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maio/junho 2014
nº
74
Ribeirão
Preto
erdade é a identidade de uma representação com a realidade
representada, segundo o dic. Aurélio. Na filosofia temos
representantes de diferentes épocas que em seus escritos revelam a
incansável busca de definir este fenômeno. A psicanálise busca em seu
exercício teórico e clínico formas de se aproximar da verdade. Os
conhecimentos adquiridos deste exercício analítico, nascem aí neste espaço
limite, na intersecção das crenças verdadeiras e a verdade, como foi
postulado por Platão. É sabido ainda que a epistemologia se ocupa do
conhecimento da verdade, assim sendo, é na sua episteme que a psicanálise
busca dialogar com todas as ciências.
Nesta edição, sugerimos um passeio pelos espaços que compõem um
dos maiores Museus de arte moderna do mundo, o DIA: Beacon,
pertencente ao Dia Art Foundation, localizado na cidade de Beacon, que fica
há 80 minutos de trem de Manhattan (NY). Com o texto DIA: BEACON ART
FOUNDATION a nossa colega Patrícia R. Tittoto nos aproxima deste espaço
através de seu olhar e de sua escrita ilustrada com belas imagens fotográficas
nos convidando à sonhar. No COM A PALAVRA a atual diretora científica, Dra.
Lia de Fátima C. Falsarella descreve de maneira delicada e “singela” as
vicissitudes vividas, neste tempo, como diretora científica da SBPRP. O
“Tema Livre”, elaborado pela colega Sra. Maria Auxiliadora Borges dos Santos
com texto A FÍSICA E A SINGULARIDADE DO SER nos leva a refletir sobre a
realidade e as verdades possíveis ao aproximar a psicanálise da física. No
“Notícias da SBPRP” vamos encontrar as programações elaboradas pelas
várias comissões que compõem a diretoria científica, como também o
programa geral da III Bienal de psicanálise e cultura, o evento “Sua
Magestade, o bebê !” e ainda uma carta aberta da Comissão Consultoria
Psicanalítica. No espaço do “C&P”, vamos nos enriquecer com a parte II dos
belos comentários da colega Sra.Thaís Helena Thomé Marques sobre o filme
Melancolia de Lars Von Trier. No espaço dos Membros Filiados, o colega
Marcelo Salles Bueno escreve O QUARTO CAMINHO. A comissão editorial
agradece a todos os colegas que tornam possível este instrumento de
comunicação da SBPRP.
Detalha - A Criação de Adão,
Capela Sistina, Michelângelo, de 1508 a 1512
Agenda Cultural
Página 2
Com a Palavra
Página 3
Tema Livre
Páginas 4 e 5
Notícias da SBPRP
Diretoria Científica
Página 6
Cinema e Psicanálise
Páginas 7 e 8
Programe-se
Páginas 9
Espaço dos Membros
Filiados
Página 10
De lá pega-se um trem antigo e pontual, que desliza vagarosamente
paralelo ao rio Hudson, passando por vales verdejantes, marinas, casas de
veraneio, até chegar em Beacon. A Fundação fica a uns 5 minutos de caminhada
por uma trilha toda arborizada.
Instalado em uma grande e antiga fábrica da década de 20, em típica
arquitetura do século passado, com amplos vãos e claraboias fornecendo luz
natural, este museu configurado pelo artista Robert Irwin, oferece espaço para
montagem e exibição de esculturas enormes que, por seu porte, eram propositalmente anti material, não portáteis, pertencentes a importantes artistas
80 minutos de trem de Manhattan (NY), encontra-se a
representantes da arte Minimalista _ que se preocupava em fazer uso de poucos
cidade de Beacon, que abriga um dos mais grandiosos
elementos fundamentais como base de expressão _ desde a década de 60 até o
museus de arte moderna do mundo, o Dia: Beacon, pertencente ao
presente, bem como exposições especiais. Muitas dessas obras buscavam
Dia Art Foundation, fundação que, desde a década de 70, financia e
ocupar espaços urbanos para causar 'estranheza' e 'mexer' com o cotidiano da
apoia artistas na criação de suas obras.
metrópole. Outros trabalhos expostos tiveram sua concepção apenas 'no papel'
A experiência sensório/sensível começa a partir da Grand
para se materializarem em locais apropriados. O Movimento Minimalista já
Central Station, um importante terminal ferro e metroviário
poderia 'se esgotar' simplesmente em seu projeto em papel, não precisando
localizado em Manhattan, inaugurado em 1903, no estilo Beaux-
necessariamente ser construído.
Arts. Nesta maravilhosa estação podemos apreciar, entre outras
Cada galeria interna foi projetada especificamente para a apresentação
de determinado trabalho do artista _ que participa da instalação da obra _ e
coisas:
O salão principal _ Main Concourse _ com suas enormes
interage com o entorno através de grandes aberturas envidraçadas e um belo
janelas; seu relógio dourado de quatro lados exposto sobre a
jardim, também projetado por Irwin. Muitas obras também acabam se interli-
central de informações; seu teto com a pintura _ de Paul Helleu _
gando ao exterior e à paisagem.
das constelações do zodíaco reproduzidas invertidas; suas
belíssimas escadarias; seus candelabros opulentos;
A fachada de colunas e as estátuas de Hércules, Minerva e
Mercúrio (criada pelo artista francês Jules-Alexis Coutan).
Um aspecto que impressiona ao entrar é a abundância de espaço e, a
receptividade do conforto presente nele, proporcionado pelo silêncio, por sofás
e poltronas macios, que nos permitem enamorar por horas a obra que se
insinua à nossa frente.
Donald Judd, Dan Flavin, Michael Heizer e Fred Sandback podem ser
vivenciados em suas produções. “Estes artistas acreditavam que para melhor
entender seus trabalhos, o contexto em que estavam expostos seria
fundamental. Não são trabalhos de arte conceitual, precisam ser
experimentados fisicamente no tempo e no espaço”, afirma Lynne Cooke,
curadora da fundação.
Dia:Beacon expõe ainda diversos trabalhos de: Bernd and Hilla Becher ,
Joseph Beuys , Louise Bourgeois, John Chamberlain, Hanne Darboven, Walter
De Maria, On Kawara, Imi Knoebel, Sol LeWitt, Agnes Martin, Bruce Nauman,
Max Neuhaus, Blinky Palermo, Gerhard Richter, Robert Ryman, Robert
Smithson, Andy Warhol e Lawrence Weiner.
A cada cinco anos as obras expostas são alteradas, mas os trabalhos
mais significativos não são tirados de exibição. Algumas exposições temporárias
de longa duração também são realizadas. E há sempre apresentações especiais
complementadas por palestras. Este museu recebe mais de 75.000 visitantes
anuais e, nos finais de semana a entrada é livre para os moradores da cidade,
não sendo contabilizadas essas pessoas. A visita merece ao menos metade de
Ribeirão
Preto
um dia para que se possa percorrer muitos de seus espaços. Dia:Beacon fecha às
16:00 h, tempo de sair e correr para pegar o trem. Uma viagem rápida de volta,
mas também uma viagem que não tem fim, trilhando conexões ao longo do
caminho entre o que foi visto e as experiências expostas tão dentro da gente...
ou 'através' ('Dia' em grego) de nós mesmos...
EXPEDIENTE
Filiada a IPA
International
Psychoanalytical
Association
alvez seja esta a última oportunidade que tenho, nessa gestão,
de ocupar este espaço com algumas palavras e gostaria que
expressassem, singela e genuinamente, um pouco do que tem sido
minha experiência nessa Diretoria Científica. É um privilégio ser
chamada a ocupar este espaço nesse momento, duas semanas
antes da III Bienal de Psicanálise e Cultura da nossa Sociedade –
HUMOR, VERDADE E PSICANÁLISE. É um momento de expectação,
cansaço, sobrecarga, preocupações inúmeras, mas, sobretudo, um
momento feliz!
Tenho podido experimentar o que é ser parte de um grupo
entusiasmado e cheio de coragem. Ser parte de um grupo – penso
que isso é um aprendizado e uma série de descobertas
surpreendentes: ver brotar a iniciativa espontânea dos colegas, a
generosa disponibilidade, ver transbordar, gratuitamente,
disposição e ânimo que levantam nossa moral quando, vez ou outra,
o cansaço quer impor-se. É um belo momento de se viver! É uma
bela descoberta ser parte desse grupo! O que sinto é gratidão!
Não apenas esse evento, a Bienal, tem congregado um
generoso grupo de trabalho. Esse, pela sua magnitude, caberia até
ser nossa única ocupação por agora, mas, não cessam as
apresentações em Reuniões Científicas, as publicações deste
Boletim e da Revista Berggasse, outros Eventos do Departamento
Cultural que estão a caminho e, ainda, o Expansões que virá com o
terceiro Encontro em agosto. É um sem-fim de trabalho fecundo e
criativo que denotam a vida de nossa Sociedade!
Por fim, uma pérola da sabedoria oriental e do humor que
falam, tão de perto, à psicanálise (extraído do texto “Riso Oriental”
de Ignácio Gerber, in Seria trágico... se não fosse cômico): contam
que certo professor procurou um mestre para certas perguntas
sobre o Zen. O mestre o recebeu e ofereceu um chá. Preparava o
chá... enquanto o professor versava sobre suas obras, títulos, seus
conhecimentos e certezas. Pronto o chá, o mestre o serviu na xícara
do professor. Cheia a xícara, o mestre continuava vertendo o chá que
derramava pela roupa do professor. Perplexo e indignado, o
professor exclama: Mas, o que é isso! Ao que o mestre responde:
Então, se a xícara está cheia não cabe mais chá!
Então, um brinde, a meia xícara, a todos e com todos que
somam seus ânimos nesse imenso e generoso grupo de trabalho!
telefone toca e uma amiga solicita-me nomes
de psicanalistas e então, após um curto
sonhar sobre ela e alguns colegas, delineio alguns
nomes que são prontamente registrados. Indagame sobre eles e lhe digo que minha análise em nada
contribuirá ao que necessita; sugiro-lhe que sonhe
com os nomes e escolha segundo sua intuição.
Ela, habituada com minha forma de ser, acata
a sugestão e inicia frutífera análise.
Freud sabia bem “a encrenca” que significa
colaborar para que o analisando seja o que É, ao
afirmar que alguém poderia sair especializado em
ladroagem de uma análise, caso descobrisse ser
este, o seu Ser ou, sua Singularidade.
Stephen William Hawking, o físico “pop”
inglês da atualidade, na época do seu doutorado aos
21 anos, ante o prognóstico de dois anos de vida,
dado pelo diagnóstico de esclerose amiotrófica
lateral, não apenas se manteve vivo graças a seus
fortes vínculos amorosos, mas, sobretudo por uma
Singularidade constituída de rebeldia, impetuosidade e obstinação que o levaram aos 72 anos de vida,
tendo envergado o mesmo título recebido por Isaac
Newton em 1669, de “Lucasian Professor” da Universidade de Cambridge.
Da Singularidade de Freud, fazia parte um
caráter indômito frente às profundas perdas, deixando-nos um legado que não apenas sobreviveu,
mas se expande de forma extraordinária.
Nomeio como Singularidade a originalidade,
o irrepetível, o singular e único,a essência que cons-
titui o Ser . A percepção da singularidade é atemporal, marco zero da expansão mental necessária para
o “vir-a-ser”_ definição apoiada no Teorema da
Singularidade da Física, a qual prevê um ponto de
densidade infinita no centro de um Buraco Negro,
ou no fim/inicio do Universo.
Fácil é compreender a rejeição de Hawking à
“Teoria do estado estacionário do universo” que se
manteve por tanto tempo; porquanto seu corpo
estacionava e paralisava, de forma rebelde seu
pensamento passava a se expandir sem limites. A
medida em que a fala/escrita paralisavam, passou a
contar com a capacidade visionária e imaginação
riquíssimas, usando um sintetizador que traduz
seus micro-movimentos faciais em uma palavra por
minuto!... Conta com riqueza imagética para
construir modelos que explicam o Cosmo como
tendo surgido a partir da explosão de uma
Singularidade que condensa toda a matéria num
único ponto de densidade infinita, onde as leis da
Física e Matemática colapsam e espaço e tempo
equivalem à Zero. A Singularidade entra em
revulsão e expansão, originando um novo Universo
em nada estacionário.
A liberdade de imaginação de Hawking e
Freud, sobre o Cosmo externo e interno, faz parte de
suas Singularidades que, em determinado ponto,
passaram a expandir.
Em 1950, Melanie Klein diz que “um elemento
intrínseco a uma personalidade plena e profunda é
a riqueza da vida de fantasia e a capacidade para
vivenciar emoções livremente”.
Um dos entrevistadores recentes de Hawking
relata a vivacidade de seu olhar e a sensação
assombrosa de sua presença, apesar da paralisia
corporal. Conta de seu grande bom humor, quando
manifesta em plenitude, o Ser original que habita
seu corpo imóvel. Penso que é como descobrir a
Singularidade de Hawking dentro do buraco negro
da doença. Assim como nos traz a teoria dos
Buracos Negros: do colapso gravitacional de uma
estrela, também resulta uma Singularidade
“escondida” num Buraco Negro.
Roger Penrose e John Wheeler sugeriram,
com esta tese, a existência de uma censura
cósmica!!... A Natureza é puritana e esconde as
Singularidades nos Buracos Negros, de onde não
podem ser vistas. Hawking mandou imprimir com
seu forte senso de humor, camisetas com o seguinte
“humor cosmológico”,
A NATUREZA
ABOMINA UMA
SINGULARIDADE
NUA
Ou seja, aquelas
Singularidades que não
estão contidas dentro
de Buraco Negro, a
Natureza censura e
as abomina...
são as nuas!!
Entre nós, sabemos que os “humores
libertadores”, tem a função de vencer os buracos
negros mentais para facilitar a aproximação das
verdades contidas na Singularidade de cada um. Por
vezes, são necessários vários anos de Psicanálise
para compreendermos, nas inúmeras situações
transferenciais, que as Singularidades se escondem
dentro de nossos colapsos mentais...
A nossa essência, o nosso Ser, a civilização
reprime. Os buracos negros mentais, verdadeiras
construções de camadas de sintomas, obliteram a
originalidade do Ser.
Este, o Cosmo em que vivemos, estudamos e
tentamos entender, paralelamente ao Cosmo dos
físicos. Não será o mesmo? Afinal, as forças que
deram início e animaram nossa longínqua origem,
continuam presentes dentro de nós.
É possível dessa forma que seja nas contrações sofridas pelo universo mental, provocadas pela
violência do presente, que tolerado, abrirá a chance
de revelarmos nossa Singularidade, aprisionada em
Buracos Negros.
Antes disso, seremos “estrelas escuras” que
não podem SER, e nem serem vistas. Hawking
idealizou um adesivo de para-choques com os
dizeres: “Os buracos negros estão longe dos olhos”.
Ou, como nos traz poeticamente Konstantinos Kaváfis (1863-1933):
“Sem os bárbaros,
o que será de nós? Ah!
Eles eram uma solução”.
Os bárbaros ou, o
assombro da barbárie
vivida no presente, induzindo ao SER. No saber da
Física, a Singularidade
pode habitar o Sol, o
epicentro do Big-Bang
que expandirá novo Universo, ou um Buraco
Negro. Mas sabemos que
ela pode habitar um
momento vivido pela
dupla analítica talvez
pudicamente esperada
por vários anos-luz, para
ser revelada e vivida de
modo atemporal. A revelação e percepção profunda do Ser é sempre atemporal. O que pode dar
início à expansão mental de uma vida, antes aprisionada pela censura em buraco negro.
O telefone toca após bons meses. Era minha
cara amiga aliviada por ter reiniciado seus sonhos...
enterrados sob os escombros de um grande
terremoto vivido em sua vida, agora em franca
expansão.
Emocionada, agradeceu.
Sua Majestade, O Bebê!
A Apreensão da ideia do que é um bebê
ao longo da história através de três
diferentes vértices:
Artes Plásticas, Medicina e Psicanálise
Qual é a história da ideia de
um bebê?
 Como foi se desenrolando essa
“história do bebê”?

É o que pretendemos abordar com este
evento idealizado pelo Espaço Cultural
SBPRP: “Sua Majestade o bebê”!
Participe! (clique aqui)
Comissão Organizadora
Comissão consultoria
psicanalítica
A Comissão Consultoria Psicanalítica é uma
comissão de trabalho dentro da Sociedade Brasileira de
Psicanálise de Ribeirão Preto, direcionada à difusão da
psicanálise, tendo por objetivo o trabalho junto às
faculdades de Medicina, Psicologia e outras instituições
públicas ou privadas, cujo escopo seja, de alguma
forma, o de qualidade de saúde mental. Essa
consultoria busca um intercâmbio interdisciplinar que
seja fértil para todos os envolvidos, trabalhando por
meio de reuniões regulares, em grupo ou dupla,
visando identificar focos de sofrimento emocional e
pensar meios de cuidados para com estes com
enquadre também psicanalítico.
As solicitações advindas pelos pedidos de
consultoria, fez com que os elementos dessa comissão
re-pensassem continuamente sua função e forma de
atuação nos grupos. A literatura, através de livros e
artigos, foi buscada no sentido de trazer maior
amplitude de ideias e questionamentos, dando origem
assim ao Grupo de Estudos Consultoria Psicanalítica,
realizado mensalmente, na última terça feira de cada
mês, às 20:30 horas. Convidamos os membros da SBPRP
que já tenham finalizado as aulas teóricas, para juntos
aprofundarmo-nos no livro As Sete Invejas Capitais, de
Arnaldo Chuster e Renato Trachtenberg. Nosso abraço!
Comissão (clique aqui)
Comissão Científica
III Bienal
Nesta III Bienal de Psicanálise e Cultura da SBPRP
procuramos um entrelaçamento de vértices que nos
aproxima de dimensões que concebemos como inerentes
ao trabalho psicanalítico. A importância das influências
recíprocas entre a Psicanálise e Cultura nos levou a
organizar encontros com poetas, escritores, artistas,
filósofos, jornalistas, arquitetos e claro, psicanalistas. Essa
reunião que ora realizamos tem a finalidade de enriquecer
nossas apreensões da condição humana através de
múltiplos vértices do conhecimento, apresentados por
pessoas de destaque em seu campo de atuação.
Todo psicanalista almeja dizer algo sobre a Verdade,
ou melhor, aproximações desta. Há sempre o risco de
nossas teorias perderem a eficácia, como uma faca pode
perder seu fio; portanto, a busca de uma linguagem que
nos aproxime da emoção e dos sentimentos de Verdade,
sem ficar no jargão ou 'perder o fio', encontra no Humor
um forte aliado.
Neste contexto, a Cultura em muito pode contribuir
com a Psicanálise, assim como a Psicanálise tem, desde sua
origem secular, contribuído com a Cultura. Todo dia, todos
nós, aproximamo-nos de verdades sobre a dor de existir
como sujeito singular e, lembrando Freud quando disse
que “o humor é o triunfo do ego”, procuramos viver a
empreitada da frágil condição humana preferencialmente
com verdade e humor.
Componentes da Comissão Científica: Andrea Ciciarelli Pereira
Lima, Lídia Campanelli Romeu, Maria Letícia Wierman, Mércia
Maranhão Fagundes, Mônica Bitar S. Araújo, Suely de F. S. Delboni
e Thaís Helena Thomé Marques.
Alexandre Martins de Mello e
Paulo de Moraes Mendonça Ribeiro
Coordenadores da Comissão Científica da III BIENAL
Acesse a programação completa:
http://www.sbprp.org.br/bienal/programa.php
Eventos
Programação de Cultura e Apoio à Comunidade
para o primeiro semestre de 2014
Dra. Lia Fátima Christovão Falsarella
Diretora Científica da SBPRP
Dr. Alexandre Martins de Mello
Coordenador de Atividades de Cultura e Comunidade
Veja a programação na página 9.
Nosso projeto do Cinema & Psicanálise apresentou no segundo semestre de 2013 o
“Ciclo Lars Von Trier”, que exibiu filmes “semi-autobiográficos” deste consagrado cineasta
dinamarquês. Em outubro o colega Miguel Marques comentou o filme “Anticristo” e em
dezembro a colega Thaís Helena Thomé Marques comentou o filme “Melancolia”, ambos
no espaço que temos junto ao consagrado Instituto Figueiredo Ferraz.
Temos nos empenhado para aprimorar as qualidades necessárias para um bom
encontro científico-cultural junto aos colegas e a sétima arte. Para o primeiro semestre de
2014 estamos organizando uma nova série de ciclos temáticos, tanto no espaço do I.F.F.,
como também no espaço junto ao SESC-RP. Em sintonia com a nossa BIENAL, enfocaremos
o tema do humor em nossos ciclos.
Segue o comentário da colega Thaís Helena T. Marques sobre o filme “Melancolia”.
laire tenta manter o cenário principal a todo custo – festa
de casamento - como um roteiro para felicidade e, quando
ele se rasga, ela invariavelmente arrisca costurá-lo dizendo que às
vezes odeia muito Justine ou lhe oferecendo bebida como anestesia, na tentativa de retomar o projeto na medida em que o cenário
vai se esfacelando. Léo, é a criança capaz de sustentar a observação do horror do começo ao fim do filme. Ele pode brincar e cria
um instrumento precário, embora intuitivo para observar o planeta. Quando tem medo, nutre a esperança de que a tia seja invencível, pois é capaz de construir sonhos, e construa uma caverna
mágica onde se abrigar para escapar dos projetos impostos.
Michael, é o marido que planejava uma vida que seguisse os dogmas do que seria casar-se, ter filhos e envelhecer junto com a
esposa, sentados ao pé de uma macieira.
O cerimonialista, que produz as mentiras fiscalizando-as,
em vão, para que tudo transcorra conforme o roteiro programado.
Ele passa por Justine dizendo - “Ela arruinou o meu casamento,
não olharei mais para ela”. Quando todos vão para fora brindar e
escrever aos noivos seus votos nos balões, continuando o
cerimonial do casamento, o único balão que não sobe e pega fogo
é o do cerimonialista. Ele não conseguiu sustentar a festa inflada e
o projeto de uma festa magnífica cai por terra.
O rapaz, Tim trazido pelo chefe, é o protótipo da condição
humana manipulada, que se submete a tudo e a todos, pois não é
formado em nada, e não sabe nada, tendo que, por isso, perseguir
Justine em busca de um sentido (slogan) que tem que extrair dela
para ser contratado e receber um salário. O chefe, um
manipulador que exige de Justine a produção de um slogan e que
tenta atrelá-la pela culpa, oferecendo-lhe um cargo melhor. No
final da festa Justine, cansada de suas investidas, oferece a ele um
slogan irônico vendendo ele mesmo ao público. Diz: “Nada”, é o
bastante para você! Homenzinho desprezível e egoísta! Não tenho
palavras para descrever você e sua firma! O mordomo, paizinho
que, amoroso, acolhe o estado mental de Justine, recolhe a lucidez
horrorosa de sua mãe de volta a casa (suas roupas) e prepara as
acomodações, para que seu pai, conforme seu desejo, possa estar
com ela mais um pouco.
Melancolia, como entendo que Lars nos apresenta, diz
respeito à determinação da natureza para uma visão sobre a vida
na sua totalidade e não a uma questão particular da vida, um
acontecimento pontual ou uma novidade assustadora. Ele não
nos apresenta a patologia, mas um estado mental, uma determinada disposição para ver a vida e todas as coisas com acuidade de
percepção. Embora essa não seja uma visão de mundo iluminada
pelo sol, mas pelo planeta das trevas, é com extrema lucidez que
Justine encarna esse papel e reconhece tanto a beleza da natureza humana quanto a evidência da miséria e da finitude dela: o
caos da simultaneidade que gera o sentimento de absurdo.
Isso está em conformidade com a cena em que Justine,
cansada, sai no meio da noite e se despe ao relento para se
banhar sob o fulgor do planeta avassalador, sob a lucidez da
beleza e da tristeza pela natureza humana. Essa atitude a coloca
em consonância com a visão de mundo na qual se reconhece e
também a coloca em harmonia com esse inexorável caos da
simultaneidade (reconhecimento da beleza e da miséria) em que
o sentido da existência humana esteve, para ela, desde sempre
mergulhado.
Igualmente está em acordo com essa visão de mundo a
cena inicial do filme em que a limousine tenta, em vão, levar os
noivos até o local da cerimônia do casamento. Ironicamente é
apresentada a desproporção da enorme limousine em uma
estrada de terra muito estreita, confirmando o caos que o projeto de felicidade, oferecido por sua irmã Claire e seu cunhado
John, sujeitos bem adaptados à vida, já instalara na frágil existência de Justine.
Pude sentir que, de alguma forma, ela fazia um grande
esforço para seguir pelo caminho oferecido pelos que queriam
que ela fosse feliz, entretanto parecia saber que não a levaria a
nada. Nestas cenas iniciais do filme, embora seus lábios esboçassem um sorriso, os olhos denotavam uma ausência dolorosa.
Como com a limousine não foi possível, esforçou-se para chegar
à cerimônia andando e descalça. No entanto, antes de entrar no
local da cerimônia, foi visitar seu cavalo negro e chamou-o de
meu amante. Para fugir do artificialismo e da ausência de autenticidade da vida, encontra amparo, amor em seu cavalo favorito
Abraham, o pai da humanidade, e em seu sobrinho Léo que, ao
longo do filme, trata-a carinhosamente de tia Invencível, porque
é capaz de construir cavernas.
Estas cenas denotam que, quanto mais uma imagem
corresponda a sua função - um vislumbre da verdade que nos é
permitido em nossa cegueira - mais impossível se torna limitá-la
à nitidez do intelecto ou restringi-la aos nossos dogmas. Segundo Dostoievisk “A vida é mais fantástica do que qualquer fantasia”, portanto creio que retiramos nossas fantasias da própria
vida. Lars fez isso por nós!
As imagens também mostram que as outras personagens, as bem amoldadas, estão absorvidas e atribuladas com os
afazeres e suas utilidades, com sua visão de mundo e seu dogma
mais importante, projetar a felicidade de Justine para que não
comprometa a aparente felicidade delas. Não gostam de se
demorar em nada e tudo as apressa; vivem atrás de uma esperança/delírio qualquer.
Apartada da melancolia, da visão de mundo de que nada
adianta, não adianta fazer nada, nada tem sentido, Claire só se
aproxima minimamente desse estado mental na segunda metade do filme, na medida em que não pode mais negar a inevitável
percepção da verdade, de que tudo há de morrer um dia.
Justine, por sua vez, não encontra nada que lhe interesse ou que lhe seja indispensável e, talvez por isso não se demore
em nada, a não ser nesse seu estado mental. Durante toda festa
ela trava uma espécie de luta contra o sentimento de total
ausência de esperança - que nada tem a ver com desespero - e
de recusa contínua pela vida - que não deve ser confundida com
renúncia. De posse da consciência do trajeto do planeta Melancolia, numa conversa com a irmã, Justine diz para ela num
momento de desespero de Claire: “A terra é má e não é preciso
sofrer por ela, ninguém vai sentir falta dela. Estamos sós! Eu sei
disso tanto quanto sei que havia 678 grãos de feijão no pote”.
Ela sabia que a natureza não faz concessões e que a
natureza humana é pautada pelas necessidades. Há a contraposição de um tipo de saber intuitivo que não é explicado nem
sustentado por nenhum conceito ou conhecimento científico
(Claire havia dito ao cerimonialista que intuir a quantidade de
feijão no pote era incrivelmente trivial). Possivelmente Justine
tinha a consciência de uma verdade que não necessitava de
cálculos ou explicações, tanto que ela própria tornou-se a verdade. Ela sustenta o sofrimento de conhecer sua trajetória
trágica, o trajeto humano até o seu próprio fim.
E o tempo fica alongado na percepção da sua verdade, a
de que o tempo nos arrasta e exerce sobre todos nós seu efeito.
Tenta em vão ultrapassar esse período de longa duração, ficando o máximo de tempo que pode na festa, mas em cada tentativa encontra-se novamente com o vazio do sem sentido que lhe
causa enorme dor mental.
Num determinado momento da festa, Justine simplesmente ausentou-se e foi tomar um demorado banho de banheira enquanto todos esperavam. Num outro momento, quando é
carregada ao colo pelo marido até o quarto das núpcias, deixa-o
lá e vai para o campo de golfe onde, sem uma palavra sequer, faz
sexo com o rapaz (Tim), até então, desconhecido. Ela me parece
não ter nada a perder e nada do que faça ou não faça tem o
poder de alterar o significado que a vida tem para ela e sua
disposição fundamental para o sem sentido da vida.
Creio que o estado mental de nada ser interessante ou
importante para ela seja análogo ao que eu compreendo a
referência de W. Bion a respeito de um sentimento humano
bastante fundamental e difícil de suportar: o sentimento que
temos de ser inteiramente sós e ao mesmo tempo dependentes. De qualquer modo, ficou clara para mim a ideia de que, para
ela, às vezes, era fácil ser ela mesma: quando ela pensa o pior e
o pior está para acontecer, ela se traduz. Nesse contexto ser ela
mesma é fácil e é exatamente o necessário para estar viva
naquele momento.
Exceto Justine, as outras personagens, pessoas ponde-
radas e amoldadas à vida, entendem o fenômeno da melancolia
como patologia médica ou variação fugaz do humor e não consideram a possibilidade dele ser fundamental para compreender
o que é sentir-se humano. Elas vivem numa espécie de urgência
que as coloca na busca constante de fazer algo de útil e que lhes
traga ótimos resultados, tal qual o trabalho ingênuo e monótono das máquinas.
Há no filme um momento divisor em que Claire leva
Justine para a biblioteca para conversar e onde livros de arte
estão abertos nas prateleiras, mostrando pinturas contemporâneas com imagens abstratas e conceituais. Tenta convencê-la
de que ela não estaria se esforçando o suficiente para ficar feliz
e afirma que Michael tentou falar com ela, em vão, a noite toda.
Justine reage dizendo-lhe que quer a festa e que está tentando
sorrir, sorrir e sorrir. Claire, irritada, sai, deixando-a sozinha.
Justine, então, num impulso de indignação e com ironia, começa a folhear os livros um a um, à procura de trocar aquelas imagens por outras que não denotavam nenhum indício de que a
vida possa ser outra coisa que miséria, tristeza e morte. Pareceme que é isso que representam os quadros David com a cabeça
de Golias, de Caravaggio, Ophelia, de Millais e o prelúdio de
Tristão e Isolda, de Wagner.
David foi um pequeno homem que venceu Golias, mas
não conseguiu vencer as tentações da carne. Ophelia viu na
morte a única esperança de vida. Tristão e Isolda ambos morreram de amor. Curiosamente, Tristão, não podendo casar-se com
a Isolda que amava, casou-se com outra Isolda. Esses elementos
da arte, escolhidos por Lars, nos dão a entender que o ser humano não consegue estar imerso na sua natureza, frente às urgências de cada momento.
Claire mente para si mesma do começo ao fim do filme,
tentando negar as evidências da verdade para manter o roteiro
de felicidade. Cobre o corpo de John de feno e solta o cavalo
selado para que pareça que ele foi à cidade. Apesar de todas as
evidências, tenta mais uma vez observar o planeta pela lente da
intuição através do instrumento feito pelo filho. Desesperada
com a verdade insuportável, ainda arrisca, em vão, fugir para
um lugar seguro com Léo, mas não passa dos 18 buracos do
campo de golfe.
Muito embora não haja nenhum interesse nem urgência para Justine, ela é cobrada disso o tempo todo: pela irmã
Claire que a intima a ser feliz; pelo cunhado John que lhe chama
a atenção para o que ela pode perder e diz que, o que ela faz é de
propósito; pela mãe que a aconselha a deixar de sonhar; pelo
chefe que, durante a festa, exige dela um slogan imediato para
uma nova campanha da empresa, pelo pai que lhe deixa um
bilhete de despedida chamando-a de Beth. Muitas vezes sua
reação a isso é um misto de indiferença e tristeza. Outras vezes
reage com ironia. Denuncia ao patrão o desejo frenético dele
para encontrar a felicidade e o jogo mortal das aparências que
emprega para atingi-la. Também aponta para Claire sua descrença no modo certo para lidar com a verdade insuportável,
um protocolo que ela lhe propõe seguir para quando o planeta
colidir com a terra: ficarem juntas na varanda degustando uma
taça de vinho. Justine a ironiza dizendo-lhe que poderiam também ouvir a nona sinfonia de Beethoven e que “acha seu plano
uma droga”.
As cenas finais do filme me parece juntar os elementos
que caracterizam a concepção de mundo de Justine e o estado
mental que a sustenta: a precariedade das varetas (efemeridade, fragilidade e impotência da condição humana frente ao
trágico) que apoiam uma caverna feita de sonhos (a própria
existência humana), mas que os torna invencíveis, isto é, os
mantêm vivos até o fim de si mesmos.
LOCAL
RIBEIRÃO PRETO
GRUPOS DE ESTUDO
MAIO/JUNHO
Local: SBPRP
MAIO/JUNHO/2014
Texto Análise de Criança
Coordenação: Sônia M. M. E. Mestriner
Dias 5/5 e 2/6 às 19h45
Pensamento de Donald Meltzer
Coordenação: Guiomar Papa Morais e
Alexandre Martins de Mello
Dias 9/5, 23/5, 6/6 e 13/6 às 11h
Psicodinâmica da família e casal
Coordenação: Denise Léa Moratelli
Colaboração: Adriana L. N. Bianchi
Dias 9/5 e 13/6 às 15h
As mulheres do sexto andar
Palestrante:
Rosângela de Oliveira Faria
Dia 10/5 às 14h15
Local: Instituto Figueiredo Ferraz –
Rua Maestro Ignácio Stábile, 200.
Alto da Boa Vista – Ribeirão
Preto/SP
Baleias de Agosto
Comentário:
Cybelli Morello Labate
Dia 18/5 às 15h
Local:
SESC – Rua Tibiriça, 50. Centro
Pensamento de Melanie Klein
Coordenação: Maria Aparecida
Sidericoudes Polacchini
Dias 9/5 e 13/6 às 17h
Pensamento de Winnicott
Coordenação: Cecília Barreto Dias
Dias 14/5 e 11/6 às 11h15
O Analista trabalhando
Coordenação: Paulo Ribeiro e
Mércia Maranhão
Dia 22/5 às 19h30
Escuta da Escuta
Coordenação: Ana Rita N. Pontes
Dias 23/5 e 27/6 às 16h
Minhas tardes com Margueritte
Comentário:
Luiz Celso Castro de Toledo
Dia 8/6 às 15h
Local: SESC – Rua Tibiriça, 50.
Centro
Pensamento de W. R. Bion
Coordenação: Thais Helena Marques
e Miguel Marques
Dias 23/5 e 27/6 às 18h
FRANCA
Transformações em Conversas
Coordenação: Thais Helena Marques
Dias 23/5 e 27/6 às 20h
Invictus
Comentário
Josiane Barbosa Oliveira
Data 7/6 às 15h
Local: Anfiteatro da Sede do Centro
Médico de Franca (Rodovia Tancredo
Neves, saída para Claraval, Km 2)|
www.cinemaepsicanalise.com.br
Semeando e Clinicando em Franca
Coordenadora: Débora Agel Mellem
Dia 27/5 às 20h e 21h15 respectivamente
Seminários Clínicos junto ao Programa de
Aprimoramento em Psicologia do
Hospital das Clínicas
Coordenadora: Sandra L. Nunes Caseiro
Dias 27/5 e 24/6
NACIONAL
EVENTOS
Fórum de Psicanálise e Cinema
Dias 28/3, 25/4, 30/5 e 27/6
Local: Rio de Janeiro - Sala Vera
Janacópulos – UNIRIO | www.sprj.org.br
VII Jornada Lacan na IPA – Angústia, o
afeto que não engana
Dias 9/5 e 10/5
Local: SBPSP – Av. Dr. Cardoso de Melo,
1450 – 1º andar| www.sbpsp.org.br
A Escuta Musical: A música vocal / A
expressividade do canto
Palestrante: Yara Caznok
Dia 17/5 às 10h
Local: SBPSP – Av. Dr. Cardoso de Melo,
1450 – 1º andar| www.sbpsp.org.br
III Jornada de Psicanálise de Crianças e
Adolescentes: A Clínica Atual
Dias 30/5 e 31/5
Local: SBPSP – Av. Dr. Cardoso de Melo,
1450 – 1º andar| www.sbpsp.org.br
Fotografia: Realidades e Ficções
Dia 8/6 às 17h30
Local: SBPSP – Av. Dr. Cardoso de Melo,
1450 – 1º andar| www.sbpsp.org.br
INTERNACIONAL
MAIO/JUNHO
Gente como a gente
Comentário:
Josimara Magro F. de Souza
Data 10/5 às 15h
Local: Anfiteatro da Sede do Centro
Médico de Franca (Rodovia Tancredo
Neves, saída para Claraval, Km 2)|
www.cinemaepsicanalise.com.br
Mônica Bittar S. Araújo
Dia 6/5 às 20h e 21h respectivamente
Antonino Ferro
Coordenação: Silvana Vassimon
Dias: 30/5 e 27/6 às 16h
EVENTO
III BIENAL DE PSICANÁLISE E CULTURA HUMOR VERDADE PSICANÁLISE
Dias 15/5, 16/5 e 17/5
Local: Auditório da Faculdade de Direito da
USP – Ribeirão Preto (Av.Bandeirantes,
3900. Vila Monte Alegre)
SUA MAJESTADE, O BEBÊ!
Dia 7/6 às 8h30
Local: SBPRP - Rua Ércole Verri, 230.
Jardim Ana Maria – Ribeirão Preto/SP
TERÇAS NA SBPRP:
Semeando e Clinicando em Ribeirão
Coordenadores:
Regina Cláudia Mingorance de Lima e
XI Diálogo latinoamericano
intergeneracional entre hombres y
mujeres.
Dias 1º/9 e 20/9
Local: Buenos Aires |
[email protected]
Grupo de Psicanálise de Uberlândia
Seminários Psicanalíticos 2014
Local: Centro de Convenções - Hotel San
Diego. Av. Gov. Rondon Pacheco, 3500
Uberlândia-MG| www.gpsicanalise.com.br
O autismo e suas manifestações:
possibilidades de vir a ser?
Dia 24/5 às 14h
Os encontros com os estados mentais
depressivos: da violência do vazio às
possibilidades de crescimento psíquico.
Dia 7/6 às 14h
Marcelo L. Salles Bueno | Membro Filiado
uando a VIII turma do Instituto se reuniu pela primeira vez
em agosto de 2012, para receber as instruções e as boas
vindas, a Dra. Sônia Mestriner (diretora do Instituto) proferiu,
entre outras coisas, a expressão “Carpe Diem”, parafraseando o
poeta romano Horácio. “Aproveitem a formação, usufruam o que
o Instituto pode lhes oferecer", disse nossa diretora. Desde a
antiguidade o excerto “Carpe Diem” tem sido objeto de difusa
interpretação, conferindo a este um significado hedonista, desse
modo, perdendo o valor original que, ao contrário, convida-nos a
saborear o momento presente. Significado este que nossa
diretora soube expressar com clareza.
Um ano havia se passado desde o início de nossa análise
didática, quando recebemos as explicações de nossa diretora
para a segunda parte de nossa jornada, os Seminários. Atenção
voltada para a estrada, temos uma longa caminhada. Será que
tem fim? Por onde vamos? Para onde vamos? Podemos realizar o
percurso apressados para chegarmos a algum lugar, se é que este
existe. Ou construirmos como nos orientou nossa guia?
A escolha talvez dependa do vértice pelo qual cada
membro compreende o processo de formação. Percepção esta
que envolve a história pessoal de identificações e de construção
de individualidade. O caminho sugerido é colher e saborear.
Entendido como uma trans-posição do aprender sobre alguma
coisa em direção a tornar-se. Vir-a-Ser. Encarnar no processo e
realizar uma filiação-aliança, repetindo ontologicamente nossas
primeiras experiências pessoais. Portanto, existe uma formação
formal acontecendo paralela a uma formação pessoal, única e
individual. Uma não prescinde da outra, ao contrário, se
entrecruzam promovendo enriquecimento de sentimentos e
ideias.
Sobre a formação pessoal cabe a cada candidato nortear
sua direção. Aos estudos e orientações formais, à diretoria do
Instituto compete sua real-ação. A Associação dos Membros
Filiados proporciona um exercício tanto de atribuições
normativas quanto de experiência simbólica pessoal,
corroborando para o desenvolvimento de um EU mais integrado.
Segundo Freud, função indispensável para aqueles que
pretendem exercer a Psicanálise. Portanto, ampliam os três
caminhos no exercício da psicanálise (análise pessoal, supervisão
clínica e estudo teórico), para um quarto caminho: o exercício e
elaboração do trabalho em grupo na Instituição. Esses quatro
elementos colaborando para o desenvolvimento do analista em
formação.
“O Instituto de Psicanálise é o coração da Sociedade. Não
há razão de existir uma Sociedade se não houver Instituto.” Disse
uma vez ao nosso grupo a estimada Sra. Rachel Beltrame, atual
presidente da Sociedade. E não é o Instituto a expressão dos
desejos e participação de seus candidatos?
Há algumas semanas recebemos a diretoria da AMFIP
(Associação dos Membros Filiados do Instituto de Psicanálise) e
no exercício dessa função, convidamos a fratria a nos auxiliar nos
trabalhos e atribuições que à associação compete: congregar os
membros filiados na discussão dos seus problemas e no interesse
de sua formação, promover cursos de interesses do quadro de
associados, manter intercâmbio com associações congêneres,
colaborar em trabalho de campo visando à divulgação da psicanálise e representar seus associados junto a professores e diretores do Instituto. Desse modo, convidamos a todos os candidatos a
participar conosco do banquete que nos é oferecido. Seja dando
opiniões, ideias, colaborando na formação dos encontros e eventos, fortalecendo, assim, a relação entre nós, candidatos. A Associação não é apenas a sua diretoria.
A gestão atual da Associação dos Candidatos está com o
propósito de reunir seus membros para um aprimoramento dos
estudos Freudianos e Kleinianos convidando expoentes analistas
dessas áreas, para ampliar a compreensão dos textos dos autores
referidos. Já recebemos em nosso Instituto uma rica experiência
de conhecimento desses autores, o intuito é trazer outros
convidados que possam alinhavar os textos que nossos
coordenadores têm explorado. Desse modo, pensamos em
aproveitar a oportunidade que o Instituto nos oferece com os
seminários teóricos para nos aprofundarmos em conceitos
preliminares tão caros à Psicanálise. Para isso contamos com a
colaboração dos candidatos de turmas anteriores e,
naturalmente, dos Associados da Sociedade. Inclusive para nos
apresentar outros projetos de interesse dos membros. Em breve
marcaremos reunião para discutirmos o projeto citado acima e
apreciaremos novas ideias apresentadas.
Finalizamos com um poema de Ricardo Reis, heterônimo
de Fernando Pessoa, o qual se atribui uma vida que retrata o
"Carpe Diem".
Colhe o dia, porque és ele
Uns, com os olhos postos no passado,
Veem o que não veem: outros, fitos
Os mesmos olhos no futuro, veem
O que não pode ver-se.
Por que tão longe ir pôr o que está perto —
A segurança nossa? Este é o dia,
Esta é a hora, este o momento, isto
É quem somos, e é tudo.
Perene flui a interminável hora
Que nos confessa nulos. No mesmo hausto
Em que vivemos, morreremos. Colhe
O dia, porque és ele.
[Ricardo Reis, in Odes]
Diretoria da AMFIP
Marcelo L. Salles Bueno - Presidente
Luiz Celso Toledo - vice-presidente
Raquel Siminati - Secretaria Geral
Ana Maria Benedetti - Secretária
Maira Cecília Avi - 1ª Tesoureira
Ana Beatriz Lupo - 2ª Tesoureira
Patricia Silva - Conselheira
Litogravura, Relatividade, 1953
Maurits Cornelis Escher

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