígado, intestino, rins e glândulas endócrinas. Atua ainda como barreira para muitos microrganismos patogênicos e várias substâncias tóxicas, prevenindo sua transfusão da mãe para o feto. Com a forma e o tamanho de um prato fundo, liga-se ao feto pelo cordão umbilical. Implantação do blastocisto: Numa ejaculação normal, são lançados cerca de três centímetros cúbicos de sêmen, que contêm de 200 a 300 milhões de espermatozoides. Depois de liberados dos túbulos seminíferos, os espermatozoides tornam-se ativos e, depositados na vagina, espalham-se por todo o útero e trompas, chegando ao infundíbulo. Se tiver ocorrido ovulação, o óvulo cai no infundíbulo, onde é fecundado. Graças aos movimentos conjugados dos cílios existentes na camada epitelial e às contrações rítmicas da trompa, o ovo é deslocado para o útero. Não se sabe exatamente quanto tempo o óvulo gasta para atravessar a trompa (oviduto). Presume-se que esse tempo seja de três a quatro dias. No sexto dia depois da fecundação, o blastocisto “fixa-se” no endométrio do útero, iniciando a fase de implantação. Didatismo e Conhecimento 40 BIOLOGIA Também podem passar pela placenta aminoácidos, ureia, ácido úrico, creatina e creatinina. A transmissão dos carboidratos é mais complicada: a placenta é capaz de retirar a glicose do sangue da mãe e convertê-la em glicogênio, que parece ser a reserva alimentar do feto. Além disso, passam facilmente da mãe para o feto íons de sódio, potássio, magnésio, fósforo e cálcio, água, vitaminas, hormônios, antígenos, anticorpos, alguns medicamentos e quase todos os vírus. A mãe pode então imunizar, passivamente, o filho, pela transfusão de anticorpos produzidos pela imunização ativa de qualquer infecção que ela tenha tido. Assim, se ela estiver defendida de certas doenças como a difteria, a escarlatina ou a varíola, o feto estará imunizado contra essas doenças infecciosas. O corpo humano na posição anatômica pode ser dividido conceitualmente em planos: - O plano mediano é um plano vertical que passa através do eixo mais longo que cruza o corpo, dos pés até a cabeça; este plano separa o corpo em antímeros direito e esquerdo. O que quer que esteja situada próximo a este plano é chamado medial, e o que está longe dele, lateral. - Um plano sagital é paralelo ao plano mediano. - O plano coronal é também um plano vertical que passa pelo eixo maior (dos pés à cabeça), mas é perpendicular ao plano mediano, separando a frente do corpo, ou ventre, da parte de trás, ou dorso. Algo em posição à frente do plano frontal é chamado anterior, ao passo que algo situado atrás desse plano é chamado posterior. - O plano horizontal, transverso ou axial atravessa o eixo menor do corpo, do dorso até o ventre, isto é, da posição posterior para a anterior. Divide a estrutura atravessada em porções superior e inferior. - De um modo resumido podemos dizer que a posição anatômica do corpo humano encontra-se ereto com os pés juntos e a face, os olhos e as palmas das mãos dirigidos para frente. Gêmeos e partos múltiplos: Na espécie humana, a estrutura e função do útero da mulher estão adaptadas ao desenvolvimento de um só indivíduo, o que corresponde ao tipo mais comum de reprodução. Os gêmeos representam um desvio dessa condição normal, pois de um mesmo útero nascem dois ou mais indivíduos. Tudo indica que a disposição gemelar decorre de um caráter hereditário que envolve tanto a mãe como o pai, mas principalmente a mãe. Alguns gêmeos são tão parecidos que dificilmente se consegue distingui-los (iguais, univitelinos), enquanto outros são pouco parecidos e podem ser inclusive de sexos opostos (desiguais, fraternos, dizigóticos). Os primeiros derivam de um único ovo e ocorrem numa frequência de cerca de três para mil partos simples. ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANA A Anatomia é a ciência que estuda macro e microscopicamente, a constituição e o desenvolvimento dos seres organizados. (seres vivos). Na anatomia observa-se e estuda-se o conhecimento do corpo humano com a descrição dos ossos, junturas, músculos, vasos e nervos. Etimologicamente, deriva do grego Ana, “repetir”, e tomos, “cortar”; ou seja, da repetição de cortes na dissecação de cadáveres. O corpo humano é constituído de: Cabeça, pescoço, tronco (tórax e abdome), membros superiores (torácicos): raiz (ombro), parte livre: braço, antebraço, mão (palma e dorso da mão) e membros inferiores (pélvicos): raiz (quadril), parte livre: coxa, perna, pé (planta e dorso do pé). Nas transições entre o braço e antebraço há o cotovelo e entre o antebraço e a mão há o punho isto nos membros superiores. Já nos membros inferiores entre a coxa e a perna há o joelho e entre a perna e o pé há o tornozelo. Planos do corpo e posições anatômicas: A posição anatômica é uma convenção adotada em anatomia para descrever as posições espaciais dos órgãos, ossos e demais componentes do corpo humano. Na posição anatômica, o corpo estudado deve ficar ereto (de pé), calcanhares unidos, com os olhos voltados para o horizonte, os pés também apontados para frente e perpendiculares ao restante do corpo, braços estendidos e aplicados ao tronco e com as palmas das mãos voltadas para frente (os dedos estendidos e unidos). Deve-se notar que não é a posição normal dos braços, que normalmente ficariam em torção mais ou menos medial (com as palmas voltadas para o corpo, em pronação). É uma posição em que há consumo de energia. Didatismo e Conhecimento Decúbitos: Decúbito é um termo médico que se refere à posição da pessoa que está deitada, não necessariamente dormindo. Pode ser referido como: - Decúbito dorsal ou supina (pessoa que deita com a barriga voltada para cima); - Decúbito ventral ou prona (pessoa que deita de bruços); - Decúbito lateral (esquerdo ou direito). 41 BIOLOGIA Tecido: Do ponto de vista da biologia, um tecido é um conjunto de células especializadas, iguais ou diferentes entre si, separadas ou não por líquidos e substâncias intercelulares, que realizam determinada função num organismo multicelular. O estudo dos tecidos biológicos chama-se histologia; na medicina, os estudos dos tecidos como meio de diagnóstico de uma doença é a histopatologia. A Fisiologia é a ciência que consiste no estudo do funcionamento da matéria viva, procurando explicar os fatores físicos e químicos responsáveis pela origem, desenvolvimento e progressão da vida. Pensando que cada ser possui características funcionais próprias, então a fisiologia pode ser dividida em várias áreas, tais como: fisiologia bacteriana, fisiologia celular, fisiologia virótica, fisiologia vegetal e fisiologia humana, entre outras. De uma forma mais sintética, a fisiologia estuda o funcionamento do organismo. Muitos dos aspectos da fisiologia humana estão intimamente relacionados com a fisiologia animal, onde muita da informação hoje disponível tem sido conseguida graças à experimentação animal. Para o entendimento do funcionamento do nosso organismo, e necessária a visão de noções básicas de como se dá a inter-relação entre os sistemas. É disto que trata a Fisiologia. Tipos de tecidos Nos animais vertebrados há quatro grandes grupos de tecidos: o muscular, o nervoso, o conjuntivo (abrangendo também os tecidos ósseo, cartilaginoso e sanguíneo) e o epitelial, constituindo subtipos específicos que irão formar os órgãos e sistemas corporais. Por exemplo: O sangue é considerado um tecido conjuntivo, com diversificadas células (as hemácias, os leucócitos e as plaquetas) e o plasma (água, sais minerais e diversas proteínas). Nos invertebrados estes tipos de tecido são basicamente os mesmos, porém com organizações mais simples. A maioria dos tecidos além de serem compostos de células, apresentam entre elas substâncias intracelulares (intersticiais). Observação: A anatomia e a fisiologia são campos de estudo estreitamente relacionados onde a primeira incide sobre o conhecimento da forma e a segunda dedica-se ao estudo da função de cada parte do corpo, sendo ambas, áreas de vital importância para o conhecimento médico. Especificação dos tecidos básicos UNIDADES ESTRUTURAIS Células: É a menor unidade estrutural básica do ser vivo. Foi descoberta em 1667 pelo inglês Robert Hooke, que observa uma célula de cortiça (tecido vegetal morto) usando o microscópio. A partir daí, as técnicas de observação microscópicas avançam em função de novas técnicas e aparelhos mais possantes. O uso de corantes, por exemplo, permite a identificação do núcleo celular e dos cromossomos, suportes materiais do gene (unidade genética que determina as características de um indivíduo). Pouco depois, comprova-se que todas as células de um mesmo organismo têm o mesmo número de cromossomos. Este número é característico de cada espécie animal ou vegetal e responsável pela transmissão dos caracteres hereditários. O corpo humano tem cerca de 100 trilhões de células. Epitélio → revestimento da superfície externa do corpo (pele), os órgãos (fígado, pulmão e rins) e as cavidades corporais internas; Conjuntivo → constituído por células e abundante matriz extracelular, com função de preenchimento, sustentação e transporte de substâncias; Muscular → constituído por células com propriedades contráteis; Nervoso → formado por células que constituem o sistema nervoso central e periférico (o cérebro, a medula espinhal e os nervos). Obs: Sendo a pele o maior órgão do corpo humano. Órgãos: O corpo humano é constituído por diversas partes que são inter-relacionadas, ou seja, umas dependem das outras. Cada sistema, cada órgão é responsável por uma ou mais atividades. Milhares de reações químicas acontecem a todo instante dentro do nosso corpo, seja para captar energia para a manutenção da vida, movimentar os músculos, recuperar-se de ferimentos e doenças ou se manter na temperatura adequada à vida. Há milhões de anos, o corpo humano vem se transformando e evoluindo para se adaptar ao ambiente e desenvolver o seu ser. Nosso corpo é uma mistura de elementos químicos feita na medida certa. As partes do corpo humano funcionam de maneira integrada e em harmonia com as outras. É fundamental entendermos o funcionamento do corpo humano a fim de adquirirmos uma mentalidade saudável em relação a nossa vida. Veja abaixo, os principais órgãos e sistemas do corpo humano bem como outros textos importantes sobre anatomia, saúde e bemestar: Órgãos do Corpo Humano: - Baço - Rins - Bexiga Urinária - sangue - Célula - Traqueia - Cérebro - Vesícula biliar Didatismo e Conhecimento 42 BIOLOGIA - Coração Dentes Esôfago Esqueleto Estômago Faringe Fígado - Pulmão - Pâncreas - Laringe - Intestino Grosso - Intestino Delgado - Glândulas Salivares Desse modo, podemos calcular a que distância encontra-se o emissor. Da orelha interna, partem os impulsos nervosos. Nosso aparelho auditivo consegue ampliar o som cerca de cento e oitenta vezes até o estímulo chegar ao nervo acústico, o qual levará a informação ao cérebro. Quando movemos a cabeça, movimentamos também os líquidos existentes nos canais semicirculares e no vestíbulo da orelha interna. É esse movimento que gera os estímulos que dão informações sobre os movimentos que nosso corpo está efetuando no espaço e sobre a posição da cabeça, transmitindo-nos com isso a noção de equilíbrio. Órgãos dos sentidos: Definição de sistemas: Você já reparou quantas coisas diferentes nosso corpo é capaz de fazer? Podemos perceber o ambiente vendo, ouvindo, cheirando, apalpando, sentindo sabores. Recebemos informações sobre o meio que nos cerca. Ao processálas em nosso cérebro, nós as interpretamos, seja como sinais de perigo, sensações agradáveis ou desagradáveis, etc. Depois dessa interpretação, respondemos aos estímulos do ambiente, interagindo com ele. Como você sabe o que está acontecendo ao seu redor? Recebemos informações sobre o ambiente através dos cinco sentidos: visão, audição, paladar, olfato e tato. Olfato e tato Podemos adivinhar o que está no forno apenas pelo cheiro que sentimos no ar da cozinha. Esse é o sentido do olfato. Partículas saídas dos alimentos, de líquidos, de flores, etc. chegam ao nosso nariz e se dissolvem no tecido que reveste a região interna do teto da cavidade nasal, a mucosa olfatória. Ali a informação é transformada, para ser conduzida, através do nervo olfatório, até o cérebro, onde será decodificada. Já a nossa pele nos permite perceber a textura dos diferentes materiais, assim como a temperatura dos objetos, pelas diferenças de pressão, captando as variações da energia térmica e ainda as sensações de dor. Podemos sentir a suavidade do revestimento externo de um pêssego, o calor do corpo de uma criança que seguramos no colo e a maciez da pele de um corpo que acariciamos. A visão A energia luminosa (luz) chega aos nossos olhos trazendo informações do que existe ao nosso redor. Nossos olhos conseguem transformar o estímulo luminoso em uma outra forma de energia (potencial de ação) capaz de ser transmitida até o nosso cérebro. Esse último é responsável pela criação de uma imagem a partir das informações retiradas do meio. Paladar Mesmo com os olhos vendados e o nariz tapado, somos capazes de identificar um alimento que é colocado dentro de nossa boca. Esse sentido é o paladar. Partículas se desprendem do alimento e se dissolvem na nossa boca, onde a informação é transformada para ser conduzida até o cérebro, que vai decodificá-la. Os seres humanos distinguem as sensações de doce, salgado, azedo e amargo através das papilas gustativas, situadas nas diferentes regiões da língua. SISTEMA ESQUELÉTICO O corpo humano é formado por um arcabouço de ossos unidos por ligamentos que conectam um osso a outro, camadas de músculos e tendões que conectam os músculos aos ossos ou outras estruturas. O sistema esquelético é responsável pela movimentação, apoio e proteção dos órgãos vitais. Os ossos são formados por células vivas circundadas por depósitos densos de cálcio; todas as células ósseas são ricamente supridas por vasos sanguíneos e nervos. O esqueleto do adulto tem 206 ossos que são classificados de acordo com seu tamanho e formato. As extremidades ósseas se encaixam umas nas outras formando uma articulação. Todas as articulações são envolvidas por uma cápsula flexível rígida com uma membrana interna que produz um líquido espesso para lubrificação. As articulações podem ser imóveis (como as do crânio), ligeiramente móveis (como as da coluna vertebral) ou de movimento livre (como joelho ou cotovelo). A emergência mais comum envolvendo o sistema esquelético é a fratura, uma rachadura ou quebra do osso. Quando a fratura danifica vasos sanguíneos pode causar hemorragia interna potencialmente grave. Audição Nossos ouvidos também nos ajudam a perceber o que está ocorrendo a nossa volta. Além de perceberem os sons, eles também nos dão informações sobre a posição de nossos corpos, sendo parcialmente responsáveis por nosso equilíbrio. O pavilhão auditivo (orelha externa) concentra e capta o som para podermos ouvir os sons da natureza, diferenciar os sons vindos do mar do som vindo de um automóvel, os sons fortes e fracos, graves e agudos. Por possuirmos duas orelhas, uma de cada lado da cabeça, conseguimos localizar a que distância se encontra o emissor do som. Percebemos a diferença da chegada do som nas duas diferentes orelhas. Didatismo e Conhecimento 43 BIOLOGIA Possui os seguintes ossos importantes: frontal, parietais, temporais, occipital, esfenoide, nasal, zigomático, maxilar e mandíbula. Observações: Temos na caixa craniana a fontanela ou moleira que e o nome dado a região alta e mediana, da cabeça da criança, que facilita a passagem da mesma no canal do parto; apos o nascimento, será substituída por osso. Coluna vertebral É uma coluna de vertebras que apresentam cada uma um buraco, que se sobrepõem constituindo um canal que aloja a medula nervosa ou espinhal; e dividida em regiões típicas que são: coluna cervical (região do pescoço), coluna torácica, coluna lombar, coluna sacral, cóccix. Caixa torácica É formada pela região torácica de coluna vertebral, osso esterno e costelas, que são em número de 12 de cada lado, sendo as 7 primeiras verdadeiras (se inserem diretamente no esterno), 3 falsas (se reúnem e depois se unem ao esterno), e 2 flutuantes (com extremidades anteriores livres, não se fixando ao esterno). Caixa craniana Didatismo e Conhecimento 44 BIOLOGIA Esqueleto apendicular Membros e cinturas articulares Cada membro superior e composto de braço, antebraço, pulso e mão. O osso do braço – úmero – articula-se no cotovelo com os ossos do antebraço: radio e ulna. O pulso constitui-se de ossos pequenos e maciços, os carpos. A palma da mão e formada pelos metacarpos e os dedos, pelas falanges. Cada membro inferior compõe-se de coxa, perna, tornozelo e pé O osso da coxa e o fêmur, o mais longo do corpo. No joelho, ele se articula com os dois ossos da perna: a tíbia e a fíbula. A região frontal do joelho esta protegida por um pequeno osso circular: a patela. Ossos pequenos e maciços, chamados tarsos, formam o tornozelo. A planta do pe e constituída pelos metatarsos e os dedos dos pés (artelhos), pelas falanges. Os membros estão unidos ao corpo mediante um sistema ósseo que toma o nome de cintura. A cintura superior se chama cintura torácica ou escapular (formada pela clavícula e pela escapula); a inferior se chama cintura pélvica popularmente conhecida como bacia (constituída pelo sacro - osso volumoso resultante da fusão de cinco vertebras, por um par de ossos ilíacos e pelo cóccix, formado por quatro a seis vertebras rudimentares fundidas). A primeira sustenta o úmero e com ele todo o braço; a segunda da apoio ao fêmur e a toda a perna. Juntas e articulações Junta e o local de junção entre dois ou mais ossos. Algumas juntas, como as do crânio, são fixas; nelas os ossos estão firmemente unidos entre si. Em outras juntas, denominadas articulações, os ossos são moveis e permitem ao esqueleto realizar movimentos. Ligamentos Os ossos de uma articulação mantem-se no lugar por meio dos ligamentos, cordões resistentes constituídos por tecido conjuntivo fibroso. Os ligamentos estão firmemente unidos às membranas que revestem os ossos. Classificação dos ossos Didatismo e Conhecimento 45 BIOLOGIA Os ossos são classificados de acordo com a sua forma em: A - Longos: tem duas extremidades ou epífises; o corpo do osso e a diáfise; entre a diáfise e cada epífise fica a metáfise. Exemplos: fêmur, úmero. B- Curtos: tem as três extremidades praticamente equivalentes e são encontrados nas mãos e nos pés. Exemplos: calcâneo, tarsos, carpos. C - Planos ou Chatos: são formados por duas camadas de tecido ósseo compacto. Exemplos: esterno, ossos do crânio, ossos da bacia, escapula. Revestindo o osso compacto na diáfise, existe uma delicada membrana – o periósteo - responsável pelo crescimento em espessura do osso e também pela consolidação dos ossos apos fraturas (calo ósseo). As superfícies articulares são revestidas por cartilagem. O interior dos ossos e preenchido pela medula óssea, que, em parte e amarela, funcionando como deposito de lipídeos, e, no restante, e vermelha e gelatinosa, constituindo o local de formação das células do sangue. Diferenças entre os ossos do esqueleto masculino e feminino Didatismo e Conhecimento 46 BIOLOGIA SISTEMA MUSCULAR Os músculos dão ao corpo capacidade de movimento. Todos os músculos são compostos de células longas e filiformes, denominadas fibras, que formam deixes em grupos sobrepostos e intimamente reunidos. Didatismo e Conhecimento 47 BIOLOGIA Existem três tipos básicos de músculos no corpo humano: - Músculos esqueléticos ou voluntários – estão sobre o controle consciente da pessoa e tornam possíveis ações como andar, mastigar, engolir, sorrir, falar e mover os olhos. Estes músculos ajudam a dar a forma ao corpo. A maioria dos músculos esqueléticos está presa aos ossos por tendões, que são cordões rígidos de tecido fibroso. - Músculos lisos ou involuntários – são aqueles que temos pouco ou nenhum controle consciente, como no intestino e vasos sanguíneos. - Músculo cardíaco – forma a parede do coração. Este músculo é capaz de auto estimular suas contrações sem receber sinais do sistema nervoso central. Existem três tipos de músculos. Os músculos esqueléticos, também denominados músculos voluntários, são encontrado em todo o corpo. O músculo cardíaco se limita ao coração. Os músculos lisos, ocasionalmente denominados músculos involuntários, são encontrados nos intestinos, nas arteríolas e nos bronquíolos. SISTEMA CIRCULATÓRIO O sistema circulatório é formado por dois sistemas de transporte principais: o sistema cardiovascular, que compreende o coração, vasos sanguíneos e sangue, com o objetivo de carregar oxigênio e nutrientes para as células do corpo e transportar os resíduos das células corporais para os rins. O sistema linfático fornece drenagem para o líquido dos tecidos, denominado linfa. O coração contrai e relaxa alternadamente para bombear os pulmões (onde ocorre a oxigenação) e depois para a vasta rede de vasos sanguíneos. Ele fica localizado no centro esquerdo do tórax, imediatamente atrás do esterno, e tem aproximadamente o tamanho da mão fechada. As artérias e arteríolas carregam o sangue oxigenado do coração para as células do corpo. A troca de líquido, oxigênio e gás carbônico entre o sangue e as células dos tecidos ocorre através dos capilares. As vênulas e veias carregam o sangue pobre em oxigênio de volta para o coração, onde o ciclo recomeça. Cada vez que o coração contrai, a corrente sanguínea pode ser sentida, na forma de pulsação, em qualquer lugar onde uma artéria passa próxima a superfície da pele. As principais localizações onde podem ser sentidas o pulso são: no punho, na virilha e no pescoço. As emergências envolvendo o sistema circulatório ocorrem quando há sangramento descontrolado, comprometimento da circulação ou quando o coração perde sua capacidade de bombear. Didatismo e Conhecimento SISTEMA RESPIRATÓRIO O corpo depende de um suprimento constante de oxigênio, que é disponibilizado para o sangue pelo sistema respiratório, que compreende as cavidades nasais, faringe, laringe, traqueia e os pulmões. A passagem do ar para dentro e para fora dos pulmões é denominada respiração. Durante a inspiração, o ar entra através do nariz chegando até os pulmões. Estes se expandem para preencher a cavidade torácica, o sangue que circula nos pulmões é oxigenado. 48 BIOLOGIA SISTEMA NERVOSO Durante a expiração, os músculos do peito relaxam liberando o ar dos pulmões, o ar exalado carrega com ele gás carbônico. A frequência respiratória normal em repouso, medida pelo número de respirações por minuto é de 12 a 20 em adultos, de 15 a 30 em crianças e de 25 a 50 em bebês. As emergências envolvendo o sistema respiratório incluem a obstrução (asfixia), dificuldade para respirar e parada respiratória. O sistema nervoso é composto de centros nervosos (a maioria deles no encéfalo e na medula espinhal) e nervos que se ramificam a partir desses centros, levando aos tecidos e órgãos do corpo. Existem duas divisões estruturais principais do sistema nervoso. O sistema nervoso central compreende o encéfalo e a medula espinha; o sistema nervoso periférico compreende os nervos localizados fora do encéfalo e da medula espinhal. Existem também duas divisões funcionais do sistema nervoso: o sistema nervoso voluntário influencia os movimentos voluntários em todo o corpo; o sistema nervoso autônomo, que não está sob a influência direta do cérebro, influencia os músculos involuntários e as glândulas. O sistema nervoso autônomo é ainda subdividido em dois sistemas: - O sistema nervoso simpático regula o funcionamento do coração, o suprimento de sangue para as artérias e a função dos órgãos internos. Este sistema é o responsável pela resposta ao estresse com agitação e força. - O sistema nervoso parassimpático se opõe ao sistema nervoso simpático, impedindo que as reações do corpo se tornem extremas. O atendimento de emergência é necessário em caso de perda de consciência, traumatismo craniano significativo, traumatismo encefálico ou lesão medular e qualquer grau de paralisia. SISTEMA DIGESTÓRIO O sistema digestório compreende o trato alimentar e os órgãos acessórios da digestão – boca, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, baço, vesícula biliar, intestino delgado e intestino grosso. Em caso de ferimentos fechados (batida) ou penetrantes (facada, tiro) no abdome, é necessário atendimento de emergência. Didatismo e Conhecimento 49 BIOLOGIA Fisiologia Para o entendimento do funcionamento do nosso organismo, e necessária a visão de noções básicas de como se dá a inter-relação entre os sistemas. É disto que trata a Fisiologia. Neste livro temos a intenção de mostrar uma visão geral destas relações entre os diversos sistemas do organismo, afim de podermos entender melhor suas funções e importância para o dia-a-dia, além de melhorar a percepção dos capítulos que se seguem. A homeostase designa a tendência do organismo vivo em manter constante o meio interno, em equilíbrio. Quando o organismo não consegue manter a homeostase ocorre a doença. Quando o corpo é ameaçado ou sofre um trauma, sua resposta pode envolver mudanças estruturais ou funcionais. Essas mudanças podem ser adaptativas ou mal adaptativas. Os mecanismos de defesa que o corpo suporta vai determinar a diferença entre saúde e doença. SISTEMA CARDIOVASCULAR O sistema cardiocirculatório é exposto a condições variáveis de estresse e tem uma grande capacidade de se adaptar. Entender essa fisiologia adaptativa torna-se muito importante, visto que as manifestações clínicas de muitas doenças cardiovasculares acontecem devido à perda desta capacidade adaptativa e de sua função principal, que é fornecer sangue para suprir os tecidos de oxigênio e nutrientes necessários para o metabolismo O endocárdio compõe o revestimento interno do coração (membrana interna), em contato direto com o sangue, o pericárdio é a membrana que reveste externamente o coração. O miocárdio, músculo cardíaco, é estriado e possui filamentos de actina e miosina(proteínas que fazem a contração muscular), que deslizam uns pelos outros durante a contração, determinando o inotropismo cardíaco, que é a força de contração. O feixe átrio ventricular é um sistema de condução elétrica especializado em conduzir potencial elétrico entre átrio e ventrículo, determinando a contração sincronizada das células cardíacas. O nodo sinusal, ou também chamado sinoatrial é considerado o marcapasso normal do coração, controlando o batimento cardíaco devido a sua frequência de descargas rítmicas liberadas. Sistema nervoso autônomo, que pode ser descrito de acordo com a função. Existem duas divisões: o sistema voluntário (cérebro-espinhal), que geralmente controla as ações corpóreas conscientes e deliberadas mediante comando voluntário, além dos reflexos, que podem ou não ser conscientes, e o sistema involuntário (autônomo), que é automático e parcialmente independente do resto do sistema nervoso. O sistema nervoso autônomo é subdividido em: sistema simpático e parassimpático. SISTEMA TEGUMENTAR A pele é o maior órgão do organismo. Tem a função de proteger os órgãos internos contra lesões e invasão de microorganismos, impedir a desidratação, manter a temperatura do corpo e atuar como receptor do tato, dor, calor e frio. A pele é composta de três camadas. A camada mais externa, a epiderme, contém células que dão cor à pele. A derme, se segunda camada, conte a vasta rede de vasos sanguíneos, folículos pilosos, glândulas sudoríparas, glândulas sebáceas e nervos sensitivos. A última camada é composta por tecido adiposo com espessura variada, dependendo da parte do corpo que ela cobre. 1- Sistema de condução elétrica cardíaco. 2- Nodo sinusal. 3- Nodo átrio-ventricular. 4- Feixe de His. 5- Células de Purkinji. Didatismo e Conhecimento 50 BIOLOGIA O ciclo cardíaco é a sequência de eventos ocorridos entre um batimento e outro, começando pela geração de um potencial de ação no nodo sinusal (o marcapasso autônomo já citado), que está localizado no átrio direito, propagando-se através de ambos os átrios e, daí, através do feixe átrio ventricular, para os ventrículos através do feixe de His que se divide em ramo esquerdo e direito; a partir daí, as células de Purkinje distribuem-se de forma a permitir que todo o miocárdio ventricular (células de contração cardíaca) seja ativado simultaneamente. O ciclo cardíaco consiste em um período de relaxamento, denominado diástole, onde o coração se enche de sangue, e um período de contração denominado sístole, onde o coração bombeia boa parte do sangue presente nos ventrículos. Diástole A respiração é o intercâmbio de gases entre um organismo e o meio no qual esse organismo vive. Mais especificamente, trata-se da absorção de oxigênio, sua utilização nos tecidos e a eliminação de dióxido de carbono pelo organismo. Para o diagnóstico e o tratamento da maioria das doenças respiratórias é necessário compreender os princípios da fisiologia respiratória e das trocas gasosas. Algumas doenças respiratórias resultam de ventilação inadequada, ao passo que outras resultam de anormalidades na difusão através da membrana pulmonar ou no transporte de gases dos pulmões para os tecidos. Podemos dividir a respiração em quatro grandes eventos, do ponto de vista funcional: - A ventilação pulmonar, que é a remoção cíclica do gás alveolar pelo ar atmosférico. - A difusão do oxigênio e do dióxido de carbono entre os alvéolos e o sangue. - O transporte, no sangue e nos líquidos corporais, do oxigênio (dos pulmões para as células) e do dióxido de carbono (das células para os pulmões). - A regulação da ventilação e de outros aspectos da respiração. São exemplos de doenças do sistema respiratórias a DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) que nela inclui o enfisema pulmonar e a bronquite crônica; embolia pulmonar; síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA); edema agudo de pulmão (EAP); pneumonia; infecções; insuficiência respiratória aguda (IRA); dentre outras. A inspiração, que promove a entrada de ar nos pulmões, dá-se pela contração da musculatura do diafragma e dos músculos intercostais. O diafragma abaixa e as costelas elevam-se, promovendo o aumento da caixa torácica, com consequente redução da pressão interna (em relação à externa), forçando o ar a entrar nos pulmões. A expiração, que promove a saída de ar dos pulmões, dá-se pelo relaxamento da musculatura do diafragma e dos músculos intercostais. O diafragma eleva-se e as costelas abaixam, o que diminui o volume da caixa torácica, com consequente aumento da pressão interna, forçando o ar a sair dos pulmões. Sístole Quando o organismo tem febre, ocorre um aumento acentuado da FC, chegando até o dobro do seu valor. Isto se dá pelo fato de o calor aumentar o metabolismo, dentre outros fatores. Na hipotermia ocorre o inverso, a FC diminui chegando a alguns poucos batimentos por minuto até a morte. SISTEMA HEMATOPOIÉTICO O sangue é um tecido fluido, composto em 45% de componentes celulares que circulam em suspensão num meio líquido, denominado plasma. A parte celular, composta principalmente pelas hemácias (células vermelhas, para transporte de oxigênio no sangue) é denominada hematócrito. O componente celular do sangue consiste em três tipos principais de células: leucócitos (células brancas), eritrócitos (hemácias) e trombócitos (plaquetas). A porção acelular ou plasma é constituída por 92% de água. Os 8% restantes são formados por proteínas, sais e outros constituintes orgânicos em dissolução Num homem adulto e normal, com peso corpóreo de 75 kg, o volume total de sangue é de, aproximadamente, 5.000 mL. Nas mulheres, esses valores são um pouco menores, ou seja, 3.404 mL de volume sanguíneo total, considerando-se um peso médio de 55 kg. O sistema hematopoiético consiste em sangue e nos locais onde este é produzido, incluindo a medula óssea e o sistema reticulo endotelial. Na criança, todos os ossos esqueléticos estão envolvidos, mas, à medida que a pessoa envelhece, a atividade da medula diminui. Todavia, na idade adulta, a atividade da medula é geralmente limitada à pelve, costela, vértebra e esterno. Vejamos abaixo, os principais tipos células sanguíneas e suas principais características. Didatismo e Conhecimento SISTEMA RESPIRATÓRIO 51 BIOLOGIA O fluxo sanguíneo para os dois rins é equivalente a 25% (1,25 L/min) do débito cardíaco nos indivíduos em repouso. Contudo, os rins constituem menos de 0,5% do peso corporal total. No ser humano, cada rim é constituído de cerca de 1 milhão de néfrons, cada um destes é capaz de formar urina. Os néfrons são tubos ocos formados de uma camada celular simples. O rim não tem a capacidade de regenerar novos néfrons. Por conseguinte, em caso de lesão ou doença renal, ou no processo do envelhecimento normal, verifica-se diminuição gradual do número de néfrons. Cinética do movimento inspiratório com elevação das costelas e abaixamento do diafragma. O transporte de gás oxigênio está a cargo da hemoglobina, proteína presente nas hemácias. Cada molécula de hemoglobina combina-se com 4 moléculas de gás oxigênio, formando a oxi-hemoglobina. Nos alvéolos pulmonares o gás oxigênio do ar difunde-se para os capilares sanguíneos e penetra nas hemácias, onde se combina com a hemoglobina, enquanto o gás carbônico (CO2) é liberado para o ar. Nos tecidos ocorrem um processo inverso: o gás oxigênio dissocia-se da hemoglobina e difunde-se pelo líquido tissular, atingindo as células. Em repouso, a frequência respiratória (FR) é da ordem de até 12 movimentos por minuto. A respiração é controlada automaticamente por um centro nervoso localizado no bulbo. Desse centro partem os nervos responsáveis pela contração dos músculos respiratórios (diafragma e músculos intercostais). Os sinais nervosos são transmitidos desse centro através da coluna espinhal para os músculos da respiração. O mais importante músculo da respiração, o diafragma, recebe os sinais respiratórios através de um nervo especial, o nervo frênico, que deixa a medula espinhal na metade superior do pescoço e dirige-se para baixo, através do tórax até o diafragma. Os sinais para os músculos expiratórios, especialmente os músculos abdominais, são transmitidos para a porção baixa da medula espinhal, para os nervos espinhais que inervam os músculos. Existem algumas ocasiões em que a concentração de oxigênio nos alvéolos cai a valores muito baixos. Isso ocorre especialmente em locais de grande altitude ou quando uma pessoa contrai pneumonia, por exemplo. SISTEMA RENAL Néfron esquemático demonstrando arteríola interlobular, arteríola aferente, arteríola eferente, glomérulos, cápsula de Bowman, espaço urinário, ducto proximal, alça de Henle, ducto distal e ducto coletor. Cada néfron possui dois componentes principais: (1) um glomérulo (capilares glomerulares), através do qual, grandes quantidades de líquidos são filtradas do sangue e (2) um longo túbulo no qual o liquido filtrado é convertido em urina no seu trajeto até a pelve renal. SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO Este é caracterizado pela sua grande complexidade das ações de controle que pode desempenhar. Em conjunto com o sistema endócrino, provê a maior parte das funções de controle do corpo. A porção denominada sistema nervoso autônomo (SNA) é responsável pelo controle das funções viscerais. O SNA regula atividades dos órgãos internos, como o coração, pulmões, vasos sanguíneos, órgãos digestivos e glândulas. É responsável, em grande parte, pela manutenção e restauração da homeostase interna. Dentre suas atribuições encontram-se o controle da pressão arterial, motilidade e secreção gastrintestinal, esvaziamento da bexiga urinária, transpiração, temperatura corporal, entre muitas outras. O SNA possui duas divisões importantes: simpático e parassimpático, que geralmente atuam em oposição. O SNA inerva a grande parte dos órgãos internos, embora ocasionalmente considerado parte do sistema nervoso periférico, ele é regulado por centros na medula espinhal, tronco cerebral e hipotálamo. Possui dois neurônios em uma série que se estende entre os centros no SNC e os órgãos inervados. O sistema urinário é composto pelos rins, ureteres, bexiga e uretra. Os rins são órgãos excretores e reguladores. Excretando a água e outras substâncias, os rins eliminam do corpo o excesso de água e produtos desnecessários e tóxicos. Eles também regulam o volume e a composição dos fluidos corporais dentro de um limite bastante estreito, eliminando o efeito de grandes variações na absorção de alimentos e água. Devido à função homeostática dos rins, os tecidos e as células do corpo podem realizar suas funções habituais em um ambiente relativamente constante. Didatismo e Conhecimento 52 BIOLOGIA O SNA transmite seus impulsos por meio de vias nervosas estimulados por mediadores químicos assemelhando-se, nesse sentido, ao sistema endócrino. O sistema nervoso parassimpático funciona como o controlador dominante para a maioria dos efetores viscerais. Durante condições calmas e sem estresse, os impulsos das fibras parassimpáticas (colinérgicas) predominam. O sistema nervoso Simpático, ao contrario, atua predominantemente nas situações de “fuga”, associado ao estresse. Tem a função basal também de manter o tônus dos vasos e frequência cardíaca. A digestão química é uma série de reações que degradam as moléculas grandes e complexas de carboidratos, lipídios e proteínas que ingerimos, transformando-as em moléculas simples, pequenas o suficiente para passar através das paredes dos órgãos digestórios e eventualmente para as células do corpo. A digestão mecânica consiste de vários movimentos que auxiliam na digestão química. Os dentes trituram o alimento para que ele seja deglutido; o músculo liso do estômago e do intestino delgado promovem a mistura do alimento com as enzimas que o digerem; e as ondas de contração muscular denominadas peristal se movem o alimento ao longo do trato gastrointestinal. - Absorção: É a passagem do alimento digerido do trato gastrointestinal aos sistemas sanguíneo e linfático para distribuição às células. - Defecação: É a eliminação de substâncias não digeridas do trato gastrointestinal. Assim, as funções gerais desempenhadas pelo tubo gastrintestinal podem ser classificadas em: - propulsão e mistura do conteúdo gastrintestinal; - secreção dos sucos digestivos; - digestão do alimento; - absorção do alimento. Todas as células do corpo necessitam de nutrientes. Esses nutrientes derivam da ingestão de alimento que contém proteína, lipídios, carboidratos, vitaminas e minerais, bem como fibras de celulose e outras matérias vegetais sem valor nutricional. As principais funções digestivas do trato gastrointestinal são: - Clivar as partículas alimentares na forma molecular para a digestão. - Absorver as pequenas moléculas produzidas pela digestão para dentro da corrente sanguínea. - Eliminar alimentos não-digeridos e não-absorvidos e outros produtos residuais do corpo. Depois que o alimento é ingerido, ele é impulsionado através do trato gastrointestinal, ficando em contato com uma ampla variedade de secreções que auxiliam na digestão, absorção e eliminação do mesmo. O processo digestivo consiste em uma série de transformações sequenciais e é deflagrada por mediadores químicos, endócrinos e estímulos diversos, desenvolvidos pelo aparelho digestivo com a finalidade de possibilitar a melhor absorção alimentar. A digestão se inicia na boca, onde a mastigação e a insalivação reduzem os alimentos sólidos a uma massa de menor tamanho, auxiliados pela movimentação da língua. Segue-se a deglutição voluntária e/ou reflexa, que conduz o bolo alimentar ao estômago. SISTEMA DIGESTÓRIO O sistema digestivo tem a função primordial de promover nutrientes para o corpo. O alimento, após passar pela boca, é propelido, por meio do esôfago, para o estômago e, em seguida para os intestinos delgado e grosso, antes de ser esvaziado pelo ânus. O sistema digestório prepara o alimento para ser usado pelas células por meio de cinco atividades básicas. - Ingestão: Captar alimento pela boca (ato de comer). - Mistura e movimentação do alimento: As contrações musculares misturam o alimento e as secreções e movimentam o alimento ao longo do trato gastrointestinal. - Digestão: Ocorre a degradação do alimento por processos químicos e mecânicos. Didatismo e Conhecimento 53 BIOLOGIA Na superfície da língua existem dezenas de papilas gustativas, cujas células sensoriais percebem os quatro sabores primários: amargo (A), azedo ou acido (B), salgado (C) e doce (D). De sua combinação resultam centenas de sabores distintos. A distribuição dos quatro tipos de receptores gustativos, na superfície da língua, não é homogênea. As glândulas salivares Ha três pares de glândulas salivares que lançam sua secreção na cavidade bucal: parótida, submandibular e sublingual: Os sais da saliva neutralizam substancias acidas e mantem, na boca, um pH neutro (7,0) a levemente acido (6,7), ideal para a ação da ptialina. O alimento, que se transforma em bolo alimentar, e empurrado pela língua para o fundo da faringe, sendo encaminhado para o esôfago, impulsionado pelas ondas peristálticas. BOCA FARINGE E ESÔFAGO A abertura pela qual o alimento entra no tubo digestivo e a boca. Ai encontram-se os dentes e a língua, que preparam o alimento para a digestão, por meio da mastigação. Os dentes reduzem os alimentos em pequenos pedaços, misturando-os a saliva, o que ira facilitar a futura ação das enzimas. A faringe, situada no final da cavidade bucal, e um canal comum aos sistemas digestório e respiratório: por ela passam o alimento, que se dirige ao esôfago, e o ar, que se dirige a laringe. O esôfago, canal que liga a faringe ao estomago, localiza-se entre os pulmões, atrás do coração, e atravessa o musculo diafragma, que separa o tórax do abdômen. O bolo alimentar leva de 5 a 10 segundos para percorrê-lo. Características dos dentes Os dentes são estruturas duras, calcificadas, presas ao maxilar superior e mandíbula, cuja atividade principal e a mastigação. Tipos de dentes Em sua primeira dentição, o ser humano tem 20 pecas que recebem o nome de dentes de leite. A medida que os maxilares crescem, estes dentes são substituídos por outros 32 do tipo permanente. A língua A língua movimenta o alimento empurrando-o em direção a garganta, para que seja engolido. Didatismo e Conhecimento 54 BIOLOGIA ESTÔMAGO E SUCO GÁSTRICO O pH da bile oscila entre 8,0 e 8,5. Os sais biliares tem ação detergente, emulsionando as gorduras (fragmentando suas gotas em milhares de micro gotículas). A absorção dos nutrientes ocorre através de mecanismos ativos ou passivos, nas regiões do jejuno e do íleo. O estômago e uma bolsa de parede musculosa, localizada no lado esquerdo abaixo do abdome, logo abaixo das ultimas costelas. E um órgão muscular que liga o esôfago ao intestino delgado. Sua função principal e a digestão de alimentos proteicos. Um musculo circular, que existe na parte inferior, permite ao estômago guardar quase um litro e meio de comida, possibilitando que não se tenha que ingerir alimento de pouco em pouco tempo. Quando está vazio tem a forma de uma letra “J” maiúscula, cujas duas partes se unem por ângulos agudos. O estômago produz o suco gástrico, um líquido claro, transparente, altamente acido, que contem acido clorídrico, muco, enzimas e sais. O acido clorídrico mantem o pH do interior do estomago entre 0,9 e 2,0. Também dissolve o cimento intercelular dos tecidos dos alimentos, auxiliando a fragmentação mecânica iniciada pela mastigação. O bolo alimentar pode permanecer no estomago por ate quatro horas ou mais e, ao se misturar ao suco gástrico, auxiliado pelas contrações da musculatura estomacal, transforma-se em uma massa cremosa acidificada e semilíquida, o quimo. Passando por um esfíncter muscular (o piloro), o quimo vai sendo, aos poucos, liberado no intestino delgado, onde ocorre a maior parte da digestão. SISTEMA ENDÓCRINO O sistema endócrino possui alta complexidade, sendo composto por um grupo de órgãos integrados e de ampla distribuição, coordenando um estado de equilíbrio metabólico (homeostase) entre vários órgãos do corpo. Este equilíbrio ocorre, pois são regulados por dois sistemas: sistema nervoso representado pelo hipotálamo e o sistema endócrino. INTESTINO DELGADO O intestino delgado e um tubo com pouco mais de 6 m de comprimento por 4cm de diâmetro e pode ser dividido em três regiões: duodeno (cerca de 25 cm), jejuno (cerca de 5 m) e íleo (cerca de 1,5 cm). A porção superior ou duodeno tem a forma de ferradura e compreende o piloro, esfíncter muscular da parte inferior do estomago pela qual este esvazia seu conteúdo no intestino. A digestão do quimo ocorre predominantemente no duodeno e nas primeiras porções do jejuno. No duodeno atua também o suco pancreático, produzido pelo pâncreas, que contem diversas enzimas digestivas. Outra secreção que atua no duodeno e a bile, produzida no fígado e armazenada na vesícula biliar. Didatismo e Conhecimento O hipotálamo contém neurossecreções que são importantes no controle de certas atividades metabólicas, como a manutenção do equilíbrio hídrico, metabolismo do açúcar e das gorduras, regulação da temperatura corporal, secreção de hormônios liberadores e inibidores. Os hormônios agem nas células em um sistema chamado “chave-fechadura”, ou seja, as chaves são os hormônios e a fechadura, são os receptores sendo divididos em receptores de membrana: hormônios hipofisários e catecolaminas; receptores de citoplasma ou de núcleo: hormônios esteroides; receptores associados direta55 BIOLOGIA Linfa: líquido que circula pelos vasos linfáticos. Sua composição é semelhante à do sangue, mas não possui hemácias, apesar de conter glóbulos brancos dos quais 99% são linfócitos. No sangue os linfócitos representam cerca de 50% do total de glóbulos brancos. Órgãos linfáticos: amígdalas (tonsilas), adenoides, baço, linfonodos (nódulos linfáticos) e timo (tecido conjuntivo reticular linfoide: rico em linfócitos). Amígdalas (tonsilas palatinas): produzem linfócitos. Timo: órgão linfático mais desenvolvido no período pré-natal, evolui desde o nascimento até a puberdade. Linfonodos ou nódulos linfáticos: órgãos linfáticos mais numerosos do organismo, cuja função é a de filtrar a linfa e eliminar corpos estranhos que ela possa conter, como vírus e bactérias. Nele ocorrem linfócitos, macrófagos e plasmócitos. A proliferação dessas células provocada pela presença de bactérias ou substâncias/ organismos estranhos determina o aumento do tamanho dos gânglios, que se tornam dolorosos, formando a íngua. Baço: órgão linfático, excluído da circulação linfática, interposto na circulação sanguínea e cuja drenagem venosa passa, obrigatoriamente, pelo fígado. Possui grande quantidade de macrófagos que, através da fagocitose, destroem micróbios, restos de tecido, substâncias estranhas, células do sangue em circulação já desgastadas como eritrócitos, leucócitos e plaquetas. Dessa forma, o baço “limpa” o sangue, funcionando como um filtro desse fluído tão essencial. O baço também tem participação na resposta imune, reagindo a agentes infecciosos. Inclusive, é considerado por alguns cientistas, um grande nódulo linfático. mente ao DNA: hormônio tireóideo. Com frequência, o hormônio endócrino é transportado pelo sangue de seu local de liberação até o seu órgão-alvo(órgão onde o hormônio ira agir). A função das glândulas endócrinas é controlada por meios de mecanismos de retro alimentação: feedback, assim as discrepâncias nas taxas séricas normais desses hormônios estimulam ou inibem a liberação de substâncias de controle de secreção produzidas no eixo hipotálamo-hipofisário. O sistema endócrino é constituído pelo hipotálamo, hipófise, pineal, tireoide, paratireoides, timo, suprarrenal, pâncreas, ovários, testículos e placenta (durante a gravidez). SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO O sistema reprodutor masculino é formado por: • Testículos ou gônadas • Vias espermáticas: epidídimo, canal deferente, uretra. • Pênis • Escroto • Glândulas anexas: próstata, vesículas seminais, glândulas bulbouretrais. ANOTAÇÕES SISTEMA LINFÁTICO ————————————————————————— Sistema paralelo ao circulatório, constituído por uma vasta rede de vasos semelhantes às veias (vasos linfáticos), que se distribuem por todo o corpo e recolhem o líquido tissular que não retornou aos capilares sanguíneos, filtrando-o e reconduzindo-o à circulação sanguínea. É constituído pela linfa, vasos e órgãos linfáticos. Os capilares linfáticos estão presentes em quase todos os tecidos do corpo. Capilares mais finos vão se unindo em vasos linfáticos maiores, que terminam em dois grandes dutos principais: o duto torácico (recebe a linfa procedente da parte inferior do corpo, do lado esquerdo da cabeça, do braço esquerdo e de partes do tórax) e o duto linfático (recebe a linfa procedente do lado direito da cabeça, do braço direito e de parte do tórax), que desembocam em veias próximas ao coração. Didatismo e Conhecimento ————————————————————————— ————————————————————————— ————————————————————————— ————————————————————————— ————————————————————————— ————————————————————————— ————————————————————————— ————————————————————————— ————————————————————————— 56 BIOLOGIA Vesículas seminais: responsáveis pela produção de um líquido, que será liberado no ducto ejaculatório que, juntamente com o líquido prostático e espermatozoides, entrarão na composição do sêmen Próstata: glândula localizada abaixo da bexiga urinária. Secretas substâncias alcalinas que neutralizam a acidez da urina e ativa os espermatozoides. Pênis: é considerado o principal órgão do aparelho sexual masculino, sendo formado por dois tipos de tecidos cilíndricos: dois corpos cavernosos e um corpo esponjoso (envolve e protege a uretra). Na extremidade do pênis encontra-se a glande - cabeça do pênis, onde podemos visualizar a abertura da uretra. Com a manipulação da pele que a envolve - o prepúcio. A uretra é comumente um canal destinado para a urina, mas os músculos na entrada da bexiga se contraem durante a ereção para que nenhuma urina entre no sêmen e nenhum sêmen entre na bexiga. Todos os espermatozoides não ejaculados são reabsorvidos pelo corpo dentro de algum tempo. SISTEMA REPRODUTOR FEMININO O sistema reprodutor feminino é constituído por dois ovários, duas tubas uterinas (trompas de Falópio), um útero, uma vagina, uma vulva. Ele está localizado no interior da cavidade pélvica. A pelve constitui um marco ósseo forte que realiza uma função protetora. Didatismo e Conhecimento 57 BIOLOGIA A vagina é um canal de 8 a 10 cm de comprimento, de paredes elásticas, que liga o colo do útero aos genitais externos. Contém de cada lado de sua abertura, porém internamente, duas glândulas denominadas glândulas de Bartholin, que secretam um muco lubrificante. A entrada da vagina é protegida por uma membrana circular - o hímen – que fecha parcialmente o orifício vulvo-vaginal e é quase sempre perfurado no centro, podendo ter formas diversas. Geralmente, essa membrana se rompe nas primeiras relações sexuais. Ovários: são as gônadas femininas. Produzem estrógeno e progesterona, hormônios sexuais femininos que serão vistos mais adiante. Os rins situam-se na parte dorsal do abdome, logo abaixo do diafragma, um de cada lado da coluna vertebral. Como funcionam os rins? O sangue chega ao rim através da artéria renal, que se ramifica muito no interior do órgão, originando grande número de arteríolas aferentes, onde cada uma ramifica-se no interior da cápsula formando um enovelado de capilares. Dessa forma, estima-se que em 24 horas são filtrados cerca de 180 litros de fluido do plasma; porém são formados apenas 1 a 2 litros de urina por dia, o que significa que aproximadamente 99% do filtrado glomerular é reabsorvido. Além desses processos gerais descritos, ocorre, ao longo dos túbulos renais, reabsorção ativa de aminoácidos e glicose. Os capilares que reabsorvem as substâncias úteis dos túbulos renais se reúnem para formar um vaso único, a veia renal, que leva o sangue para fora do rim, em direção ao coração. Útero: órgão oco situado na cavidade pélvica anteriormente à bexiga e posteriormente ao reto, de parede muscular espessa (miométrio) e com formato de pera invertida. É revestido internamente por um tecido vascularizado rico em glândulas - o endométrio. Regulação da função renal A regulação da função renal relaciona-se basicamente com a regulação da quantidade de líquidos do corpo. Havendo necessidade de reter água no interior do corpo, a urina fica mais concentrada, em função da maior reabsorção de água; havendo excesso de água no corpo, a urina fica menos concentrada, em função da menor reabsorção de água. SISTEMA EXCRETOR OU URINÁRIO O sistema excretor é formado por um conjunto de órgãos que filtram o sangue, produzem e excretam a urina - o principal líquido de excreção do organismo. É constituído por um par de rins, um par de ureteres, pela bexiga urinária e pela uretra. A Eliminação de urina Ureter: Os néfrons desembocam em dutos coletores, que se unem para formar canais cada vez mais grossos. A fusão dos dutos origina um canal único, denominado ureter, que deixa o rim em direção à bexiga urinária. Bexiga urinária: A bexiga urinária é uma bolsa de parede elástica, dotada de musculatura lisa, cuja função é acumular a urina produzida nos rins. Quando cheia, a bexiga pode conter mais de ¼ de litro (250 ml) de urina, que é eliminada periodicamente através da uretra. Didatismo e Conhecimento 58 BIOLOGIA Uretra: A uretra é um tubo que parte da bexiga e termina, na mulher, na região vulvar e, no homem, na extremidade do pênis. Sua comunicação com a bexiga mantém-se fechada por anéis musculares - chamados esfíncteres. Quando a musculatura desses anéis relaxa-se e a musculatura da parede da bexiga contrai-se, urinamos. Quando o indivíduo entra em contato pela segunda vez, a produção de anticorpos será muito mais rápida e eficiente, pois os anticorpos serão produzidos pelas células B de memória, então ativadas (resposta imune secundária). Desenvolvimento inicial da RIH Para se desenvolver uma RIH, é necessária a exposição do antígeno ao linfócito B. Isso é feito de forma direta, ou seja, o LB entra em contato direto com o antígeno sem a necessidade de célula apresentadora de antígeno, pois a célula B é capaz de reconhecer o antígeno diretamente pela ligação com seus receptores de superfície (BCR), como a IgM monomérica e a IgD. Nesse contato, há interação do antígeno com o receptor de superfície IgM. Essa interação antígeno-IgM vai estimular a ativação e proliferação dos linfócitos B (expansão clonal) e em seguida síntese de imunoglobulinas, todas com a mesma especificidade. Esse mecanismo básico de RIH é eficaz contra antígenos de natureza lipídica, polissacáride ou glicídica. SISTEMA IMUNOLÓGICO O sistema imunológico ou sistema imune é de grande eficiência no combate a micro-organismos invasores. Mas não é só isso; ele também é responsável pela “limpeza” do organismo, ou seja, a retirada de células mortas, a renovação de determinadas estruturas, rejeição de enxertos, e memória imunológica. Também é ativo contra células alteradas, que diariamente surgem no nosso corpo, como resultado de mitoses anormais. Essas células, se não forem destruídas, podem dar origem a tumores. Células do sistema imune são altamente organizadas como um exército. Cada tipo de célula age de acordo com sua função. Algumas são encarregadas de receber ou enviar mensagens de ataque, ou mensagens de supressão (inibição), outras apresentam o “inimigo” ao exército do sistema imune, outras só atacam para matar, outras constroem substâncias que neutralizam os “inimigos” ou neutralizam substâncias liberadas pelos “inimigos”. Além dos leucócitos, também fazem parte do sistema imune às células do sistema mononuclear fagocitário, (SMF) antigamente conhecido por sistema retículo-endotelial e mastócitos. As primeiras são especializadas em fagocitose e apresentação do antígeno ao exército do sistema imune. São elas: macrófagos alveolares (nos pulmões), micróglia (no tecido nervoso), células de Kuppfer (no fígado) e macrófagos em geral. Antígenos: são quaisquer moléculas que possam ser reconhecidas pelo sistema imune adaptativo. O reconhecimento do antígeno é a base principal de todas as respostas imunes adaptativas. O ponto essencial a ser considerado com relação ao antígeno é que a estrutura é a força iniciadora e condutora de todas as respostas imunes. O sistema imune evoluiu com a finalidade de reconhecer os antígenos e destruir e eliminar a sua fonte. Quando o antígeno é eliminado, o sistema imune é desligado. A seleção clonal envolve a proliferação de células que reconhecem um antígeno específico. Quando um antígeno se liga às poucas células que podem reconhecê-lo, estas são rapidamente induzidas a proliferar e em poucos dias existirá uma quantidade suficiente delas para elaborar uma resposta imune adequada. 7. ANTÍGENOS E ANTICORPOS. Anticorpos: são um grupo de proteínas séricas produzidas pelos linfócitos B. Eles são a forma solúvel do receptor de antígenos. Os anticorpos ligam-se especificamente aos antígenos e assim promovem efeitos secundários. Enquanto uma parte da molécula do anticorpo se liga ao antigénio (chamada porção Fab do AC), outras regiões interagem com outros elementos do sistema imune (chamada porção Fc do AC), como os fagócitos ou com uma das moléculas do complemento. A Resposta Imune Humoral (RIH) é mediada por anticorpos (Ac), que são proteínas sintetizadas e secretadas pelos plasmócitos (linfócitos B diferenciados). Os Ac são produzidos de forma específica contra o antígeno (Ag) que estimulou sua produção e têm como função principal a neutralização e eliminação deste antígeno. Este processo de eliminação é feito de diversas formas, quais sejam: ativação do complemento, opsonização, neutralização de microorganismos e toxinas, etc. Os anticorpos são também chamados de imunoglobulinas (Ig), e divididos em classes e subclasses. Por exemplo, IgG é uma classe, IgM é outra, e assim por diante. Há regiões na molécula de Ig que são extremamente variáveis (regiões hipervariáveis e variáveis) e que dão a ela a característica específica contra o antígeno. Por exemplo, quando um antígeno X entra no organismo e é apresentado ao sistema imune, estimulando uma resposta imune humoral, as IgM produzidas contra o antígeno X terão a região variável da molécula específica para o X e irão combatê-lo. Se no organismo penetrar um antígeno Y, as IgM com região variável anti-X não irão atacar o antígeno Y e haverá a produção de IgM com região variável anti-Y. A resposta imune primária se desenvolve quando o indivíduo entra em contato com o antígeno pela primeira vez, havendo como resultado a produção de Ac (pelos linfócitos B efetores) e células B de memória. Didatismo e Conhecimento Estrutura do Anticorpo A estrutura básica da molécula de imunoglobulina consiste de quatro cadeias polipeptídicas, sendo duas cadeias leves e duas cadeias pesadas, unidas por pontes dissulfeto formando uma proteína globular em forma de Y. A haste do Y é denominada fragmento Fc e é responsável pela atividade biológica (função efetora) dos anticorpos. Diferenças estruturais no Fc definem os cinco isotipos principais ou classes de imunoglobulinas: IgA, IgD, IgE, IgG e IgM. Tanto as cadeias pesadas quanto as cadeias leves tem uma região constante e uma região variável. A região variável é responsável pela interação com o antígeno – são os “braços” da molécula de anticorpo e são denominados fragmentos Fab (Fragment antigen binding). As moléculas de imunoglobulinas ou anticorpos apresentam diferenças na sequência de aminoácidos nas porções Fab. A diversidade nesses sítios de ligação ao antígeno garante que haja um repertório quase ilimitado de especificidades de anticorpos. 59 BIOLOGIA Funções dos anticorpos Anticorpo de Membrana como receptor de linfócito B – Linfócitos B maduros (mas inativos) expressam IgD e IgM na superfície. O encontro do antígeno com esses receptores constitui as fases de reconhecimento e ativação (expansão clonal e diferenciação) da resposta imune. Neutralização do antígeno – Toxinas bacterianas, drogas, agentes virais e outros parasitas, iniciam a lesão celular pela ligação a receptores específicos da superfície celular. Os anticorpos podem impedir esta interação, neutralizando o processo tóxico ou infeccioso. Ativação do complemento por IgG ou IgM – O sistema complemento consiste numa família de proteínas plasmáticas que podem ser ativadas por duas vias principais. A ativação pela via clássica é inicia pela ligação do componente C1q do complemento com um imunocomplexo (Ag+Ac). O ponto crucial da cascata de eventos que ocorre após a ativação do complemento é a clivagem de c3 em c3a e c3b. O c3a tem várias funções, como por exemplo, ativar a degranulação de mastócitos e realizar quimiotaxia. O c3b (além de opsonizar fagócitos) liga-se a outros fragmentos e entra na via da c5 converta-se que vai então, clivar o c5 em c5a e c5b, o qual vai juntar-se a outros componentes formando o MAC (complexo de ataque à membrana – c5b9), um poro que vai levar a lise da célula-alvo (bactéria), através da interação com sua membrana. Esse processo ocorre em questão de segundos. Opsonização – Os anticorpos envolvem a bactéria ou vírus em questão, e se ligam a receptores na superfície dos macrófagos. Isso melhora a eficiência da fagocitose. Citotoxidade mediada por células dependente de anticorpo – As células NK, em determinadas ocasiões, matam o microorganismo se ele estiver revestido por anticorpos. Também os eosinófilos têm receptores para a região Fc da IgE, que reveste helmintos (muito grandes para serem fagocitados). É um processo chamado decitotoxidade mediada por células dependente de anticorpo. A classe de um anticorpo é definida pela estrutura de sua cadeia pesada, algumas das quais possuem vários subtipos, e esses determinam a atividade funcional de uma molécula de anticorpo. As cinco classes principais de imunoglobulinas são IgA, IgD, IgE, IgG e IgM: IgA: Representa 15-20% das imunoglobulinas do soro humano. No homem, mais de 80% da IgA ocorre sob a forma monomérica e está presente no sangue sob esta forma. A IgA é a imunoglobulina predominante em secreções: saliva, lágrima, leite, mucosas do trato gastrintestinal (TGI), respiratório e geniturinário. Nestas secreções ela se une a um componente secretor, e forma a IgA secretora. Esta é composta por duas unidades (dimérica) ligadas a uma cadeia J unida pelas porções Fc no componente secretor. A função desse componente é proteger a molécula das enzimas hidrolíticas (destrutivas). O principal papel da IgA é proteger o organismo de invasão viral ou bacteriana através das mucosas (neutralização). IgD: perfaz menos de 1% do total de imunoglobulinas plasmáticas e a função biológica precisa dessa classe de imunoglobulina é ainda incerta. A IgD é co-expressa com a IgM na superfície de quase todas as células B maduras e inativas (fase de reconhecimento), sendo que a IgD é expressa mais tardiamente, indicando uma célula B mais madura. IgE: é encontrada nas membranas superficiais dos mastócitos e eosinófilos em todos os indivíduos. Essa classe de imunoglobulina sensibiliza as células nas superfícies das mucosas conjuntiva, nasal e brônquica. A IgE pode ter ainda importante papel na imunidade contra helmintos, embora nos países desenvolvidos esteja mais comumente associada a reações alérgicas como asma e rinite. Metade dos pacientes com doenças alérgicas tem altos níveis de IgE. A interação entre o antígeno e a IgE ligada no mastócito resulta em liberação de histamina, importante mediador inflamatório, causando vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular, contração de músculo liso e quimioatração de outras células inflamatórias. IgG: É uma imunoglobulina monomérica que perfaz 80% das imunoglobulinas do organismo. É a imunoglobulina mais abundante no soro e está distribuída uniformemente entre os espaços intra e extravasculares. É o anticorpo mais importante da resposta imune secundária. Em humanos, as moléculas de IgG de todas as subclasses atravessam a barreira placentária e conferem um alto grau de imunidade passiva ao feto e ao recém-nascido. É o anticorpo principal nas respostas imunes secundárias e a única classe antitoxinas. A região Fc ativa o complemento (quando unida ao antígeno) e auxilia a fagocitose por se ligar a macrófagos (opsonização). Com a ativação do complemento, há uma amplificação da resposta inflamatória (com geração de quimiotaxia de neutrófilos, aumento da permeabilidade vascular), opsonização e montagem do MAC (complexo de ataque à membrana). IgM: Perfaz aproximadamente 10% do conjunto de imunoglobulinas. Sua estrutura é pentamérica, As cinco cadeias são ligadas entre si por pontes dissulfeto e por uma cadeia polipeptídica inferior chamada de cadeia J. É a primeira imunoglobulina a ser expressa na membrana do linfócito B inativo. Na membrana das células B, a IgM está na forma monomérica. O primeiro anticorpo produzido numa resposta imune primária é sempre IgM pentamérica. A IgM é encontrada principalmente intravascular, sendo uma classe de anticorpos “precoces” (são produzidas nas fases iniciais agudas das doenças que desencadeiam resposta humoral). Didatismo e Conhecimento 8. VIROLOGIA. De uma forma geral, os métodos de diagnóstico usados no diagnóstico de viroses humanas podem ser agrupados em duas categorias diferentes: os métodos diretos e os métodos indiretos. Nos métodos diretos pretende-se identificar, na amostra clínica, a presença do vírus ou de componentes desse vírus. Assim, englobam-se nesta categoria a microscopia electrónica (ME), a cultura viral, a detecção de antigénios virais (Ag) e a detecção do ácido nucleico viral. Nos métodos indiretos pesquisa-se a presença de anticorpos específicos para um determinado vírus (serologia). Este tipo de métodos constituem a maioria das técnicas executadas num laboratório de virologia, uma vez que a maioria das infecções virais pode ser diagnosticada por este tipo de métodos. O diagnóstico serológico de uma infecção viral pode ser feito detectando a presença ou a subida do título de anticorpos específicos para um determinado vírus. Esta detecção envolve, normalmente, os anticorpos da classe IgG ou a totalidade de anticorpos circulantes presentes (IgG+IgM). Em alguns casos é igualmente possível detectar-se a presença/subida de anticorpos da classe IgM. As técnicas disponíveis para a detecção e quantificação de anticorpos são: 60 BIOLOGIA • • • • • • • • Detecção de corpos de inclusão A replicação viral provoca, por vezes, alterações histológicas (corpos de inclusão) nas células infectadas in vivo. Estas alterações podem ser características ou não-específicas. Os corpos de inclusão, observáveis por microscopia óptica nas células presentes na amostra clínica, são basicamente conjuntos de partículas virais que estão a ser produzidas pela célula infectada no núcleo ou no citoplasma. Exemplos de corpos de inclusão são os corpos de Negri e os corpos de inclusão citomegálicos, encontrados nas infecções pelos vírus da Raiva e pelo CMV (citomegalovirus), respectivamente. Embora pouco sensível e específica, a identificação histológica dos corpos de inclusão pode, ainda assim, ser útil no diagnóstico de algumas viroses, em conjunto com outros métodos mais específicos e sensíveis. Ensaios imunoenzimáticos (EIA: ELISA, ELFA, etc.) Ensaios radioimunológicos (RIA) Aglutinação Western-blot Recombinant immunoblot assay (RIBA) Imunofluorescência Fixação de complemento Inibição de hemaglutinação 1- Métodos diretos Detecção de antigénio viral A principal vantagem destes métodos é a rapidez com que o resultado é obtido. No entanto, na maior parte dos casos, trata-se de técnicas que envolvem a correta interpretação das observações feitas, o que torna os resultados menos objetivos. A sensibilidade e especificidade são igualmente menores quando comparadas com outras técnicas. Está muito dependente da qualidade da amostra clínica. São ainda técnicas não automatizadas que envolvem a intervenção frequente do operador. Exemplos de detecção de antigénios como método de diagnóstico de viroses: detecção de células infectadas por RSV, ou adenovirus, em aspirados naso-faríngeos ou broncoalveolares; detecção de HSV (Figura 1) ou VZV em zaragatoas de lesões cutâneas (exemplos em que se utiliza a técnica de imunofluorescência); detecção de rotavirus ou adenovirus nas fezes (por reação de aglutinação de partículas de látex); detecção de antigénio p24 do HIV no soro ou plasma (antigenémia); detecção de antigenémia pp65 do CMV (por métodos imunoenzimáticos EIA). Detecção do genoma viral Os métodos baseados na detecção do genoma viral, são igualmente conhecidos como métodos de biologia molecular. Embora estes métodos tenham, nos últimos anos, aumentado de importância no contexto do diagnóstico viral, o papel desempenhado por eles na rotina laboratorial é ainda pequeno, quando comparado com os outros testes convencionais. Os testes clássicos de detecção do genoma viral englobam as técnicas de dot-blot e de Southern-blot os quais dependem do uso de sondas marcadas (com radioatividade ou com enzimas) específicas do DNA/RNA a pesquisar (por hibridação da sonda com a sequência alvo). A especificidade depende das condições usadas durante o processo de hibridação. A sensibilidade destas técnicas é, em geral, idêntica à observada para os testes convencionais. As técnicas mais recentes, tal como a polymerase chain reaction (PCR), a ligase chain reaction (LCR), a nucleic acid based amplification (NASBA), e branched DNA (bDNA), dependem todas elas de alguma forma de amplificação, seja do ácido nucleico a pesquisar, seja do próprio sinal emitido pela reação final. Destas técnicas a mais sensível e a que mais usos tem tido no diagnóstico virológico é o PCR. Teoricamente, pela técnica de PCR é possível amplificar-se uma única cópia de DNA alvo presente na amostra clínica. Devido a esta extrema sensibilidade, a execução desta técnica traz consigo alguns problemas, o maior dos quais tem a ver com a possibilidade de contaminações, uma vez que basta a presença duma quantidade mínima de DNA contaminante para se obter um resultado falsamente positivo. Por outro lado, a detecção por PCR de DNA de um determinado vírus, não significa necessariamente que se esteja na presença real duma patologia. Casos como a detecção de genomas virais identificados como sendo do vírus da hepatite G ou do TTV (transfusion transmited virus) não permitem, por si só, fazer a respectiva associação com qualquer estado patológico agudo ou crónico. Também nos casos de infecções por vírus que se mantêm latentes no hospedeiro, a detecção de genoma viral a nível celular, não implica necessariamente que esteja a ocorrer uma manifestação patológica desse vírus. Dentro deste grupo de testes há ainda a referir os que utilizam as reações de hibridação in situ. Neste caso a integridade da célula é mantida, sofrendo somente uma permeabilização de forma a permitir a entrada da sonda molecular marcada com uma enzima. Uma vez que a estrutura celular e tecidular são mantidas, permite quantificar o número de células infectadas e quais os tipos de células, ou compartimentos celulares, onde o genoma viral existe. Microscopia electrónica (ME) As partículas virais são detectadas e identificadas com base na sua morfologia. A sua principal vantagem reside no facto de ser possível visualizar diretamente a partícula viral. Desta forma é possível examinar a amostra sem que para tal seja necessário o conhecimento prévio dos possíveis agentes causais, em contraste com outros métodos que usam células (cultura celular) ou sondas específicas (PCR, detecção de antigénio, detecção de anticorpos). A rapidez é outra das vantagens da ME, podendo por isso ser usada em diagnóstico virológico rápido. No entanto, exige que na amostra clínica existam partículas virais em quantidade suficiente para poderem ser visualizadas (105 -106 partículas virais/ml). Devido a isso, a sua sensibilidade é baixa, podendo, no entanto, ser aumentada utilizando a imuno-microscopia electrónica (IME), onde são usados anticorpos específicos do vírus a pesquisar, por forma a aglutinar as partículas virais, tornando-as mais fáceis de visualizar e reconhecer. Para além da sua baixa sensibilidade, a ME tem como desvantagem ser uma técnica dispendiosa, quer na aquisição do equipamento, quer na sua manutenção e utilização, exigindo pessoal devidamente treinado. Devido a isso, e ao facto dos métodos de detecção de antigénios e de diagnóstico molecular, se terem tornado mais fiáveis, sensíveis e económicos, fizeram com que cada vez menos se utilize a ME como método de diagnóstico. Atualmente a ME é usada no diagnóstico de gastrenterites virais a partir das fezes (rotavirus, adenovirus, astrovirus, calicivirus, etc). Menos frequentemente pode ser usada para a detecção de vírus em lesões cutâneas, como por exemplo, o HSV ou o HPV. Didatismo e Conhecimento 61 BIOLOGIA Caso exista hemadsorção, as hemácias vão ficar aderentes a algumas células (células infectadas e por isso expressando hemaglutininas virais). Alternativamente, a presença de vírus em cultura pode ser feita recorrendo à técnica de hemaglutinação ou à técnica de interferência viral. No primeiro caso, pesquisa-se a presença de proteínas com capacidade de aglutinar hemácias de espécies animais específicas (humanas tripsinizadas, de pombo, etc.). Essas proteínas são pesquisadas no sobrenadante da cultura infectada pondo em contato esse sobrenadante com uma suspensão de hemácias em placas com cúpulas de fundo em V. Caso existam hemaglutininas, as hemácias ficam em suspensão não se concentrando no fundo da cúpula (vértice do V). A técnica de interferência viral é usada nos casos em que nenhuma das anteriores técnicas pode ser usada. O seu princípio baseia-se no fato de haverem determinados vírus que interferem com a replicação de outros que se multiplicam nas mesmas células, impossibilitando estes últimos de fazerem o seu ciclo replicativo. O sistema vírus-célula é portanto constituído por um tipo de células e por dois vírus: o vírus que se pretende detectar (vírus A que é interferente) e o vírus indicador (vírus B). Este último terá de ser capaz de induzir um ECP claro e rápido. Caso na cultura celular inoculada existir o vírus A, ele vai impedir que, após inoculação posterior do vírus B, este possa fazer o seu ciclo de replicação e por isso não apareça o ECP esperado. Caso não exista o vírus A na cultura, a inoculação do vírus B irá resultar no aparecimento do ECP esperado e característico. Este procedimento é obviamente mais laborioso e, só é usado em casos particulares em que nenhuma das técnicas anteriores é passível de ser utilizada. Além disso, impõe a conhecimento presuntivo de qual o vírus que deverá estar presente em cultura para que a escolha do vírus B possa ser convenientemente feita. Essa suspeita baseia-se em vários parâmetros dos quais os mais importantes são: tipo de sintomatologia, amostra biológica usada e o fato de se verificar a ausência de ECP. Isolamento viral O isolamento de vírus a partir de amostras clínicas constitui um importante método de diagnóstico de infecções virais. Este pode ser conseguido por inoculação das amostras clínicas em células eucariotas mantidas em cultura in vitro, ou, em alternativa, por inoculação em animais ou ovos embrionados. Estas duas últimas alternativas são usadas somente em casos muito particulares, devido principalmente à maior dificuldade na sua manutenção. Assim, este tipo de método utiliza quase sempre culturas de células mantidas in vitro. As células eucariotas variam muito quanto à sua susceptibilidade aos diferentes vírus. É de importância crucial a escolha da(s) célula(s) mais susceptíveis para um determinado vírus suspeito de estar presente numa determinada amostra (dependendo dos sinais clínicos). Além disso, a amostra deverá ser enviada ao laboratório o mais rapidamente possível após a colheita. Depois de recebida a amostra, esta é inoculada em diferentes tipos de culturas celulares dependendo dos vírus supostamente envolvidos. Este inoculo é mantido durante pelo menos 1 hora até ao máximo de 16-18 horas (overnight). As células são mantidas a 37ºC em estufa com atmosfera controlada (5% CO2). As culturas celulares podem ser de diferentes tipos. Assim podemos classificá-las quanto ao modo de cultura ou quanto ao tipo de células. Quanto ao modo de cultura, as células podem ser classificadas como células em suspensão ou células em monocamada. As primeiras, como o nome indica, crescem não aderentes ao suporte sólido, dispersas no meio de cultura. As segundas crescem aderentes às paredes internas do frasco de cultura ou outro suporte sólido. Esta característica está dependente da origem das células: se as células, in vivo, existirem em suspensão (células sanguíneas por exemplo) mantêm essa característica in vitro. Se in vivo as células formarem tecidos ou órgãos sólidos, existindo aderentes entre si, manterão essa propriedade in vitro. Quanto ao tipo de células, estas podem ser classificadas como células primárias, células secundárias e células contínuas. Identificação dos vírus em cultura A identificação presuntiva de um vírus em cultura pode ser feita com base no seu ECP, na capacidade de induzir hemadsorção e no tipo de célula onde esse vírus foi capaz de se replicar (susceptibilidade celular). No entanto, para a identificação cabal e objetiva do vírus em questão, torna-se necessário recorrer a técnicas como a imunofluorescência, imunoperoxidase, neutralização, inibição da hemaglutinação, microscopia electrónica e eventualmente a técnicas de biologia molecular (amplificação, clonagem e sequenciação do genoma viral). Detecção dos vírus em cultura Após inoculação da amostra, e após o tempo necessário para que a replicação viral ocorra, a detecção de replicação viral nas células inoculadas pode ser feito pela visualização do efeito citopático (ECP). Com esse objetivo, as culturas inoculadas devem ser observadas diariamente. Regularmente também, o meio de cultura deve ser mudado por forma a manter as células em crescimento e em bom estado fisiológico. Alguns vírus, no entanto, não induzem o aparecimento de ECP. Nesses casos tem que se recorrer a técnicas de detecção alternativas. Uma dessas técnicas é a hemadsorção. Esta técnica baseia-se no facto de alguns vírus (influenza e parainfluenza, por exemplo) induzirem a expressão de hemaglutininas, de origem viral, na membrana da célula infectada. Desta forma, a célula adquire a capacidade de fixar hemácias na sua membrana. Nesta técnica, o meio de cultura é removido e as células são incubadas com uma suspensão de hemácias a 4ºC ou à TA durante 30 minutos. A suspensão de hemácias é removida e o tapete celular é observado ao microscópio. Didatismo e Conhecimento Vantagens e desvantagens do isolamento e cultura do vírus in vitro A principal vantagem do isolamento viral, no âmbito do diagnóstico viral, é a especificidade e a capacidade de usar os vírus obtidos para futuras caracterizações. No entanto esta técnica tem várias desvantagens: necessidade de existirem linhas celulares adequadas em cultura, laboratório devidamente apetrechado para a manipulação de amostras contendo vírus patogénicos, pessoal devidamente treinado, custos elevados. Além disso, as culturas celulares são, devido aos meios de cultura extremamente ricos que são utilizados, facilmente contamináveis por bactérias e/ou fungos. 62 BIOLOGIA Cultura viral com centrifugação Um dos avanços mais importantes, no diagnóstico rápido das infecções virais, foi a aplicação da centrifugação à cultura viral tradicional. Esta técnica baseia-se no facto de se conseguir aumentar a eficiência de infecção (infecciosidade) de alguns vírus quando, após inoculação da amostra, se submete as culturas a uma força centrífuga de baixa velocidade. As células assim tratadas são incubadas, 24-48 horas depois da inoculação, com anticorpos monoclonais marcados, específicos de antigénios precoces do vírus suspeito de estar presente na amostra biológica inoculada (presumido a partir dos sinais clínicos e do tipo de amostra colhida). Um dos melhores exemplos de aplicação desta técnica é o diagnóstico precoce da infecção pelo CMV (citomegalovirus). Neste caso a amostra é inoculada numa cultura de fibroblastos humanos. Titulação de um vírus Em Virologia, existem dois métodos para quantificar (titular) uma suspensão viral: o método das placas e o da diluição limite. Método das placas: Baseia-se no princípio de que um vírus, ao infectar uma célula e ao ser transmitido às células vizinhas, irá provocar a morte a essas células. Estas células mortas serão visualizadas, após adição de um corante vital (vermelho neutro). As células susceptíveis ao vírus a titular são postas em cultura, numa placa de Petri ou numa cúpula de dimensões apropriadas, e usadas quando tiverem numa densidade correspondente à sub-confluência. A suspensão viral a titular é diluída sucessivamente, num fator de diluição 1:10 e cada uma das diluições será inoculada numa placa individualmente. Na prática, serão inoculadas somente as diluições mais prováveis de darem uma leitura adequada (por exemplo as diluições 10-5, 10-6 e 10-7). Após a inoculação as células inoculadas são inundadas com meio de cultura contendo agarose, por forma a favorecer as infecções célula-célula e não permitir a difusão das partículas virais entretanto formadas. Ao fim de algum tempo (variável consoante o tipo de vírus), é adicionado o corante vermelho neutro que irá corar de vermelho as células vivas e manter incolor as células mortas. O cálculo da concentração de partículas virais é feita usando a diluição que melhor contagem apresentar (nem demasiado elevada nem baixa demais). Nessa, serão contadas as zonas de morte celular (denominadas placas), e multiplicadas pelo inverso da diluição usada como inoculo (ex: 50 placas na diluição 10-5, corresponde um título de 50x105 ou seja 5x106). Há ainda que ter em conta o fato de o título ser dado em PFU (plaque forming units; ou UFP, unidades formadoras de placas) por mililitro. Assim sendo, ter-se-á ainda que multiplicar o resultado pelo inverso da fração de mililitro que foi usada (se só se inoculou 0,1 ml, terá que se multiplicar por 10 para se ter o valor por mililitro; ou seja, no exemplo dado anteriormente, ficará como resultado final: 5x107 PFU/ml). Método da diluição limite: Neste caso calcula-se a diluição que provoca a infecção em 50% das culturas inoculadas (TCID50 ou dose infectante 50%). A suspensão viral é diluída sucessivamente (fator de diluição 1:10 normalmente) e as diferentes diluições são inoculadas individualmente em culturas de células susceptíveis. Para cada diluição, e ao fim do tempo adequado à replicação viral, vai-se observar qual o número de culturas inoculadas que apresentam sinal de infecção (por pesquisa do ECP, por exemplo). O objetivo é identificar aquela diluição para a qual se conseguiu infectar metade das culturas inoculadas. Constroi-se assim uma tabela onde vão figurar o número de culturas infectadas e não infectadas para cada diluição, bem como os totais acumulados de culturas infectadas e não infectadas para uma das diluição (Tabela 1). Os cálculos a realizar, para se calcular a TCID50 estão também esquematizados na Tabela 1. Este método é mais laborioso, mas tem a vantagem de poder ser usado mesmo em vírus que não induzam a morte celular, a qual, como foi referido, é a marca que, no método das placas nos permite quantificar o título da suspensão viral em estudo. Didatismo e Conhecimento 63 BIOLOGIA Linhas celulares susceptíveis No diagnóstico baseado no isolamento dos vírus in vitro, bem como na sua titulação, é importante a escolha das células sobre as quais se vai inocular a amostra. Na Tabela 2 apresentam-se alguns exemplos de linhas celulares possíveis de serem usadas para vários vírus. Quando o vírus é novo, ou seja em que a experiência é ainda restrita, deve-se seguir a norma de se utilizar in vitro as células mais prováveis de serem as células-alvo in vivo. Convém ainda realçar que, sempre que possível deverão ser usadas células primárias ou secundárias, pois são essas as que mais próximas estão da situação in vivo. Os principais problemas deste tipo de critério é a definição de subida significativa e o facto de ser um diagnóstico retrospectivo. - Presença de IgM: é uma forma rápida de detectar uma primoinfecção, no entanto a detecção específica de IgM é por vezes difícil de se conseguir devido a reações cruzadas/interferência (fator reumatoide), presença de IgM devido a reinfecções e ainda devido à persistência das IgM vários meses/anos após a infecção primária. - Seroconversão: definida como sendo a evolução duma situação de ausência de anticorpos para uma outra onde esses anticorpos passam a estar presentes. - Uma única amostra com título elevado de IgG (ou anticorpos totais): método muito pouco fiável pois não permite confirmar se se trata de uma infecção primária, reinfecção ou vacinação. Critérios para o diagnóstico duma reinfecção/reativação Na maior parte dos casos é difícil de distinguir uma reinfecção de uma reativação, e, em certas circunstâncias, estas de uma infecção primária. Embora seja verdade que em muitos casos não é primordial distinguir uma primoinfecção de uma reinfecção, outros há em que essa distinção é fundamental. É o caso da infecção pelo vírus da rubéola (ver capítulo referente ao diagnóstico por este vírus mais adiante) durante o primeiro trimestre da gravidez, onde uma primo-infecção está associada a um alto risco de malformações enquanto que a reinfec ção não está. Em geral, durante a reinfecção/reactivação, ocorre um aumento rápido dos níveis de IgG com ausência, ou presença de níveis muito baixos, de IgM. Limitações do diagnóstico serológico A utilidade do diagnóstico serológico vai depender do vírus em questão. Assim: - Para vírus como os da rubéola ou da hepatite A, o aparecimento dos sinais clínicos coincide com o desenvolvimento de anticorpos. Desta forma, a detecção de IgM ou títulos de IgG aumentados no soro do indivíduo, indica uma infecção ativa. - Noutros casos, no entanto, os sinais clínicos surgem antes do aparecimento dos anticorpos. É o caso dos vírus responsáveis por infecções respiratórias ou por diarreias. Nestes casos, o diagnóstico serológico será sempre retrospectivo e por isso sem interesse prático. - Outros vírus provocam o aparecimento de manifestações clínicas muitos meses/anos após a seroconversão. Servem de exemplos para esta situação o HIV e o vírus da raiva. Nestes casos a simples presença de anticorpos é suficiente para fazer um diagnóstico definitivo, exceto nas situações em que esses anticorpos possam ter sido transmitidos passivamente (caso da transmissão vertical do HIV). - Em casos de infecções localizadas, como por exemplo as lesões herpéticas a nível labial ou genital, podem não induzir uma resposta humoral significativa - Ocorrência de reações cruzadas entre vírus devidas a identidades antigénicas (por ex: HSV/VZV) que podem levar a falsos resultados positivos. - Ocorrência de falsos positivos devido a anticorpos interferentes: frequente em doentes com Lupus Eritematoso disseminado ou com mononucleose infecciosa. - Indivíduos imunodeficientes podem ter uma resposta humoral ausente ou muito reduzida. Detecção de anticorpos específicos (serologia) O diagnóstico baseado na detecção de anticorpos específicos, constitui a maioria dos ensaios de rotina em viroses humanas. Baseia-se no facto de, após a exposição a um antigénio, o sistema imunológico responder com a produção de anticorpos específicos para esse antigénio. Os primeiros anticorpos a aparecerem são da classe das IgM, seguidos dos anticorpos da classe IgG. No caso de uma reinfecção, o nível das IgM específicas poderá aumentar, enquanto que as IgG aumentam significativamente. Existem vários tipos de técnicas serológicas. Em algumas delas é possível descriminar a presença de IgM e de IgG (caso das técnicas EIA e RIA), enquanto que noutras somente é possível avaliar a presença da totalidade dos anticorpos (fixação do complemento, inibição da hemaglutinação). De igual forma, a sensibilidade e especificidade dos métodos varia significativamente. Assim os métodos EIA e RIA são em geral mais específicos e sensíveis do que as técnicas de fixação do complemento (FC) ou inibição da hemaglutinação (IHA). Critérios para o diagnóstico de uma primo-infecção - Um aumento significativo do título de anticorpos específicos (IgG ou totais) entre uma amostra colhida durante a existência de sintomas (fase aguda) e a convalescença. Didatismo e Conhecimento 64 BIOLOGIA - Em indivíduos que sofreram transfusões de sangue, podem existir anticorpos devido à transferência passiva desses anticorpos a partir do dador. Em seguida é adicionada uma suspensão de hemácias. Caso existam Ac no soro em estudo, estes irão ligar-se ao Ag específico (com capacidade hemaglutinante), impedindo que este aglutine as hemácias presentes. Uma vez que este ensaio envolve a diluição sucessiva do soro, permite quantificar qual a maior diluição, desse mesmo soro, para a qual ainda se verificou a inibição da hemaglutinação. O inverso dessa diluição corresponde ao título de anticorpos específicos para o vírus em estudo (ex: maior diluição=1:160, logo o título=160). Presença de anticorpos no LCR Numa pessoa saudável, poucos ou nenhuns anticorpos devem ser detectados no LCR. Em situações de meningite ou encefalite, poderão ser produzidos anticorpos específicos do vírus em causa. A presença de anticorpos no LCR diz-se que é significativa quando a razão entre o título de anticorpos no soro e no LCR é inferior a 100. No entanto, isto só é verdade se a barreira hemato-encefálica estiver intacta (o que frequentemente deixa de ser verdade numa meningite ou encefalite). Caso contrário os anticorpos do soro podem passar facilmente para o LCR. O mesmo se passa quando a colheita do fluido espinal tiver sido feita com a ocorrência de hemorragia. Nesse caso o LCR virá contaminado com sangue, o que invalida a interpretação da razão de anticorpos sangue/LCR. Uma forma de comprovar a não contaminação do LCR com sangue (seja por compromisso da barreira hemato-encefálica, seja por má colheita) é pesquisar, no LCR, a presença de anticorpos específicos para um vírus para o qual toda a população tenha sido vacinada (papeira, sarampo, rubéola). Caso não tenha havido contaminação com sangue, a presença de anticorpos no LCR será muito baixa ou nula. Métodos imunoenzimáticos (EIA) e imuno-radioactivos (RIA) Baseiam-se na formação de complexos Ag-Ac e posterior detecção destes complexos pela adição de um segundo Ac marcado enzimaticamente (EIA) ou radioactivamente (RIA). No segundo caso, quanto maior o número de complexos Ag-Ac formados maior a quantidade de radioatividade presente. No primeiro caso, a quantidade destes imuno-complexos irá determinar a quantidade de enzima presente e esta por sua vez irá degradar em maior quantidade o substrato adequado, entretanto adicionado à reação, donde resulta um composto corado. Assim, quanto maior a intensidade da coloração, maior a quantidade de enzima e, portanto, maior a quantidade de complexo Ag-Ac formados no início. Os métodos EIA e RIA apresentam maior sensibilidade, maior especificidade e são mais práticos de executar, tendo ainda a vantagem de serem automatizáveis, com benefícios em termos de diminuição de erros de execução, de maior objetividade e rapidez e de permitir uma melhor organização do laboratório. Testes usados na detecção de anticorpos específicos Reação de fixação do complemento (RFC) A RFC é um testes simples, rápido e que exige pouco equipamento e reagentes. A sua utilização é cada vez menor, tendo gradualmente sido substituído por testes mais sensíveis e específicos (EIA e RIA). Este teste consiste em duas reações antigénio-anticorpo (Ag-Ac) sucessivas, uma das quais (a segunda) serve de teste indicador. A primeira reação, entre um antigénio viral conhecido e titulado e o soro em estudo, ocorre na presença de uma quantidade pré-determinada de complemento. Este complemento irá ser removida ou “fixada” pelo complexo AgAc eventualmente formado. A segunda reação Ag-Ac consiste na junção de hemácias de carneiro e hemolisina (também esta previamente titulada). Quando este sistema indicador é adicionado à primeira reação, as hemácias serão lisadas somente na presença de complemento livre (não “fixado” pela primeira reação Ag-Ac). Desta forma indireta ficamos a saber se na amostra de soro em estudo existiam Ac específicos do Ag usado. Exige a titulação prévia do antigénio, complemento e hemolisina usados. Cultura de células eucariotas As culturas celulares em virologia são fundamentais, na medida em que permitem a multiplicação in vitro dos vírus presentes nas amostras biológicas. São, por isso, um elemento fundamental em todos as técnicas virológicas que envolvam o isolamento (no diagnóstico das infecções virais) ou a propagação (estudos de caracterização fenotípica) de vírus. Tratando-se de vírus causadores de patologias no ser humano, as células a utilizar têm de ser necessariamente eucariotas (os fagos multiplicam-se em células procariotas). As células eucariotas são muito mais difíceis de manter em cultura do que as células procariotas. Elas exigem meios de cultura muito ricos e são, por isso, muito susceptíveis à contaminação por microorganismos como as bactérias e fungos. De uma forma simples, podemos distinguir as culturas celulares de três formas: pela forma como se propagam in vitro, conforme a sua morfologia e consoante o tipo de células. 1- Quanto à forma de propagação, as culturas celulares podem-se classificar em: • Culturas em suspensão: as células crescem sem estarem aderentes entre si ou ao suporte sólido (paredes interiores do frasco de cultura ou outro recipiente onde estejam a ser cultivadas) • Culturas em monocamada: crescem aderindo ao suporte sólido e entre si. Estas células necessitam, para serem transferidas para outro suporte sólido, de serem dissociadas entre si e do suporte sólido onde se fixaram. Os métodos de dissociação serão referidos mais adiante. 2.5.2- Reação de inibição da hemaglutinação (IHA) Vários vírus possuem a capacidade de aglutinar hemácias de algumas espécies de mamíferos e de aves. A espécie cujas hemácias são aglutinadas depende do vírus. Exemplos de vírus que possuem hemaglutininas são: influenza, parainfluenza, adenovirus, rubéola, flavivirus, e algumas estirpes de picornavirus. O princípio deste teste baseia-se no fato de, caso existam Ac específicos do vírus em estudo (com capacidade hemaglutinante), estes Ac irão impedir a hemaglutinação por parte do Ag. Tal como a RFC, a IHA é um teste simples e que requer muito pouco equipamento/reagentes. É mais sensível que a RFC, mas menos do que o EIA ou o RIA. Diluições sucessivas do soro em estudo (1:10, 1:20, 1:40, 1:80, ...) são postas em contato com uma quantidade constante e prédeterminada de hemaglutinina viral. Didatismo e Conhecimento em: 65 2- Quanto à sua morfologia as células podem-se classificar BIOLOGIA • Epiteliais: com morfologia poligonal • Fibroblásticas: com morfologia fina e alongada • Outras: com outros tipos de morfologias (células sanguíneas, nervosas, musculares, etc). 9. PRINCIPAIS DOENÇAS QUE AFETAM A POPULAÇÃO BRASILEIRA: CARACTERIZAÇÃO, PREVENÇÃO E PROFILAXIA. 3- Quanto ao tipo de células as culturas celulares podem-se classificar em: • Células primárias: constituem o melhor sistema celular uma vez que permitem a replicação de um maior número de vírus e são aquelas que mais se assemelham às células in vivo, constituindo, por isso, o modelo mais próximo desse sistema. São células normais, obtidas diretamente de animais. Permitem um número muito limitado de passagens (1 a 2). Têm inibição de contato: uma vez justapostas, param de se dividir. Para além disso são difíceis de manter em quantidade suficiente. Exemplos de culturas de células primárias: linfócitos humanos. Diversos são os processos responsáveis por gerar variabilidade genética dentro de uma população viral. Entre tais processos, estão: mutações, recombinações, rearranjos genéticos em coinfecções, entre outros. A fidelidade e a frequência dos processos de replicação, as taxas de ocorrência de coinfecções, o modo de transmissão, o tamanho e a estrutura das populações (virais e de hospedeiros) são fatores que influenciam a geração da variabilidade genética viral. Quando os vírus se reproduzem no interior de uma célula, o material genético viral pode sofrer mutações, originando uma grande diversidade genética a partir de um único tipo de vírus. Vírus de RNA, que dependem das enzimas RNA polimerase ou transcriptase reversa para se replicar, apresentam taxas de mutação mais elevadas, se comparados a vírus de DNA. Isto ocorre porque tais enzimas não são capazes de corrigir os erros provocados no decorrer da replicação. Vírus de DNA, que usam a maquinaria enzimática celular, apresentam taxas reduzidas de mutações genéticas, pois utilizam enzimas celulares que possuem a habilidade de reparar os erros gerados durante a síntese de DNA. • Células secundárias: São obtidas originalmente a partir de um dador animal e, se as condições de cultura forem as ideais, podem-se dividir e crescer durante algum tempo in vitro (entre 50100 gerações ou passagens). No entanto, elas não têm a capacidade de se dividirem e crescer indefinidamente e eventualmente, ao fim de algum tempo, as suas características alteram-se e acabam por entrar em senescência e morrem. Os fatores que controlam a capacidade de propagação destas células in vitro estão relacionados com o grau de diferenciação das células - em geral, as células mais diferenciadas são mais difíceis de manter em cultura do que as células menos diferenciadas (menos especializadas). Exemplo de cultura de células secundárias: células MRC5 - fibroblastos humanos obtidos a partir do pulmão e que em geral conseguem atingir as 60-70 gerações. • Células contínuas: Também denominadas (erradamente) de células imortalizadas, as células contínuas têm a capacidade de crescerem indefinidamente in vitro, desde que as condições de cultura sejam as adequadas. Também são denominadas células transformadas uma vez que as suas características fisiológicas normais foram alteradas. Em geral são obtidas a partir de tecidos neoplásicos (cancros, linfomas, leucemias) ou, alternativamente, são o resultado da transformação in vitro de células normais através, por exemplo, da infecção com vírus com capacidade transformante (EBV, HHV-8, HTLV, etc). Estas células caracterizam-se por, em geral, terem perdido a “inibição por contato”, isto é, quando duas células adjacentes se tocam, continuam a dividir-se, ao contrário do que acontece nas células normais em que esse facto sinaliza as células para pararem de se dividir. As células HeLa são um exemplo de células contínuas. Estas são células epiteliais obtidas dum carcinoma do colo do útero e estão infectadas com o vírus do papiloma humano tipo 18 (HPV 18). Didatismo e Conhecimento Doenças humanas virais: Assim como muitos parasitas, os vírus são patogênicos aos seres vivos. Ao invadirem as células de um indivíduo, eles prejudicam o funcionamento normal dessas células e, consequentemente, provocam doenças. Entre as principais viroses humanas estão: gripe, hepatite (A, B e C), caxumba, sarampo, varicela (catapora), SIDA (AIDS), raiva, dengue, febre amarela, poliomielite (paralisia infantil), rubéola, meningite, encefalite, herpes, pneumonia, entre outras doenças. Recentemente foi mostrado que o câncer cervical é causado ao menos em partes pelopapilomavirus (que causa papilomas, ou verrugas), representando a primeira evidência significante em humanos para uma ligação entre câncer e agentes virais. Prevenção e tratamento de doenças virais: Devido ao uso da maquinaria das células do hospedeiro, os vírus tornam-se difíceis de se combater. Como os tratamentos quimioterápicos para a infecções virais são limitados, os tratamentos sintomáticos, como descanso, hidratação e analgésicos, são as alternativas mais comuns para reduzir os incômodos causados pela maioria das doenças virais, principalmente infecções respiratórias. Pesquisas realizadas com camundongos infectados com o vírus coxsackie B demonstraram que esforços físicos severos, repetitivos e exaustivos prolongaram a infecção e provocaram o retardo do início da resposta imune via interferons e anticorpos. Quando as células são atacadas por vírus, o sistema de defesa do organismo parasitado passa a produzir anticorpos específicos que combatem o vírus invasor. Isso ocorre porque os vírus são formados por proteínas diferentes das do organismo parasitado. Estas proteínas são reconhecidas como não-próprias do organismo e são neutralizadas pelos anticorpos. 66 BIOLOGIA Assim, caso o mesmo vírus invada o organismo novamente, a memória imunológica desencadeará rapidamente uma resposta imune específica contra o vírus, e a doença não se instalará. RNAs interferentes defectivos (DI-RNAs): são pequenas moléculas de RNA viral provenientes de genomas virais que perderam função essenciais em decorrência de seguidas deleções. Um DI-RNA depende essencialmente do vírus parental (que o originou) para se replicar. Príons (ou priões): são agentes infecciosos que não possuem nenhum ácido nucleico, sendo constituídos exclusivamente por um único tipo de proteína estruturalmente modificada que tem a capacidade de converter proteínas semelhantes e normais em proteínas alteradas quanto a conformação tridimensional. Tais proteínas alteradas se agregam e causam danos em células nervosas. Vacinas virais: As vacinas são soluções médicas eficazes para prevenir algumas infecções virais. Elas podem ser produzidas a partir de vírus inativados ou atenuados, ou a partir de subunidades de proteínas virais. Uma vez introduzidos num indivíduo, os componentes das vacinas são capazes de estimular o organismo a produzir uma resposta imunológica humoral e/ou celular. O indivíduo desenvolve memória imunológica quando é exposto uma ou algumas vezes aos antígenos presentes na vacina. A vacinação é empregada com o objetivo de prevenir a manifestação de doenças virais futuras. Portanto, vacinas não são aplicadas com o intuito de curar viroses já instaladas, mas sim para evitar o desenvolvimento da doença. A vacina Sabin, usada para prevenir a poliomielite (ou paralisia infantil), é uma das vacinas virais atenuadas mais amplamente utilizadas no mundo. Testes com macacos demonstraram que o vírus atenuado, diferentemente da cepa viral patogênica, não possui virulência contra os tecidos nervosos do cérebro e da medula espinhal. Porém, como o organismo não diferencia um vírus do outro, ele passa a produzir os anticorpos necessários, imunizando o indivíduo vacinado contra o vírus da poliomielite. PRINCIPAIS DOENÇAS QUE AFETAM A POPULAÇÃO BRASILEIRA - Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) Modo de transmissão: é transmitida pelo contato desprevenido com o sangue, sêmen, leite materno, e fluidos vaginais infectados pelo vírus. Por tal motivo, o uso de instrumentos perfurocortantes sem terem sido previamente esterilizados, transfusão de sangue contaminado; sexo oral, anal e vaginal sem uso de camisinha; e gravidez, parto e aleitamento de bebê cuja mãe é portadora, são as principais formas de contágio. Características: Síndrome caracterizada pelo aparecimento de várias infecções oportunistas que acabam levando o individuo à morte. Essas infecções surgem devido à queda da imunidade ocasionada pela destruição dos linfócitos T pelo HIV. Esses linfócitos são fundamentais no mecanismo de defesa de nosso corpo. Profilaxia: usar camisinha nas relações sexuais; recorrer a bancos de sangue confiáveis na necessidade de receber transfusão de sangue; utilizar seringas descartáveis; exigir dos profissionais da área de saúde o uso de materiais cirúrgicos bem esterilizados; evitar a gravidez e a amamentação ao saber que é portadora do HIV. Drogas antivirais: As drogas antivirais são substâncias utilizadas no tratamento específico contra determinados vírus. Entre as principais substâncias antivirais, estão: oaciclovir, contra o herpesvírus;, a ribavirina, contra o vírus da hepatite C; o oseltamivir, contra o vírus da gripe; o ritonavir, o indinavir, a zidovudina, entre outras, contra o vírus da AIDS. Diferentemente do que ocorre nos casos de infecções bacterianas, os antibióticos não são úteis contra infecções virais. O uso abusivo e inadequado de antibióticos, como contra infecções virais, tem se tornado um grave problema de saúde pública por ser uma das causas do recorrente surgimento de bactérias resistentes a múltiplos antibióticos. Agentes infecciosos subvirais Agentes subvirais são partículas infecciosas subcelulares bastante simples estruturalmente que não são enquadradas como vírus no sentido estrito do termo. Entres tais agentes, destacam-se os vírus satélite, os virusoides, os viroides, os RNAs satélite, os RNAs interferentes defectivos (DI-RNAs) e os príons. Vírus satélites: são moléculas de DNA ou RNA viral que carecem de informações genéticas essencias para garantir sua independência replicativa. Vírus satélites dependem de outros vírus (vírus helper) para obter os fatores biológicos (proteínas) necessários a infecção de uma célula. Virusoides: são moléculas de ssRNA circular que não codificam proteínas. Dependem de vírus helpers para se replicar e formar capsídeos. Viroides: são patôgenos de plantas constituídos apenas por moléculas de ssRNA circular, altamente estáveis, as quais não capazes de codificar nenhuma proteína. RNAs satélite: considerados subtipos de virusoides, são constituídos por pequenas moléculas de RNA, que variam de 200 a 1700 nucleotídeos, sendo os maiores capazes de codificar algumas proteínas. Didatismo e Conhecimento - Catapora Modo de transmissão: O vírus causador da catapora alojase no nariz e na garganta e é expelido no ar quando uma pessoa infectada espirra, tosse ou fala. Ele também está presente nas bolhas e erupções da pele. A catapora é transmitida de uma pessoa para outra pela tosse, espirro, pelo uso de copos, garfos e outros objetos contaminados pelo vírus ou contato com as erupções. As pessoas com catapora podem transmitir a doença de 1 a 2 dias antes do início dos sintomas e até que todas as bolhas tenham formado crosta (normalmente em aproximadamente 5 dias). Características: caracterizada pelo aparecimento de pequenas e numerosas vesículas na pele. Profilaxia: vacinação. - Caxumba Modo de transmissão: é transmitida de uma pessoa para outra pela saliva; pelo uso de copos, garfos e outros objetos contaminados pelo vírus. 67 BIOLOGIA Características: o vírus infecta normalmente as parótidas (glândulas salivares), mas pode afetar também testículos, ovários, pâncreas e cérebro. Profilaxia: vacinação. Existem várias causas de hepatite, sendo as mais conhecidas as causadas por vírus (vírus das hepatite A, B, C, D, E, F, G, citomegalovírus, etc). Outras causas: drogas (anti-inflamatórios, anticonvulsivantes, sulfas, derivados imidazólicos, hormônios tireoidianos, anticoncepcionais, etc), distúrbios metabólicos (doença de Wilson, poli-transfundidos, hemossiderose, hemocromatose, etc), trans-infecciosa, pós-choque. Em comum, todas as hepatites têm algum grau de destruição das células hepáticas. Profilaxia: medidas higiênicas básicas como lavar as mãos antes das refeições, evitar que moscas e baratas pousem sobre alimentos, água, talheres, copos, etc., saneamento básico, recorrer a bancos de sangue confiáveis ao necessitar receber transfusão de sangue. Existe vacina contra a hepatite A e B. - Dengue Modo de transmissão: através da picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti (macho é herbívoro) contaminado pelo vírus. O mosquito adquire o vírus ao picar uma pessoa ou outro mamífero contaminado. Esse mosquito pica de dia e vive no interior ou nas redondezas das casas que possuem agua parada. Características: existem duas formas de dengue, a clássica e a hemorrágica. Na forma clássica os sintomas mais comuns são: falta de apetite, fraqueza, febre, dor muscular e nas articulações, manchas vermelhas na pele. Na forma hemorrágica, ocorrem os mesmos sintomas, mas a situação agrava-se, pois há sangramento das gengivas e hemorragias, geralmente internas, que podem levar o indivíduo à morte. Profilaxia: Combate ao mosquito Aedes aegypti - Uso de repelente de insetos na pele ou nas roupas; evitar acúmulo de água parada, realizar o “fumacê” (ação da Fundação Nacional de Saúde, que pulveriza inseticida) em locais críticos. - Herpes Modo de transmissão: contato direto com pessoas em fase de manifestação herpética. Características: As infecções pelo herpes simples vírus apresentam-se como desafios, cada vez maiores, para diversas áreas da medicina, por serem dotadas de várias peculiariedades. Dentre elas, citam-se a capacidade do vírus permanecer em latência por longos períodos de tempo, podendo sofrer reativação periódica, gerando doença clínica ou subclínica. O herpes simples vírus é comumente associado a lesões de membranas mucosas e pele, ao redor da cavidade oral (herpes orolabial) e da genitália (herpes anogenital). O vírus do herpes simples determina quadros variáveis benignos ou graves. Há dois tipos de vírus: o tipo-1, responsável por infecções na face e tronco, e o tipo-2, relacionado às infecções na genitália e de transmissão geralmente sexual. Entretanto, ambos os vírus podem infectar qualquer área da pele ou das mucosas. As manifestações clínicas são distintas e relacionadas, ao estado imunológico do hospedeiro. A primoinfecção herpética é, em geral, sub-clínica e passa despercebida; o indivíduo torna-se portador do vírus sem apresentar sintomas. Em pequena porcentagem de indivíduos, a infecção é grave e prolongada, perdurando por algumas semanas. Após a infecção primária, o vírus pode ficar em estado de latência em gânglios de nervos cranianos ou da medula. Quando reativado por várias causas, o vírus migra através de nervo periférico, retorna à pele ou mucosa e produz a erupção do herpes simples recidivante. Profilaxia: evitar contato direto com pessoas em fase de manifestação do vírus. - Encefalite viral Modo de transmissão: pela picada de mosquitos e carrapatos contaminados pelo vírus. Características: doenças caracterizadas por fortes dores de cabeça. Profilaxia: combate aos vetores. - Febre amarela Modo de transmissão: existem duas formas de febre amarela: a urbana, transmitida pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti, e a selvagem, transmitida pela picada do Aedes leucocelaenus ou de várias espécies do mosquito Haemagogus que vivem nas partes altas das árvores e costumam picar as pessoas por ocasião de derrubadas de matas. Características: doença grave e até mesmo fatal. Compromete vários órgãos, principalmente o fígado, o que dá aspecto amarelado à pele do doente. Profilaxia: vacinação, combate aos vetores. - Polimielite - Hepatite Modo de transmissão: provavelmente a forma mais comum do vírus penetrar em nosso corpo pela via digestória. Características: o vírus afeta a medula e outras regiões do sistema nervoso. Sua forma mais grave determina a paralisia infantil. Profilaxia: existem dois tipos de vacinas: a Salk, feita com o vírus inativo, e a Sabin, feita com o vírus atenuado. Modo de transmissão: ingestão de água ou de alimentos contaminados pelo vírus (moscas e baratas podem contaminar as partes externas de seu corpo com fezes de pessoas com hepatite e transportar esses vírus para alimentos com os quais entrem em contato). Fezes de pessoas com de hepatite podem contaminar a água de rios e mares. Existe uma forma de hepatite que é transmitida por transfusão de sangue. Características: é toda e qualquer inflamação do fígado e que pode resultar desde uma simples alteração laboratorial (portador crônico que descobre por acaso a sorologia positiva), até doença fulminante e fatal (mais frequente nas formas agudas). Didatismo e Conhecimento - Polimielite Modo de transmissão: provavelmente a forma mais comum do vírus penetrar em nosso corpo pela via digestória. 68 BIOLOGIA Características: o vírus afeta a medula e outras regiões do sistema nervoso. Sua forma mais grave determina a paralisia infantil. Profilaxia: existem dois tipos de vacinas: a Salk, feita com o vírus inativo, e a Sabin, feita com o vírus atenuado. 10. TÉCNICAS DE BIOSSEGURANÇA. As atividades a serem desenvolvidas no PROGRAMA DE BIOSSEGURANÇA devem permitir o aprendizado e o crescimento do estudante na sua área profissional. Os líquidos biológicos e os sólidos, os quais são manuseados nos laboratórios, são, quase sempre, fontes de contaminação. Os cuidados que devemos ter para não haver contaminação cruzada dos materiais, não contaminar o pessoal do laboratório, da limpeza, os equipamentos, o meio ambiente através de aerossois e os cuidados com o descarte destes materiais fazem parte das Boas Práticas em Laboratório Clínico (BPLC), seguindo as regras da Biossegurança. Para cada procedimento há uma regra já definida em Manuais, Resoluções, Normas ou Instruções Normativas. - Raiva Modo de transmissão: pela mordedura de animais infectados, principalmente cães e gatos. Características: o vírus infecta o sistema nervoso, causando danos irreparáveis. É doença grave e pode ser fatal Profilaxia: vacinação de cães e gatos. Se uma pessoa for mordida por um animal não-vacinado, deve imediatamente procurar um médico. - Sarampo Modo de transmissão: gotículas de saliva. Características: caracteriza-se por numerosas erupções na pela, febre. Profilaxia: vacinação. 1. O local de trabalho deve ser mantido sempre em ordem. 2. Aos chefes de grupo cabe a responsabilidade de orientar seu pessoal e exigir o cumprimento das regras, sendo os mesmos, responsáveis diretos por abusos e falta de capacitação profissional para utilizar os equipamentos, reagentes e infraestrutura. 3. Antes de utilizar qualquer dependência que não seja a do laboratório em que se encontra trabalhando, o estagiário deverá pedir permissão ao responsável direto pelo mesmo. 4. Para sua segurança, procure conhecer os perigos oferecidos pelos produtos químicos utilizados no seu trabalho. 5. Procure inteirar-se das técnicas que você utiliza. Ciência não é mágica. O conhecimento dos porquês pode ser muito útil na solução de problemas técnicos. 6. Na dúvida, pergunte. 7. Ao perceber que um aparelho está quebrado, comunique imediatamente ao chefe do setor para que o reparo possa ser providenciado. 8. Ao perceber algo fora do lugar, coloque-o no devido lugar. A iniciativa própria para manter a ordem é muito bem-vinda e antecipadamente agradecida. 9. Planeje bem os seus protocolos e realize os procedimentos operacionais dos mesmos. Idealmente, antes de começar um experimento, você deve saber exatamente o que será consumido, sobretudo no tocante ao uso de material importado. 10. Trabalho com patógenos não deve ser realizado em local movimentado. O acesso ao laboratório deve ser restrito a pessoas que, realmente, manuseiem o material biológico. 11. O trânsito pelos corredores com material patogênico deve ser evitado ao máximo. Quando necessário, utilize bandejas. - Varíola Modo de transmissão: gotículas de saliva. Características: caracteriza-se por numerosas pústulas grandes que deixam cicatrizes na pele. Pode evoluir para um quadro grave e fatal. Doença erradicada pela vacinação. Profilaxia: vacinação. - Doença de Chagas Modo de transmissão: contato de mucosas com fezes do barbeiro, transfusões, amamentação, durante a gestação. Características: é uma infecção causada pelo protozoário cinetoplástida flagelado Trypanosoma cruz. Os sintomas da doença de Chagas podem variar durante o curso da infecção. Nos primeiros anos, na fase aguda, os sintomas são geralmente lentos, pouco mais do que inchaço nos locais de infecção. À medida que a doença progride, durante até cinquenta anos, os sintomas tornamse crônicos e graves, tais como insuficiência cardíaca e desordens do sistema digestivo. Se não tratada, a doença crônica é muitas vezes fatal. Profilaxia: combate ao vetor, construção de casas de alvenaria, telas nas janelas. - Teníase (solitária) Características: A teníase é uma infecção intestinal causada pela fase adulta da Taenia solium e da Taenia saginata. Estes são parasitas hermafroditas da classe dos cestódeos, da família Taenidae, também conhecido como “solitária”. São seres extremamente competitivos pelo seu habitat, não precisando nem de parceiro para a cópula, já que são seres monoicos com estruturas fisiológicas para autofecundação. O complexo teníase-cisticercose constitui-se de duas entidades distintas, porém causadas pelo mesmo parasita, sendo um sério problema para a saúde pública. Profilaxia: saneamento básico, não ingerir carne crua ou mal cozida. Didatismo e Conhecimento 12. Aquele que nunca trabalhou com patógenos, antes de começar a manuseá-los, deve: Estar familiarizado com estas normas; Ter recebido informações e um treinamento adequado em técnicas e conduta geral de trabalho em laboratório (pipetagem, necessidade de manter-se a área de trabalho sempre limpa, etc.). 13. Ao iniciar o trabalho com patógenos, o estagiário deverá ficar sob a supervisão de um pesquisador experimentado, antes de estar completamente capacitado para o trabalho em questão. 14. Saída da área de trabalho, mesmo que temporariamente, usando luvas (mesmo que o pesquisador tenha certeza de que não estão contaminadas), máscara ou avental, é estritamente proibida. 69 BIOLOGIA 3. RISCOS FÍSICOS Consideram-se agentes de risco físico as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, ultrassom, materiais cortantes e ponteagudos, etc. Não se deve tocar com as luvas em maçanetas, interruptores, telefone, etc. (Só se deve tocar com as luvas o material estritamente necessário ao trabalho). 15. Seja particularmente cuidadoso para não contaminar aparelhos dentro ou fora da sala (use aparelhos extras, apenas em caso de extrema necessidade). 16. Em caso de acidente: - A área afetada deve ser lavada com água corrente em abundância; - Álcool iodado deve ser passado na área afetada (com exceção dos olhos, que devem ser lavados exaustivamente com água destilada); - Em caso de ferida, deve ser lavada com água corrente e comprimida de forma a sair sangue (cuidado para não aumentar as dimensões da ferida deve ser tomado); - Os acidentes devem ser comunicados, imediatamente, ao responsável pelo setor e a direção do Instituto para discussão das medidas a serem adotadas; 17. As normas de trabalho com material radioativo e com material patogênico devem ser lidas com atenção antes de se começar a trabalhar com os mesmos. 18. Recomendação final para minimizar o risco de acidentes: não trabalhe sob tensão. 4. RISCOS QUÍMICOS Consideram-se agentes de risco químico as substâncias, compostas ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo organismo através da pele ou por ingestão. 5. RISCOS BIOLÓGICOS Consideram-se agentes de risco biológico as bactérias, fungos, parasitos, vírus, entre outros. Classificação de risco biológico: Os agentes de risco biológico podem ser distribuídos em quatro classes de 1 a 4 por ordem crescente de risco, classificados segundo os seguintes critérios: • Patogenicidade para o homem. • Virulência. • Modos de transmissão • Disponibilidade de medidas profiláticas eficazes. • Disponibilidade de tratamento eficaz. • Endemicidade. DEFINIÇÃO Biossegurança é um conjunto de procedimentos, ações, técnicas, metodologias, equipamentos e dispositivos capazes de eliminar ou minimizar riscos inerentes as atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, que podem comprometer a saúde do homem, dos animais, do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. MÉTODOS DE CONTROLE DE AGENTE DE RISCO Os elementos básicos para contenção de agentes de risco: A. - BOAS PRÁTICAS DE LABORATÓRIO - GLP • Observância de práticas e técnicas microbiológicas padronizadas. • Conhecimento prévio dos riscos. • Treinamento de segurança apropriado. • Manual de biossegurança (identificação dos riscos, especificação das práticas, procedimentos para eliminação de riscos). TIPOS DE RISCO (Portaria do Ministério do Trabalho, MT no. 3214, de 08/06/78) 1. Riscos de Acidentes 2. Riscos Ergonômicos 3. Riscos Físicos 4. Riscos Químicos 5. Riscos Biológicos A.1. - RECOMENDAÇÕES GERAIS • Nunca pipete com a boca, nem mesmo água destilada. Use dispositivos de pipetagem mecânica. • Não coma, beba, fume, masque chiclete ou utilize cosméticos no laboratório. • Evite o hábito de levar as mãos à boca, nariz, olhos, rosto ou cabelo, no laboratório. • Lave as mãos antes de iniciar o trabalho e após a manipulação de agentes químicos, material infeccioso, mesmo que tenha usado luvas de proteção, bem como antes de deixar o laboratório. • Objetos de uso pessoal não devem ser guardados no laboratório. • Utilize jalecos ou outro tipo de uniforme protetor, de algodão, apenas dentro do laboratório. Não utilize essa roupa fora do laboratório. • Não devem ser utilizadas sandálias ou sapatos abertos no laboratório. • Utilize luvas quando manusear material infeccioso. • Não devem ser usados joias ou outros adornos nas mãos, porque podem impedir uma boa limpeza das mesmas. 1. RISCOS DE ACIDENTES Considera-se risco de acidente qualquer fator que coloque o trabalhador em situação de perigo e possa afetar sua integridade, bem estar físico e moral. São exemplos de risco de acidente: as máquinas e equipamentos sem proteção, probabilidade de incêndio e explosão, arranjo físico inadequado, armazenamento inadequado, etc. 2. RISCOS ERGONÔMICOS Considera-se risco ergonômico qualquer fator que possa interferir nas características psicofisiológicas do trabalhador causando desconforto ou afetando sua saúde. São exemplos de risco ergonômico: o levantamento e transporte manual de peso, o ritmo excessivo de trabalho, a monotonia, a repetitividade, a responsabilidade excessiva, a postura inadequada de trabalho, o trabalho em turnos, etc. Didatismo e Conhecimento 70 BIOLOGIA • Mantenha a porta do laboratório fechada. Restrinja e controle o acesso do mesmo. • Não mantenha plantas, bolsas, roupas ou qualquer outro objeto não relacionado com o trabalho dentro do laboratório. • Use cabine de segurança biológica para manusear material infeccioso ou materiais que necessitem de proteção contra contaminação. • Utilize dispositivos de contenção ou minimize as atividades produtoras de aerossois, tais como operações com grandes volumes de culturas ou soluções concentradas. Essas atividades incluem: centrifugação (utilize sempre copos de segurança), misturadores tipo Vortex (use tubos com tampa), homogeneizadores (use homogeneizadores de segurança com copo metálico), sonicagem, trituração, recipientes abertos de material infeccioso, frascos contendo culturas, inoculação de animais, culturas de material infeccioso e manejo de animais. • Qualquer pessoa com corte recente, com lesão na pele ou com ferida aberta (mesmo uma extração de dente), devem absterse de trabalhar com patógenos humanos. • Coloque as cabines de segurança biológica em áreas de pouco trânsito no laboratório, minimize as atividades que provoquem turbulência de ar dentro ou nas proximidades da cabine. • As cabines de segurança biológica não devem ser usadas em experimentos que envolvam produtos tóxicos ou compostos carcinogênicos. Neste caso utilizam-se capelas químicas. • Descontamine todas as superfícies de trabalho diariamente e quando houver respingos ou derramamentos. Observe o processo de desinfecção específico para escolha e utilização do agente desinfetante adequado. • Coloque todo o material com contaminação biológica em recipientes com tampa e a prova de vazamento, antes de removêlos do laboratório para autoclavação. • Descontamine por autoclavação ou por desinfecção química, todo o material com contaminação biológica, como: vidraria, caixas de animais, equipamentos de laboratório, etc..., seguindo as recomendações para descarte desses materiais. • Descontamine todo equipamento antes de qualquer serviço de manutenção. • Cuidados especiais devem ser tomados com agulhas e seringas. Use-as somente quando não houver métodos alternativos. • Seringas com agulhas ao serem descartadas devem ser depositadas em recipientes rígidos, a prova de vazamento e embalados como lixo patológico. • Vidraria quebrada e pipetas descartáveis, após descontaminação, devem ser colocadas em caixa com paredes rígidas rotulada “vidro quebrado” e descartada como lixo geral. • Saiba a localização do mais próximo lava olhos, chuveiro de segurança e extintor de incêndio. Saiba como usá-los. • Mantenha preso em local seguro todos os cilindros de gás, fora da área do laboratório e longe do fogo. • Zele pela limpeza e manutenção de seu laboratório, cumprindo o programa de limpeza e manutenção estabelecido para cada área, equipamento e superfície. • Todo novo funcionário ou estagiário deve ter treinamento e orientação específica sobre Didatismo e Conhecimento BOAS PRÁTICAS LABORATORIAIS E PRINCÍPIOS DE BIOSSEGURANÇA APLICADOS AO TRABALHO QUE IRÁ DESENVOLVER. • Qualquer acidente deve ser imediatamente comunicado à chefia do laboratório, registrado em formulário específico e encaminhado para acompanhamento junto a Comissão de Biossegurança da Instituição. • Fique atento à qualquer alteração no seu quadro de saúde e dos funcionários sob sua responsabilidade, tais como: gripes, alergias, diarreias, dores de cabeça, enxaquecas, tonturas, mal estar em geral, etc... e notifique imediatamente à chefia do laboratório. EPI B. BARREIRAS B.1. BARREIRAS PRIMÁRIAS B.1.1. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – São empregados para proteger o pessoal da área de saúde do contato com agentes infecciosos, tóxicos ou corrosivos, calor excessivo, fogo e outros perigos. A roupa e o equipamento servem também para evitar a contaminação do material em experimento ou em produção. São exemplos: LUVAS As luvas são usadas como barreira de proteção prevenindo contra contaminação das mãos ao manipular material contaminado, reduzindo a probabilidade de que microrganismos presentes nas mãos sejam transmitidos durante procedimentos. O uso de luvas não substitui a necessidade da LAVAGEM DAS MÃOS porque elas podem ter pequenos orifícios inaparentes ou danificar-se durante o uso, podendo contaminar as mãos quando removidas. Usar luvas de látex SEMPRE que houver CHANCE DE CONTATO com sangue, fluídos do corpo, dejetos, trabalho com microrganismos e animais de laboratório. Usar luvas de PVC para manuseio de citostáticos (mais resistentes, porém menos sensibilidade). Lavar instrumentos, roupas, superfícies de trabalho SEMPRE usando luvas. NÃO usar luvas fora da área de trabalho, NÃO abrir portas, NÃO atender telefone. Luvas (de borracha) usadas para limpeza devem permanecer 12 horas em solução de Hipoclorito de Sódio a 0,1% (1g/l de cloro livre = 1000 ppm). Verificar a integridade das luvas após a desinfecção. NUNCA reutilizar as luvas, DESCARTÁ-LAS de forma segura. JALECO Os vários tipos de jalecos são usados para fornecer uma barreira de proteção e reduzir a oportunidade de transmissão de microrganismos. Previnem a contaminação das roupas do pessoal, protegendo a pele da exposição a sangue e fluidos corpóreos, salpicos e derramamentos de material infectado. OUTROS EQUIPAMENTOS: - Óculos de Proteção e Protetor Facial (protege contra salpicos, borrifos, gotas, impacto). - Máscara (tecido, fibra sintética descartável, com filtro HEPA, filtros para gases, pó, etc.). - Avental impermeável. - Uniforme de algodão, composto de calça e blusa. 71 BIOLOGIA - Luvas de borracha, amianto, couro, algodão e descartáveis. - Dispositivos de pipetagem (borracha peras, pipetadores automáticos, etc.). EXTINTOR DE INCÊNDIO DE ESPUMA Usado para líquidos inflamáveis. Não usar para fogo causado por eletricidade. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA (EPC) São equipamentos que possibilitam a proteção do pessoal do laboratório, do meio ambiente e da pesquisa desenvolvida. São exemplos: EXTINTOR DE INCÊNDIO DE BCF Utiliza o bromoclorodifluorometano. É usado em líquidos inflamáveis, incêndio de origem elétrica. O ambiente precisa ser cuidadosamente ventilado após seu uso. CABINES DE SEGURANÇA As Cabines de Segurança Biológica constituem o principal meio de contensão e são usadas como barreiras primárias para evitar a fuga de aerossois para o ambiente. Há três tipos de cabines de segurança biológica: Classe I Classe II – A, B1, B2, B3. Classe III MANGUEIRA DE INCÊNDIO Modelo padrão, comprimento e localização são fornecidos pelo Corpo de Bombeiros. PROCEDIMENTOS PARA DESCARTE RESÍDUOS GERADOS EM LABORATÓRIO 1 - RESÍDUOS INFECTANTES Estes resíduos podem ser divididos em quatro grupos a saber: FLUXO LAMINAR DE AR Massa de ar dentro de uma área confinada movendo-se com velocidade uniforme ao longo de linhas paralelas. MATERIAL PROVENIENTE DE ÁREAS DE ISOLAMENTO Incluem-se aqui, sangue e secreções de pacientes que apresentam doenças transmissíveis. CAPELA QUÍMICA NB Cabine construída de forma aerodinâmica cujo fluxo de ar ambiental não causa turbulências e correntes, assim reduzindo o perigo de inalação e contaminação do operador e ambiente. MATERIAL BIOLÓGICO Composto por culturas ou estoques de microrganismos provenientes de laboratórios clínicos ou de pesquisa, meios de cultura, placas de Petri, instrumentos usados para manipular, misturar ou inocular microrganismos, vacinas vencidas ou inutilizadas, filtros e gases aspiradas de áreas contaminadas. CHUVEIRO DE EMERGÊNCIA Chuveiro de aproximadamente 30 cm de diâmetro, acionado por alavancas de mão, cotovelos ou joelhos. Deve estar localizado em local de fácil acesso. LAVA OLHOS Dispositivo formado por dois pequenos chuveiros de média pressão, acoplados a uma bacia metálica, cujo ângulo permite direcionamento correto do jato de água. Pode fazer parte do chuveiro de emergência ou ser do tipo frasco de lavagem ocular. SANGUE HUMANO E HEMODERIVADOS Composto por bolsas de sangue com prazo de utilização vencida, inutilizada ou com sorologia positiva, amostras de sangue para análise, soro, plasma, e outros subprodutos. PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS PARA O DESCARTE MANTA OU COBERTOR Confeccionado em lã ou algodão grosso, não podendo ter fibras sintéticas. Utilizado para abafar ou envolver vítima de incêndio. As disposições inadequadas dos resíduos gerados em laboratório poderão constituir focos de doenças infectocontagiosas se, não forem observados os procedimentos para seu tratamento. Lixo contaminado deve ser embalado em sacos plásticos para o lixo tipo 1, de capacidade máxima de 100 litros, indicados pela NBR 9190 da ABNT. Os sacos devem ser totalmente fechados, de forma a não permitir o derramamento de seu conteúdo, mesmo se virados para baixo. Uma vez fechados, precisam ser mantidos íntegros até o processamento ou destinação final do resíduo. Caso ocorram rompimentos frequentes dos sacos, deverão ser verificados, a qualidade do produto ou os métodos de transporte utilizados. Não se admite abertura ou rompimento de saco contendo resíduo infectante sem tratamento prévio. Havendo derramamento do conteúdo, cobrir o material derramado com uma solução desinfetante (por exemplo, hipoclorito de sódio a 10.000 ppm), recolhendo-se em seguida. Proceder, depois, a lavagem do local. Usar os equipamentos de proteção necessários. VASO DE AREIA Também chamado de balde de areia, é utilizado sobre derramamento de álcalis para neutralizá-lo. EXTINTOR DE INCÊNDIO A BASE DE ÁGUA Utiliza o CO2 como propulsor. É usado em papel, tecido e madeira. Não usar em eletricidade, líquidos inflamáveis, metais em ignição. EXTINTOR DE INCÊNDIO DE CO2 EM PÓ Utiliza o CO2 em pó como base. A força de seu jato é capaz de disseminar os materiais incendiados. É usado em líquidos e gases inflamáveis, fogo de origem elétrica. Não usar em metais alcalinos e papel.EXTINTOR DE INCÊNDIO DE PÓ SECO Usado em líquidos e gases inflamáveis, metais do grupo dos álcalis, fogo de origem elétrica. Didatismo e Conhecimento DOS 72 BIOLOGIA Todos os utensílios que entrarem em contato direto com o material deverão passar por desinfecção posterior. Os sacos plásticos deverão ser identificados com o nome do laboratório de origem, sala, técnica responsável e data do descarte. Autoclavar a 121 C (125F), pressão de 1 atmosfera (101kPa, 151 lb/in acima da pressão atmosférica) durante pelo menos 20 minutos. As lixeiras para resíduos desse tipo devem ser providas de tampas. Estas lixeiras devem ser lavadas, pelo menos uma vez por semana, ou sempre que houver vazamento do saco. • Os containers devem ser identificados com: Isótopo presente, tipo de produto químico e concentração, volume do conteúdo, laboratório de origem, técnico responsável pelo descarte e a data do descarte. • Os rejeitos não devem ser armazenados no laboratório, mas sim em um local previamente adaptado para isto, aguardando o recolhimento. • Considerar como de dez meias vidas o tempo necessário para obter um decréscimo quase total para a atividade dos materiais (fontes não seladas) empregadas na área biomédica. • Pessoal responsável pela coleta de resíduos radioativos devem utilizar vestimentas protetoras e luvas descartáveis. Estas serão eliminadas após o uso, também, como resíduo radioativo. • Em caso de derramamento de líquidos radioativos, poderão ser usados papeis absorventes ou areia, dependendo da quantidade derramada. Isto impedirá seu espalhamento. Estes deverão ser eliminados juntos com outros resíduos radioativos. 2 - RESÍDUOS PERFUROCORTANTES Os resíduos perfurocortantes constituem a principal fonte potencial de riscos, tanto de acidentes físicos como de doenças infecciosas. São compostos por: agulhas, ampolas, pipetas, lâminas de bisturi, lâminas de barbear e qualquer vidraria quebrada ou que se quebre facilmente. OBSERVAÇÕES IMPORTANTES: Os Procedimentos estabelecidos para a eliminação de rejeitos radioativos foram padronizados pela Norma CNEN-NE-6.05 (CNEN, 1985). O pessoal envolvido na manipulação desses rejeitos devem receber treinamento específico para realização dessa atividade, além de uma regular vigilância médico sanitária. PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS PARA O DESCARTE • Os resíduos perfurocortantes devem ser descartados em recipientes de paredes rígidas, com tampa e resistentes à autoclavação. Estes recipientes devem estar localizados tão próximo quanto possíveis da área de uso dos materiais. • Os recipientes devem ser identificados com etiquetas autocolantes, contendo informações sobre o laboratório de origem, técnico responsável pelo descarte e data do descarte. • Embalar os recipientes, após tratamento para descontaminação, em sacos adequados para descarte identificados como material perfurocortantes e descartar como lixo comum, caso não sejam incinerados. • A agulha não deve ser retirada da seringa após o uso. • No caso de seringa de vidro, levá-la juntamente com a agulha para efetuar o processo de descontaminação. • Não quebrar, entortar ou recapear as agulhas. 4 - RESÍDUOS QUÍMICOS Os resíduos químicos apresentam riscos potenciais de acidentes inerentes às suas propriedades específicas. Devem ser consideradas todas as etapas de seu descarte com a finalidade, de minimizar, não só acidentes decorrentes dos efeitos agressivos imediatos (corrosivos e toxicológicos), como os riscos cujos efeitos venham a se manifestar a mais longo prazo, tais como os teratogênicos, carcinogênicos e mutagênicos. São compostos por resíduos orgânicos ou inorgânicos tóxicos, corrosivos, inflamáveis, explosivos, teratogênicos, etc. Para a realização dos procedimentos adequados de descarte, é importante a observância do grau de toxicidade e do procedimento de não mistura de resíduos de diferentes naturezas e composições. Com isto, é evitado o risco de combinação química e combustão, além de danos ao ambiente de trabalho e ao meio ambiente. Para tanto, é necessário que a coleta desses tipos de resíduos seja periódica. Os resíduos químicos devem ser tratados antes de descartados. Os que não puderem ser recuperados, devem ser armazenados em recipientes próprios para posterior descarte. No armazenamento de resíduos químicos devem ser considerados a compatibilidade dos produtos envolvidos, a natureza do mesmo e o volume. 3 - RESÍDUOS RADIOATIVOS Compostos por materiais radioativos ou contaminados com radionuclídeos com baixa atividade provenientes de laboratórios de pesquisa em química e biologia, laboratórios de análises clínicas e serviços de Medicina Nuclear. São normalmente, sólidos ou líquidos (seringas, papel absorvente, frascos, líquidos derramados, urina, fezes, etc.). Resíduos radioativos, com atividade superior às recomendadas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), deverão ser acondicionados em depósitos de decaimento (até que suas atividades se encontrem dentro do limite permitido para sua eliminação). PROCEDIMENTOS GERAIS DE DESCARTE PROCEDIMENTOS ESPECÍFICOS PARA O DESCARTE Cada uma das categorias de resíduos orgânicos ou inorgânicos relacionados deve ser separada, acondicionada, de acordo com procedimentos e formas específicas e adequadas a cada categoria. Na fonte produtora do rejeito e em sua embalagem deverão existir os símbolos internacionais estabelecidos pela Organização Internacional de Normalização (ISO) e pelo Comitê de Especialistas em Transporte de Produtos Perigosos, ambos da Organização das Nações Unidas, adequados a cada caso. • Não misturar rejeitos radioativos líquidos com sólidos. • Preveja o uso de recipientes especiais, etiquetados e apropriados à natureza do produto radioativo em questão. • Coletar materiais como agulhas, ponteiras de pipetas e outros objetos afiados, contaminados por radiação, em recipientes específicos, com sinalização de radioatividade. Didatismo e Conhecimento 73 BIOLOGIA Além do símbolo identificador da substância, na embalagem contendo esses resíduos deve ser afixada uma etiqueta autoadesiva, preenchida em grafite contendo as seguintes informações: Laboratório de origem, conteúdo qualitativo, classificação quanto à natureza e advertências. Os rejeitos orgânicos ou inorgânicos sem possibilidade de descarte imediato devem ser armazenados em condições adequadas específicas. Os resíduos orgânicos ou inorgânicos deverão ser desativados com o intuito de transformar pequenas quantidades de produtos químicos reativos em produtos derivados inócuos, permitindo sua eliminação sem riscos. Este trabalho deve ser executado com cuidado, por pessoas especializadas. Os resíduos que serão armazenados para posterior recolhimento e descarte/incineração, devem ser recolhidos separadamente em recipientes coletores impermeáveis a líquidos, resistentes, com tampas rosqueadas para evitar derramamentos e fechados para evitar evaporação de gases. Resíduos inorgânicos tóxicos e suas soluções aquosas – Sais inorgânicos de metais tóxicos e suas soluções aquosas devem ser previamente diluídos a níveis de concentração que permitam o descarte direto na pia em água corrente. -Sem risco de contaminação ao meio ambiente – coletar em sacos plásticos e descartar em lixo comum. Resíduos de solventes orgânicos: Solventes halogenados puros ou em mistura – armazenar em frascos etiquetados e de conteúdo similar para posterior recolhimento. Solventes isentos de halogenados, puros ou em mistura – coletar em frascos etiquetados e de conteúdo similar, para posterior incineração. Solventes isentos de toxicidade, puros ou em solução aquosa, utilizados em grande volume – coletar em frascos etiquetados e de conteúdo similar para posterior recuperação. Solventes que formam peróxidos e suas misturas – coletar em frascos, adicionar substâncias que impeçam a formação de peróxidos, etiquetar, para posterior incineração 11. MICROBIOLOGIA: MORFOLOGIA DE MICRO-ORGANISMOS, MÉTODOS DE CONTAGEM DE MICRO-ORGANISMOS, NOÇÕES DE DESINFECÇÃO DE MATERIAIS E MEIOS. Concentrações máximas permitidas ao descarte direto na pia para cada metal: -Cádmio - no máximo 1 mg/L -Chumbo- no máximo 10 mg/L -Zinco- no máximo 5 mg/L -Cobre- no máximo 5 mg/L -Cromo- no máximo 10 mg/LPrata- no máximo 1 mg/L -Resíduos inorgânicos ácidos e suas soluções aquosas – Diluir com água, neutralizar com bases diluídas e, descartar na pia em água corrente. -Resíduos inorgânicos básicos e suas soluções aquosas – Diluir com água, neutralizar com ácidos diluídos e descartar na pia em água corrente. -Resíduos inorgânicos neutros e suas soluções aquosas – Diluir com água e descartar na pia em água corrente. Microbiologia é o ramo da biologia que estuda os microrganismos, incluindo eucariontes unicelulares e procariontes, como as bactérias, fungos e vírus. Atualmente, a maioria dos trabalhos em microbiologia é feita com métodos de bioquímica e genética. Também é relacionada com a patologia, já que muitos organismos são patogênicos. TIPOS DE MICROORGANISMOS: VÍRUS Vírus são os menores microorganismos que existem. São responsáveis por doenças comuns, como resfriado, gripe e dor de garganta. Causam também doenças terríveis, como poliomielite, Ebola e Aids. Resíduos inorgânicos insolúveis em água: -Com risco de contaminação ao meio ambiente – armazenar em frascos etiquetados e de conteúdo similar, para posterior recolhimento. -Sem risco de contaminação ao meio ambiente – coletar em saco plástico e descartar como lixo comum. -Resíduos orgânicos e suas soluções aquosas tóxicas – coletar em frascos etiquetados e de conteúdo similar para posterior recolhimento. -Resíduos orgânicos ácidos e suas soluções aquosas – diluir com água, neutralizar com ácidos diluídos e descartar na pia em água corrente. -Resíduos orgânicos básicos e suas soluções aquosas – diluir com água, neutralizar com ácidos diluídos e descartar na pia em água corrente. -Resíduos orgânicos neutros e suas soluções aquosas – diluir com água e descartar na pia em água corrente. BACTÉRIAS Bactérias são organismos unicelulares tão simples que são desprovidos de núcleo e em geral têm um só cromossomo. Trilhões de bactérias habitam o nosso corpo, a maioria no trato digestivo. Elas ajudam a digerir os alimentos e são a fonte principal da vitamina K, necessária para a coagulação do sangue. Apenas umas 300 das cerca de 4.600 espécies de bactérias catalogadas são consideradas patógenas (causadoras de doenças). Ainda assim, as bactérias são a fonte de uma longa lista de doenças em plantas, animais e humanos. Nos humanos essas doenças incluem tuberculose, cólera, difteria, antraz, cáries dentárias, certos tipos de pneumonia e várias doenças sexualmente transmissíveis. PROTOZOÁRIOS Protozoários, como as bactérias, são organismos unicelulares, mas podem ter mais de um núcleo. Incluem as amebas e os tripanossomas, bem como o parasita da malária. cerca de um terço das espécies vivas são parasitas — existem cerca de 10.000 espécies — embora poucos desses parasitas causem doenças em humanos. Resíduos orgânicos sólidos insolúveis em água: -Com risco de contaminação ao meio ambiente – armazenar em frascos etiquetados e de conteúdo similar para posterior recolhimento. Didatismo e Conhecimento 74 BIOLOGIA Contagem por Filtração em Membrana - Conjunto de filtração previamente esterilizado; - Bomba de vácuo; - Membranas de 47mm de diâmetro, porosidade de 0,45 micrometros, brancas e quadriculadas; - Água de diluição (tampão fosfato com cloreto de magnésio); - Placas Petri; - Provetas de 100mL estéreis; - Pinças para transferência das membranas, mergulhadas em etanol; - Estufa incubadora regulada a 35ºC. FUNGOS Fungos também podem causar doenças. Esses organismos têm um núcleo e formam emaranhados de filamentos. As infecções mais comuns são tinhas (micoses), como pé-de-atleta e candidíase (cândida). Infecções fúngicas graves em geral afligem apenas pessoas com defesas enfraquecidas pela desnutrição, câncer, drogas ou infecções viróticas que suprimem o sistema imunológico. MÉTODOS DE CONTAGEM DE MICRO-ORGANISMOS A contagem de heterotróficos, também conhecida como contagem padrão em placas, é um procedimento que objetiva estimar o número de bactérias heterotróficas na água, particularmente como uma ferramenta para acompanhar variações nas condições de processo, no caso das águas minerais, ou a eficiência das diversas etapas de tratamento, no caso de águas tratadas. Permite ainda verificar as condições higiênicas em diferentes pontos da rede de distribuição. O método de contagem em placas é uma técnica geral de enumeração de microrganismos, que pode ser utilizado tanto para a contagem de heterotróficos como também para a contagem de outros grupos, gêneros ou espécies, como Escherichia coli, Enterococcus, Pseudomonas, Coliformes Totais e Fecais e outros. Essa versatilidade é decorrente do princípio do método, que se baseia na premissa de que cada célula microbiana presente em uma amostra irá formar, quando fixada em um meio de cultura sólido adequado, uma colônia visível e isolada. O que determina o grupo a ser contado é a seleção dos meios de cultura (meios de enriquecimento, meios seletivos ou meios seletivos diferenciais) e condições de incubação (temperatura e atmosfera), selecionando o grupo, gênero ou espécie que se deseja contar. Como as células microbianas muitas vezes ocorrem em agrupamentos (pares, tétrades, cachos, cadeias, etc.), não é possível estabelecer uma relação direta entre o nº de colônias e o nº de células. A relação correta é feita entre o nº de colônias e o nº de “unidades formadoras de colônias” (UFC), que podem ser tanto células individuais como agrupamentos característicos de certos microrganismos. Há três procedimentos básicos para a contagem de microrganismos em placas: - Plaqueamento em Profundidade (pour plate): Permite a inoculação de até 2,0mL de amostra as suas diluições, indicado para a análise de amostras com contagens acima de 102/mL, porque a inoculação de diluições permite abranger uma faixa ampla de variação. Limite de Detecção: 1UFC/mL. Colocar em uma placa de Petri, com auxilio de uma pipeta previamente esterilizada, 1mL do inóculo e em seguida verter o meio de cultura liquefeito. Após misturar. NOÇÕES DE DESINFECÇÃO DE MATERIAIS E MEIOS Preconiza-se realizar a limpeza com água e sabão ou detergente de todas as superfícies fixas em todas as áreas de serviços de saúde, como forma de promover a remoção de sujeira e do mau odor característico, reduzindo a população microbiana nas áreas do estabelecimento. Os antissépticos descritos como microbicidas ou microbiostáticos recomendados para utilização na pele, mucosa e ferimentos, que são permitidos, abrangem as soluções alcoólicas (atuam por desnaturação de proetínas), iodadas e iodóforos (atenção a absorção transcutânea em recém-nascidos e necessita de 2 minutos de contato para a liberação do iodo livre), soluções contendo cloro-hexidina (atua por rutura da parede celular), e o permanganato de potássio utilizado em algumas áreas. Não são permitidas as formulações contendo mercúrio, acetona, quaternários de amônio e hipoclorito a 0,5%, éter e clorofórmio. A desinfecção é o processo de destruição de microorganismos em forma vegetativa mediante aplicação de agentes físicos ou químicos. Os processos físicos mais aplicados e descritos para a desinfecção incluem a imersão em água em ebulição por trinta minutos, associando-se processos como calor ou ação mecânica ou ainda adição de detergentes. Quando os artigos são sensíveis ao calor, recomenda-se a utilização de processos químicos. Os desinfetantes para lactários mais descritos e permitidos são o hipoclorito de sódio, de lítio e de cálcio. Entre os desinfetantes indicados para superfícies fixas de ambientes de serviços de saúde e que são permitidos encontram-se os álcoois, os fenólicos, o iodo e seus derivados, os liberadores de cloro ativo e os quaternários de amônio. A esterilização promove a destruição de todas as formas de vida microbiana, as formas vegetativas, as esporuladas, os fungos e os vírus mediante aplicação de agentes físicos e químicos. O agente esterilizador físico mais descrito e aconselhado é o vapor saturado sob pressão (autoclaves); o calor seco é recomendado para artigos sensíveis a umidade; a radiação ultravioleta não é recomendada atualmente para desinfecção de superfícies ou artigos; e a flambagem, embora seja permitido, em laboratório, deve-se ter o critério de escolha e o cuidado de não formar aerossois com partículas virulentas íntegras. Os agentes químicos permitidos com capacidade esterilizante são os aldeídos (glutaraldeído) e o óxido de etileno descrito com as normas técnicas na Portaria Interministerial de Saúde e Trabalho de número 4, divulgada em 31 de julho de 1991. - Plaqueamento em Superfície (spread plate): Limita o volume inoculado a 0,1mL da amostra ou suas diluições, mas permite uma melhor visualização das características das colônias na superfície, além de facilitar sua transferência para outros meios de cultura. Limite de Detecção: 10UFC/mL. Plaquear o meio de cultura e esperar solidificar. Com uma pipeta previamente esterilizada, inocular sobre o meio de cultura 0,1mL do inoculo e espalhar com o auxilio de uma alça de Drigalski. - Filtração em Membrana: Permite analisar maiores volumes, concentrando os microrganismos presentes no volume inoculado. Indicado para amostras com contagens abaixo de 1UFC/mL, fora do limite de detecção dos dois outros métodos. Didatismo e Conhecimento 75 BIOLOGIA Utiliza temperaturas inferiores a 100ºC, e faz-se em banhomaria, onde se mergulham os frascos de meio a esterilizar herméticamente fechados, durante cerca de 1h, repetindo-se o tratamento em 3 dias consecutivos. Objetivo: eliminação de formas esporuladas, as quais germinam quando submetidas a temperaturas de 100º C, resultando desta germinação as formas vegetativas não resistentes a essa temperatura. 12. NOÇÕES DE PREPARO E ESTERILIZAÇÃO DE MATERIAL. Em Microbiologia é importante a esterilização de meios, soluções e material de vidro ou metal que se utiliza. Uma das formas de esterilização obtém-se através do uso do Autoclave, para grandes quantidades de meios, ou de uma panela de pressão, para pequenas quantidades de meios. Um produto é microbiológicamente estéril quando não contem nenhuma forma de microrganismo vivo. A assepsia é extremamente importante na microbiologia. Entendese por assepsia todas as condições, gestos e atitudes tendentes a manterem o estado de ausência de microrganismos contaminantes no meio em que atua. Alguns instrumentos de dissecção como tesouras, pinças podem ser esterilizadas mergulhando em 70% de álcool (70 ml de etanol absoluto e 30 ml de água destilada). O material contaminado, por exemplo as ansas que tocaram em cultura de bactérias, devem ser descontaminados através da chama de um bico de Bunsen, aparelho igualmente necessário num laboratório de microbiologia. As bocas de tubos contendo cultura de bactérias, as bocas de frascos de vidro contendo os meios de cultura, devem sempre que destapados ser chamuscados á chama do Bunsen. Meios contaminados com as culturas de bactérias, devem ser descontaminados por autoclavagem, e em seguida despejados em sacos plásticos fortes. Placas de petri de plástico com culturas, bem como outro material de plástico utilizado, devem ser colocados em sacos de plástico e enviados para incineração. O material de vidro contaminado por sua vez após autoclavagem deve ser lavado com lexivia e detergente, passado por água destilada e seco na estufa de secagem. As pipetas de vidro utilizadas no laboratório deverão ser imersas numa proveta de plástico grande contendo lexivia ou outro liquido desinfetante, e posteriormente lavadas e autoclavadas. As bancadas devem ser esterilizadas passando um líquido desinfetante, e idealmente o laboratório deve ser isolado, ou então o trabalho deverá ser realizado dentro de uma câmara de fluxo laminar. 3. Pasteurização: Esterilização utilizando uma temperatura inferior a 100º C, geralmente 57 a 600 C em banho-maria. Objectivo: eliminação de microrganismos sensíveis ao calor, entre estes, estirpes patogénicas, sem adulteração das qualidades do produto a pasteurizar. Esterilização por calor seco Pode constar do processo de chamuscar o material á chama do Bunsen, ou por um período prolongado numa estufa a 160º C por períodos de no mínimo 45 minutos. Este tipo de esterilização é utilizado para material de vidro, para material de dissecção, mas não é muito efetivo contra aquelas bactérias e fungos que produzem esporos resistentes à secura. Irradiação e Filtração Outros métodos de esterilização incluem a irradiação e a filtração. A filtração é especialmente utilizada para esterilização de meios e soluções. Unidades de filtração (acetato) que podem ser posteriormente autoclavadas. Esterilização Química Com substâncias voláteis, álcool etílico a 70%, com sais metálicos ou compostos orgânicos de metais, como mertiolato e mercurocromo, com halógeneos, como o cloro sob a forma de hipoclorito de cálcio e o iodo, os ácidos e álcalis aumentam a concentração hidrogeniónica do meio e aceleram a taxa de mortalidade dos microorganismos. Os compostos de amónio quaternários são atóxicos e extremamente enérgicos sobre bactérias e virus. A glicerina em solução a 50%, tem utilização na perservação de alguns virus, que mantêm a sua virulência ou viabilidade nessa solução. Os antibióticos são produtos orgânicos não bactericidas, mas bacteriostáticos ou seja impedem a evolução de germes. São geralmente produtos do metabolismo de fungos e alguns são produzidos por bactérias. Alguns exemplos de antibióticos: Bacteriostáticos: Penicilina, Estreptomicina, Neomicina, Tetraciclina Fungostáticos: Micostatina, Fungisone, Compostos sulfonamídicos, sulfamidas, são também utilizados para bacteriostase em trabalhos de laboratório. Esterilização por calor húmido: 1. Autoclavagem Faz-se através do autoclave cujo funcionamento é idêntico ao da panela de pressão sendo a temperatura necessária para esterilizaçao de 121º C, e o tempo de esterilização de cerca de 15 minutos. Este tempo de esterilização deverá ser aumentado quando se enche bastante o autoclave com meios para esterilizar. Objetivo: morte de todos os possíveis organismos vivos. As soluções ao sair do autoclave estão estéreis. Utiliza-se este tipo de esterilização pelo calor húmido para meios de cultura e diversas soluções. Existem vários tipos de autoclaves verticais ou horizontais. Manuseamento de Microrganismos Essencial, uma ansa de fio reto e outra redonda na ponta, feita de metal de níquel e crómio, por exemplo. Também se utilizam ansas de material plástico de usar e deitar fora, cotonetes (swabs). Para cultura de microorganismos em meio sólido, utilizamse caixas de petri de plástico ou vidro, as primeiras são deitadas fora após o uso, e as segundas podem ser reutilizadas após descontaminação por autoclavagem. 2. Tindalização Este método consiste numa esterilização fraccionada em que o meio sofre 3 aquecimentos em 3 dias consecutivos, para destruição de formas vegetativas bacterianas que evoluem de esporos. Didatismo e Conhecimento 76 BIOLOGIA Os meios líquidos e os meios de conservação de microorganismos estão contidos em tubos de ensaio de vidro com tampas de algodão cardado ou rolha de cortiça embebida em parafina (demonstrar com algodão hidrófilo como se faz uma rolha e se coloca no tubo de ensaio). - Acrescentar à mistura nitrito de sódio 0,5M (recémpreparado) - Certificar-se de que o pH esteja abaixo de 3.0. - Incubar o material por 24 horas à temperatura ambiente. - Adicionar bicarbonato de sódio 1M em excesso (pelo menos o dobro do volume do material). - Este material já pode ser descartado. Cuidados com Descarte de Materiais Ácidos, Álcalis, Líquidos / Solventes Orgânicos Devem ser armazenados em tanques contenedores com sistema de tampa de rosca e de segurança. Armazenados primeiramente de forma separada e, se necessário, de acordo com a compatibilidade. Os galões devem ser transportados com segurança até o servidor que processa material resíduo líquido. Atualmente, segundo informações do pessoal da LimpurbBahia, no curso de extensão de pós-graduação em Biossegurança – PPGIm-ICS-UFBA, em agosto de 2000, os fornecedores das substâncias devem coletar os resíduos de sobra e de descarte da unidade a quem vendeu e comercializou o produto químico. Entretanto Cardoso (1998) informa surpreendentemente como condições específicas na sua obra no capítulo de resíduos de serviços de saúde que resíduos orgânicos ou inorgânicos devem ser desativados, com o intuito de transformar pequenas quantidades de produtos químicos reativos em produtos derivados inócuos, permitindo sua eliminação sem riscos. Incluindo sais orgânicos de metais tóxicos como o cádmio, chumbo, zinco, cobre, cromo, cobre e prata que com concentrações mínimas podem ser descartadas diretamente na pia nas concentrações 1mg/l, 10 mg/l, 5 mg/l, 5 mg/l, 10 mg/l e 1 mg/l. Ressaltamos, entretanto, que com o efeito cumulativo por serem substâncias que não são degradadas e se perpetuam na cadeia alimentar, gera riscos e, portanto, recomendamos a solicitação do auxílio de agências especiais, se possível, com tecnologia de tratamento de resíduo para efetuar tal encaminhamento final de forma adequada. Os resíduos gerados com produtos ácidos inorgânicos devem ser neuralizados e diluídos antes de serem eliminados na pia. Baseado no método descrito por Quillardet e Hofnung (1987) - redução em 3000 vezes a atividade mutagênica confirmada em ensaio de microssomo com Salmonella, entretanto Lunn e Sansone (1987) relatam a atividade mutagênica em algumas partidas ocasionais tratadas com as soluções descontaminantes: - Adicionar água para reduzir a concentração de brometo a < 0,5 mg/ml. - Adicionar 1 volume de KMnO4 0,5 M agitar cuidadosamente e incubar a temperatura ambiente por muitas horas. - Acrescentar à mistura 1 volume de NaOH 2,5 N. - Agitar cuidadosamente. - Este material já pode ser descartado. Descontaminação de soluções diluídas (tampão do gel contendo 0,5 µg/ml) Baseado no método descrito por Lunn e Sansone (1987): - Adicionar 2,9 g de resina amberlite XAD-16 (absorvente polimérico não-iônico) para cada 100 ml de solução, água para reduzir a concentração de brometo a < 0,5 mg/ml. - Incubar a solução por 12 horas a temperatura ambiente, em agitação contínua. - Filtrar a solução em papel de filtro Whatman nº 1 e descartar o filtrado. - Selar o filtro e a resina amberlite em uma bolsa plástica e descartar no lixo de risco. Baseado no método descrito por Bensaude (1988): - Adicionar 100 mg de carvão ativado em pó para cada 100 ml de solução. - Incubar a solução por uma hora a temperatura ambiente, em agitação contínua. - Filtrar a solução em papel de filtro Whatman nº 1 e descartar o filtrado. - Selar o filtro e o carvão ativado em uma bolsa plástica e descartar no lixo para material de risco. Acrilamida Deve ser polimerizada antes de ser descartada como lixo comum de laboratório. Brometo de Etídio O Manual de Laboratório editado por Maniatis e colaboradores (1989) recomenda vários métodos de diversos autores para a inativação e descontaminação do brometo de etídio, composto químico de moderada toxicidade e poderosas características mutagênicas e carcinogênicas, utilizado amplamente em experimentos com biologia molecular. ROTINAS DE ESTERILIZAÇÃO 1.Vidraria a ser autoclavada de rotina: A vidraria deve ser autoclavada a 120º C por 20 minutos e postas para secar em estufa. A vidraria com tampa de poliestireno não deve ser submetida a temperatura acima de 50º C no forno. Os demais materiais a serem esterilizados devem ser solicitados, diretamente, ao pessoal da esterilização, pelos próprios usuários. Descontaminação para soluções contendo >0,5 mg/ml Baseado no método descrito por Lunn e Sansone (1987) - redução em 200 vezes a atividade mutagênica confirmada em ensaio de microssomo com Salmonella: - Adicionar água para reduzir a concentração de brometo a < 0,5 mg/ml. - Adicionar 0,2 volumes de ácido hipofosforoso* 5% (recémpreparado) Didatismo e Conhecimento 2. Tubos de ensaio, frascos e pipetas: a) Contaminados ou sujos com material proteico: Após o uso imergí-los em solução de hipoclorito de sódio a 1% em vasilhames apropriados (pipetas Pasteur e demais separadamente) por, no mínimo, 12 horas. 77 BIOLOGIA b) Vidraria suja com material aderente (Nujol, Percoll, Adjuvantes oleosos, etc.): Lavar em água de torneira e colocá-los em solução de Extran a 2% próximos a pia das salas dos laboratórios por um período mínimo de 04 horas (Pipetas Pasteur e demais separadamente). Observação: A vidraria maior que não couber dentro dos vasilhames deve ser tratada colocando-se a solução desinfetante ou detergente dentro da mesma. Após o uso imergir no vasilhame de paredes duras contendo formol a 10%, para isso destinado, pelo menos 24 horas. Observação: DESPREZÁ-LAS SEM USAR O PROTETOR a fim de se evitar o risco de acidentes (punção acidental do dedo). b) Sujas com material aderente: Desprezá-las com o respectivo protetor bem preso. Após a descontaminação deverá ser incinerado 2) Material Cirúrgico a) Contaminado: Imergir em solução de glutaraldeido a 2% por 02 horas para desinfectar. Após lavar em água corrente e destilada, secar com gase e guardar. Se desejar esterilizar o material, submeter a glutaraldeido a 2% durante 10 horas, lavar e secar com água e gaze estéreis dentro do fluxo laminar. Alternativamente. c) Vidrarias utilizadas com água ou soluções tampões sem proteínas: Os frascos deverão ser lavados pelo próprio usuário, em água corrente e, em seguida, três vezes em água destilada, colocados para secar deixando-os emborcados sobre papel toalha no laboratório, próximo a pia. Após secarem, deverão ser tampados com papel alumínio e guardados nos armários. Tubos e pipetas deverão ser processados como se estivessem contaminados. 3) Tampões de Gaze a) Molhados com cultura Colocar no vasilhame com hipoclorito de sódio a 1% para ser desprezado após desinfecção. b) Secos Deixar em vasilhame reservado por, no mínimo, 48 horas e em seguida reutilizá-los. d) Pipetas sujas com gel: Colocar em vasilhames separados e ferver antes de juntar as demais pipetas. 3. Lâminas e Lamínulas Colocar nos vasilhames apropriados e rotulados para as mesmas com solução de hipoclorito a 1%. Após o trabalho, colocar as lâminas e lamínulas em vasilhames separados. Lavar as lamínulas no laboratório e colocar em vasilhames contendo álcool, na mesa de apoio do fluxo. 4) Filtros Millipore Pequenos Devem ser desmontados pelo operador, colocados dentro de um frasco com hipoclorito e entregues à esterilização (até às 16 horas). 4. Câmara e Lamínula de Neubauer e Homogeneizadores de Vidro: Após uso, colocar em vasilhame imergindo em hipoclorito a 1%. Após 1 hora, lavar em água corrente, secar e guardar. 5) Culturas de parasitos não utilizados Colocar um volume duas vezes maior de hipoclorito dentro dos frascos e em seguida desprezar dentro do vasilhame para vidrarias ou plásticos. MATERIAL PLÁSTICO 1) Frasco, tubos de ensaio, seringas, ponteiras e tampas a) Contaminados: Imergir em hipoclorito de sódio a 1% no mesmo vasilhame utilizado para as vidrarias, com exceção das ponteiras, que deverão ser colocadas em recipientes menores, separados. Observação: Encher as ponteiras com a solução de hipoclorito ao desprezá-las. b) Não contaminados, porém sujos com material aderente (adjuvante oleoso, Nujol, Percoll,etc): Lavar em água corrente e imergir em Extran a 2% por tempo mínimo de 04 horas em vasilhame apropriado. 6) Imãs para agitadores magnéticos Após uso, lavar com água corrente e destilada, secar e guardar. 7) Placas de gel de poliacrilamida Após o uso, lavar em água corrente, água destilada e álcool, secar e guardar. EQUIPAMENTOS, BANCADAS E PIAS 1) Cada usuário deverá limpar e arrumar as bancadas e equipamentos após o uso. 2) No final do expediente as bancadas deverão ser limpas com hipoclorito a 0,5% e, na sexta-feira, à tarde, no caso, na sala de cultura, fazer a mesma limpeza com fenol semisintético (Germipol – 50 mL/L), utilizando máscara. 3) As pias deverão ser limpas no início do expediente, quando forem removidos os materiais a serem lavados. 4) Verificar se os refrigeradores e freezeres precisam ser descongelados e limpos, semanalmente, e executar a limpeza, se necessário. ALGUMAS NORMAS DA SALA DE ESTERILIZAÇÃO A) - LAVAGEM: 1) Retirar, os vasilhames com materiais a serem lavados, da sala, no início do expediente. 2) Pipetas Descartáveis a) Contaminadas: Colocar no vasilhame para pipeta de vidro. b) Sujas com material aderente: Lavar em água corrente e colocar no vasilhame para pipeta de vidro.3) Tampas pretas de poliestireno: Imergir em formol a 10% ou glutaraldeído a 2% por um mínimo de 24 horas ou 02 horas respectivamente. OUTROS MATERIAIS: 1) Agulhas descartáveis a) Contaminadas: Didatismo e Conhecimento 78 BIOLOGIA 2) Lavar o material que estava com hipoclorito de sódio, fenol ou glutaraldeído em água corrente. 3) Mergulhar o material em Extran em vasilhames específicos para cada tipo de material, pelo período mínimo de 04 horas. 4) Retirar o Extran do material após escová-los (quando necessário), rinsando-os, repetidas vezes, com água de torneira seguido por água destilada. 5) Fazer a rinsagem das pipetas graduadas dentro do lavador de pipetas. 6) Secar o material em estufa. Colocar papel alumínio para cobrir a vidraria não autoclavável e devolver ao laboratório. 2 – DEFINIÇÕES Para efeitos desta Norma Técnica, considera-se: 2.1 – Área contaminada: Local destinado a receber os artigos contaminados ou sujos e executar os procedimentos de descontaminação prévia (desinfecção prévia), lavagem e secagem do material. 2.2 – Área limpa: Local onde são executados os procedimentos de desinfecção, preparo, acondicionamento, esterilização e distribuição do material. 2.3 – Artigos críticos: São todos os itens médico-cirúrgicos e odontológicos, bem como seus acessórios, utilizados em intervenções invasivas, que vão penetrar nos tecidos subepiteliais, no sistema vascular e em outros órgãos isentos de flora microbiana própria. 2.4 – Artigos semicríticos são todos os itens médico-cirúrgicos e odontológicos, bem como seus acessórios que entram em contato com a mesma íntegra. 2.5 – Artigos não críticos são todos os itens médico-cirúrgicos e odontológicos que entram em contato com a pele íntegra e os que não entram em contato com o paciente. 2.6 – Autoclave a vapor saturado sob pressão: Vasos de pressão equipados com acessórios, que possuem duas câmaras concêntricas, cilíndricas ou retangulares, separadas por um espaço (camisa), no qual é introduzido vapor. São utilizadas para esterilização de materiais. 2.7 - Autoclave a óxido de etileno: Equipamento destinado à esterilização de materiais médico-cirúrgicos e odontológicos sensíveis ao calor, utilizando o gás de óxido de etileno; 2.8 – Carcinogenicidade é a propriedade que tem uma substância de provocar alterações responsáveis pela indução do câncer. 2.9 – Centro de Material: Local destinado a recepção, descontaminação prévia, limpeza e desinfecção, preparo, esterilização, armazenamento e distribuição de materiais. 2.10 – Classificação de artigos médico-cirúrgicos e odontológicos agrupamento do material quanto ao risco potencial de transmissão de infecção para o usuário. 2.11 – Descontaminação prévia é o procedimento utilizado em artigos contaminados por matéria orgânica (sangue, pus, secreções corpóreas) para destruição de microorganismos patogênicos na forma vegetativa (não esporulada) antes de iniciar o processo de limpeza que tem por objetivo proteger as pessoas que irão proceder à limpeza desses artigos; 2.12 – Desinfecção é o processo de destruição dos microorganismos ou não, na forma vegetativa (não esporulada) de artigos semicriticos; 2.13 – Desinfetantes: São produtos químicos que têm na sua composição substâncias microbicidas, apresentando efeito letal para microorganismos não esporulados; 2.14 – Equipamento de proteção individual: Todo o dispositivo de uso individual destinado a proteger a integridade do trabalhador tais como luvas, mascaras, avental plástico e óculos de proteção; 2.15 – Esterilização é o procedimento utilizado para a destruição de todas as formas de vida microbiana, isto é, bactérias, fungos, vírus e esporos dos artigos médico-cirúrgicos e odontológicos; 2.16 – Esterilizantes: Produtos quimícos que têm na sua composição substâncias microbícidas , apresentando efeito letal para os microorganismos esporulados; B) ESTERILIZAÇÃO: 1) PIPETAS Colocar chumaço de algodão, empacotar em papel pardo ou porta-pipetas e esterilizar em forno (170º C – 180º C) por 01 hora. SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE COORDENAÇÃO DOS INSTITUTOS DE PESQUISA CENTRO DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA SUS SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE Resolução SS-374, d e 15-12-95 Altera a Norma Técnica sobre a organização do Centro de Material e Noções de Esterilização O Secretário da Saúde, - considerando as orientações contidas no manual “Processamento de artigos e superfícies em estabelecimentos de saúde” e ao manual “Hepatites, AIDS e herpes na prática odontológica”, publicados pelo Ministério da Saúde em 1994, e - considerando a necessidade de padronização da relação tempo/temperatura para esterilização de artigos em estufa, resolve Artigo 1º - A Norma Técnica sobre a organização do Centro de Material e Noções de Esterilização, aprovada pela Resolução SS-392, DE 29/6/94, fica alterada na conformidade do Anexo que faz parte integrante desta resolução. Artigo 2º - Esta resolução entrará em vigor na data de sua publicação ANEXO Norma Técnica sobre Organização do Centro de Material e Noções de Esterilização 1. OBJETIVO A presente Norma Técnica (NT) tem por objetivo 1.1 padronizar procedimentos técnicos pela esterilização de material médico-cirúrgico e odontológico. 1.2 estabelecer um padrão mínimo de estrutura organizacional com relação e recursos físicos, materiais humanos. Foram obedecidas normas próprias e específicas consoantes da legislação federal. 1.3 subsidiar os dirigentes dos Serviços de Saúde e os profissionais que atuam no Centro de Material – (M desenvolvendo atividades de preparo, desinfecção, esterilização e armazenamento do material médico cirúrgico e odontológico: 1.4 promover alterações na área física, na aquisição de equipamentos, no treinamento dos recursos humanos e nos procedimentos técnicos, a fim de garantir um produto final seguro para a utilização dos usuários das Unidades de Saúde. Didatismo e Conhecimento 79 BIOLOGIA 2.17 – Estufa ou Forno de Pasteur: Câmaras ou caixas elétricas equipadas com acessórios utilizadas na esterilização de materiais, através de temperatura elevada e atmosfera seca; 2.18 – Indicadores biológicos são suspensões de microorganismos de padrões e concentrações conhecidas, apresentados em fitas ou ampolas, utilizados na monitorização dos processos de esterilização; 2.19 – Invólucro: Embalagem é qualquer acondicionamento que tem a finalidade de permitir a entrada do agente esterilizador e proteger o produto contra a entrada de microorganismos, poeira e umidade enquanto o artigo estiver armazenado; 2.20 – Limpeza consiste na lavagem, enxágue e secagem do material. Tem por objetivo remover totalmente os detritos e sujidade dos artigos; 2.21 – Mutagenicidade é a propriedade de variação brusca de um ou mais caracteres de uma determinada espécie, que pode se tornar hereditária e caracterizar uma espécie diferente daquela que originou o indivíduo; 2.22 – Óxido de etileno é um gás incolor de alto poder virucida, bactericida e fungicida cuja formula é (211140) É miscível em água, acetona, eter, benzeno e na maioria dos solventes orgânicos. É altamente explosivo e facilmente inflamável; 2.23 – Papel grau cirúrgico é o papel que apresenta características físicas, químicas e biológicas que permitem a esterilização e manutenção de esterilidade do produto. É próprio para embalagem de artigos médico-cirúrgicos e odontológicos a serem submetidos pelo processo de esterilização; 2.24 – Toxicidade é a propriedade que tem a substância ou produto de ser tóxico ou venenoso. À área contaminada dever conter um mínimo de pia com cuba funda e água corrente, bancada, escovas, sabão ou detergente e desinfetantes, até lavagem por ultra-som de baixa frequência e outros equipamentos que permitam a manutenção de um padrão técnico permanente, diminuição de mão-de-obra e segurança no trabalho. À área limpa deve ser equipada com bancadas para o preparo do material armários e/ou cestos para o armazenamento e equipamento de esterilização, tais como autoclave convencional horizontal, alto vácuo e estufa. Pode contar também com seladoras automáticas para invólucros e autoclave de óxido de etileno. 3.4 Organização Os artigos encaminhados para processamento no CMH devem obedecer uma sequência lógica, representada pelo seguinte fluxograma: ÁREA CONTAMINADA(Procedimentos prévios) RECEBIMENTO DO MATERIAL CONTAMINADO DESCONTAMINAÇÃO PRÉVIA (química física) LIMPEZA DO MATERIAL (lavagem e secagem) ÁREA LIMPA (Procedimentos Finais) PREPARO DESINFECÇÃO OU ESTERILIZAÇÃO (física ou química) (física, química ou físico-química) ARMAZENAMENTO 4.1 Na área contaminada Os procedimentos na área contaminada devem ser desenvolvidos por pessoal treinado, fazendo uso do EPI e compreendem: 3 – REQUISITOS BÁSICOS PARA O FUNCIONAMENTO DO CENTRO DE MATERIAL 3.1 –Estrutura física O Centro de Material deve estar localizado distante da circulação do público, ser de uso restrito aos funcionários que atuam na área e próximo às unidades que segue. As paredes e o piso devem ser de material resistente, lavável de fácil limpeza, liso, sem frestas ou saliências que propiciem o acúmulo de sujidade. As janelas devem ser amplas, altas e teladas. Recomendase também um sistema de exaustão, ventilação e iluminação. A disposição dos equipamentos, pias e das bancadas de trabalho, deve permitir um fluxo contínuo sem retrocesso e sem cruzamento do material limpo com o contaminado. Recomenda-se que haja uma barreira física separando a área contaminada da área limpa. As dimensões devem ser proporcionais ao tamanho e complexidade da Unidade de Saúde Independentemente das dimensões, deve estar setorizado, em área contaminada e área limpa. 4.1.1 Descontaminação prévia Os artigos contaminados com matéria orgânica (sangue, pus, secreções corpóreas) devem passar pela descontaminação prévia, através de processo físico, mecânico ou químico, que deverá ser escolhido em função das características do artigo. O processo mecânico compreende o uso de equipamentos termo-desinfector. O processo químico compreende a imersão total do artigo por 30 minutos em produtos químicos dos grupos do aldeídos (glutaraldeído ou formaldeído) ou dos halogênios (hipoclorito de sódio a 0,5% e estabilizado com cloreto de sódio) em recipientes de vidro ou plásticos rígido com tampa, sendo recomendado recipiente duplo um perfurado e outro sem furo. A troca da solução desinfetante deve obedecer as recomendações do fabricante. 4.1.2 Limpeza O material deve ser escrupulosamente lavado com solução detergente ou desincrustante, manualmente em cuba de pia funda e com a ajuda de escovas, estiletes, arames e outros, ou mecanicamente através de equipamentos, tais como lavadoras de ultra-som de baixa frequência, etc. Devem ser utilizados em água corrente e enxugados por gravidade ou com tecido. Após os procedimentos de limpeza os itens não críticos estarão prontos para o armazenamento ou distribuição, os semicríticos deverão se submetidos à desinfecção e os críticos à esterilização. 3.2 Recursos Humanos O Centro de Material deve ser operado por pessoal capacitado para realizar as tarefas específicas, sob a supervisão de enfermeiro habilitado. A quantidade de recursos humanos, depende dos recursos materiais existentes, de estrutura física, da utilização de técnicas padronizadas e da racionalização do trabalho. 3.3 Recursos Materiais O Centro de Material deve contar com equipamentos compatíveis com o seu tamanho, complexidade e as necessidades da Unidade de Saúde. Quanto mais automatizado, o trabalho terá maior rendimento. Didatismo e Conhecimento 4.2 Na área limpa Para serem processados na área limpa, os artigos devem estar limpos e secos. 80 BIOLOGIA 4.2.1 Desinfecção Pode ser obtida por processo físico ou químico, que deve ser escolhido em função das características do artigo. O processo físico compreende a exposição ao calor úmido através da água em ebulição por 30 minutos ou com a utilização de equipamento termo-desinfector. O processo químico compreende a utilização de produtos químicos dos grupos aldeídos (glutaraldeídos ou formaldeídos) ou dos halogênicos (hipoclorito de sódio a 0,5% estabilizado com cloreto de sódio), em recipiente de vidro ou plástico regido com tampa, sendo recomendado recipiente duplo ou perfurado e outro sem furo. A troca da solução desinfetante deverá obedecer as recomendações do fabricante. O álcool etílico a 70% sob fricção deve ser utilizado como auxiliar na desinfecção de instrumentos clínicos, tais como olivas e diafragma de esteroscópio, otoscópio e termômetro. 4.2.2 Esterilização Pode ser obtida por processo físico-químico ou químico. Os processos físico e físico-químico são os mais indicados, pois garantem a destruição total de todas as formas de vida microbiana. O processo químico deve ser utilizado somente quando não houver outro recurso, uma vez que, devido a inúmeras variáveis, não dá garantia total de esterilidade do material. 4.2.2.1 Processo Físico a) Vapor Saturado Sob Pressão É o processo que oferece maior segurança e economia. Pode ser realizado em autoclave convencional horizontal ou autoclave a alto vácuo. A autoclave vertical é própria para laboratórios, não devendo ser utilizado para a esterilização de artigos médicos-cirúrgicos e odontológicos, pois os pacientes ficam superpostos, dificultando a drenagem do ar, retardando a penetração do vapor e não dando a secagem dos artigos, o que não garante a sua esterilização. Para o funcionamento correto da autoclave deve-se seguir o manual de instruções do fabricante e observar os valores recomendados durante todo o ciclo de esterilização. A panela de pressão do tipo doméstico também funciona de acordo com os princípios da Autoclave convencional à 120ºC, podendo ser utilizado de acordo com a, técnica própria estabelecidos para a esterilização dos artigos médico cirúrgicos e odontológicos em unidades de menor porte. Para facilitar a penetração e circulação do vapor e eliminação do ar no autoclave convencional horizontal, deve-se utilizar no máximo 80% da sua capacidade e no alto vácuo 10%. Dispor os pacotes maiores na parte inferior e os pequenos na parte superior do aparelho, mantendo um espaço de cerca de 3 cm entre eles, evitando que encostem nas paredes do autoclave artigos como jarros e bacias, devendo ser colocados em posição que facilite a remoção do ar e escoamento do vapor. O período de exposição varia de acordo com o artigo, o tipo de equipamento utilizado e na temperatura em que esta regulado o aparelho. O Quadro I, a seguir, registra a temperatura e invólucro adequados para a esterilização de material em autoclave. Os pacotes devem ser retirados da autoclave frios e secos para evitar que o vapor se condense na temperatura ambiente, criando uma pressão negativa, que aspira o ar (contaminado) do ambiente, através do invólucro. O autoclave deve ser limpo diariamente com pano úmido e sabão neutro. A limpeza dos filtros e do purgador deve ser feito pelo técnico especializado. ANOTAÇÕES ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— Didatismo e Conhecimento 81 BIOLOGIA QUADRO I Esterilização do Material pelo processo de vapor saturado sob pressão (Autoclave), De acordo com a temperatura de exposição. 130ºC A l t o V a l o r e s Observações 132ºC Temperatura 120º Material Tempo de Exposição Roupas 30º 15º 4º Embrulhadas em campo de tecido de algodão cru duplo Escova de fibra sintéticas 30º 15º 4º Embrulhadas individualmente em papel Kraft ou campo de tecido de algodão cru duplo Material de aço inox ou outro tipo de 30º metal 15º 4º Embrulhado em papel Kraft ou campo de tecido de algodão cru duplo Instrumentos metálicos colocados em 30º bandeja ou caixa metálica perfurada 15º 4º Embrulhados em papel Kraft ou campo de tecido de algodão cru duplo. Agulhas ocas (limpas e secas) 30º 15º 4º Montadas em tubos de vidro com tampa de algodão hidrófilo Agulhas de sutura 30º 15º 4º Montadas em par e embrulhadas em papel ou campo de tecido de algodão cru duplo Seringas de vidro 30º 15º 4º Desmontadas e embrulhadas individualmente em papel kraft ou campo de tecido de algodão cru duplo 30º 15º 4º Embrulhadas individualmente ou acondicionadas em bandeja ou caixa metálica perfurada e envolta em papel Kraft ou campo de tecido de algodão cru duplo Frascos, balões de vidro, tubos de 30º ensaio 15º 4º Tampados com bucha de algodão hidrófilo e embrulhados em papel Kraft ou campo de tecido de algodão cru duplo Líquidos ou frascos 756 a 210ml 500 30º a 2000 ml 15º Laminas de corte, tesouras e serras Verificar se o liquido pode ser retirado pelo vapor não dar tempo o tempo de secagem OBS: A gaze furacinada não deve ser esterilizada, pois o princípio ativo antimicrobiano da nitrofurazona é sensível à luz e o calor inativo. b) Calor Seco O calor gerado em estufa elétrica (Forno de Pasteur) é de uso limitado pois sua penetração e distribuição dentro da câmara não se faz de maneira uniforme, além do que o processo requer um tempo de exposição mais prolongado e altas temperaturas, o que é inadequado para certos materiais, tais como tecido e borrachas. A estufa deve possuir um termômetro que indica a temperatura atingida no interior e um termostato responsável pela manutenção da temperatura desejada. Deve-se colocar as caixas maiores nas prateleiras superiores e as menores nas inferiores para facilitar a condução do calor sem encostá-las na parede da estufa, nem encostar o bulbo do termômetro nas caixas. Não colocar grande quantidade de material dentro das caixas, nem sobrecarregar o aparelho. Deve-se seguir o manual de instruções do fabricante o Quando II a seguir registra o tempo, temperatura e invólucro adequados para a esterilização de materiais em estufa. Didatismo e Conhecimento 82 BIOLOGIA Esterilização do material pelo processo de calor seco (estufa) de acordo com a temperatura de exposição. Os artigos devem estar rigorosamente limpos, secos e desconectados para permitir a ação do produto químico e totalmente imersos na solução em recipiente de vidro ou plástico com tampa (recomenda-se recipiente duplo perfurado e outro sem furo). Não colocar metais diferentes devido a corrosão eletrolítica. O tempo da exposição para o glutaraldeído é de 10 horas e para o formaldeído é de 18 horas. Deve-se utilizar o EPI para o manuseio do material. Após a esterilização os artigos devem ser enxaguados abundantemente com água destilada ou soro fisiológico estéreis com técnica asséptica, utilizando-se luvas esterilizadas, máscaras e outros, devendo ser utilizados imediatamente. A troca do produto químico deverá obedecer às recomendações do fabricante. O formaldeído pode também ser utilizado sob a forma de um polímero sólido, denominado paraformaldeído, na esterilização de artigos termossensíveis. Tem duas formas de apresentação, pastilhas ou tabletes, na concentração de 3% (3g/100cm) a 90º, com umidade relativa de 75% a 80%, durante 4 horas. Após a esterilização, os artigos devem ser enxaguados em água destilada ou soro fisiológico estéreis , utilizando a técnica asséptica. Se o material não puder ser molhado, remover o resíduo com uma compressa esterilizado em água destilada ou soro fisiológico estéreis. QUADRO II MATERIAL TEMPERATURA 160º OBSERVAÇÃO 170º Instrumental Metálico Agulhas de sutura Lâminas de corte, serras e tesouras Seringas de vidro 120 m 60 m Acondicionados em caixa metálica fechada ou embrulhados em papel laminado Agulhas ocas (limpas e secas) 120 m 60 m Tubos de vidro com bucha de algodão hidrófobo 60 m Tampados com bucha de algodão hidrófobo e colocados em caixa metálica fechada 60 m Colocados em frascos de vidro ou caixa metálica fechada 150 m Acondicionadas em caixa metálica fechada Frascos, balões de vidro, tubos de ensaio Vaselina líquida e óleos em geral (em camadas de 0,5cm de altura) Gaze vaselinada (grupo de 10 gazes) 120 m 120 m 4.3 – Material Técnico-Educativo A equipe de saúde terá como material de apoio o Manual de Organização do Centro de Materiais e Noções de Esterilização, que fornecerá o conteúdo técnico para desenvolvimento das atividades em Centro de Vigilância Sanitária de Material e respectivos treinamentos. 5. NORMAS PARA AQUISIÇÃO E USO DOS PRODUTOS QUÍMICOS Para aquisição e uso dos produtos químicos devem ser observados. a) Adquirir somente produtos registrados no Ministério da Saúde, verificando-se em seu rótulo o número do registro emitido pela Secretaria Nacional de Vigilância – DIPROD ( Divisão de Serviços de Saúde Produtos). b) A água sanitária de uso doméstico não deve ser utilizada na desinfecção de artigos médico-cirúrgicos e odontológicos, pois sua concentração não atende as diversas exigências de formulação para desinfetantes hospitalares determinados pelo DIPROD. c) Produtos químicos, tais como sabões e desinfetantes, não devem ser misturados aleatoriamente entre si, pois, dependendo do tipo de carga elétrica existente na parte ativa de suas moléculas podem ser incompatíveis, o que comprometerá a ação antimicrobiana do produto. d) O armazenamento do produto químico, deve ser em local arejado, fresco, ao abrigo da luz solar e em embalagens apropriadas e) Produtos como hipoclorito de sódio e álcool que são adquiridos em concentrações diferentes da necessária aos procedimentos do CM, devem ser tituladas por farmacêutico ou químico com materiais e reagentes acessórios para a titulação da solução mãe. Onde não houver esses profissionais a titulação deve ser feita por pessoa treinada. f) Os produtos diluídos por pessoa habilitada e de acordo com as indicações do fabricante, devem estar na concentração adequada. Se o produto for utilizado em concentração maior que o indicado poderá causar danos ao material e se menor, não produzirá a ação desejada. 4.2.2.2 – Processo Físico-Químico É obtido através da ação combinada de um agente químico, o óxido de etileno (E.T.O) e o calor na forma de vapor saturado sob pressão, gerado em autoclave. Seu uso é restrito a unidades hospitalares de grande porte devido ao custo das instalações e complexidade na operacionalização. É necessário observar com rigor as disposições contidas na Portaria Interministerial 4, de 31/07/91, as instruções do fabricante e supervisão das técnicas de manejo dos equipamentos de segurança física e ambiental, além do uso da EPI, tais como luvas de PVC, óculos de proteção, máscara com filtro químico próprio para vapores orgânicos, botas e roupas de PVC. A exposição continuada ao ETO pode provocar irritação cutânea, anemia e vômitos, além de ser carcinogênico e mutagênico. 4.2.2.3 – Processo Químico Compreende a utilização de produtos do grupo dos aldeídos, glutaraldeídos e formaldeídos. Não é um processo de primeira escolha devido a sua toxicidade, ao tempo prolongado de exposição e a necessidade de utilização imediata do artigo, uma vez que não pode ser armazenado. Pode ser utilizado em artigos termossensíveis, tais como laparoscópio, artroscópio, ventriloscópio, artigos de nylon. teflon, e outros e na impossibilidade da utilização do calor úmido na esterilização de instrumentos metálicos, catéteres e drenos, tubos de borracha, luvas e outros. Didatismo e Conhecimento 83 BIOLOGIA QUESTÕES g) O prazo de validade da solução mãe, bem como da solução diluída, de acordo com as recomendações do fabricante h) Que a presença de matéria orgânica no hipoclorito de sódio consome o cloro disponível podendo anular a atividade antimicrobina da solução, qual deverá ser desprezada. 1. A membrana plasmática, apesar de invisível ao microscópio óptico, está presente: a) em todas as células, seja ela procariótica ou eucariótica. b) apenas nas células animais. c) apenas nas células vegetais. d) apenas nas células dos eucariontes. e) apenas nas células dos procariontes. 6. CONTROLE DA EFICÁCIA DA ESTERILIZAÇÃO Deve ser realizada através de indicadores químicos e biológicos. Os indicadores químicos apenas comprovam a exposição do artigo ao calor, sem garantir que o mesmo esteja esterilizado, podendo ser utilizados fitas adesivas, indicadores e selos adesivos. Os indicadores biológicos são recomendados para se verificar a eficácia da esterilização. No procedimento por calor úmido deve-se utilizar fitas de papel impregnadas com esporos visíveis de Bacillos Scherothermophilus AICC (American Type Culture Collection) 7958 ou 12980, na quantidade de 5 x 10º a 5 x 10º esporos por fita ou em ampola com 2 ml de suspensão. Na esterilização por calor seco ou óxido de etileno é recomendado a utilização de fitas impregnadas com esporos visíveis de Bacillos Subtilis Van Niger (globigu), ATTC 9372, na quantidade de 5 x 10º esporos por fita. 2. Os seres vivos, exceto os vírus, apresentam estrutura celular. Entretanto, não há nada que corresponda a uma célula típica, pois, tanto os organismos unicelulares como as células dos vários tecidos dos pluricelulares são muito diferentes entre si. Apesar dessa enorme variedade, todas as células vivas apresentam o seguinte componente: a) retículo endoplasmático. b) membrana plasmática. c) aparelho de Golgi. d) mitocôndria. e) cloroplasto. 6.1 Técnica para Utilização dos Indicadores Biológicos Para utilização dos indicadores biológicos devem ser obedecidos a) Dispor os pacotes identificados contendo as fitas impregnada ou ampolas em diferentes posições do equipamento. b) Após a esterilização, incubar as fitas impregnadas com B. Shicarothermophilus em estufa ou banho maria 55ºC e as impregnadas com 1 Subtilis Van Niger (globigu) de 35ºC a 37ºC. Fazer a leitura diariamente durante 7 dias. As ampolas devem ser incubadas a 55ºC durante 24 a 48 horas. Após esse período se não houver crescimento a esterilização foi eficaz. c) Esta avaliação deverá ser realizada no mínimo semanalmente ao primeiro ciclo de esterilização, sendo ideal que seja realizada diariamente. 3. Dentre as funções do fígado humano está a (A) detoxificação de substâncias. (B) destruição de glóbulos brancos. (C) síntese de amido. (D) síntese de adrenalina. (E) estocagem de bile. 4. Cloroplastos e mitocôndrias têm em comum (A) vias metabólicas idênticas. (B) a forma e o tamanho. (C) a sua presença em todas as células vivas. (D) a provável origem endossimbiótica. (E) o tamanho de seus genomas. 7. ACONDIONAMENTO DO ARTIGO O algodão cru é recomendado na textura de aproximadamente 4 fios e em campos duplos. Quando novos devem ser lavados antes do uso para eliminar amido e evitar o superaquecimento que resultará em desidratação das fibras. Na realização dos tecidos os mesmos devem ser lavados para a retirada de poeira e recomposição das fibras. O papel Kraft deve possuir superfície regular sem zonas de maior ou menor acumulo de fibras que possam causar furos. A gramatura deve ser de 60g/m e não deve conter grande quantidade de corante ou de amido. As lâminas de alumínio devem ter espessura de 0,025 a 0,050 m 5. São várias as opções de agentes químicos que podem ser utilizados para a desinfecção e/ou esterilização de artigos hospitalares, entre eles, o álcool. O álcool NÃO possui a seguinte propriedade: a) Ação mais eficaz na concentração entre 60 a 90% por volume. b) Ação contra esporos bacterianos. c) Eliminação do bacilo da tuberculose. d) Desaconselhável para artigos que necessitam uma exposição prolongada. e) Utilização como desinfetante de alto nível para materiais não críticos. 8. ARMAZENAMENTO DO MATERIAL ESTERILIZADOR O local de armazenamento do material deve estar limpo, seco e de acesso restrito ao pessoal envolvido nesta atividade. Os pacotes devem permanecer íntegros, pouco manuseados e armazenados em cestos e armários, de fácil limpeza e uso exclusivo. Gabarito: 9. VALIDADE DA ESTERILIZAÇÃO A esterilização do material está diretamente ligado ao seu acondicionamento e estocagem. Para se Ter certeza da validade da esterilização, deve-se realizar pesquisas das condições oferecidas em cada serviço. Didatismo e Conhecimento 84 01 A 02 B 03 A 04 D 05 B BIOLOGIA ANOTAÇÕES ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— Didatismo e Conhecimento 85 BIOLOGIA ANOTAÇÕES ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— ———————————————————————————————————————————————————— Didatismo e Conhecimento 86