Dowload PDF
Transcrição
Dowload PDF
v. 2 n. 5 AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal 1 Histoacryl® A revolution in mesh fixation Uma nova indicação para um produto clássico. Closure Technologies Abdominal Wall Health AE1857C-1013 B. Braun Brasil | www.bbraun.com.br | Aesculap - a B. Braun company. 2 AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal v. 2 n. 5 Histoacryl - Registro ANVISA n 80136990724 | Monomax - Registro ANVISA n 80136990693 | Optilene Mesh / Premilene Mesh - Registro ANVISA n0 80136990435 ® 0 ® 0 ® ® Volume 2 Número 5 Abril 2014 / Julho 2014 Realização: EDITOR–CHEFE • Editor-in-Chief SÉRGIO ROLL (SP – Brazil) EDITORES ASSOCIADOS • Associated Editors JAMES SKINOVSKY (PR – Brazil) JULIO CESAR BEITLER (RJ – Brazil) RIGOBERTO ÁLVAREZ (Mexico) Lapsurg International Institute of Endoscopic Surgery Av. Rep. Argentina, 665, Sl. 1202 Água Verde - Curitiba - PR - CEP 80.240-210 (55) (41) 3242-9257 www.lapsurg.com.br [email protected] Versão: Eletrônica Periodicidade: Quadrimestral ISSN 2317-5982 Apoio: v. 2 n. 5 CONSELHO EDITORIAL • Editorial Board ALEXANDER MORREL (SP) ARTUR SEABRA (RS) CRISTHIANO KLAUS (PR) EDUARDO TANAKA (SP) EDVALDO FAHEL (BA) FLÁVIO MALCHER (RJ) GUSTAVO CARVALHO (PE) LEANDRO TOTTI CAVAZOLLA (RS) MARCELO FURTADO (SP) MARCUS VINICIUS DANTAS DE CAMPOS MARTINS (RJ) MAURICIO CHIBATA (PR) MIGUEL NÁCUL (RS) PLÍNIO CARLOS BAÚ (RS) RENATO MIRANDA DE MELO (GO) RICARDO Z. ABDALLA (SP) CONSELHO EDITORIAL INTERNACIONAL • International Editorial Board ADRIANA HERNANDEZ (Mexico) ALFREDO CARBONELL II (USA) ALFREDO MORENO EGEA (Spain) ANDREW DE BOAUX (United Kingdom) ARTHUR GILBERT (USA) B. TODD HENIFORD (USA) BRENT D. MATTHEWS (USA) DAVIDE LOMANTO (Singapore) EDUARDO PARRA-DAVILLA (USA) GIOVANI DAPRI (Belgium) JAN KUKLETA (Switzerland) JOHANNES JEEKE (Netherlands) JUAN CARLOS MAYAGOITIA GONZÁLES (Mexico) MARC MISEREZ (Belgium) MARIANO PALERMO (Argentina) MARIO MORINO (Italy) PARVIZ K. AMID (USA) SALVADOR MORALES-CONDE (Spain) AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal 3 AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal Copyright© 2014 by LapSurg Todos os direitos reservados a LapSurg International Institute of Endoscopic Surgery Produção: Primax Edições Projeto Gráfico: Marco Antonio Levandovski Editoração Eletrônica: Erik Ferreira Bibliotecária Responsável: Joelma Marques – CRB 9/1290 DadosInternacionais Internacionais de de Catalogação Catalogação na Dados naPublicação Publicação(CIP) (CIP) AWJR –– Abdominal Wall Repair Journal [recurso eletrônico] / AWRJ LapSurg International International Institute Institute of of Endoscopic Endoscopic Surgery. Surgery. –– Ano 1, 2, n.1 n.5 LapSurg (abr. 2014/jul. Curitiba : Lap Surg International Institute (dez. 2012/mar.2014)2013)- .―.― Curitiba : LapSurg International of Endoscopic Surgery,Surgery, 2014- 2013. Institute of Endoscopic . Quadrimestral. Quadrimestral. Modo Modo de de acesso: acesso: <http://www.lapsurg.com.br/front/awrj/index> <http://www.lapsurg.com.br/front/awrj/index> ISSN 2317-5982 1. Hérnia – Periódicos. 2. Hérnia – Cirurgia. 3. Hérnia – Tratamento. I. Título. 1. Hérnia – Periódicos. 2. Hérnia – Cirurgia. 3. Hérnia – Tratamento. I. Título. CDD 617.557 CDU 616.34-007.43 CDD 617.557 CDU 616.34-007.43 4 AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal v. 2 n. 5 SUMÁRIO • Summary Conselho Editorial ........................................................................................................... 01 Editorial ............................................................................................................................. 07 Artigos Originais - Original Articles • Hernioplastia Inguinal por Minilaparoscopia: Estado da Arte................................. 10 Inguinal Hernioplasty by Needlescopy: State of Art Gustavo Lopes de Carvalho, Flavio Augusto Martins Fernandes Junior, Frederico Wagner da Silva, Diego Laurentino Lima, Juscielle de Souza Barros, Yukie Correia Konishi • Incidência de Dor Inguinal Crônica Pós-Hernioplastia1............................................ 15 Chronic postoperative pain after open inguinal hernia repair Werther Souza Sales, FláviaAlves Amorim, Félix André Sanches Penhavel, Wagner Costa Braga, Handel Meireles Borges Filho, Renato Miranda de Melo Artigo de Revisão - Review Article • História das Hérnias da Região Ínguino-Crural: a Evolução do Tratamento Cirúrgico, do Mito à Laparoscopia............................................................. 22 History of Inguinal Hernia: the Evolution of Surgical Treatment, From Myth to Laparoscopy Miguel Prestes Nácul, André Vicente Bigolin, José Gustavo Olijnyk, Leandro Totti Cavazzola Entrevista com o Expert - Interview With The Expert • Davide Lomanto.............................................................................................................. 31 Resumos dos Trabalhos Apresentados no III Congresso Brasileiro de Hérnia e II Congresso Latino-Americano de Hérnia - Abstracts Presented at the III Brazilian Congress of Hernia and II Latin American Congress of Hernia • Características da fibroplasia e da expressão de colágeno em parede abdominal de ratos após o implante de tela de polipropileno e de tela de polipropileno com poliglecaprone.............................................................................. 33 • Reconstrução da parede abdominal em pacientes com fístulas entero-cutâneas associadas à infecção crônica de tela e à hérnias ventrais................ 34 • Avaliação da eficácia de um dispositivo trocarte balão dissector reutilizável para dissecção do espaço pré-peritoneal em cirurgia vídeo-endoscópica estudo experimental em suínos........................................................................................ 35 • Tratamento videolaparoscópico de hérnia de spiegel bilateral encarcerada............ 36 • Análise comparativa da inflamação tecidual desencadeada pelo implante de três tipos de tela na parede abdominal de ratos wistar no pós-operatório precoce e tardio.................................................................................................................... 37 • Análise das cirurgias de correção de hérnias de parede abdominal em pacientes v. 2 n. 5 AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal 5 do serviço de cirurgia geral do Hospital Beneficência Portuguesa de Porto Alegre................................................................................................................... 38 • Análise das cirurgias de correção de hérnias inguinais em pacientes do serviço de cirurgia geral do Hospital Beneficência Portuguesa................................... 39 • Herniorrafia incisional utilizando a separação de componentes com tela.............. 40 • Recidiva precoce de hernioplastia inguinal laparoscópica (TAPP): nova reabordagem pelo mesmo acesso........................................................................... 41 • Restitución intestinal y plastía dinámica abdominal, un tiempo quirúrgico.......... 42 • Técnica de Carbonell-Bonafé, una opción de plastía dinámica en hernia compleja.................................................................................................................. 43 • Plastía dinámica con plicatura de saco peritoneal...................................................... 44 • Relato de caso: hernia perineal congenita.................................................................... 45 • Plastía dinámica de la pared abdominal, una serie de opciones en la bandeja....... 46 • Comparação da reação inflamatória e do ganho de resistência da parede abdominal com o uso das telas de polipropileno e de polipropileno/poliglecaprone no reparo de falhas abdominais em ratos................... 47 • Análise das cirurgias de correção de hérnias recidivadas e incisionais em pacientes do serviço de cirurgia geral do Hospital Beneficência Portuguesa de Porto Alegre................................................................................................................... 48 • Análise das cirurgias de correção de hérnias umbilicais em pacientes do serviço de cirurgia geral do Hospital Beneficência Portuguesa de Porto Alegre....... 49 • Abdome agudo obstrutivo em pós operatório de hernioplastia inguinal laparoscópica....................................................................................................................... 50 • Hernioplastia inguinal bilateral e correção de diástase de reto abdominal por laparoscopia................................................................................................................. 51 • Reparo de hérnia inguinal por robótica....................................................................... 52 • Hérnia inguinal encarcerada.......................................................................................... 53 • Avaliação da deposição de colágeno após a implantação de três tipos de telas em ratos wistar precoce e tardiamente................................................................... 54 • Hérnia incisional laparoscópica com fechamento transfacial e tela intraperitoneal........................................................................................................................... 55 • Correção cirúrgica de hérnia paracolostômica utilizando separação de componentes: um relato de caso...................................................................................... 56 • Laparoscopic hernia repair with tap block without curare in day case.................... 57 Anexo High Tech Surgery - Appendix High Tech Surgery • Cholecystectomy by LESS and conventional laparoscopic approach – comparative results after two years follow-up ............................................. 59 Colecistectomia por LESS e por abordagem convencional laparoscópica: resultados comparativos após 2 anos de seguimento James Skinovsky, Marcus Vinicius Dantas de Campos Martins, Mauricio Chibata, Rogério Cavalieri, Fernanda Tsumanuma, Francisco Almeida 6 AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal v. 2 n. 5 EDITORIAL Cirurgiões são inquietos, e quando desafiados respondem com criatividade e aplicação. Apresentar este quinto volume equivale a advogar – que significa falar junto – sobre o fascinante estudo da patologia herniária e seu adequado tratamento. O desafio proposto ao cirurgião quando se sente na premência de indicar a melhor técnica para a cirurgia da hérnia só é superado pelo ato de ensinar. A necessidade do profundo conhecimento da anatomia e a compreensão da dinâmica fisiologia da parede abdominal tecem o belo painel que faz brilhar o olhar do aluno ao descobrir o encanto da exata indicação da técnica a ser escolhida. O potencial didático multiplica-se na mesma proporção do grande número de boas técnicas de hernioplastias descritas na literatura médica contemporânea. Nossos modernos Coopers, Testuts, McVays e Bassinis dedicam-se ao estudo detalhado de novas técnicas e táticas, todas elas direcionadas a vencer a recidiva,o grande desafio que torna tão especial o ensino da cirurgia da hérnia. É papel do professor mostrar ao aluno a evolução dos conceitos e sua aplicação para o desenvolvimento das novas técnicas, tornando o ensino da hernioplastia uma aventura com início e meio, e com um fim comum: criar um espírito crítico baseado em dados históricos e contemporâneos que permitam minimizar o sofrimento que significa a reoperação. As múltiplas possibilidades de escolha da melhor tática nos remetem a Giambattista Vico (1668-1744): “O que fez tudo isso foi, na verdade a mente, pois que fizeram-no os homens com inteligência. Não é questão de destino, porque o fizeram com livre escolha. Nem foi acaso, pois que, com perpetuidade e sempre assim fazendo, chegaram às mesmas coisas”. Plinio Carlos Baú MD, PhD Professor Titular de Cirurgia da Faculdade de Medicina da PUCRS v. 2 n. 5 AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal 7 EDITORIAL Surgeons are restless, and when challenged they respond with creativity and application. To present this fifth volume is similar to advocate - it means talking together - about the fascinating study of Hernia pathology and its proper treatment. The proposed challenge when the surgeon feels the urge to indicate the best technique for hernia’ surgery is exceeded only by the act of teaching. The need for deep knowledge of anatomy and physiology to understanding of the abdominal wall dynamics weave the beautiful panel that shines the glance of the students when they discover the exact indication of the technique to be chosen. The didactic potential multiplies in proportion to the large amount of good hernioplasty techniques described in contemporary literature. Our modern Coopers, Testuts, McVays and Bassinis are dedicate to the detailed study of new techniques and tactics, all of them aimed at overcoming recurrence, the great challenge that makes so special teaching hérnia surgery. Teacher’s role is to show for the student the evolution of concepts and their application to the development of new techniques, making the teaching of hernia repair an adventure with begining and a middle path, and with a common purpose: to create a critical spirit based on historical and contemporaries data, who minimizing the suffering that means reoperation. The multiple choice about the best tactics remind us Giambattista Vico (1668-1744): “What did all this was actually the mind, because men with intelligence had made it. It is not a matter of fate, because they did with free will. It was not made by chance either, because, in perpetuity, and always doing so, they have got to the same things”. Plinio Carlos Baú MD, PhD Head of Surgery Department, Catholic University, Porto Alegre, Brazil 8 AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal v. 2 n. 5 ARTIGOS ORIGINAIS ORIGINAL ARTICLES v. 2 n. 5 AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal 9 HERNIOPLASTIA INGUINAL POR MINILAPAROSCOPIA: ESTADO DA ARTE Gustavo Lopes de Carvalho, MD, PHD, FACS1 Flavio Augusto Martins Fernandes Junior, MD Frederico Wagner da Silva, MD Diego Laurentino Lima, MD1 Juscielle de Souza Barros Yukie Correia Konishi Oswaldo Cruz University Hospital and UNIPECLIN, Faculty of Medical Sciences, University of Pernambuco – Recife, Brazil 1 AUTOR CORRESPONDENTE: Gustavo Carvalho, MD, PhD. Av. Boa Viagem 5526B, Ap1902. CEP: 51030-000. Recife – PE, Brasil. Tel: +55 81 9971-9698 / Fax: +55 81 3325-3318. E-mail:[email protected] Figura 1 – Instrumental utilizado em Minilaparoscopia. As pinças de Minilaparoscopia apresentaram uma evolução quando comparadas às pinças de laparoscopia convencional devido à diminuição de seu diâmetro para 2 e 3 milímetros INTRODUÇÃO O aprimoramento das técnicas cirúrgicas tem levado o cirurgião a procurar vias de acesso cada vez menos invasivas, que provoquem menor trauma e, por conseguinte, causem menos dor ao paciente, levando a uma recuperação mais rápida, bem menos incômoda e que, se possível, não deixe marcas visíveis de sua execução. Com isso surgiu a minilaparoscopia, podendo ser empregada na colecistectomia, na apendicectomia, nas ressecções de cistos hepáticos e mesentéricos, nas herniorrafias inguinais e na doença do refluxo, entre outros. Esta abordagem também pode ser utilizada na ginecologia e na toracoscopia (para simpatectomia, por exemplo), sem esquecer do emprego entusiástico da minilaparoscopia na cirurgia pediátrica. O estabelecimento da colecistectomia laparoscópica como cirurgia de excelência para a abordagem das doenças benignas da vesícula biliar com indicação cirúrgica, no início dos anos 90, deu entusiasmo para o desenvolvimento de novas técnicas que trouxessem ainda mais benefícios para os pacientes. A ideia da miniaturização dos instrumentos usuais de 5 e 10mm para 2 e 3mm seria a etapa seguinte da laparoscopia como evolução da cirurgia, em busca da mínima invasividade1-5 (Figura 1). Os pioneiros da minilaparoscopia com uso de instrumentos de 2 e 3mm, já no final da década de 90, ressaltavam suas vantagens, como o menor dano ao paciente, menor dor, recuperação mais rápida, menor tempo de hospitalização, volta precoce às atividades diárias e melhor efeito cosmético. 10 Do ponto de vista financeiro, a miniaturização das pinças seria uma evolução de baixo custo, uma vez que o cirurgião estaria empregando os mesmos princípios da laparoscopia com instrumentos menores, a um custo menor se compararmos com outras novas tecnologias. A miniaturização dos instrumentos fez surgir dúvidas quanto a sua fragilidade, durabilidade, força de apreensão, custo mais alto e, o grau de dificuldade do seu emprego nas cirurgias, se fizermos paralelo com a videolaparoscopia tradicional, necessitando em alguns casos treinamento especial para o uso adequado do equipamento. As publicações pioneiras6 (Michel Gagneret cols. e Peter Goh et cols.), ainda com poucos casos, remon- AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal v. 2 n. 5 Hernioplastia Inguinal por Minilaparoscopia: Estado da Arte Abril 2014 / Julho 2014 tam ao final da década de 90. No início do novo século surgiram os primeiros estudos randomizados, comparando minilaparoscopia e laparoscopia tradicional. No momento já existe evidência científica de grande impacto para justificar a utilização desta abordagem, incluindo-se revisão sistemática sobre os resultados desta abordagem (McCloy7, 2008). No Brasil, esta técnica possui importantes defensores (Costa e Silva et cols14. e Carvalho et Cols3,4,15,16), com publicações significativas e relevantes sobre este tema em periódicos indexados. Justificativa da minilaparoscopia Os resultados encontrados na laparoscopia convencional fizeram deduzir que a redução na invasividade dos procedimentos cirúrgicos poderia beneficiar os pacientes, na medida em que há menor lesão tecidual e, por conseguinte, menor resposta metabólica ao trauma. Vários estudos tentam analisar as alterações imunológicas e metabólicas da cirurgia laparoscópica. Podemos citar que, como consequência ao menor trauma se encontraria, como relatado por Novitsky et cols8 (2004), menor quantidade de citocinas inflamatórias, menor dor, menores alterações no catabolismo e menor risco de infecção. Recentemente Blinman2 (2010) publicou um modelo matemático para justificar que o somatório de várias pequenas incisões não é equivalente a uma única incisão linear quando se compara a tensão da incisão, o que equivale a dizer que existe, pelo menos teoricamente, uma vantagem em se utilizar o menor trocarte efeti- vo. Também reforçamos a ideia em carta ao mesmo periódico, através de um modelo matemático simples que demonstra a área de trauma de um cilindro com os diferentes calibres (Figura 2), ressaltando que a lesão provocada por um trocarte de 10mm não é duas vezes maior que um de 5mm, nem cinco vezes maior que um de 2mm, pois a lesão ou destruição tissular não é só linear, equivalente apenas ao diâmetro do trocarte, e sim ao volume de um cilindro, ou seja, é diretamente proporcional ao quadrado do raio do trocarte para paredes de mesma espessura. Desta forma, a utilização da minilaparoscopia reduziria em proporções maiores o dano parietal e seria utilizado na tentativa de diminuir ainda mais o estresse cirúrgico (Figura 3). Figura 3 – As pinças de 2 e 3mm causam um dano menor à parede abdominal e cicatrizes quase imperceptíveis Figura 2 – Modelo matemático que demonstra a área de trauma de um cilindro com os diferentes calibres Além disso, uma vez que há um grande apelo da sociedade atual por cicatrizes menores, a procura dos pacientes por este benefício é suprida, sendo um atrativo considerável os resultados estéticos desta técnica. Hérnia inguinal minilaparoscópica Os primeiros casos de hernioplastia inguinal por minilaparoscopia foram publicados no final da década passada por Vara-Thorbeck et cols., Gagner et cols, Ferzli et cols9,10,11. A técnica empregada por eles foi a técnica extraperitoneal total (TEPP). A realização da TEPP por laparoscopia convencional v. 2 n. 5 AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal 11 Artigo Original Carvalho et al. tem um empecilho: o custo operatório é maior que o da hernioplastia pela técnica aberta. Entretanto, a sua modificação com a não utilização do dispositivo em balão para criar espaço real entre o peritônio e a parede do abdome e nem clipador para fixar a tela na região inguinal, imprescindíveis na técnica videocirúrgica convencional, motivou-nos ao emprego mais rotineiro da hernioplastia inguinal por videolaparoscopia, com a possibilidade natural de evolução para minilaparoscopia12. Após um período inicial de adaptação com a TEPP modificada com pinças convencionais, selecionamos alguns casos para minilaparoscopia. do mesmo lado a ser operado (Figura 5). As estruturas que não foram seccionadas por dissecção romba são seccionadas com bisturi elétrico. Após a dissecção e identificação das estruturas da região inguinal, realiza-se a redução do saco herniário (Figura 5). Parte-se então para individualização do funículo espermático, seguindo para acomodação da tela de polipropileno (Figura 6). Procede-se em seguida a retirada dos trocartes e desinsuflação do gás, para aproximação peritoneal à parede abdominal, sem fixação à tela. Figura 5 – Disposição dos portais na Hernioplastia Inguinal Minilaparoscópica Descrição da técnica É utilizada agulha de Veress em região suprapúbica para insuflar gás no espaço entre o peritônio e a parede abdominal. Com a abertura em cicatriz umbilical até o espaço pré-peritoneal, introduz-se o trocarte de 10mm e faz-se movimentos de dissecção romba com a óptica, com o intuito de separar a parede abdominal do peritônio, criando-se o espaço pré-peritoneal real (Figura 4). Assim que se consegue espaço, punciona-se o espaço pré-peritoneal no local da agulha de Veress, por visão direta, com trocarte de 3mm e de 2mm mais lateral e cefálico em relação à cicatriz umbilical, em fossa ilíaca Figura 4 – Faz-se movimentos de dissecção romba com a óptica, com o intuito de separar a parede abdominal do peritônio, criando-se o espaço préperitoneal real Legenda: Anest: anestesista, Cam: câmera, Cir: cirurgião, Inst: Instrumentos Figura 6 – Observa-se a individualização do funículo espermático e a acomodação da tela de polipropileno 12 AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal v. 2 n. 5 Hernioplastia Inguinal por Minilaparoscopia: Estado da Arte Abril 2014 / Julho 2014 RESULTADOS Santoro et cols13 relatam bons resultados na sua série inicial, com uso de cola para fixação da tela e poucas complicações, demonstrando ser um método factível. Da mesma forma, as publicações internacionais mostram segurança quando utilizadas por laparoscopistas treinados e a recuperação semelhante no pós-operatório com a técnica convencional17. A figura 7 demonstra o resultado estético no pós-operatório imediato. Figura 7 – Aspecto estético em pós-operatório imediato de Hernioplastia Inguinal Minilaparoscópica CONCLUSÕES A minilaparoscopia pode ser empregada com segurança em boa parte das cirurgias em que a laparoscopia atua, proporcionando menos lesão, menos dor, recuperação mais rápida e melhores efeitos cosméticos. Juntamente com a Cirurgia por Portal Único e a Cirurgia por Orifícios Naturais, a Minilaparoscopia tem gerado entusiasmo e expectativa pela menor invasibilidade. Isto sempre leva a questionamentos de qual será a técnica cirúrgica que trará os melhores resultados com os menores riscos, realizada de forma segura e com custos justificáveis aos seus benefícios. Advogamos que a Minilaparoscopia, assim como as outras novas técnicas, não desempenhará este papel sozinho. O futuro da cirurgia minimamente invasiva será a combinação das três abordagens, pois assim esv. 2 n. 5 taremos combinando as vantagens e minimizando as desvantagens de cada uma, potencializando resultados em busca dos objetivos da mínima invasibilidade. REFERÊNCIAS 1. Ahn SI, Lee KY, Kim SJ, Cho EH, Choi SK, Hur YS, Cho YU, Hong KC, Shin SH, Kim KR, Woo ZH, Jeong S. Surgical clips found at the hepatic duct after laparoscopic cholecystectomy: a possible case of clip migration. Surg Laparosc Endosc Percutan Tech. 2005 Sep;15(5):279-82. 2. Blinman, T. Incisions do not simply sum. Surg Endosc. 2010 Jul;24(7):1746-51. 3. Gustavo L. Carvalho, Frederico W. Silva, Carlos Henrique Cavalcanti, Pedro Paulo C. de Albuquerque, Daniel G. Araújo, Thiago G. Vilaça, Cláudio M. Lacerda. Colecistectomia minilaparoscópica sem utilização de endoclipes: técnica e resultados em 719 casos. Rev Bras Videocir2007;5(1):5-11. 4. Carvalho GL, Silva FW, Silva JS, de Albuquerque PP, Coelho R de M, Vilaça TG, Lacerda CM. Needlescopic clipless cholecystectomy as an efficient, safe, and cost-effective alternative with diminutive scars: the first 1000 cases. Surg Laparosc Endosc Percutan Tech. 2009 Oct;19(5):368-72. 5. Cavazzola LT. Laparoendoscopic single site surgery (LESS): is it a bridge to natural orifice translumenal endoscopic surgery (NOTES) or the final evolution of minimally invasive surgery? Braz J Videoendosc Surg 2008;1(3):93-94. 6. Hosono S, Osaka H. Minilaparoscopic versus conventional laparoscopic cholecystectomy: a meta-analysis of randomized controlled trials. J Laparoendosc Adv Surg Tech A. 2007 Apr;17(2):1919. 7. Mccloy R, Randall D, Schug Sa, Kehlet H, Simanski C, Bonnet F, Camu F, Fischer B, Joshi G, Rawal N. Is smaller necessarily better? A systematic review comparing the effects of minilaparoscopic and conventional laparoscopic cholecystectomy on patient outcomes. Surg Endosc. 2008 Dec;22(12):2541-53. 8. Novitsky YW, Kercher KW, Czerniach DR, Kaban GK, Khera S, Gallagher-Dorval KA, Callery MP, Litwin DE, Kelly JJ. Advantages of mini-aparoscopic vs conventional laparoscopic cholecystectomy: results of a prospective randomized trial. Arch Surg. 2005 Dec;140(12):1178-83. 9. Franklin Jr. ME, Jaramillo EJ, Glass JL, Trevino JM, Berghoff KF. Needlescopic Cholecystectomy: lessons learned in 10 years of experience. JSLS 2006;10:3-46. 10. Lee PC, Lai IR, Yu SC. Minilaparoscopic (needlescopic) cholecystectomy: a study of 1.011 cases. Surg Endosc. 2004 Oct;18(10):1480-4. 11. Reardon PR, Kamelgard JI, Applebaum B, Rossman L, Brunicardi FC. Feasibility of laparoscopic cholecystectomy with miniaturized instrumentation in 50 consecutive cases. World J Surg. 1999 Feb;23(2):128-31. 12. Sarli L, Costi R, Sansebastiano G. Mini-laparoscopic cholecystectomy vs laparoscopic cholecystectomy. Surg Endosc. 2001 Jun;15(6):614-8. 13. Santoro E, Agresta F, Buscaglia F, Mulieri G, Mazzarolo G, Bedin N, Mulieri M. Preliminary experience using fibrin glue for mesh fixation in 250 patients undergoing minilaparoscopic transabdominal preperitoneal hernia repair. J Laparoendosc Adv Surg Tech A. 2007 Feb;17(1):12-5. AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal 13 Artigo Original Carvalho et al. 14. Costa e Silva IT, Nogueira JCL, Souza PE, Silva CR, Gimenez FS, Loureiro L, Cardoso MMH. Colecistectomia agulhascópica: aspectos técnicos e resultados iniciais. Acta Cir Bras 1999 OctDec;14(4). 15. Carvalho, GL, Cavazzola LT, Rao P. Minilaparoscopic surgerynot just a pretty face! What can be found beyond the esthetics reasons? J Laparoendosc Adv Surg Tech A. 2013 Aug;23(8):710-3. 16. Carvalho GL, Loureiro MP, Bonin EA. Renaissance of minilaparoscopy in the NOTES and single port era. JSLS. 2011 OctDec;15(4):585-8. 17. De Paula Loureiro M, Trauczysnki P, Claus C, Carvalho GL, Bonin E, Cavazzola L. Repair using mini instruments: pushing the 14 boundaries of minimally invasive hernia surgery. J Minim Invasive Surg Sci. 2013: 2(2): 8-12. AUTOR CORRESPONDENTE: Gustavo Carvalho, MD, PhD Av. Boa Viagem 5526B, Ap1902. CEP: 51030-000. Recife – PE, Brasil. Tel: +55 81 9971-9698 / Fax: +55 81 3325-3318. E-mail:[email protected] AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal v. 2 n. 5 INCIDÊNCIA DE DOR INGUINAL CRÔNICA PÓS-HERNIOPLASTIA Chronic postoperative pain after open inguinal hernia repair Trabalho realizado no Serviço de Cirurgia Geral do Hospital das Clínicas da FM-UFG (Goiânia, GO) 1 Werther Souza Sales1, FláviaAlves Amorim2, Félix André Sanches Penhavel3, Wagner Costa Braga4, Handel Meireles Borges Filho5, Renato Miranda de Melo6 Cirurgião Vascular, ex-residente no Serviço de Cirurgia Geral do HC-UFG, EnfermeiraPós-graduada pela PUCGO em AdministraçãoHospitalar e Marketing na Saúde (MBA), 3 Prof. Assistente do Dep. Cirurgia da FM-UFG e Chefe do Serviço de Cirurgia Geral do HC-UFG 4 Cirurgião Geral do HC-UFG, 5 Médico graduado pela UFG, 6 Prof. Adjunto do Dep. Cirurgia da FM-UFG e da PUCGO 1 2 RESUMO A hernioplastia inguinal é a operação mais executada pelos cirurgiões gerais. Seu desenvolvimento é progressivo, com a introdução de técnicas menos invasivas, como a via videolaparoscópica, aprimoramento da técnica aberta e aperfeiçoamento de próteses, para o reparo livre de tensão. Um dos tópicos mais estudados neste contexto é a incidência de recidiva e de dor inguinal crônica ou inguinodinia, que é a persistência de dor pós-operatória além de três meses. O uso de próteses é crescente e tem sido relacionado ao maior índice de inguinodinia. O presente estudo verificou a incidência de dor inguinal crônica pós-hernioplastia em 122 pacientes, operados por via anterior (convencional), entre 2007 e 2009, no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás. Foram analisados dados demográficos, como idade e gênero, e dados técnicos, como técnicas utilizadas, uso de prótese e uni ou bilateralidade. Um questionário foi aplicado por via telefônica aos pacientes que concordaram em participar. Na casuística, 88,52% dos pacientes eram do gênero masculino e 11,48% do feminino. Dos 122 pacientes, 106 foram submetidos à correção unilateral e 16, bilateral. Constatou-se uso ou não de prótese em quantidades equilibradas. No total, 6 pacientes evoluíram com dor inguinal crônica, com predomínio no grupo com uso de prótese (5 pacientes). v. 2 n. 5 Palavras-chave: Dor; Dor pós-operatória; Hérnia inguinal - Cirurgia; Complicações pós-operatórias; Telas cirúrgicas - Efeitos adversos. ABSTRACT Inguinal hernia repair is the most common procedure in general surgery. Its development has been progressive, with introducing of less invasive techniques, such as videolaparoscopic surgery, improvement of open techniques and improvement of prosthetic materials, for tension-free surgery. One of the most studied subjects in this context is the incidence of chronic pain or inguinodynia, when there is persistence of pain three months after the repair. Use of mesh is higher every day and this has been related to higher incidence of inguinodynia. This paper has noticed the incidence of chronic inguinal pain after hernia repair in 122 patients, operated with open surgery between 2007 and 2009 years in Hospital das Clínicas from Universidade Federal de Goiás. Epidemiologic data, technique, use of prosthetic materials, and uni or bilateral surgery were studied. A questionarywas applied by phone to those patients who agreed to participate. In casuistic, 88,52% of patients are male and 11,48% female. A total of 106 patients had unilateral hernia operated and 16, bilateral ones. Use or not of prosthesis was balanced between AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal 15 Artigo Original Melo et al. groups. In total, 6 patients developed chronic pain, with mild preponderance in prosthetic group, but with no statistic significance. Keywords: Pain; Painpostoperative; Hernia inguinal - Surgery; Postoperativecomplications; Surgicalmesh Adverse effects. INTRODUÇÃO O reparo da hérnia inguinal é a operação mais realizada em Cirurgia Geral1. Ela tem evoluído de modo relevante nas últimas décadas, com grande impulso após a introdução das próteses de polipropileno, a partir da década de 19602, e com a estratégia de cirurgia videolaparoscópica, mais recentemente3. Muitas são as opções utilizadas para a correção cirúrgica da hérnia inguinal, envolvendo tanto o reparo puramente tecidual como o emprego de próteses. A hernioplastia pode ser realizada por via anterior (convencional) ou por via laparoscópica. Em nosso meio, as técnicas mais utilizadas no tratamento da hérnia inguinal por via anterior são a de Bassini, a deMcVay e a deShouldice, quando se utiliza reparo tecidual; ou a de Lichtenstein, a do PHS (“ProleneHernia System”) oua de Stoppa, quando se utiliza prótese4,5. O reparo com utilização de prótese é atualmente o mais utilizado no mundo6. Existe ainda muita controvérsia em relação à escolha da técnica, especialmente no atual contexto, com o uso crescente de material protésico7. Fatores como índice de recidiva, entre as complicações em geral, aliados à experiência do cirurgião, muitas vezes o norteiam no momento da escolha8. Entre as controvérsias, a incidência de dor crônica pós -operatória e a de recidiva são os tópicos mais estudados9. A dor inguinal crônica pós hernioplastia, também denominada inguinodinia, tem sido descrita como síndrome e ganhado destaque entre os cirurgiões do mundo inteiro, constituindo já uma entidade nosológicabem definida10. Em geral, a inguinodinia crônica é definida como a dor na região inguinal operada que persiste por mais de 90 dias após a cirurgia11. A dor pode ser somática, relacionada à lesão em ligamentos, periósteo ou fáscio-muscular, associada aos exercícios físicos; ou neuropática, associada à lesão dos nervos da região inguinal, não sendo relacionada aos exercícios físicos12. A dor neuropática ou neurogênica tem tido sua relevância crescente no estudo da inguinodinia13. O objetivo deste trabalho é verificar a incidência de dor 16 inguinal crônica nos pacientes submetidos à hernioplastia inguinal, no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, entre março de 2007 e novembro de 2009, verificando seu impacto na vida dos pacientes. MÉTODOS A casuística foi constituída de pacientes adultos, sem distinção de gênero, raça ou faixa etária, operados no Hospital das Clínicas – HC da Universidade Federal de Goiás – UFG, independentemente da técnica utilizada ou da condição de urgência, no período compreendido entre março de 2007 e novembro de 2009, que foram contatados por telefone e que concordaram em participar do estudo. Os pacientes com hernioplastia bilateral foram incluídos e analisados separadamente. Foram revistos os prontuários e um questionário sistematizado foi aplicado, via telefone (Anexo), a todos os pacientes operados, por um investigador que não tinha conhecimento da técnica cirúrgica empregada. A primeira pergunta da entrevista envolvia o consentimento informado e, nesta situação, a investigação somente era continuada nos casos em que o paciente concordava em participar da pesquisa. As demais perguntas eram relacionadas à operação, ao pré e ao pós-operatório, envolvendo a avaliação da dor, quando presente, conforme escala numérica, em que a nota 1 (um) correspondia à menor intensidade de dor e a 10 (dez), à maior dor imaginável14. Os resultados foram organizados em tabelas e estudados estatisticamente através do programa SPSS, versão 15.0, para Windows. Foram utilizados os testes de Quiquadado e exato de Fisher, para análise de frequência de variáveis qualitativas, e o teste de McNemar, para análise da mesma variável em dois momentos. Foi realizada a busca de artigos na base de dados do PubMed – NCBI15, por meio de revisão sistemática, utilizando os descritores “chronicpainafter inguinal herniarepair”, com recuperação de 204 artigos em 17/12/2010. Destes, 26 artigos foram analisados por se correlacionarem diretamente ao tema aqui estudado. RESULTADOS Foram incluídos 122 pacientes, que concordaram em participar do estudo, enumerados de 1 a 122 em ordem cronológica, sendo 108 (88,52%) do gênero masculino e 14 (11,48%), do feminino. As idades foram AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal v. 2 n. 5 Incidência de Dor Inguinal Crônica Pós-Hernioplastia Abril 2014 / Julho 2014 estratificadas em três faixas etárias, 20 a 30 anos, 31 a 50 anos e 51 anos ou mais, variando de 21 a 81 anos, com média de 48 anos. Seis pacientes foram operados em caráter de urgência. Cento e seis (86,89%) pacientes foram operados unilateralmente, sendo 63 à direita e 43 à esquerda, e 16 (13,11%) bilateralmente. Oito pacientes possuíam hérnia recidivante, sendo 6 unilaterais e 2 bilaterais, todas do lado direito. A taxa global de inguinodinia foi de 4,92%, sendo de 3,77% no grupo unilateral. Entre os 106 pacientes com hérnia unilateral, 58 foram submetidos à operação com reparo tecidual ou anatômico, sem tela, e em 48 foi implantada prótese de polipropileno, com técnicas e incidência de dor inguinal crônica conforme mostra a Tabela 1. A incidência de inguinodinia foi de 3,77% neste grupo, sendo de 1,72% entre os operados com reparo tecidual (0,94% de 106 pacientes) e de 6,25% no grupo operado com prótese unilateral (2,83% de 162). Tabela 2 – Incidência de dor crônica na hernioplastia bilateral conforme as técnicas Tabela 1 – Incidência de dor crônica na hernioplastia unilateral (distribuição conformetécnicas) PHS: “ProleneHernia System”. (*) “ProleneHernia System” Dos 16 pacientes submetidos à correção bilateral, 4 foram submetidos a hernioplastia com reparo anatômico bilateral e 12 com implante de prótese, com técnicas e incidência de dor inguinal crônica de acordo com a Tabela 2. Nenhum paciente operado com reparo tecidual bilateral desenvolveu dor crônica e 16,67% (12,5% do total de 16) dos pacientes com doença bilateral operados com uso de prótese a desenvolveu. v. 2 n. 5 Dos 122 pacientes, 81 (66,39%) apresentavam dor inguinal previamente à cirurgia, e 82 (67,21%) apresentaram dor aguda no pós-operatório, com duração média de 21,19 dias. No total, 6 (4,92%) dos 122 pacientes evoluíram com dor crônica, dos quais 3 (50%) apresentaram dor independente de esforço físico e 2 (33,33%), dor incapacitante, conforme a Tabela 3. Destes, 2 (33,33%) foram submetidos à correção bilateral, mas a condição de dor crônica se apresentou em apenas um dos lados operados. Nenhum dos pacientes operados em regime de urgência ou que possuíam hérnia recidivante evoluiu com inguinodinia. Conforme a Tabela 4, entre os pacientes operados uni ou bilateralmente, com uso de reparo anatômico ou de prótese, não houve diferença estatisticamente significante em relação à incidência de dor crônica, apesar de a incidência ter sido de 1,72% e 6,25% entre os pacientes operados unilateralmente, com reparo anatômico e prótese, respectivamente, e a incidência entre os operados bilateralmente ter sido nula para reparo tecidual e de 16,67% para o uso de prótese (incidências por grupo conforme a Tabela 3). AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal 17 Melo et al. Artigo Original Não houve também diferença entre os gêneros, para reparo anatômico ou uso de prótese, seja nos pacientes com reparo unilateral (p=0,540) ou bilateral (p=1,000), conforme teste exato de Fisher, nem entre os pacientes que desenvolveram inguinodinia (p=0,141). Pelo teste do Qui-quadrado, também não houve diferença entre as faixas etárias nos pacientes operados bilateralmente (p=0,091), porém houve predomínio da faixa etária de 31-50 anos no grupo unilateral (p=0,033). Entre os 6 pacientes positivos para inguinodinia, 5 (83,33%) encontraram-se na faixa etária de 31-50 anos, com média de 45 anos, porém sem apresentar significância estatística pelo método do Qui-quadrado (p=0,934). Houve diferença pelo teste de McNemar quando se avaliou a presença de dor inguinal previamente à operação e a presença de dor crônica (Tabela 5). Isso demonstra que a grande maioria dos pacientes que apresentavam dor inguinal antes de serem operados, ficou livre de dor após a operação. Tabela 3 – Perfil geral dos pacientes que evoluíram com dor inguinal crônica Nota segundo escala numérica de dor; M: Masculino; F: Feminino; D: Direito; E: Esquerdo; Bil.:Bilateral; Tabela 4 – Incidência de dor inguinal crônica: comparação entre lateralidade x tipo de reparo * Conforme teste exato de Fisher Tabela 5 – Comparação entre incidência de dor inguinal previamente à operação e o desenvolvimento de dor crônica * Conforme teste de McNemar, que compara a mesma variável em dois momentos 18 AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal v. 2 n. 5 Incidência de Dor Inguinal Crônica Pós-Hernioplastia Abril 2014 / Julho 2014 REFERÊNCIAS 1. Pavlidis TE. Current opinion on laparoscopic repair of inguinal hernia. SurgEndosc 2009. SurgEndosc. 2010 Apr;24(4):974-6. 2. Voeller GR. Less is more: improving patient outcomes in inguinal and ventral hernia repair with a focus on technique. Medscape CME. Available at: http://cme.medscape.com/sites/advances/ hernia (Accessed December 23, 2009). 3. Koning GG, Koole D, de Jongh MA, de Schipper JP, Verhofstad MH, Oostvogel HJ, Vriens PW. The transinguinalpreperitoneal hernia correction vs Lichtenstein’s technique: is TIPP top?Hernia. 2011 Feb;15(1):19-22. 4. Baracs J, Huszár O, Gadácsi M, Horváth OP, Wéber G. Longterm results of open tension-free and suture repair of inguinal hernias: retrospective study. MagySeb. 2010 Oct;63(5):297-301. 5. Nienhuijs SW, van Oort I, Keemers-Gels ME, Strobbe LJ, Rosman C. Randomized trial comparing the Prolene Hernia System, mesh plug repair and Lichtenstein method for open inguinal hernia repair. Br J Surg2005;92(1):33-8. 6. Masukawa K, Wilson SE. Is postoperative chronic pain syndrome higher with mesh repair of inguinal hernia? AmSurg. 2010 Oct;76(10):1115-8. 7. Bisgaard T, Bay-Nielsen M, Kehlet H. Groin hernia repair in males: mesh or sutured repair?Hernia 2010 Oct;14(5):467-9. 8. Jaenigen BM, Hopt UT, Obermaier R. [Inguinal hernia: mesh or no mesh in open repair?]. ZentralblChir 2008;133(5):440-5. 9. Holzheimer RG. Low recurrence rate in hernia repair: results in 300 patients with open mesh repair of primary inguinal hernia. Eur J Med Res 200731;12(1):1-5. 10. Quintero, RA. Dor inguinal crônica pós-operatória ou inguinodinia. In: Gonzáles JCM. Hérnias da parede abdominal: diagnóstico e tratamento. 2 ed, Rio de Janeiro: Revinter; 2011; p. 281-7. 11. Perkins FM, Kehlet H. Chronic pain as an outcome of surgery: a review of predictive factors. Anesthesiology 2000;93:1123-33. 12. Deysine M. Inguinal herniorrhaphy: 25-year results of technical improvements leading to reduced morbidity in 4,029 patients. Hernia 2006;10:207-12. 13. Bueno J, Serralta A, Planells M, Rodera D. Inguinodyniaafter two inguinal herniorrhaphy methods. SurgLaparoscEndoscPercutan Tech 2004;4:210-4. 14. Bittner R, Gmähle E, Gmähle B, Schwarz J, Aasvang E, Kehlet H. Lightweight mesh and noninvasive fixation: an effective concept for prevention of chronic pain with laparoscopic hernia repair (TAPP). SurgEndosc 2010;24(12):2958-64. 15. PubMed [base de dados na Internet]. Bethesda (MD): National Library of Medicine (US); [acessoem 2014 Jun 10]. Disponívelem: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed. v. 2 n. 5 16. Aroori S, Spence RA. Chronic pain after hernia surgery: an informed consent issue. Ulster Med J 2007;76:136-40. 17. Abrazhda D, Hübner M, Foletti A, Demartines N, Vuilleumier H.[Pain after inguinal hernia repair: what to do?].Rev Med Suisse 2010 Jun 23;6(254):1288-91. 18. Eklund A, Montgomery A, Bergkvist L, Rudberg C; Chronic pain 5 years after randomized comparison of laparoscopic and Lichtenstein inguinal hernia repair. Br J Surg. 2010 Apr;97(4):600-8. 19.Langeveld HR, van’tRiet M, Weidema WF, Stassen LP, Steyerberg EW, Lange J, Bonjer HJ, Jeekel J. Total extraperitoneal inguinal hernia repair compared with Lichtenstein (the LEVEL-Trial): a randomized controlled trial. Ann Surg. 2010 May;251(5):819-24. 20. Bright E, Reddy VM, Wallace D, Garcea G, Dennison AR. The incidence and success of treatment for severe chronic groin pain after open, transabdominalpreperitoneal, and totallyextraperitoneal hernia repair. World J Surg. 2010;34(4):692-6. 21. Champault G, Bernard C, Rizk N, Polliand C. Inguinal hernia repair: the choice of prosthesis outweighs that of technique. Hernia 2007;11:125-8. 22. Pokorny H, Klingler A, Schmid T et al. Recurrence and complications after laparoscopic versus open inguinal hernia repair: results of a prospective randomized multicenter trial. Hernia 2008;12:385-9. 23. Fränneby U, Sandblom G, Nordin P, Nyrén O, Gunnarsson U. Risk factors for long-term pain after hernia surgery. Ann Surg. 2006 Aug;244(2):212-9. 24. Deysine M. Inguinal herniorrhaphy: 25-year results of technical improvements leading to reduced morbidity in 4,029 patients. Hernia 2006;10:207-12 25. Bueno J, Serralta A, Planells M, Rodera D. Inguinodyniaafter two inguinal herniorrhaphy methods. SurgLaparoscEndoscPercutan Tech 2004;4:210-4. 26. Alfieri S, Rotondi F, Di Miceli D, Di Giorgio A, Ridolfini MP, Fumagalli U, Salzano A, Prete FP, Spadari A; [Chronic pain after inguinal hernia mesh repair: possible role of surgical manipulation of the inguinal nerves. A prospective multicentre study of 973 cases]. Chir Ital. 2006 Jan-Feb;58(1):23-31. 27. Chui LB, Ng WT, Sze YS, Yuen KS, Wong YT, Kong CK. Prospective randomized controlled trial comparing lightweight versus heavyweight mesh in chronic pain incidence after TEP repair of bilateral inguinal hernia. Surg. Endosc. 2010 Nov;24(11):2735-8. 28. Pimenta CAM, Teixeira, MJ. Questionario de Dor McGill: proposta de adaptação para a língua portuguesa. Rev. Bras. Anestesiol. 1997;47(2):177-186. 29. Staal E, Nienhuijs SW, Keemers-Gels ME, Rosman C, Strobbe LJ. The impact of pain on daily activities following open mesh inguinal hernia repair. Hernia. 2008 Apr;12(2):153-7. AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal 19 Incidência de Dor Inguinal Crônica Pós-Hernioplastia Abril 2014 / Julho 2014 ANEXO Questionário: incidência de dor inguinal crônica pós-hernioplastia 1. O Sr(a) concorda em participar da pesquisa científica que avalia os pacientes operados de hérnia inguinal no Hospital das Clínicas? ( ) Sim ( ) Não 2. Antes da cirurgia o(a) Sr(a) sentia dor na virilha? ( ) Sim ( ) Não 5. A dor persiste? ( ) Sim ( ) Não Se a resposta for não, encerrar aqui. Se for sim, continuar no item 6. 6. Qual a nota de 1 a 10 que o(a) Sr(a) atribui à dor, sendo 1 a menor dor e 10 a pior dor imaginável? Nota: _______. 3. Após a cirurgia o(a) Sr(a) sentiu dor? 7. A dor que o(a) Sr(a) sente depende de esforço físico? ( ) Sim ( ) Não ( ) Sim ( ) Não Se a resposta for não, encerrar aqui. Se for sim, continuar no item 4. 8. A dor que o(a) Sr(a) sente o(a) impede de trabalhar? 4. Por quanto tempo (dias)? ( ) Sim ( ) Não 20 AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal v. 2 n. 5 ARTIGO DE REVISÃO REVIEW ARTICLE v. 2 n. 5 AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal 21 HISTÓRIA DAS HÉRNIAS DA REGIÃO ÍNGUINO-CRURAL: A EVOLUÇÃO DO TRATAMENTO CIRÚRGICO, DO MITO À LAPAROSCOPIA History of inguinal hernia: the evolution of surgical treatment, from myth to laparoscopy Miguel Prestes Nácul1, André Vicente Bigolin2, José Gustavo Olijnyk3, Leandro Totti Cavazzola4 Médico especialista em Cirurgia Geral e Cirurgia Digestiva. Aluno do Programa de Pós-Graduação em Ciências Cirúrgicas da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, 2Médico especialista em Cirurgia Geral. Residente de Cirurgia do Aparelho Digestivo Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, 3Médico especialista em Cirurgia Geral. Aluno do Programa de PósGraduação em Ciências Cirúrgicas da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, 4Mestre e Doutor em Medicina. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Cirúrgicas da Faculdade de Medicina da UFRGS, Porto Alegre, RS. Descritores: Hérnia, História da Medicina, Parede Abdominal 1 Endereço: Rua Professor Cristiano Fischer 99/1001 – Bairro Petrópolis, Porto Alegre, RS – CEP 91410-001 RESUMO INTRODUÇÃO Hérnia tem sido um tema de interesse desde os primórdios da história e é uma das doenças mais antigas a receber tratamento cirúrgico. O tratamento das hérnias da região ínguino-crural tem passado por uma dramática evolução nos últimos 25 anos. A incorporação de novas tecnologias, principalmente com o desenvolvimento de diferentes próteses, inaugurou a era atual da cirurgia da hérnia, possibilitando um reparo sem tensão mesmo para grandes ou complexas hérnias. O sucesso da colecistectomia por videolaparoscopia impulsionou a partir da década de 1990, o desenvolvimento das técnicas videoendoscópicas para o tratamento das hérnias da região ínguino-crural. Os autores descrevem os aspectos mais relevantes da evolução do tratamento cirúrgico das hérnias da região ínguino-crural, da antiguidade e seus mitos, ao moderno reparo livre de tensão e a era videoendoscópica. A palavra “hérnia” é derivada do grego (hernios) que significa broto ou rebento1. As hérnias da região ínguino-crural representam 75% de todas as hérnias da parede abdominal, sendo um dos males mais comuns dos adultos2. O risco de um homem desenvolver este tipo de hérnia durante a sua vida é de 27%, o qual é nove vezes maior do que em mulheres3. O tratamento das hérnias da região ínguino-crural tem sido uma área de controvérsia na prática cirúrgica desde o momento em que foi concebido4. Embora o procedimento seja considerado seguro e relativamente simples, com resultados satisfatórios, os pacientes podem experimentar uma recuperação pós-operatória prolongada, com atraso no retorno às atividades laborais e recorrência. Assim, as hérnias da região ínguino-crural não só afetam o paciente individualmente, mas também têm grande relevância socioeconômica, com uma taxa de recorrência de 5 a 10% e um custo superior a 28 bilhões de dólares nos Estados Unidos5. O tratamento cirúrgico de hérnias na região ínguino-crural é o procedimento mais frequentemente efetuado por cirurgiões Palavras-chave: Hérnia. História da medicina. Parede abdominal. 22 AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal v. 2 n. 5 Abril 2014 / Julho 2014 Historia das Hérnias da Região Ínguino-Crural: A Evolução do Tratamento Cirúrgico, do Mito à Laparoscopia gerais nos EUA. Nesse país, aproximadamente 700 mil cirurgias são realizadas anualmente, perfazendo 15% de todas as cirurgias de acordo com dados do National Center for Health Statistics6. Vinte milhões de reparos são realizados anualmente em todo o mundo7. Os dados no Brasil não são tão bem conhecidos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aproximadamente 5,4 milhões de pessoas sofrem de hérnia no Brasil8. Hérnias da parede abdominal foram responsáveis por cerca de 500 mil cirurgias realizadas entre 1993 e 1996 pelos cirurgiões gerais do Sistema Único de Saúde (SUS), ocupando o segundo lugar entre os procedimentos efetivados, custando aos cofres públicos cerca de 100 milhões de reais naquela ocasião9. O Banco de Dados do Sistema Único de Saúde (DATASUS) expressa a realidade do sistema público de saúde brasileiro: em 2012, ele representava os 74,9% da população brasileira que não possuíam plano de saúde suplementar10. De janeiro a outubro de 2013, 94.150 hernioplastias inguinais unilaterais e 11.858 hernioplastias inguinais bilaterais foram realizadas pelo SUS. Apenas 657 destas foram realizadas por técnicas videoendoscópicas11. Através da história, têm sido propostas muitas técnicas e inovações para o seu tratamento. Estas inovações foram adotadas através de uma combinação de processos subjetivos e aplicação de método científico4. Durante os últimos 25 anos, o tratamento das hérnias da região ínguino-crural passou por uma evolução dramática. Claramente, a força responsável por essa mudança foi o desejo de reduzir o tempo de internação hospitalar, a incapacidade física do paciente e as taxas de recorrência12. Nunca o interesse na hernioplastia inguinal foi tão intenso e isto se deve ao advento das técnicas videoendoscópicas que evoluíram em paralelo com a experiência e tecnologia4. As técnicas mais utilizadas atualmente alcançam excelentes resultados em longo prazo com um baixo índice de recorrência, porém a prevenção da dor inguinal crônica permanece difícil2,13. A falta de consenso na literatura quanto a melhor técnica de reparo ou qual a prótese ideal para garantir um resultado durável em longo prazo é também surpreendente. A incorporação de novas tecnologias, principalmente com o desenvolvimento de diferentes próteses e o sucesso da colecistectomia por videolaparoscopia impulsionou a partir da década de 1990, o desenvolvimento dos reparos sem tensão e das técnicas videoendoscópicas para o tratamento das hérnias da região ínguino-crural. Os autores descrevem os aspectos mais relevantes da evolução do tratamento cirúrgico das hérnias da região v. 2 n. 5 ínguino-crural, da antiguidade e seus mitos, ao moderno reparo livre de tensão e a era videoendoscópica. HISTÓRIA Didaticamente, podemos dividir a evolução do tratamento cirúrgico das hérnias da região ínguino-crural em eras14: 1. Antiguidade - até o século XV 2. Início da herniologia - séculos XV a XVII 3. Era anatômica – séculos XVII ao XIX 4. Era do reparo sob tensão - séculos XIX até meados do século XX 5. Era do reparo sem tensão - meados do século XX até o presente Antiguidade - Era Antiga e Idade Média Os egípcios (1500 AC), os fenícios (900 AC) e os gregos (Hipócrates, 400 AC) diagnosticavam as hérnias. Durante este período, uma série de dispositivos e técnicas operatórias foi registrada. A tentativa de reparo era geralmente acompanhada de castração. O estrangulamento da hérnia era, na maior parte dos casos, uma sentença de morte. Durante a Idade Média, houve um declínio da atividade médica e as poucas contribuições feitas eram executadas por itinerantes e charlatões. Início da herniologia - Renascença O renascimento da cirurgia e o estudo das afecções, no caso a herniologia, foram relacionados ao surgimento das universidades, como a escola de Salerno na Itália no século XIII1. Neste período, alguns importantes autores se destacaram. Guy de Chauliac, médico e cirurgião francês escreveu um tratado intitulado “Chirurgia Magna”. Neste o tema “hérnia” é amplamente abordado, sendo descrita a distinção entre hérnia femoral e inguinal e tática para a resolução do encarceramento (posição de Trendelenburg, também descrita por Roland de Parma, na Itália em 1383). Quatro intervenções cirúrgicas foram propostas por Guy de Chauliac: herniotomia sem castração, cauterização da hérnia até o púbis, transfixação do saco herniário por um pedaço de madeira e tratamento conservador com ligaduras e várias semanas de repouso acompanhado por enemas, sangria, e dieta especial1. O livro do Francês Pierre Franco “Traites des Hernies” veio padronizar a cirurgia de hérnia e diminuir a in- AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal 23 Artigo de Revisão Nácul et al. fluência dos praticantes itinerantes. Franco descreveu em 1556 a incisão do anel inguinal com o auxílio de uma guia introduzida pelo canal inguinal naqueles pacientes resistentes à redução manual. Apesar da elevada mortalidade de operar uma hérnia estrangulada, aconselhava a intervenção precoce e rejeitou as medidas conservadoras empregadas na época como sangrias e enemas de tabaco1. Em 1559 Kaspar Stromayr, cirurgião alemão, descreveu em seu livro “Pratica Copiosa”, a cirurgia de hérnia do século XVI em grande detalhe e amplamente ilustrado. Stromayr diferenciou hérnias da região ínguinocrural direta e indireta e aconselhou a excisão do saco e do cordão e testículo em hérnia indireta14. Era Anatômica O Renascimento trouxe crescente conhecimento anatômico com base no estudo de cadáveres entre os anos de 1750 e 1865 e foi chamada de “idade da dissecção”. Alguns dos grandes avanços em nosso conhecimento da anatomia da região inguinal foram feitos nesta época. Os principais contribuintes foram Antonio Scarpa, anatomista italiano, e Sir Astley Cooper, cirurgião e anatomista britânico. Outros grandes cirurgiões ou anatomistas como Petrus Camper (Holanda), Percival Pott (Inglaterra), John Hunter (Escócia), Jules Germain Cloquet (França), Franz Kaspar Hesselbach (Alemanha), Friedrich Gustav Jakob Henle (Alemanha) e Antonio de Gimbernat (Espanha) também contribuíram para um entendimento detalhado do canal inguinal e seus componentes1. Apesar do aprimoramento do conhecimento anatômico, a cirurgia, marcada pela ausência de anestesia e antissepsia, era conduzida pelo orifício inguinal15. Antissepsia e Assepsia Antes das bactérias serem reconhecidas e com elas a necessidade de limpeza minuciosa no ambiente da sala cirúrgica, a sepse pós-operatória era praticamente rotina. Oliver Wendell Holmes, em 1842 e Ignaz Philipp Semmelweis, em 1849, enfatizaram a importância de lavar as mãos antes de operar. No entanto, a identificação e compreensão do problema da infecção e sua origem bacteriana tiveram que aguardar as descobertas do cientista francês Louis Pasteur, que foram depois postas em prática pelo cirurgião inglês Joseph Lister. A aplicação dos princípios da técnica asséptica de Lister influenciou profundamente cirurgiões britânicos e 24 europeus e dizimou as taxas de infecção no pós-operatório. A cirurgia moderna começou com as descobertas de Lister1. Em 1871, o cirurgião americano Henry Orlando Marcy publicou sobre a cirurgia antisséptica da hérnia em 1871. O termo asséptico foi introduzido na história da cirurgia após a invenção do esterilizador a vapor por Ernst von Bergman em 18911. O advento da anestesia Em 1846, William Thomas Green Morton realizou a primeira demonstração bem sucedida da anestesia usando éter sulfúrico no Centro Cirúrgico do Massachusetts General Hospital em Boston, EUA. Em seguida a esta demonstração, o uso da anestesia se espalhou amplamente nos Estados Unidos e Europa. A remoção da dor durante as operações cirúrgicas não só eliminou o medo do paciente da operação, mas também permitiu dissecção e reconstrução anatômica mais cuidadosa e a evolução dos procedimentos cirúrgicos. O advento da anestesia foi fundamental para os grandes avanços tecnológicos da segunda metade do século XIX1. Era do reparo sob tensão Os reparos anatômicos vieram unir os conceitos adquiridos na dissecção dos cadáveres à técnica asséptica e anestesia. Por considerar a fisiopatologia da doença, concentravam-se, não mais em apenas reduzir a Hérnia e tratar o saco herniário, mas, em reforçar o defeito na parede posterior do canal inguinal. As tentativas cirúrgicas iniciais de herniorrafia foram baseadas em conceitos estáticos. Dois pioneiros, o americano Henry Orlando Marcy e o italiano Edoardo Bassini estudaram a fisiologia do canal inguinal e evidenciaram a importância de cada estrutura músculo-aponeurótica na sustentação deste. Em 1871, Marcy apresentou sua técnica de ligadura alta do saco herniário, combinado com estreitamento do anel inguinal interno16. Marcy foi provavelmente o primeiro a aperfeiçoar três dos princípios da cirurgia moderna para hérnias da região ínguino-crural: antissepsia/assepsia, ligadura alta do saco herniário e estreitamento do anel inguinal interno. Infelizmente, o procedimento não conseguiu atingir a meta da cura completa destas hérnias14. Por volta de 1884, Edoardo Bassini propôs o reforço muscular da parede posterior, introduzindo a primeira cura cirúrgica radical das hérnias da região ínguino-crural. A etapa mais original e importante da téc- AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal v. 2 n. 5 Abril 2014 / Julho 2014 Historia das Hérnias da Região Ínguino-Crural: A Evolução do Tratamento Cirúrgico, do Mito à Laparoscopia nica de Bassini foi a reconstrução da parede posterior do canal inguinal incluindo o anel inguinal interno, que era estreitado através da sutura do tendão conjunto, e a fáscia transversalis, firmemente fixada ao ligamento de Poupart15. Relatórios iniciais de Bassini foram apresentados às entidades médicas italianas em 188714,17,18. Bassini estabeleceu o quarto princípio da herniorrafia inguinal, a reconstrução do assoalho inguinal posterior. O procedimento de Bassini foi amplamente adotado logo após a sua introdução. O próximo marco na cirurgia de hérnias da região ínguino-crural foi o uso do ligamento iliopectíneo (ligamento de Cooper) para ancorar a parede parietal medial no reparo. Este ligamento foi usado pela primeira vez por Georg Lotheissen de Viena, em 1898. Esta inovação foi ignorada até ser reavivada por Seeling e Tuholske, Chester McVay e Barry Anson14. Inúmeros outros autores corromperam ou simplificaram o conceito original de Marcy-Bassini. Os cirurgiões Anton Wölfler (Áustria) e Norman Tanner (Inglaterra) descreveram variações técnicas com o deslizamento de parte do músculo reto abdominal lateral e inferiormente em direção ao ligamento de Poupart18. Em contraste com a reparação de Bassini, que se mostrou essencialmente útil na hérnia direta, a técnica de Marcy era particularmente indicada nas hérnias indiretas. Por volta de 1895, os cirurgiões americanos William Halsted, Edmund Andrews e Alexander Ferguson propuseram algumas adaptações à técnica original de Marcy, combinado com a técnica de Bassini, de modo a ajustar o procedimento para hérnias diretas e indiretas19. Em 1950, a operação de Bassini ressurgiu como a reparação de Shouldice, desenvolvida pelo cirurgião canadense Edward Earle Shouldice e descrita pela primeira vez no final da década de 196014. Shouldice também promulgou os benefícios da deambulação precoce e criou em Thornhill, Ontario, Canadá a Clínica Shouldice, hospital dedicado à reparação de hérnias da parede abdominal. A enorme experiência acumulada com uma produção de mais de 7.000 herniorrafias por ano permitiu aos cirurgiões da clínica Shouldice estudar e ensinar a técnica para o tratamento das hérnias primárias e recorrentes1. A publicação da sua casuística com seguimento de longo prazo foi produzida por Shearburn e Myers, em 196920. A partir deste momento até a introdução de próteses (telas), a operação de Shouldice tornou-se padrão para correção de hérnias da região ínguino-crural. Outra direção para o tratamento das hérnias da região ínguino-crural foi a abordagem pré-peritoneal. O conv. 2 n. 5 ceito de tratamento pré-peritoneal foi apresentado pela primeira vez em 1876 por Thomas Annandale (Escócia) e W.C. Bates (EUA) influenciados pelo tratamento dos aneurismas de artéria ilíaca através da descoberta do espaço pré-peritoneal de Bogros na década de 187015. A abordagem pré-peritoneal incluía a transabdominal por laparotomia e a extraperitoneal (pré-peritoneal)19. A abordagem totalmente extraperitoneal foi primeiro executada por G.L. Cheatle em 1920 na Inglaterra, como uma operação radical para a cura das hérnias inguinais e femoral. Cheatle inicialmente utilizou uma incisão na linha média, mas posteriormente (1921) mudou para uma incisão de Pfannenstiel, explorando ambos os lados e tratando hérnias inguinais e femorais. Arnold Henry redescobriu e popularizou a abordagem extraperitoneal em 1936. Henry propôs uma abordagem análoga à de Cheatle por meio de uma incisão na linha média abdominal inferior. Infelizmente, esta publicação foi recebida com muita pouca atenção naquele momento21. No rescaldo da Segunda Guerra Mundial, dois cirurgiões anatomistas europeus, William James Lytle (Inglaterra) e Henri Fruchaud (França), proporcionaram importantes contribuições. O primeiro voltou-se à anatomia e mecanismo de ação do anel inguinal profundo. Já Fruchaud combinou o tradicional estudo anatômico da região inguinal, o trabalho de Cooper, Bogros e Madden, com a sua própria extensa experiência anatômica e cirúrgica. Fruchaud publicou dois livros em Paris, em 1956: “L’Anatomie Cirúrgica de la Região de l’Aine” e “Le Traitement Chirurgical des Hernies de l’Aine” onde expõem um conceito inteiramente novo, o orifício miopectíneo. O orifício miopectíneo, mais tarde chamado de “orifício de Fruchaud”, combinaria o canal inguinal e o canal femoral, tradicionalmente separados, para formar uma rota unificada do abdome para a coxa. Através deste orifício todas as hérnias da região se apresentariam. Fruchaud recomendou a reconstrução completa da parede endofascial (fáscia transversalis) do orifício miopectíneo. O conceito de Fruchaud foi expandido por René Stoppa na França e George Wantz nos Estados Unidos no “Reforço gigante do saco peritoneal” para o reparo de hérnias da região ínguino-crural1. Stoppa reiterou a abordagem extraperitoneal embasado no recobrimento do orifício miopectíneo de Fruchaud por uma grande prótese21. Era do reparo sem tensão - Cirurgia aberta A ideia de diminuir a tensão sobre a área de sutura foi AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal 25 Artigo de Revisão Nácul et al. inventada pelo alemão Martin Kirschner que pela primeira vez utilizou um material autólogo (fáscia lata livre ou pediculada) para reforçar a região inguinal em 1910. Porém, já em 1896, o cirurgião austríaco, assistente de Theodor Billroth, Albert Narath utilizava filigrana de prata no reparo herniário. Anos mais tarde, em 1958, o americano Francis Usher usou pela primeira vez o polipropileno como prótese19,22. A disponibilidade de próteses de materiais sintéticos para uso na reparação de hérnias com bons resultados abriu as portas para o desenvolvimento das técnicas sem tensão. Três formas principais de reparação foram propostas usando materiais sintéticos de prótese. A primeira forma seria a utilização de uma tela plana para reparar o canal inguinal posterior. Telas de poliéster, polipropileno e PTFE expandido já estavam sendo utilizadas por muitos cirurgiões para correção de hérnia antes de Irving Lichtenstein (EUA) padronizar e consequentemente popularizar o reparo sem tensão. A técnica de Lichtenstein utilizava Polipropileno como prótese numa abordagem inguinal anterior clássica, realizada de forma ambulatorial. Em 1989 Lichtenstein e colaboradores publicaram uma série de 1.000 casos consecutivos23. No acompanhamento destes pacientes ao final de 1 e 5 anos, nenhuma recorrência e nenhuma infecção havia ocorrido. Os bons resultados tornaram a técnica o padrão ouro para o tratamento cirúrgico das hérnias da região ínguino-crural. A segunda forma referia-se à utilização do espaço extraperitoneal para colocação de uma grande prótese14. Em 1975, Stoppa e colegas descreveram pela primeira vez o uso de uma grande tela de Dacron® não suturada para a reparação de hérnias inguinais difíceis usando uma abordagem pré-peritoneal através de uma incisão na linha média inferior. Os autores consideraram a dissecção nos espaços pré-peritoneal de Retzius e Bogros tecnicamente simples, com pouco sangramento, determinando uma excelente exposição do orifício miopectíneo. Os autores defenderam, embasados no Princípio de Pascal, que a pressão intra-abdominal era suficiente para manter a tela em posição. Usando este método de reparação, Stoppa e Warlaumont informaram uma taxa de recorrência a longo prazo de 1,4% entre os seus 604 reparos24. A terceira forma seria a colocação de prótese na forma de cilindro, cone ou guarda-chuvas. A ideia do preenchimento do canal inguinal com materiais protéticos sintéticos na forma de um “plug” (rolha) já havia sido descrita por Pierre Nicholas Gerdy em torno de 1830 e por C.W. Wutzer e William MacEwen no final do século XIX. Estes reparos não foram bem sucedidos e o conceito de colocação de uma tela rolha caiu em desu- 26 so. Com a disponibilidade de materiais protéticos mais seguros e fáceis de usar, o conceito de colocação deste material foi reexaminado por Irving Lichtenstein. Em 1968 ele utilizou uma tela de Marlex® enrolada na forma cilíndrica (“cigarro” de Marlex®) como tratamento de hérnia femoral e inguinal recorrente, informando a sua eficácia em 197425. O “plug” de Lichtenstein recebeu modificações e adaptações com o surgir de novas tecnologias. Em 1987, Robert Bendavid desenvolveu uma prótese de Marlex® com a forma de um guarda-chuva a ser inserida no espaço pré-peritoneal através do defeito femoral. Não houve recorrências em 81 reparos26 Nesta mesma época, Arthur Gilbert, configurou o “plug” como um cone ou guarda-chuva14. Gilbert acreditava que a configuração de guarda-chuva aberto atribuir-se -ia no pré-peritônio em uma maior circunferência do que o “plug” colocado por via anterior. Rutkow e Robbins utilizaram próteses artesanalmente confeccionadas na forma de guarda-chuva e reportaram bons resultados em quase 1.700 hernioplastias27. Em 1993, Rutkow e Robbins em parceria com a empresa C.R. Bard Company©, desenvolveram uma tela rolha pré-formada feita com marlex (Perfix®). Este foi o primeiro dispositivo pronto para uso comercialmente disponível28. Cirurgia Laparoscópica Com o advento da videolaparoscopia e o sucesso da colecistectomia videolaparoscópica, cirurgiões buscaram focar sua atenção para outras aplicações da técnica. A aceitação do uso de próteses e a eficácia dos reparos pré-peritoneais permitiram o desenvolvimento das técnicas de reparo das hérnias da região ínguino-crural por videolaparoscopia5. A primeira tentativa para tratar uma hérnia da região ínguino-crural com a laparoscopia foi feita por Fletcher, em 1979, realizando apenas o fechamento do saco herniário29. A primeira descrição da utilização de um grampo colocado por laparoscopia para fechar o saco herniário foi feito por Ger em 198230. Em 1989, Bogojavalensky, um ginecologista, apresentou em vídeo, no décimo oitavo encontro anual da American Association of Gynecologic Laparoscopists (AAGL), a primeira utilização de um biomaterial prostético para a reparação laparoscópica de hérnias da região ínguino-crural. Bogojavalensky colocou um “plug” de tela de polipropileno em uma hérnia indireta1. Popp ao reparar uma hérnia direta coincidente encontrada no momento de uma miomectomia uterina, reconheceu a necessidade de fornecer uma cobertura de AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal v. 2 n. 5 Abril 2014 / Julho 2014 Historia das Hérnias da Região Ínguino-Crural: A Evolução do Tratamento Cirúrgico, do Mito à Laparoscopia uma área mais ampla do que o próprio defeito31. Para isso, colocou um remendo oval de dura-máter desidratada de 4 por 5cm sobre o defeito. A prótese foi fixada ao peritônio com suturas de fio de categute amarradas extracorporeamente. Popp expressou preocupações de que o reparo por via intra-abdominal das hérnias da região ínguino-crural poderia levar a complicações como aderências e sugeriu que uma abordagem pré-peritoneal poderia ser preferível. Schultz publicou a primeira série de hernioplastias laparoscópicas em pacientes em 199032. Plugs de polipropileno foram colocados e fixados para preencher o orifício herniário. Para conseguir o acesso ao defeito herniário, incisou o peritônio. Após a colocação dos plugs e da tela, fechou o peritônio com clips. Isso provavelmente representou a primeira tentativa de um tipo de reparação transabdominal pré-peritoneal (TAPP). Mais tarde, Corbitt modificou esta técnica invertendo o saco herniário e realizando uma ligadura alta com suturas ou com um dispositivo de grampeamento endoscópico33. Apesar do sucesso inicial destas primeiras descrições, a taxa de recorrência se mostrou muito alta, em torno de 15-20%, e estas técnicas foram abandonadas. Um conceito semelhante foi aplicado na técnica de correção intraperitoneal (IPOM). Salerno, Fitzgibbons e Filippi investigaram este tipo de reparação em modelo animal (suíno)34. Pedaços retangulares de tela de polipropileno foram colocados intraperitonealmente cobrindo o orifício miopectíneo e fixados com um dispositivo de grampeamento. O sucesso desses reparos levou a sua aplicação em ensaios clínicos. Nesta época, Toy e Smoot relataram bons resultados em seus primeiros dez pacientes operados com a técnica IPOM35. Os resultados com os primeiros 75 pacientes da série foi publicado em 199236. Nesta série, o mesmo biomaterial protético de politetrafluoretileno expandido (7,5 x 10cm) foi fixado com o dispositivo de grampeamento Endopath EMSR (Johnson & Johnson©). Depois de um acompanhamento de até 20 meses, a taxa de recorrência foi de 2,4%. Eles observaram uma significativa diminuição da dor pós-operatória e um retorno mais precoce à atividade normal, em comparação com a cirurgia aberta. Spaw e colaboradores37 relataram resultados semelhantes. Fitzgibbons relatou a incidência de aderências à prótese intraperitoneal e abandonou a técnica IPOM1. Muitas das tentativas iniciais de utilização da laparoscopia para o tratamento das hérnias da região inguinal não aderiram aos princípios técnicos aprendidos com a cirurgia aberta. Outras variações técnicas laparoscóv. 2 n. 5 picas propostas que não obtiveram aceitação foram a plastia do anel inguinal profundo e a reparação do trato ílio-púbico pré-peritoneal com suturas. O primeiro método era simplesmente um reparo suturado que aproximava as estruturas profundas do trato íleo-púbico com as fibras músculo-tendinosas do músculo transverso abdominal38. A última técnica era também um reparo tecidual que fixava o trato ílio-púbico com o músculo transverso abdominal39. Este reparo incorporou a utilização de uma capa de um material protético, mas ainda tinha a desvantagem de ser um reparo com tensão. A deficiência tecnológica, em vez de ignorância dos princípios da cirurgia de hérnia pode ter sido responsável por estas equivocadas abordagens. Melhorias posteriores na tecnologia permitiram um retorno aos princípios estabelecidos1. Em 1992 Arregui e colaboradores27 reportaram uma abordagem pré-peritoneal posterior transabdominal (TAPP) utilizando uma grande prótese para cobrir completamente o orifício miopectíneo de Fruchaud com sobreposição. A prótese era fixada superiormente no arco transverso abdominal e inferiormente no ligamento de Cooper com dispositivos de grampeamento. O reparo TAPP foi posteriormente defendido por vários cirurgiões, entre eles Corbitt33. Nestes primeiros anos da era laparoscópica, a abordagem TAPP usando uma tela de polipropileno, PTFE expandido ou poliéster foi o método predominante para o tratamento das hérnias da região inguinal por laparoscopia1. Porém, tanto a técnica TAPP, assim como a IPOM requeriam a entrada na cavidade peritoneal. Em 1991, Popp descreveu um método para dissecar o peritônio a partir da parede abdominal, antes da realização da incisão peritoneal em uma reparação TAPP40. Solução salina foi introduzida no espaço pré-peritoneal por uma seringa de forma percutânea. Esta “aquadissecção” foi considerada útil para criar um espaço pré-peritoneal. Dulucq foi o primeiro cirurgião a executar uma abordagem extraperitoneal direta sem qualquer entrada na cavidade abdominal, para o reparo de uma hérnia da região ínguino-crural em 199241. Ferzli42 e McKernan e Laws43 mais tarde popularizaram a técnica de Dulucq preferindo o termo “totalmente extraperitoneal” (TEP). Usando um acesso aberto, a dissecção era realizada diretamente no espaço extraperitoneal sem qualquer acesso a cavidade peritoneal. Em 1993, Phillips e colaboradores31 e Arregui e colaboradores32 descreveram separadamente uma técnica em que a dissecção inicial do espaço extraperitoneal era realizada sob visão direta através de uma ótica ví- AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal 27 Artigo de Revisão Nácul et al. deo-endoscópica introduzida dentro da cavidade peritoneal. A ótica era posteriormente reposicionada para o espaço extraperitoneal e o procedimento completado como uma hernioplastia inguinal videoendoscópica TEP. A primeira hernioplastia inguinal videoendoscópica no Brasil foi realizada em outubro de 1991 pelo cirurgião de São Paulo Sergio Roll que publicou a sua série inicial de 58 pacientes em 199344. Atualmente, as duas técnicas videoendoscópicas mais utilizadas para o tratamento das hérnias da região ínguino-crural são a transabdominal pré-peritoneal (TAPP) e a totalmente extraperitoneal (TEP) utilizando uma prótese de polipropileno. Os reparos videoendoscópicos continuam a desenvolver o seu lugar no arsenal cirúrgico para o tratamento das hérnias da região ínguino-crural, tendo sua utilização estendida para o reparo de hérnias incisionais, ventrais, umbilicais, lombares e paracolostômicas5. alização da anatomia, dissecção minimamente invasiva, menor resposta imunológica, reparo pré-peritoneal com prótese muitas vezes maior que o defeito, minimamente fixada (ou não fixada), determinando uma recuperação pós-operatória e um retorno mais precoce às atividades laborais, menor dor aguda e crônica, com índices de recorrência muito baixos. É provável que a evolução no tratamento das hérnias da região ínguino-crural não tenha chegado ao fim. Novas tecnologias são introduzidas mas os princípios básicos arduamente adquiridos no passar dos anos, não devem ser esquecidos. O futuro dirá como a correção de hérnia vai evoluir nas próximas décadas. Figura 1 – Personalidades e fatos que marcaram as Eras na evolução do tratamento das hérnias inguinais CONCLUSÃO Estudar a história e entender a complexidade da evolução do tratamento das hérnias da região ínguino-crural até os conceitos atuais não é apenas uma homenagem aos cirurgiões do passado, pois pode ajudar os cirurgiões do presente a compreender as novas tendências e estimulá-los a não aceitar o conformismo do apenas “bom resultado”. As técnicas cirúrgicas para o tratamento das hérnias da região inguinal evoluíram rapidamente desde que Edoardo Bassini propôs a sua técnica para a reconstrução da região inguinal. Três dos princípios da era moderna da cirurgia das hérnias da região ínguino-crural utilizados inicialmente por Marcy em 1871 foram aperfeiçoados: antissepsia, assepsia e ligadura alta do saco herniário14. Bassini e Halsted estabeleceram o quarto princípio da herniorrafia inguinal: reconstrução do assoalho da região inguinal posterior14. O quinto princípio da correção de hérnia, a reparação sem tensão, foi finalmente consolidada por Lichtenstein na década de 1980, causando uma queda drástica na taxa de recorrência e tornou-se o procedimento padrão-ouro pra o tratamento das hérnias primárias da região ínguino-crural14. Introduzidas na década de 1990, as técnicas laparoscópicas TAPP e TEP tornaram-se igualmente aceitas para o tratamento da hérnias da região ínguino-crural O reparo videoendoscópico respeita todos os cinco princípios técnicos, acrescentando com o uso da tecnologia, a melhor visu- 28 REFERÊNCIAS 1. Kingsnorth NA. General Introduction and History of Hernia Surgery. In: Kingsnorth, NA, LeBlanc KA, editores. Management of Abdominal Hernias. 4th. Londres: Springer; 2013. p. 1-23. 2. Simons MP, Aufenacker T, Bay-Nielsen M, Bouillot JL, Campanelli G, Conze J, et al. European Hernia Society guidelines on the treatment of inguinal hernia in adult patients. Hernia. 2009 Aug;13(4):343-403. 3. Primatesta P, Goldacre MJ. Inguinal hernia repair: incidence of elective and emergency surgery, readmission and mortality. Int J Epidemiol. 1996 Aug;25(4):835-9. 4. Chowbey PK, Khullar R, Sharma A, Soni V, Baijal M. Totally extraperitoneal repair of inguinal hernia: Sir Ganga Ram Hospital technique. J Minim Access Surg.2006 Sep;2(3):160-4. 5. Nathan JD, Pappas TN. Inguinal hernia: an old condition with new solutions. Ann Surg. 2003 Dec; 238(6 Suppl):S148-57. 6. Rutkow IM. General surgical operations in the United States: 1979 to 1984. Arch Surg. 1986 Oct;121(10):1145-9. 7. Cavazzola LT, Rosen MJ. Laparoscopic versus open inguinal hernia repair. Surg Clin North Am. 2013 Oct;93(5):1269-79. 8. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal v. 2 n. 5 Abril 2014 / Julho 2014 Historia das Hérnias da Região Ínguino-Crural: A Evolução do Tratamento Cirúrgico, do Mito à Laparoscopia Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo Demográfico 1960, 1970, 1980, 1991, 2000 e 2010. [citado em 13 de março de 2014]. Disponível em: http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/index.php?dados=8. 9. Lopes AG, Souza JCL, Bienik TS, Velozo TS, Nader PA, Cardoso JR. Tratamento da hérnias da região ínguino-crural com anestesia local. ABCD Arq Bras Cir Dig. 2004 17(1):26-8. 10. Ministério da Saúde. Agencia Nacional de Saúde Suplementar (ANS). FOCO Saúde Suplementar. Dezembro 2012. [citado em 13 de março de 2014]. Disponível em: http://www.ans.gov.br/images/ stories/Materiais_para_pesquisa/Perfil_setor/Foco/20130124_ foco_dezembro_web_2012.pdf. 11. Ministério da Saúde. DATASUS. Procedimentos hospitalares do SUS por local de internação. 2013. [citado em 13 de março de 2014]. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm. exe?sih/cnv/qiuf.def). 12. Bowne WB, Morgenthal CB, Castro AE, Shah P, Ferzli GS. The role of endoscopic extraperitoneal herniorrhaphy: where do we stand in 2005? Surg Endosc. 2007 May;21(5):707-12. 13. Bittner R, Arregui ME, Bisgaard T, Dudai M, Ferzli GS, Fitzgibbons RJ, et al. Guidelines for laparoscopic (TAPP) and endoscopic (TEP) treatment of inguinal hernia [International Endohernia Society (IEHS)]. Surg Endosc. 2011 Sep;25(9):2773-843. 14. Lau WY. History of treatment of groin hernia. World J Surg. 2002 Jun;26(6):748-59. 15. Read R. History of inguinal herniorrhaphy. In: Arregui ME, Nagan RF, editores. Inguinal Hernia. Advances or controversies. 1 edição. Nova York: Radcliffe Medical Press; 1994. p. 1-8. 16. Marcy HO. The cure of hernia. J Am Med Assoc. 1887;8:58992. 17. Bassini E. Nuova technica per la cura radicale dell’ernia. Atti Del Associazione Medica Italiano Congresso. 1887;2:179-82. 18. Bassini E. Nuova technica per la cura dell’ernia inguinale. Societa Italiana di Chirurgica. 1887;4:379-82. 19. Van Hee R. history of inguinal hernia repair. Jurnalul de Chirurgie, Iaşi, 2011;7(3):301-19. 20. Shearburn EW, Myers RN. Shouldice repair for inguinal hernia. Surgery. 1969 Aug;66(2):450-9. 21. Read RC. Crucial steps in the evolution of the preperitoneal approaches to the groin: an historical review. Hernia. 2011 Feb;15(1):1-5. 22. Usher FC. Further observations on the use of marlex mesh: a new technique for the repair of inguinal hernias. Am Surg. 1959 Oct;25:792-5. 23. Lichtenstein IL, Shulman AG, Amid PK, Montllor MM. The tension-free hernioplasty. Am J Surg. 1989 Feb;157(2):188-93. 24. Stoppa R, Petit J, Henry X. Unsutured Dacron prosthesis in groin hernias. Int Surg. 1975 Aug;60(8):411-2. 25. Lichtenstein IL, Shore JM. Simplified repair of femoral and v. 2 n. 5 recurrent inguinal hernias by a “plug” technic. Am J Surg. 1974 Sep;128(3):439-44. 26. Bendavid R. A femoral “umbrella” for femoral hernia repair. Surg Gynecol Obstet. 1987 Aug;165(2):153-6. 27. Rutkow IM, Robbins AW. Mesh plug hernia repair: a follow-up report. Surgery.1995 May;117(5):597-8. 28. Rutkow IM, Robbins AW. “Tension-free” inguinal herniorrhaphy: a preliminary report on the “mesh plug” technique. Surgery. 1993 Jul;114(1):3-8. 29. Ger R. The management of certain abdominal herniae by intraabdominal closure of the neck of the sac. Preliminary communication. Ann R Coll Surg Engl. 1982 Sep;64(5):342-4. 30. Ger R, Monroe K, Duvivier R, Mishrick A. Management of indirect inguinal hernias by laparoscopic closure of the neck of the sac. Am J Surg. 1990 Apr;159(4):370-3. 31. Popp LW. Endoscopic patch repair of inguinal hernia in a female patient. Surg Endosc. 1990; 5:10-2. 32. Schultz L, Graber J, Pietrafitta J, Hickok D. Laser laparoscopic herniorraphy: a clinical trial preliminary results. J Laparoendosc Surg. 1990;1(1):41-5. 33. Corbitt JD Jr. Laparoscopic herniorrhaphy. Surg Laparosc Endosc. 1991 Mar;1(1):23-5. 34. Salerno GM, Fitzgibbons RJ, Filipi C. Laparoscopic inguinal hérnia repair. In: Zucker KA, editor. Surgical laparoscopy. St Louis: Quality Medical Publishing; 1991. p. 281-93. 35. Toy FK, Smoot RT Jr. Toy-Smooth laparoscopic hernioplasty. Surg Laparosc Endosc. 1991 Sep;1(3):151-5. 36. Toy FK, Smoot RT. Laparoscopic hernioplasty update. J Laparoendosc Surg. 1992;2(5):197-205. 37. Spaw AT, Ennis BW, Spaw LP. Laparoscopic hernia repair: the anatomical basis. J Laparoendosc Surg. 1991;1:269-77. 38. Kavic MS. Laparoscopic hernia repair. Surg Endosc. 1993;7:1637. 39. Gazayerli MM. Anatomic laparoscopic repair of direct or indirect hernias using the transversalis fascia and iliopubic tract. Surg Laparosc Endosc. 1992;2:49-52. 40. Popp LW. Improvement in endoscopic hernioplasty transcutaneous aquadissection. J Laparoendosc Surg. 1991;1(2):83-90. 41. Dulucq JL. Treatment of inguinal hernia by insertion of a subperitoneal patch under pre-peritoneoscopy. Chirurgie. 1992;118(12):83-5. 42. Ferzli GS, Massad A, Albert P. Extraperitoneal endoscopic inguinal hernia repair. J Laparoendosc Surg. 1992;2(6):281-6. 43. McKernan JB, Laws HL. Laparoscopic repair of inguinal hernias using a totally extraperitoneal prosthetic approach. Surg Endosc. 1993 Jan-Feb;7(1):26-8. 44. Roll S, Campos FG, Szego T. Herniorrafia inguinal por via laparoscópica. In: Creuz O, editor. Cirurgia vídeo-Endoscópica. Rio de Janeiro: Revinter; 1993. p. 303-10. AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal 29 ENTREVISTA COM O EXPERT INTERVIEW WITH THE EXPERT 30 AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal v. 2 n. 5 Davide Lomanto, MD, PhD, FAMS Assoc Professor and Senior Consultant Surgeon, Department of Surgery, Director, Minimally Invasive Surgical Centre (MISC) Director, Khoo Teck Puat Advanced Surgery Training Centre (ASTC) National University Hospital, Singapore 1 - What is your favorite mesh and why? For inguinal hernioplasty: large pore PPL! For ventral laparoscopic hernioplasty: Parietex Composite. Both of them, in my opinion, are handling, with excellent outcomes already meshpublished in the surgical literature and two of them presentadequated strestching. prefer to perform open approach for teaching and in recurrence after posterior (laparoscopic) repair. 4 - Do you think is going to be a role in the surgical routine for the biologic meshes? No, except in limitated cases of infected tissue or even trauma. 2 - Do you use them in all kind of hernioplasties? Yes, I have been using these kind of meshes in all my cases. In inguinal hernioplasty I use routinely the light macroporous mesh in open surgery as well as in laparoscopic procedures. 5 - Which one do you prefer, if you have to use? Permacol, it’s easier to handle and there are several papers in the literature about it. The main problem is the high cost. 3 - In what cases do you prefer laparoscopic approach and what cases do you use Lichtenstein technique? I have been using laparoscopic approach in 80% of my cases and in 20% usually I have been using Lichtenstein technique, both using soft macroporous meshes. I 6 - In your opinion wich is going to be the next step in therms of biomaterials and meshes? Well, certainly the industry is going to try to develop a deeper evolution of new non absorbable material, with less foreign body reaction and best incorporation to the organic tissues. v. 2 n. 5 AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal 31 Resumos dos Trabalhos Apresentados no III Congresso Brasileiro de Hérnia e II Congresso Latino-Americano de Hérnia 32 AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal v. 2 n. 5 CARACTERÍSTICAS DA FIBROPLASIA E DA EXPRESSÃO DE COLÁGENO EM PAREDE ABDOMINAL DE RATOS APÓS O IMPLANTE DE TELA DE POLIPROPILENO E DE TELA DE POLIPROPILENO COM POLIGLECAPRONE Maria de Lourdes Pessole Biondo-Simões1, Camila Gomes de Morais1, Renata Augusta de Miranda1, Anna Flávia Zonato Tochio1, Paula Almeida Pamponet Moura1, Kelly Colla1 Universidade Federal do Paraná 1 RESUMO Objetivo: Comparar a fibroplasia e a resistência da parede abdominal quando se utilizam telas de polipropileno e de polipropileno associado a poliglecaprone, em ratos. Introdução: As recidivas após o tratamento cirúrgico de hérnias incisionais constituem um desafio para a cirurgia. É possível encontrar taxas de recidiva que alcançam 50% dos operados quando se utilizam as técnicas de síntese fascial. O advento das técnicas sem tensão com a colocação de telas reduziu as taxas de recidiva, mas trouxe outras repercussões como aderências, fístulas e aumento da taxa de infecção. Método: Utilizou-se 77 ratos Wistar machos, com 140 dias de idade e peso 422,54 ± 64,19 g, alocados em: Grupo Controle (n=7), para resistência padrão; Grupo E (n=35), defeitos tratados com tela de polipropileno e Grupo U (n=35) tratados com tela de polipropileno e poliglecaprone. Sob anestesia geral, todos os animais tiveram uma falha músculo-aponeurótica padrão confeccionada, com peritônio íntegro, e correção com a v. 2 n. 5 respectiva tela. Realizou-se a eutanásia com 4, 7, 14, 28 e 56 dias de pós-operatório e retirou-se a parede abdominal ventral, dividindo-a em fragmentos para a tensiometria e análise da histológica com Picrosirius Red e microscópio sob luz polarizada para avaliacão de colágeno I e III. Resultados: O ganho de resistência foi gradual e significante com o decorrer do tempo em ambos os grupos, sem diferenças significantes entre eles. Entretanto não atingiu a resistência da parede normal até o 56.º dia. A fibroplasia mostrou ganho de colágeno tanto do tipo I como do III em ambos os grupos com o avançar do tempo (p<0,001), tendo estabilizado o ganho de colágeno III a partir do 14.º dia enquanto o de colágeno I continuou a mostrar curva ascendente. No início tinha disposição irregular e aos poucos ficou ordenado com septos mais espessos. Conclusão: A resistência oferecida pela tela de polipropileno tem ganho ascendente e regular com o evoluir do processo, enquanto a oferecida pela de polipropileno/poliglecaprone não é uniforme; a resistência final das duas telas é semelhante; e a densidade de colágeno aumenta com o tempo e é semelhante entre as duas telas. AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal 33 RECONSTRUÇÃO DA PAREDE ABDOMINAL EM PACIENTES COM FÍSTULAS ENTERO-CUTÂNEAS ASSOCIADAS À INFECÇÃO CRÔNICA DE TELA E À HÉRNIAS VENTRAIS Claudio Birolini1, Jocielle Miranda1, Edivaldo Massazo Utiyama1, Samir Rasslan1, Dario Birolini1 FMUSP 1 RESUMO Objetivo: O objetivo desse estudo foi avaliar os resultados da reconstrução primária da parede abdominal com tela sintética, em pacientes com fístulas entéricas associadas à infecção crônica de tela e à hérnias ventrais. Introdução: A reconstrução da parede abdominal em pacientes com fístulas entéricas é um grande desafio. Como o uso de telas sintéticas é considerado contraindicado em sítio cirúrgico infectado, as abordagens recomendadas incluem as técnicas de separação de componentes, as operações seriadas e o reforço parietal com telas absorvíveis ou biológicas, técnicas que apresentam elevados índices de insucesso. Método: No período entre 2008 e 2013, doze pacientes com destruição severa da parede abdominal foram submetidos à reconstrução da parede, simultaneamente ao tratamento de fístulas entéricas. Houve 8 homens e 4 mulheres, 34 com média de idade de 53 anos. O IMC médio foi de 27 kg/m2 e cinco pacientes eram ASA 2. O número de operações prévias variou entre 1 e 20, e o início dos sintomas variou entre 1 mês e 26 anos. Em oito pacientes as fístulas foram decorrentes de erosão entérica causada por telas posicionadas em contato com o intestino. Em todos os casos, utilizamos tela de polipropileno em posição pré-aponeurótica, para reforço da reconstrução primária da parede. Resultados: As complicações cirúrgicas incluíram duas infecções superficiais de ferida cirúrgica, dois seromas e necrose de pele em uma paciente com hérnia incisional gigante. Todos os pacientes receberam alta sem sinais de infecção da ferida. Dez pacientes estão em acompanhamento há mais de um ano e nenhum apresenta sinais de recidiva herniária ou reinfecção de tela. Conclusão: Estes resultados reforçam que o uso de tela sintética é seguro e desejável na reconstrução da parede abdominal em casos extremos, mesmo em sítio cirúrgico infectado. AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal v. 2 n. 5 AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE UM DISPOSITIVO TROCARTE BALÃO DISSECTOR REUTILIZÁVEL PARA DISSECÇÃO DO ESPAÇO PRÉ-PERITONEAL EM CIRURGIA VÍDEO-ENDOSCÓPICA - ESTUDO EXPERIMENTAL EM SUÍNOS Miguel Prestes Nácul1, Leandro Totti Cavazzola1, José Gustavo Olijnyk1, Paulo Ferreira1 Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul 1 RESUMO Objetivo: Os autores avaliaram a segurança e eficácia deste novo dispositivo em um estudo experimental comparando-o com um dispositivo trocarter balão dissector importado, PDB 1000® produzido pela empresa Covidien© para a realização de uma hernioplastia inguinal unilateral vídeo-endoscópica TEP em modelo animal (suíno). Introdução: As hérnias da região ínguino-crural assim como o seu tratamento cirúrgico não só afetam o paciente individualmente, mas também tem grande relevância socioeconômica. A hernioplastia vídeo-endoscópica comprovou a sua superioridade em relação às técnicas abertas principalmente em critérios de qualidade de vida, econômicos e sociais. A utilização de um balão dissector pode favorecer a curva de aprendizagem do cirurgião na hernioplastia inguinal vídeo-endoscópica por técnica totalmente extraperitonea. Método: Vinte suínos machos ou fêmeas com peso entre 15 e 37 quilos foram randomizados e submetidos v. 2 n. 5 a modelo de hernioplastia inguinal vídeo-endoscópica TEP com uso dos dispositivos da empresa Bhio-Supply© ou da Covidien©. O tamanho do espaço extraperitoneal criado pelo balão, o tempo para realização da dissecção com o balão, tempo operatório total, pressão interna e resistência do balão e o custo dos procedimentos foram as principais variáveis analisadas. Resultados: Nenhum balão rompeu. Não houve diferença estatisticamente significativa no tempo de dissecção, tempo operatório total e espaço extraperitoneal criado pelos dispositivos. A pressão do balão do dispositivo da Bhio-Supply© inflado com 300 ml de ar foi estatisticamente maior que a pressão do dispositivo da Covidien©. O custo dos procedimentos com o dispositivo da empresa Bhio-Supply© foi menor. Conclusão: O dispositivo desenvolvido pela empresa Bhio-Supply© se mostrou não inferior ao dispositivo PDB 1000® da Covidien© em termos de segurança e eficácia na dissecção do espaço extraperitoneal para a realização de uma hernioplastia inguinal unilateral TEP em modelo animal. AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal 35 TRATAMENTO VIDEOLAPAROSCÓPICO DE HÉRNIA DE SPIEGEL BILATERAL ENCARCERADA Rodrigo Altenfelder Silva1, Amanda Polaro Marreiro1, Jose Gustavo Parreira1, Jacqueline Arantes Giannini Perlingeiro1, Jose Cesar Assef1, Sérgio Roll1, Alexandre Shiniti Sassatani1, Celso de Castro Pochini1 1Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de São Paulo RESUMO Objetivo: Descrever caso clínico de paciente com hérnia de spiegel bilateral encarcerada submetida a tratamento videolaparoscópico. Introdução: As hérnias de Spiegel apresentam-se como um defeito da parede abdominal, ocorrendo através da aponeurose spigeliana, entre a linha semilunar (que marca a transição do músculo para a aponeurose no músculo transverso abdominal) e a borda lateral do músculo reto, logo abaixo da linha arqueada de Douglas e, geralmente, acima dos vasos epigástricos superiores. As hérnias de Spiegel bilaterais são muito raras com poucos relatos na literatura mundial. Método: Paciente do sexo feminino, 62 anos, previamente hipertensa, obesa. Foi admitida com quadro 36 de dor abdominal em fossa ilíaca esquerda, com aproximadamente 24h de evolução. Ao exame, apresentava abdome doloroso em fossa ilíaca esquerda, com abaulamento não redutível. Sem sinal de irritação peritoneal. A tomografia computadorizada de abdome sugeriu hérnia encarcerada de parede abdominal. Submeteu-se a laparoscopia com achado de hérnia de spiegel bilateral encarcerada, maior à esquerda. Realizado redução do conteúdo herniado. Optado pela colocação de prótese a esquerda intraperitoneal e correção aberta a direita. A paciente recebeu alta no primeiro pós operatório. Resultados: Obtivemos sucesso no tratamento da hérnia de spiegel encarcerada pela videolaparoscopia. Conclusão: A realização do tratamento videolaparoscópico da hérnia de spiegel é factível e pode ser sempre utilizada nos serviços com experiência em laparoscopia. AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal v. 2 n. 5 ANÁLISE COMPARATIVA DA INFLAMAÇÃO TECIDUAL DESENCADEADA PELO IMPLANTE DE TRÊS TIPOS DE TELA NA PAREDE ABDOMINAL DE RATOS WISTAR NO PÓS-OPERATÓRIO PRECOCE E TARDIO Cristina Gama Pereira Lucena1, Marcelo Moura Linhares1, Gaspar de Jesus Lopes Filho1, Délcio Matos1, Ricardo Artigiani Neto1, Daniel Rezende1 Programa de Pós-Graduação em Ciência Cirúrgica Interdisciplinarda Universidade Federal de São Paulo 1 RESUMO Objetivo: Analisar a reação inflamatória desencadeada pela aposição de três tipos de telas na parede abdominal de ratos Wistar, nos sétimo e 40º dias de pós-operatório (PO) através de estudos histológicos e imunohistoquímicos. Introdução: Embora o implante de telas reduza a recidiva na cirurgia da hérnia, aumenta complicações pós-operatórias relacionadas à liberação de mediadores pró-inflamatórios teciduais. O uso das telas de baixa densidade (BD) baseou-se na premissa de que a redução da sua massa poderia minimizar tais eventos. Porém, há dúvidas sobre a tela ideal: benefícios e complicações dos implantes de baixa densidade, reação tecidual do hospedeiro aos diferentes materiais e até sobre sua nomenclatura e classificação. Método: Alocaram-se 30 ratos Wistar em 3 grupos para implantação de tela (2x3cm) em flanco direito após a retirada de fragmento muscular: PP (POLIPROPILENO), PP+PG (PP+POLIGLACTINA BD), PP+TI (PP+TITÂNIO BD). No 7ºPO, após a eutnásia, fragmento central na área do implante foi biopsiado para Histologia (hematoxilina-eosina, Masson) e Imunohistoquímica (VEGF-Fator de Crescimento Endotelial Vascular e COX2-Ciclooxigenase2). Contagem objetiva de pontos para as variáveis inflamação tecidual (INF) e Imunohistoquímica. Comparam-se os resultados v. 2 n. 5 obtidos com animais submetidos à mesma metodologia, sacrificados no 40ºPO. Estatística: Kruskal-Wallis, ANOVA, Mann-Whitney, t de Student (SPSS 19.0 for Windows. Resultados: 1-HISTOLOGIA: o escore da INF precoce foi similar em todos os grupos (p=0,509). Entretanto, comparando-se os resultados do 7ºPO com o 40ºPO houve decréscimo da INF no grupo PP (p=0,407) e aumento no grupo PP+PG (p=0,003), com reação tipo corpo estranho, possivelmente decorrente da absorção do material absorvível, a poliglactina. Não houve diferenças no escore da INF ao longo do tempo no grupo PP+TI. 2- IMUNOHISTOQUÍMICA: o grupo PP apresentou precocemente as maiores expressões do VEGF (p<0,001) e da COX2 (p<0,001), enquanto o grupo PP+PG, as menores. Tardiamente a expressão do VEGF decresceu em todos os grupos (p<0,001) enquanto a redução da COX2 ocorreu apenas no grupo PP (p=0,011). Conclusão: 1- Não houve diferença no escore da INF precoce entre os grupos. 2- O grupo PP exibiu uma INF intensa precoce com hiperexpressão de VEGF e COX2, a qual decresceu tardiamente. 3- O grupo PP+PG exibiu uma INF intensa precoce tipo corpo estranho, que se acentuou tardiamente, com expressão pobre de VEGF e COX2. 4- O grupo PP+TI manteve escore na INF, com queda do VEGF e manutenção da COX2 ao longo do tempo. 5- A densidade e o material da tela podem interferir na INF desencadeada pelo seu implante. AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal 37 ANÁLISE DAS CIRURGIAS DE CORREÇÃO DE HÉRNIAS DE PAREDE ABDOMINAL EM PACIENTES DO SERVIÇO DE CIRURGIA GERAL DO HOSPITAL BENEFICÊNCIA PORTUGUESA DE PORTO ALEGRE Iuri Nunes Kist1, Eduardo Barcellos Fumegalli1, Günther Alves Ayala Pereira1, Maitê Bello Jotz2, Leonardo Moura Leal3, Thales Eymael4, Gustavo Andreazza Laporte1, Fernando de Marco Dos Santos1, Jackson Borges Correa1, Márcio Fernando Lopes de Oliveira1 Hospital Beneficência Portuguesa, 2Grupo Hospitalar Conceição, 3Universidade Luterana do Brasil, 4 Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre 1 RESUMO Objetivo: Realizar uma análise do Serviço de Cirurgia Geral do Hospital Beneficência Portuguesa de Porto Alegre (HBP) com vistas a observar o perfil epidemiológico dos pacientes portadores de hérnias de parede abdominal que chegam ao serviço e a incidência de complicações pós-operatórias. Introdução: O Serviço de Cirurgia Geral do HBP fora reaberto em 2011 e reiniciara a residência médica em cirurgia geral em 2013. Visto a recente reabertura do mesmo não há dados que demonstrem a epidemiologia dos pacientes atendidos, bem como as características qualitativas do serviço. Tendo em vista o suprimento desta demanda, o presente trabalho demonstra o perfil dos pacientes atendidos no serviço bem como os desfechos pós-operatórios quanto as hérnias de parede abdominal. Método: Estudo de coorte dos pacientes recebidos no ambulatório SUS de cirurgia geral do HBP, onde foram selecionados pacientes que se apresentaram com hérnia de parede abdominal e foram submetidos a cirurgia no ano de 2013. Todos os pacientes foram submetidos a esclarecimento e assinatura de termo de consentimento. Os dados foram coletados através de uma ficha de coleta que alimentou um banco de dados com as infor- 38 mações, sendo os resultados analisados pelo programa SPSS 18.0.0. As complicações foram classificadas de acordo com a escala de Clavien-Dindo. Resultados: O total de pacientes foi de 124, sendo 82 masculinos (66,1%). 45 apresentavam comorbidades (36,3%; sendo 10 portadores de cardiopatias; 21, HAS; 10, DM; 5, tabagismo; 8, obesidade; 15, outras). Houveram 56 hérnias inguinais (45,1%), 43 umbilicais (34,6%), 3 epigástricas (2,4%), 22 incisionais/recidivadas (17,7%). 30 tiveram algum grau de complicação (24,2%). Sendo 18 de tipo I (14,5%); 9 de tipo II (7,3%); 1 de tipo IIIb (0,8%); 2 de tipo IVa (1,6%). Houve relevância estatística quando correlacionado obesidade como FR para complicações (p=0,022), bem como a idade como FR para aumento da classificação de ASA (p=0,021). Não foram encontradas outras correlações estatisticamente significativas. Conclusão: Este trabalho documenta os primeiros resultados desde a reabertura do serviço de cirurgia geral do HBP. Encontramos no mesmo a relação entre obesidade e complicações pós-operatórias (p<0,05) como sendo um fator de risco para este desfecho, bem como a elevação da idade como fator para aumento do ASA. Também demonstrou-se a qualidade do serviço com complicações mínimas ou ausentes na maioria dos casos (97,6%), tendo apenas uma recidiva (0,8%). AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal v. 2 n. 5 ANÁLISE DAS CIRURGIAS DE CORREÇÃO DE HÉRNIAS INGUINAIS EM PACIENTES DO SERVIÇO DE CIRURGIA GERAL DO HOSPITAL BENEFICÊNCIA PORTUGUESA Iuri Nunes Kist1, Eduardo Barcellos Fumegalli1, Günther Alves Ayala Pereira1, Maitê Bello Jotz2, Leonardo Moura Leal3, Thales Eymael4, Gustavo Andreazza Laporte1, Luis Henrique Del Arroyo Tarragô1, Eduardo Dipp de Barros1, Rafael Seitenfus1 Hospital Beneficência Portuguesa, 2Grupo Hospitalar Conceição, 3Universidade Luterana do Brasil, 4 Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre 1 RESUMO Objetivo: Realizar uma análise do Serviço de Cirurgia Geral do Hospital Beneficência Portuguesa de Porto Alegre (HBP) com vistas a observar o perfil epidemiológico dos pacientes portadores de hérnias inguinais que chegam ao serviço e a incidência de complicações pós-operatórias. Introdução: O Serviço de Cirurgia Geral do HBP fora reaberto em 2011 e reiniciara a residência médica em cirurgia geral em 2013. Visto a recente reabertura do mesmo não há dados que demonstrem a epidemiologia dos pacientes atendidos, bem como as características qualitativas do serviço. Tendo em vista o suprimento desta demanda, o presente trabalho demonstra o perfil dos pacientes atendidos no serviço bem como os desfechos pós-operatórios quanto as hérnias inguinais. Método: Estudo de coorte dos pacientes recebidos no ambulatório SUS de cirurgia geral do HBP, onde foram selecionados pacientes com hérnia inguinal que foram submetidos a cirurgia no período de 2013. Todo paciente fora submetido a esclarecimento e assinatura de termo de consentimento. Os dados foram coletados através de uma ficha de coleta que alimentou um banco de dados com as informações, sendo os resultados analisa- v. 2 n. 5 dos pelo programa SPSS 18.0.0. As complicações foram classificadas de acordo com a escala de Clavien-Dindo. Resultados: O total de pacientes foi de 56, sendo 48 masculinos (85,7%).Do total, 10 portavam hérnia inguinal bilateral (17,8%); 20, direito (35,7%); 26, esquerdo (46,4%). 17 apresentavam comorbidades (30,4%); sendo 4 portadores de cardiopatias; 9, HAS; 4, DM; 2, tabagismo; 2, HPB). 54 cirurgias foram realizadas pela técnica de Litchenstein (96,4%); 2, por TEP (3,6%). 17 tiveram algum grau de complicação (69,6%).Sendo 11 de tipo I (19,6%); 4, de tipo II (7,1%); 2 de tipo IVa (3,6%). Comparou-se as seguintes relações sem haver relevância estatística: complicações vs. comorbidades(p=0,415); idade vs. complicações (p=0,628). Foi encontrada relação significativa na comparação entre ASA e a idade (p=0,021). Conclusão: Este trabalho documenta os primeiros resultados desde a reabertura do serviço de cirurgia geral do HBP. Apesar de não ter encontrado relações estatisticamente significativas além da relação entre ASA e idade, o mesmo demonstra a qualidade do serviço, com complicações ausentes ou mínimas na maioria dos casos (96,4%), sem haver recidivas neste período - ainda que pese o pouco tempo de acompanhamento. Também fica demonstrado o volume de pacientes SUS atendidos, sendo importante para a comunidade. AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal 39 HERNIORRAFIA INCISIONAL UTILIZANDO A SEPARAÇÃO DE COMPONENTES COM TELA Maurice Youssef Franciss1, Hamilton Brasil Ribeiro1, Leandro Cardoso Barchi3, Guilherme Tommasi Kappaz2, Juliana Abbud Ferreira2, Renato Ribeiro de Araujo Pereira2, Ricardo Naegele Staffa2, Marta Cristina Lima2, Edison Dias Rodrigues Filho2, Roger William Fernandes Moreira2 Hospital Geral de Guarulhos, 2Gastromed - Instituto Zilberstein 1 RESUMO Objetivo: Apresentar a técnica de separação de componentes com tela, salientando suas vantagens, desvantagens, indicações e posicionamento da tela. Introdução: A sobreposição da tela (overlap) associado ao conceito de redução progressiva da tensão , por meio de técnicas de avanço miofascial, permitiram uma redução da taxa de recorrência de 40 a 50% para menos de 10% em poucos anos. Método: Apresentação de caso clínico e revisão de literatura , no qual o tratamento realizado de hérnia incluiu a técnica de separação de componentes, com a aplicação de tela de polipropileno “onlay” e plicatura de subcutâneo na prótese, associado a dermoli- 40 pectomia eliptica e drenagem a vácuo, em paciente de pós operatório de peritoneostomia. Resultados: A realização e herniorrafia incisional com separação de componentes em paciente com hérnia incisional após longo período em peritoneostomia, obteve excelentes resultados no pós operatório imediato e tardio, sem registro de intercorrências ou complicações cirúrgicas. Conclusão: A técnica da separação de componentes com tela de polipropileno “onlay” apresenta menores taxas de recidiva quando comparada a “inlay” ou intraperitoneal. Quando comparada a “sublay” não há diferença com relação a recidiva, desde que obedecidos os preceitos técnicos, sendo que a técnica “onlay” apresenta menor tempo operatório. A plicatura do subcutâneo na prótese diminui o seroma, principal complicação da técnica “onlay”. AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal v. 2 n. 5 RECIDIVA PRECOCE DE HERNIOPLASTIA INGUINAL LAPAROSCÓPICA (TAPP): NOVA REABORDAGEM PELO MESMO ACESSO Maurice Youssef Franciss1, Hamilton Brasil Ribeiro2, Renato Ribeiro de Araujo Pereira2, Leandro Cardoso Barchi2, Fernando Furlan Nunes2, Roger Moreira2, Ricardo Naegele Staffa2, Edison Dias Rodrigues Filho2, Guilherme Kapaiz2, Marta Cristina Lima2 Hospital Geral de Guarulhos ,2Gastromed - Instituto Zilberstein 1 RESUMO Objetivo: Demonstrar a viabilidade da reoperação pelo mesmo acesso laparoscópico em paciente operado pela técnica TAPP. Introdução: As hérnias inguinais recidivadas tradicionalmente foram tratadas por meio de acessos anteriores (cirurgia aberta ou convencional). Com o emprego da videolaparoscopia, excelentes resultados tem sido relatados, com marcante redução da recidiva, assim como da morbidade cirúrgica. Método: Apresentação de um vídeo demonstrando um caso de re-operação por videolapa- v. 2 n. 5 roscopia em paciente submetido a técnica TAPP que apresentou recidiva precoce, com herniação da bexiga através de defeito direto nos períodos de repleção vesical, devido ao deslocamento da tela. Resultados:O sítio cirúrgico apresentava grande fibrose local, porém pela via de acesso selecionada foi factível a dissecção, com preservação da inervação. Paciente com evolução favorável sem inguinodinia. Conclusão: A reabordagem utilizando a mesma via posterior laparoscópica é uma opção válida no tratamento da recidiva pós utilização da técnica TAPP, em casos selecionados e com equipe experiente em abordagens laparoscópicas das hérnia inguinais. AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal 41 RESTITUCIÓN INTESTINAL Y PLASTÍA DINÁMICA ABDOMINAL, UN TIEMPO QUIRÚRGICO Adriana Hernandez Lopez1, Estefania J. Villalobos Rubalcava1 Centro Medico ABC, Mexico Df 1 RESUMEN Objetivo: Demostrar que la restitución del tránsito intestinal y la reparación del defecto de la pared, con el uso de malla, en un sólo tiempo es posible y seguro. Introducción: La reparación de la pared por un defecto herniario es uno de los procedimientos más comunes dentro de la cirugía general. Un escenario común con hernia ventral es la coexistencia de un estoma, tradicionalmente, se le da prioridad a la restitución intestinal y el problema herniario se resuelve provisionalmente, planeándose la reparación en un segundo tiempo quirúrgico. Sin embargo, no existe diferencia significativa cuando existe contaminación con el uso o no de mallas. Método: Masculino de 65 años, con diagnóstico de hernia ventral (25x15cm) + colostomía. Antecedentes de importancia: 2 años previos a su reparación abdominal, se le realizó hernioplastía inguinal izquierda con lesión inadvertida de colon sigmoides. Se efectúa laparotomía explorada con resección de colon y colostomía. Se decide preparación con toxina botulínica 4 semanas 42 previas a la plastía dinámica abdominal. Con protocolo para este tipo de pacientes, se hospitaliza con 24 horas de anticipación para preparación intestinal. Resultados: Se realizó restitución intestinal + plastía dinámica abdominal sin complicaciones. Como parte del procedimiento: plicatura de sacos peritoneales con colocación de malla de polipropileno ligero macroporoso supraaponeurótica. El paciente fue dado de alto a su quinto día postoperatorio, tolerando vía oral y evacuando. No hubo datos de respuesta inflamatoria, el gasto por los drenajes se mantuvo seroso, fueron retirados al séptimo día. Se le ha dado un seguimiento durante 9 meses, sin recurrencia hasta el día de hoy. Conclusión: Existen dos entidades clínicas difíciles en su manejo y que conllevan un alto riesgo de infección. Se trata de aquellos casos con hernia paraestomal y aquéllos con hernia de pared que cursan además con un estoma. Nuestra experiencia en los últimos 10 años, nos sugiere que es posible llevar a cabo en pacientes bien seleccionados y con éxito, la restitución intestinal y la reparación de la pared abdominal con malla simultáneamente. Siempre será cirugía electiva, con preparación previa. AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal v. 2 n. 5 TÉCNICA DE CARBONELL-BONAFÉ, UNA OPCIÓN DE PLASTÍA DINÁMICA EN HERNIA COMPLEJA Adriana Hernandez Lopez1, Estefania Villalobos Rubalcava1 Centro Medico Abc, Mexico Df 1 RESUMEN Objetivo: Una reconstrucción de la pared abdominal ideal debe incluir prevención de la recurrencia, refuncionalización de la pared abdominal, reparación libre de tensión, soporte muscular dinámico, restablecer dinámica respiratoria, mantener distensiblidad y flexibilidad, y restablecer línea media, por lo que una hernia compleja requiere de preparación y herramientas transoperatorias. Introducción: Basado en el principio de Pascal y las fuerzas hidrostáticas de la ley de Laplace, una hernia seguirá creciendo a lo largo del tiempo si no es tratada, por lo que siempre debe considerarse la corrección quirúrgica. Las grandes eventraciones producen una ruptura del equilibrio entre las presiones de la cavidad abdominal y torácica, lo que se traduce en problemas parietomusculares, estáticos, respiratorios, viscerales, vasculares y tróficos. Por eso la necesidad de reconstruir la pared abdominal. Método: masculino de 39 años con hernia ventral de 30x15cm secundario a abdomen catastrófico por pancreatitis aguda severa 5 años previos a su reparación. Refiere 11 eventos quirúrgicos, entre ellos: necrosectomía, lavados quirúrgicos y sistema VAC. Se le manejo abdomen abierto y cierre por segunda intención durante 9 meses. A la v. 2 n. 5 exploración se encuentra gran eventración media de M1-M4, defecto en flanco izquierdo de 4x3cm. TC abdominal muestra defecto ventral xifopúbico, defecto lateral izquierdo de 4x3cm y colelitiasis. Se planea plastía dinámica de la pared abdominal + colecistectomía, se prepara con toxína botulínica un mes previo. Resultados: Se realiza satisfactoriamente Técnica de Carbonell-Bonafé, se refuerza defecto lateral con malla supraaponeurótica de polipropileno ligero macroporoso. La cirugía fue incidentes, duración 3:30hrs, sangrado 300ml, 4 días hospitalización, retiro drenajes séptimo día. Continua con seguimiento, sin recidiva hasta el día de hoy. Presentó como complicaciones: hematomas de la pared abdominal, que resolvieron con manejo conservador y sufrimiento mínimo de zona con tensión en piel, parte supraumbilical 2x2cm. Conclusión: Contamos con la opción de separación de componentes, descrita por Ramírez Palomino. Se han realizado varias modificaciones de la técnica original (de Fabian, M. Rosen, G. Dumanian, Ch. Butler, entre otros) siendo lo primordial es el cierre de la línea media. El Dr. Fernando Carbonell describe una mioplastía combinada con una separación de componentes y el refuerzo de una prótesis, donde se persigue la reconstrucción anatómica y biomecánica de la pared abdominal, preservando su función. AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal 43 PLASTÍA DINÁMICA CON PLICATURA DE SACO PERITONEAL Adriana Hernandez Lopez1, Estefania J. Villalobos Rubalcava1 Centro Medico Abc, Mexico Df 1 RESUMEN Objetivo: Demostrar que es posible utilizar el saco peritoneal para aislar el contenido visceral y conformar un cierre de pared en una plastia dinámica. Introducción: La reparación de la pared por un defecto herniario es uno de los procedimientos más comunes dentro de la cirugía general. Un escenario común con hernia ventral es que no se tenga la posibilidad de cobertura músculo aponeurotica para el cierre de pared dada la magnitud del tamaño del anillo herniario. Sin embargo es factible obtener una cobertura y cierre de este defecto con la plicatura del saco peritoneal dado que en la mayoría de estos casos, es una estructura fuerte y permite el cierre. Método: Femenino 85 años, con diagnóstico de hernia ventral (20x15cm) Antecedentes de importancia: 10 años previos a su reparación abdominal, se efectuó colectomía izquierda por cáncer de colon. Se realizó preparación con toxina 44 botulínica un mes previo a la plastía dinámica abdominal. Siguiendo el protocolo para este tipo de pacientes se internó 24 Hrs antes del procedimiento. Se realizó preparación intestinal. Resultados: Se realizó cirugía sin incidentes, ni entorotomías incidentales. Se colocó malla supraaponuerótica de 30x20cm. Tiempo quirúrgico de 2 horas con 30 minutos. Sangrado de 200ml. La paciente fue dada de alta al sexto día, se retiraron drenajes al décimo día. Continua con seguimiento, siendo éste el noveno mes, sin recidiva hasta el día de hoy. Conclusión: La plicatura de saco peritoneal ha demostrado ser una opción transoperatoria como manejo de hernia ventral gigante. Cuando se tienen defectos grandes y una separación de componente no asegura el cierre de la línea media, se ha realizado el cierre del saco peritoneal al anillo herniario, siendo posible dar integridad a la pared abdominal y cobertura a las asas peritoneales. Se ha realizado esta técnica con colocación de malla intraperitoneal, técnica sándwich y supraaponeurótica. AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal v. 2 n. 5 RELATO DE CASO: HERNIA PERINEAL CONGENITA Mayara Fernanda Pacovska1, Isabela Ribeiro Siqueira1, Orli Franzon1, Victor Fabrício de Moraes Rosset1 Hospital Regional Homero de Miranda Gomes 1 RESUMO Objetivo: Descrever um relato de caso de hérnia perineal congênita Introdução: Hérnia perineal também denominada por hérnia pélvica, isquiorretal ou pudenda é um tipo raro de hérnia, onde um conteúdo intraperitoneal ou extraperitoneal se sobressai através de um defeito, congênito ou adquirido, entre os músculos ou fáscias que formam o assoalho pélvico. O primeiro caso foi relatado por Garangeot em 17431,2. É cinco vezes mais comum em mulheres do que em homens. Método: MEP, feminina, 78 anos, multípara, casada, aposentada, natural e procedente de Santa Catarina. Encaminhada ao ambulatório de cirurgia geral do Hospital Regional Homero de Miranda Gomes, com queixa de um grande abaulamento na região pélvica que lhe causava desconforto e a impedia de se sentar confortavelmente. Referia dor ao evacuar. Ao exame físico observou-se abaulamento redutível da região e manobra de valsalva positi- v. 2 n. 5 va. Não havia presença de sinais flogísticos. A paciente já havia realizado cirurgia prévia para correção da hérnia perineal há 15 anos por via videolaparoscópica. Diagnosticada, ao exame clínico, hérnia perineal esquerda recidivada. Resultados: A paciente foi submetida ao tratamento cirúrgico, optando-se pela via perineal. Seguiram-se os mesmos princípios de correção das demais hérnias. Isolamento do saco herniário, que apresentava-se através do músculo elevador do ânus esquerdo (figura 1). Redução do saco herniário e rafia do músculo elevador do ânus esquerdo com fio inabsorvível (figura 2). Conclusão: A abordagem cirúrgica fica a critério e de acordo com a experiência profissional de cada médico, mas alguns detalhes sobre as formas de abordagem são interessantes, como por exemplo: a via abdominal tem a vantagem de visualização direta de estruturas abdominais incluindo o saco herniário e o seu conteúdo. Enquanto que a via perineal é vantajosa na medida em que a cavidade abdominal não é inserida, assim reduzindo a morbidade associada à cirurgia de grande porte. AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal 45 PLASTÍA DINÁMICA DE LA PARED ABDOMINAL, UNA SERIE DE OPCIONES EN LA BANDEJA Adriana Hernandez Lopez1, Estefania J. Villalobos Rubalcava1 Centro Medico ABC, Mexico DF 1 RESUMEN Objetivo: Conocer las opciones preoperatorias y transoperatorias para el manejo de hernia compleja es de vital importancia para ofrecer al paciente un manejo integral en la reconstrucción de la pared abdominal. Introducción: Existen defectos miofasciales gigantes, que proporcionan un reto para el cirujano. Conocer las opciones preoperatorias como el uso de toxina botulinica, neumoperitoneo y expansores tisulares, así como las opciones transoperatorias como separación de componentes y sus variantes, técnica de Albanese, plicatura de sacos peritoneales, entre otros; son de vital importancia para poder proveer en los casos de hernia compleja una cobertura de la cavidad abdominal con adecuado funcionamiento de la pared. Método: Masculino de 75 años, cardiópata, con diganóstico de hernia ventral de 35x25cm. Antecedente de enfermedad diverticular complicada, se le realizó procedimiento de Hartman de urgencia y colostomía. Se realiza primer intento de restitución intestinal, presenta fuga, se maneja con abdomen abierto por un tiempo además de colostomía derivativa. Se afronta abdomen con manejo de hernia controla- 46 da. Se realiza segunda restitución sin reparación de la pared abdominal. 6 meses posteriores se decide plastía dinámica de la pared abdominal. Se prepara con toxina botulínica 4 semanas previas a la intervención. Como protocolo se hospitaliza 24hrs, se realiza preparación intestinal. Resultados: Se realizó cirugía sin incidentes. Gracias a la aplicación de la toxina botulínica se logro una fácil manipulación de los tejidos, se realizó separación de componentes anterior unilateral, ya que del lado izquierdo tuvo colostomía y no fue posible realizar la separación bilateral. Para realizar un cierre que no proviera a la cavidad de hipertensión se realiza plicatura de sacos peritoneales, obteniendo un cierre y cobertura de asas peritoneales, se coloca malla de polipropileno ligero macroporoso supraaponeurótico, se afronta oblicuo mayor para restituir fisiología de la pared abdominal. Conclusión: Se trata de un caso con preparación con toxina botulinica. Al ser este un recurso preoperatorio, (aún en defectos aponeuróticos grandes que no permitirán el cierre solo con este recurso), la aplicación de toxina botulínica ha permitido la manipulación del complejo músculo-aponeurótico en el transoperatorio y ha facilitado las técnicas quirúrgicas convencionales ya conocidas que permitieron una plastía dinámica. AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal v. 2 n. 5 COMPARAÇÃO DA REAÇÃO INFLAMATÓRIA E DO GANHO DE RESISTÊNCIA DA PAREDE ABDOMINAL COM O USO DAS TELAS DE POLIPROPILENO E DE POLIPROPILENO/POLIGLECAPRONE NO REPARO DE FALHAS ABDOMINAIS EM RATOS Maria De Lourdes Pessole Biondo Simões1, Paula Almeida Pamponet Moura1, Kelly Colla1Camila Gomes de Morais1, Renata Augusta d Miranda1, Anna Flávia Zonato Tocchio1 Universidade Federal do Paraná 1 RESUMO Objetivo: O trabalho presente visou comparar a resposta inflamatória e o ganho de resistência da parede abdominal com o uso das telas de polipropileno e com telas de polipropileno associado ao poliglecaprone na correção de falhas abdominais, em ratos. Introdução: A correção de hérnias incisionais é acompanhada de altas taxas de recidiva com as técnicas de sínteses fasciais. O uso de telas reduziu esta complicação, mas aumentou as taxas de complicações como: fístulas, aderências e infecção. A tela padrão é a de polipropileno, de característica inabsorvível. Recentemente, surgiu a possibilidade de empregar telas de polipropileno/poliglecaprone, este componente de característica absorvível, reduziria, teoricamente, as complicações. Método: Utilizou-se 77 ratos Wistar, machos, com 140 dias de idade e peso médio de 422g, alocados em três grupos: GC (n=7), grupo controle de resistência; GE (n=35), animais tratados com tela de polipropileno e GU (n=35) tratados com tela de polipropileno/ poliglecaprone. Nos animais dos grupos GE e GU confeccionou-se uma falha músculo-aponeurótica, mantendo-se o peritônio íntegro. Trataram-se estas fa- v. 2 n. 5 lhas com a tela designada para o grupo no qual estava alocado o animal. Aferiu-se com 4, 7, 14, 28 e 56 dias de pós-operatório. Avaliou-se a resistência e a intensidade da reação inflamatória, sendo mensurados por escore padrão de intensidade reacional. Resultados: O ganho de resistência foi gradual e significante com o decorrer do tempo em ambos os grupos (p<0,001), com diferença entre eles apenas no 14º dia (p=0,008), no qual o grupo GE obteve maior resistência. Entretanto, nenhum dos grupos atingiu a resistência da parede normal até o 56º dia. A reação inflamatória foi de característica aguda e de maior intensidade para o GU no quarto dia. Nos demais tempos o padrão inflamatório foi semelhante entre os dois grupos, apresentando característica agudo-crônica, que era de mínima intensidade ao 56º dia. Conclusão: A análise dos resultados, dentro das condições deste experimento, permitiu concluir que a curva de ganho de resistência das paredes corrigidas com tela de polipropileno é crescente e uniforme, estabilizando-se ao 28º dia, enquanto a das corrigidas com polipropileno/poliglecaprone é irregular. Ao final do período de observação, ambas oferecem a mesma resistência. A resposta inflamatória local é maior em GU no quarto dia e é semelhante nos dois grupos nos demais tempos. AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal 47 ANÁLISE DAS CIRURGIAS DE CORREÇÃO DE HÉRNIAS RECIDIVADAS E INCISIONAIS EM PACIENTES DO SERVIÇO DE CIRURGIA GERAL DO HOSPITAL BENEFICÊNCIA PORTUGUESA DE PORTO ALEGRE Eduardo Barcellos Fumegalli1, Iuri Nunes Kist1, Günther Alves Ayala Pereira1, Maitê Bello Jotz2, Leonardo Moura Leal3,Thales Eymael4, Gustavo Andreazza Laporte1, Luis Henrique Del Arroyo Tarragô1, Eduardo Dipp de Barros1, Rafael Seiteinfus1 Hospital Beneficência Portuguesa, 2Grupo Hospitalar Conceição, 3Universidade Luterana do Brasil, 4 Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto 1 RESUMO Objetivo: Realizar uma análise do Serviço de Cirurgia Geral do Hospital Beneficência Portuguesa de Porto Alegre (HBP) com vistas a observar o perfil epidemiológico dos pacientes portadores de hérnias recidivadas ou incisionais que chegam ao serviço e a incidência de complicações pós-operatórias. Introdução: O Serviço de Cirurgia Geral do HBP fora reaberto em 2011 e reiniciara a residência médica em cirurgia geral em 2013. Visto a recente reabertura do mesmo não há dados que demonstrem a epidemiologia dos pacientes atendidos, bem como as características qualitativas do serviço. Tendo em vista o suprimento desta demanda, o presente trabalho demonstra o perfil dos pacientes atendidos no serviço bem como os desfechos pós-operatórios quanto as hérnias recidivadas ou incisionais. Método: Estudo de coorte dos pacientes recebidos no ambulatório SUS de cirurgia geral do HBP, onde foram selecionados pacientes que apresentaram hérnias recidivadas ou incisionais e foram submetidos a cirurgia no período de 2013. Todo paciente fora submetido a esclarecimento e assinatura de termo de consentimento. Os dados foram 48 coletados através de uma ficha de coleta que alimentou um banco de dados com as informações, sendo os resultados analisados pelo programa SPSS 18.0.0. As complicações foram classificadas de acordo com a escala de Clavien-Dindo. Resultados: O total de pacientes foi de 22, sendo 8 masculinos (36,4%). 10 apresentavam comorbidades (45,5%; sendo 2 portadores de cardiopatias; 6, HAS; 1, DM; 1, tabagismo; 3, obesidade; 1, outras). 5 hérnias foram corrigidas por herniorrafia (22,7%); 16, hernioplastias (72,6%; 14 onlay, 1 inlay e 1 sublay), além de uma recidiva de herniorrafia inguinal corrigida pela técnica de Litchenstein. 7 tiveram algum grau de complicação (31,8%). Sendo 4 de tipo I (18,2%); 3, de tipo II (13,6%); Não houveram correlações estatisticamente significativas. Conclusão: Este trabalho documenta os primeiros resultados desde a reabertura do serviço de cirurgia geral do HBP. Apesar de não ter encontrado relações estatisticamente significativas, o mesmo demonstra a qualidade do serviço, com complicações ausentes ou mínimas em 100% dos casos, mesmo com um leve aumento do número de complicações se comparado a outros resultados do serviço - podendo ser atribuído ao perfil destes pacientes. Também destaca-se o fato de não haver, neste período, o registro de recidivas. AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal v. 2 n. 5 ANÁLISE DAS CIRURGIAS DE CORREÇÃO DE HÉRNIAS UMBILICAIS EM PACIENTES DO SERVIÇO DE CIRURGIA GERAL DO HOSPITAL BENEFICÊNCIA PORTUGUESA DE PORTO ALEGRE Eduardo Barcellos Fumegalli1, Iuri Nunes Kist1, Günther Alves Ayala Pereira1, Maitê Bello Jotz2, Leonardo Moura Leal3, Thales Eymael4, Gustavo Andreazza Laporte1, Fernando de Marco dos Santos1, Jackson Borges Correa1, Márcio Fernando Lopes de Oliveira1 Hospital Beneficência Portuguesa, 2Grupo Hospitalar Conceição, 3Universidade Luterana do Brasil, 4 Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre 1 RESUMO Objetivo: Realizar uma análise do Serviço de Cirurgia Geral do Hospital Beneficência Portuguesa de Porto Alegre (HBP) com vistas a observar o perfil epidemiológico dos pacientes portadores de hérnia umbilical que chegam ao serviço e a incidência de complicações pós-operatórias. Introdução: O Serviço de Cirurgia Geral do HBP fora reaberto em 2011 e reiniciara a residência médica em cirurgia geral em 2013. Visto a recente reabertura do mesmo não há dados que demonstrem a epidemiologia dos pacientes atendidos, bem como as características qualitativas do serviço. Tendo em vista o suprimento desta demanda, o presente trabalho demonstra o perfil dos pacientes atendidos no serviço bem como os desfechos pós-operatórios quanto as hérnias umbilicais. Método: Estudo de coorte dos pacientes recebidos no ambulatório SUS de cirurgia geral do HBP, onde foram selecionados pacientes que apresentaram hérnia umbilical e foram submetidos a cirurgia no ano de 2013. Todo paciente fora submetido a esclarecimento e assinatura de termo de consentimento. Os dados foram coletados através de uma ficha de coleta que alimentou um banco de dados com as infor- v. 2 n. 5 mações, sendo os resultados analisados pelo programa SPSS 18.0.0. As complicações foram classificadas de acordo com a escala de Clavien-Dindo. Resultados: O total de pacientes foi de 42, sendo 23 masculinos (54,8%). 17 apresentavam comorbidades (40,5%; sendo 4 portadores de cardiopatias; 5, HAS; 4, DM; 2, tabagismo; 5, obesidade; 8, outras). 33 hérnias foram corrigidas por herniorrafia (78,6%); 9, hernioplastias (7 onlay, 1 inlay e 1 sublay). 6 tiveram algum grau de complicação (19%). Sendo 3 de tipo I (7,1%); 2, de tipo II (4,8%); 1 de tipo IIIb (2,4% - sendo esta uma recidiva), havendo 2 perdas de seguimento. Obteve-se o resultado de que a obesidade é fator de risco para complicações pós-operatórias (p=0,005), não havendo outras relações de relevância estatística. Conclusão: Este trabalho documenta os primeiros resultados desde a reabertura do serviço de cirurgia geral do HBP. Encontramos no mesmo a relação entre obesidade e complicações pós-operatórias (p<0,05) como sendo um fator de risco para este desfecho. Também demonstrou-se a qualidade do serviço com complicações mínimas ou ausentes na maioria dos casos (97,6%), e apenas uma recidiva (2,4%). Também fica demonstrado o volume de pacientes SUS atendidos, sendo importante para a comunidade. AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal 49 ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO EM PÓS OPERATÓRIO DE HERNIOPLASTIA INGUINAL LAPAROSCÓPICA Maurice Youssef Franciss1, Bruno Zilberstein1, Leandro Cardoso Barchi1, Guilherme Tommazi Kappaz1, Fernando Furlan Nunes1, Juliana Abbud Ferreira1, Cely Melo da Costa Bussons1, Renato Ribeiro de Araujo Pereira1, Edison Dias Rodrigues Filho1, Leonardo Takayassu Kakuda1 Gastromed - Instituto Zilberstein 1 RESUMO Objetivo: Demonstrar uma complicação cirúrgica incomum em pós operatório de hernioplastia inguinal laparocópica, necessitando de reabordagem no 5º PO por obstrução intestinal. Introdução: O fato de numerosos e diferentes procedimentos serem utilizados para o tratamento da hérnia inguinal reflete a complexidade da instabilidade inguinal e a sua reparação. A cirurgia por videolaparoscopia surgiu como nova opção de tratamento cirúrgico, sendo realizada por via transperitonial (TAPP) ou pré-peritonial (TEP). A cirurgia laparoscopica trouxe no entanto outras complicacões decorrentes do acesso posterior. Método: Paciente no 5º PO de herniorrafia 50 inguinal (TAPP), apresentando quadro de obstrução intestinal (hérnia interna) por encarceramento de alça de intestino delgado em orifício de fechamento do “flap” peritoneal, o qual foi realizado com grampos helicoidais inabsorviveis, submetido à nova reabordagem cirúrgica laparoscópica. Resultados: Após redução do conteúdo herniário o qual apresentava boa viabilidade, fechamento com sutura do flap peritoneal, o paciente evoluiu sem intercorrências, apresentando evolução favorável, recebendo alta no 2º PO, com boa aceitação de dieta e funcionamento intestinal. Conclusão: Apesar dos avanços e aprimoramento nas técnicas e materiais para o reparo de hérnias por videolaparoscopia, as complicações do acesso laparoscópico devem ser consideradas, principalmente quanto a técnica do fechamento peritoneal. AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal v. 2 n. 5 HERNIOPLASTIA INGUINAL BILATERAL E CORREÇÃO DE DIÁSTASE DE RETO ABDOMINAL POR LAPAROSCOPIA Bruno Zilberstein1, Maurice Youssef Franciss1, Guilherme Tommazi Kappaz1, Leandro Cardoso Barchi1, Cely Melo da Costa Bussons1, Renato Ribeiro de Araujo Pereira1, Ricardo Naegele Staffa1, Edison Dias Rodrigues Filho1, Marta Cristina Lima1, Roger William Fernandes Moreira1 Gastromed - Instituto Zilberstein 1 RESUMO Objetivo: Demonstrar a técnica de hernioplastia inguinal bilateral e correção de diástese de músculo reto abdominal. Introdução: A estrutura músculo-fáscio aponeurótica da parede abdominal forma uma espécie de cinturão constritivo que mantém os órgãos intra-abdominais em seu lugar. Esses músculos também intervém nos movimentos de flexão do tronco e nos processos fisiológicos que requerem aumento da pressão intra-abdominal. Existem certas áreas de debilidade normal da parede abdominal, como a linha alba onde por vezes surge o abaulamento secundario a diástase dos retos abdominais. Método: Realizada hernioplastia inguinal bilateral laparoscópica (TAPP) e correção de diástese de músculo reto abdominal, com plicatura da bainha posterior dos retos e colocação de v. 2 n. 5 tela por via laparocópica. Mantido curativo com faixa adesiva sob tensão até o 7º dia de pós operatório. Resultados: O resultado pós operatório foi extremamente satisfatório. A paciente evoluiu com mínima dor e sem seroma, recebeu alta no 2ºdia de pós-operatório, sendo o curativo retirado no 7° PO. No pós operatório tardio apresentou bom resultado estético e além da ausência de grandes cicatrizes, teve a vantagem do retorno precoce às atividades habituais. Conclusão: O método é viável e reprodutível, poupando o paciente de incisão longitudinal ampla na parede abdominal, permitindo rápida recuperação e retorno precoce a suas atividades habituais. Tem sua principal indicação quando há diástase significativa dos músculos reto abdominais, com significativa deformidade local e perda da força muscular, podendo ser aplicada em combinação com outros procedimentos cirúrgicos por videolaparoscopia. AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal 51 REPARO DE HÉRNIA INGUINAL POR ROBÓTICA Bruno Zilberstein1, Leandro Cardoso Barchi1, Maurice Youssef Franciss1, Guilherme Tommasi Kappaz1, Cely Melo Da Costa Bussons1, Fernando Furlan Nunes1, Juliana Abbud Ferreira1, Ricardo Naegele Staffa1, Edison Dias Rodrigues Filho1, Leonardo Takayassu Kakuda1 Gastromed - Instituto Zilberstein 1 RESUMO Objetivo: Apresentar um caso de hérnia inguinal operada com o auxilio da robótica. As vantagens desta tecnologia serão exploradas com a apresentação do vídeo que mostrará passo-a-passo dessa técnica cirúrgica. Introdução: Os recentes avanços na tecnologia da cirurgia robótica, um dos tipos de cirurgia minimamente invasiva, podem trazer aos pacientes uma série de novos benefícios. A cirurgia robótica permite maior precisão nos movimentos e tem sido empregada como alternativa à abordagem laparoscópica convencional em muitos procedimentos. Método: Foi realizada herniorrafia inguinal esquerda por via robó- 52 tica e laparoscópica convencional, com acesso transabdominal pré-peritonial (TAPP). Será apresentado um vídeo que ilustra a dissecção da região inguinal com auxílio do robô. A colocação da tela e o fechamento do peritônio foram realizados por via laparoscópica convencional. Resultados: O uso do robô é factível para a dissecção da região inguinal, permitindo maior precisão do cirurgião, além de facilitar a identificação de vasos e nervos pela visualização tridimensional do campo cirúrgico. Conclusão: A correção de hérnia inguinal via robótica e laparoscópica convencional foi segura para o paciente, com sangramento mínimo e tempo cirúrgico aceitável. O uso do robô é uma alternativa a ser estudada para o tratamento cirúrgico das hérnias inguinais. AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal v. 2 n. 5 HÉRNIA INGUINAL ENCARCERADA Maurice Youssef Franciss1, Bruno Zilberstein1, Leandro Cardoso Barchi1, Guilherme Tommazi Kappaz1, Fernando Furlan Nunes1, Juliana Abbud Ferreira1, Cely Melo da Costa Bussons1, Renato Ribeiro de Araujo Pereira1, Marta Cristina Lima1, Edison Dias Rodrigues Filho1 Gastromed - Instituto Zilberstein 1 RESUMO Objetivo: Demonstrar a aplicação da videolaparoscopia no tratamento de hérnias inguinais encarceradas. Introdução: As hérnias inguinais podem conter intestino delgado ou cólon, apêndice vermiforme, omento, ovários, trompa de Falópio, entre outros órgãos. Aproximadamente 10% se tornam encarceradas, podendo levar a estrangulamento, obstrução ou infarto intestinal. A literatura é rica em trabalhos que ilustram os benefícios da videocirurgia, inclusive no v. 2 n. 5 tratamento das hérnias inguinais encarceradas. Método: Apresentação de caso de hérnia inguinal, encarcerada no qual a videolaparoscopia foi aplicada. Resultados: A videocirurgia é uma opção aceitável para tratamento das hérnia inguinais encarceradas por permitir tratamento efetivo, associado a diminuição das complicações e com a vantagem da melhor avaliação do conteúdo herniário encarcerrado. Conclusão: A videolaparoscopia pode ser uma excelente ferramenta para tratamento das hérnias inguinais encarcerradas, permitindo diminuição da morbidade associada a cirurgias convencionais abertas. AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal 53 AVALIAÇÃO DA DEPOSIÇÃO DE COLÁGENO APÓS A IMPLANTAÇÃO DE TRÊS TIPOS DE TELAS EM RATOS WISTAR PRECOCE E TARDIAMENTE Cristina Gama Pereira Lucena1, Ricardo Artigiani Neto1, Gaspar de Jesus Lopes Filho1, Délcio Matos1, Daniel T. Rezende1, Marcelo Moura Linhares1 Universidade Federal de São Paulo 1 RESUMO Objetivo: 1 – Comparar (no 7ºDPO) a tela convencional de PP com as telas de baixa densidade de PP + PG e PP + TI em relação à morfometria do colágeno. 2 – Comparar a morfometria do colágeno precoce e (7ºDPO) e tardia (40ºDPO) na tela de PP com as telas de baixa densidade de PP + PG e PP + TI. Introdução: Embora o implante de telas reduza as recidivas nas hernioplastias abdominais, aumenta a taxa de complicações, decorrentes de maneira geral da liberação local e sistêmica de mediadores inflamatórios. As telas de baixa densidade (BD) parecem reduzir as complicações, mas podem estar relacionadas a aumento da taxa de recorrência. O colágeno é uma proteína fundamental à formação da cicatriz definitiva. Suas síntese e deposição dependeriam da magnitude do processo inflamatório no reparo da lesão. Método: Trinta ratos Wistar foram alocados em três grupos nos quais houve implante de fragmento de telas (2x3cm) de PP, PP+PG (BD) e PP+TI (BD) em sua parede abdominal após anestesia, incisão e ressecção de fragmento muscular em flanco direito do animal. Nos 7º e 40ºPO os animais foram submetidos a eutanásia e colheu-se fragmento da região central do 54 implante, distando o máximo possível das suturas de fixação. Usou-se a coloração pcrosirius sob luz polarizada para identificação das fibras colágenas, captura de imagens e contagem objetiva de pixels correspondentes ao mesmo através do programa do computador Image Tool 3.0. Ferramentas Estatísticas: ANOVA, através do SPSS 1.9 para Windows. Resultados: 1 - No 7ºPO, os animais os quais receberam a tela PP exibiu a melhor deposição de colágeno (p = 0.023), enquanto o grupo PP+PG apresentou a pior. O grupo PP+TI apresentou valores intermediários em relação aos demais. 2 – No 40ºPO houve redução dos pixels correspondentes ao colágeno em todos os grupos (p<0,001, p=0,004 e p<0,001). Qualitativamente, o observou-se que a deposição dessa proteína permaneceu mais intensa e organizada, em feixes de fibras, no grupo PP, enquanto no grupo PP+PG houve uma deposição fraca, errática e desorganizada, em ambos os períodos pós-operatórios. Conclusão: 1 – Neste estudo, precoce e tardiamente, o grupo PP apresentou deposição mais intensa e organizada do colágeno, enquanto o grupo PP+PG apresentou a pior. 2 – Ao longo do tempo, houve redução dessa deposição em todos os grupos, provavelmente devido à fase de remodelação da cicatriz, etapa final do reparo da lesão da parede abdominal. AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal v. 2 n. 5 HÉRNIA INCISIONAL LAPAROSCÓPICA COM FECHAMENTO TRANSFACIAL E TELA INTRAPERITONEAL Maurice Youssef Franciss1, Hamilton Brasil Ribeiro2, Bruno Zilberstein1, Leandro Cardoso Barchi1, Guilherme Tommazi Kappaz1, Fernando Furlan Nunes1, Juliana Abbud Ferreira1, Cely Melo da Costa Bussons1, Edison Dias Rodrigues Filho1, Roger William Fernandes Moreira1 Gastromed - Instituto Zilberstein, 2Hospital Geral de Guarulhos 1 RESUMO Objetivo: relatar a viabilidade do tratamento por videolaparoscopia de hérnia incisional com aproximação de aponeurose por fechamento transfacial e colocação de tela intraperitoneal. Introdução: apesar dos avanços das técnicas cirúrgicas, as hérnias incisionais ainda são frequentes, ocorrendo em torno de 10% dos pós-operatórios, com diversos fatores precipitantes. Os métodos de correção normalmente utilizam grandes dissecções teciduais gerando dor e desconforto, com risco aumentado de seroma e infecção. Para as hérnias de grande volumes a abordagem laparoscópica permanece controversa. Método: realização de reparo de hérnia v. 2 n. 5 incisional por via laparoscópica com fechamento transfacial da aponeurose com pontos em “u” de fio absorvível utilizando pinça percutânea passadora de fios e fixação de tela intraperitoneal com grampeador absorvível. Paciente mantido com curativo tensionado por 7 dias. Resultados: realizada a correção totalmente por via laparoscópica, com boa contenção da hérnia e retificação dos retos abdominais, paciente com evolução pós operatória favorável, porém com dor significativa necessitando de analgésicos opióides ate o 7º pós operatório.Não houve formação de seroma. Conclusão: o acesso laparoscópico é uma opção para as grandes hérnias incisionais com melhor resultado estético desde que associado ao fechamento do defeito herniário e com menor risco de infecção da ferida. AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal 55 CORREÇÃO CIRÚRGICA DE HÉRNIA PARACOLOSTÔMICA UTILIZANDO SEPARAÇÃO DE COMPONENTES: UM RELATO DE CASO Orli Franzon1, Renata Aparecida Servidoni1, Joana Tozatti1, Nicolau Fernandes Kruel1, Hideo Suzuki1, Andre Luiz Parizi Mello1 Hospital Regional de São José/SC 1 RESUMO Objetivo: O objetivo deste trabalho é relatar a experiência de um caso de hérnia paracolostômica tratado no Hospital Regional de São José / SC – Homero de Miranda Gomes bem como realizar uma revisão bibliográfica sobre o tema e suas diferentes formas de abordagem sendo a técnica de separação de componentes pouco citada na literatura atual como método de tratamento empregado para esta patologia que é uma das complicações mais freqüentes após realização de enterostomia. Introdução: A hérnia paraestomal é uma complicação freqüente, principalmente nos primeiros 2 anos e relacionam-se com idade avançada, comorbidades e pressão intra abdominal elevada. O reparo deste defeito pode ser realizado por via laparotômica ou laparoscópica, com ou sem a colocação de telas. Em alguns casos, devido a defeitos na parede abdominal ou aderências pós operatórias, a correção deste tipo de hérnia é difícil e outras técnicas podem ser empregadas, como por exemplo, a separação de componentes. Método: Relato de caso de um paciente masculino, 50 anos, internado previamente com quadro de abdome agudo perfurativo por lesão em reto secundária a corpo estranho. Naquela ocasião, foi realizada cirurgia de Hartmann. Retornou após um ano e oito meses para decolostomia e apresentando hérnia paracolostômica 56 sendo indicada a correção cirúrgica. Realizou-se então reconstrução do transito intestinal e reparo da hérnia com a técnica de separação de componentes sendo os procedimentos realizados sem intercorrências. Paciente apresentou boa evolução e recebendo alta hospitalar no 11° dia de pós-operatório. Atualmente, mantém-se em acompanhamento ambulatorial sem alterações. Resultados: A técnica de separação de componentes, descrita por Ramirez em 1990, é um método de reconstrução da parede abdominal que se baseia no aumento da superfície pelo movimento das camadas musculares pela secção longitudinal da aponeurose do músculo obliquo externo, lateralmente a borda do músculo reto, reduzindo assim a tensão e permitindo o deslocamento e aproximação destes componentes. No caso relatado, lateralmente ao estoma, foi realizada incisão longitudinal da aponeurose do músculo oblíquo externo, e medialmente, incisão da bainha anterior do músculo reto abdominal, permitindo o fechamento, sem tensão, do orifício da hérnia envolvendo a borda estomal com bom resultado estético e funcional. Conclusão: A correção de hérnia paraestomal com a utilização da técnica de separação de componentes aponeuróticos musculares, sem colocação de tela, é um método efetivo para correção de defeitos onde há necessidade de aumento da área de superfície da parede abdominal e redução da tensão da mesma com resultados adequados de cosmese e funcionalidade para o paciente. AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal v. 2 n. 5 LAPAROSCOPIC HERNIA REPAIR WITH TAP BLOCK WITHOUT CURARE IN DAY CASE Leandro Ryuchi Iuamoto1, Alberto Meyer, Pierre Blanc2, D. Michel2, C. Freyssinet Durand2, F. Aubert2, M. Bourbon2 Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Clinique Chirurgicale Mutualiste de Saint Etienne, France 1 2 ABSTRACT Background: The aim of this study was to demonstrate the safety of Laparoscopic hernia repair with total extraperitoneal procedure (TEP) with TAP block (Transverse abdominal plane block) without curare in day case. Introduction: The repair of inguinal hernia has been a controversial issue in surgical practice since its conception. The totally extraperitoneal inguinal herniorrhaphy (TEP) combines the advantages of the absence of tension by using the reinforcement of the mesh within the groin and the ones of laparoscopic surgery, reducing postoperative pain and shortened recovery time, avoiding the need for transabdominal approach. Method: We evaluated a consecutive series of 50 patients undergoing laparoscopic totally extraperitoneal inguinal hernia repair (TEP) with TAP block (Transverse abdominal plane block) without curare in day case between June 2013 and December 2013. In the same period there were 75 TEP procedures. We evaluated all patients aged over 18 years, diagnosed with symptomatic inguinal hernia, including recur- v. 2 n. 5 rence after inguinal hernia repair. Patients with incarcerated hernia and previous operations in the lower abdomen and pelvis were excluded. Results: A l l operations were day surgery. There was no inter-operative complication. There were 7 peritoneal breaches requiring closure with an endoloop® ligature (Ethicon, Johnson&Johnson, New Brunswick, NJ). There were one conversion to a TAPP procedure with curarisation because of a large peritoneal breach may provoked by adhesions resulting from previous inguinal hernia repair. Postoperatively, we observed two inguinal haematoma. A major early complication was small bowel obstruction in one patient resulting herniation of the small bowel in a peritoneal breach who didn’t correctly closure during the TEP procedure. This patient underwent laparoscopic revision requiring no resection of the bowel. Conclusion: These preliminary results suggest that laparoscopic hernia repair with total extraperitoneal procedure (TEP) with TAP block (Transverse abdominal plane block) without curare in day case is effective, safe, reproductible and can be proposed in all patients. It’s probably an aid to develop day surgery. AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal 57 Anexo High Tech Surgery 58 AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal v. 2 n. 5 CHOLECYSTECTOMY BY LESS AND CONVENTIONAL LAPAROSCOPIC APPROACH – COMPARATIVE RESULTS AFTER TWO YEARS FOLLOW-UP James Skinovsky, PhD, Head of Surgery Department, Red Cross Hospital and Positivo University, Curitiba, Brazil. Chairman LapSurg International Institute of Endoscopic Surgery Marcus Vinicius Dantas de Campos Martins, MD – Professor, Surgery Department, Estácio de Sá University, Rio de Janeiro, Brazil Mauricio Chibata, MD, Professor, Surgery Department, Red Cross Hospital – Positivo University, Curitiba, Brazil Rogério Cavalieri, Staff Surgery Department, Red Cross University Hospital, Curitiba, Brazil Fernanda Tsumanuma, Staff Surgery Department, Red Cross University Hospital, Curitiba, Brazil Francisco Almeida, Surgery Resident, Red Cross University Hospital, Curitiba, Brazil Study took place in the Red Cross Hospital, Curitiba – PR James Skinovsky – [email protected] – Av Iguaçú 2713 ap 503 – Agua Verde – Curitiba, Brazil – Zip Code 80240-030 RESUMO Background: LESS (Laparoendoscopic Single-Site Surgery) is a relatively new approach to perform minimally invasive surgeries. Its main goal is to cause less metabolic and inflammatory reaction in patients, allowing a faster return to regular daily activities, with better cosmetic results. The literature is deficient in long-term studies, with large series and experiences using this surgical approach. This work intends to collaborate to solve this doubt. Methods: It were studied, for the comparative essay, 150 patients submitted to LESS cholecystectomy procedure and 150 to conventional videocholecystectomy. Both groups were defined by a randomized method. The patients age ranged between 18 and 65 years, being 202 female and 98 male. All patients had symptomatic cholelithiasis. For the LESS group, it was used the SITRACC™- Single Trocar Access platform (Edlo Company, Brazil). The patients answered, by telephone contact, two years after the surgeries, the SF-36 questionnaire, classically used to evaluate the quality of life. The incidence of hernias in the trocar site was also researched. Results: There wasn’t any significant difference between both studied groups, about quality of life, as well as about the trocar hernia rate. Conclusions: The LESS Cholecystectomy group presented the same satisfaction rate, in terms of quality of life, compared to conventional laparoscopic cholecystectomy group, two years after the operation. v. 2 n. 5 There was no increase in trocar hernia cases in the LESS group. New studies are necessary, using largest series, to compare this new approach to the conventional endoscopic surgery procedures, especially concerning about operative trauma and metabolic response. Keywords: LESS, Videosurgery, Cholecystectomy, SITRACC. INTRODUCTION Since 1987, with the introduction of the videosurgery into the surgical field and the concept of minimally invasive surgery, it was amply demonstrated that this new approach has brought less suffering, milder metabolic changes, faster recovery and good aesthetic results to the patients, spreading through the operating rooms of the world quickly and enthusiastically. With the constant improvement of the optical system and the instruments available for the performance of video-surgeries, new and more complex operations were being carried out successfully by this approach, certainly considered a great revolution, compared to the past revolution of anesthesia and the use of antibiotics. Simultaneously, new technologies and approaches have emerged, such as the Natural Orifices Translumenal Endoscopic Surgery (NOTES), the Needlescopy and the LESS (Laparoendoscopic Single-Site Surgery). All of these are now encompassed in what is called Reduced Port Surgery, whose main characteristic is the AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal 59 Anexo Skynovsky et al. search for minimum operative trauma and subsequent faster postoperative recovery, with fewer complications as well as better cosmetic results. Several platforms to perform the LESS approach were being madeavailable over the recent years1. One of them is the SITRACC™ - Single Trocar Access2,3 (Edlo Company, Brazil), which is a single trocar, multichannel, disposable device, that uses special instruments designed for this purpose. The literature lacks studies comparing those new approaches and classical endoscopic surgery techniques. This paper tries to give some answers about medium-term comparative follow-up between both methods, by the application of the worldwide well-accepted SF-36 quality of life questionnaire, answered two years after the operation, as well as determining the trocar site hernia rate through this period. PATIENTS AND METHODS From October 2008 to November 2010, 150 patients with symptomatic gallstones were submitted to LESS cholecystectomies using the Single Trocar Access - SITRACC™ plataform (Edlo Company, Brazil), by the same surgical team. Over the same period, 150 patients with the same clinical conditions were submitted to the conventional laparoscopic cholecystectomies. The surgeries were performed at the Red Cross Hospital/Positivo University, Curitiba, Brazil, after the approval by the Ethics in Research Committee of the Institution. The patients were divided in two groups by a randomized method: LESS-SITRACC and Conventional. The patients age ranged between 18 and 65 years, being 149 (98 from SITRACC group and 104 from conventional group) female and 98 male (47 from SITRACC group and 51 from conventional group). All patients had symptomatic cholelithiasis. The inclusion criteria for patients’ participation in this study were a body mass index (BMI) smaller than 35 Kg/m2 and symptomatic gallstones documented by ultrasound examination. The exclusion criteria included pregnancy, the presence of previous abdominal surgery, acute cholecystitis demonstrated by ultrasound examination, indication for intraoperative biliary imaging, and more than 3, by the American Society of Anesthesiologists (ASA). For the LESS surgeries, SITRACC™ - Single Trocar Access platform (Edlo Company, Brazil) was used (Figures 1 and 2) through transumbilical 2.5 cm incision, containing three 5 mm entrances and one 10 mm en- 60 trance, which can be reversed to 5 mm using a special reducer. Flexible and/or articulated instruments were used, appropriated for this method, as well as a 5mm 30 degrees optics (Figures 3,4 and 5). The surgeries were performed through the classic steps of laparoscopic cholecystectomy. By contact over the phone, the quality of life questionnaire SF-36 was applied, as well as evaluated the occurrence of hernia trocar, two years after the surgeries. The patients that reported possible hernia trocars were called and had the diagnosis confirmed or not by ultrasound examination. The SF – 36 questionnaire consists of 11 questions and 36 items, comprising 8 components: 1. Functional Capacity; 2. Physical Aspects; 3. Pain; 4. General Health; 5. Vitality; 6. Social Aspects; 7. Emotional Aspects; 8. Mental Health. The patients received a score for each domain, being 0 the worst and 100 the best. The results were tabulated and compared by both groups using the Mann-Whitney Non-Parametric Test; p values below 0.05 indicated statistical significance. Figure 1 – SITRACC®– Single Trocar Access Plataform (Edlo Company, Brazil) Figure 2 – SITRACC – Observe the three 5mm and one 10mm working channels AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal v. 2 n. 5 Abril 2014 / Julho 2014 Cholecystectomy by LESS and Conventional Laparoscopic Approach – Comparative Results After Two Years Follow-up Figure 3 – SITRACC® platform, with the articulated instrumental Figures 4 and 5 – Articulated SITRACC dissector forceps and hook (Edlo Company, Brazil) RESULTS The analysis of the data (Table 1 and Graphic1) showed that there was no statistically significant difference in the results of the SF – 36, between the two groups, related to the quality of life and its related items. During the analyzed period, one patient from each group had the hernia trocar diagnosis confirmed by ultrasound examination. Graphic 1 – Data graphic representation obtained using the SF – 36 Table 1 – Results of the data captured by the application of the SF – 36 DISCUSSION Since the publication of KALOO4,5, that initiated the study about the new approach, now known as NOTES, several researchers around the globe had been conducting works about new equipments and instruments for NOTES and also other new approaches, trying to define their viability and practical application. NOTES approach, a great challenge to the future, has several problems to solve nowadays, such as the difficult internal orientation, the need to develop new and expensive equipments and instruments, as well as training stations and courses, the infectious potential, the questionable capacity to close the hollow organs appropriately, and others. The use of the regular endoscopes results in troubles since the surgeons are not used to the inverted vision provided by these devices. Accordingly, several barriers must be overcome to allow the adequate development of the translumenal surgery, transforming NOTES into reality in clinical and surgical routine application. v. 2 n. 5 AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal 61 Anexo Skynovsky et al. The transumbilical path now presents itself as the most acceptable technique, because the view is similar to the conventional video-surgery, as well as the use of flexible and/or articulated instruments allows a better triangulation degree, facilitating the surgical movement. WHEELEES is credited as being the first to use the principles of single-access surgery in 1969, performing tubal ligation6. In 1997 NAVARRA7 et al. described cholecystectomy performed through two 10 mm trocars, introduced via the umbilicus. Single Access Surgery entered in a period of latency, reappearing in 2007, when ZHU published his first experience using the umbilicus as a single access passage to the peritoneal cavity, named the new technique as Transumbilical Endoscopic Surgery (TUES)8. In 2008, again ZHU9 et al. published a study describing new cases of TUES: two cases of hepatic cysts fenestration, six cholecycistectomies and nine appendectomies, using a trocar with three working channels. PALANIVELU10 et al., authors from India, published in 2008 a study describing eight transumbilical appendectomies, using a standard flexible endoscope. The authors considered the technique as a preparatory step for NOTES. Since then, the Single Access Surgery, now called LESS, was performed in different procedures such as nephrectomy and pieloplasty11,12,13, adrenalectomy14, right colectomy15, sleeve gastrectomy16,17, adjustable gastric band18, gastric bypass in Y of Roux19, gastrostomy20, intracorporeal gastrojejunostomy21 and splenectomy22, among others. As seen, procedures in several surgical areas have been performed by the single surgical access. All data indicate that the surgery by means of the transumbilical approach is feasible and safe23, but the literature is deficient in medium to long term fellow-up data about these patients, as well as comparative data between LESS and the now called conventional videosurgery. The SF-36 quality of life questionnaire was developed in the USA in the 80 decade, and has been largely used and validated by several studies. The SF-36 is a multi-purpose, short-form health survey with 36 questions. It yields an 8-scale profile of functional health and well-being scores as well as psychometrically-based physical and mental health summary measures and a preference-based health utility index. It is a generic measure, as opposed to one that targets a specific age, disease, or treatment group. Accordingly, the SF-36 has proven useful in surveys of general and specific populations, 62 comparing the relative burden of diseases, and in differentiating the health benefits produced by a wide range of different treatments. The experience to date with the questionnaire has been documented in nearly 4,000 publications, including surgical researches 24,25,26,27,28. The potential benefits of LESS approach, compared to NOTES, vary in range from maintaining the principle of what is called Scarless Surgery, operations that leave minimal or no scar, to the vision provided, near of which the surgeon is already used in regular laparoscopic procedures, reaching also the minimum infection risk. We still lack large comparative series, double blind, between similar procedures by Laparoendoscopic Single-Site Surgery and those performed by video-surgical conventional method. Untill now, data such as those collected in this study has just began to show that the surgery by LESS presents, in the medium and long term, at least similar results compared to the gold standard procedure to cholecystectomies: the laparoscopic cholecystectomy now called conventional. The LESS procedures must be remembered as part of an operative arsenal that includes open surgery, endoscopic surgery, needlescopy and eventually NOTES. Each patient is unique, as well as his illness. It´s up to the surgeon to determine the best approach for each particular case, looking for a sum of patients safety, better surgical and aesthetic results. REFERENCES 1. Galvão Neto M, Ramos A, Campos J. Single port laparoscopy Access surgery. Tech Gastrointest Endosc 2009;11(2):84-94. 2. Dantas MVDC, Skinovsky J, Coelho DE, Torres MF. SITRACC – Single Trocar Access: a new device for a new surgical approach. Bras J Vide- Surg 2008; 1(2):60-63. 3. Dantas MVDC, Skinovsky J, Coelho DE, Ramos A, Galvão Neto MP, Rodrigues J, de Carli L, Cavazolla, LT, Campos J, Thuller F, Brunetti A. Cholecystectomy by single trocar access – SITRACC: The first multicenter study. Surg Innov 2009;Dez – on line - sri. sagepub.com. 4. Kallo NA, Sibgh VK, Jagannath SB, Niiyama H, Vaugh CA, Magee CA, Kantsevoy SV. Flexible transgastric peritoneoscopy: a novel approach to diagnostic and therapeutic interventions. Gastrointest Endosc 2004; 60: 114-7. 5. Giday SA, Kantsevoy SV, Kaloo AN. Principle and history of natural orifice translumenal endoscopic surgery (NOTES). Minim Invasive Ther Allied Technol 2006;15:373-377. 6. Wheeless CR. A rapid, inexpence and effective method of surgical sterilization by laparoscopy. J Reprod Med 1969;5:255. 7. Navarra G: One-wound laparoscopic cholecystectomy. Br J Surg 1997;84(5):695. 8. Zhu JF. Scarless endoscopic surgery: NOTES or TUES. Surg Endosc 2007;21:1898-1899. AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal v. 2 n. 5 Abril 2014 / Julho 2014 Cholecystectomy by LESS and Conventional Laparoscopic Approach – Comparative Results After Two Years Follow-up 9. Zhu JF, Hu H, Ma YZ, Xu MZ, Li F. Transumbilical endoscopic surgery: a preliminary clinical report. Surg Endosc [periodical online] 2008; Available from: URL:http//www.springerlink.com/ content [consulted on 02/10/2010]. 10. Papanivelu C, Rajan PS, Rangarajan M, Parthasarathi R, Senthilnathan P, Praveenraj P. Transumbilical endoscopic appendectomy in humans: on the road to NOTES: a prospective study. J Laparoendosc & Advanced Surg Tech 2008; 18(4): 579-582. 11. Desai MM, Rao PP, Aron M, Haber GP, Desai M, Mishra S, Kaouk JH, Gill IS. Scarless single port transumbilical nephrectomy and pyeloplasty: first clinical report. Brit J Urology 2008; 101: 83-88. 12. Kaouk JH, Haber GP, Goel RK. Single-port laparoscopic surgery in urology: initial experience. Urology 2008; 71(1):3-6. 13. Rané A, Rao P, Rao Pr. Single-Port-Access Nephrectomy and other laparoscopic urologic procedures using a novel laparoscopic port (R-Port). Urology 2008; 72:260-264. 14. Castellucci SA, Curcillo PG, Ginsberg PC, et al: Single-port access adrenalectomy. J Endourol 2008; 22:1573–1576. 15. Bucher P, Pugin F, Morel P. Single port access laparoscopic right hemicolectomy. Int J Colorectal Dis 2008; 23:1013-1016. 16. Saber AA, Elgamal MH, Itawi EA, Rao AJ. Single incision laparoscopic sleeve gastrectomy (SILS): a novel technique. Obes Surg 2008; 18:1338-1342. 17. Reavis KM, Hinojosa MW, Smith BR, et al: Single laparoscopic-incision transabdominal surgery sleeve gastrectomy. Obes Surg 2008; 18(11):1492–1494. 18. Teixeira J, McGill K, Binenbaum S, Forrester G. Laparoscopic single-site surgery for placement of na adjustable gastric band: initial experience. Surg Endosc 2009; 23:1409-1414. 19. Saber AA, El-Ghazaly T, Minnick D. Single port access tran- v. 2 n. 5 sumbilical laparoscopic Roux-en-Y gastric bypass using the SILS port: first reported case. Surg Innov 2009;on line - sri.sagepub.com. 20. Podolsy ER, Rottman SJ, Curcillo PG. Single Port Access (SPATM) gastrostomy tube in patients unable to receive percutaneous endoscopic gastrostomy placement. Surg Endosc 2009; 23:1142-1145. 21. Busher P, Pugin F, Morel P. Transumbilical single-incision laparoscopic intracorporeal anastomosis for gastrojejunostomy: case report. Surg Endosc 2009; 23:1667-1670. 22. Targarona EM, Balaque C, Martinez C, Pallares L, Estalella L, Trias M. Single-Port Access: a feasible alternative to conventional laparoscopic splenectomy. Surg Innov 2009; on line - sri.sagepub. com. 23. Romanelli JR, Earle DB. Single-port laparoscopic surgery: an overview. Surg Endosc 2009;23:1419-1427. 24. Ware JE Jr, Gandek B. Overview of the SF-36 health survey and the international quality of life assessment (IQOLA) project. J Clin Epidemiol 1998;51(11):903-912. 25. Brazier JE, Harper R, Jones NMB, O’Cathain A, Thomas KJ, Usherwood T, Westlake L. Validating the SF-36 health survey questionnaire: new outcome measure for primary care. British Medical Journal 1992; 305:160-164. 26. Brazier JE, Roberts J, Deverill M. The estimation of a freference-based measure of health from the SF-36. J Health Economics 2002;21:271-292. 27. Dymek MP, le Grange D, Neven K, Alverdy J. Quality of life after gastric bypass surgery: a cross-sectional study. Obesity Surg 2002;10:1135-1142. 28. Brennan JC, Steele RJC. Measurement of quality of life in surgery. J R Coll Surg Edinb 1999;44:252-259. AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal 63 64 AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal v. 2 n. 5 Fixação Segura em Qualquer FIXAÇÃO SEGURA EM QUALQUER ÂNGULO Ângulo para o Reparo PARA O REPARO LAPAROSCÓPICO DA HÉRNIA Laparoscópico da Hérnia ângulos. • Segurança nos disparos em diferentes Dispositivo de Fixação com Grampos Absorvíveis. • Design diferenciado com 2 pontos de fixação. • Segurança nosproporcionando disparos em diferentes ângulos. homogênea, mais confiança. • Grampos implantados com força • Design diferenciado com 2 pontos de fixação. • Indicador de carga. • Grampos implantados com força homogênea, visualização na cavidade abdominal. • Grampos na cor violeta para adequada proporcionando mais confiança. material • Perfil do grampo baixo, reduzindo • Indicador deexposto carga. as vísceras. PHYSIOMESH® e ULTRAPRO®. • Combinação perfeita com ETHICON • Grampos na cor violeta para adequada visualização Indicações: Reforço. Indicações: O dispositivo de ixação absorvível ETHICON SECURESTRAP® - destina-se à ixação de material protésico a tecidos moles informações, em vários procedimentos minimamente invasivos e via aberta tais como a reparação de hérnias. Para mais contatecirúrgicos seu representante Contraindicações: Não utilizar o sistema em tecidos que não possam ser inspecionados visualmente relativamente à presença de Ethicon® ou visite o site www.ethiconsecurestrap.com hemostase. Este dispositivo não deve ser utilizado em tecidos que apresentem uma relação anatômica direta com estruturas vasculares maiores. Tal inclui a colocação de fechos no diafragma na vizinhança do pericárdio, aorta ou veia cava inferior durante a reparação de hérnias diafragmáticas. Se a distância total entre a superfície do tecido e a estrutura subjacente for inferior à espessura tecidular mínima ou se puder O estar incluída de numa distância total ETHICON inferior à espessura tecidular mínima, aà utilização dispositivo está contraindicada. Indicações: dispositivo fixação absorvível SECURESTRAP® - destina-se fixação dedomaterial protésico a tecidos moles em Advertências: Este dispositivo fornecido estéril e destina-se exclusivamente usado num único paciente. Descartar depois de vários procedimentos cirúrgicosé minimamente invasivos e via aberta tais comoa aserreparação de hérnias. Contraindicações: Não utilizar o utilizar. reutilização ou reprocessamento deste dispositivo irá conduzirrelativamente a um desempenho imprevisível. A distância entre a superície sistemaAem tecidos que não possam ser inspecionados visualmente à presença de hemostase. Estetotal dispositivo não deve ser do tecidoem e otecidos osso, vasos ou vísceras subjacentes ser avaliada da aplicação e deve ser, no mínimo, de 6,7 mm. Ler todas as no utilizado que apresentem uma relaçãodeve anatômica direta antes com estruturas vasculares maiores. Tal inclui a colocação de fechos instruções, precauções, e advertências antes da utilização. diafragma na vizinhançacontraindicações do pericárdio, aorta ou veia cava inferior durante a reparação de hérnias diafragmáticas. Se a distância total entre a superfície do tecido e a estrutura subjacente for inferior à espessura tecidular mínima ou se puder estar incluída numa distância total inferior v. 2 n. 5 © Johnson & Johnson Brasil Indústria e Comércio de Produtos para Saúde Ltda., 2014. Johnson & Johnson Medical Brasil, uma divisão de Johnson à espessura tecidulardomínima, a utilização do dispositivo está contraindicada. Advertências: Este dispositivo é fornecido estéril e destina-se & Johnson do Brasil Indústria e Comércio de Produtos para Saúde Ltda. Rua Gerivatiba, 207 - São Paulo, SP • CEP 05501-900 Responsável técnico: exclusivamente a ser usado num único paciente. Descartar depois de utilizar. A reutilização ou reprocessamento deste dispositivo irá conduzir Nancy Mesas do Rio - CRF-SP nº 10.965 - SECURESTRAP - Registro ANVISA nº 80145901386 - PHYSIOMESH - Registro ANVISA nº 80145901373 a um desempenho imprevisível. A distância total entre a superfície do tecido- eImpresso o osso, em vasos ou vísceras subjacentes deve ser avaliada antes ULTRAPRO REDE CIRÚRGICA Semiabsovível - Registro ANVISA nº 80145900805 Maio/2014. da aplicação e deve ser, no mínimo, de 6,7 mm. Ler todas as instruções, precauções, contraindicações e advertências antes da utilização. AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal Johnson & Johnson Medical Brasil, uma divisão de Johnson & Johnson do Brasil Indústria e Comércio de Produtos para Saúde Ltda. Rua Gerivatiba, 207 - São Paulo, SP CEP 05501-900. Responsável técnico: Nancy M. R. B. Lopes - CRF-SP nº 10.965. SECURESTRAP - Registro Anvisa nº 80145901386. PHYSIOMESH - Registro Anvisa n° 80145901373. ULTRAPRO Rede cirúrgica semiabsorvível - Registro Anvisa n° 80145900805. Anuncio SecureStrap.indd 1 22/04/14 14:08 BRMRETH4983. Impresso em Abril/2014. na cavidade abdominal. • Perfil do grampo baixo, reduzindo material exposto as vísceras. Para mais informações, contate seu perfeita com ETHICON PHYSIOMESH® e ULTRAPRO®. representante Ethicon® ou visite•oCombinação site www.ethiconsecurestrap.com 65 66 AWRJ - Abdominal Wall Repair Journal v. 2 n. 5
Documentos relacionados
Dowload PDF
Editores Associados • Associated Editors JAMES SKINOVSKY (PR – Brazil) JULIO CESAR BEITLER (RJ – Brazil) RIGOBERTO ÁLVAREZ (Mexico)
Leia maisDowload PDF
aRTHUR GILBERT (USa) B. TODD HENIFORD (USa) BRENT D. MaTTHEWS (USa) DaVIDE LOMaNTO (Singapore) EDUaRDO PaRRa-DaVILLa (USa) GIOVaNI DaPRI (Belgium) JaN KUKLETa (Switzerland) JOHaNNES JEEKE (Netherla...
Leia maisDowload PDF
MARCUS VINICIUS DANTAS DE CAMPOS MARTINS (RJ) MAURICIO CHIBATA (PR) MIGUEL NÁCUL (RS) PLÍNIO CARLOS BAÚ (RS) RENATO MIRANDA DE MELO (GO) RICARDO Z. ABDALLA (SP) CONSELHO EDITORIAL INTERNACIONAL • I...
Leia mais