Catálogo - Paulo Darzé
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Catálogo - Paulo Darzé
rodrigo de castro sem título, 2015, óleo sobre tela, 160 × 170 cm 2 3 Estruturações cromáticas de Rodrigo de Castro João J. Spinelli Prof. Dr. ECA/USP Historiador e crítico de arte As transformações culturais posteriores ao movimento impressionista ocorridas no final do século XIX modificaram progressivamente as condições de percepção e de perspectivação artística. Substituíram o meramente descritivo, narrativo por metáforas subliminares: uma nova maneira de visualizar o essencial, isento de devaneios ilustrativos e ou de perífrases inócuas, que permitiram aos artistas romper com a tradição e com as convenções desgastadas do fazer artístico.Na arte é fundamental a invocação permanente do signo. A dimensão metafórica somente visível parcialmente na arte figurativa emerge plenamente na arte informal, geométrica, assim vê-se o visível em detrimento do apenas visual. 1 O vocabulário geométrico presentifica-se nas artes plásticas em vários momentos da história da arte, do neolítico até a atualidade, inclusive no Brasil, nas criações indígenas e em dois movimentos fundamentais: concretismo e neoconcretismo. Inesgotável, este vocabulário permite um número infinito de combinações que propiciam ao artista contemporâneo adjetivações geométricas diferenciadas, confirmadas de forma singular nas pinturas de Rodrigo de Castro: concisão e coerência pictórica que refuta conscientemente todo e qualquer tipo de veleidade figurativa, volumétrica. O cuidado com o manuseio da tradicional pintura a óleo surpreende pela qualidade da fatura e do domínio técnico. sem título, 2015, óleo sobre tela, 200 × 130 cm 4 5 Ao recuperar, na contemporaneidade, as potencialidades esquecidas do modernismo, Rodrigo de Castro realiza experimentações poéticas que redimensionam a compreensão da própria arte. O seu processo criativo está fundamentado em três organizações plásticas: linhas, formas e cores que segundo o pintor francês Fernand Léger, constituem “a síntese e o próprio poder da pintura”. Rodrigo pretende, desta maneira, ir de encontro à pureza plástica, mediante a redução dos meios de expressão: duas linhas retas que se encontram em ângulos retos imprimem assimetricamente um equilíbrio dinâmico. Desta maneira o pintor reforça a transformação estética realizada a partir do impressionismo que negava o hipotético papel aparencial, duplicador da realidade, reafirmando a autonomia das artes visuais. Ao demarcar a superfície da tela – com horizontais e verticais – delimita planos de cor que interligados organizam-se pictoricamente em cada quadro. Elimina-se de forma definitiva a relação fundo figura; exemplifica-se a opção pela veracidade deste artista que nos propicia, indiretamente, uma subjetividade advinda do seu próprio processo criativo que tem como meta principal explorar e reforçar a liberdade dos meios plásticos, contrapondo-se a qualquer tipo de representação figural. Além de priorizar a relação cor / forma Rodrigo de Castro redimensiona alguns parâmetros neoconcretos à procura da representação pictórica autônoma, independente. Em contrapartida à objetividade linear, construída diligentemente, as cores selecionadas apresentam tons sensíveis, incomuns, alcançados com maestria pelo domínio técnico da pintura a óleo que – por ser de secagem lenta – possibilita inúmeras reformulações e impecáveis acabamentos. Para o pintor, nada é superficial, nada é por acaso. Suas combinações cromáticas, cada vez mais audaciosas e diferenciadas encaminham o observador – além da usufruição estética – a tentar decifrar a metodologia colorística, harmônica deste artista. Apesar de nunca se valer de facilidades sintáticas, conteudísticas e emocionais, típicas da pintura figurativa, suas planaridades pictóricas captam objetividades plenas de ritmos e tensões. Provocam visualidades – derivadas de divisões e subdivisões cromáticas – resultantes de uma geometria pessoal, por meio da qual o pintor procura superar os desafios específicos da pintura. sem título, 2014, óleo sobre tela, 200 × 90 cm 6 7 Cerebrais, suas obras revitalizam o embate das estruturas compositivas cartesianas contrapostas à evidência sensível da cor: “formas que parecem carecer de ressonância emocional são em si opções vigorosas estimulantes”, 2 A cor, além de dinamizar a estrutura compositiva, fundamenta sua produção artística. Sem recorrer a tonalismos é utilizada de forma eminentemente sensível. Nunca submetida aos esquemas aprioristicos, austeros, pré-estabelecidos por ordenações restritivas. Definem as possibilidades semânticas do seu léxico visual geométrico. O artista não destaca nenhuma forma ou plano de cor para que nunca se transformem em figura / fundo ou viceversa, pois cada cor escolhida pelo pintor pulsa e tensiona em plena estabilidade. Rodrigo de Castro alcança a emoção estética pelo rigor compositivo que o induz – sem recorrer à comodidade da simetria – à perfeição formal: uma manifestação absoluta de pura sensibilidade, atenta somente à manipulação dos meios plásticos geométricos, utilizados pelo artista como um guia de elaborações visuais, “uma espécie de busca mística do absoluto, que despreza o mundo de aparências”, 3 concordante com o pensamento de Platão, que em Phlebo, refere–se às formas geométricas puras como mais belas do que as formas desvirtuadas da natureza. Para Platão e para Rodrigo de Castro “a forma é o sumo conteúdo”. 1 João J. Spinelli. Informelle Kunst in Sudamerica. Dortmund. Museum am Dortmund. Germany. 2002 2 Susan Sontag. A vontade radical. São Paulo. Companhia das Letras. 1987 3 Michel Seuphor. Pintura Moderna. São Paulo. Editora Hemus. 1981 sem título, 2013 , óleo sobre tela, 200 × 130 cm 8 9 sem título, 2008, óleo sobre tela, 120 × 200 cm sem título, 2013, óleo sobre tela, 200 × 80 cm 10 11 sem título, 2004, óleo sobre tela, 180 × 180 cm sem título, 2012, óleo sobre tela, 120 × 90 cm 12 13 sem título, 2014, óleo sobre tela, 200 × 30 cm sem título, 2014, óleo sobre tela, 200 × 30 cm 14 15 sem título, 2014, óleo sobre tela, 200 × 30 cm sem título, 2014, óleo sobre tela, 200 × 30 cm 16 sem título, 2014, óleo sobre tela, 200 × 30 cm 17 sem título, 2015, óleo sobre tela, 130 × 240 cm sem título, 2015, óleo sobre tela, 120 × 90 cm 18 19 sem título, 2014 , óleo sobre tela, 120 × 120 cm sem título, 2015, óleo sobre tela, 160 × 170 cm 20 21 sem título, 2014, óleo sobre tela, 200 × 90 cm sem título, 2014, óleo sobre tela, 200 × 90 cm 22 23 sem título, 2014, óleo sobre tela, 200 × 30 cm sem título, 2014, óleo sobre tela, 200 × 30 cm 24 sem título, 2014, óleo sobre tela, 200 × 30 cm sem título, 2014, óleo sobre tela, 200 × 30 cm 25 sem título, 2006, óleo sobre tela, 200 × 30 cm 26 sem título, 2006, óleo sobre tela, 200 × 30 cm sem título, 2006, óleo sobre tela, 200 × 30 cm 27 sem título, 2012, óleo sobre tela, 130 × 200 cm 28 sem título, 2014, óleo sobre tela, 150 × 200 cm 29 sem título, 2012, óleo sobre tela, 120 × 100 cm sem título, 2015, óleo sobre tela, 160 × 120 cm 30 31 sem título, 2013 , óleo sobre tela, 120 × 120 cm sem título, 2013 , óleo sobre tela, 120 × 120 cm 32 33 sem título, 2012, óleo sobre tela, 120 × 90 cm 34 sem título, 2014 , óleo sobre tela, 120 × 120 cm 35 sem título, 2012, óleo sobre tela, 120 × 90 cm sem título, 2012, óleo sobre tela, 200 × 130 cm 36 37 sem título, 2006, óleo sobre tela, 200 × 30 cm sem título, 2014, óleo sobre tela, 200 × 30 cm 38 sem título, 2006, óleo sobre tela, 200 × 30 cm sem título, 2006, óleo sobre tela, 200 × 30 cm 39 sem título, 2015, óleo sobre tela, 200 × 80 cm sem título, 2013, óleo sobre tela, 200 × 80 cm 40 41 sem título, 2012, óleo sobre tela, 130 × 200 cm sem título, 2013, óleo sobre tela, 130 × 200 cm 42 43 sem título, 2015, óleo sobre tela, 130 × 240 cm 44 45 sem título, 2015, óleo sobre tela, 160 × 120 cm sem título, 2015, óleo sobre tela, 160 × 120 cm 46 47 sem título, 2007, óleo sobre tela, 130 × 200 cm sem título, 2014, óleo sobre tela, 200 × 90 cm 48 49 O Infinito Particular no trabalho de Rodrigo de Castro Vanda Pignataro Pereira Psicanalista Entre o vivido e o lembrado, é fato que algo sempre escapa. Contudo, lembro-me com nitidez a primeira vez que fui apresentada a pintura de Rodrigo de Castro. Seu pai, ao final da construção de seu atelier em Nova Lima, hoje Instituto Amilcar de Castro, num sábado em que me encontrava por lá), me fez um convite, assim meio que de chofre ele me disse: “vem ver uma coisa”. Acompanhei-o para o lado externo da construção e me deparei com o que não era mais uma parede, mas uma pintura impecável. Na superfície, de uma dimensão considerável, com mais de 7 metros de altura, via-se um azul no qual uma linha vermelha muito bem calculada cortava horizontalmente a pintura e abaixo duas outras, uma preta e outra branca, definiam planos diferenciados com a cor e marcavam o espaço. Perguntei de quem era o trabalho e ele respondeu, de forma suave e reflexiva, olhando a pintura: “do Rodrigo”. E fiquei espantada com o tom que não era o seu habitual, pois Amilcar sempre foi de gestos largos. Mas compreendo hoje, mais claramente, o respeito, a reflexão, o convite ao silêncio, a sensibilidade e a liberdade que essa pintura transmite. Foi assim, primeiro guiada pelo olhar do escultor, que fui levada a conhecer o sério e rigoroso exercício com a cores que Rodrigo de Castro desenvolve em suas criações. Desde então, acompanho seu trabalho, que não só se define por uma geometria rigorosa e cores sem título, 2012, bastão de óleo sobre papel, 50 × 40 cm 50 51 muito particulares, mas também pela liberdade que o preto e o branco, essas cores difíceis, ocupam ali. E em 2013, em uma de suas exposições na Galeria Lemos de Sá, em Belo Horizonte, fui capturada pelo que chamo um pequeno (grande) trabalho (50 × 70 cm), em bastão de óleo sobre papel: uma superfície branca, delimitada por linhas pretas precisas, mais abaixo um quadrado negro e um branco sobre o branco, delimitados por uma linha preta que se interrompe. Essa pintura cria planos sutis, no meio de uma profusão de outras pinturas, diante das quais suas singularíssimas cores se avolumavam. Esse trabalho me tocou de forma particularmente intensa, porque ali percebi a pintura amadurecida e ousada do artista, revelando o âmago de sua sensibilidade. A poética da arte é isto: ousar com coragem ir além, pois só assim vislumbra-se o infinito. Como bem recorda o Prof. João Spinelli, “o vocabulário geométrico presentifica-se nas artes plásticas em vários momentos da historia da arte, do neolítico até a atualidade, inclusive no Brasil, nas criações indígenas e em dois movimentos fundamentais: concretismo e neoconcretismo”. A disciplina criadora com a qual Rodrigo exerce livremente sua experiência de pintar, desde o princípio chamou minha atenção, pela sensibilidade e pelo rigor com os quais ele constrói sua pintura. Essa sua forma de fazer o leva, naturalmente, a carregar a responsabilidade que isso implica, qual seja: uma marca muito pessoal , distante de qualquer volumetria, e um conteúdo formal que lhe permite habitar uma linguagem própria, através da qual expressa a densidade de sua sensibilidade, o comedimento de gestos e um cálculo preciso. Este, longe de ser uma manifestação fria e cerebral, carrega em si a tensão dessa sensibilidade cuja principal característica gestual é a discrição . Em seus trabalhos recentes, como em muitas obras contemporâneas, fica muito evidente o enraizamento robusto na generosa fonte de Malevitch. Para esse artista , a supremacia da forma em detrimento das narrativas próprias às figurações, a afirmação de uma superfície plana colorida, no modo mais simples de manifestação da cor pura, abrem o campo da arte para o infinito. E Rodrigo não escapa a isso. Ao contrario, em sua forma de resolver a pintura, afirma essa questão com a alegria própria dos que sabem que renovaram suas raízes. Lisboa, julho de 2015. sem título, 2012, bastão de óleo sobre papel, 50 × 20 cm 52 53 sem título, 2012, bastão de óleo sobre papel, 50 × 20 cm sem título, 2012, bastão de óleo sobre papel, 40 × 50 cm 54 55 sem título, 2012, bastão de óleo sobre papel, 50 × 20 cm sem título, 2012, bastão de óleo sobre papel, 50 × 20 cm 56 sem título, 2012, bastão de óleo sobre papel, 50 × 20 cm sem título, 2012, bastão de óleo sobre papel, 50 × 20 cm 57 sem título, 2012, bastão de óleo sobre papel, 40 × 30 cm sem título, 2012, bastão de óleo sobre papel, 40 × 30 cm 58 sem título, 2009, bastão de óleo sobre papel, 40 × 30 cm 59 sem título, 2012, bastão de óleo sobre papel, 40 × 50 cm sem título, 2012, bastão de óleo sobre papel, 30 × 40 cm sem título, 2012, bastão de óleo sobre papel, 40 × 50 cm sem título, 2012, bastão de óleo sobre papel, 30 × 40 cm 60 61 sem título, 2012, bastão de óleo sobre papel, 30 × 40 cm sem título, 2009, bastão de óleo sobre papel, 30 × 40 cm sem título, 2012, bastão de óleo sobre papel, 50 × 40 cm 62 63 64 66 Chromatic structurings by Rodrigo de Castro The Particular Infinite in the work of Rodrigo de Castro João J. Spinelli Vanda Pignataro Pereira Prof. Dr. ECA/USP Art Historian and Critic Psychoanalyst The cultural transformations after the two great wars of the 20th century profoundly changed the conditions of artistic perception and perspective. They substituted the merely descriptive and narrative with subliminal metaphors: a new way of visualizing the essential, exempt of illustrative reveries and/or innocuous periphrases, which allowed artists to break with tradition and the worn out conventions of artistic production. In art, the permanent invocation of signs is fundamental. The metaphoric dimension, only partially visible in figurative art, emerges fully in informal, geometric art and, thus, the visible is seen in detriment of what is only visual.1 The geometric vocabulary is present in the plastic arts in several moments in the history of art, from the Neolithic to current times, including in Brazil, in indigenous creations and in two fundamental movements: Concretism and Neo-Concretism. This endless vocabulary allows for an infinite number of combinations that provide contemporary artists with differentiated geometric characteristics, confirmed in singular form in Rodrigo de Castro’s paintings: pictorial concision and coherence that conscientiously refutes all and any kind of figurative, volumetric velleity. The care taken with the application of traditional oil painting is surprising because of the quality of the facture and the technical mastery. By recovering, in contemporaneity, the forgotten potentialities of Modernism, Rodrigo de Castro realizes poetic experimentations that change the dimensions for the comprehension of art itself. The artist’s creative process is based on three plastic organizations: lines, forms and colors that, according to French painter Fernand Léger, constitute “the synthesis and the power of painting itself”. Thus, de Castro intends to find plastic purity through the reduction of the means of expression: two straight lines that meet at right angles asymmetrically imprint a dynamic equilibrium. In this manner, the painter reinforces the aesthetic transformation carried out based on Impressionism that negated the hypothetical role of appearance, which duplicates reality, reaffirming the autonomy of the visual arts. By demarcating the surface of the canvas – with horizontals and verticals – he delimits planes of color that, interconnected, interact with each other and organize themselves pictorially in each canvas. The background-figure relationship is definitively eliminated; this artist’s choice of veracity, which indirectly gives us a subjectivity arising from its own creative process – whose main objective is to explore and reinforce the freedom of the plastic means –, is exemplified, opposing any kind of figural representation. Beyond prioritizing the color-form relationship, Rodrigo de Castro gives new dimensions to some neo-concrete parameters 68 seeking autonomous and independent pictorial representation. In counterpoint to linear objectivity, diligently constructed, the colors selected present sensitive, uncommon tones reached with mastery through the technical dominion of oil painting that – as it dries slowly – allows innumerable reformulations and impeccable finishes. For this painter, nothing is superficial, nothing is down to chance. His chromatic combinations, ever more audacious and differentiated, lead the observer – beyond aesthetic enjoyment – to try to decipher the artist’s coloristic, harmonic methodology. Despite never taking advantage of syntactic, emotional, content facilitations – typical of figurative painting – his pictorial planarity captures objectivities full of rhythms and tensions. They provoke visualities, derived from chromatic divisions and subdivisions, resulting from a personal geometry, through which the painter seeks to overcome the painting’s specific challenges. Cerebral, his works revitalize the confrontation between Cartesian, compositional structures against the sensitive evidence of color: “forms that seek to lack emotional resonance are, themselves, vigorously stimulating options”,2 Color, in addition to boosting the compositional structure, substantiates his artistic production. Without resorting to tonalism, it is used in an eminently sensitive manner, never submitted to aprioristic, austere schemes pre-established by restrictive ordering. It defines the semantic possibilities of his geometric visual lexicon. The artist does not single out any form or plane of color in order to avoid transforming them into figure/background or vice-versa, for each color chosen by the painter pulsates and tensions its stability. Rodrigo de Castro achieves aesthetic emotion through the compositional rigor that induces it – without resorting to the convenience of symmetry – to formal perfection: an absolute manifestation of pure sensitivity, alert only to manipulation of the geometric plastic means, used by the artist as a guide of visual elaborations, “a kind of mystical search for the absolute, that despises the world of appearances”,3 in agreement with Plato’s thoughts, who referred to, in Philebus, pure geometric forms as more beautiful than nature’s unmerited forms. For Plato and Rodrigo de Castro, “form is the highest content”. 1 João J. Spinelli. Informelle Kunst in Sudamerica. Dortmund. Museum am Dortmund. Germany. 2002 2 Susan Sontag. A vontade radical. São Paulo. Companhia das Letras. 1987 3 Michel Seuphor. Pintura Moderna. São Paulo. Editora Hemus. 1981 It is a fact that something is always lost between what is experienced and what is remembered. However, I remember clearly the first time I was introduced to Rodrigo de Castro’s painting. One Saturday, I found myself with his father, at the end of the construction of his studio in Nova Lima, currently the Amilcar de Castro Institute, when he suddenly said to me: “Come see something”. I followed him outside and came face to face with what was no longer a wall, but an impeccable painting. A blue surface of considerable dimensions, measuring well over 20 feet high, was horizontally intersected by a very well-calculated red line. Below it, two more, one black and the other red, defined separated planes with the color and outlined the space. I asked him whose work this was, to which he replied, softly and thoughtfully, while gazing at the painting: “Rodrigo’s”. I was startled by his tone, which was unlike Amilcar, given as he was to grand gestures. But, today, I more clearly understand the respect, thoughtfulness, invitation to silence, sensibility and freedom that this painting conveys. This was how, initially guided by the eye of the sculptor, I was led to know the serious and rigorous exercise with colors that Rodrigo de Castro develops in his creations. Since then, I have followed his work, which is not only defined by strict geometry and very particular colors, but also by the freedom that black and white, such difficult colors, occupy in it. And, in 2013, at one of his exhibitions at the Galeria Lemos de Sá, in Belo Horizonte, I was captivated by what I call a small (great) work (20"× 27.5", oil bar on paper): a white surface delineated by precise black lines above a black square and a white one on white, outlined by a black line that is interrupted. This piece creates subtle planes amidst a profusion of other paintings, faced with which its highly singular colors bloom. This example touched me in an especially intense manner, because, in it, I perceived the artist’s now mature and bold work revealing the core of his sensibility. This is the poetics of art: to bravely dare to go beyond, because that is the only way to glimpse the infinite. As Professor João Spinelli remembers well, “the geometric vocabulary presents itself in the plastic arts at various moments of the history of art, from the Neolithic to current times, including in Brazil, in indigenous creations and in two fundamental movements: Concretism and Neo-Concretism”. The creative discipline with which Rodrigo freely exercises his experience of painting caught my attention from the start, because of the sensibility and rigor with which he constructs his painting. This creative form of his naturally leads him to bear 69 the responsibility that is entailed, specifically: a very personal mark, distant from any volumetry and a formal content that allows him to inhabit his own language, through which he expresses the density of his sensibility, the moderation of gestures and a precise calculation. This, far from being a cold and cerebral manifestation, carries in it the tension of that sensibility, whose main gestural characteristic is discretion. The robust roots that swell from the generous fountain of Malevitch are very evident in his recent works, as they are in so many contemporary pieces. For that artist, the supremacy of form in detriment to the figurations’ own narratives and the affirmation of a flat, colored surface in the simplest manifestation of pure color open up the universe of art to the infinite. And Rodrigo does not flee. On the contrary, in the way he resolves his paintings, he affirms this question with the joy befitting those who know they have renewed their roots. Lisbon, July 2015. 1989 Galeria Gesto Gráfico, Belo Horizonte, MG Centro Cultural São Paulo – Artista convidado – São Paulo, SP 2001 Atelier Amilcar de Castro, Belo Horizonte, MG Galeria de Arte Manoel Macedo – com Célia Euvaldo e Elisabeth Jobim – Belo Horizonte, MG 1992 exposições coletivas | group exhibitions 201 4 Exposição Pequenos Formatos Via Thorey Galeria de Arte, Vitória, ES 201 2 Exposição [Alguns] de Nós – com Cabelo, José Bechara, José Rezende, Paulo Monteiro e outros – Marilia Razuk Galeria de Arte, São Paulo, SP 201 1 RODRIGO DE CASTRO Nasceu em Belo Horizonte, 1953 | Exposição Múltiplos Sentidos – com Amilcar de Castro, José Bechara, Nuno Ramos, Manfredo de Souzanetto e outros – Matias Brotas Galeria de Arte, Vitória, ES Born in Belo Horizonte, 1953 Vive e trabalha em São Paulo | Lives and works in São Paulo próxi mas expos i ções | next exhibitions 2 01 6 Casa D’Alva Galeria de Arte, Fortaleza, CE expos i ções i nd i vi d uai s | solo exhibitions Exposição 2 × Minas × 2 – com Manfredo de Souzanetto, Marcos Coelho Benjamin e Amilcar de Castro – Paulo Darzé Galeria de Arte, Salvador, BA Exposição 2 × Minas × 2 – com Manfredo de Souzanetto, Marcos Coelho Benjamin e Amilcar de Castro – Referência Galeria de Arte, Brasília, DF Paulo Darzé Galeria de Arte, Salvador, BA 2 01 3 Via Thorey Galeria , Vitória, ES Marilia Razuk Galeria de Arte, São Paulo, SP Lemos de Sá Galeria de Arte, Belo Horizonte, MG Exposição 2 × Minas × 2 – com Manfredo de Souzanetto, Marcos Coelho Benjamin e Amilcar de Castro – Matias Brotas Galeria de Arte, Vitória, ES Exposição 2 × Minas × 2 – com Manfredo de Souzanetto, Marcos Coelho Benjamin e Amilcar de Castro – Lemos de Sá Galeria de Arte, Belo Horizonte, MG 2008 Galeria Millan – São Paulo, SP Lemos de Sá Galeria de Arte – Inauguração da nova galeria, Nova Lima, MG 2 01 0 Millan Galeria de Arte, São Paulo, SP 2 008 Lemos de Sá Galeria de Arte, Belo Horizonte, MG 2 006 Paulo Darzé Galeria de Arte, Salvador, BA Millan Galeria de Arte, São Paulo, SP 2 004 Marilia Razuk Galeria de Arte, São Paulo, SP sem título, 2007, óleo sobre tela, 140 × 200 cm 1 994 Programa Anual de Exposições, Centro Cultural São Paulo – Artista convidado – São Paulo, SP Galeria Manoel Macedo, Belo Horizonte, MG 1990 Projeto Cerâmica Nova Terra / Fernandez Mera, São Paulo, SP 1989 Galeria Gesto Gráfico, Belo Horizonte, MG 10 Artistas – Rua Fortunato, São Paulo, SP 7 O Salão Paulista de Arte Contemporânea, São Paulo, SP 9O Bienal Internacional de Arte, Valparaíso, Chile 11O Salão Nacional de Artes Plásticas, FUNARTE, Rio de Janeiro, RJ Arte Contemporânea São Paulo / Perspectivas Recentes, Centro Cultural São Paulo – São Paulo, SP 1988 38 O Salão de Arte Contemporânea de Juiz de Fora, MG 13 O Salão de Arte de Ribeirão Preto, São Paulo, SP pub lic ações | publications 201 0 2 01 5 13 Artistas Paulistas, MAM – Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro, RJ 2005 Encontro Internacional do BID – Centro de Convenções de Belo Horizonte, MG Paralela da Bienal São Paulo – Galpão de Exposições, São Paulo, SP 2003 Galeria de Arte Celma Albuquerque – com Fábio Miguez e Sérgio Sister –Belo Horizonte, MG 2002 Marília Razuk Galeria de Arte – com Amilcar de Castro, Isaura Pena, José Bento, Renato Madureira e Roberto Bethônico – São Paulo, SP Marília Razuk 10 Anos, Marília Razuk Galeria de Arte, São Paulo, SP 71 BRAZILIANARTIV , Livro de Arte Brasileira, JC Editora – 2004 Revista Imobiliare – Ano IV Número 15 Fevereiro 2009 prêmios | art prizes 1988 Prêmio Aquisição – prêmio principal do 13O Salão de Arte de Ribeirão Preto 1989 Prêmio Aquisição – 11 O Salão Nacional de Artes Plásticas, FUNARTE, Rio de Janeiro f oto g r a f i a Denise Andrade Rômulo Fialdini c a pa Marcela de Castro p r oj e to g r á f i c o Verbo Arte e Design / Fernando Leite i m p r e s s ão Pancrom c o n tato [email protected] ag r a d e c i m e n to