BQ_259 - Banas Metrologia e Instrumentação
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BQ_259 - Banas Metrologia e Instrumentação
Ano XXIII l Janeiro de 2014 l Edição 259 Thomas Pyzdek "A Empresa Criativa" Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 1 Statistical Software Tomar a decisão correta é fácil quando você reúne dados sobre seus processos e os analisa com o Minitab 16. Ele dispõe de todas as ferramentas de que você precisa, além de ser simples de usar, graças a recursos como o assistente interativo que desenvolvemos para orientá-lo na sua análise. Milhares de empresas em mais de 100 países recorrem ao Minitab 16 para encontrar as respostas de que precisam para transformar o seu negócio. Junte-se a elas. www.minitab.com Minitab Inc. fornece aos clientes no Brasil com vendas, suporte técnico e formação em Português. 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Esses resíduos ocupam um lugar de destaque pois merecem atenção especial em todas as suas fases de manejo, como a segregação, condicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e disposição final 16 Comportamento II Desmistificando a meta em sete passos 31 Meio Ambiente Os erros na SustentabilidadeAmbiental 34 Normalização A segurança dos operadores de guindastes 38 Inside Por dentro da notícia 60 Metrologia A ciência da medição em defesa da sociedade 68 Ponto Crítico Quem é Deming? Juran? Ishikawa? 41 Uma norma para melhor atender os consumidores do comércio eletrônico. No Brasil, o total de vendas chegou a 28 bilhões de reais, com um total de mais de 51 milhões de brasileiros comprando pela internet. Se a adesão às compras virtuais cresceu, o consumidor também começou a cobrar mais e ser mais exigente. E os órgãos regulamentadores estão amparando o consumidor nessa caminhada. Já existe uma norma técnica para melhor atender esses clientes: a NBR ISO 10008 46 Ergonomia: O sofrimento dos trabalhadores em consequência de suas interações com as máquinas e equipamentos. O principal objetivo da ergonomia é desenvolver e aplicar técnicas de adaptação do homem ao seu trabalho e formas eficientes e seguras de o desempenhar visando a ot mização do bem-estar e, consequentemente, aumento da produtividade Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 3 Cartas Escreva para o Editor Hayrton do Prado através do Email: [email protected] Recuperação judicial depende da gestão de pessoas Susana Falchi – São Paulo – SP O pedido de recuperação judicial do grupo OGX, realizado recentemente, leva a reflexões sobre como ficam os colaboradores de uma empresa em um processo tão complicado. Notícias na mídia dão conta de que cerca de 60 pessoas foram demitidas durante o mês de outubro, incluindo pessoas da alta diretoria. Grandes companhias já passaram por situações semelhantes e conseguiram se recuperar, em grande parte devido ao engajamento de seus funcionários, justamente quem mais sofre durante todo o processo, que envolve demissões e muito stress.Mas como fazer isso, sem que a empresa perca seu ativo mais valioso: as pessoas? A recuperação judicial foi criada para substituir a antiga concordata e evitar a falência das empresas. As companhias que recorrerem à lei ficam blindadas de cobranças de credores por 180 dias e deverão elaborar um plano para recuperar a empresa. Esse plano precisa ser aprovado pelos credores e executado com sucesso pela companhia para o processo chegar ao fim. A decisão de encerrar a ação é da Justiça. A tarefa de reerguer uma empresa envolve, no mínimo, dois grandes desafios: ganhar a confiança dos credores e conseguir manter a empresa operante. Muitas empresas em crise interrompem as atividades por falta de caixa e crédito para honrar compromissos básicos, como pagar funcionários e comprar matéria prima. Mas, para manter a empresa operante, é preciso que as pessoas continuem atuando e produzindo, possivelmente mais do que antes e com maior produtividade, para que se mantenham os serviços prestados com qualidade e retorno financeiro. A grande pergunta é como fazer em meio a atrasos de salários, demissões e ondas de boatos que percorrem os corredores da empresa? O executivo que conduz o processo precisa mostrar a “luz no fim do túnel” para seus funcionários, ou seja, deixar claro o plano estratégico por detrás de cada decisão. Torna-se necessário, portanto, ter uma boa comunicação interna com seus funcionários. Para que isso seja feito, sem deixar dúvidas dentre as pessoas, a Gestão Interina é a solução ideal. A escolha de um profissional altamente qualificado com a missão clara de recuperar a empresa por um período de dois anos é a forma de manter a parte operacional atuando de forma satisfatória. Encerrado o ciclo, opta-se por um novo Gestor, que comandará a empresa já com novo fôlego. Sem dúvida, podemos afirmar que há grandes desafios na Gestão de Pessoas. O processo de recuperação judicial envolve demissões em vários níveis o que, além da apreensão geral, pode passar pela troca de comando de equipes. É preciso trabalhar com a estrutura mínima para compatibilizar os custos com o momento da reorganização. Não é nem um pouco fácil selecionar quem fica e quem vai ser demitido. O gestor precisa fazer um mapeamento de perfis, faixa salarial e estabelecer uma política que fique clara para seus colaboradores. A manutenção da estrutura mínima impõe uma revisão qualitativa das pessoas que permanecem na operação. Além disso, é preciso redefinir a estrutura organizacional e as melhores pessoas para superar esse ciclo. Outra questão crucial durante o processo de recuperação judicial é que as dificuldades de caixa levam ao parcelamento dos débitos trabalhistas rescisórios. Ainda que se dê em prazos menores do que com os demais credores, isso impacta severamente a vida dos funcionários demitidos. Dentro de todo o processo, a empresa em dificuldade prejudica o clima organizacional e impacta na autoestima individual e das equipes de trabalho. Dessa forma, quem liderar e comandar o processo de recuperação terá que ter a capacidade e as competências para unir e turbinar uma equipe fragilizada, desmotivada e desconfiada. Para isso, a presença de um “líder” novo, isento e externo é a solução, uma vez que o atual gestor perderá a credibilidade perante o pessoal. um constrói o seu futuro por meio das decisões tomadas hoje. Estou na sala de aula porque decidi e determinei que iria aprender a língua japonesa, saber usar corretamente a linguagem formal, informal, ler pelo menos mil “Kanjis” para me comunicar corretamente no Japão. A decisão é importante, é o primeiro passo. Mas precisamos continuar caminhando. A determinação é o que faz você continuar rumo ao objetivo da decisão. Ela é o segundo fator mais importante para o sucesso. Tomar uma decisão é fundamental, mas isso não basta. Frequentar as aulas todos os dias após um dia de trabalho, estudar e fazer as lições de casa todos os dias é cansativo. Dá vontade de desistir. É preciso determinação para continuar frequentando o curso. Determinar é construir o seu castelo, tijolo por tijolo, dia após dia, não durante uma semana, um mês, um ano, mas durante anos. Determinar é persistir, é perseverar um objetivo no longo prazo, para isso é preciso ter paixão, preparo físico e mental. A corrida para o sucesso profissional ou empresarial não é uma corrida de curta distância, não é uma competição de 100 metros. A corrida da vida é sempre uma maratona. Determinação é viver a maratona da vida dia após dia, por anos seguidos sem nunca desistir. Os Ds mais importantes para o sucesso Orlando Oda – São Paulo- SP O terceiro fator mais importante para o sucesso é a dedicação. Para conseguir realizar qualquer coisa é necessário dedicar tempo. Todas as pessoas bem sucedidas, todos os campões mundiais souberam superar as dificuldades, para isso se esforçaram muito treinando, treinando, treinando. Repetiram os exercícios centenas, milhares de vezes para se aperfeiçoarem. Os fatores fundamentais para alcançar o sucesso são: decisão, determinação e dedicação. Os Beatles fizeram aproximadamente mil e duzentos shows em clubes de strippers e bares de pouca expressão em Hamburgo e Liverpool durante cinco anos (entre 1957 a 1962) até conseguir o primeiro sucesso. Isto não ocorrreu só com eles. Podemos citar: Thomas Edison, Roger Federer, Sebastian Vetel, etc. O professor Karl Anders Ericsson, da Universidade da Flórida, conduziu uma pesquisa que ganhou grande repercussão atráves do livro “Outliers”, de Malcolm Gladwell. A conclusão mostra que os gênios não possuem um QI altíssimo. Isso quer dizer que qualquer pessoa normal pode alcançar feitos extraordinários. Então, quais são os fatores fundamentais para alcançar o sucesso? Há dois anos resolvi me matricular num curso de língua japonesa. Tomar a decisão foi a primeira coisa a fazer. Isso influi diretamente nos fatos e acontecimentos felizes ou infelizes, sucesso ou insucesso. Podemos afirmar que cada 4 - Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 Buscar o conhecimento é o primeiro passo para realizar qualquer coisa, porém é preciso transformar o conhecimento em habilidade. No meu caso estou fazendo o curso de língua japonesa e não basta só frequentar a aula. É preciso estudar, fazer lição de casa, ouvir, ler, praticar para poder comunicar corretamente no Japão, sem cometer gafes. Editorial Hayrton do Prado Revista Banas Qualidade Telefones: +55(11) 3798.6380 /3742.0352 Email: [email protected] Twitter: @banasqualidade Facebook: banasqualidade Site: banasqualidade.com.br Editorial Publisher: Fernando Banas [email protected] Editor: Hayrton do Prado [email protected] Produção Editorial: Adilson Barbosa [email protected] Colaboradores Editoriais Maurício Ferraz de Paiva Claudemir Y.Oribe Roberto Inagake Roberta Pithon Cristina Werkema Odécio Branchini Colaboradores da Edição Alexandre Prates Luiz Gonzaga Bertelli Renato Maggieri Thomas Pyzdek Eventos e Treinamentos Christine Banas Telefone: +55(11) 37420352 [email protected] Publicidade Edila Editorial Latina Ltda. Telefone: +55(11) 3798.6380/37420352 [email protected] Assinaturas Telefone: +55(11) 3798.6380 [email protected] Assinatura digital Semestral (6 edições) : R$ 45,00 Anual (12 edições) : R$ 85,00 Bianual (24 edições) : R$140,00 A Revista Banas Qualidade - DIGITAL é publicada pela EDILA-Editorial Latina Ltda. com sede em São Paulo/SP - Brasil. A publicação não se responsabiliza pelas opiniões e conceitos aqui emitidos por seus articulistas e colunistas. ISSN - 1676-7845 Ano XXIII - Edição 259 Janeiro de 2014 Infraestrutura capenga afeta cada vez mais a competitividade do Brasil Um dos problemas sérios no Brasil é a qualidade da rodovias. De acordo com a Pesquisa CNT de Rodovias 2013, feita pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), o estado geral das rodovias brasileiras teve uma piora no último ano. 63,8% da extensão avaliada apresentaram alguma deficiência no pavimento, na sinalização ou na geometria da via. Em 2012, o índice havia sido de 62,7%. Também aumentaram os pontos críticos, passando de 221 para 250. São consideradas como pontos críticos situações que trazem graves riscos à segurança dos usuários, como erosões na pista, buracos grandes, quedas de barreira ou pontes caídas. Em relação à sinalização, 67,3% da extensão pesquisada apresentaram algum problema. No ano passado, o percentual era de 66,2%. O pavimento tem alguma deficiência em 46,9% do total avaliado. Em 2012, o índice era 45,9%. E em relação à geometria, o percentual da extensão que não se encontra favorável passou de 77,4% para 77,9%. Conforme o estudo, a maior parte da extensão pesquisada (88%) é formada por pistas simples e de mão dupla e 40,5% do total avaliado não possuem acostamento. Em 2013, o total autorizado pelo governo federal para investimentos em rodovias é de R$ 12,7 bilhões, muito pouco perto dos R$ 355,2 bilhões que a CNT estima que as rodovias do país precisam. Entretanto, apenas 33,2%, ou R$ 4,2 bilhões, foram pagos até o início de outubro. Em 2012, do total autorizado (R$ 18,7 bilhões), foram pagos R$ 9,4 bilhões (50,3%). A pesquisa mostra a diferença de qualidade das rodovias na comparação entre a extensão sob jurisdição federal ou estadual e as extensões concessionadas à iniciativa privada. A comparação com as concessionadas mostra que as maiores dificuldades estão nas rodovias mantidas pelos governos federal e estaduais. Em relação ao estado geral, apenas 2,7% da extensão sob gestão pública foi considerada ótima e 24%, boa. Já em relação ao estado geral das concedidas, os percentuais de classificação de extensão ótima e boa são de 48,5% e de 35,9%, respectivamente. Rodovias com estado de conservação adequado também são fundamentais para o meio ambiente. Proporcionam uma economia no consumo de combustível de até 5% na comparação com rodovias que apresentam alguma deficiência. Se for considerado o consumo de óleo diesel no Brasil em 2013, com a melhoria das condições do pavimento, seria possível uma economia de 661 milhões de litros (R$ 1,39 bilhão) e uma redução da emissão de 1,77 megatonelada de gás carbônico, principal gás de efeito estufa. Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 5 Pelo Mundo Por Jeannette Galbinski Compra de bens e serviços Erros Hospitalares nos EUA Uma nova pesquisa estima que até 440 mil americanos morrem a cada ano de erros hospitalares evitáveis, o que tornaria os erros médicos a terceira principal causa de morte nos Estados Unidos. A pesquisa, elaborada pelo Leapfrog Group, um grupo de defesa da segurança do paciente, ressalta a O acordo de Contratações Públicas necessidade de pacientes e suas famílias se protegerem de danos, e Sustentáveis que aconteceu no início de dezembro, reuniu o MMA e também a importância dos hospitais em fazerem da segurança do paoutros órgãos para analisar temas como desenvolvimento sustentável. ciente uma prioridade. Para mais informações sobre a Garantir sustentabilidade é o objepesquisa e como as pontuações de tivo na compra de bens e serviços segurança do hospital foram calcuda administração pública. lados, visite www.hospitalsafetyshttp://cpsustentaveis.planejacore.org. mento.gov.br Três homenageados no Prêmio Malcolm Baldrige 2013 Três organizações de duas categorias diferentes foram nomeadas no Prêmio Nacional de Qualidade Malcolm Baldrige em novembro. São elas: Pewaukee School District, Baylor Regional Medical Center at Plano e Sutter Davis Hospital. As categorias são educação e área da saúde. A cerimônia será realizada durante a 26ª Conferência pela Busca da Excelência em abril de 2014, em Baltimore. Para ler mais visite www.nist.gov/baldrige/baldrige_recipients2013.cfm. 6 - Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 OHSAS 18001 será substituída De acordo com um comunicado oficial, a Norma OHSAS 18001 de Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho será substituída pela Norma Internacional ISO 45001. Os trabalhos foram iniciados em outubro e a estimativa de publicação da versão final será em 2016, porém, em março de 2014 já será publicado o draft da norma. Pelo Mundo Plataforma G4Online Em novembro foi lançada uma ferramenta onde é possível preparar relatórios de sustentabilidade. Chamada de G4Online, ela é gratuita e em inglês, sendo criada para auxiliar pessoas com conhecimentos básicos no processo de produção de relatórios das Diretrizes G4 (Global Reporting Initiative). Para mais informações, acesse: https://g4.globalreporting.org/ Organizações de Certificação No mês passado a instituição ASQ RABQSA Internacional e iNARTE mudaram seus nomes para Exemplar Global. Com esta ação, a organização, que trabalha no desenvolvimento de pessoas e produtos de certificação de treinamento, teve como objetivo renovar a imagem de sua marca, como algo mais amplo, atuando na busca do reconhecimento das habilidades dos colaboradores. A empresa já ofereceu certificações para 15.000 profissionais da indústria e mais de 100 organizações de formação. www. exemplarglobal.org Relatório NerdWallet Um relatório, feito nos EUA pelo site NerdWallet, indicou que o CEO do McDonalds ganha quase 1.200 vezes mais que um atendente da loja. O valor médio pago por hora para empresas como Mc Donalds, Best Buy, Walmart, Gap, entre outros, é de aproximadamente US$ 7.400,00 para os CEO’s e aos atendentes cerca de US$8,80. O site montou um ranking onde constam as 10 empresas que pagam os maiores salários para seus CEO’s, o Starbucks é o segundo colocado. http://www.nerdwallet.com Emissões de Carbono zero Um estudo chamado “Zero Carbon Britain: Rethinking the Future” lançado em Julho deste ano, apresenta novas formas de diminuição das emissões de carbono por uma cidade, podendo chegar a zero. O grupo responsável pelo estudo é composto por engenheiros, físicos, nutricionista, cientista social e pesquisadores. A estratégia não é baseada em planos e ideias complexas e difíceis de serem executadas, e sim formas simples e já existentes para diminuir as emissões, unindo a qualidade de vida da população com ações sustentáveis e meio ambiente. Algumas medidas podem ser colocadas em prática pra contribuir com a diminuição, como plantar árvores e enterrar materiais orgânicos. Mais informações: http://zerocarbonbritain.com/index.php/ current-report Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 7 MASP Aplicar o MASP alavanca sua carreira Claudemir Y. Oribe mestre em administração de empresas PUC Minas/ Fundação Dom Cabral sócio consultor da Qualypro claudemir@qualypro. com.br P arece ser razoável afirmar que o ser humano, desde que ele existe, busca melhores condições de vida para si mesmo e para criar seus filhos. No princípio, as necessidades se limitavam aos aspectos básicos da sobrevivência, como acesso a comida e proteção contra inimigos e intempéries da natureza. Com o domínio dos materiais e o progresso da sociedade organizada, as necessidades evoluíram para aspectos mais sofisticados, na intenção de acumular riquezas e perpetuar seu nome e seu sangue. Nos dias de hoje, as necessidades evoluíram muito. As pessoas precisam de um pouco mais do que aquilo que necessitam para sobreviver, como artigos de luxo e substituição sistemática de seus pertences. A sociedade do consumo exige um esforço contínuo de adequação aos novos padrões de comportamento. Além disso, gozar dos melhores serviços de saúde, educação e segurança, custa caro, sobretudo na sociedade brasileira, onde a justiça social deixa bastante a desejar. Assim todos desejam crescer nas suas carreiras, para ter acesso as melhores coisas que a vida pode oferecer. Evidentemente, existem muitas formas de crescer na carreira, mas aquela que está mais acessível a grande maioria das pessoas é o crescimento no próprio emprego, na hierarquia e por meio de mudança de empregador. Como a decisão de crescer é compartilhada com nossos chefes, entrevistadores e patrões, precisamos convencê-los de que fazemos jus a novas posições na estrutura e aos novos patamares de remuneração associados. No caso do crescimento dentro da própria empresa, é preciso ser consciente de que estamos sendo constantemente avaliados. Quer gostemos ou não, nossas atitudes e nossos resultados estão sendo observados não apenas pela chefia, mas também por outras lideranças, que consideram a possibilidade de fazer um convite interno para um funcionário dedicado e capaz. Pouca coisa tem um potencial de repercussão como a resolução de um problema crônico e complexo, ainda mais quando esse problema tem causado grandes perdas e tenha sido alvo de tentativas infrutíferas de solução por outros profissionais. Resolver um problema desse tipo pode alavancar a carreira de alguém, pois seu nome será citado em várias rodas de discussão, inclusive naquela mais importante: na diretoria. Assim, se alguém deseja crescer, é preciso criar situações fortes o suficiente para que seu nome seja lembrado no momento 8 - Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 certo, e os fatos de maior impacto tem poder de retenção na memória infinitamente maior. Então, quanto maior for o problema maior será seu potencial para deixar uma marca durável naqueles que decidirão pelo seu futuro. Problemas não são problemas, mas sim oportunidades de ouro para o sucesso profissional. E o mais incrível é que elas são quase sempre desperdiçadas pelas pessoas comuns. Por isso o crescimento na carreira não é algo para todos mas para poucos, embora esteja acessível a qualquer um. Quanto ao crescimento por meio de troca de emprego, esta é uma possibilidade real e bastante comum nos dias atuais, devido a expansão econômica e a falta de pessoal qualificado no mercado. As oportunidades estão aí, ao alcance de qualquer um com um mínimo de formação e disposição. No entanto, não é preciso lembrar que os processos seletivos incluem entrevistas, por vezes com várias pessoas e em várias etapas. O entrevistado precisa ter conteúdo para envolver os avaliadores e provar que tem condições de ocupar a função desejada. Mas qual conteúdo? As rotinas daquilo que tem trabalhado nas funções anteriores? As rotinas qualificam uma pessoa para ocupar uma função mas não geram um grau de distinção suficiente elevada para colocar alguém numa posição de vantagem que não seja alcançável. Para se distinguir num processo seletivo é necessário mostrar algo a mais, aquilo que os outros não mostrarão. O que fará a diferença, não são as experiências rotineiras, mas as situações extraordinárias vivenciadas pelo candidato. Mais uma vez aqui, a resolução bem sucedida de problemas desafiadores e significativos tem esse potencial e podem despertar interesse dos entrevistadores, fazendo com que o candidato conduza a entrevista naquilo que é seu maior diferencial. Evidentemente essas experiências não terão condições de segurar ninguém no cargo, mas é uma forma eficaz de dizer “eu existo, sou capaz e mereço esse emprego”. Finalmente, é preciso lembrar que seu crescimento profissional dependerá de sua capacidade de resolver problemas progressivamente mais complexos. Nada mais limitante para um profissional do que resolver apenas problemas do mesmo tipo. Mas problemas difíceis, daqueles que não sabemos nem por onde começar, é com o MASP: o melhor método de resolução de problemas disponível para qualquer pessoa aprender, utilizar e fazer sua carreira deslanchar.n Opinião Produtividade e inovação Por Luiz Gonzaga Bertelli Image credit: <a href='http://br.123rf.com/photo_23497985_problem--analysis--solution.html'>convisum / 123RF Banco de Imagens</a> Q ual a maior diferença entre o Brasil e Coreia? Se a pergunta fosse feita quarenta anos atrás, alguém mais bem humorado poderia dizer que aqui as pessoas não nascem com os olhos puxados. As duas nações ostentavam índices de produtividade e inovação muito parecidos. Ou seja, tanto aqui quanto lá um trabalhador apresentava mais ou menos a mesma produção, da mesma forma que os números de patentes se equivaliam. Hoje, o engraçadinho não teria tanto motivo para rir: o Brasil perde – e feio – nos dois quesitos. O concorrente asiático tem produção quatro vezes maior que a brasileira e está disparado no topo da lista de países mais inovadores, enquanto o Brasil amarga a 55ª posição. Os dados têm impactos diretos na economia brasileira cujo crescimento dá sinais de começar a perder vigor. Praticamente toda mão de obra qualificada está empregada e as organizações precisam descobrir novos meios para gerar mais divisas, continuando competitivas. Uma solução possível para curto prazo é estimular a criatividade e atenção concentrada nos jovens que chegam agora ao mercado de trabalho. A geração Y já se provou capaz de surpreender, dependendo apenas de treinamento e orientação de profissionais experientes. Nesse sentido, os programas de estágio e aprendizagem – bem como os vários cursos de educação à distância gratuitos que o CIEE oferece pelo site www.ciee.org.br – valem como um diferencial a toda modalidade de formação profissional. A longo prazo há outras opções para a criação desses talentos. Na capital paulista, por exemplo, o Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec) – uma faculdade pioneira no país – está na reta final para receber e formar engenheiros focados no aumento de eficiência e na criação de novos produtos que possam garantir posições melhores para o Brasil no mercado internacional. Esse caminho, entretanto, ainda demorará a surtir efeito: os primeiros graduandos sairão dentro de quatro ou cinco anos. A decisão de mudar a atual maneira de encarar a produtividade e a inovação não pode esperar tanto; assim é preciso adotar novas medidas nesse sentido para resultados também a curto prazo. A posição de liderança que o Brasil almeja no futuro depende dela. * Luiz Gonzaga Bertelli é presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), da Academia Paulista de História (APH) e diretor da Fiesp. Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 9 Novidades Do mercado brasileiro Programa de Análise de Produtos do Inmetro completa 18 anos Criado em 1995 como um desdobramento do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade (PBQP), o Programa de Análise de Produtos, que no final de dezembro de 2013 alcançou sua maioridade, é um forte aliado do consumidor. Ao longo de sua trajetória, o Programa tem informado a sociedade sobre a adequação de produtos e serviços aos critérios estabelecidos em normas e regulamentos técnicos, contribuindo para escolhas melhor fundamentadas. Munidos de informações extraídas dos resultados das análises, os consumidores passaram a considerar outros critérios além do preço e se tornaram importante indutor do processo de melhoria da indústria nacional. Esse trabalho estimulou diversas medidas de melhoria em produtos e serviços analisados, como a criação e revisão de normas e regulamentos técnicos; a criação de programas de qualidade implementados pelos setores produtivos; ações de fiscalização dos órgãos regulamentadores; e a criação, por parte do Inmetro, de programas de certificação nas esferas compulsória e voluntária. Nesses 18 anos, foram 300 produtos analisados. Entre as inúmeras ações de melhoria, destacam-se: • A certificação compulsória de cadeira de bebê para automóvel; copos plásticos descartáveis; cadeiras plásticas monobloco; caixas de fósforo; filtros de água; mangueiras de incêndio, luvas cirúrgicas; garrafas de álcool; estabilizadores de voltagem; materiais escolares e isqueiros. • A elaboração ou revisão de normas técnicas: cadeira de praia, garrafa térmica, sacos de lixo; escadas domésticas, óculos de sol e embalagens descartáveis de alumínios. Há, ainda, outras ações em andamento decorrentes do programa: • Andadores infantis: a partir da análise, foi realizado um Painel Setorial com as partes interessadas a fim de aprofundar a discussão sobre as possíveis ações a serem tomadas. As ações definidas no evento foram elaboração de uma norma técnica e o estabelecimento de um regulamento técnico e de um programa de certificação compulsória. • Cadeira de rodas: envio dos resultados encontrados na análise à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH), bem como à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O Inmetro, em conjunto com a Anvisa, o Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI), a Casa Civil e a Finep, está desenvolvendo regulamentação para cadeira de rodas, no âmbito do Plano Viver sem Limite, da Presidência da República. Essas ações retratam a melhoria de produtos e serviços de diferentes segmentos analisados. Ao mesmo tempo, as análises divulgadas amplamente na mídia têm abordado aspectos mais sustentáveis para compra, uso e descarte dos produtos e serviços, orientando o consumidor para um consumo responsável e fornecendo subsídios para a competitividade da indústria nacional. Ao longo desse período, o Programa de Análise de Produtos do Inmetro se consolidou como importante ferramenta de cidadania, facilitando o relacionamento entre consumidores, setores produtivos e regulamentadores. 10 - Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 Fundação Vanzolini anuncia nova diretoria A Fundação Vanzolini define nova Diretoria Executiva para o biênio 2014 - 2015. O professor Mauro de Mesquita Spínola, professor da Escola Politécnica da USP e coordenador do MBA Gestão de Operações Produtos e Serviços é o novo presidente da Diretoria Executiva. A equipe é composta também pelos professores da Poli Luis Fernando Pinto de Abreu, Diretor Executivo Financeiro, Clóvis Armando Alvarenga Netto, Diretor Executivo Administrativo, e Fernando Tobal Berssaneti, Diretor Executivo de Educação. Saídas de emergência em edifícios A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) publicou a norma ABNT NBR 14880:2014 - Saídas de emergência em edifícios - Escada de segurança - Controle de fumaça por pressurização, que revisa a norma ABNT NBR 14880:2002, elaborada pelo Comitê Brasileiro de Segurança Contra Incêndio (ABNT/CB-24). Esta norma especifica uma metodologia para manter livres da fumaça, através de pressurização, as escadas de segurança que se constituem, na porção vertical, da rota de fuga dos edifícios, estabelecendo conceitos de aplicação, princípios gerais de funcionamento e parâmetros básicos para o desenvolvimento do projeto. Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 11 Comportamento Não existe conflito de gerações. 12 - Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 Comportamento . O problema está na liderança A nova geração de profissionais quer mais das organizações do que as gerações passadas. Uma pessoa com 50 anos hoje pensa, deseja e age diferente de uma pessoa que tinha esta mesma idade há 20 anos Alexandre Prates N os últimos cinco anos, convivi de perto com esse tão aclamado discurso sobre o conflito de gerações no mercado de trabalho. Confesso que durante algum tempo me convenci que esse fenômeno realmente existia e me dediquei a trabalhar esse conflito nas organizações. Mas a experiência e as inúmeras conversas com os profissionais das mais diferentes gerações me ajudaram a clarificar a percepção e concluo, sem qualquer receio: o conflito está na liderança. Um conflito ocorre quando temos opiniões divergentes, defendemos causas opostas ou queremos coisas diferentes. Analise um cenário comigo: a famosa Geração Y foi amplamente estudada e alguns conceitos se apresentaram sobre o perfil desses jovens. Chegou-se a conclusão que tal geração deseja trabalhar em uma empresa que lhes proporcione reconhecimento, oportunidade de crescimento, metas claras e desafiadoras. Além disso, querem sentir-se parte e, a partir do seu trabalho, conquistar um padrão de vida superior. Também fica claro que é uma geração que não aceita trabalhar insubordinada para qualquer um, não aceita a maioria das regras, procedimentos e planos de carreiras fantasiosos que as empresas praticam e não pretendem ficar anos na mesma corporação só para um dia, talvez, subir de cargo. Face a isso, reflita comigo: a geração X quer alguma coisa diferente disso? É claro que não! Todos, independentemente da geração, queremos uma empresa que nos valorize, que nos dê oportunidade de aprender, crescer e contribuir e que, acima de tudo, reconheça a minha atuação e os resultados conquistados. A nova geração de profissionais quer mais das organizações do que as gerações passadas. Uma pessoa com 50 anos hoje pensa, deseja e age diferente de uma pessoa que tinha esta mesma idade há 20 anos. Logo, a empresa que construir um ambiente saudável, que permita às pessoas serem elas mesmas e colocar o seu melhor em jogo, certamente não terá conflitos. u Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 13 Comportamento Ouço dizer inúmeras vezes que a geração Y é menos comprometida com as empresas e mais focada em suas carreiras, que não respeitam a hierarquia e que não valorizam as oportunidades oferecidas. Concordo que muitos profissionais são assim, mas não apenas as gerações mais jovens. A Geração Y é tão descontente com as empresas quanto a X ou qualquer outra geração. A questão é que as pessoas com mais idade, naturalmente, assumiram mais responsabilidades na vida – pagam aluguel, têm filhos, sustentam uma família – logo, não podem perder o emprego. As gerações são diferentes, mas não nos seus anseios e, sim, nas suas competências, no seu modo de ser e agir. Você, líder de uma geração mais jovem, deseja a mesma coisa que eles. A questão é que a vida lhe trouxe maturidade, experiência, conhecimento, virtudes que lhe permitem agir com maior ponderação e assertividade. E hoje, na liderança, você se depara com profissionais que desejam chegar no seu patamar, mas que possuem, é claro, um tempo de vida que não lhe permitem enxergar o que você (hoje) enxerga. Portanto, uma pergunta se faz fundamental: onde está o conflito de gerações? O conflito está na liderança, na maneira como eu compreendo as inevitáveis diferenças e ajo diante delas. O conflito é minimizado ao passo que você investe em duas ações cruciais na organização: 1. Invista na educação das pessoas Isso mesmo, na educação! Nós, líderes, precisamos compreender que estamos diante de um déficit educacional no Brasil. As escolas nunca foram tão precárias, logo, os jovens saem do ensino básico sem aprender o básico. As universidades formam técnicos sem qualquer noção de mercado e visão de carreira. Os pais, cada vez mais ausentes, terceirizaram a educação de seus filhos. Como consequência, os jovens chegam ao mercado de trabalho cada vez menos preparados cientificamente, profissionalmente e, principalmente, moralmente. Então, compreenda que o líder que não dedicar tempo e energia na educação dos jovens profissionais continuará reclamando e colhendo os frutos de uma gestão que não acompanha as mudanças. Permitam-me não entrar na discussão se educar é papel ou não do líder, mas não posso me furtar em dizer que, independentemente se você concorda ou não, educar as pessoas é uma atribuição que você não pode deixar de exercer com afinco. O tempo que você dedicar ensinando as pessoas sobre carreira, mercado, estratégia, resolução de problemas retornará a você como resultado. A energia que você dispensar participando as pessoas das decisões será recompensada com o engajamento. O seu desprendimento em dar feedback, elogiar, reconhecer, conversar será valorizado com a evolução do seu time. Agora, se você me perguntar qual é o maior de todos os ensinamentos que você pode trazer para as pessoas, eu elegeria um como primordial: VALORES. Quanto mais firmes estivem os valores de uma pessoa, mais claro estarão para ela os motivos pelos quais vale a pena se entregar a um projeto, a uma empresa e quão gratificante é lutar por alguma coisa que se acredita. 2. Invista na evolução da sua gestão O modelo de gestão da empresa e a maneira como a liderança dissemina essa cultura são os maiores causadores dos 14 - Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 "As gerações são diferentes, mas não nos seus anseios e, sim, nas suas competências, no seu modo de ser e agir." Comportamento conflitos internos, principalmente nas organizações que operam por processos rígidos e que possuem uma hierarquia engessada, que desmotiva uma geração (independentemente da idade) que deseja liberdade de atuação e participação. As empresas precisam se reinventar e quebrar os padrões hierárquicos que inibem uma participação ativa e engajada. As pequenas e médias empresas saem na frente nesse quesito devido a sua estrutura enxuta e conseguem oferecer uma participação mais efetiva e colaborativa, pois a facilidade de administrar os processos e decisões permite aos profissionais envolverem-se em diversas áreas e setores da organização, podendo, inclusive, serem ouvidos nas decisões. O grande choque é cultural, pois a liderança e, como consequência, as organizações, não evoluíram na velocidade que o mundo corporativo e as novas gerações têm exigido. Por fim, esteja perto do seu time. A distância aumenta o conflito e afasta qualquer possibilidade de alinhamento de pensamento e valores. Faça valer a sua experiência e conquiste as pessoas. Você, líder, seja um coach para a sua equipe. Transmita experiências e extraia o melhor de cada um, permitindo a eles participar, contribuir e crescer. n Alexandre Prates é especialista em liderança, desenvolvimento humano e performance organizacional. A Geração Y e a Internet "A nova geração de profissionais quer mais das organizações do que as gerações passadas. Uma pessoa com 50 anos hoje pensa, deseja e age diferente de uma pessoa que tinha esta mesma idade há 20 anos." Não é por acaso que a geração Y também é conhecida como a geração da internet. De acordo com dados do TG.net, do Ibope Media, 78% das pessoas com idade entre 20 e 34 anos acessam a internet (acesso nos últimos 30 dia). Quando considerado quem tem 35 anos ou mais, esse percentual é de 45%. Entre as atividades mais realizadas na internet entre os internautas da geração Y, se destacam o uso do e-mail, prática de 94% do grupo, e a escuta de música, hábito de 88%. Já as pesquisas pessoais ou a leitura de notícias nacionais são atividades realizadas por 87% desses internautas Y. No total, 84% dos internautas com 20 a 34 anos também consultam mapas, rotas e endereços e 83% comparam preços via web. Há ainda 80% que visitam sites de produtos ou marcas específicas. O TG.Net é uma pesquisa online, realizada com 3.155 internautas de 15 a 75 anos no Brasil. O levantamento foi realizado entre março e abril de 2013, nos mercados de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Distrito Federal, além de Goiânia, Nordeste, São Paulo interior e interior do Sul e Sudeste. Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 15 Comportamento Desmistificando a meta em sete passos Renato Maggieri N ão é novidade que o comportamento de estabelecer metas é um dos fatores mais importantes, se não for o mais, para obter resultado em qualquer atividade que fazemos. Com isso, muitos querem fazê-lo, mas poucos sabem como. Diante tal constatação, listo aqui, de forma prática e objetiva, os sete Ds para tornar este comportamento um hábito. Mas, antes das dicas, selecione um assunto para o qual gostaria de estabelecer uma meta e anote no papel. 1. Determine qual é o objetivo que você deseja atingir O primeiro passo é determinar o que quer, onde deseja chegar – isto é importante porque quando não existe uma definição, qualquer lugar está bom. E não se esqueça: o objetivo deve ser atingível, mas tem que ter algum desafio, aquele friozinho na barriga. 2. Defina o tempo para acontecer Todo objetivo precisa ter um prazo para acontecer, ou até mesmo, uma data específica. Definir apenas o próximo ano é muito vago, afinal ele tem 365 dias e isto é muito tempo. Caso não seja possível definir um dia certo no calendário, defina “até tal dia”, como por exemplo, 31 de dezembro de 2014. 3. Divida o tempo que falta para o dia “D” em intervalos menores É de extrema importância dividir o tempo em períodos menores. Por exemplo: se falta um ano para o dia final proposto para atingir a meta, o ideal é dividir este ano em meses. Se o objetivo final está definido para daqui um mês, bimestre ou trimestre, dividir este tempo em semana e, caso seja semanal, separe em dias e assim sucessivamente. 4. Distribua o objetivo dentro desses intervalos Uma vez definidos tempo e intervalos menores, a próxima tarefa é distribuir o objetivo entre estes espaços. Se a meta for R$ 40 mil em um mês, será R$ 10 mil por semana. A dica é válida para 16 - Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 Comportamento unidades produzidas, clientes atendidos e para quase tudo. 5. Delegue entre os que estão envolvidos Se houver mais gente envolvida na meta, como por exemplo, o faturamento de uma loja que tem vendedores. O objetivo de atingi-la deve ser delegado atribuindo uma parte para cada um dos envolvidos. Seguindo o mesmo exemplo do item anterior, com dois vendedores: R$ 40 mil para o mês, R$ 10 mil para cada semana, R$ 5 mil para cada vendedor por semana. 6. Direcione aqueles que estão envolvidos no processo Muitas pessoas têm dificuldade de lidar com metas e um dos motivos pode ser bloqueio adquirido em alguma experiência frustrada com o tema. Por isso, ao delegar uma meta a alguém, é muito importante direcionar como o objetivo deve ser perseguido. Solicite ações simples como: ofereça isto, ligue para tal pessoa e faça tais prospecções. 7. Discuta com os envolvidos o desempenho individual ao final de cada intervalo Durante o tempo em que você estiver correndo atrás da meta, é muito importante monitorar o ponto que está e se falta muito para alcançar o objetivo. O ideal é que todas às segundasfeiras, a equipe se reúna para checar e discutir as performances da última semana, comparando o valor alcançado com a meta definida para o período. n Renato Maggieri é consultor de negócios, palestrante e apaixonado por empreendedorismo e decidiu aplicar seus conhecimentos em comportamento voltados para resultados em benefício dos empreendedores, ajudando-os a potencializarem seus lucros. Nós levamos a informação onde ela precisa estar Utilizando a mais avançada plataforma amigável da internet. Compatível com Webmail, iPad, iPhone e Android. Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 17 18 - Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 CAPA Thomas Pyzdek A Empresa Criativa O Efeito da hierarquia sobre a Criatividade "... muitas das idéias que as pessoas oferecem perdem força e morrem, como a desova do salmão forçado a escalar muitas cachoeiras..." Uma vez que a hierarquia em uma empresa tradicional controla todos os recursos, materiais e humanos, um funcionário deverá obter permissão de alguém para usar qualquer recurso. Se os recursos necessários para prosseguir uma idéia criativa são controlados por vários cargos na hierarquia, o empregado deve obter a permissão de cada posição. Quando se pede permissão, a resposta pode ser sim, não, talvez, traga-me mais informações, ou nenhuma resposta. Apenas uma resposta de sim move as coisas adiante. Pense em obter permissões como uma série de filtros. Cada não-sim vai bloquear mais progressos. Novas idéias são, pela sua própria natureza, incertas e pouco desenvolvidas, é muito difícil fornecer as informações necessárias para superar as objeções dos superiores. Talvez o funcionário superior imediato seja uma senhora gentil, vamos dizer que ela dá sua permissão para ir em frente metade do tempo. Na verdade, vamos ser gentis e assumir que todas as pessoas na cadeia dão sua permissão para a metade de todas as propostas dos funcionários. Digamos que um projeto necessite de recursos a partir de cinco departamentos, e o funcionário precisa obter permissão de duas pessoas em cada departamento. Este não é um conjunto razoável de circunstâncias, por qualquer meio. Qualquer coisa, é um projeto bastante simples e gestão bastante flexível. 99,9% dos projetos criativos serão rejeitados por este sistema. Isso mesmo, mesmo com esse conjunto relativamente liberal de pressupostos apenas um projeto em 1000 seria aprovado. É matemática simples. A hierarquia não é um filtro de criatividade, é um buraco negro. O expresidente Ken Iverson da Nucor Steel coloca de forma sucinta: "É difícil imaginar qualquer idéia - não importa o quão maravilhosa - na verdade, o que torna todo o caminho de um empregado horista através de dez camadas de gestão sem ser fatalmente diluído ou comandado por uma maior. E os executivos se perguntam por que os funcionários são muitas vezes apáticos sobre sistemas de sugestões! A razão é clara - muitas das idéias que as pessoas oferecem perdem força e morrem, como a desova do salmão forçado a escalar muitas cachoeiras ". A exigência de permissão também tem o efeito de diminuir a capacidade da organização de responder rapidamente à mudança. A necessidade de mudança é detectada por alguém de status baixo, então a mensagem tem de trabalhar o seu caminho na hierarquia, camada por camada. Todo o processo pode levar muito tempo sob as melhores condições. E a filtragem que ocorre nas mensagens que trazem má notícia será muito maior do que a filtragem descrita para idéias criativas. Vai levar um longo tempo e muita sorte parau Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 19 CAPA que a mensagem chegue ao CEO. Como Andrew S. Grove, ex-presidente e CEO da Intel, observou: "Esse cara [o CEO] é sempre o último a saber." A permissão é menos provável quando a idéia criativa é uma ameaça para alguém na cadeia de permissão. Sempre é. Uma idéia criativa, por sua natureza, é destrutiva do status quo. O economista Joseph Schumpeter descreveu uma vez todo o sistema capitalista como "Cadeia de destruição criativa." Na empresa, o criativo é geralmente o destrutivo também. Talvez ele irá eliminar a necessidade de alguma etapa do processo, que é uma ameaça para quem é responsável por esse processo. Talvez seja um produto totalmente novo, que é uma ameaça para todos, afetando os produtos existentes, e com isto podem perder recursos para o novo produto. É difícil conceber uma idéia criativa que não é percebida como ameaça por alguém. Se alguém tem autoridade para parar o esforço criativo, este alguem normalmente vai parar. Uma forma de lidar com o filtro e os efeitos de defasagem da hierarquia é formar uma equipe de alto nível, com a autoridade para aprovar rapidamente idéias criativas. No entanto, demonstrou-se que a formação de pessoas dessas equipes de alianças se tornam mais difíceis por terem uma hierarquia de multi-camadas. Basicamente, os níveis e as divisões de uma hierarquia são análogas, de forma a colocar uma distância física entre as pessoas. Quanto mais funções ou camadas entre as duas posições, maior será a distância entre elas. Gostaria de sugerir uma forma criativa de lidar com os problemas descritos acima: eliminar a hierarquia. Liberdade X Permissão Considere a explosão de criatividade nos Estados Unidos nos séculos 19 e 20. Como isso aconteceu? Não foi por causa da ciência. O princípio científico por trás da máquina a vapor era conhecido pelos gregos há três mil anos. Um primeiro barco a vapor correu no rio Elba, na Alemanha, em 1704. Ele foi queimado pelos barqueiros, que sentiram que ameaçava a sua subsistência. O inventor mal escapou com vida e morreu, faminto no exílio. Claro, a maioria das pessoas civilizadas não recorrem à força para impedir os concorrentes, eles peticionam seus governos para fazer isso por eles (a antiga tradição que continua até os dias de hoje!) E, historicamente, os governos tipicamente responderam, fazendo tudo em seu poder para deter o avanço da nova tecnologia que ameaçava a vida de tantos eleitores. Assim que a Nova Inglaterra viu os incríveis barcos a vapor eles aplicaram suas legislaturas para salvar seus empregos. Os barcos a vapor iriam arruinar os saveiros do rio, e afetar todas as indústrias de vela de navio da Nova Inglaterra. Eles iriam jogar os empregos de todos os homens do rio, marinheiros, carpinteiros de navios, os tomadores de corda; enfim, eles iriam arruinar tudo na Nova Inglaterra. A Assembléia Legislativa de Connecticut fez o seu dever, excluindo os incríveis barcos a vapor das águas de Connecticut. Outras legislaturas estaduais tomaram medidas semelhantes. Mas o novo Estados Unidos já não permitiu que os antigos feudais operassem. A nova Constituição criou um novo tipo de proteção: proteção contra a autoridade dos outros. Proteção contra a hierarquia. As leis dos Estados Legislativos foram declarados inconstitucionais. Os tribunais declararam que os homens são livres para criar novas formas de competir. Em 12 anos, os americanos cobriram as águas ocidentais, com os incríveis barcos a vapor, e lançaram o primeiro navio a vapor a atravessar um oceano. E os efeitos sobre as antigas indústrias foram tão devastadoras como o previsto. Como a autora Rose Wilder Lane, observou: "A revolução industrial destrói. É um fluxo de viver energia humana tão implacável quanto a própria Natureza, destruindo para criar e criando para destruir. Faz todas as formas de riqueza impermanentes como a vida ". O próprio barco a vapor teve que lutar por sua vida. Trinta anos depois de Robert 20 - Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 "...Uma forma de lidar com o filtro e os efeitos de defasagem da hierarquia é formar uma equipe de alto nível, com a autoridade para aprovar rapidamente idéias criativas." CAPA Fulton (que não inventou o barco a vapor, mas tornou-o comercialmente bem sucedido,) John W. Griffiths inventou o veleiro Yankee Clipper, que diminuiu o tempo de viagem entre Nova York e Cantão, na China, de um ano de viagem para seis meses. A supremacia britânica dos mares foi ameaçada e os britânicos consideraram o meio mais efetivo de combater as ideias criativas: a guerra. Então, talvez contemplando o resultado de batalhas navais entre barcos a vapor e veleiros ágeis, eles decidiram uma ação muito mais revolucionária: a desregulamentação. Foi uma ação mais radical do que qualquer invenção. Como resultado, a Inglaterra voltou a ser a mestre dos mares. • • • • Cuidado com os especialistas "...quando se trata de uma ideia nova de outra pessoa, o especialista está sempre em terreno mais seguro dizendo o não do que dizendo o sim." Uma das razões dadas para proibir a mudança sem permissão é que a pessoa com a idéia não dispõe de conhecimentos. Apesar de não negar que os especialistas muitas vezes podem fornecer orientações úteis (eu sou considerado por alguns como um especialista, afinal!), a orientação é totalmente diferente da permissão. Por todos os meios, deixem que os especialistas tenham um olhar sobre ele, mas não dê ao especialista o poder de destruir uma idéia retendo a aprovação. Lembre-se, quando se trata de uma ideia nova de outra pessoa, o especialista está sempre em terreno mais seguro dizendo o não do que dizendo o sim. Permissão traz consigo algum risco de fracasso. Não há risco de falha por negar permissão. Gênio criativo sempre teve de lidar com o cinismo de especialistas. Os especialistas ou ridicularizam a idéia, ou previnem consequências terríveis que deveriam ser permitidas. Normalmente ambos. Considere as seguintes declarações e previsões feitas por especialistas: • "Eu acho que existe um mercado mundial para talvez cinco computadores." Thomas Watson, presidente da IBM, 1943 • "Eu tenho viajado por todo este país e conversei com as melhores pessoas, e posso assegurar-lhes que processamento de dados é uma moda que não vai durar • • • • • • todo o ano." O editor encarregado de livros de negócios para Prentice Hall, 1957 "Mas o que ... isso é bom para "Engenheiro da Divisão de Sistemas de Computação Avançada da IBM, em 1968, comentando sobre o microchip. "Não há nenhuma razão para que alguém queira ter um computador em sua casa." - Ken Olson, presidente e fundador da Digital Equipment Corp, 1977 "Este 'telefone' tem inconvenientes demais para ser seriamente considerado um meio de comunicação. Esta geringonça não tem nenhum valor para nós "-. Western Union memorando interno de 1876. "A caixa de música sem fio não tem nenhum valor comercial imaginável. Quem pagaria uma mensagem enviada a alguém em particular "- Sócios de David Sarnoff em resposta a sua consulta urgente sobre investimentos em rádio nos anos 1920. "O conceito é interessante e bem estruturado, mas para merecer uma nota melhor do que um 'C', a idéia deveria ser viável." - Um professor da Universidade de Yale em resposta a uma tese de Fred Smith propondo um serviço confiável de malote. (Smith viria a fundar Federal Express Corp) "Quem se interessaria em ouvir os atores falarem?" - HM Warner, a Warner Brothers, 1927. "Estou feliz por não ser o Clark Gable e quebrar a cara e não o Gary Cooper." - Gary Cooper em sua decisão de não interpretar o papel principal em "Gone With The Wind". "Uma loja de cookie é uma má idéia. Além disso, os relatórios de pesquisa de mercado dizem que a América gosta de biscoitos crocantes, e não macios e mastigáveis como você faz "-. Resposta a 'idéia de começar Mrs. Fields' Debbi Fields Cookies. "Nós não gostamos do som deles, e a música de guitarra está fora de linha” - Decca Recording Co., ao rejeitar os Beatles, 1962. "Máquinas mais pesadas do que o ar sãou Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 21 CAPA • • • impossíveis." - Lord Kelvin, presidente da Royal Society, 1895. "Se eu tivesse pensado sobre isso, eu não teria feito o experimento. A literatura está cheia de exemplos mostrando que não se pode fazer isso. "- Spencer Silver sobre o trabalho que culminou com os adesivos exclusivos para 3-M" Post-It "Bloco de notas. "Então nós fomos para a Atari e dissemos - Ei, nós fizemos essa coisa engraçada, construída com algumas de suas partes, o que vocês acham de nos financiar? Ou, nós daremos a você. Nós queremos fazer isso. Paguem nossos salários e nós trabalharemos para você - E eles disseram: "Não." - Então nós fomos para a Hewlett-Packard, e eles disseram - "Ei, • • • • • • • • nós não precisamos de vocês. Vocês ainda não terminaram a faculdade” - Apple Computer Inc. Steve Jobs e Steve Wozniak na tentativa de atrair a Atari e HP para seu do computador pessoal. "O professor Goddard não conhece a relação entre ação e reação e a necessidade de ter algo melhor do que o vácuo contra o qual reagir. Ele parece não ter o conhecimento básico ensinado diariamente em nossas escolas secundárias "-. 1.921 New York Times editorial sobre o foguete revolucionário de Robert Goddard. "Você quer ter um desenvolvimento muscular consistente e uniforme em todos os seus músculos? Ele não pode ser feito. É apenas um fato da vida. Você apenas tem que aceitar o desenvolvimento muscular inconsistente como uma condição inalterável da musculação. "- Resposta a Arthur Jones, que resolveu o "problema insolúvel" inventando o Nautilus. "Broca para petróleo? Você quer dizer furar o chão para encontrar petróleo? Você está louco "- Operários que Edwin L. Drake tentou contratar para seu projeto de prospecção de petróleo em 1859. "As ações atingiram o que parece ser um patamar permanentemente alto." - Irving Fisher, Professor de Economia, Yale University, 1929. "Aviões são brinquedos interessantes mas sem nenhum valor militar." - Marechal Ferdinand Foch, Professor de estratégia, Ecole Superieure de Guerre. "Tudo que pode ser inventado já foi inventado." - Charles H. Duell, comissário do Escritório de Patentes dos EUA, 1899. "A teoria dos germes de Louis Pasteur é uma ficção ridícula". - Pierre Pachet, Professor de Fisiologia em Toulouse, 1872. "640K deveriam ser suficientes para qualquer um." - Bill Gates, 1981 Princípios da Criatividade Paleontólogo e biólogo evolucionista Stephen Jay Gould ficou intrigado com o convite para visitar o Japão. Parece que ele e um colega japonês foram a cada palestra u 22 - Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 " De acordo com as palavras de ordem de Gould, criatividade natural são: desleixo, falta de ajuste, design peculiar, e acima de tudo, a redundância." Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 23 CAPA sobre um tema comum: a criatividade. Demonstrando originalidade considerável, se não a criatividade, de sua autoria, a palestra de Gould provavelmente surpreendeu o japonês exigente. De acordo com as palavras de ordem de Gould, criatividade natural são: desleixo, falta de ajuste, design peculiar, e acima de tudo, a redundância. Gould começa a fazer seu caso, utilizando exemplos da evolução natural. Considerando as bactérias, diz Gould. Em certo sentido, as bactérias representam o maior sucesso na história da natureza. As evidências indicam que as bactérias têm estado em torno da terra quase tanto tempo quanto as rochas, o que quer dizer, um tempo muito longo. As bactérias são extremamente eficientes. A bactéria é constituída por uma única célula com um programa genético interno desprovido de lixo e despejos. Tem cópias únicas de genes essenciais. Mas as bactérias permaneceram bactérias por 3,5 bilhões ano, e eles vão provavelmente continuar a serem bactérias, quando o sol explodir. Gould observa: "Se cada gene faz um, e somente um, como pode uma função nova ou adicional sempre surgir? Criatividade, nesse sentido, exige idéias e redundância." Idéias? Redundância? Ajuste pobre? Propor essa abordagem em uma empresa tradicional, as pessoas provavelmente vão se perguntar se você tomou a licença de seus sentidos. Estas são as muitas coisas dos gestores e engenheiros que passam suas vidas profissionais rastreando e matando. Para sugerir que elas sejam deliberadamente incorporadas no projeto da organização, é uma blasfêmia. Eu tenho uma caneta da Divisão de Estatísticas da Sociedade Americana para a Qualidade que diz: todo o trabalho é um processo, os processos variam, reduzir a variação. Cada vez que você clicar a caneta, esses slogans são mostrados, um por vez. Esta é dada como uma fórmula para a qualidade. Se uma empresa se torna obsessiva sobre a eliminação de variação, é também uma fórmula para o desastre. Criatividade requer variação. Princípios de criatividade natural de Gould’s são precisamente aqueles necessários para a criatividade em organizações humanas também. Considere a 3M com a "regra de 15%." Essa regra informal prevê que certos funcionários da 3M podem usar até 15% do seu tempo para prosseguir os projetos de sua própria escolha. A 3M dá muito crédito para quem é criativo e usa esse tempo para esse fim. Invenções que resultaram o Post-It Notes™. Essa prática não seria possível em uma organização altamente eficiente. Se não houvesse redundância ou a folga, a perda de um funcionário 6 horas por semana seria muito disruptivo para tolerar. Eficiência excessiva é o inimigo da criatividade A Empresa Criativa é naturalmente mais criativa, porque incorpora as mesmas coisas que a gestão tradicional trabalha para prevenir. Existem vários agentes que competem para fazer os mesmos trabalhos: redundância. Os mesmos trabalhos são feitos de forma diferente por diferentes agentes: variação. A experimentação constante por pessoas que tentam encontrar formas de melhorar levam a muitas falhas e muito desperdício aparente: ineficiência. Na Nucor Steel as pessoas têm um ditado: "Se vale a pena fazer, vale a pena fazer mal" Em outras palavras, não estudam uma idéia até a morte com especialistas e comitês. Vamos em frente com a ideia e ver se ela funciona. A Nucor estima que cerca de metade das novas ideias falham. Mas a outra metade é um sucesso! As pessoas que não são especialistas produzem uma abundância de projetos peculiares, que, por vezes, funcionam melhor do que qualquer expert do projeto. E, como sistemas adaptativos naturais, a Empresa Criativa premia o sucesso, levando a adaptação e ganhos maiores para todos. Orientações sugeridas para Regras de Empresa Criativa Para conseguir ser uma Empresa Criativa deve-se desenvolver um conjunto de regras gerais que criam as condições básicas 24 - Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 "... as pessoas têm um ditado: "Se vale a pena fazer, vale a pena fazer mal" Em outras palavras, não estudam uma idéia até a morte com especialistas e comitês. Vamos em frente com a ideia e ver se ela funciona." CAPA • • • • • necessárias para a criatividade: Reduza a necessidade de aprovações e permissões. Analise a hierarquia. Crie deliberadamente redundância e idéias na organização. Crie uma cultura que tolera a má forma e incentiva o projeto peculiar. Celebre o fracasso e proteja aqueles que falham. Criando a Empresa Criativa você exigirá líderes que são corajosos e criativos. Os líderes terão que equilibrar estes esforços com a necessidade de eficiência e qualidade. E ele terá de conciliar o aparente conflito entre os princípios da criatividade e os de qualidade e melhoria de processos como o Lean e o Seis Sigma. O desafio é óbvio, mas assim é a necessidade. Thomas Pyzdek possui mais de 50 direitos autorais , incluindo The Six Sigma Handbook, O Manual de Engenharia de Qualidade e O Manual de Gestão da Qualidade. Suas obras são usados por milhares de universidades e organizações em todo o mundo para ensinar excelência em processo. Pyzdek forneceu treinamento e consultoria para empregadores e clientes em todas as indústrias desde 1967. Em suas aulas on-line e os seminários públicos e em clientes, ele tem ensinado Six Sigma, Lean , Qualidade e outras metodologias de melhoria de processos de negócios para milhares de pessoas. Pyzdek é membro da ASQ e destinatário da Medalha do ASQ Edward e o Prêmio Qualidade Simon Collier , tanto para contribuições relevantes para o campo da gestão da qualidade, e da ASQ EL que concede medalha de contribuições relevantes para a Educação de Qualidade . Pyzdek atuou em vários conselhos editoriais para diversas revistas, como o Jornal de Gestão da Qualidade , Engenharia de Qualidade e International Journal of Six Sigma. Ele é atualmente o presidente do Instituto LLC Pyzdek que oferece certificação e treinamento de Lean Six Sigma online. www.sixsigmatraining.com .n Digital A única publicação brasileira sobre: • • • • • Normalização nacional e internacional, Certificação, Avaliação e Inspeção de Conformidade, Informações sobre como Implantar normas Detalhes inéditos da ISO 9001 e 14001 E informações importantes sobre o tema. www.revistanormas.com.br Nós levamos a informação onde ela precisa estar. Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 25 Meio Ambiente A coleta adequada dos resíduos dos serviços de saúde Esses resíduos ocupam um lugar de destaque pois merecem atenção especial em todas as suas fases de manejo, como a segregação, condicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e disposição final 26 - Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 Meio Ambiente Hayrton Rodrigues do Prado Filho S "Na avaliação dos riscos potenciais desses, deve-se considerar que os estabelecimentos de saúde vêm sofrendo uma enorme evolução no que diz respeito ao desenvolvimento da ciência médica, com o incremento de novas tecnologias incorporadas aos métodos de diagnósticos e tratamento. " ão definidos como geradores de resíduos dos serviços de saúde todos os relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de campo; laboratórios analíticos de produtos para a saúde; necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de embalsamamento, serviços de medicina legal, drogarias e farmácias inclusive as de manipulação; estabelecimentos de ensino e pesquisa na área da saúde, centro de controle de zoonoses; distribuidores de produtos farmacêuticos, importadores, distribuidores produtores de materiais e controles para diagnóstico in vitro, unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de acupuntura, serviços de tatuagem, dentre outros similares. Podem ser classificados: Grupo A – engloba os componentes com possível presença de agentes biológicos que, por suas características de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de infecção. Exemplos: placas e lâminas de laboratório, carcaças, peças anatômicas (membros), tecidos, bolsas transfusionais contendo sangue, dentre outras. Grupo B – contém substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. Ex: medicamentos apreendidos, reagentes de laboratório, resíduos contendo metais pesados, dentre outros. Grupo C – quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados nas normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), como, por exemplo, serviços de medicina nuclear e radioterapia, etc. Grupo D – não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares. Ex: sobras de alimentos e do preparo de alimentos, resíduos das áreas administrativas, etc. Grupo E – materiais perfuro-cortantes ou escarificantes, tais como lâminas de barbear, agulhas, ampolas de vidro, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas, espátulas e outros similares. Na avaliação dos riscos potenciais desses, deve-se considerar que os estabelecimentos de saúde vêm sofrendo uma enorme evolução no que diz respeito ao desenvolvimento da ciência médica, com o incremento de novas tecnologias incorporadas aos métodos de diagnósticos e tratamento. O resultado deste processo é a geração de novos materiais, substâncias e equipamentos, com presença de componentes mais complexos e muitas vezes mais perigosos para o homem que os manuseia, e ao meio ambiente que os recebe. Assim, os resíduos do serviço de saúde ocupam um lugar de destaque pois merecem atenção especial em todas as suas fases de manejo (segregação, condicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e disposição final) em decorrência dos imediatos e graves riscos que podem oferecer, por apresentarem componentes químicos, biológicos e radioativos. Dentre os componentes químicos destacam-se as substâncias ou preparados químicos: tóxicos, corrosivos, inflamáveis, reativos, genotóxicos, mutagênicos; produtos mantidos sob pressão – gases, quimioterápicos, pesticidas, solventes, ácido crômico; limpeza de vidros de laboratórios, mercúrio de termômetros, substâncias para revelação de radiografias, baterias usadas, óleos, lubrificantes usados, etc. Dentre os componentes biológicos destacam-se os que contêm agentes patogênicos que possam causar doença e dentre os componentes radioativos utilizados em procedimentos de diagnóstico e terapia, os que contêm materiais emissores de radiação ionizante. Quanto à coleta desse tipo de resíduo, a NBR 12810 de 01/1993 – Coleta de u Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 27 Meio Ambiente resíduos de serviços de saúde fixa os procedimentos exigíveis para coleta interna e externa dos resíduos de serviços de saúde, sob condições de higiene e segurança. A coleta interna de resíduos é a operação de transferência dos recipientes, do local de geração, para o local de armazenamento interno, normalmente localizado na mesma unidade de geração, no mesmo piso ou próximo, ou deste para o abrigo de resíduos ou armazenamento externo, geralmente fora do estabelecimento, ou ainda diretamente para o local de tratamento. Em pequenas instalações ou determinados casos, essas etapas reduzemse a uma única. A coleta interna é aquela realizada dentro da unidade, e consiste no recolhimento dos resíduos das lixeiras, fechamento do saco e seu transporte até a sala de resíduos ou expurgo. A coleta externa consiste no recolhimento dos resíduos de serviços de saúde armazenados nas unidades a serem transportados para o tratamento ou disposição final. A coleta de resíduos de serviços de saúde deve ser exclusiva e a intervalos não superiores a 24 h. Esta coleta pode ser realizada em dias alternados, desde que os recipientes contendo resíduo do tipo A e restos de preparo de alimento sejam armazenados à temperatura máxima de 4°C. A guarnição deve receber treinamento adequado e ser submetida a exames médicos pré-admissionais e periódicos, de acordo com o estabelecido na Portaria 3.214/78 do Ministério do Trabalho. A empresa e/ou municipalidade responsável pela coleta externa dos resíduos de serviços de saúde devem possuir um serviço de apoio que proporcione aos seus funcionários as seguintes condições: higienização e manutenção dos veículos; lavagem e desinfecção dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI); e higienização corporal. Os (EPI) especificados devem ser os mais adequados para lidarem com resíduos de serviços de saúde e devem ser utilizados de acordo com as recomendações dessa norma. Por exemplo, o uniforme deve ser composto por calça comprida e camisa com manga, no mínimo de 3/4, de tecido resistente e de cor clara, específico para o uso do funcionário do serviço, de forma a identificá-lo de acordo com a sua função. As luvas devem ser de PVC, impermeáveis, resistentes, de cor clara, preferencialmente branca, antiderrapantes e de cano longo. Para os serviços de coleta interna I, pode ser admitido o uso de luvas de borracha, mais flexíveis, com as demais características anteriores. As botas devem ser de PVC, impermeáveis, resistentes, de cor clara, preferencialmente branca, com cano 3/4 e solado antiderrapante. Para os funcionários da coleta interna I, admite- se o uso de sapatos impermeáveis e resistentes, ou botas de cano curto, com as demais características já descritas. O gorro deve ser de cor branca, e de forma a proteger os cabelos. A máscara deve ser respiratória, tipo semifacial e impermeável. Os óculos deve ter lente panorâmica, incolor, ser de plástico resistente, com armação em plástico flexível, com proteção lateral e válvulas 28 - Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 "Todos os EPI utilizados por pessoas que lidam com resíduos de serviços de saúde têm que ser lavados e desinfetados diariamente; sempre que ocorrer contaminação por contato com material infectante devem ser substituídos imediatamente e enviados para lavagem e higienização. " Meio Ambiente para ventilação. O avental deve ser de PVC, impermeável e de médio comprimento. Todos os EPI utilizados por pessoas que lidam com resíduos de serviços de saúde têm que ser lavados e desinfetados diariamente; sempre que ocorrer contaminação por contato com material infectante devem ser substituídos imediatamente e enviados para lavagem e higienização. As características recomendadas para os EPI devem atender às normas do Ministério do Trabalho. Quanto ao carro de coleta interna, deve atender ao seguinte: ser estanque, constituído de material rígido, lavável e impermeável de forma a não permitir vazamento de líquido, com cantos arredondados e dotado de tampa; identificação pelo símbolo de “substância infectante”; uso exclusivo para a coleta de resíduos; o volume máximo de transporte: carro de coleta interna I – até 100 L e carro de coleta interna II – até 500L. Os equipamentos de coleta externa devem ser: um uniforme, composto por calça comprida e camisa com manga, no mínimo de 3/4, de tecido resistente e de cor clara, específico para o uso do funcionário do serviço, de forma a identificá-lo de acordo com a sua função; luvas que devem ser de PVC, impermeáveis, resistentes, de cor clara, preferencialmente branca, antiderrapantes e de cano longo. Quanto ao veículo coletor, deve atender ao seguinte: ter superfícies internas lisas, de cantos arredondados e de forma a facilitar a higienização; não permitir vazamento de líquido, e ser provido de ventilação adequada; sempre que a forma de carregamento for manual, a altura de carga deve ser inferior a 1,20m; quando possuir sistema de carga e descarga, este deve operar de forma a não permitir o rompimento dos recipientes; quando forem utilizados contêineres, o veículo deve ser dotado de equipamento hidráulico de basculamento; para veículo com capacidade superior a 1,0 t, a descarga deve ser mecânica; para veículo com capacidade inferior a 1 t, a descarga pode ser mecânica ou manual; o veículo coletor deve contar com os seguintes equipamentos auxiliares: pá, rodo, saco plástico (ver NBR 9190) de reserva, solução desinfetante; devem constar em local visível o nome da municipalidade, o nome da empresa coletora (endereço e telefone), a especificação dos resíduos transportáveis, com o número ou código estabelecido na NBR 10004, e o número do veículo coletor; ser de cor branca; ostentar a simbologia para o transporte rodoviário (ver NBR 7500), procedendo-se de acordo com a NBR 8286. Em caso de acidente de pequenas proporções, a própria guarnição deve retirar os resíduos do local atingido, efetuando a limpeza e desinfecção simultânea, mediante o uso dos equipamentos auxiliares. Em caso de acidente de grandes proporções, a empresa e/ou administração responsável pela execução da coleta externa deve notificar imediatamente os órgãos municipais e estaduais de controle ambiental e de saúde pública.u Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 29 Meio Ambiente Os erros na sustentabilidade ambiental O argumento central desenvolvido pelos economistas a favor da sustentabilidade gira em torno da noção de eficiência no uso dos recursos do planeta. A alocação eficiente de recursos naturais, respeitando ao mesmo tempo as preferências dos indivíduos, seria mais bem executada em um cenário institucional de mercado competitivo. As possíveis distorções desse mercado poderiam ser corrigidas pela internalização de custos ambientais e/ou eventuais reformas fiscais, coletando-se mais taxas e tributos dos responsáveis pelos processos poluentes. A sustentabilidade seria alcançada pela implementação da racionalidade econômica em escala local, nacional e planetária. Mas, para alcançar uma redução nos níveis globais do consumo per capita, controles severos são recomendados, para serem impostos por uma autoridade internacional um tanto abstrata. O grito por “limites de crescimento” também tem consequências sociais e éticas tendo em vista as disparidades regionais e internacionais. Por outro lado, o paradigma convencional, insistindo sobre a prioridade de “primeiro fazer o bolo”, prometendo sua distribuição em futuro remoto, nunca resultou em relações sociais eqüitativas e sustentadas. A premissa dos sociólogos de que os pobres são as principais vítimas da degradação ambiental é subjacente à ligação entre equidade e sustentabilidade. Presumindo que as raízes da degradação ambiental são também responsáveis pela iniqüidade social, este discurso postula a inseparabilidade analítica entre ecologia e justiça em um mundo caracterizado por fragmentação social, apesar de seus problemas ambientais comuns. A pressão sobre os recursos naturais tem que ser relacionada a práticas de distribuição injustas, dependência financeira e falta de controle sobre tecnologia, comércio e fluxos de investimentos. As organizações em todos os níveis estão cada vez mais preocupadas com a qualidade ambiental e vêm buscando alternativas tecnológicas mais limpas e 30 - Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 "...o ritmo é lento? É, porém a conscientização da sociedade e a legislação ambiental têm induzido às empresas a uma relação mais sustentável com o meio ambiente." Meio Ambiente "...a sustentabilidade finalmente tem deixado de ser apenas custo para as companhias e já está presente no rol dos ativos intangíveis, devido à introdução de valor aplicado ao conceito." matérias primas menos tóxicas, a fim de reduzir o impacto e a degradação ambientais. E a pergunta que não pode ser calada: o ritmo é lento? É, porém a conscientização da sociedade e a legislação ambiental têm induzido às empresas a uma relação mais sustentável com o meio ambiente. Não há mais lugar para apenas se obter lucro às custas do comprometimento do meio ambiente. Em vista disso, os empresários têm sido forçados a investir em modificações de processo, aperfeiçoamento de mão de obra, substituição de insumos, redução de geração de resíduos e racionalização de consumo de recursos naturais. Na verdade, a maior parte deles ainda desconhece os benefícios do uso de indicadores de desempenho, como uma ferramenta para o planejamento ambiental. Com isso é possível que eles estejam deixando de aproveitar oportunidades: aumento da produtividade, melhoria da competitividade e da qualidade ambiental, além de atingir efetivamente a sustentabilidade produtiva e o respeito dos consumidores. O atual modelo gera e estimula um processo de crescimento baseado no consumo ilimitado de recursos e na destruição paulatina das condições ecológicas de sobrevivência do Planeta. Mesmo controlando o crescimento da população por políticas e mudanças culturais, o sistema econômico adotado pelo capitalismo atual não oferece mecanismos internos de equilíbrio e estabilização, na corrida em direcionamento ao crescimento sem limite que arrasa o meio ambiente. A DOM Strategy Partners identificou os dez erros mais representativos em sustentabilidade nas empresas. A pesquisa foi baseada em entrevistas realizadas com os executivos de 242 das 500 maiores empresas do país durante os meses de março a julho deste ano. Entre as falhas mais recorrentes presentes nas práticas verdes das companhias estão a visão e os valores dispersos e desalinhados, falta de realismo, comunicação oportunista ou ineficiente e mensuração inexistente, dentre outras. Segundo Daniel Domeneghetti, CEO da DOM, a sustentabilidade finalmente tem deixado de ser apenas custo para as companhias e já está presente no rol dos ativos intangíveis, devido à introdução de valor aplicado ao conceito. “Houve um avanço tanto na compreensão quanto na atuação das empresas para trazer conceitos sustentáveis para o ambiente das grandes preocupações corporativas. Esse movimento reflete bem no estudo, pois percebemos, que mesmo havendo erros, os líderes estão cientes de que sustentabilidade é uma fonte de valor, inovação e diferenciação no mercado”, diz. Os dez erros da sustentabilidade nas empresas apontados na pesquisa foram: 1- Inconsistência de governança Apesar de admitirem sua importância, as empresas ainda tratam a sustentabilidade como uma prática solta dentro da empresa. Mesmo com todo o discurso, o tema ainda não ganhou o apoio das lideranças. Além disso, não existem sistemas de gestão bem estruturados (executivos, orçamentos, metas, responsabilidades, entre outros). Um dos agravantes dessa situação é quando a gestão do conhecimento de sustentabilidade, um dos principais elementos viabilizadores, não existe e o conhecimento se encontra disperso e implícito. 2- Mensuração inexistente Esse erro ainda é um dos mais citados devido à quantidade de empresas interessadas em implementar estratégias ou iniciativas de sustentabilidade, mas que não conseguem fazer de forma adequada. Os aspectos tangíveis, intangíveis e a devida mensuração são ignorados e interferem diretamente nos resultados. A pesquisa aponta que isso é reflexo da baixa maturidade da governança do tema em muitas empresas. 3- Miopia em relação aos resultados potenciais Ainda não são claras para as empresas as oportunidades de gerar e proteger o valor oriundo das iniciativas de sustentabilidade. Mais do que obrigação por pressão social,u Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 31 Meio Ambiente o conceito precisa ser um motor facilitador para a inovação, eficiência operacional, diferenciação dos competidores e fonte adicional de receitas por novos produtos, serviços ou canais. 4- Baixa percepção de impacto sistêmico no entorno Os impactos sistêmicos (ou bilaterais) da sustentabilidade, sejam da empresa para os stakeholders ou o inverso, ainda não são percebidos com facilidade pelos executivos. Por essa razão, não são aproveitadas as ideias provindas do entorno da empresa, reduzindo o potencial impacto decorrente da sinergia entre esses dois polos. 5- Dissociação do core business O negócio principal da empresa precisa ser inserido na estratégia de sustentabilidade. Apoiar causas que se distanciam de seu propósito, práticas, processos, produtos e serviços centrais minimizam o impacto das ações e prejudica as perspectivas. 6- O viés unidimensional O equilíbrio entre as dimensões ambientais, sociais e econômicas (e em alguns casos as culturais) são o que norteiam a sustentabilidade corporativa. Os pesos e a importância são determinados de acordo com as prioridades de cada companhia. Caso uma das dimensões não seja incluída no projeto, o resultado final não trará benefícios, mesmo que em curto prazo pareça dar certo, pois dificulta o planejamento e não visa a todos os stakeholders. 7- Inconsistência na fixação de prioridades A sustentabilidade pode não atingir os objetivos de todos os envolvidos, devido às prioridades desencontradas, seja por falta de materialidade (aspirações, desejos e ideais pouco factíveis) ou relevância. Dessa forma, gera frustração e resultados pouco tangíveis para a empresa ou, até mesmo, prejuízos financeiros e de reputação. 8- Visão e valores dispersos e desalinhados O conceito de sustentabilidade restrito a apenas um departamento ou uma liderança, sem permear toda a empresa impossibilita a compreensão de todos os colaboradores, causando a dispersão e diversidade na discussão do tema. As ideias que surgem espontaneamente devem ser direcionadas de forma correta, sem ser reprimidas. O alinhamento a uma mesma ambição é essencial e deve vir de cima. 9- Falta de realismo Toda e qualquer iniciativa sustentável precisa ser planejada de acordo com o segmento e estratégia de atuação da empresa. De outra forma, corre-se o risco de traçar metas distorcidas com a realidade e os resultados tendem a ser subvalorizados. 10- Comunicação oportunista ou ineficiente A comunicação é parte fundamental da estratégia, pois, se for inconsistente, pode não engajar o público interno e ser insuficiente para os demais stakeholders. Pior ainda, pode ser vista como uma ação oportunista, prejudicando a credibilidade da empresa e suas iniciativas. Investir na comunicação responsável e contínua é a melhor saída que existe para mitigar o risco e atingir os perfis certos. As empresas devem conhecer bem seus diversos públicos, adequando a linguagem, o canal e a abordagem a cada um.n 32 - Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 "A sustentabilidade pode não atingir os objetivos de todos os envolvidos, devido às prioridades desencontradas, seja por falta de materialidade (aspirações, desejos e ideais pouco factíveis) ou relevância." Eficácia e eficiência, qual a diferença? Treinamentos, consultoria e auditorias em gestão ambiental, qualidade e saúde e segurança. 1an9os Campinas: (19) 3043-6970 Salvador: (71) 3273-8800 Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 33 [email protected] www.fatosedados.com.br Normalização A segurança dos operadores de guindastes conforme as normas técnicas 34 - Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 Normalização Um acidente com guindaste nas obras na Arena Corinthians, em Itaquera (SP), com a queda de uma peça de 420 t, que vitimou dois trabalhadores, mostrou, mais uma vez, os perigos do uso dos guindastes na construção civil. Isso, normalmente, envolve altos custos relacionados às vidas e danos à propriedade. Infelizmente, estes acidentes são o reflexo de más decisões tomadas por gerentes ou operadores de guindastes que, muitas vezes, esquecem de obrigatoriamente cumprir as normas técnicas. Mauricio Ferraz de Paiva A indústria da construção civil sofre com um número elevado de acidentes com guindastes, os quais quase sempre incidem em altos custos relacionados às vidas e danos à propriedade. Infelizmente, estes acidentes são o reflexo de más decisões tomadas por gerentes ou operadores de guindastes. E o que pode ser feito para eliminar as más decisões que levam a estes trágicos, caros e evitáveis acidentes? Muitos simplesmente culpam o operador depois que um acidente acontece, mas ele é apenas a ponta do iceberg, pois as grandes causas estão imersas nos processos de gestão das empresas. As responsabilidades nas operações com guindastes podem estar no operador do guindaste, no cliente e na diretoria operacional/gerenciamento do proprietário do guindaste. No caso da diretoria ou gerência operacional do proprietário do equipamento, a sua responsabilidade é assegurar que seus empregados (no caso os operadores e demais envolvidos na operação) estejam em uma condição física e mental perfeitas, bem como atualizados nas novas tecnologias encontradas nos guindastes modernos. É sua responsabilidade também entre outras: fornecer acessórios em perfeito estado que devem ser certificados. Isto é obtido, quando a empresa locadora do guindaste possui um sistema de gerenciamento da qualidade implantado, porque no decorrer da tarefa não adianta ter parte de algo, necessita-se ter um todo. Uma empresa que tenha realmente implantado um sistema de gerenciamento da qualidade, vai assegurar tudo isso e algo a mais. Por exemplo, se o operador está treinado, o material certificado, mas a máquina ou parte dela chega atrasada na obra. Pronto! O operador já estará submetido a um estresse e será de repente obrigado a virar a noite trabalhando, para que no dia seguinte a máquina esteja montada de acordo com o cronograma assumido pela empresa. Pode-se supor ainda que tudo desse certo, a máquina e seus componentes chegaram a tempo, inicia-se a jornada, porém o operador não teve seu salário depositado por um esquecimento de alguém do departamento operacional, que por “n” razões perante o operador (claro colocará a culpa no departamento financeiro). Outro ponto de estresse. Na verdade, tudo deve funcionar, porque está tudo encadeado, daí a necessidade de um sistema de gerenciamento da qualidade, que irá integrar todos os departamentos da empresa (Operacional, Comercial, Financeiro, RH, Treinamento e a Diretoria) a falha de um, compromete o todo. O problema é que ter um sistema que funcione, custa caro, mas custa muito caro, além de que não se conseguem bons profissionais comprometidos e capazes do dia pra noite. Outro problema seria o cliente, o qual por não possuir um departamento de gerenciamento da qualidade compra qualquer coisa, tendo muitas vezes como único sentido o preço. Como não trabalhau Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 35 Normalização com qualidade, não tem gente treinada nem preparada na obra para solicitar os serviços e cobrar ações corretas e seguras dos operadores. Pelo contrário, usam o jargão: eu sou o cliente, eu estou pagando, faça o que eu mando! Se for juntados os dois casos em que se tem o operador despreparado e este local de trabalho, pode acontecer um acidente. Importante dizer que o operador, muitas vezes, é o menos culpado: por despreparo, ignorância técnica, medo de perder o emprego, pressão ou até mesmo arrogância são motivos pelos quais acidentes são causados por eles. Afinal ele é a ponta do iceberg, o comando está na sua mão. O fato é que há acidentes demais na construção em geral, muitos deles poderiam ser evitados se más decisões fossem evitadas. Pessoas e empresas responsáveis pelo uso de guindastes têm que ter conhecimento do equipamento e isto pode ser pela contratação de uma consultoria especializada ou por treinamento. Quanto às normas técnicas, existe a NBR ISO 4309 de 01/2009 – Equipamentos de movimentação de carga – Cabos de aço – Cuidados, manutenção, instalação, inspeção e descarte que detalha as diretrizes para os cuidados, instalação, manutenção e inspeção do cabo de aço em serviço em um equipamento de movimentação de carga, bem como relaciona os critérios de descarte a serem aplicados para promover o uso seguro do equipamento de movimentação de carga. É aplicável aos seguintes tipos de equipamento de movimentação de carga: – pórticos de cabo; – guindastes em balanço; – guindastes de convés; – guindastes estacionários; – guindastes flutuantes; – guindastes móveis; – pontes rolantes; – pórticos e semipórticos rolantes; – guindastes com pórtico ou com semipórtico; guindastes locomotivas; grua; É aplicável a equipamentos de movimentação de carga que utilizam gancho, garra, eletroímã e caçamba, operados manual mecânica elétrica ou hidraulicamente. Também é aplicável em talhas e moitões que utilizam cabo de aço. A NBR 14768 de 11/2012 – Guindastes – Guindaste articulado hidráulico – Requisitos especifica os requisitos mínimos para o projeto, cálculo, inspeções e ensaios de guindastes. Não se aplica aos guindastes articulados hidráulicos utilizados em navios ou estruturas flutuantes, nem aos guindastes com sistema de lanças articuladas projetadas como partes integrantes de equipamentos especiais, como, por exemplo, os equipamentos autopropelidos. Especifica um equipamento articulado e extensível, instalado sobre um veículo de carga, destinado à 36 - Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 "Pessoas e empresas responsáveis pelo uso de guindastes têm que ter conhecimento do equipamento e isto pode ser pela contratação de uma consultoria especializada ou por treinamento." Normalização elevação e movimentação de cargas. Esta movimentação é sobre o próprio veículo ou independente dele. A NBR 7557 de 11/1982 – Guindaste de pneus fixa as características operacionais dos guindastes de pneus, relaciona termos usados na nomenclatura de alguns de seus componentes, bem como prescreve condições gerais de medição. Enfim, um guindaste é basicamente uma torre de grua com equilíbrio em sua forma moderna. Os guindastes de torre geralmente fornecem mais utilidade, devido à sua combinação de capacidade de elevação e altura, tornando-os um deve ter na construção de edifícios altos. No entanto, com este grande poder do guindaste de torre vem também um grande perigo em potencial. Ao utilizar uma grua em um canteiro de obras, ou em qualquer outro tipo de local, e uma carga cair a partir dele, é quase impossível parar a carga de bater no chão ou alguém em seu caminho. Será também muito difícil emitir um alerta aos trabalhadores para sair do caminho. Tal acidente pode causar ferimentos graves ou mortes. Aproximadamente 90% dos acidentes com guindastes são o resultado de erro humano. Assim, é essencial treinar todos os operadores do guindaste e sobre os regulamentos de segurança local e preparação. Ao garantir que os trabalhadores que operam guindastes no local de trabalho são totalmente educados na sua operação segura, os acidentes com guindaste podem ser evitados. Antes mesmo do início da operação de um guindaste de torre, é importante que o operador avalie completamente suas características, tais como o peso do guindaste, o anfitrião de classificação de cordas para a carga, como é a carga que está sendo anexada e se isso está sendo feito corretamente. Estes são alguns exemplos de avaliações diversas que o operador deve levar em consideração para garantir que o guindaste é seguro para a operação. A operação de um guindaste de torre não envolve apenas a pessoa que está no comando. Há também o sinalizador ou rigger para o operador. O operador e o sinalizador ficam em contato através do rádio e também usam sinais com as mãos. O rigger auxilia no enganchar e desprender das cargas. Esta pessoa é responsável pelo agendamento para retirada da grua, bem como a segurança do equipamento e as cargas. É importante que o rigger e o operador trabalhem bem em conjunto para garantir a segurança de todos os trabalhadores no local. Se um ou outro não estão prestando atenção, o desastre pode acontecer levando a um acidente potencialmente catastrófico.n Mauricio Ferraz de Paiva é engenheiro eletricista, especialista em desenvolvimento em sistemas, presidente do Instituto Tecnológico de Estudos para a Normalização e Avaliação de Conformidade (Itenac) e presidente da Target Engenharia e Consultoria [email protected] Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 37 Inside Por Fernando Banas A Industria da Falsificação De versões falsificadas dos medicamentos Viagra e Xanax, para relógios de grife e bolsas, a falsificação está crescendo rapidamente, e é cada vez mais uma economia subterrânea em expansão. E enquanto os falsificadores colhem lucros significativos, milhões de consumidores correm o risco com produtos perigosos e ineficazes . Apesar de ser contra a lei , a falsificação é um grande negócio . Os produtos falsificados existem em praticamente todas as áreas - alimentos, bebidas, roupas, calçados, produtos farmacêuticos , eletrônicos, autopeças, brinquedos , moedas, bilhetes para os sistemas de transporte, álcool , cigarros, produtos de higiene pessoal , materiais de construção e muito, muito mais . Uma das formas mais nocivas de produtos falsificados é medicamentos fraudulentos. Nos últimos anos , tem havido um aumento significativo na produção , comércio e consumo desses produtos muitas vezes com resultado prejudicial e às vezes fatal. O tamanho da indústria da falsificação é impressionante. Um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico ( OCDE), coloque o valor de produtos falsificados que cruzaram fronteiras internacionais em mais de USD 250 bilhões em 2007. Isso é muito maior do que outros flagelos da economia do submundo , como o contrabando de armas e o tráfico de pessoas . Ele ainda rivaliza com o comércio internacional de drogas ilegais. Leia artigo completo em: http://www.iso.org/iso/home/news_index/news_archive/news.htm?refid=Ref1809 Um relance da manufatura para 2014 ASQ lançou recentemente o último levantamento sobre as perspectiva de fabricação. Entre os resultados de 2013: 75% dos fabricantes experimentaram crescimento de receita. Cerca de 46 % dos entrevistados dizem que a economia continua a ser o maior obstáculo para as operações, enquanto 18 % disseram que a falta de trabalhadores qualificados é o maior desafio que prevêem para 2014. Uma informação interessante em 2013 é o uso de fabricação inteligente, que a Smart Manufacturing Leadership Coalition define 38 - Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 como “a integração de dados e informações que fornece em tempo real compreensão, raciocínio, planejamento, gestão e tomada de decisão relacionada de todos baseados em rede dos respondentes aspectos de uma produção e da cadeia de suprimentos da empresa. Apenas 13% dos entrevistados usam a fabricação inteligente. Leia mais em: http://asq.org/blog/2014/01/a-glimpse-at-manufacturing-in-2014/?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_ campaign=Feed%3A+AsqHeadlinesPlus+%28ASQ+Headlines+Plus%29 Inside Descobrir novos fracassos financeiros Dificuldades enfrentadas hoje por milhares de famílias e comunidades estão relacionadas com a diminuição do número de bons empregos, diminuição dos rendimentos e a subida do custo de vida. Muitas famílias sobrevivem em um estado de stress financeiro quase constante. Muitos pais estão gastando noites sem dormir pensando em como serão capazes de manter a cabeça acima da água no próximo mês. A Organização Internacional do Trabalho estima que desde o início da crise, houve uma abertura 67 milhões de postos de trabalho no mundo, porem o desemprego global ainda é alto com estimativas de 208 milhões de pessoas desempregadas em 2015 e 214 milhões de pessoas em 2018. Então a questão permanece: o que pode ser feito para reforçar a economia? Muitos economistas e especialistas afirmam que uma solução poderia ser o uso ampliado das normas internacionais, a fim de ajudar a estimular o crescimento econômico através do comércio. Leia matéria completa em: http://www.iso.org/iso/home/news_index/news_archive/news.htm?refid=Ref1808 A paisagem em mudança Nos últimos anos, todas as organizações têm experimentado um período de grandes mudanças em seus mercados e operações. As crises financeiras , combinadas com a unidade para reduzir o custo das operações em escala global fizeram com que muitas empresas têm enfrentado um ambiente cada vez mais turbulento e hostil. Os clientes se tornaram mais exigentes , a concorrência tornou-se mais intensa e sofisticada , e que o ritmo das mudanças tecnológicas se acelerou ainda mais. Os reguladores e grupos de consumidores também acrescentaram suas vozes. Profissionais de qualidade devem ser os principais influenciadores da resposta a esta paisagem mudando dramaticamente . Quais são os desafios ? O que queremos dizer com " a redefinição de qualidade" ? E como o melhor de nossa profissão já está mudando a forma como eles operam ? http://www.thecqi.org/Knowledge-Hub/Qualityworld/Qualityworld-archive/Features/The-Changing-Landscape/ ISO 22301 para salvar o seu negócio Quando uma empresa se depara com a ameaça de interrupção súbita de suas operações, ser capaz de responder com rapidez e eficácia é a chave para a sua sobrevivência. Estas ameaças inesperadas e potencialmente devastadoras levou a empresa de alimentos com sede em Cingapura Tan Seng Kee Foods Pte Ltd. ( TSK ) para aplicar uma gestão de continuidade de negócio de sistema (BCM ) baseado na norma ISO 22301. Os desastres podem atacar a qualquer momento . Estes variam de catástrofes naturais em grande escala e atos de terror, para os acidentes relacionados à tecnologia e incidentes ambientais. As causas dos riscos podem ser diferentes - seja por negligência humana , malevolência ou catástrofes naturais, mas a sua probabilidade ( e gravidade) não é menos real. As empresas podem agora identificar potenciais ameaças e salvaguardar suas operações e reputação , bem como os interesses dos seus stakeholders em caso de um desastre. Leia o depoimento do CEO desta empresa de alimentos em: http://www.iso.org/ iso/home/news_index/news_archive/ news.htm?refid=Ref1810 Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 39 Inside O enigma da Liderança Stephen Anthony , do Instituto de Profissionais de Six Sigma e o Professor Jiju Antony , Professor de Gestão da Qualidade na Universidade de Strathclyde, olham para os desafios da liderança eficaz em empresas que utilizam o Lean Six Sigma . Liderança e Gestão são frequentemente citados juntos, incorretamente acredita-se serem intercambiáveis, e incompreendido. Elas não são a mesma coisa: um gerente pode não ter as características de inspiração e motivação necessários para gerir a mudança. Um líder pode não ter as capacidades de planejamento, coordenação e orçamentários necessários para gerenciar ambientes complexos. Anthony Mayo e Nitin Nohria definem a liderança dentro de um contexto, (que eles chamam de inteligência contextual) e não apenas ligada às características do indivíduo , mas a partir de uma apreciação e compreensão do mundo. Mayo e Nohria sugerem que Walt Disney , Henry Ford ou Jack Welch não seriam necessariamente bem sucedidos no ambiente de negócios de hoje, uma vez que os desafios que enfrentaram , quando foram considerados " bem-sucedidos" são diferentes dos de hoje . Por exemplo , como é que Walt Disney, um homem que amava desenhar com lápis, teria lidado com a revolução digital? Será que Henry Ford abraçaria o Sistema Toyota de Produção ? Diferentes contextos criam diferentes oportunidades para os líderes brilharem (ou não) . Mesmo dentro do mundo digital moderno há exemplos de falhas de liderança : Mike e Jim Balsillie Lazarides da RIM Blackberry terem parado enquanto o Google e a Apple têm destruído a sua quota de mercado de smartphones . Os pesquisadores se propuseram a compreender os desafios enfrentados pelas organizações de liderança à medida que tentam equilibrar a sua complexidade e melhorar continuamente , entender as necessidades dos clientes e de valor , e alinhar as suas organizações a essas necessidades. http://www.thecqi.org/Knowledge-Hub/ Qualityworld/Qualityworld-archive/Features/The-Leadership-Conundrum/ Nova versão da ISO / TS 22003 dá impulso à certificação da segurança alimentar A segurança alimentar é uma questão cada vez mais importante de saúde pública. As consequências de alimentos não seguros podem ser graves. Apesar de milhares de certificados emitidos para o padrão - embora isso não seja uma exigência - a confiança do consumidor na indústria de alimentos foi diminuindo nos últimos anos , pedindo uma injeção urgente de confiança. A recém publicada ISO / TS 22003 é um divisor de águas para os organismos de certificação ( CB ) que servem a indústria de alimentos . Com uma grande reforma desde a sua publicação de 2007, a nova especificação técnica visa melhorar a forma como CBs certificam as empresas de alimentos . http://www.iso.org/iso/home/news_index/news_archive/news.htm?refid=Ref1807 40 - Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 Tecnologia Uma norma para melhor atender os consumidores do comércio eletrônico Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 41 Tecnologia No Brasil, o total de vendas chegou a 28 bilhões de reais, com um total de mais de 51 milhões de brasileiros comprando pela internet. Se a adesão às compras virtuais cresceu, o consumidor também começou a cobrar mais e ser mais exigente. E os órgãos regulamentadores estão amparando o consumidor nessa caminhada. Já existe uma norma técnica para melhor atender esses clientes: a NBR ISO 10008 Hayrton Rodrigues do Prado Filho N o Brasil, o comércio eletrônico vem tendo um crescimento exponencial, mesmo que existam inúmeras as reclamações sobre às compras feitas pela Internet em relação ao não cumprimento do prazo de entrega, cobrança indevida, entre outros problemas. Para melhorar este serviço, desde maio de 2013, o comércio eletrônico tem regras mais claras que regulamenta este tipo de atividade comercial, apesar de o Código de Defesa do Consumidor (CDC) já prever esses direitos. Um sistema eficaz e eficiente da transação de comércio eletrônico de negócio a consumidor (Businessto-consumer Electronic Commerce Transactions – B2C ECT) pode ajudar os consumidores e organizações a negociarem todos os aspectos de uma transação. A NBR ISO 10008 de 11/2013 – Gestão da qualidade – Satisfação do cliente – Diretrizes para transações de comércio eletrônico de negócio-a-consumidor fornece a orientação para o planejamento, projeto, desenvolvimento, implantação, manutenção e melhoria de um sistema eficaz e eficiente de transação de comércio eletrônico de negócio a consumidor (B2C ECT) dentro de uma organização. Ela é aplicável a qualquer organização voltada para, ou que planeja dar início a, transações de comércio eletrônico de negócio a consumidor, qualquer que seja seu tamanho, tipo e atividade. Não se pretende que esta norma forme parte de um contrato de consumidor ou mude quaisquer direitos ou obrigações fornecidos por exigências estatutárias e reguladoras aplicáveis. Visa permitir às organizações estabelecer um sistema justo, eficaz, eficiente, transparente e seguro de B2C, a fim de aumentar a confiança de consumidores em B2C e aumentar a satisfação dos consumidores. É destinada à B2C a respeito dos consumidores como um subconjunto dos clientes. A orientação dada nesta norma pode complementar o sistema de gestão da qualidade de uma organização. Um B2C ECT envolve interações de internet entre a organização e o consumidor, quando acessado pelo consumidor por meio de qualquer dispositivo com conectividade com fio ou sem fio (por exemplo, computadores pessoais, tablets, assistentes digitais, pessoais e telefones celulares com acesso à internet). Para fins desta norma, um B2C ECT pode também envolver outras redes de telecomunicação baseadas em dados (por exemplo, mensagens de texto curto) e várias interfaces, incluindo sites da internet, páginas da internet, meios sociais e e-mails. Pretende-se aplicar a orientação desta norma às situações onde uma parte substancial do B2C ECT, incluindo pelo menos um processo da fase de transação (ver 5.3), é facilitada por métodos eletrônicos (por exemplo, processamento do pagamento, confi rmação do acordo pelo consumidor, ou entrega de um produto). Sua orientação pode ser útilu 42 - Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 "Ela é aplicável a qualquer organização voltada para, ou que planeja dar início a, transações de comércio eletrônico de negócio a consumidor, qualquer que seja seu tamanho, tipo e atividade." Tecnologia "O foco do cliente significa que a organização está orientada a compreender as necessidades, as exigências e as expectativas atuais e futuras do cliente, incluindo a garantia da conformidade legal." para as situações nas quais não ocorram situações B2C ECT, mas que haja alguma interação online entre a organização e o consumidor, como quando uma organização anuncia online e não vende produtos online. Quando a venda à distância não inclui um componente online, por exemplo, vendas por catálogo, não se aplica esta norma, mas parte da orientação fornecida pode ser relevante. Não se pretende que a sua orientação aplique-se a transações online ocorridas entre indivíduos (consumidor a consumidor). Contudo, pode ser relevante às de terceiros que proporcionam serviços online para facilitar transações de consumidor a consumidor (por exemplo, sites de leilão pela internet). Ela é compatível com a NBR ISO 9001 e a NBR ISO 9004 e dá suporte aos objetivos dessas duas normas com a aplicação eficaz e eficiente de um sistema B2C ECT. A NBR ISO 9001 especifica as exigências para um sistema de gestão da qualidade que possa ser usado para a aplicação interna por organizações, ou para certifi cação, ou para fi nalidades contratuais. Um sistema B2C ECT implantado de acordo com a NBR ISO 10008 pode ser um elemento de um sistema de gestão da qualidade. A NBR ISO 9004 fornece orientação na gestão de qualidade para o sucesso sustentado das organizações. Assim, a NBR ISO 10008 pode dar suporte ao sucesso sustentado no contexto dos B2C ECT. Ela também foi projetada para ser compatível com as NBR ISO 10001, NBR ISO 10002, NBR ISO 10003 e NBR ISO 10004. Estas quatro normas podem ser usadas independentemente ou conjuntamente entre si. Quando usadas em conjunto, as normas podem ser parte de uma estrutura mais ampla e integrada para o aumento da satisfação de cliente em contextos de negócio a consumidor (B2C), e não no contexto B2C. As organizações podem usar a orientação contida na NBR ISO 10001 para planejar, projetar, desenvolver, implantar, manter e melhorar um código B2C ECT como parte de um sistema B2C ECT. O tratamento das reclamações, a monitoração da definição de disputa e da satisfação do cliente e os processos de medição descritos nas NBR ISO 10002, NBR ISO 10003 e NBR ISO 10004, respectivamente, podem formar partes importantes de um sistema B2C ECT. A satisfação do cliente é definida na ABNT NBR ISO 9000:2005, 3.1.4, como a percepção do “cliente do grau a que as exigências de cliente foram cumpridas”. A satisfação do cliente é reconhecida como um dos critérios condutores para qualquer organização de alta qualidade. O foco do cliente significa que a organização está orientada a compreender as necessidades, as exigências e as expectativas atuais e futuras do cliente, incluindo a garantia da conformidade legal. Com um sistema de B2C ECT, as organizações têm o potencial de melhorar seu desempenho de várias maneiras. Por exemplo, podem usar recursos mais eficientemente e oferecer novos serviços, levando em consideração os tipos de desafios inerentes ao B2C ECT, e como suas respostas a estes desafios podem impactar as percepções dos consumidores da organização. No contexto de um sistema B2C ECT, a satisfação do cliente é significativamente influenciada por como a organização estabelece e adapta seu sistema B2C ECT para cuidar das necessidades do consumidor, e por como trata da dinâmica das atividades e das interações on-line. Considerando que o cliente se refere amplamente por uma “organização ou uma pessoa que receba um produto” (como definido na NBR ISO 9000:2005, 3.3.5) e abranja varejistas, compradores e outros, esta norma visa atividades que envolvem um consumidor, que é “um membro individual do público geral, comprando ou usando produtos para fi nalidade pessoal, familiar ou doméstica” (como definido em 3.3). Os consumidores são consequentemente um subconjunto dos clientes, porque abrangem somente indivíduos, e somente aqueles indivíduos que compram para finalidades privadasu. Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 43 Tecnologia Esta distinção entre um consumidor e um cliente traz algumas considerações importantes, uma vez que as necessidades e as exigências a nível individual do consumidor podem diferir significativamente das necessidades de outros clientes, em vista de seus recursos e características. Por exemplo, no que diz respeito ao acesso à informação e à oportunidade de comunicar suas expectativas e preocupações, os consumidores individuais encontram-se tipicamente em desvantagem comparados com outros clientes, que podem incluir organizações inteiras. Similarmente, como os usuários finais que consomem o produto, as questões da segurança dos consumidores podem significativamente diferir, se comparadas com as questões da segurança relativas a outros clientes, como organizações empreendendo atividades de aquisição para fi ns da revenda. Ao projetar seu sistema de B2C ECT, uma organização deve levar em consideração estas necessidades e exigências distintas. Deve também procurar tratá-las de uma maneira justa e apropriada (por exemplo, evitando políticas excessivamente complexas ou detalhadas de privacidade que não podem ser de fácil compreensão para um indivíduo que não tenha o acesso à experiência legal). A orientação fornecida incorpora os princípios que visam assegurar que a organização mantenha um foco forte no consumidor e trate das preocupaçõeschave do consumidor, como a proteção ao consumidor (ver Seção 4). Comparado às transações B2C face a face tradicionais, o contexto online de um sistema B2C ECT levanta desafios distintivos ao considerar como atender às necessidades e exigências focalizadas no consumidor, e como tratar de limitações do consumidor. Por exemplo, os consumidores têm uma visão limitada para examinar os produtos antes de continuar com seu pedido final. Além disso, no contexto de transações por computador, há o potencial de que a transação seja concluída em uma maneira mais imediata, comparada com o consumidor que termina as etapas que conduzem a uma compra no ambiente offline. Estas características distintivas implicam na maior confi ança na divulgação adequada da informação do que no contexto offline. Contudo, isto não pode ser conseguido centrando-se unicamente na quantidade de informação fornecida, mas também levando em consideração a maneira com que a disposição da informação é projetada (ver Seção 4 para princípios de acessibilidade e de transparência). Levando em consideração limitações do consumidor e polarizações na tomada de decisão, assim como as limitações de como a informação pode ser mostrada no ambiente on-line, uma organização que desenvolve um sistema B2C ECT deve se preocupar, por exemplo, sobre como os defeitos poderiam ser estabelecidos de uma maneira que dê aos consumidores a oportunidade de fazer escolhas ótimas. Uma organização precisa também prestar atenção particular ao adaptar seus processos B2C ECT de póstransação. Fornecendo ao consumidor uma oportunidade de risco limitado de experimentar o produto de uma maneira análoga à de uma loja física, uma organização pode aumentar a confi ança do consumidor em seu sistema de B2C ECT e construir um bom relacionamento. Além disso, em um ambiente online, a confiança nos ECT traz riscos aumentados para a coleta, o uso e a divulgação impróprios da informação ao consumidor. Isto pode conduzir a prejuízo financeiro real ou potencial, e uma organização 44 - Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 Tecnologia "...uma organização deve planejar, projetar, desenvolver, implantar, manter e melhorar: os processos monofásicos, e os processos multifásicos." precisa controlar com cuidado estes riscos, a fim de evitar uma perda de confiança do consumidor e uma diminuição na satisfação do cliente. Ao fazer assim, uma organização precisa considerar também o fato de que um certo número de fornecedores pode ser envolvido em seu sistema B2C ECT, de uma maneira que não seja frequentemente muito transparente ao consumidor. Os exemplos das características distintivas do ambiente online destacam a necessidade das organizações de planejar, desenvolver, implantar, manter e melhorar um sistema B2C ECT que, do ponto de vista do consumidor, ofereça um mercado previsível e confiável, e aumente a satisfação de cliente. Enfim, uma organização deve planejar, projetar, desenvolver, implantar, manter e melhorar: os processos monofásicos, e os processos multifásicos. Um B2C ECT passa tipicamente por três fases distintas: uma fase da pré-transação, uma fase da transação; e uma fase de pós-transação. Um processo monofásico aplica-se a somente uma das três fases de B2C ECT. Por exemplo, o processo final das citações é específico à fase de transação. Um processo multifásico aplica-se a todas as três fases. A relação entre processos é dinâmica e não deve ser vista de uma maneira estritamente sequencial. Por exemplo, uma organização pode preparar um processo multifásico, como o estabelecimento de um código de B2C ECT, antes da preparação das fases de prétransação, transação e de pós-transação. A Figura 1 ilustra estes processos e as atividades relacionadas. O planejamento, o projeto e o desenvolvimento de cada um destes processos são fundamentais para sua implantação bem sucedida. A organização deve testar seu sistema B2C ECT antes da implantação, a fim de determinar a necessidade para ajustes. A orientação no planejamento, no projeto, no desenvolvimento e na implantação de processos da fase da pré-transação, de transação e de pós-transação é dada na Seção 6. Uma orientação sobre planejamento, projeto, desenvolvimento e implantação de processos multifásicos é dada na Seção 7. Uma orientação sobre manutenção e melhoria do sistema B2C ECT é dada na Seção 8.n Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 45 Ergonomia O sofrimento dos trabalhadores em consequência de suas interações com as máquinas e equipamentos O principal objetivo da ergonomia é desenvolver e aplicar técnicas de adaptação do homem ao seu trabalho e formas eficientes e seguras de o desempenhar visando a otimização do bem-estar e, consequentemente, aumento da produtividade 46 - Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 Ergonomia Hayrton Rodrigues do Prado Filho E m qualquer empresa seria interessante a implementação de uma programa de gestão ergonômica, com a finalidade de adaptar as condições de trabalho ao ser humano, de forma que se possa aumentar o conforto e a produtividade. Com isso, poderiam ser atingido alguns objetivos: melhorar o nível de conforto dos postos de trabalho através de melhoria e capacitação; classificação dos postos de trabalho e seus riscos ergonômicos; criar e capacitar comitês de gerenciamento por áreas e parceiras; criar e capacitar grupos de solução por áreas e parceiras; envolver todos os funcionários na busca do conforto e produtividade através da melhoria contínua; diminuir e controlar queixas médicas relacionadas à doenças ocupacionais, quase acidentes e acidentes; e diminuir o absenteísmo provocado por doenças ocupacionais. Para a implantação de uma gestão ergonômica, a empresa necessita de uma análise minuciosa dos postos de trabalho, depois e/ou concomitante uma análise dos processos administrativos, depois propor sugestões de melhorias diretas e indiretas na saúde do trabalhador. A análise ergonômica do trabalho tem como objeto o estudo das exigências e das condições de trabalho, das atitudes e das sequências operatórias que emergem da realização de uma determinada tarefa. Portanto, uma análise ergonômica é muito mais complexa que a simples observação dos mobiliários de trabalho. Essa análise pode ser qualitativa e quantitativa. No primeiro caso, compreende uma avaliação das condições de trabalho basicamente através da observação da forma com que se trabalha e de entrevista com os trabalhadores e encarregados. Para tanto, um especialista baseia-se no seu conhecimento técnico sobre ergonomia, procurando verificar se as leis gerais do aproveitamento racional e de respeito às características fisiológicas e biomecânicas do trabalhador estão sendo seguidas naquela condição de trabalho. Importante haver o envolvimento dos trabalhadores no processo. Isso pode ser feito da seguinte forma: entrevista com os trabalhadores, identificando as ações técnicas que envolvem desconforto, dificuldade, fadiga excessiva e mesmo dor; percepção dos trabalhadores quanto às melhorias necessárias visando eliminar o desconforto e as dificuldades; participação na análise ergonômica do trabalhador experiente, do técnico da máquina, do facilitador e de outras pessoas necessárias (manutenção, suprimento, responsável por terceiros, etc.); identificação sistemática de ações técnicas no trabalho, situações ergonomicamente inadequadas, riscos para o organismo, gravidade e medidas de melhoria ergonômica; análise detalhada da organização do trabalho, através de entrevistas e procura de dados secundários da organização e verificação detalhada de mecanismos de regulação existentes. Quanto à quantitativa, são feitas por meio medições precisas e científicas dos postos de trabalho. Por exemplo: quando o trabalhador exerce grande esforço com a coluna vertebral, a intensidade do esforço é quantificada com o uso de modelo biomecânico computadorizado tridimensional. Alguns desses programas informam a força de compressão nos discos da coluna vertebral naquela tarefa e também a percentagem de trabalhadores capazes de fazer aquela tarefa em cada uma das articulações do corpo. Ou seja, é preciso realizar as intervenções ergonômicas para melhorar significativamente a eficiência, a produtividade, a segurança e a saúde nos postos de trabalho, devendo-se atuar em todas as frentes de qualquer situação de trabalho ou lazer, desde os estresses físicos nas articulações, músculos, nervos, tendões, ossos, etc., até aos fatores ambientais que possam afetar a audição, a visão, o conforto e, principalmente, a saúde. Em resumo, devem ser usados os conhecimentos adquiridos das habilidades e capacidades humanas e estudar as limitações dosu Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 47 Ergonomia sistemas, organizações, atividades, máquinas, ferramentas e produtos de consumo de modo a torná-los mais seguros, eficientes e confortáveis para uso humano. Pode-se perguntar: quem nunca sentiu desconforto após um longo dia de trabalho? Os gestos realizados de forma desorganizada e repetitiva e as posturas inadequadas adotadas diariamente são fatores responsáveis pelo desencadeamento e pela perpetuação dessas dores. Anualmente, milhares de brasileiros se submetem a tratamentos de dores de natureza musculoesquelética. Mas não precisa ser assim. Com informações precisas e objetivas, é possível mudar a postura e melhorar a qualidade de vida. Alguns especialistas dizem que 60% das pessoas, em geral, apresentam dores de natureza musculoesquelética e que 50% dos brasileiros procuram consultórios por dor crônica; as afecções do aparelho locomotor são as causas mais frequentes da dor crônica; 50% a 60% dos pacientes tornamse incapacitados; 80% dos brasileiros desenvolverão dor nas costas (lombalgia) em algum momento da vida; e 40% da população brasileira apresentam alguma dor musculoesquelética por mais de uma semana em algum estágio da vida. Na verdade, corrigir a postura somente leva tempo e atenção. A melhor forma de corrigir como senta e fica em pé é prestar atenção e reparar. Má postura sentada ou em pé é um hábito ruim que é aprendido e pode ser mudado com um pouco de esforço. Para melhorar a postura em pé, mantenha a cabeça alta, queixo firme para frente, ombros para trás, peito para fora e estômago para dentro para melhorar o equilíbrio. Caso a ocupação da pessoa faça com que ela fique de pé o dia todo, pode-se descansar um pé sobre um banco ou fazer pausas para descansar os pés. Ao gentilmente erguer o peito, a cabeça e ombros voltarão à posição apropriada sem estressar os músculos do pescoço e das costas. Melhorar a postura de pé também permitirá ficar em pé por mais tempo sem sofrer dores. A postura sentada não depende só da pessoa, mas também de fatores ambientais. Quando estiver sentado, deve-se usar uma cadeira com um suporte firme para a região lombar. Para diminuir a dor quando é necessário ficar sentado por muito tempo, mantenha o topo da mesa na altura dos cotovelos e ajuste a cadeira para eliminar a pressão das costas e manter as pernas um pouco mais elevadas que o quadril. Finalmente, algumas dicas para uma boa postura corporal: mantenha as três curvas naturais das costas; evite oscilação excessiva;evite estresse nas costas, mantendo um peso saudável e músculos fortes com exercícios físicos regulares;levante objetos com a técnica apropriada; e faça pausas ao ficar muito tempo sentado ou em pé. A postura é uma maneira de a pessoa pensar, agir e sentir através de sua estrutura corporal, ou seja, a maneira pela qual a pessoa se expressa corporalmente no mundo. Os hábitos posturais e gestuais de cada pessoa estão relacionados: à forma de 48 - Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 Ergonomia "...algumas dicas para uma boa postura corporal: mantenha as três curvas naturais das costas; evite oscilação excessiva; evite estresse nas costas, mantendo um peso saudável e músculos fortes com exercícios físicos regulares; levante objetos com a técnica apropriada; e faça pausas ao ficar muito tempo sentado ou em pé." seus ossos, músculos e articulações, que determinam padrões básicos de movimento e constituem o substrato de sua motilidade; à sua imagem corporal, a qual vai configurando-se continuamente através da observação, da aprendizagem e dos valores sócio-culturais por ela internalizados nas vivências; através das suas percepções táteis, cinestésicas, visuais e auditivas, que a guiam no meio circundante. Assim, definir boa postura para que se possa, através de uma avaliação, identificar possíveis problemas é uma questão bastante difícil e delicada. Conforme comentamos acima, os valores sócio-culturais e morais estão tão internalizados na maneira de pensarmos, há tantas controvérsias teóricas a respeito do assunto e tantas diferenças entre uma pessoa e outra, que o normal se torna relativo. Entretanto, a existência de problemas ósteo-articulares e musculares, tais como processos degenerativos e dores, pode dificultar o bem-estar e interferir na qualidade de vida. Para uma melhora da postura como uma das possibilidades à resolução desses problemas, deve-se determinar o que é normal, ou seja, quais as características que podem preservar ou favorecer os sistemas ósteo-articular e muscular. Uma postura normal pode ser definida como sendo a capacidade de manter e movimentar todas as partes do corpo de maneira coordenada e confortável, sem perder a mobilidade, sem sobrecarregar a estrutura anatômica do indivíduo e sem gerar tensões desnecessárias nas mais variadas situações de vida diária. Essas questões são peculiares a cada indivíduo, não havendo elementos suficientes para determinar um padrão postural. Em relação à avaliação da posição ortostática, pensamos que ela é um dado a ser considerado na avaliação dos aspectos que podem estar desencadeando dores e degenerações músculo-articulares, mas não é suficiente para caracterizar a qualidade da postura. Deve-se dizer que a verticalidade não é sinônimo de boa postura; as dores e degenerações músculo-articulares podem ser causadas tanto pelo alinhamento quanto pelo desalinhamento dos segmentos corporais, pois, nas duas situações, podem estar agindo forças indevidas que traumatizam os tecidos musculares e articulares. Portanto, é ideal fazer uma avaliação postural que considere todos os aspectos envolvidos na definição de postura corporal. Mesmo que o enfoque esteja direcionado a questões musculares e articulares, a postura não pode ser desconectada do sujeito que a vive, ou, em outras palavras, que é essa postura. A postura não é apenas uma questão de músculos fortes ou fracos e nem de uma posição específica; ela representa a dinâmica corporal assumida pelo indivíduo no seu dia-a-dia, estando vinculada a determinadas motivações que o levam a posicionar-se desta e não daquela maneira, à idéia que ele tem de sua postura e à maneira de ele perceber sua postura. Outro aspecto a ser discutido é o excesso de tempo em atividades sentado em frente ao computador, a influência das mochilas carregadas no ombro e as transportadas no solo através de alças e rodinhas. Ao ficar sentado em frente ao computador procure manter o corpo ereto e os pés apoiados no chão, evite ficar com as pernas cruzadas e os joelhos muito flexionados. Importante é que a pessoa observe se não está projetando para frente a cabeça e mantenha-a alinhada com seu tronco. No transporte das mochilas no ombro, as pessoas devem tomar cuidado para não compensar o peso da mochila com a inclinação do tronco para frente. Todos que transportam mochila, através de alças e rodinhas, devem variar o lado que carregam as mochilas, ora no lado direito ora no lado esquerdo. Isso ajuda a evitar um vício postural inadequado. Os excessos de movimentos repetitivos ou ficar com o corpo numa determinada posição são fatores que desencadeiam uma série de alterações no corpo na busca de uma adaptação, porém esta adaptação quando se torna viciosa traz consigo os mais diferentes males para o corpo.u Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 49 Ergonomia Dessa forma, dor nas costas, tensão nos ombros, braços doloridos e pernas cansadas. Estes sintomas fazem parte da sua vida? Se não aparecem constantemente, provavelmente pode ser que já tenha sentido um deles alguma vez. Os trabalhadores sofrem com os problemas ergonômicos, de ordem musculoesqueléticas. As LERs (lesões por esforços repetitivos) e os DORTs (distúrbios osteomoleculares relacionados ao trabalho), ligados aos problemas de postura, estresse e trabalho excessivo, podem ser caracterizados por: tendinite, bursite e outras doenças do gênero. Por exemplo, o trabalho em pé por tempo prolongado gera sobrecarga na coluna e fadiga na musculatura. No caso de um professor, por exemplo, há ainda o hábito de escrever no quadro em um ângulo superior a 90°, a correção de um volume grande de provas e trabalhos e a necessidade de carregar muitos livros e papéis de uma sala para outra e, muitas vezes, até mesmo de uma escola para outra. E não é só! Mesmo sentado diante do computador para preparar as aulas, a falta de apoio para os punhos, o monitor acima ou abaixo do nível dos olhos e a cadeira mal regulada podem causar problemas de natureza ergonômica. O resultado: dores. Mas este não é um problema sem solução. Algumas atitudes simples podem minimizar estes problemas e evitar outros mais sérios. Em relação ao material, por exemplo, é aconselhável levá-lo em mochilas e não nas mãos e braços. Para escrever no quadro, a sugestão é utilizar um quadro móvel ou uma plataforma de madeira no chão. Além disso, em vez de escrever no quadro todo o conteúdo da aula, opte por ditar parte dele ou fornecer um resumo da matéria impresso para os alunos. E quando precisar trabalhar diante do computador, controle o tempo e faça intervalos para descansar. Também é importante praticar exercícios físicos e, se possível, fazer alongamentos e relaxamentos com regularidade. Se mesmo com todos os cuidados aparecerem sintomas como dor ou desconforto na coluna, nos ombros, nos cotovelos ou nos punhos, procure orientação médica para tentar descobrir logo a causa. Afinal, tão fundamental quanto a prevenção é o diagnóstico precoce. A NBR ISO 11226 de 10/2013 – Ergonomia – Avaliação de posturas estáticas de trabalho estabelece as recomendações ergonômicas para diferentes tarefas de trabalho. Fornece informações para aqueles envolvidos no projeto, ou reprojeto, do trabalho, tarefas e produtos que estejam familiarizados com os conceitos básicos de ergonomia, em geral, e de posturas de trabalho, em particular. Especifica limites recomendados para posturas estáticas de trabalho sem qualquer ou somente um mínimo de esforço, enquanto leva em conta aspectos como ângulos posturais e tempo. É projetada para fornecer orientações na avaliação das variáveis de diversas tarefas, permitindo que os riscos à saúde da população trabalhadora sejam avaliados. Ela se aplica à população trabalhadora adulta. As recomendações fornecerão proteção razoável para quase todos os adultos saudáveis. As recomendações a respeito de riscos e proteção à saúde estão 50 - Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 Ergonomia "Dor, fadiga e distúrbios do sistema musculoesquelético podem ser resultado da manutenção de posturas de trabalho inadequadas, que podem ser causadas por situações de trabalho precárias." baseadas principalmente em estudos experimentais com respeito à carga muscoloesquelética, ao desconforto/dor, e à resistência/fadiga relacionados às posturas estáticas de trabalho. Dor, fadiga e distúrbios do sistema musculoesquelético podem ser resultado da manutenção de posturas de trabalho inadequadas, que podem ser causadas por situações de trabalho precárias. Fadiga e dor musculoesquelética podem influenciar o controle postural, o que pode aumentar o risco de erros e pode resultar na redução da qualidade do trabalho ou da produção, e em situações perigosas. Um bom projeto ergonômico é uma necessidade básica para evitar esses efeitos adversos. Esta norma contém uma abordagem para determinar a aceitabilidade de posturas estáticas de trabalho. O seu conteúdo está baseado no conhecimento ergonômico atual e está sujeito a mudanças de acordo com pesquisas futuras. Convém que as tarefas e operações de trabalho possibilitem que haja VARIAÇÕES suficientes tanto físicas quanto mentais. Isso significaca um trabalho completo, com VARIAÇÃO suficiente de tarefas (por exemplo, um número adequado de tarefas organizacionais, uma combinação apropriada de ciclos de tarefas longos, médios e curtos, e uma distribuição equilibrada de tarefas simples e complexas), autonomia suficiente, oportunidades para interação, informação e aprendizado. Além disso, convém que toda a gama de trabalhadores possivelmente envolvidos com as tarefas e operações seja considerada, em particular as suas medidas corporais. Com relação às posturas de trabalho, convém que o trabalho ofereça variação suficiente entre as posturas sentada, de pé e caminhando. Convém que posturas inadequadas, como ajoelhada e agachada, sejam evitadas, sempre que possível. A abordagem descrita na norma pode ser utilizada para determinar a aceitabilidade de posturas estáticas de trabalho. O procedimento de avaliação considera vários segmentos corporais e articulações, independentemente, em um ou dois passos. O primeiro passo considera somente os ângulos corporais (as recomendações estão, principalmente, baseadas nos riscos por sobrecarga das estruturas passivas do corpo, como ligamentos, cartilagens e discos intervertebrais). Uma avaliação pode conduzir para o resultado “aceitável”, “vá para o passo 2” ou “não recomendado”. Um resultado da avaliação “aceitável” significa que uma postura de trabalho é aceitável somente se VARIAÇÕES da postura estão também presentes (ver 3.1). Em qualquer eventualidade, convém que todo esforço seja feito para obter uma postura de trabalho mais próxima da postura neutra, se isto já não for o caso. Um resultado da avaliação “vá para o passo 2” significa que a duração da postura de trabalho também precisará ser considerada (recomendações estão baseadas em dados de resistência). Convém que posições extremas das articulações sejam avaliadas como “não recomendadas”. Há vários meios para determinar as posturas de trabalho, por exemplo, observação, fotografia/vídeo, sistemas de medição tridimensional óptico eletrônico ou por ultrassom, dispositivos de mensuração posicionados sobre o corpo, como inclinômetros e goniômetros. Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 51 Ergonomia método apropriado depende, entre outras coisas, da precisão requerida na avaliação. Na maioria dos casos, a observação direta (sem instrumentos/sistemas de medição) será suficiente. Contudo, para determinação mais precisa de posturas de trabalho, instrumentos/sistemas de medição podem ser necessários (para um panorama geral e descrição detalhada. O Anexo A descreve os procedimentos para determinar parâmetros de postura específicos apresentados em 3.4 a 3.7, ou seja, inclinação do tronco, inclinação da cabeça, flexão/extensão de pescoço, elevação do braço e posições extrema das articulações. As Lesões por Esforços Repetitivos (LER) ou as Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT) são um conjunto de doenças causadas por esforço repetitivo. A LER envolve tenossinovite, tendinite, bursite e outras doenças. Podem ser causadas por esforço repetitivo devido à má postura, stress ou trabalho excessivo. Também certos esportes se praticados intensivamente podem causar LER. As LER ou as lesões por traumas cumulativos (LTC) são um grupo de doenças causadas pelo uso excessivo de determinada articulação, principalmente envolvendo as mãos, os punhos, cotovelos, ombros e joelhos. Essas doenças têm merecido destaque ultimamente devido ao aumento de casos que estão aparecendo, principalmente nas pessoas que trabalham com computadores e vem apresentando sintomas de dor e inflamação nas mãos. Por serem doenças que envolvem certas profissões, elas são consideradas doença do trabalho e muitas vezes levam o paciente à perda de dias de serviço, bem como afetam o andamento das empresas. Por essa razão, as empresas estão cada vez mais se preocupando em orientar os funcionários, para que esses possam se prevenir das lesões. A causa direta parece ser o uso excessivo de determinadas articulações do corpo, em geral relacionado a certas profissões. Como exemplo, podem ser citados os digitadores, os operadores de caixas registradoras, os profissionais da área de computação, os trabalhadores de linhas de montagem, costureiras, etc.. Essas pessoas passam horas fazendo o mesmo movimento com as mãos ou braços, provocando uma inflamação das estruturas ósseas, ou nos músculos, nos tendões ou mesmo comprimindo nervos e a circulação. Existem várias doenças que podem ser enquadradas nesse grupo LER, cada uma delas com uma característica diferente, mas que irão levar no final aos sintomas de dor, fraqueza e fadiga das articulações, impedindo a pessoa de trabalhar normalmente. Alguns dos principais tipos de lesões por esforços repetitivos são: • Síndrome do túnel do carpo – Essa doença é uma forma bastante comum de LER, provocada pela compressão do nervo mediano, que vem do braço e passa pelo punho, numa região chamada túnel do carpo. Esse nervo é o responsável pela movimentação do dedo polegar, além de promover a sensação nos dedos polegar, indicador e médio na parte da palma das mãos. Devido ao uso excessivo dos dedos e punhos, começa a haver uma inflamação e inchaço das estruturas que passam pelo túnel do carpo, resultando na compressão do nervo mediano. Como resultado, esse nervo passa a ficar mais “fraco”, provocando a sensação de formigamento e amortecimento dos dedos das mãos, principalmente dos dedos polegar, indicador e médio. Às vezes, pode dar até a sensação de “choque” sentida nos dedos e indo em direção ao braço. 52 - Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 " As Lesões por Esforços Repetitivos (LER) ou as Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT) são um conjunto de doenças causadas por esforço repetitivo." Ergonomia Em geral, os sintomas pioram com o decorrer do dia, principalmente após um dia de trabalho. Alguns pacientes acordam no meio da noite com as mãos amortecidas. Essa doença é comum em mulheres de 30 a 50 anos, e acomete 3 vezes mais o sexo feminino do que o masculino. Normalmente, os sintomas estão presentes nas duas mãos, mas são notados primeiramente na mão dominante. Para se fazer o diagnóstico da doença é preciso colher os dados de dor nas mãos, a perda de sensibilidade nos dedos, ou formigamento ou mesmo adormecimento dos mesmos. Também é comum o paciente se queixar que não consegue segurar bem as coisas, principalmente fazer o movimento de pinçar. A relação com a profissão tem importância fundamental no diagnóstico. Ao exame físico, um exame de grande importância é a manobra de Phalen, em que se pede para o paciente colocar as mãos em flexão, ou seja, com os dedos voltados para baixo, e unir dorso contra dorso das mãos, durante um minuto. Os cotovelos devem ficar num ângulo de 90 graus e na mesma altura dos punhos. A presença de dor ou sintomas de formigamento ou adormecimento aponta fortemente para o diagnóstico de Síndrome do túnel do carpo. Outro teste é o chamado teste de Tinnel que consiste da compressão do nervo mediano no trajeto dele pelo túnel do carpo. A presença de dor indica a presença da síndrome do túnel do carpo. Caso seja necessário, poderá ser feito um teste para medir a condução do nervo mediano, para ver se está normal ou não. Os exames de raio-X das mãos são importantes para afastar as outras causas de dor nas mãos, como artrites, tumores ou fraturas ósseas. O tratamento se baseia no uso de antiinflamatórios, como o ibuprofeno, para aliviar a dor bem como a inflamação das estruturas envolvidas. Também o uso de munhequeiras ajuda a manter a articulação dos punhos fixa, aliviando assim a dor. O repouso é uma das melhores formas de tratamento e muitas vezes o paciente deve ficar alguns dias sem trabalhar as articulações para haver a diminuição completa da inflamação. Também pode ser administrada a vitamina B6 para melhorar as condições do nervo. Em casos mais severos, poderão ser utilizados corticóides injetados diretamente nas articulações afetadas. Nos casos em que há grande comprometimento do nervo mediano está indicada a cirurgia para a descompressão do mesmo. Essa cirurgia leva a uma melhora dos sintomas em 95% dos casos. A medida mais importante é evitar usar as articulações durante muito tempo. Dê umas paradas no serviço para relaxar a musculatura das mãos e dedos. Outro fator importante é a posição em que você está trabalhando. Para aqueles que usam computadores ou máquinas de escrever, é muito importante a posição em que você está sentado. Os pés devem ficar paralelos ao chão, as pernas devem ficar flexionadas no joelho, sendo que a coxa forme um ângulo de 90 graus com as costas. u Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 53 Ergonomia • • A cadeira deve ser bem confortável e as costas devem estar apoiadas no encosto. Os braços devem ficar na mesma altura do teclado, sendo que as mãos ficam também no mesmo nível, não forçando assim os punhos. Coloque a tela do computador de modo que você fique a uma distância de 40 a 60 centímetros dela e sua visão direta forme um ângulo de 15 a 30 graus. Tendinites dos extensores dos dedos – Tendões são estruturas que se parecem com cordões extremamente fortes, responsáveis pela fixação dos músculos nos ossos. Toda vez que o músculo se contrai, os tendões se esticam, dando-se assim o movimento desejado. O termo tendinite significa uma inflamação dessas estruturas, em geral causada por excessivo uso daquela articulação envolvida. A tendinite pode ocorrer em qualquer articulação, mas é mais comum nos punhos, nos joelhos, ombros e cotovelos. Devido à inflamação, a pessoa irá apresentar dor quando movimentar as articulações em questão. No caso das mãos, existe um grupo de músculos que estendem os dedos e as mãos, e os respectivos tendões passam pela parte dorsal das mãos. Da mesma forma que para a síndrome do túnel do carpo, o uso excessivo e repetitivo de certa articulação irá provocar o inchaço das estruturas presentes nas costas das mãos, provocando dor ao movimento dos dedos e punhos. O diagnóstico pode ser feito através da queixa do paciente que revela dor na parte dorsal da mão, principalmente após o uso excessivo daquelas articulações. O paciente pode se queixar de fraqueza nas mãos bem como sensação de queimação em vez de dor. O tratamento indicado é o uso de antiinflamatórios e repouso da articulação envolvida. Para a prevenção, é preciso tomar cuidado 54 - Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 Ergonomia • • com a posição em que se está sentado, observar a posição dos braços e mãos, principalmente para aqueles que trabalham com computadores e máquinas de escrever. Os punhos devem sempre ficar numa posição confortável, evitando que eles fiquem desalinhados com os braços e o teclado. Da mesma forma, pare o seu trabalho de tempos em tempos para relaxar a musculatura e os tendões. Tenossinovite dos flexores dos dedos – Os tendões flexores dos dedos estão presentes na parte da palma das mãos. Esses tendões estão recobertos por uma bainha chamada sinovial, que faz com que a contração do músculo fique mais macia. Quando ocorre a inflamação dessa bainha sinovial, usa-se o termo tenossinovite, no caso dos tendões que fazem a flexão dos dedos. Devido à inflamação da bainha, quando houver contração do músculo para movimentar os dedos, aparecerá o sintoma de dor local, e o movimento das mãos não será bem realizado. No diagnóstico, o paciente irá se queixar dor e inflamação na parte interna da mão, principalmente quando fizer o movimento de flexão dos dedos (quando a pessoa fecha as mãos, por exemplo). Para o tratamento, são usados antiinflamatórios para aliviar a dor e inflamação, bem como é indicado o repouso das articulações envolvidas. Tenossinovite estenosante (dedo em gatilho) – Essa doença envolve os tendões flexores dos dedos das mãos, que passam por túneis dentro dos dedos. Se houver a formação de um nódulo sobre o tendão ou ocorrer um inchaço na bainha que o cobre, ele então se tornará mais largo, ficando comprimido nos túneis por onde ele passa. Conforme a pessoa mexe os dedos, ela irá sentir um estalo ou escutar um barulho na articulação envolvida, principalmente no meio dos dedos. O diagnóstico pode ser feito através dos sintomas apresentados, • bem como a referência de que a pessoa trabalha em serviços que requerem o uso da palma das mãos e o movimento de fechar os dedos, como carimbar e grampear, em movimentos repetitivos e por longos períodos. O tratamento mais indicado para este problema é o uso de antiinflamatórios e repouso das articulações. Para a prevenção, deve-se evitar o uso repetitivo das articulações, se possível usar um grampeador elétrico ou que ele seja acolchoado para evitar que a palma das mãos se force. A mesma coisa é válida para os carimbos. Também podem ser usadas luvas com gel para que amorteçam a batida contra a palma das mãos. Epicondilite lateral – Essa doença é conhecida como tennis elbow (cotovelo de tênis) e é causada pela inflamação das pequenas protuberâncias dos ossos dos cotovelos, os chamados epicôndilos. Neste caso, os ossos envolvidos são os epicôndilos laterais, ou seja, da parte de fora do braço. Apesar do nome, poucos tenistas apresentam essa doença, sendo mais comum em pessoas que trabalham levantando peso, donas de casa, pessoas que fazem trabalhos manuais e que trabalham em escritórios. Alguns músculos que promovem a retificação do punho e dos dedos são presos pelos tendões no epicôndilo lateral do cotovelo. Quando houver um uso excessivo dessas estruturas, começará a se desenvolver uma inflamação das mesmas, iniciando os sintomas de dor. No diagnóstico, o paciente pode se queixar de dor aguda quando roda o antebraço. Em geral, a pessoa vai notando que a dor vai aumentando gradativamente conforme o uso das articulações, como ao abrir latas, ou ao abrir as fechaduras das portas ou mesmo quando vai parafusar alguma coisa. O tratamento é feito com o repouso da articulação em questão e com o uso de antiinflamatórios. São úteis também os exercícios de alongamento do antebraço e músculos das mãos. Poderá ser usado um suporte para o antebraço, parau Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 55 Ergonomia • reduzir a pressão na área afetada. Em casos mais graves, podem ser injetados corticóides no local afetado. Caso não haja melhora, poderá ser indicada cirurgia para alívio dos sintomas. • Doença de Quervain - Essa doença decorre da inflamação dos tendões que passam pelo punho no lado do polegar. Se houver um uso excessivo dessa articulação, poderá ocorrer a inflamação desses tendões, dificultando o movimento do polegar e do punho, principalmente quando for pegar algum objeto ou rodar o punho. Em geral as pessoas que trabalham em escritório arquivando documentos, ou datilografando ou escrevendo a mão, em que há uso constante do polegar em direção ao dedo mínimo são as mais propensas a apresentar essa doença. Para o diagnóstico, o paciente irá revelar dor na região do polegar e punho, principalmente se estiver relacionada com profissões acima relacionadas. A manobra de Filkestein é em geral positiva, em que se segura a mão do paciente na parte das costas e leva-se o polegar em direção ao dedo mínimo e fazse a flexão do punho. O paciente irá apresentar dor na região do punho que poderá se irradiar para o braço. O tratamento para a doença de Quervain consiste no uso de antiinflamatórios e repouso da articulação envolvida. Para a prevenção, procure relaxar as mãos durante o trabalho. Alterne o uso do polegar direito com o esquerdo quando for digitar a barra de espaço do computador ou máquina de escrever. Sempre sentar confortavelmente, com os punhos sempre no mesmo nível das teclas. Procure usar canetas e lápis que sejam bem confortáveis nas mãos, para não forçar o polegar. Se você trabalha com uma atividade que faça movimentos de pinçamento, use luvas de borracha e alterne as mãos. Enfim, as LER/DORT representam um dos grupos de doenças ocupacionais mais polêmicos no Brasil e em outros países. Têm sido, nos últimos anos, dentre as doenças ocupacionais registradas, as mais prevalentes, segundo estatísticas referentes à população trabalhadora segurada. Por definição, abrangem quadros clínicos do sistema músculoesquelético adquiridas pelo trabalhador submetido a determinadas condições de trabalho. Caracterizam-se pela ocorrência de vários sintomas concomitantes ou não, tais como dor, parestesia, sensação de peso, fadiga, de aparecimento insidioso, geralmente nos membros superiores. Entidades neuro-ortopédicas definidas como tenossinovites, sinovites, compressões de nervos periféricos podem ser identificadas ou não. É comum a ocorrência de mais de uma dessas entidades neuro-ortopédicas e a concomitância com quadros mais inespecíficos como a síndrome miofascial. Frequentemente são causa de incapacidade laboral temporária ou permanente. São resultado da superutilização das estruturas anatômicas do sistema músculo-esquelético e da falta de tempo de recuperação. As LER/DORT são termos utilizados como sinônimos de lesões por traumas cumulativos, distúrbios cervicobraquiais ocupacionais, síndrome ocupacional do overuse. Cada denominação tem relação com a história do processo de reconhecimento da doença como ocupacional nos diferentes países. A tendência mundial no meio científico é utilizar cada vez mais a denominação Work Related Musculoskeletal Disorders (WRMD), cuja tradução no Brasil foi Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), segundo Norma Técnica para Avaliação da Incapacidade Laborativa em Doenças Ocupacionais. Por fim, pode-se falar sobre a Computer Vision Syndrome ou a Síndrome da Visão do Computador pode afetar qualquer pessoa que, com muita frequência, passa mais de duas horas diante do computador, sem pausa, gerando o ressecamento dos olhos, miopia transitória, etc. Os monitores 56 - Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 "...as LER/DORT representam um dos grupos de doenças ocupacionais mais polêmicos no Brasil e em outros países." Ergonomia ..." o melhor é que a cada 50 minutos de trabalho no computador, descanse ao menos cinco minutos, de preferência olhando para o horizonte para mudar o foco..." são constituídos de pixels (pontos micros), nos quais o olho não consegue foco. Para manter a imagem mais definida, o usuário de computador tem que “focar e refocar”, o que gera a tensão dos músculos do olho. Associado a isso está a diminuição de piscadas na frente do computador, chegando a ser quatro vezes abaixo do que em situações normais. Levando em consideração que as piscadas têm a função de lubrificar os olhos, a visão fica mais ressecada. Outros fatores podem agravar o ressecamento dos olhos como, por exemplo, o ar-condicionado que diminui a umidade do ar. A Síndrome da Visão do Computador tende a se agravar quando está associada a fatores como reumatismo ou disfunção hormonal, havendo o risco de uma ceratoconjuntivite seca, uma úlcera ou até uma perfuração da córnea. Para prevenir o melhor é que a cada 50 minutos de trabalho no computador, descanse ao menos cinco minutos, de preferência olhando para o horizonte para mudar o foco; utilize o computador em ambientes iluminados, porém evite reflexos de janelas na tela; pisque mais, mesmo que voluntariamente, para lubrificar os olhos; se o monitor for CRT, use-o na frequência mais alta possível, em hertz, nos monitores LCD não há essa necessidade; evite a utilização de luzes apontadas diretamente para os olhos como luminárias de mesa. Isso pode causar ofuscamento; tome cuidado com a utilização de computador em áreas com muito vento ou arcondicionado muito forte, pois tais fatores contribuem para o ressecamento dos olhos.; deixe o monitor sempre limpo, pois por causa da estática é grande o acúmulo de pó na tela, o que piora a imagem; se o ressecamento for muito acentuado, procure um médico e peça a sugestão de um colírio; deixe o monitor a uma distância de 50 a 65 centímetros dos olhos e a inclinação da tela deve variar de 10º a 20º; nunca fique com o monitor acima do nível dos olhos, já que além de forçar mais músculos essa posição exige que a fenda palpebral fique mais aberta, agravando o ressecamento; óculos especiais são recomendados para pessoas de idade que estiverem fazendo algum tipo de leitura no computador, pois eles podem não obter foco no vídeo, que costuma estar a uma distância maior dos olhos. Além disso, em frente à tela do computador, as crianças se distraem tanto ou até mais que os adultos, principalmente se o conteúdo acessado são os jogos virtuais. Muitos oftalmopediatras acreditam que o uso intenso do computador entre as crianças podem colocá-las em risco de desenvolver miopia precoce. Uma pesquisa recente parece confirmar este receio. Um estudo realizado pelo National Eye Institute e publicado na edição de dezembro de 2009 no Archives of Ophthalmology concluiu que a prevalência de miopia entre as crianças americanas aumentou de 25% para 41,6% ao longo dos últimos 30 anos, um aumento de mais de 66%. Entre as pessoas com 12 anos ou mais anos de educação formal, a prevalência de miopia é agora tão elevada que chega a 59,8%. “Ficar sentada por horas na frente de uma tela de computador cansa os olhos das crianças porque o computador força o sistema de visão ao exigir que ela se concentre e foque muito mais do que em qualquer outra tarefa. Este esforço extra pode colocar as crianças em um u Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 57 Ergonomia risco ainda maior do que os adultos de desenvolver os sintomas da Síndrome da Visão do Computador”, alerta o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do Instituto de Moléstias Oculares (IMO). E os pais precisam estar cientes dos problemas de visão associados ao uso intenso do computador. “O uso do computador exige habilidades motoras finas que os olhos das crianças ainda não desenvolveram. Somente quando o sistema visual amadurece é que a criança é capaz de lidar com o estresse visual provocado pelo uso do computador”, informa o oftalmopediatra Fabio Pimenta de Moraes, que também integra o corpo clínico do IMO. Segundo o oftalmopediatra do IMO, os pais devem considerar alguns fatores que influenciam o uso do computador pelas crianças. Elas podem não estar cientes de quanto tempo estão despendendo na frente do computador. Elas podem executar uma tarefa no computador por horas, fazendo poucas pausas. Esta atividade prolongada pode causar problemas de foco e fadiga ocular. As crianças são muito adaptáveis. Eles assumem que o que vêem e como vêem é normal – mesmo que a sua visão seja problemática. É por isso que é importante que os pais monitorem o tempo que a criança passa em frente ao computador e verifique se seus exames oftalmológicos regulares estão em dia. As crianças são menores do que os adultos. E as estações de trabalho muitas vezes são feitas para uso adulto, isso pode mudar o ângulo de visão das crianças. Os usuários de computador devem enxergar a tela um pouco para baixo, num ângulo de 15 graus. Além disso, se uma criança tem dificuldade para alcançar o teclado ou para colocar os pés confortavelmente no chão, a criança pode experimentar dores no pescoço, ombro e / ou costas. Dicas para reduzir o risco de Síndrome da Visão do Computador em crianças: • Faça exames oftalmológicos com regularidade nas crianças: “Antes da volta às aulas, o ideal é que toda criança faça um exame oftalmológico completo, incluindo a aferição da visão de perto (computador e leitura) e da visão de longe”, diz o oftalmopediatra; • Limite a quantidade de tempo que seu filho passa na frente do computador sem fazer uma pausa: “Incentive as crianças a fazerem 20 segundos de intervalos a cada 20 minutos de uso do computador, para minimizar o desenvolvimento de problemas oculares, como dificuldade com foco e irritação dos olhos”, ensina Fabio Moraes; • Verifique a ergonomia do posto de trabalho da criança: “Quando a criança é mais novinha, consequentemente menor, é preciso se certificar que a estação de trabalho do computador esteja ajustada ao tamanho do corpo dela. A distância recomendada entre o monitor e os olhos para as crianças é de 18 a 28 centímetros”, afirma o médico; • Verifique a iluminação do ambiente onde o computador é usado: “Para reduzir o brilho do computador, janelas e outras fontes de luz não devem ser diretamente visíveis quando a criança estiver sentada na frente do monitor. É preciso reduzir a iluminação na sala para coincidir com a da tela do computador”, recomenda Fabio Moraes. Além do risco de desenvolver a Síndrome da Visão do Computador, existe a preocupação de que o uso excessivo do computador durante a infância possa também ter efeitos adversos no desenvolvimento físico da criança. Recentemente, pesquisadores da Austrália, da Universidade de Washington (Seattle, Washington) e da Escola de Saúde Pública de Harvard (Boston, Massachusetts) fizeram uma revisão da literatura científica atual sobre o tema e publicaram uma série de orientações para os pais ajudarem seus filhos a alcançar o desenvolvimento físico apropriado. O relatório completo desta pesquisa foi publicado na edição de abril de 2010 do journal Ergonomics. Dentre as diretrizes enumeradas pelos pesquisadores, podem ser destacadas: 58 - Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 " As crianças são menores do que os adultos. E as estações de trabalho muitas vezes são feitas para uso adulto, isso pode mudar o ângulo de visão das crianças." • • • • • Incentivar uma mistura de tarefas ao longo do dia: As crianças devem fazer pausas frequentes quando estiverem usando o computador Além disso, sua rotina deve incluir uma variedade de atividades que envolvem mudanças de postura e movimento físico. “A realização de tarefas sedentárias que usam mídia eletrônica (utilização do computador, assistir TV, mensagens de texto via smartphone, etc) deve ser limitada a menos de duas horas por dia”, defende o oftalmopediatra do IMO; Incentivar que a criança tenha uma postura adequada quando estiver utilizando o computador: As estações de trabalho devem adequar-se ao tamanho da criança, permitindo que ela adote uma gama de posturas adequadas frente à tela do computador. “Os pés devem ser capazes de descansar confortavelmente no chão; a altura da mesa deve estar nivelada com a altura do cotovelo; o topo da tela do computador deve estar na altura dos olhos, a tela deve ser posicionada e inclinada para evitar o ofuscamento”, ensina o médico; Encorajar comportamentos apropriados quando a criança estiver utilizando e transportando computadores portáteis: A criança deve ser alertada sobre a postura correta ao carregar o laptop, incluindo aqui o uso de uma mochila com alças duplas para carregar o computador para as aulas; Ensinar aos filhos habilidades de computação: Isto inclui ensinar às crianças a teclarem fazendo o mínimo de força e a usar atalhos do teclado para reduzir o uso do mouse; Ensinar às crianças a responderem adequadamente ao desconforto durante o uso do computador: “Isto inclui a orientação por parte dos pais e professores de que pausas devem ser mais frequentes. Ao primeiro sinal de cansaço visual, a criança deve ser orientada a parar de usar a máquina”, diz Moraes. n A Loja da qualidade • Ebooks • Jogos Empresariais & Dinâmicas • Livros Importados • Livros Nacionais • Kits para Implantação de ISO 9001 • Kit para Implantação de ISO 14001 • Revistas em Quadrinho especiais • Coletâneas exclusivas • DVDs de Treinamento • Pôsteres de Incentivo • Publicidade • Assinaturas Tudo pelo sistema PagSeguro. www.qualistore.com.br Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 59 A ciência da medição em defesa da sociedade Atualmente, virou moda fazer tatuagem. E ela pode oferecer riscos aos usuários. Outro problema está relacionado com as áreas contaminadas que podem oferecer riscos à sociedade. Esses dois problemas estão sendo acompanhados pela metrologia. No caso os laboratórios do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São Paulo 60 - Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 Da Redação A tatuagem é uma marca permanente ou um desenho feito na sua pele com pigmentos inseridos através de picadas na camada superior da pele. Tipicamente, o tatuador utiliza uma máquina de mão semelhante a uma máquina de costura, com uma ou mais agulhas de perfuração da pele, usadas repetidamente. Com cada furo, insere nas agulhas minúsculas gotas de tinta. O processo é feito sem anestesia, podendo haver sangramento e ligeira dor. Existem dois tipos de reações: as graves e as de sensibilidade. As de sensibilidade ou reatividade podem causar problemas de pele como granulomas (caroços vermelhos causados por inflamação) e quelóides. Essas reações de reatividade podem ocorrer sem aviso, anos após a tatuagem ter sido feita. As graves ocorrem em pessoas com reações alérgicas às tintas usadas para tatuar. Embora a maior parte dos pigmentos usados sejam aprovados, as tintas de tatuagem não são regulamentadas. Estas reações de sensibilidade retardada aos pigmentos metálicos podem ocorrer, inclusive, anos depois de se fazer a tatuagem. As toxinas de algumas tintas podem entrar nos rins, pulmões ou nódulos linfáticos através do sistema circulatório. Pode-se considerar a existência de risco toxicológico ao se fazer uma tatuagem, devido aos pigmentos e tintas utilizados, os quais podem conter metais pesados altamente tóxicos Esta reatividade imunitária tem sido associada ao desenvolvimento quer de síndromes inflamatórios sistémicos de causa não esclarecida, quer de doenças autoimunes e alérgicas. Se os procedimentos de esterilização e higiene não forem adotados, corre-se o risco de contrair HIV, hepatite B e infeções bacterianas ou fúngicas. Por exemplo, a maioria dos bancos de sangue pede que as pessoas esperem 12 meses após fazer uma tatuagem antes de doar sangue. Alguns tipos de tatuagens podem apresentar perigo quando se necessita realizar um exame de ressonância magnética, o risco está relacionado à composição do material das tintas e ao tamanho da tatuagem. Algumas cores causam mais reações que outras, por exemplo, a tinta de cor vermelha contém ferro, que é um material ferromagnético e sensível aos campos magnéticos aplicados nos equipamentos de ressonância magnética. Além disso, o ferro da tinta vermelha pode conduzir eletricidade, existindo um fluxo de corrente elétrica que pode aquecer o metal presente na composição da tinta com capacidade suficiente para queimar. As reações podem resultar em inchaço da pele tatuada e da área ao redor, sensações de calor e irritação mais profunda na pele, reações mais graves podem resultar em queimaduras de primeiro e segundo grau. Não se deve tatuar por cima de uma mancha, pois isso torna mais difícil saber se há um crescimento cancerígeno. De acordo com institutos de saúde, casos de Staphylococcus aureus estão em ascensão entre pessoas tatuadas. Isto é particularmente preocupante porque as espécies dessas bactérias são altamente resistentes à maior parte dos antibióticos. As tatuagens de henna negra são consideradas uma ameaça recorrente ao estado de saúde, pois no verão elas são frequentemente oferecidas a turistas nas praias e resorts. De forma a acentuar a cor negra do pigmento de henna e prolongar o efeito da tatuagem, são adicionadas concentrações elevadas de corantes que desencadeiam reações alérgicas. Danos permanentes na pele, dermatite de contacto alérgica e polisensibilização, são efeitos adversos de longa duração associados a estas tatuagens de henna negra. Estas reações alérgicas podem originar comichão na pele, vermelhidão, manchas e bolhas que, com o passar do tempo, são tratáveis e desaparecerão, mas em alguns casos levarão a lesões permanentes na pele, tal como descoloração ou cicatrizes. As reações alérgicas graves com lesão persistente sãou Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 61 normalmente efeitos adversos que ocorrem após a colocação da tatuagem negra, aparecendo os sintomas num curto espaço de tempo (três a 12 dias). Dessa forma, não basta escolher o desenho mais adequado da tatuagem. Também é preciso escolher muito bem o profissional responsável pela arte desejada e que conheça os materiais que serão utilizados, principalmente a tinta. Em pesquisa realizada pelo Centro de Metrologia em Química do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), por solicitação da promotoria do Ministério Público Estadual, constatou-se que amostras de tinta continham benzeno e metais pesados. Além disso, o produto não era registrado junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Na foto acima, a cromatografia em fase gasosa acoplada à espectrometria de massas foi empregada para análise dos compostos orgânicos. Na análise dos compostos orgânicos, foram identificados os voláteis e semivoláteis nos materiais, utilizando-se a cromatografia em fase gasosa acoplada à espectrometria de massas (CGEM). Neste ensaio foi possível determinar a presença de benzeno nos teores de 0,9 e 2,0 mg/ kg, ou parte por milhão (ppm). Tintas para tatuagem são consideradas produtos médicos porque estão em contato direto com a pele. Segundo a Fundacentro, do Ministério do Trabalho e Emprego, o benzeno é uma substância cancerígena muito perigosa para a saúde, com um valor máximo de exposição suportável de 1 ppm. Para a identificação dos elementos inorgânicos foram utilizadas as técnicas de espectometria de fluorescência de raios-X e difratometria de raios-X. Para quantificação, foi utilizada a técnica de espectrometria de emissão atômica de plasma, conhecida como ICP. Por meio destas análises constatou-se que as tintas analisadas continham ferro, cobre, cromo, nióbio e zinco, sendo que em uma das amostras o teor de cobre chegou a 4.000 mg/kg (ppm) de cobre. “Com a estrutura do centro, a diversidade de equipamentos de última geração e profissionais capacitados, é possível determinar a caracterização química de qualquer material, como ocorreu com a tinta, submetida a vários processos avaliando substâncias orgânicas e inorgânicas”, explica o diretor do Centro de Metrologia em Química, Miguel Papai Jr. Áreas contaminadas O IPT igualmente pode realizar ensaios laboratoriais e in situ para caracterização físicoquímica do solo e de resíduos para análise e/ou remediação de áreas contaminadas, executando o diagnóstico por meio de modelos numéricos e avaliando o risco à saúde humana, determinando as metas de intervenção nestas áreas e o respectivo projeto para sua remediação e seu controle por monitoramento. A execução deste projeto prevê a inserção, dentro da capacitação institucional, de novas tecnologias para recuperação de 62 - Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 áreas contaminadas, a saber: dessorção térmica, oxidação química, biorremediação, fitorremediação e nanotecnologia. Em linhas gerais, o objetivo do projeto é investigar rotas tecnológicas para remediar sítios contaminados com organoclorados. Para atendimento aos objetivos serão realizadas as seguintes ações: aplicação das técnicas de fitorremediação, biorremediação, tratamento químico, nanotecnologia e incineração; avaliação das metodologias de inativação e/ou decomposição de organoclorados, em especial hexaclorociclohexano – HCH, em escala de laboratório e piloto; e avaliações técnicoeconômicas de combinações de alternativas de remediação in situ. Segundo o instituto, historicamente, o uso de agrotóxicos no Brasil aumentou com a expansão e modernização da agricultura nacional. O controle das pragas, que anteriormente era feito por inimigos naturais ou métodos mecânicos, foi substituído pelo uso de compostos químicos sintéticos. O desenvolvimento de pesticidas teve suma importância no aumento da atividade agrícola devido a seus baixos custos e alta eficiência. Assim, neste período, a população rural foi a mais afetada pelos agrotóxicos, causando a morte de inúmeras pessoas nas décadas de 60-70. O conhecimento do uso destes produtos nem sempre está assentado em fontes disponíveis e confiáveis. Até meados da década de 80, a principal fonte de informação sobre produção, importação e exportação de agrotóxicos clorados no Brasil foi o arquivo de dados estatísticos do antigo Conselho de Desenvolvimento Industrial (CDI). Locais altamente contaminados são conhecidos como hot spots. Segundo o Cetesb, até novembro de 2008, somente em São Paulo, estão cadastradas 2514 áreas contaminadas, sendo que os principais grupos de contaminantes encontrados foram: solventes aromáticos, combustíveis líquidos, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (PAHs), metais e solventes halogenados, destacando-se 142 contaminadas por solventes halogenados, 53 por fenóis halogenados, 43 por solventes aromáticos halogenados, 35 por biocidas, 21 por PCBs e 2 por dioxinas e furanos. Os compostos orgânicos liberados no meio ambiente compreendem espécies de uma ampla faixa de tamanhos de moléculas e de grupos funcionais. A natureza dos grupos funcionais é especialmente importante, pois determina a reatividade e a aplicabilidade destes compostos. As substâncias tóxicas persistentes (STP) compreendem: as bifenilas policloradas – PCB, os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos – PAH, o hexaclorobenzeno – HCB, o aldrin, o dieldrin, o endrin, o p,p,-DDT, o p,p,-DDE, p,p,-DDD, os hexaclorocicloexanos (α-HCH, β-HCH, δ-HCH e γ-HCH), o endossulfan, o heptacloro e o pentaclorofenol. Incluem, também, compostos orgânicos de metais e têm como características alta hidrofobicidade, baixa reatividade no meio ambiente e grande tendência para se acumular, ou bioconcentrar, nos tecidos dos organismos vivos. Mundialmente, ocorrem locais fortemente contaminados por HCH adivindas de fábricas de formulação de pesticidas: Carolina (USA, 1977), Barakaldo (Viszcaya, 1987) e Galícia na Espanha (depósito de uma fábrica de pesticida contaminou solo e água numa área de 45.000 m2). Apesar das STP estarem parcialmente banidas no Brasil algumas destas substâncias são encontradas em diversas matrizes ambientais, atingindo valores muito acima dos limites legislados, em áreas consideradas críticas. Isto se deve Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 63 ao fato destas substâncias refletirem o histórico passado em um período em que os programas de gerenciamento de resíduos eram praticamente inexistentes. O sedimento é considerado o compartimento mais importante para o estudo do impacto das STP no meio ambiente, pois é aqui que as STP apresentam os maiores tempos de residência. Os compostos encontrados com maior freqüência na literatura são DDT, HCH, PCB e heptacloro. Os dados sobre STP no Brasil, apesar de não serem escassos, não são totalmente disponibilizados para a sociedade civil. Cabe ainda destacar que os dados atuais sobre concentração de STP nas diversas matrizes ambientais demonstram o pior cenário, pois na maioria das vezes o monitoramento é realizado em locais com suspeita de contaminação indicando, portanto, a necessidade emergente de programas destinados ao conhecimento da concentração das STP em regiões pouco impactadas. Diante deste quadro, propõe-se a avaliação de tecnologias para remediação de áreas contaminadas aplicadas a compostos organoclorados, em especial o HCH, que é um composto químico de origem industrial, não sendo encontrado naturalmente no ambiente. Ocorre em oito formas químicas chamadas de isômeros. Todos os isômeros são sólidos à temperatura ambiente. O isômero γ-HCH (gama-HCH), também chamado lindano, tem sido utilizado como inseticida em cultivo de frutas, vegetais, reflorestamentos, entre outras culturas, e como produto de uso médico no tratamento contra piolhos, sarnas, micuins, carrapatos etc. O produto comumente encontrado no mercado é HCH grau técnico (t-HCH), sendo este uma mistura dos vários isômeros de HCH, onde o lindano pode representar 40% do produto. Conforme a Agency for Toxic Substances and Disease Registry (ATSDR, 1995), as principais características que o HCH apresenta no ambiente são: no ar, o HCH (isômeros α, β, γ, δ) pode estar presente como vapor ou agregado a partículas de solo ou poeira; lindano pode permanecer no ar por até 17 semanas, e ser transportado por grandes distâncias; partículas com HCH agregado podem ser retiradas do ar pela chuva; no solo, sedimento e água, o HCH é degradado por algas, fungos e bactérias para substâncias menos nocivas; é desconhecida a persistência dos isômeros do HCH no solo; e pode acumular em tecidos gordurosos de peixes. As principais vias de exposição do HCH segundo ATSDR (1995) são: ingestão de alimentos contaminados como verduras, carnes e leite; inalação de ar contaminado próximo à fábricas onde o produto é preparado, ou áreas agrícolas; inalação de ar contaminado em ambiente de trabalho; através da pele quando aplicado na forma de loção ou shampoo para controle de piolhos e sarnas; consumo de água contaminada; inalação de ar contaminado próximo a lixões ou aterros sanitários; crianças em fase de lactação, através do leite de mães que tenham sido expostas ao contaminante. Os efeitos do lindano ou demais isômeros de HCH na saúde humana são irritações pulmonares, problemas cardíacos e sangüíneos, encefalias, convulsões e alteração do nível de hormônios sexuais (ATSDR, 1989). Esses efeitos têm sido observados em trabalhadores expostos ao vapor de HCH durante o processo de fabricação de pesticidas ou em exposições a grandes quantidades de HCH. A exposição a grandes quantidades de HCH também pode causar morte de humanos e animais. O IPT espera conseguir alguns resultados como: proposição de novas tecnologias para maior sustentabilidade ambiental; incremento significativo do potencial para remediação de áreas contaminadas por compostos organoclorados, assunto ainda de difícil solução; melhoria em procedimentos operacionais para remediação de áreas contaminadas; aumento de capacidade analítica institucional para análise de compostos organoclorados e seus produtos de degradação; subsídio para formulação de políticas públicas; difusão do conhecimento tecnológico adquirido no projeto; formação de recursos humanos; melhora da qualidade 64 - Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 de vida, com conseqüente redução de gastos públicos com a saúde, decorrente das contaminações de solo e água; redução de impactos ambientais, através de tecnologias específicas; apoio técnico e econômico ao poder público e privado para recuperação de áreas industriais contaminadas, liberando-as para ocupações mais nobres, incluindo-se o uso residencial. Enfim, a descoberta de propriedades inseticidas do DDT (1940) e do HCH (1942) deu um grande impulso no combate aos insetos, de modo que, a partir da década de 1940, os inseticidas organoclorados foram amplamente utilizados na agricultura, na indústria pecuária e nos programas de combate a insetos transmissores de doenças e nas campanhas de saúde pública. Não há como negar os benefícios que esses produtos de ampla ação e persistência trouxeram ao homem. Porém, em 1962, Carson publicou o livro “Primavera Silenciosa”, relatando que o amplo uso dos organoclorados poderia ser a causa da diminuição da população de diversas aves. Uma das características indesejáveis desses compostos, do ponto de vista ambiental, é a persistência, que consiste na capacidade das substâncias em permanecer inalteradas e ativas por muito tempo no solo, na água e nos alimentos. Da revisão bibliográfica realizada, muitas têm sido as questões, ainda insuficientemente respondidas, quer pela sua notória complexidade, quer pela falta de experiência e, finalmente, pela real insuficiência de conhecimento científico acumulado, que necessitam ser preenchidas. Entre as muitas questões controversas e as respectivas lacunas do conhecimento destacam-se: quais as substâncias químicas produzidas pela degradação natural do HCH no solo? São elas, nas condições brasileiras, mais tóxicas do que HCH?; qual é a complexidade da contaminação pela introdução da variável tempo após, 20, 30, 40 anos ou mais?; qual a “dinâmica populacional”, geográfica e temporal das moléculas cloradas se elas pudessem ser “marcadas“, considerando-se todas as formas potenciais de exposição humana, e todas as vias de penetração no organismo, cutânea, digestiva e respiratória e, ainda, considerando a persistência dos organoclorados nos meios naturais (ex. solo) e a biopersistência dos organoclorados na cadeia biológica?; qual o significado clínico, toxicológico e epidemiológico de concentrações de HCH eventualmente acima de algum “valor de referência” internacional ou nacional? Quanto às normas técnicas, existe a NBR 16209 de 09/2013 – Avaliação de risco a saúde humana para fins de gerenciamento de áreas contaminadas estabelece os procedimentos de avaliação de risco à saúde humana para fins de gerenciamento de áreas contaminadas em decorrência da exposição a substâncias químicas presentes no meio físico. Aplica-se ao gerenciamento de áreas contaminadas, após a realização das etapas de avaliação preliminar, investigação confirmatória e investigação detalhada, subsidiando a adoção das medidas de intervenção aplicáveis e fornecendo subsídios aos estudos de avaliação de eventuais danos à saúde. Não se aplica à avaliação de risco decorrente da exposição a substâncias radioativas, à avaliação de risco ecológico e à saúde ocupacional, bem como à avaliação preliminar de risco (APR)associada ao processo produtivo. Já a NBR 16210 de 08/2013 – Modelo conceitual no gerenciamento de áreas contaminadas – Procedimento estabelece os procedimentos e conteúdos mínimos para o desenvolvimento de modelos conceituais em objeto de estudo. Aplica-se exclusivamente às etapas do gerenciamento de áreas contaminadas. A avaliação de risco é uma etapa do processo de gerenciamento de áreas contaminadas utilizada para estimar o risco à saúde humana causado pela exposição do homem a uma determinada substância ou grupo de substâncias presentes no meio físico (solo, sedimento, água subterrânea, água superficial e ar) e para estabelecer u Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 65 metas que orientem as medidas de intervenção. O processo de avaliação de risco adotado na norma baseia-se no método da U.S.EPA (1989), que possui as seguintes etapas: coleta, avaliação e validação de dados, avaliação de exposição, análise de toxicidade e caracterização de risco. A etapa de coleta, avaliação e validação de dados envolve a compilação e validação de todas as informações relevantes para o desenvolvimento de um modelo conceitual de exposição (MCE) da área de interesse, bem como a identificação dos dados básicos para a quantifi cação das doses de ingresso (In) das substâncias químicas de interesse (SQI). Neste contexto, para a aplicação adequada desta Norma, é fundamental que já tenham sido desenvolvidas as etapas de avaliação preliminar, investigação confirmatória e detalhada, que proporcionem a geração de dados ambientais para elaboração do modelo conceitual de exposição e posterior quantificação do risco à saúde humana. Para a aplicação dessa norma, é recomendável que as etapas acima mencionadas tenham sido desenvolvidas de acordo com as NBR 15515-1, NBR 15515-2 e NBR 15515-3. Para a coleta de dados, devem ser obtidos os dados e informações disponíveis em estudos anteriores que servirão como base para o desenvolvimento da avaliação de risco à saúde humana, os quais devem obrigatoriamente provir dos relatórios das seguintes etapas do gerenciamento de áreas contaminadas: a) avaliação preliminar, NBR 15515-1; b) investigação confirmatória, NBR 15515-2; c) investigação detalhada, NBR 155153. Desses relatórios devem ser obtidos os seguintes dados a serem avaliados e validados em conformidade com o item 4.1.2: a) resultados de análises químicas das amostras coletadas nos diferentes compartimentos do meio físico (solo, sedimento, água subterrânea, água superficial e ar) e alimentos; b) as características do meio físico que podem afetar o transporte, a atenuação natural e a persistência dos contaminantes; c) as características de uso e ocupação do solo na área de interesse. A norma deve ser utilizada durante as etapas do processo de gerenciamento de áreas contaminadas, estando diretamente ligada a cada etapa de realização, devendo o modelo conceitual ser atualizado ao longo do processo. O surgimento de fatos novos, o desenvolvimento tecnológico e outros fatores considerados em estudos posteriores podem suplementar ou indicar a necessidade de revisão dessa norma, no entanto, sem invalidar os trabalhos à época já executados, conforme as normas vigentes. Na avaliação da pertinência das informações obtidas durante a etapa do gerenciamento, o profissional deve se pautar pela cautela e razoabilidade no julgamento da consistência das informações disponíveis, bem como o equilíbrio entre os objetivos, as limitações de recursos, o tempo inerente a uma avaliação ambiental e a redução da incerteza das informações ou da acessibilidade limitada do meio investigado. O modelo conceitual deve ser executado por profissional habilitado, utilizando meios e recursos para atingir o melhor resultado possível. A responsabilidade do profissional está condicionada à disponibilidade das informações de interesse à época e nas circunstâncias em que tenha sido realizada a pesquisa. O surgimento de fatos novos ou desconhecidos, o desenvolvimento tecnológico e outros fatores técnicos considerados em um estudo posterior devem ser utilizados para a atualização do modelo conceitual em qualquer fase do gerenciamento de áreas contaminadas. Um modelo conceitual é a representação escrita ou gráfica de um sistema ambiental e os processos biológicos, químicos e físicos, que determinam o transporte dos contaminantes a partir das fontes, através dos meios, até os receptores envolvidos n 66 - Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 67 Ponto Crítico Por Roberto Inagaki T Quem é Deming ? Juran ? Ishikawa ? enho notado em meus treinamentos que cada vez mais o pessoal da qualidade conhece menos os “Pontos de Deming” e as “Doenças Mortais”, bem como o sistema de gestão de Juran, Shewart, Box, Feigenbaum, Ishikawa entre outros. Seria ingenuidade da minha parte querer que Juran e Deming tivessem a mesma notoriedade que astros da música POP ou de cinema, mas os profissionais que eu convivo são da área industrial e de serviços que presam pela qualidade e mesmo assim desconhecem Deming e Juran! Tudo bem não conhece-los, mas pelo menos seus ensinamentos, suas diretrizes, suas ferramentas, suas virtudes, deveriam ser discutidas e replicadas. Convido os leitores para formarem uma equipe de trabalho em suas empresas, discutirem um dos pontos de Deming por semana e compararem com o sistema de gestão implementado pela organização. Acredito que um dos pontos mais negligenciados pela organização sejam os pontos 4 e 6, vocês concordam comigo? Não sabem quais são? Pesquisem e comentem.... Ishikawa também tem uma grande contribuição à ofecerer para o desenvolvimento das organizações, porém o máximo que as pessoas conhecem deste é a “Espinha de Peixe”! O pessoal inventa tanto que a ferramenta parece mais uma sardinha de tanta espinha (o pior que algumas ficam atravessadas na garganta). Alguns profissionais da qualidade e produtividade atualmente conhecem as ferramentas estatísticas da qualidade, que se resumem única e exclusivamente ao CEP.... Se conhecessem Shewart, Box, Taguchi entre outros, poderiam concluir que o CEP é uma fração muito pequena das ferramentas estatísticas para a qualidade e produtividade. Conhecer Taguchi seria o mesmo que conhecer a “função perda” e esta ferramenta ajudaria muito às organizações a definirem melhor suas tolerâncias e especificações. Tenho percebido também que vários jovens profissionais nas redes de relacionamento querem progressão na carreira. Como obter isto na área de gestão e produtividade sem conhecer no mínimo os conceitos, pontos de vista das pessoas que fizeram os fundamentos da gestão da qualidade? Resumindo, quem conhece “somente”: Justin Bieber, duplas sertanejas, cantor de pagote e BBB, não ajudará muito nas decisões corporativas.... Questões para avaliar o seu reconhecimento aos mestres da qualidade: 1- Quantos são os famosos “Pontos de Deming”? a) 14 b) 10 c) 7 2- Uma das “Doenças Mortais” descritas por Deming é: a) Falta de mobilidade da direção. A alta direção deve ir aos locais de trabalho para conhecer a raiz dos problemas. b) Falta de sorte c) Gula 3- A “função perda” resumidamente é: a) Demonstra que a variação em torno de um alvo representa perda para a sociedade 68 - Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 b) Nova norma da ASO. c) Novo sucesso das “Poderosas” 4- Uma das contribuições de Feigenbaum foi o conceito de: a) Controle da Qualidade Total b) Fluxo reverso c) Qualidade e custo não combinam 5- Entre as várias contribuições de Joseph Moses Juran podemos destacar além do JMS: a) A expansão do princípio de Pareto e o conceito de “Breaktrough” b) Elaboração das normas série ISO 9000 c) A revolução dos vídeos clips Respostas: 1) a; 2) a; 3) a; 4) a; 5) a Questões sobre sua organização 1- A organização onde você trabalha faz análises de benchmarking com qual frequência? a- No mínimo a cada 6 meses b- No mínimo anualmente c- O que é benchmarking? 2- Como a produtividade é gerenciada na sua organização? a- É parte do planejamento estratégico b- É parte da ISO 9001 c- O que é produtividade? 3- Com qual frequência a métrica dos indicadores de produtividade são analisados criticamente? a- No mínimo semestralmente b- No mínimo 1 x ano c- O que é métrica? 4- Como são avaliados os treinamentos da organização em relação à produtividade? a- Diretos, todas as solicitações tem uma justificativa com os indicadores estratégicos b- A maioria dos treinamentos são relacionados a algum indicador c- Formulários em 3 vias são utilizados para verificação da eficácia 5- A organização utiliza quais metodologias para melhoria da produtividade? a- Lean, Teoria das Restrições, entre outros b- Seis Sigma, TQC, entre outros c- Tentativa e erro Resultados Todas as suas respostas A – 99,99% sinergia Todas as suas respostas B – 80% sinergia/ 20% entropia Todas as suas respostas C – 100% vagargia * Sinergia = Cooperação entre grupos ou pessoas que contribuem, inconscientemente, para constituição ou manutenção de determinada ordem ecológica, em defesa dos interesses individuais. ** Entropia = Segundo a termodinâmica em sua Segunda Lei: “Todo sistema natural, quando deixado livre, evolui para um estado de máxima desordem, correspondente a um entropia máxima”. *** Vagargia = nem tentem procurar no dicionário. Roberto S. Inagaki é Consultor Empresarial. [email protected]. Produtos Exclusivos Treinamentos especializados, DVD’s de Treinamento, Livros Nacionais e Importados, Kit’s www.qualistore.com.br Revista Banas Qualidade - Janeiro de 2014 - 69 www.b2p.net.br Tel.: 55 - 11 3742.0352 [email protected] Negócios em Pulicações customizadas e eveNtos de divulgação É difícil conquistar um minuto do tempo das pessoas. Então, como você conseguiria conquistar estes minutos para falar diretamente com seu público-alvo, investidores, reguladores, membros, funcionários ou clientes? B2P - PuBlishiNg house é o seu Parceiro em PuBlicações PersoNalizadas de alta qualidade A B2P - Publishing House, é uma editora de publicações com larga experiência na edição de Revistas, Boletins Informativos, Jornais Corporativos, Livros, E-books, e diversos tipos de títulos customizados para empresas líderes que utilizam este tipo de publicação para se comunicar de forma eficaz com seu público-alvo. 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