Posicionamento Oficial da SBEM Sobre a Variante Folicular do

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Posicionamento Oficial da SBEM Sobre a Variante Folicular do
Posicionamento Oficial da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e
Metabologia (SBEM) sobre Variante Folicular do Carcinoma Papilífero de
Tireoide Não Invasivo e Encapsulado (VFCPT).
Muitos subtipos de câncer papilífero da tireoide (PTC) têm sido descritos, dos quais o PTC
clássico é o mais comum (70 a 80%). A variante folicular do PTC (FVPTC) é o segundo subtipo
mais comum. Ele tem aumentado sua incidência em quatro vezes nas últimas três décadas,
perfazendo agora aproximadamente 20% de todos os cânceres da tireoide.
A maioria dos FVPTCs são tumores encapsulados, os quais são citologicamente difíceis de
serem distinguidos de lesões foliculares benignas como o adenoma folicular. Vários estudos
têm demonstrado que FVPTCs encapsulados e sem invasão vascular (EFVPTCs) raramente
exibem metástases para linfonodos, com um risco de recorrência de menos de 1%, portanto a
maioria se comporta como um adenoma folicular.
A condução dos EFVPTC não-invasivos deveria depender do comportamento biológico do
tumor. As recentes diretrizes da American Thyroid Association e da Sociedade Brasileira de
Endocrinologia e Metabologia recomendam cuidados na estratificação de risco e advogam
uma abordagem mais mensurada e adaptada ao risco tanto para o diagnóstico quanto para o
tratamento do câncer de tireoide. A extensão da cirurgia (tireoidectomia parcial ou total),
papel da tireoidectomia para completar, dissecção cervical central e tratamento com RAI pósoperatório para prevenção da recorrência da doença são todos dependentes da potencial
malignidade do tumor primário. Entretanto, os EFVPTCs são frequentemente excessivamente
tratados, levando a um aumento do potencial de morbidade, stress emocional e psicológico e
aumento dos custos financeiros e no sistema de saúde.
Nikiforov YE et al publicaram um artigo na revisa JAMA Oncol 14 em abril de 2016, sobre a
revisão na nomenclatura dos EFVPTCs. Os autores participaram de uma conferência da
Sociedade de Patologia Endócrina para reavaliação de EFVPTC não invasivo em Boston, em
março de 2015 e renomearam estes tumores para neoplasia tireoide folicular não invasiva
com aspectos nucleares de semelhança papilífera em inglês Noninvasive Follicular Thyroid
Neoplasm with Papillary-like Nuclear Features (NIFPT) caracterizado por:
1) Encapsulamento ou demarcação clara do tumor do tecido tireoidiano adjacente sem
nenhuma invasão.
2) Um padrão de crescimento folicular
3) A expressão pelo menos moderada de aspectos nucleares do carcinoma papilífero.
NIFTP, dirigidos por RAS e Mutações Ras-like, representam um estágio pré-invasivo da
variante folicular do carcinoma papilífero encapsulado invasivo. Os autores fornecem um
escore de diagnóstico nuclear simplificado com critérios estreitos que poderiam ser utilizados
para reproduzir com sucesso e acurácia a identificação de diagnóstico histológico de NIFTP.
A renomeação do EFVPTC não invasivo para NIFTP é uma mudança apropriada e adequada.
Ao remover a palavra câncer, o termo NIFPT reconhece o baixo potencial de malignidade
SBEM Nacional
Rua Humaitá, 85 - 5º andar
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destes tumores. A nova denominação reconhecendo o apropriado comportamento biológico
deste tumor vai afetar mais de 45 mil pacientes ao redor do mundo por ano, reduzindo as
conseqüências psicológicas e clínicas associadas ao diagnóstico de câncer, resultando numa
diminuição dos custos globais de saúde tendo em vista a necessidade de não completar a
tireoidectomia e o tratamento com RAI, ambos os quais estão relacionados a lesão do nervo
recorrente da laringe, hipoparatireoidismo e neoplasias malignas secundárias.
Dr. Alexandre Hohl
Presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
Dra.Gisah Carvalho
Presidente do Departamento de Tireoide da
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
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