O Sionismo e o Uso Político-Pedagógico da Memória da Shoá

Transcrição

O Sionismo e o Uso Político-Pedagógico da Memória da Shoá
O Sionismo e o Uso Político-Pedagógico da Memória da Shoá
Michel Ghermman
Doutorando PPGHIS/bolsista CNPq
[email protected]
Resumo
O pós Guerra aponta para mundanças muito importantes nas estruturas de poder no Movimento
Sionista e nas comunidades judaicas do mundo inteiro. Enquanto formas de organização comunitárias
judaicas eram marcadas pelo pluralismo institucional e político até o final dos anos 1930, a eclosão da
II Grande Guerra e suas terríveis consequencias humanas trazem consequências sem precedentes nas
instituições judaicas em várias partes do mundo.
Assim, o sionismo se apresenta, na segunda metade dos anos 1940, em uma situação política
privilegiada em relação à outras correntes judaicas. Em diversas partes do mundo, incluindo o Brasil,
há um processo de sionistificação de estuturas comunitárias judaicas. Nesta realidade, o holocausto,
suas memórias e “lições” são utiizados politicamente de maneira frequente.
Nos interessa neste artigo iniciar uma discussão acerca das transformações do uso da memória
do holocausto em momentos distintos na sociedade israelense e as consequencias destes usos em
instituições comunitárias judaicas nas diversas comunidades judaicas no mundo.
Palavras Chave: Sionismo, holocausto, Israel.
Resume
Important changes affect the structures of Zionist Movement and of foundations many Jewish
communities after the end of World War II. While Before the War, political pluralism and ideological
diversity were the mark of Jewish institutions in America andEuropean reality, after 1945, terrible
human results of Nazi crimes bring unprecedented political consequences within Jewish communities
all over the world.
Thus, the Zionism presents appropriate political answers for Jewish communities that became
astonished by Holocaust notices. In several parts of Jewish world, included Brazil, Jewish entities
suffered a “Zionistification process”, where the Shoa, its memories and “lessons”, are politically used.
Our interest in this article is to present some of political uses of holocaust in Israel and in Jewish
Communities in Jewish Diaspora.
Key Words: Zionism, Holocaust, Israel
1
Introdução
Após o dilaceramento do Judaísmo europeu ao final da Segunda Guerra Mundial e com a
fundação do Estado de Israel em 1948, as comunidades judaicas da diáspora observam transformações
institucionais sem precedentes em suas estruturas contemporâneas. A comunidade judaica brasileira
não seria uma exceção. Marcada por um desenho institucional plural e espontâneo, existente desde as
ondas imigratórias de judeus nas primeiras décadas do século XX, há na segunda metade da década de
1940 uma reestruturação comunitária que ocorre a partir de um re-alinhamento político que se
desenvolve a partir de propostas hegemonicamente nacionalistas e sionistas.
Estas novas perspecivas políticas, sob as quais a “comunidade judaica brasileira” se
reorganiza, observam o Estado de Israel, e o sionismo, como principal referência para aglutinação
política, institucional e comunitária. Além disso, elas marcam e uma nova compreensão de identidade
judaica no mundo pós-holocausto, onde, segundo a nova visão que emerge do pós -guerra, dimesnsões
sionistas e israelocêntricas ganham força e legtimidade ao mesmo tempo que deslegitimam posições
não sionistas, que eram fortes e presentes, na institucionalidade judaica do período anterior a guerra e
às descobertas dos crimes nazistas.
O alinhamento das comunidades judaicas brasileiras com o sionismo significava,
fundamentalmente, a disseminação de uma representação política do Estado de Israel, que se baseava
em seu “mito de fundação”1, qual seja , de que o Estado de Israel expressaria a “inevitabilidade laica,
nacional, heróica e progressista”2 de sobrevivência do povo judeu após a trágica experiência do
holocausto.
Assim, membros de grupamentos sionistas da“comunidade judaica no Brasil”, não diferente de
outras comunidades judaicas da diáspora, vão veicular e reproduzir uma versão da história judaica, do
Estado de Israel e da sociedade israelenses como sendo fundamentalmente a única e a mesma desde a
sua fundação: um estado sionista, sendo na verdade o coroamento necessário da trajetória de
sofrimento e vitimização desde a queda do Templo em 70 D.C., que se agudiza e reafirma com a
experiência do Holocausto.
Desta forma, está clara a importância dos vínculos comunitários judaico-sionista-brasileiros
com as perspectivas modernizadoras e européias embutidas nas estruturas ideológicas Estado de
Israel e que permanecem como marco político do sionismo desde o período de sua fundação, em fins
1
Sternhell, Zeev. The Founding Myths of Israel.Princeton: NewJersey. 1999. p. 12.
Grin, Monica. Diáspora Minimalista: A crise do Judaísmo Moderno no Caso Brasileiro.In: Sorj, Bila
(org.) Identidades Judaicas no Brasil contemporâneo.Rio de Janeiro: Imago 1997.pp. 104-105
2
2
do século XIX, até meados da década de 70 do século XX 3, quando o modelo de sionismo clássico,
coletivista e europeu, dá sinais de esgotamento sendo desafiado por propostas menos hegemonistas e
influenciadas por perspectivas multiculturais.
Um aspecto da institucionalidade da comunidade judaica será aqui enfrentado como uma pista
possivel para a reprodução dessa versão de um “Israel imaginado”; trata-se das instituições
educacionais sionistas. Entre elas as escolas judaicas-sionistas, que se constituíram em importantes
pólos disseminadores do sionismo a partir dessa versão mítica, fundacional, do Estado de Israel.
É importante notar que as escolas judaicas de linha sionista no Rio de Janeiro, definem-se
majoritariamente como escolas judaicas na Gola ou Galut4 , no exílio ou na diáspora. Tal definição é
inerente a perspectivas do “sionismo clássico”5, onde Israel é de fato uma referência de completude
identitária e, inclusive, de retorno, como propõe David Ben Gurion, ideólogo do sionismo e primeiro
Primeiro Ministro de Israel, em sua análise do significado de judaísmo diásporico:
Galut significa dependência- dependência material, política,
espiritual, cultural e intelectual, porque nós somos alienados, uma minoria banida
de sua pátria. Nossa missão é romper radicalmente com essa dependência e nos
tornar senhores de nosso destino. Em uma palavra nos tornarmos independentes.
Ter sobrevivido a Galut não é suficiente, nós temos que criar condições
necessárias para nos tornarmos um povo livre em nossa terra, já que chegamos
aqui incompletos temos que alcançar pelo sionismo a completude nacional. 6
Neste sentido, estamos interessados em saber se as mudanças de configuração política em
Israel atingem a esfera de reprodução ideológica, neste caso no que se refere à educação sionista em
sua relação de comunidades da Diáspora. É possível fazer tal análise a partir do estudo tanto das
estruturas receptoras de perspectivas sionistas, no caso tanto instutuições educacionais, quanto das
estruuras próprias do sionismo, que se desenvolvem desde o período da Construção do Estado, até
etapas de institucionalização estatal.
3
Yshai Yael. Civil Society in Transformation: Interest Politics in Israel. The Annals of the American
Academy of Political and Social Science. no. 1. pp. 147-162.(1998)
4
O conceito de Golah corresponde a palavra Exílio em português. No sionismo clássico a categoria golah
deveriaser superada, esquecida inclusive. Após o estabelecimento do Estado de Israel, o conceito Galut
(diáspora)substitui a antiga categoria de Exílio. Agora os judeus deveriam gradualmente se incorporar ao
Estado de Israel e superar a história da Galut. Sorj. Bernardo. “Exílio e Diáspora: Os Judeus e Israel”. In:
Tribunal da História.Rio de Janeiro: RelumeDumará. 2003.
5
Demant, Peter. Identidades israelenses e palestinas: questões ideológicas. In: Dupas, G; Vigevani,
Tulio. Israel e Palestina: a construção de uma perspectiva global. São Paulo. Unesp, 2002.P. 211.
6
Ben Gurion, David. The Facts of Jewish Exile.In:Harper´s Magazine. Setembro, 1965.
3
Tais estruturas podem ser enfrentadas a partir da análise do que chamaremos aqui de
instiuições formadas na etapa do “Estado em Construção” (State Building)7, características do período
que trataremos aqui como “Sionismo Clássico” (1880-1940). Ideologicamente, o Sionismo Clássico
era hegemonizado por correntes da Esquerda sionista, com fortes componentes seculares e uma
perspectiva profundamente anti-diaspórica e chalutziana (pioneira-colonizadora).
Em termos de funções administrativas a Organização Sionista (ou posteriormente a Agencia
Judaica, criada em 19298)tinha como responsabilidade gerir as instituições do Ishuv (comunidade
Judaica da Palestina), tais quais a central sindical (Histadrut), o movimento Kibutziano e as diversas
instituições da comunidade judaica da Palestina.
Externamente, as Instituições sionistas deveriam ter vículos políticos em diversos países,
conseguir apoio financeiro de judeus das diversas comunidades da diáspora e promover a
aliá(imigração Judaica para a Palestina) e administrar as estuturas de poder constituídas nas divesrsas
comudades judaicas do mundo inteiro.
Desta forma, o sionismo tem como razão de existência, nesta primeira fase, conquistar a
imigração judaica para a Palestina, conseguir apoio político e fianceiro dos judeus da diáspora, e
consequentemente avançar em direção à superação histórica da própria diáspora. Assim, os vículos
externos das estruturas sionistas ( aqui também em relação a educação) eram formulados a partir de
uma “elite ideológica”(e comprometida com a colonizaçã da Palestina)9,que afirmava políticas e
posicionamentos, afinando suas agendas políticas em relação às comunidades judaicas de fora de
Israel.
As instituições educacionais sionistas que são aqui relevantes para a análise, tem seu
surgimento nas década de fundação do Estado de Israel, que considaremos aqui a segunda fase do
movimento sionista, o “Sionismo Estatal”10 (1948-1967).
Neste sentido,cabe aqui questionar se há mudanças na relação do já criado Estado de Israel
com as diásporas judaicas neste período marcado pela independência política do Estado, se os
desenvolvimentos internos na sociedade israelense afetam a imagem e a ideia de israel nas
“comunidades judaicas” da diáspora. Da mesma forma, é importante apontar para as consequencias
ocorridas no interior de tais comunidade em relação às mudaças que acontecem não somente no
interior da sociedade e do Estado de Israel, mas também na realidade política e econômica, tanto na
Europa, quanto em utras partes do mundo.
7
Demant. Op. cit. pp. 201-210.
Eisenstadt, S. N.Sociedade Israelense. São Paulo: Perspectiva. 1977.pp. 20-29.
9
Mills, C. Wright. A elite do poder. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.
10
Demant, Pete. Op. cit. pp. 213-216.
8
4
Nos impora aqui analisar o desenvolvimento das relações entre as estruturas educacionais e
pedagógicas criadas pelo Estado de Israel pra as diásporas a partir da década de 1940, que se
desenvolvem a partir de duas dinâmicas aparentemente contraditórias:
a) Por um lado, o aceleramento de dinâmicas políticas que vão permitir a concretização da
idéia de independência e iminente surgimento da “Pátria Judaica”, que dava às
comunidades judaicas uma percepção de vínculo ideológico, fortelecimento e sentimento
de unidades até então desconhecidos.
b) Por outro lado, havia a gradual e terrível descoberta das reais dimensões dos crimes
nazistas na Europa, que reconfiguravam a formulações ideológicas sobre o futuro judaico
na diaspora, fortaleciam posicições que davam conta da fragilidade judaica fora de sua
experiência nacional e reconfiguravam o Holocasto como moeda política e justificativa a
definitiva e necessária superação da diáspora e a legitimidade nacional para o povo judeu.
A Década de 1940 e o Sionismo:
Desenvolvimento Político e Crimes Nazistas
Conforme já proposto acima, a segunda metade da década de 1940 revela a real dimensão da
destruição da vida judaica na Europa após o Holocausto. Nesse contexto, observa-se uma
hegemonização do sionismo na estrutura comunitária Judaica da diáspora e sua legitimação e
consolidação em fóruns e cenários internacionais . Esforços para a criação e o fortalecimento do
Estado de Israel, significavam no “cálculo dos que sobreviveram ao Holocausto”11 uma conseqüência
lógica para os efeitos devastadores da II Guerra Mundial.
Assim, o processo de sionistificação do judaísmo mundial em geral, e brasileiro em particular,
aparece como uma garantia histórica “de que os judeus teriam seus direitos respeitados como
indivíduos e como grupo.”12Desta forma, a relação com o sionismo e o vínculo com o Estado de Israel
atenuava dúvidas e angústias trazidas pela destruição nazista, ao mesmo tempo em que criava
condições para uma nova institucionalização judaica no Brasil, mais coletiva e nacional, ancorada
agora na existência do Estado de Israel, que trazia o concomitante enfraquecimento da autonomia
judaica na diáspora.
11
12
Grin, Op. Cit.115
Op.cit.
5
O Holocausto deixa como legado para o sionismo a necessidade de ruptura definitiva com o
“exílio” e aponta como única saída viável para a questão judaica. Segundo seus adeptos, o projeto de
fortalecimento do lar nacional, onde o novo judeu “normalizado” seria o protagonista nacional e o
maior símbolo da “revolução sionista”13, ocorrida no seio de um judaísmo perplexo com os resultados
humanos do Holocausto.
O novo Judeu que emigrava para kibutzim
14
na Palestina, o pioneiro (chalutz), era parte do
“Mito de fundação” sionista, que via o novo Estado Judeu como a possibilidade de “normalização” e
secularização da identidade judaica, que fora, nesta perspectiva,empobrecida, “arrastada”,
esvaziadadurante sua experiência diaspóricaque possuía como referências somente elos de
superstições, religiosidade e fraqueza da cultura judaica.
Os grupos hegemônicos do sionismo (basicamente a esquerda sionista, representada pelos
grupos do sionismo trabalhista), nos anos imediatamente posteriores ao Holocausto, enxergavam o
Shoáa partir de duas visões complementares e distintos.
Por um lado, ele era a demonstração definitiva de quão acertada era a posição do sionismo
clássico, que apontava para a debilidade e os riscosda vida judaica fora da Pátria judaica, na diáspora.
Por outro, tais grupos viam no Estado de Israel a real possibilidade de uma vida segura e forte, onde
judeus do mundo inteiro poderiam se defender e desenvolver uma vida nacional sem a ameaça
constante do “antissemitismo sempre presente”. Assim, o Shoá seria uma reserva ideológica para o
sionismo. Desta forma, o Holocausto seconsolidava como a prova da inviabilidade da vida Judaica fora
de Israel, apontando para a legitimação da existência do Estado judeu e ainda para a justificativa de
práticas e atitudes cotidianas. Assim, o Shoá era usado politicamente como referência ideológica no
interior do Estado de Israel e em entidades sionistas nas várias instituições judaicas.
13
O cencetio de Revolução Sionista proposto por Avineri está vinculado à “transformação” de Judeu
diaspórico e individual em judeu nacional e público. Neste sentido, esta revolução tem vínculos com a forma
de ser judeu, nas Palavras de Avineri:“A Revolução Sionista é muito basicamente uma revolução permanente
contra aqueas forças da história judaica (...) que transformam o judeu em uma comunidade que vive a
margem de comunidades estranhas. O sionismo é uma revolução contra a deriva da história judaica. (...). O
Sionismo é uma tentativa de trazer de volta à vida judaica os aspectos públicos e comunitários e sociais em
detrimento do bem estar pessoal e do conforto burguês, da boa vida individual” In: Avineri, Shlomo. The
MakingofModernZionism.New York : Basic Books, 1981.
14
Fazendas Coletivas de inspiracao socialista.
6
Para os que viam Auschwitz tão de perto, a imagem de jovens pioneiros morenos, queimados
de sol, trabalhando manualmente a terra de Israel, era difundida no mundo judaico como sendo a única
resposta possível após o holocausto:
As orientações ideológicas dos primeiros grupos de pioneiros, as
fortes orientações transcendentais e o forte senso de responsabilidade
pessoal pelo cumprimento do ideal inerente na imagem do pioneiro gerou
a difusão de símbolos e instituições [sionistas]15.
Neste sentido, enquanto o holocausto aponta para o esgotamento da diáspora, para o sionismo
clássico, ele também afirma o Estado de Israel como única resposta legítima para o mundo judeu pós
1945. Entendendo que a memória de comunidades judaicas era de martírio e perseguições, ou seja,
uma história de exílio e sofrimentos, ela deveria ser apagada e superada com o advento do Estado de
Israel, que estaria fundamentado na ideologia sionista.
Assim, a sionistificação do Judaísmo está construída por sobre a aniquilação quase completa do
judaísmo europeu. Nas primeiras aliot1 6 , portanto, encontramosa base do mito fundador do sionismo
que irá permear as comunidades judaicas no mundo inteiro, consolidando a imagem sionista como
imagem do futuro, hegemônica e salvacionista, em várias comunidades judaicas espalhadas pelo
mundo, inclusive no Brasil.17
O sionismo clássico baseava sua relação com as massas de imigrados recentes, ou mesmo com
comunidades judaicas da diáspora, a partir de uma dinâmica de “assimilação”, onde “novos
imigrantes” [e comunidades judaicas da diáspora] deveriam deixar suas identidades originais e se
vincular a novas posições sionistas, que tinham origem na Europa de inícios do século XX,onde para
além de experiências progressista e secular (como exemplos bem sucedidos de integração judaica a
vida europeia), havia também (principalmente no caso a Europa oriental), a constante ameaça do
antissemitismo que criara (na perspectiva sionista), um ponto final na experiência judaica europeia,
personificada pela Shoá.
15
Eisenstadt,op. cit. 22.
Imigrações organizada de Judeus do Leste da Europa para a palestina nas primeiras décadas do século XX
17
Sobre Perspectivas clássicas do Sionismo. Ver: Dinur, Ben-Zion. História Judaica: Singularidade e
Continuidade.In: Guinsburg, Jacó. Vida e Valores do Povo Judeu. São Paulo:Perspectiva, 1972.pp. 3-19.
16
7
Também através da literatura israelense pode-se perceber o debate sobre formação de
identidades e memória do holocausto. A partir da leitura de alguns autores podemos entender a
importância do holocausto na formação da memória israelense dos primeiros anos da criação do
Estado de Israel, ou mesmo nos anos imediatamente anteriores a sua criação.
Abaixo em um trecho de do autor Amóz Oz podemos ver, a partir de suas memórias a
referência cotidiana ao holocausto na vida de habitantes da Jerusalém dos anos 40:
Depois de aguardar mais um pouco, meu pai supunha que o
diretor dos correios ou o Sr. Neshaashivi, havia terminado sua ligação, e
novamente erguia o fone e dizia a : ‘Perdão minha senhora creio que
havia solicitado uma ligação para TelAviv, 648’. E ela dizia: ‘Está
anotado aqui senhor, favor aguardar. Meu pai dizia então: Estou
aguardando, minha senhora, claro que estou mas na outra ponta da linha
também há pessoas aguardando. Desse modo ele insinuava que éramos
pessoas tolerância mas que havia limite para nossa tolerância, aquela
história - de que todo mundo podia maltratar os judeus a vontade e fazer
com eles o que lhes desse na telha- aquela história tinha acabado de uma
vez por todas.18
Como vemos acima referências ao holocausto estavam presentes em pequenas atitudes
cotidianas, inclusive em uma tentativa de conseguir linha entre TelAviv e Jerusalém, era importante
que o telefonista (não Judeu) soubesse que do outro lado da linha estava um “novo Judeu” e não um
daqueles judeus da diáspora que se deixou levar ao matadouro.
Se por um lado a identidade judaica flertava com o holocausto nas perspectivas clássicas do
sionismo, a história era diferente no que tange as lembranças dos sobreviventes nos primórdios do
Estado Judeu. Se a memória do holocausto era marcante na identidade de Israel, a memória dos
sobreviventes era menos buscada menos escutada e inclusive menos tolerada aos ouvidos dos novos
judeus em Israel. Novamente trazemos aqui um trecho do livro de Amoz Oz, Deamor e de trevas :
(...) Afora todos esses havia ainda os refugiados e maápilim, os
salvos por milagre, os sobreviventes, trapos humanos, e para esses eram
reservados geralmente compaixão e certa repulsa:pobres coitados, refugos
do mundo com toda sua cultura e inteligência, quem mandou ficarem
18
Oz, Amos. De Amor e Trevas, Companhia das Letras, Rio de Janeiro. 2005. p.17.
8
esperando por Hitler em vez de virem pra cá? E por que deixaram se
conduzirem como um rebanho para o matadouro ao invés de se
organizarem com armas na mão?que parem de uma vez por toda de se
lamuriar em ídishe e não venham nos contar tudo que fizeram lá com
eles. Nós aqui estamos voltados pro futuro e não para o passado, e já que
estamos falando do passado tem muitos episódios edificantes de heroísmo
judaico, dos tempos do tanach, os macabeu, por exemplo e não há
nenhuma necessidade de lembrar esse judaísmo deprimente todo ele só
tzarot e sofrimento e mais tzarot. Entre os sobreviventes refugiados havia
por exemplo um Sr. Licht que os meninos da vizinhança chamavam de
‘milioncrianzas’.
Alugou um cubículo na ruaMalachi onde ia dormir sobre um
colchão que mantinha enrolado durante o dia e mantinha um negócio
chamado lavagem a seco- passamos a vapor. Estava sempre cabisbaixo
com uma expressão de eterno desprezo e repulsa profunda. Ficava
sentado na porta de sua lavanderia e ao ver uma criança do bairro, dava
uma cuspida pro lado e resmungava entre os lábios enrugados:
‘Milioncrianzas eles matarm!Assassinos, não dizia com tristeza, mas com
ódio profundo, como se nos xingasse.” 19
Importante perceber que a construção da memória do shoá contém uma aparente contradição nas
primeiras décadas do Estado de Israel, enquanto há uma super valorização das “lições do Holocausto”
em termos nacionais (negação da diáspora, antissemitismo como referência constante e Judaísmo
diaspórico como eterno martírio), a impressão em termos de memória pessoal é radicalmente outra.
Como podemos ver no trecho acima, há na obra de Oz, um profundo desprezo pelo sobrevivente, ou
como ele se refere aos “trapos humanos”, que renegam a tradição de resistência do sionismo e que se
deixaram levar pelos matadores.
Essas posições contradizem a gradual valorização do sobrevivente em anos mais recentes, onde
em programas de memória do holocausto, o testemunho de sobreviventes vão ser referências de
formação identidade e até mesmo de heroísmo. Essa reconstrução provém de uma reutilização da
19
Note-se que faço aqui a comparação entre dois momentos distintos da História de Israel, o de sua
fundação(idos de 1948) e do momento do julgamento de Eichmann(1962) Na minha perspectiva porém não
há ainda em 1962 uma ruptura com as perspectivas de memória social do Holocausto dos anos 40 e 50 em em
Israel. Os testemunhos ouvidos no julgamento (é certo legitimados pela primeira vez em cadeia nacional)
ainda fortalecem a dimensão clássica de sionismo e de testemunho das primeiras décadas de Israel.
9
memória e de uma nova postura de pedagogias e estratégicas educacionais vinculadas ao sionismo
perante sobreviventes e aos judeus da diáspora como um todo20.
Tal mudança tem sua origem em anos mais recentes, principalmente desde a década de 1960,
quando, após o Julagamento de Eichmann, ocorrido em Jerusalém no ano de 1961, o testemunho de
sobreviventes e suas experiências na Shoá, deixam de ser fonte de vergonha e humilhação, na narrativa
sionista e passam a se consolidar como referência ideológica e pedagógica para cidadãos judeus do
Estado de Israel, para Judeus em comunidades espalhadas pelo mundo e para não judeus que
desconhecem o massacre de judeus no Holocausto.
Aqui, uma percepção fortemente judaica e sionista de compreensão e uso do Holocaustopassa
a ser utilizado de maneira frequente21. Nesta fase, usos pedagógicos de identidade judaica tem a
referência da shoá como elemento formador e formatador do “ser judeu”. Desta forma, a década de
1960 passa a viabilizar o ensino de experiências pessoais e de vitimização do Holocausto em
ambientes sionistas. Não sendo somente “usados” pedagogicamente capítulos de resistência e luta,
conforme acontecia até este momento.
Assim, posições fortemente marcadas por uma narrativa judaico-sionista europeia passam a
determinar a política cultural e educacional, tanto dentro das fronteiras do Estado de Israel, quanto nos
limites comunitários das “diásporas” judaicas. A partir desta fase, escolas judaicas não sionistas e não
hebraístas perdem gradativamente a legitimidade, já que a narrativa sionista clássica passa a ser
referência fundamental no mundo judaico
Se nas escolas e na educaçãosionistas o trauma do Holocausto passa a ser uma referência de
ensino e compreensão da vida judaica na diáspora, onde a voz do sobrevivente passa a ser escutada e
aceita como referência positiva, também no campo do discurso político a Shoá passa a servir como
modelo de uso cotidiano.
A década de 1960, apresenta às estruturas políticas doSionismo o uso político e cotidiano do
Holocausto que passa a fazer parte da equação política israelense e das comunidades judaicas fora de
20
Me refiro aqui ao processo de “individualização” da memória do Holocausto e de valorização do
testemunho dos sobreviventes que ganha espaço público no Sionismo em Israel em nas comunidades
judaicas. Ver:Burg, Avraham. The Holocaust is Over We Must Rise From Its
Ashes.PallgraveMacMillan: Nova York. 2008.
21
Importante notar que em contrapartida a percepções exclusivamente judaicas do holocausto, há formas
universalistas de entender tal experiência histórica que influenciam e são muito presentes hoje , inclusive no
Estado de Israel. Neste sentido, apontamos como referência o trabalho d Garapon que entende o holocausto
partir da perspectiva de sua punição e o Tribuna de Nuremberg como seu marco fundador. Assim é propost
pelo autor que: “ Nuremberg constitui um ato fundador, significa uma referência permanente no
estabelecimento de uma Justiça Internacional.” Ver: Garapon, Antoine. Crimes que não sepodem nem
perdoar. Lisboa: Piaget. 2002. P. 26.
10
Israel. A partir dos anos 60, a experiência do holocausto passa a ser uma expressão política legítima da
vida social e política de Israel e do sionismo como um todo.
O Sionismo e os
Usos Políticos e Pedagógicos do Shoá
Os anosde 1960 apresentam o uso político da shoá como fenômeno e do testemunho do
sobrevivente como prática frequente no campo do Sionismo, seja em práticas discursivas de agentes do
Estado, de políticas do Estado de Israel ou ainda em experiências culturais no campo do sionismo,
dentro ou fora das fronteiras de Israel.
Como exemplo claro desta utilização podemos citar a comparação feita pelo ministro das
relações exteriores de Israel, AbanEban, em 1968, de que o retorno às fronteiras de antes de 1967,ou
seja antes da Guerra dos Seis Dias (quando Israel conquistou a Cisjordânia, Gaza, o Sinai e o Golan de
seus vizinhos) significariam:
O Retorno às fronteiras de Auschwitz”. Neste sentido, o
Holocausto remarca as fronteiras políticas em Israel sendo uma referência para
decisões políticas cotidianas e fazendo de Auschwitz um ator político relevante
no cenário decisório Israelense. 22
Superar a diáspora, para o discurso sionista dos anos 1960 em diante, significava, neste sentido,
superar Auschwitz, porém sem descartá-lo politicamente. Ele seria, ao contrário, mantido como parte
de uma espécie de reserva política israelense. Dessa maneira se a história da diáspora deveria ser
apagada ou pelo menos diminuída na narrativa finalista e teleológica do sionismo clássico, Aushcwitz
não. O redimensionamento de Aushwitz devia se dar em uma direção inversa, ao sairmos das
fronteiras políticas de Israel (nossa garantia contra um novo Holocausto) cairíamos diretamente nos
portões de Aushcwitz. Assim, a partir desta narrativa a história da diáspora seria, como dissemos
acima,a história das perseguições, do holocausto, tendo seu auge no maior de todos os campos de
extermínio.
Se a experiência da diáspora tem seu fim (na dimensão sionista clássica) com a criação do Estado
de Israel, o Holocausto pode ser visto, em uma perspectiva linear de História, como um “anunciador
22
Burg. Op. Cit. p.22
11
do fim dos sofrimentos”23 do período de trevas que acompanham o povo judeu desde a dispersão.
Como pode ser visto no trecho (abaixo) da obra de Hannah Arendt, Eichmann em Jerusalém.Ao trazer
as preocupações pedagógicas do Julgamento de Adolf Eichman, o primeiro ministro de Israel de
então,Ben Gurion fala do que seriam suas “lições do Holocausto” para as novas gerações:
Que o mundo tome conhecimento de que a Alemanha não
foi a única responsável pela destruição de 6 milhões de judeus na
Europa’. Consequentemente mais uma vês nas palavras de Bem
Gurion : ‘Queremos que as nações do mundo saibam e que
sintam vergonha. Os judeus da diáspora deveriam se lembrar
como o judaísmo “ com seus 4 mil anos , suas criações, suas
criações espirituais e seus empenhos éticos, suas aspirações
messiânicas sempre se defrontaram com um mundo hostil., como
os judeus se degeneraram até caminhar a morte como cordeiros e
como só o estabelecimento do Estado Judeu permitirá aos judeus
reagirem do modo como reagiram na Guerra de Independência,
na aventura de Suez e nos incidentes quase diários das infelizes
fronteiras de Israel24.
E da mesma forma, era preciso mostrar aos judeus de fora de Israel as diferenças entre o heroísmo
israelense e a passividade submissa havia também uma lição para aqueles que estavam dentro de Israel: ‘a
geração de israelenses que cresceu dentro desde o holocausto’ corria o risco de perder os laços com o povo
judeu e, por extensão, com a sua história, “É preciso que nossa juventude se lembre o que aconteceu com o povo
judeu. Queremos que conheçam os fatos mais trágicos de nossa história”25.
23
Esta passagem serefere a um caso específico da perspectiva sionista de secularização parcial da tradição
judaica religiosa e da utilização política, de maneira secularizada, do discurso tradicional judaico, conforme
propõe Sternhell. Neste sentido, o elemento de “anunciação” do período de redenção e glória da nação
judaica está na tradição judaica. O profeta Elias (Kitissá- Números- Explicação de Rashi), chegaria ao mundo
para prepará-lo com paraas boas novas da era messiânica. Há a possibilidade de a missão profética de dar em
um período de caos e tragédias, pois justamente dali poderia sair a era de paz e justiça de messias. Desta fora
em uma relativa secularização do discurso bíblico, a redenção da terra de Israel pelo advento do Sionismo e
da Fundação do Estado Judeu, transformaria a experiência histórica do Holocausto em uma etapa de
consolidação da era Messiânica. Ver: Sternhell, Zeev. The Founding Myths of Israel. Princeton: NewJersey.
1999. Pp. 47-68.
Arwndt, Hanna. Eichmann em Jerusalém: Um Relato Sobre a Banalidade do Mal.
Editora Companhia das Letras, 1999. P. 56.
24
25
Op. Cit.
12
Enquanto há clareza, nas primeiras décadas de existência do Estado de Israel de que o espaço
público da memória do Holocausto deveria estar restrito às leituras vinculadas a atos debravura e força,
onde judeus levados à morte resistiam contra a tirania nazista, servindo assim de exemplo para as
gerações de “pioneiros” e soldados na Palestina dos anos 1940 e em Israel da década de 1950, sendo
que o “Levante do Gueto de Varsóvia” aparecia como referência primordial desta resistência, os anos
1960, trazem o julgamento de AdolphEichmann e com ele uma nova preocupação política e
pedagógica.
Postos à luz, depoimentos e testemunhos de vítimas “regulares” do Nazismo, trazem
experiências trágicas e cotidianas do Holocausto. Longe de estarem restritos, exclusivamente, a
capítulos de heroísmo e resistência da história do Shoá, no Julgamento de Eichmann,homens e
mulheres, expõem em público o sofrimento que tinham que guardar até este momento nos seus lares,
nos seus quartos, nas salas de suas casa, enfim, testemunhos que eram considerados quase imorais aos
ouvidos israelenses dos anos de fundação do Estado.
Com o cuidado de um “arquiteto”, Bem Gurion nota que a década se 1960, traria novos ventos
e novos lugares para a memória do holocausto na sociedade israelense. Ainda mais, a memória do
assassinato de milhõesde judeus, teria como espectadores, não somente os judeus, de Israel e do
mundo, mas também (e quem sabe principalmente) não judeus, que se transformariam em espectadores
privilegiados das vozes até então sufocadas das vítimas diretas do extermínio.
A legitimidade da existência, da necessidade e das políticas do Estado de Israel não poderiam
ser questionadas frente as aberrações contadas por homens e mulheres, jovens e idosos nas televisões e
rádios do mundo todo. Esta era “razão de ser” do sequestro e do julgamento de Eichamann. Que
Israelenses, Judeus e não judeus e de todas as partes compreendessem a importância do Estado, sua
justificativa de existência e, ainda mais, era importante que o Holocausto fosse conhecido a partie da
condenação que levou Eichmann a forca: Crimes contra o Povo Judeu.
A reserva moral do Estado judeu pairava, assim, sobre as chaminés de Aushwitz. A falta de
túmulos para milhões de judeusapontava aa necessidade para um abrigo nacional. Quaisquer mudanças
e recuo, qualquer ameaça contemporânea era vista como um risco, queconsistia emvivermos a sombra
de Aushwitz novamente. Desta forma Abba Eban se referia ao risco do retorno às fronteiras. As
guerras eram vistas como um novo teste para a sobrevivência do povo judeu. Enfim, as vozes dos
testemunhos do Julgamento de Eichmann davam vida de novo aos que não sobreviveram e
reconfiguravam contemporaneamente, em Israel a “experiência de Aushwitz”.
Se a sociedade Israelensese marca e remarca pelas experiências do Holocausto, elas
gradativamente vão se reproduzindo nas experiências políticas e educacionais de comunidades judaicas
ao redor do mundo. Com o correr dos anos, as fotos de heróis dos levantes de vários guetos, como os
13
de Varsóvia, MordechaiAnilewicz e de Vilna, Abba Kovner, são substituídos por imagens de corpos
de judeus assassinados nas câmaras de gás, nas fossas comuns, enfim, o holocausto, escondido pelo
heroísmo sionista passa a ser substituído por uma espécie de sofrimento explícito, também sionista. O
holocausto deixa de ser judaico pela resistência e se judaiza pela morte. BenGurion, transforma o
Julgamento de Eichmann em uma bandeira, onde deveria estar escrito: Nunca Mais.
Porém o uso político do Shoá nos anos 1960 não usa como referência o “nunca mais” ao
próprio Holocausto, como vai se fazermais tarde nos anos 1980, o nunca mais gurionista,
testemunhado e marcado por Hanna Arendt se aplica à vida na diáspora. Antes de apontar para nunca
mais outro holocausto, a preocupação do Primeiro Primeiro Ministro de Israel era bradar nunca mais
ao Exílio, que produzira, na perspectiva sionista clássica uma história de perseguição, morte e o
consequente holocausto.
Fazer retumbar este aprendizadonão era apenas uma tarefa política, no que respeito aos agentes
clássicos do Estado, mas fundamentalmente uma tarefa da política cultural. Assim escolas sionistas do
mundo inteiro, se adaptam a nova tarefa do sionismo. Transformar o holocausto e suas testemunhas em
tema central no discurso sionista e judaico. Transformar o holocausto em Holocausto26.
Conclusão
A Sionistificação do judaísmo deve levar em conta as apropriações da história judaica pela
centralidade que o Estado de Israel ocupou em seu processo de legitimação como ente político após
sua criação nos anos 1940. Assim, a referência crescente à shoa não pode ser entendida, a não ser se
pensarmos também nas demandas políticas e pedagógicas do Movimento sionista.
Enquanto o sionismo clássico incorpora, de maneira definitiva, a narrativa do holocausto como
referência primordial do Estado de Israel, a própria história do Holocausto se transforma, deixando
deser uma
referência de heroísmo a mais no discurso sionista.
A vitimizaçãoque surge como
resultado do julgamento de Eichmann ressuscita milhões de vozes deixadas na penumbra, ao mesmo
tempo que empodera e legitima coletivamente a opção sionista e deslegitima, de forma gradual, os que
se opõem à solução sionista.
26
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Boitempo Editorial. 2008. p12.
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