Módulo de Percepção - Sessão 2

Transcrição

Módulo de Percepção - Sessão 2
III. Module on Cognition, FLUL
Sessão 2 – Os Objectos da Percepção
07 Maio 2013
1. Revisão:
- Os argumentos da ilusão e da alucinação.
- O problema da percepção.
2. Os objectos da percepção: Três tipos de teorias tradicionais da percepção:
- Realismo directo (ou ingénuo): Percepcionamos (por vezes) os objectos físicos de forma directa ou
imediata.
- Realismo indirecto: Nunca percepcionamos os objectos físicos de forma directa ou imediata.
Percepcionamos os objectos físicos através de objectos não-físicos, os quais percepcionamos (ou dos
quais ficamos cientes) de forma directa. Tais objectos não-físicos são normalmente vistos como objectos
mentais, coisas como impressões sensoriais ou dados dos sentidos.
- Fenomenalismo e Idealismo: Apenas percepcionamos objectos não-físicos – os objectos físicos nunca
são percepcionados, nem indirectamente nem directamente.
O realismo directo ou ingénuo acomoda os aspectos intuitivos da percepção, mas tem dificuldades em
dar conta dos erros perceptivos.
O realismo indirecto, o fenomenalismo e o idealismo são defendidos com base nos argumentos da
ilusão e da alucinação.
O fenomenalismo e o idealismo são teorias não realistas no sentido que negam a existência de um
mundo físico, não-mental. Segundo o filósofo idealista Berkeley: “ser é ser percepcionado”. Apesar de
historicamente importantes estas teorias foram praticamente abandonadas.
3. Realismo indirecto e a teoria dos dados dos sentidos
Aos objectos não-físicos que, segundo o realismo indirecto, servem de intermediários entre nós e o
mundo físico dá-se comummente o nome de dados dos sentidos (do inglês “sense-data”, ou “sensedatum” no singular).
A teoria dos dados dos sentidos enfrenta vários problemas, alguns do quais são:
- A própria natureza dos dados dos sentidos é algo misteriosa. Os sense-data são vistos como
objectos mentais com as propriedades que percepcionamos nos objectos físicos. Mas o que são objectos
mentais? Qual a sua localização? E como podem os objectos mentais terem propriedades como cores? Por
exemplo, quando estamos a alucinar um limão amarelo não há um limão amarelo físico, mas, segundo
este modelo da percepção, há um objecto que é amarelo que é o objecto da minha percepção – esse
objecto é o “sense-datum”. Contudo (de forma simplista), nada há de amarelo e oval no meu cérebro.
- A existência de dados dos sentidos parece incompatível com as nossas melhores teorias sobre a
mente, nomeadamente, as teorias fisicalistas.
- O problema do véu da percepção: Segundo este modelo existe um véu perceptivo entre nós e o
mundo físico, mas neste caso que razões temos para acreditar na existência de um mundo físico? Esta é a
ameaça céptica que o modelo indirecto da percepção enfrenta.
Apesar da grande popularidade histórica da teoria dos dados dos sentidos, nos últimos 50 anos, foi
praticamente abandonada.