Diagnóstico Social da Freguesia de Odivelas
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Diagnóstico Social da Freguesia de Odivelas
_________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Diagnóstico Social da Freguesia de Odivelas 2007/2008 Odivelas, 15 de Abril de 2008 1 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Índice Geral Págs. Introdução A Importância do Serviço Social na Sociedade 15 Comissão Social de Freguesia de Odivelas 17 Parte I – Percurso Metodológico 18 Parte II - Nota Histórica 20 Parte III – Definição de Conceitos 29 Parte IV – Caracterização da Freguesia de Odivelas: - DADOS GEOGRÁFICOS, DEMOGRÁFICOS E POPULACIONAIS Dados Geográficos 38 Dados Demográficos e Populacionais 39 - Enquadramento Teórico da Imigração/Migração (Reflexão) 41 - Equipamentos, Serviços públicos e outros, na Freguesia de Odivelas 50 Apreciação Geral 53 - ASSOCIATIVISMO E EQUIPAMENTOS DESPORTIVOS E RECREATIVOS - CULTURA 55 Desporto e Lazer/Cultura (Reflexão) 56 - Outras Entidades e sua Intervenção para a Comunidade 63 - Outras Infra-estruturas 65 - Iniciativas realizadas pela Junta de Freguesia de Odivelas (carácter desportivo/lazer/cultural) 66 Análise à Realidade Social da Freguesia de Odivelas (Potencialidades e Constrangimentos) e Propostas de Intervenção Apreciação Geral 69 71 2 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 - EDUCAÇÃO Infância e Juventude e o meio escolar (Reflexão) 73 - Estabelecimentos de Ensino na Freguesia de Odivelas 83 Análise à Realidade Social da Freguesia de Odivelas (Potencialidades e Constrangimentos) e Propostas de Intervenção Apreciação Geral 93 96 - ACÇÃO SOCIAL Família e Comunidade (Reflexão) 97 - Problemas Sociais identificados na Freguesia de Odivelas: “Os Sem-Abrigo” (Reflexão) 98 Análise à Realidade Social da Freguesia de Odivelas (Potencialidades e Constrangimentos) e Propostas de Intervenção “Mães Adolescentes e seus filhos” (Reflexão) Propostas de Intervenção “Violência Doméstica” (Reflexão) 102 103 108 109 Análise à Realidade Social da Freguesia de Odivelas (Potencialidades e Constrangimentos) e Propostas de Intervenção “Educação e Formação de Adultos (Reflexão) Resposta Social de Apoio à Família e Comunidade 114 115 118 Serviços - Gabinete de Assuntos Sociais da Junta de Freguesia de Odivelas “Imigração, Minorias Étnicas e Exclusão Social” (Reflexão) 122 Propostas de Intervenção 123 3 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 - HABITAÇÃO 125 Análise à Realidade Social da Freguesia de Odivelas (Potencialidades e Constrangimentos) e Propostas de Intervenção Apreciação Geral - IDOSOS E PESSOAS EM SITUAÇÃO DE DEPENDÊNCIA (Reflexão) 128 129 130 - Respostas de Equipamentos Sociais face a um crescente número de população idosa 131 - Respostas Sociais para a População Idosa e dependentes na Freguesia de Odivelas (2007) 133 Análise à Realidade Social da Freguesia de Odivelas (Potencialidades e Constrangimentos) e Propostas de Intervenção Apreciação Geral 154 146 - REABILITAÇÃO E INTEGRAÇÃO DE PESSOAS COM DEFECIÊNCIA (Reflexão) 148 - Respostas Sociais de apoio a pessoas com deficiência na Freguesia de Odivelas 152 Análise à Realidade Social da Freguesia de Odivelas (Potencialidades e Constrangimentos) e Propostas de Intervenção Apreciação Geral INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL 155 156 157 - Atendimento aos Desempregados inscritos no Centro de Emprego de Loures na Autarquia. SEGURANÇA SOCIAL 162 164 Caracterização de Projectos/Iniciativas desenvolvidas pela Junta de Freguesia de Odivelas, nos diversos tipos de intervenção 171 4 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 - SEGURANÇA - Entidades para a Segurança Pública o Policia de Segurança Pública (Reflexão) 181 o Bombeiros Voluntários de Odivelas (Reflexão) 185 Análise à Realidade Social da Freguesia de Odivelas (Potencialidades e Constrangimentos) e Propostas de Intervenção 189 - SAÚDE o Centro de Saúde de Odivelas; 190 o Cuidados Continuados e Paliativos; 194 o Serviço Social; 199 - TOXICODEPENDÊNCIA (Reflexão) 203 - PESSOAS INFECTADAS COM O VIRUS VIH/SIDA E SUAS FAMILIAS (Reflexão) 205 - DOENÇAS DE FORO MENTAL (Reflexão) 211 o Unidade Comunitária de Cuidados Psiquiátricos de Odivelas 215 Análise à Realidade Social da Freguesia de Odivelas (Potencialidades e Constrangimentos) e Propostas de Intervenção Apreciação Geral 219 220 Avaliação do Processo de Elaboração do Diagnóstico Social da Freguesia de Odivelas. 222 GLOSSÁRIO BIBLIOGRAFIA E FONTES ANEXOS 5 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Índice de Gráficos Págs. Gráfico N.º 1 População residente na Freguesia de Odivelas – 2001 Gráfico N.º 2 N.º Alunos por Grau de Ensino 2006/2007 Gráfico N.º 3 N.º Alunos por Grau de Ensino 2007/2008 Gráfico N.º 4 N.º alunos e Capacidade Total de Alunos das Valências Gráfico N.º 5 N.º Utentes por Valência, segundo o género Gráfico N.º 6 Faixa Etária dos Utentes da Valência Centro de Dia Gráfico N.º 7 Faixa Etária dos Utentes na Valência de Apoio Domiciliário Gráfico N.º 8 N.º de Desempregados Inscritos, segundo o género Gráfico N.º 9 N.º de Desempregados, segundo o grupo etário Gráfico N.º 10 N.º de Desempregados inscritos, segundo as habilitações literárias Gráfico N.º 11 N.º de Desempregados inscritos, segundo desemprego registado Gráfico N.º 12 Actuação da PSP de Odivelas na Freguesia em 2006 Gráfico N.º 13 Actuação da PSP de Odivelas na Freguesia em 2007 Gráfico N.º 14 Serviços prestados pelos BVO em 2007 Gráfico N.º 15 N.º Utentes do Centro de Saúde de Odivelas 2007 Gráfico N.º 16 N.º Equipa Técnica existente nas extensões do CSO 39 85 85 91 135 138 138 159 160 161 162 184 184 188 190 191 6 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 (continuação) Gráfico N.º 17 Equipa Técnica do UCCPO – 2005 Gráfico N.º 18 Equipa Técnica do UCCPO – 2007 217 217 7 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Índice de Tabelas Págs. Tabela N.º 1 População residente por nível de qualificação académica (2001) Freguesia de Odivelas 40 Tabela N.º 2 População residente na Freguesia de Odivelas segundo a Nacionalidade (2001) Tabela N.º 3 Tipos de Nacionalidade Estrangeira residentes na Freguesia de Odivelas (2001) Tabela N.º 4 Actividade Principal por Equipamento e N.º de Sócios/N.º de Participantes Tabela N.º 4 Actividade Principal por Equipamento e N.º de Sócios/N.º de Participantes (Continuação) Tabela N.º 5 Estabelecimentos de Ensino/Educação Públicos na Freguesia de Odivelas (de 2006 a 2008) Tabela N.º 6 Equipa Técnica da Casinha Amarela (2007) Tabela N.º 7 Tipo de Alimentos Distribuídos Tabela N.º 8 Habitação Social 42 42 59 60 83 90 120 127 Tabela N.º 9 Respostas Sociais para a população Idosa e Dependentes na Freguesia de Odivelas (2007) Tabela N.º 10 Taxa de Ocupação referente às respostas sociais existentes para a população Idosa Tabela N.º 11 Faixa Etária dos Utentes na Valência Centro de Convívio e Lar 133 137 139 8 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 (Continuação) Tabela N.º 12 Recursos Humanos existentes nas Valências do C.U.R.P.I.O e Lar de Odivelas Tabela N.º 13 Serviços prestados pelos Equipamentos nas diversas Valências Tabela N.º 14 N.º de Utentes existentes na Valência de Lar – Associação das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas Tabela N.º 15 Equipa Técnica no Lar de Odivelas Tabela N.º 16 Faixa Etária dos Utentes Tabela N.º 17 População residente segundo o tipo de Deficiência Tabela N.º 18 N.º requerimentos de residentes em Odivelas – RSI Tabela N.º 19 N.º de Beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI) Tabela N.º 20 N.º de Beneficiários no Programa de Inserção Social Tabela N.º 21 Beneficiários do Subsídio de Doença na Freguesia de Odivelas Tabela N.º 22 N.º de Beneficiários do Subsídio de Desemprego Tabela N.º 23 N.º de Beneficiários do Complemento Solidário para Idosos Tabela N.º 24 Instalações do Centro de Saúde de Odivelas 140 141 143 143 144 152 165 166 166 167 168 170 192 9 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Anexos Anexo I Inquéritos por Questionário Anexo II Estrutura – Valências Anexo III Imigrantes Anexo IV Dados Estatísticos da APAV Anexo V Lei de Bases da Segurança Social Anexo VI Direito dos Idosos 10 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Introdução A Freguesia de Odivelas é uma realidade complexa que a todos diz respeito, uma realidade que deve ser alvo de uma intervenção de todos que nela participam para que seja executado um trabalho de forma empenhada e dedicada, num quotidiano, muitas vezes difícil e quase sempre discreto. Para a Junta de Freguesia de Odivelas, é particularmente importante encontrar instrumentos que possibilitem a análise da realidade e bases de trabalho para projectar intervenções no futuro. É fundamental que esses instrumentos sejam construídos por todos os actores sociais e acessíveis a todos através de uma intervenção concertada, em parceria e em proximidade. Dando seguimento ao que foi dito anteriormente e considerando todo o desenvolvimento do diagnóstico social, este será elaborado mediante a fundamentação teórica do Serviço Social e implementação da sua prática. A prática do Serviço Social tem estado centrada, desde o seu início, na satisfação de necessidades humanas e no desenvolvimento do potencial e recursos humanos. “O Serviço Social é uma profissão cujo objectivo consiste em provocar mudanças sociais, tanto na sociedade em geral como nas suas formas individuais de desenvolvimento”. (Associação dos Profissionais de Serviço Social – A Ética no Serviço Social, Princípios e Valores, Adaptado pela Assembleia Geral da FIAS, 1994). Os profissionais de Serviço Social dedicam-se ao trabalho em prol do bem-estar e da realização pessoal dos seres humanos, ao desenvolvimento e utilização disciplinada do conhecimento cientifico relativo ao comportamento das pessoas e sociedades, ao desenvolvimento de recursos destinados a satisfazer necessidades e aspirações individuais, colectivas, nacionais e internacionais e à realização da justiça social. Para a Junta Freguesia de Odivelas, consciente das desigualdades subjacentes à problemática da pobreza e da exclusão social, torna-se imprescindível dar particular atenção às questões de âmbito social, educativo, cultural e recreativo, com o compromisso de uma continuada e progressiva inclusão pela melhoria das condições de vida das pessoas e dos seus agregados familiares. 11 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Tendo em conta o que foi referido anteriormente, e de acordo com as possibilidades de intervenção, a Junta Freguesia de Odivelas sentiu a necessidade de constituir a Comissão Social de Freguesia. (ver página 4) A Comissão Social de Freguesia de Odivelas foi criada no passado dia 4 de Setembro de 2007 por esta Junta de Freguesia, prevista no Programa da Rede Social criado através da Resolução do Conselho de Ministros Nº. 197/97, de 18 de Novembro, e o apoio à sua implementação regulamentado através do Despacho Normativo N.º 8/2002, de 12 de Fevereiro. Em 14 de Junho de 2006 foi publicado o Decreto-Lei N.º 115/2006, que veio regulamentar a Rede Social definindo o seu funcionamento e as competências dos seus órgãos. A prossecução dos objectivos da Rede Social pressupõe a constituição de dois órgãos: Concelho Local de Acção Social e a Comissão Social de Freguesia. Esta Comissão Social de Freguesia foi criada tendo como finalidade o planeamento de forma integrada e participada com o intuito de implementar iniciativas de desenvolvimento social local, consciencializando a população para os diferentes problemas existentes na Freguesia. A partir da constituição desta Comissão pretende-se definir prioridades através de uma planificação integrada, assim como avaliar e implementar políticas de coesão e inclusão social para o combate e erradicação da pobreza e da exclusão social de forma mais eficaz. A Comissão Social de Freguesia de Odivelas pretende promover as parcerias de terreno que, de uma forma articulada, possam contribuir para uma união de esforços, sendo esta certamente uma forma de se conseguir uma actuação efectiva que contribua para o diagnóstico das necessidades locais e para o planeamento de acções futuras, tendo em vista o desenvolvimento local. Para a possível concretização dos aspectos acima mencionados, a Junta de Freguesia de Odivelas – Comissão Social de Freguesia de Odivelas tem de congregar esforços, coordenar recursos e estratégias de intervenção, de forma a, progressivamente, inverter a tradicional sobreposição e segmentação de respostas e serviços a nível da Freguesia. 12 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Assim, tornou-se crucial a realização de um documento fiável (Diagnóstico Social) que retrata a realidade do conjunto de áreas temáticas, nomeadamente a área demográfica/populacional, associativismo/equipamentos desportivos e recreativos, saúde, educação, acção social, emprego, segurança. Com este diagnóstico pretende-se aprofundar a compreensão da intervenção do Serviço Social, no contexto do modelo de desenvolvimento presente, da dinâmica dos problemas sociais e das políticas sociais, potenciar a integração e reflexão de conhecimentos teórico-técnicos no âmbito da intervenção do Serviço Social, assim como situar e analisar a prática profissional em áreas e problemáticas específicas propostos por esta Comissão Social de Freguesia. Como tal, para ser possível a elaboração deste documento contou-se com o apoio de diversas entidades que se disponibilizaram a fornecer dados e informações. O presente Diagnóstico é composto por quatro partes: parte I, é desenvolvido todo o percurso metodológico aplicado no decorrer deste Diagnóstico; parte II, é efectuada uma breve apresentação histórica da Freguesia de Odivelas; parte III, esclarecimento e definição de conceitos para melhor compreensão do conteúdo do Diagnóstico Social, pois estes são focados ao longo do mesmo; parte IV, procede-se à caracterização da freguesia de Odivelas, em que são apresentados os dados estatísticos referentes aos dados geográficos, demográficos e populacionais; associativismo e equipamentos desportivos, recreativos e culturais; educação; acção social; habitação; idosos/pessoas em situação de dependência; reabilitação e integração de pessoas com deficiência; segurança; saúde; toxicodependência; pessoas infectadas com o vírus VIH/Sida e 13 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 suas famílias; doenças de foro mental. Também nesta parte e como forma de complementar os dados analisados procede-se a uma reflexão acerca de cada sector e analisa-se a realidade social da freguesia de Odivelas em que são expostas as potencialidades e os constrangimentos. São anunciadas algumas propostas de intervenção a realizar por esta autarquia na realidade social de Odivelas. Após análise e reflexão dos dados recolhidos procede-se à apreciação geral do conteúdo do diagnóstico social, assim como às dificuldades sentidas na realização do diagnóstico social. 14 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 A Importância do Serviço Social na Sociedade Serviço Social A acção de Serviço Social envolve a utilização complementar de várias unidades de intervenção. Se trabalharmos com um cidadão ou com um grupo, trabalhamos ao mesmo tempo a rede de serviços, estruturas e sistemas funcionais nas situações apresentadas pelo cidadão ou pelo grupo. O Serviço Social tem uma orientação de conceitos de psiquiatria e psicologia dinâmica, que lhe permite entender as pessoas, assim como lhe permite lidar com o comportamento humano. Está particularmente interessado na forma como os clientes se sentem na sua relação com os outros. De uma forma generalizada, o Serviço Social ultrapassa o ser humano e os interesses de um número de pessoas, incluindo as suas necessidades físicas, mentais, emocionais, espirituais e económicas. O Serviço Social dá importância aos valores humanos, dando também o devido valor aos próprios humanos. Tem como principais funções sociais a reintegração das funções sociais, organização dos serviços sociais e a prevenção. É fundamental que os técnicos numa intervenção de Serviço Social conheçam a jurisdição e estatuto profissional dos Assistentes Sociais, tanto numa respectiva área como no seu campo de intervenção específico. Todo este conhecimento necessário, envolve a estimulação à reflexão sobre a regulamentação dos padrões de trabalho da ocupação, conhecer a natureza das organizações onde são exercidas funções, a organização do trabalho, fundamentos e actualizações da perícia técnica, ameaças e oportunidades da jurisdição profissional na área específica. O facto da actividade dos técnicos de Serviço Social se centrar nas necessidades humanas reforça a sua convicção de que a natureza fundamental dessas necessidades exige que elas sejam satisfeitas, não por uma questão de opção, mas como um imperativo de justiça básica. Assim, o Serviço Social caminha no sentido de considerar os Direitos Humanos como um princípio organizativo da sua prática profissional. 15 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 O Serviço Social preocupa-se com a protecção das diferenças individuais e de grupo. É muitas vezes obrigado a servir de mediador entre as pessoas e o Estado ou outras autoridades, a defender causas particulares, e a garantir protecção nas situações em que a acção estatal em prol do bem comum ameaça os direitos e liberdades de determinadas pessoas ou grupos. Sendo uma actividade de mediação interpessoal, o Serviço Social exige consciência dos valores e sólidos conhecimentos de base, nomeadamente na área dos Direitos Humanos, que lhe possam servir de orientação nas múltiplas situações de conflito que surgem na prática. Os Direitos Humanos são “inseparáveis da teoria, valores, deontologia e prática do Serviço Social. Os direitos correspondentes às necessidades humanas têm de ser garantidos e promovidos, e incarnam a justificação e motivação que presidem à acção do Serviço Social. A defesa de tais direitos deverá, assim, fazer parte integrante do Serviço Social”.(Organização das Nações Unidas, (1999) – Manual para Escolas e Profissionais de Serviço Social, “Direitos Humanos e Serviço Social”, Série Formação Profissional, N.º 1) Na prática de intervenção ao nível do serviço social vai no sentido de facilitar/produzir mudanças sociais, actuando especificamente nas inter-relações Homem-Sociedade, em ordem a serem alterados determinados problemas, necessidades e situações sociais. Deve-se ter em advertência a identificação e exploração das principais problemáticas teóricas relevantes numa determinada área e com especial relevância para o diagnóstico das situações sociais e de intervenção, e também o conhecimento das práticas profissionais e perspectivas quanto a projectos e metodologias específicas de intervenção em Serviço Social na área ou campo, tal como serão anunciadas ao longo deste diagnóstico social. 16 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Comissão Social de Freguesia de Odivelas No dia 4 de Setembro de 2007 realizou-se uma reunião com várias entidades da freguesia, no sentido de ser constituída a Comissão Social de Freguesia de Odivelas. Numa 1ª fase, decorre a elaboração do diagnóstico social da Freguesia que consiste no levantamento das características sócio-económicas da população, bem como das suas necessidades sociais, culturais, educativas e recreativas. A 2ª fase consistirá no planeamento de estratégias de intervenção e politicas sociais e numa 3ª fase será desenvolvida a intervenção social com a população. Esta Comissão aparece para que seja possível desenvolver em conjunto com várias entidades projectos/iniciativas de desenvolvimento social local que venham colmatar as necessidades acima mencionadas. Objectivos a cumprir pela Comissão Social de Freguesia: Objectivos Gerais: Conhecer a realidade social da Freguesia de Odivelas; potenciar as políticas e metodologias de intervenção social locais no combate à pobreza e exclusão social; promover a inclusão e coesão social. Objectivos Específicos: Elaborar o Diagnóstico Social da Freguesia; promover a articulação com as diversas instituições existentes na freguesia; estabelecer reuniões de parceria com as instituições envolventes na Comissão; desenvolver acções colectivas de circulação de informação relativas aos problemas sociais existentes na freguesia de Odivelas; garantir e promover a participação da população; procurar soluções para os problemas das famílias e pessoas em situação de exclusão social. 17 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Parte I – Percurso Metodológico Dada a essência da constituição da Comissão Social de Freguesia de Odivelas, assim como a sua finalidade procedeu-se ao levantamento de dados e à realização de contactos com diversas entidades públicas, instituições, equipamentos, associações, organismos com competência em determinadas áreas fundamentais para a elaboração do Diagnóstico Social referente à Freguesia de Odivelas. Os critérios de escolha direccionaram-se essencialmente para as entidades localizadas na Freguesia de Odivelas e que efectuam intervenções, actividades, iniciativas, projectos com a população residente nesta freguesia dos quais poderiam advir uma qualidade e riqueza de informação pertinente ao estudo em questão e as quais demonstraram disponibilidade para se proceder à realização deste diagnóstico. Para abordar a realidade da Freguesia, com o propósito de proceder à sua caracterização em múltiplos aspectos utilizaram-se de forma articulada vários métodos e técnicas que permitiram proceder à recolha de dados e à obtenção de informação. Esta fase de trabalho foi concretizada a partir de fontes, quer indirectas, como a consulta de informações estatísticas, dados oficiais, estudos realizados, quer directamente com a elaboração e administração de inquéritos por questionário e contacto com informadores privilegiados. A escolha do questionário como instrumento de inquisição a um determinado número de pessoas apresenta vantagens e desvantagens relativas à sua aplicação. (vide anexo I- Inquéritos) Com base no autor Quivy, Raymond e Campenhoudt, LucVan (1998), a aplicação de um inquérito por questionário possibilita uma maior sistematização dos resultados fornecidos, permite uma maior facilidade de análise bem como reduz o tempo que é necessário despender para recolher e analisar os dados. Este método de inquirir apresenta ainda vantagens relacionadas com o custo, sendo este menor. 18 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Se por um lado a aplicação de questionários é vantajosa, esta aplicação apresenta também desvantagens ao nível da dificuldade de concepção, pois é necessário ter em conta vários parâmetros tais como: a quem se vai aplicar, o tipo de questões a incluir, o tipo de respostas que se pretende e o tema abordado. Os questionários fornecem respostas escritas a questões previamente fornecidas e como tal existe uma elevada taxa de não – respostas. Esta dependerá da clareza das perguntas, natureza das pesquisas e das habilitações literárias dos inquiridos. Desta forma, o presente documento reflecte o trabalho desenvolvido pelos representantes legais da Comissão Social de Freguesia de Odivelas, a equipa de apoio à Comissão Social de Freguesia de Odivelas, assim como do Núcleo Executivo da mesma e todos os técnicos e colaboradores que se disponibilizaram para o mesmo. 19 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Parte II – Nota Histórica Odivelas foi incluída no Município de Belém em 1852, tendo em 1885 passado para o Município dos Olivais e, em 1886, passou a integrar o Município de Loures, na data da criação daquele concelho. Em 19 de Novembro de 1998 é criado o concelho de Odivelas, onde a freguesia fica inserida. Odivelas chegou a ser uma das Freguesias mais populosas da Europa. Dela foram desanexadas as Freguesias da Pontinha (em 1984) e de Famões e Ramada (ambas em 1989). Dos mais de dezassete quilómetros quadrados em 1984, Odivelas tem hoje uma área de 5,35 quilómetros quadrados, redução resultante da desanexação daquelas novas Freguesias. Conta com mais de 45.000 eleitores. Em 3 de Abril de 1964 é elevada à categoria de Vila, passando a ter a categoria de Cidade desde 10 de Agosto de 1990. A administração da Freguesia Na orgânica de poder do Estado Português, a Freguesia tem no órgão deliberativo, a Assembleia de Freguesia, 21 eleitos e no órgão executivo, a Junta de Freguesia, sete eleitos (Presidente, Secretário, Tesoureiro e quatro Vogais). A Junta de Freguesia exerce, além das competências que lhe estão atribuídas pela Lei, várias outras competências delegadas através de um Protocolo de Delegação de Competências do Município de Odivelas nas Juntas de Freguesia. Assim, gere um mercado municipal, duas feiras semanais, um pavilhão polivalente e três recintos polidesportivos. É responsável pelo licenciamento da actividade publicitária, da ocupação da via pública e de canídeos. Também assume a responsabilidade de manutenção de zonas verdes, das escolas do primeiro ciclo do ensino básico e de jardins-de-infância da rede pública, de vários parques infantis. É ainda responsável pela limpeza urbana, pela conservação de passeios pedonais e de arruamentos, pela sinalização, contribuindo além disso com muita actividade no âmbito da acção social, da cultura, da saúde, da ocupação de tempos 20 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 livres, da preservação do património histórico e cultural, da iluminação pública, da toponímia, do planeamento, do trânsito. Tem de facto uma forte intervenção na vida local dos odivelenses. Conta com mais de duzentos trabalhadores e colaboradores que no dia a dia actuam de forma a melhorar a qualidade de vida da população. Vinde ver-nos... "Ide vê-las, senhor..." terá dito D. Isabel ao rei D. Dinis, saindo-lhe ao caminho, no Lumiar, quando o seu esposo e senhor de Portugal se deslocava a sua casa no Vale das Flores. Esta é uma lenda e hipótese da origem do nome da nossa Cidade, intimamente ligada ao rei que aqui mandou erigir um Mosteiro no qual ficou sepultado após a sua morte. (ver página 11) O Vale das Flores e as belas quintas outrora existentes neste território foram dando lugar a prédios em urbanizações nem sempre executadas de acordo com a harmonia local. Mas da história de Portugal muita coisa ainda sobrevive: o Mosteiro de S. Dinis e S. Bernardo, o Memorial, o monumento ao Senhor Roubado, a Casa do Arcebispo são importantes testemunhos da importância histórica desta terra. A doçaria conventual é cada vez mais apreciada pela conhecida marmelada, entre outros famosos doces como os suspiros, raivas e tabefes, a par de uma gastronomia rica e variada fornecida por restaurantes de elevado grau de qualidade a preços acessíveis. O turismo tem vindo desde há alguns anos a merecer particular atenção da administração local, despertando investigadores, artesãos, agentes económicos e culturais. O artesanato desponta com uma forte capacidade criativa, a que se junta uma crescente actividade cultural. 21 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Em relação à Casa da Memória é um espaço cultural dedicado às “Memórias da Freguesia”, consistindo numa exposição sobre a vila e a freguesia de Odivelas. Neste espaço o público poderá usufruir de fotografias, bem como de lembranças que consistem em monumentos em miniatura relativos à freguesia e uma pasta com informações e de acontecimentos importantes. Aproveitando a originalidade da rainha, aqui deixamos um cordial convite: "Vinde ver-nos, senhoras e senhores, deixai manifestar-vos a nossa hospitalidade." Curiosidades da Freguesia de Odivelas A origem do nome ODIVELAS está envolta numa lenda que perdura pelos séculos; Conta-se que o rei D. Dinis tinha o hábito de deslocar-se à noite a Odivelas onde se encontrava regularmente com raparigas do seu agrado. Certa noite, sabendo a rainha do que se passava resolveu esperá-lo e quando o rei fazia o seu percurso para o encontro, a rainha interpelou-o e eis que proferiu as seguintes palavras: “Ide vê-las senhor, Ide vê-las…”; Afirma-se que de “Ide vê-las”, por evolução, teria surgido o nome Odivelas. CASA DA MEMÓRIA A Casa da Memória foi instituída na década de 80 e foi neste edifício que até aí funcionou a Junta de Freguesia de Odivelas. Com o objectivo de proporcionar a pessoas ligadas à história e às tradições da terra a preservação e divulgação do património histórico, arquitectónico e cultural de Odivelas, colaborando em trabalhos de recuperação da zona habitacional do núcleo histórico. No entanto, este objectivo foi-se desvanecendo devido à falta de pessoas com disponibilidade para o efeito, a que acresceu o desinteresse municipal. Entretanto, as instalações foram aproveitadas para uma extensão do Centro das Taipas no âmbito da recuperação de toxicodependentes, sendo desactivada pouco tempo depois. 22 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Após obras de remodelação, a Casa da Memória foi reactivada em Dezembro de 1995, tendo sido instalada a Biblioteca Fixa Pública da Junta, um projecto em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian. No final de 1998, a Casa da Memória, devido à transferência da Biblioteca para outro local, passou a receber exposições de artistas locais que no primeiro trimestre de 2003 transitaram para o Pavilhão Polivalente. A Casa da Memória, situada no Largo da Memória, junto ao Cruzeiro de Odivelas, assumiu uma nova dinâmica em 2003 uma vez que foi assinado um Protocolo entre a Junta de Freguesia de Odivelas e o CESDIS - Centro de Estudos Sociais D. Dinis e que veio permitir por parte do Centro que a Casa da Memória alcançasse uma promoção mais dinâmica da cultura e da história da nossa Cidade. Neste momento a Casa de Memória é um espaço que a Junta de Freguesia utiliza para exposições e iniciativas no âmbito da cultura – “Memórias da Freguesia”. IGREJA MATRIZ DE ODIVELAS O actual edifício foi fruto de uma reconstrução de finais do século XVII cujo acesso se faz através da escadaria dupla datada de 1680. Do antigo templo resta uma pia quinhentista integrada na capela baptismal formada a azulejos historiados com cenas de baptismo. No seu interior, a igreja, de uma só nave, é decorada com azulejos historiados, de excelente qualidade, alusivos à Eucaristia e de efeito cénico com volutas em "trompe l'oeil", que segundo José Meco são da autoria de Nicolau de Freitas, que datam da primeira metade do século XVIII. No interior encontravam-se várias pinturas, emolduradas por estuque "rocaille", com os seguintes temas: "Jesus ensinando no Templo", "Fuga para o Egipto", "Circuncisão", "Anunciação", "Visitação", "Adoração dos Pastores", "Adoração dos Magos", entre outras. 23 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Na nave estão localizados quatro altares laterais com retábulos de talha dourada com colunas salomónicas e cariátides com decoração de folhas de acanto estilizadas, dois altares ladeando o arco triunfal também de talha dourada que anunciam uma simetria que se desliga do barroco joanino aproximando-se de uma linguagem neoclássica. A capela-mor ostentando nas suas paredes motivos "rocaille" como conchas e grinaldas de flores dando enquadramento a um interessante retábulo de mármore. Foi neste templo que ocorreu o roubo dos vasos sagrados no Sacrário, em 1671, por António Ferreira MOSTEIRO DE S. DINIS O Mosteiro de S. Dinis, fundado pelo Rei D. Dinis, vê iniciada a sua construção em 1295. El-Rei D. Dinis lança a primeira pedra do Mosteiro de Odivelas. Existem duas versões que justificam a sua construção. Segundo a História, o monarca construiu este mosteiro, para nele acolher a sua filha D. Maria Afonso, cuja família materna possuía o Paço do Lumiar. Esta infanta morre ainda adolescente. El-Rei D. Dinis o fundou para testemunho da sua grandeza; a tradição conta-nos que, andando o El-Rei D. Dinis à caça no distrito de Beja, no sítio de Belmonte, perdeuse dos companheiros e foi atacado por um corpulento urso que o derrubou do cavalo e o segurou entre as patas. Vendo o Rei que o animal lhe tiraria a vida, pediu a protecção de S. Luís, bispo de Tolosa e prometeu construir um mosteiro se o Santo bispo o salvasse daquele perigo. S. Luís logo lhe apareceu, dizendo-lhe que matasse a fera com o punhal que tinha à cintura, o que o rei fez de imediato. Para agradecer a protecção do Santo, 24 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 mandou edificar em Odivelas o Mosteiro de S. Dinis, que ainda hoje existe. Um dos suportes do túmulo de D. Dinis (dentro do mosteiro) é a cabeça de um urso. A parte histórica inclui a antiga cozinha, o refeitório, os dois claustros, a Igreja, o alpendre da entrada. A primitiva construção do Mosteiro de S. Dinis era, na sua totalidade em estilo gótico. A igreja do mosteiro compunha-se de três naves, flanqueadas por duas torres. Desta construção inicial, restam as capelas adsidais, dois lances do claustro novo, e o claustro da Moura. Com os sucessivos restauros efectuados, o Mosteiro começa a perder a primitiva pureza de linhas, por volta do século XVI. Identificam-se as portas do claustro em estilo Manuelino, a fonte Renascentista, as capelas quer de mármore quer de estilo barroco, as alpendradas, o revestimento das paredes a azulejo, já em 1671, que caracteriza o exterior, que o interior, nomeadamente os núcleos da antiga cozinha do convento, do refeitório das freiras, da alpendrada, do natex e da portaria. No século XVIII, depois do terramoto, fizeram-se obras que não respeitaram a traça gótica, utilizando-se o estilo neo-clássico, quer na igreja, quer nos lanços do Claustro. A este mosteiro, estão associadas figuras históricas para além do seu fundador Rei D. Dinis, cujo túmulo datado da primeira metade do século XIV, se encontra na capela absidal do lado do Evangelho. Neste mosteiro morreu a Rainha D. Filipa de Lencastre, filha do Infante D. Pedro, após a batalha da Alfarrobeira, viveu segundo as normas do ideal ascético, irmã de D. João II, Princesa Santa Joana. O Mosteiro de S. Dinis era de freiras bernardas, da Ordem de Cister. As residentes eram filhas da nobreza, que não casavam por não disporem de bens, quando a família não lhes atribuía um dote. Não estando prometidas em casamento a algum nobre, as raparigas recolhiam à sombra protectora dos mosteiros, enriquecidos com as doações dos reis e dos nobres, para aí levarem uma vida segura, em termos económicos. A protecção das recolhidas do Mosteiro de Odivelas era quebrada com as visitas dos reis a raparigas de seu agrado; quer D. Dinis, quer o rei D. João V frequentavam o convento, sendo que a célebre Madre Paula, era mãe dos filhos de D. João V. 25 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Em 1834 extinguiram-se as ordens religiosas, durante a Monarquia Constitucional, e em 1902 o convento foi entregue ao Infante D. Afonso que nele promoveu a instalação do actual Instituto de Ensino. É Monumento Nacional por Dec. de 16/06/1910. CRUZEIRO – MEMORIAL Este monumento, situado na zona antiga da povoação de Odivelas, no local que foi a entrada do velho povoado, está classificado como Monumento Nacional por Decreto-Lei de 16/06/1910. De arquitectura gótica primitiva, é também conhecido por “cruzeiro”. Fica situado a escassos duzentos metros do antigo convento, orientado no sentido Sudoeste-Nordeste, uma das faces voltadas para Lisboa, outra para o Mosteiro. Monumento da época diocesana, é construído em calcário Lioz, extraído das pedreiras de Trigache - Famões, e compõe-se de dois registos. No primeiro andar, quatro pares de colunelos apoiam os arcos trilobados. Sobrepõe-se à arcaria, um arco ogival, característico do gótico primitivo. Coroa o monumento a empena lisa e, na face Noroeste, o escudo português medieval, usado na Armaria até ao reinado de D. Fernando. Remata o monumento uma cruz, constituída por quatro semicírculos, formando um florão, semelhante a outros que aparecem em monumentos portugueses do séc. XIV. Descrito o monumento, resta a incerteza quanto à sua origem e significado. As explicações dividem-se entre ter sido erguido para nele descansar o caixão mortuário de D. Dinis, falecido em 1325, que vinha a sepultar no Mosteiro das freiras Bernardas, ou para D. João I ao ser transportado de Lisboa para a Batalha, em 1433. Ou ainda, tratar-se-ia de um simples padrão de couto demarcando limites territoriais na área jurisdicional do Mosteiro, ou um local de portagem, tendo objectivos fiscais de cobrança do imposto de barreira da coutada. 26 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 PADRÃO SENHOR ROUBADO Este padrão de devoção religiosa popular integra-se na arquitectura religiosa barroca. O padrão do Senhor Roubado foi edificado em 1744, como símbolo expiatório do "sacrilégio furto" ocorrido na Igreja Matriz de Odivelas na noite de 10 para 11 de Maio de 1671. Este oratório de pedra assenta em 4 colunas toscanas de mármore, é coberto por abóbada e rematado por 4 fogaréus joaninos. No centro da cimalha arqueada está uma figura feminina segurando um cálice e uma flor podendo simbolizar o triunfo da Eucaristia ou uma figura alegórica da fé. A narrativa do furto é-nos relatada pelos azulejos historiados, dispostos em 12 painéis colocados num paredão. Curiosidades da Freguesia de Odivelas Um roubo na Igreja Matriz de Odivelas a 11 de Maio de 1671 dá origem a um belo monumento, “ Senhor Roubado”; Calcula-se que tenha sido a primeira banda desenhada portuguesa; Destacam-se, para além do padrão, um paredão totalmente forrado de azulejos com doze painéis historiados, narrando os acontecimentos do roubo e achamento dos cálices sagrados, bem como do exemplar castigo aplicado ao culpado pelo Tribunal da Santa Inquisição; Este painel historiado não está datado nem assinado, mas sabe-se que ele terá de ser posterior a 1703: - 1º Painel: António Ferreira estando no jogo e - 3º Painel: Sentindo gente entrouxou os vendo passar o sacristão da Freguesia o seguiu e vestidos das imagens e tomando a estrada de às escondidas se meteu na igreja onde ficou; Lisboa no sitio chamado dos Caniços, enterrou - 2º Painel: Despiu todas as imagens dos santos numa vinha os vasos; e arrombando a porta do sacrário furtou os - 4º Painel: Continuando o caminho de Lisboa, vasos sagrados, e neste tempo caiu por terra sem meteu os vestidos das imagens num caixão em sentidos; casa de certa mulher velha; 27 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 - 5º Painel: Ao tempo em que a justiça - 8º Painel: Confessou que os vasos sagrados se descobrisse por quem teria sido feito o furto em achavam enterrados no sítio já dito, onde sendo Odivelas, se encontrava presente António levado pela justiça, os acharam; Ferreira e dizia na presença da mesma justiça, - 9º Painel: Veio o pároco com muita gente e que quem tinha feito merecia as mãos cortadas; levaram o Santíssimo para a Freguesia; - 6º Painel: António Ferreira foi achado na - 10º Painel: Voltaram os ministros com o cerca das freiras de Odivelas roubando umas delinquente para Lisboa onde se lhe deu a galinhas e sendo agarrado, vendo que trazia ao sentença de mãos cortadas; peito uma cruz que examinada pelos párocos se - 11º Painel: Foi levado ao lugar do suplício e conheceu ser dos vasos sagrados, entenderam lhe cortaram as mãos; ser o do roubo; - 12º Painel: Foi morto de garrote e queimado. - 7º Painel: Foi preso pela justiça e confessou que os vestidos estavam em Lisboa e na dita casa, onde a justiça o levou; CORETO DE ODIVELAS O Coreto de Odivelas foi construído no Largo D. Dinis, único largo com dimensões capazes de acolher. Primeiramente, estava sensivelmente ao centro, em frente ao Mosteiro, tendo sido posteriormente desmontado para ser reconstruído no pequeno espaço ajardinado, à esquerda de quem entra no largo. É formado por uma base ou plataforma octogonal com 1,60 m de altura, rebaixado interiormente à profundidade de 90 centímetros. Esta base funciona como caixa de ressonância e tem 6 m de diâmetro. Em cada um dos ângulos fixam-se colunas de ferro de 3,60 m de altura, sobre as quais assenta a cobertura, em forma de cúpula bolbosa, de folha zincada, tendo como remate um cata-vento. Em todo o seu perímetro, um gradeamento decorado com liras, flores e espirais. Sob a cobertura, em toda a volta do entablamento, um friso reproduzindo uma pauta musical. A altura total é de 6,5 m. Foi construído entre 1910 e 1913, com donativos dos habitantes. Fonte: Concelho de Odivelas – Realidade de um povo – Maria Máxima Vaz, Colecção Património Hoje, Amanha, 2001 28 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Parte III – Definição de Conceitos Antes de se proceder à caracterização da Freguesia de Odivelas é fundamental definir os conceitos que se seguem por considerarmos pertinente que todos os parceiros se familiarizem com estes e compreendam o seu conteúdo. Os conceitos serão definidos segundo a estrutura de valências, (vide anexo II – estrutura/valências), utilizada para a organização ao elaborar o diagnóstico, tendo como dimensões de análise o tópico da Família e Comunidade, Crianças e Jovens, Pessoas com Deficiência, Idosos, Pessoas com Dependência, a Toxicodependência, o VIH/SIDA e Doenças de foro Mental. Família e Comunidade Atendimento/Acompanhamento Social: Resposta social que tem como objectivo apoiar as pessoas e famílias em dificuldade, prevenção/resolução de problemas originados por situações de exclusão, tendo como base uma relação de reciprocidade entre técnico e utente, tendo em vista a elaboração de um projecto de vida que impulsione a promoção social do individuo bem como a sua inserção na comunidade. Centro de Alojamento Temporário: Resposta social desenvolvida em equipamento destinado a acolher, por um determinado período de tempo, pessoas em situação de carência, famílias desalojadas e outros grupos em situação de emergência social e que deve ser uma resposta social de carácter integrador. Comunidade de Inserção: Resposta social desenvolvida em equipamento e que compreende um conjunto de acções integradas com vista à inserção social de diversos grupos-alvo que se encontram em situação de marginalização (exemplos; mães solteiras, sem-abrigo e ex-reclusos). 29 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Centro Comunitário: Estrutura polivalente onde se desenvolvem serviços e actividades que, de uma forma articulada, tendem a prevenir diversos problemas sociais bem como na definição de projectos de desenvolvimento local. Refeitório/Cantina Social: Resposta social desenvolvida em equipamento destinada ao fornecimento de refeições, principalmente a indivíduos economicamente desfavorecidos, integrando outras actividades, nomeadamente a higiene pessoal, tratamento de roupas e outras actividades desenvolvidas em ateliers. Colónia de Férias: Resposta social destinada à satisfação das necessidades de lazer e de quebra de rotina, essenciais ao equilíbrio físico, psicológico e social dos seus utilizadores. Destina-se a todos os grupos etários, no sentido de prestar serviços/acções ou actividades direccionados a um período de férias. Normalmente são desenvolvidas diferentes actividades de ordem desportiva, cultural e recreativa. Crianças e Jovens Ama: Pessoa que, por conta própria e mediante retribuição, cuida de uma ou mais crianças que não sejam suas, parentes ou afins na linha recta ou no 2.º grau da linha colateral por um período de tempo correspondente ao trabalho ou impedimento dos pais. (Decreto-Lei n.º 158/84, de 17 de Maio). Creche Familiar: Serviço prestado por pessoas idóneas, previamente seleccionadas, a quem é dada formação específica e enquadradas técnicas e financeiramente por uma instituição. Recebem crianças no seu domicílio, a partir dos 3 meses até aos 3 anos de idade, num máximo de 4 crianças. A mensalidade é fixada de acordo com o rendimento familiar. 30 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Creche: Resposta social a funcionar em estabelecimento de Instituição Particular de Solidariedade Social, destina-se a bebés a partir dos 3 meses até aos 3 anos de idade. A mensalidade é estabelecida de acordo com o rendimento familiar. Jardim de Infância: Equipamento destinado a crianças a partir dos 3 anos de idade até à idade escolar. Identificam-se dois tipos de estrutura, em termos de resposta social: Rede Solidária: a funcionar em estabelecimento das Instituições Particulares de Solidariedade Social. A mensalidade é fixada de acordo com os rendimentos do agregado familiar das crianças abrangidas. Rede Pública: a funcionar em estabelecimentos do sistema formal de ensino, normalmente em escolas do ensino básico, funcionam de acordo com os horários escolares, modalidade de ensino gratuito. Actividades de Tempos Livres: Esta modalidade de apoio destina-se a crianças entre os 6 anos de idade e os 12 anos de idade e complementa o período em que a criança não está na escola Os Centros de Actividades de Tempos Livres podem revestir de várias formas, de acordo com o modelo de intervenção, nomeadamente: para acolhimento / inserção (animação de rua, actividades de porta aberta); para prática de actividades especializadas (clubes desportivos, bibliotecas, ludotecas, ateliers de expressão, cineclubes, clubes de fotografia); para multiactividades (onde se enquadram os clássicos centros de ATL). Lar de Crianças e Jovens: Resposta social que tem por finalidade o acolhimento de crianças / jovens, no sentido de lhes proporcionar estruturas de vida tão aproximadas quanto possível às das famílias, com vista ao seu desenvolvimento global. 31 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Centro de Acolhimento Temporário: Resposta social que tem por finalidade o acolhimento urgente e transitório de crianças e jovens em situação de urgência, decorrente de abandono, maus-tratos, negligência entre outros, tendo em vista o seu adequado encaminhamento. Acolhimento Familiar: Resposta social que consiste em acolher transitória e temporariamente, por famílias consideradas idóneas para a prestação desse serviço, crianças e jovens cuja família natural não esteja em condições de desempenhar a sua função sócio-educativa. Reabilitação e Integração de Pessoas com Deficiência Apoio Técnico Interdisciplinar a Crianças e Jovens e às suas Famílias: Programas de apoio especializado dirigidos às crianças / jovens e às suas famílias no sentido de promover o seu desenvolvimento social. Intervenção Precoce: Resposta de natureza sócio-educativa destinada a crianças até aos 6 anos de idade, em situação de alto risco, tendo em vista influenciar a interacção familiar e o desenvolvimento da criança, para o efeito desenvolvem-se acções integradas do âmbito da educação, saúde e solidariedade e segurança social, cujas actividades se desenvolvem no domicilio, na ama, na creche e no jardim de infância. Transporte de Pessoas com Deficiência: Resposta social, desenvolvida através de um serviço de natureza colectiva de apoio a crianças, jovens e adultos com deficiência, que assegura o transporte e acompanhamento personalizado. Centro de Apoio Sócio-Educativo: Resposta que integra actividades diferenciadas de natureza sócio-educativa, de apoio à integração e de apoio à integração e de apoios complementares, destinada a crianças e jovens com necessidades educativas 32 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 especiais que não encontram resposta nas escolas regulares e que exijam um atendimento educativo específico resultante de: Dificuldades graves de comunicação no acesso ao currículo regular, designadamente nas áreas da motricidade, linguagem, da visão e da audição; Dificuldades graves de compreensão do currículo regular; Problemas graves do foro emocional e comportamental. Centro de Actividades Ocupacionais: Estrutura destinada a desenvolver actividades para jovens e adultos com deficiência grave e profunda, com o objectivo de: Estimular e facilitar o desenvolvimento das suas capacidades, Facilitar a sua integração social, Facilitar o seu encaminhamento, sempre que possível, para programas adequados de integração sócio-profissional. Apoio Domiciliário: Resposta social que consiste na prestação de cuidados personalizados, no domicílio, a idosos, adultos ou famílias quando, por motivo de doença, deficiência ou outros impedimentos, não possam assegurar temporária ou permanentemente, a satisfação das suas necessidades básicas ou actividades da vida diária. Equipa de Saúde Escolar: Funciona no Centro de Saúde de Odivelas e é uma equipa multidisciplinar que conta, entre outros, com o apoio de uma terapeuta ocupacional e psicóloga. Abrange toda a comunidade pré-escolar e escolar, do ensino público e tem como finalidade a promoção da saúde da população escolarizada, contribuindo para a integração das crianças com Necessidades de Saúde Especiais (NSE) e Necessidades Educativas Especiais (NEE) nos Estabelecimentos de Ensino. 33 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Na prática esta equipa de profissionais especializados desloca-se à Escola para rastreio, diagnóstico precoce, encaminhamento e resolução dos casos/problema. Idosos/Pessoas com Dependência Centro de Convívio: Proporciona serviços de apoio ao desenvolvimento de actividades sócio-recreativas e culturais, organizados e dinamizados pelos idosos de uma comunidade. Centro de Dia: Resposta social desenvolvida em equipamento que consiste na prestação de um conjunto de serviços que contribuem para a manutenção dos idosos no seu meio familiar. O Centro de Dia assegura mediante o pagamento de uma comparticipação indexada ao rendimento do agregado familiar do utente, os seguintes serviços: Refeições; Convívio / ocupação; Cuidados de higiene; Tratamento de Roupas; Visitas organizadas. Apoio Domiciliário: Consiste na prestação de cuidados individualizados e personalizados no domicílio, a idosos ou qualquer pessoa, que por motivo de doença, deficiência ou outro impedimento, não possam assegurar temporária ou permanentemente, a satisfação das suas necessidades básicas / actividades diárias. O Serviço de Apoio Domiciliário (SAD) pode ser desenvolvido a partir de uma estrutura criada com essa finalidade ou a partir de uma estrutura já existente – Lar, Centro de Dia ou outro. Mediante o pagamento de uma comparticipação, o SAD proporciona os seguintes serviços: Cuidados de higiene e conforto, Arrumação e pequenas limpezas no domicílio, 34 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Confecção, transporte / distribuição de refeições, Tratamento de roupas. Lar: Equipamento de alojamento colectivo, de utilização temporária ou permanente para idosos em situação de maior risco de perda de independência e/ou autonomia. Residência: Conjunto de Apartamentos com serviços de utilização comum, para idosos que se bastem a si próprios e possam cuidar da sua habitação. Toxicodependentes Equipa de Apoio Social Directo: Equipa que intervém directamente junto das pessoas com problemas de toxicodependência e suas famílias e de uma forma geral em áreas geográficas afectadas pelo problema, devendo integrar técnicos de serviço social, agentes educativos e monitores. Centros de Atendimento a Toxicodependentes: Unidades de tratamento em regime ambulatório, em que se presta cuidados globais a toxicodependentes, individualmente ou em grupo. As equipas que integram os CAT são constituídas por médicos, psicólogos, enfermeiros, técnicos de serviço social e técnicos psicossociais que, em regime ambulatório, apoiam toxicodependentes nas várias modalidades de tratamento e reinserção social. Centro de Dia: Unidade especializada que constitui um ponto de ligação entre o tratamento e a reinserção, envolvendo a aprendizagem de um modo de vida diferente das anteriores vivências pondo ao dispor do toxicodependente actividades terapêuticas, educativas, formativas e ocupacionais. 35 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Comunidades Terapêuticas: Unidades especializadas que prestam cuidados a toxicodependentes que necessitam de internamento prolongado com apoio psicoterapêutico e socioterapêutico, com o objectivo de promover o seu tratamento e ressocialização. Unidades de Desabituação: Unidades especializadas orientadas para internamentos de curta duração para tratamento de síndrome de privação, em toxicodependentes que não o conseguem fazer em ambulatório. Pessoas infectadas pelo VIH / Sida Centro de Atendimento e Acompanhamento Psicossocial: Resposta que se destina a informar, orientar e apoiar social e psicologicamente indivíduos e famílias afectadas pelo VIH/Sida com vista à prevenção e restabelecimento do seu equilíbrio funcional. Serviço de Apoio Domiciliário: Resposta social que consiste na prestação de cuidados individualizados e personalizados no domicílio, a pessoas infectadas pelo VIH/Sida, que por motivo de doença não possam assegurar, temporária ou permanentemente a satisfação das suas necessidades básicas / actividades de vida diária. Residência: Resposta social a desenvolver em equipamento, destinada a pessoas infectadas pelo VIH/Sida em ruptura familiar e desfavorecimento sócio-económico. Doenças de foro Mental Unidade de Cuidados Psiquiátricos: Procuram, essencialmente, tornar possível a reabilitação e integração do doente mental na comunidade, isto é, permite a reabilitação e inserção social e familiar do doente mental, articulando o serviço com os 36 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 centros de saúde da área de residência do doente e com outras estruturas da comunidade. Fórum Sócio-Ocupacional: Resposta, desenvolvida em equipamento, destinado a pessoas com desvantagem, transitória ou permanente, de origem psíquica, visando a sua reinserção sócio-familiar e/ou profissional ou a sua eventual integração em programas de formação ou de emprego Fonte: Carta Social – Rede de Serviço e Equipamentos; Ministério do Trabalho e da Solidariedade; Guia de Serviços e Equipamento Social; Município de Odivelas – Comissão Instaladora (Gabinete de Assuntos Religiosos, Sociais e Institucionais); Site do IDT – Instituto da Droga e da Toxicodependência; Silva, Luísa Ferreira da (2001), “Acção Social na Área da Família” – Universidade Aberta, Lisboa 37 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Parte IV – Caracterização da Freguesia de Odivelas Dados Geográficos, Demográficos e Populacionais Dados Geográficos A Freguesia de Odivelas, geograficamente localiza-se na zona central do concelho, faz fronteira com as freguesias da Ramada, Famões, Pontinha, Póvoa de Santo Adrião e Olival Basto, com os concelhos de Lisboa e Loures, apresentando uma área territorial de 5,05 Km2. Quanto à formação da Freguesia de Odivelas não existem certezas mas sabe-se que até 1850 integrou diversos concelhos. Em tempos pertencia ao 4º bairro de Lisboa passando de seguida a integrar os concelhos de Belém e Olivais. Com a criação do Concelho dos Olivais, alguns anos mais tarde, Odivelas passa a integrá-lo e com a extinção deste, em 1887, Odivelas passa a fazer parte do Concelho de Loures, entretanto criado. Odivelas é elevada a vila a 3 de Abril de 1964 e a cidade a 13 de Julho de 1990. Em 1998, com a criação do novo Concelho, passou a ser sua sede. 38 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Dados Demográficos e Populacionais A Freguesia de Odivelas tem características urbanas, registando uma das maiores densidades populacionais do Concelho (10 584 habitantes/km2), segundo os Censos de 2001. Em 2001, a freguesia de Odivelas contava com 53449 residentes. Gráfico N.º 1 Idades an os ai s an os em de 65 a6 4 9 60 a5 de de 55 a5 an os an os 4 an os de 50 a4 9 4 de 45 a4 40 de an os an os 9 an os a3 35 de de 30 a3 9 4 an os an os 25 a2 a2 de de 20 a1 9 4 an os no s 4a 15 de de 10 a1 a9 5 a4 de 0 de an os 8000 7000 6000 5000 4000 3000 2000 1000 0 an os N.º de Residentes População residente na Freguesia de Odivelas - 2001 N.º de residentes Fonte: Censos 2001 No gráfico N.º 1, anteriormente apresentado, verifica-se que a população residente na Freguesia de Odivelas, e de acordo com os Censos 2001, nas idades compreendidas entre os 0 e os 19 anos é mais reduzida comparativamente à faixa etária que compreende as idades dos 20 aos 39 anos, sendo esta a população jovem activa, tendo um total de 17115 habitantes, enquanto que o n.º total de crianças e jovens a residir em Odivelas é de 10879 habitantes. Neste gráfico também está evidente o n.º de população idosa residente na freguesia em 2001, ou seja, indivíduos com 65 e mais anos de idade que se destaca em relação à população mais nova residente em Odivelas. 39 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Relativamente ao gráfico N.º 1, para que exista um equilíbrio na sociedade é necessário que o n.º da população activa (15-64 anos) seja maior que o n.º da população com idades entre os 0-4 anos e > 65 anos, esta realidade é atingida favoravelmente na freguesia de Odivelas. Quanto ao grau académico da população residente na freguesia em 2001, foi possível recolher os seguintes dados apresentados na tabela que se segue: Tabela N.º 1 População residente por nível de qualificação académica (2001) Freguesia de Odivelas Nenhum nível de Ensino 1º Ciclo do Ensino Básico 2º Ciclo do Ensino Básico 3º Ciclo do Ensino Básico Ensino Secundário Curso Médio Curso Superior 5496 13111 5915 10220 9299 485 4361 Fonte: INE, Recenseamento Geral da População e Habitação, 2001 Através da análise realizada à tabela n.º 1, verifica-se que na Freguesia de Odivelas a maior parte da população com 13111 habitantes adquiriu o nível de ensino até ao 1º Ciclo do Ensino Básico. A população com o nível de ensino do 3º Ciclo é acrescida comparativamente ao 2º Ciclo. Desta tabela pode-se concluir que a taxa de analfabetismo existente na população residente na freguesia de Odivelas é de 10.3 % e apenas 8.2 % dessa população possui curso superior. O ponto que se segue, Imigração/Migração, irá reflectir a realidade social da sociedade actual, e que irá permitir integrar essa mesma situação na realidade da Freguesia de Odivelas articulando os dados estatísticos referentes à população estrangeira residente em Odivelas. 40 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Enquadramento Teórico da Imigração/Migração Reflexão Portugal foi durante séculos um país onde a maior parte da sua população se viu forçada a emigrar para poder sobreviver, o que ainda continua a acontecer. A história de cada uma das inúmeras comunidades portuguesas espalhadas por todo o mundo espelham esta dura realidade. Nos vinte últimos anos, Portugal tornou-se também num destino para muito imigrantes. Até aos anos noventa, foi sobretudo procurado por habitantes dos países lusófonos, mas actualmente preponderam os oriundos dos países do leste da Europa. O grande "boom" da imigração ocorreu a partir de 1999 e só em 2003 abrandou. O número de imigrantes legais em Portugal atinge 388.258 pessoas (Meados de 2002). A situação torna-se então extremamente difícil de controlar, sobretudo devido à acção das redes de imigração clandestina. (Fonte: www.imigrantes.no.sapo.pt) (ver em anexo III - estudo da descrição dos imigrantes) As migrações são uma constante na vida do Homem. A decisão de abandonar o país de origem não é uma tarefa fácil para o migrante, dado que ele tem pela frente um longo percurso, nem sempre facilitado por parte das autoridades fronteiriças. Várias são as razões ou motivações para o indivíduo abandonar o país de origem, nomeadamente, motivações étnico – culturais, políticas, económicas, com o intuito de no país de destino atingir os objectivos estabelecidos. Este indivíduo será designado no seio da sua pátria como emigrante, e no país de destino será considerado imigrante. Esta diferente designação atribuída ao indivíduo corresponde também a diferentes estatutos sociais. No seu país de origem é um nacional ausente, como tal terá uma perda pouco significativa de direitos e, uma diminuição dos deveres e obrigações inerentes à sua qualidade de cidadão. Em contrapartida, como imigrante é, um estranho, a entrar numa sociedade provavelmente desconhecida e onde terá de inserir-se e sujeitar às leis vigentes. A história de vida de cada imigrante é sempre marcada por um confronto íntimo entre duas culturas: a cultura onde se nasceu e aquela em que se passa a viver. A integração nesta última implica quase sempre o abandono da cultura originária, o que não deixa de provocar sentimentos de perca de identidade. Se os mais 41 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 jovens estão mais receptivos a esta assimilação, os mais velhos sentem-na frequentemente como uma renúncia às suas origens, o fim de uma parte de si mesmos. É crucial o associativismo imigrante como expressão primeira da participação dos imigrantes de forma a garantir a coesão social; a igualdade de oportunidades; o acesso à educação, saúde, habitação e direitos sociais. (Fonte: ACIDI, Plano para a Integração dos Imigrantes) Tal como se verifica na tabela n.º 2, referente à população residente na freguesia de Odivelas segundo a nacionalidade no ano 2001, o número de habitantes de nacionalidade estrangeira consistia em 3163 habitantes e com dupla nacionalidade eram no seu total 740 habitantes, isto é, apenas 7.3 % da população residente na freguesia é estrangeira ou tem dupla nacionalidade. Tabela N.º 2 População residente na freguesia de Odivelas, segundo a Nacionalidade (2001) Nº. de Habitantes-Total Tipos de Nacionalidade HM Portuguesa 49522 Dupla Nacionalidade 740 Estrangeira 3163 Fonte: Censos, 2001 – Instituto Nacional de Estatística Tabela N.º 3 Tipos de Nacionalidade Estrangeira de residentes na freguesia de Odivelas (2001) Nacionalidades Nº. de HabitantesTotal HM Timor 2 Angola 1080 Moçambique 124 Cabo Verde 236 Alemanha 6 França 20 Brasil 227 Venezuela --Outro País 1468 Fonte: Censos, 2001 – Instituto Nacional de Estatística 42 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Através da análise das duas tabelas anteriormente apresentadas, pode-se constatar que a freguesia de Odivelas possui uma população que se define por ser multicultural. Tal como se pode observar na tabela n.º 3 referente aos tipos de nacionalidade estrangeiras existentes na freguesia de Odivelas verifica-se que existe um elevado número de pessoas de etnia Angolana, Cabo-verdiana, Brasileira e Moçambicana, com relevância na existência de indivíduos com nacionalidade Angolana com 1080 habitantes. Através dos dados do Instituto Nacional de Estatística (Censos 2001) a grande maioria de população imigrante na Freguesia de Odivelas tem como destaque a população africana, assim torna-se pertinente desenvolver a sua caracterização no sentido de esclarecer a procura dos mesmos a este País – Portugal, tal como de outras comunidades, também estas existentes na freguesia. Como é de conhecimento geral, a Freguesia de Odivelas é constituída por uma diversidade de etnias, que na sua forma geral se agrupam por comunidades e onde se constata a multiculturalidade. Desta forma torna-se pertinente desenvolver a caracterização destas comunidades, no sentido de se compreender a dinâmica interna entre os seus membros e o modo como cada comunidade se relaciona a um nível externo. Esta caracterização irá centrar-se nas comunidades que mais sobressaem do panorama multicultural desta freguesia. - Caracterização da População Africana Ao longo das pesquisas desenvolvidas para a concretização deste diagnóstico foi possível certificar que a presença dos africanos em Portugal remonta o século V, mas só depois do século XVI é que se tornou uma realidade incontornável. Entre os séculos XIV e XVIII, Portugal tornou-se num grande entreposto de escravos, estimando-se que só no século XV terão vindo para Portugal mais de 150.000 escravos, que posteriormente seriam vendidos para Espanha e outros países ou 43 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 utilizados em diversas actividades, suprimindo a falta de mão de obra que as exportações e o comércio marítimo provocaram. A presença de africanos manteve-se muito significativa até ao final do século XVIII, até que em 1761, é proibida a sua entrada. O trabalho de escravos terá continuado até 1773, altura em que é de novo decretada a sua proibição. Posteriormente a vinda de negros torna-se um fenómeno cada vez mais raro, até ao início dos anos 50 do século XX, altura em que a ditadura salazarista passa a defender que Portugal é uma nação multiracial. Facto que deu uma nova visibilidade a este povo, mas não promoveu a vinda massiva para Portugal. Só nos anos 60, devido ao início da Guerra Colonial, à emigração em massa dos portugueses e à consequente escassez de mão de obra, é que o governo promove a mão de obra das antigas colónias, sobretudo de Cabo Verde para suprimir as necessidades na construção civil e nas obras públicas. A partir do 25 de Abril de 1974 com o fim das colónias inicia-se a vinda de centenas de milhares de africanos para Portugal, mas foi nos anos 80, altura em que o país mergulha numa grave crise económica que se assistiu a um aumento da imigração ilegal, originária sobretudo de Cabo Verde, Angola, Guiné-Bissau e de S. Tomé e Príncipe. A falta de condições de acolhimento para esta nova vaga de imigrantes agudizou os problemas sociais, nomeadamente devido às degradantes condições de trabalho e de habitação em que viviam estas comunidades. A contínua chegada de novos imigrantes ilegais e a incapacidade estatal para resolver problemas estruturais, tais como a habitação, assistência social, apoio familiar e educativo originou o aumento da exclusão social em largas camadas da população africana residente em Portugal. É neste quadro que se enquadra a maioria da população africana residentes na Freguesia de Odivelas, em que se trata de uma população que imigrou para Portugal pós 25 de Abril em busca de melhores condições de vida, e que viveram até aos dias de hoje em condições sócio-económicas e de habitabilidade precárias. A totalidade dos agregados familiares vivia em comunidade com indivíduos da mesma etnia, em aglomerados de barracas ou em casas degradadas sem quaisquer 44 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 condições de habitabilidade. A maioria da população feminina exerce actividade profissional sazonal na área da hotelaria e na limpeza, e a população masculina sobretudo na área da construção civil. Grande parte da população encontra-se inserida no mercado de trabalho, porém as baixas qualificações profissionais traduzem as deficientes relações laborais que estabelecem. Por outro lado, a população mais jovem a residir em Odivelas já nasceu em Portugal e encontra-se completamente integrada no sistema educativo. - Comunidade Islâmica Segundo o Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas, cerca de cinco por cento da população que reside no País identifica-se com religiões não católicas. Mas muitas destas comunidades minoritárias não estão formalmente organizadas. A Lei sobre a liberdade religiosa de 2001 abriu portas para as crenças que viajaram desde a Índia, China, Estados Unidos, Moçambique, Guiné e de muitos outros lugares do mundo. Por toda a Área Metropolitana de Lisboa constroem-se templos e complexos religiosos imponentes, celebram-se rituais em lugares de culto improvisados, reza-se em apartamentos ou moradias arrendados. Tudo depende do número de fiéis e da capacidade de cada comunidade conseguir angariar fundos para ampliar ou construir os seus templos. Boa parte dos seguidores dessas novas religiões pertence às gerações já nascidas em Portugal e até existe um número crescente de casos de portugueses que se converteram. As duas primeiras zonas de território nacional controladas por muçulmanos estão em fase avançada de instalação. Em Odivelas, para além da mesquita, existe uma escola religiosa, que funciona em regime de internato e outras estruturas de apoio a jovens muçulmanos. Em determinadas localidades na freguesia, mulheres com burka já não são novidade e as parabólicas destinadas a captar as televisões árabes são comuns. (Fonte: www.odivelas.com) 45 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 - Comunidade Brasileira No final da década de oitenta, aumentou o fluxo de imigrantes brasileiros, que usufruindo do regime de isenção de vistos para a sua entrada (como turistas). Dedicaram-se sobretudo a actividades no âmbito da restauração, construção civil e comércio. Importantes redes clandestinas alimentam o mercado da prostituição, não apenas para Portugal, mas para toda a Europa. Nos anos oitenta o número destes imigrantes foi igualmente notório em actividades qualificadas, como a medicina dentária. Os imigrantes brasileiros estão actualmente espalhados por todo o país, incluindo em pequenas aldeias de província, embora a sua principal concentração seja na região da grande Lisboa. Residentes estrangeiros provenientes do Brasil: 48.691 (dados de 18/2/2002). O número real de brasileiros a residir em Portugal, em meados de 2004, calculava-se que fosse superior a 100 mil pessoas. (Fonte: www.imigrantes.no.sapo.pt) - Comunidade Cigana A comunidade cigana está presente em Portugal há cinco séculos e sempre viveu separada da sociedade dominante. Segundo muitos historiadores e antropólogos a origem dos ciganos encontra-se na Índia. Esta comunidade embora, mantendo sua identidade, os ciganos revelam grande capacidade de integração cultural: sempre professam a religião local dominante, da mesma forma que suas danças, músicas, narrativas e provérbios manifestam a assimilação da cultura no meio em que se radicam. Sua capacidade de assimilar músicas folclóricas permitiu que muitas fossem preservadas do esquecimento, principalmente as do oeste europeu. Os ciganos não representam um povo compacto e homogéneo; mesmo pertencendo a uma única etnia, existe a hipótese de que a migração desde a Índia tenha sido fraccionada no tempo e que desde a origem fossem divididos em grupos e subgrupos, falando dialectos diferentes, ainda que afins entre si. O acréscimo de componentes léxicos e sintácticos das línguas faladas nos países atravessados no decorrer dos séculos acentuou fortemente tais diversificações, a tal ponto que podem ser 46 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 tranquilamente definidos como dois grupos separados, que reúnem subgrupos muitas vezes em evidente contraste social entre si. As diferenças de vida, a forte vocação ao nomadismo de alguns, contra a tendência ao sedentarismo de outros pode gerar uma série de contrastes que não se limitam a uma simples incapacidade de conviver pacificamente. Em linhas gerais se poderia afirmar que os Sintos são menos conservadores e tendem a esquecer com maior rapidez a cultura dos pais. Talvez este facto não seja recente, mas de qualquer modo é atribuído às condições socioculturais nas quais por longo tempo viveram. (Fonte: Wikipédia) A história dos ciganos em Portugal, como em quase todos os países da Comunidade Europeia, é marcada pela repressão, discriminação e segregação, provenientes não só das pessoas comuns, mas também das instituições oficiais estatais. As autoras Manuela Marinho e Maria Inês Amaro (2003) in Revista de Intervenção Social do Instituto Superior de Serviço Social, N.º 27, “os ciganos em Portugal”, referem que ao longo de séculos, os ciganos têm sido vistos como ladrões, anti-sociais, pessoas que se aproveitam das fraquezas dos outros e, mais recentemente como traficantes de droga. Assim, em Portugal, os ciganos ainda inspiram medo, suspeição, mas também repulsa e desagrado. A unidade base da organização deste povo é a família, e a partir desta é possível compreender os regulamentos próprios deste povo, as suas leis, as suas estruturas hierárquicas, as relações de poder, o sistema de diferenciação entre os indivíduos que lhes permite agir sobre os comportamentos e as acções dos outros e assim perceber-se a identidade étnica deste povo. A família assume-se como um dos pilares fundamentais de estruturação da vida dos ciganos. De facto, a família, entendida como família alargada, é o centro da organização social e económica no seio da comunidade. É essencialmente para o seu funcionamento um profundo sentimento de solidariedade, o respeito pelos mais velhos e a preferência por casamentos endogâmicos. Esta unidade estruturadora assume colectivamente a responsabilidade: o pela organização social e económica; o pela educação dos mais novos; 47 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 o pela reprodução social dos principais valores; o pela segurança e protecção dos seus membros; o promove o encontro entre as diferentes gerações, pelo que crianças, jovens, adultos e idosos se reúnem nas mais diversas situações do dia-a-dia. Apesar da vivência comunitária, existe uma distribuição diferenciada de papéis de acordo com o género. É esperado que as mulheres eduquem as crianças, cuidem da casa, assegurem os ganhos suficientes para os gastos diários e obedeçam, respeitem e dêem assistência aos seus maridos. As crianças são educadas para o respeito pelos valores da comunidade, como a autoridade dos mais velhos e a importância da família. Desde cedo, as crianças são preparadas para assumirem os seus papéis sociais de base sexual. Dos homens, espera-se que sejam fonte de autoridade e respeito; são responsáveis pelas tomadas de decisão sobre assuntos familiares e comunitários e devem garantir a manutenção económica da família, bem como ser responsáveis pelos investimentos financeiros. Um dos factores mais visíveis de diferenciação entre ciganos e a sociedade dominante é as condições de habitação, que, simultaneamente, reflectem a pauperização deste grupo e a força da sua cultura, fundada na estrutura da família alargada, no nomadismo e na vida ao ar livre. Uma vez que habitualmente vivem em clãs que requerem espaços comuns para a reunião de todos os elementos, para as festas e outras celebrações, e que não se encaixam nos padrões da família nuclear da sociedade ocidental, os ciganos tendem a viver em tendas, situadas em campos ao ar livre. Por conseguinte, sendo muitas vezes caracterizados pela escassez de bens, as tendas tendem a tornar-se barracas e os campos guetos de segregação e exclusão urbanas. Em Portugal, os ciganos estão cada vez mais a ser transferidos para apartamentos em bairros de realojamento social, muitas vezes sem qualquer tipo de preparação para a alteração de hábitos que a mudança de um campo ao ar livre para um apartamento envolve. 48 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Em Odivelas denota-se a existência de várias famílias de etnia cigana em que a quase totalidade destes agregados tem como actividade económica a venda ambulante nos diversos mercados e feiras da região. Embora, a um nível geral, exista um grande nível de frequência escolar por parte das crianças de etnia cigana, é notório um decréscimo no sistema de ensino, facto associado às formas de socialização e à cultura do povo cigano. As diferenças culturais presentes no contexto escolar poderão criar alguns conflitos, uma vez que para a criança cigana, a escola é um espaço novo, onde são transmitidas normas/regras diferentes das suas. A educação da criança cigana e a sua socialização começa na sua família e na comunidade onde vive, e por isso a contextualização escolar das crianças ciganas não tem qualquer importância entre a comunidade. 49 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Equipamentos, Serviços públicos e outros, disponíveis na Freguesia de Odivelas A Freguesia de Odivelas é uma região que tem vindo a evoluir progressivamente e direccionada para a área comercial e de hotelaria gerando emprego e mais clientes para o comércio local, assim como em termos do crescimento habitacional. Devido ao crescimento populacional que se tem verificado a Freguesia de Odivelas tem apostado na área dos serviços públicos e outros. Estes encontram-se muito subjacentes nesta freguesia, estando estes abaixo mencionados: Serviços e Comércio o Agências Bancárias; Caixas de Multibanco; Postos de Abastecimento de Combustível; Agências de Seguros; Agência Imobiliária; Agência de Viagens; Escola de Condução; Agência Funerária; Advocacia; o Loja do Cidadão; o Repartição de Finanças; Cartório Notarial; Conservatória Predial; Serviços Municipalizados; o Centros Comerciais; Supermercados; Mini-Mercados; Mercearias; Feiras; Cafés; Restaurantes; 50 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Ambiente o Depósitos de Água; o Linha de Apoio ao Ambiente – 21 931 90 55; o Blues – Brigada de Limpeza Urbana Especifica o Espaços Verdes; Parques Infantis Parque Infantil Parque Infantil B.º Olaio Parque Infantil Parque Infantil Parque Infantil Escola Fixa de Transito Parque Infantil MªLamas Parque Infantil B.º EDEC Parque Infantil Parque Infantil 3 de Abril Parque Infantil 25 de Abril Parque Infantil Parque Infantil Jardim do Sol Parque Urbano Parque da Arroja Parque Infantil Parque Infantil Morada Rua Tomás de Anunciação Praceta Cap. Manuel Gomes Coelho Urbanização Casal do Chapim Rua Sebastião da Gama Rua Tenente-Coronel Salgueiro Maia R. António Ferreira/R. António Bernardo Largo Maria Lamas Praceta Mirita Casimiro Rua Alfredo Roque Gameiro Alameda Inf. D. Henrique Praça d. Afonso de Albuquerque Urbanização Arroja Velha Localidade Quinta do Mendes Odivelas Chapim Patameiras Patameiras B.º Codivel B.º Espírito Santo Odivelas Odivelas Odivelas B.º Cágados Arroja Rua Jardim do Sol Arroja Quinta Nova Arroja Praceta Natália Correia Parque Urbano do Silvado Odivelas Odivelas Odivelas Odivelas Transportes/Comunicações o Praça de Táxis; Metro; Central de Camionagem; Rodoviária de Lisboa; o Estação de Correios; Postos de Correios; Desporto o Piscina Coberta; o Pavilhão Gimnodesportivo; Pavilhões Polidesportivos cobertos e descobertos; o Campo de Jogos descobertos; 51 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Cultura e Lazer o Sala de Espectáculos; o Cinema; o Biblioteca aberta ao Público; o Centro de Exposições; o Jardins e Espaços de Lazer; o Parques Infantis; o Património; Ensino o Educação Pré-Escolar (Pública e Privada); o Ensino Básico (1º Ciclo, 2º Ciclo, 3º Ciclo Público e Privado) o Ensino Secundário (Público e Privado); o ATL’s (IPSS’s e Privados) Saúde e Segurança Social o Centro de Saúde; Extensões de Saúde; Postos Médicos – privados; o Farmácias; o Posto Policial; Corporação de Bombeiros; Corporação de Bombeiros com serviço de ambulâncias; o Segurança Social; 52 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Apreciação Geral É de referir e mediante os dados apresentados no gráfico N.º 1 o baixo número de crianças referido se explica devido ao baixo nível de natalidade existente na realidade portuguesa e que esta se reflecte também na freguesia de Odivelas. Este fenómeno social deve-se ao facto de que os jovens face às contingências actuais, vêem-se confrontados com uma opção “obrigatória” de serem pais cada vez mais tarde, isto é, as condições propícias (ter habitação própria; estabilidade laboral) surgem cada vez mais tarde. Em consequência desses acontecimentos, o jovem casal opta por viver em casa dos pais e ter filhos mais tardiamente. Na Freguesia de Odivelas verifica-se a existência de habitantes cada vez mais envelhecidos, este fenómeno social estará relacionado com o avanço das tecnologias na área da saúde proporcionando uma elevação da esperança média de vida e também porque o novo idoso é influenciado por hábitos saudáveis. Não é apenas com a saúde física que o idoso do século XXI está mais cuidadoso, mas este está ciente de que o corpo e a mente estão muito associados, eles procuram manter uma actividade no seu dia-a-dia, tal como o voltar a estudar, fazer cursos de informática, hidro-ginástica, teatro, jardinagem, entre outras. A população em Odivelas tem aumentado significativamente e podemos referir que este crescimento se deve ao facto desta Freguesia estar situada numa posição privilegiada junto ao grande centro de Lisboa. E a Freguesia de Odivelas possui variados eixos, assim como a existência de uma boa rede de transportes, como por exemplo, o metro e a rede rodoviária que facilitam a circulação de pessoas para as diversas zonas do Distrito de Lisboa e por ser uma freguesia que se encontra num período de crescimento económico e por ser geradora de postos de trabalho. É notável e através dos dados fornecidos pelo INE – Censos 2001, que em Odivelas se denota um crescimento da população imigrante provenientes dos diversos 53 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 pontos do Mundo até aos dias de hoje, verificando-se uma diversidade étnica na Freguesia. Algumas questões surgiram no decorrer deste diagnóstico social em relação à população imigrante, em que se denota uma falta de informação acerca dos problemas que envolvem esta população em Odivelas, por outro lado a falta de meios e capacidade em dar resposta por parte das entidades competentes existentes na freguesia direccionadas para o apoio/acompanhamento de carácter social, cultural, educacional, entre outros. Sendo assim, expõem-se algumas questões para as quais não se tem uma resposta objectiva: Será que esta população proveniente de outros países se encontram a exercer actividades laborais? Será que esta população adquire meios de subsistência necessários para a manutenção de determinada qualidade de vida? Será que esta população se sente apoiada pelas entidades públicas? (Centro de Saúde, Autarquias, Serviços de Apoio ao Imigrante) Desta forma, existe uma grande necessidade de acolher estes indivíduos/famílias provenientes de outros países para um país por vezes desconhecido, e intervir através de um processo sistémico com a missão de os integrar na comunidade em geral, dotandoos de competências sociais e pessoais para que a sua integração se torne pacifica, fundamentalmente na freguesia de Odivelas. 54 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Nos sectores que se seguem será realizada a caracterização e análise aos equipamentos existentes na freguesia de Odivelas. Esses equipamentos estarão referenciados nas diferentes dimensões de análise, dando-se pelo nome de equipamentos sociais. No âmbito do presente diagnóstico social, considera-se equipamento social toda a estrutura física onde se desenvolvem as diferentes respostas sociais ou onde estão instalados os serviços de enquadramento a determinadas respostas, as quais são desenvolvidas directamente junto dos utentes. - Associativismo e Equipamentos Desportivos e Recreativos - Cultura Reflexão A expressão associativismo designa, por um lado a prática social da criação e gestão das associações (organizações providas de autonomia e de órgãos de gestão democrática: assembleia geral, direcção, conselho fiscal) e, por outro lado, a apologia ou defesa dessa prática de associação, enquanto processo não lucrativo de livre organização de pessoas (os sócios) para a obtenção de finalidades comuns. O associativismo, enquanto forma de organização social, caracteriza-se pelo seu carácter, normalmente, de voluntariado, por reunião de dois ou mais indivíduos usado como instrumento da satisfação das necessidades individuais humanas (nas suas mais diversas manifestações). Permite participar, de forma activa, no planeamento e na condução da resolução de carências colectivas. Na Freguesia de Odivelas pode-se referenciar a existência de várias associações com a missão de dar resposta a necessidades sentidas pela população de cariz cultural, recreativo, desportiva e humanitária. 55 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 O termo cultura consiste nas práticas e acções sociais que seguem um padrão determinado no espaço e tempo. Refere-se a crenças, comportamentos, valores, instituições, regras morais que atravessam e "preenchem" a sociedade. A cultura explica e dá sentido à vida em sociedade, às relações entre os indivíduos, isto consiste na identidade própria de um grupo num determinado território e num determinado período. Esta autarquia tem como objectivo promover a multiculturalidade, visto a Freguesia de Odivelas ser composta por uma grande diversidade étnica. Daí se tornar importante neste diagnóstico social caracterizar os equipamentos que desenvolvem actividades culturais com a população. A Junta de Freguesia pretende com esta caracterização verificar se existem entidades a dar resposta a esta população específica, assim como desmistificar os estereótipos existentes nesta comunidade. Após a concretização do diagnóstico, pretende-se motivar a população para a participação e interligação entre as diversas etnias. Desporto e Lazer/Cultura Reflexão Na vertente de Desporto e Lazer/Cultura encontra-se na Freguesia de Odivelas um vasto leque de entidades que desenvolvem um conjunto de actividades, modalidades desportivas e de lazer, destinadas a diferentes públicos-alvo. O dinamismo, criatividade, inovação e determinação nos valores, orientações e projectos, são a imagem e o sentido que se pretende ao dar relevância a estas entidades e associações. Os âmbitos de intervenção deste sector direccionam-se: a nível cultural, no que se refere ao desenvolvimento da criatividade, expressão, lazer ou arte, centrado nas actividades; 56 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 a nível educativo, direcciona-se para o nível do desenvolvimento pessoal, mudança de atitudes, sentido critico, consciencialização, responsabilização, sensibilização e motivação, centrado nas pessoas; a nível social, no que se refere à participação, transformação, mobilização, integração, centrado nos grupos, instituições e comunidade. A prática do desporto é cada vez mais, considerada por todos como fundamental para o sentido de realização humana, materializado com a socialização inerente, as raízes, a educação e o contacto do homem com a natureza. A auto-estima e o bem-estar emergem pela qualidade de vida que o desporto implica. O benefício psicológico e social do desporto é transversal a qualquer faixa etária, assim na infância, o estimular as crianças a praticar actividades físicas com carácter lúdico, evita que ocupem todo o seu tempo livre em actividades sedentárias, (jogos de computador, consolas, televisão, vídeos), além de funcionar como estratégias adequadas ao combate da hiperactividade e distúrbio de défice de atenção. É por intermédio destas actividades que a criança se dá a conhecer aos outros, se desenvolve e desta forma permite que esta comunique com maior facilidade e se aperceba do mundo que a rodeia. Através das actividades lúdicas e desportivas a criança estimula as suas capacidades, o seu poder criativo indispensável ao desenvolvimento da sua personalidade. Na adolescência/juventude, além da competição assumir um papel bastante importante na construção do próprio, os desportos de equipa destacam-se por estimularem o jovem aprender a “trabalhar” integrado num grupo. A terceira idade, pelas contingências da vida, corresponde muitas vezes a uma fase da vida, pautada pela ausência de entes familiares e amigos pelo que, ao se integrarem em actividades de grupo, fomentam novos laços de amizade, sentem-se mais protegidos, e exteriorizam os seus problemas. 57 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Em complementaridade à reflexão descrita, a Junta de Freguesia de Odivelas pretende com este sector – Desporto/Lazer/Cultura identificar as Associações existentes que promovem o desportivismo na freguesia para que num futuro próximo seja possível divulgar as actividades/modalidades existentes nessas mesmas associações. Esta autarquia pretende: ouvir os jovens acerca das actividades que lhes interessam para que a oferta seja de acordo com as preferências do grupo e para que seja possível desenvolver actividades/iniciativas de acordo com as preferências das crianças e jovens residentes na freguesia de Odivelas, a realizar em horários compatíveis com a carga horária escolar, incluindo fins de semana, e também a continuidade da ocupação de tempos livres nos meses referentes às férias escolares. Também se torna relevante saber a opinião dos adultos no que se refere às suas preferências desportivas, de lazer e culturais, para que seja possível a realização dessas mesmas actividades para toda a população e assim corresponder às suas escolhas. As entidades posteriormente referidas, na tabela n.º 3 encontram-se distribuídas por toda a freguesia com a missão de proporcionar bem-estar à população, viradas preferencialmente para a promoção da melhoria da qualidade de vida e do desenvolvimento desta freguesia, têm por fim promover e desenvolver actividades desportivas, recreativas, culturais, educativas e sociais. Desta forma e apelando à sua importância formativa, destacamos as importantes infra-estruturas construídas nos últimos anos na Freguesia de Odivelas e ainda os espaços desportivos onde se podem praticar não só várias modalidades desportivas, mas também actividades de recreio. 58 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Em paralelo com as actividades organizadas pela Câmara Municipal e pela Junta de Freguesia e com o seu apoio incondicional a destacar as colectividades que de uma forma continuada têm mantido uma maior actividade neste âmbito: Tabela N.º 4 Actividade Principal por Equipamento e N.º de Sócios/N.º de Participantes N.º de Sócios N.º de Participantes --- 14 400 50 ---- 50 10-70 anos 800 30 60 20 12-50anos 7-50anos 30-60anos Teatro 15 15-30anos Andebol Hóquei em Patins Patinagem Artística Ginástica Xadrez 780 87 64 64 212 17 3-18 anos 3-18 anos 3-18 anos 3-60 anos 7-70 anos 250 80 9-18 anos Associações/Organizações Actividade Principal Grupo Coral e Instrumental “Ecos do Alentejo”-Grupo Água Doce Grupo Desportivo e Recreativo do Pomarinho Grupo Musical “Raízes do Guadiana” Rancho Folclórico “Os Camponeses de Odivelas” Rancho Folclórico e Etnográfico “Os Moleiros do Pomarinho” Rancho Folclórico “Os Saloios de Odivelas” Música Popular/Cantares Tradicionais Dança e Cantares Tradicionais Sociedade Musical Odivelense Ginásio Clube de Odivelas**1 Faixa Etária 30-70 anos 10-70 anos Musica Popular Rancho Folclore e Cantares Tradicionais Rancho Folclore e Cantares Tradicionais Rancho Folclore e Cantares Tradicionais Banda Filarmónica Escola Música Grupo Coral Associação Cultural, Social e Desportiva da Arroja Atlético Clube de Odivelas (ACO) Centro Recreativo “Leões Futebol Clube” Clube Atlético das Patameiras Clube Recreativo Espírito Santo (AJAX) Futebol Odivelas Futebol Clube Futebol Masculino e Feminino, Futsal, Corfebol 1200 1000 4-23 anos Pombais Sport Clube Futebol 5 e Pesca Desportiva 112 80 6-21 anos 2 10-30 anos 28 10-14 anos Associação Cultural e Recreativa Quinta do Mendes Futsal Futsal Futebol Futebol Futebol de Mesa Basquetebol 40 59 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Tabela N.º 4 Actividade Principal por Equipamento e N.º de Sócios/N.º de Participantes (Continuação) N.º de Sócios N.º de Participantes Faixa Etária 28 21 10-50anos 225 --- 18-45anos Judo 80 65 4-65anos Centro de Karaté do Shotokan de Odivelas Karaté 496 496 6-55 anos Odivelgest-Gestão de Equipamentos (Piscinas Municipais) Natação 228 --- --- --- --- --- Associações/Organizações Actividade Principal Clube de Desporto “Barcelona 92” Lusitano Futebol Clube Atletismo, BTT Atletismo Futsal Judo Clube de Odivelas Associação Cultural e Desportiva “Estrela Serra da Estrela” Grupo Recreativo dos Pombais Pesca Desportiva, Sueca, Damas, Chinquilho Jogos Tradicionais (Cartas, Dominó) Grupo Motards “Os Lentos da Estrada” Motociclismo e Feira das Tasquinhas, Concentrações Motards Sociedade Columbófila de Odivelas Columbofilia Rotary Clube de Odivelas Beneficência Centro de Artes e Ofícios (CAOS) Quadrante-Ass. dos Artistas Plásticos de Loures e Odivelas Associação de Artesãos D. Dinis Ateliers de Pintura/Artes Associação de Escoteiros de Portugal (Grupo 11) Corpo Nacional de Escutas (Agrupamento 69) **2 Acaver; S. Jorge; Dia Núcleo 50 133 290 Dos 10 a > 21 anos Dos 6 aos 69 anos 60 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Tendo em conta a importância de promover a actividade desportiva como prática frequente e necessária para o bem-estar físico e mental dos cidadãos, o sector de desporto desta Autarquia, assim como de todas as associações integradas na freguesia, pretendem sensibilizar e estimular os cidadãos na promoção de estilos de vida mais saudáveis. **1 O Ginásio Clube de Odivelas é um clube amador, fundado em 1978. Actualmente é frequentado por cerca de 450 atletas nas modalidades de andebol, hóquei em patins, patinagem artística e xadrez. Para além das actividades mencionadas, conta com diversas outras actividades e iniciativas de forma a enriquecer a freguesia de Odivelas. As iniciativas decorrentes para este ano de 2008 e com a articulação de diversos clubes e entidades públicas, estão direccionadas para: - Danças de Salão, com inicio em Novembro de 2007; - 30º Aniversário; - Festa da Ginástica, Câmara Municipal de Odivelas; - Concurso de Fado Amador, Junta de Freguesia de Odivelas; - Encerramento da Ginástica; - Final de Época de Hóquei em Patins e Andebol, conta com a presença de vários clubes; - Demonstração de Patinagem Artística. A aderência por parte da população tem sido satisfatória no que se refere à procura destas modalidades, sendo únicas ao nível do concelho. As modalidades existentes estão disponíveis para toda a população do Concelho de Odivelas, mas para o efeito terão de se tornar sócios do clube. Este Clube identificou a existência de falta de recursos ao nível logístico e monetário, tendo por vezes dificuldades na divulgação de suas actividades e iniciativas, solicitando desta forma a ajuda a outros clubes, assim como à Câmara Municipal de Odivelas e Junta de Freguesia de Odivelas. 61 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 **2 A Associação dos Escoteiros de Portugal – Grupo 11 Odivelas situados na Avenida D. Dinis, Edifício do Mercado Novo, loja 14, sendo designada por Associação Juvenil Sem Fins Lucrativos com ano de fundação em 1979 consiste numa resposta a todas as faixas etárias abrangendo todo o concelho de Odivelas. Sendo uma associação fundamental para o desenvolvimento do indivíduo a todos os níveis que visam os seguintes pólos: social, físico, espiritual, intelectual, emocional e de carácter. O Grupo 11 de Odivelas desenvolve fundamentalmente actividades tipicamente escotistas, realizadas de acordo com uma metodologia muito própria focadas no progresso individual e de trabalho em grupo. O grupo organiza-se por uma divisão de faixas etárias: dos 10 aos 14 anos, dos 14 aos 17 anos, dos 17 anos aos 21 anos e maiores de 21 anos de idade, sendo estes últimos correspondentes à chefia. O Grupo tem actividades comuns a todas as divisões, planeadas no inicio do ano escotista, variando de ano para ano e adicionalmente cada divisão tem actividades que são decididas trimestralmente tendo em conta a avaliação do trimestre anterior e das necessidades que cada divisão apresenta. Esta Associação desenvolve diversas actividades, tais como: o Exposições sobre o escotismo, o Formação diversa (orientação, socorrismo, religião, sistema de patrulhas, etc.), o Acampamentos regulares, o Debates e tertúlias, o Visionamento de filmes, o Workshops de elaboração de vídeos, o Caminhadas, o Actividades com a comunidade. 62 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Outras Entidades e sua Intervenção para a Comunidade Na freguesia de Odivelas, estão presentes diversas organizações não governamentais (ONG’s) e associações com origem no apoio às comunidades imigrantes e/ou que desenvolvem projectos vocacionados para a população imigrante e minorias étnicas, estas consistem: - Comunidade Islâmica; (Rua Jaime Martins Barata, Lt 190 Odivelas), (referido anteriormente na página 36) - Comunidade Brasileira; (Paróquia do Santíssimo Nome de Jesus, Rua Alberto Monteiro, Odivelas), (referido anteriormente na página 37) - Associação Recreativa e Cultural Indo-Portuguesa (ARCIP); (Av. Dinis, 43-7º Frt. Odivelas) - Associação dos Residentes Angolanos no Concelho de Odivelas (ARACODI); (Rua Dr. João Santos, 75-Piso N.º 1 – Centro Comercial da Arroja, Loja 41 Odivelas) - Associação dos Crentes Evangélicos Guineenses em Portugal; (Rua Alfredo Roque Gameiro, N.º 7 – 1º Frt. Odivelas) De acordo com os dados referente a pesquisas efectuadas foi possível realizar uma breve caracterização de algumas das entidades referenciadas; - ARCIP – Associação Recreativa e Cultural Indo-Portuguesa No ano de 1996, depois da realização de reuniões e convívios formou-se a Tertúlia Oriental com a colaboração de diversos participantes. A finalidade consistia em criar laços entre indo-portugueses em torno de um espírito de unidade, da importância dos valores e história da lusofonia e do quotidiano da comunidade. Após a concretização de diversas actividades recreativas e culturais, encontros de convívio acompanhadas por almoços, excursões e jogos. Esta Associação está composta por diversas actividades direccionada à população, tais como o Futebol Salão, Badmington, Ténis de Mesa, Bilhar, Xadrez, Damas. 63 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Todos estes eventos e actividades referidas têm como propósito aproximar mais as pessoas e estreitar mais laços, e daí surgiu a ideia de legalizar a situação e torná-la mais abrangente com a criação de uma associação indo-portuguesa que participasse mais activamente na sociedade e reflectisse esses mesmos valores da lusofonia e indoportugueses. A Associação Recreativa e Cultural Indo-Portuguesa, abrangente a todos, sem qualquer distinção, foi fundada a 16 de Março de 1999. - ARACODI - Associação dos Residentes Angolanos no Concelho de Odivelas Complementando a existência das ONG’s anteriormente referidas, existe um espaço disponibilizado pela Câmara Municipal de Odivelas localizado na freguesia de Odivelas, de apoio ao imigrante que desenvolve a sua actividade na promoção da igualdade de oportunidades e cidadania. Este espaço está direccionado para facilitar o acesso da população à informação, um espaço aberto ao atendimento que visa a orientação, sensibilização, esclarecimento e acompanhamento de situações consideradas problemáticas e que necessitam de uma resposta mais adequada, privilegiando o devido enquadramento técnico. Para alem do referido, nesta Associação encontra-se a oportunidade de desenvolver algumas actividades, sendo estas: o Futebol 11, Dança, Música e o Artesanato Africano. 64 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Outras Infra-Estruturas Para além das associações referidas, também se podem encontrar localizadas na Freguesia de Odivelas várias infra-estruturas de carácter público, que direccionam a sua intervenção para o desporto, lazer e cultura, e estas consistem em: Desporto o Piscina Municipal; 1 – Gestão da Empresa Municipália o Pavilhão Gimnodesportivo Municipal; 1 – Câmara Municipal de Odivelas o Pavilhão Polidesportivo; 3 – Gestão da Junta de Freguesia de Odivelas Cultura e Lazer o Centro de Exposições de Odivelas; 1 – Câmara Municipal de Odivelas o Biblioteca Municipal D. Dinis; 1 – Câmara Municipal de Odivelas o Parques Infantis; 16 – Gestão e Manutenção da Junta de Freguesia de Odivelas o Casa da Memória - “Memórias da Freguesia”; 1 - Junta de Freguesia de Odivelas o Pavilhão Polivalente; 1 – Junta de Freguesia de Odivelas o Parque Urbano do Silvado (Salão Azul); espaço de lazer e actividades culturais; 1 – Gestão da Junta de Freguesia de Odivelas o Centro Cultural da Malaposta – Gestão da Empresa Municipália, apesar de não estar localizado na freguesia ressalva-se como uma resposta cultural para a mesma. 65 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Iniciativas realizadas pela Junta Freguesia de Odivelas (de carácter desportivo/lazer/cultural) Festas da Cidade de Odivelas – Festejo do aniversário da elevação de Odivelas a cidade. Proporciona vários dias de animação, divertimento e com diversos momentos culturais. Nestas festas encontram-se algumas áreas de gastronomia, diversão, artesanato, cultura e actividades económicas, isto é: o Feira de Artesanato e do Livro; o Mostra de Actividades Económicas; o Stands de Gastronomia; o Grupos Musicais; o Ranchos Folclóricos; o Actuações Artísticas; o Diversão, Carrosséis; o Desporto; o Sessão Solene-Homenagem aos Campeões da Cidade. Légua Nocturna – Actividade desenvolvida pela Junta de Freguesia de Odivelas em parceria com o Clube “Barcelona 92” e com a Câmara Municipal de Odivelas. Uma iniciativa integrada nas Festas da Cidade. Esta iniciativa consiste numa prova de atletismo com um percurso traçado nas ruas da Freguesia de Odivelas e conta com a participação de diversos atletas que estejam interessados a ingressar nesta actividade. Passeio de Avós e Netos – Inserido na iniciativa da Légua Nocturna esta actividade consiste na realização de uma caminhada também com percurso pelas ruas da Freguesia de Odivelas, com a participação de avós e netos. Dia Desportivo – Em colaboração com a Câmara Municipal de Odivelas e Clubes da freguesia, organizou-se mais uma iniciativa pela Junta de Freguesia de Odivelas. Tem como objectivo proporcionar a toda a população a prática de desporto e 66 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 salvaguardando os aspectos de lazer, saúde, desportivismo e participação, as actividades variam, sendo estas: o Ciclismo; Ginástica; Futebol; Voleibol; Badmington; Karaté; Judo; Capoeira; Basquetebol; Tiro com Arco; Gincana de Bicicleta; Jogos Tradicionais e Insufláveis. Odivelas Encesta – Consiste na realização de um Torneio de Basquetebol 3x3, iniciativa organizada pela Junta de Freguesia de Odivelas com o apoio do Clube Barcelona 92 e Câmara Municipal de Odivelas. Feira de Artesanato – Iniciativa organizada pela Junta de Freguesia de Odivelas e com a participação de diversos artesãos. Esta iniciativa dá oportunidade de divulgar as mais variadas artes existentes: o Pirogravura; Artes Decorativas; Pintura; Cestaria; Doçaria Conventual, entre outras. Feira de Velharias e Antiguidades – Esta iniciativa mensal pretende dar a conhecer objectos que remontam à antiguidade e que relembram um pouco da história dos antepassados, assim como o historial das famílias a quem pertenceram esses objectos. Espectáculos Musicais – Estes espectáculos estão inseridos no decorrer das Festas da Cidade, assim como em algumas mostras da Feira de Artesanato, em que participam diversas colectividades no que se refere à animação de palco: o Ranchos Folclóricos; Escola de Fado; Danças Tradicionais; Cantares Tradicionais; LX PRO - Produção Musical. Marchas Populares – Actuações de Marchas Populares nas ruas da Freguesia de Odivelas, com a participação das diversas Freguesias do Concelho de Odivelas como forma de comemorar os Santos Populares. 67 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Escola de Fado/Concurso de Fado Amador – Esta autarquia possui uma escola de fado que conta com a participação de elementos das várias faixas etárias, residentes na Freguesia e outras. Por sua vez, também, organiza concursos de fado amador ao qual se conta com a participação dos alunos dessa mesma escola assim como de habitantes em outra freguesia. Concurso “BANDAS PROCURAM-SE” – A Junta de Freguesia de Odivelas em parceria com a LX PRO apuraram grandes talentos da música. O objectivo desta iniciativa consistiu em encontrar bandas e proporcionar os meios necessários para dar a conhecer o que de bom se vai fazendo na música em Portugal, ainda que nem sempre em português. Pretendeu-se com este concurso, encontrar muito mais do que um vencedor, mas antes acordar formações meio adormecidas, convencer os mais cépticos de que vale a pena acreditar na música que fazem e que tudo pode começar de uma simples iniciativa. Homenagens – Dia Internacional da Mulher – procede-se a homenagens a mulheres da Freguesia que se destacam em algumas áreas de intervenção. Com esta iniciativa pretende-se sensibilizar toda a população pelo facto de existirem mulheres vítimas de violência doméstica, assim como realçar a existência do voluntariado praticado nesta mesma freguesia. - Cheias de 1967 - A Junta de Freguesia de Odivelas assinalou a passagem dos 40 anos das cheias de 1967 através de uma homenagem às vítimas dessa catástrofe. 68 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Análise à Realidade Social da Freguesia de Odivelas E Propostas de Intervenção Potencialidades Constrangimentos Desporto - Diversidade de associações existentes; - Existência de espaços desportivos na freguesia; - Dinamismo de algumas associações; - Adesão da população às actividades desportivas Desporto - Insuficiente número de espaços desportivos; - Pouca diversidade de modalidades nas associações existentes; - Divulgação insuficiente em relação a iniciativas Cultura desportivas; - Existência de respostas ao nível das associações; - Falta de respeito cívico por parte da população no que - Diversidade de iniciativas das autarquias concerne à preservação dos espaços desportivos; direccionadas para actividades culturais; - Falta de colaboração por parte das entidades no - Existência de uma população multicultural; processo de recolha de dados (resposta aos inquéritos - Freguesia de Odivelas com uma herança histórica e por questionário) cultural muito rica; - Desmotivação da população relativamente à sua participação social. Cultura - Número insuficiente de iniciativas que promovam a partilha de costumes e tradições entre as várias etnias existentes na freguesia; - Insuficiente informação/divulgação acerca de alguns monumentos históricos da freguesia; Propostas de Intervenção Integrar os grupos excluídos ao nível social, cultural e económico; Promover hábitos de vida saudáveis com base na prática de desporto e da utilização dos espaços livres; Criar redes no seio do movimento associativo, estimulando o estabelecimento de parcerias; Criar e diversificar actividades desportivas, lúdicas e culturais; Promover a identidade da Freguesia respeitando as diferenças sócioculturais; Contribuir para a inserção sócio-cultural dos habitantes da Freguesia; 69 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Promover o diálogo entre os vários subsectores da área sócio-cultural; Envolver a população nas actividades e eventos de âmbito cultural; Identificar e valorizar as particularidades culturais locais; Consolidar e divulgar as actividades culturais; Apoiar a multiculturalidade; Permitir que a população jovem da Freguesia desenvolva as suas actividades lúdicas e culturais no território; Criar oportunidades de ocupação e convívio para que os jovens se afastem de comportamentos desviantes e marginais e promovam a sua valorização pessoal e cultural; Valorizar o património integrando-o em iniciativas locais; Conferir visibilidade ao património cultural existente; Promover visitas culturais pelo Património existente na Freguesia, direccionado à população em geral. 70 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Apreciação Geral A Freguesia de Odivelas depara-se com uma diversidade de Associações muito ricas no que concerne ao desenvolvimento de diversas actividades ao nível desportivo, recreativo, cultural, educativas e sociais. Torna-se fundamental focar a finalidade da existência destas Associações: incutir hábitos saudáveis, desenvolver o espírito de equipa, incutir regras e normas aos mais jovens, disponibilizar espaços de convívios para os associados e participantes, ensinar a respeitar os outros indivíduos e ajudar a construir uma sociedade mais participativa. No que diz respeito a Associações Culturais na freguesia de Odivelas destacamse os ranchos folclóricos que têm uma função importante na transmissão cultural de cantares e danças tradicionais à população em geral e aos mais jovens. Existem também Associações que se dedicam à realização de actividades que promovem os jogos tradicionais, como as damas, chinquilho, cartas e dominó. A maioria destas associações, e segundo os dados recolhidos foi possível destacar a actividade desportiva mais evidente deste leque – o Futebol. A existência de um grande número de associações ou clubes para o mesmo tipo de actividade faz com que as crianças e jovens se sintam limitados em questões de opção, sendo todas as outras actividades também muito importantes para o seu desenvolvimento integral. Este acontecimento deve-se ao facto e na sua generalidade, pela falta de divulgação das próprias entidades, pela opção dos pais destas crianças e jovens, por influência dos amigos, e também pela divulgação publicitária na televisão, por estes, não transmitirem uma maior importância para a realização de outro tipo de actividades desportivas e de lazer e ficarem centrados na divulgação de uma única actividade. Verifica-se que o associativismo está a terminar, e isto vai ao encontro da falta de apoios por parte das entidades competentes, assim como o espírito associativo, uma vez que a população em geral, principalmente os jovens não se revêem nos princípios do associativismo e o individualismo predominam na actualidade. 71 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Também se denota uma falta de participação cívica pelas próprias associações e clubes, tendo sido transmitida uma vez mais devido à falta de participação nas respostas aos inquéritos por questionário destinados aos mesmos para a possível complementaridade de dados necessários para a elaboração deste diagnóstico. Quanto à aderência populacional em ingressar nas associações mencionadas na tabela anterior na sua maioria referiram que se encontram pouco satisfeitas, podemos desta forma analisar o facto de que a população em geral, desde os jovens aos adultos, não aderem ao espírito associativo. É necessário ajudar o associativismo a sobreviver na sociedade de hoje, assim como convidar a população residente na freguesia de Odivelas a participar de forma mais activa nas actividades lúdico-desportivas. 72 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Educação Infância e Juventude e o meio escolar Reflexão Considerando que a educação se dá primordialmente ao nível familiar, é na relação com a mãe ou com quem exerce a maternagem que se dá a constituição do aparelho psíquico. É na criança que a família projecta o futuro da sua descendência. Assim, é muito importante que a família envie a criança à escola para vivenciar a tensão do conhecido/desconhecido, o que produz a lapidação do aparelho psíquico. Na educação familiar transmite-se um nome, uma tradição, uma neurose familiar, uma vez que cada família tem o seu folclore básico para que o sujeito conquiste o campo de enunciação no universo da família. E a criança surpreende-se quando integra o universo da escola porque entra num universo desconhecido, no qual é tratada de forma diferente do que é na família. Nos moldes de casamento de hoje, a felicidade pessoal de cada um vem em primeiro lugar e a criança é sacrificada. Há em todos os pais uma culpa que eles procuram compensar através de consumismo, comprando tudo para as crianças, ou “comprando a criança” para compensar a sua ausência. Essa culpa conduz à falsa ideia de que a felicidade é fazer o que a criança quer. Dessa forma a vida familiar encontra-se destruturada. Sendo assim a creche/jardim de infância constituem-se hoje, como equipamentos importantes no que concerne a respostas sociais às necessidades da população como consequência das transformações sócio-económicas, das alterações nos modelos de relações entre os indivíduos e de mudanças no exercício das funções das mulheres. As mulheres passam, cada vez mais, a trabalhar fora de casa, motivadas pela necessidade de contribuir para a economia familiar, ou pelo desejo da realização profissional. Associado a isso, a migração em larga escala das populações rurais para os 73 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 centros urbanos industrializados, a diminuição no número de elementos da família, a quebra da rede de apoio familiar e de vizinhança e um distanciamento físico e psicológico entre os diferentes membros (irmãos, tios, avós entre outros), levam à procura de soluções para os cuidados das crianças fora do espaço familiar, complementares à mãe. Mesmo as mulheres que não trabalham fora de casa, têm procurado um espaço de socialização para as crianças uma vez que contam com recursos diminutos no espaço doméstico. Essas formas têm sido encontradas a diferentes níveis, mas fundamentalmente, através de amas, creches e jardins de infância. Nesse contexto, duas questões se mostram especialmente relevantes e em conflito: a função da maternidade e a educação das crianças, especialmente nos primeiros anos de vida, em ambientes colectivos. O exercício da maternidade nos moldes como o conhecemos hoje é relativamente recente na história da humanidade. As mudanças estão intimamente associadas a transformações económicas e sociais que ocorreram através das épocas nas várias sociedades e, em particular, na família. Em Portugal, as importantes transformações sociais iniciadas com o 25 de Abril, deu origem a movimentos que exigiram ao Estado um auxílio de qualidade na educação dos seus filhos. Através dessas lutas, para além do aparecimento de inúmeras Instituições de acolhimento de crianças (creches, jardins de infância e outras situações), conseguiu-se que fosse consagrada na lei a educação pré-ecolar como um direito da criança, um dever do estado e uma opção da família, tirando-lhe assim a conotação meramente assistencial. Educar as crianças em idade pré-ecolar significa dar-lhes oportunidades para realizarem uma aprendizagem activa. As crianças em acção desenvolvem espírito de iniciativa, curiosidade, desembaraço e autoconfiança – características que lhes são úteis ao longo da vida. Sendo assim, o Ministério da Educação apenas reconhece a existência de crianças a partir dos três anos de idade, mas atribui ao Ministério da Segurança Social do Trabalho a competência de enquadrar as necessidades sociais das crianças dos 0 aos 74 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 3 anos de idade. Este Ministério, por sua vez, atribui aos privados a criação de respostas, os quais não são submetidos a qualquer tipo de fiscalização. A adolescência é uma fase de desenvolvimento que representa um período de transição entre as vinculações da infância, estabelecidas fundamentalmente no contexto da relação pais-filhos, e as relações afectivas que extravasam as relações familiares. É por isso que a o adolescente, não sendo já criança, se surpreende a si próprio e aos que lhe estão mais próximos ao manifestar afectos, atitudes e comportamentos da criança que já não é, ao mesmo tempo que se revela capaz de executar actividades do adulto que ainda não é. A Escola, tal como a conhecemos, nasceu como instituição focalizada no desenvolvimento racional e cognitivo das crianças, e progressivamente, com o prolongar da escolaridade obrigatória, também dos jovens. A escola cumpria até há pouco tempo atrás a sua missão de forma rigorosa e plena, mas devido a um processo de mutação cultural, nomeadamente, novos factores sociais passaram a ter uma influência não negligenciável sobre o desenvolvimento da criança e do jovem (o mercado de diversão e dos tempos livres, a solicitação para o consumo do álcool e estupefacientes, a presença da televisão e Internet em meio doméstico-familiar). Em consequência deste processo, observa-se um crescendo de expectativas com que a sociedade olha para a escola. Mas no que concerne ao segundo ciclo, este continua a limitar-se a um ensino tipo académico, remetendo o olhar educativo sobre o aluno adolescente (como pessoa que vive uma fase crucial do seu desenvolvimento), em vez de se apostar num diálogo pessoal com adolescente e focalizar o ensino em disciplinas que permitam ao adolescente um desenvolvimento pessoal e social e uma formação cívica. Os sinais de alerta são bastante claros, por exemplo relativamente ao insucesso escolar e à indisciplina, na medida em que no ambiente de sala de aula denota-se uma grande instabilidade, nomeadamente os alunos demonstram cada vez mais desinteresse pela estrutura curricular e uma grande indisciplina para com o pessoal docente. 75 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Neste sentido o ambiente educativo a criar terá que olhar para a necessidade do adolescente em consolidar a sua identidade e capacidade de interrelação e catalizar o seu processo de descoberta de si próprio como uma pessoa única, valiosa e digna. Por outras palavras, é crucial que o ambiente educativo proporcione ao adolescente a possibilidade do encontro consigo mesmo, num contexto simultaneamente protegido e aberto, que lhe dê todo o tempo necessário para se ir consolidando como pessoa, sem ter que esconder/recalcar, ou converter em uma agressividade descontrolada as suas fragilidades, dúvidas e descobertas. A Escola, constituindo-se como um espaço seguro e saudável, facilita a adopção de comportamentos mais saudáveis, encontrando-se por isso numa posição ideal para promover e manter a saúde da comunidade educativa e da comunidade envolvente. É importante que todos se consciencializem de que a par do trabalho de transmissão de saberes organizados em disciplinas, à Escola compete, também, educar para os valores, promover a saúde, a formação e a participação cívica dos alunos, num processo de aquisição de competências que sustentem as aprendizagens ao longo da vida e promovam a autonomia. Relativamente à promoção da saúde nas escolas, surge o Programa de Saúde Escolar o qual é promovido em parceria pelo Centro de Saúde e as escolas. (ver pág.182) A Educação é um factor importante para que os cidadãos se possam integrar plenamente em sociedades, que estão em constante transformação, deve ser acessível a todos, devendo representar um factor de coesão e nunca de exclusão. Embora esteja legislado que a escolaridade obrigatória é para todo o cidadão, nem sempre essa obrigatoriedade passa pela criação de condições de sucesso educativo para todos. Seria necessário assegurar condições de realização pessoal e social, contribuindo para um desenvolvimento harmonioso do ser humano. 76 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Educação Pré-escolar A educação pré-escolar destina-se a crianças com idades compreendidas entre os 3 anos e a entrada na escolaridade obrigatória; é de frequência facultativa e é ministrada em jardins de infância públicos ou privados. Os jardins de infância públicos são gratuitos. Escolaridade Obrigatória - Ensino Básico Níveis Anos de Escolaridade Idade 1º Ciclo 1.º - 4.º 6-10 anos 2º Ciclo 5.º - 6.º 10-12 anos 3º Ciclo 7.º - 9.º 12-15 anos A escolaridade é obrigatória dos 6 aos 15 anos de idade. Os alunos que tenham atingido a idade limite da escolaridade obrigatória sem terem concluído o 3.º ciclo podem prosseguir estudos, através de diversas modalidades de educação de jovens e adultos. No 1.º ciclo, o ensino visa o desenvolvimento de competências básicas definidas para este nível de ensino. Com a implementação da escola a tempo inteiro, as escolas funcionam no mínimo oito horas por dia, o que permite oferecer actividades de enriquecimento curricular, incluindo o ensino de Inglês no 3.º e 4.º anos e o apoio ao estudo para todos os alunos (de carácter obrigatório), bem como a actividade física e desportiva, o ensino da música e outras expressões artísticas, o ensino do inglês ou outras línguas estrangeiras desde o 1.º ano. Funciona em regime de monodocência, havendo a possibilidade de recurso a professores especializados em determinadas áreas. No 2.º ciclo, o ensino está organizado por disciplinas e áreas de estudo de carácter pluridisciplinar. 77 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 No 3.º ciclo, o ensino está organizado por disciplinas. Tem por objectivos principais a aquisição de conhecimentos e competências indispensáveis ao ingresso na vida activa e ao prosseguimento de estudos. O 2º. e o 3º. ciclos funcionam em regime de pluridocência, com professores especializados nas diferentes disciplinas. O ensino das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) é obrigatório no 9.º ano de escolaridade. No ensino básico os alunos são sujeitos à avaliação sumativa interna. Para conclusão do 3.º ciclo os alunos são submetidos a uma avaliação sumativa externa, através de exames nacionais, nas disciplinas de Português e Matemática. Aos alunos que completam com sucesso o 3.º ciclo é atribuído o diploma do ensino básico. O ensino público é gratuito. Ensino Secundário Tipo de Curso Ano de Escolaridade Idade 10.º, 11.º, 12.º 15-18 anos Científico-humanísticos Tecnológicos Artísticos especializados Profissionais Para acederem a qualquer curso do ensino secundário os alunos devem ter concluído a escolaridade obrigatória ou possuir habilitação equivalente. O ensino secundário está organizado segundo formas diferenciadas, orientadas quer para o prosseguimento de estudos quer para o mundo do trabalho. O currículo dos cursos de nível secundário tem um referencial de três anos lectivos e compreende: - cursos científico - humanísticos - 5 tipos de cursos vocacionados essencialmente para o prosseguimento de estudos de nível superior; - cursos tecnológicos - 10 cursos que visam o ingresso no mundo do trabalho, permitindo, no entanto, o prosseguimento estudos em cursos pós-secundários não superiores ou, ainda, no ensino superior; 78 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 - cursos artísticos especializados - organizados nas áreas de artes visuais, audiovisuais, dança e música, têm como objectivo assegurar formação artística especializada, permitindo a entrada no mundo do trabalho, ou o prosseguimento de estudos em cursos pós - secundários não superiores ou, ainda, no ensino superior; - cursos profissionais - estruturados por diferentes áreas, são organizados em módulos, correspondendo a 3100 horas de formação. Estes cursos destinam-se a proporcionar a entrada no mundo do trabalho, facultando também o prosseguimento de estudos em cursos pós – secundários não superiores ou, ainda, no ensino superior. Para conclusão de qualquer curso de nível secundário os alunos estão sujeitos a uma avaliação sumativa interna. Para além dessa avaliação, os alunos dos cursos científico-humanísticos são também submetidos a uma avaliação sumativa externa, através da realização de exames nacionais em determinadas disciplinas previstas na lei. Aos alunos que tenham completado este nível de ensino é atribuído um diploma de estudos secundários. Os cursos tecnológicos, artísticos especializados e profissionais conferem ainda um diploma de qualificação profissional de nível 3. No ensino público, os alunos têm que pagar uma pequena propina anual. Ensino Pós -secundário não superior Os cursos de especialização tecnológica (CET) possibilitam percursos de formação especializada em diferentes áreas tecnológicas, permitindo a inserção no mundo do trabalho ou o prosseguimento de estudos de nível superior. A conclusão com aproveitamento de um curso de especialização tecnológica confere um diploma de especialização tecnológica (DET) e qualificação profissional de nível 4, podendo ainda dar acesso a um certificado de aptidão profissional (CAP). Educação e Formação de Jovens e Adultos A educação e formação de jovens e adultos, tal como será aprofundado na página 106 oferece uma segunda oportunidade a indivíduos que abandonaram a escola precocemente ou que estão em risco de a abandonar, bem como àqueles que não tiveram oportunidade de a frequentar quando jovens e, ainda, aos que procuram a escola por 79 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 questões de natureza profissional ou valorização pessoal, numa perspectiva de aprendizagem ao longo da vida. No sentido de proporcionar novas vias para aprender e progredir surge a Iniciativa “Novas Oportunidades” em que como objectivo alargar o referencial mínimo de formação ao 12.º ano de escolaridade e cuja estratégia assenta em dois pilares fundamentais: tornar o ensino profissionalizante uma opção efectiva para os jovens e elevar a formação de base da população activa. As diferentes modalidades de educação e formação de jovens e adultos permitem adquirir uma certificação escolar e/ou uma qualificação profissional e, ainda, o prosseguimento de estudos de nível pós -secundário ou o ensino superior. A educação e formação de jovens e adultos compreendem as seguintes modalidades: - Sistema de reconhecimento, validação e certificação de competências (RVCC), adquiridas ao longo da vida, por via formal, informal e não - formal, proporcionando aos alunos melhorar a sua formação e obter um diploma escolar e/ou profissional. Este sistema tem lugar nos Centros Novas Oportunidades, disseminados por todo o país. - Cursos de educação e formação (a partir dos 15 anos); - Cursos de educação e formação de adultos (a partir dos 18 anos); - Sistema nacional de aprendizagem, em regime de alternância, da responsabilidade do Instituto de Emprego e Formação Profissional (a partir dos 15 anos); - Ensino recorrente (a partir dos 15 anos ou 18 anos de idade, para o ensino básico ou ensino secundário, respectivamente); - “Acções S@bER +” (a partir dos 18 anos). Ensino Superior O ensino superior está estruturado de acordo com os princípios da Declaração de Bolonha e visa assegurar uma sólida preparação científica, cultural e tecnológica que habilite para o exercício de actividades profissionais e culturais e o desenvolvimento das capacidades de concepção, de inovação e de análise crítica. Em Portugal contempla o 80 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 ensino universitário e o ensino politécnico, ministrados por instituições públicas, privadas e cooperativas. Para se candidatarem ao ensino superior através do concurso nacional, os estudantes devem possuir curso de ensino secundário ou habilitação equivalente, ter realizado as provas de acesso exigidas para cada curso e satisfazer os pré - requisitos, quando aplicável. O ingresso em cada instituição de ensino superior está sujeito a numerus clausus. Têm ainda acesso ao ensino superior, os maiores de 23 anos que, não sendo titulares da habilitação de acesso ao ensino superior, façam prova de capacidade para a sua frequência, através da realização de provas específicas, organizadas pelos respectivos estabelecimentos de ensino superior. No ensino superior são conferidos os graus académicos de licenciatura, mestrado e doutoramento, sendo o grau de doutor apenas atribuído pelas universidades. No ensino politécnico o ciclo de estudos conducente ao grau de licenciado tem uma duração de seis semestres curriculares, correspondentes a 180 créditos, enquanto no ensino universitário a sua duração varia entre seis e oito semestres curriculares, correspondentes a 180 ou 240 créditos. O ciclo de estudos conducente ao grau de mestre tem uma duração compreendida entre três e quatro semestres curriculares, correspondentes a 90 ou 120 créditos. O grau de doutor, é atribuído aos que tenham obtido aprovação nas unidades curriculares do curso de doutoramento, quando exista, e no acto público de defesa da tese. Os estabelecimentos de ensino superior podem ainda realizar cursos de especialização tecnológica, de ensino pós – secundário não superior. O ensino superior está sujeito ao pagamento de propinas, cujo montante é definido, entre um valor mínimo e máximo, pelas diferentes universidades ou institutos politécnicos, em função da natureza dos cursos. (Fonte: site www.min-edu.pt) 81 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Ensino Especial O direito à igualdade de oportunidades e o direito à participação social consignados na Constituição da República Portuguesa pressupõe um modelo educativo que considere as diferenças dos alunos e crie condições adequadas ao seu desenvolvimento e pleno aproveitamento das suas capacidades (Lei de Bases do Sistema Educativo). As crianças e os jovens com deficiência têm direito à educação especial e a programas de treinamento na comunidade. Existem diferentes modelos de intervenção pedagógica, dependentes das capacidades e limitações dos alunos e do seu meio familiar e social envolvente. Sendo assim, a integração das crianças com necessidades educativas especiais, nas escolas regulares favorece a partilha do mesmo espaço físico e humano com os outros alunos e cria oportunidades à interacção e treino de competências sociais essenciais a uma inserção social favorável. Além disso permite a longo prazo, modificar as relações sociais e a aceitação social. A orientação escolar dos alunos com necessidades especiais exige a planificação de acções multidisciplinares que contemplam uma visão coordenada e integrada das diferentes análises da situação. Mas existem alguns constrangimentos no que diz respeito à implementação do ensino especial nas escolas regulares devido à ausência de Técnico com formações diferenciadas nas escolas, assim como a descoordenação existente entre os estabelecimentos de ensino regular e as equipes de educação especial. Para evitar que a educação especial se torne num processo de isolamento e exclusão, torna-se necessário um esforço suplementar dos educadores no sentido de proporcionar uma perfeita convivência entre grupos de aluno com deficiência e sem deficiência. Segundo a Lei de Bases do Sistema Educativo consagra um modelo de escola que assegure a interligação com a comunidade mediante adequados graus de participação dos professores, funcionários, família, autarquia e entidades representativas dos diversos interesses locais democraticamente eleitos para esse fim. 82 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Estabelecimentos de Ensino na Freguesia de Odivelas Tabela N.º 5 Estabelecimentos de Ensino/Educação Públicos na Freguesia de Odivelas N.º de Alunos por grau de ensino, nos determinados Agrupamentos (de 2006-2008) Agrupamentos Estabelecimento de Ensino 2º Ciclo 3º Ciclo CEF N.º de Alunos 2006/2007 240 465 20 N.º de Alunos 2007/2008 254 333 35 Escolas do Sudoeste de Odivelas EB 2º e 3º Ciclo António Gedeão 1º Ciclo 215 205 51 Alunos 1º Ciclo 360 323 --- 1º Ciclo 180 182 Sim Pré-Escolar 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo CEF EFA, extraescolar 40 315 516 133 ---- 45 313 386 196 30 15 Alunos 52 Alunos 75 110 Sim Alfabetização, 20 25 Português p/ estrangeiros 20 25 JI Álvaro de Campos Pré-Escolar 90 90 8 Alunos JI Roque Gameiro EB 2º e 3º Ciclo Isabel Portugal EB 1º Ciclo N.º 7 de Odivelas JI da Arroja Pré-Escolar 2º Ciclo 3º Ciclo 50 208 225 50 148 263 Não 1º Ciclo 406 410 Sim Maioria EB 1º Ciclo António Maria Bravo EB 1º Ciclo M. Máxima Vaz EB 1º Ciclo de Odivelas, N.º 5 EB 1º Ciclo com JI D. Dinis Escolas Avelar Brotero EB 2º e 3º Ciclos Avelar Brotero Escolas Moinhos da Arroja População Carenciada 40 % Sim Pré-Escolar 60 70 2º Ciclo 3º Ciclo Pré-Escolar 232 355 50 248 326 45 Maioria 1º Ciclo 256 284 35 % a 40 % EB 1º Ciclo Rainha Santa 1º Ciclo 280 274 41 Alunos Escola Secundária de Odivelas 3º Ciclo Secundário Profissionais CEF Recorrente 486 777 34 --376 485 735 58 45 325 --- Centro Infantil de Odivelas (Segurança Social) Creche Familiar Pré-Escolar Int. Precoce 112 154 36 100 133 36 Sim Centro Infantil da Arroja (JFO) Pré-Escolar 16 18 Sim EB 2º e 3º Ciclo dos Pombais Escolas D. Dinis Grau de Ensino EB 1º Ciclo com JI Maria Lamas 35 % 83 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Na tabela N.º 5, são apresentados os diversos agrupamentos existentes na freguesia de Odivelas, assim como os estabelecimentos de ensino/educação públicos que destes fazem parte integrados na mesma. É de realçar que a rede educativa na Freguesia de Odivelas envolve quatro Agrupamentos de Escolas: as Escolas do Sudoeste de Odivelas em que os alunos na sua maioria são residentes em Famões, e estando também inseridas neste agrupamento mais 4 escolas básicas do 1º Ciclo localizadas na freguesia de Famões; as Escolas Avelar Brotero, as Escolas Moinhos da Arroja e as Escolas D. Dinis. No seu total existem 7 estabelecimentos de educação pré-escolar e 7 estabelecimentos de ensino do 1º Ciclo. Referente ao 2º e 3º Ciclos existem 4 estabelecimentos de ensino e 1 do ensino secundário que também possui o 3º Ciclo que é o caso particular da Escola Secundária de Odivelas, passando a 5 estabelecimentos com 3º Ciclo na freguesia. Quanto ao ensino secundário, somente um estabelecimento é identificado na freguesia de Odivelas. As valências do Centro Infantil de Odivelas são asseguradas pela Segurança Social, sendo esta uma mais valia como resposta social para a freguesia na área do préescolar. Este Centro Infantil destaca-se pela existência da valência de Creche Familiar e de Intervenção Precoce. Por outro lado, o Centro Infantil da Arroja é apoiado pela Junta de Freguesia de Odivelas sendo este centro também uma resposta social fundamental para os residentes da freguesia. Através dos inquéritos por questionário verificam-se na grande maioria dos estabelecimentos de ensino localizados na Freguesia de Odivelas, exceptuando o Jardim de Infância Roque Gameiro, a presença de alunos com determinadas carências. Os problemas sociais mais identificados através desses estabelecimentos de ensino estão relacionados com os próprios alunos e as suas famílias. 84 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Gráfico N.º 2 N.º Alunos por Grau de Ensino 2006/2007 N.º Alunos 2500 2012 2000 1664 1500 1196 777 1000 460 376 500 20 34 C EF Pr of is si on al R ec or re nt e 3º C ilc lo Se cu nd ár io 2º C ic lo 1º C ic lo Pr éEs co la r 0 Grau de Ensino Gráfico N.º 3 N.º Alunos por Grau de Ensino 2007/2008 N.º Alunos 2500 1991 2000 1603 1500 1036 1000 735 451 500 110 325 58 C EF Pr of is si on al R ec or re nt e 3º C ilc lo Se cu nd ár io 2º C ic lo 1º C ic lo Pr éEs co la r 0 Grau de Ensino No gráfico N.º 2 verifica-se que no ano lectivo de 2006/2007 existe um número significativo de alunos a frequentar o 1º Ciclo, sendo seguido pelo valor de alunos integrados no 3.º Ciclo. Salienta-se que existe um número reduzido de alunos que optaram pelos Cursos de Educação e Formação (CEF) e os Cursos Profissionais. No gráfico N.º 3 relativamente ao ano lectivo de 2007/2008 verifica-se uma descida ligeira de alunos nos diversos graus de ensino, exceptuando os Cursos de Educação e Formação (CEF) e os Cursos Profissionais que adquiriram uma maior expressão no meio escolar. 85 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Nos gráficos anteriormente analisados constata-se que existe um decréscimo do n.º de alunos inscritos no 2º Ciclo, isto deve-se ao facto da falta de equipamentos escolares do 2º Ciclo na freguesia de Odivelas. Entre os anos lectivos de 2006/2007 e 2007/2008, existe uma quebra de 3.5 % do n.º de alunos inscritos nas escolas localizadas nesta Freguesia. As Associações de Pais visam a defesa e a promoção dos interesses dos seus associados em tudo quanto respeita à educação e ensino dos seus filhos e educandos que sejam alunos da educação pré-escolar ou dos ensino básico ou secundário, público, particular ou cooperativo. Nas Escolas do Ensino Público de Odivelas verifica-se a existência de Associações de Pais, sendo estas: o Associação de Pais da Escola de Ensino Básico 1º Ciclo Maria Lamas; o Associação de Pais da Escola de Ensino Básico 1º Ciclo António Maria Bravo; o Associação de Pais da Escola de Ensino Básico 1º Ciclo D. Dinis; o Associação de Pais da Escola de Ensino Básico 1º Ciclo Rainha Santa; o Associação de Pais da Escola de Ensino Básico 1º Ciclo de Odivelas, N.º 5; o Associação de Pais da Escola de Ensino Básico 1º Ciclo M. Máxima Vaz; o Associação de Pais da Escola de Ensino Básico 1º Ciclo N.º 7 de Odivelas; o Associação de Pais da Escola de Ensino Básico 2º e 3º Ciclo dos Pombais; o Associação de Pais da Escola de Ensino Básico 2º e 3º Ciclos Avelar Brotero; o Associação de Pais da Escola de Ensino Básico 2º e 3º Ciclos Isabel de Portugal; o Associação de Pais da Escola de Ensino Básico 2º e 3º Ciclos António Gedeão; o Associação de Pais da Escola Secundária de Odivelas. As Associações de Pais das escolas de ensino público de Odivelas, às quais foram enviados inquéritos por questionário, obteve-se a percepção de que existe um 86 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 desinteresse por parte dos pais dos alunos em participar nas actividades escolares e em todo o percurso de ensino, este facto verifica-se sobretudo em relação aos pais dos alunos mais problemáticos que se omitem dos seus deveres enquanto encarregados de educação. Instituto de Odivelas O Instituto de Odivelas é uma escola militar feminina dependente do Comando de Instrução e Doutrina do Exército Português e sedeada no Mosteiro de S. Dinis em Odivelas. Essencialmente o Instituto de Odivelas é a versão feminina, não militarizada, do Colégio Militar. O Instituto de Odivelas tem por missão ministrar educação às filhas dos membros das forças armadas e de segurança portuguesas. Complementarmente o Instituto de Odivelas ministra também educação a civis portuguesas e a cidadãs de outros países de língua portuguesa. No Instituto de Odivelas são ministrados os seguintes cursos: 2º Ciclo do Ensino Básico; 3º Ciclo do Ensino Básico; Ensino Secundário nas vertentes: Científica e Natural, Económina e Social, Humanidades e Artes. 87 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Entidades Lucrativas Na tabela que se segue serão referidos os equipamentos com fins lucrativos destinados à 1ª infância, localizados na freguesia de Odivelas. Equipamentos - “A Ovelhinha” - “O Peixinho Amarelo, Lda.” - Externato “Jardim D’Arroja” - “O Balão Circular” - “Boneca de Corda” - Infantário “O Balão” - Jardim de Infância “O Pinóquio” - Jardim Infantil “O Alicerse” - Jardim Infantil “O Pintainho” - “O Mundo das Tropelias” Considerou-se pertinente - “A Turminha dos Estrunfes” - Creche “Colinas do Cruzeiro” - Externato “O Pirilampo” - Externato “Rainha Santa” - Externato “Jardim do Sol” - Jardim de Infância “Espelho de Agua” - Jardim de Infância “O Sonho dos Pestinhas” - Jardim Infantil “O Bolinha” - “O Mundo das Maravilhas” - “Pequenos e Graúdos” analisar a disponibilidade da existência de equipamento públicos e privados como resposta à 1ª Infância, constatando-se a existência de uma disparidade de equipamentos com fins lucrativos em relação aos equipamentos sociais públicos. Na Freguesia de Odivelas, e segundo os dados possíveis recolhidos, existem 7 equipamentos de serviço público e 20 equipamentos de serviço privado. 88 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Instituições Particulares de Solidariedade Social – IPSS Casinha Amarela A Instituição Particular de Solidariedade Social, Casinha Amarela, surge a partir de donativos à Segurança Social feita por uma empresa internacional, este facto impulsionou a caracterização do actual Bairro Gulbenkian com o objectivo de fazer um levantamento das necessidades sentidas pelos seus moradores. Após a realização deste diagnóstico social verificou-se que o equipamento social que fazia mais falta neste bairro era um ATL para dar uma resposta a crianças entre os 6 e os 10 anos de idade. Em 1986, fundou-se a Associação de Pais e assim nasceu a Associação de Tempos Livres Casinha Amarela com a natureza jurídica de IPSS. Inicialmente desenvolveu-se apenas a valência de ATL devido à limitação do seu espaço físico, mas com o decorrer do tempo procurou-se o alargamento físico deste equipamento para dar uma resposta ao pré-escolar. Sendo assim, criou-se a primeira sala de jardim-de-infância para 15 crianças e hoje este equipamento possui a “Sala Azul” com 39 crianças entre os 5 e os 6 anos de idade. E na valência de ATL possuem 55 crianças que se encontram divididas entre duas turmas, e os educadores responsabilizam-se pela deslocação das crianças às respectivas actividades, bem como do seu almoço na IPSS. Devido à limitação do seu espaço físico tem que se coordenar os horários das actividades para que as crianças estejam divididas por turnos e nunca se encontrem na sua totalidade na instituição. Como resposta social esta instituição disponibiliza às crianças refeições diárias, assim como actividades lúdicas e aulas de dança. Esta Instituição é um reflexo da realidade multicultural que caracteriza a freguesia de Odivelas, possuindo um elevado número de crianças de diversas etnias. Para os técnicos este facto enriquece a aprendizagem das crianças, obrigando as mesmas a respeitar as diferenças religiosas, culturais e tradições. E é responsabilidade dos 89 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 educadores desenvolverem metodologias de assimilação e de integração destas “diferenças” no âmbito educacional. Esta instituição denota falta de apoio por parte das estruturas responsáveis para com as instituições particulares de solidariedade social, uma vez que estas têm de praticar baixas mensalidades, mas por outro lado têm de fazer o pagamento dos salários bem como a manutenção do equipamento. O único apoio que a Casinha Amarela tem é da Segurança Social disponibilizando o valor de 60 euros por cada criança. Este facto suscita duas questões, por um lado o pré-escolar que deve ser assegurado pela rede pública, mas tal não acontece devido ao número reduzido de equipamentos; por outro lado as IPSS´s não têm os apoios necessários e não conseguem dar uma resposta eficaz ao pré-escolar. A única alternativa para os pais são as instituições particulares com fins lucrativos que praticam mensalidades elevadas, e muitas não possuem alvará e não são sujeitas a fiscalizações. As únicas crianças que têm lugar na rede pública são meninos que estão com idade para integrarem o 1.º ciclo e por isso têm prioridade em relação às crianças que se encontram com 3 anos de idade, não tendo lugar nas IPSS´s porque têm longas listas de espera, a única alternativa são entidades particulares e com fins lucrativo. Torna-se premente dar apoio às IPSS´s para que estas possam dar uma resposta social à debilidade em que se encontra o pré-escolar ao nível de Portugal, bem como da freguesia de Odivelas. Tabela N.º 6 Equipa Técnica da Casinha Amarela (2007) Equipa Técnica Professores Auxiliares de Educação Cozinheiros Serviços Administrativos Serviços Gerais Outros Total N.º de Profissionais 2 2 1 1 2 2 10 90 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Como se pode verificar na Tabela anterior, a Casinha Amarela é constituída por um total de 10 profissionais, constatando-se a relação entre o número de profissionais e crianças é de 1 para 9, excedendo o número proposto pelas orientações técnicas da Segurança Social. Gráfico N.º 4 N.º Alunos e Capacidade Total de Alunos das Valências 55 48 60 39 50 36 40 N.º de Alunos 30 20 10 0 ATL Jardim de Infância Valências N.º alunos Capacidade Total de alunos Neste gráfico observa-se que o número de crianças a frequentar as valências de ATL e Jardim de Infância da Casinha Amarela excede o valor da capacidade total estabelecido, no sentido de dar uma resposta social mais abrangente na Freguesia. As principais problemáticas identificadas nas famílias das crianças que frequentam esta instituição são identificadas por problemas de carência económica, rupturas familiares, violência doméstica, problemas de foro psicológico, insucesso escolar, consumo de estupefacientes e alcoolismo. Estes problemas sociais quando identificados são resolvidos na própria instituição, assim como são realizados encaminhamentos para outros serviço competentes da comunidade. 91 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Associação de Solidariedade Social Moradores do Bairro das Patameiras em Odivelas – AMOP. A A.M.O.P, fundada em 19 de Dezembro de 1983, sendo uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) tem sido uma resposta à 1ª infância na freguesia de Odivelas. Esta Instituição caracteriza-se pelas valências de Jardim de Infância e Centro de Actividades de Tempos Livres (ATL), tendo como horário de funcionamento das 7h00 às 19h00. Na valência de Jardim-de-infância existem 115 crianças, enquanto que no Centro de Actividades de Tempos Livres existe um número total de 100 crianças. Nesta IPSS, verifica-se através dos dados fornecidos pela própria instituição que contêm uma lista de espera para ingressar no equipamento de 65 crianças e 40 para o ATL. Para além das valências referidas, a AMOP contém diversas actividades extras, sendo estas designadas por: Inglês, Apoio Escolar, Educação Musical, Natação, Ginástica, Colónia Balnear, Visitas de Estudo e Actividades Culturais. 92 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Análise à Realidade Social da Freguesia de Odivelas E Propostas de Intervenção Potencialidades Constrangimentos - Existência de Associações de Pais nas Escolas Públicas; - Presença na freguesia de vários estabelecimentos de ensino destinados a crianças e jovens; - Existência de vários equipamentos destinados à infância e juventude distribuídos pela freguesia; - Existência de uma escola na freguesia vocacionada para o ensino secundário; - Apoio das Autarquias; - Parcerias com diversas instituições (Junta de Freguesia de Odivelas, Câmara Municipal de Odivelas, Centro de Saúde de Odivelas, PSP …); - Presença de IPSS’s vocacionadas para a primeira infância na freguesia; - Número abrangente de entidades privadas como resposta à primeira infância; - Insatisfatória cobertura ao nível da Educação PréEscolar pública em comparação ao n.º de crianças residentes na Freguesia; - Deficiências/lacunas ao nível das infraestruturas/equipamentos escolares (cantina, gimnodesportivo e aquecimento); - Necessidade de criação de espaços para o desenvolvimento de actividades extracurriculares; - Insuficientes recursos humanos para o funcionamento adequado do estabelecimento de ensino (psicólogo, pessoal auxiliar de acção educativa, porteiro, segurança nocturno); - Desadequação do sistema educativo para lidar com alunos com problemas comportamentais/disciplinares/emocionais; - Número relativamente elevado de alunos com carências sociais; - Desvalorização da escola por parte da família; - Insuficientes projectos educativos e/ou de orientação vocacional; - Falta de divulgação de Cursos de Educação/ Formação por parte dos estabelecimentos de ensino necessidade de diversificação das ofertas educativas e formativa, aumento e diversificação de cursos profissionais, cursos de educação e Formação de Adultos; - Sobrelotação das Instituições Particulares de Solidariedade Social da freguesia de Odivelas. Observações Gerais: Alunos e suas Famílias Numa análise geral realizada aos inquéritos destinados aos Jardins de Infância e escolas, são identificadas diversas problemáticas sociais nas famílias das crianças que frequentam estes equipamentos. Estas problemáticas variam, sendo caracterizadas por carência económica, problemas psicológicos, rupturas familiares, violência doméstica, insucesso escolar, alcoolismo, falta de acompanhamento por parte dos pais aos seus filhos nos assuntos escolares, como foi possível verificar na análise aos questionários. 93 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Após a análise verificada é proposto realizar uma intervenção de âmbito social com as crianças e suas famílias e desta forma incentivar os pais a participarem na vida escolar dos seus filhos através das Associações de Pais existentes. Observações Gerais: Instalações dos Equipamentos Nas respostas aos inquéritos, vários estabelecimentos de ensino referiram diversas anomalias existentes nas escolas e jardins de infância da freguesia de Odivelas. Os problemas referenciados na sua maioria consistem na falta de reparação de pavimentos, janelas, portas/portões, na necessidade de se realizar pintura externa e interna nas instalações, assim como referenciam a existência de instalações precárias e a falta de espaço no exterior. Quanto à existência de refeitório, 10 das escolas inquiridas possuem refeitório apresentando a falta de capacidade em relação ao número total de alunos que usufruem do mesmo, enquanto 5 das escolas inquiridas não têm refeitório, sendo que 4 adaptam uma sala para o efeito. Para a prática desportiva 12 dos equipamentos existentes não têm ginásio, adaptando uma sala para o efeito, por outro lado 3 dos estabelecimentos de ensino dispõem de ginásio. O desagrado por parte das escolas da freguesia direcciona-se, essencialmente para infra-estruturas precárias e a falta de segurança. 94 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 No que concerne à existência de fortes indicadores de escassez de oferta educativa ao nível da Educação Pré-Escolar em comparação ao número de crianças existentes a residir na freguesia, suscitam algumas questões. Estas questões são identificadas na análise dos inquéritos/informações disponibilizados pelos equipamentos, sendo estas: - Onde se encontram as crianças que permanecem em listas de espera? - Qual a solução para agregados familiares numerosos e com baixos recursos financeiros? - Por que motivo falta o apoio por parte das entidades competentes a equipamentos que pretendem garantir respostas sociais na 1ª Infância? Propostas de Intervenção: Recolher e promover voluntários no meio escolar; Estabelecimento de parcerias com os estabelecimentos de ensino da freguesia de Odivelas de forma a realizar acompanhamentos psicossociais aos alunos e suas famílias com carências sociais; Realização de acções de sensibilização aos pais e alunos. 95 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Apreciação Geral No Sector da Educação na freguesia de Odivelas predomina a existência de algumas escolas em que se encontram com instalações deficitárias e professores descontentes com as condições em que são obrigados a desenvolver a sua actividade profissional. Os Estabelecimentos de Ensino debatem-se com uma escassez de recursos humanos, nomeadamente de auxiliares da acção educativa, seguranças, psicólogos, porteiros, entre outros. No que diz respeito ao número de alunos segundo o grau de ensino no ano lectivo 2007/2008 verifica-se uma descida ligeira de alunos nos diversos graus de ensino, exceptuando os Cursos de Educação e Formação (CEF) e os Cursos Profissionais que adquiriram uma maior expressão no meio escolar. Sendo estes dois últimos cursos uma opção mais prática do ensino conseguindo cativar alunos que pretendam adquirir competências teóricas e práticas de preparação para o mundo do trabalho. Referente aos estabelecimentos de ensino/educação públicos na Freguesia de Odivelas relativamente aos anos lectivos 2006/2007 e 2007/2008 pode-se constatar que existe um elevado número de alunos que são provenientes de famílias com problemas ao nível de carência económica e social. Tendo em conta o que foi referido anteriormente e através da análise de dados considera-se premente uma intervenção de cariz social com estas famílias, estabelecendo para o efeito parcerias com os vários estabelecimentos de ensino com o objectivo de apoiar estas alunos e respectivas famílias ao nível social. É de salientar que existem várias associações de pais, aspecto importante para o percurso escolar dos alunos, pois desta forma existe um maior acompanhamento por parte dos mesmos. Esta realidade nas escolas de Odivelas encontra-se em declínio, na medida em que estas associações de pais não têm um papel activo na dinâmica dos estabelecimentos de ensino, impedindo uma participação dos pais na resolução dos problemas educacionais dos seus filhos, bem como no próprio meio escolar. 96 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Acção Social Família e Comunidade Reflexão A palavra família evoca a representação mental de um grupo de indivíduos composto por uma mãe, pai e as crianças. A essa imagem vem associada também a ideia de um lar, habitação comum das pessoas com vida partilhada, afectos mútuos, entreajudas, convívios quotidianos, assim como familiares mais afastados como sejam os avós, genros, noras, tios, etc. Esta representação social da família na sociedade em que vivemos é resultante do nosso passado, das nossas vivências, da organização da sociedade, das convicções que se vai adquirindo, dos valores que possuímos. Ao reflectir acerca do conceito família e ao intervir com a mesma, deve-se ter em atenção que existem sociedades em que o conceito família nem se aplica, de tal forma é diferente a estrutura da organização das relações entre as pessoas. Isto não significa que entre essas pessoas não exista laços afectivos, que não se preocupam com a educação de seus filhos ou que não tenham regras relativas ao casamento. Simplesmente não se deve aplicar o conceito família de igual forma para todas as pessoas, pois nos dias de hoje vivemos numa sociedade em que existem diversas culturas. Simplesmente são formas diferentes de organizar as relações homem-mulher, pais-filhos. A família é um conjunto de pessoas em interacção ligadas emocionalmente, compreendendo duas ou mais gerações. É o lugar onde se vivem as maiores alegrias e os maiores sofrimentos. É considerado um sistema, segundo o autor Daniel Sampaio, isto é, “um conjunto de elementos ligados por um conjunto relação com o exterior e mantendo o seu equilíbrio ao longo dum processo de desenvolvimento percorrido através de estados de evolução diversificados”. (Sampaio, Daniel, 1984, in Sampaio & Gameio, 1985, “Terapia Familiar”, Porto: Afrontamento). É um sistema que recebe influências de outros sistemas - comunidade, que passa por crises geradoras de stress, de tensões emocionais e comportamentos desviantes. 97 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Problemas Sociais identificados na Freguesia de Odivelas Em Odivelas verifica-se a existência de situações – problema no quotidiano de determinada população residente na freguesia e este facto social está relacionado com determinados factores que ocorrem na vida de cada um. Nesse sentido, torna-se pertinente elucidar técnicos e população em geral acerca desta dinâmica social. Os “Sem-Abrigo” Reflexão O termo “sem-abrigo”, utilizado na actualidade, parece acentuar a questão da habitação, num sentido restrito, e a da pobreza e da exclusão social num sentido mais alargado. Encarado como um problema social, os sem-abrigo estão presentes em praticamente todos os países como um indicador de desajuste, assim como casos de alcoolismo, vícios, distúrbios psicológicos, etc. ou reflexo das condições económicas. O termo sem-abrigo reúne assim várias situações: “aqueles que vivem na rua; aqueles que ocupam, legal ou ilegalmente, casas abandonadas, barracas, etc.; aqueles que se encontram alojados em refúgios ou centros de acolhimento para sem-abrigo, do sector publico ou privado, em pensões, em casa de amigos ou familiares, com os quais podem ver-se forçados a coabitar; aqueles que residem em instituições, estabelecimentos de cuidados infantis, hospitais psiquiátricos, e que não têm domicilio ao saírem dessas instituições; aqueles que possuem uma casa que não se pode considerar adequada ou socialmente aceitável, convertendo-se por isso em pessoas ou famílias mal alojadas”. (Fonte: Bento e Barreto, (2002) “Sem-Amor, Sem-Abrigo”, Climepsi Editores, Lisboa) 98 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 A definição de sem-abrigo abrange uma variedade de situações que têm em comum a falta de meios (pobreza) e dos laços comunitários (exclusão social) para aceder a um alojamento pessoal adequado. Assim considera-se que o conceito de semabrigo corresponde à perda de casa associada a determinadas causas e factores ocorrentes na vida familiar e em sociedade a que a pessoa fica exposta. O Sem-Abrigo no seu dia-a-dia vê-se confrontado com sentimentos de incapacidade, de fracasso, de culpa, de receio de mudar e com a necessidade de justificar perante os outros e nele próprio a sua situação. Este é alvo do olhar e do questionamento da sociedade, ele próprio devolve à sociedade um olhar que se torna acusador. São muitos os factores apontados que “levam” as pessoas a situações de “semabrigo”, desde influências económicas, às problemáticas mentais, problemas no seio familiar, entre outras. E para atenuar estas questões é necessário agir, agir de forma consciente e profissional. Não se deve de qualquer forma menosprezar a existência deste problema na sociedade e em que a freguesia de Odivelas está inserida. Respostas Sociais aos “Sem-Abrigo” O tipo de intervenção desenvolvida junto desta população parece traduzir uma abordagem assistencialista, em torno das necessidades de subsistência. Esta intervenção direcciona-se essencialmente para a distribuição de géneros alimentares/refeições e vestuário, acesso a serviços de lavandaria e cuidados de higiene (ex. banhos). O alojamento temporário e a prestação de informações, segundo Ana Gil, Filipa Alvarenga e Isabel Baptista, destacam-se sobretudo “ao nível das respostas sociais e serviços que se dirigem especificamente a esta população”. Nos últimos anos, tem-se verificado um acréscimo no que se refere ao acesso de alojamento nocturno, estando esta resposta social direccionada à promoção na satisfação de uma necessidade que é comum aos sem-abrigo, por outro lado e segundo as autoras referenciadas através de um estudo da Segurança Social referem que, “pode levantar algumas questões sobre a 99 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 homogeneização de um tipo de resposta social que não tem em conta a diversidade de perfis e problemáticas que traduzem as situações de sem-abrigo e cuja transitoriedade não permite levar a cabo processos de inserção social”. Outro tipo de apoios mais especializados têm vindo a diversificar-se, em consequência da estruturação de novas intervenções por parte da sociedade de hoje. Os apoios que são referidos consistem na formação e na inserção profissional nos programas ocupacionais, apoio médico, programas de metadona e habitação assistida, estes são bastante menores no que se refere ao número e abrangência de respostas sociais/serviços que prestam este tipo de intervenção. Atendendo a que os apoios existentes se desenvolvem, será necessário fazer face à lógica do cliente que tantas vezes sobressai na relação com esta população e que restringe o papel do sem-abrigo ao de mero utente, em vez de participante activo em todo o processo. Com base no artigo “Sem-Abrigo: um contributo para um diagnóstico” da Revista do Instituto da Segurança Social, Dez. 2006, N.º 24, e através de inquéritos, denotou-se que no ponto de respostas sociais os inquiridos no seu geral consideram que a sua actividade tem permitido contribuir para minorar os problemas dos sem-abrigo. Dos principais problemas dos sem-abrigo para os quais existem menos respostas disponíveis na sociedade da actualidade realçam as áreas da doença mental, desemprego, drogas, alcoolismo, doenças infecciosas, debilidade física e falta de habitação. As necessidades prioritárias de intervenção estão direccionadas essencialmente para a formação e inserção profissional, saúde mental, doenças infecciosas e aditivas, habitação assistida/apartamentos de reinserção, centros de alojamento temporário e espaços ocupacionais. Para que estas necessidades sejam atenuadas é necessário mobilizar recursos através do estabelecimento de parcerias com instituições, projectos e empresas privadas e no reforço e qualificação dos recursos humanos, nomeadamente para a constituição de equipas multidisciplinares especializadas. 100 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 A Freguesia de Odivelas depara-se, cada vez mais, com a situação da existência de “Sem-Abrigo” e é necessário intervir nesta área para que seja possível atenuar a situação presente. Na verdade, muitas das dificuldades presentes na vida do “Sem-Abrigo” podem ser ultrapassadas se houver disponibilidade para contactar, reunir, pôr em comum conhecimentos e objectivos. É necessário uma atitude activa, contactar pessoas concretas, e não se deixar instalar numa atitude burocrática que espera que os serviços funcionem automaticamente. Esta intervenção terá de ser disponibilizada ao longo de todo o ano para que seja possível por parte dos técnicos manterem a confiança na sua competência perante estes indivíduos e a capacidade de acção. 101 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Análise à Realidade Social da Freguesia de Odivelas E Propostas de Intervenção Potencialidades - Intervenção/Acção Social das Autarquias e Centro de Saúde; - População da Freguesia de Odivelas sensibilizada para a situação dos “Sem-Abrigo” através da ajuda alimentar e vestuário; - Na articulação da intervenção com outras entidades, Comunidade Vida e Paz, sito em Lisboa, disponibiliza-se na partilha de conhecimentos e de toda a intervenção necessária; - Apoio e Intervenção disponibilizada por parte do Delegado de Saúde. Constrangimentos - Ausência de entidades públicas ou privadas na Freguesia de Odivelas que exerçam uma intervenção directa com a comunidade dos “Sem-Abrigo” existente; - Desconhecimento da existência deste fenómeno social em Odivelas por parte das entidades competentes; - Inexistência de “banhos públicos” na freguesia para esta população: - Inexistência de ateliers ocupacionais para pessoas sem-abrigo. Propostas de Intervenção Como medida de intervenção por parte desta Autarquia – Junta de Freguesia de Odivelas propõe-se: Estabelecer a atitude empática com a população “Sem-Abrigo” de Odivelas, no sentido de estabelecer confiança para posteriormente se apostar num processo de mudança de vida; Realização de “Rondas Nocturnas” para o levantamento de casos acerca de indivíduos a viver nas ruas de Odivelas, disponibilizando algum apoio ao nível alimentar e algum diálogo informal; Desenvolver parcerias com instituições que intervêm diariamente com a população “Sem-Abrigo” da Área Metropolitana de Lisboa; 102 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Mães Adolescentes e seus filhos Reflexão A Adolescência é considerada uma fase de crescimento, de transformação, de fortalecimento e que, por isso, é um momento em que a pessoa tem de enfrentar problemas e dificuldades e de assumir novas responsabilidades, num caminho de auto consciência e descoberta de si como pessoa. É nesta fase da vida que uma pessoa descobre a sua identidade e define a sua personalidade. Nesse processo, manifesta-se uma crise, na qual se reformulam valores adquiridos na infância e se assimilam numa nova estrutura mais madura. É um período no qual a criança se transforma em adulto. Não se trata apenas de uma mudança na altura e no peso, nas capacidades mentais e na força física, mas, também, de uma grande mudança da forma de ser, de uma evolução da personalidade. Após uma breve abordagem ao conceito da “adolescência”, é exposto o fenómeno da gravidez na adolescência. A Maternidade tem como “pano de fundo” a dinâmica da sociedade num certo momento, historicamente determinado. A partir deste momento, a gravidez na adolescência passa a ser considerada um “problema social”. O Ministério da Saúde considera “a gravidez na adolescência, de alto risco, que pode ser de natureza diversa, tais como clínicas, biológicas, comportamentais, relacionadas com a assistência na saúde, sócio-culturais e em padrões de cultura, nos quais, concepções como sejam as de infância, qualidade de vida, direitos e deveres dos cidadãos, económicas e ambientais”. Tradicionalmente, a gravidez e maternidade na adolescência têm sido caracterizadas como situações associadas a riscos pessoais e sociais para o desenvolvimento da adolescente e de seu filho. Segundo Ballone (2003) in “Gravidez na Adolescência”, Psiqweb, as principais causas da gravidez na adolescência estão direccionadas à falta de um projecto de orientação sexual nas escolas, na família, na comunidade de bairro, nas igrejas, o desconhecimento de métodos anti-concepcionais, educação dada à adolescente faz com que ela não queira assumir que tem uma vida sexual activa e, por isso, não usa métodos ou usa outros de baixa eficiência porque esses não deixam vestígios. 103 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Uma gravidez na adolescência desencadeia sem dúvida factores que representam um comprometimento individual com questões de diferentes naturezas. Medo, insegurança, desespero, desorientação, solidão são algumas das reacções muito comuns, principalmente no momento da descoberta da gravidez. No entanto, não se pode ter uma falsa ideia de que toda a gravidez na adolescência seja inconsciente. A adolescência, enquanto fase e processo de procura e construção da identidade pode ver-se comprometida com o aparecimento de uma gravidez. Descobrir que se está grávida pode ser um momento extremamente desorganizador e vivido com grande sofrimento, sentimentos de pecado e de culpa, exigindo ajustamentos psicológicos individuais e familiares difíceis de serem elaborados e aceites. Considerar uma gravidez na adolescência é, segundo a autora M. Madalena Carvalho Lourenço (1998), “considerar um duplo esforço de adaptação interna e uma dupla movimentação de duas realidades que convergem num único momento: estar grávida e ser adolescente”. Quando uma adolescente engravida desencadeia-se uma série de processos que, inevitavelmente trazem consequências, entendendo-se estas como resultados desses processos e não como um juízo de valor sobre aquela situação. O mundo interior e exterior da adolescente é abalado, logo esta é uma situação que se reflecte na adolescência, no seu filho, no pai da criança, na família da adolescente, na sua comunidade e na sociedade em geral. Estas consequências são de ordem física, psicológica e sócio – económica. O início da actividade sexual na adolescência é cada vez mais precoce, com consequências indesejáveis imediatas como o aumento de doenças sexualmente transmissíveis e gravidez, muitas vezes também indesejáveis. Quando a actividade sexual tem como resultado uma gravidez, gera consequências tardias e de longo prazo, tanto para a adolescente como para o recémnascido. A adolescente poderá apresentar problemas de crescimento e desenvolvimento, emocionais e comportamentais, educacionais, além de complicações da gravidez e problemas no parto. 104 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Consequências da Maternidade na Adolescência Consequências Psicológicas/Emocionais: As adolescentes ao ficarem a saber que estão grávidas confronta-se com uma imensidão de emoções. A raiva, a culpa e a recusa são reacções comuns. Esta recusa pode ser perigosa, visto que inibe a jovem a procurar o acompanhamento médico necessário. Todas estas situações levam a adolescente a inúmeros problemas psicológicos, pois a aceitação de ser mãe consiste num grande peso, para o qual, por vezes, pode não estar preparada. Isto faz com que a adolescente se sinta frustrada nas suas expectativas futuras. Esses fracassos poderão estar ligados ao atingir das metas evolutivas da adolescência, em terminar os estudos, em limitar o tamanho da sua família, e definir uma vocação e em conseguir ser independente. Derivado de diversos estudos realizados por vários autores, esta situação talvez explique a baixa eficácia pessoal destas mães, a maior incidência de baixa auto-estima, stress, depressão e inclusive suicídio. Consequências Educativas: Nas mães adolescentes, as possibilidades de chegarem a conseguir uma boa formação ficam claramente diminuídas, já que são muito mais frequentes os problemas escolares e o abandono dos estudos. Consequências Sócio-Económicas: Quando estas jovens têm um filho, confrontam-se com a obrigação a nível parental, o que dificulta na continuidade da sua formação escolar, levando-as a procurar a inserção no mercado de trabalho geralmente precário. 105 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Como consequência disso, muitas destas adolescentes residem em lares com reduzidos recursos, inclusive abaixo do limiar da pobreza. É possível que o baixo estatuto sócio-económico, habitual entre estas jovens, explique pelo menos uma parte dos problemas referenciados, que se associam com um menor rendimento académico e com um maior índice de abandono escolar e rendimentos mais reduzidos. Consequências Relacionais: Ser mãe na fase da adolescência acarreta importantes problemas de rejeição social. A adolescente pode ser rejeitada, pelo seu parceiro como também por alguns amigos, vizinhos ou familiares. Esta rejeição privará de uma parte importante das suas fontes de apoio social, e por vezes, também económico. De acordo com o autor Costa, M.E, (1994), “as mães adolescentes apresentam, muitas vezes, baixa auto-estima, sentimentos de culpa, depressão, instabilidade, irritabilidade, sentimentos de incapacidade e de perda da sua dignidade, dificuldades relacionais com os outros e consigo próprios”. A gravidez na adolescência reveste-se de inúmeras desvantagens de ordem física, de ordem económica, mas sobretudo de ordem psicossocial. Em termos físicos porque ainda não foi atingido o pleno desenvolvimento e maturidade. A nível psicossocial, a consequência mais grave reside no facto de a gravidez durante a adolescência significar interrupção no processo de desenvolvimento da adolescente. A impossibilidade de desfrutar desta fase única da vida através da vivência de experiências necessárias ao seu desenvolvimento, irá inevitavelmente reflectir-se de um modo negativo no desenvolvimento da adolescente. 106 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Em termos sociais, a mãe adolescente sofre também perdas significativas, tais como, o abandono ou mesmo a interrupção escolar, com entrada num mercado de trabalho precário e habitualmente mal remunerado. Assim as mulheres que são mães em adolescentes estão em maior risco de desvantagem social e económica ao longo das suas vidas, a que não são indiferentes as superiores dificuldades em completar os estudos, em ter emprego, em obter salários elevados. Do ponto de vista social, o conceito de maternidade actual implica um sobreinvestimento nas capacidades e competências maternas, na noção de maternidade desejada e responsável, numa ideia de fundo de que a reprodução só deve acontecer por opção dos pais e porque a adolescência institui um período de aprendizagem e ganhos de competências gerais, em que se pressupõe que os jovens ainda não adquiriram a maturidade necessária e suficiente para um bom desempenho deste papel parental tão exigente. Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Odivelas É de referir que na Freguesia de Odivelas existe a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ). A esta comissão como todas as comissões de protecção de crianças e jovens adquirem as suas competências direccionadas para a promoção dos direitos das crianças e jovens e prevenção ou pôr termo a situações susceptíveis de afectar a sua segurança, saúde, formação, educação ou desenvolvimento integral. As CPCJ’s intervêm por iniciativa própria ou mediante participação verbal ou escrita de qualquer pessoa ou organismo público ou privado. Essa intervenção depende do consentimento expresso dos pais e da não oposição da criança ou jovem com idade igual ou superior a 12 anos. Quando deixa de poder intervir, por falta de consentimento dos pais, comunica ao Tribunal competente. As medidas que podem aplicar estão direccionadas a medidas de promoção no meio natural de vida (apoio junto dos pais ou familiares, confiança a pessoa idónea, apoio para a autonomia de vida), ou em regime de colocação (acolhimento familiar ou em instituições), podendo ser decididas a titulo provisório, sendo a aplicação das medidas de promoção dos direitos e de protecção da competência das CPCJ e dos Tribunais. 107 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Propostas de Intervenção: Após esta reflexão é importante referir que a gravidez e a maternidade na adolescência é vivenciada de modo diferente, dependendo do contexto social, cultural e temporal em que a jovem se insere. Face ao exposto, a Junta de Freguesia de Odivelas propõe medidas de intervenção no sentido de salvaguardar estas mães das injustiças da sociedade onde vivem, dos riscos sociais e pessoais que podem advir na vida da mãe e de sua criança, da aquisição de competências parentais, sociais e familiares, entre outros factores que possam surgir na sua vida e que sejam pertinentes para o desenvolvimento desta adolescente e de seu filho: Divulgação de informação pertinente e direccionada a mães adolescentes; Organização de “Mesa Redonda” para conversas semanais, proporcionando o bem-estar físico, social e emocional da mãe adolescente e de seu filho; Em espaço de atendimento, esclarecimento de dúvidas direccionadas a mães adolescentes relacionadas com o desenvolvimento das competências maternas, gerais, sociais, educativas, e definir projectos de vida com as mesmas; Articulação entre as diversas entidades envolvidas numa intervenção social; Promover a distribuição de leite pelos filhos de mães adolescentes. 108 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Violência Doméstica Reflexão A agressividade natural, segundo Sofia Ferreira de Almeida (2001), in Luísa Ferreira da Silva, “Acção Social na Área da Família”, Universidade Aberta, 234, Lisboa, consiste em uma “energia interna vinculada ao instinto de sobrevivência que nos ajuda a seguir em frente, facilitando o relacionamento com os demais”. Mas existe outro tipo de agressividade que engloba atitudes, comportamentos e fantasias que alteram o equilíbrio natural entre o corpo e a mente, associadas a um sentimento de raiva ou ódio e a um desejo, consciente ou não, de violência e destruição. É nesta agressividade emocional que se pode incluir a violência conjugal que se traduz em comportamentos destrutivos, violentos e negativos de uma pessoa sobre a outra. É de salientar que a violência conjugal não é a única forma de violência doméstica que acontece no interior do lar. A violência doméstica consiste num padrão de comportamento expresso por uma pessoa com o objectivo de ter controlo e domínio relativamente a outra com a qual mantém relações familiares ou similares. A violência doméstica é a violência que ocorre no seio da família. Segundo a autora Sofia Ferreira de Almeida (2001), as principais vítimas de violência doméstica são as mulheres e as crianças, no caso da violência física; enquanto que os idosos são sujeitos a violência psicológica/emocional mas também nalguns casos sofrem de violência física. Existem também casos de homens vítimas de violência doméstica mas são em número inferior comparativamente aos casos em que as mulheres são vítimas. A violência doméstica é múltipla, ou seja, atinge vários elementos da família, tome-se como exemplo um pai que agride a mãe e os filhos; e a mãe por sua vez agride os filhos; e entre si os irmãos agridem-se com frequência. Este exemplo demonstra a multiplicidade da violência. 109 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Está provado que as crianças que vivenciam situações de violência doméstica demonstram problemas comportamentais/emocionais significativos, como por exemplo desordens psicossomáticas, ansiedades e medos, alterações do sono, choro frequente e problemas escolares. Sendo assim a criança terá mais probabilidade de no futuro ser um potencial agressor, mas é de salientar que isto não é uma regra. Como é do conhecimento geral, a violência doméstica sempre existiu mas só recentemente é que é encarada como um fenómeno social, ou seja, é um facto com dimensões colectivas e regulamentado na vida social. Outrora, a violência no interior da família era encarada com naturalidade e ninguém podia interferir. Apesar deste pensamento ainda estar enraizado na cultura actual, a situação está a mudar e verifica-se uma consciencialização social de que as pessoas devem denunciar os casos de violência doméstica. A violência conjugal é exercida de diversas maneiras, e na grande maioria dos casos estão interligadas, ou seja, as agressões físicas são acompanhadas de abuso verbal ou psicológico, e por vezes seguidas de violação. A combinação destas formas de violência acaba por colocar a mulher numa posição de impotência face à violência e controlo exercidos sobre si. A violência física implica maus-tratos físicos que compreendem qualquer forma de agressão e, normalmente o agressor agride em regiões do corpo que ficam escondidas sob o vestuário; a violência sexual pressupõe comportamentos sexuais que a mulher não deseja e que lhe são impostos pelo agressor; a violência verbal baseia-se em aterrorizar a mulher e manter esta sempre com medo do que possa vir a fazer a ela ou contra os filhos; violência psicológica pressupõe por parte do agressor comportamentos que menosprezam e desvalorizam a mulher; a violência económica resulta de um controlo total dos recursos financeiros da família, privando a mulher de recursos e de assistência material e por fim o isolamento que consiste em manter a mulher isolada de amigos, colegas, vizinhos e familiares. A violência conjugal desenvolve-se através de ciclos em que a intensidade e a frequência aumentam ao longo do tempo. 110 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 O ciclo da violência conjugal consiste em uma primeira fase que se designa por aumento da tensão, é uma fase é que é criado um ambiente de eminente perigo para a mulher vítima e este aumento de tensão pode ter vários motivos, como problemas familiares, stress profissional, entre outros. O seu comportamento torna-se cada vez mais agressivo e a violência é facilmente despoletável. A fase da violência, ocorre normalmente de forma repentina e o ataque por parte do agressor pode ser muito intenso, ficando, por vezes, a mulher em estado muito grave e à medida que se repete o ciclo de violência esta tende a tornar-se mais intensa e com ameaças e agressões cada vez mais graves. A fase da lua de mel, depois da crise ocorre um período de desculpabilização por parte do agressor e, frequentemente, este mostra-se arrependido e faz promessas de não voltar a fazer o mesmo e adopta uma atitude calma e atenciosa fazendo acreditar à mulher que a situação se irá modificar. Não existe um retrato tipo das mulheres vítimas de violência conjugal e nada pode predizer que uma mulher se vá tornar uma vítima e este fenómeno social não diz respeito apenas a famílias de classes populares, mas sim a todos os grupos sociais, económicos e culturais, bem como a todas as faixas etárias, nos meios rurais e urbanos, independentemente do panorama educativo, religioso ou étnico. As mulheres vítimas de violência conjugal apresentam muitas vezes uma baixa auto-estima como resultado das constantes agressões e humilhações verbais e psicológicas que destroem a sua autoconfiança e auto-estima. A violência conjugal distingue-se dos outros crime devido a aspectos que condicionam a forma de agir da vítima face ao agressor, nomeadamente os laços emocionais que ligam o agressor e a vítima; a dependência financeira da vítima em relação ao agressor; o contacto diário entre a vítima e o agressor e a reacção da sociedade, encarando esta situação através da antiga forma de pensar que a vida do casal é de cariz privado e pessoal. 111 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Estratégias de Intervenção É de salientar algumas estratégias que podem ajudar as pessoas vítimas de maus-tratos, tais como, reforçar a sua auto-estima; desfazer os medos irreais; verbalizar a ambivalência de sentimentos; avaliar as possibilidades de mudança e avaliar a gravidade da eventual violência física. É importante que o profissional saiba posicionar-se diante da vítima e deve ter uma atitude de empatia para com esta. Após um atendimento cuidado, poderá ser necessário encaminhar a vítima para outro tipo de apoio e para que este seja eficaz é necessário que os técnicos conheçam as instituições das suas áreas de trabalho e os recursos que dispõem, bem como constituir parcerias ainda que informais com essas instituições. As Instituições que são úteis no apoio de mulheres vítimas de violência conjugal são: polícias, serviços de saúde, instituições vocacionadas para a violência contra as mulheres, justiça, emprego e formação profissional, serviços de intervenção social, câmaras municipais e juntas de freguesia. Resposta Social existente na Freguesia de Odivelas APAV - Associação Portuguesa de Apoio à Vítima A APAV tem como seu objectivo primordial promover a protecção e o apoio a vítimas de infracções penais em geral e em particular as mais carenciadas, designadamente através da informação, do atendimento personalizado e encaminhamento, do apoio moral, social, jurídico, psicológico e económico. A APAV existe na nossa comunidade para: Ouvir, aconselhar e apoiar; Escutar de forma atenta e interessada; Informar e aconselhar sobre os direitos e como exercê-los; Esclarecer e acompanhar no relacionamento com as autoridades policiais e judiciárias, orientando e ajudando nas diligências a tomar; 112 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Ajudar a vítima e seus familiares a superar o sofrimento da vitimação; Apoiar e encaminhar para aos apoios sociais existentes; Prestar apoio emocional, jurídico, psicológico e social a quem é vítima de crime e a seus familiares, desenvolvendo um processo de apoio qualificado. Os serviços de apoio prestados a cada vítima são gratuitos e confidenciais. Na APAV as vítimas de crime têm encontrado resposta às suas necessidades específicas. Em virtude da intervenção e apoio que prestam, e têm sido procurados por um número crescente de cidadãos residente no Concelho de Odivelas através do Gabinetes de Apoio à Vítima situado na Freguesia de Odivelas, mais concretamente na Urbanização da Ribeirada. Neste Gabinete da APAV desenvolve-se apoio às vítimas de todos os tipos de crime, entre eles, pessoas que são vítimas de violência (maus tratos; ameaças; crimes sexuais, violência doméstica; e muitos outros). Mas também, estão a ser apoiadas cada vez mais vítimas (e seus familiares) de crimes de furto (por esticão, de e em veículo motorizado, por carteirista, em casa por arrombamento), de roubo, de dano, de burla, de abuso de confiança, de falsificação de documentos, e outros crimes contra a propriedade; assim como de crimes de homicídio (voluntário consumado, por negligência em acidente de viação), de abuso de autoridade e discriminação racial ou étnica. No que diz respeito aos dados estatísticos, apenas foi possível obter informações ao nível do Concelho de Odivelas relacionados com este problema social, encontrandose no anexo IV, referentes a esta entidade. Os dados estatísticos relacionados com a Freguesia de Odivelas serão expostas no sector da Segurança, sendo estes pertinentes para o diagnóstico social desta freguesia. 113 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Análise à Realidade Social da Freguesia de Odivelas E Propostas de Intervenção Potencialidades - Preocupação na intervenção social crescente das Autarquias; - Resposta Social, inserida na freguesia, direccionada a esta problemática; (APAV) Constrangimentos - Falta de reforço na divulgação da existência de respostas direccionada às vítimas de violência doméstica, por parte das entidades responsáveis; - Ocorrência de crimes na freguesia direccionados à problemática – Violência Doméstica Propostas de Intervenção: A Junta de Freguesia de Odivelas dispõe de uma linha telefónica de apoio às vítimas de violência doméstica e em que disponibiliza um atendimento direccionado para o apoio psicológico e social. Esta linha tem como número telefónico 800207651, e disponível nas 24 horas do dia. Para este fenómeno social propõe-se: Reforço na divulgação da existência deste serviço disponível a todos os fregueses residentes em Odivelas; Fortalecer a articulação com entidades da comunidade, sendo estas: Polícia de Segurança Pública, Associação Portuguesa de Apoio à Vitima, com instalações nesta freguesia. 114 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Educação e Formação de Adultos Reflexão Segundo a directriz da UNESCO, a formação de adultos consiste num “conjunto de processos educativos organizados, através dos quais um adulto desenvolve capacidades e conhecimentos, melhora as suas qualificações, re-orienta-se, e suscita mudanças de comportamento e atitudes, na perspectiva de um desenvolvimento pessoal integral e de uma participação equilibrada e independente no desenvolvimento económico e social”. Isto significa que é um processo intencional organizado e estruturado, conduzido para além da formação inicial, e que implica uma aprendizagem sistemática de saberes, ou seja, saberes-fazer, saber-se estar e o saber tornar-se que são essenciais para um quotidiano de cada indivíduo inserido em sociedade”. A educação de adultos engloba todo o processo de aprendizagem formal ou informal no qual as pessoas são consideradas adultas pela sociedade e através da qual desenvolvem as suas habilidades, enriquecem o seu conhecimento e aperfeiçoam as suas qualificações técnicas e profissionais, direccionando-as para a satisfação das suas necessidades e por consequência as necessidades da sociedade. A educação de adultos pode modelar a identidade do cidadão e dar um significado à sua vida. A educação de adultos também se reflecte de um modo positivo na vida das famílias, melhorando a sua qualidade de vida, fomentando uma maior justiça na distribuição de recursos, das responsabilidades, dos deveres, dos direitos e das oportunidades entre os seus membros. Esta desenvolve a autonomia e o sentido de responsabilidade das pessoas e das comunidades, fortalecendo a capacidade de lidar com as transformações que ocorrem na economia, na cultura e na sociedade como um todo. É de extrema importância a educação continuada de adultos para a criação de uma sociedade tolerante e instruída, para o desenvolvimento sócio-económico, para a erradicação do analfabetismo, para a diminuição da pobreza e para a preservação do meio ambiente. 115 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Os objectivos da educação de jovens e adultos consistem em desenvolver a autonomia e o sentido da responsabilidade das pessoas e das comunidades; fortalecer a capacidade de lidar com as transformações que ocorrem na economia, na cultura e na sociedade como um todo; promover a coexistência, a tolerância, a participação criativa e crítica dos cidadãos em suas comunidades, de forma a permitir que as pessoas controlem os seus destinos e enfrentem os próprios desafios. É essencial na educação de adultos que esta seja baseada no património cultural comum, nos valores e nas experiências anteriores de cada comunidade de modo a permitir o uso de expressões dos cidadãos nas sociedades em que vivem. A educação de adultos tem vindo a sofrer profundas transformações e tem vindo a tornar-se uma necessidade ao nível das comunidades em geral e dos locais de trabalho, uma vez que o crescimento profissional pretende uma constante actualização de conhecimentos e habilidades. O papel do Estado é essencial na implementação da formação de adultos porque é este que assegura o direito da educação para todos os cidadãos em geral e para os grupos menos favorecidos da sociedade. E o Estado surge como um provedor de educação para adultos, um consultor, um agente financiador que monitora e avalia ao mesmo tempo. Por isso o Estado e seus parceiros sociais devem tomar as medidas necessárias para garantir o acesso, durante toda a vida dos indivíduos, às oportunidades de educação. A educação de jovens e adultos é um dos principais meios para se aumentar a criatividade e a produtividade, transformando-as numa condição essencial para se enfrentar uma sociedade de rápidas transformações e de crescente complexidade e riscos. O objectivo principal deve ser a criação de uma sociedade instruída e comprometida com a justiça social e o bem-estar geral. A alfabetização tem o papel de promover a participação em actividades sociais, económicas, políticas e culturais e é um requisito básico para a educação continuada durante toda a vida. 116 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 As políticas de educação direccionadas para a alfabetização de jovens e adultos devem estar baseadas na cultura própria da sociedade, dando prioridade à expansão das oportunidades educacionais para todas as mulheres, respeitando a sua diversidade e eliminando os preconceitos e estereótipos que limitam o seu acesso à educação que, por sua vez, restringem os seus benefícios. A educação de adultos deve reflectir a riqueza da diversidade cultural, bem como respeitar o conhecimento e formas de aprendizagem de grupos minoritários. É de salientar que a educação intercultural deve promover o intercâmbio de conhecimento entre as diferentes culturas, a favor dos direitos humanos, das liberdades fundamentais e da diversidade cultural. A educação continuada pode favorecer a promoção da saúde e a prevenção de doenças, bem como a democratização do acesso à saúde. O desenvolvimento de novas tecnologias relativamente às áreas da informação e da comunicação conduz a riscos de exclusão social para grupos de indivíduos e empresas que se mostram incapazes de se adaptar a esta realidade e a educação de adultos é essencial para minimizar estes riscos de exclusão. Em relação à população idosa é essencial que tenham a mesma oportunidade de aprender que os mais jovens e as suas capacidades/habilidades devem ser reconhecidas e respeitadas. A Junta de Freguesia de Odivelas, em relação ao exposto, encontra-se a desenvolver iniciativas e projectos direccionados à formação de adultos. Tal como se pode verificar na página 163-164, encontram-se descritos os projectos desenvolvidos por esta autarquia – Espaço Internet e Programa Recriar o Futuro. 117 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Resposta Social de Apoio à Família e Comunidade Serviços - Gabinete de Assuntos Sociais da Junta de Freguesia de Odivelas – Em resposta às necessidades sentidas pela população de Odivelas, as autarquias disponibilizam espaços de atendimento social aos quais todos os cidadãos têm este serviço de apoio, que tem como objectivo atenuar os seus problemas e encaminhar para as entidades competentes. A Junta de Freguesia de Odivelas disponibiliza um Gabinete de Assuntos Sociais que presta serviço a toda a população residente na Freguesia de Odivelas na área da acção social, no horário das 9h00 às 12h00, por ordem de chegada. Os dados fornecidos pela Assistente Social desta autarquia, no âmbito dos problemas sociais apresentados pelos utentes, destacam-se: - Ausência total de recursos económicos; - Necessidade de recorrer a instituições de apoio social; - Desestruturação familiar (dificuldades em assumir competências parentais) - Procura de apoio psicológico, em que é feito encaminhamento para o Gabinete de Psicologia (JFO, ver pág.168); - Problemas de saúde e higiene, em que é disponibilizado o serviço da Lavandaria Comunitária (ver pág.168); Uma vez que a Freguesia de Odivelas, e de acordo com os dados populacionais referenciados neste diagnóstico (ver pág.30), se caracteriza pela multiculturalidade, este facto reflecte-se na procura de apoio social neste Gabinete de Assuntos Sociais. No que diz respeito ao tipo de nacionalidades que mais solicitam este tipo de apoio, destacam-se os cidadãos de nacionalidade portuguesa (migrantes de outras zonas do país), de seguida em grande número destacam-se os Palop’s e por último cidadãos de outras nacionalidades. 118 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 O “Ser Cidadão” na Freguesia de Odivelas: O “Ser Cidadão” situado na Arroja tem como entidade promotora a Junta de Freguesia de Odivelas e como entidade gestora a Associação das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas. Esta instituição possui a valência de Banco Alimentar, apoio que consiste na entrega de alimentos às famílias carenciadas, o que é feito semanalmente (no caso de produtos frescos) e mensalmente nos outros produtos. No que diz respeito à entrega mensal do Banco Alimentar, o “Ser Cidadão” apoia 133 famílias, correspondendo a 453 pessoas, das quais 197 são crianças. Ao nível da distribuição semanal do Banco Alimentar são apoiadas 46 famílias, equivalendo a 153 pessoas, das quais 71 são crianças. O “Ser Cidadão” conta ainda com um ATL frequentado por 45 crianças que usufruem de lanches diários. Funciona também como uma instituição de informação, aconselhamento e encaminhamento das pessoas, que, devido a diversos problemas sociais ali se deslocam a pedir apoio. Um dos problemas com que a instituição se depara são as instalações, pois funcionam num espaço alugado com uma renda elevada e onde há infiltrações de água. Por esta razão e por se tratar de um equipamento com um espaço físico diminuto, não permite criar a valência de creche, nem o fornecimento de refeições às crianças. Esta instituição necessita que lhe sejam facultadas instalações adequadas ao desenvolvimento das suas actividades, sendo assim esta Junta de Freguesia pensa que a melhor solução passa pela cedência por parte da Câmara Municipal de Odivelas das Lojas da Arroja, uma vez que possuem melhores condições e localizam-se na zona de Arroja, a qual esta instituição conhece bem os seus habitantes e os seus problemas sociais. A Cantina Social define-se como uma resposta social desenvolvida em equipamento com o objectivo de fornecer refeições a indivíduos economicamente desfavorecidos. 119 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Na freguesia de Odivelas não existe este tipo de resposta social, existindo apenas o serviço de Banco Alimentar disponibilizado por esta Junta de Freguesia, que dá apoio a muitas famílias carenciadas mas que não consegue abranger todos os núcleos familiares que são atingidos por necessidades económicas e sociais residentes na freguesia. Sendo assim, é importante a existência de uma cantina social uma vez que é um equipamento que dá uma resposta social deveras importante á população que sofre de carência social. A Junta de Freguesia de Odivelas contribui no apoio em alimentos que provêm do Banco Alimentar contra a Fome em parceria com a Associação das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas que abrange sensivelmente 30 famílias em situação de carência residentes na Freguesia de Odivelas. A entrega dos cabazes de alimentos decorre todas as semanas, quintas-feiras, com os frescos, e na segunda semana, sextas-feiras, de cada mês decorre a entrega da BOX, sendo estes cabazes compostos por uma variedade de alimentos. Como se pode verificar na tabela que se segue: Tabela N.º 7 Tipo de Alimentos distribuídos 5ªs Feiras 6ªs Feiras FRESCOS BOX Frutas: Pêra, Maça, meloas, Esparguete; tangerinas; Açúcar, Leite; Legumes: Alimentos Arroz, Massas miúdas, Latas de Salsichas e Cenouras, Cebolas, Conservas; Couves; Sumos; Outros produtos: Cereais, Chocolates. Iogurtes; Batatas fritas; Pão; 120 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Conferência de Santo Eugénio em Odivelas Como resposta social na Freguesia de Odivelas, a Conferência de Santo Eugénio pertencente à Sociedade São Vicente de Paulo dedica-se ao apoio a algumas famílias com carências sociais e económicas. É uma associação de cariz humanitário que a tempo inteiro procura diminuir as necessidades cada vez maiores de muitas famílias. A Conferência assiste 160 famílias carenciadas da Paróquia, cerca de 300 pessoas, no apoio em bens de primeira necessidade para atenuar as carências sentidas por essas famílias. Por vezes estas pessoas não dispõem de meios para ir buscar o seu saco mensal e a conferência disponibiliza-se a entrega-lo no domicílio. Relativamente a estes utentes, a sua maioria são de etnia africana que se deparam com determinados problemas sociais e familiares, assim como jovens casais que se encontram em situação de desemprego e que não conseguem organizar a sua vida económica. Para além desta ajuda à população, a Conferência dispõe de um Centro de Dia que abrange 28 pessoas no seu total, em que 12 dos idosos são acompanhados no Centro através de refeições diárias e os restantes 16 recebem a sua refeição no seu domicílio. 121 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Imigração, Minorias Étnicas e Exclusão Social Reflexão Os processos de imigração acarretam consigo um conjunto de problemas, nomeadamente ao nível da integração das novas comunidades e dos seus direitos enquanto cidadãos. Actualmente a imigração desenvolve-se por um elevado número de pessoas e famílias que tem atingido elevadas pressões demográficas e sociológicas, assim como a taxa de desemprego que tem vindo a aumentar, levando o imigrante a ser visto como um rival, o que fomenta comportamentos discriminatórios em relação a estas comunidades. Ao falarmos de minorias étnicas pressupõe falarmos de um grupo minoritário dominado, com características diferentes do grupo dominador, isto consiste num grupo se torna objecto de atitudes discriminatórias, de segregação ou perseguição por parte da sociedade maioritária onde vive. Os processos de integração social das minorias étnicas devem passar por uma capacidade societal de troca de valores, costumes numa posição de igualdade e de participação, pois o processo de integração social por via da assimilação da cultura dominante está longe de vir a integrar estes grupos. Na realidade social encontrada na freguesia de Odivelas, as minorias étnicas e as comunidades imigrantes, nem sempre estão inseridas socialmente, estas encontram-se numa relação de desvantagem a vários níveis, tais como ao nível da educação, formação profissional, emprego, habitação, recursos financeiros, acesso às instituições sociais. Todos estes factores conduzem os indivíduos para uma situação de exclusão social. Uma grande parte da realidade social desta freguesia reflecte-se também no Atendimento Geral da Junta de Freguesia de Odivelas todos os dias. Em destaque os idosos que se apresentam isolados da comunidade em geral; cidadãos imigrantes que têm o acesso dificultado às instituições sociais devido às dificuldades linguísticas e ao excesso de burocracia, sendo esta também diferente do seu país de origem e pessoas que vivenciam situações de desemprego e de “pobreza envergonhada”, ou seja, pessoas que omitem o facto de que passam necessidades 122 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 primárias/ económicas no seu meio social, o que faz com que as mesmas não recorram ao apoio de instituições inseridas na sociedade de resposta a estes factos sociais. Entende-se por exclusão, um indivíduo que não se enquadra no contexto social, ou seja sem referências. E como tal não faz uso dos seus direitos sociais e não exerce inúmeras vezes, o direito de cidadania. Propostas de Intervenção: Face ao exposto, as autarquias locais têm um papel fundamental no diagnóstico e na prevenção das situações de exclusão social, na medida em que os utentes estabelecem uma relação de confiança com estas instituições e por isso o diagnóstico de determinados problemas sociais é facilitado. Além disso as autarquias têm um papel importante na divulgação dos direitos e deveres de cada cidadão. Toda a intervenção social tem que se pautar por uma directriz que consiste no esforço do próprio indivíduo em fazer parte da solução do seu problema, exercendo os diversos direitos e deveres que integram a sua cidadania. Neste sentido, a Junta de Freguesia de Odivelas propõe: Intervir nos vários problemas sociais, de um modo mais personalizado e de acompanhamento social contínuo, nomeadamente em situações de pobreza/exclusão, desemprego, violência, isolamento, barreiras institucionais, entre outros. A intervenção com imigrantes, minorias étnicas e tendo em consideração a exclusão social existente tem como principal missão a criação de “pontes” entre os utentes e as instituições de modo a que as pessoas não se percam em “labirintos institucionais” e consequentemente não se sintam desmotivadas na resolução dos seus problemas e necessidades no “país desconhecido”. 123 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Uma das prioridades a definir baseia-se no contacto directo com as pessoas, no qual possam obter uma resposta de resolução às suas dificuldades. Esta capacidade de resposta passa pelo: Estabelecimento de parcerias com outras instituições, através das quais os utentes possam conhecer os apoios a que têm direito de forma a suprirem as suas necessidades, bem como os documentos necessários para o efeito; Desenvolvimento de acções/iniciativas de divulgação e informação acerca das várias temáticas ligadas à exclusão social; Promoção de iniciativas em que seja divulgada a cultura de cada grupo imigrante inserido na freguesia. Os principais objectivos desta proposta consistem: Estabelecer parcerias com instituições integradas na freguesia de Odivelas; Promover soluções aos problemas das pessoas/famílias que se encontram em situação de exclusão; Promover o “empowerment” nos cidadãos, isto é trabalhar as competências sociais para a sua melhor integração/adaptação/autonomia na e perante a sociedade; Promover um atendimento social personalizado tendo em conta as características de cada indivíduo definindo-se através das suas fragilidades e suas potencialidades. 124 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Habitação Reflexão Ainda hoje a habitação social representa uma das estratégias fundamentais de providência estatal, facto visível na política de habitação actualmente em Portugal. As carências ao nível do alojamento têm levado o estado a apostar num modelo de promoção habitacional descentralizado, ou seja, na criação de programas apoiados pelo estado, mas protagonizados por actores locais, tais como os municípios, as cooperativas ou instituições particulares de solidariedade social. A Habitação Social deverá ser um meio de inserção das populações mais desfavorecidas, promovendo um desenvolvimento participado, sob pena de se transformar os actores sociais em receptores de bens e serviços, não os envolvendo no seu próprio espaço, na sua própria mudança. Assim sendo a acção estatal não deverá redundar-se apenas à providência, sob pena de se atribuir fogos e ampliar-se a exclusão social vivenciada por estas populações. A Construção de Bairros Sociais tem levantado algumas polémicas, nomeadamente quanto à eficácia das políticas de habitação social. A construção destes espaços residenciais surge geralmente de uma forma descontínua em relação ao crescimento urbano, criando sentimentos de exclusão e guetização, uma vez que os residentes estão afastados do centro e dos processos de decisão. O realojamento das populações provoca a mudança das condições residenciais e conduz muitas vezes à interrupção do processo que vincula os indivíduos ao seu ambiente social e físico, neste contexto os realojamentos provocam um corte no estado de equilíbrio dos indivíduos, exigindo um processo de transição, readaptação e reconstrução. A forma como cada morador vivência o processo de realojamento e a satisfação residencial com o bairro depende de factores de ordem pessoal (idade, sexo, classe social e número de filhos) e de ordem ambiental, tais como as características do bairro, a sua aparência, o tempo que permanece no bairro e/ou em casa e ainda as relações sociais com os vizinhos. 125 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Esta mudança tem sempre impacto na identidade social de cada individuo, afectando o seu sistema de valores, atitudes, crenças, costumes, práticas, normas e rituais, ou seja, a sua cultura como já foi referido na página 47 A presença de diversas culturas traduz-se em diferentes maneiras de ser e estar, podendo gerar conflitos de vizinhança. A diversidade da origem cultural dos habitantes origina obrigatoriamente comportamentos, normas, valores e crenças diferentes. Na Freguesia de Odivelas verifica-se a existência de bairros sociais. Esta política social consiste numa contribuição a famílias com grande carência económica e habitacional, sem qualquer alternativa para solucionar as dificuldades e carências habitacionais. Permite que famílias economicamente carenciadas tenham acesso a uma habitação condigna e que desta forma se contribua para a promoção social das mesmas. O Programa Especial de Realojamento (PER) foi um programa criado tendo em vista a erradicação das barracas nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto, DecretoLei n.º 163/93, de 7 de Maio. Com o objectivo de se concretizar com celeridade os realojamentos em habitações condignas das famílias que vivem em barracas, foi criada a possibilidade de cada município promover a construção de fogos necessários, quer para arrendamento, quer para compra (Programa PER Famílias criado pelo decreto-lei nº 79/96, de 20 de Junho). O PROHABITA é um programa de financiamento para acesso à habitação, que visa a resolução de situações de grave carência habitacional de agregados familiares residentes no território nacional. O PROHABITA é concretizado mediante a celebração de acordos de colaboração entre os Municípios e o Instituto Nacional de Habitação. 126 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Tabela N.º 8 Habitação Social N.º de Agregados ProHabita Per (Programa Especial de Realojamento) 80 Famílias candidatas (programa a desenvolver com o IRHU e CMO) 290 (a residir em barracas recenseadas no Per) Não Per (Programa Especial de Realojamento) 144 (a residir em barracas fora do recenseamento Per) Os dados disponibilizados pelo Departamento de Habitação, Saúde e Assuntos Sociais da Câmara Municipal de Odivelas designam que existem na Freguesia de Odivelas 472 fogos de Habitação Social em que o número de agregados do Programa Especial de Realojamento (PER) é de 290 (a residir em barracas recenseadas no PER), e 144 agregados não PER (a residir em barracas fora do recenseamento PER). No que se refere ao PROHABITA este conta com a candidatura de 80 famílias. 127 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Análise à Realidade Social da Freguesia de Odivelas E Propostas de Intervenção Potencialidades - Crescimento do parque habitacional; - Existência do programa Plano Especial de Realojamento (PER); - Existência do PROHABITA, programa de financiamento para acesso à habitação. Constrangimentos - Parque habitacional degradado; - Degradação dos bairros sociais; - Existência de habitações de génese ilegal; - Ordenamento urbanístico insuficiente; - Estigmatização de comunidades/espaços residenciais; Propostas de Intervenção Acompanhamento às famílias na gestão de orçamento familiar; Dotar as famílias de ferramentas para aquisição de competências habitacionais; De forma a atenuar o impacto na identidade social de cada indivíduo – estimular a identificação ao novo local habitacional e o respeito e conhecimento da diversidade cultural dos moradores, promovendo a inclusão social das populações, é imprescindível desenvolver um trabalho no terreno, com a comunidade. 128 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Apreciação Geral Na sociedade em que nos encontramos e no seio da realidade desta, estão presentes os mais derivados problemas sociais. Existem muitas famílias que vivem em situação de risco social, em que ressalta na sua maioria uma grande complexidade. Expressa-se claramente a multidimensionalidade da exclusão social: o Baixos rendimentos, o Precariedade de emprego e desemprego, o Baixos níveis de escolaridade, o Más condições de habitação, o Falta de saúde dos adultos e das crianças, o Toxicodependência e alcoolismo, o Relações familiares problemáticas. Torna-se, igualmente, patente que se trata de uma pobreza e exclusão social reproduzidas ao longo de gerações, o que diminui a capacidade de resolução efectiva dos problemas no seio das famílias. Contudo, revela-se que os laços de parentesco, não obstante a escassez de recursos, oferecem uma rede de solidariedade que surpreende. Por seu turno, as comunidades locais ainda que dotadas de fracos recursos mantêm formas de ajuda que aliviam algumas das dificuldades mais prementes. A relação com as instituições pauta-se, em grande número de casos, por falta de informação e desconhecimento das regalias sociais que poderiam reivindicar e dos serviços sociais disponíveis, ignorando os seus direitos como cidadãos. 129 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Idosos e Pessoas em situação de dependência Reflexão A velhice é um estádio que faz parte da vida de qualquer ser humano. O desconhecimento deste estádio leva a falsas percepções que, à força de serem transmitidas, acabam por isolar completamente os idosos, chegando mesmo a contribuir para acelerar o seu envelhecimento. Ser-se idoso, é muito mais do que um conjunto de estereótipos de deficiências, de doenças, de susceptibilidades, podendo até ser mesmo um contorno à própria limitação que criamos da vida. Leva para além fronteiras de um conhecimento de longevidade, de crenças e leva a perceber a todos que muitas vezes é possível chegar além desse “tal” visível. Ao longo do estudo, houve a possibilidade de perceber a realidade de muitos idosos, dos que se encontram dependentes de alguém e os que ainda conseguem ter a sua autonomia e a sua independência. Por isso existe a necessidade de os técnicos, funcionários, ajudantes que lidam todos os dias com estas pessoas gratifiquem esses idosos através de um acompanhamento, ao nível da boa disposição, do companheirismo e da realização de actividades com os mesmos e em interacção com os jovens e crianças. A dependência é uma dificuldade pela qual os idosos passam, e quem os pode ajudar neste caso são as suas próprias famílias ou as instituições inseridas na comunidade. Nos dias de hoje, a população idosa tem sido constantemente afectada pela incapacidade de respostas sociais, de compreensão da sociedade, que a marginaliza deixando-a debilitada tanto ao nível emocional como psicológico. 130 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Apesar de todos os contra, ainda podemos agradecer a todas as instituições, bem como aos seus profissionais o facto de se disponibilizarem a conceber afecto, atenção, carinho e cuidados primordiais que as próprias famílias algumas vezes ignoram. Em suma, os idosos deveriam ser merecedores de mais respeito, pois são seres humanos, e ao marginaliza-los está-se a infringir os direitos fundamentais de cada ser. É importante que os idosos sejam respeitados, pois eles são uma das principais fontes de saber, de conhecimento, uma vez que através das suas vivências nos podem transmitir experiências e saberes adquiridos ao longo da vida. Contudo, nesta fase é importante que olhemos para o futuro e planejemos, da melhor maneira, todo um percurso que ainda se ergue e o qual podemos ainda construir. Todos nós podemos fazer alguma coisa por eles, pois um dia eles, um dia nós. Respostas de Equipamentos face ao crescente aumento da População Idosa Reflexão Evoluindo de uma concepção etimológica, exclusivamente, assistencialista, as tradicionais respostas sociais de apoio à população idosa, embora se tivessem adaptado, em determinadas situações, às condições sócio-económicas, afectivo-emocionais e educativas emergentes, permanecem, todavia, indissociadas de, importantes contingências, decorrentes do efectivo duplo envelhecimento demográfico registado, bem como, de diversas outras conjunturas existenciais, como sejam, o crescente aumento da esperança média de vida, o possível aumento do número de pessoas dependentes, a consecutiva desfamilização face ao encargo social da velhice, a progressiva transição de relações solidárias orgânicas para relações solidárias mecânicas, assim como, a crescente dificuldade de sustentabilidade do sistema de protecção e segurança social. Neste sentido surgem algumas questões tais como, será que a integração social da pessoa idosa se concretiza, fazendo face a perspectivas inclusivistas? Constituirão as actuais respostas sociais de apoio à população idosa, verdadeiros, ecos de mudança e de adaptação face a um envelhecimento que se pretende crescentemente activo, reivindicativo e participativo? 131 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 O enfoque de futuro centrar-se-á, na capacitação, bem como, na aceitação de uma reconversão sistémica, onde toda a conjuntura social se reformulará, solucionando, de forma adaptada, as reais lacunas existenciais. Porque o envelhecimento requer uma multifacetada alteração das virtualidades praticadas, as manifestações, presentes e futuras, deverão privilegiar uma intervenção direccionada, para e com, o rácio institucional, viabilizando a concretização de acções, efectivamente, conducentes à inculcação de valores de diferenciação e de partilha. Porque as pessoas idosas de hoje serão, certamente, diferentes das pessoas idosas de amanhã, há que adaptar os conteúdos disponibilizados, variando a oferta, de forma a superar motivações e colmatar necessidades, numa óptica de envolvimento activo, onde a capacitação de uma construção partilhada, se estabeleça de forma regulamentada. Apostar em actividades de âmbito social, cultural, recreativo é estimular a concertação de valores e a promoção de competências pessoais e sociais, capacitadas a convergir numa conjuntura de conhecimentos teórico-práticos, inerentes à concretizável reivindicação activa de constatação e construção sociais. Porque a tónica do futuro incidirá na prevenção, na manutenção sócio-familiar, na crescente participação activa, talvez tenha chegado o momento de investir nas mais promissoras respostas sociais, fortalecendo as relações de vizinhança, responsabilizando as famílias, requalificando as estruturas habitacionais, oferecendo um diversificado cartaz sócio-educativo, concebendo a configuração social de apoio assente numa avaliação de dependência, e esbatendo a recorrência institucional, baseada em estritos critérios de âmbito cronológico. Nesta perspectiva o futuro privilegiará a concretização de centros de convívio capacitantes, reconvertendo-os em, efectivos, centros de recursos, onde o cliente fará, parte integrante de decisões e deliberações. Potenciará a disseminação de serviços de apoio domiciliário, bem como, de conscientes reconversões de respostas sociais de apoio domiciliário integrado e de unidades de apoio integrado, viabilizando a concretização de uma progressiva manutenção proximal em situações de dependência, potenciando relações de afectividade, os simbolismos físicos e as conotações materiais, destacando, igualmente, a emergência de novas unidades residenciais, que possibilitem a efectivação de uma 132 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 gestão autonomizada, permitindo, de forma flexível, a recorrência a serviços de utilização comum. Prevenir a institucionalização, prevendo o constante envelhecimento demográfico que nos assola, bem como, o consequente impacto social e económico daí resultante será antecipar as contingências de um futuro próximo, reajustando-o às reais necessidades existenciais. Relativamente aos equipamentos de apoio à terceira idade e a outros cidadãos dependentes, a freguesia de Odivelas dispõe de infra-estruturas com as respectivas valências, conforme se pode verificar na seguinte tabela: Respostas Sociais para a População Idosa e dependentes na Freguesia de Odivelas (2007) Tabela N.º 9 Instituição Lar de Odivelas Valências N.º de Utentes Centro de Convívio 90 Centro de Dia 16 Lar 75 Apoio Domiciliário e Integrado 60 Centro de Convívio 120 Centro Unitário de Reformados, Pensionistas e Idosos de Odivelas (CURPIO) Centro de Dia 70 Apoio Domiciliário e Integrado 80 Junta de Freguesia de Odivelas Centro de Dia 41 Casa de Repouso Maria da Nazaré, Lda. (Entidade Lucrativa) Lar 21 Com o objectivo de dar respostas efectivas à terceira idade e cidadãos em situação de dependência surgem os serviços de Centro de Convívio, Centro de Dia, Lar e Apoio Domiciliário/Apoio Domiciliário Integrado. 133 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Através da análise da tabela acima apresentada referente à existência de equipamentos de apoio à terceira idade/pessoas em situação de dependência, pode-se constatar que na freguesia de Odivelas existe um Lar para idosos que pertence à Segurança Social, e que está abrangido com as valências de, Centro de Convívio, Centro de Dia, Lar e Apoio Domiciliário/ Apoio Domiciliário Integrado. O C.U.R.P.I.O., Instituição Particular de Solidariedade Social, que também possui as valências de Centro de Convívio, Centro de Dia e Apoio Domiciliário/ Apoio Domiciliário Integrado, e sendo esta também uma resposta social para a população idosa e cidadãos em situação de dependência residentes na freguesia de Odivelas. Torna-se relevante referir que a Junta de Freguesia de Odivelas sentiu a necessidade de desenvolver um Centro de Dia (ver página 161), mediante os seus recursos materiais e humanos no sentido de tornar possível a criação de laços entre a autarquia e a população idosa, assim como dar uma resposta social que vai ao encontro da satisfação das necessidades de uma população cada vez mais envelhecida. Por outro lado, esta freguesia também conta com a colaboração da entidade lucrativa – Casa de Repouso Maria da Nazaré, que tem a valência de lar e que abrange o número total de 21 utentes. Verifica-se que as respostas sociais acima descritas abrangem um significativo número de cidadãos idosos e/ou dependentes residentes na Freguesia de Odivelas no ano de 2007, sendo este o seu total de 573 pessoas distribuídos pelas diversas valências existentes. A Conferência de Santo Eugénio também disponibiliza aos cidadãos da Freguesia de Odivelas a valência de Centro de Dia, tendo actualmente 28 utentes que usufruem desta valência, dos quais 12 idosos são acompanhados neste Centro de dia com refeições diárias e 16 utentes recebem as refeições ao domicílio. Para além das respostas acima descritas, na Freguesia de Odivelas, na Rua Rainha D. Amélia, está disponível um serviço de Apoio Domiciliário com fins lucrativos a toda a população idosa. 134 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Este serviço presta assistência no domicílio, para quem pretende manter-se no seu meio familiar, proporcionando serviços de apoio nas actividades diárias, bem como Enfermagem e Fisioterapia, estabelecendo um plano de cuidados de saúde personalizados em colaboração com o utilizador e a sua família. Gráfico N.º 5 120 100 80 Centro Unitário de Reformados, Pensionistas e Idosos de Lar de Odivelas Centro de dia Lar Apoio Domiciliário Centro de Convívio Centro de Dia Apoio Domiciliário Centro de Convívio 60 40 20 0 Centro de Dia N.º de Utentes N.º de Utentes por Valência, segundo o género Junta de Freguesia Valências e Instituições N.º Utentes Sexo Masculino N.º Utentes Sexo Feminino Como se pode constatar através do gráfico n.º 5 na valência de Centro de Convívio, o Centro Unitário de Reformados, Pensionistas e Idosos de Odivelas, destaca-se por possuir um maior número de utentes do sexo masculino, nomeadamente 100 homens, enquanto que o Lar de Odivelas na mesma valência possui mais utentes do sexo feminino, sendo este número de 78 mulheres em comparação com a existência de apenas 12 homens que frequentam esta mesma valência do Lar de Odivelas. Em relação ao Centro de Dia é de salientar que tanto no C.U.R.P.I.O como no Lar de Odivelas e na Junta de Freguesia de Odivelas, estes apresentam um maior número de utentes do sexo feminino em comparação ao número de utentes do sexo masculino. Na valência de Lar nomeadamente no Lar de Odivelas, sendo este o único lar da Segurança Social existente na freguesia de Odivelas é possível salientar que o número de mulheres é superior ao número de utentes do sexo masculino. 135 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 No que diz respeito à valência de Apoio Domiciliário é de salientar que no C.U.R.P.I.O. existem 57 utentes do sexo masculino e 23 utentes do sexo feminino. No Lar de Odivelas não existe uma diferença significativa entre os utentes do sexo masculino e femininos que usufruem da valência de apoio domiciliário, ou seja, existem 32 mulheres e 28 homens. Utentes em situação de dependência nas diversas valências da Freguesia de Odivelas Na realização e análise dos inquéritos por questionário foi possível verificar nos dados disponibilizados pelas instituições inquiridas, que no Centro de Dia do C.U.R.P.I.O., 28.6% dos utentes que usufruem desta valência são pessoas dependentes por padecerem de diferentes doenças crónicas, entre elas se encontra a demência, a demência tipo Alzheimer, demência vascular, esquizofrenia, transtornos depressivos ou de humor, transtornos de ansiedade e transtorno por uso de álcool ou outras substâncias. No Lar de Odivelas referente à mesma valência, 8.3% dos utentes são dependentes e com as mesmas doenças crónicas descritas anteriormente. No Centro de Dia da Junta de Freguesia de Odivelas, 24.4% dos utentes que nele permanecem estão em situação de dependência e em que varia o grau de dependência e de autonomia mediante valores apurados após aplicação da Escala de Avaliação do Grau de Dependência de Barthel. A Escala de Barthel proposta por Mahoney e Barthel 1965 consiste numa avaliação padronizada que mede o grau de dependência funcional em actividades de vida diária como: alimentação, banho, vestuário, higiene pessoal, uso do vaso sanitário, transferência cadeira/cama, deambulação e escadas. Cada item é avaliado enquanto independência, ajuda e dependência. No que concerne à valência de Centro de Convívio pode-se verificar que nas duas entidades, C.U.R.P.I.O e Lar de Odivelas não existem utentes dependentes e acamados, facto que se explica pela natureza desta valência, uma vez que se pressupõe que os idosos sejam elementos activos e dinamizadores das próprias actividades que se desenvolvem neste tipo de valência. 136 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Em relação aos Serviços de Apoio Domiciliário é de salientar que esta resposta social baseia-se na prestação de cuidados individualizados e personalizados, no domicilio, a idosos, que por motivo de doença, deficiência ou por outros impedimentos não podem assegurar a satisfação das suas necessidades básicas. Sendo assim, no C.U.R.P.I.O, existem 15.4% de utentes acamados, enquanto que no Lar de Odivelas, existem 33.3% de utentes acamados. Na valência de Lar do Lar de Odivelas, sendo esta uma resposta social para idosos em situação de maior risco de perda de independência/autonomia pode-se verificar que 77.3% sofrem de dependência e que 29.3% dos utentes são acamados. Das informações referentes às diferentes valências mencionadas não existem candidatos em lista de espera apenas o Lar de Odivelas dispensa algumas vagas para os pedidos efectuados pela Linha Nacional de Emergência Social. Tabela N.º 10 Taxa de Ocupação referente às Respostas Sociais existentes para a População Idosa Junta de C.U.R.P.I.O. Freguesia de Lar de Odivelas Odivelas N.º Utentes Capacidade Total Utentes Taxa de Ocupação Centro de Centro de Dia Centro de Convívio Apoio Domiciliário Centro de Dia Centro de Convívio Apoio Domiciliário Lar 70 120 80 16 90 60 75 41 90 120 80 20 245 60 75 50 78% 100% 100% 80% 37% 100% 100% 82% Dia Através da análise da tabela n.º 10, denota-se que as valências existentes como resposta social para a população idosa na Freguesia de Odivelas têm uma taxa de ocupação elevada. Este facto expressa que este segmento da população procura os 137 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 diversos tipos de valências afim de colmatar as suas necessidades sociais. Com esta tabela depreende-se que a procura de instituições de apoio ao idoso é elevada, facto que se expressa pelos valores apresentados, logo as instituições que existem são diminutas para dar uma resposta eficaz a esta procura. Através dos dados facultados por estes equipamentos sociais pode-se constatar que a capacidade total de utentes de Apoio Domiciliário e Lar, é preenchida na sua totalidade, verificando-se desta forma a existência de população de terceira idade com necessidade de um auxílio profissional personalizado e vocacionado ao nível dos cuidados de saúde, de competências sociais e pessoais. Gráfico N.º 6 Gráfico N.º 7 Faixa Etária dos Utentes da Valência Centro de Dia C.U.R.P.I.O 20 os 5 >8 a 81 a 76 an os an 85 an os 80 an os an 75 a a 61 71 os an an a 60 55 55 < an os >8 5 an os os 81 a a 80 85 an os os an 75 a 71 76 an 70 66 a 65 a 61 an os os an an os 55 a 55 < 60 Idades os 0 os 0 Lar de Odivelas 5 os Junta de Freguesia de Odivelas 70 5 C.U.R.P.I.O 10 a 10 15 66 Lar de Odivelas an 15 N.º Utentes N.º Utentes 20 65 25 Faixa Etária dos Utentes na Valência de Apoio Domiciliário Idades No gráfico N.º 6, o número de utentes correspondente às suas idades em relação a usufruírem da valência de Centro de Dia existentes na freguesia de Odivelas, são na sua maioria cidadãos com idades compreendidas entre os 81 anos e mais de 85 anos. Também no gráfico N.º 7 referente aos utentes que usufruem dos serviços de Apoio Domiciliário do C.U.R.P.I.O e do Lar de Odivelas, predominam cidadãos com idades compreendidas entre os 76 anos e mais de 85 anos. Com este gráfico denota-se uma grande afluência na necessidade de um acompanhamento mais personalizado de profissionais das diversas áreas, sentida pelos cidadãos com as idades mencionadas. 138 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Este facto explica-se pelas fragilidades físicas e de saúde que se vão agravando ao longo da vida, dificultando assim a realização das tarefas diárias, bem como da higiene pessoal e da habitação, sendo o Apoio Domiciliário um serviço fundamental para que a pessoa consiga viver de forma independente e no conforto do seu domicílio. Para além da valência de Centro de Dia e Apoio Domiciliário, o Lar de Odivelas também possui a valência de Centro de Convívio e Lar, tal como podemos verificar na tabela que se segue: Tabela N.º 11 Faixa Etária dos Utentes na Valência Centro de Convívio e Lar Faixa Etária < 55 anos 55 a 60 anos 61 a 65 anos 66 a 70 anos 71 a 75 anos 76 a 80 anos 81 a 85 anos >85 anos Centro de Convívio N.º de Utentes 0 0 2 35 40 11 2 0 Lar N.º de Utentes 2 2 2 4 6 12 21 26 Nesta tabela denota-se uma maior procura ao Centro de Convívio, em que as idades diferem entre os 66 anos e os 75 anos. Na valência de lar, existente na freguesia de Odivelas, a maior procura incide na faixa etária superior a 85 anos de idade, devido à grande dependência que os idosos passam a sentir nesta fase de suas vidas, tal como se verifica nas respostas dos inquiridos no que se refere à descrição das doenças crónicas que afectam primordialmente estes utentes. 139 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Tabela N.º 12 Recursos Humanos, existentes nas Valências do CURPIO e Lar de Odivelas C.U.R.P.I.O Equipa Técnica Centro de Dia 1* ----1* ------4* --2* 1* 2* Centro de Convívio 1* ----1* ------4* --2* 1* --- Lar de Odivelas Apoio Domiciliário Educadora Social Assistente Administrativa Cozinheiras Auxiliares de Serviços Gerais Enfermeira (voluntária) Professor de Música Professora de Artes Plásticas (voluntária) TOTAL 14 17 Centro de Dia Enfermeiros --Médicos --Educadores Sociais --Assistentes Sociais 1* Psicólogos --Fisioterapeuta --Terapeuta Ocupacional --Aj. Acção Directa 11 Cozinheiros --Administrativos 2* Serviços Gerais --Motorista 2* TOTAL de técnicos em 11 9 16 cada valência * Os técnicos referenciados são os mesmos para cada valência. Equipa Técnica 5 --1* 1* 1* 1* 1* ----1* 3* --- Centro de Convívio ----1* 1* 1* 1* 1* 12 --------- Apoio Domiciliário Lar ----1* --------9 --------- 5 1 1* 1* 1* 1* 1* ----1* 3* --- 10 15 Junta de Freguesia de Odivelas Centro de Dia 1 1 2 3 1 1 1 10 Tendo em conta as tabelas acima indicadas, acerca da equipa técnica a exercer funções nas diversas valências existentes no CURPIO e Lar de Odivelas, constata-se que mediante o número proposto pelas orientações técnicas da Segurança Social, de 1 técnico para 6 utentes, estes equipamentos cumprem os requisitos definidos, e não excedendo o valor estabelecido. Os serviços das diversas entidades referidas na Tabela N.º 13 são assegurados por equipas multidisciplinares compostas por profissionais experientes com formação na prestação de variados serviços, que garantem um adequado acompanhamento e um serviço de elevada qualidade. 140 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 No que concerne à equipa técnica em exercício de funções no Centro de Dia da Junta de Freguesia de Odivelas atingem 7 elementos efectivos, é ainda de referir que outros 3 profissionais, com a função de enfermagem (voluntária), a realização de aulas de música e da existência de atelier de artes plásticas (voluntariado). Considerando o número de funcionários a trabalhar directamente com os utentes e o número de utentes a usufruir dos serviços da valência Centro de Dia, verifica-se que dispõe de recursos humanos suficientes, ao número proposto pelas orientações técnicas da Segurança Social, sendo que a relação deve ser de 1 para 6 dependentes e este Centro de Dia apresenta essa mesma relação. Tabela N.º 13 Serviços Prestados pelos Equipamentos, nas diversas valências C.U.R.P.I.O Serviços Prestados Terapia Ocupacional Fisioterapia Lar de Odivelas Junta de Freguesia de Odivelas Centro de Dia Centro de Dia Centro de Convívio Apoio Domiciliário Centro de Dia Centro e Convívio Apoio Domiciliário Lar --- --- --- X --- --- X --- --- --- --- --- --- --- X ---- X X --- X X --- X X X --- --- X X --- --- X X X --- X X --- X X X X --- X X X X X X X X X X X X X X --- X --- --- X --- --- --- --- X --- --- X --- --- X --- X --- --- X --- X Passeios Sénior Desporto Actividades Lúdicas Animação SócioCultural Refeições Higiene Pessoal Higiene Habitacional Serviços de Lavandaria 141 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Na tabela apresentada anteriormente confirma-se a existência de uma aposta destes equipamentos sociais na diversidade de serviços no sentido de dar respostas às necessidades dos cidadãos, sendo na sua maioria de carácter lúdico, fazendo com que os idosos no seu quotidiano se encontrem ocupados e em que é possível estimular as suas capacidades e competências pessoais e sociais. Os serviços prestados pelos profissionais das diferentes áreas de intervenção destas instituições ao desenvolverem as tarefas diárias, estão a colmatar as razões pelas quais os idosos/utentes procuraram este tipo de serviços e instituições e nelas pretendam permanecer. Na análise de dados são referidos os motivos pelos quais os utentes permanecem nas instituições apresentadas e estes derivam de vários factos sociais, tais como o isolamento social e familiar, por se encontrar em situação de dependência/doença, por abandono da família ou mesmo por opção do próprio. Associação das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas A Associação das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas é uma Instituição Particular de Solidariedade Social, cuja sede se localiza no Pavilhão Polivalente, tendo a Junta de Freguesia de Odivelas cedido um gabinete para que esta instituição desenvolva as suas actividades administrativas. Esta Associação parceira do “Ser Cidadão” localizado na zona da Arroja (ver pág. 110) possui a valência de Lar de idosos, estando a funcionar no Forte de S. João das Maias em Santo Amaro de Oeiras. Procedeu-se a esta mudança de localização geográfica, nomeadamente da freguesia de Odivelas para o Concelho de Oeiras, devido à melhoria da qualidade das suas instalações que actualmente existem e no sentido de proporcionar aos seus utentes uma permanência no lar com melhores condições. O público-alvo desta Associação destina-se a antigas alunas, funcionárias e professoras do Instituto de Odivelas, não se limitando a aceitar apenas utentes da freguesia de Odivelas, alargando o seu campo de acção a todo o território nacional. 142 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Esta Instituição Particular de Solidariedade Social tem 27 utentes que usufruem deste serviço sendo todos do sexo feminino. Nesta Instituição 26 utentes encontram-se em situação de dependência, e apenas uma utente se encontra em situação de acamado. Em relação à lista de espera desta Associação é significativa sendo composta por 20 candidatas, tendo uma capacidade total para 30 utentes. Como poderá ser observado na tabela n.º 14 que se segue: Tabela N.º 14 N.º Utentes existentes na valência de Lar – Ass. Antigas Alunas Valores Totais - Lar 27 --27 26 1 20 30 N.º Utentes N.º Utentes Sexo Masculino N.º Utentes Sexo Feminino N.º Utentes com Dependência N.º Utentes Acamados N.º Candidatos em Lista Espera Capacidade Total de Utentes Tabela N.º 15 Equipa Técnica no Lar Categoria Profissional Enfermeiros Educadores Sociais Assistentes Sociais Psicólogos Cozinheiros Serviços Administrativos Serviços Gerais Total N.º de Profissionais 1 --2 --1 1 --5 Na tabela n.º 15, é apresentada a equipa técnica disponível para o cumprimento de funções nesta Instituição, sendo o seu total de 5 profissionais das diferentes áreas de intervenção. 143 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 É de realçar que a valência de lar funciona 24 horas por dia e que conta com uma equipa técnica multidisciplinar composta por enfermeiros, assistentes sociais, cozinheiros, serviços administrativos e serviços gerais. Quanto aos serviços gerais e outro tipo de serviços, no decurso da análise ao inquérito, o número de funcionários não foi especificado, sendo referida somente a existência dos mesmos. Os recursos humanos apresentados vão ao encontro das necessidades sentidas pelas utentes que usufruem deste Lar. Esta Associação aposta no diversificar de serviços, nomeadamente em refeições, passeios sénior e animação sócio-cultural tendo em conta a faixa etária das utentes que frequentam este lar, sendo esta compreendida entre os 71 anos de idade e mais de 85 anos de idade prevalecendo em número a faixa etária entre os 81 anos de idade e os 85 anos de idade, facto que pode ser analisado na tabela seguinte: Tabela N.º 16 Faixa Etária dos Utentes Faixa Etária < 55 anos de idade 55 a 60 anos de idade 61 a 65 anos de idade 66 a 70 anos de idade 71 a 75 anos de idade 76 a 80 anos de idade 81 a 85 anos de idade > 85 anos de idade Lar --------3 5 10 9 É de salientar que as utentes que frequentam este lar possuem uma variedade de doenças crónicas tais como demência, demência tipo Alzheimer, demência vascular, esquizofrenia, transtornos depressivos/de humor e transtornos de ansiedade. Este tipo de doenças assolam a população idosa em geral e por isso este lar dispõe de uma equipa técnica multidisciplinar e de serviços que disponibilizam aos utentes para melhorar a sua saúde bem como a sua qualidade de vida. São várias as razões pelas quais os idosos se integram em lar, nomeadamente por isolamento familiar e social, por doença/dependência ou por opção do próprio utente, sendo assim verifica-se através do questionário que foi enviado para esta associação que as razões pelas quais as utentes se encontram inseridas nesta valência são as mesmas que foram referidas anteriormente. 144 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Análise à Realidade Social da Freguesia de Odivelas E Propostas de Intervenção Potencialidades - Crescente participação social das pessoas idosas; - Crescente autonomização das pessoas idosas; - Crescente envolvimento da população idosa nas actividades/iniciativas comunitárias; - Crescente esperança média de vida derivada da melhoria das condições de vida, bens e serviços; - Importância da existência de Animação SócioCultural nas entidades referidas. Constrangimentos - Escassez de equipamentos sociais de apoio à população idosa na Freguesia de Odivelas; - Escassez de respostas sociais, culturais, recreativas, formativas e informativas destinadas à população idosa em Odivelas; - Insuficiente retaguarda familiar; - Desvalorização da manutenção das relações de vizinhança e dos laços comunitários de responsabilização em detrimento da institucionalização. Propostas de Intervenção Promover o voluntariado, de jovens e adultos, na Freguesia de Odivelas e divulgação acerca da importância do voluntariado junto da população em geral e instituições para acompanhamento à população idosa; Abordar a questão do voluntariado em parceria com as instituições aderentes à CSFO, no sentido de acolher voluntários nas suas próprias instituições; Voluntariado para a realização de visitas a idosos isolados, para acompanhá-los nas tarefas diárias (médico ou tratamentos, compras), fazer companhia, etc.; Iniciativas, passeios seniores, actividades lúdico-culturais com a população idosa em articulação com crianças e jovens; Em articulação com o Centro de Saúde, recriar um espaço mensal para despiste de doenças (diabetes, tensão arterial) 145 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Apreciação Geral Na freguesia de Odivelas existem três entidades que fornecem uma resposta social à população idosa, sendo estas: Centro Unitário de Reformados, Pensionistas e Idosos de Odivelas (C.U.R.P.I.O), o Lar de Odivelas e o Centro de Dia da Junta de Freguesia de Odivelas O C.U.R.P.I.O possui as valências de Centro de Dia, Centro de Convívio e Apoio Domiciliário e o Lar de Odivelas que para além de possuir as valências anteriormente referidas também tem a valência de Lar. Na análise de dados referente ao número de utentes a frequentar os Centros de Dia em Odivelas, e por existirem mais mulheres do que homens na valência de Centro de Dia, poderá ser justificado pelo facto de a que a maior adesão incide para a população feminina. Os Centros de Dia direccionam-se ao desenvolvimento de iniciativas de carácter lúdico e de entretenimento, e assim preferindo por parte da população feminina desenvolver tarefas dinâmicas e de interesse pessoal com o objectivo de exercitar actividades cognitivas bem como a sua própria auto-estima do que estar num ambiente doméstico e sedentário. Enquanto que os homens demonstram ser mais renitentes em desenvolver este tipo de tarefas. Através dos dados analisados constata-se de que diferem as idades dos utentes que usufruem das várias valências disponíveis na freguesia. Destaca-se um maior número de utentes com idades compreendidas entre os 81 anos e mais de 85 anos, estes cidadãos são aqueles que procuram ocupar os seus tempos livres através de actividades lúdicas e recreativas que lhes façam exercer as suas competências pessoais e cognitivas, assim como é possível prestar um conjunto de serviços em que se pode envolver o meio sócio-familiar e integrar os actores sociais no processo de intervenção com os mesmos. Isto deve-se ao facto de que nestas idades as pessoas se encontram mais dependentes e por vezes sem a companhia de familiares, sendo este um dos factores primordiais na procura de Centros de Dia. Nos Centros de Convívio encontram-se cidadãos mais novos e possivelmente com menos dependência do que aqueles que procuram os Lares e Centros de Dia, pois 146 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 os Centros de Convívio são definidos como um espaço de resposta social de apoio a actividades sócio-recreativas e culturais. Relativamente à análise realizada aos dados acerca da valência de lar e na sua maioria serem utentes do sexo feminino, constata-se que este aspecto reflecte que a população feminina tem uma esperança média de vida superior em relação à população masculina, sendo assim não é de estranhar que existam mais mulheres do que homens nos lares, uma vez que podem aceder aos cuidados essenciais para colmatar as suas debilidades emocionais e físicas. Na freguesia de Odivelas e referente ao apoio domiciliário é a população masculina a usufruir mais desta valência, isto deve-se ao facto por esta ter uma maior dificuldade na realização das tarefas domésticas bem como nos seus cuidados de higiene pessoal. É de salientar que numa determinada altura do seu percurso de vida, os idosos sentem a necessidade de desfrutarem de um apoio no que concerne à realização das tarefas domésticas bem como da sua higiene pessoal e tratamentos diários, uma vez que devido às suas debilidades físicas e de saúde as tarefas diárias apresentam-se como um fardo pesado na sua vida. 147 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Reabilitação e Integração de Pessoas com Deficiência Reflexão A deficiência é um acontecimento que irrompe tragicamente na vida de uma pessoa e na da sua família, desencadeando reacções e necessitando de adaptações que estão muito para além das directamente relacionadas com a doença. A noção de deficiência/incapacidade adquire significado na reciprocidade entre a pessoa afectada e a comunidade em que vive. Os valores fundamentais de convivência social são colocados em causa quando há deficiência, nomeadamente a igualdade de direitos entre os cidadãos, igualdade de oportunidades, direito à educação, direito ao trabalho, à autonomia e à saúde. Realizando uma retrospectiva histórica pode mencionar-se que durante séculos prevaleceu a ideia de que um corpo com deformações correspondia a uma mente perturbada. Devido a este facto as pessoas com deficiência não eram aceites e a sua deformidade era atribuída a factores extramundanos ou sobrenaturais. Com o passar dos anos passaram a ter direito à vida mas longe das pessoas consideradas “normais”, para o efeito foram criados asilos e hospícios para as pessoas portadoras de deficiência lá permanecerem. A progressiva compreensão da doença e o maior respeito pelo ser humano a partir do Renascimento, foram criando as condições para que as pessoas com deficiência conquistassem o papel de cidadãos de pleno direito. Actualmente, as orientações no campo da educação e da reabilitação preconizam a inclusão das pessoas com deficiência em todos os domínios da vida social e o seu direito à plena cidadania. A grande maioria das pessoas com deficiência tem capacidade para o desempenho de um papel activo na sociedade, desde que possam ser integradas em adequados processos de reabilitação funcional e treino vocacional. É de salientar que as deficiências podem ser classificadas em quatro grupos: o deficiências psíquicas; o sensoriais; o físicas e mistas. 148 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 É frequente que as pessoas atribuam características negativas às pessoas com deficiência, estas reacções negativas que envolvem rejeição e caridade constituem um obstáculo à inserção social do indivíduo e provocam sofrimento nas pessoas atingidas por deficiência e respectivas famílias. As estratégias das famílias para diminuírem os perigos de estigmatização dos seus filhos passam pelo evitamento de situações sociais fora do círculo familiar. Facto que impede o desenvolvimento por parte da criança de competências sociais bem como oportunidades de aprendizagem. A escola é um local, no qual a pessoa portadora de deficiência tem que lidar com o estigma e suas consequências, uma vez que as relações interpessoais com os colegas e professores são vivenciadas com ansiedade e receio, na medida em que a incompreensão da sua situação particular pelos outros reforça a interiorização dos aspectos negativos da doença. No que diz respeito à importância da família é de salientar que esta é um recurso importante para as pessoas com deficiência. E o aparecimento de um problema de deficiência no seio de uma família pode afectar a sua dinâmica de funcionamento: papeis assumidos, tempo, finanças e relações com a sociedade. As pessoas com deficiência possuem necessidades especiais e exigem um esforço suplementar das suas famílias, e para fazer face aos problemas criados pela deficiência que atinge um elemento, o agregado familiar opera ao nível das relações intra-familiares e na redefinição de funções entre os mesmos. A presença na família, de um membro com deficiência cria necessidades financeiras adicionais resultantes da necessidade de equipamento especiais, cuidados médicos e programas educativos especiais. A proximidade da família facilita a compreensão dos problemas associados à deficiência e dificuldades das famílias (emocionais, sociais ou financeiras) e favorece a entreajuda. A função do suporte social desempenhada pelos parentes, amigos ou vizinhos, além de ser fundamental em situações de emergência, permite que os cuidadores possam descontrair um pouco, organizando algumas saídas ou mantendo algumas actividades sociais. 149 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 A reabilitação inclui todas as medidas que visam reduzir o impacto dos estados incapacitantes e de deficiência e possibilitar a integração social Um programa de reabilitação requer a participação de vários profissionais e a contribuição de vários sectores em articulação, nomeadamente no domínio da saúde, do ensino, do emprego e da habitação. No cumprimento das linhas programáticas da Constituição da República Portuguesa foram criados alguns benefícios que visam permitir a integração das pessoas com deficiência na comunidade em que se encontram inseridas, nomeadamente: Saúde – Isenção do pagamento das taxas moderadoras; Educação – Subsídio de educação especial para compensar os gastos acrescidos com crianças e jovens com deficiência, de idade não superior a 24 anos de idade, integrados em escolas do ensino particular especial; constituição de equipas de ensino especial destinadas a dar apoio aos alunos com deficiência integrados no sistema regular de ensino; criação de um contingente para os alunos com deficiência que desejem ingressar no ensino superior; Segurança Social - Abono complementar a crianças e jovens deficientes, até aos 24 anos; subsídio mensal vitalício concedido a pessoas com deficiência com mais de 24 anos de idade; apoio domiciliário prestado por ajudantes familiares; Emprego e Formação Profissional – Medidas legislativas tendentes a facilitar o emprego e incentivar as entidades patronais admitir nos seus quadros pessoas com deficiências; medidas especiais de protecção aos pais trabalhadores que tenham filho com deficiência; mobilidade de professores com deficiência; Transportes – Isenção de imposto automóvel na aquisição de automóveis ligeiros; medidas facilitadoras de estacionamento; 150 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Habitação – Condições especiais de acesso ao crédito para aquisição ou construção de casa própria; subsídio de renda; isenção da aplicação de renda condicionada, nos casos de transmissão de arrendamento para descendentes; Fiscalidade – O contribuinte do I.R.S. com deficiência tem protecção através da concessão de isenções e de deduções à colecta; benefícios a nível do – I.V.A.; Acessibilidade – Normas de acessibilidade a edifícios de acesso público, equipamentos colectivos e vias públicas; concessão de subsídios às empresas para a eliminação de barreiras arquitectónicas; adaptações materiais mediante a eliminação de barreiras arquitectónicas em estabelecimentos de ensino. Os recursos de reabilitação existentes além de insuficientes para as necessidades encontram-se distribuídos de forma desigual pelo território nacional. Por esta razão, as taxas de frequência de medidas de reabilitação são muito baixas. O Secretariado Nacional para a Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência, enquanto órgão coordenador da política nacional de reabilitação, centraliza toda a informação disponível sobre deficiência e reabilitação. Ao nível local, os Serviços de Acção Social dos Centros Distritais de Solidariedade e Segurança Social dispõem de informação pormenorizada sobre os diferentes tipos de resposta existentes e condições para a orientação dos interessados. A educação e a reabilitação de crianças com deficiência deve começar precocemente, para que possam desenvolver ao máximo as suas potencialidades. As crianças com atraso de desenvolvimento têm direito a beneficiar de serviços de intervenção precoce, esta tem por finalidade reabilitar e recompensar os atrasos evolutivos das crianças em várias áreas: motricidade, percepção, linguagem, cognição, socialização, entre outros. 151 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Os serviços de intervenção precoce, distribuídos pelo país são de cariz particular, subsidiados pelo Estado ou administrado por ONG’s e as consultas de desenvolvimento dos hospitais e centros de saúde têm um papel fundamental na detecção e encaminhamento das crianças que necessitam de intervenção precoce. A questão da deficiência é complexa e multidimensional. Exige a intervenção coordenada e integrada de diversos profissionais (assistentes sociais, psicólogos, médicos, terapeutas, professores, etc.) e a co-responsabilização de diferentes serviços, da sociedade civil organizada, da comunidade e da própria família, ou seja, um modelo de intervenção multidisciplinar em contexto plurinstitucional, centrado na comunidade. Respostas Sociais de apoio a Pessoas com Deficiência na Freguesia de Odivelas Na tabela que se segue, é apresentado o n.º da população residente na Freguesia de Odivelas, segundo o tipo de deficiência em 2001 verificando-se que 6% da população da freguesia de Odivelas com grau de deficiência. Embora este valor não seja muito significativo tendo em conta a população total, a comunidade no seu todo, desde a população até às instituições, não devem menosprezar esta realidade social, isto é, no que se refere à existência de vários tipos de deficiência na freguesia de Odivelas. Tabela N.º 17 População residente segundo o tipo de deficiência (2001) Tipos de Deficiência Auditiva Visual Motora Mental Paralesia Cerebral Outra Total Nº. de Habitantes - Total HM 512 858 649 242 54 891 3206 Fonte: Instituto Nacional de Estatística – Censos 2001 152 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 É de salientar que na Freguesia de Odivelas só existe uma instituição que dá apoio à população deficiente, sendo esta a Cooperativa Nacional de Apoio a Deficientes (CNAD), situada na Urbanização da Ribeirada. Esta cooperativa interessa-se vivamente pelos graves problemas de exclusão social com que este tipo de população se debate no seu quotidiano. A Cooperativa Nacional de Apoio a Deficientes é uma cooperativa de prestação de serviços, fundada em 1982 e é constituída por cooperantes deficientes que se dedicam ao estudo e resolução dos mais diversos problemas que afectam a população deficiente no seu geral. Com a criação desta Cooperativa preencheu-se uma lacuna sentida por todos aqueles que se dedicam à problemática da reabilitação. Sendo assim, a CNAD exerce funções em vários campos, assim como: o informação; o sensibilização; o atendimento/encaminhamento; o apoio jurídico; o apoio personalizado; o formação profissional e emprego; o artesanato, turismo, acessibilidades; o representação dos deficientes junto dos organismos públicos e privados responsáveis pela política de reabilitação e inserção social dos deficientes. A CNAD tem como principal objectivo informar a população deficiente, privilegiando a divulgação de legislação e de notícias relacionadas com os problemas que afectam os deficientes em geral. Esta Cooperativa tem como objectivos: o promover; o participar; 153 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 o apoiar iniciativas e actividades de natureza profissional, educativa, social, cultural, desportiva e de solidariedade social no âmbito de inserção social dos deficientes; o desenvolver acções de sensibilização e esclarecimentos necessários à resolução dos problemas dos deficientes; o cooperar na área da reabilitação e inserção social dos deficientes com as entidades públicas e privadas; o apoiar os deficientes e seus familiares bem como as pessoas que se dedicam à causa da deficiência. Em relação à população jovem deficiente, o CNAD tem como objectivos: o sensibilizar a sociedade para a problemática da deficiência; o promover actividades culturais, recreativas, desportivas, de lazer e de tempos livres; o promover o intercâmbio de jovens. As mulheres deficientes também não foram esquecidas, e esta cooperativa também focaliza o seu trabalho no estudo e sensibilização para uma plena integração destas ao nível familiar, profissional, social e cultural. A Cooperativa Nacional de Apoio a Deficientes possui uma equipa técnica constituída por dois elementos, sendo composta por uma Assistente Social e uma Administrativa. Esta Cooperativa é frequentada por 150 utentes residentes na freguesia de Odivelas, apresentando diversos problemas sociais como: carências económicas; violência doméstica; desempregados; barreiras arquitectónicas, tanto nos espaços públicos bem como nas suas residências. 154 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 No que diz respeito à freguesia de Odivelas, a CNAD desenvolve acções de sensibilização e de informação, bem como realiza atendimentos e encaminhamentos dos utentes para as instituições que possam fornecer uma resposta eficaz na resolução dos problemas apresentados pelos utentes. Análise à Realidade Social da Freguesia de Odivelas E Propostas de Intervenção Potencialidades - Maior consciencialização das instituições; - Existência da CNAD, entidade com intervenção directa com a população deficiente; - Desmistificação acerca da pessoa com deficiência por parte das entidades competentes. Constrangimentos - Uma única resposta social que abrange a Freguesia de Odivelas; - Várias acessibilidades dificultadas; Barreiras arquitectónicas; - Iniciativas insuficientes direccionadas à população com deficiência; - Insuficientes serviços de transporte publico, adaptados a pessoas com deficiência. Propostas de Intervenção Desenvolver acções de sensibilização e de esclarecimento a toda a população sobre a temática da deficiência; Promover actividades culturais, recreativas, desportivas e de lazer; Desenvolver em parceria com a CNAD acções/iniciativas; Sensibilizar as entidades públicas e privadas, assim como a população em geral acerca das dificuldades sentidas pela população deficiente. 155 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Apreciação Geral A perspectiva do Serviço Social em relação à deficiência é a da integração. A maioria das pessoas com deficiências são susceptíveis de uma certa integração social activa, mediante o desenvolvimento de actividades ocupacionais que tendem, principalmente, assegurar condições de equilíbrio físico e psicológico, sem vinculação às exigências do rendimento ou sucesso. O Serviço Social, no âmbito das deficiências/incapacidades, tem como finalidade a valorização pessoal, o aproveitamento das suas capacidades, a sua integração na comunidade que passa também pela integração profissional, de modo a que possam de alguma maneira integrarem-se cada vez mais, e a ajuda às respectivas famílias. Neste contexto, a sua implementação consiste fundamentalmente em fomentar o desenvolvimento de capacidades sociais, individuais e colectivas. É de referenciar que a na Freguesia de Odivelas só existe uma instituição para dar uma resposta social à população com deficiência residente na mesma. Apesar de apenas 6 % da população ser portadora de algum tipo de deficiência, não se pode negligenciar este segmento e deve-se apostar no desenvolvimento de acções de sensibilização e de esclarecimento a toda a população sobre a temática da deficiência e promover actividades culturais, recreativas, desportivas e de lazer com o objectivo da sua inclusão na comunidade em geral. 156 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Instituto do Emprego e Formação Profissional O Instituto do Emprego e Formação Profissional, IP (IEFP), constitui-se como o serviço público de emprego nacional e tem como missão promover a criação e a qualidade do emprego e combater o desemprego através da execução das políticas activas de emprego e formação profissional. O IEFP, criado em 1979, é um Instituto Público com autonomia administrativa e financeira, Tutelado pelo Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social. Para cumprimento da sua missão dispõe de serviços desconcentrados e de uma estrutura que apoia todos os seus utentes no território Nacional. O IEFP, I. P., é o serviço público de emprego nacional e tem por missão promover a criação e a qualidade do emprego e combater o desemprego, através da execução de políticas activas de emprego, nomeadamente de formação profissional. São atribuições do IEFP, I. P.: a) Promover a organização do mercado de emprego como parte essencial dos programas de actividade, tendo em vista o ajustamento directo entre a oferta e a procura de emprego; b) Promover a informação, a orientação, a qualificação e a reabilitação profissional, com vista à colocação dos trabalhadores no mercado de trabalho e à sua progressão profissional; c) Promover a qualificação escolar e profissional dos jovens, através da oferta de formação de dupla certificação; d) Promover a qualificação escolar e profissional da população adulta, através da oferta de formação profissional certificada, ajustada aos percursos individuais e relevante para a modernização da economia; 157 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 e) Promover a melhoria da produtividade da economia portuguesa mediante a realização, por si ou em colaboração com outras entidades, das acções de formação profissional, nas suas várias modalidades, que se revelem em cada momento as mais adequadas às necessidades das pessoas e de modernização e desenvolvimento do tecido económico; f) Incentivar a criação e manutenção de postos de trabalho, através de medidas adequadas ao contexto económico e às características das entidades empregadoras; g) Incentivar a inserção profissional dos diferentes públicos através de medidas específicas, em particular para aqueles com maior risco de exclusão do mercado de emprego; h) Promover a reabilitação profissional das pessoas com deficiência, em articulação com o Instituto Nacional de Reabilitação, I. P.; i) Promover o desenvolvimento dos ofícios e das microempresas artesanais, designadamente enquanto fonte de criação de emprego ao nível local; j) Assegurar o desenvolvimento das políticas relativas ao mercado social de emprego, enquanto conjunto de iniciativas destinadas à integração ou reintegração sócio-profissional de pessoas desempregadas com particulares dificuldades face ao mercado de trabalho, com base em actividades dirigidas a necessidades sociais por satisfazer e a que o normal funcionamento do mercado não dá uma resposta satisfatória; l) Promover o conhecimento e a divulgação dos problemas de emprego através de uma utilização dos recursos produtivos integrada no crescimento e desenvolvimento sócio-económico; 158 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 m) Participar na coordenação das actividades de cooperação técnica desenvolvidas com organizações nacionais e internacionais e países estrangeiros nos domínios do emprego, formação e reabilitação profissionais; n) Colaborar na concepção, elaboração, definição e avaliação da política de emprego, de que é órgão executor. Dada a importância do fenómeno social existente na Freguesia de Odivelas no que se refere ao número de desempregados nos anos de 2005, 2006 e 2007, e sendo necessário intervir na área do emprego, torna-se pertinente analisar os dados estatísticos disponibilizados pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional, referente ao número de desempregados residentes na freguesia. Gráfico N.º 8 N.º Desempregados inscritos, segundo o género N.º de Desempregados 1200 1000 800 Homens 600 Mulheres 400 200 0 2005 2006 2007 No gráfico acima apresentado verifica-se que o número de desempregados residentes na freguesia inscritos no Instituto do Emprego e Formação Profissional tem 159 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 vindo, ao longo do ano de 2005 a 2007, a diminuir, particularmente no que se refere ao número de homens que de 2005 a 2007 teve um decréscimo de 37 %. Gráfico N.º 9 N.º de Desempregados, segundo o grupo etário N.º de Desempregados 800 700 600 500 400 300 200 100 0 <25 anos 25-34 anos 35-54 anos 55 anos e + Grupo Etário 2005 2006 2007 Referindo-se este gráfico ao n.º de desempregados segundo o grupo etário, constata-se que no decorrer dos anos este número tem vindo a decrescer, mas torna-se pertinente realçar que os indivíduos com idades compreendidas entre os 35 e 54 anos apresentam números elevados de desemprego. Também é de realçar a existência de muitos jovens inscritos no Instituto do Emprego e Formação Profissional ao longo dos 3 anos mencionados, assim como a existência do fenómeno social de desemprego em todas as faixas etárias. 160 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Gráfico N.º 10 N.º de Desempregados inscritos segundo Habilitações Lite rárias Superior Secundário 3º Ciclo EB 2º Ciclo EB 1º Ciclo EB <1º Ciclo EB 0 100 200 300 400 N.º Desempregados 500 2005 2006 600 2007 Do ano 2005 para o ano 2007, o número de desempregados inscritos segundo as habilitações literárias tem vindo a decrescer, conforme é apresentado no gráfico N.º 10. Os indivíduos com habilitações literárias do 1º Ciclo EB são os mais afectados pelo desemprego com 547 indivíduos inscritos em 2005, 455 em 2006 e no ano 2007 verificando-se uma diminuição com 324 indivíduos. Por outro lado também os indivíduos com habilitações literárias equivalentes ao ensino secundário se evidenciam com elevado índice de desemprego. Quanto aos indivíduos com grau de Ensino Superior, também se verifica a existência de desempregados, estes rondam os 200 indivíduos inscritos no IEFP. 161 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Gráfico N.º 11 N.º de Desempregados inscritos por desemprego registado N.º de Desempregados 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 2005 2006 1º Emprego 2007 Novo Emprego O gráfico n.º 11 indica o elevado número de cidadãos inscritos no Instituto do Emprego e Formação Profissional na procura de novo emprego. Estes valores têm apresentado um decréscimo ao longo dos anos 2005/2006/2007 significativo, de 535 indivíduos que recorrem ao IEFP na procura de novo emprego. Quanto à procura de 1º emprego, os valores são pouco significativos, mas verificando-se também um decréscimo do ano de 2005 para 2007. Atendimento aos Desempregados inscritos no Centro de Emprego de Loures na Autarquia Em articulação com o Centro de Emprego de Loures a Junta de Freguesia de Odivelas desenvolve um projecto que consiste na apresentação quinzenal dos desempregados inscritos no Centro de Emprego de Loures e residentes na freguesia de Odivelas. No ano de 2007 foram atendidos aproximadamente 15510 desempregados que se encontram inscritos no Centro de Emprego de Loures. 162 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 No ano de 2008 no que concerne aos meses de Janeiro a Março foram atendidos cerca de 5401 desempregados residentes na Freguesia de Odivelas e inscritos no Centro de Emprego de Loures. A Junta de Freguesia de Odivelas tem um total de 18 trabalhadores no Projecto Ocupacional Carenciado (POC) no ano de 2006, em que 14 destes trabalhadores terminaram protocolo e 4 trabalhadores transitaram para o protocolo seguinte. No que se refere ao número de trabalhadores do Projecto Ocupacional de Subsidiados em 2006, este era composto por 23 indivíduos, 10 dos trabalhadores terminaram o protocolo e 13 transitaram para o protocolo seguinte. Em 2007, no Projecto Ocupacional Carenciados (POC), a Junta de Freguesia tem o valor total de 14 trabalhadores, e tendo no Projecto Ocupacional Subsidiados - 22 trabalhadores. No primeiro semestre a Junta de Freguesia de Odivelas é reembolsada a 100%, e no segundo semestre é reembolsada a 80%. 163 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Segurança Social na Freguesia de Odivelas Reflexão A Segurança Social Portuguesa está sob a tutela do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social Português. (vide anexo V – Nova Lei de Bases da Segurança Social, Lei n.º 4/2007 de 16 Janeiro) Trata-se de um organismo criado pelo estado para fornecer condições de provisionamento e condições de vida a todos os cidadãos portugueses. Para tal, é retirada uma comissão percentual em todos os rendimentos ou proveitos de trabalhadores dependentes, independentes ou pessoa colectiva, de modo a criar um fundo comunitário. Esse fundo, existe para situações de desemprego, reformas pensionárias, salário mínimo garantido, abonos familiares, cuidados de saúde e outras regalias sociais. (Fonte: Wikipédia) Ao enunciarmos a “palavra” – Segurança Social – pensamos em: o Assistência; o Subsídios; o Reformas; o Intervenção; o Acção Social; o Recursos; o Politicas Sociais. Este é um sistema de direitos e deveres, e enquadra qualquer cidadão desde a sua nascença até à sua morte e abrange o maior número de beneficiários contribuintes. Todas as entidades/instituições emergem neste sistema da segurança social, tal como as Instituições Particulares de Solidariedade Social, Instituições Públicas ou Privadas, etc. A Segurança Social intervém no indivíduo e na comunidade com o objectivo da protecção deste, isto é, mesmo sem que o indivíduo tenha feito descontos/contribuições num dado momento/período de sua vida, este indivíduo não irá ficar sem os seus direitos, mas será protegido pelo sistema da Segurança Social na área da protecção social e cidadania. 164 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 O indivíduo para além dos seus direitos tem também os seus deveres e é um cidadão que faz parte de uma sociedade complexa. Tendo em conta as carências sociais existentes na freguesia de Odivelas torna-se pertinente analisar alguns dados disponibilizados pela Segurança Social localizada nesta freguesia e pelo Centro Distrital de Lisboa. NOTA: Estes dados incidem no Rendimento Social de Inserção, no Complemento Solidário para Idosos, Subsídios de Doença e Acção Social, uma vez que os serviços disponíveis na Segurança Social são muito abrangente, definiram-se critérios de selecção tendo em conta os serviços com maior relevo na Freguesia de Odivelas e dos dados disponibilizados por estas entidades públicas. Rendimento Social de Inserção Quanto ao Rendimento Social de Inserção este consiste “numa prestação incluída no Subsistema de Solidariedade no âmbito do Sistema Público de Segurança Social, e num Programa de Inserção, de modo a conferir às pessoas e aos seus agregados familiares apoios adaptados à sua situação pessoal, que contribuam para a satisfação das suas necessidades essenciais e favoreçam a progressiva inserção laboral, social e comunitária”. (Lei N.º 13/2003 de 21 de Maio) Podem requerer o Rendimento Social de Inserção os indivíduos e famílias em situação de grave carência económica e que satisfaçam as restantes condições de atribuição. Tabela N.º 18 N.º de Requerimentos de residentes em Odivelas - Rendimento Social de Inserção Rendimento Social de Inserção Requerimentos Entrados Deferidos Cessados 2005 206 139 44 2006 222 86 73 2007 222 82 56 Fonte: Centro Distrital de Lisboa – Planeamento de Gestão e Informação 165 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Na tabela apresentada na página anterior, são anunciados os dados do Rendimento Social de Inserção referentes aos requerimentos entrados, deferidos e cessados nos anos 2005/2006/2007. No ano 2007, do número de requerimentos entrados (222), somente 82 requerimentos foram deferidos. As razões de prestações cessadas, prendem-se com os seguintes motivos: - apresentação de rendimentos superiores ao que determina a lei; - ter recusado de forma injustificada o Plano Pessoal de Emprego; - não ter sido celebrado o Programa de Inserção, por motivos imputáveis ao interessado. Tabela N.º 19 N.º de Beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI) 2005 588 RSI 2006 761 2007 810 Fonte: Instituto Segurança Social de Lisboa, I.P. Através da tabela n.º 19 verifica-se um aumento do número de beneficiários do Rendimento Social de Inserção ao longo dos diferentes anos mencionados. Tabela N.º 20 N.º de Beneficiários no Programa de Inserção Social Programa de Inserção Social 2006 91 2007 41 Fonte: Acção Social Odivelas, Instituto Segurança Social, IP. Referente ao Programa de Inserção Social, o número de beneficiários residentes na freguesia de Odivelas teve um decréscimo de 50 utentes do ano 2006 para 2007, segundo os dados do Instituto Segurança Social – Acção Social de Odivelas que se verifica que o beneficiário terá de assumir o compromisso, formal e expresso, de subscrever e prosseguir nesse programa de inserção legalmente previsto, designadamente através da disponibilidade activa para o trabalho, para a formação ou para outras formas de inserção que se revelarem adequadas. 166 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Subsídio de Doença O Subsídio de Doença é uma prestação pecuniária, atribuída para compensar a perda de remuneração, resultante do impedimento temporário para o trabalho, por motivo de doença. Tabela N.º 21 Beneficiários do Subsídio de Doença na Freguesia de Odivelas Tipo de Benefício Subsídio de Doença 2005 2967 2006 2679 2007 3007 Subsídio de Doença Profissional 7 10 7 Subsídio de Doença por Tuberculose 6 13 24 Fonte: Centro Distrital de Lisboa – Planeamento de Gestão e Informação Verifica-se nesta tabela que o número de beneficiários de subsídio de doença aumentou do ano de 2006 para 2007, verificando-se deste modo um aumento de 328 beneficiários de subsídio de doença no ano de 2007. Torna-se pertinente realçar o aumento substancial do n.º de beneficiários do Subsidio de Doença por Tuberculose do ano 2005 para 2007. 167 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Subsídio de Desemprego As prestações de desemprego disponíveis na Segurança Social são as seguintes: - Subsídio de Desemprego; - Subsídio Social de Desemprego inicial ou subsequente ao Subsídio de Desemprego; - Subsídio Parcial. Estas prestações têm como objectivo compensar os beneficiários da falta de retribuição resultante da situação de desemprego ou de redução determinada pela aceitação de trabalho a tempo parcial e promover a criação do próprio emprego, através do pagamento, de uma só vez, do montante global das prestações. Tabela N.º 22 N.º de Beneficiários do Subsídio de Desemprego Beneficio Agregado 2005 2006 2007 Prolongamento do Subsídio Social de Desemprego --- --- 1 Subsídio de Desemprego 1943 2050 1911 Subsídio Social de Desemprego 264 281 319 Subsídio Social de Desemprego Subsequente 274 270 288 Fonte: Centro Distrital de Lisboa – Planeamento de Gestão e Informação Através desta Tabela pode-se constatar que do ano 2006 para o ano de 2007 houve uma redução significativa de beneficiários do Subsídio de Desemprego, ou seja, denota-se um decréscimo de 139 beneficiários deste tipo de subsídio. No que se refere ao Subsídio Social de Desemprego, este surge nas situações em que não seja atribuível o Subsídio de Desemprego – Subsídio Social de Desemprego Inicial e quando os beneficiários esgotam os períodos de concessão do Subsídio de Desemprego – Subsídio Social de Desemprego Subsequente ao Subsídio de 168 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Desemprego. Em relação ao Subsídio Social de Desemprego verifica-se que o número de beneficiários tem aumentado gradualmente entre o período de 2005 a 2007. Acção Social A acção social é um sistema que: - tem como objectivos fundamentais a prevenção e reparação de situações de carência e desigualdade sócio-económica, de dependência, de disfunção, exclusão ou vulnerabilidade sociais, bem como a integração e promoção comunitárias das pessoas e o desenvolvimento das respectivas capacidades; - se destina também a assegurar a especial protecção aos grupos mais vulneráveis, nomeadamente crianças, jovens, pessoas com deficiência e idosos, bem como a outras pessoas em situação de carência económica ou social, disfunção ou marginalização social. A protecção da acção social realiza-se através da concessão de: a) Prestações pecuniárias, de carácter eventual e em condições de excepcionalidade; b) Prestações em espécie; c)Acesso à rede nacional de serviços e equipamentos sociais; d) Apoio a programas de combate à pobreza, disfunção, marginalização e exclusão sociais. Ao nível local da Segurança Social de Odivelas, as principais problemáticas identificadas nas famílias em acompanhamento social são designadas pelo desemprego, rupturas familiares, baixo nível de escolaridade e precariedade no trabalho. No acompanhamento efectuado pelos Técnicos que acompanham estas famílias é realizada uma articulação com diversas entidades, sendo estas autarquias, hospitais, centros de saúde, tribunais, entre outras. 169 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Complemento Solidário para Idosos O Complemento Solidário para Idosos é uma prestação monetária integrada no Subsistema de Solidariedade do Sistema de Protecção Social de Cidadania, destinada a cidadãos nacionais e estrangeiros com baixos recursos. É uma prestação diferencial, ou seja, é um apoio adicional aos recursos que os destinatários já possuem. O Complemento Solidário para Idosos destina-se a pessoas com idade igual ou superior a 65 anos, sendo o acesso a esta prestação alargado de forma progressiva, ou seja, em 2006 puderam candidatar-se as pessoas com idade igual ou superior a 80 anos, em 2007 as pessoas com idade igual ou superior a 70 anos e em 2008 quem tiver idade igual ou superior a 65 anos. Tabela N.º 23 N.º de Beneficiários do Complemento Solidário para Idosos Complemento Solidário para Idosos 2006 45 2007 179 Constata-se através desta tabela um aumento da população residente em Odivelas que usufrui do Complemento Solidário para Idosos, tendo-se verificado do ano de 2006 para o ano de 2007 um aumento de 134 idosos. 170 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Caracterização de Projectos/Iniciativas desenvolvidas pela Junta de Freguesia de Odivelas, nos diferentes tipos de intervenção Para uma melhor compreensão do contexto em que se inserem alguns projectos e iniciativas desta Autarquia, segue-se uma caracterização pormenorizada do contexto teórico-prático acerca das práticas e perspectivas profissionais de intervenção com a população. CENTRO DE DIA Baseando no autor Oliveira, José H. Barros (2005) in “Psicologia do envelhecimento e do idoso”, Livpsic Psicologia, Porto, 2ª Edição, no nosso mundo civilizado os idosos são muitas vezes vítimas de discriminação e de estereótipos que contribuem para o seu isolamento. No entanto a velhice é um estádio normal que faz parte da vida de qualquer ser humano. O desconhecimento deste estádio leva a falsas percepções que, à força de serem transmitidas, acabam por isolar completamente os idosos, chegando mesmo a contribuir para acelerar o seu processo de envelhecimento. Ser-se idoso, é muito mais que um conjunto de estereótipos de deficiências, de doenças, susceptibilidades, podendo até ser mesmo um contorno à própria limitação que criamos da vida. Leva-nos para além fronteiras de um conhecimento de longevidade, de crenças e leva-nos a perceber que muitas vezes é possível chegarmos além desse “tal” visível. A Junta de Freguesia de Odivelas apostou na criação de um Centro de Dia em Outubro de 2006 com o objectivo fundamental de evitar o isolamento do idoso, mostrar à comunidade que o idoso ainda tem potencialidades, contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população idosa através de um conjunto de serviços que respondam às suas necessidades bio-psico-sociais. 171 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Direitos do Idoso: Segundo o Princípio das Nações Unidas para o Idoso na Resolução 46/91, aprovadas na Assembleia Geral das Nações Unidas a 16/12/1991, os direitos do Idoso (vide anexo VI) dividem-se por: o Independência; o Participação; o Assistência; o Auto-Realização; o Dignidade. Funções do Centro de Dia: - Evitar o isolamento dos idosos; - Proporcionar e dinamizar actividades de ocupação e lazer; - Promover um trabalho de ligação com a comunidade; - Estimular a capacidade de reflexão e participação dos idosos na solução dos seus próprios problemas. Serviços prestados: Os utentes do Centro de Dia dispõem de almoço, lanche, acompanhamento psicossocial assente numa metodologia de intervenção sistémica, administração medicamentosa, treino de competências pessoais e sociais, acompanhamento médico, serviço de enfermagem, atelier de artes plásticas, atelier de expressão musical, atelier de ginástica, atelier de informática e realização pontual de passeios, idas ao circo, visitas temáticas, entre outros. Todos os serviços referidos são assim assegurados por uma equipa constituída por uma técnica de Educação Social, uma assistente administrativa, duas cozinheiras, três auxiliares de serviços gerais e a boa vontade de alguns voluntários. 172 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 As principais razões que levam à permanência dos utentes neste Centro de Dia são principalmente por questões de isolamento, de solidão, necessidade de estimulação cognitiva por perturbações psiquiátricas ou neurodegenerativa, por necessidade de acompanhamento na realização das actividades da vida diária e das actividades instrumentais da vida diária. A população utente deste Centro sofre de um leque diversificado de doenças, tendo maior prevalência as doenças de foro cardiovascular (insuficiência cardíaca), perturbações de foro psiquiátrico (depressão, esquizofrenia, transtorno bipolar) e perturbações de foro neurodegenerativo (alzheimer, Parkinson, arterioesclurose). Devido à diversidade de situações-problema optou-se pela realização de um atendimento transversal e continuado assente numa metodologia de intervenção sistémica, tentando sempre envolver os familiares dos utentes no seu desenvolvimento social e psicológico. Espaço Internet Este Espaço é mais uma iniciativa da responsabilidade da Junta Freguesia de Odivelas, no sentido de proporcionar novas opções para a população de idade igual ou superior a 55 anos. É muito importante o ensino nesta fase da vida, a fase adulta – terceira idade, pois é a partir deste que se tem oportunidade de mostrar ao adulto que ele tem capacidade para aprender, mais um pouco, para além dos seus conhecimentos que foram adquirindo no percurso de suas vidas. Estas pessoas têm muito para ensinar e partilhar aos outros, sendo também de extrema importância divulgar esse conhecimento com os restantes companheiros / colegas de turma. A aprendizagem é o processo que transforma experiência em conhecimento, competências, atitudes, valores, sentimentos, entre outros. Contrariamente ao que se possa pensar, na actualidade a relação dos mais velhos com a informática é de harmonia. 173 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Os Idosos ao terem oportunidade de contactar com a Internet poderão desenvolver as suas competências pessoais, assim como em se tornarem mais autónomos. Outros dos factores relevantes da ligação com a Internet consiste no acesso ao conhecimento na comunicação on-line com pessoas de diferentes regiões, o contacto com parentes distantes e uma diversidade de informação. O Idoso toma consciência de que surge a oportunidade de conhecer novos horizontes e o preconceito de que a Internet é só para os mais jovens desvanece-se perante a vontade de aprender e conhecer cada vez mais esta ferramenta informática. Este espaço representa um instrumento de intervenção alicerçado aos projectos sociais desta autarquia e que pretende assentar a sua prática na educação e formação de adultos em contexto não formal pois promove competências pessoais e sociais, capacitando os formandos a prosseguir estudos, nomeadamente, no âmbito das novas oportunidades, assim como facilitar o treino cognitivo de utentes com handicaps cognitivos, como sejam os pacientes com doença de Alzheimer. Neste sentido, o espaço Internet pretende capacitar a autonomia dos formandos na pesquisa web, permitindo-os tornarem-se agentes mais activos e participativos na comunidade em que se inserem. É uma forma de promover a participação de todos os fregueses chamando a cada um deles o dever de participar e o direito de reivindicar. Programa Recriar o Futuro Numa época, crescentemente, demarcada por contingências demográficas, as concepções de ordem social, enaltecem entre convergências políticas e divergências económicas. Todavia, analisando as intermitências de uma sociedade actual, concluiremos, surpreendentemente, de forma menos linear, as formatações assumidas, no âmbito de um inconclusivo quadro legislativo, paralelamente, aos diversos documentos extensíveis à norma nacional e internacional. 174 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Anteriormente denominado, por envelhecimento saudável, o processo de envelhecimento humano, deverá, actualmente, enquadrar concepções mais latas e abrangentes de significação, extrapolando de uma realidade assistencialista para uma crescente e autonomizada defesa existencial, baseada no reconhecimento dos Direitos Humanos, bem como, nos Princípios das Nações Unidas. Assim, e pretendendo promover um efectivo e continuado envelhecimento activo a Junta de Freguesia de Odivelas pretende levar a cabo a realização de iniciativas de carácter formativo e informativo, potenciando, para o efeito, a inserção, bem como, o ajustamento psicossocial de todos aqueles que se encontrem em fase de reforma e/ou pré-reforma. O Programa Recriar o Futuro é um projecto de âmbito nacional de cariz preventivo tendo como princípios básicos de intervenção o envelhecimento activo entendido como processo permanente, contínuo e continuado de capacitação e cujos objectivos incidem primordialmente na promoção do desenvolvimento pessoal, social e empresarial através da criação de planos/projectos de preparação para a reforma; na promoção de uma gestão de recursos humanos humanizada e ética em que se valorize a sensibilização para a necessidade de preparação para a reforma; na facilitação da transição do trabalhador e promover a adaptação à nova etapa da vida que é a reforma; na disponibilização da documentação técnica que promova a participação e inclusão sociais; bem como, na disponibilização da informação sobre hábitos de vida saudáveis, direitos e alternativas de ocupação que promovam o bem-estar físico, psíquico e emocional. Este programa destina-se a todos os funcionários que se encontram em fase de reforma e/ou pré-reforma e está dividido por Módulos: - O Processo de Reforma; - A Reforma como Processo de Adaptação; - Saúde e Envelhecimento; - Mecanismos de Promoção do Envelhecimento Activo. 175 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Projecto “ComTacto na Rua” A Junta de Freguesia de Odivelas sentiu a necessidade de desenvolver um projecto de prevenção na área da toxicodependência, nomeadamente, o projecto “ComTacto na Rua”, visto em Odivelas não existir resposta a situações-problema relacionadas com a toxicodependência. Este projecto constitui-se como um serviço de ajuda através da escuta dos utentes nas ruas da freguesia, permitindo identificar problemas, informar, apoiar, aconselhar e encaminhar para as instituições competentes na área das toxicodependências. Este projecto privilegia a relação interpessoal com a comunidade, sempre com o objectivo de ajudar a resolver os problemas relacionados com a problemática da toxicodependência, do alcoolismo, bem como do tabagismo. Também privilegia a relação interpessoal com as várias instituições sociais existentes na freguesia, para uma intervenção social mais eficaz e mais concertada, tendo como objectivo o estabelecimento de parcerias formais com estas instituições para uma melhor resolução dos problemas apresentados pelos utentes do projecto. O projecto “ComTacto na Rua” também possui uma vertente ao nível da prevenção primária, através de acções de sensibilização em meio escolar, estas visam educar alunos, famílias e pessoal docente e não docente sobre: Especificidades das drogas ilícitas e das lícitas (álcool e tabaco), Adicções e as suas consequências, Os factores de risco para o abuso e dependência das diversas drogas existentes, A problemática da dependência química das várias drogas, Factores de promoção e protecção da saúde, Ensinar a identificar sinais e sintomas característicos do início do consumo abusivo de drogas; Consciencialização acerca da existência da pressão dos pares, publicidade e hábitos sociais. 176 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Gabinete de Psicologia Desde Fevereiro de 2007 que a Junta de Freguesia de Odivelas passou a disponibilizar definitivamente o serviço de Acompanhamento Psico - Terapêutico. Este serviço permite aos utentes usufruírem gratuitamente de psicoterapia, ludoterapia para crianças e adolescentes, tratamento de dislexia, orientação escolar e vocacional e avaliação psicológica. A avaliação ou triagem dos casos é efectuada através do Serviço Social da Autarquia, em que encaminha o utente para estas sessões de acompanhamento. Este serviço tem também em conta o rendimento per capita inferior ou igual ao salário mínimo nacional, devidamente comprovado. Lavandaria Comunitária Esta iniciativa desenvolvida pela Junta de Freguesia de Odivelas vai ao encontro das necessidades da população, dando ênfase à problemática da deficiência, do envelhecimento, da pobreza e consequente exclusão social, sendo única ao nível da Freguesia. No domínio da Saúde, define-se Deficiência, como qualquer perda ou alteração de uma estrutura ou de uma função psicológica, fisiológica ou anatómica. Caracteriza-se por perdas ou alterações que podem ser temporárias ou permanentes e que incluem a existência ou ocorrência de uma anomalia, defeito ou perda de um membro, órgão, tecido ou outra estrutura do corpo, incluindo a função mental. A deficiência representa a exteriorização de um estado patológico e, em princípio, reflecte perturbações a nível do órgão. Por outro lado, o Envelhecimento engloba aspectos individuais e colectivos da vida, desde os factores genéticos, biológicos, físicos, químicos, nutricionais aos aspectos psicológicos, sociológicos, económicos, comportamentais, ambientais e sobretudo a Pessoa. 177 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 A saúde do Idoso é assim bastante influenciada pelo contexto em que este se insere, mas pode-se generalizar esta afirmação ao dizer que a cultura que nos é incutida através da socialização, é preponderante em quase todos os aspectos da nossa vida, incluindo o Envelhecimento. É obvio que a partir de determinada altura, os órgãos e todo o metabolismo do nosso corpo, começa a sofrer alterações, sendo também acompanhadas por alterações psicológicas e sociais. Os Idosos são particularmente vulneráveis a este sentimento de incapacidade, de impotência não só devido à alteração do seu estatuto na sociedade e consequentes alterações ao nível das relações sociais, como também devido ao aumento da dependência dos outros para realizar certas actividades que até aí eram realizadas por si. A falta de recursos é um dos flagelos da sociedade no qual o sentimento de incapacidade que, muitas pessoas sentem por possuírem poucos meios financeiros, não lhes permitem exercer o pagamento de certos tratamentos, adquirir certos medicamentos ou usufruir de serviços úteis para o seu bem-estar, causando-lhes um sentimento de impotência. O fenómeno da pobreza é transversal a toda a comunidade, e com base no artigo da Revista do Instituto da Segurança Social,I.P, “Pretextos” de Setembro de 2006, este não é neutro, atingindo particularmente as mulheres. Para tal contribui a especificidade da sua participação na vida familiar, social e económica: auferem em média salários mais baixos, são mais afectadas pelo desemprego, têm menos protecção social devido a uma participação mais irregular na actividade económica; por outro lado, com a maior esperança de vida, comparativamente aos homens, as idosas encontram-se muitas vezes em situação precária, quer do ponto de vista dos recursos económicos, quer pelo isolamento em que vivem. A deficiência pode suscitar situações de exclusão social, o que dificultará na integração do indivíduo na sociedade e desta forma surge o desemprego, a falta de acessibilidade aos serviços, o isolamento e situações de pobreza. 178 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Devido a estas três vertentes sociais serem visíveis na nossa Freguesia, esta Autarquia sentiu a necessidade de desenvolver um projecto em que proporcionasse à população idosa, indivíduos portadores de deficiência e pessoas com manifesta carência económica e em isolamento, residentes e eleitores na freguesia, por um preço simbólico, usufruíssem de condições especiais para poderem lavar a sua roupa. A Lavandaria Comunitária abrange neste momento um total de 38 famílias, sendo estas constituídas por 2 a 9 pessoas do agregado familiar. Estas famílias têm acesso ao serviço disponível da lavandaria ao longo de toda a semana no período das 9h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30, e mediante pagamento que irá variar consoante o número de peças. O tipo de roupa que é aceite para ser tratada nesta lavandaria depende das necessidades das famílias, mas com algumas restrições. Neste momento a lavandaria está preparada para aceitar roupas de cama, edredões, cobertores, camisolas, camisas, calças, roupa interior, entre outras. NOTA: EXTRA: Para além do desenvolvimento destes projectos, são também concretizadas diversas iniciativas e actividades com frequência anual. Idas à praia com crianças carenciadas em articulação com as escolas do 1º ciclo inseridas na freguesia de Odivelas; Idas à praia com a população sénior; Passeios Sénior, em que difere o local; Baile dos idosos com animação musical e lanche; Escola de Trânsito, contribuindo para a formação cívica direccionada para as crianças no que se refere ao conhecimento da sinalização rodoviária; Cabazes de Natal que são entregues às famílias mais carenciadas da freguesia; Campanha “Solidariedar” que consiste na recolha de produtos alimentares nos diversos Supermercados da Freguesia de Odivelas através do voluntariado; 179 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Entrega de Banco Alimentar em parceria com a Associação das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas a famílias carenciadas da freguesia de Odivelas; Linha SOS – Violência, que consiste em dar apoio social e psicológico às vitimas de violência, funcionando 24 horas por dia e é dirigida a toda a população vitima de qualquer tipo de violência; Oferta de armação de óculos para cidadãos mais carenciados residentes na freguesia de Odivelas. 180 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Segurança Entidades para a Segurança Publica Polícia de Segurança Pública Reflexão A Polícia de Segurança Pública (PSP) está organizada hierarquicamente em todos os níveis da sua estrutura com respeito pela diferenciação entre funções policiais e funções gerais de gestão e administração públicas, obedecendo, quanto às primeiras, à hierarquia de comando e, quanto às segundas, às regras gerais de hierarquia da função pública. No que se refere à sua missão, a PSP é uma força de segurança com a natureza de serviço público dotado de autonomia administrativa, que tem por funções defender a legalidade democrática, garantir a segurança interna e os direitos dos cidadãos, nos termos do disposto na Constituição e na lei. Esta força de segurança actua em determinado áreas de intervenção, tais como: Ao nível da Prevenção: o Prevenir a Criminalidade e a prática dos demais actos contrários à Lei e aos Regulamentos; o Prevenir a criminalidade organizada e o terrorismo, em coordenação com as demais forças e serviços de segurança; o Garantir a segurança das Pessoas e dos seus bens; o Garantir a segurança rodoviária, nomeadamente através do ordenamento, fiscalização e regularização do trânsito; o Garantir a segurança nos espectáculos desportivos e equiparados; 181 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Ao nível da Investigação Criminal: o Prosseguir as atribuições que lhe forem cometidas por Lei em matéria de processo Penal; o Colher notícias dos crimes, descobrir os seus agentes, impedir as consequências dos crimes e praticar os demais actos conexos; Ao nível da Ordem Pública: o Garantir a manutenção da ordem, segurança e tranquilidade pública; Ao nível da Polícia Administrativa: o Garantir a execução dos actos administrativos emanados da autoridade competente que visem impedir o incumprimento da Lei ou a sua violação continuada; o Prosseguir as atribuições que lhe forem cometidas por Lei em matéria de licenciamento administrativo; Competências Exclusivas: o O controlo do fabrico, armazenagem, comercialização, uso e transporte de armas, munições e substâncias explosivas e equiparadas que não pertençam às forças armadas e demais forças e serviços de segurança; o Garantir a segurança pessoal dos membros dos órgãos de soberania e de altas entidades nacionais ou estrangeiras, bem como de outros cidadãos quando sujeitos a situação de ameaça relevante; Competências Especiais: No âmbito da Segurança aeroportuária, adoptar medidas de prevenção e repressão dos actos ilícitos contra a aviação civil; Missões Internacionais: Segurança a embaixadas e embaixadores, Missões Diplomáticas e no âmbito da ONU, UE e OSCE; 182 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Programas Especiais: Escola Segura, Idosos em Segurança, Comércio Seguro e Violência Doméstica. A Freguesia de Odivelas dispõe nas escolas de um Programa Especial – Escola Segura, é assegurado por agentes policiais devidamente treinados e preparados para este tipo de acção, bem como por viaturas exclusivamente dedicadas à vigilância e protecção da população escolar. De fácil identificação pela sua cor e imagem exterior, cada veículo tem sob a sua responsabilidade um conjunto de estabelecimentos de ensino e está equipado com telemóvel e uma mala de primeiros socorros. As escolas abrangidas pelo Programa Escola Segura beneficiam assim de uma vigilância reforçada e de uma relação directa com os agentes polícias responsáveis pelo seu policiamento. Esta vigilância é assegurada através do patrulhamento em horários e percursos definidos de acordo com as necessidades específicas de cada Escola. A PSP desenvolve ainda, no âmbito do Programa Escola Segura, acções especiais de contacto e esclarecimento junto dos jovens, visando promover comportamentos de segurança. Após uma breve caracterização da funcionalidade desta força de segurança, torna-se imprescindível realçar e analisar determinadas áreas em que este serviço público actua na freguesia de Odivelas. 183 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 De seguida serão apresentados dois gráficos em que serão expostas as actuações da PSP permanente em Odivelas, nesta mesma freguesia, nos anos 2006 e 2007. Gráfico N.º 12 Gráfico N.º 13 Actuações da PSP de Odivelas na Freguesia em 2006 30 (15 detenções) 130 Actuações da PSP de Odivelas na Freguesia em 2007 28 (26 detenções) 97 1060 N.º de Ocorrências de Violência Doméstica N.º de Assaltos (Furtos e Roubos) N.º de Ocorrências de Tráfico de Estupefacientes 643 N.º Ocorrências Violência Doméstica N.º Assaltos (Furtos ou Roubos) N.º Ocorrências Tráfico de Estupefacientes Fonte: Inquéritos realizados à Policia de Segurança Publica de Odivelas No gráfico n.º 12 denota-se um acentuado número de assaltos na freguesia de Odivelas, entre furtos e roubos, com 1060 assaltos no ano 2006. Em Odivelas ocorreram 130 denúncias de casos de violência doméstica em comparação com o ano de 2007 em que se verifica um decréscimo dessas mesmas denúncias. Estes valores são mediante denúncias realizadas pela própria vitima ou por outras pessoas. Embora se verifique um decréscimo é necessário apostar na intervenção com as vítimas de violência doméstica, bem como na divulgação de entidades às quais poderão recorrer para se salvaguardarem do perigo que correm. Como é do conhecimento geral, estas ocorrências não correspondem à realidade, pois na sociedade existe violência doméstica que é ocultada. Entre o ano de 2006 e 2007, ocorreu uma diferença de 417 assaltos por furto ou roubo, verificando-se também neste tipo de crime um decréscimo das ocorrências identificadas pelas actuações da PSP. Em 2007, o número de detenções por tráfico de estupefacientes (26) aumentou em relação ao número ocorrido no ano anterior na freguesia de Odivelas. 184 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Bombeiros Voluntários de Odivelas Reflexão Entende-se por Bombeiro um profissional/voluntário que por vezes possui treino e equipamento adequado para apagar ou minimizar incêndios, resgatar pessoas em situação de perigo, salvaguardar bens materiais e ajudar a fornecer assistência nos desastres naturais e nos originados pelo Homem. Em geral, são profissionais que têm grande prestígio junto ao público, principalmente, o infantil, pois são vistos como heróis. Em Portugal, os bombeiros são popularmente conhecidos como Soldados da Paz. Apesar de terem sido inicialmente constituídos com a função de combate de incêndios, as funções dos bombeiros alargam-se para quase todas as áreas da protecção civil. Conforme o país e o corpo dos bombeiros, as várias áreas de intervenção são: Combate a incêndios florestais; Combate a incêndios urbanos/industriais; Resgate em grande ângulo; Emergência médica pré-hospitalar; Salvamento aquático; Desencarceramento em acidentes rodoviários e ferroviários; Intervenção em incidentes eléctricos/hidráulicos/matérias perigosas; Intervenção em incidentes com redes de gás. Em Portugal existem quatro tipos de bombeiros: bombeiros profissionais (oficialmente denominados de bombeiros sapadores), bombeiros voluntários, bombeiros militares e bombeiros privativos. Existem ainda corpos mistos compostos por voluntários e profissionais, denominados de bombeiros municipais. Os corpos de bombeiros voluntários dependem de associações humanitárias de âmbito local, que são financiados através dos seus sócios, de peditórios à população, de subsídios públicos e do desenvolvimento de actividades de cariz lúdico e cultural. Foi no ano de 1896, que um grupo de homens se reuniu, e formaram uma comissão no sentido de fundarem uma Corporação de Bombeiros Voluntários, e daí 185 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 nasceu a denominada Real Associação dos Bombeiros Voluntários de Odivelas, sobre a presidência do Sereníssimo Infante D. Afonso, Duque do Porto. Em 13 de Agosto de 1898 foram elaborados os seus estatutos e aprovados por alvará de 3 de Junho de 1902. Para aprovação dos primeiros Estatutos desta Associação, e regulamento interno do Corpo de Bombeiros Voluntários de Odivelas vindo então a ser legalizada nos termos seguintes: Real Associação dos Bombeiros Voluntários de Odivelas, Instituição de Salvação pública, de duração indeterminada, com Sede em Odivelas, Concelho de Loures, com Estatutos aprovados pelo Governo Civil de Lisboa de 7 de Maio de 1902, por alvará de 3 de Junho do mesmo ano. Em Assembleia Geral realizada em 22 de Dezembro de 1932 foram reformulados os referidos estatutos passando a citada Associação a denominar-se: Associação dos Bombeiros Voluntários de Odivelas, com Alvará aprovado em 27 de Julho do mesmo ano, por despacho do então Governador Civil de Lisboa. Em 17 de Maio de 1938 e em 4 de Junho de 2005, foram aprovadas alterações introduzidas nos presentes Estatutos desta Associação. O Corpo de Bombeiros da Associação usava a Bandeira Real como estandarte regimental, passando a partir de 1910 a usar como Estandarte Regimental a Bandeira Nacional, que só sai com formatura na sua máxima força e com a devida escolta. Mateus Gregório Rodrigues da Costa, foi fundador e o 1º Comandante do Corpo de Bombeiros Voluntários de Odivelas, até 17 de Abril de 1931, data em que se afastou do Comando do Corpo de Bombeiros por motivos de saúde, vindo a falecer no dia 19 de Outubro do mesmo ano. Sucede-lhe no cargo, como Comandante Interino, Jaime Manuel dos Santos, até 7 de Julho de 1931, data em que foi nomeado Comandante do Corpo Activo Manuel Gomes Coelho, e seus continuadores, que se seguiram até aos dias de hoje. O Corpo de Bombeiros Voluntários integrava uma banda de música, a qual estava ligada à Sociedade Musical Odivelense, sendo a sua denominação, Sociedade Musical Odivelense “Banda Dos Bombeiros Voluntários de Odivelas”. 186 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 A sua separação deu-se no ano de 1952, devido a divergências entre o Corpo de Bombeiros e a Direcção da Sociedade Musical Odivelense. A Sede dos Bombeiros Voluntários de Odivelas funcionou como Quartel, numa dependência do antigo Convento de Odivelas, até Dezembro do ano de 1910, onde estava também instalada uma sucursal do Hospital Nacional e Real de S. José, em Janeiro do ano de 1911, passou para uma loja existente no Largo dos Bombeiros, junto ao actual Largo D. Dinis, onde foi celebrado um contrato de arrendamento entre a Associação de Bombeiros Voluntários de Odivelas e o senhorio, Sr. José Vicente dos Santos, com uma renda de: “ Mil seiscentos e sessenta e seis reis”, onde funcionou o quartel até ao ano de 1960, data em que foi demolido pelo seu proprietário. Nesse ano passou para uma garagem cedida pelo então Instituto de Odivelas, sita na estrada de acesso à Arroja, junto à Azenha Velha, onde ficou o Corpo de Bombeiros instalado até ao ano de 1967, ano em que ficou concluído a construção do Quartel na Rua dos Bombeiros Voluntários, onde ainda hoje está instalado a sua Sede. Devido ao rápido crescimento de novas urbanizações, e novas vias de acesso na área de intervenção do Corpo de Bombeiros, procedeu-se à renovação e aquisição de novas viaturas, verificando-se de seguida que o parque para as ditas era insuficiente, começando a germinar a ideia da construção de um novo quartel. No dia 29 de Junho de 1995, foi lançada a 1ª pedra para a construção do novo quartel, situado nas traseiras do antigo, junto ao Pavilhão Municipal de Odivelas. O novo Quartel, dotado de amplos espaços e melhores condições para a área operacional foi solenemente inaugurado no dia 29 de Junho de 1997, pelo Exmo. Sr. Ministro da Administração Interna Dr. Alberto Costa, no decorrer das cerimónias comemorativas do 1º centenário desta Associação. Para além da sua Bandeira e Estandarte de cor branca com a Fénix ao centro, representando o símbolo da Associação, e o Brasão da República, do Concelho de Loures, do ano de 1910, possui um Estandarte cujo símbolo é a Bandeira Nacional, com o qual se faz representar em Actos Oficiais, acompanhado de Guarda de Honra, oferecido a esta Associação em 29 de Junho de 1932, pela Ilustríssima Madame Helara Maria Hedwiges Bartels (Moniz), quando da passagem do 35º Aniversário da Associação. 187 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Note-se que este Estandarte é o terceiro mais condecorado no nosso País. (Fonte: site: www.bvodivelas.com) Os Bombeiros Voluntários de Odivelas, apesar da sua sede estar localizada na Freguesia de Odivelas, estes prestam serviços a cinco freguesias do Concelho de Odivelas, Famões, Ramada, Olival Basto e Póvoa de Santo Adrião e em ocorrências em outras localidades a nível nacional. Gráfico N.º 14 7000 6539 Serviços Prestados pelos BVO em 2007 N.º de Serviços 6000 5250 5000 4000 3000 2000 1228 1000 846 271 269 268 207 24 H om ic id io Pa rt os Su ic id io / es lo ca A çõ gr es es sã o/ V io A la be çã rt o ur a de A Po cid rt en as te R od ov iá ri o D ue da at ism o/ Q Sú bi ta oe nç a D Tr au m Tr an s po rt ed eD oe nt es 0 Tipo de Serviços Os serviços solicitados aos Bombeiros Voluntários de Odivelas com maior número de ocorrências e como se verifica no gráfico, designam-se pelo Transporte de Doentes, Doença Súbita, Traumatismo/Queda e diversas deslocações. Estes dados foram fornecidos pela Protecção Civil da Câmara Municipal de Odivelas, sendo que estes dados referentes ao serviço prestado na comunidade abrangem todo o Concelho de Odivelas. 188 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Análise à Realidade Social da Freguesia de Odivelas E Propostas de Intervenção Potencialidades - Existência de um posto da PSP na freguesia; - Existência de uma corporação de Bombeiros na freguesia; - Presença do programa - Escola Segura a dar apoio às Escolas da freguesia; - Diminuição do número de processos-crime do ano de 2006 para 2007; - Disponibilidade da PSP e Bombeiros na realização de sessões de informação/formação nas escolas e comunidade em geral sobre prevenção de riscos. Constrangimentos - Aumento do número de situações de tráfico de estupefacientes; - Verificação de comportamentos delinquentes/marginalidade e actos de vandalismo nas ruas da freguesia; - Insuficientes recursos monetários nos Bombeiros Voluntários, dificultando a sua intervenção. Propostas de Intervenção Acções de sensibilização/prevenção dirigida à população da freguesia em articulação com as entidades competentes na área da segurança; 189 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Saúde Centro de Saúde de Odivelas O Centro de Saúde de Odivelas é constituído por três extensões localizadas na freguesia de Odivelas, estando as restantes extensões distribuídas por outras freguesias do Concelho. Estas extensões designam-se por extensão de Odivelas, extensão Olaio e CATUS (Sede). Este Centro de Saúde responde a cinco freguesias, Ramada, Famões, Caneças, Póvoa de Santo Adrião e Odivelas. Relativamente ao horário de funcionamento do Centro de Saúde de Odivelas, este varia consoante as suas extensões, sendo o horário seguinte: Centro de Saúde de Odivelas: 8h00 às 17h30; Olaio: 8h00 às 19h30; CATUS (Sede): 18h às 00h00 (dias úteis para o serviço de urgências) 10h00 às 22h00 (fins de semana e feriados). Gráfico N.º 15 Número de Utentes do Centro de Saúde de Odivelas Dezembro de 2007 40000 35677 Nº de Utentes 35000 30060 30000 25000 20000 15000 10200 10000 7816 5000 0 Extensão de Odivelas Utentes Inscritos Extensão do Bairro Olaio Utenses sem médico de famítia Conforme se verifica no gráfico n.º 15, quanto ao n.º de utentes do Centro de Saúde de Odivelas, e através dos dados fornecidos pelo mesmo, constata-se que na realidade social de hoje ainda existe um número significativo de utentes sem médico de 190 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 família, sendo este de 28.6 % dos utentes na extensão de Odivelas e 26 % na extensão do B.º Olaio. Gráfico N.º 16 N.º Equipa Técnica existente nas Extensões do Centro de Saúde de Odivelas 2007 20 15 10 5 0 Médicos Enfermeiros Ass. Administrativos Psicólogos Assistentes Sociais Fisioterapeuta Extensão de Odivelas 16 9 5 1 2 0 Extensão Olaio 15 13 4 0 0 0 CATUS 4 7 4 0 0 0 Cuidados Continuados 3 0 0 1 1 1 No gráfico n.º 16 apresentam-se as diversas categorias profissionais disponíveis no Centro de Saúde de Odivelas no ano de 2007, distribuídos pelas suas extensões e serviços. Para além dos serviços disponíveis no Centro de Saúde de Odivelas, a população utente também pode usufruir de Consultas de Especialidade Clínica, sendo estas, a de Estomatologia, de Planeamento Familiar e a de Consulta Anti-Tabágica. Na extensão Olaio as Consultas de Especialidades Clínicas direccionam-se para a Pediatria. No que respeita aos recursos humanos afectos à área da saúde, constata-se que a média de médicos por habitante é de aproximadamente 1 médico para 2867 utentes, no Centro de Saúde de Odivelas, o que considerando o rácio nacional (1 médico para 1500 utentes) pode considerar-se que o corpo médico é insuficiente. Quanto à extensão do Olaio verifica-se a existência de um médico para 2525 utentes, sendo manifestamente insuficiente o corpo médico para abranger o número total de utentes. 191 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Este Centro de Saúde também disponibiliza alguns recursos humanos, nomeadamente enfermeiras que se deslocam às escolas da Freguesia, Programa de Saúde Escolar, para promover e proteger a saúde e prevenir a doença na comunidade educativa; apoiar a inclusão escolar de crianças com necessidades de Saúde e Educativas Especiais; promover um ambiente escolar seguro e saudável; reforçar os factores de protecção relacionados com os estilos de vida saudáveis; contribuir para o desenvolvimento dos princípios das escolas promotoras da saúde, a toda a comunidade escolar. Tabela N.º 24 Instalações do Centro de Saúde de Odivelas Sede / C A T U S O d ive la s O la io C /v + R /c + 1 C /v + R /c + 5 R /c + 3 N º . d e S a la s d e E s p e r a 1 5 6 G a b in e t e s d e C o n s u l ta 4 17 12 I n s ta la ç õ e s S a n i tá r i a s 6 9 13 E d . C o n s t r u íd o d e r a í z S im N ão N ão E d . A d a p t a d o p / o e fe it o N ão S im S im E d i fíc i o M i s to ( * ) N ão N ão N ão E le v a d o re s N ão 1 N ão E le v ad o re s p /C ad e iras R o d as N ão N ão N ão R a m p a s d e A cesso N ão S im S im N ú m e r o d e P is o s F o n te : G a b in e te d e S a ú d e , 6 d e D e z e m b ro d e 2 0 0 5 ( * ) E d ifíc io M isto = H a b ita ç ã o / S a ú d e Na tabela n.º 24 são caracterizadas as instalações físicas das 3 extensões do Centro de Saúde de Odivelas, na qual verifica-se que o CATUS por ser um edifício recente, possui apenas 3 pisos - cave, r/c e primeiro piso, realizando-se o serviço de urgência e de consulta médica no r/c do mesmo. 192 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 As instalações do Centro de Saúde de Odivelas e a extensão do Bairro Olaio são edifícios adaptados para o efeito, não dispondo de condições correspondentes com o número de utentes que usufruem dos seus serviços. No que diz respeito às suas condições no Centro de Saúde de Odivelas sobressai um elevado número de pisos, possuindo apenas um elevador para um grande número de utentes que diariamente usufruem dos seus serviços. Na extensão do Bairro Olaio não existe elevador, o que dificulta o acesso à população utente com dificuldades locomotoras aos pisos superiores. Tendo em conta a existência na freguesia de Odivelas de 649 cidadãos que são portadores de deficiência motora e que diariamente se deslocam em cadeira de rodas não têm qualquer acesso no Centro de Saúde de Odivelas e na extensão do Bairro Olaio. 193 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Cuidados Continuados e Paliativos Reflexão Cuidados Continuados Os Cuidados Continuados são respostas que satisfazem a procura, por parte de pessoas idosas com dependência funcional, de doentes com patologia crónica múltipla e pessoas com doença incurável em estado avançado. Os Cuidados Continuados visam fundamentalmente melhorar a funcionalidade dos doentes, tendo como objectivos: Reabilitar: melhorar a funcionalidade com vista a diminuir a dependência; Readaptar: contribuir para a promoção do auto-cuidado com vista a assegurar a melhor qualidade de vida possível no quadro das limitações decorrentes da doença; Reintegrar: no meio onde a pessoa vai continuar a viver (na sua própria casa, residência de familiares ou alguma forma de internamento residencial público, privado ou social). A prestação de cuidados continuados exige por parte das organizações que os praticam, a realização de avaliações multidisciplinares e globais do paciente, nomeadamente, com o contributo de médicos, enfermeiros, fisiatras, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais – com vista ao estabelecimento dum plano individual de cuidados a nível de apoio pessoal, médico, de enfermagem, de reabilitação e ocupacional. Os cuidados continuados podem ser prestados por organizações públicas, privadas ou sociais: Em regime de ambulatório; Em regime de internamento; Com pagamento 100% privado; Com comparticipação do Estado (quando da inclusão do paciente Na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados). 194 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Uma Unidade de Cuidados Continuados presta cuidados: de reabilitação; de convalescença (nomeadamente na sequência de internamento hospitalar); em situação de doença que não careça de elevada tecnologia diagnóstica ou terapêutica hospitalar (doenças crónicas); as pessoas que se encontrem em situação de perda de funcionalidade ou em situação de dependência; nas áreas de: - cuidados médicos e de enfermagem; - apoio pessoal e hoteleiro; - de reabilitação; - de treino e ensino (actividades ocupacionais). Cuidados Paliativos Os Cuidados Paliativos são os cuidados que respondem aos problemas que decorrem da doença avançada, prolongada, incurável e progressiva, e tentam prevenir o sofrimento que ela gera, proporcionando a máxima qualidade de vida possível aos doentes e suas famílias. Baseiam-se no controlo activo dos sintomas, na comunicação eficaz com o doente e família, e num trabalho em equipa interdisciplinar. Segundo a definição da OMS – Organização Mundial de Saúde, em 2002, os Cuidados Paliativos: proporcionam alívio da dor e de outros sintomas incomodativos e geradores de sofrimento; afirmam a vida e vêem a morte como um processo normal; a sua intenção não é, nem apressar, nem adiar a morte; integram os aspectos psicológicos e espirituais dos cuidados aos pacientes e oferecem um sistema de suporte para os ajudar a viver tão activamente quanto possível até à morte; oferecem um sistema de suporte para ajudar a família a lidar com a doença do paciente e com o período de luto; utilizam uma abordagem em equipa para responder às necessidades dos pacientes e suas famílias, incluindo aconselhamento durante o período do luto quando necessário; 195 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 realçam a qualidade de vida e podem influenciar positivamente o decurso da doença; são aplicáveis desde cedo no decurso da doença, em conjunto com outras terapias que visam o prolongamento da vida, tal como a quimioterapia ou a radioterapia, e incluem as investigações necessárias para melhor compreender e lidar com os incómodos das complicações clínicas. Os Cuidados Paliativos são cuidados fundamentais para que o doente tenha qualidade de vida até ao fim e para que a família tenha a certeza absoluta de que está a ser feito tudo o que pode ser feito. Quando não se pode curar, tem de se cuidar, até ao fim, cuidar do doente aliviando as suas dores físicas, psicológicas e espirituais, cuidar de quem cuida, que são normalmente os familiares, mas que também podem ser amigos ou vizinhos, cuidar da família que está perturbada pela doença do seu ente querido. As equipas de Cuidados Paliativos são interdisciplinares e nelas trabalham em sintonia médicos, enfermeiros, auxiliares de acção médica, psicólogos, assistentes sociais, assistentes espirituais e voluntários para ajudar os doentes a viver tão activamente quanto possível até ao fim. Apesar de todos os progressos da Medicina na segunda metade do século XX, a longevidade crescente e o aumento das doenças crónicas conduziram a um aumento significativo do número de doentes que não se curam. O modelo da medicina curativa, agressiva, centrada no “ataque à doença” não se adapta com as necessidades deste tipo de pacientes, necessidades estas que têm sido frequentemente esquecidas. A não-cura era (e frequentemente ainda continua a ser) encarada por muitos profissionais como uma derrota, uma frustração, uma área de não-investimento. A doença terminal e a morte foram “hospitalizadas” e a sociedade em geral aumentou a distância face aos problemas do final de vida. As questões em torno da morte, e que interessam a todos, constituem ainda hoje um tema tabu. 196 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 O movimento moderno dos cuidados paliativos, iniciado em Inglaterra na década de 60, e que posteriormente se foi alargando ao Canadá, Estados Unidos e mais recentemente (no último quarteirão do século XX) à restante Europa, teve o mérito de chamar a atenção para o sofrimento dos doentes incuráveis, para a falta de respostas por parte dos serviços de saúde e para a especificidade dos cuidados que teriam que ser dispensados a esta população. Os cuidados paliativos definem-se como uma resposta activa aos problemas decorrentes da doença prolongada, incurável e progressiva, na tentativa de prevenir o sofrimento que ela gera e de proporcionar a máxima qualidade de vida possível a estes doentes e suas famílias. São cuidados de saúde activos, rigorosos, que combinam ciência e humanismo. Apesar da pertinência da resposta advogada pelos cuidados paliativos para as questões em torno da humanização dos cuidados de saúde e do seu inequívoco interesse público, o certo é que hoje, no início do século XXI, este tipo de cuidados não está ainda suficientemente divulgado e acessível àqueles que deles carecem. Para além disso, importa reforçar que os cuidados paliativos são prestados com base nas necessidades dos doentes e famílias e não com base no seu diagnóstico. Como tal, não são apenas os doentes de cancro avançado que carecem destes cuidados: os doentes de SIDA em estádio avançado, os doentes com as chamadas insuficiências de órgão avançadas (cardíaca, respiratória, hepática, respiratória, renal), os doentes com doenças neurológicas degenerativas e graves, os doentes com demências em estádio muito avançado. E não são apenas os idosos que carecem destes cuidados – o problema da doença terminal atravessa todas as faixas etárias, incluindo a infância. Estamos, por isso, a falar de um grupo vastíssimo de pessoas – dezenas de milhar, seguramente, e de um problema que atinge praticamente todas as famílias portuguesas. Os cuidados paliativos constituem hoje uma resposta indispensável aos problemas do final da vida. Em nome da ética, da dignidade e do bem-estar de cada Homem é preciso torná-los cada vez mais uma realidade. (Fonte: 2006 APCP - ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE CUIDADOS PALIATIVOS | Desenvolvido por: Fio Mental) 197 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 A Junta de Freguesia de Odivelas, perante os Cuidados Continuados e Paliativos e no sentido de atenuar as necessidades da população residente nesta freguesia, definiu como objectivo fundamental o estabelecimento de um protocolo de cooperação na área do transporte de prestações de cuidados de saúde entre a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e a Cruz Vermelha Portuguesa. Este protocolo vai ao encontro de criar condições para uma intervenção articulada, em parceria, na área do transporte dos prestadores de cuidados de saúde e apoio social nas deslocações inerentes às actividades domiciliárias. Um doente em fim de vida e a sua família devem merecer o melhor cuidado. 198 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 O Serviço Social no Centro de Saúde de Odivelas (CSO): O artº.70. do Despacho Normativo 97/83 – estatuto dos Centros de Saúde estabelece que “ o Serviço Social do Centro de Saúde é constituído por técnicos de serviço social, em princípio na base de 1 técnico por 30.000 habitantes …” As atribuições destes profissionais estão definidas no art.º 71, sendo: a) Participar na definição, execução e avaliação da política de saúde concelhia; b) Cooperar com os restantes serviços do centro de saúde nas acções dirigidas ao indivíduo, á família e à comunidade; c)Colaborar em projectos de educação para a saúde, designadamente de alimentação, planeamento familiar, alcoolismo e drogas; f) Coordenar as acções do corpo de voluntários. O Centro de Saúde, complementarmente à actividade interna, desenvolve programas e projectos de âmbito comunitário visando a promoção de saúde, a vigilância, tratamento da doença, reabilitação e acompanhamento de famílias com necessidades de cuidados de saúde. Pelo seu impacto junto da comunidade, de entre os vários programas de intervenção comunitária, destacam-se o de Cuidados Continuados Integrados e o de Saúde Escolar, sendo o centro de saúde, o promotor. A par destes projectos, o Centro de Saúde de Odivelas está também ligado a outros existentes na comunidade constituindo-se como parceiro, no âmbito das parcerias legislativas (Rendimento Social de Inserção, Rede Social, Comissão Social de Freguesia de Odivelas) 199 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 O Serviço Social está presente como disciplina profissional, actuando nos diversos projectos, através da participação dos técnicos de Serviço Social seja, no atendimento individual e acompanhamento dos utentes referenciados, seja na participação no acompanhamento das outras actividades, inscritas no plano de acção dos referidos projectos. Existe também o projecto de atendimento Individual, sob a responsabilidade do Serviço Social. Com a implementação deste projecto objectivou-se o atendimento Individual e acompanhamento aos utentes e familiares da área de intervenção do Centro Saúde de Odivelas. Alargar o atendimento a toda a população, de forma a contribuir para a sua qualidade de vida, consistiu numa importante medida, constatada através da evolução de casos seguidos pelo Serviço Social. Para que tal seja realizado de forma satisfatória é fundamental o atendimento e acompanhamento individual em gabinete, a participação em reuniões com outros profissionais, a visita domiciliária e outras actividades inerentes á prática social. Este projecto de acordo com a avaliação dos resultados tem contribuído decisivamente para a inserção e autonomia dos utentes, sendo também facilitador da aproximação dos mesmos aos cuidados de saúde e outras entidades públicas, de forma a usufruir de regalias e direitos sociais. O Serviço Social definiu dias de atendimento para a população com marcação prévia, sendo que qualquer utente ou familiar pode dirigir-se ao serviço social nesses dias. Eixos de Intervenção Visando a promoção e criação de condições tendentes ao máximo desenvolvimento e utilização tanto das capacidades individuais como do aproveitamento dos recursos existentes, o Serviço Social do Centro de Saúde de Odivelas, em consonância com a determinação da politica de saúde do CSO, tende a actuar no sentido de obter ganhos em saúde para a sua população, investindo fundamentalmente na promoção, na prevenção e não apenas no tratamento da doença. 200 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Promover a saúde é um desígnio colectivo, um investimento social estratégico porque o nosso estado de saúde tem um forte impacto no desenvolvimento global do país e, contribui decisivamente para diminuir o grau de desigualdade económica e social entre as pessoas. Neste sentido, a actuação do Serviço Social está direccionada para três grandes eixos de intervenção: ‐ Prevenção, nas situações de saúde, carência, disfunção e até mesmo marginalização social de pessoas / grupos vulneráveis. Esta prevenção actua a três níveis: ‐ Primária – considerada a prevenção por excelência, procura evitar o aparecimento de situações de saúde, carência, disfunção e marginalização social, agindo sobre as causas e prevenindo as consequências; ‐ Secundária – revela-se na elaboração de um diagnóstico e despiste precoce das situações de carência, disfunção e marginalização social; ‐ Terciária – é a fase de tratamento ou reabilitação, procede à vigilância das sequelas e recaídas em situações de saúde, carência, disfunção e marginalização social, por meio da reinserção dos indivíduos e restabelecimento do círculo de vida adequado; ‐ Reparação, aplicada nas situações de saúde, carência, disfunção e até mesmo marginalização social; ‐ Promoção ou desenvolvimento, na execução de programas promotores da integração social e comunitária e também a organização de recursos da própria comunidade. 201 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Sempre Mulher - Associação de Apoio a Mulheres com Cancro da Mama A Associação Sempre Mulher tem dá apoio a mulheres com cancro da mama ou familiares e amigos de pessoas com cancro da mama. Nesta Associação as pessoas encontram gratuitamente: o Apoio psico-social, familiar e económico; o Formação relacionada com a reintegração psico-social do doente e família; o Promoção humana social e psicológica; o Reinserção e orientação à integração no mercado de trabalho; o Divulgação da prevenção do cancro da mama. A Associação Sempre Mulher conta com a participação da Presidente de Direcção, 2 psicólogas e voluntárias e possuem o objectivo de criar novas actividades e de atrair novas voluntárias que possam constituir um grupo de apoio que dê acompanhamento às doentes que têm a sua capacidade de pedir ajuda bloqueada. Esta Associação é importante na freguesia de Odivelas, uma vez que é a única que desenvolve um trabalho meritório com as mulheres que sofrem de cancro de mama. 202 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Toxicodependência Reflexão Podemos definir a toxicodependência como a necessidade extrema de consumir qualquer substância química ou natural que altere o estado de consciência do indivíduo e que este sinta esta mudança como agradável, mas que gradualmente se torne uma forma a combater a síndrome de abstinência, mais vulgarmente conhecido como ressaca. É então criada uma relação muito forte entre este e a substância que conduz ao desinteresse por outros elementos da sua vivência. O uso de drogas é uma realidade que acompanhou a humanidade desde os seus primórdios mas só a partir dos anos sessenta começou a ser encarado como um comportamento de risco que pode desestruturar o ser humano de uma forma devastadora e irrecuperável. Hoje é considerada uma doença crónica. Embora tenha uma conotação negativa, existem substâncias que muito contribuíram para o avanço da ciência médica e da esperança de vida do ser humano. O termo toxicodependência reveste-se de um conjunto de factores influenciadores e problemáticas associadas (ex. exclusão social, estigmatização, doença) que merece e necessita de uma abordagem multidisciplinar, pois afecta todos os subsistemas do individuo, interferindo abruptamente com o conjunto de interacção estabelecida entre a pessoa e o meio que a envolve. Existem vários factores que influenciam o consumo ou não de drogas, nomeadamente factores individuais, sociais, familiares, ambientais e outros inerentes à própria substância. Existem também diferentes formas de consumo que acarretam consigo diferentes significados. Por outro lado, as razões que levam uma pessoa a experimentar uma droga não são as mesmas que as levam a ficar dependentes. Geralmente os primeiros consumos estão relacionados com factores como a curiosidade ou a necessidade de fuga de situações traumáticas para o indivíduo mas, dependendo do tipo de substância consumida, podem tornar e configurar-se como um habito, um estilo de vida que vai tornando agonizante a vivência do ser humano. 203 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 De facto, numa fase de experimentação destacam-se a curiosidade, a vontade de pertencer a um grupo, o desejo de diversão, o medo da exclusão do grupo, a disponibilidade da droga, a ilusão da resolução de problemas, uma representação positiva das substâncias, entre outros. O consumo recreativo de drogas é cada vez mais comum entre os jovens e está associado à diversão e ao lazer, sendo uma das suas principais características a busca do prazer imediato em contextos de diversão. Contudo, pode de facto, instalar-se a dependência, onde o consumo passa a ser o principal objectivo e motivação na vida, fazendo tudo girar em seu redor. Todas as pessoas têm problemas, sendo que a maior parte das pessoas, não consomem drogas. O que acontece é uma procura de uma substância “mágica” que evite o sofrimento do real, mas os problemas não desaparecem e essa substância “mágica” faz com que os indivíduos percam a capacidade de lidar com o real. As sequelas de um historial de consumos afectam o sujeito bio-psicosocialmente e necessitam de uma intervenção baseada no fortalecimento dos laços afectivos entre o toxicodependente e o meio envolvente, bem como numa aposta na reabilitação de competências sócio-profissionais para a sua futura reintegração. Sentimentos como a auto-estima e auto-confiança não podem ser ignorados, mas sim potenciados, pois o auto-retrato está muito afectado numa realidade como esta. Como referido anteriormente, a Junta de Freguesia de Odivelas desenvolve uma resposta social direccionada ao combate da Toxicodependência, sendo esta resposta o Projecto “ComTacto na Rua”. A Câmara Municipal de Odivelas, nomeadamente o Gabinete de Saúde desenvolve também um projecto no âmbito da prevenção das toxicodependências e outros comportamentos de risco que se enquadra no Plano Estratégico Concelhio de Prevenção das Toxicodependências (PECPT) que desenvolve iniciativas através de uma prática concertada com as diversas instituições concelhias e de âmbito regional/nacional, favorecendo a partilha de experiências e a complementaridade das intervenções. 204 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Pessoas infectadas com o vírus VIH/SIDA e suas Famílias Reflexão A SIDA significa Síndrome de ImunoDeficiência Adquirida, ou seja, consiste num síndrome porque é constituído por um grupo de sinais e de sintomas. É de imunodeficiência porque o que acontece é que o sistema imunitário fica cada vez mais deficiente, com menos capacidade de resposta ao longo da evolução da doença adquirida porque ao contrário de algumas doenças de imunodeficiência que são congénitas, ou seja, os indivíduos já as têm à nascença, esta doença surge depois de uma infecção por um vírus, o vírus VIH. O VIH é o Vírus da Imunodeficiência Humana. O Síndrome da Imonudeficiência Adquirida (SIDA) é provocado pelo VIH (Vírus da Imonudeficiência Humana), um vírus que não só lesiona tecidos, mas também aumenta a vulnerabilidade a muitas doenças, sobretudo infecciosas, que se instalam devido à destruição progressiva do sistema imunitário. Para um indivíduo desenvolver SIDA tem de ser primeiro infectado pelo VIH. Nessa altura o sistema imunitário responde e faz baixar a virémia, ou seja, a concentração de vírus que se encontra no sangue. Aqui o indivíduo pode não sentir nada e chama-se assintomático ou pode ter um episódio de sintomas de infecção aguda que são normalmente sintomas parecidos com uma gripe: febre faringite linfadenopatia (ou seja, aumento dos gânglios linfáticos) dor de cabeça (cefaleias) dores musculares (mialgias) dores nas articulações (artralgias) cansaço (letargia) mal-estar falta de apetite (anorexia) perda de peso náuseas, vómitos ou diarreia 205 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 e ainda outros sintomas menos frequentes. Passada esta altura a virémia baixou devido a esta resposta do sistema imunitário mas ainda há vírus suficientes para continuar a replicar (criar novos vírus iguais a si próprios). Esses vírus vão infectando as células do sistema imunitário. Essas células infectadas vão sendo destruídas. É a existência destas infecções e de outras doenças associadas ao efeito do vírus sobre o organismo que se chama SIDA. Assim sendo, o indivíduo com SIDA pode ter: o infecções que não são comuns nas pessoas com imunidade normal; o doenças respiratórias (bronquite, sinusite, pneumonia); o doenças cardíacas (doença de Chagas, toxoplasmose e derrames pericárdicos); o doenças gastro-intestinais (diarreia, colite); o doença hepática (95% têm hepatite B); o doença pancreática (como efeito secundário dos medicamentos); o doença renal (nefropatia); o doença genito-urinária (infecções urinárias); o doenças endócrinas (lipodistrofia, hipertiroidismo, hipogonadismo); o doenças reumatológicas (artropatia, síndrome articular doloroso); o doenças hematopoiéticas (anemia, linfadenopatia generalizada, trombocitopenia); o doenças dermatológicas (dermatite seborreica, foliculite pustular eosinofílica, herpes); o doenças neurológicas (meningite asséptica, encefalopatia, convulsões, toxoplasmose cerebral, doença da medula espinal); o doenças oftalmológicas (retinite a citomegalovírus); o doenças neoplásicas (sarcoma de Kaposi, linfomas) 206 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 A SIDA transmite-se de 3 formas: - via sexual: a transmissão entre casais heterossexuais é a mais frequente; o risco de transmissão do homem para a mulher é 8 vezes superior ao inverso; o risco aumenta se existirem lesões nas superfícies em contacto com o líquido seminal ou fluído vaginal; a única forma totalmente segura de proteger este tipo de transmissão é a abstinência de relações sexuais; o uso de preservativo é o meio de prevenção mais seguro a seguir à abstinência; - via parentérica (através do sangue): a transmissão por transfusões deixou de ser causa de grande risco, desde que se realizam testes para despistar o vírus nos dadores; o mesmo se aplica a dadores de órgãos ou tecidos; os utilizadores de drogas injectáveis estão em maior risco; os trabalhadores da área da saúde e os que trabalham directamente com sangue ou seus derivados estão também em risco e por isso devem respeitar os procedimentos preventivos escrupulosamente; - mãe-feto: a transmissão pode acontecer no 1º ou no 2º trimestre mas é mais comum na altura do parto; sem tratamento da mãe o risco de transmissão é de 15-25% nos países desenvolvidos e aumenta para 25-35% nos países com piores cuidados de saúde; as grávidas devem fazer um teste voluntariamente e se forem seropositivas devem fazer tratamento anti-retroviral para reduzir a 207 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 virémia, serem acompanhadas por um obstetra e devem evitar a amamentação (risco de transmissão de 5-15%); outros fluidos: não existe evidência de transmissão da SIDA pela saliva, lágrima, suor ou urina. Os casos que existem e que reclamam ter sido esta a via de transmissão não podem excluir completamente a hipótese da transmissão parentérica, por contacto com feridas ou erosões da pele. Para além dos tratamentos específicos de cada uma das complicações da SIDA, existem tratamentos para reduzir a replicação do vírus, são os antiretrovirais. Outros medicamentos disponíveis, que se usam em associação com estes, são os inibidores das proteases. Também muito importante é ajudar o doente e a família a lidar com a seropositividade primeiro e com a SIDA depois e principalmente a educação dos doentes para evitarem comportamentos que possam pôr em risco outras pessoas. O estigma da VIH/Sida, o medo do contágio, a carga financeira e o trauma emocional conduzem, segundo Rubin & Walker Pomeroy (1996), à alienação, isolamento social e silêncio por parte da família. A Sida/VIH tem efeitos devastadores no funcionamento da família, ou seja, alguns membros da família são incapazes de lidar com a doença e por isso rejeitam o doente. Outras famílias experienciam sentimentos de peso e ansiedade devido à cronicidade da doença que requer um cuidado continuado e a família é chamada a providenciar esta assistência. A Sida tem impactos negativos na dinâmica funcional e emocional das famílias. Ao nível emocional, instala-se um turbilhão de emoções e afectos que alteram a vida de cada um dos elementos da família, bem como todo o grupo familiar. Ao nível funcional, no que concerne aos papéis e funções desempenhados por cada elemento da família, surgem novas exigências que podem chegar a ter implicações laborais e financeiras. Tem de se ter em conta, quem é o doente/infectado: se é o pai ou o filho, se é um jovem ou idoso, se é casado ou solteiro, factos que condicionam o modo como a família se adapta à doença, bem como a forma como ultrapassa esta crise. 208 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Os membros da família são obrigados a se reorganizar para fazer face à doença do seu familiar, definindo novos papéis ou ajustando as funções atribuídas aos papéis previamente definidos. Desta reorganização emerge, quase sempre, a figura do “cuidador primário”, ou seja, a família destaca um dos seus membros para assumir a responsabilidade do apoio ao doente, o que implica uma sobrecarga desse elemento e exige que se encontrem fontes de suporte, intra ou extra-familiares, que lhe permitam usufruir de temas e tempos de “respiro”. A autora Ana Paula Relvas refere que, por outro lado também em termos sociais (relações com amigos, com a comunidade, ocupação de tempos de lazer) ocorrem mudanças importantes na vida familiar. O frequente isolamento contribui para a redução do apoio social tão importante para uma boa adaptação familiar à doença. É ainda necessário que o doente/infectado e a família estabeleçam e definam relações mais constantes e sistémicas com as instituições e sistemas da comunidade (sistema de saúde, sistema de segurança social, entre outros) o que exige permanentes ajustes e adaptações e a uma constante busca de informação. No VIH não se pode menosprezar um estigma que se converte numa característica psicossocial desta doença, interferindo com todos os níveis da dinâmica emocional e funcional familiar, com as suas crenças, e com o sentido que a família dá à doença. Deve-se adaptar numa perspectiva sistémica já que assim se procura alargar o enfoque de compreensão e de intervenção, atendendo às relações que se estabelecem entre a família e a comunidade, bem como as relações que se estabelecem no interior destas. Durante o processo de intervenção com o doente, a autora menciona, que a família não pode ser esquecida, mesmo que não esteja directamente incluída no processo. A família independentemente da sua estrutura, ou seja, os elementos que a compõem e a forma como se organiza é o sistema social mais importante para o indivíduo. 209 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Sendo assim, os problemas relacionados com o VIH/Sida que surgem no seio da família devem ser aí resolvidos porque estas têm competências próprias que podem ser activadas em situações de crise. Observação: Os serviços com devida competência que intervêm com este flagelo social na freguesia de Odivelas são: o Centro de Saúde e a parceria existente entre a Câmara Municipal de Odivelas e a Liga Portuguesa de Luta Contra a Sida. 210 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Doenças de Foro Mental Reflexão A doença mental é angustiante para quem a sofre quer para quem a presencia em familiares. Segundo Georges Devereux (2001) in Luísa Ferreira da Silva, “Acção Social na Área da Família”, Universidade Aberta, 234, Lisboa; a doença mental é das perturbações que ameaçam as pessoas e aquela que é vivida com mais angústia porque ameaça o próprio “Eu”. As doenças mentais dividem-se em neuroses e psicoses: as neuroses caracterizam-se por o indivíduo não ter consciência da sua doença, do seu estar mentalmente perturbado, o que coloca problemas específicos aos familiares; enquanto que as famílias de doentes psicóticos vivenciam a angústia de ver “enlouquecer” um membro da sua família, ou seja, este ouve vozes ou observa acontecimentos que não existem para mais ninguém. A doença mental suscita nos outros reacções de medo, afastamento e desconfiança, facto que se explica pela estranheza do comportamento e das atitudes relacionais das pessoas com perturbação mental. Para o próprio doente, essa realidade que vivência desencadeia também um enorme sofrimento. Com efeito à medida que os delírios se vão instalando, o seu funcionamento social é dificultado e a sua aceitação pelos outros vai perdendo credibilidade. Com o tempo a pessoa sente-se completamente isolada, incompreendida e em situação de perda (de emprego, de autonomia e de amigos). Segundo a autora Fátima Alves (2001) in Luísa Ferreira da Silva, “Acção Social na Área da Família”, Universidade Aberta, 234, Lisboa; a doença mental e o estigma a ela associado tem consequências ao: Nível laboral – perda ou interrupção do emprego e alteração das expectativas dos colegas em relação a essa pessoa; Nível familiar – crise ou destruturação familiar; Nível de grupos de amigos – diminuição da interacção grupal, não só consequência do isolamento social em si mas também do estigma que se vai instalando e das consequências sociais. 211 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Individualmente, as pessoas que contactam com a pessoa perturbada tem dificuldades em percebê-la, no entanto os familiares vão aceitando e acompanhando a evolução do pensamento da pessoa e as suas dificuldades e vão-se habituando às suas reacções. Socialmente, a nível da realidade exterior à família – no café, na rua, no trabalho, na escola – a reacção é mais de rejeição e evitamento. Na sociedade actual as famílias estão mal equipadas para lidarem com a doença mental em casa – são geralmente um pequeno grupo constituído, na maior parte dos casos, por um ou dois adultos e um ou dois filhos; residem em habitações pouco espaçosas, frequentemente do tipo apartamento, e durante o dia, todos estão ausentes. Com este tipo de actividade diária como se podem ocupar de uma pessoa doente? Os problemas que mais afectam as famílias não são os da organização do quotidiano – redução do rendimento económico e a desorganização dos horários, interrupções do sono, dependência do doente a nível de actividades do quotidiano – mas os que se referem ao seu clima emocional, aos relacionamentos no seu seio e à saúde mental dos seus restantes elementos. Muitas famílias verbalizam conflito e tensões quotidianas relacionadas com os sintomas (silêncio absoluto, apatia, imprevisibilidade do paciente, etc.) que originam insegurança e incerteza. A família reage às tensões que vive desenvolvendo sentimentos de culpa, ansiedade e raiva. O modo como a família reage à crise está dependente de vários factores: Estrutura interna anterior – algumas famílias estão melhor equipadas do que outras para responderem rapidamente à crise, tal facto deve-se a uma flexibilização das estruturas familiares e na definição de papéis; Movimento evolutivo da história familiar em que a situação de doença surge – o momento da vida familiar em que a doença surge pode também interferir na forma como a família se (re)ajusta à nova situação e responde aos desafios que esta doença coloca; 212 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 O papel familiar da pessoa que adoece - não é indiferente, do ponto de vista familiar quem é o elemento que adoece, tendo em conta os papéis e funções que cada um desempenha no sistema familiar. O tipo de evolução da doença também coloca desafios à família, ou seja, no caso de uma doença que evolui progressivamente, agrava-se ao longo do tempo e existem períodos de crise intensa que intercalam com períodos de estabilização; a família é confrontada com uma exigência contínua do ponto de vista da adaptação o que conduz a situações de esgotamento. Nas doenças de evolução constante em que se atinge um certo grau de estabilização é mais fácil as famílias adaptarem-se, uma vez gerida a crise e as suas consequências, a incerteza contínua inerente às evoluções progressivas e deixa-se poder planear o futuro. Serviço Social na área da Saúde Mental Segundo a autora Fátima Alves (2001) in Luísa Ferreira da Silva, “Acção Social na Área da Família”, Universidade Aberta, 234, Lisboa; o Assistente Social tem um papel fundamental como educador no sentido de informar e formar sobre a doença e o doente e como lidar com ambos; ouvinte dos medos e anseios da família e da pessoa que adoeceu; gestor da articulação entre os serviços disponíveis a mobilizar para o tratamento de cada caso; promotor da ligação e mobilização da comunidade envolvente (vizinhos, associações, etc.); facilitador da relação médico doente; dinamizador da participação e envolvimento da família no projecto terapêutico de reabilitação desde o momento da crise, na definição do problema, etc. 213 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 A intervenção do Serviço Social na Saúde Mental é com o objectivo de garantir o acesso às condições básicas de bem-estar para uma vida com dignidade, promover o desenvolvimento das capacidades e da autonomia para uma participação activa na comunidade, empowerment, assim como envolver a comunidade, as instituições e grupos sociais na reabilitação e no reconhecimento dos direitos das pessoas com problemas de saúde mental. Os problemas que as famílias enfrentam exigem por parte dos técnicos, também uma abordagem individualizada de cada situação tendo em conta a sua totalidade específica, ou seja, as suas múltiplas dimensões – a da doença, a do doente, e suas áreas de vida, a da família e seus contextos e a da relação com a instituição de saúde. O Serviço Social na elaboração de propostas e desenvolvimento da sua actividade compreende o paciente psiquiátrico como um indivíduo que tem papéis significativos no contexto familiar, social e de trabalho, e que passa a enfrentar mudanças na sua vida a partir do momento do transtorno mental. O Serviço Social intervém nesta área numa forma de assegurar o tratamento da psicopatologia e restabelecimento do equilíbrio psíquico, e da prevenção dirigida à reabilitação, inserção social e redução das consequências da doença. 214 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Unidade Comunitária de Cuidados Psiquiátricos de Odivelas O Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa, pessoa colectiva de direito público (portaria n.º 1373/2007 de 19 de Outubro) integra os Hospitais Júlio de Matos e Miguel Bombarda. No âmbito da consulta externa e intervenção comunitária enquanto serviços de Psiquiatria e Saúde Mental, caracteriza-se em seguida a Unidade Comunitária de Cuidados Psiquiátricos de Odivelas que se situa, na Rua Dário Canas N.º 4, e cujo encaminhamento e respostas desta Unidade pode ser explicado através deste esquema: Cuidados Primários (Centros de Saúde/Médico de Família) Consulta de Triagem (Médico Psiquiatra) Psiquiatria, Alcoologia, Cessação Tabágica Atendimentos Complementares Enfermagem Psicologia Avaliação Psicológica Psicoterapia Individual/Grupo/Familiar Serviço Social Área de Dia Hospital de Dia A Unidade Comunitária de Cuidados Psiquiátricos de Odivelas, em parceria com o Centro de Saúde de Odivelas desenvolve uma Consulta de Desaituação Tabágica que se baseia num programa de tratamento médico-psicológico multicomponentes, englobando motivação para a mudança, cessação do consumo e prevenção da recaída, podendo ainda haver recurso a medicação coadjuvante. 215 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 O tratamento inicia-se com uma consulta realizada pelo médico de clínica geral e familiar, através da qual é feita uma avaliação/triagem do seu historial de dependência, bem como é apurado a motivação do doente para aderir a um programa de desabituação tabágica e também são feitos exames complementares. Os fumadores elegíveis para o programa são encaminhados para sessões semanais de tratamento em grupo orientadas por um médico de família e um psicólogo clínico. A primeira fase, que visa a desintoxicação, ou seja, a cessação do consumo, prolonga-se por quatro a seis semanas. A segunda fase de tratamento inicia-se quando a abstinência é atingida e tem como objectivo manter a abstinência e prevenir a recaída. À medida que os sintomas de privação estabilizam e que o ex-fumador se torna eficaz na utilização das novas estratégias para lidar com o seu dia-a-dia sem recurso aos produtos do tabaco, as sessões passam a ser quinzenais, depois mensais, e finalmente, ocorre a desvinculação em relação à Consulta. Para os fumadores que participem em pelo menos 5 sessões de grupo, a taxa de abstinência no final da fase de desintoxicação é entre 80% e 90%, e após 6 a 18meses, a taxa de abstinência é de aproximadamente 70%. Após encaminhamento para as sessões de grupo, a taxa de abandono oscila os 30%. Com objectivos reabilitativos e ocupacionais foi criado através da Associação Comunitária de Saúde Mental de Odivelas, um Fórum Sócio-Ocupacional, no qual são desenvolvidas actividades ocupacionais que compreendem ateliers de artesanato, carpintaria, pintura e desenho, cerâmica, velas, bordados, costura, reciclagem, entre outros. Os trabalhos efectuados apresentam-se como um estímulo fundamental para a valorização individual da pessoa com doença mental. Esta Unidade também é parceira do Plano Estratégico Concelhio de Prevenção das Toxicodependências (PECPT), uma iniciativa da Câmara Municipal de Odivelas, que tem como objectivo a intervenção ao nível da prevenção das toxicodependências e outros comportamentos de risco através de um prática concertada com as diversas instituições concelhias e de âmbito regional/nacional, favorecendo a partilha de experiências e a complementaridade das intervenções. 216 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Em seguida serão apresentados dados estatísticos correspondentes à equipa Técnica desta Unidade – UCCPO referente a 2005. Gráfico N.º 17 Equipa Técnica do UCCPO - 2005 Psicólogos ; 4 Enfermeiros; 3 Administrativos ;2 Médicos; 5 Fonte: Unidade Comunitária de Cuidados Psiquiátricos de Odivelas Como se verifica no gráfico anterior, correspondente à Equipa Técnica da Unidade Comunitária de Cuidados Psiquiátricos de Odivelas era mis reduzida em comparação com o ano de 2007, a qual teve um aumento do número de profissionais como se verifica no gráfico que se segue. Gráfico N.º 18 Equipa Técnica do UCCPO - 2007 Aux. Acção Médica; 3 Assistente Social; 1 Psiquiatras; 6 Administrativos; 2 Enfermeiros; 4 Psicólogos; 4 217 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Através do inquérito por questionário foi possível apurar que os problemas sociais dos utentes desta unidade e das suas famílias consistem em carência económica, violência doméstica, consumo de estupefacientes, consumo de álcool e desemprego de longa duração. Esta Unidade é composta por uma equipa multidisciplinar com a finalidade de dar uma resposta à população utente que possui problemas específicos ao nível de doenças de foro mental, sendo esta constituída por: 4 Enfermeiros, sendo um elemento de enfermagem a tempo parcial; 1 Assistente Social; 4 Psicólogos; 3 Psiquiatras, a tempo inteiro; 3 Psiquiatras, a tempo parcial; 3 Auxiliares de Acção Médica; 218 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Análise à Realidade Social da Freguesia de Odivelas E Propostas de Intervenção Potencialidades - Existência de extensões do Centro de Saúde distribuídas pela freguesia de Odivelas; - Existência de especialidades clínicas nas extensões do Centro de Saúde; - Serviço de urgência disponível na freguesia (CATUS); - Disponibilização de serviços de cuidados continuados integrados e paliativos na freguesia; - Disponibilidade de alguns recursos humanos na intervenção junto das escolas e famílias; - Projecto da Junta de Freguesia de Odivelas – “ComTacto na Rua”; - Iniciativas no âmbito da prevenção por parte das autarquias Constrangimentos - Instalações/equipamentos, as unidades existentes são na sua maioria desadequadas considerando-se necessária a construção de raiz de novos equipamentos; - Número insuficiente de médicos em relação ao número de utentes inscritos; - Dificuldade nos acessos aos serviços de saúde pública; - Inadequação das instalações dos serviços (extensões); - Inexistência de um Centro de Atendimento a Toxicodependentes na freguesia de Odivelas; - Falta de um centro de apoio e acompanhamento a pessoas infectadas ou afectadas com o vírus VIH/Sida com localização na freguesia de Odivelas; - Unidade Comunitária de Cuidados Psiquiátricos de Odivelas; Propostas de Intervenção: Dar continuidade ao projecto “ComTacto na Rua” nas acções de sensibilização acerca das toxicodependências nas escolas da freguesia; Actividades lúdico-culturais com a população com problemas de foro mental, em articulação com as entidades competentes; Desenvolver projectos/iniciativas na freguesia com a finalidade de dar respostas sociais à problemática VIH/SIDA; Seminário de informação/prevenção da Toxicodependência e VIH/SIDA. 219 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Apreciação Geral No que diz respeito à área da saúde deve-se ter a noção do seu significado e de que envolve um conjunto de condições no qual é pertinente descrever a situação em que o individuo se encontra ao nível individual e colectivo. Toda a área da saúde é um espaço de tratamento e prevenção. O Serviço Social neste contexto tem como funções principais a prestação de serviços assistenciais concretos e a escuta qualificada, descodificando anseios e angústias da população. No sector da Saúde apresentado neste diagnóstico social consegue-se constatar que o Centro de Saúde de Odivelas apresenta uma grave carência ao nível dos recursos humanos e ao nível de infra-estruturas, assim como no ponto Toxicodependência em que não existe qualquer resposta ao nível de acompanhamento e intervenção social na freguesia de Odivelas de apoio a esta problemática, exceptuando a intervenção das autarquias. Em resposta às necessidades da população de Odivelas torna-se urgente a construção de um novo Centro de Saúde. Por outro lado, visto essa impossibilidade, e a demora que tem vindo a instalar-se durante anos no que se refere à construção de raiz do mesmo, para o efeito torna-se premente a realização de obras de melhoramento e humanização das actuais infra-estruturas do Centro de Saúde e extensões face à situação de precariedade e degradação em que as mesmas se encontram, de forma a melhorar as condições de acesso e de atendimento aos respectivos utentes, assim como o melhoramento das condições de trabalho dos profissionais de saúde. O Centro de Saúde de Odivelas depara-se com uma insuficiente resposta ao nível de profissionais, e isso se pode verificar através dos dados apresentados o grande número de utentes que se encontram sem médicos de família (18016 utentes), e uma média de 1 médico para 2867 utentes na extensão de Odivelas e 1 médico para 2525 utentes na extensão Olaio, a juntar a tudo isto, tal como referenciado nos constrangimentos deste sector Saúde, existem neste Centro de Saúde salas onde chove, andares sem casas de banho, instalações adaptadas em prédios e sem elevadores ou com 220 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 escadas de acesso que dificultam a mobilidade de pessoas idosas, portadores de deficiência motora e para acompanhantes de crianças em carrinho de bebé. Assim, torna-se necessário assegurar de forma séria o direito à saúde, e não encerrando serviços de saúde, a construção de novos equipamentos de saúde, o alargamento do número de utentes com médico de família e garantir cuidados de saúde a toda a população da Freguesia de Odivelas 221 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Avaliação do Processo de Elaboração do Diagnóstico Social da Freguesia de Odivelas: Considerou-se pertinente por parte desta Comissão Social de Freguesia avaliar o processo de elaboração deste diagnóstico social, uma vez que se encontraram alguns obstáculos na sua construção, nomeadamente no que diz respeito à falta de disponibilidade por parte das entidades em partilhar informações sobre as mesmas. Desta forma vão ser enumeradas algumas dificuldades sentidas pela equipa de apoio à Comissão Social de Freguesia de Odivelas na realização do presente Diagnóstico Social: o Dificuldade em comunicar com os responsáveis das Associações; o Falta de participação de algumas entidades/instituições/associações; o Dificuldade na obtenção de dados; o Burocracia por parte das entidades na divulgação de dados no preenchimento dos inquéritos por questionário; o Desactualização das listas de contactos por parte das entidades competentes; o Processo moroso, no que se refere ao desenvolvimento do diagnóstico. Na realização do Diagnóstico Social da Freguesia de Odivelas constatou-se a existência de algumas omissões na freguesia, mas acima de tudo também foi possível verificar a existência de grandes potencialidades que favorecem uma maior dinamização e crescimento social, económico, educacional, cultural e recreativo da freguesia, praticado por todos nós. Estas potencialidades poderão ser melhoradas se os cidadãos residentes na freguesia de Odivelas adquirirem uma consciência colectiva que a participação social, assim como o exercício de cidadania conduzem a um crescimento global da Freguesia ao nível social, educativo, associativo e cultural. 222 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Glossário Acção Social/Prática Social: Tem por objectivo modificar o meio social, melhorar situações sociais ou mudar condições sociais. Visa evitar problemas na vida em sociedade ou facilitar ao individuo a solução dos seus problemas. Actores Sociais: Pessoas e agrupamentos que integram a realidade social. Adolescência: Segundo a Organização Mundial da Saúde, adolescente é o indivíduo que se encontra entre os dez e vinte anos de idade. Associativismo: Designa, por um lado a prática social da criação e gestão das associações (organizações providas de autonomia e de órgãos de gestão democrática: assembleia geral, direcção, conselho fiscal) e, por outro lado, a apologia ou defesa dessa prática de associação, enquanto processo não lucrativo de livre organização de pessoas (os sócios) para a obtenção de finalidades comuns. O associativismo, enquanto forma de organização social, caracteriza-se pelo seu carácter, normalmente, de voluntariado, por reunião de dois ou mais indivíduos usado como instrumento da satisfação das necessidades individuais humanas (nas suas mais diversas manifestações). Beneficiário: Indivíduo que beneficia directa ou indirectamente com um projecto. Existem beneficiários directos que são o grupo-alvo de intervenção e os beneficiários indirectos que são aqueles indivíduos que não sendo os alvos dos projectos podem beneficiar com este. Casamento: Pode ser definido como união sexual entre dois indivíduos adultos, reconhecida e aprovada socialmente. Caso: Acontecimento, facto, circunstância, casualidade. 223 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 CAT: Centro de Atendimento a Toxicodependentes. São unidades de tratamento em regime ambulatório, em que se presta cuidados globais a toxicodependentes, individualmente ou em grupo. As equipas que integram os CAT são constituídas por médicos, psicólogos, enfermeiros, técnicos de serviço social e técnicos psicossociais que, em regime ambulatório, apoiam toxicodependentes nas várias modalidades de tratamento e reinserção social. Ciências Sociais: Conjunto das ciências que se ocupam do estudo da sociedade e do social. Comissão de Protecção a Crianças e Jovens (CPCJ): São instituições oficiais não judiciárias com autonomia funcional que visam promover os direitos da criança e do jovem e prevenir ou pôr termo a situações susceptíveis de afectar a sua segurança, saúde, formação, educação ou desenvolvimento integral. Comissão Social de Freguesia: É uma das formas organizativas que materializam a rede social, constituindo uma plataforma de planeamento e coordenação social ao nível da freguesia. São compostas pelas Juntas de Freguesia e por entidades públicas ou privadas, desde que tenham aderido previamente ao Conselho Local de Acção Social, sendo que a sua adesão tem de ser votada pelo plenário da mesma. Conceito: É uma entidade psíquica abstracta e universal que serve para designar uma categoria ou classe de entidades, eventos ou relações. Os conceitos são universais ao se aplicarem igualmente a todas as coisas em sua extensão. Constrangimentos: São alguns dos desafios a serem concretizados. Cultura: Conjunto dos elementos materiais e espirituais que as gerações recebem e incorporam dos anteriores e transmitem às gerações subsequentes. 224 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Deficiência: No domínio da saúde, deficiência representa qualquer perda ou anormalidade da estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatómica. Em termos educativos, o conceito de deficiência. tem vindo a ser substituído pelo conceito necessidades educativas especiais (N.E.E.). Há uma N.E.E. quando uma deficiência (física, sensorial, intelectual, emocional, social ou qualquer combinação destas) afecta a aprendizagem até ao ponto de serem necessários alguns ou todos os acessos especiais ao currículo especial, ou modificado, ou a condições de aprendizagem especialmente adaptadas para que o aluno seja educado de um modo adequado e eficaz. Direitos: Derivam da expressão de uma sociedade organizada, isto é, do facto de existir uma ordem que engloba o cidadão e os direitos a que este tem, dentro dessa sociedade. Nessa medida, será uma recepção de valores e desde logo o da própria dignidade da pessoa humana. Mas de uma pessoa que faça parte de uma comunidade, de pessoa socialmente integrada. Diagnóstico Social: A palavra diagnóstico provém do grego diagnostikós, formada pelo prefixo día que significa através e gnosis que significa conhecimento ou apto para conhecer. A realização de um diagnóstico pressupõe saber quais são os problemas e a razão da existência destes problemas numa determinada situação; qual o contexto em que está inscrita uma determinada situação-problema; quais são os recursos e meios disponíveis para resolver esses problemas; quais são os factores mais importantes que influenciam uma determinada situação, bem como os actores sociais que estão implicados nesta situação; quais as decisões que se devem adoptar sobre as estratégias de intervenção e quais os factores que condicionam a viabilidade da intervenção social. Ética Deontológica: Defendida pelo autor Kant, valoriza a intenção da acção, de acordo com o dever, independentemente das consequências. Deontologia significa “teoria do dever” ou “estudo do que convém”, em termos de acção. Agir por dever e em função de uma boa intenção são os princípios que determinam a boa acção. Agir bem implica uma boa intenção e uma boa vontade. 225 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Educação: Engloba ensinar e aprender. E também algo menos tangível, mas mais profundo: construção do conhecimento, bom julgamento e sabedoria. A educação tem nos seus objectivos fundamentais a passagem da cultura de geração para geração. Empowerment: Consiste no processo de indivíduos e grupos locais ou comunidades que vão desenvolver as suas capacidades e vão adquirir o poder de uma participação activa. Exclusão: Fenómeno complexo aliado ao aparecimento de novas formas de pobreza e ao enfraquecimento dos elos sociais. Família: É um grupo de pessoas unidas directamente por laços de parentesco, no qual os adultos assumem a responsabilidade de cuidar das crianças. Idosos: Consideram-se pessoas idosas os homens e mulheres com idade igual ou superior a 65 anos de idade, que em Portugal está associada à idade da reforma. Imigração: Fenómeno social associado à entrada de cidadãos estrangeiros num País, com carácter de permanência. Infância: É o período que vai desde o nascimento até aproximadamente ao décimoprimeiro ano de vida de uma pessoa. É um período onde o ser humano se desenvolve psicologicamente, envolvendo graduais mudanças no comportamento da pessoa e na aquisição das bases de sua personalidade. Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS): São instituições constituídas sem finalidade lucrativa, por iniciativa de particulares, com o propósito de dar expressão organizada ao dever moral de solidariedade e de justiça entre os indivíduos. 226 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Instituições Sociais: Conjunto de procedimentos e modos de pensar que regem os comportamentos da sociedade de onde deriva o enquadramento da vida social e a estabilidade. Intervenção Social: É todo um conjunto de actividades realizadas de uma forma mais ou menos planeada e organizada de forma a actuar sobre um aspecto da realidade social. Tem sempre um objectivo em prática que é o de produzir algo e atingir objectivos. Objectivos esses que normalmente são de tipo temporal. Organizar, planear e desenvolver é sempre o seu objectivo final. Juventude: Uma fase natural da vida que decorre entre a infância e a idade adulta, onde o indivíduo passa de um estado de dependência ao estatuto social de adulto. Metodologia: é a disciplina que reflecte sobre os processos racionais de um pensamento metódico. Elabora os conceitos básicos e instrumentos racionais que um método deve utilizar a fim de atingir o seu fim. O bom uso destes instrumentos deve levar a organizar, interpretar e explicar dados como um todo racionalmente coerente. Modelo: Do latim modus: medida. Importa notar que qualquer modelo é a formalização matemática de um fenómeno real. É também uma antecipação racional que tem em vista a produção de um efeito no futuro. Os modelos só podem ser abordagens e aproximações de um futuro em que intervém numerosas variáveis, algumas das quais são imprevisíveis. Mudança Social: Fenómeno social colectivo que implica alterações estruturais da sociedade dentro de um determinado período de tempo. 227 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Necessidade Sensação: de uma carência, o sentimento de privação que um ser vivo experimenta devido ao facto de faltar alguma coisa para se realizar. Esse sentimento leva a desejar aquilo que permite satisfazer as necessidades Estado: de um ser considerado do exterior em relação ao que lhe faz falta para realizar os seus próprios fins. O sujeito pode ter necessidades das quais não tem consciência e ignora. Objecto: de que um ser tem necessidade para viver (ex. oxigénio); As necessidades variam com as condições de existência, os tempos, os lugares, as fases da civilização, as condições técnicas, os níveis de cultura… As necessidades não são todas da mesma natureza e não se situam todas no mesmo plano. Necessidades Físicas ou Fisiológicas; Necessidade Psíquicas ou Psicológicas; Necessidades de Vida em Sociedade; Necessidades de Bom Funcionamento da Organização Social. Núcleo Executivo: É o órgão técnico operativo responsável pela execução e operacionalização das decisões da Comissão Social de Freguesia. Objectivos específicos: baseiam-se nos resultados que se esperam alcançar e desmontam os objectivos gerais. Estes objectivos são formulados em termos operacionais, quantitativos ou qualitativos de modo a possibilitar a análise da sua concretização. Indicam estádios a seguir e são expressos de modo a descreverem situações a concretizarem. Os objectivos específicos consistem na operacionalização dos objectivos gerais. Objectivos gerais: caracterizam-se como grandes orientações para as quais serão orientadas acções e são elaboradas tendo em mente as finalidades do projecto. Os objectivos gerais consistem em grandes orientações e geralmente não são expressos em termos operacionais, através dos quais não é possível saber se estes objectivos foram 228 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 atingidos ou não. Normalmente não são datados nem localizados com precisão e são formulados através de verbos de acção. Organizações Não Governamentais: Organizações sem fins lucrativos, independentes dos Estados e vocacionadas para fins altruístas. Papel Social: Conjunto de comportamentos que se espera de um indivíduo no desempenho das suas actividades sociais. Parceria: Acordo de colaboração entre duas ou mais organizações de modo a articular as suas intervenções. Neste acordo está subjacente a partilha de informações, recursos humanos, materiais e financeiros. Potencialidades: Significam algumas das vantagens reconhecidas. Problema: Questão a ser considerada, resolvida ou respondida. Dificuldade, obstáculo, impedimento, contrariedade ou inconveniente. Problema Social: é considerado como um problema de relações humanas que ameaça a sociedade ou impede os ideais de muitas pessoas. Um problema social existe quando a capacidade de uma sociedade organizada, para ordenar as relações entre as pessoas, começa a falhar. Pode ainda querer significar uma situação geral que origina problemas, em particular por causa das más estruturas económicas, que provocam grandes desigualdades, injustiças, um descontentamento e um mal-estar geral de toda a sociedade. Processo: Do latim procedere: avançar (progredir). Termo geral para designar um conjunto de fenómenos em evolução. Apresenta uma certa coerência e uma unidade dinâmica. Chama-se por vezes processo a uma alteração qualquer notada por um observador que nela pode descobrir determinadas propriedades ou uma direcção 229 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 definidas. Neste sentido, toda a evolução social, toda a alteração, todo a acção ou relações sociais, etc. constituem processos. O processo social no sentido lato inscreve-se na estrutura social, com a qual constitui um binómio dialéctico em que a acção do processo modifica a estrutura, a qual, por seu lado, condiciona, o processo. Racismo: Visão deformada da realidade social baseada nos preconceitos étnicos e raciais e que defende a superioridade de uma raça sobre as demais. Recursos: Meios humanos, materiais ou financeiros que se encontram disponíveis para a concretização de determinadas actividades ou objectivos. Rede Social: A Rede Social é uma medida de política social que pretende impulsionar um trabalho de parceria alargado, incidindo na planificação estratégica da intervenção social local, envolvendo actores sociais de diferentes naturezas e áreas de intervenção. Ressaca: Síndrome de carência, síndroma de privação, síndroma de abstinência. Sensação de mal-estar físico e psíquico. Síndroma de privação de opiáceos: desejo de droga, Ânsia, bocejos, suores, lacrimejo, corrimento nasal, pupilas dilatadas, náuseas, falta de apetite, insónia, diarreia, dores musculares e lombares. Sem-Abrigo: Abrange um espectro de situações que têm em comum a falta de meios (pobreza) e dos laços comunitários (exclusão social) para aceder a um alojamento pessoal adequado. É uma das formas mais extremas de exclusão social, por vezes, uma das mais visíveis em que o carácter de privação múltipla é patente. Situação: Conjunto das condições concretas em que se encontra o ser humano; complexo que resulta da interacção, em dado momento, de um ser vivo, e sobretudo de uma pessoa humana, com o seu meio físico ou mesmo intelectual. 230 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Técnica: Conjunto de processos baseados em conhecimentos científicos, e não empíricos utilizados para obter certo resultado. Valores: São avaliados/desejados por vários indivíduos em grupo, merecem alguma/muita da sua atenção, servem determinado fim e podem ser trocados por uma quantidade determinada de mercadorias. O seu fundamento encontra-se no espírito do Homem que aprecia o interesse que o objecto externo apresenta. Há-os de vários tipos: jurídicos, económicos, éticos e morais, políticos, culturais, etc. Violência Doméstica: é a violência, explícita ou velada, praticada dentro de casa, usualmente entre parentes. Xenofobia: Antipatia ou repugnância por tudo que não é nacional gerando assim um nacionalismo extremo. 231 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 BIBLIOGRAFIA E FONTES Bibliografia: ANDER-EGG, Ezequiel, IDÁNEZ, Maria José Aguilar, (1999) – “Diagnóstico Social – Conceptos y metodologia?” - Instituto de Ciências Sociales Aplicadas BENTO e BARRETO, (2002) - “Sem-Amor, Sem-Abrigo”, Climepsi Editores, Lisboa BIROU, Alain (1971); Dicionário das Ciências Sociais; D. Quixote, Lisboa COSTA, Almeida e Melo, Sampaio, (1994); “Dicionário da Língua Portuguesa”; Porto Editora, Porto. COSTA, M.E, (1994) - “Divórcio, Monoparentalidade e Recasamento”, Lisboa: Asa GIL Ana, Filipa Alvarenga e Isabel Baptista in Revista do Instituto da Segurança Social, Dez. 2006, N.º 24 HENRIQUEZ, Alfredo (org.), (2001), “Serviço Social – Ética, Deontologia e Projectos Profissionais”; Lisboa, Madrid e S. Paulo, cpihts. LOURENÇO M. 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Mahoney e Barthel (1965) – “Escala de Barthel” QUIVY, Raymond e Campenhoudt, LucVan (1998) in “Manual de Investigação em Ciências Sociais – Trajectos”, Lisboa, 232 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 SILVA, Luísa Ferreira da (2001), “Acção Social na Área da Família” – Universidade Aberta, Lisboa, 234 Organização das Nações Unidas, (1999) – Manual para Escolas e Profissionais de Serviço Social, “Direitos Humanos e Serviço Social”, Série Formação Profissional, N.º 1 Revista do Instituto da Segurança Social,I.P, “Pretextos” de Setembro de 2006 233 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Fontes: - Acção Social Odivelas, Instituto Segurança Social, IP.; - ACIDI, Plano para a Integração dos Imigrantes; - Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos -APCP 2006; - Associação dos Profissionais de Serviço Social – A Ética no Serviço Social, Princípios e Valores, (1994) Adaptado pela Assembleia Geral da FIAS; - Carta Social – Rede de Serviço e Equipamentos; Ministério do Trabalho e da Solidariedade; - Centro Distrital de Lisboa – Planeamento de Gestão e Informação, 2007; - Concelho de Odivelas – Realidade de um povo – Maria Máxima Vaz, Colecção Património Hoje, Amanha, 2001; - Câmara Municipal de Odivelas - Gabinete de Saúde, Dez. 2006; -Câmara Municipal de Odivelas - Divisão de Saúde e Prevenção das Toxicodependências, 2005 - Guia de Serviços e Equipamento Social; Município de Odivelas – Comissão Instaladora (Gabinete de Assuntos Religiosos, Sociais e Institucionais); - Instituto do Emprego e Formação Profissional, Lisboa; - Instituto Nacional de Estatística, Recenseamento Geral da População e Habitação, 2001; - Instituto Nacional de Estatística - Censos, 2001; - V Conferência Internacional sobre Educação de Adultos, 1997 – UNESCO, Hamburgo; - Organização Mundial de Saúde, 2002. 234 _________________________________________Comissão Social de Freguesia de Odivelas Ano 2007/2008 Internet: Ballone (2003) in “Gravidez na Adolescência”, Psiqweb Dicionário de Sociologia (2000) Web.glossário.htm www.gadsida.org www.imigrantes.no.sapo.pt www.odivelas.com Wikipédia Site dos Bombeiros Voluntários de Odivelas - www.bvodivelas.com Site da Câmara Municipal de Odivelas – www.cm-odivelas.pt Site do IDT – Instituto da Droga e da Toxicodependência – www.idt.pt Site do Ministério da Educação - www.min-edu.pt Site do Instituto do Emprego e Formação Profissional - www.iefp.pt 235