Prova - Vagas Residuais
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Prova - Vagas Residuais
INSTRUÇÕES Para a realização das provas, você recebeu este Caderno de Questões, uma Folha de Respostas para as Provas I e II e uma Folha de Resposta destinada à Redação. 1. Caderno de Questões • Verifique se este Caderno de Questões contém as seguintes provas: Prova I: TEORIAS DA COMUNICAÇÃO — Questões de 01 a 35 Prova II: TEORIAS DO JORNALISMO — Questões de 36 a 70 Prova de REDAÇÃO • Qualquer irregularidade constatada neste Caderno de Questões deve ser imediatamente comunicada ao fiscal de sala. • Nas Provas I e II, você encontra apenas um tipo de questão: objetiva de proposição simples. Identifique a resposta correta, marcando na coluna correspondente da Folha de Respostas: V, se a proposição é verdadeira; F, se a proposição é falsa. ATENÇÃO: Antes de fazer a marcação, avalie cuidadosamente sua resposta. LEMBRE-SE: ¾ A resposta correta vale 1 (um), isto é, você ganha 1 (um) ponto. ¾ A resposta errada vale −0,5 (menos meio ponto), isto é, você não ganha o ponto e ainda tem descontada, em outra questão que você acertou, essa fração do ponto. ¾ A ausência de marcação e a marcação dupla ou inadequada valem 0 (zero). Você não ganha nem perde nada. 2. Folha de Respostas • A Folha de Respostas das Provas I e II e a Folha de Resposta da Redação são pré-identificadas. Confira os dados registrados nos cabeçalhos e assine-os com caneta esferográfica de TINTA PRETA, sem ultrapassar o espaço próprio. • NÃO AMASSE, NÃO DOBRE, NÃO SUJE, NÃO RASURE ESSAS FOLHAS DE RESPOSTAS. • Na Folha de Respostas destinada às Provas I e II, a marcação da resposta deve ser feita preenchendo-se o espaço correspondente com caneta esferográfica de TINTA PRETA. Não ultrapasse o espaço reservado para esse fim. • O tempo disponível para a realização das provas e o preenchimento das Folhas de Respostas é de 4 (quatro) horas e 30 (trinta) minutos. ESTAS PROVAS DEVEM SER RESPONDIDAS PELOS CANDIDATOS AO SEGUINTE CURSO: • COMUNICAÇÃO — JORNALISMO UFBA – 2012 – Vagas Residuais – 1 PROVA I — TEORIAS DA COMUNICAÇÃO QUESTÕES de 01 a 35 INSTRUÇÃO: Para cada questão, de 01 a 35, marque na coluna correspondente da Folha de Respostas: V, se a proposição é verdadeira; F, se a proposição é falsa. A resposta correta vale 1 (um ponto); a resposta errada vale −0,5 (menos meio ponto); a ausência de marcação e a marcação dupla ou inadequada valem 0 (zero). QUESTÕES 01 e 02 [...] Enfim, o significado de comunicação também pode ser expresso na simples decomposição do termo comum + ação, de onde o significado “ação comum”, desde que se tenha em conta que o “algo em comum” refere-se a um mesmo objeto de consciência e não a coisas materiais, ou à propriedade de coisas materiais. A “ação” realizada não é sobre a matéria, mas sobre outrem, justamente aquela cuja intenção é realizar o ato de duas (ou mais) consciências com objetos comuns. Portanto, em sua acepção mais fundamental, o termo “comunicação” refere-se ao processo de compartilhar um mesmo objeto de consciência, exprime a relação entre consciências. (HOHLFELDT et al., 2008, p. 14-15). Com base no texto e nas leituras sobre a comunicação como objeto de conhecimento, é correto afirmar: Questão 01 A definição de comunicação como um tipo de relação constitutiva de Ação/Reação pode servir tanto às Ciências Humanas quanto às Ciências Naturais. Questão 02 A comunicação fundamenta-se em processos, relações que, no domínio do humano, assumem uma forma simbólica. Questão 03 Sobre as Teorias da Comunicação, é correto afirmar que os primeiros estudos mais significativos sobre o campo da comunicação datam do início do século XX e foram suscitados, por um lado, pelo advento dos novos meios de comunicação e, por outro, por uma demanda histórica da sociedade urbano-industrial, que exigia um melhor uso da comunicação para a execução de seus projetos. UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Teorias da Comunicação – 2 Questão 04 Considerando-se a Teoria de Transições na comunicação, é válido afirmar que essa teoria postula que o exercício da capacidade humana de se comunicar, inscrita na história, foi um aspecto essencial para a existência e a sobrevivência da humanidade. QUESTÕES de 05 a 07 Acerca da Teoria Hipodérmica e do modelo comunicacional de Lasswell, é correto afirmar: Questão 05 O modelo de comunicação proposto por Lasswell prevê a relação dialógica entre quem envia e quem recebe a mensagem, o que significa que esse modelo contempla a troca de papéis entre emissor e receptor. Questão 06 Ao descrever o ato comunicativo por meio de perguntas, Lasswell propôs subdividir o campo de pesquisa da comunicação em cinco diferentes abordagens analíticas: análise de controle, de conteúdo, de meios, de audiência e de efeitos. Questão 07 A crença na falta de organização social da sociedade de massa garantiu a propagação das propostas defendidas pela Teoria Hipodérmica, particularmente no que se refere à função dos meios de comunicação em produzir e manter o vínculo comunicativo entre os sujeitos dispersos na massa. QUESTÕES de 08 a 12 Sobre as perspectivas empírica-experimental e empírica de campo, pode-se afirmar: Questão 08 A primeira (empírica-experimental) centrava-se em abordagens de caráter sociológico, e a segunda (empírica de campo) aproximou-se da Psicologia para entender os fenômenos comunicacionais. Questão 09 Tanto a perspectiva empírica-experimental quanto a empírica de campo atribuem uma enorme importância ao papel dos mediadores no processo comunicativo, tal como a Teoria Hipodérmica, cujo legado influenciou, decisivamente, as pesquisas empíricas. Questão 10 A abordagem empírica-experimental deu ênfase aos efeitos que os mass media podem suscitar nos receptores, mas abalou a crença no funcionamento dos meios como meros manipuladores do público. Questão 11 O modelo do two-step flow of communication, citado por Katz e Lazarsfeld, evidenciou o fluxo de comunicação a dois níveis e destacou a ação dos líderes de opinião. UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Teorias da Comunicação – 3 Questão 12 A perspectiva empírica de campo levou em consideração o chamado efeito de reforço, ou seja, a confirmação pelo receptor de uma crença ou de um padrão de comportamento existente. QUESTÕES de 13 a 15 Uma “análise funcional” [...] focaliza algum fenômeno específico que ocorra dentro dum sistema social. A seguir, procura mostrar como esse fenômeno tem consequências que contribuem para a estabilidade e permanência do sistema como um todo. O fenômeno, é claro, pode ter influência negativa e, assim, dir-se-ia ter “disfunções” antes do que funções. A análise é uma estratégia para induzir ou localizar hipóteses que possam ser testadas empiricamente por meio de estudos comparativos ou outros métodos adequados de pesquisa. (DeFLEUR; BALL-ROKEACH, 1993, p. 148-149). A análise do texto e os conhecimentos sobre a Teoria Funcionalista permitem afirmar: Questão 13 Para a Teoria Funcionalista, os meios de comunicação de massa constituiriam um espelho do sistema social e poderiam ser analisados sob o ponto de vista do equilíbrio e do funcionamento da sociedade. Questão 14 Dentre as funções preenchidas pelos meios de comunicação de massa, estão a ruptura com as normas sociais e sua consequente quebra de valores. Questão 15 A hipótese de usos e gratificações contempla os receptores como participantes inativos dos conteúdos dos meios de comunicação e aproxima-se da definição de disfunção narcotizante, explicada por Paul F. Lazarsfeld e Robert K. Merton, em 1948. QUESTÕES de 16 a 18 Sobre a Teoria Matemática da Comunicação, pode-se afirmar: Questão 16 O modelo matemático da comunicação é constituído pelo emissor, o canal e o receptor, sendo que o canal está sujeito às interferências do ruído. Questão 17 Claude E. Shannon propõe o modelo matemático da comunicação com o intuito de entender o processo de transmissão da informação, sendo que, para ele, o desempenho do trânsito da informação, nesse caso, depende do modo de gerenciar a sua quantidade. Questão 18 A prevenção dos possíveis ruídos, na realização da transmissão da informação, colabora para que o sistema comunicacional favoreça o processo entrópico ao qual ele está sujeito, e, portanto, é correto afirmar que quanto menor a atuação do ruído maior a garantia da transmissão e da manutenção da ordenação informacional. UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Teorias da Comunicação – 4 Questão 19 Sobre a Teoria Crítica da Comunicação, é correto afirmar, segundo o sociólogo Theodor Adorno, que o consumidor de produtos da indústria cultural não é soberano, não é seu sujeito, mas o seu objeto, e nunca conseguirá responder, ativamente, às mensagens dos media. QUESTÕES 20 e 21 Os conhecimentos sobre as teses de Marshall McLuhan permitem afirmar: Questão 20 Um meio de comunicação pode ser considerado como um meio quente, quando ele prolonga um único sentido perceptivo através da alta saturação de dados contida na mensagem e, além disso, um meio quente, ao ser comparado com o meio frio, estabelece uma menor interação com o receptor. Questão 21 Quando McLuhan afirma que “o meio é a mensagem”, a sua principal intenção é dizer que todo meio gera um ambiente comunicacional e, por isso, o ambiente é a mensagem do meio. QUESTÕES de 22 a 24 Um dos fatores mais complexos e talvez mais negligenciados pelas pesquisas dos meios de comunicação é o fator semiótico das mensagens produzidas pelas mídias. São mensagens que se organizam no entrecruzamento e na inter-relação bastante densa de diferentes códigos e de processos sígnicos diversos, compondo estruturas de natureza altamente híbrida. A rigor, todas as mídias, desde o jornal até as mídias mais recentes, são formas híbridas de linguagem, isto é, nascem na conjugação simultânea de diversas linguagens. Suas mensagens são compostas na mistura de códigos e processos sígnicos com estatutos semióticos diferenciais. Daí se pode afirmar que todas as mídias, desde o jornal, são por natureza intermídias e multimídias. Ou seja, a natureza mesma de qualquer mídia, aquilo que a caracteriza como tal, é o fato de ser inter e multimídia (SANTAELLA, 1986, p. 42-43). Com base na análise do texto e nas ideias presentes no livro Cultura das mídias, é correto afirmar: Questão 22 A cultura das mídias é constituída pela intensa tradução entre os códigos dos meios de comunicação e, dessa maneira, essa cultura torna-se cada vez mais complexa toda vez que surge um novo meio comunicativo na sociedade. Questão 23 Uma linguagem híbrida não apenas se constitui pela tradução entre as linguagens já existentes, como também fornece elementos para que outras linguagens possam sofrer alterações, de forma que toda linguagem pode ser contaminada pela rede sistêmica de relações presente na Cultura das Mídias. UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Teorias da Comunicação – 5 Questão 24 As ideias do entrecruzamento e da inter-relação entre diferentes códigos midiáticos estão relacionadas com o pensamento de McLuhan, quando afirma que “o conteúdo de qualquer meio ou veículo é sempre um outro meio ou veículo” (2001, p. 22), no que diz respeito ao contínuo processo de reprodução e replicação técnica das mensagens elaboradas pelos meios de comunicação já existentes. QUESTÕES de 25 a 27 Considerando-se os fundamentos sobre as Teorias dos signos e das linguagens, pode-se afirmar: Questão 25 Os elementos básicos de constituição do signo genuíno, proposto pelo teórico Charles Sanders Peirce, são o representamen ou signo, o objeto e o interpretante. Questão 26 Toda e qualquer mensagem elaborada e transmitida por um meio de comunicação depende do modo de codificação estruturado pela linguagem desse meio. Questão 27 Ao se comparar o signo linguístico de Ferdinand Saussure com o signo triádico de Peirce, é correto afirmar que apenas o primeiro contempla a relação existente entre a representação e o objeto representado. QUESTÕES 28 e 29 Sobre o modelo Comunicacional de Jakobson, é válido afirmar: Questão 28 O modelo de comunicação proposto por Roman Jakobson estabelece que o contato ou o canal é o principal elemento de mediação entre o emissor e o receptor. Questão 29 Cada fator de comunicação presente nesse modelo comunicacional orienta e determina a existência de uma função de linguagem na mensagem, sendo que o receptor produz a função conativa, o emissor gera a função emocional, o canal determina a função fática e o código produz a função metalinguística ou poética. QUESTÕES de 30 a 32 Sobre os Estudos Culturais, pode-se afirmar: Questão 30 Para essa teoria, a cultura é considerada como uma rede de instituições, representações e práticas que produzem diferenças de raça, gênero, classe, dentre outras, que são centrais na produção de sentido. UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Teorias da Comunicação – 6 Questão 31 Esses Estudos Culturais despontaram nos Estados Unidos, entre meados dos anos 40 e os primeiros anos da década de 70, do século XX, em torno do Center for Contemporary Studies, ligado à Universidade de Harvard. Questão 32 Na década de 70, Stuart Hall, um dos principais porta-vozes dos estudos culturais, publicou o seu famoso texto Encoding and decoding in the television discourse, momento em que passou a preocupar-se com os estudos de audiência dos meios de comunicação de massa. QUESTÕES de 33 a 35 O entendimento subjacente neste capítulo [Novos media - Novas teorias?] é de que um meio não é só uma tecnologia para transmitir certos conteúdos simbólicos ou para ligar os participantes em qualquer troca. Também envolve relações sociais que interagem com características da nova tecnologia. (McQUAIL, 2003, p. 120). Considerando-se a observação de McQuail e suas leituras sobre as Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs), pode-se afirmar: Questão 33 As TICs, desde o seu surgimento, têm gerado muitos debates em torno do tema dos relacionamentos virtuais, mas as principais correntes, hoje, atestam a fragilidade dos laços sociais construídos via WEB, como defende o teórico Pierre Levy, em As tecnologias da inteligência. Questão 34 A comunicação em rede fundamenta-se na unidirecionalidade do processo comunicativo, devido à troca e ao compartilhamento de informações, que são emitidas de pontos diversos, mas convergem linearmente para um sistema central. Questão 35 Uma de suas características básicas é a digitalização pela qual “textos” podem ser reduzidos a uma código binário e partilhar o mesmo processo de produção, distribuição e estocagem da informação. UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Teorias da Comunicação – 7 PROVA II — TEORIAS DO JORNALISMO QUESTÕES de 36 a 70 INSTRUÇÃO: Para cada questão, de 36 a 70, marque na coluna correspondente da Folha de Respostas: V, se a proposição é verdadeira; F, se a proposição é falsa. A resposta correta vale 1 (um ponto); a resposta errada vale −0,5 (menos meio ponto); a ausência de marcação e a marcação dupla ou inadequada valem 0 (zero). QUESTÕES 36 e 37 O que aqui descrevemos como acquaintance with e knowledge about são consideradas formas distintas de conhecimento – formas com funções diferentes nas vidas dos indivíduos e da sociedade – um conhecimento do mesmo tipo, porém com diferentes graus de precisão e validade. Não são, entretanto, tão diferentes em caráter e função – pois afinal são termos relativos – que não podem ser concebidos constituindo juntos num continuum – um continuum dentro do qual todos os tipos e espécies de conhecimento encontram um lugar. Em tal continuum a notícia tem localização própria. É óbvio que a notícia não é conhecimento sistemático como aquele das ciências físicas. Trata de eventos. Eventos são únicos e, portanto, não podem ser classificados como acontece com as coisas, porque eles são invariavelmente fixos no tempo e localizados no espaço. As coisas não apenas se movem no espaço e mudam com o tempo, mas, na sua organização interna, elas estão sempre numa condição de equilíbrio mais ou menos estável. (PARK. In: BERGER; MAROCCO, 2008, p. 58). Tomando como referência esse texto, é correto afirmar: Questão 36 Robert Park, sociólogo estadunidense, diz que o jornalismo é uma forma de conhecimento diferente daquele produzido pela ciência, tal qual o positivismo concebe. Questão 37 Para Eduardo Meditsch, que fez uma releitura do texto de Robert Park, o conhecimento produzido pelo jornalismo é o mesmo do senso comum, pois opera no campo lógico da realidade atual dominante. UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Teorias do Jornalismo – 8 QUESTÕES 38 e 39 Tomemos, por exemplo, o setor da informação. De fato não será difícil reconhecer que foi se formando uma instituição que chamaremos de jornalismo, reconhecida socialmente e com um ethos específico. Como muitas instituições sociais, o jornalismo conheceu muitas fases, do jornalismo como escriba a serviço dos interesses do patrão ao jornalismo como habilitação socialmente reconhecidas, do jornalismo ideológico e ao jornalismo “profissional”. De todo modo, chegou um momento em que o jornalismo é socialmente reconhecido como um sistema de princípios, de valores, de relações objetivas e de distribuição de reconhecimento, como um campo social. (GOMES, 2004, p. 52-53). Com base na análise do texto, pode-se afirmar: Questão 38 O chamado “jornalismo político” é a fase em que a imprensa fazia parte do mundo político, portanto sem nenhuma autonomia, mas constituindo uma esfera pública. Questão 39 O jornalismo, tal como se conhece hoje, é um campo social que manipula os outros campos, pois tem o poder de selecionar quem e como aparece nas matérias, tornar a informação pública, fazendo-a chegar a uma população. Questão 40 Um dos valores mais fortes do campo social do jornalismo é o valor do “furo”, ou seja, dar informação em primeira mão e exclusiva. Questão 41 O jornalismo moderno tem suas bases construídas no século XIX, quando começa a constituir o seu próprio campo social. Questão 42 Um dos paradigmas que se instauram no campo jornalístico é o da objetividade. QUESTÕES de 43 a 47 Se nós também começarmos (ou tivermos que começar) imediatamente com a análise das características isoladas depois de uma apreensão geral vaga do objeto, aquelas não podem continuar sendo tratadas como cada uma por si. Elas não são independentes, são partes, “características” de um todo e nós nunca chegaríamos ao conhecimento delas e do todo, das suas relações umas com as outras e do todo, se não analisássemos as “características” sempre como “características” de um todo, que reúnem em si mesmas um “sentido”. Enquanto analisamos as características isoladamente uma após outra, nós mantemos o foco na síntese como objetivo, analisamos as partes com o olhar voltado para o todo. Em que sequência a análise das características se dá, isso também é dado pelo objeto e precisa ser resolvido segundo os princípios que ele determina. Ao investigar a essência do objeto da Ciência dos Jornais, nós nos deparamos primeiro com a periodicidade como a característica da universalidade e a nela contida atualidade, e por fim identificamos a qualidade da publicidade, que nos dá a direção, o objetivo da obra e, com isso, nos conduz ao seu sentido. (GROTH, 2011, p. 144). Considerando-se as observações de Groth, pode-se afirmar: UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Teorias do Jornalismo – 9 Questão 43 As características ou propriedades do jornalismo, para Otto Groth, são periodicidade, universalidade, atualidade e publicidade, sendo essa última a propaganda no jornal, ou seja, a necessidade que o jornal tem dos anúncios para sobreviver como produto. Questão 44 A atualidade é considerada, não só por Otto Groth, mas também pela maioria dos autores que estudam jornalismo no Brasil, como uma das características essenciais do jornalismo. Questão 45 Os estudos do jornalismo digital, com as novas mídias, desenvolveram o conceito de atualização contínua, já que uma notícia pode ser reeditada quantas vezes for necessário, na mesma unidade de informação (dentro do sistema de publicação). Questão 46 Autores, como Groth (2011) e Franciscato (2005), compreendem a novidade como um critério de noticiabilidade, não tendo, portanto, nenhuma relação com a atualidade, outra propriedade do Jornalismo. Questão 47 Além de Groth, outro autor que trata da periodicidade como propriedade do jornalismo é Luiz Beltrão (1960), para quem periodicidade é a constância com que os fatos correntes são levados ao conhecimento público. Questão 48 Para Groth, a universalidade significa que qualquer jornal, independente de sua identidade (linha editorial), deve tratar de todos os assuntos que dizem respeito à vida das pessoas. Questão 49 Não existe um consenso nas Teorias do Jornalismo sobre as competências do jornalista, mas, por conta de conceitos como pirâmide invertida e lead, é consensual que o jornalista tem que saber selecionar e hierarquizar informações. Questão 50 Para Nilson Lage (2005), seleção de eventos, ordenação de eventos e nomeação são três fases do processo de produção de uma notícia (formato jornalístico). Questão 51 Segundo Lage (2005), o conceito de notícia, no jornalismo moderno, é relato de uma série de fatos, a partir do mais extraordinário e curioso, e de cada fato, a partir do aspecto mais dramático ou novo. Questão 52 A pirâmide invertida é o conceito que diz que, na notícia, os fatos devem ser organizados por ordem descrescente de importância. Questão 53 Segundo Lage (2005), o lide (lead) é o primeiro parágrafo que informa quem fez o quê, quando, como, onde, por que, tendo, internamente, uma construção também hierárquica. UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Teorias do Jornalismo – 10 Questão 54 Nos estudos do jornalismo, existem vários conceitos de acontecimento jornalístico, mas o mais clássico é aquele que a organização jornalística considera como de interesse do seu público-leitor. Questão 55 Dentre as tipologias de acontecimento jornalístico presentes nos estudos do jornalismo, existe a de Gaye Tuchman (1983), ou seja, os acontecimentos inesperados, os predeterminados, os em desenvolvimento e os esperados. Questão 56 O conceito de objetividade é polêmico, pois o que está em jogo é como se dá a relação entre sujeito (indivíduo-jornalista) e objeto (realidade), mas se pode afirmar que, para os estudos do jornalismo, o jornalismo brasileiro, assim como o norte-americano, não vive o paradigma da objetividade. Questão 57 Nos estudos brasileiros sobre jornalismo, a categoria da interpretação aparece sempre associada à discussão dos gêneros jornalísticos, embora um ou outro autor, como Josenildo Guerra, tenha ido buscar uma compreensão através da Teoria da Interpretação. Questão 58 Dentre os chamados critérios de noticiabilidade, ou seja, os que determinam o que é mais ou menos noticiável, estão aqueles relativos ao público, que tratam do interesse público e interesse do público. Questão 59 No jornalismo de serviço, o interesse público não é um dos critérios de noticiabilidade, já que são temas direcionados apenas ao público-alvo de dado produto jornalístico. Questão 60 Os critérios de noticiabilidade são trabalhados apenas na fase de seleção da pauta, não interferindo, portanto, no momento da edição da notícia. Questão 61 Um jornalista tem que escolher entre duas notícias para colocar na página, porque não há espaço suficiente, e essas notícias são dois acidentes de carro, sendo que, na primeira, quem se acidentou foi o prefeito da cidade com um corte na cabeça e, na segunda, morreram quatro pessoas, cidadãos comuns. Com base no exposto, o jornalista vai trabalhar, principalmente, com três critérios de noticiabilidade: morte, grau hierárquico dos indivíduos envolvidos e quantidade de pessoas que o acontecimento abrange. Questão 62 Critérios de noticiabilidade são relativos a todo o processo de produção, ou seja, aspectos como estrutura da empresa, cultura organizacional e concorrência interferem na escolha do que é noticiável e noticiado. UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Teorias do Jornalismo – 11 Questão 63 Segundo Traquina (2005), um dos critérios de noticiabilidade de construção é a dramatização, que é a mesma coisa de sensacionalismo. Questão 64 A proximidade, um dos valores substantivos, ou seja, relativos ao evento, é compreendido não só em termos geográficos, mas também em termos culturais. Questão 65 Os media noticiosos, nas chamadas teorias da ação política, são vistos como instrumentos a serviço de interesses políticos, sendo que, segundo alguns autores, eles servem para ajudar a manter o sistema capitalista e, de acordo com outros, servem para questionar o capitalismo. Questão 66 A teoria do Gatekeeper afirma que o processo de seleção do que é notícia sofre interferência da estrutura organizacional, pois o jornalista responsável pela seleção integra a redação com função, cargo e responsabilidades. Questão 67 Dentro das teorias interacionistas, pode-se afirmar que se enquadra a autora Gaye Tuchman, pois ela analisou a “teia da facticidade”, a questão do dead line e as estratégias para lidar com esse prazo, além dos “rituais estratégicos” para lidar com o paradigma da objetividade. Questão 68 A teoria da agenda-setting (agendamento) diz que o produto jornalístico — seja jornal, revista ou site noticioso — deve ter a função de publicizar a agenda do mundo, dos diversos campos sociais, para que o público se oriente quanto a seu agir no mundo. Questão 69 Robert Entam, um dos principais estudiosos da teoria do fraiming (enquadramento), sugere que se identifique o enquadramento através de palavras-chave, metáforas, conceitos, símbolos e imagens enfatizadas na matéria jornalística. Questão 70 Como um dos limites da teoria do agendamento, Mauro Wolf (2001) discute dois aspectos: as peculiaridades de cada meio de comunicação e os parâmetros de identificação dos gêneros jornalísticos. UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Teorias do Jornalismo – 12 PROVA DE REDAÇÃO INSTRUÇÕES: • Escreva sua Redação com caneta de tinta AZUL ou PRETA, de forma clara e legível. • Caso utilize letra de imprensa, destaque as iniciais maiúsculas. • O rascunho deve ser feito no local apropriado do Caderno de Questões. • Na Folha de Resposta, utilize apenas o espaço a ela destinado. • Será atribuída a pontuação ZERO à Redação que — — — — — — se afastar do tema proposto; for apresentada em forma de verso; for assinada fora do local apropriado; apresentar qualquer sinal que, de alguma forma, possibilite a identificação do candidato; for escrita a lápis, em parte ou na sua totalidade; apresentar texto incompreensível ou letra ilegível. Os textos a seguir devem servir como ponto de partida para a sua Redação. I. — Quanto ainda há de Jorge Amado na Bahia de hoje? Resposta: — Muito e pouco. A literatura amadiana é movida por um pensar e reinventar a Bahia. Mestiçagem, sincretismo, é a Bahia de suas páginas. E é uma Bahia real. Jorge Amado não traduz uma Bahia que não existe. Mas existem várias Bahias. E Jorge começou a escrever na primeira metade do século passado. Havia uma necessidade e até uma urgência de mapear e entender o que se via. No entanto, nenhuma cultura é estática. O que se vê também muda. Não existe uma identidade única, nem definitiva, pois se trata de um processo dinâmico. [...] LEITE, Gildeci. “Não existe uma Bahia, mas várias Bahias.” MUITO. Revista Semanal do Grupo A Tarde. Salvador, n. 204, p. 8. 26 fev. 2012. Entrevista dada a Eron Rezende, Grupo A Tarde. II. O tema da identidade cultural é muito mal resolvido no campo da Antropologia e no campo da Sociologia. A gente tem, às vezes, até uma certa rejeição à maneira como a questão da identidade é colocada. Na Antropologia, nós falamos de identidade de uma maneira sempre relacional, opositiva, chamando atenção para contrastes, chamando atenção para um jogo constante de oposições que ligam grupos entre si, e negamos muito a ideia de que haja uma substância de um grupo social que o caracteriza de uma vez por todas. Não acreditamos, por exemplo, numa coisa como baianidade, como uma essência, como uma coisa já dada: numa coisa como brasilidade, que escape ao jogo das oposições que nós UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Redação – 13 fazemos entre nossas características e características outras. Eu não gosto muito de abordar a temática da identidade cultural, porque, em nome da identidade cultural, se fala muita bobagem. [...] SERRA,Ordep. Identidade e reflexão crítica. In: Carnaval e identidade cultural na Bahia, hoje. Seminários de Carnaval (2.: 1998: Salvador, Ba.) Seminários de Verão II. Folia universitária/Pró-Reitoria de Extensão da UFBA. Salvador, 1999. PROPOSTA: A partir das ideias contidas nos fragmentos apresentados, produza um texto argumentativo-dissertativo, analisando criticamente a ideia de que “Não existe uma Bahia, mas várias Bahias.” OBSERVAÇÕES: — Discuta a questão da baianidade vinculada à problemática da cultura nacional e à existência, ou não, de uma singularidade. — Embase seus argumentos em conhecimentos e reflexões sobre a Bahia de ontem e a de hoje. UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Redação – 14 RASCUNHO UFBA – 2012 – Vagas Residuais – Redação – 15 REFERÊNCIAS Questões 01 e 02 HOHLFELDT, A.; MARTINO, L. C.; FRANÇA, V. V. (Orgs.). Teorias da comunicação. Rio de Janeiro: Vozes, 2008. Questões de 13 a 15 DEFLEUR, M.; BALL-ROKEACH, S. Teoria da comunicação de massa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993. Questões de 22 a 24 SANTAELLA, L. Cultura das mídias. São Paulo: Experimento, 1996. Questões de 33 a 35 McQUAIL, D. Teoria da comunicação de massa. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003. Questões 36 e 37 PARK. R. A notícia como forma de conhecimentos: um capítulo dentro da sociologia do conhecimento. In: BERGER,C; MAROCCO, B (Orgs.). A era glacial do jornalismo: teorias sociais da imprensa. Porto Alegre: Sulina, 2008. v. 2. Questões 38 e 39 GOMES, W. Transformação da política na era da comunicação de massa. São Paulo: Paulus, 2004. Questões de 43 a 47 GROTH, O. O poder cultural desconhecido: fundamentos da ciência dos jornais. Petrópolis: Vozes, 2011. UFBA – 2012 – Vagas Residuais – 16
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