fotografia reflexguia de

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fotografia reflexguia de
fotografia reflex
guia de
primeiros passos
fotografista.org
1
Fotografia reflex.
Guia de primeiros passos
fotografista.org
O livro que você tem diante de si é um
presente para leitores VIP
do site fotografista.org.
Obrigado pelo seu apoio!
© dos textos: Oscar Lis
© da edição: Oscar Lis para Fotografista.org
As imagens incluídas neste livro e os seus direitos associados pertencem aos seus autores. A fotografia de capa
é da autoria de Sonja Guina. O resto de fotografias pertencem aos autores indicados no rodapé das mesmas.
Todas elas foram tiradas do site Unsplash (unsplash.com).
Sumário
ANTES DE COMPRAR UMA CÂMARA REFLEX .. 5 Realmente necessita uma câmara reflex?..........................6
Escolhendo uma câmara reflex para si.............................9
Definindo os seus imprescindíveis. .....................................14
Quatro modelos recomendados..........................................21
Onde comprar a sua câmara reflex?.................................26
5
CONHEÇA A SUA NOVA CÂMARA REFLEX .......29
Uma câmara é isto. .............................................................30
Os modos de uso da sua câmara........................................37
29
ALGUNS CONSELHOS A MAIS ............................51
Objetivas: outro mundo a explorar. .................................52
Outros acessórios para a sua câmara...............................58
A conservação é a sua amiga..............................................64
51
BREVE DICIONÁRIO DE CONCEITOS ................67
4
PRIMEIRA PARTE
ANTES DE
COMPRAR UMA
CÂMARA REFLEX
Comprar uma câmara reflex não é qualquer coisa que
você possa fazer sem preocupar-se com o custo ou
sem assegurar-se de que, pela quantidade de dinheiro que está disposto a investir, o retorno em forma de
equipamento será o que necessita. Por outras palavras, não é algo para se fazer à toa.
A fotografia é um hobby caro, pelo que convém, antes de entrar, ter em conta algumas ideias prévias que
desenvolveremos neste capítulo.
5
Realmente
necessita
uma câmara
reflex?
As câmaras reflex estão desenhadas para
impressionar. Elas dão, aliás, essa sensação
de poderem fazer fotos espetaculares. Os
fabricantes investem nessa «aura» imensos
recursos do mesmo modo como os fabricantes de carros fazem com o seu produto, porque é a maneira perfeita de aumentarem as
suas vendas.
as boas
imagens não
dependem
tanto do
equipamento,
quanto do
fotógrafo e
das suas
habilidades
6
Ora, como você irá descobrir em breve e
como nós nunca deixaremos de repetir, as
boas imagens não dependem do equipamento, e sim do fotógrafo e das suas habilidades.
Sabemos, por enquanto, que a pressão comercial acaba fazendo com que muitas pessoas corram para a loja tão rápido como
tenham conseguido reunir o dinheiro necessário. Este livrinho tem o objetivo de acompanhar os primeiros passos dessas pessoas
pelo mundo da fotografia reflex, mas também tem a obriga de fazer esta advertência:
na maioria das vezes, esse tipo de câmaras
acabam convertidas num brinquedo caro,
jogadas num caixão e esquecidas.
Por isso, antes de comprar a sua câmara reflex, necessita fazer-se estas duas perguntas:
«realmente é necessário que seja reflex?» e
«não serve com uma câmara compacta?».
Não são perguntas singelas nem simples de
responder, mas é necessário respondê-las
com sinceridade e coração para que este
investimento não termine pesando de mais.
Considere, ao mesmo tempo, o que uma câmara reflex significa. Em primeiro lugar, elas
são grandes e pesadas relativamente às
compactas, e não podem ser levadas consigo como quem leva um telemóvel. Há que
estar dispostos a carregá-las. Em segundo
lugar, exigem um aprendizado de técnicas
para aproveitar a sua potencialidade, porque não adianta nada comprar uma câmara
deste segmento e ficar atirando fotos em
modo automático, onde os resultados também não vão diferir muito com o que conseguem câmaras compactas de qualidade.
Parafraseando o genial Julio Cortázar, ao
comprar uma reflex, o que você está a comprar é a necessidade de aprender a usá-la.
Por último, as potencialidades das câmaras
reflex dependem em grande medida das objetivas que as acompanhem. Estar continuadamente a mudar de objetiva é normal na
fotografia reflex, e há que estar dispostos a
lidar com esse incómodo também.
quando você
compra uma
câmara reflex,
o que está a
comprar é a
necessidade
de aprender
a usá-la.
Estes são apenas alguns dos inconvenientes do planeta reflex. Se você estiver já a
pensar melhor e ver que com uma câmara
7
Não há nada
de menos
meritório em
fazer fotografia
com câmaras
de segmentos
considerados
«menores»
(mas que
não são, na
realidade,
assim tão
«menores»)
8
compacta é possível cobrir as suas necessidades, também não faz mal! Não há nada
de menos meritório em fazer fotografia com
câmaras de segmentos considerados «menores» (mas que não são, na realidade, assim tão «menores»), tipo compactas, bridge,
quatro terços, etc. Não deixe nunca ninguém
dizer que uma câmara não reflex é um problema! Lembre o que nós sempre dizemos:
a fotografia não depende do equipamento,
mas do fotógrafo!
Ora, se você continuar com vontade de explorar esse planeta de que falamos, este pequeno livro de iniciação é para si. A exploração não é nunca uma aventura fácil, mas
é para isso que estamos a oferecer esta ferramenta, que esperamos que seja de ajuda.
Escolhendo
uma câmara
reflex para si
É possível que, enquanto lê estas palavras,
você já tenha comprado a sua câmara reflex,
e que tenha chegado a este livrinho para
tirar o máximo partido dela. Se for assim,
parabéns, está na senda correta. Se ainda
não comprou, melhor ainda, porque o que
vamos comentar a continuação é a respeito
de como escolher a melhor câmara para si.
A dica essencial neste ponto é esta: não
existe a câmara fotográfica perfeita. Por
que? Porque simplesmente o conceito de
perfeição é diferente para cada pessoa. Há
quem exija um sensor full frame, há quem
queira uma grande robustez, há quem necessite uma elevada sensibilidade ISO ou
qualquer outra vantagem acima do resto de
considerações. Descobrir quais são as necessidades básicas e comprovar que a câmara
que temos nas mãos cumpre com elas é o
objetivo. Não adianta nada investir enormes
quantidades de dinheiro para conseguir essa
ou aquela outra câmara se, afinal, as suas características técnicas não concordam com o
que nós queremos fazer com ela. De modo
que não procure «melhor câmara», mas apenas a «melhor câmara para si».
A dica
essencial
neste ponto é
esta: não existe
a câmara
fotográfica
perfeita. Por
que? Porque
simplesmente
o conceito de
perfeição é
diferente para
cada pessoa.
9
Este capítulo está pensado para pessoas
que vão comprar pela primeira vez uma câmara reflex. O objetivo é guiá-las através
«assustadora» terminologia técnica e os
apelos à compra dos fabricantes e vendedores, que parecem ter estabelecido uma
insana concorrência por fazer deste passo
um dos mais complexos e estressantes para
quem se inicia na fotografia reflex. Vamos
lá ver alguns conselhos e dicas sobre isto.
Há quem diga
que Canon é
melhor do que
Nikon, ou que
Nikon é melhor
do que a Sony,
e assim por
diante. Mas
isso o único
que demonstra
é que essas
pessoas não
sabem muito
de câmaras
nem de como
o mercado do
equipamento
informático
funciona.
10
Esqueça por um momento as marcas.
No universo da fotografia é fácil encontrar
fanáticos das marcas, como em muitos outros campos. Há quem diga que Canon é
melhor do que Nikon, ou que Nikon é melhor do que a Sony, e assim por diante. Mas
isso o único que demonstra é que essas
pessoas não sabem muito de câmaras nem
de como o mercado do equipamento informático funciona. Significa isso que todas
as marcas são iguais? É claro que não! Há
marcas que se têm focado em melhorar os
seus sensores, outras que preferiram melhorar as suas lentes, assim que é possível
encontrar pessoas com sentido da realidade que digam que Nikon é melhor do que
Canon em este ou aquele aspecto, mas pior
naquele outro. Ora, desconfie de quem faça
uma afirmação genérica neste sentido.
Por outra parte, a realidade é que os grandes fabricantes, como esses que já citamos,
têm atingido resultados muito parecidos
que apenas olhos muito bem treinados conseguem diferenciar. Na maioria dos casos, ficar
jogando nessa guerra de marcas não adianta
nada, e é muito mais produtivo fixar-se nas
qualidades dos diferentes modelos.
Não compre a mais cara. O preço de uma
câmara reflex não reflete necessariamente a
sua qualidade, nem muito menos indica se ela
é a idónea para isso que você está a procurar. Por norma geral, quanto mais específica
for uma reflex nas suas prestações, maior irá
ser o seu preço, e isso tem um motivo: elas
costumam estar indicadas para profissionais
da indústria, da publicidade ou do audiovisual que podem lidar lá com aqueles preços
inacreditáveis. A maioria das pessoas, por enquanto, não se encontram nesse segmento de
necessidades, e portanto não requerem tanto investimento. Ademais, como iniciante, ter
uma câmara mais simples também pode ajudar a prevenir a confusão e a frustração. Lembre aquele velho adágio italiano: chi va piano,
va lontano (devagar se vai ao longe)!
O preço de
uma câmara
reflex nem
sempre
reflete a sua
qualidade, nem
muito menos
indica se ela é
a idónea para
isso que você
está a procurar.
Não compre a mais barata. Do mesmo
modo, também não adianta nada comprar a
reflex mais barata. Já dissemos que algumas
reflex em modo automático não fazem melhores fotografias que uma câmara compacta.
Mas é que, na realidade, também há as que façam piores fotos! Há câmaras reflex nas lojas
que, simplesmente, não valem a pena a não
ser que o único que você pretenda seja ficar
se exibindo — e nós sabemos que não é o caso.
11
Mario Calvo [Unsplash]
12
Defina um orçamento. Em consequência
com os pontos anteriores, uma boa ideia
pode ser definir um orçamento máximo.
Qual é a máxima quantidade de dinheiro
que você pode ou quer investir neste ponto? Tenha em conta que a medida que você
for ganhando em confiança e conhecimentos, seguramente quererá comprar alguma
objetiva a mais, ou alguns flashes. Portanto,
desaconselhamos investir o total das nossas poupanças na câmara, porque provavelmente ela não seja a peça fundamental
de um bom equipamento (disso falaremos
mais tarde). Definir um orçamento máximo
evita que cada vez que estejamos a nos fixar
num determinado modelo, vejamos aquele
que custa 50 ou 100 euros / reais mais; e
desse modo ajudará a tomar uma decisão.
Procure o melhor preço. Muitas vezes, a
câmara que temos em mente pode encontrar-se com diferentes preços em lojas diferentes,
sobretudo se for vendida dentro de um kit
com objetiva ou outro material. Se, ao final
deste capítulo, você já se decidiu por esta ou
aquela outra câmara, faça uma pesquisa comparativa de preços, pois eles não dependem
do fabricante, mas da loja, e as diferenças podem ser de 100 ou 200 euros / reais segundo o caso. Faça também uma procura na internet, pois lojas virtuais, com menos custos
para os seus proprietários, podem até reduzir
sensivelmente o preço (atenção aos fretes!)
dessa câmara.
se você já
se decidiu
por esta ou
aquela outra
câmara, faça
uma pesquisa
comparativa
de preços,
pois eles não
dependem
do fabricante,
mas da loja, e
as diferenças
podem ser de
100 ou 200
euros / reais
segundo o
caso.
13
Definindo
os seus
imprescindíveis
os
imprescindíveis
são aquelas
características
que você mais
vai explorar
no seu uso da
câmara, e nas
que por isso
há que ficar de
olho.
Ademais destes conselhos gerais, convém
refletir sobre algumas características na
hora de definir qual modelo é que cobre melhor as nossas necessidades.
Elaborar uma lista de imprescindíveis pode
ajudar neste caso, porque nos permite deixar à margem dados que não são realmente
importantes para nós, ou que resultam supérfluos, mas que os fabricantes e vendedores expõem como parte das «maravilhas» de
que esse ou aquele modelo é capaz.
Cada vez mais, as câmaras reflex incorporam
um número maior de possibilidades. Há as
que podem ligar-se através de wifi a uma
tablet ou a um computador para transferir
as imagens ou para serem controladas de
maneira remota. Há as que são capazes de
fazer 5 fotografias por segundo. Mas o que é
que você necessita? Quer que tenha vídeo?
E que esse vídeo seja full HD? Ou talvez que
tenha uma quantidade de megapíxels que
permita impressões a grande formato?
14
SENSOR. Há, por enquanto, uma
característica que todos os peritos coincidem em sublinhar acima
do resto de configurações, opções,
funções, etc. É a respeito do sensor.
Com a mudança do padrão analógico para o digital, o filme fotossensível das câmaras foi substituído por um sensor que deve captar a
luz de um modo similar ao filme. A
qualidade e o tamanho desse sensor é uma das principais condições
para termos melhores imagens e é
por isso que deve ser uma das características em que ficar de olho
na hora de fazer a nossa escolha.
O melhor neste caso é procurar
câmaras full frame, isto é, com um
tamanho de sensor igual ao filme
de 35mm, que é o estândar deste
tipo de fotografia.
Porém, não sempre será possível.
Com o sensor como um dos elementos mais caros da câmara, nem
todas as pessoas podem chegar a
comprar full frame para se iniciar.
É por isso que, se for o caso, nós
recomendamos deixar o full frame
para quando as nossas habilidades
fotográficas o exijam e quisermos
dar o salto para uma máquina mais
potente. A maioria das câmaras
reflex não full frame de iniciação
costumam ter tamanhos de sensores muito parecidos, com factores
de corte similares ou até idénticos.
Sobre isto, aconselhamos ler sites e
foros especializados sobre cada tipo
de sensor, mas também, ao mesmo
tempo, não se obsessionar, porque
os matizes apenas são perceptíveis
em condições muito concretas.
15
A questão dos
megapíxels
é similar com
a da máxima
velocidade
dos carros. O
que adianta
que um carro
possa atingir
220 km/h se
você não tem
necessidade
disso?
MEGAPÍXELS. A quantidade de megapíxels
(Mpx) tem-se convertido numa verdadeira isca
para as vendas. Os fabricantes e vendedores
destacam esse tema acima de outros muito
mais importantes, como é a qualidade e tamanho do sensor, aproveitando a ignorância
de muitos compradores e sabendo que jogam
com a dificuldade para interpretar muitas das
características técnicas de um modelo. Isto
não significa que tenhamos que esquecer a
questão dos megapíxels, mas talvez você já tenha reparado em que muitas vezes os «avanços» nesse número são aplicados a segmentos
meios dentro das oferta reflex dos grandes
fabricantes, enquanto câmaras com melhores
características do mesmo fabricante aparecem
com menos megapíxels. É por algo.
A maioria dos modelos atuais ultrapassam já
10 Mpx, e dão para impressões de qualidade
em tamanhos consideráveis, assim que: a sério quer pagar mais por 14 Mpx do que por
12 Mpx se não vai imprimir as suas imagens
na maioria dos casos e se com 12 Mpx já cobre os requerimentos de uma boa impressão?
A questão dos megapíxels é similar com a da
máxima velocidade dos carros. O que adianta que um carro possa atingir 220 km/h ou
passar de 0 para 100 km/h em 4 segundos se
você não tem necessidade disso? Esta é um
dos exemplos práticos mais claros de por que
é que você deve procurar a «melhor câmara
para si», e não a melhor câmara, em abstrato.
16
ISO. A questão do ISO é outra das iscas com as que mais os
vendedores nos atam na hora de comprar câmaras. O que
o ISO define é a sensibilidade da câmara (do sensor, para
sermos justos) à luz. Quanto maior for o número ISO, mais
sensível é a câmara e mais luz podemos atrapar no nosso
sensor em condições de luminosidade baixa, o que significa
que podemos fazer exposições mais curtas (fotos mais rápidas, por assim dizer) e temos menos possibilidades de obter
imagens tremidas ou movidas. Muitos vendedores destacam
ISOs de câmaras que chegam a 12800 ou 25600, tendo em
conta que o estândar é ISO 100, para destacar a potência do
sensor. A realidade é que a relação não é assim tão simples,
e quanto mais alto for o ISO empregado, mais «ruído» iremos ter na imagem final.
Sobre isto do ruído já falaremos mais tarde, mas, por enquanto, fique com esta ideia: se a maioria de imagens que
você quer fazer são em exteriores ou em situações de boa
luminosidade, então não se preocupe com o ISO, porque
praticamente qualquer modelo reflex incorpora um leque
suficientemente largo de sensibilidades ISO. Ao contrário, se
as fotos que você quer obter serão principalmente de situações com pouca luz (noturnas, interiores, etc.), então preste
maior atenção ao ISO, mas repare em mais uma questão:
procure em foros e sites especializados dados sobre a relação do ISO com o ruído nos modelos concretos que você
tenha em mente, porque o ruído é algo que afinal costuma
arruinar uma boa exposição se não forem tomadas as medidas necessárias. Em qualquer caso, não se obsessione. Afinal
verá como a maioria de fotógrafos se preocupam com como
poderem manter sempre o ISO abaixo de 400 ou 200, e não
em procurar situações em que tenham de usar a esses bárbaros 25600.
17
as baterias
são um dos
acessórios
que é boa
idea duplicar
para evitar ter
que guardar
a câmara
no melhor
momento,
assim que
também pode
ser interessante
deitar uma
olhada sobre o
preço
DURAÇÃO DA BATERIA. Este é um dos
elementos a ter em conta, mas que muito
habitualmente é deixado à margem na hora
de escolher uma câmara. Há, porém, câmaras
cuja bateria permite até o duplo de capturas do que outras, de modo que não é uma
questão exquisita. O normal é que as baterias permitam fazer 400 ou 500 fotografias
antes de se esgotarem, mas há modelos que
conseguiram reduzir o consumo de energia
e atingem 800 disparos. Como é evidente,
modos como o live view, o disparo contínuo,
e uso do flash integrado consomem muita
mais bateria, de modo que interessa saber
quanto elas irão durar. Ademais, as baterias
são um dos acessórios que recomendamos
duplicar para evitar ter que guardar a câmara no melhor momento, assim que também
pode ser interessante deitar uma olhada sobre o preço das baterias do modelo de câmara que tenhamos em mente.
CARTÃO DE MEMÓRIA. Quase todo o dito
sobre as baterias aplica também para o caso
dos cartões de memória, que a diferença da
fotografia analógica, é onde vão ficar gravados os ficheiros de imagem processados pela
nossa câmara. Neste caso, o nível de concorrência é mesmo maior, porque diferentes fabricantes fazem cartões compatíveis com o
mesmo modelo de câmara e com prestações
mais ou menos similares. E também há diferentes preços em função do tipo empregado.
Cartões do tipo SD ou SDHC costumam ser
mais baratas do que as Memory Stick, as xD
18
ou as CF, de modo que há quem afinal se decante por uma ou outra câmara por detalhes
como este.
TELA LCD. Mesmo se a tela LCD da maioria
das câmaras reflex não influi em absoluto na
qualidade das fotografias, é um avanço do
mundo digital que torna a nossa vida mais
cómoda. Essa tela serve para visualizar o resultado de uma foto justo após ser tomada,
mas também para exibir o modo live view
(caso a câmara disponha dele) e para mostrar controlos de menus de escolha específicos. Por isso, a recomendação geral é que
procure a tela o mais grande e nítida possível. Se pode, é interessante testá-la sob a luz
direta do sol para comprovar a potência de
brilho nessas condições adversas (mas muito
comuns), ou se resulta impossível ver o que
está a mostrar.
FPS. Outro elemento ao que pode ser interessante prestar atenção é a quantas imagens pode segundo (frames por segundo,
FPS) pode capturar o modelo em questão.
Para conseguir essas imagens de uma bala
a atravessar uma maçã que você terá visto
cá e lá é necessário que o índice FPS da sua
câmara seja o maior possível. Reflex normais
costumam oferecer 2 ou 3 fps em modo sequencial ou contínuo. Algumas mais avançadas podem chegar até 10 fps ou mais, mas de
novo é necessário saber se é isso o que necessitamos. À margem da fotografia da bala,
para a que se necessita equipamento adicio-
procure a tela o
mais grande e
nítida possível.
e teste-a sob
a luz direta
do sol para
comprovar a
potência de
brilho nessas
condições
adversas (mas
muito comuns)
19
nal, um bom número de FPS pode ser útil para pessoas que pensem
fotografar desportos, onde os movimentos são muito rápidos e interessa
registar uma sequência deles para depois fazer a escolha do momento
exato.
VÍDEO. Quase todas as reflex que hoje estão no topo de vendas incorporam também a opção de gravação de vídeo. Devido à versatilidade de
levar duas câmaras em uma, tem-se tornado uma opção muito popular,
especialmente para amadores da videografia. Nesse caso, verifique as
suas necessidades e veja se é suficiente com gravações de qualidade
normal ou se necessita Alta Definição (HD, 720p) ou mesmo Full HD
(1080p).
Redd Angelo [Unsplash]
20
Quatro
modelos
recomendados
Todo o dito até agora foi para você interiorizar que a melhor câmara do mundo é aquela
que cobre as suas necessidades e expetativas, e não as de outra pessoa. Porém, a realidade é que muitos iniciantes não sabem bem
ainda que tipo de fotografia é que irão fazer
a maior parte do tempo, porque precisamente estão ainda a explorar as possibilidades.
É uma resposta normal e faz todo o sentido!
Por isso, neste livrinho queremos também
aproveitar para recomendar alguns modelos
concretos de câmaras reflex de iniciação que
conhecemos diretamente e que, por esse motivo, sabemos que irão cumprir a maioria de
necessidades da gente que começa. Ademais,
como muito pouca gente pode estar mudando a cada dois anos de câmara, também nos
asseguramos de que os modelos que mostramos a continuação possam acompanhar a
evolução normal de um fotógrafo iniciante
e amador nos seus primeiros anos, sem que
fiquem obsoletas ou incapazes de cobrir as
necessidades em pouco tempo.
muitos
iniciantes não
sabem bem
ainda que tipo
de fotografia é
que irão fazer a
maior parte do
tempo, porque
precisamente
estão ainda
a explorar as
possibilidades.
21
Nikon
D3300
!
PREÇO APROX. KIT
~400€
SEMELHANTES
- Nikon D3200
- Canon EOS 1200D
- Pentax K-S1
VER
INFORMAÇÃO
DE COMPRA
A D3300 é a câmara perfeita para começar
do zero com a melhor base, pois ela traz
prestações acima do nível de «decentes»
nos campos principais que estivemos a
analisar em páginas anteriores. A potência
do sensor (sem ser full frame) é um elemento a destacar, mesmo estando na linha
de outras câmaras do segmento que nos
últimos tempos têm crescido de maneira
desproporcionada em megapíxels. Ademais, tem uma bateria de longa duração
perfeita para usar todas as potencialidades
e a tela LCD posterior de 7,5cm. Merece um
destaque adicional o apartado de vídeo,
com a possibilidade de gravar a 60fps em
formato full HD, o que dá ótimos resultados. No que diz respeito à relação qualidade/preço, o certo é que a Nikon D330 não
tem concorrência: a maioria da câmaras
com estas prestações custam à volta de
200 ou 300 euros mais.
22
ademais das
capacidades
técnicas
notáveis, a
D3300 destaca
pelo seu preço,
o que a torna
especialmente
indicada para
iniciantes.
Nikon
D5200
PREÇO APROX. KIT
~450€
SEMELHANTES
- Nikon D3200
- Canon EOS 1200D
- Pentax K-S1
VER
INFORMAÇÃO
DE COMPRA
A D5200 é uma opção muito similar com
a D3300, mesmo que um bocadinho mais
cara. Ambas as câmaras são muito parecidas
nos elementos a ter em conta de que falamos em páginas anteriores. O mesmo tamanho de sensor (não full frame), a mesma
velocidade de obturação, potência do ISO,
velocidade de disparo em modo contínuo,
etc. Então, de onde é que vem esse incremento do preço? O incremento, à volta de
50€, tem ver com algumas melhoras introduzidas, como a possibilidade de deslocar
a tela LCD (pouco comum em câmaras para
iniciantes) ou a gravação de som do vídeo
em estéreo. É por isso que resulta interessante para quem quiser aproveitar desde já
a sua câmara reflex para explorar as possibilidades que o vídeo oferece. Ademais, a
maioria de iniciantes destacam a facilidade
de uso dos seus menus interiores, o que é
também um elemento a ter em conta.
a irmã maior
da D3300
não melhor
de forma
substancial
os aspectos
técnicos, mas
traz algumas
prestações
adicionais
vocacionadas
para a
comodidade
de uso.
23
!
Canon
EOS 1300D
!
PREÇO APROX. KIT
~460€
SEMELHANTES
- Nikon D3200 e D3300
- Canon EOS 100D
- Pentax K-500
Canon renovou há pouco a sua câmara para
inciantes: a EOS 1300D, (Rebel T6) com o
mesmo sensor não full frame que a anterior EOS 1200D (Rebel T5), mas com mais
potência de processador, o que assegura
mais velocidade. Também introduziu melhoras relativamente à resolução da tela
LCD, e incorporou por fim a conetividade
WiFi, uma capacidade normalmente fora
do alcance deste tipo de câmaras de início,
mas que hoje está a ganhar uma crescente popularidade. Uma resolução de 18Mpx,
gravação de vídeo em Full HD, 9 pontos
de foco, boa sensibilidade ISO e tamanho
compacto com pouco peso são o resto de
caraterísticas deste modelo. Se comparada
à potente D3300, a câmara para iniciantes
da Nikon, é certo que a Canon EOS 1300D
não chega aos mesmos parâmetros. Daí a
aposta por um preço menor, o que faz com
que seja uma boa candidata para o seu público alvo.
24
VER
INFORMAÇÃO
DE COMPRA
a EOS 1300D
destaca pelo
seu preço e
por algumas
funções
profissionais,
como a
conetividade
WiFi.
Canon
EOS 700D
PREÇO APROX. KIT
~500€
SEMELHANTES
- Pentax K-500
- Pentax K-50
- Canon EOS 1300D
A EOS 700D é a outra grande aposta da Canon
no segmento de câmaras de iniciação. Conserva os bons resultados obtidos com a predecessora (EOS 1300D) e incorpora algumas
melhoras no software, como a vista prévia
de filtros criativos e funcionalidades do tipo
HDR, muito úteis para amadores que estão
começando e têm poucos ou nenhum conhecimento de edição de imagem e não se importam com que seja a câmara a que processe
a imagem RAW. Também incorpora melhoras
de hardware, como o seu sensor não full frame, mas de grande qualidade de imagem, ou
como a sua tela LCD, deslocável e tátil — na
linha dos tempos que correm.
VER
INFORMAÇÃO
DE COMPRA
A EOS 700D
é a opção
perfeita para
quem tiver
algum dinheiro
para investir
num sensor
de grande
qualidade e
nas últimas
inovações no
software.
Atenção! Estas são as nossas recomendações. São quatro boas
câmaras de iniciação com que tivemos contato direto e pelas que
podemos apostar sem medo a nos equivocar. Pode confiar nelas,
mas mesmo assim, continuamos seguros de que você tem interiorizado já os conselhos das páginas anteriores, de modo que
não as escolha apenas porque vêm indicadas neste livro!
25
!
Onde comprar
a sua câmara
reflex?
Não é só o
preço. A nossa
recomendação
é que procure
sempre lugares
de confiança.
Tal como dissemos anteriormente, onde é
que você decida comprar a sua câmara é outro elemento a ter em conta, porque pode
fazer com que o preço mude sensivelmente.
Mas não é só o preço. A nossa recomendação
é que procure sempre lugares de confiança.
Lojas de varejo ou de retalho nos nossos
bairros, normalmente mais caras, costumam
dar uma atenção muito personalizada e de
grande qualidade, porque as pessoas que
trabalham nelas possuem a experiência que
dá vender apenas produtos fotográficos e
acompanhar as novidades nesse campo.
Ao invés, cadeias de lojas e lojas de departamento em grandes armazéns não dão nem
por acaso o mesmo tratamento ao cliente, isto é, a você. É nesse tipo de lojas que
se produzem os maiores «mal-entendidos»
devido à pressão sobre os vendedores para
atingirem um número de vendas por semana
e também ao limitado número de possibilidades que têm (contra o que poderia pensar-se), embora as ofertas sejam muito mais interessantes do ponto de vista económico.
26
E ainda há a opção, cada vez mais empregada, da compra na internet, que
permite importantes rebaixas de preços e que, feita nos lugares adequados, cumpre todas as facilidades de uma loja física, desde a devolução
do produto caso for necessário a serviços de garantia, pós-venda, etc. Se
você leu os modelos recomendados por nós nas páginas anteriores, terá
visto que incluímos uma ligação à página desses modelos em Amazon.
com. Esta é mais uma recomendação, porque depois de testados vários
serviços de venda online, achamos que ele é o que mais garantias oferece e o que melhor tem solucionado os conflitos quando tem havido.
Mario Calvo [Unsplash]
27
David Marcu [Unsplash]
28
SEGUNDA PARTE
SEGUNDA PARTE
CONHEÇA
A SUA NOVA
CÂMARA REFLEX
Para conseguir as melhores imagens, conhecer em
profundidade a ferramenta com que elas são feitas
é fundamental. Não vai encontrar um fotógrafo profissional que diga o contrário. Especialmente na hora
de se iniciar no planeta reflex, fazer da nossa câmara
uma extensão do nosso corpo é garantia de sucesso,
isto é, de conseguir verdadeiros avanços na nossa habilidade fotográfica. Sem isso, não vai dar.
29
Uma
câmara
é isto
todas as
câmaras
reflex estão
compostas de
duas partes
separáveis sem
as que não
pode funcionar:
a objetiva e o
corpo
30
Conhece esse quadro em que aparece um
cachimbo e, justo debaixo, a legenda «isto
não é um cachimbo»? O seu autor, o pintor
francês René Magritte conseguiu com aquela
obra uma das cimas da pintura surrealista.
Mas do que nós estamos a falar é da realidade, e saber do que é que estamos a falar
quando falamos de uma câmara reflex é fundamental.
Como você já tem a «melhor câmara para si»
(ou talvez já a comprou seguindo os conselhos e recomendações dos capítulos anteriores) e ela será seguramente distinta da de
outros leitores, vamos guiar esta disseção
do que é uma câmara reflex do modo mais
genérico possível. Todas as câmaras reflex
estão compostas de duas partes separáveis
sem as que não pode funcionar: a «objetiva»
e o «corpo».
ÓÓ Objetivas Tamron e Nikkor para uma reflex Nikon
A objetiva
As objetivas, também chamadas de lentes
(ainda que as «lentes» sejam apenas uma
parte de toda a objetiva) são a combinação
de cristais e lentes que permitem à câmara
focar corretamente e levar a luz para o sensor, que é onde ela é recebida e transformada
num ficheiro informático de tipo RAW, JPEG,
TIFF, etc.
A diferença de outros tipos de câmaras (compactas, bridge, etc.), as objetivas das câmaras
reflex podem ser removidas e substituídas
por outras, mesmo com características diferentes. Aí está, com efeito, uma das grandes
vantagens que oferece o sistema reflex. Por
isso, pegue a objetiva que você comprou com
a sua câmara e examine-o. A continuação
iremos ir descobrindo para que é que serve
a diferença de
outros tipos de
câmaras, as
objetivas das
reflex podem
ser removidas
e substituídas
por outras,
mesmo com
características
diferentes.
31
ÓÓ Diagrama de uma objetiva do manual de usuário da Canon
cada uma das partes que o compõem e sobre as que podemos agir para
melhorar as nossas fotografias.
A maioria das objetivas incorporam dois anéis giratórios arredor de si. O
primeiro, localizado aproximadamente no centro da objetiva, serve para
mudar a distância focal, isto é, em linguagem de fotografia compacta:
para dar mais ou menos zoom à fotografia. Você pode comprovar isto
colocando a objetiva na câmara, retirando a tapa de proteção do cristal
exterior, focando num ponto a uma distância determinada e rolando o
anel a direita e esquerda para afastar ou aproximar a cena que observa
através do visor da câmara ou do sistema live view. Algumas objetivas
aproximam a cena rolando o anel para a esquerda e afastam-na rolando-o para a direita, e outras objetivas fazem à inversa.
O segundo anel, normalmente na extrema exterior da objetiva, quase
colado ao cristal exterior, é o anel do foco, e rolando-o permite focar
ou desfocar a cena. Atenção! Este anel é muito sensível, e se a objetiva
32
que você comprou for motorizada (é dizer, se
pode ser movida pelo automatismo do autofocus da sua câmara), então assegure-se de
ligar a opção de foco manual antes de rolá-lo manualmente. Esta opção pode ser selecionada na própria objetiva, num botão tipo
interruptor que permite escolher AF/MF ou
siglas muito parecidas com estas. Para rolar o
anel manualmente, assegure-se de que está
em posição MF (manual focus). Se estiver em
AF (autofocus) e você premer o disparador da
câmara para focar, observará como esse anel
é rolado mecanicamente. Faça provas com
vários objetos a distâncias diversas, mesmo
variando o zoom com o anel anterior.
O último elemento que fica por definir é o
botão de estabilização de imagem. Não todas as objetivas o têm, tristemente, e costuma ser um elemento que aumenta consideravelmente o preço se for iniciante. Este tipo
de botões aparece com o texto VR (vibration
reduction) em Nikon, IS (image stabilization) em Canon. Mas também há fabricantes
como Pentax ou Sony que costumam colocar
o estabilizador na câmara, em lugar de na
objetiva, o que abarata depois o preço das
objetivas.
fabricantes
como Pentax
ou Sony que
costumam
colocar o
estabilizador
na câmara, em
lugar de na
objetiva, o que
abarata depois
o seu preço.
Há objetivas que incorporam ainda outras
opções em forma de interruptores, mas costumam ser objetivas muito específicas que
não são as mais comuns entre iniciantes e
amadores.
33
ÓÓ Diagrama de um corpo do manual de usuário da Canon
O corpo
O corpo é a parte central da câmara, onde se encontram os elementos
que a fazem funcionar e, eventualmente, agir sobre a objetiva. As características da câmara que você estudou com detalhe antes de comprá-la
(megapíxels, sensibilidade ISO, fps, bateria, sensor, etc.) estão todas aqui
dentro, e por isso há grandes diferenças entre os diferentes modelos.
Outros elementos coincidem na grande maioria dos casos.
ON/OFF. Como indica o seu nome, é o que permite acender ou apagar
a câmara, e pode ter forma de interruptor ou de botão.
VISOR. Situado na parte posterior, pelo geral sobre a tela LCD, permite olhar através dele e «ver o que a câmara vê», isto é, a luz que entra
através da objetiva. Isso é conseguido através de um espelho a 45º que
se encontra justo detrás da objetiva — e que você pode ver se remove a
34
objetiva. Enquanto a câmara está sem disparar, a luz entra pela objetiva, é rebatida pelo
espelho e de novo por um pentaprisma que a
dirige ao visor, onde se encontra com o nosso
olho. Essa reflexão da luz é o que dá nome às
câmaras reflex, precisamente. Mas não só dá
nome: permite ver através da lente (through
the lens, TTL), o que aumenta a facilidade de
enquadramento, entre outras coisas.
DISPARADOR. É o botão (tecnicamente, botão de obturador) situado na parte superior
direita do corpo vista desde a parte posterior
do corpo, que é a posição normal de uso da
câmara. A sua função é dupla na maioria de
modelos do mercado de iniciação. Ao premer
esse botão, observe como ele tem duas posições: a primeira permite focar (se selecionado o modo autofocus); e a segunda, premendo mais forte, permite fazer o disparo. De
modo que, para tirar uma fotografia, é só premer suavemente até a posição de autofoco e,
uma vez a câmara tenha definido o foco (normalmente indicado com uma suave apitada),
continuar premendo até ao fundo para que a
câmera levante o espelho e abra o obturador,
deixando a luz chegar até ao sensor.
SELETOR DE MODOS. Do lado superior
esquerdo, normalmente, encontra-se o seletor de modos, que costuma ter uma forma de
cilindro ou disco e que permite rolá-lo para
definir o modo de funcionamento da câmara.
Permite escolher entre modo automático (o
único modo a evitar, porque é a câmara a que
o modo
automático é
o único que
convém evitar,
pois nele é
a câmara a
controlar tudo,
e não você a
fazer fotografia.
35
faz todo o trabalho e você fica sem aprender nada), modo manual, modos Av e Tv e, em
muitos casos, uns modos de tipo pré-seleção
similares com os que incorporam as câmaras compactas, e que não são outra coisa que
adaptações do modo automático (portanto,
também a evitar). Sobre os modos que você
pode selecionar no disco de modos iremos
falar mais tarde.
RODA DE CONTROLO. Esse comando de
controlo, normalmente em forma de roda,
permite definir os valores do modo que você
previamente escolheu no seletor de modos.
Mais tarde iremos ver como funciona.
BASE DE FLASH. Na parte superior central,
é habitual as câmaras reflex incorporarem
uma base para a utilização de um flash off-camera, isto é, um flash exterior.
***
faça isso que
tão pouca
gente faz: ler
o manual de
instruções!
Porque, com
efeito, permitirálhe descobrir
todas as
potencialidades
da sua câmara.
36
Até aqui os elementos que a maioria de câmaras reflex do mercado incorporam. Porém,
também a maioria incorporam outros botões,
seletores, rodas, etc., com funções diferentes
que convém estudar no manual de instruções fornecido com a câmara no momento
da compra. A nossa recomendação é que
você faça isso que muito pouca gente faz (ler
o manual de instruções), porque, com efeito,
permitirá-lhe descobrir todas as potencialidades da sua câmara.
Os modos de
uso da sua
câmara
ÓÓ Diagrama do seletor de modos de uma Canon
Se você teve anteriormente uma câmara compacta já estará familiarizado com o conceito de modos de uso. O que as câmaras reflex nos
deram a maiores neste campo foi a possibilidade de utilização de um
modo manual que agora já também incorporam algumas boas câmaras
compactas. A continuação iremos ver o que fazem e para que podem ser
usados os diferentes modos de uma reflex típica.
O modo automático: vai deixar a sua câmara a fazer tudo?
Como dissemos em páginas anteriores, o modo automático é aquele
do que convém fugir o antes possível. Com esse modo selecionado, é a
câmara que define todos os parâmetros segundo a programação do fabricante. Nada a distingue, então, de uma compacta de qualidade. Lembra quando dissemos que algumas reflex tinham sensores piores do
37
que boas compactas? Pois funcionando com
modo automático, o resultado é o mesmo
que ter uma má compacta, com o inconveniente adicional do peso.
no modo
automático,
nada distingue
sua nova reflex
de uma câmara
compacta de
qualidade.
A nossa recomendação é tentar evitá-lo sempre, porque desse modo verá como as suas
habilidades fotográficas são obrigadas a
avançar ao passo que você é obrigado a pensar em quais parâmetros deve definir para
esta ou aquela situação. Então, procure não
empregar este modo ou reduza o seu uso
apenas a casos muito pontuais, onde você
não tenha tempo de definir os valores da exposição. Se faz isso e trabalha a maior parte
do tempo com os modos semi-automáticos e
manual, verá como em pouco tempo poderá
ser mais rápido do que os próprios automatismos da câmara. Afinal, e como conduzir: as
primeiras vezes há tantas coisas que devem
ser atendidas!, mas depois tudo se faz de jeito quase inconsciente, não é? Fuja do modo
automático e nós garantimos que em pouco
tempo usar a sua câmara será o mesmo que
usar um carro.
Já pessoas que ficam no modo automático
para sempre são aquelas que não se importam demasiado com jogar ao lixo o seu investimento, ou pessoas que compraram uma
reflex para se exibir, e que poderiam ter poupado muito dinheiro comprando uma compacta que cobrisse perfeitamente as suas
necessidades.
38
O modo manual: controlando abertura
e velocidade
Vamos fazer uma revelação fundamental:
99% das imagens que chamam a atenção de
você em foros, sites, exposições ou redes fotográficas como Flickr ou 500px foram feitas nos modos manual ou semiautomáticos.
Aprender a controlar estes modos pode parecer muito complexo, e isso tem desencorajado muita gente, que ficou a meio caminho
de conseguir o seu sonho de avançar na fotografia. A maioria de pessoas que optam por
uma câmara reflex já passaram antes por câmaras compactas ou bridges e notaram que
algo faltava nos seus equipamentos. Se você
sentiu essa falta, está de parabéns, porque o
que agora vamos descobrir é o modo como
curar essa «ferida» da maneira mais simples.
Nem os tecnicismos vão resultar tão assustadores como antes!
aprender a
controlar estes
modos não
automáticos
pode parecer
muito
complexo e
desencorajador,
mas não é, e
o que oferece
é um novo
mundo de
possibilidades.
Como você com certeza já sabe, a base da fotografia é a luz que chega no sensor da nossa
câmara. Para chegar lá depois de ser rebatida pelo objeto que estamos a fotografar, ela
tem de atravessar a objetiva. A quantidade
de luz que vai entrar é definida pela abertura de uma peça no interior das objetivas denominada diafragma que deve ser atravessada pela luz conforme entra pela objetiva.
39
ÓÓ Esquema de relação entre abertura, velocidade e sensibilidade ISO
A maior abertura desse diafragma, mais luz,
nada estranho.
Imagine a abertura como se fosse uma tubagem de água na sua cidade. Quanto maior o
diâmetro da tubagem, mais água passa. Com
a luz é o mesmo. Quanto maior a abertura,
maior quantidade de luz passa no mesmo
instante, e a imagem torna-se mais clara.
Imagine agora que você faz duas fotografias
com uma exposição do sensor de 1 segundo,
o que é bastante tempo, como você descobrirá rapidamente. Nesse tempo que o sensor
está exposto à luz (porque removeu o obturador de diante), uma abertura mais grande
dará como resultado uma imagem mais cla40
ra, mais luminosa. Ao contrário, uma abertura
mais pequena, resultará numa imagem mais
escura.
A abertura é medida pelo número f/, mas
atenção: quanto maior o número, mais pequena é a abertura. Não se trata aqui de explicar os motivos, mas apenas de entender
que uma abertura f/4 é mais pequena do que
uma abertura f/2, por exemplo, do mesmo
modo que f/22 é mais fechada do que f/3.5,
e portanto deixa passar menos luz. Depois
iremos ver mais sobre esta questão, mas por
enquanto fique com isto, porque é a base
para entender a abertura.
Quando a abertura é a correta para o tipo
de situação lumínica que queremos fotografar, o resultado será uma fotografia bem exposta. Quando for maior, entra luz de mais e
diremos que é uma fotografia sobreexposta.
À inversa, quando for menor do requerido,
a imagem ficará subexposta. A continuação
iremos ver como é possível aproveitar essas
situações, mas antes disso falemos do outro
parâmetro essencial: a velocidade.
A abertura é
medida pelo
número f/,
mas atenção:
quanto maior o
número, mais
pequena é a
abertura.
Se a abertura define o quanto nós abrimos a
«janela» para que entre a luz, a velocidade
define o tempo que essa «janela» permanece aberta. Mas, então, a velocidade do que?
Quando falamos de velocidade, estamos a
falar da velocidade do obturador, que é a
peça interna que tapa o sensor e que é re41
movida ao premermos o disparador para que
a luz que entrou pela objetiva passe até ao
sensor. Esse tempo que permanece «fora do
seu lugar» é medido em segundos, ou em
frações de segundos. De modo que quanto
mais rápido se mover (isto é, regressar à sua
posição inicial), menos tempo de luz a entrar
para o sensor.
Quando mais
tempo estiver
o obturador
aberto, mais
quantidade de
luz vai chegar
no sensor.
Lógico, não é?
Uma exposição
de 1 segundo
receberá o
duplo de luz
que uma
exposição de
1/2 segundo.
Quando mais tempo estiver o obturador
aberto, mais quantidade de luz vai chegar no
sensor. Lógico, não é? Uma exposição de 1
segundo receberá o duplo de luz que uma
exposição de ½ segundo. Já como os sensores das nossas câmaras são tão sensíveis à
luz, será normal estar a falar de exposições
de 1/250s. ou de 1/2000s.
Imagine que na tubagem de que falamos anteriormente houver uma torneira. Tanto faz o
diâmetro da tubagem (em «idioma fotonês»
a abertura do diafragma) se a torneira (em
«fotonês», o obturador) permanece fechado.
Para haver uma fotografia, temos que abrir a
torneira, mas o tempo justo para a imagem
não ficar subexposta nem sobreexposta.
Repare agora em uma questão interessante:
a quantidade de luz que chega no sensor é
o resultado da relação entre a abertura do
diafragma e a velocidade de obturação ou
tempo de exposição, o que é o mesmo. Considere por exemplo uma exposição correta
com 1/250s f/4. Será que chega a mesma
luz se você duplica o tempo de exposição,
42
mas divide pela metade a abertura? Pois é!
E se divide pela metade a velocidade, mas
duplica a abertura? É claro que sim. Fácil,
não é? Se você entendeu isto, está de parabéns, porque acaba de entender a temida
«lei da reciprocidade» da fotografia! No futuro, quando for acrescentando experiência
e novos conhecimentos, entenderá que essa
lei é só aplicável na teoria, porque a abertura não só determina a «largura da tubagem»,
mas também influi na profundidade de campo, mas não vamos adiantar acontecimentos
ainda. Fique, por enquanto, com esta ideia:
no modo manual, a câmara deixa fazer todos
os cálculos ao fotógrafo, por isso é tão fantástico, porque você controla tudo, mesmo. A
câmara apenas obedece.
Os modos semiautomáticos: a opção
para ir devagar
Do mesmo modo como o modo manual, os
modos semiautomáticos funcionam com
dois conceitos: abertura e velocidade. O
modo manual baseia-se na combinação de
ambos, e os modos semiautomáticos na utilização de um deles como principal, fazendo
com que a câmara defina o outro em relação
aos parâmetros que nós definamos para o
principal. Simples, não é? Vamos lá ver isto
com o vagar que exige.
Existem dois tipos de modos semiautomáticos. Como se trata de uma questão de prioridades, eles são o modo de prioridade de
os modos
semiautomáticos funcionam
privilegiando
a abertura ou
a velocidade;
você controla
uma dessas
variáveis e
a câmara
compensa o
outro parâmetro
43
tempo (Tv para Canon e S para Nikon) e o
modo de prioridade de abertura (Av para Canon, A para Nikon).
Quando você escolhe o modo de prioridade
de tempo (Tv ou S), em lugar de controlar
os dois parâmetros, você controla apenas o
parâmetro velocidade. Lembra que a velocidade era equivalente ao tempo, como explicamos há um momento? Então, você determina um tempo de exposição de 1s, e a
câmara fixa a abertura do seu diafragma na
posição ótima para que a imagem resulte
bem exposta. Nem subexposta nem sobreexposta.
Ao contrário, quando você opta pela prioridade de abertura (Av ou A), você escolhe na
roda de controlo a abertura do diafragma, e é
a câmara a que decide o quanto tempo debe
deixar aberto o obturador para que com essa
«largura da tubagem» entre a luz suficiente.
Há ocasiões
em que você
quer uma
fotografia um
bocadinho
subexposta
e a câmara
em modo
semiautomático
não vai
conseguir.
44
Afinal é similar ao modo manual, mas é a
câmara que faz os cálculos e, portanto, acaba controlando o resultado. Há ocasiões, por
exemplo, em que você quer uma fotografia
um bocadinho subexposta (pode acontecer,
por diversos motivos). Pois atenção: a câmara em modo semiautomático não vai conseguir. Porque se você deixar o obturador
aberto menos tempo do necessário, para que
passe a luz por menos tempo, a câmara vai
responder alargando o canal que filtra a luz
até a exposição dar de novo no ponto certo: nem sobreexposta nem
subexposta. E, atenção, vai pretender sempre fazê-lo com a abertura
maior possível que assegure esse resultado. Por outras palavras: que a
câmara só vai reduzir a abertura no caso de você escolher exposições
muito longas.
Como mover os parâmetros?
Vamos agora ver como é que você define ou modifica esses parâmetros.
O modo varia de umas câmaras para outras, mas na maioria, eles são
definidos através da roda de controlo de que falamos ao descrever o
corpo da sua reflex. Nas câmeras Nikon e Pentax, costuma estar situada
na zona superior direita da cara posterior do corpo, de modo que pode
ser movida com o polegar da mão direita. Nas Canon e Sony, o normal
é encontrá-la na cara superior da câmara, justo por trás do disparador
(Canon) ou por diante, ligeiramente descendo pela cara anterior da câmara (Sony).
No caso de você ter escolhido algum dos modos semiautomáticos, esse
é o que você vai poder modificar nessa roda de controlo. Lógico, não é?
A câmara consertará em tempo real o outro parâmetro. Mas o que acontece no modo manual, com dois parâmetros para definir e apenas uma
roda? Em quase todos os casos, ao mover a roda de controlo, você estará
a agir sobre a velocidade, e para agir sobre a abertura será necessário
premer um botão auxiliar enquanto a roda é movida, indicando à câmara precisamente que estamos a agir sobre o segundo parâmetro. Já onde
estão situados esses botões e quais os desenhos que os identificam
varia de fabricante para fabricante.
No caso de Nikon, o desenho é feito a partir do signo +/-, com uma
imagem de um diafragma ao lado. No caso de Canon, costuma aparecer
com a legenda Av +/-. Para o resto de fabricantes, consulte o manual de
instruções que nós recomendamos ler. Lembra?
45
O mágica do exposímetro
Até aqui ficamos falando de exposições corretas, sobreexposições e subexposições. Mas
como é possível saber, antes de atirar a fotografia, se uma imagem irá ser subexposta e então convém rolar a roda de controlo
para reduzir a velocidade de obturação ou
para aumentar a abertura do diafragma? As
câmaras reflex incorporam um exposímetro
que mede a luz geral da cena, a luz num ponto concreto dela, ou um promédio, e permite
saber se os parâmetros são os adequados a
esse tipo de situação lumínica.
Há ocasiões
em que você
quer uma
fotografia um
bocadinho
subexposta
e a câmara
em modo
semiautomático
não vai
conseguir.
Esse exposímetro mostra os resultados
numa espécie de regra numerada visível na
tela LCD ou na parte inferior por dentro do
visor reflex. Exposições com o exposímetro a
marcar o 0 são consideradas exposições correctas. Exposições abaixo do 0, são consideras subexposições e, ao contrário, exposições
acima do 0, são consideradas subexposições.
Com a vista posta nesse indicador, é fácil observar se é necessário aumentar ou diminuir
a abertura do diafragma ou a velocidade de
obturação e até que ponto.
Alguns efeitos secundários
Antes sugerimos que a lei de reciprocidade
era uma lei apenas teórica, que não se verifica assim tão claramente na prática. Não
46
significa que duplicando a abertura e partindo pela metade o tempo de exposição
não se chegue ao mesmo resultado relativamente à quantidade de luz. Mas diferentes
escolhas nesses parâmetros, mesmo sendo
compensados manualmente ou em modo
semiautomático, terão implicações noutras
caraterísticas da imagem. É isso que nós denominamos, aqui, como efeitos secundários.
Em primeiro lugar, o parâmetro abertura não
só controla o «comprimento da tubagem».
Também define o que chamamos de profundidade de campo, isto é, o mais ou menos
profunda que é a área que fica bem focada.
Aberturas amplas (com números f/ pequenos, lembra?) fazem com que a zona focada seja menos profunda e conseguem que
o que está mais para o fundo ou mais para
a frente fique desfocado. Isto não é mau por
si próprio, em absoluto. De facto, é um dos
efeitos mais procurados pelos fotógrafos
em géneros fotográficos como o retrato. Em
troca, aberturas pequenas (números f/ altos),
fazem com que a profundidade da zona focada (chamada profundidade de campo) seja
maior, e por isso são muito úteis noutros géneros, como a paisagem, onde queremos que
os elementos do primeiro plano estejam tão
nítidos como os elementos lá no fundo do
horizonte.
o parâmetro
abertura não
só controla o
«comprimento
da tubagem».
Também
define o que
chamamos de
profundidade
de campo
Por sua vez, a velocidade, ademais de definir
quanto tempo o sensor fica exposto à luz,
também permite criar efeitos opostos no
47
caso de que o objeto que estamos a fotografar esteja em movimento.
Velocidades muito altas permitem congelar esse movimento. O exemplo
mais claro é aquele da bala atravessando o globo de água ou a melancia, que você já terá visto. Ao invés, velocidades lentas permitem criar o
efeito de esteiras que, em algumas condições, resultam muito interessantes de um ponto de vista expressivo ou estético.
Derrin Jenkins [fragmento]
48
olá fotógrafos!
desculpem esta breve interrupção
Você gosta do que está a ler? Esperamos que a resposta seja sim,
porque fizemos este livro especialmente para dar uma ajudinha
para tantas pessoas que querem começar a explorar o mundo da
fotografia reflex.
Já para quem quiser aprender sempre novas técnicas e novas maneiras de ver o universo fotográfico, saibam que além deste livro,
vocês podem continuar acompañando o site fotografista.org,
onde cada semana publicamos vários artigos com dicas, informações, conselhos e mais para vocês.
Deixamos a continuação alguns dos mais interessantes para si, da
nossa série BÁSICOS. É só clicar neles!
ÓÓ 7 dicas imprescindíveis para iniciantes
ÓÓ Decifrando os números das objetivas
ÓÓ Crítica fotográfica: como fazer?
ÓÓ Câmaras full frame. Elas fazem a diferença?
ÓÓ 2 técnicas de processado p/b que você não deveria usar
fotografista.org
Iswanto Arif [Unsplash]
50
SEGUNDA PARTE
TERCEIRA PARTE
ALGUNS
CONSELHOS
A MAIS
Até aqui temos feito uma pequena viagem de exploração pelo mundo das câmaras reflex. Questões como
a composição, as técnicas de iluminação, ou o tratamento de imagens são comuns a todos os tipos de fotografia e portanto fogem do objetivo deste livrinho,
que é ajudar a dar os primeiros passos no planeta reflex.
Outras questões como os ajustes do software da câmara são demasiado específicos de cada modelo em
questão ou demasiado avançados para uma explicação tão ligeira e exigem outro livrinho vocacionado
para quem já tenha claros os conceitos explicados
neste.
Mas antes de dar por terminada este primeiro passeio
espacial, vamos ver alguns conselhos a mais que nós
gostaríamos de ter recebido quando começamos.
51
Objetivas:
outro mundo
a explorar
à medida que
você melhore
as suas
habilidades
como fotógrafo,
as normais 1855mm (ou 18135mm) com
aberturas até
f/3.5 dos «kits»
irão resultando
mais e mais
limitadas
52
Na maioria das compras que os iniciantes
fazem, a câmara costuma ser acompanhada por uma ou mais de uma objetiva «de
kit». Estas objetivas são, normalmente, muito versáteis e suficientes para pessoas que
estão começando na fotografia reflex. Ora,
à medida que você melhore as suas habilidades como fotógrafo, as normais 18-55mm
(ou 18-135mm) com aberturas até f/3.5 dos
«kits» irão resultando mais e mais limitadas
e a necessidade de comprar mais uma com
determinadas características acabará aparecendo.
Não é questão tratar agora o tema das objetivas, e há um motivo. Este livro é para iniciantes mesmo, e os iniciantes devem explorar bem o planeta reflex antes de se adentrar
no planeta mais vasto e complexo das objetivas, onde é mesmo muito fácil perder-se e
acabar jogando o dinheiro pela janela se não
são dominados os conceitos básicos de que
falamos neste livro. Mesmo assim, não queremos passar sem fazer um breve comentário sobre as objetivas que você irá necessitar
para os tipos mais comuns de fotografia.
PAISAGENS. A beleza das paisagens reside,
do ponto de vista do equipamento fotográfico, em cores muito vivas que você pode definir no padrão de cor da câmara, em profundidades de campo muito longas (portanto,
números f/ o mais fechados possíveis, tipo
f/22, lembra?), e numa grande amplidão. Essa
amplidão é uma caraterística das objetivas e
tem a ver com a chamada «distância focal»,
expressada em milímetros. Para não entrar
em tecnicismos desnecessários aqui, considere que números mais baixos deste parâmetro dão imagens mais abertas, isto é, nas
que aparece mais espaço aos lados do objeto
que você está a fotografar. Para a fotografia
de paisagens, você necessitará muito provavelmente uma objetiva grande angular, que
permite enquadramentos muito amplos. Objetivas grande angular são aquelas por baixo
de 18mm, até 14mm ou mesmo 12mm. Já por
baixo disso, aparecem os conhecidos olhos
de peixe, com aplicações muito específicas
além da brincadeira.
Objetivas
grande angular
são aquelas por
baixo de 18mm,
até 14mm ou
mesmo 12mm.
RETRATOS. Para retratos, o melhor é, à inversa, objetivas com distâncias focais muito
maiores. Entre 50mm e 70mm dão os melhores resultados, ainda que é possível atingir
boas imagens acima de 70mm. Ademais, convém dispor de objetivas muito luminosas,
53
que são aquelas com aberturas de diafragma
abaixo de f/3.5. Em muitos casos, fotógrafos
profissionais empregam objetivas fixas, isto
é, que não têm uma distância focal variável,
mas fixa. Por exemplo, 50mm. Este tipo de
objetivas costuma dar melhores resultados
tecnicamente, porque incorporam menos
lentes no seu interior e fazem com que apareçam menos distorções e aberrações cromáticas, ademais de oferecerem aberturas
de diafragma muito generosas, tipo f/1.4 ou
f/1.2. Mesmo assim, perca o medo: com a iluminação adequada, as objetivas «de kit» que
estão à volta de f/3.5 também são úteis.
Em muitos
casos,
fotógrafos
profissionais
empregam
objetivas
fixas, isto é,
que não têm
uma distância
focal variável,
mas fixa. Por
exemplo,
50mm.
54
MACRO. A fotografia macro, aquela de insectos ou detalhes muito pequenos, tem
umas exigências muito específicas de distância de focagem, e por isso há objetivas
criadas especificamente para o caso. São
aquelas que incorporam a palavra «Macro»
nas suas denominações.
FOTOGRAFIA DE DESPORTOS. A fotografia de desportos ou de ação também tem necessidades específicas quanto às objetivas.
O facto de normalmente você se encontrar
a uma certa distância do ponto de ação e
o facto de os desportistas se estarem movendo, obriga a ter objetivas muito versáteis,
com distâncias focais longas, da ordem de
70-200mm, e com aberturas grandes para
poder disparar com maiores velocidades e
evitar esteiras que neste tipo de imagens
não são as mais valoradas.
Conselhos para comprar
a sua seguinte objetiva
Como você estará a ver, a maioria de géneros específicos não casam muito bem com
as objetivas de kit que você comprou com
a câmara. Isto tem também um motivo: os
fabricantes oferecem uma objetiva todo-o-terreno, com distância focal variável (por
exemplo, 18-135mm) e não muito luminosa
porque ela cobre a imensa maioria das situações em que as câmaras são empregadas. A pesar dos conselhos (os nossos e os
de muitíssimos outros livros, sites e foros
sobre o tema) de não comprar uma câmara
reflex quando não for necessário, não todos
os milhões de reflex que são vendidas cada
ano acabam fazendo tipos de fotografia específicos ou dedicadas a géneros concretos.
Por outra parte, vendendo objetivas deste
tipo — que são mais baratas —, os fabricantes
também estão a criar um mercado novo para
a suas objetivas específicas, com melhores
prestações mas também mais caras.
a maioria
de géneros
específicos não
casam muito
bem com as
objetivas de
kit que você
comprou com
a câmara.
Isto não significa que você não possa fazer
fotografia de desporto ou retrato com a sua
objetiva «de kit». Mas os resultados não irão
ser os mesmos que com uma objetiva espe55
cífica, como é lógico. E é por isso que a necessidade de comprar acaba aparecendo ao
cabo de um tempo. Para ajudar na compra da
sua seguinte objetiva, vamos dar a continuação alguns conselhos adicionais.
há algumas
objetivas todoo-terreno
de grande
qualidade,
mas não são
a maioria, e
costumam ser
bastante caras.
Pense numa objetiva específica para
as suas necessidades. Há algumas objetivas todo-o-terreno de grande qualidade,
mas não são a maioria, e costumam ser bastante caras. O que oferecem relativamente a
outras objetivas específicas é comodidade e
versatilidade. Afinal, resulta bastante chato
ter que estar mudando a objetiva constantemente, que é o que passará se você não reservar essa câmara apenas para aquele tipo
de fotografia. A comodidade está em que,
com uma única objetiva, você pode fazer um
bocado de tudo. Mas, é claro, muitas vezes
apenas «um bocado» não chega. Ademais, a
sua qualidade ótica é ligeiramente inferior
às objetivas especializadas: uma objetiva
fixa 50mm sempre produzirá melhores resultados que uma objetiva 18-200mm colocada na posição de 50mm. É uma questão
de pura física. É certo que a diferença ótica
não é muito evidente, e que a questão da comodidade é importante para muitas pessoas,
assim que, neste tema, é você a escolher!
Esqueça a questão das aparências. Todos temos ficado alguma vez chocados com
o tamanho das objetivas de alguns turistas.
É normal, mas não é são, porque sabemos
que a fotografia tem a ver com as habilida-
56
des do fotógrafo, não com as capacidades do
equipamento.
Procure objetivas estabilizadas. Especialmente no caso de distâncias focais longas (200mm, por exemplo) e para câmaras
que não incorporem o estabilizador no corpo (por exemplo, Nikon e Canon), convém
sempre procurar objetivas estabilizadas: VR
no caso da Nikon e IS no caso da Canon. Essa
ajuda contra as vibrações involuntárias será
de grande utilidade para prevenir que fotos
fantásticas fiquem tremidas, e a diferença de
preço normalmente pode ser assumida.
Procure aberturas ou diafragmas
grandes. Mesmo que os preços aumentem
consideravelmente a medida que baixamos
pelos números f/, o certo é que aberturas
grandes costumam dar melhores resultados
óticos. O mais normal é que você tenha objetivas f/3.5-5.6, isto é, f/3.5 na menor distância focal (por exemplo, 18mm) e f/5.6 na
maior (por exemplo, 135mm). A maioria da
fotografia pode ser feita partindo desses parâmetros, mas se você tiver a oportunidade
de chegar em f/2.8 não hesite. A diferença é
notável, sobretudo em géneros como retrato,
que requerem aberturas amplas.
Considere a possibilidade de adquirir
objetivas de outras marcas. A posição
dominante de Canon e Nikon no mercado
internacional de câmaras reflex tem feito
surgir empresas (Tamron, Sigma, Tokina, etc.)
Mesmo que
os preços
aumentem
consideravelmente a
medida que
baixamos
pelos números
f/, o certo é
que aberturas
grandes
costumam
dar melhores
resultados
óticos.
57
que fabricam objetivas e outros acessórios
compatíveis com essas câmaras. Normalmente, essas objetivas são mais baratas para
o comprador final, e não são necessariamente piores quanto a qualidade ótica. Pesquisar
em foros especializados pode ser uma boa
ideia e, aliás, até pode ser que permita poupar quantidades importantes.
Outros
acessórios
para a sua
câmara
É normal tanto
os profissionais
quanto os
amadores
de qualquer
atividade
estarem
continuamente
a melhorar
o seu
equipamento,
a comprar
dispositivos
ou aplicativos
novos.
58
O equipamento fotográfico nunca fica completo. É muito provável você ter ouvido isso
mesmo de boca de algum ou alguma fotógrafa. É normal tanto os profissionais quanto os
amadores de qualquer atividade estarem continuamente a melhorar o seu equipamento, a
comprar dispositivos ou aplicativos novos.
Porém, tudo deve ter uma ordem e, até no
que diz a respeito do equipamento fotográfico, deve haver preferências se quisermos
conservar o controlo das despesas.
Filtros
Existe uma multidão de tipos de filtros que,
colocados à frente das nossas objetivas, produzem diferentes efeitos interessantes. A per-
gunta é: «É realmente necessário utilizarmos
filtros?» A resposta rápida é não. Não é indispensável você utilizar filtros para a sua câmara, até porque ela funciona sem eles.
Ora, se você estiver a pensar em aumentar o
seu equipamento, sem dúvida que os filtros
que nós vamos recomendar aqui deveriam
estar entre os seus objetivos em curto prazo. Por que? Porque cada um deles cumpre
uma função específica com aplicação numa
grande quantidade de casos práticos, o que
os torna especialmente importantes e populares entre os profissionais. E é evidente que
isso tem algum significado. Considere, então,
explorar as possibilidades dos seguintes tipos:
Filtros UV. A sua função é proteger a lente exterior das nossas objetivas, evitando
golpes sobre elas, acumulação de pó e riscaduras que de outro modo, com o tempo
e o uso, são inevitáveis. Mas, atenção: evite
filtros UV de má qualidade, para evitar que
apareçam aberrações cromáticas, distorções,
cores apagadas ou vinhetas desnecessárias.
Um bom filtro UV não deveria produzir nada
disso; apenas servir de proteção.
cada tipo de
filtro cumpre
uma função
específica
com aplicação
numa grande
quantidade de
casos práticos,
o que os torna
especialmente
importantes e
populares entre
os profissionais.
Filtros de densidade neutra (ND). Os filtros de densidade neutra funcionam de um
modo muito parecido com os óculos de sol:
reduzem a intensidade da luz captada pela
objetiva e não alteram parâmetros como a
cor ou o contraste. Mesmo que pareça estra59
nho, há situações em que você desejará reduzir a intensidade da luz captada pela sua
câmara. Para isso e para outras aplicações
interessantíssimas do ponto de vista técnico, um ou vários filtros de densidade neutra
combinados podem ser um aliado perfeito.
Filtros polarizadores. Os filtros polarizadores apenas deixam passar luz polarizada,
de modo que sim afetam — e de modo considerável — o resultado da imagem que você
pretende captar. Grosso modo, permitem reduzir ou até eliminar reflexos sobre algumas
superfícies e realçar cores do espectro frio
(céus, vegetação, etc.). Dado que afetam o
resultado da imagem, são um equipamento
não tão básico quanto os outros dois filtros
que propomos. Ora, a relação aplicabilidade/
preço torna-os bem aconselháveis.
Flashes
O flash é outro
dos acessórios
fundamentais
na fotografia.
Para muitos
géneros, como
o retrato ou
a fotografia
de moda e
publicitária, o
seu uso e, até,
indispensável.
60
O flash é outro dos acessórios fundamentais
na fotografia. Para muitos géneros, como o
retrato ou a fotografia de moda e publicitária, o seu uso e, até, indispensável. As câmaras reflex costumam incorporar pequenas
unidades de flash que podem ser ativadas a
qualquer momento, mas que qualquer fotógrafo profissional ou qualquer amador avançado desaconselha dede o primeiro momento. O melhor é, sem dúvida, adquirir algum
flash externo (off-camera) que você possa
sincronizar com a sua câmara sem necessidade de o ter colado a ela.
Há fantásticos flashes que não obrigam a grandes investimentos, e que
muitos amadores avançados e profissionais acabam utilizando. Não é
incomum observar esses fotógrafos com flashes Yonguo ou Godox que
cobrem as suas necessidades do mesmo modo que as objetivas compatíveis de Sigma, Tamron, Tokina, etc.
Em todo caso, o flash é outro planeta a explorar com vagar e com alguns conhecimentos, especialmente sobre como empregá-los. E não só:
porque os flashes têm também os seus próprios acessórios! Ora, se você
estiver interessado em se fazer com um flash, deixamos aqui duas recomendações — com a mesma advertência feita para as câmaras: não os
compre só por estarem neste livro!
!
Yongnuo
YN560 III
Metz Mecablitz
52 AF-1 D
~60 €
VER NA LOJA
~220 €
VER NA LOJA
Compatível com Canon, Nikon,
Pentax, Olympus, etc. este flash
foi pensado especialmente
para iniciantes e como segundo flash. Incorpora apenas um
modo manual, e não funciona
em modo TTL, mas não surpreende se visto o preço, também
adaptado para quem está a experimentar pela primeira vez.
Outro flash pensado para namorar os iniciantes, com mais funções e prestações que o Yongnuo (disparo em TTL e outras) e
com uma facilidade de uso que
não passa inadvertida. Daí o seu
preço maior, mas assumível. Em
contra tem o seu display tátil,
muito atrativo mas pouco cómodo afinal de contas.
61
Tripés
poucos
géneros
fotográficos,
como a street
photo ou
alguns tipos de
fotojornalismo,
desaconselham o uso de
tripés, por isso
são um dos
acessórios mais
comprados
É famosa uma frase de Ansel Adams — o famoso fotógrafo paisagista norte-americano
— que dizia: «há dois tipos de fotógrafos:
aqueles que empregam tripé, e aqueles que
deveriam empregá-lo». Não é exagero nenhum. Poucos géneros fotográficos, como a
street photo ou alguns tipos de fotojornalismo, desaconselham o uso de tripés, por isso
são um dos acessórios mais comprados. Por
isso e porque também não requerem grandes investimentos. Ora, evite sempre comprar tripés baseando-se no preço. Afinal sai
mais caro acabar comprando dois ou até três
do que um bom tripé que aguente o necessário durante anos.
Baterias e cartões de
memória adicionais
Dependendo do número de fotografias que
você faça em cada sessão, pode ser necessário contar com mais de uma bateria e vários
cartões de memória adicionais.
A respeito das baterias, tenha em conta o
seguinte: elas acabam perdendo a carga, assim que se tem pensado fazer uma sessão ou
sabe que ao dia seguinte vai fazer um bom
número de fotos, comprove a carga delas. E
evite comprar baterias só em função do preço: há um grande mercado de baterias com62
patíveis que não são assim tão compatíveis.
Assim que vale a pena gastar nisso um bocadinho mais e evitar acidentes desagradáveis.
As explosões com a câmara nas mãos ou colada ao nosso rosto não são tão infrequentes
como a maioria da gente pensa.
Já sobre os cartões de memória, a recomendação também aplica: muitos cartões compatíveis acabam danificando-se rapidamente
e jogando no lixo o trabalho feito. Os cartões de memória não explodem, é claro, mas
você pode perder centos de fotografias se
se deparar com um problema de corrupção
do cartão, que também não é infrequente. E,
infelizmente, os programas de recuperação
de dados não podem com tudo, mesmo que
alguns sejam muito recomendáveis, como o
Photorec.
Por último, a nossa recomendação é que
compre melhor 4 cartões de 4GB do que um
cartão de 16GB, mesmo se isso aumenta o
preço, por dois motivos. Primeiro, se vai perder um cartão (são coisas que acontecem habitualmente) dói menos se for um cartão de
4GB do que um cartão de 16GB. Segundo, se
o cartão travar ou se corromper (essas coisas
acontecem, acredite!), é melhor ter divididas
todas as fotografias da sessão em vários cartões, porque há muitas menos possibilidades
de todos eles serem danificados o mesmo
dia, com o que você reduz o perigo de perda
de material que depois seja difícil ou até impossível de recuperar.
63
A
conservação
é a sua
amiga
a câmara e
o resto de
objetos do seu
equipamento
fotográfico
são produtos
muito sensíveis.
Não exigem
cuidados
específicos,
mas as
precauções de
sentido comum
são obrigatórias
para assegurar
o seu
funcionamento
64
Já por último, vamos dividir com vocês, caros
iniciantes, alguns conselhos de conservação
do seu equipamento fotográfico. São ideias
fruto da experiência própria, mesmo que todos sejam de sentido comum.
Compre uma boa bolsa para o seu equipamento. Uma boa bolsa ou uma boa mochila é aquela com o acolchoamento adequado para proteger o conteúdo em caso de
caída da própria mochila. Há também as que
incorporam um forro exterior impermeável
para casos de chuva, e a diferença de preço
com as que não têm pode, normalmente, ser
assumida.
Use as medidas de proteção do seu
equipamento. As câmaras reflex têm as
suas próprias medidas de conservação. A
correia foi desenhada para colocar a câmara
ao pescoço ou bem atada ao braço, evitando
caídas acidentais. As tapas da objetiva, tanto a anterior como a posterior, têm também
um uso protetor, ao evitar a entrada de pó
ou o impacto de areia que possa produzir riscaduras.
Use-as! E, se for possível, considere usar um daqueles
filtros UV de que nós falamos no capítulo anterior.
Evite locais com areia ou pó, pois essas partículas
acabam entrando por qualquer resquício no sistema
da câmara ou na objetiva, e produzindo algumas dores
de cabeça e uma fatura do serviço técnico que todo o
mundo quer evitar. É certo que algumas câmaras estão
seladas contra este tipo de elementos, mas nem todas
o estão. No caso de ter que remover a objetiva, deixando ao descoberto o oco do espelho e do obturador, faça
isso sempre com a parte anterior ou dianteira da câmara apontando para o chão e o mais rápido possível.
Evite locais molhados ou muito húmidos. A água
é outro elemento que deve preocupar aos fotógrafos
em relação ao equipamento. Caso chova e você queira
sair a tirar umas fotografias — o que pode ser muito interessante, por certo —, considere adquirir uma dessas
bolsas plásticas que protegem a câmara nesses casos,
que têm, ademais, um preço ridiculamente baixo para
o serviço que fazem, a sério!
Do mesmo modo, preste atenção à humidade, sobretudo se viver num lugar com muita humidade ambiental. Ela acaba entrando no nosso equipamento e
colando-se, de maneira especial, nas lentes das objetivas, produzindo umas nódoas muito molestas e difíceis de tirar. Para lidar com isso, recomendamos o uso
das saquetas anti-humidade que você pode encontrar
em lojas especializadas ou também em lojas de roupa
(outro produto muito sensível à humidade), onde possivelmente possa conseguir algumas de graça.
65
Seth Doyle [Unsplash]
66
SEGUNDA PARTE
APÉNDICE
BREVE DICIONÁRIO
DE CONCEITOS
Em todo o livro que você tem diante, quisemos evitar
o uso desnecessário de tecnicismos. Porém, nem todos os foros, livros e sites têm essa política, de modo
que tarde ou cedo você acabará tratando com ela e
assumindo-a. E é bom que assim seja, porque afinal
você quererá comunicar-se com outros fotógrafos,
com vendedores, fabricantes, etc.
Em qualquer caso, como esta é uma das grandes dificuldades para a maioria de iniciantes, incorporamos
nesta edição um breve dicionário de consulta rápida,
centrado especificamente no mundo da fotografia
reflex e com definições o mais claras possíveis. Inclui
também alguns termos que não foram empregados
neste livro, mas que sem dúvida você irá encontrar
rapidamente.
67
A
Abertura: é o comprimento do diafragma
que, dentro das objetivas, permite o passo
de uma quantidade maior ou menor de luz
segundo ele esteja mais aberto ou mais fechado. A abertura é expressada através do
número f/. Números f/ maiores significam
um diafragma mais fechado, e portanto, menos caudal de luz. Ao contrário, números f/
menores significam maior abertura do diafragma e mais luz entrando para o obturador.
B
O balanço
de brancos
permite corrigir
fotografias
com uma luz
mais fria ou
mais cálida do
esperado.
Balanço de brancos: é uma funcionalidade da câmara que permite mostrar as cores do modo mais parecido com a realidade
possível, o que é especialmente interessante
quando as fotografias são tomadas sob determinadas condições lumínicas. O balanço
de brancos permite corrigir fotografias com
uma luz mais fria ou mais cálida do esperado.
Braketing: é um extra de algumas câmaras que permite tirar a mesma foto várias
vezes com diferentes níveis de exposição,
de maneira sucessiva e automatizada. Pode
ser muito útil em casos de iluminação muito
contrastada, com sombras muito profundas
68
e áreas muito iluminadas. O braketing é um
requisito para a realização de técnicas como
a fotografia HDR.
D
Distância focal: é a medida que descreve
a capacidade de uma objetiva relativamente à visão periférica ou panorâmica. Quando
maior for a distância focal de uma objetiva,
maior «zoom» irá permitir. Em troca, quanto
menor for, mais visão periférica.
E
Exposição: é a quantidade e luz que chega
ao sensor, e depende da velocidade de obturação e da abertura do diafragma. Sobreexposição é a situação em que a cena recebeu
mais quantidade de luz da necessária e a
foto fica estourada ou «queimada». Subexposição é a situação em que recebeu menos
quantidade e a foto fica escura.
Quando maior
for a distância
focal de uma
objetiva, maior
«zoom» irá
permitir. Em
troca, quanto
menor for, mais
visão periférica.
Estabilizador de imagem: é uma funcionalidade adicional de algumas câmaras e objetivas (dependendo do fabricante) que evita
imagens tremidas ao combater as vibrações
e pequenos movimentos involuntários do fotógrafo ou do suporte (tripé) da câmara.
Exposímetro: é uma funcionalidade das
câmaras reflex que, antes de tomar a fotografia, mostra a quantidade de luz que irá receber o sensor segundo uma regra numera69
da. Exposições com o exposímetro a marcar
o 0 são consideradas exposições correctas.
Exposições abaixo do 0, são consideras subexposições, e exposições acima do 0, são
consideradas subexposições.
F
Frames por segundo: ou também «fotos
por segundo», é a quantida de imagens que
uma câmara pode tomar consecutivamente
em modo de disparo contínuo ou sequencial.
a maioria das
câmaras de
iniciantes têm
um sensor
não full frame,
pelo que têm
um fator de
conversão
que obriga a
multiplicar a
distância focal
das objetivas
por um valor
determinado
Fator de conversão: também denominado «fator de multiplicação» ou «fator de corte» é aquele que aplica no caso de sensores
com tamanho inferior ao full frame (35mm
analógico) em relação à distância focal das
objetivas que podem ser usadas com essa
câmara. A maioria das câmaras de iniciantes
têm um sensor não full frame, pelo que têm
um fator de conversão que obriga a multiplicar a distância focal das objetivas por
um valor determinado (1,5 para Nikon; 1,6
para Canon) para saber a distância focal real
dessa objetiva quando usada com um sensor
menor do que full frame.
G
Grande angular: é um tipo de objetiva com distância focal pequena (abaixo de
18mm ou de 25mm, segundo a teoria), que
permite fotografar grandes enquadramentos
e é muito útil em fotografia de paisagens,
arquitectura, etc.
70
I
ISO: é a medida da sensibilidade do sensor
da câmara a respeito da luz. Quanto maior
o ISO, mais luz é capaz de captar o sensor
de toda a que ela recebe numa exposição
determinada, de maneira que valores ISO
elevados são úteis em situações com baixa
luminosidade. Veja também: ruído.
L
Live view: é um modo de visualização através da lente que se serve do sensor para
mostrar a cena a fotografar numa tela LCD
na parte posterior da câmara e antes de a
foto ser tomada, de maneira a verificar a exposição, enquadramento, etc. A diferença da
visualização através do visor, o uso do live
view permite comprovar em tempo real a
exposição sobre a cena, sem necessidade de
observar o exposímetro.
M
Megapíxels: é a resolução da foto que um
sensor é capaz de captar. Quanto maior for a
quantidade de megapíxels, maior será o tamanho da imagem.
a diferença da
visualização
através do visor,
o uso do live
view permite
comprovar
em tempo real
a exposição
sobre a
cena, sem
necessidade
de observar o
exposímetro
Motor de foco: é o sistema motorizado da
objetiva ou da câmara que faz o foco mover-se segundo é premido o botão de obturação
até à sua primeira posição.
71
P
Profundidade de campo: é a profundidade da zona focada de uma cena, e ela é
determinada pela abertura do diafragma:
aberturas maiores reduzem a profundidade
de campo e, à inversa, aberturas menores
(números f/ maiores) aumentam a profundidade de campo.
os ficheiros Pontos de foco: é o número de pontos na
RAW cena a fotografar em que a câmara é capaz
funcionam de procurar contrastes que a permitam estacomo uma belecer o foco. Quantos mais pontos de foco,
espécie de mais fácil será para a câmara focar em sunegativo digital perfícies com baixo contraste.
e permitem
uma edição R
posterior da Ruído: chama-se de ruído ao grau (ruído
imagem com eletromagnético) que aparece no sensor
muita maior conforme a sua sensibilidade ISO é aumenqualidade, tada.
pois ela não
é processada RAW: é um tipo genérico de ficheiro inforpela própria mático que grava imagens fotográficas sem
ajustes de pré-edição que podem ser feicâmara, ao os
nas próprias câmaras, como contraste
revés de tos
balanço de brancos, etc. Os fiformatos TIFF aumentado,
cheiros RAW funcionam como uma espécie
ou JPEG de negativo digital e permitem uma edição
posterior da imagem com muita maior qualidade, pois ela não é processada pela própria
câmara, ao revés de formatos TIFF ou JPEG.
72
S
Sensor: é a peça interior da câmara que recebe a luz exterior através da objetiva e a
transforma em informação binária para um
ficheiro informático.
Sobreexposição: veja Exposição.
Subexposição: veja Exposição.
T
TTL: é o tipo de medição da luz que as câmaras reflex realizam através da objetiva
(through the lens), e que permite que o flash
dispare a quantidade exata de luz, dependendo dos seus ajustes.
V
Velocidade de obturação: é a velocidade
com que o obturador é aberto para deixar
passar luz para o sensor e fechado de novo.
Quanta maior velocidade, menor é o tempo
de exposição do sensor à luz, pelo que a imagem fica com menos luz. Ao contrário, quanto
menor for a velocidade de obturação, maior é
o tempo de exposição do sensor à luz.
Vinheta: originariamente um erro das objetivas que faziam com que as bordas da imagem aparecessem ligeiramente subexpostas,
hoje é um efeito artístico que permite concentrar a visão do espectador na cena.
quanta maior
velocidade,
menor é o
tempo de
exposição do
sensor à luz,
pelo que a
imagem fica
com menos luz.
Ao contrário,
quanto menor
for a velocidade
de obturação,
maior é o
tempo de
exposição do
sensor à luz
73
Qual das minhas fotos é que
eu prefiro? Uma que eu vou
fazer amanhã
IMOGEN CUNNINGHAM
fotografista.org
74

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