reconfiguração da moçambicanidade nos romances de mia couto e

Transcrição

reconfiguração da moçambicanidade nos romances de mia couto e
Dossiê
RECONFIGURAÇÃO DA
MOÇAMBICANIDADE NOS
ROMANCES DE MIA COUTO E
PAULINA CHIZIANE*
Maria do Carmo Ferraz Tedesco**
Resumo: as incertezas e instabilidades que marcaram o continente africano na transição
do século XX ao XXI podem ser apreendidas no caso da sociedade moçambicana por
meio das narrativas de dois autores contemporâneos Mia Couto e Paulina Chiziane. Este
artigo promove uma seleção de fragmentos daquelas narrativas procurando identificar
as diferentes formas de olhar para os problemas políticos enfrentados pela sociedade.
Palavras-chave: Identidade cultural. Romance. Construção de sentido.
RECONFIGURING MOZAMBIQUENESS IN THE NOVELS OF MIA COUTO AND
PAULINA CHIZIANE
Abstract: the uncertainties and instabilities wich marked the African continent in the transition from the 20th to the 21rst century can be apprehended in the case of Mozambican society
through the work of two contemporary writers: Mia Couto and Paulina Chiziane. This article
provides a selection of fragments of these narratives, trying to identify the different ways to
look upon the political problems faced by the society.
Keywords: Cultural identity. Novels. Construction of meanings.
UM PROJETO PARA MOÇAMBIQUE
O
presente texto examina os vínculos entre a produção literária e a construção de representações
da nacionalidade ocorridas em Moçambique, tentando demarcar dois momentos desse processo. Depois de delinear de forma ligeira as ideias que estiveram presentes no primeiro turno
dos debates, desenvolvido no processo de obtenção da Independência, indicamos algumas questões
que afloram atualmente e constituem um processo de reconfiguração da nacionalidade moçambicana.
Os processos de descolonização que marcam o continente africano na segunda metade do século XX não podem ser tratados como fenômenos de natureza exclusivamente econômica ou política
a despeito do enorme peso explicativo que tiveram no cenário cultural da época.
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O segundo pós-guerra foi acompanhado de inúmeros projetos de superação e de libertação,
superação do nazismo, das desigualdades sociais, do subdesenvolvimento e libertação das amarras
conservadoras, do machismo, das discriminações culturais e raciais, do colonialismo. Os projetos políticos se mesclaram à enorme carga de desejos e perspectivas, carreando sentimento e sensibilidades
para as ações que se abrigam sob seu enorme guarda-chuva.
A luta contra o colonialismo e pela independência em África não será diferente. Nela marxismo
e poesia interagem na construção de um projeto político e cultural: o da construção de nações livres.
Mas que nações seriam estas? Onde buscar sua historicidade se a maioria das divisões de natureza
administrativa resultava do processo colonial e não era reconhecida pelos numerosos grupos étnicoculturais disseminados no continente.
A construção do imaginário das nações africanas terá como ponto de partida um chão mais
amplo em que a nação é constituída pela totalidade do continente africano. Sucessivas gerações de
afrodescendentes, nos EUA e na Europa, irão consolidar o movimento de valorização da raça negra,
seja com Du Bois e sua busca do propósito divino no que tange ao papel dos negros na Terra, seja com
Alexander Crummell defensor da ideia de que a “África é a pátria da raça negra” e criador da noção
de “identidade nacional africana” ponto de partida dos discursos pan-africanistas.
A similaridade dos problemas enfrentados por cada uma das regiões do continente exige que a
superação dessa herança colonial seja um ato coletivo, promovido pela África como um todo. O nacionalismo africano é um dos primeiros componentes de insatisfação do colonizado que se faz ouvir
em Moçambique pela voz de Rui de Noronha, mestiço de origem negra e indiana, que no poema Surge
et Ambula exorta a África sonolenta a se levantar.
Dormes! E o mundo marcha, ó pátria do mistério.
Dormes! E o mundo rola, o mundo vai seguindo...
O progresso caminha ao alto de um hemisfério
E tu dormes no outro o sono teu infindo...
(HAMILTON ,1984, p. 14).
Cada uma das nações que virão a ser forjadas no processo de luta contra as metrópoles ocidentais
trazem no seu ideário as representações do nacionalismo africano e da negritude. Em Moçambique a
literatura procurou afirmar a cultura africana influenciada pelo movimento de negritude que propunha
a valorização do negro, a afirmação de seus vínculos com a África-mãe e a solidariedade entre todos
os negros da diáspora.
O poema de Noémia de Souza, produzido em meados do século, é exemplo de como a literatura
torna-se expressão da negritude, em consonância com o movimento de caráter internacional.
DEIXA PASSAR MEU POVO
Noite morna de Moçambique
E sons longínquos de marimba chegam até mim
– certos e constantes –
Vindos nem sei eu donde.
Em minha casa de madeira e zinco,
abro o rádio e deixo-me embalar...
Mas as vozes da América remexem-me a alma e os nervos.
E Robeson e Mariam cantam para mim
spirituals negros de Harlém.
‘Let my people go’
– oh deixa passar o meu povo,
Deixa passar o meu povo –
(SILVA, 1996, p. 60).
A literatura torna-se elemento de resistência cultural, de retomada dos traços africanos renegados pelo processo de assimilação. A nova identidade projetada pelas manifestações literárias reafirma
as expressões da língua nativa desprezada pelo colonizador o que pressupõe a valorização dos setores
populares e das culturas tradicionais.
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E grito Inhamússua, Mutamba, Massangulo!!!
E torno a gritar Inhamússua, Mutamba, Massangulo!!!
E outros nomes da minha terra
afluem doces e altivos na memória filial
e na exacta pronúncia desnudo-lhes a beleza. (...)
(CRAVEIRINHA, 2002, p. 62).
É o tambor, a marimba e a timbila, a palhota ou casa de madeira e zinco, a noite morna e as
raízes da terra, os espíritos atendendo ao chamamento do batuque, inúmeros elementos que possibilitam a afirmação de uma nova identidade lançando uma teia entre as práticas tradicionais e o tempo
novo da liberdade.
A Independência de Moçambique foi conquistada em 1975 sob o comando da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), após dez anos de guerra de guerrilha dando início a um governo
revolucionário. Entre as principais preocupações das políticas implementadas por este primeiro
governo estava a busca pelo desenvolvimento e a construção da unidade nacional, de “um país que
ainda não existia”.
Vim de qualquer parte
De uma nação que ainda não existe
Vim e estou aqui
(...)
Tenho no coração
Gritos que não são meus somente
Porque venho de um país que ainda não existe
(CRAVEIRINHA, 2002, p. 84).
A representação da identidade nacional moçambicana, no discurso de Samora Machel, presidente da FRELIMO após a morte de Eduardo Mondlane, estava configurada no povo trabalhador,
operário e camponês, enquanto uma totalidade, solidária na luta contra a colonização e seus efeitos, e
contra todas as formas de exploração de classe. O caminho do socialismo deveria ser partilhado para
se atingir o progresso e a modernidade na construção da pátria.
Quando eu nianja estou a cultivar lado a lado com o ngoni, estou a suar com ele, com ele a arrancar vida à
terra, eu estou a aprender com ele, estou a apreciar o seu suor, estou-me a sentir unido a ele. Quando eu do
norte, aprendi com um camarada do sul a fazer a horta, a irrigar os tomates vermelhos e carnudos, quando
eu do centro aprendi com o camarada do norte a fazer crescer a mandioca que desconhecia, estive-me a
unir com esses camaradas, estive a viver materialmente, a unidade de nossa Pátria, a unidade da nossa classe
trabalhadora. Estive a destruir com ele preconceitos tribais, religiosos, lingüísticos, tudo o que era secundário
e nos dividia. Com a planta que cresceu, com o suor e a inteligência que ambos misturamos à terra, cresceu
a unidade (FRELIMO, [1990a], p. 25).
Além do povo trabalhador, um outro símbolo na construção da identidade dos colonizados foi a
Luta Armada, desencadeada a partir de 1965, mas aprovada como um dos meios de se obter a independência desde o I Congresso da FRELIMO, em 1962 (FRELIMO, [1990], p. 7). Diversos discursos foram
forjados recorrendo a metáforas relacionadas ao combate militar como, por exemplo, o pronunciado
em 1971, por Samora Machel, intitulado: Produzir é aprender. Aprender para produzir e lutar melhor.
O alvo de nossas armas, o objetivo da nossa luta, em definitivo, é destruir a exploração do homem pelo homem, de que o colonialismo é hoje a forma principal na nossa Pátria. O nosso objetivo é entregar a produção
à capacidade criadora das massas (MACHEL, 1975, p. 22).
A autoridade histórica do povo ou “das massas” confunde-se com a FRELIMO, responsável pela
Luta Armada. No Livro de Leitura da Sétima Classe, adotado nas escolas em Moçambique nos anos
posteriores a Independência, um poema de Marcelino Santos concorre para a construção do sentido
da moçambicanidade.
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A missão de hoje, camarada,
é cavar o solo básico da revolução
é fazer crescer um povo forte
com uma PM, uma Bazuca, uma 12.7 ...
(Livro de Leitura da Sétima Classe, 1977, p. 26).
A conjugação de um projeto socialista com a superação do subdesenvolvimento e a construção
de um “homem novo” fundava-se numa representação da sociedade como uma totalidade e tornou-se
a narrativa mestra do projeto de libertação do povo moçambicano. Entretanto, nesse processo, diversos setores da sociedade foram silenciados constrangidos por um projeto cultural centralizador que,
para se consolidar, pressupunha o abandono e a crítica de práticas culturais e crenças consideradas
obsoletas e obscurantistas. Esse foi o cenário que propiciou a expansão de uma reação que levou a
desestabilização do Estado recentemente instituído.
DECEPÇÃO E INCERTEZA – A GUERRA CIVIL
Ao entusiasmo que marcou os primeiros anos após a declaração de Independência seguiu-se
um período extremamente conturbado. Durante um curtíssimo período (1975-1984), tentou-se o desenvolvimento através da adoção de um projeto socialista centralizador, bastante comprometido pela
exacerbação da Guerra Fria e dos conflitos com as vizinhas Rodésia e a África do Sul. Em princípios
da década de 80, quando a Rodésia tornou-se Zimbabwe, o conflito transladou-se para o território
moçambicano com a criação da RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana) e a expansão da guerra
civil que atingiu a zona rural. A partir de 1984, o país mergulhou em dramática crise econômica que
levou à assinatura de acordos com o FMI (1984) e o Banco Mundial (1987), dando início ao Plano de
Reabilitação Econômica (PRE), o socialismo cedeu lugar a uma política econômica liberal.
A guerra civil durou aproximadamente 12 anos (1980-1992) e colocou em causa as representações
de nação que vinham sendo construídas, por outro lado, favoreceu o desvelamento do oportunismo
político, da corrupção e a exacerbação das divisões sociais, no interior da sociedade moçambicana em
oposição ao projeto de unidade e desenvolvimento proposto pela Independência. O conflito, trouxe à
público e, muitas vezes a despeito das ações repressivas governamentais, inúmeras práticas culturais
que vinham sendo condenadas como obscurantistas, além de acender o debate sobre o papel das
autoridades tradicionais e sua intermediação entre sociedades camponesas e estruturas de Estado.
Exemplar desse processo foi a chamada Guerra dos Espíritos, fenômeno ocorrido durante a guerra
civil, em que entidades são invocadas para proteger os combatentes, tornando evidentes as esotéricas
crenças populares.
Em Terra Sonâmbula, Mia Couto narra os sonhos e lembranças de Thuair e Muidinga, refugiados
em um ônibus após o bombardeio de sua aldeia, e as história dos cadernos de Kindzu. As experiências,
sofrimentos e desesperanças trazidas pela guerra se multiplicam em inúmeros episódios. No desespero da guerra a alternativa para Kindzu é a de tornar-se um naparama, esse desejo surge depois de
encontrar-se com um, na loja de seu amigo Surendra Valá.
O inesperado então sucedeu-se: um estranhíssimo homem entrou na loja. Trajava as mínimas vestes mas, na
compensação, exibia colares, penas, fitas e enfeitações. E me deu arrepio: nos braços se enrondavam vermelhos
panos, pulseiras de xicuembo1, exactos como aqueles que vi saindo da cabana do defunto meu pai (TS, 27).
Surendra explica a Kindzu quem eram os naparamas:
Eram guerreiros tradicionais, abençoados pelos feiticeiros, que lutavam contra os fazedores de guerra. Nas
terras do Norte eles tinham trazido a paz. Combatiam com lanças, zagaias, arcos. Nenhum tiro os incomodava,
eles eram blindados, protegidos contra balas (TS, 27).
A guerra civil parecia romper temporalidades e restaurar o tempo pré-colonial e colonial. Tudo
o que havia ficado à margem, deslocado do projeto político da FRELIMO, insistia em se fazer presente.
A diferença cultural e social que, na luta pela independência, foi representada como contraposição
entre colonizados e colonizadores, adquire novas características no país independente, uma vez que o
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processo político que transferiu o poder para as mãos de moçambicanos não representou a inclusão
de todos os grupos sociais, seja em termos econômicos ou em termos culturais.
O devastador conflito interno entre forças da FRELIMO e da RENAMO além dos irreparáveis
danos materiais teve desdobramentos no campo da cultura colocando em xeque projetos e explicações
que davam sentido às existências de inúmeras pessoas. Nesse contexto a produção literária, em especial
os romances, assume papel reconfigurador, novas narrativas são produzidas na busca de respostas à
decepção com o processo de independência e na tentativa de incluir os setores populares e suas tradições atribuindo um novo significado à estes sujeitos históricos e ao papel por eles desempenhado na
construção da identidade moçambicana. Essas novas interpretações literárias produzidas em momento
imediatamente posterior à Guerra Civil, vão configurar um processo de disputa no interior da sociedade.
IDENTIDADES EM CONCORRÊNCIA – A NOVA ORDEM POLÍTICO-SOCIAL
O empenho em fazer a crítica aos rumos tomados pela sociedade, às interpretações hegemônicas,
que trataram a sociedade como totalidades e contemplar os grupos que não foram representados nos
discursos precedentes dominou as produções culturais em tela. Diversas referências desse fenômeno
estão presentes nos romances de Paulina Chiziane e Mia Couto. Neles os autores contam histórias
que falam das crenças, dos conflitos, das experiências individuais e coletivas e das relações entre as
comunidades, mas, o traço marcante destas narrativas é a reavaliação que é feita de diversos aspectos
do projeto político e que neste artigo será mais intensamente explorado.
A produção dos romances de Mia Couto e Paulina Chiziane ocorre de forma simultânea e começa a ser feita na década de 90, no ápice da crise desencadeada pela Guerra Civil. Entre seus romances
podemos citar Balada de Amor ao Vento de 1990, Ventos do Apocalipse, 1999, O Sétimo Juramento,
2000, Niketche. Uma História de Poligamia, 2002, O Alegre Canto da Perdiz, 2008, de Paulina Chiziane e
Terra Sonâmbula, 1992, A Varanda do Frangipani, 1999, Vinte e Zinco, 1999, O último voo do Flamingo,
2000, Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra, 2002, O outro pé da sereia, 2006, Venenos de
Deus, Remédio do Diabo. As incuráveis vidas de Vila Cacimba, 2008, de Mia Couto.
Um dos alvos preferências das narrativas dos dois autores são os novos administradores constituídos em sua maioria por ex-combatentes ou por funcionários burocráticos. A representação negativa
sobre o destino de parte dos ex-combatentes, agora preocupados apenas com o sucesso e ganhos pessoais,
denota as frustrações em relação ao projeto político idealizado no período de luta pela independência
e durante os primeiros anos de consolidação do Estado Nacional.
A reconfiguração dos sentidos daquele projeto será um dos elementos constitutivos de uma nova
identidade coletiva que, para ser compreendida, deve ser pensada para além de elementos objetivos
e racionais. Envolve os sentimentos, as emoções, as decepções, de indivíduos que foram interpelados
por um projeto de transformação e aos quais foi solicitada uma colaboração que demandou profundas
mudanças em suas crenças e formas de vida.
Os romances apresentam elementos que nos permitem pensar a identidade nacional moçambicana no momento histórico presente, em um processo que se distancia da perspectiva trazida pela
Independência de redenção dos “condenados da terra”. Afasta-se, também, dos termos binários colonizado/colonizador, explorador/explorado e dos conceitos moderno/tradicional, segundo os quais
o fim do colonialismo significaria alcançar a modernidade e o progresso, deixando para trás o modo
de vida tradicional, herança de um passado de exclusão e exploração, que norteava o discurso de
construção da identidade anterior.
A IRONIA DE MIA COUTO
Em seus romances, Mia Couto não poupa críticas aos caminhos que a Revolução passou a
trilhar. É com muito humor e ironia que críticas são tecidas em relação à elite burocrática partidária
que se instala em diversos níveis da administração – as “estruturas”, como foram chamadas – e repete
de maneira formal os discursos e palavras de ordem, sem compreender o seu sentido. A adoção, pelas
personagens, da retórica do discurso revolucionário e de termos e conceitos do jargão marxista adquire,
por desconhecimento ou má fé, um sentido completamente diverso.
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O Último Voo do Flamingo é particularmente rico nestas denúncias por se tratar de um romance
que retrata o pós-guerra e o processo de reconstrução e desminagem das áreas atingidas pelo conflito. Este seria o problema enfrentado pela cidade de Tizangara que recebe a delegação incumbida de
desvendar o mistério das explosões que estavam acometendo os soldados da ONU, “os boinas azuis”.
Em um dos episódios o administrador relata aos seus superiores, com certa indignação, o inadequado comportamento da população que recebe a referida comitiva portando cartazes dando boas
vindas aos “camaradas soviéticos” e vivas ao “internacionalismo proletário”, incapaz de acompanhar
a rapidez das mudanças políticas vividas pelo país.
De entre a multidão figurava um bem visível cartaz com enormíssimas letras: “Boas vindas aos camaradas
soviéticos! Viva o internacionalismo proletário!”. O administrador deu ordem instantânea de se mandar retirar o dístico. E que ninguém entoasse vivas a ninguém. O povo andava bastante confuso com o tempo e a
actualidade (UVF, 26, grifos do autor).
Também neste romance o administrador, rápida e convenientemente, adapta-se aos novos
tempos de reestruturação econômica apesar de conservar alguns cacoetes dos tempos do governo
socialista, assim, o atropelamento de um cabrito que irá provocar um tumulto e dificultar a realização
dos discursos será visto como “sabotagem ideológica do inimigo” (UVF, 27). Em carta para o Chefe
Provincial, relatando os acontecimentos, diria:
Desculpe, a franqueza não é fraqueza: o marxismo seja louvado, mas há muita coisa escondida nestes silêncios
africanos. Por baixo da base material do mundo devem de existir forças artesanais que não estão à mão de
serem pensadas. Peço desculpa se estou enganado, faço-lhe uma autocrítica (UVF, 76).
Outra personagem que revela um comportamento similar é Assane, do romance Terra Sonâmbula.
Secretário do administrador da vila de Matimati, que relata o afundamento de um navio naquelas proximidades: “As autoridades imediatamente desencadearam um ofensiva de averiguações político-ideológicas
tendo apurado a presença do inimigo da classe” (TS, 60); a população, entretanto, premida pela fome pouco
se importou com o aspecto político com o qual o acontecimento foi identificado pela administração, “a
população não se comporta civilmente na presença da fome” e por isso, e por todas as partes, se escutavam
tambores, rezas obscurantistas, clamando para que os antepassados afundassem mais navios (TS, 61).
A corrupção, outra marca dessa nova administração, também é sobejamente representada. A
elite burocrática – que se consolida no poder e ocupa cargos na administração ao longo da guerra civil
e durante o processo de transformação da economia estatal centralizada em uma economia competitiva
– são os que mais possibilidade tem de se locupletar, um fato denunciado publicamente pelo bêbado
Quintino Massua, de Terra Sonâmbula:
Agora, em Moçambique, a guerra é como se fosse uma machamba [lavoura]. E se explicou: a guerra gerava
altos tacos, cada um semeava uma guerra particular. Cada um punha a vida dos outros a render (TS, 140).
Em certas passagens as personagens justificam o enriquecimento ilícito em decorrência da
condição de negro e filho da terra, como Assane: “Nós, originários, devemos assumir as propriedades,
não é assim mesmo?” (TS,122)
Comportamentos e justificativas que não deixam de pesar na consciência dos envolvidos, como
explicita o sonho do administrador Estevão Jones, descrito em O Último vôo do Flamingo, no capítulo
intitulado O Regresso dos Heróis Nacionais:
Nós fazíamos as cerimônias chamando os nossos heróis do passado. Vieram o Tzunguine, o Madiduane e os
outros que combateram os colonos. Sentamos com eles e lhe pedimos para colocar ordem no mundo nosso
de hoje. Que expulsassem os novos colonos que tanto sofrimento provocaram na nossa gente. E nessa mesma
noite acordei com o Tzunguine, o Madiduane me sacudindo e me ordenando que me levantasse.
– O que estão fazendo, meus heróis?
– Você não pediu que expulsássemos os opressores?
– Sim, pedi.
– Pois então estamos expulsando a si.
– A mim!?
– A si e aos outros que abusam do Poder (UVF, 172/173).
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Para desespero e revolta dos heróis nacionais, enquanto alguns enriquecem, grandes contingentes
sofrem os efeitos da guerra civil e vivem a angústia e a frustração com a independência incompleta.
Em O outro pé da sereia, o penúltimo romance de Mia Couto, uma história que entrelaça os
inícios do processo colonial com o tempo presente, é a figura de Chico Casuarino que é trazida para
representar a corrupção da sociedade na atualidade. Empresário de sucesso que vive na cidade, longe
da vila, pretende contar com a própria família para tirar vantagens da visita de um norte-americano,
representante de uma ONG, que é por ele trazido a Vila Longe.
O deslumbramento do americano, Benjamin Southman é descrito com a frase que ele pronuncia
logo ao chegar: “Oh, Africa! My forgotten land!” (OPS, 144). A Mwadia Malunga, sobrinha de Casuarino, caberia um papel central “em termos de gênero” já que os americanos são muito “sensíveis a estas
coisas de mulheres” (OPS, 134). Ela deveria representar sessões de posse de espíritos para os americanos
(OPS, 233-236), nestas sessões receberia os anamadzi (alma dos escravos antigos). Em diversas sessões
a jovem passa a receber o espírito de Nimi, um escravo do século XVI, e os eventos relatados durante o
suposto transe são, na realidade, resultado de leituras que Mwadia faz de documentos do século XVI,
que ela havia encontrado na praia junto com a imagem de uma santa, documentos pesquisados na
biblioteca de seu padastro Jesustino (OPS, 238-243) e as pesquisas do próprio americano as quais, por
ordem do tio Casuarino, andara espionando para saber o que eles esperavam da terra e, assim, poder
produzir a “África com que o estrangeiro sempre sonhou” (OPS, 150).
Outro trunfo de Casuarino para conseguir o apoio financeiro do americano será o curandeiro
Lázaro Vivo, adivinho (nyanga) que está se adaptando aos novos tempos. Se antes tinha “longas e farfalhudas tranças” e uma túnica preta, hoje ostenta cabelos curtos, uma blusa desportiva e se apresenta
como “Lázaro Vivo, notável das comunidades locais, curandeiro e elemento de contacto para ONGS”
(OPS, 21/22). Finalmente ele iria oferecer ao estrangeiro o que eles queriam ver “A comitiva de Vila
Longe levava o norte-americano a uma excursão pela África mais profunda. A palavra de ordem era:
Tudo selvagem, nada de modernices” (OPS, 270).
O DESASSOSSEGO DE PAULINA CHIZIANE
Enquanto Mia Couto foca suas representações de forma direta nas práticas corruptas presentes
entre administradores, nos romances de Paulina Chiziane essas questões são apresentadas de forma
enviesada, constituindo o fundo de suas narrativas e não se configurando no objeto central da análise
desenvolvida.
A abordagem de Paulina Chiziane volta-se para o cotidiano dos indivíduos em Moçambique
contemporâneo ou, no caso do romance Balada de Amor ao Vento, na submissão ao colonialismo.
Independentemente do tempo representado, as intrigas em que se movem suas personagens podem
ser plenamente identificadas com a vida cotidiana, seja de camponeses ou de sujeitos urbanizados.
Seus quatro romances tratam de temas centrais da história moçambicana no último século: a
vida das comunidades camponesas sob o colonialismo (BAV) ou sob a recente guerra civil (VA), a vida
de famílias urbanizadas de classe média no pós-independência (SJ e N); em todos eles a presença de
costumes estrangeiros está colocada.
Os costumes e as tradições sofreram alterações nos últimos séculos. As gentes ouviram as palavras dos homens
vindos do mar e transformaram-se; abandonaram os seus deuses e acreditaram em deuses estrangeiros. Os
filhos da terra abandonaram a tribo, emigraram para terras estrangeiras e quando voltaram já não acreditavam
nos antepassados, afirmaram-se deuses eles próprios (VA, 60).
Por outro lado, a caracterização das personagens como africanas – entendidas aqui como negras – restringe a representação das múltiplas trocas e intercâmbios que vêm marcando a sociedade
moçambicana ao longo de sua história. As personagens são apresentadas como receptadoras e de um
conjunto de influências em relação as quais são colocadas como vítimas de um destino que é sempre
retomado, de forma cíclica, seja por sua condição de mulher, sempre dominadas e subjugadas, seja
por sua condição de explorado.
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Os teus antepassados fremiam de dor, mas cantavam belas canções quando partiam para a escravatura (BAV, 46).
No passado, os grandes homens da Europa em sessões magnas, festins e banhos de champanhe dividiram
o continente negro em grandes e boas fatias, escravizaram, torturaram, massacraram e deportaram almas
destas terras. Hoje, gente oriunda das antigas potências colonizadoras diz que dá a sua mão desinteressada
para ajudar os que sofrem (VA, 234).
Para nós, hoje, a revolução é a versão proletária da tirania. O capitalismo é a versão burguesa da tirania.
Democracia é a versão mais subtil da mesma tirania. Tudo é tirania (SJ, 69).
Em Ventos do Apocalipse, um romance sobre a guerra civil, a intriga é deflagrada pela conspiração de Sianga um ex-régulo que foi “escorraçado pelos ventos da Independência” (VA, 49) e que
revoltado alia-se aos bandos armados. Neste romance, o régulo personifica um indivíduo corrupto,
que cobiça o poder para dele tirar proveitos pessoais. Esta é uma das interpretações possíveis sobre a
complexa figura do régulo, uma autoridade local tradicional que exercia uma intermediação entre as
comunidades e aldeias e o poder colonial, foi totalmente ignorada no pós-independência pela Frelimo.
A Renamo explorou as resistências e frustrações de alguns chefes tradicionais como estratégia de cooptação. Assim, a personagem do régulo Sianga é caracterizada tanto como uma permanência de uma
fase anterior onde chefes de linhagem tinham absoluta legitimidade frente as comunidades, quanto
como uma representação da corrupção trazida pela guerra e pelo novo Estado.
Em O Sétimo Juramento, a personagem de David, ex-combatente e diretor de uma empresa,
envolvido em corrupção, irá buscar na feitiçaria a forma de manter seu cargo.
A guerra e a corrupção constituem, assim, o pano de fundo para que a autora apresente-nos
uma sociedade onde se observa a permanência dos valores e das práticas tradicionais. Em diversos
momentos dos romances são forjadas as relações entre a crise vivida pela sociedade e o abandono da
história e da tradição:
(...) falar dos antepassados é falar da história deste povo... Acreditar nos antepassados é acreditar na continuidade e na imortalidade do homem (VA, 265).
(...) a crise existe porque o povo perdeu a ligação com sua história. As religiões que professam são importadas.
As ideias que predominam são importadas (VA, 267).
Para Paulina Chiziane é na tradição que as tramas se resolvem, as suas personagens buscam a
solução dos seus problemas em algum tipo de prática tradicional com as quais apresentam uma maior
identidade e por meio das quais podem trilhar os caminhos mais adequados.
O confronto entre a cultura tradicional e a cultura importada causa transtornos no povo e gera a crise de
identidade (VA, 267).
Sem qualquer possibilidade de pensar uma alternativa aos problemas vivenciados, atribuí-se os
acontecimentos a um destino cíclico, para David a luta dos trabalhadores compõe este ciclo: “A história
repete-se, passo à frente, passo atrás, como um pêndulo, no relógio da vida” (SJ, 32) ou a experiência
da sogra e de Vera, casadas com um indivíduo que por ambição entregaram-se a espíritos malignos:
“Falo-te como mulher e não como sogra. Eu e tu, dentro desta família arrastadas pelo destino. Por amor
seguindo o mesmo trilho. A conversa que temos agora tive-a com a minha sogra há mais de quarenta
anos” (SJ, 191).
Cíclicas também são as razias dos Cavaleiros do Apocalipse, quando, como um presságio, se
aproximam da aldeia de Sianga e Minosse: “O ciclo da desgraça evolui e está prestes a atingir a fase
crucial: a colheita do diabo. Há cavaleiros no céu” (VA, 47); ou quando o ataque pelo exército contrário
ao governo se efetiva: “O exército do cavaleiro vermelho tem a cor do camaleão e o silêncio dele. Penetra
invisível pelos quatro cantos da aldeia” (VA, 115); ou no ataque final, quando se supunha ter sido atingido
um momento de equilíbrio e de paz na nova aldeia para onde o povo havia sido deslocado: “Descem do
Poente os cavaleiros do Apocalipse. São dois, são três, são quatro, o povo inteiro cava sepulturas” (VA, 275).
Nos romances de Paulina Chiziane todas as personagens revelam traços de um hibridismo cultural, peculiar aos sujeitos submetidos ao colonialismo, onde religiosidade cristã e cosmogonia africana
se articulam num universo de correspondências, como a estabelecida entre as almas dos antigos invasores ngunis, que se pfukan (ressuscitam) (SJ, 28) para submeter os homens, e Cristo, que pfukou para
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redimir pecados do mundo (SJ, 29). O encadeamento de diversas informações culturais nas falas das
personagens revela a tradução de influências alienígenas em um universo predominantemente negro.
Clemente recorda os mitos das aulas de história universal. Mitos de bestas e santos. De deuses e demônios.
Mitos do amor à lua cheia. Mitos de dragões e papões. Foi o mito de Rômulo e Remo que criou Roma.
Hércules. Zeus. Vénus. Foi o mito do nascimento de Shaka que criou o império Zulu. O mito da criação do
mundo, segundo o Génesis, governa metade do planeta Terra e criou a superioridade do branco sobre o preto,
do homem sobre a mulher. O mito de mpfukwa torna os ndaus temidos e destemidos. O mito da encarnação
governa o universo dos bantus (SJ. 29).
A linearidade que possibilita a convivência sem conflitos, e não como contradições que devem
ser resolvidas, se explica pela supremacia proposta pela romancista para o traço africano da cultura,
em que “cantigas mágicas fazem cair todas as máscaras” (SJ, 193), como afirma a personagem Vera
que, ao repetir um refrão de uma história sobre Makhulu Mamba, acaba por invocar entidades e ver
sua sogra ser possuída, revelando características que teria tentado esconder de todos.
Os destinos das personagens são comandados por forças sobrenaturais, por determinações
incontroláveis ou só passíveis de controle se invocadas outras forças igualmente sobrenaturais que a
elas possam se contrapor.
A GUISA DE CONCLUSÃO
Ao longo deste artigo trechos das obras de dois autores contemporâneos, Paulina Chiziane e Mia
Couto, foram destacados para fundamentar a ideia da existência, em Moçambique, de um embate de
idéias e posições. A guerra civil e a crise do Estado socialista abriram a possibilidade de expressão de
um conjunto de forças sociais, até então submetidas ao poder centralizador do Estado-partido, observando-se, assim, a retomada pública de práticas culturais anteriormente abandonadas. A forma como a
FRELIMO tratou o tema, tanto na guerra revolucionária como durante o governo pós-independência
tem sido objeto de intensas críticas e discordâncias. Recorrentemente tem-se falado em nome de um
resgate da sociedade tradicional, das vivências populares deslocadas pelo discurso revolucionário e da
legitimidade daquelas práticas culturais.
Os dois romancistas estudados compõem em as suas narrativas um diálogo com esta problemática, entretanto, a maneira diversa de abordar as temáticas indica uma disputa quanto a forma de
representar a sociedade moçambicana.
No que tange ao aspecto de uma representação político cultural Mia Couto procura estabelecer
uma crítica à maneira como os acontecimentos teriam evoluído num contexto de crise. Conserva com
sua postura irônica uma abertura e uma esperança de reorganização desse mesmo processo. A identidade
moçambicana representada por Mia Couto caracteriza-se por personagens que se encontram sujeitas
a uma infinidade de combinações de influências, por comunidades que convivem e confrontam-se
continuamente com a diversidade, reagindo aos acontecimentos de forma igualmente diversificada.
As personagens de Mia Couto, africanos, indianos ou europeus, tanto podem, a partir de suas experiências, construírem identidade como estranhamentos, adotando atitudes discriminatórias. Essas
personagens representam europeus que há muito negaram sua ocidentalidade e vivenciam plenamente
a cultura local, negros que convivem com outros negros de culturas diferentes de forma harmoniosa,
negros que recusam construir identidades com outros negros somente em função da cor, indivíduos
oriundos de comunidades tradicionais que em decorrência das experiências de vida passam a “sentir
aqui e ali necessidades espirituais e intelectuais antes não reconhecidas”. É desse contexto diverso que
Mia Couto acredita poderá sair uma alternativa criativa para a sociedade moçambicana
Diversamente de Mia Couto, cujos personagens vivem um processo de tradução cultural, ocupando um entre-lugar e, nesse sentido, não pertencendo mais a uma ou outra tradição, são portadores
de uma nova cultura, para Paulina Chiziane, as tradições culturais africanas e europeias apresentam-se
em constante conflito, em disputa para que uma venha a se impor como dominante. Nos seus romances
o desenlace das tramas parece indicar a supremacia dos aspectos ligados à cultura negra tradicional.
A crítica à apologia racionalista que marcou o processo colonial e a construção de um novo
Estado, se por um lado contribui na compreensão do desenraizamento e da alienação decorrente da
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perda dos elementos da própria cultura, não deve sinalizar uma retomada dessas práticas na medida
em que pode conduzir a uma visão estática e essencializada da cultura que se pretende representar. Ora
é a ausência de uma mediação crítica que se pode observar nas narrativas de Paulina Chiziane, onde as
longas e detalhadas descrições dos costumes e modo de vida das comunidades negras esgotam-se em si
mesmas, sem que estas composições se apresentem como possibilidades de superação dos conflitos e das
experiências individuais. Tais descrições podem conduzir a uma mitificação do “povo”, num processo
de naturalização que não permite vislumbrar as contradições e as dinâmicas presentes nas sociedades.
A seleção de trechos dos romances dos dois autores teve a intenção de indicar a existência de um
conflito de formas de representar a sociedade moçambicana acreditando que tal conflito se expressa
na produção literária que reflete e participa do processo de reconfiguração da moçambicanidade.
Nota
1
Xicuembo ou Chicuembo: feitiço ou espírito dos antepassados.
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reconfiguração da identidade nacional. Tese (Doutorado) – UnB, Brasília, 2008.
* Texto produzido a partir da tese de doutorado: Narrativas da Moçambicanidade. Os romances de Paulina Chiziane e Mia
Couto e a reconfiguração da identidade nacional. Brasília: UNB, 2008.
Recebido em: 29.11.2009.
Aprovado em: 10.02.2010.
** Vinculada a UFG, doutorada em História Cultural pela UNB. E-mail: [email protected]
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