livro - Escola ECO

Transcrição

livro - Escola ECO
Índice
Prefácio
5
Grupo 1
As viagens de Tusca
A aventura de Tusca
O amor que muita gente não tem
9
10
11
Grupo 2
Mulheres
A Mulher
O mundo visto quando criança
15
16
17
Grupo 3
Descobre a verdade sobre a sua vida
Meu inconsciente
Sonhos roubados
21
22
23
Grupo 4
Sociedade mecanizada
A madrugada
Marionetes modernas
27
28
29
Prêmio de Edição
Poetando os animais
Uma viagem ao mundo animal
Tempo
Era bom ser criança
Copo de amor
A vida não é sofá
Ervas e afrodites
O aconchego do capitalismo
33
34
35
36
37
38
39
40
Agradecimentos
42
Prefácio
Amor, amizade e cumplicidade. Homens, mulheres e solidão.
Meninas da rua. Meninos na rua versus meninos de rua, abandono.
Sentimentos e impressões transpostos em linhas que surpreendem e
encantam a cada nova descoberta. A grandeza da palavra torna-se
imensurável à medida que se lê Marina Colasanti. Cada verso
transborda a aquilo que não conseguimos medir ou entender – a vida.
Sempre que falamos em escrita, é comum pensarmos na
atividade mecanizada que pressupõe pensamento e organização de
ideias. Porém o que vemos desde o Dia da Criação até o presente
momento transcende todo esse conceito de invenção. O fazer poético
supera o mecanismo de produção textual. Qualquer regra ensinada
em uma aula convencional de redação é derrubada ao nos
depararmos com o engenho de nossos escritores que aqui se
apresentam. O trabalho de um escritor que lapida seus próprios
sonhos em nome da inspiração.
Certamente você se surpreenderá com o que se encontra nas
páginas desse volume que apresenta a cada novo texto um barco que
conduz a um mar de ideias e sabores. Você verá que Marina Colasanti
não é [somente] escritora de versos infantis ou de manifestos
feministas. É autora de opinião, de vida, de reflexão, de amargura, de
felicidade, de simplicidade. Enxerga em nós aquilo que nem sempre
conseguimos ver no espelho. Entretanto a surpresa e o encantamento
maiores virão ao seu encontro ao descobrir que na Escola ECO há em
cada escritor a excentricidade e a delicadeza do mais sublime talento.
Nas páginas a seguir aquilo que parecia ser abstrato, torna-se
concreto. O pessoal torna-se impessoal, comum a todos que compartilham
do mesmo prazer: ler e escrever, ler para escrever e escrever para traduzir
aquilo que parecia tão fascinante a ponto de ser indizível.
Apresentam-se aqui as ideias de nossos escritores, nossos
criadores que sorveram a essência de Marina de Colasanti e
transformaram cada impressão em verso e prosa.
Acredite pois, nossos jovens veem e sentem o mundo de maneira
única e nos abrirão portas para uma nova impressão da vida. Essa
porta se abre aqui e se encerra na alma de cada leitor que transforma o
fazer poético dos escritores que aqui se apresentam. A porta está
aberta, entre e fique à vontade!
5
GRUPO
1
4° e 5° anos
As Viagens de Tusca
Era uma vez uma cachorrinha chamada Tusca que veio
dos Estados Unidos.
Um belo dia, Tusca resolveu partir em viagem. Ela passou
por vários lugares. Quando ela passou por um hotel, uma bela
moça apareceu e viu a Tusca abandonada tentando achar um
lar. A moça pegou a Tusca e olhou nos seus olhos e prometeu
cuidar sempre da cachorrinha.
Certo dia, enquanto Tusca dormia, a moça foi comprar no
pet shop um cachorro para namorar com Tusca. Quando a moça
chegou, botou o nome do cachorro de Leoni.
Quando Tusca acordou, ficou surpresa e então Leoni e
Tusca começaram a namorar. Eles tiveram dois filhotes que
foram muito bem cuidados e amados. E Tusca, Leoni e os
filhotes partiram em viagem e viveram felizes para sempre.
Pedro Henrique Barros Milessis
1º Lugar
Tuma :42
9
A Aventura de Tusca
Tusca, a cadela, já viveu muitas aventuras. Essa é
inesquecível. Ela vai ser capaz de fazer coisas inigualáveis.
Oito horas, toda família vendo novela. Tusca ouviu barulhos
na varanda, mas não deu atenção. Na hora de dormir, a família
caiu no sono, mas Tusca não conseguiu. Ela continuou ouvindo
barulhos, explorou toda a área e viu uns homens subindo a
varanda, pegando coisas da casa, pegando dinheiro e saindo.
Amanhecendo, Tusca ouviu um grito dizendo “Nós fomos
roubados!”. Tusca reconheceu a voz e fugiu. A dona de Tusca
chamou a polícia, bombeiros...só depois de tudo que ela
percebeu que a cachorrinha Tusca tinha fugido. Ela ficou
nervosa e espalhou cartazes...
À noite, a dona de Tusca, triste, ouviu a campainha.
Era Tusca cansada, com dois ladrões ao lado. Ninguém sabe
como, mas ela salvou a família.
Henrique Massao Osawa Benjamim
2º lugar
Turma 52
10
O Amor Que Muita Gente Não Tem
Juan e Luísa estavam fazendo um passeio pelo Ceará e
uma cadela que morava na rua passou a acompanhá-los.
Quando voltaram para casa, ela ainda os estava seguindo.
Ela estava no outro lado da rua e o casal pensou “Será que ela
gostou da gente?”
No dia seguinte, ela ainda estava lá tomando sol, não tinha
um lugar para ir.
Eles saíram e a adotaram, foram comer churrasco, deram
carne a ela e a levaram para casa, fazendo dela um animal
amado e da família e a chamaram de Tusca.
Eles perceberam que não importa a raça, a idade ou de
onde veio, o que importa é o amor.
Hugo Gonçalves Azeredo
3º Lugar
Turma 42
11
GRUPO
2
6° e 7° anos
Mulheres
Mulheres. Saem de casa. Uma caminha até o ponto de ônibus
próximo a sua casa; a outra encaminha-se até o elevador de seu
condomínio, e aperta o botão que a levará para a garagem.
Perto dali, depois de certa espera, o ônibus chega.
No condomínio, a outra aperta o botão da chave de seu carro,
e abre a porta. As duas entram nos respectivos veículos.
No ônibus, não se encontra um assento vago e é necessário ficar
em pé, numa desconfortável posição com o braço estendido para se
segurar. No carro, madame acomoda-se no assento do motorista, e
liga o carro. No ônibus, chegando em seu ponto, a mulher solicita
parada ao motorista, e desce do veículo. No carro, chegando ao
estabelecimento onde trabalha, desce uma rampa e o estaciona em
uma vaga.
Ao ponto, a outra mulher começa nova caminhada até a casa
onde trabalha; no estacionamento, caminha até outro elevador, o do
prédio de escritórios, e aperta o botão de seu andar. Depois da
caminhada; a outra enfim chega ao prédio de sua patroa, e sobe. As
duas, em seus respectivos andares, uma toca uma campainha; a
outra põe uma chave na porta e entra. No escritório, seu chefe
atende a porta. Enfim, as duas no trabalho.
No escritório, tem uma reunião com o chefe. No apartamento, a
doméstica pega a pilha de roupas amassadas, e as passa. Aproveita
e lava as louças do jantar do dia anterior. Já no escritório, a madame
abre seu computador portátil e começa a enviar e-mails. No
apartamento, a doméstica prepara a comida, lava roupas, arruma a
cama, limpa o chão, os móveis! Em algumas horas, trabalho
concluído. No apartamento, a moça espera a patroa chegar para
receber seu pagamento. No escritório, há a notícia de que seu
salário foi depositado em sua conta bancária. Passa no banco, retira
dinheiro e volta para casa, limpa e arrumada. Paga o salário da
faxineira, que satisfeita, se despede da patroa e volta para sua casa,
repetindo todo o processo do ônibus.
Depois, ambas as mulheres encontram seus filhos, vindos da
escola, e, logo, seus maridos voltando do trabalho. Jantam juntos, e
no apartamento fica nova louça a ser lavada no dia seguinte, e todo
o ciclo se repete. Mas isso é só amanhã; hoje, o final do dia é para
descansar e dar carinho à família.
Bernardo Martins Correa D' Abreu e Costa
1º Lugar
Turma : 61
15
A Mulher
Fazer milhares de tarefas, tudo, para que quando seu
esposo chegue à casa, a trate com gratidão. Mas ele não lhe dá
valor e, se ela comete erros, deve ser punida. E mesmo assim
lágrimas de amor ainda caem de seus olhos.
Em sua cabeça a hipótese de uma vida melhor passa
ligeiramente, pois essa era sua vida e não poderia ser de outra
maneira. E em sua rotina chata e desinteressante, percebe tudo
o que está perdendo.
Na espera por seu esposo, prepara o jantar, quando ouve
o barulho do carro, já vai correndo recebê-lo.
Poderia viver de outro jeito, de um modo mais feliz, se o
marido a amasse e valorizasse seu trabalho e esforço, se não
estivesse só ligada ao lar, mas a um trabalho fora de casa. Mas
nunca teria coragem de confessar. Isso tudo não passaria
apenas de um pensamento.
Escondendo-se atrás de uma vassoura e do avental,
continuou fazendo o que sempre fazia. Arrumando a casa,
lavando a louça, passando roupa até o dia de sua morte.
Luana Bonaparte Martins D'ELLY
2º Lugar
Turma 71
16
O Mundo Visto Quando Criança
Quando eu era pequeno
Tudo era uma maravilha
Em tudo eu acreditava,
“Papai Noel”, “Coelho da Páscoa”,
“Fada dos Dentes”.
Hoje, tudo mudou.
Neles não mais acredito,
Vejo a fome, a pobreza
no mundo em que eu acreditava
Que tudo era bom.
As coisas que eu observava
Pareciam ser ótimas:
O homem, as máquinas,
Mas observo que o homem mata
Sem mais nem menos
E as máquinas vão poluindo,
destruindo o que veem pela frente.
Como eu queria que
o jeito como eu observava o mundo
fosse o jeito que ele é,
sem mortes, sequestros, e tudo
de mau que há.
O mundo visto por mim quando criança.
João Vazquez de Carvalho Fonseca
3º Lugar
Turma 73
17
GRUPO
3
8° e 9° anos
Descobre a Verdade Sobre Sua Vida
Quando caiu na xícara de leite
foi parar na própria mente.
Descobriu coisas que não sabia
coisas sobre ele, a família e os amigos.
Ele descobriu que jogava futebol,
que era um pintor magnífico,
que era super inteligente
mas tudo na mente era preto e branco.
Sobre os amigos,
descobriu que eles eram falsos
não gostavam dele
e também eram preto e branco.
A família dele não era real,
ele foi adotado quando bebê.
A verdadeira era pobre, a falsa era rica
e as duas famílias eram preto e branco.
Ele descobriu tudo isso,
mas queria sair da mente
achava que era um sonho
e para sair não sabia como.
Então, ele imaginou
vários potes de tinta colorida
e saiu pintando
os quadros, o jogo de futebol,
os amigos e as duas famílias.
E quando tudo estava colorido,
ele saiu da mente
percebeu que não era um sonho
e foi tirar satisfação
com a falsa família e com os falsos amigos.
Pedro Pereira Ribeiro
1º Lugar
Turma 81
21
Meu Inconsciente
Em uma viagem pelo meu inconsciente,
encontravam-se várias lembranças.
Lá se encontra uma menina contente
que, apesar de tudo o que já passou,
continua feliz e sorridente.
Uma menina confusa,
um pouco complicada demais,
que mesmo cercada se sente sozinha.
Às vezes comete loucuras
e nem sempre pensa no que faz.
Uma menina pronta para o mundo,
forte o suficiente para aguentar tudo.
Talvez, não tão segura de si,
mas que, aos poucos, vai descobrir
que Deus só quer vê-la sorrir.
Em meio a tudo que lhe causa dor,
encontra um belo sentimento,
um sentimento chamado amor
que dentro dela aflora
mesmo com grande medo de se expor.
Sophia Vogel Figueiredo Fernandes Martins
2º Lugar
Turma 81
22
Sonhos Roubados
Todos olham, mas ninguém vê, deixando de lado o que
poderia de alguma forma ser mudado. Preocupar-se com os
problemas dos outros para quê, não é mesmo? Alguns se
sensibilizam e se preocupam nos primeiros cinco minutos,
depois deixam de lado. Enquanto isso, crianças e jovens sofrem
vendendo seus próprios corpos nas esquinas, postos e bares.
Sem lugar para ir, sem dinheiro, sem a alegria que toda
criança deve ter. Sonhos e a infância roubados sem ao menos
terem um pouquinho disso. A realidade cruel das crianças que
"não tiveram sorte na vida". Quando chegam a casa ou o que
chamam de casa, talvez pensem na vida que poderiam ter se o
mundo fosse melhor.
E o governo? O que ele faz quanto a isso? Isso mesmo,
nada! Como eles mesmos dizem "o país tem problemas
maiores, esse não será um dos nossos principais assuntos no
momento", crianças que são o futuro do nosso país deixadas de
lado sofrendo nas mãos de homens sem decência alguma.
Esse é o nosso futuro se o mundo continuar como está,
crianças oferecendo o que têm em troca de dinheiro ou qualquer
coisa que ajude à sua sobrevivência.
As crianças de hoje são as que vão comandar o mundo
amanhã e com todos os seus sofrimentos e raiva dentro de si
guardados, um dia virão à tona e gradativamente o mundo ficará pior.
Não só o governo, mas o povo também tem que mudar.
Algo deve ser feito. O mundo não pode continuar como está.
Giulia Andrade Oliva
3º lugar
Turma 91
23
GRUPO
4
Pré 1, Pré 2 e Pré 3
Sociedade Mecanizada
O vento que traz o frio de fora já não atinge os feridos de
uma pele entorpecida sem esperanças. O furo da bala que
percorre a parede se tornou enfeite e já não amedronta mais. O
tempo passa, o ponteiro do relógio marca uma vida corrida e a
rotina que anseia por mudanças não espera. Diante disso, o
homem se encontra em um canto encolhido, em busca de
desculpas que lhe gerem respostas como companhia. Porém a
única companhia que consegue é a própria acomodação.
Em uma sociedade moderna não há tempo para reflexão.
“Tempo é dinheiro” e o dinheiro, por mover o mundo, anula
qualquer forma de opinião. O ser humano se torna um indivíduo
influenciável, perdendo uma luta por seus direitos em troca de
um copo d'água e pão que matem sua fome de sobrevivência, e,
assim ele se acomoda em uma rotina disfarçado de vida. O
medo de um futuro desconhecido anula os desejos que ainda
não lhe foram concedidos. A esperança ficou esquecida em
meio a um passado frustrado. E o homem? Continua encolhido
em seu canto.
O futuro não traz a solução para todos os problemas, então
recorre-se a Antiguidade. O “ultrapassado” ideal de que a
vontade de Deus prevalece e o destino a Ele é concebido,
retorna ao século XXI como mais uma forma de confortar os
erros cometidos pelo homem. Além disso, surge um novo
vocabulário no “dicionário do conforto”: o Karma, visto como
algo vindo de vidas passadas. Pior que viver pensando em vidas
que já foram finalizadas, são aqueles que vivem pensando em
vidas que virão após a morte. Com isso, a vida que importa no
presente é deixada de lado.
A modernidade não é sinônimo de inteligência, muito
menos de revolução. Revolução ocorreu em séculos passados
com a conquista da mulher na sociedade, a democracia na
política, a luto de classes que gerou igualdade. Não foi a
conquista da Internet que tornou a população mais interessada
em mudanças, mas foi a tecnologia vinda do capitalismo que
formou uma sociedade mecanizada.
Monique Castelo Branco Roque
1º Lugar
Turma Pré II
27
A Madrugada
O único som que se ouvia, em uma grande cobertura de um
prédio qualquer na Lagoa, era o som de duas respirações
entrecortadas. Os cacos de vidros espalhados pelo chão, as
garrafas de bebidas vazias e as roupas rasgadas no meio da sala
formavam um ambiente caótico, que era complementado por duas
figuras distintas, mas igualmente transtornadas, sentadas em lados
opostos da sala.
– Eu sinto muito, eu não queria que fosse assim. – O homem
tinha grandes olheiras, além do nariz vermelho pelo choro e a cara
inchada pelos tapas daquela que um dia fora seu mundo, seu tudo.
– Mas eu não podia continuar com essa farsa. Eu não te amo mais.
De tudo que fora dito naquele cômodo, foram aquelas as
palavras mais difíceis de se ouvir. O aniversário de casamento dos
dois seria no sábado e apesar de todos os problemas, a mulher
ainda tinha esperança de que pudessem recuperar aquela paixão
arrebatadora de quando se casaram.
– Eu passei a madrugada pensando, me perguntando onde
erramos, se poderíamos ter feito algo diferente. – A expressão de
derrota no rosto da mulher era torturante. A maquiagem borrada
pelas lágrimas já secas, os cabelos loiros, antes presos em um
coque perfeitamente alinhado, agora já desarrumados, refletiam a
batalha que a loira travava internamente. – E eu cheguei a conclusão
de que a culpa foi minha! Eu abandonei todos os meus sonhos,
porque foi mais fácil. Era mais confortável ser sua mulher, ser a mãe
dos seus filhos.
As lágrimas agora caíam incessantemente pelo rosto daquela
mulher tão vulnerável e tão forte ao mesmo tempo.
– Eu acabei com as nossas chances no momento em que eu
me anulei. Continuou e com um nó na garganta se levantou de onde
passara a madrugada e abraçou o antigo marido, agora amigo e
sussurrou: Eu te devo obrigada! Eu não teria a coragem de fazer
isso, agora eu não tenho desculpa. Eu vou atrás dos meus sonhos.
Pegando a sua bolsa, ela se encaminhou para a saída.
E naquele momento, prometeu a si mesma que nunca mais se
anularia.
Yasmin Bonaparte Martins D' Elly
2º Lugar
Turma Pré I
28
Marionetes Modernas
A sociedade sempre viveu no seu ritmo, levando o seu
cotidiano de acordo com a própria necessidade e controlando o
modo como as coisas estão. Com a chegada da Revolução
Industrial, esse controle começa a ser perdido, a sociedade
entra num ritmo dinâmico que ela mesma não consegue
acompanhar. Na Era Moderna, isso foi ainda mais intensificado,
até chegar a um ponto em que as pessoas se conformam com
isso, tornando-se escravos da própria rotina.
Um dos motivos para essa acomodação é a questão do
dinheiro. As pessoas, submetidas ao sistema capitalista, têm
fixadas as ideias de que o “dinheiro é tudo” e “vale qualquer
sacrifício para obtê-lo dinheiro” e então sacrificam boa parte da
qualidade de vida para conseguir se manter no sistema. Mesmo
quando estão cientes dessa submissão, as pessoas preferem
se acomodar, criando um ciclo vicioso: mais problemas e
desigualdades, proporcionando a estagnação.
Outro fator importante é o tempo. Na era moderna, a
sociedade viu o tempo diminuir e a necessidade dele aumentar.
De repente parece que 24 horas são insuficientes para se fazer
tudo. Então obrigam as pessoas a criar um horário muito
apertado, no qual parar para respirar é um luxo que poucos
possuem. A sociedade não vê o tempo passar, não apenas por
causa da sua velocidade, mas também porque fazer isso
atrasaria um cronograma.
O conformismo é uma consequência do modo submisso de
viver. Modo esse imposto desde a Revolução Industrial. Logo,
só é possível revertê-lo quando o incorfomismo manifesta-se
não com palavras, mas com atitudes. Portanto, quando essa
ideia torna-se, enfim, coletiva.
Lucas Ribeiro da Silva
3º lugar
Turma Pré II
29
Prêmio
de edição
Poetando os Animais
Ele é muito brincalhão
Corre, come e dorme
Sempre passa em vão
Com brinquedo ou não
Já dá para saber, ele é o cão.
O próximo é o coala
Cabe até dentro de uma mala
Não tem cara de fingido
E é muito divertido
Só tem uma coisa ruim: ele não fala.
Esse é preto e branco
Quase nunca se vê manco
Também é muito fofo
E até onde eu sei odeia mofo
Não gosta muito de quem manda
Ele é o panda.
Letícia Martins Cunha de Aragão
Turma 52
33
Uma Viagem ao Mundo Animal
Existe um animal
Chamado leão,
Ele é o maioral
É o rei da floresta
Tem muito alto astral.
Tem uma ave que é linda,
É o bem-te-vi,
E é sempre bem vinda
Tem belas asas
Dá até para botar uma fita.
A baleia é bem grande,
Tem vários tipos,
Mas não tem amante.
Ela é bem bonita,
Pode até engolir um diamante.
Yasmin Lima e Souza
Tuma 52
34
Copo de Amor
Caí em um copo de amor
Que pela pureza me transmitiu paz,
o que me lembrou minha infância.
Ah, que saudade!
Como era bom ser criança.
Penso que ser criança era bom,
mas nada como ser adolescente.
Amores, ídolos, amigos e curtição.
Um mundo sem limites a descobrir
onde tudo depende só de imaginação.
Com meu vestido vermelho
colori o leite,
leite que não tinha fim.
Alguém o bebeu
e fui parar longe de mim.
Deslizei, desvirei e por ali parei
em frete a uma máquina vermelha.
Uma máquina que fazia um barulho estranho,
algo parecido com "tum tum", repetidamente.
Percebi depois que era um coração muito contente.
Só soube sorrir.
Descobri que era meu próprio coração.
Um coração apaixonado
parece até arco-íris
que deixa cor por onde passa.
Encontrei um garoto branco,
parecido com a cor do leite.
Mostrei-lhe meu coração
que o deixou no mesmo estado,
colorido e apaixonado.
Acordei na realidade.
Tudo não passou de um sonho
Lindo e encantador
Bem coisa da idade
um sonho cheio de amor.
Lara Barbosa Moreira da Silva
Turma 91
35
Tempo
Quando era criança
vivia tranquilamente,
tão jovem
tão inocente
tinha a maior virtude dessa idade:
ingenuidade.
Minha infância durou pouco,
a melhor fase da vida
se despedaçou pela raiz...
Os anos se foram
a vida passou
o que ficou para trás
o tempo levou...
Uma dor que fica,
Que você leva para além da vida.
Essa transição
infância e adolescência
é fase de descobrir.
Tentando manter os pés no chão...
Parece impossível viver
sem cair em tom de depressão.
Você cresce,
Seu corpo muda.
A busca infeliz
continua
para ser feliz.
Vai passar
essa idade...
Então,
que venha a eternidade.
Luca Dias Belmonte
Turma 73
36
Era Bom Ser Criança
Quando criança
Eu queria crescer.
Agora já grande,
Quero voltar a ser criança.
É chato ter muitas responsabilidades
“Faça isso, faça aquilo...”
Tudo sou eu!
O mais engraçado são os adultos,
Sempre mudam de opinião,
Para uma coisa somos grandes demais
E para outra somos muito pequenos!
Como assim?
Grandes ou pequenos?
Outra coisa são os pais pagando mico!
Meu pai ainda acha que eu sou
Um bebezinho
As vezes ele me chama de princesinha do papai!
Pode isso?
Pena que o tempo não volta,
Seria tão bom ser criança novamente.
Rani Delecrodi Leonardo Pereira
Turma 61
37
A Vida Não é Um Sofá
Ao andar pelas ruas é possível perceber, por baixo de
cada um que a preguiça reina, a acomodação é iminente. Seja
por falta de instrução ou não, ser indiferente é comum.
Todos buscam usufruir de uma vida acomodada e sem
responsabilidades.
A anulação chega com o tempo. O rico não se preocupa
com coisas mínimas e o pobre com as essenciais. A humildade e
a “pobreza” parecem estar ligadas a tal acomodação. O pobre
não questiona, ele aceita.
Ao entender isso, conclui-se que tudo se relaciona ao
contexto atual da sociedade, principalmente a anulação
pessoal. Ao analisar o que a maioria busca, percebe-se que o
capitalismo traz isso como uma forma de realização social.
Entretanto não se deve ligar o dinheiro a cem por cento
dos casos. Os conjuntos de valores sociais trazidos pela nossa
sociedade são feitos para segregar, remover o senso crítico. Daí
é que surge a eminência da acomodação.
Conclui-se, então, que embora eminente, a anulação é um
erro imenso. O senso crítico de cada um deve ser mantido e
renovado constantemente. O ser humano absorveu tanto esses
“valores” modernos, que tudo se tornou normal, suportável. No
fundo, isso já está na alma.
Caio Coelho Caser Lopes
Turma Pré III
38
Evas e Afrodites
Desde os primórdios da sociedade, a mulher foi retratada
como uma figura submissa ao homem. Ao mesmo tempo, tanto
na mitologia grega quanto na Bíblia, a mulher era caracterizada
como um ser sensual, persuasivo e ambicioso. Essa imagem se
assemelha à figura da mulher contemporânea.
Na sociedade atual, tem-se ilustrado a mulher como
independente, forte e capaz de realizar qualquer atividade que
um homem realiza. Porém, mesmo com a bandeira feminista no
alto do mastro, ainda existem divergências entre gêneros. Na
teoria, independente do sexo, todos os indivíduos são iguais
perante a lei. Na prática, até nos dias de hoje, uma mulher que
exerce a mesma função de um homem tende a ganhar menos
do que ele.
Essa ditadura machista demora muito tempo até ser
derrubada. E só é derrubada a partir de grandes manifestos
para levantar tabus, como a regularização do aborto e questões
relativas ao estupro. Um grupo internacional ativo até hoje é o
Femen, famoso pela nudez de suas manifestantes.
Portanto, o preconceito contra o sexo feminino ainda se
mostra presente nos dias de hoje e, mais do que nunca, precisa
ser combatido. Policiais, professoras, médicas ou mães, não
importa sua função, as mulheres devem ser respeitadas e
valorizadas. Principalmente no Brasil, que é governado por uma
mulher. É ultrajante o fato de ainda haver uma parcela machista
na população. Afinal, nem mesmo os homens nasceriam se não
fossem as mulheres.
João Pedro Castro Amora
Turma Pré II
39
O Aconchego do Capitalismo
O ritmo acelerado que se instalou no mundo após a
industrialização modificou profundamente a vida do homem
moderno. Antes havia tempo para apreciar os bons momentos
com a família e os amigos, agora há a necessidade de produzir.
Isso limitou o tempo do homem, o que fez com que ele perdesse
a capacidade de livre arbítrio.
Essa escravidão ideológica é, portanto, decorrente do
sistema capitalista, em que o indivíduo fica dependente do
capital. A dependência ocorre, pois quem tem o capital é quem
dita as relações e valores sociais. Para se manter dentro da
sociedade, muitos optam por trabalhar incessantemente e
acabam por se alienar.
Apesar de ser negativa, a alienação do homem é o que
mantém o capitalismo vivo. Caso as pessoas tomassem ciência
do que ocorre realmente ao redor delas, a acomodação criada
para manter a ordem no sistema teria uma diminuição suficiente
para que houvesse mudanças na sociedade.
Logo, a acomodação é resultado da necessidade de se
continuar com o capitalismo, e enquanto a mídia continuar
divulgando os ideais do capital, o homem não irá recuperar o livre
arbítrio para questionar as desigualdades existentes. Se não
houver o questionamento, não será recuperado o tempo perdido.
Victor Freitas
Turma Pré III
40
Agradecimentos
Ana Carolina Conceição Mattos
Estrela do Carmo Ramos Rodrigues
Fabio de Carvalho Silveira Batista
Ludwig Ferreira de Araújo
Marcela Ferreira Schincaglia
Rogério dos Santos Melo
Sergiana Maria da Silva Marques
42
escola
2013
44