pesquisadores - Marista Online

Transcrição

pesquisadores - Marista Online
Jovens
1º Semestre • 2014 | 13ª edição
pesquisadores
incentivo a novos
conhecimentos reflete
em filhos mais críticos
e com uma visão
mais ampla
DIA A DIA
Saiba como uma viagem missionária pode
contribuir nesse processo de amadurecimento
da família.
COMO FAZER
Quando a questão é o uso da internet, os filhos
precisam de acompanhamento. Entenda o papel
dos pais e como lidar melhor com a situação.
Um amplo conceito de Educação,
para alunos, famílias, professores
e escolas crescerem juntos.
AMPLIANDO
FUTUROS
O FTD Sistema de Ensino trabalha
para ampliar as perspectivas de
futuro para todos os envolvidos no
processo ensino-aprendizagem,
oferecendo soluções educacionais
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2
Ampliando Futuros
Combinação
única de bons
valores e
excelência.
O Grupo Marista conta com milhares
de pessoas que, diariamente, vivenciam e disseminam importantes valores humanos e cristãos com o compromisso de promover e defender os
direitos das crianças e dos jovens.
Faz parte do jeito Marista a busca
constante por excelência. Na área da
educação, da escola à universidade,
formamos pessoas e trazemos resultados comprovados. Em atividades
nas áreas de saúde e comunicação,
levamos sempre a melhor qualidade
para públicos de diferentes condições e necessidades. Em todas essas
áreas, a ação social está presente
BRASÍLIA
Colégio Marista de Brasília - Ensino Fundamental
SGAS 609 CONJ A - Bairro Asa Sul - Brasília-DF
CEP 70200-690 | (61) 3442-9400
Superior Provincial
Ir. Joaquim Sperandio
Presidente do Grupo Marista
Ir. Delcio Afonso Balestrin
Superintendente Executivo do Grupo
Marista
Paulo Serino
Diretor da Rede de Colégios
Ir. Vanderlei Siqueira dos Santos
Diretor de Marketing E COMUNICAÇÃO
Stephan Younes
Rua Imaculada Conceição, 1155, Prado Velho
Curitiba-PR | Prédio Administrativo PUCPR
8º andar - CEP: 80215-901 | Tel.: (41)3271-6500
www.colegiosmaristas.com.br
Colégio Marista de Brasília - Ensino Médio
SGAS 615 CONJ C - Bairro Asa Sul - Brasília-DF
CEP 70200-750 | (61) 3445-6900
Colégio Maristinha Pio XII - Educação Infantil e
1º Ano do Ensino Fundamental
SGAS 609, Módulo C - Bairro Asa Sul - Brasília-DF
CEP 70200-690 | (61) 3442-9400
SÃO PAULO
Colégio Marista de Ribeirão Preto
Rua Bernardino de Campos, 550 - Higienopólis
Ribeirão Preto-SP - CEP 14015-130 | (16) 3977-1400
Colégio Marista Arquidiocesano
Rua Domingos de Moraes, 2565 - Vila Mariana
São Paulo-SP - CEP 04035-000 | (11) 5081-8444
Colégio Marista Nossa Senhora da Glória
Rua Justo Azambuja, 267 - Cambuci - São Paulo-SP
CEP 01518-000 | (11) 3207-5866
PARANÁ
Colégio Marista Paranaense
Rua Bispo Dom José, 2674 - Seminário - Curitiba-PR
(41) 3016-2552
Colégio Marista Santa Maria
Rua Prof. Joaquim de M. Barreto, 98 - São Lourenço
Curitiba-PR CEP 82200-210 | (41) 3074-2500
13ª Edição | 1º Semestre 2014
Periodicidade Semestral
EDIÇÃO
Diretoria de Marketing e Comunicação do Grupo Marista
Eduardo Correa e Vivian Lemos
REDAÇÃO
Jornalista responsável: Rulian Maftum / DRT Nº 4646
Supervisão: Maria Fernanda Rocha (Lumen Comunicação)
Edição de arte: Julyana Werneck
PROJETO GRÁFICO
Estúdio Sem Dublê | semduble.com
com iniciativas alinhadas ao posicionamento institucional, mas também
atuamos diretamente, por meio de
uma ampla rede de solidariedade.
Bons valores e excelência.
Nossa missão é proporcionar essa
combinação única para a construção
de um mundo melhor.
Colégio Marista de Cascavel
Rua Paraná, 2680 - Centro - Cascavel-PR
CEP 85812-011 | (45) 3036-6000
Colégio Marista de Londrina
Rua Maringá, 78 - Jardim dos Bancários - Londrina-PR
CEP 86060-000 | (43) 3374-3600
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Maringá-PR - CEP 87010-430 | (44) 3220-4224
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Ponta Grossa-PR - CEP 84015-440 | (42) 3224-0374
SANTA CATARINA
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Jaraguá do Sul-SC - CEP 89251-700 | (47) 3371-0313
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GOIÂNIA
Colégio Marista de Goiânia
Avenida Oitenta e Cinco, 1440 - Santa Marista
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Revisão
Lumos | Bureau de Traduções
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sobre a revista para o email
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Capa Arthur Gabriel Fauth,
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Pilarzinho Curitiba-PR – CEP: 82120-000
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FOTO DE CAPA
Gilberto do Rosário
estudante do Colégio Marista Pio
XII, de Ponta Grossa (PR), e seu
pai Marco Túlio Fauth.
© Todos os direitos reservados.
Todas as opiniões são de
responsabilidade dos respectivos
autores.
3
índice
capa
8 Saiba de
que forma o
incentivo dos pais
à curiosidade do
jovem contribui
na formação do
conhecimento,
estimulando o
desenvolvimento
de um olhar crítico
sobre o mundo.
1ª impressão
dia a dia
entrevista
5 6 14 Ir. Vanderlei Siqueira, diretorexecutivo da rede Marista de
Colégios, traz uma reflexão sobre a
curiosidade, fator que contribui para
a evolução do mundo, e como ela é
despertada em sala de aula.
Uma hora, os filhos criam
asas e voam para longe do
ninho. Uma viagem missionária
pode contribuir para esse processo
de amadurecimento dos jovens e dos
pais.
essência
solidariedade
38 Irmãos Maristas comentam
sobre os desafios da
educação na contemporaneidade.
40 Conheça as histórias da Dona
Salete, do menino Geverson,
do Seu Benjamin. Cidadãos de uma das
localidades que recebeu, no começo
deste ano, a Missão Solidária Marista.
índice
como fazer
compartilhar
42 44 17 diversão
olhar
curiosidade
46 48 50 Saiba de que forma auxiliar
os filhos a encontrar o
equilíbrio quando a questão é o uso
da internet.
Já sabe o que fazer nas
férias? Veja alguns
programas para serem feitos em
família.
4
Democratização de conteúdo
educacional em plataforma
digital é o assunto da entrevista com
Caroline Serqueira, analista educacional
do Grupo Marista.
Confira dicas de sites, livros
e programas de TV indicadas
pelos professores dos Colégios
Maristas.
O escritor e psicólogo Marcos
Meier lembra que pais
também já foram adolescentes e que
é preciso relembrar alguns caminhos
já percorridos para entender os filhos.
seu colégio
Confira as
matérias
elaboradas
exclusivamente para o
seu Colégio.
Você sabe como lidar com
os medos dos seus filhos?
Entenda mais sobre essa forma de
reação e como ajudar crianças e
adolescentes.
1ª impressão
A curiosidade
nos move
os porquês do universo, não teríamos
alcançado o desenvolvimento das ciências e suas tecnologias; tampouco gozaríamos das facilidades e do conforto do
estágio atual. Se a curiosidade e o encantamento constituírem as condições
primordiais do desvelamento e do conhecimento da natureza pelo homem,
também vão possibilitar e potenciar a
educação do futuro; eis porque devem
fazer parte da estratégia educacional.
O entendimento de como é factível
estimular crianças e jovens para o desenvolvimento da curiosidade constitui resiliente preocupação das famílias
Maristas, que escolheram, por meio
de votação, o tema pesquisa para ser
destaque na nossa revista Em Família
deste semestre.
Para melhor entender esse tema
em um contexto de complexidade, é
necessário problematizar o seu significado, pois ultrapassa o senso comum,
que o identifica com o simples uso do
laboratório ou a realização de determinada experiência investigativa. Seu
significado está em como as experiências e as práticas pedagógicas são exploradas pelos sujeitos-mores da educação: alunos e professores.
A aprendizagem entendida na perspectiva da pesquisa rompe com uma
organização do ambiente de aprendizagem centrada na transmissão de conhecimentos pela figura do professor
ou por meio de exercícios repetitivos.
Redefinir esse ambiente em comunidade permite às crianças uma participação legítima em práticas de superior
aprendizagem, com crescente grau de
liberdade para tentar, errar, corrigir e
escolher onde, quando, como e em
quem investir sua curiosidade, inteligência e emoção.
A pesquisa é facilmente relacionada
ao Ensino Superior; no entanto, é prática
que pode e deve ser estimulada desde os
primeiros anos da vida escolar. As teorias
científicas evidenciam que as crianças são
cognitivamente competentes, intelectualmente ativas e socialmente comprometidas. O planejamento espaço-temporal
com vistas à pesquisa propicia momentos
para o fascínio e o despertar da curiosidade, além de corroborar e potenciar o empenho da criança no uso de sua habilidade de investigação.
O trabalho realizado em sala de aula
também pode ser complementado em
casa. Estimular nossas crianças para o
desenvolvimento da curiosidade sobre
coisas simples, que estão à sua volta, e
questões do dia a dia, eis uma boa e proficiente prática. O envolvimento das crianças, desde tenra idade, na discussão bem
dosada de problemáticas sociais, políticas e ecológicas, por exemplo, é preciosa
oportunidade de educação para um futuro mais sustentável; prepara-as para lidar
com situações rotineiras, pensando global e criticamente e agindo local e pessoalmente.
ir. vanderlei
Siqueira dos Santos
diretor-executivo
da Rede Marista
de Colégios
© Foto: João Borges
Você já se viu diante de situações
em que o excesso de informações ou
a ausência delas o deixaram confuso
sobre o que fazer? Ao contar sua experiência, a professora Isabel Alarcão argumenta sobre a razão de tal conflito:
“Cheguei ao hotel, vinda do aeroporto.
Eram duas e meia da tarde. Situado
no característico nordeste brasileiro,
o hotel era o exemplo bem acabado
da globalização. Pela ausência, quase
total, de marcas da civilização local,
podia situar-se em qualquer parte do
mundo”. Servimo-nos do relato para
pensar e problematizar a necessária
função da escola de educar para a vida,
alicerçada no despertar da curiosidade
e do encantamento, como estratégias
para a leitura de mundo e o desenvolver da Ciência.
Não é novidade que a escola moderna, transmissora dos conhecimentos
acumulados, também se tornou distante da vida, porque pouco contribui para
a interação crítica do ser humano com
o mundo. Há inadequação cada vez
mais ampla entre os saberes fragmentados e os desafios cada vez mais planetários. De fato, a estreiteza do olhar nos
impede de ver o global, bem como o essencial. Além disso, todos os problemas
particulares só podem ser enquadrados
e pensados corretamente em seus contextos e circunstâncias; o próprio contexto desses problemas, por sua vez,
deve enquadrar-se, cada vez mais, no
universo planetário, como defende, entre outros, o sociólogo francês dos “problemas da cultura”, Edgar Morin.
Por natureza, o ser humano é curioso.
Sem essa vontade de querer entender
5
© Foto: Michele Bravos
dia a dia
Com as
próprias
asas
Uma viagem missionária pode ser o
ponto de partida para cortar o cordão
umbilical com o filho e ainda incentivar
o jovem a ter um amadurecimento mais
profundo
Por Michele Bravos
6
Enquanto o filho adolescente Jackson
Bortolotti, 17 anos, aluno do Colégio Marista São Francisco, de Chapecó (SC), fazia
as malas para embarcar em uma experiência longe de casa por uma semana, a mãe,
Neiva Bortolotti, 45 anos, assistia à cena
ansiosa e com o coração apertado, mas
com a consciência de que é preciso deixar
ir. Em janeiro deste ano, Jackson subiu em
uma Kombi e foi para Ponte Serrada, no
oeste catarinense, para participar, junto
com outros 100 jovens, da Missão Solidária Marista 2014.
Ouve-se por aí que filho se cria para o
mundo. Quando esse clichê bate à porta,
os pais são desafiados a balancear seus
sentimentos e pensamentos. De um lado,
o instinto protetor, envolto por muitas
preocupações decorrentes do mundo atual; de outro, um lado mais racional que en-
tende que a saída do filho contribuirá para seu amadurecimento.
Ter como ponto de partida uma
viagem missionária é um desafio
positivo, afinal, além de o filho estar
fora do ninho, em uma missão, ele
se deparará com situações e pessoas muito diferentes do convívio
habitual. Jackson conta que teve a
oportunidade de conhecer pessoas
com costumes e realidades diferentes. “Conhecemos alguns católicos,
outros evangélicos, outros ateus.
Ouvimos críticas, reclamações, agradecimentos. Escutamos sobre a falta
de médicos treinados, de infraestrutura, de emprego, e a ida dos candidatos políticos aos bairros pobres
somente para a compra de votos”.
Para Neiva, são justamente essas
diferenças que tornam uma saída
como essa tão enriquecedora e necessária para os filhos. “O maior desafio
dos pais é o entendimento do quanto
uma missão vem a agregar positivamente na formação de um jovem. No
momento em que o Jackson saiu, temporariamente, de casa para uma viagem missionária, eu, particularmente,
fiquei feliz, pois sabia que ele estava
na companhia de pessoas especiais,
por uma missão”, diz.
Na opinião da mãe, é na adolescência, quando o filho está gritando
por independência, que esse cenário
se faz mais presente. “Não podemos
negar que na adolescência há um
afastamento natural dos filhos. Eles
estão buscando autonomia. Os pais,
principalmente as mães, sofrem com
essa fase. Para nós, eles ainda precisam e sempre precisarão de proteção
e amparo”. Apesar desse sentimento
protetor, Neiva acredita que para a
construção da identidade, anseio que
é muito forte nessa faixa etária, deixar
com que o filho voe com suas próprias
asas é fundamental.
Emocionalmente, a pessoa só
cresce quando assume a própria caminhada. “Minha vida mudou drasticamente. Passei a olhá-la de forma
diferente. Estou mais crítico e atento
às outras realidades, e não só à minha
ou de meus amigos”, conta Jackson.
Neiva percebe que a convivência
na semana das missões com famílias
“estranhas” proporcionou ao filho
um amadurecimento imensurável.
“A realidade do Jackson, e que acre-
dito ser de outros tantos jovens, é de
conforto e vida cômoda, ou seja,
roupa lavada, comida pronta e, mesmo assim, às vezes até reclamam de
tudo. O desafio de se organizar para
ficar responsável pelos seus atos durante esse período o tornou uma
pessoa melhor, com certeza”.
Na opinião deles
Proporcional à ansiedade dos pais é a expectativa dos filhos. Saiba o que os jovens
pensam e sentem diante do desafio de sair de casa para uma viagem missionária.
Jackson Bortolotti, 17 anos
Colégio Marista São Francisco, de Chapecó (SC)
Nos dias que antecederam a Missão Solidária Marista, estive muito ansioso. Até pensei se
poderia ser assaltado enquanto andasse pelas ruas de Ponte Serrada. Pensava também na
minha mãe. Como ela ficaria sem mim? Finalmente, de malas prontas, pensei: “É agora!”.
Já no primeiro dia lá, veio o choque. Não estávamos lá para mudar Ponte Serrada, mas para
sermos mudados pela cidade e pelo povo dali.
Com a MSM, acordei. Voltei de lá pensando em cuidar mais no resto do mundo, do meu prédio, da Pastoral da Juventude Marista, de alguém que está nas ruas.
Letícia Pereira Zancanaro, 16 anos
Colégio Marista Frei Rogério, de Joaçaba (SC)
Durante as visitas aos bairros vulneráveis, fiquei pensando como aquelas famílias conseguiam viver daquela forma. Vendo as crianças brincarem na sujeira, fiquei inconformada
com a prefeitura, que não dava importância. Em compensação, eu via nos olhos delas como
estavam felizes com a nossa presença. Por mais que todos falassem da violência nessas comunidades, em momento nenhum eu senti medo.
Sair do nosso conforto acende a chama da missão em nós. Sempre que eu me deparar com
alguma situação precária, meu instinto missionário irá falar mais alto e eu irei ajudar a
melhorá-la.
Hercules Vinicius de Moraes, 17 anos
Ex-aluno do Centro Social Marista Itapejara, em Itapejara D’Oeste (PR)
Eu comecei a trabalhar uma semana antes da Missão Solidária Marista (MSM). Então, fiquei
meio sem jeito de perguntar para meu chefe se ele me dispensaria, mas daí eu pensei que
trabalho eu terei por muito tempo e a MSM, não. E ela ficará marcada para sempre.
Eu participo da PJM há sete anos. Minha família admira o trabalho. Mas a primeira vez que
fui para uma viagem missionária, eles ficaram meio indecisos sobre a minha ida. No entanto, quando voltei para casa e mostrei vídeos e fotos, eles ficaram impressionados. Este ano,
eles me deixaram ir sem nenhuma preocupação.
Uma das experiências que mais me marcou em Ponte Serrada foi ter conhecido uma senhora
de 116 anos que estava sendo cuidada por sua filha. Foi marcante para mim ter ouvido que
o genro dessa senhora havia pedido para que a filha escolhesse entre ele ou a mãe. A filha
optou pela mãe. Vi ali cuidado e amor.
Ana Cássia Ribeiro, 16 anos
Colégio Marista de Cascavel (PR)
Durante essa Missão, foi muito marcante para mim uma visita que fizemos ao bairro Cohab,
um lugar bastante vulnerável em Ponte Serrada. Lá, a gente pôde observar a realidade das
famílias. Eram pessoas muito simples e com pouquíssimas condições financeiras. Precisamos
ter mais empatia pelos outros. Temos que nos colocar no lugar do próximo para perceber do
que as pessoas necessitam.
Saí de lá com sensação de que desperdiçamos demais. Temos tudo em nossa casa e, ainda assim, muitas vezes não damos a devida importância. Estando perto de realidades como essas,
acho que a gente também consegue dar mais valor à vida que temos.
7
capa
Curiosidade
© Fotos: Gilberto do Rosário
que transforma
O incentivo dos pais
à curiosidade e à
pesquisa contribui na
formação de filhos
ativos na construção do
próprio conhecimento.
Benefício que reflete
durante toda a
caminhada deles como
estudantes e estimula o
desenvolvimento de um
olhar crítico sobre
o mundo
Por Julio Glodzienski
8
Ser curioso é um processo comum da descoberta e construção
da própria identidade. É importante
incentivar crianças e jovens a essa
curiosidade, pois com ela surge um
potencial de construção do conhecimento que pode, e deve, ser explorado. Falar em incentivo à pesquisa é, a
princípio, apoiar o desenvolvimento
do instinto curioso dos filhos.
Na família Fauth,, a curiosidade
faz parte do dia a dia. Arthur Gabriel Fauth, estudante do 2º ano do
Ensino Médio no Colégio Marista Pio XII, de Ponta Grossa (PR), é
interessado em novas tecnologias,
hábitos e culturas. “Já participei de
campeonatos de robótica e do Projeto Grupo de Pesquisa Avançada
(GPA), uma oportunidade em que
você se confronta com realidades
diversas e, depois de um tempo,
você enxerga as coisas de uma maneira diferente”, completa.
Conta o pai, o bancário Marco
Túlio Fauth, que ele próprio também gosta de robótica e, juntos,
procuram peças, informações sobre
protótipos, para colocar em prática
as ideias de Arthur. “Em uma viagem
ao exterior, toda a família se engajou
na busca e depois na negociação de
um artigo para o protótipo”.
Na opinião de Arthur, a pesqui-
desenvolve-se a habilidade
de trabalhar em grupo, e
os estudantes percebem
que suas teorias são
temporárias, porque estão
em constante processo de
negociação e de reflexão.
Claudia Kochhann de Lima,
Coordenadora psicopedagógica do Colégio Marista
Criciúma (SC)
sa é também um meio pelo qual se
estreitam laços de relacionamento.
A potencialização do instinto
curioso dos filhos está muito atrelada ao estímulo à pesquisa, o que
também contribui e reflete em toda
a caminhada deles como estudantes.
Arthur confirma: “Ter curiosidade
em pesquisar faz com que eu tenha
mais facilidade nos meus estudos”.
A pesquisa deve ser levada como
um princípio do trajeto educativo,
em que ocorre a produção dos saberes por meio de participação ativa e reflexiva. A assessora de área de
Ciências da Natureza da Província
Marista Rio Grande do Sul (PMRS),
Porto Alegre (RS), Lisandra Catalan
do Amaral, aponta que pesquisar
– de assuntos mais corriqueiros a
temáticas complexas – estimula a
curiosidade, a autonomia e o desenvolvimento de atividades relacionadas com os objetos que estão
sendo estudados.
É também o que defende a coordenadora psicopedagógica da Educação Infantil e Ensino Fundamental I, Claudia Kochhann de Lima, do
Colégio Marista de Criciúma (SC).
“Pesquisar demanda capacidade
de análise crítica dos problemas do
mundo, formulação de perguntas e
proposição de respostas, em um processo problematizador sempre passível
de confirmação, revisão, modificação e
reconstrução”, reforça.
Arthur, além de se interessar por
assuntos relacionados à tecnologia,
também gosta de pesquisar sobre
a árvore genealógica da família. O
pai se orgulha do fato: “Foi graças a
esse espírito curioso do Arthur que
a gente descobriu o registro de um
antepassado nosso em um cartório
lá na Itália”.
Lisandra reforça que o gosto pela
pesquisa pode começar pelas percepções intuitivas de cada um até
chegar a níveis mais complexos de
questionamentos. A exemplo da família Fauth, uma busca pela história
dos antepassados pode ser uma boa
forma de estimular a curiosidade e
a pesquisa, além de integrar pais e
filhos. Lisandra ainda complementa
que é dessa intuição que decorrem
inúmeras vantagens, como a possibilidade de resolução de problemas;
o desenvolvimento de habilidades,
potencialidades, pensamento lógico e raciocínio.
Os filhos, ao serem incentivados
a realizar pesquisas a partir de suas
curiosidades, ganham um diferencial
para toda a vida. O diretor geral do
Colégio Marista de Brasília de Ensino Médio (DF), José Leão da Cunha
Filho, observa que estimular é fundamental para a construção da cidadania em tempos de globalização,
gerando “um olhar crítico sobre o
mundo, uma autonomia intelectual,
criticidade e espírito de inovação”.
Ao se tornarem protagonistas do
próprio conhecimento, “desenvolve-se a habilidade de trabalhar em grupo, e os estudantes percebem que
suas teorias são temporárias, porque estão em constante processo de
negociação e de reflexão”, completa
Claudia.
9
capa
viSando o FUTUro
O bancário Fauth vê nesse incentivo à pesquisa agora uma boa forma
de inserção no mercado de trabalho
amanhã. Por isso, ele defende a importância do apoio familiar. “O acompanhamento dos pais é fundamental,
pois contribui na solidificação do conhecimento. Então, buscamos incentivar a curiosidade do Arthur e que
ele corra atrás das respostas”.
O diretor Cunha define que, “os
pais devem estar presentes de duas
maneiras: sendo exemplo de olhar
científico sobre as coisas e escolhendo escolas que favoreçam a formação do espírito científico”.
Para o pai de Arthur, na prática, o
incentivo acontece com o estímulo a
novas leituras, no interesse dos pais
em saber o que os filhos estão aprendendo, de modo a incentivá-los a
aprimorar seus conhecimentos.
A coordenadora Cláudia completa, ao descrever o ambiente ideal de
incentivo. "Deve-se criar um espaço de diálogo, de escuta na família,
deve haver a busca em valorizar os
questionamentos e reflexões dos filhos”, define.
“Por meio das pesquisas, o jovem se sente valorizado, pois é um
agente indutor dos estudos, e que
contribui de forma expressiva para
seu crescimento e amadurecimento”, explica Fauth.
© Foto: Acervo pessoal
LiÇÃo de CaSa
Sabendo que é na prática que o
jovem vai descobrir que aprender é
prazeroso, a estudante Isadora Arlaque Flores,, do 4º ano do Colégio Marista Assunção, de Porto Alegre (RS),
é orientada pelos pais para que descubra respostas lendo e pesquisando
em diferentes materiais. É a proposta
da professora Simone Arlaque Flores,
mãe da Isadora: “Aqui em casa, o que
a Escola solicita é prioridade, sempre
acompanhamos e participamos das
tarefas de casa e dos eventos no Colégio. O processo da pesquisa é muito
10
FaMÍLia da CiÊnCia
interessante. Mesmo que tenha sido
uma solicitação do professor, a busca
das respostas gera descobertas importantes”, aponta.
Isadora é apaixonada pelo desconhecido e por isso virou pesquisadora, a partir do incentivo dos pais e da
Escola. “É muito importante, a criança aprende muito e vai levar o conhecimento para a vida toda. Tudo o que
pesquisamos e aprendemos com as
nossas descobertas é inesquecível”,
aponta a pequena curiosa, que vê a
pesquisa como uma forma de desenvolvimento escolar.
E foi a partir de uma dinâmica em
grupo que surgiu o projeto de pesquisa de Isadora. “Eu, Felipe Moscon Salvo, Lucca Do Conto Almada,
Octávio Kliar Araújo da Silva e Sérgio
Eduardo dos Santos Becker éramos a
equipe, e foi daí que saiu a pergunta:
'Professora, como o coração bate?'”,
diz a estudante. Foi então que deram
início às pesquisas para entender o
funcionamento do órgão. A equipe
de pequenos pesquisadores conquistou o destaque no Salão de Iniciação
Científica da UFRGS, em 2013. “Após
essa conquista, vi o quanto é bom ser
pesquisador, com o trabalho e as descobertas que fizemos. Ver o reconhecimento das pessoas que aprenderam conosco é um grande incentivo”,
completa Isadora.
É sendo valorizado e incentivado
que Gabriel Philippini Ferreira Borges da Silva, de 14 anos, estudante do
9º ano do Colégio Marista Pio XII, de
Ponta Grossa (PR), sabe a importância de ser pesquisador desde cedo.
O apoio dos pais é fundamental, por
isso Jeremias Borges da Silva, professor de Física na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), pai do
Gabriel, dá todo o suporte. “Não é só
observar a qualidade do ensino que
a escola proporciona, mas também
incentivar, apoiar e educar para que
ele tenha compromisso e responsabilidade para com sua formação”, explica o professor.
No caso da família Silva, o exemplo extrapola a teoria e Gabriel coloca a mão na massa atuando, por
exemplo, como organizador de
duas feiras de ciências regionais,
tendo contribuição na avaliação do
uso do método científico pelos estudantes no evento. Além disso, já
participou da Olimpíada Brasileira
de Astronomia e Astronáutica, organizada pela Sociedade Astronômica Brasileira, o que lhe rendeu
uma medalha de ouro pelo bom
desempenho na avaliação de inscrição do evento, em 2013.
Saber pesquisar é explorar novos
campos e obter conhecimentos diferenciados: “Por meio das pesquisas, independentemente da facilidade que eu tenha em determinada
área, sempre vou aprender algo a
mais”, explica Gabriel. Por isso, Silva
faz com que o filho se sinta à vontade em pesquisar, incentivando, mas
sem pressão: “Procuro sempre destacar a importância da ciência para
a evolução do ser humano. Acredito
que conhecer a ciência e seus modos de evoluir dará a ele uma probabilidade maior de realização profissional”, completa o pesquisador.
SaLa de aULa: aMBienTe de
inveSTiGaÇÃo
O especialista em Metodologia, Jorge
Santos Martins, em seu livro o Trabalho com projetos de pesquisa: do
ensino fundamental ao ensino médio,
define pesquisa como “um instrumento pedagógico destinado a melhorar
a qualidade da aprendizagem [...], a
romper a monotonia do enfadonho
blábláblá diário e a tornar a sala de
aula um espaço dinâmico, no qual os
alunos sejam participantes ativos da
sua própria formação” (2005, p. 75).
veJa aLGUnS ProJeToS
de inCenTivo À PeSQUiSa
ProMovidoS PeLoS CoLéGioS
MariSTaS:
nhecer e de se relacionar”.
Dar condições ao professor para
trabalhar é imprescindível, como explica o diretor Cunha. “Sabemos que
é fundamental investir na formação
para a pesquisa no ensino, por isso
oferecemos a eles condições de trabalho adequadas a essa prática”.
A estudante Isadora defende o papel da escola. “É importante que a
escola tenha todos os materiais para
que as crianças aprendam e façam
cada vez mais pesquisas, como salas
de informática equipadas, laboratórios de ciências e uma biblioteca
com livros atualizados”.
© Foto: Tamíris Domingos
Para que a criança ou o adolescente pegue gosto pelo pesquisar e
aprender, é preciso que o benefício
seja significativo, com orientação de
professores com escutas apuradas e
atentas. "Ao assumir a pesquisa na
escola, assume-se um perfil de estudante diferenciado que observa,
pensa, elabora conceitos e estabelece comparações", explica Lisandra.
A escola é o local no qual a pesquisa
se consolida como oportunidade para
a produção dos saberes. “Ela é fundamental para incentivar, promover
e assumir uma proposta pedagógica
que contemple a pesquisa. Muitas vezes, é o único espaço onde o estudante
tem a oportunidade de experimentar”,
conta Lisandra. Ela também defende
que é missão do professor ser incentivador. “Cabe ao professor desencadear ações problematizadoras, incentivando o conflito cognitivo para, assim,
ocorrer a argumentação, a interpretação, até a resolução do problema".
No fazer pedagógico Marista, os
estudantes são estimulados a realizar
pesquisas, como aponta a coordenadora psicopedagógica Cláudia. “São
criados ambientes de aprendizagem
nos quais o aluno possa se expressar
em diversas linguagens e, para estimular a pesquisa, é preciso construir
um espaço de diversidade favorável
aos modos de pensar, de ser, de co-
é importante que a
escola tenha todos
os materiais para
que as crianças
aprendam e façam
cada vez mais
pesquisas, como
salas de informática
equipadas,
laboratórios de
ciências e uma
biblioteca com livros
atualizados.
Isadora Arlaque Flores, 4º ano, no Colégio
Marista Assunção – Porto Alegre (RS)
Alunos do Colégio Marista de Criciúma (SC)
presenciando resultados de pesquisa.
O desenvolvimento de ações didáticas
possibilita o contato e a vivência das
crianças com situações que ampliam
seus conhecimentos sobre determinados temas que as rodeiam no dia a dia.
Faz parte de projetos com esse objetivo, por exemplo, o projeto Como nasce
o pinto?, desenvolvido com os alunos
da Educação Infantil do Colégio Marista de Criciúma (SC). O objetivo era
responder ao questionamento que surgiu em sala de aula, em um momento
de contação de histórias. Foi quando
as professoras identificaram a curiosidade, levantaram com as crianças
as hipóteses de resposta ao questionamento e, então, acompanharam o
processo do ovo em laboratório, trabalhando com histórias, viagens de estudos e várias outras ações. Depois de
concluída a pesquisa, além de os alunos descobrirem como se desenvolve e
nasce um pintinho, ainda organizaram
uma exposição para toda a comunidade escolar.
11
capa
acredito que conhecer a ciência
e seus modos de evoluir dará a
ele uma probabilidade maior de
realização profissional.
© Foto: João Borges
Jeremias Borges da Silva, professor de Física na
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), pai de
Gabriel Philippini Ferreira Borges da Silva, estudante do
9º ano do Colégio Marista Pio XII, de Ponta Grossa (PR)
Com o objetivo de estimular o interesse pela pesquisa, incentivando os jovens a desenvolver projetos com o uso de métodos científicos e oferecer a
possibilidade de integração com colegas de outras
instituições de ensino, de modo a ampliar suas relações e sua visão, o Colégio Marista Pio XII, de Novo
Hamburgo (RS), criou a PioTeC – Mostra de Projetos
de Tecnologia e Ciências. A partir do projeto, os estudantes têm a oportunidade de se familiarizar com os
processos investigativos por meio de categorias de
pesquisa como Ciência da Computação, Matemática,
Física, Ciências Especiais e Terrestres, Engenharia,
Mecânica, Medicina, Meio Ambiente e reciclagem.
E é sabendo da importância para a formação das
crianças e dos jovens que o projeto é voltado para a
difusão e a promoção da investigação e da pesquisa
científica em todos os níveis de ensino.
Alunos do Colégio Marista de Brasília de Ensino
Médio (DF) em debate promovido pelo Programa
Maristão Faz Ciência.
12
Participação dos estudantes do Colégio Marista Pio XII (RS)
na PioTeC – Mostra de Projetos de Tecnologia e Ciências.
© Foto: Acervo Colégio Marista Pio XII (RS)
Fazer iniciação científica ainda na escola é
preparar os estudantes para o Ensino Superior e para o aproveitamento de programas
governamentais de estímulo à pesquisa e
inovação. Por isso, o Programa Maristão
Faz Ciência, do Colégio Marista de Brasília
de Ensino Médio (DF), tem como objetivos
fortalecer o ideal de formação de pesquisadores, estimular e produzir trabalhos científicos compatíveis com as possibilidades
de estudantes do Ensino Médio, por exemplo. O incentivo acontece no âmbito de uma
linha de pesquisa ou de um observatório,
como também nas variadas interfaces,
dependendo do objeto da curiosidade dos
alunos. Entre os 143 estudantes envolvidos, desde quando o projeto foi criado em
2011, surgiram 28 produções acadêmicas e
dez publicações, mostrando o resultado do
projeto de incentivo que pretende ampliar
o interesse pela pesquisa em consonância
com o Projeto Educativo Marista, que enfatiza a pesquisa como um dos pilares de sua
proposta pedagógica.
Quando um aluno levou uma bola para a sala de
aula, começaram a surgir vários questionamentos
sobre sua cor, sua forma, de que material era feita, entre outros. Durante as pesquisas, os alunos
mostraram o interesse pela Copa do Mundo. Foi
quando deram início ao projeto A Copa do Mundo
é Nossa, e uma investigação, com a interação dos
pais, começou no Colégio Marista Pio XII, em Ponta
Grossa (PR). Para enriquecer a pesquisa, os alunos
trouxeram bandeiras, reportagens, fotos, chuteiras,
uniformes da seleção, mapas e objetos de torcida. A
sala de aula já não conseguia conter tanta informação e vontade de descobrir mais.
Os alunos realizaram uma experiência na qual visitaram o estádio da cidade, Germano Kruger, e pôde-se
perceber o quanto o projeto foi significativo, pois os
pequenos demonstraram muita curiosidade durante o
processo. A pesquisa proporcionou aos alunos a oportunidade de serem protagonistas da construção de novos conhecimentos.
© Foto: Acervo Colégio Marista Assunção (RS)
Alunos do Colégio Marista Assunção, de Porto Alegre
(RS), são estimulados a desenvolver pesquisas científicas.
© Foto: Gilberto do Rosário
Com o objetivo de trabalhar com a construção
do conhecimento a partir do questionamento, da argumentação, do aprofundamento de
informações e da coleta de dados, os alunos
do Colégio Marista Assunção, de Porto Alegre
(RS), participaram de um projeto de iniciação
científica. Os estudantes dos anos finais do
Ensino Fundamental e do Ensino Médio foram
divididos em grupos e escolheram as linhas
de pesquisa para realizarem o trabalho. Ética,
consumo, diversidade, qualidade de vida e
movimentos sociais foram algumas das temáticas propostas. Além de três encontros
de orientação e dos plantões de dúvidas ao
longo do 1º e do 2º trimestres, os grupos participaram da banca de defesa do projeto e da
Mostra de Iniciação Científica. Encerrando o
projeto, no 3º trimestre, os jovens elaborarão
o relatório final. Os estudantes ainda terão
a possibilidade de apresentar suas pesquisas
em universidades como PUCRS e UFRGS.
Um dos diferenciais da iniciativa é que cada
grupo tem um professor orientador que
acompanha o trabalho ao longo do ano. A iniciativa não se restringe à área das ciências
da natureza, mas se destaca provocando reflexões atuais e ampliando os conhecimentos
adquiridos em sala de aula.
Alunos do Colégio Marista Pio XII, de Ponta Grossa (PR),
recebem visita dos jogadores do time da cidade.
Por meio das pesquisas, o jovem se sente
valorizado, pois é um agente indutor dos
estudos, e que contribui de forma expressiva
para seu crescimento e amadurecimento.
Marco Túlio Fauth, bancário, pai de Arthur Gabriel
Fauth, estudante do 2º ano do Ensino Médio no
Colégio Marista Pio XII, de Ponta Grossa (PR).
13
© Fotos: Gilberto do Rosário
entrevista
Revolução
do ensino
Com nova plataforma, alunos, pais e professores da Rede de Colégios
Maristas ganham uma nova possibilidade de democratizar os mais
variados conteúdos e levar os debates para fora da sala de aula com a
ajuda da internet
Por Mahani Siqueira
14
Não é segredo para ninguém que
os livros digitais – que podem ser lidos
em smartphones, tablets e computadores – são uma tendência irreversível
do mercado editorial e ganham cada
vez mais adeptos. As páginas em papel continuam insubstituíveis para
muitos leitores, mas a tecnologia é
uma aliada da leitura que não pode
ser ignorada e que, se bem aproveitada, pode ser fundamental para incen-
O que é
exatamente o
iTunes U?
Para quem a
plataforma está
disponível?
tivar o hábito de ler e (por que não?)
auxiliar estudantes de todo o mundo.
Ciente da revolução digital dos
livros, a Rede de Colégios do Grupo
Marista colocou em prática um projeto que já é usado em algumas das
maiores universidades do mundo. O
iTunes U, plataforma virtual criada
pela Apple, disponibiliza na internet
uma variedade imensa de conteúdos
didáticos e oferece uma experiência
Trata-se de uma plataforma criada
pela Apple que disponibiliza recursos
de aprendizagem e é utilizada pelas
maiores instituições de ensino do
mundo, como as universidades de
Harvard, Yale e Stanford, nos Estados Unidos, e Oxford, na Inglaterra.
As instituições distribuem conteúdo
digital em seus canais gratuitamente.
São palestras, vídeos, cursos, artigos,
entre outros. A Apple apoiou o processo de implementação em todos
os momentos, esclarecendo dúvidas
sobre a plataforma.
O iTunes é um aplicativo que pode
ser baixado gratuitamente, em equipamentos com sistema operacional
iOS ou Windows. Qualquer pessoa
que acesse o iTunes pode ir até o canal “Colégios Maristas” e baixar todos
os materiais disponíveis.
O canal exclusivo dos Colégios do
Grupo Marista oferece conteúdo de
qualidade para uso não só dos nossos
alunos, mas de todos. Estão disponíveis cursos completos com e-books,
vídeo-aulas, podcasts, artigos inéditos e aplicativos desenvolvidos para
auxiliar a aprendizagem.
sem precedentes na democratização
de informação para alunos, pais e
educadores.
Em entrevista para a revista Em
Família Marista, a analista educacional do Grupo Marista, Caroline Costa
Serqueira, uma das responsáveis pela
implantação do projeto, falou sobre o
funcionamento do iTunes U e todos
os benefícios que a iniciativa vai garantir aos envolvidos.
Quais os
principais
benefícios que
alunos terão
com o acesso ao
iTunes U?
Qualquer canal que disponibilize
conteúdo aberto é uma vantagem
para todos nós. O iTunes reúne instituições de ensino do mundo todo
que validam os materiais publicados, isso é, o canal passa a ser uma
fonte segura de acesso à informação.
Como é o
processo de
elaboração dos
materiais?
A partir da experiência com os livros de história, em que uma equipe
trabalhou para construir os primeiros
materiais, passamos a ter diversas experiências com livros digitais na rede
de Colégios, sendo que cada unidade
conduz o trabalho do seu jeito: o que
melhor se adequa à sua realidade e
principalmente às suas necessidades.
Os livros estão partindo das necessidades de cada Colégio, que acabam
encontrando uma nova forma de produzir seu próprio material.
O canal exclusivo dos Colégios do
Grupo Marista oferece conteúdo
de qualidade para uso não só dos
nossos alunos, mas de todos.
15
entrevista
Os professores
tiveram formação
para a aplicação
desses livros em
sala de aula?
Estamos em um momento de descobertas e não vemos nos livros digitais uma solução ou sobreposição
de práticas. Isso tem que acontecer
naturalmente e precisa fazer sentido nos contextos, contribuindo para
que os alunos aprendam cada vez
mais e com mais significados. Não
existe fórmula para que isso aconteça. Os professores procuram por
formações e informações e essa escuta é a mais valiosa, pois a partir
dela nasceram as experiências que
estamos vivenciando. As formações
acontecem de acordo com as necessidades.
Os professores procuram por
formações e informações e
essa escuta é a mais valiosa,
pois a partir dela nasceram
as experiências que estamos
vivenciando.
16
Quais foram os
conteúdos mais
acessados e bemsucedidos desde o
início da utilização
da plataforma?
Os primeiros livros, de História,
idealizados por professores do Colégio Marista Arquidiocesano, certamente são os que tiveram mais visibilidade. Esse material teve mais de
22 mil downloads em menos de um
ano, sendo 80% de usuários do Brasil e os outros 20% em outros países,
como EUA, Espanha, Portugal, França e Alemanha
Temos também releituras criadas
pelos próprios alunos, histórias criadas por professores, reunião de materiais sobre algum tema específico,
que não consta em materiais didáticos. As experiências estão acontecendo em todas as esferas.
Qual a
importância
desse tipo de
projeto para o
aprendizado dos
alunos?
Em tempos em que as tecnologias
nos trazem dúvidas e desafios impostos diariamente devido à sua rápida e
constante evolução, sua apropriação
nas escolas e por seus sujeitos passa a
ter importância quando forem compreendidas como meios para um fazer
pedagógico que problematiza, intervém, acompanha e contribui para
mudanças, qualificando a formação
integral.
índice
POR erika GonÇaLveS
30 Projeto
propõe
que alunos leiam
de forma mais
crítica e percebam
os significados
do texto além do
óbvio.
destaque
com a palavra
ed. infantil
ens. fundamental
18 20 Conheça a forma criativa
com que as crianças estão
sendo apresentadas ao universo da
pesquisa científica.
22 Lago Igapó se torna objeto de
pesquisa para os alunos do Ensino
Fundamental.
ens. médio
diz aí
caleidoscópio
24 O que pensa a DiretoriaGeral.
Saiba como prática e teoria
caminham juntas para
incentivar jovens a conhecer mais do
mundo da ciência.
26 Pais e filhos dividem o
mesmo espaço nas redes
sociais. Saiba o que seu filho pensa
sobre isso.
28 você sabia?
gente nossa
ser melhor
32 34 36 Professores também são preparados espiritualmente para
o ano letivo.
Professor Nilson Castilho
conta sobre sua trajetória
profissional e sua ligação com o
mundo Marista.
Relembre os principais
acontecimentos do Colégio.
Conheça algumas ações da
Pastoral.
com a palavra
Dcrescimento
isposição para o
18
Os professores continuarão investindo numa linha de busca e pesquisa por parte de todos os alunos,
exigindo comprometimento e envolvimento num processo de descoberta, partilha de informações, análise,
estudo, discernimento e tomada de
decisão. O desafio é formar o educando para torná-lo cada vez mais
capaz de ler, compreender, refletir e
intervir no mundo em que vive.
Que ao findar deste ano letivo
possamos colher os frutos de nosso
esforço e envolvimento. Que os valores Maristas sejam a base das nossas relações reais ou virtuais e produzam um clima que traduza muita
alegria, paz e solidariedade.
Contemos com a intercessão de
São Marcelino Champagnat e as bênçãos de Maria, nossa Boa Mãe.
O desafio é formar o educando
para torná-lo cada vez mais
capaz de ler, compreender,
refletir e intervir no mundo em
que vive.
Colégio Marista Londrina
acádio João Heck
Diretor-Geral
© Foto: Ana Jamur
O ano de 2014 iniciou com uma
agenda incrível, cuja programação
se estenderá por todo o ano, implicando o envolvimento de toda a comunidade educativa e da sociedade
brasileira.
O carnaval, mais tardio, propiciou
um momento para a recuperação
das energias gastas nos primeiros
dias de aula. A adaptação ao Colégio,
novos colegas e professores sempre
é uma oportunidade de crescimento.
Uma série de ambientes foi revitalizada ao longo do período de férias,
visando um melhor atendimento
a toda a comunidade educativa. O
tempo exíguo não permite realizar
tudo o que é necessário. Por essa razão, algumas melhorias, dentro de
uma linha de viabilidade e possibilidades, serão realizadas no transcorrer do ano letivo.
O projeto Mobilidade tem o intuito de favorecer o acesso à internet em todos os ambientes do Colégio, ressalvadas, é claro, algumas
restrições. Estas nem sempre serão
compreendidas como positivas, mas
fazem parte de um processo de formação para o uso de uma internet
segura e responsável. Ainda temos
muito por aprender nessa área!
A Copa do Mundo e a campanha
eleitoral vão absorver parte de nossa
atenção. O evento da Copa talvez contagie mais do que as eleições, mas os
efeitos de ambos afetarão a sociedade
brasileira, positiva ou negativamente
– qual é o meu olhar sobre ambos e
quais são as minhas expectativas?
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© Fotos: Arquivo do Colégio
© Fotos: Acervo do Colégio
ed. infantil
Pesquisando
para conhecer
Buscando
fontes diversas e
levantando
hipóteses,
alunos da
Educação
Infantil
descobrem
por que o
girassol
acompanha
o astro rei
20
Aproveitar os questionamentos para desenvolver atividades é uma boa maneira de promover conhecimentos. Quando se trabalha
com crianças pequenas, isso se torna mais interessante e prazeroso. A simples escolha de um
nome de turma pode levar a questionamentos
maiores. Com a turma do Infantil 5 foi assim.
Tendo que escolher entre “Turma da Alegria”
e “Turma do Girassol”, entre outros, a segunda
opção perdeu por apenas dois votos, mas despertou a curiosidade das crianças sobre o tema.
Entre tantas observações sobre a cor e as necessidades da planta, os pequenos começaram a
questionar o que faz o girassol “girar”. Seriam minhocas sob a terra? Ou é o sol que acompanha o
girassol? Cristina Nogueira de Mendonça, coordenadora da Educação Infantil, conta que, então, foi
hora de testar as hipóteses. As crianças tiraram o
girassol de dentro do vaso, colocaram as minhocas, misturaram na terra e recolocaram a planta,
esperando algum movimento, que não ocorreu.
Colégio Marista Londrina
Então foi a vez de tentar a segunda hipótese,
de que é o sol que mexe de acordo com a posição da flor. O vaso foi cuidadosamente colocado no pátio e foi feita uma marcação de onde
o sol estava. Mas ele se mexeu, mesmo com a
flor “parada”. A partir disso, foi discutido o que
fazer para descobrir a resposta e as crianças
sugeriram, entre outras coisas, pesquisas em
livros e na internet e, também, fazer uma plantação de girassóis. Os alunos foram divididos
em grupos, ficando cada um responsável por
uma atividade.
“É fundamental que a criança pequena tenha possibilidade de expor ideias próprias, escutar as dos outros, inferir hipóteses, formular
e comunicar procedimentos de resolução de
problemas, confrontar, argumentar e procurar validar seu ponto de vista, antecipar resultados de experiências não realizadas, aceitar
erros e buscar dados que faltam para resolver
problemas”, afirma Cristina.
Durante as tarefas, os alunos acabaram descobrindo várias coisas sobre o girassol, como músicas, poesias
e obras de arte sobre a flor. Depois das
pesquisas, os alunos confeccionaram
cartazes com imagens de girassóis, fizeram desenhos e até reproduziram,
com diversas técnicas, o quadro “Girassóis”, do pintor holandês Vincent
Van Gogh.
Para desvendar o segredo do movimento do girassol, a bióloga Carolina
Santos foi convidada a conversar com
os alunos e explicou sobre todo o processo. Cada aluno também ganhou
um vaso e sementes para plantar e
acompanhar o crescimento da planta.
Foi feita até uma lista de palpites sobre o tempo que a planta levaria para
florescer e, no calendário, foi sendo
marcado, diariamente, o crescimento
da flor.
Dessa maneira, o projeto de pesquisa trabalhou de forma multidisciplinar,
envolvendo Ciências, Artes, Português
e Matemática. Como resultado, os alunos decidiram produzir uma peça teatral e também recitar poesias em uma
apresentação especial para as famílias.
“A pedagogia de projetos coloca-se como uma das expressões da concepção ‘aprendizagem em rede’ do
conhecimento escolar, pois permite
às crianças analisar os problemas, as
situações e os acontecimentos dentro
de um contexto e em sua globalidade,
utilizando, para isso, os conhecimentos socialmente construídos e sua experiência sociocultural. Tornar possível uma aprendizagem significativa,
isto é, que conecte e parta do que as
crianças já sabem, de suas hipóteses
ante a temática que vai ser abordada,
e dar funcionalidade ao que vai ser
aprendido são alguns dos pressupostos que fundamentam a prática com
projetos”, explica Cristina.
De acordo com ela, as situações
propostas nos projetos estimulam
as crianças a se aproximarem de um
contexto de aprendizagem em que
elas aprendam a prática fazendo, errando, acertando, problematizando,
levantando hipóteses, investigando,
refletindo, pesquisando, construindo,
discutindo e intervindo.
“A abordagem de projeto favorece a
aprendizagem em vários aspectos. As
crianças constroem saberes porque
assimilam e mobilizam novas informações sobre objetos e pessoas. Novos conceitos, novos significados ampliam seus horizontes culturais e
sociais. Elas criam novas competências sociais de funcionamento em
grupo e em democracia; aprendem a
cooperar, a negociar, a trabalhar em
equipe e a descobrir novas formas de
liderança. Além disso, estimulam as
potencialidades do seu valor pessoal,
passam a se afirmar positiva e assertivamente e aprendem competências
ligadas ao manuseamento de instrumentos científicos de observação e
coleta de dados”, finaliza.
A abordagem de
projeto favorece a
aprendizagem em
vários aspectos.
As crianças
constroem
saberes porque
assimilam e
mobilizam novas
informações sobre
objetos e pessoas.
Colégio Marista Londrina
21
ens. fundamental
Vivenciando
Pesquisas e práticas
interdisciplinares reforçam
conceitos e aprendizagem
© Fotos: Arquivo do Colégio
conhecimento
Conhecer a realidade em torno
de si, levantar hipóteses, pesquisar
e formar seus próprios conceitos em
diferentes aspectos através de descobertas e observações. Assim são
as pesquisas de campo dos projetos
interdisciplinares no Ensino Fundamental.
Uma dessas pesquisas foi realizada no famoso cartão postal de
Londrina, o lago Igapó, que enfrenta diversos problemas decorrentes
da ocupação de seu entorno, assim
22
como a falta de responsabilidade
das pessoas em descartar resíduos
corretamente. Para conhecer a fundo essa questão, os alunos do 6º ano
têm participado, desde 2011, de um
projeto envolvendo as disciplinas de
Ciências, Português e Geografia.
O objetivo, segundo os docentes
envolvidos no projeto, foi identificar
questões ambientais na região do
lago Igapó a partir de conhecimentos prévios dos alunos e de pesquisa
em textos informativos, científicos,
Colégio Marista Londrina
análise de mapas e imagens, a fim de
ampliar repertório argumentativo,
para que os estudantes pudessem
desenvolver o senso crítico e interferir na realidade de maneira consciente.
Durante o trabalho de pesquisa,
primeiramente, os alunos identificaram a região através de imagens
de satélite e fotos da área a ser estudada. Depois, alunos e professores
discutiram as experiências vivenciadas nessa área e foram estimulados
a levantar questionamentos sobre
os elementos que compõem a paisagem e sua conservação, relacionando a discussão aos conteúdos do
livro didático.
André Oliveira, professor de Geografia, conta que, após essas etapas,
os alunos fizeram um levantamento
e refletiram sobre os problemas ambientais na região em que moram.
Um acontecimento que marcou toda
a cidade, o transbordamento do lago
Igapó durante fortes chuvas em outubro de 2011, também foi discutido
em sala de aula e pesquisado nos
meios de comunicação locais.
“Os alunos foram estimulados
a levantar hipóteses a respeito das
questões ambientais pesquisadas,
identificando causas e consequências e fazendo as possíveis relações
com os conteúdos estudados em Geografia e Ciências”, diz o professor.
Para estimular a pesquisa e tornar a atividade mais interessante,
Oliveira explica que os alunos foram
levados até o lago Igapó para verificar, no próprio local, o que já havia
sido discutido em sala de aula. Além
de observarem, toda a atividade foi
anotada e as situações que mais mereciam destaque foram fotografadas,
como os vários pontos de poluição
ambiental.
Oliveira destaca que ver os alunos
relacionarem teoria à prática durante
a atividade de campo é muito gratificante. “Muitos deles comentaram
que nunca tinham percebido a pouca
profundidade do lago Igapó e, agora,
além de perceberem, entendem que
isso é reflexo do assoreamento e são
capazes de levantar hipóteses sobre
as causas e consequências desse processo", exemplifica.
Como exercício final, os alunos
foram incentivados a escrever textos
opinativos, apresentando, inclusive,
soluções para os problemas encontrados. Fabiane Scudeler, professora
de Língua Portuguesa dos 6° e 7º anos,
destaca, depois desse trabalho inter-
disciplinar em 2012 com a turma do 6º
ano, que os alunos adquiriram maior
facilidade em desenvolver argumentos.
"No ano seguinte, já no 7° ano, durante as aulas de produção de texto,
foram produzidas cartas do leitor de
diversos assuntos atuais, entre eles os
problemas encontrados em nossa cidade, como o lixo que entope os bueiros nas ruas e a poluição do nosso
cartão postal, o lago Igapó. As cartas
foram enviadas aos dois principais
jornais de Londrina e muitas foram
publicadas. Percebi que eles conseguiram relacionar os conceitos vistos
em Ciências e Geografia ao que foi
observado na atividade de campo e,
assim, desenvolveram argumentos
com propriedade ao colocarem isso
no papel", afirma.
Colégio Marista Londrina
23
ens. médio
O fazer científico
© Fotos: João Borges
Por Márcia Chiréia
Formar um indivíduo capaz de atuar e transformar a
sociedade não é tarefa fácil. Ao contrário, é uma missão
que exige da escola muito mais que ser mera transmissora
de conteúdos. Isso significa que é necessário investir em
práticas que aproximem o que é ensinado do que é vivenciado. Nesse contexto, ciência deve ser entendida como
uma prática, não apenas como uma teoria. Sendo assim,
o fazer científico deve promover a investigação, utilizando-se de diferentes instrumentos e linguagens, não podendo, portanto, restringir-se apenas à explicitação.
É importante que o aluno seja inserido no universo da
cultura científica. Portanto, a escola deve promover esse
tipo de alfabetização, que passou a ser fortemente incentivada após a Segunda Guerra Mundial, sobretudo nos
EUA, que sentiram a necessidade de desenvolver suas
tecnologias. Para isso, passaram a investir em aulas práticas de ciências nas escolas, valorizando, inclusive, aulas
de laboratórios. O que se objetivava era formar cidadãos
capazes de pensar e agir.
Obviamente, para o fazer científico, o uso do laboratório é indispensável, já que este é um espaço que amplia
o desenvolvimento da aprendizagem de conceitos, procedimentos e atitudes de um cientista, tornando a aprendizagem mais significativa. É nos laboratórios que os
estudantes têm um contato mais direto com fenômenos
biológicos, químicos e físicos, observando organismos
microscópicos e macroscópicos, podendo vivenciar todas
24
Colégio Marista Londrina
as etapas do método científico (observação – experimentação – análise – reflexão – conclusão).
Um ensino que visa a investigação e a alfabetização
científicas deve levar os estudantes a construir conceitos,
participando desse processo, dando-lhes oportunidade
de aprender, argumentar, levantar hipóteses, refletir e
concluir, em vez de fornecer-lhes respostas definitivas,
que apenas transmitem uma visão unilateral das ciências.
Sabendo disso, o Colégio Marista de Londrina investe em
práticas pedagógicas que colocam o aluno diante de desafios, transformando diferentes espaços em laboratórios
de pesquisa.
Um exemplo dessa prática é a do professor Eduardo
Nagao, ao trabalhar com os alunos das primeiras séries do
Ensino Médio em um boliche. O objetivo é que vivenciem
conceitos de mecânica da física clássica, tais como velocidade escalar média, massa, força, leis de Newton, quantidade de movimento e impulso de uma força na pista do
jogo. Para que os conceitos sejam colocados em prática,
os alunos precisam mobilizar saberes, observar e anotar
medidas de tempo, massa e espaço. A partir dos dados obtidos, os estudantes são estimulados a formular hipóteses
e, posteriormente, comprová-las após pesquisas, cálculos
e análise de resultados. Eles colocam-se no lugar de um
cientista, desenvolvendo atitudes e procedimentos de um
pesquisador que, inclusive, precisa fazer uso da linguagem científica.
diz aí
o que você pensa
dos seus pais
{ou parentes mais próximos}
?
© Fotos: Eduardo Neto
estarem nas redes sociais
STePHanie neGrÃo de oLiveira
2ª série C
vinÍCiUS SiLveira BaLTar
2ª série D
TriCia naMiaS LeÃo de SaLeS
1ª série C
“É positivo que as redes sociais
façam parte da rotina dos pais.
Quanto mais adeptos dessas
plataformas eles estiverem, mais
fácil se tornará o relacionamento
com os filhos.”
“Não há nada de negativo em os
pais usarem redes sociais. Isso
faz parte da integração social e
é um recurso disponível para a
maioria das pessoas, facilitando a
comunicação, inclusive, entre pais
e filhos.”
“As redes sociais são para todos,
por isso os adolescentes não
devem ter preconceito contra
os seus pais porque as usam.
Elas podem ser um excelente
recurso na aproximação entre as
gerações.”
26
Colégio Marista Londrina
Daniel Muniz Covelo Silva
2ª série A
Estefani Zanon Garcia
2ª série A
“O uso das redes sociais pelos
pais mostra uma nova era: a
virtual. O problema é que muitos
jovens usam essas ferramentas
de comunicação de forma
inapropriada e não querem ser
descobertos pelos pais.”
“A interação e o entretenimento
transmitidos pelas redes sociais
são grandes atrativos que os
pais também têm direito de
conhecer, pois poderão encontrar
e conversar com amigos ou
familiares.”
“Apesar de alguns considerarem
incômodo que seus pais façam
uso dessas ferramentas, é
importante que eles as utilizem.
Facilitam a comunicação e são um
instrumento para supervisionar o
conteúdo publicado pelos filhos.”
© Foto: School Picture
Giovanna Mango Herrera
2ª série C
Pais e filhos nas redes sociais: Sondar e amar!
Como educar para o uso ético e harmônico da tecnologia nessa era digital? Os pais devem
acompanhar o perfil dos filhos nas redes sociais?
Cabe aos pais orientar sobre essas
situações, precisamos mostrar às crianças
que suas ações têm uma dimensão
universal, abrir os olhos de nossos filhos
para as necessidades e os direitos dos outros,
educá-los para a valorização das pessoas,
de modo a reconhecer nelas o valor da sua
dignidade humana. Ao valorizar as pessoas,
cresce também nosso valor pessoal. Com
tais procedimentos, desenvolvemos as
competências e habilidades necessárias
para esta nova era.
Quando acompanhamos nossos filhos
nas redes sociais, participamos mais de
suas vidas, sabemos o que pensam, do que
gostam, como reagem às notícias mais
comentadas, com quem se relacionam
e como se posicionam. Assim, podemos
dialogar mais, instruir, inspirar, influenciálos e formá-los como pessoas de maneira
integral.
Josmari Pauzer
Professora
Colégio Marista Londrina
27
caleidoscópio
2014
ForMaTUraS
As festas de encerramento dos três segmentos escolares – Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio –
aconteceram em grande estilo. Os alunos do Infantil 5 comemoraram com uma bela cerimônia no Teatro Marista, no dia 05
de dezembro, que contou com apresentações de danças, entrega dos certificados e um vídeo com uma retrospectiva do que
realizaram nesse período. O 9º ano realizou sua festa de encerramento, no dia 29 de novembro, no Buffet Planalto. Os alunos
puderam confraternizar com amigos, familiares e professores e comemorar o final dessa etapa, contando até com a animação
da bateria de uma escola de samba. Por fim, os formandos do terceirão colaram grau no Teatro Marista e, depois, foram
festejar no Buffet Planalto, rodeados de amigos, familiares, professores e muita animação.
FeSTa doS aProvadoS
Temos muitos motivos para comemorar com os nossos
alunos que terminaram a 3ª série do Ensino Médio em 2013.
O número de estudantes aprovados nos vestibulares foi um
deles. A comemoração dessas aprovações aconteceu não
somente no aterro do lago Igapó, na tradicional entrega do
resultado da UEL, como também no Striker Casual Bowling.
Foi uma superfesta!
28
Colégio Marista Londrina
© Fotos: Arquivo do Colégio
COMEMORAçõES
Recepção de novas famílias
As famílias novas de 2014 foram recebidas em um
evento feito especialmente para elas. A banda Chorus
abriu a recepção com músicas no estilo MPB, seguida
de uma apresentação da colegiada ampliada, dos
projetos pedagógicos e pastorais e de nossos parceiros,
finalizando com um delicioso coquetel.
celebrações
Missa em Ação de
Graças
Dia 21 de novembro
foi o dia de
agradecer por mais
uma etapa escolar
vencida e por
tudo que Deus nos
concedeu no ano
de 2013 na Missa
de Ação de Graças,
que aconteceu na
Catedral de Londrina.
Colégio Marista Londrina
29
destaque
ensinar
letrando
© Fotos: Eros Asturiano
“A leitura do mundo precede a leitura da palavra”, afirmava o educador Paulo Freire. Sendo assim, o ato de ler sai da esfera da codificação e decodificação, tornando-se uma atividade bastante ampla: é
efetuada todas as vezes que percebemos um significado. E, para que
possamos fazer uma leitura adequada e eficiente, é preciso aprender
a observar tudo que nos cerca, recolhendo informações dos mais variados tipos, relacionando-as às nossas experiências.
Considerando, portanto, que a leitura se estende muito além
das palavras, é necessário ampliar também o conceito de “texto”, que deve ser entendido como qualquer significado articulado, fazendo-se uso de uma linguagem determinada. Assim, uma
pintura, por exemplo, é um texto (não verbal) que, através da
linguagem pictórica, transmite uma mensagem cujo significado será mais ou menos explorado, dependendo do repertório
de quem a observa. Preocupando-se com a ampliação desse
repertório, o Colégio Marista tem investido na formação e nas
práticas pedagógicas ligadas ao letramento nos diferentes componentes curriculares. Entenda-se que letrar é ensinar a ler e a
escrever dentro de um contexto em que a escrita e a leitura tenham sentido e façam parte da vida do aluno.
Segundo Magda Becker Soares, professora da Universidade Federal de Minas Gerais, o aluno precisa saber fazer uso e envolver-se nas atividades de leitura e escrita. Ou seja, para entrar no universo do letramento, ele precisa apropriar-se do hábito de buscar
30
Colégio Marista Londrina
© Foto: Ana Carolina Jamir
um jornal para ler, de frequentar revistarias, livrarias, e, com esse convívio
efetivo com a leitura, apropriar-se do
sistema de escrita. Logo, o objetivo e
grande desafio do Colégio é tornar os
alunos leitores autônomos e capazes
de interagir com o meio, tornando-se
protagonistas do saber.
Dentre as diversas atividades propostas com esse fim nos vários componentes curriculares, a disciplina de
Língua Portuguesa tem investido em
aulas que levam o aluno a observar e
refletir sobre variados tipos de texto,
resgatando e relacionando o aprendizado compartilhado, inclusive, em outras áreas do conhecimento. Essa dinâmica aguça a capacidade de análise e o
senso crítico, ampliando a capacidade
de ler e tornando a produção escrita
mais prazerosa e significativa.
“A ideia é fazer com que os alunos
percebam e, de fato, entendam que
a leitura e a escrita não são apenas
práticas da esfera escolar, vão além”,
afirma a professora Márcia Chiréia,
que, em suas primeiras aulas com
as segundas séries do Ensino Médio,
fez uma análise de variados textos
não verbais, produzidos ou não pelos alunos, para que, a partir deles,
aprendessem a ver muito além do
óbvio. Para isso, tiveram que relacionar as informações apresentadas
nos textos a seus conhecimentos e
suas vivências.
“O trabalho fez os alunos perceberem que podem explorar a capacidade de ler criticamente. Inclusive, eles têm entendido que, antes de
ler o mundo e o outro, precisamos
ler a nós mesmos, já que a compreensão de tudo que nos cerca depende da bagagem que trazemos e a escola tem o dever de enriquecer essa
bagagem”, destaca a educadora.
É importante lembrar que trabalhar com o letramento não é exclusividade da disciplina de Língua Portuguesa, uma vez que leitura e escrita
são competências que permeiam todas as áreas do conhecimento. Por
isso, o letramento é um plano de ação
do Colégio e tem mobilizado toda a
escola. O professor de História Carlos
Augusto Portello conta que, ao trabalhar, nos nonos anos, com o conceito
de imperialismo, abordou a temática
do trabalho escravo e das empresas
transnacionais. Essa abordagem foi
feita a partir de uma notícia atual.
“Motivados pelas discussões, os alunos buscaram outras notícias, reportagens e, inclusive, encontraram um
aplicativo que informa sobre conhecidas empresas e como lidam com a
exploração da mão de obra”, relata o
professor.
Práticas como essa mostram que
é possível sair do conteúdo de sala
de aula, extrapolando-o. “Percebi
que os alunos começaram a debater espontaneamente o assunto,
mantendo uma postura crítica e, o
melhor, conseguiram refletir sobre
o quanto é complicado se desvencilhar de costumes que nos trazem
comodismo. Por mais que tomemos
consciência da exploração do trabalho, consumimos os produtos que
são frutos disso”, ressalta Carlos.
Incorporar a prática efetiva da leitura e da escrita no cotidiano escolar,
não reduzindo o texto a um pretexto,
por mais que pareça simples, é uma
atitude que exige muita reflexão. Eis
o desafio de ensinar letrando.
Colégio Marista Londrina
31
você sabia?
© Fotos: Ana Jamur
Caminhada Marista
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Colégio Marista Londrina
É um momento
de reflexão, de
olhar para si,
para o outro e
para Deus.
© Ilustração: Nome do ilustrador
Para a Caminhada deste ano foi convidado o ator Silvionê Chaves, de São
Paulo, que trabalhou com os professores a importância de cuidarem de si,
tanto física quanto psicologicamente,
para que possam desenvolver um bom
trabalho durante o ano.
Em especial, a Camar deste ano foi
focada no Letramento, que servirá de
base para todo o trabalho escolar a ser
realizado em 2014. “O professor letrador é apenas um mediador para que o
aluno seja responsável pela sua aprendizagem, a partir do conhecimento
técnico e das práticas sociais. Os professores aprenderam como preparar
aulas para ampliar a leitura de mundo
dos alunos, em todas as áreas, já que a
preocupação é formar leitores competentes para a vida”, explica Marize.
© Fotos: School Picture | Sxc.hu
Antes do início das aulas, toda a estrutura do Colégio é preparada para
receber os alunos. A grama é aparada,
as salas são limpas, as carteiras arrumadas. Mas não é só isso que garante
o sucesso de um novo período escolar.
Professores, equipe pedagógica,
funcionários, direção colegiada ampliada. Todos também se preparam
antes do início das aulas para que tudo
aconteça da melhor forma possível.
No Colégio Marista de Londrina,
todos os anos a direção colegiada ampliada participa de um retiro espiritual.
“É um momento de reflexão, de olhar
para si, para o outro e para Deus”, conta
Marize Rufino, diretora educacional.
Neste ano, o encontro foi realizado
no Seminário Paulo VI, com a orientação da Irmã Marta Maria Veloso. “A
cada ano a programação do retiro é
uma surpresa, sempre preparada pela
Pastoral do Colégio. A gente se fortalece, se alimenta, se abastece para trabalhar durante todo o ano”, informa
Marize.
Uma semana antes do início das aulas é a vez de todos participarem da Caminhada Marista (Camar), quando são
realizadas diversas atividades espirituais, físicas e de planejamento pedagógico. A diretora afirma ainda que “este
é um momento de formação, tanto pedagógica quanto dos valores Maristas”.
© Foto: Eduardo Neto
gente nossa
Sempre
um bom aluno
Professor Nilson
Castilho conta sua
trajetória até a
chegada ao Marista
Por nilson Castilho
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Colégio Marista Londrina
Falar sobre a própria história de vida não é uma tarefa muito fácil.
Entretanto, sempre é bom recordar os bons momentos. Nunca passei
por grandes dificuldades, porém nunca tive condições de ter acesso a
uma educação de qualidade. Sempre me dediquei muito aos estudos,
mesmo estudando em escola pública. E como meu sonho era ser professor, seriam necessários muita dedicação e muito esforço.
Quando estava na 5ª série, fui chamado pela coordenação do colégio
em que estudava para preencher um formulário do projeto Bom Aluno
– um projeto que surgiu por meio de alguns empresários que custeiam
os gastos relacionados a uma educação de qualidade para jovens que
se empenham nos estudos, mas que não têm muitos recursos financeiros. Após preenchê-lo, minha família e eu fomos chamados para uma
entrevista, passei por uma bateria de provas e, enfim, o resultado chegou: agora, eu era mais um beneficiado do programa.
Até a 8ª série, continuei na escola pública, no entanto, comecei a
estudar em período integral. Assim que saía da escola, começavam
as aulas particulares de Português, Produção de Texto, Matemática,
Química, Física, História e Geografia, além do curso de Inglês. Ao
terminar o Ensino Fundamental, o projeto Bom Aluno colocava os
estudantes em algum colégio de qualidade. É aí que o Marista entra
na minha vida!
Lembro-me do meu primeiro dia
no Colégio Marista. Uma realidade
completamente diferente daquela
com que eu estava acostumado. O
meu maior medo seria sofrer discriminação por parte dos colegas. É
óbvio que, no início, todo estranhamento é mais do que natural. Contudo, com o passar do tempo, senti o
carinho dos meus amigos, professores e funcionários.
E claro, as amizades ficarão para
sempre na memória! Durante o período em que estava no Marista, meu
pai sofreu um acidente que o levou a
amputar uma de suas pernas. Ao fim
do terceirão, eu não tinha condições
financeiras de ir à festa de formatura,
especialmente pelo fato do meu pai
precisar de tratamento médico. Entretanto, aconteceu algo que me surpreendeu: meus amigos e professores
dividiram as despesas e me deram
um convite! Essa atitude me aproximou ainda mais dessas pessoas.
Assim, ingressei no curso de Letras da UEL. No segundo ano de faculdade, voltei ao Marista para trabalhar como estagiário, corrigindo
os textos dos alunos do Ensino Médio. Um ano depois, fui contratado
como professor substituto e, após
seis meses, fui convidado para dar
aulas de Produção de Texto para os
9º anos. Para mim, a alegria foi imensa, pois o meu sonho havia chegado
antes mesmo do que eu pensava: enfim, eu era um professor! Hoje, sou
professor de Língua Portuguesa dos
8º e 9º anos e da 1ª série do Ensino
Médio. Além disso, atuo como professor titular de quatro turmas.
Sou muito feliz por trabalhar neste
Colégio. Agradeço a Deus, todos os
dias, pelas pessoas que acreditaram
em mim. Não há dinheiro que pague
todo o investimento feito pelo Bom
Aluno e pelo Marista, nem a formação e a confiança por parte de todos
do Colégio Marista de Londrina!
Colégio Marista Londrina
© Foto: School Picture
Lembro-me do meu
primeiro dia no
Colégio Marista.
Uma realidade
completamente
diferente daquela
com que eu estava
acostumado. (...)
É óbvio que, no início,
todo estranhamento é
mais do que natural.
Contudo, com o passar
do tempo, senti o
carinho dos meus
amigos, professores e
funcionários.
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ser melhor
Violetas de
Crianças da Educação
Infantil aprendem
solidariedade na prática
Humildade, simplicidade e modéstia. Esses são alguns dos valores
de Marcelino Champagnat trabalhados com os alunos da Educação
Infantil 5. A cada ano, o projeto tem
uma ação e, por isso, o nome também muda, sendo decidido em conjunto com as crianças.
No ano passado, foi desenvolvido o projeto Marista de Coração, no
qual as crianças, após ouvirem histórias do nosso fundador, bem como
passagens relacionadas aos valores
Maristas, sentiram-se motivadas a
conhecer outras crianças. Com a
ajuda da Pastoral, elas escolheram o
Centro de Educação Infantil Dr. Jorge
Dib Abussaf, na zona leste de Londrina, assistiram a um vídeo produzido
no centro e conheceram um pouco
da realidade dos alunos atendidos ali.
Por meio de cartas, os alunos trocaram informações como nome, idade, brincadeira e comida favoritas,
entre outras coisas, além de fotos.
Percebendo a carência em que muitos vivem e baseando-se na sua Missão Marista, nossos estudantes decidiram ajudar as crianças.
Reunidos, os pequenos missionários confeccionaram cartazes e
percorreram as salas de aula, convidando outros alunos a participarem.
Também foram feitos cartões inspirados em obras de alguns artistas, posteriormente vendidos para os alunos
do terceira série do Ensino Médio.
Através dos cartazes, foram arrecadados presentes de Natal para as
crianças e também roupas e material de limpeza. Com o dinheiro da
venda dos cartões, foram comprados
brinquedos para o Centro de Educação infantil. “As crianças perceberam
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que os amiguinhos do Centro tinham
poucos brinquedos na escola. Então,
decidiram fazer também essa doação
de brinquedos que ficassem lá, para o
uso de todos”, conta Lourdes Montes
Cardina, professora do Infantil 5.
A entrega de todas as doações foi
feita pelas próprias crianças, que
passaram uma tarde brincando, se
divertindo, cantando e partilhando
momentos especiais com seus novos
amiguinhos. Enquanto os pequenos
atendidos pela creche ganharam um
Natal melhor, os alunos que vivenciaram a experiência de fazer o bem também tiveram um ganho inestimável.
“Nosso objetivo foi semear as pequenas virtudes Maristas e propiciar
momentos de interação, acolhida e
respeito à diversidade. O projeto
possibilitou aos nossos alunos descobertas, vivências e aprendizagens.
O melhor é saber que essa semente
plantada hoje vai ser lembrada durante muito tempo. Inclusive, um
de nossos alunos comentou que
Marcelino Champagnat já morreu e
está no céu, e que, por isso, nós devemos agora continuar sua missão
– a de tornar Jesus conhecido e
amado”, conta Lourdes.
Colégio Marista Londrina
© Fotos: Arquivo do Colégio
Marcelino Champagnat
C
M
Y
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essência
© Fotos: Acervo pessoal
ir. virgílio
Balestro
Irmão Marista
Colégio Marista
Paranaense, de
Curitiba (PR)
O desafio e a provocação
no ensino atual
“A tua convicção é que te impele,
porque escolha prepara escolha”, reitera o filósofo Epicteto (50-130). Se
a falha está na vontade, cabe à inteligência apontar o caminho; quando
é a inteligência que desconhece o caminho, cumpre haver alguma força
externa que aponte a via e a solução.
Zeferino Vaz ceifou o canavial, em
Campinas, e implantou a Unicamp, a
mais austera e competente das nossas universidades. Perguntado sobre
a sua prioridade, respondeu que era o
professor, e o repetiu três vezes. A sua
prioridade constitui o trio do pódio:
primeiro, segundo e terceiro lugares.
Antes, porém, preveniu-se e preveniu as autoridades: se a política entra
pela porta, a ciência foge pela janela.
Há, acima do mestre, o comando, o
diretor, o reitor, o dirigente, o coach.
O comando precisa de liderança, cultura, responsabilidade e proficiência. Precisa de QI, mas nunca QI de
“quem indica”. Mudando o que cumpre mudar, as ideias de Zeferino Vaz
e Epicteto valem tanto para a escola
pública quanto para a escola particular. Por quê?
Justamente porque a corrida e o
jogo substancialmente dependem
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de criteriosas escolhas sempre, com
o seguinte dramático adendo: os
alunos fazem o principal e o decisivo
em sumo grau, e eles não pertencem
propriamente ao exterior do comando e da escolha. Alunos são pessoas;
são moral e intelectivamente atletas
profissionais. Precisam mais de disciplina que os demais atletas pelo
peso imenso da transformação que
devem produzir em si próprios; na
conta do bom resultado, só aprende
quem quer; todos a todos educam;
todo o bom ensino educa e toda a boa
educação ensina. Se na escola Y nenhum mestre, nenhum funcionário
e nenhum aluno atira papelucho no
chão sagrado da escola e do pátio por
um ano inteiro, o visitante sabe que
aquela escola é excelente. Há países
cujas escolas fazem literalmente isso:
aí as escolas são excelentes e as poucas nações que lograram a proeza estão na primeira fila.
Cumpre responder bem ao desafio
revolucionário: “A quem vamos entregar a inteligência, a mente e o coração
dos 50 milhões de crianças e jovens se
não for aos 2% do melhor alunado em
liderança, notas e habilidades escolares,
tudo criteriosamente comprovado?”,
que Gustavo Ioschpe, que sabe tudo da
educação do Brasil e do mundo, colocou na capa do livro “Que Quer o Brasil
Quando Crescer?”. O leitor sabido percebe que não faltam peritos que conhecem a realidade profunda e apontam a solução. Nenhum deles prioriza
o mero aumento do salário, sempre
importante, mas nunca decisivo. Mais
que profissão, o magistério é missão e
apostolado.
As mudanças
na educação
© Foto: Sxc.hu
Vivemos a pós-modernidade e,
com ela, seus desafios. O fundador
do Instituto Marista, São Marcelino
Champagnat, tinha como um dos
seus lemas que, para bem educarmos
uma criança, é preciso, antes de tudo,
amá-la! Esta máxima faz muito sentido nos dias de hoje. Somente amamos
verdadeiramente aquilo que conhecemos, portanto, o papel de educar é
conhecer o seu interlocutor, seu estudante!
Essa frase nunca me fez tanto sentido como agora que trabalhamos e
convivemos com essas novas gerações.
Para bem educarmos, é preciso conhecer a subjetividade do nosso estudante, sua historicidade e seus anseios e
sonhos, para que, assim, em um processo diário de ambiente escolar, consigamos, apoiados por ferramentas pedagógicas, estimular o conhecimento
das ciências peculiares à educação.
Poderíamos parafrasear esse conceito com o universo tecnológico em
que vivemos, onde nossas crianças
e nossos jovens são nativos digitais
e têm pouco presentes os conceitos
nos quais seus atuais educadores foram educados e ensinados. Todo esse
histórico no universo escolar faz com
que nos adaptemos diariamente ao
novo que chega. Contudo, nós, adultos e educadores, não nos esqueçamos de que nossos estudantes estão
vivenciando um processo educativo,
no qual a escola é um “laboratório”,
permitindo acertos e erros, fazendo
com que os ajudemos a serem melhores quando estiverem no mundo do
trabalho e na vida adulta.
Para reforçar o que temos trabalhado, vou me valer de um dos
grandes pensadores brasileiros da
área educacional, Paulo Freire, que
afirmou: “Ensinar não é transferir
conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. Portanto,
meus caros, para cativar é preciso
conhecer, ir a fundo e ser apaixonado por aquilo que se faz, caso
contrário, se tornaria rotina e uma
mera necessidade.
O educador tem o papel de mediador e estimulador, contudo, o artífice
e o protagonista é o estudante! Içami
Tiba, nos seus vários escritos, nos fala
da parceria que devemos ter entre família e escola, usando a metáfora das
seis mãos: as da família, as do estudante e as da escola. Assim sendo,
faremos um processo de construção
no qual todos compreenderão o que
é educativo e que temos um papel a
cumprir.
Ensinar não é transferir
conhecimento, mas criar
as possibilidades para a
sua própria produção ou
a sua construção.
Paulo Freire
ir. Gérson dresch
Diretor do Colégio
Marista Assunção,
de Porto Alegre (RS)
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Legado
de uma
missão
Durante uma Missão
Solidária Marista, os papéis
de doador e receptor se
intercalam o tempo todo.
Para a população que
recebe a missão, fica uma
semente de transformação
para ser cuidada e poder
continuar agindo na vida
de cada um
Por Michele Bravos
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© Fotos: Michele Bravos
solidariedade
No começo deste ano, cinco cidades brasileiras em situação
de vulnerabilidade social receberam a Missão Solidária Marista. O evento é anual e tem como objetivo promover a vivência
de valores e a transformação pessoal de jovens Maristas e dos
cidadãos.
Segundo o Ir. Joaquim Sperandio, superior provincial do Grupo Marista, o Grupo investe nisso porque acredita que os jovens
– Maristas e não – precisam mudar individualmente. “É claro
que vamos contribuir para melhorias físicas na cidade, mas, ao
final de tudo, a transformação deve ser pessoal e interior”.
Durante a MSM, missionários e comunidade local trabalham
juntos o tempo todo. De um lado, os jovens propondo se doar à
cidade, em visitas missionárias, fazendo melhorias concretas,
como pintura de muros, restauração de praças, colônia de férias
para as crianças, entre outras atividades. Do outro, a população
aceitando receber essas ações, acolhendo os jovens missionários
em suas casas, participando de uma procissão pela cidade.
Os jovens Maristas não apenas saem de lá transformados
(confira os depoimentos na pág. 7 desta edição), mas também
deixam um legado para a população. Conheça alguns moradores de Ponte Serrada, uma das cidades que recebeu a MSM
neste ano, e o que a passagem dos jovens por lá significou para
eles.
Eduardo Coppini é prefeito de Ponte Serrada e ex-integrante do
grupo de jovens
Eu me identifico muito com esse evento. Quando mais novo,
eu fiz parte do grupo de jovens de Ponte Serrada, na época, comandado pela D. Maria de Almeida, a Mariazinha. Fazíamos trabalhos próximos a esses que estão sendo realizados aqui no município. Para a nossa cidade, esse é um evento que só tem a somar.
Ele proporciona que os jovens da nossa cidade despertem cada
vez mais para a importância que é de fazer o bem para o próxi-
A escolha das cidades
mo e se envolver com causas sociais.
Um evento como esse provoca até um
despertar para a política. Essa é uma
área que precisa de ideias novas, de
pessoas que tragam consigo, nos seus
corações, valores atrelados à solidariedade, para que se tenham resultados
favoráveis para a população.
Ilma Vicensi, 61 anos, é moradora
da região de São Lourenço e vive da
aposentadoria e da fabricação de
vassouras
Desde que nos mudamos para cá,
já nos envolvemos com a igreja local.
No começo, eu tinha vergonha, insegurança até mesmo de fazer uma
leitura para todos durante a missa.
Não achava que tinha instrução suficiente. Aos poucos, isso foi mudando. Fui me sentindo mais confiante.
Quando o padre disse que nossa comunidade iria receber missionários,
eu fiquei feliz, mas fiquei pensando
se saberia receber alguém na minha
casa. Então, tomei coragem e aceitei
esse desafio. Para mim, receber um
missionário foi um ato de coragem,
que me ajudou a trabalhar questões
pessoais.
Salete Costa, 51 anos, abriu as portas de sua casa para acolher um
missionário
Eu sempre vi a minha mãe recebendo missionários em nossa casa.
Era uma forma que tínhamos de
contribuir para a missão. Para mim,
é uma honra poder receber um jovem na minha casa. A gente cria um
carinho por eles. É uma companhia
diferente naquela semana. É como
um filho. Eu não queria que ele fosse
embora.
João de Almeida, 46 anos, é pai de
Isabela de Almeida, 5 anos, participante da colônia de férias da MSM
no bairro COHAB
Muitas crianças aqui não têm com
o que brincar. Quando tem essas
atividades, elas podem participar e
todo mundo se diverte. Os pais também ficam contentes. É uma alegria
ver os missionários de fora da cidade
trazerem felicidade para os nossos
filhos. Ações assim são muito bonitas. É disso que nossa cidade precisa.
Geverson Dave, 16 anos, é um jovem
de Ponte Serrada e participa da Pastoral da Juventude
Mesmo eu sendo morador de
Ponte Serrada, vi situações na MSM
que nunca tinha visto antes. Em um
dos dias, fizemos uma caminhada
pelo bairro Cohab, onde eu moro.
Fiquei muito chocado quando passamos por uma rua em que as casas
eram apenas uma barraca de lona.
Eu mesmo nunca tinha andando por
essa região do bairro, nem visto essa
realidade. Ao me deparar com essa
situação, eu repensei a forma como
tenho valorizado o que tenho. Às vezes, reclamamos muito e deixamos
de buscar o melhor.
Normalmente, as cidades que recebem
uma Missão Marista possuem algum
vínculo Marista, o que facilita a
organização do evento. Em geral, há
um diálogo entre o Setor de Pastoral
e a Diretoria Executiva de Ação Social
(DEAS). São eles que apontam sugestões
de cidades e decidem os locais, levando
em consideração diversos contextos
sociais (metrópole, médio porte e cidades
de interior) e de diferentes localizações
geográficas.
Esse foi o caso de Ponte Serrada neste
ano. Em 2013, os jovens da Pastoral da
Juventude contaram com um grande
apoio da população para irem à Jornada
Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro.
Como forma de retribuição a tudo o que
a população fez por eles, surgiu a ideia
de trazer uma Missão Solidária Marista
para a região. Em contato com o Ir.
Alison Hufu, natural da cidade, mas que
atualmente mora em Dourados (MS), a
missão começou a ser construída.
Susineia Bassani é presidente da
Pastoral da Juventude de Ponte Serrada
No começo, achávamos que não
seríamos capazes de ter uma obra tão
grande, um momento de missão tão
intenso, mas fomos assumindo e dizendo os nossos sins. A intenção de
tudo isso era agradecer a nossa comunidade e tornar o rosto de Deus mais
conhecido ainda. Agradecemos a todos pelo o que vivemos nessa semana.
Momentos de intensa vivência com os
jovens, com as famílias que os receberam – tanto nas visitas missionárias,
quanto nas hospedagens. Nessa semana, uma semente foi plantada em
nossa comunidade. Tanto pelos jovens
daqui como de outras regiões. O desejo
que fica é para que sejamos transformadores da nossa história, protagonistas em nossa essência. Que sejamos
participativos.
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© Foto: Renata Salles
como fazer
acompanhamento
é diferente de
intromissão
As redes sociais já fazem parte da rotina dos adolescentes, mas todo esse universo
de postagens, fotos e muito bate-papo deve ser acompanhado pelos pais.
A tarefa não é fácil, mas a revista Em Família traz algumas dicas para que os pais consigam
monitorar as interações dos filhos sem que pareça intromissão
Por Elizangela Jubanski
As redes sociais tomaram conta da
rotina dos adolescentes. Em casa, no
celular ou na escola, acessar perfis on-line tornou-se “febre” entre esses internautas, que muitas vezes precisam
de certo direcionamento no mundo
virtual. E cabe aos pais executar essa
empreitada com muita conversa e
acompanhamento.
O que deve acontecer – sem medo
de parecer intruso – é um monitoramento mesmo. Ficar atento a postagens do filho, fotos, amizades recentes e até mesmo à superexposição
na rede. Afinal, ninguém conhece
tão bem a rotina desses internautas
quanto os próprios pais.
A advogada e pedagoga Cristina
Sleiman é especialista em Direito Digital e alerta que os pais devem conversar com os filhos sobre a maneira
de se comportar nas redes sociais.
“Essa verificação nos perfis não deve
42
ser negligenciada de forma alguma. É
preciso explicar aos filhos que qualquer rede social deve ser entendida
como a extensão da vida presencial,
ou seja, nada de outro mundo ou coisa parecida. Tudo que se faz em uma
rede social deve ser pensado e analisado exatamente como acontece em
uma relação interpessoal na escola,
por exemplo”.
É exatamente assim que a família Magalhães media as publicações
nas redes sociais. A escritora Cláudia
Magalhães, mãe dos adolescentes
João Pedro, 14 anos, 9º ano, e Alice,
12, 7º ano, ambos do Colégio Marista
Paranaense, acredita que confiança
e supervisão são elementos indispensáveis nessa relação. “Nada deve
acontecer de maneira que sufoque a
confiança que a gente deposita neles, mas, mesmo assim, pode ter certa inocência nas postagens e nossa
outra visão é que deve auxiliar nisso”,
garante.
Os irmãos adoram redes sociais.
Embora, para eles, o Facebook já não
seja tão acessado assim, outras redes
como Instagram, Twitter e WhatsApp
continuam fazendo parte das atividades do dia a dia. “Eles levam o celular
para a escola, mas fica desligado: isso é
regra. Em casa, Alice acessa mais pelo
celular, já o João Pedro gosta mais do
computador para jogos online”. Para
as postagens, algumas recomendações da mãe. "A roupa tem que estar
legal, nada muito chamativo, fotos
de viagens só algumas, nada de ficar
postando tudo que faz no dia”, esclarece. Cláudia não tem perfil em rede
social e mesmo assim acompanha as
postagens.
Outra regra – na verdade chamada
de “combinado” na família Magalhães
– é quanto ao horário dedicado na
O pais precisam ficar
atentos com o excesso de
exposição e manter os perfis
dos filhos de um modo
restrito, para que apenas os
conhecidos tenham acesso a
fotos ou informações.
Quem responde?
rede. “Eles já têm horários com aulas
em diversos dias da semana, acaba sobrando pouco tempo para fazer nada,
mas, mesmo assim, hora de rede social
é quando eles já fizeram tudo que tinham para fazer, ou pelo menos parte”,
destaca.
Na visão dos adolescentes, a preocupação é válida. João Pedro conta
que esporadicamente aparecem pessoas de fora para interagir nas redes
sociais. “A gente conversa bastante
sobre isso e até mostro os vídeos que
recebo para minha mãe, mas às vezes
aparecem umas pessoas que eu nunca vi na vida”, reclama. Já Alice diz que
também não se incomodar com as
“investidas” da mãe. “Como eu já sei
que ela gosta de ver e dar uns palpites,
já mostro a foto que quero compartilhar e pronto”, brinca.
Esses “combinados” que acontecem
na família Magalhães são atitudes com
as quais a especialista Cristina concor-
da. “O pais precisam ficar atentos com
o excesso de exposição e manter os
perfis dos filhos de um modo restrito,
para que apenas os conhecidos tenham
acesso a fotos ou informações”, alerta.
O mesmo olhar atento, segundo ela,
deve ser transferido quanto a postagens
de viagens e tudo que possa chamar a
atenção de pessoas que estão fora do
contexto da família ou dos amigos. “A
gente nunca sabe quem está por trás de
um computador vendo fotos da nossa
família”, diz a advogada.
O pai dos adolescentes, o engenheiro José Magalhães, concorda com a especialista e acredita que a internet, assim como as rede sociais, tem muito a
agregar, mas com regras. “A tecnologia
tem que vir a nosso favor. Como tudo
em excesso faz mal, assim é com as redes sociais. Não adianta proibir, principalmente porque, hoje, elas também
são uma boa ferramenta para se informar”, defende.
O que os pais não podem esquecer
é que qualquer postagem que
tenha cunho ofensivo ou que fira
a integridade de alguém pode ser
levada à justiça. “É primordial
entender que as leis regulamentam
nossa conduta independentemente
do meio, portanto, crimes contra a
honra, por exemplo, independem
do meio utilizado para sua
configuração”, explica a advogada
e pedagoga Cristina.
Nesses casos, os adolescentes
(menores de 18 anos) podem
até mesmo cumprir medidas
socioeducativas, enquanto os pais
respondem processo civil. “Cada
caso é analisado de maneira
diferente, mas uma simples
brincadeira, se mal interpretada,
pode causar muita dor de cabeça e
prejuízo financeiro”.
Na prática
Poucas e boas atitudes já
fazem a diferença:
l Monitorar as postagens
(textos, imagens e outros
compartilhamentos).
l Ver de que grupo de conversas o
filho participa.
l Ficar atentos aos horários que ele
está online.
l Estipular períodos de acesso às
redes sociais.
43
compartilhar
SeM FronTeiraS
A minha sugestão de programa para alunos do Ensino
Médio, especialmente para o terceirão, é o Sem Fronteiras,
da Globonews. Esse programa traz discussões de temas
polêmicos atuais, nacionais ou internacionais, no qual
alguns especialistas são consultados acerca da temática.
Favorece quem quer ter óticas de análise sobre a conjuntura
atual.
Maria dôres Makowski, professora do Ensino Médio no Colégio
Marista Frei Rogério, em Joaçaba (SC).
PorTaL UniCaMP
Gosto e indico o site http://m3.ime.unicamp.br/portal/ porque
nele há a possibilidade de encontrar vídeos, simuladores e
atividades ligadas à matemática. Os vídeos têm duração média
de 10 minutos e abordam assuntos ligados ao cotidiano sem
perder o foco na parte acadêmica. Vale a pena conferir.
eder Miotto, professor do Ensino Médio no Colégio Marista Santa
Maria, em Curitiba.
QUaL é a TUa oBra?
O livro Qual é a Tua obra? inquietações Propositivas
Sobre Gestão, Liderança e ética, de Mario Sergio
Cortella, apresenta uma convocação a refletirmos
a respeito de nossa verdadeira existência, uma
motivação a compreendermos que nossa obra é muito
maior que qualquer atividade por nós já realizada. Esse
livro é um presente a todos que sentem as inquietações
no processo de formação de liderança e que acreditam
que o seu maior compromisso é a solidariedade e a
alteridade.
Carla klein, professora do Ensino Fundamental no Colégio
Marista Cascavel (PR).
44
HiSTÓria diGiTaL
O História Digital foi criado pelo professor Michel Goulart com a intenção de divulgar o
uso das mídias digitais na educação, assim como experiências criativas em sala de aula.
Em pouco tempo, seu conteúdo se tornou referência no aprendizado de história, do Ensino
Fundamental ao pré-vestibular. Considerado o melhor blog de história no país em 2012, o
Guia do Estudante indicou os perfis da página no Twitter e no Facebook entre os melhores
para estudar nas redes sociais. http://www.historiadigital.org
Michel Goulart, professor do Ensino Fundamental e Médio no Colégio Marista Criciúma.
SoBrevivi Para ConTar
© Fotos: Divulgação
O livro trata de um depoimento de Immaculée Ilibagiza durante o genocídio
que destruiu Ruanda em 1994. Ao longo da obra, ela conta como conseguiu
sobreviver emocionalmente ao massacre de sua família e aos momentos
aterrorizantes por que passou. É uma história comovente e que deixa aos
leitores uma mensagem de amor e muita fé à vida.
rute kuhn knaut, professora do Ensino Fundamental no Colégio Marista Pio XII,
de Ponta Grossa
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diversão
E aí,
o que fazer?
Por Elizangela Jubanski
Com a chegada das férias escolares é preciso progra- desse cronograma tão apertado que os filhos possuem
mação e, acima de tudo, manter os filhos envolvidos e nas horas vagas. Que tal propor alguns passeios além de
ativos. Eles querem ir a todos os lugares possíveis, ex- shoppings e compras?
perimentar um pouco de tudo, e cabe aos pais cuidar
GoiÂnia
Quem passa na Rodovia dos Romeiros fica impressionado
com a grandiosidade dos Painéis da Via Sacra, que
possuem 16 quilômetros de extensão, a maior galeria
a céu aberto do mundo. O artista plástico Omar Souto
buscou retratar os principais momentos da Paixão de
Cristo. Dando continuidade ao passeio, o Museu de Arte
Contemporânea possui um acervo de 500 obras, com
desenhos, gravuras, esculturas, pinturas e reproduções.
E para os mais curiosos, o Museu Estadual Professor
Zoroastro é uma boa pedida. Fundado em 1946, ele
guarda documentos históricos, artefatos indígenas, arte
sacra e popular, objetos da Revolução Industrial, folclore
e muitas outras atrações. Vale a pena tornar as férias um
programa cultural!
Que tal conhecer um pouco mais do lado cultural de
Brasília? A Catedral Metropolitana, na Esplanada dos
Ministérios, foi projetada em 1967 por Oscar Niemeyer e
possui obras de Di Cavalcanti. Além de serem ligados por
pontos claros, os vitrais coloridos mudam conforme a luz
do sol, nos arcos de 18 metros de altura, no Santuário de
Dom Bosco. Outra dica é conhecer o Memorial JK, local
em que está enterrado o corpo do presidente Juscelino
Kubitscheck e onde há uma exposição permanente de
documentos e fotos que contam a história da construção
da capital, além da biblioteca com mais de 3 mil
exemplares. Conhecer o Museu de Valores do Banco
Central é roteiro obrigatório, lá está a maior pepita de
ouro encontrada no Brasil, em Serra Pelada, de 62 Kg,
além de um total de 125 mil peças de moedas e cédulas
nacionais e estrangeiras. Aliada a isso, o local abriga a
maior coleção do mundo das obras de Portinari. Fica a
dica!
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© Fotos: Divulgação
BraSÍLia
SÃO PAULO
São Paulo reserva ótimas atrações para quem quer conhecer um pouco
mais de história e cultura. O Museu de Arte Moderna, um presente
de Oscar Niemeyer para os paulistanos, marcou e agitou a cultura
brasileira e guarda ótimas exposições para quem é apaixonado ou
curioso por arte nacional e internacional, contando no seu acervo com
obras de Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e Portinari, por exemplo.
Que tal conhecer a arquitetura europeia do Museu do Ipiranga? O local
possui um valioso acervo com peças da república e do império, uma
boa aula de história que pode ser completa com uma visita à biblioteca
que tem mais de 100 mil volumes. Para encerrar esse breve roteiro,
a Estação da Luz é perfeita! Construída em 1901, projetada em estilo
vitoriano e com material para sua construção trazido da Inglaterra, o
local encanta até mesmo que mora em Sampa. Que tal essa aula de
história e cultura com os pequenos?
SANTA CATARINA
Santa Catarina também reserva ótimas visitas culturais. O Museu
de Arte de Santa Catarina, fundado em 1949, instalado no Centro
Integrado de Cultura e reserva um acervo que conta, além de outras
coisas, a história do Estado, possui em seu acervo artistas como
Di Cavalcanti, Portinari, Djanira, Emeric Marcier, Volpi, Tarsila do
Amaral e outros, contabilizando aproximadamente 1775 obras. A
Casa da Alfândega é um local que visa resgatar e dar continuidade
ao artesanato do Estado, um recorte de história é guardado no
local. Outra boa pedida é o Museu Nacional do Mar – Embarcações
Brasileiras, onde estão disponíveis para visitação mais de 91 barcos
em tamanho natural, cerca de 150 peças de modelismo e artesanato
naval e a Coleção Alves Câmara, do século XXI. O local reserva, ainda,
muitas outras atrações. Vale a pena a visita durante as férias ou em
um fim de semana em família.
PARANÁ
No estado do Paraná, conhecer o Museu Oscar Niemeyer é uma boa
aula de arte, arquitetura, urbanismo e design. São 17 mil metros de
área expositiva, considerada a maior da América Latina, que, além
de expositora, realiza cursos e oficinas abertos ao público. Para quem
gosta de saber como era o passado, o Museu Histórico Padre Carlos
Weiss, que ocupa o belo prédio da antiga Estação Ferroviária de
Londrina é ideal. Lá estão preservadas as memórias dos bons tempos
da cafeicultura da região. Outra dica é a visita à Catedral de Nossa
Senhora da Glória, em Maringá, que tem 114 metros de altura e tem
um mirante com vista panorâmica. Para os aventureiros que queiram
a experiência, é preciso subir 482 degraus pra chegar lá em cima.
Com toda certeza, as férias deles estão garantidas com essas aulas de
cultura e história!
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© Foto: Estúdio Cafeína
olhar
Você já teve
a minha idade
“Calma, isso vai passar! Já tive sua idade”.
Quem nunca ouviu isso? Não era fácil ouvir,
dava uma sensação de que a gente era incompetente, ingênuo, uma verdadeira “anta”.
Mas o que ninguém dizia era que, exatamente por passar pela situação, nos tornaríamos
mais maduros e experientes. Faz parte do
crescimento. Como diria o Rei Leão, é “o interminável ciclo da vida”.
Na opinião dos nossos filhos adolescentes,
nós somos muito chatos e exigimos demais.
Não compreendemos que é difícil desligar o
celular na hora do jantar, que é quase impossível ir dormir na hora certa e deixar de lado
aquelas conversas superimportantes, que é
uma experiência de quase-morte não poder ir
àquela festa sei lá onde com sei lá quem. Somos realmente insuportáveis. Talvez queiram
nos dizer: “Se você já teve minha idade, por
que não me compreende?”. É verdade. Já fomos adolescentes e já esquecemos as dores de
cabeça que demos aos nossos pais. Só que, aos
olhos maternos e paternos, nenhum dos nossos pecados era tão grande e nossas chatices
eram “normais”, pois a “corujice” só consegue
ver a “maravilha” na qual nos tornamos.
Entretanto, não podemos deixar de lado
nossa “pegação no pé”, pois as intermináveis
orientações e correções de rumo são necessárias. Certa vez, uma adolescente me disse:
“Minha mãe devia me proibir de ir àquela fes-
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ta, pois vou perder aula no dia seguinte e depois vou me ferrar estudando sozinha”. Admirado com a reação, perguntei por que ela iria
à festa mesmo sabendo das consequências. A
resposta me fez lembrar das aulas de psicologia do adolescente: “É que eu não posso dizer
aos meus amigos que eu não vou pra ficar estudando. Você não entende. Eu sei que era isso
que eu deveria fazer, mas eu ia ficar mal com
a galera”. Os amigos são mais importantes
que a escola. Além disso, o futuro profissional
está longe demais para ser alvo de preocupação agora. O tempo corre diferente para eles.
O que fazer? Vamos parar de sofrer com as
inconstâncias e ser totalmente compreensivos? Não. Esse não é o caminho. Temos que
sempre apontar as contradições e tudo aquilo que pode trazer perigo a eles, pois o sentimento de onipotência é próprio da fase.
Afastar as figuras de autoridade, incluindo
pai e mãe, com discussões, teimosia e outras
posturas imaturas é próprio de quem está
descobrindo um jeito particular de ser. Cópias são desnecessárias, cada um tem que assumir seu jeito especial de existir no mundo.
E isso só ocorre com os confrontos entre pais
e filhos. Resumindo tudo na linguagem adolescente: “É melhor ser chato agora e realizado depois, do que ser ‘legalzão’ agora e arrependido depois”.
Marcos Meier é
psicólogo, escritor
e palestrante.
Seu próximo
lançamento,
“Desligue Isso
e Vá Estudar
– Orientações
Práticas para Pais”
traz orientações
preciosas sobre
educação de
crianças e
adolescentes.
Temos que
sempre
apontar as
contradições
e tudo aquilo
que pode
trazer perigo
a eles, pois o
sentimento de
onipotência
é próprio da
fase.
Com crianças e jovens na promoção
de um mundo com direitos.
A Rede Marista de Solidariedade atua na promoção e defesa dos direitos da infância
e juventude nas quatro áreas de atuação do Grupo Marista.
Com esse objetivo, realiza o atendimento contínuo a crianças, jovens e famílias
por meio de projetos socioeducativos; desenvolve estratégias de incidência política
e fomenta ações de educação para a solidariedade em todo o Grupo Marista.
Conheça mais sobre a solidariedade no Grupo Marista.
Acesse solmarista.org.br ou facebook.com/solmarista
antes de tudo, é preciso entender: o que é medo?
Medo significa uma espécie de perturbação diante da ideia de que se
está exposto a algum tipo de perigo, que pode ser real ou não. Pode-se entender, ainda, o medo enquanto um estado de apreensão, de
atenção, esperando que algo ruim vá acontecer. Ele interfere no modo
de viver, pois causa reações quando estamos em estado de alerta.
e será que ele é de todo ruim?
O medo é uma reação de alerta muito importante para a sobrevivência dos seres humanos, por isso pode ser considerado bom. Em muitos
casos, faz com que as pessoas tenham cautela, pensem antes de agir.
Uma pessoa que não tem medo de nada muitas vezes passa por situações que colocam sua vida em risco. Portanto, sentir medo pode ser
algo positivo, quando gera reflexão, planejamento antes da tomada
de qualquer atitude, protege vidas e evita consequências trágicas.
Já nascemos com medo?
Não necessariamente, mas toda e qualquer emoção ou sentimento
são construídos desde o instante da concepção, então, tudo aquilo
que é vivenciado pela mãe durante a gestação afeta o bebê de algum
modo, mesmo que inconscientemente.
Por que o medo do desconhecido?
Todos os medos e traumas da mãe devem ser levados em consideração, mas lugares, sons e pessoas diferentes podem causar medo à
criança, justamente como uma reação do organismo de alerta a possíveis situações de ameaça. Por isso, é comum a criança pequena ter
medo de pessoas fantasiadas e de lugares barulhentos.
até que momento o medo é saudável?
O medo só pode ser considerado tolerável quando ele não modifica a
rotina do indivíduo. Há situações em que a pessoa, diante daquilo que
a ameaça, paralisa, perde as condições de reagir, por exemplo. Pode-se chamar isso de fobia ou trauma. Nesses casos, a solução é procurar ajuda psicoterapêutica para tratamento, para que a pessoa possa
falar e pensar sobre o assunto, além de, em alguns casos, vivenciar
simulações com o objetivo de aumentar o enfrentamento diante da
dificuldade.
o que fazer ao identificar que a criança ou o jovem tem
determinado medo?
Na família, sempre que a criança sente medo ou está assustada por
alguma razão, é necessário acolher a criança e o seu medo, fazendo
com que ela se sinta segura. Na escola, os professores devem tomar
conhecimento de casos em que a criança tenha medo de algo e tentar
amenizar, pois ele pode gerar insegurança e desestabilizar a criança,
que deixará de ter foco na aprendizagem. Mas o acompanhamento de
um profissional, quando o medo se torna excessivo, é fundamental,
para que, desse modo, se evite que ele se intensifique e evolua para
outros quadros.
Encontre
a MPB
na internet.
Acesse o novo site:
www.lumenfm.com.br
Algumas coisas não têm preço.
A LIBERDADE é uma delas.
O tema da Campanha da
Fraternidade de 2014 é
Fraternidade e Tráfico
Humano. E a FTD entende
que é fundamental ler,
conversar e conscientizar
os alunos sobre este tema
tão importante, que
infelizmente faz parte
da nossa sociedade.
Confira as opções de leitura que oferecemos para você discutir este assunto na escola:
Sumiço no Estádio
Quando jogava bola, Dedê não
prestava atenção em mais nada. Em
uma tarde, enquanto acompanhava
o pai, vendedor de pipocas na porta
de um estádio, o garoto recebe
um convite e... desaparece... O
desfecho você fica sabendo em
Estádio.
Sumiço no Estádio
Recomendado para
o Ensino Fundamental I
0800 772 2300
De Olho no
Tráfico Humano
Ao ler este livro desafiador,
o leitor conhece mais sobre o que
é tráfico humano e por que muitos
jovens, especialmente mulheres,
caem nessa terrível cilada.
Recomendado para
o Ensino Fundamental II
www.ftd.com.br

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