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Sobre o Terceiro Edital
Oi Kabum! Salvador
O Terceiro Edital Oi Kabum! Salvador foi mais um desafio
para o Núcleo de Produção ao aceitar trabalhar com as
quatro linguagens da escola: vídeo, fotografia, design
gráfico e computação gráfica, potencializando a dimensão
da interatividade. O ponto de partida foi o Seminário de
Arte e Tecnologia Oi Kabum! Salvador, realizado em parceria
com o Programa de Pós-Graduação Multidisciplinar em Cultura
e Sociedade da Universidade Federal da Bahia, em maio de
2011. Foram cinco meses de muito trabalho, muita pesquisa,
muitas dificuldades e muito prazer. A troca de conhecimento
entre os jovens e profissionais foi muito importante para o
sucesso do edital, pois os cinco projetos realizados foram
novidade para todos, com os desafios sendo vencidos a cada
dia, sendo o processo tão importante quanto o resultado. As
obras resultantes dos projetos trazem não só a preocupação
em articular arte e tecnologia, mas também propõem um diálogo
com questões sociais, políticas e culturais que inquietam
os jovens, como acessibilidade, meio ambiente, artistas
invisíveis e valorização da cultura local. O resultado é
a exposição Toque Para Mover Sentidos, com as idéias dos
jovens materializadas nas cinco instalações interativas.
Jean Cardoso
Coordenador do Núcleo de Produção Oi Kabum! Salvador
Sobre o Projeto Pelourinho Digital
O Pelourinho pode ser percebido como uma síntese bem peculiar
da cidade de Salvador, uma cidade encantada, caracterizada
por uma beleza natural e cultural singular, mas que, ao
mesmo tempo, é marcada como uma das capitais brasileiras
com maior grau de desigualdades sociais do Brasil.
Trabalhar neste lugar tão paradoxal quanto fascinante
nos estimula a desenvolver vários olhares. Perambulando
e perdendo-se por ruas e becos, subindo e descendo
ladeiras, conversando com a gente que vive e trabalha
no Pelourinho, embalados pelos ritmos que soam em cada
esquina, impregnados pelos cheiros da culinária afrobrasileira, sentimos os ecos de sua história, uma história
que se confunde com a História da própria Salvador.
Destaca-se, assim, como um lugar de memória, com marcas
afetivas, históricas e culturais, território que precisa
ser preservado e ao mesmo tempo reinventado. Passou
por momentos de prosperidade e processos profundos de
degradação e abandono, sem nunca deixar de ser pulsante.
Nas palavras do escritor Odorico Tavares, o Pelourinho
reserva uma beleza serena e trágica que nunca se cansa,
nem se repete. Foi e continua sendo fonte de inspiração de
artistas, como Pierre Verger, Gregório de Mattos, Carybé
e o memorável Jorge Amado: “(...) no Pelourinho, iniciei
minhas universidades e aprendi a acreditar em milagres.”
Também inspirados por este cenário, concebemos o projeto
Pelourinho Digital. O projeto é uma iniciativa da CIPÓ
- Comunicação Interativa, apoiado pelo programa Oi
Patrocínios Culturais Incentivados do Oi Futuro, através do
programa FAZCULTURA das Secretarias da Cultura e da Fazenda
do Estado da Bahia. A proposta é uma ação expandida da Oi
Kabum! Salvador e fundamenta-se em um processo formativo na
linguagem de Webdesign e no desenvolvimento de produtos de
comunicação digital realizados por jovens, como sites, blogs,
animações e vídeos para Internet. Os jovens participantes
são moradores do Centro Antigo e de outros bairros da cidade.
Desde 2008, experimentamos práticas que possibilitam aos
jovens vivenciarem processos criativos, apropriando-se de
técnicas e elementos estéticos, explorando o potencial
expressivo das tecnologias, tornando-se autores de textos
e imagens. O processo acontece articulado, ainda, ao
trabalho com os conteúdos transversais de Desenvolvimento
Pessoal e Social e Oficina da Palavra. Os produtos criados
são elaborados a partir de pesquisas e mapeamentos
artístico-culturais que envolvem temáticas sobre o
Pelourinho e demais regiões do Centro Antigo de Salvador.
Na exposição Toque Para Mover Sentidos, apresentamos o
resultado final da segunda turma do Pelourinho Digital.
Neste ciclo, decidimos centrar nossas pesquisas na
trajetória de pessoas que realizam atividades artísticas
e culturais no Pelourinho e que têm um forte vínculo com
esta região. Os artistas escolhidos foram: Bira Reis,
pesquisador, músico e educador; Negra Jhô, cabeleireira,
estilista e referência em estética afro; Mamulengos da
Bahia, grupo liderado por Mestre Elias, que mantém viva a
tradição do teatro de bonecos, e o Grupo Nova Saga, banda
de Rap formada por jovens do Pelourinho. Nossa história
com estes artistas iniciou-se em 2008, quando retratamos
um pouco de seus percursos no site e na revista Olha
Aí o Pelô, produtos também criados pelo projeto. Todos
declaram seu amor pelo Pelourinho. Não por acaso, diz Negra
Jhô: “Eu faço do Pelourinho a minha casa, o meu palco”.
Nossa idéia foi oferecer, para cada artista ou grupo
escolhido, um site que funcionasse como uma ferramenta de
divulgação de sua atuação. Além disto, apostamos que este
processo proporcionaria aos jovens uma rica experiência de
formação e de preparação para o mundo do trabalho. Para
garantir a marca interativa, assumida nesta exposição,
concebemos uma instalação que permite aos visitantes
acessarem os conteúdos dos sites a partir da interação
com obras dos quatro artistas. Estas obras foram dispostas
em um mapa do Pelourinho em que as linhas das ruas foram
construídas por palavras que tivessem relação com estes
artistas. Caminhando por este mapa, os visitantes, além de
acessarem o site, podem escutar depoimentos dos artistas.
Desejamos
que
este
trabalho
possa
provocar
o
envolvimento sensível e reflexivo com o Pelourinho,
apostando que arte e tecnologia podem exercer um papel
diferenciado na tessitura de outras formas de decifrar
e vivenciar este espaço e, assim, reconstruí-lo.
Juliana Machado
Coordenadora do Projeto Pelourinho Digital
Arte e vida
A palavra tecnologia, hoje, é muito usada para vender
coisas ou chamar a atenção para algo de qualidade; assim
também acontece com a arte; ela também é usada para vender
coisas e é muitas vezes entendida como algo somente
bonito, agradável aos olhos. Deste grande mercado, o
público principal são os jovens. A arte e a tecnologia
são dois elementos que detêm um grande poder de influência
sobre as pessoas, mas qual a relação que temos vivido de
fato, hoje, com a arte e tecnologia? Será que estão a
serviço somente do mercado? Esta é uma questão crucial
quando se trata de trabalhos artísticos voltados para
processos educacionais usando a tecnologia contemporânea
como suporte. O que se vê, principalmente na internet e
nos eventos contemporâneos de arte, é uma enorme produção
artística que usa a chamada “nova tecnologia” para lançar
um olhar diferente sobre determinados produtos existentes
no mercado ou visa o entretenimento, que também pode ser
visto como mais um produto a ser vendido. E nova questão
surge: será que o binômio arte e tecnologia serve somente
para nos deslumbrarmos cada vez mais com experiências
divertidas e inusitadas? Felizmente, a resposta é um
não bem grande. Enquanto as indústrias organizam seus
lançamentos associados a eventos artísticos, em algum outro
lugar, e com menor público, há jovens criando soluções para
problemas comuns das cidades utilizando arte e tecnologia.
Desde o primeiro encontro com os jovens criadores da
exposição Toque para Mover Sentidos, houve um cuidado e
uma atenção especial para que a orientação dos trabalhos
lançasse olhares para algumas questões da nossa vida
cotidiana e que não servisse somente para ser uma
experiência usando novas máquinas e novos programas de
computador. O processo de criação e realização artística,
usando suportes tecnológicos, deve acompanhar uma
reflexão crítica sobre o mundo em que vivemos e o porquê
de utilizarmos determinados aparatos técnicos. Os jovens
que participaram deste processo trouxeram, de diversas
maneiras, seus universos de inquietações e suas realidades
vividas. Assim, a introdução a temas como o papel da arte
em nossas vidas, a importância da escolha dos materiais
utilizados, o entendimento de como funciona uma programação
de computador e o que queremos quando propomos uma
instalação artística interativa, foram muito importantes
para todo o processo de realização dos trabalhos.
Reciclagem tecnológica, utilização de software livre e
muita experimentação para compor as instalações, foram
indicações de que é possível uma intervenção no cotidiano
e uma comunicação direta com as pessoas através da arte e
tecnologia. Temas de interesse público, como acessibilidade
para cadeirantes, outras rotas de turismo, espaços
para compartilhar criações pessoais, reciclagem de lixo
doméstico e subjetividade humana, foram abordados pelos
cinco grupos com precisão no uso de uma linguagem artística
contemporânea que faz uso da tecnologia. Sem virtuosismos
tecnológicos, com decisões orientadas para o discurso
artístico proposto e com um olhar focado na direção de uma
vida melhor na cidade, o resultado da exposição foi apenas o
ponto de partida para criações artísticas mais inteligentes,
menos consumistas e mais compartilhadas com o público.
Como artista que usa tecnologia contemporânea e também
como educadora, tive uma experiência de troca com os
jovens que reafirma a idéia de que a arte e os suportes
disponíveis podem intervir positivamente em nossas vidas.
Silvana Rezende
Artista, videoasta e mestranda do Programa de Pós-Graduação
em Cultura e Sociedade da Universidade Federal da Bahia.
Convergência, arte e tecnologia
Estamos em um momento de convergência. Estamos interconectados de
múltiplas formas e nossas ferramentas são dinâmicas e reconfiguramse diariamente. Somos bombardeados de informação, incentivados a
estar atualizados, a consumir o novo. Durante o processo de trabalho
junto aos alunos do edital da Oi Kabum! Salvador, trouxemos estas
reflexões para debate, buscamos entender o papel da tecnologia em
nossas vidas, pensá-la como um elemento transformador, um meio de
expressão onde podemos produzir sensações estando conscientes de suas
capacidades e limitações. As obras produzidas são conseqüência deste
processo. Situam os jovens como criadores lúcidos desta realidade e
conectados ao seu entorno, agentes importantes em nossa sociedade.
Fernando Krum
Engenheiro, educador, produtor de novas mídias e mestrando do
Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade da Universidade
Federal da Bahia.
Arte digital, laboratório e o toque
Durante muitas décadas, fomos privados de tocar obras de
arte em museus. As esculturas deviam ser observadas com a
visão e a fruição era cada vez mais visual e auditiva. Pouco
a pouco, fomos esquecendo os demais sentidos, quando nos
referimos à fruição artística. Com a arte contemporânea,
este cenário começa a mudar e as instalações já nos fazem
usar de outros sentidos além da visão. Por sua vez, a arte
digital, em sua grande maioria, é uma arte interativa, e
esta interatividade demanda do toque, dos sentidos, da
percepção. A exposição Toque para Mover Sentidos retrata
de forma clara esta tendência atual de interagirmos com
as obras de arte; perdemos o medo de tocar.
No entanto, as obras apresentadas na galeria da Oi Kabum!
são somente a ponta do iceberg. Neste tipo de projeto, o
que mais interessa é o processo de meses de criação, um
processo de aprendizagem, de concepção, de colaboração e
de revelação. Neste caminho, os jovens artistas tiveram
seu primeiro contato com o código, tanto na forma de
produção, como de conceito da obra. O código, aqui,
“abre a possibilidade de não somente criar ferramentas,
mas também sistemas, ambientes, e modos de expressão
inteiramente novos”.1
A Oi Kabum! funciona como um laboratório de mídias digitais
para criação e inovação. David Edwards2 apresenta cinco
experiências-chaves neste tipo de laboratório: aprender a
dar importância, aprender a chegar a um consenso, aprender
a aprender, aprender a persuadir e aprender a agir. Estes
aprendizados são negociações internas do grupo, são as
formas de pensar e agir colaborativamente, pontos-chaves
dos trabalhos aqui apresentados.
Ao mesmo tempo, percebemos em Toque para Mover Sentidos uma
preocupação com questões primordiais da contemporaneidade.
É uma arte política, uma arte engajada, que nos deixa
levar pelos sentidos e emoções. O corpo do fruidor e
o ambiente interativo criado, seja ele por um apertar
botão, um tocar na tela ou mover-se numa cadeira de
rodas, nos fazem refletir sobre acessibilidade, lixo,
arte, identidade, território e cultura. Nosso corpo e
nossas ações formam parte destas obras, percebemos o que
acontece e interagimos para compreender.
Toque para Mover Sentidos é a arte do “faça-você-mesmo”
(DIY), do engembrado, da gambiarra eletrônica... Uma arte
de encontrar soluções, de resolver problemas, de entender
o processo e de construir coletivamente. Aqui, o toque
não está somente na fruição, mas também no contato com o
outro, no pensar coletivo, na perda do medo de tocar e
de criar em conjunto. Finalizando, deixo o convite para
o toque – uma aproximação com as obras e conceitos desta
exposição.
Karla Brunet
Doutora em Comunicação Audiovisual
pela
Universitat Pompeu
Fabra (Espanha), professora do Instituto de Artes, Humanidades
e Ciências e do Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade
da Universidade Federal da Bahia. Atua principalmente nos temas
Cibercultura, Arte Digital, Arte e Tecnologia e Fotografia.
1 Tradução de “code opens the possibility of not only creating
tools, but also systems, environments, and entirely new modes
of expression”. REAS, C. et al. Form+code in design, art, and
architecture. 1st. ed. New York: Princeton Architectural Press,
2010.
2 EDWARDS, D. A. The lab : creativity and culture. Cambridge, Mass.:
Harvard University Press, 2010.
Mover sentidos / mudar rumos
Números e estatísticas costumam impressionar. Trazem
muitas vezes dados que surpreendem por sua contundência.
Indicam, por exemplo, que mais da metade da população
deste continente é formada por jovens. Indicam também
que, hoje, parte expressiva destes jovens está fora
da escola e que este é o segmento da população mais
afetado pela violência tão presente em nossas cidades.
Sim, números e estatísticas têm sua importância quando
se trata de dimensionar determinados aspectos de nossas
vidas; tornam mais evidentes algumas das assimetrias e
desigualdades que caracterizam nossas sociedades. Mas
esta é apenas uma parte da história. Porque números –
dizem – são exatos. E cidades e pessoas são feitas de
matizes, sutilezas, nuances. Números nem sempre coincidem
com o que constatamos de perto, cotidianamente.
Se é verdade que alguns de nossos bairros não oferecem o
mínimo essencial para uma vida digna, se é verdade que há
cidadãos que vivem hoje em condições mais do que precárias,
também é verdade que uma cidade são muitas cidades. As
notícias que ocupam a primeira página de nossos jornais
insistem em fazer crer que o caos está definitivamente
instalado. Mas há uma cidade e há cidadãos que ficam fora
das estatísticas e das manchetes dos jornais todos. Há
uma cidade e há cidadãos que acontecem longe dos holofotes
e que, sem perceber, colocam em xeque os clichês que se
repetem sobre a juventude e sobre a vida na urbe.
Mover sentidos. Este é o convite que nos fazem estes
jovens criadores, jovens cidadãos. “Tocar para Mover
Sentidos” implica se aproximar, implica interagir,
implica sentir de perto. Olhar-sentir a cidade como um
cadeirante, por exemplo; ser cadeirante por um instante o tempo suficiente para comprovar que participamos de um
jogo em que só se ganha se ninguém sai perdendo.
Intervir no bairro é intervir na cidade e é intervir
no mundo. Nos mundos que há nos bairros e nas pessoas
– pessoas que escrevem, pintam, dançam, cantam, vivem,
sentem. Que dotam de outros sentidos termos como sucata e
subúrbio. Que descobrem, desvelam personagens, paisagens,
lugares. Que mostram que o trem, mais que meio cotidiano
de transporte, é vetor de experiências que renovam os
sentidos dos lugares por onde circulam nossos corposilhas. Nossos corpos-ilhas que raras vezes se percebem
rodeados de poesia por todos os lados.
E é assim, na confluência de sutis, discretas histórias,
na combinação lúdica de desejos e sensibilidades, que
estes jovens, cidadãos, sujeitos políticos, aprendem a
planejar, a trabalhar em equipe, a administrar crises,
conflitos, tensões. Cada um à sua maneira, contando a
história desta cidade, contando as histórias que às
vezes sem saber compartilhamos. E é assim, discreta e
afetivamente, que o mundo vai tomando outro rumo.
Carlos Bonfim
Doutor em Comunicação e Cultura pelo Programa de Pós-Graduação
em Integração da América Latina da Universidade de São Paulo,
professor do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências da
Universidade Federal da Bahia, atuando principalmente nos temas
música, juventude e cultura latino-americana.
Os sentidos se movem
A produção artística em todos os níveis, com todas as
linguagens e suportes, sempre ocupou um lugar de destaque
na sociedade, demandando apoio de políticas públicas
consistentes. Em tempos de crise, mexer com a cultura
é algo temerário e que reverbera de forma imediata e
negativa na sociedade. Portugal e a crise do projeto da
comunidade européia que o digam! As reações vêm de todos
os lados, porque sem cultura não há vida.
Na Bahia dos anos 50 do século passado, o reitor Edgard
Santos percebeu que uma universidade com vocação para
as artes e cultura poderia aqui ser implantada e se
consolidar como um baluarte desta terra. Trouxe para cá
figuras notáveis em todas as linguagens. Ainda vivi um
pouco daquela efervescência, que ainda perdurou até os
anos 70. Lembro fortemente da “convivência” com Walter
Smetak e sua Harley-Davidson preta circulando da Federação
para a Escola de Música, no Canela. Eu estava sempre
nas segundas da Reitora da UFBA para ver os concertos
com o próprio Smetak e seus instrumentos malucos, ou
outros concertos sob a regência de Lindemberg, Widmer
e Bastianelli. No teatro, sabíamos de Koellreutter, mas
acompanhávamos Possi Neto, Othon Bastos, Harildo Deda,
Nilda Spencer, Lia Mara e tantos outros. Ouvíamos falar
da marcante presença de Lina Bo Bardi e o “seu” MAM
debruçado na Baía de Todos os Santos. Na dança, lembro
bem dos festivais no TCA e de Lia Robatto, Clyde Morgan,
Carmem Paternostro, Dulce Aquino, e tantas outras, tantos
outros e tantas coisas mais. E o ICBA bombava.
Já mais adiante, vivi um tempo no qual, no Pelourinho,
havia também o Maciel. Lugar de gente rica, rica porque
apesar de suas precaríssimas condições de vida, sabia,
como sempre o fizera, criar, e criar muito... Convivi
com Haidil Linhares e tantos outros colegas no IPAC,
onde ajudávamos a intensificar os processos criativos dos
moradores do Centro Histórico. Nessa época, falo do final
dos anos 70, o Olodum começava a bater os seus primeiros
tambores ali na quadra do Teatro Miguel Santana. E
Clarindo já estava por lá, no cantinho do Terreiro, com
a sua Cantina da Lua. E ele continua por lá... Do outro
lado da praça, tinha o Centro de Estudos Afro-Orientais/
UFBA, hoje tem a Oi Kabum!. O tempo passou.
No final do século passado, assistimos à “invasão” dos
computadores e à chegada da internet, com a UFBA de novo
na liderança. Os computadores e a internet tomaram conta
de vários espaços e tempos, tudo ficou “ao mesmo tempo,
aqui e agora”, como cantam os Titãs.
A arte se transformou, continua a se transformar e a
modificar as nossas vidas. Essa é a função da arte, é
a função da Escola, escrita com esse E maiúsculo, sim
senhor! Seja a escola formal, seja a escola do cotidiano
das cidades.
Um salto no tempo e voltamos ao Centro Histórico de
Salvador, que floresce com o trabalho de jovens artistas
que, reunidos pela Oi Kabum!, fazem no Pelourinho muitas
artimanhas. Algumas delas podem ser vistas aqui neste
catálogo. Ele é fruto de um trabalho que relaciona, de
forma intensa e criativa, cultura e tecnologia, tecnologia
e (in)formação, produção descentralizada e colaborativa,
convergência de meios e linguagens, num caldeirão rico de
produção colaborativa. Fazendo educação.
Processos criativos que usam computadores e internet para
se fazer outra arte. Para se fazer mais arte.
Toque para Mover Sentidos é resultado de um processo. É
processo e é produto, materializado nas seis instalações
interativas e quatro sites criados pelos jovens sobre
artistas que habitam o Centro Histórico, mas que ainda
não habitavam o ciberespaço.
Quando vi pela primeira vez esses trabalhos expostos
ali no Terreiro de Jesus, aqui em Salvador, lembrei
imediatamente do compositor G. M. Koenig, entrevistado
por Steven Holtzman para o seu livro Digital Mantras.
Ele afirmava que o computador não foi criado para que
fizéssemos a mesma música. Para ele, a tecnologia veio para
fazermos outra música, outras artes. E eu complemento:
outras educações. É isso que essa turma vem aprontando.
Outra arte, outra educação, outra presença no Pelourinho
e na cidade, outra cidadania. Ou melhor, assumindo, de
fato, sua cidadania plena.
Como me dizem todos os envolvidos nos projetos da Oi
Kabum!, o que os une é que eles estão centrados na
produção colaborativa, a partir de linguagens e meios
tecnológicos. E fico feliz porque tudo isso é feito com
uso pleno de softwares livres e, mais interessante ainda,
com o uso do Arduino, um hardware também livre, que
está se constituindo como uma nova etapa da nossa luta
pelas liberdades na produção de cultura, da ciência, da
tecnologia e da educação.
A exposição está aí. O catálogo aqui em suas mãos.
A expectativa é de que essa amálgama toda lhe possibilite,
inspirado nela, compreender a riqueza dos processos
criativos e a sua importância para a educação. Aproveite.
Nelson Pretto
Físico, Doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de
São Paulo, professor da Faculdade de Educação da Universidade
Federal da Bahia, atuando nos seguintes temas: internet, educação
e comunicação, informática educativa, tecnologia educacional e
software livre.
IN
TER
ART
EMBRIÃO
O edital nos foi apresentado no final de 2011, como uma
proposta interessante e inovadora, a partir de palestras e
oficinas, no Seminário de Arte e Tecnologia da Oi Kabum!.
Durante uma semana, tivemos contato com profissionais da
área: pela manhã, com palestras e, à tarde, com oficinas.
Esse seminário serviu como suporte para a geração de
idéias dos nossos futuros projetos.
INTERAÇÕES
Participar do edital, nesse início, parecia muito fácil.
E foi com este pensamento que fomos nos inscrever: com
uma idéia base e um nome para o nosso projeto. Éramos
quatro jovens de linguagens artísticas diferentes, em
início de carreira, e tínhamos um ponto em comum
que era a falta de espaço para divulgação de
nossas criações. Fizemos uma pesquisa e descobrimos
que esta é uma necessidade da maioria dos jovens que
criam e trabalham com artes visuais: fotografia, vídeo,
design, desenho, computação gráfica. Unimos, então, o
útil ao agradável e criamos o INTERART, um espaço
(BLOG) para jovens de 15 a 25 anos, que moram
na cidade de Salvador, divulgarem seu trabalho
e interagirem entre si e com o público, com
direito a exposição e premiação. O nome INTERART
surgiu da proposta do Edital, que seria montar uma exposição
interativa, e da ligação direta do nosso projeto com a Arte.
ENCONTROS E DESENCONTROS
Partimos para a oficina de projeto, na qual aprendemos
como fazer um planejamento, desde a descrição da
idéia até o orçamento. Tivemos bastante dor de cabeça
no período da oficina, pela falta de horário disponível
de toda equipe, e acabamos perdendo dois integrantes,
por conta de disponibilidade. Não permitimos que este
obstáculo nos deixasse desanimadas e partimos para mais
um passo do projeto: dar inicio à primeira parte do nosso
planejamento - o Blog, nosso espaço de encontro com os
criadores!
Tivemos que pensar e desenvolver todo o conteúdo do Blog,
do texto à estética, o que foi trabalhoso e nos exigiu
bastante tempo e disponibilidade. Tivemos muitos encontros
e reuniões até o Blog ficar pronto e aí então partimos
para a divulgação, que foi realizada pela internet, nas
redes sociais e por cartazes espalhados pelos bairros,
colégios e pontos freqüentados por jovens. O resultado
da divulgação não foi o esperado. Tivemos que prorrogar
as inscrições dos trabalhos e oferecer premiações, o que
aumentou o número de inscritos.
Logo depois dessa etapa, postamos os trabalhos no Blog e,
a partir daí, os participantes poderiam divulgar e pedir
para os amigos votarem.
Foi aí que deparamos com mais um problema: os votos
no Blog não estavam sendo contabilizados. Mais uma vez
pulamos as barreiras e partimos para uma segunda opção,
que foi criar uma página no Facebook, onde aconteceriam
as votações usando a função ‘curtir’ da rede social.
As votações terminaram no dia 09 de abril de 2012 e tivemos
10 criações mais votadas, que estiveram na exposição,
sendo que as três primeiras foram premiadas.
COMO EXPOR?
Seguindo o fluxo do nosso trabalho, passamos pela
Oficina de Programação, para nos guiar e auxiliar na
busca de soluções e possibilidades para nossa instalação
interativa na galeria. Esta etapa foi das mais desafiantes.
Tivemos que pensar em uma instalação que fosse
interativa e, ao mesmo tempo, valorizasse os
trabalhos dos criadores, sem que precisássemos
fazer alterações neles. Apesar da dificuldade,
conseguimos uma solução, que não foi nenhum bicho-de-sete-
cabeças: fazer uma representação da nossa marca, com um
cavalete e um tablet, fisicamente instalados na galeria.
Os visitantes faziam desenhos no tablet, visualizando-os
em uma projeção, criando, assim, desenhos colaborativos,
que eram enviados, na mesma hora, diretamente do espaço
da exposição para o nosso Blog. A maior dificuldade, além
da falta disponibilidade das integrantes para desenvolver
o trabalho, foi o contato com a linguagem de programação,
que é algo totalmente inovador na vida da gente.
PERDAS E GANHOS
Mesmo com tantos altos e baixos no nosso processo
de trabalho no edital, o que fica mesmo é o valor da
experiência, da participação e da oportunidade que foi
aprender como lidar e superar as dificuldades
que encontramos desde o princípio, sem perder
o comprometimento com o trabalho e valorizando
sempre a importância da equipe.
Kaline dos Anjos e Thamires Vieira
4
1
2
3
INTERART – Blog interativo voltado para jovens artistas visuais não profissionais. O Blog funciona como uma galeria
de arte na qual os trabalhos são avaliados e os mais votados ganham uma exposição física e online. Na galeria: dois
monitores. Um deles mostra o Blog com os desenhos dos visitantes (1), e o outro (2), a seleção de fotos do concurso
publicada no mesmo Blog. Os desenhos são feitos através do tablet (3) e visualizados na projeção (4).
Idealização e Produção - Kaline dos Anjos e
Thamires Vieira Programação do Blog - Renan Morais
Design - Rafaela Cerqueira
Assistente de Design - Caroline Rodrigues
Jovens Participantes do Concurso do Blog INTERART: Ariel
Correia / Arlen Mauricio / Cidy Cardoso Calheira / Cristiane
Arruda / Danillo Rebelo / Eric das Virgens / Gerson Assis
/ Jonatas Freitas / Josemar Oliveira / Juliane Gabillaud /
MarinaLima/WiliamSoares/TamaraNascimento/RaissaRibeiro.
PO
IMA
GEM
DUAS IDÉIAS NA CABEÇA E
DESCONSTRUÇÃO TOTAL DO QUE PENSAMOS:
Assim surgiu o PO-IMAGEM. Nosso projeto foi criado de uma
forma bastante peculiar, afinal, Marina Lima e Bianca
Lessa tinham idéias diferentes, mas que, de certa forma,
se completavam. Uma queria trabalhar com videodança
misturada com poesia e a outra, com música.
E o que é a dança sem a música, a música sem a poesia? E
vice-versa? Depois de juntarmos os nossos projetos, veio
a oficina de elaboração de projetos, com Chico Assis,
que foi a base para que tudo desse certo na hora da
prática. Em seguida, a procura por integrantes para a
equipe, que por sinal não foi fácil. Passaram e se foram
várias pessoas, mas no final, restamos só nós duas, as
sobreviventes (risos). Passada essa oficina, pronto, era
só esperar o resultado... Fomos aprovadas! E o pensamento
era colocar a mão na massa.
PROCESSO DE CRIAÇÃO
Fizemos uma oficina com o artista plástico e videoasta
Marcondes Dourado, para pensarmos sobre como seria o
roteiro. Aquela era a hora de pirar, no bom sentido, é
claro. Foram dois dias maravilhosos, Marcondes com idéias
geniais, despirocava total e nos levava a uma viagem para
tornar o vídeo o mais original possível. Fiquei bestificada
com tanta inteligência e criatividade.
Desconstrução total, agora já não seria
videodança, seria videoarte. Poesia, coração,
angústias, costurar sentimentos trancafiados,
este era o meu pensamento, através dos poemas: expressar
os medos que me deixam perturbada. Uma coisa que me
consome desde que eu me entendo por gente é o medo de
não ser feliz... A questão dos sentimentos trancafiados
está relacionada a estas incertezas mesmo, essas nãorespostas que acabam ficando dentro de mim. Os vídeos
querem mostrar esse meu lado purulento, esse lado que
quase ninguém conhece, de incertezas, medos, angústias. O
lado B de Marina Lima.
Roteiro pronto, chama a:
PRODUÇÃO...
Nossa! Esse momento foi de pura correria, escolha de
atriz, locação, objetos de cena, figurinos... época de préprodução não é nada fácil: reuniões, desentendimentos, ter
que lidar com o orçamento... a maioria das dificuldades foi
por conta disso: dinheiro, muitas vezes não concordávamos
na questão do pagamento para a equipe contratada, uma
achava que o valor era pouco, a outra era canguinha demais
(risos), sem falar nas muitas trocas de e-mails, nas
tentativas de marcar reuniões, horários não compatíveis,
algumas discussões nas redes sociais, enfim... no final
deu tudo certo.
Solidão
Infeliz?
Sim!
Suplicava qualquer tipo de afeto
Afinal a solidão já me era íntima
Há tempo habitava a minha casa e tomara uma xícara de café
Pronto!
Dera o primeiro gole
O gole que me engoliu
A solidão que já me era íntima
A solidão que já me era íntima.
Definitivamente
Definitivamente
A boca se fechou, entreabertas entre frestas
Sussurrou um gemido, parecia-me de dor,
Aguçava um certo olhar, dera-me medo
Um medo invasivo que me empalidecia o estômago
Definitivamente
A boca se abriu, já não havia mais frestas,
Não havia sussurros
Definitivamente.
Purulento
Estou a falecer
E com minha morte
Nem doce, nem amarga me irei
E nessa ida sem volta trilharei meu caminho
Um caminho triste, porém sem dor
Estarei com meus fantasmas,
Não terei mais medo dos meus medos
Seguirei sem olhar pra trás
Algo faz meu coração disparar,
Acredito que está chegando meu momento
A todos e a todas me despeço
Chegou a hora do meu falecimento.
Marina Lima de Souza
Com a pré-produção feita, hora de...
de programação, com Fernando Krum e Silvana Rezende.
LUZ, CÂMERA, AÇÃO:
GRAVANDO!
Esta parte de lidar com a programação foi muito complicada
para mim, pela minha impaciência de ver tantos códigos
na minha frente, aos quais não sou nem um pouco chegada.
Mas todo o processo da oficina me fez compreender que a
arte e a tecnologia estão muito interligadas. Ter idéias,
capturar imagens, editá-las, pensar as formas de projeção
e imaginar as pessoas interagindo com a obra, como quase
parte do cenário, tudo isto é arte e tecnologia.
Medo! Esse era o sentimento que nos tomava conta:
será que vai dar certo? E se algo der errado?
Mas para nossa sorte, as gravações saíram da forma que
queríamos. A atriz Maria Bela é uma pessoa iluminada.
Incorporou totalmente o personagem e nos emocionou
bastante com sua interpretação. A equipe estava numa
sintonia só, as edições correram muito bem e os vídeos
ficaram muito bons.
ENTRE QUATRO PAREDES DE VÍDEO
Para a exposição, idealizamos nossa área como um quadrado,
onde são projetados quatro vídeos, repetidamente. Nossa
proposta era causar uma sensação de angústia,
entre quatro paredes de vídeo.
Para construir a idéia dessa forma de projeção na
exposição e buscar as formas possíveis de interatividade
com o visitante, passamos por mais uma oficina, desta vez
Tem uma música que gosto muuuito que diz assim: “A mente
criadora é um dom maior naqueles que são revolucionários”.
Este projeto mexeu com este poder de criação que eu tenho
e isso me deixa bastante feliz. Ter uma idéia, tirá-
la do papel, executá-la e saber que eu posso
transmitir algo que eu sinto e compartilhar é
tão bom!
Estou empolgada para fazer outros projetos!
Marina Lima e Bianca Lessa
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PO-IMAGEM – Performance a partir da interseção de linguagens artísticas como a literatura, audiovisual e computação
gráfica. Na galeria: uma caixa preta (1) feita com 2 cortinas, na qual os visitantes podem entrar, onde um dispositivo
de vídeo (2) e áudio (3) projeta videopoemas sobre as quatro paredes da caixa.
Idealização e Produção – Bianca Lessa e Marina Lima
Direção do Vídeo - Marina Lima
Roteiro - Marina Lima e Pedro Sepulveda
Produção do Vídeo - Bianca Lessa
Câmera - Lenon Reis
Som direto - Deivisson Alcântara
Trilha sonora - Davi Cerqueira
Direção de Arte e Still - Vaguiner Braz
Direção de Fotografia - Raiane Vasconcelos
Direção de Elenco - Luciana Rocha
Edição - Mariela Brito
Atriz - Maria Bela
SEM
LI
MI
TES
CAMINHOS
Entre as idéias que misturavam manequins e intervenções
urbanas, chegamos a um desejo em comum de fazer
uma intervenção abordando o tema acessibilidade,
com cadeirantes, cegos, surdos e mudos, de uma forma que
chamasse a atenção da sociedade para a causa deles, mas
precisávamos de um motivo; por que nós iríamos fazer isso?
CIDADE, ACESSOS, NÃO-ACESSOS...
Passamos todos os dias nas ruas, sempre nos defrontando com
buracos, reclamamos por eles existirem e isso nos incomoda
muito! Imagine este incômodo para os cadeirantes, para os
cegos, por exemplo?!!! Para intervir criativamente
e chamar a atenção da sociedade para esta causa,
surgiu a idéia de fazermos um jogo interativo.
Até trocar de nome, trocamos! Nosso nome inicial era
“Acessibilizando”, mas a partir das diversas discussões,
compreendemos que era um nome meio clichê e resolvemos
mudar para “Sem limites”. Não foi fácil lidar com as
mudanças, mas apesar de nossa falta de experiência, nunca
ficamos sozinhos.
Tivemos algumas oficinas, uma delas a de programação,
que foi bem instrutiva. No começo, parecia ser algo
estressante, mas foi muito legal trabalhar com uma
área vasta como esta, sem contar o resultado final de
ver aquelas conexões chegarem a um resultado. Foi bem
incrível, porém, a grande questão é ter paciência e fazer
uma seqüência de testes até dar tudo certo. No final, não
foi difícil lidar com esta nova linguagem, apesar de o
tempo sempre nos atropelar e gerar pressão psicológica, o
que geralmente faz o trabalho empacar.
Também a responsabilidade de lidar com o orçamento,
que sempre acaba sendo menor do que precisamos é um
processo desgastante, de muita organização e
paciência. Tivemos que economizar para poder realizar o
projeto com tranqüilidade e a verba acaba limitando muito
nossos pensamentos. Alguns desentendimentos, perdas de
membros da equipe, muito suor e trabalho. Mas com a ajuda
dos profissionais que tivemos, o trabalho fluiu bastante
e foi realizado.
PERNAS QUE RODAM
A cadeira de rodas é o símbolo único para pessoas com
dificuldade de locomoção, pessoas com deficiência física
ou com necessidades especiais, e é também o símbolo de
controle no nosso projeto/game.
O visitante entra na sala expositiva e depara com uma cadeira
de rodas defronte a uma tela. Nesta tela há uma mensagem
explicando o funcionamento do jogo, que tem início a partir
de comandos feitos pela cadeira. Passando por algumas
dificuldades que os cadeirantes enfrentam periodicamente,
o objetivo do jogo é superar, a qualquer custo, estes
obstáculos que vão acontecendo e que vão ganhando maior
dificuldade a cada nível que passa, até o objetivo final,
que é chegar em casa com segurança.
Na cadeira de rodas estão instalados dois dispositivos
leitores nas rodas que, através de uma programação, dão
os comandos “frente, trás, esquerda e direita”, que
controlam o personagem na tela do jogo.
diferentes ramos, descobrimos que somos mais pacientes
e que podemos ser capazes com muita força de vontade.
Compreendemos também que a partir de um ato surgem
SEM LIMITES
A experiência deste projeto segue por toda nossa vida!
Um game voltado para acessibilidade é algo inovador,
diferente. Através da tecnologia, cada pessoa será
um cadeirante por alguns minutos e essa
experiência talvez altere o olhar de cada
visitante a respeito das questões relativas
aos deficientes na sociedade, e isso é um dos papéis
da arte: a interpretação de cada pessoa, sua possível
transformação.
Este projeto mexeu com todos nós de uma forma muito
interessante, nós aprendemos a lidar melhor com
a diversidade. Trabalhamos com profissionais de
novas aberturas, que levam a bons e diferentes
caminhos na nossa vida pessoal e profissional.
Jadilson Oliveira e Isabela Cristina
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SEM LIMITES – Realizaram-se entrevistas com o cadeirante e depois foram feitas filmagens no Terminal da França para a
instalação interativa. Para a composição do game foram produzidos 30 vídeos e 30 áudios.
Na galeria: um jogo onde o visitante senta em uma cadeira de rodas (1) com um sensor de comando acoplado (2). O jogo
consiste em um vídeo (3), projetado em uma tela arredondada (4), onde um cadeirante percorrerá o Terminal da França por
um caminho sem obstáculos e outro com obstáculos.
Idealização e Produção - Isabela Cristina Daltro e
Jadilson Oliveira Machado
Programação - Jadilson Oliveira Machado
Câmera - Deivisson Alcântara, Jean Chagas, Maressa Melo e
Sara Oliveira
Edição - Deivisson Alcântara e Sara Oliveira
Still - Agnaldo Passos e Ikaro Silva
Design Gráfico - Caroline Rodrigues
Ilustração - Tatiane Lima
Textos - Brenda Gomes
Computação Gráfica - Celso Kenny e Jadilson Oliveira Machado
Participação especial no jogo - Wilson José Santos Cruz
NA
LIN
HA
DO
SU
BUR
BIO
APITO DE PARTIDA
Para o Subúrbio Ferroviário de Salvador, o trem tem uma
grande importância, pois é um meio de transporte rápido,
seguro e de preço acessível e econômico à população. Mas
muito mais que isso, em apenas uma viagem, seguindo
seu percurso da Calçada (primeira estação) até
Paripe (última estação) dá para ver o quanto o
Subúrbio é lindo!
A iniciativa de criarmos este projeto foi mostrar,
especialmente, a existência desta beleza do Subúrbio
Ferroviário, as belas paisagens naturais e os espaços
que prestam serviços à sociedade, estimulando, assim,
a educação e a inclusão social. Incentivar a população
do Subúrbio a conhecer o espaço onde vive, mostrando de
forma direta, divertida e prática alguns pontos turísticos
desta região, para que esta população volte a valorizar
seu bairro e para que os que não o conhecem possam ter
acesso a esta viagem por nossa beleza suburbana e não
fiquem presos à imagem pejorativa, veiculada pela mídia.
NOVAS TRILHAS
Com base na linha do trem, começamos com uma rápida
pesquisa nas estações para saber quais pontos seriam
destacados no nosso projeto. Foi bem difícil, pois muitas
pessoas que entrevistamos falavam que não havia lugares
bons para se freqüentar no Subúrbio, mas a equipe
sabia que existem lugares bonitos, legais e
gratuitos, sim! Como os moradores que entrevistamos
não reconheciam sua beleza, decidimos ir atrás dela...
Saímos com o celular registrando tudo. Foi maravilhoso,
porque vimos muitas coisas novas, apesar de nós mesmos da
equipe sermos moradores do bairro. Algumas paisagens e
lugares são realmente encantadores, por isso nos sentimos
mais motivados do que nunca em mostrar outra visão do
Subúrbio Ferroviário.
ENGRENAGENS
Fazer o projeto acontecer é sempre trabalhoso, sempre
uma experiência nova. A primeira dificuldade é conseguir
transformar a idéia em algo real e concreto. Já sabíamos
o que queríamos, mas como transmitir isso de forma bonita
e especial? Assim, iniciamos o processo da nossa “viagem”
ainda sem conhecer todas as engrenagens... mas fomos!
Foi bastante complicado trabalhar com orçamento no inicio,
quando ainda não sabíamos ao certo como seria nossa obra
final; ter que fazer o dinheiro render e ter
que conseguir tudo dentro do cronograma! Mesmo
fazendo um orçamento antecipado, os gastos foram muitos,
pois nossa proposta era realizar mais de um produto final,
além de que nossas gravações foram todas no Subúrbio e o
transporte de equipamentos, do centro da cidade até lá,
sempre era caro.
No meio do “trilho” também tivemos que abandonar algumas
idéias e abrir mão de desejos relacionados ao
projeto, tanto por questões de orçamento,
quanto por inviabilidade de realização. Esta
foi uma etapa muito difícil!
Apesar de tudo isso, o trabalho em equipe foi muito
produtivo, pois todos sabíamos o que queríamos e
trabalhamos focando nisso. Mesmo com as dificuldades de
orçamento, os componentes da equipe compareciam quase
todos os dias, para dar seguimento à produção. Toda essa
garra foi vital para a realização do nosso projeto, para
que tudo desse certo.
TRILHOS, BRILHOS
Criamos um mapa artístico para a representação do
Subúrbio. A partir deste mapa, o fruidor faz uma
viagem de trem (sem sair da sala expositiva!),
conhecendo alguns pontos bonitos e interessantes do
Subúrbio Ferroviário. Este mapa está instalado em um
totem de fácil acesso e, a partir da interação com ele, é
possível assistir vídeos, ver fotos e ouvir sons, com a
característica de cada bairro.
Aproveitamos muito a Oficina de Programação, pois
aprendemos a trabalhar com o Pure Data, o PD - um programa
que lida com áudio, vídeo e interatividade. Em seguida,
criamos uma animação no Flash, para fazer o trem se
deslocar no trilho, passando pelas estações e percorrendo
toda linha de trem do Subúrbio Ferroviário de Salvador.
Ao pressionar a alavanca do totem, o trem dispara e é só
apertar o enter para que ele pare na estação desejada.
Daí em diante, é só seguir para um passeio de trem
“virtual”, despertando o desejo de estar no Subúrbio e
fazer realmente aquela viagem.
MUDANÇA DE ESTAÇÃO
Na Linha do Trem é mais uma busca de elevar a autoestima da população suburbana, para o morador
do Subúrbio ter orgulho do lugar onde mora. E
para quem não mora no Subúrbio passar a ter um novo olhar
sobre esta área da cidade, que sofre muito preconceito.
Não é sempre que vemos um projeto como este ou temos
oportunidade de transmitir o que queremos. Queremos
valorizar o lugar de onde viemos, onde vivemos, mostrando
principalmente sua beleza natural, porque a beleza não
precisa ser comprada, mas descoberta!
Ana Paula e Sara Oliveira
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MAPA ELETRÔNICO – Guia eletrônico que incentiva a visitação por trem de pontos culturais e naturais no Subúrbio
Ferroviário de Salvador. Na galeria: um mapa eletrônico interativo (1) de fácil acesso e que pode ser visualizado em
um fliperama. Usando os controles (2), o visitante conduz o trem, que em determinados pontos dispara imagens de belas
paisagens, espaços culturais e de lazer do Subúrbio.
Idealização e Produção - Ana Paula Oliveira e
Sara Oliveira
Programação - Ana Paula Oliveira, Bruno Cerqueira
e Renan Morais
Edição e Câmera - Deivisson Alcântara e Sara Oliveira
Design Gráfico - Bruno Cerqueira
Animação - Renan Morais
Still - Letícia Frias
SU
CA
TA
O INÍCIO
A idéia surgiu a partir de um catador de lixo.
Ele tem 34 anos, nunca estudou, possui uma doença mental,
toma remédio controlado, é aposentado, mas nunca ficou
sem trabalhar. Começou a catar materiais recicláveis,
que separava e direcionava para o ferro-velho.
Apesar deste catador ser uma pessoa popular e querida no
bairro onde mora, algumas pessoas ao o verem fazer esta
atividade e sabendo de sua doença, começaram a chamá-lo
de maluco. Ao deparar com esta situação, me perguntei:
quem é o maluco nesta história? O catador, que apesar de
aposentado recolhe materiais recicláveis, faz a separação
e designa ao ferro-velho? Ou as pessoas que o julgam e não
separam seu lixo a fim de ajudar o meio ambiente? Apesar
de tudo isso, alguns vizinhos se mobilizam, a partir da
iniciativa, e já separam o lixo de suas casas e levam para
a casa do aposentado.
A questão do lixo interfere na minha vida desde
quando precisei dele para me divertir, fosse jogando
tampinha, bate-lata, perna de lata, pião, entre outras
brincadeiras, até quando o utilizei como meio
de conseguir dinheiro para combater uma triste
realidade: a fome. É doloroso, grande desespero, o
comer regrado, o olhar torto e a vergonha. Convivi com
todos esses sentimentos e é triste relembrar. A partir de
minha experiência própria e da história deste catador, surgiu
em mim a indignação e a vontade de expor esta questão.
O MEIO
O edital aberto pela Oi Kabum! foi a oportunidade que
eu precisava para expressar o meu desejo. Mas como nada
é tão simples como pensamos, a primeira dificuldade que
encontrei foi formar um grupo. Uma das exigências do
edital era que cada membro do grupo trabalhasse com mais
de uma linguagem artística: fotografia, design gráfico,
computação gráfica ou vídeo.
uma das maiores dificuldades que tive,
porque depois de um tempo de formado o grupo,
todos pediram para sair de uma só vez. Me vi
Esta foi
perdido, confuso, até pensei em desistir, mas continuei
a procurar e formei outro grupo, que logo se transformou
em uma dupla e assim fomos até o fim.
Para termos a idéia de como seria nossa instalação na
galeria, passamos por um processo de discussão da exposição
dos projetos, numa oficina de programação. Contamos com
a ajuda de dois orientadores e programadores para pensar
a forma interativa do projeto. Esta oficina foi algo
novo, mas não tive muita dificuldade em aprender, porque
os profissionais explicavam de forma muito dinâmica, que
sempre me entusiasmava a aprender mais.
De tudo, o que mais me instigou foi compreender que o
computador precisa de comandos para elaborar uma ação;
que a idéia é sempre mais importante do que as
ferramentas!
Tive que, ao mesmo tempo, adiantar os produtos artísticos
que seriam utilizados na programação da instalação
interativa e aprender a fazer esta programação! Foi
preciso ter calma e muita produtividade, mas me alegrava
ver o andar dar carruagem; saber que o que você idealizou,
aconteceu! Uma satisfação que supera as dificuldades.
No projeto SUCATA, a arte está na idéia, nas imagens,
na história, na comunicação. A tecnologia entra como
ferramenta para produzir arte. E a interação entre arte
e tecnologia é quando estas se relacionam tornando
imperceptível a presença destes elementos soltos, ou
seja, é a união da arte e tecnologia gerando sentimento.
O SEM FIM...
Este projeto mexeu comigo, de forma a testar até onde
posso ir. Mostrou-me que idéias são importantes e executá-las mais importante ainda, mas não é fácil. É preciso
ter coragem, determinação, jogo de cintura e dedicação.
Minha vida nunca mais foi a mesma, mexeu no meu dormir,
tendo que ficar até tarde pensando, criando, fazendo
texto; no meu conversar, mexeu no meu convívio social;
no meu olhar, que a primeira impressão pode estar errada;
nas minhas idéias, que posso trilhar caminhos diferentes
para alcançar o alvo. A descoberta é que quando nos encontramos em situações que nunca vivemos, é que iremos
nos surpreender com nós mesmos.
uma mostra
que expõe vídeo, interatividade, informação,
diversão e mais, promove a reflexão.
Queríamos também surpreender o público com
Gosto de fazer tudo sozinho e várias coisas ao mesmo
tempo. Quando entrei na Oi Kabum! era muito autoritário.
Aqui aprendi a escutar mais e aprendi que num trabalho
em grupo sua opinião serve como sugestão, não como algo
determinado. Isso trouxe uma tranqüilidade maior para
o trabalho. Para a execução de todas as atividades do
projeto, contratamos outros profissionais, de áreas
artísticas distintas, e todos contribuíram com sugestões.
O melhor foi que, além de discutir as opiniões e buscar
soluções em conjunto, acabei aprendendo sobre
outras linguagens. Aprendemos muito com o diálogo!
A escrita do projeto também não foi fácil e, sabendo da
nossa inexperiência com projetos, a Oi Kabum! contratou
um profissional para orientar os grupos em relação à
confecção de projetos. Todos os projetos selecionados
passaram por uma refinação, a fim de concretizar a idéia
e deixá-la enxuta, objetiva. Depois do ajuste do projeto,
começamos a fazer a pesquisa no bairro de São Caetano,
nosso ponto de partida. Registramos em foto e vídeo
situações sobre a problemática ambiental, relacionada
ao lixo. Feita a pesquisa, começamos a discutir sobre os
subtemas da revista e dos vídeos. Um momento difícil, mas
importante no processo! Após o fechamento dos subtemas,
fomos a campo para gravar entrevistas com catadores
e em ferros-velhos. Registramos a luta desta classe
discriminada pela sociedade. Na segunda gravação, fizemos
entrevistas com membros das cooperativas RECICOOP e REVITA
e imagens relacionadas ao tema. Um fator que sempre esteve
presente, durante todo o processo, foi a mudança! E para
lidar com ela, precisei ter jogo de cintura. Não foi
fácil, mas o que eu tinha que fazer era correr atrás.
O FIM
Na galeria, o projeto se desdobra criando uma simulação
enfrentada na hora de fazer a separação dos materiais
recicláveis, quando é necessário que o visitante interaja
com a obra, utilizando as mãos. Através de imagens e
textos, temos informações sobre consumo consciente e as
mudanças de hábitos.
José Roberto Brito
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Revista eletrônica sobre a reutilização do lixo, com colaboração de estudantes de escolas públicas, cooperativas e
catadores de lixo. Na galeria: um jogo virtual projetado numa tela(1), no qual o visitante deve colocar o lixo reciclável
nos recipientes corretos usando uma luva(2). O movimento da luva é detectado por uma câmera (3) e funciona como cursor.
A instalação tem imagens de lixo passando pela tela e, abaixo, os quatro tipos de lixeira, identificadas pelas cores
correspondentes a cada tipo de material reciclável.
Idealização e Produção - José Roberto Brito
Computação Gráfica e programação - Leon Sacha
Vídeo - Deivisson Alcantara e Wellington Castro
Web Design - Rebeca Valverde
Design Gráfico e textos - José Roberto Brito
Fotografia - Amanda Pain e Letícia Frias
Produção - Taíle Santana
PELOURINHO
DIGITAL
WEBSITES
Mapas, cartografias e arte
A apreensão e construção individual do espaço encontram
representações diversas nas obras de Cartografias Artísticas
contemporâneas. Os mapas artísticos atuais trazem à tona uma
abordagem espacial e territorial bem diferente da cartografia
tradicional, na qual percepções pessoais e subjetivas são
consideradas elementos desvirtuadores da objetividade a que se
predispõe documentar a ciência cartográfica. Agora, o mapeamento
cartográfico sofre uma transformação através dos novos meios
tecnológicos de cartografia que vão desde as convencionais
páginas retangulares e telas até as atuais mídias interativas.
Individualmente, temos percepções diferenciadas do espaço.
Acontece que o espaço é criado dentro de uma perspectiva social
que nada mais é, segundo a artista e pesquisadora Lilian Amaral,
do que uma confluência de espaços, encontros com o outro que nos
levam a reconhecer nossa condição de criador dentro do processo
de visualização do mesmo. O olhar de cada um sobre a paisagem é
a chave desta intrincada realidade espacial. Os sentidos gerados
podem ser analisados como uma experiência do corpo do qual
este olhar se origina, nenhum mapa escapa desta perspectiva e
para Renata Marquez (pesquisadora da interface arte-arquiteturageografia), este seria então o elo entre a Arte e a Geografia.
A idéia por trás do mapa criado para essa exposição nasce
justamente da possibilidade de proporcionar ao visitante a
experiência de adentrá-lo e explorar de maneira particular o
espaço ali representado. A iconografia desenvolvida a partir
das obras dos artistas que nele se encontram, desdobram-se em
conteúdos audiovisuais acessados interativamente pelo contato
físico do visitante nesses objetos. O turbante da Negra Jhô, o
boneco mamulengo de Elias, o instrumento musical de Bira Reis e
o equipamento de som da banda Nova Saga, permitem a aproximação
real com as produções que os inseriram no espaço artístico do
Pelourinho.
O mapa virou então uma instalação artística e, para realizá-la,
desenvolvi uma plataforma de navegação que tinha um computador
como dispositivo de armazenamento dos conteúdos audiovisuais a
serem exibidos e gerenciador das tarefas que se dão em resposta às
ações do navegador no mapa. Um teclado de computador USB hackeado
e um microfone serviram como porta de entrada dessas ações que
são recebidas e interpretadas por um aplicativo que desenvolvi
na linguagem de programação Processing. Essa re-significação
de dispositivos (teclado e microfone), aliada à escolha de uma
linguagem de programação em código aberto (software livre),
foram, para mim, parte também importante no conceito do projeto,
uma vez que a programação computacional é uma etapa do processo
artístico nas obras híbridas de arte e tecnologia.
Toni Oliveira
Músico e Bacharel em Humanidades, Artes e Tecnologias Contemporâneas e
mestrando do Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade da Universidade
Federal da Bahia. Atua com os temas: Mapeamentos Artísticos na Arte Digital,
aplicativos e programações para instalações artísticas, ações promocionais
e dispositivos móveis e shows musicais.
NO
VA
SAGA
Pelas ruas do Centro Histórico de Salvador, ouve-se uma
voz que entoa versos e poesias. Makonnen, de nove anos de
idade, vulnerável a uma infância de dificuldade, escolheu
o Rap. Ou será que foi escolhido? O garoto nascido e criado
no Pelourinho pressentiu desde cedo seu destino: suas
músicas seriam trilhas sonoras de jovens adolescentes.
O talento e força de vontade de Makonnen somaram-se à
sabedoria do seu irmão, Akani, na época com 14 anos
de idade. A banda de Hip-Hop iniciou sua saga em 2007,
ano em que a primeira música foi composta por Makonnen,
Realidade do Gueto.
O primeiro show da banda aconteceu no dia 20 de novembro
de 2007, Dia da Consciência Negra, numa caminhada em
que um vasto repertório de canções de resistência era
entoado. Entre elas, estava a música Realidade do Gueto,
que se tornou uma das músicas mais marcantes da carreira
da banda.
A história da Nova Saga quer se contrapor a um passado
sombrio do Pelourinho, quando escravos eram castigados
em praça pública, em um “pelourinho” instalado no largo
central do bairro. Os caminhos de luta já não são os
mesmos, mas o desejo de liberdade sim, e impera sobre
estes jovens, que têm como referência seus descendentes
que travaram lutas por uma vida livre. Os guerreiros da
Nova Saga ganharam semblantes novos e adotaram o lema da
positividade em sua trajetória, cantando mensagens de
paz e protesto contra qualquer tipo de discriminação e
preconceito.
Ao longo dos anos de trajetória, a Nova Saga tem
conquistado o público jovem, com todo seu ritmo dinâmico
e alto astral. Através de suas músicas, mostram que o
jovem está atento à política, às questões sociais e, como
não poderia deixar de ser, às novas tecnologias. Como
eles falam em sua música: Celular GPS localiza Nova Saga,
conecte-se você também!
EQUIPE TEIA DIGITAL
Alisson Ferreira, Andreza Leite, Diego Santos,
Jéssica Larissa Cabral e Marina Lima
BI
RA
REIS
Ubirajara de Andrade dos Reis, conhecido como Bira Reis,
nasceu no Rio Vermelho, pertinho do mar, pertinho de
Yemanjá. As ondas e cores deste cenário colaboraram com
sua formação de arquiteto de instrumentos e de sons.
Desde criança, Bira gostava muito de desenhar e pintar.
Fez arquitetura na Universidade Federal da Bahia, mas
paquerava o universo das artes plásticas, desenvolvendo
habilidades como escultor. Parte da sua paixão pela
música foi herança de seu bisavô, que tocava instrumentos
de sopro.
Ainda na década de 70, Bira começou a colaborar com
trabalhos artísticos de diferentes linguagens, compondo
trilhas e fazendo direção musical para filmes, peças
teatrais e espetáculos de dança. Entre estas, vale
destacar: a trilha para o DVD da exposição O Brasil
de Verger, apresentada em São Paulo, Rio de Janeiro e
Salvador, no ano de 2006; as trilhas para a peça teatral
Comida de Nzinga, dirigida por Rita Assemany, e para o
longa-metragem Pau Brasil, de Fernando Bélens; além da
direção musical da peça teatral Mitologia do Kaos, de
Jorge Mautner. Em 2009, Bira foi também um dos 12 artistas
brasileiros que expuseram suas obras, ao lado de outros
11 artistas franceses, na exposição Open Art – Ano da
França no Brasil, que aconteceu no Centro Cultural dos
Correios.
A trajetória deste artista multifacetado é marcada ainda
por sua busca em multiplicar conhecimentos: “Eu não sou
só um músico, sou um educador. Gosto de dar aula, de
montar as coisas, isso também faz parte do meu trabalho”.
Ele reconhece em mestres populares, como Mestre Pastinha,
Bimba e Cosme de Farias, alguns de seus verdadeiros
professores. Foi educador musical em diversos projetos
sociais da cidade, o que lhe permitiu fundar a Oficina de
Investigação Musical no Pelourinho, um espaço educativo
onde crianças e jovens participam de diversas oficinas.
Vale a pena visitar este espaço, onde Bira realiza um
trabalho realmente inventivo e original, concebendo e
confeccionando inusitados instrumentos de percussão.
EQUIPE INTER ATIVO
Leonardo Dias, Rebeca Valverde,
Regina Silva da Conceição e Silas Moraes
MES
TRE
ELIAS
A história da Associação Mamulengos da Bahia se confunde
com a história do marionetista, mamulengueiro e ator Elias
Bonfim. Artista dedicado à conservação das tradições
populares, hoje é considerado o mais importante bonequeiro
baiano, criador e guardião do maior acervo de bonecões do
estado da Bahia.
Tudo começou em 1975, quando Elias integrava um grupo de
alunos da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia.
Após um encontro com o bonequeiro recifence Natanael de
Oliveira, também conhecido como Mestre Tiridá, o grupo
decide se organizar com o propósito de fortalecer o teatro
de bonecos na Bahia, desenvolvendo ações de preservação
do mamulengo, tradição de mais de um século. Em 1986,
influenciado pelo trabalho do grupo, Elias Bonfim dos
Santos idealiza e funda a Associação de Teatro de Bonecos
da Bahia, que mais tarde passou a chamar-se Mamulengos da
Bahia. O trabalho do Mamulengos engloba atividades sociais,
oficinas de manipulação e confecção de bonecos, promovendo a
descoberta de possibilidades para a realização profissional
de muitas pessoas, sobretudo criando alternativas para a
geração de renda para jovens, em especial no período do
carnaval, quando os bonecões marcam presença nas ruas do
Centro Histórico. Além disso, a associação realiza também
um trabalho de rede, promovendo o encontro de artistas do
teatro de bonecos e fomentando a criação de novos grupos.
Presença marcante no Pelourinho, os bonecões criados pelo
mestre Elias encantam a todos. Engraçados, desengonçados
e coloridos, retratam artistas, políticos, jogadores de
futebol e pessoas anônimas.
Elias imprimiu a sua própria marca aos mamulengos. Desenvolveu
uma técnica que dá mobilidade e permite que os bonecões
interajam com o público. Para dar vida a estes personagens,
que podem chegar a medir 3 metros de altura, utiliza fibra,
tecidos coloridos e outros materiais alternativos.
Além de desfilarem em eventos festivos, como o carnaval, os
bonecos de Elias já contribuíram com processos terapêuticos
na APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais),
em manicômios, penitenciárias e centros de integração de
menores. Atualmente, Elias está à frente de um Centro
Cultural em São Tomé de Paripe, Salvador/BA, voltado às
necessidades artístico-culturais da comunidade.
Durante o período carnavalesco, os bonecões ganham seu espaço
nas ruas do Centro de Salvador. Desde 1987, a Associação
Mamulengos da Bahia desfila em diversos blocos de carnaval,
com seus bonecões, sempre homenageando personalidades.
Em 2005, Elias Bonfim fundou um bloco composto apenas de
Mamulengos, que desfila com mais de 100 bonecões, do Campo
Grande até a Praça da Sé, animados por uma banda de sopro.
Os bonecões representam figuras ilustres da história do mundo
e da cultura baiana, como Charles Chaplin, Mandela, Gandhi,
Caetano Veloso, Jorge Amado, Dona Canô e o próprio Elias.
EQUIPE WADC
Anderson dos Santos, Ana Paula Oliveira, Diego Alves,
Jean Henrique Chagas e Rogério de Souza
NE
GRA
JHO
Força e ousadia sempre foram as marcas de Valdemira Telma
de Jesus Nascimento, mais conhecida como Negra Jhô.
Nascida na Bahia, entre Candeias e Madre de Deus, no
Quilombo Muribeca, o amor pela estética afro despontou
quando ainda era criança. Aos quatro anos de idade, era
alvo de zombaria dos tios e de outras crianças, que logo
lhe deram o apelido de João, por conta de seu cabelo
encaracolado que não crescia. Embora chateada, não se
deixava abater. O orgulho pela sua identidade afro foi
se afirmando e o talento como cabeleireira e estilista
se anunciou. Começou trançando os cabelos e reinventando
os figurinos de suas bonecas. Logo, suas irmãs e primas
aderiram à “moda” proposta por ela.
Certa vez, uma amiga gritou lá do portão:
• Negra!
O irmão, com sarcasmo, replicou:
• John!
Daí para frente, ela ficou sendo Negra Jhô, hoje, um dos
nomes mais conhecidos quando o assunto é estética afro.
Foram muitos anos de lutas e batalhas para superar os
tantos obstáculos que a vida lhe trouxe. Chegou ao
Pelourinho em 1977 e, no início, morou de favor com uma
amiga, na Rua Frei Vicente. Deixou o filho com o pai por
uma temporada, trabalhou em casa de família, conseguiu um
emprego em um salão de beleza, mas devido às condições de
trabalho, terminou abandonando o emprego e montando suas
instalações em um banquinho em pleno Largo do Pelourinho.
Os clientes foram chegando e, em pouco tempo, já faziam
fila para entregar suas madeixas às mãos desta baiana
sorridente e carismática. Em 1997, conquistou seu próprio
espaço na mesma Rua Frei Vicente, n° 4, onde tudo começou:
“Aqui fiz meu nome, aqui estou, aqui vou ficar, porque eu
faço do Pelourinho a minha casa, o meu palco”.
Seu salão de beleza, ou sua “’Casa de Amor”, como prefere
definir, funciona como um verdadeiro centro de cultura.
São muitos os penteados e estilos nascidos e reinventados
pelas mãos desta baiana: dread, trança-raiz, trançanagô, mesclados com miçangas, búzios, contas e fios de
sisal, cabelos recolhidos em torços e turbantes. Além da
estética, trabalha também com dança, música e culinária.
Mulher do mundo, afirma seu amor pela África, raiz de seus
ancestrais e inspiração para seu ofício. Jhô sabe de seu
valor e que não foi por acaso que alcançou reconhecimento:
“Outro dia, uma moça me disse uma palavra tão bonita: que
eu era cultura... O que eu sou da cultura mesmo, gente?
Eu sou um ícone da cultura afro-brasileira! Adorei isso!
Escândalo isso, né? Negra Jhô hoje é um ícone!”
EQUIPE TRAÇOS
Brenda Gomes da Silva, Cleberson Carlos Oliveira,
vandro Rocha, Pedro Sepulveda e Taíle Santana
U ma experiência que uniu responsabilidade, desafio e C riar o website de Bira Reis foi uma experiência
aprendizagem. Assim defino o processo de construção do
site da artesã capilar Negra Jhô. Iniciamos a criação
com a formação da equipe Traços Comunicação. O objetivo
era criar um site chamativo, funcional, inspirado em
referências estéticas afro. Essa foi a orientação que
captamos em nosso primeiro encontro com Jhô, quando nos
focamos em buscar elementos para o briefing. Inicialmente,
fizemos pesquisas e compilamos referências de outros sites
para termos uma noção do layout que iríamos criar. Durante
essa etapa, íamos também discutindo com Rafael e Daniel,
educadores de Webdesign, sobre o que era viável ou não na
construção do produto. Era preciso ajustar nossos desejos
às possibilidades reais. Durante o trabalho, admirávamos
cada vez mais Jhô e sua forma de valorizar a cultura afro.
extremamente enriquecedora, não somente pela possibilidade
de adquirir conhecimentos técnicos, mas também pelo que
eu aprendi trabalhando em equipe.
Com uma idéia geral do layout definida, buscamos
informações e materiais fotográficos sobre Jhô para
compor o que idealizamos. Foi necessário fazer também uma
divisão de tarefas no grupo: alguns se concentraram mais
na produção e organização de conteúdo e outros ficaram
responsáveis pela programação do site.
Enfrentei algumas dificuldades com a produção de texto,
mas contei com a super-ajuda dos educadores para dar
conta. Por outro lado, uma das coisas mais gratificantes
foi fotografar o fantástico mundo dos instrumentos de
Bira. Em meio a xequerês, agogôs, totens sonoros e apitos,
pude perceber o grande amor que Bira tem pela música e
pelos instrumentos. Mesmo sendo uma tarefa bem cansativa,
que se prolongou por mais de um dia, foi realmente um
trabalho bem prazeroso.
Foram 2 meses de intenso trabalho entre cliente e equipe
e as semanas que antecederam o lançamento do produto,
de muita expectativa. Entregar o site no prazo foi, sem
dúvida, uma das coisas que mais me preocuparam, assim
como a incerteza se nosso trabalho seria ou não aprovado.
Isso me tirou o sono. Mas conseguimos cumprir nossa meta e
o resultado pode ser conferido no site: www.negrajho.com.br.
Brenda Gomes
Criar o layout foi um pouco perturbador. Cheguei a ficar
bastante preocupada com meu colega Silas, que perdeu o
sono por isso. Era uma idéia atrás de outra, muitas delas
soltas e mirabolantes. Uma hora parecia que encontrávamos
o caminho, em outra hora estávamos completamente
perdidos. Nada nos convencia. Tudo muito intenso, um
pouco angustiante, mas ao mesmo tempo prazeroso. Fizemos
e refizemos várias propostas. Um belo dia, veio a idéia
de mesclar ilustração com foto para retratar o local de
trabalho de Bira. A produção então começou a fluir.
Uma tarde, após a sessão de fotos, Bira, de forma muito
delicada, me presenteou com um xequerezinho. Foi muito
significativo. Acho que Bira percebia o quanto estávamos
encantados em trabalhar com ele e talvez por isso ele
também se entregou por completo ao trabalho.
Regina Silva
E m meu segundo ano de Pelourinho Digital, deparei com F
o desafio de criar um site para esta personalidade da
oi um prazer participar da criação do site de Bira
Bahia: Negra Jhô. Embora já tivesse participado de outro
projeto para Web, o site Olha Aí o Pelô, realizando várias
ilustrações, o projeto de Negra Jhô me deu a chance de
avançar muito. Uma das novidades foi esta relação direta
com um cliente.
O tempo para a criação foi pouco. Parece que nunca é
suficiente. Cumprir prazo foi outro aprendizado:
fiquei responsável pelo layout e pela programação. As
dificuldades técnicas foram muitas, mas corri atrás
e aprendi muito, principalmente sobre linguagem de
programação e tratamento de imagem. Sem dúvida, é uma
bagagem que estou levando comigo. Com este trabalho, fui
percebendo de forma cada vez mais clara o quanto desejo
seguir este caminho de Webdesigner. Agora é minha meta.
Cleberson Oliveira
Reis e também um grande desafio. A grande dificuldade
foi reunir e selecionar conteúdos. Em se tratando de
uma pessoa como ele, que não é só um músico, mas um
educador e pesquisador, tivemos que percorrer muitos
caminhos, trabalhar com fontes e materiais diversos e
encontrar alternativas para apresentar toda esta riqueza
em um produto bonito e funcional, capaz de atender às
expectativas de Bira e de seu público. Este grande artista
nos presenteia sempre com seus sons inusitados, nos
provoca com seus inovadores totens e esculturas sonoras e
nos surpreende com sua generosidade em compartilhar seus
conhecimentos e sabedoria através do trabalho que faz nas
oficinas educativas.
Rebeca Valverde
Q uando a idéia de produzir os sites foi apresentada,
muitas foram as nossas expectativas. A oportunidade de
construir um produto de divulgação para um artista do
Pelourinho foi magnífica. Melhor ainda foi saber que eu
faria parte da equipe responsável pela criação do site
da Associação Mamulengos da Bahia. A produção de bonecos
e fantoches é um trabalho realmente admirável, uma arte
que encanta. Os bonecos, após serem criados e modelados
pelos artistas da associação, ganham vida própria e fazem
festa pelas ruas do Pelô. Mestre Elias e toda sua equipe
mantêm viva esta tradição com muita dedicação e esforço.
O trabalho começou com o briefing, a pesquisa e a coleta
de informações sobre a associação e a arte de criar
mamulengos. Minha alegria crescia a cada dia, ao mesmo tempo
em que via tudo correndo bem, nosso grupo super-engajado,
nossos clientes - Mestre Elias e sua equipe - contentes
em nos contar a história da Associação. Nossa rotina
incluiu várias idas ao atelier para sessões de fotografia
e entrevistas. Cada tarefa realizada representava uma
conquista para nosso grupo, que se comprometeu em fazer
o melhor, mesmo com alguns contratempos, como a greve de
policiais que nos deixou presos em casa e que terminou
nos atrasando um pouco. Havíamos feito um planejamento de
produção que precisou ser alterado. No meio do processo,
um dos componentes do grupo saiu do projeto para seguir
por outros caminhos. A partir de então, éramos somente
três para dar conta de tudo: editar textos, recortar e
tratar fotos, selecionar conteúdos, criar o layout e a
programação. O trabalho dobrou e o prazo ia se apertando
cada vez mais. O desafio para mim foi duplo, pois, além do
site, estava também envolvida na produção da Instalação
Na linha do Subúrbio, também apresentada na exposição
Toque para Mover Sentidos. O que fazer, então, quando
se tem mais de um produto para entregar na mesma data? E
quando o cliente quer fazer mudanças na semana de entrega?
Cheguei a gritar de desespero nos três últimos dias antes
da exposição. Os educadores e colegas perceberam meu
desespero e me apoiaram. Deu tudo certo. Chegou o dia da
abertura da exposição e cumprimos nossa missão de entregar
o trabalho. Ficamos contentes por termos conseguido a
aprovação de todos do grupo Mamulengos da Bahia, apesar
do trabalho ainda continuar. Fazer site é assim: parece
que nunca termina. Tem sempre uma coisa para mudar aqui,
ali, um texto para corrigir, uma foto para inserir...
Ana Paula Oliveira
CRIANDO
1SITE
Q uando nos foi apresentada a proposta de fazer o site
para o Nova Saga, para mim foi como receber um choque
de responsabilidade. Minha equipe assumiu o compromisso
e fomos atrás de informações e conteúdos. Claro que as
dificuldades foram muitas: irritação na hora de ter que
enfrentar a criação do layout, lidar com as diferenças, o
medo de não terminar o site na data, do site não ficar ao
gosto do cliente, de nosso trabalho não ser valorizado.
Pedi licença e segui adiante. Nosso grupo ficou unido e
tivemos muito apoio dos meninos do Nova Saga.
Poder transmitir com uma linguagem digital a história
desta grande banda, toda sua vibe e positividade, foi
mesmo gratificante.
Jéssica Larissa Cabral
FICHA TECNICA
INSTALAÇÕES DO EDITAL
INTERART
Idealização e Produção: Kaline dos Anjos e Thamires Vieira
Participação: Caroline Rodrigues, Rafaela Cerqueira e
Renan Morais
NA LINHA DO SUBÚRBIO
Idealização e Produção: Ana Paula e Sara Oliveira
Participação: Bruno Cerqueira, Deivisson Alcântara,
Letícia Frias e Renan Morais
PO-IMAGEM
Idealização e Produção: Bia Lessa e Marina Lima
Participação: Davi Cerqueira, Deivisson Alcântara, Lenon
Reis, Luciana Rocha, Mariela Brito, Pedro Sepulveda,
Raiane Vasconcelos e Vaguiner Braz
Atriz: Maria Bela
SEM LIMITES
Idealização e Produção: Isabela Cristina e Jadilson
Oliveira Machado
Participação: Agnaldo Passos, Brenda Gomes, Caroline
Rodrigues, Celso Kenny, Deivisson Alcântara, Ikaro
Silva, Jean Chagas, Maressa Melo, Sara Oliveira e
Tatiane Lima, Wilson José Santos Cruz
SUCATA
Idealização e Produção: José Roberto Brito
Participação: Amanda Paim, Deivisson Alcântara, Leon
Sacha, Letícia Frias, Rebeca Valverde, Taíle Santana,
Welligton Castro
PRODUÇÃO DA EXPOSIÇÃO
Coordenação de Produção: Jean Cardoso
Coordenação Técnica e Artística das Instalações do Edital:
Fernando Krum e Silvana Rezende
Oficina de Projetos: Chico Assis
Instalação do Mapa Interativo do Pelourinho Digital
Concepção: Toni Oliveira e Ricard Sans
Programação: Toni Oliveira
Layout do Mapa: Ricard Sans
Identidade Visual: Ricard Sans
Iluminação: JB Designer de Luz
Cenografia: Gringo Freitas e Felipe Cipriani
Assistente de Cenografia: Washington Alves
Montagem: Ângelo Sá e Antonio Dias
WEBSITES DO PELOURINHO DIGITAL
ASSOCIAÇÃO MAMULENGOS DA BAHIA
Anderson dos Santos, Ana Paula Oliveira, Diego Alves,
Jean Henrique Chagas e Rogério de Souza
BANDA NOVA SAGA
Alisson Ferreira, Andreza Leite, Diego Santos, Jéssica
Larissa Cabral e Marina Lima
BIRA REIS
Leonardo Dias, Rebeca Valverde, Regina Silva da
Conceição e Silas Moraes
NEGRA JHÔ
Brenda Gomes da Silva, Cleberson Carlos Oliveira,
Evandro Rocha, Pedro Sepulveda e Taíle Santana
PELOURINHO DIGITAL
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
Juliana Machado
EDUCADORES
Desenvolvimento Pessoal e Social: Rita Carneiro
Oficina da Palavra: Karina Rabinovitz
Webdesign: Rafael Ramos e Daniel Cambuí
ESTAGIÁRIOS
Alberto dos Santos
Tatiane Lima
CATÁLOGO
Projeto Gráfico
Ricard Sans
Assistentes
Rebeca Valverde, Tatiane Lima
Fotografias
Agnaldo Passos, Andreza Leite, Camila Loureiro, Ikaro
Silva, Isabel Gouvêa, Jean Henrique Chagas, Letícia
Frias, Vaguiner Braz
Edição dos textos
Juliana Machado, Karina Rabinovitz, Sandra Loureiro
Revisão Final
Sandra Loureiro
Oi KABUM! ESCOLA DE ARTE E
TECNOLOGIA DE SALVADOR
Oi FUTURO
COORDENAÇÃO GERAL
Isabel Gouvêa
DIRETORIA EXECUTIVA
Otávio Marques de Azevedo
Pedro Jereissati
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
Sandra Loureiro
PRESIDENTE
José Augusto da Gama Figueira
COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE PRODUÇÃO
Jean Cardoso
DIRETORIA
Rafael Oliva – Projetos e Programas
Maria Arlete Gonçalves - Cultura
Paola Scampini – Educação
COORDENAÇÃO DO PELOURINHO DIGITAL
Juliana Machado
ÁREA DE OPORTUNIDADES
André Luiz Ferreira
EDUCADORES
COMPUTAÇÃO GRÁFICA
Fábio Farani
DESIGN GRÁFICO
Fernando Figueiredo
FOTOGRAFIA
Elza Montal
VÍDEO
Danilo Scaldaferri
SER E CONVIVER
Daiane Silva
Karina Rabinovitz
OFICINA DA PALAVRA
Lucia Manisco
PROFISSIONAIS DE EDIÇÃO E EQUIPAMENTO
Débora Freire
Sara Oliveira
SECRETARIA
Ivânia Tupinambá
APOIO ADMINISTRATIVO
Cira Santos
Manoel Lázaro
Sidney Moniz
Valdeci Bispo
EQUIPE CULTURA
Alberto Saraiva
Bruno Singh
Claudia Leite
Roberto Guimarães
Sérgio Pereira
EQUIPE EDUCAÇÃO
Alessandra Moura
Carla Branco
Fernanda Sarmento
Henrique Rodrigues
Maria Fernanda Todeschini
ASSESSORIA DE IMPRENSA
Letícia Duque
Carla Meneghini
Leilah Aciolly
CIPÓ COMUNICAÇÃO INTERATIVA
COORDENAÇÃO EXECUTIVA
Luciano Simões
Melina Silveira
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO
Fernanda Pimenta
ADMINISTRATIVO / FINANCEIRO
Antônio Lima
Janusa Santos
Mário Argollo
Simone Bonfim
Oi KABUM! Escola de Arte e Tecnologia
As escolas Oi Kabum!, com unidades em Belo Horizonte,
Recife, Rio de Janeiro e Salvador, promovem a formação de
jovens de comunidades populares nas áreas de Computação
Gráfica, Design Gráfico, Vídeo e Fotografia. Após a etapa
de formação com duração de dezoito meses, os jovens podem
vir a integrar o núcleo Kabum! Novos Produtores, que
oferece oportunidades de aperfeiçoamento da formação e
experiências de trabalho para estes jovens profissionais.
www.oikabum.com.br
Oi Futuro
Presente em várias cidades do país, o Oi Futuro tem
a missão de democratizar o acesso ao conhecimento
para acelerar e promover o desenvolvimento humano. Os
programas do instituto, nas áreas de educação e cultura,
têm como foco principal a promoção de um futuro melhor
para as crianças e jovens do Brasil, reduzindo distâncias
geográficas e sociais.
www.oifuturo.org.br
Pelourinho Digital
O projeto Pelourinho Digital tem como propósito a criação
de um centro de formação e produção de mídia, arte e
cultura, integrando jovens moradores do Centro Histórico
e de outras comunidades da cidade de Salvador. A proposta
está fundamentada em um processo de formação em Webdesign
e no desenvolvimento de produtos de comunicação digital
realizados por jovens como sites, blogs, animações e
vídeos para Internet elaborados a partir de pesquisas
que envolvem temáticas sobre o Centro Antigo de Salvador.
CIPÓ – Comunicação Interativa
É uma organização não-governamental, que utiliza
a educação, a comunicação e a arte para promover o
desenvolvimento de adolescentes e jovens de comunidades
populares da Bahia. Ao longo de seus 13 anos, a instituição
vem atuando com projetos que visam à melhoria da escola,
à inserção qualificada de jovens no mundo do trabalho, à
garantia de direitos, à participação e o desenvolvimento
social e à democratização da comunicação e da cultura.
www.cipo.org.br
Nesta publicação foi mantida a antiga ortografia, ainda vigente no Brasil até dezembro de 2012.
Título TOQUE PARA MOVER SENTIDOS
Formato 21x21 cm
Fontes Letter Gothic Std e AIRLINE, esta última criada por Ipsum Planet para a revista Neo2 <www.neo2.es>
Papel 170g/m2
Número de páginas 64
Tiragem 1000
Impressão Gráfica Publigraf
Acabamento Finish
PATROCÍNIO
REALIZAÇÃO