de revisão e educação - SBOT-RJ
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AOT Arquivos em Ortopedia e Traumatologia Ano 1 – Fascículo 2 – Julho 2003 de revisão e educação continuada Programa SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA DO RIO DE JANEIRO Caros colegas, Dando seguimento ao programa de revisão e educação SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA DO RIO DE JANEIRO continuada elaborado pela CEC/RJ, no segundo fascículo de Expediente EXPEDIENTE Arquivos em Ortopedia e Traumatologia convidamos renomados Editores científicos Pedro Ivo de Carvalho César Rubens Fontenelle colegas da cirurgia do quadril para abordar temas de extrema relevância nesta área de atuação. Nada mais justo e pertinente, tendo-se em vista a recente realização do Simpósio de Quadril da SBOT/RJ (79ª Jornada Carioca) nos dias 27 e 28 de junho no campus Tom Jobim da Universidade Estácio de Sá. Aqueles de nós que estivemos presentes a este evento terão a chance de ter em mãos material suficiente para firmar conceitos e condutas semeados durante o simpósio. Os que não puderam lá comparecer igualmente desfrutarão de excelente leitura, beneficiando-se da criação mais do que oportuna de nosso AOT. A partir deste segundo fascículo serão sempre abordados Diretoria da SBOT/RJ Pedro Ivo de Carvalho João Matheus Guimarães César Rubens Fontenelle Ney Pecegueiro do Amaral Paulo Roberto Barbosa Jorge Luiz Penedo Radanezi Potengy Júnior Carlos Alfredo Jasmin Manoel Ilídio Pinheiro Vincenzo Giordano Emílio Freitas CEC/RJ César Rubens Fontenelle Vincenzo Giordano Marcos Giordano Marcos Britto Carlos Alberto Araújo Neto Marcos Musafir Renato Graça temas específicos acerca das diferentes doenças que acometem o sistema musculoesquelético. Assim, números futuros versarão sobre tópicos como fratura do colo femoral, metatarsalgia e lesões ligamentares do joelho. Esperamos que todos aproveitem ao máximo esse marcante registro da 79ª Jornada Carioca de Quadril. Até o próximo! Pedro Ivo de Carvalho e César Rubens Fontenelle Editores científicos Sumário Sérgio Delmonte 6 Doença articular degenerativa do quadril: etiopatogenia e classificações 7 Introdução à biomecânica do quadril Diagraphic Editora Av. Paulo de Frontin 707 • Rio Comprido CEP 20261-241 • Rio de Janeiro-RJ Telefax: (21) 2502-7405 e-mail: [email protected] Editor Newton Marins Coordenadora Editorial Beatriz Couto Revisor-Chefe Helio Cantimiro Revisão Claudia Gouvêa Leila Dias Direção de Arte e Informática Hélio Malka Y Negri Programação Visual Ana Claudia Domingos da Silva Comercialização e contatos médicos Marcos Giordano; Liszt Palmeira de Oliveira; Karlos Celso de Mesquita Osteonecrose da cabeça femoral Ilídio Pinheiro 13 17 de revisão e educação continuada Programa Aspectos biomecânicos das osteotomias do quadril Jorge L. M. Penedo Patrocinada por Opiniões sobre os manuscritos publicados na AOT deverão ser endereçados à SBOT/RJ – Arquivos em Ortopedia e Traumatologia – Rua Teresa Guimarães, 92 – Botafogo – CEP 22280-050 – Rio de Janeiro-RJ. P r o g r a me ae ddu e r e v i s ã o cação continuada Introdução à biomecânica do quadril Forewords concepts of hip biomechanics Sérgio Delmonte Membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e da Sociedade Brasileira de Quadril Unitermos Quadril; biomecânica Key words Hip; biomechanics Abstract Recent developments and new insights regarding the treatment of hip diseases have made necessary a more adequate analysis of hip biomechanics. From the clinical side, the concept of hip function is vital as the surgeon can adequately address difficult conditions, develop new techniques and implants, and plan reconstructive surgeries. Introdução A articulação do quadril é do tipo esferoidal. Durante o momento de carga as forças de pressão são transmitidas do centro de gravidade para a cabeça e o colo do fêmur, num ângulo de 165º a 170º, indiferentemente da posição da pelve. O plano de forças coincide com as trabéculas que ficam na porção interna do colo femoral e se estendem proximalmente através da face súpero-interna da cabeça femoral. Estas trabéculas estão de acordo com trabéculas de pressão semelhantes que se iniciam no acetábulo e têm orientação proximal e medial em direção à articulação sacroilíaca. As forças de reflexão normalmente correm perpendiculares à placa epifisária. Quando o peso corporal é distribuído igualmente sobre articulações coxofemorais normais, a força estática em cada quadril é a metade ou menos do que um terço do peso corporal total. Quando, por exemplo, o membro inferior esquerdo é levantado na fase de oscilação da marcha, o peso deste membro é adicionado ao peso corporal e o centro da gravidade, que é normalmente no plano sagital medial, é deslocado para a esquerda. Os músculos abdutores exercem uma força de contrapressão para manter o equilíbrio. A pressão exercida na cabeça do fêmur direito é a soma destas duas forças. Cada força tem relação com o relativo comprimento das alavancas. Se a alavanca abdutora é um terço da alavanca da cabeça para o centro de gravidade, a tração inferior dos abdutores deve ser três vezes a força de gravidade para a manutenção do equilíbrio. Conseqüentemente, a pressão total na cabeça é quatro vezes o peso sobreposto. Quanto maior a alavanca abdutora (inserção mais lateral dos abdutores), menor a proporção entre as alavancas, menor a força de abdução requerida para manter o equilíbrio e menor a força compressiva na cabeça femoral. Aplicações clínicas Quando o quadril está em valgo, o curto braço de alavanca abdutora requer grande força de tração em abdução no quadril, e a pressão resultante na cabeça pode ser de sete a oito vezes o peso suportável. Para reduzir a pressão e a dor, o paciente inclina o tronco em direção ao quadril e desloca o centro de gravidade naquela direção como forma de reduzir o estresse sobre o quadril. Conseqüentemente é necessária menor tração nos abdutores e a força sobre a cabeça femoral é reduzida. Isto é característico da marcha claudicante da coxa valga. A pressão secundária na coluna lombar é causada por essa brusca inclinação lateral, podendo levar a lombalgia. A pressão maior sobre a cabeça femoral aumenta seu desgaste. O uso de bengala na mão oposta, atuando como grande braço de alavanca, reduz a força estática no quadril, transformando-a em múltiplas forças de pressão exercidas inferiormente sobre a bengala. Assim, 9kg de pressão sobre a bengala podem reduzir a força estática no quadril oposto em oito a dez vezes aquela quantidade. Quando o colo femoral é modificado através de osteotomia para uma posição em valgo, o grande aumento de sustentação na cabeça torna obrigatório o alívio da pressão por uma órtese. O comprimento normal do colo femoral deve ser preservado sempre que possível, particularmente em cirurgias de substituição protética. A manutenção de adequada alavanca abdutora irá diminuir a pressão e possibilitar que a prótese resista ao estresse por maior período de tempo. Quando existe paralisia do mecanismo abdutor, não se consegue atingir o equilíbrio. O paciente inclina-se lateralmente e desloca o centro de gravidade sobre o quadril afetado para que as forças sejam mínimas e verticais. Durante o período de crescimento, a placa epifisária tende a permanecer perpendicular a essas forças, conseqüentemente adotando posição horizontal. O resultado é uma deformidade em coxa valga. Mecanismo semelhante ocorre na luxação congênita do quadril. No quadril subluxado, o trocanter maior fica perto do fulcro. Assim, as forças atuam apenas ao longo da borda superior do acetábulo, em vez de serem distribuídas em conjunto. Conseqüentemente, a excessiva pressão exercida sobre uma pequena área localizada torna inevitável a degeneração. Na osteotomia de adução para criar uma deformidade em varo, produzir-se-ão os seguintes efeitos: o trocanter será deslocado para uma distância maior em relação à pelve, reduzindo a sustentação na cabeça femoral, e a linha de força será feita para atuar no centro sobre grande área acetabular. Com isso, ocorre alívio da dor e do cansaço. Osteoarthritis of the hip: etiopathogenesis and classifications Unitermos Marcos Giordano ; Liszt Palmeira de Oliveira2; Karlos Celso de Mesquita3 1 1 Mestre em Medicina, área de Ortopedia e Traumatologia, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); preceptor da residência médica do Hospital de Força Aérea do Galeão (HFAG) 2 Professor assistente de Ortopedia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FCM/Uerj) 3 Professor titular de Ortopedia da FCM/Uerj Osteoartrose; doença articular degenerativa; coxartrose; doença articular degenerativa do quadril Key words Osteoarthritis; osteoarthrosis; coxarthrosis; degenerative joint disease Abstract Osteoarthritis of the hip is one of the most incapacitating diseases of the locomotor system and remains a common cause of disability in our society. Despite their great functional restriction, patients with hip osteoarthritis have unimpaired vitality and mental state thus requiring adequate treatment. Treatment options range from non-operative measures to joint replacement, to viscosupplementaion, arthroscopic debridement, exostectomy, and osteotomy. For decision making the orthopaedic surgeon should know the etiopathogenesis of the disease and the classification systems available. Introdução A doença articular degenerativa (DAD), ou osteoartrose, consiste na destruição progressiva da cartilagem articular, acompanhada das repostas intrínsecas do organismo a esta agressão. Há uma tentativa (desordenada) de reparação cartilaginosa, remodelação e esclerose do osso subcondral e, geralmente, formação de cistos ósseos subcondrais e osteófitos marginais(1-3). Ocorre com maior freqüência nas articulações das mãos, dos pés, dos joelhos, dos quadris e da coluna vertebral, mas pode afetar qualquer articulação sinovial(1). A DAD é a mais freqüente afecção articular, não importando a população considerada e o grau de incapacidade estabelecido(4). Acomete de 60% a 90% dos indivíduos com idade superior a 60 anos(1, 5). Individualmente, há grande aumento nos gastos médicos e não-médicos(6) e, não infreqüentemente, há incapacitação temporária ou definitiva para o trabalho. Isto faz da DAD uma das doenças mais debilitantes e onerosas para a sociedade moderna (grande impacto socioeconômico)(5). A doença articular degenerativa do quadril (DADQ), ou coxartrose, acomete 3,5% da população entre 65 e 74 anos(1), e é uma das afecções mais incapacitantes do aparelho locomotor(7), pois o quadril é importante articulação de carga, com grande amplitude de movimentos, e mesmo pequenas alterações podem levar a déficit funcional significativo(8). Croft et al.(9) observaram que pacientes com DADQ avançada (aguardando artroplastia de quadril) apresentaram maior restrição funcional e social do que indivíduos da população geral, mas o estado mental e a vitalidade foram equivalentes entre os grupos, contrastando com outras doenças crônicas(9). Estes achados demonstram que, apesar de serem pacientes portadores de doença crônica com grande limitação funcional, continuam motivados em busca constante de tratamento. O objetivo do tratamento da DADQ (e das outras DAD) é basicamente eliminar a dor e melhorar a função(10). As modalidades terapêuticas vão desde o tratamento não-cirúrgico, com orientações, órteses e fisioterapia, até tratamentos cirúrgicos de alta complexidade, como substituições articulares(2, 10). Opções intermediárias seriam a viscossuplementação com hialuronato de sódio(11), os desbridamentos articulares por via artroscópica, as exostectomias e as osteotomias(2, 7, 10). Para correta indicação terapêutica são necessários o conhecimento da etiopatogenia da doença e a adoção de sistemas de classificação que levem em consideração a condição clínica do paciente e as alterações radiográficas presentes. P r o g r a me ae ddue r e v i s ã o cação continuada Doença articular degenerativa do quadril: etiopatogenia e classificações P r o g r a me ae ddu e r e v i s ã o cação continuada Etiopatogenia A DAD não é o resultado do simples envelhecimento e desgaste mecânico pelo uso. Consiste em uma seqüência regressiva de alterações celulares que resultam na perda da estrutura e da função da cartilagem articular, acompanhada da tentativa de reparação óssea e cartilaginosa(1, 3, 12). A DAD pode ser considerada primária (idiopática) ou secundária a alterações e doenças preexistentes. No quadril, está relacionada mais comumente a alterações anatômicas, levando a pressões excessivas que excedem os níveis de resistência da cartilagem articular e do osso subcondral(1-3). De fato, alguns autores observaram que muitos pacientes com DAD primária do quadril têm deformidades sutis decorrentes de displasia, doença de Legg-Calvé-Perthes (LCP) ou escorregamento epifisário(13). Além das alterações anatômicas e mecânicas, diversas outras condições estão sendo associadas ao aparecimento da DADQ (Quadro 1)(2, 10, 14-24). Desta forma, a DADQ primária provocada por falha biológica da cartilagem articular na ausência de alterações mecânicas e/ou anatômicas é cada vez mais rara(2, 10, 23). Apesar de os mecanismos responsáveis pela progressiva perda da cartilagem na DADQ primária permanecerem desconhecidos, este processo pode ser dividido em três estágios: a ruptura ou alteração da matriz cartilaginosa, a resposta condrocitária à lesão e o declínio da resposta condrocitária(2, 20). Diagnóstico O diagnóstico da DADQ é clínico-radiográfico. Em geral, sintomas e sinais como dor, limitação da mobilidade, crepitação, derrame articular e deformidade estão presentes; no entanto tais alterações são inespecíficas e também podem estar presentes em outras afecções do quadril, como as doenças articulares inflamatórias e osteonecrose. Logo, o diagnóstico de DADQ deve pressupor a existência de alterações degenerativas reacionais (osteófitos e/ou diminuição do espaço articular). A fim de racionalizar o diagnóstico de DADQ, o Colégio Americano de Reumatologia (ACR)(25) estabeleceu critérios para o mesmo. O paciente deve apresentar dor no quadril (articular, periarticular ou referida) durante a maioria dos dias no último mês, associada a pelo menos dois dos três seguintes achados: 1. VHS menor ou igual a 20mm; 2. estreitamento da fenda articular; 3. presença de osteófitos acetabulares ou femorais. Considerações para o tratamento Os indivíduos com DADQ em geral possuem diminuição do estado geral de saúde, das atividades físicas e sociais e do potencial produtivo, com comprometimento da qualidade de vida. São doentes crônicos com expectativas e estado mental preservados(9). Desta forma, é fundamental que a abordagem médica leve em consideração o paciente como um todo. É necessária a adoção de sistemas de classificação da doença que abordem diversos aspectos, para se poder oferecer aos pacientes um tratamento individualizado. Devem ser enfatizados métodos que mantenham o entusiasmo pelo tratamento e que facilitem a sua adesão. Neste sentido, a simples classificação da DADQ em primária e secundária é pouco informativa. Sabe-se que atualmente a coxartrose primária é entidade rara(2, 10, 23), cada vez mais encontrando-se associações e fatores predisponentes para o aparecimento da doença. Muitas vezes o que se classifica como primário na verdade é secundário a algo não investigado ou não notado pelo médico assistente(23). Além disto, quanto à patogenia, o primeiro evento que ocorre é a lesão da cartilagem articular, seja na doença primária, seja na secundária. No entanto continua sendo um dos sistemas mais utilizados para classificar as DAD (muitas vezes o único empregado), certamente pela simplicidade e aparente facilidade em aplicá-lo(8). Talvez a única informação com importância prognóstica neste sistema seja a associação com a idade do paciente. Os raros pacientes com DADQ primária em geral têm idade superior à dos pacientes com Quadro 1 Causas de DADQ secundária(14-22) 1. Alterações anatômicas • Doenças do quadril da criança – Desenvolvimento displásico do quadril – Displasias ósseas – Doença de Legg-Calvé-Perthes – Epifisiólise • Lesões do labrum acetabular(15) • Trauma • Osteonecrose 2. Alterações biomecânicas • Excesso de peso(16) • Atividade física (esporte e trabalho)(17-19) 3. Artropatias inflamatórias • Artrite reumatóide • Espondilite anquilosante • Artrite crônica juvenil • artrite psoriática • síndrome de Reiter 4. Artropatias por deposição de cristais • gota • Pseudogota 5. Artropatias infecciosas • artrite piogênica (inespecífica) • artrite tuberculosa (específica) 6. Doenças endocrinometabólicas • acromegalia • Diabetes melito • Hiperparatireoidismo • Hemocromatose • Doença de Wilson • Doença de Gaucher • Ocronose 7. Raça (principalmente caucasianos)(20) 8. Idade (indivíduos entre 60 e 75 anos)(21) 9. Hereditariedade(22) cartilagem permanecer normal por longo período, a sua função está irreparavelmente comprometida, progredindo com degeneração grave. A osteotomia neste grupo tem aplicação limitada(23). Em geral, a artroplastia total de quadril representa a primeira opção cirúrgica para o tratamento dos pacientes do segundo e terceiro grupos. Logo, são operações realizadas em pacientes jovens, apresentando, desta forma, menor durabilidade. Os pacientes do segundo grupo (e alguns do terceiro), comparativamente com os demais grupos, apresentam freqüentemente efeitos relacionados ao uso dos medicamentos para controle da doença sistêmica (corticosteróides e imunossupressores), com aumento do risco de complicações e maus resultados. Por outro lado, as doenças de base restringem a atividade física e, conseqüentemente, há menor demanda sobre a prótese. Este sistema de classificação foi popularizado e modificado por Mitchell e Cruess(26) em 1977, subdividindo as DADQ do primeiro grupo em: • mau alinhamento intra-articular (LCP, escorregamento da epífise femoral proximal, etc.); • mau alinhamento extra-articular (coxa vara, coxa valga, consolidações viciosas de fraturas do terço proximal do fêmur); • perda de sensibilidade (sífilis). Apesar de a classificação de acordo com a etiologia ser sugestiva do prognóstico e da forma de tratamento, são as características individuais que irão definir a conduta terapêutica. Estas informações são provenientes da avaliação clínica do paciente e do estudo radiográfico dos quadris com DAD. Sistemas de avaliação clínica A avaliação clínica deve envolver a estimativa da dor, da mobilidade e da função articular. Diversos sistemas de avaliação foram propostos e são utilizados na literatura ortopédica, entre eles a escala de Merle-d’Aubigné e Postel, modificada por Charnley(27) (Quadro 2), e a escala de Harris. Um sistema padronizado de terminologia foi Quadro 2 – Classificação numérica da avaliação clínica do quadril de Merle d’Aubigné e Postel, modificada por Charnley(27) Dor Mobilidade* Marcha** 1. Acentuada e espontânea 1. De 0 a 30 graus 1. Acamado; poucos metros; dois apoios 2. Acentuada na tentativa de caminhar; limita qualquer atividade 2. 60 graus 2. Duração e distância muito limitadas com ou sem apoio 3. Tolerável; permite atividade limitada 3. 100 graus 3. Limitada com um apoio; dificuldade sem apoio; suporta carga por longos períodos 4. Apenas após esforços; melhora com o repouso 4. 160 graus 4. Longas distâncias com um apoio; limitação sem apoio 5. Leve ou intermitente; aparece no começo da marcha e melhora no decorrer do dia 5. 210 graus 5. Sem apoio; com claudicação 6. Sem dor 6. 260 graus 6. Normal *Mobilidade: soma do arco de movimento nas três direções (flexão-extensão; abdução-adução; rotação interna-externa). **Marcha: “A”: envolvimento de apenas um quadril; “B”: envolvimento de ambos os quadris; “C”: algum outro fator que contribui para a limitação da marcha, além dos quadris (poliartrite, senilidade, hemiplegia, etc.). Fonte: Charnley J.: The longterm results of low-friction arthroplasty of the hip performed as a primary intervention. J Bone Joint Surg [Br] 54: 61-76, 1972. P r o g r a me ae ddue r e v i s ã o cação continuada DADQ secundária. E sabe-se que a durabilidade da artroplastia total do quadril é menor em indivíduos com menos de 50 anos. No entanto a ampliação deste sistema visando a buscar a etiologia da DADQ (nos casos de DADQ secundária) passa a fornecer informações relevantes, algumas das quais indicativas do prognóstico e do método de tratamento. Solomon(23), em 1976, propôs uma classificação em que dividia a DADQ em três grupos: 1. quadris submetidos a cargas anormais em cartilagem articular essencialmente normal; 2. quadris submetidos a cargas normais em cartilagem articular anormal; 3. quadris submetidos a cargas normais em cartilagem articular normal, mas com alteração do osso subcondral (suporte insuficiente). O primeiro grupo inclui os casos de coxartrose secundária a alterações anatômicas como displasia acetabular, LCP, escorregamento da epífise femoral proximal, etc. O segundo grupo inclui os casos de coxartrose secundária a doenças articulares inflamatórias, condrocalcinose ou outras lesões da cartilagem. O terceiro grupo inclui os casos de coxartrose secundária a osteonecrose da cabeça femoral (de qualquer origem). Este sistema dito patogenético é interessante, pois permite ao médico assistente uma melhor compreensão das características comuns de pacientes de um mesmo grupo, podendo extrair elementos prognósticos e que ajudam na tomada da decisão terapêutica. Por exemplo, pacientes do primeiro grupo apresentam, ao menos no início da doença, áreas de cartilagem normal nas porções de menor carga da cabeça femoral. Desta forma, a osteotomia é boa opção terapêutica, trazendo estas áreas normais para as zonas de carga máxima da articulação. O mesmo já não se aplica (teoricamente) aos pacientes do segundo grupo. A destruição da cartilagem é maciça, não ocorrendo formação de osteófitos. Teoricamente, não há lugar para osteotomia em pacientes deste grupo. No terceiro grupo também não há formação de osteófitos e, apesar de a espessura da P r o g r a me ae ddu e r e v i s ã o cação continuada apresentado por Johnston et al.(28), na tentativa de definir uma linguagem comum para descrição dos resultados. Lequesne e Mery(29), em 1980, apresentaram o índice de gravidade para osteoartrose do quadril (IGQ), acrescentando dados relacionados às atividades diárias da vida e à distância caminhada. Além de ser um método para avaliar resultados de tratamentos e acompanhamento dos pacientes a longo prazo (como os demais índices), apresenta-se como método para classificar a DADQ, norteando a escolha terapêutica (Quadro 3). É considerada afecção leve a com IGQ de 1 a 4; moderada, a com IGQ de 5 a 7; grave, de 8 a 10; muito grave, de 11 a 13; e extremamente grave, valores do IGQ superiores a 13 (14 em diante). Os autores sugerem que a artroplastia total do quadril está indicada para indivíduos com IGQ de 10 a 12(29). Quadro 3 – Índice de gravidade para osteoartrose do quadril(29) I – Dor ou desconforto • Durante repouso noturno no leito – Apenas em movimento ou em determinadas posições – Sem movimento Pontos 1 2 • Duração da rigidez da manhã ou dor após levantar – Menos de 15 minutos – 15 minutos ou mais 1 2 • Permanecer de pé por 30 minutos aumenta a dor 1 • Dor ao caminhar – Apenas após caminhar alguma distância – Logo após começar 1 2 • Dor ou desconforto na posição sentada por 2 horas 1 II – Distância máxima caminhada Pontos • Mais de 1km, porém limitado 1 • Por volta de 1km (cerca de 15 minutos) 2 • De 500m a 900m (de 8 a 15 minutos) 3 • De 300m a 500m 4 • De 100m a 300m 5 • Menos de 100m 6 • Com uma bengala ou muleta para caminhar +1 • Com duas bengalas ou muletas para caminhar +2 III – Atividades da vida diária Pontos • Você pode pôr as meias curvando-se para frente? 0a2 • Você pode apanhar um objeto no solo? 0a2 • Você pode subir e descer um lance de escada padrão? 0a2 • Você pode entrar e sair de um carro? 0a2 • Escore de pontos: – Facilmente – Com dificuldade – Impossível 0 1* 2 *Ou 0,5, ou 1,5. Fonte: Lequesne M., Mery C.: European guidelines for clinical trials of antirheumatic drugs. EULAR Bull 9: 171-175, 1980. 10 Sistemas de avaliação radiográfica Com relação ao aspecto radiográfico, a DADQ pode se apresentar de formas diferentes. Deve-se ressaltar, no entanto, que existe, sabidamente, uma dissociação clínico-radiográfica na qual a clínica é soberana(14). Pacientes com pouca dor e boa função articular devem, em geral, ser poupados do tratamento cirúrgico, independente do aspecto radiográfico do quadril. A classificação radiográfica pode levar em consideração três aspectos: a intensidade (gravidade), a localização do acometimento e o comportamento biológico das estruturas articulares. A intensidade do envolvimento articular tem pouca aplicação prática, já que o tratamento é indicado pela gravidade clínica, e não pela gravidade radiográfica(14). No entanto existem sistemas de uso corrente, principalmente por médicos clínicos, que estão verdadeiramente consagrados pelo uso. O grande representante desta categoria é o Atlas Radiográfico de Kellgren et al.(30). Este método divide a DADQ em quatro graus, de duvidosa (grau 1) a grave (grau 4), levando em consideração, basicamente, a presença de osteófitos e a diminuição do espaço articular. Apesar de ter grande valor histórico e ter sido adotado pela Organização Mundial da Saúde (OMS, Roma, 1961) como índice de escolha para avaliação da DADQ em estudos epidemiológicos, tem algumas limitações específicas: • há divergência entre a descrição original e o atlas posteriormente apresentado; • é um sistema que hipervaloriza os osteófitos; • é um sistema que não quantifica as alterações encontradas. Outros atlas foram apresentados posteriormente com o intuito de reparar estas distorções, havendo quantificação das alterações encontradas, principalmente a diminuição do espaço articular(31). No entanto não há como corrigir a grande limitação da utilização isolada destes atlas, que é a não-correlação com o quadro clínico do paciente. Apesar disto, o Colégio Americano de Reumatologia continua recomendando o seu uso. Com maior aplicação prática, a classificação morfológica de Wroblewski e Charnley(32) (Quadro 4) descreve as formas de acometimento do quadril, sendo útil para a indicação do tipo de reconstrução necessário. Os grandes defeitos ósseos associados a protrusão, displasia e a formas destrutivas implicam a adoção de estratégias adequadas à sua correção, influenciando a escolha dos implantes e do tipo de enxerto ósseo que se faz necessário(32). Finalmente, Renato Bombelli(24) classificou a DADQ, a partir do seu comportamento biológico, em hipertrófica, normotrófica ou atrófica. É um sistema muito simples, útil basicamente para o planejamento de osteotomias. Os pacientes com DADQ mecânica do tipo hipertrófico tendem a ter resposta satisfatória com esta modalidade de tratamento, pois há capacidade de remodelação óssea(24). Como avaliar o paciente com DADQ As classificações na medicina têm o objetivo de avaliar a gravidade da lesão e servir como base para o tratamento e a evolução dos resultados. Na traumato-ortopedia existem classificações para praticamente todas as afecções, atingindo em grande parte estes objetivos, principalmente na traumatologia. No entanto pode-se dizer que, para avaliação do paciente com DADQ, não existe método ideal. Existem boas classificações que, isoladamente, não permitem a compreensão real da situação e tampouco uma programação terapêutica eficaz e definição do prognóstico. Mas, quando utilizadas em conjunto, atingem amplamente os objetivos acima enumerados. Em nossa opinião, para uma boa avaliação de um paciente com DADQ deve-se ter: 1. anamnese abrangente, com ênfase na história da doença atual e na história patológica pregressa. Deve-se obter estimativa da dor, função articular e marcha; 2. exame físico geral, com atenção aos membros inferiores e ênfase no quadril acometido (mobilidade); 3. exame radiográfico simples, com radiografias em AP da pelve e AP e perfil do quadril acometido. Outros exames podem ser solicitados em situações específicas. Eventualmente, num primeiro momento, antes de se chegar ao diagnóstico de DAD, podem ser importantes exames de sangue, tomografia computadorizada, cintilografia óssea, ressonância magnética, etc. Além disto, as radiografias em AP dos quadris em abdução e adução máximas são necessárias para a programação de osteotomias. Com estes dados coletados, podem-se utilizar vários dos sistemas de classificação apresentados anteriormente. No entanto sugerimos a utilização de apenas três, associadamente: 1. classificação etiológica de Solomon (23), modificada por Mitchell e Cruess(26) (primária e secundária, esta subdividida em alterações anatômicas e mecânicas, afecções da cartilagem articular e alterações do osso subcondral); 2. classificação numérica de Merle D’Aubigné e Postel, modificada por Charnley (27) (ou outro sistema de avaliação clínica de preferência); 3. classificação radiográfica descrita por Wroblewski e Charnley(32) (e a de Bombelli(24), quando forem programadas osteotomias). O melhor sistema de classificação da DADQ compreende, portanto, estes três aspectos: etiologia, quadro clínico e quadro radiográfico. Só assim pode-se programar um tratamento eficiente, com resultados mais previsíveis. Quadro 4 – Classificação radiográficomorfológica de Wroblewski e Charnley(32) • Artrose incipiente • Pólo superior (graus I, II e III) • Pólo medial • Acetábulo protruso • Concêntrico • Destrutivo (tipos: cabeça, acetábulo, BK e displasia) Fonte: Wroblewski B.M., Charnley J.: Radiographic morphology of the osteoarthritic hip. J Bone Joint Surg [Br] 64: 568-569, 1982. 11 P r o g r a me ae ddue r e v i s ã o cação continuada Apesar do entusiasmo dos autores em mostrar as vantagens deste sistema(30), os métodos de avaliação clínica se equivalem, devendo ser utilizado aquele em que o médico assistente tiver maior experiência (e preferência). As informações relevantes oferecidas por todos são praticamente as mesmas, e as limitações também são comuns. P r o g r a me ae ddu e r e v i s ã o cação continuada Referências bibliográficas 1. Buckwalker J.A., Martin J.A.: “Degenerative joint disease” in Clinical Symposia. Summit, New Jersey, Ciba-Geigy, 2-32, 1995. 2. 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Osteonecrosis of the femoral head Unitermos Ilídio Pinheiro Membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e da Sociedade Brasileira de Quadril; membro da AAOS; preceptor de residência médica do Hospital dos Servidores do Estado Osteonecrose da cabeça femoral; colapso subcondral; foragem Key words Osteonecrosis of the femoral head; subchondral collapse; core decompression Abstract Osteonecrosis of the femoral head is still a challenge to the orthopaedic surgeon. Its etiology and pathogenesis remain unclear, with many treatment options and no general agreement. With early diagnosis and correct staging of the lesion, better outcomes are demonstrated. Introdução A osteonecrose da cabeça femoral (ONCF) continua a ser um enorme desafio para o cirurgião ortopédico. Trata-se de uma entidade clínica relativamente comum, que não representa uma doença, e sim o resultado da diminuição do fluxo sangüíneo na cabeça femoral, conseqüentemente à atuação de inúmeros fatores causais, e que na maioria dos casos desarranja a arquitetura trabecular, levando ao colapso subcondral e à artrose secundária. Inicialmente a denominação de necrose asséptica foi utilizada como meio de distingui-la das infecções ósseas. Outros termos encontrados são necrose avascular e osteonecrose da cabeça femoral, atualmente o mais aceito. Até a segunda metade do século passado muito pouco se conhecia sobre o assunto. A ampliação deste conhecimento se deve ao fato de que o número de casos relatados aumenta a cada ano, chegando a 20 mil novos casos por ano nos EUA. Cerca de 10% de todas as artroplastias totais do quadril são executados em decorrência da ONCF. O sexo masculino é o mais afetado, numa proporção de 4:1; aproximadamente 50% acometem o quadril oposto e a idade média dos pacientes está entre 30 e 50 anos. Em 10% a 20% dos casos não é possível determinar a causa. Fatores etiológicos Um grande número de condições clínicas tem sido relacionado ao desenvolvimento da ONCF (Quadro 1). O trauma representa importante papel na gênese da ONCF, podendo chegar a 25% dos casos de luxação do quadril e fratura do colo do fêmur(1). Redução precoce diminui a incidência de complicação nestas situações. Tem sido observado que a ONCF após fratura do colo do fêmur no idoso é menos sintomática e tem curso mais benigno do que a associada a outros fatores. A corticoterapia em pacientes que necessitam de imunossupressão após transplante de órgãos ou de medula óssea, bem como naqueles portadores de doenças reumáticas e auto-imunes, tem sido descrita como causa importante no aparecimento de casos de ONCF(2, 3). O exato mecanismo de ação do corticóide provocando ONCF, embora não totalmente esclarecido, está diretamente relacionado à dose e à duração do tratamento. Inúmeros estudos têm tentado estabelecer a relação entre alcoolismo e ONCF. Análise comparativa entre usuários e não-usuários de álcool tem demonstrado que o risco chega a ser 11 vezes maior naqueles que consomem mais de 400ml/semana. Quadro 1 – Causas de ONCF • Trauma • Corticóide • Álcool • Anemia falciforme • Disbarismo • Coagulopatia • Transplante de órgãos • Dislipidemias • Doenças reumáticas • Tabaco • Radioterapia • Pancreatite crônica • Outras raras causas 13 P r o g r a me ae ddue r e v i s ã o cação continuada Osteonecrose da cabeça femoral P r o g r a me ae ddu e r e v i s ã o cação continuada As teorias que tentam explicar o processo ainda estão sendo investigadas. Em casos de transplante de órgãos sólidos ou de medula óssea, existem trabalhos que confirmam a relação direta com aparecimento de ONCF em um percentual significativo(4). O uso de drogas imunossupressoras diferentes dos corticóides, como ciclosporina, por exemplo, tem diminuído a incidência desta complicação(5, 6). A anemia falciforme e outras hemoglobinopatias têm sido associadas ao desenvolvimento de ONCF, com progressão rápida da doença. Nestes pacientes ocorre colapso da superfície articular e dor importante, estando indicado tratamento cirúrgico(7). O disbarismo acontece freqüentemente em mergulhadores e trabalhadores de minas profundas. As lesões nem sempre são sintomáticas, apresentando melhor prognóstico dependendo do nível de pressão e do tempo de exposição. Entre as raras causas de ONCF, complicações da epifisiólise da cabeça femoral, particularmente nos casos instáveis e com maior grau de escorregamento, e dor no quadril durante a gravidez podem estar associadas à ONCF(8, 9). Outras associações têm sido descritas, no entanto sem relação causa/efeito firmemente estabelecida. Fisiopatologia Qualquer dano que aconteça à circulação da epífise proximal do fêmur pode induzir o processo da osteonecrose. A maior parte da irrigação da zona de carga da cabeça femoral se faz por meio das artérias retinaculares superiores. O exame microscópico da circulação da cabeça femoral tem revelado a vulnerabilidade de seu suprimento sangüíneo, principalmente com relação à oclusão intravascular e à compressão extravascular. A extensão da lesão está na decorrência do número de artérias envolvidas. A isquemia conduz à morte dos osteócitos. O processo de reparação que se instala a seguir produz mais reabsorção que neoformação óssea, trazendo perda da integridade estrutural e conseqüente colapso do osso subcondral. Nishii et al.(10) acompanharam uma série de 35 pacientes (54 quadris) seguidos durante cinco anos, nos quais a interrupção do colapso ocorreu em 28 quadris (54%). Aspectos clínicos Apesar de poder ocorrer de forma assintomática, de maneira geral a queixa mais importante nos casos de ONCF é a dor, que pode se localizar na face anterior do quadril, com irradiação para coxa e joelho ipsilaterais ou, mais raramente, para a região glútea, e que persiste com o repouso. O início pode ser súbito ou insidioso, aumentando com a carga e o movimento. O exame físico demonstra dor às mobilizações ativa e passiva, principalmente à rotação interna. A marcha é antálgica (claudicante). Deve-se ter alto grau de suspeição nestes casos, com exame meticuloso do quadril contralateral, principalmente naqueles pacientes com algum fator de risco bem estabelecido, uma vez que o índice de bilateralidade é alto. Imagem Os exames por imagem podem identificar a área de osteonecrose, avaliar sua extensão e determinar o prognóstico em investigações seriadas (11) . As alterações encontradas podem ser de três tipos: a) padrão definido de osteonecrose; b) padrão não-especifico (típico da fase inicial); c) padrão de modificação anatômica. As radiografias convencionais simples têm sido utilizadas como método mais comum na identificação 14 e no estadiamento desta doença, entretanto não possuem sensibilidade para detectar lesões pequenas e aquelas na fase inicial. Se considerarmos que o diagnóstico precoce é importante, a radiografia simples, embora mandatória, é insuficiente, posto que sua positividade se dá apenas após o aparecimento do halo esclerótico de osso reativo na junção osso necrótico/osso sadio. Em contrapartida, sua especificidade nas lesões avançadas é alta. Se a radiografia simples mostra colapso do osso subcondral, outro método de imagem será de pouco valor, com exceção da avaliação do quadril oposto. Cintilografia óssea com tecnécio é um método de maior sensibilidade pelo fato de a distribuição do radioisótopo depender da atividade osteoblástica e do fluxo sangüíneo. Encontramos nesta modalidade o melhor modo de avaliar a isquemia da cabeça femoral e a osteonecrose incipiente. No estágio mais avançado observam-se captação aumentada no osso subcondral e menor captação no centro da lesão isquêmica. Tem sido demonstrado que a cintilografia apresenta modificações a partir do terceiro dia de desencadeamento do fenômeno isquêmico. Entretanto a cintigrafia não possui especificidade, sendo de pouco valor na quantificação da lesão e no seguimento a longo prazo da evolução da doença. Ressonância magnética surge como a melhor maneira de diagnosticar, mensurar e acompanhar a evolução da ONCF pelas altas sensibilidade e especificidade que oferece. As variantes técnicas deste método são capazes de identificar lesões bastante iniciais e de pequeno tamanho, mesmo sem a injeção intravenosa de gadolínio, recurso empregado em alguns casos(12-14). A angiografia superseletiva não tem uso corrente, ficando restrita a alguns centros mais desenvolvidos, inclusive na avaliação pós-operatória da viabilidade dos enxertos vascularizados de fíbula. A tomografia computadorizada tem pouca aplicação prática, não sendo utilizada de rotina. A artroscopia do quadril surge como método minimamente invasivo, capaz de avaliar detalhadamente as superfícies articulares e de classificar a lesão(15, 16). Classificação Vários sistemas têm sido propostos para a classificação da ONCF. O de Arlet e Ficat, de 1980, foi o primeiro universalmente aceito, mantendo-se como o mais usado ainda hoje(17). Baseia-se em alterações radiográficas simples, divididas em quatro fases (Quadro 2). As outras classificações citadas na literatura são variações do modelo de Arlet e Ficat. A de Marcus e Enneking, dividida em seis categorias, baseia-se em radiografias correlacionadas com sintomas clínicos. O Comitê Japonês de Investigação propôs uma classificação baseada no tamanho e na localização da área necrótica da cabeça femoral(18). Steinberg descreveu um sistema de classificação bastante detalhado, que combina alterações de Quadro 2 – Classificação de Arlet e Ficat 1. Radiografia normal (fase pré-radiológica) 2. Esclerose subcondral e cistos, com esfericidade da cabeça mantida 3. Sinal do crescente (seqüestro e colapso parcial do seguimento osteonecrótico) 4. Pinçamento articular, formação de osteófitos e deformação da cabeça femoral Tratamento A abordagem terapêutica continua sendo um sério desafio para o cirurgião ortopédico, principalmente devido aos seguintes fatores: 1. a doença é assintomática ou pouco sintomática na fase inicial, quando a oportunidade de sucesso do tratamento é maior; 2. a faixa etária acometida é de adultos jovens e de meia-idade, com atividade física intensa, que não querem correr o risco de uma cirurgia de grande porte; 3. a existência de condições médicas e sociais, associadas à ONCF, eleva o risco do tratamento cirúrgico. Uma grande variação de modalidades de tratamento está disponível para o ortopedista. Podemos dividir sua aplicação levando em conta o estágio da lesão(20). Estágio precoce Na fase inicial, o tratamento conservador, com o uso de muleta ou bengala, na tentativa de aliviar a carga no membro afetado, tem se mostrado pouco eficaz, exceto nos casos de lesões pequenas, localizadas fora da zona de carga, ou em pacientes com impedimento formal de tratamento cirúrgico. O tratamento medicamentoso só tem validade na diminuição do efeito de fatores associados. A foragem, descrita por Arlet e Ficat, em 1964, e inicialmente indicada como procedimento diagnóstico, provou ser, ao longo do tempo, o melhor tratamento para os tipos 1 e 2(21). A enxertia óssea, combinada ou não com outros procedimentos, inclusive com descompressão, utilizando enxerto livre, pediculado ou vascularizado (microcirúrgico), mostra algumas desvantagens. Muitas técnicas são complexas, o sítio doador pode apresentar complicações e sua superioridade em relação a procedimentos mais simples não foi claramente estabelecida(22-27). Hernigou e Beaujean(26), em estudo recente, descreveram técnica de enxertia de medula óssea em 116 pacientes (189 quadris) seguidos por até dez anos, com bom resultado quando o tratamento foi instituído na fase pré-colapso. Osteotomias têm como objetivo alterar o posicionamento da zona de carga e promover o estímulo à revascularização(28, 29). Os resultados descritos não mostram supremacia desta técnica, além de trazer variado grau de dificuldade a uma futura artroplastia total de quadril. Outra opção de tratamento é a aplicação de oxigenação hiperbárica, que necessita de maior avaliação para ser adotada amplamente(30). Estágio tardio Uma vez que o colapso e a deformação da cabeça femoral estejam presentes, a artrose dolorosa do quadril invariavelmente ocorrerá. Nesta situação, a artroplastia total é a melhor opção, embora a idade e o nível de atividade do paciente tenham que ser levados em consideração(31, 32). Sumário A ONCF é uma doença de amplo espectro, podendo se apresentar de várias maneiras e com vários graus de comprometimento. As opções de tratamento são amplamente diversificadas, dependendo da idade, do tamanho e da localização da lesão, de fatores de risco associados e da presença ou não de colapso da cabeça femoral. A ressonância magnética trouxe enorme contribuição para o diagnóstico, a classificação e o prognóstico. A artroscopia tem sido utilizada ainda de modo tímido. Os fatores de crescimento poderão, no futuro, representar enorme esperança para alterar o curso desfavorável da doença. Referências bibliográficas 1. Bachiller F.G., Caballer A.P., Portal L.F.: Avascular necrosis of the femoral head after femoral neck fracture. Clin Orthop 399: 87-109, 2002. 2. Assouline-Dayan Y. et al.: Pathogenesis and natural history of osteonecrosis. Semin Arthritis Rheum 32: 94-124, 2002. 3. 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A Associação de Pesquisa da Circulação Óssea (Apco) apresentou uma nova classificação, denominada Classificação Internacional, que combina radiografias simples, ressonância magnética, cintilografia óssea e achados histológicos, tornandose a mais completa de todas as classificações. Porém ainda não é adotada pela maioria dos autores. P r o g r a me ae ddu e r e v i s ã o cação continuada 19. Stulberg B.N.: Osteonecrosis: what to do, what to do! J Arthroplasty 18(suppl. 1): 74-79, 2003. 20. Lieberman J.R. et al.: Instructional Course Lectures. Osteonecrosis of the hip: management in the 21st century. J Bone Joint Surg Am 52: 337-355, 2003. 21. Smith S.W. et al.: Core decompression of the osteonecrotic femoral head. J Bone Joint Surg Am 77: 674-680, 1995. 22. Berend K.R., Gunneson E.E., Urbaniak J.R.: Free vascularized fibular grafting for the treatment of postcollapse osteonecrosis of the femoral head. J Bone Joint Surg Am 85: 987-993, 2003. 23. 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Penedo Membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e da Sociedade Brasileira de Quadril (SBQ); diretor científico da SBQ Quadril; osteotomia; biomecânica Key words Hip; osteotomy; biomechanics Abstract Hip osteotomies for the treatment of osteoarthrosis have produced variable results, which deteriorated with long-term follow-up. The reasons for the failures are either poorly understanding of the etiology and the pathomechanics of osteoarthrosis and our imperfect knowledge of the mechanical and biologic effects of osteotomy on tissue remodeling and regeneration. Mechanical principles, emerging imaging techniques, and available mathematical approaches may make possible the potential to enhance the reliability and durability of hip osteotomies. Introdução Há praticamente um século que as osteotomias para o tratamento do quadril artrósico têm seu efeito reconhecido(1, 2). Mesmo sendo um procedimento atraente e bastante utilizado, seus resultados clínicos mostravam-se muito variados, com não mais de 70% de bons resultados aos cinco anos de pós-operatório, resultados que se perdiam de forma inexorável com o passar dos anos(3). Com o advento das artroplastias totais do quadril, na década de 1960, várias formas de tratamentos alternativos, como hemiartroplastia, artrodese, artroplastia de ressecção e osteotomias, tiveram suas indicações praticamente abolidas em diversos grandes centros. No entanto, os anos que se seguiram mostraram que o afrouxamento e o desgaste das próteses surgiriam como grandes problemas, principalmente em pacientes jovens e ativos. O alarmante grau de desgaste do material, com a formação de imensas osteólises gerando grandes defeitos ósseos, criou um problema ainda hoje sem solução ideal, que levou os principais autores a sugerirem que este tipo de tratamento cirúrgico ainda não é o ideal para pacientes que tenham expectativas de vida superior a 20 ou 30 anos(4). Como a osteotomia apresenta a possibilidade de postergar uma artroplastia total do quadril por mais alguns anos, principalmente em pacientes jovens, esta técnica ainda oferece alguns atrativos. A questão é saber qual tipo de osteotomia iria prover o quadril de uma condição mais duradoura. Talvez esta técnica fosse mais bem idealizada se houvesse melhor compreensão das causas que levam a articulação do quadril a um processo degenerativo. Fatores mecânicos e biológicos são tidos como as principais causas, embora existam teorias nas quais genética(5), bioquímica(6), fatores ambientais, geográficos e culturais(7, 8, 9), fatores ocupacionais e relacionados com exercícios(9, 10), além de outras explicações mecânicas(11, 12), seriam importantes na gênese de osteoartrose do quadril. Algumas teorias sugerem que microtraumatismos possam gerar uma disfunção na remodelação óssea, com conseqüente evolução para um processo de degradação articular(13-17). Hoje existe consenso de que a osteoartrose tem uma etiologia multifatorial com evidências substanciais da importância dos fatores mecânicos, particularmente dos efeitos nocivos das altas pressões de contato articular assim como de gradientes de pressão mantidos por muito tempo. Fatores mecânicos sempre foram apontados como responsáveis pelos efeitos benéficos das osteotomias, sendo as reduções de carga e do estresse sobre o quadril seus principais efeitos. Em tese, a diminuição da carga dar-se-ia pelo aumento do momento de força dos músculos adjacentes(11, 18, 19), pelo relaxamento da cápsula articular(19) e dos músculos tensos, ou transferindo a carga para outra porção da cabeça femoral(1). A redução do estresse seria dada pelo aumento da superfície de contato, mesmo sem alteração de carga. Os autores reconhecem vários efeitos biológicos das osteotomias, difíceis no entanto de serem separados dos efeitos mecânicos. A redução no comprimento do músculo em repouso(11), alterações no suprimento sangüíneo do osso(20), a redução da pressão intraóssea(2, 21) e o alívio do espasmo muscular(18) seriam os principais. Bombelli(19) e outros autores sugerem que por algum motivo ocorram 17 P r o g r a me ae ddue r e v i s ã o cação continuada Aspectos biomecânicos das osteotomias do quadril P r o g r a me ae ddu e r e v i s ã o cação continuada alterações no processo de remodelação do osso e/ou cartilagem, iniciando assim o processo degenerativo. Neste caso a osteotomia iria, de alguma forma, estimular a remodelação óssea de forma benéfica(15, 19). Estes princípios apóiam-se em evidências clínicas e radiográficas, como alívio da dor, restauração dos defeitos no osso subcondral, preenchimento de cistos subcondrais, restabelecimento do trabeculado ósseo padrão no acetábulo e na cabeça femoral, formação de osso subcondral uniforme no acetábulo superior (sourcil) e aumento do espaço articular radiográfico(11, 12, 19). Nissen(15) defende a teoria de que durante a osteotomia a separação da extremidade superior do restante do fêmur e a mudança no alinhamento entre estes dois fragmentos seriam o estímulo essencial para uma reorganização da atividade celular, levando a progressivo aumento do espaço articular superior, tão freqüentemente visto após osteotomias. Para estudar as forças sobre o quadril existem modelos bidimensionais e tridimensionais, sendo ambos ainda dependentes de numerosas suposições, como quantidade, direção e força dos músculos ao redor da articulação. No entanto, mesmo não sendo completamente fidedignos, valores idênticos obtidos por vários investigadores(22-24) nos permitem concluir que esses dispositivos de medição são relativamente acurados. Vários estudos sugerem que o pico de pressão na articulação do quadril varia de 1MPa a 10MPa. O pico máximo ocorre sobre o teto do acetábulo, diminuindo à medida que se caminha para a periferia da superfície articular. Outros estudos sugerem que o pico de pressão sobre a articulação é de duas a três vezes o peso corporal durante a marcha e até quatro vezes durante outras atividades da vida diária(23, 24). Qualquer mudança na orientação do terço proximal do fêmur em relação à pelve altera os braços de alavanca dos músculos, os quais alteram as forças requeridas para obter o equilíbrio estático e dinâmico da articulação. Pauwels(11), em 1936, talvez tenha sido o primeiro a descrever este conceito. De acordo com os seus princípios, uma osteotomia femoral proximal varizante em 40º reduz o pico de força no quadril em 25%, enquanto uma osteotomia valgizante em 32º aumenta o pico de força em 25%. Bombelli(19), usando um modelo de estudo tridimensional, reportou mudanças mais substanciais, como a redução do pico de força em 21% após osteotomias femorais proximais com varização em 20º e 26% de aumento em osteotomia valgizante em 15º. Brand e Pederson(25), usando modelos mais complexos, estimaram que as mudanças nas forças que cruzam o quadril, quando realizadas osteotomias varizantes ou valgizantes, não variam mais que 10%. Uma osteotomia periacetabular que desloque medialmente a cabeça femoral, tal como a osteotomia de Chiari, reduzirá as forças do quadril. Em um modelo de estudo estático planar, Srakar et al.(26) estimaram a redução de forças sobre estes quadris durante a fase de apoio monopodal da marcha em 15% a 20%. Desde o início das pesquisas, a maioria dos investigadores acredita que pressões de contato articular são de grande importância na etiologia da osteoartrite, assim como a redução dessas pressões é um dos maiores efeitos benéficos das osteotomias. Atualmente, esta avaliação só pode ser feita tardiamente. A readaptação dos tecidos em nível local seria o maior benefício da redistribuição da pressão de contato articular após a realização da osteotomia. Esta questão é analisada clinicamente pelos conceitos de congruência, 18 cobertura e contenção. A congruência articular é avaliada pelo paralelismo entre si das linhas de densidade subcondral do acetábulo e da cabeça femoral(11). Embora este conceito clínico seja estático, não levando em consideração a congruência durante a mobilização articular funcional, isto não o invalida, pois, se a osteotomia conseguir melhorar esta congruência tridimensional, irá reduzir as pressões de contato localizadas. Os conceitos de cobertura e contenção estão relacionados entre si e geralmente são considerados em duas dimensões pelo montante da cabeça femoral descoberta pelo acetábulo súpero-lateralmente e/ou coberta no interior do mesmo. Como a congruência, estes dois conceitos deveriam ser considerados em três dimensões. Em certas doenças, como a de Legg-Calvé-Perthes e a osteonecrose da cabeça femoral, a indicação para osteotomia deve ser bem considerada sempre que a lesão estiver contida no acetábulo, em uma zona onde a pressão de carga seja relativamente baixa, ou estiver excluída do acetábulo e conseqüentemente fora da área de carga. Em artroses secundárias à displasia do quadril, a cobertura da cabeça femoral pode ser aumentada através da osteotomia periacetabular. A tomografia computadorizada tridimensional deve ser utilizada como base para o planejamento cirúrgico, a fim de determinar qual osteotomia poderia aumentar esta cobertura sem perda de áreas de contato importantes. Nas osteoartroses primárias é mandatório que se maximize a área de contato articular durante as osteotomias, tanto pelo aumento da congruência quanto pelo aumento da cobertura. Técnicas radiográficas com o quadril em extensão em posição de adução, neutra e abdução têm sido descritas para avaliar a congruência articular(11). Incidências adicionais com o quadril em vários graus de flexão(27) podem mostrar possível melhora da congruência e aumento do espaço articular, mas tratam-se todas de visões estáticas, não se podendo visualizar uma congruência tridimensional durante a atividade funcional do paciente, servindo apenas como parâmetros relativos na previsão de resultados. É óbvio que uma articulação deformada não pode alcançar uma congruência tridimensional em todas as configurações experimentadas nas atividades de vida diária. É igualmente óbvio que uma osteotomia irá reduzir o estresse de contato em algumas regiões e irá aumentá-lo em outras, como sugeriu Nissen(15). Portanto deve-se assumir que uma reparação duradoura do espaço articular depende de algum estímulo biológico ao reparo do osso e da cartilagem. Os resultados clínicos da osteotomia são variáveis, com excelente restauração articular em alguns casos. Entretanto, a grande maioria dos casos falha à medida que evoluem para a artroplastia total do quadril. As razões para o sucesso ou a falha são pouco conhecidas, mas se devem, em parte, à nossa falta de compreensão da patomecânica da osteoartrose e ao nosso conhecimento imperfeito dos efeitos mecânicos da osteotomia na regeneração e remodelação dos tecidos. Estudos clínicos tentam avaliar através de radiografias qual a melhor osteotomia a ser realizada, no entanto a inconsistência dos resultados obtidos sugere que as bases utilizadas são inadequadas. Seria necessário prever-se os resultados em nível macroscópico, para que então princípios mecânicos, técnicas de imagens e princípios matemáticos pudessem possibilitar, em pacientes específicos, uma osteotomia com resultados duradouros. 1. McMurray T.P.: Osteo-arthritis of the hip-joint. Br J Surg 22: 716-727, 1935. 2. MacKenzie J.F.: Osteo-arthritis of the hip and knee: Description of a surgical treatment. BMJ 1: 306-308, 1936. 3. 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Felson D.T.: “The epidemiology of osteoarthritis: Prevalence and risk factors” in Kuettner K.E., Goldberg V.M. (eds.): Osteoarthritic disorders. Rosemont, III: American Academy of Orthopaedic Surgeons, 13-24, 1995. 10. Buckwalter J.A., Lane N.E., Gordon S.L.: “Exercise as a cause of osteoarthritis” in Kuettner K.E., Goldberg V.M. (eds.): Osteoarthritic disorders. Rosemont, III: American Academy of Orthopaedic Surgeons, 405-417, 1995. 11. Pauwels F.: Biomechanics of the normal and diseased hip: Theoretical foundation, technique and results of treatment – An Atlas. Berlin: Springer-Verlag, 55, 129-282, 1976. 12. Bombelli R.: Structure and function in normal and abnormal hips: How to rescue mechanically jeopardized hips, 3. ed. Berlin: Springer-Verlag, 3-9, 24-55, 1993. 13. Radin E.L.: “Biomechanical considerations” in Moskowitz R.W. et al.(eds): Osteoarthritis: Diagnosis and management. Philadelphia: WB Saunders, 93-107, 1984. 14. Mow V.C. et al.: “Mechanical factors in articular cartilage and their role in osteoarthritis” in Kuettner K.E., Goldberg V.M. (eds.): Osteoarthritic disorders. Rosemont, III: American Academy of Orthopaedic Surgeons, 147-171, 1995. 15. Nissen K.I.: The arrest of early primary osteoarthritis of the hip by osteotomy. Proc R Soc Med 56: 1051-1060, 1963. 16. Sokoloff L.: Osteoarthritis as a remodeling process. J Rheumatol 14 (suppl. 14): 7-10, 1987. 17. Frost H.M.: Perspectives: A biomechanical model of the pathogenesis of arthroses. Anat Rec 240: 19-31, 1994. 18. Morscher E.W.: “Intertrochanteric osteotomy in osteoarthritis of the hip” in Riley L.H. Jr (ed.): The Hip: Proceedings of the Eighth Open Scientific Meeting of the Hip Society, 1980. St Louis: CV Mosby, 24-46, 1980. 19. Bombelli R.: Osteoarthritis of the hip: Classification and pathogenesis – The Role of osteotomy as a consequent therapy, 2. ed. Berlin: Springer-Verlag, 1-7, 1983. 20. Ferguson A.B. 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St Louis: CV Mosby, 193-210, 1984. 26. Srakar F. et al.: Biomechanical analysis of Chiari osteotomy: The hip joint reaction force dependence on the position of the femoral head center. Zdrav Vestn 61: 59-62, 1992. 27. Teinturier P. et al.: Intertrochanteric flexion osteotomy as an only alternative to total hip arthroplasty in advanced osteoarthritis: A ten-year follow-up. Clin Orthop 166: 158-161, 1982. 19 P r o g r a me ae ddue r e v i s ã o cação continuada Referências bibliográficas P r o g r a me ae ddu e r e v i s ã o cação continuada Questões Doença articular degenerativa do quadril 1. O grande impacto socioeconômico gerado pela doença articular degenerativa do quadril está relacionado principalmente a uma incidência muito elevada em pacientes jovens. ( ) Certo ( ) Errado ( ) Não sei 2. A DADQ, assim como outras doenças crônicas, leva a grande incapacidade física, emocional e social. ( ) Certo ( ) Errado ( ) Não sei 3. Quando há falha do tratamento não-cirúrgico, as osteotomias passam a ser a primeira opção para o tratamento da doença articular degenerativa do quadril, pois é considerada procedimento biológico. ( ) Certo ( ) Errado ( ) Não sei 4. A viscossuplementação apresenta piores resultados isoladamente do que quando associada a outras formas de tratamento para DADQ. ( ) Certo ( ) Errado ( ) Não sei 5. A doença articular degenerativa do quadril secundária a alterações anatômicas e mecânicas é muito mais freqüente do que a doença primária. ( ) Certo ( ) Errado ( ) Não sei 6. Um paciente com dor ocasional no quadril, osteófitos acetabulares femorais, e com VHS < 20mm/1ª hora, preenche os critérios do Colégio Americano de Reumatologia para doença articular degenerativa do quadril. ( ) Certo ( ) Errado ( ) Não sei 7. A doença degenerativa do quadril secundária a sífilis é classificada como do terceiro grupo de Mitchell & Cruess (doenças do osso subcondral). ( ) Certo ( ) Errado ( ) Não sei 8. As osteotomias não são boas opções cirúrgicas para pacientes do primeiro grupo de Solomon e Mitchell & Cruess, pois normalmente não há áreas poupadas de cartilagem articular. ( ) Certo ( ) Errado ( ) Não sei 9. A escala de Merle D’Aubigné e Postel utiliza como critérios de avaliação a dor, a mobilidade e atividades diárias. ( ) Certo ( ) Errado ( ) Não sei 10. A classificação morfológica descrita por Wroblewski & Charnley é útil ao realçar áreas com defeitos ósseos maiores, sendo importante na programação de artroplastias totais de quadril. ( ) Certo ( ) Errado ( ) Não sei Osteonecrose cabeça femoral 11. A osteonecrose da cabeça femoral acomete principalmente mulheres e é bilateral em 50% dos casos. ( ) Certo ( ) Errado ( ) Não sei 12. O trauma é a principal causa de osteonecrose da cabeça femoral. ( ) Certo ( ) Errado ( ) Não sei 13. A osteonecrose da cabeça femoral secundária a fratura de colo de fêmur normalmente tem comportamento mais benigno nos indivíduos mais idosos. ( ) Certo ( ) Errado ( ) Não sei 16. As radiografias simples devem ser utilizadas como método inicial de avaliação em todos os casos suspeitos de osteonecrose da cabeça femoral. ( ) Certo ( ) Errado ( ) Não sei 17. Os estágios I e II de Ficat correspondem às fases pré-radiográficas. ( ) Certo ( ) Errado ( ) Não sei 18. O melhor tratamento para a osteonecrose da cabeça femoral é a artroplastia total do quadril, independentemente do estágio da lesão. ( ) Certo ( ) Errado ( ) Não sei 19. Na osteonecrose da cabeça femoral, a enxertia óssea associada à foragem aumenta a complexidade e o tempo cirúrgicos, além de haver risco de complicações no sítio doador do enxerto. ( ) Certo ( ) Errado ( ) Não sei 20. Na osteonecrose da cabeça femoral, as osteotomias são uma opção tecnicamente exigente, mas com bons resultados descritos nos estágios III e IV de Ficat. ( ) Certo ( ) Errado ( ) Não sei Osteotomias do quadril 21. O aumento da força dos músculos que cruzam o quadril e o relaxamento da cápsula articular e de músculos tensos são efeitos desejáveis em osteotomias visando a diminuição da carga sobre a articulação. ( ) Certo ( ) Errado ( ) Não sei 22. As osteotomias, quando bem-sucedidas, levam a grande melhora do quadro clínico, sem, no entanto, melhora associada do quadro radiográfico. ( ) Certo ( ) Errado ( ) Não sei 23. O fundo acetabular é a área que sofre maiores pressões na articulação do quadril. ( ) Certo ( ) Errado ( ) Não sei 24. Durante a marcha normal, a pressão exercida sobre os quadris aumenta para cinco a seis vezes o peso corporal. ( ) Certo ( ) Errado ( ) Não sei 25. Durante a marcha, a inclinação do corpo para o mesmo lado do apoio (monopodálico) leva a uma diminuição das forças que cruzam o quadril. ( ) Certo ( ) Errado ( ) Não sei 26. Na doença articular degenerativa do quadril, a presença da força S provoca o aparecimento de osteófitos acetabulares e femorais, onde o acetabular inferior é conhecido como tent osteophyte (osteófito em cortina). ( ) Certo ( ) Errado ( ) Não sei 27. Em geral, as osteotomias varizantes aumentam o pico de força no quadril, enquanto as valgizantes o diminuem. ( ) Certo ( ) Errado ( ) Não sei 28. A realização de osteotomia extensora associada a osteotomia valgizante do quadril é aconselhável, pois melhora a contratura em flexão, além de diminuir a pressão (impingement) na porção ântero-cranial da cabeça femoral. ( ) Certo ( ) Errado ( ) Não sei 14. O consumo de mais de 200ml de álcool por semana é um fator de risco importante para osteonecrose da cabeça femoral. ( ) Certo ( ) Errado ( ) Não sei 29. Para realização de osteotomia varizante intertrocantérica é necessário que a cabeça femoral seja elíptica (não-esférica), não haja displasia acetabular grave e que o ângulo cervicodiafisário seja maior do que 135º. ( ) Certo ( ) Errado ( ) Não sei 15. A osteonecrose da cabeça femoral e a osteoporose transitória do quadril são diagnósticos diferenciais de dor no quadril de mulheres grávidas. ( ) Certo ( ) Errado ( ) Não sei 30. As operações de Bombelli e de Sugioka são consideradas osteotomias de salvamento. ( ) Certo ( ) Errado ( ) Não sei Respostas do fascículo anterior 1. Certo; 2. Certo; 3. Errado; 4. Errado; 5. Errado; 6. Errado; 7. Certo; 8. Certo; 9. Certo; 10. Certo; 11. Certo; 12. Errado; 13. Errado; 14. Certo; 15. Certo; 16. Errado; 17. Errado; 18. Certo; 19. Errado; 20. Certo; 21. Errado; 22. Certo; 23. Certo; 24. Errado; 25. Certo; 26. Errado; 27. Certo; 28. Errado; 29. Errado; 30. Certo. 22