Parte 2 - Revista Emergência

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Parte 2 - Revista Emergência
REPORTAGEM
Atuação conjunta
 Corporação está ligada à Secretaria de Estado de Defesa Civil
O CBMERJ percorreu um grande trajeto até chegar ao formato atual: ligado à
Secretaria de Estado de Defesa Civil. Depois que tornou-se órgão permanente, em
1860, o então Corpo de Bombeiros da Corte passou a denominar-se Corpo de Bombeiros da Capital Federal, em 1889 - após
a Proclamação da República. Em seguida,
passou a ser chamado de Corpo de Bombeiros do Distrito Federal. Isso até 1960,
quando a capital brasileira mudou do Rio
de Janeiro para Brasília. Aí, então, a entidade passou a ser Corpo de Bombeiros
do Estado da Guanabara. Com a fusão dos
Estados da Guanabara e do Rio de Janeiro, em 1975, nova mudança: Corpo de
Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro.
Finalmente, com a criação da Secretaria
de Estado de Defesa Civil, em 1983, a Corporação assumiu a identidade válida hoje:
Corpo de Bombeiros Militar do Estado do
Rio de Janeiro.
O coronel, secretário de Defesa e comandante geral do CBMERJ, Carlos
Alberto de Carvalho, garante que o trabalho conjunto tem suas vantagens. “Há 23
DESASTRES MARCANTES NA HISTÓRIA DO CBMERJ
1906
1975
17 DE MARÇO
Inundações: Transbordamento do Canal do Mangue; Desmoronamentos com mortes nos morros
de Santa Tereza, Santo Antônio e Gamboa.
1954
7 DE MAIO
Explosão na Ilha do Braço Forte, com morte de 17
bombeiros.
8 DE MAIO
Colisão de trens: Estação da Mangueira, Rio de
Janeiro, aproximadamente 90 mortos e cem feridos.
1958
FATOS & FOTOS
1961
17 DE DEZEMBRO
Incêndio no centro de Niterói: 374 mortos,
centenas de feridos, incêndio no Gran Circus
Norte-Americano.
28 DE JULHO
Incêndio passeio
público, Rio de Janeiro:
Edifício Astória/
Cinelândia, com quatro
mortos e 30 feridos.
CBMERJ
1930
24 DE OUTUBRO
Incêndio nos jornais da cidade do RJ (“O País”, “A
Noite”, “Jornal do Brasil” e “Gazeta de Notícias”)
em decorrência da revolução implantada pelo Governo Provisório, em 23 de Outubro de 1930.
8 DE SETEMBRO
Acidente envolvendo carro Auto Bomba, no bairro
Vila Isabel: cinco bombeiros mortos.
11 DE NOVEMBRO
1981
Incêndio no Edifício
Vale do Rio Doce:
aproximadamente 90
bombeiros feridos.
1982
13 DE JANEIRO
Contaminação com produto químico, Mercado São
Sebastião, Rio de Janeiro: três mortes devido ao
vazamento de pentaclorofenato de sódio, conhecido como “Pó da China”.
1984
04 DE JULHO
Queda de avião, Macaé/RJ: 18 mortos – repórteres das redes Manchete, Globo, Bandeirantes e
Educativa.
16 DE AGOSTO
1964 1984
Explosão na Plataforma de Enchova, Macaé, Ba-
1966
2 DE JANEIRO
Enchentes e desabamentos nos Estados da
Guanabara e do Rio de Janeiro: aproximadamente
250 mortos e milhares de desabrigados.
cia de Campos: 37 mortos e 25 feridos.
1988
31 DE DEZEMBRO
Naufrágio (Bateau Mouche), Leme, Rio de Janeiro:
53 mortos - acidente ocorrido às 23h45 - durante
reveillon de 1988.
2003
1967
29 DE MARÇO
Municípios do Norte e Noroeste Fluminense são
atingidos pelo acidente ambiental provocado pelo
derramamento de 1,2 bilhão de litros de resíduos
químicos industriais, provenientes da indústria
Cataguazes de Papel, no Estado de Minas Gerais.
20 DE NOVEMBRO
Queda de viaduto, Avenida Paulo de Frontin: 26
mortos e 22 feridos.
26 DE FEVEREIRO
Incêndio na Eletrobrás, centro do Rio de Janeiro.
20 DE JANEIRO
Deslizamento na rua General Glicério, Laranjeiras:
dezenas de mortos e feridos.
1971
32 Emergência
2004
anos que o Corpo de Bombeiros é também Secretaria de Estado, ou seja, que o
comandante geral é também secretário de
Defesa Civil. Isso facilita muito nossa atuação, porque faz com que o comandante,
como secretário de Estado, tenha acesso
direto ao chefe do Poder Executivo. Dessa forma, temos como repassar nossas necessidades de maneira muito mais tranqüila do que se tivéssemos que passar isso
a uma terceira pessoa, que, por sua vez,
repassaria ao governador”, analisa. “Então,
este é um grande fator que contribui para
o desenvolvimento de nossa instituição”,
atribui. Para ele, “a Defesa Civil não precisa necessariamente ser feita por bombeiros, mas todo bombeiro precisa conhecer
sobre Defesa Civil”.
Conforme o coronel, os trabalhos da Defesa Civil e dos bombeiros têm muitas interfaces. “A interação acontece em diversas etapas. Existe a fase da prevenção, onde
vários órgãos atuam, por exemplo, no mapeamento de risco, na criação ou na catalogação de locais que possam servir de abrigo. Esta não é uma fase só dos bombeiros.
No entanto, a segunda fase, que é a de
socorro, atendimento ou resposta, é feita
iminentemente por profissionais da Corporação. A terceira fase é a da assistência.
É onde o bombeiro também atua como
agente de Defesa Civil. Trata-se daquela
fase em que, depois de feitos os resgates,
é preciso prestar ajuda como Poder Público – administração de abrigos, por exemplo. A última fase é a da reconstrução, onde
trabalha-se pela volta à normalidade depois
de uma enchente ou deslizamento”, explica.
O coronel, que está à frente do CBMERJ
desde 2003, divulga alguns dados sobre a
Corporação. “Possuímos 229 viaturas. Contamos com um efetivo de 15 mil bombeiros. Temos 108 quartéis operacionais.
Estamos presentes em 48 municípios do
Rio de Janeiro – o que abrange 14 milhões de habitantes. Dispomos, então, de
um bombeiro para cada mil habitantes,
que é o que preconiza a NFPA - National
Fire Protection Association - entidade internacional para o assunto” - destaca.
GRUPAMENTOS
Além das equipes normais de combate
a incêndio, o CBMERJ também é conhecido por manter grupos especializados de
atuação. A Corporação carioca mantém,
hoje, sete grupamentos especiais: Marítimo; de Busca e Salvamento; de Socorro e
Emergência (GSE – que realiza atendimenJULHO / 2006
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DO CBMERJ
TRABALHO
INTERATIVO
A atuação conjunta entre Corpo de Bombeiros e Defesa Civil tem
muitas interfaces. Esta interação acontece em diversas etapas,
facilitando o trabalho dos órgãos
to pré-hospitalar); de Socorro Florestal e
Meio Ambiente; Tático para Suprimento
de Água para Incêndios (GTSAI); Operações com Produtos Perigosos (GOPP);
Operações Aéreas (GOA).
O coronel De Carvalho faz os seus destaques. “O Marítimo é um dos que vêm
crescendo bastante. Há pouco, tivemos a
oportunidade de inaugurar o primeiro
grupamento especializado na área fora da
cidade do Rio de Janeiro. Implantamos o
serviço em Niterói, na Praia de Itaipu”,
sublinha. “Também criamos o Grupamento
Tático para Suprimentos de Água para Incêndio (GPSAI). Essa unidade tem a função de garantir o abastecimento de água
em qualquer grande incêndio, ou seja, tem
o objetivo de garantir recursos hídricos suficientes durante trabalhos de extinção de
fogo”, enfatiza.
O Grupamento de Operações Aéreas é
outra equipe ressaltada pelo coronel e secretário de Defesa Civil carioca. “Temos
um hangar no aeroporto de Jacarepaguá.
Lá está localizada a primeira aeronave de
combate a incêndio do Brasil”, divulga.
Com capacidade de armazenamento de
3.100 litros, o Air Tractor 802F tem autonomia de vôo na faixa de cinco horas. O
avião foi adquirido pela Corporação em
função do TAC (Termo de Ajuste de Conduta) imposto à Petrobras em 2000 (depois do derramamento de óleo na Baía de
JULHO / 2006
Guanabara). “Na época, ficou acordado
que parte dos recursos da medida compensatória exigida da Petrobras seria destinada ao Corpo de Bombeiros. Então, optamos por aplicar este recurso na compra
do avião”, relata.
Conforme conta De Carvalho, operações
aéreas são utilizadas, sobretudo, em incêndios florestais, cujo acesso por terra seja
dificultado. “A eficácia do avião tem sido
tamanha que depois que começou a operar, não vimos mais grandes incêndios no
Rio de Janeiro”, garante.
Além disso, como lembra o também
secretário de Defesa, a aeronave tem sido
útil a corporações de outros estados. “Em
um trabalho recente, ajudamos o Sergipe.
Eles vinham tentando combater um incêndio florestal havia uma semana sem sucesso. Então, entramos para tentar ajudar. Depois de nove lançamentos de nosso avião
de combate, o fogo foi extinto”, divulga.
AÇÕES SOCIAIS
Falando em ajuda, um dos destaques da
Secretaria de Estado de Defesa Civil e do
Corpo de Bombeiros mais antigo do Brasil são também os projetos de aproximação com a comunidade. O Projeto Botinho
é um exemplo destes programas. Em atuação desde 1964 (antes conhecido como
Salvamar), o projeto visa a disseminação
de conhecimentos básicos sobre a dinâEmergência
33
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DO CBMERJ
REPORTAGEM
dade desempenhada por agentes de Defesa e bombeiros. Assim, o programa Bombeiro Amigo do Peito, visa contemplar
mães que possuam problemas para amamentação através da doação de outras
mães voluntárias. “O bombeiro recolhe
as doações e leva o material ao Instituto
Fernandes Figueira, que armazena, pasteuriza e distribui o leite a diversos hospitais
públicos do Estado”, descreve o coronel
Carlos Alberto de Carvalho.
PROJETO
BOTINHO
Programa de destaque feito com a comunidade visa a
disseminação de conhecimentos básicos sobre dinâmica
dos mares, técnicas de abordagem e salvamento no mar e orientações
sobre primeiros socorros
mica dos mares, técnicas de abordagem e
salvamento no mar e orientações sobre
primeiros socorros. O programa é voltado
a crianças e adolescentes de 7 a 17 anos
e se estende pelos 1042 quilômetros de
litoral do Rio de Janeiro.
O Programa Saúde na Escola é outro motivo de orgulho. Pelo menos é assim que
considera o coronel e secretário de Defesa, Carlos Alberto de Carvalho. “Este trabalho tem como objetivo a presença de
médicos e dentistas da Corporação, reali-
34 Emergência
zando ações prevencionistas na escola. O
programa é tão importante neste aspecto
de prevenção de doenças que várias mães
têm procurado nossos profissionais, até no
sentido de dar orientações relacionadas à
gravidez e à educação sexual a seus filhos”, diz. A Corporação toca, ainda, o Projeto Sangue – A Cor da Vida. Com apoio
do Hemorio, além de estabelecer postos
de coleta, a Corporação trabalha na difusão de campanhas pró-doação sanguínea.
A coleta de leite materno é outra ativi-
SESQUICENTENÁRIO
Depois de um século e meio de atuação,
o CBMERJ quer mesmo é comemorar. Para
isto, já programou uma lista de atividades
que começaram em junho e adentram
julho – mês em que foi criado. Entre elas,
o VIII Senabom (Seminário Nacional dos
Bombeiros), o II Defencil (Seminário Internacional de Defesa Civil) e o XVI
Comsaude (Congresso Militar de Saúde),
eventos que ocorrem nos dias 11 a 14 de
julho, no Rio de Janeiro.
Além de eventos, também ocorrerão
torneios, formaturas, inauguração das novas instalações do Museu do CBMERJ, concursos, exposições e até o lançamento de
um livro comemorativo.
Apesar de ser um evento concentrado
no Rio de Janeiro, o comandante De Carvalho acredita que o sesquicentenário do
CBMERJ é motivo de comemoração para
todas as corporações do País. “Como o Rio
de Janeiro foi o precursor, muitas das outras corporações foram criadas através de
um agente, de um bombeiro carioca. Então, a festa é de todos os bombeiros do
Brasil”, entusiasma-se.
.
JULHO / 2006
RESGATE
JORNAL A TRIBUNA DE SANTOS
O dia em que a Vila virou inferno
◗22 anos depois, a tragédia da Vila Socó ainda revela lições
24
de fevereiro de 1984. Sábado de carnaval. Por volta da
meia-noite, enquanto o país
pulava e cantava embalado pelos sambasenredo, tinha início uma tragédia na Vila
Socó, uma favela de Cubatão/SP. Um duto
de gasolina do oleoduto da Petrobrás que
passava sob a vila se rompeu e um incêndio
tomou conta do lugar. No dia anterior, os
moradores já haviam sentido cheiro de gasolina. O vazamento foi de mais de 3 milhões de litros. A vila ficava sob um mangue, que, naquele momento, era, na verdade, um imenso caldeirão com uma camada
de combustível que tomou conta de todas
as áreas das palafitas. Na época, a favela
possuía cerca de 6.000 moradores.
Oficialmente, foram 93 mortos, equivalente ao número de corpos encontrados.
Os dados extra-oficiais, no entanto, apontam para números alarmantes. Acreditase que a maioria dos corpos tenha desaparecido em conseqüência da alta temperatura – calculada em torno de mil graus
centígrados – que persistiu durante horas.
Um corpo ao ar livre, exposto por uma ou
duas horas a mil graus centígrados, provavelmente vira cinza. Estima-se que 453 pessoas morreram. Segundo o ex-coordenador
do PAM (Plano de Auxílio Mútuo) de CuReportagem de Lia Nara Bau
36 Emergência
batão, Dalton Leal Dias, a causa do incêndio, no entanto, nunca foi descoberta.
“Mas a existência sem qualquer controle
de uma favela sobre o duto, repleta de
pessoas sem quaisquer conhecimentos de
riscos, treinamentos simulados, a demora
do atendimento e a falta de evacuação
preventiva imediata de toda área sinistrada, com certeza foi a causa raiz do problema. Qualquer acionamento elétrico, um
interruptor, por exemplo, poderia dar início
à ocorrência”, afirma.
Durante a tarde de sábado, o vazamento
já era visível na superfície da água. Com a
maré em processo de cheia, o nível da
água se elevou até os assoalhos das palafitas. Milhares de litros de gasolina foram
recolhidos pela população com o intuito
de serem posteriormente vendidos. Então,
por volta das 23h30min, a Refinaria de
Capuava iniciou o bombeamento para o
Terminal da Alemoa, em Santos, através
do oleoduto. Mas, por falha de comunicação, algumas válvulas estavam fechadas,
o que fez com que o duto que estava parcialmente vazando na vila não suportasse
a carga e se rompesse, lançando grande
quantidade do combustível por baixo do
lençol de águas retidas na bacia.
DIFICULDADES
Para conter o fogo e atender as vítimas,
foi mobilizado o Corpo de Bombeiros, a
Defesa Civil, PAMs da região, bombeiros
das indústrias, funcionários da prefeitura,
além de pessoas de outras cidades e voluntários da comunidade. Os principais procedimentos de emergência adotados foram
a evacuação da área, o resgate de feridos,
identificação de vítimas e operações especiais de extinção e controle do incêndio.
Um dos problemas encontrados durante
a operação foi a largura das ruas e o mangue, impedindo a passagem das viaturas.
Isolar a área, segundo Dias, foi outro problema na ocasião. “Tivemos dificuldades
de isolamento da área, disposta de saídas
para a via Bandeirantes e Anchieta. Por
ser uma área de invasão sem controle da
população efetiva, tinha sérios problemas
sociais e a dificuldade técnica de isolamento foi aliada ao pânico, natural dos
grandes acidentes”, diz. Além disso, a falta
de recursos da época foi outro agravante.
“Enfrentamos a falta de equipamentos e
materiais compatíveis com as necessidades
reais para controle de incêndios de grandes proporções, como LEG (Líquido Gerador de Espuma) e recursos humanos para
atender as vítimas”, desabafa.
No dia seguinte, algumas cenas que ficaram na memória: crianças mortas por asfixia dentro de geladeiras, onde foram colocadas pelos pais na esperança de escapar
JULHO / 2006
do incêndio, e casais mortos abraçados. Uma
das vítimas, porém, virou uma espécie de
símbolo da tragédia: grávida, exibia na pele
o contorno do feto, quase um desenho em
alto relevo, morto no seu ventre.
CORROSÃO
Laudos da época afirmam que no ponto
de rompimento do duto em frente à Vila
Socó havia alto índice de corrosão. Segundo
Dias, a falta de manutenção preventiva tem
na corrosão a maior inimiga de dutos petrolíferos e petroquímicos. “Este duto estava
sob água salobra, que facilita muito o processo
de corrosão externa. Mas também já havia
comprometimento interno pela falta de proteção e manutenção preventiva”, explica.
Segundo o ex-coordenador do PAM, o duto não possuía revestimento anticorrosivo,
válvulas de bloqueios e dispositivos de segurança de desarme automático por alta pressão. A legislação exige que todos os tanques
de armazenamento subterrâneos possuam
sistemas de proteção anticorrosiva e tenham
supervisionamento profissional qualificado.
Segundo a Lei Estadual de São Paulo nº 365/
92, é vedada a instalação de depósitos, com
estrutura metálica, enterrados ou semi-enterrados, de armazenamento do combustível,
em postos de serviço automotivo e suas
correspondentes tubulações, sem proteção
contra a corrosão. De acordo com Dias, alguns
métodos devem ser utilizados para combater
a corrosão. “Podem ser usadas tintas e revestimentos anticorrosivos, proteção catódica,
seleção de material e inibidores de corrosão”, esclarece. Segundo ele, a situação atual
dos dutos da Vila Socó é bem diferente de
22 anos atrás. “Os dutos foram substituídos
e hoje sofrem processos de manutenção periódica. Foram dotados de válvulas e dispositivos de autobloqueio em caso de excesso
de pressão ou necessidade de bloqueios manuais”, assegura.
MELHORIAS
A extensão da tragédia chamou a atenção
das autoridades. A Petrobrás trocou todo o
sistema de oleoduto, proibiu a construção
de barracos sobre a faixa de segurança de
passagem da canalização, construiu casas para
os sobreviventes, indenizou as vítimas, implantou um projeto de urbanização, escola e
área de lazer, enquanto a Prefeitura aterrou
o mangue. “A área foi totalmente aterrada e
sobre os dutos, em toda a sua extensão, foi
construída uma ciclovia”, fala Dias.
Hoje não há mais barracos na Vila, que até
mudou de nome. Agora é conhecida oficialmente como Vila São José. No lugar da
favela há um bairro urbanizado com mais de
4.000 habitantes, ruas asfaltadas, escola e
JULHO / 2006
posto de saúde. A Justiça não apontou responsáveis, mas os atingidos pelo acidente foram
indenizados pela Petrobrás. “Hoje a Vila tem
vida normal e, além de várias melhorias como
áreas de lazer e outras infra-estruturas disponibilizadas, sofre uma vigilância constante pelos segmentos constituídos. Mas ninguém
quer lembrar do pesadelo”, lamenta Dias. Para ele, o essencial é que hoje o local está
protegido de novos incidentes. “Com a cobertura de toda a área, foi eliminada totalmente
a possibilidade de grandes ocorrências.
Anteriormente, as palafitas estavam construídas em uma área alagada com influência
das marés, fato que possibilitava o espalhamento de toda a gasolina, que por ser mais
leve do que a água se concentrava sobre o
espelho d’água em toda a superfície ocupada”, lembra.
APRENDIZAGEM
Infelizmente, é apenas em situações como
esta que ocorreu na antiga Vila Socó que são
aprimorados os serviços de atendimento às
emergências. Hoje, a integração dos quatro
PAMs da Baixada Santista auxilia no aperfeiçoamento dos atendimentos. “A junção dos
PAMs, atuando de forma integrada, tornou o
atendimento às emergências mais rápido,
mais agilizado”, fala Dias. Além disto, o
UNEP, Programa de Meio Ambiente da
ONU, iniciou o projeto APEL, nos anos 90,
em Cubatão, para atender acidentes ampliados junto à comunidade, capacitando os moradores para atuar em casos de acidentes. A
proposta é orientar a comunidade, através das
lideranças comunitárias, sobre como agir e
auxiliar em uma emergência.
Dias acredita que ações preventivas como
este projeto, poderiam ter evitado a tragédia.
“Deveria ter sido desencadeada uma ação
preventiva rápida a partir do momento que
se identificou o odor da gasolina no ar e a
sua localização. Por exemplo, se a área fosse
preventivamente coberta por espuma mecânica e a população advertida dos riscos, certamente a maioria das palafitas seriam abandonadas, não ocorreria a ignição do vazamento e
não teríamos tantas vítimas a lamentar”, salienta.
Mas o que, afinal, a tragédia ensina? Para
Dias, a principal aprendizagem foi a necessidade de prevenir os riscos a que estão sujeitas
as populações que habitam áreas invadidas e
de difícil acesso. “O descaso, a falta de controle, a permissividade e a facilidade para invasões de áreas públicas geram condições
de riscos iminentes, dificuldade de acesso rápido para socorro emergencial necessário e
resgate de vítimas. Geralmente, o quadro é
o mesmo: perda total de bens e da vida de
muitos inocentes”, ressalta.
CRONOLOGIA DA TRAGÉDIA
DIA 23/02/84
18h
Moradores da Vila Socó se queixam
de forte cheiro de gasolina que vinha
do mangue.
DIA 24/02/84
15h
A existência de vazamento já é visível pela presença de um filme oleoso
sobre a superfície da água que cobria toda a
bacia do oleoduto. O nível da água se eleva
com a cheia e milhares de litros de gasolina começam a ser recolhidos pela população com o intuito de serem posteriormente vendidos.
23h30
A Refinaria de Capuava inicia o
bombeamento de gasolina para o
Terminal da Alemoa, em Santos, através do
oleoduto. Mas, por falha de comunicação,
algumas válvulas estavam fechadas, fazendo
com que o duto que estava parcialmente vazando na vila não suporte a carga e se rompa.
24h
O rompimento mecânico do oleoduto
na Vila Socó dá início a um incêndio de grandes proporções (mais de 44mil/
m2), lançando grande quantidade de gasolina
nas águas do mangue. Cada palafita é
consumida em menos de um minuto.
DIA 25/02/84
1h30
A Vila está tomada por meio milhão de litros de gasolina e é
totalmente destruída pelo fogo.
9h
Dezenas
de corpos
carbonizados são
enfileirados na
beira da Avenida
Bandeirantes.
Pessoas tentam
encontrar ou ter notícias de parentes
desaparecidos.
Corpos carbonizados são encontrados até sobre os trilhos da via férrea.
Capa do jornal A
Tribuna de Santos
15h
Devido ao forte odor de corpos queimados, a Polícia Militar providencia a
cobertura da área com cal.
Emergência
37
INTERNACIONAL
QUAIS OS ELEMENTOS FUNDAMENTAIS PARA
QUE UMA EMERGÊNCIA SEJA ATENDIDA COM
EFICÁCIA?
Dentre os elementos fundamentais, temos a
preparação, tempo de resposta e segurança
na cena, para garantir que outras pessoas não
venham a se tornar vítimas do procedimento
que você está fazendo, ou seja, espera-se que
o atendente não agrave a lesão da vítima e
não produza outras vítimas. Além disso, uma
vez que você se propõe a auxiliar uma vítima,
precisa ter qualificação para fazer uma avaliação eficiente, identificando o problema o
mais rápido possível e realizando o procedimento correto para atendê-la da melhor maneira possível, dentro de uma qualidade de
aplicação que se esperaria que uma outra
pessoa, com o mesmo nível de treinamento
e sob as mesmas circunstâncias, seria capaz
de fazer. Dessa forma, pode-se buscar referências para um padrão de atendimento.
CATÁSTROFES ACONTECEM CADA VEZ MAIS
NO MUNDO. COMO AS EMERGÊNCIAS, EM
NÍVEL MUNDIAL, ESTÃO ACOMPANHANDO
ESSAS DEMANDAS?
Na realidade é que não estamos preparados.
Mesmo os Estados Unidos, ocupando posição
hegemônica no mundo, em termos de desenvolvimento para atender às emergências, teve,
recentemente, o confronto com o furacão
Katrina que destruiu tudo. Então, tudo aquilo
que tínhamos de preparação não serviu para
nada. Com isso, chegamos à conclusão de que
os demais países que também passaram por
situações similares como Tsunami e outras
catástrofes ambientais, assim como os Estados
Unidos, não estavam preparados para lidar
com esses acontecimentos. Essa falta de preparação nos leva a entender que temos que
mudar o modelo e nos reorganizar. Precisamos
treinar milhares de First Responder, pois este
é o primeiro nível profissional de atendimento
à emergência. Precisamos de mais profissionais deste nível, porque, algumas vezes, eles
têm que fazer o atendimento durante 72
horas, até que os sistemas de emergência
possam chegar ao local. Mas isto não é tudo.
Os hospitais e os médicos têm que estar
preparados também para isso, assim como os
sistemas de trânsito, de carros, de aeronaves
e de embarcações.
Referência
mundial
◗ O paramédico Larry Newell fala sobre a situação e o
futuro do atendimento de emergência
Diretor Executivo do ECSI (Emergency Care and Safety Institute) – instituição
responsável pelo desenvolvimento de programas de treinamento em atendimento
às emergências desenvolvidos pela AAOS (American Academy of Orthopaedic
Surgeons) e endossado pelo ACEP (American College of Emergency Physicians)
-, Larry Newell, esteve presente no Brasil no mês de maio e concedeu uma
entrevista exclusiva à Revista Emergência. Professor, escritor e paramédico PhD
há quase 20 anos, este norte-americano já desenvolveu ao longo de sua carreira
mais de 70 programas de treinamento em vídeo, DVD e mediados por
computador. Nesta entrevista, ele fala sobre os procedimentos em emergências,
catástrofes, o uso de tecnologia e a situação do atendimento nos Estados Unidos
e no mundo.
Larry Newell
é uma das maiores
autoridades no assunto
emergência.
Paramédico PhD
leciona em
universidades e já
escreveu diversos
livros e manuais de
instrutores.
COMO AS TECNOLOGIAS TÊM AJUDADO A
LIDAR COM A QUESTÃO DAS EMERGÊNCIAS
NO DIA-A-DIA?
A tecnologia tem dado uma ajuda substancial
Por Cristiane Reimberg
38 Emergência
JULHO
/ 2006
JULHO
/ 2006
para salvar vidas. O telefone celular, por
exemplo, permite que imediatamente
você possa chamar ajuda no lugar que está.
Tecnologias também têm sido empregadas
na utilização de ambulâncias que têm
condições de usar sistemas de posicionamento global por satélite, tanto para localizar chamadas, quanto para a instituição
poder rastrear a ambulância durante todo
o tempo. O outro exemplo do emprego
da tecnologia pode ser obtido na desfibrilação imediata, aplicada ainda no local.
Neste processo, socorristas leigos, com
apenas 12 horas de treinamento, conseguem aplicar choques com o DEA para
tentar reverter um quadro evidente de
morte, sem necessidade de correr para o
hospital, aumentando as chances de sobrevivência. Tem ainda a questão da telemetria que permite que você transmita sinais vitais à distância, inclusive, com uso
de câmaras, permitindo que o médico, no
hospital, converse com a vítima e com o
paramédico. Esse sistema permite informar
o médico sobre as condições da vítima e
preparar a sua recepção.
ESTAS TECNOLOGIAS TAMBÉM TÊM SIDO
APLICADAS NAS CATÁSTROFES?
A tecnologia aplicada nessas emergências
de catástrofes é mais uma preparação, pois
evita que elas peguem a população de
surpresa, através de sistemas de satélites,
de sensores de terremotos, de vulcões, de
percepção de informação de climas favoráveis à formação de tornados, do conhecimento sistematizado das medições das
temperaturas e das pressões atmosféricas
que levam às mudanças de vento.
QUAL A SUA AVALIAÇÃO SOBRE AS
NOVAS DIRETRIZES RCP
(RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR) E
ACE (ATENDIMENTO CARDIOVASCULAR
DE EMERGÊNCIA), PUBLICADAS EM
NOVEMBRO DE 2005 PELA AMERICAN
HEARTH ASSOCIATION?
Vejo que essas modificações foram profundas e, talvez, as mais importantes e
drásticas que ocorreram no campo das diretrizes de RCP e ACE, uma vez que elas
foram produzidas a partir de conhecimentos específicos e a partir da união com os
educadores, ou seja, aqueles que têm que
prover o treinamento. Então, na medida
que a ciência e os educadores chegam a
um ponto comum facilita que aqueles aspectos científicos sejam implementados a
partir de regras e de educação, permitindo
JULHO / 2006
“
O melhor não é mudar o sistema
de atendimento às emergências,
mas mudar a sociedade
que as produz
que no treinamento a pessoa consiga
relembrar quais os passos que tem que
dar no momento em que tiver que colocar
as técnicas em prática. Essa foi a grande
vantagem. Mas essas mudanças drásticas,
embora uma vez fundamentadas em
aspectos científicos, sinalizam conflitos
com a tecnologia dos Desfibriladores Externos Automáticos que já foram adquiridos, porque foi modificado o número de
choques que devem ser dados em seqüência. A partir daí, dos três que eram
dados em seqüência, agora apenas um é
indicado para ser intercalado por RCP.
Portanto, essas milhares de máquinas
espalhadas pelo mundo terão que ser
renovadas, causando, indiscutivelmente,
impacto na economia, uma vez que muitas
haviam sido adquiridas recentemente.
Além disso, será um problema para as
pessoas que estiverem ministrando treinamentos, porque terão que saber como
lidar e se posicionar nessa fase de transição, que exigirá cursos baseados tanto
no processo anterior como no atual.
AQUI NO BRASIL NÃO TEMOS A
PROFISSÃO DE PARAMÉDICO. QUAL A
IMPORTÂNCIA DESSE PROFISSIONAL
NUM ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA?
O paramédico completa a Corrente de
Chance de Sobrevivência. É como se fosse
um médico, apesar de ser um técnico, porém, que tem uma atuação específica concentrada, substancialmente, em preservar
sinais vitais. Ao invés de você ter um médico na rua, um profissional caro, que necessita de muitos anos de estudo para se
formar, aos custo de milhares de dólares,
você emprega um técnico que se forma
em 1200 horas e, com isso, consegue
produzir uma extensão do médico que
chega às ruas.
QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS
EMERGÊNCIAS DO SÉCULO XXI E
COMO O TREINAMENTO SE VOLTA
PARA ESSAS QUESTÕES?
A questão é que o século XXI começou
com uma mudança no panorama dos tipos
de ameaças que afligem a sociedade moderna. São novos tipos de problemas como
o aquecimento global que traz catástrofes
climáticas, nunca antes registradas, e em
áreas que não têm registros de já terem
sido atingidas. Outro novo problema é a
questão da acessibilidade de pessoas às
informações, permitindo fabricar armas de
destruição em massa, tanto bombas biológicas, como bombas químicas e outros
recursos para matar que estão associados
ao terrorismo. Diante desse novo paradigma, foi necessário fazer uma adequação
na preparação de atendimento às emergências, através de recursos técnicos que
incluem: descontaminação de área, de
equipes, ambulâncias, equipamentos e das
vítimas, antes que elas possam entrar em
um hospital.
QUAL SUA VISÃO SOBRE O FUTURO DAS
EMERGÊNCIAS NO MUNDO?
O futuro se caracteriza como uma dependência continuada do tempo, ou seja, as
pessoas correm contra o tempo e isso
contribui para aumentar os níveis de estresse. Diante do estresse, o organismo
deposita placas no sistema arterial cardíaco
predispondo às doenças cardiovasculares.
A obesidade também dá uma nova feição
ao cenário futuro e isso também predispõe
as pessoas às doenças cardiovasculares.
Além disso, nos grandes centros urbanos,
estamos presos, permanentemente, a um
trânsito caótico. Isso é munição para
alimentar os níveis de estresse, causando
não só doenças cardiovasculares, mas
também dos sistemas endócrino e respiratório, além dos traumas decorrentes
das colisões veiculares. O próprio ar contaminado das grandes cidades contribui
com o aquecimento global e aumenta
as possibilidades de catástrofes ambientais – é um processo cinegético. Toda
esta tensão na sociedade também faz
com que as comunidades entrem em
choque e cheguem aos atos de terrorismo e guerras. Então, o cenário de visão
futura é de cada vez mais tensão para os
profissionais que atuam nos atendimentos
às emergências, e, conseqüentemente, se
tornam uma das maiores vítimas. Com
isso tudo, nós vemos que o melhor não
é mudar o sistema de atendimento às
emergências, mas mudar a sociedade que
as produz.
Emergência
39
ARTIGO TÉCNICO
Assistência organizada
E
ste artigo discorre sobre a atuação
do enfermeiro do Trabalho como
gerente ou membro de uma equipe de enfermagem frente à resposta a acidentes que podem ocorrer dentro de parques industriais e que podem assumir proporções de desastre, sendo caracterizados
como acidentes industriais ampliados. O
objetivo é rever algumas questões no que
tange à organização da estrutura da assistência num acidente industrial ampliado e
discutir pontos relevantes de informação
para o enfermeiro do Trabalho que atua
neste.
Desastre é o resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem,
sobre um ecossistema (vulnerável), causando danos humanos, materiais e/ou ambientais e conseqüentes prejuízos econômicos e sociais. Os desastres são quantificados em função dos danos e prejuízos,
em termos de intensidade, enquanto que
os eventos adversos são quantificados em
termos de magnitude. A intensidade de um
desastre depende da interação entre a magnitude do evento adverso e o grau de
vulnerabilidade do sistema receptor afetado. Normalmente, o fator preponderante para
a intensificação de um desastre é o grau de
vulnerabilidade do sistema receptor.
Os desastres classificam-se quanto à intensidade, evolução e origem. A classificação geral dos desastres quanto à intensidade pode ser estabelecida em termos absolutos ou em termos relativos. Em administração de desastres, a classificação de
acordo com critérios relativos é mais precisa, útil e racional. Esta classificação, de
acordo com critérios relativos, baseia-se na
relação entre a necessidade de recursos
para o restabelecimento da situação de
normalidade e a disponibilidade desses reAlexandre Galvão
Fernandes - Enfermeiro do
Trabalho, enfermeiro do
Serviço de Atendimento
Móvel de Urgência – SAMU
– 192 Metropolitana I, do
Rio de Janeiro e adjunto do
Departamento de Socorro e
Desastre da Cruz Vermelha
Brasileira – Orgão Central.
[email protected]
40 Emergência
RODRIGO CASELLI BELÉM
◗A atuação da enfermagem num acidente industrial ampliado
cursos na área afetada pelo desastre e nos
diferentes escalões do SINDEC (Sistema
Nacional de Defesa Civil). Quanto à intensidade, os desastres são classificados em
quatro níveis (ver Quadro Níveis de Intensidade, página 43).
EVOLUÇÃO
Quanto à evolução, os desastres são classificados em: Súbitos ou de evolução aguda; Graduais ou de evolução crônica; Por
somação de efeitos parciais. Os desastres
súbitos ou de evolução aguda caracterizam-se pela subtaneidade, pela velocida-
de com que o processo evolui e, normalmente, pela violência dos eventos adversos causadores dos mesmos. Podem ocorrer de forma inesperada e surpreendente
ou ter características cíclicas e sazonais,
sendo facilmente previsíveis. No Brasil, os
desastres de natureza cíclica e caráter sazonal são os de maior prevalência.
Os desastres graduais de evolução crônica, ao contrário dos súbitos, caracterizamse por serem insidiosos e por evoluírem
através de etapas de agravamento progressivo. No Brasil, o desastre mais importante é a seca, pois apresenta essa caracterísJULHO / 2006
NÍVEIS DE INTENSIDADE
Nível
1
Desastres de pequena
intensidade ou acidentes
São caracterizados quando os danos causados
são pouco importantes e os prejuízos pouco vultosos
e, por estes motivos, são mais facilmente suportáveis e superáveis pelas comunidades afetadas. Nessas condições, a situação de normalidade é facilmente
restabelecida com os recursos existentes e disponíveis na área (município) afetada e sem necessidade
de grandes mobilizações. É necessário ressaltar que
a quantificação da intensidade de um desastre seja
definida em termos objetivos e a partir de uma ótica
coletivista. Na visão subjetiva das vítimas, qualquer
desastre é muito importante.
Nível
2
Desastres de média
intensidade
São caracterizados quando os danos causados
são de alguma importância e os prejuízos, embora
não sejam vultosos, são significativos. Apesar disto,
esses desastres são suportáveis e superáveis por
comunidades bem informadas, preparadas, participativas e facilmente mobilizáveis. Nessas condições, a
situação de normalidade pode ser restabelecida com
os recursos existentes e disponíveis na área (município) afetada, desde que sejam racionalmente mobilizados e judiciosamente utilizados.
tica de agravamento progressivo. Os de
somação de efeitos parciais caracterizamse pela somação de numerosos acidentes
(ou ocorrências) semelhantes, cujos danos,
quando somados ao término de um determinado período, definem um desastre
muito importante. No Brasil, os estudos
epidemiológicos demonstram que os desastres por somação de efeitos parciais são
os que provocam os maiores danos anuais. Dentre os desastres por somação de
efeitos parciais, destacam-se: os acidentes
de trânsito; os acidentes de trabalho; os
acidentes com crianças no ambiente domiciliar e peridomiciliar. Os acidentes com
crianças no ambiente familiar e peridomiciliar destacam-se mundialmente por serem a segunda maior causa de morbilidade
e mortalidade entre crianças com menos
de cinco anos e a maior causa de
morbilidade e mortalidade entre crianças
com menos de 15 anos.
ORIGEM
Quanto à origem ou causa primária do
agente causador, os desastres são classificados em naturais, humanos ou antropogênicos e mistos. A classificação geral dos
desastres quanto à origem consta do anexo “A” à Política Nacional de Defesa Civil.
JULHO / 2006
Nível
3
Desastres de grande
intensidade
Os desastres considerados de nível 3 são caracterizados quando os danos causados são importantes e os prejuízos vultosos. Apesar disso, esses
desastres são suportáveis e superáveis por comunidades bem informadas, preparadas, participativas e
facilmente mobilizáveis. Nessas condições, a situação de normalidade pode ser restabelecida desde que
os recursos mobilizados na área (município) afetada
sejam reforçados com o aporte de recursos estaduais e federais já disponíveis.
Nível 4 grande intensidade
Desastres de muito
São caracterizados quando os danos causados
são muito importantes e os prejuízos muito vultosos
e consideráveis. Nessas condições, esses desastres não são superáveis e suportáveis pelas comunidades, mesmo quando bem informadas, preparadas, participativas e facilmente mobilizáveis, a menos que recebam ajuda de fora da área afetada.
Nessas condições, o restabelecimento da situação
de normalidade depende da mobilização e da ação
coordenada dos três níveis do SINDEC (Sistema
Nacional de Defesa Civil) e, em alguns casos, de
ajuda internacional.
A Codificação dos Desastres, Ameaças e
Riscos — CODAR, consta do anexo “B” à
Política Nacional de Defesa Civil.
Os desastres naturais são aqueles provocados por fenômenos e desequilíbrios
da natureza e produzidos por fatores de
origem externa que atuam independentemente da ação humana. Desastres Humanos são aqueles provocados por ações
ou omissões humanas. Relacionam-se com
o próprio homem, enquanto agente e autor. Por isso, são produzidos por fatores de
origem interna. Esses desastres podem produzir situações capazes de gerar grandes
danos à natureza, aos habitats humanos e
ao próprio homem, enquanto espécie.
Normalmente, os desastres humanos são
conseqüência de ações desajustadas, geradoras de desequilíbrios socioeconômicos
e políticos entre os homens e de profundas e prejudiciais alterações de seu ambiente ecológico. Já os desastres mistos ocorrem quando as ações ou omissões humanas contribuem para intensificar, complicar e/ou agravar desastres naturais. Caracterizam-se, também, por intercorrências de
fenômenos adversos naturais que atuam
sobre condições ambientais degradadas
pelo homem, provocando desastres.
Acidentes Industriais
Acidentes industriais surgem com o próprio processo de industrialização e desenvolvimento de novas tecnologias de produção ocorrido nas sociedades contemporâneas a partir da Revolução Industrial. A
adoção da tecnologia de máquinas a vapor, símbolo da Revolução Industrial, é um
exemplo disso. Nos EUA, a utilização dessas máquinas empregando alta pressão
resultou em 14 explosões só no ano de
1836, tendo como conseqüência 496 óbitos. Na Grã-Bretanha, entre 1817 e 1838,
23 acidentes desse tipo resultaram em 77
óbitos, devendo-se esse menor número,
em comparação com os dos EUA, em parte à baixa pressão empregada nas máquinas a vapor nesse país.
Segundo a Diretiva de Seveso, de 1982,
das Comunidades Européias (EC), acidente industrial ampliado é definido como “acidente maior” e provém de “uma ocorrência, tal como uma emissão, incêndio ou
explosão, envolvendo uma ou mais substâncias químicas perigosas, resultando de
um desenvolvimento incontrolável no curso da atividade industrial, conduzindo a
sérios perigos para o homem e o meio
ambiente, imediatos ou a longo prazo, internamente e externamente ao estabelecimento”. Segundo o Glossário de Defesa Civil da Secretaria Nacional de Defesa
Civil, acidente é um “evento definido ou
seqüência de eventos fortuitos e não planejados, que dão origem a uma conseqüência específica e indesejada, em termos
de danos humanos materiais ou ambientais”. A denominação “acidente industrial
ampliado”, diferentemente de outras denominações, tem o potencial de expressar de maneira mais adequada a possibilidade de ampliação no espaço e no tempo
das conseqüências desses acidentes sobre
a sociedade, a saúde (física e mental) e o
meio ambiente exposto, sem incorrer na
desqualificação de outros tipos de acidentes como, por exemplo, os acidentes de
trabalho.
Com base nessas definições, pode-se
considerar acidentes industriais ampliados
“eventos agudos, como explosões, incêndios e emissões nas atividades de produção, isolados ou combinados, envolvendo
uma ou mais substâncias perigosas com
potencial para causar, simultaneamente,
Emergência
43
ARTIGO TÉCNICO
múltiplos danos, sociais, ambientais e à
saúde física e mental dos seres humanos
expostos”. A Convenção nº 174 sobre a
Prevenção de Acidentes Industriais Maiores define a expressão “acidente maior”
como “todo evento subitâneo, como emissão, incêndio ou explosão de grande magnitude, no curso de uma atividade, em instalação sujeita a riscos de acidentes maiores, envolvendo uma ou mais substâncias
perigosas e que implica grave perigo, imediato ou retardado, para os trabalhadores,
a população ou o meio ambiente”.
AÇÕES
O corpo de saúde das empresas, coordenado e gerenciado pelo SESMT, deve estar a postos e em condições de atuar como
parte da equipe de resposta a emergência,
haja vista que o primeiro atendimento se
dá por estes profissionais. Segundo normas e procedimentos padrões, o tempo
resposta ideal a um acidente é de até dez
sáveis por garantir a segurança de toda a
estrutura no primeiro momento até que
chegue o reforço dos órgãos competentes.
Segundo o Manual de Medicina de Desastres da Secretaria Nacional de Defesa
Civil o trabalho da equipe de saúde, dita
médica, divide-se em cinco princípios doutrinários:
Cartão de triagem
minutos para qualquer emergência. No entanto, em dez minutos podem ser perdidas muitas vidas, entendendo-se que o
atendimento se dá por etapas que vão
desde o isolamento da área do sinistro até
a triagem e efetivo socorro das vítimas.
Outro fato importante é o trabalho em
conjunto com as brigadas, que são respon-
 Princípio da capacitação: a resposta
eficiente ao incremento da demanda de
atendimentos emergenciais e de traumatismos depende, primordialmente, da capacidade do sistema de saúde para atender cabalmente as emergências médicas
e cirúrgicas do dia-a-dia.
 Princípio da padronização de condutas: a padronização de condutas e de procedimentos capacita as equipes de emergência dos hospitais do sistema de saúde
para mobilização e expansão do atendimento emergencial em situações de incremento de demanda, sem redução no
padrão de qualidade dos atendimentos.
 Princípio dos prazos biológicos: o atendimento às emergências médicas e cirúrgicas subordina-se a prazos biológicos
impostergáveis. Com o passar do tempo,
quadros clínicos, antes facilmente reversíveis, tendem a agravar-se e a apresentar
níveis crescentes de complicação, evoluindo para situações de progressiva irreversibilidade, que poderiam ser prevenidas oportunamente.
 Princípio da triagem: a triagem tem
por finalidade identificar pacientes com risco de morte e que serão salvos caso recebam prioridade, que lhes assegure cuidados imediatos, preferenciais e oportunos,
em locais adequados. Através da triagem,
garante-se que pacientes graves dêem entrada em condições de viabilidade nas unidades de emergência, assegurando-lhes prioridades nas evacuações e nos atendimentos.
 Princípio da resposta sistêmica: Para
permitir que os pacientes dêem entrada
nas unidades de emergência em condições de viabilidade e que as mesmas respondam, eficientemente, aos incrementos
de demanda, é necessário que se estabeleça um sistema de saúde responsável pelo
atendimento emergencial, amplamente difundido no País.
44 Emergência
JULHO / 2006
PAPEL
O enfermeiro, no seu papel de estabelecer e antecipar as necessidades para o
cuidar deve ficar atento, especialmente,
aos princípios doutrinários da triagem e
da resposta sistêmica, pois estabelecem
a base para uma assistência coordenada
e eficaz.
Segundo o Manual Básico de Medicina
de Desastres publicado pela Seção de Desastres do Grupamento de Socorro de
Emergência do Corpo de Bombeiros Militar do Rio de Janeiro, os enfermeiros devem estar atentos à organização dos chamados Teatro de Operações (TO) com
suas áreas de segurança, que são, respectivamente, Área Quente, Área Morna e
Área Fria (ver quadro Áreas de Segurança,
pág. 45).
Definida a área de trabalho que deve
ser conhecida por todos os envolvidos no
processo de ação de resposta, cabe também ao enfermeiro participar da montagem da área de triagem de vítimas para
posterior encaminhamento ao tratamento
específico no hospital ou aguardar a sua
vez na remoção, de acordo com sua prioridade.
TRIAGEM
É de fundamental importância que os
métodos de triagem e gerenciamento do
Teatro de Operações sejam de conhecimento de todos, pois é comprovado por
inúmeras situações no mundo todo que
quanto melhor for definida a ação e as
prioridades de atendimento, menores serão as probabilidades de colapsos no siste-
ma. Exemplos dessa importância podem
ser observados em acidentes envolvendo
múltiplas vítimas, onde é inquestionável
que as vítimas mais graves devam ser removidas primeiro, pois quem as recebe
no hospital não tem como ter pleno conhecimento das prioridades do local do
acidente e, com isso, atende de acordo
com a ordem de chegada. Como conseqüência, recursos podem ser alocados de
forma indevida pelo simples fato de haver
a necessidade de se atender quem chegou primeiro ou ser feita uma triagem por
critérios nem sempre condizentes à realidade do acidente.
O mecanismo de triagem consiste em
avaliar as vítimas por cores onde são utilizadas quatro cores padrão: vermelha, amarela, verde e cinza (ver quadro Área de
Triagem, página 44).
As vítimas vermelhas apresentam lesões
tratáveis, mas com risco imediato de vida.
Possuem dificuldade respiratória, sangramento não controlável, diminuição do nível de consciência, sinais de choque e queimaduras graves. As lesões graves e sem
risco imediato de vida são características
das vítimas amarelas. Queimaduras sem
problemas de vias aéreas, fraturas ósseas
sem choque ou hemorragias também sinalizam a situação delas.
Vítimas verdes têm lesões de partes moles mínimas, sem risco de vida ou de incapacitação. Já as vítimas cinzas – anteriormente identificadas com a cor preta - representam os pacientes mortos ou apresentando lesões irreversíveis. As características envolvem traumatismos da cabeça com
ÁREAS DE SEGURANÇA
Área Quente
É aquela que ainda oferece riscos.
Área Morna
É aquela intermediária entre a
quente e a fria. A delimitação destas áreas varia com o tipo de evento, riscos envolvidos e deve ser
estabelecida por profissionais do
Corpo de Bombeiros e Defesa Civil.
Área Fria
É segura, não oferecendo riscos.
A área de tratamento e a de transporte, normalmente, são montadas nesse local.
JULHO / 2006
Emergência
45
ARTIGO TÉCNICO
SISTEMA START
que possam oferecer risco não só a população de trabalhadores como também à
comunidade vizinha. Saber responder e coordenar equipes aptas a responder a acidentes de grandes proporções deve ser
parte integrante do currículo do enfermeiro do Trabalho, que tanto no seu trabalho
cotidiano quanto na posição de gerente
de equipe de Enfermagem do Trabalho
pode se deparar com treinamentos e situações reais de acidentes de grandes proporções.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
perda de massa cefálica, esmagamento do
tronco e incineração. A mudança de identificação de vítima de cor preta para a cor
cinza se deu em função de conotações
raciais.
Atualmente, a ferramenta de triagem
mais utilizada é o método S.T.A.R.T. (Simple
Triage and Rapid Treatment), do Corpo de
Bombeiros de New Port Bech, Califórnia,
USA, que utiliza a respiração, o enchimento capilar e a alteração do nível de consciência como critérios de avaliação, que pode
ser executado por qualquer profissional que
esteja atuando no Teatro de Operações.
46 Emergência
Fonte: Manual Básico de Medicina de Desastres - GSE/CBMERJ
CONHECIMENTO
A equipe de enfermagem, coordenada
pelo enfermeiro do Trabalho, deve conhecer os procedimentos, padrões e rotinas
para acidentes de grandes proporções no
que tange a sua atuação em grandes empresas proprietárias de parques industriais
Canetti, Marcelo Domingues; Alvarez, Fernando Suarez; Ribeiro Jr.,
Célio; Bilate, Andréa. Manual Básico de Medicina de Desastres.
Grupamento de Socorro de Emergência do Corpo de Bombeiros Militar
do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: sem data.
Castro, Antônio Luiz Coimbra; Calheiros, Lélio Bringel. Manual de Medicina de Desastres.Volume I, Ministério da Integração Nacional. Brasília:
2002.
Castro, Antônio Luiz Coimbra. Glossário de Defesa Civil. Estudos de
Riscos e Medicina de Desastres. 3ª edição revisada, Ministério da
Integração Nacional. Brasília: 2004.
Freitas, Carlos Machado; Porto, Marcelo Firpo S.; Machado, Jorge
Mesquita Huet. Acidentes Industriais Ampliados: Desafios e Perspectivas para o Controle e a Prevenção. Editora Fiocruz. Rio de Janeiro:
2000.
REFERÊNCIAS DA INTERNET
Convenção 174 definida pela Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho, convocada em Genebra pelo Conselho de Administração do Escritório Sede da Organização Internacional do Trabalho
e reunida em 2 de junho de 1993. http://www.mte.gov.br/empregador/
segsau/legislacao/convencoesoit/conteudo/366.asp
JULHO / 2006
ARTIGO TÉCNICO
Gerenciamento de desastres
Desde que passou a viver de forma gregária, organizado em sociedade, o ser humano defronta-se com os cataclismas da
natureza que, em maior ou menor grau,
causam devastação, danos e perdas materiais e de vidas. Modernamente vivendo
em complexos aglomerados urbanos e
com a crescente industrialização, os países desenvolvidos e em desenvolvimento,
vêem-se às voltas com desastres naturais
ou tecnológicos, cujos efeitos destrutivos
foram potencializados porque o acidente,
às vezes, não se restringe tão somente à
área imediatamente ao alcance de sua influência, mas tem o poder de atingir até as
futuras gerações, na medida em que atuam modificando o meio ambiente.
Conscientes dos incalculáveis prejuízos
que esses acidentes provocam, os países
mais organizados estudaram e criaram estruturas administrativo-operacionais para a
prevenção, enfrentamento e minimização
dos resultados de catástrofes naturais e
tecnológicas em seus territórios e, não raro,
esse aparato se desloca para fora de suas
fronteiras para socorrer nações com menores recursos e golpeadas por desastres
de grande magnitude.
No final do século passado e no início
do atual, estamos testemunhando o nascimento de uma nova e mais virulenta forma de ameaça à humanidade. São os atentados terroristas, como o que atingiu Nova
Iorque, em 11 de setembro de 2001, destruindo as torres do World Trade Center,
que podem gerar massivas perdas de vida
e profundos danos ao meio ambiente, através do emprego de armas portáteis NBC
(nucleares, biológicas e químicas). Essa
nova forma de desastre tem consumido o
Luiz Carchedi - Excomandante do Corpo de
Bombeiros de São Paulo,
especializado em Atendimento Pré-Hospitalar.
Técnico de Emergências
Médicas, instrutor de
Renimação CardioPulmonar, de Primeiros
Socorros e Resgate em
Espaços Confinados.
O artigo na íntegra encontra-se no site da Revista
www.revistaemergencia.com.br
48 Emergência
ARQUIVO COMUNICAÇÃO SOCIAL DO CBMRR
◗É necessário otimização da Defesa Civil no Brasil para proteção da população e meio ambiente
INCÊNDIO
EM RORAIMA
O ocorrido mostrou que sem uma estrutura federal bem equilibrada
administrativa e operacional e uma cultura prevencionista ficaremos
lamentando perdas de vidas humanas, do meio ambiente e do patrimônio
tempo de especialistas e pesquisadores na
busca de soluções para fazer face aos novos desafios.
O Brasil, infelizmente, está no grupo dos
países que pouca importância dá aos problemas dessa ordem e que carece de uma
cultura prevencionista para enfrentamento de emergências de grande complexidade. O último exemplar do relatório
decenal-92/02 (World Disaster Report –
Foco na Redução dos Riscos) da Cruz Vermelha Internacional, aponta nosso país
como “campeão” das Américas, em mortes causadas por desastres naturais. Ficamos à frente também de países como: Afeganistão, Coréia do Norte, Moçambique,
Tanzânia e Sudão (Jornal da Tarde-SP, de
17/07/03). Como explicar que um país tão
privilegiado pelo Criador, onde praticamente não existem cataclismas naturais, possa
ter mais vítimas de catástrofes que países
não tão bem aquinhoados e que constantemente sofrem com terremotos, tsunamis, furacões, entre outros?
Nosso sistema de Defesa Civil é praticamente inexistente, sendo deslocado de
Ministério em Ministério, sem conseguir
imprimir um modelo eficiente de proteção
à população civil. Exemplos, temos todos
os anos, destacando-se o grande incêndio
florestal em Roraima em 1998 e o desabamento do Osasco Plaza Shopping, em São
Paulo, em 1996. Nesse campo de atuação
não há espaço para improvisações. Se não
houver uma estrutura federal bem equilibrada administrativa e operacional, bem
como o desenvolvimento de uma cultura
prevencionista, estaremos condenados a
ficar lamentando perdas de grande monta
de vidas humanas, do meio ambiente e do
patrimônio. Portanto, é nessa intenção que
apresento este trabalho.
JULHO / 2006
ARTIGO TÉCNICO
Embora os objetivos
da Defesa Civil sejam os
mesmos em qualquer
parte do mundo, a maneira de implementá-la varia de
acordo com a cultura e os costumes de cada país. Talvez pelo
fato do continente europeu ter
vivenciado duas grandes guerras, seus países, via de regra,
possuem boa estrutura de Defesa Civil. Destacamos a França, que construiu um modelo
bastante eficiente, com órgãos
permanentes e temporários,
obedecendo uma orientação
centralizada, amparada por legislação pertinente e recursos
humanos e materiais de acordo
com as necessidades levantadas
por planejamento.
A Defesa Civil está constituída como uma Secretaria, subordinada ao Ministério do Interior.
Respalda-se em extenso ordenamento jurídico, do qual destacamos a Lei de 22 de julho de
1987, relativa à organização da
Defesa Civil e o Decreto de 31
de julho de 1990, relativo à constituição e organização dos órgãos
de Defesa Civil. Administrativamente essa Secretaria é composta por quatro Diretorias que
atendem, respectivamente, às
áreas de:
 Diretoria de Administração
e Modernização - recursos humanos, equipamentos, comunicações e sistemas de informação, recursos financeiros e questões jurídicas;
 Diretoria de Prevenção e de
Proteção – prevenção de crises,
riscos naturais e tecnológicos,
riscos de edificações, planos de
proteção e riscos nucleares;
 Diretoria de Serviços de Socorro e de Corpos de Bombeiros - administração dos Corpos
de Bombeiros, formação, coordenação dos órgãos de socorro,
relações industriais e administração da Escola Nacional de Estudos de Defesa Civil;
 Diretoria de Organização
dos Órgãos de Socorro e da De50 Emergência
X
fesa Civil – coordenação
operacional, gerenciamento dos recursos aeronáuticos, equipes especializadas em inativação de artefatos
explosivos e comando das organizações militares empenhadas na
Defesa Civil.
ESTRUTURA
Operacionalmente, a Secretaria de Defesa Civil dispõe de uma
estrutura de informação e comunicação, funcionando 24 horas por
dia, em três níveis: Nacional - Centro Operacional de Ajuda à Decisão – COAD; Inter-Regional –
Centro Inter-Regional de Comunicação de Defesa Civil –
CIRCOSC; Departamental – Centro Departamental de Operações
de Incêndio e Socorro – CODIS.
Além disso, conta permanentemente com os seguintes recursos:
2.720 funcionários civis e militares;
29 aviões; 34 helicópteros; cinco
unidades de intervenção; dez Destacamentos de Intervenção às
Catástrofes Aerotransportáveis DICA; 950 veículos. Integrando
temporariamente, de acordo com
as necessidades, a Defesa Civil
conta com: 12.653 Postos de Bombeiros; 231.500 Bombeiros, sendo 200 mil voluntários (7.000 médicos), 8.500 militares, 23 mil profissionais; 5.000 veículos de primeiros socorros; 5.600 caminhões
tanques; 3.600 carros de combate a incêndios; 3.875 de outros
veículos; 61 Postos Móveis de Primeiros Socorros de nível um; 21
Postos Móveis de Primeiros Socorros de nível dois.
Finalizando o sistema francês,
temos que destacar um órgão de
suma importância para a criação
da cultura prevencionista de Defesa Civil que é o Instituto Nacional de Estudos de Defesa Civil –
INESC, antiga Escola Nacional de
Oficiais de Bombeiros e, a partir
de 1994, além de formar os oficiais
dos Corpos de Bombeiros Profissionais e Voluntários, também é
encarregado da formação dos
responsáveis pela Defesa Civil.
MODELO AMERICANO
A Defesa Civil americana difere bastante da sua
congênere francesa. Sua
estrutura tem início no final da década de 60 e início dos
anos 70 quando seguidos desastres provocados por furacões e terremotos determinaram a criação
de um órgão no Ministério da Habitação e Desenvolvimento Urbano que ficou conhecido como
FDAA – Administração Federal
para Assistência a Desastres. Entretanto, as atividades de gerenciamento nas emergências estavam muito fragmentadas. Com o
advento de plantas de geração de
energia nuclear e de produtos perigosos, mais de cem órgãos federais, além de programas e políticas estaduais e locais, foram envolvidos em algum aspecto da resposta a desastres, motivando que
a Associação Nacional de Governadores solicitasse ao presidente
Carter que centralizasse as funções em um órgão federal. Dessa
forma, em 1979, criou-se a Agência Federal de Gerenciamento de
Emergências – FEMA, que absorveu o FDAA e todos os demais
órgãos existentes, assumindo
também as responsabilidades de
Defesa Civil que lhe foram repassadas pelo Ministério da Defesa.
No organograma administrativo
norte-americano, a FEMA é um
órgão independente que responde diretamente ao presidente. Atualmente, a FEMA emprega diretamente 2.500 pessoas e conta
com 5.000 reservistas, administrando 28 Forças – Tarefas, cada
qual com 31 técnicos especializados em alguma atividade atinente
à prestação de socorro.
CONTINGÊNCIA
O sistema americano também
prevê a elaboração de planos de
contingência, porém sem a obrigatoriedade do modelo francês,
recomendando o emprego do Sistema de Comando em Emergên-
cia – CIS. Esse sistema
de gerenciamento pressupõe que os órgãos responsáveis por emergências de uma comunidade reúnam-se e, de comum acordo, estabeleçam os procedimentos
operacionais, elaborem os planos de atuação em pontos sensíveis e, principalmente, nomeiem quem exercerá as funções
de comando.
A Prefeitura de Nova Iorque
criou, em 1996, a Secretaria de
Gerenciamento de Emergências
e investiu 25 milhões de dólares,
para que esse órgão coordenasse o atendimento de emergências na cidade, mas ele foi incapaz de fazer com que o Corpo
de Bombeiros e o Departamento de Polícia de Nova Iorque falassem a mesma língua. As conseqüências foram: ausência de
procedimentos e falhas de comunicação, de compartilhamento
de informações, de controle da
situação e de comando das operações, conforme ficou apurado por uma auditoria externa
realizada por uma empresa de
consultoria. Os resultados decorrentes do atentado terrorista
contra o World Trade Center, em
2001, e do furacão Katrina, recentemente, demonstraram não
ser boa a política de deixar exclusivamente aos órgãos operacionais locais a responsabilidade dessas definições.
WWW.DEFESACIVIL.RS.GOV.BR
MODELO FRANCÊS
Resultados do furacão Katrina
JULHO / 2006
Defesa civil brasileira
 As dificuldades existem, mas os caminhos estão abertos
A Defesa Civil no Brasil teve seu início
em 1942. Originou-se da doutrina militar
em tempo de guerra, que se preocupava
com a proteção das populações urbanas
em território nacional, na eventualidade de
sofrerem um ataque aéreo. O serviço recebeu o nome de Defesa Passiva Antiaérea
e o modelo seguia o padrão desenvolvido
pelos ingleses e os americanos que sofriam
bombardeios das forças aéreas alemãs e
japonesas.
Com o fim do conflito, o órgão foi extinto em 1946. Anos mais tarde, o Estado
Maior das Forças Armadas e a Escola Superior de Guerra elaboram trabalhos, justificando e propondo a criação do Sistema
Nacional de Defesa Civil que, por vários
motivos, não evoluíram.
Em 1966, no Estado do Rio de Janeiro,
ocorrem inundações, deslizamentos de
encostas e desabamentos, resultando em
1.200 mortos e 46.000 desabrigados, o que
levou o Executivo Estadual a criar a Comissão Estadual de Defesa Civil, pioneira no
Brasil. Na Constituição de 1967, o Governo Federal voltou a demonstrar interesse
pelo assunto quando estabeleceu no artigo 8º, item XII, que competia à União organizar a defesa permanente contra calamidades públicas, especialmente no tocan-
te à seca e às inundações.
Em 1969, por meio do Decreto-Lei nº
950, foi instituído no Ministério do Interior, o Fundo Especial para Calamidades
Públicas, fixando a dotação de recursos e
outras providências. A regulamentação do
fundo prevê o atendimento às populações
atingidas por calamidades, quando reconhecidas pelo Governo Federal, para aquisição de medicamentos, alimentos, agasalhos, pagamento de transportes e reembolso de despesas com preservação de vidas humanas, efetivadas por entidades públicas ou privadas prestadoras de socorro
na área de flagelo. Deste total, 5% são
para o treinamento e aperfeiçoamento de
pessoal para calamidades.
Em dezembro de 1988, foi organizado
o SINDEC (Sistema Nacional de Defesa
Civil), com o objetivo de planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades (Art. 21, inciso XVIII da Constituição/88), integrando a atuação dos órgãos
e entidades de planejamento, coordenação e execução das medidas de assistência às populações atingidas por fatores
anormais adversos, assim como de prevenção ou recuperação de danos em situação
de emergência ou em estado de calamidade pública.
PROPOSTAS DE MUDANÇAS
◗Acreditamos que as seguintes ações devam ser implementadas pelo Governo Federal para a
consecução de políticas públicas de Defesa Civil que propiciem a universalização da prestação
de serviços de emergências na eventualidade de eventos catastróficos:
1
Secretaria com status de Ministério para a
Defesa Civil e Emergências
O objetivo seria implantar doutrina e operacionalizar
um Sistema de Defesa Civil nos moldes modernos,
que possa fazer face aos eventos catastróficos naturais e às calamidades derivadas da ação humana,
criminosa ou culposa, bem como os acidentes que
envolvem transportes de produtos perigosos e ameaçam o meio ambiente, através da poluição, e, atualmente, a preocupação com os efeitos massivos resultantes de atos terroristas.
2
Agência Nacional de Defesa Civil
e Emergências
Sua função seria permitir a constante troca de
informações e debates dos problemas que possam atingir de modo calamitoso a sociedade brasileira, funcionando como órgão de assessoramento do secretário na formulação de políticas
JULHO / 2006
de Defesa Civil.
3
Escola Nacional de Defesa Civil
e Emergências
Daria capacitação técnica gerencial em Defesa
Civil às autoridades do Poder Executivo, formaria
multiplicadores estaduais em administração operacional de eventos massivos, desenvolveria cursos de
capacitação em nível estratégico para a classe política e promoveria e divulgaria a pesquisa científica na
área de grandes emergências.
4
Código Federal de Defesa Civil
e Emergências
O Código deveria propor e aprovar um conjunto
normativo que contemple a prevenção de sinistros e
emergências de qualquer natureza. Impor penalidades aos ineptos ou irresponsáveis, estabelecer, entre
ATUALIDADE
Por esse breve histórico, depreende-se
que a filosofia de proteção às populações
civis aos eventos catastróficos massivos só
existiu em tempo de guerra e, quando foi
reativada, já nos fins dos anos 60, a preocupação centrou-se em inundações e, sobretudo, na seca. Esse foi um grande erro
de objetivo, pois, tanto as inundações como as secas são eventos periódicos e previsíveis e a seca, embora seja um flagelo
para nossos irmãos nordestinos, não pode
ser alinhada como catástrofe, no sentido
que a Defesa Civil, no mundo todo, empresta ao termo.
Esses erros conceituais, infelizmente,
perduram até os dias de hoje. Nossas políticas no campo da proteção contra eventos de grande magnitude são patéticas,
preocupam-se com os efeitos e não com a
prevenção. Continuam, de certa forma, a
trilhar os caminhos traçados pela estratégia
militar dos anos 40.
Até hoje nenhum presidente da República preocupou-se verdadeiramente em dar
à Defesa Civil um papel de pólo irradiador
de políticas prevencionistas de desastres e
de coordenação de medidas operacionais
quando, por acaso, um evento extrapola a
capacidade de resolução operacional de
um município ou estado-membro. A ordem
é aguardar que o estado ou o município
peça ajuda, o que nem sempre ocorre, por
um lado, por divergências políticas pessoas inúmeras organizações que interagem em uma
calamidade, uma estrutura operacional com definição
de coordenação e responsabilidades e nortear os Códigos Estaduais de Proteção Contra Desastres e Pânico.
5
Centro de Informações Operacionais
de Defesa Civil e Emergência
A implantação do Centro Nacional de Informações Operacionais de Defesa Civil e Emergências
funcionaria como uma “sala de situação”, permitindo
que o Governo central saiba, em tempo real, com
quais recursos operacionais conta em todo território
nacional e faça o acompanhamento das medidas de
enfrentamento às ocorrências em curso. Ele propiciaria também a formação de um banco de dados nacional de assuntos de Defesa Civil para estudos e pesquisas.
6
Alterar a Legislação Pertinente
aos Corpos de Bombeiros Estaduais
O objetivo seria propor alterações constitucionais que transformem os Corpos de Bombeiros estaduais em organizações de serviço público de
natureza civil e os orientem para suas reais missões de proteção à vida, ao meio ambiente e ao
patrimônio, bem como o planejamento e coordenação das atividades operacionais de Defesa Civil.
Emergência
51
ais ou partidárias, por outro, por absoluta
falta de visão prevencionista, que sem dúvida, não faz parte da cultura do dirigente
brasileiro. O máximo que, apressadamente,
os governantes estaduais ou municipais, fazem é declarar “estado de calamidade” para terem acesso às verbas especiais e liberdade para fazerem aquisições sem o crivo
da lei das licitações.
EXEMPLOS
Essa inapetência organizacional pode ser
exemplificada por dois acontecimentos do
passado recente em nosso país. O primeiro foi a formidável inundação de Santa Catarina, em 1982, quando 84% das terras
firmes daquele Estado ficaram submersas
e nenhum plano de enfrentamento às grandes catástrofes ou ação de coordenação
foi desenvolvido pelo Governo central. O
outro exemplo, mais atual, foi o incêndio
florestal no Estado de Roraima, em 1998,
onde ficou patente a desorganização dos
trabalhos de combate às chamas e a falta
de coordenação dos recursos operacionais
disponíveis. Só se conseguiu uma certa ordem quando os diversos órgãos envolvidos
passaram a ser gerenciados pelo exército
e o comando foi entregue a um general,
como se combater incêndios fosse uma
52 Emergência
operação de guerra. Além de termos que
assistir aulas de como manejar e gerenciar
situações de grande emergência, dadas
pelos nossos irmãos argentinos, que para
lá foram sem serem sequer solicitados por
qualquer autoridade brasileira, de quebra,
tivemos que nos envergonhar e assistirmos
calados a reprovação da opinião pública
mundial pela nossa incapacidade em zelar por nossas reservas florestais.
Na mesma linha de equívocos vêm quase todos os estados-membros. Alguns só
possuem Coordenadorias de Defesa Civil
no papel. A maioria coloca esse órgão na
estrutura administrativa da Secretaria de
Segurança Pública e sua competência às
suas polícias militares. Poucos, como Rio
de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Amazonas procuram estabelecer um mínimo de
políticas prevencionistas de Defesa Civil,
inserindo suas coordenadorias na estrutura organizacional do Corpo de Bombeiros.
Embora não seja necessário que a Coordenadoria integre a organização bomberil,
tal acontece pela ausência quase absoluta
de civis nesse meio. De novo, identificamos no cerne da questão, a doutrina militarista. Não que essa doutrina seja má em
sua essência, mas é que não faz parte de
sua filosofia de atuação a preparação para
DIVULGAÇÃO DEFESA CIVIL-RS
ARTIGO TÉCNICO
Brasil: revolução na cultura de Defesa Civil
o enfrentamento de catástrofes naturais
ou provocadas pelo homem.
É necessário promover uma revolução na
cultura de Defesa Civil no Brasil, quebrar
os paradigmas atuais, enxergar as coisas
por um outro ângulo, reformular conceitos preestabelecidos. É preciso, acima de
tudo, inovar. O Brasil necessita que o órgão
federal, de fato, coordene e controle um
Sistema Nacional de Defesa Civil, tanto
doutrinária como operacionalmente, e que
em caso de calamidade possa mobilizar
todos os recursos, quer sejam federais, estaduais ou mesmo municipais, para minimizar os efeitos desse evento no que diz
respeito à preservação da vida humana,
do meio ambiente e do patrimônio.
JULHO / 2006
DICAS DE EMERGÊNCIA
Restabelecendo
o ritmo do coração
O Desfibrilador Externo Automático (DEA) é um equipamento
eletrônico capaz de analisar o ritmo do coração e liberar choques
elétricos para restabelecer o ritmo cardíaco que gera pulso. Porém,
para poder usar um DEA é necessário ter treinamento adequado,
considerando os seguintes aspectos:
1
4
DECIDIR
Para você usar um DEA é
necessário, em primeiro lugar,
tomar a decisão de querer ajudar
bem antes de encontrar uma
situação onde alguém precise
receber desfibrilação imediata.
2
RECONHECER
OS SINAIS
AVALIAR A VÍTIMA
Para avaliar
uma vítima
com suspeita
de parada
cardíaca, você
deverá
reconhecer a
ausência de sinais vitais, que indicará a
necessidade de uso do DEA.
5
Para usar um DEA é necessário
que você saiba reconhecer os
sinais conclusivos de uma parada
cardíaca.
3
TER SEGURANÇA
Antes de se aproximar de uma
vítima, para avaliar se existem
sinais de parada cardíaca, que
possa ser tratada com o DEA,
você deverá ter certeza de que
não há no local nenhum risco
que ameace sua segurança, nem
a de outras pessoas.
6
COMO AJUDAR
Uma vez que
você tenha
acesso à vítima e
avalie que está
inconsciente, você
necessitará saber
como obter e
coordenar a ajuda de
outras pessoas e como
obter o DEA e acionar o
resgate da sua localidade, se
houver.
COMO APLICAR
Você necessitará
conhecer bem
o funcionamento
do DEA que
estiver
disponível e,
enquanto aguarda
a chegada do DEA,
deverá saber
como aplicar RCP.
7
CONTROLAR O
ESTRESSE
Em qualquer situação de emergência
é natural você experimentar algum
nível de estresse e isso é
particularmente verdade quando é
necessário usar um DEA.
8
LIDAR COM
REAÇÕES
Conhecer bem todos os passos a
serem dados durante o atendimento
às vítimas de parada súbita do
coração, ajuda no controle do
estresse e permite lidar com as
reações emocionais posteriores que,
como regra geral, acometem as
pessoas envolvidas no atendimento.
9
INTEGRAR AÇÕES
As ações para uso do DEA
necessitam estar harmoniosamente
integradas para, no menor espaço de
tempo possível, restabelecer o ritmo
cardíaco. Mas o DEA só funcionará
adequadamente se você estiver bem
treinado para usá-lo.
10
COMO APLICAR
Saber o que fazer e o que não fazer é
muito importante para a vítima de
parada cardíaca e também para você.
Sua decisão de ajudar (ver item 1
acima) é muito importante. O uso do
DEA deve sempre ser criteriosamente
documentado, atendendo as exigências
jurídicas e administrativas, que poderão
advir.
Fonte: Randal Fonseca - Fotos: RTI
JULHO / 2006
Emergência
53
EMERGÊNCIA RESPONDE
Nesta primeira edição da seção Emergência Responde, a redação elaborou
algumas perguntas gerais sobre as áreas de incêndio, resgate e emergências
químicas, temas que, a partir desta primeira edição, a coluna estará respondendo
aos leitores. Aquelas que estão identificadas fazem parte dos primeiros
questionamentos enviados pelos leitores para a revista.
Os tripulantes da ambulância de via pública são: médico com formação de ATLS
(Advanced Trauma Life Support), PHTLS (Prehospital
Trauma Life Support), PALS
(Pediatric Advanced Life
Support), e ACLS (Advanced
Cardiac Life Support), técnico
de enfermagem com formação em PHTLS e BLS (Basic
Life Support), socorrista e motorista com formação de BLS
e direção defensiva. Estes cursos não necessitam de certificação americana, basta que
tenham sido realizados por
empresa idônea com certificação nacional. (Fernando Suarez)
Manutenção de alarme
Que tipo de profissional faz
a manutenção dos equipamentos de alarme de incêndio? O engenheiro projeta e
idealiza e o Corpo de Bombeiro inspeciona, mas a manutenção precisa é de qual
profissional?
Mauricio Campos
São Paulo/SP
[email protected]
Infelizmente ainda não existe uma definição legal a este
respeito. Normalmente, este
tipo de serviço é prestado por
empresas especializadas nele,
porém o perfil do profissional
é variado. (Alexandre Rava Campos)
54 Emergência
GABRIEL RENNER
Quais profissionais devem
tripular uma ambulância para
atendimento de emergências
em vias públicas?
de do tratamento. Muitas vezes são vôos difíceis, em baixa
altitude, porém, bem sucedidos, devido ao árduo treinamento que as equipes possuem para enfrentar qualquer situação encontrada, evitando
que as condições do vôo agravem ainda mais o quadro clínico inicial apresentado. (Sílvia de
Resgate aéreo
Tripulação de ambulância
Oliveira)
co. As pessoas leigas podem
operá-los, desde que treinadas por cursos de reanimação cardiopulmonar básico,
ministrado pelas sociedades
médicas, com duração mínima de 4 horas (Heart Saver DEA).
Mas, independente da lei,
temos que incentivar o acesso a Desfibriladores, pois é o
“único antídoto” em caso de
fibrilação ventricular, que é a
causa mais comum de parada cardíaca. As chances de
sobrevida vão depender do
tempo do acesso a um desfibrilador, sendo que se perde,
em média, 7 a 10% de chance por minuto do choque. (Agnaldo Pispico)
Desfibrilador Externo
Leis para PPCI
Em que situações o resgate
aéreo é mais indicado?
O resgate aéreo, realizado
por especialistas, visa garantir
abordagem específica em diferentes zonas de risco real à
vida. Após estabilização e prestação de procedimentos iniciais, promovem remoção de vítimas de zonas remotas, na tentativa de assegurar continuida-
Os estabelecimentos comerciais, como lojas, shoppings,
bancos, etc., são obrigados a
manter um Desfibrilador Externo Automático? Quem pode
operar o equipamento?
A Lei 13.945/05, da cidade de
SP, recém criada pelo prefeito
Municipal, José Serra, obriga
que todos os locais públicos
que circulem mais de 1500
pessoas por dia são obrigados
a ter Desfibriladores Externos
Automáticos de acesso públi-
Tempo mínimo
Qual o fenômeno, motivo ou explicação dada para o afogamento de uma
pessoa em que o corpo afunda? E qual o tempo mínimo que este corpo vai
ficar submerso na água?
Antonio Luiz Costa Melo - Técnico em Segurança do Trabalho
Ibicoara/BA - [email protected]
Três fatores principais parecem promover a flutuação de nosso corpo: a
quantidade de tecido gorduroso, o ar presente nos pulmões e no intestino. O
afogamento é a aspiração de água. Esta água ocupa parte do pulmão, deslocando o ar. Quando uma pessoa se afoga e perde a consciência, pode ficar
boiando ou ir ao fundo, dependendo da presença ou ausência destes três
fatores. Após alguns dias, a presença de bactérias tipo anaeróbicas (existentes no intestino) produzem uma quantidade de gás, por todo corpo, mas,
principalmente, na região abdominal em decorrência das fezes no intestino.
Embora não exista nenhum trabalho científico comprovando parte destas
teorias, é provável que o afogado não venha a boiar, desaparecendo, quando
seu corpo é comido rapidamente por peixes e crustáceos. (David Szpilman)
O meu estágio consiste em
propor um PPCI juntamente
com um plano de evacuação
em uma escola. Gostaria de
saber o que eu preciso e quais
as normas e leis que tenho que
seguir?
Fábio Porto Martins
Bom Retiro do Sul/RS
[email protected]
O PPCI (Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio) é exigido e deve atender a legislação estadual do
Rio Grande do Sul, Lei 10987/
97 e Decretos 37380/97 e
38273/98, que estabeleceram
as Normas Técnicas de Prevenção Contra Incêndios do
Corpo de Bombeiros. Se a
área do prédio for de até
750m² você poderá fazer e
assinar o PPCI juntamente
com o diretor da escola, mas
se ultrapassar 750m2 deverá
ser feito por profissional que
emita ART (Anotação de Responsabilidade Técnica do
CREA).
As Normas Técnicas do
Corpo de Bombeiros têm
embasamento nas normas da
ABNT, tais como a NBR 9077
JULHO / 2006
As perguntas para o Emergência Responde podem ser remetidas por carta, fax e e-mail ou site www.revistaemergencia.com.br, contendo nome, profissão e cidade. Não prestamos informações
diretamente aos leitores a título de consultoria. Para facilitar a troca de informações entre os profissionais, Emergência também publica o endereço eletrônico dos participantes.
Atendimentos
Quem é o responsável pelo
planejamento e atendimentos
pré-hospitalares, o profissional
de saúde ou o técnico de Segurança do Trabalho?E quem
está habilitado para efetuar um
atendimento de resgate de vítimas de traumas ou situações
de emergência?
Anderson F. e Silva Barrada
Técnico de Enfermagem do Trabalho
Santos/SP
[email protected]
Considerando que você
está se referindo a um ambiente industrial e/ou comercial e não em via pública, o responsável pelo atendimento
deve ser o profissional que
esteja treinado e capacitado
para estas ações, independen-
te de sua formação profissional, mesmo que na presença
de profissionais de saúde com
qualquer graduação e/ou formação. Atualmente, existem
Normas Regulamentadoras
que exigem o treinamento de
primeiros socorros, incluindo situações de trauma para profissionais de áreas técnicas e
operacionais que não são oriundos da saúde, a exemplo da
NR-10 para profissionais da
área elétrica e normas técnicas
como a NBR 14276 para formação de brigadas e NBR
14608 para a formação de
bombeiros profissionais civis.
Outro aspecto da sua pergunta é quanto ao atendimento
de resgate (altura, aquático, espaços confinados, etc.). Nestes
casos, mesmo os profissionais
de saúde devem ser treinados
e capacitados para estas ações,
uma vez que seus cursos de
formação acadêmicos e técnicos não contemplam estes conteúdos. Quanto ao desenvolvimento de planos de atendimento de emergências, incluindo as ações de atendimento a vítimas em ambientes préhospitalares, estes devem ser
desenvolvidos por um grupo de
trabalho multidisciplinar, formado por profissionais que tenham conhecimentos técnicos
das demandas de suas instalações. Devem ser considerados
os principais aspectos emergenciais avaliados em APPRs
(Avaliações Preliminares de
Perigos e Riscos), assim como
os recursos disponíveis para o
atendimento às emergências,
as vias de acesso, localização
e disponibilidade dos serviços
públicos e privados dedicados
ao atendimento no local, utilizando ainda para o desenvolvimento destes planos recomendações normativas como
a NBR 15219 (Plano de emergência contra incêndios), entre outras, e, quando recomendado, as melhores práticas internacionais de acordo
com as características locais da
planta. (Jorge Alexandre Alves)
Afogamento
GABRIEL RENNER
(Saídas de Emergência em Edifícios), NBR 12693 (Sistema
de Proteção por Extintores de
Incêndio), NBR 13714 (Sistemas de Hidrantes e de Mangotinhos), NBR 10898 (Iluminação de Emergência), NBR
9441 (Alarme de Incêndio),
NBR 5419 (Sistema de Proteção Contra Descargas Atmosféricas), NBR 13523 (Centrais
de Gás de GLP) e NBR 98 (Armazenamento e Manuseio de
Líquidos Inflamáveis), esta última complementada pela
NBR 7505 Partes 1 e 4, ainda
não citada no texto das Normas Técnicas do Corpo de
Bombeiros. O Corpo de Bombeiros cita outras normas da
ABNT que se referem à fabricação e ensaios dos equipamentos e não necessárias consultar para realizar o PPCI. A
partir da determinação da rota
de saída e saídas alternativas
poderá ser organizado o Plano de Abandono da Escola
em Emergências. Lembre que
o bom resultado deste Plano
vai depender do programa de
treinamento prévio de um grupo de liderança. (Cláudio Hanssen)
Qual a melhor forma ou técnica para transportar um afogado da água para a areia ou borda da piscina?
O transporte ideal da água
para a areia é o tipo Australiano. Transporte a vítima colocando seu braço esquerdo sob a
axila esquerda da vítima e trave o braço esquerdo da vítima.
Seu braço direito deve ficar sob
a axila direita da vítima, segurando o queixo de forma a abrir
as vias aéreas, desobstruindoas e permitindo a ventilação
durante o transporte. Em casos
suspeitos de trauma cervical,
utilize sempre que possível a
imobilização da coluna cervical
durante o transporte até a areia
ou a borda da piscina. Quando
possível, utilize uma prancha
de imobilização e colar cervical,
ou improvise com prancha de
body-board ou de surf. Aguarde a ambulância para o transporte definitivo. (David Szilman)
Atividades do PAM
Quais as principais atividades
de um PAM durante uma emergência com produtos químicos?
Para a participação das em-
presas no PAM é indispensável que as mesmas já possuam seus respectivos Planos
de Controle de Emergência
(PCE), em conformidade com
a NR-29, Portaria 32114 e a
Lei 9966/00, cabendo ao
PAM coordenar as atividades
emergenciais através do fornecimento de recursos humanos e materiais quando uma
empresa acioná-lo ou for solicitado por outro órgão/empresa membro ou ainda em
caso de situações emergenciais. Assim, as atividades são:
coordenação geral da emergência (se o evento for de
empresa participante do
PAM), ou auxílio aos órgãos
públicos envolvidos, com disponibilização de recursos
materiais e humanos, nas
atividades de identificação e
reconhecimento dos produtos
perigosos envolvidos, avaliações ambientais, contenção
de vazamentos, neutralização, diluição, confinamento,
bloqueio e inertização dos agentes químicos e acompanhamento das atividades de
transferência, transbordo e
remoção de cargas. (Marco Aurélio Rocha)
 Agnaldo Pispico é médico e diretor do Centro de Treinamento de Emergências da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo.
 Alexandre Rava de Campos é engenheiro
de Segurança do Trabalho, presidente da ASTEC
– Associação Técnica Sul Brasileira de Proteção Contra Incêndio e diretor secretário do CB24 da ABNT.
 Cláudio Hanssen é químico Industrial, engenheiro de Segurança do Trabalho e especialista
em proteção contra incêndio.
 David Szpilman é médico do GSE (Grupamento de Socorro de Emergência) - Aeromédico
- CBMERJ, Chefe do CTI do Hospital Municipal
Miguel Couto e sócio-fundador, ex-presidente e
diretor médico da Sobrasa (Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático).
 Fernando Suarez é subcomandante do GSE
(Grupamento de Socorro de Emergência) do Corpo de Bombeiros Militares do Estado do RJ.
 Jorge Alexandre Alves é consultor especialista em emergências.
 Marco Aurélio Rocha é técnico do Sesi Pelotas/RS e atua no PAM de Rio Grande/RS.
 Sílvia de Oliveira é presidente da ABEAA
(Associação Brasileira de Enfermagem
Aeromédica e Aeroespacial).
Emergência
55
EVENTOS
EMPRESARIAL
Programa Qualifire
O Programa Qualifire,
Qualificação em Emergências, promovido pela Proteção
Eventos, enfoca o planejamento de ações de emergência e combate a incêndios. O cronograma de cursos pode ser acessado através do site www.protecaoeventos.com. br. Informações
pelo telefone (51)21310442, ou pelos e-mails [email protected] e treinamento@
protecaoeventos.com.br
PREVENRIO
Brasilfire e Resgate 2006
O Brasilfire (3º Seminário
de Prevenção Contra Incêndio) e o Resgate 2006 (2º
Seminário Nacional de Emergências e Resgate) ocorrem de 16 a 18 de outubro, no Rio de Janeiro. Ambos acontecem dentro do
PrevenRio, 2ª Feira e
Congresso de Saúde e Segurança no Trabalho, também realizada pela Proteção
Eventos. Informações pelo
telefone (51)2131-0442 ou
no site www.protecaoeventos.com. br.
SIMPÓSIO
Salvamento Aquático
De 23 a 26 de novembro,
no Guarujá, em São Paulo,
acontece o VI Campeonato,
V Simpósio Brasileiro e III
Sul-Americano de Salvamento Aquático. Os eventos são
promovidos pelo Corpo de
Bombeiros Militar do Estado
de São Paulo, Sobrasa (Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático) e Prefeitura Municipal de Guarujá. A
proposta é melhorar o conhecimento, a integração
entre os serviços de salvamento e a redução do número de afogamentos. Contatos no site da Sociedade:
www.sobrasa.org
56 Emergência
JULHO
QualiFire Rio de Janeiro - Plano
de Emergência Contra Incêndio
18 de julho – Rio de Janeiro/RJ
Realização: Proteção Eventos
Informações: (51) 2131-0442
America’s Fire & Security Expo
18 a 20 de julho – Flórida/EUA
Realização: NFPA
Informações: +1 617 770-3000 /
[email protected]
QualiFire Vitória - Plano de
Emergência Contra Incêndio
20 de julho – Vitória/ES
Realização: Proteção Eventos
Informações: (51) 2131-0442
Curso de Primeiros Socorros
20 e 21 de julho – Simões Filho/BA
Realização: Amigos da Vida
Informações: (71)9609-5410
Socorrista Internacional
20 a 23 de julho – Jequié/BA
Realização: Resgate Treinamentos
Informações: (27)3289-1973
[email protected]
BLS – Basic Life Support
21 a 23 de julho – São Paulo/SP
Realização: Ellu Saúde
Informações: (11)3721-9333
Primeiros Socorros, RCP e DEA
21 a 23 de julho – São Paulo/SP
Realização: Ellu Saúde
Informações: (11)3721-9333
[email protected]
Suporte Básico de Vida e
Primeiros Socorros
22 e 23 de julho – São Paulo/SP
Realização: Fox Treinamento
Informações: (11)3966-9624
[email protected]
Socorrista Internacional
22 a 30 de julho – Vila Velha/ES
Realização: Resgate Treinamentos
Informações: (27)3289-1973
[email protected]
Curso de Primeiros Socorros
24 e 25 de julho – Lauro de Freitas/BA
Realização: Amigos da Vida
Informações: (71)9609-5410
QualiFire - Brigada de Incêndio
25 de julho – Belo Horizonte/MG
Realização: Proteção Eventos
Informações: (51) 2131-0442
RCP Profissional e
Primeiros Socorros
25 a 30 de julho – São Paulo/SP
Realização: Fox Treinamento
Informações: (11)3966-9624
[email protected]
Programa Qualificar Belo Horizonte
27 e 28 de julho – Belo Horizonte/MG
Realização: Proteção Eventos
Informações: (51) 2131-0442
Socorrista Internacional
27 a 30 de julho – Vila Velha/ES
Realização: Resgate Treinamentos
Informações: (27)3289-1973
[email protected]
Socorrista Internacional
27 a 30 de julho – Vitória da Conquista/BA
Realização: Resgate Treinamentos
Informações: (27)3289-1973
[email protected]
V Jornada Est. de Bombeiros Voluntários
29 de julho – Tapes/RS
Realização: Corpo de Bombeiros Voluntários de Tapes e Voluntersul
Informações: (51)3672-1872
[email protected]
RCP e DEA
29 e 30 de julho – São Paulo/SP
Realização: Star Life
Informações: (11)6953-3063
[email protected]
AGOSTO
Realização: Fox Treinamento
Informações: (11)3966-9624
[email protected]
Primeiros Socorros e RCP
12 e 13 de agosto – São Paulo/SP
Realização: Star Life
Informações: (11)6953-3063
[email protected]
Socorrista Internacional
17 a 20 de agosto – Teixeira de Freitas/BA
Realização: Resgate Treinamentos
Informações: (27)3289-1973
[email protected]
RCP com DEA
01 de agosto – Porto Alegre/RS
Realização: Resgate Médico Cursos
Informações: (51)3226-6252
[email protected]
Primeiros Socorros, RCP e DEA
18 a 20 de agosto – São Paulo/SP
Realização: Ellu Saúde
Informações: (11)3721-9333
[email protected]
Congreso Internacional de
Protección Contra Incendios
02 a 05 de agosto – Bogotá/Colômbia
Realização: OPCI – Organización Iberoamericana de Protección contra Incendios
Informações: (57-1)611-0754
Primeiros Socorros
19 de agosto – Rio de Janeiro/RJ
Realização: Ação Vital
Informações: (21)2599-7136
[email protected]
Socorrista Internacional
03 a 06 de agosto – Itabuna/BA
Realização: Resgate Treinamentos
Informações: (27)3289-1973
[email protected]
Anatomia e Fisiologia para Socorristas
05 e 06 de agosto – São Paulo/SP
Realização: Fox Treinamento
Informações: (11)3966-9624
[email protected]
Técnicas básicas em APH
06 de agosto – João Pessoa/PA
Realização: GAE - Grupo de Atendimento
nas Emergências
Informações: (83)3247-3945
Transporte de Produtos Químicos
07 e 08 de agosto – Rio de Janeiro/RJ
Realização: Interação Ambiental
Informações: (21)2576-7608
QualiFire Curitiba - Plano de
Escape de Edificações
8 de agosto – Curitiba/PR
Realização: Proteção Eventos
Informações: (51) 2131-0442
Socorrista Internacional
08 a 13 de agosto – Eunapolis/BA
Realização: Resgate Treinamentos
Informações: (27)3289-1973
[email protected]
ACLS – Suporte Avançado à Vida
19 e 20 de agosto – São Paulo/SP
Realização: Sociedade de Cardiologia do
Estado de São Paulo
Informações: (11)3179-0044
Curso de Operações Verticais
19 e 20 de agosto – Sorocaba/SP
Realização: Task Service
Informações: (15)3233-2739
[email protected]
Curso de Primeiros Socorros
19 e 20 de agosto – Camaçari/BA
Realização: Amigos da Vida
Informações: (71)9609-5410
RCP e DEA
19 e 20 de agosto – São Paulo/SP
Realização: Star Life
Informações: (11)6953-3063
[email protected]
Bombeiro Profissional Civil
19 de agosto a 21 de outubro – São Paulo/SP
Realização: Senac São Paulo
Informações: (11)3323-1532
Socorrista Internacional
19 a 27 de agosto – Vila Velha/ES
Realização: Resgate Treinamentos
Informações: (27)3289-1973
[email protected]
QualiFire - Brigada de Incêndio
10 de agosto – Florianópolis/SC
Realização: Proteção Eventos
Informações: (51) 2131-0442
Suporte Básico de Vida
e Primeiros Socorros
21 e 22 de agosto – São Paulo/SP
Realização: Fox Treinamento
Informações: (11)3966-9624
[email protected]
Transporte de Produtos Perigosos
10 e 11 de agosto – São Paulo/SP
Realização: Target
Informações: (11)5641-4655
Curso de Primeiros Socorros
21 e 26 de agosto – Salvador/BA
Realização: Amigos da Vida
Informações: (71)9609-5410
Programa Qualificar Caxias do Sul
10 e 11 de agosto – Caxias do Sul/RS
Realização: Proteção Eventos
Informações: (51) 2131-0442
Emergência Ambiental
22 e 23 de agosto – São Paulo/SP
Realização: Abiquim
Informações: (11)2148-4715
[email protected]
Emergência e Ressuscitação
Cardiopulmonar
12 de agosto – Rio Claro/SP
Realização: Sociedade de Cardiologia do
Estado de São Paulo
Informações: (19)9137-4691
[email protected]
Suporte Básico de Vida e DEA
12 e 13 de agosto – São Paulo/SP
Curso de Primeiros Socorros
24 e 25 de agosto – Simões Filho/BA
Realização: Amigos da Vida
Informações: (71)9609-5410
Programa Qualificar Goiânia
24 e 25 de agosto – Goiânia/GO
Realização: Proteção Eventos
Informações: (51) 2131-0442
JULHO / 2006
Socorrista Internacional
24 a 27 de agosto – Vila Velha/ES
Realização: Resgate Treinamentos
Informações: (27)3289-1973
[email protected]
Surf-Salva
26 de agosto – Santos/SP
Realização: Sobrasa
Informações: (21)9737-3578
[email protected]
1º Campeonato de Bombeiros
Civis do Sul Fluminense
26 e 27 de agosto – Resende/RJ
Realização: Cooperbboc
Informações: (24)3322-8077
[email protected]
1º Seminário de Pronto
Socorrismo do Rio de Janeiro
26 e 27 de agosto – Rio de Janeiro/RJ
Realização: Eventos e Cursos
Informações: (21)4062-7172
Atendimento a Emergências Químicas
28 de agosto a 01 de setembro – São Paulo/
SP
Realização: Cetesb
Informações: (11)3030-6000
Curso de Primeiros Socorros
28 e 29 de agosto – Lauro de Freitas/BA
Realização: Amigos da Vida
Informações: (71)9609-5410
BLS – Suporte Básico à Vida
29 e 30 de agosto – São Paulo/SP
Realização: Soc. de Cardiologia de SP
Informações: (11)3179-0044
SETEMBRO
Aprimoramento em
Pronto Socorrismo
09 de setembro – São Paulo/SP
Realização: Eventos e Cursos
Informações: (11)6950-8760
QualiFire Belo Horizonte - Plano
de Escape de Edificações
12 de setembro – Belo Horizonte/MG
Realização: Proteção Eventos
Informações: (51) 2131-0442
Emergência com Produtos Químicos
13 a 15 de setembro – São José
dos Campos/SP
Realização: Task Service
Informações: (15)3233-2739
[email protected]
QualiFire São Paulo - Briga de Incêndio
14 de setembro – Belo Horizonte/MG
Realização: Proteção Eventos
Informações: (51) 2131-0442
Programa Qualificar Chapecó
14 e 15 de setembro – Chapecó/SC
Realização: Proteção Eventos
Informações: (51) 2131-0442
ACLS – Suporte Avançado à Vida
16 e 17 de setembro – São Paulo/SP
Realização: Sociedade de Cardiologia do
Estado de São Paulo
Informações: (11)3179-0044
Curso de Primeiros Socorros
16 e 17 de setembro – Camaçari/BA
Realização: Amigos da Vida
Informações: (71)9609-5410
Primeiros Socorros e RCP
16 e 17 de setembro – São Paulo/SP
Realização: Star Life
Informações: (11)6953-3063
[email protected]
XII Seminário Olimpíada
de Brigadas de Emergência
18 a 22 de setembro – Melgar-Tolima/
Colômbia
Realização: OPCI
Informações: (57-8)245-0500
Encuentro Nacional de Brigadas Industriales
18 a 22 de setembro – Melgar-Tolima/
Colômbia
Realização: OPCI
Informações: (57-1)611-0754
Emergências Químicas – Nível Operacional
18 a 22 de setembro – São Paulo/SP
Realização: Suatrans
Informações: (11)6603-4727
Curso de Primeiros Socorros
18 a 23 de setembro – Salvador/BA
Realização: Amigos da Vida
Informações: (71)9609-5410
Curso de Primeiros Socorros
21 e 22 de setembro – Simões Filho/BA
Realização: Amigos da Vida
Informações: (71)9609-5410
Programa Qualificar São Paulo
21 e 22 de setembro – São Paulo/SP
Realização: Proteção Eventos
Informações: (51) 2131-0442
Protección Contra Incendios
para el Sector Hotelero
21 a 23 de setembro – San Andrés Islãs/
Colômbia
Realização: OPCI
Informações: (57-1)611-0754
Primeiros Socorros, RCP e DEA
22 a 24 de setembro – São Paulo/SP
Realização: Ellu Saúde
Informações: (11)3721-9333
[email protected]
RCP e DEA
23 e 24 de setembro – São Paulo/SP
Realização: Star Life
Informações: (11)6953-3063
[email protected]
XVI COBEQ – Cong. Bras. de Eng. Química
24 a 27 de setembro – Santos/SP
Realização: Assoc. Bras. de Eng. Química
Informações: (12)3159-5005
Curso de Primeiros Socorros
25 e 26 de setembro – Lauro de Freitas/BA
Realização: Amigos da Vida
Informações: (71)9609-5410
Emergências Químicas – Operacional
25 a 29 de setembro – São Paulo/SP
Realização: Suatrans
Informações: (11)6603-4727
Emergências Químicas – Técnico
25 a 29 de setembro – São Paulo/SP
Realização: Suatrans
Informações: (11)6603-4727
BLS – Suporte Básico à Vida
26 e 27 de setembro – São Paulo/SP
Realização: Soc. de Cardiologia de SP
Informações: (11)3179-0044
Programa Qualificar Porto Alegre
28 e 29 de setembro – Porto Alegre/RS
Realização: Proteção Eventos
Informações: (51) 2131-0442
OUTUBRO
BLS – Suporte Básico à Vida
02 e 03 de outubro – São Paulo/SP
Realização: Soc. de Cardiologia de SP
Informações: (11)3179-0044
Resgate Técnico Vertical Avançado
02 a 04 de outubro – Itapetininga/SP
Realização: Task Service
Informações: (15)3233-2739
[email protected]
Gerenciamento de Resíduos Sólidos
07 a 11 de outubro – São Paulo/SP
Realização: Senac São Paulo
Informações: (11)3323-1532
Curso RCP – DEA – Primeiros Socorros
07 e 08 de outubro – Santa Maria/RS
Realização: ERT / Protsegur Resgate
Informações: (55)3223-3060
QualiFire Rio de Janeiro Brigada de Incêndio
9 de outubro – Rio de Janeiro/RJ
Realização: Proteção Eventos
Informações: (51) 2131-0442
Diplomado en Protección
Contra Incendios
13 de outubro a 15 de março de 2007 –
Bogotá/Colômbia
Realização: OPCI
Informações: (57-1)611-0754
Emergências Ambientais
16 e 17 de outubro – Rio de Janeiro/RJ
Realização: Interação Ambiental
Informações: (21)2576-7608
Curso de Primeiros Socorros
16 a 21 de outubro – Salvador/BA
Realização: Amigos da Vida
Informações: (71)9609-5410
Derrames de Óleo no Mar:
Aspectos Preventivos e Corretivos
16 a 20 de outubro – São Paulo/SP
Realização: Cetesb
Informações: (11)3030-6000
Prevenrio – Feira e Seminário de SST
16 a 18 de outubro – Rio de Janeiro/RJ
Realização: Proteção Eventos
Informações: (51)2131-0442
Brasilfire
16 a 18 de outubro – Rio de Janeiro/RJ
Realização: Proteção Eventos
Informações: (51)2131-0442
Resgate 2006
16 a 18 de outubro – Rio de Janeiro/RJ
Realização: Proteção Eventos
Informações: (51)2131-0442
Curso de Emergências Químicas –
Nível de Comando
16 a 20 de outubro – São Paulo/SP
Realização: Suatrans
Informações: (11)6603-4727
Curso de Primeiros Socorros
19 e 20 de outubro – Simões Filho/BA
Realização: Amigos da Vida
Informações: (71)9609-5410
QualiFire Florianópolis - Plano
de Escape de Edificações
20 de outubro – Florianópolis/SC
Realização: Proteção Eventos
Informações: (51) 2131-0442
Primeiros Socorros, RCP e DEA
20 a 22 de outubro – São Paulo/SP
Realização: Ellu Saúde
Informações: (11)3721-9333
[email protected]
ACLS – Suporte
Avançado à Vida
21 e 22 de outubro – São Paulo/SP
Realização: Sociedade de Cardiologia do
Estado de São Paulo
Informações: (11)3179-0044
CIVIS
Campeonato no RJ
Nos dias 26 e 27 de agosto será realizado o 1º Campeonato de Bombeiros Civis
do Sul Fluminense. O evento, promovido pela Cooperbboc (Cooperativa dos Bombeiros Brigadistas Civis do
Sul Fluminense), será realizado na cidade de Barra Mansa, no RJ. O campeonato inclui provas de combate a incêndio, resgate e outras modalidades. Mais informações
pelo fone (24)3322-8077 ou
através do e-mail cooperbboc@ bombeiroscivis.org.
AEROMÉDICO
Capacitação para voar
Entre os meses de julho e
outubro será realizado o curso Transporte Aeromédico,
em Brasília/DF. Serão duas
modalidades: uma para médicos e enfermeiros, e outra para técnicos em enfermagem e socorristas. Para
médicos e enfermeiros serão 60 horas, divididas em
três finais de semana nos
meses de agosto, setembro
e outubro. Na outra modalidade são 22 horas, realizadas em um único final de
semana, que é opcional em
julho ou agosto. Inscrições
no (61)3201-0080.
DEFESA CIVIL
3º Fórum Nacional
A Secretaria Nacional de
Defesa Civil, em parceria
com a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Estado do Espírito Santo e a
Coordenadoria Municipal de
Defesa Civil de Cariacica,
realizarão o III Fórum Nacional de Defesa Civil, nos dias
23 e 24 de novembro, em
Cariacica/ES. O tema do evento será “Em Busca da Excelência nas Ações de Defesa Civil”. Informações no
site www.defesacivil.es.
gov.br
Emergência
57
FERNANDO BUSIAN/COORDENADORIA MUNICIPAL DE DEFESA CIVIL-SP
LEIS & NORMAS
Novos limites para recursos em casos de estado de calamidade pública
Situação de emergência
 Portaria reduz a 1% a contrapartida de prefeituras municipais
Antes de deixar o Ministério da Integração Nacional, Ciro Gomes aprovou, em
31 de março, a Portaria nº 317, que estabelece novos limites mínimos para a contrapartida de prefeituras municipais na transferência de recursos, durante o período em
que subsistirem situações de emergência
ou estado de calamidade pública.
Publicada no Diário Oficial da União em
3 de abril último, o documento estabelece que o limite mínimo de contrapartida
do § 1º, do art. 44 da Lei nº 11.178 de
2005, que dispõe sobre a lei orçamentária, passa a ser de 1% quando os recursos
referentes ao exercício de 2006, forem
destinados às ações de Defesa Civil em
municípios com o reconhecimento formal
de situação de emergência ou estado de
calamidade pública, durante o período em
que essas situações subsistirem.
Com a nova Portaria, prefeituras municipais terão maior facilidade na recuperação da situação de normalidade de suas
cidades. Prevista na Lei Federal de nº
11.178, a contrapartida, até então, variava
entre 10% a 40%. Mas a própria lei, no §
2º, permite que os limites mínimos de
contrapartida fixados no § 1º do artigo 44,
poderão ser reduzidos por ato do titular
do órgão concedente, quando os recursos
transferidos pela União se destinarem a
municípios que se encontrem em situação de emergência ou estado de calamidade pública.
PISCINA
ESTIAGEM
Está em andamento a proposição PL4777/2005, de autoria do deputado
Rodolfo Pereira (PDT/RR), que disciplina
a prevenção de acidentes em piscinas. O
projeto determina que nas piscinas de uso
público ou coletivo sejam disponibilizadas
informações sobre a profundidade do tanque e sobre alterações na profundidade
regular do mesmo, assim como os riscos
de lesão medular e afogamento em casos
específicos. Outras medidas preventivas
apresentadas no projeto dizem respeito à
presença de salva-vidas capacitados para
o adequado resgate da vítima, ao isolamento da área de trânsito de banhistas em relação ao tanque, à proibição de que banhistas alcoolizados façam uso do tanque
e que, salvo em casos regulamentados,
mergulhem em águas rasas.
No dia 16 de maio, foi publicada no
Diário Oficial da União a Lei nº 12.488,
que institui a Política Estadual de Combate, Prevenção e Administração das Conseqüências Ocasionadas pela Seca e Estiagem no Estado do Rio Grande do Sul. O
objetivo é preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais ao ecossistema,
disciplinando a execução das ações, obras
e serviços necessários para sua implementação no Estado.
A Política Estadual deve assegurar o
combate, prevenção e administração das
conseqüências da seca e estiagem a toda
população economicamente ativa ligada
aos setores atingidos, além de mobilizar
recursos e organizar todos os setores da
sociedade para planejar e executar as
ações necessárias.
Acidentes por mergulho em discussão RS tem política contra a seca
58 Emergência
CB 24FOGO
- ABNT
PINGA
Esta coluna trará, a cada edição, notícias
sobre as principais revisões e discussões
acerca das NBRs relativas ao setor de
incêndio, debatidas no âmbito das
Comissões de estudo do CB-24.
CONSULTA NACIONAL
O projeto de revisão da norma NBR 14276
(Brigada de Incêndio), que estabelece os requisitos mínimos para a composição, formação, implantação e reciclagem das brigadas
de incêndio, foi concluído. Esta norma surgiu
da necessidade de se padronizar a atividade
de brigada de incêndio, desde a sua denominação até a especificação da área de atuação. O projeto encontra-se à disposição para
consulta nacional e sugestões até o dia 27 de
julho, no site www.abnt.org.br/cb-24, no link
Consulta Nacional.
BOMBEIRO CIVIL
A Comissão de Programa de Brigada de Incêndio está revisando a norma NBR 14608
(Bombeiro Profissional Civil). “A norma estabelece os requisitos para determinar o número
mínimo de bombeiros privados em uma planta, bem como sua formação, qualificação, reciclagem e atuação”, explica o secretário da Comissão, Walter Blassioli. A última reunião da
Comissão ocorreu no dia 9 de junho. Na ocasião, foi analisada a revisão da norma efetuada
pelo Grupo de Trabalho do Rio de Janeiro. Existem três pontos principais em discussão: o título
da norma, as atividades básicas do bombeiro
profissional civil e a quantidade de bombeiros
por planta. Blassioli esclarece que estes aspectos são essenciais. “A terminologia, o currículo
e onde realmente é necessária sua atuação”,
salienta. O próximo encontro será no dia 14 de
julho, quando segue a análise da revisão.
SEGUNDO PROJETO
A NBR 13714 (Sistemas de Hidrantes e de
Mangotinhos para Combate a Incêndio) está
no segundo projeto de revisão. Segundo o secretário da Comissão de Estudo de Hidrantes,
Mangotinhos e Acessórios, Maurício Feres, a
consulta pública do primeiro projeto levou-os a
repensar o assunto. “A revisão desta norma é
um desafio, pois temos que conciliar diferentes
regulamentos e decretos existentes nos Corpos de Bombeiros dos vários Estados e fazer
uma única norma nacional que seja adotada
por todos”, explica. Feres esclarece que, através da consulta vieram à tona estas divergências, o que levou a Comissão a trabalhar neste
segundo projeto de revisão. A Comissão se
reuniu no dia 4 de julho para análise e discussão
dos anexos do texto base do primeiro projeto.
JULHO / 2006
NBR 14096 em revisão
 Norma pretende garantir lugar no mercado internacional
ARQUIVO EMERGENCY ONE
A Comissão de Viaturas de
Combate a Incêndio, do CB-24
(Comitê Brasileiro de Segurança contra Incêndio), se dedica a
normalizar a construção de viaturas de emergência. Já foram
publicadas a NBR 14096 (incêndio) e 14561 (resgate), e está
em consulta pública a norma
para viaturas de combate a incêndio florestal. “A 14096 está
sofrendo uma revisão profunda,
onde vai contemplar as várias
modalidades de veículos de
combate a incêndio, desde uma Viaturas devem seguir padrão internacional
simples intervenção rápida até as viaturas DESFIBRILADOR
para refinarias com bombas de combate a
incêndio de grande vazão”, explica o coFoi regulamentada, através do Decreto
ordenador da Comissão, Cesar Corazza
nº
46.914, em 17 de janeiro, a Lei nº
Nieto. A norma pretende sair na briga por
13.945.
Publicada no Diário Oficial do muum lugar no mercado internacional. A renicípio
de
São Paulo, em 18/01, a legislavisão está sendo baseada na NFPA 1901,
ção
prevê
a manutenção de aparelhos
pois é a norma adotada pela maioria dos
desfibriladores
em locais de trabalho com
clientes de países latino-americanos, áraconcentração
e/ou
circulação média diária
bes, africanos e asiáticos.
de
1.500
pessoas
ou
mais. Os estabeleciA próxima reunião da Comissão ocorre
mentos
terão
que
capacitar
30% de seu
dia 11 de julho. O coordenador lembra que
pessoal
para
o
uso
correto
do
desfibrilador.
os últimos pontos debatidos foram os acessórios que cada modalidade de viatura deve Quem descumprir a lei estará sujeito a uma
transportar, tais como bombas portáteis, multa de R$2 mil reais. No Brasil, estimaescadas, lanternas, esguichos, mangueiras, se que 160 mil pessoas morram anualmenentre outros. Nieto salienta ainda que as te vítimas de ataque cardíaco.
normas de construção não são leis. “É uma
EXTINTORES
opção do usuário segui-las ou não. Mas
em caso de acidentes, sempre haverá o
questionamento judicial se as normas foFoi publicada no Diário Oficial da União
ram seguidas”, salienta.
em 05 de abril último a Portaria nº 80 do
Inmetro, referente à inspeção de extinBOMBEIRO CIVIL
tores, substituindo a Portaria nº 51, de
2004. Ela aprova o Regulamento TécniEstá em andamento o Projeto de Lei
co da Qualidade para os Serviços de Insnº2084/91 para regulamentação da catepeção Técnica e Manutenção em Extingoria de Bombeiro Civil. O texto final foi
tores de Incêndio, que complementa a
entregue para votação na Câmara dos DeNBR 12962 (Inspeção, Manutenção e
putados, em Brasília, em março último.
Recarga em Extintores de Incêndio). SeDepois de votado, caso aprovado, o projegundo o técnico da Divisão de Prograto ainda necessita da sanção do presidenmas da Avaliação da Conformidade da
te da República. O autor do projeto é
Diretoria da Qualidade (Dipac/Dqual) do
Ednilson Santana, fundador do Sindicato
Inmetro, Adilson Vieira, esta Portaria foi
dos Bombeiros Civis do Distrito Federal.
publicada em razão da necessidade de
O projeto é do ano de 1991, mas desde
dar continuidade ao processo de melhoria
1999 encontra-se sem nenhuma resolução,
empreendido no Programa de Extintores
sendo retomado somente este ano.
Regulamentada lei em São Paulo
CB-16
Normas sobre transporte
de produtos perigosos
O CB-16 (Comitê Brasileiro de Transportes e Tráfego) fez, no final de 2005, a revisão de todas as normas referentes ao transporte terrestre de produtos perigosos. De
acordo com a coordenadora da Comissão
de Transporte de Produtos Perigosos, Glória Benazzi, o objetivo foi o enquadramento das normas a situações atuais, como,
por exemplo, o retorno de embalagens vazias e contaminadas. Na NBR 7500 (Identificação para transporte, manuseio, movimentação e armazenamento de produtos)
foram incluídos requisitos para atender a
resolução 420/04 da ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre) e alterações
na identificação da unidade de transporte.
Na NBR 13221 (Transporte de resíduos) o
principal destaque é para os produtos que
não se enquadram nas classes de risco, e
na NBR 14619 (Transporte de produtos
perigosos – Incompatibilidade química) a
proibição do transporte de produtos quimicamente incompatíveis na mesma unidade de transporte.
A NBR 7503 (Ficha de emergência e
envelope para transporte de produto perigoso) e a NBR 9735 (Conjunto de equipamentos para emergências no transporte rodoviário de produtos perigosos) entraram em vigor em 30/12/05, estabelecendo requisitos da ficha de emergência
e EPIs necessários. O resumo das alterações está no site www.abtlp.org.br.
Inmetro publica nova Portaria para inspeção
Regulamentação da categoria
JULHO / 2006
de Incêndio do órgão. “Ela surgiu como
resultado dos programas de verificação
da conformidade, programa de fiscalização e ainda das reclamações e sugestões
dos consumidores”, explica.
O Regulamento fixa as condições mínimas para inspeção e manutenção de
primeiro, segundo e terceiro níveis em
extintores, especificando os itens que devem ser verificados em cada tipo de inspeção. Vieira esclarece o que mudou para
as empresas de manutenção. “Elas devem efetuar novos registros e controles
de processo na realização dos serviços
de manutenção e serão verificadas pelos
órgãos delegados do Inmetro”, salienta.
A Portaria está no www.inmetro. gov.br.
Emergência
59
PRODUTOS
RODOVIA
Enseg garante atendimento
médico de emergência
Ao circular pela BR-290 (Freeway), no Rio
Grande do Sul, o motorista tem a garantia de
atendimento médico de emergência e resgate
24 horas por dia. Este serviço está sob responsabilidade da Enseg – Engenharia de Segurança. A Enseg é uma organização carioca, parceira da Concepa, e presta atendimento médico
na rodovia a maus súbitos (desde febre até
parada cardíaca), socorro em acidentes e combate a incêndios. Dispõe de quatro UTIs móveis
e três carros-resgate. Entre os profissionais,
60 Emergência
& SERVIÇOS
conta com sete médicos, nove socorristas e 21
motoristas/resgatistas, que atuam em sistema de
plantões. Mais informações pelo telefone (51)
3027-7400 e no site www.concepa.com.br.
QUÍMICOS
Suatrans busca preservação
da vida e do meio ambiente
A Suatrans, empresa brasileira que busca a
preservação da vida e do meio ambiente, disponibiliza para seus clientes soluções em serviços, treinamentos, gerenciamentos de resíduos
e produtos, com padrões de qualidade reconhecidos internacionalmente. Um dos produtos é o
Kit de Emergência Ambiental para petróleo e derivados com capacidade de absorção de 85 litros.
O Kit contém bombona de polietileno de 100 litros, capa protetora laranja, saco de 28 litros de
turfa absorvente, mantas absorventes, travesseiros absorventes, cordões, sacos para descarte, roupa de proteção, pá de plástico, óculos de
proteção e luvas.
Informações no
(11)6696-4722
ou www.suatrans.
com.br.
JULHO / 2006
RESGATE
Tecnologia hidráulica
para resgate
Depois de 40 anos à frente no desenvolvimento
tecnológico de produtos para resgate, a Holmatro Equipamento apresenta a tecnologia Core,
comercializada pela Multstock. Esta tecnologia
consiste num sistema hidráulico que emprega
mangueiras, acoplamentos, bombas e ferramentas para operar um equipamento de resgate. Ela
elimina a necessidade de uma válvula na bomba,
bastando conectar a mangueira ao equipamento.
O sistema é rápido, fácil e seguro, permitindo ao
socorrista focar-se na operação e no equipamento
JULHO / 2006
de resgate. Outras informações pelo telefone (31)
3296-8099 ou no site www.multstock.com.br.
TREINAMENTO
Combate a incêndio
em serviços elétricos
A Work Fire desenvolveu parcerias com empresas de distribuição de energia elétrica para aplicação do Curso Teórico e
Prático de Combate a Incêndio em Estação de
Transmissão e Distribui-
ção de Energia Elétrica, abrangendo subestações primárias e secundárias. O treinamento
atende a parte prática dos protocolos da NR10. Dentre os tópicos abordados no curso estão: atendimento a um alarme, avaliação dos
painéis alarmados e proporção do sinistro, retorno ao Centro de Operações de Sistema
com as providências e
manobras a realizar.
Outras informações pelo telefone (11)64684088 ou no site www.
workfire.com.br.
Emergência
61
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JORGE ALBERTO ALVORCEM PINTO
Bombeiros combatem o fogo
FAVELA
Fogo destruiu
cerca de 40 barracos
Um incêndio destruiu cerca de
40 barracos na Favela do Piolho,
região do Brooklin, Zona Sul de São
Paulo. Segundo o Cobom (Centro
de Operações do Corpo de Bombeiros), o incêndio, que ocorreu
em junho, teve início numa das
moradias da favela. Cerca de 60
bombeiros em 22 guarnições foram para o local e só conseguiram
apagar as chamas depois de duas
horas. Ninguém ficou ferido. As
causas do incêndio ainda estão
sendo investigadas. Cerca de 40
famílias ficaram desabrigadas.
88%
dos 400 internautas que
votaram no site da Revista
Emergência acham que a
profissão de paramédico
deveria existir no Brasil.
62 Emergência
Resgate enfrentou
falha de comunicação
A resposta dos serviços de emergência
britânicos
durante os
atentados de 7 de julho de 2005,
em Londres, teve falhas de comunicação entre o pessoal de resgate, concluiu um relatório da prefeitura Londrina em junho. O documento indicou que existiram falhas
no uso dos radiotransmissores. Os
ataques deixaram 52 pessoas
mortas e 700 feridas.
WWW.ELSALVADOR.COM
Um incêndio na MBN Distribuidora de Produtos Químicos, em
Cachoeirinha/RS, em junho, deixou três pessoas com ferimentos
leves. A Defesa Civil distribuiu máscaras para a população se proteger dos gases tóxicos, enquanto
os bombeiros combateram o fogo.
Segundo a empresa, um curto-circuito provocou o incêndio, quando
vazaram 60 mil litros de solvente.
No final do mês de junho, a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) multou em R$200 mil a
empresa pelos danos ambientais.
ATENTADOS
Bombeiros recolhem os cilindros que caíram do caminhão
Perigo em acidente com gás
Um vazamento de gás de um caminhão, no dia 23 de junho,
na marginal Pinheiros, em São Paulo, deixou cerca de 40 pessoas
intoxicadas. O caminhão transportava dez cilindros de gás t-butil
mercaptana, quando oito caíram na pista e dois vazaram. Todas
as faixas da marginal foram interditadas por cerca de quatro horas.
O vazamento dos cilindros levou a Companhia de Engenharia
de Tráfego (CET) a solicitar o envio de viaturas do Corpo de
Bombeiros ao local. Um dos cilindros que vazou caiu em um
córrego. Uma investigação será feita para verificar as causas do
acidente.
...
 CÃES - Os cães de
salvamento foram utilizados pela primeira vez durante a Segunda Guerra
Mundial e, a partir dos
anos 50, começaram a ser
criadas escolas para sua
formação.
 AUXÍLIO - O Corpo de
Bombeiros do Distrito Federal recebeu da Secretaria Nacional de Segurança Pública, no dia 20/06,
925 capacetes de proteção individual e 24 nadadeiras. Os equipamentos
custaram R$1,2 milhão.
 CONVÊNIO - O ministro da Saúde, Saraiva Felipe, assinou o termo aditivo do Convênio nº 004/
2004, no Recife/PE, em
dezembro de 2005. Através do Convênio, Recife
é o primeiro município a
HISTÓRIA
CORPO DE BOMBEIROS DE SÃO PAULO
Acidente em fábrica
de produtos químicos
Viatura alemã adquirida em 1928
integrar a atuação do Samu 192 à Polícia Rodoviária Federal.
 COMBIVILLE - A XXVII
Combiville, Competição de
Brigadas Industriais de
Joinville/SC, aconteceu no
dia 8 de julho. A competição contou este ano com
uma equipe de São Paulo.
PENINHA MACHADO
INCÊNDIO
TENENTE PAES/CORPO DE BOMBEIROS DO ESTADO DE SÃO PAULO
SAÍDA DE EMERGÊNCIA
NOVO COMANDANTE - O Corpo de
Bombeiros do Amapá tem novo comandante.
É o coronel Giovani Tavares Maciel Filho.
 CRUZ VERMELHA - A
Cruz Vermelha surgiu após
o século XVI em um confronto entre austríacos, italianos e franceses, quando foi iniciado um movimento de humanitarismo
internacional, por iniciativa de Jean Henri Donant.
 CHILE - Os Bombeiros
Voluntários de Nova Petrópolis/RS participaram de
um intercâmbio no Chile,
em abril. Foram visitadas
mais de 30 corporações
e companhias de bombeiros.
 COPA - Uma semana
antes do início da Copa do
Mundo de Futebol, os bombeiros alemães participaram de um exercício de
preparação para uma eventual emergência. Eles simularam o socorro de vítimas
de um suposto ataque terrorista.
 TEXAS - De 9 a 14 de
julho, ocorre a 40ª Edição
da Escola de Bombeiros do
Texas. O programa é desenvolvido pela The Texas
A&M University, em College Station, Estados Unidos.
Dia 2 de julho é o Dia Nacional
do Bombeiro. Um precursor antigo
do código de leis dos bombeiros é
o Código de Hamurabi, do século
XVII a.C. No Brasil, só em 1856, foi
criado o Corpo de Bombeiros da
Corte, no Rio de Janeiro. A partir
de 1910 foram adquiridos os primeiros veículos automotores, em
substituição aos de tração animal.
VOCÊ SABIA?
Que a Estrela da Vida, símbolo
dos Serviços de Emergência Médica, foi desenvolvida em 1973, nos
Estados Unidos? Ela foi criada por
Leo R. Schwartz, chefe do Departamento de Serviço de Emergência da Administração
Nacional de Segurança no Tráfego
Rodoviário (NHTSA).
JULHO / 2006

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