o novo centro - Bom Dia Floripa

Transcrição

o novo centro - Bom Dia Floripa
FLORIANÓPOLIS, OUTUBRO DE 2013
ANO I
-
Nº 1
O NOVO CENTRO
LUZ NO FIM DO TÚNEL
Bairro Saco dos Limões é a bola da vez na corrida imobiliária.
Pode ser o novo centro. Ipuf diz que a região é estratégica: está
às margens da Via Expressa Sul, conectada com o centro,
próxima da Ufsc e no caminho do aeroporto. Pág. 14
Divulgação/BDF
VICENTE ORIGE, O
EMPRESÁRIO QUE PISA
FUNDO NO ACELERADOR
PÁGINAS 6 E 7
PLANO DIRETOR
A CIDADE DE PAPEL
Projeto vai chegar na Câmara. Será
que desta vez as propostas
viram realidade?
PÁGINAS 8 a 11
A BOA IDEIA QUE
DO OUTRO LADO do túnel está o bairro Saco dos Limões, com 15 mil habitantes. Sua área plana
e próxima ao Centro é uma “alternativa de adensamento”, o novo Eldorado do
setor imobiliário. É pra lá que a cidade vai crescer
VIROU LIXO
PÁGINA 17
2
Bom dia, leitores
Florianópolis, outubro de 2013
Com o papo cada vez mais frequente sobre
o fim dos jornais impressos, que estariam com
os dias contados porque seriam substituídos
pelas mídias digitais é, no mínimo, um ato de
ousadia colocar nas ruas mais um jornal.
E por quê não, se existem bons assuntos e
ótimos leitores?
A resposta é simples assim: há espaço para
um jornal com o conteúdo editorial que
idealizamos para o Bom Dia Floripa. A
proposta é colocar no papel questões que
afetam a vida dos moradores dos bairros,
normalmente pessoas anônimas e esquecidas
pelos poderes públicos.
Hoje buraco de rua, terreno sujo ou o
banco da pracinha que está quebrado não
interessam muito às chamadas “grandes
mídias”. Estão atrás dos “grandes casos”,
dos bilhões que aquele ex-bilionário brasileiro,
ex-marido daquela ex-atriz fez sumir pelo ralo.
Não é a nossa praia.
A nossa praia é aqui na frente, onde a vista
alcança, e que está cheia de lixo e esgoto. A
praia do José Mendes, imprópria para banho;
a do Saco dos Limões, que levaram pra longe
com o aterro da Via Expressa. Aterro que era
para ser um parque público, e onde há 15 anos
não acontece nada. As águas que descem do
Maciço da Costeira, que abasteciam as casas e
hoje viraram valas de esgoto.
Mas estamos de olho também nas boas
histórias, como a da Vila Operária, no Saco
dos Limões, primeiro conjunto habitacional
com arquitetura modernista construído no
Brasil, à época de Getúlio Vargas.
Bem, será um Bom Dia por mês, mas isso
é só o começo.
Boa leitura a todos nesse primeiro
encontro.
Terminal de Integração do Saco
dos Limões (Tisac), que nunca
entrou em operação (o sistema
integrado de transportes
funciona desde 2003) pode
ganhar vida na nova licitação do
transporte público. A prefeitura
de Florianópolis planeja
integrá-lo ao sistema, para as
conexões que vem do Sul com
destino ao Pantanal, Trindade,
UFSC, e vice-versa. Hoje, todos
os passageiros com esses
destinos passam no Ticen.Vai
diminuir número de ônibus no
centro.
Prefeito César Souza
Junior tem direito a tomar
chope de graça na
Kibelândia. Os fregueses
pagam a conta. Foi decisão
dele liberar espaço em frente
ao bar mais tradicional do
centro, para que se
colocassem mesas na rua.
Era assim no passado, e
depois virou
estacionamento de motos. A
decisão faz parte do projeto
de valorizar o centro. A
Kibe tem 50 anos, faz parte
da história, fica num belo
casarão e é justo que seus
ilustres frequentadores
sintam-se em casa. “A cidade
precisa de lugares como esse
para ser vivida”, resume o
Ipuf.
A catraca do transporte coletivo está girando
para trás. Em 10 anos, o sistema perdeu 1 milhão
de passageiros em Florianópolis. Isso quer dizer
que muitas pessoas buscaram outra alternativa de
transporte. É por essa razão (também) que as
ruas estão saturadas de automóveis.
Restrição
A partir de 1º de novembro começam as
restrições para a circulação de veículos pesados
nos horários de pico. Se não houver nenhum
contratempo, vamos ter filas de caminhão nas
entradas e saídas das pontes.
Rio Tavares
O elevado do Rio Tavares, no trevo que leva
para o Campeche e Lagoa, vai custar R$ 10 milhões. Será construído com recursos do Badesc.
Ali é o maior gargalo de trânsito na Ilha, com
seis convergências de fluxo num espaço de
pouco menos de 50 metros. Um verdadeiro nó,
sem sinalização e sem policiamento. Só funciona
pela educação dos motoristas.
Grana no lixo
Hoje, lixo é dinheiro. Mas não aqui. Todo dia,
mil toneladas de resíduos (1 milhão de quilos)
são depositados no aterro da Proactiva em
Biguaçu. É lixo de Florianoópolis, São José,
Palhoça e Biguaçu. O negócio é usar tecnologias
que permitam o aproveitamento desse material.
Não dá mais para continuar jogando dinheiro no
lixo.
Tisac na linha
Kibelândia
Equação da catraca
DIRETORES
Albano Aquino, Fernando Damásio, Jurandir Camargo
Eletrosul liberou
A Eletrosul fez a sua parte e autorizou a prefeitura a utilizar
área da estatal para a duplicação da Av.Deputado Antonio Edu
Vieira. Agora, para a obra sair do papel, falta a decisão Ufsc, que
parece não perceber a importância da duplicação da avenida para
a mobilidade urbana da Capital. O prefeito César Souza Júnior já
foi comunicado da decisão Eletrosul, que teve o empenho do
presidente da empresa, Eurides Mescolotto e de Paulo Afonso
Vieira, diretor da estatal. Os dois, aliás, são políticos, um do PT e
outro do PMDB. O que falta para a UFSC sensibilizar-se com a
questão?
Canetada
SPU (Secretaria de Patrimônio da União) coloca em vigor até
o fim de 2014 a nova demarcação das áreas de marinha na Ilha,
mudando a situação de imóveis perto do mar, mangues, rios e
lagoas. Quem estiver dentro da nova área terá que pagar à União
taxa de ocupação do terreno, que é obrigatória. Só 10% das áreas
devem escapar: são os terrenos de marinha entre o Saco dos
Limões e a Agronômica, já demarcados e homologados em 1979.
EDIÇÃO
Jurandir Camargo
DESIGN GRÁFICO
Ronaldo Ferro
COMERCIAL
Edilton Maranhão, Albano Aquino, Fernando Damásio
COLABORADORES
Agatha Roldan e Fernanda Félix
CIRCULAÇÃO
Prainha, José Mendes, Saco dos Limões, Costeira do Pirajubaé, Pantanal, Trindade, Carvoeira, Agronômica,
Campeche, Tapera, Carianos
ENDEREÇO
Rua João Mota Espezin, 1.107 - Saco dos Limões, Florianópolis, Santa Catarina - CEP 88045-400
Fone (48) 3209-2057
....
www.bomdiafloripa.com.br
Tiragem: 5 mil exemplares
Florianópolis, outubro de 2013
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VILA OPERÁRIA
UM RARO EXEMPLO
da influência do modernismo na habitação popular
Conjunto habitacional no Saco dos Limões ainda tem casas originais do primeiro
empreendimento da arquitetura popular doméstica getulista feito no Brasil
A
Vila Operária, no Saco dos
Limões, foi o primeiro
conjunto habitacional feito
no Brasil pelo extinto IAPI (Instituto
de Aposentadorias e Pensões dos
Industriários). Há 71 anos 100
unidades foram entregues, no dia 1º
de Maio de 1942. É um raro acervo
histórico que mostra a influência do
modernismo na arquitetura popular
doméstica getulista, nos primórdios
da habitação popular no Brasil, no
governo Getúlio Vargas.
Segundo pesquisa feita em 2002
pelo Grupo de Estudos da
Habitação da Ufsc, coordenado pela
professora e arquiteta Carolina
Palermo Szücs e com participação
de Luciana Monte Alegre Trivella e
Marina Ester Fialho de Souza, “ o
projeto, racional, de geometria
simplificada e concentração das áreas
molhadas, em tudo atende os
conceitos modernistas de economia
e funcionalidade”.
As casas da Vila Operária são
térreas e geminadas duas a duas. Os
lotes tinham aproximadamente
204,60m2, delimitados por cercas
vivas e de sarrafos. As habitações
possuíam, cada uma, dois quartos,
sala, cozinha e banheiro num total de
42m
A pesquisa , segundo o Grupo de
Estudos da Habitação, foi um
“esforço da arquitetura, desenho
urbano, antropologia e história para
resgatar a memória coletiva do
espaço da Vila Operária e preservar
esse importante conjunto
arquitetônico”.
Mostra o papel dos institutos de
aposentadorias e pensões (IAPs) na
criação da política habitacional
brasileira, a partir da Era Vargas
(Getúlio Vargas), com destaque para
a Vila Operária do Saco dos Limões,
por ter sido “o primeiro
2
Casas geminadas: à esquerda a residência foi reformada. À direita um exemplar autêntico do modernismo na habitação popular
empreendimento erguido no Brasil”.
À época da pesquisa (2002) a
maioria dos primeiros moradores
ainda vivia na Vila Operária, desde a
década de 40, o que, segundo as
arquitetas “torna singular esta
comunidade em relação à cidade”.
Também destacam o conjunto
arquitetônico como “de interesse
para a preservação de suas
características como exemplar
único”, em Florianópolis, da
“arquitetura popular doméstica
getulista, primórdios da política
habitacional brasileira”.
Proposta de
tombamento
Depois do levantamento foi
desenvolvida proposta de
recuperação arquitetônica da Vila e
uma fundamentação teórica para o
pedido de tombamento do conjunto
no IPHAN – Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional.
“Será o início de um processo de
conscientização por parte dos
moradores e do município, para que
a Vila Operária se torne um
referencial urbanístico-arquitetônico
para Florianópolis. Atualmente o
conjunto apresenta características
que se tornam peculiares e de caráter
histórico. Sua importância dentro do
contexto da cidade é marcada
principalmente pelo estado de
conservação em que se apresenta
grande parte das casas, possuindo
muitas vezes partes originais ou com
poucas modificações”, diz o estudo.
Características
originais
possui um pano cego na base e uma
bandeira móvel de vidro .
• A varanda original é um elemento
de transição para o interior da
unidade, demarcando a entrada
principal. É uma extensão da
cobertura principal.
• As paredes externas eram caiadas e
eventualmente coloridas com “pó
xadrez”. Apresentavam textura
praticamente lisa, pela aplicação do
reboco.
• A cobertura original utiliza telha
francesa sobre madeira, em duas
águas, com a linha da cumeeira
transversal ao lote, elemento único
• Gateiras na fachada lateral, sob a
para cada par de unidades geminadas. cumeeira, na forma de três aberturas
estreitas retangulares, dispostas em
• O pilar original é de alvenaria
triângulo marcam a volumetria e são
rebocada. Na parte superior, tem
elementos de ventilação do telhado.
forma arredondada e “abraça” a viga
de apoio do beiral. É elemento
• Na implantação original os lotes
marcante na fachada.
não possuíam muros. Na década de
50 foi autorizada a construção de
• As esquadrias originais (porta e
uma cerca de madeira e, a partir da
janela) são de madeira, alternando o
década de 60, começaram a surgir os
uso de vidro e veneziana, com
muros.
abertura para o exterior. A porta
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Florianópolis, outubro de 2013
BOM DIA circula em área com 140 mil habitantes
O
Bom Dia Floripa começa a circular em uma área da
Capital que concentra população de quase 140 mil
pessoas. É um imenso potencial de leitores e um
grande mercado de consumo e serviços.
São 10 bairros e localidades onde o jornal é distribuído. Veja
quais são esses lugares e a sua população: Trindade, 18.812
moradores; Agronômica, 15.588; Saco dos Limões, 14.670;
Campeche, 13.540 habitantes; Tapera, 10.079; Costeira do
Pirajubaé, 9.341; Rio Tavares, 9.004; Carianos, 7.717; Pantanal,
5.496 moradores; e José Mendes, 3.385. No total, são 137.632
habitantes.
O jornal também está inserido no contexto da Ufsc
(Universidade Federal de Santa Catarina) que tem uma
população flutuante entre alunos, professores e funcionários
de mais de 30 mil pessoas.
Seu bairro
Segundo dados do Censo 2010 do Ibge (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística), a região central de Florianópolis
ainda é a área da cidade que concentra o maior número de
moradores: perto de 45 mil pessoas.
Os outros dois grandes bairros da Capital são a Trindade e
Capoeiras, com mais de 18 mil habitantes cada um. O quarto
mais populoso é o bairro Capivari, pouco conhecido, que fica
na região de Ingleses e começou a existir somente a partir de
1990: tem 17 mil moradores.
Veja os bairros e as localidades de Florianópolis e a sua
população:
Centro
44.315
Trindade
18.812
Capoeiras
18.632
Capivari
17.031
Fpolis (demais setores) 16.436
Itacorubi
15.665
Agronômica
15.588
Saco dos Limões
14.670
Campeche
13.540
Coqueiros
13.263
Monte Cristo
12.707
Jardim Atlântico
12.158
Rio Vermelho
10.756
Corrego Grande
10.563
Tapera
10.079
Costeira do Pirajubaé
9.341
Rio Tavares
9.004
Canasvieiras
8.693
Estreito
7.878
Carianos
7.717
Saco Grande
7.607
Ingleses
6.972
Canto
6.494
Monte Verde
6.429
Abraão
5.883
Balneário
5.826
Lagoa
5.654
Jurerê
5.531
Pantanal
5.496
Barra da Lagoa
4.925
João Paulo
4.774
Coloninha
Alto Ribeirão
Santinho
José Mendes
Vargem Grande
Ponta das Canas
Vargem do Bom Jesus
Armação
Porto da Lagoa
Itaguaçu
Santa Mônica
Santo Antonio
Cachoeira do B. Jesus
Bom Abrigo
Vargem de Fora
Ribeirão da Ilha
Sambaqui
Ratones
Pedregal
Praia Brava
Açores
Caiacanga
Moenda
Canto da Lagoa
Daniela
Morro das Pedras
Autódromo
Retiro
Cacupé
Vargem Pequena
Costeira do Ribeirão
4.709
4.474
3.723
3.385
3.354
3.168
3.148
2.837
2.216
2.114
1.658
1.653
1.651
1.510
1.501
1.444
1.408
1.120
1.029
975
938
917
859
859
787
781
694
634
601
571
408
Base Aérea
Lagoinha do Norte
Dunas da Lagoa
Recanto dos Açores
Canto do Lamim
Caieira
Canto dos Araças
Forte
Praia Mole
Rio das Pacas
Campus
Morro do Peralta
519
387
372
372
338
271
258
254
206
84
2
2
FLORIANÓPOLIS
(População estimada)
ANO
HABITANTES
2011
427.298
A reprodução do pintor Eduardo Dias mostra uma
Desterro sem problemas,
diferente de Florianópolis, a
caminho do caos
(Censo 2010)
Florianópolis, outubro de 2013
5
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Florianópolis, outubro de 2013
VICENTE ORIGE, PILOTO. VICENTE ORIGE SILVA, EMPRESÁRIO
VENCEDOR nos negócios e nas pistas
Empresário diz que corre por hobby, mas nas pistas é um piloto campeão.
Acaba de vencer a 5ª etapa da Copa Petrobras de Marcas
A
frase que o executivo
Vicente Orige Silva, 37
anos, colocou em um
pequeno quadro afixado atrás de
sua mesa de trabalho, na Santa
Fé Veículos, em Florianópolis, é
uma pista para entender um
pouco o perfil deste jovem
empresário, que é, também, um
dos principais pilotos de corrida
catarinense na atualidade: “Não
avalie pessoas, e sim
desempenhos”.
Na vida, Vicente Orige
sempre foi submetido a esse
padrão de comportamento.
Filho de um empresário de
sucesso, que atua em vários
segmentos de negócios, desde de
pequeno ele conviveu com
expressões como dedicação,
visão, eficiência, esforço,
competitividade, respeito,
coragem.
Orige descobriu que para ter
um bom desempenho, nos
negócios ou numa pista de
corrida, era preciso aperfeiçoar
cada uma dessas qualidades.
Como empresário, já subiu ao
alto do pódio: aos 37 anos é o
principal executivo do Grupo
Santa Fé. E, como piloto, acaba
de vencer a 5ª etapa da Copa
Petrobras de Marcas, categoria
turismo e onde só há espaço
para profissionais. Tanto que seu
companheiro de equipe é outro
vencedor, o piloto Ricardo
Maurício, que já foi campeão da
Stock Car e lidera a Copa
Petrobras.
Divulgação/BDF
“
Quando eu tinha 17 anos, meu pai
perguntou: quer correr ou trabalhar na
empresa? Optei por trabalhar
”
7
Florianópolis, outubro de 2013
Rodrigo Ruiz/Divulgação/BF
A escolha
Vicente Orige, que tem gasolina
no sangue desde pequeno, da
convivência nas concessionárias de
veículo do pai, com direito a visão
diária de pátios repletos de carros e a
opção de ter as oficinas como
playground, foi rápido para as pistas.
Aos 12 anos, em 1988, já era
campeão de kart em Florianópolis , e
vice-campeão catarinense em 90 e
91. Em 2007, conquistou o
catarinense, na categoria sênior.
Estava nascendo um campeão?
Não, um futuro executivo. Apesar
das vitórias nas pistas, Vicente Orige
optou por correr atrás da máquina.
“Quando eu tinha 17 anos, meu pai
perguntou: quer correr ou trabalhar
na empresa? Optei por trabalhar”,
lembra.
Ir para as pistas passou a ser
apenas um hobby. E foi como hobby
que Orige, em 1997, entrou para o
automobilismo, na categoria
arrancada. Foi bi-campeão
catarinense, bi-campeão brasileiro e
10 vezes campeão paranaense.
E cada vez mais o executivo
Vicente Orige Silva foi praticando o
tal hobby: em 2008, já estava
disputando Rally de Velocidade e,
depois de três anos na categoria, foi
campeão brasileiro em 2009 e ficou
com o terceiro lugar em 2010. No
ano seguinte, foi para a categoria
Mini Challenge. De um total de oito
etapas, disputou apenas quatro
corridas e ganhou uma.No ano
passado, correu o Campeonato
Metropolitano de Curitiba de Marcas
e Pilotos, com um Gol 1.6. Foi
campeão.
Este ano, foi parar numa categoria
profissional, a Copa Petrobras de
Marcas, que está abaixo apenas da
Stock Car. “Fui indicado por um
amigo, que é preparador de carros,
para andar na equipe”.
A equipe é a JLM Racing, de
Porto Alegre. Vicente Orige já
disputou cinco etapas da Copa
Petrobras, conquistou uma pole e
venceu uma corrida. Está em sétimo
lugar. “Não me considero um piloto
profissional. Quero manter o
automobilismo como hobby. Quero
correr”, diz.
Na próxima curva da conversa, o
piloto-empresário dá uma pequena
escapada: “Se der para ir para a Stock
Car, deixa acontecer”.
Enquanto isso não acontece,
Vicente Orige segue a rotina de
treinos com kart na pista de Ingleses,
faz condicionamento físico três
vezes por semana, e treina com carro
sempre um dia antes da corrida.
Como dá para ver, é um hobby
que exige muita dedicação, esforço,
concentração. Um treinamento de
piloto de provas.
Afinal, o empresário Vicente
Orige Silva, é um profissional
vencedor.
Nos negócios e nas pistas.
ÁLBUM DE FAMÍLIA
CENTRO
HISTÓRICO
RESERVAS
(48) 3249 9000
DE SÃO JOSÉ
GASPAR NEVES, 3150
RESERVAS (48) 3249 9000
Tio, acelera que eu
estou chegando
”
ENZO, 6 meses.
Sobrinho do piloto Vicente Orige
e
ac
sse
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Gastro
Divina
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8
Florianópolis, outubro de 2013
PLANO DIRETOR
A CIDADE de papel
Florianópolis, 453 mil habitantes, uma cidade
planejada, com seu patrimônio cultural e
ambiental preservados, um paraíso para
moradores e turistas.
M
as esta cidade só existe no
papel. É o perfil de
Florianópolis traçado pelo
Ipuf (Instituto de Planejamento
Urbano de Florianópolis) e que faz
parte da proposta do novo Plano
Diretor da Capital, apresentada em
setembro pelo prefeito César Souza
Junior. Em breve, deve ir para a
Câmara em forma de projeto de lei,
depois de passar pelo crivo de 40
“Oficinas Distritais” em 21
localidades do município.
Foi apresentada aos vizinhos São
José, Palhoça e Biguaçu. Os
prefeitos deram idéias e sugestões,
porque muitos problemas são
comuns, encurtando o caminho para
a Região Metropolitana. As quatro
cidades até assinaram um protocolo
para criar o Conselho Público da
Região Metropolitana.
Mas até o Plano Diretor ser
aprovado pela Câmara, ainda vai ter
muita discussão. Lideranças
comunitárias já questionam se a
última versão do anteprojeto do
Plano Diretor, que vinha sendo
construído desde 2006 ainda está em
pauta. E também, sobre o papel do
Núcleo Gestor do Plano Diretor
Participativo, que analisou aquela
versão do PD com mais de 100
páginas. Os questionamentos
certamente vão monopolizar o
debate nas Oficinas Distritais.
Mas a pergunta fundamental é: a
cidade vai ter, enfim, um Plano
Diretor? A Câmara votará um Plano
que dê rumo ao caos urbano de
Florianópolis?
Resposta nos próximos meses.
Os desafios
O homem que recebeu o desafio
de consolidar o novo Plano Diretor
de Florianópolis é o arquiteto
Dalmo Vieira Filho.
Dalmo, ex-diretor do Iphan em
Santa Catarina é homem forte e peça
chave no governo do município.
Dalmo Vieira Filho
Florianópolis, outubro de 2013
JCamargo/BF
Secretário de Desenvolvimento
Urbano, também é superintendente
do Ipuf (Instituto de Planejamento
Urbano de Florianópolis) e ainda
tem plenos poderes sobre a Floram
– a Fundação Municipal do Meio
Ambiente.
Durante vários meses, ele e
outros arquitetos, urbanistas,
paisagistas e consultores buscaram
os “novos parâmetros” para a
Capital. A síntese , segundo Dalmo
Filho, é tornar Florianópolis “a
Capital com maior percentual de
áreas urbanas preservadas em todo o
Brasil”.
Para isso, a proposta do Plano
Diretor está sustentada nas seguintes
premissas: Proteção e Valorização
do Meio Ambiente e do Patrimônio
Cultural; Equilíbrio Social e
Desenvolvimento Econômico.
Esses conceitos têm 11 diretrizes:
1 - Proteger o meio ambiente e o
patrimônio cultural
2 -Instituir paisagens como
parâmetros do desenvolvimento
urbano
3 - Criar novas centralidades e
reforçar as noções de centro em
todo o município
4 - Priorizar projetos sociais em
operações urbanas
5 - Compatibilizar o crescimento
com mobilidade urbana
6 - Valorizar o entorno da Ponte
Hercílio Luz
7 - Potencializar a vocação
marítima
8 - Propor elementos simbólicos
do Século XXI
9 - Qualificar os balneários do
município
10 -Criar parques urbanos na orla
central e pontos de convívio
11- Humanizar o Centro
Histórico da cidade
A síntese do Plano
9
O Plano Diretor é baseado na
noção de equilíbrio. O objetivo é
organizar, de forma satisfatória, as
vocações histórico-naturais da
cidade. Veja a síntese da proposta do
Ipuf:
“O exercício prático do equilíbrio
deve iniciar pela correta relação com
o meio ambiente. Florianópolis
precisa proteger seus ecossistemas e
assumir o compromisso de tornar-se
a Capital com a maior área de
preservação urbana do Brasil”.
Garantida essa preservação do
patrimônio natural e cultural, a
cidade projetaria, então, o seu
desenvolvimento urbano a partir dos
estudos de evolução demográfica, da
infraestrutura básica e das
possibilidades de fluência da
mobilidade urbana.
As alternativas de
transformações, segundo a
proposta, restringem-se a três
categorias diferentes: nos bairros e
distritos já existentes, ao longo das
vias tronco do município, em
especial nas SCs, e, por último, em
novos centros induzidos pelo Plano.
“O Plano Diretor deverá assumir
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Florianópolis, outubro de 2013
PLANO DIRETOR
uma dimensão metropolitana,
estimulando soluções conjuntas (...)
como o abastecimento de água, a
destinação de resíduos, a
mobilidade, as polaridades urbanas,
o turismo, a pesca artesanal,etc.”
As chamadas “novas
centralidades” que seriam
estimuladas em Florianópolis
mudariam o atual modelo de
construções de maior impacto pela
concentração de edifícios em
núcleos projetados, favorecendo a
oferta de infraestrutura e o
fornecimento de serviços. Assim,
vastos espaços do território seriam
liberados para a criação de parques
urbanos e áreas de lazer.
“Zonas predominantes de
moradias ocuparão porções
generosas do território, ganhando
qualidade e desenvolvendo-se livre
da concorrência de construções
verticais”, projetam os urbanistas.
Essa nova característica, segundo
a proposta do Ipuf, reduziria os
conflitos de vizinhança.
Algumas idéias
Transporte Marítimo
A cidade não pode mais ficar de
costas para o mar. A solução para a
mobilidade deve passar pela
utilização das Baías Sul e Norte. A
proposta do Plano Diretor é o
sistema de Transporte Marítimo
Metropolitano, integrando São José,
Palhoça e Biguaçu. Um terminal
junto à ponte, na Ilha, poderia
conectar-se com um túnel por baixo
da Beira Mar até o barco, com
acesso a um ascensor em direção ao
centro da cidade.
Transporte Coletivo
Uso de vans que, por sua
flexibilidade, se incorporariam ao
cotidiano da mobilidade. É ideal
para uma cidade que tem muitas
ruas estreitas e ladeiras acentuadas.
O Ipuf propõe teleféricos como
sistema complementar de
Simulação da paisagem urbana a partir da construção de empreendimento
projetado para a Ponta do Coral
transporte.
Pedestre
A proposta do Plano é a
qualificação das calçadas e a
multiplicação das faixas de
segurança, começando pelas escolas,
hospitais e nos locais onde haja
maior dificuldade de travessia. Outra
meta é multiplicar os semáforos
acionados por pedestres.
Ciclovias
Uso da bicicleta pela flexibilidade,
baixo custo e dano ecológico zero. A
proposta prevê conexão das
ciclovias com locais de moradia,
trabalho e junto aos atrativos
urbanos. Uma rede de cinclovias de
passeio interligaria os bairros mais
populosos com alguns locais de
atrativos naturais e culturais.
Florianópolis, outubro de 2013
PLANO DIRETOR
Centro Histórico
A proposta do Plano Diretor
sugere a humanização de áreas
urbanas para que propiciem
vivências que se apropriem dos
valores da cidade. Um exemplo é o
Projeto Viva a Cidade, com o
fechamento das vias centrais para
atividades culturais. Está associado
ao Projeto Viva a Noite, que
estimula a ampliação do
atendimento de bares e restaurantes.
SC 401
A SC 401 e outras rodovias
devem ser reafirmadas como vias de
conexão vital para o município. A
idéia é que em troca de novas
ampliações nas pistas para
automóveis, a capacidade de fluxo
A REFERÊNCIA é a paisagem
O grande diferencial de Florianópolis é o seu patrimônio natural. Preservar esse cenário é preocupação do Plano Diretor. A ideia é que a
prefeitura atue sob o conceito de qualidade de vida e valorização da natureza, com otimização da infraestrutura, menos deslocamentos e redução
dos conflitos de vizinhança. A preservação do patrimônio deve influir no
gabarito que os prédios poderão ter no futuro.
11
seja aumentada com a otimização o
transporte coletivo, a partir de pistas
exclusivas para ônibus. Também
ganhariam calçadas confortáveis,
ciclovias, acostamentos e vias
marginais, viabilizando o futuro da
cidade. Na SC 401, seriam criadas
zonas lineares de comércio e
serviços setoriais, com pequenos
centros adensados contidos com
cordão residencial que teriam como
limite as encostas com vegetação.
Ilha-Continente
A proposta é reinserir a Ponte
Hercílio Luz como um paradigma
da modernidade, conectada com o
parque da Luz, a um Terminal de
Transporte Marítimo, sistema de
ônibus circulares e como
programação de lazer e turismo.
12
Florianópolis, outubro de 2013
JOÃO, filho do seu Nelinho do Zé Mendes,
que foi o primeiro engarrafador da região
BOM ATENDIMENTO: Jean, Flavio, Lucas e Marcos
APAIXONADA - Luiza Paulo apaixonou-se pelo
bairro Saco dos Limões e investe no futuro
AN D
PREPAR
rlete,
TAL - A
O O NA
a
e Regin
Isabel
VALDEMAR, barbeiro de muitas gerações
CICICO
, gran
de figu
ra
ANIMANDO - Luiza Balsini e sua bela voz
EDILSO E LILIA, simpatia de casal
Florianópolis, outubro de 2013
Seo VADICO, simpatia aos 87 anos
MARIAN
Aeob
om ca
fé
do Pon
to
13
Chic
MARCO E FRANCINE, da Lage Materiais de Construção
NÍLSON
AMARILDO JUNIOR, filho do Pezão
, um fig
uraço
LURRAM E O PAI LUCIANO: trabalho em família
RAFAEL GLUZ, vogal da Junta Comercial
MOSCÃO, filho do sempre lembrado
Gilberto Nahas
HÉLIO MARTINS, o bom de bola
CEARÁ, o borracheiro
14
Florianópolis, outubro de 2013
O NOVO centro
H
O mercado imobiliário já descobriu que o Saco dos Limões pode
transformar-se no novo centro da cidade. Começou a corrida
á muitas luzes no fim do
túnel Antonieta de Barros.
E elas já refletem o sonho
de que ali, do outro lado do Maciço
da Costeira, pode surgir o novo
centro de Florianópolis.
E quem primeiro farejou essa
possibilidade e o potencial do bairro
Saco dos Limões para transformarse no novo centro da cidade foi o
mercado imobiliário. As
construtoras já estão ocupando os
espaços. Por isso, o planejamento
urbano começa a ter que correr
contra o relógio.
O Ipuf (Instituto de
Planejamento Urbano de
Florianópolis) considera a região do
Saco dos Limões estratégica para o
município, pois fica às margens da
Via Expressa Sul, está conectada
com o centro, é bem próxima da
Ufsc e está no caminho do
aeroporto. Uma área com todas
Divulgação/BDF
O BAIRRO É uma “alternativa de adensamento”, segundo o diretor do Ipuf Dalmo Vieira,
por isso o Saco dos Limões é uma região estratégica para o município
essas características é uma grande
opção para o que os urbanistas
chamam de “alternativa de
adensamento”.
Segundo o arquiteto Dalmo
Vieira Filho, diretor do Ipuf, como o
bairro caminha nessa direção para o
futuro, o planejamento deve prever a
verticalização escalonada, de acordo
com a profundidade dos lotes, para
evitar que o Saco dos Limões tenha
uma parede de prédios, que
interfiram nos grandes cenários do
bairro: a Baía Sul e as encostas do
Cambirela.
Com os novos empreendimentos,
o sistema viário vai ficar saturado e a
proposta do Ipuf é comprometer os
empreendedores com a malha viária
interna, criando uma pareceria que
permita ao bairro, hoje com quase
15 mil moradores, crescer com
qualidade.
Dalmo Vieira descartou a
possibilidade de uma nova ligação,
via aterro, da Beira –mar com a Via
Expressa Sul, criando uma área
costeando o mar e com destinação
imobiliárioa. A idéia é bastante
discutida, mas o diretor do Ipuf é
definitivo: “O túnel tornou essa
idéia obsoleta”.
Mas outras propostas ainda são
avaliadas, como a de transferir para
área de aterro da Via Expressa Sul o
centro de convenções e a Passarela
Nego Quirido, dentro do projeto de
revitalização do destruído aterrojardim de Burle Marx, no centro.
Florianópolis, outubro de 2013
Ipuf/Divulgação/BF
Marina no Veleiros
Apesar de incluir a possibilidade
da construção de uma marina no
Saco dos Limões, outras duas
hipóteses que estão sendo
analisadas. Uma seria na Beira-mar
Norte e, a mais viável, no Veleiros
da Ilha.
Como ali já existe uma marina, a
lógica indica que seria mais viável
aumentar a angra do Iate Clube e
transformar aquela área na grande
marina da Ilha. Afinal, a maioria da
clientela e da infraestrutura já está
toda ali. Só seria potencializada.
Florianópolis, que tem sua
vocação náutica reprimida há muitas
décadas, é o último ponto no mar
com condições geográficas ideais
para atracação até o estuário Rio da
Prata. “O Rio Grande do Sul e o
Paraná têm potencial náutico sem
litoral. Temos que nos valer do
nosso potencial”, diz Dalmo.
ATERRO sem destino
Construído há mais de 15 anos, o
aterro da Via Expressa Sul continua
uma imensa área abandonada, sem
projetos urbanos que transformem
esse patrimônio público em espaço
de lazer para a comunidade. Fora
uma antiga ciclovia, o aterro é ermo,
inseguro com escuridão da noite e
intranqüilo para quem frenquenta
durante o dia. A construção do
aterro afastou do mar uma população de mais de 20 mil pessoas
(Sacos dos Limões e Costeira). O
parque pode fazer essa reintegração.
A Ufsc iria construir ali o Parque
Viva a Ciência, projeto que parou na
burocracia.
Outro projeto, a Cidade do
Samba, idealizado pela Liga das Escolas de Samba (Liesf), também não
conseguiu entrar na avenida. A idéia
era um complexo turístico voltado á
cultura, com área gastronômica, espaço para cursos profissionalizantes
e apresentações musicais.
Até no nome da Via Expressa Sul
existe dúvida. A Polícia Rodoviária
chamava de SC Sul, e depois a
rodovia ganhou placas com o nome
15
do ex-governador Aderbal Ramos
da Silva. Popularmente, é chamada
de “Transavaiana”, porque leva até a
Ressacada, estádio do Avaí.
A ligação antiga do Saco dos
Limões, um pequeno aterro, mais
próxima do bairro, também confunde. Chama-se Avenida prefeito
Waldemar Vieira, do seu início,
abaixo do túnel, e transforma-se em
Avenida Jorge Lacerda depois do
Armazém Vieira.
Esboço do aterro da Baía Sul no
Plano Diretor feito pelo arquiteto
Gama D’Eça
16
Florianópolis, outubro de 2013
JCamargo/BDF
DEPÓSITO
de empreiteiras
H
Tubulações que serão usadas na ampliação da rede do Itacorubi estão
ocupando espaço no aterro da Baía Sul, que deveria ser área de lazer
STC Engenharia constrói talude de caráter duvidoso para impedir que a
poeira invada residências. É uma agressão à paisagem
oje, só mesmo as empreiteiras têm domínio
absoluto de amplas e privilegiadas área do
aterro. A Sotepa que participou da construção
da pista da Via Expressa e do túnel Antonieta de
Barros, ainda mantém escritório e outras construções á
beira do mar, no canto da praia do Saco dos Limões.
Outra empreiteira, a STC Engenharia, também
ocupa espaço generoso, uma área de mais de 5 mil
metros, entre a Via Expressa e a Avenida prefeito
Waldemar Vieira, transformada em um imenso canteiro
de obras da empreiteira, via Casan e Prefeitura.
Estão depositados ali grandes tubos e materiais
hidráulicos que serão usados na nova adutora do
Itacorubi, obra que deveria começar em setembro
passado e ficar pronta em dois anos, setembro de 2015.
Para depositar o material, a Casan viabilizou um
contrato de cessão de uso gratuito, firmado entre a
prefeitura de Florianópolis e a superintendência do
(SPU) Patrimônio da União em Santa Catarina.
A STC também tem contratos para executar obras
de água e esgoto no Maciço da Costeira. O sistema de
esgoto vai beneficiar várias localidades, mas o projeto
não prevê a construção de estação de tratamento. A
preocupação é que toda a coleta caia na estação
elevatória do Saco dos Limões, que não terá
capacidade.
O eterno canteiro de obras da Via Expressa Sul é
um inferno para os moradores da região há mais de seis
anos. Sofrem com o barulho e a poeira, agora
potencializado com o movimento dos caminhões da
STC. A empreiteira chegou a improvisar um talude de
terra, com cerca de três metros de altura, para impedir
a passagem da poeira. O talude faz divisa com a
Avenida Prefeito Waldemar Vieira, começou a ganhar
placas de grama para disfarçar seu impacto horrível,
mas a experiência foi abandonada. O Ministério
Público já foi acionado, e os moradores prometem que
vão lutar.
Florianópolis, outubro de 2013
JCamargo/BDF
BOA IDEIA virou lixo
D
ois galpões de madeira
construídos pela prefeitura
na Costeira do Pirajubaé,
há quase 15 anos, com o objetivo
de abrigar uma espécie de “cooperativa” de catadores (plástico, latas
de alumínio, etc.) acabaram virando
um lixão a céu aberto.
Sem uma política pública para organizar e direcionar a atividade, o material trazido pelos catadores
encheu os galpões (que estão apodrecendo), invadiu outros espaços
públicos - que hoje viraram ponto
de descarte de detritos e uma
grande área está cheia de lixo, que
agora já invade o mangue.
O mau cheiro atraiu ratos, e os
moradores e comerciantes da
Costeira estão na bronca, porque os
galpões e o lixão ficam ao lado da
Associação do Bairro, em frente a
várias casas, atrás de uma tradicional lanchonete e ao lado do centro de esportes.
Quem resolve: o Iphan, a Floram, a
Assistência Social, a Susp ou o
próprio prefeito César Souza
Júnior? Se a atividade ainda é um
projeto social, não pode ser jogada
no lixo e muito menos espalhar
lixo.
17
JCamargo/BDF
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Florianópolis, outubro de 2013
O
fotógrafo Glaicon Covre abre
o Olho Mágico, espaço no Bom
Dia que pretende mostrar a
fotografia como arte. Nasceu em
Urussanga, apaixonou-se por uma Rolleiflex
em Tubarão e veio cair no ninho de cobras
criadas da editoria de fotografia do DC.
Entrou e saiu dali cinco vezes, durante 15
anos. Nesse vai e fica, também fotografou
campanhas políticas, viajou por aí e pelo
mundo (Itália, Kuait, Moscou, Arábia
Saudita). É dele a primeira foto da
cerimônia de canonização de Madre Paulina
em Roma, que foi estampada nos sites de
jornais do Brasil minutos depois. Glaicon,
hoje, está na Assessoria de Imprensa da
prefeitura de São José.
Florianópolis, outubro de 2013
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Florianópolis, outubro de 2013
RIO TAVARES
SE PREJUDICAR cultivo de ostras, estação
de tratamento de esgotos não sai
Palavra do prefeito, que voltou de viagem à França e anunciou que técnicos do
Instituto Francês do Mar vão analisar se o sistema trará prejuízos à maricultura
T
écnicos do Ifremer (Institut
Français de Recherche pour
l'Exploitation de la Mer
(Ifremer), da Universidade de La
Rochelle, na França, que firmaram
uma parceria com o prefeito César
Souza Junior, vão analisar se o sistema
de tratamento de esgoto no rio
Tavares trará prejuízos para o cultivo
de ostras no Sul da Ilha. O prefeito
diz que se prejudicar, desautoriza a
instalação. Outra missão dos técnicos
franceses: avaliar se as ostras nativas
são imunes a uma bactéria que está
dizimando até 35% da produção
francesa.
Esta é uma das boas notícias que
César Junior trouxe na volta de sua
primeira viagem internacional como
prefeito. Ele também retomou
parceria com a universidade de La
Rochelle para a formação de
maricultores, inativa desde 2005.
“Os técnicos do Ifremer vem
avaliar a qualidade das nossas ostras.
Precisamos nos adequar aos padrões
internacionais para conquistar novos
mercados”, disse.
La Rochelle, com suas 13 mil vagas
para embarcações em cerca de 60
quilômetros de costa, pode servir de
exemplo a Florianópolis na
reconquista do mar: até o final do ano,
devem ser firmadas parcerias públicoprivadas para a construção de três
marinas na Capital.
Em Bourcefranc, uma terceira boa
notícia: o prefeito conseguiu parceria
com o Lycée de la Mer et du Littoral
que permitirá que todo ano 12
Prefeito reassume e anuncia novidades
produtores de moluscos viajem à
França para acompanhar, durante 60
dias, cursos de novas técnicas de
cultivo, sanidade e qualidade da
produção. Também serão abertas
duas vagas por ano para cursos de
pós-graduação em maricultura.
O prefeito quer criar em
Florianópolis o primeiro curso de
maricultura do País, com assessoria
técnica do Lycée. A idéia é que seja a
nível do Pronatec (Programa
Nacional de Acesso ao Ensino
Técnico e Emprego).
O prefeito também esteve em
Londres, para conhecer o Pod-Sit,
sistema de transporte coletivo
desenvolvido pela britânica Ultra, que
opera no aeroporto de Heathrow e é
um dos elementos de mobilidade em
estudo para a Grande Florianópolis.
Em Londres, Cesar Júnior firmou
convênio com a Universidade de
Oxford para uma “linha direta” com
tudo o que se produz em termos de
transporte público.
Florianópolis, outubro de 2013
PMF/Divulgação/BDF
253 ideias para cobrir
o Mercado
DESATANDO o nó dos Conselhos Comunitários
O secretário Regional da Grande
Florianópolis, Clonny Capistrano,
começou a desatar o nó que está inviabilizando vários conselhos comunitários da região. No início do
mês, ele assinou os primeiros convênios que estavam pendentes
desde fevereiro. Foram beneficiados
quatro conselhos, com os recursos
do Fundo Social, no valor de R$
285 mil: Saco dos Limões, Costeira
do Pirajubaé, Saco Grande II e Santos Dumont (São José). Até o final
do ano, outras associações e Conselhos Comunitários da Grande Florianópolis receberão mais de R$
980 mil, permitindo regularizar o
atendimento de uma população de
23.800 pessoas por mês.
Érico Lúcio Torres Pereira, presidente do Conselho do Saco dos
Limões, pinta um quadro negro situação. Depois de tanto tempo, os
orçamentos caducaram e a burocracia, agora, impede pagamento retro-
ativo das contas. Tem que fazer
tudo novamente. “Querem moralizar e também induzir ao erro”, diz
resignado.
O Conselho não vive apenas
com os recursos do Fundo Social,
mas qualquer moeda fora do lugar é
um desacerto. No Saco dos Limões,
são 215 crianças em tempo integral
(de 4 a 6 anos), quatro refeições
com frutas e 27 pessoas para atender tudo isso. “O Conselho do
Monte Verde faliu. Uma dívida de
R$ 200 mil no INSS. Outros Conselhos também estão em situação
ruim”.
Para 2014, investimento
de R$ 1,7 bilhão
O secretário Clonny, que está no
cargo há menos de dois meses,
soube da pendência dos Conselhos
LIGUE E ANUNCIE
Você vai fazer excelentes negócios.
(48) 3209-2057
21
O Concurso Nacional para a
cobertura do vão central do Mercado Público de Florianópolis recebeu 253 inscrições de profissionais
e empresas de todo o Brasil, inclusive de estrangeiros residentes no
País.
A Prefeitura de Florianópolis,
em conjunto com o Instituto dos
Arquitetos do Brasil – IAB, Secretaria Municipal de Administração e
Instituto de Planejamento Urbano
de Florianópolis estimava em cerca
de 100 os inscritos, mas o interesse
foi muito maior.
Vários profissionais estiveram
em Florianópolis no dia 27 de
setembro, durante a visita técnica,
para e tirar dúvidas a respeito do
Concurso. Os questionamentos
continuam sendo respondidos
através do site do IAB até o dia 18
de outubro.
Entre os dias 30 de outubro e 8
de novembro, o IAB receberá os
trabalhos prontos para os julgamentos. A Comissão Julgadora será
divulgada até dia 10 de novembro, e
o resultado deverá ser publicado até
26 de novembro de 2013.
e correu atrás da solução. Ele chegou na SDR já com o orçamento
deste ano praticamente executado.
Tenta resolver as questões mais urgentes, de olho em 2014, quando o
governo deve investir R$ 1,7 bilhão
na Grande Florianópolis, via Secretaria Regional, principalmente em
segurança, saúde e educação.
Clonny também aposta na consolidação da Região Metropolitana, o
que vai facilitar a vinda de recursos
federais.
Nesse curto período na SDR, o
secretário já viu ser viabilizado um
importante projeto regional: a
ordem de serviço para a construção
da nova ponte sobre o Rio Forquilhas, na SC 281 (antiga 407) , que
vai consolidar o novo pólo de desenvolvimento de São José.
JCamargo/BDF
No Conselho Comunitário a verba
é curta e todo mundo ajuda
PRÊMIOS
Primeiro lugar
Segundo lugar
Terceiro lugar
R$ 20.000,00
R$ 10.000,00
R$ 5.000,00
22
Florianópolis, outubro de 2013
Fernanda
[email protected]
Ágatha
GESTAÇÃO
Momentos antes da chegada de
Valentina, Paula já incentivando
desde a barriga da mamãe! Acho
que já conseguimos entender o
porque do nome, né?
indo
OS A
OUTUBRO Rriana Vieira e suas colaboradpoaranhsavest
Ma
do a cam
A empresária
osa, apoian
R
ro
b
tu
u
O
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a camisa d
ida.
nte conhec
e
lm
ia
m und
CALOURADA
PODEROSA
Larissa Silva e Daniele Polvoas
curtindo a calourada da turma
de Direito da Unisul.
Priscila Martins em
recente ensaio
pelas lentes mais
requisitadas da
grande Florianópolis.
BALADA
ARRASANDO
Natasha Coelho
em recente ensaio
no Confraria das
Artes, para uma
famosa marca
de São Paulo.
Evelyn Layne
mostrando que
é possível
se divertir e
trabalhar nas
noites da
região.
BALADA
Rafaela Costa irradiando simpatia e
beleza em balada do El Divino
na noite da Ilha.
Florianópolis, outubro de 2013
23
Túnel do tempo
Fernando Damásio
Pomboca
A qualidade da iluminação pública nos bairros é do
tempo antigo. As lâmpadas parecem verdadeiras pombocas: não clareiam nada. Nas cidades desenvolvidas e
bem iluminadas, a criminalidade foi reduzida. Todo mundo
sabe que a maioria dos assaltos e roubos acontecem à
noite, em lugares com pouca iluminação. Fiat lux, então!
Segurança é assunto de primeira necessidade.
Lei pra quê?
Moradores da região estão apavorados. O consumo
de crack próximo ao túnel Antonieta de Barros está bombando. Durante a tarde, o pessoal da pedra fica no lado
do centro e, a noite, atravessa para o lado do Saco dos
Limões. É bom ficar de olho, delegado.
Tragédia
Fotos: Divulgação/BDF
Parece que as autoridades já esqueceram da tragédia
na Boite Kiss, em Santa Maria (RS) onde um incêndio
matou 245 jovens. Em Florianópolis, a onda de fiscalização e interdição passou, e muitas casas noturnas ainda
não apresentaram alvarás de bombeiro ou de funcionamento. Estão esperando acontecer alguma coisa para depois tomar providências?
Valorização
O Bairro do Saco dos Limões vai receber um grande
empreendimento imobiliário, em frente ao Colégio Getúlio
Vargas. São salas comerciais e escritórios para executivos. Estudos apontam o bairro como o novo Centro. Por
conta dessa expectativa, o preço dos terrenos já começou
a ganhar mais um zerinho antes da vírgula. Valorizaram.
Eita povo de sorte.
Sem calçadas
Não tem o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), aquele que, em 2011, teve a construção da sede, no aterro da Via Expressa Sul embargada
pela prefeitura porque não tinha alvará de construção?
Pois é, passaram mais de dois anos e restou da obra
apenas um monte de entulho. A área ali é uma APP (Área
de Preservação Permanente), e os gestores do órgão alegaram, à época, que mesmo assim eles podiam construir,
para cuidar mais de perto da Reserva Extrativista Marinha
do Pirajubaé.
A pergunta que não quer calar é esta: e o dinheiro
público gasto na obra ilegal, que está em frangalhos, quem
vai ressarcir?
Exemplo
Aliás, depois do mau exemplo do ICMBio, mais uma
construção ilegal surgiu ali, bem ao lado. Está em frangalhos com a obra do vizinho poderoso, mas tem luz e
tudo. Só para saber: se eu quiser construir um rancho
também posso?
Tijolada
O aterro do Saco dos Limões, no início da Avenida
Prefeito Waldemar da Silva, está servindo de depósito para
todo tipo de material, de entulho de obra pública a canos
da Casan. A poeira é tanta com o entra e sai de caminhões
que, segundo um morador, nos dias de vento sul as pessoas chegam a cuspir tijolo pronto. Barbaridade.
No Saco dos Limões tem buraco pendurado na janela
das casas esperando a vez de ir pra calçada. Não da pra
andar a pé no bairro, de tanto passeio danificado. E não
é de hoje. Outro dia, um cadeirante teve que interromper
seu trajeto, pois corria risco de vida. Parecia um rally com
a sua cadeira de rodas. Mobilidade não é a palavra da
moda? Mãos à obra, Susp.
Brasinha
Um dos points da velha guarda se encontrar no bairro
do Saco dos Limões é a pracinha. O povo se junta para
jogar dominó. Quem quiser ficar sabendo das novidades
é só passar lá. E tem a vantagem de ainda ser atendido
pela equipe do Paulo, que é um boa praça.
Costeira avaiana
A Costeira do Pirajubaé é o lugar que tem mais Avaiano por metro quadrado. Ser chamado de Figueira na
Costeira é o mesmo que lembrar da Penca do Ribeirão
da Ilha. Mas tem gente na Costeira que também não saiu
do armário. Quando perguntam pra que time torce, responde: na Ilha sou Avaí, e no Estreito, Figueirense. Ó,
lhó, lhó.
Água suja
Os riachos e cursos
d’água que descem dos
morros do Saco dos
Limões e da Costeira do
Pirajubaé, que antes
abasteciam as comunidades, viraram esgoto a
céu aberto. Não dá para
aceitar que nossas águas,
em pouco mais de duas
décadas, tenham virado
esse esgotão. É possível
recuperar. Basta coragem
política.
Pezão
Curti o maior papo com o meu amigo Pezão, dia
desses. O homem foi candidato a vereador e fez quase
2.500 votos. É um dos primeiros suplentes e pode até assumir. É um mané esperto e trabalhador. Bom de conversa, sincero, amigo, gente simples e, o mais importante:
é filho do Chico Peixeiro. Qués mais?
Centro Social
Fiz uma visita ao Centro Social Urbano e sai de lá
triste. O presidente, seo Èrico, que trabalha na base do
amor, sem salário, está preocupado. Seu mandato acaba
em novembro e, até agora, não apareceu ninguém disposto a tocar o trabalho. Com vários cursos profissionalizantes e atendendo 240 crianças de 0 a 6 anos não
podemos deixar o Centro parar. Avisei ao secretário de
Desenvolvimento Regional, Clonny Capistrano, que já
colocou um convênio em dia e prometeu outras soluções
urgentes. O babado é sério.
Foto by Glaicon Covre

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