Gerir v9 n30 (mar-abr) 2003 - Programa Gestão Participativa com

Transcrição

Gerir v9 n30 (mar-abr) 2003 - Programa Gestão Participativa com
Especial Resenhas
Sumário
Editorial
5
Cáritas Vanucci Batista Santos
Reflexões sobre a inclusão
6
Diana Maria Pereira Cardoso
Apresentação - Especial Resenhas
FALKEMBACH, E.M.F. Planejamento participativo: uma maneira de
pensá-lo e encaminhá-lo com base na escola.
8
9
Ligia Barreto Jacob
GANDIN, Danilo. Planejamento participativo: resumo geral.
11
Natacha d´Almeida Monteiro
SILVA, NAURA SYRIA. A Supervisão: história da (RE) produção.
13
Marli Raquel Dias Souza
LÜCK, Heloísa. et al. A escola participativa: o trabalho do gestor escolar.
15
Estela Márcia Veloso Barreto
PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar.
17
Elisa Maria de Jesus Santos
FERREIRO, Emília. Reflexões sobre a alfabetização.
19
Reginaldo Pereira dos Santos Júnior
ANTUNES, Celso. Como desenvolver conteúdos explorando as
inteligências múltiplas.
21
Maria Augusta da Silva Moura
BELOTO, Aneridis A. Monteiro. Interfaces da gestão escolar.
23
Dione Sá Leite Carvalho
FERREIRA, Naura Syria Carapeto. Para onde vão a orientação e a
supervisão educacional?
25
Alice Maria Avelar
1
Especial Resenhas
LUCK, Heloísa et al. Uma abordagem participativa para gestão escolar
e liderando e motivando a equipe escolar.
28
Rosemy Soares Marques
CASTILHO, Áurea. Liderando grupos: um enfoque gerencial.
30
Elaine Xavier de Souza
PERRENOUD, Philippe. Construir as competências desde a escola.
33
Jussiara Xavier Pinheiro
COLOMBIER, Clarie. A violência na escola.
35
Cleonice da Silva Santos
LORDELO, Maria Eulina. et al. Infância brasileira e contextos de
desenvolvimento.
36
Regina Maria de Sousa Fernandes
NUNES, Carla A. da Silva. Gestão democrática na escola pública:
o caso Marechal Henrique Teixeira Lott
38
Carmem Luciana Cardoso Martins Santos
MOREIRA, Herivelto. As perspectivas da pesquisa qualitativa para
as políticas públicas em educação.
40
Carmem Luciana Martins Cardoso Santos
LÜCK, Heloísa. Pedagogia Interdisciplinar: fundamentos
teóricos-metodológicos.
41
Cristiane Farias Barbosa
HOFFMANN, Jussara Maria Lerch. Avaliação, mito e desafio:
uma perspectiva construtivista.
43
Jaqueline Dourado do Nascimento
FREITAS, Katia S. et al. Avaliação externa em unidades de ensino
fundamental em Salvador: emoções e reações da comunidade escolar.
45
Jaqueline Dourado do Nascimento
JOHNSON, Spencer. O presente precioso.
47
Gilka Santana do Espirito Santo
JOHNSON, S.M.D. Quem mexeu no meu queijo?
48
Maria Bernadete Pataro de Queiroz
KUPFER, M.C. Freud e a educação: o mestre do impossível.
Cáritas Vanucci Batista Santos
2
50
Especial Resenhas
TAVEIRA, Eleonora Barreto. A pesquisa do/no cotidiano e suas múltiplas
possibilidades de apresentação.
51
Jaqueline Dourado do Nascimento
SANTOS, Boaventura de Souza. Um discurso sobre as ciências.
52
Sônia Maria Moraes Ferreira
Notícias
Palestra Estatuto da Criança e do Adolescente
54
Cleonice da Silva Santos
Palestra Portadores de HIV - Processos de inclusão de
portadores de HIV/AIDS no contexto escolar.
54
Denise Abigail Britto Freitas Rocha
Oficina de Encadernação
54
Estela Márcia Barreto Veloso
Prêmio Victor Civita
55
Cleonice da Silva Santos
Congresso Internacional de Educação
55
Cleonice da Silva Santos
Prêmio Qualidade na Educação Infantil
55
Cleonice da Silva Santos
15ª Conferência Mundial da Associação Brasileira pelos
Direitos de Brincar
55
Cleonice da Silva Santos
3ª Conferência Nacional de Educação, Cultura e Desporto
56
Cleonice da Silva Santos
2ª Jornada de Educação da Bahia
56
Cleonice da Silva Santos
Semana de Estudos sobre projetos de Trabalhos
56
Cleonice da Silva Santos
Jornada Pernambucana de Educação
56
Cleonice da Silva Santos
3
Especial Resenhas
Ciclo de Palestras e Oficinas - Gestão Educacional em Foco II -
57
Denise Abigail Britto Freitas Rocha
Entre em contato
4
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Especial Resenhas
Editorial
Cáritas Vanucci Batista Santos1
Refletir, agir e transformar são três competências que se buscam desenvolver no homem da era tecnológica.
Para isso, é necessário estar em busca constante de novos conhecimentos e práticas que asseguram a
participação de todos na construção de um mundo mais igualitário.
Essas transformações interferem no campo educacional, pois o que se passa fora da escola, reflete dentro
dela. Nesse sentido, é imprescindível que ela esteja atenta para não perder de vista sua missão: formar
agentes transformadores e conscientes da sua responsabilidade no processo de construção de uma sociedade mais justa e humana, que será alcançada por meio da participação e democratização de oportunidades a
todos, indistintamente.
Um fator de grande importância que visa esse novo perfil e contribuiu com o avanço na qualidade da
educação no Brasil foi o movimento em prol da descentralização e democratização da gestão das escolas
públicas, iniciado na década de 1980. É nesse momento, que um modelo de gestão participativa surge, sendo
necessário inserir todos os atores, direta ou indiretamente, envolvidos no processo educacional na construção
de um plano de metas compartilhado, visando uma melhoria na qualidade do ensino.
Esse novo cenário envolve mudanças de posturas de professores frente ao processo de ensino, levando-o a
aplicar uma nova prática pedagógica, diferenciada da que, até então, estava sendo desenvolvida. Assim
também, um novo modelo de gestor começa a ser implantado: não mais um ditador, uma gestão centralizada,
em que somente o diretor carrega o “peso” da responsabilidade, mas essa deve ser compartilhada a todos
que estão envolvidos com o processo educativo.
O perfil da democratização, da participação escolar, evidencia as mudanças necessárias frente à realidade
do mundo contemporâneo. Sobre isso, esta revista traz ao leitor, uma série de resenhas, indicando obras
literárias que abordam aspectos relativos ao assunto.
Além de temas específicos referentes à gestão educacional, a Revista traz outros, que enriquecem os
horizontes dos leitores, possibilitando um olhar crítico a diversos fatores que interferem no processo educacional como um todo.
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Estudante de Pedagogia, UFBA. Estagiária PGP/LIDERE. E-mail: [email protected]
GERIR,Salvador, v.9, n.30, p. 5, mar./abr. 2003
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Especial Resenhas
Reflexões sobre a inclusão
Diana Maria Pereira Cardoso 1
Em algum lugar, neste exato momento, há uma criança nascendo com uma limitação e também há pessoas
sofrendo acidentes que, quando não são fatais, deixam graves sequelas originando uma deficiência ou
limitação.
Normalmente, uma família não está preparada para receber um membro com qualquer tipo de deficiência.
A presença de um membro deficiente na família constitui-se inicialmente uma experiência traumática. A
família envolve-se num sentimento de perda, pois todo filho é idealizado pelos seus pais antes de vir ao
mundo.
Para a família trata-se da “perda” do filho imaginário e simbólico, o casal se depara com a dificuldade de
reconhecer esse filho deficiente como filho legítimo e mergulha numa profunda depressão, podendo chegar a um estado de “luto” ou poderá utilizar mecanismos diversos de defesa para fugir da situação.
Há casais que não suportam conviver com essa eterna “ferida narcísica” e resolvem desistir do filho
abandonando-o ou superprotegendo-o, o que não deixa de ser uma roupagem da rejeição. Um outro
mecanismo de defesa comum nos casais que têm filhos deficientes é a negação da realidade.
É impossível falar de inclusão sem antes mencionar a aceitação do portador de deficiência no ambiente
familiar. Se voltarmos ao passado, veremos que as pessoas que nasceram ou adquiriram uma deficiência
nunca foram aceitas pelos padrões de normalidade estabelecidos pelo contexto social ao longo da história.
Sem dúvida, se uma criança deficiente é aceita e integrada como membro da família serão maiores as suas
oportunidades de desenvolvimento, suas possibilidades de aprender, de descobrir e de se integrar à
sociedade. A família e, futuramente, todos aqueles que a cercam terão forte influência na construção da
sua identidade, da sua auto-imagem e auto-estima.
Não é intenção deste texto aprofundar as questões que envolvem a família das pessoas que apresentam
deficiência, mas pensarmos na seguinte questão: onde começa a inclusão?
Num país como o Brasil temos que envolver todos: o negro, o menino de rua, o pobre, o índio, o deficiente e outros, se quisermos falar de educação inclusiva.
1
Pedagoga, Psicopedagoga, Especialista em Educação Especial, Formação em PEI 1. E-mail: [email protected]
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GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 6-7, mar./abr. 2003.
Especial Resenhas
Há autores como Romeu Sassaki que define a inclusão como uma proposta de tornar a educação acessível e de melhor qualidade a todas as pessoas sem excluir ninguém sob nenhum pretexto. É inquestionável
que a educação de qualidade é uma necessidade real de todos, não apenas dos portadores de necessidades educativas especiais.
A sociedade deve pensar que educação de qualidade é um direito, não um privilégio. Sem dúvida, para
obtermos essa qualidade é preciso condições dignas de trabalho, professores melhor capacitados, bem
remunerados para que possam satisfazer às necessidades básicas de todo cidadão e que possam investir
em pesquisas científicas. Quando falamos de educação inclusiva, pensando nos alunos portadores de
deficiência, não podemos esquecer que assim como os pais se deparam com sua ferida narcísica o professor também se depara com questões profundas, pois não são todos que estão preparados ou que têm
condições psíquicas e profissionais adequadas para se deparar com o desconhecido, algo que foge do
seu conhecimento, revelando como espelho suas limitações e castrações e outras questões conscientes e
inconscientes presentes na relação.
Sabemos que a inclusão é um processo e para que obtenha resultados positivos todas as pessoas da
comunidade escolar (pais, alunos, professores, funcionários, direção) deverão estar envolvidas, sendo
fundamental trabalhar atitudes de respeito ao outro como cidadão e desenvolver ações que possam trabalhar o preconceito e a discriminação.
São inúmeros os benefícios adquiridos através da educação inclusiva. É convivendo com crianças com
deficiência que as “sem deficiência” se acostumarão e aprenderão a conviver e a respeitar as diferenças,
construindo cidadãos mais humanos, menos preconceituosos, tolerantes e atentos aos problemas sociais.
Na verdade todos serão beneficiados, pois as diferenças são enriquecedoras para todos. Ser deficiente
não é ser incompetente.
GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 6-7, mar./abr. 2003.
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Especial Resenhas
Apresentação
Especial Resenhas
Regina Fernandes1
As atualidades no campo educacional no Brasil, e na Bahia, quando são divulgadas, na maior parte das vezes
sob a forma de periódicos, revistas e mesmo livros tornam-se de difícil acesso ao estudante de graduação, e
por vezes ao professor.
A elaboração desta revista – Especial Resenhas – sob a coordenação da Dr.ª Katia Siqueira de Freitas,
denota o contrário dessa afirmação haja vista o conteúdo desta publicação ser em parte, resultado do esforço
e da valorização do trabalho no campo educacional, não só de professores mas também de estudantes de
graduação das universidades e faculdades do estado da Bahia, numa prática de gestão participativa inerente
à equipe do PGP/LIDERE
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GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 8, mar./abr. 2003.
Especial Resenhas
FALKEMBACH, E. M. F. Planejamento Participativo: uma maneira de pensálo e encaminhá-lo com base na escola. In: VEIGA, I. P. A. (Org.). Projeto
Político Pedagógico da Escola: uma construção possível. 10.ed. São Paulo:
Papirus, 2000. Cap. 5, p. 131-141.
Resenhista:
Ligia Barreto Jacob1
Elza Maria Fonseca Falkembach é mestre em sociologia rural pela UFRGS e professora no Departamento de Pedagogia da Universidade de Juí. Ilma Passos Veiga é doutora em educação, na área de Metodologia
de Ensino. Nesta obra ela reúne o trabalho de diversos autores formando um total de oito capítulos que
versam em torno do trabalho pedagógico por meio da constituição do projeto político pedagógico da
escola. Os textos estão organizados em torno dos seguintes temas: construção coletiva, gestão da escola,
relações de poder, autonomia, princípios básicos de planejamento participativo, relações ensino-aprendizagem e organização de educadores. O fio condutor desse trabalho é a defesa do fortalecimento das
relações entre escola e sistema de ensino.
Falkembach inicia seu artigo, “Planejamento Participativo: uma forma de pensá-lo e encaminhá-lo”,
chamando atenção para a necessidade do agir como resultado de uma reflexão, considerando o planejamento participativo como um instrumental teórico-prático capaz de realizar essa aproximação entre o
refletir e o agir. A autora chega a considerá-lo como instrumento pedagógico e político de mudança. A
autora propõe neste artigo uma reflexão sobre planejamento participativo, associando-o ao seu produto,
o projeto político-pedagógico da escola.
Partindo dos pressupostos do bom senso, da necessidade de rever conceitos e avançar na compreensão
do movimento social formado de processos e integrações, o planejamento participativo, segundo a autora, propõe e pode implementar as intervenções coletivas sobre o social de forma refletida e consciente. O
objeto do planejamento participativo é formado por elementos que devem refletir sobre o núcleo revelador
da totalidade social propiciando uma intervenção estratégica capaz de ocasionar mudanças.
Com base em suas experiências a autora aponta algumas aprendizagens a respeito do objeto do planejamento participativo na escola que não deve passar do âmbito das relações da comunidade escolar, definindo sempre qual é a esfera do social a ser priorizada. Os sujeitos do planejamento participativo são
considerados pela autora como seres em construção por também fazerem parte dos processos, que
integram a cotidianidade, são pessoas que convivem e assimilam valores de seu contexto social, dando
uma resposta imediata e uma ação prático-reflexiva por isso mesmo, podem desenvolver suas consciências e potencializar a coesão dos grupos.
Outro elemento indispensável ao planejamento participativo é o diagnóstico. Este é capaz de levantar
empiricamente a temática a ser trabalhada, é através dele que as informações se organizam num trabalho
1
Estudante de Pedagogia, UFBA. Voluntária PGP/LIDERE. E-mail: [email protected]
GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
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Especial Resenhas
de análise e síntese que percorrem todo o planejamento. A autora apresenta o diagnóstico como uma
estratégia de chegar ao empírico pelos seus problemas e recursos próprios, utilizando sua própria
potencialidade para dar base e legitimidade ao plano. Justamente por calcar-se na realidade dos sujeitos
envolvidos e executar suas ações por meio deles, o planejamento participativo é considerado pela autora
um instrumento estratégico de transformação do social.
Falkembach acredita que o planejamento participativo pode dar as bases de estrutura para um projeto
político-pedagógico capaz de recuperar ou construir a identidade da escola. Recomendamos a leitura
desse texto, pois traz reflexões que devem ser consideradas pertinentes por sua atualidade e coerência.
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GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
Especial Resenhas
GANDIN, Danilo. Planejamento participativo: resumo geral. In: A prática do
planejamento participativo. 5.ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1994. Parte I, p.53-60
Resenhista:
Natacha d‘Almeida Monteiro1
O autor inicia o capítulo afirmando que antes de planejarmos algo é necessário termos um ideal. Pois ao
fixar uma meta, torna-se mais acessível planejar ou encontrar caminhos a serem seguidos.
Esse capítulo traz um modelo para ser aplicado por todos nós na vida real. Pois, tudo que pretendemos
fazer, deve ser antes traçado e analisado, para que aumentem as chances de ser alcançado.
Em seguida, o autor menciona que são dois os níveis de planejamento, o estratégico (político-social) e o
operacional. O primeiro optando pelo destaque ao objetivo escolhido e aos que são favorecidos. Este
desenvolve-se a médio e longo prazo, enfatizando a criatividade, busca eficácia, propõe futuro, trabalha
centralizando-se nas necessidades, atentando mais à elaboração e à avaliação. Já o nível operacional
preocupa-se com o recurso a ser utilizado e o modo como tratá-lo.
O capítulo mostra que para se alcançar o nível operacional tem que se preferir os meios, preocupando-se
com cada caso, profanas da Antiguidade, onde acontecima separadamente, dando ênfase às técnicas, aos
instrumentos com o objetivo de buscar o funcionamento geral. Ou seja, sua atuação é sobretudo de
administração.
Com a explicação acima do autor, torna-se inegável que os dois níveis tenham decisiva importância no
processo de construção de uma realidade. É indispensável a interligação de ambos, para que se possa
definir aonde se deseja ir e com que intuito, isto é, ação-reflexão.
Mas é necessário que antes do planejamento ser participativo, seja científico.
Percebemos que o “novo” é sempre um mistério a ser desvendado na vida das pessoas, assim também é
o planejamento com possibilidade de conseqüências desastrosas que a participação pode provocar, uma
delas é a manipulação das pessoas pelas “autoridades”, outra é a utilização de metodologia inadequada
acarretando desgaste da idéia e finalmente a falta de compreensão do que seja a participação.
O autor sugere como fuga para evitar estas desagradáveis ocorrências observar em que níveis a participação está sendo exercida.
No texto encontramos uma frase extremamente real, que diz, que o nível mais presente é a colaboração
1
Licenciada em Letras, UNIFACS. Bolsista PGP/LIDERE. E-mail: [email protected]
GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
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Especial Resenhas
que implica na contribuição que é trazida pelas pessoas, a convite da “autoridade”. Até mesmo porque a
decisão ou a aparência democrática associada é um processo também de manipulação quando o “chefe”
decide, fazendo supor aos outros que estão “decidindo” ao apresentar em plenário, as questões.
Para finalizar, o autor comenta que a construção em conjunto, prática indispensável à sociedade, é de fato
a menos freqüente, pois a hierarquia e as desigualdades estabelecem poder e confiança nos mais fortes,
mais sábios ou mais ricos o que inviabiliza a verdadeira construção em conjunto.
A nosso ver, planejar significa operar transformações decisivas na realidade existente, baseadas em um
ideal previamente determinado. As metas propostas serão fundamentadas neste mesmo ideal e a partir daí
será estabelecido um projeto cuja administração tratará de cumprir, a fim de realizar o sonho ou aproximar-se dele o mais possível.
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GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
Especial Resenhas
SILVA, Naura Syria. A supervisão: história da (RE) produção. In: Supervisão educacional: uma reflexão crítica. 6.ed. Petrópolis: Vozes. 1987.
Resenhista:
Marli Raquel Dias Souza1
O texto em questão é um resgate histórico do processo de criação econômica, objetivando dar forma à
função supervisora desde as suas origens marcadas pela relação entre o homem e o trabalho, trazendo
como palavra chave o “controle”. O texto faz parte do livro Supervisão educacional: uma reflexão crítica,
lançado pela editora Vozes em 1987 e está na sua 8ª edição, tendo como autora Naura Syria Carapeto
Ferreira licenciada em pedagogia pela Universidade Católica de Pelotas/RS e mestre em currículo pela
Universidade Federal do Paraná, onde foi professora do Departamento de Planejamento e Administração
Escolar.
O percurso histórico feito pela autora mostra que com o advento do capitalismo industrial no século XVII
houve uma importância numérica na classe dos trabalhadores assalariados. Tal aspecto permite concluir
que o processo de trabalho passa a ser visto como acumulação de capital, visando o lucro, trazendo a
necessidade de “controle” e “supervisão” para assegurar a organização, manutenção e eficácia desse
processo. Sendo necessário buscar uma teoria e prática de gerência a fim de garantir essa relação de
controle.
Nesse cenário a gerência surge das relações entre os que administram e os que executam, caracterizando
a divisão do trabalho. A visão global do processo se perde pois, o indivíduo não tem a visão do todo e o
controle significa a fixação de tarefas. Segundo Ferreira a teoria de Taylor veio favorecer a fragmentação
do processo de trabalho determinando os que pensam e os que executam. Nessa relação, o controle é
modelado e estruturado em função do lucro e atua no sentido de controlar o abismo entre o “saber” e o
“saber fazer”, ou seja, são as relações de trabalho caracterizadas pela administração clássica e presente
até mesmo nas Escolas das Relações Humanas, já que mesmo as escolas que se “preocupavam” com o
ser humano, sempre deixaram transparecer estar a serviço de uma sociedade capitalista usando a motivação,
o bem-estar a favor da manipulação das massas trabalhadoras. “É o técnico em detrimento do humano”.
Essas novas relações sociais de divisão de trabalho, segundo a autora, traz a necessidade de um exercício
controlador pela supervisão. Conclui-se, então que a supervisão aparece no cenário sócio-políticoeconômico, historicamente, como função “meio”, ou seja, mediadora entre os que pensam e os que
executam, controlando o desempenho e a eficiência do trabalho, se concretizando como instrumento da
classe técnico-burocrática.
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Estudante de Pedagogia,UFBA. Estagiária PGP/LIDERE. E-mail: [email protected]
GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
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Especial Resenhas
Para tanto era preciso ter profissionais qualificados e o governo utilizava a escola como aparelho ideológico
do Estado para “qualificar” os profissionais, alguém que tivesse uma formação específica. Assim surge o
pedagogo com especialização em supervisão e o seu primeiro papel na educação é o de mediador:
alguém capaz de garantir a estrutura vertical das relações.
A formação do supervisor estava impregnada das concepções tecnicistas e contaminadas pelas teorias
que geravam o processo de produção com conceitos da racionalidade. Nesse contexto a educação se
apropria das concepções para a produção e o mesmo papel das fábricas vai para a escola funcionalista.
É o fator econômico determinando o tipo de escola atrelada às necessidades do contexto socioeconômico,
concretizando um tipo de escola desvinculada ao seu papel político-transformador, aberto aos “pacotes
prontos” planejados pela classe dominante, cabendo à escola cumprir e respeitar o planejado. Nesse
contexto o papel do supervisor mediador para controlar o desempenho e a eficácia do processo é de
fundamental importância para os interesses dominantes.
Frente essa situação, a autora levanta vários questionamentos em relação à atuação e à função supervisora,
que devem ser refletidas por todos os supervisores. Trazendo como questão crucial: “Qual é a função da
Supervisão Educacional no contexto brasileiro?
Essa é a questão básica para um supervisor, principalmente, porque a sua função foi por muito tempo
instrumento da classe dominante para manter sua hegemonia no contexto sociopolítico econômico.
É certo que um supervisor comprometido com as implicações sociopolíticas da educação adotará um
perfil e uma prática transformadora buscando um mundo e uma sociedade mais justos e humanos, colocando
a educação a serviço do desenvolvimento do educando, como um cidadão capaz de entender e intervir no
contexto em que vive.
Certamente o texto de Naura Syria Carapeto Ferreira é de grande importância para todo profissional de
educação refletir sobre o seu papel diante do contexto socio-político-econômico do qual faz parte.
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GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
Especial Resenhas
LÜCK, Heloísa; FREITAS Katia S; GIRLING,Robert; KEITH, Sherry. A escola
participativa: o trabalho do gestor escolar. 3. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 1998.
p.166
Resenhista:
Estela Márcia Veloso Barreto1
Neste livro, os autores abordam várias possibilidades para promover nos indivíduos e nas organizações a
participação em conjunto, enfatizando sempre, o gestor como agente que envolve e estimula a comunidade escolar, desenvolvendo um processo contínuo de participação dentro e fora do âmbito escolar.
A obra está dividida em duas partes: a primeira delas está subdividida em quatro capítulos, a segunda
parte apresenta estudos de casos nacionais e internacionais.
No primeiro capítulo, os autores abordam a participação na gestão escolar. Confirmam que o movimento
em favor da descentralização e da democratização da gestão das escolas públicas, iniciado no princípio
da década de 1980, tem encontrado apoio nas reformas legislativas, concentrando-se em três vertentes
básicas: a) participação da comunidade escolar na seleção dos diretores da escola; b)criação de um
colegiado/ conselho escolar que tenha tanto autoridade deliberativa quanto poder decisório; c)repasse de
recursos financeiros às escolas e, conseqüentemente, aumento de sua autonomia.
Em contribuição, os escritores confirmam, reforçam o caminho de outros autores como Liker (1971),
Xavier; Amaral e Marra (1994) etc., para os quais, a gestão participativa é trajetória para a melhoria das
relações e da qualidade do ensino e ações desenvolvidas em todos os âmbitos da escola. Para isto,
fazem-se necessárias algumas ações participativas citadas por (LÜCK, 1996): 1. Criar uma visão de
conjunto associada a uma ação de cooperativismo; 2. Promover um clima de confiança; 3.Valorizar as
capacidades e aptidões dos participantes; 4. Associar esforços, quebrar arestas, eliminar divisões e integrar
esforços; 5. Estabelecer demanda de trabalho centrada nas idéias e não em pessoas; 6. Desenvolver a
prática de assumir responsabilidade em conjunto.
No segundo capítulo, a liderança motivadora de uma equipe escolar é construída através de líderes que
reconheçam a necessidade de uma gestão participativa e que sejam responsáveis pelo sucesso de suas
organizações, motivando e criando métodos de interação entre os grupos, possibilitando um trabalho
integrado, que vise metas coletivas. Os líderes pró-ativos e que estabelecem um frutífero diálogo entre os
grupos, transmitem entusiasmo a todos ao seu redor, envolvem o grupo na construção e determinação de
uma visão de conjunto.
O terceiro capítulo trata da organização de ações que afetam tanto às relacionadas com tarefa para a
solução de problemas, quanto às relacionadas com as pessoas. Reconhece-se, no entanto, que essas
1
Licenciada em Construção Civil, UNEB. Especialista em Administração Universitária, UFCE. Bolsista PGP/LIDERE.
GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
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Especial Resenhas
linhas de ação combinadas são necessárias para a solução de problemas, uma vez que é imprescindível
olhar nas duas direções, nas situações e atividades e outra na reação das pessoas, na sua capacidade de
se articular coletivamente para resolvê-las.
A utilização de técnicas participativas para solucionar problemas e tomar decisões incentiva a equipe
escolar, os professores, assim como os pais e alunos, a se sentirem mais responsáveis pelos acontecimentos correntes na escola, e na melhor forma de agir, com atitudes coerentes na resolução de algum problema
existente na escola.
No quarto capítulo, Lück e seus colegas distinguem dirigentes educacionais, que na geração passada
exigiam funcionários segundo o modelo da administração clássica, que enfatiza a obediência cega às
regras e o cumprimento à risca dos regulamentos, de outros dirigentes participativos; estes encorajam
tanto a criatividade como o trabalho em equipe, na resolução de desafios cotidianos. Na gestão participativa,
a seleção dos professores envolve a comunidade escolar, a equipe escolar; suas lideranças são selecionadas
pela competência profissional. Este método de seleção é um fundamento básico de um sistema escolar
eficaz. Sendo assim, a escola participativa deve promover programas para capacitar diretores, professores e funcionários, buscando assim o crescimento e desenvolvimento de seus profissionais.
Na segunda parte, os autores apresentam alguns estudos de casos brasileiros reproduzidos e adaptados
da publicação do projeto Raízes e Asas, sob o título Qualidade para todos: o caminho de toda escola e
outros casos internacionais com contextos diferentes dos brasileiros, enfim as experiências dos casos
apresentados demonstram a preocupação e busca dos gestores, professores, alunos e comunidade em
resgatar a qualidade de ensino.
Nessas expectativas, notamos que esse livro além de ser grande desafiador de pensamentos e ações, com
certeza irá ajudar ao leitor a refletir sobre a gestão em uma escola participativa, bem como transcender
essas reflexões com atitudes coerentes e participativas.
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GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
Especial Resenhas
PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Tradução
de Patrícia Chittoni Ramos. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. 192 p.
Resenhista:
Elisa Maria de Jesus Santos1
Professor da Universidade de Genebra, Philippe Perrenoud, inicialmente, teve seu livro publicado em 12
artigos na revista L’Éducateur, da Sociedade Pedagógica Românica. O livro propõe uma reflexão sobre
as práticas pedagógicas que surgem frente às novas necessidades da sociedade. Isso é feito por meio de
uma lista de competências, baseada no referencial adotado em Genebra em 1996, para a formação
contínua, de cuja elaboração o autor participou ativamente. O autor enfatiza que sua análise abrange o
que está mudando no ofício do professor e que assim as competências “... representam mais um horizonte
do que um conhecimento consolidado...” (p. 12).
Ele opta por retomar o referencial genebrino (1996), pelo fato de ser um documento originário de uma
administração pública e por ter sido elaborado com diversas negociações entre a autoridade escolar, a
associação profissional, os formadores e os pesquisadores, assim há a garantia de uma maior
representatividade do que aquela que teria se construído por uma pessoa. O livro está organizado em 10
grandes famílias de competências, e cada uma é explicitada de acordo com as concepções do autor. O
conceito de competência é colocado como “... uma capacidade de mobilizar diversos recursos cognitivos
para enfrentar um tipo de situação...” (p. 15), ela não é um saber, mas a habilidade de organizá-los em
uma prática, ela constrói-se, em formação e no cotidiano escolar do professor.
O primeiro capítulo do livro trata de como organizar e dirigir situações de aprendizagem; para o autor,
enquanto os professores insistirem nas aulas expositivas somente, não dominarão “... as situações de
aprendizagem nas quais colocam cada um de seus alunos” (p.24). É necessário imaginar e criar outros
tipos de situações de aprendizagem, que solicitem um método de pesquisa, de identificação e de resolução
de problemas.
O segundo capítulo do livro trata de como administrar a progressão das aprendizagens, mais precisamente de criar e administrar situações-problema ajustadas aos alunos; elas devem ser concretas e ter um nível
de dificuldade próximo à zona de desenvolvimento dos alunos.
O terceiro capítulo do livro discorre sobre como conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação, que são a administração da aprendizagem de alunos com vários níveis em uma turma, onde não há
receitas prontas e o uso de múltiplos recursos pedagógicos é indispensável.
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Pedagoga, UFBA. Estudante de Especialização em Educação Básica de Jovens e Adultos, UNEB. Voluntária PGP/LIDERE.
E-mail: [email protected]
GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
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Especial Resenhas
A adoção de ciclos de aprendizagem plurianuais aumenta as perspectivas do trabalho docente, que vê a
aprendizagem dos alunos, não só restrita há um ano; o professor é responsável pela continuidade do
trabalho de seu colega, assim é necessário a discussão conjunta dos professores sobre a organização e
coordenação dos alunos.
O quarto capítulo discorre sobre como envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho, isto
é feito ajudando o aluno a desenvolver o desejo de aprender e sua curiosidade, explicando o sentido do
trabalho escolar e sua relação com o saber, para incentivar a decisão de aprender continuamente e a
capacidade de auto-avaliação dos alunos.
O quinto capítulo trata da competência de trabalhar em equipe, que é uma necessidade em face da divisão
de trabalho, a intervenção de psicólogos, dentistas, assistentes sociais e outros especialistas na escola, e
a continuidade do trabalho pedagógico, de um ano letivo ao seguinte. Essa competência exige a capacidade de trabalhar em equipe para a elaboração e execução de um projeto em comum, compartilhar idéias
sobre o que querem fazer juntos.
O sexto capítulo mostra as questões sobre a participação na administração da escola, da adesão contínua
dos professores e sua preparação nos novos saberes, partindo do interesse pela comunidade educativa
em seu conjunto mais amplo. A elaboração e negociação de um projeto para a instituição.
O sétimo capítulo consiste na competência de informar e envolver os pais, o que exige muita habilidade
por se basear numa relação de força da instituição escolar que se impõe aos pais pela obrigatoriedade do
ensino. Dirigir reuniões de informação e debate deve ser uma habilidade para falar das preocupações
gerais dos pais, evitando tocar em assuntos particulares nestas ocasiões.
O oitavo capítulo coloca a competência de utilizar as novas tecnologias em aula de maneira crítica, de
acordo com os objetivos propostos, como mais um recurso na aprendizagem dos alunos, quando se
fizerem necessários, exigindo do professor uma cultura básica em informática e outras tecnologias.
O nono capítulo trata da competência de enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão. A prevenção da violência na escola e fora dela e a luta contra os preconceitos e as discriminações sexuais, étnicas
e sociais é um dos grandes desafios dos professores, somente sendo possível trabalhar essa situação com
a participação de todos. O professor deve sempre analisar sua relação pedagógica, sua autoridade e a
comunicação em aula.
O décimo capítulo consiste na administração do professor de sua própria formação contínua. Para isso
ele deve saber explicitar as suas práticas, se conscientizando assim do que faz. Estabelecer seu próprio
balanço de competências e seu programa pessoal de formação contínua. Saber negociar com os colegas
um grupo de estudos, para sua formação comum.
O autor faz um panorama bem realístico das novas competências do ofício de professor e sua relação com as já existentes, mas é preciso lembrar que uma melhoria do trabalho deve estar integrada
a políticas-públicas de educação e bem-estar social que garantam um tratamento mais justo para os
professores e seus alunos, e garantam também melhoria nas condições de vida da população em
geral. Sem isso as mudanças no ofício do professor serão apenas aparentes e ajudarão a continuar
com as injustiças do sistema escolar, como a evasão, a repetência e outras.
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GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
Especial Resenhas
FERREIRO, Emília. Tradução de Horácio Gonzales (et. al.) Reflexões sobre
a Alfabetização. 24. ed. atualizada. São Paulo: Cortez, 2001.
Resenhista:
Reginaldo Pereira dos Santos Júnior1
Um dos principais impactos do trabalho desenvolvido por Emília Ferreiro foi a mudança de foco das
investigações e discussões sobre os problemas e o processo de alfabetização: em vez de se preocupar como até então era feito - com a metodologia do ensino da língua escrita, atitude essa fundamentada pela
crença de que todo o processo de alfabetização dependia “da aplicação correta do método adequado”,
o foco passou a ser direcionado para o aluno, suas hipóteses e seu processo de aprendizagem. Finalmente, percebeu-se que a criança pensa e possui uma lógica particular no desenvolvimento de seus pensamentos; o aluno não é alguém passivo, mas profundamente ativo quando elaborador e construtor de
conhecimento.
Nos dois primeiros trabalhos, A representação da linguagem e o processo de alfabetização e A
compreensão da escrita: construções originais da criança e informação específica dos adultos,
Emília Ferreiro aborda as diferentes concepções do que seja o ensino da língua escrita: ela pode ser
concebida como o ensino de uma técnica, em que a escrita é a transcrição dos sons da fala, portanto:
“Se não há dificuldades para discriminar entre duas formas visuais próximas,nem
também para desenhá-las, não deveria existir dificuldade para aprender a ler, já
que se trata de uma simples transcrição do sonoro para um código visual” ( p. 15)
A segunda concepção, defendida pela autora, é que o ensino da língua escrita deve ser visto como a
“compreensão do modo de construção de um sistema de representação” (p.15), em outras palavras:
o ensino de um novo conceito. Essa teoria será defendida e comprovada ao longo da leitura do livro, a
partir da demonstração – nos estudos de casos – das concepções e construções originais do pensamento
infantil a respeito da língua escrita.
As duas publicações seguintes, Processos de aquisição da língua escrita no contexto escolar e O
espaço da leitura e da escrita na educação pré-escolar serão utilizadas por Emília Ferreiro para
demonstar, também, por meio da análise das produções infantis, que as crianças possuem o “mau costume” de aprender sem pedir permissão, de pensar e elaborar hipóteses sem que ninguém tenha solicitado
fazê-lo; enfim, que é o adulto ou a escola que vai decidir quando e como vai ser iniciada a sua aprendizagem, neste caso particularmente, da língua escrita. A autora vai demonstrando, de forma brilhante e numa
linguagem bem acessível, que existe uma profunda incompatibilidade entre a forma de ensinar/alfabetizar
utilizada pela escola e o processo de aprendizagem vivenciado pela criança. O resultado deste desencontro
será representado pelos elevados índices de fracasso escolar.
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Estudante de Pedagogia,UFBA. Estagiário PGP/LIDERE. E-mail: [email protected].
GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
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Especial Resenhas
Enfim, a compreensão das idéias apresentadas neste breve livro, se levada à prática, poderá realizar não
somente uma revolução conceitual sobre a alfabetização mas também uma revolução conceitual da idéia
que temos do que seja a própria escola e do significado que atribuímos ao processo de ensino – aprendizagem. É imprescindível conhecer e entender de que forma a criança/aluno aprende para poder planejar
e refletir sobre a melhor maneira de ensinar.
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GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
Especial Resenhas
ANTUNES, Celso. Como desenvolver conteúdos explorando as inteligências múltiplas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. Fasc. 3.
Resenhista:
Maria Augusta da Silva Moura
Nesta obra, Celso Antunes aborda as Inteligências Múltiplas partindo da narração da experiência de um
professor de Geografia que durante a sua aula sobre o Pantanal utilizou diversos recursos audiovisuais. O
professor Marcelo falou com entusiasmo, relatou com detalhes, descreveu com precisão, preencheu a
lousa com critério, soube fazer com que os alunos descobrissem na interpretação do texto do livro a
magia dessa região quase selvagem. Exibiu um vídeo, congelou cenas e enriqueceu-as com detalhes, com
fatos experimentados, acontecimentos do cotidiano de cada um.
A sua prova era composta por uma redação sobre o tema e questões operatórias. Os alunos acharam fácil
e escreviam continuamente. Marcelo vibrava... Observava quanto interesse essa ciência, a Geografia,
despertava.
Todos os alunos iam muito bem, apenas um, o Luizinho, preocupava o professor. O Luizinho prestava
tanta atenção às aulas, mas na prova mantinha-se imóvel.
Mas, quando Marcelo anunciou que o tempo estava acabando e que teriam que entregar a folha, então,
rapidamente, Luizinho começou a desenhar sobre o Pantanal. Luizinho fez um desenho rico, minucioso,
preciso. O professor emocionou-se ao ver aquele desenho com uma riqueza esplêndida de detalhes que
até parecia um quadro tamanha era a perfeição das figuras e da pintura. Então, o professor perguntou
entusiasmado se o Luizinho já havia visitado o Pantanal e, para sua surpresa, o aluno nunca saíra da sua
cidade. Ele construiu a sua imagem a partir das aulas ouvidas.
No entanto, mesmo com toda aquela expressão de entendimento do que havia sido exposto em sala de
aula o professor deu zero pela redação. Na escola não era permitido que se rasbicassem as folhas de
prova.
A partir da narração dessa história Celso Antunes mostra que há muitos “Luizinhos” em muitas escolas.
Sua inteligência pictórica é imensa, clara e contrasta visivelmente com as limitações de sua competência
verbal. Expressou o que sabia da maneira que conseguia.
No entanto, nem todos os professores estão preparados para ouvir linguagens diferentes das que a escola
instituiu como única, universal e verdadeira.
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Pedagoga,UFBA. Voluntária PGP/LIDERE. E-mail: [email protected]
GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
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Especial Resenhas
Antunes utilizou-se deste preâmbulo para evidenciar a importância de os profissionais da área de educação estarem a par das diferentes linguagens que deverão usar para que possam discernir, estimular, sugerir
e encontrar seus alunos.
O autor apresenta, neste fascículo, as oito Inteligências Múltiplas estudadas por Gardner em seu livro
Estruturas da Mente: A teoria das Inteligências Múltiplas, que são: Lingüística, Lógico-Matemática, Espacial, Sonora, Cinestética-Corporal, Naturalista, Intra e Interpessoal e suas respectivas características e
considerações.
E, preocupa-se, primordialmente, em desenvolver um trabalho de contextualização dos conteúdos escolares às Inteligências Múltiplas. Sugere algumas práticas e propostas extremamente válidas que poderão
ser utilizadas como estímulos às Inteligências Múltiplas. Entretanto, é imprescindível esclarecer que essas
sugestões afastam-se de qualquer idéia que possa conferir-lhes o sentido de método pedagógico.
Este fascículo é de fácil compreensão, lúcido e coerente ao abordar conteúdos escolares e o desenvolvimento e exploração das Inteligências Múltiplas, ratificando a sua indiscutível relevância para educadores,
visto que devemos utilizar, compreender e interpretar as diferentes linguagens.
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GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
Especial Resenhas
BELOTTO, Aneridis A. Monteiro; RIVERO, Cléia Maria da Luz; GONÇALVES, Elisa
Pereira (org.). Interfaces da gestão escolar. São Paulo: Alínea, 1999. 111 p.
Resenhista:
Dione Sá Leite Carvalho1
Trata a obra de uma coletânea de artigos de profissionais da educação do Brasil que, em conjunto, traz
uma seleção de temas relacionados com a área de gestão escolar, com contribuições que vão desde
questões gerais sobre o campo da Administração Escolar até reflexões sobre as competências necessárias aos dirigentes de instituições de ensino.
Interfaces da Gestão Escolar, ao trazer a colaboração de diversos autores, tem a intenção de oportunizar
ao leitor “refletir sobre a especificidade da escola como organização; como espaço de sínteses, de transmissão e de construção de saberes”.
São apresentados 10 artigos, inseridos em três linhas norteadoras: Refletindo sobre a Escola-organização, Gestão e Qualidade na escola e Prática da Gestão escolar, a seguir descritas:
A primeira linha intitulada “Refletindo sobre escola-organização”, sinaliza para as diferentes possibilidades da prática administrativa a partir das perspectivas burocrática, participativa, conflito e cultura, analisa
a transposição das teorias administrativas no campo escolar, apresentando os seus desdobramentos no
sistema de ensino, ressaltando a idéia de que se por um lado a escola recebe denominação de organização
com normas, regimentos, estatutos que dispõem sobre a estrutura burocrática, por outro, é preciso refletir
sobre a sua dinâmica, as leis que são produzidas e que não constam no papel, porém todos as seguem.
Na segunda, Gestão, Currículo e Qualidade na escola, as autoras questionam sobre os elementos
norteadores do “Programa de qualidade total para a educação” e suas implicações nos segmentos da
escola, discutem as condições necessárias para se criar um ambiente de trabalho com uma convivência
sociável, seja na escola ou no canteiro de obras e ressalta a postura ética do educador em promover um
trabalho de ações que visem o coletivo, sob a perspectiva da aquisição do conhecimento.
“Prática de gestão escolar” finaliza focalizando as dificuldades de implantar uma cultura que tenha como
exercício constante uma prática pedagógica reflexiva, aborda a municipalização como instrumento
descentralizador para se alcançar a efetiva participação dos cidadãos e o Projeto Pedagógico como eixo
central que move a construção da autonomia escolar e por último traz dois textos nos quais são reveladas,
através do estudo de caso de alguns municípios de São Paulo, as atribuições do diretor escolar e do
coordenador pedagógico na perspectiva de ajudá-los a compreender melhor os problemas que enfrentam no cotidiano escolar.
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Estudante de Pedagogia,UFBA. Voluntária PGP/LIDERE. E-mail: [email protected]
GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
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Especial Resenhas
Após a sua leitura, percebe-se que o livro Interfaces da gestão escolar é uma coletânea escrita numa
linguagem clara e, ao mesmo tempo com oportunidade de reflexão direcionada aos profissionais que
atuam nas instituições tanto de ensino fundamental como de ensino médio em especial a diretores, professores e coordenadores pedagógicos.
Os autores manifestam, claramente, suas convicções e preocupações em relação à identidade da política
educacional quando enfocam a atuação do gestor escolar como responsável pelo clima organizacional na
escola, articulador das condições físicas e humanas para garantir “uma escola de qualidade”.
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GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
Especial Resenhas
FERREIRA, Naura Syria Carapeto; AGUIAR, Márcia Ângela da Silva. Para onde
vão a orientação e a supervisão educacional? Campinas, SP: Papirus, 2002.
(Coleção Magistério, Formação e Trabalho Pedagógico)
Resenhista:
Alice Maria Avelar 1
O livro objeto desta resenha, “Para onde vão a orientação e a supervisão educacional?”, editado pela
Papirus em 2002, como parte integrante da Coleção Magistério, Formação e Trabalho Pedagógico, foi
organizado por Naura Syria Carapeto Ferreira e Márcia Ângela da Silva Aguiar.
Ferreira, mestre pela UFPR e doutora pela PUC-SP, ambos em Educação, é titular da Universidade
Tuiuti do Paraná e também atua em pesquisas nas áreas de políticas e gestão da educação e na formação
de profissionais da educação.
Autora conhecida de diversos livros e artigos dentre os quais Supervisão Educacional: uma reflexão
crítica, Gestão democrática da educação: atuais tendências, novos paradigmas, novos desafios e Supervisão educacional para uma escola de qualidade.
Márcia Ângela da Silva Aguiar, graduada em Pedagogia, mestre em Educação pela Universidade Federal
de Pernambuco e doutora na mesma área pela Universidade de São Paulo, também tem longa atuação em
Educação. Atualmente, leciona no curso de Pedagogia e no Programa de Pós-Graduação do Centro de
Educação da UFPE, e desenvolve pesquisas nas mesmas áreas que Ferreira.
Assina livros como supervisão escolar e política educacional, e artigos como parâmetros curriculares
nacionais e formação do educador: A reforma educacional brasileira em marcha. As duas autoras têm um
longo histórico de trabalhos publicados em livros organizados pela dupla.
Composto de sete capítulos, este livro aborda sob vários ângulos a orientação e a supervisão educacional. À exceção da argentina Elisa Lucarelli, todos os autores trazem análises da realidade brasileira.
O capítulo inicial, “O trabalho e a formação dos profissionais da educação: priorizando finalidades com
autodeterminação”, escrito por Naura Syria Carapeto Ferreira, aborda como as forças sociais estão
presentes na formação dos profissionais de educação, as especializações, o mercado de trabalho, as
características desejadas para esses profissionais.
É com este propósito que Ferreira faz um chamado para a autodeterminação da formação desses profissionais.
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Estudante de Pedagogia, UFBA. Estagiária PGP/LIDERE. E-mail: [email protected]
GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
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Especial Resenhas
O capítulo seguinte, “Trabalho pedagógico: da fragmentação à unitariedade possível”, de Acácia Zeneida
Kuenzer, analisa de forma bem fundamentada, à luz de Marx e Gramsci, o trabalho pedagógico, como
decorrente da valorização do capital presente na escola capitalista. O binômio da interdisciplinaridade e
prática polivalente e, de outro lado, a transdisciplinaridade e a ação politécnica, propostas que se diferenciam pela postura crítica.
Segundo Keunzer, apesar de não ser possível a existência de práticas pedagógicas autônomas no capitalismo, ainda assim há possibilidade de pelo trabalho coletivo, transdisciplinar, com compromisso político
e competência, realizar um projeto político pedagógico que possibilite uma educação emancipatória para
todos.
O texto subseqüente, “Ação supervisora e formação continuada de professores: uma resignificação necessária” de Maria Isabel da Cunha, traz em tom de memórias algumas reflexões sobre a história da
supervisão educacional brasileira, percebendo as contradições, avanços e o amadurecimento desta prática. Não seria esse um exemplo de ação-reflexão-ação, como nos fala Balzan (1986; p. 48)?
É com este pensamento que a autora propõe que a supervisão pedagógica presente nos cursos de formação continuada de professores atue de forma processual, acompanhando a agregação de conhecimento
ao longo do curso. Percebemos aqui uma estreita concordância na proposta de Cunha, a preocupação de
Keunzer, na página 71 deste livro, e a compreensão de avaliação de Luckesi (2000).
No quarto capítulo, de Vera Maria Nigro Souza Placco, em “Formação de professores: o espaço de
atuação do coordenador pedagógico-educacional”, são discutidos aspectos do papel do coordenador
pedagógico-educacional, numa perspectiva de ação conjunta de todos os profissionais da educação, cujo
fim maior é a formação do aluno. São levantadas questões como os problemas da escola, a idéia que ela
tem de si mesma frente à formação ética, social e psicológica dos alunos, às relações sociais, à cidadania
e ao papel político do indivíduo.
Haveria unicidade na atuação desses profissionais? O educador possui formação que lhe desperte para
função política do projeto pedagógico da escola? Segundo Placco, a presença diária do coordenador
junto ao professor é fundamental. Para isto, a própria formação do coordenador, na universidade, deve
favorecer a crítica à realidade, à própria atividade da/na universidade, associando a ação prática à teórica. Afinal, é possível dar o que não se tem?
No texto intitulado “A formação dos profissionais da educação básica no curso de pedagogia”, Márcia
Ângela da Silva Aguiar analisa o processo de estruturação da formação dos profissionais de educação,
com base nos termos da LDB 9394/96 e decretos que regulamentam sobre o local de formação dos
profissionais de educação e seus campos de atuação. Destaca nos debates desenvolvidos a participação
do MEC e da Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação (ANFOPE).
No entender de Aguiar, duas questões fundamentais aparecem. O MEC pode dar parecer de exclusividade da formação superior de docentes aos Institutos de Educação Superior? Como estaria a fragmentação
do curso de Pedagogia em especialidades, bacharelado e licenciatura frente às exigências de atuação
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GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
Especial Resenhas
integrada na escola e junto à sociedade? A autora expõe com clareza e coerência seus posicionamentos
nestas questões.
No penúltimo capítulo, sob o título “O assessor pedagógico na universidade: novas propostas para uma
didática universitária”, Elisa Lucarelli discute a busca de novas formas de desenvolvimento do ensino
universitário frente às demandas crescentes da sociedade. Seus focos principais são a didática universitária, as correntes inovadora e tecnicista, a identidade do professor universitário e a figura do assessor
pedagógico universitário. Didática universitária ou didáticas específicas a cada disciplina? Como a profissão contribui na estruturação do ensino universitário?
Lucarelli propõe práticas didáticas que favorecem o processo crítico como a contextualização, a
multidimensionalidade, reflexões sistemáticas a partir de experiências concretas de ensino e aprendizagem, como Keunzer no segundo capítulo do livro, e defende a investigação e construção de marcos
didáticos específicos para cada campo disciplinar e profissional. Quem é, então, o assessor pedagógico
existente na estrutura universitária argentina? Conforme nos mostra Lucarelli, a utilidade e riqueza de sua
ação renovam as práticas presentes nas universidades daquele país.
No último capítulo deste livro, “A gestão democrática e a construção de processos coletivos de participação e decisão na escola”, Luiz Fernandes Dourado coloca a gestão democrática da escola no contexto
das mudanças sociais capitalistas e da LDB. O modelo vigente na LDB seria democrático? Como deve
ser a formação do profissional da educação para poder favorecer uma gestão democrática?
Para Dourado, é necessário repensar a organização escolar e os mecanismos de participação dos seus
integrantes. Acredita na construção diária da gestão, particular para cada realidade, sempre atrelada ao
projeto político-pedagógico voltado para melhoria da capacidade humana. Conhecer as leis, participar
da construção e atuar coletivamente por uma nova cultura escolar, esta é a proposta deste autor.
Percebemos nesta leitura vários olhares que compõem, a partir do conceito da complexidade defendido
por Morin, uma compreensão da orientação e supervisão educacional, levantando questões, esclarecendo pontos. Alguns traços, contudo, unem estas perspectivas. A educação para a formação cidadã e
crítica, a defesa do profissional de educação unitária com base na docência e a atuação desses profissionais na construção coletiva diária do projeto político-pedagógico da escola são alguns deles. Não pretende, entretanto, apresentar algo definitivo, uma vez que o discurso presente em todo o livro é o da crítica à
realidade.
Sem dúvida um livro atual, interessante, por vezes de leitura mais densa, mas que não pode ser ignorado
por todos os profissionais da educação, inclusive os professores universitários das diversas áreas e
graduandos de Pedagogia, que queiram se manter em sintonia com as questões atuais da supervisão e
orientação escolar.
Destaco em especial o capítulo de Lucarelli que, ao nos apresentar uma nova realidade, traz contribuições
valiosas para as nossas universidades e merece uma discussão na Faculdade de Educação (FACED).
De fato, um livro que cumpre o que pretende: discutir e lançar idéias sobre para onde vão a orientação e
a supervisão educacional na atualidade.
LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da Aprendizagem Escolar: estudos e proposições. 10. ed. São Paulo, SP: Cortez, 2000.
GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
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Especial Resenhas
LÜCK, Heloísa.(org.) et al.Uma abordagem participativa para gestão escolar e liderando e motivando a equipe escolar. In: A escola participativa: o
trabalho do gestor escolar. Rio de Janeiro: Dp&A, 1998.
Resenhista:
Rosemy Soares Marques1
Nos últimos anos, o Brasil tem passado por grandes transformações na área educacional. Consequência
disso, são as mudanças que têm ocorrido no processo pedagógico, onde a democracia tem sido presente
quanto à inserção e participação do colegiado escolar (composto por professores, direção, pais, alunos,
funcionários) nas decisões, com o objetivo de modificar as estruturas burocráticas da instituição escolar,
que durante muito tempo serviu para o fortalecimento e atendimento de interesses específicos de uma
pequena parcela da sociedade.
A gestão participativa surge num momento, em que não cabe mais a escola continuar com o modelo
convencional. É necessário inserir todos os atores que estiverem direta ou indiretamente envolvidos no
processo educacional na construção de um plano de metas compartilhado, visando uma melhoria na
qualidade de ensino
Sabe-se que criar um ambiente participativo, de trocas de aprendizado não é fácil, devido à estrutura
organizacional e centralizadora pela qual a educação brasileira passou em toda sua história, tendo claramente demarcado a função de cada um. Por isso, que o termo “participação”, ainda não foi absorvido por
grande parte das pessoas que acreditam na liderança autônoma, que decidem sozinhas as questões relacionadas com a aprendizagem, sem buscar dos professores um conhecimento maior da clientela.
Cabe à liderança criar um ambiente participativo, motivador e confiante, abrangendo todos aqueles que
estiverem inseridos no processo, analisando, discutindo e dando encaminhamentos ao grupo como um
todo para que seu projeto pedagógico consiga atender às necessidades dos educandos.
O líder deve viabilizar para que o ambiente seja propício ao trabalho em conjunto, mas em determinados
momentos ele terá que se posicionar, porque nem sempre ele poderá compartilhar em algumas decisões,
nem sempre ele estará apto a decidir sobre questões que não são de seu interesse.
A prática do gestor escolar participativo, infelizmente, ainda não se constituiu como uma prática comum
nas escolas, de forma a criar um clima favorável, baseado na segurança, flexibilidade e trocas de responsabilidades, com a finalidade de construir uma equipe capaz de solucionar os problemas que surgem no
cotidiano escolar.
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Estudante de Pedagogia,UFBA. Estagiária PGP/LIDERE. E-mail: [email protected]
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GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
Especial Resenhas
Apesar da gestão participativa se constituir como um avanço com relação ao desenvolvimento pedagógico da escola, percebe-se que, nem sempre as lideranças estão preparadas para trabalharem num processo democrático de trocas de informações, de valorização do ser humano, podendo com isso, continuar
reproduzindo um sistema autocrático que fora implantado na educação brasileira desde os primórdios.
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Especial Resenhas
CASTILHO, Áurea. Liderando Grupos: um enfoque gerencial. RJ: Qualitymark.
Ed. 1992.
Resenhista:
Elaine Xavier de Souza1
CASTILHO traz consigo, além de excelente bagagem acadêmica, uma rica e intensa experiência como
terapeuta, consultora e executiva de empresas. Publicou os livros: Dinâmica de grupo e Psicoterapia de
Grupo – Visão Organizacional e Clínica, além de inúmeros artigos sobre aspectos comportamentais nas
empresas. Com mestrado em educação pela Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do
Sul. Áurea Castilho é professora colaboradora em cursos de pós-graduação na Universidade Católica e
na Fundação de Ensino Superior de Pernambuco, onde fez sua formação básica em Pedagogia e Psicologia.
O livro está estruturado em cinco capítulos, os quais nos permitem maior entendimento e sensibilidade
para com a problemática das relações interpessoais e intrapessoais que norteiam a gestão diária nas
organizações e nos convidam a uma reflexão crítica sobre a postura do líder frente a seu grupo num
panorama maior e nas especificidades do dia-a-dia. Também se propõe a orientar consultores/gerentes a
aprenderem a melhor diagnosticar o que ocorre ao seu redor e adotar comportamentos mais adequados
nas diversas situações.
Segundo a autora, uma nova realidade vem sendo desenhada na nossa sociedade e no seio das organizações, o processo será lento e com constantes avanços e recuos, mas o importante é que esse processo
seja contínuo.
Os novos tempos requerem de nós maior estudo e melhor compreensão sobre os processos
sociopsicológicos, requisitos necessários para uma administração bem sucedida e eficiente na gestão de
pessoal, na era da qualidade total e da sede do conhecimento. Para CASTILHO, essa realidade esquecida por uns, ignorada por muitos é uma profunda força motriz de ajuda nas mudanças e na compreensão
científica do que ocorre enquanto ela se processa.
Percebe-se nas entrelinhas que é necessário um pouco mais de conhecimento das ciências do comportamento, a quebra da resistência às mudanças e aceitação de novos paradigmas, das quais se não concebidas por líderes, consultores, executivos e gerentes com certeza não lograrão êxito em suas tarefas. Nos
dias atuais é preciso investir cada vez mais na vida profissional. Como nos diz CASTILHO “... é passado
o tempo do empirismo, da tecnocracia, do centralismo e do poder arbitrário, onde cada um nele pode
escudar-se” (p.15).
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Estudante de Pedagogia,UFBA.Voluntária PGP/LIDERE. E-mail: [email protected]
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Especial Resenhas
A autora nos ajuda a compreender a dinâmica de grupos nas organizações. Nesse contexto podemos
perceber que trabalhar com pessoas é estar de frente com diversas situações, sobretudo a resistência às
mudanças apresentadas pelos liderados. O papel do líder; embora difícil, deve ser administrar, entender e
compreender. Essas situações acontecem as falhas de gestão, pois os líderes em sua maioria não entendem que esse processo leva tempo, e por cansarem de esperar, colocam suas posições como uma ordem
e muitos não conseguem perceber que a resistência é a expressão natural das pessoas diante do medo do
novo.
CASTILHO diz que “... as gerências tecnocratas e os consultores de conteúdos não sabem lidar com a
máxima de que as pessoas são diferentes, mesmo quando o apregoam verbalmente”. (p.5)
Infelizmente a maioria dos profissionais que ocupa os cargos gerenciais, os mantêm mais pelos ganhos,
pela vaidade e pelo poder de mandar e ter sob seu comando subordinados. É preciso repensar esses
valores, sobretudo perceber que como detentores de poderes legitimados pelo cargo que exercem esses
“líderes” são responsáveis pelo destino das organizações e como tal, podem influenciar seus subordinados a caminharem para o sucesso ou insucesso. É preciso abandonar a “teoria proclamada”, tão comumente
apresentada por diversos gestores que pregam uma coisa e se comportam de maneira completamente
diferente. Os aspectos dinâmicos que envolvem as relações entre as pessoas dentro de um grupo devem
ser levados em consideração, se não todo esforço desenvolvido no planejamento, na implementação de
normas, regras e procedimentos não lograrão êxito.
Segundo a autora é preciso saber lidar com as diferenças; as pessoas vivem sob fortes influências de
emoções, sentimentos, desejos... etc, muitas das quais sequer, o indivíduo tem clareza do quanto inconscientemente governam suas ações rotineiras ou projetos de vida.
Nos dias atuais o mundo vem sofrendo rápidas e constantes mudanças, um saber técnico e unilateral não
é mais por si só responsável e suficiente para o alto desempenho. São exigidas novas habilidades e
competências. Ser líder nesse contexto é, sobretudo ser capaz de reformular postura, reestruturar objetivos e redirecionar o olhar para a construção de novos líderes que se ajustem às exigências atuais; é
preciso ser democrático, participativo, equilibrado, humanizado, dinâmico e profissional.
O líder deve estar atento quanto a essas variáveis e deve estimular o comportamento ético, e nunca
enfatizar as melhores partes de seu produto, minimizando seus defeitos e subestimando o valor do trabalho do outro, o ideal é não dar espaço para que estereótipos negativos se mantenham, pois com certeza
em nada ajudará no progresso das organizações.
A autora apresenta em seu livro algumas formas de poder, que na sua atuação mais camuflada é responsável por conflitos constantes, alguns deles são: poder coercitivo, baseado no medo de punições e demissões; poder de recompensa: trabalhos premiados ou ausência de prêmio. Esta pode levar à desmotivação
e poder legítimo, (o indivíduo detém o poder por estar no cargo). Com base no livro de Alvim Toffler (As
mudanças de poder) a autora apresenta a seguinte reflexão “... o poder pela violência e pela força está
perdendo espaço para o poder do conhecimento” (p.18).
GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
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Especial Resenhas
Há uma revolução mesmo que modesta em relação a esses aspectos, os operários, subordinados e liderados já não aceitam ordem cegamente, também alunos em relação aos professores e a sociedade em
relação ao governo. Insistir com esse poder absurdo, irracional e abusivo para quê? Estamos assistindo à
transformação de poder autoritário para o exercício da autoridade com democracia, sensatez, ponderação e inteligência.
A autora apresenta as fases do processo de grupo: a inclusão do grupo requererá um tempo para se
concentrar na etapa que consiste no reconhecimento do terreno; fase do controle. O grupo experimenta
disputas pessoais e conflitos, ora se dando entre os membros do grupo (transparência múltipla de grupo),
ora se dando com a figura do facilitador, buscando disputar a sua liderança (contradependência); fase da
afeição considerada o ciclo de maior produtividade do grupo, pois aqui o grupo avançou na sua relação
de confiança mútua; e a fase da separação, momento terminal do grupo uma vez que termina sua missão
ou seu tempo de vida útil.
Este livro traz exercícios e práticas para serem trabalhados com o grupo, oportunizando–o perceber e
conhecer a si mesmo e aos outros. Também apresenta algumas fábulas, histórias, lendas e frases como
alternativas para atividades com o objetivo de promover o desenvolvimento de percepções diferenciadas.
Nas considerações finais a autora apresenta uma síntese do trabalho aqui resenhado e uma crítica ao
nosso acervo literário carente de obras específicas sobre processos de grupos voltados para a realidade
das organizações.
Este livro apresenta uma linguagem clara e de fácil compreensão, é um valioso instrumento não só para
gestores/gerentes como para líderes educadores e professores. Considero-o indispensável a pessoas
interessadas em reavaliar sua postura e constituirem-se em verdadeiros líderes cientes dos mecanismos e
movimentos do grupo, e também, adquirirem conhecimentos sobre os aspectos sociopsicológicos tão
necessários dentro das organizações.
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GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
Especial Resenhas
PERRENOUD, Philippe. Construir as competências desde a escola. Tradução de Bruno Charles Magne. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999, 90p.
Resenhista:
Jussiara Xavier Pinheiro1
Philippe Perrenoud é sociólogo suíço, professor na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação na
Universidade de Genebra, autor de várias obras importantes na área educacional. É um dos educadores
mais conhecidos por suas obras e por suas idéias sobre a avaliação em sala de aula e sobre a
profissionalização do professor. Autor de “Avaliação - da excelência à regulação das aprendizagens”,
“Construir as competências desde a escola”, “Pedagogia Diferenciada” e de “Dez novas competências
para ensinar”. Perrenoud é doutor em sociologia e antropologia, com especialização em práticas pedagógicas.
O livro, “Construir as competências desde a escola”, está organizado em quatro capítulos, no 1º capítulo
o autor traz sua definição sobre competência; no 2º analisa os programas escolares e a formação por
competências; no 3º aborda a questão das implicações da prática docente, no 4º capítulo mostra o efeito
da moda ou resposta ao fracasso escolar e na conclusão traz a necessidade de mudança na formação dos
docentes.
Perrenoud, no início da obra em questão, faz um questionamento sobre competência que muito se tem
discutido no âmbito educacional: “cabeças bem-cheias ou cabeças bem-feitas?”.
Antes de aprofundar nessa discussão, o autor define competência como “a capacidade de agir eficazmente em um determinado tipo de situação, apoiada em conhecimentos, mas sem limitar-se a eles”.
Explica que há um mal entendido em acreditar que ao se desenvolverem competências desiste-se de
transmitir conhecimentos, pois a escola encontra-se ainda em um dilema já que para construir competências ela precisa de tempo, que é parte do tempo usado para transmitir o conhecimento. Mas, para Perrenoud,
algumas competências podem ser desenvolvidas em grande parte na escola, outras não.
Na escola, adquiri-se conhecimentos disciplinares, mas não se tem a preocupação de ligar esses conhecimentos a certas situações da vida. Os seres humanos não vivem todos as mesmas situações, por isso
precisam desenvolver competências de acordo com sua realidade.
E para desenvolver competências é preciso, segundo Perrenoud, trabalhar com situações-problemas,
propor tarefas complexas e desafios que incitem os alunos a mobilizar seus conhecimentos.
1
Estudante de Pedagogia,UFBA. Voluntária PGP/LIDERE. E-mail: [email protected]
GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
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Especial Resenhas
Porém, há um outro desafio: como levar os professores habituados a sua rotina a fazer uma reflexão sobre
sua prática? Seria inútil exigir do professor que ele mude sua prática se o sistema educacional não faz
nenhuma mudança significativa e fundamental. Porém, se faz necessário da parte do professor uma revisão de sua prática desenvolvida em sala de aula antes de partir para uma nova ação.
Percebe-se uma competência quando há possibilidade de relacionar os conhecimentos adquiridos e os
problemas, pois chega um momento em que os conhecimentos acumulados não são mais suficientes,
como numa situação nova em que não basta dominar apenas os conhecimentos.
Já que a competência está ligada a uma prática social, de certa complexidade, com o objetivo de desenvolver o indivíduo, é preciso uma transformação tanto na relação dos professores com o saber, de sua
prática em sala de aula, sua forma de avaliar o aluno e de suas competências profissionais, e também na
postura do aluno, pois para desenvolver suas competências ele deve estar disposto a “trabalhar mais,
correr novos riscos, cooperar, projetar-se e questionar-se”. Pois, para Perrenoud “construir competências desde a escola requer ‘paciência ao longo tempo”.
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GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
Especial Resenhas
COLOMBIER, Clarie et al. A violência na escola. 2. ed. São Paulo: Summus,
1989.
Resenhista:
Cleonice da Silva Santos1
O livro apresentado é resultado de um trabalho conjunto baseado na experiência de uma equipe de
professores, suas hesitações e esforços de teorização sobre a observação das formas de violência que
aparecem nos colégios e a atuação desta equipe. Está organizado da seguinte forma: primeiro, apresentam duas histórias que dão uma idéia mais precisa dos dramas que acompanham o cotidiano dos professores e dos jovens; depois monografia que abre perspectiva do que pode ser feito, apesar de isto não ser
evidente; e novo registro das perspectivas onde aparecem as noções fundamentais subjacentes às ações
e buscas dos pesquisadores.
São narrados vários cenários de violência. Violência às paredes e objetos, violência entre alunos, entre
alunos e professores, entre alunos e pais. Elas variam de insultos a socos, pontapés, estrangulamentos e
furtos. Muitas vezes a violência dá-se contra si mesma através de cortes, queimaduras, fratura diversa,
suicídio.
A escola não deve reproduzir as situações de exclusão nem aumentar o sofrimento de cada ator envolvido, mas muitas vezes ela pratica a violência perniciosa, menos visível.
As professoras utilizam a Pedagogia Institucional que acredita que “O saber se adquire melhor e mais
rápido quando o desejo do aluno não é de antemão negado.” (p. 10).
A pedagogia institucional funciona com um Conselho Cooperativo onde todos os alunos devem fazer
parte, pois só assim ele faz sentido e é eficaz. Este conselho é um mediador concreto e tem a função de
“examinar a expressão, a inteligibilidade e o ato dos delitos... assim como o suposto poder do professor”.
Entre as ações da pedagogia institucional estão subsidiar a norma por marcas indicativas, medir a importância dos fatores que não domina, o fio condutor de atividades estar suficientemente ligado aos outros e
realizar atividades em pequenas etapas.
O Conselho Cooperativo funciona também como um local de aprendizagem, como local onde se fabrica
alguma coisa junto, organiza-se, trabalha-se e se produz com os outros, onde se correm riscos, cometemse erros, deixa-se criticar, prestam-se contas. É local de crescimento, ainda que seja lento.
Aponta ainda que o caminho percorrido é muito difícil, que há frustração e que se não há um momento de
estar juntos, trocando experiências, falando de seus obstáculos, não se chegará ao sucesso.
1
Estudante de Pedagogia,UFBA. Estagiária PGP/LIDERE. e-mail: [email protected]
GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
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Especial Resenhas
LORDELO, Maria Eulina et al (2002). Infância Brasileira e Contextos de
Desenvolvimento. São Paulo. Casa do Psicólogo. 2002
Resenhista:
Regina Maria de Sousa Fernandes1
O interesse pelos meninos do Brasil ensejou este trabalho que é o resultado da preocupação de onze
pesquisadores brasileiros e de alguns experientes professores ligados a várias universidades do país. Os
temas tratados neste livro bem nos mostram a inquietação dos autores não só em relação ao desenvolvimento humano nos internatos, orfanatos, creches, bairros periféricos pobres, ruas, aldeias indígenas, ambiente urbano ou rural e também, como esse trabalho, pode auxiliar na formulação de políticas -públicas
que norteiem planos de ação e efetuem as devidas mudanças nas idéias e nas práticas sociais relacionadas
à criança brasileira, tendo em vista a ótica dos autores de ser a infância uma fase do ciclo vital que exige
a atenção de toda a sociedade. Trabalho de pesquisa como este, Infância Brasileira e Contexto de
Desenvolvimento,conclama toda a sociedade para a implementação de atitudes preventivas a riscos, e
de programas de intervenção que sejam desenvolvidos, dando oportunidades e saúde para toda criança.
Bom seria se pudéssemos fazer referência aos demais temas considerados neste livro. Trataremos apenas
do 3º capítulo:” A vida e o viver em um orfanato: o ponto de vista de um grupo de meninos
residentes. A autora do estudo é a professora Eulina da Rocha Lordelo, professora do departamento de
psicologia da UFBA., doutorada em educação pela Universidade de S. Paulo, pesquisadora pelo CNPq,
professora dos Programas de Pós-graduação em Psicologia (Mestrado) e Educação (Mestrado e Doutorado) da UFBA que realizou esse estudo sobre ambientes considerados naturais para o desenvolvimento
humano.
A história das ações de proteção infantil às quais estiveram ligados o Estado, a Igreja e a
Sociedade: durante os séculos XVIII e XIX, as ações de proteção à infância abandonada no Brasil
eram lideradas pela Igreja que tomava para si a responsabilidade de educar as crianças órfãs e abandonadas, filhas naturais de escravas e prostitutas.No final do século XIX, com a proclamação da República,
“a preocupação do Estado centrava-se na formação de uma identidade do país, em meio a um contexto
caracterizado pela abolição da escravidão, pela urbanização crescente, conseqüência da industrialização,
e pelo incremento do crescimento demográfico. As condições sociais do momento,criaram um enorme
contingente de crianças abandonadas. Dessa forma, a concepção da infância adquire dimensão social,
deixando de ser objeto de interesse, preocupação e ação, predominantemente, do âmbito privado da
Igreja e da Família para se tornar uma questão de cunho político-social, de competência administrativa
do Estado.” (LORDELO, Eulina)
Foi graças à preocupação com o salvar a alma, com os dogmas de fé que fizeram com que em início do
século XVIII nos primeiros anos do império, os jesuítas fundassem, em Salvador, uma Casa destinada a
1
Licenciada em Letras, UFBA. Pós- Graduada em Pesquisa Educacional, UNESCO/INEP/USP. Bolsista PGP/LIDERE.
E-mail: [email protected]
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GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
Especial Resenhas
orações, retiro espiritual deles próprios, com uma suntuosa capela, salas de aula, três alas com instalações
destinadas à educação dos alunos internos e pessoal administrativo: salões, dormitórios, copa, refeitório,
cozinha, gabinete médico e dentário, além de serviço de enfermagem, secretaria, biblioteca.
O objetivo inicial do orfanato era, em regime de tempo integral, educar e qualificar para o trabalho até a
idade de 18 anos, meninos órfãos e pobres; a eles eram oferecidas as mais diversas profissões, tais como:
sapateiro, alfaiate, carpinteiro,cozinheiro (são muitos os “maîtres”, espalhados pelo mundo, oriundos da
Casa Pia de São Joaquim), músico (surgiu dessa Casa uma famosa banda que alegrou muitas festas,
nessa cidade de Salvador, durante décadas). Esta instituição, atualmente, recebe 150 meninos de idade
correspondente à educação infantil até os da 4ª série (14 anos), comprovadamente carentes, para dar
apenas uma educação acadêmica.
A Casa Pia e Colégio Órfãos de São Joaquim é hoje uma das chamadas instituições brasileiras de proteção às crianças afastadas de suas famílias; permanecendo essas crianças na instituição de segunda à
sexta-feira, durante o período escolar, quando o pai, a mãe ou o responsável, aos sábados vai à instituição
buscar esse menino que está sob sua tutela para passar o final de semana fora do Colégio: alguns passam
em casa outros na rua.
Segundo essa pesquisa, Infância brasileira e contextos de desenvolvimento é apresentada a partir
do ponto de vista de serem esses meninos considerados privilegiados por estarem abrigados. Todavia,
estar abrigado em uma instituição significa ser criança pobre o que em nossa sociedade equivale no
máximo merecer cuidados apenas para a sobrevivência. Pois, conforme nos mostra um aspecto ressaltado pela pesquisa, os depoimentos de relações afetivas com os adultos, excetuando os professores, não
existem no cotidiano.As interações com os adultos, na maioria dos relatos, enfatizam a punição como
mediadora das relações interpessoais. Não se pode afirmar que esses meninos constituem um grupo de
crianças abandonadas porque eles às vezes têm adultos “responsáveis”,um lar onde passam os finais de
semana e o abrigo na Casa Pia, que oferece alimentação, escolarização e forma restrita de lazer.
Entretanto, esses meninos fazem parte do contingente dos socialmente incluídos perversamente (Sawaia,
1999).
Essas crianças, cujos pais devido a sua condição de pobreza outorgaram a responsabilidade de proteção
a uma instituição, reconhecem-se em seus relatos como realmente são: crianças plenas.
Isto significa que dadas às condições, podem participar da sua construção como sujeitos sociais e singulares e repudiar qualquer forma de violência e de opressão.
Para a sociedade, são crianças institucionalmente protegidas. Contudo, se antes elas eram socialmente
excluídas, ao saírem da Casa, continuarão sendo. A atenção e os cuidados oferecidos durante o tempo de
internato não as habilitam quase sempre a ocuparem outros espaços sociais, senão retornar àqueles dos
quais elas vieram caracterizados pela pobreza e por condições de vida precária.
Infelizmente, o conceito de proteção à infância está permeado de ideologia, que o torna distinto para
diferentes grupos sociais.
GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
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Especial Resenhas
NUNES, Carla A. da Silva. Gestão democrática na escola pública: o caso
Marechal Henrique Teixeira Lott. Aracaju: Secretaria Municipal de Aracaju, 2000.
Resenhista:
Carmem Luciana Cardoso Martins Santos1
O presente livro é fruto do estudo de caso intitulado” Gestão Escolar: um estudo de caso da escola
E.M.E.F Marechal Henrique Teixeira Lott” de autoria da professora Carla Alessandra da Silva Nunes,
com o objetivo de analisar o impacto na escola pública das eleições para diretores e dos órgãos colegiados.
A Escola Municipal Marechal Henrique Teixeira Lott começou a funcionar com uma oferta de 63 vagas,
distribuídas nas 1ª e 2ª séries do ensino fundamental, atendendo a uma clientela pobre e marginalizada da
periferia de Sergipe. Com o desenvolvimento urbano e econômico que caracterizou a década de 70, a
escola Teixeira Lott foi se desenvolvendo, aumentando cada vez mais a oferta de vagas até se tornar uma
escola de porte médio. Em 1979, a organização administrativa já era bastante complexa , no entanto, o
trabalho pedagógico era, excessivamente, fragmentado dando ênfase ao planejamento; a tomada de decisões concentrava-se nas mãos dos supervisores e dos especialistas da educação.
A partir da década de 80, o poder público do Estado de Sergipe introduz mudanças significativas nas
diretrizes da política de educação, influenciada pela reabertura política que conduziu o país. Neste entusiasmo democrático todo o bairro, inclusive a Escola Teixeira Lott criaram ações democráticas inspiradas
na cultura de participação nas organizações políticas e nas associações de classe.
Também nesta época, o Conselho de Secretários de Educação (CONSED) e a União de Dirigentes
Municipais de Educação (UNDIME) desempenham um papel importante na criação de uma visão crítica
frente às políticas do Ministério de Educação e Cultura, por conseqüência a gestão escolar. Anteriormente, a administração educacional era limitada a um caráter técnico, passando a ser influenciada por instrumentos permitem a gestão democrática nas escolas públicas, introduzindo a esta um viés político. Neste
processo, temos como característica mais marcante no “estudo de caso E.M.E.F Marechal Henrique
Teixeira Lott”, a eleição para diretores e o conselho escolar.
A eleição para diretores na Escola Municipal Teixeira Lott foi um dos primeiros impactos da gestão
democrática na referida escola.Dentre as duas eleições para dirigente, observadas durante o presente
estudo foi detectado que para o novo perfil de gestor escolar é exigida responsabilidade.
O poder de conciliação frente aos conflitos de interesses entre a comunidade escolar e as diretrizes
estabelecidas pelo sistema é um aspecto necessário para o preenchimento do cargo.
1
Estudante de Pedagogia,UFBA. Bolsista IC/FAPESB. E-mail: [email protected]
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GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
Especial Resenhas
A atuação efetiva do conselho escolar na Escola Teixeira Lott é determinada pela influência direta de
relação do seu presidente perante os participantes. Outro fator observado, acerca do conselho escolar é
o poder de decisão não ser acompanhado de uma autonomia administrativa para resolução dos problemas. A participação da comunidade local nas reuniões do conselho escolar muitas vezes é diminuída pelas
necessidades dos pais de garantir a sobrevivência de suas famílias. Este fato favorece o corporativismo
entre os segmentos da comunidade escolar.
No aspecto pedagógico, não foi observada durante todo estudo uma intervenção direta da comunidade
local, desta forma, a autora conclui que a participação popular na gestão democrática na Escola Municipal Marechal Henrique Teixeira Lott é resultado de campanhas promovidas pela direção da instituição de
ensino, e não pelo amadurecimento político e conscientização da comunidade.
Este estudo é uma excelente oportunidade para alunos de graduação e pesquisadores da área de gestão
escolar adquirirem referenciais teóricos sobre a temática, tomando como base uma experiência concreta
da escola pública brasileira.
GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
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Especial Resenhas
MOREIRA, Herivelto. As perspectivas da pesquisa qualitativa para as políticas
públicas em educação. Ensaio. Rio de Janeiro, v.10, n.35, abr./jun. 2002, p.234245.
Resenhista:
Carmem Luciana Cardoso Martins Santos1
O presente artigo de autoria do professor Herivaldo Moreira, doutor em educação pela University of
Grã-Bretanha, professor e pesquisador do programa de pós–graduação em educação da Universidade
de Tuiuti do Paraná, tem o intuito de definir as principais características da abordagem qualitativa em
pesquisa científica em comparação com quatitativa e explicitar como esta pode orientar as políticas públicas em educação.
A abordagem quantitativa e os seus resultados vêm ao longo dos anos, influenciando as decisões dos
administradores da educação e as agências internacionais de financiamento, no entanto, este método
muitas vezes se mostra insuficiente para detectar as reais ansiedades e expectativas dos profissionais que
estão cotidianamente envolvidos no processo educacional.
Contrapondo-se a este paradigma, surge a abordagem qualitativa que é determinada por uma visão
interpretativa, naturalista na qual o foco de investigação é a essência do fenômeno, preocupando- se com
a significação que os atores envolvidos atribuem a um determinado evento, desta forma tendo maior
interesse no processo que no produto.
Neste sentido, a pesquisa qualitativa é um importante instrumento na implementação ou avaliação de
políticas educacionais. Por estar sintonizada com o contexto da escola brasileira e pela sua preocupação
com o significado do fenômeno para os atores sociais, esta abordagem, deve compor o quadro de informações que orientam a atuação das agências nacional e internacional.
Este ensaio constitui uma excelente fonte de reflexão para pesquisadores da área de educação bem como
para gestores educacionais responsáveis pela implantação das políticas educacionais vigentes.
1
Estudante de Pedagogia,UFBA. Bolsista IC-FAPESB. E-mail:[email protected]
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GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
Especial Resenhas
LÜCK, Heloísa. Pedagogia interdisciplinar: Fundamentos TeóricosMetodológicos. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.
Resenhista:
Cristiane Farias Barbosa Santos1
“Diante do colar, belo como sonho, admirei sobretudo o fio que
unia as pedras e se imolava anônimo para que todos fossem um…”
D. Helder Câmara
Heloísa Lück inicia a sua obra relacionando a situação de complexidade da vida humana com a própria
educação. Partindo desta realidade, enfoca as grandes dificuldades dos educadores no sentido de se
permitirem compreender a sua prática educativa e correlacioná-la com o mundo atual. A realidade se
tornou complexa, com situações contraditórias e conflituosas, deixando o homem despreparado frente
aos problemas múltiplos a serem resolvidos e exigindo dele maior polivalência, uma formação que proporcione uma visão globalizada da realidade e um desejo contínuo de aprendizagem.
O redirecionamento do ensino, ou seja, a superação da fragmentação do conhecimento e da compreensão da realidade, do isolamento entre as disciplinas e interpretação parcial da realidade é bastante enfatizada
pela autora, numa linguagem clara e concisa. Não se preocupa tão-somente com a prática do ensino, mas,
com a produção de conhecimento. A discussão em torno da dicotomia entre ensino e realidade, professor
e aluno, teoria e prática segundo a autora, não é atual. Porém, recentemente, os educadores vêem a
necessidade de adotarem uma nova visão e ação mais globalizada em vista às exigências sociais. Em meio
a estas contradições e atendendo às necessidades, surge a proposta interdisciplinar como uma alternativa
significativa de superar a disciplinaridade, a atomização do conhecimento humano em disciplinas isoladas
entre si, tanto na prática de ensino como na pesquisa científica.
Segundo a autora, a interdisciplinaridade pode correr o risco de ser considerada como modismo e isso
advém ainda da falta de visão dos educadores, da postura de acomodação, evitando gerar novos conceitos e idéias para colocá-las em prática. A dificuldade de se adotar uma visão globalizada está não somente
na área de educação, mas, em várias áreas de atuação profissional.
No âmbito escolar, os professores apresentam diferentes estágios de compreensão da interdisciplinaridade.
Geralmente, os professores são capazes de identificar características do ensino fragmentado e manifestam
a necessidade de maior intercâmbio, diálogo e integração entre eles. Porém, não alteram a sua postura
mental com relação à produção do conhecimento, se restringindo apenas ao aspecto pedagógico. O que
norteia este comportamento é o paradigma que fundamenta a disciplinaridade que dentre outras caracte-
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Estudante de Pedagogia,UFBA. Estagiária PGP/LIDERE. E-mail: [email protected]
GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
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Especial Resenhas
rísticas, considera a verdade como absoluta, a vida em sociedade competitiva, o universo como um
sistema mecânico. Esta visão positivista, influencia na produção do conhecimento que passa a explicar os
fenômenos de forma isolada, ou seja, a partir da visão de apenas uma área do saber.
Heloísa Lück, a partir da observação dos fenômenos naturais, ventos, chuvas, rios são abordados de
forma dissociada numa mesma disciplina. Isto ocorre também entre disciplinas diferentes, quando fenômenos semelhantes são explicados segundo a visão de cada uma delas. O comportamento humano,por
exemplo, pode ser explicado por fatores internos (Psicologia) ou por fatores externos (Sociologia). Esta
visão leva o indivíduo a entender a realidade e a resolver problemas de forma fragmentada.
A prática interdisciplinar é considerada como um meio possível para superar a fragmentação do conhecimento e do ensino. Esta prática ainda é confundida como: única técnica de trabalho adotada por diversas
disciplinas, justaposição de conteúdos, técnica de trabalho em equipe entre outros. Estas interpretações
são consideradas pela autora apenas como estágios para se alcançar a interdisciplinaridade. Antes de
julgar se alguma prática é ou não interdisciplinar, se faz necessário observar a tentativa desta construção.
A interdisciplinaridade se caracteriza por realizar o homem em todas as suas dimensões, torná-lo capaz de
resolver problemas de forma contextualizada, fornecer uma visão de conjunto. Deve-se considerar que os
problemas humanos não vão ser resolvidos somente a partir desta postura educacional, mas contribuirá
para entendê-los e neles intervir .
A articulação de conteúdos e disciplinas, a visão globalizada da realidade, o diálogo entre as disciplinas na
busca do saber comum, a convergência das disciplinas para a resolução de problemas e produção de
novos conhecimentos caracterizam uma prática interdisciplinar. Isto não significa desvalorizar o conhecimento produzido pelas disciplinas, pois é a partir delas que se faz a articulação. A questão está na busca
de complementariedade.
Para que este fato ocorra, Heloísa considera de fundamental importância as relações interpessoais entre
os educadores no sentido de desenvolverem ações para o estudo de sua prática, atitude crítica construtiva, aceitação de novas idéias e o trabalho cooperativo. Estas ações propiciam um clima favorável para a
construção interdisciplinar, e convivência com a complexidade, contradições e incertezas.
A educação tem a missão de dar sentido para o educando à complexidade vivida por ele, tornando-o um
sujeito crítico, capaz de solucionar problemas a partir de uma visão globalizada e interdisciplinar.
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GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
Especial Resenhas
HOFFMANN, Jussara Maria Lerch. Avaliação mito e desafio: uma perspectiva construtivista. Porto Alegre: Mediação, 1991,128p.
Resenhista:
Jaqueline Dourado do Nascimento1
A autora Jussara Hoffmann, professora da Faculdade de Educação da UFRGS, mestre em Avaliação
Educacional pela UFRJ, em seu livro vem atender a dificuldade sentida por muitos professores sobre o
ato de avaliar. Um significado sobre esse ato, uma contribuição teórica e reflexiva por meio de estórias
que retratam como tem sido a avaliação nas escolas.
No âmbito educacional há uma busca incessante por uma avaliação significativa. Há alguns professores
conscientes dessa necessidade, mas aplicam de forma superficial a avaliação significativa, enquanto em
sua grande maioria destaca-se uma dicotomia entre discurso x prática, ação classificatória x ação autoritária.
Como a própria autora enfatiza esta dicotomia encontra explicação na concepção de avaliação, dentro da
nossa história de vida, vista como um mito o qual retrata a ação autoritária, de julgamentos essa compreendida a uma visão reducionista, e um desafio, pois esses mitos devem ser ultrapassados. Para que essa
desmistificação ocorra é essencial que o professor tenha consciência dessas influências, assim dando um
novo significado ao ato de avaliar.
A avaliação como parte do processo educativo deve ser uma constante na prática do educador, propiciando um meio de investigação e dinamização, levando a visualizar e solucionar problemas enfrentados
quer seja com a metodologia utilizada quer seja com os conteúdos abordados, sobre a realidade em que
está inserido. “Um processo interativo, através do qual educandos e educadores aprendem sobre si
mesmo e sobre a realidade escolar no ato próprio da avaliação”.(HOFFMANN, 1991, p.18)
Os princípios norteadores da avaliação para Hoffmann baseiam-se em dois: o primeiro fundamentado em
uma pedagogia construtivista conscientizadora, o aluno como sujeito do seu desenvolvimento inserido em
seu momento histórico, autônomo,criativo e participativo. O segundo princípio se refere à concepção de
“ avaliação da teoria das medidas referenciadas a critério” contrapondo-se a esta teoria que se concebe
a avaliação como norma de caráter classificatório e adotando uma perspectiva interpretativa da aprendizagem construída no cotidiano da sala de aula, uma avaliação formativa.
Quando conceituada a avaliação por muitos professores restringe-se aos instrumentos testar e medir
esses agregados a uma avaliação classificatória. Por ocorrer confusões ao definir a avaliação limita-se o
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Estudante de Pedagogia, UFBA. Bolsista PIBIC-CNPq. E-mail: [email protected]
GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
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Especial Resenhas
desenvolvimento do aluno a uma nota, medida. Por isso é preciso que o professor tenha cuidado ao
elaborar testes ou atividades devendo considerar o real significado investigativo da avaliação, munindo-se
de condições de auxiliar seus educandos no processo de construção do conhecimento.
A autora aborda em todo o livro a avaliação como mediadora entre a fase de construção e a fase de
construção do saber mais elaborado, havendo uma integração entre professor e aluno em um processo de
leitura, análise e (re) construção de saberes sobre enfoques e perspectivas diferentes.
Este livro é um impulsionador a qualquer educador para adquirir novos conhecimentos, ter atitude
investigativa e dar um novo significado para a avaliação na prática educativa.
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GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
Especial Resenhas
FREITAS, K. S.; CARVALHO, Dione S. L.; PINHEIRO, J. X. Avaliação externa
em unidades de ensino fundamental em Salvador: emoções e reações da comunidade escolar. Gestão em Ação. Salvador-BA, v.5, n.1, jan./jun. 2002.
Resenhista:
Jaqueline Dourado do Nascimento1
As autoras, Dra. Katia Siqueira de Freitas, Ph.D pela Universidade do Estado da Pensilvânia (EUA),
professora da UFBA e coordenadora do Programa Gestão Participativa com Liderança em Educação, as
estudantes de pedagogia da Universidade Federal da Bahia-UFBA Jussiara Xavier Pinheiro, bolsista
PIBIC/CNPq e Dione Sá Leite Carvalho, bolsista IC/CNPq, apresentam o significado da Avaliação
Externa para a comunidade escolar que participou do processo da avaliação externa.
No início do artigo, as autoras destacam o quanto têm ampliado a discussão sobre o tema avaliação da
educação, principalmente, a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9394/96. Hoje,
a avaliação está presente nos diversos níveis e sistemas de ensino, avaliando os atores envolvidos no
processo de ensino aprendizagem.
O ato de avaliar acaba gerando momentos de tensão, apreensão dos atores envolvidos direta ou indiretamente neste processo. As autoras relataram emoções e associações expressadas pelos envolvidos na
avaliação, como algo controlador, classificatório, autoritário. Elas propõem fazer uma discussão com “um
olhar um tanto mais global... um olhar científico ou humano científico”. (p.72)
Para melhor compreendermos a importância da avaliação, as autoras fazem uma retrospectiva do que
conhecemos sobre avaliação dos educandos, por meio de autores que abordam a temática, a exemplo de:
Luckesi (2000), Hoffmann (2001), Garcia (2001), Perrenoud (1999).
A avaliação da aprendizagem surge nos colégios, no século XVII e progressivamente torna-se parte do
ensino até os nossos tempos. Há citações dessa prática em textos desde 1.200 a.C., com Weber, Comenius
em 1657, La Salle em 1720.
Desde a década de 1970 está ocorrendo a ampliação da avaliação externa no Brasil que, inicialmente,
praticada nos programas de pós-graduação e progressivamente em todos os níveis de ensino, a exemplo
do Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM, Exame Nacional de Cursos- Provão e o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica- SAEB.
Essa prática avaliativa promovida pelo Ministério da Educação-MEC passa a fazer parte da cultura
avaliativa dos estados e de alguns municípios, dentre esses o de Salvador.
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Estudante de Pedagogia,UFBA. Bolsista PIBIC-CNPq. E-mail: [email protected]
GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
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Especial Resenhas
A cultura avaliativa empregada nos estados e municípios tem como objetivo “elevar a qualidade do ensino, reestruturando-o a partir das necessidades detectadas, permitindo que a comunidade escolar possa
planejar melhor suas ações e promover melhor aprendizagem”.p73
FREITAS (et al, 2002) traz relatos de experiências no Estado da Bahia, especificamente, no município de
Salvador sobre avaliação externa desenvolvida na rede estadual de ensino pelo Programa Educar para
Vencer, da Secretaria Estadual de Educação, em parceria com a UFBA/ISP, com a Avaliação de Desempenho para alunos de 4ª e 8ª série do ensino fundamental. Na rede municipal de Salvador a avaliação é
intitulada Avaliação Socioeducativa para os alunos da 4ª série do ensino fundamental.
Com um quadro de resultados observados, as autoras ressaltam alguns pontos positivos da avaliação
externa: Primeiro, os professores reorientam suas ações com base na Matriz de Referência, visto que as
provas têm como referencial as Matrizes de Referência do Sistema Nacional de Avaliação da Educação
Básica-SAEB. Segundo, um maior empenho dos atores em conseguir alcançar maior êxito nos resultados. Estes pontos positivos irão refletir em melhorias no processo ensino-aprendizagem.
As autoras acreditam em uma maneira própria da comunidade escolar sentir e perceber a avaliação
externa,quando, inicialmente, os atores resistiram pelo fato de ser algo novo a sua realidade e de ocorrer
diversos ruídos na comunicação entre as Secretarias de Educação e as escolas. O artigo propõe alguns
aspectos que devem ser melhorados: esclarecer os objetivos da avaliação a todos os envolvidos; a
familiarização da forma e maneira de utilização dos gabaritos pelos alunos; um trabalho efetivo com os
resultados obtidos, visando melhorar a aprendizagem do aluno e a consideração à diversidade das unidades escolares pelos elaboradores da avaliação.
O artigo é um referencial para pesquisadores que buscam compreender a realidade baiana sobre avaliação externa, relatando as emoções sentidas pela comunidade escolar.
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GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
Especial Resenhas
JOHNSON, Spencer. O presente precioso.Tradução de Pinheiro de Lemos.
20. ed. Rio de Janeiro: Record, 2001.79p.
Resenhista:
Gilka Santana do Espirito Santo1
Spencer Johnson é formado em Psicologia pela Universidade da Califórnia do Sul e em Medicina pelo
Royal College of Surgeons, na Irlanda e autor de diversos livros nessa área.
No livro, O Presente Precioso, Johnson mostra uma parábola que revela como é importante cuidarmos
de nós mesmos para descobrir o segredo da felicidade pessoal.
É um livro de fácil leitura e bem ilustrado. O autor mostra que mesmo nas horas mais difíceis, é possível
encontrar a felicidade mais perto do que se imagina: dentro de nós.
São 79 páginas contendo mensagens que envolvem questões de relacionamento pessoal. Cada uma,
contendo uma dose de vibrações positivas. Faz um convite ao leitor, para que ele vá em busca do seu
presente precioso, não importando a idade que ele tenha. O autor relata a história de um homem que
viveu muito triste durante vários anos, mas que encontrou e descobriu o caminho para a verdadeira alegria
de viver.
Johnson encerra o livro da mesma forma como iniciou: incentivando as pessoas a valorizar e experimentar
o seu presente precioso não que seja uma coisa que alguém lhe dê: é um presente que cada um dá a si
mesmo e isso depende exclusivamente, de cuidar da sua própria vida para encontrar a felicidade.
1
Estudante de Administração, Fundação Visconde de Cairú. Estagiária PGP/LIDERE. E-mail: [email protected]
GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
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Especial Resenhas
JOHNSON, S.M. D.Quem mexeu no meu queijo?. Tradução de Maria Clara
de Biase. 24. ed. Rio de Janeiro: Record, 2001.
Resenhista:
Maria Bernadete Pataro de Queiroz1
Reconhecemos que o grande mérito desse último “best seller”, do americano Spencer Johnson M. D., é
o seu estilo metafórico que permite introduzir a possibilidade de se pensar nas mudanças de uma forma
simples, o seu lado positivo, saudável e construtivo, que nos orienta em que direção poderemos crescer,
e nos mostra quanto somos responsáveis pelo sucesso ou fracasso do nosso desempenho global como
pessoa.
Quem mexeu no meu Queijo? tem cerca de 107 páginas, muitas ilustrações e está dividido em três
partes, além de contar com um prefácio escrito por Kenneth Blanchard, Ph.D., que elucida “A História
por Trás da História, tentando justificar os porquês do livro e de seu sucesso no mundo inteiro.
O livro começa com uma reunião de antigos colegas de turma do curso secundário, cujo objetivo era
ouvir sobre o que estava acontecendo nas vidas uns dos outros. Embora tivessem seguido rumos diferentes, a maioria admitia que não sabia lidar com as mudanças inesperadas com que haviam se deparado em
suas vidas, reconhecendo que o ser humano tem uma incapacidade de lidar com as mudanças, pois essas
mesmas mudanças que podem lhe trazer o novo implicam em perdas que nem sempre ele esta disposto a
abrir mão.
Prosseguindo, o autor propõe uma segunda parte que é a história propriamente dita de “quem mexeu no
meu queijo”, desta vez, mostrando por uma parábola protagonizada por dois ratos e dois duendes, que
em geral as pessoas sentem medo do novo, do desconhecido do que não lhes é familiar, induzindo o leitor
a perceber que essa ameaça, contida na percepção da mudança, pode ser real ou imaginária, embora
seus efeitos sejam bem reais e concretos em manifestações fisiológicas, psicológicas e sociais variadas,
que funcionam como efeitos negativos e são agrupadas na noção genérica de “resistência a mudanças”.
Em contrapartida, o leitor é privilegiado com uma série de proposições, que o leva a acreditar que as
mudanças são possíveis e que há um amplo espectro de possibilidades, desde quando se é capaz de
analisar a questão sobre diversos ângulos diferentes.
Os “insights” deixados por “Haw”, nas paredes do labirinto, são fundamentais para aprender-se a lidar
com as mudanças, assim como se viver com menos estresse e alcançar mais sucesso na vida e no trabalho.
A metáfora do labirinto escolhida pelo autor para dar significado ao lugar onde procuramos aquilo que
acreditamos ser a nossa felicidade, e o queijo utilizado por analogia no lugar daquilo que queremos ter na
1
Psicológa,UFBA. Voluntária PGP/LIDERE. E-mail: [email protected]
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GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
Especial Resenhas
vida, e que o procuramos porque acreditamos que nos fará felizes, é o cenário perfeito para a introdução
das idéias sobre mudanças preconizadas por Dr. Spencer Johnson.
O livro encerra-se com um interessante debate sobre o que cada um dos colegas presentes à reunião,
tinha aprendido com a história de quem mexeu no meu queijo?, tentando reconhecer-se nos personagens imaginários da parábola, eles fazem uma reflexão sobre os respectivos comportamentos, atitude e
valores, diante das mudanças inevitáveis que aconteceram em suas vidas, do ponto de vista pessoal,
familiar e profissional.
De modo geral, identificamos que o processo a ser percorrido para o alcance de mudanças propostas na
parábola Quem mexeu no meu Queijo? construída por Spencer, já foi amplamente delineado nos estudos desenvolvidos por O’Connor e Seymour (Treinando com a PNL, 1966), que por sua vez fundamentaram-se na teoria da Programação Neurolinguística - PNL, surgida nos EE.UU na metade da década de 70.
Estabelecendo um paralelo com a PNL, identificamos os seguintes procedimentos indispensáveis a modificações, nos processos seguidos pelos duendes e ratos: é imprescindível primeiro, que haja algum
desequilíbrio ou crise interna que propicie alteração de percepções e introdução de novas idéias, sentimentos, atitudes e comportamentos - observem a reação de Hem quando não encontra mais o seu queijo
no lugar em que estava acostumado a encontrá-lo. Esse primeiro estágio para a mudança pode ser superado, pela comunicação, questionamento e introdução de novas informações, mas que por si só não
basta para a resolução do problema. Necessário então se faz que se passe para a fase seguinte, que
consiste na decisão pela mudança, e na aprendizagem de novos padrões de percepção, conhecimentos,
atitudes e ações substituindo-se alguns aspectos considerados inadequados por outros mais apropriados,
de recente aquisição intelectual e emocional. Essa etapa chamada de incorporação é da maior importância, pois compreende um processamento interno que significa transformação do conjunto como um todo.
Há pessoas como o duende Hem, que tendem a ver a situação sempre sob um mesmo ângulo, determinado, o que impede a exploração ampla e livre de outros aspectos para compreensão e diagnose mais
completa e mais apropriada. E, finalmente, com o exercício continuado dos recentes padrões de conduta
adquiridos aos poucos, a nova estruturação prevalece sobre a anterior. Desse modo alcança-se a última
fase do processo de mudança - a estabilização.
Compartilhamos com as proposições do autor de Quem mexeu no meu queijo?, que enfatiza a flexibilidade e a adaptabilidade a mudanças como condições indispensáveis para a sobrevivência de pessoas e
de organizações na sociedade atual. E, parafraseando o duende HAW, admitimos que “o maior obstáculo à mudança está dentro de nós mesmos e que nada melhora até a gente mudar”.
Spencer Jonson M. D. é conhecido internacionalmente na área da administração, não só pelas onze
milhões de cópias de seus livros, publicados em 26 idiomas, quanto pelas palestras que confere no
mundo inteiro. Sua formação inclui B. A em Psicologia pela University of Southern Califórnia e M. D. do
Royal College of Surgeons, além de inúmeros trabalhos realizados para a Harvard Medical School e The
Mayo Clinic. Ele acumula em seus créditos inúmeros “best sellers” oriundos da série “UM MINUTO”, na
qual é preconizada a idéia de que a vida é vivida minuto a minuto, e mostra como 60 segundos gastos em
prol de nós mesmos, pode nos conduzir a uma vida plena e cheia de sucesso. Nesta série destaca-se “O
Gerente-MinutoTM”, que constitui-se no best seller número 1 do New York Times, escrito em parceria
com Kenneth Blanchard, Ph.D.
GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
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Especial Resenhas
KUPFER, M. C. Freud e a Educação: o mestre do impossível. 3. ed. São Paulo:
Scipione, 2001.
Resenhista:
Cáritas Vanucci Batista Santos1
Contam-se entre as 3.667 páginas que compõem a edição espanhola das obras completas de Sigmund
Freud, menos de 200 dedicadas à reflexão, análise e crítica sobre educação. Mas, a autora ilustra, por
meio deste livro, o pensamento do considerado pai da psicanálise em relação à educação.
Segundo a autora, Freud acalentava o sonho de que um dia a Psicanálise pudesse ser colocada a serviço
da sociedade como um todo e, principalmente, da Educação. Foi apegado a este sonho que Freud
pensou com sua mente e seu desejo, transformando-se num mestre extremamente eficiente, buscando
descoberta na tentativa de compreender o indivíduo. Com isso construiu uma estrutura representativa
para análise da mente humana: id, ego, superego que estão, respectivamente, relacionados ao inconsciente, pré-consciente e consciente. Para ele, este sistema torna-se responsável por grande parte das manifestações visíveis no comportamento do indivíduo e que padrões e valores sociais intervêm na construção da
personalidade e no funcionamento mental. Baseado nesta estrutura, pode-se entender a personalidade do
indivíduo, o comportamento apresentado por ele e, conseqüentemente, a inter-relação dos homens.
Para Freud, a Educação é uma missão impossível, já que só poderá ser pedagogo aquele que se encontrar capacitado para penetrar na alma infantil. No entanto, os adultos não compreendem a própria infância. Além disso, as crianças costumam tecer suas próprias explicações a respeito da sexualidade.
Mesmo não acreditando que a psicanálise pudesse exercer grande influência no campo educacional,
Freud acredita que o pedagogo que conhece sua teoria, possibilita uma melhor aprendizagem ao seu
aluno.
Nesta obra, Kupfer aborda o processo de transferência como uma manifestação do inconsciente e que
resulta em impulsos e fantasias despertados e tornados conscientes, transferindo assim, esses sentimentos
de uma pessoa para outra, ou seja, do aluno para o professor ou do professor para o aluno.
Este livro traz, em poucas páginas, relatos importantes da obra de Freud que esclarecem ao leitor o
processo de desenvolvimento do indivíduo, possibilitando assim uma prazerosa compreensão de sua
teoria relacionada à educação.
1
Estudante de Pedagogia,UFBA. Estagiária PGP/LIDERE. E-mail: [email protected]
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GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
Especial Resenhas
TAVEIRA, Eleonora Barreto. A pesquisa do /no cotidiano e suas múltiplas possibilidades de apresentação. IN: OLIVEIRA, Inês Barbosa e Nilda Alves (Orgs).
Pesquisa no/do cotidiano das escolas-sobre redes de saberes. Rio de Janeiro: DP&A, 2002, 2. ed. p.109-129.
Resenhista:
Jaqueline Dourado do Nascimento1
A autora do texto, a professora Eleonora Barreto Taveira, mestre em educação, pela Universidade Federal Fluminense, tem o intuito de relatar algumas de suas experiências adquiridas durante o processo de
elaboração da sua dissertação de mestrado.
A pesquisa realizada pela autora na Escola Estadual Barão de São Gonçalo, no turno noturno, do ensino
fundamental buscou elementos que demonstrassem o cotidiano dos atores envolvidos no processo de
construção do conhecimento, observando a maneira de pensar-agir de cada ator e o movimento da
comunidade escolar, o seu currículo. Para auxiliá-la nessa pesquisa, Taveira utilizou dois instrumentos:
observação participante e entrevistas.
Ao se utilizar os instrumentos em pesquisa é essencial conhecer o que cada um poderá oferecer de
contribuição para o seu desenvolvimento, enfatiza a autora. O importante ao utilizar a observação como
instrumento é valorizar tudo o que está sendo visto, sentindo no ambiente, registrando situações, fatos que
servirão para compreender as relações, os problemas e as dificuldades vividas pela comunidade escolar.
As entrevistas, como segundo instrumento escolhido para a pesquisa aconteceu por meio de conversas
formais e não-formais sendo previamente estabelecidos pela pesquisadora os pontos fundamentais.
A observação participante e entrevistas acontecem a todo o momento, pois as informações obtidas por
esses instrumentos são adquiridas no cotidiano dos sujeitos. Com o alto volume de informações podem
ocorrer dificuldades em organizar e sistematizar os dados até pela “não-linearidade” dos acontecimentos
“própria desse cotidiano e do cotidiano da pesquisa”.p.111
Como orientação e sugestão para os leitores a autora organiza o material adquirido durante a sua pesquisa em três formas de apresentação: a primeira-escrever tudo, sem uma ordem, na proporção que acontecem as coisas; a segunda forma “organizar o escrito movimento-tempo-cadência” e a terceira é fotografar, registrar o espaço, o movimento, a imagem dos atores.
O referido texto traz experiências da pesquisa do/no cotidiano, um referencial para novos pesquisadores
que sentem dificuldades em expressar suas observações pela escrita e como essas observações podem
ser apresentadas.
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Estudante de Pedagogia,UFBA. Bolsista PIBIC-CNPq. E-mail: [email protected]
GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
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Especial Resenhas
SANTOS, Boaventura de Souza. Um discurso sobre as ciências. 11.ed,
Porto: Edições Afrontamento, 1999, p. 58.
Resenhista:
Sônia Maria Moraes Ferreira1
Um Discurso sobre as Ciências é um livro escrito pelo acadêmico português, doutor em Sociologia do
Direito, Boaventura de Sousa Santos, com mais de cento e vinte obras de atividades científicas e profissionais das mais relevantes. Essa obra é uma versão ampliada da Oração de Sapiência proferida na
Universidade de Coimbra, em 1985.
SANTOS, como assim é chamado na Academia, foi agraciado com o prêmio de melhor aluno de Direito
Criminal e possui um vasto curriculum vitae, desde presidente de associações e comissões, conselheiro,
consultor científico de revistas, membro de conselho editorial, coordenador de inúmeros projetos de
investigação científica, especialista em Sociologia Política, Sociologia do Direito, da Ciência e da Cultura,
professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, da Universidade de Sussex, da
Universidade de Wisconsin – Madison, da London School of Economics, foi professor visitante da
Pontifícia Universidade Católica (PUC), Rio de Janeiro e da Universidade de São Paulo (USP).
Os seus atuais interesses de investigação estão na transição paradigmática, globalização, movimentos
sociais, Estado e teoria da democracia, realizados no Brasil, em Portugal e em Cabo Verde.
Inicialmente, chama a atenção do leitor ,desenhando com muita objetividade e competência a cartografia
das ciências do século XVI ao século XIX, nos limites do rigor científico aos perigos catastróficos da
guerra nuclear e da ecologia. Nos alerta para a simplicidade de fazer ciência do senso comum, conhecimento vulgar da natureza e da vida para o conhecimento científico produzido por uma minoria.
Para SANTOS, importa muito mais o que a ciência tem contribuído para a transformação técnica e social
da sociedade desde a revolução científica do século XVI (Copérnico, Galileu e Newton) ao século XX
de protagonistas de uma nova ordem de perplexidades, perdas individuais e coletivas e de um conhecimento científico hegemônico, que pode contribuir de forma positiva ou negativa para nossa felicidade.
Assim, o autor faz um percurso analítico de sua obra histórico-crítica, primeiramente, caracterizando a
ordem científica hegemônica. Em seguida, traça consequências e contradições da atual crise. Por último,
um perfil da nova ordem científica emergente, cujas hipóteses derrubam a distinção entre ciências naturais
e sociais.
A síntese catalisadora é as ciências sociais. Da não aceitação do positivismo para os estudos humanísticos
permeados pela historicidade. Do positivismo dominante, global, racional, moderno, de revolução científica nas ciências naturais, para a importância das ciências sociais.
1
Mestre em Educação,UFBA. Voluntária PGP/LIDERE. E-mail: [email protected]
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GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
Especial Resenhas
Por uma questão didática, o autor organizou sua obra em três tópicos: O paradigma dominante; A crise
desse paradigma e o paradigma emergente. Este último reafirma sua tese, dizendo ao leitor que todo
conhecimento científico-natural é social, local, total e de auto-conhecimento, nos ensinando a viver um
saber prático; como também, o conhecimento científico visa constituir-se em senso comum e vulgar,
orientando as ações de nossa vida.
A idéia central do capítulo de introdução é estudar as ciências sociais (subjetivas) numa postura antipositivista,
de base fenomenológica e de métodos de investigação qualitativos. Já em se tratando das ciências naturais
(objetivas), previsíveis, de método quantitativo, os obstáculos são enormes mas intransponíveis para gestar
critérios epistemológicos diferentes, com vista à obtenção de um conhecimento intersubjetivo e de um
paradigma de ciência moderna.
De acordo com SANTOS, após a crise do paradigma da ciência moderna, as condições teóricas emergiram num período revolucionário de imprevisibilidade, interpenetração, espontaneidade e auto-organização problematizadora, próprias de um conhecimento global, científico. No entanto, o paradigma emergente não pode ser apenas científico, tem de ser também um paradigma social, o que Santos chama de
“paradigma de uma vida decente” p. 37. Em síntese, o autor sugere que o conhecimento científico-natural
é social. Logo, à medida que as ciências naturais se aproximam das ciências sociais, estas aproximam-se
das humanidades. Para SANTOS, as questões já citadas trazem necessariamente uma nova questão, a
superação da dicotomia ciências naturais-ciências sociais, sujeito-objeto na revalorização dos estudos
humanísticos e transformando o conhecimento, o mundo, a sociedade e a natureza. No subtítulo “Todo o
conhecimento é local e total”, o autor retoma o conhecimento pós-moderno na possibilidade da ação
humana, projetada numa configuração de estilos construídos na imaginação pessoal do cientista. Tal provocação destaca, também, o conhecimento como auto-conhecimento. Neste caso, sujeito-objeto se
interpenetram na pesquisa participante pelo ato criativo protagonizado por cada cientista.
Por último, SANTOS reserva ao leitor a tese de que a ciência moderna, apesar de ser contra o senso
comum, a pós-moderna a reconhece como enriquecedora, criativa, de trajetórias e experiências
emancipatórias. Em contrapartida, neste contexto, o autor destaca a importância de se fazer a ruptura
epistemológica para ultrapassar o senso comum e alcançar o conhecimento cientifíco.
Durante todo o livro, o autor trabalha com a dualidade de sentidos, muito embora as suas posições não
sejam opostas, muito pelo contrário, no final elas se atrelam para servir de base para uma nova ciência.
Dessa forma, o autor tece suas reflexões, apreendendo categorias de análise, deixando leitores e leitoras
fazerem uma fecunda discussão sobre as ciências, além de permitir rever conceitos e perspectivas para
uma melhor prática científica.
Vale conferir.
GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 9-53, mar./abr. 2003.
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Especial Resenhas
Notícias
Palestra Estatuto da Criança
e do Adolescente
Palestra “Processos de inclusão de portadores de HIV/
AIDS no contexto escolar”.
Cleonice da Silva Santos1
Denise Abigail Freitas Rocha1
Aconteceu no dia 23 de janeiro de 2003, no ISP (Centro de Estudos Interdisciplinares para o Setor Público), a abertura do Ciclo de Palestras e Oficinas - Gestão Educacional em Foco II, com a professora Isadora
Browne Ribeiro, discorrendo sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Foi realizada, no dia 30 de abril de 2003 das 14h às 18h
na Sala de Aula do ISP/UFBA, uma palestra sobre a
Inclusão de Portadores do HIV/AIDS no contexto escolar, ministrada pelas representantes do GAPA-BA,
Gladys Almeida, Juneide Souza e Maia Gelma Amaral.
A palestra faz parte do Ciclo de Palestras e Oficinas
Gestão Educacional em Foco II organizado pelo PGP/
LIDERE.
Na oportunidade a professora Isadora afirmou que o
Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA é o foco
de estudo porque a criança é um ser em desenvolvimento e por isso, é mais frágil em sua própria defesa.
1
Pedagoga, UNEB. Especialista em Metodologia do Ensino Pesquisa
e Extensão em Educação, UNEB. Mestranda em Educação, UFBA.
Bolsista PGP/LIDERE. E-mail: [email protected]
1
Estudante de Pedagogia, UFBA. Estagiária PGP/LIDERE.
E-mail: [email protected]
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Oficina de Encadernação
Estela Márcia Veloso Barreto1
O Programa Gestão Participativa com Liderança em Educação promoveu a Oficina de Encadernação, no dia 24 de abril de
2003, no turno vespertino, das 14h às 18h na sala de aula do ISP. A Oficina foi realizada em duas etapas, na primeira o
ministrante José Raimundo P. Almeida fez um breve histórico sobre a encadernação e também, orientou os participantes
na encadernação com espirais. As atividades desenvolvidas na segunda etapa foram realizadas com a orientação da
professora Edenildes Sousa Ribeiro que ensinou como encadernar utilizando capa dura, e todos os participantes
confeccionaram uma pequena agenda. Esta atividade fez parte dos trabalhos do Ciclo de Palestras e Oficinas Gestão em
Foco II, coordenado por Denise Abgail Brito Freitas Rocha. A Oficina foi realizada com a participação da equipe PGP/
LIDERE e também, com alunos da UFBA.
1
Licenciada em Construção Civil, UNEB. Especialista em Administração Universitária, UFCE. E-mail: [email protected]
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GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 54-56, mar./abr. 2003.
Especial Resenhas
Prêmio Victor Civita
Congresso Internacional
de Educação
Cleonice da Silva Santos1
Se você é bom professor e atua nas classes
de Educação Infantil e do Ensino Fundamental de 1ª a 8ª séries, não pode deixar de inscrever-se no “Prêmio Victor Civita, professor Nota
10”. As inscrições vão de 15 de junho a 15 de
julho. O regulamento e ficha de inscrição você
encontra em qualquer Revista Nova Escola.
1
Estudante de Pedagogia, UFBA. Estagiária PGP/LIDERE.
E-mail: [email protected]
Cleonice da Silva Santos1
Nos dias 25, 26 e 27 de julho acontecerá a Feira
e Congresso Internacional de Educação no
Centro de Convenções da Bahia, em Salvador.
maiores informações consulte o site:
www.albama.com.br/aprender ou pelo telefone 0800 7717313.
1
Estudante de Pedagogia, UFBA. Estagiária PGP/LIDERE. Email: [email protected]
Prêmio “Qualidade na
Educação Infantil”
15ª Conferência Mundial
da Associação Brasileira
Cleonice da Silva Santos1
Cleonice da Silva Santos1
Professores de Educação Infantil da Rede
Pública podem concorrer ao prêmio “Qualidade na Educação Infantil”. As inscrições são
gratuitas e vão até o dia 28 de junho.
Entre os dias 04 e 08 de novembro de 2002, no
Memorial da América Latina, em São Paulo,
será realizada a 15ª Conferência Mundial da
Associação Brasileira pelos Direitos de Brincar (IPA). Mais informações no site:
www.ipa.org.br ou pelo telefone (0xx11) 3062
1722.
As informações podem ser encontradas no
site: www.mec.gov.br;
www.undime.org.br ou ainda pelo telefone
(0xx61) 410 8640.
1
Estudante de Pedagogia, UFBA. Estagiária PGP/LIDERE.
E-mail: [email protected]
1
Estudante de Pedagogia, UFBA. Estagiária PGP/LIDERE.
E-mail: [email protected]
GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 54-56, mar./abr. 2003.
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Especial Resenhas
3ª Conferência Nacional de Educação, Cultura e Desporto
Cleonice da Silva Santos1
No período de 02 a 06 de dezembro, em Brasília, acontecerá a 3ª Conferência Nacional de Educaçào, Cultura
e Desporto - Por que ainda há quem não aprenda?
Outras informações pelo site www.coecd.decom.camara.gov.br ou pelo telefone 0800 619619.
1
Estudante de Pedagogia, UFBA. Estagiária PGP/LIDERE. E-mail: [email protected]
2ª Jornada de Educação da Bahia
Cleonice da Silva Santos1
A Futuro Eventos está organizando a 2ª Jornada de Educação da Bahia, em Salvador, nos dias 15, 16, 17
e 18 de maio e a 4ª Jornada de Educação do Norte/Nordeste, em Fortaleza, no período de 12 a 15 de junho.
Para maiores informações consulte o site www.futuroeventos.com.br ou ligue para o telefone (0xx41) 264
9286.
1
Estudante de Pedagogia, UFBA. Estagiária PGP/LIDERE. E-mail: [email protected]
Semana de Estudos sobre Projetos de Trabalho
Cleonice da Silva Santos1
A Pueri Domus Escolas Associadas organiza a Semana de Estudos sobre Projetos de Trabalho, no
período de 20 a 24 de maio. As informações podem ser adquiridas pelo telefone (0xx1) 5687 3511 ou envie
e-mail para [email protected]
1
Estudante de Pedagogia, UFBA. Estagiária PGP/LIDERE. E-mail: [email protected]
Jornada Pernambucana de Educação
Cleonice da Silva Santos1
Em Recife, nos dias 18, 19, 20 e 21 de junho acontecerá a Jornada Pernambucana de educação organizada
pela Futuro Eventos. Adquira mais informações pelo site www.futuroeventos.com.br ou pelo telefone
(0xx41) 164 9286.
1
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Estudante de Pedagogia, UFBA. Estagiária PGP/LIDERE. E-mail: [email protected]
GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 54-56, mar./abr. 2003.
Especial Resenhas
Gestão Educacional em Foco II
Ciclo de Palestras e Oficinas
Denise Abigail Britto Freitas Rocha 1
Visando desenvolver novos caminhos para uma gestão escolar democrática e participativa o Programa Gestão
Participativa com Liderança em Educação (PGP/LIDERE) - programa de pesquisa e extensão, do Centro de Estudos
Interdisciplinares para o Setor Público-ISP, articulado com a Linha de Pesquisa Política e Gestão em Educação da
Faculdade de Educação da UFBA, e financiado pela Fundação Ford - realizou, no primeiro semestre de 2002, uma série
de atividades que integraram o Gestão Educacional em Foco. Esse ciclo aprofundou estudos sobre Projeto Pedagógico-PP, o Plano de Desenvolvimento da Escola-PDE, a Gestão Educacional e a Liderança em Educação.
Em face de uma avaliação positiva dessas atividades junto às comunidades escolar e acadêmica o PGP/LIDERE dará
continuidade, neste ano de 2003, Gestão Educacional em Foco II - ciclo de palestras e oficinas. Esse ciclo terá como
objetivo aprofundar estudos e avaliar, neste momento de grande importância da educação para construção de uma
nova sociedade em nosso país, alternativas para os caminhos da Educação no Brasil, de forma a propor estratégias de
como a universidade pode contribuir para a concepção de políticas públicas de inclusão e promoção de equidade, nas
suas mais diversas possibilidades de organização social, na capacitação profissional dos gestores, professores, coordenadores pedagógicos, orientadores e estudantes de graduação e pós-graduação, com iniciativas que poderão
contribuir para o enfrentamento da questão social no país.
Durante o ciclo serão discutidos temas, solicitados pelo nosso público-alvo, que estão relacionados com a melhoria da
qualidade do ensino público e com a formação de novos educadores diante desta nova conjuntura que aponta
desafios para o crescimento sócioeducacional no país. Os temas abordados nesse ciclo serão:
Palestra: Histórico e desafios para a implementação do Estatuto da Criança e do Adolescente-ECA.
Data: 23/01/03 Horário: 13h às 17h
Local: Sala de Aula do ISP/UFBA
Palestrante: Prof.ª Isadora Browne Ribeiro - Especialista em Direitos Humanos/Ministério Público/UNEB - AATR.
Palestra: Pluralidade Cultural - Refletir sobre a importância de discutir a Pluralidade Cultural no Contexto Escolar.
Data: 27/03/03 Horário: 13h às 17h
Local: Sala de Aula do ISP/UFBA
Palestrantes: Profª Maria de Nazaré Mota Lima - Mestra em Educação/UFBA e a Psicopedagoga Isabele Santos - CEAFRO
Oficina de encadernação
Data: 24/04/03 Horário: 13h às 17h
Local: Sala de Aula do ISP/UFBA
Ministrantes: José Raimundo Paim de Almeida, graduando em Biblioteconomia - estagiário do PGP/LIDERE e a Profª Edeníldes
Sousa Ribeiro.
Palestra: Portadores de HIV - Processos de inclusão de portadores de HIV/AIDS no contexto escolar.
Data: 30/04/03 Horário: 13h às 17h
Local: Sala de Aula do ISP/UFBA
Palestrantes: Glayds Almeida, Psicóloga, Juneide Souza, Assistente Social e Maia Gelma Amaral, Advogada - GAPA/BA.
Palestra: Educação Ambiental: educação como instrumento da gestão participativa o meio ambiente.
Data: 29/05/03 Horário: 13h às 17h
Local: Sala de Aula do ISP/UFBA
Palestrantes: Prof. Avelar Luiz Bastos Mutim, Doutor em Educação/UFBA - Assessor do Gambá, Prof.ª Rita Silvana S. dos Santos,
Mestranda em Engenharia Ambiental/UFSC - Diretora do Instituto Autopoiesis Brasilis, Dr. João Régis da Silva Nascimento,
Advogado, Pós-graduando em Gestão Pública/UNEB - Vice-Presidente da AATR-BA.
Mestranda em Educação, UFBA. Bolsista PP/LIDERE. E -mail: [email protected]
GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 57-59, mar./abr. 2003.
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Especial Resenhas
Palestra: ECA: Objetivos e importância do Estatuto da Criança e do Adolescente no contexto escolar.
Data: 05/06/03 Horário: 13h às 17h
Local: Centro de Aperfeiçoamento Pedagógico de Salvador/SMEC - CAPS/Pituba
Palestrante: Dr.ª Isabel Maria Sampaio Oliveira - Doutora em Saúde Pública/ISC/UFBA, Juíza da 2ª Vara da Infância e da Juventude
e representante da ABMP.
Oficina: Reciclagem e reutilização de materiais descartáveis
Data: 12/06/03 Horário: 13h às 17h
Local: Sala de Aula do ISP/UFBA
Ministrantes: Profª Estela Márcia Veloso, Especialista em Administração Universitária/UFCE -Bolsista do PGP/LIDERE .
Palestra: Cooperação Escola/Universidade e Construção de Currículo
Data: 21/07/03 Horário: 13h às 17h
Local: Sala de Aula do ISP/UFBA
Palestrantes: Prof. José Gregorio Rodríguez, Professor do Departamento de Psicologia/ Faculdade de Ciências Humanas da
Universidade Nacional da Colômbia e Camilo Andrés Patiño Garzon, graduando em Letras da Universidade Nacional da Colômbia.
Oficina: Contação de Histórias: conte outra vez....
Data: 24/07/03 Horário: 13h às 17h
Local: Sala de Aula do ISP/UFBA
Ministrante: Profª Luciene Souza Santos Cerqueira, Mestranda em Educação/UFBA.
Palestra: A participação do aluno no processo de gestão democrática.
Data: 29/07/03 Horário: 13h às 15h
Local: Sala de Aula do ISP/UFBA
Palestrante: Profª Ms. Adejaira Leite, Universidade Federal do Mato Grosso.
Palestra: O Programa Xané na validação da rede necessária que garanta o atendimento integral às crianças e aos
adolescentes de 5ª a 8ª série, da Escola Aureolina Eustácio Ribeiro.
Data: 29/07/03 Horário: 15h às 17h
Local: Sala de Aula do ISP/UFBA
Palestrante: Prof. Ms. Agnaldo Garrido, Universidade de Cuiabá.
Palestra: Gestão e Educação.
Data: 18/09/03 Horário: 13h às 15h
Local: Sala de Aula do ISP/UFBA
Palestrante: Prof. Dr. Rogério de Andrade Córdova, Universidade de Brasília.
Oficina: Contação de Histórias II: conte outra vez....
Data: 25/09/03 Horário: 13h às 17h
Local: Sala de Aula do ISP/UFBA
Ministrante: Profª Luciene Souza Santos Cerqueira, Mestranda em Educação/UFBA.
Palestra: Avaliação de desempenho
Data: 23/10/03 Horário: 13h às 17h
Local: Sala de Aula do ISP
Palestrante: Lys Vinhaes, coordenadora da Agência de Avaliação UFBA/ISP/FAPEX e Olívia Maria Costa Silveira, coordenadora de
logística da Agência de Avaliação UFBA/ISP/FAPEX.
Palestra: Indisciplina e ato infracional: compreendendo as diferenças.
Data: 20/11/03 Horário: 13h às 17h
Local: Sede do Araketu
Palestrante: Dr.ª Isabel Maria Sampaio Oliveira - Doutora em Saúde Pública/ISC/UFBA, Juíza da 2ª Vara da Infância e da Juventude
e representante da ABMP.
Palestra: Políticas Públicas e Cidadania.
Data: 27/11/03 Horário: 13h às 17h
Local: Sala de Aula do ISP/UFBA
Palestrante: Prof. Ms. José Cláudio Rocha, Presidente da AATR-BA e Maurício Araújo Azevedo, Pós-Graduando em Direitos
Humanos.
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GERIR, Salvador, v.9, n.30, p. 57-59, mar./abr. 2003.
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AV. Adhemar de Barros, s/n, Pavilhão IV, Campus Universitário de Ondina.
v.9, n.30,
mar./abr.2003
CEP 40170-110
Salvador – Bahia,
Brasil.
A/C: Profa. Katia Siqueira de Freitas
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