informativo gênesis - Loja Maçônica de Pesquisa Gênesis

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informativo gênesis - Loja Maçônica de Pesquisa Gênesis
LOJA MAÇÔNICA DE PESQUISAS GÊNESIS
Av. Vindima nº. 34 Or. De Caxias do Sul / RS – GORGS
INFORMATIVO GÊNESIS
Ano 1, Edição Nº. 2
Editorial: Mensagem do V.:M.: de Honra
Caros IIr.
Este é o segundo número de nosso InfoGênesis. Nele estamos
incluindo alguns trabalhos elaborados por IIr.: de nosso quadro,
além de obras de autores consagrados que são nossos IIr.:
correspondentes, colocando, desta forma, em prática um dos
primordiais objetivos de nossa Loja.
Durante nossa administração procuramos desenvolver os temas
de forma que as apresentações e os debates tivessem o maior
tempo disponível. Convidamos e tivemos também a participação
de IIr.: de Lojas Maçônicas da região, abrindo também nossas
portas aos IIr.: AA.: e CC.: para que nosso trabalho de estudo e
pesquisa sirva de incentivo a uma correta e profícua carreira
maçônica e social. Outrossim também colocamos a L.:M.:
Pesquisas Gênesis, juntamente com outras Lojas e entidades
maçônicas da região, como promotora e coordenadora das
palestras comemorativas ao dia do Maçom de 2011 e 201 2, na
qual tivemos a participação em torno de 400 IIr.: da região e Porto
Alegre, ocasião em que os IIr.: Hercule Spoladore e Pedro Juk nos
brindaram com seus conhecimentos maçônicos.
Também neste ano de 201 3 já deixamos a Gênesis no mesmo
patamar, ou seja, vamos promover e coordenar o próximo Dia do
Maçom nos mesmos moldes dos anteriores, agora com a palestra
de nosso Ir.: Moacir Costa de Araújo Lima com o tema “Ciência e
Espiritualidade”.
No limiar de nosso tempo como V.:M.:, particularmente agradeço a
todos, indistintamente, pelo apoio, incentivo e colaboração que
recebi, dizendo que continuarei sempre como um membro ativo da
Gênesis para participar e receber os ensinamentos e bons fluidos
que sempre são emanados.
Ao ensejo desejo aos membros da próxima administração sucesso
e realizações dos seus propósitos com a certeza da continuidade
dos objetivos traçados para a finalidade de nossa Loja. Grande e
fraterno abraço a todos.
Ir.: Wilson José Adami Mano
Outubro / 2013
Índice
Pg. 2
Mensagem do VM e
Dia do Maçom
Pg. 3
Maçonaria Azul e
Maçonaria Vermelha
Ir.: Flávio Cassina
Pg. 4
São João e a Maçonaria
Ir.: Ivan Luiz Emerim
Pg. 6
Futebol e Maçonaria
Ir.: Ariel Rosenberg Tirschtigel
Pg. 7
Ritualística
Ir.: Ivan Luiz Emerim
Pg. 8
Igualdade e Solidariedade
Ir.: Carlos Ronaldo de Oliveira
Sessões 2013
19/03 ‐ 16/04 ‐ 21/05
18/06 ‐ 16/07 ‐ 20/08
17/09 ‐ 15/10 ‐ 19/11
Estas datas podem sofrer
alterações.
LOJA MAÇÔNICA DE PESQUISAS GÊNESIS
INFORMATIVO GÊNESIS
Ano 1, Edição Nº. 2 ‐ Outubro / 2013
Mensagem do novo V.: M.:
Dia do Maçom
É com satisfação, mas principalmente com o espírito
imbuído de comprometimento e responsabilidade que
assumo a condução dos trabalhos da Loja de Pesquisas
Gênesis para os próximos dois anos.
Agradeço desde já a confiança depositada em mim e em
minha equipe de trabalho.
Nesse período inicial recepcionamos nosso palestrante
Irmão Moacir Costa de Araújo Lima com o tema Ciência e
Espiritualidade no dia 20/08/1 3 com a presença de
aproximadamente 300 maçons que foi considerado um
sucesso.
Com bom senso, coerência e logicidade ao mesmo
tempo que amparado pela ajuda dos irmãos tenho a
convicção de que o trabalho será facilitado.
Tenho a intenção de divulgar, fortalecer e principalmente
estimular não somente o estudo, mas também a pesquisa
maçônica.
A divulgação será realizada através das visitas às
diversas lojas presentes na Região Nordeste do Estado
incluindo este boletim.
O fortalecimento dependerá da atuação de todos os
irmãos de nossa Loja.
O estímulo à pesquisa e ao estudo fará com que a
Gênesis seje respeitada como produtora de conhecimentos
engrandecendo não apenas os maçons, mas também a
humanidade em geral.
Em nossa última reunião propusemos que os significados
das palavras amizade, lealdade e solidariedade nos
acompanhem nesse período.
A continuidade do boletim informativo depende do envio
de trabalhos maçônicos.
Estamos participando da reunião mensal dos VeneráveisMestres das Lojas da Região.
Convidamos para se façam presentes em nossas
reuniões às terceiras terças-feiras mensalmente às vinte
horas no Templo da Loja Duque de Caxias Terceiro Milênio.
Esperamos vocês.
Foi realizado no dia 20/08/201 3, uma terça-feira, às
20;00 horas no Salão Verde do Recreio da Juventude, o 3º
evento comemorativo ao Dia do Maçom. Da mesma forma
eu os dois anteriores, a Loja Maçônica de Pesquisas Gênesis
foi a coordenadora deste encontro dos maçons da serra do
nordeste. Mais de trinta Lojas se fizeram representar por
aproximadamente 300 obreiros que tiveram a grata
satisfação de apreciar a excelente palestra do Ir. Moacir
Costa de Araújo Lima do GOB, Oriente de P.Alegre/RS que
brindou a todos com o tema “Ciência e Espiritualidade”.
A confraternização entre os IIr. foi finalizada com um
excelente jantar preparado pela cozinha da Loja Duque de
Caxias. Estiveram presentes também os representantes dos
Grão Mestrados do GORGS, GOB e GL.
Agradecemos o apoio e a colaboração de todos aqueles
IIr que se dispuseram a ajudar e trabalhar para a realização
do evento.
V.: M.: Rudimar Porto
Não ande atrás de mim, talvez eu não saiba liderar.
Não ande na minha frente, talvez eu não queira seguí-lo.
Ande ao meu lado, para podermos caminhar juntos.
(Provérbio Ute)
Somente após a última árvore ser cortada.
Somente após o último rio ser envenenado.
Somente após o último peixe ser pescado.
Somente então o homem descobrirá que
dinheiro não pode ser comido.
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(Provérbio Cree)
LOJA MAÇÔNICA DE PESQUISAS GÊNESIS
INFORMATIVO GÊNESIS
Ano 1, Edição Nº. 2 ‐ Outubro / 2013
Maçonaria Azul e Maçonaria Vermelha
por Ir.: Flávio Cassina
A fim de que discorramos sobre o tema título deste
trabalho, é mister que, incialmente, definamos o que é
Maçonaria. Para tanto, observando o que dizem os nossos
Landmarks, Leis, Regulamentos e Regimentos, podemos
definir, de forma clara e para os leigos, em termnos sucintos
o seguinte:
“A Maçonaria é uma instituição essencialmente
filantrópica, educativa e progressista. Reúne homens de
bons princípios que empreendem esforços para o bem da
humanidade, buscando seu aperfeiçoamento moral,
intelectual e social. Propõe, igualmente, o cumprimento
inflexível do dever, a prática da beneficência e a
investigação constante da verdade”.
A Maçonaria não é dogmática e não tem preconceito de
raça, cor, etnia,origem ou religião.
Ela exige de seus adeptos a aceitação de um princípio
criador, definido como GADU, não tendo, por conseguinte,
espaço para o materialismo. Exige também, um bom
combate, ou seja, a luta constante contra a ignorância, a
superstição, a tirania e contra todos os inimigos da
humanidade; os hipócritas, que a enganam; os pérfidos, que
a degradam; os fanáticos, que a oprimem; os ambiciosos,
que a usurpam, e os corruptos e sem princípios, que
abusam da confiança das massas.
Na Maçonaria tudo é tradição, entretanto, ela é, ao
mesmo tempo, dinâmica e progressista por definição, não
tendo, portanto, espaço para o imobilismo.
No REAA, adotado por muitas Lojas, temos 33 Graus. A
Maçonaria simbólica compreende os três primeiros Graus,
ou seja, Aprendiz, Companheiro e Mestre, onde se encontra
condensado todo o ensinamento Maçônico.
A Maçonaria Azul é a denominação dos referidos três
Graus simbólicos, tambem denominados de São João ou
universais, em razão de serem comuns a todos os ritos.
A cor azul é a cor das Lojas Simbólicas e serve para
contrapor a Maçonaria Vermelha ou dos Altos Graus.
A expressão filosofismo, atribuida os Altos Graus, é
incorreta. O correto é Graus Filosóficos ou Altos Graus.
A Maçonaria Vermelha, portanto, é o mesmo que a
Maçonaria Filosófica. Compreende os Graus 4º ao 1 8º do
REAA e, também, os Maçons do Real Arco ( 1 3º do REAA;
1 3º do Rito Misraim; 1 5º do Rito Escocês Primitivo e 4º da
Maçonaria do Real Arco ou York).
Em resumo, as Oficinas são caracterizadas por uma cor,
em regra, correspondente à do cordão usado pelos Maçons
que a compõem:
a) Oficinas Azuis ou Simbólicas são as Lojas que
agrupam os maçons do 1 º ao 3º Graus;
b) Oficinas Vermelhas ou Capitulares são os Capítulos
que agrupam os Maçons do 4º ao 1 8º Graus;
c) Oficinas Negras ou Kadosch são os Aerópagos ou
Concílios, que agrupam os Maçons do 1 9º ao 30º Graus;
d) Oficinas Brancas que são os Supremos Tribunais,
para o Grau 31 º; o Consistório para o Grau 32º e o Supremo
Conselho para o Grau 33º.
Falando em Loja Branca, alguns autores de conotação
mais mística, defendem a existência de uma poderosa
Fraternidade Branca, ou de hierarquia de Adeptos, cujas
colunas mestras são o Amor e a Sabedoria, sendo uma Loja
Maçônica um micro-cosmo simbólico desta.
Segundo estes mesmos autores, por vontade do GADU.
Esta Fraternidade invisível pela humanidade e, através dos
séculos, vem guiando a sua evolução e governando
internamente os negócios do nosso planeta.
Trata-se de um pensamento muito semelhante ao
admitido pelo Kardecismo, que defende a idéia da existência
de grandes instrutores que, de tempo em tempo, aparecem
neste mundo para administrar ensinamentos espirituais e
éticos e, por que não dizer, filosóficos aos povos, de acordo
com o momento evolutivo da humanidade.
Dito pensamento é igualmente comungado pelos
cristãos que apregoam a vinda do Cristo para salvar a
humanidade.
Quanto mais esperto o homem se julga, mais precisa de
proteção divina para defender-se de si mesmo.
(Provérbio Seneca)
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LOJA MAÇÔNICA DE PESQUISAS GÊNESIS
INFORMATIVO GÊNESIS
Ano 1, Edição Nº. 2 ‐ Outubro / 2013
São João e a Maçonaria
por Ir.: Ivan Luiz Emerim
quilômetros – é o afélio. Se a Terra no movimento de
translação girasse sobre um eixo vertical em relação ao
plano da órbita, as susas diferentes regiões receberiam
iluminação sempre sob o mesmo ângulo e a temperatura
será sempre constante em cada uma delas. Mas, como o
eixo é inclinado em relação à órbita, essa inclinação faz com
que os raios solares incidam sobre a Terra segundo um
ângulo diferente a cada dia que passa. Assim vão se
sucedendo as estações: verão, outono, inverno e primavera.
Nos momentos em que o Sol atinge sua maior distância
angular do equador terrestre, ou seja, quando é máximo o
valor de sua declinação, sob o ponto de vista da Terra,
ocorrem os solstícios. Os dois solstícios ocorrem a 21 de
junho e a 21 de dezembro; a primeira marca a passagem do
Sol pelo primeiro ponto do trópico de Câncer, enquanto que
a segunda é a passagem do Sol peloprimeiro ponto do
trópico de Capricórnio. No primeiro caso, o Sol está em
afélio é o solstício de verão no hemisfério Norte e de inverno
no hemisfério Sul; no segundo, o Sol está em periélio e é
solstício de inverno no hemisfério Norte e de verão no
hemisfério Sul. Portanto, o solstício de verão no hemisfério
Norte e de inverno no hemisfério Sul, ocorre quando o Sol
está em sua posição mais boreal (Norte), enquanto que o
solstício de verão no hemisfério Sul e de inverno no
hemisfério Norte, ocorre quando o Sol esá em sua posição
mais austral (Sul).
NO PRINCÍPIO ERA O VERBO.
E O VERBO ESTAVA COM DEUS, E O VERBO ERA DEUS.
ELE ESTAVA NO PRINCÍPIO COM DEUS.
TODAS AS COISAS FORAM FEITAS POR ELE;
E SEM ELE NADA DO QUE FOI FEITO SE FEZ.
NELE ESTAVA A VIDA, E A VIDA ERA A LUZ DOS
HOMENS.
E A LUZ RESPLANDECE NAS TREVAS,
MAS AS TREVAS NÃO A COMPREENDERAM.
Parte inicial do Prólogo do Santo Evangelho de Jesus Cristo
Segundo São João.
São João, o discípulo e apóstolo predileto de Jesus Cristo,
era irmão de Tiago e filho de Zebedeu e Salomé. Foi
discípulo de João Batista e depois chamado por Cristo. Eis a
finalidade deste seu evangelho segundo suas próprias
palavras: “Foram escritos estes (acontecimentos) para que
vós creiais que Jesus é o Cristo, filho de Deus e de que
crendo-o assim, tenhais a vida em seu nome” (20,31 ).
Estes versos, que são do Prólogo do evangelho de São
João. Foram comparados com muita propriedade à
Ouverture de uma ópera, pois encerra todos os temas
depois desenvolvidos na obra: a natureza divina e a missão
de Jesus. O Verbo (têrmo que S.João usa quatro vezes em
todo seu Prólogo, designa o Filho como uma espécie de
emanação intelectual do Pai) é eterno, é pessoa distinta da
do Pai, é Deus, é criador, é doador dos maiores bens: a vida
e luz (na ordem sobrenatural). Em sua missão, preparada
por João Batista, fez-se homem para revelar-nos Deus,
remir-nos e dar-nos a graça. A história desta missão é um
drama em que as trevas (o pecado e tudo o que for oposto à
graça) tentam sobrepujá-Lo, sem, no entanto conseguir. Não
a compreenderam: o termo grego pode significar também, e
com mais probabilidade: não a suplantaram, e então este
verso equivale a uma exclamação de triunfo. Mas, na
tradução portuguesa, soa este verso como se fosse uma
lamentação.
A respeito da relação de São João com a Maçonaria,
transcrevemos a seguir um trabalho elaborado pelo nosso Ir.
Pedro Juk em Junho de 201 2 que nos instrui o seguinte:
SÃO JOÃO E O SOLSTÍCIO
Por herança recebida dos membros das organizações
de ofício, que, tradicionalmente costumavam comemorar os
solstícios, essa prática chegou à Maçonaria Moderna,
embora já condimentada pela influência da Igreja sobre as
corporações operativas. Como as datas dos solstícios são
21 de junho e 21 de dezembro, muito próximas das datas
comemorativas de São João Batista – 24 de junho – e de
São João Evangelista – 27 de dezembro – elas acabaram
por se confundir umas com as outras entre os operativos e,
por conseguinte, até o presente momento.
Atualmente a posse dos Grão-Mestres e dos Veneráveis
Mestres das Lojas realiza-se a 24 de junho, ou em data bem
próxima (não se pode esquecer que a primeira Obediência
maçônica do mundo foi fundada em 1 71 7 no dia de São
João Batista).
Graças a isso, muitas corporações embora em muitas
oportunidades até houvesse um santo protetor para cada um
desses grupos profissionais, acabariam adotando os dois
São João como protetores, ou padroeiros, fazendo chegar
O SOLSTÍCIO
Em sua marcha em torno do Sol, a Terra, descrevendo
uma elipse, ficará afastada mais próxima, ou mais perto do
astro luz. O ponto mais próximo – 1 47 milhões de
quilômetros – é o periélio; o mais afastado – 1 52 milhões de
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LOJA MAÇÔNICA DE PESQUISAS GÊNESIS
INFORMATIVO GÊNESIS
Ano 1, Edição Nº. 2 ‐ Outubro / 2013
esse hábito à Moderna Maçonaria, onde existem.segundo a
maioria dos ritos, as Lojas de São João, que abrem os seus
trabalhos “à glória do Grande Arquiteto to Universo e em
honra a São João, nosso padroeiro”.
Nas Salas das Lojas, comumente chamadas de Templos
Maçônicos pela vertente latina da Maçonaria, estas datas
solsticiais estão representadas por um conjunto emblemático
constituído pelo Círculo entre Paralelas Verticais e
Tangenciais, cujo significado é de que o Sol não transpõe os
trópicos, sugerindo ao maçom, que a consciência religiosa
do Homem é inviolável – o círculo representa o Sol enquanto
que as paralelas concebem a ideia dos trópicos de Câncer e
de Capricórnio – cada um por sua vez (Câncer com João, o
Batista e Capricórnio com João, o Evangelista).
Tradicionalmente, por meio da noção de porta estreita,
como dificuldade de ingresso, o maçom evoca as portas
solsticiais como estreitos meios de acesso ao conhecimento,
já que Capricórnio corresponde ao solstício de inverno e
Câncer ao de verão no hemisfério Norte, com inversão para
o Sul.
A porta estreita corresponde ao inicio, ou ao ponto ideal
de partida dentro do itinerário sideral, na eclíptica do nosso
planeta, nos calendários gregorianos e também em alguns
pré-colombianos.
O homem primitivo distinguia a diferença entre duas
épocas, uma de frio e uma de calor, conceito que
inicialmente lhe serviu de base para organizar o trabalho
agrícola. Graças a isso é que surgiram os cultos solares,
com o Sol sendo proclamado – como fonte de calor e luz – o
rei dos céus e o soberano do mundo, com influência
marcante sobre todas as religiões e crenças posteriores da
humanidade.
Desde a época das antigas civilizações, o homem
imaginou os solstícios como aberturas opostas no céu, ou
como portas por onde o Sol entrava e saia ao terminar o seu
curso em cada ciclo tropical.
A importância dessa representação das portas solsticiais
pode ser encontrada com o auxílio do simbolismo cristão,
pois, para o maçom, as festas dos solstícios são, em última
análise, as festas de São João Batista e de São João
Evangelista.
Sendo os dois Joãos, há aí uma evidente relação com o
deus romano Janus e suas duas faces: o futuro e o passado
– o futuro que deve ser construído à luz do passado.
Sob uma visão simbólica, os dois patronos encontramse num momento de transição – o fim de um grande ano
cósmico e o começo de um novo. Marca, por exemplo, o
nascimento de Jesus, quando um João anuncia a Sua vinda
enuanto o outro propaga a Sua palavra. Foi à semelhança
entre as palavras Janus e Joanes (João que,em hebraico é
Ieho-hannam=graça de Deus) que facilitou a troca do Janus
pagão pelo João cristão, com a finalidade de extirpar uma
tradição “pagã”, que se chocava com o cristianismo. Foi
desta maneira que os dois São João foram associados aos
solstícios e presidem as festas solsticiais.
Fontes: Biblia Sagrada / Trabalho de Pedro Juk (2012)
Trace o seu caminho, sinta satisfação em saber que o final do
arco-íris que você tem procurado pode ser encontrado no
dedão do pé em seu sapato, após perceber quem nós somos
e o que nós temos.
(Chefe John Eagle Spirit)
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LOJA MAÇÔNICA DE PESQUISAS GÊNESIS
INFORMATIVO GÊNESIS
Ano 1, Edição Nº. 2 ‐ Outubro / 2013
Futebol e Maçonaria
por Ir.: Ariel Rosenberg Tirschtigel
do rugby.
Uma vez formada a Associação de Futebol inglesa, a
mais antiga do mundo, foram convidados os seguintes
clubes para fazer parte dela: Barnes, Civil Service, Crystal
Palace, Clapham Rovers, Hitchin, Maidenhead, Marlow,
Queen’s Park (Glasgow), Donington Grammar School
(Spalding), Hampstead Heathens, Harrow Chequers,
Reigate Priory, Royal Engineers, Upton Park e Wanderers.
Ebenezer Cobb Morlei não foi maçom, também não
existem registros de que os outros doze participantes das
reuniões fossem, mas é bem emblemático que fosse
escolhido o restaurante de uma loja maçônica do centro de
Londres a poucos metros do Covent Garden para realizar
estas primeiras reuniões e mais, tendo em conta que em
plena época vitoriana Londres estaria cheia de restaurantes,
tavernas e pubs, o que nos faz pensar que existiu um forte
vinculo entre alguns ou a maioria dos assistentes às
reuniões e a Maçonaria.
O que sim temos certeza é que foram maçons os que
difundiram este jogo pelo mundo afora.
Para o Rio da Prata chegaram muitos britânicos para
construir e administrar as vias férreas, e junto com eles
vieram maçons apaixonados pelo futebol que logo
compartilharam esta paixão com os locais. Na Argentina o
time River Plate foi fundado por maçons e a banda vermelha
atravessada no peito e nas costas da camiseta representam
a banda de mestre maçom que se usava nas lojas
antigamente. Leopoldo Bard, um dos fundadores do River
Plate e quem deu o nome ao time pertencia à loja Liberi
Pensatori do bairro La Boca em Buenos Aires, também
Antônio Vespusio Liberti, outro dos fundadores, quem daria
o nome ao atual estádio Monumental de Nuñez também era
maçom.
O clube argentino Banfield foi fundado por irmãos da loja
Eureka 1 06 de Buenos Aires e composta de irmãos de
origem irlandesa, por isso a cor da equipe é verde.
Também o clube argentino Velez Sarsfield foi fundado
por maçons, e o nome pertence ao eminente irmão maçom
que compilou o código civil argentino.
No Uruguai o Clube Atlético Peñarol, foi fundado por
diretores da empresa que controlava os caminhos de ferro e
no ano 1 891 o diretor presidente da empresa resolveu
fundar um clube de desportos para os funcionários da
empresa que se chamou Central Uruguay Railway Cricket
Club, nome que anos depois seria mudado para Peñarol, já
que o estádio foi construído num campo pertencente a um
agricultor italiano de nome Pedro Pignarollo.
Por tradição os diretores ingleses da empresa ferroviária
Trabalho dedicado ao Ir. Rubes França de Oliveira.
Por muito tempo se jogou futebol na Inglaterra, mas
sem regras comuns de jogo. Cada universidade tinha suas
regras e quando uma universidade jogava contra outra os
jogos viravam um verdadeiro caos, não existia acordo no
tamanho do campo, na quantidade de jogadores e na forma
de conduzir a bola, se com as mãos e os pés ou com a
cabeça e os pés. Assim surge a figura de Ebenezer Cobb
Morlei, um advogado nascido em Yorkshire, Inglaterra, que
chega à cidade de Barnes com 27 anos e uma paixão
irreprimível pelo esporte dividindo-se entre os esportes de
água e da terra. De água ele ajuda a criar a regata BarnesMortlake da qual ele participa em algumas ocasiões, mas
sem dúvidas, sua maior contribuição foi para o esporte mais
popular e difundido em todo o mundo: o futebol.
Ele é o fundador do time Barnes Football Club, e é
também jogador e capitão deste time. Pensando Morlei que
se o cricket estava organizado com um poder central que
controlava o regulamento, porque o futebol não poderia
também ter um poder central que unificasse as regras de
jogo ? Assim, no ano de 1 863, escreve para o jornal
esportivo Bell’s Life de Londres propondo a criação de uma
associação de clubes de futebol que tivesse como principal
função a de unificar as regras do jogo. Ele escreveu
também para a maioria das universidades convidando-as a
formar esta federação, mas recebeu poucas adesões.
Assim que, finalmente e depois de muitas conversas,
decidiram alguns dirigentes seguir as determinações de
Morlei de criar a associação para unificar as regras do
futebol. No dia 26 de outubro de 1 863 começou a primeira
de seis reuniões na Freemasons’ Tavern (a Taverna dos
Maçons) onde um grupo de treze dirigentes de clubes de
futebol de Londres e outras cidades, reunidos durante
quarenta e quatro dias, encabeçado por Ebenezer Cobb
Morlei elaboraram a primeira lista de regras universais deste
jogo. Ficou estabelecido que este esporte fosse praticado
unicamente com os pés e a cabeça; só o goleiro poderia
segurar a bola com as mãos; e que estaria proibido segurar
um atleta contrário na cintura ou nas pernas. Ficou acertado
também que se formaria a Associção de Futebol (FA) e que
Arthur Pember seria o seu primeiro diretor e Ebenezer Cobb
Morlei o primeiro secretário. A minuta original destas
reuniões com os regulamentos de jogo estão em exposição
no estádio de Wembley. Alguns anos depois, aqueles
participantes que não estavam de acordo com estas regras,
decidiram se separar do grupo e formar uma nova
associação, a Rugby Football Union, que seria a precursora
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LOJA MAÇÔNICA DE PESQUISAS GÊNESIS
INFORMATIVO GÊNESIS
Ano 1, Edição Nº. 2 ‐ Outubro / 2013
eram também os presidentes do clube, na lista dos primeiros
presidentes do Peñarol, todos são maçons:
1 891 -1 899 Frank Henderson
1 899-1 905 Frank Hudson
1 906-1 908 Roland C. J. Moor
1 909-1 91 3 Percy Sedgfield
1 91 4-1 91 5 Jorge Clulow
Os três últimos foram grau 33 do Grande Oriente da
Inglaterra. A cor amarela e preta do time Peñarol seriam as
mesmas da loja maçônica Sporting de Birmingham.
O restaurante Freemasons’ Tavern existe hoje em
Londres, dentro dele há um pequeno museu de futebol e
quem for visitá-lo verá em todas as paredes grandes
monitores de TV passando, claro, jogos de futebol ao vivo.
Apesar de algumas sessões serem públicas, destituídas
das formalidades intrínsecas e ritualísticas de uma sessão
econômica, todas elas são elaboradas e conduzidas dentro
de seu Ritual próprio específico para cada caso.
A Sessão Maçônica é diferente de qualquer outra
sessão formal profana. Apesar de ambas possuírem uma
forma de procedimentos, somente a Maçônica tem o
simbolismo, a liturgia, o esoterismo, a filosofia e a ritualística
integrados ao mesmo tempo. Uma Sessão Maçônica, por
menos simbólica, esotérica, filosófica e litúrgica que seja
nunca deve ser destituída da ritualística.
A Ritualística é o “leitmotiv” ou a motivação condutora
das Sessões Maçônicas. É para muitos o elo principal que
mantém o Obreiro ativo e participante. É aquela maneira de
se portar, particular e secretamente, que mantém seu
atrativo e sua diferença.
A Ritualística é a interpretação teatral da cerimônia
maçônica. Dá liberdade ao executor de mostrar o seu
conhecimento das instruções recebidas e o desempenho
cênico pessoal.
Não podemos e não devemos menosprezar ou
desmerecer a Ritualística e nem sequer deixa-la em
segundo plano, por mais importante e demorada que sejam
algumas sessões.
Ritualística
por Ir.: Ivan Luiz Emerim
Quando presentes aos trabalhos normais de uma Loja
Maçônica, estamos cientes de que vamos participar de uma
cerimônia essencialmente ritualística. Devemos então estar
conscientemente preparados para participar efetivamente da
sessão, não somente por obrigação ou para exercer algum
cargo, mas principalmente para usufruir de toda a essência
esotérica e filosófica que todo o conjunto de procedimentos
ritualísticos nos proporciona.
E como é agradável e salutar participar de uma sessão
onde todo o conjunto ritualístico é bem projetado, elaborado,
treinado, executado e conduzido. A harmonia obtida de todo
o trabalho resulta, além de uma sensação ordeira no plano
físico, também numa elevação espiritual de grande alcance.
Nestes casos na maioria das vezes saímos da sessão com
uma sensação agradável e repousante sem nos darmos
conta de que se passaram aproximadamente duas horas e,
em muitas delas, com pesados assuntos tratados.
Por outro lado, quando participamos ou assistimos uma
Sessão Maçônica não muito bem elaborada, não treinada,
mal executada ou conduzida, nosso plano físico toma o
primeiro lugar em nosso íntimo em detrimento do plano
espiritual. Nossa atenção fica voltada para os procedimentos
mecânicos mal feitos ou conduzidos. Ficamos sempre
aguardando qual será o próximo equívoco a ser cometido. A
sessão dura uma eternidade e seus efeitos não são
produtivos nem salutares, sem contar com os indisfarçáveis
comentários dos sempre atentos participantes. A atenção, o
relaxamento e a elevação espiritual, que deveria ser o
primordial, vira tensão, desarmonia, intranquilidade e,
invariavelmente, conduz a olhares de desaprovação e
sussurro entre os presentes, quebrando desta forma o
silêncio e a introspecção da reunião.
A vida é uma manifestação de Arte e Beleza, uma
expressão divina de Amor e Sabedoria. Esta é uma
força, uma energia que se esparge para tudo o que
possui vida e todo Ritual é um meio de atrair estes
elementos.
Temos em nosso Ritual uma representação fiel da
manifestação Divina no universo e, que se bem
compreendido pelos IIr. pode provocar uma reação não
apenas individual, mas coletiva, no aperfeiçoamento da
personalidade humana.
Evite machucar os corações das pessoas.
O veneno da dor causada a outros, retornará a você.
Seja sincero e verdadeiro em todas as situações.
A honestidade é o grande teste para nossa herança do
universo.
(Provérbio Navajo)
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LOJA MAÇÔNICA DE PESQUISAS GÊNESIS
INFORMATIVO GÊNESIS
Ano 1, Edição Nº. 2 ‐ Outubro / 2013
Igualdade e Solidariedade
por Ir.: Carlos Ronaldo de Oliveira
que transfere abertura, transparência.
Indivíduos centrados em si mesmos são capazes
de buscar enganar os outros, explorar os outros. Não são
capazes de falar abertamente, com transparência,
honestamente.
Então como desenvolver a confiança?
- Abrir o coração, desenvolver o genuíno senso de
preocupação com o bem estar do outro.
Para começar a entender a igualdade é
necessário que identifiquemos qual é o nosso lugar no
universo. Quem somos e o que somos nós perante o
universo? O filósofo paranaense Sergio Cortella, em uma de
suas notáveis palestras nos encara com a clássica pergunta
de esnobe conotação : “Você sabe com quem você está
falando?” .
Considera-se que o Universo é constituído de
cerca de 200 milhões de universos, onde o nosso é um
deles:
No nosso universo existem cerca de 1 00 bilhões
de estrelas , onde o Sol é uma delas e é chamada de
Estrela Anã.
Ao redor do Sol giram 9 planetas, onde a Terra é
um deles.
No planeta Terra existem mais de 3 milhões de
espécimes, onde uma é o Homem .
A espécie Humana tem mais de 7 bilhões de
indivíduos. Um deles é você.
Então, para a humanidade, como animal social,
o essencial para a felicidade depende dessa motivação
de promover o bem estar do outro: Motivação da
Compaixão.
Os que creem num Criador, tem o conceito de
amor infinito:
No Cristianismo, temos várias referências, mas
entre elas temos a máxima: ‘’Amar a Deus, sobre todas as
coisas e ao próximo como a ti mesmo.’’
No Talmude, Sabbat 31 a, o Judaísmo nos ensina:
“O que é odioso para ti não o faças ao teu próximo. Essa é
toda a Lei; todo o resto é comentário.”
No livro Sunan, do Islamismo, encontraremos o
ensinamento da Fraternidade: “Nenhum de vós será crente,
enquanto não desejar para seu irmão o que deseja para si
mesmo.”
No Bramanismo no livro Mahabharata, 5,1 51 7,
encontramos a máxima: “Esta é a súmula do dever: Não
faças nada a outrem que te causaria dor se fosse feito a ti.”
Os não religiosos, mas filosofias espirituais dizem:
No Budismo, em Udanavarga 5,1 8, encontraremos
a busca da fraternidade nas palavras: “Não ofendas os
outros por formas que julgarias ofensivas a ti mesmo.”
No livro Analecto, 1 5,23, do Confucionismo:
“Existe máxima pela qual devemos reger-nos durante toda
nossa vida? Sem dúvida, é a máxima da bondade e do
amor: Não faças aos outros o que não quererias que eles
fizessem a ti”.
No Taoísmo outra sentença com força de lei moral:
“considera o ganho do próximo como teu próprio ganho e a
perda do próximo como tua própria perda.”
Somos um pó cósmico, e este reconhecimento
é um ato de humildade e o primeiro passo para a
constatação de que somos todos iguais e insignificantes
perante todo o Universo.
Pela nossa natureza primária (ou primitiva),
mental, física ou emocionalmente somos os mesmos seres
humanos, não importam as outras aparências. Todos
necessitamos de comida, abrigo, sexo e temos as mesmas
necessidades biológicas de qualquer animal. Somos do
grupo de animais sociais, e vivemos em bandos ( famílias,
grupos, tribos etc).
Ao buscar suprir as nossas necessidades
primárias, buscamos aquilo que se pode chamar de
“satisfação”, ou se ser feliz é estar satisfeito, buscar a
felicidade. E todos tem o direito a uma vida de satisfação,
ou de felicidade.
Os animais sociais desenvolvem um senso
muito forte de Cooperação e de Comunidade.
Precisamos reconhecer que necessitamos uns dos
outros para sobreviver.
Todos os apelos religiosos e não religiosos
nos impulsionam a Fraternidade.
Não deve haver um “nós” e “eles”, mas temos que
pensar no planeta como um todo e não em um grupo
particular. Um indivíduo não pode centrar nele todos os
interesses, pois ele faz parte do grupo e o grupo depende
dele e ele depende do grupo, pois a sobrevivência individual
depende da comunidade. Deve haver uma grande
responsabilidade pelos interesses comuns. Senso de
amizade. Não a amizade gerada pelos interesses
econômicos ou sociais, mas aquela gerada pela Confiança,
Num dado momento do desenvolvimento da
humanidade surge uma nova característica ( natureza
secundária) que nos difere nos demais animais sociais, mas
sempre nos colocando num mesmo nível de igualdade entre
nós, que é a consciência – pensamento – mente –
raciocínio.
Do advento do pensamento vem a criação do
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que esta perturbação nas sociedades pode ser provocada
por desvios de conduta originados por :
- A Sociedade desenvolve metas para serem
alcançadas pelos indivíduos , através de “meios
institucionalizados”, os quais às vezes não permitem que
todos indivíduos alcancem os objetivos, gerando alguns
desvios, ou então
- A Sociedade valoriza mais o resultado,
negligenciando os “meios institucionais”, usando meios
alternativos ou “não institucionalizados”, gerando desvios,
ou
- A própria Sociedade não disponibiliza meios para
que os seus indivíduos tenham condições de atingir as
metas, podendo gerar um estimulo de abandono ou burla de
algumas normas sociais, tornando a conduta divergente uma
situação normal de adequação da sociedade.
Ainda sobre Durkheim, citamos suas palavras
como origem para suas definições para Solidariedade:
EGO, que acaba por controlar o EU, quando deveria ser o
contrário, e definir novas regras, conceitos, hierarquias.
Criam-se as diferenças. E o EGO lança o conceito de que
essas diferenças nos fazem desiguais.
“A natureza dos homens é a mesma, são os seus
hábitos que os mantém separados” (Confucio).
Mas todos nós temos a mesma capacidade de
buscar a satisfação própria e dos outros (natureza
primária) e de pensar e adquirir características
individuais (natureza secundária) sem contudo
perdermos a nossa condição única de que somos todos
seres humanos.
Para exemplificarmos vejamos dois copos com
água da mesma fonte. Se pusermos um deles num freezer
até 2ºC, e outro no micro ondas até 80ºC, teremos em
seguida dois copos com diferentes temperaturas, um frio
outro quente. Se deixarmos no freezer até congelar e no
micro ondas até ferver toda água, teremos gelo e vapor
d´água. Diferentes estados, mas a mesma água em
essência. Assim somos os seres humanos, passamos por
estados diferentes: ora estamos pobres, ora estamos ricos e
podemos voltar a estar pobres. O estado nos diferencia por
momentos, mas não nos torna desiguais. Somo seres
humanos em essência e essa é a nossa igualdade
incontestável.
“É a esse estado de anomia que devem ser
atribuídos, como mostraremos, os conflitos incessantemente
renascentes e as desordens de todo tipo de que o mundo
econômico nos dá o triste espetáculo. Porque, como nada
contém as forças em presença e não lhes atribui limites que
sejam obrigados a respeitar elas tendem a se desenvolver
sem termos e acabem se entrechocando, para se reprimirem
e se reduzirem mutuamente.(F) As paixões humanas só se
detêm diante de uma força moral que elas respeitam. Se
qualquer autoridade desse gênero inexiste, é a lei do mais
forte que reina e. latente ou agudo, o estado de guerra é
necessariamente crônico.” (DURKHEIM, VII: 2004)
Partindo das afirmações acima comentadas,
vamos tentar consolidar um conceito de Solidariedade.
“Obligatio in solidum” no direito romano
expressava primitivamente a obrigação comunitária.
Responsabilidades do indivíduo em relação a coletividade a
qual pertencia e de cuja manutenção se beneficiava com a
família.
“Solidariedade é a condição do grupo que resulta
da comunhão de atitudes e de sentimentos, de modo a
constituir o grupo em apreço uma unidade sólida, capaz de
resistir às forças exteriores e mesmo de tornar-se ainda mais
firme em face de oposição vinda de fora”.
Émile Durkheim ( 1 858-1 91 7), sociólogo Frances,
em seu livro A Divisão do Trabalho Social – 1 893, tenta
compreender o que garantia a vida em sociedade e uma
ligação maior entre os homens. Num período de grandes
mudanças, o mundo vivenciava uma forte anomia. Por
Anomia entenda-se um estado de falta de objetivos e perda
de identidade motivada pelas transformações e mudanças
na sociedade, haja visto o lançamento do livro de Charles
Darwin, Teoria da Evolução das espécies, em 1 859, e o
Livro dos Espíritos de Alan Kardek na mesma época, aliado
ao desenvolvimento industrial vigente. Há o surgimento do
capitalismo, e uma séria perturbação de cunho religioso, ao
mesmo tempo. Um outro sociólogo, Robert King Merton , já
em 1 949, traz outra luz ao significado de Anomia, resumindo
Durkheim, analisando a anomia da sua época,
então, chegou à conclusão de que os laços que prenderiam
os indivíduos uns aos outros nas mais diferentes sociedades
seriam dados pela solidariedade social, sem a qual não
haveria uma vida social. Esta solidariedade social se
manteria por uma consciência coletiva que uniria os
indivíduos. Contudo, o tamanho, a força dessa consciência
coletiva varia muito de acordo aos vários grupos sociais e
suas diferentes regras de convivência, razão pela qual
Durkheim acabou dividindo a Solidariedade Social em
Mecânica e Orgânica.
Na Solidariedade Mecânica a consciência coletiva
é muito forte, fazendo com que o indivíduo aja pelo que é
mais considerável à consciência coletiva e não
necessariamente ao seu desejo como individuo. Essa
solidariedade se dá numa sociedade simples, com
indivíduos semelhantes com funções iguais e sem divisão do
trabalho. Para o indivíduo, seu desejo e sua vontade são o
desejo e a vontade da coletividade do grupo, o que
proporciona uma maior coesão e harmonia social. É
orientada pelos imperativos e proibições sociais que vem da
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consciência coletiva. As regras gerais são tradição e
costumes. Os indivíduos não desenvolvem características
que destaquem a sua personalidade.
Na Solidariedade Orgânica a consciência coletiva
é enfraquecida pelo processo de individualização de seus
membros. Essa solidariedade se dá numa sociedade
industrial ( inicio do capitalismo), com indivíduos diferentes,
funções especializadas e interdependentes e divisão do
trabalho. Ora, se enfraquecendo a consciência coletiva, o
que manteria unidos os membros deste grupo? Os
indivíduos se unem não porque se sentem semelhantes ou
porque haja consenso, mas sim porque são
interdependentes dentro da esfera social.
Na solidariedade orgânica ocorre um
enfraquecimento das reações coletivas contra a violação das
proibições e, sobretudo, uma margem maior na interpretação
individual dos imperativos sociais. Na solidariedade orgânica
ocorre um processo de individualização dos membros dessa
sociedade.
Enquanto nas sociedades mais simples de solidariedade
mecânica prevaleceriam regras não escritas, mas de
aceitação geral, nas sociedades mais complexas de
solidariedade orgânica existiriam leis escritas, aparatos
jurídicos também mais complexos.
E A SOLIDARIEDADE MAÇÔNICA?
Inicialmente temos que distinguir o que é
Solidariedade e Caridade.
Caridade é um ato ou sentimento de ajudar o
próximo sem esperar recompensas. Faz parte das virtudes
teologais ( Fé , Esperança e Caridade), e se processa na
forma de dar sem receber. Assim, ajudar a um irmão em
dificuldade ou uma comunidade, é mera filantropia e o
mínimo que se espera é que essa necessidade seja suprida
sem que haja retorno algum senão a satisfação de haver
cumprido o que, para um maçom, não é nada mais que um
dever.
Já na Solidariedade, tem que haver uma
reciprocidade, e esta repercute na solução da crise de um
elemento do grupo e que resultará no fortalecimento e
equilíbrio da ordem. É um laço sagrado, porém não é
incondicional.
Para não ficar criando loas a Solidariedade
Maçônica, me atenho ao Ritual e Instruções do Grau de
Aprendiz Maçom do REAA, na ritualística de iniciação, onde
o 1 º Vig.:, ao anunciar os deveres do maçom ao iniciante,
diz: “... a prática constante da beneficência, o socorro aos
nossos irmãos, prevenindo suas necessidades, minorando
seus infortúnios e assistindo-os com nossos conselhos e
luzes. ” Notem que se separa a beneficência (caridade) da
ajuda ao irmão (fraternidade). Também o 1 º Vig.: diz adiante:
“Ao vosso próximo deveis toda a amizade e dedicação.
Nunca façais a ele aquilo que não desejardes que vos seja
feito. Deveis beneficiá-lo e socorrê-lo em suas necessidades
e ajudá-lo nas emergências em que se achar. ”
Continuando com a análise do ritual, na quarta
instrução da mesma ritualística de iniciação, quando o
Ven.:M.: pergunta :” Para fortalecermos-nos no combate, que
devemos manter contra esses inimigos ( aos vícios –
ignorância e fanatismo), qual o laço sagrado que nos une?”
A resposta do 1 º Vig.: é única – “A Solidariedade, Ven.:M.:”
No entanto, seguindo o diálogo ritualístico, é
explícito que a Solidariedade maçônica não consiste num
amparo incondicional de uns aos outros quaisquer que
forem as circunstâncias, mas somente aos que praticam o
bem e sofrem os reveses da vida, e onde estiver uma causa
justa e nobre.
E o juramento de defender e socorrer a todos os
irmãos? A resposta do 1 º Vig.: é contundente: “Quando,
porém um irmão, esquecido dos princípios e dos
ensinamentos maçônicos, se desvia da moral que nos
fortifica, para se tornar mau cidadão, mau esposo, mau pai,
mau filho, mau irmão, mau amigo; quando cego pela
ambição ou pelo ódio, pratica atos que consideramos
indignos de um Maçom, ele, e não nós, rompeu a
Solidariedade que nos unia e que não mais poderá existir,
porque se assim não procedêssemos, seria pactuarmos com
ações de que a simples conivência moral nos degradaria,
..... ”
Notem a reciprocidade da ação: a Solidariedade
fortifica a nossa moral,e a quebra do juramento rompe o elo
de união.
A Solidariedade Maçônica é consciência coletiva
que nos une e nos impele a atuar dentro dos nossos
princípios e leis, e nada estará justo e perfeito se
protegermos o que for menos digno preterindo os direitos do
mérito e do valor moral e intelectual.
Administraçao 201 3/201 5
VM - Rudimar Porto
1 º Vig. - Ivan Luiz Emerim
2º Vig.- Pedro Jaime Nogueira
Orador - Carlos Alberto Stallivieri
Secretário - Felipe Gonçalves Menegat
Tesoureiro - Rui Faé
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