Transtornos - Alessandra Coelho

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Transtornos - Alessandra Coelho
Transtornos
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Transtornos
Alimentares
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Alessandra Coelho
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Alessandra Coelho
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ÍNDICE
Imagem Corporal.................................................................................................4
O que são Transtornos Alimentares....................................................................7
Tratamento Nutricional.......................................................................................13
Comportamento Alimentar.................................................................................18
Tratamento Medicamentoso..............................................................................20
Qualidade de vida nos Transtornos Alimentares...............................................23
Transtornos Alimentares na Adolescência........................................................25
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Este livro não se destina a uso como Orientação Nutricional. Todos os leitores são
aconselhados a procurar serviço especializado para acompanhamento individualizado e
os leitores são advertidos a confiar em seu próprio julgamento sobre as suas condições
individuais para agir em conformidade.
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IMAGEM CORPORAL
O início da história da imagem corporal foi no século XVI, a partir de um
cirurgião que percebeu a existência do “membro fantasma”, onde o indivíduo
que perde alguma parte do corpo acha que este ainda está presente¹. Esta
ocorrência comprovou que a visão que criamos de nós mesmos permanece
mesmo em situações de dificuldade de sensibilidade¹. Mais tarde, Weir Mitchell
demonstrou que a imagem que formamos de nós pode ser mudada sob
tratamento ou em condições especiais¹.
A partir de então, diversos estudos foram realizados sobre a imagem
corporal nos aspectos neurológicos, fisiológicos e psicológicos¹.
A imagem corporal é o modelo que construímos em nossa mente sobre
o nosso corpo englobando o tamanho, a imagem, a forma e os sentimentos
relacionados a estas características 1,2. Esta é influenciada por diversos fatores
como estado emocional, crenças sociais, sociedade e principalmente nos dias
de hoje, a mídia 1,2.
Além disso, pesquisas indicam que a exposição à televisão está
relacionada com a insatisfação do corpo, desenvolvimento de distúrbios da
imagem corporal e alimentar, devido a padrões de beleza apresentados,
exigindo corpos perfeitos e estimulando práticas alimentares não saudáveis ¹, ³.
Distorção da Imagem Corporal nos Transtornos Alimentares
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Os transtornos alimentares como a Anorexia Nervosa (AN) e a Bulimia
Nervosa (BN) são caracterizados pelo medo de engordar ou tornar-se obeso e
distúrbios da percepção do formato corporal ¹. Este último é considerado o
primeiro sintoma dos transtornos alimentares, onde o indivíduo faz uma autoavaliação, influenciada pelo peso e forma corporal ¹, 4.
É muito comum pacientes com este tipo de distúrbio terem as seguintes
avaliações dos seus corpos: 4
 Pensamento Dicotômico – muito crítico em relação a sua aparência;
 Comparação Injusta – comparação da aparência com padrões extremos;
 Atenção Seletiva – acredita que as pessoas pensam como ele em
relação a sua aparência.
Os indivíduos que apresentam este tipo de distorção, mesmo
extremamente magros avaliam os seus corpos como “gordos” ou podem se
sentir magros, porém estar extremamente preocupados em engordar 5
Body Shape Questionnaire
Nos transtornos enfatiza-se a mensuração das medidas corporais e é
esquecido os comportamentos sociais, que por sua vez também influenciam as
distorções. Por isso, foi desenvolvido o Body Shape Questionnaire (BSQ), um
instrumento para detectar a insatisfação corporal, o qual considera a influência
do meio social 2.
O BSQ é composto de 34 questões, onde o avaliado aponta com que
freqüência ele vivenciou os eventos propostos pelas alternativas 4. Cada
resposta tem uma pontuação que varia de 1 (nunca) a 6 (sempre) que quando
somados formam o resultado, o qual é dividido em níveis de satisfação 4:
< 80:
Ausência de Insatisfação
80 – 110:
Insatisfação Leve
110 – 140:
Insatisfação Moderada
> 140:
Grave Insatisfação Corporal
O BSQ fornece uma avaliação dos distúrbios alimentares tanto em
população clínica quanto em não clínica e auxilia na análise deste distúrbio no
tratamento da AN e BN 6.
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Para o tratamento da insatisfação corporal é necessário
acompanhamento de uma equipe multidisciplinar especializada (médico,
psicólogo, nutricionista, entre outros), para que estes possam auxiliar o
paciente na mudança da forma de visualizar a imagem de seu corpo.
Referências:
1.
BARROS, Daniela Dias. Imagem corporal: a descoberta de si mesmo. História, Ciências, Saúde,
Manguinhos, p.547-554, 2005.
2.
BOSI, Maria Lúcia Magalhães et al. Autopercepção da imagem corporal entre estudantes de nutrição: um
estudo no município do Rio de Janeiro. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Rio de Janeiro, p. 108-113. jun.
2006.
3.
SAIKAL, Carolina Jabur et al. Imagem Corporal nos Transtornos Alimentares. Revista de Psiquiatria
Clínica, São Paulo, n. , p.164-166, 2004.
4.
NEVES, Clara Mockdece et al. Satisfação Corporal em Bailarinas Adolescentes da Cidade de Juiz de
Fora – MG..: Acesso em: 13 fev. 2012.
5.
GIORDANI, Rubia Carla Formighieri. A Auto-Imagem Corporal na Anorexia Nervosa: Uma abordagem
Sociológica. Psicologia e Sociedade, Paraná, n. , p.81-88, ago. 2006.
6.
FREITAS, Silvia; GORENSTEIN, Clarice; APPOLINARIO, Jose C. Instrumentos para a avaliação dos
transtornos alimentares. Revista Brasileira de Psiquiatria, Rio de Janeiro, n. , p.34-38, 2002.
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O que são Transtornos Alimentares?
Os Transtornos Alimentares são alterações no comportamento alimentar
que podem levar ao emagrecimento extremo ou à obesidade e desenvolvem-se
geralmente nos períodos da infância e da adolescência¹, ². Na infância, a maior
preocupação não é a perda de peso e sim o desenvolvimento do transtorno,
uma vez que estes em crianças são caracterizados por alterações da relação
com a alimentação. Entre elas, podemos citar¹:
Transtorno da
alimentação da
primeira infância
Pica
Transtorno de
ruminação
Dificuldade em se
alimentar
adequadamente levando
a perda ponderal
Ingestão de substâncias
não nutritivas e não
aceitas socialmente
como barro, terra,
cabelo e fezes de
animais
Episódios de
“remastigação” repetidos
Por outro lado, é na adolescência que são verificados os transtornos
propriamente ditos como a AN, BN e o Transtorno da Compulsão Alimentar
Periódica (TCAP).¹ Segundo o Ambulatório de Bulimia e Transtornos
Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (Ambulim),
cerca de 0,5 a 4% das mulheres terá Anorexia Nervosa, 1 a 4,2% Bulimia
Nervosa e 2,5% Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica².
Os fatores psicossociais são as maiores causas de transtornos
alimentares. Isto se deve ao estereótipo de beleza como a magreza adotada
pela sociedade. Outros fatores importantes são profissões relacionadas com a
comercialização da aparência e esportes que exigem leveza como ginastas,
patinadores e bailarinas¹.
Anorexia Nervosa
A AN caracteriza-se por uma procura insaciável pela magreza, um
inexplicável medo de ganhar peso ou tornar-se obeso, mesmo estando abaixo
do peso e distorções da imagem corporal, onde o portador utiliza de métodos
extremos para emagrecer como longos períodos em jejum, exercícios físicos
intensos, vômitos, laxantes e/ou diuréticos ²,³. Esta ocorre principalmente em
mulheres jovens, com incidência maior aos 14 e 17 anos ¹.
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O paciente que desenvolve AN vive em função da imagem corporal, do
medo de engordar, do peso e da alimentação, por apresentarem insatisfação
com o seu corpo. Com o tempo, acabam se isolando por falta de interesse em
outros assuntos e o padrão alimentar vai se tornando secreto e muitas vezes
caracterizado por rituais¹.
Segundo o Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações
Mentais (DSM – IV) e a Classificação Estatística Internacional de Doenças (CID
– 10), os critérios para diagnóstico da Anorexia Nervosa, são:
DSM – IV4:
1 – Recusa de manter o peso dentro ou acima do mínimo normal
adequado à idade e à altura.
2 – Medo intenso do ganho de peso ou de se tornar gordo, mesmo com
o peso inferior.
3 – Perturbações no modo de vivenciar o peso, tamanho ou formas
corporais; excessiva influência do peso ou forma corporal na maneira de se
auto-avaliar; negação da gravidade do baixo peso.
4 – No que diz respeito especificamente às mulheres, a ausência de pelo
menos três ciclos menstruais consecutivos, quando é esperado ocorrer ao
contrário (amenorréia primária ou secundária). Considera-se que uma mulher
tem amenorréia se os seus períodos menstruais ocorrem somente após o uso
de hormônios; por exemplo, administração de estrógeno.
Ainda, o classifica em 4:
a)
Restritivo: não há episódio de comer compulsivamente ou prática
purgativa (vômito auto-induzido, uso de laxantes, diuréticos e enemas).
b)
Purgativo: existe episódio de comer compulsivamente e/ou purgação.
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CID – 105:
1 – Há perda de peso ou, em crianças, falta de ganho de peso, e o peso
corporal é mantido em pelo menos 15% abaixo do esperado.
2 – A perda de peso é auto-induzida pela restrição de “alimentos que
engordam”.
3 – Há uma distorção na imagem corporal na forma de uma
psicopatologia específica de um pavor de engordar.
4 – Um transtorno endócrino generalizado é manifestado em mulheres
como amenorréia e em homens como uma perda de interesse e impotência
sexual (uma exceção aparente é uma persistência de sangramentos vaginais
em mulheres anoréxicas que estão recebendo terapia de reposição hormonal,
mais comumente tomada como uma pílula contraceptiva).
Bulimia Nervosa
O termo Bulimia é a junção de termos gregos: boul (boi) ou bou (grande)
e lemos (fome). É descrita como a necessidade de comer grandes volumes de
comida com sensação de perda de controle, chamados episódios bulímicos. A
preocupação excessiva com o peso e o corpo fazem com que estes episódios
sejam seguidos de comportamentos compensatórios como vômitos, uso de
laxantes, diuréticos e exercícios físicos abusivos ³,6.
Segundo o Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações
Mentais (DSM – IV) e a Classificação Estatística Internacional de Doenças (CID
– 10), os critérios para diagnóstico da Bulimia Nervosa, são:
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DSM – IV 7:
1 – Episódios recorrentes de consumo alimentar compulsivo – episódios
bulímicos – tendo as seguintes características:
a) Ingestão em pequeno intervalo de tempo, uma quantidade de comida
claramente maior do que a maioria das pessoas comeria no mesmo tempo e
nas mesmas circunstâncias;
b) Sensação de perda de controle sobre o comportamento alimentar
durante os episódios (sensação de não conseguir parar de comer e controlar o
quê e quanto come).
2 – Comportamento compensatório inapropriados para prevenir ganho
de peso, como vômito auto-induzido, abuso de laxantes, diuréticos ou outras
drogas, dieta restrita ou jejum ou, ainda, exercícios rigorosos.
3 – Os episódios bulímicos e os comportamentos compensatórios
ocorrem, em média, duas vezes por semana, por pelo menos três meses.
4 – A auto-avaliação é indevidamente influenciada pela forma e peso
corporais. O distúrbio não ocorre exclusivamente durante episódios de anorexia
nervosa.
Ainda, o classifica em:
a) Purgativo: auto-indução de vômitos, uso indevido de laxantes e
diuréticos, enemas.
b) Sem purgação: sem práticas purgativas, prática de exercícios
excessivos ou jejuns.
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CID – 10 6:
1 – O paciente sucumbe a episódios de hiperfagia, nos quais grandes
quantidades de alimento são consumidas em curtos períodos de tempo (pelo
menos 2 vezes por semana durante um período de três meses).
2 – Preocupação persistente com o comer e um forte desejo ou um
sentimento de compulsão ao comer.
3 – O paciente tenta “neutralizar” os efeitos “de engordar” dos alimentos
por meio de um ou mais do que segue: vômitos auto-induzidos, purgação autoinduzida, períodos de alternação de inanição, uso de drogas tais como
anorexígenos, preparados tireoidanos ou diuréticos. Quando a bulimia ocorre
em paciente diabéticos, eles podem negligenciar seu tratamento insulínico.
4 – Há uma auto-percepção de estar muito gorda, com pavor intenso de
engordar, associado a exercícios excessivos ou jejuns.
Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP)
O TCAP é caracterizado pela ingestão de grandes volumes de comida
em curto espaço tempo (até 2 horas), onde o indivíduo não tem controle sobre
o quê ou o quanto come. Este pode ocorrer em indivíduos normais ou obesos e
só é diagnosticado quando os episódios ocorrem pelo menos dois dias na
semana nos últimos 6 meses 8.
Mas, qual é a diferença entre o TCAP e a BN?
O TCAP não é
acompanhado de comportamentos compensatórios para perder peso e os
pacientes apresentam IMC superior, diferente da BN que os pacientes alteram
compulsões e restrições alimentares 8.
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Pacientes com este tipo de transtorno sentem-se angustiados e
envergonhados depois dos episódios, além de sentirem nojo de si mesmos e
culpados. A maioria se desespera por causa da dificuldade de controlar a
ingestão de alimentos e desistem de fazer dietas por causa de fracassos
repetidos 8.
Referências:
1. APPOLINÁRIO, José Carlos; CLAUDINO, Angélica M. Transtornos Alimentares. Revista Brasileira de Psiquiatria,
São Paulo, p.28-31, dez. 2000.
2. AMBULIM. Transtornos Alimentares. Acesso em: 18 jan. 2012.
3. SAIKAL, Carolina Jabur et al. Imagem Corporal nos Transtornos Alimentares. Revista de Psiquiatria Clínica, São
Paulo, n. , p.164-166, 2004.
4. DIAGNOSTIC AND STATISTICAL MANUAL OF MENTAL DISORDERS. Anorexia Nervosa. Disponível aqui.
Acesso em: 23 jan. 2012.
5. CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE DOENÇAS. Anorexia Nervosa. Disponível aqui. Acesso em: 23 jan. 2012.
6. CORDÁS, Táki Athanássios. Transtornos Alimentares: Classificação e Diagóstico. Revista de Psiquiatria Clínica,
São Paulo, n. , p.154-157, 2004.
7. DIAGNOSTIC AND STATISTICAL MANUAL OF MENTAL DISORDERS. Bulimia Nervosa. Disponível aqui. Acesso
em: 24 jan. 2012.
8. AZEVEDO, Alexandre Pinto De; SANTOS, Cimâni Cristina Dos; FONSECA, Dulcineia Cardoso Da. DULCINEIA
CARDOSO DA FONSECA2. Revista de Psiquiatria Clínica, São Paulo, n. , p.170-172, set. 2004.
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Tratamento Nutricional
Por ser uma doença que compromete o estado nutricional, os TA
ganharam grande destaque na Nutrição. Entretanto, vale ressaltar que o
tratamento
de
portadores
de
TA
deve
ser feito
com
uma
equipe
multiprofissional, a fim de modificar os comportamentos relacionados ao peso e
à alimentação. Além disso, o apoio da família é fundamental, pois geralmente
estes pacientes não reconhecem que estão doentes ¹ ³.
Os quadros clínicos da AN e da BN estão relacionados a problemas de
nutrição como perda ou ganho de peso, distorção corporal e preocupação
excessiva com a alimentação ².
O nível de assistência para este tipo de patologia é o terciário, uma vez
que necessitam de cuidados especiais dietoterápicos e apresentam risco
nutricional ². O estado nutricional varia de acordo com o tipo de transtorno. Nos
casos de AN, o IMC é inferior a 15 kg/m² (desnutrição grau III) e na BN
geralmente são eutróficos do ponto de vista antropométrico. Os sinais clínicos
que eles podem apresentar são:
Anorexia Nervosa
Pele
seca,
cabelos
Bulimia Nervosa
finos
e Rosto Semilua (pelo aumento das
quebradiços, leve alopecia, aparência paratireóides) e amenorréia
envelhecida,
lanugo
(pele
pálida,
seca, sem brilho e coberta por uma
Ambos os sintomas citados podem ocorrer ou
não
fina camada de pêlos), interrupção do
ciclo Menstrual
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Avaliação Nutricional
Para avaliar o estado nutricional utiliza-se a anamnese, a qual é
composta por perguntas sobre a atividade física, relação com os alimentos,
comportamento gastrintestinal e medicamentos ². É importante avaliar os
seguintes aspectos:
Atividade Física – tipo, horas e freqüência ².
Relação com Alimentos – tabus, mitos, crenças sobre alimentos,
hábitos alimentares e distorção corporal. Para este também pode-se utilizar o
recordatório de 24 horas ou registro alimentar ¹:
Recordatório de 24 horas: feito no primeiro atendimento, o profissional
tentará extrair informações da alimentação do paciente das ultimas 24 horas.
Também pode ser usado para confirmar os dados anotados no registro
alimentar ¹.
Registro Alimentar: o paciente será orientado a escrever tudo o que
ingerir em casa, relatando quantidades ingeridas, horário, local, percepção da
fome e saciedade, mecanismos de purgação e sentimentos ¹.
Medicamentos:
uso
de
medicamentos,
laxantes,
diuréticos
e
suplementos alimentares ².
Avaliação Antropométrica
A Avaliação Antropométrica é realizada no primeiro atendimento e nos
retornos. Nesta afere-se ¹:

Peso

Altura

Circunferência do braço
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
Dobra Cutânea Triciptal

Dobra Cutânea Subscapular

Dobra Cutânea Suprailíaca
Entretanto, não podemos nos esquecer que estes pacientes apresentam
uma preocupação muito grande com o corpo e compete ao profissional decidir
o momento certo para fazer a avaliação nutricional das medidas mais
invasivas¹.
Alguns detalhes fazem diferença no processo de medição corporal,
como analisar o indivíduo no mesmo horário e optar por roupas mais leves.
Muitas vezes estes pacientes vestem roupas pesadas e maiores para que seu
peso seja superestimado ¹.
Uma forma menos invasiva de analisar a composição corporal destes
pacientes é a partir do exame de Bioimpedância. Este avalia com alta precisão
e rapidez a massa magra, massa gorda e água corporal total através de uma
corrente elétrica de baixa intensidade. Pode ser utilizado para direcionar o
acompanhamento e como medida comparativa do paciente entre os dados
coletados.
Conduta Nutricional
Síndrome da realimentação
Antes de estabelecer a terapia nutricional é necessário estar atento à
síndrome da realimentação. Quando um indivíduo passa por longos períodos
de depleção alimentar, seguida de reposição nutricional o organismo entra em
estado anabólico (síntese) com conseqüente consumo intracelular de
eletrólitos. A queda muito brusca destes pode resultar em complicações
cardíacas e morte. Por isso a realimentação deve ser feita gradualmente e
pode levar meses ³,4.
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Tratamento Nutricional
Os objetivos do tratamento nutricional variam de acordo com o tipo de
transtorno, veja abaixo ³:
Anorexia Nervosa
Bulimia Nervosa
Restabelecer o peso
Diminuir compulsões
Normalizar o padrão
Minimizar as restrições
alimentar, da percepção da
alimentares
fome e saciedade
Regular as refeições
Corrigir seqüelas
psicológicas e biológicas da
Variar os alimentos
desnutrição
consumidos
Corrigir deficiências
nutricionais
Estabelecer práticas de
alimentação saudável
De acordo com a APA (2000) as necessidades energéticas na AN
variam de 30 a 40 kcal/kg/dia e recomenda-se ganho de peso de 900g a 1,3
kg/semana para pacientes de enfermaria e 250g a 450 g/semana para
pacientes de ambulatório².
Na BN é muito importante explicar para o paciente as conseqüências do
transtorno e conscientizá-lo que restrições alimentares levam a compulsões e
por isso não devem ficar longos períodos sem se alimentar ².
O tratamento nutricional deve visar não somente as mudanças dos
hábitos alimentares como também trabalhar o lado psicológico do paciente
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para que este aceite seu corpo e reduza comportamentos compensatórios.
Uma equipe multi e interdisciplinar é fundamental e o nutricionista que trata de
pacientes com transtornos alimentares deve ter conhecimentos de psicologia e
psiquiatria5. Vale ressaltar que o aumento de peso para estes pacientes deve
ser programado e feito de forma gradativa e com monitoramento de eletrólitos,
para evitar a síndrome de realimentação, principalmente nos casos de AN².
Referências:
1.
SICCHIERI, Juliana et al. Manejo Nutricional nos Transtornos Alimentares. Disponível em:
<http://www.fmrp.usp.br/revista/2006/vol39n3/8_manejo_nutricional.pdf>. Acesso em: 07 fev. 2012.
2.
LATTERZA, Andréa Romero et al. Tratamento Nutricional nos Transtornos Alimentares. Revista de
Psiquiatria Clínica, São Paulo, p. 173-176. fev. 2004.
3.
BUSSE, Salvador de Rosis. Anorexia, Bulimia e Obesidade. São Paulo: Manole, 2003. 380 p.
4.
CARVALHO, Ana Paula Oliveira et al. Anorexia nervosa e síndrome de realimentação em adolescente: relato
de caso. Rev Med Minas Gerais, Minas Gerais, n. , p.128-130, maio 2009.?
5.
FREITAS, Silvia; GORENSTEIN, Clarice; APPOLINARIO, Jose C. Instrumentos para a avaliação dos
transtornos alimentares. Revista Brasileira de Psiquiatria, Rio de Janeiro, n. , p.34-38, 2002.
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COMPORTAMENTO ALIMENTAR
Entende-se como comportamento alimentar todas as formas de convívio
com o alimento. Este está relacionado com as decisões sobre o que comer,
disponibilidade de alimentos, modo de preparação, utensílios utilizados,
horários, número de refeições por dia, preferências e aversões, crenças, tabus
e conhecimentos sobre nutrição ¹.
O aumento da obesidade na população tem contribuído para as
mudanças no comportamento alimentar, uma vez que temos muito mais
acesso à comida e o padrão qualitativo piorou. O cuidado da obesidade muitas
vezes caracteriza obrigações e restrições alimentares para manter ou perder
peso ². Outro caso em que ocorre este tipo de relação com a alimentação é nos
transtornos alimentares, onde geralmente
é restringido o grupo dos
carboidratos e as gorduras, preferindo as proteínas ³.
As características dos comportamentos variam muito, devido aos
diversos tipos de dietas divulgadas pela mídia. Os comportamentos mais
comuns são ¹:

Realizar poucas refeições no dia.

Permanecer grandes períodos sem comer.

Picar em vários pedaços a comida antes de comer.

Deixar restos de comida no prato.
Estes comportamentos podem ser divididos entre a AN e BN ³.
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Anorexia Nervosa
Bulimia Nervosa
Esconder alimentos
Evitam alimentos “engordativos”
Dividir alimentos em pequenas
Apresentam episódios de compulsões
porções
alimentares de alto valor calórico
Preparar pratos para outras pessoas
Comer grande quantidade de comida e
e não provar
pouco período de tempo
Observar os outros comerem
Comer escondido
Evitar comer na presença dos outros
Interesse por culinária e dieta
Muitas vezes os comportamentos apresentam-se de forma controversa,
pois indivíduos que estão em restrição alimentar em situações normais, quando
expostos a certas circunstâncias tendem a ingerir alimentos em excesso. Este
fenômeno chama-se desinibição, onde uma situação experimentada desinibe o
autocontrole imposto pelo indivíduo quanto ao comportamento alimentar ².
Referências:
1.
DUNKER, Karin Louise Lenz; PHILIPPI, Sonia Tucunduva. Hábitos e comportamentos alimentares de
adolescentes com sintomas de anorexia nervosa. Revista de Nutrição, Campinas, p.51-60, mar. 2003.
2.
NATACCI, Lara Cristiane; FERREIRA JúNIOR, Mario. The three factor eating questionnaire - R21: tradução
para o português e aplicação em mulheres brasileiras1. Revista de Nutrição, Campinas, p.383-394, jun. 2011.
3.
BUSSE, Salvador de Rosis. Anorexia, Bulimia e Obesidade. São Paulo: Manole, 2003. 380 p.
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TRATAMENTO MEDICAMENTOSO
O tratamento medicamentoso auxilia na abordagem psicológica e
nutricional e seu objetivo irá depender do tipo de Transtorno Alimentar. Veja a
tabela abaixo 1 :
Transtorno
Objetivo
Anorexia Nervosa
Ganho de peso acima do Índice de Massa Corporal
(IMC) de 19kg/m²
Bulimia Nervosa
Regular o padrão alimentar e suspender a práticas
compensatórias
Transtorno da
Reduzir os episódios bulímicos, diminuir o peso
Compulsão Alimentar
corporal e melhorar sintomas como depressão e
Periódica
ansiedade
Anorexia Nervosa
O tratamento medicamentoso na AN é utilizado quando houver alguma
comorbidade psiquiátrica e tem foco principal na perda de peso
medicamentos baseiam-se em três pontos principais

Transtornos da Imagem Corporal

Sintomas Depressivos

Alterações do apetite
1,2
. Os
2:
Os medicamentos estudados são os antipsicóticos e os antidepressivos
2
. O primeiro usado no tratamento da AN foi a Clorpromazina, droga
antipsicótica que bloqueia os receptores de dopamina. A resposta ao
tratamento a partir desta droga foi positiva obtendo uma remissão total dos
sintomas3. Além desta outros tipos de psicóticos são prescritos como a
Pimozida e a Sulpirida2.
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Dentro dos antidepressivos incluem-se 3 :
 Amiptilina
 Clorimipramina
 Maprotilina
 Trazodona
 Fluoxetina
 Ciproheptadina
Bulimia Nervosa
Na BN inicia-se com um tratamento não-farmacológico, mas se o
tratamento psicoterápico não for positivo é prescrito o fármaco 1. O uso de
antidepressivos tem auxiliado na redução dos episódios bulímicos e vômitos,
além de reduzir sintomas de ansiedade e depressão 1. O tratamento é baseado
em dois pontos principais3:

Compulsões Alimentares

Sintomas Comportamentais
Além dos antidepressivos também podem ser utilizados2:
Lítio - efeito placebo
Fluvoxamine – reduz episódios de compulsões, fome e depressões
Naltrexone – reduz episódios de compulsões
Fenfluramina – reduz a ingestão alimentar e o consumo de carboidratos
Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica
Por ter sido descrita recentemente, os medicamentos da TCAP são
derivados de estudos com pacientes bulímicos 3. Neste tipo de transtorno o
tratamento farmacológico baseia-se em três pontos principais3:

Remissão ou redução das compulsões alimentares

Alterações psicopatológicas associadas

Controle da obesidade e comorbidades
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No tratamento incluem-se:

Antidepressivos

Naltroxona

Agente antiobesidade

Topiramato
Vale ressaltar que ainda estão sendo realizados diversos estudos para
avaliar a utilidade dos medicamentos nos transtornos alimentares.
Referências:
1.
SALZANO, Fábio Tapia; CORDÁS, Táki Athanássios. Tratamento farmacológico de transtornos. Revista de
Psiquiatria Clínica, São Paulo, p.188-194, abr. 2009.
2.
BUSSE, Salvador de Rosis. Anorexia, Bulimia e Obesidade. São Paulo: Manole, 2003. 380 p.
3.
APPOLINARIO, Jose C; BACALTCHUK, Josue. Tratamento farmacológico dos. Revista Brasileira de
Psiquiatria, Rio de Janeiro, p.54-59, 2002.
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Qualidade de vida nos Transtornos Alimentares
A expressão Qualidade de Vida foi empregada pela primeira vez no ano
de 1964 pelo presidente dos Estados Unidos, Lyndon Johnson e é utilizada
atualmente por diversas áreas ¹ ².
Nas especialidades da saúde, a qualidade de vida está associada à
valorização de parâmetros mais amplos do que o controle de sintomas,
diminuição da mortalidade ou aumento da expectativa de vida¹. É adotada
principalmente na área da oncologia, uma vez que inicialmente ocorreu um
confronto entre as condições de vida do paciente e os tratamentos para
aumentar sua sobrevida 1,2. Para este é importante que o paciente se sinta bem
psicologicamente, tenha condições físicas, esteja socialmente integrado e
funcionalmente competente ¹.
Qualidade de vida e Transtornos alimentares
Pesquisas recentes demonstraram que a qualidade de vida em
pacientes com transtornos alimentares está mais prejudicada do que em outras
doenças psiquiátricas e em indivíduos sadios. Estes pacientes apresentam
insatisfação
quanto
ao
requisito
social,
relatando
dificuldades
de
relacionamento com a família, amigos e trabalho. Os componentes que
agravam sua qualidade de vida são3:
 Comorbidades psiquiátricas
 Depressão
 Ansiedade
 Gravidade do quadro alimentar
Estudos realizados pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de
Ribeirão Preto, USP indicaram que os componentes mentais (vitalidade,
aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental) dos pacientes com AN
e BN são mais prejudicados que os físicos (capacidade funcional, aspectos
físicos, dor e estado geral de saúde) 4.
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Portanto, sabemos que diversos fatores dos transtornos alimentares
podem influenciar nas condições de vida dos pacientes, principalmente no
aspecto social e emocional. Para minimizar os sentimentos de depressão,
ansiedade, culpa e insegurança é necessário uma equipe multidisciplinar
incluindo médicos, psicólogos, psiquiatras, nutricionistas e o apoio da família.
Referências:
1.
FLECK, Marcelo Pio de Almeida et al. Desenvolvimento da versão em português do instrumento de. Rev
Bras Psiquiatr, Porto Alegre, p.19-28, 1999.
2.
SEIDL, Eliane Maria Fl e U Ry; ZANNON, Célia Maria Lana da Costa. Qualidade de vida e saúde:. Cad.
Saúde Pública, Rio de Janeiro, p.580-588, mar. 2004.
3.
TIRICO, Patrícia Passarelli; STEFANO, Sérgio Carlos; BLAY, Sergio Luís. Qualidade de vida e transtornos
alimentares: uma revisão sistemática. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, p.431-449, mar. 2010.
4.
COIMBRA, Anne Caroline; SANTOS, Manoel Antônio Dos; OLIVEIRA-CARDOSO, Érika Arantes de.
Qualidade
de
vida
de
pacientes
com
transtornos
alimentares.
Disponível
em:
<https://sistemas.usp.br/siicusp/cdOnlineTrabalhoVisualizarResumo?numeroInscricaoTrabalho=582&numero
Edicao=18>. Acesso em: 20 fev. 2012.
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Transtornos Alimentares na Adolescência
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a adolescência compreende
o período de dez aos dezenove anos de idade1. É definida como um período de
transformação biológica e psicossocial, onde as mudanças ocorrem
paralelamente com a constituição da personalidade. Nesta etapa o adolescente
sofre alterações no corpo e no peso, as quais podem não ser aceitas,
resultando em uma imagem corporal negativa de si mesmo2.
No contexto atual, a supervalorização da beleza e da magreza faz com
que as pessoas usem dietas abusivas, produtos dietéticos sem orientações e
prática excessiva de exercícios físicos3. Essa ocorrência quando associada à
baixa autoestima contribui para a insatisfação corporal e pode desenvolver
comportamentos de risco para os transtornos alimentares
2,3
.
Em geral, os adolescentes apresentam grande preocupação com a
aparência e o peso, os quais possivelmente estão relacionados com os
transtornos alimentares e obesidade na adolescência2. Esse fato explica
porque geralmente o início da AN ocorre neste período, principalmente no sexo
feminino4.
Comportamentos Alimentares
Os adolescentes insatisfeitos com sua imagem corporal adotam práticas
alimentares anormais e inadequadas para controle do peso como4:
 Uso de diuréticos
 Uso de laxantes
 Indução de vômitos
 Atividade Física Extenuante
Alguns comportamentos são comumente notados em adolescentes com
AN e BN como sempre achar que estão gordos e contar calorias. O hábito
alimentar é baseado em restrições e preferências, onde alimentos como
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carnes, gorduras de adição, doces e sobremesas são excluídos, dando
preferência para as frutas e hortaliças 5.
Estes comportamentos indicam maior probabilidade de desenvolver
transtornos alimentares quando comparado à adolescentes satisfeitos com a
imagem corporal4.
O conhecimento do perfil da alimentação dos adolescentes é de extrema
importância para auxiliar a identificar os principais sintomas dos transtornos
como a restrição alimentar, comportamentos compensatórios e compulsões.
Algumas medidas preventivas devem ser feitas em escolas através da
educação nutricional para promover práticas alimentares saudáveis e modificar
associações errôneas entre os alimentos e o peso5.
Referências:
1-
CONTI, Maria Aparecida; FRUTUOSO, Maria Fernanda Petroli; GAMBARDELLA, Ana Maria Dianezi.
Excesso de peso e insatisfação corporal. Revista de Nutrição, Campinas, n. , p.491-497, ago. 2005.
2-
DUNKER, Karin Louise Lenz; FERNANDES, Cássia Peres Bonar; CARREIRA FILHO, Daniel. Influência do
nível socioeconômico sobre. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, São Paulo, p. 156-161. set. 2009.
3-
FONSECA, Sara Lopes; RENA, Luiz Carlos Castelo Branco. Transtornos alimentares na adolescência:.
Mosaicos: Estudos em Psicologia, Belo Horizonte, p.9-15, 2008.
4-
ALVES, Emilaura et al. Prevalência de sintomas de anorexia nervosa. Caderno de Saúde Pública, Rio de
Janeiro, p. 503-512. ago. 2007.
5-
DUNKER, Karin Louise Lenz; PHILIPPII, Sonia Tucunduva. Hábitos e comportamentos alimentares de
adolescentes com sintomas de anorexia nervosa. Revista de Nutrição, Campinas, p.51-60, mar. 2003.
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