Meditação – Evangelho de João 17, 1
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Meditação – Evangelho de João 17, 1
Meditação – Evangelho de João 17, 1- 11a Tafers, Suíça – 19 de Maio de 2015 Esta Igreja onde estamos é mais do que um lugar sagrado. Para nós, salvatorianos, esta Casa de Oração é um lugar simbólico, pois em seu centro, por quase 40 anos, esteve enterrado nosso Venerável Fundador, Pe. Francisco Jordan. Desde os primórdios, Pe. Jordan foi e continua sendo o coração e a cabeça de toda a Sociedade do Divino Salvador. Nós somos as testemunhas de que seu Carisma segue vivo em tantos lugares do mundo. Assim como ele mostrou-se extremamente criativo frente às mudanças de seu tempo, hoje nós queremos ser os continuadores deste dinamismo e da espiritualidade deste santo da ação apostólica. Ao virmos a este lugar para visitar e rezar, queremos reafirmar nossa decisão de seguir a missão apostólica que nos foi entregue pelo Pe. Francisco Jordan: anunciarmos a todos os povos que Jesus é o Salvador. Por uma incrível coincidência, a liturgia de hoje nos apresenta o Evangelho de João 17. Para nós ela é mais do que uma página do Evangelho. Ela é a mesmíssima página inspiradora da finalidade específica da Sociedade do Divino Salvador: que todos os povos “conheçam ao único Deus verdadeiro e a seu enviado Jesus Cristo.” Contudo, muitas vezes, até parece já não ser necessário falar disto, pois acreditamos conhecer muito bem, até de memória, esta ideia central que habitava o coração do Fundador. Porém, tenho a impressão de que esta frase acabou se tornando como as normas de segurança que as aeromoças explicam ao início de um voo. Ninguém presta mais atenção, porque já escutaram tantas e tantas vezes que passam a pensar: “já sabemos e entendemos suficientemente”. E assim, seguimos lendo superficialmente esta citação bíblica inspiradora de nossa missão, sem nos recordarmos de que este texto foi para o Fundador como um tesouro encontrado, frente ao qual tudo se tornou secundário. Este texto é a base onde se enraíza a visão e o carisma do Fundador. Portanto, há que meditá-lo sempre, de modo a que se converta em nosso modo de viver, encarnando-se em nosso modo de pensar e atuar como salvatorianos. O capítulo 17 do Evangelho, como já é sabido, é uma oração que Jesus dirige ao Pai. Nesta, como se víssemos através de uma janela, podemos observar o mais íntimo de Jesus, que se expressa justamente na sua relação com o Pai. Com um gesto típico de uma pessoa orante, Jesus “levanta os olhos aos céus...” e inicia seu diálogo com a Palavra “Pai”. Ele não inicia com a expressão “Eu”, mas com “Tu”. Isto nos lembra de que a vida humana é relação. Somente podemos ter vida na relação com o Tu que, por sua vez, é o que dá significado existencial ao eu. Não há vida em plenitude se vivemos fechados em nós mesmos. O que nos dá vida é a relação com o “Único e verdadeiro Deus”, que é um Pai bom. Um Pai que nos amou primeiro. É um Deus que, quando o buscamos, já nos buscou antes e está sempre esperando por nós. Nosso Pai Fundador já tinha a intuição que somente uma fé sólida, um conhecimento profundo de Deus Pai e de sua misericórdia, manifestada em Jesus para com todos, pode derrotar os ventos do espírito da secularização que hoje se manifestam por todo o mundo. Consequentemente, aqui vejo uma indicação pastoral muito válida para o futuro dos salvatorianos aqui na Europa: a criação de espaços em que sejamos conhecidos e buscados, antes de tudo, por sermos “mestres de espiritualidade”, por sermos autênticos “homens de Deus” (Jordan), que ajudam a dar respostas a esta busca de sentido e de transcendência que há no mundo. Contudo, o núcleo central do Evangelho está na frase que inspirou o Padre Fundador: “que todos conheçam ao Único e Verdadeiro Deus e a Jesus Cristo, seu enviado...” Aqui, novamente, o Evangelho nos ajuda dizendo que o Único e Verdadeiro Deus não pode ser conhecido separadamente do Filho, Jesus Cristo. No rosto de Jesus se conhece o rosto da bondade e da misericórdia de Deus Pai. Este é o núcleo do Carisma Salvatoriano: “conhecer e dar a conhecer” o rosto de Deus Salvador que se manifestou em Jesus Cristo. Sem embargo, não basta estudar para conhecer e dar a conhecer a Jesus Cristo. O Papa Francisco nos diz que para conhecer Jesus é preciso abrir três portas: “A primeira porta: rezar Jesus. O estudo sem oração não serve. Portanto, há que rezar Jesus para conhecê-lo melhor. Segunda porta: celebrar Jesus. Não basta a oração, é necessária a alegria da celebração. Sem a celebração dos sacramentos não chegamos a conhecer Jesus. Terceira porta: imitar a Jesus. Meditar o Evangelho sobre o que Ele fez, como era sua vida, que nos disse, o que nos ensinou e tratar de imitá-lo”1. De uma coisa podemos estar seguros: os salvatorianos aqui na Europa estão chamados a abrir estas portas. Hoje em dia muita gente não conhece Jesus. Nós não podemos renunciar a nossa missão de ajudar as pessoas a se encontrarem com a pessoa de Jesus, a terem o contato pessoal com o Cristo, que leva a segui-lo e transforma a vida. Deveríamos nos perguntar: Com quais atividades e meios estamos fazendo isto? Irmãos, se nós queremos mudar as coisas, não sigamos fazendo o mesmo. No documento “Vita Consecrata” repetidamente se afirma que a vida consagrada sempre existiu e existirá na Igreja, mas não necessariamente nos moldes que hoje a conhecemos (cf. n 3b, 29b e 63c). A realidade está em mutação e nós também o fazemos continuamente. Não fomos fundados para auto conservarmo-nos, mas para uma missão particular na Igreja e com a Igreja. Nesta missão nunca estamos sozinhos. O espírito do Fundador nos anima, inspira e nos leva a seguir em frente. As nuvens podem esconder o sol, mas não fazer com que ele não exista. Isso também acontece com a paixão missionária do Pe. Francisco Jordan que sempre está brilhando e iluminando alguma parte do planeta. Ainda que seja “noite” em muitos lugares deste continente, dediquemo-nos a reconhecer a ação do Espírito nos pequenos gestos de salvação, sejamos mais criativos e caminhemos com a mesma esperança que animou o Pe. Francisco Jordan. Aqui está nosso sal e luz! Pe. Milton Zonta, SDS - Superior Geral 1 Homilia do Papa Francisco na Casa Santa Marta (Roma), em 16 de maio de 2014.
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