ECOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES: A CONSTRUÇÃO DO MODELO

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ECOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES: A CONSTRUÇÃO DO MODELO
RIT – Revista Inovação Tecnológica
Volume 6, número 1 – 2016
ISSN: 2179-2895
Editor Científico: Alessandro Marco Rosini
Avaliação: Melhores práticas editoriais da
ANPAD
ECOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES: A CONSTRUÇÃO DO MODELO
ECOLÓGICO ORGANIZACIONAL
Marco Antonio da Fonseca, [email protected]
Mestrando em Administração – FMU
Prof. Dr. Luiz Felipe Quel, [email protected]
Programa de Mestrado Acadêmico em Administração – FMU
RESUMO
A ecologia organizacional ainda é um conceito inexplorado pelas organizações, o estudo
está relacionado à comparação entre a organização e a natureza de seus ambientes. Este Artigo é
sobre ecologia organizacional, uma abordagem de como o ambiente externo da organização gera
competição na busca por sobrevivência. Este ambiente é constituído por elementos como (os
agentes políticos, as leis governamentais, os fatores econômicos e sociais, seus recursos finitos e
quantidade de concorrentes no mercado). Esta pesquisa volta-se a esta lacuna, ou seja, analisa a
adequação das pesquisas e a construção de um modelo científico de análise ecológica
organizacional para constatar se as empresas se adaptam ou influenciam o ambiente externo.
Observou-se a carência de pesquisas científicas com analises da adaptação ou da influencia
organizacional no ambiente externo de forma ampla, diversificada e integrada, segundo a
demanda das organizações. Além de evidenciar essa lacuna/oportunidade para pesquisas
científicas, apresentam-se uns quadros abrangentes e consolidados sobre a análise organizacional
encontrado dispersa na literatura, classificados segundo cada uma das diversas etapas que
compõem a adaptação e influencia da organização em seu ambiente.
Palavras-chave: Ecologia Organizacional, Modelo Ecológico Organizacional, Análise
Ecológica das Organizações, Organizações que se adaptam Organizações que influenciam,
Ambientes Organizacionais.
Data do recebimento do artigo: 30/03/2016
Data do aceite de publicação: 30/04/2016
Introdução
Marco Antonio Fonseca, Luiz Felipe Quel
A ecologia organizacional é um tema discutido na academia e nas corporações por
uma questão de sobrevivência. O surgimento do termo “Ecologia organizacional”,
inicialmente conhecida como ecologia das populações organizacionais, deu seu início por
meio de uma publicação, em 1977, em um artigo de Michael T. Hannan e John Freeman
intitulado “The population ecology of organizations”. O instituto de pesquisa em ensino
Fundação Getúlio Vargas no Brasil publicou em 2005 na língua portuguesa pela Revista de
Administração de Empresas – RAE.
Para Cunha (1999) “a ecologia organizacional é um dos domínios teóricos em
evidência no atual panorama das ciências organizacionais”. Na Ecologia Organizacional, o
ambiente externo permite uma atuação limitada dos gestores na busca por objetivos
organizacionais, à tomada de decisão é realizada através da análise deste ambiente.
Cunha (1999) confirma que:
“[...] o papel do gestor é esvaziado da sua importância de
uma forma talvez excessiva. Não sendo necessariamente “heróis”, os
gestores não devem ser tratados como “anti-heróis”; eles são atores
organizacionais constrangidos pelo contexto, mas não a ponto de sua
ação ser determinada pelo ambiente externo. Em algum caso, eles
conseguem mesmo (devido ou indevidamente) uma ampla latitude de
decisão, chegando até mesmo a pôr em risco a própria organização.”.
Segundo Hannan e Freeman, as mudanças organizacionais sofrem influencia dos
agentes que estão do lado de fora, onde os responsáveis pelas estratégias analisam o ambiente
externo para identificar oportunidades e potenciais ameaças, e assim formularem respostas e
ajustam à estrutura organizacional de modo mais adequado. Apontam Donaldson (1995) apud
Cunha (1999) que o gestor tem papel de coadjuvante na condução das organizações, os
autores apontam críticas à abordagem ecológica, por considerá-la uma teoria antimanagement, em função das mudanças induzidas pelo ambiente externo. A teoria ecológica
contrapõe-se a teoria contingencial pelo fato de duvidar da capacidade de flexibilidade das
organizações no processo de adaptação ambiental, propondo a ideia de que o ambiente possui
absoluta preponderância na seleção das mais aptas a sobreviver. Afirmam (MOTTA, 1981
apud CERETTA, 2013). Daft (2002, p. 13) que a organização deve encontrar e obter recursos,
interpretar e agir nas mudanças do ambiente, dar destino aos produtos e controlar e coordenar
as atividades internas em face das perturbações ambientais e incertezas.
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Dentro desse contexto se define o problema e o objetivo da presente pesquisa. O
problema caracteriza-se pela aparente pouca abrangência das pesquisas em ecologia
organizacional e na investigação sobre a forma organizacional que permite a empresa adaptarse ou influenciar o ambiente externo. Suposição concebida pela observação da literatura sobre
o tema, os quais fundamentaram o conceito de ecologia. Desta forma, tem-se como objetivo
desta pesquisa: analisar as pesquisas científicas, publicadas em periódicos científicos, com
foco em ecologia organizacional, verificando a diversidade, conceituação e integração de
elementos associados às demandas do ambiente externo no contexto das organizações para
criar um modelo de analise ecológica organizacional capaz de identificar atuação da empresa
no ambiente.
Para justificar a criação do modelo baseado no tema ecologia organizacional sugerem
Hannan e Freeman (1977) que a análise dos efeitos do ambiente sobre a estrutura
organizacional tem sido deslocada, recentemente, para uma posição central na teoria e
pesquisas das organizações. Essa mudança traria possibilidades. Porém, até o momento,
nenhuma promessa de mudança foi realizada. Acreditam que a falta de desenvolvimento se
deve, em parte, ao fracasso de produzir modelos ecológicos relacionados à questão de caráter
preeminentemente ecológico. Sobre esta abordagem, elencam uma questão central no seu
artigo sobre ecologia populacional das organizações: Por que existem muitos tipos de
organizações?
Para evidenciar a relevância do tema essa pergunta foi respondida por Caldas e Cunha
(2005) da seguinte forma:
“devido à evolução organizacional ser um processo
dinâmico, sujeito as constantes mudanças. Com o passar do tempo,
novas organizações são criadas e outras são levadas à falência. Assim,
em vez da adaptação, a mudança ocorre por ação de um mecanismo
distinto. As organizações mais ajustadas sobrevivem, ao passo que as
formas não ajustadas são eliminadas. Esse mecanismo de evolução por
seleção cria uma enorme diversidade organizacional e ajuda a explicar
a existência de diferentes configurações organizacionais em diferentes
épocas”.
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REFERENCIAL TEÓRICO
O Ambiente Externo
O ambiente externo é formado pelo ambiente geral e ambiente das tarefas. No
ambiente geral os elementos influenciam qualquer organização, por exemplo: agentes
tecnológicos, econômicos, políticos/legais, socioculturais, internacionais entre outros. Já
no ambiente das tarefas os agentes estão mais próximos e presentes no dia-a-dia da
organização, sendo eles: clientes, fornecedores, concorrentes, órgãos reguladores e
parceiros estratégicos. Nestes ambientes tantos os agentes externos podem influenciar as
organizações, como também as organizações podem influenciá-los. Na abordagem ecológica
das organizações o ambiente externo é o que tem mais força selecionando organização de
acordo com sua capacidade interna de mudança contínua. Quando grandes organizações
predominam, pode ser útil ver isso como um caso especial de seleção, no qual o movimento
da “forma menor” para a “forma maior” é teoricamente certo de “morte” das organizações
pequenas e a sua substituição por “nascimento” de grandes organizações (HANNAN e
FREEMAN, 1977, grifo nosso).
Destacam-se em negrito, os agentes do ambiente externo para compor os subconjuntos
ecológicos do modelo teórico deste artigo.
Adaptação Organizacional ao Ambiente Externo
Confirmam Hannan e Freeman (1977, grifo nosso) os administradores formulam
estratégias e as organizações se adaptam às contingências do ambiente, mas nem sempre é
fácil tal execução devido às restrições internas, como por exemplo: a transferência de recursos
humanos e materiais a outras atividades feitas por meio de investimentos passados; restrições
às informações de modo completo sobre as atividades dentro da organização e sobre as
contingências ambientais que as áreas enfrentam; quando as organizações modificam suas
estruturas, alteram o equilíbrio político, que sempre envolve redistribuição de recursos
(humanos e materiais) por meio de outras áreas desorganizando o sistema predominante. Por
fim as organizações enfrentam restrições geradas por sua própria história, por conta dos
custos relativos às mudanças nos padrões de execução de atividades. Comentam Dimaggio e
Powel (1983) as regras já estabelecidas pela organização desde sua fundação bem como o
processo mimético, à aceitação de saberes já conhecido como resposta em situações de
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dúvida; o processo normativo, os processos isomórficos: processo coercitivo, referentes às
influencias da formalidade e informalidade apresentada por outras organizações. Descreve
Wood JR (1999, grifo nosso) A Teoria do Isomorfismo Institucional como um processo que
leva as organizações em determinado setor a assemelhar-se com outras e compartilhar
no ambiente as mesmas condições. O princípio do isomorfismo deve ser suplementado por
um critério de seleção e uma teoria de competição, podendo ocorrer porque as formas nãoótimas não são selecionadas em uma comunidade de organizações ou porque aqueles que
tomam decisões organizacionais aprendem respostas ótimas e ajustam o comportamento
organizacional de consequência. (HANNAN e FREEMAN, 1977).
As perspectivas ecológicas dão enfoque ao aspecto de seleção, que procura explicar
as mudanças organizacionais a partir dos padrões na natureza e da distribuição dos
recursos no ambiente. Pressões do ambiente tornam a competição por recursos a força
central nas atividades organizacionais para sua sobrevivência (ANDRADE E AMBONI,
2011, p. 210, grifo nosso). A seleção do ambiente permite que as organizações sobrevivam
por conta da sua natureza e as exigências do ambiente externo, as organizações devem se
preocupar com as mudanças a fim de se adaptar e continuar com o mesmo posicionamento
mercadológico. Variações macro-ambientais interferem nos costumes da sociedade, ou seja,
afetando seus clientes internos e externos. Para Silva (2002, grifo nosso) se torna clara a
necessidade de interação com o ambiente externo para sua sobrevivência, porque todos os
recursos têm como origem nele, conforme a população organizacional aumenta os recursos se
tornam cada vez mais escassos. É preciso que as empresas determinem uma tomada de
decisão baseada na análise deste ambiente, que influenciará diretamente a sua estratégia.
Mesmo que o poder do gestor seja reduzido em certas condições, a teoria da ecologia
organizacional faz um enfoque no modo de como às organizações surgem e morrem; os
modelos evolutivos das organizações; as dificuldades dos gestores em fazer com que sejam
adaptadas; e a inércia estrutural. Assim, as empresas podem ser observadas junto ao
conjunto de elementos que permitem analisar as influencias do ambiente externo, sua
complexidade e como essas sobrevivem.
Destacam-se em negrito, os seis elementos de adaptação para compor os subconjuntos
ecológicos
do
modelo
teórico
deste
artigo.
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A Organização influenciando no ambiente Externo
O ambiente interno tem como atores os proprietários, administradores, empregados e o
próprio ambiente físico. Este ambiente é um agente principal de mudanças capaz de
influenciar o ambiente externo. Faz com que a empresa tenha uma visão baseada em
recursos e competências. Para Prahalad e Hamel (1994, grifo nosso) uma empresa deve ser
vista como um portfólio de competências sendo que as suas competências essenciais advêm
do aprendizado coletivo e da integração de múltiplas tecnologias. Argumentam Fleury e
Oliveira (2001, grifo nosso) que as competências essenciais podem ser advindas da
excelência em qualquer área da organização. É relevante a empresa que consegue gerenciar
de forma eficaz tudo aquilo que a firma possa fazer melhor do que os seus concorrentes. A
empresa deve focar na visão baseada em recursos distintivos e caros de serem copiados
(Barney 2007, grifo nosso). Considera Javidan (1998 Apud Pacheco et. al. 2009, grifo nosso)
A análise detalhada dos recursos, capacidades e competências da organização é
relevante para gerar novos mercados ou produtos.
Destacam-se em negrito, os seis elementos de influencia ao ambiente externo para
compor os subconjuntos ecológicos do modelo teórico deste artigo.
MÉTODO DA PESQUISA
Para identificação de pesquisas científicas associadas ao tema ecologia organizacional,
descritas na forma de artigos e publicadas nas revistas científicas, explorou-se os repositórios
de textos científicos disponíveis na literatura.
As atividades de busca e seleção de artigos e livros ocorreram durante os meses setembro
2015 e abril de 2016. As pesquisas iniciais (scanning) concentraram-se no termo
“organizational ecology e ecologies of organizations” presente no título do artigo. A leitura
skimming desses artigos demonstrou a existência de três grandes grupos de artigos que,
acrescidos ao termo inicial, constituíram três grupos centrais de palavras-chave a serem
utilizadas como critério de pesquisa para montar o modelo teórico aqui proposto
“organization's external environment” “adaptive organization”, “influences organizational”.
Os Quadros 1 e 2 foram extraídos do referencial teórico, as palavras-chave foram
utilizadas como critério na criação do modelo Ecológico Organizacional proposto neste
artigo. Estas palavras-chave foram associadas às citações em negrito dos autores sobre o tema
ecologia nas organizações e, por conseguinte, confrontadas com a quantidade de artigos no
repositório EBSCO e ordenadas de acordo com a interpretação dos pesquisadores deste artigo.
Este procedimento resultou na identificação dos a) agentes do ambiente externo e b) em 12
elementos relevantes da pesquisa: sendo b1): seis elementos destinados à adaptação da
organização e b2) seis elementos capazes de fazer com que a organização influencie o
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ambiente externo. ((Desta forma as unidades de registro resultantes e empregadas para
demonstrar a relevância do conteúdo extraído do texto foi c) verificar a quantidade de artigos
científicos publicados no repositório EBSCO com as temáticas a), b1), b2) “organization's
external environment” “adaptive organization”, “influences organizational” que resultou 33,
13, 190 artigos. Na seção seguinte, estes elementos são definidos, exemplificados e
discutidos, a partir de textos extraídos dos artigos da amostra para a construção do modelo
teórico.
QUADRO 1 – Ambiente externo
Grupo de
Elementos
Ordem
Sequencial
Subconjuntos ecológicos
Geral
Recursos, tecnologia, econômico,
políticos/legais socioculturais e
internacionais
Tarefas
Clientes, fornecedores, concorrentes,
órgãos reguladores e parceiros
estratégicos.
Agentes do
ambiente externo
Retorno da Pesquisa no
EBSCO
Com o título “organization's
external environment”.
33 artigos
Fonte: Elaboração dos autores
QUADRO 2 – Grupo de elementos organizacionais.
Grupode
Elementos
Adaptação ao
Ambiente
Externo
Influencia ao
Ambiente
Externo
Ordem
Sequencial
Subconjuntos ecológicos
01
Dependência dos agentes externos
02
Disputa pelos os mesmos recursos
03
Tomada de decisões com base na
concorrência
Com o título “adaptive
organization”.
04
Faz lembrar a concorrência
13 artigos
05
Política e cultura rígida
06
Se ajusta ao ambiente externo
07
Cultura Organizacional como
ferramenta estratégica
08
Processo de aprendizAdo continuo
09
Visão baseada em recursos
10
Focar nos pontos fortes
Retorno da Pesquisa no EBSCO
Retorno da Pesquisa no EBSCO
Com o título“influences
organizational ”.
190 artigos
11
Integração de múltiplas tecnologias
12
Portfolio de competencies
[1]. Selecionaram-se, também, as opções “somente artigos científicos” e “com texto completo disponível”.
[2]. Consideraram-se o total de 236 artigos que retornaram da pesquisa no repositório EBSCO
Fonte: Elaboração dos autores
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ANÁLISE E DISCURSÕES
As primeiras subseções desse capítulo descrevem a conceituação e a diversidade dos
grupos de elementos identificados nos artigos da amostra da pesquisa. Há uma subseção para
cada um dos três elementos organizacionais de registro empregados para análise de conteúdo:
“Os agentes do ambiente externo”, “adaptação ao ambiente externo”, “influencia no ambiente
externo”, para cada elemento, registraram-se os subconjuntos ecológicos organizacionais
descritos nas pesquisas da amostra, descritos nas subseções as seguir e resumidos no Quadro
2. Os subconjuntos ecológicos de adaptação e de influencia organizacional no ambiente são
indicados como ferramentas nos processos das organizações e também foram registrados e
discriminados no modelo teórico criado no Quadro 3. A última subseção deste capítulo
analisa o nível de integração dos elementos organizacionais abordados nas pesquisas descritas
nos artigos da amostra.
SOBRE OS AGENTES DO AMBIENTE EXTERNO GERAL E DE TAREFAS.
A organização está inserida no contexto do ambiente externo, disputando os seus recursos
finitos. O foco central passa a ser a obtenção e a racionalização de recursos deste ambiente a
fim de evitar desperdícios, pois são escassos e disputados por outras organizações concorrente
direto (empresas concorrentes do mesmo seguimento) ou indireto (empresa de outros
seguimentos que necessitam do mesmo recurso, seja para produzir produtos/serviços).
Utilizam do mesmo recurso para operacionalizar as suas atividades organizacionais. As
atividades contemplam diversas tecnologias empregadas na obtenção de melhoria nos bens e
serviços destinados à sociedade. A sociedade é constituída por pessoas com necessidades
diversificadas ao longo do tempo, mas que são regradas perante a economia praticada no
ambiente. A economia está relacionada à interação entre os compradores e os vendedores sob
as leis que estabelecem esta relação. As leis são estabelecidas pelos os governos que por sua
vez regulamentam as atividades econômicas da sociedade para evitar a escassez de recursos
do ambiente.
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SOBRE OS ELEMENTOS DE ADAPTAÇÃO
Para que a organização possa sobreviver neste ambiente competitivo, deve racionalizar as
áreas da organização que mais sofrem com a dependência dos agentes externos. Esses agentes
são capazes de influenciar diretamente na forma de como a empresa realiza as suas tarefas
organizacionais, como na produção, comercialização e distribuição dos seus bens e serviços.
As tarefas organizacionais muitas vezes fazem com que a cultura e a política organizacional
sejam rígidas na compreensão dos ajustes organizacionais aos recursos ambientais, que
passam a ser controlados e optimizados para gerar competividade. Quanto maior for o número
de concorrentes organizacionais, mais semelhantes serão as suas formas organizacionais para
continuar operando neste ambiente. Isto dificulta ainda mais a criação de novas formas de
operacionalizar as tarefas. As organizações passam a negociar com os mesmos fornecedores,
oferecendo os preços iguais disputando os mesmos clientes que ganham força para escolher
qual vendedor oferece as melhores condições de venda dos produtos ou serviços. Inicia-se a
competição cada vez maior de recursos no ambiente, a um preço que demonstra a inexistência
do lucro organizacional necessário para que as empresas possam se desenvolver ao longo do
tempo. Quando a organização decide ocupar mais espaço no mercado passam a incorporar
outros concorrentes que possuam carteira de clientes rentáveis. Nesta competição vence a
organização que melhor se ajusta ao ambiente.
SOBRE OS ELEMENTOS DE INFLUENCIA
O ambiente interno da organização é rico em seus recursos humanos e tecnológicos. As
pessoas são dotadas de conhecimentos gerais que são associados ao dia a dia das pessoas que
estudam nas universidades. Essas pessoas enfrentam as pressões da diminuição de
oportunidade de trabalho gerado no ambiente, faz com que elas se adaptem a realidade da
organização. Ao longo do tempo passam a adquirir conhecimentos específicos se tornando
especialistas em algumas áreas, aprendem a lidar com as diversidades de demandas da
organização. Sendo assim as organizações necessitam de tecnologias para melhorar as suas
tarefas organizacionais. Embora as mesmas tecnologias sejam utilizadas pelos concorrentes,
se forem integradas com o foco nos pontos fortes da organização constitui um portfólio de
competências capaz de criar novos produtos e serviços. A organização que tem a visão
baseada em recursos se preocupa no que tem de melhor para oferecer a sociedade. Demonstra
a cultura organizacional como uma ferramenta estratégica para descobrir novos mercados e
novos meios de atuações neste ambiente.
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QUADRO 3 – Modelo de Analise Ecológica Organizacional
Fonte: Elaboração dos autores
CONSIDERAÇÕES
As organizações estão sujeitas ao ambiente externo, devem se adaptar as exigências
deste para continuar operando. Se adaptar as condições do ambiente torna-se relevante para
sobreviverem ao longo do tempo. As organizações também são capazes de influenciá-lo, isto
foi evidenciado pela quantidade de artigos sobre a temática estudada, sendo 33 artigos sobre
“organization's external environment”. 13 artigos sobre; “adaptive organization” e 190
artigos sobre “influences organizational ”
Quanto à diversidade de subconjuntos ecológicos, observa-se um forte predomínio de
pesquisas que discutem a influencia da organização no ambiente externo. Utilizando melhor
os seus recursos (humanos e tecnológicos), e as suas competências essenciais para criar novos
produtos/serviços com o foco em novos mercados.
Como limitação do estudo neste artigo e para futuras pesquisas destacamos aqui a
relevância de se utilizar do modelo para comparar duas organizações do mesmo seguimento.
O intuito é verificar qual delas esta mais influenciando o ambiente externo, já que são
concorrentes e disputam os mesmos recursos e a realidade deste ambiente.
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Marco Antonio Fonseca, Luiz Felipe Quel
ECOLOGY OF ORGANIZATIONS: THE CONSTRUCTION OF
ORGANIZATIONAL ECOLOGICAL MODEL
Marco Antonio da Fonseca, [email protected]
Mestrando em Administração – FMU
Prof. Dr. Luiz Felipe Quel, [email protected]
Programa de Mestrado Acadêmico em Administração – FMU
ABSTRACT
The organizational ecology is still an unexplored concept by organizations, the study
is related to the comparison between the organization and the nature. This article is about
organizational ecology, an approach of how the organization's external environment generates
competition in the search for survival. This environment consists of elements such as
(political actors, government regulations, economic and social factors, its finite resources and
number of competitors in the market). This research back to this gap, I review the adequacy of
the research and the construction of a scientific model of organizational ecological analysis to
see if companies adapt or influence the external environment. There was a lack of scientific
research with analysis of adaptation or organizational influence in the external environment of
large, diversified and integrated manner, according to the demand of organizations. In
addition to highlighting this gap / opportunity for scientific research, presents a
comprehensive framework and consolidator on organizational analysis found scattered in the
literature, classified according to each of the different stages that make up the adaptation and
influence of the organization in its environment.
Keywords:
Organizational
Ecology,
Ecological
Analysis
of
Organizations,
Organizational Ecology Model Organization's external environment, adaptive organization,
influences organizational.
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