revista n.º 16 · publicação periódica · julho 2013

Transcrição

revista n.º 16 · publicação periódica · julho 2013
REVISTA N.º 16 · PUBLICAÇÃO PERIÓDICA · JULHO 2013
O DESEMBAR UE
índice
ficha técnica
Editorial
Meditando um pouco!
3
Cartas ao Director
Carta a um Amigo
Eventos
4
8
CEMA inaugura alto-relevo “O Fuzileiro”
Dia do Combatente
O 10 de Junho
5
9
Corpo de Fuzileiros
A Escola de Fuzileiros tem novos Brasões de Armas
Comemorações do 392.º Aniversário do Corpo de Fuzileiros
10
12
Contos & Narrativas
Seis vacas valia Mariana
13
Opinião
O Conceito Estratégico de Defesa Nacional – As Forças Armadas como Instituição estruturante do Estado
O Direito de Dizer – A Advocacia e o Direito dos Cidadãos ao Acesso à Justiça
A Criança e o Jogo
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17
19
Convívios
Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 13 – Guiné 1968/70
1.º Encontro dos “Escolas de 92”
Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 9 – Moçambique 1971/73
21
Sargento FZE Mário Rodrigues Afonso – “O Magala”
23
24
Entrevista
Contra-Almirante José Luís Ferreira Leiria Pinto
25
Crónicas
O “rapto” de D. Duarte de Bragança na Guiné
31
Companhia de Fuzileiros N.º 6 – Angola 1973/75
33
Breve história dos Fuzileiros – Formação, Combatente, Paz e Serviço Diplomático 37
Delegações
Delegação do Algarve
Delegação de Juromenha/Elvas
Delegação de Vila Nova de Gaia
39
41
43
Divisões
Divisão do Mar e das Actividades Lúdicas e Desportivas
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Notícias
Cadetes do Mar Fuzileiros
Assembleia-Geral
Formação em Língua Inglesa para Elementos da Force Protection
O Vice-Presidente da Câmara Municipal de Elvas e os Directores do
Museu Militar de Elvas visitam o Museu do Fuzileiro e a nossa Associação
Troca do kit de LVT-4 na Sala-Museu do Fuzileiro
Visita do Director-Geral da DGAM e do Capitão do Porto de Lisboa
à Associação de Fuzileiros
Visita do Director de Infraestruturas da Marinha à Associação de Fuzileiros
“Escolas 88” – Regresso à Escola
A Associação de Fuzileiros participa na iniciativa Cidade Limpa
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Assinatura de Protocolos – Divisão do Mar e das Actividades Lúdicas e Desportivas (Secção de Tiro)
Obituário
Diversos
Edição e Redacção
Direcção da Associação de Fuzileiros
Director
Lhano Preto
Directores Adjuntos
Cardoso Moniz e Marques Pinto
Colaborações
Delegações da AFZ,
LP, MP, CM, Ribeiro Ramos,
Miranda Neto, CMP, CCFZ, EFZ, BFZ
Fotografia: Ribeiro, Afonso Brandão, Pedro
Gonçalves, Mário Manso e Lema Santos
Coordenação gráfica
e paginação electrónica
Manuel Lema Santos
[email protected]
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52
53
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Protocolos
Propriedade
Associação de Fuzileiros
Rua Miguel Pais, n.º 25, 1.º Esq.
2830-356 Barreiro
Tel.: 212 060 079 • Telem.: 927 979 461
email: [email protected]
www.associacaofuzileiros.pt
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Homenagens
Publicação Periódica da
Associação de Fuzileiros
Revista n.º 16 • Julho 2013
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55
55
Impressão e acabamento
Gazela - Artes Gráficas, Lda.
Rua Sebastião e SIlva, n.º 79 - Massamá
2745-838 Queluz
Tel.: 214 389 750 • Fax: 214 371 931
www.gazela.pt
Tiragem
2.000 exemplares
Exceptuando-se os artigos assinalados e da
responsabilidade dos respectivos autores,
a redacção desta revista não está adaptada
às regras de novo acordo ortográfico
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editorial
Meditando um pouco!
Francisco Lhano Preto
Penso que a altura para balanços é no fim do ano, mas acordei
hoje com três frases que se aplicam muito na instrução na Escola
de Fuzileiros e que não posso deixar de partilhar com todos os
associados, pois que também se encaixam no dia-a-dia da nossa
Associação e, porventura também, em toda a nossa vida.
Como sabem, este mandato dos Corpos Sociais da nossa AFZ
termina no fim deste ano e, não querendo fazer um balanço, não
posso deixar de afirmar: “muito foi feito, mas muito há para fazer”.
Posso dizer-vos que houve imenso trabalho e, como em todas
as equipas houve quem despendesse maior ou menor esforço.
Contudo, como poderemos nós medi-lo? O esforço, nestes casos
é sempre grande, já que a retribuição monetária não existe.
De qualquer forma penso que, na natureza do nosso trabalho,
porque inteiramente voluntário, as retribuições monetárias
nem sequer são importantes, não terão mesmo importância
nenhuma, porque todos dão o melhor que podem e sabem em
prol da causa: “Os Fuzileiros”. Para quem deu o seu melhor pela
causa, a grande retribuição é prestada, em satisfação pessoal, no
fim de cada trabalho realizado, plasmada na alegria dos nossos
associados, já que as mais das vezes nem é preciso dizerem-nos
que “foi bom” ou “obrigado pelo trabalho”, bastando o brilhar dos
seus olhos para nos transmitem o seu reconhecimento.
Entre parênteses relembro aqui, a propósito, a visita que fizemos
ao Afonso (O Magala) que nos deixou há uns meses e a quem o
seu amigo Talhadas fez um pequeno texto bem elucidativo do
grande Fuzileiro que foi, incluído nesta revista, em nome de todos
os que com ele tiveram o prazer de conviver nesta vida, nem que
tenha sido só por um dia. Já no Hospital do Barreiro, nos seus
últimos dias, quando eu, o Talhadas, o Leal, o Couto e o Pinto
o fomos visitar, a melhor despedida que nos poderia ter feito,
foi levar a nossa mão ao seu coração para transmitir a amizade
que tinha por nós. Apesar do momento ser difícil, para todos nós,
tornou-se mais fácil quando partiu, pela coincidente e dignificante
despedida. Estes e outros factos dão-nos alma para fazer melhor!
Mas fechando os parênteses e voltando um pouco atrás.
Como podemos avaliar o esforço de cada um se, muitas vezes,
para um Associado ou elemento da Direcção, só a deslocação à
sede da AFZ, face às variadas distâncias que têm de percorrer,
se torna mais ou menos difícil ou oneroso? E para aqueles que
estão a trabalhar em suas casas, horas a fio, talvez postergando
afazeres pessoais? Por tudo isto, devemos dizer a todos os que
participaram: obrigado porque valeu e vale a pena.
O mais importante é que, sem dúvida, a nossa Associação está
melhor, física e institucionalmente.
Estando no fim das obras de requalificação, penso poder afirmar,
que os diversos espaços estão mais agradáveis e, a justificá-lo,
está a afluência quer individual quer de grupos de Fuzileiros ou de
Marinha cuja frequência tem vindo a aumentar.
que, numa das nossas conversas, me interrogava se achava que
todos os elementos da Direcção e da Associação concordavam
com tudo. Apressei-me a responder-lhe que se tal acontecesse
estaríamos perto do fim da Associação ou então estávamos
todos “cacimbados”, como dizíamos em África. As reuniões são,
também, para divergirmos e para consensualizarmos, para que
seja possível tirarmos o azimute e solucionar os problemas da
forma melhor e mais ampla. Se não houver alguém que discorde,
não nos obrigamos a repensar os assuntos e a eventualmente
rever posições quando for aconselhável. É frequente que vejamos
os problemas de forma diferente e é por isso que somos Homens
e não máquinas.
Como, algures havia prometido, aqui deixo as frases tantas vezes
gritadas pelo Simões, pelo Cardetas, pelo Romão e por tantos
outros Oficiais, Sargentos ou Praças, instrutores, aos seus alunos,
e hoje já repetidas pelos nossos sócios não Originários (Efectivos,
Descendentes ou Aderentes) homens e mulheres envolvidos nos
mesmos ideais e princípios: “se fosse fácil estariam cá outros”;
“a equipa é mais do que a soma dos elementos”; e “tudo se faz
aos poucos, pois o caminho faz-se caminhando”.
Perguntarão muitos o que se pretende significar com as linhas e
entrelinhas deste texto?
O objectivo final é o de alertar a massa dos nossos Associados
para o facto de que esta Direcção e restantes Órgãos Sociais
terminarem o seu mandato no fim deste ano. Por isso, é indispensável constituírem-se novas equipas, coesas, determinadas e
suficientemente altruístas para darem – sem esperar recompensa – e se darem à Associação que é de todos nós. É necessário
que comecem a aparecer novas faces, novas ideias, sangue novo,
gente que dê continuidade ao trabalho desenvolvido e que, quiçá,
possa fazer diferente mas sempre mais e melhor e a quem se
passe o testemunho com tranquilidade.
Só assim se poderá engrandecer a nossa Associação, para possibilitar prestar algum apoio a quem, por qualquer razão precise,
nem que seja, e muitas vezes é, de apenas uma palavra amiga.
A quem possa, eventualmente estar interessado em constituir
equipa, não direi que é tudo muito simples, sem espinhos e que,
por vezes, não há incompreensões e críticas de quem está de fora
e geralmente possui poucos dados ou os avalia de forma simples e
demasiadamente exigente, face a quem está apenas por “amor à
camisola”. Relembro porém: “se fosse fácil estariam cá outros”.
Apesar de tudo, posso hoje afirmar que sairei mais Homem e mais
“sábio” desta jornada de uns anos. Aprendi muito e muito posso
agradecer a todos, pois amizade e incentivos nunca me faltaram,
da esmagadora maioria dos Associados e de todos os meus ilustres pares.
Termino com um: “valeu a pena”.
Também o ambiente institucional tem melhorado imenso e, neste
campo é sempre muito importante que haja respeito, nas nossas
reuniões ou nas nossas conversas ou até nas nossas Assembleias.
A propósito desta temática relembro uma expressão do Jaime
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“Fuzileiro uma vez, Fuzileiro para sempre”
Lhano Preto
Presidente da Direcção
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cartas ao director
Carta a um Amigo
Guilhermino Ângelo
O
s anos já me ofuscam a memória, mas recordo ter sido num
frio e chuvoso inverno que nos conhecemos. Éramos então
jovens alunos a frequentar cursos do 1.º Grau na Escola de
Mecânicos, em Vila Franca de Xira. Seguimos depois para unidades diferentes por diferentes serem as nossas especialidades.
Não foi longa a separação. Alguns meses depois estávamos como
voluntários a frequentar o curso de Fuzileiros Especiais, em Vale
de Zebro.
Concluído aquele curso vieram as
comissões nos Destacamentos em
Angola, na Guiné e, por fim, em Moçambique.
Comissões que deram para cimentar
a nossa amizade e para conhecer bem
os rios e lagos daqueles territórios
e, melhor ainda, aquele chão que
Comandante Manuel Diogo
percorremos quer de viaturas quer
calcorreando as suas matas e savanas. Chão onde tanta vez
comemos, dormimos e combatemos aguerridos adversários.
Conheci-te como aluno brilhante, nos muitos e variados cursos
que frequentámos, mas também, te conheci como profissional
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exemplar e combatente destemido. Combatente corajoso, germen
da heróica Ala dos Namorados que, em Aljubarrota, enfrentou os
Castelhanos enquanto o Condestável rezava a Nossa Senhora
e o Rei comungava de joelhos aos pés do arcebispo de Braga.
Herdeiro daqueles heróis humildes que arrancados do sacrificado
povo, para matar, e sem tempo para uma oração fizeram história
mas que não têm história.
Porém tu és herói, não só por aquele heroísmo que espalha a
morte no campo de batalha.
És herói pelas tuas virtudes, pela dedicada afeição que te liga à
família, pelo carinho sincero que dispensas aos amigos que tão
bem sabes prender com o teu inegualável poder de comunicar.
És também herói pela tua indomável energia que nunca vacilou
perante tantos contras.
Só não és do Benfica, mas isso já seria atingir a perfeição...
Para ti, meu camarada e amigo “Manel” Diogo, o meu obrigado
pela grandeza desta amizade de tantos anos (1959-2013).
Guilhermino Augusto Ângelo
Sóc. Orig. n.º 1527
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eventos
CEMA inaugura
alto-relevo “O Fuzileiro”
N
o passado dia 21 de Maio aconteceu, porventura, o mais relevante evento da Associação de Fuzileiros do ano em curso: o descerramento, pelo Chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante Saldanha Lopes, de uma escultura, em alto-relevo,
representando “O Fuzileiro”, da autoria do escultor Tolentino de Lagos.
A figura, incrustada na parede principal da Sede da Associação, pretende representar um
fuzileiro a sair da parede e a entrar na sua “Casa”: a Associação Nacional de Fuzileiros.
A cerimónia, inserida na Semana da Marinha que este ano teve lugar no Barreiro, contou
com mais de cem associados que, para além dos convidados, encheram completamente
o Salão Polivalente.
O acto, a que deram brilho várias entidades, teve designadamente as presenças do
Presidente da Câmara Municipal do Barreiro, Sr. Carlos Pinheiro de Carvalho, de Vereadores e Chefias da respectiva Câmara, do Comandante Naval, Vice-Almirante Monteiro
Montenegro, do Presidente da Junta de Freguesia do Barreiro, Sr. Raúl Nunes Malacão,
de Almirantes, sócios e não sócios, de muitos Oficiais, Sargentos e Praças, e de Membros dos Órgãos Sociais da AFZ – Assembleia-Geral, Direcção, Conselho de Veteranos
e Conselho Fiscal.
Colaboração fotográfica de Mário Manso, entre outras.
Após o descerramento da escultura, pro­cedeu-se à entrega dos Diplomas de Sócios Honorários e de Mérito, às personalidades agraciadas com estes títulos honoríficos, (outros,
os da “Casa” foram entregues no próprio dia da Assembleia-Geral) sob propostas da
Direcção e decisão da Assembleia-Geral da AFZ que reuniu no passado dia 23 de Março
e cuja entrega foi guardada propositadamente para este acto.
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eventos
Foram distinguidos como Sócios Honorários:
– Carlos Humberto Palácios Pinheiro de Carvalho, presidente da
Câmara Municipal do Barreiro;
– José Carlos Torrado Saldanha Lopes, Almirante Chefe do
Estado-Maior da Armada;
– José Alfredo Monteiro Montenegro, Vice-Almirante Comandante Naval;
– António Manuel Mateus, CMG, antigo Presidente da Direcção
da AFZ;
– Dr. Ilídio Neves Luís (a título póstumo) antigo Presidente da
Direcção da AFZ;
Foi distinguido como Sócio de Mérito:
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– Raúl António Nunes Malacão, Presidente da Junta de Freguesia do Barreiro.
Os Diplomas, bem como um subscrito contendo os textos das
propostas da Direcção à Assembleia-Geral foram entregues pelos
Presidentes da Assembleia-Geral da AFZ, Almirante Leiria Pinto e
da Direcção, Comt Lhano Preto e pelos Vice-Presidentes da Direcção, Comt Cardoso Moniz e Dr. Marques Pinto.
Recebeu o diploma do antigo Presidente da Direcção, Dr. Ilídio
Neves Luís, a viúva, Exm.ª Sr.ª D. Elisabete Marques Mateus Neves, que se fez acompanhar dos filhos, e a quem foi entregue,
também, uma discreta violeta natural.
O Presidente da Direcção da AFZ e o Chefe do Estado-Maior da
Armada proferiram algumas palavras.
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eventos
O primeiro, de agradecimento pela honra que deram à AFZ com
as suas presenças e solidariedade, todos quantos nos brindaram com a sua companhia mas, especialmente, ao Chefe do
Estado-Maior da Armada pela particular honra que nos concedeu ao dispor-se a descerrar o alto-relevo “O Fuzileiro”.
E o segundo agradecendo, também, à Associação de Nacional
de Fuzileiros a distinção e tecendo rasgados elogios à nossa
Instituição.
O Vice-Presidente Marques Pinto serviu de porta-voz da AFZ,
anunciando ao microfone, protocolarmente, todos os passos da
cerimónia.
Este Dirigente explicou que – face a doença súbita de um
dos músicos do projecto “Poesia Cantada – Trilogia Poética”
– o programa que estava previsto, não poderia cumprir-se
inteiramente, sem prejuízo de a Dr.ª Laurinda Rodrigues (a
promotora do projecto e autora de três obras de poesia, de onde
provêm os originais que seriam cantados) declamar um ou dois
poemas.
O jantar volante que se seguiu, irrepreensivelmente servido pelos Concessionários do Snack-Bar da Associação de Fuzileiros
(Sr.ª D. Alzira e Sr. Cabrita) e apoiado por pessoal da Escola de
Fuzileiros, constituiu oportunidade de uma bonita confraternização entre todos quantos quiseram estar presentes neste inédito
e particular evento que, acreditamos, ficará a constituir marco
histórico na vida da Associação de Nacional de Fuzileiros.
A Direcção da AFZ agradece a colaboração e o trabalho de quantos colaboraram e, especialmente, aos Comandos da Escola de
Fuzileiros e ao seu imprescindível e qualificado pessoal da “taifa” que muito contribuiu para o nível com que foi servido o jantar
volante.
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eventos
Dia do Combatente
Fotos retiradas do Portal do Governo em http://www.portugal.gov.pt/pt/fotos-e-videos/fotos/20130406-seadn-antigos-combatentes.aspx
À
semelhança do que tem vindo a acontecer em anos anteriores, a Liga dos Combatentes promoveu uma cerimónia
evocativa, de homenagem aos mortos nos conflitos em que
Portugal participou, em que o sangue lusitano foi vertido.
A Associação de Fuzileiros foi convidada a fazer-se representar
no Mosteiro da Batalha. Aqui encontram-se sepultados dois
soldados não identificados que, se pretende, representem todos
os portugueses mortos em combate desde que existimos como
país independente, há mais de 800 anos.
A delegação de Associação foi composta pelos sócios José
Moniz, João Leal, José Parreira, Jaime Ferro, Ramires Bonito,
Manuel Conceição e Manuel Teixeira.
As cerimónias começaram com uma missa rezada pelo Bispo
das Forças Armadas, D. Januário Torgal Ferreira que, na homília,
não foi tão contundente quanto costumava ser, quando se referiu
aos políticos nacionais.
Frente à entrada do templo foi montada uma tribuna para onde,
acabada a missa, se deslocaram as personalidades convidadas.
Para prestar honras ao Chefe do Estado Maior General das Forças
Armadas, que presidiu às cerimónias, havia uma companhia
a três pelotões (Marinha, Exército e Força Aérea) com banda e
fanfarra do Exército e dezenas de guiões, entre os quais o da
AFZ, transportado pelo sócio José Parreira.
O Ministro da Defesa foi representado por um Secretário de
Estado.
Depois de todas as altas individualidades se instalarem e do
CEMFA passar revista à Companhia usou da palavra o Presidente
da Liga dos Combatentes, General Chito Rodrigues.
Como sempre, fez um discurso patriótico, enaltecendo o valor da
Forças Armadas.
Esta parte da cerimónia terminou com o desfile das forças em
parada.
Seguiu-se a visita à Sala do Capítulo. Aqui, na Sala do Capítulo,
usou da palavra o CEMFA, que também enalteceu os feitos dos
portugueses ao longo dos séculos.
Todas as representações depositaram
coroas de flores no túmulo do Soldado
Desconhecido, incluindo a Associação de
Fuzileiros.
Após as trocas de cumprimentos seguiu-se o tradicional almoço de chanfana.
O regresso a casa foi tranquilo, tendo
decorrido tudo como previsto e planeado.
J. Moniz
Sóc. Orig. n.º 36
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eventos
O 10 de Junho
O
passado dia 10 de Junho foi de grande actividade para a
Associação de Fuzileiros, marcando presença massiva em
Elvas, cidade onde decorreram as cerimónias do “Dia de
Portugal” e junto do Monumento aos Combatentes da Guerra do
Ultramar onde se homenagearam todos os que morreram pela
Pátria, mas também os que estão vivos e as suas famílias e, em
especial, as suas Mulheres.
Em Lisboa (Belém), a cerimónia começou com uma Missa, no
Mosteiro dos Jerónimos, “por intenção de Portugal e de sufrágio
pelos que tombaram pela Pátria” presidida pelo Sr. Bispo Auxiliar
de Lisboa, D. Nuno Braz.
Após concentração junto do Monumento, o Presidente da Comissão Executiva, Almirante Fernando José Ribeiro de Melo Gomes,
abriu a cerimónia com um discurso verdadeiramente patriótico,
de homenagem aos que partiram e em que exortou todos os Combatentes a não deixarem cair os braços e a terem esperança num
Portugal melhor.
Seguiu-se uma cerimónia inter-religiosa católica e muçulmana e
o discurso da Sr.ª Dr.ª Isabel Jonet, de homenagem aos Combatentes.
Colaboração fotográfica de Mário Manso
Momento alto foi a deposição de coroas de flores: em nome dos
agraciados, individualmente, com a Medalha da Torre Espada,
Valor, Lealdade e Mérito, em que se destacou o Sargento Fuzileiro
Teixeira; e por todas as organizações de combatentes, incluindo a
Associação Nacional de Fuzileiros, representada pelo Comandante
Cardoso Moniz.
As organizações de Combatentes desfilaram com os seus Guiões
dando-se aqui destaque à Associação Nacional de Fuzileiros cujos
elementos (12) – comandados pelo SMOR José Talhadas – se
apresentaram irrepreensivelmente “fardados” com calça cinzenta,
casaco azul e gravata vermelha da AFZ, boina e condecorações,
designadamente, o nosso porta Guião, SMOR Parreira. Atrás deste
grupo desfilaram dezenas de Fuzileiros, estes, informalmente
vestidos mas ostentando, garbosamente, a sua boina azul ferrete.
Cantou-se o Hino Nacional, um Navio da Marinha cumpriu a salva
protocolar, um “dornier” da Força Aérea fez várias passagens
e, na última, cumprimentou a multidão, de muitos milhares de
participantes. No final da cerimónia houve uma passagem pelas
lápides dos militares mortos em combate. Depois, seguiram-se
os saltos de três paraquedistas do exército e o almoço/convívio.
Terminamos com Luís Vaz de Camões, nos seus imortais “Os Lusíadas” (Canto I, 14) poema citado no folheto do Convite/Programa, da Comissão Executiva das cerimónias.
Nem deixaram meus versos esquecidos
Aqueles que, nos Reinos lá da Aurora,
Se fizeram por armas tão subidos,
Vossa bandeira sempre vencedora:
…………………………..
E outros em quem poder não teve a morte.
Em Elvas, os Fuzileiros estiveram, também, representados por
uma delegação constituída por cerca de uma dúzia de elementos
das Delegações da AFZ do Algarve e de Juromenha/Elvas coordenados pelo Presidente da Direcção, Comt. Lhano Preto, grupo que
garbosamente desfilou irrepreensivelmente vestido, ostentando a
sua boina azul ferrete, distintivos e a gravata da AFZ.
O desfile militar e as honras prestadas ao Presidente da República de Portugal foram comandados pelo Contra-Almirante Cortes
Picciochi, Comandante do Corpo Fuzileiros da Marinha de Guerra.
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corpo de fuzileiros
A Escola de Fuzileiros
tem novos Brasões de Armas
HERÁLDICA
H
eráldica é a arte de formar e descrever o brasão de armas, que é um conjunto de peças, figuras e ornatos dispostos no campo de
um escudo e/ou fora dele, e que representam as armas de uma nação, país, estado, cidade, de um soberano, de uma família, de
um indivíduo, de uma corporação ou associação.
HERÁLDICA MILITAR
A prática da aplicação das normas de heráldica, sempre que o Regulamento fica desajustado tendo em conta a necessidade de atualizar
a representação simbólica dos comandos, forças, unidades e serviços que constituem a Marinha, têm aconselhado a sua revisão,
apontando também nesta área a evolução da Marinha.
Neste contexto e numa prova de dinâmica desta arte/ciência auxiliar da História foi alterada/aprimorada mais uma vez, a heráldica da
Escola de Fuzileiros, sendo concedido através do Despacho de 13 de fevereiro 2013, do Almirante Chefe do Estado-Maior da Armada,
publicado na OA1 nº. 8, de 20 de fevereiro de 2013, o novo Brasão de Armas (fig. 1). Avultam nas alterações, a inclusão das duas
últimas condecorações atribuídas à Escola de Fuzileiros – Medalha da Ordem Militar de Avis e Medalha da Ordem do Infante Dom
Henrique – no listel ondulado, a troca da inscrição do lema da Escola de Fuzileiros “Gloria Docentium, Victoria Discentium” por “Escola
de Fuzileiros”, e ainda a alteração da ordem colorida do fuselado de prata e azul.
DESCRIÇÃO HERÁLDICA DO BRASÃO DE ARMAS
Escudo fuselado de prata e azul. Brocante uma asna de vermelho carregada de três
candeias chamejantes de ouro. Pendentes no escudo a Medalha da Ordem Militar de
Avis (2006), a Medalha de Ouro de Serviços Distintos (1986) e a Medalha da Ordem do
Infante Dom Henrique (2012). Coronel naval de ouro forrado de vermelho. Sotoposto listel
ondulado de prata com a legenda em letras negras maiúsculas, tipo elzevir, «ESCOLA DE
FUZILEIROS».
Fig. 1 – Brasão da Escola de F uzileiros
Também por Despacho de 7 de março de 2013, do Almirante Chefe do Estado Maior da
Armada, publicado na OA1 nº 11 de 13 de março de 2013, foi concedido o estandarte
heráldico à Escola de Fuzileiros (fig. 2).
DESCRIÇÃO HERÁLDICA DO ESTANDARTE HERÁLDICO
Esquartelado de ouro e vermelho, bordadura contra esquartelada do primeiro e do segundo, acantonada dos contrários e brocante uma estrela de quatro pontas esquartelada
e contra esquartelada de ouro e azul. Sobre este ordenamento o escudo do brasão de
armas envolvido por folhagens de louro em ouro, circundado por um listel em prata com
a legenda em letras negras, tipo elzevir, «ESCOLA DE FUZILEIROS». Franjas de prata,
cordões e borlas de vermelho e ouro, haste e lança de prata.
Fig. 2 – Estandarte Heráldico da Escola de Fuzileiros
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corpo de fuzileiros
Da mesma forma foi concedido o Brasão de Armas do Batalhão de Instrução da Escola
de Fuzileiro (fig. 3), através do Despacho do Almirante Chefe do Estado-Maior da Armada
de 20 de fevereiro de 2013, publicado na OA1 nº 9 de 27 de fevereiro de 2013. Também
no mesmo Despacho é concedido o novo Estandarte Heráldico (fig. 4), revogando o
Despacho de concessão de 24 de janeiro de 1978.
DESCRIÇÃO HERÁLDICA DO BRASÃO DE ARMAS
Fuselado de prata e azul com uma ponta de vermelho, carregada com uma candeia
flamejante de ouro. Coronel naval de ouro forrado de vermelho. Sotoposto listel ondulado
de prata com a legenda em letras negras maiúsculas, tipo elzevir, «BATALHÃO DE
INSTRUÇÃO».
Fig. 3 – Brasão do Batalhão de Instrução
DESCRIÇÃO HERÁLDICA DO ESTANDARTE HERÁLDICO
Bandado de vinte peças de ouro e vermelho, brocantes duas cruzes de S. Jorge de azul,
uma firmada e outra no cantão dextro do chefe. Sobreposto à primeira, o escudo do brasão
de armas circundado por folhas de loureiro em ouro, envolvido por um listel circular de
prata com a legenda em letras negras, tipo elzevir, «BATALHÃO DE INSTRUÇÃO». Franjas
de ouro, cordões e borlas de ouro e vermelho, haste e lança de prata.
Colaboração da Escola de Fuzileiros
Fig. 4 – Estandarte Heráldico do Batalhão de Instrução
NOTA: Este texto foi escrito segundo o novo acordo ortográfico
A VOSSA ASSOCIAÇÃO DE FUZILEIROS VIVE DAS VOSSAS QUOTAS
Prezados Camaradas:
Pela estima que temos por todos os Sócios, Fuzileiros ou não, aqui estamos de novo, a dizer-vos quanto é importante, a Vossa
participação.
Todos somos herdeiros de um património de que nos orgulhamos. Mas, para que tenhamos condições de levar em frente a tarefa a que
nos propusemos é determinante podermos contar com a quotização de todos nós, desta grande Família que, à volta da sua Associação
se vai juntando.
Temos a consciência de que o atraso no pagamento de quotas podem ter várias leituras, quiçá “razões” diversas, algumas das quais
evidentemente ponderosas. Porém, para todas elas haverá uma solução desde que, em conjunto, nos dispusemos a resolver o problema.
Esperamos pela vontade e disponibilidade desta família de Fuzileiros no sentido de ultrapassarmos esta dificuldade já que as portas da
Associação e dos membros da sua Direcção estão permanentemente franqueadas.
Pensamos que uma das razões, de menor importância, porque alguns sócios têm as suas quotas em atraso será por puro esquecimento.
Para obstar a isto aconselhamos e incentivamos a que optem pelo débito, em conta bancária, de 6 em 6 ou de 12 em 12 meses.
Já pensaram que o valor de um ano de quotas representa apenas cerca de quatro cafés por mês?
Por razões de custos – e desta vez será em definitivo – vamos suspender o envio da revista “O Desembarque”, que custa muito dinheiro
à Associação, para os camaradas sócios com quotas em atraso por período superior a um ano.
Solicitamos a todos os Sócios que preencham o impresso para autorização de pagamentos das quotas por débito bancário,
sistema que é muito mais cómodo e evita o pagamento de quotas acumuladas. Informem-se junto do Secretariado Nacional
(tel.: 212 060 079, telem.: 927 979 461, email: [email protected])
Consideramos ser este um acto de justiça, uma vez que os que assiduamente pagam não devem suportar as despesas dos que não
pagam.
Cordiais e amigas saudações associativas.
A Direcção Nacional
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corpo de fuzileiros
Comemorações do 392.º Aniversário
do Corpo de Fuzileiros
NOTA: Este texto foi escrito segundo o novo acordo ortográfico
O
Corpo de Fuzileiros comemorou o seu 392.º Aniversário. Perto de 400 anos de História! Num ambiente onde primou o apelo ao espírito de corpo desenvolveram-se
uma série de atividades envolvendo um número considerável de militares.
Um seminário subordinado ao tema da recolha de informações por meios humanos, fez
um ponto de situação sobre o Destacamento de HUMINT, residente no Batalhão Ligeiro
de Desembarque e apresentou três experiência vividas, recentemente, no Afeganistão,
no Líbano e na Operação Manatim (Guiné).
Numa prova multidisciplinar de características adequadas aos fuzileiros (montagem de
um equipamento de comunicações e emissão de uma mensagem, tração de uma viatura
tática, problema de navegação, transporte de um ferido, montagem de um bote e seu
transporte e montagem de uma G3) foi testado o espírito de coesão das equipas bem
assim como a liderança dos seus chefes.
Uma prova de 24 horas a correr que tendo como objetivo a recolha de donativos para o
Banco Alimentar proporcionou a obtenção de 845 kg de alimentos mostrou, assim, o sentido de solidariedade dos fuzileiros. Foram percorridos 2.873,8 km – o correspondente a
ir de Lisboa a Berlim!
Uma corrida pelo Alfeite, atravessando,
entre outros locais, a Estação Rádio Naval e a ETNA, num percurso de 7 km, com
centenas de fuzileiros de calça de camuflado e bota de combate, mostrou, também, o seu espírito de corpo.
Uma celebração litúrgica evocativa da efeméride, uma formatura geral na parada da
Base de Fuzileiros e um almoço convívio
completaram o programa de festividades.
Apesar de o evento decorrer logo após
concluído o maior exercício do ano operacional (INSTREX13) a participação foi,
além de massiva, empenhada, num clima
de sã camaradagem, nunca desdenhando
o esforço a despender.
Com simplicidade e com a dignidade que
se exigia, cumpriu-se a celebração de
uma data histórica – a origem dos homens
que envergam a boina azul ferrete.
Colaboração do Corpo de Fuzileiros
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contos&narrativas
Seis vacas
valia Mariana
Elísio Carmona
O
dia decorria pachorrento. Ia a meia tarde adiantada. As LDM
descansavam pacatamente, a sua quilha – seria aquele
fundo chato uma quilha? – assente no fundo lodoso do braço
fluvial que tinha por berço trinta ou quarenta passos para lá do
cais de Catió. Era assim, meio dia baloiçando nas águas mansas,
espelhosas, da água que chegava desde o mar pelo Cobade, ora
poisadas sobre o viscoso leito depois de as águas se retirarem no
cumprimento de mais um ciclo de marés. Dez ou doze braçadas
eram tantas as necessárias para abraçar as duas margens.
– Pois não…
Este diálogo, – nas falas do grumete, não era tão corrido –, passados estes anos, quarenta e tantos, já não me é possível reproduzi-lo à letra no seu nativo parafrasear.
Não o podia ajudar, claro.
Os comboios eram por norma autoabastecidos, mantimentos carregados em Bissau naquelas arcas de placas de cortiça de sete
ou oito cm revestidas a folha de flandres, uma camada de gelo
uma camada de carne, até ao cimo, mantimentos calculados milimetricamente para os dias da operação, e apenas se requeriam
uns trocados para uma incursão por uma cerveja fresquinha tomada numa das tascas da localidade de destino.
Pois não, não o podia ajudar. Ele próprio se terá apercebido disso
e seguiu caminho meio vencido.
Ainda atirou um pesaroso “mas ela gosta de mim e quer ir comigo…”.
Só que entretanto chegou a noite e, inspirado pelo cintilar do
céu estrelado, na mente do nosso Marinheiro E acendeu-se um
fogacho “já sei o que vou fazer, como o vou ajudar”. E adormeceu
a sorrir concupiscente. Sabia que o grumete voltaria a aparecer,
já que tinha de apanhar a boleia da LDM para regressar à sua
base.
No dia seguinte chamou-o.
Porto interior de Catió (a distância entre o cais e a margem IN era esta.)
– Diga senhor Marinheiro E…
De dia e de noite aguardava-se nem sei o quê, talvez aquilo que
por sorte nunca aconteceu,… Que a segurança, por mais aturada
que fosse era sempre mais do que precária.
– Bom, olha lá, ainda nada mudou na tua vida, o pai da cachopa
continua a exigir as seis vacas?
Os batelões, esses, encostados ao Cais, – sim, era mesmo um cais,
de pedra, de cargas e descargas, sólido, que nos dois primeiros
comboios comandados pelo Marinheiro E ainda acalentava as
ruínas daquilo que teria sido um armazém, ruínas que poderão
um dia destes ser motivo de nova estória –, prosseguiam na sua
rotina de ir alojando as mercadorias que levariam de regresso a
Bissau, largadas aquelas que os levaram àquele Porto.
– Estive a pensar e acho que te posso ajudar.
Mas naquele dia o Marinheiro E estava longe de suspeitar que a
sua rotina ia ser quebrada. Nada de transcendente, ou talvez sim,
quando aquele marinheiro aprumado, Balanta, porventura, na sua
farda impecavelmente branca, o abordou.
– Sim senhor. E eu não posso comprar as vacas…
Ena pá!, que nem os olhos dele, apanhado de surpresa, queriam
escutar, – sim, os olhos –, aquele “acho que te posso ajudar”
disparado à queima roupa pelo seu interlocutor… E quedou-se à
espera do resto.
– Se não tens dinheiro para comprar as vacas não se compram
vacas.
– Dá licença, senhor Marinheiro E. Preciso falar.
– Quem és tu?
– Sou fulano de tal, grumete do DFE22.
Cumprida a formalidade da identificação, sempre necessária naquelas circunstâncias,
– Sabe, Senhor Marinheiro E, vim para casar com a minha
namorada mas, agora, o pai dela quer seis vacas.
– Oh homem, então o que tens de fazer é comprar as vacas e
dar-lhas.
– Pois, mas seis vacas custam muito dinheiro e eu não o tenho.
– Caraças, então não podes casar…
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Batelão e LDM no cais (de pedra) de Catió, Porto
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contos&narrativas
chegou a nossa passageira clandestina, que o havia de ser nas
duas primeiras horas da viagem. Só que, para espanto do Marinheiro E, não vinha sozinha. Acompanhava-a uma rapariga da
mesma altura, bem roliça nas formas, não tão escura, mas de
linhas menos airosas, menos delicadas.
– Hei, Mariana, quem é a tua companheira?
– É minha prima.
– E o que faz aqui?
– Também quer ir connosco…
“Ó diacho”, cofiou o Marinheiro E a sua vetusta barba daquela
altura, “esta não estava na manga, mas quem leva uma também
leva duas…”
– Trazem tudo convosco?
Batelões no cais de Catió
– Como? Mas então e a minha namorada?
– Sim senhor, responderam as duas à uma…
– Diz-lhe que venha falar comigo amanhã de manhã, bem cedo,
sozinha. Não te quero nem por perto. Que não falte. Só lhe dizes
a ela e mais ninguém pode saber.
O Marinheiro E abordou então o Patrão do melhor dos batelões,
por sinal o que inspirava mais confiança, e pediu, posto ao
corrente da situação, que escondesse as duas raparigas o melhor
que soubesse até à Foz do Cobade.
– Sim senhor.
– Como se chama ela?
– Mariana…
E lá foi, mais leve que passarinho, imbrincado no que raio estaria
para acontecer.
O que é certo é que no dia seguinte, ainda não eram 8 horas,
andávamos nós na faina dos últimos preparos higiénicos do dia,
vi aparecer uma jovem, muito bonita, figura franzina, traços delicados a fazerem lembrar o de uma bonita donzela europeia e que
contrastavam os poderosos do seu jovem namorado. Mostrava
acanhamento pelo que o Marinheiro E perguntou:
– És a Mariana?
– Sim senhor
– Disse-me o teu namorado que gostas dele, que queres ir com
ele, mas que o teu pai quer seis vacas, senão não te deixa casar
com ele?
Batelão e LDM no cais (de pedra) de Catió, Porto
– É verdade, sim senhor.
– E tu queres mesmo ir com ele?
– Fique descansado, senhor Marinheiro E…
– “Quer” sim senhor.
Pelas 9 horas apareceu o bom do nosso grumete, antecipando-se
à festa das despedidas com que a população de Catió, presume-se, sempre obsequiava as Lanchas e os Batelões, comparecendo
nos seus trajes garridos.
O diálogo foi curto, que a cachopa, via-se, talvez ofuscada por
aquele branco do fardamento, cordão vermelho a engalanar a
imensa alvura, ou pelo porte do seu amado, nem hesitou,
– Quero sim senhor!
– Bem, amanhã, por esta hora, vens sozinha, preparada para a
viagem. Só que ninguém pode saber. Apenas nós e o teu namorado. Ele que apareça só
pelas 9 horas. Percebeste?
– Sim senhor…
E lá foi, se tinha vindo em
um pé, abalou no outro.
Não, não é a Mariana… mas podia ser!
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No dia seguinte a faina
para a largada começou
cedo. Havia que cumprir o
ORDMOVE. Os botes, que
seguiriam o comboio à vista, cada um bordejando a
sua margem, ensaiavam já
os seus preparos quando
Subiu para a LDM, espiolhou todos os cantos, e começou a dar indícios de preocupação quando não vislumbrou a sua amada mais
a prima. E olhava para o Marinheiro E, que impávido e sereno nem
um esgar de assentimento deixava transparecer.
Iniciado o regresso, ao sabor da corrente descendente, já Catió
tinha ficado para trás há muito tempo e o Cobade se espraiava a
caminho da foz, foi dada a ordem para a LDM abraçar o Batelão
abrigo para que dele saísse a Bela Adormecida Mariana mai-la
aia sua prima.
E nunca mais se falou dos personagens desta estória vivida ia a
meio o ano de 72.
Marinheiro E*
*O Marinheiro E (Elísio Carmona - Sócio n.º 1542) integrou os efectivos da CF 11 e cumpriu
uma comissão no TO da Guiné nos anos de 71-72.
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opinião
O Conceito Estratégico de
Defesa Nacional
José Manuel Neto
Simões
As Forças Armadas como Instituição
estruturante do Estado (1)
“O futuro das Forças Armadas será
também, certamente, indissociável do
futuro de Portugal”.
Presidente da República, Professor Dr. Cavaco Silva
O
Conceito Estratégico de Defesa Nacional (CEDN) resulta do planeamento estratégico do Estado e é estruturante da Política de Defesa Nacional. A
sua revisão devia permitir clarificar o que
se pretende das Forças Armadas (FA), que
se encontram num longo processo de reestruturação e transformação iniciado há
vários anos.
Nos últimos vinte anos, realizaram-se importantes alterações, que permitiram ao
País ter hoje umas FA diferentes e com
melhores capacidades para assumirem as
suas missões a nível nacional e integrarem forças multinacionais no âmbito dos
compromissos externos.
As FA têm contribuído de forma indelével
para a afirmação e credibilidade externa
do Estado Português, constituindo um instrumento essencial da nossa Diplomacia.
Isto deve ser explicitado aos cidadãos –
sem ambiguidades para que se combata
o “discurso ameaçador” da “inutilidade
das FA” –, devendo começar, ao nível político, e não “dentro dos quartéis”, como
recentemente afirmado pelo MDN. É do
conhecimento da opinião pública a origem
daquele tipo de discurso condicionado por
critérios de oportunidade política (elogiadas ou criticadas conforme a ocasião e o
público-alvo).
As FA não se deixam instrumentalizar e,
infelizmente, grande parte da classe política não conhece os seus valores, o seu
código de conduta e o que elas representam para o País. A necessidade e sua
importância devem ser ponderadas a três
níveis: constitucional, político e institucional. Neste artigo vamos analisar apenas a
vertente institucional.
Sendo as FA uma Instituição de carácter
nacional, estruturante da nossa identidade
à qual compete garantir a independência
nacional, a unidade do Estado e a integridade do território, deve ser preservada e
respeitada.
1
2
As FA partilham com a sociedade civil
os valores fundamentais que sustentam
a sua cultura e a sua actividade, contribuindo assim para o reforço da coesão nacional e da identidade histórica. São uma
Instituição secular com a antiguidade da
Nação de sentido patriótico. Não é apenas
património material do Estado, é património imaterial dos cidadãos.
O problema principal da Instituição é a
falta de esperança e gratidão, que poderá ter impacto negativo no funcionamento
da sua estrutura. Os seus servidores precisam sentir como condição – tão importante quanto as remunerações –, que a
sociedade gosta das suas FA. É inegável
que subsiste uma rotura de afecto que
exige, aos políticos e chefias militares, o
dever de promover uma maior aproximação entre as FA e aqueles que servem: os
portugueses.
É necessário fomentar mais iniciativas
que mostrem o empenhamento das FA à
comunidade quer ao nível nacional – em
especial as missões de interesse público
– quer nas missões de apoio à paz e humanitárias ao nível multinacional, cuja participação, por vezes, é feita em condições
de dificuldade extrema com limitações de
equipamento crítico emprestado por outros países.
É também indispensável explicar melhor a
opção política do modelo profissional (decidida em 1994) e os seus custos, redução
de efectivos já concretizada, despesas da
defesa (ex: o peso dos combustíveis, a opção e importância de determinados meios
como os submarinos, viaturas blindadas
de transporte de pessoal, helicópteros e
aviões de transporte, etc). A este propósito, é exemplar o discurso do Chefe das
Forças de Defesa da Holanda, que se encontra disponível na internet (2).
Manter bem informados os cidadãos é a
única forma de evitar a sua indignação,
acreditando no papel das suas FA. Os
custos devem ser encarados como um
investimento e não um encargo, pois têm
uma influência directa e indirecta sobre o
desenvolvimento socioeconómico do País,
tendo em vista a Segurança Nacional.
Na situação referida de emergência nacional (sem ter sido declarada conforme a
Constituição) em que o País enfrenta uma
grave crise, as FA têm de dar o seu contributo racionalizando custos – sem, no entanto, afectar a sua prontidão –, mas não
O presente artigo é a versão completa do publicado no Jornal “Diário de Noticias”, n.º 52494, de 2 Janeiro 2013
General Peter van Uhm: Porque escolho a arma (http://www.youtube.com/watch?v=L_DAGjJkrx0)
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opinião
modelo contabilístico do Estado e o poder
político tem de demonstrar mais sensibilidade face ao papel das FA na sociedade
portuguesa e às novas exigências impostas pelas relações internacionais.
Nos momentos de grande instabilidade e
grave crise com que o País se confronta a
ser ampliada pela inabilidade de comunicação dos lideres políticos – “refundação”
(?) do Estado (ou da Constituição) –, terão
de ser ponderados os reflexos de determinadas decisões ou a ausência delas sobre
a coesão e a motivação nas FA.
com iniciativas, meramente economicistas, que são redutoras da Segurança Nacional e do seu papel. Os portugueses não
querem que a crise financeira se transforme também numa crise de segurança. Por
isso, não pode ser comprometido o exercício de funções de soberania do Estado.
Os militares não podem nem devem ser
considerados funcionários públicos. São
um tipo de servidores públicos diferenciado dos demais, porque têm um estatuto
da condição militar – espécie de contrato
entre o Estado e os seus cidadãos militares –, no qual se procura exigir mais do
que à generalidade dos cidadãos, garantindo, em contrapartida, alguns direitos
especiais.
A diferença principal reside: a missão implica disponibilidade permanente incluindo
o sacrifício da própria vida – assumido no
juramento perante a Bandeira Nacional –,
sujeição dos riscos inerentes às missões
com renuncia aos interesses pessoais e
mobilização automática. Têm ainda restrição de alguns direitos e liberdades, situa­
ção diferente dos funcionários públicos,
mas têm vindo a ser tratados como tal. Não
respeitar a condição militar é por em causa uma das funções essenciais do Estado.
Além disso, têm ainda um estatuto relacionado com a “função sacra do líder”(3),
que não deve ser negligenciado ao nível
das promoções – as suas decisões interferem com a vida e morte dos cidadãos
–, existindo apenas três classes com esse
estatuto (médicos, sacerdotes e militares).
O reforço da coesão e do prestígio das FA,
devia constituir um objectivo, merecedor
de atenção prioritária não só aos diferentes níveis da Instituição, como também dos
diversos responsáveis políticos. Por isso, a
Instituição não pode ser enquadrada num
Por último, no que diz respeito às reformas
das FA – sendo assumido o seu carácter
conjunto –, para além das medidas, resultantes da aprovação do CEDN, seria de
considerar, no seguimento do Conceito Estratégico Militar, a elaboração de um Plano
Estratégico (PE/FA) de médio, longo prazo(4). Nesse PE/FA – nunca promulgado ao
nível do CEMGFA(5) –, seriam identificadas
a hierarquia das finalidades estratégicas:
visão, missão, objectivos estratégicos e a
forma de os alcançar com a identificação
dos indicadores, estabelecendo as metas
(para o período considerado). Não é possível gerir o que não se consegue medir.
p­ ermitiria relacionar a estrutura e o desempenho organizacional com o planeamento por capacidades, o orçamento e
a gestão de Projectos. Deste modo seria
possível avaliar – com maior eficácia e de
forma integrada –, o impacto das necessidades de financiamento das FA no Orçamento Geral do Estado.
Aquele processo é determinante, para a
tomada de decisão e para a atribuição de
prioridades de investimento, no âmbito da
programação militar – programas de investimento para modernização do Sistema
de Forças (SF) –, tendo em conta a avaliação de custo-benefício. O SF constitui a
principal referência do esforço de reequipamento militar que a Lei de Programação
Militar deverá concretizar, no quadro da
edificação das capacidades identificadas
no CEDN.
Concluindo, as FA são um importante
instrumento do Estado de salvaguarda
da coe­são e soberania nacionais, constituindo, inequivocamente, um veículo de
afirmação do prestígio e credibilidade de
Portugal no exterior. Mas, para isso, a sua
credibilidade interna não pode ser afectada. É imperativo assumir as responsabilidades ao nível institucional e político.
Para finalizar, merece reflexão a frase
do Presidente da República, Cavaco
Silva (Comandante Supremo das FA):
“Considero da maior relevância o reforço
da coesão e do prestígio da Instituição
militar, objectivo que, em permanência,
deve merecer atenção prioritária de
todos os responsáveis políticos”.
José Manuel Neto Simões
Capitão-de-Fragata SEF (Reserva)
Sendo um documento estruturante para a
consolidação da reestruturação das nossas FA, teria de estar alinhado com as
prioridades nacionais da defesa e objec­
tivos do CEDN, contribuindo para dar
orientações concretas aos Ramos e Planos
sectoriais: recursos humanos, formação e
treino, informações militares, planeamento operacional, logística, infra-estruturas,
comunicações e sistemas de informação.
O PE/FA constituiria também um instrumento de gestão estratégica, porque
Expressão utilizada pelo General Loureiro dos Santos numa entrevista na SIC notícias em 2012.
As Forças Armadas de Timor-Leste (F-FDTL) têm um Plano deste tipo (PDF 2011-2017), homologado ao nível político, que resulta do modelo adoptado, através de um Estudo Estratégico (Estudo
“Força 2020”). Aquele Plano está alinhado com o Plano Estratégico do Governo (PED 2011-2030).
5
Conforme estatuído na lei detém o Comando operacional das FA.
3
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opinião
O Direito de Dizer
A Advocacia e o Direito dos Cidadãos
ao Acesso à Justiça
Carla Marques Pinto
(Advogada)
A
terminar esta série de artigos de opinião que iniciámos em
Novembro de 2010 – edição N.º 10 de “O Desembarque”
gostaríamos de aproveitar para desejar aos nossos leitores
e à nossa revista que o 2013, que já vai a meio, vá correndo devagar – se possível, sem os enormes solavancos que todos, uns
mais que outros, sentimos no ano passou – e devagar, devagarinho porque, se cada dia que passa representa mais um grão de
experiência e de sabedoria, é também a inexorável inevitabilidade
de um a menos no bonito carrossel da vida. Vivamos, pois, quanto
possível, tranquilos e sem pressas porque, a alucinante velocidade da “nova civilização informática” e esta Europa quase desfeita
e, quiçá o Mundo, se encarregarão de nos empurrar…!
Mas entremos então no tema, sempre controverso, porque o que
se plasma em Lei quase nunca se faz, ou porque não se pode ou
porque se não sabe, ou porque se não quer.
O acesso ao direito e à justiça vem consagrado pela seguinte forma no Art.º 20.º da Constituição da Republica Portuguesa:
«1. A todos é assegurado o acesso ao direito e aos tribunais
para defesa dos seus direitos e interesses legítimos, não podendo a justiça ser denegada por insuficiência de meios económicos.
2. Todos têm direito nos termos da lei, à informação e consulta
jurídica e ao patrocínio judiciário.»
Lindíssimo! Tomáramos todos que fosse assim!
Tudo parece definitivamente definido (perdoe-se-nos a
cacofonia pleonástica) claro e garantido. Mas as perguntas que
nos propomos formular, sendo simples, desde logo revelam a
controvérsia da temática que tem sido, aliás, objecto de reflexão
por muitos ilustres advogados e também por alguns daqueles que,
candidatos á advocacia por vocação estão também preocupados.
Perguntemos, então:
Como assegurar, na prática e concretamente, este direito constitucional a todos os cidadãos e, senão com os mesmos níveis de
respostas, pelo menos de forma tendencialmente paritária?
Que papel deve assumir o Advogado na consagração e execução
deste direito?
Como conciliar a independência da Advocacia e a liberdade da
mais liberal das profissões liberais, e o direito dos cidadãos à livre
escolha do seu patrono com a dependência financeira, directa ou
indirecta do Estado, única Entidade que pode e deve assegurar
o direito de acesso à justiça, aos mais débeis e desprotegidos?
E como conciliar essa livre escolha, essencial para que o cidadão
tenha acesso livre, e consciente ao direito e à justiça, com a crescente “proletarização” dos advogados?
Cremos que o anterior e tradicional modelo está esgotado e não
se adapta mais à inevitável “sociedade global”, à alucinante velocidade das novas tecnologias, enfim, a um Mundo em constante
mudança onde a feroz concorrência e o individualismo quase já
civilizacional, não mais consentem que a Classe seja a garante do
acesso aos tribunais e à justiça dos cidadãos carenciados como
foi tradição na advocacia portuguesa.
Temos para nós que esse tempo, seguramente, passou e que a
Advocacia em Portugal se encontra em era de, para a maioria,
dramática mudança.
E porque assim será, o que deverá cuidar-se de saber é o que
queremos para o futuro.
Um “Serviço Nacional de Acesso ao Direito” à semelhança de um
Serviço Nacional de Saúde?
Um modelo de “Defensor Público” organizado e pago directamente pelo Estado, necessariamente hierarquizado e inevitavelmente
burocratizante em que os defensores não seriam mais “advocatus” mas uma nova corporação de funcionários públicos, porventura e legitimamente reunidos em sindicatos?
Ou uma verdadeira “Magistratura” (outra?) tão independente
quanto o pretende ser a do Ministério Público, sindicalista, corporativista, aceitando uma cadeia de comando e, quiçá, avaliada
pelo número de “defesas” que efectuasse?
Algumas séries de televisão americanas terão criado em cabeças
mais idealistas a possibilidade de vencer a utopia que já não é
nossa!
Será curioso citar – porque neste momento o cremos insuspeito
– o ex-Bastonário, Dr. José Miguel Júdice, numa das suas “bastonadas”:
«Fazer Justiça Social é, para os Advogados, tudo tentar para
que os Cidadãos sem recursos e sem poder possam beneficiar
do Direito ao Direito, tendencialmente em termos equivalentes aos que têm assegurado o Direito à Saúde». (O acesso ao
Direito na Linha da Frente – in. Bol. N.º 26 da AO – Jun./2003).
O principal problema que aqui se coloca sugere, necessariamente, a questão do modelo.
De facto, um dos problemas com que o Advogado deste século
se confronta é o de que não é mais possível protestar contra as
violações dos direitos humanos e combater as arbitrariedades,
com a mínima eficácia, enquanto não estiver garantido o acesso
de todo os cidadãos, tanto quanto possível paritário, ao direito e
à justiça.
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17
opinião
Quem se ficasse pela mera leitura deste excerto, poderia ser tentado a pensar que estaríamos na presença de uma defesa, para
o futuro, do tal “Serviço Nacional de Acesso ao Direito” aceitando
a proletarização da Classe ou, pelo menos, de uma parte dela.
Porém, mais adiante, esclarece:
«Mudar é preciso porque o Acesso ao Direito actualmente não
responde minimamente às necessidades dos Cidadãos e está a
destruir a profissão liberal da Advocacia, sobretudo nas zonas
onde manter a Advocacia livre é cada vez mais difícil» (Idem já
citada).
Afirmando, ainda, que «um advogado lutará sempre mais e melhor por eles (os carenciados) do que um burocrata». (Idem).
Face às preocupações que subjazem às nossas perguntas, ficámos a saber que não estará em curso a funcionalização do advogado ou a sua proletarização, isto é, que é possível mudar sem
comprometer a sua independência e autonomia, pedras chaves
de uma profissão que são, quanto a nós, as determinantes que
atraem as verdadeiras vocações, necessariamente avessas ao
mercenarismo porque, nestes casos, são o seu invés.
Tranquilizou-nos a filosofia de acção ao tempo expressa pelo
Vice-Presidente do Conselho Geral da Ordem de cujos textos pedimos vénia para respigar:
Desde logo… impedir que se instale um serviço estadual de
defensores públicos, uma dócil sub-Advocacia e, a prazo, um
Sub-Ministério público, uma cinecura estatal hierarquizada e
gizada em moldes quase castrenses». (In. Boletim n.º. 26.º da
OE – págs. 8 a 13).
De facto, o modelo para que se aponta, qual seja o de um verdadeiro
instituto de apoio judiciário que permita remunerar os defensores
oficiosos com dignidade e a tempo, pesem embora algumas
vozes discordantes algumas das quais que muito consideramos
– v.g. a do Dr. Fuzeta da Ponte (não tivesse sido nosso ilustre e
amigo professor) quando afirma «Em tese, o sistema que antes
vigorava de apoio judiciário, em que, na prática, o Advogado nada
ganhava, era mais justo e transparente, permitindo uma melhor
defesa do cidadão carenciado e um normal desenvolvimento
da advocacia enquanto profissão livre» (in. Comunicado ao
Congresso da Justiça – Setúbal Out.º/2002) – parece-nos o mais
adequado, sendo que as referenciadas vozes, com certeza muito
bem-intencionadas, poderão estar, perdoe-se-nos a irreverência,
deslocados do nosso tempo.
Como afirma o Dr. João Correia, «crescemos depressa… e em
pouco mais de 20 anos quase decuplicámos» (in. Bol. 20 - AO). Ora
bem, para que o “sistema que antes vigorava” fosse minimamente
viável seria indispensável que a procura decuplicasse e isto para
que, no fundo, os ricos pudessem “subsidiar” os honorários que
os carenciados não pagariam… Isto é, os advogados teriam de
ter a garantia que, uma vez no mercado, não teriam dificuldades
em sobreviver acima da média, para que pudessem assumir a
responsabilidade, quiçá, a obrigação – que seria também, para
nós, enorme prazer e elemento de prestígio – de patrocinarem os
carenciados e desprotegidos.
Quanto gostaríamos que fosse assim se o não tivesse como
bonita utopia e símbolo de impossibilidade, nos tempos que vão
correndo!
Terão esquecido os defensores do “antigo sistema” – que o
Estado, na prática, “insiste em manter” quando nunca se sabe
quando retribui as intervenções oficiosas – uma relativamente
sondagem do Centro de Estudos de Opinião (CESOP) da
Universidade Católica para o jornal “O Público” que revelava
que apenas 34,9% dos inquiridos pensavam que os advogados
18
exerciam as suas funções de forma íntegra e honesta sendo que
49,4% pensavam o contrário?
Mesmo que seja dramático – e para nós é muito, e não
corresponda à realidade – urge, sem dúvida inverter a situação
e esta imagem que, poucos, matizam e salpicam os muitos que
somos. Em primeiro lugar punindo e irradiando (somos a este
nível, absolutamente radicais) mas sem rotinas burocráticas
e instaurando por tudo e por nada procedimentos disciplinares
e, sobretudo, garantindo condições que não propiciem que a
Classe seja invadida por mercenários, cujo meio de vida lhes não
importará que seja este ou outro qualquer!
Subscrevemos incondicionalmente as palavras do Ilustre
Colega Dr. José Miguel Júdice citadas pelos Drs. Margarida
Ascensão Rocha e Rogério Moura na sua esclarecida análise da
sondagem do CESOP que apetece transcrever a itálico negro:
«A injusta imagem dos Advogados é em parte nossa culpa:
porque tolerámos muitas vezes os desonestos, porque os não
castigámos exemplarmente, como era necessário, porque
deixamos que só se falasse de nós quando algum se portava
mal e nunca quando tantos mais foram generosos, idealistas,
solidários e corajosos, porque deixámos que o apoio judiciário
muitas vezes não fosse adequado». (in. Bol. 26 - AO)
E continua a não ser! Temos para nós que do que precisamos é de
prestigiar rapidamente a profissão. E isso faz-se com autoridade,
com coragem, mas também com união e solidariedade, sobretudo,
para com os mais fracos, isto é, para com os jovens que, ao
contrário de serem, apenas considerados pelas suas prestações
teóricas e de cariz académico precisam de ser vistos como
pequenos Advogados de “terreno” onde a postura, a dignidade,
a honestidade e o humanismo muitas vezes não encontram
correspondência na consideração que as Magistraturas seriam
obrigadas a conferir-lhes.
E é aqui que apetece gritar pelo apoio dos mais velhos. Em prol da
dignidade e do prestígio da profissão.
É óbvio que a nossa opção filosófica (não queremos chamar-lhe
ideológica) estava feita pelo instituto de acesso ao direito tal como
o sabíamos definido, em termos de princípios, pelo Protocolo
existente e cremos que vinculativo, entre o Estado Português (MJ)
e a Ordem dos Advogados.
O que se pode perguntar é: e para quando a verdadeira implementação, que não distorcida, deste instituto?
Citando o Ilustre Colega Dr. João Vaz Rodrigues numa daquelas
que consideramos uma das suas mais brilhantes e realistas intervenções, com ele também dizemos:
O DESEMBARQUE • n.º 16 • Julho de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt
opinião
«Sofridos estão os advogados que desempenham o
patrocínio odioso, perdão, oficioso, trabalhando sem receber
(condignamente ou de todo). É dever de ofício, dirão. Pois é,
mas não pode tornar-se numa missão impossível. Foi apanágio
de uma generosidade de que todos os Advogados sempre se
orgulharam. Pois foi mas já não é. Para voltar a ser motivo
de orgulho é necessário adaptar o sistema à massificação
vigente». (In Bol. 28 OA). E mais adiante:
«A Advocacia Pública é uma contradição em termos. Não podendo ser por definição uma Magistratura a sua institucionalização pode transformar uma profissão livre em actividade
subalterna, hierarquizada, submissa a um salário do Estado e
à respectiva subordinação. Tudo a determinar evidentes rombos nas duas vigas estruturais da profissão: a independência
e a autonomia (o sublinhado é nosso). A Advocacia pública está
para a Advocacia como um clone está para um ser humano:
trata-se de uma manipulação proibida.
Sempre será possível criar uma terceira Magistratura. Mas
estão pensados o Estatuto e a teleologia? Valerá a pena?
E nisto, parece concordarem todos os Bastonários.
Permita-se-nos a veleidade de afirmar – nós que somos espírito
cheio de dúvidas – que neste aspecto não temos dúvidas nenhumas. Aquelas que eventualmente se poderão suscitar têm a ver
com a capacidade anímica e organizativa da Ordem mas, sobretudo, na implementação e execução de um projecto para que,
claramente, não permita duas coisas: uma velada proletarização
de alguns Advogados “afectos” ao instituto e que o Estado não
cumpra, atempadamente – como está a acontecer presentemente
estrangulando por dos nossos colegas, ao contrário das afirmações gratuitas e falaciosas da Ministra da Justiça – a transferência
dos fundos necessários ao seu funcionamento, porque daqui, sim,
pode advir – e já adveio – o desprestígio da justiça e com ela o da
Ordem e o da Advocacia.
Não nos despedindo da nossa revista. Despedimo-nos, apenas,
com um abraço, dos nossos Leitores.
«Fuzileiro uma vez, fuzileiro para sempre»
Até que se responda cabalmente a estas questões deixem
estar a advocacia oficiosa em paz».
Carla Marques Pinto
Nada de mais actual!
Email: [email protected]
Sócia Descendente n.º 1870
A Criança e o Jogo
Abel Melo e Sousa
“A Juventude não é um capítulo isolado da vida, nem o
prefácio de um livro independentemente do que vem a
seguir. É a promessa de tudo o resto: é a semente da qual
tudo cresce, é o fundamento sobre o qual deve erguer-se o
edifício da vida.”
Tiago Alberione
Q
uando percorro pátios, largos e quintais vejo que algo lhes
falta: a presença da «criançada» que em outros tempos
animava estes locais, com os seus jogos, brincadeiras e
traquinices próprias da idade… Pergunto onde andam estes meninos? A resposta é muito simples, estão em casa defronte de um
computador…
2. Importância do jogo para a criança
Poder-se-ia perguntar porque joga a criança. Jean Chateau explica o facto através do conceito do apelo ao mais velho, o qual
se apresenta, no seu entender, como o motor de grande parte da
actividade lúdica infantil. A criança vê no adulto o modelo com
que deseja identificar-se, procurando participar nos trabalhos
realizados pelo adulto em igualdade de circunstâncias. No jogo
infantil, a criança empenha toda a sua personalidade, constituindo uma actividade séria, frequentemente entendida pelos mais
velhos como palhaçadas, subestimando a sua importância que
não é mais do que uma ocasião em que a criança aproveita para
agir como gente crescida, como adulto que ainda não pode ser.
É imperativo as crianças voltarem a conviver para além da escola
e das actividades desportivas e culturais, porque é fundamental a
sua inter-actividade real que não pode reduzir-se às ferramentas
virtuais, se bem que estas ponderadamente utilizadas são um
contributo importante para a formação da juventude dos nossos
dias.
Assim apresento, de forma adaptada, um artigo que escrevi na
Revista da Armada, em Janeiro de 1984, com o título “A Criança
e o Jogo”, que julgo poder ser útil para pais e avós da Associação
de Fuzileiros.
1. Introdução
Pretende este artigo lançar algumas pistas que permitam
esclarecer certas questões que surgem muitas vezes a pais e
avós, acerca da problemática da criança e do jogo.
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19
opinião
Uma criança que não joga, ainda segundo Chateau, é uma criança
cuja personalidade não se afirma, é um ser sem coragem e sem
futuro.
3. Jogos Infantis
Existem vários tipos de classificações para os jogos infantis, segundo as observações e trabalhos de Chateau, Terman, Daniels
e Maudry, entre os mais significativos. Apresenta-se de seguida
aquela que resume as classificações dos autores referidos:
Primeiro Jogo – Jogos Funcionais / bebés entre os 6 e 10 meses
É desprovido de qualquer regra e corresponde a gestos espontâneos que a criança repete, e que mais tarde conduzem a gestos
concretos como o falar e andar. Dentro deste tipo de jogos surgem mais tarde os jogos hedonísticos, nos quais a criança procura obter um prazer, como provocando um ruído, ou conseguindo
uma sensação táctil.
Segundo Jogo – Jogos de construção / entre os 2 e 4 anos
São os primeiros jogos propriamente ditos e aparecem a nível
familiar e na escola, ainda com um registo puramente individual.
É sabido o atractivo dos cubos nas crianças destas idades.
Terceiro Jogo – Jogos Sociais / entre os 4 e 7 anos
Este tipo de jogos que, sobretudo nos rapazes, se manifesta como
jogos de proeza em que as crianças mostram o seu respectivo
valor. Quando atingem uma organização rudimentar tornam-se
jogos de competição, que são os primórdios dos desportos individuais.
Quarto Jogo – Jogos de Imitação / entre os 7 e 9 anos
Os modelos aqui imitados são humanos, com maior incidência
para pais, colegas, artistas de cinema, cantores da moda, etc.,
procurando copiar os comportamentos dos mais velhos.
Quinto Jogo – Jogos Tradicionais / maiores de 10 anos
No fim da infância desenvolvem-se os jogos de grupo organizado,
que não são mais que o resultado do desenvolvimento dos jogos
precedentes. Assim, os jogos de proeza dão origem a jogos
tradicionais de competição cooperativa, como são a macaca, a
barra, os quatros cantinhos, etc. Os jogos de imitação, por seu
lado, dão lugar aos jogos tradicionais familiares, nos quais se
joga a qualquer acontecimento, como casamentos, baptizados,
guerras, etc…
4. A Regra
Inicialmente a criança apresenta uma ordem que rege as condutas mais simples como o ritmo e a repetição, sendo a sua consequência o aparecimento das primeiras regras.
Desde os primeiros jogos a criança faz apelo a uma regra embrionária, sendo os modelos que ela copia outras tantas regras
que comandam o seu comportamento. Jogar à «mãe e à filha»
abrange um certo número de gestos, um certo número de actividades que dependem do real. A ideia que a criança faz do modelo
é como uma regra de jogo.
Os jogos com regra arbitrária aparecem no fim da segunda infância (3 a 5 anos) e no princípio da terceira (5 a 8 anos) não durando
muito tempo e dando lugar aos jogos de competição, tornando-se
a regra algo de social. É o caso dos jogos tradicionais.
5. A criatividade e o jogo
É através do jogo, segundo Chateau, que a criança põe em acção
as possibilidades que dimanam da sua estrutura peculiar, realiza
as potencialidades virtuais que afloram sucessivamente à superfície do seu ser, assinala-as e complica-as, coordena o seu ser
e dá-lhe vigor. É através do jogo que a criança vai criando novas
situações ou adaptando à sua maneira outras já existentes, fazendo como que um treino preliminar da sua vida futura, dado
que nos jogos é posta perante diversas situações, habituando-se
desde logo a resolvê-las.
Entre outros, o jogo desenvolve o gosto pela aventura, actividades
físicas, contacto com a natureza, etc…
6. Conclusão
O valor pedagógico do jogo para uma criança é reconhecido por
todos os psicólogos, como é o caso de Piaget que o resume em
dois parâmetros: a apropriação do real objectivo e a formação do
pensamento social. Ou seja o jogo prepara a criança para a vida
séria conquistando pela primeira vez, a autonomia, a personalidade, e os esquemas práticos de que terá necessidade quando
for adulta e ajudando a integrá-la ao mesmo tempo nos grupos de
amigos e na sociedade.
Como pode uma criança crescer, resumida às quatro paredes da
casa e da escola? É impensável que uma criança cresça sem
esfolar uns «joelhitos» a subir muros e árvores como, já agora, se
forme um fuzileiro sem fazer uma pista de lodo!
Vamos ajudar ao regresso das crianças e suas brincadeiras nos
pátios e quintais, necessariamente com as precauções inerentes
às questões de segurança da actualidade e, com isso contribuir
para a formação de uma juventude mais responsável e mais preparada para os desafios do futuro!
Abel Melo e Sousa (*)
Sóc. Orig. n.º 1154
(*) Abel Melo e Sousa é Oficial da Marinha de Guerra na reforma, especializado em
Fuzileiro Especial e Educação Física. Dirigente do CNE (Corpo Nacional de Escutas).
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convívios
Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 13
Guiné 1968/70
Homenagem a um dos seus Mortos em Combate
6 de Abril de 2013
N
o passado dia 6 de Abril, os Fuzileiros do DFE 13 e Familiares,
num total de 86 presenças, realizaram o seu convívio anual,
em Alte (Messines).
Foi celebrada Missa na Igreja local pelo respectivo Prior seguindo-se, no cemitério, a homenagem ao 1.º Mar FZE Casimiro Candeias, um dos Mortos em Combate da unidade (9 Julho 1969)
com a presença de familiares daquele que foi excelente combatente e camarada muito estimado por todos.
Teve depois lugar um animado almoço-convívio, em que, como
sempre, sobressaiu o espírito de camaradagem, amizade e orgulho de pertença a uma Unidade de Fuzileiros que teve destacado
desempenho operacional, grande disciplina e coesão, mantendo
todos, presentemente, um elevado sentido do dever bem cumprido.
À emocionada evocação feita pelo Comandante do DFE, Almirante
Nuno Vieira Matias, os Fuzileiros responderam: “PRESENTE!”.
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Vasco Brazão
CMG FZE (R)
Sóc. Orig. n.º 277
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convívios
1.º Encontro dos “Escolas de 92”
20 de Abril de 2013
N
o passado dia 20 de Abril, efectuou-se o primeiro “Encontro/Convívio”
dos “Escolas de 1992” com reunião,
logo pela manhã, na parada da Escola de
Fuzileiros “à vista da nossa ilustre pista de
lodo”.
De seguida, uma breve passagem pela
cantina para um brinde com um apetecível
“moscatel de Setúbal” teve o condão de
afagar os estômagos, sobretudo, dos que
vieram de longe.
O grupo foi recebido pelo Imediato da
Escola de Fuzileiros que presidiu à cerimónia da deposição da coroa de flores no
Monumento ao Fuzileiro em memória dos
camaradas já falecidos.
Após breve visita à “Casa Mãe” para se
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matarem, com nostalgia, as inevitáveis
saudades, o grupo seguiu para o Barreiro,
para a Sede da Associação Nacional de
Fuzileiros.
No respectivo Snack-Bar decorreu um
muito bem servido, almoço/convívio, no
decurso do qual não faltou a boa disposição, a alegria, e o rematar das saudades
de alguns que, há muito, não se viam –
com especial referência para o então Tenente Anjos, Comandante da Companhia
Alfa/92, a quem se agradece a presença
– e trocas de pequenas lembranças. Presentes no almoço o Presidente da AFZ,
Comt Lhano Preto e o antigo Comandante
da EFZ, Manuel Mateus, aos quais a organização do Encontro agradece muito
reconhecida a disponibilidade e a sua solidariedade.
A comissão organizadora, liderada pelo
Mendes – actual Presidente da Direcção
da Delegação da Associação de Fuzileiros
de Vila Nova de Gaia – agradece também:
Ao Corpo e à Escola de Fuzileiros pela forma como nos receberam o que levou a que
alguns camaradas nossos hajam dito, com
emoção, que cada vez têm mais orgulho
de terem pertencido a esta “família”;
Ao “nosso” Capelão, Capitão-tenente Licínio que brindou o grupo com a sua companhia;
À Associação de Fuzileiros e ao seu Secretário-Geral pelo apoio que prestaram.
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convívios
Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 9
Moçambique 1971/73
1 de Junho de 2013
N
o passado dia 1 de Junho desembarcaram no Bairro do Prazo, Arganil, vindos dos mais diversos pontos do País, os bravos do DFE 9 capitaneados pelo Comandante João Manuel
Bandeira Balançuella Eanes.
Assim se deu início a uma jornada de confraternização de um
punhado de ex-Fuzileiros Especiais da Marinha de Guerra Portuguesa, familiares e amigos, para comemorar o 42.º aniversário
da sua comissão de serviço em terras de Moçambique (Niassa e
Tete) nos anos de 1971 a 1973.
O primeiro “embate” realizou-se na Sede da Associação de Combatentes do Concelho de Arganil*, que gentilmente abriu as portas aos seus camaradas de luta, para uma recepção à moda das
Beiras, com petisco, boa pinga, camaradagem sã e uma visita ao
Museu que a todos deixou encantados.
Depois, chegou o momento da partida com alguma tristeza e
prévia saudade, mas já foi agendado o 43.º aniversário para 2014,
em Barcelos (*).
Para além dos enunciados, há uma palavra de agradecimento à
Câmara Municipal de Arganil, na figura do seu presidente Sr. Dr.
Pereira Alves e à sua Secção de Turismo que colaboraram desde a
primeira hora, com lembranças para os convivas. Em meu nome,
ex-marinheiro telegrafista e fuzileiro especial (MAR. C. FZE n.º
2247/69) como organizador principal deste evento, estando grato,
devo salientar que Arganil, as suas gentes e instituições souberam,
como sempre, bem receber e promover o nosso concelho. Obrigado.
Alberto Manuel Amaral Neves
(Não é sócio da AFZ -“ainda não foi desta”)
Usou da palavra o presidente António Vasconcelos, secundado
pelo nosso amigo José Gomes. Ambos deram as boas vindas à
rapaziada, bem como a todos os restantes ex-militares que quiseram estar presentes.
De seguida rumaram ao Santuário da Senhora do Mont’Alto, aproveitando para o visitar e ficaram deslumbrados com as nossas
magníficas paisagens serranas.
Hora do Rancho: foi servido pelo restaurante local, animado por
são convívio, teve bolo de aniversário, espumante e fotos da praxe.
Nota da Redacção: Artigo revisto. Pena foi que este evento se não tivesse realizado na Sede
da Associação Nacional de Fuzileiros e para aí agendado o próximo.
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homenagens
Sargento FZE
Mário Rodrigues Afonso
“O Magala”
P
resto homenagem ao meu querido
amigo e camarada Afonso, “rapaz da
minha idade”, meu irmão de coração,
um Fuzileiro de mão cheia, como costumamos dizer, quando nos referimos a
alguém, que reúne todas aquelas qualidades natas de eleição. Um homem íntegro,
bem-humorado e com um sentido elevado
de responsabilidade. A amizade, lealdade,
abnegação, solidariedade, valentia, e honra faziam parte da sua conduta de cidadão
e de Fuzileiro.
No dia 13 de Abril, depois de uma renhida batalha contra a doença, de cerca de
quinze meses, sucumbiu. Apesar do sofrimento sempre tinha um sorriso e uma
palavra de amizade para todos aqueles
amigos, camaradas e antigos alunos que
o visitavam. Possuía uma clarividência de
raciocínio espantosa e nos últimos dias da
sua difícil luta, ainda tinha uma palavra de
esperança para o seu infortúnio.
Era um vencedor nato, um Fuzileiro como
sempre o foi, um combatente de eleição.
Não tive a honra de combater ao seu lado,
uma vez que estivemos quase sempre em
unidades diferentes, mas trabalhamos
juntos durante alguns anos, na instrução e
formação de muitos alunos, na Escola de
Fuzileiros e na Escola Naval.
guardiões do templo. E estivemos «Sempre Presentes».
Acompanhei-o desde o início da sua doença,
num período muito difícil. Quantas vezes,
entrava no hospital e tinha a nítida sensação que a evolução da sua doença iria
ser, como infelizmente foi, progressiva e
vertiginosa.
E termino relembrando um trecho do nosso hino:
Em honra da capacidade de combate,
contra a doença e da sua resistência evoco, como se fosse uma oração, um texto
antigo, de 1893 dirigido pelo Guarda-Mor
da Brigada Real da Marinha, Moniz Barreto, a El-Rei de Portugal.
Despedimo-nos com o nosso grito de
sempre: «Fuzileiros: Prontos; Do mar:
para a terra; Desembarcar: Ao Assalto;
Desembarcar: Ao Assalto».
«Desfilai oh Fuzileiros mortos e juntai-vos
ao nosso cantar.
Há mil sonhos ainda a viver, mil batalhas
“inda por ganhar».
Descansa em Paz meu Irmão.
José Talhadas
Sóc. Orig. n.º 95
«Senhor, umas casas existem no vosso
Reino, onde homens vivem em comum,
comendo do mesmo alimento, dormindo
em leitos iguais, de manhã, a um toque
de corneta se levantam para obedecer. De
noite a outro toque de corneta, se deitam
obedecendo, da vontade fizeram renúncia
como da vida. Seu nome é sacrifício. Por
ofício desprezam a morte, e o sofrimento
físico. A gente conhece-os por militares».
Nunca esquecemos o que aprendemos
na nossa recruta em 1964: «Os Fuzileiros
nunca deixam ninguém para trás».
E assim foi contigo, meu Amigo: acompanhamos-te sempre, na hora do infortúnio,
da tua doença e até teu fim. Transportamos-te até à tua última morada, tal como
Nota: Esta é, também, a homenagem que – tão bem
representada pelo José Talhadas - toda a AFZ presta
ao Sargento Afonso, nosso Sócio Originário n.º 62.
Um mundo de soluções para o seu lar...
Estrada das Palmeiras, 55 | Queluz de Baixo 1004 | 2734-504 Barcarena | Portugal | T.(+351) 214 349 700 | F. (+351) 214 349 754 | www.mjm.pt
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entrevista
Contra-Almirante
José Luís Ferreira Leiria Pinto
O
Contra-Almirante Leiria Pinto é o Sócio Originário n.º 140 da Associação
de Fuzileiros. Desde há mais de três
anos que desempenha as funções para
que foi convidado e posteriormente eleito,
como Presidente da Mesa da Assembleia
Geral.
se listam seguidamente, respeitando a Ordem de Precedência:
Homem com exemplar força de Carácter
e Personalidade bem vincada, tem
apoiado as direcções da Associação na
manutenção da Excelência, que são seu
apanágio.
– Ordem Militar de Avis – Cavaleiro;
Oficial distintíssimo, enquanto no Activo,
teve uma carreira diversificada que, ao
longo desta entrevista, temos a oportunidade de seguir.
Decorrente desta actividade e do reconhecimento do alto valor dos serviços prestados, o Contra-Almirante Leiria Pinto foi
louvado 23 vezes, praticamente por todas
as suas chefias. De todos os louvores, há
a realçar um dado pelo General Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné
e, outro, do Ministério do Ultramar, pelos
relevantes e distintos serviços prestados
em Timor como Chefe da Repartição Provincial dos Serviços de Marinha.
Estes louvores são bem o reconhecimento dos altíssimos serviços na defesa dos
territórios que, ao tempo, considerávamos
parte integrante da Pátria. Mais mérito têm
quando todos sabemos quanto as Chefias
Militares eram ávaras na distinção de militares que não fossem das suas armas.
Decorrente de todos os Louvores e em
consequência, foi o Contra-Almirante Leiria Pinto agraciado com as Medalhas que
– Medalha da Cruz de Guerra de 2.ª Classe;
– Ordem Militar de Avis – Comendador;
– Ordem Militar de Avis – Oficial;
– Medalha Militar de Serviços Distintos –
Ouro;
– Três Medalhas Militar de Serviços
Distintos – Prata;
– M edalha Militar de Mérito Militar –
1.ª Classe;
– M edalha Militar de Mérito Militar –
2.ª Classe;
– Medalha Comemorativa do V Centenário
da Morte do Infante D. Henrique;
– Medalha da Cruz Naval de 1.ª Classe;
– M edalha Naval de Vasco da Gama
– Medalha Militar de Comportamento
Exemplar – Ouro;
– Medalha Militar de Comportamento
Exemplar – Prata;
– Distintivo da Ordem Militar da Torre e
Espada, Lealdade e Mérito;
– Medalha Comemorativa das Campanhas das Forças Armadas Portuguesas,
Angola 63/64;
– Medalha Comemorativa das Campanhas das Forças Armadas Portuguesas,
Guiné 66/67;
Contra-Almirante José Luís Ferreira Leiria Pinto
– Medalha Comemorativa da Comissão de
Serviços Especiais das Forças Armadas
Portuguesas, Timor 73/75;
– Medalha de Mérito Naval do Brasil –
Comendador.
O Contra-Almirante Leiria Pinto é casado
com D. Elsa Maria Sotto-Mayor Matoso
Leiria Pinto; têm 3 filhos e 7 netos.
Licenciado em Ciências Militares com
o Curso de Marinha, é especializado em
Armas Submarinas e em Fuzileiro Especial, tem o Curso da Defesa Nacional e os
Cursos Geral e Superior Naval de Guerra. É
também licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Para mais saberem da maneira de ser e de
estar deste camarada, aconselhamo-los
vivamente que leiam o seu livro “Recordações de um Marinheiro, Timor 1973-75”,
ficando informados do que foi a “Descolonização Exemplar” naquela parcela, onde
era considerado crime pisar a sombra da
Bandeira Nacional.
NOTA: Entrevista conduzida pelos Vice-Presidentes da AFZ Cardoso Moniz e Marques Pinto com revisão da associada Maria Cecília
“O Desembarque” (O Desemb.): O Almirante nasceu em Lisboa, onde decorreu a sua infância e adolescência. Quer referir os “acidentes” que passaram e marcaram a sua personalidade?
Alm. Leiria Pinto (LP): Nasci em Lisboa em 1940, mas dois anos depois fui residir para Loures e em 44 passei a morar em Benfica. Na
época, quase uma aldeia na periferia de Lisboa.
Após a instrução primária, em escolas locais, ingressei no Liceu Pedro Nunes, no ano lectivo1950/51. Para um jovem de 10 anos era
um marco importante a entrada no liceu, após uma prova final da 4ª. Classe e um rigoroso exame de admissão. Tudo era novidade,
principalmente para quem até então tinha vivido num lugar pacato e pouco conhecia Lisboa. Adaptei-me rapidamente à nova situação
e criei amigos que, passadas seis décadas, ainda encontro semestralmente em jantares para relembrar os “bons velhos tempos”. O
“Pedro Nunes” era um bom liceu, com professores competentes e exigentes. Foi uma adolescência que apesar de austera, tanto em
casa como no liceu, constituiu um período marcante e altamente positivo na minha formação, já que me incutiu Valores e Princípios
que sempre me têm norteado. Na época, o Relativismo, o Laxismo e o Facilitismo que hoje imperam e são origem de tantos problemas,
não existiam. A juventude contentava-se com pouco, a vida era relativamente estável e julgo que na generalidade, como no meu caso,
guarda boas recordações desse tempo.
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entrevista
O Desemb.: Em que fase da sua vida decidiu que a Marinha seria
a sua ambição profissional?
LP: No âmbito das actividades da Mocidade Portuguesa
funcionavam os denominados Centros Especiais onde se podiam
praticar, gratuitamente, diversas modalidades desportivas como
por exemplo Vela, Remo e Marinharia. Assim, aos 12 anos,
ingressei no Centro de Vela da Mocidade Portuguesa, em Algés.
Perante as correntes do Tejo, as nortadas, por vezes as chuvadas
e as preocupações em evitar abalroamentos, numa zona de
constante navegação, fui apreciando o desporto da Vela e por
consequência a sentir uma certa atracção pela vida no mar. Foi
essa prática que me fez escolher a Marinha como profissão.
O Desemb.: Não encontrou dificuldades em alcançar o seu
objectivo?
LP: Concluí o liceu no Verão de 1957. Fui um aluno médio.
Gostava de História, obtive melhores notas na área de Letras e
até, no 5.º ano, uma professora aconselhou-me a ir para a Faculdade de Letras. Mas, aos 15 anos, a minha decisão estava tomada,
seguir a Marinha.
No decorrer de uma operação, com o Oficial Imediato do DFE 6, 2TEN Santos Heitor
Naquele tempo, a entrada para a Escola Naval era difícil, pois o número anual de vagas não excedia a dezena e meia. Além da
aprovação no Curso do Liceu era necessário um ano de Preparatórios Militares, com que fiquei habilitado depois de frequentar a Escola
do Exército, na Amadora.
Em Outubro de 1958, ingressei na Escola Naval fazendo parte do Curso “Duarte Pacheco Pereira”. Éramos apenas 14 cadetes. Curso
muito pequeno mas cujos membros cumpriram comissões em todos os territórios do antigo Ultramar Português, seis comandaram
Unidades de Fuzileiros em zonas de campanha, cinco atingiram o almirantado e um foi Chefe do Estado-Maior da Armada.
O Desemb.: Como foi o Curso da Escola Naval?
LP: A Escola Naval era então uma família. O total dos cadetes dos dois cursos mais antigos era de apenas 22. A Matemática exigiu-me
muito trabalho, pois a preparação que trazia da Amadora era fraca, mas consegui ultrapassar as dificuldades. Guardo boas memórias
do ambiente de camaradagem e entreajuda que lá se vivia. Estabeleceu-se entre nós, os “filhos da escola”, uma amizade que se tem
mantido até aos dias de hoje. As recordações mais duradouras foram, indiscutivelmente, as viagens de instrução. Pouco conhecíamos,
além do lugar onde residíamos e, para os mais afortunados, aqueles onde gozavam as férias. Os embarques, ao proporcionar a visita
a novas terras, especialmente ao estrangeiro, despertavam sempre grande interesse. Relembro a viagem de fim do curso, em 1961, a
bordo da fragata “Pero Escobar”, em que visitámos Cabo Verde, Guiné, S. Tomé e os principais portos de Angola. Foram os primeiros
contactos com a realidade portuguesa em África, especialmente com o início da sublevação angolana. Mal sabia eu que iria fazer duas
comissões em mares e terras africanas. Promovidos a Aspirante em Julho, logo em Outubro ascendemos a 2.º Tenente. Nunca fomos
Guardas-marinhas, caso único na classe da Marinha.
O Desemb.: Como começou a sua carreira de Oficial da Armada?
LP: Em Novembro de 1961 iniciei, na prática, a minha vida profissional embarcando no navio patrulha “S. Nicolau”.
Casei-me em Junho de 1962. Já lá vão 51 anos. Com 3 filhos e 7 netos! Logo no mês seguinte embarquei no petroleiro “Sam Brás”
com destino a Curaçau. Foi uma experiência interessante. Treze dias levava a travessia do Atlântico até chegarmos à então colónia holandesa que não era mais que uma enorme refinaria e um pequeno aglomerado de lojas, onde prosperava um comércio a preços muito
convidativos. No porto, os navios aguardavam o embarque de produtos petrolíferos, mas o “Sam Brás”, como habitualmente, tinha
prioridade. Mais tarde vim a saber que a água potável era ali tanto ou mais valiosa que o petróleo, pelo que o “Sam Brás” negociava a
água que trazia de Lisboa como lastro e por consequência passava à frente dos outros navios.
Entretanto, foram abertos convites para as várias especializações. Concorri a Comunicações mas, com pena minha, fui nomeado para
Armas Submarinas. Para compensar tornar-me-ia, anos depois, radioamador.
O Desemb.: Entretanto faz a sua 1.ª Comissão na fragata “Diogo Gomes”. Sentiu dificuldades em se adaptar à vida a bordo?
LP: A minha primeira comissão teve uma parte em Angola e os últimos quatro meses na Guiné. Pessoalmente foi um período inesquecível,
pois pude conviver permanentemente com oficiais mais antigos, que me transmitiram o seu saber e, simultaneamente, permitiram
conhecer o sentir do pessoal da guarnição. Disse-me, com razão, um velho Almirante que, ainda hoje, conseguia distinguir os oficiais
com uma longa comissão de serviço de embarque no antigo Ultramar.
Relembro o dispositivo naval ao longo do rio Zaire, com os seus postos guarnecidos por fuzileiros e as lanchas de fiscalização que
contribuíam com eficiência para a inviolabilidade da fronteira. O binómio lancha/bote e fuzileiro começava a demonstrar o seu valor.
Muito me impressionou a motivação que reinava na gente de Marinha e a sua operacionalidade, apesar de dispor de meios limitados.
Claro que, como se dizia na gíria, havia pessoal “apanhado pelo clima”. Recordo quando no cinema de Cabinda passava o filme “Os
Canhões de Navarone”, a imagem deixou de aparecer no ecrã e apenas se manteve o ruído dos canhões. Resultado, os espectadores
abandonaram precipitadamente o recinto, pensando que estavam sofrendo um ataque real. Na ocasião, qualquer faroleiro afirmava
ter avistado um submarino russo na proximidade do seu farol! Tive a noção perfeita que havia uma guerra mas não a vivi, por ora,
directamente.
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entrevista
Na Guiné, a situação era bastante diferente. Desde logo, um inimigo muitíssimo mais bem preparado, um clima inóspito num território
diminuto e cercado por países que constituíam verdadeiros santuários da guerrilha. Ali, no aspecto operacional e especialmente logístico, a acção da Marinha era imprescindível. Já então era rara a lancha que não tivesse entrado em combates, cujas datas estavam
inscritas em placas fixadas no exterior da casa do leme, nas lanchas de desembarque ou na asa da ponte, em lanchas de fiscalização.
Angola e Guiné, dois teatros de operações desiguais mas onde a Marinha e os seus fuzileiros, apenas com cerca de três anos de existência, mostravam os seus méritos.
O Desemb.: Terminada a comissão, sabemos que não teve ocasião para recuperar. Foi nomeado para frequentar o curso de Fuzileiros
Especiais (FZE’s) e em 1966 estava na Guiné a comandar um DFE. Á distância de 46 anos mais ou menos, o que se lhe oferece dizer-nos, para que nada se perca, dessa comissão tão terrivelmente desgastante?
LP: Em Maio de 1965 e após breve embarque no contratorpedeiro “Vouga”, iniciei o curso de Fuzileiro Especial. Quando ingressei na
Marinha estava longe de pensar que, além dos navios, teria que ser infante. Já tinha bastado um ano na Escola do Exército! Nada satisfeito recordei a Guiné e os seus “sacrificados” Fuzileiros. Lá tirei o curso. A grande dedicação e competência dos instrutores e a boa
preparação recebida, especialmente na mentalização e na parte física, permitiam que o Fuzileiro se adaptasse com relativa facilidade
a qualquer dos três teatros de operações africanos, tão diferentes entre si. Em Outubro, sou promovido a 1º Tenente e em Dezembro
nomeado Comandante do Destacamento nº. 6 de Fuzileiros Especiais. Tinha 25 anos de idade, julgo que fui o mais jovem Comandante
de Destacamento. Sendo o mais moderno, obviamente calhou-me a menos apetecida comissão - a Guiné.
Ainda sobre a nomeação de oficiais da classe de Marinha para Fuzileiro, acontece que, apesar de praticamente a grande maioria não
ter sido voluntária, hoje é quase unânime a afirmação de que foi uma boa experiência, especialmente pelo lado humano e que muito
reforçou a liderança, qualidade essencial na carreira militar.
Parti de Lisboa com destino à Guiné no dia 11 de Janeiro de
1966, precisamente no dia do meu aniversário! Na ocasião, o comandante e o sargento quartel- mestre iam antes da unidade,
o primeiro para se habituar aos tiros e o segundo para receber
material. No dia seguinte à chegada a Bissau, integrado num Destacamento participei numa operação na Ponta do Inglês. Local da
confluência dos Rios Geba e Corubal e em que o contacto com o
inimigo nunca falhava. Foi a minha primeira experiência em combate. Eram tiros por todo o lado, confesso que estava aterrado e
a certa altura perguntei ao imediato do Destacamento, o saudoso
Comandante Xico Monteiro, se uma pessoa conseguia sobreviver
durante a comissão, ao que ele calmamente me respondeu: “ Ao
princípio é sempre assim, depois… a gente habitua-se”.
Em Bissau, no Comando de Defesa Marítima da Guiné, com o Ministro da Marinha, Almirante
Quintanilha de Mendonça Dias (ao centro) e o Comodoro Ferrer Caeiro (à esquerda)
Nunca esqueci esta verdade. É certo que quando não se tem
responsabilidade directa, como era na altura o meu caso, a
pessoa pensa em si própria mas, normalmente, quando tem
homens sob seu comando a decisão impõe-se e os receios e
medos desaparecem.
Comandada pelo Comodoro Ferrer, que considero um dos mais notáveis Oficiais Generais em serviço no Ultramar, a Marinha, com
quatros Destacamentos e uma Companhia de Fuzileiros, perto de quatro dezenas de lanchas de desembarque e fiscalização de vários
tipos, uma Estação Radionaval e umas Oficinas Navais altamente eficientes, desempenhava um papel fundamental naquele complicado
teatro de operações. Tempos difíceis, em que o meu objectivo principal era o cumprimento das missões não descurando a segurança
do meu pessoal. Apesar de ser uma unidade jovem, a média das idades rondava os 20 anos e sem qualquer experiência de combate,
os meus homens foram um exemplo de dedicação e espírito de sacrifício, muitas vezes perante situações em que o risco de vida era
iminente. Não esqueço o inestimável apoio dado pelo meu oficial imediato, o amigo sempre recordado 2.º Tenente Zé Heitor.
Na ocasião, as bacias hidrográficas guineenses estavam distribuídas pelos Destacamentos a quem eram atribuídas lanchas de desembarque para a fiscalização e operações. Coube-me a responsabilidade dos rios Geba e Mansoa e o Comando Operacional das LDM´s
202, 203 e 303 e da LDP 304.
Relembro as operações que efectuei, por exemplo, uma em Jabadá na margem sul do Geba perto de Bissau, zona fortemente controlada pelo inimigo. Tinha que ter muita curta duração e em que o factor surpresa era fundamental. As lanchas passaram a patrulhar a área
com mais frequência, até que, num Domingo, o Destacamento desembarcou mesmo em frente à povoação em que o inimigo estava
instalado. O reembarque, ainda antes da maré começar a vazar, fez-se logo após o ataque. A operação, que durou cerca de hora e meia,
teve resultados muito positivos pois o inimigo foi completamente surpreendido numa ocasião em que, à semelhança do que acontecia
em Bissau nas tardes de Domingo, ouvia descansadamente os relatos dos desafios de futebol da Metrópole!
Várias foram as operações na pouco pacífica Ponta do Inglês, onde não era aconselhável operar com menos de dois Destacamentos e
na famosa ilha do Como, onde por vezes os quatros Destacamentos “mal chegavam para as encomendas”.
O Desemb.: Pode recordar-nos a operação que mais o tenha sensibilizado?
LP: Tenho em memória, logo em Agosto de 1966, a comandar uma TU constituída pelas LDM´s 203 e 301, tendo a bordo uma secção
fraccionada do DFE6 com armas de apoio, a ida a Xitole, uma povoação muito a montante da foz do rio Corubal e a pouca distância
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da fronteira com a Guiné-Conakry. A missão consistia em
transportar para Bissau mancarra (amendoim) e, principalmente mostrar que a Marinha podia navegar onde bem
entendesse, mesmo em rios com forte presença inimiga.
Julgo que as lanchas nunca tinham ido até ao Xitole, desde o início da guerrilha. Logo que entrámos no Corubal
ouviram-se tiros de pistola que se repetiram para montante, ficando a zona alertada. Depois, sofremos sucessivos
ataques que incluíam armamento pesado e provocaram
impactos nas lanchas. Embarcada a mancarra, o regresso
foi iniciado aos primeiros alvores do dia seguinte e, obviamente, de acordo com as marés. O inimigo que aguardava
a passagem das lanchas atacou em força, tendo a LDM
301 sofrido 60 impactos, um ferido, o apontador da “Oerlinkon” e água aberta na casa da máquina, o que obrigou a
outra lancha, que navegava na testa, a passar-lhe reboque
No decorrer de uma operação de desembaque do DFE 6
debaixo de fogo. Devido a atrasos na navegação, as lanchas encalharam a 100 metros da margem, muito antes de
alcançar o ponto previsto para começar a receber a enchente. Felizmente, já era noite. Impossibilitados de estabelecer comunicações
com Bissau, para não revelar a posição através da luz do transreceptor que não podia ser totalmente oculta, permanecemos em postos
de combate, perante fortes probabilidades de sermos atacados, numa zona onde o inimigo lançava sucessivos very-lights a fim de
nos tentar localizar. Imobilizado, sem poder tomar qualquer iniciativa, passei horas angustiantes até que chegou o macaréu (a onda de
enchente) e rapidamente foi possível reatar a navegação, lenta devido ao reboque e ser contra a corrente. Aos primeiros alvores, fomos
violentamente atacados mas na ocasião já tínhamos comunicações e a reconfortante cobertura aérea. À chegada a Bissau, estava no
cais a receber-nos o próprio Comodoro Ferrer que, soube depois, tinha ficado extremamente preocupado por desconhecer o que estava
a acontecer aos seus Fuzileiros e às suas lanchas. Foi um Grande Chefe!
Podia descrever muitas outras das 40 operações efectuadas pelo DFE6 na Guiné. Ficarão, porém, para as minhas memórias que um
dia gostava de escrever.
Consegui concretizar o meu objectivo, cumprir a missão e embora tendo alguns homens feridos todos regressaram vivos às suas
famílias.
O Desemb.: A partir da comissão na Guiné, quer deixar-nos expresso as situações porque passou e as circunstancias vividas mais ou
menos gratas?
LP: Terminada a comissão na Guiné, voltei em Novembro de 1967 à Escola de Fuzileiros para o Gabinete de Estudos da Luta Contra a
Subversão. Departamento recém-criado que analisava os relatórios recebidos do Ultramar, distribuía pelas Unidades de Fuzileiros uma
síntese das experiências obtidas nos vários teatros de operações e apresentava superiormente conclusões e propostas. Esta prática,
julgo ter sido pioneira na Marinha.
Em Abril de 68, voltei a embarcar. Foi na lancha de fiscalização “Azevia” nas acolhedoras águas algarvias. Passei dois anos trabalhosos,
era então a única unidade naval no Algarve, mas de boas recordações já que além de ser o meu primeiro comando no mar estava no
“paraíso” depois do “inferno” na Guiné.
Terminada a “Azevia”, fui Comandante de Companhia e Instrutor de Cálculos Náuticos na Escola Naval. Também foram uns bons
tempos em que não só aumentei os meus conhecimentos de Navegação, como também deu possibilidades de me aperceber das dificuldades e dos anseios dos Cadetes. A comissão na Escola Naval foi interrompida, pois os Fuzileiros necessitavam de um chefe para
o Gabinete de Estudos e lá voltei a um serviço que se vinha tornando cada vez mais útil para melhorar a eficiência das Unidades de
Fuzileiros em África.
Entretanto, em Agosto de 71, tinha sido promovido a Capitão-Tenente e ia subindo na escala para nova comissão, no Ultramar.
O Desemb.: Julgamos que se segue a comissão em Timor. Sobre essa comissão foi autor de um livro notável que, a cada passo, ouvimos citar. Que nos diz sobre esses tempos?
LP: Em Setembro de 1973, fui destacado da Escola de Fuzileiros para assumir o cargo de Comandante da Defesa Marítima e Capitão dos
Portos de Timor. Tinham sido, no total, cerca de cinco anos nos Fuzileiros. Ganhei experiências únicas, fiz amigos e fiquei firmemente
convicto de que “Fuzileiro uma vez, Fuzileiro para sempre”.
Iniciava então, a terceira comissão de serviço. Desta vez, acompanhado da minha Mulher e dos meus três filhos, o mais novo com
meses de idade. Após Angola numa paz relativa e Guiné na guerra, perspectivavam-se dois anos em que iria viver num ambiente sossegado, tão diferente do das conturbadas terras africanas. Porém, estava profundamente equivocado. As repercussões do 25 de Abril
haviam de originar em Timor uma guerra civil que motivou a invasão indonésia. Vivi a pior das guerras - a Guerra Civil.
Descrever o que foi a minha comissão em Timor levaria bastante tempo e por isso está fora do âmbito desta conversa. Para conhecer
a verdadeira história da presença da Marinha nos dois últimos anos da existência do Timor Português, recomendo o meu livro “ Recordações de um Marinheiro. Timor 1973-1975”. Nele afirmei: Fui o último Comandante da Defesa Marítima e Capitão dos Portos de
Timor. Tive a profunda tristeza de assistir aos dois derradeiros anos da secular presença portuguesa na mais longínqua parcela dos
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seus territórios ultramarinos mas, por outro, a grande satisfação e a inesquecível recordação de ter comandado um pequeno grupo de
marinheiros que, em situações extremas, se pode afirmar, parafraseando o lema da Marinha, “Honraram a Pátria”.
O Desemb.: Na sua opinião, quais foram as causas que determinaram o fim da paz até então reinante em Timor?
LP: Considero que as principais causas que determinaram o deteriorar da situação foram as seguintes:
– Em Timor, o pós 25 de Abril forçou pessoas a optarem por posições políticas que nunca tinham tido e para as quais não possuíam o
mínimo de preparação. Igualmente, o dito “apoio” à revolução foi-se transformando em apoio à subversão.
– A Indonésia, reiteradamente, afirmou que não tinha reivindicações territoriais sobre o Timor Português por este não ter feito parte da
herança colonial holandesa. No entanto, o território nunca poderia constituir uma ameaça à sua segurança.
– Timor aguardou por parte de Lisboa a solução de problemas considerados mais urgentes noutros territórios, especialmente em
Angola, criando-se localmente um ambiente de expectativa e sensação de abandono que a Indonésia seguia atentamente, tendo ela
própria aproveitado a oportunidade para fomentar a instabilidade política e social.
O Desemb.: Sobre tudo o resto que julgue importante tem “antena aberta“ para poder referenciar.
LP: Regressei a Lisboa nas vésperas do Natal de 1975, por isso desconhecia tudo o que tinha sucedido na Metrópole desde a minha
partida para Timor, em Setembro de 1973. Já passaram cerca de quatro décadas e ainda hoje, ao ouvir o relato de certos episódios da
época em que estive ausente, fico abismado.
Após um breve período como imediato da fragata “Almirante Gago Coutinho”, assumi o comando do navio balizador “Schultz Xavier”. Durante dois anos o navio deu apoio aos faróis, não só do Continente como dos Açores e da Madeira, tendo então oportunidade
de visitar todas a ilhas açorianas, inclusive as Formigas e montar nas Selvagens o seu primeiro farol. O “Schultz” igualmente levou
a reboque para o Funchal o antigo draga-minas “Horta”, então já abatido, pôs a flutuar uma LDM que se tinha afundado na Base
de S. Jacinto, em Aveiro e safou uma LDG que, durante um exercício de Fuzileiros, tinha ficado encalhada numa praia alentejana.
Senti-me plenamente realizado como marinheiro.
A seguir ao período de embarques sucederam-se os cargos em terra. Experiência interessante foram os cerca de três anos e meio que
passei em Vila Franca, inicialmente como Director de Instrução da Escola de Alunos de Marinheiros e, quando esta passou à situação de
adstrita, como seu Comandante. Realizavam-se então três recrutas anuais, cada uma com 700 homens. Em poucas semanas, devido
principalmente à inexcedível dedicação e competência de um Corpo de instrutores, a grande maioria Fuzileiros, os objectivos do curso
eram plenamente atingidos. Inesquecíveis as cerimónias de Juramento de Bandeira que reuniam centenas de familiares dos alunos,
alguns vindos propositadamente do estrangeiro para onde tinham emigrado. Lembro-me dos pais de um aluno que vieram agradecer-me o convite, afirmando que tinham ouvido pela primeira vez a leitura dos Deveres, o que os impressionou já que estavam habituados
unicamente a referências aos Direitos.
Depois, foram dois anos como Chefe da 1ª. Secção da Repartição da Direcção do Serviço do Pessoal, isto é, a movimentação dos oficiais. Era um complexo puzzle em que muitas vezes faltavam peças. Cheguei a ter saudades da Guiné mas, sobrevivi.
Outro cargo difícil me esperava – o de Comandante do Corpo de Alunos da Escola Naval. Felizmente, estávamos em Março de 1984 e a
Escola já tinha ultrapassado o período crítico pós 25 de Abril. Em Janeiro de 86, fui nomeado Director de Instrução e com o conhecimento que tinha da Escola, o desempenho do cargo decorreu sem grandes problemas. Fui promovido a Capitão-de-mar-e-guerra e após
frequência do Curso Superior Naval de Guerra voltei a Vila Franca para comandar o Grupo nº1 de Escolas da Armada. Fui o único oficial
que teve os dois comandos, o da Escola de Alunos e o do Grupo. Vila Franca, a “Universidade da Lezíria”, como referida na gíria, com
os seus cerca de 2.000 homens era, em contingente, a maior unidade das Forças Armadas. Mercê de um conjunto de colaboradores
dedicados e competentes foi um comando de que guardo boas recordações.
Seguiu-se um breve período, na Direcção de Infraestruturas Navais. Novas experiências
que não duraram muito, pois, em Março de 1991, fui convidado para Chefe do Gabinete
do Chefe do Estado Maior da Armada. Depois dos “ares da lezíria, os ares da cúpula da
Marinha”. Praticamente não havia horários, os assuntos a tratar eram contínuos e não
existia margem para erros que, a acontecerem, teriam efeitos devastadores. Estava-se
sempre “em postos de combate”. Trabalhei bastante mas, em compensação, aprendi
muitíssimo.
O Desemb.: Foi então que teve, presumimos, a honra de comandar a Escola Naval. Confirma?
LP: Sempre entendi que após a comissão no Gabinete devia afastar-me dos centros de
decisão e por isso manifestei interesse em prestar serviço nos Açores. Cheguei a ser
nomeado o seu Comandante Naval. Porém, o Comandante da Escola Naval foi promovido
e eu indicado para o substituir. Depois de ter desempenhado quase todos os cargos de
chefia na Escola, anos antes tinha declinado o convite para ser o seu oficial imediato (foi
a única recusa em toda a minha carreira naval), assumi o seu comando. Tinha adquirido
bastante conhecimento da Escola e estava rodeado de um valioso grupo de oficiais, numa
ocasião em que retornavam as tentativas, contrárias aos interesses da Marinha, de criar
uma Academia única para os três Ramos. Contra-argumentar em relação a este projecto
foi uma das minhas principais tarefas, recorrendo, entre outros factos, aos aspectos
negativos que então a Escola Naval sofria com a chegada de alunos provenientes do 1º
ano comum realizado no Exército. Infelizmente, esta última passagem pela Escola Naval
não me deixou grandes saudades. Bem tinha eu razão de querer depois do Gabinete
“desaparecer” para os Açores.
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Com o Comandante do Sector de Oé-Cusse, Capitão Cardoso
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entrevista
Em Julho de 1995, assumi o cargo de Subdiretor-Geral de Marinha, no fim desse ano Vogal do Conselho da Direcção do Instituto da
Acção Social de Forças Armadas (IASFA) e a partir de Novembro de 97 Vice-Presidente da Comissão de Direito Marítimo Internacional.
Em todos estes lugares tomei contactos com actividades muito específicas e, por consequência, foram para mim uns tempos positivos.
O Desemb.: Sabemos ainda que, para o Almirante Leiria Pinto, nunca foi tarde para levar mais longe os conhecimentos, quiçá, a sua
também vocação em ciências históricas.
LP: De facto. No ano lectivo de 1997/98 iniciei o curso de História na Faculdade de Letras
da Universidade Clássica de Lisboa, tendo obtido a licenciatura em 2001.
Porventura na sequência desse meu interesse, entretanto, a partir de fins de 2000, passei a desempenhar o último cargo da minha já longa carreira, o de Director da Biblioteca
Central e, em acumulação, o de Presidente da Comissão Cultural de Marinha. Descrever o que foram esses seis anos dava também para escrever um livro, por isso apenas
posso afirmar que constituem um período de que guardo boas memórias e durante o
qual, entre outras realizações, tive a oportunidade de incentivar e apoiar a publicação de
vários escritos, nomeadamente, o livro “Fuzileiros. Factos e Feitos na Guerra de África
1961/1974”. Uma obra imprescindível para se conhecer a História dos Fuzileiros durante
aquele período.
Em Fevereiro de 2007, com 67 anos de idade, deixava a efectividade do serviço, após 49
anos dedicados inteiramente à Marinha.
O Desemb.: E da sua participação no âmbito do associativismo quer dizer-nos alguma
coisa? E de como passa, presentemente, o seu tempo?
LP: O desporto da Vela, o Radioamadorismo e o estudo da História sempre me cativaram.
Com o Liurai de Oé-Cusse, D. José da Costa, junto ao
monumento em Lifau. Agosto de 1974
Continuo a praticar as duas primeiras actividades. Fui Presidente da Direcção e da Assembleia Geral do Clube Náutico dos Oficiais e Cadetes da Armada (CNOCA) e Presidente
da Assembleia Geral da Associação Nacional de Cruzeiros.
No Radioamadorismo, que pratico desde a minha comissão em Timor, sou um dos membros fundadores do Núcleo de Radioamadores
da Armada.
Na área da História, sou Presidente da Assembleia Geral do Grupo de Amigos do Museu da Marinha, grupo de que já fui Presidente
da Direcção. Sou ainda: Presidente da Direcção da Associação Wenceslau de Moraes; Membro Emérito da Academia de Marinha e,
igualmente, membro do Conselho Científico da Comissão Portuguesa de História Militar.
Presentemente, dedico-me à investigação histórica. O acervo do Arquivo Histórico da Marinha constitui um riquíssimo manancial de
informação pouco estudado, e nele tenho passado algumas horas. Colaboro na Revista da Armada escrevendo biografias de marinheiros
ilustres e o historial de navios da Armada. Mantenho interesse sobre todos os assuntos de Timor, tendo sido convidado para proferir
palestras sobre o tema. Claro que também dedico parte do meu tempo à Família, mas falta-me sempre algum para poder fazer tudo o
que desejava.
O Desemb.: E no âmbito da Associação de Fuzileiros, da nossa
Associação – de que é Presidente da Assembleia-Geral – e para
terminar, não gostaria de dizer-nos alguma coisa?
LP: Sim. Quero reiterar a afirmação de que o ser Fuzileiro e ter tido
a oportunidade de comandar homens em combate muito contribuiu
para a minha formação de Homem e de Militar e me ajudou, ao
longo da vida, a resolver situações por vezes complexas.
A nossa Associação, devido à dedicação e competência da sua
Direcção e à colaboração dos sócios, tem evoluído positivamente
e estou certo que um dos seus principais objectivos – o apoio de
várias naturezas, aos sócios em particular aos mais necessitados
e a todos quantos trabalham ou trabalharam em benefício da
nossa Marinha –, irá sendo cada vez mais cumprido.
Como Comandante da Escola Naval, em revista ao Corpo de Alunos
Por fim, à revista “O Desembarque” que, nos últimos números,
tem melhorado significativamente, as minhas felicitações e também os agradecimentos por terem dado a um “Velho Fuzileiro” a
oportunidade de contar o que tem andado a fazer neste mundo.
A Revista “O Desembarque” manifesta a sua gratidão por nos ter sido concedida esta entrevista. Muito obrigado, Sr. Almirante.
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crónicas
O “rapto” de D. Duarte de Bragança na Guiné
A
passagem pela guerra em África tem os seus episódios caricatos, pitorescos, quase considerados, nos nossos dias,
como simples fantasias, caminhando para o lado que se
aproxima do anedótico e do irreal, todavia, verdadeiros e corriqueiros, que produziram, na altura, um frenesim que ninguém
imagina.
Passados todos estes anos, apenas nos fazem rir, a bom rir.
Apesar de puderem parecer de uma gravidade extrema, o certo é
que nada aconteceu…
Mas, fizeram e fazem parte da nossa vida rotineira em plena guerra.
Hoje são, simplesmente, estórias, mas os seus personagens são
reais, estão vivos, passados mais de 40 anos.
Merecem ser contadas e… digamos, com ironia, lidas.
Eramos jovens, destemidos e, essencialmente, rebeldes, por vezes, com alguma inconsciência.
Esta é uma história de “um rapto”, pois foi assim “idealizado”,
por cabeças retorcidas, nas primeiras horas do sucesso.
No fim, transformou-se numa singela confraternização de dois
camaradas, antigos alunos e amigos do Colégio Militar, que se
encontraram um belo dia, em plena Bissau…e, um deles, uma
personalidade destacada de visita à Guiné-Bissau a convite do
Governador e Comandante-Chefe das Forças Armadas General
António de Spínola, que decidiu, afirmemo-lo como se passou não
resistir ao convite do camarada. Quis, simplesmente, abandonar a
rotina e ir para o mato.
“Fugiu” à vigilância do oficial superior da Marinha que o acompanhava e seguiu, de bote, para a Vila onde vivíamos, mais,
exactamente, para o quartel de Teixeira Pinto, onde estava estacionada a unidade a que pertencia o “Pilão”, seu camarada.
Vamos ao enredo.
Eu vou ser, apenas, o narrador, neste caso presencial, mas não o
personagem principal.
Estávamos um belo dia de Janeiro de 1971, o Oficial Imediato
do DFE 12, João Luís da Costa Ruas e eu – na altura terceiro
oficial do mesmo destacamento – na esplanada de um café na
zona central de Bissau a beber umas cervejas, acompanhadas de
camarões (sim, o acompanhamento então não eram tremoços,
mas camarões!!!) quando aquele lançou de supetão, quase
interrogativo: “Olha quem está ali, o Duarte Pio de Bragança”.
Olhei, não o conhecia. Pouco importância dei. Continuei a beber
a cerveja.
Na realidade, um Senhor com um belo fato de caqui amarelado,
estilo colonial, seguia um pouco mais ao largo, acompanhado por
um Oficial de Marinha e mais alguém de que não me recordo.
“É do meu tempo do Colégio Militar”, explicou o João Ruas e
levantou-se em três tempos e correu para ele.
“Como estás Duarte? Por aqui?”, inquiriu. Penso que foram estas
as palavras, pois estava mais afastado. Vi-os a olharem-se um
para o outro e darem um forte abraço.
Troca de palavras. O habitual. O que fazes, mais isto mais aquilo.
Voltemos um pouco atrás. À mesa do café.
Nós bebíamos a cerveja, pois preparávamo-nos para seguir de
jipe até João Landim, onde estava ancorado um nosso bote à
guarda de um unidade do Exército, e que, depois, entrando no
rio Mansoa, zarparia para o lado do mar, mas, uns quilómetros
(devia dizer milhas!) antes de chegar à foz, meteríamos rumo ao
rio Baboque, afluente daquele na margem norte e, mais uns tempos depois, reentrávamos num outro pequeno afluente daquele e
aportaríamos a Teixeira Pinto.
Na realidade, era fácil navegar, via fluvial, entre povoações na
Guiné.
E nós, fuzileiros, fazíamos isso com frequência.
No caso de Teixeira Pinto, hoje Canchungo, aproveitávamos para
vir passar… o fim de semana à Bissau, neste caso, quando não
cumpríamos missões operacionais, que naquela zona eram dia
sim, dia não – nós, os fuzileiros, substituídos 24 horas depois
pelos comandos – para descontrair e outras “aventuras”.
Foi o que fizemos na altura.
Tínhamos saído, sexta-feira à tarde, de Teixeira Pinto e regressávamos a meio da tarde de Domingo. Segunda-feira, esperávamo-nos uma nomadização de mais de 30 quilómetros na região de
Capó.
Estávamos, pois, de partida.
A conversa com Duarte de Bragança centrou-se no assunto:
“Queres vir connosco?” atirou-lhe o seu antigo camarada. Ele
disse que sim… mas tinha alguém que o vigiava.
Já não tenho a memória a funcionar em pleno.
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crónicas
foi ali colocado, no CAOP, para “estagiar” para brigadeiro (hoje
major-general).
Não percebia nada do que era a actividade operacional e muito menos o que era a guerra. Enquanto estivemos, nós DFE 12,
naquele quartel, nunca saiu do arame farpado que o rodeava e
isolava da povoação propriamente dita.
Regressemos à narrativa.
A personalidade que desaparecera em Bissau, estava agora ali
perante ele e o seu Estado-Maior. Olhos esbugalhados. Desorientados.
Deve ter ido telefonar de imediato para Bissau. Houve um corrupio
enorme.
A LFG “Sagitário” na ponte-cais em Bissau e, atracadas de “braço dado”, a LFG “Lira”,
a LFP “Canopus” e uma LDP
Não sei, pois, como foi “enrolado” o acompanhante da Marinha
de Guerra, o comandante Freitas Branco.
O certo é que Duarte de Bragança acabou por seguir, sem o conhecimento oficial, no nosso bote até Teixeira Pinto. Foram umas
horas de caminho.
Mas, nós, os oficiais do DFE 12, pouco ligamos a isso. O Duarte
Pio disse da sua justiça. Ele estava ali por vontade dele.
Fomos tomar banho e mandamos preparar uma refeição que, informalmente foi servida na messe de oficiais.
Para as autoridades em Bissau, Duarte Pio de Bragança fora
raptado.
A ela assistiram os quatro oficiais do Destacamento: o Comandante Mendes Fernandes, o Imediato João Ruas, o Tenente Teixeira
Rodrigues e eu. Em amena cavaqueira com o nosso convidado.
Chegámos, ao fim da tarde/princípio da noite, ao cais de embarque da Vila e, azares dos azares, a maré estava vazia, ou seja,
tínhamos umas boas dezenas de metros para chafurdar no lodo
até chegar a terra.
Não sei se houve alguma troca de impressões ou opiniões do nosso Comandante com o Comandante do CAOP. Ou mesmo qualquer reprimenda ou altercação.
Nós estávamos vestidos de camuflado, mas o nosso convidado…
usava “um fatinho à maneira”.
Só me lembro que, depois de um digestivo na messe, fomos dormir. E foi no dia seguinte que o Duarte Pio de Bragança, depois de
se despedir, seguiu – penso – de helicóptero para Bissau.
Não lhe restou outra opção. Só assim poderíamos colocar o pé
em terreno seco.
Não foi por maldade. “Afundou-se” literalmente. Foi uma pena ver
aquele cáqui, que até parecia seda, mergulhado no lodo. Passou,
num instante, a cinzento.
Mas chegou a terra como nós. Foi fuzileiro por uns minutos.
Tivemos de lhe arranjar uma roupa improvisada, que é a que se
vê na fotografia.
A roupa do cáqui foi lavada e seca. Entregue no dia seguinte.
Impecável.
Agora, imaginem, quando arribamos, o que se passou no comando do CAOP (Comando de Agrupamento Operacional) de Teixeira
Pinto, cujo Coronel de nome Ferreira do Amaral era o que nós
classificávamos um “coronel de alcatifa”.
Estivera na Casa Militar do então Chefe de Estado Almirante Américo Tomás, e diziam os seus mais directos colaboradores que
32
Conto esta estória, porque me lembrei dela quando ao ler um livro
da autoria do historiador Mendo Castro Henriques, com o título “Dom Duarte e a Democracia – uma biografia portuguesa”,
reparo numa fotografia entre as páginas 80 e 81, que o autor
coloca em legenda, deturpando a História: “em 1966, numa base
da Armada, na Guiné, durante uma visita organizada pelo coronel
Carlos de Azeredo”.
Naquela data, 1966, nem o General Spínola era o Comandante-Chefe, nem o Major Carlos Azeredo estava na Guiné. Nem o próprio D. Duarte se encontrava em visita organizada. Fizera apenas
uma aventura pelos rios da Guiné com um seu camarada do Colégio Militar…
Serafim Lobato
Sóc. Orig. n.º 1792
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crónicas
Companhia de Fuzileiros N.º 6
Angola 1973/75
1.º Pelotão
João A. Pires Carmona
A história acontece.
Se a não escrevermos não existe, não houve história.
A
Companhia de Fuzileiros N.º 6 (CF 6),
1973/75, foi apenas mais uma das
muitas companhias de fuzileiros que
cumpriu missão nas colónias africanas
de Portugal. O que foi a comissão dessa
Companhia de Fuzileiros era uma história
que merecia ser contada, uma vez que,
tanto quanto se conhece, não existe qualquer relatório de missão. Talvez um dia!...
Dava para um livro… ai que livro!
A CF 6 seguiu para Angola em três grupos.
O primeiro no início de Dezembro de 1972
– oficial Imediato e sargentos Quartel-Mestre, Fiel e Chefe da Secretaria, que
levaram a incumbência de receber instalações, material, armamento, viaturas e documentação deixados pela companhia que
iria ser rendida – o segundo numa noite
fria de 8 de Janeiro de 1973 – chefiado
pelo Sub-Tenente FZ RN Pires Carmona,
era constituído por 70 militares, na sua
maioria fazendo parte da Formação de
Comando e do 1.º Pelotão – e o terceiro
grupo na noite do dia 21 de Janeiro, com o
pessoal que completava os 136 efectivos
da companhia, neles incluídos o Comandante e os oficiais comandantes dos 2.º e
3.º pelotões.
Para os “fuzos maçaricos” a descolagem
do aeroporto da Portela naquela noite de 8
de Janeiro constituiria o primeiro “susto”
da comissão. Já o avião rolava na pista
para a descolagem e… travões a fundo e
paragem do avião! Mas avaria grave não
acontecera e uns minutos mais tarde o
Boeing 707 dos Transportes Aéreos Militares (TAM) voltaria a reiniciar a marcha
que só parou em Luanda, cerca de 9 horas
depois, porque o voo tinha de contornar a
costa africana para evitar espaços aéreos
dos países que haviam proibido o sobrevoo por aviões portugueses. A viagem foi
tudo menos calma, fruto das muitas tempestades e turbulências atravessadas…
Era cada relâmpago por baixo de nós!
Eram só clarões! O céu parecia as luzes
da ribalta!
CF 6 em Guarda de Honra
No início de Agosto, os 2.º e 3.º pelotões
partiram para o Leste, Lungué-Bungo e
Chilombo respectivamente, e aquele pessoal sentiu a ausência do Comandante na
despedida. Estranhamente, no dia 10 de
Setembro, quando o 1.º Pelotão embarcou
no NRP “Alabarda” que o transportou até
Sazaire, o Comandante estava lá, a bordo.
As razões para isso ter acontecido e que
a razão desconhecia são “contas de outro
rosário”…!
Metade da CF 6 já almoçou nesse dia 9 de
Janeiro de 1973 em Belas, no Quartel de
Fuzileiros.
E assim começou uma comissão militar
em Angola.
Quartel de Belas
De Janeiro a Agosto de 1973, a CF 6 assegurou a segurança e defesa das instalações da Marinha situadas em Luanda e
contribuiu para o controlo e patrulhamento
da cidade e zonas limítrofes integrando as
rondas mistas de Polícia Militar, assegurando ainda a representação da Marinha
em actos do cerimonial militar.
Como o que nos move é falar do 1.º Pelotão, especialmente do período em que
pôde funcionar como tal, entre Setembro
de 1973 e Setembro de 1974, quando
destacado para a Frente Fluvial do Zaire
em reforço da Companhia de Fuzileiros N.º
4 (CF 4) que, sedeada em Santo António
do Zaire, mais conhecida como SAZAIRE,
tinha como missão assegurar a defesa das
Instalações da Marinha naquela cidade,
assegurar a guarnição e defesa das instalações dos Postos Fixos da Quissanga e da
Pedra do Feitiço (Pedra) e ainda assegurar
as missões de patrulhamento, controlo e
fiscalização do rio Zaire e seus afluentes
da margem esquerda desde Sazaire a Nóqui, cidade guarnecida por um Batalhão
de Comandos e Serviços do Exército situada cerca de 90 milhas a montante, ali
onde o grande rio Zaire abandona Angola
e a linha de fronteira deixa de ser fluvial e
passa a terrestre.
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Viagem Luanda – Sazaire
Viagem Luanda – Sazaire
E foi assim que, a meio do dia 11 de Setembro de 1973, o 1.º Pelotão, chefiado
pelo seu Comandante, desembarcou em
Sazaire, cidade que, ao longo de um ano
tão gratas recordações viria a proporcionar
– talvez a maior de todas a ocorrência do
25 de Abril de 1974 – e integrou a CF 4.
Imbuídos de um espírito de verdade, confiança, solidariedade, trabalho em equipa
33
crónicas
de evacuados por doença, ora por alterações ditadas pela vontade do Comandante
da Companhia em guarnecer devidamente
o seu “amado” pelotão. Não contava provavelmente com uma correcta integração
desses elementos “mal amados”, os quais
se revelaram fuzileiros como os outros e
companheiros como nenhuns outros.
Constituição do 1.º Pelotão
Quartel de Sazaire
que, ao longo de 8 meses, o oficial e seus
subordinados haviam cultivado, preparando a “saída para o mato” e a entrada
noutra unidade, noutras vivências, noutro
ambiente operacional, oficial, sargentos
e praças fizeram juras de unidade e de
apoio mútuo, mesmo em situações de
separação ditadas pela necessidade de
cada um integrar individualmente as equipas, as secções ou os pelotões da CF 4, a
que acresciam as deslocalizações ditadas
pelas idas em escala rotativa para a Quissanga e para a Pedra do Feitiço.
Para a posteridade e na reprodução do
fac simile do documento na data elaborado pelo STEN FZ RN Pires Carmona, fica
a constituição desse 1.º Pelotão, correspondente aos efectivos que no dia 10 de
Setembro de 1973 embarcaram no NRP
“Alabarda”, efectivos que flutuaram ao
longo da comissão, seja por substituições
Quissanga - cais e instalações
34
Não esquecendo nenhum porque o fac simile os lembra a todos, por várias razões
e entre essas por protagonismos que diversas vezes assumiram, relembramos os
Sargentos Moisés e Leal (enfermeiro) e as
Praças Torrão, na sua postura mas também nos seus problemas, o TFD Cruz, um
fuzileiro de mão cheia, o “Carlinhos” e as
suas miudices,“o Puto” e as suas traquinices, “o Micága” e a sua arte em madeira,
o “Tomar” e a sua rezinguice, o “Lisboa”
com as suas “chanatas” e micoses, …
TODOS!
Quando em Sazaire, a rotina era o dia a
dia do serviço, retém, tarefas e folga, dia
que dava para passeios pelas redondezas,
para namoricos fugidios, para futeboladas ou para uns camarões bem regados
por umas “bjecas” no Manel da Iângala.
À noite, quem não estivesse de serviço tinha o cinema, os bailes ou os torneios de
futebol no Clube Desportivo e Recreativo
de Sazaire. Quanta rivalidade ali se viveu
naquelas futeboladas de cinco em que por
vezes aconteciam os resultados mais inverosímeis.
Nos Postos, a vida era diferente porque ali
estava-se sempre de serviço mesmo se
“desportivando” ou regando uns amendoins. E quando não se estava em patrulha estava-se de sentinela ou em tarefas
de aquartelamento como as varridelas, as
baldeações, as cargas e descargas, estas
em dias de Movimento Logístico (MVL),
todas as terças e sextas, quando uma
Lancha de Desembarque Média (LDM) ou
Pequena (LDP) trazia o pessoal das rendições periódicas, os mantimentos, as bebidas, o expediente oficial e o correio chegado a Sazaire, a sua maioria via Serviço
STEN FZ RN Carmona e o “mais velho” N’zau (113 anos)
Postal Militar (SPM), que naquele tempo
constituía quase exclusivamente a única
ligação entre militares e seus familiares e
amigos no longínquo Portugal. Os simples
e baratos aerogramas ou “bate-estradas”
criados sob a égide do Movimento Nacional Feminino (MNF), eram tão esperados
que raro era o MVL que não era interceptado por uma patrulha avançada destacada
para o “golpe de mão” e o transporte à
Pedra ou à Quissanga, dos ais das mulheres, das mães, dos pais, das primas, das
namoradas, das madrinha de guerra…
Quanto sabia bem receber aquelas letras
escritas por mãos que nos queriam, muito
e nos matavam as saudades!?
Se alguma vez pudessem imaginar os
desafios que os seus entes queridos, lá
longe, desafiavam para além da guerra –
patrulhas em botes, diurnas e nocturnas,
derivas e emboscadas nocturnas, patrulhas terrestres feitas caçadas, caçadas
nocturnas,… – quantas mais noites mal
dormidas, quantas mais lágrimas e temores não teriam acontecido, apesar de
Nossa Senhora de Fátima, da Senhora dos
Remédios, das missas, dos terços, novenas e promessas, para um bom regresso?
Pedra Feitiço
O DESEMBARQUE • n.º 16 • Julho de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt
crónicas
E a Pedra tinha outros encantos, fossem
eles a porca “Joana” e os seus porquitos
que connosco conviviam, os cachorros
“carinhosamente” baptizados de “Marcelo” e “Spínola” ou o velho ZAU, pigmeu
com 113 anos registados, que todos os
dias vinha do Kissacala e no Posto ajudava
a descascar batatas, a varrer espaços já
varridos ou nos fazia apenas a companhia
da ternura da sua idade. Em troca apenas queria amizade e alguma comida não
pondo de parte o sempre presente vinho
tinto…
Campanha de vacinação
Almoço de Natal de 1973
Campanha de vacinação
Almoço de Ano Novo 1973/74
esses, que não era fácil obter através do
reabastecimento da Marinha, tinham de
ser procurados em qualquer Pelotão de
Intendência do Exército. Em Nóqui, onde
aquartelava um Batalhão de Comandos e
Serviços (BCS) e no Benza, onde aquartelava uma Companhia de Atiradores, havia
sempre um oficial, um Furriel Miliciano ou
um filho da terra que servia de elemento
de ligação para trocas que interessavam a
todos. Naqueles locais parece não era fácil
comer um bom bife de “pakassa”, de sofo,
de burro do mato,…!
da aldeia que aprendemos a dar injecções.
Nessa altura ainda a mesma agulha servia
para vacinar quatro, cinco, seis, … dez
pacientes, os que desse o volume da seringa, porque ainda não se falava, não se
conhecia o significado de HIV. Ainda não
havia esses receios e daí também não haver outros cuidados!
Do Kissacala vinham também as lavadeiras e os vendedores de qualquer porco,
cabrito ou galinha para os petiscos que
se combinavam sob qualquer pretexto.
Cabrito ou galinha que nem sempre eram
comprados à primeira mas apenas depois
do lesado se deslocar à Pedra e procurar
o oficial responsável a fim de lhe declarar
o desaparecimento do animal ou animais.
Como recordo o primeiro diálogo dessa
jaez!
Disse a Joana ou a Maria, já nem sei bem
o nome, talvez até as duas:
– Sinhor Tinenti, esta noite desapareceram duas galinhas!
– Oh Joana, foi a raposa!
– Não sinhor tinenti, raposa nu tem bota
di fuzileiro!
De vez em quando era necessário reabastecer de certos géneros mais especiais e
Maria e a pequenada
Nóqui - ponte cais
A Nóqui era fácil a deslocação, bastava
para isso que o patrulhamento a montante
se estendesse até ao seu limite de intervenção. Já para o Benza, quartel a 60 km a
Sul da Pedra e para o interior, além de fora
da zona de intervenção da CF 4, a zona requeria a adopção de outros cuidados operacionais. Conhecemos o Benza por termos
integrado o grupo
escalado para, em
apoio à Administração do Distrito, efectuar uma
campanha de vacinação dos jovens
dos “quimbos” ou
”povos” localizados entre a Pedra
e aquela povoação.
E foi nos bracitos
da pequenada negra que ao colo
das mães acorria à
chamada sob a vigilância do “soba”
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Como era tradição, nas Festas de Natal e
Ano Novo não faltavam os COMANDANTES
ou seus representantes. No almoço do dia
de Natal o refeitório da guarnição da Pedra contou com a “visita” do Comandante
da Defesa Marítima de Sazaire, Capitão
de Fragata Estevam de Sousa e Costa,
Comandante da CF 4, 1.º Tenente Bastos
Jorge e do STEN RN Galhardas Vermelho,
Comandante do NRP “Espiga”, lancha de
fiscalização pequena (LFP) que assegurara
o transporte das insignes visitas.
E ao almoço do dia de Ano Novo contámos
com a presença do Capelão do Comando
Naval de Angola, 1.º Tenente Grad Manuel
dos Santos, que em representação do Comandante Naval de Angola se deslocara
desde Luanda e do STEN RN Magalhães
Oliveira, Comandante da LFP “Fomalhaut”.
Como mandava a tradição, o “penico”,
com a mistura que naquelas paragens era
uma bênção para a sede que os calores
do clima provocava – cerveja com seven
up ou coca-cola – passou de mão em mão
sem excepção, símbolo de união e comunhão naquelas datas festivas… Aquele
“penico” vencia todas as barreiras!
Referimos coca-cola e não estamos enganados não senhor. A bebida que só após
35
crónicas
Despedida da CF 4
o 25 de Abril chegou a Portugal, há muito que chegara a Angola.
Guerras de marcas e de royalties! Outras guerras!!!
Cerca de um terço do efectivo do 1.º Pelotão da CF 6 passou esse
Natal e Ano Novo na Pedra do Feitiço.
No dia 9 de Janeiro de 1974, o 1.º aniversário da estadia em
terras de Angola foi festejado com os sabores de uma gamela
de arroz doce e espumante bebido no copo mais à mão. Ainda
que fazendo parte da nova família que a CF 4 lhes assegurou,
os fuzileiros do 1.º Pelotão da CF 6 jamais esqueciam a sua
identidade, os laços que entre eles os prendiam de uma forma
diferente. Rivalidades tranquilas porque não eivadas de qualquer
sentimento de discriminação dos outros companheiros do dia a
dia.
Entre Sazaire, Quissanga e Pedra do Feitiço se passaram os
doze meses de permanência na Frente Fluvial do Zaire. Ali se
viveu, se escutaram os ecos do 25 de Abril que lá longe havia
acontecido e com ele a esperança do fim da guerra. Após
algumas preocupações, peripécias e também alguma luta para o
reagrupamento da CF 6 em Luanda – porque o Comandante tudo
fez para que esse reagrupamento não acontecesse! – em 11 de
Setembro de 1974 e a bordo do NRP “Cacine”, a segunda leva do
1.º Pelotão regressou a Luanda e ao Quartel de Belas onde agora
tinham a companhia dos Destacamentos de Fuzileiros n.ºs 2 e
6, regressados do Leste, dos “abandonados” Postos do Lungué
Bungo e do Chilombo, consequência já do 25 de Abril. A guerra
ganhava outros contornos, outras nuances, aproximava-se do
fim! O ambiente hostil deixara de estar no “mato” e entrara pelas
cidades dentro. Luanda até aí tranquila passou a fervilhar com as
disputas internas entre os “movimentos” mas também com uma
minoria branca. Iniciavam-se ali outros dramas dos quais ainda
hoje vivemos sequelas!
No dia 11 de Outubro, dia em que os oficiais FZ da Reserva Naval
da CF 6 completavam dois anos de Marinha após o Juramento
de Bandeira, é recebida de Lisboa a mensagem que informava
que os Tenentes Carmona e Fernandes seriam substituídos pelos
Cadetes Pinho e Sousa, respectivamente. Porque a rendição não
era esperada face ao pouco tempo que faltava para os 24 meses
de comissão previstos para a CF 6, ambos os oficiais hesitaram
em aceitar a rendição. Mas a perplexidade aconteceu com o
facto de não ser indicado substituto para o Tenente Cavaco, do
3.º Pelotão. E maior foi a perplexidade quando uns dias volvidos
se soube que o Tenente Cavaco fora… “dado como morto”! Mas
continuava a receber vencimentos e estava ali, vivo! E porque
o Tenente Fernandes assumiu ficar até ao fim da comissão da
companhia, em Novembro acompanhou o Tenente Carmona no
regresso a Portugal.Foi sentida a despedida do 1.º Pelotão e do
seu Comandante. Face à necessidade deste ter de aguardar em
Luanda a disponibilidade de lugar no avião dos TAM, o primeiro
pelotão “impôs” que a despedida final fosse na véspera da
partida, em Belas. Esse momento perdurará para todo o sempre,
materializado na singela placa onde foi inscrito:
“Oferta do 1.º Pelotão ao seu Comandante, pelo apoio sempre
prestado a todo o pessoal”!
João A. Pires Carmona
CMG FZ (R)
Ex-2TEN Reserva Naval
Sóc. Orig. n.º 1544
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crónicas
Breve história dos Fuzileiros
Formação, Combatente, Paz
e Serviço Diplomático
José Gomes Talhadas
O
tema escolhido não podia deixar de ser os “Fuzileiros”. Palavra mágica para todos nós, aqueles que serviram em tão
importante Instituição.
Todos os Fuzileiros iniciaram a sua vida militar na nossa casa
mãe a Escola de Fuzileiros. Como todos recordamos foi aqui que
começamos a dar os primeiros passos da vida militar.
Quem não se recorda da 1.ª vez, das inspecções no Alfeite, da
entrega do fardamento, e em seguida a ida ao barbeiro, para fazer a monstruosa “carecada” – “vá lá rapazinho qual o corte que
desejas, comprido em cima e curto dos lados, ou queres que te
faça caracóis, vá, senta-te na cadeira, tu vais gostar”.
Lá vinha a máquina zero, – “olha para o espelho, pareces um borrego tosquiado” –, e depois, com a meiguice de um rinoceronte,
saía a palavra, – “desaparece, venha outro”, e lá voltava o velho
cabo artilheiro com a mesma lengalenga para o novo felizardo.
Depois de todos passar pela máquina zero, ouvia-se a voz do
sargento, – “vamos belezas, embarquem nas Bedford que dentro
de pouco tempo vão conhecer o paraíso na terra. Vá, senhor cabo
ainda há lugares vagos?”, respondia o cabo, – “os sofás (bancos
de madeira ao longos dos taipais da camioneta de carga) já estão
ocupados, mas com um pequeno esforço ainda podem entrar mais
três ou quatro, vá aconcheguem-se donzelas” – e lá ficávamos
como “sardinhas em lata” muitos de nós só com o espaço entre
as pernas para colocar o saco dos artigos de uniforme e a malinha
de cartão onde tínhamos a nossa roupa civil.
Eram rapazes de 18 a 20 anos, orgulhosos disciplinados, competentes e solidários, que seriam colocados com outros veteranos
em Destacamentos, unidade de elite dos Fuzileiros, para combater no Ultramar.
Nas suas missões de combate, desembarcavam em botes,
em lanchas, em helicópteros para efectuar golpes de mão,
participavam nos combates terrestes de todo o tipo, estiveram
envolvidos no teatro de operações durante 14 anos. Alguns
tombaram em combate, e outros ficaram para sempre deficientes,
elevando para sempre com o seu sacrifício e heroísmo o nome
dos Fuzileiros.
O comportamento das unidades de Fuzileiros foi extremamente
honroso e dignificante, para além de inúmeras condecorações
individuais (4 condecorações de Torre e Espada, 5 medalhas
de Valor Militar com Palma, e quase uma centena de Cruzes de
Guerra), acrescentam-se ainda 3 Condecorações colectivas pelo
seu comportamento em combate, fazendo jus à nossa divisa de
sempre “Fuzileiros, Presente”. E acrescentarei, como o último
estrofe do hino do Fuzileiro “Só tem Pátria quem sabe morrer,
Só tem Pátria quem sabe Lutar”.
Desde 1621 que mantemos o espírito bem vivo da infantaria de
marinha, sempre “fomos dignos de nossos avós”. Somos gente
do mar e da terra, onde a força do canhão não chega, o Fuzileiro
chegará Sempre…
Esse trajecto era feito com um misto de apreensão, e sobretudo
de curiosidade, por irmos conhecer os famosos Fuzileiros, os marinheiros muitos deles fuzileiros, que prestavam serviço no Grupo
N.º 2 de Escola da Armada, para nos amedrontarem dialogavam
entre eles em voz alta – “estas figurinhas nem sabem o que lhes
espera”. Era tudo um jogo… afinal ele sabiam que dentro de uns
meses iriamos ser seus camaradas e pertencer à mesma família.
Depois da chegada à Escola, e dos primeiros dias de
ambientação, começávamos a sentir que estávamos no sítio
certo. Bons alojamentos, boa alimentação, limpeza esmerada,
cadeia de comando de trato afável, enfim; tudo aquilo que não
imaginávamos.
A camaradagem começou a intensificar-se, apareceu o espírito
de corpo e o tratamento de “filho da escola” (o qual era uma
honra para qualquer futuro Fuzileiro). Iniciava-se a IMB (Instrução Militar Básica), recruta, conhecimento da aprendizagem de
matérias militares e cívicas. Depois do Juramento de Bandeira,
seguia-se a frequência do ITE (Instrução Técnica Elementar) com
a duração de 10 semanas.
No final deste curso o aluno era considerado Fuzileiro Naval. Os
alunos com aproveitamento superior a 14 valores, podiam concorrer ao curso de Fuzileiro Especial com a duração de 17 semanas.
No final de este curso, em cerimónia oficial seria entregue a boina
azul ferrete com o símbolo da âncora.
Operando
Com o advento do 25 de Abril acabou a guerra do Ultramar, muitas
mudanças aconteceram, mas, o espírito de Fuzileiro manteve-se
inalterável!
Os Fuzileiros em tempo de Paz, voltaram de novo a estar presentes
em outros cenários, inseridos em diversos projectos como; os da
cooperação técnico-militar nos países africanos de expressão
portuguesa, e em Timor Leste.
Não podendo esquecer a nossa presença em operações
conduzidas pela NATO, UE e da ONU, no Kosovo e actualmente no
Afeganistão, mantendo assim os desafios para que foram criados
e fazendo jus à sua história.
O DESEMBARQUE • n.º 16 • Julho de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt
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crónicas
Paz
Serviço Diplomático
Também na área da diplomacia tivemos vários elementos fuzileiros nos gabinetes militares junto das embaixadas de Portugal em
diversos Países.
unidades militares argentinas, e onde me foi dado a conhecer a
história da Guerra das Malvinas.
Foi uma honra ter sido um desses representantes dos Fuzileiros a
exercer funções de auxiliar de Adido de Defesa do gabinete militar
da Embaixada de Portugal em Brasília.
Durante três anos, tive a oportunidade de dar a conhecer a História dos Fuzileiros portugueses a vários militares estrangeiros, tal
como eu representavam os seus países no Brasil, em particular
o período da Guerra do Ultramar, que para muitos era tema totalmente desconhecido. No decorrer desta missão fui convidado a
deslocar-me à Argentina onde tive o prazer de conhecer algumas
Acompanhado de veteranos, visitei e prestei homenagem junto
ao monumento dedicado a esta guerra, constituído por um mural,
onde constam os nomes de todos os que tombaram neste conflito.
Sobre a estadia no Brasil outras histórias ficarão por contar…
Se pudesse depois de morrer voltar a este mundo, voltaria a
querer ser Fuzileiro e Português.
José Gomes Talhadas
SMOR FZE (R)
Sóc. Orig. n.º 95 e membro do CV
INFORMAÇÃO
Snack-Bar/Salão polivalente
e de refeições
Informamos os nossos Associados que o Snack- Bar da AFZ da
nossa Sede Social está em pleno funcionamento após obras de
conservação/manutenção.
Daqui os exortamos a que frequentem a nossa/Vossa Sede e
o Bar e o Salão polivalente e de refeições e a que, os Camaradas organizadores dos habituais Almoços/Convívios, consultem
sempre a AFZ e/ou o respectivo concessionário do Snack-Bar,
porque encontrarão, por certo, condições de relação qualidade/preço muito favoráveis, para além de um ambiente agradável e muito propício à realização de eventos desta natureza, em
que as nostálgicas saudades, as alegrias, a amizade, a solidariedade, as nossas histórias e o espírito do fuzileiro se podem
revelar em toda a sua plenitude.
Sugerimos que as marcações de pequenos eventos ou os almoços/convívios sejam, em princípio, marcados com a intervenção
do Secretariado Nacional da AFZ (email: afuzileirosnetvisao.pt,
tel.: 212 060 079; telem.: 927 979 461) por razões que têm a
ver com a programação dos eventos da iniciativa da Direcção.
O Concessionário, cujo novo telefone é o 210 853 030, tem instruções para dar conhecimento à Direcção de todos os eventos
e/ou convívios que venham a ocorrer na Sede Nacional, antes de
se comprometer na sua realização.
Saudações a todos os Sócios e suas Famílias.
A Direcção Nacional da AFZ
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delegações
Delegação do Algarve
Operação “Cabidela”
N
o passado dia 24 de Fevereiro 2013,
um “grupo de combate” composto
por ex-combatentes de duas unidades de forças especiais (Fuzileiros e Para-Quedistas) reuniu-se para levar a cabo
uma operação C-SAD (Combat Search and
Destroy) em “território hostil” Algarvio localizado a Oeste de Faro mais conhecida
por “Faroeste”.
Na hora marcada, todos os convocados
(inclusive o Barros 85) compareceram no
ponto de encontro para os abastecimentos
e rapidamente se dirigiram para a “Base
n.º 1” onde deixaram as viaturas, largaram as mochilas e foram devidamente
“briefados” sobre a Operação “Cabidela”.
Logo de seguida, o grupo de combate
iniciou a sua marcha em “contacto eminente”, rompendo pelas picadas da serra
com duas colunas. Quando entraram em território desconhecido e
sendo também desconhecida a sua sina, os “combatentes” desta
missão decidiram gravar uma mensagem para enviar aos familiares e amigos lá em casa: um “até sempre à moda do ultramar”!
Ao fim de algumas horas de infiltração, foram avistados os primeiros vestígios de um acampamento abandonado, onde o calor
das fogueiras apagadas à pressa revelava uma presença recente
naquela posição de “guerrilheiros” Galos (nome dado aos “inimigos” daquela zona). De seguida, seguiram o rasto “IN” por uma
escarpa abaixo até ao “Rio Algibre”.
Uma vez lá em baixo, foi montada segurança ao local e o “grupo
de combate” foi dividido em duas colunas. Na ausência dos Botes
“Zebro”, a primeira coluna teve que recorrer à técnica de transposição, conhecida como “ponte de Himalaia” para atravessar o
rio, enquanto a equipa de “armas pesadas” seguiu pela mesma
margem, ambas serpenteando em silêncio pela densa vegetação, até se reencontrarem alguns quilómetros mais à frente, num
descampado. Em terreno aberto, o “pelotão” evoluiu para uma
formação em cunha e avançou destemido até às margens de um
“Mike Charlie” onde abrigou junto ao lodo.
Um dos batedores atravessou a ribeira a montante e avistou outro acampamento “IN” ali muito perto. Fez sinal e rapidamente foi
esticado um cabo ventral sobre a ribeira para chegar à outra margem. Aqui começaram as dificuldades, e neste capítulo é de inteira
justiça louvar o MAR FZ Campos pela corajosa atitude, em atirar-se à água para “salvar” um dos dois camaradas que tombaram
do cabo devido a fortes turbulências atmosféricas que se faziam
sentir no local, mais conhecidas por “laranjas” ou “abanes”.
Uma vez do outro lado, o “grupo de combate” evoluiu rastejando
pela vegetação e por baixo de arame farpado, numa aproximação final ao objectivo e foi quando, milagrosamente, o MAR FZ
Cardoso descobriu um “campo minado” a escassos metros do
“IN”. Nesse instante decidiu-se adiar o contacto e pedir apoio à
“equipa de Minas e Armadilhas” dos Marinheiros FZ “Minas &
Mendes, Lda”.
Estando as duas “secções de atiradores” estrategicamente posicionadas (algo visualmente parecido com uma equipa de trabalho
da secção de águas de uma Câmara Municipal, em acção) o “Oficial do Pelotão” avançou para efectuar o trabalho de desminagem, abrindo uma passagem segura.
Durante este longo processo, os Galos aproveitaram para abandonar o local à pressa deixando para o MISREP desta “operação”
o sucesso na “apreensão de várias munições” de calibre 33 cl.
Com o final da “operação” foi solicitada a evacuação para 4 “feridos” e o “pelotão” lançou-se na “jungle” de regresso à “Base n.º
1”. Com o cair da noite, o nevoeiro foi tomando conta do vale e
muito rapidamente estávamos “a navegar às escuras”.
Perto de chegar à picada principal, a coluna principal foi emboscada junto aos antigos fornos de carvão locais, por uma equipa de
“guerrilheiros” que teria ficado para trás à nossa espera. Por sorte, ou não... o “pelotão” abrigou instintivamente ao primeiro ruído
comprometedor do “IN” que denunciou a sua posição, meio segundo antes do primeiro “tiro”. Como assimilado, a rapaziada reagiu de
imediato à “emboscada” colocando em fuga os últimos Galos da
região. Nessa emboscada, houve a lamentar um camarada “ferido”
nas costas (PDI) o qual teve que ser “evacuado” no jeep do “quartel
mestre” que se encontrava à nossa espera na Base n.º 1.
Ao fim de uma picada, “que nunca mais tinha fim”, chegámos
finalmente ao planalto da Base n.º 1 onde recebemos o debriefing
e aproveitámos o breve instante para descansar um pouco em
posição de queda facial, pois estava um “calor esquisito” naquela
noite que ficará para sempre gravada nas nossas memórias. Após
a recuperação, o “quartel mestre” (MAR FZ Hélio) foi buscar os
“feridos em combate” e convocou os restantes para uma memorável Noite do Galo que, aliás, como devem calcular ao fim desta
operação sem ração... estava um mimo!
A alegria e o convívio continuaram noite dentro ao som do “pica-pica” e, com o devido espírito que dignificou as várias gerações
presentes nesta missão e que passaram pela nossa “Casa Mãe”,
entre os anos 60 e 2000.
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39
delegações
Aqui ficam registados os “heróis combatentes”:
Ex-2Ten FZ RN Domingues – 96023/00; Ex-SAR FZE Daniel
– 6747/61; Ex-CAB PQ Celestino – 194/68; Ex-MAR FZ Mina
– 2016/71; Ex-MAR FZ Mendes – 1515/73; Ex-MAR FZ Hélio –
7831/78; Ex-MAR FZ Campos – 7761/83; Ex-MAR FZ Barros –
7260/85; Ex-MAR FZ Guerreiro – 7263/85; Ex-MAR FZ Cardoso
– 7399/85; Ex-MAR FZ Matias – 7170/90; Ex-MAR FZ Medeiros
– 15491/92; Ex-SLD PQ Marmelo – 0962/96.
Paulo Domingues
Ex-2TEN FZ RN
Comemoração do 2.º Aniversário
D
ecorreu no passado dia 6 de Abril,
em Albufeira, a comemoração do 2.º
Aniversário da Delegação, com as
seguintes honrosas presenças: Presidente da Câmara Municipal de Albufeira, Dr.
José Rolo Comandante do Corpo de fuzileiros, CALMT Cortes Picciochi; Presidente
da Associação Nacional de Fuzileiros, CMG
Lhano Preto; representantes do Comando
da Zona Marítima do Sul, da Capitania do
Porto de Portimão, da Delegação Marítima
de Albufeira e do Clube “Escolamizade”; e
os sempre solidários Presidentes das Delegações da AFZ de Juromenha/Elvas e de
Vila Nova de Gaia.
Num evento que contou com cerca de 80
participantes foi cumprido o protocolo de
homenagens “à nossa moda” com a particularidade dos toques de silêncio, homenagem e alvorada terem sido executados
ao som do acordéon, não estivéssemos
nós no Algarve.
Num belo dia, “quase de Verão”, “O Farolim” de Albufeira engalanou-se para
receber os ilustres convidados, familiares
e amigos, numa demonstração do espírito
de unidade dos fuzileiros e dos que integram o Clube “Escolamizade” que, de forma muito estreita, connosco colabora há
quase três anos.
O almoço/convívio – entrelaçado de conversas de nostalgia, do matar de saudades e do visionamento de alguns vídeos
e fotos alusivos a eventos realizados pela
DFZA, durante o ano anterior – prolongou
pela tarde dentro, com momentos de confraternização entre os “mui nobres” Marinheiros que constituem pretexto e são
o objectivo principal dos nossos eventos
que alimentam a alma, o ânimo e o moral,
para mais dez anos de vida desta plêiade.
O nosso abraço fraterno passa a mensagem de que, por muitas dificuldades que
se nos apresentem, “um Fuzileiro nunca
esta só e de que, um fuzileiro nunca fica
para trás”.
Depois do “Porto de Honra” foi tirada a
habitual foto de família com a Praia dos
Pescadores como pano de fundo dando-se
início à “nomadização” para o restaurante, onde o “pelotão principal” se encontrou
no “TO” com a restante companhia.
Por fim houve os discursos da praxe.
Enalteceram-se e louvaram-se as participações da Delegação: nos “Bancos
Alimentares contra a Fome”; na ajuda a
Silves e Lagoa por ocasião do tornado; na
organização da descida do Rio Arade, por
40
ocasião da FATACIL; na Festa dos Pescadores e na procissão da Sr.ª da Orada; no
Encontro Nacional dos Fuzileiros em Fátima; na noite de fados (em cooperação
com o Clube “Escolamizade”); e, mais
recentemente, numa “Incursão Anfíbia,
em conjunto com paraquedistas, que ficou
imortalizada como “Operação Cabidela”,
iniciativa que juntou fuzileiros de “escolas” com cinco décadas de gerações, designadamente, dos anos 60,70, 80, 90 e
2000.
Finalmente, trocaram-se lembranças e
cortou-se o “Bolo do Aniversário” feito
com os ingredientes de todos nós, enfeitado com as nossas amizades e camaradagem e com o sabor do espirito do fuzileiro
e nossa genética solidariedade.
Soado o apito do “Mestre”, de volta à faina, o dia findou com muitas histórias e
memórias.
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delegações
Colaboração no Banco Alimentar Contra a Fome
D
ecorreu no passado dia 2 de Junho o primeiro Banco
Alimentar contra a Fome de 2013. Os Fuzileiros e a Marinha
estiveram representados por alguns “filhos da escola” que
decidiram dar um exemplo de boa vontade e solidariedade.
Foi um Domingo diferente.
Divididos em dois polos (Portimão e Faro) os camaradas ligados
à Delegação de Fuzileiros do Algarve voltaram a dizer “Presente”
nesta campanha de grande importância e de entreajuda social,
agora que os mais desfavorecidos aumentam e veem agravadas
as suas situações económicas e sociais, com o descalabro do
País e da Europa.
Ao longo do dia e com a chegada dos donativos, os comentários
não deixavam ninguém indiferente.
Parecia-nos que, este ano, a quantidade de donativos diminuíra.
A triste realidade é que há cada vez mais gente a passar
fome, sendo indispensável não deixarmos cair esta “bandeira”
independentemente dos lucros adicionais que proporciona às
grandes superfícies.
Com o trabalho transformado em convívio, o dia foi passando,
com alguma música à mistura e a missão foi cumprida pelas centenas de voluntários que se recusam a baixar os braços perante o
flagelo social com que nos vemos confrontados.
Delegação de Juromenha/Elvas
Comemoração do 3.º Aniversário
Aqui se retrata o respectivo programa:
10.30 h – Recepção às entidades oficiais;
11.30 h – Actividades lúdicas;
13.30 h – Almoço Convívio no restaurante “Farrapa”, em Elvas;
21.30 h – Concerto, pela Banda da Armada, na Praça da
República, em Elvas.
Com um programa denso e cheio de nível, como aliás os DirigenCom um programa denso e cheio de nível, como aliás os Dirigentes desta Delegação já nos habituaram, desenharam-se as comemorações com uma recepção que incluiu um “porto de honra”,
primorosamente servido, antecedido por visita às instalações da
sua Sede, em Juromenha e por actividades lúdicas.
N
o passado dia 1 de Junho, a nossa Delegação de Juromenha Elvas comemorou, com pompa e circunstância, o seu
3.º Aniversário.
Estiveram presentes várias dezenas de fuzileiros, o Presidente da
Câmara Municipal do Alandroal, Dr. João Grilo, os Comandantes
do Corpo, da Escola e da Base de Fuzileiros, o antigo presidente
da AFZ, Comt António Mateus e, obviamente, a direcção da AFZ
representada, designadamente, pelos seus Presidente e Vice-Presidentes, bem como, sempre solidários, os Presidentes das
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41
delegações
Delegações do Algarve e de Vila Nova de Gaia e demais dirigentes
regionais, que tiveram de se deslocar de longe, para dar o seu
abraço de amizade, camaradagem e unidade aos Camaradas do
Alentejo raiano.
O almoço a que estiveram também presentes o Presidente da Câmara Municipal de Elvas, uma sua Vereadora e a Presidente da
Junta de Freguesia de Juromenha, abrilhantado por uma banda, e a
que não faltou o tradicional Bacalhau à Brás foi servido com grande
variedade e qualidade, prolongando-se até cerca das 17 horas.
Após o café e os brindes tiveram lugar os discursos: do Presidente da Delegação de Juromenha/Elvas, o nosso Camarada Licínio
Morgado, sempre irrepreensível no seu trato e postura, que agradeceu a todos os que lhe deram a honra de estarem presentes e
de emprestarem à Delegação a sua solidariedade; do Comandante do Corpo de Fuzileiros que enalteceu a AFZ e a sua Delegação
de Juromenha; do Presidente da AFZ que elogiou, em nome da Direcção, a forma como esta Delegação e as outras se posicionam,
unidas e activas, em torno da Associação Nacional de Fuzileiros;
e, por fim, do Presidente da Câmara Municipal de Elvas, José
António Rondão de Almeida, que sempre nos emociona com as
suas palavras de apoio e de verdadeiro patriotismo.
Houve, outrossim, para tudo acabar em bem, ofertas mútuas de
simples mas significativas lembranças que sensibilizaram particularmente pelo carinho e pelo simbolismo que esteve por detrás
dos abraços que se trocaram.
Nas conversas dos fuzileiros, das suas famílias e dos convidados sentiram-se histórias contadas para matar as saudades e
espraiar as nostalgias.
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delegações
Ao princípio da noite, cerca das 21.30h,
na Praça da República, em Elvas, marcou o seu ponto alto, nas comemorações
do 3.º Aniversário da Delegação da AFZ
de Juromenha/Elvas, o concerto da Banda da Armada – que se considera uma
grande vitória desta Delegação – já que
conseguiu, pela sua pertinácia levar a Elvas a nossa Banda, “instituição” de que,
no âmbito da Marinha, se costuma dizer
“não chega para as encomendas”, pelo
que tudo teve de ser programado a longo prazo e sob autorização do Chefe do
Estado-Maior da Armada.
Na presença de vários milhares de pessoas, Elvenses e dos Concelhos vizinhos,
a Banda da Armada, como sempre brilhou.
Falou, em nome do Município de Elvas, a
Vereadora Dr.ª Elsa Grilo que muito nos
sensibilizou e ao povo participante, pelo
conteúdo e pela qualidade do seu discurso que – tal como sempre acontece com
o Presidente Rondão de Almeida – pareceu brotar da alma de um fuzileiro.
O jornal “Linhas de Elvas”, na seccção
Sociedade da sua edição de 6 de Junho de 2013, publicou uma reportagem
de meia página com seis fotografias do
evento.
Delegação de Vila Nova de Gaia
Como os seus Dirigentes afirmam “nestes tempo de crise um ombro amigo é sempre bem-vindo à nossa Delegação” que tem sido
incansável na ajuda a alguns sócios, camaradas e amigos, com
problemas pessoais de trabalho e mesmo de stress.
A frequência média dos fuzileiros nos seus convívios anda entre
as 20 e as 40 pessoas o que constitui motivo de orgulho.
A delegação de Vila Nova de Gaia fez-se representar pelos seus
dirigentes e, designadamente, pelos seus Presidente da Direcção (Mendes) e Vice-Presidente (Teixeira) nos seguintes actos e
eventos:
- Na Assembleia-Geral da AFZ;
- No aniversário da Delegação do Algarve;
A
Delegação da Associação de Fuzileiros de Vila Nova de Gaia,
sempre activa e solidária tem organizado vários encontros e
convívios e participado em eventos e encontros nas outras
Delegação e na Sede da AFZ.
- Na cerimónia de descerramento do alto-relevo “o Fuzileiro”,
pelo Chefe do Estado-Maior da Armada, na sede da AFZ;
- No 3.º Aniversário da Delegação de Juromenha/Elvas;
- No dia “10 de Junho”, em Elvas;
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delegações
- E no dia 6 de Julho, “Dia do Fuzileiro”, organizado pelo Corpo
e pela Associação Nacional de Fuzileiros, na Escola de Fuzileiros.
A Delegação de Vila Nova de Gaia faz questão de publicar as suas
contas de 2012 e um pequeno projecto de Actividades para 2013
para informação de todos os sócios da AFZ afectos à Delegação.
As fotos que complementam este texto documentam a presença
da Delegação na Assembleia-Geral da AFZ de 23 de Março de
2012 e no Aniversário da Delegação do Algarve.
Contas de 2012
Actividades Ano 2012
Deslocações ao serviço da Delegação
Despesa
Valor transportado de 2011
Receita
Resultado
-586,00 €
€
Almoços-convívio na nossa sede
120,00 €
135,00 €
15,00 €
Junho
Sardinhada
245,00 €
275,00 €
30,00 €
Julho
Dia do Fuzileiro
650,00 €
700,00 €
50,00 €
Dezembro
2.º Aniversário
1.639,00 € 1,460,00 € -179,00 €
km
Total
Tomada de posse
APVG - Braga
55
110
Tomar Monumento
ao Combatente
170
340
Assembleia Geral
Associação
310
620
Aniversário D.F.
Jerumenha
450
900
Comparticipação da Associação
162,00 €
162,00 €
Aniversário D.F.
Algarve
600
1200
Quotizações anos 2011/2012
413,52 €
413,52 €
Almoço de Natal
Associação
300
600
-241,00 €
Dia 10 de Junho
300
600
241,00 €
Merchandise pago
4370
3.481,00 € 3.145,52 € -335,48 €
Resultados Finais 2012
Valor a transportar para 2013
-335,48 €
Valor do Merchandise da Associação
em stock
426,00 €
Plano de Actividades 2013
JANEIRO
JUNHO
Almoço solidário para sócios, simpatizantes e amigos
FEVEREIRO
Sardinhada anual na nossa Delegação e
Participação nas cerimónias no dia de Portugal
Almoço convívio na nossa sede
JULHO
MARÇO
Deslocação à escola de Fuzileiros no dia do Fuzileiro
Almoço convívio na nossa sede
AGOSTO
Deslocação à Associação Nacional de Fuzileiros,
Assembleia Geral
Férias
ABRIL
SETEMBRO
Deslocação à Delegação Fuzileiros do Algarve
para celebração do seu aniversário
Deslocação à Delegação de Juromenha/Elvas, procissão dos
Pendões e inauguração do Monumento de Marinha em Elvas
Almoço convívio na nossa sede
MAIO
Convívio em Ribeira de Pena, descida do maior slide do Mundo
NOVEMBRO
Almoço convívio na nossa sede
JUNHO
DEZEMBRO
Deslocação à Delegação Fuzileiros de Juromenha/Elvas para
celebração do seu aniversário
Celebração de 3.º aniversário da nossa Delegação
e almoço de Natal da nossa Associação
44
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divisões
Divisão do Mar
e das Actividades Lúdicas e Desportivas
Caminhada da Machada 2013
C
om o pedestrianismo a tornar-se um “hobby” e uma modalidade desportiva de fim-de-semana, a Associação de Fuzileiros realizou no passado dia 3 de Março mais
uma actividade para os seus sócios, familiares e amigos.
Intitulado “Machada 2013”, o evento contou com 26 participantes onde a idade não foi
barreira para um agradável passei no pulmão da cidade do Barreiro.
Com os mais jovens a marcar o ritmo realizaram-se 6 quilómetros de caminhada na Mata
Nacional da Machada, onde visitámos lagoas e fontes de água fresca e agradável!
Destacaram-se também, a fauna e flora que se foram observadas ao longo do percurso
bem como a identificação de pegadas de animais selvagens que suscitaram a curiosidades
dos mais novos.
Para todos um até breve, pois mais estão para vir.
Troféu FPT com Arma Curta de Recreio a 25 metros
N
o âmbito do tiro desportivo realizou-se, no passado dia 4 de Abril, na
Carreira de Tiro da Marinha, em Vale
de Zebro, a 2.ª prova do Troféu da Federação Portuguesa de Tiro.
A organização da prova, que esteve a cargo da Divisão de Actividades Lúdicas e
Desportivas da Associação de Fuzileiros
e decorreu de forma exemplar garantindo,
acima de tudo, a segurança e o ambiente
desportivo saudável que sem sombra de
dúvidas, se deveu à ética desportiva demonstrada por todos os atletas participantes!
A prova contou com a participação de 45
atletas de vários clubes nacionais, e teve
lugar durante a tarde, com um tempo
agradável e favorável a este “convívio de
tiro desportivo”!
No rescaldo da competição, os atletas
da AFZ, num total de oito participantes,
obtiveram as seguintes classificações:
João Luz – 4.º lugar (empatado com o 3.º
lugar em pontuação); Espada Pereira – 7.º
lugar; Jorge Matos – 8.º lugar; José Frade
– 11.º lugar; Henrique Matos – 17.º lugar;
Miguel Correia – 19.º lugar; Rui Rodrigues
– 29.º lugar; Jorge Nunes – 32.º lugar. Na
classificação por equipas a AFZ conquistou
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o 3.º lugar, estando também em 3.º lu­
gar da Geral no Campeonato. Equipa de
Tiro: Espada Pereira; José Frade; Rui
Rodrigues.
Como nota final, fica o agradecimento à
EF e a todos os militares que participaram
nesta organização, pois foram fundamentais para o sucesso desta organização.
45
divisões
A Associação de Fuzileiros sagra-se
Campeã Regional Sul 2013
R
ealizou-se no fim-de-semana de 20 e
21 de Abril, passado, o Campeonato
Regional/Sul de Tiro de Precisão –
equipas HS2 – na modalidade de Pistola
Standard a 25 metros, nas instalações da
Carreira de Tiro da Marinha – CEFA – organizado pela Associação Regional de Tiro
do Sul.
As competições incluíram as modalidades
de Pistola de Percussão Central (PPC) e
Pistola Standard (PS).
Em PPC, a Associação de Fuzileiros esteve representada por dois atletas (Comt.
Semedo de Matos e Rui Rodrigues) que na
divisão HS2 se classificaram em 1.º e 2.º
lugar, conquistando o título de Campeão
Regional Sul 2013 em PPC o atleta Rui
Rodrigues.
Em PS, a Associação de Fuzileiros esteve
representada por três atletas (Comt. Semedo de Matos, Rui Rodrigues e Pedro
Marques da Luz) que, em equipas, obtiveram o 1.º lugar na divisão de HS2, consagrando-se assim Campeões na respectiva
modalidade e divisão.
Destacaram-se, também, as seguintes
clas­sificações individuais: 1.º lugar, Rui
Rodrigues; 5.º lugar, Comt. Semedo de
Matos; e 12.º lugar, Pedro Marques da
Luz.
Nesta modalidade, sagrou-se, também,
Campeão Regional Sul/2013 o atleta Rui
Rodrigues.
Parabéns a todos pela excelente representação, em nome da Associação Nacional
de Fuzileiros.
Prova “Amphibia Challenge” 2013 – na Escola de Fuzileiros
determinação, se fizeram aos obstáculos
que lhe apareceram pela frente e, nem as
águas turvas, lhes meteram medo!
A equipa de adultos, que tinha uma faixa
etária entre os 16 e os 52 anos, deixou
bem saliente que a idade não é barreira
para nada, desde que o espírito do fuzileiro esteja presente.
Com um total de prova de 1 hora e 32
minutos e já na recta final para a meta, a
Equipa da AFZ reagrupou, formou em coluna por três e, sob o comando do Sarg.
Marques, em passo acelerado e entoando
o “Grito de Fuzileiro” cruzou a linha de
meta em conjunto.
Parabéns a todos! E lembrem-se…
“A Vida é Dura Para Quem é Mole”
R
ealizou-se no passado dia 1 de Junho
mais uma prova de corrida e obstáculos militares mas, desta vez, a Associação de Fuzileiros “jogou em casa”!
O desafio “Amphibia Challenge” realizou-se na Escola de Fuzileiros onde, para
muitos de nós, os obstáculos a transpor
não eram desconhecidos e isso trouxe-nos vantagens.
A AFZ participou com duas equipas: uma
de adultos com sete elementos e outra de
crianças com oito elementos.
O espírito de corpo e de entreajuda das
nossas equipas contagiou outros atletas
que, participando individualmente, se
juntaram a nós e terminaram a prova em
equipa com a AFZ.
46
Cumpre-nos salientar os jovens Cadetes
do Mar Fuzileiros que se enquadraram
bem na nossa Equipa e deram provas de
que vão no bom caminho… No entanto,
não podemos deixar de destacar, também,
uma participação especial na nossa Equipa: a da 1.º Tenente AN Conceição, que
constituiu um exemplo de desportivismo
e camaradagem para todos quantos, homens e mulheres, marcaram presença
nesta prova e que foi, sem dúvida, uma
representante ao mais alto nível das Mulheres que integram a nossa Marinha de
Guerra.
A equipa de crianças foi outro orgulho,
pois que todas demonstraram que nas
suas veias corre sangue de fuzileiro. Pequenos guerreiros que, sem medos e
Sócio da AFZ
Mantém as tuas quotas em dia
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notícias
Cadetes do Mar Fuzileiros
9 de Março
A
Unidade de Cadetes do Mar Fuzileiros desenvolveu as suas actividades, no passado dia 9 de Março, sob o Comando do SMOR José
Talhadas e a assessoria do SARG Afonso Brandão (Sócios da Associação de Fuzileiros) na Escola de Fuzileiros e sob o patrocínio
da AFZ.
A Associação de Fuzileiros deseja a todos os jovens que integram a nossa Unidade, muito sucesso e que se sintam felizes entre nós,
afirmando-se, uma vez mais, que é para eles um privilégio iniciarem-se numa Escola e integrarem uma Associação Nacional, ambas
de grande prestígio, sendo que esta, atravessa transversalmente todos os Fuzileiros, Oficiais, Sargentos e Praças, seus Familiares e
Amigos.
Sejam bem-vindos.
Seguem-se a descrição das actividades e uma galeria de fotos.
Actividades 9-03-2013
Unidade de Fuzileiros Cadetes do Mar
Associação de Fuzileiros/Escola de Fuzileiros
08h30 – Recepção e transporte dos alunos para a Escola de
Fuzileiros.
09h00 – Na sala de aula do Batalhão de Instrução, deuse início à formação na área de Ciências Militares.
Os alunos aprenderam a manusear e a ler cartas
topográficas, coordenadas geográficas, a conhecer
as linhas de latitude e longitude e o uso simples de
carta topográfica associada a uma bússola.
11h30 – Deu-se início à disciplina de Aptidão Física, com a
travessia da Pista de lodo. Foram constituídas 2 equipas e traçado um percurso. Os alunos tinham como
objectivo transportar um determinado objecto e ultrapassar vários obstáculos. Serve este exercício para
avaliar o estado físico, iniciativa, liderança e espírito
de grupo. Esta prova foi concluída no tempo de 16
minutos, sendo de realçar o facto de todos os alunos
apresentarem uma excelente coesão e determinação
na conclusão da prova.
14h00 – Depois do almoço reiniciou-se a formação (prática)
na área de Ciências Militares, na mata da Machada,
situada no perímetro da Escola de Fuzileiros. Os alunos colocaram em prática, os conhecimentos adquiridos na aula teórica sobre cartografia. Foram-lhes
dadas coordenadas geográficas de vários pontos na
carta topográfica. Aprenderam a estudar o terreno,
a manusear e orientar a carta, seguir um azimute
cartográfico ou um azimute magnético, com a bússola. Os alunos foram devidamente acompanhados
e auxiliados por formadores, em todos os percursos
realizados.
17h00 – Conclusão das actividades programadas e transporte
dos alunos da Unidade de Cadetes do Mar Fuzileiros
à estação Fluvial do Barreiro.
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47
notícias
Assembleia-Geral
23 de Março de 2013
N
o dia 23 de Março de 2013 teve lugar a Assembleia-Geral
da Associação de Fuzileiros (AFZ), com a seguinte Ordem
de Trabalhos:
1. – Apresentação e eventual aprovação do Relatório
de Actividades e Contas do Exercício de 2012 e do
Orçamento para 2013;
2. – Apresentação à Assembleia Geral das seguintes
propostas para Sócios Honorários, nos termos do Art.º
5.º - 1.3. do Estatuto da AFZ:
2.1. – Dr. Ilídio Neves Luís (Sócio Originário n.º 155) – a
título póstumo;
2.2. – Sr. Carlos Humberto Palácios Pinheiro de Carvalho,
Presidente da Câmara Municipal do Barreiro;
2.3. – Sr. Almirante José Carlos Torrado Saldanha Lopes,
Chefe do Estado-Maior da Armada;
2.4. – Sr. Vice-Almirante José Alfredo Monteiro Montenegro, Comandante Naval;
2.5. – Comandante António Manuel Mateus, Sócio Originário n.º 279;
3. – Apresentação para ratificação das decisões da
Direcção de designação dos seguintes Sócios de
Mérito, nos termos do Art.º 5º - 1.4. do Estatuto da
AFZ:
3.1. – Sr. Raúl António Nunes Malacão, Presidente da
Junta de Freguesia do Barreiro;
3.2. – Sócio Efectivo n.º 1308, João Pedro Alva Marques
da Luz;
3.3. – Sócio Originário n.º 161, Mário Henriques Manso;
3.4. – Sócio Originário n.º 805, Francisco Egas Soares;
3.5. – Sócio Originário n.º 1049, José de Oliveira Pinto;
3.6. – Sócio Originário n.º 245, Jaime Neves Neto Ferro;
3.7. – Sócio Originário n.º 59, José Manuel Parreira.
Presidente Direcção, Lhano Preto
48
Metello de Nápoles
Mesa da Assembleia Geral
A Assembleia-Geral decorreu de forma ordeira e civilizada e,
porque a regra se faz da excepcção, a pequena nota discordante
que até serviu para animar a sessão e a que, aliás também, todos
já se habituaram, não foi de forma nenhuma suficiente para
deslustrar a impecável postura de respeito, de aprumo, disciplina,
amizade e camaradagem de um Salão cheio, que é o tradicional e
por demais conhecido traço genético do Fuzileiro.
António Augusto, Sócio e Técnico Oficial de
Contas
Vice-Presidente Direcção, Marques Pinto
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notícias
O Relatório de Actividades e as
Contas, que constam de mais
de trinta páginas foram aprovados, por unanimidade, após
parecer do Conselho Fiscal e
explicações pormenorizadas
dos Presidente, Vice-Presidentes e Técnico de Contas
da AFZ.
Estes documentos foram remetidos a todos os Sócios
de que possuímos endereços electrónicos, em ficheiro
“pdf”, encontrando-se, também, afixados e disponíveis
para consulta de todos no
Vice-Presidente, Direcção Cardoso Moniz
Cunha Brazão
Mário Manso
Secretariado Nacional da AFZ e, presumimos, nas Delegações, cujas indicações
enviámos prévia e oportunamente.
As propostas para Sócios Honorários e de
Mérito foram também aprovadas, por unanimidade, à excepção de duas (uma para
Sócio Honorário, com apenas um voto
contra, e outra para Sócio de Mérito, esta
com o voto contra do próprio).
No final da sessão, e após o Presidente da Mesa ter dado por encerrados os
trabalhos, foram entregues aos Sócios
distinguidos os respectivos diplomas que
os camaradas aplaudiram com salvas de
palmas.
Aspecto parcial da assistência na Assembleia Gerral
INFORMAÇÃO
A Direcção Nacional informa que já foram assinados os seguintes
– Manuel J. Monteiro & Cª., Lda. - Equipamentos Electródomésticos;
protocolos que proporcionam várias vantagens e benefícios aos
– Revista de Marinha.
nossos Associados:
– Associação Recreativa e Desportiva Bons Amigos – Montijo – no
– Universidade Lusófona;
âmbito da Divisão do Mar e das Actividades Lúdicas e Desportivas
– Instituto Superior de Segurança da Universidade Lusófona;
(tiro);
– Grupo de Amigos do Museu de Marinha (GAMMA);
– Motricidade Humana - Associação de Formação Desportiva;
– KANGAROO - Gimnoparque;
– Casa de Repouso “Quinta da Relva”;
– Casa de Repouso “Villa Pinhal Novo”;
– Casa de Repouso “S. João de Deus”;
– Grupo Desportivo e Recreativo da Recosta – Barreiro – no âmbito
da Divisão do Mar e das Actividades Lúdicas e Desportivas;
Os Protocolos estão publicados no site da AFZ e foram remetidos
para todos os sócios de que conhecemos o respectivo endereço
electrónico.
Aconselhamos os nossos Sócios a consultarem o site, na Internet
– www.associacaofuzileiros.pt – ou a informarem-se através de
– ARISTON Termo Grupo;
email: [email protected], do tel.: 212 060 079 ou do telem.:
– ANASP - Associação Nacional de Agentes de Segurança Privada;
927 979 461. e a remeterem-nos os seus endereços electrónicos.
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49
notícias
Formação em Língua Inglesa
para Elementos da
Force Protection
Jorge Moreira Silva
E
mbora nem todos tenham essa perceção, uma das primeiras – e maiores
- dificuldades que enfrentam os elementos destacados num teatro operacional é a comunicação, em língua inglesa,
com outras forças e unidades no terreno.
Correspondendo a uma solicitação do
Comando do Corpo de Fuzileiros (CCF),
em linha com diretivas recebidas de S.
Ex.ª o Ministro da Defesa Nacional, o
Departamento de Formação Geral da
Escola de Tecnologias Navais (ETNA-DFG),
através do Gabinete de Língua Inglesa (GLI),
preparou uma ação de formação “piloto”
destinada aos elementos nomeados para
funções de “Force Protection” no teatro
de operações do Afeganistão.
A primeira edição deste curso ainda embrionário decorreu de 26 a 29 de Março
de 2012, tendo sido frequentada por 39
formandos. Nesta fase a formação foi
essencialmente teórica, focando-se nas
áreas vocabulares relacionadas com o
equipamento individual e com as ações
de manutenção da Segurança Física, sem
esquecer a temática aeroportuária, já que
aqueles formandos tinham como destino
final a zona do aeroporto de Kabul.
Na segunda edição, decorrida entre 26 e
30 de Novembro, com a participação de
38 formandos, já foi possível, com o recurso a rádios táticos portáteis, simular
– além do procedimento radiotelefónico
normal – algumas das situações mais
suscetíveis de virem a ocorrer em cenário
operacional, nomeadamente:
• Escolta a um comboio de camiões
das Nações Unidas;
• Evacuação médica (CASEVAC)
Entretanto, na sequência da sugestão
de um dos formandos, considerou-se
ser útil, futuramente, a inclusão de uma
nova situação, sem dúvida uma das mais
frequentes: posto/barreira de identificação
e controlo de acessos. Tal como sucede
com a utilização dos rádios portáteis, em
que os formandos recorrem ao seu próprio
equipamento, esta é uma situação em
que a simulação poderá ser enriquecida
e tornada mais “real” com a utilização de
material próprio, neste caso uma viatura
do CCF.
Já se vê que o feedback fornecido pelos
formandos, sobretudo depois de terem tomado contacto com a situação no terreno,
é fundamental para melhorar a qualidade
das futuras edições deste “curso”, não só
avaliando a utilidade da formação que lhes
foi ministrada como também identificando
outras necessidades a que se torne premente dar resposta.
Aguardam-se, entretanto, orientações,
ao nível da NATO, da parte do Bureau
for International Language Coordination
(BILC), as quais, conjugadas com as lições
aprendidas até à data, permitirão desenhar
um curso completamente estruturado e
oficialmente integrado no Plano Anual de
Formação da Marinha (PAFM).
A ETNA, através do GLI (e não só), mantém-se disponível para continuar a apoiar
o nosso pessoal destacado e, caso seja
necessário, estará pronta a estender esse
apoio a outros contingentes nacionais em
situações semelhantes, recorrendo à valiosa experiência que tem vindo a adquirir
nesta área de formação.
Jorge Moreira Silva
(CFR)
Sócio n.º 1741
Notas: O autor agradece à 1TEN ST-ELING Estela Parreira,
chefe do Gabinete de Língua Inglesa do Departamento de Formação Geral da ETNA, a informação amavelmente disponibilizada.
O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico
Pedido/Recomendação da Direcção
A Direcção Nacional da AFZ solicita a todos os Sócios que possuam endereços electrónicos (e-mail) o favor de os remeterem ao
Secretariado Nacional ([email protected]) para facilitar as comunicações/informações que se pretende assumam a natureza de
constantes e permanentes.
Assim, estarão os Sócios sempre informados, em tempo quase real, de todas as regalias de que poderão usufruir, bem como das datas e
locais dos convívios e eventos, da iniciativa da Associação ou dos Associados.
50
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notícias
O Vice-Presidente da Câmara Municipal de Elvas
e os Directores do Museu Militar de Elvas
visitam o Museu do Fuzileiro e a nossa Associação
N
o passado dia 11 de Abril visitaram
– a convite conjunto da Associação
Nacional de Fuzileiros e da Escola
de Fuzileiros – a Sala Museu do Fuzileiro
e a nossa Associação, o Vice-Presidente
da Câmara Municipal de Elvas, Dr. Nuno
Mocinhas, em representação do seu Presidente Sr. Rondão de Almeida (que por total
impossibilidade não pode estar presente)
e os Directores do Museu Militar de Elvas,
COR José Varandas e TCOR José Ribeiro.
No período da manhã, os visitantes –
acompanhados pelo Comt da EFZ e pelos
Presidente, Vice-Presidente e 2.º Vogal da
Direcção da AFZ – percorreram demoradamente, com todo o pormenor e com muito
interesse, a Sala Museu do Fuzileiro, guiados pelo competente Cabo FZ Barros Pinto
que, como sempre, teve valiosas e esclarecedoras intervenções.
A EFZ, por deferência, ofereceu um almoço
de trabalho participado, também, pelo 2.º
Comt e por outros oficiais.
Após o almoço e as despedidas da EFZ
rumou-se à Associação de Fuzileiros, com
passagem pelo Monumento ao Fuzileiro,
no Barreiro. Visitadas as instalações ofereceram-se aos nossos convidados pequenas lembranças.
De Elvas, os convidados foram acompanhados pelo nosso Sócio Óscar Barradas,
da Delegação da AFZ de Juromenha/Elvas
que colaborou, fazendo também as honras
da nossa “Casa”.
São assim os Fuzileiros: unidos, camaradas, colaborantes e amigos.
A Associação Nacional de Fuzileiros deseja que os nossos convidados voltem sempre que queiram porque estarão, também,
em sua casa.
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51
notícias
Troca do kit de LVT-4
na Sala-Museu do Fuzileiro
N
o passado dia 24 de Janeiro do corrente ano, procedeu-se à
troca do kit de modelismo da viatura anfíbia LVT-4, oferecida
no transacto “Dia do Fuzileiro 2012” à Escola de Fuzileiros e
patente na Sala-Museu do Fuzileiro.
Este kit, parte integrante de um diorama constituído por base e kit
na escala 1/35 de uma viatura blindada anfíbia de lagartas LVT4, foi construído por um antigo Oficial Subalterno FZ da Reserva
Marítima de 1968 – Eng. Álvaro de Melo. Anteriormente, por
falta de tempo para conclusão do diorama e respectivo kit para
o “Dia do Fuzileiro 2012”, o kit da viatura foi facultado a título
de empréstimo temporário, pelo seu amigo modelista Sr. Eduardo
Ferreira (a quem se agradece a gentileza).
Fica assim concluída a entrega formal do diorama de modelismo
definitivo, daquele que foi o 1.º modelo de viaturas anfíbias a
equipar os nossos Fuzileiros dos tempos modernos. Para que não
passe despercebida aos Fuzileiros, fãs de modelismo e visitantes
em geral, em melhor sítio não podia estar: encontra-se junto à
«porta de abater» da Lancha de Desembarque que guarnece a
entrada principal da Sala-Museu do Fuzileiro.
Por último, cumpre-se agradecer: ao Comt Teixeira Moreira (Comt
da Escola de Fuzileiros), pela sua prontidão e apoio prestado; ao
Comt Lhano Preto (Presidente da Associação de Fuzileiros), pelas
diligências tomadas e apoio constante; ao Eng. Álvaro de Melo
(autor do diorama e kit definitivo), pela sua oferta, fotografia e
documento A4; e ao Sr. Eduardo Ferreira (autor do primeiro kit),
pela sua cedência temporária.
Rodrigues Morais
Sócio Aderente n.º 2082
Visita do Director-Geral da DGAM
e do Capitão do Porto de Lisboa
à Associação de Fuzileiros
Um almoço de solidariedade e de amizade mas, também, de
trabalho selou a visita dos nossos convidados de honra que
aproveitaram para percorrer, com algum pormenor, as instalações
da AFZ e da Delegação Marítima do Barreiro, observando algumas
necessidades de obras de conservação e manutenção do edifício,
designadamente, ao nível do telhado.
Com um “até sempre, porque está em sua casa”, o Presidente e
os Vice-Presidentes da Direcção da AFZ despediram-se “ao portaló” dos seus convidados.
N
o dia 20 de Março de 2013 visitaram a Associação de
Fuzileiros, a convite da sua Direcção, o Director-Geral da
Autoridade Marítima, Vice-Almirante Álvaro da Cunha Lopes
e o Chefe do Departamento Marítimo do Centro e Capitão do Porto
de Lisboa, Comandante António de Carvalho Coelho Cândido.
Acompanharam, também, a visita o Adjunto do Capitão do Porto de Lisboa para a Delegação Marítima do Barreiro, 1.º Tenente
João Francisco Imaginário César e os Presidente do Conselho Fiscal e Tesoureiro da AFZ.
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notícias
Visita do Director de
Infraestruturas da Marinha
à Associação de Fuzileiros
N
o passado dia 23 de Abril, o Contra-Almirante Valente
dos Santos, Director das Infraestruturas da Marinha,
acompanhado pelo Arquitecto Eduardo David Libermann
e pelo Capitão-Tenente Eng.º Carlos Manuel Gomes Fernandes
visitaram o edifício onde estão instaladas a Delegação Marítima do
Barreiro e a Associação Nacional de Fuzileiros.
O encontro, a convite da Direcção Nacional da AFZ incluiu um almoço, no Snack-Bar da Associação que constituiu uma verdadeira
jornada de trabalho e teve por objectivo – para além de um relacionamento de amizade – recolher opiniões quanto a trabalhos de
conservação e manutenção da sede da AFZ e ao projecto de um
monumento aos Marinheiros, numa rotunda da cidade de Elvas, da
iniciativa de elementos elvenses da Marinha e da nossa Delegação
de Juromenha/Elvas, cuja inauguração se prevê para Setembro e
que tem, também, o apoio da AFZ e da Câmara Municipal de Elvas.
A AFZ agradece aos nossos convidados a sua disponibilidade e
considera que este encontro foi de extrema utilidade para ambas as
partes: a nós porque nos permitiu um saudável e produtivo convívio
e aos responsáveis pela Direcção de Infraestruturas porque lhes
permitiu passar um dia que reputamos de muito agradável
e sensibilizarem-se para aspectos de pormenor das nossas
instalações. A Direcção da AFZ convida os nossos camaradas e
amigos, para, sempre que queiram, disporem da “Casa” que é de
todos nós.
“Escolas 88”
Regresso à Escola
N
o dia 23 de fevereiro de 2013 regressámos à ESCOLA, que por ser a nossa, de Fuzileiros, merece ser escrita
em maiúsculas. Daqui advém o termo de
“filhos da Escola”, que bem poderia ser
“filhos da mesma mãe”, pelo significado
de abrangência que tem, pois reporta-nos,
a todos, para o mesmo espaço físico, a
mesma experiência de vida, enquanto
oportunidade de formação integral (o chamado “fazer HOMENS”) onde se destaca o
espírito de: superação de dificuldades; camaradagem; abnegação; coragem; respeito; sofrimento; cooperação… ou seja, Homens com a determinação de combatente
e com a sensibilidade do “camarada”.
Voltar à ESCOLA, tem, à partida, a magia de
nos “transpor” para este ambiente, que na
maioria dos casos, eventualmente em todos,
foi a experiência mais marcante da vida.
Voltar à ESCOLA como nós voltámos, no
dia 23 de fevereiro de 2013, após 25 anos
tem, naturalmente, um “gosto” especial,
de nostalgia, mas também de reconhecimento pelo papel desta ESCOLA, na vida
de cada um de nós, que nos permitiu ser
Homens mais Homens.
Voltar à ESCOLA, recebidos pelo seu Co­
mandante CMG Teixeira Moreira, dedicando
o seu tempo pessoal para nos receber e para
nos atualizar do estado atual dos Fuzileiros
é reforçar a ideia de que esta ESCOLA está-nos no coração como uma referência muito
forte, por mérito próprio de quem a serviu e
continua a servir. Um bem-haja ao Sr. Comandante, pela forma “carinhosa” como nos
recebeu. Se dúvidas houvesse, dissipar-se-iam com a presença dos “nossos formadores” que, volvidos 25 anos, nos continuaram
a “premiar” com a sua presença de rigor,
coerência, sabedoria e amizade, qual “pai”,
que querendo o melhor para o seu filho, não
se cansa de “andar sempre em cima dele”,
sendo certo que estará sempre lá para o
apoiar, não para lhe “dar a cana”, mas para o
ensinar “a pescar”.
Voltar à ESCOLA com os nossos formadores
é algo de transcendente e marcante. Um
bem-haja aos formadores, que nos honraram
com a sua presença.
O DESEMBARQUE • n.º 16 • Julho de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt
Voltar à ESCOLA, conseguindo reunir cerca
de 100 pessoas, é sinal de que, a muitos
a esta marca indelével da camaradagem,
fica “gravada” em quem passa por esta
ESCOLA e que, como o Sr. Comt Lhano
Preto, Presidente da Associação de Fuzileiros, nos dizia a propósito deste aniversário:
“É obrigação de cada um de nós não esquecermos a camaradagem e alimentá-la
junto de quem mais precisa.”
Voltar à ESCOLA, em convívio, como o fizemos, é sempre bom. Assim como foi bom
o almoço ser no espaço da Associação de
Fuzileiros, local que tem muito da mística
dos Fuzileiros e da Marinha, “prolongando” assim o “ambiente” vivido durante a
manhã na ESCOLA.
A todos quantos tendo contribuído e continuam a contribuir para que faça sentido
voltarmos à ESCOLA, um bem-haja muito
grande. Voltaremos à ESCOLA sempre que
nos reunirmos neste “espírito”. Fica já a
promessa de encontro marcado para o dia
22 de fevereiro de 2014, onde o camarada
Cortesão ([email protected]
ou 919589689) nos há-de receber com o
“carinho” a que já nos habituámos ao longo
destes anos de comemoração.
53
notícias
A Associação de Fuzileiros participa na iniciativa
Cidade Limpa
N
o âmbito desta iniciativa da CM do Barreiro, uma Cidade
Limpa, com a colaboração de todas as colectividades e associações, a AFZ, com a sua equipa de corajosos e uma
corajosa (a Ana) nossa funcionária, participou, nos passados dias
3 e 4 de Maio, neste evento, com sete elementos, mais três fornecidos pelo Concessionário do nosso Sncak-Bar e grande colaboração da Câmara Municipal do Barreiro (três elementos e
máquinas de apoio).
Limpou-se (até ver) toda a zona ribeirinha (praia fluvial) que banha
a esplanada do Snack-Bar da AFZ.
Parabéns a todos e, particularmente, à Ana.
Esta foi a segunda edição, desta actividade, sendo de realçar o
reforçado apoio da Câmara Municipal do Barreiro que nos permitiu
efectuar um trabalho de muita importância.
protocolos
Assinatura de Protocolos
Divisão do Mar e das Actividades Lúdicas e Desportivas
(Secção de Tiro)
N
o passado dia 21 de Abril foram subscritos, na Sede da AFZ,
dois Protocolos de Cooperação, no âmbito da Divisão do Mar
e das Actividades Lúdicas e Desportivas, na sua área de tiro.
As instituições cooperantes são a Associação Recreativa e Desportiva Bons Amigos do Alto das Vinas Grandes (ARDBA) do Montijo e o Grupo Desportivo e Recreativo Unidos da Recosta (GDRUR)
do Barreiro e fizeram-se representar:
Por parte da AFZ:
O Presidente e o Vice-Presidente da Direcção (e Esposas), o Chefe
de Divisão MALD, o Comt. Semedo de Matos e o Sarg Marques
(e Esposa).
Por parte do GDRUR:
O Presidente e o Vice-Presidente da Direcção e o responsável pela
Secção de Tiro
Por parte da ARDBA:
O Vice-Presidente da Direcção e Sócio fundador, António Borges,
o responsável da Secção de Tiro e o coordenador/treinador da
Equipa de Tiro
Após o acto de assinatura e os inevitáveis discursos decorreu,
em ambiente simples mas muito agradável, um almoço/convívio que assinalou, de forma marcante, os primeiros Protocolos
da iniciativa da nossa Divisão do Mar e das Actividades Lúdicas
e Desportivas.
54
O DESEMBARQUE • n.º 16 • Julho de 2013 • www.associacaodefuzileiros.pt
obituário
Aqui se presta homenagem aos que nos deixaram
A Associação Nacional de Fuzileiros e a
nossa Revista “O Desembarque” apre­
sentam sentidas condolências às Suas
Famílias, publicando-se as respectivas
fotografias que correspondem às que
encontrámos, com menor ou razoável
qualidade, nos nossos ficheiros.
Estes nossos Camaradas e amigos
conservar-se-ão sempre entre nós neste
Planeta e quando nos encontrarmos
noutros Mundos.
João Coelho Duarte
Sócio n.º 1645
Mário Rodrigues Afonso
Sócio n.º 62
José Alves Guerreiro
Sócio n.º 547
diversos
Donativos
Nome do sócio
Novos Sócios
N.º Donativo
Nome do sócio
Novos Sócios
N.º
Nome do sócio
N.º
Anónimo
-
40,00 €
António José Tavares Serra Coutinho
2207
Samuel Dinis Martins Ferreira
2231
“Escolas” de 1991
-
37,75 €
José Manuel da Encarnação Serra
2208
Alzira Maria Lavado Sequeira
2232
336
10,00 €
Paulo Agostinho Pires Alves
2209
Manuel Cândido Araújo Pereira
2233
65
10,00 €
Fernando Pereira da Silva Carvalho
2210
Joaquim Germano Santos Barbado
2234
1963
20,00 €
Pedro Luís Correia Alvelos
2211
Adamio José Cabrinha Carrapeto
2235
Manuel Vinagre dos Santos
José Rodeia Filipe
João Lopes Leal
-
10,00 €
João Filipe Moita Jardim
2212
Hélder João Ferreira da Silva
2236
Jorge Luís
1969
10,00 €
Álvaro Henrique Santos da Mina
2213
José Luís R. Roque de Pinho
2237
Hélder Pacheco
2149
10,00 €
João Manuel Santos Guerreiro
2214
Bernardo Melo Gois Mendes
2238
Fernando José Conceição Mateus
2215
Frederico Jorge Mota Semedo
2239
Adérito Adelino Fonseca de Sá Nogueira
2216
Celestino Ferreira Monteiro
2240
Vítor Manuel Serrano Moleiro
2217
José Duarte Silva
2241
Maria Graciete C. Palmeira Sabino Teixeira
2218
José Coelho da Piedade
2242
Ricardo Manuel Massi de Sousa
2219
Paulo Renato Matos Gomes da Silva
2243
João Paulo Firmino da Marta
2220
Daniel Pedro Vieira Lascas
2244
Ana Filipa Marcelino Costa
2221
Ion Lesanu
2245
José Alexandre Caleiro Matado
2222
Francisco Paulino Torrão Santos
2246
António Pacheco
Assinaturas anuais
Nome do sócio
N.º
2013
Revista n.º 15
Manuel Joaquim Andrade Toscano Robalo
2223
Jerónimo Fernandes Alves
2247
Gil Neves
1384
10,00 €
Rui Gonçalves Simões
2224
Gonçalo Diogo Gonçalves
2248
Diamantino Rodrigues
1887
10,00 €
João José Costa Freitas
2225
António Gomes Pereira
2249
Vitor Rosa Porto
1706
10,00 €
Fernando José Fernandes Martins
2226
João Carlos Coelho da Silva
2250
1837
10,00 €
André João Martins Toscano
2227
José Armandino Paiva Costa
2251
Francisco Guerreiro Moita Gomes
2228
Laurinda Maria Oliveira Rodrigues Silva
2252
José Manuel dos Santos Nunes Matos
2253
Martinho dos Santos Alves
Revista n.º 16
José Inácio Roma
621
10,00 €
Frederico Miguel Correia Fialho
2229
Manuel Teixeira
218
10,00 €
Sérgio Paulo da Fonte Camacho
2230
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