Março/2016 - Sociedade Brasileira de Neurocirurgia

Transcrição

Março/2016 - Sociedade Brasileira de Neurocirurgia
2016
|
ano
7
|
número
23
|
www.sbn.com.br
hoje
EVITAR ERROS MÉDICOS
ENTREVISTA
ESPECIAL
ADOTAR UMA POSTURA DE TRANSPARÊNCIA COM OS PACIENTES É A
MELHOR FORMA DE EVITAR PROBLEMAS
EM FOCO
E PROCESSOS SÓ DEPENDE DE VOCÊ
A íntima relação entre a
Neurociência e a
Neurocirurgia
Brasil é país referência na
Neurocirurgia mundial
www.sbn.com.br
(11) 3051-6075
[email protected]
Diretoria 2014-2016
Presidente
Modesto Cerioni Junior
Vice-Presidente
Clemente Augusto de Brito Pereira
Secretário-Geral
Marco Túlio França
Tesoureira
Marise Augusto Fernandes Audi
1º Secretário
Roberto Sérgio Martins
Secretário Executivo
Italo Capraro Suriano
Presidente Anterior
Sebastião Nataniel Silva Gusmão
Presidente Eleito 2016-2018
Ronald de Lucena Farias
Presidente do Congresso de 2016
Márcio Vinhal de Carvalho
Presidente Eleito - Congresso de 2018
Marcelo Paglioli Ferreira
Diretor de Departamentos
José Marcus Rotta
Diretor de Diretrizes
Ricardo Vieira Botelho
Diretor de Formação Neurocirúrgica
Benedicto Oscar Colli
Diretor de Honorários
José Carlos Esteves Veiga
Diretor de Parlamentário
Marcos Masini
Diretor de Patrimônio
Samuel Tau Zymberg
Diretor de Políticas
Clemente Augusto de Brito Pereira
Diretor de Relações Internacionais
José Marcus Rotta
Diretor de Relações Institucionais
Cid Célio Jayme Carvalhaes
Diretor de Representantes Regionais
Paulo Ronaldo Jubé Ribeiro
Diretor da Revista Arquivos Brasileiros
Eberval Gadelha Figueiredo
Diretor Editor da Revista SBN Hoje
José Marcus Rotta
Conselho Deliberativo
Presidente
Jorge Luiz Kraemer
Secretário
Benjamim Pessoa Vale
Membros
Aluízio Augusto Arantes Junior, Geraldo
de Sá Carneiro Filho, Jair Leopoldo
Raso, Jânio Nogueira, José Carlos
Saleme, José Fernando Guedes Correa,
José Marcus Rotta, Luis Alencar
Biurrum Borba, Luis Renato Garcez
de Oliveira Mello, Luiz Carlos de
Alencastro, Marcos Masini, Orival
Alves, Osmar José Santos de Moraes e
Ricardo Vieira Botelho
Comissões
Acreditação de Eventos
Coordenador
Mario Augusto Taricco
Membros
Alessandra de Moura Lima, Audrey
Beatriz Santos Araujo, Rodrigo Moreira
Faleiro e Sergio Tadeu Fernandes
Coordenador
Jorge Luiz Amorim Corrêa
Secretário
Cassius Vinícius Corrêa Dos Reis
Credenciamento
Coordenador
Marcelo Luis Mudo
Secretário
Andrei Fernandes Joaquim
Coordenador
Roberto Colichio Gabarra
Membros
Albedy Moreira Bastos, Marcelo Batista
Chioato dos Santos, Paulo Valdeci
Worm, Ruy Castro Monteiro da Silva
Filho e Sandoval Inácio Carneiro
Ensino
Coordenador
Paulo Andrade de Mello
Membros
Alexandre Varella Giannetti, Apio
Cláudio Martins Antunes, Feres Eduardo
Aparecido Chaddad Neto, Hélio Ferreira
Lopes e Wen Hung Tzu
Ética
Coordenador
Felix Hendrik Pahl
Membros
Asdrubal Falavigna e Denise Marques
de Assis
Exercício Profissional
Coordenador
Albert Vincent Berthier Brasil
Membros
Carlos Batista Alves de Souza Filho,
Edson Lopes Júnior, Luiz Antonio
Araujo Dias, Marcelo Luis Mudo e
Sérgio Listik
Fiscal
Membros
Valter da Costa, José Carlos Saleme,
José Arnaldo Motta de Arruda, Cid
Célio Jayme Carvalhaes e Jânio
Nogueira
Gerenciamento do Fundo Financeiro
Coluna
Endovascular
Coordenador
Leandro Jose Haas
Secretário
José Laércio Junior Silva
Funcional
Coordenador
Sérgio Adrian Fernandes Dantas
Secretário
Walter José Fagundes Pereyra
Jovem Neurocirurgião
Coordenador
Christian Diniz Ferreira
Secretário
Guilherme Brasileiro de Aguiar
Nervos Periféricos
Coordenador
Francisco Flavio Leitão de Carvalho Filho
Secretário
Emerson Luis Campelo de Oliveira
Neurointensivismo
Coordenador
Gustavo Cartaxo Patriota
Secretário
Leonardo Christian Welling
www.doccontent.com.br
[email protected]
Trauma
Publicidade e reimpressões
Pediatria
Título de Especialista
Radiocirurgia
Base de Crânio
USA 4929 Corto Drive - Orlando - FL - 32837 1 (321) 746-4046
Coordenador
Vladimir Arruda Zaccariotti
Secretário
Evandro César de Souza
Coordenadora
Ana Lucia Mello de Carvalho
Secretário
Leonardo Augusto Wendling Henriques
Coordenador
Artur Henrique Galvão Bruno da Cunha
Secretária
Márcia Cristina da Silva
Departamentos
SP Av. Santa Catarina, 1.521 - Sala 308 - Vila
Mascote - CEP: 04378-300 - (11) 2539-8878
Diretor: Renato Gregório
Gerente editorial: Bruno Aires
Editor: Marcello Manes (MTB 31949-RJ)
Gerente comercial: Karina Maganhini
Gerente do programa PróDOC: Valeska Vidal
Coordenadora editorial: Mariana Moreira
Coordenador técnico-científico: Guilherme
Sargentelli (CRM 541480-RJ)
Redação: Bruno Bernardino, Carol Herling, Paula
Netto e Vinícius Corrêa
Revisores: Adriano Bastos e Leonardo de Paula
Coordenadora de design gráfico: Danielle V. Cardoso
Designers gráficos: Douglas Almeida, Monica
Mendes e Tatiana Couto
Gerentes de relacionamento: Beatriz Piva, Sâmya
Nascimento, Selma Brandespim e Thiago Garcia
Assistentes comerciais: Heryka Nascimento,
Jessica Feliciano e Katia Martinez
Coordenador de varejo e marketing: Sandro Costa
Coordenadoras administrativa: Cintia Vasconcelos
Produção gráfica: Pedro Henrique Soares e
Thamires Cardoso
Oncologia
Membros
Italo Capraro Suriano, Nelson Pires
Ferreira e Roberto Colichio Gabarra
Coordenador da Prova Prática
Jefferson Walter Daniel
Coordenador da Prova Teórica
Paulo Henrique Pires de Aguiar
Membros
André Martins de Lima Cecchini,
Antônio Aversa Dutra do Souto,
Antonio Cesar de Melo Mussi, Bruno
Silva Costa, Cassius Vinícius Corrêa
Dos Reis, Jean Gonçalves de Oliveira,
Mauro Takao Marques Suzuki, Paulo
Abdo do Seixo Kadri, Samuel Tau
Zymberg e Wilson Faglioni Júnior
RJ Estrada do Bananal, 56 - Freguesia/Jacarepaguá
- CEP: 22745-012 - (21) 2425-8878
Coordenador
Nelson Saade
Secretário
Wellingson Silva Paiva
Vascular
Coordenador
Feres Eduardo Aparecido Chaddad Neto
Secretário
Hugo Leonardo Doria Netto
(11) 2539-8878 ou (21) 2425-8878
Mobile (21) 99554-2305 ou (11) 97276-6232
[email protected]
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e 9.610/98. É proibida a reprodução total ou parcial, por
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12
DEPARTAMENTOS
22
DICAS DE VIAGENS
Em busca da integração do
Departamento de Base de Crânio
14
CAPA:
EVITAR ERROS MÉDICOS
E PROCESSOS SÓ DEPENDE DE VOCÊ
Estoril: naturalmente bela, vila sedia
evento de Neurocirurgia
SUMÁRIO
4
MENSAGEM DO PRESIDENTE
18
Brasil é país referência na
Neurocirurgia mundial
Dr. Modesto Cerioni Jr.
4
EDITORIAL
Dr. José Marcus Rotta
5
PÁGINA DO RESIDENTE
Cursos on-line: mais ferramentas para
garantir a educação continuada
20
OPINIÃO
Comissão de credenciamento
HOMENAGEM
Dr. Albert Loren Rhoton Jr., M.D.; Dr. Luiz Augusto
Zanini; e Dr. José Luciano Gonçalves de Araújo
10
19
AGENDA DA DIRETORIA
Compromissos da Diretoria entre janeiro e
fevereiro de 2016
6
EM FOCO
21
PRÓDOC
Os primeiros passos para um controle
financeiro eficiente
ENTREVISTA
A íntima relação entre a Neurociência e a Neurocirurgia
23
13
ALÉM DA NEUROCIRURGIA
Brisas poéticas na Neurocirurgia
EVENTOS
Confira os próximos encontros de
Neurocirurgia
MENSAGEM DO PRESIDENTE
A SBN, além da formação e titulação
dos neurocirurgiões, contará com uma
centena de médicos prestando a prova de Título de Especialista, em abril,
fazendo com que a Sociedade se preocupe com a natalidade desses profissionais e a oferta do mercado de trabalho.
O número crescente de escolas médicas
no país, o interesse dos estudantes pela
Neurocirurgia e o incentivo governamental à geração de mais especialistas
estimularão o aumento de serviços credenciados pelo MEC, lembrando que
o MS também alardeia participar dessa
prerrogativa, pressionado pela necessidade de estender a assistência neurocirúrgica para o interior – especialmente
em relação ao neurotrauma –, compensando o acúmulo de especialistas nas
capitais e cidades de maior porte.
Com base nisso, por um lado, a SBN
deve garantir a qualidade da formação
desses futuros profissionais. Por outro,
também tem que frear a expansão exagerada do número de neurocirurgiões, zelar
pelo bom serviço de ensino e atuar para
lhes assegurar condições adequadas de
trabalho e remuneração.
Outro ponto que acho relevante
ressaltar aqui é o manual de procedimentos em cirurgia da coluna vertebral, baseado nos códigos da CBHPM.
Ele foi apresentado ao CFM, que deve
manifestar-se quanto a sua recomendação como balizador nacional. Contatos com as operadoras têm mostrado
aceitação da codificação. O manual de
procedimentos cirúrgicos no crânio e
SNP está pronto para impressão.
Além disso, há também uma forte
ação da Diretoria da SBN junto às entidades médicas e aos parlamentares para
que o texto do projeto de lei 2452/15,
criado na CPI das órteses e próteses, que
tramita pela Câmara dos Deputados em
Brasília, seja modificado e desconsidere
a penalização como crime hediondo.
Finalmente, a lembrança de que pelo
novo estatuto, os membros inadimplentes com a tesouraria perdem seus
direitos de participar da vida associativa
Divulgação
Caros colegas,
e das grades científicas dos congressos
SBENF, em Natal, no mês de maio, e
o CBN 2016 em setembro, ambos com
inscrições abertas no site.
Até lá!
Dr. Modesto Cerioni
Presidente da SBN
EDITORIAL
Divulgação
capa, trazemos especialistas para falar
a respeito da orientação jurídica sob a
perspectiva do erro médico.
Caros colegas,
Para esta primeira edição do ano
da revista SBN Hoje, reunimos temas atuais para os neurocirurgiões
da nossa sociedade. Na matéria de
SBN Hoje
4
Na seção Homenagem, trazemos
grandes nomes da Neurocirurgia que
nos deixaram este ano. Em Departamentos, o Dr. Jorge Luiz fala sobre os
desafios de integrar o Departamento
de Base de Crânio à nossa sociedade
em geral, durante sua gestão como
secretário e, atualmente, como coordenador da seção.
No Em foco, prestigiamos o Dr. Hildo
Azevedo, primeiro brasileiro e latino-americano a chegar ao importante cargo
de vice-presidente da Federação Mundial
de Neurocirurgia, destacando o Brasil no
cenário mundial da Neurocirurgia.
Para a seção Entrevista especial,
conversamos com o Dr. Nicolelis,
considerado um dos vinte maiores cientistas do planeta pela revista
Scientific American, descrevendo a relação íntima entre a Neurociência e a
Neurocirurgia.
Para finalizar, em Dicas de Viagens,
passeamos pela vila de Estoril, um
bonito recanto português onde acontecerá o Congresso Internacional de
Neurocirurgia, o Neuroiberia 2016.
Um bom ano e um abraço a todos,
Dr. José Marcus Rotta
Editor
AGENDA DA DIRETORIA
Divulgação
COMPROMISSOS DA DIRETORIA ENTRE JANEIRO, FEVEREIRO E MARÇO DE 2016
Congresso da Sociedade Latino-Americana de Neuro-Oncologia
No dia 25 de março de 2016, durante o Congresso da Sociedade Latino-Americana de
Neuro-Oncologia, o Dr. José Marcus Rotta, diretor de Departamentos, Relações Internacionais
e da revista SBN Hoje, foi premiado com o Raymond Sawaya Award, por suas significantes
contribuições na área ao longo de sua carreira.
Reunião da Câmara Técnica de Neurologia e Neurocirurgia
Sede do CFM - 19/01/2016
Dr. José Carlos Esteves Veiga
Pré-lançamento de Campanha Nacional com o Objetivo de
Promover a Segurança do Paciente
Sede da AMB - 19/01/2016
Dr. Guilherme Brasileiro de Aguiar
1ª Reunião da Comissão de Proteção e Segurança do Paciente
Sede da AMB - 19/01/2016
Dr. Guilherme Brasileiro de Aguiar
Reunião para Codificação dos Procedimentos em Neurocirurgia
Craniana e Nervos Periféricos
João Pessoa (PB) - 29/01/2016 - 30/01/2016
Dr. Modesto Cerioni Jr., Dr. Ronald Lucena, Dr. Wuilker Knoner
Campos, Dr. Gustavo Patriota, Dr. Sergio Adrian Dantas, Dr.
Claudio Vidal, Dr. Valdir Delmiro e Dr. Christian Diniz
Convite para Solenidade de Posse da Nova Diretoria da
Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor - SBED
São Paulo - 30/01/2016
Dr. Clemente Augusto de Brito Pereira
Reunião no CFM - Codificação e 2ª Opinião
Brasília (DF) - 04/02/2016
Dr. Modesto Cerioni Jr. e Dr. Ronald Lucena
Reunião do Conselho Científico da AMB
São Paulo - 16/02/2016
Dr. Guilherme Brasileiro de Aguiar
Reunião do Conselho Deliberativo da AMB
Vitória (ES) - 26/02/2016
Dr. José Carlos Saleme
VII Encontro dos Discípulos da Divisão de Neurocirurgia da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
Ribeirão Preto (SP) - 26/02/2016 - 27/02/2016
Dr. Modesto Cerioni Jr.
Fórum de Defesa Profissional
São Paulo (SP) - 02/03/2016
Diretoria da SBN
16º Congresso Brasileiro de Cirurgia Espinhal
São Paulo (SP) - 03/03/2016 - 04/03/2016
Diretoria da SBN
Frente Parlamentar por uma Medicina de Qualidade
Sede da APM - 03/03/2016
Dr. Sergio Tadeu Fernandes
Reunião da Câmara Técnica de Neurologia e Neurocirurgia
Sede do CFM - 10/03/2016
Dr. José Carlos Esteves Veiga
Reunião do Conselho Científico da AMB
Sede da AMB - 15/03/2016
Drs. Modesto Cerioni Junior e Guilherme Brasileiro de Aguiar
Comissão de Assuntos Políticos no CFM - 2ª Opinião
Sede do CFM - 18/02/2016
Dr. Modesto Cerioni Jr.
Reunião Referente à OPME (Órteses, Próteses e Materiais Especiais)
Ministério da Saúde - 22/03/2016
Drs. Modesto Cerioni Jr e José Carlos E. Veiga
Reunião com as Entidades Médicas do Estado de São Paulo Defesa Profissional da APM
Sede do SIMESP - 22/02/2016
Dr. Sergio Listik
Inauguração da Área Física da Divisão de Ensino e Pesquisa do
Hospital Militar de Área de São Paulo
São Paulo (SP) - 22/03/2016
Drs. Ítalo Suriano e Feres Chaddad Neto
Reunião com a Diretoria da AMB - Câmara Técnica de Implantes
e Defesa Profissional
Sede da AMB - 23/02/2016
Dr. Ricardo Vieira Botelho e Dr. Osmar Moraes
SNOLA 2016
Rio de Janeiro (RJ) - 24/03/2016 – 26/03/2016
Dr. Modesto Cerioni Jr.
SBN Hoje
5
HOMENAGEM
DR. ALBERT LOREN RHOTON JR., M.D.
21/02/2016
Dr. Albert Loren Rhoton Jr. faleceu na
noite de 21 de fevereiro de 2016, em casa,
na cidade de Gainesville, Flórida (EUA),
aos 83 anos, após uma longa batalha
contra um câncer de próstata. O jovem
Albert aprendera a ler e a escrever com a
própria mãe em uma pequena escola de
duas salas, na cidade natal, Parvin, estado
de Kentucky. Iniciou sua vida acadêmica
universitária estudando Serviço Social,
mas, após um curso de Psicologia Fisiológica, percebeu que tinha curiosidade
e vocação para desvendar os mistérios
do cérebro, o que o fez cursar Medicina. Formou-se médico com louvor na
turma de 1959 da Universidade de Washington, Saint Louis, Missouri, onde
também concluiu a residência médica
em Neurocirurgia. Tornou-se médico
assistente da Mayo Clinic em Rochester,
Minnesota, em 1965. Em 1972, tornou-se chairman do pequeno Departamento de Neurocirurgia da Universidade da
Flórida, que contava com apenas dois
neurocirurgiões. Apesar de ser, então, o
mais novo chairman de um Departamento de Neurocirurgia nos Estados Unidos,
seu incansável trabalho, ao longo de 27
anos nessa posição, transformou não só
o Departamento, mas a Neurocirurgia
mundial, disseminando, também, o
nome da Universidade da Flórida e da
cidade de Gainesville pelo globo. Até
2012, mais de mil residentes e fellows de
todo o mundo tiveram o privilégio de estudar e se aperfeiçoar sob sua orientação.
Mundialmente conhecido por seus
trabalhos em Neuroanatomia Microcirúrgica, teve quase 500 artigos científicos publicados, além de três livros,
entre eles Cranial Anatomy and Surgical
Approaches, que já foi traduzido para outros idiomas, inclusive para o português.
Foi presidente de várias sociedades e associações de neurocirurgiões, além de
ocupar diversos cargos eméritos.
SBN Hoje
6
Divulgação
18/11/1932
Como parte de sua meta de permitir que o trabalho desenvolvido em
seu laboratório ajudasse alguém a cada
segundo todos os dias em algum lugar
do mundo, também proferiu centenas
de palestras nos Estados Unidos e nos
cinco continentes. As palestras e todos
os slides de anatomia produzidos pelos
fellows do laboratório ao longo de 40
anos estão sendo organizados; parte
desse acervo já está disponível de forma
gratuita para os interessados no site da
American Association of Neurological
Surgeons (AANS).
Sua ligação com o Brasil.
Como tudo começou?
Na década de 70, os trabalhos de anatomia com as figuras em preto e branco provenientes do laboratório do Dr.
Rhoton fascinaram um jovem neurocirurgião de Florianópolis, Evandro de
Oliveira. Após uma visita ao serviço do
Prof. Yasargil em Zurique para observar
as técnicas cirúrgicas realizadas com o
uso de microscópio, Dr. Evandro concluiu que necessitaria aperfeiçoar seu
conhecimento microanatômico para
poder aplicá-las com sucesso. Em 1977,
Dr. Evandro fez contato com Dr. Rhoton durante o coquetel de abertura do
Congresso Mundial de Neurocirurgia
em São Paulo e pôde visitar o laboratório em Gainesville já no final do mesmo
ano, onde passou um mês e meio como
observador. Durante sua estada, Dr.
Evandro acompanhou as atividades de
um fellow inglês, David Hardy, o que o
estimulou a seguir esse caminho.
Em setembro de 1978, durante o
congresso da Sociedade Sul Brasileira
de Neurologia e Neurocirurgia em Florianópolis, Dr. Evandro foi responsável
por acompanhar Dr. Rhoton. Ao final
do evento, muito agradecido, Dr. Rhoton perguntou a Evandro como poderia
retribuir a atenção. “Eu quero ser seu
fellow” respondeu prontamente, o que
foi aceito pelo Dr. Rhoton.
Foram aproximadamente três anos
até que Evandro e sua família estivessem
prontos para viajar para Gainesville. Um
mês antes da viagem, em junho de 1981,
Dr. Evandro recebeu carta de Dr. Rhoton dizendo que não fosse para Gainesville. O obstinado Evandro de Oliveira
foi mesmo assim com toda a família em
julho de 1981. Dr. Rhoton ficou surpreso ao encontrar Evandro na porta de
sua sala: “Eu não lhe enviei uma carta
dizendo para não vir? Não temos vaga
para você! O laboratório é pequeno!”. “O
senhor me prometeu, a culpa não é minha, é sua! Vou sentar aqui nesta cadeira
em frente à sua porta é só saio quando o
senhor me arrumar a vaga de fellow” respondeu Dr. Evandro. Após minutos de
espanto e hesitação, Dr. Rhoton cedeu e
aceitou Evandro como fellow. Os fellows
subsequentes e a Neurocirurgia brasileira
agradecem a persistência e a obstinação
do Dr. Evandro de Oliveira por ter aberto as portas e ter deixado uma excelente
impressão de seu trabalho.
Até o presente momento, 15 fellows
do Brasil passaram pelo laboratório
de Neuroanatomia Microcirúrgica
em Gainesville em busca de conhecimentos. Até o final de sua vida, Dr.
Rhoton manteve uma ligação profissional e afetiva muito forte com a
neurocirurgia brasileira.
O legado do cativante
Dr. Rhoton
Dr. Rhoton era um homem extremamente religioso, bondoso e educado, um verdadeiro gentleman. Mas
o que ele tinha de especial para que
seus fellows, residentes e pacientes o
admirassem tanto?
- Não era um homem de fazer críticas públicas. Se tivesse que criticar
o trabalho de algum fellow, por exemplo, ele o faria de seguinte maneira:
“You know, you are doing a wonderful job, but maybe you would like to
do it in a different way and see what
happens next”;
- Sempre usava palavras de incentivo, elogiava e agradecia os que
trabalhavam diretamente com ele ou
na Universidade da Florida, desde a
faxineira até o diretor da Faculdade de
Medicina, seus pacientes, seus familiares e potenciais doadores.
- Era um homem trabalhador. Durante o fellowship do Dr. Wen, ele e seus
colegas trabalhavam todos os dias da
semana, inclusive aos sábados e domingos, afinal tinham que seguir o exemplo
do chefe. Naquela época, Dr. Rhoton
pedia que sua secretária imprimisse todos os manuscritos, que ele corrigia à
mão e que carregava consigo, mesmo
em viagens ao exterior.
- O lado humano do Dr. Rhoton.
Segundo ele, competência e compaixão são duas características que médicos devem apresentar. Mas compaixão,
generosidade e bondade são virtudes
que marcaram sua vida, como comprovam mensagens à família publicadas por colegas, ex-residentes e fellows,
pacientes e até mesmo funcionários de
lojas que frequentava, sempre exaltando e enaltecendo o gentleman por trás
desse grande profissional.
Dr. Rhoton trabalhou no laboratório até nove dias antes de sua morte.
Já internado, suas últimas palavras dirigidas aos fellows de seu laboratório
foram: “Vocês são a razão de eu acordar
todas as manhãs e ir ao trabalho; sou
muito orgulhoso de vocês e de tudo
aquilo que vocês realizaram e realizarão
em suas vidas e carreiras. Continuem
trabalhando duro”. Sim, professor
Rhoton, até a gente se reencontrar, nós
vamos trabalhar duro.
Por Dr.Wen Hung Tzu;
Dr. Evandro de Oliveira;
e Dr. Alberto Carlos Capel Cardoso
Lista de fellows
brasileiros do
Dr. Rhoton:
Evandro Pinto da Luz Oliveira
(1981 - 1982);
Helder Tedeschi
(1990 - 1992);
Wen Hung Tzu
(set/1993 - fev/1996);
Alberto Carlos Capel Cardoso
(jan/1996 - jan/1998);
Antônio César Melo Mussi
(abr/1998 - mai/2000);
Carolina Martins
(mar/2001 - mar/2003);
Alexandre Yasud
(out/2002 - dez/2003);
Divulgação
Adriano Garcia-Scaff
(ago - dez/2003);
Luis Felipe Alencastro
(jan - mar/2008);
Eduardo Santamaria
Carvalhal Ribas
(jun/2012 - jun/2013);
Thomas Frigeri
(jun/2012 - dez/2013);
Leila Maria da Róz
(jul/2012 - jul/2013);
Feres Chaddad Neto
(jan - fev/2013);
Alguns dos ex-fellows que estiveram presentes no funeral “Celebration of the incredible life of Dr.
Rhoton” (os brasileiros, da esquerda para direita: Carolina Martins, Thomas Frigeri, Vanessa Holanda,
Evandro de Oliveira, Alexandre Yasuda, Wen Hung Tzu e Alberto Capel Cardoso)
Vanessa Holanda
(out/2015 - mar/2016).
SBN Hoje
7
HOMENAGEM
LUIZ AUGUSTO ZANINI
O que faz um neurocirurgião
diante de um diagnóstico de glioblastoma multiforme (GBM) “de
novo”, com invasão do corpo caloso
e marcadores moleculares mostrando
ser de pior prognóstico? Ele sabe o
que deve ser feito e também sabe do
prognóstico. Tratar pacientes com
GBM faz parte de seu treinamento
e de seu trabalho. Mas, se esta é a
causa daquela alteração visual de que
o neurocirurgião vinha se queixando
há pouquíssimo tempo e esse é o seu
diagnóstico? De repente, de médico
passou a ser paciente, com uma das
mais terríveis doenças que sempre
tratou. Como profissional da área,
sabe o que deve ser feito, como cirurgia, radioterapia e quimioterapia,
mas sabe também que será por tempo limitado. Estava diante da situação em que sempre esteve do outro
lado salvando e ajudando inúmeros
pacientes com sua eterna determinação, conhecimento e amor.
Meu irmão, o neurocirurgião Luiz
Augusto Zanini soube o que fazer.
Lutou pela sua vida como sempre lutou pela vida de seus pacientes, até
o último suspiro. Com a mesma dedicação, esforço, determinação, sem
jamais se entregar, e acreditando no
ofício que sempre exerceu, mesmo
sabendo qual seria o desfecho. A primeira frase que disse logo após saber
foi: “Não fiquem tristes, já vivi mais
de 100 anos nestes meus 60 anos de
vida”. Mas, ele queria viver mais 100.
Além de sua paixão e dedicação pela
Neurologia e Neurocirurgia, viveu
intensamente inúmeras outras. Era
bom de bola, pescador, médico de futebol amador, jipeiro, violeiro, cantador, declamador, poeta e bonitão.
Natural de Ipuã, cidadezinha que
fica na região de Barretos, formou-se
SBN Hoje
8
Divulgação
07/10/1954
12/03/2016
na 10a turma da Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP-, onde também fez residência em Neurocirurgia.
Em Botucatu, sempre foi conhecido
como Baby, pela precocidade nos seus
estudos. Foi para Assis-SP, em 1982,
para trabalhar na Santa Casa local, e
durante 17 anos foi o único neurocirurgião da cidade. Era um médico
muito querido e respeitado na região.
Em 2008, por exemplo, ele foi referenciado como “um campeão de elogios”
pela Secretaria de Estado da Saúde de
São Paulo, por sua atuação no Hospital Regional de Assis. Ele foi homenageado pela Secretaria da Saúde, pelos
elogios nominais, feitos por pacientes e
familiares e encaminhados à ouvidoria.
Foi o maior número de elogios formais
a um único médico recebido entre os
cerca de 40 hospitais e ambulatórios de
administração direta da Secretaria em
todo o Estado.
Na sua cidade natal sempre foi um
exemplo e inspiração para muitos
amigos de infância que se espelharam e pautaram suas vidas na figura
humana e exemplar. Na sua família, foi o carro-chefe e exemplo que
todos seus irmãos seguiram nos estudos e vida profissional. Com seu
exemplo, mais três irmãos tornaram-se médicos e dois dentistas. Ele foi
o motivo de hoje eu ser neurocirurgião com orgulho.
Bom filho, bom pai e apaixonado pela
esposa Suely e seus três filhos: Vitor, advogado, Lucas, que segue seu mesmo
ofício, médico e Allan, agrônomo.
Luiz Augusto Zanini, ou simplesmente Luiz na sua cidadezinha natal,
ou Baby como era conhecido em Botucatu, ou Dr. Zanini na cidade de
Assis que acolheu e foi acolhido. Faleceu no dia 12 de março de 2016, no
Hospital e Maternidade de Assis, aos
Post-scriptum:
Minha primeira
cirurgia
Ano de 1981, eu tinha 18 anos
e cursava o segundo ano de graduação e nunca tinha assistido
uma cirurgia na minha vida.
Fui visitar meu irmão Luiz
(Baby) que me convidou para
assistir minha primeira cirurgia
da vida. Nunca tinha entrado
num centro cirúrgico. Tudo
mágico, fascinante, muito complicado e até misterioso. O que
assisti e com quem? Meu irmão
Baby, como R4 e o meu amigo
e colega Tadeu como R2 fazendo uma DVP em uma criança
com hidrocefalia.
A vida é assim, aquela DVP,
como tantas outras, nunca me
foi esquecida. Tiveram uma
enorme importância para aquela criança, que estava sendo
operada e também para aquela
outra criança, que estava assistindo. Devem estar operando
juntos novamente por aí.
61 anos, após grande e boa batalha
contra um glioblastoma multiforme
desde novembro de 2014.
Por Dr. Marco Antônio Zanini
DR. JOSÉ LUCIANO GONÇALVES DE ARAÚJO
Em 1983, eu estava no terceiro ano
de Medicina. Depois de assistir uma
aula na disciplina de Clínica Cirúrgica
II, incentivado pelo entusiasmo e pela
didática do professor, fui assistir uma
cirurgia de hidrocefalia. A técnica elegante do cirurgião, a limpeza do campo
operatório e seus movimentos precisos,
despertaram meu interesse por essa
especialidade que eu jamais havia pensado em exercer. Assim como eu, toda
uma nova geração de neurocirurgiões
do Rio Grande do Norte teve como
inspiração inicial o Professor José Luciano Gonçalves de Araújo.
Em 1971, Luciano Araújo concluiu
o curso de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN). Enquanto estudante, foi
monitor de Anatomia e produziu inúmeras peças anatômicas de qualidade e
beleza reservadas apenas àqueles com
grande habilidade cirúrgica. Nesse período, foi oficial do Exército Brasileiro,
posição que sempre exibiu com orgulho e sem ambiguidade, mesmo que tenha sido em uma época difícil da nossa
história política.
Em 1972, ingressou na Residência de
Neurocirurgia do Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro, sob a
orientação do Professor José Ribe Portugal. De volta ao Rio Grande do Norte
em 1975, estabeleceu uma parceria sólida e duradoura com o pioneiro Luiz
Gonzaga Bulhões, seu grande incentivador, dando início à era moderna da
Neurocirurgia no estado. Passaram a resolver localmente casos neurocirúrgicos
complexos como cirurgia de tumores cerebrais, aneurisma etc. No ano seguinte,
ingressou como professor da Faculdade de
Medicina da UFRN, atividade à qual se
dedicou com paixão por quatro décadas,
sendo interrompida apenas pela aposentadoria compulsória, aos 70 anos.
Divulgação
08/10/1944
29/02/2016
Sempre muito interessado pela Neurotraumatologia em razão da sua atividade como plantonista da urgência,
contribuiu decisivamente para desenvolver a disciplina no nosso estado como
diretor do Hospital Walfredo Gurgel
por três governos sucessivos, a partir de
1992, e iniciando seu processo de ampliação. Em uma época de turbulência
política e muitas greves, o diretor do
hospital de urgência agiu com firmeza
e muita coragem garantindo o sucesso
da sua administração, que ficou para a
história como uma das mais eficientes.
Em 1999, ele fundou a Sociedade
de Neurocirurgia do Rio Grande do
Norte, ao lado do Dr. Luiz Gonzaga
Bulhões, Afrânio Cassimiro, Mário
Jamal, Eduardo Ernesto, Marcio Ramalho, Hebert Dore, Zeigler Fernandes e Fernando Cunha. Nesse mesmo
ano, como presidente da Sociedade
Nordestina de Neurocirurgia, que ajudou a fundar em 1984, organizou seu
oitavo Congresso. Solidário e aberto a
novos conhecimentos, apoiou e ajudou
a implantar o serviço de Neurocirurgia
Endovascular de Natal, um dos primeiros centros a oferecer essa nova técnica
pelo Sistema Único de Saúde, ao lado
de Porto Alegre, Curitiba e Fortaleza.
Com a generosidade de dedicar seu
tempo à organização de eventos científicos, trouxe ainda, para a nossa cidade,
o Curso Latino-Americano de Neurocirurgia Pediátrica em 2007, o 2º Simpósio
Internacional de Neurotraumatologia da
SBN e, em 2011, o 14º Congresso da
Academia Brasileira de Neurocirurgia,
que contou com 42 convidados estrangeiros. Ainda, Luciano Araújo foi presidente da Academia Brasileira de Neurocirurgia no biênio de 2009 a 2011.
Em 2008, foi criada a Clineuro, uma
sociedade entre colegas com o objetivo de
ampliar o mercado de trabalho e melhorar
o nosso nível salarial. Esse movimento foi
bravamente liderado pelo Prof. Luciano
Araújo, enfrentando enormes pressões
e ameaças. Depois de muitas batalhas,
inclusive jurídicas, o resultado final foi
uma melhora significativa da remuneração de todos os jovens neurocirurgiões
do estado, incluindo Natal e Mossoró. O
plantão de neurocirurgia aqui no estado
passou a ser o mais bem remunerado de
todo o país. Nos últimos dois anos, essas
conquistas estão sendo ameaçadas por
atitudes oportunistas de outas equipes de
qualquer parte do Brasil.
Neste momento difícil para a comunidade neurocirúrgica do Rio Grande
do Norte, Luciano Araújo e sua forte liderança nos deixou órfãos. Ele partiu na
manhã da segunda feira, 29 de fevereiro
de 2016 depois de travar uma batalha
de 18 meses contra um câncer. Ficará na
lembrança e no coração dos inúmeros
pacientes que ajudou a viver ou a aliviar
o sofrimento, dos seus colegas que o admiraram, dos seus amigos, da sua família, em especial da sua esposa Maria das
Graças, dos seus filhos Mauro e Cristiana que o amaram muito e dos seus netos
Valentina e Lucca, a quem teve a imensa
alegria de conhecer.
Por Dr. Eduardo Ernesto Pelinca da Costa
SBN Hoje
9
ENTREVISTA
A ÍNTIMA RELAÇÃO ENTRE A
NEUROCIÊNCIA
E A NEUROCIRURGIA
A Neurociência gera à Neurocirurgia um entendimento mais detalhado e global do cérebro, de como ele funciona e como os processos neurofisiológicos se dão. Nesse contexto, cientistas brasileiros contribuem – e muito – para a consolidação dessa área
Por Carol Herling
S
e a Neurociência brasileira é, hoje,
reconhecida internacionalmente,
grande parte se deve aos trabalhos
e estudos do Dr. Miguel Nicolelis.
Graças aos trabalhos desenvolvidos
junto à Duke University, nos Estados
Unidos, e no Instituto Internacional
de Neurociências Edmond e Lily Safra, em Natal (RN), muito se sabe sobre a fisiologia de órgãos e sistemas e,
também, sobre as interfaces cérebro-máquina.
Considerado um dos 20 maiores
cientistas do planeta no começo da
década passada pela revista Scientific
SBN Hoje
10
American, o Dr. Nicolelis falou com
exclusividade à SBN Hoje. Confira o
que ele contou sobre as descobertas
neste campo, as novas possibilidades
de tratamento para o Parkinson e sobre a Neurociência brasileira.
SBN Hoje: Como a Neurociência contribui
para a área de Neurocirurgia?
Miguel Nicolelis: Trata-se de uma relação que está ficando cada vez mais
íntima. Com isso, ela oferece a oportunidade para entendermos melhor
como é o processo e quando esses
processos fisiológicos sofrem algum
dano e geram estados patológicos do
sistema nervoso. Mais recentemente, com a área da Neuroengenharia,
que é uma área muito recente (não
tem mais do que duas décadas), ela
passou a gerar potenciais alternativas
de terapias, que vão ser implementadas em um futuro muito próximo
na Neurocirurgia e as novas gerações
vão trabalhar intimamente com essa
tecnologia.
SBN Hoje: Quais os aspectos mais importantes que a Neurociência tem tratado
atualmente?
SBN Hoje: Quais os avanços já obtidos em
relação ao estudo sobre o Parkinson?
MN: Nós publicamos um trabalho em
2009, na Scientific, com roedores e,
no final de 2014, tivemos outro publicado pelo nosso grupo em Natal
Divulgação
MN: Nesses últimos anos, a área
que trata dos circuitos neurais tem
se transformado no carro-chefe da
Neurociência moderna. Então, a ênfase em entender como populações
de neurônios interagem e como essa
ideologia de circuitos pode nos ajudar a criar novas terapias para doenças
neurológicas têm sido o foco central
nos últimos anos.
SBN Hoje: Quais descobertas atuais trouxeram vantagens à sociedade como um
todo?
MN: Estamos em uma nova era de
potenciais terapias para a Neurologia
e também na Neurocirurgia. Com o
advento de novos implantes e novas
cenas de estimulação elétrica do sistema nervoso, estamos descobrindo
a possibilidade de interferir nos sintomas de doenças como o Parkinson e a epilepsia. E agora, no nosso
caso em particular, com as interfaces
cérebro-máquina, há a possibilidade
de restaurar funções neurológicas em
pacientes com várias lesões ou outros
distúrbios motores neurológicos.
SBN Hoje: Em nível internacional, quais são
as pesquisas de que você participou nos
últimos anos e de quais tem participado
atualmente?
MN: Trabalho na Duke University
há 24 anos, e nosso laboratório tem
basicamente se envolvido em vários
projetos internacionais. Recentemente, colaboramos com colegas de
25 países no projeto Andar de Novo,
que resultou não só na demonstração feita na Copa em 2014, mas
também em trabalhos submetidos
para a publicação na qual mostramos que o uso crônico das interfaces
cérebro-máquina por pacientes com
lesão medular leva a uma recuperação
parcial. Também estamos envolvidos
no estudo da nova terapia da doença
de Parkinson, que nós introduzimos
há alguns anos. Agora, tenho trabalhado com uma série de laboratórios
americanos em um novo projeto que
estuda se a epilepsia está relacionada
com alguns dos sintomas característicos de autismo.
(RN) em macacos e saguis, mostrando o mesmo efeito – que a estimulação elétrica da medula espinhal
produzia um alívio significativo dos
sintomas cardinais e basicamente, do
que eles chamam de freezing da locomoção, que é típico de alguns casos
de Parkinson. Desde então, em paralelo, grupos de todo mundo têm testado a técnica. Existem mais ou menos 50 casos ao redor do mundo, nos
quais a nossa técnica foi utilizada e
funcionou. Queremos agora ampliar
esses estudos clínicos para categoricamente testar a efetividade da técnica. Ela é menos invasiva que outras
técnicas cirúrgicas (como a estimulação profunda), feita em um período
muito curto de cirurgia, com riscos
colaterais muito pequenos e muito
mais acessível em termos de custo.
Acreditamos que ela possa se tornar
uma opção viável clinicamente nos
próximos anos.
SBN Hoje: E aqui no Brasil, quais foram os
avanços?
Os circuitos neurais
têm se transformado
no carro-chefe
da Neurociência
moderna. Entender
como populações de
neurônios interagem
e como essa
ideologia de circuitos
pode nos ajudar a
criar novas terapias”
Dr. Miguel Nicolelis
MN: No Brasil, temos os projetos do
Instituto Internacional de Neurociências Edmond e Lily Safra (em Natal/RN) e a continuidade do projeto
Andar de Novo, com um laboratório
em São Paulo. Nós estamos ampliando o número de pacientes do Andar
de Novo e continuamos trabalhando
com o nosso protocolo de reabilitação. Também estamos comunicando
agora, pela primeira vez nessa área
que, ao longo dos dois anos que
nossos pacientes interagiram com o
nosso exoesqueleto e com os outros
componentes do protocolo de treinamento, nós começamos a observar que eles começaram a recuperar
controles voluntários motores de
músculos ópticos da visão medular,
e também recuperaram sensibilidades táteis e viscerais abaixo da lesão.
O protocolo nos trouxe resultados
não esperados, totalmente novos na
área, mostrando a eficiência do uso
da interface cérebro-máquina com
os pacientes.
SBN Hoje
11
DEPARTAMENTOS
EM BUSCA DA INTEGRAÇÃO DO DEPARTAMENTO DE
BASE DE CRÂNIO
“
Chegando ao final de sua gestão, coordenador faz um balanço do seu período no
cargo e aponta os desafios que serão enfrentados por seu sucessor
Por Carol Herling
I
SBN Hoje
12
Para mudar essa realidade, o Dr. Jorge
estabeleceu como objetivo principal do departamento cooptar os associados, principalmente para a área mais básica da cirurgia
de base de crânio, para que os profissionais
interessados possam dispor desse precioso
tempo de formação. Pode parecer simples,
mas ele esbarrou na necessidade de mudar
a cultura do departamento, que entendia
a participação nos eventos da SBN como
única prioridade. “Agora, trabalhamos ‘de
uma forma maior’, coletando os dados
dos principais neurocirurgiões que atuam
na base de crânio”, diz. Esse cadastro, segundo o Dr. Jorge, será fundamental para
estimular as atividades. “Durante anos
fomos um departamento muito fechado.
Queremos trazer o neurocirurgião geral
para as áreas que são mais básicas, e assim
desenvolver as áreas avançadas, que sempre
foram o nosso foco”, conta.
Fazendo uma análise do período frente
à Coordenação, o Dr. Jorge Luiz considera a sua atuação um “Pontapé para as próximas gestões”, já que teve que partir “do
zero” para engajar os associados. “Queremos criar um espaço para a discussão
de casos clínicos via departamento. Para
isso, precisamos ter acesso aos casos de
profissionais de todo o país, para então
compartilhar o conhecimento e promover os debates”, esclarece. Outra frente de
trabalho, que também deverá ser continuada pelas próximas gestões, é a difusão
da Microneuroanatomia em cursos básicos e a realização de eventos paralelos.
“Temos cursos básicos e avançados, que
podem ser aproveitados por todos. É importante a realização de eventos paralelos
além do Congresso, como o que fizemos
no Rio de Janeiro em 2015”, afirma.
“É preciso dispor de um
tempo pós-formação para
desenvolver as cirurgias
complexas de base de
crânio. Não dá para sair
direto da residência e atuar nesse campo. Por isso,
o nosso objetivo principal
é trazer as pessoas do
geral, e deixar o desenvolvimento da área avançar.
Assim, todos poderão
dispor desse tempo de
formação”
Dr. Jorge Luiz Amorim Corrêa
Divulgação
nfluenciado pelo Dr. José Alberto
Landeiro – com quem começou a
trabalhar com a base de crânio em um
laboratório de microcirurgia do Hospital da Força Aérea do Galeão (HFAG)
–, o Dr. Jorge Luiz Amorim Corrêa associou-se à SBN em 2003. Ao ingressar
no Departamento Base de Crânio, foi
eleito secretário. Hoje, como atual coordenador, encarou a difícil missão de
aproximar o Departamento dos membros da Sociedade.
Para ter sucesso na empreitada, o Dr.
Jorge Luiz entendeu rapidamente que,
para ser bem-sucedido, precisaria reestruturar a dinâmica do departamento.
O primeiro passo: fazer um cadastro
próprio, a exemplo de outros departamentos, como o de Coluna. “Para se
ter uma noção, não havia cadastro de
informática. Então, comecei um cadastro paralelo, em que eu mesmo buscava as pessoas dentro da SBN. Parece
complicado, mas é recompensador”,
afirma. Conforme avançava na missão,
ele também sentiu que precisava chamar o neurocirurgião geral para a base
de crânio “mais pesada”, como costuma
dizer. “Há uma distância muito grande
entre a atuação do dia a dia e a cirurgia
mais complexa de base de crânio. Essa
distância é o tempo de formação”, explica. Para o neurocirurgião que está na
prática geral, segundo o Dr. Jorge Luiz,
não há uma remuneração diferenciada,
nem muitos benefícios. “Você fica 12,
13 horas em uma cirurgia para ganhar
igual a quem opera um tumor cerebral
de 2 horas. Então, é preciso ter tempo
de formação longo, e investir nela – que
não é feita de graça”, explica.
ALÉM DA NEUROCIRURGIA
BRISAS POÉTICAS
NA NEUROCIRURGIA
Neurocirurgião, o Dr. Fernando Guedes resgata seu espírito de poeta e lança o livro Se o vento diz
Por Bruno Bernardino
M
que preenchem o livro, lançado no
dia 18 de novembro de 2015, pela
editora Imprimatur.
O livro de poesias
Se o vento diz gira em torno de
quatro pilares principais: o relacionamento pessoal, o tempo, o sagrado e
a solidão. Os poemas se desenrolam
ao longo das páginas, envolvendo o
leitor e fazendo-o se questionar sobre diferentes aspectos da vida – e
não seria esse o papel da poesia? Dr.
Guedes tem um estilo bem definido,
como se não houvesse parado de escrever em momento algum ao longo
de sua vida. O poeta dentro de si
nunca morreu, apenas esperava para
ser liberto.
O neurocirurgião diz que, agora,
jamais irá parar, mantendo a escrita
como um fator importante para sua
sanidade. “Após o lançamento do livro, uma aluna me informou que ela
e outros estudantes realizariam um
sarau literário, com a participação
de diferentes residentes lendo seus
poemas e que eu seria a figura principal do evento. Ela me contou que
a publicação do meu livro foi o estopim para a ideia do evento, o que me
deixou muito feliz”, admira-se o Dr.
Guedes, orgulhoso. “Achei isso espetacular, até porque, acredito que há
uma enorme necessidade da poesia no
mundo de hoje, principalmente para
os médicos. Nós temos uma formação
muito técnica e vivemos a Medicina
quase 24h por dia. A poesia é, portanto, crucial, e uma forma de quebrar
um pouco isso, humanizando-nos”.
Francisco José Junior
embro do Conselho Deliberativo da Sociedade Brasileira de
Neurocirurgia (SBN), chefe da Divisão de Neurocirurgia do Hospital
Universitário Gaffrée e Guinle e professor de Neurocirurgia e Anatomia
Humana da Universidade Federal
do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), o Dr. José Fernando Guedes é
(e sempre foi) um poeta. Isso porque,
ainda muito jovem, ele colecionava
diversos cadernos onde escrevia suas
poesias e participava de todos os concursos de redação que podia, ainda
na época do colégio. Mais tarde, já
adolescente, o Dr. Guedes participou
de uma banda de rock com colegas da
escola, quando teve oportunidade de
musicar seus versos. Desses tempos,
ele se lembra com carinho dos festivais de música dos quais participou
com a banda. Foram os tempos de juventude que lhe “parecem pequenos
pássaros/Abatidos um a um”, como
escreve em A caçada.
Depois disso, em 1974, aos 19
anos, o Dr. Guedes entrou para a faculdade de Medicina, já almejando
a Neurocirurgia. Trancou dentro de
si o poeta promissor, dedicando-se
exclusivamente aos estudos e escrevendo apenas livros com a temática
médica. Muitos anos se passaram até
que a poesia soprasse novamente em
seu coração, desejando ser ouvida e
tomar forma no papel. Há cerca de
três anos, em 2013, o neurocirurgião
iniciou a escrita do livro Se o vento
diz, aproveitando os raros tempos
livres para isolar-se em sua casa ou
em cafés, e escrever à mão as poesias
Dr. José Fernando Guedes
SERVIÇO:
Se o vento diz
Disponível on-line ou nas
livrarias, por R$29.
SBN Hoje
13
CAPA
SBN Hoje
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Evitar erros médicos
E PROCESSOS
SÓ DEPENDE DE VOCÊ
Adotar uma postura de transparência com os pacientes é a melhor forma de evitar problemas
Por Carol Herling
L
evante a mão quem nunca ouviu falar da expressão erro médico. Se você sente um arrepio na
espinha só de pensar na situação,
saiba que o medo não é infundado.
Pelo contrário: quando há descuido, por mínimo que seja, a história pode acabar na Justiça. Para se
ter uma ideia, entre 2010 e 2014,
o número de processos movidos
por erro médico que chegaram ao
Superior Tribunal de Justiça (STJ)
cresceu 140%. Segundo o STJ, 260
médico” (com advogados de prontidão nos hospitais à caça de eventuais
processos), cerca de 9,2% dos profissionais são processados por ano. No
Brasil, esse número está em 6,9%. Segundo o neurocirurgião e advogado
Cid Carvalhaes, a maioria é acionada
em processos de natureza indenizatória, com pleitos que podem chegar a R$3,4 milhões (mas existe, no
entanto, a proporcionalidade entre
a indenização e o dano, e os valores
pagos aos pacientes estão, de acordo
O número excessivo de faculdades faz com que os
médicos cheguem ao mercado com um curriculum
mínimo. E isso é prejudicial aos pacientes”
Dr. Roberto Gabarra
Divulgação
“
ações deram entrada em 2010; em
2014, esse número saltou para 626
processos. Nesses quatro anos, 625
médicos foram punidos pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) por
agir com imprudência, imperícia ou
negligência, ou seja, as práticas que
caracterizam o erro médico. Ainda,
outros 18 profissionais das mais diversas especialidades tiveram seus
registros cassados.
Nos Estados Unidos, onde existe
uma verdadeira “indústria do erro
SBN Hoje
15
CAPA
com um levantamento feito pelo escritório Raul Canal Advogados, de
Brasília, entre R$5 mil e R$1,8 milhões). Para o Dr. Carvalhaes, o grande volume de questionamentos é decorrente dos aspectos mais ou menos
relevantes do exercício profissional. E
a grande questão é o que pode ou não
ser classificado como erro médico. “É
preciso diferenciar imprudência de
imperícia e de negligência. A imprudência ocorre quando o médico age
contra o que a técnica determina, por
estar despreparado para realizar um
procedimento. Já a imperícia se dá
quando o médico está perfeitamente preparado. E a negligência ocorre
quando um médico simplesmente se
omite”, afirma.
Segundo o Dr. Carvalhaes, existem várias situações que não são
propriamente erros, mas é importante estar atento para corrigir um
eventual desvio de conduta assim
que se der conta. “Se o médico percebe algo errado, ele tem que procurar reparar da forma mais ágil que
puder. Ser plenamente claro com o
paciente ou com seus representantes legais é sempre a melhor saída”,
afirma. Só que alguns médicos também se perdem nesse momento e,
ao prestarem informações a pessoas
não habilitadas, infringem uma das
regras mais preciosas do exercício
da Medicina: o direito do paciente
ao sigilo médico. “Existem muitos
questionamentos e confrontos de
falhas quando o médico presta informações a quem não devia”, explica. Por isso, o melhor é adotar uma
estratégia de prevenção, atendendo
e acolhendo o paciente com clareza
e franqueza – e sem deixar de lado
os princípios bioéticos. “O paciente
deve ser informado de tudo: exames,
diagnósticos e, também, das possibilidades de tratamento disponíveis. Também é preciso falar sobre
eventuais complicações”, lista. Para
o advogado e neurocirurgião Roberto Gabarra, um médico jamais pode
afirmar algo que não sabe. “Já vi colegas serem condenados, sofrendo sérias
sanções. Por isso, sempre digo que, na
SBN Hoje
16
“Se o médico percebe
algo errado, ele tem
que procurar reparar
da forma mais ágil
que puder. Ser
plenamente claro com
o paciente ou com seus
representantes legais é
sempre a melhor saída”
Dr. Cid Carvalhaes
Divulgação
dúvida, é sempre melhor indicar um
profissional que realmente possa resolver o problema do paciente, ou um
serviço que ofereça melhores condições”, defende.
A relação entre os médicos e as
operadoras de planos de saúde, segundo o Dr. Gabarra, também pode
influenciar um erro médico. “Os pacientes e os médicos têm direitos na
esfera do consumerismo, e nem sempre esses direitos são respeitados pelos planos de saúde”, aponta. Para o
Dr. Gabarra, a atuação dos auditores
também pode fazer a diferença – no
mau sentido – na relação médico-paciente: priorizando a economia
de custos para o plano, muitas vezes
requisições de exames e procedimentos importantes não são autorizados.
“Antes, a Medicina era uma carreira por vocação. Depois, começou a
ser explorada pelos médicos e pelos
planos. E, hoje, os planos exploram
ao máximo”, lamenta. Além dos
problemas na qualidade do serviço
prestado – e, consequentemente, nas
condições de trabalho oferecidas aos
médicos-, a má formação dos novos
profissionais também é motivo de
Entendendo o e
rro médico e
lidando com as
complicações
Erro médico é o da
no provocado no pa
ciente pela ação ou
ção do médico, no
inaexercício da profiss
ão
, e sem a intençã
cometê-lo. Há três
o
de
possibilidades de
suscitar o dano e
çar o erro: imprud
alcanência, imperícia e
negligência.
A negligência, cons
iste em não fazer
o que deveria ser
a imprudência cons
feito. Já
iste em fazer o qu
e não deveria ser
a imperícia em fa
feito. E
zer mal o que deve
ria ser bem-feito.
A negligência ocor
re quase sempre
por omissão. É di
ráter omissivo, en
ta de caquanto a imprudên
cia e a imperícia oc
por comissão.
orrem
O mal provocado
pelo médico no ex
ercício da sua pr
quando involuntár
ofissão,
io, é considerado
culposo, já que nã
intenção de comet
o
houve a
ê-lo. Caso haja qu
alquer complicaçã
as previstas e as
o
– entre
inesperadas –, o
médico deve sem
presente, com re
pr
e estar
sponsabilidade, to
lerância e paciênc
agir como um cúm
ia, para
plice da situação.
Fontes: Conselh
o Federal de Me
dicina e Dr. Cid
Carvalhaes
preocupação para o Dr. Gabarra.
“O número excessivo de faculdades
faz com que os médicos cheguem ao
mercado com um curriculum mínimo. E isso é prejudicial aos pacientes”, diz.
Por “curriculum mínimo”, entende-se que o médico termina a residência com um número pequeno
de cirurgias realizadas e com pouca prática após passar por poucos
preceptores – o mínimo, segundo
o Dr. Gabarra, são cinco. Ele também entende que faltam locais que
absorvam os novos médicos para a
residência. “Com a crise, houve uma
queda no número de hospitais, clínicas e cirurgias realizadas. E os hospitais credenciados muitas vezes não
têm condições de oferecer programas
de residência, e isso faz com que o
serviço decaia bastante”, comenta.
Apesar de bem realista quanto às
perspectivas da área médica quando
os erros estão em pauta, ele acredita que evitar problemas é bem simples. “Toda profissão que lida com
pessoas requer bom senso e ética. E,
para chegarmos a um bom nível, é
necessário investir no bom relacionamento entre o médico e o paciente, sem esconder, mentir ou forjar
situações”, conclui.
SBN Hoje
17
EM FOCO
BRASIL É PAÍS REFERÊNCIA
“
NA NEUROCIRURGIA MUNDIAL
Como primeiro brasileiro e latino-americano vice-presidente da Federação Mundial de
Neurocirurgia, Dr. Hildo Rocha Cirne de Azevedo traz destaque para o Brasil na área
Por Bruno Bernardino
C
O trabalho na WFNS
Como vice-presidente da federação, o
médico trabalha incansavelmente para
formar cada vez mais neurocirurgiões, com foco nos que vêm de países
com extrema defasagem na área, como
SBN Hoje
18
nações da África – onde 12 países não
possuem um especialista na área. “No
Congo, por exemplo, são 70 milhões
de habitantes para quatro neurocirurgiões. Eu digo sempre que nós brasileiros temos uma dívida crônica a ‘pagar’
aos africanos, que vieram para o nosso
país nas condições mais humilhantes
possíveis e ajudaram-nos a construir a
nossa nação”, enfatiza. “Dessa maneira,
eu tento ajudar esses povos, ao formar
jovens neurocirurgiões que, após o período de treinamento sob minha supervisão, atuarão em seus países de origem”.
Dr. Hildo Azevedo
Divulgação
hefe do Serviço de Neurocirurgia
do Hospital da Restauração, em
Pernambuco, e professor titular da área
na Universidade de Pernambuco (UPE),
o Dr. Hildo Rocha Cirne de Azevedo é
o primeiro brasileiro e latino-americano
a receber o prestigioso título de vice-presidente da Word Federation of Neurosurgical Societies (WFNS) ou Federação
Mundial de Neurocirurgia, em português
– cargo que ocupa até 2017. Anteriormente, entre 2009 e 2013, foi também o
primeiro brasileiro a assumir a Secretaria
Geral da instituição.
O neurocirurgião tem como cerne
de sua profissão a transmissão de seus
conhecimentos. Após seus anos de doutorado no Reino Unido, ele retornou a
sua terra natal, Recife, com a intenção de
transformar a cidade e o Hospital da Restauração em grandes centros de treinamento, referências na Neurocirurgia brasileira. O trabalho começou após o 14th
Interim Meeting of the World Federation of Neurosurgical Societies, realizado
junto ao XV Congresso de Atualização
da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia.
Na ocasião, em 2011, mais de 80 países,
representados pelos 1.100 neurocirurgiões presentes, assistiram à assinatura e
oficialização do convênio entre o governo
de Pernambuco e a WFNS. Isso tornou o
Hospital da Restauração uma referência
na Neurocirurgia mundial, sob supervisão constante do Dr. Hildo.
Nós somos seres
fundamentalmente
educadores. Aliás, a
educação é uma dádiva que
deve ser sempre transmitida”
Brasil em foco
Nos últimos anos, consolidado principalmente pelos congressos citados
acima e pela presença do médico como
vice-presidente da maior sociedade de
Neurocirurgia do mundo, o Brasil foi colocado no mapa da Neurocirurgia mundial como um país sério, competente na
área, com programas de treinamento
com credibilidade, fiscalizados de forma
profissional pela Sociedade Brasileira de
Neurocirurgia (SBN). Segundo o Dr.
Hildo, sua presença na WFNS é como
uma confirmação da seriedade do Brasil
A World Federation of Neurosurgical
Societies é o órgão ligado à OMS, com
sede em Genebra, que representa os
40 MIL
NEUROCIRURGIÕES
distribuídos pelo mundo e que
regula o funcionamento e ensino da
Neurocirurgia nos cinco continentes
na área. “Como uma bandeira que nós
brasileiros fincamos para dizer que aqui
existe um país sério, que pratica uma
Neurocirurgia meritória”, enfatiza.
Mensagem aos jovens
neurocirurgiões
Quando questionado sobre o porquê
de sua motivação em formar novos neurocirurgiões, o Dr. Hildo é categórico
em sua resposta: “Nós somos seres fundamentalmente educadores. Aliás, a educação é uma dádiva que deve ser sempre
transmitida. Eu entrei na WFNS por causa da minha dedicação ao ensino e acredito que seja esse o papel da instituição,
buscando ser um instrumento de modificação de comportamento da sociedade”.
Ele acrescenta que, quem inicia sua carreira na área, nunca deve abaixar a cabeça
para as dificuldades e, sobretudo, nunca
desistir de sua própria biografia, que é
única e construída diariamente, tijolo por
tijolo. “Aquele que não para de sonhar,
nunca envelhece”, conclui o médico.
PÁGINA DO RESIDENTE
CURSOS ON-LINE:
MAIS FERRAMENTAS PARA GARANTIR A
EDUCAÇÃO CONTINUADA
No mundo digital, universidades e sociedades de Neurocirurgia oferecem conteúdo médico com embasamento acadêmico
e auxiliam residentes em sua incansável busca por conhecimento
Por Bruno Bernardino
A
internet tornou-se uma importante ferramenta para o acesso ao
conhecimento. Com isso, os residentes
que desejam uma plataforma de ensino
diferente encontram, no vasto universo
digital, uma verdadeira enciclopédia,
inclusive de Neurocirurgia. São inúmeros os sites que possuem informações
de credibilidade, com conteúdo acadêmico de qualidade. Com um clique, o
residente tem acesso a conhecimento
teórico, que complementa sua formação como médico, com a vantagem de
não precisar se deslocar até uma universidade, o que deixa a rotina mais
flexível. De forma alguma, porém, os
cursos e aulas on-line substituem o
conhecimento prático, que é imprescindível para o médico e futuro neurocirurgião. Afinal, a prática necessária
à beira do leito ou no campo cirúrgico
não se perderá jamais.
Segundo o Dr. Marcos Devanir da
Costa, que foi residente do Serviço de
Neurocirurgia da Escola Paulista de Medicina, os cursos on-line encontrados
expandem o horizonte daquele que estuda, já que atualizam e ensinam. Além
disso, ao acessá-los, é possível saber como
outros neurocirurgiões abordam um
tema de interesse específico. “Se você
deseja saber algo sobre, por exemplo, os
meningiomas parassagitais, é possível saber como o tema é abordado não só na
Escola Paulista de Medicina – Unifesp-,
mas também na University of California
(UCLA), em Stanford, ou em diferentes
outros sites acadêmicos. Essa pluralidade
de fontes é enriquecedora”, pontua.
Abaixo, listamos opções de cursos on-line:
Fontes nacionais
• Site de Neurocirurgia da Escola Paulista de Medicina-Unifesp – Publica dois vídeos de 30 minutos de duração, semanalmente, com diversos temas da área. Acesse:
<www.neurocirurgiaepm.com.br/principal.html>
• Site da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN)
– Possui acervo digital de diversas aulas e vídeos de cirurgias. Acesse: <http://sbn.org.br>
Fontes internacionais
• Site da American Association of Neurological Surgeons
– São postados vídeos de cirurgias e discussões de temas,
intituladas Grand Rounds. A sociedade desenvolveu um
aplicativo, disponível para download, que torna possível
assistir aos vídeos no smartphone ou tablet.
Baixe o aplicativo em <www.neurosurgicalatlas.com/
grand-rounds/aans?/aans>
Acesse o site da AANS em <www.aans.org>
• Cure4Kids – Em tradução livre, o projeto Cura para crianças é uma iniciativa do St. Jude Children’s Research Hospital.
Interessante fonte de conteúdo sobre Neurocirurgia, com
foco na área pediátrica, o Cure4Kids disponibiliza
aulas sobre temas em Pediatria, inclusive: Neuro-Oncologia e Neurocirurgia Pediátricas. Acesse:
<www.cure4kids.org>.
• University of California (UCLA) – a universidade
disponibiliza no iTunes (reprodutor de áudio criado
pela empresa Apple) um serviço intitulado “100 subjects in Neurosurgery”, com 100 podcasts (como são
chamados os rádios on-line) nos quais são discutidos
diversos temas interessantes da área. Acesse: <https://itunes.
apple.com/us/itunes-u/ucla-100-subjects-in-neurosurgery/
id434135906?mt=10>.
• Stanford University – A renomada universidade
mantém on-line um curso que ajuda a formação
médica geral e auxilia o residente a ter uma melhor
interpretação de artigos científicos. A duração é de
cerca de três meses e aprende-se muito sobre estatística no estudo científico. O curso certifica os participantes que o concluírem.
Acesse: <https://lagunita.stanford.edu/courses/Medicine/
HRP258/Statistics_in_Medicine/about>.
SBN Hoje
19
OPINIÃO
COMISSÃO DE
CREDENCIAMENTO
Por Dr. Roberto Colichio Gabarra
Divulgação
A
Dr. Roberto Colichio Gabarra
Coordenador da Comissão de
Credenciamento da SBN
SBN Hoje
20
Comissão de Credenciamento da
SBN é o instrumento da sociedade para manter o alto nível da residência médica em Neurocirurgia. Além do
cuidado com o conteúdo programático e
da qualidade dos serviços, existe a preocupação de manter certa homogeneidade
entre os serviços. E este cuidado é tanto
que despertou no passado o interesse da
Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) em criar uma parceria com
a SBN no sentido de usar a força legal
da comissão e a organização da sociedade. Antes, a SBN chegava a finalizar serviços mais fracos, mas o MEC acabava
por credenciar outros ainda mais fracos.
Não havia um critério único. Com a
parceria, que durou algum tempo sem
muitas defecções, conseguimos certo
equilíbrio. Claro que houve vieses. Em
uma relação deste tipo, nem sempre se
consegue perfeição. Mesmo na crise de
relacionamento com as instituições médicas - tipo Mais Médicos, Mais Residentes e outras escaramuças -, conseguimos
manter a parceria ainda com vantagens.
Não se credenciava serviços sem o nosso
crivo. A SBN tinha os encargos terrestres
e cabia ao MEC o ônus dos voos. Através
do MEC conseguimos fechar serviços, fazer transferências e os chefes conseguiam
também sensibilizar seus gestores a melhorias no serviço. Mas, com o agravamento da crise, agora política e econômica, a CNRM ficou paralisada. Alguns dos
seus membros tentam manter o funcionamento, O Dr. Arsego, atual coordenador
reitera o desejo de manter a parceria. Diz
ainda que a organização da SBN é um
exemplo que deve ser seguido e serve de
modelo para os credenciamentos de outros programas de residência médica. Se
pelo lado da CNRM é interessante manter a parceria, pelo nosso é muito importante que a SBN tenha peso para abrir e
fechar serviços segundo seus próprios critérios rígidos. Assim, com a colaboração
de alguns membros da CNRM, estamos
tentando novas formas de trabalho conjunto: já que o MEC não está pagando
os voos para seus avaliadores, solicitamos
que algum membro da CNRM da cidade que estamos visitando nos acompanhe
na visita e para fazermos o relatório em
conjunto. Nós encaminhamos nosso relatório à SBN e eles colocam no sistema
do MEC. Porém, alguns avaliadores do
MEC se recusam a visitar serviços da própria cidade. Agora estamos propondo que
façamos nossa visita e, por meio de um
membro da CNRM, coloquemos nosso
parecer final no sistema da comissão. Se
for aceita essa nova forma de trabalhar,
continuaremos nossa parceria e ainda teremos a palavra final no credenciamento
do serviço. Este esquema está sendo discutido com a coordenadoria da CNRM
e, se aceito, poderemos visitar cerca de 40
serviços até o congresso em setembro.
PRÓDOC
OS PRIMEIROS PASSOS PARA UM
CONTROLE FINANCEIRO EFICIENTE
Por Eduardo Regonha*
D
iante do progresso tecnológico, do
mercado mais competitivo, das reivindicações por serviços de alta qualidade
a um preço menor (imposto pelas operadoras de saúde), dos maiores custos dos
equipamentos e insumos e da exigência
dos pacientes (motivados pela publicidade) para a aquisição de novas tecnologias,
os controles financeiros tornam-se uma
etapa inquestionável na gestão das empresas de saúde.
Podemos destacar ainda a remuneração
dos serviços prestados pelos consultórios,
clínicas e hospitais, que em sua grande
maioria vêm das operadoras de saúde, que
efetuam os pagamentos com prazos dilatados, muitas vezes superiores a 30 dias e
invariavelmente acompanhados por glosas. As margens de lucro dos prestadores
de serviços são cada vez menores e há a
necessidade de investimentos, atualização
tecnológica e implantação de processos de
qualidade, impulsionando os custos mais
para o alto. Sem uma gestão financeira que
propicie informações rápidas e confiáveis,
fica mais difícil competir nesse ambiente.
Todavia, antes de avançarmos nas discussões do uso das ferramentas de gestão
financeira, quero chamar a atenção para
alguns aspectos relevantes. O proprietário
ou sócio deve entender que a clínica é uma
instituição jurídica e deve ser dissociada da
pessoa física. Caso contrário, dificilmente
teremos condições de saber o resultado da
empresa e/ou os gastos do proprietário.
Portanto, para não confundir os bens
pessoais com os da empresa, as primeiras
regras são separar as receitas e despesas da
instituição das do proprietário e ter uma
conta bancária para a empresa totalmente independente da conta dos sócios. Recomendo também que os sócios definam
o valor que receberão sobre os serviços
prestados (consultas, exames, procedimentos, cirurgias, indicações etc.). Em
geral, define-se um percentual sobre o
valor recebido como repasse para o profissional médico. Esta percentagem pode
variar dependendo dos custos da clínica e
do tipo de serviço executado. É importante que se decida ainda o percentual do lucro a ser distribuído (a sugestão é que uma
parte seja destinada a reservas para investimentos e para contingências, e outra parte
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e consultórios
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distribuída entre os médicos, conforme a
participação societária de cada um).
Logo, o sócio tem a sua remuneração
de dois modos: recebe um valor pela sua
produção efetiva e também pela participação acionária. Dessa forma, cada sócio
tem a sua retirada composta pela atividade médica (produção) ou administrativa
e também pelo retorno do investimento
efetuado na instituição (lucro). Ou seja,
o capital do sócio investido na instituição
deve gerar retorno e deve crescer, como
uma aplicação no mercado financeiro.
Outro ponto importante a ser destacado é a coleta dos dados. A princípio,
haverá muitas dificuldades, mas não se
pode esmorecer. É importante definir criteriosamente uma sistemática de registros
de todas as entradas (recebimentos) e saídas (pagamentos). Nada pode escapar aos
controles, até mesmo aqueles que não são
registrados contabilmente, lembrando-se
sempre de que as informações são de caráter gerencial, ou seja, para controle interno, para o gerenciamento das atividades
e para as tomadas de decisão dos sócios.
Com o tempo, cria-se uma rotina e esse
processo passa a ser automático. A instituição, por sua vez, começa a ter o hábito de
anotar e cria uma base histórica que possibilita diversas análises que ajudarão ainda
a desenvolver previsões com o objetivo de
atenuar os riscos no futuro.
Pois bem, após esses esclarecimentos, estamos preparados para começar a abordar
as ferramentas de controle financeiro. Na
próxima edição, falarei sobre o instrumento que considero o mais básico, todavia o
mais importante: o fluxo de caixa. Até lá.
*Eduardo Regonha é diretor executivo da
Planis Consultoria; doutor em Ciências –
Custos em Oftalmologia; professor do Centro
Universitário São Camilo e da Fundação
Unimed.
SBN Hoje
21
DICAS DE VIAGENS
Onde?
Centro de Congressos do Estoril
Av. Amaral, 2765-192, Estoril, Portugal
Quando?
De 11 a 14 de maio de 2016
Serviço: <www.neuroiberia2016.pt>
O bilhete único, de Lisboa até Estoril,
custa €2.15/€1.10 (adulto/criança,
respectivamente) e o regresso custa o
dobro do preço, €4.30.
Você sabia?
O filme A Serviço Secreto de Sua Majestade,
da famosa série James Bond, lançado em
1969, tem cenas gravadas em Estoril.
Nele, os espectadores podem espiar a
belíssima costa de Estoril e também ver
o seu cassino, símbolo da localidade já
naquela época.
ESTORIL:
NATURALMENTE BELA, VILA SEDIA
EVENTO DE NEUROCIRURGIA
Por Bruno Bernardino
E
storil é uma luminosa vila portuguesa, à beira de Lisboa. Tranquila,
sofisticada, cosmopolita e encantadora,
Estoril tem a impressionante marca de
possuir 260 dias de sol por ano, algo que
pode ser apreciado de suas praias calmas e
sem ondas. É famosa por possuir o maior
cassino da Europa, o Casino Estoril, cujo
letreiro vermelho e brilhante chama os
transeuntes e turistas que passam para
seu mundo de sonhos, um dos maiores
espaços de lazer e animação da região,
mas também um espaço dedicado à cultura e realização de eventos, conferências
e congressos. Para além do cassino, Estoril fascina por suas paisagens de vila elegante, apinhada de palacetes e bares. São
tantas opções de lazer, que é difícil um
visitante se aborrecer estando lá.
Além disso, é impossível pensar em
Estoril como uma localidade só. Sintra, Oeiras e Cascais, outras excelentes opções de passeios, ficam logo ali.
É possível conhecer castelos, fortes e
palácios pela região, ter com os amigos
no Cabo do Roca, conhecido por ser o
SBN Hoje
22
ponto mais ocidental da Europa, ou ver
a força com que ondas ricocheteiam na
pedra que é conhecida como Boca do
Inferno, em Cascais.
Neuroiberia 2016 em Estoril
Entre os dias 11 e 14 de maio, acontecerá o Congresso Internacional de
Neurocirurgia, também chamado de
Neuroiberia 2016. Uma parceria entre
a Sociedade Portuguesa de Neurocirurgia (SPNC) e Sociedade Espanhola de
Neurocirurgia (Senec). Segundo o Dr.
Carlos Varas Luis, presidente do congresso, o evento pretende apresentar os
principais avanços na área - da prática
clínica à investigação -, tecnologia e
inovação para um programa científico
de nível superior. As inscrições estão
abertas até o dia 31 de março.
Como chegar?
Com localização privilegiada, chega-se rapidamente de Lisboa, metrópole
símbolo de Portugal, que fica a 20km
de Estoril. As opções de transporte são
o trem (que por lá é conhecido como
comboio), ônibus (o autocarro), guia
turístico, ou dirigindo um carro alugado (embora essa não seja uma boa
opção, devido ao trânsito de Portugal).
Se escolher o meio ferroviário, pegue o
comboio no sentido Estoril, na estação
Cais do Sodré, em Lisboa. Se optar
pelo táxi, de Lisboa a Estoril, o preço
fica entre €40-50.
EVENTOS
O Dr. José Alberto Landeiro, ex-presidente da
SBN no biênio 2004-06 e presidente de honra do
congresso, será homenageado por seu legado de
inúmeras contribuições para o desenvolvimento
da Neurocirurgia carioca e formação de novas gerações de neurocirurgiões.
XIV Congresso da Sociedade de
Neurocirurgia do Rio de Janeiro
30 de junho a 2 de julho
de 2016
Rio de Janeiro (RJ)
<www.sncrj.com.br/congresso>
XXXI CBN Kunio Suzuki
(XXXI Congresso Brasileiro de
Neurocirurgia)
6 a 10 de setembro
de 2016
Brasília (DF)
<www.neurocirurgia2016.com.br>
CALENDÁRIO SBN
Neuroiberia 2016 - Congresso
Internacional de Neurocirurgia
11 a 14 de maio de 2016 - Estoril, Portugal
<www.neuroiberia2016.pt>
Encontro Paranaense de
Neurocirurgiões 2016
20 e 21 de maio - Maringá (PR)
<www.sonepar.org.br>
WFSBS 2016 – 7th International Congress of
the World Federation of Skull Base Societies
14 a 17 de junho de 2016 - Osaka, Japão
<www.skullbase2016.jp>
XIV Congresso da Sociedade de
Neurocirurgia do Rio de Janeiro
30 de junho a 02 de julho - Rio de Janeiro (RJ)
<www.sncrj.com.br/congresso>
SBN Hoje
23
6 a 10 de setembro de 2016
centro internacional de convenções do brasil / cicb / brasília / df
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congresso da especialidade no mundo! inscreva-se
até 30 DE ABRIL e aproveite os PREÇOS promocionais
Submissão de trabalhos até o dia 30 de abril
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