comunidade de fungos filamentosos na lagoa do araçá, recife

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comunidade de fungos filamentosos na lagoa do araçá, recife
Acta Botânica Brasílica-
COMUNIDADE DE FUNGOS FILAMENTOSOS NA LAGOA DO ARAÇÁ, RECIFE,
PERNAMBUCO.
Antônio Álamo Feitosa Saraiva1
José Zanon Passavante2
Maria Auxiliadora Cavalcanti3,4
Leonor Costa Maia3,4
1
Parte de dissertação de Mestrado (Criptógamos, atual Biologia de Fungos, UFPE). Bolsista CNPq.
Universidade Regional do Cariri - URCA
3
Depto. de Oceanografia, Centro de Tecnologia e Geociências, Universidade Federal de Pernambuco, 50670420, Recife, PE.
4
Depto. de Micologia, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Pernambuco, 50670-420,
Recife/PE
5
Bolsista CNPq (Pesquisa).
2
RESUMO – (Comunidade de fungos filamentosos na Lagoa do Araçá, Recife, Pernambuco.)
A micota filamentosa da água da Lagoa do Araçá, Recife, estado de Pernambuco, foi estudada
em três pontos, nas marés alta e baixa, durante sete meses. Simultaneamente à coleta para
isolamento dos fungos, foi coletada água para análise físico-química. Em 50 amostras de água
foram identificados 31 táxons, sendo os fungos mitospóricos os mais representativos (96,8%).
Maior número de espécies e unidades formadoras de colônias foi registrado na época chuvosa.
Observou-se influência sazonal na ocorrência dos fungos, sendo o principal fator de
interferência a pluviosidade, responsável direta pela variação da umidade relativa do ar,
salinidade e transparência da água, quantidade de nitrito, nitrato, fosfato, pH e oxigênio
dissolvido na água. Houve queda nos índices de transparência da água e pH, ocorrendo porém
aumento nas taxas de salinidade, oxigênio dissolvido e temperatura da água, da época chuvosa
para a de estiagem. Foi caracterizada a sucessão de fungos ao longo dos meses, sendo
evidenciado três grupos: um maior, que ocorre na época das chuvas, representado por
Acremonium rutilim, Penicillium coryophilum e Zytriostoma mougeotti, outro menos
representativo, na época de estiagem (Aspergillus niger e Penicillium commune) e um
terceiro, que permanece nas duas estações, a exemplo de Aspergillus sidowii e Cladosporium
sphaerospermum.
Palavras-chave -
ABSTRACT – (Community of filamentous fungi at the Araçá Lagoon, Recife, Pernambuco.)
A survey of filamentous fungi isolated from the Araçá Lagoon, located in Recife, Pernambuco
State, Brazil, was performed during seven months, considering the rainy (June-August) and
the dry (October-February) seasons. Thirty one species of fungi were identified in the water
samples. Mitosporic fungi were the most representative (96.8%). During the raining season it
was observed higher number of both: species and colony forming units than in the dry season.
A seasonal pattern of fungal occurrence seems to exist in the lagoon, which is determined by
the pluviosity, a factor responsible for variations on relative air humidity, salinity, water
transparency, nitrite, phosphate, pH, and water dissolved oxygen. There was a decrease on
levels of water transparency and pH, while there was an increase on salinity, water dissolved
oxygen, and water temperature from the rainy to the dry season. There is a succession of fungi
during the year, with three groups being identified: one large, that occurs in the rainy season,
represented by Acremonium rutilim, Penicillium coryophilum and Zytriostoma mougeotti;
other less representative, occurring during the dry season, with
Aspergillus niger and
Penicillium commune and another group, that remains in both seasons, represented by
Aspergillus sidowii and Cladosporium sphaerospermum.
Key Words – diversity, Ascomycota, mitosporic fungi.
Introdução
A Lagoa do Araçá ocupa uma área de 3ha e está situada na parte norte da cidade do
Recife, tendo passado recentemente por processo de urbanização. Ao seu redor foi conservado
um estreito cinturão de manguezal, que serve de abrigo para caranguejos decápodos,
moluscos e outros habitantes das áreas de mangue. Sem saneamento básico adequado nas
imediações, a lagoa recebe tubulações de esgotos não tratados e em fevereiro de 1997, parte
do mangue foi destruído devido a problemas de desequilíbrio ecológico.
Em levantamento de algas em rios de Paris, Watanabe (1986) ressaltou a importância
do estudo de microorganismos, principalmente perifíticos, mostrando as vantagens da análise
quantitativa e qualitativa de organismos em ambientes aquáticos para determinação da
qualidade da água, ao invés de se considerar apenas os parâmetros físico-químicos.
Trabalhos relacionados à ecologia de fungos em ambientes aquáticos têm sido
desenvolvidos por vários pesquisadores (Chauvet, 1992; Sridhar et al., 1993; Francová,
1993). Em Recife foram realizadas pesquisas sobre fungos na praia de Boa Viagem (Pinto,
1989) e nos açudes do Prata e do Meio, que constituem reservatórios de água da cidade
(Cavalcante et al.,1997). Pinto (1989) isolou 68 espécies de fungos filamentosos da água do
mar, com predominância de Deuteromycota (86%). Em São Paulo, Schoenlen-Crusius et al.
(1992) estudaram a decomposição de folhas de Quercus rubor L., Ficus microcarpa L. e
Alchornia triplinervea (Spreng) M. Arg. contidas em bolsas de náilon e submersas em um
ribeirão, numa reserva biológica (Paranapiacaba); 31 táxons foram identificados, sendo 20 de
fungos zoospóricos.
Fungos potencialmente patogênicos ao homem e a outros animais foram isolados de
ambientes aquáticos e em áreas de contato, como areia e lama (Schaumam et al., 1994;
Khulbe et al. 1993). Dabrowa et al. (1964) sugeriram que a zona interdital pode constituir um
reservatório de fungos potencialmente patógenos e que certas infecções fúngicas podem ser
adquiridas pelo contato com essas áreas.
Muitos são os meios de cultura e iscas usados para isolamento de fungos de ambientes
aquáticos. Howe et al. (1993) usaram, entre outros componentes do meio, a farinha de milho,
enquanto Shaumann & Priebe (1994) empregaram o meio Sabouraud, com antibióticos, para o
isolar fungos de tecidos somáticos do salmão do Atlântico. Sabouraud-ágar, Czapec-dox-ágar
e extrato de malte-ágar, com tetraciclina, foram empregados por Franková (1993) para isolar
Deuteromycota de solo e água. Iscas de madeira flutuante serviram para isolar fungos
celulolíticos ocorrentes em água salgada, na Tailândia (Hyde & Gareth Jones, 1986).
Embora muitos fungos encontrados na água não sejam aquáticos no senso
“stricto”, podem se desenvolver nesses ambientes e passam a fazer parte do plâncton,
ficando sujeitos às influências favoráveis ou desfavoráveis do ambiente Santela
(1993). O trabalho de Watanabe (1985), mostrou como algas perifíticas podem
caracterizar o estado de poluição da água. Feitosa (1988) estudou a produção primária
do fitoplâncton correlacionada com os parâmetros físico-químicos da água da Bacia do
Pina (à qual a Lagoa do Araçá está intimamente ligada) caracterizando-a como
sofrendo sensíveis ações antrópicas. Em vista da importância dos fungos nos
ecossistemas onde vivem e da necessidade de caracterização da micota, procurou-se
neste trabalho: a) elaborar o perfil hidrológico da Lagoa do Araçá; b) verificar a
ocorrência e distribuição de fungos filamentosos e a sua correlação com a qualidade da
água desta área; c) observar a sucessão de fungos, de acordo com as estações seca ou
chuvosa.
Material e métodos
A Lagoa do Araçá, com área de 3ha e profundidade média de 2 m, está localizada no
bairro da Imbiribeira, em Recife, PE (Lat. 08º 05’ 44”- Long. 34º 54’ 52”), e é ligada ao Rio
Tejipió (Bacia do Pina) por um canal de 200m de extensão, recebendo influência marinha na
preamar. A lagoa é circundada por prédios, casas residenciais e comerciais e, embora em 1995
tenha sido concluído um projeto de urbanização na sua orla, ainda recebe tubulações de
esgotos não tratados.
Dados climatológicos referentes à pluviosidade e umidade relativa do ar (Figura X)
foram fornecidos pelo Ministério da Agricultura/Departamento Nacional de Meteorologia, 3º
distrito, Recife e obtidos na Estação do Curado (Lat. 08º 03’ S, Long. 34º 55’ W) que dista 10
km da área estudada .
Amostras de água foram coletadas de acordo com o seguinte critério: uma coleta
mensal durante três meses da estação chuvosa (junho, julho e agosto/1996) uma coleta no mês
das chuvas ocasionais (outubro/1996) e uma coleta durante cada mês da estação seca
(dezembro/1996, janeiro e fevereiro/1997). As coletas foram realizadas com auxílio de uma
garrafa de Kitahara (profundidade média: 20 cm da superfície), em três estações fixas, sendo
uma no canal que liga a lagoa ao rio (I) e duas em pontos eqüidistantes no interior da lagoa (II
e III), durante as preamares e baixamares de um mesmo dia (mais duas estações foram
arbitradas para as tomadas de dados da variação nictimeral).
Dados de transparência e temperatura da água foram tomados “in loco” e as análises
dos parâmetros físico-químicos da água foram realizadas pela seção de Química do
Departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco.
A temperatura da água foi registrada por um termômetro de Mercúrio com bulbo,
acoplado à garrafa coletora de água. O oxigênio dissolvido na água foi determinado pelo método
de Winkler (Strickland & Parsons, 1965), enquanto a percentagem de saturação do oxigênio foi
calculada com auxílio de tábua Oceanográfica Internacional da UNESCO (1973). A salinidade
da água foi avaliada pelo método de Morh-Knudsen (Stricland & Parsons, 1965), sendo a
transparência determinada com um disco de Secchi de 30 cm de diâmetro de cor branca,
conforme descrito por Molle & Cadier (1992).
Para obtenção dos níveis de nutrientes inorgânicos contidos na água (nitrito,
nitrato e fosfato) foram empregadas as técnicas descritas por Stricland & Parsons
(1965) e para determinação do pH usou-se um potenciômetro tipo Beckeman, marca
Zeromatic II. A altura da maré foi calculada por observações “in situ”.
Coletas de água para o isolamento de fungos foram realizadas de junho/96 a
fevereiro/97 com o auxílio de seringas descartáveis de 5ml, nas ocasiões em que se
coletava água para as análises físico-químicas. Em laboratório, foram obtidas diluições da
água (1:100), sendo 0,3 ml do diluído colocado em placas de Petri contendo os meios
Sabouraud (Lacaz et alli, 1984) ou Martin (1950). A cada coleta e para cada estação de
coleta foram preparadas três placas com cada um dos meios de cultura. As colônias foram
contadas e os fungos isolados em tubos de ensaio com meios de Sabouraund, Czapek ou
Batata-dextrose-agar (Lacaz et alli, 1984). Para determinação do número de unidades
formadoras de colônias (u.f.c.) por ml foi empregada a fórmula: N º UFC =
X .3.100
6
onde: X era o número de u.f.c. observadas nas placas, 3 a constante que representa o
volume de água distribuído, 100 o valor da diluição e 6 o número de placas com meio de
cultura.
Amostras dos fungos foram coradas com azul de algodão e identificadas ao
microscópio, após estudo dos caracteres morfológicos, sendo consultados basicamente
Barnett & Hunter (1986), Barron (1972); Carmichael et alli (1980), Domsch & Anderson
(1980), Ellis (1976), Hawksworth (1995) e Sutton (1980).
Os dados de ocorrência dos fungos foram usados para obtenção do índice de
similaridade de Sorensen (1978, apud Maia, 1983) entre as populações de fungos nas três
estações de coleta e nas épocas de chuva e de seca.
Resultados
Houve pouca variação na temperatura da água (Tabela 1). A média geral na estação
chuvosa foi de 27,6º C e 28º C, enquanto na estação seca variou de 30,4º C a 31,7º C,
considerando baixa-mar e preamar. No mês das chuvas sazonais a temperatura média foi
praticamente a mesma nas duas marés (29,9o C e 30,4o C). A temperatura da água foi cerca de
1ºC mais elevada na estação III que nas demais, sendo também mais alta na preamar que na
baixa-mar, nas duas épocas de coleta.
As maiores variações em transparência da água ocorreram na baixa mar, na estação
chuvosa (Tabela 2). Nesse período, a média na baixa-mar foi 57,2 cm (atribuindo-se 1 m para
transparência total) e 31,8 cm na preamar. Na época de seca houve menor variação entre
baixa-mar (39,1cm) e preamar (32,1cm), com as médias aumentando ao longo dos meses. No
mes das chuvas sazonais registraram-se as médias mais baixas: 25 cm na baixa-mar e 26,6 cm
na preamar. Em geral a água na estação III apresentou menor transparência que nas demais.
O pH da água na Lagoa é alcalino e foi menos elevado quando se registrou aumento na
salinidade e diminuição na pluviosidade (Tabela 3). O menor valor registrado foi 7,22 em
outubro e dezembro (na preamar, estação I e na baixa-mar, estação III, respectivamente). As
médias na estação chuvosa variaram de 8,36 a 8,16 e no período seco de 7,87 e 7,75,
respectivamente na baixa-mar e preamar. No mês das chuvas sazonais, o pH pouco variou
(8,18 e 8,24) tanto na baixa-mar quanto na preamar. Em geral o pH esteve acima de 8 na
época chuvosa e pouco abaixo deste valor no período seco, com diferença em torno de 1 entre
as estações. Entre as estações de coleta, a III apresentou em média o pH mais alto (8,1).
Durante as chuvas, a média de oxigênio variou de 37,1 % a 62,2 %, enquanto no
período seco oscilou entre 78,7 e 101,6 %, respectivamente, na baixa-mar e na preamar
(Tabela 4). Durante as chuvas sazonais a variação foi pequena: 89,9 % na baixa-mar a
91,2 % na preamar. Em geral, o percentual de oxigênio na época de seca foi maior do que
na de chuva, quando o pH ficou mais baixo, a salinidade aumentou e a pluviosidade
diminuiu. A estação I apresentou taxas de oxigênio dissolvido geralmente mais elevadas
que as outras ao longo dos meses, o que pode ser justificado pela queda d’água no canal
de entrada da lagoa. A estação III apresentou menores taxas de oxigênio dissolvido,
provavelmente por ter água menos transparente e portanto menor atividade fotossintética.
Nos meses de agosto e fevereiro, as taxas noturnas do oxigênio dissolvido na água caíram
para 0 %.
Os menores valores de salinidade ocorreram em junho, mês de maior pluviosidade e
maior umidade relativa do ar, enquanto os maiores valores foram registrados em fevereiro
(período seco), na preamar (Tabela 5). No mês das chuvas sazonais, a salinidade média variou
de 17,67 a 21,17 S‰ para a baixa-mar e preamar, respectivamente. A média de salinidade na
preamar foi sempre maior que na baixa-mar. A água na estação I era mais salina que nas
demais estações, sendo crescente esse aumento ao longo dos meses de seca.
O menor valor de nitrito dissolvido na água da Lagoa (Tabela X) foi 0,05 µg.at/l na
preamar, na época das chuvas sazonais e o maior 3,33 µg.at/l. A média registrada na baixamar na época chuvosa foi 1,15 µg.at/l e na preamar 1,95 µg.t/l. No período seco as médias
entre baixa-mar e preamar pouco variaram (1,00 µg.at/l a 1,048 µg.at/l). Durante as chuvas
sazonais as médias diminuíram, chegando a 0,36 µg.at/l, na preamar.
Em dezembro, na preamar, se registrou o menor valor de nitrato (0,70 µg.at/l),
enquanto o maior (20,61 µg.at/l) ocorreu na baixa mar, em junho (Tabela.....). As médias na
época chuvosa foram 4,88 e 2,48 µg.at/l, e no período seco caíram para 2,10 e 2,20 µg.at/l,
respectivamente, na baixa-mar e preamar, variando mais no mes das chuvas sazonais (2,70 e
1,20 µg.at/l para baixa-mar e preamar).
Os menores valores de fosfato (Tabela x ) foram registrados nas baixas-marés de
agosto e outubro e o maior na baixa-mar, em dezembro. Tanto na época chuvosa (6,17 e 5,154
µg.at/l, na baixa-mar e na preamar.) quanto na seca (7,11 na baixa-mar e 5,37 µg.at/l na
preamar), os índices de fosfato apresentaram pouca variação. No mês das chuvas sazonais,
observou-se maior amplitude de variação com médias para a baixa-mar e preamar de 6,81 e
11,39 µg.at/l, respectivamente,
Foram isoladas 31 espécies de fungos filamentosos, incluídas em 16 gêneros, nas 42
amostras de água da lagoa, de onde foram feitos 412 isolamentos (Tabela). Nas coletas
realizadas no período chuvoso foi registrada a presença de alguns Aphyllophorales que não
puderam ser identificados.
No primeiro mês de coleta foram isolados Acremonium rutilum, na estação III, e
Aspergillus coesillus, na estação I, ambos tanto na maré alta quanto na maré baixa. Em julho,
foram isolados Aspergillus aculeatus, na segunda estação, e A. japonicus, este nas três
estações de coleta; ambos apenas na preamar. A. carneus e A. coespitosus ocorreram apenas
na coleta de agosto, o primeiro na preamar, na estação II e o segundo na baixa-mar, na estação
I. A. flavus ocorreu em todos os períodos e em todas as estações. A. fumigatus foi isolado
apenas em fevereiro, na baixa-mar, na estação II, enquanto registros de A. niger ocorreram em
janeiro nas estações I e III, e em fevereiro nas três estações, sempre na baixa-mar. A. sydowii
foi registrado em julho, na preamar, na estação III; em agosto na preamar, em todas as
estações, e na baixa-mar nas estações I e III. Na coleta de janeiro o fungo foi isolado nas
estações II e III durante a baixa-mar.
Isolamentos de Cladosporium cladosporioides ocorreram na baixa-mar, tanto na coleta
de junho, na estação II, quanto na coleta de janeiro, na baixa-mar, estação I. C.
sphaerospermum foi registrado em junho, nas estações I e II; em ambas, na baixa-mar e na
preamar; na coleta de julho, na estação I, apenas na preamar, e na coleta de dezembro nas três
estações, tanto na baixa-mar quanto na preamar.
Fusarium solani e Monilia sitophila foram isolados apenas na coleta de julho, nas
estações I e III, na preamar, e o segundo na baixa-mar da estação I e na preamar, na estação II.
Microsphaeropsis arundinis também foi registrado na coleta de julho na baixa-mar nas
estações II e III e na preamar nas estações I e II, assim como na coleta de outubro, na estação
II, na preamar.
Gliocladium roseum foi registrado na coleta de junho, na estação II, na baixa-mar e
nas estações I e II, na preamar. Na coleta de agosto foi evidenciado na estação I na baixa-mar.
Nigrospora sp. e Phomopsis stiptata também foram observados na coleta de junho, tanto na
preamar quanto na baixa- mar, o primeiro na estação II e o segundo na estação III. Do mesmo
modo, Verticillium catenulatum ocorreu apenas em junho, porém na estação I, na baixa-mar.
Penicillium commune foi observado na coleta de outubro na baixa-mar, em todas as
estações e na preamar nas estações I e III; na coleta de dezembro foi registrado na baixa-mar,
na estação III e em todas as estações da preamar; em janeiro foi evidenciado em todas as
estações, tanto na baixa-mar quanto na preamar. P. corylophillum foi registrado em junho na
baixa-mar e na preamar na estação II, na coleta de julho nas estações I e II, na preamar e na
estação I, na baixa-mar. Na coleta de agosto ocorreu na baixa-mar, estação I e na preamar em
todas as estações. P. oxalicum foi assinalado apenas em outubro, na estação I, na baixa-mar,
enquanto P. solicitum foi registrado em dezembro, na preamar na estação I e na coleta de
janeiro na preamar, estações I e II. P. waksmanii foi isolado em julho, na estação II, durante a
baixa-mar.
Phoma cava foi registrado na coleta de julho na estação II, na baixa-mar, enquanto P.
tropica foi identificado em junho, na estação III, tanto na baixa-mar quanto na preamar e em
julho, na baixa-mar, na estação II e na preamar na estação I. A presença de Ramiclhoridium
subulatum foi observada apenas na coleta de dezembro, na preamar, na estação III. Rhyzopus
microsporus foi isolado em outubro (nas duas marés em todas as estações exceto na II, na
preamar) e em dezembro (baixa-mar, estação I).
Trichoderma harzianum foi isolado na coleta de julho, na baixa-mar, nas estações I e
III e na preamar na estação II; T. virens foi registrado apenas em fevereiro, na baixa-mar,
estação I. Zytriostoma mougeotii foi observado em todas as coletas da época de chuva. Em
junho ocorreu na baixa-mar, nas estações I e III e na preamar, em todas as estações; em julho,
nas estações I e II, durante a baixa-mar e nas estações I e III na preamar; em agosto, nas
estações II e III.
Monilia sitophila, Aspergillus japonicus, Phoma cava, Trichoderma harzianum,
Fusarium solani, Aspergillus aculeatus, Penicillium Waksmanii, Glioclodium roseum,
Penicillium corylophillum, Phoma tropica, Nigrospora sp., Verticillium catenulatum,
Aspergillus
coesiellus,
Acremonium
rutilum,
Phomopsis
stiptata,
Cladosporium
cladosporioides e Aspergillus carneus ocorreram exclusivamente na época chuvosa, com
pluviosidade mínima de 231 mm³ e umidade relativa do ar de 82 % para a menor marca
registrada. A ocorrência deste grupo de fungos também esteve associada aos maiores índices
de transparência da água (entre 25 cm e total), bem como ao pH mais alcalino (média de 8,31,
contra 7,9 da época seca).
Nigrospora sp., Verticillium catenulatum, Aspergillus caesielus, Acremonium rutilum,
Phomopsis stiptata e Cladosporium cladosporioides ocorreram no mês de junho,
caracterizado por pluviosidade (236,4 mm) e umidade relativa do ar (83,2 %) elevadas.
Penicillium corylophilum e Phoma tropica ocorreram em toda a estação chuvosa (de
junho a agosto), enquanto Gliocladium roseum e Monilia sitophyla foram registrados apenas
em julho e agosto.
Aspergillus flavus, A. sidowii, Microphaeropisis arundinis, Zytriostoma mougeotii e
Cladosporium sphaerospermum ocorreram tanto na época de chuvas quanto na de estiagem.
Este último destacou-se pelo número de unidades formadoras de colônias (média de 225 UFC
nas oito marés de ocorrência). Zytriostoma mongeotii ocorreu em junho, agosto e fevereiro,
em estações com média mensal mínima de pH de 8,27 e formou, em média, 260 colônias, em
cada ocasião em que foi registrado. Aspergillus sidowii ocorreu nos meses de julho, agosto e
outubro, quando o pH médio da água era 8,34.
Penicillium oxalicum, Rhyzopus microsporus, Penicillium comune, Ramichloridium
subulatum, Penicillium solicitum, Aspergillus niger, Trichoderma virens e Aspergillus
fumigatus ocorreram exclusivamente na época de estiagem (pluviosidade média de 60,8 mm³
e umidade relativa do ar de 73,75 %), em outubro, e de dezembro a fevereiro. A salinidade
média nesta época foi 19,60 µg.at/l contra 9,05 µg.at/l na época das chuvas. A temperatura da
água variou de 27,5%C na época das chuvas a 30,7º na época de estiagem. O pH da água, que
teve média de 8,31 na estação chuvosa, caiu para 7,9 na época da estiagem. A salinidade foi
um dos parâmetros que variou mais acentuadamente entre a época de estiagem (19,60 S‰) e
a chuvosa (9,05 S‰).
Aspergillus fumigatus e Trichoderma virens, isolados apenas em fevereiro, estiveram
associados à maior pluviosidade na época de seca (157,6 mm³), bem como à maior taxa de
salinidade (22,21 S‰.) A temperatura da água neste mês alcançou a maior média (31,5ºC nas
três estações de coleta).
Penicillium commune foi o mais freqüente e característico da época de estiagem
(pluviosidade média mensal: 30 mm3) com média de 400 UFC nas seis marés em que ocorreu.
P. solicitum esteve associado às mais baixas taxas de pH (7,22 e 7,77), pluviosidade (32,5
mm³) e umidade relativa do ar (72,5%).
Zytriostoma mongeotii ocorreu em junho, agosto e fevereiro; sua ausência nas outras
ocasiões de coleta pode estar associada à queda na pluviosidade (média de 28,6 mm³ em
outubro, dezembro e janeiro).
A estação chuvosa foi mais propícia para isolamento dos fungos, com o assinalamento
de 10.250 UFC contra 8.600 UFC na estação seca. Nas coletas das baixas–marés foram
registradas 11.750 UFC e nas preamares 10.000 UFC de fungos filamentosos.
O mês de outubro foi considerado como característico de estiagem, pois os parâmetros
físico-químicos ambientais deste mês foram similares aos da época seca. Durante o
isolamento dos fungos filamentosos foram sempre registradas colônias da levedura
Rhodotorula sp. (Basidiomycotina).
Houve sucessão de fungos filamentosos ao longo dos meses da pesquisa, sendo a
época chuvosa a com maior diversidade de espécies. Pelo índice de Sorensen, há maior
similaridade entre os fungos que ocorrem nas estações II e III (73,7 %), do que entre os destas
estações de coleta e a estação I (66,6 %). Por outro lado, a similaridade entre as espécies
ocorrentes nas épocas de chuva e de seca foi de apenas 37 %, considerando os fungos
registrados em outubro como de época seca. Oito espécies ocorreram apenas na estação seca,
19 apenas na chuvosa e 4 nas duas épocas.
Discussão
O conhecimento sobre os fungos filamentosos isolados de ambientes lacustres que
sofrem influência marinha ou não e de água de rio é ainda pouco explorado, em termos de se
relacionar à ocorrência com a qualidade da água. Trabalhos com técnicas e resultados
semelhantes ao desenvolvido na Lagoa do Araçá foram realizados por Cavalcanti et al. (1997)
em açude, no Recife e Pinto (1989), em levantamento na Praia de Boa Viagem, que fica
relativamente próxima à Lagoa do Araçá, isolou principalmente espécies de Deuteromycota
(86,0%). Os demais grupos foram pouco representados: Ascomycota (9%), Basidiomycota
(3%) e Zygomycota (2%). Cavalcanti et al. (1997) isolaram fungos filamentosos da água e
das margens do açude do Vale do Prata e do Meio, também na cidade de Recife-PE, ambos
caracteristicamente ambientes aquidulcícolas. Durante o trabalho foram identificados:
Deuteromycota (80% e 87,1%), Ascomycota (14,28% e 6,45%) e Zygomycota (5,72% e
6,45%) respectivamente no Vale do Prata e no açude do Meio. Embora esses dois
reservatórios de água fiquem muito próximos e as condições hidrológicas sejam parecidas,
fica evidente que cada grupo de fungos em um determinado ecossistema tem dinâmica de
sucessão característica, variando em quantidade de propágulos e número de espécies. Esses
ambientes porém não recebem influência marinha, como ocorre na Lagoa do Araçá, que está
sujeita ao fluxo e refluxo das marés. Na Lagoa, 96,8 % dos fungos filamentosos identificados
eram mitospóricos (Deuteromycota) e apenas 3,2 % Zygomycota.
Como qualquer outro grupo de organismos, os fungos são influenciados não apenas
pelos fatores abióticos, como também pelos outros grupos de organismos existentes no
ecossistema. É conhecida a capacidade de antibiose entre fungos e entre estes e outros
organismos. Certas condições, como a competição intra e interespecífica, são positivas porque
os indivíduos conservam-se solidários entre si, podem reproduzir-se e garantir o patrimônio
hereditário e com o processo dos mais aptos sobrepujando os menos aptos, ocorre a seleção
natural das populações (Dajoz, 1978). Essa situação pode justificar a baixa quantidade de
espécies de fungos isolados na área estudada, levando-se em conta que o ambiente, pelo
elevado pH, é propício para o desenvolvimento de bactérias e outros organismos planctônicos.
Quanto aos fatores abióticos, Moura (1991) indicou que a salinidade aparece
influenciando de forma inversa a produção primária. Entretanto, essa produção pode estar
relacionada também com as variações de pluviosidade e não somente com as da salinidade,
dada a interdependência dessas duas variáveis. A salinidade, portanto, não deve ser analisada
apenas como indicativo de cloreto de sódio na água, sendo de importância fundamental para a
biomassa.
A pluviometria aparece nos modelos matemáticos explicando de forma direta a
variação da produção fitoplanctônica, e controlando praticamente todas as outras variáveis
estudadas, principalmente o nitrito, o nitrato, o fosfato, etc. Essa influência foi observada na
Lagoa do Araçá, onde houve decréscimo no número de espécies de fungos e de UFC na
medida em que a pluviosidade diminuiu e a salinidade aumentou.
A taxa de assimilação de substâncias pelos organismos está relacionada com a
concentração de nutrientes, obedecendo a uma função hiperbólica (Darley, 1982). Desta
forma, enquanto a limitação do fósforo é mais comum em lagos, à limitação de nitrogênio é
mais comum no mar. Os níveis de fosfato na área estudada mantiveram-se regulares, não
existindo variações significativas ao longo dos meses, entre marés ou estações de coleta.
As principais fontes de nitrogênio para o plâncton são: NO2, NO3 ou NH4 (Tundisi &
Tundisi, 1976; Cabo, 1978; Darley, 1983). O nitrato (NO3) apresenta-se com maior freqüência
dentre os compostos nitrogenados, geralmente em torno de 1 a 600 µg.at/l, sendo facilmente
assimilado pela maioria dos fungos. A Lagoa do Araçá apresenta média de 2,99 µg.at/l, nível
considerado baixo, porém suficiente para o desenvolvimento satisfatório do plâncton. O
nitrito (NO2) não é tão abundante quanto as outras formas de nitrogênio (0,1 a 50 µg.at/l),
podendo tornar-se tóxico em níveis mais altos. A Lagoa do Araçá apresentou média de 1.16
µg.at/l. A deficiência de nitrogênio na água, por outro lado, pode reduzir o conteúdo de
proteína do fitoplâncton, o que resulta em um “standing stock” com menor valor nutricional
para o zooplâncton (Tundisi & Tundisi, 1976, citado por Moura, 1991). Além disso, essa
deficiência pode ocasionar diferenças nas taxas de C:N e carotenóides.
Dentre os nutrientes, o mais estudado é o fósforo, presente na água do mar como
fósforo inorgânico (ortofosfato) e utilizado para o crescimento do fitoplâncton e outras formas
de vida assimilativas, bem como para a conversão de energia em qualquer sistema biológico
(Hood, 1976). Em baías e estuários pode chegar a ser cem vezes mais concentrado no
sedimento que na água superficial. O fosfato é primordial em sua importância, sendo utilizado
tanto como fonte de energia como para o crescimento dos organismos. A fertilidade de um
meio, no entanto, estará sempre guardando uma relação com valor do binômio N/P que,
segundo Aubert (1968), deverá ser particularmente de 9/10, o que não ocorre na Lagoa do
Araçá, onde a proporção é de 3/6. Para esse autor, a concentração de fosfato no seio dos
biótopos pode estar relacionada com o papel desempenhado pelos organismos. Porém, é
importante lembrar que não foram calculados os teores de amônia (NH4) dissolvidos na água,
o que leva a crer que o percentual de nitrogênio foi subestimado.
Passavante (1979) e Chamixaes (1984) reconhecem a precipitação pluviométrica como
o principal fator climatológico interferindo nos processos biológicos. Entretanto esses autores
verificaram, em trabalhos realizados no Canal de Santa Cruz (Itamaracá - PE) e no Açude de
Apipucos (Recife - PE), que apesar do aumento considerável da matéria em suspensão, a
biomassa primária foi mais elevada no período das chuvas, coincidindo com a elevação nos
teores de sais nutrientes dissolvidos na água tanto do canal quanto do açude. A pluviosidade
foi o fator que mais contribuiu para a diversidade de fungos na Lagoa do Araçá, pois
influenciou diretamente outros parâmetros (exceto nitrito, nitrato e fosfato), sendo
visivelmente diferentes os índices da estação chuvosa em comparação com os da época de
estiagem. Foi observado ainda que a pluviosidade foi diretamente proporcional à quantidade
de fungos filamentosos isolados da água.
O pH da água, na Lagoa, manteve-se sempre alcalino, como normalmente ocorre em
ecossistemas marinhos, sendo mais alto na estação chuvosa que na de estiagem; porém, as
duas médias são próximas e acima de oito. O mesmo resultado foi observado por Feitosa
(1988), em estudo sobre a produção primária na Bacia do Pina (Recife - PE), registrando
também certa uniformidade em ambos os períodos de marés; no entanto, não foi observado
ciclo sazonal. No presente trabalho foi observada relação entre pH e transparência da água,
estando possivelmente o aumento do pH relacionado com a lama redutora em suspensão
durante a correnteza mais forte na época das chuvas.
O oxigênio dissolvido na água da Lagoa, teve níveis muito variados, não apresentando
sazonalidade nem um padrão que pudesse ser estabelecido entre as marés. A estação chuvosa
teve média um pouco abaixo da estação de estiagem. Os níveis apresentaram variações
destoantes, que variaram de 0 a mais de 200 %. Macêdo et al. (1978) estabeleceram para os
ambientes estuarinos do Nordeste do Brasil, as seguintes zonas, de acordo com os valores de
saturação do oxigênio dissolvido na água: zona supersaturada - com valores de saturação
acima de 100 %, zona de baixa saturação - com valores entre 50 e 100 %, zona semi-poluída
- com valores entre 25 e 50 %; e zona poluída - com valores abaixo de 25 %. Embora a média
geral do oxigênio dissolvido na água da Lagoa do Araçá (60,6 %) caracterize a área como não
poluída, as tomadas noturnas das variações nictimerais apresentaram geralmente nível 0 %.
Regiões estuarinas podem apresentar fauna e flora muito rica em número de indivíduos e
pobre em número de espécies (Martonne, 1954), podendo esse conceito ser aplicado aos
fungos. Quando tomou os parâmetros físico-químicos da Bacia do Pina, Feitosa (1988) já
havia observado que embora esta área de estuário fosse de grande importância sócioeconômica, em decorrência da atividade pesqueira, ela vem sendo alvo de agentes poluidores.
Segundo Molle & Cardier (1992), a água muito transparente (> 50 cm) é pobre em nutrientes
e particularmente em algas, enquanto na água muito turva (transparência < 10 cm) a luz não
penetra, prejudicando a fotossíntese. A transparência ideal está entre 20 e 40 cm, marcas
geralmente encontradas na Lagoa do Araçá, não sendo portanto um parâmetro que possa ser
associado à sazonalidade dos fungos. Feitosa (1988) observou a presença de manchas de óleo
na superfície da água, bem como esgotos domésticos oriundos de bairros adjacentes que são
lançados diretamente na Bacia do Pina, sem sofrer qualquer tratamento. Essas agressões são,
certamente, os principais fatores responsáveis pela queda nas taxas do oxigênio dissolvido, o
que pode justificar a mortandade em massa de peixes, crustáceos, moluscos, etc., que ocorre
eventualmente nessa Bacia.
Muitos fungos embora não propriamente aquáticos, se desenvolvem bem em tais
ambientes, como é o caso de Aspergillus, Penicillium, Fusarium, Rhizoctonia, etc., os quais
são responsáveis pela mineralização de compostos orgânicos (Scow et al., 1990). Os reatores
de sistemas de batelada utilizados como despoluidores de água de indústrias que produzem
resíduos orgânicos, utilizam principalmente fungos no processo de simplificação de
compostos orgânicos em compostos minerais mais facilmente absorvidos pelos organismos
que formam o plâncton (Santela, 1993). É provável que fungos como Penicillium commune,
P. corylophillum, Aspergillus niger A. flavus, Clodosporium sphaerospemum, Monilia
sitophila, Phoma tropica e Zytriostoma mougeotii se encontrem entre os que desenvolveram
na água da lagoa colonizando o ambiente e fazendo parte do plâncton.
Aspergillus coespitosus, A. carneus, A. japonicus, Cladosporium cladosporioides,
Penicillium waksmanii, Phoma cava, Trichoderma viride, Verticillium catenulatum e
Penicillium oxalicum, tiveram baixa freqüência de ocorrência, formando poucas UFC, o que
provavelmente indica que seus propágulos chegaram até a Lagoa através do ar, da lavagem do
solo pela água da chuva ou através de esgotos pluviais. Borut & Johnson (1962, citados por
Pinto, 1989) isolaram Aspergillus flavus, A. fumigatus e A. sydowi de sedimento de estuário
na Carolina do Norte, enquanto A. niger foi isolado de água doce, salobra e do mar.
Durante o desenvolvimento deste trabalho, na fase de plaqueamento da água coletada
da Lagoa, embora tenham sido usados dois tipos de antibióticos associados aos meios de
cultura, sempre foi observado o desenvolvimento de colônias de bactérias e de leveduras
(Rhodotorula sp.) em quantidades consideráveis, existindo portanto a possibilidade de
inibição dos propágulos dos fungos pela ação destes microorganismos.
Concluindo, foi observado que: a) os fungos filamentosos se apresentam em três
grupos na água da Lagoa do Araçá: o primeiro predomina no período chuvoso (58%); o
segundo, na estiagem (25,8%) e o terceiro ocorre nos dois períodos (16,1%); b) a similaridade
de espécies de fungos é alta (> 60%) entre as estações de coleta, sendo mais reduzida quando
se as épocas de chuva e estiagem; c) os fungos filamentosos mais comumente encontrados na
Lagoa do Araçá são espécies de Aspergillus, Penicillium, Cladosporium e Trichoderma; d)
este constitui o primeiro registro da ocorrência de Zytriostoma mougeotii e Ramichloridium
subulatum em ambiente aquático; e) a pluviometria foi o principal fator influenciando a
sucessão fúngica e a variação dos outros fatores abióticos no ambiente estudado, embora as
taxas de nitrito, nitrato e fosfato sejam relativamente constantes; f) as zonas estuarinas se
caracterizam pela pequena diversidade de fungos, com maior salinidade na água
determinando a redução no número de espécies.
Agradecimentos
A o CNPQ pela bolsa
URCA pela liberação para mestrado
Aos professores do mestrado em criptógamos
Aos técnicos dos laboratórios da oceanografia
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