30 31 Salvatore e Hermes
Transcrição
30 31 Salvatore e Hermes
Public - Caderno de Luxo Salvatore Ferragamo Ele foi um artista. Mais que uma marca que comercializou calçados, Salvatore Ferragamo deve ser lembrado como o primeiro artista a produzir sapatos feitos à mão em grande escala, caracterizando a grife que, hoje, trabalha com perfumes e cosméticos, além de roupas e acessórios que merecem destaque pela sofisticação, beleza e conforto. Nascido em 1898, em Bonito, vilarejo próximo a Nápoles, na Itália, Salvatore Ferragamo desde cedo demonstra vocação em fazer sapatos. Aos 11 anos, trabalha como aprendiz de sapateiro com Luigi Festa, um mestre para ele. Aos 13, abre uma sapataria (também desenhando modelos exclusivos) em Bonito. Com perspicácia, em pleno domingo Ferragamo inaugura uma loja em frente à igreja local: sucesso meteórico. Após um ano, a loja já tem clientes em cidades vizinhas e seis assistentes. Mesmo assim, ele decide mudar para os Estados Unidos. Lá, abre uma loja na Califórnia, próximo aos grandes estúdios de cinema, e recebe encomendas de calçados sob medida de grandes estrelas (Ava Gardner e Marilyn Monroe). A busca incessante pela excelência faz com que o designer estude Anatomia Humana, Engenharia Química e Matemática: tudo para produzir “sapatos que se ajustem perfeitamente aos pés”. Em 1923, Salvatore muda-se para Hollywood e lá e é chamado de “sapateiro das estrelas” ao abrir a Hollywood Boot Shop, que atendia personagens célebres do cinema. Em 1928, volta para Florença e cria a primeira fábrica de sapatos confeccionados a mão (com equipe de 60 artesãos). O gênio italiano fica conhecido por não gostar da produção em série e até 1957 havia criado mais de 20 mil modelos e registrado 350 patentes. Com forte uso de cores, Salvatore tem sua paleta composta por tons fortes e ousados, quebrando os padrões da época. Apesar da morte do designer em 1960, a família continua à frente do ateliê, no Palazzo Spini Feroni, prédio de características medievais e sede da marca. Os seis filhos herdaram o gosto pela perfeição e mantêm viva a história, continuando com o trabalho artesanal, além de lançarem coleções de lenços, cosméticos, perfumes, óculos, prêt-à-porter e acessórios para homens e mulheres, um velho sonho do mestre Salvatore. 28 29 30 31 Carro, Lufthansa, Hermes, Ferragamo.pmd 30 17/10/2012, 12:04 Hermès Lenços estampados com cavalos, escudos reais e índios; bolsas e acessórios escandalosamente laranjas em formatos peculiares. Tudo artesanal. Em um mundo onde até as marcas mais renomadas tornamse pasteurizadas, a Hermès fortalece seu nome sob os pilares do prestígio, exclusividade e pela sensação de expectativa gerada no cliente. Essa história de excelência começa em 1837. O seleiro Thierry Hermès abre uma oficina em Paris para vender acessórios em couro (baús para carruagens, selas, estribos, botas e luvas, entre outros). Em 1880, quando o filho de Thierry assume os negócios, a marca passa a vender selas de cavalos para a aristocracia. O automóvel chega, o fordismo implanta novas relações de produção e trabalho, mas a marca se mantém fiel ao artesanal. Em 1923, as novidades são as bolsas com zíper. Na mesma década, Émile-Maurice, neto de Thierry, desenha roupas feitas de couro de veado, que culmina na primeira coleção feminina, em 1929. Seu genro, Robert Dumas, assume em 1951 e introduz gravatas, malas de viagens, toalhas de praia e perfumes Hermès no mercado. Mesmo com o sucesso dos lenços de seda com motivos equestres (com produção de até 30 meses), o trabalho artesanal de peças em couro representa a marca. Em 1935, foi criado um marco: a bolsa Kelly, feita de couro em forma de trapézio, em homenagem a princesa Grace Kelly. Para ter acesso a bolsa Kelly e o modelo Birkin, é necessário esperar até dois anos. Para se ter uma ideia do grau de excelência, em 2007, diretores da Hermès dispensaram um lote inteiro de pele de crocodilo porque a tonalidade apresentada pelo couro estava levemente amarelada. As clientes não desistiram dos pedidos e se conformaram com um novo prazo de entrega, o que gerou maior sensação de expectativa e ansiedade. Empresa moderna, mas com identidade, a Hermès faz questão que cada produto seja fruto do talento humano. Cada um dos 620 artesões das 33 fábricas do grupo se dedica a produção de uma única peça, do começo ao fim do processo. Elegante e sóbria em suas coleções, fica fácil entender porque a Hermès não segue estilos, mas dita tendências através da união entre tradição e inovação. Entre tecnologia e talento. 28 29 30 31 Carro, Lufthansa, Hermes, Ferragamo.pmd 31 17/10/2012, 12:04
Documentos relacionados
Ferragamo scommette sui mercati emergenti Cina in testa. A
feita sem rodeios, é do CEO da grife italiana Salvatore Ferragamo, Michele Norsa, que comanda a empresa de sapatos e bolsas de couro que fatura US$ 1 bilhão por ano. Seu negócio está distribuído em...
Leia mais