Revista da Associação Portuguesa de Horticultura
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Revista da Associação Portuguesa de Horticultura
ISSN - 1646 - 1290 - Publicação Trimestral Preço de venda: 5€ n.º 103 Outubro - Novembro - Dezembro 2010 Revista da Fruticultura Viticultura Olivicultura Horticultura Herbácea Horticultura Ornamental Associação Portuguesa de Horticultura Editorial 3 O IHC Lisboa 2010 para mais tarde recordar... Maria Elvira Ferreira A Internacionalização da APH 4 APH - ISHS: uma relação frutuosa Mário Reis & Carlos Portas 8 O 28th IHC 2010 foi um marco histórico para a horticultura ibérica António Monteiro 12 Mis reflexiones sobre el IHC Lisboa 2010 Victor Galán Saúco 14 IHC 2010: Éxito por la colaboración Fernando Riquelme 16 Os “nossos” Congressos (IHC) e Conselhos (Council) e o “nosso” ibérico mega-Congresso e Conselho de Lisboa Carlos Portas 25 30 34 36 38 Opinião do Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas (MADRP) sobre o IHC Lisboa 2010 Sectores da Horticultura Uma breve visão sobre a Horticultura Herbácea no 28.º Congresso Internacional de Horticultura Maria da Graça Palha 40 A Viticultura no 28.º Congresso Internacional de Horticultura Kátia Gomes Teixeira 42 A fileira oleícola no 28th International Horticultural Congress (IHC) Lisboa 2010 Albino Bento 43 A Horticultura Ornamental no Congresso Internacional de Horticultura (IHC) Lisboa 2010: uma conversa de café José António Monteiro Simpósios 44 S01 - Berries: from genomics to sustainable production, quality and health Tt01 - Berries Pequenos frutos: do genoma à produção sustentável, qualidade e saúde Pedro B. Oliveira, Luís Lopes da Fonseca & Maria da Graça Palha 47 S02 – Post-harvest technology in the global market Nota sobre o simpósio Domingos P. F. Almeida 49 S03 – Greenhouse 2010: environmentally sound greenhouse Tt03 - Protected cultivation Estufas 2010 Jorge F Meneses 51 S08 – OliveTrends. From the olive tree to olive oil: new trends and future challenges Da oliveira para o azeite: novas tendências e desafios futuros Pedro Fevereiro A PALAVRA AO Ministro MADRP A Fruticultura no IHC Lisboa 2010 Raúl Rodrigues IHC Lisboa 2010, um Congresso de Sucesso Pedro B. Oliveira 53 S13 – Quality-chain management of fresh vegetables: from fork to farm Gestão da qualidade da cadeia de hortaliças in natura Paulo César Tavares de Melo 55 S14 – OrganicHort. Organic horticulture: productivity and sustainability Horticultura Biológica - Produtividade e sustentabilidade Isabel Mourão & Uygun Aksoy 58 S15 – CLIMWATER 2010 – Horticultural use of water in a changing climate O uso da água em Horticultura e as alterações climáticas Isabel Ferreira & Enrique Fernández 60 S17 – X International Proteas Research Symposium Ws26 - Proteaceace in a global economy: role players and challenges Tt02 - Proteas As proteas no 28.º Congresso Internacional de Horticultura Maria José Leandro Sm14 – Environmental issues in turfgrass management Tt06 – Turfgrass Os relvados e o Congresso Internacional de Horticultura IHC Lisboa 2010 José António Monteiro 64 T03 – Crop physiology Sessão Temática de Fisiologia das Culturas Manuela Chaves 65 T09 – Genetics and breeding Genética e Melhoramento Genético José M. Leitão 66 T14 – Modelling Sobre a sessão temática de “Modelação dos Sistemas Hortícolas” José Paulo de Melo e Abreu Visitas Técnicas 67 Tt03 – Protected Cultivation e Tt09 – Maçã de Alcobaça As Visitas Técnicas sobre Culturas Protegidas e Maçã de Alcobaça Maria do Carmo Martins 69 Tt04 – Rocha Pear Pêra Rocha Sofia Comporta 70 Tt05 – From Fork to Farm Do garfo à quinta Inês Vilaça 71 Tt07 – Olive growing and vineyards in Alentejo Olivais e vinhas no Alentejo Gonçalo Pinheiro & Maria Elvira Ferreira 73 Tt08 – Vegetable production in the Tagus Valley Visita Técnica à Região Norte do Vale do Tejo Fernando Pires da Costa 74 Pct01 – Oporto and Douro Valley Visita Técnica Pós-Congresso: Porto e Vale do Douro Ana Paula Silva Outras reAlizações 76 Novos Dirigentes da ISHS eleitos em Lisboa Maria Elvira Ferreira 78 A Exposição e o Pavilhão de Espanha Maria da Graça Barreiro 81 Horticulture Brokerage Event Parcerias tecnológicas entre entidades do sistema científico e tecnológico e empresas Luís Mira da Silva & Rita Carvalho 83 Horticultura e Arte Maria Elvira Ferreira 84 BM11 – Ibero-american National Societies for Horticulture Get-Together Encontro das Sociedades Ibero-americanas de Horticultura Maria Elvira Ferreira 86 Mesa redonda da Assembleia das Regiões Produtoras de Frutas e Legumes da Europa - AREFLH Maria do Carmo Martins Post-Congress Technical Tours in Spain Actividades en España del 28 Congreso Internacional de Horticultura Jaime Prohens, Pedro Cermeño, Joan Bonany, Manuel Caballero, Juan Cabrera, María del Carmen Cid, Víctor Galán Saúco, Adrián Rodríguez-Burruezo Seminários e Sessões Temáticas A PALAVRA À Comissão executiva 62 87 88 HOMENAGENS Paulo César Tavares de Melo “Horticólogo de Honra” Frederick Bliss “Horticólogo de Honra” 88 Armando Torres Paulo “Sócio Honorário” 89 Heiko van der Borg “Sócio Honorário” 89 Homenagem a Carlos Alberto Martins Portas 90 Informação ao leitor 91 Calendário de Eventos Nota: O conteúdo dos artigos publicados é da inteira responsabilidade dos seus autores Revista da APH (Associação Portuguesa de Horticultura) Propriedade e edição: Associação Portuguesa de Horticultura Rua da Junqueira, 299 1300-338 Lisboa Tel. 213623094 e-mail: [email protected] www.aphorticultura.pt Director: Maria Elvira Ferreira ([email protected]) Editor: Isabel Mourão ([email protected]) Co-Editor: Maria da Graça Barreiro Design Editorial: Miguel Frazão ([email protected], www.fanq.eu ) Impressão: Europress Publicação Trimestral N.º 103 (Outubro, Novembro, Dezembro) Tiragem: 2000 exemplares Preço: 5€ - Isenta do Registo na ERC nos termos da alínea a) do n.º 1 do Artigo 12.º do Decreto Regulamentar n.º 8/99, de 9 de Junho ISSN: 1646-1290 Dep. legal: 1566/92 Editorial O IHC Lisboa 2010 para mais tarde recordar… Conforme prometido aqui está o número da Revista da APH inteiramente dedicado ao maior e mais importante evento na área da Horticultura realizado na Península Ibérica, o 28.º Congresso Internacional de Horticultura (IHC Lisboa 2010). Este congresso que decorreu em Lisboa de 22 a 27 de Agosto, foi organizado pelas duas sociedades ibéricas de horticultura, a nossa Associação Portuguesa de Horticultura (APH) e a Sociedad Española de Ciencias Hortícolas (SECH), sob a égide da International Society for Horticultural Science (ISHS). O IHC Lisboa 2010 foi de facto tão importante que teria que ficar amplamente registado na Revista da APH. Este é o resultado daquilo que idealizámos e para o qual pedimos o contributo de muitos que, com o seu saber, trabalho, dedicação e, em alguns casos, até paixão, ajudaram a ‘construir’ o IHC que envolveu o maior número de países participantes e registou o segundo lugar em número de congressistas. Felizmente conseguimos uma forte adesão ao nosso pedido e o resultado está à vista: a Revista da APH com o maior número de páginas alguma vez publicada. Mas apesar de estarmos em período de contenções, parece-nos que é mais que justificado este ‘pesado’ número da Revista da APH, para que possamos mais tarde recordar o IHC Lisboa 2010. Pretendemos que esta Revista seja uma partilha de informações e de recordações, quer para os que não puderam participar no Congresso, quer para os que tiveram a possibilidade de o ‘viver’ naquela magnífica semana de Agosto. Assim, pedimos contributos à Comissão Executiva, ao Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pesca, aos conveners de língua portuguesa dos vários eventos (simpósios, seminários, sessões temáticas e workshops) e aos organizadores das Visitas Técnicas em Portugal. A este grupo associaram-se também os Vice-Presidentes da APH, com uma visão global de cada um dos sectores da Horticultura que representam. A organização de um congresso desta envergadura não se consegue de um dia para o outro, e foi longo o caminho percorrido até ao IHC Lisboa 2010, que também se relata nesta revista. Além das sessões técnico-científicas que decorreram durante o IHC Lisboa 2010, outras realizações houve que pela sua importância também aqui merecem registo, tais como: reuniões de trabalho; o Horticulture Brokerage Event; a Exhibition; o Pavilhão de Espanha; as exposições ‘Horticultura e Arte’; a eleição do novo Presidente da ISHS, o nosso associado Prof. António Monteiro; e ainda as homenagens da APH a personalidades nacionais e internacionais que, na área da Horticultura, se distinguiram no decurso das suas actividades. A todos aqueles que participaram agradecemos o terem respondido tão prontamente ao nosso desafio, enriquecendo este número da Revista da APH. Queremos também fazer uma menção ao profissionalismo e empenhamento de toda a equipa da PCO Meeting Point, liderada pela D. Isabel Silvestre, que tão bem soube levar a cabo a tarefa da organização de um evento desta envergadura, o que agradecemos vivamente. Várias têm também sido as manifestações que temos recebido dos congressistas sobre este assunto, o que muito nos congratula. Que mais se pode dizer e escrever nas primeiras páginas de uma Revista tão rica de informações e recordações e que se espera que a leitura de cada uma das suas páginas seja redobrada de prazer? Resta-nos desejar que o ano de 2011 seja muito bom para todos e que muitos sucessos hortícolas, como o que foi o IHC Lisboa 2010, se repitam nas gerações futuras, para mostrarmos ao Mundo que o povo ibérico sempre soube e saberá, de forma cativante e prazenteira, fazer chegar a ‘Ciência e a Horticultura para as pessoas’. Estamos contentes com o resultado final deste número da Revista da APH, mais um motivo de orgulho para a APH. Bom ano de 2011 e saudações hortícolas! Maria Elvira Ferreira Revista da APH N.º 103 3 A internacionalização da APH APH – ISHS: uma relação frutuosa Mário Reis* & Carlos Portas** O presente trabalho pretende contribuir para o conhecimento das profícuas relações de cooperação, desenvolvidas ao longo de mais de três décadas, entre a Associação Portuguesa de Horticultura (APH) e a International Society for Horticultural Science (ISHS) que culminaram, em Agosto de 2010, com a realização em Lisboa do XXVIII Congresso Internacional de Horticultura, um dos maiores de sempre, e a eleição do primeiro presidente português da ISHS. Este resultado foi atingido graças ao trabalho de técnicos e cientistas portugueses, iniciado ainda no período anterior à fundação da APH. Os primórdios da ISHS remontam a 1864, ano em que se realizou o primeiro International Horticultural Congress, em Bruxelas, com o objectivo de propiciar a discussão científica nesta área. Até 1923, estas reuniões científicas realizaram-se na Europa mais desenvolvida, Holanda, França e Bélgica, à excepção do congresso realizado em Chicago (EUA), em 1893. Em 1923, foi fundada o International Committee for Horticultural Congresses e a partir desta data estes congressos internacionais de horticultura expandiram-se para o Sul da Europa e outras regiões e continentes, onde a actividade técnica e científica registada em horticultura o justificava. Em 1959, em Paris foram aprovados os estatutos da ISHS, consagrando uma estrutura em Secções, Comissões e Grupos de Trabalho, de modo a cobrir as diferentes áreas do conhecimento abrangidas pela horticultura na sua acepção mais abrangente, anglo-saxónica. Portugal associou-se oficialmente à ISHS em 1961 tendo sido nomeados como primeiros representantes nacionais no Council da ISHS o Dr. Alberto Gardé (EAN, Sacavém), o Eng.º Weber de Oliveira (JNF, Lisboa) e o Prof. Joaquim Vieira Natividade (EAN, Alcoba- Figura 1 – O Prof. Carlos Portas em College Park (Maryland, EUA). Figura 3 – Jantar durante a reunião do Council, em Florença (1976), com a presença da Dr.ª Denise Blanc (especialista em Floricultura, Cap d’Antibes) que, a convite da APH, visitaria Portugal acompanhada pelo Eng.º José Carreiro. Quadro 1 – Representantes de Portugal no Council da ISHS. 1961-70 1971-73 1974-75 1976-89 Figura 2 – Notícia da criação da APH na revista Chronica Horticulturae (Vol. 12, n.º 1/2, Agosto de 1976). 4 Revista da APH N.º 103 Prof. Joaquim Vieira Natividade (EAN, Alcobaça) Dr. Alberto A. Gardé (EAN, Sacavém), Eng.º Weber de Oliveira (JNF, Lisboa), Eng.º Avelar do Couto (EAN, Alcobaça), Eng.º Entrudo Júnior (DGSA) Eng.º Simplício Duarte (EAN) Eng.º Avelar do Couto Eng.º Simplício Duarte Eng.º Manuel Dias Palma (DGSA) Prof. Carlos Portas Eng.º Avelar do Couto Eng.º Manuel Dias Palma 1990-97 Prof. Carlos Portas (ISA, UTL) Prof. António A. Monteiro (ISA, UTL) Eng.º Manuel Dias Palma 1998-01 Prof. Carlos Portas Prof. Fernando Bianchi de Aguiar (UTAD) Dr.ª Maria Elvira Ferreira (INIAP, EAN) 2002-03 Prof. Isabel Mourão (ESAPL-IPVC) Dr.ª Maria Elvira Ferreira Prof. Carlos Portas 2004-10 Prof. Carlos Portas Prof. António A. Monteiro Dr.ª Maria Elvira Ferreira Figura 4 – Programa do “1st International Symposium the Prodution of Tomatoes for Processing”. Figura 5 – Texto do protocolo de colaboração entre a APH e a ISHS. Quadro 2 – Acontecimentos relacionados com eventos ISHS em Portugal. Anos 1966 IHC √ Council Executive Committee Simpósio Local 1976 - - √ - - 1979 1985 1988 1994 1998 2002 - - - √ √ √ - - √ √ √ √ - - - √ √ √ √ √ - - - √ - - Maryland (EUA) Florença (IT) Évora (PT) Albufeira (PT) Leamington Spa (GB) Kyoto (JP) Louvain (BE) Toronto (CA) 1.º Int. “Symp. on cultivation of Solanacea in Mild Winter Climate” Portugal e Espanha iniciam a coordenação das suas iniciativas internacionais A A. Monteiro eleito para o ISHS Board. Tentativa de IHC no Brasil Tentativa do XXVII IHC em Sevilha Portugal e Espanha ganham XXVIII IHC Lisboa Carlos Frazão António A. Monteiro José Dias Carreiro António Marreiros Isabel Mourão Factos salientes 1.ª presença portuguesa 1.º IHC Council com Portugal representado (C. Portas) 1.º Simpósio em Portugal sobre “Prodution of Tomatoes for Processing”. Presentes: D. Fritz, J. Van kampen, D. Gertich, William Sims, Heiko Van der Borg Presidente da APH - Carlos Portas Manuel Figueiredo ça) (quadro 1). Contudo, nesta fase inicial, não houve participações efectivas nessas reuniões. A primeira participação efectiva portuguesa em congressos internacionais organizados pela ISHS deu-se em 1966, com o Prof. Carlos Portas, no XVII International Horticultural Congress realizado em College Park (Maryland, EUA) (fig. 1), sendo na altura Secretário-Geral da ISHS o Dr. G. De Bakker. O Presidente do encontro foi o Prof. Harold Tukey sr (Michigan St. Univ., Fruticultura). Neste IHC o Prof. D. Fritz foi nomeado Chair- man da Section of Vegetables. Em 1974, Carlos Portas participa como representante de Portugal no XIX IHC da ISHS em Varsóvia, presidido pelo Prof. S.A. Peniazek (Institute of Pomology, Skierniewie), e aceita o convite para correspondente da revista informativa Chronica Horticulturae, em Portugal, actividade que desempenha com maior regularidade a partir de 1980. A Associação Portuguesa de Horticultura fora entretanto constituída nas Caldas da Rainha, em 1975, manifestando desde logo os seus membros, dois deles representantes de Portugal no Council da ISHS (Weber de Oliveira e Alberto Gardé), a intenção de a filiar na ISHS, conforme nos dá conhecimento a Chronica Horticulturae da ISHS de Agosto de 1976, em notícia enviada por Carlos Portas (fig. 2). Em 7 de Julho de 1976, a Associação Portuguesa de Horticultura é fundada oficialmente em Lisboa. Neste ano, Portugal participa pela primeira vez com um representante no Council da ISHS em Florença (fig. 3), sendo então presidente da APH o Prof. Carlos Portas. Revista da APH N.º 103 5 Logo no ano seguinte, 1977, ocorre a primeira participação portuguesa numa reunião do Executive Committee da ISHS, em Dublin, através também do Prof. Carlos Portas. A influência que Portugal começava a granjear foi decisiva para que em 1979 se conseguisse realizar em Évora o primeiro Simpósio da ISHS no nosso país, em colaboração com a APH: o 1st International Symposium on “Prodution of Tomatoes for Processing”, tendo como Convener o Prof. Carlos Portas (fig. 4). Foi a primeira realização da ISHS em Portugal. Para o seu êxito contou-se com a presença de importantes membros da ISHS. Esta foi a primeira de um conjunto de reuniões internacionais em Portugal nos anos seguintes (quadros 2 e 3). Na reunião do Council da ISHS em 1980 (Estação Experimental de Nyborg, Dinamarca), Portugal manifestou o seu forte apoio à renovação da série “Acta Horticulturae” proposta pelo Eng.º Heiko Van der Borg, Secretário-Adjunto da ISHS. No XXI IHC em Hamburgo, há 28 anos (1982), apresentou-se o primeiro orador convidado português, Carlos Portas, com uma comunicação sobre “A importância mundial da horticultura para a indústria”. A delegação portuguesa, com 5 membros, realizou os primeiros contactos com a delegação espanhola que incluía Bernarldo de Quirós, Joaquin Miranda e J. Santos Caffarena. Em 1983, no Council de Cap d’Antibes, o Prof. Carlos Portas apresentou uma proposta, aceite, de criação de um Working Group: Figura 7 – Membros do Council da ISHS durante a sua reunião em Lovaina, em 1998. “Production of Vegetables for Processing”, cujo primeiro Chairperson de nacionalidade americana foi substituído ao fim de pouco tempo por Carlos Portas, que ocupou o cargo até 1990. Em 1986, a participação portuguesa na ISHS fortaleceu-se com a eleição do Prof. António A. Monteiro para Chairman do Working Group Protected Cultivation in Mild-Winter Climates (1986 – 1994). Neste ano, António A. Monteiro inicia funções como correspondente em Portugal da Chronica Horticulturae, função que desempenha até 1990. Em 1986, realizou-se o XXII IHC na Universidade de Davis, Califórnia, presidido pelo Prof. William Sims, que Figura 6 – Actuação dos membros portugueses no Council da ISHS (Auckland, NZ, 1977). 6 Revista da APH N.º 103 tinha participado no simpósio de Évora. Nesta reunião, Portugal numa perspectiva de abertura aos países do Terceiro Mundo, apoiou isolado a candidatura da União Indiana à realização do próximo IHC, que é ganha pelo Japão. O primeiro encontro formal entre a APH e a sua congénere espanhola (Sociedad Española de Ciencias Hortícolas, SECH) ocorre em Leamington Spa (Reino Unido) durante a reunião do Council. Participam neste encontro Luís Rallo e Vítor Galán Saúco, como representantes da SECH. Em 1989, o Prof. António A. Monteiro entra para o Council da ISHS, lugar que ocuparia até 1988 e retomaria mais tarde em 2002. Durante o XXIII IHC (Florença, 1990) presidido pelo Prof. F. Scaramuzzi, o Prof. Carlos Portas foi eleito Chairman da Section Vegetables (criada em 1960), ocupando essa posição durante 8 anos, até ao XXV IHC em 1998, em Bruxelas. No XXIV IHC (Kyoto, 1994), presidido pelo Prof. M Iwata, o Prof. António A. Monteiro foi eleito para o Board da ISHS, sendo o primeiro português a integrar este órgão da ISHS. O Prof. António Monteiro foi ainda eleito Chairman do Working Group “Brassicas”, lugar que ocupou até 1998. Na reunião do Council neste congresso, a candidatura brasileira perde para o Canadá a possibilidade de realizar o próximo IHC. Em 1997, sendo presidente da APH o Eng.º António Marreiros, foi estabelecido um protocolo de cooperação entre a APH e a ISHS que reconhecia a autonomia das duas instituições e fortalece a cooperação mútua, de modo a desenvolver vantagens recíprocas desta relação (fig. 5). Beneficiando neste período das excelentes relações entre a APH, liderada por António A. Monteiro e a SECH, liderada por Victor Galán Saúco (relações iniciadas em 1988 em Lemington Spa), concretiza-se a coordenação dos esforços de Portugal e Espanha na realização de actividades internacionais. Foi nesta linha a tentativa de organização de um IHC no Brasil em 1994 e em 1998 para um congresso em Espanha, ambas as tentativas sem sucesso. Várias formas de persuasão dos membros do Council foram tentadas, em vão, como por exemplo durante a reunião do Council em Auckland (NZ) (fig. 6). Em 1998, na reunião do Council em Lovaina (fig. 7), o Prof. António A. Monteiro foi nomeado Director de Publicações da ISHS.função que desempenhou até 2002. Neste ano, foi nomeado Membro Honorário da ISHS e em 2006 membro ex-officio do Board. Finalmente em 2002, no XXVI IHC em Toronto, sendo presidentes da APH a Prof.ª Isabel Mourão e da SECH o Dr. Victor Galán Saúco, os esforços conjuntos foram bem sucedidos, conseguindo trazer para Lisboa a realização do XXXVIII IHC, para Agosto de 2010. O número de lugares com participação portuguesa na ISHS aumentou em 2004 com a eleição da Prof.ª Maria Isa- bel Ferreira (ISA) para Chairperson da Commission “Irrigation and Plant Water Relations”. Durante o XXVII IHC em Seul, em 2006, o Prof. Carlos Portas foi nomeado Membro Honorário da ISHS (fig. 8), tendo também sido apresentado o programa do próximo IHC em 2010 em Lisboa que, com a colaboração da APH e da SECH, viria a ser um dos maiores IHC organizado sob a égide da ISHS. Quarenta e quatro anos depois da primeira participação num congresso internacional da ISHS e após 35 anos de colaboração institucional entre a ISHS e a APH, concluiu-se em 2010, com chave de ouro, um ciclo nas relações internacionais técnico-científicas na área da horticultura que nos deve orgulhar e estimular. Nesta época de rápidas e imprevisíveis mudanças, a crescente necessidade de organização deverá ser beneficiada pelo reconhecido engenho português para enfrentar e resolver situações complexas. Preparemo-nos para o próximo ciclo. Figura 8 – Atribuição do título de Membro Honorário da ISHS ao professor Carlos Portas, durante o XXVII IHC. * Professor Auxiliar da FCT/UALG **Professor Emérito da UTL, ex-membro do Executive Committee e membro do Council da International Society for Horticultural Science Quadro 3 – Encontros internacionais realizados em Portugal com colaboração da APH sob a égide da ISHS. Ano Local Tipo Designação Convener Presidente da APH 1979 Évora International Symposium “Prodution of Tomatoes for Processing” Carlos Portas Manuel Figueiredo 1980 Lisboa International Congress “3rd IC on Plastics in Agriculture” Pedro Febrer Manuel Figueiredo 1985 Albufeira International Symposium “Protected cultivation of Solanacea in mild winter climate” António A. Monteiro Carlos Frazão International Symposium/Workshop “1st Intern. Symp. on “Brassicas” “9th Crucifer Genetics Workshop” António A. Monteiro José Dias Carreiro “III International Walnut Congress” José Gomes Pereira José Dias Carreiro International Symposium “III International Symposium on Irrigation of Horticultural Crops” Mª. Isabel Ferreira António Marreiros Lisboa International Symposium “I International Symposium on Grapevine Growing, Commerce and Research” H.J. Böhm Isabel Mourão 2003 Chaves International Symposium “III International Chestnut Congress” Carlos Abreu Isabel Mourão 2003 Oeiras e Sevilha International Symposium “VIII International Symposium on Vaccinium Culture” L. Lopes da Fonseca e Fernando Romero Isabel Mourão 2005 Vilamoura International Symposium “III International Symposium on Fig” José Leitão Manuel Soares 2007 Peniche International Symposium “X International Pear Symposium” Armando Torres Paulo Manuel Soares 2007 Funchal International Symposium “VI International Symposium on New Floricultural Crops” M.J.O. Dragovic Manuel Soares “III International Symposium on Acclimatization and Establishment of Micropropagated Plants” Anabela Romano Manuel Soares 1994 Lisboa 1995 Alcobaça 1999 Lisboa 2003 International Congress 2007 Faro International Symposium 2008 Vila Real Iberian Congress “II Iberian Congress on Chestnut” J. Gomes-Laranjo Manuel Soares International Symposium “VI International Symposium on Mineral Nutrition of Fruit Crops” Pedro Correia e Maribela Pestana Manuel Soares “VI International Symposium on Olive Growing” Pedro Fevereiro e Anacleto Pinheiro Manuel Soares XXVIII IHC António A. Monteiro e Victor Galán Saúco M.ª Elvira Ferreira 2008 2008 2010 Faro Évora Lisboa International Symposium International Horticultural Congress Revista da APH N.º 103 7 A palavra à Comissão Executiva O 28th IHC 2010 foi um marco histórico para a horticultura ibérica António Monteiro Co-Presidente do IHC2010 O 28th International Horticultural Congress constituiu um enorme sucesso pelo elevado número de participantes, a qualidade do programa e a forma eficiente e agradável como decorreu a organização. Valeu a pena o trabalho e a persistência junto da ISHS para se conseguir trazer este evento para a Península Ibérica e o esforço colocado na sua organização. Foi o culminar de cerca de 14 anos de preparação. Aproveito para relembrar que a APH e a SECH iniciaram a preparação da candidatura ao Congresso por volta de 1996. Em 1998, perdemos a organização do IHC de 2006 para a Coreia do Sul. Foi depois deste insucesso que, com o apoio decidido do Dr. Víctor Galán Saúco, então presidente da SECH, se decidiu apostar fortemente em Lisboa para a organização do IHC de 2010. Valeu a pena. Participantes No passado mês de Agosto, os participantes do Congresso saíram de Lisboa satisfeitos com a organização, como ficou demonstrado por um inquérito a que responderam mais de mil dos cerca de três mil participantes inquiridos. Quando se perguntou aos participantes qual o grau de satisfação com a sua presença no Congresso, 1% respondeu “Mau”; 6% “Poderia ter sido melhor”; 23% “Satisfatório”; 51% “Bom” e 19% “Excelente”. Estes resultados mostram que o Congresso agradou a uma grande maioria dos participantes. Foi uma organização grande e complexa, mas que resultou muito bem, quer do ponto de vista do programa científico quer ao nível da organização e dos serviços prestados. Mas como em tudo na vida, houve também aspectos que correram menos bem. Pelas eventuais deficiências da organização o nosso pedido de desculpas. Estiveram presentes no Congresso 3186 participantes e 248 acompanhantes, num total de 3434 pessoas, provenientes de 100 países. Há que realçar a grande dispersão geográfica dos participantes, com 8 países de fora da Europa no grupo dos vinte países com maiores representações, algumas delas muito numerosas (quadro 1). Quadro 1 - Lista dos vinte países com maior número de participantes inscritos. A Sessão de Abertura do IHC Lisboa 2010. 8 Revista da APH N.º 103 Espanha 398 Itália 228 Portugal 227 Japão 209 Estados Unidos da América 182 Brasil 179 China 172 Alemanha 119 França 98 Holanda 92 Polónia 75 Austrália 73 Bélgica 68 Coreia do Sul 63 Reino Unido 61 África do Sul 60 Canadá 50 Dinamarca 49 Hungria 48 Israel 44 Quadro 2 - Resumo do programa científico. Eventos (número) N.º de sessões orais N.º de comunicações por convite N.º de comunicações orais N.º de apresentações orais curtas N.º de posters N.º total de abstracts Colóquios (9) 9 29 - - - 29 Simpósios (18) 138 98 488 548 2155 3289 Seminários (14) 36 31 119 87 230 467 Sessões temáticas (17) 42 13 166 171 332 682 Workshops (26) 26 102 comunicações orais Business meetings (13) 13 Número indeterminado de intervenções informais 2717 4467 Total 171 773 806 O Centro de Congressos de Lisboa. Programa Científico Sessão de Abertura O programa científico foi muito vasto e excedeu o que tem sido habitual em congressos anteriores. Foram incluídas no programa 4569 comunicações, distribuídas por 9 colóquios, 18 simpósios, 14 seminários, 17 sessões temáticas e 26 workshops (quadro 2). Das 4446 comunicações formais, com abstracts publicados, 171 corresponderam a oradores convidados, 773 a apresentações orais e 3523 a posters, dos quais 806 tiveram direito a uma curta apresentação oral. Não é agora oportuno entrar em mais detalhes sobre o programa científico. Ficará para melhor ocasião uma análise mais aprofundada da diversidade de temas, elevada qualidade de muitas das apresentações, em especial nos colóquios, e diversidade e complementaridade entre os temas dos vários eventos incluídos no programa do Congresso. Contudo, o programa completo do Congresso continua disponível online em www.ich2010.org e vale a pena consultá-lo, para quem não teve oportunidade de estar presente em Lisboa. Permito-me destacar a sessão de abertura, presidida por Jorge Sampaio, na sua qualidade de Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações, o qual proferiu também a conferência da abertura do Congresso, sob o título “Reflexões sobre o desenvolvimento sustentável, diversidade e dignidade humana”. Ao confrontar os grandes desafios colocados pela necessidade do desenvolvimento sustentável no século XXI e a necessidade de preservar tanto a biodiversidade como a diversidade cultural, o Dr. Sampaio enquadrou perfeitamente o lema do Congresso “Science and Horticulture for People”. A sessão de abertura foi também uma oportunidade para conciliar o trabalho científico com momentos de descontracção. Durante a sessão de abertura houve guitarras e música portuguesa, como não podia deixar de ser. A terminar, a orquestra de tambores “Toca a Rufar” encaminhou os participantes para o Jardim de Palácio Burnay onde decorreu um festa de re- cepção aos participantes. Foi um verdadeiro “Arraial Alfacinha” com música, marchas e muitos comes e bebes. O fim de tarde esteve magnífico e favoreceu um ambiente agradável de distracção e convívio. Foi pena ter chegado rapidamente a hora de regressar aos hotéis, pois o dia seguinte seria de trabalho intenso. Os Professores Luís Rallo e Carlos Portas durante a sessão de abertura do Congresso. Revista da APH N.º 103 9 Um espaço de convívio Um congresso de horticultura é um espaço diversificado com múltiplas actividades. Já passou o tempo em quando se ia um congresso se ficava a maior parte do tempo fechado numa a assistir a comunicações. Hoje a informação circula rapidamente, em abundância e continuamente, pelo que são diferentes os motivos de atracção de um congresso. Foi por isso que, em Lisboa, se investiu bastante na diversificação de actividades e no estímulo aos contactos entres as pessoas. A Exhibition e o Pavilhão de Espanha foram uma excelente mostra da pujança da horticultura ibérica, onde também marcaram presença várias empresas e instituições ligadas ao desenvolvimento tecnológico e inovação. Contámos com 40 stands e em muito deles havia fruta e legumes para provar. Foi interessante observar a ênfase dada aos produtos pré-preparados, como a fruta fatiada distribuída continuamente aos participantes. Não há dúvida de que se queremos que os consumidores comam fruta é preciso sabê-la dar. O espaço da Exhibition, juntamente com o Internet café, a zona dos coffee-breaks e a exposição de posters, foi sempre um espaço animado e muito concorrido. O programa teve intervalos suficientemente longos, mas como conversa puxa conversa, haverá sempre quem ache que deveria ainda haver mais tempo de pausa no programa. A Exhibition no IHC Lisboa 2010. 10 Revista da APH N.º 103 O Brokerage Event teve sempre grande animação. Brokerage Event E-posters A INOVISA em colaboração com a Agência de Inovação, o Cluster Agro-Industrial do Ribatejo e a Universidade de Évora, organizou um brokerage event (BE) dedicado à horticultura, durante o Congresso. Um BE consiste num sistema organizado que facilita a comunicação entre investigadores e empresas, ou seja, entre quem produz e quem utiliza o conhecimento. Assim, num congresso faz todo o sentido que a troca de informação que ocorre publicamente nas salas de conferência seja depois complementada com encontros privados, os quais têm como objectivo o desenvolvimento de actividades de parceria. Deste ponto de vista o BE foi um êxito, ao conseguir 550 participantes inscritos que requisitaram 779 encontros. Pensamos que, desse elevado número de encontros bilaterais entre profissionais da horticultura, tenham surgido iniciativas interessantes para o estabelecimento de ligações entre os fornecedores e os utilizadores de tecnologia, para o fortalecimento de parcerias e para o desenvolvimento de futuros projectos de I&D. Uma das preocupações dos organizadores do Congresso foi fazer com que os posters deixassem de ser o parente pobre das formas de apresentação de comunicações. Para isso, criaram-se os posters electrónicos (e-posters) que foram utilizados para breves apresentações orais (3 minutos) e também colocados na Internet, onde podem ainda ser visitados por interessados de todos o mundo. Basta ir à página do IHC em www.ihc2010.org, visitar os 1500 posters de livre acesso, agrupados nos diversos simpósios, seminários e sessões temáticas, onde foram originalmente apresentados. Mas há mais, os visitantes podem deixar comentários ou fazer perguntas on-line sobre os posters, os quais serão enviadas por e-mail para os autores. O Congresso ainda continua… Visitas técnicas As visitas pós-congresso foram uma oportunidade para os participantes contactarem com o sector hortícola em Portugal e em Espanha e também para apreciarem a cultura e pontos de interesse turístico nos dois países ibéricos. A maioria das visitas foi organizada por produtores ou por empresas e instituições ligadas à produção hortícola, a quem a Congresso agradece, mais uma vez, o valioso apoio dispensado. As nove visitas de um dia envolveram cerca de 600 participantes e tiveram partida e chegada a Lisboa. A diversidade de temas foi grande, incluindo a produção de pequenos frutos e proteas em Odemira, vinhas e olivais do Alentejo, a produção de legumes no vale do Tejo, culturas protegidas no Oeste, a fruticultura no Oeste e o acompanhamento da fileira da produção do campo ao supermercado. Os almoços de campo, o ambiente descontraído e a forma calorosa como os participantes foram recebidos contribui também para o sucesso desta parte do programa. Outros participantes com mais tempo puderam viajar durante alguns dias para Douro e para diversos destinos em Espanha, incluindo uma visita às Canárias. A visita ao Porto e o passeio de barco no Douro, com visita a quintas e prova de vinhos foi, sem dúvida, um dos pontos altos das visitas pós-congresso. Contudo, quem teve como destino Espanha, encontrou muito que ver e temas de grande interesse, quer to ponto de vista técnico quer em termos culturais e turísticos. Há que realçar a produção de flores e plantas ornamentais na Andaluzia, uma das regiões produtores mais importantes de Espanha; a fruticultura no Vale do Ebro, muito diversificada e com elevado nível técnico e de organização; as culturas tropicais e sub-tropicais na Ilha de Tenerife (Canárias) que, apesar de estar localizada a cerca de 1 000 km da Península, não quis deixar de se integrar nas actividades do Congresso. Por último, houve participantes que aproveitaram para se inscrever no encontro sobre melhoramento genético de pimento e beringela, promovido pela EUCARPIA, e que teve lugar na Universidade Politécnica de Valência, imediatamente a seguir ao Congresso. O jantar de encerramento do Congresso no Casino Estoril. Jantar de encerramento Como não podia deixar de ser, o Congresso terminou com um jantar de encerramento no Casino Estoril, que foi precedido por um passeio em autocarro ao longo da Costa do Estoril. O imponente salão Preto e Prata do Casino esteve repleto com 1 000 participantes. Foi uma noite de convívio memorável, com boa comida e agradável conversa. O jantar terminou com o espectáculo “Fado: História de um Povo”que, passe a publicidade, recomendo vivamen- Lisboa Agradecimentos Não se pode falar no IHC2010 sem referir Lisboa. É inacreditável o poder de sedução que esta cidade tem sobre os visitantes. Podemos acreditar que o desejo de visitar Lisboa pesou na decisão de muitos dos participantes em se inscreverem no Congresso. Quem vive em Lisboa não se apercebe, infelizmente, da beleza da cidade, da qualidade de muitos serviços e de quão agradável é a cidade para quem nos visita. Os comentários elogiosos sobre Lisboa, por parte dos participantes no Congresso, falam por si. O único problema foi a dificuldade da escolha entre o programa do Congresso e as atracções turísticas de Lisboa, que deixou muita gente face a decisões difíceis… Contudo, como as sessões do Congresso estiveram sempre com muito boa assistência, presume-se que Lisboa ficou para as horas vagas. A Cidade foi sem dúvida uma das estrelas do Congresso. A organização do Congresso envolveu o trabalho de uma numerosa e dedicada equipa. Em primeiro lugar os patrocinadores e parceiros, onde estão incluídas empresas e instituições, aos quais agradecemos não só o apoio financeiro, mas também o envolvimento directo em algumas das actividades do Congresso. Refiro também a colaboração voluntária dos presidentes e dos membros do Comité Executivo, Comité Organizador, Comité Científico, Comité Consultivo Internacional e Comité de Indústria. Estes comités envolveram mais de 100 de pessoas de numerosos países, as quais deram o seu melhor para a organização do Congresso. Os “conveners” dos vários eventos, colóquios, simpósios, seminários, sessões temáticas e workshops, merecem uma palavra especial de agradecimento. Eles foram a alma do programa científico do Congresso ao seleccio- te. Está muito bem coreografado, tem boas vozes e utiliza uma forma simples de transmitir o espírito do fado a quem nos visita ou aos portugueses que andam mais esquecidos das nossas raízes culturais. O espectáculo terminou com danças e músicas da Austrália e Nova Zelândia, para lembrar que o próximo congresso irá ser em Brisbane, em Agosto de 2014. É longe, mas vai valer a pena a viagem. narem os temas e os oradores. Sem o seu envolvimento teria sido impossível gerir um programa tão complexo. Contámos também com excelentes equipas profissionais que se ocuparam das diversas áreas técnicas da organização, das quais destaco a Meeting Point, a Ponteiro Mágico, a MHP Design e a Casa do Marquês. A todos agradeço a dedicação e profissionalismo. Por último uma palavra de apreço e de especial agradecimento aos que comigo colaboraram mais de perto na organização. O Doutor Pedro Oliveira, secretário geral do Congresso, e a sua equipa do INRB de Oeiras. O Prof. Luís Rallo e o Prof. Raul de la Rosa, que se ocuparam do programa científico. O Doutor Víctor Galán, co-presidente do Congresso, pelo apoio e entusiasmo que colocou na organização. A todos Muito Obrigado! Revista da APH N.º 103 11 A palavra à Comissão Executiva Mis reflexiones sobre EL IHC Lisboa 2010 Víctor Galán Saúco Co-Presidente do IHC2010 Isabel Mourão, con quien compartí años de trabajo y amistad siendo ambos presidentes ella de la APH y yo de la SECH, me ha pedido que escriba mis impresiones sobre el 28 Congreso Internacional de la ISHS que con tanto éxito se ha celebrado en la preciosa ciudad de Lisboa. No es una tarea fácil ya que cuando algo se ha desarrollado con tan buenos resultados y has estado involucrado como copresidente del mismo, tus palabras pueden sonar como autoelogio y quisiera evitar esa impresión. Sé también que, análogamente, ha pedido a otras personas responsables de los distintos comités de Lisboa 2010 y a los presidentes de la SECH y la APH sus reflexiones sobre el mismo. Trataré, pues de evitar aquí, al máximo de lo que me sea posible, hacer hincapié en los aspectos que puedan ser cubiertos por ellos. Quisiera comenzar por decir que este Congreso ha tenido un alma, Antonio Monteiro, y muchos cuerpos, entre los que me incluyo, trabajando en comunión con él. No puedo dejar de decir que sin su constante esfuerzo el éxito no hubiera sido posible. Pero, también quiero destacar que otro de los factores claves de enorme importancia en el éxito del Congreso ha sido la notable participación de las comunidades científicas española y portuguesa que ocuparon el primer y tercer lugar respectivamente en el número de participantes, lo que es un fiel reflejo de la gran acogida que tuvo este acontecimiento entre nuestros científicos, reiterando una vez más, esta vez en un foro con enorme proyección internacional, la pujanza de la investigación hortofrutícola de la Península Ibérica y la unión entre nuestras Sociedades Hortícolas, iniciada, como ya dije en las palabras que pronuncié en la Sesión Inaugural de Lisboa 2010, en Valencia hace casi 30 años. Mis recuerdos me llevan a un almuerzo en aquella bella ciudad de la costa levantina donde la APH y la 12 Revista da APH N.º 103 Víctor Galán Saúco na Sessão de Abertura do IHC Lisboa 2010. SECH iniciaron un pacto para trabajar conjuntamente por el progreso de las Ciencias Hortícolas. En aquel entonces Antonio y yo éramos apenas unos recién llegados y, mientras que en la SECH comenzaba a tener un papel destacado Luis Rallo, que luego sería durante muchos años su Presidente y gran impulsor de la misma, al frente de la delegación portuguesa estaba Carlos Portas, que con su omnipresente buen hacer ha sabido continuar durante todos estos años como el timonel en la cubierta aportando el equilibrio necesario para mantener el rumbo de forma correcta, orientándolo siempre hacia este Congreso. Ha sido un largo proceso donde los esfuerzos y proyectos de nuestras sociedades fueron entrelazándose y tejiendo lentamente la urdimbre de este evento convirtiendo dicho sueño en una realidad tangible: ¡Lisboa 2010! Claro que la unión entre nuestras sociedades no es más que un reflejo de la unión entre nuestros pueblos con proyectos y labores que compartimos como hermanos, por nuestra proximidad e historia común,- en algunos momentos fuimos una sola nación - que nos ha llevado a mantener valores culturales muy próximos. La celebración de eventos coorganizados por España y Portugal, de los que Lisboa 2010 es sin duda un hito difícil de superar por su enorme éxito - con 3434 participantes de 100 países, cifra muy superior a la de los últimos Congresos Internacionales de la ISHS que apenas superaron los 2000 participantes - es cada vez más frecuente. Por poner un ejemplo, ya que escribo este artículo el jueves 18 de noviembre, solo mencionaré la candidatura conjunta de España y Portugal al Mundial de Fútbol 2018 que espero tenga éxito y que la final sea entre nuestras selecciones, aunque eso sí con un partido más competido que el de anoche.¡Mi enhorabuena por vuestro brillante juego ante nada menos que la selección campeona del mundo! La diferencia entre Lisboa 2010 y el partido de anoche fue que mientras que ayer fue una batalla marcada por el enfrentamiento entre ambos equipos, durante Lisboa 2010 predominó la cordialidad entre los congresistas ibéricos. De hecho, muchos de nuestros científicos de la APH o de la SECH ejercieron como conveners o coconveners en la casi totalidad de los simposios, seminarios y talleres que integraban el programa científico de Lisboa 2010. En la sombra del Congreso, de forma casi invisible, pero tremendamente efi- caz, mano a mano con los miembros del Comité Científico, trabajaba el Comité Organizador, también integrado por miembros de ambos países que aunque disfrutaron poco del evento, permitieron que todos los participantes pudiéramos beneficiarnos plenamente de Lisboa 2010. He asistido a todos los Congresos de la ISHS desde 1978 en Sydney, salvo Davis, donde, por cierto, se alcanzó el record histórico con casi 4.000 participantes en 1986 y siempre he detectado pequeños fallos que si bien no han perjudicado la calidad científica de los mismos, de alguna manera han perturbado ligeramente el ambiente cordial del Congreso. A tenor de mi impresión personal, por mis charlas con los diferentes participantes, muchos de ellos amigos que no dudarían en contarme sus quejas, apenas me llegaron escasa críticas, lo que parece corroborar la reciente encuesta online elaborada por el Secretariado de la ISHS entre los participantes de Lisboa 2010. Todos los aspectos de este Congreso han sido especialmente cuidados, desde la sesión de apertura brillantemente presidida por la intervención del Dr. Sampaio, antiguo Presidente de la República de Portugal y actualmente Alto Comisario de las Naciones Unidos para la Alianza de Civilizaciones, seguida por un número inolvidable de guitarra portuguesa y culminado con un espectacular despliegue de música de tambores que nos condujo a todos en un ambiente grandioso y festivo a una verbena portuguesa al aire libre en los jardines del cercano Palacio Burnay. Allí, rememorando el anciano ritual, pudimos brindar de forma festiva a la manera del verdadero significado de la palabra simposio que viene del idioma griego y que literalmente significa ‘beber juntos’, ceremonia que se realizaba acompañada de los mejores manjares durante la celebración de las conferencias académicas. Esta sesión de apertura constituyó un preludio del magnífico congreso que nos esperaba tanto desde el punto de vista científico como desde el punto social que concluyó en la cena de clausura celebrada en el marco del famoso Casino do Estoril. No sería justo omitir aquí el excelente trabajo de Meeting Point que con su gran profesionalidad contribuyó al éxito del Congreso. Tal vez, y sólo por poner algún reparo, el tiempo de duración del Congre so me pareció demasiado corto para poder atender a las sesiones de los eventos científicos que, para ajustarse a este corto periodo, se celebraban de forma simultánea y menos aún para echar un vistazo al novedoso Brokerage Event que permitía poner en contacto al sector privado con el mundo investigador. Más difícil aún fue encontrar algo de tiempo para visitar con calma los diferentes stands y el gran número de posters que se exhibieron en el amplísimo espacio de los pabellones dispuestos para tal fin en el grandioso marco del Palacio de Congresos, lo cual era previsible ya que como copresidente tenía muchas obligaciones que cumplir. Creo, dicho sea de paso, que las bellezas de la ciudad de Lisboa impidieron también a numerosos participantes dedicar todo su tiempo a algunas de estas actividades, pero eso es una bendita cuota que hay que pagar cuando compiten en tan corto número de días los intereses científicos y los culturales. Es cierto que Lisboa 2010 ha sido la culminación de la colaboración entre la APH y la SECH tras casi 30 años de trabajo conjunto, pero estoy seguro de que Lisboa 2010 más que una cima es un nuevo comienzo que abrirá nuevas sendas de cooperación que quienes sigan al frente de nuestras sociedades sabrán hollar al menos con el mismo esfuerzo y dedicación que lo hemos hecho durante este periodo. Revista da APH N.º 103 13 A palavra à Comissão Executiva IHC 2010: Éxito por la colaboración Fernando Riquelme Presidente SECH El desarrollo del 28th International Horticultural Congress ha sido un gran éxito, la participación, las cifras, la organización, el desarrollo, etc. todo esto, con la perspectiva de los meses transcurridos lo podemos transformar en estadísticas, opiniones, sensaciones … que nos ratifican el éxito de este gran encuentro científico-técnico. Sin embargo, quiero que mi planteamiento en estas líneas mire hacia adelante, sobre la base de ese gran acontecimiento podemos aspirar a superar nuevas fronteras, traspasar límites que hasta ahora restringían nuestras actividades. A pesar de la difícil situación internacional, fundamentalmente económica, el IHC 2010 ha alcanzado estos niveles por múltiples factores que se han unido contribuyendo a su eficacia; entre los que destacan fundamentalmente dos: en primer, se ha organizado con el soporte de la ISHS que constituye el pilar fundamental; la amplia trayectoria y experiencia en la organización de múltiples actividades, en particular los congresos internacionales de horticultura, es un aval que garantizaba su buen desarrollo; consideración y prestigio que se ha incrementado y consolidado en los últimos años por la dedicación y preocupación del Board y del Staff de la Secretaría de la propia ISHS, que han dinamizado y orientado el trabajo de la sociedad con gran éxito. En paralelo con este bagaje que es patrimonio de nuestra ISHS, destaca la colaboración entre la APH y la SECH, trabajo en común mantenido durante muchos años, que en esta ocasión ofrece sus frutos a toda la comunidad internacional interesada en la horticultura. Ha sido magnífica la cooperación entre los miembros que constituían el Comité Ejecutivo del IHC 2010, cada uno con su propia personalidad, pero 14 Revista da APH N.º 103 Fernando Riquelme na Sessão de Abertura do IHC Lisboa 2010. todos dispuestos a aportar las mejores ideas y el mejor trabajo para que la organización fuera fluida y eficiente. Portugal destacó por el trabajo del núcleo del Comité Local de Organización, cuyo esfuerzo y resultados nos han proporcionado un congreso familiar; podríamos pensar que sería una labor imposible con 3500 participantes, pero gracias a su dedicación y a la hospitalidad de Lisboa, ha sido una realidad. España se volcó en el callado trabajo del Comité Científico y en las actividades post-congreso, pero también ha destacado notablemente su presencia, pues a pesar de la difícil situación económica, los congresistas españoles constituyeron el colectivo más numeroso entre los 102 países participantes, representando el 12’5% de todo el congreso. Pero el IHC 2010 es, debe ser el inicio, quizás deba decir mejor debe dar continuidad, continuidad renovada, en la dedicación a las ciencias hortícolas, investigación, proyección y transferencia al sector económico. Tenemos renovación en la presidencia de la ISHS, en donde Antonio Monteiro ha sido elegido por amplia mayoría, por sus méritos personales y su larga e inten- sa dedicación a la ISHS. Para alcanzar esta posición ha contado con el pleno apoyo de las sociedades portuguesa y española, configurada en gran medida en las etapas/sesiones de organización del Congreso. Pienso que tenemos por delante años de gran proyección de la ISHS, aunque también serán de grandes cambios en la horticultura y sus ciencias, donde nuestro trabajo debe contribuir con nuevas ideas y propuestas. En la organización y desarrollo del congreso se han realizado muchas actividades, algunas programadas por los co-presidentes y el Comité Ejecutivo, otras espontaneas, gracias a las facilidades que ofrecía el magnífico Centro de Congresos de Lisboa, que dan perspectiva y posibilidades de desarrollo y progreso. Es posible que pensemos que la concurrencia de las empresas en la Exhibition, no alcanzó los objetivos planteados, el trabajo dedicado a esta acción no logró captar al sector empresarial al nivel deseado, situación que podemos atribuir muy probablemente a la situación económica internacional; pero es muy posible que la promoción realizada en esa dirección haya contribuido a la concurrencia en otras áreas del propio congreso, como congresistas, o en la participación en el Horticulture Brokerage Event, una idea propuesta inicialmente desde la SECH, que fue magníficamente desarrollada por Inovisa, alcanzando un gran éxito por el número de inscripciones y de encuentros desarrollados. Los investigadores y profesionales asistieron con gran interés, teniendo como interlocutores técnicos y representantes de las empresas interesadas en aquellos nuevos desarrollos. Pienso que es la primera vez que en los congresos de la ISHS se proporciona una infraestructura de estas características, adecuada para encuentros bilaterales, con una gran aceptación en ambos sectores (investigación y empresas); su resultado nos indica que debemos mantenerla en los próximos eventos, tanto internacionales como en los nacionales. Otro encuentro que debo destacar, en esa perspectiva de futuro es la reunión de las Sociedades Iberoamericanas de Horticultura, organizada con el objetivo de realizar una puesta en común de todas las sociedades interesadas y en la que APH y SECH han expresado el máximo interés por las posibilidades que ofrece pues en este conjunto nos integramos sociedades y países, que compartimos tradición, historia y forma de ser, que juntos podemos lograr los mayores objetivos. El gran grupo de sociedades iberoamericanas, con idiomas comunes o muy próximos, nos otorgan grandes posibilidades, debemos colaborar, constituimos una amplia comunidad con intereses comunes, que podemos y debemos hacer un gran trabajo, todos juntos. Quizás algunos tengamos ya en el horizonte el relevo en nuestras responsabilidades en la sociedades de ciencias hortícolas, pero no importa, nuevas generaciones están dispuestas, las nuevas aportaciones serán capaces de mejorar nuestro trabajo, pero con la experiencia de los últimos años, mantener y enriquecer estas colaboraciones siempre será beneficiosa tanto para la APH y la SECH, como para la ISHS. Revista da APH N.º 103 15 A palavra à Comissão Executiva Os “nossos” Congressos (IHC) e Conselhos (Council) e o “nosso” ibérico mega-Congresso e Conselho de Lisboa Carlos Portas Presidente da Comissão Consultiva Internacional Permitam um esclarecimento do título e uma nota introdutória. Quanto àquele, escrever que estes Congressos (IHC´s) e Conselhos (Council´s) da Sociedade Internacional de Ciências Hortícolas (ISHS) são “nossos” expressa simplesmente que sem dúvida neles houve participação portuguesa. E ao salientar um “mega” entre eles não é porque fosse único mas porque também é “nosso” e ibérico, como se explicará no texto. No respeitante à nota introdutória esta parece útil porque muitos dos prováveis leitores foram pela primeira vez a um IHC. Assim talvez não conheçam a relação entre os IHC´s, os Council´s e as principais reuniões de trabalho científico: os Simpósios (symposia). Os IHC´s são quadrienais e têm uma história mais antiga que a da própria ISHS (começaram no séc. XIX) e a ela deram origem em 1958/60. Os Council reúnem os países-membros (actualmente quase setenta e cada um com direito a três representantes) e são bienais, sendo que em cada IHC necessariamente se realiza um deles. A Assembleia Geral reúne os sócios individuais (cerca de sete milhares) e tem lugar num dos dias de cada IHC, ratificando (ou não) as decisões fundamentais dos Council´s. A ISHS é uma sociedade de direito privado, actualmente sediada na Bélgica (Louvaina), e administrada pelo Board (com cinco membros) e que publica a Chronica Horticulturae. Dele depende uma direcção executiva, chefiada pelo Director-Executivo (antes Secretário-Geral). A sua principal actividade científica é a organização dos Symposia (simpósios), cuja publicação se faz nas Acta Horticulturae. Os órgãos de trabalho científico da ISHS são as Secções (Sections, por cultura) e as Comissões 16 Revista da APH N.º 103 Quadro 1 – ISHS: Congressos, Conselhos e 1.º Simpósio PT. Ano Cidade Congresso (Cg.), Conselho (C), Simpósio (S.) 1966 College Park, Maryland. (EUA) XVII Cg. 1970 Tel-Aviv (ISR) XVIII Cg. 1974 Varsóvia (POL) XIX Cg. 1976 Florença (IT) C, 1.ª participação PT 1978 Sydney (AUSTL) XX Cg., C 1979 Évora (PT) 1st ISHS Symposium (PT) 1982 Hamburgo (AL) XXI Cg., C 1986 Davis (EUA) XXII Cg., C 1988 Leamington Spa (RU) C, encontro com SECH (ESP) 1990 Florença (IT) XXIII Cg., C, PT entra no Executive Committee 1994 Kyoto (JAP) XXIV Cg., PT entra no Board 1998 Bruxelas (BE) XXV Cg., C 2002 Toronto (CAN) XXVI Cg., C 2006 Seul (COR) XXVII Cg., C 2010 Lisboa (PT) XXVIII Cg., C EUA, ISR, POL, IT, AUSTL, PT, AL, RU, ESP, JAP, BE, CAN, COR - abreviaturas do nome dos países (Comissions, por tecnologias), as quais actuam através dos seus Grupos de Trabalho (Working Groups). Deve também notar-se que as relações entre as actividades científicas da APH e ISHS, remetem para outro trabalho publicado nesta revista, da autoria de Mário Reis e Carlos Portas. O “nosso” primeiro IHC1 foi em 1966 e teve lugar em College Park, Estado de Maryland (EUA) e era o XVII da ISHS1 (quadro 1). Mas para se perceberem “o tempo e o modo”2 em que este e os seguintes se enquadraram relembrar-se-ão por várias vezes acontecimentos (alguns até do foro particular) que parecem pertinentes para melhor entender esta sequência de 12 Congressos. Três anos antes participara noutro congresso, quando trabalhava no 2.º grupo de disciplinas do Instituto Superior de Agronomia (ISA) que incluía Mesologia e Pedologia, pelas quais iniciei a carreira académica (1961/63). Tratou-se do Congresso Internacional de Ciência do Solo (da ISSC3), que 1 A partir daqui passaremos a escrever IHC ou Congresso quando se referirem os Congressos Internacionais de Horticultura, Council ou Conselho quando se referirem os Conselhos da ISHS e ISHS quando se referir a Sociedade Internacional de Ciências Hortícolas. 2 Nome da “revista de pensamento e cultura política”, fundada por António Alçada Baptista em 1963 e dirigida por João Benard da Costa, cujo primeiro número inclui um artigo de fundo de Jorge Sampaio que foi o conferencista convidado da sessão inaugural do nosso “mega”-Congresso. 3 International Society for Soil Science. teve lugar em Bucareste, Roménia, em 1963. A delegação de vários membros era chefiada pelo Prof. R. Pinto Ricardo (o Prof. J. Botelho da Costa, PhD Universidade de Londres, a nossa grande figura internacional do sector, estava muito doente) e eu apresentei uma comunicação sobre solos de Angola juntamente com o Prof. J. Bastos de Macedo (que não compareceu), sendo publicada depois nas actas respectivas. Os fundos para esta deslocação vieram da Missão de Pedologia de Angola, que custeava estas saídas desde que se apresentassem trabalhos. Fiquei a saber como era “isto das grandes reuniões científicas internacionais” e comecei a perceber que o caminho da ciência e das tecnologias iria passar progressivamente pela internacionalização (não se usava a palavra globalização). “Tomei-lhe o gosto” e inscrevi-me na ISSC. Voltando à horticultura, Portugal fora um dos membros pós-fundacionais (1961) da ISHS (esta considerara sempre a horticultura no seu sentido lato), entrando para o seu Council, onde era representado por três membros nomeados pelo Ministério da Agricultura. A saber: Prof. J. Vieira Natividade (o Mestre indiscutível), Eng. Agron. Weber de Oliveira (homenagem a Weber de Oliveira - Revista da APH n.º 101) e Dr. Alberto Gardé (PhD, Universidade de Londres, John Innes Institute, horticultura herbácea). Era uma delegação de muita qualidade (todos foram mais tarde Horticólogos de Honra da APH). Mas sucedia que a política nacional do tempo não facilitava que tomassem parte activa na vida da ISHS, nomeadamente nos IHC´s e Council´s. Quando tomei conhecimento do anúncio do XVII IHC, através das revistas internacionais de especialidade, falei com o Prof. Carlos Marques de Almeida, responsável da Secção de Viticultura, Horticultura e Arboricultura do ISA, para onde eu concorrera e entrara em 1964/65. Ele era então um dos cinco sócios portugueses da ISHS e entusiasmou-me a ir oficialmente. Foi muito difícil conseguir auxílio financeiro: não havia Ministério do Ultramar a ajudar, como nos Solos, nem qualquer projecto de I-DT na Secção; eu não tinha ainda c.v. nem me enquadrava em associação da área (não existia). Ora uma ida e volta Lisboa-Nova Iorque custava bem mais cara que hoje. A única entidade financiadora possível era o então Instituto de Alta Cultura (IAC), presidido pelo Prof. Gustavo da Europa do Norte e por isso perseguidos, que depois iniciaram a colonização branca. Figura 1 – Logotipo do XVII IHC, em Maryland, EUA. Cordeiro, da Universidade de Coimbra e ex-Ministro da Educação dos 1.ºs Governos de Salazar. O IAC tinha verbas reduzidas, nomeadamente para aquilo que não dissesse respeito à Cultura (sentido estrito) e às Belas Artes. Mas consegui uma entrevista com uma senhora “poderosa”, a Dr.ª Rosa Castanho, uma espécie de Secretária-Geral, muito activa e “histórica” da casa. Lá me deram 13 “contos” (13 000 escudos), para viagens (2/3) e alojamento (1/3), hoje equivaleriam a 3 200€ e o meu vencimento de 2.º assistente era de 470€ mensais. Preparei uma comunicação oral. Os membros portugueses do Conselho não participaram e assim terei sido o primeiro português que tomou parte activa num IHC, que foi assim “nosso”…. O Congresso teve para mim uma série de surpresas. Começando porque não tinha noção da dimensão humana dos IHC´s (pessoas e países). Neste houve cerca de mil participantes (então os sócios individuais da ISHS eram milhar e meio e os seus países-membros trinta e dois) (fig. 1). Depois aconteceu a descoberta de outra realidade: um campus. Foi a primeira vez que neles me instalei. Com as aldeias e casas de professores, as excelentes cantinas, os enormes dormitórios de estudantes, os grandes departamentos científicos e de extensão de conhecimentos, os campos experimentais, os relvados e os bosques. E mais de dez mil estudantes (quase tantos como toda a nossa Universidade Técnica de Lisboa). São primeiras impressões que não se esqueceram. Junto à costa Leste, como o Estado de Maryland, muitos destes campus dos EUA tiveram a ver com os primeiros imigrantes, os “pilgrims”, puritanos Outra novidade foi o enquadramento urbano. Estas grandes Universidades fizeram crescer cidades ao seu redor, pois tinham muitos milhares de alunos, a que se somavam também alguns milhares de funcionários: docentes, investigadores, técnicos dos serviços de apoio e limpeza e dos parques. O que significava várias dezenas de milhares de pessoas com as suas famílias, habitações e vida social, cultural e política. O presidente do Congresso foi um cientista notável, Prof. H. Tukey sr, um especialista de fruticultura, doutorado na Cornell University, o qual de acordo com os estatutos em vigor, fora Presidente da ISHS nos quatro anos que então se concluíam. O Secretário-Geral da ISHS era um diplomata holandês muito afável mas distante, Dr. G. De Bakker. A sede da ISHS era no Ministério da Agricultura holandês, em Haia. No desenrolar dos trabalhos tive um problema que não mais esqueci! Eu levava uma comunicação na área da horticultura herbácea, acerca de uma cultura que em Portugal nessa altura só aparecia em hortas inovadoras e se vendia nas lojas caras de frescos da Baixa/Chiado: a chicória-de-folha. Tratava-se de um pequeno ensaio de semi-forçagem no Inverno-Primavera na região de Belas, Sintra. Os resultados estavam condensados em quatro diapositivos (slides), preparados por um funcionário-fotógrafo do ISA, o Sr. Nabais, amigo de boa memória. Apresentei-me na sessão especializada para que estava programado, com o meu inglês ainda macarrónico mas já entendível. Presidia um professor da Universidade Técnica de Munique, Dr. Dietrich Fritz que, soube depois, acabava de ser nomeado (não havia eleições) para chefiar a Secção de Hortaliças do ISHS e se tornaria bom amigo pessoal (ver XX e XXI IHC). Quando ia inserir os diapositivos no projector verifico que não cabiam, pois estes eram todos da marca Kodak e só admitiam o respectivo formato (que mais tarde se universalizou). Fiquei em estado de choque: havia feito uma viagem de milhares de quilómetros e era importante apresentar a comunicação até para ser publicada nas Actas do Congresso (ainda não havia Acta Horticulturae) e assim isso não aconteceria (eram as normas em vigor). Procurou consolar-me (ter-me-ão vindo as lágrimas aos olhos). A comunicação foi Revista da APH N.º 103 17 Figura 2 - Cartão de Sócio da ISHS (frente e verso) depois publicada na nossa Revista Agronómica. Quando enviei a separata ao Prof. J. Vieira Natividade recebi um cartão a felicitar-me por ter participado num Congresso Internacional, pois os colegas jovens neles deviam participar. Duas décadas após seria docente num destes campus, o da Iowa State University, em Ames, Iowa! Fiz-me também sócio da ISHS, sendo efectivo desde o início de 1966 (até hoje!) (fig.2). Fui ao jantar de encerramento, aprendi chamar-se-lhe “banquet” (não seria bem assim que se denominaria na Europa mediterrânea…) e que era pago (não incluído na inscrição). Aproveitava-se para agradecer a pessoas e instituições que se distinguiram antes e durante o Congresso (continua esta boa tradição). No “nosso” mega foi mesmo um banquete e de qualidade excepcional. O congresso seguinte, o XVIII IHC, em 1970, foi em Israel em Tel Aviv (quadro 1), cidade marítima com cerca de quatrocentos mil habitantes. Ora sucedera que deixara o ISA em 1967 e fora para a Universidade de Luanda, delegação de Nova Lisboa (hoje Huambo), como responsável pela Agricultura Geral mas continuando ligado à horticultura herbácea. Aliás eu havia trabalhado antes em Angola (1960), cujo interior percorri de Norte a Sul, aproveitando para escrever dois pequenos estudos, um sobre a cultura da mandioca e outro sobre a do cajueiro (este publicado na “Agros”). O Prof. Manuel Gomes Guerreiro, notável discípulo do Prof. Vieira Natividade, era delegado do Reitor no 18 Revista da APH N.º 103 “campus da Chianga” (Nova Lisboa), dirigindo com visão a pequena delegação, a qual vivia paredes-meias com o Instituto de Investigação Agronómica de Angola, (IIAA), partilhando as suas instalações, o que era um forte contraste com a separação entre o ISA e a Estação Agronómica Nacional na “metrópole” (como então se dizia). Eu completava a minha dissertação académica com novos ensaios de campo, trabalhando raízes de várias plantas hortícolas. Neste contexto não foi difícil que a Universidade de Luanda financiasse a ida a Israel. O presidente deste XVIII era o Dr. P. Spiegel-Roy, reputado especialista em citrinos no famoso Volcani Institut, em Rehovot. O local do IHC foi o Hotel Hilton, no centro da cidade de Tel Aviv, junto ao Mar Mediterrâneo. A valia científica da pequena comunidade universitária e científica israelita dedicada à agricultura e pecuária era impressionante e por isso o Congresso teve um excelente nível. Um dos objectivos de discussão eram as bases tecnológicas que mais tarde permitiram a revolução da rega gota-a-gota e da micro-aspersão. Observámos estes ensaios que se realizavam nos novos laranjais e se estendiam pelo Sul do país, entrando pelo deserto do Negev. Visitámos o Volcani Institut a que também pertencia o jovem Dr. J. Rudich, investigador internacionalmente prestigiado que trabalhava no melhoramento de tomate para fresco e para indústria e com o qual o METI (ver adiante) estabelecerá contactos. Também fomos aos “kibbutz´s” - as grandes explorações colectivas socialistas com forte autonomia de gestão e englobando os sectores industrial e dos serviços - e aos “mochav´s” - que se aproximavam das nossas cooperativas livres mas em solo estatal. Eram modelos de estrutura agrária iniciados antes da fundação de Israel e que no pós-II Guerra Mundial muito se discutiam nas reformas agrárias europeias e da América do Sul. O número de participantes foi reduzido (não se passou do milhar, houve boicote dos países vizinhos muçulmanos). Mas estavam bastantes colegas dos EUA e Canadá. Ao tempo a ISHS tinha um pouco mais de mil e quinhentos membros individuais e quarenta países membros. Como trabalhava em Angola procurei ir ao Business Meeting (reunião de uma Secção ou Comissão organizada durante um IHC) da Comission on Tropical and Sub-tropical Horticulture que era presidida pelo Prof. H. Tindall, inglês que tinha feito a sua vida universitária na África (então) inglesa, com bastante prestígio e grande simpatia. Ele procurava fazer a integração do crescente número de horticólogos “tropicais”, que vinham do chamado “terceiro mundo” (excepção era a África do Sul já com uma horticultura de grande exportação e posição sólida na ISHS). Expliquei-lhe a minha situação e passei a figurar até 1974 no anuário da ISHS como membro desta Comissão onde se encaixavam principalmente “africanos” e “asiáticos”. Ficou para durar a amizade com um vice-chairman, o cientista filipino Prof. Ruben Villareal, que depois visitaria na sua Universidade das Filipinas - Los Banos. Também encontro aqui pela primeira vez o Eng. Heiko Van der Borg, então Adjunto do Secretário-Geral da ISHS, o qual virá a ser muito importante para o trabalho da APH na ISHS e, portanto, indirectamente para o nosso mega XXVIII IHC – o que reconhecemos no final deste, entregando à sua família a distinção de Sócio Honorário (a título póstumo). Felizmente, desta vez não estive sozinho pois havia mais dois colegas portugueses: um era o meu contemporâneo J. Crespo Ascenço, que começara pelos Solos no ISA (como eu) e era agora o responsável pela área da Fruticultura na Universidade de Lourenço Marques; o outro, um colega agrónomo mais velho, Baião Esteves, ligado à Missão de Estudos Agronómicos do Ultramar. Os membros portugueses do Council não compareceram e verifiquei que esta era a regra... A propósito permitam-me duas notas pessoais que revelam as circunstâncias que envolveram a viagem. A primeira diz respeito às sucessivas guerras com os vizinhos e a população árabe. Os visitantes “respiravam” um clima de receio e pouco nos afastámos de Tel Aviv e da costa mediterrânica. Assim eu não fui a Jerusalém visitar os Lugares Santos (que era o meu sonho como católico) porque a Maria do Carmo, minha mulher, que leccionava em Angola, me pedira para não o fazer. É que Jerusalém estava separada da zona do Congresso por umas largas dezenas de quilómetros, o trajecto era de autocarro e havia atentados com alguma frequência. Outra foi o facto de um postal por mim enviado para a Universidade de Luanda, Nova Lisboa, ter sido interceptado, originando uma visita da PIDE (polícia política) à delegação da Rei- Figura 3 - 1.º ISHS Tomato Symposium, Évora 1979. Prof. Dr. Fritz, (Presidente da Section Vegetables), Ário de Azevedo (Reitor da UE), Carlos Portas (Presidente do Simpósio), Manuel Figueiredo (Presidente da APH), Weber de Oliveira (Comissão Organizadora), Dr. William Sims (U. California, Davis,EUA) (da esquerda para a direita). toria em Nova Lisboa, a inquirir como tinha eu conseguido o visto de entrada em Israel (que teria ligações com a guerrilha da UNITA). O Prof. M. Gomes Guerreiro defendeu-me bem (mais uma vez). O postal estava no meu dossier da PIDE, recolhido depois do “25 de Abril”… Antes de descrever o Congresso seguinte, o XIX IHC, que se realizou em 1974 na Polónia (quadro 1), na sua capital Varsóvia, com milhão e meio de habitantes, atravessada pelo grande rio Vístula e destruída profundamente pela II Guerra Mundial, devo começar por explicar porque parti para lá … desde Vila Viçosa (Alentejo)! Com efeito muito se me alterara o percurso académico, com forte influência nas relações científicas internacionais. Assim, em 1971 fizera o Doutoramento em Engenharia Agronómica na Universidade Técnica de Lisboa (algo inédito no ISA) e logo realizara a Agregação, na Universidade de Luanda em 1972. Seguidamente aceitei um convite para Visiting Lecturer da Iowa State University (Ames, EUA) uma das grandes Universidades land-grant 4 no domínio das engenharias (o seu lema é Science with Pratice). Mas quando estava ainda nos EUA, em 1973 é restaurada a Universidade de Évora (como Instituto Universitário) por uma das “reformas Veiga Simão”. O Prof. Ário Azevedo é indigitado Reitor e convida-me para integrar a Comissão Instaladora. Chego a Évora vindo directamente dos EUA, em Outubro de 1973. Lançou-se logo o concurso público do Projecto de I-DT “Mecanização do Tomate de Indústria - METI”, através da JNICT (actual Fundação para a Ciência e Tecnologia), com intervenção do Subsecretário de Estado Dr. João Salgueiro e de um dos seus directos colaboradores, Dr. Henrique Granadeiro e participações, até financeiras, com o sector privado. A seguir vem a Revolução de Abril, com a feliz chegada das liberdades de expressão e de reunião e a abertura à Europa (incluindo Leste) e ao mundo em geral (logo à ISHS…). Por tudo isto o Reitor animou-me a ir a Varsóvia, com ajuda da própria Universidade e da JNICT. Este IHC foi o único que se realizou numa República Socialista comunista. E teve lugar dentro de uma daquelas construções monumentais neo-gótico-barrocas, revestidas de pedras ornamentais, que a União Soviética ofereceu após a II Guerra Mundial a cada um dos países que se tornaram seus satélites na Europa Oriental, para o local de funcionamento dos órgãos de soberania. O presidente do IHC foi o Prof. S. Pieniazek, especialista em pequenos 4 Criados por iniciativa do Senador James Monil (EUA), sendo dotados de recursos naturais que eram obrigados a explorar e desenvolvendo novas tecnologias. frutos, doutorado na década de 40 na Universidade de Wisconsin (EUA) e presidente do grande Instituto de Investigação Frutícola de Skierniewice, cerca de uma centena de quilómetros para Leste da capital polaca e onde se situavam também os Institutos de horticultura herbácea e de plantas ornamentais. Houve perto de milhar e meio de participantes vindos de cerca de cinquenta países, quase um terço destes de regime comunista. Naturalmente dominava a presença polaca e seguramente foi o IHC de maior participação russa. A ISHS estava perto dos 50 países-membros. Também viera uma significativa delegação dos EUA, país com um forte programa de bolsas de estudo para doutoramento de estudantes polacos nos EUA. Nesta altura os nossos sócios na ISHS eram Prof. Luís Costa e Sousa (ISA, culturas lenhosas), J. Ponte Tavares (Açores, ananás), L.M. Lopes da Fonseca (ornamentais), João N. Rebelo (idem), J. Crespo Ascenço (ver XVIII IHC) e Mrs. Moore (horticultura privada, Algarve) e eu (única presença). As visitas de estudo foram em número reduzido e o contacto com a sociedade civil era condicionado, não só pela língua (aliás encontrei na rua quem falava francês!), mas também porque se percebiam as profundas diferenças ideológicas e políticas entre participantes (o que não era habitual nos IHC´s) e a falta de liberdade na sociedade civil que nos rodeava. Durante o Congresso fui explicando aos sócios e dirigentes da ISHS (parte dos quais conhecia dos IHC´s anteriores), que havia deixado Angola, sobre a qual se iria reduzir a tutela política portuguesa, e leccionava em Évora. Assim deixei a Comission on Tropical and Sub-tropical Horticulture e passei para membro da Section of Vegetables, onde tomei conhecimento da nomeação (ainda não havia eleições) do Dr. J. Van Kampen para seu Chairman (teve um longo mandato… e suceder-lhe-ia 16 anos depois!). Heiko Van der Borg, adjunto do Secretário-Geral, tinha a seu cargo a Chronica Horticulturae e perguntou-me se queria ser o correspondente em Portugal (já havia em Espanha). Aceitei (ainda nesse ano figura o meu nome na revista). Mas, mais importante, ele falou-me da possibilidade de uma associação científica no sector hortícola em Portugal, em virtude da nova abertura política. Ao trocar novamente impressões Revista da APH N.º 103 19 com o Prof. Dietrich Fritz (ver XVII IHC), ele fez-me idêntica pergunta: para quando a iniciativa de uma sociedade portuguesa de horticultura? A ideia já não me sairia da cabeça… Um outro episódio revelar-se-ia de muita importância para os tempos futuros da I-DT de horticultura em Portugal, também da APH e sua expansão e do nosso “mega”. Ao sair de autocarro do aeroporto para o centro de Varsóvia, sentou-se ao meu lado um congressista que se me apresentou como Jules Janick (era e é um extrovertido e eu também para aí tendo). Naturalmente perguntei-lhe se era o autor do famoso livro de texto Horticulture, já então um best seller traduzido em várias línguas, até em “indi”. Disse-me que sim e que tinha estado em Portugal quando da sua lua-de-mel passada na Europa e que visitara o Prof. Joaquim Vieira Natividade. Fiquei surpreendidíssimo. Durante o Congresso falámos frequentemente (como ainda hoje!). O Prof. Janick dava nas vistas: pelo seu prestígio e pelas suas intervenções. Era um poliglota e falava um pouco de português pois tinha sido professor universitário no Brasil. Fiquei a perceber que era um horticólogo vindo da pomologia e entrando pela genética, conhecendo bem a vasta compreensão da horticultural science na vertente land-grant. Tivemos depois a possibilidade de o ISA lhe dar o título de Doutor Honoris Causa. Foi membro durante anos do Board da ISHS e sempre votou por nós nos Council´s onde esteve presente. Por tudo isto o Prof. Janick foi um elemento essencial para que, duas décadas e meia depois, acontecesse o “mega” XXVIII de Lisboa. Neste Congresso verifiquei mais uma vez que representantes no Conselho, os membros do Board e responsáveis das Secções e Comissões haviam saído quase todos de fortes associações científicas e nacionais. É pois em boa parte com base no vivido nestes IHC´s com os estímulos já referidos e a onda de liberdades criadas pela Revolução de Abril, que na Primavera/Verão de 1975 amadurece num pequeno grupo de jovens engenheiros agrónomos e engenheiros técnicos agrários, em que estou integrado, a “Ideia APH”, com o colega Weber de Oliveira (já além da meia-idade) a “apadrinhar” directamente. Este percurso está bem contado no volume “APH-25 anos” ed. APH, Lisboa 2001. Como é do conhecimento de al20 Revista da APH N.º 103 guns dos leitores (ver Revista da APH n.º 100) ano e meio depois entro no I Governo Constitucional, encarregado de pôr alguma ordem no que se chamou Reforma Agrária mas que não passou de uma mal organizada Revolução. Terminada a permanência no Governo no primeiro trimestre de 1978, há o regresso à Universidade de Évora e o retomar do projecto METI, já então bastante internacionalizado, com contactos frequentes com cientistas e técnicos de vários países (Itália, Espanha, EUA, etc.). Tínhamos quatro anos de campos experimentais, editávamos vários boletins periódicos, etc.. A equipa é estável, mesmo sólida, tendo como pivô executivo o jovem António Calado. Resolvemos avançar para um projecto internacional luso-espanhol METIBER que tardaria alguns anos. Mas antes disso e com base no METI começa-se a pensar na organização de uma actividade da ISHS em Portugal, a qual se planeia para Setembro de 1979 (após o meu regresso a Portugal, terminado o compromisso lectivo no Canadá). Ficaram na organização interna do simpósio uma equipa liderada pelos Engenheiros Weber de Oliveira e António Calado (com a sua mulher Teresa), ambos sócios. Aquele fora membro do Council (ver XVII IHC) e este doutorar-se-ia em tomate de indústria. Também dão uma boa ajuda o Eng. Téc. Agrário Celestino, a minha secretária Maria José Ribeiro e o Eng. Martin Stilwell. Foi o primeiro symposium da ISHS em Portugal. Teve cerca de duzentos e cinquenta participantes e várias boas surpresas como a presença do Prof. D. Fritz, Presidente da ISHS, Dr. J. Van Campen, Presidente da Section of Vegetables, o seu Vice-presidente, Prof. Zibnig Gertick, figura polaca de grande prestígio e que conhecera pessoalmente em Varsóvia e o já Secretário-Geral H. Van der Borg. Todos se instalaram no Conventinho da Herdade da Mitra (séc. XVI/VII). O Simpósio foi aberto pelo Prof. William (Bill) Sims, da Universidade da Califórnia – Davis, visita do projecto METI, homem-chave na mecanização do tomate de indústria por todo o mundo, depois presidente do mega-IHC de Davis (fig. 3). Deu origem à primeira Acta Horticulturae preparada no nosso país (Acta Horticulturae 100). O relevo dado ao simpósio de Évora tem esta justificação: ser de facto a primeira actividade científica da ISHS em Portugal. Correu bem. Mas sabíamos que muitas seriam necessárias para termos um IHC em Portugal. E elas foram surgindo pouco a pouco. Demorou muitos anos mas realizou-se. O nosso “mega” acontecerá 21 anos depois. Entretanto, realizara-se o XX IHC em 1978 na Austrália (quadro 1). Foi em Sidney, a principal cidade da Austrália (mais de três milhões de habitantes) e capital do seu Estado da Nova Gales do Sul. O Conselho reunira antes em Camberra, capital federal, uma cidade nova fundada para tal (mas que mal houve tempo para visitar). No jantar do Council conheci aquele que se tornou um bom amigo: o Prof. M. Iwata da Universidade de Tóquio (privada), que seria o Presidente do XXIV em Kyoto. E a Espanha estava representada pelo Prof. J. Miranda de Orniz, Presidente da Sociedade Espanhola de Ciências Hortícolas (SECH). Foi-me possível participar - a viagem e o alojamento em hotel eram muito caras - com a ajuda de uma empresa de tomate de indústria ligada ao projecto METI (CAIA S.A.) e também por ter conseguido alojamento gratuito em casa de um casal emigrante alentejano (que trabalhava na limpeza de vidros e fachadas de arranha-céus!). O local foi um campus antigo, o da Universidade de Sidney. E a sessão de abertura teve lugar na famosa Ópera de Sidney, que todo o mundo conhece, com as suas várias e amplas ogivas brancas sobrepostas sobre a água. Desde há muito que os Congressos da ISHS se realizam em Agosto, quando das férias de Verão no hemisfério Norte. Mas estávamos no hemisfério Sul onde era Inverno, e no caso de Sidney a chuva distribui-se pelas quatro estações e a memória que ficou foi a de um campus citadino com instalações históricas em tijolo e alvenaria e de relvado muito arborizado…, mas com nevoeiro, nuvens baixas e chuva durante os dias do congresso (o que bem contrasta com a Lisboa do nosso “mega”). Este IHC teve uma particularidade: o presidente da ISHS, Dr. W. F. Walker, alto funcionário do governo da Tasmânia (grande ilha no mar e donde vieram os nossos eucaliptos “glóbulos”, matéria prima de pastas brancas para papel que se tornaram famosas na nossa exportação), não foi o seu presidente; mas sim um director geral do Ministério da Agricultura da Austrália, o M.Sc. M. Gregory, especialista de Viticultura e que no ano seguinte estaria em Portugal a visitar o Porto vinhateiro. Na figura 4, pode observar-se o braço ao peito (ao lado o Dr. J. Skienkowsky, depois meu vice-presidente na Secção de Hortaliças). Porquê? É que há a acrescentar uma história de carácter pessoal Quando da preparação do invited paper, à saída do gabinete na Herdade da Mitra, pus um pé em falso num degrau da entrada e estatelei-me com o peso de vários livros que levava nos braços. O diagnóstico dos resultados da queda foi uma fractura exposta no cotovelo esquerdo. Fui engessado e durante um mês não pude fazer qualquer esforço com este braço. Entretanto aproximava-se a data e lá parti com o braço ao peito, a conduzir com a ajuda da Maria do Carmo e os três filhos atrás, no velho Opel Record (com livrete de seis lugares), alojados nas pensões do “Stella Maris”, até Hamburgo. Mas estavam em jogo o Council e o invited paper (fig. 5). Figura 4 – A Polónia, Portugal e o meu braço partido! Houve menos países presentes que o esperado, cerca de meia centena (a ISHS tinha então 48 países-membros), vários asiáticos mas com forte ausência da grande área de influência da China. Os outros dois membros portugueses do Council não compareceram. Talvez o aspecto mais interessante deste Congresso tivesse sido a organização das visitas de estudo, seguramente a melhor nos aspectos técnico-científicos em que até hoje participei. É que entre os mais de mil congressistas, uma parte vinha de outros continentes, nomeadamente da América do Norte e da Europa Ocidental. Assim eram em número muito significativo os participantes de países “desenvolvidos” 5. Como os bilhetes mais económicos correspondiam a uma estadia de duas/três semanas, também por isto as visitas de estudo eram prolongadas e tiveram uma grande participação. Ficámos a conhecer algumas das mais conhecidas regiões agrícolas, como os enormes vales regados dos rios Murray e seu afluente Murrumbidgee cujas águas vão desaguar no Pacífico junto a Adelaide (Austrália do Sul). Assim pude ter uma ideia do que eram grandes vinhas regadas (como são hoje muitas das nossas) e grandes adegas com instalações metálicas para uva e mostos (quando voltei ao nosso país para explicar chamava-lhes “refinarias vitivinícolas”, tipo Cabo Ruivo). Nas explorações hortícolas as colhedoras mecânicas funcionavam em pleno para variadas hortaliças enquanto em Portugal se apregoava o modelo chinês e as colhedoras que o Entreposto fabricou com a colaboração do METI foram “socialmente” paradas para colher à mão... O congresso seguinte foi o XXI em 1982, em Hamburgo (quadro 1), a velha cidade-estado da Liga Hanseática com milhão e meio de habitantes, na Alemanha (então) Ocidental. É presidido pelo já referido Prof. Dietrich Fritz (Universidade Técnica de Munique). Com grande surpresa e satisfação pessoal, houve pela primeira vez uma sessão dedicada à “horticultura para indústria” e eu fui o invited speaker (a minha estreia nestas funções). O Working Group Vegetables for Processing tinha sido criado no ano anterior. Este IHC estava bem organizado e teve excelente nível científico e técnico. É um congresso onde já estamos cinco portugueses: António Almeida Monteiro (ISA, já quase pronto o doutoramento), Maria Amélia Fragoso (EAN), Maria da Luz Mendes (DRA Algarve), António Calado (Universidade de Évora e METI) e eu (pude respirar fundo pois a semente germinara… ). Mas na recordação de um latino e não tendo importância nenhuma em relação ao conteúdo, ficou o facto de que se acabou a comida do “buffet” para numerosos congressistas, que entretanto esperaram a sua vez em longas filas (que contraste com o mega ibérico…). 5 A classificação do ponto de vista da riqueza material das nações era então: países desenvolvidos, países em desenvolvimento (por ex. Portugal) e países subdesenvolvidos. Ao congresso de Hamburgo segue-se nos EUA, em 1986, o XXII IHC (quadro 1) na Universidade da Califórnia, pólo de Davis, no qual como eu dizia aos alunos, se situava a “Meca da investigação hortícola herbácea”. Foi também um “mega”. Davis era uma cidade com 40 mil habitantes, vizinha de Sacramento, capital da Califórnia. O campus era muito bonito, com uma área de 1 500 ha, 20 mil estudantes (1/4 de pós graduados e ensinos tecnológicos) e 1 600 docentes, quase tudo a andar de bicicleta naquela planície aluvionar. “Dizia-nos” muito porque o clima é mediterrâneo e as plantas as nossas: os aloendros eram a principal ornamental das estradas californianas (a minha mãe era do Alandroal), uma oliveira e um sobreiro estavam em frente ao edifício da Reitoria e as oliveiras eram árvores de sombra nos passeios. O alojamento era muito barato em residências de estudantes (eram as férias grandes, de Agosto). Fui convidado pela Comissão Organizadora que me ofereceu a viagem. Neste caso também o presidente do IHC não foi o da ISHS, que era o Prof. H. Tukey jr (horticultura ornamental), mas o Prof. William Sims, do Departamento de Horticultura Herbácea (Vegetables) (um invited speaker do Simpósio do tomate de Évora (ver Simpósio de Évora, 1979)). É um congresso com cerca de quase quatro mil pessoas (incluindo acompanhantes), o maior congresso até hoje - mas não o de mais países e mais abrangente em termos geográficos. Participou uma delegação Revista da APH N.º 103 21 tónio A. Monteiro e recomendei-lhe que “avançasse”. Assim também se deu um passo de gigante para um Congresso na Península Ibérica, pois realizar um congresso em Portugal só teria sentido a nível da Península Ibérica. Figura 5 – A Sessão de Abertura do XXI IHC em Hamburgo (1982). portuguesa de relevo. Esplêndida organização. Muitas visitas de estudo interessantes, que são também um ponto alto. Estávamos quase no centro daquilo que é uma das principais áreas hortícolas do mundo e uma das maiores de regadio. Também dava para ver como são pequenos os vales e lezírias do nosso país. O congresso de Davis tem ainda um outro aspecto pessoal a salientar: António A. Monteiro, que já estava doutorado e era professor do ISA, participa activamente. E os dois percebíamos que sem se pertencer a órgãos directivos e executivos da ISHS não iríamos longe e a nossa progressão dentro da ISHS seria muito lenta. Não havia “almoços grátis” e só agora se iniciava o trabalho de casa. O IHC seguinte é o XXIII em 1990, em Florença (quadro 1). É um congresso bastante organizado e tem como presidente o Prof. F. Scaramuzi, especialista bem conhecido no domínio da Olivicultura e de Viticultura. Ele tem para Portugal interesse estratégico na medida em que um português é eleito Chairmain da Secção de Hortaliças (Vegetables), uma das mais importantes da ISHS. Foi uma eleição clara (no Business Meeting da Secção), havendo outro pretendente, Dr. David Gray de Wellesbourne, RU. Constituo a minha direcção, escolhendo quatro Vice-presidentes (América do Norte, Ásia e Oceânia, Europa Ocidental e Europa Oriental-Rússia). Os colegas espanhóis são ago22 Revista da APH N.º 103 ra outros, pois surgira outra geração (v.g., Luís Rallo, Vítor Galán Saúco, Fernando Perez Camacho, Fernando Nuez, etc.) na direcção da SECH. Já tínhamos estado juntos no Council de Leamington Spa em 1988 (RU) (quadro 1). A hipótese de actividades comuns a nível da ISHS despontava. Em 1994, tem lugar o XXIV IHC no Japão, em Kyoto (quadro 1), uma cidade histórica (antiga capital imperial), com cerca de milhão e meio de habitantes. O presidente foi o Prof. M. Iwata, especialista de horticultura herbácea, da Universidade de Tóquio (privada!). Já disse que era um bom amigo desde o Council da Austrália (visitei mesmo a sua casa). Foi um congresso bem organizado mas não com muita gente. Nessa altura os países-membros da ISHS eram cinquenta mas tinham descido os sócios individuais. Para nós teve muita importância pois no Council, o Prof. António A. Monteiro foi eleito para o Board da ISHS. Com o andamento da votação apercebemo-nos que tínhamos algumas possibilidades de entrar. Trocando impressões em cima do acontecimento, expliquei-lhe que por motivos pessoais eu não tinha condições para entrar no Board, visto ter cada vez maior dificuldade em sair frequentemente do país; Ora ficaria com responsabilidades de supervisão em qualquer das áreas da actividade (publicações, finanças, organização, etc.) e a sede do Board era na Bélgica. Disse isto ao Prof. An- Do congresso de Kyoto passamos para o XXV IHC de Bruxelas, em 1998 (quadro 1), organizado pelos países da Benelux (Holanda, Bélgica e Luxemburgo), com afluência pouco elevada, embora a ISHS estivesse de novo em expansão quanto a sócios individuais (cerca de quatro milhares). O Congresso já foi presidido de acordo com as novas regras estatutárias que separaram a presidência do IHC, pertencente ao país organizador, da presidência da ISHS, eleito pelo Conselho. Assim o presidente do XXV foi o Prof. K. Verhoeff e o Presidente da ISHS, que nele terminava o seu mandato, era o Prof. S. Sansavini, da Universidade de Bolonha e bem conhecido especialista de Fruticultura. A delegação portuguesa no Council fez o seu pleno com a presença do Prof. Bianchi de Aguiar (UTAD) e da actual Presidente da Direcção da APH, Dr.ª Maria Elvira Ferreira. Neste mesmo Council, deixei a presidência da Secção de Vegetables, pois cumprira os dois mandatos estatutários. O novo chairman eleito foi o bom amigo Prof. Daniel Cantliffe, da Universidade de Flórida – Campus de Gainsville; que comigo havia recebido a honra de Fellow da American Society for Horticultural Science, cerca de onze anos antes. Depois de vários IHC’s apercebi-me que a sua estrutura era sempre semelhante, a abertura com uma breve sessão e um orador convidado, o “buffet” ajantarado (se possível recepção ao ar livre), depois os dias de trabalho e, finalmente, o “banquet”, um jantar de gala sempre pago à parte, fora do congresso em termos oficiais (vide XVII) IHC. Nos primeiros Congressos a que fui era normal a sessão de encerramento. Mas as excursões pós-congresso logo no dia seguinte de manhã, o consequente fazer das malas e o descansar e relaxar um pouco para sair cedo na manhã seguinte, acabaram com essa sessão por falta de comparência. Mas este XXV tem um sabor amargo para Portugal (APH) e Espanha (SECH). É que nos tínhamos candidatado (uma candidatura bem preparada com textos explicativos, filme, apoios públicos, etc.) à organização do XXVII em Sevilha (Espanha). Esta- vam presentes os principais responsáveis de ambos os lados da Península e havia acordos acertados com outros países-membros que pareciam seguros. Mas na hora da votação … ganhou a Coreia (do Sul), ficando nós em segundo e a Turquia em terceiro. Mas nem tudo se perdeu. O Prof. António Monteiro foi reeleito para o Board, por mais quatro anos, podendo continuar a fazer o seu trabalho de “lobby”. Decidiu-se trabalhar em nova candidatura conjunta APH-SECH a apresentar no Canadá, em 2002. O XXVI IHC foi em 2002 em Toronto (quadro 1), cidade capital do Ontário, principal Estado do Canadá, com cerca de três milhões de habitantes. Também não foi um Congresso de muitos participantes, menos de dois mil, sobretudo vindos dos EUA. Foi reduzido o número de países dos outros continentes. Este IHC era para nós muito importante, havendo uma participação portuguesa de grande qualidade. O seu Council foi decisivo pois aprovam a nossa nova candidatura, agora para Lisboa. Não vou explicar porque é que os colegas espanhóis desistiram de Sevilha, mas estivemos de acordo de que Lisboa era um sítio mais favorável (de facto aquela já havia sido muito visitada quando da Expo 82 e também o excessivo calor aí sofrido para muitos colegas dos países do Norte reduzia a vontade de voltar). Na nossa delegação estiveram os que trabalhavam activamente, entre outros Isabel Mourão, Presidente da APH, António A. Monteiro, Cristina Oliveira e eu. Do lado espanhol estiveram entre outros Vítor Galán Saúco (idem da SECH), Luís Rallo e Jaime Prohens. Lisboa ganha a candidatura conjunta, seguindo-se Austrália-Nova Zelândia e a Turquia em terceiro lugar. Sintomáticas dos novos costumes foram as dificuldades que tivemos depois do jantar do Council, em celebrar o triunfo. Primeiro os restaurantes, bares, cafés, encerravam quase todos às 21 horas. Depois não encontrávamos um sítio onde pudéssemos fumar o charuto da vitória (para portugueses e espanhóis era uma maneira tradicional de celebrar nas realizações da ISHS). No smoking era a regra e o seu cumprimento bastante estrito, com “muito rigor por razões de saúde pública”. Acabámos por prescindir do “puro”, caso contrário não havia festa (fig. 6). Este congresso do Canadá não se salientou pelas excursões e visitas de estudo. Porque esta região do Canadá é uma zona de florestas e pastagens, estando as zonas hortícolas (sentido Figura 6 – A celebração da vitória do “nosso” ibérico XXVIII IHC, sob a Lei anti-tabágica (Toronto, 2002). lato) bastante longe da cidade o que dificultava as excursões. Foram mais as visitas de natureza cultural, nomeadamente ao Quebec, de expressão e língua francesas. australianos e neozelandeses. Foi bastante reduzida a presença da América Latina tal como a de África. É um congresso bem organizado, mas num centro comercial. Também não havia muitas novidades tecnológicas para visitar. Neste congresso tivemos a reeleição do Prof. António A. Monteiro para o Board, desta vez ex-officio como co-Presidente do IHC seguinte. Entretanto Portugal já tinha um historial de realizações na ISHS bastante significativo e pela primeira vez ganhou-se uma Comissão: Comission on Irrigation and Plant Water Relations (2004) com a Prof. Isabel Ferreira, (ISA) como Chairman. O congresso seguinte é o XXVII, na Coreia do Sul (República Democrática da Coreia), em 2006 na grande cidade capital Seul (quadro 1; fig. 7), com os seus dez milhões de habitantes. É bastante importante do ponto de vista da ISHS porque temos pela primeira vez uma significativa delegação chinesa, naturalmente favorecida pela vizinhança da Coreia do Sul (esquecido que foi o grande conflito da Guerra da Coreia, nos anos 70). São cerca de mil e novecentos congressistas. Coreia, Japão e China registaram mais de metade dos inscritos. Começa a fortalecer-se a participação asiática e continuam estáveis E assim chegamos aos nossos ibérico “mega” XXVIII IHC e Council de Lisboa, aquele com os co-Presidentes, António Monteiro e Vítor Galán Saúco. Quadro 2 - Continentes, países e participantes. Continentes Total de países Países presentes Participantes África 47 21 126 América do Norte 3 3 269 América Central e Sul 27 11 244 Ásia 50 25 708 Europa (inc. Rússia) 41 37 1729 Oceânia 2 2 110 Revista da APH N.º 103 23 Figura 7 – Crachá de participante no Council de Seul, em 2006. Comecemos pelo IHC que é de facto um mega-congresso, para o qual desta vez se utiliza o adjectivo “ibérico”, por razões óbvias pois é nosso e espanhol. Decorrendo do descrito do XXII na Califórnia, o “ibérico” tem menos participantes. Mesmo assim é o único que desde a década de 90 inscreve mais de três mil participantes individuais. Mas em número de países participantes o “ibérico” é o primeiro pois 101 países compareceram. Permiteme juntar o quadro 2 que os reparte por todos os continentes e expressa bem esta relevante globalização dos 24 Revista da APH N.º 103 países participantes, a qual acontece pela primeira vez na história da ISHS (relembrem-se com os números do XXVII IHC de Seul). De África e América Central e Sul estavam cerca de quarenta por cento dos seus países, América do Norte e Oceânia fizeram o pleno, também Ásia quase metade e a Europa quase o pleno. Saudamos (com particular alegria) a presença do Brasil, ultrapassando já os 170 participantes e conseguindo depois ganhar o próximo Council para o seu Nordeste, por bom voto de qualidade do novo Presidente da ISHS. O que também compensa o esforço grande que fizemos nos anos 90 com a presença regular de portuguesas nas actividades da Sociedade de Olericultura do Brasil (SOB), onde conheci o actual presidente da ex-SOB do Counsil e depois a realização de Congressos Ibero-americanos de horticultura, quer na América Latina, quer em Portugal e em Espanha. O “ibérico” é também um “mega” congresso pela própria organização da área científica, neste caso dirigida pelo bom amigo Luís Rallo. Foi o de mais elevada carga científica: v.g. 18 simpósios, 14 seminários, 17 sessões temáticas, 26 workshops, acima de 3000 comunicações e posters, etc. Mas houve mais: o Council deu-nos a grande alegria de eleger António A. Monteiro para Presidente da ISHS, o primeiro português e ibérico que desde sempre ocupa esta posição. O que me permitiu dar-lhe um dos abraços calorosos da minha vida científica! E eu festejei os meus 34 anos de Council (fui o senior dos centena e meia de membros presentes). Tudo isto “tem sido obra” dos tantos que estiveram envolvidos neste longo percurso (homenagens específicas a muitos que já passaram, como Weber de Oliveira e Manuel Figueiredo). Em matéria de associativismo hortícola esses muitos obreiros estarão de consciência tranquila, nesta obra em construção desde há 44 anos que preenche parte essencial da vida internacional da APH. Por mim...”deo gratias”. A palavra à Comissão Executiva Post Congress Technical Tours in Spain Actividades en España del 28 Congreso Internacional de Horticultura Jaime Prohens1, Pedro Cermeño2, Joan Bonany3, Manuel Caballero4, Juan Cabrera4, María del Carmen Cid4, Víctor Galán Saúco4, Adrián Rodríguez-Burruezo1 El 28 Congreso Internacional de Horticultura (28IHC), que reunió a más de 3000 congresistas en Lisboa durante los días 22 a 27 de agosto de 2010 (Monteiro et al., 2010), incluyó varias actividades en España, las cuales se desarrollaron con posterioridad a la finalización del programa llevado a cabo en Lisboa. Las actividades en España del 28IHC, en las cuales se registraron un total de 280 participantes, supusieron la posibilidad de que los participantes en las mismas interactuasen con el sector hortofrutícola y la herencia cultural de España, y permitieron mostrar el potencial de dicho sector. En total se realizaron tres visitas técnicas y un workshop en diferentes regiones españolas, comprendiendo Andalucía, Aragón, Cataluña, Islas Canarias y Valencia y con diferentes temáticas (ornamentales, fruticultura, horticultura, y mejora genética), que abarcaron un amplio rango de cultivos. A continuación, se resumen y comentan los aspectos más relevantes de cada una de las actividades llevadas a cabo en España. El texto de cada una de estas actividades ha sido elaborado por el coordinador o coordinadores de las mismas. Figura 1 - Uno de los invernaderos para cultivo de planta ornamental correspondientes a la visita “Horticultura ornamental en Andalucía”. Visita técnica “Ornamental Horticulture in Andalusia” Coordinador: Pedro Cermeño En esta actividad participaron 42 investigadores y acompañantes del 28 IHC, procedentes de los cinco continentes. Durante el primer día de la visita (viernes 27 de agosto), una vez realizado el desplazamiento desde Lisboa, se visitó la ciudad de Sevilla, incluyendo la Catedral y Giralda, Reales Alcázares y Centro Histórico, los cuales son monumentos declarados patrimonio de la humanidad. El sábado 28 de agosto por la mañana se realizaron visitas técnicas (fig. 1). Entre éstas se incluyeron invernaderos de cultivos de flor cortada (crisantemo, gerbera) y verdes de complemento en la provincia de Sevilla. Posteriormente se realizó un desplazamiento a la costa N.O. de Cádiz para visitar empresas ornamentales dedicadas a plantas de maceta (especies para interior) y cultivo de anthurium. Por la tarde se realizó visita y degustación de vino fino manzanilla de Sanlúcar en las “Bodegas Argueso”. Posteriormente se llevó a cabo una reunión sobre “Cultivos ornamentales” con el sector productor andaluz. Esta reunión se celebró en la Fundación Eduardo Domínguez Lobato, Sanlúcar de Barrameda y constó del siguiente programa: I. Conferencia a cargo del Dr. Richard Criley Presidente del Grupo de Ornamentales de la Sociedad Internacional para las Ciencias Hortícolas, con el título “The promotion of flowers in the US”. II. Mesa redonda con el tema “Pasado, Presente y Futuro del Sector Ornamental en Andalucía”, con los siguientes participantes y presentaciones realizadas: - Moderador: Pedro Cermeño Sacristán. IFAPA Las Torres-Tomejil. Presidente del Grupo de Cultivos Ornamentales de la SECH. Profesor Universidad de Sevilla. Revista da APH N.º 103 25 - Eladio López García de las Mestas. Jefe Departamento de Estructuras Agrarias y Pesqueras. Servicio de Seguimiento de la PAC. Consejería de Agricultura y Pesca. Presentación: “Situación actual del Sector Ornamental”. - Manuel Ruíz. Jefe de ventas para el sur de Europa de SAKATA- Empresa obtentora de material vegetal. Presentación: “El sector ornamental en España: Jardinería y planta de maceta”. - Miguel Ángel Galán. Gerente Cooperativa de Comercialización de Flor Cortada “SANCHIFLOR”. Presentación: “Comercialización de flor cortada”. - Rafael Pacheco. Técnico de Producción de RIVERAFLOR. Presentación: “Problemática y soluciones de la flor cortada en Andalucía”. - Carlos Carrascosa Ferrándiz. Gerente de Viveros Sevilla. Presidente de la Asociación Andaluza de Viveristas y Floricultores (ASOCIAFLOR-ANDALUCIA). Presentación: “Perspectivas desde el punto de vista de la producción”. - Pedro Cermeño Sacristán. IFAPA Las Torres-Tomejil. Presidente del Grupo de Cultivos Ornamentales de la SECH. Profesor Universidad de Sevilla. Presentación: “Trayectoria histórica del sector ornamental”. El último día de la visita (domingo 29 de agosto) se visitó el Parque Nacional de Doñana (fig. 2), de 543 km2 de superficie en las provincias de Huelva y Sevilla. Se recorrieron el conjunto de ecosistemas (playa, dunas, cotos, marisma...) que dotan a este Parque de una personalidad propia, ya que se trata de un lugar de paso, cría e invernada para miles de aves europeas y africanas, y que también cuenta con especies únicas, en serio peligro de extinción, como el águila imperial ibérica y el lince ibérico. Después del almuerzo los participantes regresaron a Lisboa. Visita técnica “Deciduous fruit production in the Ebro Valley” Coordinador: Joan Bonany El grupo estuvo integrado por 39 personas de distintas nacionalidades (China, Taiwan, Australia, Canadá, Sud África, Portugal, Brasil, Rumania y España) que representaban distintas disciplinas científicas en torno a la producción frutícola. El primer día de la visita (sábado 28 de agosto de 2010) se visitaron las instalaciones de investigación relacionadas con fruticultura del campus de Aula Dei, la Estación Experimental Aula Dei del Consejo Superior de Investiga26 Revista da APH N.º 103 Figura 2 – Imagen correspondiente al Parque Nacional de Doñana. ciones Científicas (CSIC) y las instalaciones del Centro de Investigación y Tecnología Agroalimentaria de Aragón (CITA). Los doctores Marian Moreno (CSIC) y Rafael Socías (CITA) expusieron las principales líneas de investigación en fruticultura de las respectivas instituciones (fig. 3). A continuación el grupo se desplazó a la zona de producción de fruta de Caspe en la provincia de Zaragoza. A la llegada a Caspe, se realizó una presentación sobre el sistema de regadíos del Ebro integrados en el Plan Estratégico del Bajo Ebro Aragonés. En la misma zona, se visitaron las fincas de las empresas FRUTARIA y FRUTAS LÁZARO, dedicadas a la producción principalmente de fruta de hueso. La discusión se centró en las variedades, sistemas de formación y manejo de las plantaciones. Al final del primer día y en la ruta hacia Lleida, se visitaron también la zona de producción de melocotón y nectarina de los nuevos regadíos del Baix Segre en Lleida (fig. 4). Este primer día finalizó con una visita a una central de confección de fruta de la empresa ESPAX. El segundo día de la visita (domingo 29 de agosto 2010) se dedicó íntegramente a visitar distintas instalaciones de investigación del Institut de Recerca i Tecnología Agroalimentàries (IRTA) y plantaciones comerciales de manzano y peral en las comarcas del Segriá y del Pla d’Urgell en la provincia de Llei- da. Concretamente se visitó la finca de Gimenells integrada en la Estación Experimental de Lleida del IRTA donde se presentaron los programas de mejora genética de variedades de manzano, peral y melocotonero y los ensayos de portainjertos y sistemas de formación en melocotonero. Posteriormente el grupo se desplazó a la finca de Mollerusa de la misma Estación Experimental dónde se pudieron visitar los ensayos en sistemas de formación de manzano y el programa de introducci ón de nuevas variedades del IRTA. A continuación, el grupo tuvo ocasión de visitar una plantación de pera Conferencia y manzana Golden integrada en el grupo NUFRI. La visita técnica finalizó con una visita y una cata de vinos en las bodegas EL CASTELL DEL REMEI. Visita técnica “Canary Islands Horticulture” Coordinadores: Manuel Caballero, Juan Cabrera, María del Carmen Cid y Víctor Galán Saúco Esta actividad congregó a 26 participantes de 13 países de los cinco continentes, siendo destacable la nutrida representación de investigadores y especialistas de Australia. La primera jornada técnica de la visita (sábado 28 de agosto de 2010) se inició con una breve exposición de la situación del sector productor de ornamentales de las Islas, efectuada por el Dr. Manuel Caballero Ruano, Director Científico del Instituto Canario de Investigaciones Agrarias (ICIA), durante el trayecto a Güimar (Este de Tenerife), para visitar Canary Cactus, una de las mayores empresas productoras de cactus y plantas suculentas de Europa. Allí fueron atendidos por el fundador de la empresa, D. Norbert Kropf, quien mostró a los asistentes la gran variedad de especies y formatos de que disponen (fig. 5), así como las principales peculiaridades técnicas de estos cultivos. A continuación el grupo se desplazó a Guía de Isora (zona costera del Suroeste de Tenerife) para visitar la Finca “Cueva del Polvo” del ICIA; durante este trayecto el Dr. Caballero Ruano expuso las principales líneas de investigación del ICIA. En dicha finca experimental fueron atendidos por los investigadores del ICIA D. Juan Cabrera Cabrera, D. Domingo Fernández Galván y D. Pedro M. Hernández Delgado. Tras una degustación de fruta, los participantes visitaron las colecciones de banana (57 cultivares), mango (42 cultivares), litchi (29 cultivares) y carambola (13 cultivares), así como una amplia representación de otras especies frutales tropicales menos conocidas. La jornada concluyó con la visita al Abama Golf & Spa Resort, ubicado en la misma zona, donde los participantes pudieron conocer una de las más recientes creaciones del paisajismo en las islas, visitar los jardines del Resort, con exuberante vegetación constituida por más de 300 especies, y realizar un trayecto a través del campo de golf, proyectado por Dave Thomas, que aparte de su magnífico diseño técnico y esplendidas instalaciones, cuenta con 22 lagos conectados mediante cascadas y unas 25.000 palmeras, amén de espectaculares vistas del Atlántico, la isla de la Gomera y las laderas del Teide. Durante toda la jornada contamos con la inestimable colaboración de D. Carlo Morici, Biólogo especialista en cultivos tropicales, que contribuyó a enriquecedor la sesión con sus amplios conocimientos y amenidad. El domingo, 29 de agosto, se efectuó una excursión turística, que comenzó con una breve visita a la zona antigua de la Villa de la Orotava, prosiguió con un recorrido por el Parque Nacional de las Cañadas del Teide, y comida en el Parador Nacional, con magnificas vistas del espectacular paisaje volcánico del Teide. A continuación se inició el descenso hacia La Laguna. Allí, el grupo se dirigió al Parque de la Vega, que Figura 3 – Sesión correspondiente a la exposición de las principales líneas de investigación en fruticultura por parte del CSIC y CITA, en la estación Experimental de Aula Dei (foto cedida por J. García Brunton). Figura 4 – Foto de grupo en la visita a nuevas plantaciones de melocotón y nectarina en la zona de nuevos regadíos de Serós (Baix Segriá, Lleida) (foto cedida por J. García Brunton). les fue presentado por D. Francesco Salomone, Ingeniero Agrónomo de la Unidad de Parques y Jardines, mientras el grupo disfrutaba de un refrigerio ofrecido por la Concejalía de Medio Ambiente y Servicios del Ayuntamiento de la ciudad. La excursión finalizó con una visita guiada al casco histórico de La Laguna, Patrimonio de la Humanidad y primera ciudad abierta no fortificada, que conserva su trazado lineal original y es ejemplo vivo del intercambio de influencias culturales entre Europa y América, que ha continuado hasta la actualidad. La segunda jornada técnica, comenzó con la visita a la Finca La Laja, propiedad de los hermanos Acevedo, accionistas mayoritarios de SAVASA, importante empresa local que ha trabajado en estrecha colaboración con el ICIA para promover la diversificación de los cultivos de frutales tropicales. La proximidad al mar de la finca La Laja, que se encuentra en la planicie costera de Buenavista (Nordeste de Tenerife) y la frecuente incidencia de vientos hace necesario el cultivo protegido; por ello la producción se lleva a cabo en invernaderos de tipo “parral” diseñados inicialmente para plantaciones de platanera. Además de las 25 hectáreas de cultivos de invernadero, la finca cuenta con su propia infraestructura de empaquetado de fruta para el mer- cado local y de España peninsular. D. Juan Antonio Acevedo y D. Juan Carlos Conde, Ingeniero Técnico responsa ble de la finca, mostraron los distintos cultivos, fundamentalmente platanera (fig. 6), mango y piña tropical y, junto a los investigadores del ICIA, Dr. Víctor Galán Saúco, D. Juan Cabrera Cabrera y D. Pedro M. Hernández Delgado, expusieron a los participantes las características y peculiaridades de este sistema de producción intensivo. La mañana finalizó con la visita los viñedos e instalaciones de Bodegas Monje, en El Sauzal, donde tras una cata de vinos los asistentes pudieron degustar una comida típica de las Islas. Esta última jornada del tour concluyó con una visita al Jardín de Aclimatación de La Orotava, creado por Carlos III en 1788 con el fin de introducir y adaptar las especies exóticas recolectadas en las expediciones científicas a América. El grupo fue recibido por su Director, D. Manuel Fernández Galván, quien expuso a los asistentes la historia del Jardín y dirigió un recorrido por el mismo mostrándoles los ejemplares de mayor interés. Revista da APH N.º 103 27 Workshop “XIVth EUCARPIA Meeting on Genetics and Breeding of Capsicum & Eggplant, Valencia” Coordinadores: Jaime Prohens y Adrián Rodríguez-Burruezo Los “EUCARPIA Meeting on Genetics and Breeding of Capsicum & Eggplant” son reuniones trienales del grupo de mejora genética de pimiento y berenjena de la sección “Vegetables” de la “European Association for Research on Plant Breeding” (EUCARPIA). Durante la XIII edición de esta reunión, que tuvo lugar en Varsovia en 2007, se acordó que la XIV edición se celebrase en 2010 en Valencia. Posteriormente, se decidió que este encuentro científico también formase parte de las actividades en España del 28 IHC. Con esto se facilitaba que los investigadores interesados en la mejora genética de pimiento o berenjena de distintas partes del mundo pudiesen acudir a un congreso general de horticultura, con un enfoque más general, y a una reunión científica especializada en España. El “XIVth EUCARPIA Meeting on Genetics and Breeding of Capsicum & Eggplant”, que se celebró entre el 30 de agosto y 1 de septiembre de 2010, congregó a 173 participantes de 30 países de los cinco continentes, y constituyó la mayor reunión en la Historia de especialistas en mejora de pimiento y berenjena (fig. 7). Un número importante de participantes habían asistido la semana anterior al 28 IHC en Lisboa. Un hecho importante es que alrededor de un 30% de los participantes procedían de empresas de semillas, lo cual muestra el alto interés despertado en el sector. Asimismo, un 30% de los participantes procedían de países extraeuropeos, lo cual se vio en gran medida favorecido por el hecho de tratarse de una actividad satélite del 28 IHC. El programa científico incluyó 81 contribuciones, de las cuales 27 se asignaron a presentación oral y 53 a Figura 5 - Participantes en la visita observando la gran diversidad de especies cultivadas en Canary Cactus. Figura 6 – El grupo visitando las plantaciones de platanera bajo invernadero en la finca La Laja, propiedad de los hermanos Acevedo, accionistas mayoritarios de SAVASA. 28 Revista da APH N.º 103 carteles. La presentación de ambos tipos de comunicaciones tuvo lugar en el Paraninfo de la Universidad Politécnica de Valencia. La conferencia invitada, que trató sobre la historia y la difusión de los pimientos, fue impartida por el Prof. Dr. Paul Bosland. Las contribuciones presentadas a esta reunión abarcaron un amplio espectro de temáticas relacionadas con la genética y mejora de estos dos cultivos, y se dividieron en 6 sesiones: i. Diversidad, conservación, y valorización de recursos genéticos; ii. Mejora de la resistencia a estreses bióticos y abióticos; iii. Mejora de la calidad; iv. Mejora del rendimiento; v. Desarrollo de marcadores moleculares y otras herramientas biotecnológicas; y, vi. Nuevos objetivos de mejora, evaluación y liberación de material de mejora y cultivares, y producción de semilla. Todas las contribuciones presentadas fueron revisadas por el comité científico internacional, siguiendo un proceso similar al de la revisión por pares usual en las revistas científicas de alto impacto, y se publicaron en la monografía “Advances in Genetics and Breeding of Capsicum & Eggplant”, la cual consta de 540 páginas. El programa científico también incluyó un workshop sobre la “Sol Genomics Network”, una importante iniciativa con numerosas implicaciones en la mejora del pimiento y berenjena, así como un mini-simposio del proyecto europeo “SPICY”, que utiliza al pimiento como especie modelo para la mejora del rendimiento. La visita técnica consistió en una exhibición de diversidad de pimientos y berenjenas en la Finca Experimental de la Fundación Rural, situada en la localidad de Paiporta, al sur de Valencia. En dicha visita se pudieron observar y evaluar plantas y frutos de más de 170 variedades locales, modernas y materiales silvestres de pimientos y berenjenas. Además de las actividades científicas, tuvieron lugar varios actos sociales, como la recepción en el Jardín Botánico de Valencia, la visita y excursión en barca en el Parque Natural de la Albufera de Valencia, y la cena de gala, en la cual hubo actuaciones de música, bailes y cantos tradicionales. En definitiva, este workshop se puede considerar como un éxito desde todos los puntos de vista, y ha permitido que los participantes conozcan de forma más detallada el potencial investigador y empresarial español en mejora de pimiento y berenjena. Referencias Monteiro A, Galán V, Ferreira E, Mira L, Oliveira P,, Portas C, Prohens J, Rallo L, Riquelme F & de la Rosa R. 2010. Reflections of the 28th International Horticultural Congress, Lisbon, 2010. Chronica Horticulturae 50 (4): 4-11. Instituto de Conservación y Mejora de la Agrodiversidad Valenciana (COMAV), Universidad Politécnica de Valencia, Camino de Vera 14, 46022 Valencia. 2 Centro Las Torres-Tomejil, Instituto de Investigación y Formación Agraria y Pesquera (IFAPA), Apartado Oficial, 41200 Alcalá del Río, Sevilla. 3 Estació Experimental Mas Badia, Institut de Recerca i Tecnología Agroalimentàries (IRTA), Mas Badia, 17134 La Tallada d’Empordà, Girona. 4 Instituto Canario de Investigaciones Agrarias (ICIA), Apartado 60, 38200 La Laguna, Tenerife. 1 Figura 7 - Participantes en el “XIVth EUCARPIA Meeting on Genetics and Breeding of Capsicum & Eggplant”. Figura 8 - Exhibición de diversidad de berenjena y especies relacionadas en la visita a la finca experimental de la Fundación Ruralcaja en Paiporta. Revista da APH N.º 103 29 A palavra à Comissão Executiva IHC Lisboa 2010, um Congresso de Sucesso Pedro B. Oliveira* Secretário-Geral Ao ser solicitado o meu contributo para o número especial da Revista da APH dedicado ao Congresso Internacional de Horticultura, o meu primeiro impulso foi o de declinar o convite, crente que não tinha muito mais a dizer, para além do que outros já tinham dito ou escrito. Acresce que para o Secretariado Científico, a que também pertenço, o trabalho ainda não está terminado. Aguarda-nos a preparação das 24 Actas do Congresso, tarefa que se adivinha longa. No entanto, tendo estado tão intimamente ligado à organização e realização do Congresso, não deveria faltar com a minha perspectiva pessoal dos acontecimentos e reforçar a importância da equipa do Secretariado Científico, sediada em Oeiras, no contributo que deu à organização para que este Congresso fosse considerado por todos um sucesso nacional e internacional. Em primeira e última análise o sucesso fica a dever-se, sobretudo, ao empenhamento e enorme esforço de organização levado a cabo pelo Professor António de Almeida Monteiro e, do inquestionável profissionalismo de toda a equipa da PCO Meeting Point, que esteve na sua organização desde a primeira hora. O sucesso da organização como um todo deve-se apenas ao grande entendimento, de longa data, que o Prof. Monteiro mantém com a equipa da Meeting Point que vem desde a organização do primeiro Congresso Ibérico de Ciências Hortícolas de Lisboa, em 1990. A minha colaboração apenas teve início no final de 2006, quando o Prof. Monteiro me endereçou o convite para participar na organização, como membro da Comissão Executiva, no cargo de Secretário-Geral. A organização do Congresso já estava em marcha, a candidatura de Portugal tinha saído vencedora em Toronto e divulgada no Congresso de Seul. Capa da 1.ª Circular do Congresso. Capa da 2.ª Circular do Congresso. Folhetos dos Simpósios, da Exhibition e do Pavilhão de Espanha. Entrada para o Centro de Congressos em Lisboa onde decorreu o IHC Lisboa 2010. 30 Revista da APH N.º 103 A preparação Todo o processo decisório esteve, e ainda está, concentrado na Comissão Executiva que dedicou o primeiro ano de trabalho à elaboração da estrutura do Congresso com a nomeação das diferentes comissões (Scientific and Programme Committee, International Advisory Committee, Industry Committee e Local Organizing Committee) e a escolha dos “conveners” para os diferentes eventos (Simpósios, Seminários, Sessões Temáticas e Workshops). Foram escolhidas as empresas responsáveis, pela composição e execução de todos os trabalhos gráficos do Congresso (a MHP Design) e pela gestão dos resumos, Portal do Congresso e restantes trabalhos informáticos, a Ponteiro Mágico. A minha primeira tarefa foi a de criar e preparar uma equipa forte, em Oeiras, para enfrentar o desafio que se adivinhava, tornando-se imperioso formar uma equipa responsável pelo Secretariado Científico e para elaboração do Programa. O primeiro convite foi, desde logo, endereçado ao Francisco Barreto do INIA-Oeiras uma vez que sempre colaborou nos eventos já organizados pela equipa dos Pequenos Frutos do INIA, a que pertenço. O conhecimento da sua dedicação, vontade de bem-fazer e completa disponibilidade foram factores decisivos para que fosse também convidado para secretariar a Comissão de Organização Local. Nesta fase, ainda estávamos longe de saber o número de simpósios, seminários, sessões temáticas e workshops que teríamos que programar. O ano de 2007 começa com a pre- paração da 1.ª Circular onde se apresentou, publicamente, um primeiro esboço do que iria ser o 28.º Congresso Internacional de Horticultura, IHC Lisboa 2010. A circular foi lançada no final desse ano, onde constava já uma lista de simpósios, a estrutura do programa e o convite ao pré-registo. Foram impressos 15 000 anúncios, 200 cartazes e 15 000 marcadores de livro, bem como centenas de emblemas de lapela. Para o envio da 1.ª Circular foram solicitadas, à Sociedade Internacional (ISHS), as listagens de moradas e endereços electrónicos dos participantes em anteriores congressos da sociedade. A circular foi enviada a todos os sócios da ISHS e foram realizados acordos com as diferentes sociedades internacionais de horticultura, de modo a que esta fosse distribuída sob a forma de encartes e por correio electrónico a um grande número de potenciais participantes. O Congresso foi também publicitado em todas as reuniões científicas e técnicas entretanto realizadas pela ISHS. Reunindo toda a informação foi possível preparar uma base de dados para divulgação geral. O envio dos 15 000 exemplares da 1.ª Circular foi realizado em Janeiro de 2008. Foi também publicado nesse ano o primeiro artigo relativo ao Congresso na “Chronica Horticulturae”, revista da ISHS, e lançado o Portal do Congresso, para o qual o Secretariado Científico preparou sempre os conteúdos. Neste ano foram estabelecidas as regras gerais de patrocínio, tendo sido criadas diversas categorias de acordo com os montantes entregues ao congresso. Em 2008, foi decidido organizar uma equipa responsável pela “Exhibition” que teria lugar no Pavilhão do Rio. Esta poderia albergar não só expositores de empresas, de instituições públicas de investigação, de transferência de tecnologia e de organizações autonómicas interessadas em fazer a divulgação das suas regiões. Foram preparados dois folhetos distintos, um para o Pavilhão de Espanha escrito em espanhol e, um outro, em inglês para a “Exhibition”. Foram produzidas 3 000 cópias de ambos os folhetos para divulgação em Espanha e no resto do Mundo, tarefa que ficou entregue a uma empresa espanhola, a Impronta Eventos. No final do ano foi aprovada a listagem de simpósios (já em número de 18) e o folheto matriz que foi enviado a todos os “conveners”, pelo que não foram admitidos novos temas para simpósios. A partir desse momento, todas as solicitações teriam de passar para seminários ou workshops. A divulgação dos simpósios encontrava-se bem encaminhada, com folhetos de divulgação próprios em que eram já descritos os temas em que os participantes poderiam submeter resumos. Os folhetos foram enviados para todos os participantes dos simpósios temáticos que se realizaram ao abrigo da ISHS, nos oito anos anteriores. Nesse final de ano, foram também aprovadas a visitas pós-congresso em Portugal e Espanha. Dado o elevado volume de correspondência, enviada e recebida, foi necessário reforçar a equipa de Oeiras com mais um elemento. É então solicitada a colaboração de Maria Francisca Loureiro como elemento permanente da equipa. Capas do Programa e dos Livros de Resumos do Congresso. Revista da APH N.º 103 31 Esquema da distribuição dos painéis no Pavilhão do Rio. O Professor António Monteiro em trabalho de organização, em pleno Congresso. O programa científico e a gestão dos resumos seriam reuniões abertas sem programa prévio e, portanto, abertos até ao dia do Congresso. No final do ano é realizada uma reunião em Lisboa, com a presença do Prof. Luís Rallo, no decurso da qual e durante três dias, se agruparam em definitivo todos os resumos por eventos e foram excluídos os que se encontravam fora da temática do Congresso. A recepção de resumos, que já se tinha iniciado em Março de 2009, decorreu sempre a bom ritmo, tendo atingido no final do período de aceitação o número de 5 779. Em Novembro, iniciam-se as inscrições para o Congresso, e o período de validação dos resumos submetidos. É neste momento que o trabalho mais importante e delicado do Secretariado tem início. Dado o elevado número de resumos submetidos, tornou-se evidente que a sua revisão teria que ser iniciada antes da validação final pelos autores, uma vez que não haveria tempo útil para a realizar com rigor. Assim, a equipa de Oeiras é reforçada com mais dois elementos do L-INIA, Teresa Valdiviesso e Fernanda Vargues. A decisão de corrigir os resumos apresentados ao Congresso (para garantir que não haviam erros de escrita científica) terá sido porventura a mais crítica de todo o processo da organização científica. Estamos em 2010, a apenas oito meses do início do Congresso e a preparação do Programa (347 páginas) e Livros de Resumos (com um total de 1091 páginas e 4467 resumos) tem que ser realizada sem o apoio da base de dados informática que a partir desta altura passa a estar desactualizada. Para agravar a situação, a maioria dos Congressistas não se encontravam familiarizados com o processo de validação electrónica dos resumos, pelo que também esta teve que ser efectuada à mão, com o recurso a uma base de dados de inscrições diferente da base de dados do progra- O programa científico do Congresso apenas fica estabelecido com a publicação do 2.º Anúncio, lançado em Março de 2009, dos quais foram impressos cerca de 30 000 exemplares. São então fixos em 18 os simpósios e em 14 os seminários. É neste ano que o Dr. Jorge Sampaio aceita o convite para ser o orador convidado do Congresso, ficando acordado que após a sua palestra terá lugar um colóquio inaugural com dois convidados de renome internacional, Cary Fowler, Director Executivo do “The Global Crop Diversity Trust”, Itália e Pere Puigdoménech, investigador do “Institute of Molecular Biology, CID-CSIC”, Espanha. Foi também preparado um novo número da “Chronica Horticulturae” dedicado à Horticultura Espanhola e Portuguesa a lançar em 2009. Faziam ainda parte do programa científico as sessões temáticas e os workshops. As sessões temáticas foram estabelecidas de acordo com os resumos submetidos aos temas propostos e os workshops Uma das folhas de Notícias, distribuídas diariamente durante o congresso 32 Revista da APH N.º 103 ma científico. O factor decisivo, nesse momento, foi a rápida contratação de mais três elementos para a equipa de Oeiras, Cristina Reboredo, Filipe André e Pedro Almeida Sérgio que diariamente corrigiram, compilaram e prepararam os ficheiros a enviar aos paginadores para preparação das provas finais. É assim, graças a um esforço tremendo de toda a equipa de Oeiras, com o apoio incansável do Prof. Monteiro e da equipa da MHP Design que o programa e livro de resumos se encontram finalizados a tempo (dois dias antes do Congresso!). O Congresso O Congresso apresentou duas inovações importantes que em muito o valorizaram. A possibilidade de apresentação dos painéis em duplo formato, papel e digital (e-posters). A inclusão no programa científico de apresentações de curta duração (3 minutos), suportadas em sala com a versão digital do respectivo painel foi uma forma importante de dar uma maior visibilidade a esta forma de apresentação, já utilizada em congressos de outras áreas do conhecimento científico mas, agora, pela primeira vez utilizadas em Congressos de Horticultura. A segunda inovação foi a possibilidade de impressão dos painéis pela organização. Esta iniciativa teve um sucesso tremendo, pelo que o Secretariado teve que contratar uma pessoa a tempo inteiro para levar a cabo a tarefa de receber, confirmar formatações, imprimir e expor mais de 700 painéis. Esta tarefa esteve a cargo de Susana Farinha e da restante equipa de Oeiras durante o Congresso. Ao Secretariado Científico foi atribuí da uma sala, no Centro de Congressos, onde esteve em permanência uma equipa de três elementos, tendo sido preciosa a colaboração da colega Mariana Mota da Comissão Organizadora Local. Para esta “sala de crise” foram encaminhados todos os assuntos de última hora, relacionados com o programa científico ou com os problemas de mais de 100 “conveners”. Foi ainda preparada diariamente, ao final do dia, a “News” com as últimas novidades do programa ou com alterações não previstas, de forma a informar correcta e atempadamente todos os Congressistas. Esta folha, elaborada depois do encerramento das actividades do Congresso, mas impressa antes do final do dia (23.00h), foi mais uma prova da tenacidade da equipa do Secretariado. O Pós-Congresso Neste momento, a equipa do Secretariado Científico encontra-se reduzida mas ainda com o trabalho importante de fornecer a todos os editores das 24 Actas de Horticultura os 1600 trabalhos submetidos, bem como uma base de dados de autores para que a tarefa de revisão e publicação dos trabalhos possa ser levada a bom termo. Por último, gostaria de aproveitar a oportunidade para agradecer publicamente ao Prof. António Monteiro o convite que me formulou há mais de quatro anos para integrar a equipa que tornou possível a realização, em Portugal, do maior Congresso de Horticultura. O empenhamento da equipa do Secretariado Científico, que tive o privilégio de chefiar, possibilitou a realização de um trabalho que, dadas as circunstâncias, se apresentava como impossível. A todos os que trabalharam no Secretariado, colegas do L-INIA e colegas contratados, um bem-hajam pela forma desinteressada, profissional e companheira com que desempenharam todas as tarefas propostas. Só assim foi possível termos ajudado na concretização de um IHC Lisboa 2010 de grande sucesso. Balcões de entrega de “onsite poster printings” e do balcão de recepção dos artigos para as Acta Horticulturae. Zona reservada à visualização dos paineis, no Pavilhão do Rio * INRB/L-INIA, Oeiras, Portugal. Revista da APH N.º 103 33 A palavra ao Ministro do MADRP OPINIÃO DO Ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas (MADRP) sobre o IHC Lisboa 2010 Neste número especial da Revista da APH inteiramente dedicado ao 28th International Horticultural Congress, que teve por base o tema genérico “Ciência e Horticultura para as pessoas”, não podíamos deixar de registar algumas palavras do actual responsável pela pasta da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas (MADRP), Professor Doutor António Serrano. As suas considerações acerca deste tema e o balanço que foi possível fazer sobre a organização, no nosso país, deste tipo de eventos são aqui apresentados. APH – O 28th International Horticultural Congress (IHC Lisboa 2010) foi um mega acontecimento científico na área da Horticultura, realizado pela primeira vez em Portugal. De que modo pensa que os “frutos” deste Congresso poderão ter repercussões no desenvolvimento do Sector em Portugal? Ministro da Agricultura – Este Congresso foi um evento de grande qualidade científica e um grande sucesso para Portugal, porque permitiu envolver muitos países e divulgar também o trabalho que Portugal faz nesta matéria, em termos de investigação científica. Constituiu ainda uma oportu- nidade para que os nossos cientistas, investigadores e técnicos do Ministério, das universidades e dos institutos politécnicos portugueses pudessem trocar experiências de investigação com os participantes de todo o mundo. Foi um congresso que valorizou Portugal e que prestigiou toda a investigação do sector hortícola nacional. Portugal considera este sector muito importante para o crescimento da agricultura portuguesa. Dentro da estratégia política do Ministério privilegia-se um apoio muito forte ao desenvolvimento deste sector, de forma a incrementar a sua capacidade produtiva e de exportação. Sessão Inaugural do IHC Lisboa 2010. António Serrano (ao lado esquerdo) e Jorge Sampaio (ao lado direito). 34 Revista da APH N.º 103 APH – E que medidas, no quadro de políticas públicas e outras, poderão ser implementadas para a dinamização do sector junto dos utilizadores/agentes económicos, utilizando-se o conhecimento técnico/científico existente? Ministro da Agricultura – As políticas públicas que o Ministério tem levado a cabo para desenvolvimento deste sector inserem-se basicamente no reforço da capacidade de organização do sector, muito disperso entre dezenas de associações. Pretende-se que essas associações se consertem para que possamos estabelecer uma força conjunta de promoção do sector hortícola junto dos mercados internacionais, de forma a promover o aumento das nossas exportações. Considero que a Horticultura e, em particular o sector dos frescos em Portugal, incluindo também as flores, pode representar um contributo crescente para o aumento das exportações. Hoje o sector dos frescos representa cerca de 30% do rendimento agrícola nacional. Durante o mês de Dezembro vamos proceder ao lançamento de uma nova estrutura de promoção das exportações que se vai designar ‘Portugal Fresh’. Esta plataforma tem em vista o crescimento das exportações de produtos frescos portugueses. Também devo acrescentar que a política pública neste sector, no quadro dos apoios ao investimento, passará a incentivar a promoção do investimento privado com medidas mais direccionadas e enquadradas no actual quadro comunitário de apoio. Neste âmbito, e porque nos encontramos presentemente em avaliação intercalar, penso que poderemos ter aqui uma oportunidade de ajustar melhor o actual programa PRODER para promover o aumento de investimento nesta área. Para a APH foi um privilégio poder contar com o contributo do Senhor Prof. Doutor António Serrano para este número da Revista da APH, o que muito se agradece. Fica desde já agendada uma entrevista mais completa para o próximo número onde se procurará dar a conhecer que políticas estão em marcha no Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas e as que irão ser implementadas para fazer face aos desafios que a agricultura mundial, e em particular a portuguesa, têm pela frente, a curto e médio prazo. Pormenor da assistência durante a Sessão Inaugural do IHC Lisboa 2010. Em primeiro plano, da esquerda para a direita: Fernando Riquelme (Presidente da SECH), Maria Elvira Ferreira (Presidente da APH), António Serrano (Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas), Jorge Sampaio (Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações) e Norman Looney (Presidente cessante da ISHS). Revista da APH N.º 103 35 Sectores da Horticultura Uma Breve Visão sobre a Horticultura Herbácea no 28.º Congresso Internacional de Horticultura Maria da Graça Palha Vice-Presidente da APH Horticultura Herbácea De 22 a 27 de Agosto de 2010, a comunidade hortícola mundial pôde assistir em Lisboa ao maior congresso internacional de Horticultura, o 28th IHC International Horticultural Congress, realizado sob a égide da International Society for Horticultural Science (ISHS) e numa organização conjunta de Portugal – Associação Portuguesa de Horticultura (APH) e Espanha – Sociedade Espanhola de Ciências Hortícola (SECH) cuja temática foi sobre “Horticultura e Ciência para as Pessoas”. A passagem pelo IHC 2010 fez-nos recordar um pouco a Expo 98, pela diversidade de pessoas e línguas ouvidas, pelo colorido dos expositores, dos painéis e produtos hortícolas (fig. 1), pela grandiosidade do evento (embora não comparável) e com a vantagem de não ter que estar em “filas de espera” para assistir às sessões orais e em painel. A participação de mais de 3 300 pessoas oriundas de 100 países, com a apresentação de cerca de 4 500 comunicações, mostra bem que a co- munidade Hortícola mundial respondeu aos esforços desenvolvidos pela organização e que continua em franca expansão e com uma dinâmica própria. Portugal e Espanha estão de parabéns pois souberam dar “conta do recado”. O programa científico, bastante extenso e diversificado, incluiu vários colóquios, simpósios, seminários, sessões temáticas e workshops, permitindo aos participantes várias escolhas. Num congresso desta grandeza fica-se, por vezes, desapontado por não se conseguir assistir a apresentações que são da nossa área de investigação e/ou do nosso interesse profissional, dada a simultaneidade das sessões. Mas a distribuição dos livros de Programa e de Resumos permitiu que, atempadamente, se fizesse uma escolha criteriosa. Neste texto daremos uma breve visão sobre a horticultura herbácea. Dado o elevado número de comunicações apresentadas, é nos completamente impossível relatar tudo do que Figura 1 - Arranjo multicolor com produtos hortícolas, no stand da APH. 36 Revista da APH N.º 103 mais actual e inovador se passou nesta área. Faremos, assim, uma descrição sumária de partes do programa científico, algumas através da nossa passagem pelas sessões e outras pelo desfolhar do livro de resumos. Os Colóquios (C), sob a forma de sessões plenárias, debruçaram-se sobre várias áreas inovadoras e temas abrangentes, das quais destacámos: a nanotecnologia aplicada à horticultura (C02); o impacto das plantas e do seu cultivo na saúde e bem-estar físico e psicológico (C03); a aplicação de novas técnicas na sequenciação do genoma da espécie Fragaria vesca, do melão e do tomate; a genética e sistemas de engenharia para automatizar e mecanizar culturas protegidas e ao ar livre (C06); e as várias formas de reduzir a dependência das culturas hortícolas aos químicos de síntese. Através do Colóquio sobre as trocas de plantas hortícolas entre a América e Ásia (C07), podemo-nos aperceber do papel importante dos navegadores portugueses e espanhóis nos séculos 16 e 17 e que contribuíram não só para a mudança das práticas agrícolas como também na produção de alimentos e hábitos culinários através do mundo (fig. 2 e 3). Os workshops (Ws) foram vários (28) e debruçaram-se sobre diversas áreas temáticas. Dois temas nacionais e actuais foram abordados e discutidos, um sobre as potencialidades da região de Odemira para a horticultura (Ws03) e o caso de estudo da Pêra Rocha (Ws05). Pela actualidade e pertinência do tema, assistimos ao Ws19 - Plásticos Biodegradáveis na Horticultura que se focalizou em determinados aspectos sobre o uso dos filmes biodegradáveis na horticultura (um sector que utiliza grandes quantidades de plásticos sintéticos) como estratégia para a sus- tentabilidade dos sistemas de produção e a preservação do meio ambiente (fig. 4). Nesta reunião, constatámos que a procura de materiais plásticos utilizados em agricultura a nível mundial se situa, actualmente, em 3,6 milhões de toneladas, sendo a Ásia o maior continente consumidor (60%) seguida da Europa (19%). Constata-se, ainda, uma procura crescente por estes materiais pela América do Sul e pelas regiões mediterrânicas do Sul e Este. Ao nível da Europa a procura cifra-se em 700 000 toneladas, das quais 39% são para a silagem, 40% para as culturas protegidas e 21% para cobertura directa do solo. Vários ensaios comparativos entre o filme biodegradável e o filme plástico convencional foram descritos em diferentes culturas (vinha, morango, mirtilos, framboesa, aboborinha, melão, melancia e tomate entre outras) e em diferentes regiões (Itália, Espanha, Canadá, França, Bélgica e Alemanha). Nas operações e técnicas culturais com o filme biodegradável, é possível utilizar as mesmas máquinas (por exemplo, para estender o filme e transplantar), sistemas de fertirrega, pesticidas e fertilizantes que se utilizam com o plástico convencional. Durante o debate, questionou-se o custo dos materiais biodegradáveis usados na cobertura directa do solo comparativamente aos plásticos convencionais, sendo este factor um dos grandes entraves para a expansão da sua utilização, uma vez que é cerca de 2 a 3 vezes mais elevado que o plástico sintético. A durabilidade destes materiais, nomeadamente os hidrobiodegradáveis em cuja composição entra o amido e que possuem baixa resistência à água, foi igualmente discutida. A existência de estudos sobre a biodegrabilidade destes materiais no solo, cuja Figura 2 - Jules Janick, convener e orador do Colóquio 07. Figura 3 - Domigos Almeida (esq) e Victor Galá Saúco (direita), oradores do Colóquio 07. taxa de degradação depende de vários factores (composição, tipo e quantidade de microrganismos presentes no solo, etc.), foi igualmente questionada. Em relação aos simpósios que decorreram durante este evento foram 18 e versaram grandes temas actuais por culturas e também transversais a diferentes culturas. Alguns destes simpósios serão relatados neste número da Revista da APH. O número de seminários foi de 14 e as sessões temáticas de 18 e versaram temas bastante diversificados desde novas e inovadoras técnicas relacionadas com culturas sem solo, plantas aromáticas e medicinais, protecção integrada, horticultura urbana até ao papel dos produtores e consumidores na cadeia dos produtos hortícolas. Através das diversas visitas técnicas (Tt) organizadas pelo IHC, os par- ticipantes tiveram oportunidade de visitar uma das regiões mais importantes de produção de pequenos frutos em Odemira (Tt01) (fig.3), de observar os progressos no desenvolvimento de novas estruturas de estufas e da cultura hidropónica de várias hortícolas na região do Oeste (Tt03) e a produção de diversas hortícolas ao ar livre (melão, tomate, batata e outras) no Campo da Golegã (Tt08). Aguardamos com expectativa as actas do congresso pois são o culminar não só da nossa aprendizagem pelo congresso do IHC, bem como da actualização dos nossos conhecimentos técnico-científicos. Entretanto, os resumos podem ser consultados na página da Internet do Congresso (www.ihc2010.org). Até daqui a 4 anos em Brisbane, Austrália! Figura 4 - Apresentação do Ws19 por Lluis Martin-Closas. Revista da APH N.º 103 37 Sectores da Horticultura A Fruticultura no IHC Lisboa 2010 Raul Rodrigues Vice-Presidente da APH Fruticultura O sector da fruticultura esteve representado no 28.º Congresso Internacional de Horticultura (IHC Lisboa 2010) através de Colóquios, Simpósios, Seminários e Sessões Temáticas. Os oito colóquios realizados tiveram um carácter transversal, não sendo possível quantificar o peso de cada sector em particular. Já ao nível dos Simpósios, a fruticultura esteve representada em 12 dos 18 Simpósios realizados, sendo três específicos: pequenos frutos (162 comunicações), frutos mediterrânicos e frutos secos (161 comunicações) e bananas e outros frutos tropicais (123 comunicações) e os restantes de carácter mais abrangente como a pós-colheita, onde as comunicações sobre frutos totalizaram as 106 o que representou 24% do total de comunicações apresentadas neste simpósio. De salientar que entre as comunicações orais (147) 64% estavam relacionados com pós-colheita de frutos (quadro 1) Dos 14 Seminários realizados, a fruticultura esteve representada em seis, sendo dois específicos como Frutos de Pomóideas sub-utilizados (18 comunicações) e Desenvolvimento dos Frutos (45 comunicações), os restantes de carácter mais generalista, em que as comunicações relacionadas com a fruticultura estiveram em destaque quanto ao seu número: Modelação em espécies perenes (53%), Fruticultura mediterrânica - pragas (57%) e Biologia reprodutiva (64%) (quadro 2). Nestes seminários foram apresentadas 204 comunicações, das quais 136 (74 orais e 62 sob a forma de poster) alusivas à fruticultura o que corresponde a 66,7% das comunicações apresentadas nos referidos seminários. Das 18 Sessões Temáticas realizadas, 11 tiveram comunicações sobre fruticultura, sendo duas sessões específicas: Citrinos (62 comunicações) e Fruticultura: sistemas de produção (39 comunicações). Nas sessões temáticas de carácter mais generalista, 38 Revista da APH N.º 103 Quadro 1 – Simpósios com comunicações alusivas à fruticultura. Orais Simpósio Fruticultura Nº % Nº Posters Nº Fruticultura Nº % Total de comunicações Nº Fruticultura Nº % Pequenos frutos 83 69 83 215 93 43 298 162 54 Pós-colheita 147 94 64 303 12 4 450 106 24 Genómica 66 31 47 119 33 28 185 64 35 Hortícolas geneticamente modificadas 31 20 65 31 9 29 62 29 47 Fruticultura mediterrânica e frutos secos 41 41 100 120 120 100 161 161 100 Emergentes de saúde 43 11 26 98 21 21 141 32 23 Horticultura para o desenvolvimento 33 2 6 26 1 4 59 3 5 ISAFRUIT 62 57 92 104 28 27 166 85 51 Recursos genéticos 107 38 36 162 57 35 269 95 35 Horticultura biológica 65 18 28 109 25 23 174 43 25 Clima e água 31 5 16 74 24 32 105 29 28 Bananas e outros frutos tropicais 44 44 100 79 79 100 123 123 100 Quadro 2 – Seminários com comunicações alusivas à fruticultura. Seminário Nº Orais Posters Fruticultura Nº % Fruticultura Nº % Nº Total de comunicações Nº Fruticultura Nº % Modelação em espécies perenes 8 5 63 7 3 43 15 8 53 Fruticultura mediterrânica: pragas 21 9 43 23 16 70 44 25 57 Aptidão para o melhoramento de plantas 21 6 29 8 1 13 29 7 24 Frutos de Pomóideas sub-utilizados 15 15 100 3 3 100 18 18 100 Biologia reprodutiva 31 21 68 22 13 59 53 34 64 Desenvolvimento dos frutos 18 18 100 27 27 100 45 44 100 Figura 1 – Aspecto da assistência numa das sessões sobre fruticultura. o número de comunicações relacionadas com espécies fruteiras, foi mais relevante na Nutrição Mineral (40%), Propagação e Viveiros (38%) e Micropropagação (32%) (quadro 3). Todos os Simpósios, Seminários e Sessões Temáticas relacionados com a fruticultura, tiveram oradores convidados durante as sessões que constituíram estes eventos, investigadores de referência cujas presenças em muito contribuíram para a dinamização das sessões, sendo prova disso o número sempre elevado de congressistas que aderiam a estes eventos. A problemática fitossanitária, associada às alterações climáticas, esteve em destaque no Seminário Fruticultura mediterrânica: pragas e na Sessão Temática Patologia Vegetal, dado o número crescente de organismos nocivos, que nos últimos anos têm vindo a consolidar-se como praga às escalas mundial em geral e mediterrânica em particular. Em termos de síntese, foram apresentadas 1268 comunicações relacionadas com a fruticultura, sendo 598 orais e 670 sob a forma de poster, o que corresponde a 31,4% das comunicações apresentadas no congresso, evidenciando desta forma, o interesse e o peso que a fruticultura representa no seio da horticultura em geral. Figura 2 – Joan Bonany, co-convener do Simpósio ISAFRUIT, a moderar a sessão sobre investigação sensorial e preferências do consumidor. Quadro 3 – Sessões Temáticas com comunicações alusivas à fruticultura. Orais Posters Nº Fruticultura Nº % Nº Fruticultura Nº % Nº Fruticultura Nº % Sessão Temática Total de comunicações Citrinos 18 18 100 44 44 100 62 62 100 Fisiologia das culturas 23 5 22 38 6 16 61 11 18 Fruticultura: sistemas de produção 26 26 100 13 13 100 39 39 100 Genética e melhoramento 47 8 17 41 10 24 88 18 20 Protecção integrada 21 4 19 16 1 6 37 5 14 Micropropagação 39 10 26 32 13 41 71 23 32 Nutrição mineral 25 10 40 3 2 67 30 12 40 Modelação 9 2 22 8 1 13 17 3 18 23 37 2 5 63 8 13 Patologia vegetal 26 6 Planta, solo e ciências do ambientai 27 1 4 14 3 21 41 4 10 Propagação e viveiros 17 5 29 23 10 43 40 15 38 Revista da APH N.º 103 39 Sectores da Horticultura A Viticultura no 28.º Congresso Internacional de Horticultura Kátia Gomes Teixeira* As alterações climáticas foram a “pedra de toque” transversal a todos os sectores com visibilidade neste Congresso. A organização dedicou à Viticultura um Simpósio (S16) e um Workshop (Ws28) sobre aquela temática, a saber: - VITI & CLIMA: Efeitos das alterações climáticas na produção e qualidade dos produtos provenientes da vinha; - A uva e as alterações climáticas: Cooperação Internacional. O Simpósio “VITI & CLIMA”, realizado sob a égide dos conveners Ben Ami Bravdo (Israel) e Hipólito Medrano (Espanha), com 6 sessões Orais e uma sessão de Posters, dedicou três sessões ao problema da utilização eficiente da água, duas sessões directamente às alterações climáticas e apenas uma sessão à salinidade e nutrição mineral. O objectivo deste simpósio era permitir a reunião de investigadores das diferentes regiões vitícolas do mundo, Sessão de posters do Simpósio Viti & Clima (S16). 40 Revista da APH N.º 103 com climas diversificados, que fomentasse a discussão e o intercâmbio de informação entre todo o mundo vitícola. Assistiu-se em todas as sessões à apresentação de uma comunicação por um orador convidado, seguido de várias comunicações orais sobre o tema abordado. Cada sessão terminava com breves apresentações sobre os posters. Assim, foram apresentadas 21 Comunicações Orais e 10 Posters. Entre os oradores convidados estiveram alguns dos maiores especialistas nestas temáticas, dos quais destacamos pelo impacto das suas comunicações na viticultura portuguesa: Gregory Jones (USA) – orador convidado da 1.ª sessão dedicada ao tema “Viticultura sob o efeito de mudanças nas condições ambientais: clima, viticultura, uva e vinho”; que apresentou uma comunicação muito bem sistematizada sobre a sustentabilidade da viticultura numa óptica de alterações climáticas e apontou áreas de estudo e objectivos que deverão ser prosseguidos no sentido de assegurar a sustentabilidade futura do sector vitícola; Maria Manuela Chaves (Portugal) – oradora convidada na 3.ª sessão subordinada ao tema ”Rega deficitária: mecanismos fisiológicos e implicações agronómicas”, que apresentou uma excelente comunicação sobre o trabalho que o seu grupo de investigadores tem feito em Portugal neste âmbito, principalmente dirigido às regiões vitícolas do Alentejo e Península de Setúbal; Hipólito Medrano (Espanha) – orador convidado na 4.ª sessão subordinada ao tema “A utilização eficiente da água na vinha”, que apresentou uma comunicação muito interessante, onde contestou de modo bastante eficaz a afirmação de que para produzir 1 L de vinho são necessários aproximadamente 1000 L de água. Apontou vários caminhos para aumentar a eficiência do uso da água, como a utilização da variabilidade das castas na escolha de genótipos mais eficientes; Andrea Shubert (Itália) – orador convidado na 6.ª sessão subordinada ao tema “Efeitos do aquecimento global no aroma e sabor da uva e do vinho”, que apresentou uma comunicação sobre o comportamento das substâncias fenólicas face às mudanças ambientais, e identificou os factores que influenciam a síntese de antocianas e os genes envolvidos nesse processo, bem como as diferenças entre castas relativamente à presença do gene; Relativamente aos trabalhos submetidos a apresentação oral assistiu-se a comunicações que abordaram o impacto das alterações climáticas de um modo mais generalista – na viticultura francesa, ou na viticultura do NE Espanhol; comunicações que abordaram as necessidades hídricas da planta, onde se assistiu apenas a comunicações de investigadores espanhóis. Na 3.ª sessão assistiu-se a duas comunicações completamente diferentes, uma sobre equipamentos de uniformização de rega gota a gota e sua monitorização e outra sobre a influência de diferentes métodos de rega na composição de uma casta regional italiana (Aleatico). Na 4.ª sessão concentraram-se várias apresentações de muita qualidade, entre as quais se destacou a comunicação de Lopes, C. et al., onde se interroga sobre a utilização de enrelvamentos e outras coberturas em vinhas mediterrânicas, face às alterações climáticas. Nesta sessão houve ainda a apresentação de uma comunicação sobre viticultura de precisão utilizando “Wireless Sensor Network”, outra sobre a capacidade de adaptação de três castas a situações de stress hídrico e de não stress, e ainda uma comunicação sobre a alteração da composição em hidratos de carbono da casta Chardonnay sujeita a diferentes condições de stress hídrico. As comunicações apresentadas na 5.ª sessão, que abordou o tema da salinidade e nutrição mineral, dirigiram-se na íntegra à produção de uva de mesa com três apresentações provenientes do Irão, Grécia e Israel. Na 6.ª sessão, mais dirigida à qualidade da uva e vinho, pôde assistir-se a uma comunicação de um investigador chinês que abordou o papel da desfolha e da utilização de filmes reflectores na composição da uva; assistiu-se também nesta sessão a mais duas comunicações que abordaram mais técnicas do metabolismo da uva na pós-maturação ou a avaliação da composição fenólica da uva com a utilização de determinadas tecnologias. Este simpósio pôs em evidência a expressão verdadeiramente global que neste momento a viticultura tem no mundo. Na verdade, o mundo vitícola expandiu-se a todos os continentes e assume importância crescente mesmo em países onde há poucos anos não existia. Isto constituiu uma evidência pelos trabalhos de investigação apresentados neste simpósio, como são exemplo as comunicações provenientes da China ou de Taiwan. Refira-se também o peso das comunicações provenientes de Espanha que representaram perto de 40% dos trabalhos apresentados oralmente. Em nosso entender, as sessões de Posters não se revelaram muito interessantes e registaram muitas ausências de autores. O Workshop, dirigido pelos mesmos conveners Ben Ami Bravdo e Hipólito Medrano, tinha como principal objectivo reunir os vários oradores convidados no sentido de promover uma discussão sobre os efeitos do clima na viticultura e enologia. Este Workshop reforçou sobretudo a existência de uma cooperação internacional a nível da investigação, o que transmite a ideia de que a comunidade científica demonstra capacidade de enfrentar cabalmente o problema das alterações climáticas. Deste modo o sector vitivinícola estará à altura de enfrentar mais este desafio, como soube enfrentar outras crises no passado, em que a investigação foi crucial como garante da sustentabilidade da cultura da vinha. Neste particular, é de enaltecer o papel da Investigação Portuguesa, nomeadamente do Instituto Superior de Agronomia, pela acuidade e relevância das intervenções feitas pelos seus investigadores. * Direcção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo Revista da APH N.º 103 41 Sectores da Horticultura A fileira oleícola no 28th International Horticultural Congress (IHC) Lisboa - 2010 Albino Bento Vice-Presidente da APH Olivicultura A sessão de “Tecnologias para a produção de azeite de qualidade” do Simpósio Olive Trends, moderada por R. Aparício. A fileira oleícola, pela sua reduzida distribuição geográfica mundial, foi naturalmente um dos temas de menor dimensão no 28th International Horticultural Congress, que decorreu em Lisboa entre 22 e 27 de Agosto de 2010. Mesmo assim, mereceu destaque bem superior ao registado em congressos anteriores, tendo sido realizado um Simpósio “From the olive tree to olive oil: New trends and future challenges (Olivetrends)” e dois workshops temáticos “Genomics and breeding of olive” e “Olive genetic resources: a legacy of biodiversity”. O Simpósio ”Olivetrends” decorreu durante dois dias em cinco sessões orais e em duas sessões de painéis, organizadas em torno das seguintes sessões temáticas: 1) environmental stress and sustainable olive growing; 2) new challenges for pest and diseases management; 3) production systems and mechanization; 4) genetic resources from conservation to new cultivars; 5) olive oil quality originates in the orchard. Durante o Simpósio foram apresentados cinco comunicações plenárias, a iniciar cada sessão temática, 16 comu- nicações orais, 27 painéis com curta apresentação oral (e-Poster) e 78 comunicações na forma de painel, num total de 126 trabalhos. Os temas discutidos no simpósio cobriram, de um modo geral, toda a fileira. Todavia, predominaram os trabalhos científicos em torno da “rega, fertilização e produção sustentável”, com 34 trabalhos dos quais cinco apresentados como comunicações orais, cinco como painéis com curta apresentação oral e 24 como painéis, bem como dos “recursos genéticos e melhoramento”, com 29 trabalhos dos quais cinco apresentados como comunicações orais, quatro como painéis com curta apresentação oral e 20 como painéis. Os workshops temáticos contaram com 12 oradores e animado debate sobre a questão da conservação dos recursos genéticos da oliveira, variabilidade genética e melhoramento. No Simpósio e workshops temá ticos, foram apresentados trabalhos de investigação realizados em mais de 20 países dos 5 continentes, dos quais 70% de países Europeus, principalmente de Espanha e Itália, que A assistência durante uma das sessões do Simpósio Olive Trends. 42 Revista da APH N.º 103 totalizaram mais de metade dos trabalhos apresentados. De referir a reduzida participação da Grécia, face à importância e dimensão desta fileira e Portugal. Além dos países Europeus, de salientar a elevada participação de investigadores do Irão (8% dos trabalhos), Argentina (4% dos trabalhos), bem como Israel, Austrália, Turquia e Tunísia. O 28th International Horticultural Congress foi também um marco importante para a fileira oleícola mundial, na medida em que permitiu a reunião de um grupo alargado de professores e investigadores, a discussão dos mais recentes progressos técnico-científicos, o estabelecimento de contactos entre grupos de diferentes regiões do mundo e a criação de novos grupos de trabalho. Assim, estamos convictos que os resultados difundidos no ”Olivetrends” e a discussão nos dois workshops temáticos serão motivadores de novas linhas de trabalho para diferentes grupos, tal como ficou expresso nos animados debates e que irão ter a devida ressonância no desenvolvimento e sustentabilidade da fileira oleícola mundial. Luís Rallo, moderador do Workshop Olive genetic resources: a legacy of biodiversity. Sectores da Horticultura A Horticultura Ornamental no Congresso Internacional de Horticultura (IHC) Lisboa 2010: uma conversa de café José António Monteiro Vice-Presidente da APH Horticultura Ornamental As piores pessoas para darem uma ideia dos pontos altos dum evento, como o Congresso Internacional, são aquelas que além de participarem, estiveram na organização. Os imprevistos de última hora e as ocupações na organização acabam sempre por nos distrair um pouco da essência do encontro. Contudo, para mim, o principal papel de um congresso não é necessariamente o intercâmbio de ideias novas e o revisitar ou o actualizar das antigas. Isso já se faz bastante bem, na sociedade de informação em que vivemos, através das publicações existentes e da Internet. O que julgo ser mais útil e insubstituível é o contacto directo entre as pessoas que trabalham na mesma área do saber: apresentação de dú vidas, desmistificações, confronto de opiniões contrárias, sugestões e também possibilidades de novas parcerias. Nunca me esqueço de um encontro onde fui na fase final do meu doutoramento, apresentar a minha investigação. No fim da minha apresentação, um colega fez-me uma pergunta sobre um aspecto que eu não tinha abordado (e que tinha dados para o fazer), este aspecto viria a revelar-se uma óptima síntese para todo o meu trabalho. A Horticultura Ornamental/Ambiental esteve bem representada no IHC Lisboa 2010, nas suas várias vertentes, tanto nas disciplinas mais clássicas da horticultura (produção, protecção, água, pós-produção (fig. 1),...) como nas disciplinas menos clássicas e mais transversais: ambiente biofísico, paisagem, sociedade,.... As comunicações apresentadas nesta área rondaram as 400, distribuídas por um colóquio (C03 - Plantas, pessoas e lugares), dois simpósios (S09 - Diversidade e oportunidades em horticultura ornamental; S17 - Grupo internacional de investigação em prótea), três seminários (Sm03 - Influência portuguesa e espanhola nos jardins e na paisagem; Sm14 - Aspectos ambientais no maneio dos relvados; Sm11 - Horticul- tura ornamental e plantas invasoras) e dois grupos de sessões temáticas (T11 – Paisagismo (fig. 2); T18 - Horticultura urbana). Três workshops (Ws) dedicaram-se também a aspectos relacionados com a Horticultura Ornamental (Ws04 - Plantas ornamentais e poluição do ar interior e exterior (fig. 3); Ws10 - Perspectivas Pacifíco-Asiáticas para a paisagem e a horticultura urbana; Ws26 - Proteaceae na economia global: intervenientes e desafios). Embora seja difícil atribuir um país específico a uma comunicação, porque numa mesma comunicação há por vezes autores de países diferentes, as comunicações nesta área provieram de cerca de 47 países diferentes, representando todos os continentes. A Ásia Oriental teve uma representação maciça, com a China apresentando cerca de 57 (15%) comunicações, logo seguida pelo Japão com 37 (9%). Estes dois países juntos perfizeram quase um quarto das comunicações apresentadas. A Europa contribuiu com cerca de um terço das comunicações, sendo os países mais representados a Espanha e a Itália (com cerca de 25 comunicações cada). Note-se a presença relevante da zona mediterrânica e a baixa participação dos Países Baixos (Holanda), um país tradicionalmente ligado à Horticultura Ornamental e cuja proximidade geográfica não colocaria graves entraves a uma presença substancial. Os temas abordados foram, como se imagina, muitíssimos, a sua importância muito vasta e nem me atrevo a referir nenhum em especial. Saí de lá com uma dúvida existencial resolvida, até porque é da minha área específica e persistia há bastante tempo: a aspirina (ácido acetilsalicílico) na água das jarras para flor cortada, não prolonga a duração das flores e até pode encurtá-la. Os contactos novos foram bastantes e agora há que fazer opções sobre os próximos trabalhos a realizar. Figura 1 - Susana Carvalho moderando uma sessão sobre pós-produção de ornamentais. Figura 2 - Gert Groening moderando uma sessão sobre paisagismo. Figura 3 - Um aspecto do Workshop 04 - Plantas ornamentais e poluição (leia-se purificação) do ar interior e exterior, conduzido por Jean-Claude Mauget (à direita). Revista da APH N.º 103 43 Simpósios S01 - Berries: from genomics to sustainable production, quality and health Tt01 - BERRIES Pequenos frutos: do genoma à produção sustentável, qualidade e saúde Pedro B. Oliveira1*, Luís Lopes da Fonseca* & Maria da Graça Palha* 1 Co-Convener A realização de um simpósio dedicado aos pequenos frutos, integrado no 28th International Horticultural Congress, resultou de uma conjugação de esforços entre a equipa do Congresso e a da acção COST 863 “Berries: From Genomics to Sustainable Production, Quality and Health”. Desde o início, tornou-se claro que a realização da reunião final da Acção COST durante o Congresso seria uma mais-valia para ambas as partes, possibilitando à Acção COST beneficiar da organização do Congresso e este da presença de um grupo alargado de investigadores muito activos numa área e temas de reconhecida actualidade. Foi assim acordada na reunião da Comissão de Gestão da Acção que se realizou em Bordéus em 2007 e ratificada na reunião de Oeiras em 2009, que o simpósio final da Acção decorreria durante o 28.º Congresso de Horticultura com o principal objectivo de apresentar a uma vasta audiência os resultados da Acção e lançar novos laços de entendimento entre todos os parceiros ligados à produção, investigação e comercialização de pequenos frutos no mundo inteiro. O simpósio teve lugar no Centro de Congressos de Lisboa com a designação de S01 – Berries: From Geno- Margrit Laimer durante a sessão “Pequenos frutos e saúde dos consumidores”. mics to Sustainable Production, Quality and Health e decorreu durante quatro dias. Foi organizado pelo secretariado do Congresso com a colaboração do Instituto Nacional dos Recursos Biológicos. Foram submetidos ao simpósio 297 comunicações, entre as quais; 7 por convite, 35 orais, 41 apresentações orais de curta duração (short-orals) e 214 painéis. A inclusão no Congresso permitiu contar com uma grande audiência de mais de 3 100 participantes de 100 países. Para participar no simpósio dos Pequenos Frutos foram convidados 43 investigadores (pagos integralmente pela Acção COST) e técnicos de empresas ligadas à produção e comercialização, em diferentes partes do mundo. O simpósio foi dividido em dez sessões orais e três sessões de painéis. Sessão I – Integração de recursos genéticos, melhoramento, genoma e biotecnologia. Nesta sessão foi apresentada uma comunicação por convite “Full Genome Sequencing of the Woodland Strawberry, Fragaria vesca” por Vladimir Shulaev dos Estados Unidos da América e seis apresentações orais sobre morango, amora, groselha, uva-espim e framboesa. Sessão II – Manipulação da floração e da frutificação: ciência ou ficção? Na sessão os participantes tiveram a oportunidade de assistir à comunicação oral por convite “Flowering and Fruiting on Command in Berry Crops: Science or Fiction?” pela investigadora Bernadine Strik, dos Estados Unidos e a quatro apresentações orais sobre framboesa, amora, morango e mirtilo. A empresa “First Fruit” da Sérvia apresentada por S. Sredojevic. 44 Revista da APH N.º 103 Sessão III – Genética e fisiologia dos pequenos frutos Esta sessão foi especialmente dedicada à discussão de e-posters sobre genética e fisiologia com 13 apresentações orais de curta duração durante 40 minutos e discussão em sala durante os restantes 50 minutos. A sessão foi conduzida por dois Chairmen Kevin Folta (USA) e Fumiomi Takeda (USA), com dois investigadores para liderarem a discussão, Chad Finn (USA) e Anita Sonsteby (Noruega) e com dois relatores, Beatrice Denoyes (França) e David Neri (Itália). As sessões de painéis foram sempre muito animadas e concorridas. Sessão IV – Pode a produção de pequenos frutos contribuir para uma agricultura sustentável? A apresentação oral por convite, para esta sessão, foi “Berry: An Example of the Transition from Fordistic to Post-Fordistic Food Production” por Van der Schans, J. W. da Holanda. A sessão contou ainda com quarto apresentações orais sobre estratégias de mercado para pequenos frutos na China, Holanda, Polónia e Turquia. Sessão V – Pequenos frutos e alimentação humana: oportunidades e desafios no desenvolvimento da investigação e da produção A sessão contou com uma apresentação por convite e sete orais. A apresentação convidada teve por tema “Berries and Human Health: Opportunities and Challenges” dada por Roger Hurst da Nova Zelândia. As apresentações orais versaram a problemática das características nutracêuticas dos pequenos frutos. Sessão VI – Controlo das pragas e doenças dos pequenos frutos e segurança do consumidor O orador convidado foi o Prof. Marvin Pritts, dos Estados Unidos da América, com a comunicação “Managing Farming Systems, Landscapes, Pests and Pathogens to Improve Consumer Perception of Berries”. A sessão contou ainda com mais quatro apresentações orais sobre estratégias de controlo de fungos, vírus e ácaros em mirtilo, framboesa e morango. Sessão VII – Compostos bioactivos nos pequenos frutos e controlo de pragas e doenças Esta sessão foi especialmente dedicada à discussão dos e-posters sobre “Bioactive and Pest & Diseases Management”. Durante 40 minutos efectuaram-se 13 apresentações orais Aspecto da assistência durante a sessão sobre a indústria de pequenos frutos. Aspecto de uma das sessões de painéis. de curta duração, a que se seguiram 50 minutos de discussão geral. Esta sessão foi coordenada por Wilhelmina Kalt (Canadá) e Paivi Parikka (Finlândia) com dois investigadores a liderarem a discussão, Ricardo Ferreira (Portugal) e Gijs van Kruistum (Holanda) e dois relatores, Margit Laimer (Áustria) e Catherine Baroffio (Suiça). Sessão VIII – Genótipo, ambiente e tecnologias de produção: como será a produção de pequenos frutos no futuro? A sessão contou com seis apresentações orais e uma por convite. “Genotype, Environment and Cultivation Systems: What will Berry Production be Like in the Future?” foi o título da comunicação convidada proferida por Christoph Carlen da Suiça, a que se seguiram outras sobre diferentes tecnologias de produção em amora, framboesa, mirtilo e morango. Sessão IX – Definição de necessidades da indústria de pequenos frutos Sessão dedicada à indústria. Dan Legard, director da importante “CaliRevista da APH N.º 103 45 fornia Strawberry Commission” foi o orador convidado com a apresentação intitulada “Defining Needs of the Berry Industry: Challenges and Solutions for the California Strawberry Industry”. Foram ainda apresentadas mais cinco comunicações orais, desde redes de ensaios e melhoramento em Espanha, Itália e Brasil, até estratégias de comercialização em Portugal e na Sérvia Sessão X – Cultivo de pequenos frutos e indústria Esta sessão de e-posters foi dedicada aos sistemas de produção e indústria. Foram apresentadas catorze comunicações orais de curta duração, durante quarenta minutos com a discussão a decorrer durante os restantes cinquenta minutos dedicados a esta sessão. Esta foi liderada pelo Prof. Adam Dale (Canadá) e José LopezAranda (Espanha), com dois investigadores a impulsionarem a discussão, Rolf Nesby (Noruega) e Alessio Martinelli (Itália) e com dois relatores, Erica Kruger (Alemanha) e Jeroen Kellers (Bélgica). Sessão de Painéis O simpósio contou com três sessões de painéis sobre os diferentes temas. A primeira sessão com 86 painéis, foi dedicada ao tema “Pequenos frutos – genética e fisiologia”, a segunda ao tema “Componentes bioactivos e con- 46 Revista da APH N.º 103 trolo de pragas e doenças de pequenos frutos” com 61 painéis e, na última, “Cultivo e indústria de pequenos frutos” foram apresentados 68. Na terça-feira 24 de Agosto, teve lugar durante a tarde a última reunião da Comissão de Gestão da Acção COST 863, decorreu o processo de avaliação, com a presença de todos os delegados que estiveram em Lisboa. Bruno Mezzetti, o coordenador da Acção e os líderes dos grupos de trabalho apresentaram o relatório final de todos os trabalhos efectuados durante os quatro anos em que decorreu a acção. No final teve lugar uma importante discussão sobre o interesse de se concorrer a uma nova Acção COST em pequenos frutos. Foi também durante o Congresso e graças ao esforço do grupo de trabalho do COST863, que foi apresentado o primeiro número do Journal of Berry Research. Como o acordo do Editor Chefe do Jornal, o Dr. Maurizio Battino e, com o suporte da IOS Press, ficou decidido dar a maior visibilidade possível ao simpósio através do lançamento de um número especial elaborado com parte dos trabalhos apresentados. O último dia do Congresso foi dedicado a uma visita técnica à mais importante região de produção de pequenos frutos de Portugal, a zona de Odemira. Os participantes na visita tiveram a oportunidade de visitar as diversas quintas de produção e desenvolvimento experimental que a empresa Driscoll’s possui em Portugal. Assim, na “Maravilha Farm” foram visitados os campos de produção de morango para produção de Outono, e na “Herdade das Bicas” houve a oportunidade de visitar os campos de produção de amora e framboesa onde predomina a cultivar de framboesa Maravilha, exclusiva dos produtores Driscoll´s. O almoço foi gentilmente oferecido pela Fundação Odemira e decorreu ao ar livre na Boavista dos Pinheiros. Os participantes estrangeiros puderam apreciar o gaspacho alentejano a que se seguiram sardinhas e febras assadas. O programa total e os resumos deste simpósio podem ser descarregados do portal do IHC Lisboa 2010 em http://www.ihc2010.org/content. asp?page=symposia Os participantes no simpósio consideraram a realização da reunião final da Acção COST 863 durante o Congresso de extrema utilidade quer para a investigação, quer para a indústria, uma vez que a audiência tão alargada proporcionada pelo Congresso permitiu estabelecer novos contactos e desenvolver novas ideias, dentro do grupo europeu dos pequenos frutos. * INRB / L-INIA, Oeiras, Portugal Simpósios S02 - POST-HARVEST TECHNOLOGY IN THE GLOBAL MARKET Nota sobre o simpósio Domingos P. F. Almeida* Co-Convener O registo Com cerca de 590 resumos submetidos, o simpósio Postharvest Technology in the Global Market foi um dos maiores de todo o Congresso Internacional de Horticultura, que decorreu em Lisboa entre 22 e 27 de Agosto de 2010. Os trabalhos foram apresentados e discutidos durante quatro dias em 14 sessões orais e em quatro sessões de painéis, organizadas em torno dos seguintes temas: 1) factores pré-colheita e maturação à colheita; 2) perdas pós-colheita e gestão da cadeia de abastecimento; 3) tecnologia pós-colheita; 4) biologia e percepção do flavor; 5) patologia e entomologia pós-colheita; 6) fisiologia pós-colheita; 7) IV gama e outros produtos de valor acrescentado; 8) tratamentos pós-colheita (com duas sessões orais); 9) pós-colheita de plantas ornamentais; 10) avaliação não-destrutiva da qualidade; 11) qualidade pós-colheita; 12) acidentes fisiológicos e 13) atmosfera controlada e atmosfera modificada. Os temas discutidos no simpósio cobriram, de um modo geral, todo o âmbito da Ciência e Tecnologia Pós-colheita modernas. Todavia, predominaram as apresentações de estudos aplicados em relação à divulgação de estudos de carácter fundamental. A distribuição das comunicações livres pelas ses- sões temáticas foi desigual, com uma elevada percentagem de trabalhos sobre frutas e hortaliças minimamente processadas, tratamentos pós-colheita de frutas, hortaliças e plantas ornamentais, e sobre aspectos descritos da qualidade e menos comunicações livres sobre o efeito de factores pré-colheita na qualidade pós-colheita, sobre perdas pós-colheita e sobre os aspectos do aroma, uma das fronteiras do conhecimento científico e tecnológico na área. Um dos prémios de melhor poster do Congresso foi atribuído a um trabalho apresentado no simpósio de Pós-colheita. A distinção foi para o trabalho intitulado “Kinetics of volatile synthesis following cellular disruption associated with masticated and cut fresh apple fruit” da autoria de R. M. Beaudry, N. Al Smairat e C. Contreras, da Michigan State University (EUA). Entre os participantes contou-se com uma mistura equilibrada entre cientistas séniores e jovens investigadores em formação ou início de carreira, entre cientistas académicos e técnicos ou investigadores de empresas e uma representação de todas as regiões do globo proporcional à atenção que os temas da Pós-colheita Hortícola merecem em cada uma delas. As discussões foram participadas. Uma das sessões do S02, com os conveners Marita Cantwell e Domingos Almeida, em primeiro plano. Inserção do simpósio no roteiro internacional As reuniões científicas generalistas sobre Pós-colheita no âmbito da ISHS têm ocorrido com intervalos de dois anos, alternando o simpósio organizado no âmbito do Congresso Internacional de Horticultura com o International Postharvest Symposium. A proximidade entre o 28.º Congresso Internacional de Horticultura e o 6th International Postharvest Symposium que decorreu em Antalya, Turquia, em Abril de 2009, em conjunto com a conferência sobre Atmosfera Controlada e Atmosfera Modificada, e fora do calendário normal, terá criado alguma redundância nas apresentações e reduzido o efeito surpresa em relação a alguns temas. Acresce ainda o facto de o Congresso Internacional de Horticultura reunir no mesmo ano da Gordon Research Conference sobre Fisiologia Pós-colheita, um evento que atrai os melhores especialistas mundiais no tema. Apesar do risco desta proximidade de eventos poder limitar o interesse global do simpósio para os participantes regulares nas reuniões internacionais de Pós-colheita Hortícola, o simpósio acolheu um grande número de participantes em todas as sessões e foi um palco importante para a divulgação de trabalhos provenientes de países de África, Ásia e América Latina. Christian Larrigaudierre chairperson da sessão de Fisiologia pós-Colheita. Revista da APH N.º 103 47 Reflexão S. Potton a apresentar uma comunicação. A. Buston a apresentar uma comunicação moderada por Mustafa Erkan. Assistimos na Pós-colheita Hortícola, como em diversas outras áreas das Ciências Hortícolas e, mais genericamente, das Ciências Agrárias, a uma desagregação dos temas centrais que constituem a área disciplinar. Por exemplo, no 28.º Congresso Internacional de Horticultura foram abordados temas de pós-colheita em diversos simpósios, seminários e workshops temáticos. Se a necessidade dos interessados em temáticas específicas da Pós-colheita Hortícola reunirem separadamente não pode ser questionada, sendo frequentemente indispensável e desejável, já as consequências desta tendência merecem uma reflexão. A preferência dos especialistas por reuniões temáticas mais restritas cria uma força centrífuga que leva à perda de foco na missão da Pós-colheita Hortícola. A declaração de missão desta área do conhecimento pode, na minha opinião, ser enunciada da seguinte forma: A missão da Pós-colheita Hortícola é 1) reduzir perdas pós-colheita e assim aumentar a disponibilidade para consumidor, contribuindo para expandir os mercados e conservar recursos e o ambiente e 2) manter a qualidade e segurança dos alimentos durante manuseamento pós-colheita e assim, fornecer aos consumidores frutas e hortaliças mais nutritivas e mais agradáveis e aumentar a qualidade de vida. Os conhecimentos necessários ao cumprimento desta missão são de natureza multidisciplinar e pluriespecialidade. Se as reuniões restritas são eficazes no aprofundamento do conhecimento científico, as reuniões generalistas e aglutinadoras são indispensáveis a uma orientação para a missão. Em contraponto com esta tendência, notei que uma proporção apreciável dos trabalhos propostos pelos autores para o Simpósio de Pós-colheita incidiam sobre órgãos colhidos mas não se dirigiam a nenhuma das questões da Ciência e Tecnologia Pós-colheita actuais. Frequentemente, estes trabalhos são oriundos de grupos de investigação de outras áreas disciplinares que usam órgãos colhidos de plantas hortícolas nos seus estudos. Creio que as reuniões generalistas, como o caso do Postharvest Technology in the Global Market e do próprio Congresso Internacional de Horticultura, deverão assumir de forma mais explícita a missão integradora das Ciências Hortícolas e procurar reduzir a força centrífuga que se faz sentir com uma intensidade crescente. * Faculdade de Ciências, Universidade do Porto, Portugal 48 Revista da APH N.º 103 Simpósios S03 - Greenhouse 2010: Environmental Sound Greenhouse Production for People Tt03 - PROTECTED CULTIVATION Estufas 2010 Jorge F. Meneses* Co-Convener O Simpósio S03 - Greenhouse 2010 foi um dos dezoito simpósios que decorreram durante o recente Congresso Internacional de Horticultura, IHC Lisboa 2010, que teve lugar no Centro de Congressos de Lisboa (CCL), de 22 a 27 de Agosto, com a participação de cerca de 3 200 congressistas, vindos de todos os continentes. Este simpósio sobre estufas foi co-organizado pelas seguintes três comissões da International Society of Horticultural Science: Protected Cultivation, Horticultural Engineering, Plant Substrates and Soilless Culture e, pela secção Vegetables. A comissão organizadora foi constituída pelos Dr. Nicolas Castilla (Espanha), Dr. Sadanori Sase (Japão), Dr. Olaf van Kooten (Holanda) e Prof. Jorge Meneses (Portugal). As sessões técnicas decorreram nos dias 23, 24 e 25. Foram constituídas por oito sessões orais e três sessões de posters. Dos trabalhos submetidos foram aceites 226, dos quais 7 corresponderam a oradores convidados, 17 a oradores e 60 a apresentações breves como posters electrónicos (uma novidade nestes congressos). Foi afixado um total de 186 posters (incluindo os referentes aos e-posters). No fim de cada apresentação oral havia um pe ríodo de discussão e as sessões decorreram todas no horário previsto. As sessões de posters decorreram da parte da tarde e foram bastante animadas, embora não tenham sido afixados alguns posters aceites. No início do simpósio o Dr. Nicolas Castilla dirigiu algumas palavras de boas vindas aos participantes que enchiam o Auditório 2 do CCL (fig. 1). Figura 1 - Abertura do simpósio pelo Dr. Nicolas Castilla. Figura 2 - Entrega das medalhas da ISHS aos organizadores do simpósio, pelo seu presidente Prof. António Monteiro. Figura 3 - Visita às estufas do Sr. Victor Jorge com o Eng.º Vasco Vital. Figura 4 - Apresentação do Agrupamento de Produtores “Primores do Oeste S.A.” pelo Eng.º Jorge Camilo. Revista da APH N.º 103 49 As diversas sessões, respectivos presidentes de mesa, oradores convidados e outros temas abordados, foram os seguintes: 1 - Greenhouse Production System I. Presidentes de mesa: Jung-Eek Son e Nicolas Castilla. Gene Giacomelli (USA) abriu a sessão com a excelente apresentação geral “Greenhouse production systems for people”. Abordou os vários tipos de sistemas de produção em estufa existentes. Outras apresentações focaram as “semi-closed greenhouses”, as “low energy greenhouses”, coberturas para estufas, uso de energia fotovoltaica, aeroponia, etc.; 2 - Greenhouse Production Systems II - Environmental Impact. Greenhouse Residues and Wastes Recycling. Presidiram à mesa: Gene Giacomelli e Leo Marcelis. Juan Montero (Espanha) apresentou uma boa avaliação do sistema de produção de tomate em estufa holandês, com a apresentação “Environmental assessment of tomato crop production in a Venlo greenhouse”, trabalho resultante de uma colaboração internacional. Dentro dos temas abordados na sessão destacam-se a produção sustentável em estufas, nomeadamente a reciclagem de soluções nutritivas, reutilização de substratos e as culturas em cascata. Esta sessão foi um bom complemento da sessão anterior; 3 - Integrated and Organic Systems Plant Protection. Presidiram à sessão: Yuksel Tuzel e Jorge Meneses. Cristine Poncet (Canadá) iniciou a sessão com a valiosa comunicação “The ecologic approach on the greenhouse agro-ecosystem: practical interest for IPM”. De seguida foram discutidos várias técnicas relacionadas com o controlo de pragas e doenças em estufa e a redução da aplicação de pesticidas, como o controlo biológico ou o bloqueio das radiações UV; 4 - Efficient Use of Inputs. Presidentes de mesa: MeirTeitel e Alberto Pardossi. Cecilia Stanghellini (Holanda) fez uma estimulante apresentação oral com o título “Resource use efficiency in protected cultivation: towards the greenhouse with zero emissions”. De seguida foram apresentados e discutidos trabalhos sobre economia do uso de água, de nutrientes e de energia em estufa, uso de modelos e maneio de estufas; 5 - Modelling I - Crop Growth Optimization and Quality. Presidiram à sessão Stefania Pascale e Ep Heuvelink. Jung Son (Korea) 50 Revista da APH N.º 103 apresentou uma detalhada comunicação com o título “Lettuce growth and morphology under different red blue green LED spectra and analysis of LED efficiency”. Diversas técnicas relacionadas com o crescimento de plantas, a rega, o uso de nutrientes orgânicos ou de síntese, a qualidade de frutos e flores obtidos ou uso de modelos, foram outros dos temas abordados; 6 - Modelling II - Crop Growth Optimization and Quality – Consumers, Markets, and Socio-Economics Presidentes de mesa: Sadanori Sase e Cherubino Leonardi. Olaf van Kooten (Holanda) apresentou a comunicação “Greenhouse Horticulture in the 21st Century”. As outras comunicações debruçaram-se sobre a optimização do crescimento e qualidade das culturas com a apresentação de várias técnicas de modelação seguidas de discussões aprofundadas; 7 - Greenhouse Materials, Equipment and Climate Control I. Presidentes de mesa: Jorge Meneses e Constantinos Kittas. Josef Tanny (Israel) abriu a sessão com a interessante comunicação “Screen constructions for environmentally sound crop production”. No resto da sessão foram apresentados trabalhos sobre aquecimento e arrefecimento de estufas, uso de LEDs em horticultura, características de materiais para cobertura de estufas. No final da sessão, o novo Presidente da ISHS, Prof. António Almeida Monteiro atribuiu a medalha da ISHS aos Doutores Nicolas Castilla, Sadanori Sase, Olaf van Kooten e Jorge Meneses (fig. 2) em reconhecimento dos serviços prestados na organização deste simpósio; 8 - Greenhouse Materials, Equipment and Climate Control II. Presidiram à sessão: Thierry Boulard e Juan Montero. Esta sessão constituiu a continuação da anterior. Foram apresentados e discutidos os seguintes temas: técnicas de poupança de energia (integração de temperaturas, armazenagem de energia), ventilação e movimento do ar, modelação, monitorização e controlo do clima das estufas. No final da sessão o Prof. Jorge Meneses procedeu ao encerramento do simpósio, com a apresentação de uma breve síntese do decorrer dos trabalhos e um agradecimento a todas as pessoas envolvidas na sua preparação e realização. Visita Técnica Tt03 – Culturas Protegidas Na sexta-feira dia 27 decorreram as diversas visitas técnicas do congresso IHC Lisboa 2010, tendo os participantes do simpósio S03 optado, na sua grande maioria, pela Tt03 Protected Cultivation. A visita foi efectuada às culturas hortícolas em estufa e ao ar livre da Região do Oeste. Os congressistas foram transportados em quatro autocarros divididos em dois grupos, com percursos distintos, um deles sob a supervisão do Eng.º Jorge Camilo e o outro da Eng.ª Carla Miranda. Integrámos o primeiro grupo e começámos pela exploração hortícola do Sr. Victor Jorge, com uma área total de 20 ha e cerca de 13,5 ha de estufas de plástico com tomate, 7,5 no solo e 6 em lã de rocha, estas com plantas enxertadas. No local estava a receber-nos o dono da exploração Sr. Victor Jorge e o Eng. Vasco Vital que nos acompanharam durante a visita. O Eng. Vasco começou por fazer uma apresentação geral da exploração e depois mostrou as culturas e foi respondendo a todas as perguntas dos visitantes (fig. 3). O investimento total nesta exploração foi de 5x106 euros com 75% dos fundos provenientes da União Europeia. Em Dezembro, sofreram bastantes danos com a passagem da tempestade, mas as estufas já estavam todas recuperadas. De seguida deslocámo-nos à Quinta da Figueira da família Lino que tem uma área total de 120 ha. Neste momento já têm 20 ha de estufas em hidroponia, 16,5 com tomate e 3,5 com pepino. Prevêem atingir os 75 ha de estufas em 2013. Estavam à nossa espera o Sr. Lino Santos e outros técnicos. A visita, guiada pelo Eng. Camilo, foi efectuada às estufas de pepino e à estação de fertirrega. A manhã terminou com a visita ao Centro de Embalagem do Agrupamento de Produtores “Primores do Oeste S.A.”. O Eng. Jorge Camilo começou por fazer uma apresentação das actividades desta associação de produtores (fig. 4). Esta associação já conta já com 110 associados a que correspondem 125 ha de estufas. A produção prevista para este ano inclui 18 000 toneladas de tomate e 3 000 toneladas de pepino. No final respondeu a algumas perguntas colocadas pelos participantes. De seguida visitámos as instalações, incluindo a zona de exposição, calibragem e embalamento, tendo o almoço decorrido no restaurante anexo. A parte da tarde foi ocupada com uma visita turística a Óbidos, muito apreciada pelos congressistas, terminando a viagem com o regresso ao Centro de Congressos de Lisboa, no fim da tarde. * ISA, Universidade Técnica de Lisboa, Portugal Simpósios S08 – Olive Trends. From the olive tree to olive oil: New trends and future challenges Da oliveira para o azeite: novas tendências e desafios futuros Pedro Fevereiro* Co-Convener O objectivo deste simpósio foi apresentar os avanços e inovações na olivicultura com foco na produção de azeite de qualidade, considerando-se todos os aspectos associados a este desiderato, desde o estudo e preservação dos recursos genéticos até aos sistemas de cultivo e gestão sustentada dos olivais, tendo ainda em conta os benefícios para a saúde humana e os impactos ambientais. Os organizadores deste evento foram os doutores Joan Tous do IRTA-Mas de Bover, Espanha, Riccardo Gucci da Universidade de Pisa, Itália e Pedro Fevereiro da Universidade de Lisboa e da Universidade Nova de Lisboa, Portugal. O simpósio acolheu mais de 150 participantes, oriundos de vários países da bacia mediterrânica (Espanha, Itália, Grécia, Israel, Turquia, Tunísia, Egipto, Chipre, Jordânia, Portugal e Albânia), do Médio Oriente (Irão e Kuwait), da América do Sul (Argentina, Chile e Brasil), do México, dos EUA (Califórnia) e da Austrália. O evento reuniu 125 comunicações, distribuídas por cinco sessões, tendo sido 23 delas apresentadas oralmente e as restantes sob a forma de painel. Na primeira sessão, denominada “Olivicultura sustentável e stresses ambientais” foram apresentados dados sobre a influência do stress por deficit hídrico e do stress salino na fisiologia da oliveira (características dos frutos, condução e qualidade do azeite), sobre a relação entre o fornecimento de azoto e a tolerância ao frio e ainda aspectos fisiológicos da alternância. Foram apresentados ainda dados da expressão de genes associáveis à tolerância a diferentes stresses abióticos. As comunicações reflectiram a singularidade das respostas da oliveira às condições ambientais e a importância de integrar as diferentes respostas fisiológicas para ser possível uma visão completa do comportamento desta cultura em Aspecto parcial da assistência numa das sessões do simpósio. função dos stresses abióticos que lhe são impostos. Na segunda sessão, denominada “Novos desafios para a gestão de pragas e doenças” foram discutidos vários aspectos da protecção fitossanitária da oliveira, em particular: a) a prioritização do controlo efectivo do Verticillium e a identificação de germoplasma com formas de resistência à doença, bem como o desenvolvimento de métodos integrados do controlo biológico da doença; b) a necessidade de controlos específicos para pragas e doenças de âmbito local ou regional (por exemplo na Argentina e na Austrália), bem como o uso de plantas certificadas para prevenir a disseminação de pragas ou patogénios em novos olivais; c) a necessidade de novas técnicas de detecção precoce, como por exemplo o uso de biosensores baseados em bionanotecnologia; d) a disponibilidade limitada de pesticidas e a necessidade de novas soluções menos contaminantes, como os métodos biológicos de controlo, os pesticidas biológicos e os indutores de resistência; e) a grande variabilidade na resistência a pragas e doenças pre- sente nas diversas variedades e novos genótipos, a qual deve ser considerada no estabelecimento de novos olivais; f) a necessidade de integração dos métodos de controlo com os sistemas gerais de gestão da cultura e a percepção de que as técnicas culturais determinam muitas vezes a incidência de pragas e doenças no olival. Na terceira sessão, denominada “Sistemas de produção e mecanização do olival” foi apresentado o estado actual dos diferentes modelos de cultura do olival, o tradicional (100 árvores/ha), o intensivo (200-300 árvores/ha), o super intensivo (500-800 árvores/ha) e em sebe (mais de 1500 árvores/ha), as suas vantagens e desvantagens e a sua eficiência económica. Considerando os preços actuais no mercado do azeite virgem extra, o modelo tradicional não é competitivo, sendo necessária mais investigação nos olivais tradicionais mecanizáveis devido ao seu interesse social nos países mediterrânicos. Nos últimos anos tem existido um grande esforço na pesquisa de novas soluções para a mecanização da colheita, sobretudo para os olivais Revista da APH N.º 103 51 intensivos ou super intensivos (colectores laterais, colectores contínuos, etc.). Também se efectuou investigação de interesse nos sistemas de condução e de poda mecânica nos olivais tradicionais e intensivos com a finalidade de redução dos custos de cultivo. Na quarta sessão denominada “Recursos genéticos: da conservação às novas cultivares” foi discutida a distribuição actual das duas subspécies de oliveira, a cultivada e a selvagem (zambujeiro) e os aspectos chave a serem tidos em conta em programas de melhoramento, realçando-se a necessidade de incorporação dos novos métodos moleculares e genómicos nestes programas. A engenharia genética foi considerada uma ferramenta possível, em conjunto com outras técnicas, para o melhoramento de características específicas. Foi apresentado um programa de conservação de germoplasma desenvolvido em França, bem como o trabalho realizado no IFAPA&UCO em Córdova, na colecção mundial de variedades aí estabelecida. A quinta sessão denominada “Tecnologias para a produção de azeite e qualidade do azeite” foi marcada por uma visão multidisciplinar das qualidades sensoriais do azeite virgem extra (EVOO). Foi descrita a importância de compostos minoritários, principal- 52 Revista da APH N.º 103 Homenagem da ISHS (Damiano Avanzato) aos conveners do Simpósio (Joan Tous, Ricardo Gucci e Pedro Fevereiro). mente fenóis e voláteis, na qualidade – mas também na saúde e no desenvolvimento dos métodos extractivos. Foi proposta a introdução do conteúdo em polifenóis, tocoferóis e voláteis na classificação de “Azeites virgem extra”. Foram considerados de grande importância os estudos de rastreabilidade e de caracterização química para a protecção das denominações DOP e de novas variedades resultantes dos programs de melhoramento. Foram apresentadas inovações tecnológicas nos processos de centrifugação e de gestão de sub-produtos. * ITQB, Universidade Nova de Lisboa, Portugal Simpósios S13 - Quality-chain management of fresh vegetables: from fork to farm Gestão da qualidade da cadeia de hortaliças in natura Paulo César Tavares de Melo* Co-Convener O tema central do Simpósio 13 (S13) “Gestão da qualidade da cadeia de hortaliças in natura”, realizado entre 23 e 25 de Agosto e integrante da programação do IHC Lisboa 2010, ancora-se nos aspectos que podem influenciar a qualidade das hortaliças frescas em todas as etapas da cadeia, isto é, do local de produção, transporte, armazenamento, distribuição até a chegada do produto à mesa do consumidor. O simpósio foi estruturado em oito sessões que contemplaram os temas: “Gestão da qualidade e a influência e percepções dos consumidores acerca dos produtos hortícolas”; “Práticas de manejo sustentável na cadeia de qualidade de hortaliças”; “Mudanças climáticas e seus impactos na cadeia de produção de hortaliças”; “Estresse ambiental e seus efeitos na qualidade de hortaliças” e, “Gestão da cadeia e a influência na saúde humana dos compostos bioativos das hortaliças”. No início de cada sessão, um renomado especialista ministrou conferência sobre esses temas. Um total de 32 trabalhos foi apresentado oralmente, além de 24 apresentações curtas. Ademais, foram apresentados 139 pôsteres em três sessões. O balanço do S13 foi altamente positivo, uma vez que a partir dos trabalhos apresentados e dos debates suscitados, os congressistas que o prestigiaram, puderam ter uma visão abrangente da situação atual e das tendências mundiais sobre a produção de hortaliças em bases sustentáveis. Da mesma forma, foi uma oportunidade para os participantes tomarem conhecimento dos avanços em pesquisa e inovação tecnológica que têm contribuído para desenvolver o setor em escala mundial. De acordo com o que foi apresentado, fica claro que a produção hortícola praticamente em todo o mundo assume novos contornos e ficou evidente que não se pode mais postergar a implementação de ações que contribuam para a sua sustentabilidade. Nesse contexto, alguns trabalhos apresentados no S13 mostraram a necessidade de priorizar sistemas de manejo sustentáveis, tanto em campo aberto como em cultivo protegido, que considerem a gestão dos recursos hídricos, as emissões de CO2, a preservação ambiental e o uso racional de agroquímicos. Para fazer frente a tais desafios, não há alternativa senão a de rever as estratégias atuais de produção de hortaliças visando ao aumento da qualidade e da segurança do alimento que chega à mesa dos consumidores. Nesse sentido, uma ferramenta fundamental que vai de encontro às mudanças no perfil da produção de hortaliças é o rastreamento de todos os processos da cadeia de produção. Em última análise, o que se objetiva com os protocolos de rastreabilidade é a ampliação das garantias de inocuidade das hortaliças comercializadas in natura e processadas não só quanto à presença de resíduos de agroquímicos, como também de outros contaminantes. Outros trabalhos apresentados no Audiência da sessão sobre gestão da qualidade e a influência e percepções dos consumidores. Participante do S13 na sessão sobre estresse ambiental e seus efeitos na qualidade de hortaliças. Revista da APH N.º 103 53 S13 alertaram que a horticultura do futuro terá de produzir mais com menos, uma vez que disporá de menos água, menos terra, menos fertilizantes, menos plásticos derivados de petróleo, menos disponibilidade de agroquímicos, além de menos mão-de-obra. Para enfrentar esse desafio, a horticultura, especialmente dos países desenvolvidos, deverá se reinventar mediante a incorporação de novas tecnologias nos sistemas produtivos contemporâneos. As mudanças climáticas e seus impactos na cadeia de produtos hortícolas foram focalizados nas Sessões 4 e 5. Nesse sentido, o emprego da modelagem como ferramenta de relevante importância na predição dos efeitos potenciais das mudanças climáticas na produção de hortaliças foi o tema abordado pelo conferencista convidado e por alguns dos trabalhos apresentados nessas sessões. As questões relacionadas ao interesse dos consumidores pelas propriedades bioativas dos produtos hortícolas foi o foco da Sessão 8. As apresentações enfatizaram os compostos funcionais das hortaliças como um dos componentes que promovem qualidade de vida mediante a prevenção de doenças degenerativas não-transmissíveis e de alguns cancros. 54 Revista da APH N.º 103 Da direita para esquerda, Dra. Silvana Nicola, em nome da diretoria da ISHS, entrega as Medalhas de Mérito aos professores Eduardo Rosa e Paulo César Tavares de Melo, conveners do S13. No encerramento do S13, a International Society for Horticultural Science (ISHS) concedeu Medalha de Mérito aos seus conveners, professores Eduardo Rosa (Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal) e Paulo César Tavares de Melo (Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba, SP, Brasil), em reconheci- mento a dedicação à organização e à coordenação do evento. * Professor Doutor, Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Departamento de Produção Vegetal, Piracicaba, SP, Brasil ([email protected]); Presidente da Associação Brasileira de Horticultura (ABH). Simpósios S14 – Organichort. Organic horticulture: productivity and sustanability Horticultura Biológica - Produtividade e sustentabilidade Isabel Mourão* & Uygun Aksoy** Conveners O Simpósio de Horticultura Biológica que decorreu no âmbito do IHC2010, foi organizado por Uygun Aksoy (Univ. Ege, Turquia) e Isabel Mourão (ESAPL/IPVC) e teve como parceiros a FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations), a ISOFAR (International Society of Organic Agriculture Research) e o CIHEAM/IAMB (International Centre for Advanced Mediterranean Agronomic Studies/Mediterranean Agronomic Institute of Bari). Estes parceiros, conjuntamente com as personalidades que integraram a comissão científica, e respectivas instituições que representaram, foram de grande importância para a organização e para o envolvimento da comunidade científica, pois são instituições que muito têm contribuído para o desenvolvimento e promoção da agricultura biológica em todo o mundo (fig. 1, 2 e 3). As sessões de trabalho do simpósio decorreram de acordo com seis temas que se encontram no quadro 1, tendo sido apresentadas 253 comunicações, das quais 35 foram apresentadas oralmente, 48 em posters com curta apresentação oral (e-Poster) e 170 em posters. Os autores das comunicações representaram 50 países dos 5 continentes (quadro 2), nomeadamente 48% da Europa (principalmente de Espanha, Portugal, Itália e Polónia), 24% da Ásia (principalmente do Irão, Índia e China), 20% da América (principalmente do Brasil), 7% de África e 1,6% da Oceânia. A maior parte dos trabalhos apresentados enquadraram-se no âmbito do melhoramento e propagação de plantas e nas estratégias para o controlo de pragas e doenças (quadro 1). Foram abordados assuntos no âmbito da prevenção dos danos causados por pragas e doenças que assentam em medidas preventivas, como a escolha de espécies e variedades adequadas (nomeadamente cultivares regionais), a rotação das culturas, as técnicas de cultivo e a protecção dos predadores naturais. Sobre estes temas foram tam- Figura 1 - Ulrich Köpke (Presidente da ISOFAR, Alemanha) moderador da sessão sobre “Fertilidade do solo e gestão dos nutrientes”. Quadro 1 - Temas das sessões do Simpósio de Horticultura Biológica e números de comunicações Comunicações Sessões Total Orais e-Poster Poster 1 - Fertilidade do solo e gestão dos nutrientes 4 7 7 18 2 - Melhoramento e propagação de plantas 7 18 76 101 3 - Rotações, consociações e culturas de cobertura 6 3 7 15 4 - Estratégias para o controlo de pragas e doenças 4 11 56 70 5 - Indicadores de sustentabilidade, economia e tendências 7 3 9 18 6 - Pós-colheita e qualidade dos produtos 7 6 15 27 Total 35 48 170 253 Figura 2 - Franco Wiebel (Research Institute of Organic Agriculture, FiBL, Suiça) moderador da sessão sobre “Estratégias para o controlo de pragas e doenças”. Revista da APH N.º 103 55 bém apresentadas duas comunicações de oradores convidados: ‘Estratégias de diversificação agro-ecológica que contribuem para o controlo biológico de pragas em sistemas de produção hortícola’ por Miguel Altieri (Univ. California, Berkeley, USA) (fig. 4) e ‘Comparação entre diferentes rotações de culturas no modo de produção biológico, na produtividade e na gestão do azoto’ por Kristian Thorup Kristensen (Univ. Aarhus, Dinamarca). As ‘Tecnologias de armazenamento para produtos biológicos’ foi o tema apresentado pelo orador convidado Robert Prange (Agriculture and Agri-Food Canada, Canadá) e, na sessão de abertura do simpósio, Helga Willer (FiBL, Suiça) apresentou os principais indicadores sobre ‘A horticultura biológica no mundo’. Na EU-27 a área de agricultura biológica (AB) aumentou 7,4% entre 2007 e 2008 e representava 4,1% da SAU em 2007, enquanto em Portugal, no mesmo ano, a SAU no MPB era de 6,4% (233 475 ha). De acordo com Helga Willer, em 2008, a AB no mundo era praticada em pelo menos 154 países, num total de 35 milhões de hectares dos quais 23,4% na Europa, 34,6% na Austrália e N. Zelândia e 23,1% na América latina. A área de culturas aráveis e de culturas permanentes foi estimada em 8,2 milhões de hectares e, cerca de 10%, estava dedicada à produção de culturas hortícolas (frutos das regiões temperadas e tropicais, citrinos, uvas, pequenos frutos e produtos olerícolas). Mais de metade da área de produção hortícola está localizada na Europa (400 000 ha) e na América Latina (175 000 ha) e os maiores produtores são a Itália (121 000 ha), México (89 000 ha) e EUA (86 000 ha). Tendencialmente o consumo de produtos biológicos tem aumentado em todo o mundo e o potencial de mercado e de valorização por parte dos consumidores de produtos agrícolas provenientes do modo de produção biológico (MPB), baseia-se essencialmente na maior qualidade dos produtos, por garantirem uma maior segurança alimentar e serem mais aromáticos e saborosos. No entanto, a compreensão da qualidade por parte dos consumidores tem-se expandido para além das características químicas e organolépticas dos produtos, abrangendo o conceito mais vasto de valor integrado do produto, que engloba valores éticos e o impacto ambiental do modo de produção, nomeadamente na maior eficiência na utilização dos recursos – solo, água, atmosfera e biodiversidade. Diversas comunicações realçaram o MPB como um método que actua de 56 Revista da APH N.º 103 Figura 3 - Niels Halberg (International Centre for Research in Organic Food Systems, ICROFS, Dinamarca) moderador da sessão sobre “Pós-Colheita e qualidade dos produtos”. Figura 4 - Miguel Altieri (Univ. California, Berkeley, USA), orador convidado da sessão sobre “Estratégias para o controlo de pragas e doenças”. Quadro 2 - Países de origem dos autores das comunicações apresentadas no Simpósio de Horticultura Biológica. África Comunicações: 7% Ásia Comunicações: 24% América Comunicações: 20% África do Sul (2) Egipto (6) Malawi (1) Marrocos (1) Nigéria (6) Quénia (1) Arábia Saudita (2) China (13) Índia (14) Indonésia (2) Irão (16) Japão (4) Jordânia (1) Kuwait (1) Malásia (1) Paquistão (2) Rep. da Coreia (4) Tailândia (1) Canadá (8) México (6) USA (7) Argentina (4) Brasil (20) Peru (2) Uruguai (1) Venezuela (2) Europa Comunicações: 48% Oceânia Comunicações: 1% Itália (14) Letónia (1) Polónia (11) Portugal (16) Reino Unido (2) Roménia (7) Rússia (2) Sérvia (1) Suíça (4) Turquia (8) Ucrânia (1) Austrália (3) Nova Zelândia (1) Alemanha (4) Bélgica (3) Bulgária (1) Dinamarca (3) Eslovénia (2) Espanha (25) França (7) Grécia (1) Holanda (1) Hungria (5) Israel (1) forma mais sustentável nos sistemas agrícolas, melhorando a fertilidade dos solos, promovendo o correcto uso da água e preservando a biodiversidade. A nível da emissão de CO2, estima-se que o contributo do MPB resulte numa diminuição que pode alcançar os 60%, principalmente devido à não utilização de fertilizantes e pesticidas químicos de síntese. O solo é de facto um recurso essencial e, por exemplo, os efeitos da aplicação de compostos ao solo no MPB, foram também objecto de diversas comunicações apresentadas no Simpósio, nomeadamente no que se refere aos seus efeitos nas propriedades físicas e químicas do solo e na produtividade das culturas. Salienta-se ainda os trabalhos apresentados no âmbito dos efeitos ambientais da produção até ao consumidor, na medida em que, para muitos produtos, os efeitos ambientais e o consumo de energia na transformação, embalagem, conservação, transporte e distribuição, são muito superiores aos da produção. Por este motivo, a agricultura biológica dá prioridade à proximidade entre a produção e o consumo, que resulta numa menor dependência da energia, favorecendo as economias locais. Em síntese, o simpósio foi um importante contributo para uma maior eficiência na utilização dos recursos naturais, Figura 5 - Jantar de confraternização da Comissão Científica da Simpósio de Horticultura Biológica. que asseguram uma produção de alimentos mais sustentável e uma melhor protecção dos ecossistemas da Terra. O simpósio foi também um marco para a horticultura biológica na medida em que permitiu a reunião de um grupo alargado de investigadores em horticultura biológica sob a égide da ISHS (International Society for Horticultural Science) (fig. 5), a discussão de criação de novos grupos de trabalho e o estabelecimento de ligações da Comissão ISHS sobre “Sustentabilidade através da Produção Integrada e Biológica” com outras redes internacionais. Por fim, agradecemos às três empresas que patrocinaram o Simpósio e que contribuíram para que este fosse um marco importante do desenvolvimento e promoção da horticultura biológica: - BEJO Iberica (www.bejo.pt); - TECNIFERTI, S.A. (www.tecniferti.com); - ECOVEG CHEMICAL EUROPE, S.A. (www.ecoveg.com) * Escola Superior Agrária de Ponte de Lima / IPVC, Portugal ** Faculty of Agriculture, Ege University, Turquia Revista da APH N.º 103 57 Simpósios S15 - CLIMWATER 2010 - Horticultural use of water in a changing climate O uso da água em Horticultura e as alterações climáticas Isabel Ferreira* & Enrique Fernández** Conveners O simpósio ClimWater 2010, Horticultural use of water in a changing climate (http://www.ihc2010.org/docs/ S15.Final%20Programme.pdf,) organizado no âmbito do IHC 2010 e cuja organização científica esteve a cargo do Dr. Enrique Fernández, (Espanha) e da Prof.ª Dra. Isabel Ferreira (Portugal) enquanto conveners, teve lugar nos dias 23 e 24 de Agosto, enquadrando-se nas actividades da Comissão da Rega e Relações Hídricas (CMIR, vide www.ishs. org) da International Society for Horticultural Science (ISHS). A crescente competição pela água disponível para usos agrícolas e ambientais implica maiores pressões nas actividades dos agricultores, bem como na dos cientistas, decisores técnicos e políticos, para que se encontrem formas mais eficientes de usar a água. Os cenários de aumento da população e alterações climáticas sugerem uma controvérsia crescente no destino dos recursos de água disponíveis. Com este simpósio pretendeu-se procurar respostas por parte da comunidade técnico/científica aos desafios colocados por este novo paradigma, oferecendo aos participantes uma visão dos últimos avanços nas áreas de investigação que têm impacto no uso da água pelas superfícies com vegetação e na produtividade das culturas, não esquecendo os impactos ambientais e sócio-económicos, de forma a determinar o melhor uso do solo e da água. O simpósio abriu com a comunicação: “Agricultural Water Management in the Iberian Peninsula: New Solutions for Old Problems?” pelos conveners, Enrique Fernandez e Isabel Ferreira. As outras contribuições científicas incluíram 7 palestras por oradores convidados (contribuição HUBEL), 21 comunicações orais, 3 comunicações orais curtas e 69 posters, agrupadas em 5 sessões temáticas: 58 Revista da APH N.º 103 1) Rega Deficitária e Diagnóstico do Stress Hídrico, moderada pelo Prof. Arturo Alvino (Universidade de Molise, Itália), vice-chairperson da Comissão em Rega e Relações Hídricas da ISHS, com a comunicação convidada “Remote Detection of Crop Water Stress and Distinguishing it from Other Stresses” por Hamlyn Jones; 2) Rega e Qualidade da Água: Desafios Mediterrânicos, moderada pelo Dr. Kostas Chartzoulakis (Institute for Olive Tree and Subtropical Plants, Grécia) com a comunicação convidada “Risk Assessment of Effects of Agrochemicals on Irrigation Water Quality” por Paul Van den Brink; 3) Técnicas de Conservação da Água, moderada pelo Prof. Samuel Ortega-Farias, (Universidade de Talca, Chile) com a comunicação convidada “Different Ways of Facing Arid Conditions for Rainfed Agriculture” por Bernard Itier e co-autores (J. Albergel, E. Malezieux, E. e F. Maraux); 4) Uso da Água para uma Horticultura Sustentável no quadro das Alterações Climáticas, moderada pelo Prof. Peter Braun (Geisenheim Research Centre, Alemanha) com a comunicação convidada “Improving Water Use Efficiency: Joint Venture for Ecophysiology and Biotechnology por Hipólito Medrano e co-autores (A. Pou, M. Tomas, S. Martorell, J. Escalona, J. Gulias e J. Flexas); 5) Uso da Água numa Agricultura em Condições Restritivas, moderada pelo Prof. Riccardo Gucci (Universidade de Pisa, Itália) com a comunicação convidada “Innovative and Sustainable Approaches for Small-Scale Irrigation and Water Management in the Drylands of the Developing World” por Dov Pasternak e co-autores (L. Woltering, J. Ndjeunga e S. Wani). A comissão científica do simpósio incluiu investigadores de renome de Portugal (ISA-Universidade Técnica de Lisboa), Espanha (IRNAS-CSIC), França (INRA, Station de Biometeorologie), Alemanha (Geisenheim Research Center e Berlin University of the Arts), Itália (Università di Palermo e Scuola Superiore Sant’Anna), Reino Unido (East Malling Research), Israel (The Hebrew University of Jerusalem Sessão de abertura com os conveners Dr. Enrique Fernández e Prof. Isabel Ferreira e o Prof. Dr Arturo Alvino (da esquerda para a direita). e Agricultural Research Organization), Marrocos (Institut Agronomique et Vétérinaire Hassan II), Nova Zelândia (Plant & Food Research) e Estados Unidos da América (USDA-ARS, Water Management Research), tendo recebido valiosas contribuições científicas de dezenas de países. Registou-se uma audiência que preenchia completamente a sala e discussões muito estimulantes apesar de o tempo disponível ser escasso para o nível e o número de contribuições recebidas. Referimo-nos designadamente ao pouco tempo para apreciar o elevado número de posters, se bem que parte destes pudesse ser consultada através do sistema e-poster, uma inovação com apreciável utilidade. Houve uma interacção entre este simpósio e o “Viti & Climate: Effect of climate change on production and quality of grapevines and their products”, também em ligação com a CMIR, por incorporar aspectos de gestão da água. * ISA, Universidade Técnica de Lisboa, Portugal ** Instituto de Recursos Naturales y Agrobiología (IRNAS-CSIC), Espanha Sessão de posters. Aspecto da audiência durante uma das sessões. Revista da APH N.º 103 59 Simpósios S17 - X International ProteaS Research Symposium Ws 26 - Proteaceace in a Global Economy: Role Players and Challenges Tt02 - Proteas As proteas no 28.º Congresso Internacional de Horticultura Maria José Leandro* Co-convener As actividades do International Protea Working Group no 28th International Horticultural Congress iniciaram-se na tarde do dia 24 de Agosto com o workshop Proteacea in the Global Economy: Role Players and Challanges, no qual se debateu a competitividade da indústria das Proteacea a nível internacional. O workshop iniciou-se com uma pequena palestra do Eng. Mário Oliveira que analisou as perspectivas passadas, presentes e futuras da produção de Proteas na Europa. Outros inter venientes forneceram algumas informações breves sobre a produção nas suas respectivas regiões, nomeadamente África do Sul (Denis Shaw), EUA (Rua Petty), Austrália (Dra. Audrey Gerber), Açores, Portugal (António Domingues), Zimbabué (Clive Wakefield) e Chile (Flavia Schiapacasse). A discussão foi interessante, no entanto, o tempo e o espaço curtos, não permitiram a participação de todos os interessados. O X International Protea Working Group Symposium decorreu na quinta-feira, 26 de Agosto de 2010 e foram Conveners Maria José Leandro (Portugal) e Lynn Hoffman (África do Sul). O simpósio foi aberto com uma palestra de Marco van Zijverden (Dutch Flower Group), onde apresentou o seu ponto de vista sobre a actual situação da floricultura e quais os principais desafios que se lhe colocam, a nível mundial, com especial incidência nos aspectos particulares do sub-grupo das Proteaceae. Seguiram-se onze apresentações orais e nove apresentações de posters, os quais abrangeram inúmeras áreas científicas, nomeadamente nutrição, gestão de biomassa, controlo da floração, propagação de plantas, sanidade, biologia e tecnologia pós-colheita. 60 Revista da APH N.º 103 Protea ‘Venus’. Pormenor da flor no estado ideal para colheita. Ave polinizadora em Protea mundii. O simpósio foi encerrado com um painel de discussão sobre a importância do transporte marítimo para o crescimento e a sustentabilidade da produção de Proteas a nível internacional, moderado pelo Prof. Marius Huysamer (Universidade de Stellenbosch, África do Sul), e que contou com a participação de três dos principais importadores holandeses do sector. Foram aqui focados os principais desenvolvimentos científicos da tecnologia de pós-colheita que permite o transporte marítimo intercontinental. O simpósio cativou o interesse e participação dos delegados o que se reflectiu no número elevado de presenças no Auditório 1 do Palácio Burnay. Os principais países e regiões produ- Vista geral de plantação jovem de Leucospermum ‘Solei’. Protea ‘Venus’ em plena floração. Leucadendron procerum. Leucospermum ‘Goldie’ na fase final de floração. Leucadendron ‘Blush’, pormenor da haste na fase de colheita. Leucospermum ‘Solei’ em plena floração. Membros da IPA (International Protea Association) na visita técnica ao Sudoeste Alentejano (Tt02 – Proteas). tores, nomeadamente a África do Sul, Zimbábue, Israel, Portugal Continental, Açores, Madeira, Ilhas Canárias, Chile, Austrália e EUA estiveram representados por um amplo espectro de agentes do sector (viveiristas, cientistas, produtores, exportadores e importadores). Em paralelo, decorreu entre os dias 21 a 23 de Agosto uma visita à Holanda organizada por Lennart Loven da ASOCAN, das Ilhas Canárias, que incluiu uma agradável mistura de visitas técnicas e turísticas guiadas. Visitámos os principais pontos de interesse para a floricultura, destacando-se, de manhã cedo, a paragem no Aalsmeer Flower Auction (Leilão de flores de Aalsmeer), bem como visitas a grossistas/exportadores/ importadores com relevância na área do comércio de Proteas e centros de investigação da região de Aalsmeer. Encerrámos o programa no dia 27 com uma visita técnica ao Sudoeste Alentejano (Tt02 – Proteas), a principal região produtora de Proteas no nosso país, a qual despertou grande interesse, tendo esgotado a lotação prevista para a mesma. O programa incluiu duas paragens em produtores da região, a Flora United Farm, Lda. e a Europrotea, Lda. Mais uma vez o tempo foi curto para satisfazer por completo os participantes, no entanto, para além do indiscutível interesse técnico, desfrutamos de um agradável convívio que teve o seu ponto alto no almoço oferecido pela Fundação Odemira, que nos juntou com o grupo dos Berries que também estava na região numa visita técnica (Tt01 - Berries). O International Protea Working Group aguarda com entusiasmo o seu XI encontro, em Abril de 2012, em Santa Cruz no Chile, organizado pelos Profs. Eduardo Olate e Flavia Schiappacasse, para o qual aproveitamos desde já a oportunidade para convidar todos os interessados. * Flora United Farm, Lda., Portugal Revista da APH N.º 103 61 Seminários e Sessões Temáticas Sm14 - environmental issues in turfgrass management Tt06 - Turfgrass Os relvados e o Congresso Internacional de Horticultura IHC Lisboa 2010 José António Monteiro* Co-Convener A área dos relvados está inserida na Horticultura Ornamental/Ambiental. Na Sociedade Internacional de Ciências Hortícolas (ISHS) está incluída na Comissão para a Paisagem e Horticultura Urbana, mas os eventos específicos só apareceram recentemente. A primeira Conferência Internacional de Relvados remonta a 2004 (Atenas, Grécia) e a segunda foi realizada em 2008 (Pequim, China). A informação técnico-científica já é, contudo, considerável e tem estado muito frequentemente ligada a publicações específicas, principalmente as relacionadas com o golfe, o sector que envolve mais meios e para o qual a tecnologia está mais afinada. A importância dos relvados tem também aumentado noutros sectores, e compraz-me a existência de um evento específico sobre relvados, num Congresso Internacional. Foi com todo o gosto que dei a minha modesta colaboração nesse evento. Tanto quanto consegui averiguar, o Congresso Internacional de Horticultura Lisboa 2010 (IHC Lisboa 2010) foi o primeiro IHC que promoveu eventos dedicados especialmente aos relvados, nomeadamente: um seminário “Aspectos Ambientais no Maneio dos Relvados (Sm14 – Environmental issues in turfgrass management)” (fig. 1) e uma visita técnica de 1 dia (Relvados: Projecto, gestão e ambiente em campos de futebol, golfe e relvados municipais na zona de Lisboa). Nem em Toronto, Canadá (2002), nem em Seul, Coreia do Sul (2006), apareceram eventos específico para os relvados. Nesta área o IHC Lisboa 2010 foi inovador. O seminário dos relvados no IHC Lisboa 2010 teve, entre os seus oradores convidados, nomes sonantes na área das relvas, como o Dr. Harivandi da Universidade da Califórnia (EUA), o Dr. Leinauer da Universidade de New Mexico (EUA) ou o Dr. Cisar da Universidade da Florida (EUA). Nos seus curricula constam várias distinções/ prémios, conferidos não só por institui62 Revista da APH N.º 103 Figura 1 - Seminário Environmental Issues in Turfgrass Management na sessão “Aspectos Ambientais no Maneio dos Relvados.” Figura 2 - Visita ao relvado do Sporting Clube de Portugal, com a Eng.ª Filipa Mateus de Almeida (ao centro). Figura 3 - Visita ao Oitavos Dunes Golf Course, com o Eng.º João Nunes (primeiro à esquerda). ções académicas mas também por organizações profissionais importantes, como a United States Golf Association – USGA, ou a Golf Course Superintendent Association of America – GCSAA. Os seus nomes aparecem também ligados a comissões importantes na área dos relvados nos EUA e a bastantes publicações em revistas internacionais com arbitragem científica. Na visita técnica, estivemos no Estádio José Alvalade, onde fomos simpaticamente recebidos pela Eng.ª Filipa Mateus de Almeida (consultora, Global Relva e Global Turf Network) que nos explicou em profundidade a gestão do campo (fig. 2). No Oitavos Dunes Golf Course, na Quinta da Marinha, o primeiro campo de golfe na Europa e o segundo no mundo, a ter o status “Audubon’s Gold Signature Sanctuary” fomos prestavelmente acolhidos pelo Eng.º João Nunes (fig. 3). Aí, o tema principal, foi a compatibilização de um campo de golfe com um santuário de vida selvagem, com todas as implicações próprias, tanto ao nível paisagístico como de gestão do campo. No golfe da Aldeia dos Capuchos, cuja manutenção é assegurada pela Área Golfe S.A., fomos recebidos pela Eng.ª Mariana Anjos que gentilmente Figura 4 - Visita ao Golfe da Aldeia dos Capuchos, com a Eng.ª Mariana Anjos (3.ª a contar da esquerda). nos mostrou o único campo de golfe na área de Lisboa com fertirrega (fig. 4). Para terminar a visita, fomos amavelmente recebidos pela Eng.ª Ana Lúcia Francisco, da Câmara Municipal de Lisboa que nos mostrou os relvados do Parque Eduardo VII e com quem conversámos sobre os problemas da gestão de um relvado público no qual se organizam eventos, por vezes multitudinários, com montagem de estruturas pesadas, que implicam uma grande resistência das relvas e exigem uma grande capacidade de recuperação. Os nossos agradecimentos a todos os que ajudaram a preparar a visita (Prof. Carlos Guerrero da Universidade do Algarve, Eng.ª Alexandra Canha, da Câmara Municipal de Lisboa, Eng.ª Susana Morais, representante da Audubon Society em Portugal, Eng.º José Paulo Pina Manso, da Área Golfe S.A.) e aos Administradores/Órgãos de Gestão dos referidos locais, que pela sua disponibilidade e sentido de cooperação, nos autorizaram a visita. * Universidade do Algarve, Portugal Revista da APH N.º 103 63 Seminários e Sessões Temáticas T03 - CROP PHYSIOLOGY Sessão Temática de Fisiologia das Culturas Manuela Chaves* Convener A sessão temática de Fisiologia das Culturas teve lugar no primeiro dia do 28.º Congresso Internacional de Horticultura (23 de Agosto de 2010, das 10.30h às 18.00h) e compreendeu vinte e três comunicações orais e trinta e oito em painel. Foram tratados tópicos muito variados e em diversas escalas de análise, abrangendo trabalhos de fisiologia vegetal (desde o nível da planta inteira até aos da folha e do fruto), de bioquímica e de biologia molecular. Relativamente à temática da biologia molecular destacaram-se os estudos realizados em plantas transgénicas, como por exemplo o trabalho efectuado em tomateiro com sobre-expressão do ácido 5-aminolevulínico (ALA), tendo-se observado um aumento da eficiência fotoquímica (ao nível do PSII) nas plantas transformadas (Zhang et al.), confirmando assim a observação já efectuada em diversas culturas de que a aplicação exógena de ALA aumenta a actividade fotossintética. Os efeitos dos stresses abióticos no funcionamento das culturas foram também extensamente tratados, nomeadamente no respeitante ao stress salino, às temperaturas supra- e sub-óptimas e ao stress causado por deficiências minerais. No que respeita à salinidade foi apresentado, entre outros, um estudo em que se comparou a resistência ao sal (avaliando o crescimento e a ca- pacidade antioxidante) entre tomateiros selvagens, Lycopersicon chilense Dun e cultivados tipo ‘cherry’, Solanum lycopersicum var. cerasiforme L. (Martinez et al.). Concluiu-se que o tomateiro tipo ‘cherry’ aumentou a produção de biomassa fresca em condições de salinidade mediana (40 e 80 mM), mas que os dois genótipos decresceram a produção sob stress salino severo (160 mM), todavia de forma mais drástica no caso do genótipo selvagem. Quanto aos efeitos da temperatura, destacou-se um trabalho que avaliou os efeitos da aplicação de um stress de baixa temperatura nas raízes de Asparagus, através da marcação com 13C e 15 N, permitindo concluir que as baixas temperaturas promoveram a incorporação de azoto nas raízes (Yamasaki et al.). Trabalho na mesma área foi realizado com Spinacia oleracea L. (Chadirin et al.): três dias de pré-tratamento das raízes com temperatura elevada, seguida de sete dias de baixa temperatura levaram a uma qualidade mais elevada dos espinafres, com uma pequena redução no crescimento. A identificação de germoplasma de alface (Latuca sativa L.) resistente às elevadas temperaturas (35-40 ºC) foi realizada por um grupo de Pequim (Han et al.). Os resultados obtidos com o material estudado apontaram para a existência de quinze genótipos resistentes e oito sensíveis. Um trabalho apresentado por Glenn e Campostrini mostrou que manipulações exercidas ao nível do coberto em macieira (por exemplo, incisões anelares ou poda no verão) exerceram alterações importantes na repartição dos fotoassimilados para o sistema radicular. Com efeito, a poda de verão levou a um aumento da respiração do solo, sugerindo morte de raízes e aumento da decomposição das raízes pela população microbiana, concluiu-se assim, que algumas práticas culturais levaram a uma redução na função radicular. Por outro lado, Glenn e Kim aplicando caulino (Surround WP, NovaSource, Phoenix, AZ, USA) na folhagem de macieira (utilizado para reduzir o efeito da queima dos frutos), observaram que a biomassa dos frutos aumentou nas modalidades tratadas com 3% e 12% de Surround, relativamente ao controlo não tratado com Surround, em quatro dos cinco anos do ensaio, nas árvores não regadas e em dois dos cinco anos, nas macieiras regadas. Por outro lado, a cor dos frutos aumentou nos cinco anos de ensaios. A aplicação do fungicida Flint (do grupo químico estrobirulina e com trifloxistrobina como princípio activo) em macieiras gerou uma interessante discussão sobre as causas das alterações positivas observadas na qualidade dos frutos. Sabe-se que o Flint influencia o metabolismo do cálcio (Schmitz-Eiberger et al., 2002) e está envolvido na regulação das respostas das plantas a factores de stress, incluindo o stress hídrico. Também influencia a resposta dos frutos ao armazenamento, por exemplo reduzindo o ‘bitter pit’. A importância das micorrizas na tolerância das plantas ao stress e os efeitos das hormonas como moduladores do crescimento vegetal (ABA, GA, etileno) foram também amplamente discutidos. Referências Schmitz-Eiberger M, Haefs R, Noga G. 2002. Calcium deficiency - influence on the antioxidative defense system in tomato plants. Journal of Plant Physiology 159: 733-742. Manuela Chaves (Convener), com um palestrante 64 Revista da APH N.º 103 * ISA, Universidade Técnica de Lisboa, Portugal Seminários e Sessões Temáticas T09 - Genetics and Breeding Genética e Melhoramento Genético José M. Leitão* Convener Na sessão temática “Genética e Melhoramento Genético” foram incluídas 86 comunicações abrangendo uma larga panóplia de culturas e de temas de investigação. Maioritariamente direccionada para brássicas, solanáceas e curcubitáceas, e para algumas espécies ornamentais e fruteiras, a investigação apresentada versou temas muito variados. A resistência a factores de stress biótico e abiótico, a mutagénese experimental e a indução de poliploidia, o recurso à cultura in vitro e à variação somaclonal no melhoramento genético, a utilização de recursos genéticos, aspectos da citogenética e da gametogénese, e fenómenos da biologia floral com largos reflexos nos estudos genéticos e no melhoramento de plantas como a autoincompatibilidade, androesterilidade e a apomixia, assim como o fenómeno da heterosis e estratégias para obtenção de variedades híbridas, foram alguns dos tópicos abordados. Um total de oito comunicações orais e 38 comunicações orais curtas (short presentations) foram apresentadas em dois dias consecutivos, divididas em cinco sessões: 1) Resistência a factores de stress biótico; 2) Novas variedades e novas estratégias do Melhoramento de Plantas; 3) Biotecnologia e Mutagénese no Melhoramento de Planta; 4) Citogenética e Melhoramento; 5) Obtenção de variedades híbridas. Quarenta comunicações em painel, distribuídas por duas sessões, completaram as apresentações científicas desta sessão temática. As comunicações científicas provieram de 29 países, no entanto, o número das que tinham como origem a Ásia, em particular a China, Coreia e Japão, representaram um terço do total, testemunhando o forte desenvolvimento económico e científico desses países e, em particular, o enorme avanço registado pela China nessas áreas. Digno de nota foi também a participação de investigadores brasileiros que, com catorze comunicações, igualaram em número as apresentadas pelo conjunto dos investigadores portugueses e espanhóis. A forte participação de investigadores brasileiros que, em vários casos, deram a conhecer resultados avançados de investigação aplicada para obtenção de novas variedades híbridas, será certamente um reflexo dos avultados investimentos que têm vindo a ser feitos no Brasil nas áreas da investigação científica e do ensino superior. No decorrer das sessões, registaram-se momentos interessantes de discussão. A actividade das empresas multinacionais produtoras de semente e agroquímicos nos países em vias de desenvolvimento foi objecto de larga discussão na qual participaram alguns congressistas representantes de empresas do sector. Um segundo momento de muito interesse registou-se na troca de opiniões entre diferentes grupos de investigadores dedicados ao estudo do fenómeno da auto-incompatibilidade. Discussões muito elucidativas tiveram também lugar sobre a utilização da androesterilidade e de linhas restauradoras de fertilidade na obtenção de semente híbrida em diferentes tipos de culturas. * Universidade do Algarve, Portugal Sessão em “Biotecnologia e Mutagénese no Melhoramento de Plantas” da Sessão temática 9 - Genética e Melhoramento de Plantas. Grupo de participantes na Sessão temática 9 com o convener. Revista da APH N.º 103 65 Seminários e Sessões Temáticas T14 - Modelling Sobre a sessão temática de “Modelação dos Sistemas Hortícolas José Paulo de Melo e Abreu* Convener A sessão temática sobre Modelação do 28.º Congresso Internacional de Horticultura decorreu no dia 25 de Agosto. Foram apresentadas 15 comunicações, sendo nove orais, das quais uma por convite e cinco apresentações curtas e seis em painel. Sete das comunicações eram de autores europeus, quatro de americanos, três de asiáticos, uma do Canadá e uma da Austrália, ou seja estiveram representados quatro continentes. Esta sessão caracterizou-se também pela diversidade dos temas, sistemas de produção, culturas, escalas de modelação e metodologias utilizadas. Algumas comunicações apresentaram estudos de pós-colheita. O orador convidado (Dr. T. Boulard) apresentou um estudo de co-autoria que põe em evidência as consequências das alterações climáticas na produção em estufa, em particular na cultura do tomate. Utilizando um modelo de crescimento simula a produção e qualidade em cenários moderados de alteração climática. Entrando com o aumento da temperatura e da concentração de dióxido de carbono, chegou-se à conclusão de que nas condições de Avignon (França) a quantidade da produção aumenta em cerca de 20% e a qualidade é afectada negativamente. Os autores aconselham um maior esforço na modelação da qualidade, visto que é o ponto em que há maiores incertezas. A comunicação de Daccache et al. faz uma projecção da produção e das necessidades hídricas da cultura da batata no Reino Unido, para 2050, utilizando também cenários moderados. Chega-se à conclusão de que a produtividade aumentaria 12-16%, mas as necessidades hídricas também aumentariam em 15-16%. Conclui-se, assim, que em cerca de 50% dos anos os actuais recursos utilizados para a rega podem ser insuficientes, na maioria dos anos. 66 Revista da APH N.º 103 Algumas comunicações apresentaram modelos estruturais, de crescimento e produção de culturas (macadâmia, tomate, cravo, rosa). Numa escala mais reduzida, foi apresentado um modelo para a geração virtual de tecidos de frutos. Este modelo implementado em Matlab gera estruturas de tecidos de frutos compostos por células de forma e tamanhos aleatórios e espaços inter-celulares. Os tecidos virtuais podem ser aplicados para estudar mecanismos dos tecidos e processos de troca de importantes metabolitos. Alguns modelos estatísticos e de redes neurais foram utilizados para prever datas de colheita de cenoura e controlar a operação de estufas. Um modelo simula a dinâmica do azoto em zonas regadas por alagamento. Utiliza-se um modelo matemático para simular o azoto dissolvido na água. As simulações do modelo apresentam respostas compatíveis com as aplicações de azoto e outras práticas culturais nesses campos. Duas apresentações, também, modelos de condicionamento ambiental de estufas, em que são utilizadas abordagens mais determinísticas. A apresentação de Bienvenido & Molina Chacond sobre os sistemas hortícolas, em especial sobre a cultura protegida do tomate, existentes num estado da Venezuela, além da descrição edafo-climática, sistemas de uso da terra, trouxe factor humano e social a esta sessão. * ISA, Universidade Técnica de Lisboa, Portugal Apresentação de uma das comunicações na Sessão temática de “Modelação dos Sistemas Hortícolas”. Sessão de painéis. Visitas Técnicas Tt03 - Protected cultivation Tt09 - Maçã de Alcobaça As Visitas Técnicas sobre Culturas Protegidas e Maçã de Alcobaça Maria do Carmo Martins* No dia 27 de Agosto, integrado no Congresso Internacional de Horticultura 2010, o COTHN colaborou na organização de algumas das visitas técnicas que decorreram na região Oeste. Assim, o COTHN esteve directamente envolvido nas visitas da Maçã de Alcobaça (Tt09) organizada pela APMA e, na de Culturas Protegidas (Tt03) e indirectamente na visita da Pêra Rocha do Oeste, organizada pela ANP (Tt06). A visita da Maçã de Alcobaça contou com a participação de cerca de 15 congressistas de diversas nacionalidades, nomeadamente chineses, japoneses, italianos e americanos e incluiu a visita a 2 associados da Maçã de Alcobaça: a Cooperfrutas e a Frubaça. Após as boas vindas e visita à “Cooperfrutas”, seguiu-se para os pomares de produtores da “Frubaça”. A Cooperfrutas, CRL é uma Cooperativa de Produtores de Fruta e Produtos Hortícolas que foi constituída em 1998 e conta, actualmente, com 125 produtores associados. Antes da constituição da Cooperfrutas, os produtores estavam integrados na Secção Hortofrutícola da Cooperativa Agrícola de Alcobaça. Com a extinção desta, os produtores decidiram criar uma nova Cooperativa com o objectivo especifico de conservar, seleccionar, embalar e comercializar a sua produção (fruta e produtos hortícolas). Só através do processo de Figura 1 - Visita à central fruteira da Cooperfrutas. associação em cooperativa era possível reunir condições para dar resposta, quer em termos quantitativos quer qualitativos, a um mercado cada vez mais exigente. As motivações comuns a todos os produtores resultaram da necessidade de adquirir uma unidade dimensionada à medida das suas capacidades produtivas e tecnicamente apetrechada para manter a qualidade dos produtos e corresponder às exigências de qualidade dos mercados. Na Cooperfrutas, os congressistas tiveram a oportunidade de percorrer o circuito da fruta desde a zona de recepção até à zona de expedição, passando pela zona das câmaras de conservação, da zona de calibração e zona de embalamento (fig. 1). Actualmente, a Cooperfrutas tem um projecto-piloto em conjunto com a empresa portuguesa Calibrafruta. Este projecto tem por objectivo automatizar todas as operações dentro da central minimizando a intervenção humana, aumentando desta forma a capacidade de laboração e a minimização das perdas por manipulação. A calibração da fruta é feita de forma completamente automatizada, com o apoio de robots para a movimentação dos palotes e caixas. A visita à organização de produtores Cooperfrutas, terminou no ponto de venda directa da organização – “O sítio da Fruta”, situada em frente à central frutei- ra. Os congressistas foram ainda presenteados com um saco de maçãs de Alcobaça oferecido pela Cooperfrutas. Seguiu-se a visita aos pomares de Fugi do associado da Frubaça. A Frubaça nasceu pouco depois da entrada de Portugal na Comunidade Económica Europeia. Um grupo de agricultores da região de Alcobaça percebeu que as alterações de mercado que se avizinhavam não seriam fáceis de superar individualmente. Assim parecia fazer sentido criar uma organização que permitisse organizar e concentrar a produção. Em 1992, após aprovação de um projecto apresentado ao Ministério da Agricultura, a Frubaça iniciou a sua laboração. A Frubaça dispõe de duas unidades de calibragem com uma capacidade conjunta de cerca de 10 toneladas/hora, a capacidade de armazenamento é de cerca de 6 000 toneladas das quais 5 000 são em atmosfera controlada. A maçã representa cerca de 82% da fruta comercializada pela Frubaça, os restantes 18% dividem-se principalmente em pêra 15% e pêssego e ameixa nos restantes 3%. A Frubaça comercializa o grosso da sua produção através da grande distribuição, no entanto, tem sido estratégia da empresa diversificar os canais de escoamento. Entre outras opções, privilegiou-se o mercado escolar, assim como o contacto directo com o consumidor através da abertura de nove pequenos estabelecimentos de venda directa ao público. No pomar visitado, focaram-se alguns aspectos relacionados com métodos biotécnicos de controlo de pragas, tal como a confusão sexual para o bichado e a captura em massa para o controlo da mosca da fruta. Foram ainda abordadas outras questões relacionadas com a rega, condução e produtividades. Esta visita contou com a colaboração do Eng.º Nuno Franco, técnico da Frubaça e responsável pelo apoio técnico a este associado. Após um almoço com o típico ‘Frango na púcara’, o grupo partiu para uma breve visita turística à vila de Óbidos, local escolhido para se reunirem todos os grupos que optaram por visitas à região Oeste. A visita de Culturas Protegidas com uma adesão de 175 congressistas foi repartida por duas entidades: Primores do Oeste S.A. e Hortorres. O COTHN esteve directamente enRevista da APH N.º 103 67 volvido na visita que decorreu ao seu associado “Primores do Oeste S.A.” onde participaram 90 congressistas das mais diversas nacionalidades, destacando-se brasileiros, japoneses, italianos, alemães, iranianos, norte americanos e espanhóis (fig. 2). A visita iniciou-se com uma breve recepção nos “Primores do Oeste S.A.” tendo o grupo iniciado a visita num dos produtores da organização de Primores do Oeste S.A. – Sr. Vítor Jorge Santos, onde contou com o apoio do técnico o Eng. Vasco Vital. Neste produtor, com uma área total de 14 ha, foi possível ver produção de tomate em solo e em hidroponia com plantas enxertadas e não enxertadas. Este produtor no período de Primavera-Verão ocupa toda a área com a cultura de tomate e feijão verde e no período de Outono-Inverno produz principalmente alface no solo. Os congressistas tiveram ainda oportunidade de visitar a unidade de produção da Quinta da Figueira do grupo empresarial “Nova Primores do Oeste e seus associados”. A Quinta da Figueira tem uma área de produção de ar livre com 40 ha divididos em 20 ha com tomate e 20 ha com aboborinha. E ainda 20 ha (e mais 5 ha ainda em construção) de estufas metálicas com cultivo em hidroponia, repartidos actualmente pela produção de tomate e pepino (fig. 3), onde se efectua o controlo biológico de acordo com o protocolo estabelecido com a Syngenta Bioline, tendo em vista uma substituição gradual dos produtos fitofarmacêuticos, particularmente insecticidas por auxiliares (fig. 4). Este grupo empresarial tem ainda mais 3 ha de estufas para produção de alface em Santa Cruz. Os congressistas passaram pela central de rega da exploração (fig. 5), tendo tido a oportunidade de estarem no centro de controlo de onde saem todas as directrizes técnicas necessárias ao acompanhamento do sistema hidropónico. Nesta unidade produtiva de modo a conseguir o alargamento do período produtivo está previsto a implementação de sistemas geradores de energia térmica com a utilização da cogeração. Toda a produção é realizada atendendo aos sistemas de certificação garantindo a máxima qualidade e segurança alimentar dos consumidores. Antes do almoço, e para finalizar a visita técnica, os congressistas tiveram oportunidade de visitar a sala dos leilões e a central (fig. 6). * Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional (COTHN), Portugal. 68 Revista da APH N.º 103 Figura 2 - Eng.º Jorge Camilo da Organização Primores do Oeste a realizar uma breve apresentação sobre a estrutura do produtor Vítor Jorge Santos que integra a organização de produtores “Primores do Oeste S.A.”. Figura 3 - Congressistas no módulo de produção de pepino na Quinta da Figueira. Figura 4 - Apresentação pelas Eng.as Sandra Silva e Cristina Lima do protocolo de controlo biológico em pepino. Figura 6 - Visita à central nos Primores do Oeste S.A. Figura 5 - Central de rega da Quinta da Figueira. Visitas Técnicas Tt04 - ROCHA PEAR Pêra Rocha do Oeste – Visita Técnica Sofia Comporta* A propósito do 28.º Congresso Internacional de Horticultura, a ANP organizou no dia 27 de Agosto uma visita técnica à ‘Pêra Rocha do Oeste’, a qual contou com a colaboração da Coopval, Frutus, APAS (Associação de Produtores Agrícolas da Sobrena), Sociedade Agrícola Terra da Eira e a Câmara Municipal do Cadaval. Nesta visita participaram 80 congressistas que, para uma maior eficácia de organização, foram divididos em três pequenos grupos. O esquema adoptado permitiu que todos os participantes tivessem tido um contacto mais directo com a realidade do sector, um melhor acompanhamento por parte da equipa técnica presente no campo e uma resposta directa a todas as questões colocadas. O itinerário da visita incluiu uma abordagem a três diferentes pontos temáticos da cultura: tecnologias de produção, colheita e provas de pêra e por último a central fruteira. No respeitante às tecnologias de produção a visita foi realizada num campo experimental da Sociedade Agrícola Terra da Eira e o acompanhamento efectuado pela técnica da Coopval, Eng.ª Luisa Silva. Aqui foram explicadas todas as tecnologias e práticas de produção aplicadas nos pomares de pereira Rocha. O ponto temático sobre a colheita foi também realizado num campo da mesma exploração agrícola onde os congressistas foram acompanhados pelo técnico da APAS, Eng.º Alexandre Pacheco. Nesta parcela os congressistas tiveram a oportunidade de observar duas técnicas distintas de colheita (manual e mecânica). Foi permitido observar a colheita manual em que os trabalhadores colhem os frutos com o auxílio de escadotes e a colheita mecânica a qual é auxiliada por plataformas de colheita que se deslocam mecanicamente e elevam os trabalhadores à altura da copa das árvores. O Eng.º Alexandre Pacheco conduziu também as provas de degustação de pêra Rocha, em que os frutos para a prova se encontravam em diferentes estados de maturação, uns mais verdes ou crocantes e outros mais maduros ou fundentes, o que permitiu aos congressistas conhecerem as características desta pêra. No terceiro ponto foi visitada a central fruteira Frutus, Estação Fruteira de Montejunto, onde os participantes foram acompanhados pela técnica desta central, Eng.ª Ana Garcia. Na central os visitantes observaram o processo de recepção da pêra após a colheita e as respectivas análises de qualidade realizadas durante este processo. Foi ainda explicado aos congressistas todo o processo de armazenamento e controlo atmosférico aplicado à pêra Rocha e foram visitadas as instalações da central, desde as câmaras de armazenamento, passando pelo calibrador da fruta e terminando na linha de embalamento e saída da fruta para o cliente. A visita terminou com um almoço típico, realizado nas instalações da APAS, ao ar livre em contacto directo com o campo, de forma a proporcionar aos visitantes a possibilidade de poderem aproveitar o bom tempo que se fez sentir e a magnifica paisagem da região Oeste. A ANP considerou que esta visita foi muito bem sucedida com uma participação dos congressistas muito activa e interessada no conhecimento da cultura. Foi também visível o agrado geral durante toda a visita de campo e almoço o que muito agradou à ANP e a todos os colaboradores que participaram na organização da visita técnica. * Associação Nacional de Produtores de Pêra Rocha (ANP), Portugal Técnico da APAS numa breve apresentação de um pomar de pêra rocha. Acompanhamento dos participantes na colheita da pêra rocha. Início da visita à central fruteira Frutus, Estação Fruteira de Montejunto. Revista da APH N.º 103 69 Visitas Técnicas Tt05 - From Fork to Farm Do garfo à quinta Inês Vilaça* No âmbito do Congresso Internacional de Horticultura, realizado este ano em Lisboa, o Pingo Doce organizou um “One Day Technical Tour” intitulado “From Fork to Farm”, com o objectivo de dar a conhecer aos congressistas toda a cadeia de distribuição de alguns produtos nacionais, desde o campo até às lojas Pingo Doce. O ponto de partida deu-se no Centro de Congressos de Lisboa, às 8h da manhã, com destino ao Verdelho – Santarém para visitar os campos de melão, meloa, melancia e pimento da Hortomelão (fig.1), um dos grandes parceiros do Grupo Jerónimo Martins. Com a visita ao campo pretendeu-se dar a conhecer aos Congressistas a realidade da produção nacional e alguns dos produtos hortofrutícolas de grande consumo em Portugal, bem como o acompanhamento que os técnicos do Pingo Doce efectuam aos seus fornecedores. A visita continuou rumo à Central Hortofrutícola do mesmo produtor onde foram verificados os processos de calibragem, selecção e embalamento dos melões, meloas e melancias. Foi ainda realizada, com muito sucesso, uma prova de degustação para dar a conhecer os diferentes sabores destes frutos (fig. 2). Após um almoço tipicamente português (fig. 3), foi organizada uma visita ao armazém de Fruta & Vegetais do Centro de Distribuição do Grupo Jerónimo Martins, na Azambuja. Durante esta visita foram explicados todos os processos de recepção das mercadorias, controlo da qualidade, execução de encomendas e expedição para as lojas. O culminar do dia ocorreu com a visita a duas Lojas Pingo Doce - Alverca e Loures - onde foi possível aos congressistas observar o resultado final do trabalho de uma vasta equipa, iniciado a montante pelos técnicos do Pingo Doce em parceria com os seus fornecedores, e que reflecte a dinâmica da distribuição e a inovação do Grupo Jerónimo Martins, na exposição dos produtos, reposição, o ambiente de loja e criação de novos negócios. * Grupo Pingo Doce, Portugal 70 Revista da APH N.º 103 Figura 1 - Visita do campo de pimento da Hortomelão. Figura 2 - Prova de degustação de melão, meloa e melancia. Figura 3 - Participantes da visita técnica “Do garfo à quinta”. Visitas Técnicas Tt07 - Olive growing and vineyards in Alentejo Olivais e vinhas no Alentejo Gonçalo Pinheiro* & Maria Elvira Ferreira** No âmbito das Visitas Técnicas pós-Congresso de um dia do 28IHC Lisboa 2010, os congressistas tiveram à sua disposição uma com destino ao Alentejo, com o objectivo de conhecer a produção vitivinícola e oleícola da região de Évora. Os participantes rumaram directamente do Centro de Congressos de Lisboa para o Monte dos Pinheiros, nas cercanias da bonita e emblemática cidade de Évora, que pertence à Fundação Eugénio de Almeida (FEA). O fundador da Fundação Eugénio de Almeida, Vasco Maria Eugénio de Almeida nasceu a 30 de Agosto de 1913 e faleceu em Lisboa a 11 de Agosto de 1975. Estudou no Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa, tendo concluído a sua formação em 1936. A Fundação Eugénio de Almeida é uma instituição de direito privado e utilidade pública, criada em 1963. A missão da Fundação está orientada para o desenvolvimento cultural, educativo e social da região onde se integra e do país, de acordo com os valores humanistas e personalistas que presidiram à sua criação. A actividade institucional desenvolve-se em vários domínios, da criação artística à promoção do conhecimento e à salvaguarda do património, passando pela formação e qualificação das organizações do terceiro sector, e pela dinamização de projectos numa perspectiva de investigação-acção, em particular no campo do Voluntariado. Através de uma estratégia proactiva de desenvolvimento sustentável, a Fundação pauta-se pelo sentido de serviço à comunidade e por uma constante exigência de inovação e excelência nas suas actividades e produtos. A Fundação assegura a gestão directa do seu património rústico através de uma exploração agro-pecuária e industrial de referência, que visa garantir a auto-sustentabilidade económica da instituição e a prossecução dos seus fins. O património fundiário da Fundação Eugénio de Almeida é constituído por Figura 1 - Visita ao Enoturismo Cartuxa. Figura 2 - Vinha Nova de Pinheiros. Figura 3 - Adega da Cartuxa. Revista da APH N.º 103 71 cerca de 6500 ha de terras localizadas no concelho de Évora, distribuídos por diversas herdades. Nas cercanias da cidade, a Fundação possui ainda a Quinta de Valbom, onde está instalado o Enoturismo (fig. 1) e a Quinta da Cartuxa, onde se ergue o Convento da Cartuxa de Santa Maria Scala Coeli. Os congressistas começaram pela visita às vinhas da FEA no Monte do Pinheiro (fig. 2) que, conjuntamente com as das herdades do Casito, Álamo da Horta e Quinta de Valbom, formam um total de 394,08 ha, em que as castas tintas representam cerca de 84% (330,36 ha). Os compassos utilizados vão desde as 2850 plantas/ha (2,8x1,2 m) até (4000 plantas/ha (2,5x1 m), sendo a maior área (219,68 ha) com 3333 plantas/ha (2,5x1,1m). As vinhas são conduzidas em cordão de Royat duplo, com bardo constituído por 2 arames fixos e 2 arames móveis e regadas por gota-a-gota enterrada (119,04 ha) e à superfície (275,04 ha). O controlo de pragas e doenças é efectuado segundo as normas de protecção integrada. O controlo de infestantes é efectuado por monda química na linha e corte de ervas na entrelinha, onde não se fazem mobilizações de solo. Esta tecnologia que tem permitido aumentos significativos do índice de M.O. e da actividade biológica do solo, aumento da porosidade do solo, redução da perda de solo por erosão e uma maior facilidade do trânsito das máquinas, mesmo durante o período de inverno. Em 2007, no Monte dos Pinheiros, foram construídas as novas instalações da Adega da Cartuxa (fig. 3), onde se elaboram vinhos tintos, brancos e rosés e onde os vinhos estagiam em barrica e em garrafa. Aqui é também feito o engarrafamento e a expedição de produto acabado. As antigas e históricas instalações da Adega da Cartuxa, na Quinta de Valbom, destinam-se a estágio de vinhos em madeira, em garrafa e à elaboração de vinhos espumantes. A Adega da Cartuxa tem uma capacidade de laboração de 100 t uva/dia a que corresponde uma produção anual de 2 700 000 garrafas de 0,75 l. A Fundação Eugénio de Almeida explora, actualmente, uma área de olival com 288 ha, repartidos pela Herdade do Álamo de Cima (224 ha) (fig. 4) e pela Herdade do Álamo da Horta (64 ha). A ‘Cobrançosa’ é a cultivar mais representativa (129,65 ha), seguindo-se ‘Picual (43,90 ha), ‘Arbequina’ 36,70 ha), ‘Koroneiki’ (26,08 ha), ‘Cordovil’ (13,74 ha), ‘Galega’ (12,87 ha), ‘Carrasquenha’ (9,00 ha), ‘Redondil’ (3,83 ha) e ‘Azeiteira’ (2,90 ha). 72 Revista da APH N.º 103 Figura 4 - Olival do Álamo de Cima. Figura 5 - Um animado grupo de participantes durante o almoço. Os compassos variam entre 8x4 m (312 árvores/ha, em 241,3 ha) e 7x4 m (357 árvores/ha, em 36,7 ha). Os olivais são regados por rega gota-a-gota. As árvores são conduzidas a um pé com uma cruz a cerca de um metro de altura, de modo a ficarem preparadas para a apanha mecânica. O controlo de infestantes é efectuado por monda química na linha e corte de ervas na entrelinha, onde não se fazem mobilizações de solo, tecnologia que tem permitido aumentos significativos do índice de M.O. e uma maior facilidade do trânsito das máquinas, mesmo durante o período de inverno. Através do sistema de rega são efectuadas as fertilizações necessárias com vista ao equilíbrio nutricional das plantas, tendo como base as análises foliares efectuadas anualmente. Aquando dos tratamentos fitossanitários podem também ser efectuadas algumas correcções por via foliar. É na Herdade do Álamo da Horta que se situa o Lagar da Cartuxa, que entrou em funcionamento na campanha 2004/2005. Tem uma capacidade de laboração de 2 000 t de azeitona/campanha e 555 000 l de capacidade de armazenagem em depósito. Esta moderna unidade garante uma total automatização do processo industrial, assegurando a extracção do azeite sem produção de águas-russas. Com a preocupação de respeitar o ambiente, este lagar dispõe de uma unidade de tratamento de águas de lavagem que permite a sua posterior utilização na rega do olival. Findas as vistas, os participantes foram presenteados com um almoço na Quinta do Valbom, gentilmente oferecido pelos anfitriões, onde puderam degustar os típicos pratos da cozinha alentejana e provar os vinhos e azeites produzidos na Fundação (fig. 5). Após o almoço, a visita à cidade de Évora foi outro dos pontos altos desta viagem, pelo rico e variado património cultural que possui. Évora esconde o encanto próprio das cidades antigas e é Património Cultural da Humanidade desde 1986. De entre os pontos de interesse visitados destacam-se a Praça do Giraldo, a catedral de Santa Maria e o Templo de Diana, ex-líbris da cidade. Estamos em crer que os participantes encontraram muitas e boas razões para quererem voltar e conhecer melhor esta bonita região alentejana. * Director Agro-Pecuário da Fundação Eugénio de Almeida ** Presidente da Direcção da APH Visitas Técnicas Tt08 – Vegetable production in the Tagus Valley Visita Técnica à Região Norte do Vale do Tejo Fernando Pires da Costa* A visita Técnica à Região Norte do Vale do Tejo, integrada no programa do Congresso Internacional de Horticultura, decorreu no dia 27 de Agosto de 2010 na Zona Agrícola do Concelho da Golegã. Esta visita contou com uma participação de 50 congressistas de várias nacionalidades (fig. 1), tendo como objectivo o dar conhecer uma das mais importantes zonas hortícolas do nosso país. A zona Norte do Vale do Tejo, onde se insere o “Campo da Golegã”, é sem dúvida uma das zonas de maior relevância no panorama agrícola nacional sendo a cultura do milho, aquela que assume maior peso na economia agrícola local, devido à sua grande área de cultivo. Atendendo às excelentes condições edafoclimáticas existentes, esta região, permite uma ocupação cultural bastante diversificada, principalmente no que diz respeito às espécies hortícolas, quer para consumo em fresco, quer para processamento. Constitui uma importante zona de fornecimento de produtos hortícolas em abundância e em qualidade para as grandes Agro-indústrias, desempenhando um papel estratégico na logística de abastecimento de matérias-primas. A visita técnica centrou-se essencialmente na chamada zona de “campo”, ou lezíria, situada na margem direita do rio Tejo, onde se visitaram algumas parcelas das culturas hortícolas em curso. Iniciou-se a visita a uma parcela de batata para indústria, já na fase final do seu ciclo produtivo, portanto muito próxima da colheita. Já na segunda parcela de batata para indústria, foi possível observar o processo de colheita mecânica. A terceira parcela visitada, tratava-se de uma parcela recém plantada de brócolo para indústria, regada por aspersão. Numa outra parcela vizinha pode-se observar a cultura de tomate indústria, apresentando uma maturação bastante concentrada, adivinhando-se a colheita para breve. Por último visitámos um produtor de pimento tipo Califórnia para indústria, cuja colheita se encontrava em curso (fig. 2). Figura 1 - Participantes da visita técnica à Região Norte do Vale do Tejo, na Câmara Municipal da Golegã. Figura 2 - Campo de pimento para indústria. Figura 3 - Casa-Estúdio Carlos Relvas/ Museu Fotográfico Carlos Relvas. Após a visita às parcelas no campo, o grupo dirigiu-se até ao Centro Hortofrutícola da Agromais – HORTEJO, dedicado à recepção, concentração e armazenagem dos produtos hortícolas dos seus associados. Esta central dispõe de 6 câmaras frigoríficas para a armazenagem de cebola, com uma capacidade total de 4 400 toneladas, 3 câmaras para armazenagem de batata a granel (3 750 ton) e outras 3 câmaras para “stockagem” de outros produtos hortícolas. Está também equipada com linhas de preparação, corte e limpeza de legume (cebola, brócolo, pimento e batata), que permitem acrescentar valor aos produtos agrícolas para posterior colocação no mercado ou fornecimento de matérias-primas para as Agro-indústrias. O final da manhã culminou com um almoço “campero” ao ar livre junto à Alverca da Golegã. Foi um óptimo espaço de convívio onde todos aproveitaram para descomprimir após uma semana de trabalhos do Congresso. Após o almoço seguiu-se a vertente cultural da visita, com visitas guiadas ao museu Equuspólis/Museu Escultor Martins Correia e à Casa-Estúdio Carlos Relvas/Museu Fotográfico Carlos Relvas (fig. 3). Agradecemos o apoio prestado pela Câmara Municipal de Golegã, Agromais e Agrotejo, que sem o seu auxílio seria impossível levar a bom porto este evento que a Golegã soube acolher com grande entusiasmo. * Interadubo, Companhia Internacional de Adubos, SA, Portugal Revista da APH N.º 103 73 Visitas Técnicas Pct01 - Oporto and Douro Valley Visita Técnica Pós-Congresso Porto e Vale do Douro - 27 a 29 de Agosto Ana Paula Silva* Integrada no Congresso IHC Lisboa 2010, teve lugar a visita à região do Douro, uma das várias ao dispor dos mais de 3300 participantes deste congresso, e que teve o mérito de ser a primeira a esgotar (50 participantes), deixando aos muitos interessados mais distraídos, a alternativa de viajarem pelo Douro, em viatura alugada, seguindo as sugestões da imparável e competentíssima Isabel Silvestre da Meeting Point. A saída de autocarro com destino ao Porto saiu à hora marcada, do Centro de Congressos, com os participantes, oriundos de todo o mundo, a mostrarem já uma boa disposição que prometia uma agradável e interessante viagem. Com algumas paragens do costume a chegada ao Porto decorreu sem percalços, a uma hora que convidava ao almoço e, como previsto, o grupo O Rio Douro. 74 Revista da APH N.º 103 dirigiu-se à zona da Ribeira, a zona mais pitoresca desta cidade nortenha, para dar inicio ao que seria uma viagem com uma componente gastronómica bem marcada. A 1ª visita desta viagem técnica teve lugar a uma das muitas caves de vinho do Porto situadas do outro lado do rio Douro, em Vila Nova de Gaia, e culminou com uma apreciada prova deste “famoso néctar”. Seguiu-se um relaxante passeio pelos jardins de Serralves, referência singular no património da paisagem em Portugal, e onde é possível conciliar este espaço com várias manifestações culturais, bem conduzida por duas monitoras do Serviço Educativo. Como não se poderia perder a oportunidade de conhecer melhor a cidade do Porto, uma das mais antigas da Europa e classificada como Património da UNESCO em 1996, a meio da tarde, realizou-se um passeio pela cidade sempre com as sábias explicações do Paulo Almeida, o guia que acompanhou, com grande simpatia e disponibilidade toda a viagem. O dia estava a terminar e urgia continuar viagem para Vila Real até ao Hotel Miracorgo, local onde foi servido um reconfortante jantar, e após um digestivo passeio pelas redondezas, os participantes prepararam-se para uma noite de descanso, pois o dia seguinte prometia. O dia 28, iniciou-se com uma curta viagem até ao Cais da Régua, onde pelas 10.45h teve lugar o embarque no “Douroazul” para os participantes se deliciarem com as deslumbrantes paisagens que o cruzeiro, ao longo do rio, proporciona. Durante o percurso, foram dadas importantes informações sobre a região Vinhateira do Alto Douro, área com mais de 26 mil hectares, classificada pela UNESCO, em 14 de Dezembro de 2001, como Património da Humanidade, na categoria de paisagem cultural. A longa tradição de viticultura nesta região produziu uma paisagem cultural de beleza excepcional, a que ninguém ficou indiferente. Depois do almoço, ainda no barco, chegou-se ao Pinhão onde o autocarro já estava a postos, para conduzir os viajantes até à próxima paragem, a Quinta da Leda, uma das várias Quintas da empresa Sogrape. Esta quinta, com os seus 85 ha de vinha, situada no inóspito Douro Superior, possui os mais modernos sistemas de plantação e vinificação do Douro e, conduzidos pelo enólogo António Braga, o grupo teve oportunidade de visitar a adega, recentemente construída em 2001, com o que há de mais actual na tec nologia vinícola e onde se fabricam vinhos de grande complexidade e estrutura. O conhecimento profundo do Eng. António Braga, sobre esta tecnologia deu oportunidade a que muitas questões técnicas surgissem proporcionando um claro e correcto esclarecimento sobre o tema. O dia terminou no Hotel Turismo de Trancoso, que ficava apenas a cerca de 30 minutos da Quinta da Leda, com um faustoso e muito apreciado buffet de bacalhau. Último dia da viagem, ainda havia que aproveitar a manhã e, como previsto, a visita que se seguia era à quinta de Ervamoira, a primeira quinta totalmente plantada na vertical da Ramos Pinto, situada na zona do Douro O barco no cais. Superior, no Vale do Côa. Aqui tiveram oportunidade, para apreciar a associação, bem conseguida, da vinha com as artes. Nesta Quinta foi inaugurado em 1997 o Museu de Sítio de Ervamoira, situado no coração do Parque Arqueo lógico do Vale do Côa, que protege 17 km de gravuras paleolíticas, classificado pela UNESCO como Património da Humanidade. O almoço, um típico arroz de pato, foi servido na própria quinta, num local rodeado de uma paisagem única, que serviu como um postal ilustrado para futuras recordações. A viagem, como se pode testemunhar por algumas citações descritas de seguida, foi, sem sombra de dúvidas, um êxito. Os participantes na Quinta da Leda. (Paulo Almeida, Meeting Point) Vinhas da Quinta da Leda. (Paulo Almeida, Meeting Point) “Hi guys Just wanted to thank you for organising everything the IHC – went really well from my perspective, especial thanks to Paulo - the three tour to Douro and the port wine region was pretty spectacular and very, very enjoyable. Prof. Peter J. Batt” “Dear Meeting Point, Thank you for the great job carrying out on the 2010 Congress. A credit to you and all staff involved. Many were impressed with the leadership and knowledge of Paulo Almeida, who led the post congress tour to your vineyards and wineries. Paulo did a good job looking after all of us and getting us on time to our destinations. Almoço na Quinta da Leda. (Paulo Almeida, Meeting Point) Regards David Aldous” * Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal Alto Douro vinhateiro. Aspecto das vinhas do Douro. Revista da APH N.º 103 75 Outras Realizações Novos Dirigentes da International Society for Horticultural Science (ISHS) eleitos em Lisboa Maria Elvira Ferreira* De acordo com os Estatutos da ISHS, a Direcção, o Comité Executivo e o Conselho da ISHS reúnem-se de quatro em quatro anos, coincidindo com os congressos de horticultura, para decidirem sobre o futuro da sociedade. Assim, efectuaram-se em Lisboa reuniões da ISHS antes e durante o Congresso Internacional de Horticultura, e uma Assembleia Geral (24 de Agosto) em que puderam participar, além dos associados, todos os congressistas. Na Assembleia Geral foram aprovados: i) o relatório de actividades da sociedade; ii) as alterações aos estatutos; iii) as decisões tomadas pelo Conselho sobre os novos membros da Direcção e do Comité Executivo e iv) o novo local para o congresso de 2018. Foram também atribuídos quatro títulos de Fellow, cinco de Honorary Member (aprovados em Conselho) e o prémio Miklos Faust Travel Award for Young Pomologists. A Assembleia terminou com a tomada de posse dos novos Presidente e Directores para o quadriénio 2010-2014, momento alto para a Horticultura Portuguesa e, consequentemente, para a APH porque, pela primeira vez, o Presidente da ISHS é português e é sócio da APH. O Prof. António Monteiro foi eleito, por maioria, Presidente da ISHS na reunião do Conselho que decorreu no dia 21 de Agosto, tendo tido como seus concorrentes duas personalidades de renome: uma americana e outra australiana. A nova Direcção da ISHS, presidida pelo Prof. Dr. António Monteiro, contará ainda com a Dra. Kim Hummer dos EUA, o Prof. Dr. Georg J. Noga da Alemanha, o Dr. Errol Hewett da Nova Zelândia, o Prof. Dr. Yves Desjardins do O Prof. António Monteiro recebe a chave simbólica da ISHS do seu antecessor, o Dr. Norman Looney. 76 Revista da APH N.º 103 Canadá e o Prof. Dr. Ian Warrington da Nova Zelândia. Desde 1977, que o Prof. António Monteiro é sócio da APH e tem participado activamente na vida da nossa associação. De 1979 a 1981, foi Secretário e de 1988 a 1992 Presidente da Direcção. De 2002 a 2004, foi Vice-Presidente para as Plantas Ornamentais e de 2006 a 2008, foi Presidente da Mesa da Assembleia Geral. Foi Editor da Revista da APH de 1988 até 2000. É membro do Conselho Consultivo da APH desde a sua criação. Além destas participações nos Órgãos Sociais da APH foi ainda Presidente e membro activo das Comissões Organizadora e Científica de eventos nacionais e internacionais co-organizados pela APH. O novo Presidente foi membro do Conselho da ISHS como representante de Portugal, nomeado pela APH, desde 1990. A propósito desta representação, recebemos do Prof. António Monteiro a seguinte missiva que se transcreve: ’Venho por este meio apresentar a minha demissão de representante de Portugal no Council da International Society for Horticultural Science, cargo para o qual fui nomeado pela Direcção da APH. Tendo sido eleito para Presidente da ISHS, considero haver um conflito de interesses entre as minhas O novo Presidente da ISHS no seu primeiro discurso oficial. novas funções e a qualidade de membro do Council. Tem sido, para mim, uma honra ter representado Portugal no Council da ISHS desde 1990, tendo essas funções também só sido interrompidas quando fui eleito para o Board da ISHS. Espero, no desempenho do meu mandato de Presidente, continuar a promover a colaboração entre a ISHS e a APH, que tão frutífera e recheada de sucessos tem sido. Com os melhores cumprimentos António A. Monteiro Sócio n.º 46 da APH’ Queremos aqui deixar expressos os votos dos maiores sucessos para o Presidente e os Directores recentemente empossados e esperar que as relações entre as duas sociedades sejam fortalecidas. O Presidente e os novos Directores da ISHS: Ian Warrington, Yves Desjardins, Errol Hewett, Georg Noga, Kim Hummer e António Monteiro (da esquerda para a direita). * Presidente da Direcção da APH Revista da APH N.º 103 77 Outras Realizações A “EXHIBITION” no IHC 2010 Maria da Graça Barreiro * Comissão Organizadora “Ciência e Horticultura para as pessoas” foi o foco central do IHC 2010 e, naturalmente, o mote para a “EXHIBITION”. À semelhança dos acontecimentos directamente ligados ao Congresso, a “EXHIBITION” teve lugar nas instalações do Centro de Congressos de Lisboa em áreas adjacentes às salas das conferências e das zonas destinadas à colocação de posters. Assim, a “EXHIBITION” ficou implantada no Pavilhão 2 (Pavilhão do Rio), Pavilhão 4 e Foyer C. Foram convidadas a participar na “EXHIBITION” empresas fornecedoras de produtos, serviços e equipamentos e instituições públicas e privadas envolvidas em investigação & inovação, consultadoria e formação relacionadas com a horticultura, nas vertentes industrial, científica e/ou tecnológica. As empresas puderam alugar stands simples ou múltiplos, em módulos de 3x3 m, ou espaços simples mais pequenos. No total marcaram presença na “EXHIBITION” 38 empresas, da Alema nha, Austrália, Bélgica, Estados Unidos, Holanda, Indonésia, Nova Zelândia, Reino Unido e Tanzânia, além de Portugal e Espanha, respectivamente com 12 e 8 empresas. A International Society for Horticultural Science (ISHS), patrocinadora do Congresso, e as duas Sociedades co-organizadoras - Associação Portuguesa de Horticultura (APH) e Sociedade Espanhola de Ciências Hortícolas (SECH) - ficaram representadas com os seus stands no Pavilhão 4 e proporcionaram aos visitantes uma panorâmica das suas actividades e publicações. O próximo IHC 2014, que irá decorrer em Brisbane, Austrália, foi também revelado e publicitado no Pavilhão 4. O stand da nova organização foi alvo de grande curiosidade, tanto pela recolha de informações e de prospectos como pelos belos pequenos koalas em peluche que gentilmente eram oferecidos aos visitantes. No Pavilhão 4 ficou ainda representada a Fundação Odemira que, no seu vasto stand, localizado estrategicamente na zona central, apresentou as suas principais empresas e, com uma oferta dinâmica de variados produtos para degustação, proporcionou um espaço onde convergiam os Congressistas em alegre convívio. 78 Revista da APH N.º 103 Catálogo da “Exhibition” A Bayer CropScience, empresa internacional de grande renome no domínio da protecção das culturas, foi representada na “EXHIBITION” ao mais alto nível, com uma equipa chefiada pela “casa mãe” da Alemanha. Esta empresa, patrocinadora Gold do IHC 2010, teve oportunidade de apresentar os seus mais recentes produtos e de divulgar as suas novas estratégias empresariais. A Agromariensecoop de Santa Maria, Açores apresentou um belo stand com destaque especial para o seu, muito bem conseguido, logótipo. Neste, a palavra Azul, escrita em verde, representa o solo da ilha rodeada pelo azul imenso do oceano. Com esta ambiência armazenava-se, em câmara refrigerada, a meloa típica de Santa Maria e a degustação apelava aos visitantes. O stand das Associações de Produtores, com representação conjunta da Associação de Produtores da Pêra ‘Rocha’ (ANP), Associação Portuguesa de Produtores de Plantas e Flores Naturais (APPP-FN) e Associação dos Produtores de Maçã de Alcobaça (APMA), permitiu uma visão conjunta de um sector de sucesso em Portugal e que está preparado para novos desafios no quadro do Portugal Fresh, centrado na internacionalização das frutas, hortícolas e flores portuguesas. A Galp Energia, empresa que está na vanguarda dos biocombustíveis, apresentou no seu stand, focado no tema “Energia positiva retirada da natureza”, uma panorâmica das suas actividades, com realce para as localizadas em países da América Latina e de África, como o Brasil e Moçambique. A Bejo Zaden Ibérica, com stand próprio ainda no Pavilhão 4, deu par- ticular destaque à sua representada filial portuguesa. Os produtos expostos e a divulgação das suas competências foram alvo da atenção de muitos participantes do Congresso. O Grupo Plastidom, com vasta oferta de estruturas para acondicionamento dos produtos hortícolas e frutas, mereceu também muita curiosidade. Aos visitantes do seu stand foram oferecidas pequenas caixas, em cores variadas, miniaturas de “palettes” para armazenagem de fruta. A Revista Frutas, Legumes e Flores criou um espaço muito apelativo onde divulgou aos visitantes a sua actividade editorial e distribuiu algumas das suas publicações mais recentes. No Pavilhão 2, com dois dos maiores stands da “EXIBITION”, o Grupo Pingo Doce, empresa patrocinadora Gold do IHC 2010, e a Aralab, constituíram um dos pontos centrais da exposição e, naturalmente, foram dos locais mais visitados. No stand Pingo Doce recriou-se uma área de frescos idêntica às existentes nas lojas mais modernas da cadeia. No stand da Aralab exibiram-se câmaras Fitoclima, com as mais evoluídas tecnologias, para crescimento de plantas e conservação de frutas e hortícolas, em condições ambientais totalmente controladas. Em espaço especialmente reservado no Pavilhão do Rio ficou implantado o “Pavilhão de Espanha” que pretendeu ser uma mostra da bem sucedida indústria hortícola e da ciência e tecnologia espanholas. Os dias do Congresso foram sempre muito preenchidos e animados e, por isso, muito naturalmente a “EXHIBITION” fervilhava permanentemente de visitantes. Havia sempre vontade de visitar novos stands e muitas vezes, no intervalo das conferências, de vir degustar algum produto para reequilibrar energias. O stand da Indonésia, foi também um dos mais exóticos e animados, localizado no Pavilhão 2. A Arte em Horticultura esteve também presente no IHC 2010. No Foyer C, com acesso directo ao Pavilhão 1, no rés-do-chão, houve oportunidade de admirar um conjunto soberbo de fotografias intitulado “Vineyards and olive orchards photographs”, dos anos 20 e 30 do século passado, da autoria de António Cézar d’Abrunhosa. A “FrutArt” envolveu alunos das Escolas do Ensino Básico e Secundário da região da Beira Interior, num concurso de pintura de peças de porcelana em forma de frutos que teve o objectivo de incutir nos jovens o gosto pelo design e a sensibilização para o consumo regular de fruta a bem da saúde. No espaço destinado à promoção do azeite português “Olive Oil Tasting”, da responsabilidade da Casa do Azeite e do Laboratório de Estudos Técnicos do ISA foi possível saborear diferentes tipos de azeites portugueses e conhecer alguns parâmetros que permitem distinguir os azeites mais indicados para cada paladar. A Mostra de Azeites e a realização de provas sensoriais fez ressaltar o bom nível qualitativo dos azeites portugueses e fez notar a sua grande versatilidade em termos de sabor, cor e intensidade luminosa. Ficou bem demonstrado tratar-se de um valioso alimento em variadas ocasiões e que os produtos à base de azeite, que se encontravam à venda, têm propriedades específicas como fonte de rejuvenescimento, bem-estar e saúde. No âmbito das actividades do Congresso, organizou-se no dia 24 de Agosto, entre as 10.30 e as 17.30 horas, um “Dia Aberto” com acesso livre à Exposição, para convidados das empresas expositoras. Neste “Dia Aberto” foi fornecido aos expositores e visitantes um catálogo dedicado à “EXHIBITION”, editado pela organização do Congresso. A importância da representação portuguesa na “EXHIBITION” e o seu elevado nível deverá ser um forte estímulo ao desenvolvimento da horticultura nacional. Assim, é com o maior prazer que deixamos quatro testemunhos dos nossos expositores. “A Aralab orgulha-se de ter marcado presença no mais prestigiado evento de Stand da APH. Stand da ISHS, vendo-se em 1.º plano uma banca de livros para venda (edições ISHS). Stand da SECH. Stand da Organização do IHC 2014 - Brisbane. Vários stands de empresas nacionais. Em 1.º plano o stand da Agromariensecoop de Santa Maria, Açores. Vista geral do stand Pingo Doce, vendo-se em 1.º plano cestos de fruta para degustar. Um dos aspectos do stand do Pingo Doce focalizado no Melão Verde. Vêem-se em 1.º plano as assistentes preparadas para a degustação. Revista da APH N.º 103 79 Horticultura do Mundo, o 28th International Horticultural Congress (IHC)… tendo apresentado no espaço que lhe foi atribuído a sua mais recente gama de equipamentos para a área da Biotecnologia e Conservação” (Alberto Araújo). Aspecto parcelar da EXHIBITION, com particular destaque para o stand da Aralab. Aspecto geral do stand da Indonésia, um dos mais exóticos e visitados na “EXHIBITION”. Aspecto de pormenor do stand da Aralab. Aspecto parcial da Mostra dos Azeites de Portugal. “…. a ANP considerou que o espaço de exposição durante o congresso foi de extrema importância para demonstrar alguns exemplos da realidade empresarial do país ligada ao sector hortofrutícola. …que permitia um contacto directo com os congressistas. … que o espaço conjunto com a Maçã de Alcobaça e a APPP-FN foi muito bem conseguido, pois proporcionou uma dinâmica de produtos muito interessante para os congressistas. Por último achámos que a nossa presença neste espaço de exposição foi de extrema importância, pois permitiu-nos promover e dar a conhecer a pêra ‘Rocha’ à comunidade científica, bem como realizar contactos importantes para a ANP” (Sofia Comporta). “…No stand Pingo Doce pretendemos recriar uma área de frescos das lojas mais modernas… Tivemos ainda cestas com produtos hortícolas e degustadores para que os congressistas pudessem provar a nossa fruta. Para além do móvel de fruta, dos degustadores e das cestas tivemos dois móveis refrigerados para colocação de vegetais e produtos de 4ª gama” (Bernardo Cruz). “Para nós e como Casa do Azeite foi uma oportunidade de promover o azeite português num evento onde se encontravam pessoas de todo o Mundo. Estas são sempre iniciativas que acolhemos com muito agrado, dentro das nossas possibilidades” (Teresa Zacarias). Em conclusão, a “EXHIBITION” constituiu uma grande oportunidade para a apresentação de produtos e serviços, de um alargado número de países, a uma vasta audiência de especialistas de todo o Mundo em Ciência e Tecnologia Hortícolas. Nestas páginas da Revista da APH, cumpre-nos agradecer o esforço que as várias empresas fizeram para se representarem no IHC Lisboa 2010 e esperamos que esta presença lhes permita, no futuro, um bom retorno. A forma profissional da sua actuação e o aspecto muito atractivo dos stands contribuiu largamente para o sucesso do IHC Lisboa 2010. * INRB/L-INIA, Oeiras, Portugal 80 Revista da APH N.º 103 Outras realizações Horticulture Brokerage Event Parcerias tecnológicas entre entidades do sistema científico e tecnológico e empresas Luís Mira da Silva* & Rita Carvalho* No final de Agosto realizou-se em Lisboa o International Horticultural Congress, uma iniciativa que juntou mais de 3500 especialistas do sector, originários de todo o Mundo. A INOVISA, em parceria com a Agência de Inovação, o Cluster Agro-industrial do Ribatejo e a Universidade de Évora, aproveitou este congresso para organizar um Horticulture Brokerage Event, que teve como principal objectivo a promoção de reuniões bilaterais entre empresários e investigadores ligados ao sector hortícola, a nível internacional, com a finalidade de se estabelecerem parcerias estratégicas, explorar resultados inovadores de I&D e desenvolver novas tecnologias. O Horticulture Brokerage Event teve 550 participantes inscritos e um total de 779 reuniões marcadas. Os quadros 1 e 2 ilustram a distribuição geográfica dos participantes. O evento funcionou por meio de um website especialmente desenvolvido para o efeito, no qual os participantes registavam o seu perfil, incluindo a oferta ou o pedido de uma determinada tecnologia. Posteriormente, os perfis foram publicados em catálogo no website do Horticulture Brokerage Event, facilitando a marcação de reuniões de acordo com as intenções expressas pelos participantes. Através dos pedidos de reunião foi criado um calendário de reuniões, fazendo o matching entre potenciais parceiros. Entre os participantes do evento podiam encontrar-se investigadores, técnicos e directores de pequenas, médias e grandes empresas, de universidades e institutos de investigação, de agências governamentais e instituições públicas e de empresas start-up. O espaço do Horticulture Brokerage Event estava dividido em duas zonas principais. Numa destas zonas existiam três salas com cerca de 40 mesas, onde os participantes se reuniam com os seus potenciais parceiros, nos horários marcados. Numa outra Recepção do Hortuculture Brokerage Event. Um dos eventos durante o Horticulture Brokerage Event. zona, designada por Lounge, existiam vários espaços onde se podia descansar entre as reuniões, fazer reuniões mais informais de networking, ou simplesmente tomar um café. O espaço Lounge acabou por tornar-se num local nobre do congresso, onde as pessoas se encontravam e podiam conversar e relaxar entre as várias actividades em curso, complementando assim as reuniões mais formais (e com horários marcados) do brokerage. Em paralelo ao Horticulture Brokerage Event a INOVISA organizou um Brainstorm meeting, dedicado também ao tema da transferência de tecnologia, para que os participantes pudessem explorar parcerias interna- Quadro 1 - Participantes no Horticulture Brokerage Event, por continente. Continente Participantes Pedidos de reunião África 41 89 América do Norte 29 37 América Latina 50 78 Ásia 95 197 Europa 244 328 Médio Oriente 50 27 Oceânia 20 23 Total 529 779 Revista da APH N.º 103 81 Espaço do Horticulture Brokerage Event onde os participantes se reuniam com os seus potenciais parceiros. Quadro 2 - Participantes no Horticulture Brokerage Event, por país. País Participantes Espanha 49 China 41 Itália 41 Brasil 28 Irão 26 Japão 24 Portugal 22 Estados Unidos da América 21 Holanda 16 Alemanha 14 África do Sul 13 Índia 12 Outros 222 Total 529 Espaço Lounge do Horticulture Brokerage Event. 82 Revista da APH N.º 103 cionais, nomeadamente com instituições ou empresas Portuguesas. Organizou-se, ainda, um workshop com o tema International Partnerships for Technology Transfer: best practices in business / research relationships in the horticultural sector. Este workshop teve uma elevada aderência de participantes, com backgrounds e perfis muito distintos nas áreas de transferência de tecnologia, clusters e comercialização de tecnologia, conduzindo a uma larga e produtiva discussão sobre modelos de transferência de tecnologia. Muitos dos participantes no brokerage e nas actividades a este associadas reforçaram a importância desta iniciativa no International Horticultural Congress e a necessidade de continuar com actividades similares depois do congresso, promovendo a transferência de tecnologia no contexto da International Society for Horticultural Science (ISHS). Propôs-se mesmo o desenvolvimento de uma plataforma online de brokerage sempre activa, que pudesse promover contactos entre potenciais parceiros (investigadores, empresas,…) e servir de base a futuros eventos de brokerage organizados no âmbito de congressos e seminários da ISHS. * INOVISA - www.inovisa.pt Instituto Superior de Agronomia www.isa.utl.pt Outras realizações Horticultura e arte Maria Elvira Ferreira* No Foyer C do CCL os congressistas puderam apreciar duas exposições artísticas a que se deu o nome genérico de ‘Horticultural Art’. A primeira exposição intitulada ‘Fotografias de Vinhas e Olivais (1920-1930)’ era composta por 24 fotografias de Antonio Cezar d’Abrunhoza, Antonio Cezar d’Abrunhoza (1881-1941) era um agricultor da Beira Baixa que tinha a paixão da fotografia. D’Abrunhoza era um surdo-mudo e a sua deficiência pode ter aumentado o seu interesse no mundo visual, um mundo que ele capturou com rara beleza. Foi na fotografia que encontrou o seu espaço pessoal para se relacionar com o mundo. A sua obra relata não apenas as cenas do quotidiano da sua propriedade e das aldeias, mas é também um documentário social de seu tempo. Artisticamente, as imagens de d’Abrunhoza são modernas em termos de conceito, com alguns grandes planos e uma excelente utilização da luz. A paixão de d’Abrunhoza pela fotografia é patente pelo elevado número de negativos de vidro que deixou (mais de 10000), sendo a maioria com temas ligados à vida rural. As fotos sobre a cultura da oliveira e a produção de azeite foram apresentadas pela primeira vez em 2003, numa exposição no Museu de Francisco Tavares Proença Júnior (Castelo Branco), realizada no âmbito do III Simpósio Nacional de Olivicultura, que decorreu em Castelo Branco. As fotos sobre a cultura da vinha foram expostas no Porto em 2005, durante o V Congresso Ibérico de Ciências Hortícolas/IV Congresso Iberoamericano de Ciências Hortícolas. Os catálogos destas duas exposições, dois livros de rara beleza, estão disponíveis para venda na APH. As fotos expostas durante o Congresso pertencem ao espólio da APH e de Maria Inês Mansinho que, gentilmente, cedeu alguns exemplares o que muito se agradece. A segunda exposição intitulada FRUTART, exibiu alguns das peças executadas por jovens do Ensino Básico e Secundário da região da Beira Interior e que participaram no concurso com o mesmo nome que decorreu como actividade paralela ao 2.º Simpósio Nacional Aspectos da exposição - Fotografias de Vinhas e Olivais (1920-1930). Aspectos da exposição FRUTART. de Fruticultura (Castelo Branco, 2010). O principal objectivo deste concurso foi consciencializar os jovens para a importância da produção de frutos e dos benefícios do consumo de frutas. No número 101 da Revista da APH foi amplamente noticiado este concurso, que mobilizou 30 escolas, tendo sido dis tribuídos 1930 frutos (maçãs, peras, pêssegos e cerejas) de porcelana, que os jovens decoraram/pintaram de forma livre. No decorrer deste Congresso estiveram expostos, além dos frutos vencedores, cerca de 230 frutos para venda que foram muito apreciados pelos congres- sistas. Podemos afirmar que o concurso FrutArt ultrapassou fronteiras, não só com os lindos frutos decorativos adqui ridos pelos presentes, como também pela disseminação da ideia que estamos em crer será aproveitada e adaptada noutros países. Agradece-se à Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Castelo Branco o ter possibilitado esta expo sição, que proporcionou uma onda de juventude e de cor ao IHC Lisboa 2010. *Presidente da Direcção da APH Revista da APH N.º 103 83 Outras realizações BM 11 - Ibero-american NATIONAL SOCIETIES FOR HorticulturE Get-Together Encontro das sociedades ibero-americanas de horticultura Maria Elvira Ferreira* O 28th International Horticultural Congress foi uma excelente oportunidade para o segundo encontro das sociedades ibero-americanas de horticultura. Este encontro decorreu no dia 25, das 18 às 20 horas e foi liderado por Ricardo Elesbão Alves, Director-Executivo da Interamerican Society for Tropical Horticulture (ISTH), Fernando Riquelme, Presidente da Sociedad Española de Ciencias Hortícolas (SECH) e Maria Elvira Ferreira, Presidente da Direcção da APH (fig.1). Este encontro surgiu no seguimento de um outro que em 2007 reuniu em Florianópolis (Brasil) membros de oito sociedades de horticultura de países ibero-americanos (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Espanha, Peru, Portugal e Uruguai). A iniciativa desta primeira reunião partiu da International Society for Horticultural Sciences (ISHS) e decorreu durante o VIII Simpósio Internacional de Frutos de Zonas Temperadas nos Trópicos e nos Sub-Trópicos. Nessa reunião cada um dos representantes apresentou um breve historial da sua sociedade e as iniciativas levadas a cabo pelas mesmas, para o desenvolvimento da Horticultura nos respectivos países. Foi também discutido como actuar de uma forma mais regional, através de actividades de interesse mútuo para o desenvolvimento científico, tecnológico, social e económico das regiões. Actualmente, existem 21 países ibero-americanos com sociedades de Horticultura activas (fig. 2) e só nove países têm representação no Conselho da ISHS (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Espanha, México., Peru, Portugal e Venezuela). A Agenda da reunião deste ano foi a seguinte: - Introdução e histórico; - Apresentação dos representantes das sociedades; - Apresentação das sociedades e troca de experiências com êxito; - Interacção com a ISHS e representação dos países ibero-americanos no 84 Revista da APH N.º 103 Figura 1 - M. Elvira Ferreira (APH), Ricardo Elesbão Alves (ISTH) e Fernando Riquelme (SECH) (da esquerda para a direita). Figura 2 - Países Ibero-americanos. Conselho da ISHS; - Propostas de actuação conjunta; - Temas gerais. Na reunião estiveram presentes, além de Peter Vanderborght, em representação da ISHS, representantes das seguintes sociedades: • Asociación Argentina de Horticultura (ASAHO) – www.asaho.org.ar; • Asociación Iberoamericana de Tecnología Postcosecha (AITEP) www.aitepc.org; • Associacão Portuguesa de Horti cultura (APH) – www.aphorticultura.pt; • Associação Brasileira de Horticultura (ABH) – www.abhorticultura.com.br; • Sociedad Colombiana de Ciencias Hortícolas (SCCH) – www.soccolhort.com; • Sociedad Española de Ciencias Hortícolas (SECH) – www.sech.info; • Sociedad InterAmericana de Horticultura Tropical (ISTH) – www.iasth.org; • Sociedad Peruana de Horticultura (SPH); • Sociedade Brasileira de Fruticultura (SBF) – www.sbfruti.com.br; O Director-Executivo da ISTH iniciou a reunião agradecendo a presença de todos e congratulou-se pelo elevado número de participantes. Depois de fazer um breve resumo sobre a reunião de 2007, apresentou a agenda do dia. Iniciaram-se as apresentações das sociedades que foram diversificadas e Figura 3 - Participantes do Encontro das Sociedades Ibero-americanas de Horticultura. promoveram a interacção com a assistência (fig. 3). A pedido da Presidente da Direcção a apresentação da APH foi a última e nela constavam os objectivos da associação, os tipos e o número de associados, os tipos de publicações editadas, os eventos realizados, com especial ênfase para as parcerias com a ISHS e com a SECH. Desde 1979, que se têm realizado em Portugal eventos co-organizados pela APH, sob a égide da ISHS: Symposium the Production of Tomatoes for Processing (1979); Symposium on Protected Cultivation of Solanacea in Mild Winter Climates (1985); 1st International Symposium on Brassica (1994); 8th International Symposium on Vaccinium Culture (2004); III International Chestnut Congress (2005); X International Pear Symposium (2007); VI International Symposium on Olive Growing (2008). No caso das parcerias com a SECH destacaram-se: as quatro edições das Jornadas Ibéricas de Horticultura Ornamental; os cinco Simpósios Ibéricos de Maturação e Pós-Colheita e os Congressos Ibéricos de Ciências Hortícolas, já com seis edições. Foi feita também uma referência especial aos Congressos Ibero-americanos de Horticultura, dos quais decorreram já duas edições em Portugal - Vilamoura (1997) e Porto (2005) - em simultâneo, respectivamente, com o segundo e o quinto Congressos Ibéricos de Horticultura. No seguimento, foi feita uma proposta para que a 6.ª edição voltasse a ser em Portugal em simultâneo com o VII Congresso Ibérico de Ciências Hortícolas, que decorrerá em 2013 em Portugal, mas ainda sem local determinado. Ao finalizar a apresentação a APH propôs um brinde ao encontro e à união das sociedades, com um dos ex-libris da Horticultura portuguesa, o Vinho do Porto, que foi gentilmente cedido pela empresa Winemine, Unipessoal Lda., a quem muito se agradece. Esta reunião não poderia ter acabado da melhor forma, ficando em todos a vontade de nos voltarmos a reunir. Além das sociedades presentes nesta reunião de trabalho, outras há sobre as quais se encontrou informação actual, mas que não participaram: • Sociedad Agronómica de Chile (SACH) – www.sach.cl; • Sociedad Chilena de Fruticultura (SOCHIFRUT); • Sociedad Chilena de Horticultura (SOCHIHORT); • Sociedad Mexicana de Ciencias Hortícolas (SOMECH) – www.somechmx.com; • Sociedad Uruguaya de Horto-Fruticultura (SUHF) – www.suhfuruguay.org.uy; • Sociedad Venezolana para Fruticultura (SOVEFRU) - www.ucla.edu.ve/ dagronom/sovefru; • Sociedade Brasileira de Floricultura e Plantas Ornamentais (SBFPO) – www.sbfpo.com.br; * Presidente da Direcção da APH Revista da APH N.º 103 85 Outras realizações MESA REDONDA da Assembleia das Regiões Produtoras de Frutas e Legumes da Europa - AREFLH Maria do Carmo Martins* No passado dia 25 de Agosto, integrada no Congresso Internacional de Horticultura, decorreu uma mesa redonda promovida pela AREFLH (Assembleia das Regiões Produtoras de Frutas e Legumes da Europa), na qual se debateram as necessidades de investigação e desenvolvimento para o sector hortofrutícola. Foram oradores nesta mesa redonda, moderada pelo Secretário-geral da AREFLH Jacques Dasque, Jean Jacques Vidal, Presidente do Sindicato de Empresas e Organizações de Produtores de Frutas e Legumes do Languedoc-Roussillon (França), Luciano Trentini do AREFLH’s Producers College (Itália) e Maria do Carmo Martins do Centro Tecnológico Hortofrutícola Nacional (COTHN), como representante de Portugal. Jean Jacques Vidal lançou um desafio aos investigadores presentes, dizendo-lhes o quanto a produção depende de inovações técnicas e tecnoló- gicas para a resolução dos problemas práticos com que se vai deparando. A ênfase foi colocada em particular nos riscos fitossanitários (limites máximos de resíduos, usos não cobertos, as alternativas não químicas) tanto em pré-colheita como em pós-colheita. Luciano Trentini salientou a importância da criação de novas variedades mais adaptadas à IV Gama e com boas características dietéticas. Por seu lado, Maria do Carmo Martins referiu a necessidade de investigação em tecnologias pós-colheita. Os investigadores presentes declararam a necessidade urgente de um melhor diálogo entre a produção e a investigação para um frutífero intercâmbio da informação. Foi proposto que a AREFLH fosse o suporte de uma plataforma de intercâmbio entre a investigação e a produção, a nível europeu. Jean Jacques Vidal e Luciano Trentini com o moderador da mesa redonda Jean Dasque (da esquerda para a direita). * COTHN, Portugal Maria do Carmo Martins (COTHN) durante a sua apresentação. 86 Revista da APH N.º 103 Homenagens Títulos Honoríficos e Homenagem No decorrer do Jantar de Encerramento do 28th International Horticultural Congress a APH atribuiu dois títulos de Horticólogo de Honra a Paulo César Tavares de Melo (Brasil) e a Frederick Bliss (Estados Unidos da América) e dois títulos de Sócio Honorário a Armando Torres Paulo (Portugal) e Heiko van der Borg (Holanda). Foi também homenageado Carlos Alberto Martins Portas a quem foi entregue uma prenda simbólica. Antes da distribuição das placas comemorativas e da prenda, foram lidas umas breves notas biográficas sobre os homenageados que a seguir se transcrevem. A Direcção da APH recebeu a seguinte mensagem de agradecimento do Prof. Paulo César Tavares de Melo: Paulo César Tavares de Melo Horticólogo de Honra É professor no Departamento de Produção Vegetal da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo, no Brasil. Desenvolve actividades de investigação em melhoramento de plantas hortícolas (cebola, tomate e cenoura), em horticultura herbácea, em produção biológica de hortaliças e na produção de sementes hortícolas. É professor convidado de universidades do Brasil e de países latino-americanos. É membro do Conselho Assessor Externo (CAE) da Embrapa Hortaliças e da Câmara Sectorial Federal da Cadeia Produtiva de Hortaliças do MAPA e também do Comité Latino-Americano de Incentivo ao Consumo de Frutas e Hortaliças. É editor científico de revistas científicas do Brasil e da Colômbia. É Presidente da Associação Brasileira de Horticultura (ABH) e membro do Conselho da ISHS, como representante do Brasil. Paulo Tavares de Melo recebeu a placa de Horticólogo de Honra de Carlos Portas, Presidente da Assembleia-Geral da APH. Em primeiro lugar, quero me desculpar pela demora em agradecer pelo envio das fotos do Jantar de Gala no Casino de Estoril. Aquele momento, registrado nas fotos, foi o ponto alto de minha carreira que completa 40 anos em Janeiro próximo e sou imensamente agradecido à APH pelo importante título honorífico que me concedeu. O IHC Lisboa 2010 foi, sem dúvida, um evento memorável e com todos os colegas do Brasil que tive a oportunidade de falar pós-congresso, a opinião foi unânime quanto ao primor da orga nização e também sobre a agradável estada em Lisboa. Na verdade, nos sentimos em casa, pois só o fato de estarmos em um país que não temos dificuldade de comunicação e com o qual temos afinidade cultural já faz muita diferença. O Horticólogo de Honra Paulo Tavares de Melo. Revista da APH N.º 103 87 A Direcção da APH recebeu a seguinte mensagem de agradecimento do Prof. Frederick Bliss: Frederick Bliss Horticólogo de Honra É Professor Emérito do Departamento de Ciências Vegetais da Universidade da Califórnia, Davis (EUA) e, recentemente, aposentou-se da Divisão de Vegetais da Monsanto, como Director. Tem uma longa carreira científica como melhorador de plantas hortícolas, em especial, feijão e tomate, de árvores de fruto e porta-enxertos. Colaborou em projectos de investigação de melhoramento no seu país, assim como em vários países desde África até à América Latina. Recentemente, tem trabalhado com a FAO na ‘Iniciativa Global para o Melhoramento de Plantas’ (Global Initiative for Plant Breeding) e é responsável por um projecto sobre ‘Formação de Jovens Melhoradores’, da Universidade de Davis. Foi Presidente da Sociedade Americana de Horticultura e tem dois títulos de ‘Fellow’ atribuídos pelas Sociedades Americana e Canadiana de Ciências Hortícolas. No 28th International Horticultural Congress foi Presidente da Comissão de Indústria. I want to thank you again for the Honor Horticulogist recognition that I received at the IHC dinner last month. The entire evening was an event that both my wife and I will remember with great affection. It was indeed a highlight of the conference and for me professionally. A entrega da placa de Horticólogo de Honra a Frederick Bliss por Graça Palha, Vice-Presidente da APH para a Horticultura Herbácea. O Horticólogo de Honra Frederick Bliss. A Direcção da APH recebeu a seguinte mensagem de agradecimento do Engenheiro Armando Torres Paulo: Armando Torres Paulo Sócio Honorário É Engenheiro Agrónomo e empresário agrícola na área da fruticultura no Oeste. É fundador e membro de várias organizações de produtores e de comercialização de fruta. É Presidente da Direcção do COTHN (Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional) e da ANP (Associação Nacional de Produtores da Pêra Rocha). É membro do Conselho da AREFLH (Assembleia das Regiões Produtoras de Frutas e Legumes da Europa). Foi Presidente da Comissão Organizadora do Xth International Pear Symposium, que decorreu em Portugal em 2007, sob a égide da ISHS. É membro do Conselho Consultivo da APH desde a sua formação. Em 2006, foi agraciado pelo Presidente da República de Portugal com a Ordem de Mérito Agrícola, Comercial e Industrial (Classe de Mérito Agrícola) em reconhecimento como empresário agrícola e do seu trabalho em prol do associativismo, do desenvolvimento da Região Oeste e da dedicação à Pêra Rocha. É também Chanceler da Confraria da Pêra Rocha do Oeste. 88 Revista da APH N.º 103 Doutora Maria Elvira Ferreira, Presidente da Direcção da Associação Portuguesa de Horticultura Armando Torres Paulo recebe a placa de Sócio Honorário de Maria da Graça Barreiro, Vogal da APH para as Relações Públicas. O Sócio Honorário Armando Torres Paulo. Agradeço à APH a honra de ter sido homenageado na cerimónia de encerramento do XXVIII International Horticultural Congress. Sei quanto foi importante para a APH e para a Horticultura portuguesa a realização em Lisboa deste Congresso, e do impacto que a sua impecável organização teve e terá. Sei também a importância da decisão tomada pela ISHS em ter escolhido um português para a presidir - o Prof António Monteiro. Sinto orgulho pelo Prof António Monteiro, sinto orgulho pelo modo como este Congresso foi realizado e pelo apoio que as equipas técnicas do COTHN e da ANP puderam dar, senti imensa alegria e orgulho pela distinção que me fizeram. Quanto à APH, há que continuar a caminhada, sabendo que “a recompensa de uma boa acção é tê-la realizado” - Séneca Heiko van der Borg Sócio Honorário (Título Póstumo) Começou a trabalhar no Secretariado da ISHS (International Society for Horticultural Science) em 1972, tendo sido o primeiro editor da Acta Horticulturae. Foi primordial a sua acção para a criação de Secções, Comissões e Grupos de Trabalho dentro da ISHS. De 1982 a 1994, foi Secretário-Geral-Tesoureiro da ISHS, onde efectuou um excelente trabalho em prol da expansão da sociedade em várias partes do mundo, bem como no reforço da Acta Horticulturae. Além do seu trabalho na ISHS, fundou o OCDE ‘Programa Cooperativo de Investigação sobre o Desenvolvimento Sustentável de Recursos’ e a Cooperativa Germano-Holandesa de Banco de Genes de Batata. Foi representante da Holanda no Comité de Investigação Agrária da União Europeia e Director de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura da Holanda. A placa de Sócio Honorário atribuída a Heiko van der Borg foi entregue a António Monteiro (Presidente da ISHS) que representou a família do homenageado. Homenagem Carlos Alberto Martins Portas A Direcção da APH não quis deixar passar esta oportunidade sem homenagear o seu fundador, sócio número um e primeiro presidente, o Prof. Carlos Alberto Martins Portas, por todo o seu trabalho, esforço e dedicação para o desenvolvimento e progresso da APH e na intensificação das relações com outras sociedades congéneres, como a ISHS e a Sociedade Espanhola de Ciências Hortícolas (SECH). É o congressista com maior número de presenças nos Congressos Internacionais de Horticultura. A sua primeira participação foi em 1966, no XVII IHC em College Park, Maryland (EUA), e até agora não deixou de participar em nenhuma das edições anteriores, sendo o Congresso de Lisboa o seu 12.º congresso. Desde 1976 que é um membro muito activo do Conselho da ISHS como representante de Portugal, tendo sido também presidente do Working Group ‘Production of Vegetables for Processing’ de 1981 a 1990 e da Secção ‘Vegetables’ de 1990 a 1998. Em 2006, foi-lhe atribuído o título de Membro Honorário da ISHS e a APH já lhe atribuiu os títulos de Horticólogo de Honra (1985) e de Sócio Honorário (1990). A Direcção da APH recebeu a seguinte mensagem de agradecimento do Prof. Carlos Portas: Para a Doutora Maria Elvira Ferreira, Presidente da Direcção da Associação Portuguesa de Horticultura Com muita alegria e não sem emoção, venho agradecer à nossa APH, corporizada na Direcção a que preside, a homenagem que me foi prestada no Jantar de Encerramento do XXVIII International Horticultural Congress, no passado dia 26 de Agosto, assinalado na oferta linda de cristal com mensagem gravada da APH. O homenageado Carlos Portas. Efectivamente tenho dado o que sei e pude à sua existência e vida, para o progresso da horticultura portuguesa globalizada. Mas de nada isso serviria se não fosse a notável série de colegas que ao longo de 35 anos a têm dirigido e animado. Bem hajam pois! Terminando à minha maneira, ‘até à eternidade’ (no agradecimento). Revista da APH N.º 103 89 INFORMAÇÃO AO LEITOR … O “site” do IHC Lisboa 2010, http://www.ihc2010.org, mantém-se ainda activo. Os leitores interessados em obter informações sobre qualquer assunto do Congresso poderão continuar a aceder, na Internet, ao referido “portal”. Para maior destreza na recolha de notícias deixamos aqui alguns “links” que, facilmente, darão acesso aos diversos eventos que ocorreram durante o Congresso, designadamente: Colóquios, Simpósios, Seminários, Workshops e Sessões Temáticas. De igual modo, através dos “links” sugeridos, ter-se-á acesso directo aos e-posters e ao catálogo da “Exhibition”. As listas de autores e de patrocinadores estão também disponíveis nos respectivos “links” directos. Por último, e para ajuda ao registo em memória, encaminham-se os leitores para a galeria de fotos onde certamente se poderão apreciar e mesmo reviver os intensos e animados dias vividos no IHC Lisboa 2010. Revista da APH N.º 103 www.ihc2010.org/docs/Coloquia.Final%20Programme.pdf Simpósios www.ihc2010.org/content.asp?page=symposia Seminários www.ihc2010.org/content.asp?page=seminars Workshops www.ihc2010.org/docs/Workshops.Final%20Programme.pdf Sessões Temáticas www.ihc2010.org/content.asp?page=thematic_sessions e-Posters www.ihc2010.org/eposters/results.asp?posterId=&category=116 Exhibition www.ihc2010.org/docs/Exibhitions.pdf Listagem de autores www.ihc2010.org/docs/List%20of%20Authors.pdf Lista de Patrocinadores www.ihc2010.org/docs/Sponsors.pdf Fotos picasaweb.google.com/ihc2010congress - A. Pereira Jordão, Lda. - ADP Fertilizantes, SA - Alípio Dias & Irmão, Lda. - António Silvestre Ferreira - Associação da Maçã de Alcobaça - Brasplanta, Viveiro de Plantas, Lda. - Dow AgroSciences, SA - Grupo Hubel - Koppert, Comércio de Produtos Biológicos Lda. - Lusosem, Produtos para Agricultura, SA Secretariado 90 Colóquios - José Manuel Macedo de Pitta-Simões 1834 Cadaval - António Pedro Pereira Dias 1835 Moimenta da Beira - José Feliz Crispim1836 Lorinhã - Patrícia Mafalda Esteves Gomes 1837 Loures - Ludgero C. Martins 1838 Lagoa - Gemusering Portugal - Prod. Hort. Lda. 1839 Odemira - Estevão José Pedro Kachiungo 1840 Casal de São Brás - Cátia Sofia Pinto Bulas 1841 Batalha - Conceição Boavida1842 Lisboa - Sílvia de Fátima Barbosa Bulhões 1843 São Brás NOVOS SóCIOs Sócios Patrono IHC Lisboa 2010 - Endereços na Internet - Mercado Abastecedor da Região de Coimbra, SA - Raul Patrocínio Duarte, Lda - Sativa, Desenvolvimento Rural, Lda. - SAPEC S.A - Selectis, Produtos para a Agricultura, SA - Sementíbrida, Lda. - Soares & Rebelo - Sugalidal, Indústrias de Alimentação, SA - Tecniferti, Fertilizantes Líquidos - Viveiros Mirajardim Rua da Junqueira, n.º 299, 1300-338 Lisboa, Portugal Horário de funcionamento: De 2.ª a 6.ª Feira, das 8.30 às 14.30h Tel.: 213 623 094 / 213 633 719 Fax: 213 633 719 E-mails: Geral: [email protected] Presidente: [email protected] Tesoureiro: [email protected] Editor da Revista: [email protected] Calendário de eventos Data Evento Local Site 2/03 II Jornadas Técnicas da Batata Santarém, Portugal www.aphorticultura.pt 14-17/03 V International Symposium on Vegetable Nutrition and Fertilization: Vegetable Farms Management Strategies for Eco-Sustainable Development Giza, Egipto [email protected] 14-17/03 I International Symposium on Sustainable Vegetable Production in South-East Asia Salatiga, Indonésia www.vegsea2011.ugent.be 19-23/03 I International Symposium on Wild Relatives of Subtropical and Temperate Fruit and Nut Crops Davis, USA wildcrops2011.ucdavis.edu 4-7/04 International Symposium on Organic Matter Management and Compost Use in Horticulture Adelaide, Austrália compost-for-horticulture.com 8-12/05 VIII International Workshop on Sap Flow Volterra, Itália www.sapflow8th.sssup.it 15-19/05 II International Symposium on Soilless Culture and Hydroponics Puebla, México www.soillessculture.org 15-19/05 I International Symposium on Microbial Horticulture Alnarp, Suécia www.ishs-microhort.com/ 16-19/05 VI International Symposium on Edible Alliaceae 23-26/05 Postharvest Unlimited 2011 Wenatchee, WA,USA [email protected] Maio IV Encontro de Docentes de Horticultura do Ensino Superior Porto, Portugal www.aphorticultura.pt 5-10/06 International Symposium on Advanced Technologies and Management towards Sustainable Greenhouse Ecosystems Chalkidiki, Grécia www.greensys2011.com 13-17/06 International Symposium on Responsible Peatland Management and Growing Media Production Quebec, Canadá www.peatlands2011.ulaval.ca 15-19/06 I International Mulberry Symposium Turquia [email protected] 20-24/06 XV International Symposium on Apricot Breeding and Culture Yerevan, Arménia [email protected] 22-26/06 X International Rubus and Ribes Symposium Zlatibor, Sérvia [email protected] 27/06-1/07 II International Symposium on Underutilized Plants: Crops for the Future - Beyond Food Security Kuala Lumpur, Malásia festo.massawe@nottingham. edu.my 29/06-3/07 III International Symposium on Landscape and Urban Horticulture Nanjing, China www.luh2011.org 17-21/07 2nd International Conference on Quality Management of Fresh Cut Produce Torino, Itália www.freshcut2011.org 29/08-2/09 17th International Symposium GiESCO 2011 Asti e Alba, Itália my.unito.it/unitoWAR/page/dipartimenti5/D046/GiESCO_2011 5-7/09 VI Congresso Ibérico de Agro-Engenharia Évora, Portugal www.ageng2011.uevora.pt 22-24/09 3.º Colóquio Nacional de Horticultura Biológica e 1.º Colóquio Nacional de Pecuária Biológica Braga, Portugal www.aphorticultura. pt/3cnhb_1cnpab 28/09-1/10 17th Organic World Congress Namyangju, Coreia do Sul www.kowc2011.org 13-15/10 V Jornadas Ibéricas de Horticultura Ornamental Faro, Portugal www.aphorticultura.pt/VJIHO Fukuoka, Japão www2.convention.co.jp/isea2011 Revista da APH N.º 103 91