Completo - callegari arquitetura
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Completo - callegari arquitetura
SIMARA CALLEGARI COMO A AUSÊNCIA DA QUALIDADE E A FALTA DE COMPATIBILIZAÇÃO NOS PROJETOS INTERFEREM NO RESULTADO FINAL DA CONSTRUÇÃO DE EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS UNIFAMILIARES – ESTUDO DE CASO FLORIANÓPOLIS 2004 COMO A AUSÊNCIA DA QUALIDADE E A FALTA DE COMPATIBILIZAÇÃO NOS PROJETOS INTERFEREM NO RESULTADO FINAL DA CONSTRUÇÃO DE EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS UNIFAMILIARES – ESTUDO DE CASO. SIMARA CALLEGARI Esta monografia foi julgada adequada para obtenção do título de Especialista em Gestão na Construção Civil e aprovada em 27/08/2004, na sua forma final, pelo Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade do Sul de Santa Catarina. Prof. Romson Heleo Romagna, MSc Orientador Daniel Carlos Ceres Rubio Co-orientador Prof. Juan W. Moore E., MSc Coordenador da Pós-Graduação – “Latus Sensu” BANCA EXAMINADORA: Prof. Romson Heleo Romagna, MSc Prof. Juan W. Moore E., MSc Arq. Lisete Assen de Oliveira , Dra CALLEGARI, Simara. Como a ausência da qualidade e a falta de compatibilização nos projetos interferem no resultado final da construção de edificações residenciais unifamiliares – Estudo de Caso. 2004. 109p. il. Monografia (Especialização em Engenharia Civil) – Universidade do Sul de Santa Catarina, Florianópolis - SC. Orientador: Prof. Romson Heleo Romagna, MSc. Data da Defesa: 27/08/2004 Este trabalho tem como objetivo propor qualificar a produção dos projetos arquitetônicos e seus complementares através de programas de compatibilização que possam contribuir na qualidade dos processos e no produto final.Os conceitos de desenvolvimento tecnológicos, qualificação, racionalização e compatibilidade são apresentados e analisados, explicitando como eles alteram o processo de produção aumentando a eficiência da mesma.Das experiências ocorridas tanto em projetos como em obras são descritas no trabalho através de fotos “in loco”, plantas, entre outros, com uma análise comparativa de três residências unifamiliares, destacando-se as atitudes mais significativas e seu reflexo no setor da construção civil. Em uma perspectiva de desenvolvimento no sentido da ampliação da qualidade, da diferenciação dos produtos e da eficiência produtiva, são identificados dados e informações referentes às particularidades do empreendimento e da edificação, provando ter relação direta com o produto final e a produção. Este trabalho foi desenvolvido com objetivo de contribuir á construção como um todo, principalmente como produto final. Onde por seu lento processo de produção a execução, é alvo de críticas e comentários.Auxiliando os profissionais da área para uma conscientização onde a racionalização não é somente uma temática de engenharia para a execução, e sim um ideal que nasce a partir do projeto arquitetônico, seus complementares e sua compatibilização simultânea, programando e qualificando a obra. Sendo o projeto o gerador conceitual e físico da construção civil. Palavras-chave: [ 1 Qualidade no Projeto ][ 2 Compatibilização de Projetos ][ 3 Qualidade do Produto Final ] SIMARA CALLEGARI COMO A AUSÊNCIA DA QUALIDADE E A FALTA DE COMPATIBILIZAÇÃO NOS PROJETOS INTERFEREM NO RESULTADO FINAL DA CONSTRUÇÃO DE EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS UNIFAMILIARES – ESTUDO DE CASO Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Gestão na Construção Civil da Universidade do Sul de Santa Catarina, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Especialista em Engenharia. FLORIANÓPOLIS 2004 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, dedicando este trabalho a minha mãe Maria Salete de Matos e ao Professor Romson Heleo Romagna pela sua dedicação, sem exitar em transpassar seus conhecimentos e experiências, como também pela confiança em mim depositada. Aos Arquitetos, André Schmitt pelo incentivo, e Daniel Carlos Ceres Rubio pelas diretrizes de pensamentos, orientações e amizade antes e durante o desenvolvimento deste trabalho. Aos escritórios de arquitetura e construtoras pelas informações, dados e fotos fornecidas. Aos amigos, em especial a Michelle Beber pelo apoio e companheirismo ao longo desta Pós-Graduação. E a todos aqueles que, de maneira direta ou indireta contribuíram para a realização deste trabalho. SUMÁRIO LISTA DE ILUSTRAÇÕES ................................................................................ i LISTA DE GRÁFICOS .................................................................................... vii LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS .................................... viii RESUMO ........................................................................................................... ix ABSTRACT ....................................................................................................... x 1 – INTRODUÇÃO ........................................................................................... 01 1.1 – OBJETIVOS ..................................................................................... 06 1.1.1 – Objetivo Geral ....................................................................... 06 1.1.2 – Objetivos Específicos ........................................................... 07 1.2 – HIPÓTESES ..................................................................................... 08 1.3 – ESTRUTURA DO TRABALHO ........................................................ 09 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................... 10 2.1 – GERENCIAMENTO DE PROJETOS ............................................... 10 2.2 – QUALIDADE NO PROJETO ............................................................ 12 2.3 – COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS ........................................... 14 2.4 – QUALIDADE NA OBRA ................................................................... 16 2.5 – AÇÕES MULTIDISCIPLINARES DOS AGENTES ENVOLVIDOS... 18 2.6 – RACIONALIZAÇÃO NA OBRA ........................................................ 21 2.7 – DIFERENCIAÇÃO DO PRODUTO FINAL ....................................... 23 2.8 – QUALIDADE DE VIDA NO IMÓVEL PERÍODO PÓS OCUPAÇÃO 25 3 – METODOLOGIA ........................................................................................ 27 4 – DESENVOLVIMEMTO DO TRABALHO.................................................... 28 4.1 – ORIGEM DA PESQUISA .................................................................. 28 4.2 – ESTUDO DE CASO .......................................................................... 30 4.2.1 – Residência Unifamiliar “A” ................................................... 30 4.2.1.1 – Características da Obra ........................................ 30 4.2.1.2 – Descrição do Partido Arquitetônico ....................... 35 4.2.1.3 – Análise Crítica ...................................................... 37 4.2.2 – Residência Unifamiliar “B” ................................................... 45 4.2.2.1 – Características da Obra ........................................ 45 4.2.2.2 – Descrição do Partido Arquitetônico ....................... 48 4.2.2.3 – Análise Crítica ...................................................... 50 4.2.3 – Residência Unifamiliar “C” ................................................... 59 4.2.3.1 – Características da Obra ........................................ 59 4.2.3.2 – Descrição do Partido Arquitetônico ....................... 63 4.2.3.3 – Análise Crítica ...................................................... 65 4.3 – ANÁLISE GRÁFICA DO ESTUDO DE CASO.. ................................. 73 5 – CONCLUSÃO ............................................................................................ 75 6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 79 7 – ANEXOS .................................................................................................... 83 7.1 – Residências Unifamiliar “ A” ............................................................. 84 7.2-- Residência Unifamiliar “B”.................................................................. 91 7.3--Residência Unifamiliar “C” .................................................................. 99 i LISTA DE ILUSTRAÇÕES Ilustração 3.1 – Organograma ......................................................................... 27 Ilustração 4.1 – Planta baixa pavimento térreo ................................................ 32 Ilustração 4.2 – Planta baixa pavimento superior ............................................ 33 Ilustração 4.3 – Planta baixa pavimento inferior .............................................. 34 Ilustração 4.4 – Vista da fachada em fase de obra .......................................... 36 Ilustração 4.5 – Vista da sala e varanda voltada para o golf ........................... 38 Ilustração 4.6 – Vista da sala e suas estruturas .............................................. 38 Ilustração 4.7 – Vista geral da sala de jantar, churrasqueira, cozinha e suas estruturas.......................................................................................................... 39 Ilustração 4.8 – Vista de uma das suítes localizada no pavimento inferior e suas estruturas ......................................................................................................... 39 Ilustração 4.9 – Vista de uma das suítes localizada no pavimento inferior, suas estruturas e modificações pós-reboco ............................................................. 40 Ilustração 4.10 – Vista de uma viga parcialmente modificada para passagem de tubulações de água e esgoto entre suas ferragens ......................................... 40 Ilustração 4.11 – Vista de um dos cantos da casa com mochetas improvisadas para passagem de cabos elétricos e tubulação de esgoto .............................. 41 Ilustração 4.12 – Vista do banheiro com mocheta superdimensionada para passagem de tubulações de água e esgoto .................................................... 41 ii Ilustração 4.13 – Vista da mocheta, reboco e recortes na parede feitos posteriormente para ajustar a alteração de projeto ......................................... 42 Ilustração 4.14 – Vista de uma suíte rebocada com forro de gesso e seu lugar para instalação de ar condicionado ................................................................. 43 Ilustração 4.15 – Vista da varanda com o deck do pavimento inferior e suas estruturas agora rebocadas e pintadas ........................................................... 43 Ilustração 4.16 – Vista do deck para as portas-janela dos dormitórios ........... 44 Ilustração 4.17 – Vista do detalhe da viga encontrando-se com a cimalha da porta-janela do dormitório ................................................................................ 44 Ilustração 4.18 – Planta baixa pavimento térreo .............................................. 46 Ilustração 4.19 – Planta baixa pavimento superior .......................................... 47 Ilustração 4.20 – Vista geral da casa pronta .................................................... 49 Ilustração 4.21 – Vista geral do terreno – esquina .......................................... 52 Ilustração 4.22 – Vista lateral do terreno ......................................................... 52 Ilustração 4.23 – Vista da obra em fase de concretagem ................................ 53 Ilustração 4.24 – Vista da obra em fase de desforma das estruturas e fechamento com alvenaria ............................................................................... 53 Ilustração 4.25 – Vista da casa na fase das primeiras de mãos de pintura ..... 53 iii Ilustração 4.26 – Vista da churrasqueira e do pátio interno com a instalação da fonte ................................................................................................................. 54 Ilustração 4.27 – Vista da fonte ....................................................................... 54 Ilustração 4.28 – Vista do nicho feito para que a vegetação já existente no terreno sobreviva ............................................................................................. 55 Ilustração 4.29 – Vista da suíte superior com esquadria de PVC com vidros duplos e persianas automáticas ...................................................................... 55 Ilustração 4.30 – Vista da cozinha em fase de acabamentos e detalhes ........ 56 Ilustração 4.31 – Vista acima da laje do pavimento superior com barriletes, registros e tubulações vindos da caixa d’água ................................................ 56 Ilustração 4.32 – Vista do quadro de distribuição localizada no pavimento superior ............................................................................................................ 57 Ilustração 4.33 – Vista geral da casa .............................................................. 58 Ilustração 4.34 – Vista da fachada lateral ........................................................ 58 Ilustração 4.35 – Planta baixa pavimento térreo .............................................. 60 Ilustração 4.36 – Planta baixa pavimento superior .......................................... 61 Ilustração 4.37 – Planta baixa pavimento subsolo ........................................... 62 Ilustração 4.38 – Vista da fachada frontal da casa .......................................... 64 Ilustração 4.39 – Croqui da casa – projeto em fase de estudo ........................ 66 Ilustração 4.40 – Croqui da casa ..................................................................... 66 iv Ilustração 4.41 – Vista geral da casa ............................................................... 67 Ilustração 4.42 – Vista da fachada posterior, hall de acesso e entrada principal .......................................................................................................................... 67 Ilustração 4.43 – Vista parcial da fachada frontal, deck e piscina ................... 68 Ilustração 4.44 – Vista parcial da fachada lateral e visual para o golf e para o mar ................................................................................................................... 68 Ilustração 4.45 – Vista das varandas dos dormitórios superiores; deck e piscina no pavimento térreo ......................................................................................... 69 Ilustração 4.46 – Vista do deck em balanço com peitoril de madeira .............. 69 Ilustração 4.47 – Vista dos nichos reservados para os aparelhos de ar condicionado .................................................................................................... 70 Ilustração 4.48 – Vista interna pavimento térreo circulação de serviço, lavabo, parte da sala e distribuição do ar condicionado ............................................... 70 Ilustração 4.49 – Vista interna da sala, escada com pé-direito duplo .............. 71 Ilustração 4.50 – Vista da circulação da suíte e saída de ar condicionado ..... 71 Ilustração 7.51 – Planta baixa pavimento térreo .............................................. 81 Ilustração 7.52 – Planta baixa pavimento superior .......................................... 82 Ilustração 7.53 – Planta baixa pavimento inferior ............................................ 83 Ilustração 7.54 – Planta baixa estrutura cobertura .......................................... 84 v Ilustração 7.55– Planta de cobertura ............................................................... 85 Ilustração 7.56 – Cortes ................................................................................... 87 Ilustração 7.57 – Fachadas .............................................................................. 87 Ilustração 7.58 – Planta baixa pavimento térreo luminotécnico ....................... 88 Ilustração 7.59 – Planta baixa pavimento superior luminotécnico ................... 89 Ilustração 7.60 – Implantação/ cobertura ......................................................... 90 Ilustração 7.61 – Fachadas/ cortes .................................................................. 91 Ilustração 7.62 – Planta baixa estrutural – locação das sapatas ..................... 92 Ilustração 7.63 – Planta baixa estrutural forma pavimento térreo ................... 93 Ilustração 7.64 – Planta baixa estrutural forma pavimento superior ................ 94 Ilustração 7.65 – Planta baixa estrutural – cobertura ...................................... 95 Ilustração 7.66 – Situação ............................................................................... 96 Ilustração 7.67 – Planta baixa cobertura ......................................................... 97 Ilustração 7.68 – Planta baixa pavimento térreo – luminotécnico ................... 98 Ilustração 7.69 – Planta baixa pavimento superior – luminotécnico ................ 99 Ilustração 7.70 – Planta baixa subsolo – luminotécnico ................................ 100 vi Ilustração 7.71 – Cortes ................................................................................. 101 Ilustração 7.72 – Fachadas ............................................................................ 102 Ilustração 7.73 – Planta baixa estrutural – locação das sapatas ................... 103 Ilustração 7.74 – Planta baixa estrutural – forma pavimento térreo .............. 104 Ilustração 7.75– Planta baixa estrutural – forma pavimento superior ............ 105 Ilustração 7.76 – Planta baixa estrutural – cobertura .................................... 106 vii LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 4.3.1 – Gráfico de área das residências A, B e C ............................... 73 Gráfico 4.3.2 – Gráfico do tempo das residências A, B e C ............................ 73 Gráfico 4.3.3 – Gráfico do custo da obra das residências A, B e C ................. 74 Gráfico 4.3.4 – Gráfico custo X tempo da residência A .................................. 74 viii LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas cm: Unidade de medida – centímetro CUB: Custo Unitário Brasileiro “in loco”: Expressão usada para dizer “no local” ISO: International Organization for Standardization m²: Medida de área – metros quadrados NBR: Norma Brasileira NGI: Núcleo de Gestão e Inovação PBQP-H: Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat PSQ: Programa Setorial da Qualidade PVC: Policloreto de Vinila SC: Santa Catarina SiQ - C: Sistema de Qualificação de Empresas de Serviços e Obras – Cosntrutoras TQC: Total Quality Control UFSC: Universidade Federal de Santa Catarina Ltda: Limitada ix RESUMO Este trabalho tem como objetivo propor qualificar a produção dos projetos arquitetônicos e seus complementares através de programas de compatibilização que possam contribuir na qualidade dos processos e no produto final. Os conceitos de desenvolvimento tecnológicos, qualificação, racionalização e compatibilidade são apresentados e analisados, explicitando como eles alteram o processo de produção aumentando a eficiência da mesma. Das experiências ocorridas tanto em projetos como em obras são descritas no trabalho através de fotos “in loco”, plantas, entre outros, com uma análise comparativa de três residências unifamiliares, destacando-se as atitudes mais significativas e seu reflexo no setor da construção civil. Em uma perspectiva de desenvolvimento no sentido da ampliação da qualidade, da diferenciação dos produtos e da eficiência produtiva, são identificados dados e informações referentes às particularidades do empreendimento e da edificação, provando ter relação direta com o produto final e a produção. Este trabalho foi desenvolvido com objetivo de contribuir á construção como um todo, principalmente como produto final. Onde por seu lento processo de produção a execução, é alvo de críticas e comentários. Auxiliando os profissionais da área para uma conscientização onde a racionalização não é somente uma temática de engenharia para a execução, e sim um ideal que nasce a partir do projeto arquitetônico, seus complementares e sua compatibilização simultânea, programando e qualificando a obra. Sendo o projeto o gerador conceitual e físico da construção civil. Palavras-chaves: 1. Qualidade no Projeto 2. Compatibilização de Projetos 3. Qualidade no Produto Final x ABSTRACT The objective of this study is to propose a qualification of the production of architectonic projects and their complements by means of compatibility programs, which may contribute in the quality of the processes and in the final product. The concepts of technological development, qualification, rationalization and compatibility are presented and analyzed, explaining how they alter the production process by increasing its efficiency. The experiences in both the projects and the working places are described in this work by means of photographs “in loco”, plants, memorials, among others, with a comparative analysis of three unifamiliar residences, highlighting the most significant attitudes and their influence in the field of the civil construction. In a perspective of development in the sense of the extension of the quality, of the differentiation of the products and of the productive efficiency, data and pieces of information regarding the particularities of the enterprise and of the edification are identified, proving to have a direct relation with the final product and the production. This study was developed with the objective of contributing to construction as a whole, but mainly as a final product and where, because of its slow process of production and execution, is the target for criticisms and comments. Raising professionals´ consciousness about the rationalization is not only an engineering thematic, but also an ideal that is born from the architectonic project, its complements, and its simultaneous compatibilization, programming and qualifying the work, being the project the conceptual and physical generator of the civil construction. Key words: 1. Project Quality, 2. Projects Compatibility, 3. Final Product Quality Capítulo 1 - Introdução 1 1 - INTRODUÇÃO A situação social, política e econômica, pela qual o Brasil vem passando atualmente é propícia para que ocorram alterações de algumas posturas do setor da Construção Civil, e em particular a transição do projeto para obra. Optamos por refletir nesta temática dos projetos de residências unifamiliares de um alto padrão como exemplos, que oscilam de 300 à 500 m². Por ser um segmento de mercado por estar em crescimento em nosso estado. E acreditamos que podemos tratar as residências como ponto de partida para outro tipo de construção de maior porte, pois apresentam características tanto quanto complexas. Destacamos por exemplo pavimentos, inferior e superior, com diferentes modulação e prumadas. O que gera uma diversidade nas soluções a serem alcançadas. Dificultando a construção e os seus custos finais. Analisando o comportamento empresarial nesta área, com referência a práticas comuns no setor da construção, (ROCHA, 1993) afirma que “... a operação de construir até um passado recente foi tratada como um procedimento de ”franca especulação” onde era comum “fazer preço antes de conhecer os custos”, sem estímulo à busca de ganhos quanto à qualidade”. Com a queda de renda do mercado consumidor, conseqüentemente reduziu-se o preço das obras. Com a privatização de empresas estatais, a nova lei de licitações e contratos, as exigências de qualidade pelos clientes privados e com o código de defesa do consumidor, os empresários e profissionais do setor têm voltado seus esforços para repensarem e agir sobre as antigas formas de produção, pois esta atitude está inserida num mercado altamente competitivo, estimulado pelo desafio de oferecer um produto diferenciado e economicamente acessível satisfazendo às exigências dos clientes. E como geralmente o cliente precede o produto, se desconsidera muitas vezes cuidados técnicos e operacionais que fazem da construção de uma residência unifamiliar em um tipo de construção empírica. Onde muitas vezes o proprietário tem mais poder que os profissionais envolvidos. Perdendo-se assim o controle da obra. Capítulo 1 - Introdução 2 (WOOD, 1993) ao discutir a implementação de sistema da qualidade em empresas, onde apenas mudanças profundas permitem um avanço verdadeiro, e tais mudanças “somente ocorrem quando rompemos paradigmas, barreiras e limites estruturais e conseguimos ir além, unindo teoria e a prática, mudando a cognição, a atitude e o comportamento”. A qualidade não é apenas resultado de cuidados relativos aos insumos utilizados no processo de redução, envolvendo materiais, mão-de-obra e controle dos serviços contratados. Quando a atividade de projeto é pouco valorizada, os projetos são entregues à obra repleta de erros e de lacunas, levando a grandes perdas de eficiência nas atividades de execução, bem como ao prejuízo de determinadas características do produto que foram idealizadas antes de sua execução. Isso é comprovado pelo grande número de problemas patológicos dos edifícios atribuídos à falhas de projetos, os quais podem representar até 46% do total. (MOTTEU & CNUDDE,1989). Os autores (MELHADO & VIOLANI, 1992) afirmam que “na implementação de sistema de gestão da qualidade na construção de edifícios, é de importância fundamental o fluxo de informações entre projeto e execução, onde é necessário alcançar uma integração organizacional e tecnológica entre as duas atividades, e entre o que se concebeu e o que virá a se tornar realidade no canteiro de obras”. Neste novo modelo de pensamento o projeto é efetivamente de grande utilidade para a execução. Certamente deve-se conscientizar de que o projeto tem auto -suficiência, e informação de alto-nível, como eficientes planejamentos e programações, controle de materiais, execução, tempo, mãode-obra, bem como a qualidade de ambas, para subsidiar as atividades de produção em canteiro. Nota-se as dificuldades de implementação de ações voltadas a evolução tecnológica do processo de produção. Por isso as empresas do setor em relação a esta melhoria devem focar e introduzir mudanças nos processos construtivos, tendo organização e gestão da ordem dos serviços, permitindo uma evolução contínua. (BARROS, 1997) comenta que “a componente tecnológica proporciona a evolução do processo construtivo e de exigir, desde o primeiro momento o Capítulo 1 - Introdução 3 envolvimento da produção propriamente dita a fim de se obter em um período de tempo não muito longo de retornos positivos que servirão de movimentação para a continuidade da implantação das ações. Os aspectos organizacionais e de gestão do processo de produção por sua vez, são essenciais para sedimentar e fazer evoluir os resultados inicialmente obtidos”. Segundo (ALBUQUERQUE & MELHADO, 1998a), “as realidades econômicas mundiais e no país, quais sejam, globalização, maior exigência de qualidade por parte dos clientes (junto com o código do consumidor), redução dos preços das obras públicas e privadas, entre outras, tem levado o setor da construção civil a buscar formas de melhorar sua eficiência no processo de produção quer seja com o desenvolvimento de novas tecnologias, quer seja racionalizando o processo tradicional e desenvolvendo novas formas de gestão, ou ainda desenvolvendo novas formas de relacionamento entre os seus diversos agentes, com o objetivo de competir neste “novo” mercado”. Este importante relacionamento entre os profissionais envolvidos na área permite um maior entrosamento entre as diferentes modalidades de projetos e etapas deste processo, onde não tem um início definido em termos de “plantas ou territórios”. Esta ação global onde as forças e capacitações intelectuais se unem em prol de uma nova criação, possui um grande acerto e um fluxo de trabalho ininterrupto. Assim, os erros se anulam, as dificuldades se tornam satisfações e o esforço premeditado se realiza na materialização e no prazer da satisfação de todos os profissionais intelectos e braçais bem como seus usuários. A compatibilização de projetos é inicialmente determinada pela competência das pessoas envolvidas (DE VRIES e BRUIJN, 1989). Estes autores acrescentam que “um bom projeto somente é obtido com uma gestão adequada do seu “processo de desenvolvimento multidisciplinar”, ou seja, com uma correta coordenação das diferentes especialidades atuantes”. Com o aumento da atividade de projetar, cresce também o trabalho em equipe, produzindo interações entre os profissionais, proporcionando um aprendizado coletivo. Simultaneamente há uma evolução contínua do sistema interno para cada um destes profissionais, sendo que cada novo empreendimento é único com características construtivas próprias, tanto pelo Capítulo 1 - Introdução 4 seu tipo, modelo, época, recursos, local, entorno e inserção na sociedade, exigindo organização, cooperação e esforços particulares de todos envolvidos. O grande questionamento é o papel da certificação em empresa do ramo e o entendimento do que é um processo de gestão da qualidade por certificação, seja ela qual for, interferindo na qualidade dos diferentes serviços no setor da construção. Pensando de maneira sistêmica, englobando a visão dos clientes em busca da melhoria contínua, proporcionando tanto aos clientes como aos fornecedores ganhos de eficiência no processo de produção. A certificação, conforme visto, por si só não proporciona esta melhoria para a empresa, porém é um instrumento importante que permite a empresa conhecer o seu sistema da qualidade e através do controle deste, manter os ganhos obtidos por outras iniciativas. É necessário um sistema da qualidade, ou seja, a definição da estrutura organizacional, dos recursos necessários para implementar a gestão da qualidade, qualquer que seja a metodologia a ser utilizada. Pode-se dizer então que é inegável a possibilidade de melhorias provocadas pelas normas de certificação, na busca pela racionalização dos processos de elaboração de cada serviço afim, porém a qualidade do mesmo não é afetada substancialmente pelas normas, pois isto garante a qualidade do sistema e não do produto. O estudo identifica melhorias significativas nos processos técnicos, comerciais e administrativos das empresas. Por outro lado, resultados mais expressivos dependem, em curto prazo, da implementação da qualidade e compatibilização por parte dos demais agentes da cadeia produtiva, devida á considerável capacidade de influência no processo de desenvolvimento dos serviços. Mesmo mantendo a identificação arquitetônica que personaliza cada profissional e suas obras deve-se considerar a construção como um produto final de altíssima competitividade em um mercado disputado e exigente, tanto pela oferta quanto pela diversidade dos produtos nele aplicados. Desta maneira vamos entender melhor a necessidade de esgotar recursos como a compatibilização para qualificar a construção, visando reduzir custos e tempo de execução. Capítulo 1 - Introdução 5 Desta maneira queremos introduzir em toda temática da construção civil, conceitos renovadores de mercado, visando profissionalismo e qualidade, desafiando o custo final da obra através de projetos que possam unir a função e a forma com a racionalização e a técnica de sua construtibilidade. Capítulo 1 - Introdução 6 1.1 - OBJETIVOS 1.1.1 - Objetivo geral Partindo da premissa de que para o setor de construção de edifícios evoluir e alcançar maior índices de competitividade, eficiência tecnológica e obter um diferencial do produto na fase final, os agentes envolvidos devem-se reorganizar de modo que a elaboração de projetos assim como sua compatibilização seja parte de um conjunto de atividades de produção. Capítulo 1 - Introdução 7 1.1.2 – Objetivos Específicos • Discutir o conceito de compatibilidade de projetos e analizar sua participação fundamental no empreendimento. • Verificar se as compatibilizações feitas nos projetos prevêem em tempo hábil correções e alterações nos problemas e nas áreas críticas com deficiências em comum. • Agilizar os critérios de decisão a serem tomadas na obra, sem que o improviso e o mau planejamento interfiram no prazo de tempo e na qualidade. Capítulo 1 - Introdução 8 1.2 – HIPÓTESES • Os projetos que são compatibilizados apresentam resultados superiores na obra, assim como no seu produto final. • A integração da compatibilização junto a qualidade nos escritórios de projetos e nas construções contribui para uma melhor performance no processo e produção da construção. • A visão sistêmica do processo de produção facilita a identificação dos problemas e erros nas diversas interfaces existentes na cadeia produtiva. Capítulo 1 - Introdução 9 1.3 – ESTRUTURA DO TRABALHO Esta monografia está estruturada em sete capítulos da seguinte forma: O presente capítulo introduz o tema abordado, justifica a realização do trabalho, apresenta os objetivos, as hipóteses e esta estruturação. No segundo capítulo é feita a revisão bibliográfica sobre os aspectos relacionados à qualidade e compatibilização nas diversas etapas que compõem o processo de produção. No terceiro capítulo descreve -se a metodologia utilizada para a coleta de dados e a elaboração das diretrizes para a análise comparatória dos estudos de caso. No quarto capítulo é feita uma introdução à origem da pesquisa, comentando sobre a característica da obra, descrição do partido arquitetônico e análise crítica de cada um dos três estudos de casos. No quinto capítulo são apresentadas as conclusões sobre o trabalho desenvolvido. O sexto capítulo contem as referências bibliográficas utilizadas na monografia. O sétimo capítulo refere-se as ilustrações complementando os estudos de caso citados no capítulo quatro. Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 10 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 – GERENCIAMENTO DE PROJETOS O planejamento gerencial tem sido apontado como uma das principais maneiras organizacionais na indústria dos escritórios de projetos. Também tem sido reconhecido como uma das alternativas possíveis para a melhoria dos produtos e serviços no setor de projetos. Com a ausência do gerenciamento, “constatou-se algumas dificuldades para a obtenção de melhorias na qualidade dos projetos de arquitetura, tais como ausência de mecanismos para levantamento das necessidades dos clientes, excesso de retrabalho resultante de alterações no projeto por parte do contratante, ausência de coordenação entre os projetistas, postergação da construção de produção de projeto de estruturas e sistemas prediais, falta de procedimentos de controle da qualidade e ausência de representante da produção durante o desenvolvimento dos projetos”. (BAIA, 1998). A implementação de gestão da qualidade nas empresas de projeto “apresenta-se como uma alternativa concreta para atender a essa demanda por maior eficiência, satisfazendo as necessidades de projetos mais precisos e obras mais adequadas às condições dos clientes, com custo e prazos projetuais menores” (AMORIM, 1997). “ ... A qualidade em empresas de projetos pode proporcionar uma série de benefícios, tais como: reduzir os riscos, à medida que o sistema define de forma clara as responsabilidades entre arquitetos, engenheiros e demais participantes do processo de produção; aumentar a participação das empresas no mercado; reduzir custos e aumentar os lucros. (CORNICK, 1991). No Brasil, existem algumas iniciativas visando a implementação de sistemas de gestão da qualidade em empresas de projetos, tal como o desenvolvimento pelo Núcleo de Gestão e Inovação (NGI, 1998). Fundamentado nos conceitos da série de normas ISO 9000, particularizados para o processo de desenvolvimento dos projetos, o programa incorpora ainda conceitos discutidos por PICCHI (1993), MELHADO (1994) e SOUZA (1997). O Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 11 modelo de sistema de gestão da qualidade proposto pelos autores se compõe de parâmetros, requisitos, métodos e procedimentos a serem desenvolvidos sobre os seguintes aspectos: • concepção de projeto a partir da identificação dos intervenientes no processo e suas necessidades; • solução de projeto: decorre da qualidade da solução espacial, funcional, estética e simbólica, das especificações técnicas do projeto e das relações com a etapa de produção; • processo de desenvolvimento do projeto: relaciona-se com o cumprimento do planejamento, o fluxo de informações, a rastreabilidade das informações e o controle da qualidade (coordenação, análise crítica e validação); • apresentação do projeto: adequação dos documentos às características dos processos das quais serão utilizados. A implementação dos princípios de gestão da qualidade (GRILO et al., 2000) “pode ser atribuído, em parte, ao porte reduzido das empresas consultadas, de modo que o titular ocupa uma função de articulador entre todos os processos técnicos, administrativos, financeiros, comerciais e de gestão. Desta forma, o envolvimento do titular na implementação torna-se um fator fundamental para o comprometimento dos times da qualidade ou, quando da sua extinção, dos profissionais envolvidos, na elaboração dos procedimentos. Na maior parte das empresas, a implementação dos princípios de gestão da qualidade ocorreu de cima para baixo”, ou seja da obra para o projeto. Sobre as prioridades na implantação, segundo os autores anteriormente citados, “A maior parte das empresas priorizou a padronização dos processos técnicos administrativos, de gestão e planejamento, nessa ordem, o que pode ser justificado pela importância dos processos técnicos na consolidação do produto da empresa. Desta forma, a maior parte das empresas dirigiu esforços para a elaboração de procedimentos de controle e análise crítica dos projetos, envolvendo aspectos relativos à concepção, desenvolvimento, apresentação e gestão das interfaces, principalmente em empresas de arquitetura”. Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 12 2.2– QUALIDADE NO PROJETO A elaboração dos diferentes projetos de forma totalmente separada pode gerar situações nas quais a solução final dada a uma unidade funcional ou elemento construtivo não seja a mais adequada para evitar complexidades, descontinuidades ou perdas no desempenho. Os diferentes projetos devem formar uma cadeia que favoreça a mútua alimentação entre ele. (CAZET, LOVATTO e JOBIM, 2002) definem que, “é crescente o número de empresas de construção civil e escritórios de projeto brasileiras envolvidas no processo de certificação pela NBR ISO 9001 e qualificação pelo Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat – PBQP – H. Um dos requisitos exigidos para o efeito controle do processo de projeto é a validação de projetos. De acordo com a NBR ISO 9001:2000, validação é a (comprovação, através do fornecimento de evidência objetiva, de que os requisitos para uma aplicação ou uso específicos pretendidos foram atendidos)”. Os autores comentam ainda que, “a validação é por tanto, o processo de verificar se o produto final será capaz de atender, ou atende, em uso intencional e/ou pretendido às necessidades dos clientes, sendo esta a principal diferença em validação e verificação de projetos, a qual consiste na comprovação de que os requisitos de entrada estabelecidos para os diversos estágios do projeto são atendidos”. “A certificação de sistemas da qualidade pelas normas ISO 9000 em escritórios de projetos na construção civil começa a ser uma realidade. A busca de diversas empresas do setor em relação à maioria dos seus processos de produção pode ser explicada pelo aumento da competitividade no setor”. (ALBUQUERQUE e MELHADO, 1998b). Segundo SIQ – Projetos (2000) ainda em estado de aprovação, “a adoção de um sistema de gestão da qualidade é uma decisão estratégica da empresa de projetos. O projeto e a implementação de um sistema de gestão da qualidade de uma empresa de projeto é influenciado por várias necessidades, objetivos específicos, produtos fornecidos, o processo empregado e o tamanho Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 13 e estrutura da empresa de projetos”. Sobre o processo, “para uma empresa de projeto funcionar de maneira eficaz, ela tem que identificar e gerir numerosas atividades interligadas. Uma atividade que usa recursos e que é gerida de forma a possibilitar a transformação de entradas em saídas pode ser consideradas no processo. Freqüentemente a saída de um processo é a entrada para o próximo”. O objetivo da gestão do SIQ - Projetos ainda diz que “os requisitos para um sistema de gestão da qualidade em uma empresa de projeto: a) necessita demonstrar sua capacidade para fornecer de forma consistente produtos que atendam aos requisitos do cliente e requisitos regulamentares aplicáveis; b) pretende aumentar a satisfação do cliente por meio da efetiva aplicação do sistema, incluindo processos para melhoria contínua do sistema e a garantia da conformidade com requisitos do cliente e requisitos regulamentares aplicáveis”. Segundo (DUARTE e SALGADO, 2002) “dois aspectos diferentes devem ser analisados em relação à comunicação das equipes. Uma é quanto ao conteúdo do produto de cada um e outra é referente à troca de informações e documentos. Sendo produtos de linguagem diferentes, deve no mínimo manter iguais (e atualizados) os elementos e características comuns a todas as especialidades como, por exemplo, a orientação em relação à prancha, a nomenclatura dos compartimentos, entre outros. Idealmente, padronizar as simbologias utilizadas pelas várias equipes, seria de grande valor para minimizar a quantidade de informações diferenciadas”. No estágio de projeto em que o empreendimento da indústria da construção civil é definido, exercendo papel importante na obtenção da qualidade e rentabilidade, uma vez que da sua concepção dependem dos aspectos da habitabilidade de segurança e economias, determinando o desempenho do edifício. O principal objetivo da construção civil é abordar os aspectos de qualidade do projeto, e validar a necessidade do entrosamento dos profissionais de projeto e produção; a fim de obter melhorias contínuas no produto e nos profissionais. Implementando nas organizações os conceitos organizacionais da engenharia simultânea, eliminando as improvisações, melhorando os níveis de eficiência e produtividade na moderna Engenharia Civil e Engenharia de Arquitetura. Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 14 2.3 – COMPATIBILIZAÇÃO DE PROJETOS A indústria da construção civil tem verificado nos últimos anos uma evolução sensível nos custos dos materiais e mão-de-obra. Refletindo no custo final do metro quadrado construído. O mercado vive uma recessão com prejuízos generalizados, face à conjuntura econômica do país e com a perda do poder aquisitivo da população. Para construir melhor com menos custos iniciou-se um processo de conscientização de técnicos e empresários do setor da construção, conduzindo-os a investir em padronização dos processos. Dentre as metodologias de aplicação a mais imediata seria a concentração dos vários projetos integrados. A compatibilização compõe-se em uma atividade de gerenciar e integrar projetos afins, visando o perfeito ajuste entre os mesmos, conduzindo para a obtenção dos padrões de controle de qualidade de determinada obra. Tem como objetivo minimizar os conflitos entre os projetos inerentes à determinada obra, simplificando a execução, otimização e utilização de materiais, tempo e mão de obra, bem como as posteriores manutenções. No sub-setor de construção de edifícios a maioria dos projetos e serviços de engenharia são desenvolvidos por profissionais e empresas contratadas, cujas relações com as empresas tem, sobretudo caráter comercial. A descontinuidade do ciclo de produção e o reduzido porte da maioria das empresas inviabiliza a manutenção de equipes de projetos. Assim, embora possa existir uma relativa fidelidade na construção, esta é pautada via de regra, no preço de mercado do serviço, de forma que a qualidade e construtibilidade das soluções nem sempre são monitoradas e consideradas. O relacionamento das empresas construtoras - incorporadoras com os prestadores de serviço limitam-se à duração do empreendimento, não compreendendo relações de troca mais duradouras. (CARDOSO, 1998). Segundo (GRILO et al., 2000) “uma característica marcante do desenvolvimento do projeto no sub-setor de construção de edifícios é a incipiência da coordenação dos agentes envolvidos em sua elaboração e a Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 15 baixa integração destes com os sistemas de produção das construtoras, potencializando o surgimento de problemas na execução das edificações, tais como a falta de construtibilidade dos projetos, elevando o índice de patologias e desempenho insatisfatório das edificações na etapa de utilização”. No entanto em pesquisa com empresas certificadas, (REIS, 1998) “identifica uma maior preocupação com a etapa de projeto e a contratação dos projetistas durante a fase de concepção do empreendimento com a finalidade de evitar problemas futuros, tais como incompatibilidade dos projetos, a falta de detalhamento e as deficiências na coordenação”. Esta falta de compatibilização de projetos pode induzir a erros e a custos adicionais, podendo-se levar a decisões que sejam tomadas indevidamente durante a obra, em detrimento da qualidade do produto e da eficácia do processo. O processo de conscientização e a implementação da compatibilização na execução de projetos também se justificam entre outros aspectos, pela necessidade da efetivação de ações que possam contribuir para a solução do problema crônico da falta de eficiência do setor da construção habitacional brasileira, permitindo que o Brasil venha, em breve, a alcançar índices de desempenho alinhados com os dos países mais avançados. Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 16 2.4 – QUALIDADE NA OBRA Qualidade deve ser associada a uma nova cultura a ser implementada, pois compreende o entendimento, a aceitação e a prática de novas atitudes e valores que devem ser incorporadas definitivamente no dia-a-dia da construção civil. A qualidade deixou de ser um ponto abstrato nas discussões e decisões. Atualmente é um indicador para formar preços cada vez menores e para abreviar prazos de entrega de insumos e serviços. Isto é que faz o diferencial entre as empresas competitivas das restantes. Os Sistemas da Qualidade são um conjunto de técnicas interrelacionadas entre si que procuram orientar uma organização no sentido de satisfazer e superar as expectativas de seus clientes e aumentar sua competitividade com atuação sobre todas as áreas da empresa: produção, recursos humanos, finanças e marketing, embasadas nos preceitos da gestão da Qualidade. (OLIVEIRA 2000). Os pesquisadores (MUTTI e ARAÚJO, 2003) citam que “o QUALIHAB, Programa de Qualidade da Construção Habitacional do Estado de São Paulo, cuja palavra-chave é articulação, incide em toda a cadeia produtiva a necessidade de envolvimento, estimulando o entrosamento entre os vários segmentos, para que busquem a auto-regulação, face às normas técnicas da ABNT, num plano mais raso, e a certificação de níveis de qualidade das empresas, na seqüência do processo”. Quanto ao “Programa Setorial de Qualidade (PSQ), define a forma e evolução dos ajustes a serem efetuados, pontuando e qualificando as empresas que estejam dentro da conformidade técnica, desclassificando as demais e estimulando o desenvolvimento tecnológico do setor”. (MUTTI e ARAÚJO, 2003) afirmaram também que, “... a prática do Controle da Qualidade Total (Total Quality Control - TQC) é, em suma um sistema gerencial que parte do reconhecimento das necessidades das pessoas, estabelece, mantém e propicia uma melhoria contínua de Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 17 padrões para o atendimento destas necessidades (abordagem centrada no cliente)”. O Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQPH) foi criado em 1991 e formalmente em 1998, com a finalidade de difundir os novos conceitos de qualidade, gestão e organização da produção que estão revolucionando a economia mundial, indispensável à modernização e competitividade das empresas brasileiras. No atual governo o apoio se traduz cada vez mais em ações efetivas. Durante o ano de 2003 o número de empresas qualificadas cresceu em torno de 15%, e estima-se que com a finalização dos trabalhos de harmonização dos programas estaduais, que cinco mil empresas tenham aderido ao PBQP-H. (Site: www.cidades.gov.br/pbqp-h) O Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQPH), Sistema de Qualificação de Empresas de Serviços e Oras – Construtoras (SIQ - Construtoras) “possui caráter evolutivo, estabelecendo níveis de qualificação progressivos, segundo os quais os sistemas da gestão da qualidade das empresas construtoras são avaliados e classificados. Cabe aos contratantes, públicos e privados, individualmente, ou preferencialmente através de Acordos Setoriais firmados entre contratantes e entidades representativas de contratados, estabelecerem prazos para começarem a vigorar as exigências de cada nível. Assim o SIQ – Construtoras tem como objetivo estabelecer o referencial técnico básico no sistema de qualificação evolutiva adequando às características específicas das empresas construtoras atuantes no setor de edifícios,...”. Estas estratégias de produção sobre os Sistemas de Gestão da Qualidade estão sendo adotadas pelas empresas construtoras e vem provocando alterações benéficas ao longo de todo o processo de produção ativando toda a cadeia dos setores das áreas afins. Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 18 2.5 – AÇÕES MULTIDISCIPLINARES DOS AGENTES ENVOLVIDOS Atualmente o mercado tende a fazer uma análise ampla dos diversos agentes envolvidos na cadeia da produção (planejamento, projeto e construção) e do uso (ocupação, manutenção e gerenciamento) dos edifícios na construção civil. Os diversos profissionais também visam a qualidade quanto aos aspectos da satisfação dos usuários e a avaliação técnica no decorrer do uso, sobretudo no que respeita aos aspectos de conforto ambiental e funcionalidade. Por outro lado, a intensa terceirização de prestação de serviços, bem como as crescentes exigências tecnológicas, têm demandado estudos interdisciplinares que busquem a compreensão dos outros agentes envolvidos no processo, além dos usuários. No desenvolvimento de novas formas de gestão, ou ainda de novas formas de relacionamento entre os seus diversos agentes, o objetivo principal entre outros é de competir neste “novo” mercado. Entendendo que esta realidade econômica começa a tornar-se irreversível, a cadeia produtiva do setor, englobando desde o planejamento, passando pelo projeto e pela produção, com todas as suas ligações (fornecedores, clientes, projetistas, vendas, etc.), que participam da execução do produto edifício, o que determina as suas características e qualidade, também fazem parte desta nova realidade e como tal precisam evoluir para se adaptar. Os projetos integrantes fundamentais da cadeia produtiva no setor da construção civil participam diretamente dos resultados finais dos empreendimentos em dois aspectos: primeiro como instrumento de decisão sobre as características geométricas, funcionais, econômicas, ambientais, mercadológicas, etc., do produto edifício; segundo como ferramenta de auxílio à produção, fornecendo subsídios ao seu desenvolvimento. Devido á importância que o projeto representa na produção de edifícios, o estudo do comportamento dos escritórios de projetos, bem como a identificação das iniciativas que estão sendo implementadas para melhorar à qualidade dos projetos em benefício da qualidade final dos escritórios que estão Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 19 desenvolvendo certificações e suas relações com a melhoria do processo de elaboração de projeto”. (ALBUQUERQUE NETO e MELHADO, 1998b) Segundo (DUARTE e SALGADO, 2002) “Desde que teve início a corrida pela certificação da qualidade pelas construtoras brasileiras, muito se discutiu acerca dos procedimentos de recebimentos de material, execução e controle dos serviços nas obras. Entretanto, sabe-se que um dos principais culpados pelas patologias nas construções é o projeto. Muitos são os fatores que contribuem para essa distorção, o principal deles é o fato do projeto ser desenvolvido sem levar em conta o processo construtivo. Como resultado deste desencontro, verificam-se projetos que, não raros, omitem informações, obrigando que alguns detalhes sejam resolvidos no canteiro. Diante disto, é fundamental a discussão sobre o processo de projeto, suas etapas e desenvolvimentos”. Os times da qualidade são compostos por profissionais ligados a um determinado processo da empresa. O principal objetivo dos times se refere à análise crítica de um determinado processo, elaboração, documentação e difusão de procedimentos. Preferencialmente, os procedimentos devem refletir a cultura organizacional, a fim de possibilitar sua incorporação natural às atividades da empresa. Por outro lado, o processo de elaboração deve facultar a participação de todos os profissionais interessados, visto que a imposição pode comprometer seu cumprimento em médio prazo. Deve-se permitir ainda a atualização dos procedimentos sempre que necessário, possibilitando um processo dinâmico e contínuo de melhoria. (GRILO et al., 2000) No Desempenho das atividades de projeto, podemos afirmar que surgem freqüentemente “zonas de incerteza” – técnicas, comerciais, humanas e financeiras, solicitando o exercício da autonomia e estimulando a construção de métodos e posturas para enfrentá-las, fazendo uso principalmente do julgamento individual, com maior ou menor eficácia segundo o contexto. Tais relações, longe de atingir naturalmente o equilíbrio de conjunto, tendem a disputar entre si o maior engajamento dentro da inserção do indivíduo (projetista) neste ou naquele sistema, face aos demais. Assim muitos profissionais se encontrarão, ao mesmo tempo, mas com diferentes pesos ou Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 20 níveis de empenho, pressionados a se dedicarem às ações sindicais e de defesa das atribuições e profissionais, à evolução das condições de produção e de integração entre indivíduos no escritório e ao trabalho conjunto com empreendedores, engenheiros, fornecedores e empreiteiros ligados a uma determinada obra. Essa leitura do problema procura explicar a notória dispersão de objetivos que se encontra no exercício da profissão pelos indivíduos ou grupos. Não é, portanto de se estranhar que uma parte dos projetistas, assim, se mantenha alheios a várias dessas pressões, acreditando serem elas passageiras ou de menor relevância face ao seu “verdadeiro” papel como profissionais. (MELHADO, 1994). Assim sendo, perante este novo paradigma, o arquiteto surge como um gestor que privilegia a cooperação multidisciplinar e a integração entre os agentes. Esta coordenação de função gerencial é desempenhada no processo de elaboração e compatibilização dos diversos projetos, com finalidade de assegurar a qualidade durante o processo como um todo. Garante-se que as soluções adotadas sejam suficientemente abrangentes, integradas e detalhadas e que, após passada a fase projetual, a execução aconteça de forma contínua, sem improvisos e interrupções. Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 21 2.6 – RACIONALIZAÇÃO NA OBRA O mercado construtor já percebeu que a busca de qualidade, a racionalização e a conversão do processo de construir em uma linha de montagem passam pela etapa de execução de projetos. No setor ainda não tem uma visão global do processo e precisa lidar, também com a dificuldade tecnológica dos fornecedores em atender às novas demandas do mercado. A estratégia de implementação na qual se insere a ação, está fundamentada no princípio de possibilitar a aplicação da tecnologia construtiva racionalizadas como uma forma de impulsionar a melhoria contínua dos recursos tecnológicos organizacionais empregados no processo construtivo tradicional de produção de edifícios com vistas à sua máxima racionalização e conseqüente evolução tecnológica e organizacional, ou seja, ao se aplicar uma estratégia para a implementação de tecnologias construtivas racionalizadas no processo construtivo de uma empresa construtora, espera-se obter uma melhoria tecnológica nesse processo, suficiente para que o retorno obtido sirva de motivação para que novas melhorias sejam implantadas e este processo todo continuamente, procurando-se atingir sempre um patamar mais elevado de racionalização do processo de produção. (BARROS, 1997) A tecnologia construtiva racionalizada enfoca a importância significativa do desenvolvimento de um trabalho sistemático para a construção, através da aplicação de técnicas de engenharia para elaboração de metodologias, procedimentos, manuais, desenhos, treinamento e ainda o desenvolvimento de um programa de racionalização e padronização. Este modelo de gerenciamento tem atividades respectivas que as compõem, como também as sistemáticas adotadas para desenvolvimento das mesmas e ainda os benefícios e resultados obtidos com a implementação e materialização desta metodologia. São ainda destacados os reflexos da disponibilidade, qualidade e adequabilidade dos equipamentos e serviços de manutenção, de forma a se obter um estoque adequado e econômico, e que além de garantir a Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 22 continuidade operacional, será um agente otimizador da relação Qualidade X Produtividade X Redução de custos nas áreas envolvidas. Um papel importante da racionalização da construção onde (DUARTE e SALGADO, 2002), “o projeto executivo pode ser um eficaz instrumento, capaz de otimizar o uso dos materiais, levando em conta suas dimensões e evitando assim desperdícios na hora de sua colocação e de orientar/ estudar as melhores soluções de integração dos sistemas construtivos utilizados evitando assim incompatibilidades entre os mesmos”. Através do condicionamento dos processos de produção para encontrar a qualidade na construção civil, técnicas são levadas em conta, tais como, as que resultam numa melhoria no nível de perdas, através da racionalização no padrão da manutenção de produção bem como na sistemática desses processos. Tanto no campo de sua ação como na interação com outras áreas que lhe são comuns. A empresa deve estabelecer mecanismo de análise e monitoramento do mercado, buscando identificar oportunidades e tendências, antecipando as expectativas de seus potenciais clientes. O estudo de viabilidade de um empreendimento deve envolver diversos setores da empresa, avaliando-se a decorrência das decisões na empresa como um todo. (OLIVEIRA, 2000) Este contexto incorpora a racionalização construtiva permitindo reduzir os desperdícios tais como, tempo, recursos humanos assim como sua rotatividade, materiais como também os autos índices de retrabalhos. Consegue-se também a racionalização tendo um melhor aproveitamento dos recursos disponíveis como a qualidade na estrutura organizacional envolvida, inovações tecnológicas e produtivas, e diversidades dos conceitos relativos aos produtos e ao seu processo de finalização. Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 23 2.7 – DIFERENCIAÇÃO DO PRODUTO FINAL Atualmente o mundo está sendo atropelado por um dinamismo, por isso a sobrevivência das empresas é constantemente ameaçada pela rápida evolução social, tecnológica e mental. O até mesmo pelo lançamento das concorrentes de produtos melhores e mais baratos por utilizar equipamentos com mais eficiência, qualidade e tecnologia exigido pelo mercado. A alta administração da empresa tem que transformar esta constante ameaça em uma oportunidade para o crescimento da qualidade e diferenciação de seus produtos. Segundo (SOUZA, 1997) “As soluções adotadas na etapa de projeto têm amplas repercussões em todo o processo de construção e na qualidade do produto final a ser entregue ao cliente. É na etapa de projeto que acontecem a concepção e o desenvolvimento do produto, que devem ser baseados na identificação das necessidades dos clientes em termos de desempenho custos e das condições de exposição a que será submetido. A qualidade da solução de projeto determinará a qualidade do produto e conseqüentemente, condicionará o nível de satisfação dos usuários finais”. Assim sendo, o cliente deixa de ser sujeito limitado à condição de receptor passivo dos produtos da empresa, para ser um alvo importante como meta para a organização em termos de sua satisfação. Esta satisfação é a peça chave para a gestão da qualidade. A aspiração dos clientes por moradias e escritórios diferenciados é conseqüência dos novos padrões de vida resultante da crescente eficiência dos processos produtivos, bem como dos fatores conjunturais em geral. Imóveis competitivos podem diferir em qualidade, mas também podem ser completamente iguais. Neste último, as técnicas de marketing é que são decisivas para a vendabilidade. Com base nesse raciocínio, pode-se utilizar a seguinte classificação das diferenças frente ao consumidor: • Diferenças demonstráveis - são diferenças óbvias que exige pouco esforço do pessoal de marketing, ou diferenças que não Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 24 são entendidas ou conhecidas pelos clientes, mas que podem ser demonstradas num esforço conjugado do pessoal de marketing com o de tecnologia. Como exemplo, pode-se citar o conforto térmico e acústico, a qualidade do acabamento, a divisão interna dos ambientes ou a presenças de algumas utilidades tais como garagem, piscina, quadra de esporte e jardins, entre outros. • Diferenças não demonstráveis, mas aceitas na confiança – embora os clientes não tenham como verificar a validade dos dados fornecidos pela propaganda pode aceitá-los na confiança depositada na empresa. No caso dos imóveis estas diferenças costumam ser aquelas que são percebidas (muitas vezes ao longo do prazo) com o uso: desempenho das instalações prediais, qualidade da assistência técnica após a venda, etc. É importante observar que a diferenciação do produto é uma diferenciação da qualidade, somente quando reflete a adequação ao cliente. (ICHIHARA, 1998) A qualidade do produto final além de uma estratégia de competição é um sinal de fortalecimento e credibilidade da empresa, é também um indicador dos movimentos competitivos dos concorrentes e sinalizador do mercado em relação a diferenciação do produto. Essa diferenciação é a capacidade de proporcionar ao comprador um valor extremamente acessível, e superior em termos de qualidade do produto assim como a oferta de tipos e modelos, particularidade especiais ou prestação de assistência. Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 25 2.8 – QUALIDADE DE VIDA NO IMÓVEL PERÍODO PÓS - OCUPAÇÃO A realização do cliente é o sentimento do indivíduo que resultam comparações sobre o desempenho de um produto em relação as suas expectativas almejadas. Assim sendo a partir do momento que estas expectativas são reveladas e agregadas ao produto, a satisfação aumenta consideravelmente. Na concepção de um novo empreendimento a maior dificuldade encontrada pelas empresas do ramo da construção civil, é identificar as necessidades, os anseios e as particularidades individuais dos clientes finais. Segundo (SOUZA, 1997) para um planejamento racionalizado, “identificação das necessidades do usuário, que permite uma caracterização mais detalhada do cliente em termos do desempenho do produto final por ele almejado, do prazo para entrega e do preço que tal cliente pode pagar pelo produto, auxiliando as atividades de marketing da empresa; concepção e projeto do empreendimento e das edificações baseados em parâmetros de desempenho, que facilita o estudo e a eventual adoção de sistemas construtivos inovadores para as diversas partes do edifício (estruturas, vedações, revestimentos, instalações, coberturas, etc.), e garante-se desempenho satisfatório e custos adequados; avaliação de componentes, que fornece subsídios para a especificação e seleção alternativas entre novos produtos e outras já existentes no mercado, auxiliando as atividades de planejamento e suprimentos da empresa; e retroalimentação do ciclo da qualidade da empresa por meio da avaliação pós-ocupação da obra, visando verificar se o empreendimento e as edificações atende às exigências do cliente em termos de qualidade do produto, preço e condições contratuais. Tal prática pode permitir a adoção de novas posturas em futuros empreendimentos e o aperfeiçoamento dos produtos a serem entregues”. A satisfação do cliente e a adoção de políticas sistêmicas de qualidade da cadeia produtiva protegem os direitos do consumidor de materiais de construção e de unidades habitacionais, garantindo um maior grau de Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 26 confiabilidade destes produtos, podendo-se assim implementar políticas de satisfação dos clientes atendendo de forma mais eficaz as expectativas e delineando o programa de necessidades prioritário da população. Hoje um produto de qualidade é aquele que, além de atender a todas as necessidades de utilização, apresenta instruções detalhadas de funcionamento, tem garantia de manutenção por algum período de tempo e facilidade na assistência técnica em caso de reparos. Mais do que a qualidade do produto, os clientes esperam a qualidade na prestação de serviço por parte das empresas. (CONCEIÇÃO, 1998) Os resultados da avaliação pós - ocupação são fundamentais e devem ser utilizadas juntamente com a análise crítica do projeto do empreendimento em questão, antes da liberação para a seqüência de produção. Esta análise crítica enfoca e verifica a compatibilização entre os diversos projetos envolvidos. Auxiliando no lançamento do produto futuro, acompanhando as expectativas dos consumidores, as ondas mercadológicas e as tendências de uso para só então arrecadar informações que auxiliam nas diretrizes de um projeto e uma obra eficaz. Capítulo 3 – Metodologia 27 3 - METODOLOGIA A metodologia da pesquisa será baseada em estudo de caso, onde em um primeiro momento consiste na absorção e compreensão do assunto proposto para esta especialização, cujo tema se refere a qualidade e compatibilização de projetos. A partir do tema definido, reúnem-se referências bibliográficas para o embasamento teórico, tais como, conceituação e contextualização. Logo, serão recolhidas informações referentes ao levantamento de dados de três residências unifamiliares de alto padrão, através de um processo de coletas de análise de informação (plantas, perspectivas e fotos, etc.), provocando a retroalimentação e auxiliando a sistematização dos procedimentos de decisão, possibilitando o esclarecimento do objetivo deste trabalho. A partir desta definição obteremos diretrizes para a elaboração mais completa do estudo referido, conforme ilustração 3.1. Por fim teremos a análise comparatória que compreenderá a relação existente na ausência ou não da qualidade e compatibilização dos projetos. Sempre assessorada, definiu-se assim o projeto da monografia de pesquisa da Especialização em Gestão da Construção Civil. Ilustração 3.1 – Organograma Capítulo 4 – Desenvolvimento do Trabalho 28 4 – DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO 4.1 - ORIGEM DA PESQUISA Este trabalho enfoca a importância do planejamento de projetos para execução de obras, integrado à programação e ao controle, como um sistema indispensável para o objetivo final, ou seja, da obra executada dentro dos parâmetros preestabelecidos de prazo, custo e qualidade, tanto de execução quanto de funcionalidade. Esta pesquisa realiza-se no Estado de Santa Catarina, mais especificamente nas cidades do litoral tais como Florianópolis e Itapema. Os projetos e as obras em execução a serem analisados estão dentro da categoria de empreendimentos residenciais unifamiliar. Fica claro que em um projeto de pleno desenvolvimento vertical ou horizontal a compatibilização se facilita por seu desenvolvimento linear classificando conceitos de modulação e sistematização nos projetos complementares. Neste caso comprovamos que tomando como referência para nossa pesquisa é facilmente aplicável neste novo conceito em programas residenciais, muitas vezes tratados aleatoriamente pela diversidade na sua composição. Ambas as obras (residências A, B e C), são de padrão classe média alta possuindo um nível superior de detalhamento e acabamentos. Mesmo neste padrão verifica-se falhas e erros quando não há planejamento e integração dos profissionais envolvidos na área de projetos e da construção civil. Os empreendimentos deste estudo de caso possuem um padrão construtivo tradicional (alvenaria e concreto armado), onde a tecnologia construtiva aplicada pode ou não estar presente, porém, não interferindo na pesquisa a se demonstrar. A coleta de dados dos projetos envolvidos exigiu estudo de caso em nível exploratório, realizada na sua maior parte “in loco”, através de fotos, investigando em escritórios e plantas. Vale a pena ressaltar que o método da pesquisa decorreu da consideração dos critérios e características anteriormente citadas. Capítulo 4 – Desenvolvimento do Trabalho 29 Os estudos na obra têm por objetivo geral conscientizar das perdas de materiais, contra fluxos nas etapas a serem executadas, desperdícios de tempo e mão-de-obra, descredibilidade e desgaste do cliente com os profissionais envolvidos, a ausência de qualidade e funcionalidade no produto final bem como sua difícil manutenção. A partir das constatações, compreender a importância do grau de envolvimento e de interdependência destas desvantagens com o gerenciamento, compatibilização e detalhamento dos projetos. Capítulo 4 – Desenvolvimento 30 4.2 – ESTUDO DE CASO 4.2.1 – ESTUDO DE CASO RESIDÊNCIA UNIFAMILIAR “A” 4.2.1.1 – Características da Obra A obra se localiza na cidade de Itapema/SC. A equipe técnica responsável envolvida neste estudo de caso se divide em duas etapas. A primeira com o projeto arquitetônico, projetos complementares e empreiteira. A segunda etapa com alteração de projeto arquitetônico e direção de obra após alteração. A equipe inicial manteve-se quase a mesma havendo substituição somente do responsável pelo projeto arquitetônico. A obra estudada está em um terreno de 450,00 m² possuindo três pavimentos, sendo pavimento inferior com área de 218,64 m², pavimento térreo com área de 237,81 m² e pavimento superior com área de 163,33 m². O programa de necessidades é constituído por: hall, garagem, salas, cozinha, despensa, área de serviço, suíte de serviço, lavabo, varanda, suíte máster com closet e terraço, lavanderia, três suítes e deck com área total de 619,78 m². Na primeira etapa os projetos foram realizados em um período de três meses, com execução da obra de oito meses. O estágio da obra no decorrer deste período era somente à parte das estruturas, cobertura e alvenaria chapiscada. No momento da segunda etapa, onde é realizada a alteração de projeto e contratação de um novo arquiteto, levaram-se 15 dias para alteração do mesmo e suas adaptações, o tempo restante para finalizar a execução se deu em mais dez meses. A média em ambas as etapas eram de 10 funcionários por dia no canteiro. Devido à incompatibilidade funcional do projeto arquitetônico inicialmente proposto, foi consumido o dobro do tempo que uma obra deste porte levaria, em um custo final consideravelmente acrescido de 30% (Fonte: planilhas orçamentárias desta obra). O empreendimento de padrão “A” foi calculado com 1,30 CUB/m², valores estes não viabilizados no cronograma físico-financeiro. Capítulo 4 – Desenvolvimento 31 As adaptações funcionais do projeto arquitetônico e complementares foram realizadas no acréscimo de um elevador, na alteração da circulação vertical e na laje construída. Reconhecemos que uma obra muitas vezes pode sofrer alterações devido ao conceito funcional exigido. Mas neste caso detectamos que além deste problema, somava-se total falta de critérios entre os projetos arquitetônicos e os complementares como será detalhado nas ilustrações. Capítulo 4 – Desenvolvimento Ilustração 4.1 – Planta baixa pavimento térreo 32 Capítulo 4 – Desenvolvimento Ilustração 4.2 – Planta baixa pavimento superior 33 Capítulo 4 – Desenvolvimento Ilustração 4.3 – Planta baixa pavimento inferior 34 Capítulo 4 – Desenvolvimento 35 4.2.1.2 – Descrição do Partido Arquitetônico Em caráter excepcional combinamos em dar procedimento a esta obra, como mostra na ilustração 4.4, já iniciada por outro profissional, com o cuidado de garantir o desejo do proprietário. Sendo assim, não transcendendo eticamente com os profissionais anteriormente envolvidos. Tomou-se o cuidado de resolver problemas funcionais que vinham com o andamento da obra, e ficarem mais transparentes. A atuação profissional na obra tornou-se muito difícil, já que sistemas construtivos, conceitos modulares e estruturas diferem de uma lógica entre a função espacial e a solução proposta. O que levou muitas vezes a protagonizar soluções irreversíveis que não são de uso habitual. Pois se entende que arquitetura e obra devem em todo seu processo ter competência e harmonia, não sendo apenas um problema de acabamento e ou revestimentos como muitos ainda acreditam que seja. Ocorreram divergências entre os autores dos projetos envolvidos, onde cada um é responsável pelo seu projeto específico, resultando em uma série de incompatibilidades e interferências entre projetos, mas que na maioria das vezes não foi a mais adequada quando cruzou esta informação com as demais. O problema existente e afetou o custo, o prazo e a qualidade do produto. A incompatibilidade foi detectada durante o processo de produção, reduzindo a eficiência, aumentando o custo das ações corretivas necessárias para adequação da compatibilização. Por todos os motivos, esta obra conta com excesso de improvisos técnicos que levam a desafios para o seu correto funcionamento, entre outros como instalação elétrica, instalação hidráulica, ar condicionado, e um uso abusivo de forros de gesso para ocultá-los. Sendo que repercutiu no pé-direito final não previsto no projeto arquitetônico. Todos estes fatores interferem diretamente no cronograma físico financeiro e na qualidade final da obra executada. Capítulo 4 – Desenvolvimento Ilustração 4.4 – Vista da fachada em fase de obra 36 Capítulo 4 – Desenvolvimento 37 4.2.1.3 – Análise Crítica Neste estudo de caso serão analisados e discutidos os pontos mais relevantes de uma obra que interfere na qualidade e no resultado final, da construção, indicados pelos exemplos das ilustrações que seguem. Depois da alteração de projeto, deu-se o início a segunda etapa para a execução, que seria de compatibilizar os projetos complementares antigos e os serviços com a situação atual da obra. Uma das soluções adotadas foi fazer uma lista de necessidades e prioridades dos diversos pontos a serem excluídos, modificados e ou acrescidos. A antecipação de um projeto arquitetônico mau elaborado, assim como a não compatibilização dos diversos projetos existentes e a falha na coordenação e administração da obra, fez com que ocorressem o não cumprimento das tarefas e as incapacidades produtivas. Outro fator complicador foi a decorrência de negligência com os serviços estruturais, tanto na fase de projeto quanto na execução. Dando a impressão de que os projetos arquitetônicos e estruturais foram feitos para residências diferentes. Estes descasos com os projetos e sua compatibilização, assim como os retrabalhos nos serviços na obra, aumentam consideravelmente os custos de materiais e mão de obra, com seus respectivos encargos. Sobrecarregando o custo final do edifício construído. Outras questões adjacentes que induz a erros, a custos adicionais, a não satisfação do usuário com o ambiente construído e a ineficiência na coordenação de projetos é a minimização de problemas conceptivos funcionais de um alto nível de detalhamento, tanto para os acabamentos quanto para as soluções. Destaca-se o descaso pela satisfação do cliente, pelo seu investimento, pela qualidade de seu patrimônio, pelo seu sonho que está se concretizando e principalmente por subestimar sua inteligência ou ser enganado, pelo simples fato de serem leigos sobre estes assuntos técnicos relevantes. O nosso alvo Capítulo 4 – Desenvolvimento 38 consumidor, o cliente, merece respeito e qualidade na prestação do serviço e no resultado final da sua edificação. Ilustração 4.5 – Vista da sala e varanda voltada para o campo de golf Ilustração 4.6 – Vista da sala e suas estruturas Capítulo 4 – Desenvolvimento 39 Ilustração 4.7 – Vista geral da sala de jantar, churrasqueira, cozinha e suas estruturas Observa-se nas ilustrações 4.5, 4.6 e 4.7, uma total aleatoriedade entre pilares, vigas e direcionamento de lajes. O que sugere a necessidade de colocar forros de gesso em uma ampla área na sala de estar para “esconder” a desordem espacial. A parte funcional da casa foi difícil de resolver, conseguiu-se apenas amenizar os conflitos de fluxos na área social e circulações. Os pilares mal posicionados implicaram na inadequada disposição dos móveis na sala de estar, jantar e cozinha, assim como na ergonomia incorreta da churrasqueira e fogão quando este se encontra a pouca distância de um outro encontro estrutural. Ilustração 4.8 – Vista de uma das suítes localizada no pavimento inferior e suas estruturas Capítulo 4 – Desenvolvimento 40 Observa-se e questiona-se como é mostrada na ilustração 4.8, o direcionamento das lajes, colocando uma viga transversal em um dormitório cortando radicalmente a limpeza espacial, sem prever pé direito suficiente como também para permitir que um forro (gesso) neutralize a solução. Ilustração 4.9 – Vista de uma das suítes localizada no pavimento inferior, suas estruturas e modificações pós-reboco Observa-se como a falta de compatibilização de projetos, ar condicionado, água quente e água fria são falhas sem nenhum critério pré-estabelecidos. Comprovando isto, visualizamos na ilustração 4.9, as paredes já com massa corrida sendo quebradas. Ilustração 4.10 – Vista de uma viga parcialmente modificada para passagem de tubulações de água e esgoto entre suas ferragens Capítulo 4 – Desenvolvimento 41 Ilustração 4.11 – Vista de um dos cantos da casa com mochetas improvisadas para passagem de cabos elétricos e tubulação de esgoto Por problemas de variabilidade projetual, os serviços internos de acabamentos, reboco e outros serviços subseqüentes como passagem de dutos, tubulações e fiações; mudança de pontos de água, esgoto e luz, sofreram modificações, a maioria ”in loco”, resultando em soluções emergenciais não adequadas ao padrão da casa. Vimos na ilustração 4.10 a quebra de uma viga para passagem de tubulações deixando a ferragem expostos. Como pode ser analisado na ilustração 4.11, mochetas não previstas em certos locais reduzindo área interna e os ambientes. Ilustração 4.12 – Vista do banheiro com mocheta superdimensionada para passagem de tubulações de água e esgoto Capítulo 4 – Desenvolvimento 42 Ilustração 4.13 – Vista da mocheta, reboco e recortes na parede feitos posteriormente para ajustar a alteração de projeto Nas ilustrações 4.12 e 4.13, problemas de forros e mochetas agravam-se nos banheiros, dificultando a localização dos revestimentos (cerâmicos) reduzindo consideravelmente o pé-direito, sendo que o forro de gesso aumenta a condensação e possíveis remanescente ficou de 2,30m. deformações do material. O pé-direito Capítulo 4 – Desenvolvimento 43 Ilustração 4.14 – Vista de uma suíte rebocada com forro de gesso e seu lugar para instalação de ar condicionado Ilustração 4.15 – Vista da varanda com o deck do pavimento inferior e suas estruturas agora rebocadas e pintadas Na ilustração 4.14, foram detectados problemas entre o projeto estrutural e os projetos de instalações. A incorreta disposição das vigas também complicou o pé-direito da casa, já que tiveram que ser realizados rebaixos de gessos para a passagem dos conduites para a instalação e saída do ar condicionado. Algumas tubulações estavam projetadas para terem passagem em locais onde existiam elementos contínuos em concreto armado, mais especificamente Capítulo 4 – Desenvolvimento 44 nas vigas, onde estas foram danificadas e comprometendo o desempenho do edifício, como mostra a ilustração 4.15. As cimalhas nas portas-janela se encontram com as vigas resultando em um resultado de difícil grosseiro acabamento conforme ilustrações 4.16 e 4.17. Ilustração 4.16 – Vista do deck para as portas-janela dos dormitórios Ilustração 4.17 – Vista do detalhe da viga encontrando-se com a cimalha da porta-janela do dormitório Capítulo 4 – Desenvolvimento 45 4.2.2 – ESTUDO DE CASO RESIDÊNCIA UNIFAMILIAR “B” 4.2.2.1 – Características da Obra A obra se localiza na cidade de Florianópolis/SC. A equipe técnica responsável e envolvida neste estudo de caso vem atuando junto ao mercado há muitos anos, com experiência, entrosamento e qualidade, reduzindo o custo benefício, ou seja, interagindo em prol de uma correta compatibilização. A obra estudada está em um terreno de 510,00 m² possuindo dois pavimentos, sendo pavimento térreo com área de 171,72 m² e pavimento superior com área de 127,27 m². O programa de necessidades é constituído por: hall, garagem, cozinha, área de serviço, suíte de serviço, salas, churrasqueira, lavabo, suíte máster, estar íntimo, bwc social e duas suítes com área total de 298,99 m². O empreendimento de padrão “A” foi calculado com 1,35 CUB/m², valores estes viabilizados no cronograma físico-financeiro. Os projetos e sua compatibilização foram realizados efetivamente no período de três meses, a execução da obra se deu em oito meses com uma média de 12 funcionários por dia no canteiro de obras. A consolidação de um projeto arquitetônico foi diretamente ligada a uma perfeita adaptação com os demais projetos. Por isso a importância de que o projeto executivo seja exaustivamente estudado, onde todas as interferências foram previstas e adequadamente solucionadas. O projeto estrutural é provavelmente, aquele com maior potencial de interferir e mudar uma concepção arquitetônica, como também nos demais projetos, tais como hidráulico e elétrico. Sendo vital a integração entre o calculista, o arquiteto e os demais envolvidos no processo, ocorrendo de forma freqüente, até que todas as interferências sejam solucionadas. É importante que toda a equipe já esteja formada e definida desde o estudo preliminar, para que o gerente de projetos possa assessorar e ser assessorado desde o início do processo. Capítulo 4 – Desenvolvimento Ilustração 4.18 – Planta baixa pavimento térreo 46 Capítulo 4 – Desenvolvimento Ilustração 4.19 – Planta baixa pavimento superior 47 Capítulo 4 – Desenvolvimento 48 4.2.2.2 – Descrição do Partido Arquitetônico Em um sofisticado bairro de Florianópolis onde o uso de materiais ultrapassa os próprios limites, chegando a propostas arrojadas e exuberantes. Procuramos desenvolver um projeto no qual a simplicidade da forma e o uso adequado dos materiais dão resposta ao programa funcional solicitado, porém charmoso e requintado. Sendo uma esquina e seguindo a legislação em vigor, procurou-se uma proposta compacta no qual todas as dependências orientadas a norte, e ao fundo um jardim interno mais íntimo vinculado à churrasqueira. Os espaços são integrados entre si, unificados pelos materiais escolhidos. Apesar de ser uma proposta compacta as três suítes que compões o setor íntimo são amplas e confortáveis. Para otimizar a integração espacial foi optado por um sistema estrutural nos quais as vigas ficam absorvidas na espessura da laje sem necessidade de forro de gesso ou repartimento para tubulações. Desta maneira as lajes recebem um contrapiso de aproximadamente 25 cm de isopor que além de absorver as alturas das vigas, garante um perfeito isolamento acústico, tanto pela tubulação de esgoto quanto pelo impacto do uso. Foi aproveitada ao máximo a capacidade de inércia térmica dos materiais, como paredes duplas com câmaras de ar, esquadrias de PVC com vidros duplos, cobertura devidamente isolada e ventilada, coletores de energia solar para aquecimento de água, coleta e armazenamento de águas pluviais no reservatório inferior para irrigação, oxigenada pela fonte decorativa instalada no jardim. Complementando a arquitetura, um paisagismo adequando com flora nativa enriquece o visual. A ilustração 4.20 mostra a residência pronta. Capítulo 4 – Desenvolvimento Ilustração 4.20 – Vista geral da casa pronta 49 Capítulo 4 – Desenvolvimento 50 4.2.2.3 – Análise Crítica A busca pela compatibilização e qualidade dos projetos para efetivamente contribuir na execução das obras, vem para resgatar a harmonização das informações e garantir um nível de detalhamento primoroso. Tal postura minimizou problemas advindos de uma obra como fatores surpresa, onde teriam que ser decididos imediatamente. Esta revisão em fase de projeto se deve a perfeita integração das informações dos conceitos dos vários projetos, inclusive dos específicos como, hidráulico, elétrico e estrutural. Existem dois fatores importantes na compatibilização, o primeiro é sobre o projeto arquitetônico concebido com uma consciência construtiva desde a sua concepção. Neste caso o escritório responsável pelo projeto de arquitetura como meta a ser alcançada, busca a qualidade arquitetônica e a racionalização da materialização. O segundo fator é experiência e o bom andamento de fluxo conjunto de trabalhos. No qual facilitou a qualidade desde seu início no projeto até o final da execução, onde houve o entrosamento entre os profissionais envolvidos diretamente no processo de produção, tanto os de escritório quanto os de obra. Outro ponto vital foi o tempo necessário, neste caso para esta residência unifamiliar, reservado para o desenvolvimento dos projetos. Não sendo confeccionados os projetos finais de forma gradativa e durante a execução da construção. Além do processo de compatibilização ser uma premissa a ser alcançada em todos os projetos, é obedecido uma certa metodologia para seu sucesso, que podemos rapidamente citar: No projeto arquitetônico tem-se focos como, conceitos de modulação, padronização dos materiais escolhidos, racionalização das soluções estruturais conforme modulação proposta no projeto e características funcionais claras. Nos projetos complementares, obedeceu-se normas técnicas específicas, inter relacionando as suas interferências entre os diferentes projetos complementares e a correspondente revisão do projeto arquitetônico. Na execução, houve um processo de concientização da mão-de-obra contratada para que todos os projetos fossem rigorosamente respeitados, onde as Capítulo 4 – Desenvolvimento 51 possíveis alterações seriam comunicadas ao responsável técnico evitando assim improvisações. Partiu-se da idéia de que, como os projetos específicos são desenvolvidos por profissionais e escritórios diferentes, então a comunicação foi intensa entre si. O projeto arquitetônico passou a ser o elo com informações em comum para os diferentes agentes envolvidos. Sendo que esta realização integrada desde os primeiros traços e de forma consciente ocorrendo num curto espaço de tempo. Onde a verificação dos problemas de incompatibilização foram resolvidos nestas idas e vindas do trabalho de cada profissional e reuniões. Confirmou-se também a constatação da qualidade de cada um dos projetos, dos profissionais e conseqüentemente do conjunto. A junção dos projetos para sua diretriz e formação final, torna-se um harmônico estudo pronto para a execução, onde através das várias sobreposições dos desenhos, simultaneamente se verifica os pontos de conflito. Assim cada ponto específico é analisado e resolvido, partindo de cada profissional e chegando a um consenso de grupo, qual projeto está em situação mais adequada a ter alteração, se moldando ao conjunto novamente mantendo a qualidade. Mesmo que o projeto estudado e a obra executada correspondessem à empresa com alto nível de preocupação com a qualidade e com que haja o mínimo de imprevistos durante toda a concretização, falhas podem acontecer por descuido. Surgindo um profissional responsável pela observação da representação gráfica dos projetos, analisando a sobreposição e adequando a leitura na obra de forma correta. A racionalização na obra começa no planejamento dos projetos. Onde MELHADO (1994) transcreve (apud FERREIRA 1993) que “... investir mais na etapa de projeto pode reduzir em até 60% os custos de produção e em 40% o tempo total até o lançamento...”. Os clientes muitas vezes são considerados como excelentes quando são exigentes e possuem opiniões estéticas próprias, porém com ressalvas de serem abertos e flexíveis para considerar o ponto de vista técnico e conceitual do profissional. Onde conscientes das suas próprias limitações nestes termos, Capítulo 4 – Desenvolvimento 52 os clientes por sua vez optam por respeitar as opiniões e a integridade intelecta dos engenheiros arquitetos. Um dos motivos pelos insucessos de ordenar e controlar a compatibilização e a qualidade dos projetos reside na inviabilidade de certos profissionais como designers e decoradores onde a adequação de suas práticas não condizem com a elaboração conceitual e funcional dos projetos arquitetônicos. Ilustração 4.21 – Vista geral do terreno – esquina Ilustração 4.22 – Vista lateral do terreno Observa-se nas ilustrações 4.21 e 4.22, os terrenos planos bem delimitados em área urbanizada com instalações de água e luz, facilitando a acessibilidade e minimizando as instalações provisórias. Capítulo 4 – Desenvolvimento 53 Ilustração 4.23– Vista da obra em fase de concretagem Ilustração 4.24 – Vista da obra em fase de desforma das estruturas e fechamento com alvenaria Ilustração 4.25 – Vista da casa na fase das primeiras de mãos de pintura A organização de uma obra reflete na sua imagem todas as etapas de obra, estando cercadas e limpas transmitindo uma imagem de caráter racional, Capítulo 4 – Desenvolvimento 54 caráter este concebido na compatibilização dos projetos. Como mostra as ilustrações 4.24, 4.25 e 4.26. Ilustração 4.26 – Vista da churrasqueira e do pátio interno com a instalação da fonte Ilustração 4.27 – Vista da fonte Como mostra a ilustração 4.26 e 4.27, foi projetada uma fonte decorativa no jardim com a finalidade de oxigenar o reservatório de água pluviais, utilizada para irrigação e lavações externas. Capítulo 4 – Desenvolvimento 55 Ilustração 4.28 – Vista do nicho feito para que a vegetação já existente no terreno sobreviva Como o nível do terreno foi alterado, a vegetação existente sofreria danos por ser enterrada. Os nichos servem para proteger neste caso a mata nativa, conforme mostra a ilustração 4.28. Ilustração 4.29 – Vista da suíte superior com esquadria de PVC com vidros duplos e persianas automáticas Capítulo 4 – Desenvolvimento 56 Ilustração 4.30 – Vista da cozinha em fase de acabamentos e detalhes Observa-se na ilustração 4.29 e 4.30 o reflexo da compatibilização em espaços altamente limpos e funcionais, onde os acabamentos e detalhes se destacam. Ilustração 4.31 – Vista acima da laje do pavimento superior com barriletes, registros e tubulações vindos da caixa d’água No barrilete com a tubulação fica aparente com total acessibilidade ao registro, ilustração 4.31. Capítulo 4 – Desenvolvimento 57 Ilustração 4.32 – Vista do quadro de distribuição localizada no pavimento superior Na ilustração 4.32, o quadro de distribuição de energia, última geração com dijuntores DR, conforme norma técnica para aprimorar a segurança do usuário. Capítulo 4 – Desenvolvimento 58 Ilustração 4.33 – Vista geral da casa Ilustração 4.34– Vista da fachada lateral Observa-se nas ilustrações 4.33 e 4.34 um equilíbrio arquitetônico e um resultado da soma dos projetos compatibilizados com a obra bem orientada e executada, sendo que uma correta avaliação implica em aprofundar a sua essência conforme tudo descrito anteriormente. Capítulo 4 – Desenvolvimento do Trabalho 59 4.2.3 – ESTUDO DE CASO RESIDÊNCIA UNIFAMILIAR “C” 4.2.3.1 – Características da Obra Ainda num passado muito recente nos deparamos com um mercado sendo atendido por profissionais da área de projetos que pouco buscavam vincular as necessidades de cada um dos seus serviços entre si, como conseqüência víamos nascer em nossa frente mais de um edifício, no mesmo empreendimento e espaço físico, um para cada responsável do seu específico projeto. A obra se localiza na cidade de Itapema/SC, a equipe técnica responsável e envolvida neste estudo de caso mostrou harmonização nas informações geradas contribuindo que a execução da obra fosse facilitada. Houve perfeita integração entre os vários projetos tomando uma postura frente à qualidade total. A obra estudada está em um terreno de 506,70 m² possuindo três pavimentos, sendo subsolo com área de 270,70 m², pavimento térreo com área de 439,60 m² e pavimento superior com área de 234,09 m². O programa de necessidades é constituído por: garagem, área de serviço, suíte de serviço, hall, salas, churrasqueira, deck, piscina, cozinha, bwc social, suíte máster, estar íntimo, e quatro suítes com área total de 944,39 m². Um projeto de arquitetura possui um layout elaborado pelo autor do mesmo, demonstrando indicadores e o modo de ocupação dos espaços projetados, fornecendo diretrizes aos demais projetos otimizando as instalações. Onde como, por exemplo, as prumadas são vistas como elementos de grande importância para todas as instalações, evitando-se assim transtornos na execução, na manutenção ou em futuras ampliações do sistema. O empreendimento de padrão “A” foi calculado com 1,30 CUB/m², valores estes viabilizados no cronograma físico-financeiro. Os projetos e sua compatibilização foram realizados efetivamente no período de quatro meses, a execução da obra se deu em doze meses com uma média de 16 funcionários por dia no canteiro. Capítulo 4 – Desenvolvimento do Trabalho Ilustração 4.35 – Planta baixa pavimento térreo 60 Capítulo 4 – Desenvolvimento do Trabalho Ilustração 4.36 – Planta baixa pavimento superior 61 Capítulo 4 – Desenvolvimento do Trabalho Ilustração 4.37 – Planta baixa pavimento subsolo 62 Capítulo 4 – Desenvolvimento do Trabalho 63 4.2.3.2 – Descrição do Partido Arquitetônico Muitas vezes pela própria dimensão da obra seria bom concentrar e capacitar no projeto arquitetônico a própria compatibilização, para não exceder em custos profissionais, onde muitas vezes os clientes/ pessoa física não compreenderiam. E geralmente as empresas geradoras de residências unifamiliar são de pequeno porte sem estrutura própria, por este motivo, o projeto arquitetônico e seus realizadores, quanto mais consciência tenham dos efeitos da compatibilização de todos os projetos envolvidos, maior será a sua eficiência e sua repercussão no mercado. Já que o projeto unifamiliar é um setor de projetos da construção civil em crescimento, gera uma atividade profissional altamente rendosa e muitas vezes subestimada por seu pequeno volume de obra. Procurando satisfazer o padrão de necessidades funcionais do cliente, e implantando a residência em um terreno de singular beleza, tendo como cenário vistas panorâmicas coincidindo com a orientação solar (norte) e os ventos predominantes do verão (nordeste). A casa implantada considera principalmente as condições naturais do terreno. Tendo como lugar de encontro e lazer um amplo deck e piscina onde se convergem todas as salas e dormitórios. Aproveitando a topografia, soma-se um subsolo de acesso direto pela lateral para as acomodações de serviço e garagem. O acesso social da casa, assim como todas as áreas sociais, cozinha, sala de jantar/ estar, deck e piscina, encontram-se no mesmo nível. No andar superior encontra-se o setor íntimo da casa, composta por cinco suítes, e um estar íntimo, conectando-se verticalmente como outros andares por um elevador e uma escada, no qual explora vistas laterais ao campo de golfe. A arquitetura dialoga entre volumetria e amplas varandas características para uso de verão Paredes duplas, cobertura com telhas cerâmicas, esquadrias com vidros duplos garantem o seu conforto natural. A ilustração 4.28 mostra a residência pronta. Capítulo 4 – Desenvolvimento do Trabalho Ilustração 4.38 – Vista da fachada frontal da casa 64 Capítulo 4 – Desenvolvimento 65 4.2.3.3 – Análise Crítica A gestão do processo de projeto de edificações já é assunto de pesquisa de um número crescente de pesquisadores nacionais e internacionais, tendo crescido no âmbito nacional pela seqüência natural em que eram previstas as melhorias no setor da construção quando começou a implantação dos primeiros programas de gestão da qualidade dez anos atrás. Era indicado na época que primeiro seria o processo de produção, logo suprimentos e depois o projeto. Observa-se que isto está acontecendo pelo grande número de empresas de construção envolvidas em programas de certificação da qualidade, assim como pelo desenvolvimento de planos setoriais para diferentes fabricantes de insumos da construção civil. Enquanto isso o projeto passou a ser tratado apenas como um processo com conteúdos técnicos para ser um processo com enorme potencial para a melhoria dos empreendimentos por dois motivos: primeiro o da percepção de que apenas melhorar os processos de execução e suprimentos não era suficiente para garantir a qualidade e o bom desempenho da edificação, o segundo é a tomada de consciência de que por meio do projeto os empreendimentos podem ser melhores desenvolvidos devido à influência deste processo no nível de recursos que serão necessários para a execução dos empreendimentos como para agregar valor dos mesmos e garantir o desempenho ao longo da sua vida útil. Para acompanhar os movimentos do mercado e dos ideais arquitetônicos, os vários escritórios da área de projetos e de construção de edifícios, necessitam reestruturar sua forma de atuação, onde os serviços muitas vezes se iniciam antes mesmo da elaboração do projeto propriamente dito. Os serviços dos escritórios não terminam na entrega de um jogo de plantas, mas com certeza incluem todo um conjunto de projetos complementares, especificações, quantificações, consultorias, visitas técnicas, coordenação e gerenciamento e formulação do cronograma físico-financeiro. Sendo assim o escritório deve estar preparando para coordenar toda demanda de serviços pertinentes ao processo construtivo, se comprometendo as Capítulo 4 – Desenvolvimento 66 solicitações de caráter legal, formal ou conceitual, compatibilizando um considerável número de informações. A edificação como um produto final deve ser vista como um perfeito resultado da integração de todos os agentes envolvidos. A compatibilização deste empreendimento foi realizada conforme as diretrizes utilizadas e já descritas na residência B. Ilustração 4.39 – Croqui da casa – projeto em fase de estudo Ilustração 4.40 – Croqui da casa Os croquis dos ante-projetos mostradas nas ilustrações 4.39 e 4.40 já mostram desde seu início um ordenamento característico de projetos bem estudados o que obviamente facilitara etapas posteriores de desenvolvimento. Capítulo 4 – Desenvolvimento 67 Nesse contexto, as atividades de projetos de edificações devem ser objeto de ações gerenciais que efetivamente garantam um nível esperado de qualidade, como uma ação prévia ao seu desdobramento. Permitindo a detectação de falhas potenciais ligadas à compatibilidade entre os distintos projetos de uma edificação, sua priorização e a determinação de contramedidas a essas falhas, de forma a estabelecer diretrizes que deverão ser incorporadas durante a elaboração dos distintos projetos. Ilustração 4.41 – Vista geral da casa construida Ilustração 4.42 – Vista da fachada posterior, hall de acesso e entrada principal Na seqüência em complementação com os croquis anteriores, a obra finalizada mostra as intenções iniciais e uma perfeita harmonia entre o projeto arquitetônico e seus complementares, como mostra as ilustrações 4.41 e 4.42. Onde na maioria das vezes a construção civil tem por característica a terceirização do desenvolvimento dos projetos do produto. No entanto, esta Capítulo 4 – Desenvolvimento 68 terceirização gera atrito entre projetistas, construtores e clientes, pois o grau de subdivisão dos trabalhos pode ser comparado a uma delegação de responsabilidades. É comum um único produto possuir vários projetistas responsáveis pela confecção dos diferentes projetos que irão compor o produto final da construção civil. Ilustração 4.43 – Vista parcial da fachada frontal, deck e piscina Ilustração 4.44 – Vista parcial da fachada lateral, e vista para o campo de golf e para o mar Capítulo 4 – Desenvolvimento 69 Nas Ilustrações 4.43 e 4.44, observa-se o valor estético nos pilares estruturais contrastando com as vigas bem dimensionadas. Calhas coletoras de água pluviais compõe um conjunto sem dutos verticais aparentes. As definições arquitetônicas possibilitam uma orientação durante a fase de desenvolvimento do projeto na busca de uma materialização com melhores condições de conforto e energeticamente eficiente colaborando com a sua sustentabilidade. Ilustração 4.45 – Vista das varandas dos dormitórios superiores; deck e piscina no pavimento térreo Ilustração 4.46 – Vista do deck em balanço com peitoril de madeira Observa-se um perfeito detalhamento e leveza no projeto do deck e seus corrimãos, nas ilustrações 4.45 e 4.46. Demonstrando a importância de um Capítulo 4 – Desenvolvimento 70 melhor desempenho nos componentes construtivos melhorando as condições de funcionalidade e qualidade da edificação. Ilustração 4.47 – Vista dos nichos reservados aos aparelhos de ar condicionad. Na ilustração 4.47, observa-se um paisagismo integrado “escondendo” sete volumosos evaporadores de ar condicionado colocadas em um espaço já compatibilizado na arquitetura. Em uma edificação pensada, seus envolventes necessitam de cuidados para que os ambientes internos sejam termicamente confortáveis e energicamente econômico pela sua concepção arquitetônica e não exclusivamente pelo uso de climatização mecânica. Ilustração 4.48 – Vista interna pavimento térreo circulação de serviço, lavabo, parte da sala e distribuição do ar condicionado Capítulo 4 – Desenvolvimento 71 Ilustração 4.49 – Vista interna da sala, escada com pé-direito duplo Ilustração 4.50 – Vista da circulação da suíte e saída de ar condicionado Vistas internas também fazem parte da ordem geral da residência quando as vigas estruturais ficam aparentes e tomam importância arquitetônica com cores diferenciadas. Observam-se também grelhas de ar condicionado em paredes apropriadas ficando o espaço das condensadoras em circulações ou em áreas de serviço onde os forros rebaixados não causam maiores inconvenientes, vistas nas ilustrações 4.48, 4.49 e 4.50. Capítulo 4 – Desenvolvimento 72 O projeto compatibilizado resgatou a melhoria da qualidade ambiental interna dos espaços específicos, sendo necessário à atuação do projeto arquitetônico e na escolha dos materiais e componentes construtivos que devem ser adaptados ao clima local, ou seja, que possibilitem uma proteção contra os efeitos prejudiciais do clima e aproveitem os benefícios dos mesmos. Considerara as interferências térmicas que incidem nas edificações, provando que um bom planejamento arquitetônico e construtivo reflete na economia de gastos. Contudo, temos uma arquitetura que se preocupa, sem dúvida, em estar mais perto de se identificar com a cultura local e com as pessoas que dela vão fazer uso. Capítulo 4 – Desenvolvimento 4.3 – ANÁLISE GRÁFICA DO ESTUDO DE CASO Gráfico 4.3.1 – Gráfico de área das residências A, B e C Gráfico 4.3.2 – Gráfico do tempo das residências A, B e C 73 Capítulo 4 – Desenvolvimento Gráfico 4.3.3 – Gráfico do custo da obra das residências A, B e C Gráfico 4.3.4 – Gráfico custo X tempo da residência A 74 Capítulo 5 – Conclusão 75 5 - CONCLUSÃO Durante um longo período de tempo, pouco se pensou, discutiu, ou foi alvo de crítica ou preocupação à forma, à função, ao entorno, à relação ambiental, à relação social e aos sistemas construtivos com que se erguiam as edificações. A partir dos anos 90 algumas construtoras começaram a se interessar e a se envolver com a multidisciplinariedade com que os novos tempos exigiam, apesar da arquitetura, ou melhor, seus idealizadores bem antes desta década, baterem sempre na tecla de que projeto é essencial para o bom resultado final. Motivando as empresas construtoras por um melhor desempenho global, tanto técnico, qualitativo e financeiro, tendo uma visão que só juntos alcançariam novas metas. A medida em que o desenvolvimento do país passou a se intensificar com o mercado financeiro, fortifica a competitividade na indústria. Pela aceleração deste desenvolvimento e situação econômica inflacionária nas últimas duas décadas, muitas vezes o fator tempo ganhava espaço contrapondo a qualidade a ser alcançada. Onde a velocidade da construção deveria vencer os índices inflacionários. Com a estabilização da economia e com a entrada de capital investidor a médio e longo prazo na indústria da construção, passou-se a exigir parâmetros mais restritos sobre a qualidade. A construção integrou em seus quadros de produção não só profissionais na área de engenharia, mas também em administração, marketing, recursos humanos, direito e defesa do consumidor entre outros. Acontecendo assim em vários ramos da indústria. Desta maneira inicia-se a busca pelo diferencial do produto. O motivo fundamental deste trabalho é reforçar um conceito onde nas falhas e vícios se perde competitividade. Através da especialização na compatibilização de projetos será atacado o problema na sua base, ou seja, antes de começar a materialização. A nova filosofia das empresas prestadoras de serviço na área da construção abrange primordialmente o binômio qualidade economia do produto a ser utilizado visando à satisfação do cliente. Capítulo 5 – Conclusão 76 Estes vícios decorrentes como a falta de qualidade, má produtividade, desperdício de materiais e tempo, prejuízos financeiros tornam-se recorrentes. A partir dos estudos de caso ficou comprovado que um dos principais pontos negativos é o setor de planejamentos e projetos. A tendência é resumir os problemas destacando algumas sugestões como compatibilização, gerentes e espaço centralizador dos projetos, para adequação do processo construtivo e tecnológico, considerando o projeto como a integração dos seus componentes. A arquitetura como idealizadora do projeto, compete a integração dos diversos sistemas construtivos e do aproveitamento dos recursos tecnológicos. Cada um destes recursos separadamente faz parte de um todo, não se extrai recursos isoladamente. A arquitetura nasce de ideologias sustentáveis onde o correto diálogo ocorre na linguagem entre as várias tecnologias. Onde o poder de decisão do profissional conquista o mercado. Os estudos de caso possibilitaram a análise das principais motivações, expectativas e dificuldades encontradas no decorrer do processo de produção, desde a concepção do projeto, impactos na cultura organizacional até a obra, como produto final e resultados alcançados. O que realmente se faz necessário na qualidade do projeto, foi o ocorrido que capturamos como exemplo em determinados momentos nas casas “B” e ”C”, é a viabilidade da geração de um conceito complementar podendo ser um espaço centralizador. Um novo papel importante surge, o agente coordenador, profissional “chave de projetos”. Este novo conceito tem função de reunir e salientar pontos importantes que devem ser considerados como a leitura simultânea dos projetos. No espaço centralizador os desenhos são conferidos onde pequenos erros, falhas de representação, omissões e incompatibilidade, anseios divergentes, são solucionados antes de chegar à etapa de execução e em tempo hábil para o desenvolvimento e discriminações técnicas e orçamentárias, programação e cronograma da obra e todos os demais documentos descritivos, analíticos, legais, entre outros que envolvem o projeto. O diagnóstico principalmente a partir de algumas experiências ocorridas na casa “A” permitiu apontar necessidades a serem supridas na fase do Capítulo 5 – Conclusão 77 planejamento, bem como se fazendo realizar condicionantes a preservar, potencialidades a explorar, filtrando claramente as deficiências resolvendo-as e eliminando-as conforme necessário. Propondo o envolvimento de cada gerente de projetos com a logística de obras, à harmonização das informações, não tendo uma retroatividade do projeto, mas sim uma real conclusão da obra, com todo detalhamento necessário. Criando o espaço centralizador, lugar e momento físico e ideológico que ressalta a relação do projeto centralizador de interfaces e evoluções em cada uma das etapas, absorvendo interferências dos projetos complementares. O gerente de projetos absorve todos os detalhes e pormenores na obra que será executada. Desta maneira considerando o grande número de profissionais envolvidos, se gerencia e evita a possibilidade de conflito entre as partes. A materialização do sistema capitalista passou a exigir da indústria como um todo maior competitividade e eficiência para construir. Isto se refere não só a qualidade total nos resultados, mas também na somatória dos processos de produção. Inserindo este processo de melhoria na construção de edificações, as etapas de produção desde o projeto devem ter sua importância. Para este reconhecimento ser efetivado, o conjunto dos projetos elaborados, por meio da consideração de informações e indicadores que deve propiciar a satisfação de necessidades do empreendimento e das edificações, como maior compreensão das necessidades dos clientes, padronização das etapas de produção, melhoria da qualidade do produto, redução do retrabalho com conseqüente ganho de produtividade e vantagem competitiva. Desafiando as etapas do processo de produção com soluções e especificações técnicas que permitam a obtenção de melhores níveis de produtividade nos processos e de qualidade dos produtos finais. Cronogramas de projetos efetivos com espaço de tempo suficientemente para as adequações pertinentes exige dos profissionais envolvidos uma consciência de adaptação às normas estabelecidas que a qualidade está diretamente relacionada com a capacitação técnica, mesmo que gerando um Capítulo 6 – Referências Bibliográficas 79 6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 9000: Sistemas de Gestão da Qualidade – fundamentos e vocabulário. Rio de Janeiro, 2000. ______. NBR ISO 9001: Sistemas de Gestão da Qualidade – requisitos. Rio de Janeiro, 2000. ___ (a). ALBUQUERQUE NETO, Edson Toledo de; MELHADO, Sílvio B. A Certificação de Sistema da Qualidade pelas Normas ISO 9000 e a sua Aplicabilidade em Escritórios de Projetos no Setor da Construção Civil no Brasil. São Paulo. EPUSP, 1998. ___ (b). ALBUQUERQUE NETO, Edson Toledo de; MELHADO, Sílvio B. Tecnologia e Gestão na Produção de Edifícios. São Paulo, 1998. AMORIM, S. R. L. Qualidade do Projeto: Uma Abordagem Voltada para os Escritórios de Arquitetura. Rio de Janeiro, PROARQ/ FAU/ UFRJ, Anais, 1997. BAIA, Josaphat L. Sistemas de Gestão da Qualidade em Empresas de Projeto: Aplicação ao Caso das Empresas de Arquitetura. USP, São Paulo. 1998. BAIA, Josaphat L. ; MELHADO, Sílvio B. A Postura Atual das Empresas de Projeto em Relação à Gestão da Qualidade. São Paulo. EPUSP, 1998. BARROS, Mércia M. S. Bottura. Implantação de Tecnologias Construtivas Racionalizadas no Processo de Produção de Edifícios – Proposição de um Plano de Ação. USP, São Paulo. 1997. CARDOSO, F. F.; SILVA, F. B.; FABRÍCIO, M. M. Os Fornecedores de Serviços de Engenharia e Projetos e a Competitividade das Empresas de Construção de Edifícios. São Paulo, 1998. Capítulo 6 – Referências Bibliográficas 80 CAZET, Adriano Felice; JOBIM, Margaret S. S.; LOVATTO, Sidnei da Silva. A validação de Projeto em Empresas Construtoras e Incorporadoras. Santa Maria, RS, UFSM, 2002. CONCEIÇÃO, Edmilson A. A Evolução da Qualidade. Qualidade na Construção. São Paulo, 1998. CORNICK, T. Quality Management for Building Design. Buttermorth – Heineman Ltd, Guilford, 1991. DUARTE, Técia Maria Pereira; SALGADO, Mônica Santos. O Projeto Executivo de Arquitetura como Ferramenta para o Controle da Qualidade na Obra. Rio de Janeiro, 2002. DE VRIES, F. M.; de BRUIJN, J.J. Quality Management Process During: Rules And Actions Required/ Basic Considerations. In: La Qualitè Pour Les Usages Des Batiments a Travers Le Mond – Congres International, 11, Paris, 1999. Proceedings. Paris: Cib, 1989. v1. p11 – 20. GRILO, Leonardo M.; PEÑA, Monserrat D.; SANTOS, Wiza; FILIPPI, Giancarlo; MELHADO, Sílvio B. Análise da Implementação dos Princípios da Qualidade em Empresas de Projeto. 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A Questão é: Podemos ter Qualidade no Canteiro de Obras? Téchne. São Paulo, 1997. WOOD, Jr. T. Teoria Sistêmica Avançada e a terceira onda da Qualidade. São Paulo, Revista Politécnica n° 211, 1993. Capítulo 5 – Conclusão 78 custo inicial superior, Investimento este primordial e facilmente retornável na sistemática da obra. Capítulo 7 – Anexos 7 – ANEXOS 83 Capítulo 7 – Anexos 7.1 – ANEXO RESIDÊNCIA UNIFAMILIAR “A” Ilustração 7.51 – Planta baixa pavimento térreo 84 Capítulo 7 – Anexos Ilustração 7.52 – Planta baixa pavimento superior 85 Capítulo 7 – Anexos Ilustração 7.53 – Planta baixa pavimento inferior 86 Capítulo 7 – Anexos Ilustração 7.54 – Planta baixa estrutura cobertura 87 Capítulo 7 – Anexos 88 Ilustração 7.55 – Planta de cobertura Capítulo 7 – Anexos 89 Ilustração 7.56 – Cortes Capítulo 7 – Anexos 90 Ilustração 7.57 – Fachadas Capítulo 7 – Anexos 7.2 – ANEXO RESIDÊNCIA UNIFAMILIAR “B” Ilustração 7.58 – Planta baixa pavimento térreo luminotécnico 91 Capítulo 7 – Anexos Ilustração 7.59 – Planta baixa pavimento superior luminotécnico 92 Capítulo 7 – Anexos Ilustração 7.60 – Implantação/ cobertura 93 Capítulo 7 – Anexos 94 Ilustração 7.61 – Fachadas/ cortes Capítulo 7 – Anexos Ilustração 7.62 – Planta baixa estrutural – locação das sapatas 95 Capítulo 7 – Anexos Ilustração 7.63 – Planta baixa estrutural forma pavimento térreo 96 Capítulo 7 – Anexos Ilustração 7.64 – Planta baixa estrutural forma pavimento superior 97 Capítulo 7 – Anexos Ilustração 7.65 – Planta baixa estrutural – cobertura 98 Capítulo 7 – Anexos 99 7.3 – ANEXO RESIDÊNCIA UNIFAMILIAR “C” Ilustração 7.66 – Situação Capítulo 7 – Anexos Ilustração 7.67 – Planta baixa cobertura 100 Capítulo 7 – Anexos Ilustração 7.68 – Planta baixa pavimento térreo – luminotécnico 101 Capítulo 7 – Anexos Ilustração 7.69 – Planta baixa pavimento superior – luminotécnico 102 Capítulo 7 – Anexos Ilustração 7.70 – Planta baixa subsolo – luminotécnico 103 Capítulo 7 – Anexos 104 Ilustração 7.71 – Cortes Capítulo 7 – Anexos 105 Ilustração 7.72 – Fachadas Capítulo 7 – Anexos Ilustração 7.73 – Planta baixa estrutural – locação das sapatas 106 Capítulo 7 – Anexos Ilustração 7.74 – Planta baixa estrutural – forma pavimento térreo 107 Capítulo 7 – Anexos Ilustração 7.75– Planta baixa estrutural – forma pavimento superior 108 Capítulo 7 – Anexos Ilustração 7.76 – Planta baixa estrutural – cobertura 109