Ciências Biológicas

Transcrição

Ciências Biológicas
Anais
03 a 06 de novembro de 2014
Anais
9a Edição, Série 2
São Luís - Maranhão
2014
Reitor:
Francisco Roberto Brandão Ferreira
Coordenação Geral:
Natilene Mesquita Brito
Ligia Cristina Ferreira Costa
Comissão Científica:
Adriana Barbosa Araújo
Aline Silva Andrade Nunes
Ana Patrícia Silva de Freitas Choairy
Ana Silvina Ferreira Fonseca
Cleone das Dores Campos Conceição
Cristovão Colombo de Carvalho Couto Filho
Dea Nunes Fernandes
Delineide Pereira Gomes
Flávia Arruda de Sousa
Janete Rodrigues de Vasconcelos Chaves
José Antonio Alves Cutrim Junior
Karla Donato Fook
Kiany Sirley Brandao Cavalcante
Luís Cláudio de Melo Brito Rocha
Luzyanne de Jesus Mendonça Pereira
Robson Luis e Silva
Samuel Benison da Costa Campos
Tânia Maria da Silva Lima
Tereza Cristina Silva
Terezinha de Jesus Campos Lima
Thayara Fereira Coimbra
Vilma de Fátima Diniz de Souza
Yrla Nivea Oliveira Pereira
Apoio Técnico:
Comunicação e Cultura:
Andreia de Lima Silva
Cláudio Antônio Amaral Moraes
Diego Deleon Mendonça Macedo
Emanuel de Jesus Ribeiro
Jorge Araújo Martins Filho
José Augusto do Nascimento Filho
Karoline da Silva Oliveira
Luís Cláudio de Melo Brito Rocha
Mariela Costa Carvalho
Maycon Rangel Abreu Ferreira
Miguel Ahid Jorge Junior
Nayara Klecia Oliveira Leite
Rondson Pereira Vasconcelos
Valdalia Alves de Andrade
Wanderson Ney Lima Rodrigues
Cerimonial e Hospitalidade:
Aline Silva Andrade Nunes
Fernando Ribeiro Barbosa
Janete Rodrigues de Vasconcelos Chaves
Thaiana de Melo Carreiro
Terezinha de Jesus Campos de Lima
Infraestrutura e Finanças:
Ana Ligia Alves de Araujo
Anselmo Alves Neto
Carlos César Teixeira Ferreira
Edmilson de Jesus Jardim Filho
Gláucia Costa Louseiro
Hildervan Monteiro Nogueira
Juariedson Lobato Belo
Keila da Silva e Silva
Mauro Santos
Priscilla Maria Ferreira Costa
Rildo Silva Gomes
Tecnologia da Informação:
Allan Kassio Beckman Soares da Cruz
Cláudio Antônio Costa Fernandes
Francisco de Assis Fialho Henriques
José Maria Ramos
Leonardo Brito Rosa
William Corrêa Mendes
Projeto Gráfico e Diagramação:
Luís Cláudio de Melo Brito Rocha
Realização:
Patrocínio:
Apoio:
Ciências Biológicas
Zoologia
Apresentação
Esta publicação compreende os Anais do IX CONNEPI - Congresso
Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação. O material aqui reunido é
composto por resumos expandidos de trabalhos apresentados por
pesquisadores de todo o Brasil no evento realizado em São Luís-MA,
entre os dias 3 e 6 de novembro de 2014, sob organização do Instituto
Federal do Maranhão.
Os resumos expandidos desta edição do CONNEPI são produções
científicas de alta qualidade e apresentam as pesquisas em quaisquer
das fases em desenvolvimento. Os trabalhos publicados nestes Anais
são disponibilizados a fim de promover a circulação da informação
e constituir um objeto de consulta para nortear o desenvolvimento
futuro de novas produções.
É com este propósito que trazemos ao público uma publicação científica
e pluralista que, seguramente, contribuirá para que os cientistas de
todo o Brasil reflitam e aprimorem suas práticas de pesquisa.
DIAGNÓSTICO SÓCIOECONÔMICO DOS CATADORES DE CARANGUEJO-UÇÁ Ucides cordatus (L.
1763) (DECAPODA, BRACHYURA) DO RECÔNCAVO BAIANO, BAHIA, BRASIL
1
1
1
1
2
2
A. S. Conceição (IC) ; I. M. Santos (IC) ; M. L. C. M. Brandão (IC) ; E . S. Fernandes (PQ) ; S. J. C.ruz (PQ)
2
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano (IFBAIANO) - Campus Valença -, Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano (IFBAIANO) - Campus Valença:
email:[email protected]
(IC) Iniciação Científica
(PQ) Pesquisador
RESUMO
O presente projeto objetivou analisar o perfil
socioeconômico dos catadores de caranguejo-Uçá na
região do recôncavo baiano, no período de
janeiro/2012 a janeiro/ 2013. Para tanto, aplicou-se
400 questionários direcionados a catadores dos
municípios de Santo Amaro da Purificação, Saubara,
São Francisco do Conde e Madre de Deus. Após
obtenção dos resultados, os mesmo foram tratados
estatisticamente e percebeu-se que a idade dos
catadores variou entre 14 e 60 anos, 16 e 59 anos, 19
e 51 anos e, 17 e 53 anos, respectivamente. Já o grau
de escolaridade em Santo Amaro da Purificação foi de
65% dos entrevistados possuidores de
ensino
fundamental, seguido de São Francisco do Conde com
58% e Madre de Deus com 54%, sendo este último o
maior em analfabetos, 42%. A análise sobre a renda
dos catadores, revelou que a
grande maioria
encontra-se na faixa entre R$ 101,00 e R$ 200,00,
índice preocupante ao se pensar numa estrutura
familiar composta por pais e três filhos em média.
Salienta-se que o presente trabalhou também
analisou o tempo de moradia dos catadores nas
comunidades estudadas, a técnica de captura
adotada, o respeito ao período do defeso do animal,
a produtividade de animais nos manguezais
explorados e captura ou não de fêmeas. Com base
nessas informações, concluiu-se que o caranguejoUçá é uma fonte de renda imprescindível aos
catadores, entretanto para a contínua exploração
desta atividade deve-se analisar, não apenas fatores
socioeconômicos, mas também analisar os fatores
ambientais para se preservar a fauna e evitar
possíveis danos nas capturas.
PALAVRAS-CHAVE: Manguezal, Catadores de caranguejo, Ucides cordatus
DIAGNOSIS OF SOCIOECONOMIC LAND CRAB PICKERS Ucides cordatus (L. 1763) (DECAPODA,
BRACHYURA) RECÔNCAVO BAIANO, BAHIA, BRAZIL
ABSTRACT
This project aimed to analyze the socioeconomic profile
of the land crab pickers in the Baiano Reconcavo region ,
between January/2012 and January / 2013. Therefore,
we applied 400 questionnaires addressed to pickers of
the municipalities of Santo Amaro da Purificação
Saubara , São Francisco do Conde and Madre de Deus.
After obtaining the results, the same were treated
statistically and it was realized that the age of pickers
ranged between 14 and 60, 16 and 59 , 19 and 51 and ,
17 and 53, respectively. Concerning the level of
schooling, in Santo Amaro da Purificação 65% of people
surveyed have elementary school , followed by São
Francisco do Conde , with 58 % and Madre de Deus with
is an essential source of income for the scavengers,
however for the continued exploration of this activity
54 % , the latter being the largest in illiterate , 42 % . The
analysis of the income of crab-catchers revealed that the
vast majority range between R $ 101.00 and R$ 200.00,
worring result considering the
family structure
consisting of parents and three children on average . It is
noted that this also worked analyzed the time of
residence of the collectors in the communities studied ,
the capture technique adopted , respect for the animal
defense period , the productivity of the animals
exploited mangroves and capture or not females . Based
on this information , it was concluded that the land crab
should be analyzed not only socioeconomic factors but
also analyze the environmental factors to preserve
wildlife and prevent possible damage to the catch .
KEY WORDS: Mangrove, land crab pickers, Ucides cordatus
DIAGNÓSTICO SÓCIOECONÔMICO E PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS CATADORES DE
CARANGUEJO-UÇÁ Ucides cordatus cordatus (L. 1763) (DECAPODA, BRACHYURA)DO
RECÔNCAVO BAIANO, BAHIA, BRASIL
INTRODUÇÃO
O manguezal é um ecossistema costeiro, de transição entre os ambientes terrestre e
marinho, característico de regiões tropicais e subtropicais, sujeito ao regime das marés
(SCHAEFFER, NOVELLI, 1995), que apresenta condições propícias para alimentação, proteção e
reprodução de muitas espécies animais, sendo ainda, um gerador de bens e serviços (QUINÕNES,
2000; SCHULER, 2000; NANNI, NANII, 2005). Devido à grande importância na ciclagem de
nutrientes e criadouro de animais, os manguezais são designados como áreas de preservação
permanente.
A relação entre o homem e o ecossistema de manguezal, muitas vezes segue uma linha
econômica, onde o que coletado nestes ambientes tornam-se muitas vezes, a única fonte de
renda, ou como complementação da mesma.
Diante desse contexto, em meio as comunidades extrativistas, para as comunidades
ribeirinhas que são enquadradas nesse perfil e que sobrevivem as margens das florestas de
mangue, alguns crustáceos decápodes, bem como alguns moluscos bivalves representam grupos
de maior relevância econômica na atividade de mariscagem. Em meio as espécies capturadas e
utilizadas como itens de subsistência, seja através da alimentação ou da comercialização,
destacam-se entre os bivalvia a ostra de mangue Crassostrea rhizophorae (Guilding 1828) e o
sururu ( Mytilus guyanensis, Lamarck), entre os Brachyura merecem ressalvas o goiamum
(Cardisoma guanhumi, Latreille), o aratu (Goniopsis cruentata, Latreille, 1803), os siris do gênero
Callinecte (Stimpson, 1860) e o caranguejo-Uçá (Ucides cordatus, Linnaeus, 1763). Este último,
entretanto, representa a espécie mais extraída e de maior saliência para a economia doméstica
das comunidades que vivem no entorno do recôncavo baiano (NOBREGA e NISHIDA, 2003; CRUZ,
2006).
Vale ressaltar que de acordo com Vieira et al (2004) e Saint-Paul (2006), dentre os
mariscos capturados nos manguezais, a coleta do caranguejo-Uçá é considerada uma atividade
econômica singular administrada em escala comercial no Brasil. Wolff et al. (2000), Santos (2002)
e Glaser e Diele (2004), corroborando com o descrito por Glaser (2003), enfatizam que U.
cordatus é uma espécie de grande importância econômica, constituindo fonte de renda para
parte da população com baixo poder aquisitivo da região Norte e Nordeste do Brasil.
Em função da sua grande importância ambiental e socioeconômica, a espécie U. cordatus
é estudada sob os mais diversos enfoques, e diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi
analisar o perfil socioeconômico dos catadores de caranguejo-Uçá na região do recôncavo
baiano, no período de janeiro de 2012 a janeiro de 2013. Especificamente, pretendeu-se
identificar o modo de produção e comercialização dos caranguejos pelos catadores; e ainda
analisar o modus vivendi destes catadores em relação ao ambiente de manguezal.
MATERIAIS E MÉTODOS
Esta pesquisa é de natureza qualitativa e foi desenvolvida tendo como critérios: o
ambiente natural como fonte direta de dados; as informações obtidas foram essencialmente
descritivas; atentou-se, em especial, para o “significado” que as pessoas dão “as coisas” e à sua
vida; e ainda conceber a análise dos dados como um processo indutivo, porém embasado num
quadro teórico que oriente a coleta e a análise dos dados (LUDKE & ANDRÉ, 1986).
Neste sentido, após a pesquisa bibliográfica, os dados foram coletados a partir da técnica
de aplicação de questionários junto a 400 catadores de caranguejo do Recôncavo Baiano,
especificamente nos municípios de Santo Amaro, São Francisco do Conde, Saubara e Madre de
Deus, durante o período de Janeiro de 2012 a Janeiro de 2013. A estatística descritiva foi utilizada
como ferramenta de análise e interpretação dos dados.
Área de Estudo
Localizado no entorno da Baía de Todos os Santos, no Estado da Bahia, a região
identificada como Recôncavo Baiano, é um complexo de municípios com uma grande riqueza
natural e cultural. Dentre os municípios presentes no recôncavo, 04(quatro) foram delimitados
pra a realização desta pesquisa devido à intensa exploração do caranguejo-Uçá nessas
localidades, bem como a grande produtividade dessa espécie de crustáceo nas florestas de
manguezal das regiões em estudo (CRUZ, 2006; PARAGUASSU, SILVA e CRUZ, 2007), a saber:
(FIG.1).
Figura 1. Localização dos municípios de Saubara, Santo Amaro da Purificação, São
Francisco do Conde e Madre de Deus, situados no Recôncavo Baiano.
Fonte: Adaptador de dados da CONDER – www.conder.ba.gov.br (2013)
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados apresentados a seguir, são o fruto de 12 meses de pesquisa junto aos
catadores de caranguejo-Uçá que exercem esta atividade na região do Recôncavo Baiano.
A Tabela 1 descreve a estrutura etária das populações amostradas, na qual se observou
que a idade dos catadores variou entre 14 e 60 anos, 16 e 59 anos, 19 e 51 anos e, 17 e 53 anos,
todavia, a média de idade desses extrativistas nas citadas cidades foi de 37, 38, 31 e 29 anos
respectivamente para os municípios de Saubara, Santo Amaro, São Francisco do Conde e Madre
de Deus. A presença de adolescentes nesta atividade, provavelmente ocorre devido a uma
questão cultural onde o “ofício” é passado de pai para filho, bem como por serem, em geral,
famílias de baixa renda, onde os jovens são inseridos como colaboradores da renda familiar.
Tabela 1. Flutuação da idade dos catadores de caranguejo-Uçá (Ucides cordatus,
Linnaeus, 1763) entrevistados dos municípios de Saubara, Santo Amaro, São
Francisco do Conde e Madre de Deus, Recôncavo Baiano – Jan.2012 a Jan.2013.
MUNICÍPIOS
Saubara
Santo Amaro
São Francisco do Conde
Madre de Deus
10 A 20
ANOS
6
4
6
8
21 A 30
ANOS
36
45
20
18
31 A 40
ANOS
42
34
21
25
41 A 50
ANOS
12
12
45
32
51 A 60
ANOS
4
5
8
17
Como demonstrado, Santo Amaro, apresenta uma mão de obra em idade intermediária
entre jovens e adultos. Como maior município deste estudo, oferece uma infraestrutura urbana
com oferta de serviços que podem possibilitar uma permanência mais prolongada dos jovens.
Antagonicamente Madre de Deus, menor município, quando comparado aos demais desta
pesquisa, tem na população mais idosa sua maior mão de obra, podendo ser baseada por uma
tendência natural dos jovens migrarem para cidades maiores em busca de melhores
oportunidades de estudos e emprego.
Ao apreciar-se o tempo de moradia dos entrevistados em cada um dos municípios (TAB.
2), verifica-se que a maioria dos catadores residem entre 2 e 4 décadas, o que pode conotar um
sentimento de pertença dos mesmos, pois é o período em quem estabelecem família, criam laços
afetivos e obtém o sustento. O tempo de permanência no local é um fator preponderante para o
estabelecimento de raízes e de uma cultura particular, com memória e identidade próprias, o que
é análogo a definição de comunidades tradicionais: “grupos culturalmente diferenciados, que
possuem formas próprias de organização social” (BRASIL, Decreto nº6.040/07).
Desse modo, tempos maiores de fixação de residência na área estudada sugerem que
entre a categoria dos catadores de caranguejo ainda existe um sentimento de vínculo e
pertinência ao ambiente. Para Marcelino (2000), em áreas estuarinas tradicionais, é comum a
permanência média de moradores em comunidades pesqueiras por mais de 30 anos.
Tabela 2. Tempo de moradia na comunidade estudada dos catadores de
caranguejo-Uçá (Ucides cordatus, Linnaeus, 1763) entrevistados entre jan./2012 e
jan./2013 dos municípios de Saubara, Santo Amaro, São Francisco do Conde e
Madre de Deus, Recôncavo Baiano – Jan.2012 a Jan.2013.
MUNICÍPIOS
Saubara
Santo Amaro
São Francisco do Conde
Madre de Deus
0 A 10
ANOS
5
8
9
12
11 A 20
ANOS
41
38
32
44
21 A 30
ANOS
38
44
14
4
31 A 40
ANOS
12
8
35
32
41 A 50 ANOS
4
2
10
8
As oscilações deste tempo de moradia, especialmente nas duas primeiras décadas podem
ter uma relação com efeito de migração, entre os próprios municípios do recôncavo entre si,
como deste para a capital baiana, que torna-se símbolo de melhores oportunidade de vida.
Outro aspecto do perfil dos catadores refere-se ao seu grau de escolaridade (TAB 3). Em
Santo Amaro, 65% dos entrevistados possuem o ensino fundamental, seguido de São Francisco
do Conde com 58% e Madre de Deus com 54%, sendo este último o maior em analfabetos, 42%.
Tabela 3. Perfil do grau de escolaridade dos catadores de caranguejo-Uçá (Ucides
cordatus, Linnaeus, 1763) entrevistados entre jan./2012 e jan./2013 dos
municípios de Saubara, Santo Amaro, São Francisco do Conde e Madre de Deus,
Recôncavo Baiano – Jan.2012 a Jan.2013.
MUNICÍPIOS
ANALFABETO
Saubara
Santo Amaro
São Francisco do Conde
Madre de Deus
32
27
34
42
ENSINO
FUNDAMENTAL
48
65
58
54
ENSINO MÉDIO
20
8
8
4
Estes dados demonstram ainda, que o índice de analfabetismo é muito alto, quanto
que aqueles que alcançam o ensino médio é minoria para todos os municípios. Sendo o maior
agravante em Madre de Deus onde apenas 4%, possui o nível médio. A oportunidade de
estudos para qualquer faixa etária é de suma importância, não apenas para obtenção dos
conhecimentos acadêmicos, mas também para o fortalecimento ao exercício da cidadania. Em
muitas situações, especialmente para o sexo masculino, o abandono dos estudos ocorre em
função do provimento ao sustento familiar.
Neste sentido, a análise sobre a renda dos catadores entrevistados (FIG.2), revela que sua
grande maioria encontra-se na faixa entre R$ 101,00 e R$ 200,00, índice preocupante ao se
pensar numa estrutura familiar composta por pai, mãe e três filhos em média. A necessidade de
ampliar a renda pode ser a causa da inserção dos jovens como colaboradores da economia
familiar auxiliando seus pais na atividade extrativista do caranguejo-Uça. Em Santo Amaro 60%
dos entrevistados estão nesta faixa de arrecadação, seguido de 57% em Saubara, 54% em Madre
de Deus e 49% em São Francisco do Conde. A complementação desta renda tem origem em
programas governamentais e atividades do campo, em menor proporção.
Vale ressaltar que os indivíduos que vivem desta atividade, formam um grupo social
extremamente pobre e que resistem no tempo e no espaço, quando é notada a degradação dos
manguezais pela poluição, ocupação desordenada que exauri, em escala crescente, os recursos
naturais disponíveis e alteram a paisagem natural.
Figura 2. Percentual de arrecadação financeira (R$) mensal dos catadores de caranguejo-Uçá
(Ucides cordatus, Linnaeus, 1763) entrevistados entre jan./2012 e jan./2013 dos municípios
de Saubara, Santo Amaro, São Francisco do Conde e Madre de Deus - Recôncavo Baiano.
Bahia, Brasil.
Ao serem questionados sobre os métodos utilizados para a captura do caranguejo-Uçá
(FIG.3), 83% dos entrevistados de Santo Amaro, seguido de 71% em São Francisco do Conde, 68%
em Madre de Deus e 67% em Saubara responderam que o braceamento é a forma mais
empregada. A Instrução Normativa Ibama 34/03-N, 2003, permite a captura do caranguejo-Uçá
apenas pelo método do braceamento ou com auxílio de gancho/cambito.
Entretanto o Plano Nacional de Gestão para Uso Sustentável do Caranguejo-Uçá, do
Guaiamum e do Siri-Azul (IBAMA, 2011) recomenda que seja proibido o uso de qualquer tipo de
armadilha, petrecho, instrumento cortante e produto químico, além da retirada, com fins
comerciais, de partes isoladas do caranguejo na atividade de cata, como forma de reduzir o
impacto sobre estes animais e o próprio ecossistema de manguezal. Reza ainda que,
independente da técnica utilizada, o próprio pisoteio dos catadores sobre o sedimento do
manguezal contribui para na destruição das galerias construídas pela espécie, especialmente em
locais de menor inundação, onde os caranguejos mais jovens ocorrem em maior densidade.
Figura 3. Percentual da flutuação nos métodos de captura do caranguejo-Uçá (Ucides
cordatus, Linnaeus, 1763) utilizado pelos catadores entrevistados entre jan./2012 e
jan./2013 dos municípios de Saubara, Santo Amaro, São Francisco do Conde e Madre de
Deus - Recôncavo Baiano. Bahia, Brasil.
A Tabela 4 retrata a produtividade na captura dos caranguejos, ou seja, número de cordas
obtidas pós captura os resultados obtidos demonstram que mais de 70% dos catadores obtêm
entre 05 a 10 cordas o que corresponde, ao relatado quanto a renda destes trabalhadores. A
baixa densidade destes caranguejos pode ser o resultado de aspectos ambientais e
antropológicos, tais como a sazonalidade, a pesca de maneira indevida, que ocasiona a morte de
muitos indivíduos de caranguejos, doenças, a exemplo da Doença Letárgica do Caranguejo - DLC
(BOEGER et al., 2005; SCHMIDTet al., 2005a), a sobrepesca (BRANCO, 1993), a destruição dos
manguezais (DIELE et al., 2005) o crescimento populacional e atividades na setor imobiliário,
industrial e agrícola, poluem o ambiente com resíduos químicos e/ou orgânicos.
Tabela 4. Produtividade de caranguejo-Uçá (Ucides cordatus, Linnaeus, 1763)
(cordas/dia) adquirida pelos catadores de caranguejos entrevistados entre
jan./2012 e jan./2013 dos municípios de Saubara, Santo Amaro, São Francisco do
Conde e Madre de Deus, Recôncavo Baiano – Jan.2012 a Jan.2013.
MUNICÍPIO
0A5
5 A 10
10 A 20
20 A 30
Saubara
22
66
10
2
Santo Amaro
São Francisco do Conde
18
14
64
77
15
8
3
1
Madre de Deus
16
73
7
4
Ao serem questionados sobre a frequencia de captura de fêmeas do caranguejo-Uçá (TAB.5),
para todos os municípios desta pesquisa, mais de 86% dos entrevistados responderam que não
capturam fêmeas, conforme previsto em lei. A não captura das fêmeas sinaliza a conscientização
destes trabalhadores quanto à importância e necessidade de preservação das fêmeas para a
manutenção desta fonte econômica, ao mesmo tempo em que, colabora primordialmente com a
preservação da espécie e a sustentabilidade do manguezal.
Tabela 5. Frequência da adoção de captura de fêmeas do caranguejo-Uçá (Ucides
cordatus, Linnaeus, 1763) realizada pelos catadores de caranguejos entrevistados
entre jan./2012 e jan./2013 dos municípios de Saubara, Santo Amaro, São
Francisco do Conde e Madre de Deus, Recôncavo Baiano – Jan.2012 a Jan.2013.
MUNICÍPIOS
Saubara
Santo Amaro
São Francisco do Conde
Madre de Deus
SIM
9
6
14
11
NÃO
91
94
86
89
Outro aspecto colaborador da sustentabilidade do caranguejo-Uçá é o período conhecido
como “andada”, que ocorre entre os entre os meses de janeiro e abril. A “andada” caracteriza-se
como o período em que os caranguejos se deslocam, sai de suas tocas e andam pelo manguezal,
para acasalamento e liberação de ovos. Assim, ao serem questionados sobre a aderência e
respeito a este período, os catadores de Saubara aderem em 87%, seguido de São Francisco do
Conde 80%, de Santo Amaro 79% e Madre de Deus 74%. Apesar do alto índice de respeito a esta
época de reprodução dos caranguejos, percebe-se ainda que em muitos casos, os catadores não
se preocupam em preservar os animais evitando a cata. Como saem das tocas livremente, a cata
do caranguejo é facilitada pela exposição dos mesmo (TAB. 6) .
A Instrução Normativa nº08/2013 do Ministério da Aquicultura e Pesca e do Ministério do
Meio Ambiente (2013) regulamenta a pesca do caranguejo-Uçá neste período e prevê ainda, a
proibição da captura, transporte, beneficiamento, industrialização e comercialização de qualquer
indivíduo da espécie. Os infratores estão sujeitos as penalidades previstas pela legislação
ambiental.
Tabela 6. Frequência de catadores de caranguejo-Uçá (Ucides cordatus,
Linnaeus, 1763) que aderem à lei de defeso desse braquiúro e respeitam a
"andada" do mesmo, entrevistados entre jan./2012 e jan./2013 dos
municípios de Saubara, Santo Amaro, São Francisco do Conde e Madre de
Deus, Recôncavo Baiano – Jan.2012 a Jan.2013.
MUNICÍPIOS
Saubara
Santo Amaro
São Francisco do Conde
Madre de Deus
SIM
87
79
80
74
NÃO
13
21
20
26
CONCLUSÃO
O caranguejo-Uçá é uma fonte de renda imprescindível aos catadores deste animal,
entretanto para a contínua exploração desta atividade deve-se analisar, não apenas fatores
socioeconômicos, mas se faz mister a análise sobre os fatores ambientais especialmente para se
conservar a fauna e evitar possíveis danos nas capturas. É evidente que a captura do caranguejo
deve ser realizada de modo sustentável, respeitando principalmente o período de defeso, o
tamanho do animal e a preservação das fêmeas. Nota-se a necessidade de um conjunto de ações
que auxiliem para a manutenção dos manguezais e desta espécie de caranguejo. Para tanto
trabalhos de educação ambiental junto aos catadores e comunidades que residem no entorno
dos locais de produtividade, a intensificação da fiscalização pelos órgãos competentes e a
participação ativa das próprias comunidades, são alguns dos componentes para diminuir os
impactos sobre este ecossistema, bem como a preservação do caranguejo-Uçá.
REFERÊNCIAS
ALVES. R. R.; NISHIDA, A. K. Aspectos socioeconômicos e percepção ambiental dos catadores de
caranguejo-uçá Ucides cordatus cordatus (L. 1763) (Decapoda, Brachyura) do estuário do rio
Mamanguape, nordeste do Brasil. Interciencia, vol. 28, núm. 1, genero, pp. 36-43. 2003.
BRANCO, J. O. Bioecological aspects of Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) (Crustacea, Decapoda)
from Itacorubi Mangrove, Santa Catarina, Brazil. Arquivos de Biologia e Tecnologia, v. 36, p. 133148, 1993.
BRASIL. Política Nacional de Desenvolvimento dos Povos e Comunidades Tradicionais – PNPCT.
Decreto nº 6.040/07.
_______Ministério da Aquicultura e Pesca; Ministério do Meio Ambiente. Instrução Normativa
nº8 de 31 de dezembro de 2013.
BOEGER, W. A.; PIE, M. R.; VICENTE, V.; OSTRENSKY, A.; HUNGRIA, D.; CASTILHO, G. G.
Histopathology of the mangrove land crab Ucides cordatus (Ocypodidae) affected by lethargic
crab disease. Diseases of Aquatic Organisms, v. 78, p. 73-81, 2007.
CRUZ, S. J. Estrutura Populacional do Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) (Crustacea, Decapoda,
Ocypodidae) em Saubara, Bahia. Monografia. Bacharelado em Ciências Biológicas com ênfase
em Meio Ambiente. Faculdade de Tecnologia e Ciência e Ciências - FTC. 128p. 2006.
DIELE, K.; KOCH, V.; SAINT-PAUL, U. Population structure, catch composition and CPUE of the
artisanally harvested mangrove crab Ucides cordatus (Ocypodidae) in the Caeté estuary, North
Brazil: Indications for overfi shing? Aquatic Living Resources, v. 18, p. 169-178, 2005.
GLASER, M. Interrelations between mangrove ecosystem, local economy and social sustainability
in Caeté Estuary, North Brazil. Wetlands Ecology and Management, v. 11, p. 265–272. 2003.
GLASER, M.; DIELE, K. Asymmetric outcomes: assessing central aspects of the biological,
economic and social sustainability of a mangrove crab fishery, Ucides cordatus (Ocypodidae), in
North Brazil. Ecological Economics, v. 49, p. 361-373. 2004.
INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS – IBAMA.
Plano Nacional de Gestão para o uso sustentável do Caranguejo-Uçá, do Guaiamum e do SiriAzul. Série Plano de Gestão Recursos Pesqueiros 4. 156p. Brasília, 2011.
SCHAEFFER- NOVELLI, Y. (coord.). Manguezal: Ecossistema entre a Terra e o Mar. São Paulo:
CaribbeanEcologicalResearch, 1995.
PARAGUASSU, L. A. A.; SILVA, M. N.; CRUZ, S. S. Caracterização fitossociológica do manguezal de
Porto de Sauípe, Entre Rios, Bahia. Diálogos & Ciência –- Revista da Rede de Ensino FTC. Ano V,
n. 12, dez. 2007.
PEREIRA, O et al. Caracterização do manguezal do rio Itanhaém, litoral sul do estado de São
Paulo. In:XV Simpósio de ecossistemas Brasileiros, 1998.
QUINÕNES, E. M. Relações água-solo no sistema ambiental do estuário de Itanhaém.
Campinas, FEAGRI, UNICAMP, 2000.
NANNI, H. C.; NANNI, S. M. Preservação dos manguezais e seus reflexos. XII SIMPEP - Bauru, SP,
Brasil, 07 a 09 de novembro de 2005.
SAINT-PAUL, U. Interrelations among Mangroves, the Local Economy and Social Sustainability: a
Review from a Case Study in North Brazil, in.: Environment and Livelihoods in Tropical Coastal
Zones, eds HOANH, C.T.; TUONG, T.P.; GOWING,
J.W.; HARDY, B., p. 154-162. 2006.
SANTOS, M. C. F. Drinking and osmoregulation in the mangrove crab Ucides cordatus following
exposure to benzene. Comparative Biochemistry and Physiology - Part A, v. 133, p. 29 –42.
2002.
SCHMIDT, A. J.; OLIVEIRA, M. A.; MAY, M.; SOUZA, E. P.; ARAÚJO, S. M.B.; TARARAM, A. S.
Ocorrência de mortalidade em massa do caranguejo-uçá Ucides cordatus cordatus em manguezal
de Caravelas/BA. In: Anais do CONGRESSO BRASILEIRO DE OCEANOGRAFIA, 2., 2005a. Vitória, ES.
WOLFF, M.; KOCH, V.; ISAAC, V. A trophic flow model of the Caeté mangrove estuary (North
Brazil) with considerations for the sustainable use of its resources. Estuarine, Coastal and Shelf
Science, v. 50, p. 789-803. 2000.
VIEIRA, R. H. S. F.; LIMA, E. A.; SOUSA, D. B. R.; REIS, E. F.; COSTA, R. G.; RODRIGUES, D. P. Vibrio
spp. and Salmonella spp., presence and susceptibility in crab Ucides cordatus. Revista do
Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v. 46, n. 4, p. 179-182. 2004.
LEVANTAMENTO DE MOSCAS-DAS-FRUTAS (DIPTERA, TEPHRITIDAE) NO BAIRRO DA
CASTANHEIRA, MUNICÍPIO DE LARANJAL DO JARI: DA PESQUISA AO ENSINO
2
2
2
J. R. da S. Freitas (PQ)¹ ; B. F. Fernandes (PQ) ; R. M. Alves (PQ) ; M. H. dos S. Nogueira (IC) ; J. B. da Silva (IC)
2
; A. dos S. Belem (IC)
1
Instituto Federal do Amapá (IFAP) - Campus Macapá e-mail: [email protected]
2
Instituto Federal do Amapá (IFAP) - Campus Laranjal do Jari
2
(PQ) Pesquisador
(IC) Iniciação Científica
RESUMO
As moscas-das-frutas da família Tephritidae pertencem
ao grupo de espécies que causam grandes danos à
agricultura mundial. A partir do início deste século,
intensificaram-se os levantamentos de moscas-dasfrutas e seus hospedeiros no estado do Amapá. Este
trabalho teve como objetivo realizar o levantamento da
riqueza de espécies de moscas-das-frutas no bairro da
Castanheira, município de Laranjal do Jari, bem como
utilizar os espécimes coletados na composição de uma
coleção didática para o ensino de ciências e biologia. As
armadilhas foram instaladas no bairro da Castanheira,
conforme as coordenadas geográficas 00º049’48,7”S e
52º030’56,7”W no período de Fevereiro a Maio de 2014.
As moscas-das-frutas capturadas totalizaram 81
espécimes. Com relação à riqueza de moscas-das-frutas,
todas pertenciam ao gênero Anastrepha e às seguintes
espécies: Anastrepha obliqua, Anastrepha striata,
Anastrepha zenildae e Anastrepha distincta. A riqueza
de espécies de moscas-das-frutas foi elevada, apesar
reduzido número de armadilhas e curto período de
capturas no decorrer do levantamento.
PALAVRAS-CHAVE: Anastrepha, riqueza de espécie, coleção entomológica didática, levantamento entomológico.
SURVEY OF-FRUIT-FLIES (DIPTERA, TEPHRITIDAE) IN THE CASTANHEIRA NEIGHBORHOOD IN
LARANJAL DO JARI: THE SEARCH FOR EDUCATION
ABSTRACT
The fruit-flies of the family Tephritidae belong
to the group of species that cause major damage to
global agriculture. From the beginning of this century,
the increase of the fruit-flies and their hosts were
intensified in the state of Amapá. This study aimed to
survey the species richness of fruit-flies in the
neighborhood Castanheira the Laranjal do Jari City. The
traps were placed in the neighborhood of Castanheira,
according to the geographic coordinates 00º049'48,7"S
e 52º030'56,7"W from February to May of 2014. The
caught fruit-files were from the totality of 81 individuals.
Regarding the wealth of fruit-flies, all of them belonged
to the genus Anastrepha and the following species:
Anastrepha obliqua, Anastrepha striata, Anastrepha
zenildae and Anastrepha distincta. The species richness
of fruit flies can not be considered high, but it was a
significant amount, despite the low number of traps and
short
catches
during
the
survey.
KEY-WORDS: Anastrepha, species richness, didactic entomological collection, entomological survey.
LEVANTAMENTO DE MOSCAS-DAS-FRUTAS (DIPTERA, TEPHRITIDAE) NO BAIRRO DA
CASTANHEIRA, MUNICÍPIO DE LARANJAL DO JARI: DA PESQUISA AO ENSINO
INTRODUÇÃO
As moscas-das-frutas da família Tephritidae pertencem ao grupo de espécies que causam
grandes danos à agricultura mundial (CRUZ, TAUFER & OLIVEIRA, 2000).
No Brasil, as espécies de moscas-das-frutas de importância econômica pertencem a
quatro gêneros: Anastrepha, Bactrocera, Ceratitis, Rhagoletis. Os gêneros Bactrocera e Ceratitis
estão representados no Brasil por uma única espécie, a mosca-da-carambola, B. carambole (Drew
& Hancock), e a mosca-do-mediterrâneo, C. capitata (Wied.), o gênero Rhagoletis é representado
por quatro espécies e o gênero Anastrepha apresenta cerca de 100 espécies no Brasil (ZUCCHI,
2000).
As espécies de moscas-das-frutas de importância econômica representam uma grande
preocupação para a maioria dos países e são particularmente importantes para os países em
desenvolvimento quanto à produção, comercialização no mercado interno e exportação de frutas
e vegetais (MALAVASI, 2000).
Há poucas décadas, a dispersão de moscas-das-frutas era mínima, Entretanto, com o
desenvolvimento dos sistemas modernos de transporte de carga e pessoas, frutas infestadas
podem ser transportadas por distâncias longas em tempo muito curto a partir de áreas infestada
para regiões livre (MALAVASI, 2000).
No estado do Amapá, os estudos com moscas-das-frutas, seus hospedeiros e inimigos
naturais são recentes. Entretanto, nos últimos anos experimentou significativo crescimento
baseado especialmente em amostragem de frutos potencialmente hospedeiros. Inclusive com a
constatação de novos registros para o estado e também para o Brasil, além de espécies novas de
moscas-das-frutas não conhecidas da ciência (ADAIME e DEUS, 2013).
A partir do início deste século, intensificaram-se os levantamentos de moscas-das-frutas e
seus hospedeiros no estado do Amapá. Além da mosca-da-carambola, 34 espécies de Anastrepha
estão assinaladas para o Estado (ZUCCHI, 2008, citado ADAIME e DEUS, 2013).
Este trabalho teve como objetivo realizar o levantamento da riqueza de espécies de
moscas-das-frutas no bairro da Castanheira, município de Laranjal do Jari, bem como utilizar os
espécimes coletados na composição de uma coleção didática para o ensino de ciências e biologia.
É importante ressaltar, que esse trabalho faz parte de um macro projeto, no qual o
levantamento da riqueza de espécies de moscas-das-frutas trata da fase inicial das atividades. A
continuidade se dará com construção de insetários com classificação científica das espécies
encontradas. Os insetários serão utilizados pelos professores de ciências e biologia durantes as
aulas do reino animal no sétimos ano do ensino fundamental, nas aulas de classificação
taxonômica, e nas aulas sobre filo artrópodes no segundo e terceiro ano do ensino médio
respectivamente.
MATERIAIS E MÉTODOS
O município de Laranjal do Jari situa-se na região ocidental do Estado do Amapá, fazendo
limites com os municípios de Vitória do Jari, Mazagão, Pedra Branca do Amapari, com o estado
do Pará e com os países Suriname e Guiana Francesa (CLARETO, 2003). Esse estudo foi
desenvolvido no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá no campus
Laranjal do Jari – IFAP/LJ. As armadilhas foram instaladas no bairro da Castanheira, conforme as
coordenadas geográficas 00049’48,7”S e 52030’56,7”W (Figura 1) a 2 km do IFAP/LJ, no período
de Fevereiro a Maio de 2014.
Figura 1 – Localização do bairro Castanheira, onde foram colocadas as armadilhas.
Para a captura das moscas-das-frutas foram instaladas três armadilhas plásticas do tipo
McPhail, a 1,8m de altura, contendo 600 mL de solução de Leveduras de Torula com adição de
bórax, em um quintal com fruteiras em fase produção, com destaque para o taperebazeiro
Spondias mombin (Anacardiaceae), hospedeiro primário da Anastrepha obliqua (URAMOTO,
WALDER e ZUCCHI, 2004). As inspeções das armadilhas ocorreram a cada sete dias, os insetos
capturados nas armadilhas foram levados para triagem no laboratório de biologia do curso de
ciências biológicas do IFAP/LJ. Após a triagem, as moscas-das-frutas foram acondicionadas em
recipientes fechados, conservados em álcool 70%. Os machos foram separados e quantificados e
as fêmeas passaram por processo de identificação.
Para a identificação das espécies foram utilizadas somente as fêmeas, com ênfase
principalmente no acúleo. As análises foram feitas com base na chave das principais moscas-dasfrutas de importância econômica do Brasil, conforme Zucchi e Malavasi (2000). Foram utilizados
microscópio óptico no aumento máximo de 400x e microscópio estereoscópio com ampliação
máxima de 40x.
Os espécimes-testemunha foram acondicionados em recipientes com álcool 70%,
etiquetados e encaminhados para sessão de entomologia do Laboratório de Biologia do Curso de
Ciências Biológicas do Instituto Federal do Amapá Câmpus Laranjal do Jari.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As moscas-das-frutas capturadas totalizaram 81 indivíduos. Destas 35 machos e 46
fêmeas (Figura 2).
57%
Macho
Fêmeas
43%
Figura 2 – Proporção de machos e fêmeas capturas em armadilhas do tipo McPhail.
Com relação à riqueza de moscas-das-frutas, todas pertenciam ao gênero Anastrepha e às
seguintes espécies: Anastrepha obliqua (Macquart), Anastrepha striata (Schiner), Anastrepha
zenildae (Zucchi) e Anastrepha distincta (Geene) conforme descrita na tabela 1 abaixo.
Tabela 1 – Riqueza de espécies de moscas-das-frutas, capturadas em armadilhas do tipo McPhail
e identificadas no Instituto Federal do Amapá Campus Laranjal do Jari. Fevereiro a maio de 2014.
Os indivíduos machos foram exclusos da tabela abaixo, porque não participam da identificação.
Riqueza
Frequência Absoluta (Und.)
Frequência Relativa (%)
A. obliqua (Macquart)
40
86,95
A. striata (Schiner)
3
6,52
A. zenildae (Zucchi)
1
2,17
A. distincta (Geene)
2
4,34
Total
46
99,98
A espécie A. obliqua (Macquart), apresentou maior frequência relativa, 86,95%, dos
indivíduos capturados durante o levantamento. No entanto, conforme Aluja et al. citado por
Uramoto, Walder e Zucchi, 2004, “uma espécie de tefritídeo capturada em armadilha instalada
em uma árvore não permite associar esta planta como sua hospedeira”. Entretanto, o
taperebazeiro Spondias mombin (Anacardiaceae), hospedeiro primário da A. obliqua, foram as
principais fruteiras em fase de produção no local da captura, o que pode ser uma explicação para
o destaque desta espécie em número de indivíduos.
As espécies A. obliqua (Macquart), A. zenildae (Zucchi), A. striata (Schiner) e A. distincta
(Geene) foram registradas a ocorrência em 11, 7, 13, e 15 dos 16 municípios respectivamente
(Tabela 2) que compõem o estado do Amapá (ADAIME e DEUS, 2013).
Tabela 2 – Distribuição das espécies A. obliqua (Macquart), A. zenildae (Zucchi), A. striata (Schiner) e A.
distincta (Geene) no estado do Amapá.
Espécies
Municípios do estado do Amapá
A. obliqua (Macquart)
Cutias, Ferreira Gomes, Itaubal, Laranjal do Jari, Macapá, Oiapoque, Pedra
Branca, Porto Grande, Pracuúba, Serra do Navio, Santana e Tartarugalzinho.
A. zenildae (Zucchi)
Laranjal do Jari, Mazagão, Pedra Branca, Porto Grande, Pracuúba, Serra do
Navio e Santana.
A. striata (Schiner)
Cutias, Ferreira Gomes, Itaubal, Laranjal do Jari, Macapá, Mazagão, Pedra
Branca, Porto Grande, Pracuúba, Serra do Navio, Santana, Tartarugalzinho e
Vitória do Jari.
A. distincta (Geene)
Amapá, Cutias, Ferreira Gomes, Itaubal, Laranjal do Jari, Macapá, Mazagão,
Oiapoque, Pedra Branca, Porto Grande, Pracuúba, Serra do Navio, Santana,
Tartarugalzinho e Vitória do Jari.
Fonte – Adaime e Deus (2013) e Creão (2003)
Este estudo faz parte de um macro projeto, no qual, a primeira fase foi à realização do
levantamento da riqueza de espécies de moscas-das-frutas no município de Laranjal do Jari – AP,
a segunda fase compreenderá simultaneamente a continuidade do levantamento e confecção de
insetários com classificação científica das espécies que servirá como auxilio didático para serem
utilizados por professores de ciências, biologia e acadêmicos do curso Superior de Licenciatura
em Ciências Biológicas durante as práticas pedagógicas.
A exploração da temática no âmbito da pesquisa e ensino ganhou expressiva importância,
a partir do momento em que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, através da
Portaria Nº 21, de 25 de março de 1999, impôs exigências para o transporte de frutas
hospedeiras de moscas-das-frutas do estado do Amapá, para as demais unidades federativas,
devido à ocorrência da mosca-da-carambola, Bactrocera carambolae (Drew e Hancock), espécie
pertencente ao grupo das moscas-das-frutas, registrada na cidade de Porto Grande, no Estado do
Amapá (BRASIL, 1999).
Apesar do levantamento não constar Bactrocera carambolae (Drew e Hancock), no
município de Laranjal do Jari já ocorreu o registro desta espécie conforme, Adaime e Deus (2013).
Por esse motivo, entende-se a necessidade de contextualizar essa temática no cotidiano da
comunidade escolar, pois trata de uma praga quarentenária que pode afetar a fruticultura
paranaense e consequentemente diminuir a exportação de frutas do Brasil, devido o transporte
de frutas hospedeiras contaminadas com moscas-das-frutas entre os municípios de Laranjal do
Jari – AP e Almeirim – PA.
CONCLUSÃO
A riqueza de espécies de moscas-das-frutas não pode ser considerada elevada, porém foi
uma quantidade expressiva. Apesar do reduzido número de armadilhas e curto período de
capturas no decorrer do levantamento.
Os exemplares identificados já são suficientes para construir os primeiros insetários e
começar a explorar a temática nos conteúdos do ensino fundamental e médio.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Portaria Nº 21, de 25 de março de
1999. Brasília: MAPA, 1999.
CLARETO, S.M. Terceiras margens: um estudo etnomatemático de especialidades em Laranjal
do Jari (Amapá). 2003. 254f. Tese (Doutorado). – Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, SP
2013.
CREÃO, M. I. Moscas-das-frutas (Diptera: Tephritidae): espécies, distribuição, medidas da fauna
e seus parasitóides (hymenoptera: braconidae) no estado do Amapá. 2003. 90f. Dissertação
(Mestrado em Biologia Tropical e Recursos Naturais) – Universidade Federal do Amazonas,
Manaus: INPA/UFAM, AM, 2003.
CRUZ, B. M. da; TAUFER, M.; Oliveira, A. K. A. Estudos Toxicológicos. In: MALAVASI, A.; ZUCCHI, R.
A. Moscas-das-frutas de importância econômica no Brasil: conhecimento básico e aplicado.
Ribeirão Preto: Holos, 2000.
DEUS, E.G,; ADAIME, R. Dez anos de pesquisas sobre moscas-das-frutas (Diptera: Tephritidae) no
estado do Amapá: avanços obtidos e desafios futuros. Biota Amazônia, Macapá, v. 3, p. 157-168,
2013.
MALAVASI, A. Áreas-Livres ou de Baixa Prevalência. In: MALAVASI, A.; ZUCCHI, R. A. Moscas-dasfrutas de importância econômica no Brasil: conhecimento básico e aplicado. Ribeirão Preto:
Holos, 2000.
MALAVASI, A.; ZUCCHI, R. A. Moscas-das-frutas de importância econômica no Brasil:
conhecimento básico e aplicado. Ribeirão Preto: Holos, 2000.
URAMOTO, K.; WALDER, J. M. M.; ZUCCHI, R. A. Biodiversidade de moscas-das-frutas do gênero
Anastrepha (Diptera: Tephritidae) no campus da ESALQ-USP, Piracicaba, S.P. Revista Brasileira de
Entomologia, v. 48, n. 3, p. 409-414, 2004.
ZUCCHI, R. A. Taxonomia. In: MALAVASI, A.; ZUCCHI, R. A. Moscas-das-frutas de importância
econômica no Brasil: conhecimento básico e aplicado. Ribeirão Preto: Holos, 2000.
DINÂMICA POPULACIONAL DE INSETOS E IDENTIFICAÇÃO DOS POLINIZADORES E
PRAGAS NO CONSORCIO DE MILHO E FEIJÃO EM UM SISTEMA AGROFLORESTAL.
1;
Clezyane Correia Araujo (IC)¹ ; Geovane A. Feitosa (IC) Thiago Péricles Bispo Pereira(IC)¹ ; José Oliveira Dantas
1
2
(PQ) , Genésio Tâmara Ribeiro (PQ)
1
2
Instituto Federal de Sergipe (IFS) - Campus São Cristovão -, Universidade Federal de Sergipe (UFS) –Campus
São Cristovão;
RESUMO
Sistemas Agroflorestais integram árvores
(Glíricidia, Teca, Eucalipto e Leucena) com cultivos
agrícolas e/ou pecuária, visando o melhor
aproveitamento dos recursos naturais, ajuda a fixar o
homem no campo, reduz o desmatamento e melhora a
qualidade de vida dos envolvidos. Os SAF’s são
caracterizados pela combinação da produção agrícola e
florestal simultânea ou consecutiva, de forma
deliberada, na mesma unidade de terreno, almejando
um aumento de produtividade através de um
rendimento sustentado, por meio da aplicação de
técnicas de manejo que visam ao incremento na
produção. A identificação das relações ecológicas entre
a entomofauna e o cultivar é um passo importante para
manutenção do equilíbrio, facilitando a identificação e o
controle de possíveis pragas. Este trabalho foi
desenvolvido em um Sistema Agroflorestal situado no
Instituto Federal de Sergipe campus São Cristovão. Os
insetos foram capturados com pitfalls e acondicionados
em álcool 70%. Foram coletados 1105 espécimes,
pertencentes a 29 famílias e oito ordens. As ordens
Hymenoptera e Orthoptera apresentaram maior
abundância, com 787 e 134 insetos respectivamente,
seguida das ordens Coleóptera (117) e Diptera (53). As
famílias Formicidae (Hymenoptera) com 781 e
Scarabaeidae (Coleoptera) com 83 foram as mais
abundantes representando 78,19 % do total de
indivíduos
coletados.
PALAVRAS-CHAVE: agrofloresta, Saf’s, Entomofauna.
POPULATION DYNAMICS OF INSECTS AND POLLINATORS AND PEST IDENTIFICATION
IN CORN AND BEANS CONSORTIUM IN A AGROFORESTRY SYSTEM
ABSTRACT
Agroforestry integrates trees (Gliricídea, Teak,
Eucalyptus and Leucena) with agricultural crops and / or
livestock, aimed at better utilization of natural
resources, helps keep the man in the field, reduces
deforestation and improves the quality of life of those
involved. The SAF’s are characterized by the
combination of agriculture and forestry simultaneous or
consecutive production, deliberately, in the same unit of
land, targeting increased productivity through a
sustained yield, through the application of management
techniques that aim to increase the production. The
identification of the ecological relationships between
the insect fauna and farming is an important step to
KEY-WORDS: Agroforestry, Saf's, Entomofauna.
maintaining balance, facilitating the identification and
control of potential pests. This work was conducted in
an Agroforestry System located at the Federal Institute
of Sergipe, Campus São Cristóvão. The insects were
captured with pitfalls and stored in 70% alcohol. 1105
specimens belonging to 29 families and eight orders
were collected. The orders Orthoptera and
Hymenoptera showed higher abundance, with 787 and
134 respectively insects, then the orders Coleoptera
(117) and Diptera (53). The Formicidae (Hymenoptera)
with 781 families and Scarabaeidae (Coleoptera) of 83
were the most abundant representing 78.19% of the
total collected individuals.
DINÂMICA POPULACIONAL DE INSETOS E IDENTIFICAÇÃO DOS POLINIZADORES E
PRAGAS NO CONSORCIO DE MILHO E FEIJÃO EM UM SISTEMA AGROFLORESTAL.
INTRODUÇÃO
Entendem-se como sistemas agroflorestais ou (SAFs), uma prática intencional que tende a
aperfeiçoar o uso do solo combinando elementos de culturas anuais e perenes de forma
simultânea ou escalonada, em uma mesma área com produtividade continuada. A crise
ambiental, refletida diretamente na agricultura, é fruto dos sérios problemas ambientais
acarretados pela Revolução Verde, como degradação e ameaça de escassez dos recursos
naturais, contaminação dos mesmos e do ser humano, baixa eficiência energética, entre outras
(Ehlers, 1996).
A agricultura moderna está baseada na industrialização, simplificando e uniformizando
cada vez mais os sistemas agrícolas, onde a terra é vista como um simples suporte, tornando está
frágil, suscetível a pragas e doença contribuindo para perda de biodiversidade. Os SAFs
apresentam inúmeras vantagens que contribuem para o estabelecimento de modelos de
produção mais estáveis e que podem amenizar as adversidades encontradas pela agropecuária
em algumas regiões do nordeste. Esses sistemas proporcionam maior cobertura do solo,
favorecem a preservação da fauna e da flora, promovem a ciclagem de nutrientes a partir da
ação de sistemas radiculares diversos e propiciam um contínuo aporte de matéria orgânica
(Breman e Kessler, 1997; Araújo et al., 2001; Sánchez, 2001; Schroth et al., 2002).
A identificação das relações ecológicas entre a entomofauna e o cultivar é um passo
importante para manutenção do equilíbrio, facilitando a identificação e o controle de possíveis
pragas. Os insetos representam o principal grupo de animais terrestres em abundância e
diversidade, ocupam praticamente todos os ambientes, exceto as regiões polares e as águas
marinhas. A macrofauna do solo desempenha um papel chave no funcionamento do ecossistema,
pois ocupa diversos níveis tróficos dentro da cadeia alimentar do solo e afeta a produção
primária de maneira direta e indireta. Altera, por exemplo, as populações e atividade de
microrganismos responsáveis pelos processos de mineralização e humificação e, em
consequência, exercem influência sobre o ciclo de matéria orgânica e a disponibilidade de
nutrientes assimiláveis pelas plantas (Decäens et al., 2003). A macrofauna pode ser também
vetora de microrganismos simbióticos das plantas, como fixadores de nitrogênio e fungos
micorrízicos, e é capaz de digerir, de maneira seletiva, microrganismos patogênicos (Brown,
2008).
Para se desenvolver uma agricultura que seja sustentável ambientalmente é preciso
assumir que lidar com agricultura é lidar com vida e que o paradigma do industrialismo presente
hoje em nossa sociedade que inclusive direciona o fazer agricultura nos moldes modernos,
pressupondo monocultura em grandes áreas, mecanização, uso de espécies melhoradas, de
insumos externos em larga escala, etc., deve ser superado, pois é incompatível com as leis que
regem os sistemas vivos, com seus ritmos e comportamentos próprios (Ehlers, 1996; Campos,
1991). O sistema agroflorestal se mostra como uma alternativa tanto para preservação ambiental
quanto econômica, já que as culturas arbóreas fornecem nutrientes as culturas anuais e ainda
podem ser usadas para a atividade extrativista sempre tendo como principio a sustentabilidade.
MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho foi realizado no Campus do Instituto Federal de Sergipe (IFS), localizado no
município de São Cristóvão, a região apresenta precipitação média de 25,5ºC e umidade relativa
do ar de 75% com período chuvoso concentrando-se entre os meses de abril a agosto. O clima da
região, segundo a classificação de Köppen, é do tipo, tropical chuvoso com verão seco. O
levantamento obedeceu ao delineamento sistemático tipo “leque”, conforme o modelo por
Nelder (Dantas et al., 2012).
Para captura dos insetos foram montadas 4 armadilhas do tipo pitfall (garrafa PET) por
quadrante, totalizando 16 pitfalls, cada um contendo água, sal e detergente. As armadilhas
ficaram na área durante uma semana de cada mês, totalizando 5 coletas que foram entre o
período de Setembro de 2013 a janeiro de 2014.
O material coletado foi acondicionado em álcool 70%, transportados ao Laboratório de
Biologia do IFS e identificado em nível de ordem e família com ajuda de microscópio
estereoscópico e chaves dicotômicas. Foi calculado o total de insetos coletados, quantidade de
insetos por cultura, principais ordem e família encontrados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram coletados 1.105 espécimes, pertencentes a 29 famílias e oito ordens. As ordens
Hymenoptera e Orthoptera apresentaram maior abundância totalizando cada uma com 787 e
134 insetos respectivamente, seguida das ordens Coleoptera e Diptera, com 117 e 53
respectivamente. Esses resultados corroboram com Dantas e colaboradores (2012), onde as duas
ordens também predominaram, usando a mesma metodologia e com Oliveira et al., (1995) e
Silva (2009)utilizando armadilhas luminosas em diferentes formações florestais no Acre e em
Mato Grosso, onde se destacaram os coleópteros, lepidópteros, hemípteros e himenópteros,
comprovando a relevância desses grupos em diferentes regiões independente da metodologia
empregada. As famílias Formicidae (Hymenoptera) com 781 e Scarabaeidae (Coleoptera) com 83
foram as mais abundantes representando 78,19 % do total de indivíduos coletados, um pouco
diferente dos encontrados por Dantas e colaboradores, onde a família Formicidae também foi
mais abundante, seguida pela família Gryllidae (Orthoptera) (Figura 1).
Figura 1 – Insetos coletados no sistema Agroflorestal de São Cristóvão, SE.
Dentre os quatro quadrantes do SAF o que apresentou maior abundancia e diversidades de
insetos foram a teca com 329 insetos, seguido do eucalipto com 301 insetos, leucena com 245
por fim a gliricídia com 230 insetos coletados (figura 2). A família Formicidae representou 67,96%
do total de insetos coletados e 96,03 da ordem Hymenoptera, seguido da família Scarabaeidae
com 7,5%. Dos insetos coletados as famílias que se fizeram presentes em todos os quadrantes
foram Formicidae, Scarabaeidae e Gryllidae, observando que a primeira família tem presença
expressiva em todas as culturas durante todos os meses de coleta. Tal fato esta atribuído ao
período de colocação da armadilha com chuvas na semana de implantação da armadilha.
Dantas e colaboradores (2012) encontraram resultados semelhantes em relação à ordem
Hymenoptera como a mais abundante, mas diferentes em relação onde a seringueira foi mais
atrativa, seguida de Gliricídia, Craibeira e Eucalipto.
Figura 2 – Insetos coletados nas diferentes parcelas do sistema Agroflorestal em São Cristóvão,
SE.
CONCLUSÃO
O estudo mostrou que a formação da entomofauna num Sistema Agroflorestal pode sofre
influencia da cultura implantada e seu grau de desenvolvimento e do regime climático da região.
As famílias Formicidae e Scarabaeidae foram as mais abundantes, sendo que estudos mais
detalhados devem ser feitos para sua comprovação.
Os dados coletados serviram de base para ampliação do conhecimento científico da
diversidade de insetos do estado de Sergipe. Contribuindo para o conhecimento dos principais
problemas de equilíbrio ecológico na região.
REFERÊNCIAS
BROWN, eds F. M. S. MOREIRA et al.,Editora UFLA2008. Biodiversidade do Solo em Ecossistemas
Brasileiros.
CAMPOS, M. D’O. Fazer o Tempo e o Fazer do Tempo: ritmos em concorrência entre o ser
humano e a natureza. Ciência e Ambiente, Ed. Educ. Ambiental, v. 8, p. 7-33, jan/jun, 1994.
DANTAS, J. O. ; SANTOS, M. J. C.; SANTOS, F. R.; PEREIRA, T. P. B.; OLIVEIRA, A. V.S.; ARAUJO, C.C.;
PASSOS, C. S.; RITA, M. R. Levantamento da entomofauna associada em sistema agroflorestal.
Scientia Plena, V 9, n 44, 2012.
DECAËNS, T., MARIANI, L., BENTANCOURT, N. & JIMÉNES, JJ (2003) Dispersão de sementes por
atividades de fundição de superfície de minhocas em campos colombianos. Acta Oecologica 24,
175-185.
EHLERS, E. Agricultura Sustentável. Origens e perspectivas de um novo paradigma. São Paulo:
Livros da Terra, 1996. 178p.
OLIVEIRA, M. A. de; et al.,. A Fauna de Formigas em Povoamento de Eucalipto e Mata nativa no
Estado do Amapá. Acta Amazônica, v.25 n. 1-2, p. 127-136,1995.
SILVA, M. M. Diversidade de insetos em diferentes ambientes florestais no município de
Cotriguaçu, Estado do Mato Grosso. 2009. 111f. Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais
e Florestais) – Curso de Pós-graduação em Ciências Ambientais e Florestais, Universidade Federal
do Mato Grosso, MT.
ENTOMOFAUNA POLINIZADORA E EVENTUAIS PRAGAS EM UM SISTEMA AGROFLORESTAL
1
1
1
1
G. A. Feitosa (IC)¹ ; E. S. Nunes (IC) ; A.A.S. Oliveira (IC) ; S. S. C. Pinheiro (PQ) ; J. O. Dantas (PQ) ; G. T. Ribeiro
2
(PQ)
1
2
Instituto Federal de Sergipe (IFS) - Campus São Cristóvão -, Universidade Federal de Sergipe (UFS) -Campus São
Cristóvão e-mail: [email protected]
RESUMO
O Sistema Agroflorestal (SAF), também conhecido como
agrofloresta compreende num sistema que alia culturas
agrícolas com culturas florestais. O conhecimento da
diversidade de insetos presentes nas culturas é de
fundamental importância para estudo ecológico e de
manejo de pragas e para avaliação de mudança no
ambiente. O objetivo deste trabalho foi conhecer os
polinizadores e as potenciais pragas num sistema
Agroflorestal, em São Cristóvão, SE. As coletas foram
realizadas com redes entomológicas, durante cinco
meses, as ordens de maiores destaque foram a
Hymenoptera e Hemiptera.
PALAVRAS-CHAVE: Sistema agroflorestal, insetos, polinizadores, eventuais pragas.
ENTOMOPHAUNA POLLINATOR AND ANY PESTS IN AGROFORESTRY SYSTEMS
ABSTRACT
The Agroforestry System (APS), also known as
agroforestry comprises a system that combines
agricultural crops with tree plantations. Knowledge of
the diversity of insects present in the cultures is
crucial for ecological study and pest management and
assessment of change in the environment. The
objective of this study was to investigate the potential
pollinators and pests in Agroforestry system in São
Cristóvão, SE. The collections were made using
entomological nets, for five months, orders were the
biggest highlight Hymenoptera and Hemiptera.
KEY-WORDS: Agroforestry system, insects, pollinators, pest potential.
ENTOMOFAUNA POLINIZADORA E EVENTUAIS PRAGAS EM UM SISTEMA AGROFLORESTAL
INTRODUÇÃO
O Sistema Agroflorestal (SAF), também conhecido como agrofloresta compreende num
sistema que alia culturas agrícolas com culturas florestais provenientes da agrossilvicultura. Não
compreende numa reconstrução da mata nativa, mas uma mescla de espécies nativas com
espécies de interesse econômico num processo de reprodução em espaço e tempo seguindo a
sucessão ecológica em áreas novas e antes deterioradas (Nair, 1984).
O Sistema Agroflorestal exige conhecimento e pesquisa sobre o solo, fauna, flora,
ecofisiologia, sucessão ecológica e fitossanidade de uma determinada área. A característica mais
importante dos SAF’s é a estabilidade ou sustentabilidade ecológica. Esta sustentabilidade resulta
da diversidade biológica promovida pela presença de diferentes espécies vegetais e/ou animais,
que exploram nichos diversificados dentro do sistema. A multiestratificação diferenciada de
grande diversidade de espécies de múltiplos usos, que exploram os diferentes perfis verticais e
horizontais da paisagem nos SAF’s, otimizam o máximo aproveitamento da energia solar
(Macedo, 2000).
O SAF’s tem como importância ambiental a proteção contra erosão e degradação dos
solos, conservação dos remanescentes florestais, conservação das espécies arbóreas de valor
ecológico que fornece proteção e alimentação à fauna, a espécies endêmicas e espécies em
extinção, conservação de nascentes e cursos d’água, substituição das matas ciliares mantendo a
função de proteção e, atuação de corredores ecológicos interligando fragmentos florestais
(Müller et al., 2002 e 2003).
O conhecimento da diversidade de insetos presentes nas culturas é de fundamental
importância para estudo ecológico e de manejo de pragas. O levantamento tem sido uma das
técnicas mais utilizadas para avaliação de mudança no ambiente. Dentre esses organismos, os
insetos tem-se mostrado um dos indicadores importantes para essa finalidade devida á sua
biodiversidade, ciclo biológico e capacidade de adaptação, que geralmente ocorrem em curto
espaço de tempo daí a importância do levantamento da entomofauna de qualquer cultura em
uma região (Silveira Neto et al., 1995).
Dentre os insetos presentes em qualquer cultura os visitantes florais podem exercer um
papel de relevante importância no desenvolvimento de espécies vegetais, merecendo destaque o
seu estudo populacional. Diversos insetos visitantes de flores, distribuídos principalmente entre
abelhas, vespas, borboletas, mariposas, moscas, mosquitos, besouros e tripés, são responsáveis
pela polinização de um grande número de plantas. (Thum e Costa., 1999).
Entre os insetos visitantes de flores a ordem Hymenoptera, merece destaque, sendo as
abelhas os mais importantes polinizadores encontrados na natureza, pela sua estreita relação
com as plantas. Provavelmente as abelhas e angiospermas evoluíram em conjunto e várias
culturas dependem dela, a ponto de não produzirem economicamente na sua ausência. Dentre
essas culturas as leguminosas são consideradas como um recurso alimentar para as abelhas,
fornecendo néctar e pólen (Morete, 2005., Santana et al., 2002).
Um ponto extremamente importante a ser observado são as interações ecológicas, que
ocorrem no ecossistema, onde há uma troca de benefícios entre insetos e plantas, na agricultura
este tipo de estudo contribui para conhecer a biodiversidade, as pragas e seus inimigos naturais,
e as relações de polinização. Uma vez que as espécies nestes sistemas Agroflorestais encontramse associadas onde às espécies participantes são beneficiadas mutuamente, na qual dois ou mais
organismos diferentes são beneficiadas por esta associação e que tem um significado econômico
muito grande (Odum, 1988; Del - Claro e Oliveira, 1993; Stefani et al; 2000).
A diversidade entomológica de uma área, região ou país pode ser conhecida ao se efetuar
levantamentos populacionais mediante utilização de armadilhas para coleta de insetos (Silva e
Carvalho, 2000). O objetivo do trabalho é conhecer e identificar em nível de ordem e família os
polinizadores locais de grande importância, assim como das possíveis pragas sendo um passo
importante para o manejo adequado da entomofauna.
MATERIAL E METODOS
O trabalho foi realizado no Campus do Instituto Federal de Sergipe (IFS), localizado no
município de São Cristóvão, entre as coordenadas (11001’ latitude S e 37012’ longitude W), com
altitude de 20m. A região apresenta precipitação média de 1.200mm (Fonte: SEMARH, SE) com
temperatura de 25,50C e umidade relativa do ar de 75% com período chuvoso concentrando-se
entre os meses de abril a agosto. O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é do tipo
tropical chuvoso com verão seco.
O SAF é composto pelas lenhosas Gliricídea, Teca, Eucalipto e Leocena. O levantamento
obedeceu ao delineamento sistemático tipo “leque”, conforme o modelo proposto por Nelder
(1962). Este arranjo fica totalmente caracterizado ao definirem-se os valores do raio inicial r0
(distância do centro do círculo à bordadura interna), a razão da progressão geométrica dos raios
e o ângulo entre os mesmos. Com estes valores podemos calcular os raios dos tratamentos (r1 a
rn), a área associada à cada planta (A1 a An), que é representada pelo setor circular que a
contém, e a retangularidade, que representa a relação entre as distâncias médias entre plantas
nos raios e nos arcos. Estes valores estão ilustrados na Figura 1 (Dantas et al., 2012)
Os insetos foram coletados, mensalmente, entre novembro de 2013 e maio de 2014, com
redes entomológicas ao longo das parcelas, foram acondicionados em álcool a 70%,
transportados ao Laboratório de Biologia do IFS e identificados em nível de ordem e família com
ajuda de microscópio estereoscópico e chaves dicotômicas.
Figura 1: Modelo Nelder e projeção do “leque” e seus v (r1 a rn), ângulo entre raios
RESUTADO E DISCUSSÃO
Foram coletados um total de 206 insetos, pertencentes a 27 famílias e 9 ordens. A ordem
Hymenoptera foi a mais rica com oito famílias e 89 indivíduos coletados, sua maior ocorrência foi
durante o período de floração das plantas lenhosas, no entanto a vegetação rasteira nativa
também oferece recursos para o sustento estes polinizadores, em troca da fertilização de suas
flores, pois segundo Triplehorn e Johnson (2011) é provavelmente, a ordem mais benéfica dos
insetos, uma vez que concentra o maior número de espécies importantes para o controle
biológico de outros insetos e polinizadores das plantas. Ainda segundo Rafael e colaboradores
(2012), em muitos ecossistemas, há grande interesse no impacto ecológico ocasionado por
hymenopteros, seja como predadores, polinizadores ou herbívoros.
Na ordem Diptera as famílias Syrphidae (5%) e Asilidae (2%) são coletadas com
frequência, sua presença pode esta relacionada com a polinização das plantas, esses resultados
corroboram com o trabalho de Dornelles et al. (2010 e 2013), onde estas ordens também são
evidenciadas.
De modo geral, as famílias com maiores frequência foram Pentatomidae (Hemiptera)
correspondeu a 20% dos insetos coletados, seguida da família Formicidae (Hymenoptera) com
16%, Apidae (Hymenoptera) 15%, Psyllidae (Hemiptera) 10%, Vespidae (Hymenoptera) 7%,
Syrphidae (Diptera) 5%, Libellulidae (Odonata) 4%, Acrididae (Orthoptera) 3% e Coccinellidae
(Coleoptera) com 3% (Tabela 1).
Entre as parcelas do SAF não houve diferença significativa no número total de insetos
coletados, sendo 62 na Teca, 59 entre as Gliricídias, 58 nas Leocena e 27 entre os Eucaliptos. Mas
houve diferença entre algumas famílias, na Teca, Pentatomidae (13 indivíduos), Formicidae (9) e
Vespidae (8) foram as mais abundantes, no Eucalipto prevaleceu a família Pentatomidae (10)
seguida de Vespidae (3), na Leocena Psyllidae (20), seguida de Pentatomidae (13) e Apidae (9) e
entre as Gliricídias, prevaleceu Formicidae (22), seguido de Apidae (13) e Pentatomidae (5)
(Tabela 1), esses dados são diferentes daqueles encontrados por Dantas et al. (2012).
Tabela 1 – Insetos coletados na área do Sistema Agroflorestal, São Cristóvão – SE.
Ordem
Hymenoptera
Hemiptera
Diptera
Coleoptera
Orthoptera
Família
Teca
Eucalipto
Leucena
Gliricídea
Total
Vespidae
8
3
1
3
15
Apidae
7
2
9
13
31
Halictidae
2
0
0
0
2
Anthophoridae
0
1
0
0
1
Formicidae
9
1
1
22
33
Andrenidae
2
1
1
0
4
Pompilidae
0
0
1
0
1
Mutillidae
1
1
0
0
2
Pentatomidae
13
10
13
5
41
Coreidae
4
0
0
1
5
Reduviidae
1
0
2
0
3
Psyllidae
0
0
20
0
20
Scutelleridae
0
1
0
0
1
Syrphidae
2
1
3
4
10
Asilidae
0
0
0
3
3
Coccinellidae
3
0
3
0
6
Chrysomelidae
1
2
0
1
4
Lampyridae
1
0
1
0
2
Acrididae
3
1
0
2
6
Gryllacrididae
1
0
0
0
1
Tetigoniideo
0
1
0
0
1
Gryllidae
0
1
0
0
1
Libellulidae
2
1
2
3
8
Gomphidae
0
0
0
2
2
Mantodea
Mantidae
0
0
1
0
1
Blattodea
Blaberidae
1
0
0
0
1
Neuroptera
Myrmelontidae
1
0
0
0
1
62
27
58
59
206
Odonata
Total
Dentre os insetos com potencial para pragas, a ordem Hemiptera é representada pelas
famílias Pentatomidae que aparece com 20% de abundancia no SAF’S, seguida pela família
Psyllidae com 10% (tabela 1). Outra questão que merece ser observada é que o desenvolvimento
de pragas agrícolas em sistemas Agroflorestais provavelmente é influenciado pelo cultivo misto
de plantas, assim espera-se que os níveis de infestação de pragas sejam menores nos SAF’s
quando comparadas aos sistemas de produção convencional. Isso ocorre provavelmente pela
maior disponibilidade de alimentos para os insetos nos SAF’s e pela atuação dos inimigos naturais
que ali são mantidos.
CONCLUSÃO
As abelhas (Hymenoptera, Apidae) são os principais polinizadores encontrados no SAF.
Duas famílias podem ser citadas como potenciais pragas, Pentatomidae e Psyllidae ambas
pertencentes à ordem Hemiptera, no entanto, a infestação é baixa provavelmente pela variedade
de plantas no sistema. Conhecer esses insetos e levar conhecimento para os agricultores da
região é um passo importante para o manejo adequado desta Entomofauna, que anda lado a
lado com a agricultura.
REFERÊNCIAS
DANTAS, J. O. ; SANTOS, M. J. C.; SANTOS, F. R.; PEREIRA, T. P. B.; OLIVEIRA, A. V.S.; ARAUJO, C.C.;
Passos, C. S.; RITA, M. R. Levantamento da entomofauna associada em sistema agroflorestal.
Scientia Plena, V 9, n 44, 2012.
DEL - CLARO K. E OLIVEIRA, P. S. Ant-Homoptera enteraction: de o altemative sugar sources
destract antes? Oikos Copenhagen, v.6, p, 202-206. 1993.
DORNELES, L. L.; PADILHA, M. T.; MILLER, P. R. M.; GONÇALVES, P. F.; STEINER, J.; ZILLIKENS, A.
Polinização de Euterpe edulis (ARECACEAE) por abelhas em sistema Agroflorestal na ilha de Santa
Catarina. Disponível em http://www.sct.embrapa.br/cdagro/tema02/02tema08.pdf, 2010.
DORNELES, L. L.; ZILLIKENS, A.; STEINER, J.; M. T. S. Biologia da polinização de Euterpe edulis
Martius (Arecaceae) e associação com abelhas sociais (Apidae: Apini) em sistema agroflorestal na
Ilha de Santa Catarina. IHERINGIA, Sér. Bot., Porto Alegre, v. 68, n. 1, p. 47-57, 2013.
MACEDO, R. L. G. 2000. Princípios básicos para o manejo sustentável de sistemas
agroflorestais.Lavras:UFLA/FAEP.157p.
MORETI, A. C. de. C.C. Polinização: O principal produto das abelhas. In: 3º. Congresso Baiano de
Apicultura e Meliponocultura, 2005 Vitória da Conquista. Anais do 3º. Congresso Baiano de
Apicultura e Meliponocultura. Cruz das Almas. BA: Gráfica e Editora Nova
Civilização Ltda., 205.v 3.p.28-63.
MÜLLER, M. W.; SENA-GOMES, A. R. e ALMEIDA, C. M. V. C. de. 2002. Sistemas agroflorestais
com o cacaueiro. IV Congresso Brasileiro de Sistemas Agroflorestais, 21 a 26/10/2002, Ilhéus, BA.
Anais
CD-ROM.
MÜLLER, M, W.; ALMEIDA, C. M. V. C. de e SENA-GOMES, A. R. 2003. Sistemas agroflorestais
com cacau como exploração sustentável dos biomas tropicais. Semana do Fazendeiro, 25ª,
Uruçuca, 2002. Agenda. Uruçuca, CEPLAC/CENEX/EMARC, pp. 137-142.
NELDER, J.A. NEW Kinds of systematic designs for spacing experiments. Biometrics, Washington,
v.18,p. 283-307, 1962.
NAIR, P. K. Soil productivity aspects of agroforestry. Nairobi: International center for Research in
Agroforestry. 1984.85p. (Science and Practice of Agroforestry, 1).
ODUM, E. Ecologia. Ed. Guanabara, Rio de Janeiro, 1988.434 p.
RAFAEL, J. A. et al. Insetos do Brasil: Diversidade e Taxonomia. Ribeirão Preto: Ed. Holos, 2012.
810p.
SANTANA, M. P.; CARVALHO, C. F.; BRÍGIDA SOUZA, B.; MORGADO, L. N. Abelhas ( Hymenoptera:
Apoidea) visitantes do feijoeiro, Phaseolus vulgares L, em Lavras e Ijaci -MG. Ciência e Agronomia
Lavras, v 26,n.6,p.1119-1127, 2002.
SILVA, R.A; CARVALHO, G. S. Ocorrência de insetos na cultura do milho em sistema de plantio
direto, coletados com armadilhas-de-solo. Ciência Rural, Santana Maria, v.30, n.2, p.199-203,
2000.
SILVEIRA NETO, S.; MONTEIRO, R. C.; ZUCCHI, R. A.; MORAES, R. C. B. O uso da análise faunística
de insetos na avaliação e impacto ambiental. Scientia agrícola, Piracicaba, v 52, n.1, p.9-15,
1995.
STEFANI, V.; SEBAIO, F.; DEL - CLARO R. Desenvolvimento de Enchenopa brasiliensis 3 trumpel (
Homoptera Membracidae) em plantas de Solanum Iycocarpun St. Hill. ( Salonaceae) no cerrado e
as formigas associadas. Revista Brasileira de Zoociencias, Juiz de Fora, v.2, n.1, p 21-30, 2000.
THUM, A. B.; COSTA, G. C. Entomofauna visitante das inflorescências de Syagrus ramanzoffiana (
Cham. Palmae). Revista da faculdade Zootecnia, Veterinária e Agronomia, Uruguaiana, v 5/4,
n.1, p.43-47, 1998/99.
TRIPLEHORN, C. A.; JOHNSON, N. F. Estudo dos insetos. [Tradução All Tasks]. São Paulo: Cengage
Learning, 2011. 809p.
AGRUPAMENTO E COMPORTAMENTO DOS BOTOS-CINZA (Sotalia guianensis) EM RESPOSTA AO
TRÁFEGO DE EMBARCAÇÕES NO PORTO DE ILHÉUS (BA)
1
1
F. B. Izidoro (PQ)
Instituto Federal de Alagoas (IFAL) - Campus Piranhas - e-mail: [email protected]
(PQ) Pesquisador
RESUMO
Os cetáceos possivelmente constituem o único grupo de
mamíferos que evoluiu em um hábitat desprovido de
refúgios contra predadores. Para a maioria dos cetáceos
o único “refúgio” contra predadores é encontrado na
vida em grupo. Além da proteção a vida em grupo inclui
vantagens na aquisição de recursos. Este trabalho teve
por finalidade caracterizar a estrutura e a atividade geral
dos grupos de boto-cinza (Sotalia guianensis) em reação
ao tráfego de embarcações no Porto de Ilhéus (BA).
Foram realizadas 548,3 horas de monitoramento entre
os meses de setembro de 2007 e agosto de 2008,
utilizando-se varreduras instantâneas. Os animais
estiveram presentes em 89% dos dias amostrados, e um
total de 481 grupos foram registrados chegando à área
de estudo. Animais de todas as faixas etárias foram
observados em todos os meses de coleta, sendo os
adultos os mais avistados. A reação mais comum dos
animais ao passar embarcações de pequeno porte foi a
indiferença. O Porto de Ilhéus pode representar uma
área atrativa para os botos-cinza devido ao fato das
embarcações de pesca descartarem peixes, impróprios
para venda, que são consumidos por esses animais.
PALAVRAS-CHAVE: boto-cinza, faixa etária, embarcações, barcos.
GROUPING AND BEHAVIOR OF ESTUARINE DOLPHINS (Sotalia guianensis) IN RESPONSE TO
TRAFFIC OF SHIPS IN ILHÉUS HARBOR (BA)
ABSTRACT
The cetaceans are possibly the only group of
mammals that have evolved in a habitat without
refuge against predators. For the majority of
cetaceans the single “refuge” against predators is
found in life in group. Living in group protects and
provide advantages in the acquisition of resources.
This study aims to analize group struture and the
general activity of the groups of estuarine dolphins
(Sotalia guianensis) in response to boat traffic at the
Ilheus harbor (BA). A total of 548.3 hours of
observation were conducted from September 2007 to
KEY-WORDS: estuarine dolphin, age, boats, ships.
August 2008, using scan sampling method. Animals
were observed in 89% of the sampling days and a
total of 481 groups were recorded entering the area
of observation. All age classes were recorded in the
area throughout the year but adults were more
frequently observed. The animals generally did not
react to the passage of small boats in their vicinity.
The Ilhéus harbor may represent na atractive area to
the estuarine dolphin due to the fishing boats
frequently discarding fishes consumed by dolphins in
the area.
AGRUPAMENTO E COMPORTAMENTO DOS BOTOS-CINZA (Sotalia guianensis) EM RESPOSTA AO
TRÁFEGO DE EMBARCAÇÕES NO PORTO DE ILHÉUS (BA)
INTRODUÇÃO
O boto-cinza, Sotalia guianensis (Van Bénéden, 1864), é um golfinho pequeno e endêmico
das águas costeiras do oceano Atlântico ocidental (BOROBIA et al., 1991). É comumente
observado próximo à costa em rios, baías e estuários, acompanhando a distribuição original dos
manguezais (MONTEIRO-FILHO et al., 2002). A distribuição conhecida ocorre da ilha de Santa
Catarina (SC), no Brasil (SIMÕES-LOPES, 1988) até Nicarágua (EDWARDS; SCHNELL, 2001), em
uma faixa aparentemente contínua (DA SILVA; BEST, 1996). Apesar de muitos esforços, as
informações sobre S. guianensis são escassas, principalmente nas regiões norte e nordeste do
Brasil (MONTEIRO-FILHO; MONTEIRO, 2008). A União Internacional para a Conservação da
Natureza - IUCN - (SECCHI, 2010) considera que as informações para fazer uma avaliação sobre o
risco de extinção de S. guianensis são escassas (considerando a espécie com dados deficientes),
mas uma nova avaliação cuidadosa do seu status de conservação foi recentemente sugerida,
dada a intensa pressão humana vivida por essa espécie costeira ao longo de sua distribuição
(ROSAS, 2010). A espécie tem uma estimativa de longevidade de cerca de 30 anos
(ROSAS et al., 2003) e um sistema de acasalamento envolvendo vários machos, com possível
competição de esperma segundo Rosas & Monteiro Filho (2002).
Essa espécie é frequentemente encontrada em grupos de dois a seis indivíduos.
Agregações superiores a 200 animais já foram registradas na Baía de Sepetiba (RJ) e em torno de
400 indivíduos na Baía da Ilha Grande (RJ) (LODI; HETZEL, 1998), no sudeste do litoral brasileiro.
Grandes
agregações
são
geralmente
encontradas
em
pesca
cooperativa
(FLORES; DA SILVA, 2009).
Segundo Connor (2000) os benefícios da vida em grupo relacionam-se com a aquisição de
recursos e proteção contra predadores. A taxa de ataque sobre um indivíduo presa decresce de
acordo com o tamanho do grupo, o que é chamado de “efeito diluição”, além de provocar um
efeito de confusão nos predadores que têm dificuldade de identificar um único animal dentro do
grupo (NORRIS; DOHL, 1980). Existem também custos decorrentes da vida em grupo como a
transmissão de parasitas, a competição por recursos e o aumento da detecção por predadores.
Apesar disso, a formação de grupos é favorecida quando os benefícios de estar com outros
indivíduos superam esses custos (CONNOR, 2000).
A espécie é observada em toda a costa do município de Ilhéus (BA). Em algumas áreas são
vistos com maior frequência como na Baía do Pontal e no Porto de Ilhéus. Estudos com
S. guianensis nessa região são importantes para agilizar as ações necessárias para a conservação
da espécie na costa do Brasil. Este trabalho teve por finalidade caracterizar a estrutura e os
comportamentos de fuga, acompanhamento e indiferença dos grupos de boto-cinza em reação
ao tráfego de embarcações no Porto de Ilhéus.
MATERIAIS E MÉTODOS
O Porto de Ilhéus (14º 47’ S, 39° 02’ W) está localizado na Enseada das Trincheiras, bairro
do Malhado na cidade de Ilhéus, litoral sul do estado da Bahia (Figura 1). A área do porto foi
escolhida para a realização do estudo em decorrência a trabalhos anteriores (ASSIS 2008; REIS
2002) que relataram a permanência quase diária dos botos-cinza durante longos períodos no
local. Os animais permanecem próximos à extremidade de um molhe de 2.262 m de extensão
que protege a bacia de evolução do porto contra a ação do mar (APOLUCENO, 1998). Trata-se de
um local com forte influência antrópica devido ao fluxo intenso de embarcações de carga,
turismo e pesca; como também mergulhadores (ANDRADE, 2003) que praticam a pesca esportiva
na mesma área de observação dos botos-cinza (PARQUE MUNICIPAL MARINHO DE ILHÉUS,
2014).
Figura 1 – Localização do Porto de Ilhéus. A circunferência hachurada (raio = 320 m)
indicada a área monitorada (Fonte: IZIDORO, 2012).
A coleta de dados teve início em setembro de 2007 e término em agosto de 2008,
totalizando 548,3h de monitoramento. Procurou-se realizar 48 horas mensais de amostragem,
com cada sessão tendo duração de quatro horas. Durante as sessões foram feitas varreduras
instantâneas (“scan sampling”, ALTMANN, 1974) a cada 15 minutos. As varreduras eram
conduzidas com auxílio de binóculos para verificar a chegada ou a saída de grupos e determinar a
localização dos animais.
Os horários das sessões foram alternados entre manhãs e tardes. A área de
monitoramento compreende a uma circunferência de 320 m de raio, sendo esta a distância
máxima na qual foi possível visualizar e determinar a faixa etária dos animais. Essa distância foi
medida com o uso de um teodolito digital LEICA T 110, com precisão angular de 10 segundos
(SANTOS, 2010).
Os animais foram identificados como infantes, juvenis e adultos, de acordo com a
literatura científica, considerando o padrão de coloração e o tamanho corpóreo estimados
visualmente. Classificou-se como infantes aqueles com coloração cinza-rosada
(RANDI et al., 2008) e comprimento de até 2/3 do comprimento de um adulto. Os indivíduos
juvenis apresentam o dorso todo acinzentado, incluindo parte das nadadeiras peitorais e a
caudal, com uma mancha rosada muito característica localizada no centro da aleta dorsal (RANDI
et al., 2008). O comprimento dos juvenis foi visualmente estimado como superior a 2/3 do
comprimento de um adulto. Os animais adultos caracterizaram-se pelo corpo
predominantemente cinza, mantendo o ventre com cor clara do pescoço até aproximadamente a
região genital (RANDI et al., 2008). O tamanho corpóreo dos adultos varia entre 170 e 220 cm
(MONTEIRO-FILHO, MONTEIRO, 2008).
As embarcações de pesca e entretenimento (barcos de pesca esportiva, mergulho e
passeio), os navios de carga, cruzeiros e os rebocadores que transitaram pela área de estudo ou
que estiveram atracados no cais do porto foram registrados nas planilhas de monitoramento
Observou-se também a reação dos animais no momento da passagem das embarcações de pesca
e entretenimento dentro da área de estudo. Os registros relacionados com as embarcações
foram feitos no intuito de verificar se o trânsito e a permanência dos barcos influenciariam na
presença e no comportamento dos botos-cinza.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os animais estiveram presentes em 89% dos dias amostrados. Registrou-se a chegada de
481 grupos de boto-cinza na área durante o período de estudo. O tamanho dos grupos chegando
ao local variou de dois a 18 indivíduos. O tamanho médio de 3,08 foi similar ao encontrado em
outras populações como as estudadas por Geise (1991), Oliveira et al (1995), Geise et al. (1999),
Araújo et al. (2001), Reis (2002), Spinelli et al. (2002), Azevedo et al. (2005), Rossi-Santos (2006) e
Santos (2010).
Houve também chegada de animais solitários que correspondeu a 12% do total das
chegadas. Esse valor foi superior ao encontrado por Azevedo et al. (2005) na Baía de Guanabara
(RJ) e por Assis (2008) no Porto de Ilhéus que registraram, respectivamente, 0,9% e 5,32% de
indivíduos solitários.
Foi possível definir a faixa etária de 63,61% dos 1407 animais registrados. Indivíduos de
todas as faixas etárias foram observados em todos os meses de coleta. Os adultos, porém, foram
observados com maior frequência (média adultos=36,9 ind/mês, média juvenis=27,9 ind/mês e
média infantes=9,75 ind/mês).
Navios estiveram atracados e em operação no cais durante 70% do tempo de observação.
A avistagem de botos-cinza foi maior quando navios de carga estiveram atracados no porto e
menor na presença de cruzeiros. Durante a manipulação das cargas nos navios, algumas destas
caem no mar, e podem atrair peixes para a área. Isto representa maior oferta de alimento para
os botos-cinza nessa área.
As reações dos botos-cinza observadas durante a passagem de embarcações foram
descritas como:
Fuga: comportamento de deslocamento, individual ou em grupo, caracterizado por sequências
de saltos fora da água.
Acompanhar: comportamento de seguir uma embarcação, individualmente ou em grupo.
Indiferença: quando os animais não apresentaram reação comportamental notável.
Os golfinhos foram em sua maioria indiferentes (93,7%; n = 224) para a passagem de um
barco na área monitorada e nunca manifestaram uma resposta positiva (de acompanhar a
embarcação). A reação à passagem de barcos de pesca (n = 187) e barcos de entretenimento (n =
52), através da área monitorada, foi semelhante (G-teste com ajuste Williams '= 2,58; p = 0,17):
os animais escaparam em 5% das passagens de barcos de pesca (n = 9) e em 12% de barcos de
entretenimento (n = 6).
Figura 2 – Reações dos botos-cinza no momento da passagem de embarcações de pesca e
de entretenimento.
Assim como na Baía de Babitonga (SC), o intenso tráfego de embarcações possivelmente
torne os animais habituados a este tipo de perturbação (CREMER, 2007). Não houve casos de
botos-cinza acompanhando barcos e raramente fugiram com a passagem das embarcações. De
acordo com Cremer (2007) o comportamento de natação junto à proa de embarcações (“bowriding”), característico para algumas espécies de delfinídeos, não foi observado para
S. guianensis. Os barcos de pesca são ancorados próximos à área do Porto de Ilhéus, e ao
retornarem para os ancoradouros, alguns barcos trazem suas redes de arrasto ainda dentro do
mar, além disso, fazem o descarte da pesca próximo ao porto. Os animais foram observados
seguindo essas embarcações e em algumas ocasiões até se alimentando dos peixes descartados
(Observação pessoal). Tal fato contribui para o aumento da abundância de recursos alimentares,
que segundo Cremer (2007), corresponde a um fator-chave na escolha dos hábitats preferenciais
deste pequeno cetáceo.
CONCLUSÃO
Os botos-cinza estiveram presentes em 89% dos dias amostrados, confirmando que o
Porto de Ilhéus é uma importante área de uso para a espécie. A avistagem de botos-cinza foi
maior quando navios de carga estiveram atracados no porto. Durante a manipulação das cargas
nos navios algumas destas acabam caindo no mar e possivelmente atraem peixes para a área.
A reação mais frequente dos animais ao passar embarcações de pequeno porte foi a
indiferença. O intenso tráfego de embarcações possivelmente tornou os animais habituados a
este tipo de perturbação.
A região do Porto de Ilhéus pode representar uma área atrativa para os botos-cinza
devido ao trânsito das embarcações de grande e pequeno porte. Além de haver queda acidental
de resíduos das cargas alimentícias trazidas pelos navios, há também o descarte de peixes dos
barcos de pesca. Tais fatos podem contribuir para o aumento dos recursos alimentares que
atraem os botos-cinza para essa área.
AGRADECIMENTOS
À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) pela concessão da bolsa
de mestrado e do auxílio dissertação. À diretoria e aos funcionários da Companhia de Docas do
Estado da Bahia (Codeba) de Ilhéus pela permissão e apoio no desenvolvimento do trabalho.
REFERÊNCIAS
1. ALTMANN, J. Observational study of behavior – sampling methods. Behavior, v. 49, p. 227267, 1974.
2. ANDRADE, M. P. Ilhéus: passado e presente. Ilhéus, Bahia: Editus. 2003. 144 p.
3. APOLUCENO, D. M. A influência do Porto de Ilhéus nos processos de acresção/erosão
desenvolvidos após sua instalação. 1998. 132f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal da
Bahia, Salvador, 1998.
4. ARAÚJO, J. P.; PASSAVANTE, J. Z. O.; SOUTO, A. S. Behavior of the estuarine dolphin
Sotalia guianensis at Dolphin Bay, Rio Grande do Norte, Brazil. Tropical Oceanography, v. 29, n.
2, p. 13-25. 2001.
5. ASSIS, C. V. Comportamento alimentar e características dos grupos de boto-cinza,
Sotalia guianensis (Van Benéden, 1864) (CETACEA: DELPHINIDAE) no Porto de Ilhéus, Bahia.
2008. 63 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, 2008.
6. AZEVEDO, A. F., VIANA, S. C., OLIVEIRA, A. M., SLUYS, M. V. Group characteristics of marine
tucuxis (Sotalia fluviatilis) (Cetacea: Delphinidae) in Guanabara Bay, south-eastern Brazil. Journal
of the Marine Biological Association of the United Kingdom, v. 85, p. 209-212. 2005.
7. BOROBIA, M., SICILIANO, S., LODI, L., HOEK, W. Distribution of the South-American Dolphin
Sotalia fluviatilis. Canadian Journal Zoology, v.69, n.4, p.1025-1039, 1991.
8. CONNOR, R. C. Group living in whales and dolphins. In: Mann, J., Connor R. C., Tyack P.L.,
Whitehead H. (Orgs). Cetacean Societies. The University of Chicago Press: Chicago, 2000. p.199246.
9. CREMER, M. J. Ecologia e conservação de populações simpátricas de pequenos cetáceos em
ambiente estuarino no sul do Brasil. 2007. 212 f. (Tese de doutorado) - Universidade Federal do
Paraná, Curitiba, 2007.
10. DA SILVA, V. M. F., BEST, R. C. Sotalia fluviatilis Gervais, 1853. Mammalian Species, v. 527, p.
1-7, 1996.
11. EDWARDS, H. H., SCHNELL, G. D. Status and ecology of Sotalia fluviatilis in the Cayos Miskito
Reserve, Nicarágua. Marine Mammal Science, v.17, n.3, p. 445-472, 2001.
12. FLORES P. A. C, DA SILVA V. M. F. Tucuxi and Guiana Dolphin (Sotalia fluviatilis and
S. guianensis). In: PERRIN, W. F, WÜRSIG, B., THEWISSEN, J. G. M (Orgs.). Encyclopedia of Marine
Mammals, 2ª ed. Academic Press: California, 2009, p 1188–1192.
13. GEISE, L. O comportamento dos golfinhos. Ciência Hoje, v.77, p. 27-33, 1991.
14. GEISE, L., GOMES, N., CERQUEIRA, R. Behaviour, habitat use and population size of
Sotalia fluviatilis (Gervais, 1853) (Cetacea, Delphinidae) in the Cananéia estuary region, São
Paulo, Brazil. Revista Brasileira de Biologia, v. 59, n.2, p. 183-194, 1999.
15. IZIDORO, F. B, LE PENDU, Y. Estuarine dolphins (Sotalia guianensis) (Van Bénéden, 1864)
(Cetacea: Delphinidae) in Porto de Ilhéus, Brazil: group characterisation and response to ships.
North-West Journal Zoology, v. 8, p. 232–240, 2012.
16. LODI, L., HETZEL, B. Grandes agregações do boto-cinza (Sotalia fluviatilis) na Baía da Ilha
Grande, Rio de Janeiro. Bioikos, v. 12, n.2, p. 26-30, 1998.
17. MONTEIRO-FILHO, E. L. A., MONTEIRO, K. D. K. A. Biologia, ecologia e conservação do botocinza. São Paulo: Páginas & Letras Editora e Gráfica. 2008. 277 p.
18. MONTEIRO-FILHO, E. L. A., MONTEIRO, L. R., DOS REIS, S. F. Skull shape and size divergence in
dolphins of the genus Sotalia: A tridimensional morphometric analysis. Journal of Mammalogy,
v. 83, n. 1, p. 125-134, 2002.
19. NORRIS, K. S.; DOHL, T. P. Behavior of the hawaiian spinner dolphin, Stenella longirostris.
Fishery Bulletin, v. 77, n. 4, p. 821-849, 1980.
20. OLIVEIRA, J. A., ÀVILA, F. J. C., JÚNIOR, T. T. A., FURTADO-NETO, M. A. A.,MONTEIRO-NETO, C.
Monitoramento do boto cinza, Sotalia fluviatilis (Cetacea: Delphinidae) em Fortaleza, Estado do
Ceará, Brasil. Arquivo de Ciências do Mar, v. 29, n. 1-2, p. 28-35, 1995.
21. Parque
Municipal
Marinho
de
Ilhéus.
Usos
do
<http://nbcgib.uesc.br/parquemarinho/lapa/usos-do-mar>. Acesso em: 14.05.2014.
mar.
22. RANDI, M. A. F., RASSOLIN, P., ROSAS, F. C. W., MONTEIRO-FILHO, E. L. A. Padrão de cor da
pele. In: MONTEIRO-FILHO, E. L. A., MONTEIRO, K. D. K. A. (Orgs.). Biologia, Ecologia e
Conservação do Boto-Cinza. São Paulo: Páginas & Letras Editora e Gráfica, 2008. p.22-32.
23. REIS, M. S. S. O boto Sotalia fluviatilis (Gervais, 1853) (Cetacea, Delphinidae) no litoral de
Ilhéus - BA: comportamento e interações com atividades pesqueiras. 2002. 83 f. Dissertação
(Mestrado) - Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, 2002.
24. ROSAS, F. C. W. (2010): Boto-cinza. In: Rocha-Campos, Claudia Cavalcante, Câmara, Ibsen de
Gusmão, Pretto, Dan Jacobs (2010). Plano de ação nacional para a conservação dos mamíferos
aquáticos: pequenos cetáceos. Brasília: p. 23-26.
25. ROSAS, F. C. W., BARRETO, A. S., MONTEIRO-FILHO, E. L. A. Age and growth of Sotalia
guianensis (Cetacea, Delphinidae) on the coast of Paraná State, Southern Brazil. Fishery Bulletin
101(2), p. 377-383, 2003.
26. ROSAS, F.C.W., MONTEIRO-FILHO, E.L.A. Reproduction of the estuarine dolphin (Sotalia
guianensis) on the coast of Parana, southern Brazil. Journal of Mammalogy, 83(2), p. 507-515,
2002.
27. ROSSI-SANTOS, M. R. Ecologia comportamental do boto-cinza, Sotalia guianensis (Van
Bénedén, 1874) (Cetacea: Delphinidea) na região extremo sul do Estado da Bahia. 2006. 97 f.
(Dissertação de mestrado), Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2006.
28. SECCHI, E. (2012): Sotalia guianensis. In: IUCN 2014. IUCN Red List of Threatened Species.
Version 2014.2. <www.iucnredlist.org>. Acesso em: 15.10.2014.
29. SIMÕES-LOPES, P. C. Ocorrência de uma população de Sotalia fluviatilis, Gervais 1853,
(Cetacea: Delphinidae) no limite sul de sua distribuição, Santa Catarina, Brasil. Biotemas, v. 1, n.1,
p. 57-62, 1988.
30. SANTOS, M. S. Sazonalidade e interação com embarcação do boto-cinza, Sotalia guianensis,
(CETACEA: DELPHINIDAE) no porto do Malhado, Ilhéus, Bahia-Brasil. 2010. 70 f. Dissertação
(Mestrado) - Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, 2010.
31. SANTOS, U. A., ALVAREZ, M. A., SCHILLING A. C., LE PENDU, Y. Spatial distribution and
activities of the estuarine dolphin Sotalia guianensis (van Bénédén, 1864) (Cetacea, Delphinidae)
in Pontal Bay, Ilhéus Bahia, Brazil. Biota Neotropica, v. 10, n. 2, p. 67-73, 2010.
32. SPINELLI, L. H. P., NASCIMENTO, L. F. D., YAMAMOTO, M. E. Identificação e descrição da
brincadeira em uma espécie pouco estudada, o boto cinza (Sotalia fluviatilis), em seu ambiente
natural. Estudos de Psicologia, v. 7, n. 1, p.165-171, 2002.
ETNOBIOLOGIA E SABERES LOCAIS SOBRE A COBRA-DE-DUAS-CABEÇAS (AMPHISBAENIA,
SQUAMATA) EM COMUNIDADES RURAIS DO VALE DO JIQUIRIÇÁ, BAHIA
1
1
1
1
1
1,2
E. J. Santos (IC) ; L. V. Galvão (IC) ; J. J. Silva (IC) ; A. T. Santos (IC) ; E. P. Santos (IC) ; M. H. S. Ferreira (PQ) ;
2
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano (IF Baiano), Campus Santa Inês; Programa de Pósgraduação em Botânica da UEFS (PPGBot-UEFS). E-mail: [email protected]
1
(IC) Iniciação Científica
(PQ) Pesquisador
RESUMO
Os anfisbenídeos são répteis Squamata comuns no meio
rural, mas pouco conhecidos, principalmente devido ao
hábito fossorial. Objetivando avaliar as concepções dos
moradores do meio rural sobre esses animais e
promover uma ação educativa visando o diálogo de
saberes (através de uma Pesquisa-ação) foram
realizadas entrevistas semiestruturadas, entre Fevereiro
e Maio de 2013, em 19 comunidades rurais do Vale do
Jiquiriça, Bahia. Participaram 131 indivíduos com idades
entre 7 e 85 anos e diferentes níveis de escolarização.
Dentre os resultados obtidos destaca-se: a) 97%
afirmaram conhecer e o identificaram como “cobra-deduas-cabeças”. b) Para a maioria (>80%) é um animal
perigoso em razão da sua mordida, por este ser
classificado como cobra e/ou por apresentar veneno. c)
O período mais quente e chuvoso foi o mais citado pelos
entrevistados para a época de ocorrência do animal. d)
Preponderaram crenças como a de que sua mordida
possa matar a “vítima” caso ela coma terra vermelha
logo após o “ataque”. Esses animais ao serem
considerados perigosos e/ou venenosos, tornam-se
crescentemente vulneráveis à extinção uma vez que
muitos dos entrevistados (>70%) afirmaram que o
matariam caso o encontrassem. Ressalta-se a relevância
de se aproveitar o potencial de metodologias de ensino
como a Pesquisa-ação no tempo comunidade dos cursos
da modalidade Proeja Alternância.
PALAVRAS-CHAVE: Amphisbaenia, etnobiologia, educação do campo, Proeja, pedagogia da alternância.
ETHNOBIOLOGY AND LOCAL KNOWLEDGE ABOUT THE TWO-HEADED SNAKE (AMPHISBAENIA,
SQUAMATA) IN RURAL COMMUNITIES OF THE VALE DO JIQUIRIÇÁ, BAHIA, BRAZIL
ABSTRACT
Amphisbaenids (Squamata) are fossorial reptiles poorly
known due to their habits. Aiming to document the rural
inhabitants’ conceptions with regard to these animals,
as well to promote an action research establishing a
dialogue with local knowledge, this study was developed
in 19 rural communities of “Vale do Jiquiriça” (Bahia,
Brazil). Folk knowledge was approached through semistructured interviews (Feb-May 2013) with 131
individuals with age varying among 7 to 85 years, and
diversified scholarization level. Main results are: a) 97%
of the individuals identified the animal as a “two-headed
snake”; b) Most of the interviewers regarded it as a
dangerous animal due their bite or by classified it as a
poisonous snake; c) About 70% said that would kill this
animal if they encountered it in field (increasing their
vulnerability status in conservation criteria). Our study
shows that educational methodologies like the action
research are relevant to the pedagogical practices which
adopt the alternance pedagogy.
KEY-WORDS: Amphisbaenia, ethnobiology, rural education, alternance pedagogy, two-headed snake.
ETNOBIOLOGIA E SABERES LOCAIS SOBRE A COBRA-DE-DUAS-CABEÇAS (AMPHISBAENIA,
SQUAMATA) EM COMUNIDADES RURAIS DO VALE DO JIQUIRIÇA, BAHIA
INTRODUÇÃO
O ensino de Biologia na Educação de Jovens e Adultos (EJA) é um campo de investigação
em educação científica fortemente a ser explorado, especialmente nos cursos profissionalizantes
em que os conteúdos dessa disciplina mais se relacionam aos saberes locais e às questões do
cotidiano dos alunos. Por exemplo, Barbosa & Chagas (2011) afirmam que os alunos se mostram
interessados em aprender os conteúdos de Biologia porque esses conhecimentos se relacionam a
questões do seu cotidiano. A EJA trabalha com sujeitos marginais ao sistema, com atributos
sempre acentuados em consequência de alguns fatores adicionais como raça/etnia, cor, gênero,
entre outros (BRASIL, 2007). É, portanto, preciso assumir a EJA como um campo de
conhecimento específico, o que implica investigar as reais necessidades de aprendizagem dos
sujeitos alunos:
“[...] como produzem/produziram os conhecimentos que portam, suas lógicas,
estratégias e táticas de resolver situações e enfrentar desafios; como articular os
conhecimentos prévios produzidos no seu estar no mundo àqueles disseminados pela
cultura escolar; como interagir, como sujeitos de conhecimento, com os sujeitos
professores, nessa relação de múltiplos aprendizados; [...] de investigar, também, o
papel do sujeito professor de EJA, suas práticas pedagógicas, seus modos próprios de
reinventar a didática cotidiana, desafiando-o a novas buscas e conquistas — todos esses
temas de fundamental importância na organização do trabalho pedagógico” (Brasil,
2007, pp. 25-26)
Em função dessas especificidades dos sujeitos da EJA e dos princípios da política pública
de integração do currículo do ensino médio com a educação profissional (BRASIL, 2007), exige-se
também incluir a pesquisa como ferramenta de ensino-aprendizagem:
“[...] O quinto princípio define a pesquisa como fundamento da formação do sujeito
contemplado nessa política, por compreendê-la como modo de produzir conhecimentos
e fazer avançar a compreensão da realidade, além de contribuir para a construção da
autonomia intelectual desses sujeitos/educandos” (Brasil, 2007, p. 28).
Os anfisbenídeos (“cobra-de-duas-cabeças”) são répteis Squamata comuns no meio rural,
mas pouco conhecidos principalmente devido ao hábito fossorial (e.g. BAPTISTA et al., 2008;
MATEUS et al., 2011). Pautado em trabalhos como os de Baptista et al. (2008) e Baptista & ElHani (2006), que propõem a inclusão dos conhecimentos prévios dos alunos agricultores na sala
de aula de Biologia, o presente trabalho foi desenvolvido em diferentes comunidades rurais
através de uma Pesquisa-ação (sensu DEMO, 2003) realizada com alunos do Curso Técnico em
Agropecuária do Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação
Básica na Modalidade EJA (Proeja), Pedagogia da Alternância, do IF Baiano (Campus Santa Inês).
Os objetivos foram avaliar as concepções dos moradores do meio rural sobre os anfisbenídeos e
promover uma ação educativa que contemplasse esses saberes locais e os conhecimentos
prévios dos alunos visando melhorias no processo de ensino-aprendizagem através da
alternância pedagógica (tempo escola – tempo comunidade) adotada para esse curso.
Esse trabalho é parte de uma investigação mais abrangente em Etnobiologia e Ensino de
Ciências, atualmente em curso no IF Baiano, e que pretende analisar de que forma ocorre a
troca/diálogo entre os saberes que os estudantes trazem de suas comunidades rurais e os
saberes técnico-científicos trabalhados no Proeja. Portanto, este trabalho articula os princípios
da Educação do Campo com os Saberes Escolares e Populares e promove o diálogo e demarcação
de saberes no ensino de Biologia e sua relação com a diversidade cultural.
MATERIAIS E MÉTODOS
Este estudo é parte de uma Pesquisa-ação abrangente em Etnobiologia e Ensino de
Ciências e teve abordagem qualitativa baseada em estudo de caso (LUDKE & ANDRÉ, 1986;
BAPTISTA & EL-HANI, 2006; BAPTISTA et al., 2008) e pautada em concepções dessa abordagem
com algumas adaptações para o contexto da Educação do Campo (e.g. MOLINA & JESUS, 2004).
O estudo transcorreu entre fevereiro e maio de 2013 com a participação de 30 alunos do
Proeja Alternância (Turma 2012.2) do IF Baiano, Campus Santa Inês, e 101 moradores de 19
comunidades rurais dos municípios de Brejões e Ubaíra no Vale do Jiquiriça, Bahia, totalizando
131 entrevistados. Foram entrevistados moradores das comunidades (povoados) de Lagoa da
Bananeira, Palmeiras, Sapucaia, Lagoa do Boi, Jenipapo, Santa Bárbara, Coruja, Tanjante, Recreio
dos Viajantes; e das Fazendas: Serra do Teco, Pedrinhas, Pau Ferro, Vencedor, Oitis, Mamão do
Mato, Purrão, Serra do Baltazar e Tamanduá.
Antes das entrevistas foi brevemente apresentada a proposta e os objetivos da pesquisa
intitulada “A Etnozoologia de alguns animais “curiosos” da nossa região”, após o que indagou-se
sobre o interesse em participar voluntariamente. Para aqueles indivíduos que aceitaram
participar procedeu-se a leitura de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) com o
intuito de garantir a autorização para a realização da pesquisa no âmbito da Resolução 196/96 do
CNS (BRASIL, 2003).
Para o levantamento das concepções prévias dos alunos e dos saberes populares dos
entrevistados foram realizadas entrevistas e a aplicação de um questionário semiestruturado
com base em um protocolo com questões relacionadas à percepção sobre a ecologia, a biologia e
o comportamento dos anfisbenídeos. As entrevistas partiram da apresentação de uma fotografia
(FIGURA 1) de um Amphisbaenia (Amphisbaena alba Linnaeus, 1758), objetivando não induzir
qualquer reposta por parte dos entrevistados com relação à nomeação desse réptil de vida
fossorial.
Figura 1 - Fotografia de uma cobra-de-duas-cabeças (Amphisbaena alba Linnaeus, 1758)
apresentada durante as entrevistas semiestruturadas.
Após a apresentação da fotografia, as seguintes questões lhes foram lançadas (adaptadas
de BAPTISTA et al., 2008): 1 – Você conhece esse animal? 2 – Por que ele tem esse nome? 3 –
Você já viu esse animal? 4 – Onde você viu esse animal? 5 – O que você sabe sobre esse animal?
6 – Com quem você aprendeu sobre esse animal? 7 – O que você sente quando vê esse animal?
Por quê? 8 – O que você faz (fez) quando vê um animal desse tipo? Por quê? 9 – Esse animal
causa algum mal? 10 – Onde esse animal vive? 11 – O que esse animal come? 12 – Você sabe se
existe um macho e uma fêmea? 13 – Como é que esse animal se reproduz? 14 – Você sabe dizer
se esse animal é importante para o meio ambiente? 15 – Você sabe contar alguma estória,
música ou lenda sobre esse animal?. As transcrições das entrevistas foram realizadas
paralelamente às mesmas, sendo que as falas foram escutadas e passadas integralmente para
um editor de texto (Microsoft Word®) ou ainda transcritas para o papel. Com o intuito de
garantir a privacidade, foram atribuídos códigos para a identificação dos sujeitos.
Com os dados das entrevistas, procedeu-se a promoção do diálogo de saberes (populares
e científicos) através do uso de “Tabelas de Cognição Comparada” (sensu MARQUES, 2001), onde
trechos das entrevistas foram relacionados com citações em livros didáticos de Biologia (e.g.
POUGH et al., 2008). Ressalta-se que o objetivo de tal procedimento não foi a hierarquização das
formas de conhecimento envolvidas, mas “a delimitação dos domínios de aplicação dos
conhecimentos prévios e dos conhecimentos científicos escolares” (COBERN, 1996; apud
BAPTISTA et al., 2008, p. 7) sobre os Amphisbaenia que possibilitem o diálogo de saberes no
ensino de Biologia.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Quanto ao perfil dos entrevistados, 55% são do sexo masculino e 45% do sexo feminino,
com idade variando entre 7 e 85 anos e diferentes níveis de escolarização (17% não escolarizados
e 83% com ensino básico incompleto) e 94% deles residem desde o nascimento em comunidades
rurais. Os resultados indicam que os entrevistados detêm um corpo de saberes e práticas sobre
os Amphisbaenia que está alicerçado no convívio com os seus familiares, no conhecimento
transmitido pelos mais velhos e também nas suas práticas no trabalho no campo. Quando
questionados sobre a identidade do animal na fotografia 97% afirmaram ser uma cobra-de-duascabeças. Outro nome alternativo foi o de “cobra-cega” (3% dos entrevistados). As fontes do saber
sobre esses répteis (Questão 6), são exemplificadas nas falas: “[...] eu ouvia os meus avós
falarem. Chama cobra-de-duas-cabeça” (E12 – Recreio dos Viajantes); “[...] com pessoas aqui da
comunidade que relata sobre a cobra e por ter visto ela várias vezes principalmente no inverno”
(E23 – Faz. Vencedor); “[...] na plantação e a gente viu ela” (E78 – Faz. Purrão); “[...] já vi no
quintal da casa [...] aprendi com mainha e na escola” (E79 – Faz. Purrão).
Todos os entrevistados trabalham(ram) em lavouras e estão, portanto, mais suscetíveis a
encontros com os Amphisbaenia. Para Aikenhead (1996) apud Baptista et al. (2008), os
conhecimentos que as pessoas possuem sobre a natureza são fortemente influenciados pelos
contextos culturais nos quais estão inseridas e integram as suas visões de mundo, fato que
corrobora os resultados aqui encontrados.
Os entrevistados identificaram (classificaram) os Amphisbaenia como cobras/serpentes e
geralmente nomeiam esses animais de “cobra-de-duas-cabeças” por acreditarem na existência
de duas cabeças na extremidade do corpo desses répteis (Questões 1 e 2): “Porque tem uma
cabeça em cada ponta. Na verdade nunca tive coragem de olhar direito” (E12); “Sim, porque uma
parte é a cabeça e a outra serve para furar a terra” (E78); “[...] as cabeças são iguais nas duas
pontas” (E43 – Faz. Pedrinhas). Muitos indivíduos (>70%) afirmaram sentir aversão/repulsa pelos
anfisbênios (Questões 5, 7 e 8), pois acreditam que eles são perigosos, possuem “veneno”
(peçonha) e por tal motivo devem matá-los: “Eu sei que ele é um animal muito perigoso” (E41 –
Faz. Palmeiras); “Vejo sempre na zona rural [...] sei que a mordida dela é bastante dolorida” (E40
– Faz. Palmeiras); “Mato com medo dela morder” (E37 – Ass. P.P.R.B.N. Terra); “[...] tem duas
cabeças mas na verdade é uma cabeça e um ferrão [...] sinto medo, espanto e susto [...] mato,
causa muito medo pelo motivo de ter ou não veneno [...] é perigoso mas não tanto como
cascavel, coral” (E28 – Serra do Baltazar); “[...] mato porque se ela morder e depois comer terra
vermelha você morre na hora” (E18 – Santa Bárbara).
Dados semelhantes foram registrados por Navega-Gonçalves (2004) apud Baptista et al.
(2008, p. 8) apontando como consequência dessa crença a agressão e morte indiscriminada
desses animais fossoriais. Esse estudo ressalta ainda o fato de que que determinadas ações do
homem sobre esses répteis podem levá-los à redução ou a extinção. Esses resultados também
foram relatados para o Estado da Bahia (BAPTISTA et al., 2008) e Minas Gerais (MATEUS et al.,
2011).
Diante dessas concepções tornam-se imprescindíveis ações de educação ambiental,
sobretudo com populações do campo, visando a proteção desses e outros animais tidos
“erroneamente” como perigosos/venenosos, mas que na realidade não apresentam peçonha ou
outros riscos para a saúde humana (e.g. LOPES & ROSSO, 2005; POUGH et al., 2008). Por outro
lado, alguns entrevistados demonstraram preocupação com a extinção desses animais e com sua
importância para a manutenção do equilíbrio ecológico: “[...] mas sei que ele é benéfico para a
terra” (E79); “Na verdade só faz mal quando se sente ameaçado” (E11 – Faz. Tamanduá); “[...]
todas as espécies são importantes para o meio ambiente, cada uma tem sua função” (E23); “[...]
porque combate animais ou insetos que prejudica na lavoura” (E27 – Faz. Serra do Baltazar).
Outras concepções sobre os Amphisbaenia obtidas em trechos de entrevistas foram
comparadas com citações em livros didáticos (TABELA 1) e revelaram que muitos desses saberes
apresentam semelhanças com as informações contidas nesses livros. Essas relações de
semelhanças por serem autoexplicativas não serão aqui discutidas exaustivamente.
Tabela 1 - Tabela de cognição comparada (sensu MARQUES, 2001) para promoção do diálogo
entre trechos de entrevistas sobre os anfisbenídeos e informações contidas na literatura.
Saberes locais (conhecimentos prévios)
Citações nos livros didáticos
“Nóis chama de cobra-de-duas-cabeça” (E40); “[...]
porque o rabo tem o formato de uma cabeça” (E81
– Lagoa da Bananeira)
“São popularmente chamados de cobra-de-duascabeças [...]” (LOPES & ROSSO, 2005, p.364).
“[...] mas quando tá acuada junta a cabeça com o
rabo.” (E28); “Os mais velhos diz que é perigoso
porque tem veneno [...] tem boca dos dois
lado.”(E31)
“[...] levanta ao mesmo tempo a cabeça e a cauda,
mantendo a boca aberta numa posição de defesa.”
(VALVERDE & FERREIRA, 2005 apud MATEUS et al.,
2011)
“[...] elas põe ovo [...] É como as outra cobra tem
um macho e uma fêmea” (E61 – Faz. Vencedor);
“nunca vi mas acho que bota o ovo embaixo da
terra” (E90 – Serra do Baltazar)
“[...] são animais geralmente ovíparos: as fêmeas
fecundadas põem ovos e os embriões se desenvolvem
dentro dele e fora do corpo materno” (PAULINO, 2000,
p. 229)
“[...] mora dentro da terra” (E41); “[...] ela vive no
subsolo” (E40); “Quando ela vai passando faz
rachadura no chão” (E03 – Sapucaia); “fala que ela é
cega mas ela advinha a chuva.” (E23)
“[...] com olhos vestigiais [...] Durante a estação
chuvosa as galerias tornam-se inundadas e esses
animais emergem do substrato para a superfície com
maior frequência.” (POUGH et al., 2008)
“Se picado for não deixe ela comer terra vermelha,
mate antes” (E05 – Sapucaia); “[...] mato
porque se ela morder e depois comer terra
vermelha você morre na hora” (E18)
Não foi encontrado registro na literatura.
“Uma pessoa da minha família foi picada por esse
animal e deu trabalho para fazer ele se soltar” (E32
– Faz. Lagoa do Boi); “[...] disse que quando morde
é difícil de soltar da pessoa” (E23)
“Estes animais são totalmente desprovidos de veneno,
embora possam causar ferimentos traumáticos
importantes, pois mordem com muita força.”
(PUORTO & FRANÇA, 2003 apud MATEUS et al., 2011)
“[...] que quando este animal pica, a pessoa tem
que comer um pouco de terra de formigueiro antes
do animal [...] senão não haverá cura” (E81)
Não foi encontrado registro na literatura.
Ressalte-se ainda que na fala de alguns entrevistados percebe-se insegurança quanto à
presença de “veneno” (peçonha) no animal e malefícios que possa causar ao homem. Além disso,
é muito provável que esses saberes sobre a periculosidade desses animais tenha sido transmitida
pelos seus pais e antepassados e até o momento não tiveram oportunidades para
argumentações científicas acerca do modo de vida desses animais.
Torna-se importante destacar o papel da escola e, sobretudo, o do ensino de Biologia
viabilizando uma reflexão nos estudantes sobre as diferentes explicações sobre a natureza. De
acordo com Delizoicov et al. (2003), permitir que a visão de mundo dos estudantes possa aflorar
na sala de aula, dando possibilidade de que eles percebam as diferenças estruturais, tanto de
procedimentos como de conceitos, pode proporcionar a retroalimentação entre as diferentes
formas de conhecimento que possuem.
Quase metade dos entrevistados apontou o período mais quente e chuvoso como a época
do ano em que esses animais são mais facilmente encontrados. Esses achados também são
corroborados pelo trabalho de Mateus et al. (2011) no Povoado de Itatiaia, MG, e provavelmente
refletem o fato de que durante a estação chuvosa as galerias tornam-se inundadas e esses
animais emergem do substrato para a superfície com maior frequência (e.g. POUGH et al., 2008).
Além disso, estes períodos quentes e chuvosos coincidem na região do Vale do Jiquiriça (BA) e
são corroborados pela literatura específica sobre a reprodução de espécies de anfisbenídeos (e.g.
ANDRADE et al., 2006).
Nossa pesquisa indicou, ainda, que houve uma troca de saberes entre educandos e
educador por meio da Pesquisa-ação vivenciada durante a alternância pedagógica. Entretanto,
essa troca parece ocorrer de forma mais acentuada em algumas disciplinas do que em outras,
segundo percebem e comentam os próprios alunos (M.H.S. Ferreira, obs. pess.) e isso também é
corroborado por pesquisas em outros contextos rurais (e.g. SILVA, 2011), trazendo algumas
reflexões importantes no âmbito da modalidade alternância dos Cursos de Proeja voltados à
alunos de comunidades rurais ou tradicionais. Como ressalta Silva (2011):
“O fato de que alguns professores compreendem os períodos de tempo comunidade
como infrutíferos - pois que poderiam estar trabalhando seus conteúdos se os
estudantes estivessem o tempo inteiro na escola, evidencia uma mentalidade que
impede o docente de aproveitar o potencial da pesquisa-ação no tempo comunidade,
que acaba se tornando uma mera oportunidade para o estudante retornar ao seio
comunitário e tratar de trabalhos familiares. Nessa situação, o que deveria ser um curso
por alternância acaba se tornando um curso intervalar. Estes posicionamentos, mesmos
que minoritários no que revelou a pesquisa, nos parecem herança de uma educação
conservadora e tecnicista [...] Somente em 2003 o IFPA – Campus Castanhal iniciou um
debate mais institucional sobre a perspectiva de mudança curricular, orientando-se pelos
princípios da Educação do Campo e de uma pedagogia crítica” (SILVA, 2011, p. 31).
O ensino de Biologia na Educação de Jovens e Adultos (EJA), sobretudo em cursos técnicos
onde essa disciplina exerce maior importância e impacto para a formação discente, como o nosso
Curso Técnico em Agropecuária do Proeja - IF Baiano, é um campo ainda a ser mais explorado.
Ressalte-se que o presente trabalho foi aplicado a alunos em fase inicial do curso ao longo do
módulo/eixo temático “Cultura” e, a partir das intervenções empreendidas através da Pesquisaação e das nossas análises, percebemos que esses alunos se mostraram mais motivados no
processo de aprendizado dos conteúdos da disciplina, sobretudo porque os temas elencados e
que vem sendo tratados nesse módulo se articulam com questões do seu cotidiano, do seu
contexto de vida, e incluem a apreciação de seus saberes e os de seus pares em suas
comunidades de origem.
Além disso, verificou-se que, apesar da motivação dos alunos, estes indicaram a
necessidades de situações de caráter prático durante as aulas da disciplina. Essas percepções
também foram elencadas no trabalho de Barbosa & Chagas (2011) e esses autores também
ressaltam que alguns fatores relacionados às dificuldades de aprendizagem da Biologia na EJA
precisam ser mais bem estudados.
CONCLUSÃO
Nossas ações educativas com a Pesquisa-ação em Etnobiologia e Ensino de Biologia junto
ao Proeja Alternância o IF Baiano têm sido norteadas pelos princípios da Educação do Campo,
sobretudo pela valorização dos saberes populares dos alunos e de outros sujeitos das
comunidades rurais na qual convivem. Foram identificadas concepções prévias sobre os
anfisbênios que dialogam com os conhecimentos contidos nos livros didáticos de biologia.
Entretanto, alguns desses livros apresentam erros conceituais que necessitam ser ressignificados
cientificamente para o contexto escolar para serem trabalhados em sala de aula com os
estudantes. Nesse sentido, pretende-se, no âmbito do Proeja Alternância, elaborar um material
didático que contemple essas concepções prévias e também propor estratégias de ensino que
permitam aos professores de ciências e de biologia das escolas rurais das comunidades
envolvidas ações pedagógicas pautadas na inclusão do diálogo cultural com as ciências. Essas
intervenções poderão ampliar as visões da natureza no tocante à biologia desses répteis e de
outros animais, possibilitando aos indivíduos refletirem sobre suas crenças e práticas e as
aplicações destas no seu contexto de vida.
AGRADECIMENTOS
À Nelson Vieira da Silva Filho (Diretor geral do Campus) e à Douriene Lima Fraga Amorim e
Rosângela Lima de Neves Rodrigues pelo apoio pedagógico e inúmeras facilidades ao
desenvolvimento dessa Pesquisa-ação no âmbito do Proeja Alternância do IF Baiano, Campus
Santa Inês. A todos os alunos do Proeja - Turma 2012.2, especialmente àqueles que conduziram a
liderança dos trabalhos nas diferentes equipes durante o tempo comunidade do Curso.
Finalmente, aos moradores das comunidades de Lagoa da Bananeira, Palmeiras, Sapucaia, Lagoa
do Boi, Jenipapo, Santa Bárbara, Coruja, Tanjante, Recreio dos Viajantes e das Fazendas: Serra do
Teco, Pedrinhas, Pau Ferro, Vencedor, Oitis, Mamão do Mato, Purrão, Serra do Baltazar e
Tamanduá pela acolhida, por dividir conosco seus saberes e pelo empenho de seu tempo no
atendimento aos nossos alunos.
REFERÊNCIAS
1. ANDRADE, D. V.; NASCIMENTO, L. B.; ABE, A. S. Habits hidden underground: a review on the
reproduction of the Amphisbaenia with notes on four neotropical species. Amphibia-Reptilia,
Leiden, v. 27, p. 207-217, 2006.
2. BAPTISTA, G. C. S.; EL-HANI, C. N. Investigação etnobiológica e ensino de biologia: uma
experiência de inclusão do conhecimento de alunos agricultores na sala de aula de biologia.
In: TEIXEIRA, P. M. M. (Org.): Ensino de ciências: pesquisas e reflexões. Ribeirão Preto: Ed.
Holos, p. 84-96, 2006.
3. BAPTISTA, G. C. S.; COSTA-NETO, E. M.; VALVERDE, M. C. C. Diálogo entre concepções prévias
dos estudantes e conhecimento científico escolar: relações sobre os Amphisbaenia. Revista
Iberoamericana de Educación, Madrid, v. 47, p. 1-16, 2008.
4. BARBOSA, J. S.; CHAGAS, P. C. M. Concepções dos alunos da Educação de Jovens e Adultos
sobre a disciplina de Biologia. In: VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em
Ciências, 2011, Campinas. Anais.... Campinas: ABRAPEC, 2011. p. 810-823.
5. BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Comissão Nacional de Ética em
Pesquisa. Normas para pesquisa envolvendo seres humanos, 2.ª Ed. Brasília: Ministério da
Saúde, 2003. 106 p.
6. BRASIL. Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica. Ministério da Educação.
Documento base do PROEJA. Brasília: Ministério da Educação, 2007. 74 p.
7. DELIZOIKOV, D.; ANGOTTI, J. A.; PERNAMBUCO, M. M. Ensino de Ciências: fundamentos e
métodos. São Paulo: Cortez, 2003. 368 p.
8. DEMO, P. Educar pela pesquisa. Campinas, SP: Autores Associados, 2003. 140 p.
9. LOPES, S.; ROSSO, S. Biologia, vol. único. São Paulo: Saraiva, 2005. 608 p.
10. LUDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. A pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo:
EPU, 1986. 99 p.
11. MARQUES, J. G. W. Pescando pescadores. 2.ª Ed. São Paulo: NUPAUBUSP, 2001. 258 p.
12. MATEUS, M. B.; PINTO, L. C. L.; MOURA, M. R.; PIRES, M. R. S. A cobra-de-duas-cabeças na
percepção dos moradores do povoado de Itatiaia, Minas Gerais. Biotemas, Florianópolis, vol.
24, n. 3, p. 111-117, 2011.
13. MOLINA, M.; JESUS, S. Contribuições para a Construção de um projeto de Educação do
Campo. Brasília: INCRA/MDA, 2004. 75 p.
14. PAULINO, W. R. Biologia, vol. único. São Paulo: Ed. Ática, 2000. 552 p.
15. POUGH, F. H.; JANIS, C. M.; HEISER, J. B. A Vida dos Vertebrados. São Paulo: Ed. Atheneu,
2008. 718 p.
16. SILVA, J. E. M. “Nós tamo aprendendo com eles, eles tão aprendendo com a gente”: a troca
de saberes vivenciados na turma Proeja Quilombola - IFPA Campus Castanhal. 2011. 36 p.
TCC (Especialização em Educação para as Relações Etnicorraciais) - IFPA (Campus Castanhal).
Castanhal: IFPA, 2011.