Afinal, quem tem medo da KPC?
Transcrição
Afinal, quem tem medo da KPC?
HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO - USP Bactérias multiresistentes: testando nossa resistência Afinal, quem tem medo da KPC? 16º Jornada de Controle de Infecção Hospitalar de Ribeirão Preto 20/05/2011 Gilberto Gambero Gaspar [email protected] Penicilina, 1940, Segunda Guerra Mundial Sucesso: Organização em equipe Bomba de efluxo (gram negativo) Cronologia da resistência antimicrobiana KPC S. aureus Van R RESISTÊNCIA ADQUIRIDA NO AMBIENTE HOSPITALAR M. tuberculosis Enterococcus sp. Candida sp. S. aureus MRSA Bastonetes Gram negativos S. aureus pen-R 1950 RESISTÊNCIA ADQUIRIDA NA COMUNIDADE 1960 1970 1980 1990 ? Streptococcus pneumoniae Haemophilus ducreyi H. influenzae Neisseria gonorreae Salmonella sp Shigella dysenterieae Shigella sp 2000 EXTRA EXTRA Notícia Urgente MAIS UMA OBRA DO HOMEM ACABAMOS DE CRIAR UMA BACTÉRIA RESISTENTE A QUASE TODOS OS ANTIBIÓTICOS DISPONÍVEIS NA ATUALIDADE: A SUPERBACTÉRIA KPC, a superbactéria Puxa! Será que nunca tivemos esse perfil de resistência no Brasil? Produtoras de carbapenemases Podem me chamar de KPC Klebsiella pneumonia KPC • Primeiramente isolada em 1996 (Carolina do Norte); • Outras regiões dos Estados Unidos; • Disseminação mundial; • Surto em diversos hospitais de Nova York; • Países como Brasil, Colombia, Israel, Grécia, França e China; • Hospitais Indianos. Geographical Distribution of KPCProducers Frequent Occurrence Sporadic Isolate(s) 13 Klebsiella pneumonia KPC Novidade no Brasil? • Brasil: – Em 2005, foi registrado o primeiro caso no Brasil; – Transmissão plasmidial para outras enterobactérias; – A KPC nunca foi novidade no Brasil e Mundo; – Existem outras bactérias com maior prevalência de resistência. Disseminação clonal Produtoras de carbapenemases Metalo-beta-lactamases • IMP, VIM, SPM, GIM; • Degradam carbapenens, cefamicinas, cefalosporinas; • Não atuam sobre aztreonam. Classe A: • KPC (plasmidiais) em K. pneumoniae, Enterobacter, C. freundii; • Salmonella, K.oxytoca; • GES (plasmidiais) em K. pneumoniae e E. coli; • Degradam penicilinas, cefalosporinas, aztreonam; • Inibidas por ac. clavulânico. Queenan & Bush-CMR 2007, 20: 440-58 Produtoras de carbapenemases • Classe A; • Primeiramente encontrada na Klebsiella pneumoniae; • Outros bacilos gram negativos: E. coli, Serratia marcescens, enterobacter spp, salmonella spp e pseudomonas spp; • Resistência: penicilinas, cefalosporinas, monobactans e carbapenêmicos; • Muitas vezes resistentes a aminoglicosídeos e fluorquinolonas. Como trataremos o nosso paciente? Produtoras de carbapenemases • Laboratório de microbiologia atualizado e automatizado; • Padronização CLSI; • Gene blaKPC (plasmidial); • Pode transmitir a outras espécies por via plasmidial; • Opcões terapêuticas: aminoglicosídeos, glycylcyclines, polimixina B ou E ou combinação. Entra em cena... Polimixina B e E Polimixina B e E • • • • Lipopeptídeo; Isolado do Bacillus spp; 1947 isolada a polimixina B e E; Usadas após 2 décadas; Maior utilização em soluções oftalmológicas e tópicas; 1970: diminuição da sua utilização Século XXI : retorno do seu uso Polimixina B e E • • • • • Ação semelhante a detergentes catiônicos; Liga-se ao envelope celular; Ruptura celular e morte; Ação contra as enterobactérias; Não apresenta ação contra gram positivos, anaeróbios e Neisseria spp; • São resistentes: Proteus spp, Providencia spp, Morganella morganii e Serratia marcescens. O que temos na literatura Não soubemos utilizar as maiores descobertas da humanidade: terapia e prevenção. E agora, vamos esperar um novo Flemming da era moderna ou vamos aprender a racionalizar as nossas condutas de terapia e prevenção. • Estudo quase-experimental; • Hospital terciário de longa permanência; • “Bundle” para controle de infecção por Klebsiella pneumoniae; • Julho de 2008, iniciou-se o “Bundle”: banho de clorexedina 2%, cultura de vigilância na admissão, melhora das precauções de contato e educação continuada. • Determinar fator de risco dentro da UTI adulta na Grécia; • Estudo caso controle; • 59 pacientes K. pneumoniae (19 com KPC blaKPC-2 e 17 de 18 carreavam o gene blaVIM-1); • APACHE II como principal fator de risco; • Os produtores de KPC aumenta a mortalidade; • Necessidade de identificação rápida. • Analisou fatores de risco; • Estudo caso controle; • Doença grave (odds ratio, 4.31), uso de fluorquinolona (odds ratio, 3.39) e uso de cefalosporina de amplo expectro (odds ratio, 2.55); • Klebsiella pneumoniae foi associado a aumento da mortalidade (odds ratio, 3,60). • Polimixina B apresenta MICs elevados para Klebsiella pneumoniae; • Diferentes MICs dependendo da topografia (16128 mcg/ml); • Sinergismo polimixina B com rifampicina; polimixina B e doxiciclina; polimixina B e tigeciclina. • O melhor tratamento ainda é incerto; • O uso dos carbapenêmicos (sensibilidade in vitro) deve ser usado com cautela; • 50% falha terapêutica mesmo com sensibilidade aos carbapenêmicos in vitro; • Ficar atento a MIC dos carbapenêmicos. • • • • Derivado dos aminoglicosídeos; ACHN-490; ≤2 mg/L (sensível); 35% resistente a gentamicina, 61% para tobramicina e 20% para amicacina; • ACHN-490 droga promissora com alta potência. RESOLUÇÃO-RDC N 42, DE 25 DE OUTUBRO DE 2010. Dispõe sobre a obrigatoriedade de disponibilização de preparação alcoólica para fricção antisséptica das mãos, pelos serviços de saúde do País, e dá outras providências. SBI, 2011 Afinal, quem tem medo da KPC? Resposta da platéia 1% 11% 0% 4% muito medo da KPC medo das MDR 84% de jeito nenhum estou sossegado isso não me pertence Principais agentes MDR TOP 10 DRUG RESISTANT MICROBES MICROBE DRUGS RESISTED Enterobacteriaceae Aminoglycosides, Beta-Lactam antibiotics, Chloramphenicol, Trimethoprim Enterococcus Aminoglycosides, Beta-Lactams, Erythromycin, Vancomycin Haemophilus influenzae Beta-Lactams, Chloramphenicol, Tetracycline, Trimethoprim Mycobacterium tuberculosis Neisseria gonorrhoeae Aminoglycosides, Ethambutol, Isoniazid, Pyrazinamide, Rifampin Beta-Lactams, Spectinomycin, Tetracycline Plasmodium falciparum Pseudomonas aeruginosa Chloroquine Aminoglycosides, Beta-Lactams, Chloramphenicol, Ciprofloxacin, Tetracycline, Sulfonamides Streptococcus pneumonia Staphylococcus aureus Aminoglycosides, Chloramphenicol, Erythomycin, Penicillin Shigella dysenteriae Ampicillin, Trimethoprim-Sulfamethoxazole, Chloramphenicol, Tetracycline Chloramphenicol, Ciprofloxacin, Clindamycin, Erythromycin, Beta=Lactams, Rifampin, Tetracycline, Trimethoprim Source: George Jacoby Adapted from SCIENCE, Vol. 257, August 1992 MSRA • • • • • • • Isolado 1961; A partir 1990: disseminação mundial; Nível endêmico; Atualmente diversos surtos intra-hospitalares; Unidade de terapia intensiva; Portadores assintomáticos; Descolonização: É possível? • Importante causa de IPCS; • EARSS: > 25% de MRSA; Brasil Não precisamos ir tão longe. Agente cada vez mais frequente. Densidade de incidência de pacientes com germe MDR de 2008 a 2010 (colonização e infecção), HCRP-USP 1,40 1,20 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 0,00 • 1967, reportado MRSA; • 23% na Austrália, 67% Japão, 40% Pacífico Sul, 32% EUA e 26% na Europa; • Endêmico no Brasil (60%); • Esquemas alternativos quando a prevalência de CA-MRSA esta acima de 10%; • Laboratórios da rede pública. CA-MRSA • 1990, Austrália; • Alta virulência (pneumonia necrotizante); • Sem um fator de risco específico; CA-MRSA • Infecção pós-parto, mastite, celulite e abscessos. (Saiman, CID 2003) • Infecção de prótese ortopédica. (Kourbatova, Am J Infect Control 2005; Patel, J Clin Microbiol 2007) • Ainda de baixa ocorrência no Brasil; VRE • A resistência a glicopeptídeos é um importante problema nos EUA desde 1986; • CDC: 1986 a 1989 foi o segundo agente Escasso arsenal terapêutico etiológico mais frequente de infecções nosocomiais nos EUA; Atenção especial: pacientes imunossuprimidos • E. faecalis a resistência a ampicilina e vancomicina não é comum; • E. faecium mais comum a resistência; • Brasil, o primeiro isolamento de cepa resistente ocorreu em Curitiba, em 1996. ESBL • Enterobactérias; Nada é por acaso: • Principalmente Klebsiella spp e Echerichia A genitora das carbapenemases: coli; Utilizamos cada vez mais carbapenêmicos e quinolonas.de • Um dos principais problemas mundiais resistência; • TEM e SHV; • Sensibilidade as cefalosporina de segunda geração (antibiograma). Amp-C • Mecanismo de resistência cromossômico induzível; • Grupo CESP; • Podem ter mecanismos de resistência variados (porina, b-lactamase etc...); • Baixas opções terapêuticas; • Leva ao uso de cefalosporina de quarta geração, quinolonas e carbapenêmicos. Principais agentes MDR Afinal, quem tem medo APENAS da KPC? A visão cega do modismo • Atualmente temos poucas opções terapêuticas para estes agentes (não só a KPC); • Não existe apenas a KPC; • Tenho MUITO MEDO do MRSA, ESBL, VRE, KPC etc...; A maneira de prevenir não mudou! Uso racional dos antimicrobianos Medidas de prevenção OBRIGADO... “A MAIS GRAVE DAS FALTAS É NAO TER CONSCIÊNCIA DE FALTA ALGUMA”. (Einstein) [email protected]
Documentos relacionados
Baixar Apresentação
Análise multivariada dos fatores de risco para mortalidade intrahospitalar em pacs com K.pneumoniae R carbapenem OR (IC 95%)
Leia mais