Arquivo PDF - Associação Brasileira da Batata

Transcrição

Arquivo PDF - Associação Brasileira da Batata
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Editorial
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Curtas
Rua Euclides de Moraes Rosa, 45
Itapetininga/SP – Brasil - CEP. 18201-760
Fone/Fax: 55 (15) 3272-4988
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Eventos
[email protected]
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Ensino
- Batata pré frita congelada - Por que importamos?
Batata Show é uma revista da
ABBA – Associação Brasileira da Batata
www.abbabatatabrasileira.com.br
Presidente
Emílio Kenji Okamura
Diretor Administrativo e Financeiro
Francisco Schebeski
Diretor de Marketing e Pesquisa
Pedro C. R. Hayashi
Diretor Batata Consumo e Indústria
João Emilio Rocheto
Diretor Batata Semente
Edson M. Asano
Gerente Geral
Natalino Shimoyama
Coordenadora de Marketing e Eventos
Daniela Cristiane de Almeida
Jornalista Responsável
César José dos Santos
Mtb 69783/SP
- Agrícola FZ investe na construção de uma nova máquina de
beneficiamento de Batata
- Você conhece o COMSEA de Itapetininga/SP?
- Jornada Produtiva FLV da Syngenta foi um sucesso e contou
com a parceria da ABBA
- COOPERBATATA - Dia de Campo 2014
- FATEC Itapetininga é premiada no Desafio Inova com Nhoque de Batata enriquecido
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Indústria - Entraves a superar
Fitopatologia - Requeima: A ameaça de aproxima
Empresas Parceiras
- TIMAC Agro lança o potássio mais inteligente e produtivo do
mercado
- Os efeitos do El Niño na agricultura da América Latina
- Eficiência, qualidade e valor agregado: inovando na embalagem de Batatas e hortaliças
- Profissional da FMC é reconhecido na 17ª edição do Prêmio
ANDEF
- Criando as cultivares de Batatas do futuro
- Parceria entre BASF, SEBRAE e Fischer S/A Agroindústria
certifica 23 produtores de maçã catarinenses
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Batata Semente
- A Batata Semente no Brasil
- Produção de Sementes e Microtubérculos de Batata
- Germinação da Batata Semente
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Fotos
Colaboradores ABBA - Elcio Hirano
Tecnologia
- Dessecação em pré-colheita na produção de Batata
64 Economia
- PIB Brasil - Mais uma vez, o agro salvando a lavoura
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Controle Biológico
- Manejo Integrado de Pragas e Doenças na Cultura da Batata
Alternativas de Controle
Os artigos publicados são de exclusiva responsabilidade de
seus autores e não representam a opinião total dessa revista. É
permitida a reprodução total ou parcial das matérias, desde que
citada a fonte. Por falta de espaço, não publicamos as referências
bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta
edição. Os interessados podem solicitá-las à ABBA pelo e-mail:
[email protected] ou aos autores dos artigos.
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Celebridade Batata - Hilario Miranda
Comercialização - Preço da Batata
Curiosidades - Bondades de la papa
Culinária
- Batata Crocante com Gorgonzola em Cama de Espinafre
Revista Batata Show
Ano XIV nº 40
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editorial
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O
Seca Histórica
ano 2014 será inesquecível devido à seca histórica
e aos preços baixíssimos
que causaram prejuízos
“medonhos” a muitos produtores de batata
do Brasil.
A seca “pegou na veia” as 03 maiores regiões produtoras de batata do Brasil – Triângulo Mineiro, Sul de Minas Gerais e Vargem
Grande do Sul – SP. Em alguns locais destas
regiões não choveu “uma gota” no período de
julho a setembro.
As consequências deste “veranicão” foram
prejuízos incalculáveis que “alejaram“ produtores bem estruturados, “amputaram” produtores medianamente estruturados e “aniquilaram” os produtores sem estrutura.
No Triângulo Mineiro a necessidade de irrigar mais vezes aumentou as despesas e as
elevadas temperaturas reduziram a produtividade. Para complicar mais ainda, as infestações de moscas brancas aumentaram “como
nunca” e não houve a “tradicional trégua”, ou
seja, as moscas que geralmente “desaparecem”
em março e retornam em outubro não deram
“folga” aos produtores e vão “emendar” 2014
e 2015.
Em se tratando de mosca branca a situação
é preocupante, pois não há muitas informações e pesquisas sobre os prejuízos que esta
praga poderá causar à produção de batata.
Considerando apenas os danos diretos (sucção e fumagina) já vi 1 hectare sem mosca
branca e 12 hectares infestados de mosca
branca resultar em produções iguais - 60 toneladas. Recentemente, na Colômbia (ALAP
2014 - Bogotá), conheci uma ameaça muito
maior - a transmissão generalizada de viroses
devastadoras.
Na região de Vargem Grande do Sul – SP,
Revista Batata Show
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o período de seca com temperaturas amenas
e a disponibilidade de água para irrigar resultou em uma excelente produção – muitos produtores conseguiram colher mais de
50 toneladas/hectare de batatas de excelente
qualidade – praticamente sem problemas fitossanitários. Tudo poderia ter sido “maravilhoso” não fosse o aumento da área em mais
de 20% e a concentração do plantio em abril
devido à preocupação com a possível falta de
água de irrigar. O resultado prático foi a concentração da colheita nos meses de agosto e
setembro.
Na região Sul de Minas Gerais, a previsão
de seca foi motivo determinante para reduzir
a área plantada. Além da decisão dos produtores, a fiscalização de órgãos governamentais
impediu “corretamente” o plantio em áreas
onde havia risco de faltar água à população.
Não custa lembrar que esta região é altamente povoada e que antes da batata estão pessoas
e animais. Segundo informações de pessoas
da região, as autoridades chegaram a “lacrar”
algumas “bombas d’água” de produtores que
insistiam em plantar batata.
Nas demais regiões produtoras a seca não
foi tão grave. Na região sudoeste de São Paulo e Cristalina – GO ocorreram poucas chuvas, não faltou água para irrigar e a produção
foi relativamente boa, ou seja, de 30 a 40 toneladas/hectare. Na Chapada Diamantina –
Bahia a situação foi horrível no ano anterior,
mas este ano foi mais tranquilo. Na região
Sul não ocorreu seca , ao contrário, em alguns momentos choveu até demais.
Após comentar sobre a seca não podemos
esquecer das causas que provocaram os preços
baixíssimos, talvez um dos piores períodos da
história da batata no Brasil.
A situação foi tão dramática que nos mo-
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mentos mais críticos não havia para quem
vender as batatas. Em dias menos caóticos,
um saco de batata especial (50 kg) foi vendido a R$ 7,00 e as batatas de classe inferior (primeira, segunda, diversas, florão) não
tinham preço, ou seja, não valiam nada e ninguém queria comprar.
Para complicar um pouco mais, não
podemos deixar de alertar sobre o “Fenômeno Ágata” – praticamente todos os produtores tentavam vender a mesma variedade – ágata, ágata, ágata, ágata, ágata, ágata,
ágata, 100 vezes ágata. Em minhas viagens é
comum observar a oferta de 05 ou mais variedades com excelentes aptidões culinárias,
que apesar de serem “simpáticas” proporcionam satisfação aos consumidores. No Brasil
seguimos “cumprindo ordens” de atacadistas
e varejistas que priorizam as batatas “bonitinhas”, que muitas vezes provocam decepções
irreversíveis dos consumidores brasileiros. Al-
guns de vocês lembrarão-se da época em que
se ofertavam simultaneamente as variedades
Bintje, Achat, Delta, Baronesa, Baraka.
Para complicar totalmente as consequências da seca não podemos deixar de ilustrar o
“poder de barganha” ou, se preferir, a “sabedoria” das grandes redes de varejo. No dia em
que batata estava a R$ 0,10/kg para o produtor, visitei por curiosidade um hipermercado
e fiquei “super feliz” quando a mesma classe
de batata era vendida a R$ 3,99 / kg.
Agora fica fácil entender a mensagem da
capa desta edição – pau no produtor e mais
ainda no consumidor.
Em alguns países o governo promulga
leis que obrigam estas mesmas redes de varejo presentes no Brasil a informar aos consumidores os preços pagos aos produtores
para evitar que os preços sejam multiplicadas por 40.
fmcagricola.com.br
A diferença entre
crescer e ir além.
LinhA Fertís
bAtAtA
Um novo conceito no alcance de altas produtividades.
Linha de produtos especiais fundamentada em:
• Redução de efeitos negativos causados por estresses abióticos e bióticos
• Exploração do potencial genético das culturas
• Maior otimização do uso de nutrientes pelas plantas
Crescer bem protegido é sempre bom, mas quando isso é feito com nutrição é ainda melhor.
Chegou a linha Fertís da FMC, com ela sua planta se desenvolve como gente grande e apresenta resultados superiores.
Fertís. O importante é crescer com saúde.
A
diretoria
ABBA
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Nova Diretoria
ABBA
ABBA realizou Assembleia Ordinária no dia 07
de outubro de 2014 e elegeu a diretoria para o triênio 2014 – 2017.
A importância do associativismo é indiscutível no mundo atual devido à competitividade e os desafios
provocados pela globalização.
O objetivo da ABBA continuará
sendo defender, sustentar e modernizar a Cadeia Brasileira da Batata, priorizando os benefícios aos Associados,
Colaboradores e Empresas Parceiras.
Composição da Diretoria
FUNÇÃO
Diretor Presidente
Diretor Administrativo
e FinanceirO
Diretor Batata
Consumo e Indústria
Diretor Batata Semente
Diretor Marketing
e Pesquisa
Conselho Consultivo
Conselho Fiscal
NOME
CIDADE
Emílio Kenji Okamura
Capão Bonito/SP
Francisco Schebeski
Ponta Grossa/ PR
João Emilio Rocheto
Perdizes/ MG
Edson Massatoshi Asano
Guarapuava/ PR
Vargem Grande do
Sul/ SP
Itapetininga/ SP
Guarapuava/ PR
Palmeira/ PR
São Gotardo/ MG
Cristalina/ GO
Pilar do Sul/ SP
Itapetininga/ SP
Canoinhas/ SC
Pedro C. R. Hayashi
Antonio Carlos Rodrigues
José Massamitsu Kohatsu
Paulo Roberto Dzierwa
Carlos Hamahiga
Shizuo Hayashi
Tadashi Jori Morioka
Tsuyoshi Oi
Satoru Ogawa
Revista Batata Show
Ano XIV nº 40
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entomologia
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Novo inimigo natural de mosca-branca para o Brasil
André L. Lourenção1; Valmir A. Costa2; Lillian S. Pereira1;
Juliana C. Prado1
1
Instituto Agronômico (IAC); 2Instituto Biológico (IB)
[email protected]
A
mosca-branca Bemisia tabaci biótipo B é uma das principais pragas
da agricultura brasileira e mundial. As principais características
que tornam muito difícil seu controle envolvem sua
plasticidade genética, seu potencial reprodutivo e sua
capacidade de transmitir muitas espécies de vírus a
várias plantas de interesse econômico. No Brasil, o
método de controle mais disponível e utilizado é o
químico, sendo que muito pouco se tem pesquisado
sobre outras táticas de controle, como o biológico,
por exemplo. Assim, em nosso país, o conhecimento
sobre inimigos naturais de B. tabaci é muito limitado,
principalmente envolvendo parasitoides. Não há estudos sobre sua eficiência, restringindo-se os poucos
trabalhos existentes na literatura a relatos de ocorrência, que incluem apenas vespinhas pertencentes ao
gênero Encarsia (Tabela 1). Contudo, recentemente
foi descoberta a presença de um parasitoide de outro
gênero (Eretmocerus), parasitando ninfas de B. tabaci
biótipo B no estado de São Paulo.
No Centro Experimental de Campinas, pertencente ao Instituto Agronômico (IAC), em experimento de resistência de genótipos de algodoeiro a B.
tabaci (Genn.) biótipo B instalado em condições de
casa de vegetação, observou-se alto parasitismo em
ninfas dessa mosca-branca nas folhas em avaliação.
Para obtenção dos parasitoides, folhas com ninfas parasitadas foram destacadas das plantas, tiveram seus
pecíolos envoltos em algodão umedecido e foram
mantidas em placas de Petri. Diariamente foram feitas observações e coletas dos parasitoides emergidos,
os quais foram montados em lâminas em bálsamo
do Canadá. As identificações foram feitas de acordo
com a literatura específica para esse grupo de insetos,
tendo sido verificada a presença dos seguintes parasitoides: 13 espécimes de Encarsia lutea (Masi), um
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de En. inaron (Walker) e 115 de Eretmocerus mundus
Mercet (Hymenoptera: Aphelinidae) (Figura 1).
Eretmocerus mundus é espécie nativa do Mediterrâneo e apresenta grande especificidade para B. tabaci, embora tenha registro para outras onze espécies
de moscas-brancas (Figura 2). Trata-se de um parasitoide solitário, cuja fêmea oviposita externamente
no corpo do hospedeiro, entre a ninfa e a folha. Após
a eclosão, a larva de primeiro ínstar penetra na cutícula da ninfa, começa a se alimentar e, ao final de
seu ciclo, empupa internamente. Ninfas de segundo
e terceiro ínstares são as preferidas para oviposição.
Introduzido nos EUA para controle de B. tabaci, Er. mundus tornou-se componente importante na
fauna de parasitoides desse gênero, nativos e introduzidos para esse fim. Assim, estabeleceu-se em estados
do sul desse país, como Arizona, Texas e Califórnia,
sendo, neste último, predominante em levantamentos realizados para recaptura de parasitoides liberados nesse programa de controle biológico de B. tabaci com agentes exóticos. Na América Central e no
Caribe é relatada sua presença no México e em Porto
Rico e, na América do Sul, na Argentina.
Como há muitos anos as observações de parasitismo em ninfas de B. tabaci biótipo B nesta estação do
IAC em Campinas e também de forma mais pontual
em Lavras (MG) e Brasília (DF) sempre se referiam a
espécies de Encarsia (Figura 3), pode-se inferir que se
trata de uma introdução recente desse parasitoide, já
que não há relatos na literatura da ocorrência de Er.
mundus no Brasil. É possível que em nosso país Er.
mundus possa ter desempenho semelhante ao observado nos EUA após sua introdução, tornando-se um
importante agente de controle biológico de B. tabaci
biótipo B em diferentes culturas, uma vez que esta
espécie compreendeu cerca de 90% dos parasitoides
coletados no levantamento. Espera-se que alguma
empresa de controle biológico se interesse na produção desse parasitoide, para disponibilizá-lo comercialmente em nosso país, situação que já ocorre nos
E.U.A. e na Europa.
entomologia
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Figura 1. Porcentagem das espécies de parasitoides obtidas de ninfas de Bemisia tabaci biótipo B em folhas de
algodoeiro. Campinas, 2013.
Figura 2. Eretmocerus mundus. A. Vista lateral do adulto (Foto: Valmir A. Costa).
B. Adulto próximo a ninfas e a um adulto de Bemisia tabaci (Foto: Dan Gerling)
Figura 3. Parasitoides de Bemisia tabaci relatados no Brasil, com as localidades de ocorrência: Campinas (SP), Lavras (MG) e Brasília (DF)
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fitopatologia
Sclerotium Rolfsii
Podridão das hastes
Foto 1 - Com o atraso da colheita, a S. rolfsii pode apodrecer todos os tubérculos de uma cova
Um ano difícil como este, com seca nunca vista
na região, preços baixos de todos os produtos agrícolas, e uma economia em recessão etc. Neste cenário
caótico surge, nos campos de batata, uma doença
que no início da colheita era pouco expressiva, mas
aos poucos foi agravando a situação, culminando em
perda quase que total de algumas áreas. Apesar de
ocorrer todos os anos, seus danos eram pequenos e
nenhum produtor se preocupou com isto. Este ano
por haver condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento desta doença causou prejuízos, qualitativos e quantitativos.
O agente causal, Sclerotium rolfsii é um fungo
de solo que além de causar doenças a várias espécies
de plantas, atua também como decompositor de
matéria orgânica no solo. A temperatura ideal para
ao fungo se desenvolver éde 28 a 30°C (L.J.Turkensteen), e parece ser mais agressivo em solos arenosos.
As infecções começam na região do colo da planta
ou imediatamente abaixo do solo, colonizando raízes, estolões e tubérculos. É um organismo aeróbico,
ou seja, precisa de oxigênio para se desenvolver.
Nas nossas condições, apenas os tubérculos mostraram os sintomas. Danos às hastes talvez tenham passado despercebido ou por terem sido confundidos com
outro fungo, o mofo branco (Sclerotiniascleotiorum),
que produz estruturas semelhantes, o micélio branco.
No solo a colonização dos tubérculos começa pela superfície, que apresenta sob a forma de micélio branco
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e se distribui em forma de leque. Se as condições de
temperatura e umidade forem favoráveis ao fungo, o
tubérculo em pouco tempo será todo tomado (foto
1), logo em seguida formará pequenas bolas (foto
2), no início brancas, tornando marrons posteriormente, nesta situação o tubérculo atacado apodrece.
Estas estruturas são conhecidas como esclerócios que
são propágulos do fungo que vão permanecer no solo
por muito tempo até que as condições sejam favoráveis para reiniciar o ciclo; como doença ou como
organismo decompositor.
Se houver perda de umidade, o micélio desaparece, porém, pode ter deixado lesões que são invadidas por outros microorganismos que vão decompor
(apodrecer) o tubérculo. Esta situação foi observada
com muita frequência na região. Neste caso pode
haver dificuldade de diagnóstico, sendo confundido
com infecção causada por bactérias (foto 3) (Pectobacterium), principalmente em tubérculos lavados.
Tubérculos aparentemente sadios podem ter lesões
que não foram notadas no processo de seleção, acabam apodrecendo durante o transporte, desvalorizando o produto.
Normalmente os danos causados por esta doença são baixos, porém em condições como tivemos
este ano houve perdas significativas, principalmente
no terço final da safra em Vargem Grande do Sul
e região. Entre os fatores que levaram à explosão
da doença foram: solos explorados intensivamente,
temperatura muito alta e atraso da colheita. Apesar
de ter sido um ano seco, a umidade da irrigação é
suficiente para que o fungo se desenvolva, principalmente as irrigações que são feitas no final do ciclo
para facilitar a colheita.
Como medida controle é recomendada aração
profunda para que os esclerócios sejam enterrados
que pela falta de oxigênio não se desenvolve; evitar
que o solo seja infestado por ervas daninhas que seriam também colonizadas pelo fungo. Colher as batatas assim que estiver com pele “firme”, evitar atrasos da colheita. Usar batata-semente de qualidade
que comprovadamente não tenha sido produzido em
áreas cuja doença ocorreu, batata-semente pode ser
um veículo de transporte de propágulos para áreas
livres da doença.
Em teoria a maioria dos produtos químicos usados para o controle de outras doenças de solo deveria
ser efetivo para o controle da S.rolfsii, mas em campo
todos os tratamentos não tiveram um efeito significativo sobre o fungo.
Há vários relatos sobre o uso de produtos biológicos para o controle de S. rolfsii e outras doenças
de solo, o uso destes produtos, aliado à rotação de
cultura, pode ser um complemento para que os prejuízos causados sejam minimizados.
Foto 2 - As esferas da foto são os esclerócios, forma de
resistência do fungo
Foto 3 - Lesões deixadas pelo fungo podem ser invadidas
por bactérias e haver dificuldade de diagnóstico
Com o aquecimento global que é uma realidade,
organismos que não eram problema no passado passam a ser limitantes para a produção agrícola; aquilo
que era uma curiosidade acaba sendo um problema a
mais para o tão sofrido agricultor.
Pedro Hayashi, [email protected]
fitopatologia
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batata
semente
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Qualidade fitossanitária de campos de batata-semente
Foto 1: Coleta de folhas para posterior análise de vírus em laboratório. Foto: Carlos A. Lopes.
Semente de alta sanidade é essencial na agricultura. Na bataticultura, não é diferente, com o agravante
de que batata é propagada vegetativamente e, como
consequência, a batata-semente, que é um caule modificado, pode se contaminar com muitos patógenos
normalmente “filtrados” no processo de desenvolvimento de sementes verdadeiras. Além disso, a batata
e outras solanáceas estão sujeitas a dezenas de doenças que devem ser rigorosamente controladas para a
obtenção de uma semente de alta qualidade.
em quase todas as regiões produtoras de batata. Este
fato pode ser atribuído a vários fatores: 1. plantio em
regiões com temperaturas mais elevadas - condição
que facilita maior multiplicação de algumas pragas
e doenças, além de possibilitar o plantio o ano todo,
sem quebra do ciclo de algumas doenças; 2. concentração de áreas produtivas em algumas regiões específicas, havendo rotação de culturas em algumas áreas,
mas a presença da cultura em áreas próximas, ou seja,
ausência de vazio sanitário regional; 3. qualidade da
semente, talvez o principal problema, devido à reduzida taxa de utilização de sementes certificadas,
agravado por problemas de manejo fitossanitário na
lavoura comercial.
Nos últimos anos, têm-se observado aumento na
incidência de doenças e pragas como a requeima, pinta preta, sarna prateada, sarna comum, nematóides,
traça da batateira, mosca branca e murcha bacteriana
O correto manejo visando diminuir os problemas
fitossanitários envolve uma série de práticas que visam o controle integrado, e envolvem todo o processo de produção das sementes. Como medida integra-
Giovani Olegário da Silva, [email protected]
Carlos Alberto Lopes, [email protected]
Elcio Hirano, [email protected]
Revista Batata Show
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da para o controle de pragas e doenças, reforçamos
que as seguintes práticas devem ser utilizadas:
• Evitar plantar batata-semente repetidamente na
mesma área e fazer rotação com cereais ou pastagens;
• Evitar plantar batata em área onde foram cultivadas outras plantas da mesma família como pimentão, berinjela, tomate e jiló;
• Manter a distância entre lotes de batata-semente e batata-consumo, de acordo com as normas de
certificação;
• Sempre que surgirem as primeiras plantas com
viroses ou com doenças de solo, arrancá-las, junto
com as plantas próximas de todos os lados, e retirá
-las da área, de acordo com as normas de certificação
de batata-semente;
• Eliminar sistematicamente a soqueira no campo
e em torno dele;
• Arar o solo com antecedência de modo a expor
os patógenos, principalmente os nematoides fitoparasitas, ao dessecamento;
• Evitar o movimento de máquinas e pessoas de
áreas contaminadas para outros lotes;
• Plantar em solos bem drenados, que não acumulem água em excesso, pois solos encharcados favorecem muitas doenças, como a murcha bacteriana,
a sarna pulverulenta e as podridões de tubérculos;
• Não irrigar em excesso ou com água contaminada de outros campos;
• Não aplicar excesso de calcário, pois o pH acima
de 6,0 favorece a ocorrência da sarna comum;
• Adubar corretamente, pois a falta ou excesso de
nutrientes favorece o desenvolvimento de doenças;
• Plantar cultivares resistentes ou mais tolerantes
às doenças;
• Quando recomendado, pulverizar preventivamente com fungicidas registrados para a cultura,
quando as condições climáticas forem favoráveis a
uma determinada doença;
• Monitorar a população de insetos vetores de doenças e pulverizar somente quando necessário;
• Utilizar espaçamento correto para cada cultivar;
plantios densos, pouco arejados, favorecem doenças;
• Visitar frequentemente o campo e observar
qualquer irregularidade que favoreça doenças, como
vazamentos de canos de irrigação, ocorrência de
plantas daninhas e presença de insetos;
• Fazer eficiente controle de plantas daninhas,
principalmente as solanáceas que abrigam insetos
que transmitem vírus ou que causam danos às folhas
e tubérculos;
• Realizar a colheita com cuidado, de modo a não
ferir os tubérculos;
• A aplicação de inseticidas para o controle de viroses não se justifica no caso do PVY (transmissão
não circulativa). Com o vírus do enrolamento PLRV
(transmissão circulativa) a medida se justifica desde
que haja baixa incidência de virose no campo. Utilizar inseticidas específicos para pulgões;
• O uso indiscriminado de inseticidas com aplicações em dosagens acima do recomendado pelo fabricante de nada adianta no controle efetivo de viroses
de batata, levando rapidamente ao aparecimento de
resistência em várias pragas.
É bom que seja lembrado aqui que uma batata-semente sob certificação não é garantia total de isenção
de doenças; indica que ela foi produzida de acordo
com as normas e que, em caso de infecção, está dentro do limite de tolerância para uma determinada
doença e a classe de semente.
O tratamento fitossanitário com agroquímicos é
um dos procedimentos que podem ser adotados para
a prevenção e controle de doenças e pragas no sistema
convencional de plantio. O tratamento mais comum
utilizado é por meio de pulverizações preventivas nos
campos de sementes. Nestes tratamentos, devem ser
considerados a experiência do produtor, recomendação do responsável técnico, publicações técnicas e
orientações de técnicos especializados, acompanhados do receituário agronômico.
Erradicações
A erradicação é uma prática usada pelo produtor de sementes para manter a qualidade do campo e
consiste na identificação, arranquio e eliminação das
plantas doentes. As plantas que devem ser erradicadas são aquelas atacadas por mosaicos (leve e rugoso), vírus do enrolamento das folhas, vira-cabeça e
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amarelões (begomovírus e crinivírus), canela preta,
rizoctoniose, plantas fracas e misturas de cultivares.
É importante arrancar as plantas doentes e seus tubérculos, que devem ser descartados longe da lavoura
para evitar que se constituam em fontes de contaminação. Em caso de se constatar a presença de murcha bacteriana, mesmo que seja apenas uma planta
no campo, este deve ser condenado como semente
(tolerância zero); a seguir, é necessário realizar práticas para evitar a contaminação de lotes vizinhos,
que pode se dar pelo uso de tratores, movimento de
pessoas e escoamento da água de chuva.
Inspeções de campo e de tubérculos e limites
de tolerância para insetos-praga, doenças, danos
mecânicos e distúrbios fisiológicos
Os desafios para a produção de batata-semente não se restringem aos problemas de campo. Para
que o produtor de sementes possa comercializar a
sua produção, é necessário que ele esteja inscrito no
Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem),
que possua um responsável técnico pela produção e
que atenda a todas as exigências da legislação, como
a Lei de Proteção de Cultivares (Brasil, 1997), Lei
de Sementes (Brasil, 2004), Instrução Normativa
número 09, que aprova as normas para produção,
comercialização e utilização de sementes (MAPA,
2005), e a Instrução Normativa número 32 (MAPA,
2012), além de outras legislações mais específicas ou
relativas a cada estado da Federação, ou referentes,
por exemplo, a material importado.
mendações específicas constantes na Lei de Sementes
(Brasil, 2004).
Nos campos de sementes (ambiente não protegido), a IN 32 determina que o responsável técnico realize vistorias até 30 dias após a emergência e 60 dias
após a emergência. Após a formação do lote, é necessário fazer a vistoria de tubérculos, para avaliação
da qualidade física, fisiológica e sanitária, visando
verificar o atendimento dos padrões estabelecidos.
Todos os resultados são anotados em formulários
próprios presentes nos anexos desta Instrução Normativa. Além disso, é recomendado realizar também
uma vistoria prévia na área de plantio para observar
a presença de plantas invasoras, insetos, soqueira de
batata, e verificar o histórico da área.
A amostragem consiste na tomada de uma amostra do material vegetal, seja ele folhas ou tubérculos,
para verificação dos índices de doenças nas fases de
inspeção (Foto 01). Também serve para o envio para
os laboratórios de diagnóstico de doenças credenciados pelo MAPA, para que este emita os laudos fitossanitários necessários para a comercialização, confrontando-se os resultados com os limites de pragas e
defeitos fisiológicos constantes na IN 32.
Para a produção de sementes no país, em ambiente de campo, podem ser coletadas amostras de folhas
para determinação da porcentagem de vírus e verificar a necessidade de retirada de plantas e tubérculos
(roguing). Neste caso, normalmente são coletadas
100 folhas ao acaso por lote. Como exigência da le-
A IN 32 estabelece as normas para a produção e
a comercialização de material de propagação de batata (Solanum tuberosum L.) e os seus padrões, com
validade em todo o território nacional, visando à garantia de sua identidade e qualidade. Também normatiza, dentre outros processos, a realização de vistorias, amostragem, análises em laboratório e padrões
de qualidade de acordo com a classe de sementes a
campo e nos tubérculos colhidos.
Os campos de produção de sementes, exceto para
produção própria, devem ser inscritos no Ministério
da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) e
é necessária a realização de inspeções ou vistorias e
amostragens para verificação da qualidade. No caso
da produção própria, deverão ser seguidas as recoRevista Batata Show
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Foto 2: Análise de vírus em amostras de sementes de
batata no Laboratório de Fitossanidade da Embrapa de
Canoinhas-SC. Foto: Giovani Olegário da Silva
gislação, a amostra para fins de identificação, análise laboratorial e para a emissão dos documentos do
material de propagação de batata deve ser composta
por seis subamostras de 100 plantas por gleba para
vistoria de campo, 400 tubérculos por lote para vistoria de tubérculos e 300 tubérculos para análise em
laboratório, sendo: 100 para análise de vírus (Foto
Foto 3: Análise de nematoides em amostras de sementes
de batata no Laboratório de Fitossanidade da Embrapa de
Canoinhas-SC. Foto: Antonio C. Bortoletto
02), 100 para nematoides (Foto 03) e 100 para outras pragas qualitativas e defeitos fisiológicos (Foto
04). A identificação e embalagem das sementes para
a análise laboratorial devem seguir as recomendações
desta mesma normativa.
Referências: Consulte autor(es)
Foto 4: Análise de pragas qualitativas e defeitos fisiológicos
em amostras de sementes de batata no Laboratório de
Fitossanidade da Embrapa de Canoinhas-SC. Foto:
Antonio C. Bortoletto
batata
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semente
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Desempenho em campo de plantas
de batata oriundas de microtubérculos
Jackson Kawakami1
Professor, PhD, UNICENTRO – Universidade Estadual do
Centro-Oeste, Departamento de Agronomia, GuarapuavaPR; [email protected]
1
1 - Definição e obtenção de microtubérculo
Conforme descrito na última edição da revista Batata Show (ano 14, nº 39 – Agosto 2014, Produção
de sementes e microtubérculos de batata, p. 50-52),
microtubérculos (Figura 1) são pequenos tubérculos
produzidos em meio de cultura, dentro de recipientes (geralmente vidro ou plástico) em condições climáticas controladas (temperatura, fotoperíodo e luz)
em sala de crescimento em local edificado.
Figura 1. Microtubérculo de batata com broto único bem
desenvolvido e apto para o plantio.
Fonte: Kawakami, 2000.
Microtubérculos diferem de minitubérculos uma
vez que aqueles são produzidos em meio de cultura
em recipientes protegidos (in vitro) e estes advêm do
cultivo em terra, substrato ou solução nutritiva, geralmente em casas de vegetação (Figura 2).
Figura 2. Aspecto visual de minitubérculos (esquerda) e
microtubérculos (direita) de batata.
Fonte: Kawakami, 1999
Revista Batata Show
Ano XIV nº 40
Dezembro/2014
Microtubérculos possuem cerca de 1,5 cm de diâmetro, embora seu tamanho varie conforme a técnica de produção, e a alta sanidade é uma de suas principais qualidades. Os microtubérculos devem passar
um tempo após a sua colheita em ambiente fresco e
sob luz difusa (luz indireta) para que sua epiderme
suberize, tornando-se mais resistente, e o broto se
desenvolva de forma a não ficar fino e frágil. Geralmente os microtubérculos desenvolvem apenas um
broto, como pode ser observado nas Figuras 1 e 2.
2 - Utilização de Microtubérculo
Os microtubérculos são mundialmente utilizados
nos sistemas de produção e multiplicação de sementes elites (de alta qualidade sanitária), podendo ser
plantados in vitro, em vasos, canteiros, ou conduzidos hidroponicamente, dentro de estruturas (casas
de vegetação) que impeçam a entrada de possíveis
vetores de doenças.
Alternativamente, os microtubérculos podem ser
cultivados diretamente no campo. Este cultivo direto em campo pode representar economia de produção, pois não há gastos com as estruturas de proteção
(casa de vegetação), substratos, vasos, etc, sendo que
o manejo, principalmente o mecanizado, é facilitado
em campo aberto. Entretanto, para cultivá-los diretamente no campo, é recomendado conhecer como
as plantas oriundas destes pequenos materiais propagativos se comportam.
Desempenho em Campo
a) Comparação com tubérculos convencionais
Por ser oriundo de semente de menor tamanho
(cerca de 1,0 – 3,0 g) quando comparado com um
tubérculo tradicionalmente utilizado como material
propagativo (cerca de 30 g, semente do tipo III), o
crescimento inicial das plantas oriundas de microtubérculo é mais lento (Figura 3). Geralmente, plantas
oriundas de microtubérculos emitem apenas uma
única haste principal e esta planta é menor e mais
frágil. Por conta desta característica, o controle inicial de plantas daninhas, pragas e doenças, deve ser
realizado com muita atenção.
das plantas, não há praticamente mais diferença na
quantidade de folhas produzidas entre plantas oriundas de microtubérculos e tubérculos convencionais.
Esta observação é válida para países de clima temperado onde o período de crescimento costuma ser
mais longo (cerca de 160 dias entre o plantio e a senescência das plantas, dependendo da cultivar).
Figura 3. Crescimento inicial de plantas oriundas de tubérculo convencional (ao fundo) e de microtubérculo
(circulado em amarelo) plantados no mesmo dia.
Fonte: Kawakami, 2001.
Desde que o preparo do solo seja realizado de
modo a não deixar torrões de grande tamanho, a
profundidade de plantio dos microtubérculos seja
adequada (cerca de 5 cm) e o plantio seja feito com
certo esmero, a porcentagem de emergência dos microtubérculos pode chegar perto dos 100%. Em trabalho que conduzi em campo no Japão, na média de
4 anos de experimentos, observei 97% de emergência dos microtubérculos. É interessante observar que
o período do plantio até a emergência das plantas de
microtubérculo é muito similar àquelas oriundas de
tubérculos convencionais: cerca de 17 dias em local
cuja temperatura média do ar na época do plantio é
de cerca de 12 °C.
b) Desenvolvimento Vegetativo
Nos estágios iniciais de desenvolvimento, plantas
oriundas de microtubérculo possuem menos folhas e
hastes, e são menores, porém, à medida que as plantas se desenvolvem, esta diferença diminui (Figura
4), sendo que próximo aos 40 dias após a emergência
Figura 4. Crescimento de plantas oriundas de microtubérculo (metade esquerda) e de tubérculo convencional
(metade direita) aos 15 dias após a emergência.
Fonte: Kawakami, 2001.
Como o microtubérculo forma apenas uma haste
principal e plantas de microtubérculos e tubérculos
convencionais não diferem no número de folhas formadas na haste principal (cerca de 30), grande parte
da produção de folhas em plantas oriundas de microtubérculo se dá em hastes secundárias que são muito
mais numerosas nestas plantas (cerca de 19) em relação a plantas oriundas de tubérculos convencionais
(cerca de 12).
Estes resultados são de experimentos em que ambos os tubérculos foram plantados na mesma densidade (0,75 x 0,25 m). Obviamente se plantarmos
os microtubérculos em densidade mais alta, a diferença inicial do crescimento vegetativo entre as plantas oriundas destes diferentes materiais tenderá a ser
menor.
c) Formação e Crescimento de Tubérculos
Assim como o desenvolvimento vegetativo, o desenvolvimento dos tubérculos é mais lento em plantas de microtubérculos. Tanto a formação, como o
início do enchimento de tubérculos é retardado em
plantas de microtubérculos em relação a tubérculos
convencionais. Ainda, a diferença entre plantas de
Revista Batata Show
Ano XIV nº 40
Dezembro/2014
batata
semente
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batata
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microtubérculos em relação a tubérculos convencionais é menor para se iniciar a formação dos tubérculos (cerca de 8 dias de diferença) do que para se
iniciar o enchimento dos tubérculos (14 dias).
Por outro lado, nota-se que a taxa de enchimento de tubérculo é semelhante quando se compara as
plantas dos dois tipos de tubérculo (microtubérculo
e tubérculo convencional, Figura 5). Nas condições
do norte do Japão, para cultivar de ciclo médio/tardio, esta taxa de enchimento é de cerca de 13 g /m2
dia de massa seca de tubérculo, ou algo em torno
de 42 sacos por alqueire por dia, tanto para plantas
oriundas de microtubérculo quanto tubérculo convencional.
No estudo que conduzi no Japão com a cultivar
japonesa Norin 1 (cultivar de ciclo médio/tardio),
não constatei diferença no número de tubérculos
produzidos pelas plantas oriundas destes dois tipos
de tubérculo. Na média de 4 anos, as plantas de ambos materiais produziram cerca de 56 tubérculos por
metro quadrado, ou cerca de 10 tubérculos por planta.
A produtividade final das plantas oriundas de microtubérculo na média dos 4 anos foi de 56,9 toneladas por hectare ou mais de 2.750 sacos por alqueire
de produção total. Esta produção foi 18% menor do
que aquela obtida pelas plantas oriundas de tubérculo convencional.
4 - Considerações Finais
Logicamente estes dados foram obtidos
em condições experimentais, em áreas relativamente pequenas, sendo diferente do
que se encontraria em áreas mais extensas.
Além disso, estes resultados são de um país
com condições de clima e solo, sem falar
em cultivar, bastante diferente do que encontramos em nosso país.
Levando em conta estas ressalvas, creio
que podemos tirar algumas importantes
informações destes dados apresentados.
Primeiro: confirma-se o potencial de uso
de microtubérculos para a produção de sementes de alta qualidade sanitária. Segundo: é possível plantar microtubérculos diretamente no campo obtendo-se uma ótima
produtividade e bom número de tubérculos
Figura 5. Parte aérea, sistema radicular, estolão e tubérculos em enchimento de plantas oriundas de tubérculo convencional (esquerda) e sem a necessidade de cultivá-los em vasos
ou canteiros. Terceiro: é necessário testarmicrotubérculo (direita).
mos o desempenho em campo de plantas
Fonte: Kawakami, 2000.
oriundas de microtubérculo nas condições
d) Ciclo e Produtividade
edafoclimáticas brasileiras, bem como com as cultiCuriosamente, o ciclo, isto é o período entre a vares utilizadas em nosso país. Finalmente, é necesemergência e a senescência natural das plantas, é sário se estudar a viabilidade técnico-econômica de
semelhante nas plantas oriundas de microtubérculo se produzir microtubérculo no Brasil, comparando
e tubérculo convencional, sendo ligeiramente mais -o com o minitubérculo tradicionalmente produzido
curto em plantas de microtubérculo. Esta diferença no país.
Mais detalhes sobre o experimento e dados apreno ciclo das plantas sofre a interferência do ano de
cultivo, isto é, dependendo do ano (e das condições sentados: Kawakami, J.; Iwama, K.; Hasegawa, T.;
climáticas deste ano) há maior ou menor diferença Jitsuyama, Y. Growth and yield of potato plants
no ciclo das plantas de microtubérculo e tubérculo grown from microtubers in fields. American Journal of Potato Research, v. 80, p. 371-378, 2003.
convencional.
Revista Batata Show
Ano XIV nº 40
Dezembro/2014
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batata
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Colheita e Pós-Colheita da Batata-Semente
Giovani Olegario da Silva – [email protected]
Elcio Hirano – [email protected]
Antonio César Bortoletto – [email protected]
Arione da Silva Pereira – [email protected]
O
uso de semente de boa qualidade é
essencial para o sucesso na produção
de batata. A qualidade da batata-semente depende do manejo de colheita e pós-colheita
dos tubérculos.
A colheita de um campo de sementes é realizada,
seguindo um período de 10 a 15 dias após a dessecação das plantas. Este tempo serve para que a pele dos
tubérculos se fortaleça ou se firme, evitando que seja
danificada durante os processos de colheita, classificação e embalagem.
Da mesma forma que para batata-consumo, em
áreas menores ou mais acidentadas a colheita é realizada manualmente, com auxílio de enxadas ou
utilizando arado tipo aiveca, com catação manual
dos tubérculos. Em áreas maiores e com topografia
favorável, a colheita pode ser realizada de forma semimecanizada com arrancadeiras que desfazem as
leiras e expõem os tubérculos para a catação manual
(Foto 01), ou mecanizada por meio de colhedoras
tracionadas por trator que retiram os tubérculos do
solo e transferem para os equipamentos de transporte (Foto 02).
Após a colheita, normalmente é necessário aguardar alguns dias, cerca de 10 a 15 dias dependendo da
cultivar e das condições meteorológicas, para que a
pele dos tubérculos continue o processo de lignificação e fique mais firme, evitando o pelamento. Posteriormente, as sementes são qualificadas em esteiras
de classificação onde são separadas mecanicamente
por tamanho, e são retiradas manualmente as contaminações físicas e os tubérculos injuriados. Após a
passagem pela classificadora, os tubérculos são embalados e armazenados.
Não há um padrão para o tamanho dos tubércu-
los-semente na classificação, a legislação, Instrução
Normativa número 32 de 2012 (IN32) exige apenas
que: os tubérculos sejam classificados de acordo com
o seu menor diâmetro em milímetros; que seja informado o limite superior e inferior do calibre; que a
embalagem contenha o mínimo de 95% de tubérculos dentro destes limites; e que o limite superior da
classificação dos tubérculos seja no máximo o dobro
do limite inferior (MAPA, 2012).
As embalagens podem ser caixas de madeira, de
papelão ou de plástico, com tampas, sacos novos de
juta ou polipropileno trançado, ou de outros materiais que venham a ser autorizados pelo MAPA.
A embalagem deve conter as informações exigidas
pela Instrução Normativa número nº 09, de 2005
(MAPA, 2005), acrescida do mês de colheita e da
classificação.
Armazenamento da semente
O manejo da batata-semente conforme os estádios fisiológicos é controlado pelo forçamento artificial de brotação ou pelo armazenamento. Se o armazenamento for por curto prazo, até quatro meses,
pode ser feito em armazéns convencionais com ven-
tilação natural. Porém, se o período de conservação
for de até oito meses, haverá necessidade de uso de
câmaras frias com condições controladas. A temperatura do ar na câmara fria deve ser próximo a 3 ou
4o C na superfície do tubérculo e a umidade mínima
do ar de cerca de 85% UR, ambos controlados pelos
equipamentos de refrigeração da câmara. Também
há a necessidade de no máximo 0,5% de CO2, que
na prática consiste em abrir as portas da câmara fria
por seis horas a cada semana de operação; ou, se esta
for de uso contínuo, o ato de abrir e fechar as portas
já é o suficiente para regularizar o conteúdo de CO2
do interior da câmara. Equipamentos mais modernos equalizam o nível de CO2 eletronicamente.
Estado fisiológico da semente
Para o cultivo de batata é necessário que a semente esteja em um bom estado fisiológico e bem
conservada, tendo sido colhida na época adequada,
apresentando-se túrgida e firme. Deve-se evitar a
utilização de tubérculos esgotados e murchos, indicativos de uma idade fisiológica muito avançada.
O plantio desses tubérculos mal conservados resulta em plantas pouco vigorosas com ciclo vegetativo
batata
semente
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batata
semente
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mais curto, comprometendo seriamente a produção.
Outra característica essencial é a brotação adequada da batata-semente, sendo considerada apropriada
quando os brotos apresentam-se com comprimento
próximo de 1 cm.
Os estágios fisiológicos da batata são divididos em
dormência, dominância apical, brotação múltipla e
senescência. Os estágios recomendados para o plantio são tubérculos-semente em fase de dominância
apical ou logo depois da quebra da dominância apical, se necessitar de um campo com plantas de poucas hastes, para produção de material para processamento industrial ou mercado fresco; ou de brotação
múltipla, para obter plantas com muitas hastes visando à produção de sementes. A semente que atingir o último estádio fisiológico deve ser descartada
(Figura 01).
Quebra da dormência da semente
O tubérculo-semente após a colheita passa por um
período de dormência em que não inicia o processo
de brotação, mesmo quando colocado em condições
ambientais para que isto ocorra. A dormência é controlada por um balanço hormonal entre promotores
e inibidores de crescimento. O período natural de
dormência pode se estender por dois ou mais meses,
dependendo da cultivar, condições de desenvolvimento do tubérculo, condições de armazenamento,
ocorrência de doenças, e outras condições ambientais como temperatura e umidade.
Imediatamente após a dormência ocorre o período de dominância apical, havendo o desenvolvimento da gema principal, enquanto as gemas laterais
permanecem dormentes. A duração deste período
depende da cultivar e do estádio fisiológico do tubérculo.
Quando as condições naturais não são suficientes
para garantir uma adequada brotação dos tubérculos
no período desejado para o plantio, pode ser necessário acelerar o processo de quebra da dormência, este
processo é chamado de quebra da dormência e da
dominância apical.
A quebra de dormência e dominância apical normalmente é realizada quimicamente com a utilização
de bissulfureto de carbono ou ácido giberélico e com
outros métodos de manejo.
A utilização de bissulfureto é uma prática realiza-
da por alguns produtores, mas requer cuidados espe- gicidas para prevenção de ataque de podridão seca
cializados, por ser um gás tóxico, inflamável e explo- (Fusarium spp.) e crosta preta (Rhizoctonia solani). A
sivo, e necessita de uma câmara hermética. A dose aspersão no sulco diminui o problema com doenças
do produto aplicado depende da cultivar utilizada e pela imersão, porém ainda necessita de estudos para
das condições ambientais; doses abaixo do ideal não a indicação de um método eficiente para diferentes
produzem o efeito desejado e doses elevadas podem cultivares e formas de aplicação, para evitar gastos
causar o apodrecimento dos tubérculos. A dosagem desnecessários de produtos químicos.
de 10 a 35 cm3/m3 de câmara hermética por 72 h é
O simples abafamento das sementes por cerca
utilizada para a maioria das cultivares.
de 72 h, colocando-os em ambientes fechados, ou
O ácido giberélico normalmente é aplicado por outros métodos que ocasionem redução no nível de
imersão dos tubérculos em uma solução, por as- oxigênio e aumento do gás carbônico, também aprepersão do produto sobre os tubérculos dentro dos senta efeitos positivos para a quebra de dormência e
contentores no armazém, ou por aspersão no sulco dominância apical.
sobre os tubérculos-semente já plantados. A imersão
Referências - Consulte autor(es)
tem a desvantagem relacionada à
transmissão de doenças e a necessidade de secagem rápida dos
tubérculos. A imersão dos tubérculos em solução de 5 a 10 ppm
(5 a 10 g em 1000 L de água)
durante 2 a 5 min, dependendo
da cultivar, tem sido utilizada.
Para a aspersão dos tubérculos
nos contentores usa-se a mesma
dosagem, mas se faz um banho
usando pulverizadores com jato
de gotas grossas, pulverizando
em duas fases, primeira sobre
uma das superfícies da batata e
depois transferindo para outros
Foto 01. Colheita semimecanizada. Foto: Elcio Hirano
contentores para expor o lado
não atingido pelo jato e pulverizar novamente, o gasto de calda
é em média de 1 L por contentor
de 30 kg.
A aspersão do acido giberélico no sulco de plantio é realizada após a abertura do sulco,
adubação e plantio das sementes
e imediatamente antes da cobertura do sulco. Esta operação
pode ser feita em solos mais argilosos e frios, onde a evaporação é
pouca, e pode ser feita a aspersão
junto com o uso de inseticida
para controle da larva da vaquinha (Diabrotica spp.) e de fun-
Foto 02. Colheita mecanizada. Foto: Israel Nardin
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Figura 01. Estágios de
brotação da batata-semente
e sua influência no número
e tamanho dos tubérculos
produzidos (adaptado de
Booth e Shaw, 1981)
Novo sistema de aeroponia para a produção
de minitubérculos de Batata Semente no Brasil
I - Descrição do Sistema1
Da esquerda para direita: PqC Thiago L. Factor, PqC Luis
Felipe V. Purquerio e doutorando Alex H. Calori. APTA/
IAC, 2014. Foto: Moraes, C. C.
Thiago L. Factor1; Alex H. Calori2; Luis F.V. Purquerio3; Feltran,
J.C.3; Barbosa, P.J.R.4; Gonçalvez, G.S.4; Martins, J.G.M.4
1
Pesquisador
Científico,
APTA/Polo
Nordeste
Paulista,
Mococa/SP;
[email protected];
2
Doutorando, Pós Graduação em Agricultura Tropical e
Subtropical, IAC/APTA;
3
Pesquisador Científico, IAC/APTA, Centro de Horticultura, Campinas/SP;
4
Graduando, Tecnologia do Agronegócio, FATEC – Mococa/
SP.
Sistemas hidropônicos têm se destacado, recentemente, como uma das principais estratégias para
a redução do custo de produção e aumento na taxa
de multiplicação de batata semente de alta sanidade
em ambiente protegido no mundo. No Brasil, entretanto, a quase totalidade da produção de minitubérculos de batata semente é baseada no uso de vasos/caixas plásticas e plantio em substratos agrícolas.
Embora nesse sistema seja possível produzir batata
semente de excelente qualidade, apresenta baixa taxa
de multiplicação por planta, em média de 3 a 10
tubérculos, dependendo da variedade e número de
plantas por vaso ou caixa. Além disso, o elevado uso
de mão de obra no manuseio de substratos, a necessidade de esterilização para reuso e posterior descarte
desse material no meio ambiente, contribuem para
o aumento do custo de produção. Nesse sentido, os
sistemas hidropônicos podem ser considerados como
uma excelente alternativa para uma produção mais
sustentável de batata semente em ambiente protegido no Brasil.
Dentre os sistemas hidropônicos utilizados para
a produção de minitubérculos de batata semente pode-se destacar o NFT, sigla em inglês para o
termo nutrient film technique, ou técnica do fluxo
de nutrientes; o DFT, sigla em inglês para o termo
deep flow technique, ou técnica do fluxo profundo,
também conhecido no Brasil como floating e a aeroponia, técnica em que as plantas se desenvolvem
em uma câmara (caixa/bancada), sendo uma solução
nutritiva nebulizada no sistema radicular das plantas,
que crescem dentro um ambiente escuro e no ar.
Na região sul do Brasil, pesquisadores da Embrapa Clima Temperado descreveram e avaliaram a
produtividade de minitubérculos em dois sistemas
de produção (calha articulada e telha de fibrocimento), ambos utilizando a técnica de hidroponia NFT
(Medeiros et al., 2002). A comparação entre os sistemas de produção evidenciou a maior produtividade
do sistema de calha articulada que produziu 32 e 23
minitubérculos por planta para as variedades Baronesa e Eliza, respectivamente, quando comparado ao
sistema de telhas de fibrocimento que produziu 11 e
9 minitubérculos por planta.
Em trabalho realizado na Universidade Federal de
Lavras, Corrêa (2005) verificou que a produção de
tubérculos de batata semente por planta e por área,
no cultivo em hidroponia do tipo NFT foi significativamente superior (288%) aos sistemas com o uso
de substrato, sendo a produtividade cerca de 3 e 5
vezes maior que nos cultivos em canteiros e em vasos,
respectivamente.
Na região sudeste do país, pesquisas realizadas por
Factor et al., 2007 e Factor et al., 2012 na UNESP/
Jaboticabal e APTA – Mococa/SP, compararam um
protótipo de aeroponia para a produção de minitubérculos de batata-semente com os sistemas NFT
e DFT. Os autores verificaram produtividades de
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50, 39 e 42 minitubérculos por planta para os sistemas de aeroponia, NFT e DFT, respectivamente.
Quando levado em consideração a área, a diferença
na quantidade de minitubérculos produzida foi ainda maior com 874, 458 e 246 minitubérculos por
metro quadrado, para a mesma ordem de sistemas,
respectivamente.
Resultados de aumento na taxa de multiplicação
de minitubérculos de batata semente em aeroponia
também estão sendo observados em pesquisas realizadas na Espanha (Ritter et al., 2001), Nova Zelândia (Nichols, 2005), Sri Lanka (Nugaliyadde et
al., 2005), no CIP-Perú (Otazú, 2010), na Argentina
(Ariel et. al., 2014), Colômbia (Matheus-Rodrigues
et al., 2014) e Austrália (Pathania, N. et. al., 2014).
Vale ressaltar que a aeroponia é uma técnica hidropônica e como tal apresenta também suas desvantagens como: maior investimento inicial, necessidade de gerador caso ocorra falta de energia elétrica e
maior vulnerabilidade na distribuição do patógeno
(solução recirculante), caso ocorra contaminação.
Portanto, o aprimoramento e a capacitação técnica
para a condução e manejo da cultura da batata neste
sistema de produção são fundamentais para o suces-
so com esta nova tecnologia de produção.
Apesar das dificuldades, a aeroponia é uma técnica com grande potencial de aplicação no Brasil,
principalmente como estratégia para aumentar a
produção e melhorar a qualidade de batata semente
de alta sanidade em condições tropicais de cultivo.
Entretanto, pela recente introdução desse sistema no
país, avaliado somente na forma de protótipo, ainda
há necessidade de aprimoramento e adaptação para
condições comerciais de cultivo, assim como a necessidade de estudos sobre manejo cultural e nutricional, visando à disseminação e adoção por produtores
e empresas especializadas em produção de batata semente do Brasil. Para tanto, a Agencia Paulista de
Tecnologia dos Agronegócios (APTA), por meio do
Polo Nordeste Paulista de Mococa/SP e do Instituto
Agronômico de Campinas (IAC), sob a coordenação
dos pesquisadores Thiago Factor e Luís Felipe V. Purquerio e do doutorando do curso de Pós-Graduação
do IAC/APTA, Alex Humberto Calori (Figura 1) e
com o suporte financeiro da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP (processo
nº 2012/50786-8), vem trabalhando no desenvolvimento de um sistema aeropônico para a produção de
minitubérculos de batata semente. A ideia é desenvolver um sistema mais próximo do comercial possível, utilizando materiais de fácil aquisição, baixo
custo e boa durabilidade, para que a empresa especializada em batata semente, ou o próprio produtor
rural interessado, possa reproduzir a tecnologia em
sua empresa/propriedade.
Construção do sistema aeropônico
O sistema de aeroponia que está sendo desenvolvido e testado pode ser dividido em três partes:
I - Estrutura de suporte; II - Bancadas de cultivo e
III - Distribuição da solução nutritiva (nebulização)
(Figura 2).
I - Estrutura de suporte: consiste no reservatório
de contenção da solução nutritiva (construído com
tijolos) e a base para fixação da segunda parte, composta pelas bancadas de cultivo (Figura 3A). Além da
captação da solução nutritiva, as paredes perimetrais
do sistema aeropônico, tem a função de servir como
suporte para a fixação das bancadas metálicas.
Antes da impermeabilização do reservatório foi
realizado trabalho de nivelamento e compactação do
terreno, procurando proporcionar uma diferença de
nível, voltada para o centro do reservatório, de aproximadamente 2%. Após o trabalho de nivelamento
foi colocado uma camada de areia peneirada de 2 cm
no interior do reservatório, de maneira a proporcionar melhor acomodação do revestimento e evitar que
objetos pontiagudos possam perfurar o mesmo. Na
impermeabilização do reservatório de solução nutritiva foi utilizado material a base PVC flexível de alta
durabilidade, chamado geomembrana (Figura 3B).
No centro do reservatório foi colocado um ralo, destinado a captação e condução da solução nutritiva
até os tanques, o que caracteriza o sistema como do
tipo fechado (recirculante).
II – Bancadas de cultivo: compostas por uma
estrutura metálica e um revestimento de PVC nas
laterais, a estrutura metálica é responsável pelo suporte das plantas, assim como do sistema radicular.
Já o revestimento de PVC, é onde ficam as janelas,
que permitem a colheita escalonada dos tubérculos de batata. Por se tratar de um experimento, as
bancadas metálicas possuem dimensões de 4,0 m de
comprimento por 1,1 m de largura e 1,0 m de altura, construídas em aço galvanizado e tela ondulada
galvanizada na extremidade superior (Figura 3C).
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semente
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Porém, em uma estrutura comercial de produção o
comprimento das bancadas pode ser o comprimento
da “estufa”, respeitando evidentemente o espaço dos
carreadores para acesso e colheita.
Essas bancadas foram fixadas na base de alvenaria.
Após fixação das bancadas e impermeabilização dos
reservatórios foi realizado o trabalho de instalação
dos trilhos e placas de PVC. Para tanto, foram utilizadas placas montáveis de PVC (essa mesma placa
de forro de casas) apoiados em trilhos duplos de alumínio, de maneira a formar as janelas laterais (Figura
3D). As janelas foram dispostas em módulos de 2 m
de comprimento, deslizáveis, sendo 1 m de deslocamento para cada lado, deixando o lado oposto livre
para a colheita dos tubérculos. Além do revestimento
de PVC, foram colocados filmes plásticos dupla face
no interior da bancada, de maneira a prevenir a entrada de luz, que pode comprometer a tuberização
da batata.
III - Distribuição da solução nutritiva (nebulização): composta por nebulizadores de 14 L/h, distribuídos de maneira intercalar em espaçamentos de
0,5 m nas 3 linhas de tubos de PVC de ¾” instaladas
no interior das bancadas (Figura 4A). Na drenagem
da solução nutritiva foram utilizados tubos de PVC
de 50 mm desde a parte inferior da unidade de cultivo até o tanque de solução nutritiva. Os reservatórios
utilizados no projeto tiveram capacidade de 1000 L,
porém em uma estrutura comercial vai depender do
número de plantas e do tamanho da estufa agrícola.
Para o acionamento do sistema, utilizou-se moto-bombas centrífugas múltiplo estágio, de 1 CV,
reguladas por um painel eletrônico automatizado. O
tempo de distribuição da solução nutritiva (segundos) deve ser variável em função do desenvolvimento
da cultura, sendo realizado por válvulas solenoides
conectadas ao painel de automatização. Vale ressaltar que a flexibilidade do sistema de automatização é
fundamental para os ajustes que serão necessários ao
longo do ciclo da cultura.
Em virtude de uma possível ausência de energia
elétrica foi instalado um gerador de 8 KVA conectado automaticamente as bombas de nebulização. No
tratamento da solução nutritiva recirculante estão
sendo testados dois sistemas de esterilização, a luz
ultravioleta e o sistema de ozonização.
Revista Batata Show
Ano XIV nº 40
Dezembro/2014
Estudos com manejo nutricional e cultural
Além do desenvolvimento da parte estrutural da
aeroponia, o projeto de pesquisa contempla o estudo
do manejo nutricional e cultural, no sentido de explorar a melhor produtividade de minitubérculos de
batata semente nesse sistema de cultivo. Assim, estão
sendo avaliadas quatro condutividades elétricas (CE)
da solução nutritiva (1,0; 2,0; 3,0 e 4,0 dS/m) e quatro densidades de cultivo (10,0 x 10,0; 10,0 x 15,0;
15,0 x 15,0 e 20,0 x 20,0 cm). O primeiro ciclo de
produção de produção foi recentemente finalizado
no segundo semestre de 2014, sendo que os estudos
irão continuar no primeiro semestre de 2015.
Apesar das condições climáticas atípicas em 2014,
na região Nordeste do estado de São Paulo, especialmente de altas temperaturas no inverno, os resultados preliminares mostram que o sistema proposto
apresenta grande potencial para a produção de minitubérculos de batata semente, pois proporcionaram
na melhor combinação de condutividade elétrica e
densidade entre plantas, taxas de multiplicação de
até 40 minitubérculos (30 mm) por planta e de aproximadamente 900 por m2 (Figura 4) (Factor et al.,
2014).
Maiores detalhes e resultados finais da produção
de minitubérculos de batata semente em sistema de
aeroponia em função da condutividade elétrica e do
espaçamento entre plantas serão apresentados nas
próximas edições da Revista Batata Show, em função
dos dados do segundo ciclo de cultivo em 2015.
Agradecimentos
Os autores agradecem a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP
(Processo nº 2012/50786-8) pelo suporte financeiro e a Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior – CAPES pela concessão de bolsa de Doutorado ao segundo autor.
As informações apresentadas neste artigo são parciais e fazem parte do projeto de pesquisa intitulado
“Desenvolvimento de sistema, avaliação da densidade
de plantas e condutividade elétrica da solução nutritiva
na produção de batata semente em aeroponia”. Agência
Paulista de Tecnologia dos Agronegócios - APTA/DDD/
IAC, 2013.
Referências: Consulte autor(es)
1
batata
semente
29
Figura 2. Esquema ilustrativo do sistema aeropônico para produção de batata semente.
APTA Pólo Mococa/IAC, 2013
Figura 3. Estrutura de alvenaria, composta por reservatório de contenção da solução nutritiva (A); detalhe da
impermeabilização do reservatório com geomembrana
(B); estrutura metálica de aço galvanizado para suporte
das plantas e do revestimento lateral (C); revestimento
lateral de PVC, com janelas deslizáveis para colheita (D).
Fotos: Calori, A.H.
Figura 4. Detalhes do sistema de nebulização - tubos e
nebulizadores (A); do sistema radicular das plantas de
batata com minitubérculos (B), das bancadas de cultivo
com plantas no início do ciclo cultivo (C) e na metade do
ciclo de cultivo (D). Foto: Factor, T.L.
Figura 5. Minitubérculos de batata-semente de Asterix e Ágata (30 mm) produzidos experimentalmente no sistema aeropônico em estudo. Foto: Calori, AH.
Revista Batata Show
Ano XIV nº 40
Dezembro/2014
MONCUT é o novo fungicida sistêmico de ação protetora e
curativa da IHARA, que protege dos tubérculos às hastes,
contra os terríveis prejuízos causados pela Rhizoctonia.
Além de maior produtividade, MONCUT contribui para o
cultivo de batatas de melhor qualidade, gerando safras com
muito mais lucratividade e rentabilidade nas lavouras.
O Magnésio e a Cultura da Batata
Iza Paula de Carvalho Lopes e Paulo Cezar Rezende
Fontes (Bolsista do CNPq e Professor Titular da UFV);
[email protected]
Resumo
O artigo visa apresentar o efeito positivo da aplicação de doses de sulfato de magnésio sobre a produção de tubérculos de batata, cultivar Ágata, em solo
com o teor de 0,70 cmolc dm-3 de Mg, pH de 5,30 e
2,69 dag kg-1 de matéria orgânica.
Introdução
O magnésio (Mg) é um elemento essencial para as
plantas, atuando em diversos processos metabólicos,
além de ser componente fundamental na molécula
de clorofila (Marschner, 2012). Também, o Mg tem
papel importante sobre o enchimento do floema, na
partição tanto de carboidratos, principalmente a sacarose, quanto à de massa da matéria seca entre raiz
e parte aérea e na fixação de CO2. O Mg, tanto em
excesso quanto em falta, pode restringir a produtivi-
dade e a qualidade das culturas (Shaul, 2002).
No corpo humano, o Mg é o segundo mais abundante cátion intracelular (Swaminathan, 2003) sendo importante principalmente na função de transmitir os impulsos nervosos e regularizar as contrações
musculares. O Mg ativa mais de 75 % das enzimas
do corpo, é co-fator de mais de 300 reações enzimáticas além de ser requerido para a formação, transferência, armazenamento e utilização de ATP (Saito
& Nishiyama, 2005). Pela elevada importância para
os animais e plantas, pouca atenção tem sido dada
ao Mg pelos agrônomos e pesquisadores (Gransee&Fuhrs, 2013).
Uma maneira eficaz para manter o suficiente teor
de Mg nas plantas, proporcionar margem de lucro da
cultura, minimizar a poluição ambiental e promover
o crescimento e a produção de tubérculos de batata, é aplicar dose adequada de Mg de acordo com a
análise do solo. Para mais acertada interpretação dos
resultados obtidos na análise de solo são necessários
nutrição
31
nutrição
32
experimentos de calibração específicos para a cultura
da batata. Isso ainda não está amplamente disponível.
Deficiência e Excesso
Há estudos mostrando aumento de produtividade de tubérculos de batata com a adição de Mg
(Sawyer &Dallyn, 1966; Talukder et al., 2009).
Plantas mal supridas de Mg exibem reduzido sistema
radicular e concomitante acúmulo de sacarose nas
folhas sugerindo alguma redução no transporte de
sacarose da parte aérea às raízes (Ding et al., 2006;
Cakmak&Kirkby, 2008).
Em solos deficientes, o aumento na oferta de Mg
tende a aumentar a qualidade das culturas particularmente quando a variável associada à qualidade é
dependente da fotossíntese e da translocação de Mg
na planta (Gerendás&Fuhrs, 2013). A deficiência de
Mg2+ pode ser acentuada em solo onde venha ocorrendo a contínua retirada de Mg pelas sucessivas culturas e com a tradicional aplicação de nitrogênio à
cultura da batata que contribui para o decréscimo no
teor de Mg no solo (Teina et al., 2014). Adicionalmente, mais atenção deve ser dada à adição de Mg ao
solo principalmente após seguidos períodos de cultivo com as normais altas adições anuais de potássio.
Deficiência no solo pode ser corrigida pela aplicação de sulfato de magnésio cujo nome comum é
sal de Epsom, fórmula MgSO4.7H2O, que contém
cerca de 9% de Mg e 14 % de enxofre. A eficiência do fertilizante magnesiano depende, pelo menos,
da textura, pH e teor de matéria orgânica do solo
(Staugaitis&Rutkauskiene, 2012) além da fonte adicionada.
A toxicidade com Mg pode aparecer mais comumente em solos serpentinos com alta relação de
magnésio:cálcio (Brady et al., 2005) e em regiões semiáridas onde a condição de estresse hídrico pode
concentrar o pool metabólico de Mg, tornando-o estressante às plantas (Hawkesford et al., 2012). Nestes
casos, com o desenvolvimento e ou a intensificação
do estresse, processos importantes na planta, como
fotossíntese, sínteses de proteína e de clorofila e metabolismos energéticos e lipídicos são negativamente
afetados de forma mais acentuada (Parida &Dasa,
2005).
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Magnésio no solo
A resposta das plantas de batata é aparente e esperada em solos arenosos, ácidos, pH em torno de 5,50
e que contenham menos do que 0,35 cmolc dm-3 de
Mg trocável (Doll&Thurlow, 1965). Comumente, a
concentração de Mg nos latossolos brasileiros varia
de 0,2 a 3,2 cmolc kg-1 (Vendrame et al., 2013).
Em MG, de modo não específico para batata, o
nível crítico de Mg trocável no solo é 0,90 cmolc.
dm-3 (Ribeiro et al., 1999). Para SP é recomendado
fazer a calagem para elevar o teor de Mg no solo ao
mínimo de 0,80 cmolc dm-3 (Fernandes et al., 2011).
Em outras regiões do mundo com solos contendo
diferentes materiais de origem, como na Inglaterra, o nível crítico no solo é 0,21 cmolc.dm-3 de Mg
(MAFF, 2000). Mengel &Kirkby (2001) consideram o nível crítico como sendo 0,20 – 0,30 cmolc
dm-3 ou 4 % de Mg no complexo de troca (Mg trocável/CTC). Em Bangladesh, o nível crítico de Mg
no solo para batata é 0,49 cmolc.dm-3 (Talukder et
al., 2009).
Dose de Mg
Ao longo dos anos, tem havido trabalhos ava-
liando o efeito do magnésio sobre o crescimento e
a produção da cultura da batata (Sawyer &Dallyn,
1966; Allison et al., 2001; Rojas et al., 2006; Talukder et al., 2009; Barroso, 2013). Na Colômbia,
a dose mais apropriada para a cultura da batata é 36
kg ha-1 de Mg (Rojas et al., 2006). Em Bangladesh,
em solo com 0,74 cmolcdm-3 de Mg, ficou evidenciada a necessidade de aplicar 13 kg ha-1 de Mg que
propiciaram aumento de 31% na produtividade de
tubérculos de batata (Talukder et al., 2009). Os autores encontraram que acima deste valor houve redução na produtividade de tubérculos e na eficiência
do uso de Mg que foi 512 kg de tubérculo por kg de
Mg adicionado.
É raro encontrar efeito negativo do Mg sobre a
produção e qualidade de tubérculos comerciais de
batata, sendo mais comum não encontrar efeito significativo de Mg, em parte devido ao delineamento experimental empregado. É sabido que alta dose
de Mg pode retardar o crescimento e interferir com
processos metabólicos das plantas (Venkatesan&Jayaganesh, 2010). Qual será essa dose para batata?
Em Viçosa – MG, Lopes (2014) estudou o efei-
nutrição
33
nutrição
34
to de doses de sulfato de magnésio variando de 0 a
800 kg/ha sobre a produção de batata no campo. O
solo apresentava teor de 0,70 cmolcdm-3 de Mg, pH
de 5,30 e 2,69 dag kg-1 de matéria orgânica. Houve
aumento linear crescente na produção de tubérculos
comerciais em função da dose de sulfato de Mg, na
ordem 2,22 kg ha-1 de tubérculos para cada kg de
sulfato de magnésio aplicado.
A possível expectativa da maior dose de Mg ser
excessiva para a produção comercial não se confirmou e não foi suficientemente elevada para provocar
o decréscimo na massa de tubérculos comerciais.
Recentemente tem havido crescente preocupação
não somente com a produtividade, mas também com
a qualidade dos alimentos incluindo-se a composição mineral ou o ionoma dos mesmos (Broadley&
White, 2010; Rosanoff, 2012; Reidet al., 2013).
O deliberado aumento da concentração mineral da
planta durante o crescimento tem sido chamado de
biofortificação (White &Broadley, 2005), que visa
aumentar a disponibilidade de elementos essenciais
na parte comestível das culturas (Hirschi, 2009).
Para haver biofortificação é necessário ocorrer o
Revista Batata Show
Ano XIV nº 40
Dezembro/2014
chamado “consumo de luxo” deste mineral, ou seja,
a absorção mineral precisa ser maior do que a necessidade para a máxima produção econômica. Porém,
o excesso de mineral pode ser tóxico para as plantas.
Assim, a estratégia de biofortificação com Mg necessita considerar, no caso da batata, o efeito da adição
de Mg sobre a partição e de acúmulo de fotoassimilados nos tubérculos e não necessariamente o acúmulo no dossel da planta. Isto é, caso seja “consumido
luxuosamente” no dossel da planta o Mg deve ser
partido para o órgão de interesse, os tubérculos da
batata. O possível consumo de luxo pelo dossel da
planta e a possibilidade de biofortificar os tubérculos de batata com Mg via aplicação do fertilizante
sulfato de magnésio pré-plantio, estão sendo alvo de
estudos recentemente.
Conclusão: não foi possível maximizar a produção de tubérculos com a dose de 800 kg ha-1 de sulfato de magnésio que propiciou a maior produtividade
comercial de tubérculos, 40,09 t ha-1.
Agradecimento à CAPES, CNPq e FAPEMIG
pelo apoio.
Referências: Consulte autor(es)
Soleil Papa Tecnologia
Pedro Hayashi, [email protected]
A
Soleil Papa tem sua origem em
décadas de trabalho com a batata.
A necessidade de ter batatas-semente de qualidade foi o ponto de
partida para se produzi-las. E como produzi-las? A
maneira universal para se produzir batata-semente é
tendo início em cultura de tecidos, um telado com
certas características e mão de obra para operacionalizar todo o processo. Para viabilizar toda a estrutura
seria fundamental que o local escolhido tivesse uma
altitude por volta de mil metros. Local com altitudes
maior que isto, poderia ter problemas nos cultivos de
inverno, dias curtos e temperatura muito baixa não
permitem que a planta de batata se desenvolva. O
oposto acontece em locais baixos (abaixo de seiscentos metros), o calor do verão inviabiliza a produção.
As instalações da Soleil Papa foram construídas
em locais de mil metros de altitude e permitem a
produção de minitubérculos durante o ano todo,
mantendo a produtividade e a qualidade necessária
para atender as normas de certificação vigentes e satisfazer as necessidades dos clientes.
Toda tecnologia utilizada pela empresa foi desenvolvida internamente, desde os meios de cultura
utilizados na unidade de propagação “in vitro” (laboratório) até o processo de desinfecção utilizado após
a lavagem dos minitubérculos. Os processos utilizados em cada etapa de produção seguem um rigoroso
sistema de checagem para que o produto final esteja
dentro dos padrões estabelecidos.
A Soleil Papa produz, certifica e comercializa
mudas e sementes de batata de diversas variedades,
para produtores que fornecem tanto para o mercado industrial ou para o mercado de consumo fresco.
Entre as variedades fornecidas estão: Atlantic, Ágata,
Asterix, BRS-Ana, BRSIPR-Bel, BRS-Clara, além de
produzir variedades protegidas de empresas estrangeiras.
tecnologia
35
instituições
36
Para auxiliar na organização da empresa, a Soleil
Papa conta com os trabalhos da TESE (www.tesetreinamento.com.br) que desenvolveu os trabalhos
de elaboração de Manual da Qualidade, procedimentos e instruções necessários para a obtenção do
credenciamento pelo RENASEM (Registro Nacional de Sementes e Mudas) e MAPA (Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento).
A Soleil Papa é a primeira empresa credenciada
pelo RENASEM no Estado de São Paulo, com o escopo de certificação de produção própria de sementes e mudas de batata, atendendo todos os padrões de
qualidade exigidos pelas IN 32 (20 de novembro de
2012), IN 09 (02 de junho de 2005), IN 24 (16 de
dezembro de 2005).
que a Soleil Papa aplica para a manutenção e melhoria contínua do sistema de gestão.
Para que todos os processos sejam realizados, a Soleil Papa conta com a direção de Erica Hayashi com
suporte técnico de Pedro Hayashi. Dez funcionários
trabalham nas unidades de produção (unidade de
propagação “in vitro” e telados). Com uma capacidade de produção de 2,5 milhões de minitubérculos
e mais de um milhão de mudas de batata por ano.
Este credenciamento assegura que todos os processos de certificação cumpram os critérios de identificação, rastreabilidade, controle de qualidade e da
sanidade fitossanitária, tornando as sementes de batata da Soleil Papa mais competitivas quando comparadas às sementes importadas.
O sistema de gestão implementado permitiu uma
padronização dos processos, organização e gerenciamento visual com aplicação de técnicas como 5S.
Engenheira Agrônoma Erica Hayashi, responsável pela
Soleil Papa.
O processo produtivo composto pela
Unidade de Produção
In Vitro (mudas) e
Ambiente Protegido
(Estufa) foi integrado com o sistema
kanban (cartão) que
permite além de um
gerenciamento visual,
o acompanhamento
das fases de produção
e um melhor controle
de atendimento aos
prazos de entrega.
Programas de treinamento continuado
e de realização de auditorias internas periódicas são práticas
Revista Batata Show
Minitubérculos produzidos pela Soleil Papa.
Ano XIV nº 40
Dezembro/2014
EFICIENTE NAS CULTURAS DE BATATA, CEBOLA E TOMATE.
© Syngenta, 2014.
RIDOMIL GOLD BRAVO
CUIDA DA SUA PLANTAÇÃO,
PROTEGENDO SEMPRE E COMBATENDO
QUANDO NECESSÁRIO.
colaboradores
ABBA
40
Fernanda Quintanilha Azevedo
básica, análise dos caracteres físico-químicos e
sensoriais, avaliação de
clones em testes multilocais e de reação a fatores
bióticos e abióticos, testes de validação e ensaios
de valor de cultivo e uso.
Considerações
Eng. Agrôn., M.Sc. em Agronomia
Analista A da Embrapa Clima Temperado – Pelotas-RS
Área de atuação: Campo experimental, Transferência e
Tecnologia e Pesquisa
[email protected]
Atribuições na Embrapa
Responsável pela atuação técnica com propostas de melhorias contínuas, agregando valor no desenvolvimento de novas estruturas,
principalmente voltados a credenciamentos e
rastreabilidade de dados do Programa; transferência das tecnologias geradas através de colaboração nas ações com produtores e apoiadores da cadeia da batata (vitrines tecnológicas,
dias de campo); Apoio em ensaios de pesquisa distribuídos em todas as etapas estratégicas
do Programa de Melhoramento Genético de
Batata da Embrapa, como: Manutenção do
Banco Ativo de Germoplasma (BAG), cruzamentos, obtenção de seedlings, avaliação e
seleção de clones, produção de semente préRevista Batata Show
Ano XIV nº 40
Dezembro/2014
Conhecendo a importância da cultura da batata, que representa para
nosso país oportunidade
de negócio e segurança
alimentar, e ainda, considerando que faço parte de uma empresa de
pesquisa, desenvolvimento e inovação, espero
contribuir com a dinamização das estruturas
físicas e tecnológicas e, para isso, confrontar o
conhecimento teórico-prático, formalizando
o mesmo com o reconhecimento da realidade da cadeia de bataticultores e conceitual da
área do melhoramento genético de plantas.
Fazer parte de um programa de melhoramento genético de plantas já estruturado e
composto por profissionais gabaritados e experientes, é muito desafiador e tocante. Com
isto, espero colaborar com ações concretas
e úteis, para alcançar resultados propostos
nos projetos do Programa de Melhoramento
Genético de Batata da Embrapa, que contribuam para o aumento da competitividade e
sustentabilidade da cadeia brasileira da batata. Paralelamente, disponho-me a colaborar
com a ABBA no atendimento de demandas
da cadeia.
41
viagens
técnicas
Viagem Técnica - Alemanha
Visita à Grimme
A
ABBA organizou mais uma viagem técnica, desta vez o destino
foi Hanover – Alemanha. O objetivo principal foi visitar em Hanover o Potato Europe – a mais importante exposição
da Cadeia da Batata da Europa.
O grupo formado por 11 pessoas (Roberto Carlos
– Grupo Igarashi, Julio Yano – Hayashi Batatas, Hideki Ioshida Arikita, Tiezo Morioka, Fernando Oi,
Tsuyoshi Oi, Antonio Carlos Rodrigues – RF Lavouras, Takao Hoshino, Jose Kohatsu, Oscar Suzuki e
Natalino Shimoyama ) partiu de São Paulo na sexta-feira (29 de agosto) e após 12 horas de viagem
chegou em Munique.
Enquanto esperávamos pelo voo ate Hanover, visitamos um supermercado próximo ao aeroporto e
logo percebemos nitidamente que tudo é muito mais
caro que no Brasil. Imagine uma garrafinha de água
a três euros, ou seja, dez reais.
informando a aptidão culinária e o nome da variedade. No Brasil, temos praticamente 1 a 2 variedades,
classificadas desuniformemente, vendidas predominantemente a granel ( mais de 95% ), sem informações sobre aptidões culinárias e muito menos com
marcas próprias de produtores.
Além de batatas frescas encontramos também
muitas alternativas de batatas industrializadas prontas para consumir ou necessitando apenas de alguns
minutos no micro-ondas para ficar prontas (Ver produtos na seção fotos).
Após quase 1 dia chegamos no final da tarde em
Hanover e nos hospedamos durante 06 noites no
Hotel Intercity, recomendado pelo Leonardo Jacinto
– proprietário da Pivot, empresa parceira da ABBA
que representa a maior fabricante do mundo de máquinas e implementos destinadas a todas as etapas
de produção, colheita e beneficiamento de batata – a
Grimme.
Naturalmente, nos dirigimos à banca da batata
e inevitavelmente comparamos com a situação no
Brasil. Na Alemanha, vimos batatas frescas predominantemente empacotadas (quase 100%), classificadas uniformemente, 05 diferentes variedades com
marcas próprias de produtores, todas as embalagens
A dica foi excelente, pois o hotel é muito bom e
bem localizado. À noite, fomos jantar em um restaurante e tivemos oportunidade de provar da cerveja
alemã e saborear um dos pratos mais típicos – o joelho de porco sempre acompanhado do chucrute e de
uma opção a base de batata – frita palito, a francesa
Revista Batata Show
Ano XIV nº 40
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42
viagens
técnicas
ou purê. Valeu a pena, todos aprovaram.
No domingo conhecemos nossa tradutora – Maria Cristina Siqueira, uma brasileira carioca que foi
trabalhar de baby sitter e acabou se casando com um
alemão e tiveram um casal de filhos. Tivemos muita
sorte, pois ela nos ajudou muito nas visitas técnicas
e nos passeios. Neste dia visitamos alguns pontos turísticos de Hanover e ficamos admirados com a organização e a qualidade de tudo o que vimos. Além
dos preços elevados, outra situação negativa que não
conseguimos entender e nos chamou a atenção foi a
grande quantidade de jovens fumando cigarros normais. Por que será que no país mais próspero da Europa os jovens estão na contramão?
Na segunda-feira, visitamos matriz da Grimme
localizada a cerca de 100 km de Hanover. Durante a
viagem fomos admirando a abundância de áreas verdes, as estradas impecáveis e muito bem sinalizadas
com trânsito tranquilo ou às vezes um pouco intenso, porém sempre fluindo bem; numerosas e lindas
residências na zona rural, centenas de “cataventos”
transformando energia eólica em elétrica e talhões
relativamente pequenos ( 1 a 10 hectares ), planos,
produzindo beterraba açucareira, repolho, couve,
brócolis, alfaces de várias cores, milho e muitas áreas
produzindo batata. A Alemanha produz anualmente
mais de 12 milhões de toneladas em aproximadamente 300.000 hectares.
Fomos muito bem recebidos na Grimme e nos
juntamos ao grupo de São Gotardo (28 pessoas)
para assistir à incrível trajetória da empresa que se
transformou na maior do mundo quando se trata de
máquinas e implementos para batata. Em seguida visitamos a linha de montagem das colheitadeiras de
batata e almoçamos no restaurante da empresa.
Após a interessantíssima visita a Grimme visitamos um produtor que planta 400 ha de batata / ano.
Ele nos levou para ver uma área em que era realizada
a colheita de batata-semente. Além da ótima produtividade, o que nos chamou a atenção foi a ausência
de trabalhadores, ou seja, apenas 04 pessoas.
Na terça-feira, visitamos outro produtor para conhecer uma máquina da Grimme que consegue separar torrões e pedras da batata-semente que estava
sendo armazenada. Além da eficiência da máquina
mais uma vez foi notória a presença de poucos trabalhadores, ou seja, quase tudo mecanizado.
Após esta visita fomos conhecer 02 unidades que
produzem biogás. A primeira empresa utiliza feno de
milho + esterco de porco + batata descartadas e outra
utiliza descarte de batata, restos de frutas, verduras e
legumes. Os produtos finais são biogás e fertilizantes.
Novamente, quase ninguém trabalhando e o aproveitamento de 100% das batatas impróprias para o
consumo fresco ou indústria de processamento.
Na quarta-feira, visitamos o Potato Europe onde
tivemos a oportunidade de ver muitas máquinas, implementos, colheitadeiras e variedades. Também havia diversas alternativas de tecnologias relacionadas à
transporte, armazenamento, irrigação, pulverização,
nutrição, etc. Vale lembrar que esta exposição ocorre
anualmente em algum país da Europa, e sem dúvidas é muito oportuno participar sempre que possível
para conhecer novas tecnologias destinadas à cadeia
da batata (Ver seção fotos).
Na quinta-feira, visitamos o “Ceasa” de Hanover.
Vimos embalagens com batatas de diferentes pesos
(sempre inferiores a 20 kg) identificadas com marcas
próprias de produtores, batatas muito bem classificadas, diversas opções de variedades, etc. Vale destacar
os cuidados quanto à limpeza do ambiente, diversidade de produtos ( frutas, verduras, legumes, etc.)
e padronização das embalagens e rótulos contendo
informações úteis aos consumidores.
Antes de finalizar este resumo, deixaremos aqui
registrado 02 destaques – o agradecimento do grupo
ao Leonardo Jacinto pelo excelente apoio proporcionado ao grupo e a importância na formação profissional dos jovens Fernando, Tiezo e Hideki, todos
filhos de associados da ABBA.
Para finalizar o resumo é fundamental informar
as conclusões:
Alemanha - valeu a pena conhecer o quarto país
mais rico do mundo e sentir o quanto o Brasil poderia ser melhor. Será que é necessário ser derrotado
em uma guerra para aprender?
Pontos Negativos - destacamos apenas os elevadíssimos preços de tudo e a decepção da juventude
fumando exageradamente. Notamos reduzida oferta de produtos “made in China” e a justificativa foi
bastante convincente – os produtos são submetidos
regularmente a rigorosos controles de qualidade, ou
seja, somente produtos chineses de qualidade.
Mecanização – existem muitas alternativas para
mecanizar e depender cada vez menos de mão de
obra. Foi incrível em uma das visitas observar o número de operadores menor que o de máquinas. Ficou muito claro que é possível tecnicamente mecanizar praticamente tudo desde o plantio até a colheita
da batata.
Variedades – é impressionante a nossa estupidez,
ou seja, oferecer apenas 1 ou 2 variedades de batatas para o mercado fresco. Percebemos nitidamente
que os consumidores não devem ser tratados como
seres irracionais. Temos que introduzir urgentemente novas variedades e criar opções aos consumidores.
Existem dezenas de empresas e milhares de variedades disponíveis.
Indústria – foi fantástico observar as dezenas de
alternativas de batatas processadas que são ofertadas
nos locais de vendas. Temos que industrializar a batata de muitas formas para proporcionar alternativas
e satisfação aos consumidores.
Classificação – temos que analisar se realmente
devemos seguir com nosso sistema de classificação ou
se devemos tentar mudar para uma classificação mais
uniforme. Será que realmente é vantajoso misturar
tubérculos de 80, 129, 168, 240, 277 ou 300 g no
mesmo saco?
Descarte – na Alemanha nada se perde, tudo se
transforma... em purê, rosti, nhoque, biogás, fertilizantes, etc. Até quando vamos continuar destinando
parte significativa da produção brasileira para as vacas, buracos, indústrias de fundo de quintal, aterros
sanitários, etc?
Europe Potato – excelente oportunidade para conhecer novas tecnologias, variedades, profissionais,
etc.. O que pode ser repetitivo para alguns, é noviRevista Batata Show
Ano XIV nº 40
Dezembro/2014
viagens
técnicas
43
viagens
técnicas
44
dade para outros que estão iniciando a carreira em
algum segmento da cadeia da batata, ou seja, temos
que participar regularmente do evento.
Formas de Consumo – apesar de ser um país
rico, a população não é obesa. Com certeza as diferentes formas de consumo de alimentos e bebidas são
decisivos para evitar o que acontece em outros países. Na Alemanha predomina o consumo de batatas
cozidas preparadas de inúmeras formas, sempre com
pouca gordura e sal.
Integração e Intercâmbio – a convivência dos
integrantes do grupo e os novos contatos estabelecidos com profissionais de muitas empresas de diferentes segmentos são fundamentais para a evolução de
todos, principalmente para os futuros sucessores dos
nossos associados.
Natalino Shimoyama, Gerente Geral - ABBA
Vodka de Batata
Benefícios da Batata ao Coração
Revista Batata Show
Ano XIV nº 40
Dezembro/2014
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Batata Gratinada
Batata Semente
Batata com Enfeite de Natal
Batata Semente - Classificação
viagens
técnicas
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Batata a granel
Variedades - Batata
Variedades - Batata
Variedades - Batata
Revista Batata Show
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Dezembro/2014
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Chips
Embalagens Adequadas
Batata Minimamente Processada
Nhoque
Batata à Francesa
Chips
Batata Picles
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Coração de Batata
Produção de Biogás: Silagem de Milho + Batata + Esterco de Porco
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Produção de Biogás: Frutas e Verduras
Produção de Biogás: Frutas e Verduras
Revista Batata Show
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Dezembro/2014
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Amontoa - 8 linhas
Colhedora Grimme
Colhedora Dewulf
Estiramento...
Implemento Grimme
Pulverizador Dianteiro
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Pão e Purê de Batata
Cristinas
Prova de Amor
Batata Semente
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Batata Assada
Batata Assada - Maionese
Batata Assada
Batata Cozida
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53
Rösti Suíço
Pré Fritas Congeladas
Supermercado - Opções de Variedades
Supermercado - Visão Geral
Pré Fritas Congeladas
Limpeza - Água da Lavadeira
Revista Batata Show
Se a moda pega...
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ALAP 2014
Bogotá - Colômbia
apoio da Unversidad de los Andes – Facultad de Ciências, CORPOICA – Corporacion Colômbiana de
Investigacion Colômbiana, FEDEPAPA – Federacion Colômbiana de Productores de Papa, Mc Cain,
Agrointegral e a própria ALAP.
O número de participantes foi de aproximadamente 375 pessoas oriundas dos seguintes países –
Colômbia, Bolívia, Argentina, Brasil, Eua, Holanda,
Costa Rica, Chile, Uruguai, Equador, Peru, México,
Canadá, Panamá, Venezuela.
O evento foi excelente em todos os aspectos e
teve como principais atividades palestras magistrais;
apresentações orais; painéis com alguns países sobre
comercialização de batatas e a situação da requeimas;
seção pôster; dia de campo e uma linda noite de confraternização com apresentações de danças e musicas
colombianas muito animadas.
Rainha da Batata
No congresso da ALAP - 2010 em Cuzco – Peru
foi decidido que as próximas edições do mais importante evento da Cadeia Latino Americana da Batata
seriam Brasil em 2012 e Colômbia 2014. Compromisso assumido e após 4 anos missão cumprida - o
congresso foi realizado em Uberlândia – Brasil e Bogotá – Colômbia.
Na Colômbia o XXVI Congresso de la Associacion Latinoamericana de la Papa – ALAP foi realizado no hotel Crowne Plaza Tequendama em Bogotá
– Colômbia de 28 de setembro a 02 de outubro de
2014.
A excelente organização do evento comandada
pelo Dr.Carlos Nustez da Universidad Nacional de
Colômbia – Facultad de Ciências Agrárias teve o
As palestras magistrais abordaram temas estratégicos com destaque para a importância da batata
na segurança alimentar da humanidade, seja como
fonte de alimento ou como fonte de substâncias anti-inflamatória ou preventiva para alguns tipos de
câncer. Também merece destaque as palestras sobre a
realidade dos problemas causados pela mosca branca
como transmissora do vírus PYVV na Colômbia e as
oportunidades e desafios da produção de batata para
a indústria de processamento de batata em geral.
A maioria das apresentações orais e da seção
pôster foi bastante concorrida e corresponderam à
expectativa dos congressistas devido à diversidade
de temas e a qualidade das pesquisas. Os assuntos
mais discutidos foram relacionados às pesquisas na
área de genética visando inúmeros focos (alimento
funcional, manejo fitossanitário, produção em condições adversas, etc.); manejo da requeima, nutrição
e adubação; doenças e pragas; importância social e
econômica, etc.
Um dos acontecimentos mais “inesperados” do
evento foi o encerramento da “Dinastia Huarte” que
durou 10 anos como presidente da ALAP. A partir
de 2014 começou a “dinastia Mora Aguilar” que comandou o exército da ALAP desde o México. O próximo congresso da ALAP será em 2016 no Panamá
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55
56
viagens
técnicas
ou na Costa Rica.
Durante os intervalos foram servidos saborosos
“salgadinhos” acompanhados de sucos e do famoso
café da Colômbia. Os almoços estavam “muy ricos”
e sempre com surpresas a base de batata (ver imagens
na seção fotos).
O dia de campo foi muito bem organizado. Os
congressistas tiveram a oportunidade de conhecer
dezenas de variedades (a Colômbia possui o 2º maior
germoplasma de batata do mundo, atrás apenas
do Peru), ver sintomas de virose transmitidos pela
mosca branca, assistir duas competições tradicionais – “asadon de ouro” (quem arranca mais batatas
durante 40 minutos utilizando um tipo de enxadão
com um cabo bem curto) e “las peladoras de papas”
(quem descasca mais batatas durante 10 minutos).
Para fechar o evento com chave de ouro foi oferecido um assado criollo – carne bovina, suína e frango
acompanhados de saborosíssimas batatas cozidas de
diferentes variedades.
Apesar de não estar na programação, aproveitamos
a oportunidade para conhecer o “Ceasa” de Bogotá,
especificamente o setor de batatas. São pavilhões
imensos com centenas de atacadistas oferecendo em
média 5 variedades diferentes. A área destinada à
batata é no mínimo 3 a 4 vezes maior que o Ceasa de
São Paulo demonstrando a importância da batata na
alimentação da população.
Para finalizar este resumo segue as conclusões:
blemas de segurança, porém o exército ou a polícia
civil estão presentes e a população é protegida.
Na alimentação colombiana, a batata é abundante e deliciosa. Existem diversas opções de variedades
para diferentes formas de preparo – sopa, salada, cozida, assada, purê, fritas, etc. assim como em outros
países a população não é obesa e diferentemente do
Brasil, a batata na Colômbia é respeitada como deve
ser – alimento saudável, acessível e importante instrumento para combater a fome e desequilíbrio sócio
econômico.
A importância em participar sempre dos congressos da ALAP é indiscutível devido ao nível, qualidade e quantidade de informações disponíveis. Além
do mais, é muito agradável o ambiente, quando se
reúnem representantes de dezenas de países que se
dedicam a “la papa”. A cada edição conhecemos novas pessoas e consequentemente se abre um imenso
leque de oportunidades para pesquisa, negócios, etc.
Apesar dos interesses individuais predomina o
comprometimento de todos em produzir papas para
alimentar a humanidade. Este compromisso é o
principal alicerce da “FAMILIA ALAP”.
Assim como em uma pescaria, às vezes fisgamos
peixes grandes. No ALAP 2014 fisgamos diversos
peixes grandes. Em breve traremos ao Brasil um desses peixões para realizar uma “maratona” de palestras
de extrema necessidade e importância para todos que
atuam na produção de batata.
Natalino Shimoyama, Gerente Geral - ABBA
Em primeiro lugar devemos parabenizar e agradecer todos que trabalharam na organização do ALAP
2014, pois foi simplesmente magistral.
Ficam aqui registrados os agradecimentos ao Dr.
Marcelo Huarte por sua dedicação, competência e
liderança com que presidiu a ALAP durante 10 anos,
assim como disponibilidade da ABBA seguir colaborando com a nova diretoria presidida pelo Dr. Rafael
Mora Aguilar.
A Colômbia nos surpreendeu positivamente em
muitos pontos. A imagem horrível delineada pela
mídia é contrária à realidade – cidade limpa, um
povo bonito e educado, comida excelente, trânsito exemplar (Bogotá tem 9 milhões de habitantes)
– copiaram e aprimoraram o sistema de transporte
público de Curitiba. Lamentavelmente ainda há proRevista Batata Show
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Batata Cozida
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Variedade - Colômbia
Variedades - Colômbia
Variedades Colombianas
Variedade Colombiana
Variedade Colombiana
Variedade Criolla
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Variedade Colombiana
Supermercado - Opções de Batatas Frescas
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Mercado Atacadista
Pré Frita Congelada
Mercado Atacadista
Variedade Criolla
Variedade Criolla
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Vírus - PYVV transmitido pela Mosca Branca
Vírus - PYVV transmitido pela Mosca Branca
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instituições
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Avanços no Programa de Melhoramento
Genético da Batata na EPAGRI em Santa Catarina
Zilmar da Silva Souza
Pesquisador da Epagri – Estação Experimental de São Joaquim, Caixa Postal 81, 88600-000, São Joaquim, SC;
[email protected]
Introdução
O cultivo da batata sempre foi destaque no Estado
de Santa Catarina, embora com produção estadual
bastante inferior se comparada aos estados brasileiros
com maior produção. Foi iniciado principalmente
com os imigrantes europeus, a partir do início do
século XIX e logo ganhou importância favorecido
pela adaptação das cultivares da época às condições
meteorológicas locais. A diversidade de condições
meteorológicas nas regiões de Santa Catarina
possibilita o cultivo da batata em praticamente todos
os meses do ano, embora atualmente os cultivos
estejam concentrados nas regiões com condições
meteorológicas mais favoráveis.
O negócio da batata em Santa Catarina e no
Brasil se alterou nos últimos anos, pressionado pelas
diferentes demandas dos consumidores. O mercado
de batata para consumo “in natura” tem exigências
específicas com relação ao aspecto da casca dos
tubérculos, o que exige dos produtores o plantio de
cultivares de casca lisa e brilhante que na lavagem
melhora o aspecto visual dos tubérculos. A cultivar
Ágata é a referência atual para este segmento de
mercado. Outro segmento que vem ganhando cada
vez mais importância no Brasil é a produção de batata
com qualidades para processamento industrial,
ainda muito dependente da importação de produtos
processados para abastecimento do mercado interno.
As cultivares mais importantes para processamento
no mercado internacional são poucas e a maioria
delas não tem adaptação às condições meteorológicas
de cultivo nas regiões de produção no Brasil. Outros
segmentos vêm ganhando importância como a
produção de batata em sistemas agroecológicos e
também batatas para outras formas de consumo ou
de processamentos, porém ainda muito tímidos, mas
o potencial deve ser considerado se observadas as
novas tendências de exigências dos consumidores na
alimentação para os próximos anos.
Revista Batata Show
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Dezembro/2014
As principais cultivares de batata utilizadas no
Brasil são importadas, que atendem às expectativas
atuais dos principais mercados consumidores para
consumo “in natura”. As cultivares nacionais lançadas
nos últimas décadas não conseguiram desbancar
ou concorrer com as cultivares estrangeiras neste
segmento.
No Brasil as entidades que se dedicam ao
melhoramento genético da batata precisam estar
atentas às demandas e expectativas dos mercados
consumidores. No segmento produção de batata para
consumo “in natura”, a seleção inicial deve priorizar
clones com tubérculos com casca lisa e brilhante. Na
produção de batata para processamento industrial este
aspecto não tem a mesma relevância, porém a seleção
de clones com tubérculos de formato adequado para
a produção de chips ou palitos também deve ser
realizada nas gerações iniciais de seleção, para na
sequência avaliar as qualidades relacionadas aos teores
de massa seca, açúcares redutores e outros atributos.
Estes valores mercadológicos, às vezes, geram algum
desconforto para o melhorista no momento de
decidir quais clones passarão para a próxima geração
de seleção.
Programa de melhoramento genético da batata
na Epagri
A Epagri - Empresa de Pesquisa Agropecuária
e Extensão Rural de Santa Catarina, empresa
pública de direito privado vinculada ao governo
do Estado via Secretaria de Estado da Agricultura
e da Pesca, conta na área de pesquisa com estações
experimentais localizadas estrategicamente no estado
para promover o desenvolvimento local e atender as
culturas e criações em atividades ou com potencial
econômico, considerando a priorização estabelecida
em função da estrutura existente e dos recursos
humanos disponíveis.
A Estação Experimental de São Joaquim está
localizada na região do Planalto Sul Catarinense,
região com clima temperado devido à altitude
(Cfa segundo Köppen), com baixas temperaturas
durante o inverno, porém o frio não é constante
durante todo o período, com 150 a 180 dias livres
de geadas, que permite apenas um cultivo anual da
batata, possibilitando plantios na primavera e início
do verão e colheitas no final de verão e outono. Nos
meses de cultivo da batata as temperaturas médias
mensais variam de 13,2oC a 17,2oC (outubro a abril),
e fotoperíodos de 13 a 15 horas muito favorável ao
desenvolvimento e à produção. A altitude da região
varia de 1000 a 1500 metros.
Em 1997 foi iniciado um pequeno programa
de melhoramento genético com a cultura da batata
no sistema convencional, que evoluiu a partir de
2000 pela maior estrutura física construída e o
estabelecimento de parcerias locais que possibilitou
aumentar o número de genótipos gerados a cada ano.
Este trabalho de melhoramento genético objetivou
gerar variabilidade genética para viabilizar a seleção
de clones para processamento industrial, consumo
“in natura”, cultivo em sistemas agroecológicos e
outras formas de consumo. Este trabalho esteve
sempre apoiado em três requisitos básicos na seleção
de clones: alta produtividade, qualidades culinárias
ou comerciais e resistência de campo às principais
doenças e pragas. Foram realizados cruzamentos
entre cultivares comerciais, clones selecionados e
com germoplasma de Solanum tuberosum subespécie
tuberosum, e eventualmente Solanum tuberosum
subespécie andigena.
Entretanto, o estabelecimento de políticas de
prioridades para as estações experimentais da Epagri
(focos de pesquisa), realizado em 2009, definiu para a
região de São Joaquim, SC, a concentração de esforços
nas atividades de fruticultura de clima temperado, e
a partir daí o programa de melhoramento genético
da batata ficou restrito à seleção do material gerado
até aquele ano.
A partir desta nova situação foi necessário definir
novas estratégias para viabilizar a manutenção e
continuidade deste trabalho para os próximos anos.
Estabelecimentos de parcerias
O estabelecimento de parcerias com entidades
públicas e grupos privados está sendo importante na
manutenção deste programa de melhoramento.
As primeiras parcerias estabelecidas no início do
programa foram com as associações de produtores
instituições
63
instituições
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locais (ASEPROBASC e SEMENTOP), e também
com a Embrapa Clima Temperado de Pelotas, RS.
Foram parcerias informais que muito contribuíram
para viabilizar o programa de melhoramento.
Em 2007 foi estabelecida uma parceria com a
UFSM – Universidade Federal de Santa Maria para
viabilizar a seleção de clones e o desenvolvimento
de novas cultivares para processamento industrial
que envolveu a transferência de material genético e
recursos financeiros que permanece até o momento.
Em 2011 foi estabelecida uma parceria mais
consistente com a Embrapa Clima Temperado de
Pelotas, RS, com o objetivo de viabilizar a seleção de
clones gerados pela Embrapa na Epagri, e também
para avaliar clones superiores gerados na Epagri pela
Embrapa no segmento batata para consumo “in
natura”, com possibilidade de repasse financeiro.
Além destas, outras parcerias poderão ainda
ser estabelecidas para viabilizar as avaliações
qualitativas de clones, a produção de batata-semente
genética por entidades credenciadas de clones com
possibilidade de lançamento, e também a produção
de batata-semente com associações de produtores ou
produtores individuais.
Principais resultados
Seleção de clones de batata para processamento
industrial
A falta de cultivares adaptadas às condições
meteorológicas e dos solos existentes nas regiões de
produção é o principal entrave ao desenvolvimento
do segmento batata para processamento no Brasil. As
instituições de ensino, pesquisa e desenvolvimento
têm realizado trabalhos de melhoramento genético
da batata com este objetivo.
Neste sentido a consolidação da parceria
tecnológica entre a Epagri e a UFSM resultou na
seleção de 10 clones superiores que ainda continuam
em processo de avaliação com qualidades para a
produção de batata chips e palitos.
Seleção de clones de batata para consumo “in
natura”
O desenvolvimento de clones neste grupo
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Ano XIV nº 40
Dezembro/2014
objetiva possibilitar a geração e o lançamento de
novas cultivares, em condições de competir com
as atuais cultivares plantadas no Brasil. Embora as
cultivares importadas estejam suprindo o mercado
nacional, o desenvolvimento de cultivares nacionais
se justifica pela possibilidade de obter material
altamente produtivo, com qualidade comercial e
mais adaptados com efeitos sobre a redução do
custo de produção e no impacto ambiental. Neste
segmento foram selecionados 20 clones superiores
em 2010, todos com aceitável aparência da casca para
o mercado, alta produtividade e com resistência de
campo às principais doenças da folhagem. Em 2011,
seis destes clones selecionados foram repassados à
Embrapa Clima Temperado, via parceria tecnológica
estabelecida, para avaliação e seleção interna,
produção de semente genética, realização de ensaios
de VCU dos clones mais promissores e lançamento
de novas cultivares. Destes seis clones, pelo menos
três apresentam reais possibilidades de lançamento
e são candidatos a novas cultivares, com base nos
dados observados em São Joaquim, SC.
Os demais 14 clones selecionados em 2010
permaneceram na Estação Experimental de São
Joaquim, e em 2011 foram iniciados testes de VCU
com cinco clones no sistema convencional de cultivo,
sendo que os testes estão na fase final e já foi possível
selecionar um clone para lançamento de uma nova
cultivar previsto para 2016.
Seleção de clones de batata para cultivo em
sistemas agroecológicos
A produção orgânica de batata é uma demanda
crescente, e que pode ser implementada na agricultura
familiar em Santa Catarina, com a expectativa de
que esta atividade venha resgatar a competitividade
na produção de batata nas pequenas propriedades.
Este trabalho se constitui numa ótima oportunidade
aproveitando a estrutura de pesquisa e extensão rural
da Epagri, reunindo os dados obtidos nas estações
experimentais com um trabalho integrado de pesquisa
participativa junto aos produtores. Isto possibilita a
avaliação dos usuários desta tecnologia ainda durante
o processo de seleção. Em 2011 foram iniciados
testes de VCU com seis clones com potencial, e no
65
instituições
momento os testes estão próximos do encerramento
e um clone está se destacando pelo aspecto, formato
dos tubérculos, produtividade e resistência de campo
às principais doenças e, se confirmados os resultados,
deverá ser lançada uma nova cultivar em 2016.
Seleção de clones de batata para outras formas
de consumo
A produção de batata para determinados nichos
de mercado também é uma demanda da agricultura
familiar em Santa Catarina, visando alternativa para
agregação de valor e diversificação produtiva. Existe
variabilidade genética em fase de seleção de clones,
alguns com potencial, por exemplo, para outras
formas de processamento. Todo este germoplasma
está ainda na fase de avaliação e seleção de clones.
Clones de batata no estágio intermediário de avaliação.
Clone de batata selecionado para processamento
industrial.
Cruzamentos utilizando parentais selecionados realizado
em telado.
Clone de batata selecionado para consumo “in natura”.
Desenvolvimento das plantas em telado originadas de
cruzamentos (semente botânica).
Clones selecionados em propriedade de agricultores em
São Joaquim, SC, no trabalho de pesquisa participativa
em conjunto com a extensão rural.
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fotos
SEÇÃO FOTOS
Treinamento “O QUE QUE É ISSO ?” - Castrolanda/PR
Rio Mogi em 24/09/2014 - Mogi Guaçu/SP
Ajude-nos a compor esta seção. Envie suas fotos
relacionadas à BATATA e curiosidades para [email protected].
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empresas
parceiras
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empresas
parceiras
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Benefícios da complementação nutricional via foliar
mento, ou mesmo, minimizado danos fisiológicos
das plantas nestas situações.
Marcos Donizeti Revoredo
Gerente Técnico HF – AlltechCrop Science
[email protected]
A
adubação foliar é uma técnica muito utilizada na agricultura, para a correção de
carência nutricional, em diversos sistemas de cultivos.
Esta prática, decorrente da aplicação de nutrientes
na parte aérea das plantas, visa complementar e/ou
suplementar e manter o equilíbrio nutricional das
plantas, principalmente nos períodos de maior demanda, favorecendo assim o fornecimento adequado
e potencializando os caracteres genéticos de produção. Os nutrientes são aplicados na forma solúvel em
água e por meio de equipamentos sobre a parte aérea
das plantas. Logicamente, esta prática não substitui a
adubação via raiz e sim, complementa.
O nutriente, para ser absorvido, precisa entrar
na célula (citoplasma, vacúolo, organelas) para desempenhar as suas respectivas funções. Para isso,
existem duas barreiras a serem vencidas: a primeira
é a cutícula/epiderme; e a segunda são as membranas, plasmalema e tonoplasto; compreendendo assim
uma fase passiva (penetração cuticular) e uma ativa
(absorção celular). E com relação ao transporte dos
nutrientes, estes são realizados pelo floema, como do
P (hexosefosfato), N (amidas), S (S elementar ou orgânico) e os micros Cu, Fe, Mn e Zn (orgânica como
quelatos).
As plantas cultivadas em seus diversos sistemas de
cultivos, exceto em ambiente controlado, estão disponíveis a fatores que afetam a absorção e assimilação
de nutrientes, seja devido a variações de temperatura, na indisponibilização ou desequilíbrio iônico no
sistema radicular, entre outros. Com isso, a prática
de complementação ou suplementação nutricional
via foliar tem auxiliado na melhoria do desenvolviRevista Batata Show
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Além destes benefícios da utilização de nutrientes
via foliar, atualmente estes produtos têm sido formulados conjuntamente com complexos de um ou
mais aminoácidos. Os aminoácidos são as unidades
básicas que compõem peptídeos, proteínas, e são
precursores de outras moléculas como: hormônios,
coenzimas, nucleotídeos, polímeros de parede celular e muitas outras. As plantas são capazes de produzir todos os aminoácidos que precisam, no entanto,
em condições de deficiências por nitrogênio ou algum tipo de estresse (biológico, físico, químico ou
outro), a produção de aminoácidos fica reduzida e,
como consequência, outros processos metabólicos
envolvidos com esta substância também são afetados. Nos momentos de maior exigência metabólica
(germinação, brotação, florescimento e outras) existe
uma maior necessidade, não apenas por elementos
químicos específicos, no caso dos nutrientes, como
também por esta fonte energética que são os aminoácidos. Além de participar destas inúmeras funções
no metabolismo das plantas, eles possuem uma interação com a sua nutrição, aumentando a eficiência
na absorção, transporte e assimilação dos nutrientes
e ainda, nos produtos, promovem a complexação e/
ou queletização dos cátions, neutralizando as cargas,
reduzindo o efeito das forças de atração e repulsão da
cutícula da folha, aumentando assim a velocidade de
absorção dos nutrientes.
A AlltechCrop Science atua no mercado brasileiro
de fertilizantes foliares desde 1999, com o emprego
da Biotecnologia para proporcionar nutrição, proteção e performance das plantas. A empresa oferece
produtos com específicos balanceados nutricionais
essenciais para as plantas em complexação com aminoácidos de extrema qualidade, o que confere rápida
absorção e maior translocação dos nutrientes, promovendo incremento na produção e na qualidade da
cultura.
Bom dia, Chicago!
durante a bonança.
Por Ciro Antonio Rosolem, membro do Conselho Científico
para Agricultura Sustentável (CCAS) e professor titular da
Faculdade de Ciências Agrícolas da Universidade Estadual
Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (FCA/Unesp Botucatu).
Enviado por Alfapress Comunicações
“Bom Dia! Como está Chicago?”. Essa tem
sido a saudação entre sojicultores ultimamente.
A cada respiro do clima nos Estados Unidos,
a cada ajuste na previsão de produção de algo
próximo de 100 milhões de toneladas de soja lá
pelas bandas da América do Norte, algumas centenas de agricultores brasileiros passam do verde
para o vermelho. Estaríamos iniciando um ciclo
de baixos preços de commodities? Alguns economistas dizem que sim.
Os preços internacionais dos produtos agrícolas obedecem a ciclos, mediados por diversos
fatores. Após um período de aumento rápido de
preços, vive-se um período de vacas gordas. Mas,
logo em seguida vem um período de ajustes,
quando os preços sobem menos, e depois sofrem
queda. Muito bem. Alguns economistas apontam fortes evidências de que o pico de alta teria
passado e, agora, enfrentaríamos um período de
baixa. Até aí, tudo normal. É cíclico. O problema é o que aconteceu, ou deixou de acontecer,
O desenvolvimento da agricultura brasileira é
conhecido e hoje reconhecido. Ganhos em eficiência, em tecnologia e em escala compensaram
a primeira onda de diminuição de preços. Entretanto este elástico está no fim. Quase arrebentando. Apesar de ainda haver algum aumento na
produtividade média da soja no Brasil, no Mato
Grosso, onde se tem as maiores produtividades,
ela tem oscilado de 3.000 a 3.200 kg/ha há aproximadamente 10 anos. Está estagnada. Por outro
lado, os ganhos em produtividade foram engolidos pelos altos custos logísticos, tributários e trabalhistas. Enquanto isso, com as obras públicas
emPACadas, tome conversa eleitoreira.
O ciclo de alta, mais a evolução da tecnologia e da gestão agrícola, permitiram à agricultura
brasileira viver um ciclo virtuoso, onde o crescimento econômico foi acompanhado da melhoria na sustentabilidade dos sistemas e do respeito
ambiental. O grande exemplo são os sistemas integrados. Entretanto, segundo levantamento da
EMBRAPA, boa parte da soja brasileira é produzida em áreas marginais para a cultura. Também
a rotação com pastagem, ou florestas, se dá, na
maioria das vezes, em áreas marginais de cultivo.
Isso quer dizer: custo alto. Daí muitos agricultores oscilarem entre o verde e o vermelho a cada
Bom Dia, Chicago!
Mas a China não tem conseguido produzir
toda soja que precisa. E vai precisar mais. É um
indicativo de que, talvez, aquisições chinesas
contenham a queda livre dos preços. Os americanos estão de olho neste mercado, e têm mostrado competência em negociar suas safras. De
qualquer modo, as obras necessárias teriam mais
um tempo para desemPACarem no Brasil, que
assim manteria a competitividade.
Revista Batata Show
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outras
culturas
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72
mecanização
A necessidade de proteção das lavouras
diversos pontos de vista. Grande parte das objeções
tem sua origem na falta de informação. No entanto,
não há dúvidas que qualquer fator ligado ao aumento da qualidade de vida é legítimo e importante.
Ao analisar esse problema, convém destacar que
parte da população passa fome e parte está subalimentada. Não há dúvida que o problema está ligado
à má distribuição de alimentos, mas também a sua
disponibilidade.
Em termos econômicos empresariais, a maior
produtividade equivale ao maior benefício, que nem
sempre é obtido com a maior produção. A otimização do benefício na agricultura empresarial não exige
usar indiscriminadamente os produtos fitossanitários, senão, ao contrário, de forma controlada.
Por João Paulo Rodrigues da Cunha, Professor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
Enviado por Alfapress Comunicações
O
homem fez-se agricultor
para garantir a produção
regular de alimentos e, sem
dúvida, os primeiros agricultores já conheceram, sofreram e lutaram contra as adversidades naturais de
seus cultivos, de forma que se estabeleceu uma inevitável batalha que chegou até os dias atuais.
A proteção das lavouras é inerente à própria agricultura, criação humana que nasceu para satisfazer
muitas de nossas necessidades de maneira estável. A
agricultura precisa proporcionar alimentos e também produtos de uso comercial e industrial, mas,
sobretudo no primeiro caso, em quantidade e com
a qualidade adequada. Ademais, o agricultor necessita obter um proveito econômico de seu trabalho e
o consumidor deseja preços justos. Nada disso seria
possível sem uma proteção contínua das lavouras,
dentro do qual o emprego dos produtos fitossanitários ocupa um papel muito importante. Esse processo vem sendo questionado por diversos setores da
sociedade, o que faz necessário justificar seu uso de
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Grande parte da responsabilidade de se conseguir
eficácia nos tratamentos fitossanitários, com mínimo risco ao operador, ao consumidor e ao ambiente,
corresponde às máquinas de aplicação. Na maioria
das vezes, dá-se muita importância ao produto a ser
aplicado e pouca atenção à técnica de aplicação. No
entanto, além de se conhecer o produto, também é
necessário dominar a forma adequada de aplicação,
de modo a garantir que o produto alcance o alvo de
forma eficiente, minimizando-se as perdas.
Neste contexto, uma importante ação iniciada em
2014 foi o CAS (Certificação Aeroagrícola Sustentável). O CAS é um programa de certificação realizado pela Fundação de Estudos e Pesquisas Agrícolas e
Florestais (FEPAF), em parceria com a ANDEF (Associação Nacional de Defesa Vegetal), tendo como
entidades coordenadoras três universidades: UNESP,
UFLA e UFU. O objetivo é incentivar a capacitação
e a qualificação das empresas de aviação agrícola e de
operadores aeroagrícolas privados. Trinta empresas já
estão certificadas no nível I.
Sem dúvida este novo cenário contribuirá para o
avanço do setor, uma vez que o programa intensifica os cuidados com a aplicação aérea, diminuindo
riscos de acidentes e danos ao ambiente e também
proporcionando mais capacitação e incentivo à tecnologia no campo.
Representante
Flexibilidade, rapidez,
conveniência e plantio seguro.
Excelente visualização
dos componentes do plantio.
Com fácil regulagem
obtem-se espaçamento preciso.
Possibilidade do plantio de
sementes de tamanhos diversos .
culinária
74
Purê de Batata com perfume de laranja
- 1 colher de sopa de raspas de laranja
- Sal
- Pimenta do reino
Modo de preparo:
- Cozinhar as batatas com sal e escorrer.
- Bater no processador as batatas ainda
quentes, acrescentando a manteiga, e
em seguida o suco de laranja em temperatura ambiente. Temperar com sal e
pimenta do reino moída na hora.
Rendimento: 4 porções
Ingredientes:
- 800g de batata rosa descascada
- 40g de manteiga
- 100ml de suco de laranja
Sugestão: Servir dentro da casca da
laranja e decorar com as raspas. Pode
acompanhar carne suína e galetinho.
EGAS - Escola de Gastronomia
Fone:(51)3341-1555
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Aplique somente as doses recomendadas. Descarte corretamente as
embalagens e restos de produtos. Incluir outros métodos de controle
dentro do programa do Manejo Integrado de Pragas (MIP) quando
disponíveis e apropriados. Uso exclusivamente agrícola. Registro MAPA:
Cantus® sob o nº 7503 e Cabrio® Top sob o nº 1303.
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