Biografia de Sophie Gay - Antologia de Escritoras Francesas do

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Biografia de Sophie Gay - Antologia de Escritoras Francesas do
Antologia de Escritoras Francesas do Século XVIII. Biografias. Mme Gay. Clarissa Marini. Marie-Hélène
C. Torres. ISBN: 978-85-61482-68-8
Sophie Gay
1776-1852
ISABEY Jean-Baptiste. Sophie Gay, mère de Delphine de Girardin vers 1801. 1801.
Museu do Louvre, Paris. Département des Arts graphiques. Cabinet des dessins. RF
3824, Recto. Disponível em: http://arts-graphiques.louvre.fr/detail/oeuvres/0/16122Sophie-Gay-mere-de-Delphine-de-Girardin-vers-1801. Acesso em: 29 de fevereiro de
2016.
Antologia de Escritoras Francesas do Século XVIII. ISBN: 978-85-61482-68-8
Antologia de Escritoras Francesas do Século XVIII. Biografias. Mme Gay. Clarissa Marini. Marie-Hélène
C. Torres. ISBN: 978-85-61482-68-8
Desde cedo anunciava sua beleza viva e picante. Tinha voz forte e mostrava ser
desenvolta e espirituosamente ácida1. Sophie de La Valette nasceu em 1º de julho de
1776 em Paris. Filha de Augustin-François Nichault de La Valette et AntoinetteFrançoise Péretti, recebeu uma educação refinada em artes, literatura e música, o que a
levou a se mostrar uma excelente cantora, pianista e harpista (JOHNSTON, 2014, p. 65)
Casou-se com 15 anos com Gaspar Liottier, vinte anos mais velho que ela.
Casamento oportuno já que ele era muito rico e a família La Valette sofria
financeiramente por causa da Revolução. Outra vantagem para a jovem Sophie foi a
oportunidade que se abriu de frequentar salões culturais intelectuais. Não foi um
casamento por amor e, por esse motivo, se divorciaram em 1799.
Pouco tempo depois Sophie se casou com Jean-Sigismond Gay. Uma de suas
três crianças ganhou tanto ou mais reconhecimento que ela, Delphine Gay de Girardin2
(1804-1855), foi incentivada pela mãe e pelos conhecidos dos salões a se tornar
escritora e assim se tornou uma personalidade expressiva no século XIX. Sophie
promoveu a carreira da filha Delphine com bastante empenho ao incluí-la nas reuniões
que aconteciam nos salões intelectuais, com contatos importantes e divulgação de seu
trabalho na imprensa.
A primeira obra de Madame Sophie Gay foi Laure d’Estell que foi publicada
anonimamente em 1802. Isto também acontece com outros romances do início da
carreira de Mme Gay que mais tarde ganham edições assinadas por ela. Seu
temperamento indiscreto custou o emprego de seu marido e assim causou uma crise
financeira familiar. Voltando à escrita motivada pelos retornos financeiros, Mme Gay
publica Léonie de Montbreuse (1813) e Anatole (1815) quase que em sequência. Ambos
foram grandes sucessos de crítica e de público, considerados inclusive como bestsellers.
Em Anatole, Sophie Gay mostra a moral e os costumes da sociedade de sua
época pelo olhar da protagonista feminina Valentine. Apesar de não ser uma opinião
unânime, Goethe grandes elogios a esta obra (SELLIÈRE, p. 70). Este livro ficou
1
Sellière, 1925, p. 67.
Vale o comentário que Delphine recebeu este nome não apenas porque era o nome de sua madrinha, mas
também porque era o nome do romance de Mme de Staël que havia sido publicado há pouco.
2
Antologia de Escritoras Francesas do Século XVIII. ISBN: 978-85-61482-68-8
Antologia de Escritoras Francesas do Século XVIII. Biografias. Mme Gay. Clarissa Marini. Marie-Hélène
C. Torres. ISBN: 978-85-61482-68-8
conhecido também por ter sido lido por Napoleão, que declarou que Anatole o distraiu
em sua última noite antes de partir para o exílio.
Sophie Gay foi uma escritora que ficou conhecida por seus romances
sentimentais, apesar de ter escrito outros tipos de obra como peças de teatro que com
tom de denúncia política e social provocaram reflexões apuradas sobre as conjunturas
de seu tempo. Suas peças não tiveram a mesma repercussão popular quanto seus
romances, mas foram muito bem vistos pela crítica. Não só escreveu como também
trabalhou ao lado de diretores em várias produções teatrais.
Madame Sophie Gay também ficou amplamente conhecida por ser anfitriã de
animados salões intelectuais e mantinha amizade com personalidades relevantes como
Chateaubriand, Lamartine e Mme de Staël entre outros membros da elite literária
(KELLY, 1994, p. 188). Seus convidados a descreviam como viva, agradável e
incansável.
A crítica geralmente atribuiu a ela o mérito de não cair em lugares comuns em
suas obras de grande sensibilidade e eloquência. Consequência de uma autora sempre
aberta e curiosa às inovações da arte e da intelectualidade (SEILLIÈRE, 1925, p. 70). A
seguir constam apenas algumas das muitas obras de Sophie Gay.
Obras de Sophie Gay:
Laure d’Estell (1802)
Léonie de Montbreuse (1813)
Anatole (1815)
Le Marquis de Pomenars (1820)
Théobald (1828)
Le Moqueur amoureux (1830)
Un Mariage sous l’empire (1832)
Scènes du jeune âge, Paris (1833)
Physiologie du Ridicule (1833)
Souvenirs d’une vieille femme (1834)
Les Salons célèbres (1837)
Ellénore (1844)
Antologia de Escritoras Francesas do Século XVIII. ISBN: 978-85-61482-68-8
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C. Torres. ISBN: 978-85-61482-68-8
Referências Bibliográficas
SELLIÈRE, Ernest. Delphine Gay de Girardin [Henri Malo. Delphine Gay de Girardin
(une Muse et sa mère)]. In: Journal des savants. 23ᵉ année, Mars-avril 1925. pp. 67-76.
Disponível em: www.persee.fr/doc/jds_0021-8103_1925_num_23_2_5547
JOHNSTON, Joyce. Women Dramatists, Humor, and the French Stage: 1802-1855.
New York : Palgrave Macmillan, 2014.
KELLY, Dorothy. Delphine Gay de Girardin. In : SARTORI, Eva Martin e
ZIMMERMAN, Dorothy Wynne (Orgs.). French Women Writers. University of
Nebraska Press. Lincoln and London – EUA, 1994.
Clarissa Marini e Marie-Hélène C. Torres
Data da publicação 13/03/2016
Antologia de Escritoras Francesas do Século XVIII. ISBN: 978-85-61482-68-8

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