iv encontro de pesquisadores em mastites

Transcrição

iv encontro de pesquisadores em mastites
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
FMVZ – UNESP
Campus Botucatu
IV
ENCONTRO DE
PESQUISADORES
EM MASTITES
ANAIS
Saúde da glândula mamária
Inspeção de leite e derivados
Produção de leite
22 a 24 de junho de 2007
Botucatu / SP
Encontro de pesquisadores em Mastites ( 4. : 2007 : Botucatu, SP)
Anais [do] 4o Encontro de pesquisadores em mastites, 22 a 24 de
junho de 2007. – Botucatu : FMVZ – UNESP, 2007.
118 p.
1. Veterinária - Evento
2. Mastite - Evento I. Título
CDD 636.20896
Palavras-chave: Encontro; Mastites
IV ENCONTRO DE PESQUISADORES EM
MASTITES
Botucatu, 22 a 24 de junho de 2007.
REALIZAÇÃO
Departamento de Higiene Veterinária e Saúde Pública–FMVZ – UNESP/Botucatu/SP
Disciplina de Zoonoses
Disciplina de Enfermidades Infecciosas dos Animais
Disciplina de Higiene Zootécnica
Disciplina de Inspeção Sanitária de Alimentos
Núcleo de Pesquisas em Zoonoses – NUPEMAS
COORDENAÇÃO
Prof. Titular Helio Langoni
Prof. Ass. Dr. Márcio Garcia Ribeiro
Prof. Dr. Marcos Veiga dos Santos
Prof. Ass. Dr. Paulo Francisco Domingues
Prof. Ass. Dr. José Paes de Almeida N. Pinto
Prof. Titular Antônio Nader Filho
COMISSÃO CIENTÍFICA
Profa. Titular Elizabeth Oliveira da Costa - FMVZ-USP - SP
Prof. Dr. José Jurandir Fagliari - FCAV-UNESP - Jaboticabal - SP
Prof. Dr. Nilson Roberti Benites - FMVZ-USP - SP
Prof. Dr. Luiz Augusto do Amaral - FCAV-UNESP - Jaboticabal - SP
Prof. Titular Ernest Eckehardt Muller - Universidade Estadual de Londrina – PR
Prof. Dr. Nivaldo da Silva - UFMG - MG
Profa. Dra. Vanerli Beloni - UEL - PR
Prof. Dr. Rinaldo Aparecido Mota - Universidade Federal de Pernambuco – RE
Profa. Dra. Andréa Rentz Ribeiro - PUC-Poços de Caldas - MG
Dra. Priscilla Anne Melville - FMVZ-USP - SP
Dra. Simone Baldini Lucheis – APTA Regional Centro Oeste - Bauru - SP
Dra. Márcia C. da Sena Oliveira – Centro de Pesquisa de Pecuária do Sudeste – São Carlos/SP
COLABORAÇÃO
Amanda Keller Siqueira
Ana Paula Ferreira Lopes Corrêa
Deolinda Maria Vieira Filha Carneiro
Felipe de Freitas Guimarães
Gustavo Henrique Batista Lara
Haroldo Greca Junior
Janaína Bioto Camargo
Juliana Giantomassi Machado
Juliana Santos Geraldo
Juliano Leônidas Hoffmann
Leila Sabrina Ullmann
Lucilene Granuzzio Camossi
Marcella Zampolli Troncarelli
Marta Catarina Fernandes
Melissa Hartman
Patrícia Yoshida Faccioli
Roberto Ximenes Bolsanello
Rodrigo Costa da Silva
Rodrigo Garcia Motta
Tatiana Salerno
Veruska Maia da Costa
APOIO
BAYER Health Care – Saúde Animal
DAIRY EQUIPMENTS – Importação Ltda.
PFIZER – Saúde para uma vida melhor
OURO FINO – Saúde animal
FORT DODGE – Nossa proteção faz a diferença
GLOBAL FOOD – Advanced food technology
ITERMAQ – Sistemas de ordenha
Instituto BIOETHICUS
SCHERING-PLOUGH COOPERS – As melhores soluções em saúde animal
LOCAL
Anfiteatro “Casa da Arte” – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – FMVZ –
UNESP – Botucatu/SP.
PROGRAMAÇÃO
22 DE JUNHO DE 2007 (SEXTA-FEIRA)
13:30 – 14:00 h: Inscrições e entrega de material
14:00 – 14:15 h: Abertura
14:20 – 15:10 h: Mastite bovina. Conceitos e fundamentos.
Prof. Titular Hélio Langoni – Núcleo de Pesquisa em Mastites –
NUPEMAS – FMVZ - UNESP/Botucatu – SP.
15:20 – 16:00 h: Situação atual da cadeia produtiva leiteira do Brasil.
Prof. Dr. Marcos Veiga dos Santos - FMVZ - USP – Pirassununga – SP.
16:00 – 16:20 h: Milk-break
16:30 – 17:20 h: Impacto da Instrução Normativa 51 (MAPA) na qualidade do leite.
Panorama da CCS e CBT nos laboratórios da rede do CBQL.
Dr. Laerte Dagher Cassoli – Clínica do Leite – ESALQ/USP – Piracicaba – SP.
17:30 – 17:45 h: Apresentação oral de trabalho selecionado pela Comissãon
Organizadora (Área de Saúde da Glândula Mamária)
____________
19:30 – 20:20 h: Células somáticas e outros mecanismos de defesa da glândula
mamária.
Prof. Dr. Adil Knackfuss Vaz – CAV/UDESC – SC
20:30 – 21:00 h: O CONSELEITE PARANÁ – uma metodologia inovadora para
pagamento de leite por qualidade e volume.
Prof. Newton Pohl Ribas – UFPR – CTBA/PR / MAPA – Barsília/DF.
21:00 – 21:20 h: Milk-break
21:20 – 22:10 h: Situação atual e perspectivas da produção de leite e derivados no
sistema orgânico no Brasil.
Médico Veterinário Luis Henrique Witzler – Instituto Biodinâmico de
Botucatu/SP.
23 DE JUNHO DE 2007 (SÁBADO)
8:00 – 8:30 h: Fixação de pôsters (salas 1, 2 e 3 – Central de aulas – HV – FMVZ)
8:30 – 9:20 h: Nova estratégia para reduzir infecções intramamárias no período seco:
selante interno para tetos.
Prof. Martin Pol – Buenos Aires – Argentina.
9:30 – 10:20 h: Staphylococcus aureus: toxinas e saúde pública.
Profa. Ass. Dra. Maria de Lourdes Ribeiro de Souza da Cunha – IBB –
UNESP-Botucatu – SP.
10:20 – 10:40 h: Milk break
10:40 – 11:20 h: Mastites em pequenos ruminantes.
Profa. Dra. Alice Maria Melville Paiva Della Libera – FMVZ-USP
11:30 – 11:45 h: Apresentação oral de trabalho selecionado pela Comissão
Organizadora (Área de Inspeção do Leite e Derivados)
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
14:00 – 14:50 h: Uso racional da terapia intramamária em bovinos e resistência
microbiana.
Profa. Titular Elizabeth Oliveira da Costa – Núcleo de Apoio à Pesquisa
em Glândula Mamária e Produção Leiteira – NAPGAMA – FMVZ-USP
15:00 – 15:40 h: Homeopatia no tratamento das mastites em animais de produção.
Prof. Dr. Nilson Roberti Benites – FMVZ-USP
15:40 – 16:00 h: Milk break
16:00 – 16:15 h: Apresentação oral de trabalho selecionado pela Comissão
Organizadora (Área de Produção de Leite)
16:20 – 17:20 h: Reunião do Conselho Brasileiro de Qualidade do Leite – CBQL
17:20 – 18:00 h: Visitação aos pôsters (presença dos autores).
24 DE JUNHO DE 2007 (DOMINGO)
8:30 – 9:20 h: Qualidade microbiológica da água X qualidade do leite.
Profa. Dra. Mônica Cerqueira – UFMG
9:30 – 10:10 h: Estratégias de controle da mastite e cuidados básicos para eficiência
do processo de ordenha mecânica.
Alexandre Tolloi - Zootecnista – Westfalia do Brasil
10:10 – 10:30 h: Milk break
10:30 – 11:10 h: Resíduos de antimicrobianos no leite. Reflexos nos laticínios e na
saúde pública.
Dr. Roberto Belizzia Raia Júnior – USP – SP
11:20 – 12:00 h: Educação sanitária para o controle da mastite.
Dr. Alexandre Olival – Médico Veterinário – Instituto Ouro Verde – MT
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
MINI-CURSO PRÁTICO
“Procedimentos no Diagnóstico da Mastite Bovina”
Local: Departamento de Higiene Veterinária e Saúde Pública
25 e 26 de junho de 2007
Programa
25 de junho de 2007 (Segunda-feira)
7:30-15:00h: Visita a propriedade leiteria com ordenha em sistema carrossel. Turmas A
eB
 acompanhamento de rotina de ordenha
 realização de teste da caneca telada, pré-dipping, pós-dipping
 realização de CMT
 colheita de leite com vistas ao isolamento microbiano e contagem de células
somáticas – CCS
15:30-16:00h: coffee-break
16:00-17:30h: Cultivo microbiano de leite (Turmas A e B)
26 de junho de 2007 (Terça-feira)
8:00-9:30h:
Contagem eletrônica de células somáticas-CCS (Turma A)
Teste de sensibilidade microbiana (antibiograma) (Turma B)
9:30-10:00h: Coffee-break
10:00-12:00h:
Contagem eletrônica de células somáticas-CCS (Turma B)
Teste de sensibilidade microbiana (antibiograma) (Turma A)
_______________________
14:00-15:30h:
Identificação laboratorial dos principais microrganismos de mastite bovina (Turma A)
Contagem Bacteriana Total – CBT (Turma B)
15:30-16:00h: Coffee-break
16:00-17:30h:
Identificação laboratorial dos principais microrganismos de mastite bovina (Turma B)
Contagem Bacteriana Total – CBT (Turma A)
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
SUMÁRIO
Profa. Titular Elizabeth Oliveira da Costa - FMVZ-USP - SP...............................................3
Juliana Santos Geraldo........................................................................................................4
APRESENTAÇÃO..................................................................................................................5
Palestras................................................................................................................................8
Resumos..............................................................................................................................74
EM05. INDUÇÃO EXPERIMENTAL DE MASTITE SUBCLÍNICA EM VACAS DA RAÇA
HOLANDESA MEDIANTE INOCULAÇÃO INTRAMAMÁRIA DE Staphylococcus aureus.
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EXPERIMENTAL SUBCLINICAL MASTITIS IN HOLSTEIN COWS INDUCED BY
INTRAMAMMARY INOCULATION OF Staphylococcus aureus. Luiz Paulo Martins Filho1,
José Jurandir Fagliari2, Ana Maria Centola Vidal-Martins3, Flávia Tereza Rocha Santos
Cesco3, Priscila Bachur Sicchierolli2, Poliana de Castro Melo2 ([email protected])..........77
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
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APRESENTAÇÃO
IV ENPEMAS
O IV Encontro de Pesquisadores em Mastites (IV ENPEMAS) como fórum de
discussão para os aspectos relacionados à sanidade da glândula mamária e a qualidade do
leite procurou, diferentemente da sua terceira edição, uma programação voltada para
realidade da cadeia produtiva do leite, trazendo pesquisadores e temas relevantes para as
palestras e debates, visando à competitividade no setor lácteo para um produto de melhor
qualidade. Alguns temas são inovadores como a produção e leite orgânico e a utilização da
homeopatia no tratamento das mastites, outros emergentes, como a mastite em pequenos
ruminantes.
A cadeia produtiva do leite é importante componente do agronegócio brasileiro.
Paralela aos aspectos financeiros da atividade, com importante participação do PIB, o
agronegócio do leite desempenha ainda função social de extrema relevância representada
pela fixação de milhares de famílias no campo, gerando inúmeros empregos diretos e
indiretos.
O desenvolvimento que a pecuária bovina apresentou, se considerado as últimas
décadas do século passado e inicio deste, é muito grande, com ganhos de produtividade
cada vez maiores, devido a melhoria genética dos rebanhos, aspectos nutricionais e
biotécnicas da reprodução. Se por um lado houve benefícios, por outro, surgiram inúmeros
problemas sanitários, e dentre eles as mastites.
As perspectivas do pagamento diferenciado pela qualidade do leite, deverá estimular
os criadores para obtenção de um produto de melhor qualidade, fato que trará grandes
modificações na cadeia produtiva do leite no Brasil, aumentando a competitividade do
produto, e a sua inserção no mercado internacional de lácteos. A preocupação com essa
temática motivou a coordenação a selecioná-la como palestra, para possibilitar a discussão
dos fatores relacionados à melhor qualidade do leite e de seus subprodutos.
A participação do Conselho Brasileiro de Qualidade do Leite – CBQL nesse evento,
com a realização de plenária para apresentação e eleição da nova diretoria, mostra a sua
importância como fórum de discussão para as estratégias de controle de mastites e da
qualidade do leite oferecido para o consumo e para a indústria de produtos lácteos.
Inédito, também, é a realização do I Mini-curso "Procedimentos no Diagnóstico de
Mastite Bovina", possibilitando a formação continuada em área tão especializada com o
objetivo final de se melhorar a qualidade do leite, pois o curso além de se preocupar com os
aspectos microbiológicos e epidemiológicos, estará voltado também para as medidas de
controle das mastites.
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O grande número de resumos encaminhados, a diversidade e o impacto dos estudos
nos diferentes Estados da Federação mostra a preocupação que nossas instituições de
ensino e pesquisa têm dispendido com o assunto, reforçando a necessidade de eventos
continuados desta natureza.
A programação desta edição do ENPEMAS, foi pautada de forma a permitir a ampla
discussão de temas atuais relacionados a área. Desta forma, agradecemos a todos os
palestrantes que dentro de suas especialidades trarão seguramente informações relevantes
para discussão neste evento.
Agradecemos a todos os participantes, e que a estadia em Botucatu, mesmo que por
curto período possa ser a mais agradável possível, e rica do ponto de vista profissional e
cientifico. Da mesma forma a todos aqueles que se envolveram nas diferentes fases para a
preparação desse grande evento.
Obrigado.
Helio Langoni
Comissão Organizadora
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Palestras
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Mastite bovina. Conceitos e fundamentos
Prof° Titular Helio Langoni
Núcleo de Pesquisas em Mastites-NUPEMAS
FMVZ-UNESP-Botucatu/SP
DEFINIÇÃO
A mastite é a principal afecção dos animais destinados à produção leiteira, pela sua
alta freqüência, principalmente nos rebanhos bovinos leiteiros; pelos aspectos econômicos a
ela relacionados, tanto pela diminuição da produção como menor rendimento dos
subprodutos lácteos para indústria de laticínios, e pelos aspectos de saúde pública, pois o
leite pode veicular uma serie de microrganismos capazes de ocasionar infecções e
toxinfecções alimentares. A mastite pode ser considerada como um fator limitante para
cadeia produtiva do leite, pelo seu impacto econômico negativo na qualidade do leite,
traduzidas pelas altas contagens de células somáticas (CCS) e de contagens bacterianas
totais (CBT) no leite, nas infecções intramamárias, consideradas no texto como mastites
subclínicas, pelo fato do leite apresentar-se com suas características organolépticas
normais.
ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA
É um processo principalmente de caráter infeccioso, onde estão envolvidos uma
série de microrganismos, comumente de origem bacteriana, podendo, entretanto, estar
envolvidos os fungos e leveduras, as algas e mais raramente os vírus. Entre os agentes
bacterianos os estafilococos ocupam lugar de destaque na maioria das propriedades
leiteiras, e o Staphylococcus aureus é o mais prevalente. Outras espécies também são
isoladas como S. epidermidis, S. intermedius, entre outros. Tem-se sugerido o agrupamento
desse gênero em estafilococos coagulase positivo e estafilococos coagulase negativos.
O gênero Streptococcus também é importante, e várias espécies podem ser isoladas
como Streptococcus agalactiae, S. dysgalactiae, S. bovis, e S. uberis, sendo o
Streptococcus agalactiae o de maior prevalência em vários estudos realizados. As bactérias
do gênero Corynebacterium estão associadas também nas infecções intramamárias, sejam
elas subclínicas ou clínicas, apesar de ser considerado como patógeno menor, menos
importante nas mastites.
O significado de bactérias desse gênero nas mastites é controverso entre alguns
pesquisadores, que não consideram por exemplo o Corynebacterium bovis, como agente de
mastites. Alguns por outro lado, o aceitam como agente protetor na infecção por outros
agentes considerados patógenos maiores como S. aureus ou S. agalactiae.
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Esta não é a nossa opinião, pois alem de ser encontrado com muita freqüência como
patógeno único e em isolamento exuberante, em amostras de leite com altas taxas de CCS,
temos observado a sua associação com S. aureus, S. agalactiae e outros agentes
causadores de mastites, em culturas lácteas provenientes de infecções subclínicas, o que
traz dúvidas com relação ao seu papel protetor nas infecções pelos patógenos maiores.
Este fato sugere a necessidade de novos estudos para se avaliar de fato a resposta imune
celular na glândula mamária na infecção experimental com esse microrganismo.
Da mesma forma a literatura assinala o isolamento do C. bovis de casos de mastites
clínicas agudas, o que reforça a necessidade de novas pesquisas para de fato poder se
avaliar a sua patogenicidade e virulência nas infecções intramamárias. O Arcanobacterium
pyogenes antigamente denominado como Corynebacterium pyogenes é importante agente
na mastite, originando casos crônicos, que invariavelmente, se não detectados e tratados a
tempo, levam a perda da função da glândula mamária acometida.
Levando-se em consideração as características do agente infeccioso há as mastites
contagiosas e as ambientais. Com exceção do Streptococus uberis, S. dysgalactiae e o S.
bovis, citados anteriormente, os mesmos apresentam alta contagiosidade, da mesma forma
que o Mycoplasma bovis e algas do gênero Prototheca, que além da alta contagiosidade se
caracterizam tanto como patógenos das mastites ambientais juntamente com as leveduras e
fungos e uma série de microrganismos coliformes como a Escherichia coli, Enterobacter
aerogenes, Klebsiella pneumoniae, Serratia marcescens e Pseudomonas aeruginosa bem
como outras espécies bacterianas como a Nocardia asteróides, são também isoladas de
mastites ambientais.
As principais características entre as mastites contagiosas e ambientais é que no
caso das contagiosas, a fonte primaria dos agentes é o próprio úbere das vacas infectadas,
com seus respectivos quartos infectados. Nestes casos a disseminação no rebanho ocorre
durante a ordenha, transmitindo-se o agente de um quarto quando infectado para outros,
pelas mãos do ordenhador, pelos panos ou esponjas de uso múltiplo ou copos das teteiras,
no processo de ordenha mecânica.
Nas mastites ambientais a fonte primária da infecção é essencialmente o ambiente
onde a vaca é explorada sendo a forma de disseminação a partir da exposição da glândula
mamária principalmente aos ambientes contaminados. Neste caso a infecção ocorre com
maior freqüência entre as ordenhas, pelas novas chances de contaminação externas à sala
de ordenha, entretanto é possível que a infecção ocorra também durante a ordenha.
Alguns fatores epidemiológicos ou variáveis, influenciam na ocorrência e dinâmica
das infecções intramamárias no rebanho, como o estagio de lactação, número de lactações,
a época do ano, e as instalações.
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Quanto aos estágios de lactação, as infecções ocorrem com maior freqüência no
inicio da lactação, pelo fato do processo inflamatório, no mojo, ser um fator predisponente
para a instalação de microrganismos ou de ativar infecções subclínicas de lactações
anteriores. No final da lactação a sua freqüência também é maior pelas ordenhas serem
mais espaçadas e pelo leite residual, que facilita a multiplicação de microrganismos préexistentes na glândula mamária.
O número de lactações se relaciona também com a idade do animal, e sabe-se que
com o avançar da idade, o esfíncter do teto já se torna mais relaxado, predispondo às
infecções. Por outro lado, as infecções são crônicas e aliando-se às baixas taxas de cura,
principalmente para o S. aureus e pela transmissão ocorrer durante a ordenha, há uma
maior freqüência das mastites de acordo com a idade do animal. Apesar deste fato, é
possível a ocorrência de altas taxas de infecções por Staphylococcus aureus em novilhas e
primíparas, associadas às propriedades em que não há o controle de moscas.
Quanto à época do ano, é possível que haja um aumento no caso de mastites
ambientais em função dos maiores índices pluviométricos na estação chuvosa, pelas
maiores chances de contaminação a partir do meio ambiente. No verão verifica-se aumento
nas taxas de novas infecções, principalmente clínicas, e aumento na CCS, nos casos
subclínicos, principalmente devido ao estresse térmico com conseqüente diminuição dos
mecanismos de resistência dos animais, pela queda da imunidade. Pode ocorrer também
altas taxas de infecção pela participação de moscas, devido a sua maior proliferação, pelas
altas temperaturas e umidade. Nos paises com estações climáticas bem definidas este fato
é observado no verão, com aumento da ocorrência de mastites associadas ao
Arcanobacterium pyogenes, conhecidas como mastites de verão.
O aspecto das instalações pode influenciar na ocorrência de mastites, principalmente
as ambientais, se não houver o manejo sanitário adequado no sistema de estabulação e
confinamento do rebanho, como pisos e camas contaminadas, com excesso de umidade e
matéria orgânica. Ainda nas instalações, salienta-se a importância do processo de ordenha,
que deve ser realizado dentro dos padrões higiênico-sanitários satisfatórios, incluindo-se
também os parâmetros de ordenha como o pulso e o vácuo.
A porta de entrada, via de regra é pelo canal do teto principalmente após a ordenha,
pois o seu esfíncter se encontra relaxado, o que facilita a penetração. A transmissão
consequentemente se da principalmente a partir da ordenhadeira mecânica, mais
especificamente, pelos copos das teteiras, pelas mãos dos ordenhadores ou por
contaminação do ambiente. A ocorrência de lesões nos tetos como feridas ou lesões
causadas por enfermidades da pele do úbere, favorecem a instalação das mastites. Não há
diferenças marcantes na suscetibilidade à mastite, entretanto, ela é mais freqüente nos
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animais de maior produção, nos mais velhos (7-9 anos), e nas fêmeas que estão tanto no
inicio como final da lactação.
PATOLOGIA
Após a penetração dos microrganismos, eles se multiplicam no canal galactóforo e
atingem a cisterna do teto, onde se multiplicam ativamente, se distribuindo pelo parênquima
mamário. Imediatamente há um maior afluxo de polimorfonucleares, especialmente
neutrófilos como células de defesa.
O processo inflamatório se agrava e há extravasamento de liquido celular com íons
da reserva alcalina como carbonato de sódio, cloretos, entre outros, tornando o leite
levemente alcalino. Com a grande multiplicação bacteriana ocorrerá à acidificação do leite,
há produção de toxinas, destruição tecidual, com presença de pus e sangue no leite. Com a
evolução do processo e na dependência do agente envolvido haverá maior ou menor
produção de pus, formação de nódulos e abscessos e necrose.
CLÍNICA
As mastites podem ser superagudas, agudas, subagudas ou crônicas. Nos casos
superagudos são observados os sinais de inflamação como, a hiperemia, calor, dor e
endurecimento da glândula mamária. Acompanha os sinais sistêmicos da infecção, como
febre, depressão e anorexia, e o leite encontra-se alterado revelando grumos de pus, com
ou sem sangue. Nos casos agudos, as alterações são similares, sem ou com sinais
sistêmicos. Na mastite subaguda não há reações sistêmicas,e as alterações da glândula
mamária são menos acentuadas, e aumento das alterações na composição do leite. Nas
mastites crônicas além de não haver sinais sistêmicos, são poucos os sinais externos de
alterações na glândula mamária, podendo ocorrer alterações intermitentes na excreção do
leite. Tanto nos casos subagudos como crônicos as alterações do leite podem ser a
presença de sangue ou flocos de caseína ou aspecto de leite aquoso. Podem ocorrer ainda
aumento de volume da glândula mamaria devido à formação de abscessos ou granulomas,
fistulas, atrofia de tetos, etc.
Nas mastites subclínicas não se observa alterações tanto na glândula mamária como
no leite. O diagnóstico pode ser obtido por métodos indiretos que indicam alta taxa de
leucócitos no leite ou pelo exame microbiológico a partir de lactoculturas que indicam o
agente infeccioso responsável.
DIAGNÓSTICO
Nas mastites clínicas a partir do exame minucioso da glândula mamária pela
palpação do parênquima e dos tetos, e do leite, utilizando-se a caneca de fundo negro ou
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prova de Tamis, observando-se os primeiros jatos de leite, quanto à presença de grumos,
coágulos de pus, sangue ou leite aguado.
Nas subclínicas pode ser realizado a partir da contagem de células somáticas (CCS)
e pelo California Mastitis Test (CMT) que estima o número de células somáticas presente na
amostra de leite. Ambos são métodos indiretos e espelham a sanidade da glândula
mamaria, pois as células somáticas são células de defesa do organismo, principalmente os
leucócitos polimorfonucleares que migram da corrente circulatória para o foco de infecção
na glândula mamária.
Para o exame de amostras individuais do leite considera-se como normal de
100.000-200.000 células/mL de leite. Resultado superior a 200.000 cels/mL são indicativos
de infecção subclínica. A CCS pode ser realizada pela contagem microscópica em lâminas,
método exaustivo, pelo tempo que se leva para a contagem, e exame das lâminas. Pode ser
realizada eletronicamente em aparelhos como o SOMACOUNT, que permite o exame de um
número grande de amostras em um curto período de tempo.
O CMT, apesar de ser subjetivo tem a vantagem de ser utilizado ao pé da vaca, e
estima o número de células somáticas no leite. Trata-se de um kit, que consta de uma
raquete com quatro receptáculos, onde são misturados ao redor de 2 mL de leite com 2 mL
do reagente, que acompanha o kit. O reagente é um detergente aniônico, preparado com a
púrpura de bromocresol que é um indicador de pH, que no caso de amostras alcalinas, ou
seja, positivas, virarão a cor do indicador, mostrando-se de coloração violácea. A ação do
detergente é lisar os leucócitos liberando o material genético (DNA) das células, ocorrendo
viscosidade, que é proporcional ao número de células presentes na amostra de leite.
Os resultados são expressos em uma escala de 1 a 5, ou seja, negativo, suspeito,
fracamente positivo, positivo e fortemente positivo. A partir do escore 3 considera-se a
amostra como positiva para mastite subclínica. Alguns autores consideram a escala de
resultados com cruzes como -, ±, +, ++ e +++. Na interpretação do resultado, na amostra
negativa, ela está homogênea, suspeita com grumos muito diminutos, com leve tendência a
aderir no fundo da placa. A amostra com escore 3 equivale a +, apresenta ligeira
viscosidade, que se intensifica no grau 4 (++) e se transforma praticamente em massa
catarral que se adere ao fundo da placa, o que é equivalente ao grau 5 (+++). No grau
máximo, ao se descartar o leite da placa observa-se a dificuldade de se desprender, fato
que ocorre dando a impressão de catarro ou ranho.
Alguns fatores podem influenciar os resultados da CCS, como o estágio de lactação,
sendo maiores as contagens tanto no início como no final da lactação, a idade do animal e o
estresse, que também podem aumentar o número de células somáticas no leite.
O exame microbiológico aponta o agente responsável pela mastite e permite a
realização de antibiograma para estudo in vitro do perfil da sensibilidade microbiana frente
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
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aos antimicrobianos. Para a obtenção das amostras de leite para o exame microbiológico,
tanto nos casos subclínicos como clínicos, deve-se inicialmente proceder à higiene rigorosa
dos tetos, que devem ser lavados com água corrente, secos com toalha de papel
descartável, desinfetando-se o óstio do teto com álcool 70% ou com álcool iodado a 0,25%.
Colher a amostra em frasco estéril, após desprezarem-se os primeiros jatos de leite, para
eliminar possíveis contaminantes do canal do teto. As amostras devem ser encaminhadas
ao laboratório sob temperatura de refrigeração.
Como bacteriologia primária, as amostras de leite devem ser semeadas em meio de
ágar sangue ovino 5% e ágar MacConkey, que permitem o isolamento dos principais
patógenos envolvidos nas mastites, e diferenciam as enterobactérias a partir da verificação
do isolamento bacteriano no ágar MacConkey. A utilização concomitante do meio de ágarSabouraud dextrose adicionados de antibióticos como a gentamicina 1mg/mL de meio ou de
clorafenicol, possibilita o isolamento de leveduras e fungos, e ainda algas, apesar destes
últimos serem isolados no meio de ágar sangue com incubação de 48 a 72 horas a 37°C. Os
resultados devem ser observados a cada 24 horas por até 72 horas e avaliados
morfologicamente pela técnica de Gram.
Às vezes há necessidade de meios e condições especiais para o isolamento de
patógenos envolvidos nas mastites, como por exemplo, Mycobaterium spp, Brucella spp e
Mycoplasma spp, bactérias anaeróbicas e vírus, entretanto, nas condições descritas acima
podem-se isolar os patógenos mais freqüentes. Quando houver suspeita de mastite
infecciosa e o cultivo microbiológico resultar negativo, deve-se utilizar meios de cultivo e
condições especiais de isolamento. Há casos ainda em que as culturas lácteas podem ser
negativas, podendo tratar-se de mastites assépticas, principalmente de origem traumática
ou de manejo, ou ainda devido a eliminação intermitente do agente.
O diagnostico microbiológico compreende ainda, a caracterização bioquímica dos
isolados, possibilitando a caracterização fenotípica e genotípica, bem como do antibiograma
para se estudar a sensibilidade dos seus agentes frente aos antimicrobianos para orientação
e indicação do tratamento mais adequado.
TRATAMENTO
Este é recomendando para todos os casos clínicos e deve ser instituído
imediatamente após a sua detecção, pois o seu êxito depende do estágio da infecção,
sendo melhor o prognóstico quando iniciado precocemente. Depende ainda do agente
envolvido e de sua sensibilidade aos antimicrobianos. Há no comercio inúmeras
formulações antimastíticas com diferentes princípios medicamentosos, alguns deles
associados com antiinflamatórios como hidrocortisona ou dexametasona. São encontradas
formulações recomendadas uma vez ao dia, e outras a cada 12 horas. Sugere-se,
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
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entretanto,
as
recomendações
do
laboratório
14
produtor,
para
utilização
desses
medicamentos.
O tratamento dos casos subclínicos via de regra devem ser realizados à secagem
com formulações especificas para o tratamento à secagem, com a utilização do produto
após a última ordenha. Excepcionalmente nos casos de elevadas taxas de infecção, com
mais de 25% das vacas do rebanho infectadas por Streptococcus agalactiae sugere-se a
blizterapia durante a lactação, dos animais infectados. Dependendo do número de animais
infectados, pode-se programar o tratamento para se evitar o descarte do leite de um grande
número de animais.
Deve-se respeitar o período de carência frente ao medicamento utilizado, sendo no
mínimo de 72 horas, para o encaminhamento do leite dos animais em tratamento para o
laticínio. De maneira geral este intervalo é variável de três a cinco dias.
Para o tratamento dos casos clínicos, além de antimicrobianos, devem ser utilizados
outros medicamentos de acordo com estado geral do animal, pois há casos septicêmicos,
onde além de antimastítico local deve-se instituir o tratamento antibiótico sistêmico indicado
de acordo com a suspeita, além da fluidoterapia endovenosa com soluções isotônicas ou
hipertônicas, de acordo com o estado do animal.
PROFILAXIA E CONTROLE
Integra varias medidas que aplicadas simultâneamente devem reduzir as taxas de
infecções subclínicas e clínicas no rebanho. Estão relacionadas aos aspectos higiênicos
referentes aos animais, às pessoas responsáveis pela ordenha e à ordenha, meio ambiente,
especialmente ao estábulo e a sala de ordenha. Os aspectos higiênicos relacionados à
ordenha são extremamente importantes sendo a chave para o êxito de um programa de
controle de mastites.
O diagnóstico da situação do rebanho quanto à ocorrência de mastites subclínicas a
partir do CMT ou de outros exames, permite a detecção de casos subclínicos e o exame da
caneca de fundo preto ou prova de Tamis dos casos clínicos. A realização do exame
microbiológico dessas amostras de leite orienta para caracterização da origem do processo
infeccioso, ou seja o problema relaciona-se com os agentes contagiosos ou ambientais,
orientando para as estratégias de controle. Dando continuidade ao programa, recomenda-se
a utilização do CMT mensalmente, devendo-se lembrar que há resultados falso-positivos
tanto no inicio, nas duas primeiras semanas de lactação e no final da mesma.
Quanto à ordenha, esta deve ser a mais higiênica possível pois além de reduzir a
taxa de infecção, o leite será de melhor qualidade quanto a sua carga microbiana que está
diretamente relacionada com as taxas de infecção do rebanho, e com a higiene do
ordenhador e da ordenha. Desta forma a limpeza dos tetos antes da ordenha pela lavagem
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15
e desinfecção (pré-dipping) e secagem com toalha de papel descartável, reduz
sensivelmente as bactérias que se encontram na pele e principalmente no óstio do teto,
como o Stapylococcus aureus. Esta pratica diminuí as taxas de novas infecções pelos
agentes contagiosos. Após a ordenha recomenda-se a imersão dos tetos em solução
desinfetante (pós-dipping), o que previne a contaminação entre as ordenhas, com redução
da ocorrência dos casos de mastites ambientais, cuja fonte de contaminação principal é o
meio ambiente onde os animais são explorados e mantidos. Há no comercio produtos a
base de iodo, clorexidina, compostos de cloro, amônia-quartenária. Dessa forma deve-se
orientar para os cuidados higiênicos relativos ao ordenhador, sendo importante a lavagem
das mãos entre a ordenha de uma vaca e outra.
Os aspectos referentes à ordenha se referem à higiene e aos parâmetros da
ordenhadeira como vácuo e número de pulsações. Recomenda-se a lavagem das teteiras
entre a ordenha de uma vaca e outra, submergindo-as em solução desinfetante, que deve
ser trocada periodicamente, para garantir o efeito desinfetante da solução. O vácuo deve
estar calibrado para 33±35cm de mercúrio nas teteiras e o número de pulsações ao redor de
40 a 60 batimentos por minuto. Em casos de estarem desregulados para mais ou para
menos poderá haver traumatismo ou retenção de leite, que são fatores predisponentes para
a ocorrência de mastites. Desta forma a ordenhadeira deverá ser revisada periodicamente
para se assegurar além de uma ordenha higiênica, que ela seja também segura. Além
desses aspectos a ordenha deve ser completa, pois o leite residual serve como meio de
cultura para o desenvolvimento de patógenos presentes no canal do teto.
Quanto ao meio ambiente deve se evitar a presença de pastos sujos, objetos
pontiagudos, que facilitam os traumatismos e lesões na pele do teto, que agem como portas
de entrada para microrganismos. Deve-se proceder a retirada manual das fezes dos
estábulos, além da lavagem e desinfecção do piso dos estábulos e sala de ordenha. A cama
dos animais no caso de serem estabulados deve ser limpa periodicamente evitando-se a
umidade. De preferência devem ser utilizadas as camas inorgânicas, como de areia, pois
facilitam o processo de limpeza com a retirada das fezes, além de impedir o crescimento
bacteriano, fato que ocorre com as camas orgânicas como de maravalha ou serragem que
favorecem o crescimento de coliformes e a de palha que permite o crescimento de
estreptococos ambientais. No caso de se optar pela utilização de camas orgânicas, deve-se
proceder a reposição com maior freqüência, além da manutenção do local o mais limpo
possível.
Recomenda-se o fornecimento de alimento, logo após a saída da sala de ordenha
para evitar com que o animal se deite, pois com o processo de ordenha o esfíncter do teto
encontra-se relaxado, permitindo a penetração de agentes presentes no meio ambiente.
Esta prática reduz principalmente a ocorrência de casos de mastites ambientais.
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16
As defesas orgânicas são importantes para o controle das mastites e assim sendo,
os aspetos nutricionais devem ser observados oferecendo-se às vacas dieta balanceada e
equilibrada em termos de proteína, minerais e vitaminas, que melhoram a resposta
imunológica dos animais. É também conhecido o papel dos microelementos como a
vitamina E, selênio, cobre e zinco em aumentar a resposta imunológica.
Para o controle das mastites causadas por coliformes, pode ser indicada a utilização
anual da vacina J5, produzida com mutante de E. coli que tem mostrado redução em 7080% dos casos clínicos graves. Outra vacina é a Re-17, produzida com mutante de
Salmonella Tiphymurium. Estas são recomendadas quando a recidiva de casos clínicos de
mastites por coliformes for superior a 10%. A sua utilização diminui a gravidade dos
sintomas, além de reduzir os casos de morte nas mastites ambientais.
Outra possibilidade é a utilização de vacinas autóctones, como as bacterinas
preparadas com amostras de agentes contagiosos como Staphylococcus aureus e
Streptococcus agalactiae. Em nossa experiência temos recomendado tais vacinas para
redução das mastites por esses agentes, com resultados favoráveis quanto a redução das
taxas de infecção subclínica e clínica, quando aliado às outras medidas de controle, como
descritas anteriormente. A utilização de vacinas especificas contra S. aureus produzidas
com antígenos capsulares, parece reduzir novas infecções, além de aumentar as taxas de
cura espontânea e reduzirem a gravidade de casos clínicos.
Resumidamente, pode-se dizer que as seguintes medidas são importantes para o
controle das mastites:
- Detecção o mais precoce possível, e tratamento de casos clínicos;
- Ordenhar inicialmente os animais sadios colocando para o final da ordenha aqueles
em tratamento;
- Higiene e desinfecção durante o processo de ordenha, com a utilização de pré e
pós-dipping;
- Manutenção em níveis adequados dos parâmetros de vácuo e pulso da
ordenhadeira;
- Tratamento à secagem. No dia de secagem deve-se utilizar medicamentos
específicos para vacas secas; aplicando-se via intramamária uma bisnaga em cada teto.
Com isso reduz-se as novas infecções adquiridas durante o período seco, principalmente
por estreptococos ambientais, e realiza-se também, o tratamento das infecções da lactação
anterior, ou seja dos casos subclínicos existentes.
ASPECTOS DE SAÚDE PÚBLICA
Como o leite pode veicular uma serie de microrganismos, bem como toxinas de
alguns deles, é possível a ocorrência de casos de infecções ou de toxinfecções alimentares
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17
a partir da veiculação pelo próprio leite ou seus derivados produzidos com o leite cru.
Destacam-se a importância do Mycobacterium bovis, Brucela abortus, Staphylococus
aureus,
determinados
sorotipos
de Escherichia
coli,
Salmonella
monocytogenes, entre outros.
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spp.
e Listeria
Luis Fernando L. Fonseca – Instituto Ouro Verde – Alta Floresta/MT
Prof. Marcos Veiga dos Santos – FMVZ/USP – São Paulo-SP
18
SITUAÇÃO ATUAL DA CADEIA PRODUTIVA LEITEIRA DO BRASIL
Luis Fernando Laranja da Fonseca1, Marcos Veiga dos Santos2
1
Instituto Ouro Verde - Alta Floresta-MT, 2Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia,
Universidade de São Paulo ([email protected])
1) Introdução
O estudo da dinâmica regional da produção de leite é uma tarefa complexa e que
exige grande meticulosidade de análise, mas é ao mesmo tempo fascinante e desafiadora,
pois permite compreender fenômenos conjunturais da cadeia do leite e quiçá fazer algumas
projeções e especulações sobre o futuro dessa importante cadeia do agronegócio.
A geografia da produção de leite no nosso país se confunde muito com a história e
com o modelo de ocupação do território brasileiro, uma vez que somos um país jovem, de
colonização recente e certamente um dos raros países do mundo com fronteiras agrícolas a
ocupar. E justamente em razão dessas características tão ímpares, certamente, a cadeia
leiteira brasileira não encontra facilmente parâmetros de referência em outros países, o que
levaria ao questionamento de muitas análise e projeções que tenham sido feitas até então.
Um exemplo dessa situação, seria de que o número de produtores de leite no Brasil pode
estar aumentando, ao contrário de uma expectativa quase unânime do setor. Contudo para
justificar tal suposição é preciso analisar uma série de fatos e dados históricos da nossa
pecuária leiteira, começando pelas análises de caráter mais macro, considerando dados
oriundos da Pesquisa Pecuária Municipal do IBGE (2005).
Segundo essa fonte, a produção de leite no Brasil cresceu 69,4% no período
compreendido entre os anos de 1990 e 2005 (Tabela 1), passando de um volume total de
14,5 bilhões para 24,6 bilhões de litros/ano, o que caracteriza um crescimento bastante
expressivo, na casa dos 4% ao ano. Possivelmente, essa é uma das maiores taxas de
crescimento da produção de leite do mundo, quando se consideram os países de maior
expressividade nessa atividade pecuária.
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Tabela 1 - Produção de Leite, Vacas Ordenhadas e Produtividade Animal no Brasil –
1990/2005
Produção de Leite Vacas Ordenhadas Produtividade
Ano (milhões litros/ano) (mil cabeças)
(litros/vaca/ano)
1990 14.484
19.073
759
1991 15.079
19.964
755
1992 15.784
20.476
771
1993 15.591
20.023
779
1994 15.783
20.068
786
1995 16.474
20.579
801
1996 18.515
16.274
1.138
1997 18.666
17.048
1.095
1998 18.694
17.281
1.082
1999 19.070
17.396
1.096
2000 19.767
17.885
1.105
2001 20.510
18.194
1.127
2002 21.643
18.793
1.152
2003 22.254
19.256
1.156
2004 23.475
20.023
1.172
2005 24.571
20.820
1.180
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária, Pesquisa da Pecuária
Municipal 2005.
2) Crescimento da produção leiteira regional
Para uma análise mais detalhada desse fenômeno, é interessante fragmentar os
dados de produção por região geográfica do país e depois por estado da federação para
uma interpretação mais qualitativa (Tabela 2). Verifica-se que em termos percentuais a
região Norte (N) foi a que apresentou o crescimento mais expressivo, com uma variação
impressionante de 214% de crescimento da produção no período de 1990 a 2005. Ainda na
impressionante casa da centena, a região Centro-Oeste (CO) apresentou aumento da
produção naquele período de 122%. No outro extremo, na região Sudeste (SE) estavam os
dois maiores estados produtores de leite no ano de 1990, São Paulo e Minas Gerais. Nessa
região o aumento da produção foi de apenas 38% no período de 15 anos considerado neste
estudo. Essa dinâmica fez com que a região Sudeste passasse a representar 39% do total
da produção de leite brasileira em 2005, enquanto sua participação era de 48% em 1990. Já
a participação das regiões N e CO somadas representava apenas 15,5% da produção
nacional em 1990, passando para uma participação de 22,5% em 2005. Isso indica que
houve uma inversão média de 8 pontos percentuais entre o bloco das regiões N e CO e a
região SE (Tabela 3).
Tabela 2 – Variação da produção leiteira, por região (1990-2005)
Região
Norte (N)
Crescimento (%) Indicador
214
Acima da média nacional
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20
Centro-Oeste (CO) 122
Sul (S)
101
Sudeste (SE)
38
Abaixo da média nacional
Nordeste (NE)
45
Brasil
70
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária, Pesquisa da Pecuária
Municipal 2005.
Tabela 2 – Percentual da produção leiteira, por região (1990-2005)
Regiões
Norte+CentroOeste
Sul
Sudeste
Fonte: IBGE, Diretoria de
1990
2005
Variação
15,5
22,5
+7
22,5
26,6
+4
48
39
-9
Pesquisas, Coordenação de Agropecuária, Pesquisa da Pecuária
Municipal 2005.
Com base nesses dados, é possível inferir que está havendo uma forte mudança da
produção leiteira em direção às novas fronteiras agrícolas localizadas nas regiões N e CO.
Mas no sentido de aprimorar ainda mais esta análise é pertinente uma avaliação das
alterações da produção em cada estado brasileiro (Tabela 4).
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21
Tabela 4 - Estados que tiveram maior crescimento da produção leiteira (1990-2005)
Classificação
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Estado
RO
AC
PA
MT
MA
DF
GO
SC
AP
PR
Variação (%)
337
272
201
179
153
148
147
139
138
117
Neste sentido, chama a atenção o fato de que o estado que apresentou a maior
variação percentual na produção leiteira entre os anos de 1990 e 2005 foi o estado de
Rondônia, com um incremento de produção da ordem de 337% no período, seguido em
ordem decrescente pelos estados do Acre, Pará, Mato Grosso e Maranhão, com taxas de
crescimento de 272%, 201%, 179% e 153% respectivamente. Curiosamente, os 5 estados
com as maiores taxas de crescimento da produção estão todos localizados nas regiões
definidas como Amazônia Legal(Tabela 5).
Tabela 5 – Variação dos principais estados produtores de leite (1990-2005)
Estado
RO
PA
GO
MT
SP
1990
15º
13º.
5º
14 º
2º
2005
9º
8 º.
2 º.
10 º
5º
Variação de classificação
6
5
3
4
-3
Dessa lista de estados, talvez o Acre tenha que ser desconsiderado devido a sua
baixa participação no volume total da produção, mas o mesmo não ocorre com os demais 4
estados. É importante salientar que o estado de Goiás era o 5º maior estado produtor de
leite em 1990, passando para a 2ª posição em 2005. Já Rondônia, Pará e Mato Grosso eram
classificados em 15º, 13º e 14º respectivamente em 1990 e passaram, em 2005, para a 9º ,
8o e 10º posição respectivamente. Digno de nota, certamente, é a situação do estado de São
Paulo que apresentou uma variação negativa de 11% na produção no período 1990-2005,
passando de 2º para 5º no ranking nacional de produção de leite, bem como o desempenho
de Minas Gerais, maior estado produtor de leite e que mantém a liderança inquestionável,
com crescimento médio de 61% no período de 1990-2005.
Nesta análise, é fundamental que se destaque o desempenho da região Sul, que
apresentou incremento de produção de 101% no período 1990-2005, sendo que os estados
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22
do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná tiveram crescimento total de 70%, 139% e
117% respectivamente.
3) Migração do leite para novas fronteiras
Com relação à questão das novas fronteiras, quais fatores justificariam tamanho
incremento de produção em novas bacias leiteiras? Dois aspectos genéricos são
fundamentais: as mudanças mercadológicas e tecnológicas do setor lácteo e a política
fundiária dos últimos governos. Sobre o primeiro ponto, destaca-se a mudança no perfil de
consumo do leite fluído no Brasil, que migrou significativamente do leite pasteurizado para o
leite longa vida. Somado a isso, tem-se o crescimento sustentado da demanda por queijos.
Essa situação viabilizou a expansão das bacias leiteiras para regiões mais distantes do
grande pólo consumidor de lácteos no Brasil que é a região Sudeste, notadamente o eixo
Rio-São Paulo. Se adicionarmos a isso um ganho razoável na área de logística nos últimos
20 anos, podemos explicar a viabilidade mercadológica da expansão da fronteira do leite.
Entretanto, um aspecto tremendamente negligenciado nas análises feitas até hoje no
setor lácteo e de alta relevância como fator desencadeador de parte das mudanças da
geografia do leite, é a questão da política agrária do país.
A ocupação do território brasileiro tem sido um fenômeno muito interessante nos
últimos 500 anos, aliás, ocupação esta muito incompleta até este momento, dada a
exigüidade do tempo e pela dimensão continental do nosso país. Este processo de
ocupação do território sempre teve a lógica de se expandir exclusivamente da região
litorânea, a leste, para o interior do continente, a oeste. Tal processo teve início com a
conhecida política fundiária portuguesa de criação e doação das capitanias hereditárias e
sesmarias no século XVI. Passados mais de 400 anos, parte desse território ainda não foi
ocupado, resultando num fenômeno interessante de grande abundância de terras públicas
devolutas de posse do estado brasileiro até hoje. Muito importante também nesse processo
de ocupação do território brasileiro é a chegada de uma enorme leva de imigrantes
europeus, especialmente no início do século passado, oriundos principalmente da Itália e da
Alemanha, fato que transfigurou e deixou marcas fortes na realidade agrária brasileira e que
exerce grande influência na dinâmica da nossa agricultura até os dias atuais.
Mas afinal o que esses fatos aparentemente extemporâneos têm a ver com a atual
geografia do leite em nosso país? Primeiro porque o povoamento das possíveis antigas
capitanias hereditárias continua ocorrendo seja via projetos de colonização, via
assentamentos de reforma agrária e via ocupação privada desordenada (grilagem e posse
de terras) e segundo, porque o processo de imigração européia do início do século passado,
que teve como causa o desafogo de tensões sociais nos países de origem, também
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23
continua ocorrendo, só que agora internamente no Brasil e pelas mesmas causas do
passado.
Para tornar práticas essas teorias, analisemos o caso de Rondônia, estado que teve
a maior taxa de crescimento da produção de leite do país nos últimos 20 anos. Certamente
este crescimento está diretamente relacionado com o intenso processo de ocupação
daquele território nas últimas 3 décadas, seja por meio de projetos de colonização privada
estimulada pelo estado, seja via implantação de assentamentos rurais (138 no período de
1979-2001). Isto significou a instalação naquele estado de aproximadamente 73.000 famílias
de pequenos agricultores, ocupando nada menos do que cerca de 5 milhões de ha. A
influência da colonização recente de Rondônia é tão marcante que 90% dos seus
municípios são originários de Projetos Integrados de Colonização (PICs). Tal transformação
na estrutura fundiária daquele estado tornou-o um dos estados mais “democráticos” no que
diz respeito à distribuição de terras, fazendo com que a participação dos 50% menores
imóveis rurais represente 14,1% da área total do estado, a maior participação da pequena
propriedade dentre todos os estados brasileiros.
Certamente não é uma casualidade o fato de haver uma explosão na produção
leiteira naquele estado nas últimas 2 décadas, concomitantemente com o assentamento de
uma massa enorme de novos colonos nessa região. Primeiro porque há uma correlação
muito forte entre produção leiteira e a pequena propriedade familiar, comprovada pelo fato
de que 55% do leite produzido no país é oriundo da agricultura familiar. Além disso, a
produção de leite é uma das atividades mais disseminadas nas propriedades rurais
brasileiras, só perdendo de forma significativa para a criação de aves.
São também abundantes os relatos que mostram uma marcante presença da
pecuária leiteira em praticamente todos os assentamentos rurais da reforma agrária. E isso
nos remete ao segundo argumento, que é válido tanto para o estado de Rondônia quanto
para outros estados que tiveram maciços assentamentos rurais nas últimas décadas, ou
seja, a forte correlação entre o número de novas famílias assentadas e o incremento na
produção leiteira.
Para comprovar tal hipótese analisemos as estatísticas dos assentamentos rurais
realizados no período de 1979 a 2001. Os quatro estados que figuram nas primeiras
posições em termos de número de famílias assentadas são em ordem Pará, Rondônia,
Maranhão e Mato Grosso. Não coincidentemente os estados de Rondônia, Pará e Mato
Grosso são os estados que se posicionam em 2º, 3º e 5º lugares em termos de crescimento
da produção de leite no período de 1990 a 2005. Por seu turno, o Maranhão é o estado que
desponta em termos de aumento de produção de leite na região NE, com um incremento de
153% da produção no período analisado, elevando o modesto incremento da região NE que
foi de apenas 45% no período (tabela 6).
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24
Tabela 6 – Assentamentos de reforma agrária e crescimento da produção de leite
Ranking de assentamentos 1979/2001
PA 1º
RO 2º.
MA 3º.
MT 4º.
Taxa de crescimento da prod. leite 1990/2005
3º.
1º.
5º (região NE foi de 45%)
4º
Ao analisarmos as estatísticas de assentamentos instalados no país no período de
1979 a 2001, veremos que das 20 microrregiões geográficas que tiveram o maior número de
famílias assentadas, 9 estavam localizadas no Pará, 4 no Mato Grosso, 3 no Maranhão e 2
em Rondônia. Cruzando estes dados de assentamentos de famílias com os dados de
produção de leite do IBGE no período de 1990-2005, podemos verificar que as 5
microrregiões paraenses que receberam o maior número de famílias assentadas (66.000 no
total em 2,7 milhões de há) respondiam em 1990 por apenas 17% da produção leiteira do
estado. Decorridos 12 anos, estas regiões tiveram um impressionante incremento de 549%
na produção de leite passando a responder em 2005 por praticamente a metade (46%) da
produção de leite do estado.
O mesmo fenômeno ocorre nos estados de Mato Grosso e Rondônia. Em Mato
Grosso, as quatro microrregiões que figuram entre as 20 com maior número de assentados
do país, respondiam em 1990 por 13% da produção de leite do Estado, passando para 24%
em 2005, com uma taxa de incremento da produção da ordem de 279%. Essas regiões
receberam um contingente de 39 mil famílias alocadas numa área de cerca de 2,5 milhões
de há. No estado de Rondônia, a situação não é diferente, e mesmo sob uma base menor
de dados, uma vez que apenas duas microrregiões daquele estado figuram dentre as 20
com maior número de famílias assentadas no país. Entretanto, essas duas microrregiões
respondiam por 15% da produção de leite do estado em 1990 e passaram a responder por
22% da produção rondoniense, com destaque para a microrregião de Porto Velho que
isoladamente é a líder em termos de número de famílias assentadas do país (43.300
famílias distribuídas em 3,3 milhões de ha) e que apresentou um incrível aumento na
produção de leite de 608% no período entre 1990-2005 (Tabela 7).
Tabela 7 – Reforma agrária (microrregiões com maior números de assentamentos) e
evolução da produção de leite (1990-2005)
% da produção de leite do PA
1990 2005 Taxa de Crescimento
17% 46% 549%
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(5 microrregiões)
% da produção de leite do MT
(3 microrregiões)
% da produção de leite do RO
(1 microrregião)
13%
24%
279%
---
---
608%
25
Esses dados ilustram o enorme impacto da reforma agrária brasileira sobre a
dinâmica regional de produção de leite do nosso país nas últimas décadas. E importante
destacar que esse drástico movimento de reestruturação fundiária, com poucos similares na
história contemporânea mundial, talvez seja comparável apenas com o que ocorreu na
Rússia, Japão, China e México no século XX..
4) Evolução do número de produtores
Considerando os dados mais recentes, envolvendo apenas os dois governos FHC
durante os quais foram assentadas cerca de 550 mil famílias num total de 20 milhões de
hectares entre os anos de 1995 e 2005 e o primeiro governo Lula durante o qual foram
assentadas cerca de 380 mil famílias em 32 milhões de hectares temos um total de 930 mil
famílias assentadas em 52 milhões de hectares num período de 12 anos. O objetivo não é
discutir o mérito da Reforma Agrária, mas apenas mostrar que esse contínuo
reordenamento da estrutura fundiária brasileira, certamente, tem um impacto muito grande
sobre a cadeia do leite. Sendo assim, é possível que exista um movimento inverso em
termos de estrutura de produção de leite, quando comparado com outros países de
expressão nessa atividade, quanto a concentração do número de produtores de leite. Tal
fenômeno é evidente nos últimas décadas nos EUA, na Europa e mesmo na Argentina.
Talvez o paralelo mais próximo que temos seria o caso da Índia. Dessa forma, é
possível especular que o número de produtores de leite no Brasil ainda vai crescer mais nos
próximos anos, em particular nas áreas de fronteira agrícola. Para ilustrarmos essas
situação, vejamos os dados do INCRA relativos a 2003, que relatam o assentamento de
36.300 famílias assentadas sendo 16.000 na região N, 13.300 na região NE e 4.400 na
região CO, perfazendo essas regiões 93% dos novos assentamentos.
Talvez todo esse processo de reordenamento da população rural brasileira esteja atrelado à
necessidade de desafogo de tensões sociais nas regiões centrais do Brasil, um país de
industrialização tardia e que ainda não encontrou um modelo adequado de desenvolvimento
econômico e social, ao mesmo tempo que dá continuidade ao processo migratório interno
dos descendentes de alemães e italianos que para cá vieram colonizar especialmente o Sul
do Brasil e que agora, devido à excessiva fragmentação das suas pequenas propriedades
sulistas ou devido ao seu espírito colonizador atávico, passam a migrar em massa para as
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2007
Luis Fernando L. Fonseca – Instituto Ouro Verde – Alta Floresta/MT
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26
novas fronteiras agrícolas brasileiras. Estima-se que dos 10 milhões de gaúchos existentes
no país, 2 milhões deles encontram-se habitando as novas fronteiras agrícolas brasileiras.
5) Mudança regional das bacias leiteiras
Outra questão igualmente importante no que se refere à geografia do leite do nosso
país, paralelo à migração da produção para as novas fronteiras agrícolas, é o fenômeno da
mudança regional das bacias leiteiras dentro dos estados de grande expressão na produção
de leite, ou seja, a dinâmica do leite dentro das antigas fronteiras agrícolas. Para proceder
esta análise é pertinente avaliar as estatísticas de produção leiteira nos estados de Minas
Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, justamente os 5 maiores
estados produtores excluindo-se Goiás, que para efeito desta análise foi considerado como
sendo uma nova fronteira agrícola, cuja expansão significativa ocorreu na década de 90.
Comecemos a análise dos grandes estados produtores justamente pelo maior, Minas
Gerais, cujo aumento da produção de leite no período 1990-2005 foi de 61%, pouco abaixo
da média nacional mas ainda assim bastante significativo. Ao detalharmos a dinâmica da
produção leiteira nas diferentes mesorregiões geográficas desse estado, observa-se forte
tendência da migração da produção para o Oeste do estado, justamente as áreas de
cerrado e de ocupação mais recente, em detrimento de uma desaceleração da produção
nas bacias leiteiras tradicionais. Nesse sentido, verifica-se que o aumento da produção no
período analisado é de 99% na produção nas mesorregiões do Noroeste de Minas, Central
Mineira e Triângulo Mineiro/Alta Paranaíba. Essas 3 mesorregiões eram responsáveis por
31% da produção leiteira do estado em 1990 e passaram a responder por 38% da produção
em 2005. Já as tradicionais bacias leiteiras representadas pelas mesorregiões da Zona da
Mata, Campo das Vertentes e Sul de Minas que em 1990 respondiam por 37% da produção
leiteira do estado, tiveram um crescimento médio de apenas 32% em 15 anos e passaram a
representar apenas 30% da produção, num movimento exatamente inverso às bacias
emergentes citadas acima (Tabela 8).
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
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27
Tabela 8 – Variação da produção de leite em regiões de MG (1990-2005)
1990 2005 Taxa de crescimento
Noroeste de Minas
Central mineira
31% 38% 99%
Triângulo/Paranaíba
Zona da Mata
Campo das Vertentes 37% 30% 32%
Sul de Minas
No estado de São Paulo ocorre fenômeno muito similar (Tabela 9). Como um todo, o
estado apresentou uma redução de 11% na produção de leite no período de 1990-2005,
passando de 2º para 5º lugar no ranking brasileiro. Das 15 mesorregiões geográficas desse
estado, somente duas tiveram crescimento real na produção de leite, justamente as
mesorregiões de São José do Rio Preto e Araçatuba, que em média cresceram 13% no
período, passando a responder por 29% da produção total do estado em 2005, contra 22%
em 1990. Já as bacias leiteiras tradicionais como Vale do Paraíba e Campinas
apresentaram um decréscimo médio de 17% no período, caindo a sua participação na
produção do estado de 25% para 23% em 15 anos, sendo ultrapassados pelas bacias
leiteiras emergente do Noroeste do estado.
Tabela 9 – Variação da produção de leite em regiões de SP (1990-2005)
S.J. Rio Preto
1990 2005 Taxa de crescimento
22% 29% + 13%
Araçatuba
Vale do Paraíba 25% 23% - 17%
Campinas
No estado do Paraná fenômeno semelhante ocorre (Tabela 10). Enquanto a
produção média do estado aumentou 117% entre 1990-2005, a produção das mesorregiões
do Oeste Paranaense e Sudoeste Paranaense cresceu em media 223% aumentando a sua
participação na produção do estado de 32% em 1990 para 48% em 2005. E neste caso as
estatísticas só não favorecem ainda mais as bacias leiteiras emergentes do oeste do estado
devido à grande representatividade e pujança verificada na mesorregião chamada Centro
Oriental Paranaense que abriga a região de influência de Castro/Carambeí. Nessa
mesorregião o incremento da produção no período foi de impressionantes 183%. Mas cabe
ressaltar que essa região caracteriza-se em sua grande maioria pela agricultura familiar, em
grande parte associada a descendentes e imigrantes europeus.
Tabela 10 – Variação da produção de leite em regiões do PR (1990-2005)
1990 2005 Taxa de crescimento
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Luis Fernando L. Fonseca – Instituto Ouro Verde – Alta Floresta/MT
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Oeste Paranaense
Sudoeste Paranaense
Centro
Oriental
28
32% 48% 223%
Paranaense ---
---
183%
(Castro)
A migração do leite para Oeste também desponta em Santa Catarina (Tabela 11),
um estado que impressiona pelo crescimento da produção leiteira e que apresentou uma
taxa de crescimento geral de 139% no período 1990-2005, figurando atualmente como o 5 º
maior estado produtor do país. Mas o que chama atenção em Santa Catarina é o fenomenal
crescimento da produção na mesorregião do Oeste Catarinense, cujo incremento de
produção atingiu a cifra de 303% no período analisado passando a responder por 71% da
produção total do estado em 2005, enquanto respondia por 42% em 1990. Noutro extremo
podemos apontar praticamente a estagnação da produção nas bacias leiteiras tradicionais
da mesorregião do Vale do Itajaí, cujo aumento da produção foi de modestos 8% em 15
anos, representando em 2005 apenas 11% da produção do estado, enquanto representava
22% em 1990.
Tabela 11 – Variação da produção de leite em regiões de SC (1990-2005)
1990 2005 Taxa de crescimento
Oeste Catarinense 42% 71% 188%
Vale do Itajaí
22% 11% 8%
Por fim, a análise do estado do Rio Grande do Sul (tabela 12), outro grande estado
produtor, 3º colocado no ranking brasileiro e que apresentou uma taxa de crescimento da
produção de 70% entre 1990 e 2005, cuja produção está se deslocando para o Oeste do
estado. No período analisado a mesorregião do Noroeste Rio-Grandense apresentou uma
expressiva taxa de crescimento da produção leiteira de 144%, passando a representar 60%
da produção do estado em 2005, enquanto a sua participação era de 42% em 1990. Já no
outro extremo temos as mesorregiões do Centro Oriental Rio-Grandense e Metropolitana de
Porto Alegre, que abrigam tradicionais bacias leiteiras gaúchas e que conjuntamente tiveram
um crescimento negativo de 3% no período de 15 anos perdendo expressão na produção de
leite do estado, representando apenas 15% do total produzido em 2005 enquanto sua
participação era de 26% em 1990.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
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Luis Fernando L. Fonseca – Instituto Ouro Verde – Alta Floresta/MT
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Tabela 12 – Variação da produção de leite em regiões do RS (1990-2005)
1990 2005 Taxa de crescimento
Noroeste Riograndense 42% 60% 144%
Centro Oriental RG
26% 15% - 3%
Metropolitana POA
As análises feitas relativas a cinco dos maiores estados produtores de leite do país
apontam curiosamente para uma migração rumo à Oeste da produção de leite em todos os
estados, com as bacias leiteiras afastando-se, de forma genérica, das regiões
metropolitanas, deslocando-se para áreas de ocupação mais recentes pela agricultura e nos
três estados do Sul consolidando-se a produção leiteira sobre regiões típicas de
propriedades familiares de imigração alemã, italiana e holandesa.
Essa dinâmica das bacias leiteiras dos estados do Sul e Sudeste associada ao
intenso desbravamento de novas fronteiras agrícolas nos últimos 30 anos e ocupação mais
efetiva do cerrado brasileiro, provocado pela impressionante transformação fundiária do
país, desencadeada seja pelos projetos de reforma agrária seja por projetos de colonização
privada ou por ocupação privada desordenada de novos territórios vêm gerando essa
contínua transformação na geografia da produção leiteira do país, dinâmica essa talvez
única no mundo gerada pelas particularidades étnicas, sociais, econômicas, históricas e
geográficas do nosso país.
Vale notar que há 50 anos, a produção de leite se concentrava no triângulo territorial
formado pelas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte para abastecimento
das grandes indústrias da época, localizadas inclusive dentro da cidade de São Paulo. Essa
produção acabou migrando silenciosa e gradativamente para o Oeste, ocupando cada vez
mais o cerrado brasileiro (caso de Goiás e Minas Gerais) até atingir a longínqua fronteira
amazônica (caso de Rondônia, Mato Grosso e Pará), além de ter se consolidado de forma
expressiva no Sul do país nas mãos da propriedade familiar de origem européia, a mesma
que gera os novos colonos da Amazônia. Essas transformações parecem ser efetivas e
duradouras, indicando que a atividade de produção leiteira reflete de forma muito fidedigna
esse
interessante
fenômeno
de
ocupação
do
território
brasileiro.
No
entanto,
independentemente do prisma que se olhe, hoje a marcha do leite é forte e é para Oeste.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Laerte Dagher Cassoli / Paulo Fernando Machado
ESALQ/USP – Piracicaba – SP.
30
IMPACTO DA INSTRUÇÃO NORMATIVA 51 NA QUALIDADE DO LEITE
Laerte Dagher Cassoli1 e Paulo Fernando Machado1
1
Clínica do Leite – ESALQ/USP, Av. Pádua Dias, 11 Piracicaba-SP
[email protected]
A Instrução Normativa 51 e a Rede Brasileira de Laboratórios para o Monitoramento
da Qualidade do Leite (RBQL)
Um dos fatos mais importantes para o setor leiteiro nos últimos anos foi a aprovação da
Instrução Normativa 51 (IN-51), do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento
(MAPA), que determina novas variáveis de avaliação da qualidade do leite cru. De acordo
com a IN-51, análises de contagem bacteriana total (CBT), contagem de células somáticas
(CCS) e composição, de todo leite cru produzido no país e processado em estabelecimentos
sob fiscalização federal, deverão ser realizadas mensalmente em um dos laboratórios
credenciados pelo MAPA (BRASIL, 2002).
Para atender a demanda por estas análises, o MAPA criou a Rede Brasileira de
Laboratórios de Análise da Qualidade do Leite (RBQL), composta atualmente por
laboratórios localizados em diferentes regiões do país.
Durante congresso realizado pelo CBQL em 2006, os laboratórios apresentaram a situação
atual da qualidade do leite observada em suas regiões de atuação durante o primeiro ano de
vigência da IN-51.
O presente trabalho tem como objetivo, apresentar resumo da situação atual quanto a
Contagem de células somáticas (CCS) e a contagem bacteriana total (CBT) após a
implantação da IN-51.
Situação atual da qualidade do leite - Contagem bacteriana total (CBT)
O gráfico a seguir mostra a evolução da CBT durante o período de Julho/05 a Agosto/06 nos
produtores monitorados pela Clínica do Leite – ESALQ/USP. No período foram analisadas
mais de 269 mil amostras provenientes de 172 indústrias ligadas ao SIF.
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31
820
.
720
CBT (mil ufc/mL)
620
520
420
320
220
120
1o. Quartil
3o. Quartil
ju
l/0
6
ag
o/
06
ju
n/
06
ju
l/0
5
ag
o/
05
se
t/0
5
ab
r/
06
m
ai
/0
6
ou
t/
05
no
v/
05
de
z/
05
ja
n/
06
fe
v/
06
m
ar
/0
6
20
Mediana
Figura 1. Mediana, 1º. e 3º. Quartil para CBT
A CBT média observada durante o período de estudo foi de 462 mil, com um CV de 140%. A
mediana dos dados, que foi de 161.
A porcentagem de amostras não conformes, foi de 14%, considerando o limite máximo de
1.000.000 estabelecido pela IN-51.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
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CBT
.
40%
% Amostras não conformes
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
ju
l/0
6
ag
o/
06
m
ai
/0
6
ju
n/
06
ab
r/0
6
ja
n/
06
fe
v/
06
m
ar
/0
6
ou
t/0
5
no
v/
05
de
z/
05
ju
l/ 0
5
ag
o/
05
se
t/0
5
0%
Figura 2 . Porcentagem de amostras não conformes de Julho/05 a Agosto de 2006
A distribuição das amostras em classes de CBT é apresentada no gráfico abaixo.
30%
.
25%
% Amostras
20%
15%
10%
5%
0%
< 50
50 - 150
150 - 300
300 - 600
600- 1.000
CBT (mil ufc/mL)
Figura 3. Distribuição das amostras em função da CBT.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
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> 1.000
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Os resultados observados pela Clínica do Leite, foram semelhantes ao do Laboratório de
Qualidade do Leite (LQL) da UFG, em que cerca de 40 % dos produtores apresentaram
CBT inferior a 100 mil ufc/mL. A porcentagem de produtores acima de do limite de
1.000.000, foi de 24 %,. Dados do laboratorio da UFMG também foram similares aos
observados (45 % abaixo de 100 mil e 17% acima de 1.000.000).
Já resultados apresentados pelo SARLE, da UPF, mostram que menos de 10% dos
produtores possuíam CBT inferior a 100 mil, enquanto que mais de 50 % apresentaram
contagens superiores ao limite maximo. Resultado semelhante também foi observado pelo
Laboratório Estadual da Qualidade do Leite, em Santa Catarina, em que mais de 70 % dos
produtores possuíam contagens superiores a 1.000.000.
Independentemente da diferença nos valores observados em algumas regiões, o que se
percebe é que o perfil se manteve estável ao longo do primeiro ano da IN-51.
No entanto, ao analisarmos a evolução da CBT em indústrias que iniciaram programas de
valorização da qualidade do leite, observa-se uma redução dos valores médios, ficando
evidente o impacto positivo desta estratégia (Figura 4).
900
Inicio pagamento por
qualidade
CBT (mil ufc/mL)
800
700
600
500
400
300
200
100
ja
n/
0
m 3
ar
/0
m 3
ai
/0
3
ju
l /0
3
se
t/0
no 3
v/
03
ja
n/
0
m 4
ar
/0
m 4
ai
/0
4
ju
l /0
4
se
t/0
no 4
v/
04
ja
n/
0
m 5
ar
/0
m 5
ai
/0
5
0
Figura 4. Evolução da CBT após implantação de programa de pagamento por qualidade
numa indústria de laticínios
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
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Situação atual da qualidade do leite - Contagem bacteriana total (CCS)
O gráfico a seguir mostra a evolução da CCS durante o período de Julho/05 a Agosto/06
nos produtores monitorados pela Clínica do Leite – ESALQ/USP. No período foram
analisadas mais de 273 mil amostras provenientes de 172 indústrias ligadas ao SIF.
820
CCS (mil/mL)
.
720
620
520
420
320
220
120
1o. Quartil
3o. Quartil
ju
l/0
6
ag
o/
06
ju
n/
06
ju
l/0
5
ag
o/
05
se
t/0
5
ab
r/
06
m
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/0
6
ou
t/
05
no
v/
05
de
z/
05
ja
n/
06
fe
v/
06
m
ar
/0
6
20
Mediana
Figura 5. Mediana, 1º. e 3º. Quartil para CCS
A CCS média observada durante o período de estudo foi de 496 mil, com um CV de 92%. A
mediana dos dados, que foi de 378.
A porcentagem de amostras não conformes, foi de 10%, considerando o limite máximo de
1.000.000 estabelecido pela IN-51.
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CCS
.
40%
% Amostras não conformes
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25%
20%
15%
10%
5%
ju
l/ 0
6
ag
o/
06
m
ai
/0
6
ju
n/
06
ab
r/0
6
ja
n/
06
fe
v/
06
m
ar
/0
6
ou
t/0
5
no
v/
05
de
z/
05
ju
l/ 0
5
ag
o/
05
se
t/0
5
0%
Figura 6. Porcentagem de amostras não conformes de Julho/05 a Agosto de 2006
A distribuição das amostras em classes de CCS é apresentada no gráfico abaixo.
40%
35%
.
30%
% Amostras
25%
20%
15%
10%
5%
0%
< 150
150 - 300
300 - 600
600 - 1000
CCS (mil/mL)
Figura 7. Distribuição das amostras em função da CCS.
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> 1000
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Diferentemente da CBT, os resultados apresentados pelos laboratórios são bem
semelhantes. O LQL da UFG, relata que 69 % das amostras possuíam CCS abaixo de 400
mil, e que apenas 4 % estavam acima do limite maximo.
Nos laboratórios da UFMG e da EMBRAPA, a media aritmética, variou ao longo do primeiro
ano, entre 400 e 550 mil células. O percentual de produtores não conformes foi ao redor de
10 a 12 %.
Da mesma maneira que a CBT, o perfil de CC foi estável ao longo do primeiro ano da IN-51.
Ao se avaliar impacto de programas de pagamento por qualidade que valorizem a redução
de CCS, não se observa ganhos como o da CBT, mostrando que o desafio pra se reduzir a
CCS é muito maior.
800
Inicio pagamento por
qualidade
700
CCS (mil/mL)
600
500
400
300
200
100
25
/0
05 7/
/0 20
19 8/ 05
/0 20
06 8/ 05
/0 20
22 9/ 05
/0 20
06 9/ 05
/1 20
27 0/ 05
/1 20
11 0/ 05
/1 20
24 1/ 05
/1 20
06 1/ 05
/1 20
28 2/ 05
/1 20
06 2/ 05
/0 20
20 1/ 05
/0 20
02 1/ 06
/0 20
21 2/ 06
/0 20
08 2/ 06
/0 20
22 3/ 06
/0 20
07 3/ 06
/0 20
24 4/ 06
/0 20
11 4/ 06
/0 20
24 5/ 06
/0 20
5/ 06
20
06
0
Figura 8. Evolução da CCS após implantação de programa de pagamento por qualidade
numa industria de laticinios
Valores ao redor de 500 mil, indicam prevalência de mastite subclinica ao redor de 40 %, ou
seja, a cada 10 animais ordenhados 4 estão infectados. As perdas na produção de leite são
da ordem de 6%, além da menor remuneração em caso de pagamento por qualidade.
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37
9
9
.
8
1000
8
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7
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6
5
600
400
10
5
4
4
3
3
2
200
Perda de produção (%)
CCS Tanque (mil/mL)
.
1200
1
0
0
10
20
30
40
50
60
70
Pre va lê ncia (%)
CCS Tanque
Perda de produção (%)
Figura 9. Correlação entre a prevalência, CCS do tanque e a perda na produção.
De acordo com o monitoramento da Clinica do Leite, em mais de 250 rebanhos realizam
analise individual mensal (30 mil de vacas), a prevalência é ao redor de 45 %. A incidência
(taxa de novas infecções) é de 25 % e a prevalência (taxa de crônicas) ao redor de 65 %.
Bibliografia consultada
MESQUITA, A.; DÜRR, J. W.; COELHO, K. (Ed.). Perspectivas e avanços da qualidade do
leite no Brasil. Goiania: Talento, 2006. p. 352.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Prof. Adil Knackfuss Vaz – CAV/UDESC
38
Células Somáticas e outros Mecanismos
de Defesa da Glândula Mamária
Prof. Adil Knackfuss Vaz PhD
Imunologia Veterinária
CAV/UDESC
A glândula mamária está envolvida em dois tipos de imunidade: a transferência da
imunidade ao recém-nascido e a sua própria proteção contra infecções. Iremos tratar
apenas do segundo aspecto, que está relacionado à ocorrência, freqüência e desenlace das
infecções intramamárias nos bovinos leiteiros.
As bases da imunidade
A imunidade na glândula mamária pode ser, como em outros sistemas, classificada
em dois tipos: a imunidade inata ou inespecífica, e a imunidade adptativa, ou específica. Os
próprios nomes são auto-explicativos: a imunidade inata independe de um contato prévio
com o agente patogênico, pois é pré-existente, e age da mesma maneira qualquer que seja
este agente patogênico. Por outro lado, a imunidade adaptativa é um processo de
aprendizagem do sistema imune, voltado ao combate de um agente patogênico único. Por
isso, requer um contato prévio com este agente, de forma a desencadear no organismo o
processo de reconhecimento e eliminação do patógeno. Este contato pode ser uma infecção
anterior, a presença do agente em outros pontos do organismo, ou a vacinação contra o
agente.
A imunidade inespecífica
A principal via de penetração dos agentes causadores da mastite bovina é o canal do
teto. Este canal encontra-se normalmente fechado por um anel muscular no período entre
ordenhas, e é bloqueado por um tampão de queratina derivada das células da parede do
canal. Esta queratina tem atividade antimicrobiana, mas sua principal função é a de agir
como uma barreira física que auxilia a ação do esfíncter do teto. A ordenha ou o ato de
mamar remove este tampão e torna flácido o esfíncter, fazendo com que o canal do teto
esteja mais suscetível a infecções por um período de até duas horas. Depois deste período
a musculatura retoma seu tônus e o tampão de queratina é novamente formado. Existem
vários fatores que podem impedir este retorno à normalidade: ordenhadeira com excesso de
vácuo ou com pulsação excessivamente rápida, produtos químicos como desinfetantes com
ação cáustica, frio, vírus, e outros. Estes fatores podem provocar uma hiperqueratose na
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
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extremidade do canal do teto, o que dificulta o seu fechamento. Esta lesão se caracteriza
por um anel esbranquiçado e ligeiramente elevado ao redor do orifício. Em casos extremos,
pode haver necrose da abertura, com rachaduras que se irradiam dela e que podem servir
de abrigo para os agentes patogênicos. Muitas destas lesões são causadas por um
herpesvírus, cuja ocorrência parece ser determinada por condições de “stress” do teto. Em
países muito frios, este parece ser o principal agente desencadeante, mas é pouco provável
que isto ocorra nas temperaturas ambientes prevalentes no Brasil.
Uma vez que o agente patogênico atravessou o canal do teto e alcançou a cisterna
mamária, passam a atuar especialmente os fatores solúveis e as células fagocíticas da
imunidade inespecífica. Dentre os fatores solúveis a enzima lactoperoxidase é um dos mais
importantes. Ela tem uma ação bactericida ampla, sem afetar as células do organismo. O
complemento, até pouco julgado pouco importante como defesa da glândula mamária, hoje
é considerado um fator quimiotático para o recrutamento de células fagocíticas para o local
da infecção. Um de seus componentes, C5a, apresenta uma grande variabilidade entre
vacas, o que pode ser um dos fatores da maior suscetibilidade dos animais que produzem
menos C5a. A lactoferrina ocorre em maior concentração na glândula seca, mas também é
encontrada no leite. Seu papel é o de competir com as bactérias pelo íon Fe+, essencial ao
metabolismo bacteriano, e que por causa da lactoferrina não é encontrado em forma livre no
leite.
As defesas celulares inespecíficas na glândula mamária normal são representadas
pelos macrófagos, células fagocíticas profissionais que, como as demais células brancas,
são capazes de reconhecer estruturas na superfície das bactérias que são bastante
conservadas dentro de uma classe de patógenos. Elas são chamadas PAMPs (do termo em
inglês pathogen-associated molecular pattern) e são por sua vez reconhecidas por
receptores nas células do sistema de imunidade inespecífica (PRRs, pattern recognition
receptors). Mas a resposta celular na glândula mamária é muito inferior em eficácia em
relação à resposta observada, por exemplo, no sangue ou nos demais tecidos do
organismo. Vários fatores parecem contribuir para isto, mas o mais aceito é que no leite as
células esgotam sua capacidade fagocítica aos englobarem micelas de caseína e glóbulos
de gordura.
Tipos de células
As células somáticas são principalmente de dois tipos: células epiteliais e células
brancas, de origem sanguínea. As células epiteliais existem normalmente no leite e são
predominantes em glândulas mamárias não infectadas. Elas não tem papel imunológico,
mas podem liberar substâncias chamadas citoquinas
que atraem células brancas. As
células brancas são, na glândula normal, macrófagos, e na glândula infectada, neutrófilos e
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
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células T . Nas mastites agudas, por exemplo as causadas por Escherichia coli, os
neutrófilos podem representar praticamente 100% das células encontradas na secreção
mamária Nas mastites crônicas o quadro é diferente, com as células T apresentando uma
maior participação.
Como elas chegam lá
As células epiteliais já estão presentes, e seu aparecimento é conseqüência do
processo natural de desprendimento de células velhas. As demais têm origem sanguínea.
São atraídas para o interior da glândula mamária através da inflamação produzida por uma
infecção. O processo inflamatório produz substâncias que são quimiotáticas para neutrófilos.
Estas substâncias se ligam ao endotélio vascular nos locais próximos à infecção, fazendo
com que os neutrófilos, que apresentam receptores para estas substâncias em suas
membranas, rolem sobre a parede interna do vaso sanguíneo. Quando sua velocidade se
reduz o suficiente, elas são capazes de atravessar o endotélio e se transferirem para o leite.
Fagocitose
Há muito se sabe que a imunidade na glândula mamária é baseada na combinação
anticorpos/fagocitose por neutrófilos. Esta associação é necessária porque a presença de
fatores como caseína e glóbulos de gordura fazem o neutrófilo esgotar suas energias
fagocitando estas substâncias, ao invés de fagocitar patógenos. A opsonização dos
antígenos direciona a fagocitose contra eles, aumentando sua eficácia. Também os agentes
patogênicos procuram evitar a fagocitose, produzindo cápsulas anti-fagocíticas, como no
caso de Staphylococcus sp..
A opsonização causa a ativação do complemento, substância presente no leite e no
soro, cujo componente C5a é intensamente quimiotático para neutrófilos, sendo inclusive
responsável pelo maior número de células somáticas presentes na infecção por E. coli . Ao
contrário, Staphylococcus sp. é menos capaz de estimular a produção de C5a, o que pode
em parte explicar a maior dificuldade em eliminar este agente. C5a existe em pequena
quantidade em leite normal, mas é aumentado cerca de cinco vezes na presença de mastite
subclínica, e mais de vinte vezes em leite de vacas com mastite por E. coli. A capacidade de
produção de C5a varia grandemente entre vacas, sendo uma das explicações para a
capacidade genética de resistir à mastite.
Como melhorar a atuação das células somáticas
As primeiras tentativas de se melhorar a atuação das células somáticas foram
aumentando seu número. Parecia lógico pensar que mais células somáticas exerceriam
mais fagocitose, resultando na resolução de um número maior de infecções. Foram
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utilizadas desde infecções com bactérias de baixa patogenicidade até o uso de um fio de
nylon dentro da cisterna mamária como formas de aumentar o número de células. O uso da
CCS como forma de medir a qualidade do leite inviabilizou estes métodos, uma vez que a
CCS mais alta não faz sentido do ponto de vista econômico, pois à medida que esta sobe, a
produção de leite diminui.
Em uma glândula mamária normal, o importante é a capacidade de mobilização das
células somáticas, e não seu número. Vacas capazes de mobilizar um grande número de
células somáticas apresentam maior resistência à mastite, sendo possível a seleção
genética desses indivíduos, pois a herdabilidade desta característica é relativamente alta.
Uma forma de aumentar a mobilização de neturófilos é a imunização. A vacinação
contra a mastite estafilocócica melhora a capacidade de mobilização de células para o leite.
Desta forma, animais previamente imunizados são capazes de transferir neutrófilos do
sangue para o leite mais rapidamente.
A imunização traz ainda a vantagem de melhorar a eficiência da fagocitose através
da opsonização dos agentes patogênicos. A quantidade, e principalmente o tipo de
anticorpo produzido e transferido para a glândula mamária são importantes. Por exemplo,
IgA e IgG1 não atuam como opsoninas, enquanto IgM e IgG2 o fazem.Isto parece ocorrer
porque neutrófilos de ruminantes apresentam receptores específicos para o fragmento Fc
dessas imunoglobulinas, mas não para IgG1.
Imunidade específica
A
imunidade
específica
na
glândula
mamária
dos
ruminantes
apresenta
particularidades interessantes. Em primeiro lugar, embora a imunidade celular tenha um
papel importante no desencadeamento e manutenção da resposta imune através de
linfocinas, a fagocitose em si encontra-se muito prejudicada pela saturação da células
fagocíticas com micelas de caseína e glóbulos de gordura. Além disso, a população local de
células produtoras de anticorpos é reduzida na glândula mamária. Por isto, a maior parte
das células imunitárias presentes neste órgão tem origem sistêmica, chegando à glândula
como conseqüência de uma agressão infecciosa, e são constituídas por neutrófilos. Esta
população celular constitui a maior parte das células somáticas. Nos ruminantes estas
células apresentam receptores para IgG2 e não para IgG1, o que dificulta uma eficiente
opsonização dos antígenos bacterianos.
A quantidade de anticorpos presentes no leite produzido por uma glândula mamária
normal é muito reduzida (menos de 1 mg/ml), mas durante a inflamação estas
concentrações podem atingir 80 mg/ml. Isto acontece porque durante o processo
inflamatório há um aumento da permeabilidade vascular, o que facilita a passagem de
imunoglobulinas do sangue para o leite. É também possível um aumento da produção local,
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
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mas como a quantidade de células produtoras de anticorpos na glândula mamária não é
grande, o mais provável é que a produção local de anticorpos seja pouco significativa. Por
outro lado, o aumento da permeabilidade vascular como conseqüência da inflamação ocorre
rapidamente e logo no início da infecção, o que garante uma rápida passagem de
imunoglobulinas para a glândula mamária. Mas esta seqüência de acontecimentos (primeiro
a infecção e depois a passagem de anticorpos para o leite) faz com que estes anticorpos
sejam pouco eficazes para prevenir infecções agudas, mas podem auxiliar a reduzir a
severidade dos sintomas deste tipo de mastite.
As imunoglobulinas presentes no leite são do tipo IgG, IgG2, IgA e IgM, esta última
em concentrações muito baixas. A IgG1 é a imunoglobulina em maior concentração tanto no
sangue como no leite, mas nos ruminantes não é a mais eficaz. Como já vimos, neutrófilos
de ruminantes não possuem receptores para esta imunoglobulina, o que a torna pouco
eficaz na opsonização de antígenos. Os receptores presentes nos neutrófilos de ruminantes
são para a IgG2, que normalmente ocorre em concentrações mais baixas que a IgG1. As
imunoglobulinas podem agir diretamente sobre os antígenos, neutralizando-os. isto é
especialmente importante na neutralização de toxinas bacterianas como a toxina alfa de
Staphylococcus aureus, a qual tem um papel importante na produção dos sintomas da
mastite aguda.
Vacinas contra mastite bovina
O objetivo de se obter vacinas eficazes contra a mastite bovina vem sendo
perseguido desde a década de 1930, com um sucesso limitado. Esta falta de resultados é
devida a:
•
grande variedade de agentes causadores da mastite;
•
utilização de antígenos que não levam a uma imunidade protetora;
•
antígenos importantes na proteção que são expressos pelas bactérias apenas in
vivo, não aparecendo nas condições de cultivo bacteriano utilizadas na produção das
vacinas;
•
desconhecimento da fisiologia da resposta imune na glândula mamária;
•
baixa capacidade imunológica desta glândula.
Apesar disto, é possível obter-se resultados razoáveis com pelo menos dois tipos de
vacinas:
Vacinas anti-estafilocócicas
Os estafilococos são causadores da maioria das infecções subclínicas da glândula
mamária, e tendem a permanecer por longo tempo causando estas infecções. Por estes
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
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dois motivos, eles são alvos naturais para o desenvolvimento de vacinas. Muitos
estafilococos apresentam antígenos conservados entre as diferentes espécies e amostras,
como as pseudocápsulas e a proteína A, que têm sido utilizadas como antígenos em
vacinas. Estafilococos também apresentam proteínas de adesão à fibronectina, uma
proteína componente do cimento intercelular, que serve para fixar a bactéria ao epitélio
mamário. Vacinas contendo estes componentes tem se mostrado eficazes em reduzir
infecções subclínicas e melhorar a resposta ao tratamento com antibióticos.
Vacinas anti-Gram negativas
A Escherichia coli e outras bactérias Gram negativas são responsáveis pela maioria
dos casos de mastites agudas, de origem ambiental. A descoberta de uma amostra (J5) que
apresenta antígenos centrais da bactéria, presentes na maioria das bactérias Gram
negativas, possibilitou o desenvolvimento de vacinas contra a mastite ambiental. estas
vacinas são especialmente eficazes em reduzir a severidade dos sintomas da mastite aguda
e acelerar o retorno da glândula à normalidade. Depois disto, outras amostras bacterianas
que expõe ao organismo antígenos semelhantes aos da J5 foram desenvolvidos, em
especial a amostra mutante Re-17 de Salmonella typhimurium.
Vacinas anti-estreptocócicas
Estreptococos são responsáveis tanto por casos de mastite aguda como subclínica,
e são notoriamente mais difíceis de serem controlados por imunização. Recentemente,
descobriu-se que um fator de ativação do plasminogênio pode ser um antígeno eficaz, e que
é capaz de conferir proteção cruzada entre os estreptocococos patogênicos. A ativação do
plasminogênio é um importante fator de patogenicidade deste gênero de bactérias, porque a
presença da fibrina na superfície da célula bacteriana age como um fator antifagocitário.
A escolha de adjuvantes também é importante na formulação de vacinas anti-mastite
que sejam eficazes. Para que a vacinação seja eficaz mesmo com a baixa antigenicidade
dos antígenos das bactérias que causam mastite, é necessário amplificar esta imunidade
pela ação de adjuvantes. Por exemplo, adjuvantes que estimulam a produção de IgG2,
capaz de opsonizar antígenos para que sejam fagocitados por neutrófilos de ruminantes, é
essencial nas vacinas anti-estafilocócicas. A produção de imunidade local na glândula
mamária pode ser aumentada por adjuvantes que atuam diretamente sobre mucosas, como
a toxina do cólera e as enterotoxinas LT-IIa e LT-IIb de E. coli.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
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Prof. Adil Knackfuss Vaz – CAV/UDESC
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Por tudo isso, pode-se perceber que a imunidade na gLândula mamária é um
assunto complexo, no qual esperam-se ainda grandes avanços no entendimento e no
controle imunológico da mastite.
Leitura recomendada
Kehrli, M.E.; Harp, J. (2001) Immunity in the mammary gland Veterinary Clinics of North
America - Food Animal Practice, ed. Roth, J.A. Vol. 17(3), pp. 495-516
Nickerson, S.C. (1998) O papel das vacinas no controle da mastite I Simpósio Internacional
sobre Qualidade do Leite, pp. 44-53, Curitiba.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Prof. Newton Pohl Ribas – UFPR – CTBA/PR - MAPA.
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O CONSELEITE PARANÁ – uma metodologia inovadora para pagamento de leite por
qualidade e volume
Newton Pohl Ribas – Méd. Vet.; M.Sc – Prof. Adjunto da UFPR , CTB-PR
Assessor Especial do Ministro da Agricultura
e-mail: [email protected]
O setor leiteiro do Paraná passou a diferenciar-se com o início do funcionamento do
Conseleite Paraná , em janeiro de 2003, cujo princípio de transparência e harmonia entre
produtores e indústrias vem sendo considerado o fato mais inovador desde a
desregulamentação do setor na década de 90.
Esse foi o marco para o início da comercialização de leite realizada num ambiente novo,
com regras claras que mostram a capacidade das indústrias remunerarem a matéria prima
conforme o desempenho da comercialização dos produtos derivados do leite no atacado.
Criado por um esforço conjunto entre a Federação da Agricultura do Estado do ParanáFAEP e o Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Paraná- Sindileite
para atender a uma reivindicação da Comissão Técnica de Bovinocultura de Leite que
entendeu não ser mais possível conviver com a falta de confiança mútua e de transparência
na formação de preços que caracterizavam as relações entre os setores produtivo e
industrial, o Conselho tem como principal produto
a divulgação mensal de preços de
referência para a matéria prima , base de preços para livre negociação entre produtores e
indústrias
Em 2003 eram 9 empresas participantes, atualmente são 15 que respondem pela captação
de cerca de 80% da produção forma de leite paranaense.
O que é o preço referência
O preço referência é um valor médio ponderado para a matéria prima (leite) calculado a
partir dos preços médios de comercialização no atacado dos produtos lácteos das indústrias
participantes, implicando em que os preços da matéria prima e dos produtos no atacado
variem no mesmo sentido.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
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Como funciona o Conseleite
Composto por 22 representantes dos produtores indicados pela FAEP , escolhidos entre os
membros da Comissão Técnica de Bovinocultura de Leite da FAEP (11 titulares e 11
suplentes ) e igual composição de representantes das indústrias, indicados pelo Sindileite, o
Conselho é presidido por um representante da indústria e um dos produtores que se
revezam na presidência e vice presidência por períodos de 2 anos.
Para assessorar administrativamente o Conselho existe um secretário e no âmbito técnico a
assessoria é feita por uma Câmara Técnica e Econômica – CAMATEC, a qual é coordenada
pela Universidade Federal do Paraná e composta por 8 membros titulares e 8 suplentes,
metade indicados pela FAEP e metade pelo Sindileite.
Também compete à Universidade Federal do Paraná receber semanalmente das indústrias
participantes os dados referentes à comercialização no atacado (volume e preços) de 14
produtos que compõem o mix dessas empresas (leite pasteurizado, leite UHT, leite cru,
queijos prato, mussarela, parmesão, provolone, requeijão, manteiga, doce de leite, leite em
pó, iogurte, bebida láctea, creme de leite).
Após o tratamento estatístico desses dados e seguindo a metodologia estabelecida, , na 1ª
quinzena de cada mês o Conselho se reúne, a Universidade Federal os apresenta e
submete à aprovação dos membros.
Após a aprovação o Conselho divulga uma resolução contendo o fechamento do preço
referência para a matéria prima do mês anterior e a projeção do preço referência para o
mês em curso baseado no desempenho das vendas dos produtos nos primeiros 10 dias,
permitindo aos produtores sentir a tendência do mercado, se de alta ou se de baixa.
A resolução contém três preços referência: para o leite padrão, maior valor de referência e
menor valor de referência, de acordo com parâmetros de qualidade e volume detalhados
mais adiante.
Resultados
A comercialização do leite no Paraná começou a mudar conforme a divulgação dos preços
referência atingiam as regiões produtoras através das informações via sites das Federações
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Prof. Newton Pohl Ribas – UFPR – CTBA/PR - MAPA.
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da Agricultura – FAEP e das Indústrias - FIEP, EMATER , sindicatos rurais e revistas
especializadas.
De imediato os pequenos produtores foram os que mais se beneficiaram, uma vez que
durante o ano de 2002 recebiam até R$ 0,12/ litro de leite, conforme denúncia do movimento
SOS Leite e a partir de janeiro de 2003 passaram a dispor de uma ferramenta que lhes deu
embasamento para negociar os preços com base ,no mínimo , no menor valor de referência
do Conseleite , que no período 2003/2005 variou de R$ 0,35 a R$ 0,46/litro. Portanto, o
Conseleite estabeleceu uma metodologia para o pagamento da matéria prima ponderado
por gordura, proteína, sólidos não gordurosos, células somáticas, redutase, volume e
temperatura, praticando um sistema de ágio e deságio podendo variar de + 15% (leite
acima do padrão ou maior valor de referência) à – 10% (leite abaixo do padrão ou menor
valor de referência). Conforme o preço de referência ou leite padrão.
Para os médios e grandes produtores também houve benefícios porque mesmo que o
Conseleite não tenha o poder de obrigar as indústrias a praticarem os preços referência, o
fato desses preços serem divulgados mensalmente possibilitou o crescimento de
uma
massa de produtores bem informados e mais preparados para uma discussão de preço, fato
impensável antes da instituição do Conselho quando os preços eram conhecidos apenas no
mês seguinte após a “entrega” de todo o leite. Hoje podemos dizer que há venda em vez de
entrega.
Outras vantagens trazidas pelo Conseleite devem ser consideradas, como a transparência
do mercado e a possibilidade de planejar a produção viabilizada pelo conhecimento
antecipado da tendência de preços, porém o grande destaque veio em 2004 com o início
do estabelecimento de contratos de compra e venda de leite, o que proporciona fidelização
entre fornecedores e compradores, uma antiga reivindicação do setor que finalmente se
concretiza porque agora produtores e indústrias encontraram na divulgação dos preços
referência o parâmetro que sempre lhes faltou para a fixação de preços.
Os contratos são interessantes para produtores e indústrias pela importância que
representam para o planejamento nos dois setores, evitando grandes oscilações de volumes
e de preços. Além disso, para que o Brasil possa explorar grande potencial de crescimento
da produção e assumir definitivamente sua vocação de
exportador de lácteos , o
estabelecimento de contratos é essencial .
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
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A base de preço para fixação dos contratos tem sido o maior valor de referência acrescido
de um percentual combinado entre as partes.
Nesses 4 anos de atuação o Conselho firmou-se como referência para pagamento da
matéria prima no Paraná com influência também nos preços praticados nos estados
próximos.
O profissionalismo do método CONSELEITE foi reconhecido pelo governo do estado do
Paraná que, através da Secretaria da Fazenda e Tribunal de Contas, aprovou que o
pagamento aos fornecedores do Programa “Leite das Crianças” que distribui cerca de
175.000 litros de leite pasteurizado por dia à famílias carentes, fosse conforme o preço
médio de comercialização do leite pasteurizado divulgado mensalmente pelo Conselho ,
dispensando processos licitatórios. Veja no Gráfico abaixo:
Gráfico 01. Variações dos preços para o Leite Padrão (ou leite padrão), Maior Valor de
Referência (leite acima do padrão), Menor Valor de Referência (Leite abaixo do padrão), no
período de março de 2003 a março de 2007.
0,650
0,600
0,550
0,500
0,450
0,400
0,350
0,300
0,250
Menor VR
CONSELEITE: http://www.faep.com.br/conseleite/
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
jan-07
nov-06
set-06
jul-06
mai-06
mar-06
jan-06
nov-05
set-05
jul-05
mai-05
mar-05
jan-05
set-04
jul-04
nov-04
Maior VR
mar/07*
Padrão
mai-04
mar-04
jan-04
nov-03
set-03
jul-03
mai-03
mar-03
jan-03
0,200
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Esta dispensa favoreceu imensamente os produtores e indústrias paranaenses, pois sabese de programas semelhantes em outros estados que se mostraram danosos ao segmento
doméstico em função do processo licitatório ter favorecido a compra do leite de fora do
estado, às vezes até com custo menor, porém às custas de ausência de compromisso com
a qualidade.
A afirmação do entrosamento entre produtores e indústrias pode ser considerada outro
importante resultado do Conseleite, fator comprovado durante as dificuldades enfrentadas
no ano de 2005 que iniciou apontando bons preços para os produtores, conseqüência de
exportações aquecidas e de forte disputa de leite pelas indústrias, intensificada pelo efeito
da seca ocorrida nos principais estados produtores, porém mudando radicalmente a partir
de maio.
Naquele mês a soma de fatores, como um leve crescimento da produção, queda nas
exportações e aumento das importações favorecidas pelo câmbio e arrefecimento no
consumo face a baixa renda do consumidor , resultou na desestruturação do mercado e na
forte queda dos preços aos produtores e às indústrias que passaram a conviver com os
piores preços praticados desde 2003.
Nesse cenário cresceu ainda mais a importância do hábito do diálogo entre os setores,
estabelecido e sedimentado nas reuniões do Conseleite ,evidenciado pelo enfrentamento da
crise que minou a renda da atividade, quando os produtores mostraram-se esclarecidos o
suficiente para não empreender uma caça aos culpados como ocorria anteriormente em
situações semelhantes, com acusações a governos e indústrias, mas sim concentrando
entendimentos para buscar soluções.
A cada reunião do Conseleite em que eram divulgados os preços praticados pelas indústrias
os produtores compreendiam o porquê da baixa remuneração da matéria prima, haja vista
que pela metodologia Conseleite o poder de remuneração da matéria prima está atrelado ao
desempenho das vendas dos lácteos no atacado.
Problemas comuns foram identificados e discutidos conjuntamente, como a necessidade de
implementação de campanha institucional de marketing para estimular o consumo de
lácteos.
Em situações críticas como aquela verificada, o diálogo e o entendimento das causas que
fizeram o mercado agir de forma tão desfavorável ao segmento, são fundamentais para
evitar o surgimento de atritos que dificultariam sobremaneira
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
ultrapassar a crise e o
Prof. Newton Pohl Ribas – UFPR – CTBA/PR - MAPA.
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Conseleite Paraná desempenhou a missão de aproximar produtores e indústrias, mesmo
que apenas para constatar que interromper a queda dos preços escapava da alçada desses
setores ,mas que ambos se esforçaram para evitar danos maiores: as indústrias utilizando o
máximo da capacidade para diminuir a oferta de leite fluido direcionando a matéria prima à
produção de queijos e leite em pó procurando enxugar o mercado, enquanto os produtores
intensificavam a redução de custos para evitar prejuízos maiores
Esse entendimento não significou que produtores e indústrias cruzaram os braços frente à
situação e ficaram pacientemente esperando por mudanças, ao contrário, nas pessoas de
seu presidente e vice presidente o Conseleite participou ativamente de todos os eventos
realizados com o intuito de promover a cadeia láctea.
Como exemplos citamos a participação no grupo instituído para analisar e propor soluções
para o controle das fraudes nos produtos lácteos e a participação no grupo que estuda a
constituição de um fundo para indenização de animais abatidos para erradicação da
brucelose e tuberculose.
A assinatura da Lei 14685 em 04/05/2005 foi outro exemplo de conquista para produtores e
industriais, concretizada graças à atuação conjunta desses dois setores junto ao secretário
da agricultura, aos assessores tributários do governo
e ao governador do Estado do
Paraná. Após algumas reuniões o governo sensibilizou-se quanto à necessidade de agir
para diminuir no Paraná a comercialização de leite longa vida oriundo de outros estados em
detrimento do produto de empresas paranaenses. Isso vinha ocorrendo em função de
distorções na aplicação de alíquotas de ICMS que tornava o Leite longa vida “de fora” mais
interessante para as grandes redes de varejo em função de lhes proporcionar o acúmulo de
créditos da ordem de 5%.
Considerando que cerca de 50% do leite adquirido pelas empresas é comercializado na
forma de longa vida, esse é o produto que mais pesa na formação do preço da matéria
prima, então quanto melhor caminhar a venda do longa vida, melhor é a perspectiva de
remuneração ao produtor do leite.
Conclusão
O Conseleite Paraná que surgiu como uma proposta inovadora e arrojada, uma vez que se
baseia na quebra do “segredo comercial” de 15 indústrias (segredo fielmente guardado pela
Universidade Federal do Paraná que, por força de contrato, é proibida de divulgar dados
individuais, atendo-se às médias de preços) e na confiança entre dois setores que
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Prof. Newton Pohl Ribas – UFPR – CTBA/PR - MAPA.
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historicamente se colocavam em lados opostos, se consolidou como ferramenta válida e
efetivamente utilizada para negociação de preços.
Como não poderia deixar de ser, esses 4 anos de aplicação da metodologia Conseleite não
foram suficientes para resolver todos os problemas que tumultuam o setor leiteiro do
Paraná, haja vista a influência de questões estruturais e conjunturais que fogem à alçada
da iniciativa privada, porém temos segurança em afirmar que indústrias e produtores
paranaense plantaram a semente e estão cultivando um ambiente novo de comercialização
de leite, com mais transparência e confiança, focado na busca de crescimento harmônico
para o setor.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Martin Pol. Buenos Aires. Argentina.
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Nova estratégia para reduzir infecções intramamárias no período seco: selante interno
para tetos
Martin Pol, Buenos Aires, Argentina
A terapia tradicional da vaca seca utiliza antibióticos para tratar infecções
intramamárias, seguindo a ordenha final do período de lactação. A terapia de antibiótico de
vaca seca é encarregada de curar as infecções intramamárias já existentes adquiridas
durante a lactação e prevenir novas infecções durante o período seco. Essa prática tem
duas limitações: (1) relativamente curta duração do efeito do antibiótico que não se estende
por todo o período seco e (2) ausência de eficácia contra as bactérias gram-negativas (ex.
coliformes) e Micoplasma spp. O selante interno pode contornar ambas as falhas. O
selante interno de teto cria uma proteção contra a entrada de bactérias imediatamente
após a administração e dura ao longo de todo o período seco.
O objetivo desse artigo é apresentar dois estudos de campo já publicados sobre o
uso e eficácia do selante interno para tetos, conduzidos no Reino Unido e Estados Unidos.
Dados dos Estados Unidos
O objetivo do estudo da Universidade de Minnesota foi determinar se a infusão com
selante interno imediatamente após a administração de um antibiótico intramamário para
vaca seca (cloxacilina 600mg) resultaria em uma menor prevalência de infecções
intramamárias (IIM) e de novas IIMs durante o período seco e numa taxa mais baixa de
mastite clínica entre a secagem e 60 dias em lactação (DEL) (Godden et al.,2003).
Foram utilizadas 2500 vacas de dois rebanhos comerciais. Um total de 419 vacas
sem mastite clínica e quatro quartos funcionais foram avaliados (algumas vacas foram
excluídas da análise final devido à morte ou descarte devido à doença). Depois da secagem,
todos os 4 quartos foram introduzidos com cloxacilina 600 mg e dois quartos contra-laterais
foram então introduzidos com selante interno. Os dois quartos de cada vaca que foram
tratados com antibiótico exclusivamente foram considerados controles. Após o parto, o
selante interno foi retirado através dos primeiros jatos e amostras foram coletadas de todos
os quartos para cultura bacteriana e Contagem de Células Somáticas (CCS). Amostras
foram obtidas em 1 a 3 DEL e em 6 a 8 DEL. Além disso, todas as ocorrências de mastite
clínica entre a secagem e os 60 DEL foram registradas.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Martin Pol. Buenos Aires. Argentina.
53
RESULTADOS:
Resultados do estudo estão resumidos na Tabela 1:
- Prevalência de IIMs causadas por qualquer patógeno foi significativamente (P<0,05)
mais baixa em quartos tratados com selante interno + antibiótico versus controles (somente
tratamento antibiótico).
- Incidência da mastite clínica entre a secagem e 60 DEL foi significativamente
(P<0,05) mais baixo no grupo selante interno + antibiótico versus quartos de controle.
Tabela 1. Estudo da eficácia do selante interno quando usado com um antibiótico
intramamário. Universidade de Minnesota, EUA, 2006.
Grupo de Teste
Antibiótico + Selante Interno
Antibiótico
Nº Infectados / Nº
% Quartos
Nº Infectados /
% Quartos
Diagnóstico
IIMs de 1-3 DEL
Quartos
187/821
Infectados
22,8a
Nº Quartos
236/812
Infectados
29,1b
Novas IIMs entre
a secagem e de 1-3 DEL
166/821
20,2a
206/812
25,4b
Mastite clínica entre
a secagem e os 60 DEL
51/862
5,9a
69/862
8,0b
3/862
0,4a
17/862
2,0b
Mastite clínica devido a
estreptococos ambiental
a, b
Valores dentro da mesma linha com letras sobrescritas sao significativamente (P<0,05)
diferentes
Dados do Reino Unido
O objetivo desse estudo foi comparar o efeito profilático do selante interno versus
produto antibiótico intramamário de vaca seca de duração prolongada contendo cefalônio
quando administrado na secagem para vacas não-infectadas (CCS<200.000/ml) (Huxley et
al., 2002).
Um total de 928 quartos de vacas em 16 propriedades foram tratados com selante
interno e 940 quartos somente com o antibiótico. Avaliações microbiológicas e clínicas
foram feitas durante o período seco e nos primeiros 100 dias de lactação.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Martin Pol. Buenos Aires. Argentina.
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RESULTADOS:
Resultados estão resumidos na Tabela 2:
- No parto, vacas tratadas com selante interno tiveram significativamente menos
quartos com novas IIMs versus as vacas tratadas com antibióticos.
Tabela 2. Efeito profilático do selante interno versus tratamento antibiótico, em
pesquisa realizada no Reino Unido.
Grupo de Teste
Antibiótico + Selante Interno
Antibiótico
Nº Quartos
% Quartos
Nº Quartos
% Quartos
Diagnóstico
Novas IIMs em vacas
secas, todas as
enterobacterianas
Infectados
Infectados
Infectados
Infectados
17*
1,8
55
5,5
103*
11,1
145
15,4
30
3,2
35
3,6
Novas IIMs em vaca
seca, todos os principais
patógenos
Mastite clínica durante
os primeiros 100 dias de
lactação
*
Significante (P<0,01) versus vacas tratadas com antibiótico
Aplicação Prática do Selante interno
Antes do lançamento do selante interno, a terapia da vaca seca dependia
amplamente dos antibióticos intramamários para o tratamento da mastite clínica e subclínica e prevenção contra as novas infecções. O selante interno “rompe” esse paradigma
pela possibilidade de prevenção confiável da mastite ao longo do período seco, permitindo
que antibióticos sejam usados simultaneamente para tratamento de infecções subclínicas já
existentes adquiridas durante a lactação.
Nenhum método sozinho de tratamento contra a mastite irá funcionar para seu efeito
máximo a menos que isso seja usado no contexto de um programa de controle de mastite. A
eficácia ótima do selante interno pressupõe a implementação de várias medidas de
prevenção da mastite:
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Martin Pol. Buenos Aires. Argentina.
55
. Saneamento ambiental minimiza a presença dos patógenos ambientais que são a fontechefe do desafio da mastite durante o período seco.
. Limpeza do teto com lenço antisséptico logo antes de utilizar selante interno ou
qualquer outro produto intramamário minimiza a oportunidade de as bactérias da superfície
do teto sejam mecanicamente introduzidas no canal do teto.
. Isolamento de vacas infectadas minimiza a transmissão da doença, fonte da mastite
contagiosa e manutenção de mastite sub-clínica no rebanho.
. Seleção das vacas cronicamente afetadas elimina animais que são uma fonte contínua
de mastite e que diminui a produtividade do rebanho.
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IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Profa. Maria de Lourdes R.S. Cunha – IB/UNESP – Botucatu-SP
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Staphylococcus aureus: TOXINAS E SAÚDE PÚBLICA
Staphylococcus aureus: TOXINS AND PUBLIC HEALTH
Maria de Lourdes Ribeiro de Souza da Cunha
Departamento de Microbiologia e Imunologia, Instituto de Biociências, UNESP, Botucatu-SP
[email protected]
O gênero Staphylococcus compreende diversas espécies e subespécies, que se
encontram amplamente distribuídas na natureza, sendo principalmente encontrados na pele
e membranas mucosas de aves e mamíferos (KLOOS e BANNERMAN, 1999). Desde a sua
proposição em 1884 por Rosenbach, o gênero Staphylococcus tem sido classificado dentro
da família Micrococcaceae. Foi somente na última década, com o avanço da biologia
molecular, estudos genéticos, perfis de ácidos graxos, composição da parede celular e,
principalmente, estudos com RNA ribossômico 16S que o gênero Staphylococcus
foi
incluído numa nova família: Staphylococcaceae (GARRITY e HOLT, 2001). Atualmente já
são 40 espécies descritas dentro do gênero (BANNERMAN, 2003; EUZÉBY, 2007), a
maioria coagulase-negativa, caracterizando-se a exclusividade da síntese da enzima ao S.
aureus, S. schleiferi subsps. coagulans, S. intermedius, S. hyicus e S. delphini
(BANNERMAN, 2003). Cerca de metade das espécies de estafilococos coagulase negativa
(ECN) coloniza naturalmente o homem e animais incluindo-se dentre eles o S. epidermidis,
S. haemolyticus, S. saprophyticus, S. cohnii, S. xylosus, S. capitis, S. warneri, S. hominis,
S. simulans, S. caprae, S. lugdunensis e o S. schleiferi, S. gallinarum e outras (KLOOS e
BANNERMAN, 1999).
Os estafilococos são cocos Gram-positivos, imóveis, anaeróbios facultativos,
apresentando metabolismo fermentativo com produção de ácido e não gás, não
fotossintético, não esporulado, catalase-positivos, e capazes de crescer em meio contendo
10% de cloreto de sódio. São microrganismos mesófilos, com temperatura de
desenvolvimento de 7 a 48o C, com ótima de 37o C e pH na faixa de 4,0 a 10,0, com ótimo
de 6,0 a 7,0 (KLOOS e BANNERMAN, 1999).
Os estafilococos crescem rapidamente na maioria dos meios bacteriológicos. As
colônias em meios sólidos são redondas, lisas, elevadas e brilhantes. Produz um pigmento
carotenóide somente em aerobiose, intensificando-se em meios contendo alta concentração
salina. A capacidade de se desenvolver em meios contendo alta concentração de NaCl,
além de possuírem certa tolerância ao telurito de potássio, cloreto de lítio são aproveitadas
para o preparo de meios seletivos.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
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57
No gênero Staphylococcus, o Staphylococcus aureus sempre foi a espécie mais
importante relacionada com uma série de infecções e intoxicações no homem e nos
animais. Vários fatores de virulência são responsáveis pelos sintomas e gravidade das
infecções causadas por S.aureus. Esses fatores incluem as hemolisinas α, β, γ e δ, a
leucocidina e um grupo de superantígenos tóxicos pirogênicos. A toxina 1 da Síndrome do
Choque tóxico (TSST-1) e as enterotoxinas estafilocócicas (EEs), que causam a intoxicação
alimentar estafilocócica, formam o grupo de superantígenos (BANNERMAN, 2003).
As enterotoxinas e a TSST-1, sendo superantígenos se ligam diretamente a molécula
da classe II do complexo principal de histocompatibilidade (MHC II), sem o processamento
típico de antígenos normais, resultando em uma estimulação de muitas células T, e
portanto, uma produção excessiva de citocinas, tal como a interleucina I (IL-1), IL-2, gamma
interferon (IFN-ϒ) e fator de necrose tumoral (TNF-α) (MARRACK e KAPPLER, 1990). As
enterotoxinas estafilocócicas começaram a ser descritas em 1959 por Bergdoll e
colaboradores, atualmente, são 18 as enterotoxinas sorologicamente distintas e designadas
pelas letras EEA, EEB , EEC, EED, EEE, EEG, EEH, EEI, EEJ, EEK, EEL, EEM, EEN, EEO,
EEP, EEQ, EER,EEU (JORGENSEN et al., 2005).
O S. aureus destaca-se como o microrganismo causador de mastite contagiosa de
maior importância, maior ocorrência nos rebanhos mundiais, e de tratamento mais difícil
devido à elevada resistência aos antibióticos (FAGUNDES e OLIVEIRA, 2004).
Coerentemente, o S. aureus é, também, o microrganismo patogênico mais freqüentemente
isolado no leite cru (ZECOONI e HAHN, 2000).
As infecções intramamárias causadas por S. aureus apresentam implicações
importantes em saúde pública, tendo em vista que as toxinas podem ser excretadas no leite
e permanecer estáveis nos produtos oferecidos ao consumo. Os dados da literatura indicam
um risco potencial à saúde humana associado ao consumo de leite dos rebanhos
contaminados, uma vez que a maioria dos casos diagnosticados de mastite são do tipo
subclínico, ou seja, de animais que não apresentam alterações visíveis na glândula mamária
e no leite (FAGUNDES e OLIVEIRA, 2004).
As
enterotoxinas
estafilocócicas
(EES)
são
proteínas
solúveis
em
água,
monoméricas, globulares, com peso molecular entre 26.000 a 29.000 daltons, ricas em
lisina, ácido aspártico e glutâmico, com duas cisteínas formando ponte de dissulfeto
(BERGDOLL, 1989). Apresentam-se relativamente resistentes ao calor e às enzimas
proteolíticas tripsina, pepsina, renina e papaína o que permite a sua passagem pelo trato
gastrintestinal sem perda de atividade (HUY, 1994). As enterotoxinas são termoestáveis e
sua inativação depende da temperatura, bem como, da pureza, composição e pH do meio
(NOTERMANS et al., 1988). Estudos realizados por esses autores demonstram que a EEC
é a mais termoestável das enterotoxinas, seguida pelas EEB e EEA. Segundo BAIRDIV Encontro de Pesquisadores em Mastites
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58
PARKER (1990), para a inativação da toxina, seriam necessários de três a oito minutos a
121ºC. Segundo o FDA (FOOD AND DRUG ADMINISTRATION, 2001), a toxina
estafilocócica é sensível entre 98,9 ºC por 68,5 minutos ou 126,7ºC por 6,2 minutos.
Embora as enterotoxinas estafilocócicas sejam similares na sua estrutura e
propriedades biológicas (MARRACK E KAPPLER, 1990), elas diferem com respeito a
localização genética, sua produção e mecanismo de regulação do gene. Muitos dos genes
responsáveis pelos fatores de virulência estão localizados em elementos genéticos os quais
são específicos da cepa. Elementos genéticos tais como plasmídios, transposons,
bacteriófagos e, mais recentemente ilhas de patogenicidade
têm sido descrito para S.
aureus (MACMICKING, 1995).
Os genes responsáveis pela produção das enterotoxinas já são descritos desde 1984
quando foi possível clonar a EEA pela transferência do DNA cromossomal de um S. aureus
enterotoxigênico em uma cepa de Escherichia coli (BETLEY et al., 1984). Os genes sea e
see responsáveis pela produção das EEA e EEE, respectivamente, são carreados em
profagos (SCHAD et al., 1997). Os genes sed e sej determinantes das toxinas EED e EEJ
são de origem plasmidial. A EEJ apresenta sequências similares com a EEA, EEE e EED
correspondendo a 64, 63 e 51%, respectivamente. A amplificação por PCR sugere que o
gene sej pode estar presente em todos os plasmídios que codificam a EED (BALABAN E
RASOOLY, 2000).
As EEC são um grupo de proteínas de origem cromossomal, altamente conservadas
e apresentam três subtipos distintos: EEC1, EEC2 e EEC3, baseada nas diferenças dos
determinantes antigênicos (MARRACK E KAPPLER,1990). Outras variantes moleculares
das EEC têm sido descritas de acordo com o hospedeiro animal a que está relacionado,
,
EECbovina, EECcanina, EECovina (MARR et al., 1993). O gene seb responsável pela produção da
EEB pode ser de origem cromossomal (SHAFER e IANDOLO, 1978) ou pode ser carreado
por plasmídios (SHALITA et al.,1977).
Vários sistemas reguladores estão envolvidos na determinação da virulência de S.
aureus, de todos esses sistemas regulatórios existentes, os mais caracterizados são o agr e
o sar (GARVIS et al., 2002). Além dos vários sistemas responsáveis pela regulação dos
fatores de virulência de Staphylococcus spp., alguns fatores do meio, tais como tamanho do
inóculo, concentração de oxigênio, temperatura, pH, concentração de NaCl, íons minerais e
composição do meio atuam como estímulos externos na regulação do sistema, interferindo
na produção das proteínas secretadas, independentemente de agr ou interagindo com ele
(CHAN e FOSTER, 1998).
A atividade de água é considerada um dos fatores mais importantes na produção de
enterotoxinas estafilocócicas, sendo a atividade mínima de 0,86 (SMITH et al., 1983). Em
relação ao pH, observa-se que a produção de enterotoxinas não ocorre em pH acima de 9.0
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
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59
e abaixo de 5.0, sendo que, em pH 8.0 ocorre a diminuição de sua produção em 50%
(TROLLER,1975).
A quantidade de enterotoxina expressa por cada classe de enterotoxina também
difere. BERGDOLL et al (1989) descreveram que as EEB e EEC são expressas em maiores
quantidades do que as outras enterotoxinas, freqüentemente na ordem de 100 µg/ml de
sobrenadante de cultura, enquanto que, a produção máxima obtida para EEA, EED e EEE é
usualmente menor do que 10 µg/ml.
A intoxicação estafilocócica ocorre após a ingestão de alimentos contaminados com
as enterotoxinas produzidas por S. aureus. Entretanto, alguns autores têm relatado o
isolamento de outras espécies coagulase positiva enterotoxigênicas, como S. intermedius e
S. hyicus (HIROOKA et al., 1988). Estudos também relatam a enterotoxigenicidade de
estafilococos
coagulase-negativa
(ECN),
incluindo
S.
cohnii,
S.
epidermidis,
S.
saprophyticus, S. sciuri, S. warneri, S. chromogenes, S. lentus, S. xylosus (VERNOZY et al.,
1996; UDO et al. 1999, CUNHA et al., 2006).
Os principais sintomas, os quais ocorrem de 1 a 6 horas após a ingestão da toxina
são náuseas, vômitos, diarréias, dor abdominal e dor de cabeça. O quadro clínico é
relativamente brando, com duração de algumas horas a um dia, podendo, algumas vezes,
se apresentar severo e requerer hospitalização. Isso ocorre em virtude da quantidade
ingerida e da suscetibilidade do indivíduo, incluindo desidratação, cefaléia, sudorese e
alteração da temperatura corporal. As mortes são raras porém têm ocorrido em crianças e
idosos (BENNETT et al., 1999).
A quantidade de enterotoxina necessária para causar intoxicação ainda não foi
exatamente estabelecida, considera-se que o consumo de um alimento contaminado com
enterotoxina estafilocócica em concentrações da ordem de 1ng/g possa levar ao
desencadeamento dos sintomas. Este valor foi estimado a partir de um surto que ocorreu
nos Estados Unidos atribuído a leite achocolatado, cujas amostras revelaram EEA no nível
médio de 144 ng/embalagem (EVENSON, 1988). Entretanto, fatores como idade, massa
corpórea e condições físicas do indivíduo irão influenciar o desencadeamneto dos sintomas.
Quanto ao número de células de estafilococos necessárias à produção de
enterotoxinas, em quantidade suficiente para causar gastrenterite, considera-se que sejam
necessários números em torno de 106 UFC/g ou ml (BENETT e MONDAY, 2003). A
capacidade de produzir uma ou mais enterotoxinas é encontrada em 30 a 50% das cepas de
S. aureus. Dentre as enterotoxinas estafilocócicas, a EEA é a mais comumente envolvida
em surtos de intoxicação alimentar, seguida da EED (JAY, 2005). Além disso, o S. aureus é
capaz de produzir mais de uma enterotoxina simultaneamente. A produção simultânea de
diferentes tipos de toxinas pode aumentar os seus efeitos toxigênicos isolados, sugerindo
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
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Profa. Maria de Lourdes R.S. Cunha – IB/UNESP – Botucatu-SP
60
que essa co-produção possa desempenhar papel importante na patogenia das infeções
intramamárias produzidas por esse microrganismo (FAGUNDES e OLIVEIRA, 2004).
O S. aureus é amplamente distribuído nos rebanhos leiteiros, sendo que a
probabilidade de contaminação do leite cru com a conseqüente produção de enterotoxinas é
bastante elevada. Em bovinos, KENNY et al. (1993) relataram que, no mínimo, 28,6% das
cepas isoladas do úbere secretam uma ou mais toxinas. MATSUNAGA et al. (1993), no
entanto, encontraram 34,5% de cepas enterotoxigênicas. Em estudo realizado por SÁ et al.
(2004) para determinação da ocorrência de S. aureus enterotoxigênico em amostras de leite
isoladas de animais com mastite subclínica, os autores obtiveram 4,39% de amostras
toxigênicas.
A contaminação do leite com S. aureus pode ocorrer por duas vias principais, através
da incorporação de microrganismos que estão presentes no úbere, diretamente para o leite;
ou através do contato do leite com utensílios e equipamentos contaminados durante as
operações de ordenha ou da coleta e armazenamento (FAGUNDES e OLIVEIRA, 2004).
Neste último caso, deve-se ressaltar a importância do homem como reservatório de S.
aureus e principal veiculador do microrganismo em alimentos, de modo geral (JAY, 2005).
Estudos relatam que 20 a 50% das pessoas normais apresentam esses microrganismo no
vestíbulo nasal e orofaringe (HUY, 1994). As cepas que estão no nariz podem passar para
as mãos, dedos, rosto, pele e podem vir a contaminar o ar, água, solo, alimento e qualquer
superfície ou objeto que tenha entrado em contato com o portador (JAY, 2005).
Ressalta-se ainda, a TSST-1 produzida por S. aureus isolados de casos clínicos e
subclínicos de mastite bovina. A TSST-1 é responsável pela Síndrome do Choque Tóxico
(TSS) em seres humanos, doença aguda sistêmica caracterizada por febre, hipotensão
arterial, “rash” cutâneo e descamação da pele. O primeiro relato de detecção de TSST-1
produzida por S. aureus de origem animal foi feito por JONES e WIENEKE (1986). Estudos
mais recentes, realizados com S. aureus isolados de casos clínicos e subclínicos de mastite
bovina, demonstraram que 43% dos isolados produziram TSST-1 (CARDOSO et al. 2000).
Diante desses fatos, e da possibilidade de veiculação de gastrenterite estafilocócica,
não somente através do consumo de leite cru contaminado, mas também de leite tratado
termicamente ou de seus derivados contendo enterotoxinas termoestáveis, torna-se de
extrema importância prevenir e controlar as infecções intramamárias nos rebanhos para
melhorar a qualidade dos produtos oferecidos à população.
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MASTITE DE PEQUENOS RUMINANTES
MASTITIS IN SMALL RUMINANTS
Alice Maria Melville Paiva Della Libera
Milton Ricardo Azedo
Maiara Garcia Blagitz
Departamento de Clínica Médica
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
Av. Prof. Dr. Orlando Marques Paiva n. 87
[email protected]
Introdução
O assunto mastite desperta interesse por tantas razões, que por vezes ficam
eclipsadas as genuínas. Qual a importância que a mastite representa para a caprinoovinocultura brasileira? Indiscutivelmente, há prejuízo qualitativo e quantitativo à produção
de leite, com conseqüências tanto para animais especializados para esta função, quanto
para os não especializados, bem como para cordeiros e cabritos lactentes (Clements et al.,
2003; Blagitz, 2007). Acresce a importância da doença, a peculiar patogenia da afecção
nesses animais que, pode levar à perda da mama e mesmo morte do animal (Gonzalo et al.,
1994; Persson-Waller et al., 1997; Menzies, Ramanoon, 2001; Radostitis et al., 2002;
Albenzio et al., 2003; Bergonier e Berthelot, 2003; Pugh, 2005).
Outra peculiaridade é o fato de enfermidades que acometem diversos sistemas
orgânicos, também apresentarem quadros mamários. Isso pode ocorrer nos casos de artriteencefalite caprina (CAE) e Maedi-visna (Contreras et al. 2003; Corrales et al., 2004; Lara et
al., 2005; Turim et al., 2005).
Por outro lado, independentemente a presença de afecções mamárias, o leite de
pequenos ruminantes consumido pela espécie humana poderá estar carreando toxinas e/ou
bactérias com potencial zoonótico (Contreras et al. 2007).
Etiologia
A mastite dos pequenos ruminantes tem origem predominante nas infecções
bacterianas com uma incidência anual de pouco menos de 5%, para mastites mais severas
(clínicas) podendo oscilar de 5 a 30% a prevalência das mastites não diagnosticadas
clinicamente (subclínica).
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Num trabalho de revisão, Contreras et al. (2007) descreveram a diversidade de
agentes causadores de mastite em pequenos ruminantes salientando serem os
Staphylococcus spp os mais freqüentes. Também são isolados Streptococcus spp.,
Enterobacteriaceae, Pseudomonas aeruginosa, Mannheimia haemolytica, Corynebacteria e
alguns fungos. Alguns agentes foram associadas a protocolos preventivos inadequados
como Aspergillus fumigatus, Serratia marcescens, P. aeruginosa ou Burkholdelia cepacia.
O isolamento de estafilococos coagulase-negativa (ECN) é o mais comum.
O S. aureus pode causar mastite gangrenosa, pois toxinas específicas produzidas
são responsáveis por lesões graves na mama, como a α-toxina que produz necrose nos
alvéolos (Santos et al., 2007).
Lentiviroses, principalmente caprina, podem originar mastites específicas, no caso
classificadas como endurativas (Lara et al., 2005). A micoplasmose é outro exemplo de
doença que acomete vários sistemas e por isso, algumas vezes não é considerada agente
primário de mastite, mesmo causando agalaccia contagiosa (Contreras et al., 2007).
O Staphylococcus aureus é bastante comum na pele e nas mucosas de ovelhas e
cabras. As infecções relacionadas com estas bactérias são muitas vezes atribuídas a falta
de higiene durante a ordenha, pela sucção excessiva do cordeiro ou pelo contato com
pastagens contaminadas (Anderson et al., 2005). Geralmente o processo infeccioso causa
um processo inflamatório local que alteram o fluxo sanguíneo mamário e conseqüentemente
há diminuição da a produção de leite. Surgem também alterações na coloração do úbere
decorrentes da isquemia. As toxinas do Staphylococcus aureus podem provocar trombose
vascular, gangrena e desprendimento de tecidos subjacentes (Smith, 1994; Anderson et al.,
2005). Silva et al. (2005) afirmam que o Staphylococcus aureus tem uma grande variedade
na produção de hemolisinas, como alfa, beta e delta, as quais contribuem para invasão
bacteriana e inibição da resposta imune do hospedeiro. De acordo com essas informações,
Della Libera et al. (2007), observaram que o mesmo hospedeiro pode apresentar quadros
distintos frente ao Staphylococcus aureus respondendo de maneira diferente em cada
glândula mamária. Os autores relataram quadro de mastite em cabra nulípara onde as duas
mamas estavam infectadas por S. aureus porém com evoluções diferentes. A glândula
mamária esquerda evoluiu para uma mastite catarral aguda enquanto a mama direita
evoluiu para mastite flegmonosa gangrenosa, com desprendimento do teto.
Diagnóstico
O diagnóstico eficiente é sempre obtido através da associação de avaliações que
consideram a presença de inflamação e infecção da mama. Para tal, o animal deverá ser
examinado, incluindo principalmente a avaliação macroscópica, celular e microbiológica
do leite.
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Por ser uma doença predominantemente infecciosa, o exame bacteriológico não deve
ser preterido e muitas vezes é considerado o padrão ouro para o diagnóstico de mastite
(Contreras et al., 2007).
Exame físico
Muitas vezes nos atemos a discutir a validação de uma diversidade de provas e
deixamos de avaliar o que é elementar: o animal. O exame físico, baseia-se inicialmente na
observação dos animais e especificamente de suas mamas (inspeção) seguida da palpação
das mesmas.
É interessante notar que o emprego de métodos semiológicos diretos e indiretos no
exame da mama desses animais é aparentemente mais referido para avaliar o desempenho
produtivo (Cruz et al., 1994; Fuente et al., 1996; Bruckmaier et al., 1997; Serrano et al.,
2002; Dzidic et al., 2004; Salama et al., 2004) e a habilidade leiteira para ordenha mecânica
(Fernandez et al., 1995; Rovai, 2001; Serrano et al., 2002; Caja et al., 2006) do que
propriamente para diagnóstico de enfermidades mamárias. Atualmente é impossível
desvincular desempenho produtivo da saúde do animal.
Algumas mamas com quadro inaparente, também classificado como catarral
incipiente, pré-clínico ou subclínico, não apresentarãolterações à inspeção e à palpação da
mama, mas sim decréscimo de produção e aumento da celularidade do leite. Como nos
bovinos, esses quadros são considerados predominantes (Contreras et al., 2007) em
relação aos quadros considerados clínicos (com presença de grumos no leite e/ou
manifestação de sinais físicos à inspeção e palpação da mama).
Mas demais manifestações de mastite poderão ser identificados sinais como edema,
consistência firme da glândula, aumento dos linfonodos retro-mamários e demais sinais de
inflamação. A secreção láctea tem uma coloração alterada, podendo variar da presença de
grumos (mastite catarral), pus (mastite apostematosa) à secreção serosa ou serosanguinolenta (mastite flegmonosa) (Anderson et al., 2005; Blagitz, 2007; Santos et al.,
2007).
As ovelhas e as cabras apresentam com maior freqüência que as outras fêmeas, o
quadro mais grave de mastite – a mastite flegmonosa – cuja evolução tende à gangrena e,
portanto é descrita por muitos autores como mastite gangrenosa (Smith, 1994; Anderson et
al., 2005). Geralmente este tipo de mastite é causada por Staphylococcus aureus e por
Pasteurella haemolytica e pode se apresentar de forma aguda, subaguda e crônica.
Apesar da independência entre as mamas de um mesmo hospedeiro, infectadas pelo
mesmo agente, para estabelecer a evolução clínica da mastite, Santos et al. (2007) após
indução experimental de mastite por S. aureus em ovinos referiram que a mama
contralateral à inoculação (a mama controle) também diminuiu a produção de leite e alterou
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a composição deste.
Os animais acometidos pela mastite gangrenosa aguda apresentam inicialmente
quadro sistêmico com febre seguida de hipotermia, inapetência, desidratação, sensibilidade
local que leva o animal à relutância ao se deitar e mesmo à claudicação, congestão da
mucosa ocular, taquicardia, taquipnéia, hipomotilidade à atonia ruminal, fezes diarréicas,
perda de peso e até morte do animal. No início a pele da glândula mamária se apresenta
eritematosa, com aumento de temperatura, o edema poderá ser local ou mesmo atingir a
região abdominal ou xifoidea, para, posteriormente tornar-se cianótica (Cullor et al., 1996;
Menzies e Ramanoon, 2001; Anderson et al., 2005; Santos et al., 2007). Santos et al. (2007)
induziram
mastite por
Staphylococcus
aureus em ovelhas
e observaram sinais
predominantemente a partir de 24 horas de inoculação embora um animal os tenha
apresentado em 12 horas. As características do leite tornaram-se alteradas, com aspecto
seroso, aquoso, sanguinolento ou amarronzado, com restos de fibrina.
Os animais que sobreviverem podem apresentar desprendimento do úbere ou da
metade glandular acometida e a glândula afetada dificilmente retorna à produção normal, o
tecido enfermo é eliminado em algumas semanas e a ferida cicatriza por segunda intenção.
(Anderson et al., 2005; Santos et al., 2007).
Avaliação da celularidade do leite
Os mecanismos de defesa celulares são fundamentais para saúde da glândula
mamária e, a forma mais comum de avaliá-lo é por meio da quantificação das células
somáticas (leucócitos e células epiteliais descamativas). Essa avaliação é mundialmente
difundida para diagnosticar e determinar a intensidade do processo inflamatório mamário.
Apesar disso, a interpretação dos resultados dessas provas é peculiar e limites descritos
para outras fêmeas não devem servir de referência. Os pequenos ruminantes,
principalmente os caprinos, podem, fisiologicamente, liberar uma maior quantidade de
células no leite sem que isso esteja relacionado a processo inflamatório, embora haja
correlação negativa entre a produção de leite e a celularidade do leite de caprinos (Silva et
al., 2001).
Como nas demais espécies, a contagem de células somáticas (CCS) pode ser feita
por métodos diretos ou quantitativos que incluem a contagem de células somáticas
microscópica e automática, por métodos semi-quantitativos como o Wisconsin Mastitis Test WMT- (Andrade et al., 2001) e por métodos indiretos como o California Mastitis Test - CMT (Persson-Waller et al., 1997; Silva et al., 2001; Clements et al., 2003).
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California Mastitis Test (CMT) e Wisconsin Mastitis Test
O CMT é considerado um teste subjetivo. O seu resultado é obtido a partir da mistura
da secreção láctea com o reagente cuja gelificação é classificada em escores que
correspondem a determinados valores de celularidade e pH (Silva et al., 2001).
Uma limitação do CMT vem sendo descrita por alguns autores que trabalham com
pequenos ruminantes e estão familiarizados ao fato destes apresentarem uma maior
celularidade no leite que os bovinos. Para evitar resultados falso-positivos, são indicadas
associações com outros testes diagnósticos e o resultado de “1+” (fracamente positivo) é
geralmente considerado como normal (Anderson et al., 2005), principalmente para caprinos
(Silva et al. 2001). Esses cuidados poderão minimizar a baixa especificidade do CMT no
diagnóstico de mastite em caprinos, usando-se os critérios descritos para bovinos.
Segundo Silva et al. (2001) há correlação positiva entre os resultados do CMT e da
CCS de amostras de leite de cabras bacteriologicamente negativas Os resultados desses
autores mostraram uma correlação positiva e significativa entre os testes avaliados. Nesse
estudo foram descritas médias de 0,78 x 106 céls/ml para as reações negativas (N, T e 1+) e
de 5,32 x 106 céls/ml para as reações positivas (2+ e 3+).
O WMT também é uma técnica DNA específica e, portanto com alta correlação com
CMT e CCS automática (Andrade et al, 2001). Apesar disso, ela baseia-se na viscosidade
do mistura e há diferença entre a viscosidade basal do leite de cabra e o de vaca. Para se
obter resultado mais preciso na avaliação da CCS pelo WMT, é necessário que se construa
uma tabela específica para a espécie caprina (Andrade et al., 2001). Nesse mesmo
experimento, os autores consideraram que o WMT subestima a CCS do leite de cabra. É
possível que seu emprego no diagnóstico de afecções mamárias de ovinos também
encontre limitações.
Contagem de células somáticas (CCS)
Apesar da eficiência da CCS na identificação de processos inflamatórios no leite dos
pequenos ruminantes, existem aspectos vulneráveis que devem ser considerados. A CCS
pode ser influenciada por fatores fisiológicos, como estresse, fase da lactação, idade da
fêmea (Albenzio et al., 2003; Bergonier et al., 2003; Gonzalo et al., 2004; Anderson et al.,
2005; Paape et al., 2007), número de lactações, frações do leite, raças, estado nutricional
(Bergonier et al., 2003; Anderson et al., 2005; Paape et al., 2007) e por fatores patológicos
como a infecção intra-mamária (Bergonier et al., 2003; Paape et al., 2007). Ainda assim, a
influência de fatores fisiológicos na CCS é menos significante do que a de fatores
patológicos, o que a leva a considerar eficiente na avaliação da glândula mamária dos
pequenos ruminantes (Gonzalo et al., 2006).
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A glândula mamária dos pequenos ruminantes apresenta particularidades fisiológicas
durante a secreção (Paape et al., 2007). São consideradas glândulas com tipo de secreção
apócrina e durante a lactação liberam corpúsculos resultantes do desprendimento das
células do epitélio de revestimento dos alvéolos (Paape et al., 2007). Muitos deles não têm
núcleos, ou contém fragmentos deste, por isso denominados corpúsculos citoplasmáticos
(Gomes et al., 2006). Apesar de serem muitas vezes anucleados, os corpúsculos
citoplasmáticos são semelhantes no tamanho e na morfologia aos leucócitos e desta forma
podem ser confundidos com as células somáticas (Gomes et al., 2006). Por esse motivo, é
recomendada a utilização de contadores celulares específicos de DNA (GOMES et al.,
2006).
As contagens mais conhecidas são a CCS automática e a CCS microscópica. Para a
CCS automática, é necessário o envio das amostras de leite em frascos próprios, contendo
conservantes, para laboratórios especializados, além de padronização do aparelho para o
leite de cabras e ovelhas (Gonzalo et al., 2004). Andrade et al. (2001) realizaram CCS com
aparelho calibrado para vaca e consideraram que a divulgação dos resultados deverão ser
feitas com essa base por não serem justificáveis calibrações específicas para caprinos nos
laboratórios de referência onde predominam amostras de bovinos. Além disso, os autores
consideraram ser a CCS uma variável muito influenciada por fatores biológicos e
instrumentais, além dos patológicos o que torna muito difícil o estabelecimento de valores de
referência.
Arcuri et al. (2004) encontraram uma correlação de 95% entre a CCS automática e a
microscópica de leite de caprinos, desde que submetidos ao mesmo tipo de conservação
(bronopol). A preservação, a temperatura e o tipo de armazenamento da amostra para o
posterior envio aos laboratórios especializados têm efeito na celularidade em ovinos e
caprinos (Gonzalo et al., 1994).
Para a CCS microscópica é necessário apenas o conhecimento de colorações e
técnicas mais adequadas para a secreção láctea da espécie a ser avaliada. Além de ser
uma contagem direta e permitir a contagem total, a CCS microscópica também define o tipo
celular predominante.
As colorações ideais para o leite dos pequenos ruminantes ainda são discutíveis.
Foram descritas falhas na coloração de azul de metileno, que, por ser inespecífico entre as
células e os corpúsculos citoplasmáticos, induziu alterações nas contagens celulares.
Madureira et al. (2005) e Gomes et al. (2006) consideraram que uma das colorações ideais
para a CCS microscópica em ovelhas e cabras foi a pyronina-Y, apesar da toxicidade da
mesma. Barbosa et al. (2006), trabalhando com leite de ovelhas da raça Santa Inês
concluiram que a coloração por Broadhurt-Palley foi mais eficiente que a coloração por
Hematoxilina-Eosina.
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A diferenciação celular pode ser realizada na CCS microscópica através da técnica
de Prescott & Breed e da técnica de citocentrifugação para distinguir as variações celulares
fisiológicas e patológicas (Della Libera et al., 2004; Paape et al., 2007).
Tratamento
O tratamento local, baseia-se em antimicrobiano e, sempre que possível, deve ter o
resultado do exame bacteriológico e no antibiograma como critério.
Quando presente, a toxemia deve ser tratada com fluidoterapia e drogas
antiinflamatórias não esteroidais, porém o tratamento é ineficaz para recuperação funcional
dessas mamas e os animais sobreviventes devem ser descartados. Em casos graves a
mastectomia é recomendada (Anderson et al., 2005; Santos et al., 2007).
Santos et al. (2007) trataram mastite aguda induzida experimentalmente em ovinos
por Staphylococcus aureus (1,0x104ufc/mL) sensível à gentamicina, 36 horas após a
inoculação, por meio de três aplicações com intervalos de 24h, administrando o
antimicrobiano intramamário e sistêmico a base de gentamicina, associado à aplicação do
flunixin meglumine. Houve retorno gradativo a normalidade dos indicadores clínicos como
apetite, comportamento, temperatura, freqüências cardíaca e respiratória, coloração da
mucosa, motilidade ruminal e a ruminação, que foi mais bem observado no último momento
de avaliação, mas a mama não recuperou sua funcionalidade.
Terapias específicas para o período seco são indicadas, mas ainda são incipientes as
informações sobre sua eficiência e limitações (Bergonier et al, 2003; Contreras et al., 2007).
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Escherichia coli. Research in Veterinary Science, v. 62, p. 63-66, 1997.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Profs. Alice Maria Melville P.D. Libera / Milton R. Azedo / Maiara G. Blagitz
FMVZ/USP – São Paulo-SP
73
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IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
74
Resumos
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Saúde da glândula mamária
75
SAÚDE DA GLÂNDULA MAMÁRIA
EM03. TEORES DE PROTEÍNA NO LEITE DE QUARTOS MAMÁRIOS COM MASTITE
SUBCLÍNICA CAUSADA POR Staphylococcus aureus APÓS O TRATAMENTO
DURANTE A LACTAÇÃO. MILK PROTEIN CONTENTS FROM MAMMARY QUARTERS
WITH SUBCLINICAL MASTITIS BY Staphylococcus aureus AFTER TREATMENT IN
THE LACTATION. Luiz Francisco Zafalon1, Antônio Nader Filho2, Maria Regina Barbieri de
Carvalho2, Tânia Mara Azevedo de Lima2 ([email protected])
1
2
Centro de Pesquisa de Pecuária do Sudeste – EMBRAPA – São Carlos, SP.
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP – Jaboticabal, SP.
RESUMO
A mastite subclínica bovina é responsável por alterações na composição do leite secretado
pelos quartos mamários e, dentre os microrganismos responsáveis pela etiologia infecciosa,
o Staphylococcus aureus é considerado o principal. O tratamento da forma subclínica
durante a lactação com antimicrobianos é uma das maneiras de controlar a doença e
verificou-se os teores protéicos do leite antes e após a terapia em 135 quartos mamários
divididos em dois grupos, tratados (67) e não tratados (68). Utilizou-se para a terapia 150
mg de gentamicina uma vez ao dia por três dias consecutivos em uma propriedade com
rebanho experimental localizada no interior do Estado de São Paulo (região de Barretos). As
taxas de cura foram de 82,1% e 7,4% para os grupos tratado e não tratado,
respectivamente. As análises do extrato seco total (EST), da contagem de células somáticas
(CCS) e da produção de leite também foram efetuadas. Apenas a CCS apresentou diferença
significativa após o tratamento. Enquanto nos quartos mamários tratados os valores de EST
foram de 11,1% e 11,8% antes e após o tratamento, respectivamente, o EST foi de 11,3% e
11,0% nos quartos não tratados em duas colheitas de amostras efetuadas num intervalo de
30 dias. A CCS média diminuiu de 461x103 células/mL para 105x103 células/mL após o
tratamento, enquanto os valores médios dos quartos que não foram tratados elevou-se de
425x103 células/mL para 531x103 células/mL. Houve diminuição da quantidade de leite
produzida por quartos tratados e não tratados. Nos quartos mamários tratados, os valores
médios encontrados antes e após o tratamento foram de, respectivamente, 2,88% e 2,80%
para proteínas totais (PT); 2,69% e 2,25% para proteína verdadeira (PV); 2,11% e 1,66%
para as caseínas (CAS); e 0,58% e 0,58% para soroproteínas (SP). Nos quartos mamários
não tratados, no intervalo de 30 dias, os valores encontrados foram de 3,21% e 3,15% para
PT; 3,03% e 2,94% para PV; 2,32% e 2,29% para CAS; e 0,78% e 0,59% para SP. As
análises dos dados permitiram concluir que não houve diferença significativa após os testes
estatísticos para PT, PV e SP, enquanto a mesma diferença encontrada em quartos
mamários doentes para CAS, antes e após o tratamento, também foi verificada para os
quartos sadios que serviram de controle. Dessa maneira, conclui-se que o tratamento da
mastite subclínica causada por S. aureus durante a lactação não acarretou melhoria na
qualidade do produto quando os itens analisados foram os teores protéicos do leite.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Saúde da glândula mamária
76
EM04. SELANTE INTERNO DE TETOS: USO NA PROFILAXIA DE NOVAS
INFECÇÕES INTRAMAMÁRIAS DURANTE O PERÍODO SECO E NO PÓS-PARTO.
PROPHYLAXIS OF NEW INTRAMAMMARY INFECTIONS DURING THE DRY AND
EARLY LACTATION PERIODS BY THE USE OF AN INTERNAL TEAT SEALANT.
Deolinda M. Vieira F. Carneiro1, Vagner M. Portes1, Adil Knackfuss Vaz1
([email protected])
1
Laboratório de Imunologia e Doenças Infecciosas. Departamento de Medicina Veterinária
Preventiva, UDESC, Lages, SC. Brasil.
RESUMO
Este é o primeiro estudo desenvolvido no Brasil para demonstrar a eficácia de um selante
interno de tetos na proteção de quartos mamários contra infecções intramamárias (IIM).
Avaliou-se o efeito de um selante interno de tetos à base de subnitrato de bismuto na
profilaxia de novas IIM adquiridas durante o período seco, a taxa de cura neste período e o
número de IIM durante as três primeiras semanas após o parto. Foram observados os
efeitos do selante interno de tetos quando usado isoladamente, quando em associação com
um antibiótico intramamário para vacas secas (gentamicina), comparados ao uso exclusivo
do antibiótico. Coletaram-se amostras de leite de 320 quartos mamários (80 vacas) em
quatro ocasiões: sete dias antes da secagem, à secagem, oito e 21 dias pós-parto. À
secagem, um quarto foi infundido com o selante interno de tetos (T1, n= 80 quartos), um
quarto com gentamicina e o selante interno de tetos (T2, n= 80 quartos), e dois quartos
ipsilaterais foram infundidos somente com gentamicina (T3, n= 160). A análise estatística
(Teste Exato de Fischer, P<0,05) dos resultados indicou não haver diferença significativa na
incidência de novas IIM entre T1, T2 e T3. Nas condições deste estudo, não foram
observadas diferenças entre o efeito dos tratamentos. O efeito do uso de um selante interno
de tetos na profilaxia de novas infecções intramamárias no período seco e no pós-parto
demonstrou ser tão eficiente quanto o uso de um antibiótico de uso intramamário com
formulação para vaca seca (gentamicina). Não foi encontrado benefício aparente na
aplicação simultânea do selante e do antibiótico. Concluiu-se que o selante de tetos é uma
possibilidade promissora como medida auxiliar à terapia da vaca seca, na prevenção de
novas infecções intramamárias no período seco e na lactação seguinte.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Saúde da glândula mamária
77
EM05. INDUÇÃO EXPERIMENTAL DE MASTITE SUBCLÍNICA EM VACAS DA RAÇA
HOLANDESA MEDIANTE INOCULAÇÃO INTRAMAMÁRIA DE Staphylococcus
aureus.
EXPERIMENTAL SUBCLINICAL MASTITIS IN HOLSTEIN COWS INDUCED BY
INTRAMAMMARY INOCULATION OF Staphylococcus aureus. Luiz Paulo Martins
Filho1, José Jurandir Fagliari2, Ana Maria Centola Vidal-Martins3, Flávia Tereza Rocha
Santos Cesco3, Priscila Bachur Sicchierolli2, Poliana de Castro Melo2
([email protected])
1
2
3
Centro Universitário de Rio Preto-UNIRP-São José do Rio Preto-SP
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias-UNESP-Jaboticabal-SP
Médica Veterinária Autônoma
RESUMO
Staphylococcus aureus é a principal bactéria causadora de infecção mamária e representa
importante problema de saúde pública em várias partes do mundo, sendo uma das bactérias
com maior freqüência de isolamento nas amostras de leite de glândulas infectadas, no
Brasil. O objetivo do estudo foi verificar a viabilidade do modelo experimental de indução de
mastite subclínica bovina com S. aureus. Foram examinados 40 quartos mamários
funcionais e sem indício de infecção prévia de 12 vacas da raça Holandesa de 2 a 5 anos de
idade, entre o 2º e o 7º mês de lactação. A contagem de células somáticas (CCS) da
secreção desses quartos, negativa ao exame microbiológico, era inferior a 350.000
células/mL. Foram compostos 2 grupos experimentais - Grupo 1: dez quartos mamários
submetidos à infusão intramamária (IM) de 5,0mL de água peptonada 0,1% estéril (controle)
e Grupo 2: trinta quartos mamários submetidos à infusão IM de 500 UFC de Staphylococcus
aureus (estirpe ATCC 25923) suspensas em 5,0mL de água destilada estéril. Os quartos
mamários do grupo controle eram contralaterais àqueles inoculados com S. aureus. Após
tais procedimentos as vacas eram submetidas ao exame clínico, inclusive da glândula
mamária, e ao California Mastitis Test (CMT) em 4 momentos: antes da inoculação e 24 h,
48 h e 72 h após. Para análise microbiológica do leite e CCS foram obtidas amostras de leite
em dois momentos: antes da inoculação de S. aureus e 72 h após. Depois do cultivo em
placa de ágar-sangue 5% por 24 a 48 h as colônias suspeitas foram isoladas e identificadas
por meio de coloração de Gram, atividade da coagulase, produção de pigmento, hemólise,
prova da catalase, fermentação da glicose e manitol em aerobiose e anaerobiose e
produção de acetoína pela prova de Voges-Proskauer. Para a análise estatística dos
resultados foi utilizado Statistical Analysis System – SAS. Ao se constatar significância entre
grupos e momentos foi aplicado o teste de Tukey, para comparação das médias. Verificouse que 19 dos 30 quartos inoculados com S. aureus, ou seja 63,3%, desenvolveram mastite
subclínica. Nestes quartos mamários infectados notou-se CCS média de 187,27x103/mL
antes e 2.432,20x103/mL 72 horas após a inoculação da bactéria. Os resultados do CMT
indicaram valores crescentemente reagentes ao longo do período experimental. Concluindo,
o método de indução experimental de mastite estafilocócica subclínica utilizado foi efetivo
em 63,3% dos quartos mamários, podendo ser empregado no estudo de mastite bovina com
grau satisfatório de repetibilidade.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Saúde da glândula mamária
78
EM06. EVOLUÇÃO CLÍNICA DA MASTITE ESTAFILOCÓCICA BOVINA AGUDA, NO
PÓS-PARTO, APÓS ANTIBIOTICOTERAPIA. CLINICAL COURSE OF THE BOVINE
ACUTE STAPHYLOCOCCAL MASTITIS, IN POST-PARTUM, AFTER TREATMENT WITH
ANTIBIOTIC. José Jurandir Fagliari1, Luiz Paulo Martins Filho 2, Ana Maria Centola VidalMartins3 ([email protected])
1
2
3
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias- UNESP-Jaboticabal-SP
Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP-São José do Rio Preto-SP
Médica Veterinária Autônoma
RESUMO
Mastite é definida com uma reação inflamatória da glândula mamária que provoca
alterações físico-químicas e microbiológicas do leite e lesão do tecido glandular. S. aureus é
a bactéria com maior freqüência de isolamento nas amostras de leite das glândulas
infectadas e, provavelmente, é o mais importante patógeno da glândula mamária.
Investigou-se a evolução clínica de 14 casos de mastite estafilocócica aguda (em 13 vacas)
cujos sinais clínicos surgiram três a oito dias após o parto. Após o cultivo em placa de ágarsangue 5% durante 24 a 48 horas as colônias foram isoladas e identificadas utilizando-se
coloração de Gram, atividade da coagulase, produção de pigmento, hemólise, prova da
catalase, fermentação de glicose e manitol em aerobiose e anaerobiose e produção de
acetoína pela prova de Voges-Proskauer. O antibiograma revelou cultura de S. aureus
sensível à gentamicina. Procedeu-se ao tratamento intramamário com 300 mg de
gentamicina/12 horas, após ordenha completa do quarto mamário 5 minutos depois da
injeção intramuscular (IM) de 20 UI de ocitocina, durante cinco dias. Simultaneamente
aplicou-se 3 mg de gentamicina/kg/12 horas, durante o mesmo período. Ao final do
tratamento, dos 14 quartos mamários tratados, cinco deles evoluíram para cura clínica (com
base nos sinais clínicos, inclusive nas características da secreção mamária) e cura
bacteriológica aos 8, 12, 16, 17 e 21 dias, respectivamente. Seis quartos mamários não
responderam ao tratamento e após outras tentativas terapêuticas optou-se pela
cauterização química do quarto mamário com iodo 10%. Três quartos mamários
desenvolveram necrose, com sinais de isquemia tecidual que surgiram três a cinco dias
após o início do tratamento; ocorreu destacamento total do quarto acometido. O estudo
evidenciou que a mastite aguda causada por S. aureus, manifestada no pós-parto imediato,
é de difícil tratamento, possivelmente em razão das características biológicas desta bactéria,
especialmente quando presente na glândula mamária lactante.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Saúde da glândula mamária
79
EM07. UTILIZAÇÃO DA ANTI-SEPSIA DO TETO EM PROPRIEDADES COM BEZERRO
AO PÉ. EVALUATION OF INFLUENCE OF TEAT DISINFECTION ON FARM WITH CALF
DURING MILKING. Leonardo Souza Justiniano1, Andréa Rentz Ribeiro2, Cláudia Ribeiro do
Valle2 ([email protected])
1
2
Médico Veterinário
Pontíficia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC MINAS) Poços de Caldas.
RESUMO
Animais mestiços necessitam da presença do bezerro no momento da ordenha com a
finalidade de estimular a secreção do leite, mas pode contribuir com a ocorrência de mastite.
O objetivo desta pesquisa foi avaliar a metodologia de anti-sepsia dos tetos na pré e/ou pósordenha quanto a ocorrência de mastite e infecção intramamária no manejo de ordenha dos
animais com bezerro ao pé. O experimento foi desenvolvido em um rebanho de 45 animais
em lactação e mão-de-obra familiar localizado na região sul de Minas Gerais. Dividiram-se
aleatoriamente os animais em três grupos: 1. controle, no qual foi utilizado o manejo da
propriedade; 2. pré-pós, os tetos dos animais foram submetidos à anti-sepsia na pré e pósordenha e 3. pós-dip, nos tetos dos animais somente foi utilizado a anti-sepsia na pósordenha. O produto utilizado para pré e pós-dipping foi o iodo. Os animais foram
acompanhados durante um ano, realizando-se mensalmente os testes de Tamis e CMT. O
leite das glândulas positivas nos testes foi coletado e enviado para o laboratório para
realização de cultura microbiológica. Em relação à ocorrência de mastite subclínica e
infecção intramamária nas glândulas mamárias, os níveis foram, respectivamente, de
28,98% e 26,10% no grupo controle, 18,60% e 15,82% no grupo pré-pós e de 12,5% e
10,04% no grupo pós (p<0,05). Conclui-se que as medidas de anti-sepsia pré e pós-ordenha
dos tetos tiveram efeito significativo para diminuição da mastite subclínica e infecção
intramamária no sistema de ordenha com bezerro ao pé. Após a realização do experimento
a propriedade adotou as medidas visando tanto a parte econômica, quanto a qualidade do
seu produto para a venda.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Saúde da glândula mamária
80
EM08. MASTITE BOVINA: MICRORGANISMOS IDENTIFICADOS EM REBANHOS
LEITEIROS-RS, BRASIL. BOVINE MASTITIS: AGENTS IDENTIFIED IN DAIRY HERDSRS, BRAZIL. Marcos José Pereira Gomes1, Manoel Paulo Menna Barreto Duarte1,
Teresinha Ferreira2, Helenita Marques Torres2 ([email protected])
1
2
Faculdade de Veterinária da UFRGS-Porto Alegre, RS.
Faculdade de Veterinária da UFF-Niterói, RJ.
RESUMO
Mastite é o processo inflamatório mais comum da glândula mamária nos animais leiteiros.
Ela possui diversas origens e o seu diagnóstico é complexo. As mastites com etiologia
microbiana podem ser classificadas como infecciosas e ambientais. O isolamento de cada
microrganismo exige diferentes sistemas aplicados no isolamento e caracterização dos
diferentes gêneros e espécies. Neste estudo retrospectivo compreendido entre 1972-2007
foram analisados os dados referentes a 21.271 amostras de secreção láctea enviadas ao
LABACVET-UFRGS para diagnóstico bacteriológico oriundos de animais com mastite
subclínica ou clínica, especialmente da bacia leiteira da Grande Porto Alegre e Norte do
Estado. Foram identificados 29 diferentes gêneros, incluindo Staphylococcus spp (42,7%),
Streptococcus spp (25,4%), Corynebacterium spp (22%), Nocardia spp (2,1%), Candida spp
(1,9%) e Escherichia spp (1,3%) na mastite bovina. As mais prevalentes dentre as 56 espécies
identificadas foram Staphylococcus aureus (29,2%), Corynebacterium bovis (21,3%),
Streptococcus agalactiae (13,2%), Nocardia asteroides (2,2%), Candida albicans (1,9%) e
Escherichia coli (1,3%). Das 9.929 lactoculturas realizadas, 6.336 (64%) amostras foram
associadas à mastite contagiosa; 1.466 (14,76%) foram associadas à mastite ambiental;
1.340 (13,49%) amostras foram associadas à mastite causada por agentes oportunistas;
368 (3,70%) amostras relacionadas a outros agentes associados à mastite ambiental bovina
e 256 (2,57%) amostras de microrganismos ambientais poucos associados à mastite bovina.
Dentre as 21.271 amostras enviadas para diagnóstico bacteriológico, 11.120 (52,3%)
amostras foram consideradas negativas. As lactoculturas inviabilizadas por contaminantes
ou sem diagnóstico foram estimadas em 178 (0,8%) e 44 (0,2%), respectivamente. Os
dados obtidos no laboratório de diagnóstico (LABACVET-UFRGS), no Rio Grande do Sul,
estão em parte, de acordo com a literatura especializada em mastite bovina.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Saúde da glândula mamária
81
EM09. MASTITE BOVINA: QUAL O MOTIVO DO NÃO CRESCIMENTO DE
MICRORGANISMOS APÓS A LACTOCULTURA? BOVINE MATITIS: WHAT IS THE
REASON WHY THE MICROORGANISMS DID NOT GROW AFTER BACTERIOLOGICAL
CULTURE? Manoel Paulo Menna Barreto Duarte1, Marcos José Pereira Gomes1, Bernardo
Stefano Bercht1, Gustavo Geraldo Medina Snel1 Rachel Karine Pilla Silva1
([email protected])
1
Faculdade de Veterinária da UFRGS-Porto Alegre, RS.
RESUMO
A mastite é uma resposta inflamatória do úbere independente de sua origem. Grande parte
da mastite subclínica está associada a inúmeros agentes microbianos, onde as bactérias
têm lugar de destaque. Em um estudo retrospectivo realizado no Laboratório de
Bacteriologia Veterinária (LABACVET) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS) foram realizados 21.271 lactoculturas, sendo que 11.120 amostras não
evidenciaram crescimento bacteriano após o cultivo. As amostras eram provenientes de
estabelecimentos de criação leiteira (bacia da Grande Porto Alegre e norte do estado) onde
geralmente o CMT fora utilizado como monitoramento dos animais em produção. O elevado
número de amostras sem crescimento bacteriano permitiu enumerar algumas das possíveis
causas deste fato. Atribuímos como possíveis causas: a colheita de amostras no período de
ação/ resíduos de antimicrobianos no leite; o envio de amostras para confirmação da cura
pelo tratamento imposto; ao processo de endocitose bacteriana pelas células do hospedeiro;
destruição das bactérias no curso da reação inflamatória; a mastite crônica na qual os
microrganismos já foram eliminados, mas em que persistem as alterações patológicas;
protocolos inadequados no isolamento de outros agentes associados à mastite bovina, tais
como Mycoplasma spp, Leptospira spp, Campylobacter spp, fungos, vírus e devido a outros
processos inflamatórios de origem alérgica, metabólica, tóxica e traumática.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Saúde da glândula mamária
82
EM10. ESTUDOS
PRELIMINARES
EM
FAGOTERAPIA
DA
MASTITE
ESTAFILOCÓCICA BOVINA. PRELIMINARY STUDIES IN PHAGE THERAPY OF BOVINE
STAPHILOCOCCAL MASTITIS. Rachel Karine Pilla Silva1, Verônica Santos Mombach1,
Marcos José Pereira Gomes1, Gustavo Bueno Gregoracci2, Marcelo Brocchi2
([email protected])
1
2
Faculdade de Veterinária - UFRGS - Porto Alegre, RS.
Departamento de Imunologia e Microbiologia - UniCamp - Campinas, SP.
RESUMO
A mastite estafilocócica bovina representa um problema na clínica de bovinos leiteiros por
se tratar de uma enfermidade com grande potencial de contágio durante o manejo de
ordenha, além de apresentar baixa taxa de cura e alta recidiva. A enfermidade caracterizase pela produção de micro-abscessos no interior do parênquima glandular, dificultando o
acesso dos fármacos em concentrações adequadas. A capacidade de lise bacteriana pelos
fagos apresenta perspectiva de uso no controle da mastite. Os fagos são capazes de agir na
glândula mamária sem alterar os parâmetros de sanidade do úbere, como a contagem de
células somáticas, sendo em geral considerados pouco imunogênicos. Por dependerem
totalmente da célula bacteriana hospedeira para multiplicação, geralmente se tornam
indetectáveis algum tempo após a resolução microbiológica da infecção. O objetivo do
presente estudo foi obter bacteriófago capaz de agir sobre linhagens de Staphylococcus
aureus isoladas de casos clínicos e subclínicos de mastite bovina. Para tanto foram
utilizadas linhagens obtidas de esgoto, mediante multiplicação seletiva do fago desejado,
através de sucessivas passagens por culturas jovens da bactéria-alvo. Das 14 linhagens de
esgoto utilizadas, em duas (14,3%) foram isolados bacteriófagos líticos para S. aureus. Para
avaliar o espectro de ação dos fagos isolados, linhagens de S. aureus isoladas de casos de
mastite bovina foram submetidas ao teste de fagotipagem em agar Mueller-Hinton. Das 57
linhagens testadas, 54 (94,7%) foram suscetíveis aos fagos. Outras 32 linhagens de
estafilococos de diversas origens foram testadas, e nenhuma mostrou-se sensível aos
fagos. A microscopia eletrônica sugeriu morfologia compatível com a família Podoviridae,
porém estudos de biologia molecular são necessários para classificação definitiva. A alta
especificidade verificada nos bacteriófagos isolados motiva o prosseguimento dos estudos,
de forma a qualificá-lo para um possível uso clínico.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Saúde da glândula mamária
83
EM11. AVALIAÇÃO DO SOMATICELL® NO DIAGNÓSTICO DE MASTITE SUBCLÍNICA
EM VACAS LEITEIRAS DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE-PE. EVALUATION
OF SOMATICELL® TECHNIQUE IN THE DIAGNOSIS OF SUBCLINICAL MASTITIS IN
DAIRY COWS FROM RECIFE AREA. Elizabeth Sampaio de Medeiros1, José Wilton
Pinheiro Junior1, Davi Rubem da Silva1; Rodolfo de Moraes Peixoto1; Alonso Pereira da Silva
Filho1; Olegário Moraes Buarque1; Andrea Paiva Botelho Lapenda de Moura1; Rinaldo
Aparecido Mota1 ([email protected])
1
Departamento de Medicina Veterinária - Universidade Federal Rural de Pernambuco.
RESUMO
Mastite é uma enfermidade da glândula mamária que causa prejuízo a todos os setores da
pecuária leiteira; sua forma subclínica ocasiona redução significativa na
produção de leite e não induz alterações visíveis na secreção láctea. O
objetivo do estudo foi avaliar a eficácia do Somaticell® no diagnóstico de
mastite subclínica em vacas leiteiras da Região Metropolitana do Recife.
Para tal, foram colhidas 308 amostras de leite de 70 vacas em lactação. As
amostras foram submetidas simultaneamente ao California Mastitis Test, ao
exame microbiológico e ao Somaticell®. Do total de amostras de leite
analisadas, 65,6% apresentaram reação positiva ao CMT, independente do
escore. Quanto ao exame microbiológico do leite, destacaram-se como
agentes mais prevalentes o Staphylococcus spp (53,9%), Streptococcus spp
(11,4%) e Corynebacterium spp (10,4%). Em relação aos resultados obtidos
no Somaticell, verificou-se que 1,6% das amostras apresentaram resultado
negativo; 35,7% correspondeu à cor verde que indica uma contagem de
células somáticas (CCS) em valores de até 200.000 cel./mL; 7,5% à cor
amarela (CCS entre 200.000 e 400.000 cel./mL); 23,1% à cor laranja (CCS
entre 400.00 e 1.200.000 cel./mL) e 32,1% à cor vermelha que indica limites
acima de 1.200.000 cel./mL.Verificou-se alta sensibilidade do Somaticell em
relação ao exame microbiológico (99,1%) e ao CMT (99,5%). Conclui-se
que o Somaticell é um método rápido e prático, além de propiciar resultados
muito satisfatórios na detecção de amostras positivas ao exame
microbiológico, podendo ser recomendado como teste de triagem a campo
para diagnóstico de mastite subclínica causada por microorganismos
contagiosos ou ambientais.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Saúde da glândula mamária
84
EM12. PERFIL DE SENSIBILIDADE E RESISTÊNCIA DE ISOLADOS DE Candida ssp
EM LEITE DE VACA COM MASTITE SUBCLÍNICA PROCEDENTES DO ESTADO DE
PERNAMBUCO. SUSCEPTIBILITY PATTERNS AND RESISTANCE OF ISOLATED
Candida spp FROM COWS’ MILK WITH SUB-CLINICAL MASTITIS. Luciana Cavalcanti de
Arruda Coutinho1, Elizabeth Sampaio de Medeiros1, Leonildo Bento Galiza da Silva1, Rinaldo
Aparecido Mota1 ([email protected])
1
Departamento de Medicina Veterinária da UFRPE - Recife, PE.
RESUMO
A mastite é o processo inflamatório da glândula mamária de origem plurietiológica e
multifatorial, onde vários agentes infecciosos podem estar envolvidos, dentre eles, bactérias,
fungos, vírus e micoplasmas. As mastites causadas por fungos e leveduras são refratárias à
terapia antimicrobiana convencional e tendem a induzir processos crônicos. No Brasil, a
Candida spp ocupa lugar de destaque como agente causador de mastite. Estes agentes
infecciosos estão relacionados à contaminação de cânulas intramamárias, ao manuseio do
ordenhador ou diretamente do ambiente. Objetivou-se com este estudo isolar e identificar,
além de determinar, o perfil de sensibilidade dos isolados de Candida spp de casos de
mastite subclínica em vacas leiteiras em propriedades da Zona da Mata e Agreste do estado
de Pernambuco. Foram utilizados 10 isolados de Candida spp recuperados de leite de vaca
que apresentaram reação 3+ ao “California Mastitis Test”. Inicialmente, procedeu-se à
lactocultura em ágar base enriquecido com 5% de sangue ovino. Após 48 horas de
incubação a 37°C em estufa bacteriológica, realizou-se análise microscópica das colônias,
utilizando-se a técnica de coloração de Gram, identificando-se leveduras Gram (+) com
morfologia compatível ao gênero Candida. Os antifungigramas foram realizados utilizandose a técnica de difusão de discos em placas contendo meio Sabouraud, com os seguintes
antifúngicos: ketoconazol, itraconazol, clotrimazol, fluconazol e nistatina. Observou-se que
nove (90%) isolados foram resistentes ao fluconazol, três (30%) ao ketoconazol, itraconazol
e nistatina, e dois (20%) ao miconazol e clotrimazol. Constatou-se ainda que, quatro (40%)
isolados foram multi-resistentes a dois ou mais antifúngicos. Este trabalho comprova a
importância em se aprofundar os conhecimentos sobre a etiologia das mastites e a
sensibilidade dos microrganismos frente aos antimicrobianos que podem ser utilizados no
tratamento e controle da doença.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Saúde da glândula mamária
85
EM13. “CALIFORNIA
MASTITIS
TEST”,
ANÁLISE
MICROBIOLÓGICA
E
ANTIBIOGRAMA, EM AMOSTRAS DE LEITE DE FÊMEAS BUBALINAS
PERTENCENTES A REBANHOS DO ESTADO DE SANTA CATARINA. CALIFORNIA
MASTITIS TEST, MICROBIOLOGICAL ANALYSIS AND ANTIBIOGRAM ON MILK
SAMPLES FROM BUFFALO COWS (Bubalus bubalis) IN THE STATE OF SANTA
CATARINA, BRAZIL. Vagner Miranda Portes1, Roberta Farias Veiga2, William Dick2, Lain
Uriel Ohlweiler2, Leonardo Tondello Martins2, Adil Knackfuss Vaz2 ([email protected])
1
2
Secretaria da Agricultura do Município de Xanxerê – Xanxerê, SC.
Centro de Ciências Agroveterinárias da Universidade do Estado de Santa Catarina –
CAV/UDESC – Lages, SC.
RESUMO
Os bubalinos apresentam problemas sanitários similares aos bovinos, e a mastite é
considerada a enfermidade que mais afeta a lucratividade das fazendas leiteiras, causando
perdas na produção e custos anuais de prevenção e tratamento, além de atuar
negativamente sobre a qualidade do leite e derivados. As búfalas são consideradas menos
suscetíveis à mastite do que as vacas, embora os microrganismos envolvidos na infecção
sejam semelhantes. Este trabalho teve como objetivo a análise de amostras de leite de
fêmeas bubalinas por meio do “California Mastitis Test” (CMT) e do exame microbiológico.
Foi também avaliada a sensibilidade bacteriana frente a diferentes drogas antimicrobianas.
Após prévia avaliação dos quartos mamários pelo CMT, foram colhidas 164 amostras de
leite de fêmeas bubalinas, de diferentes raças e graus de sangue, em diferentes estágios de
lactação e ordens de parto, livres da ação de antimicrobianos, pertencentes a propriedades
localizadas no Estado de Santa Catarina. O teste de sensibilidade a antimicrobianos
utilizado foi o da difusão de discos em agar Müeller Hinton, segundo recomendações do
“National Committee for Clinical Laboratory Standards – NCCLS”, tendo sido testados discos
com ceftiofur, cefoperazona, gentamicina, neomicina, penicilina, amoxicilina, oxacilina,
penicilina + novobiocina e cefalecina + neomicina. No CMT, foram observados resultados
negativos em 90,8% das amostras. Na análise microbiológica, em 110 amostras (67,1%)
não houve crescimento de microrganismos patogênicos. Nas amostras com crescimento de
microorganismos foi isolado Staphylococcus spp em 42 amostras (25,6%), Corynebacterium
spp em 7 amostras (4,3%), leveduras com características de Candida spp em 2 amostras
(1,2%), Streptococcus spp. em uma amostra (0,6%), Pasteurella multocida em uma amostra
(0,6%) e crescimento de P. multocida associada a Staphylococcus spp também em uma
amostra (0,6%). Os isolados de Staphylococcus spp foram sensíveis a todos os
antimicrobianos testados, exceto duas cepas resistentes a oxacilina e uma a neomicina.
Concluiu-se que nos rebanhos bubalinos estudados, os índices de mastite subclínica foram
baixos. A existência de animais que apresentam resultados positivos ao exame
microbiológico do leite, sem contudo apresentar sinais de processo inflamatório ou
positividade ao CMT, nos leva a inferir que a freqüência de animais com cultivo
bacteriológico positivo pode ser um melhor indicador da saúde da glândula mamária que o
CMT. Em todas as propriedades avaliadas, os agentes isolados apresentaram alta
sensibilidade aos antimicrobianos testados.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Saúde da glândula mamária
86
EM14. AVALIAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DE VACINA MISTA PARA CONTROLE DE
MASTITE. EVALUATION OF MULTIPLE VACCINE FOR MASTITIS CONTROL. Claudia
Ribeiro do Valle1, Marcelo Simão Rosa2; Andréa Rentz Ribeiro1, Priscila Silva3, Gilberto
Berringer de Assumpção3 ([email protected])
1
2
3
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC MINAS) Poços de Caldas.
Escola Agrotécnica Federal de Muzambinho; ETCO FCAV/UNESP Jaboticabal
Médico Veterinário
RESUMO
O objetivo da utilização de vacinas é expor o animal a antígenos derivados de um agente
infeccioso de forma que estimule uma resposta imune protetora. O uso de vacinas mistas
para proteger contra a mastite, se dá pela conveniência e pela falta de um diagnóstico
preciso da etiologia da doença. Alguns pesquisadores questionam se o uso de vacinas
mistas leva a uma proteção menor do que a satisfatória ou se aumenta o risco de efeitos
colaterais adversos. O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência de uma vacina
comercial para controle de mastite em um rebanho leiteiro do estado de Minas Gerais. O
rebanho leiteiro consistia de 40 animais, os quais foram divididos aleatoriamente em dois
grupos: um vacinado, utilizando a vacina comercial Mastiplus Br  e outro grupo controle, no
qual se utilizou antibioticoterapia para a prevenção e tratamento de mastite. Os animais
foram acompanhados durante o período de um ano realizando-se mensalmente exames
para detectar os níveis de mastite clínica, subclínica e infecção intramamária. O grupo de
pesquisadores responsáveis pela avaliação de mastite desconheciam quais os animais
estavam sendo submetidos à vacinação ou a antibioticoterapia. Em relação à ocorrência de
mastite clínica e subclínica não se observou diferenças estatísticas entre os grupos
estudados, porém quanto a ocorrência de infecção por Staphylococcus sp e Streptococcus
sp foi superior no grupo vacinado comparado ao grupo controle (p<0,02). A ocorrência de
infecção intramamária por Corynebacterium sp foi maior no grupo controle do que no grupo
vacinado (p<0,0001). Diante destes resultados conclui-se que a vacina com múltiplos
antígenos não foi eficaz para minimizar a ocorrência de mastite nem a de infecções
intramamárias.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Saúde da glândula mamária
87
EM15. OCORRÊNCIA DOS SOROTIPOS CAPSULARES DE Staphylococcus aureus
ISOLADOS DE MASTITE BOVINA NO BRASIL. OCCURRENCE OF CAPSULAR
SEROTYPES OF Staphylococcus aureus ISOLATED OF BOVINE MASTITIS IN BRAZIL.
Vagner Miranda Portes1, Adil Knackfuss Vaz2, Roberta Farias Veiga2, Deolinda Maria Vieira
Filha Carneiro3 ([email protected])
1
2
3
Secretaria da Agricultura do Município de Xanxerê – Xanxerê, SC.
Centro de Ciências Agroveterinárias da Universidade do Estado de Santa Catarina –
CAV/UDESC – Lages, SC.
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – UNESP – Botucatu, SP.
RESUMO
A mastite estafilocócica afeta qualitativa e quantitativamente a produção leiteira, causando
prejuízos consideráveis aos produtores, à indústria leiteira e aos consumidores. O
Staphylococcus aureus é a mais importante causa de mastite bovina em todo o mundo, e
inexistem alternativas preventivas e terapêuticas com boa eficiência para seu controle.
Staphylococcus aureus envolvidos em mastite bovina são em sua maioria encapsulados. A
cápsula é uma camada polissacarídea que protege as bactérias contra a fagocitose e outras
defesas do organismo. Para fagocitar uma bactéria possuidora de envoltório capsular é
necessário que o organismo tenha anticorpos específicos contra os polissacarídeos
capsulares. A predominância de polissacarídeos capsulares estafilocócicos tipos 5 e 8 em
amostras humanas isoladas de diversas origens geográficas é bem documentada, porém
parece existir uma grande variação na distribuição de sorotipos capsulares entre as
amostras isoladas de bovinos. Esta informação é importante num projeto racional de uma
vacina para prevenção da mastite estafilocócica, pois antígenos polissacarídeos de
superfície do S. aureus são imunógenos sorotipo-específicos e anticorpos para estes
antígenos devem estar presentes para que ocorra a opsonofagocitose. A tipificação de
amostras isoladas de mastite bovina tem sido investigada como subsídio ao conhecimento
da epidemiologia e à identificação de elementos que auxiliem no controle da doença. Das
256 amostras de estafilococos bovinas incluídas neste estudo, isoladas de leite mastítico no
Brasil entre 1995 e 2006, foram identificados como S. aureus 164 isolados, sendo as demais
amostras identificadas como Staphylococcus coagulase-negativos. Foram sorotipificadas as
164 amostras de S. aureus isoladas de bovino pela técnica de colony immunoblot. Cápsulas
tipo 5 e 8 foram encontradas em aproximadamente 70% dos isolados de bovino. O tipo 8 foi
significativamente mais freqüente (51,83%), e o tipo 5 foi o menos freqüente, sendo
encontrado em 17,07% dos isolados bovinos. As amostras restantes foram não-tipificáveis
(31,1%). Portanto, observou-se uma maior prevalência antigênica de CP5 e CP8, e isso
deve ser considerado quando do desenvolvimento de vacinas-capsulares contra mastite
bovina e bubalina por S. aureus, a ser utilizada em nível nacional, uma vez que a escolha
dos sorotipos corretos para inclusão nas vacinas tem influência direta sobre a eficiência das
mesmas.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Saúde da glândula mamária
88
EM23. CARACTERIZAÇÃO GENOTÍPICA DE ESTIRPES DE Prototheca zopfii
ISOLADAS DE MASTITE BOVINA. GENOTYPIC CHARACTERIZATION OF Prototheca
zopfii STRAINS ISOLATED FROM BOVINE MASTITIS. Uwe Roesler1, Tatiana Salerno2,
Márcio Garcia Ribeiro2, Elizabeth Oliveira da Costa3, Valter Ferreira Félix Bueno4, Priscilla
Anne Melville3, Amanda Keller Siqueira2 ([email protected])
1
2
3
4
Faculdade de Medicina Veterinária de Leipzig – Alemanha
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – UNESP – Botucatu – SP
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – USP – São Paulo – SP
Universidade Federal de Goiás
RESUMO
Prototheca zopfii é considerada no Brasil, nos últimos anos, uma das causas mais
preocupantes de mastite de origem ambiental. As infecções mamárias por esta alga
acarretam alterações na composição físico-química do leite, lesões no tecido glandular
mamário e queda acentuada na produção leiteira. Não há até o momento terapia
intramamária e/ou sistêmica efetiva para a prototecose mamária, permanecendo o
diagnóstico microbiológico, a ablação química dos quartos ou o descarte dos animais
acometidos como as principais ações de controle. Estudos recentes na Europa têm proposto
a caracterização genotípica de linhagens de P. zopfii isoladas de animais, com vistas a
contribuir no esclarecimento da epidemiologia da prototecose, subdividindo o agente em
genótipos I, II e III. O genótipo I predomina nas fezes e estábulos de bovinos (variantes RZI1, RZI-2 e RZI-3), o genótipo II em linhagens isoladas de mastite bovina (variantes RZII-1,
RZII-2 e RZII-3) e o genótipo III - recentemente classificado como uma nova espécie
denominada Prototheca blaschkeae -, em estirpes isoladas do ambiente de criatórios de
suínos (variantes RZIII-1 e RZIII-2) e em casos humanos de onicoprototecose (variante
RZIII-3). O presente estudo avaliou 25 estirpes de P. zopfii isoladas de casos de mastite
clínica, subclínica, ou em tanque de expansão, obtidas dos Estados de São Paulo, Minas
Gerais e Goiás. As linhagens de P. zopfii foram classificadas com base nas características
morfo-tintoriais, bioquímicas e de cultivo, e por testes de assimilação dos açúcares trealose,
glicose, sacarose e do álcool N-propanol. A caracterização genotípica das linhagens foi
realizada na Universidade de Leipzig, Alemanha, utilizando a reação em cadeia pela
polimerase – PCR, baseada na identificação de fragmentos de 18S rDNA. Como controlepositivo foram utilizadas as cepas de P. zopfii genótipo I (SAG 2063T), P. zopfii genótipo II
(2021T) e P. zopfii genótipo III (2064 T). A genotipagem revelou que todas as estirpes de P.
zopfii pertencem ao genótipo II. Não existem estudos nas Américas visando a
caracterização genotípica de P. zopfii isoladas de mastite. Na Europa, as linhagens de P.
zopfii têm sido caracterizadas como genótipo II, de maneira similar às estirpes utilizadas no
presente estudo. Investigações sobre a epidemiologia molecular das estirpes de P. zopfii
podem contribuir no entendimento dos mecanismos de transmissão e, consequentemente,
nas ações de profilaxia e controle direcionadas a prototecose mamária.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Saúde da glândula mamária
89
EM24. RELAÇÃO ENTRE O CALIFORNIA MASTITIS TEST, CONTAGEM DE CÉLULAS
SOMÁTICAS E TESTES MICROBIOLÓGICOS EM LEITE DE BÚFALAS. RELATIONSHIP
AMONG CALIFORNIA MASTITIS TEST, SOMATIC CELLS COUNT AND
MICROBIOLOGICAL EXAMS IN MILK OF BUFFALOES COWS. Renata Bonini Pardo1,3,
Geovanny Mendoza-Sánchez1, Antônio Nader Filho1, Humberto Tonhati1, Hélio Langoni2
([email protected] ; [email protected])
1
2
3
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias-UNESP-Jaboticabal, SP.
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia-UNESP-Botucatu, SP.
Faculdade de Tecnologia (FATEC), Marília/SP. Curso de Medicina Veterinária, FIO-FEMM,
Ourinhos/SP.
RESUMO
Foi estudada a relação entre os resultados do California Mastitis Test (CMT), da Contagem
de Células Somáticas (CCS) e dos Exames Microbiológicos em 37 búfalas. A coleta dos
dados foi realizada mensalmente no decorrer de uma lactação completa. Após lavagem,
secagem e desinfecção dos tetos realizou-se a caneca de fundo escuro e o CMT e,
independente da reação apresentada, foram imediatamente encaminhadas para exame
microbiológico e para CCS automática. O exame microbiológico de rotina envolveu o
isolamento em ágar sangue ovino 5% e ágar MacConkey, incubação a 35oC por 72 horas, e
identificação dos gêneros isolados. Os resultados da CCS automática foram transformados
para conferir distribuição normal aos dados (CCST). Os resultados das análises mostraram
uma correlação positiva e significativa (p < 0,001) entre a CCST e o CMT, com um
coeficiente de r = 0,43. Comparando-se os resultados positivos e negativos, observou-se
que 67,12% dos resultados CMT+ foram confirmados pelo isolamento de microrganismos; e
42,42% dos CMT- mostraram-se microbiologicamente negativos. Na associação das
reações do CMT com a CCST foram obtidas as seguintes médias: 0,71 CCST para as
reações negativas; 1,63 CCST para as reações positivas (1+); 2,04 CCST para as reações
positivas com (2+); e 3,26 CCST para as reações positivas com (3+). Essas diferenças entre
as médias nas reações do CMT foram estatisticamente significativas. Quanto aos testes
microbiológicos, a média de CCST foi de 0,94 para os negativos e de 1,62 para os positivos,
sendo estatisticamente diferentes. Encontrou-se também que os quartos posteriores
apresentaram maior CCST quando comparados com os quartos anteriores. Ao longo da
lactação, no primeiro mês a média da CCST foi de 1,10, aumentou no segundo mês para
1,39 e caiu no terceiro mês para 0,085 com uma diferença estatisticamente significativa em
relação aos dois meses anteriores. Nos meses subseqüentes, a CCST elevou-se,
principalmente no sexto mês quando atingiu uma média de 2,21, e alcançou uma média de
1,90 no nono mês da lactação. A curva de CCST que se estabeleceu mostrou-se
inversamente proporcional à curva de produção de leite. Estes resultados indicaram que, no
presente estudo, a variação da CCS ocorreu em função da presença de infecção da
glândula mamária e do avanço da lactação. Também revelaram que entre quartos com
resultados CMT-, 57,58% apresentavam microrganismos em sua secreção, sendo
necessária a associação de exames microbiológicos para que os resultados falso-negativos
sejam evitados impedindo a permanência de fontes de infecção no rebanho.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Saúde da glândula mamária
90
EM25. EVIDÊNCIAS EPIDEMIOLÓGICO-MOLECULARES DO DIAGNÓSTICO DO
ESTÁGIO DE PORTADOR ASSINTOMÁTICO DE Staphylococcus aureus EM
GLÂNDULAS MAMÁRIAS BOVINAS. EPÍDEMIOLOGICAL MOLECULAR EVIDENCES
ON ASYMPTOMATIC BOVINE MAMMARY GLANDS: Staphylococcus aureus
CARRIERS. Franklin Bispo1, Cristiana Mármore1, Juliana R. P. Arcaro2, Elizabeth Oliveira da
Costa1 ([email protected])
1
Instituto de Ciências Biomédicas, Departamento de Microbiologia, Universidade de São
Paulo, São Paulo-SP,.
2
Instituto de Zootecnia, APTA Bovinocultura de Leite, Nova Odessa-SP.
RESUMO
A mastite causada por Staphylococcus aureus é uma afecção de grande importância para a
indústria leiteira, causando redução na qualidade do leite e levando a perdas na produção e
aumento do uso de drogas e serviços veterinários. O estágio de portador na mastite
infecciosa caracteriza-se pela ocorrência de quartos mamários destituídos de sintomatologia
clínica, apresentando-se negativos aos testes diagnósticos como California Mastitis Test e
Contagem de Células Somáticas, porém positivos aos exames microbiológicos, constituindose como importante fonte de infecção no rebanho. Desse modo, este estudo objetivou
diagnosticar e realizar acompanhamento de glândulas mamárias portadoras assintomáticas
de S. aureus, assim como avaliar o perfil genético dos isolados a fim de elucidar o papel do
portador na epidemiologia da mastite contagiosa bovina. Quartos mamários de oitenta e três
fêmeas em lactação foram selecionados em única fazenda. Ao exame microbiológico inicial,
amostras de S. aureus foram isoladas de tetos negativos ao CMT e com CCS<200.000
células/mL. Durante os 16 dias subseqüentes, na ordenha matinal, após o CMT, amostras
de leite dos mesmos quartos mamários foram coletadas para CCS e lactocultura. Trinta e
uma amostras de S. aureus foram isoladas e avaliadas utilizando a técnica de PCR do gene
da coagulase (coa). Paralelamente, 10 amostras de S. aureus foram submetidas à
Eletroforese em Gel de Campo Pulsado (PFGE). A tipagem molecular utilizando a técnica de
PCR do gene coa distinguiu um único perfil genotípico (800 pb) entre os isolados de um
mesmo animal por até 16 dias. Utilizando a técnica de PFGE, os resultados obtidos sugerem
homogeneidade quanto ao perfil molecular, uma vez que os pulsotipos apresentaram-se
indistinguíveis entre as amostras avaliadas. Adicionalmente, os perfis genéticos obtidos por
PCR e PFGE também demonstraram a presença de um clone comum entre S. aureus
isolados de diferentes glândulas portadoras. A partir destes resultados preliminares sugerese que há fortes evidências epidemiológico-moleculares quanto ao diagnóstico do estágio de
portador de S. aureus em glândulas mamárias bovinas.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Saúde da glândula mamária
91
EM26. DETECÇÃO DE PATÓGENOS DA MAMITE DIRETAMENTE DO LEITE PELA
REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE. DETECTION OF MASTITIS PATHOGENS
DIRECTLY FROM MILK BY POLYMERASE CHAIN REACTION. Marisa Araújo Silva1,
Geraldo Márcio Costa2, Ulisses de Pádua Pereira2, Lívia Lima dos Santos1, Júnia Teixeira
Pacheco1, Nivaldo da Silva1 ([email protected])
1
2
Escola de Veterinária – UFMG – Belo Horizonte, MG.
Departamento de Medicina Veterinária – UFLA – Lavras, MG.
RESUMO
Mamite é a doença infecciosa mais comum que afeta as vacas leiteiras e a responsável
pelas maiores perdas econômicas do setor leiteiro. O controle eficiente da mamite requer
teste sensível, rápido e específico para identificar o agente causador da doença. Testes
moleculares como a PCR têm sido crescentemente utilizados em diagnósticos
microbiológicos. Um método de extração de DNA eficiente para patógenos do leite ainda
constitui a etapa mais laboriosa, a maioria necessita de uma fase prévia de enriquecimento
da bactéria em meio de cultura. Este trabalho propõe a utilização do método de extração de
DNA Lise alcalina diretamente em amostras de leite para a detecção dos principais
patógenos da mamite bovina, Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae, S. uberis e
S. dysgalactiae. O método é baseado na lavagem alcalina e lise pelo calor. Em testes
preliminares foi realizada a extração de DNA da amostra de S. aureus ATCC 25923 e
avaliou-se o limite de detecção em leite artificialmente contaminado. As amostras de DNA
foram submetidas à amplificação pela PCR de fragmento de 790 bp com seqüências do
gene coa, específicas para S. aureus coagulase positiva. Observou-se limite de detecção de
102UFC/mL-1, demonstrando a sensibilidade e especificidade do método para detecção de
S. aureus diretamente do leite infectado.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Saúde da glândula mamária
92
EM28. MASTITE SUBCLÍNICA EM BOVINOS LEITEIROS DO SUL DE MINAS GERAIS.
SUBCLINICAL MASTITIS IN DAIRY HERDS FROM SOUTH MINAS GERAIS STATE.
Ulisses de Pádua Pereira1, Geraldo Márcio da Costa1, Marisa Araújo Silva2, Nivaldo da Silva2
([email protected])
1
2
Universidade Federal de Lavras - UFLA, Lavras/MG.
Escola de Veterinária da UFMG – UFMG, BH/MG.
RESUMO
Visando avaliar ocorrência e a etiologia da mastite subclínica foram estudados 31 rebanhos
leiteiros localizados na região sul do Estado de Minas Gerais, nos quais 2.368 vacas foram
submetidas ao CMT. Foram coletadas amostras de leite de quartos reagentes, totalizando
1.272, visando à análise microbiológica, além de amostras do leite dos tanques de expansão
para a determinação da Contagem de Células Somáticas Total (CCS) e o isolamento e a
identificação dos microrganismos. Os principais patógenos identificados foram
Staphylococcus coagulase positivos (SCP) (35,57%), Streptococcus agalactiae (21,33%),
Difteróides (15,53%), Staphylococcus coagulase negativos (SCN) (7,37%), Streptococcus
uberis (5,51%), bactérias Gram negativas (5,37%), algas, leveduras (3,58%) e outros
microrganismos (5,71%). Foram observados índices de mastite subclínica que variaram de
18,63% até 89,70%, com 54,83% dos rebanhos analisados apresentando taxas superiores a
50%, sendo que em 19,35% os índices foram superiores a 70%. Dentre as amostras
submetidas a CCST, 16 (51,61%) apresentaram contagens acima de 750.000 cel/mL, tendo
13 delas (41,93%), apresentado contagens superiores a 1.000.000 cel/mL. Patógenos
contagiosos representaram 79,8% dos microrganismos isolados, sendo que SCP e S.
agalactiae representaram 56,9% dos isolamentos, representando os principais agentes
identificados nos rebanhos com mastite subclínica e altas CCST na região estudada. Os
resultados obtidos são preocupantes, evidenciando a necessidade de maiores esforços por
parte de laticínios, cooperativas, órgãos de fiscalização e instituições de pesquisa e
extensão no sentido de fornecer subsídios para que os produtores possam controlar de
forma mais eficiente a mastite, minorando os prejuízos ocasionados pela mesma em toda a
cadeia produtiva do leite.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Saúde da glândula mamária
93
EM29. Prototheca zopfii E Candida spp COMO AGENTES ETIOLÓGICOS DA
MASTITE EM REBANHOS LEITEIROS DE MINAS GERAIS. Prototheca zopfii AND
Candida spp AS ETIOLOGICAL MASTITIS AGENTS IN DAIRY HERDS OF MINAS
GERAIS STATE. Geraldo Márcio da Costa1, Ulisses de Pádua Pereira1, Marisa Araújo
Silva2, Nivaldo da Silva2 ([email protected])
1
2
Universidade Federal de Lavras - UFLA, Lavras/MG.
Escola de Veterinária da UFMG – UFMG, BH/MG.
RESUMO
Embora infecções intramamárias (IIM) provocadas por algas e por leveduras venham
ganhando notoriedade na literatura nacional e internacional, existem poucas pesquisas
versando sobre este tema na pecuária leiteira brasileira. No presente trabalho, amostras de
leite foram coletadas assepticamente de 1.679 quartos mamários de animais com mastite
clínica ou subclínica, procedentes de 38 rebanhos da região sul do estado de Minas Gerais
e submetidas à análise microbiológica, visando determinar o envolvimento de leveduras e de
algas na etiologia dos casos. As amostras foram enriquecidas por pré-incubação a 37°C/812 horas e semeadas em ágar Sabouraud Dextrose contendo 0,4g/L de cloranfenicol,
incubados a 37°C por 24-96 horas e depois realizada a caracterização fenotípica das algas
e leveduras. Foram isoladas 57 amostras de leveduras, com uma incidência média de
3,39% entre os diferentes rebanhos estudados, todas pertencentes ao gênero Candida.
Candida albicans foi a espécie predominante, perfazendo 28,07% dos isolamentos, seguida
por C. parapsilosis (19,29%), C. catenulata e C. glabrata, cada qual com freqüência de
14,03% e C. tropicalis (8,77%). Quanto às algas, foram realizados somente cinco
isolamentos, em animais provenientes de dois dos rebanhos estudados, totalizando uma
taxa de prevalência de 0,29% entre quartos amostrados e de 5,26% entre rebanhos. Todos
os isolados foram identificados com sendo Prototheca zopfii. Não se observou diferença
estatisticamente significativa quanto à participação de P. zopfii ou de Candida spp nas
formas clínicas e subclínicas de mastite, devendo-se considerá-los como potencialmente
envolvidos nos casos clínicos refratários ao tratamento e nas IIM subclínicas persistentes.
Os resultados obtidos demonstraram que algas tiveram pouca importância na epidemiologia
nos casos de mastite nos rebanhos estudados, mas a participação das leveduras foi mais
significativa, sobretudo em rebanhos que apresentavam problemas de higiene ambiental ou
naqueles onde o tratamento local dos casos clínicos era realizado de forma indiscriminada e
sem os devidos cuidados de assepsia.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Saúde da glândula mamária
94
EM30. SUSCEPTIBILIDADE A ANTIMICROBIANOS DE Staphylococcus aureus
ISOLADOS DE MAMITE BOVINA EM MINAS GERAIS, DURANTE O PERÍODO DE 19972006. ANTIBIOTIC RESISTANCE PATTERNS OF Staphylococcus aureus ISOLATED
FROM BOVINE MASTITIS DURING 1997 TO 2006. Júnia Teixeira Pacheco1, Nelson Eder
Martins1, Geraldo Márcio Costa2, Ulisses de Pádua Pereira2, Nivaldo da Silva1
([email protected])
1
2
Escola de Veterinária da UFMG
Universidade Federal de Lavras - UFLA, Lavras/MG
RESUMO
Staphylococcus aureus produz casos de mamites clínicas, subclínicas e crônicas nos
rebanhos leiteiros de todo o mundo. Entre as estratégias utilizadas para o controle está
incluído o tratamento das infecções pelo uso de antimicrobianos. Os baixos índices de
resposta dos S. aureus aos antimicrobianos têm sido foco de larga variedade de pesquisas,
no esforço de determinar os fatores responsáveis por falhas na terapia das mamites, de
modo que os tratamentos sejam mais efetivos no futuro. O objetivo deste trabalho foi
analisar a evolução da susceptibilidade de S. aureus isolados de casos clínicos e
subclínicos de mamite, durante o período de 10 anos, frente aos antimicrobianos mais
utilizados para o tratamento das infecções da glândula mamária. Foram utilizadas 710
amostras isoladas de amostras de leite bovino, provenientes de animais com mamite clínica
ou subclínica, obtidas de diferentes regiões produtoras de leite do Estado de Minas Gerais,
entre os anos de 1997-2006. O isolamento foi feito após semeadura em ágar sangue
desfibrinado de ovino a 5% (v/v) com incubação em estufa a 37ºC/24-48 horas. A prova de
susceptibilidade "in vitro" frente a antimicrobianos foi feita pelo método de difusão de
antibióticos em disco. Foi observada no período de 1996-2002, uma variação da
susceptibilidade do S. aureus frente aos diferentes antimicrobianos, principalmente aos
beta-lactâmicos (penicilina, ampicilina, cloxacilina), os quais apresentaram menores
desempenhos durante o período. A enrofloxacina (97,66%), gentamicina (94,66%) e
norfloxacina (93,12%) apresentaram-se como os de maior eficácia in vitro. A resistência a
outros antimicrobianos como a penicilina (75,13%), ampicilina (63,01%) e polimixina-B
(59,06%) foi observada durante todo o período. Outros agentes antimicrobianos
apresentaram-se eficientes, durante quase todo o período, como associação trimetoprimsulfonamidas, entretanto, houve uma diminuição no percentual de amostras susceptíveis,
entre os anos de 2000 e 2004. Estudos retrospectivos de susceptibilidade são importantes
por apresentarem resultados que podem ser indicativos da pressão de seleção e, assim,
justificar o aparecimento de mutantes resistentes e a baixa eficiência dos tratamentos das
mamites causadas por S. aureus em nosso meio.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Saúde da glândula mamária
95
EM31. MASTITE BOVINA NO SUL DO RIO GRANDE DO SUL – BRASIL. BOVINE
MASTITIS IN THE SOUTH OF RIO GRANDE DO SUL – BRAZIL. Maria Edi Rocha Ribeiro1,
Maira Balbinotti Zanela2, Jorge Fainé Gomes1, Waldyr Stumpf Jr.1, Renata Schramm3,
Rosângela Silveira Barbosa4 ([email protected])
1
2
3
4
Embrapa Clima Temperado – Pelotas, RS.
Faculdade de Veterinária – UFRGS - Porto Alegre, RS.
Faculdade de Veterinária – UFPel, RS.
Doutoranda em Zootecnia (PPGZ) – FAEM – UFPel. RS.
RESUMO
A mastite é a principal doença que acomete os rebanhos leiteiros de todo o mundo. Mais de
140 diferentes tipos de microrganismos podem causar a mastite, sendo a identificação
desses agentes importante para controle e prevenção da mesma. O objetivo desse trabalho
foi monitorar a mastite bovina no sul do Brasil e identificar os principais agentes etiológicos.
A Embrapa Clima Temperado monitorou 10 unidades de produção de leite no sul do Brasil
(Rio Grande do Sul), no período de novembro de 1998 a novembro de 2002. Mensalmente,
foi acompanhada a ordenha dos animais, sendo examinadas todas as vacas em lactação
quanto à ocorrência de mastite clínica e subclínica, pelos testes de caneca de fundo preto e
Califórnia Mastitis Test (CMT), respectivamente. Foram coletadas amostras dos quartos
positivos para identificação microbiológica. No total, foram examinadas 15.002 vacas em
lactação, totalizando 60.008 quartos mamários. Destas, foram excluídas 85 vacas em
tratamento e 102 vacas na fase de colostro, além de 484 quartos secos, sendo que foram
considerados como quartos em lactação 58.776. Dos quartos mamários em lactação, 18.319
(31,17%) apresentaram mastite subclínica e 716 quartos mastite clínica (1,22%). Foram
encaminhadas 18.491 amostras para análise microbiológica, sendo que em 276 amostras foi
isolado mais de um agente etiológico de mastite. 7.195 amostras não apresentaram nenhum
crescimento microbiano. Os agentes contagiosos com maior ocorrência foram:
Corynebacterium bovis (6.141 amostras), Staphylococcus aureus (1.117), Corynebacterium
spp (68), Streptococcus agalactiae (48) e Staphylococcus intermedius (351). Os agentes
ambientais mais isolados foram: Streptococcus sp (1.177 amostras), Streptococcus uberis
(29), Streptococcus dysgalactiae (38), Streptococcus bovis (17), Streptococcus pyogenes
(7), Escherichia coli (24), Klebsiella sp (3). Foram isolados Staphylococcus coagulase
negativo em 2.275 amostras de leite. Os resultados demonstram a elevada prevalência de
mastite subclínica no sul do RS, principalmente pelas falhas decorrentes do manejo de
ordenha, com disseminação dos agentes contagiosos.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Saúde da glândula mamária
96
EM32. PADRÃO MENSAL DE CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS E MASTITE
CLÍNICA. MONTHLY PATTERN OF SOMATIC CELL COUNT AND CLINICAL MASTITIS.
Ana Carolina de Oliveira Rodrigues2, Laerte Dagher Cassoli2, José Fernando Guarín2,
Viviane Maia de Araújo2, Paulo Fernando Machado2 ([email protected])
1
2
Parte da tese de doutorado da primeira autora, financiada pela FAPESP.
Clínica do Leite – ESALQ/USP – Piracicaba, SP.
RESUMO
A contagem mensal de células somáticas dos animais do rebanho é rotineiramente usada
para identificar infecções subclínicas. Alguns trabalhos mostram que existe relação entre o
padrão mensal da contagem de células somáticas e o microrganismo causador da mastite.
Com o intuito de estudar essa relação, a contagem mensal de células somáticas de 38
animais, que tiveram um caso de mastite clínica isolado durante a lactação, foi comparada
de acordo com a bactéria responsável pela mastite. A mastite clínica foi definida pela
presença de alteração visual do leite no teste de Tamis, elevada contagem de células
somáticas no quarto mamário (> 200.000 céls/ml) e isolamento em cultura microbiológica do
mesmo patógeno em duplicata. As bactérias foram classificadas em contagiosa (S. aureus),
coliformes (Klebsiella spp. e E. coli), staphylo ambiental (S. epidermidis) e strepto (S.
dysgalactiae). Foram registradas, para cada caso de mastite clínica, as contagens mensais
de células somáticas dos três meses anteriores ao caso, do mês no qual ocorreu o caso e
dos três meses posteriores. Na análise dos dados, os valores da contagem mensal de
células somáticas foram convertidos para log10, considerados variável dependente e usados
como medidas repetidas ao longo do tempo. Os animais apresentaram produção de leite
média de 41 kg/dia (DP = 1,4), 193 dias em lactação (DP = 129) e 3 lactações (DP = 1,4).
Observou-se relação entre os meses e os valores de contagem de células somáticas (P =
0,001), enquanto que a classe de bactéria não demonstrou influência significativa. O grupo
dos coliformes apresentou a maior variação mensal de contagem de células somáticas tanto
antes como após a mastite clínica. A contagem de células somáticas, das infecções
causadas por staphylo ambiental, somente mostrou aumento no mês de ocorrência da
mastite clínica. A mastite causada por strepto exibiu um pico da contagem de células
somáticas um mês antes do caso clínico e um declínio contínuo após. Para as mastites
contagiosas, o aumento do número de lactação do animal intensificou a elevação das
contagens mensais de células somáticas. A contagem mensal de células somáticas dos
animais identificou certos padrões que podem ser usados para analisar dados de campo e
acrescentar mais informações sobre as mastites do rebanho.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Saúde da glândula mamária
97
EM33. MASTITE BOVINA HIPER–AGUDA ENDOTÓXICA CAUSADA POR Klebsiella
pneumoniae. ENDOTOXIC PERACUTE BOVINE MASTITIS CAUSED BY Klebsiella
pneumoniae. Márcio Garcia Ribeiro, Rodrigo Garcia Motta, Antonio Carlos Paes, Susan
Dora Allendorf, Fernando José Paganini Listoni. ([email protected])
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – UNESP/Campus de Botucatu, SP.
RESUMO
Escherichia coli, Klebsiella spp e Enterobacter spp são as enterobactérias mais comumente
isoladas na mastite bovina de origem ambiental. Esse grupo de microrganismos Gram–
negativos possui em comum fator de virulência de natureza lipopolissacarídica (LPS),
localizado na parede celular. O LPS é constituído por fração polissacarídica e pelo lipídio A.
Infecções graves, septicemia ou destruição da parede de bactérias Gram–negativas,
promovem a liberação da fração lipídica e a interação com mediadores da inflamação na
circulação sanguínea, levando às manifestações sistêmicas graves em animais com mastite,
ocasionalmente fatais. Foi atendida no Hospital Veterinário da UNESP, fêmea bovina da
raça HPB, com cinco anos de idade, 20 dias de lactação, em ordenha manual, proveniente
da região de Botucatu, SP. O animal apresentava histórico de redução abrupta na produção
de leite, sensibilidade dolorosa e escurecimento do quarto mamário posterior direito (PD),
leite de aspecto aquoso e decúbito lateral há 72 horas. Ao exame clínico foi constatado
hipertermia (41oC), taquicardia, taquipnéia, atonia ruminal, congestão de mucosas, aumento
de linfonodos inguinais e supra–mamários, e áreas pulmonares com aumento do murmúrio
vesicular. Exame da glândula mamária revelou edema, sensibilidade dolorosa, consistência
firme, áreas de congestão e hipertermia, especialmente no quarto PD. A secreção láctea
apresentou mastite clínica no teste da caneca telada no PD e mastite subclínica nos demais
(escores de 1 a 3 +) no California Mastitis Test–CMT. Cultura microbiana do leite dos quatro
quartos mamários revelou, após 24 horas de incubação, em aerobiose a 37oC, colônias
mucóides, acinzentadas, não hemolíticas, no ágar–sangue bovino (5%), e colônias lactose–
positivas no ágar MacConkey, caracterizadas como Klebsiella pneumoniae. No antibiograma
a linhagem foi sensível a cefalexina, ciprofloxacina e gentamicina, e resistente a ampicilina,
florfenicol e tetraciclina. Foi instituída terapia parenteral emergencial utilizando enrofloxacina
(5 mg/Kg/8 h), flunixin meglumine (1,1 mg/kg/24 h) e reposição hidro–eletrolítica e
energética. Em virtude da evolução da sintomatologia clínica - mesmo com a instituição da
terapia - optou-se pela eutanásia. À necropsia foram constatadas áreas de pneumonia e
enfisema pulmonar, petéquias no epicárdio, congestão renal, hepática e esplênica, edema
de linfonodos inguinais e supramamários, congestão do parênquima glandular mamário e
leite de aspecto aquoso no quarto PD. Fragmentos dos diferentes órgãos resultaram no
isolamento microbiano de K. pneumoniae da glândula mamária e pulmão. Relata–se
ocorrência incomum de mastite hiper–aguda por K. pneumoniae, e a necessidade de
diagnóstico precoce e terapia emergencial nas infecções mamárias com sintomas
sistêmicos em vacas, no intuito de evitar o desenvolvimento de choque endotóxico e/ou
séptico, de prognóstico desfavorável.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Saúde da glândula mamária
98
EM35. PESQUISA DE GENES PARA A PRODUÇÃO DE LIPASES E PROTEASES, EM
CEPAS DE Corynebacterium bovis, ISOLADAS DE GLÂNDULAS MAMÁRIAS DE
VACAS COM MASTITE, E VERIFICAÇÃO DO CRESCIMENTO DO AGENTE SOB
TEMPERATURA DE REFRIGERAÇÃO. RESEARCH OF LIPASIS AND PROTEASIS
GENE PRODUCTION IN Corynebacterium bovis STRAINS ISOLATED FROM COWS
WITH MASTITIS MAMMARY GLANDS AND VERIFICATION OF THE MICROORGANISMS
GROWTH
IN
LOW
TEMPERATURE.
Cassiano
Victória1,
Hélio
Langoni2
([email protected])
1
2
Doutor em Medicina Veterinária – área de Vigilância Sanitária/ Prefeitura Municipal de
Botucatu – Secretaria Municipal de Saúde – Equipe de Vigilância em Saúde Ambiental.
Professor Titular do Departamento de Higiene Veterinária e Saúde Pública – FMVZ –
UNESP – Botucatu.
RESUMO
A proposta do presente estudo foi determinar se o Corynebacterium bovis possui a
capacidade de se multiplicar em temperatura de refrigeração e se este microrganismo
possui os genes aprX e lipA, capazes de produzir enzimas termoestáveis que degradam
proteínas e gorduras do leite armazenado por longos períodos de tempo. Para isto o agente
foi submetido a incubação em temperatura de refrigeração que variou entre 0,7 e 4ºC, por
10 dias consecutivos, com a aferição dos valores de absorbância (A) em espectrofotômetro
a cada 24 horas, correspondendo aos momentos M0 e M9. Para a verificação da presença
dos genes foi realizada a técnica da reação em cadeia pela polimerase (PCR). Os
resultados obtidos revelaram que o C. bovis é capaz de se multiplicar em temperatura de
refrigeração após 120 horas de incubação onde houve diferença estatisticamente
significante com p>0,05 entre os períodos M5(A = 0,264) e M6(A = 0,297) podendo ser
considerado então como psicrotrófico. Por outro lado, não possui os genes aprX e lipA,
produzindo as enzimas codificadas por estes genes, o que não significa que o C. bovis não
possua genes para a produção de outras enzimas degradantes, não pesquisadas no
presente estudo. Isto sugere que novos estudos do genoma deste microrganismo são
necessários, para se elucidar o verdadeiro papel deste agente na alteração da qualidade do
leite e de seus subprodutos.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Saúde da glândula mamária
99
EM37. AÇÃO DO ECOFID®, COMO SUPLEMENTO À RAÇÃO DE VACAS LEITEIRAS,
SOBRE A CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS (CCS) E DE UNIDADES
FORMADORAS DE COLÔNIAS (UFC). ECOFID® ACTION AS A SUPPLEMENT IN DAIRY
FEEDING IN THE SOMATIC CELLS COUNTING (SCC) AND COLONY-FORMING UNIT
(CFU). Hélio Langoni1, Melissa Hartman1, Patrícia Yoshida Faccioli1, Roberto Ximenes
Bolsanello1,
Carlos
Roberto
Padovani2,
Benedito
Donizete
Menozzi1
([email protected])
1
2
Núcleo de Pesquisa em Mastites – NUPEMAS - Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia - UNESP - Botucatu, SP.
Instituto de Biociências – UNESP – Botucatu, SP.
RESUMO
As mastites constituem-se em processos inflamatórios, de origem infecciosa em sua
maioria; com repercussão negativa quanto aos aspectos produtivos e de saúde pública. As
novas políticas para o setor leiteiro, a partir da instituição da portaria 51, passam a controlar
a qualidade do leite pela CCS e contagem bacteriana total (CBT), ferramentas que indicam a
qualidade do leite, diretamente relacionadas à ocorrência de mastites subclínicas. O maior
rendimento industrial está por outro lado, diretamente relacionado à qualidade do leite
entregue no laticínio. Levando-se em consideração a importância da qualidade do leite e do
controle de mastites, objetivou-se avaliar o produto Ecofid® (Herbotec do Brasil Nutrição
Animal Ltda), molécula orgânica rica em ácidos graxos essenciais, oléicos e linoléicos e
acetato de tocoferol, como imunoestimulante e antinflamatório, sobre a CCS e UFC do leite.
Foram utilizadas 40 e 30 vacas da raça holandesa, variedade preta e branca, em plena
lactação, como grupo experimental e controle, respectivamente. Os animais foram
monitorados semanalmente durante 30 dias (fase anterior à utilização do produto), com
realização de exame do California Mastitis Test (CMT), e coleta de amostras de leite
composta de todos os animais que apresentavam pelo menos um teto positivo para exame
de CCS/mL de leite e UFC/mL de leite. Da mesma forma procedeu-se durante o período de
utilização do Ecofid, que foi administrado na ração na dose de 20g/animal/dia, durante sete
dias, e posteriormente na dose de 4g/animal/dia, durante 21 dias, Na fase posterior à
administração do produto, foram realizadas mais três coletas, semanalmente. Outras
variáveis foram estudadas, entretanto, no que se refere a CCS e UFC, a análise dos
resultados, de acordo com os momentos de avaliação para os grupos controle e
experimental, pela técnica de análise de variância não paramétrica para o modelo com dois
fatores não revelou diferença significativa. Verificou-se, entretanto, que para a UFC o grupo
experimental apresentou valor mediano de 4.920 (60 – 48.000) na fase anterior, 2.800 (10 –
1.044.000) durante e 7.680 (1.300 – 140.000) UFC/mL de leite, posteriormente ao uso do
produto. Para a CCS, observou-se um aumento de 98 (1,0 – 7.525) para 136 (3 – 6751) e
178x103 (1,0 – 4549) do período anterior para durante; e posterior à utilização do Ecofid ®,
respectivamente. Apesar de não significativo ao nível de 5%, pode se verificar uma
diminuição na UFC durante a utilização do produto, com um aumento das CCS/mL de leite
no mesmo período, fato que deve estar relacionado provavelmente ao maior aporte de
polimorfonucleares na glândula mamária, pelo efeito imunoestimulante do produto.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Saúde da glândula mamária
100
EM39. ESTUDO DA OCORRÊNCIA DE INFECÇÕES INTRAMAMÁRIAS DURANTE A
UTILIZAÇÃO DO ECOFID® COMO SUPLEMENTO À RAÇÃO DE VACAS LEITEIRAS.
STUDY OF THE OCCURRENCE OF INTRAMAMMARY INFECTIONS DURING THE
UTILIZATION OF ECOFID® AS A SUPPLEMENT ON DAIRY FEEDING. Hélio Langoni1,
Melissa Hartman1, André Vicente Ruiz de Matos1, Aristeu Vieira da Silva2, Veruska Maia1,
Lucilene Granuzzio Camossi1 ([email protected])
1
2
Núcleo de Pesquisa em Mastites – NUPEMAS – Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia–UNESP-Botucatu, SP.
Mestrado em Ciência Animal – Medicina Veterinária - Universidade Paranaense – UNIPAR
– PR.
RESUMO
As mastites impactam negativamente a cadeia produtiva leiteira, pois além da diminuição da
produção contribuem para a obtenção de um produto de menor qualidade, que interfere no
rendimento industrial dos derivados lácteos. Aliado a estes aspectos salienta-se os
relacionados à saúde pública pela veiculação de inúmeros patógenos causadores de
infecções e toxinfecções de origem alimentar. O seu controle permite a obtenção de um
produto com menores contagens de células somáticas (CCS) e contagens bacterianas totais
(CBT), ferramentas importantes que monitoram a qualidade do leite, e que devem constituir
parâmetros para o pagamento do leite pela sua qualidade. Baseados nestas perspectivas o
objetivo deste trabalho foi avaliar a ação do Ecofid® (Herbotec do Brasil Nutrição Animal
Ltda), molécula orgânica rica em ácidos graxos essenciais, oléicos e linoléicos, e acetato de
tocoferol, com ação imunoestimulante e antinflamatória na sanidade da glândula mamária,
quanto a ocorrência de mastites. Foram estudadas 40 e 30 vacas da raça holandesa
variedade preta e branca em plena lactação, como grupo experimental e controle,
respectivamente. Os animais foram monitorados semanalmente durante 30 dias (fase
anterior) com exames semanais pelo California Mastitis Test e prova da caneca de fundo
negro para detecção de casos de mastite clínica. Diariamente os animais foram examinados
pelos técnicos da propriedade. Os animais do grupo experimental foram tratados
diariamente com 40g do produto/animal, suplementado à ração, uma vez ao dia, durante 7
dias, continuando-se com 4g/animal/dia, por mais três semanas (durante). Da mesma forma
semanalmente os animais foram submetidos aos mesmos exames, para o diagnóstico de
mastites, acompanhando-os por mais 30 dias após o oferecimento do Ecofid (fase
posterior). Foram avaliados outros parâmetros, entretanto a análise dos resultados quanto à
taxa de mastite subclínica e clínica revelou que houve diferença entre os dois grupos
apenas durante a utilização do produto, com p=0,0041. Houve também uma tendência de
diferença entre os grupos após a sua utilização, provavelmente devido à diferença na
freqüência de mastites clínicas, com p=0,0872. Agrupando-se os resultados negativos e os
casos de mastite subclínica, procedendo-se a comparação com os resultados para mastite
clínica, verificou-se que a ocorrência de mastite clínica foi menor no grupo tratado, durante e
após a utilização do Ecofid. Calculando-se o risco relativo (rr), observou-se que para o grupo
não tratado o risco relativo foi 2,197 vezes maior que durante a utilização do Ecofid e de
2,055 vezes no período após a sua utilização. Conclui-se pelo efeito favorável do Ecofid na
redução de ocorrência de mastites, fato relevante quando se pensa em qualidade do leite
oferecido para consumo.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Saúde da glândula mamária
101
EM40. PERFIL MICROBIOLÓGICO NA MASTITE BOVINA DURANTE A LACTAÇÃO.
MICROBIOLOGIC PROFILE IN THE BOVINE MASTITIS DURING LACTATION. Melissa
Hartman1, Patrícia Yoshida Faccioli1, André Vicente Ruiz de Matos1, Hélio Langoni1
([email protected])
1
Núcleo de Pesquisa em Mastites – NUPEMAS - Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia–UNESP–Botucatu, SP.
RESUMO
A mastite, principal afecção que acomete rebanhos leiteiros, é um processo inflamatório da
glândula mamária, caracterizada por alterações físico-químicas e microbiológicas do leite e
patológicas do tecido glandular mamário, provocada principalmente por patógenos
ambientais (microrganismos ubiquitários), e/ ou contagiosos, presentes na pele e tetos dos
animais. Dentre os agentes mais comumente envolvidos, as bactérias são relatadas com
maior freqüência. Durante o período de lactação correspondente a oito semanas, foram
coletadas, semanalmente, amostras de leite provenientes de 31 vacas da raça Holandesa
variedade preta e branca de propriedade localizada no município de São Pedro, SP, e
encaminhadas ao Laboratório do Núcleo de Pesquisa em Mastites (NUPEMAS) do
Departamento de Higiene Veterinária e Saúde Pública – FMVZ – UNESP – Botucatu, para
determinação, por meio de cultivo microbiológico, dos microrganismos causadores de
mastite no rebanho. Das amostras analisadas, ao final do estudo, Corynebacterium bovis foi
relatado com maior freqüência, presente nas oito coletas, correspondendo a 43,4% do total
dos patógenos encontrados, seguidamente de Escheirichia coli, diagnosticado em sete
coletas, representando 17,1%, e Streptocococcus agalactiae, detectado em quatro coletas,
perfazendo 14,4%. Os demais agentes encontrados foram: Staphylococcus aureus (11,8%),
Staphylococcus spp (3,9%), Streptococcus spp (3,9%), Streptococcus uberis (1,3%),
Pasteurella multocida (1,3%), Pseudomonas aeruginosa (1,3%) e Klebsiella pneumoniae
(1,3%). Pôde-se verificar, ainda, de acordo com a dinâmica dos patógenos, um maior
acometimento da glândula mamária na primeira semana, com predomínio, dentre os
agentes envolvidos, de Streptococcus agalactiae, com 37,5%. Nas terceira, sexta e sétima
coletas houve maior incidência de Corynebacterium bovis, correspondendo respectivamente
a 50%, 50% e 33,3%. Sendo assim, de acordo com o levantamento microbiano, puderam-se
estabelecer os principais agentes causadores de mastite e determinar o perfil microbiológico
do rebanho, tanto ao final do estudo, como referente a cada colheita realizada. Destaca-se
que na avaliação microbiológica, verificou-se além da variação no número de colônias
isoladas, o não isolamento de determinado patógeno em alguns momentos de obtenção das
amostras, sendo isolado entretanto, posteriormente, o que reforça a possibilidade de
eliminação intermitente dos agentes de mastite.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Saúde da glândula mamária
102
EM42. MONITORAMENTO MICROBIOLÓGICO DA MASTITE OVINA NA REGIÃO DE
BAURU (SP). MICROBIOLOGICAL SURVEY OF OVINE MASTITIS IN BAURU (SP) AND
ENVIRONS.
Gabriela
Spinelli
Hernandes1;
Simone
Baldini
Lucheis1
([email protected])
1
Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios – APTA – SAA. Pólo Regional CentroOeste - Unidade de Pesquisa de Bauru
RESUMO
A mastite consiste na inflamação aguda ou crônica das glândulas mamárias, caracterizada
por alterações físicas, químicas e bacteriológicas no leite. É fator importante de perdas
econômicas na criação, devido a descartes precoces e, ocasionalmente a sua morte. As
bactérias são os agentes isolados e identificados com maior freqüência em casos de mastite
ovina, entretanto, sabe-se que fungos, leveduras e algas também podem infectar a glândula
mamária das ovelhas. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a situação da mastite
na espécie ovina, em vinte pequenas propriedades de Bauru (SP) e região. As amostras de
leite foram coletadas de ambos os tetos, previamente desinfetados com álcool iodado e
secos com papel toalha, e refrigerados até a chegada ao Laboratório de Sanidade Animal da
APTA, onde foram processadas. Os cultivos foram realizados em Ágar-sangue ovino e Mac
Conkey e mantidos em estufa a 37◦C até 72 horas, identificando-se as colônias pelo método
de coloração de Gram. Realizou-se a prova da coagulase para todos os estafilococos
isolados, a fim de diferenciar as espécies patogênicas. Os antibiogramas foram realizados
em Agar-Cérebro-Coração para todos os microrganismos isolados. Foram analisadas 309
amostras, sendo que 177 (57,3%) apresentaram crescimento bacteriano; 123 amostras
(69,5%) apresentaram isolamento em cultura pura e 54 amostras (30,5%), em associação.
Em 132 amostras (42,7%) não houve isolamento bacteriano. Das 309 amostras isoladas,
31,4% foram representadas pelo gênero Staphylococcus spp, sendo 27,5% Staphylococcus
spp coagulase negativos e 3,9% Staphylococcus spp coagulase positivos; 9,8% de
isolamentos de Corynebacterium spp em cultura pura e, em associação com
Staphylococcus spp coagulase negativo, em 18,5% das amostras. Com relação ao
Streptococcus spp, obtivemos seu crescimento em cultura pura em 8,9% dos isolamentos e,
para o Micrococcus spp, em 7,3% dos isolamentos; Bacillus spp em 5,7%; bastonetes
Gram-negativos em 5,7%; Arcanobacterium pyogenes em 4,0%; Staphylococcus spp β
hemolítico em 4,0%; Bacteroides nodosus em 2,5%; Streptococcus spp α hemolítico em
2,5%; Candida spp em 0,8%; Micrococcus spp β hemolítico em 0,8%; Bacillus anthracis em
0,8% e Bacillus spp β hemolítico em 0,8%. Gentamicina e tetraciclina foram as drogas de
melhor sensibilidade para a maioria dos microrganismos isolados.
Apoio: FAPESP - Processo 05/04418-3
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Inspeção de leite e derivados
103
INSPEÇÃO DE LEITE E DERIVADOS
EM16. ESTUDOS DA OCORRÊNCIA DO LEITE INSTÁVEL NÃO ÁCIDO (LINA) EM
VACAS JERSEY SOB RESTRIÇÃO ALIMENTAR. RESEARCHES ON UNSTABLE NON
ACID MILK (LINA) IN JERSEY COWS UNDER FEED RESTRICTION. Maira Balbinotti
Zanela1, Vivian Fischer2, Maria Edi Rocha Ribeiro3, Waldyr Stumpf Jr.3
([email protected])
1
2
3
Faculdade de Veterinária – UFRGS - Porto Alegre, RS.
Faculdade de Agronomia – UFRGS – Porto Alegre, RS, bolsista do CNPq.
Embrapa Clima Temperado – Pelotas, RS.
RESUMO
O Leite Instável Não Ácido (LINA) caracteriza-se por alterações nas propriedades físicoquímicas do leite, com perda da estabilidade da caseína, resultando em precipitação na
prova do álcool/alizarol, sem haver acidez elevada (≤180Dornic). O teste do álcool é utilizado
pelas indústrias lácteas para avaliação da qualidade do leite no sistema de produção, e é
um dos requisitos previstos pela Instrução Normativa 51, a qual estabelece que o leite deve
ser estável nesse teste com uma concentração mínima de álcool de 72%. As causas do
LINA ainda não estão totalmente esclarecidas, entretanto, acredita-se que esteja associado
a desequilíbrios nutricionais. Foi realizada uma série de estudos sobre o efeito da restrição
alimentar na estabilidade do leite, visando conhecer os fatores causais do LINA. Nesses
experimentos foram selecionadas vacas cujo leite apresentava reação negativa ao teste do
álcool 76% e buscou-se induzir o LINA de forma experimental, comparando-se dietas
controle (que atendiam 100% das exigências dos animais experimentais segundo o NRC
2001), e dietas restritivas. O primeiro experimento (Exp1) foi realizado com 8 vacas Jersey
confinadas, de 07/02 a 27/03 de 2003, sendo comparadas duas dietas: controle (constante
de silagem de milho e concentrado na proporção 66:34 e restrição (atendia 60% das
exigências nutricionais). No segundo experimento (Exp2), realizado de 18/11/2003 a
18/02/2004, foram utilizadas 12 vacas Jersey confinadas, sendo fornecidas a dieta controle
(que consistia de feno de alfafa e concentrado, na proporção de 55:45) e dieta restrição
(sem concentrado). Um terceiro experimento (Exp3) foi realizado com 10 vacas Jersey em
pastejo, de 03/09 a 27/10 de 2004, sendo que os animais foram mantidos em uma pastagem
de azevém (Lolium multiflorum), aveia preta (Avena strigosa), trevo brando (Trifolium
repens) e cornichão (Lotus corniculatus); e à noite receberam concentrado, feno alfafa e
silagem de milho (dieta controle), na proporção volumoso:concentrado de 66:32. Na dieta
restrição foi retirado o concentrado. A ocorrência de LINA foi estabelecida como sendo a
precipitação ao teste do álcool 76% (=1), ou a ausência de precipitação (=0). Em todos os
estudos, as dietas restritivas resultaram em maior ocorrência de LINA, sendo as médias dos
grupos controle x restrição respectivamente: 0,06 x 0,42 (P=0,0365 – Exp1); 0,25 x 0,54 (P=
0,0078 – Exp2) e 0,0 x 0,35 (P= 0,0023 – Exp3). Os resultados desses estudos indicam que
a subnutrição está associada à ocorrência de Leite Instável Não Ácido.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Inspeção de leite e derivados
104
EM17. AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO NO LEITE DE UNIDADES FORMADORAS DE
COLÔNIAS DE Candida spp, ISOLADAS DE TANQUE DE REFRIGERAÇÃO DE LEITE.
EVALUATION OF THE GROWTH IN MILK OF Candida spp IN COLONY FORMING
UNITS, THE MILK OF ISOLATED FROM MILK REFRIGERATION TANK. Zappa, V.1,
Souto, L.I.2, Melville, P.2, Benites, N.R.2 ([email protected])
1
2
Professora de Enfermidades Infecciosas dos Animais da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia de Garça/SP- FAMED
Departamento de Medicina Veterinária Preventiva da Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia da Universidade de São Paulo, Av. Prof. Dr. Orlando Marques de Paiva, 87,
CEP 05508 900, Cidade Universitária, São Paulo/SP Brasil
RESUMO
Contaminantes ambientais como os fungos micelianos e leveduras também podem estar
associados a mastites, podendo causar alterações físico-químicas, limitando sua
durabilidade e de seus derivados, além de determinar problemas econômicos e de saúde
pública. Avaliou-se o comportamento de estirpes de Candida spp isoladas de amostras de
leite de tanques de refrigeração de propriedades de exploração de leite cru, que foram
inoculadas em leite estéril em diferentes temperaturas, simulando as temperaturas de
geladeira (7oC), do meio ambiente (25º) e de estufa microbiológica (37ºC) por 24 horas, pela
contagem de UFC/mL. Avaliou-se ainda a eficiência do processo de pasteurização lenta em
relação as estirpes de Candida spp. Verificou-se que na temperatura de (7ºC), houve um
menor crescimento quando comparado as temperaturas de (25ºC) e (37ºC), sendo que as
medianas e os valores mínimos e máximos de UFC/ml foram: < 1,0 x 103(< 1,0 x 103 - 3,0 x
105); 1,0 x 104(< 1,0 x 103 - 5,6 x 106); < 1,0 x 103 (< 1,0 x 103 - 3,5 x 108); respectivamente a
7oC, 25oC e 37oC. Mesmo que esse leite fosse mantido à temperatura de geladeira (5-10ºC)
como determina à legislação, ainda assim, seria considerado de risco à saúde pública; pois
pode haver crescimento dos microrganismos descritos acima. Muitas amostras
apresentaram um crescimento superior a 500UFC/mL, limite máximo tolerado pela
legislação, o que ocasiona a desclassificação desse leite, tornando-o impróprio para o
consumo humano. Não houve crescimento de colônias após 24 horas nas amostras que
passaram pelo processo de pasteurização lenta após a contagem das UFC/mL. As
leveduras isoladas e estudadas são classificadas como oportunistas, que ocasionam
processos infecciosos em hospedeiros com o sistema imunológico suprimido, ratificando
assim sua importância em saúde pública.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Inspeção de leite e derivados
105
EM19. AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO NO LEITE DE UNIDADES FORMADORAS DE
COLÔNIAS DE Klebsiella pneumoniae, ISOLADAS DE TANQUE DE REFRIGERAÇÃO
DE LEITE. EVALUATION OF THE GROWTH IN MILK OF Klebsiella pneumoniae IN
COLONY FORMING UNITS, THE MILK OF ISOLATED FROM MILK REFRIGERATION
TANK. Zappa, V.1, Souto, L.I.2, Melville, P.2, Benites, N.R.2 ([email protected])
1
2
Professora de Enfermidades Infecciosas dos Animais da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia de Garça/SP- FAMED
Departamento de Medicina Veterinária Preventiva da Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia da Universidade de São Paulo, Av. Prof. Dr. Orlando Marques de Paiva, 87,
CEP 05508-900, Cidade Universitária, São Paulo/SP Brasil.
RESUMO
A família Enterobacteriaceae talvez seja a mais importante família bacteriana. Pertencem a
ela muitos dos patógenos mais importantes para os homens e animais. Os membros desta
família tem-se tornando consideravelmente menos sensíveis aos antimicrobianos,
principalmente a Klebsiella pneumoniae, que é um bacilo Gram negativo, podendo ser
encontrada no trato respiratório alto e trato intestinal e urinário, além de estar no ambiente.
A K. pneumoniae foi o primeiro microrganismo descrito como produtora de beta-lactamase
de espectro estendido ou ESBL (do inglês Extended-Spectrum Beta-Lactamase), que são
enzimas bacterianas capazes de hidrolizar antibióticos beta-lactâmicos com amplo espectro
de ação, sendo multiresistentes causadoras de infecção hospitalar em ascensão,
constituindo um problema mundial. Foram avaliadas através da contagem das Unidades
Formadoras de Colônias (UFC) o comportamento de estirpes de Klebsiella pneumoniae
isoladas de tanques de refrigeração de leite, submetidas a temperaturas diferentes
simulando o leite em condições de refrigeração (70C), em condições ambientais (250C) e na
temperatura de crescimento de patógenos (370C). O presente estudo mostrou que, a 70C, a
Klebsiella pneumoniae, apresentou menor crescimento quando comparado às temperaturas
de 250C e 370C, sendo as medianas e os valores mínimos e máximos de UFC/ml foram: 1,1
x 108(1,2 x 103 - 4,0 x 109); 1,8 x 109(4,5 x 108 - 1,3 x 1011); 8,0 x 109(1,2 x 108 - 3,5 x 1012);
respectivamente a 7oC, 25oC e 37oC Mesmo que esse leite fosse mantido à temperatura de
geladeira (5-100C) como determina à legislação, ainda assim, seria considerado de risco à
saúde pública; pois pode haver crescimento dos microrganismos descritos acima. Muitas
amostras apresentaram um crescimento superior a 500UFC/mL, limite máximo tolerado pela
legislação, o que ocasiona a desclassificação desse leite, tornando-o impróprio para o
consumo humano. O presente estudo mostra que as condições nas quais o leite é obtido
permite o desenvolvimento de um ambiente ideal para a multiplicação de Klebsiella
pneumoniae.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Inspeção de leite e derivados
106
EM20. MELHORIA DA QUALIDADE DO LEITE A PARTIR DA IMPLANTAÇÃO DE
BOAS PRÁTICAS NA ORDENHA EM 19 MUNICÍPIOS DA REGIÃO CENTRAL DO
PARANÁ. MILK QUALITY IMPROVEMENT AFTER IMPLANTATION OF GOOD
MANUFACTURING PRACTICES IN MILKING IN 19 CITIES OF THE CENTRAL REGION
OF THE PARANÁ. Vanerli Beloti1, Vitória Maria Vallin2, Ronaldo Tamanini1, Rafael Fagnani1
([email protected])
1
2
Universidade Estadual de Londrina - CCA/DMVP - Londrina, PR.
Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural - EMATER - PR.
RESUMO
A melhoria da qualidade do leite é um desafio em todo o país. Há anos a equipe do
Laboratório de Produtos de Origem Animal (LIPOA/UEL) vem estudando práticas que sejam
simples, baratas e tenham impacto na diminuição da contaminação microbiana. Assim,
depois de determinados os principais pontos de contaminação na ordenha, várias práticas
foram testadas sendo selecionadas: desprezo dos três 1ºs jatos, pré-dipping com solução
clorada 750 ppm em caneca sem refluxo, higienização rigorosa de latões, baldes e
refrigeradores com detergente alcalino clorado e fibra macia LT Scotch-brite ou similar. Em
trabalho conjunto com o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural
(EMATER/PR) e a Associação Paranaense de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa
(APCBRH), após treinamento de técnicos multiplicadores e produtores, selecionou-se 46
produtores de 19 municípios da região central do Paraná, divididos em 4 regiões onde foi
realizado treinamento prático. Foram envolvidos 31 técnicos. Em 32 (69,6%) das
propriedades se realiza ordenha manual e em 14 (30,4%) ordenha mecânica. Quanto ao
resfriamento, 13 (28,3%) utilizavam imersão, 9 (19,6%) tanque de expansão, 2 (4,3%)
geladeira, 7 (15,2%) freezer e 15 (32,6%) não resfriavam o leite. Considerando a totalidade
das propriedades estudadas, antes da implantação das práticas a contagem média de
Células Somáticas era de 611.913 CCS/mL e a contagem de Aeróbios Mesófilos 2.410.870
UFC/mL. Após a implantação das práticas, a CCS média reduziu em 39,5%, passando para
370.391 CCS/mL e a contagem média de Aeróbios Mesófilos foi 303.609 UFC/mL,
diminuindo em 87,4%. Nas propriedades com ordenha manual a CCS média diminuiu
33,9%, passando de 607.844 CCS/mL para 401.563 CCS/mL e a contagem de Aeróbios
Mesófilos foi reduzida em 87,9%, passando de 1.598.906 UFC/mL para 193.531 UFC/mL.
Nas propriedades com ordenha mecânica a CCS média caiu de 621.224 CCS/mL para
299.193 CCS/mL, significando uma redução de 51,8%, e a contagem de Aeróbios Mesófilos
foi reduzida em 87,0%, passando de 4.266.786 UFC/mL para 555.214 UFC/mL. As práticas
se mostraram simples, eficientes e economicamente viáveis, sendo facilmente incorporadas
pelos produtores.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Inspeção de leite e derivados
107
EM21. BACTÉRIAS ÁCIDO LÁTICAS COM AÇÃO ANTAGONISTA A Listeria
monocytogenes EM AMOSTRAS DE LEITE CRU COLHIDAS NA REGIÃO AGRESTE DE
PERNAMBUCO. LACTIC ACID BACTERIA WITH ANTAGONISTIC ACTIVITY AGAINST
Listeria monocytogenes IN RAW MILK SAMPLES COLLECTED IN AGRESTE REGION
OF PERNAMBUCO. Ronaldo Tamanini1, Ana Paula P. Battaglini1, Livia Cavaletti C. da
Silva1, Alexandre A. Monteiro1, Marcelo T. Matsubara1, Rafael Fagnani1, Henrique L. da
Angela1, Sabrina Jurse1, Luis A. Nero2, Vanerli Beloti1 ([email protected])
1
2
Universidade Estadual de Londrina - CCA/DMVP - Londrina, PR.
Universidade Federal de Viçosa - Viçosa, MG.
RESUMO
As Bactérias Ácido Láticas (BAL) são microrganismos naturalmente encontrados em vários
alimentos e possuem grande importância no seu controle de qualidade, pois produzem uma
série de substâncias com grande potencial antimicrobiano, como ácidos orgânicos e
bacteriocinas, que afetam microrganismos deteriorantes e patogênicos. Entre os
microrganismos patogênicos que podem ser veiculados pelo leite destaca-se Listeria
monocytogenes, que é o agente etiológico da listeriose humana e de animais. Atualmente,
leite e derivados têm sido os veículos de transmissão mais comumente associados a surtos
de listeriose. Com o objetivo de verificar a presença de L. monocytogenes, enumeração de
BAL e verificar a atividade antagonista das BAL isoladas em relação a L. monocytogenes
foram coletadas amostras de leite cru de 46 propriedades leiteiras da região agreste de
Pernambuco. Para detecção de L. monocytogenes foi utilizado o kit VIDAS Listeria
(bioMeriex) e para a enumeração de BAL as amostras foram diluídas em caldo MRS e
semeados em placas de PetrifilmTM AC (3M do Brasil), com incubação a 30oC por 72 horas
em microaerofilia. O antagonismo a L. monocytogenes foi determinado através da
metodologia spot-on-the-lawn modificada, utilizando cepa L. monocytogenes ATCC 7644.
Para isso foram selecionadas 680 colônias de BAL isoladas das 46 amostras. Considerouse antagonistas as colônias em torno das quais se formou um halo translúcido, provocado
pela de inibição de crescimento da listeria semeada na sobre-camada. Em nenhuma
amostra de leite foi detectada a presença de L. monocytogenes e as contagens de BAL
variaram de 5.000 a 9.900.000 UFC/mL com média de 1.470.609 UFC/mL. Considerando as
colônias testadas com relação à capacidade antagonista a L. monocytogenes, 128 não
apresentaram antagonismo, 552 apresentaram antagonismo, sendo que 412 apresentaram
um halo bem definido, classificado como inibição total e 140 apresentaram um halo difuso,
não totalmente delimitado, sendo classificadas como inibição parcial. Estes resultados
indicam que a alta freqüência de BAL com capacidade antagonista, pode ser responsável
pela ausência de L. monocytogenes nas amostras de leite estudadas.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Inspeção de leite e derivados
108
EM27. DISTRIBUIÇÃO DE Staphylococcus aureus EM DIFERENTES AMBIENTES
CONTAMINADOS
(INFECTADOS)
EM
REBANHOS
BOVINOS
LEITEIROS.
ENVIRONMENTAL STUDY OF THE PRESENCE OF Staphylococcus aureus IN BOVINE
MASTITIS DAIRY HERDS. Lívia Lima dos Santos1, Marisa Araújo Silva1, Geraldo Márcio
Costa2, Ulisses de Pádua Pereira2 , Nivaldo da Silva1 ([email protected])
1
2
Escola de Veterinária - UFMG – Belo Horizonte, MG
Departamento de Medicina Veterinária – UFLA – Lavras, MG
RESUMO
A mamite, causada por uma ampla variedade de microrganismos, é a enfermidade mais
freqüente e dispendiosa do gado leiteiro. Constitui-se em importante problema de saúde
animal e de saúde pública, com grande repercussão econômica em praticamente todos os
países do mundo. A mamite por Staphylococcus aureus causa especial problema aos
rebanhos leiteiros devido às baixas taxas de cura bacteriológica após o tratamento com
antibiótico, pois a bactéria resiste à eliminação pela antibioticoterapia e persiste por longos
períodos sem demonstrar sintomas. Foi investigada a diversidade de populações de S.
aureus isolados de amostras de leite de vacas com mamite subclínica, swabs de tetas,
mãos, pele, nariz e garganta de ordenhadores, equipamentos de ordenha, água de limpeza
e moscas capturadas em dez fazendas leiteiras pertencentes à bacia leiteira de Belo
Horizonte - MG. O S. aureus foi isolado, enumerado e identificado, primeiramente, em Agar
Baird-Parker (ABP), seguido da confirmação bioquímica. Os estudos moleculares foram
conduzidos para investigar o polimorfismo do gene da enzima coagulase (Coa), utilizado
como marcador para estudos epidemiológicos sobre populações de S. aureus e a
caracterização de clones comumente causadores de mamite. O estudo das populações de
S. aureus isolados de diferentes locais dentro do sistema de produção da fazenda de leite
foi feito através do estabelecimento do percentual de similaridade entre os fragmentos
(Restriction Fragment Length Polymorphism, PCR-RFLP) obtidos por digestão enzimática,
seguido de eletroforese em gel de agarose. Verificou-se pelo polimorfismo genético a
diversidade da população de S. aureus dentro dos rebanhos estudados e no ambiente de
ordenha, cujo conhecimento é importante para os estudos epidemiológicos que visam a
redução da disseminação da infecção.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Inspeção de leite e derivados
109
EM38. AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO LEITE PELA UTILIZAÇÃO DO
ECOFID® COMO SUPLEMENTO À RAÇÃO DE VACAS LEITEIRAS. EVALUATION OF
THE CHEMICAL COMPOSITION OF THE MILK BY THE UTILIZATION OF ECOFID ® AS A
SUPPLEMENT ON DAIRY FEEDING. Hélio Langoni1, Patrícia Yoshida Faccioli1, Carlos
Roberto Padovani2, Haroldo Greca Júnior1, Melissa Hartman1, Benedito Donizete Menozzi1
([email protected])
1
2
Núcleo de Pesquisas em Mastites – NUPEMAS – Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia–UNESP-Botucatu, SP.
Instituto de Biociências – UNESP – Botucatu, SP.
RESUMO
A mastite é uma enfermidade multifatorial de caráter infeccioso na grande maioria dos
casos, e ocasionada por diferentes microrganismos. Como forma de controle é importante a
resposta dos animais para a resolução do processo infeccioso. A utilização de produtos
orgânicos para a prevenção ou mesmo tratamento de infecções vem se mostrando uma
tendência mundial e exigência de mercado. Desta forma o presente estudo teve como
objetivo principal avaliar a ação do Ecofid® (Herbotec do Brasil Nutrição Animal Ltda),
molécula orgânica rica em ácidos graxos essenciais, oléicos e linoléicos, e acetato de
tocoferol, com ação imunoestimulante e antinflamatória, na sanidade da glândula mamária,
e neste caso verificou o seu efeito para as variáveis gordura, proteína, lactose, sólidos totais
e extrato seco desengordurado. Foram utilizadas 40 e 30 vacas da raça holandesa
variedade preta e branca, em plena lactação, grupos experimental e controle,
respectivamente. Os animais foram monitorados semanalmente durante 30 dias, fase
anterior à utilização do produto, com coleta de amostras para análise das características
químicas do leite, em frascos especiais com conservante bronopol®, que foram examinadas
na Clínica do Leite – USP – Piracicaba. Da mesma forma foram realizadas coletas de leite
semanalmente durante a utilização do produto, na dose de 20 g/ animal, uma vez ao dia, na
ração, na primeira semana e a seguir 4g/ dia, por três semanas, bem como na fase posterior
ao produto, perfazendo três coletas, semanalmente. A análise dos resultados da média e
desvio padrão para as variáveis gordura, proteína, lactose, sólidos totais e extrato seco
desengordurado segundo o grupo e momento de avaliação pela técnica de variância para o
modelo com dois fatores (ZAR, 1999), fixando-se em 5% o nível de significância, mostra que
não houve diferença significativa entre os momentos anterior, durante e posterior à
utilização do Ecofid, para o grupo experimental. Apesar de não significativo estatisticamente,
houve um aumento no teor de proteína de 2,99+/-0,26, para 3,03+/-0,24 e para 3,06+/-0,24,
durante e após a utilização do produto, respectivamente.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Inspeção de leite e derivados
110
EM41. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO LEITE CRU PRODUZIDO EM SISTEMA
ORGÂNICO NA REGIÃO DE BOTUCATU – SP PELA CONTAGEM DE CÉLULAS
SOMÁTICAS E UNIDADES FORMADORAS DE COLÔNIAS DE MICRORGANISMOS
HETEROTRÓFICOS MESÓFILOS. EVALUATION OF THE RAW MILK QUALITY
PRODUCED IN ORGANIC SYSTEM IN THE REGION OF BOTUCATU-SP BY THE
SOMATIC CELL COUNT AND UNITS FORMED OF COLONY. Débora Tieko Parlato
Sakiyama¹, Hélio Langoni¹, Felipe de Freitas Guimarães¹, Lucilene Granuzzio Camossi¹,
Deolinda Maria Vieira Filha Carneiro1, Aristeu Vieira da Silva2 ([email protected])
1
2
Núcleo de Pesquisas em Mastites – NUPEMAS. Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia – Unesp-Botucatu, SP.
Mestrado em Ciência Animal - Universidade Paranaense – UNIPAR – Umuarama, PR.
RESUMO
Nos últimos anos, a procura por alimentos orgânicos pelo mercado consumidor tem crescido
significativamente e dentre estes está o leite. A produção leiteira no sistema orgânico, além
de, minimizar a utilização de produtos químicos e outros insumos externos à propriedade,
respeita os aspectos ambientais e sociais, devendo também prezar por adequadas práticas
higiênico-sanitárias e boas condições de manejo animal. Assim como na produção
convencional, é importante controlar a ocorrência de mastites, que causam grandes perdas
econômicas, reduzindo a produção leiteira, com menor rendimento industrial de derivados,
gerando ainda custos com descarte de animais. É fundamental obter uma matéria-prima de
boa qualidade microbiológica, pois o leite com alta contagem bacteriana diminui o tempo de
prateleira dos produtos lácteos, além dos problemas de saúde pública. Nessa crescente
busca por alimentos de qualidade, e o reduzido número de pesquisas sobre as
características do leite orgânico produzido no Brasil, realizaram-se coletas semanais,
durante três meses, de amostras de leite de cinco propriedades certificadas para a produção
de leite orgânico, recebidas na plataforma de um laticínio artesanal orgânico do município de
Botucatu. Foram realizadas a contagem de células somáticas (CCS) e de unidades
formadoras de colônias de microrganismos heterotróficos mesófilos por mL de leite
(UFC/mL). Os resultados obtidos indicam que quanto à comparação da CCS entre as
propriedades, houve diferença estatisticamente significativa para o leite da propriedade
número 2. Quanto a UFC/mL houve diferença apenas entre os valores da propriedade
numero 3 (mais baixo) e numero 4 (mais alto). Não houve correlação significativa entre CCS
e UFC e verificou-se a presença de grande quantidade de coliformes nas placas de
contagem, levando-se em consideração a alta contagem de UFC, que foi superior ao limite
estabelecido pela legislação vigente em algumas propriedades, não corresponderem à CCS
que se manteve dentro da normalidade em todas as propriedades, sugere-se que a
contaminação do leite ocorreu durante a ordenha ou posterior a ela, devido, provavelmente
ao inadequado processo de lavagem e desinfecção da glândula mamária, bem como das
mãos do ordenhador ou da ordenhadeira. Desta forma, sugere-se a introdução de um
programa de educação sanitária, para orientação do processo de obtenção higiênica do
leite.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Produção de leite
111
PRODUÇÃO DE LEITE
EM01. EFEITO DA FASE DA LACTAÇÃO NA GLÂNDULA MAMÁRIA DE OVELHAS DA
RAÇA SANTA INÊS – BRASIL. EFFECT OF LACTATION PHASE ON THE UDDER
HEALTH STATUS OF SANTA INÊS SHEEP – BRAZIL. M. G. Blagitz1, N. R. Benites2, P. A.
Melville2, P. S. Betiol1, M. C. A. Sucupira1, M. R. Azedo1, V. Gomes1, A. M. M. P. Della
Libera1 ([email protected])
1
2
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – USP – Departamento de Clínica Médica
- São Paulo – SP.
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – USP – Departamento de Medicina
Veterinária Preventiva e Saúde Animal – São Paulo – SP.
RESUMO
Em muitas regiões do mundo, ovinos considerados de dupla aptidão ou empregados em
cruzamentos industriais, mantidos em sistemas extensivos e semi-intensivos, são
fundamentais para a economia local. Afecções mamárias e eventuais particularidades da
fisiologia da lactação dessas fêmeas devem ser compreendidas para identificar variações na
susceptibilidade dessas mamas e a adoção de medidas específicas. Para tal
esclarecimento, este estudo procurou avaliar a influência do estágio da lactação na
susceptibilidade à infecção e/ou inflamação mamária por meio do acompanhamento da
lactação de 33 ovelhas da raça Santa Inês. Inicialmente, as amostras de leite foram
analisadas pelo exame do fundo escuro e, posteriormente colhidas amostras para o exame
bacteriológico, California Mastitis Test (CMT) e contagem de células somáticas (SCC). A
lactação foi subdividida em oito fases e não foram observadas diferenças pelo CMT, mas
sim quanto a CCS. As ovelhas do 3º ao 5º dia da lactação apresentaram maior celularidade
quando comparadas com as ovelhas entre o 16º e o 30º dias e entre o 46º e o 60º dias em
lactação. As ovelhas com mais de 90 dias de lactação apresentaram maior celularidade
quando comparadas com as ovelhas entre o 6º e o 30º dias e entre o 46º e o 60º dias em
lactação. Maior número de células polimorfonucleares e de células totais foi identificado nas
ovelhas entre o 3º e o 5º dia em lactação em relação às ovelhas entre o 16º e o 30º dias em
lactação, e maior quantidade de células mononucleares nas ovelhas entre o 3º e o 5º dias
em lactação em relação as ovelhas entre o 16º e o 30º dias e entre o 46º e o 60º dias de
lactação. Não foram encontradas diferenças no exame bacteriológico que pudessem ser
associadas a maior susceptibilidade à infecção em alguma fase da lactação. Quanto à
inflamação, observou-se maior celularidade no início e final da lactação.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Produção de leite
112
EM02. ATENDIMENTO DAS NECESSIDADES HUMANAS EM PROPRIEDADES COM
ALTA E BAIXA CONTAGEM BACTERIANA TOTAL 1. SATISFACTION OF HUMAN
NEEDS IN DAIRY FARMS WITH HIGH AND LOW TOTAL BACTERIAL COUNT. Talita Gil
Regis do Amaral2, Ana Carolina de Oliveira Rodrigues2, Luiz Carlos Roma Júnior2, Teodoro
Teles Martins2, Paulo Fernando Machado2 ([email protected])
1
2
Parte da dissertação da primeira autora, financiada pela FAPESP.
Clínica do Leite – ESALQ/USP – Piracicaba, SP.
RESUMO
Maslow (1950) desenvolveu uma teoria a respeito da motivação das pessoas baseando-se
nas necessidades humanas e distinguindo-as em dois tipos: primárias e secundárias, sendo
as primárias, fisiológicas e de segurança e as secundárias divididas em proteção, afetivosociais, estima e auto-realização. Para verificar o atendimento das necessidades humanas
em funcionários de propriedades leiteiras, 123 funcionários de 74 propriedades
responderam a um questionário presencial. As propriedades foram classificadas de acordo
com a contagem bacteriana total (CBT) do tanque e separadas em dois grupos, um com alta
(330.113 ufc/ml, 38 propriedades) e outro com baixa CBT (49.126 ufc/ml, 36 propriedades).
As perguntas do questionário foram agrupadas conforme as classes de necessidades e
analisadas em três intervalos de atendimento: funcionários das propriedades que possuíam
até 49% de atendimento de determinada necessidade (primeiro intervalo), os que possuíam
de 50 a 80% (segundo intervalo), e mais do que 81% (terceiro intervalo). A partir da
quantidade de respostas positivas relacionadas à cada classe de necessidade, foi calculada,
para cada funcionário, a porcentagem total de atendimento e, então, determinado em qual
intervalo estaria inserido. Com relação às necessidades fisiológicas, a maioria de ambos os
grupos (72% para alta e 77% para baixa CBT) inseriu-se no segundo intervalo. No entanto,
12% dos funcionários das propriedades de alta CBT apresentaram-se no terceiro intervalo,
enquanto que nenhum funcionário das de baixa se encontrava (P=0,0178). A maioria das
necessidades de segurança para funcionários das de alta CBT estava inserida no primeiro
intervalo (52%), enquanto que para os de baixa, estavam no segundo intervalo (62%). Para
as necessidades de proteção, a grande maioria de ambos os grupos estavam no primeiro
intervalo e apenas 3% dos funcionários das de alta e 17% das de baixa CBT se
encontravam no segundo intervalo (P=0,0087). As necessidades afetivo-sociais estavam
sendo bem atendidas em ambos os grupos (63% e 72% para as propriedades de alta e
baixa CBT, respectivamente, se encontravam no terceiro intervalo). As necessidades de
estima estavam sendo melhor atendidas no grupo com baixa CBT (79% no segundo
intervalo versus 63% do de alta). Já as necessidades de auto-realização estavam
distribuídas entre os dois primeiros intervalos, apresentando alta porcentagem para aqueles
que não possuíam nenhum atendimento (37% para alta e 33% para baixa). Pode-se concluir
que a maioria das necessidades tendeu a ser melhor atendida para os funcionários de
propriedades de baixa CBT, o que poderia demonstrar a influência das pessoas na
qualidade do leite produzido.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Produção de leite
113
EM22. CARACTERÍSTICAS DA PRODUÇÃO LEITEIRA DA REGIÃO DO AGRESTE DO
ESTADO DE PERNAMBUCO, BRASIL. CHARACTERISTICS OF THE MILK
PRODUCTION OF THE AGRESTE REGION OF THE STATE OF PERNAMBUCO, BRAZIL.
Alexandre Amorim Monteiro1, Ronaldo Tamanini1, Livia Cavaletti Corrêa da Silva 1, Marcos
Rodrigues de Mattos1, Douglas Furtado Magnani1, Loredana d’Ovidio1, Márcia de Aguiar
Ferreira Barros1, Luis Augusto Nero2, Edleide Maria Freitas Pires 3, Benoit Pascal Dominique
Paquereau4, Vanerli Beloti1. ([email protected])
1
2
3
4
Universidade Estadual de Londrina - CCA - DMVP, Londrina-PR.
Universidade Federal de Viçosa, Viçosa-MG.
Universidade Federal de Pernambuco, Recife - PE.
Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco, Recife - PE.
RESUMO
O Agreste pernambucano é caracterizado por uma economia diversificada, com diferentes
cultivos, além da pecuária de leite e de corte. Em 2004 o Estado produziu 398 milhões de
litros de leite, o que representou 14,7% da produção da Região Nordeste e 1,7% da
produção Nacional. No Brasil, de modo geral, o leite é obtido sob condições higiênicosanitárias deficientes e, em conseqüência, apresenta baixa qualidade microbiológica. Outra
característica bastante marcante é o predomínio de pequenas e médias propriedades com
características de agricultura familiar, onde geralmente a atividade leiteira é a principal fonte
de renda. Este trabalho teve como objetivo caracterizar as propriedades leiteiras da região
Agreste do Estado de Pernambuco, observando condições e fatores que pudessem interferir
na qualidade do leite. Com a orientação da Secretaria de Agricultura do Estado de PE e da
COPROL, cooperativa que congrega 21 laticínios do Estado, foram selecionadas 41
propriedades leiteiras da região. Observou-se o predomínio das propriedades de pequeno
porte, com até 25 (43,9%) animais em lactação, e ordenha manual em 36 (87,8%) das
propriedades. Com relação à estrutura física das propriedades estudadas, observou-se que
a maioria apresentava condições que foram consideradas como deficientes, sem instalações
básicas ou com instalações mal planejadas. Conseqüência desse perfil foi a alta freqüência
de acúmulo de lama e fezes dos animais nos locais de ordenha. Em 23 (56,1%)
propriedades, a ordenha era realizada em um estábulo de chão batido ou de concreto. Em
relação às práticas de higiene na ordenha, 16 (39,0%) dos produtores lavavam os tetos
antes da ordenha, mas apenas 4 (9,8%) realizavam pré-dipping e 34 (82,9%) ordenhavam
com a presença do bezerro. Apenas 5 (12%) das propriedades realizavam algum tipo de
tratamento da água utilizada para higienização de instalações e equipamentos, mesmo a
água para consumo humano era tratada em apenas 43,9% das propriedades. A
refrigeração do leite era realizada por 10 (24,4%) propriedades em tanques comunitários.
Quanto à sanidade do rebanho 39 (95,1%) proprietários realizavam vacinação para febre
aftosa e 23 (56,1%) para brucelose, enquanto 10 (24,4%) realizavam teste para tuberculose.
Observou-se, ainda, alto índice de analfabetismo entre ordenhadores e capacitação
deficiente para a atividade. As condições de produção se revelaram precárias quanto às
estruturas nas propriedades, mostrando a necessidade da melhoria das instalações e
manejo dos animais e, principalmente, a implantação de Boas Práticas na ordenha.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Produção de leite
114
EM34. INFLUÊNCIA DA INTERAÇÃO ENTRE RETIREIRO/VACA LEITEIRA NA
PRODUÇÃO DE LEITE. EVALUATION OF STOCKPERSON/DAIRY COW INTERACTION
ON MILK PRODUCTION. Priscila Silva Oliveira4; Gilberto Berringer de Assumpção4; Cláudia
Ribeiro do Valle1; Andréa Rentz Ribeiro1; Marcelo Simão Rosa2; André S. Carvalho Dias3.
([email protected])
1
2
3
4
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC MINAS) Poços de Caldas.
Departamento de Zootecnia – FCAV/UNESP – Jaboticabal/SP. ETCO – Grupo de Estudos
e Pesquisas em Etologia e Ecologia Animal. Escola Agrotécnica e Federal de
Muzambinho/MG
Zootecnista
Médico Veterinário
RESUMO
O conhecimento sobre o comportamento do animal, as interações sociais e os requisitos
psicológicos dos animais são de grande importância para uma produção alta e eficiente de
leite. O objetivo do presente estudo foi avaliar a influência da interação do retireiro com a
vaca leiteira na produção de leite, tempo de permanência na sala de ordenha (TSO) e tempo
de ordenha(TOR). O estudo foi realizado em oito estábulos pertencentes à fazenda
Chiqueirão, que se localiza na cidade de Poços de Caldas/MG. Em cada estábulo avaliado,
foram observados 20% dos animais quanto ao comportamento e a interação com o retireiro.
Foram avaliadas sete categorias do comportamento do retireiro (falar, tocar, chamar,
empurrar, gritar, bater e torcer a cauda) e quatro categorias do comportamento do animal
(defecar, urinar, ruminar e movimento de pernas). A interação foi classificada de acordo com
o fator calculado pela razão entre as médias de interações positivas e negativas (adaptado
de Rosa, 2004) em interação desaconselhável; instável e aconselhável. Quando a razão foi
igual a zero, a interação pode ter sido aconselhável ou desaconselhável, de acordo com a
freqüência relativa dos blocos positivos e negativos. Em 50% dos estábulos a interação foi
classificada como desaconselhável, em 37,5% foram instáveis e somente no estábulo 8
(12,5%) foi aconselhável. Os dados de produção, coletados semanalmente, foram utilizados
para calcular a produção total de leite durante a lactação. Com esses dados, a média da
produção das novilhas e das vacas de cada barracão foi calculada e correlacionada com a
classificação do relacionamento retireiro/vaca leiteira. As análises estatísticas utilizadas
foram Qui-quadrado e o teste de Tukey. Com exceção da produção de leite das novilhas do
estábulo 7, a produção nos estábulos considerados desaconselháveis (1,2,6 e 7 ) não foi
diferente (p>0,05) da produção do estábulo 8, considerado aconselhável. Neste trabalho, a
interação do retireiro com a vaca não influenciou na produção de leite das novilhas e das
vacas. Não observou-se diferenças no TSO e TOR entre os estábulos. O comportamento
das vacas durante a ordenha foi influenciado, não só pela qualidade da interação, mas
principalmente pela freqüência desta, sendo ela positiva ou negativa. A presença do bezerro
e o espaço amplo que as vacas dispunham no ambiente de ordenha garantiu um nível de
bem-estar adequado e minimizou a influência das ações negativas humanas.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Produção de leite
115
EM43. ASPECTOS PRODUTIVOS E AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO LEITE DE
ANIMAIS DO REBANHO LEITEIRO DA FAZENDA EXPERIMENTAL LAGEADO.
PRODUCTIVE ASPECTS AND EVALUATION OF MILK QUALITY OF ANIMALS FROM
LAGEADO EXPERIMENTAL DAIRY HERD. Patrícia Yoshida Faccioli1, Lucilene Granuzzio
Camossi1, Benedito Donizete Menozzi1, Aristeu Vieira da Silva2, Helio Langoni1.
([email protected])
1
2
Núcleo de Pesquisas em Mastites – NUPEMAS - Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia – UNESP - Botucatu, SP.
Mestrado em Ciência Animal – Universidade Paranaense - UNIPAR – Umuarama, PR.
RESUMO
A mastite é a afecção mais importante nos rebanhos leiteiros, devido à alta prevalência, por
causar prejuízos ligados à diminuição da produção, comprometimento funcional da glândula
mamária e algumas vezes do próprio animal. A sanidade do úbere pode ser avaliada, pelo
California Mastitis Test (CMT), pela contagem de células somáticas (CCS), produção e
exame microbiológico, como a contagem bacteriana total (CBT). Com o objetivo de avaliar a
sanidade da glândula mamária de animais do rebanho leiteiro da fazenda experimental da
FMVZ, acompanharam-se vários parâmetros, analisando-se a influência sobre a produção
leiteira e sanidade da glândula mamária. Foram realizadas coletas de leite semanais durante
20 semanas, na ordenha da manhã, de cinco animais em lactação. Realizou-se o teste da
caneca de fundo negro e CMT. Os tetos foram higienizados e a seguir coletaram-se
amostras de leite para exame microbiológico, para CCS por teto e CCS composta de cada
vaca. Ao final de cada ordenha procedeu-se a pesagem do leite de cada animal. A análise
dos resultados revelou que não há uma correlação sustentada entre a CCS composta e a
produção leiteira, pois essa correlação foi vista em apenas um animal. Da mesma forma não
se detectou correlação entre as variáveis CCS média e produção de leite, fato que ocorreu
somente em um animal e com tendência à significância em outro. Houve correlação
negativa entre os resultados do CMT total por vaca e a produção leiteira, ou seja, quanto
maior o grau de inflamação da glândula mamária, avaliada pelo resultado do CMT em
número de cruzes/vaca, menor a produção, com exceção de um animal. Verificou-se que a
CCS foi significativamente mais elevada nas amostras de leite onde houve o isolamento de
Staphylococcus aureus, em relação às amostras em que o resultado microbiológico foi
negativo. Verificou-se decréscimo significativo na produção de leite quando a vaca estava
infectada por Staphylococcus spp em relação àquelas infectadas por S. aureus. Apesar do
número de animais estudados ser reduzido, o trabalho mostrou a importância do estudo da
dinâmica da produção leiteira, como ferramenta que permite avaliar as perdas inerentes à
produção leiteira, que também está diretamente relacionada à qualidade do leite produzido e
entregue aos laticínios, que por outro lado também percebem os efeitos negativos quando a
qualidade do leite não é adequada, devido ao menor rendimento industrial.
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Índice Remissivo
116
PALESTRAS
Adil Knackfuss Vaz, 38
Alice Maria Melville Paiva Della Libera, 64
Hélio Langoni, 8
Laerte Dagher Cassoli, 30
Luis Fernando Laranja da Fonseca, 18
Maiara Garcia Blagitz, 64
Marcos Veiga dos Santos, 18
Maria de Lourdes Ribeiro de Souza da Cunha,
56
Martin Pol, 52
Milton Ricardo Azedo, 64
Newton Pohl Ribas, 45
Paulo Fernando Machado, 30
RESUMOS
A
C
Adil Knackfuss Vaz, 76, 85, 87
Alexandre Amorim Monteiro, 107, 113
Carlos Roberto Padovani, 99, 109
Alice Maria Melville Paiva Della Libera, 111
Cassiano Victória, 98
Alonso Pereira da Silva Filho, 83
Cláudia Ribeiro do Valle, 79, 86, 114
Amanda Keller Siqueira, 88
Cristiana Mármore, 90
D
Ana Carolina de Oliveira Rodrigues, 96, 112
Ana Maria Centola Vidal-Martins, 77, 78
Davi Rubem da Silva, 83
Ana Paula P. Battaglini, 107
Débora Tieko Parlato Sakiyama, 110
André S. Carvalho Dias, 114
Deolinda M. Vieira F. Carneiro, 76, 87, 110
André Vicente Ruiz de Matos, 100, 101
Douglas Furtado Magnani, 113
E
Andréa Paiva Botelho Lapenda de Moura, 83
Andréa Rentz Ribeiro, 79, 86, 114
Edleide Maria Freitas Pires, 113
Antonio Carlos Paes, 97
Elizabeth Oliveira da Costa, 88, 90
Antônio Nader Filho, 75, 89
Elizabeth Sampaio de Medeiros, 83, 84
F
Aristeu Vieira da Silva, 100, 110, 115
Felipe de Freitas Guimarães, 110
B
Benedito Donizete Menozzi, 99, 109, 115
Fernando José Paganini Listoni, 97
Benites, N.R., 104, 105
Flávia Tereza Rocha Santos Cesco, 77
Benoit Pascal Dominique Paquereau, 113
Franklin Bispo, 90
Bernardo Stefano Bercht, 81
G
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Índice Remissivo
117
Gabriela Spinelli Hernandes, 102
Marcelo Brocchi, 82
Geovanny Mendoza-Sánchez, 89
Marcelo Simão Rosa, 86, 114
Geraldo Márcio Costa, 91, 92, 93, 94, 108
Marcelo T. Matsubara, 107
Gilberto Berringer de Assumpção, 86, 114
Márcia de Aguiar Ferreira Barros, 113
Gustavo Bueno Gregoracci, 82
Márcio Garcia Ribeiro, 88, 97
Gustavo Geraldo Medina Snel, 81
Marcos José Pereira Gomes, 80, 81, 82
H
Marcos Rodrigues de Mattos, 113
Haroldo Greca Júnior, 109
Maria Edi Rocha Ribeiro, 95, 103
Helenita Marques Torres, 80
Maria Regina Barbieri de Carvalho, 75
Hélio Langoni, 89, 98, 99, 100, 101, 109, 110,
115
Marisa Araújo Silva, 91, 92, 93, 108
Henrique L. da Ângela, 107
Melissa Hartman, 99, 100, 101, 109
Melville, P., 104, 105, 111
Humberto Tonhati, 89
Milton Ricardo Azedo, 111
J
N
Jorge Fainé Gomes, 95
N. R. Benites, 111
José Fernando Guarín, 96
Nelson Eder Martins, 94
José Jurandir Fagliari, 77, 78
Nivaldo da Silva, 91, 92, 93, 94, 108
José Wilton Pinheiro Junior, 83
Juliana R. P. Arcaro, 90
O
Olegário Moraes Buarque, 83
Júnia Teixeira Pacheco, 91, 94
L
P
P. S. Betiol, 111
Laerte Dagher Cassoli, 96
Patrícia Yoshida Faccioli, 99, 101, 109, 115
Lain Uriel Ohlweiler, 85
Paulo Fernando Machado, 96, 112
Leonardo Souza Justiniano, 79
Leonardo Tondello Martins, 85
Leonildo Bento Galiza da Silva, 84
Livia Cavaletti C. da Silva, 107, 113
Lívia Lima dos Santos, 91, 108
Poliana de Castro Melo, 77
Priscila Bachur Sicchierolli, 77
Priscila Silva Oliveira, 114
Priscila Silva, 86
Priscilla Anne Melville, 88
Loredana d’Ovidio, 113
R
Luciana Cavalcanti de Arruda Coutinho, 84
Lucilene Granuzzio Camossi, 100, 110, 115
Luis A. Nero, 107, 113
Rachel Karine Pilla Silva, 81, 82
Rafael Fagnani, 106, 107
Renata Bonini Pardo, 89
Luiz Carlos Roma Júnior, 112
Luiz Francisco Zafalon, 75
Renata Schramm, 95
Rinaldo Aparecido Mota, 83, 84
Luiz Paulo Martins Filho, 77, 78
M
Roberta Farias Veiga, 85, 87
Roberto Ximenes Bolsanello, 99
M. C. A. Sucupira, 111
Rodolfo de Moraes Peixoto, 83
Maiara Garcia Blagitz, 111
Rodrigo Garcia Motta, 97
Maira Balbinotti Zanela, 95, 103
Manoel Paulo Menna Barreto Duarte, 80, 81
Ronaldo Tamanini, 106, 107, 113
Rosângela Silveira Barbosa, 95
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007
Índice Remissivo
118
S
Sabrina Jurse, 107
Simone Baldini Lucheis, 102
Souto, L.I., 104, 105
Susan Dora Allendorf, 97
T
Talita Gil Regis do Amaral, 112
Tânia Mara Azevedo de Lima, 75
Tatiana Salerno, 88
Teodoro Teles Martins, 112
Teresinha Ferreira, 80
U
Ulisses de Pádua Pereira, 91, 92, 93, 94, 108
Uwe Roesler, 88
V
V. Gomes, 111
Vagner M. Portes, 76, 85, 87
Valter Ferreira Félix Bueno, 88
Vanerli Beloti, 106, 107, 113
Verônica Santos Mombach, 82
Veruska Maia, 100
Vitória Maria Vallin, 106
Vivian Fischer, 103
Viviane Maia de Araújo, 96
W
Waldyr Stumpf Jr., 95, 103
William Dick, 85
Z
Zappa, V., 104, 105
IV Encontro de Pesquisadores em Mastites
2007

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