Relatório Anualde 2008

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Relatório Anualde 2008
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de
Intervenções Científicas
Relatório Anual de 2008
Melhores ferramentas,
melhores colheitas, melhores níveis de vida
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções Científicas
1
2
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções Científicas
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de
Intervenções Científicas
Relatório Anual de 2008
A F R I C A N A G R I C U LT U R A L T E C H N O LO G Y F O U N D AT I O N
FUNDAÇÃO AFRICANA PARA AS TECNOLOGIAS AGRÍCOLAS
better tools, better harvests, better lives melhores ferramentas, melhores colheitas, melhores níveis de vida
melhores ferramentas, melhores colheitas, melhores níveis de vida
Relatório Anual de 2008. Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções Científicas
ISSN XXXX-XXXX
© African Agricultural Technology Foundation 2009. Todos os direitos reservados
A editora incentiva o uso equitativo deste material, desde que a sua origem seja mencionada adequadamente
Colaboradores: Daniel Mataruka, Francis Nang’ayo, George Marechera, Gospel Omanya, Grace Wachoro, Hodeba
Jacob D. Mignouna, Jennifer Thomson, Moussa Elhadj Adam, Nancy Muchiri, Nompumeleo Obokoh e Sylvester
Oikeh
Editores: Nancy Muchiri, Tiff Harris, Liz Ng’ang’a e Peter Werehire
Concepção: Nancy Muchiri
Design e composição gráfica: Imagine IMC
Tradução e composição gráfica: Green Ink Ltd (www.greenink.co.uk)
Fotografias: AATF, Africa Rice Centre, Institute for Agricultural Research, Photolibrary.com.
Impressão: English Press, Quénia
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Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções Científicas
Índice
Mensagem da Presidente do Conselho de Administração............................................................................................................................................................2
Mensagem do Director Executivo............................................................................................................................................................................................................4
Quem Somos....................................................................................................................................................................................................................................................6
Marcos Importantes da AATF em 2008..................................................................................................................................................................................................8
Na Ofensiva – Alargar os Esforços de Controlo da Planta-Parasita Striga nas Culturas de Milho em África...............................................................10
Ensaios de Campo Controlados de Feijão-Frade Resistente a Maruca para África...............................................................................................................14
Aumentar a Resistência à Murchidão Bacteriana da Banana........................................................................................................................................................18
Desenvolver Milho com Eficiência Hídrica para África.....................................................................................................................................................................22
O Nosso Projecto de Arroz NUEST............................................................................................................................................................................................................26
Controlar a Aflatoxina: Trabalhar para Evitar o Inevitável...............................................................................................................................................................30
Extrair Energia da Mandioca: Desenvolver uma Indústria do Etanol Baseada na Mandioca na África Subsariana................................................32
Progresso, Desafios e Oportunidades: Uma Síntese da Primeira Análise Externa da AATF..............................................................................................34
Regulamentar as Culturas GM em África: Seguir na Direcção Certa..........................................................................................................................................36
As Vantagens Ocultas das Parcerias Público-Privadas......................................................................................................................................................................38
Adquirir uma Perspectiva Africana: Alargar o Fórum Livre sobre Biotecnologia Agrícola em África...........................................................................40
Relatório Financeiro.......................................................................................................................................................................................................................................42
Conselho de Administração da AATF – 2008.......................................................................................................................................................................................44
Pessoal da AATF – 2008.................................................................................................................................................................................................................................46
Publicações da AATF – 2008.......................................................................................................................................................................................................................48
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções Científicas
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Mensagem da Presidente
do Conselho de Administração
Professora
Jennifer Ann Thomson
Presidente do Conselho de
Administração
da AATF
O progresso conseguido pela AATF em 2008 no sentido de
melhorar a produtividade agrícola de pequenos agricultores de
escassos recursos na África Subsariana foi excelente. Durante o
ano tivemos de lidar com alguns desafios difíceis que afectaram
as nossas operações, mas graças ao trabalho árduo, criatividade
e profissionalismo do nosso pessoal, isso não nos impediu de
atingir os nossos objectivos.
O ano iniciou-se com a negociação bem sucedida e a assinatura
de um acordo de colaboração tripartido entre a AATF, o
CIMMYT (Centro Internacional de Melhoramento de Milho
e Trigo) e a Monsanto, para o desenvolvimento de milho
resistente à seca para África. Este acordo preparou o caminho
para o financiamento pela Fundação Bill and Melinda Gates
e Fundação Howard Buffet. Também deu origem ao projecto
Milho com Eficiência Hídrica para África (WEMA), uma parceria
público-privada que está agora a ser implementada no Quénia,
Uganda, Tanzânia, Moçambique e África do Sul. Esta iniciativa
empolgante está a tratar de uma das causas mais significativas
da insegurança alimentar em África. Também é significativo
que o projecto WEMA está a responder directamente a um dos
desafios ambientais globais mais urgentes dos nossos tempos –
a ameaça das alterações climáticas.
Em meados de 2008 celebrámos um acontecimento memorável
com os primeiros ensaios de campo confinados de feijão-frade
resistente a Maruca. O feijão-frade é uma cultura importante
para África, especialmente a África Ocidental, mas onde cresce
o feijão-frade em geral também cresce a voraz Maruca, brocadas-vagens.
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Existe pouca resistência natural a este insectopraga devastador e as perdas resultantes sofridas
pelos agricultores e comerciantes de feijão-frade
são enormes. A AATF e os seus parceiros estão a
tentar resolver este problema através da aplicação
cuidadosa de tecnologias de transformação
genética. Os resultados laboratoriais do trabalho
de investigação realizado pela CSIRO (Austrália)
confirmaram a presença de genes de resistência
num número crescente de linhas de feijão-frade
transformado e em 2008 conseguimos avançar
para a importante etapa seguinte do processo
de desenvolvimento – testar as linhas de elite
em ensaios de campo confinados em Porto Rico.
Os resultados forneceram provas encorajadoras
de protecção intrínseca contra o insecto, nas
condições dos ensaios de campo. Os parceiros do
projecto esperam agora com antecipado interesse
a realização de ensaios de campo semelhantes em
África, assim que forem obtidas as necessárias
aprovações regulamentares.
Durante o ano a Tanzânia libertou oficialmente a
semente de milho StrigAway®, numa iniciativa para
controlar a erva-de-bruxa (spp. Striga), passando
assim a ser o segundo país, depois do Quénia, a
comercializar a semente entre os agricultores de
África. A AATF e os parceiros do projecto, CIMMYT
e BASF, trabalharam com uma empresa de sementes
local, a Tanseed International, e o Ministério da
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções Científicas
Agricultura no sentido de acelerar o processo de comercialização
da variedade. Com o aumento da disponibilidade da sua
semente, a StrigAway proporcionará aos pequenos agricultores
de milho da Tanzânia uma ferramenta eficaz na sua luta contra
a Striga.
Dr. Daniel assumiu as suas funções de novo Director
Executivo em Março de 2009. Gostaria de agradecer
ao nosso pessoal, ao Conselho de Administração e aos
nossos parceiros o seu apoio incondicional durante o
período de transição.
Outro desenvolvimento empolgante foi o lançamento de um
projecto para desenvolver arroz capaz de utilizar o azoto com
maior eficiência e com maior tolerância ao sal. O cultivo do
arroz está a alastrar-se rapidamente na África Subsariana e as
variedades melhoradas que se espera obter com este projecto
permitirão aos agricultores conseguir o maior rendimento
possível dos fertilizantes aplicados e alargar a produção às
áreas de solos salinos.
O Conselho de Administração também sofreu
algumas alterações. Cheguei ao fim do meu
mandato e o Professor Walter Alhassan foi eleito em
Novembro como seu Presidente, por um mandato
de três anos. O Dr. Mike Trimble, um dos primeiros
membros do nosso Conselho de Administração,
terminou o seu mandato. As suas contribuições
oportunas e bem informadas para as discussões
do Conselho, especialmente no que se refere aos
aspectos técnicos dos projectos da Fundação,
valorizaram imenso as discussões e sentiremos
muito a sua falta. Contudo, o Conselho tem o prazer
de dar as boas-vindas ao Professor Michio Oishi,
da Universidade de Tóquio, que começou o seu
mandato de três anos em Janeiro de 2008, trazendo
para o Conselho os seus vastos conhecimentos e
experiência de biotecnologia e genética.
A actuação da AATF também teve um papel determinante
na realização, juntamente com o ABSF e outros parceiros, do
primeiro congresso pan-africano de biotecnologia (First AllAfrica Biotechnology Congress) em Nairóbi em Setembro de 2008.
A questão da biotecnologia – e a informação frequentemente
enganadora e contraditória que é comunicada aos decisores
sobre a sua natureza – é assunto de grande preocupação. A voz
bem informada da comunidade científica tem necessidade de
ser ouvida nos debates em curso. Este congresso ofereceu essa
oportunidade e reuniu mais de 400 delegados de África e de
outros continentes para trocarem informações, apresentarem
pontos de vista alternativos e procurarem um consenso comum.
Este ano também trouxe os seus desafios. Alguns foram
universais, como o aumento rápido do preço dos alimentos e a
crise financeira internacional. A AATF também enfrentou um
desafio nas suas operações por ocasião da saída do seu Director
Executivo, Dr. Mpoko Bokanga, no final do ano. Como primeiro
Director Executivo da Fundação, o Dr. Bokanga contribuiu
dedicadamente para a criação da organização, em especial
para a implementação das suas estruturas operacionais e
organizacionais inaugurais, em linha com o nosso mandato.
Após uma busca extensa, tivemos a sorte de trazer para a
Fundação o Dr. Daniel Mataruka, do Zimbabwe, para o cargo
de novo Director Executivo da Fundação. A carreira brilhante do
Dr. Mataruka abrange mais de 25 anos. Em 1983 começou a sua
carreira trabalhando como agrónomo do milho para os Serviços
Especializados e de Investigação do Governo do Zimbabwe. Em
1992 foi para a Universidade do Natal, na África do Sul, onde
assumiu um cargo no departamento de ciência das culturas.
Seguidamente, em 1996, entrou ao serviço de uma agro-empresa
de grande escala muito importante, a Tongaat Hulett Starch
(THS), que opera em toda a África meridional. A sua experiência
dos sectores público e privado dá-lhe uma perspectiva única
das potenciais contribuições que a AATF pode fazer e do que
é necessário para que a Fundação atinja os seus objectivos. O
Resumindo, a AATF teve um ano muito bom, com a
expansão das suas actividades e responsabilidades
na África Subsariana, tendo também progredido
solidamente para o alcance do nosso objectivo de
proporcionar aos pequenos agricultores o acesso
a tecnologias exclusivas que podem aumentar
significativamente a sua produtividade. Ao chegar
ao fim do meu mandato, e em nome dos meus
colegas do Conselho de Administração, gostaria
de manifestar a minha gratidão a todo o pessoal
da AATF, aos nossos parceiros e às nossas muitas
partes interessadas – especialmente os nossos
investidores – pela sua confiança e apoio constante
prestado à Fundação.
Jennifer Ann Thomson
Presidente do Conselho de Administração
Resolver as Limitações
Mensagem
dos Agricultores
da Presidente
Através
do Conselho
de Intervenções
de Administração
Científicas
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Mensagem do
Director Executivo
Dr. Daniel F. Mataruka
Director Executivo da AATF
Ao tomar posse das minhas responsabilidades como novo
Director Executivo da AATF fiquei impressionado com as
realizações substanciais já conseguidas pela organização e
pela qualidade extraordinária do seu pessoal. Criou-se um
alicerce firme para a construção da organização e estou grato
ao Conselho de Administração e a todo o pessoal da AATF
por me darem a oportunidade de dirigir esta organização
inovadora e altamente relevante.
Não fiz parte da equipa em 2008, período coberto por este
relatório anual, mas quero usar esta oportunidade para
partilhar as minhas ideias sobre a Fundação Africana para
as Tecnologias Agrícolas.
A agricultura é o sustentáculo da actual economia de África e
deve servir como trampolim para o futuro desenvolvimento
e prosperidade do continente. Mas a agricultura africana
enfrenta muitos desafios. Citando apenas alguns:
• Ano após ano as culturas sofrem perdas enormes
infligidas por pragas de insectos aparentemente
insaciáveis;
• Plantas-parasitas invasoras restringem a produção;
• Erosão extensa e fraca fertilidade do solo limitam a
produtividade; e
• Secas e inundações frequentes destroem as culturas e
ameaçam a segurança alimentar.
Além disto, os agricultores africanos ainda não beneficiam
das novas tecnologias agrícolas, como variedades de culturas
de maior rendimento que toleram a seca e que possuem uma
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resistência genética intrínseca às pragas e doenças
dominantes.
Acredito que o futuro de África está nas mãos
dos seus milhões de pequenos agricultores.
Cerca de 70% de todos os africanos dependem da
agricultura para o seu sustento e, destes, cerca
de 80% são pequenos agricultores, que lutam
diariamente contra todas as adversidades para
poderem sustentar-se a si próprios e às suas
famílias.
Acredito que o melhoramento da produtividade
dos pequenos agricultores de escassos recursos
deste continente é a solução para desbloquear o
vasto potencial de África para um desenvolvimento
económico sustentável. Para isso, devemos colocar
as modernas tecnologias agrícolas nas mãos destes
pequenos agricultores. Ainda há outros passos a dar
ao longo de toda a cadeia de valores agrícolas. Estes
incluem melhorar a infra-estrutura rural, aumentar
a eficiência dos mercados, proporcionar crédito
aos agricultores assim como a agro-empresas de
pequena e média escala, estabilizar os preços dos
produtos, implementar políticas que favoreçam o
desenvolvimento agrícola em vez de o limitar, etc. A
lista é muito longa e muitas das acções necessárias
estão fora do âmbito do mandato da AATF.
A nossa visão de “agricultores prósperos e uma
África Subsariana com segurança alimentar” é clara,
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções Científicas
assim como a nossa missão de “aumentar a produtividade dos
agricultores de escassos recursos da África Subsariana, facilitando
a transferência, distribuição e adopção de tecnologias agrícolas
exclusivas apropriadas”. Isto coloca a AATF numa posição
única para ajudar a aumentar as receitas rurais e a segurança
alimentar. Durante os seus primeiros cinco anos a Fundação
avançou a passos largos no cumprimento da sua missão.
Chegou a altura de capitalizarmos o nosso “momentum” e
o renovado empenhamento nacional e internacional numa
agricultura africana.
Concordo plenamente com a visão e a missão da AATF e
farei o possível por as actualizar através de quatro objectivos
que estou a definir para a organização. Estes constituirão as
prioridades principais que determinarão o nosso avanço:
• Ter a presença da AATF o mais possível em toda a
África Subsariana. Para isso devemos alargar os nossos
projectos e actividades para além da sua concentração
actual na África Oriental e em algumas partes da África
Meridional e Ocidental;
– das tecnologias agrícolas avançadas, tais como a
modificação genética de certas culturas. Podemos
estar tranquilos por saber que as nossas decisões
sobre que tecnologias aceder e promover serão
esclarecidas pelas necessidades dos agricultores, a
disponibilidade das melhores opções para resolver
limitações específicas e a experiência e conselhos
práticos da comunidade científica africana.
Continuaremos também a contar com o apoio dos
nossos parceiros seleccionados, trabalhando como
“intermediário honesto” com várias organizações
em todo o mundo.
No desempenho do meu cargo de novo Director
Executivo da AATF prometo a todas as nossas
partes interessadas transparência operacional
ao enfrentarmos juntos algumas das limitações
mais difíceis ao aumento da produtividade
agrícola africana. Peço a todos os que partilham
connosco da visão de uma África melhor para se
unirem a nós na nossa luta em prol dos pequenos
agricultores do continente.
• Alargar a gama de tecnologias a que a AATF tem acesso
de modo a incluir técnicas de melhoramento inovadoras
e de transformação alimentar (valor acrescentado);
• Alargar o nosso portfólio de doadores; e
• Proporcionar uma gestão exemplar das relações com as
partes interessadas principais.
Claridade na selecção de prioridades, no entanto, não
implica ausência de desafios. Um dos principais obstáculos
que enfrentamos está relacionado com o nível de
compreensão e aceitação – tanto em África como fora dela
Daniel F. Mataruka
Director Executivo
A nossa visão de «agricultores prósperos e uma África Subsariana com
segurança alimentar» é clara, assim como a nossa missão de «aumentar a
produtividade dos agricultores de escassos recursos da África Subsariana,
facilitando a transferência, distribuição e adopção de tecnologias agrícolas
exclusivas apropriadas».
Resolver as Limitações dos Agricultores Através
Mensagem
de Intervenções
do Director Científicas
Executivo
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Quem Somos
A Fundação Africana para as Tecnologias Agrícolas é uma
organização sem fins lucrativos que facilita às parcerias públicoprivadas o acesso e distribuição de tecnologias agrícolas exclusivas
apropriadas, para utilização por pequenos agricultores de escassos
recursos da África Subsariana.
A AATF oferece competências na identificação, acesso,
desenvolvimento, distribuição e utilização de tecnologias
agrícolas patenteadas. A Fundação contribui também para a
criação de capacidade em África, envolvendo instituições do
continente em diversas parcerias através das quais executa o
seu mandato.
A AATF é uma instituição de beneficência registada ao abrigo
da legislação da Inglaterra e do País de Gales e recebeu
isenção fiscal nos EUA. Está registada no Quénia e no Reino
Unido e foi-lhe concedido o estatuto de país anfitrião pelo
governo do Quénia onde tem a sua sede.
Visão – o que desejamos para os agricultores de África
Agricultores prósperos e segurança alimentar para África
através de uma agricultura inovadora.
Missão – o que fazemos em prol dos agricultores de África
Aceder e distribuir tecnologias agrícolas acessíveis para
uso sustentável pelos pequenos agricultores, em especial
os agricultores de escassos recursos da África Subsariana,
através de parcerias inovadoras e da gestão responsável e
ética das tecnologias e produtos ao longo de toda a cadeia de
valor dos alimentos.
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Valores Fundamentais – o que nos dá força
Empenhamo-nos por defender três valores
fundamentais
duradouros:
Integridade,
Dedicação e Acessibilidade. Estes valores guiam
as nossas decisões, acções e relações no trabalho
que realizamos para o cumprimento da nossa
missão.
A Nossa Estratégia
Os aspectos-chave da nossa estratégia são a
facilitação das parcerias público-privadas, a
gestão responsável e ética da tecnologia e a
gestão da informação e dos conhecimentos.
Fundamentamos as nossas actividades em três
vertentes estratégicas:
• Negociação do acesso a tecnologias exclusivas
que aumentam a produtividade da agricultura
em África;
• Gestão de parcerias para a formulação de
projectos, desenvolvimento e implementação
do produto, para introduzir tecnologias
agrícolas inovadoras nos sistemas de
exploração agrícola africana; e
• Gestão de conhecimentos e da informação
para apoiar a identificação e o
desenvolvimento da tecnologia, assim como
ajuda na criação de enquadramentos de
políticas mais propícios ao desenvolvimento
agrícola dos pequenos agricultores.
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções Científicas
As Nossas Raízes
O modelo para a Fundação Africana para as Tecnologias
Agrícolas foi o resultado de dois anos de consultas efectuadas
pela Fundação Rockfeller e o Meridian Institute a várias partes
interessadas africanas, norte-americanas e europeias.
As sessões, designadas por “Diálogos de Biotecnologia”
foram realizadas a fim de determinar modos de reduzir a
crescente lacuna entre a ciência agrícola controlada por países
desenvolvidos e as necessidades dos pobres nas regiões em
desenvolvimento da África Subsariana. O envolvimento
das partes interessadas nestas deliberações foi assegurado
mediante um Comité Consultivo de Design (DAC) que
incluía representantes dos serviços nacionais de investigação
agrícola africanos, os centros do Grupo Consultivo para
a Investigação Agrícola Internacional (CGIAR), empresas
africanas de sementes e de biotecnologia, a Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), empresas
de ciência das culturas e organizações de doadores. O DAC
foi o arquitecto da AATF, definindo os princípios subjacentes
principais e um modelo operacional para a Fundação, para
lidar com os desafios da segurança alimentar e da redução da
pobreza. O Comité também esclareceu a fundamentação lógica
da AATF e os seus princípios fundamentais, missão e modelo
de negócio.
Governância
A AATF é uma organização flexível projectada para responder
às necessidades variáveis das suas partes interessadas. O
Conselho de Administração define o curso decidindo quais as
intervenções que possuem maior potencial para a redução da
pobreza e o aumento da segurança alimentar.
Isto cria uma distinção saudável entre a definição das
prioridades e a monitorização do progresso, por um lado, e a
gestão do dia-a-dia e as operações por outro lado. Os membros
do Conselho da AATF são indivíduos de renome de todo
o mundo, enquanto o pessoal da Fundação são cidadãos de
países da África Subsariana.
Investidores
• A Fundação Rockfeller: Uma fundação mundial que se
baseia em conhecimentos, empenhada em enriquecer e
sustentar as vidas e as condições de vida das pessoas
pobres e excluídas em todo o mundo;
• A Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento
Internacional (USAID): A agência responsável por
proporcionar e gerir a ajuda económica e
humanitária dos EUA em todo o mundo;
• Ministério para o Desenvolvimento Internacional
do Reino Unido (DFID): O ministério do Reino
Unido que é responsável pela promoção do
desenvolvimento económico e redução da
pobreza a nível mundial;
• Fundação Bill and Melinda Gates: Guiada pelo
princípio de que todas as vidas têm o mesmo
valor, a Fundação Bill and Melinda Gates
trabalha no sentido de ajudar todas as pessoas
a viverem uma vida saudável e produtiva.
Nos países em desenvolvimento a sua ênfase
é melhorar a saúde das pessoas e dar-lhes a
oportunidade de saírem da fome e da pobreza
extrema. Nos Estados Unidos a fundação procura
assegurar que todas as pessoas – especialmente
as que possuem menos recursos – tenham
acesso às oportunidades de que necessitam para
poderem ter êxito na escola e na vida;
• Fundação Howard Buffet: Uma fundação privada
que apoia principalmente o desenvolvimento
agrícola e a distribuição de água potável nas
áreas rurais, focalizando-se em África e na
América Central; e
• A Fundação Africa Harvest Biotech Foundation:
Uma organização sem fins lucrativos
concebida para usar a ciência e a tecnologia,
especialmente a biotecnologia, para
ajudar os pobres em África a conseguir
segurança alimentar, bem-estar económico e
desenvolvimento rural sustentável.
Parceiros
• Produtores e consumidores agrícolas;
• Instituições e agências nacionais e regionais
(NARs, SROs, RECs, ECA, FARA, AU/NEPAD);
• Instituições e agências internacionais (CGIAR,
ARIs);
• ONGs locais/internacionais;
• Detentores dos direitos de propriedade
intelectual da indústria da tecnologia agrícola
(Monsanto, Arcadia Biosciences, BASF, Dow
Agro, Pioneer/DuPont, Syngenta);
• Organizações africanas de comércio e agroempresas africanas;
• Governos africanos.
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções
Quem
Científicas
Somos
7
Marcos Importantes da AAFT em 2008
Janeiro
Março
A AATF, o CIMMYT e a Monsanto assinaram um acordo de
colaboração tripartido para o desenvolvimento de milho
tolerante à seca para África, preparando o caminho para o
financiamento do projecto.
O projecto WEMA (Milho com Eficiência Hídrica
para África), uma parceria público-privada para o
desenvolvimento de variedades de milho tolerante à
seca para África, foi lançado em Kampala, Uganda,
após uma reunião de planeamento com a duração de
dois dias na qual participaram 25 partes interessadas,
incluindo representantes dos países participantes no
projecto – Quénia, Uganda, Tanzânia e África do Sul.
A Fundação Bill and Melinda Gates e a Fundação Howard
G Buffett disponibilizaram USD 47 milhões distribuídos ao
longo de cinco anos, para financiamento de projectos para o
desenvolvimento de milho tolerante à seca para África.
Fevereiro
A Arcadia Biosciences e a AATF assinaram um acordo de
licenciamento para a utilização das tecnologias da Arcadia
para o desenvolvimento de variedades de arroz com utilização
eficiente de azoto e tolerantes ao sal, que serão disponibilizadas
aos pequenos agricultores em África sem encargos de
“royalties”.
Jacob Mignouna, Gestor de Operações Técnicas da AATF, assina o acordo WEMA na presença
de outro pessoal da AATF.
8
Abril
Em Kampala, Uganda, realizou-se uma reunião de estudo
e planeamento para o Projecto da Murchidão Bacteriana
da Banana. Os participantes analisaram o progresso do
trabalho de colaboração da NARO, IITA e AATF para
o desenvolvimento de um germoplasma da banana
resistente à murchidão bacteriana e desenvolveram um
mapa de planeamento do trabalho do projecto.
George Njogu, da AATF, entrega produtos de mercearia a um jovem do Lar de
Crianças Meta Meta. Imbuídos do espírito de confraternidade do Natal, o pessoal
da AATF contribuiu com dinheiro e comprou produtos para o lar das crianças.
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções Científicas
Em Uagadugu, Burkina Faso, realizou-se uma reunião para
definir a estratégia global de comunicações para o projecto
de transformação do feijão-frade resistente a Maruca e para
descrever as actividades a serem realizadas em cada país
participante no projecto.
Maio
Em Bagamoyo, Tanzânia, realizou-se um workshop de
harmonização dos planos do projecto WEMA, para todos os
parceiros do projecto. Estes analisaram e reajustaram os seus planos
de trabalho relativamente à proposta, orçamentos e cronologia do
projecto.
Junho
Em Abuja, Nigéria, realizou-se uma reunião de revisão e
planeamento para o projecto do feijão-frade resistente a Maruca,
à qual assistiram 54 participantes. O fórum discutiu o plano
necessário para garantir o êxito do desenvolvimento e ensaios de
variedades de feijão-frade resistentes a Maruca, assim como a sua
distribuição pelos agricultores de África. As discussões incidiram
sobre actividades relacionadas com o desenvolvimento e selecção
de linhas de elite, ingresso de características genéticas, testes,
conformidade com os regulamentos, consciencialização e aceitação
por parte do público e implementação do produto nos países-alvo.
Os representantes do Fórum Livre sobre a Biotecnologia
Agrícola em África (OFAB) participaram no primeiro
congresso pan-africano de biotecnologia (First All-Africa
Biotechnology Congress) realizado em Nairóbi, Quénia.
Mais de 400 cientistas, decisores, especialistas dos meios
de comunicação social, agricultores, investigadores,
parceiros de desenvolvimento, regulamentadores e
empresários de todo o mundo assistiram à reunião,
centrando-se as discussões no futuro da biotecnologia
em África.
Dezembro
O milho resistente a Imazapyr, (IR), também conhecido
por milho StrigAway®, foi comercializado na Tanzânia
pela Tanseed International Ltd sob o nome comercial
Komesha Kiduha.
A reunião inicial para o projecto do Arroz NUEST
para África realizou-se em Davis, Califórnia, nos
EUA. A reunião analisou o avanço conseguido pelo
projecto desde 2005, descreveu o seu plano de acção
para 2009 e anos seguintes e esclareceu várias funções
institucionais.
Julho
As equipas do projecto WEMA reuniram-se em Nairóbi para um
workshop de Team Building durante o qual chegaram a um consenso
sobre as modalidades de implementação das actividades necessárias
para alcançar os marcos importantes acordados para o projecto.
Setembro
O Public Intellectual Property Resource for Agriculture (PIPRA)
e a AATF assinaram um acordo sobre o desenvolvimento de um
sistema de transformação baseado em transposões para o projecto
do Arroz Com Utilização Eficiente de Azoto e Tolerante ao Sal
(NUEST) para África.
Jacob Mignouna, Gestor de Operações Técnicas da AATF, explica o projecto de controlo de
Striga ao Presidente da Assembleia do Togo durante a Cimeira dos Chefes de Estado realizada
em Adis Abeba em Março de 2008.
Participantes na reunião de Team Building do projecto WEMA realizado em
Nairóbi, Quénia, de 30 de Junho a 2 de Julho de 2008.
O Sr. Isaka Mashauri, CEO da Tanseed International Ltd, Tanzânia, explica
aos agricultores a eficácia da tecnologia do milho IR no controlo da plantaparasita Striga num talhão de demonstração em Morogoro, na Tanzânia.
Resolver as Limitações dos Agricultores
Marcos
Através
Importantes
de Intervenções
da AATFCientíficas
em 2008
9
P r o j e c t o s
d a
AAT F
Na Ofensiva:
Alargar os Esforços de Controlo
da Planta-Parasita Striga
nas Culturas de Milho
em África
2,5 milhões
A Striga infesta cerca de 2,5 milhões de
hectares de milho no continente, originando
perdas económicas anuais superiores a
USD 1 milhar de milhão.
A Striga, uma planta-parasita do milho e de outros cereais, continua
a ser um problema grave que limita a produtividade de grandes áreas
de cultivo africanas e as condições de vida de milhões de produtores
de milho de escassos recursos. Anos de investigação e de ensaios
na quinta resultaram na descoberta de uma arma forte contra esta
planta-parasita agressiva.
A Striga, conhecida por erva-de-bruxa, é uma plantaparasita extremamente invasora e destruidora que reduz
dramaticamente o rendimento do milho e de outros cereais
na África e na Ásia. Na realidade, não é raro acontecer que
os agricultores percam toda a cultura, ou que abandonem os
seus campos, devido a grave infestação pela Striga. De facto,
esta planta resistente e enganadoramente bonita é uma das
principais causas da insegurança alimentar e da estagnação
rural em África. A Striga infesta cerca de 2,5 milhões de hectares
de milho no continente, originando perdas económicas anuais
superiores a USD 1 milhar de milhão. Por este motivo, um
dos primeiros projectos formulados pela AATF após a sua
fundação foi a redução da ameaça apresentada pela Striga
para a produção de milho na África Subsariana (ASS).
Durante dezenas de anos os pequenos agricultores de África
observaram, impotentemente, o alastramento da Striga de campo
para campo. Quando as plântulas de milho emergem, as suas raízes
exsudam estimulantes que induzem a germinação das sementes de
Striga na sua proximidade. As raízes da Striga germinada fixam-se
às raízes do milho, parasitando a planta do milho.
Felizmente existem agora novas tecnologias que controlam a
Striga e que, se forem adoptadas extensivamente, podem ajudar
10
a resolver o problema da segurança alimentar. Nas
duas últimas décadas a investigação colaborativa
entre o Centro Internacional de Melhoramento de
Milho e Trigo (CIMMYT), a empresa química alemã
BASF e o instituto israelita Weizmann Institute
of Science resultou em variedades e híbridos de
milho de alto rendimento resistentes ao herbicida
Imazapyr, que é eficaz na destruição da Striga. As
sementes de milho resistentes são revestidas com o
herbicida antes do plantio e, quando as plântulas
de milho emergem, a Striga fixa-se às raízes do
milho absorvendo o herbicida que as mata. Esta
tecnologia foi comercializada sob o nome comercial
StrigAway ®. Ao fim de poucos anos de utilização
de StrigAway, o banco de sementes de Striga no
solo diminui significativamente, reduzindo imenso
a ameaça que a planta-parasita representa para a
cultura do milho e o sustento dos agricultores.
Dos ensaios à implementação
O Projecto de Controlo da Striga envolve extensos
ensaios de campo e demonstrações de StrigAway ®
em campos de agricultores. O projecto demonstrou
de forma conclusiva a eficácia desta tecnologia,
com aumentos do rendimento do milho até quatro
vezes o rendimento médio obtido em talhões
infestados com Striga. Tal como acontece com
qualquer nova tecnologia, provar a sua eficácia
é uma coisa, mas incentivar a sua adopção
generalizada e uso correcto por agricultores
adversos a risco é outra.
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções Científicas
Portanto, o Projecto de Controlo da Striga dá grande
ênfase ao aumento do conhecimento de StrigAway pelos
agricultores e ao incentivo para a adopção da tecnologia e
do seu uso sustentável. O projecto dá apoio a demonstrações
do produto, disseminação da informação, comercialização
e gestão responsável e ética do produto. Estas iniciativas
visam assegurar a disponibilidade consistente de sementes
de milho IR de alta qualidade e o seu uso por agricultores,
para um controlo eficaz da planta-parasita Striga e óptima
produtividade do milho. Estas actividades de implementação
estão em curso, em vários graus, no Quénia, Uganda e
Tanzânia.
Progresso com STEP no Quénia
Em 2008 iniciou-se na região ocidental do Quénia uma
iniciativa com a duração de um ano para a disseminação das
tecnologias de controlo de Striga, que teve o apoio da AATF.
Este projecto, conhecido por Striga Technology Extension
Project (STEP), ou Projecto de Extensão das Tecnologias para
a Striga, foi implementado pela Aliança Regional Ocidental
para a Avaliação de Tecnologias (WeRATE), constituída por 18
membros, sob a liderança do Fórum para a Gestão de Recursos
Orgânicos e Tecnologias Agrícolas (FORMAT).
Durante o ano de 2008 o principal objectivo de STEP foi
a implementação de um pacote de milho IR e de outras
tecnologias inovadoras de controlo da Striga. Os parceiros
procuraram identificar as tecnologias de gestão de Striga
mais apropriadas para os vários contextos agro-ecológicos e
socioeconómicos. Também deram alta prioridade à criação de
uma consciencialização entre os agricultores de que a ameaça
representada pela Striga é uma condição do campo que
pode ser corrigida. O projecto STEP ainda procurou definir
uma estratégia mais ampla para a expansão e reprodução de
Um campo de milho infestado por Striga.
iniciativas económicas e flexíveis de redução da
Striga na África Subsariana.
Infelizmente 2008 foi um ano difícil para o Quénia.
No início do ano o país esteve embrenhado em
distúrbios resultantes de uma eleição presidencial
contestada. A insegurança generalizada que se
seguiu resultou em custos mais elevados para
os insumos agrícolas e para o transporte, assim
como atrasos na implementação dos pacotes de
tecnologia Striga. Contudo, apesar disto, quase
todos os 25.000 agregados familiares visados
receberam os novos materiais a tempo do plantio.
Mas a seca, principalmente na bacia do Lago Vitória,
desencadeou perdas generalizadas das colheitas
que deixaram os agricultores sem a possibilidade
de pagar pelos insumos agrícolas que o projecto
tinha disponibilizado a crédito.
Agricultores tanzanianos escutam o Sr. Deogratias Kinawiro, (foto inserida), Comissário Distrital do distrito de Mkinga, Tanzânia, durante um
workshop de campo de IR organizado pela Tanseed International Ltd e a AATF.
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções
Projectos
Científicas
da AATF
11
Implementação de Komesha Kiduha na Tanzânia
Na Tanzânia a StrigAway ® é conhecida pelo seu nome
Kiswahili, Komesha Kiduha, que significa “erradicar a Striga”. A
Tanseed International Ltd, uma empresa de sementes privada
que está a liderar o trabalho da Striga no país, criou cerca de
3.000 talhões de demonstração no primeiro semestre de 2008
nas áreas onde a planta-parasita é endémica.
O trabalho preliminar de demonstrações de produto, ensaios
e workshops de consciencialização facilitaram a libertação
comercial da primeira variedade de milho IR StrigAway
(Tan 222) pelo Instituto Oficial de Certificação de Sementes
da Tanzânia (TOSCI) em Dezembro de 2008. Como preparação
para a sua libertação, a Tanseed produzira antecipadamente
durante o ano duas toneladas de sementes-mãe (sementes
geradoras) para satisfazer a produção projectada de 100
toneladas de semente certificada durante a estação de cultivo
seguinte. Parte da semente destina-se a um programa alargado
de gestão responsável e ética do produto, para aumentar a
consciencialização e utilização do mesmo, enquanto o resto
será vendido a agricultores através de agentes agrários.
O agricultor Kennedy Okumu (centro) por ocasião da sua visita
à AATF para dar as boas novas da sua cultura de milho saudável.
Kennedy Okumu, agricultor
Outras actividades de consciencialização criadas para
informar os agricultores sobre a eficácia da tecnologia
Komesha Kiduha incluíram dias no campo, workshops de
formação e os meios de comunicação social. Este trabalho foi
fundamental para possibilitar o forte apoio às actividades do
milho IR por decisores como os Directores de Investigação
e de Produção de Culturas e os Comissários Regionais do
governo da Tanzânia.
Para gerar dados sobre o potencial de rendimento e outras
características agronómicas, foram plantadas e avaliadas várias
outras variedades de polinização aberta e híbridos do milho
StrigAway em vários locais da Tanzânia, como preparação
para os ensaios de desempenho nacional. Não surpreende que
os híbridos tenham originado rendimentos muito superiores
por comparação com as variedades de polinização aberta
(7 t/ha a 9 t/ha, por comparação com 1,3 t/ha a 4,6 t/ha). Além
disto, as avaliações efectuadas em quintas revelaram uma
preferência distinta dos agricultores pelos híbridos, baseada
não só no maior potencial de rendimento, mas também no
aspecto atraente da cor branca do grão e no sabor da farinha
cozinhada.
Controlo da planta-parasita Striga no Uganda
Em 2008 foram estabelecidos 1.000 ensaios em quintas na região
oriental do Uganda, nos distritos de Busia, Budaka, Tororo e
Namutumba, altamente infestados por Striga. Este trabalho
foi realizado em parceria com Africa 2000 Network, o parceiro
principal da iniciativa de implementação, a Organização
Nacional para a Investigação Agrícola (NARO), os Serviços
Consultivos Agrícolas Nacionais (NAADS), o Ministério da
Agricultura, a BASF e o CIMMYT. A NARO também está a
testar seis híbridos de milho IR promissores, com potencial
para libertação comercial em Uganda.
12
O milho é uma cultura muito importante para nós.
É o nosso alimento principal e quase todas as nossas
refeições, sejam elas o pequeno-almoço, o almoço ou
o jantar incluem o milho. Comemos milho até mesmo
nas grandes celebrações, como casamentos, barazas
do chefe e funerais. Preparamos o milho de várias
maneiras diferentes, como em nyuka (papas de aveia),
nyoyo (milho cozido com feijões), kuon (papas de aveia
espessas) e band abula (milho assado). Por este motivo,
todos os agricultores da minha área plantam milho,
principalmente para uso pessoal e, se houver um
excedente, para ser vendido no mercado.
Contudo, a minha avó aconselhou-me a não
plantar milho. Ela disse-me que a terra tinha
sido amaldiçoada pelos nossos antepassados e,
portanto, a cultura do milho não se desenvolveria
ali. Aconselhou-me a construir uma casa em vez de
esbanjar o dinheiro a tentar cultivar milho. Não segui
os seus conselhos e tentei plantar milho, mas para
dizer a verdade, os meus esforços foram fúteis. Tenho
sofrido muito nesta terra. Estação após estação a
minha colheita é pobre. Isto deve-se a Kayongo (Striga)
que não deixa crescer o milho. Por vezes colho apenas
seis gorogoros (uma lata de dois quilos usada para
medir o milho nos mercados) no meu terreno de três
quartos de um hectare, o que não basta para sustentar
a minha família. Não importa o número de vezes que
eu limpo a terra das ervas daninhas, porque o kayongo
vence sempre.
Portanto fiquei muito contente quando ouvi falar
de uma semente de milho que não é destruída por
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções Científicas
kayongo e pedi para a experimentar. O que observei é para
mim um verdadeiro milagre – e eu sou um ervanário! Agora o
meu milho é muito saudável e a minha mulher está disposta a
matar as ervas daninhas, encorajada pela boa colheita. Os meus
vizinhos também notam a diferença. Até mesmo o chefe da
nossa área veio ver o meu milho e quer experimentar este milho
milagroso! E a minha avó observa atentamente, para ver se a
semente irá quebrar a maldição da nossa terra. Pessoalmente
estou muito satisfeito e gostaria que outros agricultores tivessem
também a semente, para juntamente podermos encher os nossos
celeiros com este cereal que é tão importante para as nossas vidas.
A começar o trabalho de controlo da Striga no Malawi
A AATF está a colaborar com o CIMMYT-Zimbabwe para
facilitar as actividades de implementação com uma empresa de
sementes local, a ZUM Seeds Ltd. Inicialmente esta empresa de
sementes produziu 300 kg de milho StrigAway OPV (variedade
de polinização aberta) a partir de quatro quilos de sementes
geradoras (foundation seeds). Também adquiriu mais 70 kg de
semente de milho IR de polinização aberta (OPV) do CIMMYT.
Foi também planeada para 2009 uma reunião de planeamento
e revisão para as partes interessadas, na qual se desenvolverá
mais detalhadamente uma estratégia de implementação para
o Malawi.
Intensificação da ofensiva contras as plantas-parasitas Striga
A AATF continuará a alargar as iniciativas de controlo da
Striga a países-alvo da ASS (África Subsariana). Para isso
estão em curso consultas com parceiros públicos e privados no
Zimbabwe, Moçambique, África do Sul, Nigéria e Gana, para
desenvolver estratégias e planos de implementação do milho
StrigAway.
O principal desafio enfrentado pela AATF e os seus parceiros
na campanha contra a Striga é como intensificar a produção
de semente de milho IR certificada e o seu acesso pelos
agricultores em países onde a tecnologia foi comprovada e
comercializada. Contudo, nenhum planeamento será eficaz
sem recursos de implementação adequados.
Por isso, a AATF está a empenhar-se de modo especial para
identificar e obter financiamento para projectos que permitam
a produção de semente certificada suficiente e a gestão
responsável e ética do produto, para benefício dos agricultores.
Isto contribuirá para que a promessa do milho StrigAway seja
uma realidade e, deste modo, transforme a vida de milhões de
pequenos agricultores de milho africanos.
Para mais informações, contacte Gospel Omanya
([email protected])
Projectos da AATF
13
Ensaios de Campo Controlados
de Feijão-Frade Resistente a
Maruca para África
70% a 80%
Os agricultores de feijão-frade continuam
a sofrer perdas nas colheitas da ordem
dos 70% a 80% devido a várias limitações
bióticas e abióticas.
O feijão-frade é considerado a leguminosa para grão alimentar
mais importante nas savanas secas da África tropical. É
consumido por cerca de 200 milhões de pessoas em África
onde é cultivado em mais de 12,8 milhões de hectares de
terreno. O legume é rico em proteína de qualidade e é uma
fonte de proteína alternativa para os que não têm meios para
comprar carne ou peixe. Além disto, o feijão-frade tem um
valor energético quase equivalente ao dos cereais. Também é
uma boa fonte de forragem para o gado e uma receita para
milhões de pessoas. Além disso, a cultura também aumenta a
fertilidade do solo devido à sua capacidade de fixar o azoto,
além de proporcionar um bom controlo da erosão dos solos.
A primeira é o uso de insecticidas na cultura.
Contudo, os produtos químicos apropriados são em
geral caros e inacessíveis à maioria dos pequenos
agricultores. Isto obriga-os a usar alternativas não
aprovadas e perigosas, que são nocivas à sua saúde
e para o ambiente. Em alguns casos, os agricultores
simplesmente toleram os danos causados pelo
insecto porque não possuem uma maneira eficaz de
controlar a Maruca. A segunda estratégia provável
para este problema da Maruca é a resistência da
planta hospedeira, com variedades de feijão-frade
que possuam uma capacidade intrínseca para se
protegerem contra o ataque da praga. Uma vez
desenvolvida esta abordagem, ela facilitará e tornará
mais económica a produção de feijão-frade para os
agricultores em áreas onde esta praga constitui um
problema.
Contudo, os agricultores de feijão-frade continuam a sofrer
perdas nas colheitas da ordem dos 70% a 80% devido a várias
limitações bióticas e abióticas. A maior parte dos danos é causada
pela praga Maruca, uma broca-das-vagens voraz que ataca
intensamente a cultura e a destrói durante as fases de floração
e formação das vagens. Devido a estas perdas, os rendimentos
médios de feijão-frade em África são bastante baixos, cerca de
0,05 t/ha a 0,55 t/ha, muito inferior ao rendimento potencial
de 2,0 t/ha a 2,5 t/ha, de acordo com estudos realizados pelo
Instituto Internacional de Agricultura Tropical (IITA) e pelo
Programa de Apoio à Investigação Colaborativa do Feijão/
Feijão-Frade da USAID (Universidade de Purdue).
Há duas soluções possíveis para o controlo dos danos causados
pela broca-das-vagens Maruca nas culturas de feijão-frade.
Este projecto coordenado pela AATF envolve a
introdução no feijão-frade do gene que codifica
uma proteína insecticida de uma bactéria que
ocorre natural e extensamente no solo, chamada
Bacillus thuringiensis ou Bt. Existem mais de 500
estirpes diferentes de Bt, cada uma das quais tóxica
para uma gama específica de espécies de insectos,
mas que se provou não serem nocivas para os seres
humanos e animais, por exemplo, pássaros, peixes
e insectos benéficos. O principal constituinte de
Bt que é tóxico para os insectos é uma proteína
cristalina (toxina). Portanto, o projecto está a
focalizar-se nas proteínas Bt que se sabe serem
tóxicas para as brocas-das-vagens, especialmente
O primeiro ensaio de campo de feijão-frade resistente a Maruca foi
realizado em Porto Rico em 2008. Este foi um marco decisivo na
busca de feijão-frade de alto rendimento, capaz de resistir à voraz
broca-das-vagens, para os pequenos agricultores.
14
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções Científicas
para a Némesis dos agricultores de feijão-frade africanos, a
Maruca vitrata.
O objectivo final é aumentar significativamente o rendimento
das culturas de feijão-frade para milhões de pequenos
agricultores em África sem ser necessário recorrer a pesticidas
perigosos para o ambiente, insumos agrícolas caros que, de
qualquer modo, estão fora do alcance das suas posses.
Feijão-frade transgénico testado no campo
Uma das maiores realizações do longo e vigilante processo de
desenvolvimento de um feijão-frade resistente a Maruca têm
sido os ensaios de campo controlados (ECC) das melhores
linhas transgénicas experimentais de feijão-frade para
determinar como elas resistem a forte infestação de insectos.
O local seleccionado para esta etapa decisiva foi Porto Rico,
não só devido à grande incidência da praga Maruca, mas
também devido aos regulamentos e protocolos de segurança
biológica bem desenvolvidos do país. Além disto, Porto Rico
possui condições agro-climáticas semelhantes às das principais
áreas produtoras de feijão-frade em África. Também existe um
relacionamento de colaboração entre a Universidade de Porto
Rico em Mayaguez e os parceiros do projecto. A autorização
para a investigação foi solicitada aos Serviços Regulamentares
de Biotecnologia (BRS) da USDA-APHIS, ao Ministério da
Agricultura de Porto Rico e ao Comité Institucional para a
Segurança Biológica da Universidade de Porto Rico.
Os ECC realizados em Porto Rico incluíram as 14 linhas
transgénicas principais desenvolvidas até à data pelo Dr. T.
J. Higgins e pela sua equipa no laboratório de Indústria de
Plantas da Organização da Investigação Científica e Industrial
da Commonwealth (CSIRO) na Austrália. De modo geral
este ensaio de campo controlado inicial indicou que as linhas
cresciam e se desenvolviam bem nas condições de campo. Os
ensaios também mostraram que a proteína Bt oferece resistência
às brocas-das-vagens Maruca, por comparação com os controlos.
Os resultados observados neste ensaio são típicos dos valores
encontrados anteriormente para produtos de culturas GM.
Os parceiros do projecto consideram os ECC como boa
experiência de aprendizagem no que respeita ao modo como
os ensaios devem ser geridos e à futura selecção de linhas
transgénicas a serem testadas. A informação recolhida neste
primeiro ensaio está a ajudar os investigadores a identificarem
linhas transgénicas adicionais promissoras, de entre as que
estão a ser produzidas na CSIRO. De facto, algumas das
linhas dos ECC realizados em Porto Rico serão incluídas em
ensaios adicionais em sessões semelhantes planeadas para
2009 naquele país e, possivelmente, na Nigéria. O evento final
seleccionado para libertação será substancialmente equivalente
a linhas isogénicas, em termos da composição e das qualidades
agronómicas.
O Dr. Mohammad Ishiyaku examina o desempenho
do feijão-frade numa estufa.
Dr. Mohammad Ishiyaku
Comecei a trabalhar com o feijão-frade (conhecido
por “feijão” ou “feijão miúdo” na Nigéria) em
1989. Interessei-me por esta cultura devido ao
seu grão significativamente nutritivo, que contém
um grande teor de proteínas. De facto, é por esta
razão que o feijão-frade é conhecido na Nigéria
por “naman talaka”, um termo da língua hausa
que significa “carne dos pobres”. De modo geral
o feijão-frade tem um papel essencial na vida
do meu povo. É preparado de formas diferentes
para cada refeição, ou como snacks como Kosai,
moimoi, Tubani Kato-da-lage e danwake. Também
comercializamos a cultura e usamo-la como
forragem para o nosso gado. O feijão-frade é
conhecido por aumentar a fertilidade do solo
e controlar a sua erosão. Também proporciona
emprego e em alguns casos é usado como
medicamento.
Queria aliar-me ao “exército” de combate à
malnutrição e fome existente entre os africanos,
ajudando a aumentar a disponibilidade desta
cultura incrivelmente resistente por meio
do desenvolvimento de variedades mais
produtivas. A produção de feijão-frade é muito
limitada, especialmente por pragas de insectos –
especialmente a broca-das-vagens Maruca. Estação
após estação observo o desapontamento nos rostos
dos agricultores quando as suas colheitas são
muito inferiores ao esperado.
Quanto a mim, o ponto de viragem na luta contra
esse insecto ocorreu em 2001 com a criação da
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções
Projectos
Científicas
da AATF
15
Rede para a Melhoria Genética do Feijão-Frade
para África (NGICA). Finalmente, pensei, a
situação difícil dos agricultores de feijão-frade
estava a ser tomada a sério e procuravam-se
soluções eficazes. E eu tinha razão. A NGICA,
um órgão internacional voluntário de indivíduos
empenhados na melhoria genética do feijão-frade,
reúne cientistas e outros especialistas de todo o
mundo para partilharem o seu conhecimento e as
suas experiências. Foi através da NGICA que se
sugeriu uma solução possível para o combate à
Maruca – a transformação genética do feijão-frade
a fim de criar resistência ao insecto. Quando a
NGICA abordou a AATF para a ajudar a aceder
aos direitos de utilização do gene Bt (cry1Ab) da
Monsanto Company para o desenvolvimento
de feijão-frade resistente à Maruca, comecei a
ter esperança para os nossos agricultores. Hoje
vejo essa esperança prestes a transformar-se
em realidade e anseio pelo dia em que poderei
partilhar a semente de feijão-frade resistente à
Maruca com os agricultores.
Para realizar qualquer trabalho é importante ter
nas mãos as ferramentas necessárias. Para mim,
o acesso ao gene de resistência e o trabalho com
uma parceria forte, dedicada e bem coordenada
proporcionaram-me as ferramentas de que
necessito para ajudar o meu povo. Esta parceria
dá-me a mim, assim como a outros cientistas em
África e no estrangeiro, a oportunidade de fazer
uma diferença nas condições de vida do nosso
povo.
Para uma conformidade com os regulamentos nos paísesalvo
A AATF iniciou em 2008 o processo para a realização de ECC
em África em três países-piloto, Burkina Faso, Gana e Nigéria,
em 2009. A infra-estrutura regulamentar destes três países
ainda está em desenvolvimento e o nível de experiência de
pedidos de realização de ensaios de campo de organismos
geneticamente modificados (OGMs) varia muito. Mesmo
assim, conseguiu-se um progresso significativo.
Em Burkina Faso, o Instituto do Ambiente e das Pesquisas
Agrícolas (INERA) dirigirá a obtenção das aprovações
necessárias, enquanto em Gana essa actividade será dirigida
pelo Instituto de Investigação Agrícola CSIR-Savanna. Na
Nigéria, o Instituto de Investigação Agrícola (IAR) em Zaria
criou formalmente o Comité Institucional para a Segurança
Biológica (IBC), para acelerar a análise do pedido de ensaio
de campo controlado de feijão-frade resistente à Maruca
submetido ao Comité Nacional para a Segurança Biológica
do Ministério Federal do Ambiente. Espera-se a aprovação
na Nigéria para o início de 2009. Em Gana e na Nigéria
foram identificados os locais dos ECC, que em breve serão
seleccionados em Burkina Faso.
Para mais informações, contacte Nompumelelo H. Obokoh
([email protected]).
Os agricultores são outra parte importante do meu
trabalho: considero-os como meus parceiros-chave
e estou frequentemente em contacto com eles,
escutando-os, discutindo com eles maneiras de
fazer as coisas diferentemente, ou simplesmente
conversando sobre a lavoura e a vida em geral. O
meu relacionamento estreito e fácil com eles é uma
das minhas ferramentas de trabalho principais.
Ao fim e ao cabo, a minha vida tem sido vivida e
moldada por estas pessoas, de cujo trabalho e suor
tanto depende o continente.
Um agricultor num campo de feijão-frade na Nigéria.
16
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções Científicas
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções
Projectos
Científicas
da AATF
17
Aumentar a Resistência
à Murchidão Bacteriana da Banana
25%
As bananas fornecem mais de 25%
do consumo energético de cerca de 100
milhões de pessoas na África Subsariana.
A banana e a banana-de-são-tomé são fontes de alimento importantes
em vários países da África Subsariana (ASS). Contudo, os
agricultores de bananas, principalmente os da região dos Grandes
Lagos, enfrentam uma limitação crescente à produção da cultura
devido à disseminação de uma doença devastadora conhecida por
murchidão bacteriana da banana ou murchidão Xanthomonas
da banana (BXW em inglês). Quando infectadas, as bananeiras
murcham e morrem rapidamente. Isto representa uma perda, não
só para os agricultores mas também para os consumidores, porque
a escassez crescente deste alimento base importante faz aumentar o
seu preço no mercado.
Cerca de um terço de todas as bananas produzidas anualmente
no mundo são cultivadas na África Subsariana (ASS) onde as
colheitas fornecem mais de 25% do consumo energético de
cerca de 100 milhões de pessoas. A África Oriental e Central
são as regiões de maior produção e consumo de bananas do
continente. Nestes países a cultura contribui com mais de 30%
do consumo calórico diário per capita, assim como com uma
porção significativa da receita dos pequenos agricultores.
Infelizmente, a produção desta cultura está a ser cada vez
mais ameaçada pela murchidão Xanthomonas da banana
(BXW), causada pela Xanthomonas campestris pv. Musacearum.
As perdas anuais devidas à BXW estão actualmente estimadas
em mais de USD 500 milhões.
A BXW afecta quase todas as cultivares comuns de bananas
e o dano causado é muito grande, por ser muito rápido. A
BXW foi comunicada pela primeira vez na Etiópia há cerca
de 40 anos, onde parecia estar isolada até 2001, quando foi
18
observada pela primeira vez em Uganda, o segundo
maior produtor de bananas depois da Índia. Desde
então a doença alastrou rapidamente através da
África Oriental e Central, ameaçando o sustento e a
segurança alimentar de milhões de pessoas.
O impacto económico da BXW é devido à morte
da planta-mãe, que é essencial para o ciclo de
produção normal da planta. Os campos infestados
com BXW não podem voltar a ser plantados
com bananeiras durante pelo menos seis meses,
devido à migração de inóculum presente no solo.
E até mesmo então é difícil controlar a doença e
impossível erradicá-la totalmente. A experiência
de doenças da murchidão bacteriana de outras
culturas mostra que, frequentemente, o meio mais
sustentável e económico de controlar a doença é a
utilização de variedades resistentes. Contudo, não
há fontes conhecidas, actualmente disponíveis, de
resistência genética natural à BXW no germoplasma
da banana, o que limita a possibilidade de utilizar
meios convencionais de melhoramento da planta
para produzir cultivares resistentes.
O projecto BXW
No início de 2004 os cientistas do Instituto
Internacional de Agricultura Tropical (IITA),
em parceria com a Organização Nacional para a
Investigação Agrícola (NARO) do Uganda, iniciaram
o desenvolvimento de bananas transgénicas
resistentes a BXW. Em Março de 2005 o IITA abordou
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções Científicas
a AATF procurando aceder a genes candidatos que pudessem
dar resistência contra a BXW. Consequentemente essas duas
organizações, em colaboração com a NARO, lançaram um
projecto com o objectivo de produzir cultivares de banana
resistentes a BXW através de transformação genética. Desde
então conseguiu-se um progresso considerável no sentido de
movimentar dois genes resistentes isolados do pimentão, com
base no trabalho realizado pela Academia Sinica em Taiwan.
É possível que este genes, o gene de proteína tipo ferrodoxina
do pimentão (pflp) e o gene de proteína que auxilia a resposta
à hipersensibilidade (hrap), possam oferecer a solução de que
tão urgentemente se necessita para a pandemia da BXW.
Foram transformadas cinco cultivares de bananas preferidas
localmente – Pisang Awak (Kayinja), Nakitembe, Mpologoma,
Sukali Ndizi e Nakinyika – utilizando genes pflp ou hrap que
foram testados em condições laboratoriais para determinar
a sua resistência a BXW, com resultados convincentes. Os
investigadores têm agora à sua disposição várias linhas
transformadas contendo os genes pflp ou hrap para testes
laboratoriais adicionais e ensaios de campo confinados. A
etapa seguinte do projecto consiste em demonstrar que a
combinação dos genes pflp e hrap nas mesmas cultivares de
bananas aumenta a sua resistência. Este trabalho foi iniciado
em 2008 e continuará em paralelo com a preparação de
estratégias de aprovação regulamentar e planos de acção para
os países-alvo da região dos Grandes Lagos de África.
A auditoria da micropropagação da banana
É essencial que o trabalho laboratorial de transformação e a
preparação regulamentar exaustiva sejam complementados
pela capacidade de implementação de práticas de produção de
culturas de tecidos (CT) dos países-alvo. Estes países também
necessitam de ter sistemas para a produção de plântulas de
Banana geneticamente modificada na Estação de Investigação de Kawanda,
Uganda.
banana melhoradas. Além disto, também é importante
que os agricultores consigam ter acesso a estas
plântulas quando elas estiverem disponíveis para o
projecto. Por este motivo em 2008 a AATF comissionou
ao Centro Africano para o Bio-empreendedorismo
(CABE), com sede em Nairóbi, uma auditoria de
tecnologia independente para a região dos Grandes
Lagos com três objectivos primários:
• Aceder ao estado actual das facilidades de
produção de CT e identificar as principais
limitações à adopção e utilização de tecnologias
da banana para CT na região;
• Propor intervenções possíveis que possam
salientar a adopção e utilização das tecnologias
de CT mais recentes;
• Rever a produção de plântulas e as tendências
de marketing, avaliar os contactos entre
as diferentes instituições envolvidas e os
enquadramentos de políticas locais dos países
dos Grandes Lagos.
A auditoria mostrou que todos os laboratórios
da região têm as facilidades básicas necessárias
para produzir materiais para CT, embora o seu
nível de desenvolvimento e sofisticação varie
consideravelmente.
O pessoal e membros do Conselho de Administração da AATF durante uma
visita à Estação de Investigação de Kawanda em Março de 2008.
Por outro lado, a capacidade de produção é
geralmente limitada por falta de equipamento
apropriado e de pessoal com a devida formação.
O estudo revelou a existência de fortes ligações
entre as instituições de investigação chave, tais
como universidades e organizações nacionais de
investigação agrícola, e entre elas e os parceiros de
desenvolvimento que operam na região.
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções
Projectos
Científicas
da AATF
19
Estas incluem agências de desenvolvimento internacionais,
organizações não governamentais (ONGs), organizações
baseadas na comunidade (OBCs), organizações de crédito,
etc. O estudo do CABE indica que a principal limitação ao
desenvolvimento e implementação da tecnologia de CT na
região dos Grandes Lagos é a falta de financiamento adequado
para o processo, o que não surpreende. Os investimentos
iniciais necessários para estruturas e equipamento são
significativos, assim como os custos subsequentes de
sustentação do trabalho de CT ao longo do tempo. Outras
dificuldades incluem práticas de produção ineficazes,
ausência de estratégias de marketing eficazes, envolvimento
mínimo dos agricultores e enquadramentos de políticas não
solidárias.
A auditoria fez várias recomendações para a resolução das
deficiências do actual sistema, incluindo:
• Criação de um fundo especial, ou estabelecimento de
acordos com organizações de crédito, para apoiar o
desenvolvimento de uma infra-estrutura em condições
mais favoráveis;
• Criação de um fórum para as partes interessadas
envolvidas na supervisão do desenvolvimento das
facilidades de produção de CT e directrizes;
• Exploração de meios para aumentar a eficiência
dos processos de CT, tais como a adopção de
“micropropagação fotoautotrópica”;
• Subcontratação de serviços laboratoriais que não
constituam actividades principais ou que só sejam
necessários ocasionalmente; e
• Exercer pressão sobre os governos dos países-alvo da
região para renunciarem a direitos de importação sobre
materiais laboratoriais seleccionados a fim de estimular a
produção de CT.
Etapas seguintes
Como seguimento à auditoria do CABE, a AATF planeou
um workshop sobre a propagação de CT a realizar em 2009,
em colaboração com a Academia Sinica. O workshop tratará
de questões de controlo de qualidade do processo de CT,
rendimento da produção, assim como oportunidades para a
implementação de plântulas de CT através de organizações
dos sectores público e privado que visem especificamente
os pequenos agricultores. O trabalho de laboratório também
continuará a bom ritmo, com transformações e ensaios de
eficácia in-vitro adicionais a realizar, especialmente em
relação à combinação dos genes pflp e hrap.
Para mais informações, contacte Hodeba J. Mignouna
([email protected])
20
O Sr. Erostus Nsubuga (à esquerda), CEO e proprietário da
Agro-Genetic Technologies Ltd durante uma visita à Academia
Sinica em Taiwan.
Sr. Erostus Nsubuga
Antes de fundar a Agro-Genetic Technologies
Ltd em 2001 desempenhei vários cargos para
várias organizações de negócios. Isto deu-me a
oportunidade de adquirir experiência empresarial em
marketing internacional em África, Ásia e na Europa.
A AGT é a primeira, e até à data a única, empresa
privada no Uganda que usa biotecnologia (cultura de
tecidos) para a micropropagação de várias culturas.
Dependendo do tipo de cultura, conseguimos
produzir anualmente até 10 milhões de plântulas. O
negócio traz muitos desafios em alguns casos, mas
também traz satisfação e entusiasmo. Ele dá-me a
oportunidade de aprender constantemente e de fazer
novos amigos em todo o mundo. Aquilo que me dá
uma satisfação especial no meu trabalho é o facto
de ele contribuir directamente para as condições de
vida dos meus clientes – os pequenos agricultores – e,
através disso, para o desenvolvimento económico do
meu país.
Portanto, estou empenhado em desenvolver a
AGT e em geral acolho com agrado as iniciativas
e parcerias que contribuam para o crescimento do
negócio. Nesse contexto tenho imenso prazer e
considero um privilégio ter sido convidado pela
AATF para, juntamente com outras organizações de
culturas de tecidos da região dos Grandes Lagos,
viajar até Taiwan para observar e aprender técnicas
de produção melhoradas que nos poderão ajudar a
alcançar os nossos objectivos de negócio.
O que vimos em Taiwan foi muito encorajador e
ofereceu oportunidades para aumentarmos os nossos
níveis de produção de plântulas e para reduzir os
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções Científicas
custos de produção. As novas técnicas devem permitir
que os nossos clientes tenham acesso a mais plântulas
de culturas de tecidos livres de doenças e pragas a
preços mais acessíveis do que antes. A disponibilidade
de materiais de plantio de tão alta qualidade para
os agricultores não só aumenta o rendimento, mas
também reduz o alastramento de várias doenças, como
a murchidão bacteriana da banana.
Os nossos desafios agora são dar formação ao pessoal
da AGT nas técnicas que aprendemos em Taiwan e
também adquirir o equipamento laboratorial e os
produtos químicos de que necessitamos para tirar o
máximo benefício das novas práticas de produção de
plântulas.
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções
Projectos
Científicas
da AATF
21
Desenvolver Milho
com Eficiência Hídrica
para África
2,5 a 4 vezes
A combinação de abordagens de melhoramento
convencional de plantas e de biotecnologias
avançadas permitirá a obtenção de ganhos
genéticos específicos num prazo de 10 a 15 anos,
o que é 2,5 a 4 vezes mais rápido do que utilizando
apenas o melhoramento convencional de plantas.
A seca é um problema recorrente em muitas partes da África
Subsariana (ASS). A maioria dos pequenos agricultores da região
cultiva o milho como sua cultura principal, tanto para consumo
doméstico como para venda nos mercados locais, dependendo
das chuvas para produzir as colheitas. Os ciclos da cultura do
milho são, contudo, frequentemente caracterizados por chuvas
erráticas e períodos de seca que ameaçam o sustento e a segurança
alimentar de milhões de pessoas.
Em Março de 2008 a AATF e vários parceiros, incluindo
os Sistemas Nacionais de Pesquisa Agrícola (NARS) do
Quénia, Moçambique, África do Sul, Tanzânia e Uganda,
a Monsanto Company e o Centro Internacional para o
Melhoramento de Milho e de Trigo (CIMMYT) lançaram
uma importante parceria público-privada com o objectivo
de reduzir o risco que as secas periódicas representam para
os pequenos agricultores africanos. A iniciativa, conhecida
por Milho com Eficiência Hídrica para África (WEMA) é
financiada pela Fundação Bill and Melinda Gates e pela
Fundação Howard G Buffet para uma fase inicial de
cinco anos. O projecto WEMA pretende capitalizar uma
combinação inovadora de melhoramento convencional do
milho, selecção assistida por marcadores e biotecnologias
de ponta, com o objectivo final de produzir variedades de
milho de maior rendimento e tolerantes à seca, que possam
originar rendimentos mais consistentes em condições de
seca moderada, e torná-las acessíveis a milhões de pequenos
produtores de milho africanos na ASS.
22
O projecto WEMA foi viabilizado por um acordo
histórico anterior assinado em Janeiro de 2008 pela
AATF, a Monsanto Company e o CIMMYT. No
acordo o CIMMYT e a Monsanto comprometeram-se
a desenvolver novas variedade de milho tolerantes
à seca e a oferecer à AATF o licenciamento dos
materiais melhorados sem encargos de royalties,
para facilitar a sua distribuição pelos pequenos
agricultores de África.
A parceria do WEMA desenvolverá as vantagens
comparativas de cada parceiro, permitindo-lhes
atingir mais resultados juntos do que obteriam
individualmente.
O projecto reúne a vasta experiência dos parceiros
em biotecnologia e métodos convencionais de
melhoramento de plantas. Por exemplo, a Monsanto
traz para o projecto o seu germoplasma exclusivo,
competências em melhoramento convencional e
molecular de plantas e transgenes com tolerância
à seca, adquiridos através do seu programa
comercial de tolerância à seca. Por seu lado o
CIMMYT possui dezenas de anos de experiência
de campo de melhoramento convencional do milho
para tolerância à seca. A organização também tem
acesso a germoplasma de milho avançado que
já contém muitas das características preferidas
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções Científicas
pelos agricultores africanos. Os cinco parceiros dos NARS
contribuirão com a sua competência em ensaios de campo e
facilitarão a interacção com as partes interessadas nos países
respectivos, como parte do processo de criação de sistemas
regulamentares.
Na sua qualidade de líder global do projecto, a capacidade
e experiência de desenvolvimento de produtos, gestão
responsável e ética do produto e implementação do produto
da AATF serão extremamente úteis. Além disso, a iniciativa
também terá sólido apoio devido à merecida reputação da
Fundação, de “mediador honesto” capaz de assegurar uma
gestão aberta e imparcial das parcerias público-privadas.
Organização do projecto e progresso alcançado em 2008
O projecto WEMA está organizado em torno de quatro
conjuntos de actividades principais:
• Desenvolvimento do produto;
• Conformidade regulamentar;
• Iniciativas de comunicação e alcance; e
• Gestão do projecto e governância.
Estas actividades chave são realizadas através de equipas
especializadas cujos membros são seleccionados das
organizações de parceria. As equipas ajudam o Gestor de
Projecto a conseguir alcançar as metas e marcos importantes.
A supervisão do projecto é efectuada por meio de um Comité
de Operações e de um Quadro Consultivo Executivo.
Foram constituídas as equipas de projecto responsáveis
pela implementação e/ou a supervisão de cada uma destas
áreas de trabalho. Cada uma delas desenvolveu estratégias e
planos de trabalho que foram integrados numa estratégia de
implementação global e coerente do WEMA.
No que se refere à investigação, a Monsanto e o CIMMYT estão
a usar o seu germoplasma de elite de milho tolerante à seca
para utilização no melhoramento convencional de plantas, no
desenvolvimento de populações de duplos haplóides, projectos
de melhoramento assistido por marcadores e para a integração
de transgenes tolerantes à seca. O germoplasma inclui linhas
consanguíneas de milho de elite que estão adaptadas às
ecologias tropicais de média altitude da ASS. Na África do Sul
iniciaram-se os testes de milho transgénico tolerante à seca
(TTS), para começar o desenvolvimento de testes e protocolos
de conformidade apropriados para o projecto. Ao mesmo
tempo avançou-se consideravelmente com a instalação de
facilidades para o desenvolvimento e teste do germoplasma
do milho. Isto incluiu locais em campo para os ensaios de seca
controlados para o melhoramento convencional na Monsanto
e CIMMYT, assim como para os ensaios de campo confinados
das variedades tolerantes à seca em cada um dos
cinco países dos NARs.
Na área da conformidade regulamentar foi criada
uma equipa de regulamentação do projecto global.
Até agora, ela desenvolveu um plano de acção
geral para o cumprimento dos vários requisitos de
segurança biológica nos cinco países do WEMA.
Adicionalmente, constituíram-se em cada país
equipas de regulamentação no Quénia, Uganda,
Tanzânia e África do Sul, cada uma delas com um
mandato claro para orientar as suas actividades. Em
Outubro foram comissionados os serviços de um
consultor para examinar o panorama regulamentar
nos cinco países parceiros e o primeiro relatório
preliminar foi entregue no fim do ano. Além disto,
a equipa de regulamentação do WEMA colaborou
com a equipa de desenvolvimento de produto do
projecto para definir os critérios de selecção de
locais de quarentena aberta nos cinco países. Com
estes critérios, os parceiros dos NARs prosseguiram
com a identificação de locais candidatos para os
ensaios de campo nos seus países e a selecção final
será concluída no início de 2009.
No início do projecto constituiu-se uma equipa
de comunicações e alcance do WEMA incluindo
especialistas em comunicações, assuntos públicos,
políticas e representação da AATF, CIMMYT,
Monsanto, Fundação Bill and Melinda Gates e dos
cinco países do projecto. Em 2008 desenvolveu-se
uma estratégia global e planos de acção específicos
O Dr. Stephen Mugo (à direita) do CIMMYT explica aos produtores de milho dos
Sistemas Nacionais de Pesquisa Agrícola do projecto WEMA como opera o local
de quarentena na estação de Kibobo, por ocasião de uma visita de campo.
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções
Projectos
Científicas
da AATF
23
do país, que foram testados pela primeira vez em Março por
ocasião do anúncio público formal do projecto em Kampala,
Uganda. O evento suscitou um interesse considerável, e de
modo geral muito positivo, durante todo o ano entre os
meios de comunicação internacionais.
Em termos de governância do projecto criou-se um Quadro
Consultivo Executivo do Projecto WEMA para proporcionar
conhecimentos especializados para o projecto, quando
necessário. Implementou-se um Comité de Operações para
ajudar a garantir que os marcos importantes do projecto
são alcançados atempadamente. O Comité de Operações
comunica pelo menos uma vez por mês com as outras
equipas de implementação para resolver os problemas
que possam ocorrer e consulta regularmente o Quadro
Consultivo.
Impactos esperados
Esperam-se vários impactos no decorrer da vida do projecto.
Prevê-se que a disponibilidade de transgenes da seca, sem
encargos de royalties, assim como de germoplasma do
milho da Monsanto e do CIMMYT estimule a formação e a
criação de capacidade do programa nacional e das empresas
privadas de sementes em actividades relacionadas com a
produção de variedades melhoradas tolerantes à seca.
O projecto WEMA acelerará substancialmente a distribuição
de variedades de milho tolerante à seca pelos pequenos
agricultores de África. Está projectado que a combinação
inovadora de abordagens de melhoramento convencional
de plantas e de biotecnologias avançadas permitirá a
obtenção de ganhos genéticos específicos num prazo de 10 a
15 anos, o que é 2,5 a 4 vezes mais rápido do que utilizando
apenas o melhoramento convencional de plantas.
A seca recorrente é um problema importante para milhões
de pequenos agricultores em toda a África Subsariana e,
à medida que as alterações climáticas continuam, prevê-se
um aumento da frequência e gravidade dos períodos de
seca na região. Melhorando a estabilidade do rendimento
durante os períodos de seca moderada, as novas variedades
de milho ajudarão a proteger as condições de vida dos
agricultores. Por seu lado, isto possibilitará e incentivará
potencialmente a diversificação de culturas a nível da quinta
e os investimentos na utilização de práticas melhoradas de
gestão de culturas. A nível nacional, isto traduzir-se-á em
redução da pobreza, redução da importação de alimentos e
uma base mais sólida para o desenvolvimento económico
futuro.
Para mais informações, contacte Sylvester Oikeh
([email protected])
24
O Dr. Alois Kullaya (em primeiro plano) num campo de
milho em Kiboko, Quénia, durante uma actividade de
formação do WEMA sobre melhoramento do milho com
tolerância à seca em Setembro de 2008.
Dr. Alois Kullaya
Trabalho no melhoramento de plantas há 28 anos,
dedicando a maior parte da minha carreira à
pesquisa de vias de melhoramento dos rendimentos
do coco, a cultura oleaginosa perene mais
importante da Tanzânia. Desde Junho de 2008 que
coordeno o projecto Milho Com Eficiência Hídrica
para África (WEMA) na Tanzânia. O projecto
procura desenvolver variedades de milho tolerante
à seca usando as ferramentas da biotecnologia.
Estou muito interessado em biotecnologia e nas
vantagens que pode oferecer aos agricultores da
Tanzânia e à segurança alimentar global do país.
De facto, sou um dos poucos cientistas da Tanzânia
envolvidos em actividades de consciencialização
do público em geral, para que este aprecie as
vantagens da biotecnologia para o país.
O milho é o alimento base da Tanzânia. É o
principal ingrediente dos pratos locais tanzanianos
de ugali (mistura densa de água e farinha de
milho), uji (papas de aveia) e akande (mistura de
milho e feijões) e é cultivado em cerca de dois a
três milhões de hectares. Na Tanzânia, tal como
acontece em outros países de África, o milho temse tornado, infelizmente, cada vez mais escasso
ao longo dos anos. Entre as principais causas
dos baixos rendimentos contam-se as sementes
de milho de qualidade inferior e o baixo uso
de fertilizantes. O problema é agravado pelas
secas e pragas que parecem ter conspirado para
assegurar que os rendimentos de milho continuam
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções Científicas
baixos. Consequentemente, a produção média
de milho em África é de apenas uma tonelada e
meia por hectare, comparada com cerca de oito
toneladas em muitos países desenvolvidos. Como
cientista agrícola, este cenário preocupa-me. Tenho
conjecturado como ajudar os agricultores do meu
país a lidarem com as alterações climáticas e com a
seca, especialmente devido ao efeito destes factores
na sua fonte de alimento principal.
Além disto a seca tem tido um efeito adverso,
não só nos agricultores mas também no país em
geral. Devido ao seu uso generalizado, a oferta
decrescente de milho tem enormes implicações
económicas na Tanzânia. A economia do país
depende fortemente da agricultura, que representa
mais de 30% do PIB.
Quando a AATF abordou o governo da Tanzânia
para participar no projecto WEMA em 2007,
começou a brilhar uma luzinha ao fundo do
túnel para os agricultores da Tanzânia. Quando o
Ministério da Agricultura, Segurança Alimentar
e Cooperativas me nomeou para coordenar o
projecto WEMA na Tanzânia, fiquei imensamente
entusiasmado. Agora tenho a oportunidade de
contribuir de modo significativo para a exploração
agrícola do milho no meu país e de ajudar os
pequenos agricultores a tirarem mais lucro do seu
trabalho árduo.
Em minha opinião, o que deverá ajudar os
agricultores de milho a tirar mais partido das
suas quintas é proporcionar-lhes a possibilidade
de acederem a sementes melhoradas e a crédito
para a compra de fertilizantes e de outros insumos
agrícolas. A longo prazo, as variedades de milho
tolerante à seca serão uma solução sustentável. E
para conseguir isso, a biotecnologia desempenhará
um papel muito importante.
Algumas pessoas criticam a biotecnologia,
principalmente porque não a compreendem,
mas tenho esperança de que um dia virá em
que a ciência e a tecnologia serão vistas como
impulsionadoras dos planos de desenvolvimento
económico africano.
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções
Projectos
Científicas
da AATF
25
O Nosso Projecto de Arroz NUEST
6%
A procura de arroz nas dietas africanas
está a crescer a uma taxa anual de
cerca de 6%.
A produção e consumo de arroz em África estão a aumentar
rapidamente. Infelizmente o aumento da procura deste alimento base
tão importante ultrapassa a sua capacidade de produção pelos pequenos
agricultores africanos. Para responder a esta situação a AATF lançou
recentemente um importante projecto para aumentar a produtividade
do arroz dos pequenos agricultores nas áreas marginais.
A procura de arroz nas dietas africanas está a crescer rapidamente
no continente, a uma taxa média de 6% ao ano. Contudo, a
produção da cultura está a aumentar a um ritmo mais lento, de
cerca de 3,5% ao ano. Uma das maiores limitações à produção de
arroz em África é a salinização do solo, especialmente em áreas
irrigadas nas quais em cada época de colheita são depositadas
da água de irrigação 2,5 toneladas de sal por hectare. Outro
desafio é o baixo teor de azoto, principalmente devido ao baixo
uso de fertilizantes na ASS, que está estimado em 9 kg/ha por
comparação com 240 kg/ha na Ásia Oriental.
Na África Ocidental apenas, há cerca de 650.000 hectares de
produção de arroz ameaçados pela salinização, enquanto nos
planaltos há mais de 3 milhões de hectares de arroz (pluvial)
afectados por baixos níveis de azoto. O resultante défice da
produção de arroz em África, actualmente cerca de 7 milhões
de toneladas anuais, força os governos a gastar um total anual
estimado em USD 1,7 milhares de milhões na importação de
arroz, o que constitui um esgotamento enorme e desnecessário
de reservas de moeda estrangeira.
Actualmente a maior parte do aumento da produção de
arroz resulta da expansão de terreno para a cultura do arroz.
26
Contudo, um estudo de viabilidade realizado pela
AATF em 2007 mostrou que se forem cultivadas
variedades melhoradas em apenas 10% desta
área-alvo, e se essas variedades aumentarem o
rendimento em apenas 30% (uma estimativa baixa),
os agricultores de arroz produziriam mais 380,000
toneladas do grão por ano.
Em Dezembro de 2008 a AATF lançou oficialmente
um projecto sobre a transformação genética das
variedades de planalto e de planície do Novo
Arroz para África (NERICA), para melhorar a sua
produtividade em solos pobres em azoto e em
campos que com o decorrer do tempo se tornaram
demasiado salgados. O lançamento do projecto
Arroz Com Utilização Eficiente de Azoto e Tolerante
ao Sal (NUEST) para África rematou dois anos de
planeamento, estudos de viabilidade e negociações
com fornecedores de tecnologia do sector privado,
organizações nacionais de investigação agrícola
africanas e outras partes interessadas.
O projecto foi financiado pela USAID e deve ser
implementado ao longo de um período de 10
anos. Ele proporcionará aos pequenos agricultores
de arroz variedades de maior rendimento bem
adaptadas a áreas de cultura de arroz nos planaltos
e planícies de África, onde a depleção do azoto
(nos planaltos) e os solos salgados (nas planícies)
limitam a sua produção.
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções Científicas
Parceiros do projecto
As discussões com potenciais fornecedores de tecnologia
iniciaram-se já em 2005. Dois anos mais tarde, a AATF
concluiu as negociações com a Arcadia Biosciences e o Public
Intellectual Property Resource for Agriculture (PIPRA).
Em Fevereiro de 2008 foi assinado um acordo formal com
a Arcadia para acesso a genes que promovem a utilização
eficiente de azoto e a tolerância ao sal. Em Setembro de 2008,
a AATF formalizou um acordo com o PIPRA para a doação
das necessárias tecnologias de transformação de plantas.
Os actuais parceiros de investigação agrícola nacional incluem
o INERA (Burkina Faso), CSIR-CRI (Gana), NCIR (Nigéria) e
a NARO (Uganda). Estes institutos de investigação nacionais
realizarão os ensaios de campo necessários para testar o
desempenho das linhas transgénicas. Também realizarão os
melhoramentos assistidos por marcadores necessários para
movimentar as características desejadas para as variedades
de arroz já conhecidas e preferidas dos agricultores e
consumidores. Adicionalmente, estes parceiros assegurarão a
disseminação de novas variedades pelos pequenos produtores
de arroz. O papel da AATF no projecto é a coordenação
da parceria e a facilitação da distribuição do produto aos
agricultores.
Avanço da investigação em 2008
• Validação de Arabidopsis AtPhyB como
marcador eficaz da excisão do transposão no
arroz (os testes iniciais não permitiram tirar
conclusões e estão ser repetidos); e
• Construção de vectores de transformação
de plantas baseados em transposões que são
personalizados para as variedades africanas
de arroz com utilização eficiente de azoto e
tolerantes ao sal.
Estas foram as etapas iniciais para o
desenvolvimento das tecnologias de transformação
específicas necessárias para o êxito do projecto.
Impactos e benefícios previstos do projecto
Prevêem-se vários benefícios do projecto do arroz
NUEST:
• Disponibilizar-se-ão aos investigadores da
África Subsariana tecnologias comprovadas,
de classe mundial, para o desenvolvimento de
variedades de arroz melhor adaptadas a solos
salgados e de baixo teor de azoto;
• As variedades de arroz preferidas pelos
agricultores serão transformadas para
Além do estabelecimento formal da estrutura e plano de
negócio e de assegurar o financiamento a longo prazo para
o projecto NUEST, conseguiu-se um progresso notável em
várias áreas relacionadas com a investigação. Durante o ano a
Arcadia Biosciences:
• Estabeleceu um método inicial de selecção in-vitro para a
detecção de plantas de arroz transgénicas com utilização
eficiente de azoto;
• Melhorou a indução de callus embriogénico a partir da
semente madura de variedades NERICA de planalto,
testando o uso de resistência à canamicina como
marcador seleccionável alternativo para a transformação
do arroz; e
• Aumentou as sementes de variedades NERICA de
planalto disponíveis a fim de assegurar material genético
adequado para as experiências de transformação e iniciou
a importação de semente das variedades NERICA de
planície do Centro Africano do Arroz (WARDA).
Com início em 2008, o PIPRA começou a focalizar-se em três
objectivos-chave do projecto:
• Desenvolvimento de protocolos de transformação de
arroz utilizando o gene não exclusivo GR6 HemL como
marcador seleccionável;
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções
Projectos
Científicas
da AATF
27
melhorar o desempenho em ambientes seleccionados
e mais tarde serão disponibilizadas aos agricultores
através de canais de sementes comerciais;
• A introdução bem sucedida de arroz transgénico de
maior rendimento que é desenvolvido e libertado
de acordo com os protocolos e regulamentos
internacionais de segurança biológica servirá no
futuro como exemplo para outras actividades de
melhoramento de outras culturas semelhantes;
• A capacidade técnica dos investigadores agrícolas
africanos, assim como as facilidades por eles utilizadas,
serão reforçadas pelo projecto, permitindo-lhes
envolverem-se mais eficazmente em actividades
de biologia molecular e melhoramento de culturas,
cumprir os importantes procedimentos de segurança
biológica e gerir eficientemente os programas de testes
participativos da tecnologia em quintas;
• À medida que as variedades de arroz NUEST são
disseminadas, a necessidade de fertilizantes de azoto
importados caros diminuirá e/ou o retorno económico
resultante da utilização de tais insumos aumentará;
• À medida que a produtividade dos pequenos
agricultores de arroz aumentar poderão passar de
simples agricultura de subsistência para o domínio da
agricultura comercial; e
• As novas variedades permitirão que os agricultores
retomem terrenos de cultura previamente
abandonados, reduzindo a escassez de terrenos
nas áreas-alvo, ao mesmo tempo que aumentam a
produção de arroz.
Aos preços actuais do arroz, a produção anual adicional
de arroz prevista através da implementação do projecto
teria um valor de cerca de USD 10 milhões. Isto implica
uma recuperação quase total do investimento a 10 anos de
cerca de USD 11 milhões no projecto. Finalmente, uma vez
que a importância do arroz nas dietas africanas continua
a aumentar, a disponibilidade de variedades novas e mais
produtivas que se desenvolvem em solos salgados e de
baixo teor de azoto continuará a aumentar a segurança
alimentar, bem como a receita dos pequenos agricultores
de arroz. Além disto, o potencial para a diversificação de
operações na quinta de modo a incluir culturas de alto
valor e, em áreas irrigadas, a produção de peixe, ajudará a
estabilizar as condições de vida e a nutrição dos agregados
familiares nos países-alvo.
Para mais informações, contacte Nompumelelo H. Obokoh
([email protected])
28
O Sr. Eric Rey, Presidente e CEO
da Arcadia Biosciences Inc.
A Arcadia Biosciences
A Arcadia Biosciences foi constituída em 2003 com
a missão de desenvolver plantas que aumentem a
produtividade e a rentabilidade que os agricultores
obtêm das suas terras, ao mesmo tempo que
beneficiam a saúde humana e o ambiente.
A nossa premissa operacional é que as biotecnologias
modernas podem ser utilizadas para desenvolver
variedades de plantas melhoradas, que os
agricultores desejarão utilizar porque são mais
produtivas. Acreditamos também que o uso de
tais plantas beneficiará a saúde das pessoas, assim
como o ambiente. Por exemplo, a nossa tecnologia
para a utilização eficiente de azoto (NUE – nitrogen
use efficiency) reduz a necessidade de fertilizante de
azoto em cerca de 50%.
Isto oferece um benefício económico para os
agricultores e, porque é necessário aplicar menos
azoto, reduz a lixiviação do elemento para os cursos
de água subterrânea, assim como as emissões de
óxido nitroso para a atmosfera, protegendo deste
modo o ambiente. As nossas tecnologias relacionadas
para tolerância ao sal e eficiência hídrica criam
oportunidades semelhantes para os agricultores
e possuem vantagens ambientais igualmente
significativas.
Embora a Arcadia seja uma empresa com fins
lucrativos com foco principal em sistemas de
distribuição de tecnologia convencional, também
estamos fortemente empenhados em conseguir
extrair das nossas tecnologias o maior valor e
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções Científicas
alcance possíveis. Com isto em mente, criámos
uma política empresarial para disponibilizar
tecnologias seleccionadas para certas culturas
sem custos e, sempre que possível, em países em
desenvolvimento. Após a adopção desta política
começámos a procurar oportunidades de aplicação
da mesma e foi por isso que me familiarizei com a
AATF.
Após um diálogo intensivo convencemo-nos de que
a AATF era o parceiro ideal para a nossa primeira
actividade deste tipo. Ficámos impressionados com
a abordagem profissional e pragmática da AATF
relativamente aos seus projectos e tranquilizados
que as questões-chave envolvendo a gestão
responsável e ética do produto estariam em boas
mãos. Com base nestas considerações doámos
tecnologias NUE e de tolerância ao sal para serem
utilizadas no arroz NERICA em toda a África. Esta
doação foi feita com a condição específica de que
os agricultores africanos nunca teriam de pagar por
esta tecnologia.
Acreditamos que as variedades melhoradas
de arroz desenvolvidas com estas tecnologias
permitirão aos pequenos agricultores de arroz
africanos aumentarem de maneira sustentável a sua
produção e o seu lucro, mesmo face a condições
ambientais variáveis e frequentemente difíceis. O
nosso objectivo é, pois, aumentar a produtividade
do pequeno agricultor e a segurança alimentar,
com uma redução paralela dos impactes ambientais
negativos da agricultura.
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções
Projectos
Científicas
da AATF
29
Ac t u a l i z a ç õ e s
d e
C o n c e i t o s
d e
P r o d u t o s
Controlar a Aflatoxina:
Trabalhar para Evitar o Inevitável
4,5 milhares
de milhões
mais de 4,5 milhares de milhões de pessoas
que vivem em países em desenvolvimento
podem estar cronicamente expostas
a aflatoxinas nas suas dietas.
A aflatoxina é um veneno carcinogénico altamente tóxico produzido
por muitas espécies de Aspergillus, um fungo ubíquo que facilmente
infecta o milho, amendoim e várias outras culturas. Estão agora a
ser desenvolvidos novos métodos económicos de controlo biológico
para África, que prometem reduzir drasticamente esta ameaça para
os pequenos agricultores e consumidores de todo o continente.
De modo geral a contaminação dos alimentos por
aflatoxinas ocorre em consequência de condições ambientais,
especialmente clima húmido e quente, assim como de métodos
tradicionais de agricultura, como a secagem do grão no solo
e o armazenamento inadequado. As estirpes de Aspergillus
que originam as aflatoxinas, e que se encontram geralmente
em climas tropicais, atacam facilmente as culturas sob stress
causado, por exemplo, pela seca ou infestação de insectos,
que são as maiores limitações à produção de alimentos que
frequentemente se encontram na África Subsariana (ASS).
Não surpreende que os grãos para consumo alimentar em
muitos países africanos incluindo Benim, Burkina Faso,
Camarões, Gâmbia, Gana, Guiné, Quénia, Moçambique,
Nigéria, Senegal, África do Sul e Zâmbia possuem altos teores
de aflatoxinas. Nestes países os principais produtos de base e
culturas de rendimento – entre estes o milho, mandioca, sorgo,
inhame, arroz, amendoim e caju – podem ser gravemente
afectados por estes venenos. Devido às suas implicações
potencialmente graves para a saúde, a contaminação de
alimentos e de rações de animais por aflatoxinas pode
conduzir a importantes perdas económicas. Por exemplo, os
30
países africanos perdem anualmente até USD 1,2
milhares de milhões de produtos rejeitados por
não estarem em conformidade com a segurança
alimentar e a qualidade devido a contaminação por
micotoxinas, incluindo as aflatoxinas.
Os especialistas consideram as aflatoxinas um
contaminante inevitável dos alimentos e rações,
mesmo onde se praticam boas práticas de fabrico.
Nos países desenvolvidos os rigorosos regulamentos
de segurança alimentar e a monitorização de
culturas susceptíveis limitam com êxito os seus
níveis nas fontes de alimentos. Contudo, em muitos
países em desenvolvimento, incluindo a África, a
situação é diferente. Nestas regiões os governos
frequentemente não possuem técnicas económicas
para testar as aflatoxinas e a maioria dos pequenos
agricultores não consegue evitar a contaminação
durante a produção e armazenamento das suas
culturas. Em consequência, mais de 4,5 milhares
de milhões de pessoas que vivem em países em
desenvolvimento podem estar cronicamente
expostas às aflatoxinas nas suas dietas.
A AATF está a responder ao desafio que as aflatoxinas
representam para as condições de vida e segurança
alimentar dos pequenos agricultores africanos
facilitando o desenvolvimento e disponibilidade de
“tecnologia de exclusão competitiva” microbiana
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções Científicas
(TEC). Esta abordagem pode controlar a produção de
aflatoxinas em culturas de rendimento ou de alimentos base.
Isso envolve o estabelecimento de estirpes benignas de
estirpes de Aspergillus seleccionadas nos solos em redor
das culturas susceptíveis durante o crescimento destas. O
objectivo é que a estirpe benigna domine e elimine em grande
medida as estirpes produtoras de aflatoxinas do fungo. Esta
forma de controlo biológico inicialmente desenvolvida pelo
Serviço de Investigação Agrícola do Ministério da Agricultura
dos EUA (USDAS-ARS) foi extensamente testada no algodão
e no amendoim nos EUA com êxito considerável. A tecnologia
foi subsequentemente licenciada para comercialização a
uma organização de cultivadores sob o nome AF36 e a uma
empresa privada que o comercializa com o nome AflaGuard®.
Em 2005 a AATF começou a negociar com a empresa o acesso
à tecnologia, com o objectivo de a adaptar às condições
africanas. Infelizmente estas negociações não progrediram
como se esperava, o que forçou a AATF a enveredar por um
caminho diferente.
Em 2008 a Fundação começou a trabalhar com o Instituto
Internacional de Agricultura Tropical (IITA) na Nigéria e
com o USDA-ARS na Universidade de Arizona (EUA) para
desenvolver fontes alternativas de tecnologia de exclusão
competitiva (TEC) para utilização no milho e no amendoim
em África. Contudo, antes de investir recursos significativos
no desenvolvimento da tecnologia, os parceiros acordaram a
realização de um estudo para avaliar a viabilidade técnica e
comercial da utilização da TEC no controlo da contaminação
por aflatoxinas num contexto africano.
O estudo, que foi comissionado pela AATF, foi concluído
em 2008 e chegou às seguintes conclusões gerais sobre os
potenciais benefícios das novas tecnologias de controlo
biológico:
• O controlo de aflatoxina contribuiria
significativamente para maior produção de
culturas, maiores receitas, melhor nutrição e
melhor saúde para as pessoas;
• Há indicações claras de que o controlo de
aflatoxina ajudaria a expandir os mercados
de exportação para os produtos afectados,
principalmente para o amendoim e, portanto,
maiores receitas comerciais para os países da
África Subsariana; e
• Análises da potencial rentabilidade decorrente
do uso das novas tecnologias, efectuadas para
diferentes cenários de eficácia, indicam que os
investimentos na investigação e disseminação
de TEC seriam bem aplicados, mesmo que estas
tivessem apenas uma eficiência de 20%.
Além disto, trabalhos de investigação recentes reforçam
a viabilidade técnica da TEC. Os investigadores
do IITA e do USDA-ARS desenvolveram uma TEC
microbiana para a redução da contaminação do milho
por aflatoxina na Nigéria. Eles também identificaram
estirpes benignas locais de Aspergillus que são capazes
de dominar as estirpes produtoras de toxinas, o que
por sua vez leva a uma redução directa da produção
de aflatoxina no milho. No laboratório, e em ensaios de
campo em estações agrárias, estas estirpes competitivas
reduziram a contaminação por aflatoxina em 95% a 99%.
A uma escala maior, nos ensaios em estações agrárias
realizados em quatro locais da Nigéria, a produção
de aflatoxina foi reduzida em 50% a 99%. Além disso,
a implementação da TEC em campo é fácil e eficaz,
envolvendo apenas semear à mão no solo uma mistura
apropriada de estirpes benignas locais de Aspergillus.
Com base nestes estudos de investigação e nos
resultados animadores do estudo de viabilidade,
os parceiros do projecto estão a planear avaliações
adicionais da eficácia da TEC microbiana nos campos
de agricultores da Nigéria durante 2009. O objectivo
desta fase de testes seguinte é determinar a extensão
da redução da contaminação do milho por aflatoxinas
em condições que se assemelham mais às condições
agrícolas reais. Se estes testes forem tão bem sucedidos
como se prevê, a AATF trabalhará com os seus
parceiros para criar um projecto completo para o
desenvolvimento e disseminação de TEC microbiana
localmente adaptada para o controlo da aflatoxina no
milho e no amendoim.
Para mais informações, contacte Hodeba J.
Mignouna ([email protected])
Resolver as Limitações dos Agricultores
Actualizações
Através de
deIntervenções
Conceitos deCientíficas
Produtos
31
Extrair Energia da Mandioca:
Desenvolver uma Indústria do Etanol
Baseada na Mandioca na
África Subsariana
75%
A África produz mais de metade
da oferta mundial de mandioca.
A África produz mais de metade da oferta mundial de mandioca, apesar
de os rendimentos médios serem os menores de entre todos os países
produtores de mandioca. O potencial para o aumento da produtividade
desta cultura essencialmente de subsistência é enorme. Contudo,
os agricultores africanos necessitam de garantia relativamente à
disponibilidade de mercados para o seu excedente, antes de efectuarem
os investimentos necessários para aumentar o seu produto.
Uma das principais limitações à produção de mandioca em
África – quase toda produzida por pequenos agricultores,
principalmente como cultura de subsistência ou de sobrevivência
– é a falta de máquinas apropriadas para o processamento das
culturas depois da colheita. O investimento nesta tecnologia que
acrescenta valor só é atractivo para os que têm acesso seguro
aos mercados para o produto processado. Uma solução para
aumentar a capacidade de comercialização da mandioca é criar
usos alternativos para ela, além do consumo humano directo.
Fizeram-se esforços consideráveis para o desenvolvimento de
outros usos, por exemplo, como ração para gado, produção
comercial de amido e como aditivo para a farinha de trigo.
Com base no exemplo da utilização de milho para a
produção de etanol, a Organização das Nações Unidas para o
Desenvolvimento Industrial (ONUDI), juntamente com a União
Africana (através da Iniciativa Pan-africana para a Mandioca
da Nova Parceria para o Desenvolvimento de África, NEPDA)
e o governo do Brasil, está a promover o uso da mandioca
como fonte de biocombustível em África. No contexto africano,
contudo, a utilização de mandioca para a produção de etanol
exige um grande número de fábricas de processamento
de mandioca de pequena escala. Sem esta capacidade de
32
processamento aumentada, os agricultores não
conseguirão capitalizar qualquer destas novas
oportunidades.
O problema reside no facto de o equipamento
de processamento produzido localmente ser
geralmente de má qualidade, mesmo quando
copiado de protótipos produzidos por fabricantes
estrangeiros. Por outro lado, estes fornecedores
de equipamento estrangeiro têm relutância em
fornecer máquinas para empresas africanas com
receio de pirataria e de perda de potencial quota
de mercado. O ponto crítico identificado pela
AATF é incentivar os fabricantes de equipamento
estrangeiro a trabalharem directamente com
empresários
africanos
para
produzirem
equipamento de processamento de mandioca de
alta qualidade. A Fundação abordou alguns destes
fabricantes estrangeiros com a hipótese de actuar
como mediadora de tais parcerias, que foi recebida
com interesse reservado.
As vantagens potenciais do aumento da mecanização
do processamento da mandioca pós-colheita são
enormes, principalmente tendo em vista a potencial
produção de etanol. A criação de uma indústria do
etanol baseada na mandioca aumentaria a segurança
da energia nacional e recompensaria milhares de
empresários agrários de pequena a média escala
envolvidos no processamento da mandioca. A
diversificação a nível da quinta ajudaria a aumentar
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções Científicas
e a estabilizar as receitas, melhorando as condições
de vida de milhões de pequenos agricultores
produtores de mandioca. Além disto também
iria libertar as divisas estrangeiras utilizadas na
importação de combustível para outras prioridades
de desenvolvimento.
A AATF está agora a finalizar uma proposta para
actualizar este conceito de produto, que será
apresentada à ONUDI, FAO, Aliança para Uma
Revolução Verde em África (AGRA) e outros
doadores potenciais. Pressupondo a disponibilidade
de recursos, a etapa seguinte será trabalhar com
parceiros potenciais e partes interessadas para
desenvolver um plano de negócios que guiará o
desenvolvimento e a implementação do projecto.
Para mais informações, contacte Hodeba J.
Mignouna ([email protected])
“Uma solução para aumentar a
capacidade de comercialização da
mandioca é criar usos alternativos
para ela, além do consumo humano
directo.”
Resolver as Limitações dos Agricultores
Actualizações
Através de
deIntervenções
Conceitos deCientíficas
Produtos
33
Progresso, Desafios e Oportunidades: Uma Síntese
da Primeira Análise Externa da AATF
Cinco anos após o início da sua actividade, a AATF progrediu
significativamente na obtenção dos seus objectivos. A Fundação
deve agora empenhar-se em ultrapassar vários desafios operacionais
e capitalizar novas oportunidades.
Em Março de 2008 um painel independente de especialistas
internacionais* em áreas relevantes para o trabalho da
AATF concluiu a primeira análise formal e exaustiva das
iniciativas da Fundação até à data. A análise foi efectuada
segundo o plano de negócios da AATF, que exigia que a
Fundação comissionasse uma análise independente das suas
actividades que abrangesse os primeiros quatro anos. O
objectivo deste processo é avaliar o progresso, incluindo uma
avaliação inicial do impacto, como base para recomendações
sobre as futuras actividades e questões organizacionais da
AATF.
O painel reuniu-se com membros do Conselho de
Administração da AATF, a direcção e o pessoal e com várias
autoridades, partes interessadas e parceiros do governo e de
empresas privadas. A equipa teve a oportunidade de viajar
no Quénia, Uganda e Nigéria para dialogar com pequenos
agricultores, várias organizações baseadas na comunidade e
outras entidades não governamentais. Também recolheu as
opiniões e ideias de instituições de investigação nacionais,
regionais e internacionais e de outros parceiros da AATF.
No seu relatório final o painel comenta: “A equipa de
análise está impressionada com o trabalho da AATF nestes
anos iniciais. A AATF criou e manteve boa reputação como
instituição de valor, adicional e equitativa no combate à baixa
produtividade agrícola e à insegurança alimentar
e pobreza com ela relacionadas.”
A missão da equipa de análise foi concebida para
determinar onde seriam necessárias melhorias
de estratégia, governância e operações. Os
especialistas notam, portanto, que o seu relatório
é “necessariamente crítico, mas de maneira
construtiva”. Nessa base, o grupo salienta a
validade do papel, mandato e direcção estratégica
da AATF.
O painel comentou que o cenário político se alterou
desde o desenvolvimento da estratégia original da
AATF em 2003, principalmente no que respeita ao
nível de atenção que se concede actualmente ao
processo de inversão de décadas de negligência do
sector agrícola de África. Contudo, a biotecnologia,
e especialmente o uso de OGMs, continua a ser
controversa. Apesar disso, o painel considera-a
“…um componente essencial das ferramentas
a serem usadas pela AATF para o êxito do seu
mandato”. Por isso, a equipa aconselha vivamente
a AATF a permanecer focalizada no seu mandato e
a “continuar a trabalhar com outros para a defesa
delicada da tecnologia de OGM”. Os especialistas,
contudo, sugerem que isto seja feito conjuntamente
com a promoção de uma agenda de projectos
equilibrada, programada de modo a trazer as
vantagens das tecnologias agrícolas avançadas
para os pequenos agricultores de África.
* O Sr. Ebbe Schiøler (Dinamarca), o Dr. Hamidou Boly ( Burkina Faso), o Dr. Adrian Dubock (RU), o Sr. Dreyer Lotter (África do Sul) e o Dr. Shadrack Moephuli (África do Sul).
34
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções Científicas
O painel pensa que, no prosseguimento do seu objectivo de
aceder proactivamente a tecnologias exclusivas em nome dos
agricultores africanos, a AATF deve alargar a sua busca de
modo a incluir mais instituições africanas. Também recomenda
maior especificidade nos acordos de licenciamento da AATF
com os detentores da tecnologia, para evitar eventuais
problemas de liberdade de operação, assim como o reforço dos
seus procedimentos de desenvolvimento de produto. A AATF
está a tomar estas recomendações muito a sério para os seus
planos futuros.
Durante o seu processo de análise o painel encontrou muitas
manifestações de apreço pelos esforços da AATF no sentido
de comunicar informação credível sobre biotecnologia e de
facilitar um diálogo de qualidade entre as audiências relevantes
no Quénia e, cada vez mais, em outros países da África
Subsariana. A equipa de análise observou que este trabalho
contribuiu para a “alta consideração de que a Fundação goza
nos círculos profissionais e políticos pertinentes”. O painel
acredita que, para conseguir concretizar as vantagens das
novas tecnologias, a AATF deve apoiar-se na sua credibilidade
cuidadosamente estabelecida para apresentar uma defesa
informada e proactiva da biotecnologia, do ponto de vista
africano. Ele recomenda que a Fundação envolva outras
organizações activas na educação sobre biotecnologia em
África para aperfeiçoar a mensagem sobre os potenciais
benefícios da biotecnologia e que a AATF “apoie internamente
o projecto, como parte essencial da introdução do produto”.
Além disto, o painel pensa que a Fundação pode ajudar
governos seleccionados a desenvolver regulamentos de
segurança biológica sólidos, eficientes e de menor custo, que
permitirão a introdução segura, e apesar disso mais rápida, de
novas tecnologias para os pequenos agricultores.
O painel de análise afirmou estar convencido de que, dada a
importância da missão da Fundação, a AATF está destinada
a crescer. Ele recomenda que a AATF aceite e facilite o
seu crescimento desenvolvendo contactos oficiais com
organizações chave e novas modalidades de financiamento.
Devem ser negociados Memorandos de Entendimento formais
com várias entidades do continente para alargar a presença
operacional da Fundação em África. Com o tempo a Fundação
também deve empenhar-se em se tornar menos dependente de
financiamento de doadores, por exemplo, explorando várias
formas complementares de financiamento para assegurar a
sua estabilidade e sustentabilidade financeira a longo prazo.
O painel observa que o crescimento acarretará consigo um
espectro de mudanças, especialmente em termos de competência
e de conhecimentos do pessoal nas áreas de governância e
gestão. O painel recomenda, por exemplo, o recrutamento
de pessoal adicional com fortes credenciais do
sector privado em “desenvolvimento comercial do
produto de biotecnologia, OGMs e licenciamento
de variedades (germoplasma) de empresas de
sementes”. O objectivo aqui seria facilitar o
networking com empresas do sector privado e
outras que necessitem de estar envolvidas na
introdução de novos produtos e incentivar a sua
adopção pelos agricultores. Ao longo do tempo
também devem ser adquiridas competências
adicionais para complementar as capacidades
actuais do pessoal da AATF.
O painel comenta que o actual tamanho
relativamente pequeno da Fundação lhe dá
um ar aberto e produtivo de informalidade e
transparência. Mas à medida que a AATF aumenta
o seu alcance geográfico e se envolve numa
crescente variedade de projectos, deve preparar-se
para adoptar sistemas e estilos de governância que
lhe permitam crescer como organização, expandir
geograficamente e realizar mais eficientemente o
seu mandato. Isto, observa o painel, pode incluir
a redefinição de cargos de gestão e maior grau de
delegação.
O Conselho de Administração da AATF terá de
se focar mais em questões de conteúdo técnico
e políticas, em vez de questões meramente
operacionais. E o painel recomenda a formação
de um Comité Executivo de Gestão constituído
pelo Director Executivo e gestores seleccionados
e a redefinição das práticas de tomada de decisões
altamente participativas da Fundação, para
permitir que as resoluções chave sejam tomadas
por especialistas nos assuntos.
O painel de análise acredita no papel único da
AATF no aproveitamento dos benefícios das
tecnologias agrícolas avançadas em nome dos
pequenos agricultores de escassos recursos de
África. De igual modo, também não duvida da
eficácia demonstrada pela organização até à
data e da sua viabilidade no futuro. De facto, as
observações e recomendações feitas pela equipa
de especialistas visam tornar ainda mais forte
uma organização que já de si é forte, com base na
garantia de que a AATF continuará a percorrer
o seu caminho bem definido para melhorar a
produtividade dos pequenos agricultores através
do uso da ciência.
Resolver as Limitações dosUma
Agricultores
Síntese daAtravés
Primeira
deAnálise
Intervenções
Externa
Científicas
da AATF
35
Regulamentar as Culturas GM em África:
Seguir na Direcção Certa
Para explorar os potenciais benefícios
da biotecnologia moderna, ao mesmo tempo
que se salvaguarda contra riscos potenciais,
a maioria dos países africanos adoptou os
instrumentos internacionais relevantes.
A biotecnologia moderna, uma bênção para alguns e uma cruz para
outros, continua a ser um assunto controverso em toda a África. A
solução para se maximizar as suas vantagens e minimizar as suas
ameaças é um processo de regulamentação claro, aberto e baseado
na ciência, que proteja os interesses de todas as partes interessadas.
A biotecnologia moderna, principalmente a tecnologia de
modificação genética (GM) é considerada como tendo o
potencial de resolver várias limitações agrícolas críticas. Estas
incluem desde as culturas de rendimento intrinsecamente
baixo até aos limites induzidos por stress resultante da
acção de pragas, doenças, deficiências de nutrientes do solo,
salinidade e secas recorrentes. Contudo, há preocupações
constantes sobre os aspectos da segurança dos organismos
geneticamente modificados para os consumidores e para
o ambiente. Isto necessita de uma regulamentação firme e
equitativa dos produtos GM.
Para explorar os potenciais benefícios da biotecnologia
moderna, ao mesmo que se salvaguarda contra riscos
potenciais, a maioria dos países africanos adoptou os
instrumentos internacionais relevantes, como a Convenção
sobre a Diversidade Biológica e o Protocolo de Cartagena sobre
a Segurança Biológica. Ao assinar e ratificar estas convenções
os países são obrigados a implementar as medidas legais
administrativas e outras, necessárias e apropriadas, para
assegurar que o desenvolvimento, manipulação, transporte,
utilização, transferência e libertação de organismos vivos
modificados são realizados de acordo com normas de
36
segurança internacionalmente aceites. Uma vez
que os OGMs devem ser manipulados de modo a
prevenir ou reduzir os riscos para a saúde humana
e para a diversidade biológica, cada signatário
da Convenção e do Protocolo deve desenvolver
Quadros de Segurança Biológica Nacional (NBFs)
funcionais. Isto geralmente envolve um processo
de quatro etapas: 1) formular uma política nacional
de biotecnologia, 2) propor leis e regulamentos
de segurança biológica que constituam o regime
regulamentar do país para a biotecnologia, 3)
estabelecer um sistema administrativo para lidar
com os pedidos e emissão de autorizações, e 4)
estabelecer um mecanismo para a participação do
público no processo de tomada de decisões sobre a
segurança biológica.
Desde 2007 apenas cinco países da África
Subsariana, nomeadamente Burkina Faso, ilhas
Maurícias, África do Sul, Sudão e Zimbabwe,
seguiram estas quatro etapas básicas para o
desenvolvimento de NBFs funcionais descritos no
Protocolo de Cartagena sobre Segurança Biológica.
A grande maioria dos países africanos desenvolveu
NBFs provisórios que satisfizeram alguns, mas não
todos, os critérios de qualificação do Protocolo.
Contudo, durante o ano de 2008 alguns países
conseguiram um progresso significativo. No
Quénia, por exemplo, o anteprojecto de lei sobre a
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções Científicas
segurança biológica, que tinha sido debatido e alterado desde
2002, foi finalmente aprovado como lei pelo Parlamento. Este
foi um desenvolvimento crítico que elevou o estatuto do
Quénia à categoria de países africanos com NBFs totalmente
funcionais.
Nos outros países da África Oriental, o Uganda aprovou uma
Política Nacional de Biotecnologia e Segurança Biológica em
Abril de 2008. O objectivo desta política é “contribuir para
os objectivos nacionais de erradicação da pobreza, melhores
cuidados de saúde, segurança alimentar e industrialização
e a protecção do ambiente através da aplicação segura da
biotecnologia”. Este desenvolvimento deixa o Uganda apenas
a um passo de adquirir um quadro totalmente funcional para
a supervisão da segurança biológica. Esperamos que isto seja
conseguido assim que o projecto de lei sobre a segurança
biológica for debatido e aprovado como lei pelo Parlamento
do país.
Na África Ocidental, três países, Gana, Togo e Mali,
aproximaram-se mais do desenvolvimento de NBFs funcionais
em 2008. No Gana, por exemplo, promulgou-se em Janeiro um
Instrumento Legislativo para permitir a realização de ensaios
de campo confinados de culturas GM, dependendo
da aprovação de um projecto de lei sobre segurança
biológica. Quase no final do ano, o Togo e o Mali
aprovaram leis de segurança biológica para a
supervisão de actividades com culturas GM. Esperase que em breve ambos os países considerem o
desenvolvimento de directrizes e regulamentos que
facilitem a implementação das leis.
Os recentes desenvolvimentos verificados com a
regulamentação de culturas GM em África mostram
claramente que, após um período de aparente calma,
existe uma sensação renovada de empenhamento
em tirar partido das potenciais vantagens da
biotecnologia moderna, ao mesmo tempo que se
salvaguarda contra potenciais riscos. O desafio –
um que a AATF monitorizará com muita atenção
no futuro – é sustentar este “momentum” através
da criação de capacidades, debates informados e
desenvolvimento de políticas sólidas.
Para mais informações, contacte Francis Nang’ayo
([email protected])
Resolver as Limitações dos Agricultores
Regulamentar
Através deasIntervenções
Culturas GMCientíficas
em África
37
As Vantagens Ocultas das
Parcerias Público-Privadas
Relações pessoais entre os participantes
que determinam o bom funcionamento
de uma parceria.
A promoção das parcerias público/privadas é fundamental para a
estratégia da AATF, de trazer os benefícios das novas tecnologias
agrícolas para os pequenos agricultores de África. Embora os
cépticos argumentem que tais parcerias não valem o esforço extra
que elas exigem, a nossa experiência demonstrou o contrário.
altos e demoram mais tempo a dar frutos. Também
há a convicção de que, devido à maior ênfase no
trabalho em equipa, as PPPs não reconhecem
o esforço individual, o que por sua vez leva ao
desânimo dos que estão envolvidos nelas.
Recentemente, as parcerias público-privadas (PPPs) tornaramse cada vez mais populares. Estes empreendimentos são
criados para lidar com problemas do domínio público que
as entidades do sector público não conseguem resolver por
si sós e que não seriam normalmente consideradas pelas
organizações do sector privado, mas de cuja resolução elas
beneficiam e/ou para as quais gostariam de contribuir. A
ideia é apreender as sinergias potenciais que podem ser
criadas quando organizações dos sectores público e privado
colaboram para um mesmo fim.
Custos mais altos, maiores benefícios
As PPPs foram caracterizadas como uma forma organizacional
que alia o factor humano a uma mentalidade de negócio.
A faceta de negócio envolve a definição clara das funções,
juntamente com as responsabilidades das pessoas envolvidas,
e a monitorização cuidadosa dos respectivos marcos
importantes. Mas são as relações pessoais entre os participantes
que determinam o bom funcionamento de uma parceria.
Algumas pessoas argumentam que a energia gasta ao criar,
gerir e trabalhar através de PPPs é excessiva e que disposições
contratuais directas, baseadas no pagamento de uma taxa, são
mais eficientes e eficazes. Os que propõem esta teoria alegam
que as PPPs implicam custos transaccionais intoleravelmente
38
A confiança da AATF nas PPPs está alicerçada na
experiência da Fundação, que indica que embora
sejam necessários maiores esforços para realizar as
PPPs, as vantagens ultrapassam de longe os custos.
As várias parcerias de projecto que a AATF gere
actualmente sugerem duas áreas que contribuem
significativamente para a natureza “dispendiosa”
das PPPs: a sua “natureza virtual” e as diferenças
nas culturas de trabalho organizacional que
frequentemente existem entre os parceiros.
Contudo, a experiência da AATF também mostra
que, em vez de dificultar o sucesso de uma PPP, estes
factores podem na realidade ser transformados em
vantagens, se tratados com profissionalismo e com
a dose certa de sensibilidade.
A natureza virtual das parcerias pede um planeamento
claro, para que todos os que estão envolvidos possam
participar totalmente e contribuir de maneira
útil e atempada. Para a AATF isto significa que as
reuniões de planeamento do projecto não se limitam
à definição de actividades e marcos importantes,
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções Científicas
definindo estruturas de gestão, métodos de implementação e
processos de comunicação. Isto é essencial para a gestão das
diferenças de distâncias e horas entre os parceiros. De modo
geral dá-se ênfase a consultas e partilha de informações
através de reuniões frequentes dos participantes – face a
face ou por teleconferências, apresentação de relatórios
do projecto, boletins informativos e actualizações. Estas
iniciativas de comunicação frequentemente roubam a maior
parte do tempo nas fases iniciais da criação do projecto,
para assegurar que os parceiros compreendem claramente
os desafios a resolver e como trabalhar em conjunto para o
seu êxito.
As diferenças nas culturas organizacionais podem constituir
um desafio importante para a eficácia de uma PPP. Estas
diferenças na “cultura de trabalho” frequentemente surgem
em consequência de estilos contraditórios em instituições
públicas e negócios privados. Também podem surgir
diferenças culturais dependentes da origem geográfica
dos parceiros, uma vez que europeus, norte-americanos e
sul-americanos, asiáticos ou africanos podem ter maneiras
específicas de actuarem. Além disto, organizações de
tamanhos diferentes tendem a operar de maneira diferente,
com as organizações mais pequenas a terem tendência a
serem mais informais e menos burocráticas do que as
organizações de maior dimensão. A AATF empenha-se em
resolver estas questões propondo aos parceiros que definam
“uma actuação específica do projecto”, que garantirá o
bom desenvolvimento do trabalho desde o início das suas
actividades.
À maneira do projecto WEMA
No início do projecto WEMA (consultar a página 22) a
AATF trabalhou com os parceiros para definir a cultura de
trabalho desejada. O processo começou por reconhecer e
caracterizar explicitamente os diferentes estilos de trabalho
de cada organização que poderiam afectar o cumprimento
de marcos importantes ou criar expectativas não realistas
entre os parceiros. Seguidamente as partes interessadas
identificaram o estilo de trabalho que melhor
ajudaria a alcançar os objectivos de curto e longo
prazo do projecto. Isto determinou os processos do
WEMA, a sua estrutura de governância, as funções
de equipas específicas e as relações entre elas, o
modo de lidar com as sugestões e como tomar
decisões, prazos e assim por diante. A definição e
a integração de uma cultura de trabalho do WEMA
foi um processo moroso, mas assegurou que cada
parceiro tinha uma ideia clara do que era necessário
fazer, porquê e como, face a qualquer actividade a
realizar. Também esclareceu mais o modo como as
actividades individuais se interpenetravam para
formar o todo e ainda o que os parceiros deviam
esperar uns dos outros. Isto passou a ser conhecido
como a “maneira do projecto WEMA” e fornece
um ponto de referência fundamental quando é
necessária clareza sobre determinada questão.
Mais do que marcos importantes
As PPPs são sistemas únicos que podem produzir
mais do que as actividades e marcos importantes
definidos para o projecto. Os que argumentam a
favor das PPPs, incluindo a AATF, acreditam que
o valor de um grupo de pessoas que trabalham
genuinamente em prol de um bem comum é maior:
elas partilham um problema comum, possuem os
processos necessários para a sua resolução e as
eventuais soluções. Frequentemente este pacote
não é introduzido na equação que avalia os custos
e benefícios da criação e gestão de qualquer tipo
de parceria. Isto é assim principalmente quando
a parceria recorre aos talentos e competências de
organizações dos sectores público e privado, em
que cada parceiro contribui com a sua vantagem
comparativa.
Para mais informações, contacte Nancy Muchiri
([email protected])
As Vantagens Ocultas das Parcerias Público-Privadas
39
Adquirir uma Perspectiva Africana:
Alargar o Fórum Livre sobre
Biotecnologia Agrícola
em África
Nos últimos anos os doadores e os parceiros de desenvolvimento
aumentaram os seus esforços no sentido de assegurar que os
pequenos agricultores de África beneficiassem mais das novas
tecnologias agrícolas. Contudo, a aplicação da biotecnologia no
continente – e especialmente dos OGMs – continua a ser um
tema controverso. A AATF está convencida de que as iniciativas
desenvolvidas para a inversão de décadas de negligência da
agricultura africana têm de ser apoiadas pela partilha proactiva
de informação credível sobre biotecnologia entre as partes
interessadas envolvidas.
Uma das principais limitações da adopção de produtos
derivados da biotecnologia em muitos países africanos é o
facto de os decisores serem frequentemente confrontados
com informação contraditória sobre os potenciais benefícios
e riscos associados a estes produtos. Frequentemente os
debates inflamados sobre biotecnologia em África salientam
demasiadamente as considerações de natureza social, ética e
política, à custa dos factos científicos. Mas enfrentados com
uma população que cresce rapidamente, uma produtividade
agrícola em declínio e recursos reduzidos para a investigação
no sector, os decisores africanos sentem-se pressionados a
tomarem as decisões correctas relativas a testes e distribuição
de produtos de biotecnologia. Portanto, frequentemente
procuram respostas e uma orientação clara sobre problemas
relacionados com a biotecnologia.
Para responder a isto a AATF lançou em 2006 o Fórum
Livre sobre Biotecnologia Agrícola (OFAB) em África, em
parceria com organizações com a mesma filosofia, incluindo
o Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações de
40
Agrobiotecnologia (ISAAA), o Conselho Nacional
para a Ciência e a Tecnologia (UNCST) de Uganda
e o Programa para Sistemas de Segurança Biológica
(PBS). A iniciativa, cuja reunião inaugural teve
lugar no Quénia em Setembro de 2006, reúne
um grande leque de partes interessadas no
desenvolvimento agrícola africano. O fórum
possibilita uma interacção directa entre cientistas,
jornalistas, industrialistas, representantes de
organizações da sociedade civil, legisladores e
autores e influenciadores de políticas do sector
agrícola. O OFAB oferece oportunidades para
estes grupos partilharem os seus conhecimentos e
experiências, trocarem informações, estabelecerem
novos contactos e explorarem novas maneiras de
trazer até aos pequenos agricultores de África as
vantagens da biotecnologia. Ao mesmo tempo dá
aos participantes a oportunidade de apresentarem
as suas preocupações, de se informarem sobre
os riscos e de deliberarem sobre assuntos
relacionados com a regulamentação dos OGMs.
A participação nas reuniões mensais do fórum no
Quénia cresceu rapidamente, atingindo um pico
em Julho de 2008, quando 95 pessoas assistiram a
uma sessão intitulada “Agricultura, Biodiversidade
e Biotecnologia – uma Tríade de Potencial e Desafios
para a Segurança Alimentar em África”. O discurso
inaugural desta reunião foi proferido pelo DirectorGeral Adjunto da Biodiversity International, Dr.
Kwesi Atta Krah.
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções Científicas
No Uganda, onde o OFAB foi lançado em 2008, as
reuniões forneceram informação pertinente sobre várias
preocupações com a biotecnologia. Os fóruns também
passaram a ser plataformas para consultas participativas
de partes interessadas sobre questões de biotecnologia.
Um facto importante é que as sessões contribuíram para
o anteprojecto de lei sobre segurança biológica que está
actualmente a ser preparado para ser apresentado ao
Gabinete.
Além do número crescente de participantes e do alargamento
da sua presença geográfica, o “sabor” das discussões do OFAB
já evoluiu. O fórum está agora a facilitar o debate sobre vários
produtos de biotecnologia com potencial de alto retorno,
problemas de segurança biológica e de biodiversidade, assim
como questões regulamentares, de gestão responsável e
ética do produto e direitos de propriedade intelectual. Estas
discussões mais amplas reflectem uma progressão natural do
tema “quente” dos OGMs para debates baseados em factos
sobre questões de interesse comum para todos os que estão
envolvidos no desenvolvimento agrícola africano.
Da direita para a esquerda: Os Drs. Kenneth M. Hosea, da Universidade de Dar-es-Salaam,
Margaret Karembu, do Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações de
Agrobiotecnologia, e Norah Olembo, do Fórum de Partes Interessadas em Biotecnologia
Africana, trocam dados de contacto durante a reunião do OFAB realizada em Julho de
2008 em Nairóbi.
Como se observou na Análise Externa da AATF,
(consultar a página 34), as iniciativas da Fundação
no sentido de facilitar o diálogo entre audiências
relevantes e partilhar informação credível sobre
biotecnologia de modo mais abrangente são muito
apreciadas pela comunidade de desenvolvimento
agrícola africano e não só. Mas o trabalho da AATF
nesta área está longe de estar concluído.
A Fundação continuará a reforçar o que já se alcançou
através do OFAB, no Quénia e em outros países, para
fornecer informação fundamentada e proactiva sobre
biotecnologia agrícola do ponto de vista africano. Em
2009 a AATF está a planear, em colaboração com os
parceiros, a criação de Chapters do OFAB em mais
países, começando com a Tanzânia.
(www.ofabafrica.org)
Para mais informações, contacte Nancy Muchiri
([email protected])
Os participantes seguem com interesse os debates durante a reunião do fórum em Outubro
de 2008.
Alargar o Fórum Livre sobre Biotecnologia Agrícola em África
41
Relatório Financeiro
Esta demonstração financeira auditada cobre o período
de Janeiro de 2008 a Dezembro de 2008 e fornece dados
comparativos para os dois exercícios anteriores (2006 e 2007).
Receita
mais recursos às actividades programáticas do que
aos custos gerais administrativos, com 90% das
despesas da Fundação relacionadas com projectos e
apenas 10% com serviços de apoio.
A receita total para este período aumentou substancialmente
por comparação com os anos anteriores em resultado de dois
novos doadores: a Fundação Bill and Melinda Gates (B&MGF)
e a Fundação Howard G Buffet (HGBF). Estas duas fundações
estão a apoiar um novo projecto da AATF conhecido por Milho
com Eficiência Hídrica para África (WEMA). O orçamento total
aprovado para o projecto (2008-2013) é de USD 47.450.823,
contribuindo a Fundação Bill and Melinda Gates e a Fundação
Howard G Buffet com, respectivamente, USD 42.450.000 e
USD 5.000.823.
Apreciamos imensamente a confiança e o apoio contínuo e
vital dos nossos parceiros financeiros fundadores: a Fundação
Rockefeller, a USAID e o DFID, e agradecemos calorosamente
o apoio significativo dos novos doadores, B&MGF e HGBF.
Despesas
O aumento notável das despesas relativas às actividades do
projecto em 2008 reflecte o grande aumento da receita total para
esse período. Além disto, uma análise da atribuição de fundos
ilustra o modelo operacional da AATF e o seu empenhamento
em trabalhar por meio de parcerias. Do total de USD 13.085.971
gastos, USD 9.017.257 (69%) foram dedicados a actividades
de investigação subcontratadas. O padrão de despesas do
ano também demonstra claramente que foram atribuídos
42
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções Científicas
Financeiro
As tabelas abaixo são um resumo das actividades e um extracto da posição financeira.
Resumo da demonstração de actividades (versão resumida)
Para o período de Janeiro a Dezembro de 2008
2008
2007
2006
(USD)
(USD)
(USD)
Receita
Subsídios
14.794.436
3.508.693
3.595.458
189.267
83.905
45.345
14.983.703
3.592.598
3.640.803
Despesas relacionadas com o projecto
11.827.954
2.920.759
2.836.385
Despesas de gestão e despesas gerais
1.258.017
711.131
860.548
13.085.971
3.631.890
3.696.933
1.897.732
-39.292
-56.130
76.061
30.911
56.789
Outras receitas
Receita total
Despesas
Despesa total
Superavit/(défice) para o período
Parecer das posições financeiras (versão resumida)
A 31 de Dezembro de 2008
Activos
Activos imobilizados
Equipamento e veículos a motor
Activos incorpóreos
-
-
-
76.061
30.911
56.789
Banco e caixa
541.840
388.538
562.777
Depósito fixo
1.283.669
1.042.076
950.726
323.122
408.435
2.776.235
1.753.736
971.212
2.852.296
1.784.647
1.028.001
Activos a curto prazo
Devedores
Activos totais
Passivos e saldos do fundo
Passivos a curto prazo
Subsídios inesperados a pagar
-
Credores e despesas acumuladas
423.184
253.267
457.329
423.184
1.253.267
457.329
Limitado
1.283.731
165.528
206.728
Ilimitado
1.145.381
365.852
363.944
Saldo total do fundo
2.429.112
531.380
570.672
Passivo total e saldo total do fundo
2.852.296
1.784.647
1.028.001
Passivo total
1.000.000
-
Saldo do fundo
Relatório Financeiro
43
Conselho de Administração da AATF – 2008
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
44
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções Científicas
1. Jennifer Ann Thomson (Presidente do Conselho de Administração)
Professora de Biologia Molecular e Celular, Universidade da Cidade do Cabo,
Cidade do Cabo, África do Sul
2. Walter S. Alhassan (Vice-Presidente do Conselho de Administração)
Coordenador, Projecto II de Apoio à Biotecnologia Agrícola (ABSPII)
Coordenador Sub-regional da Região Oeste e Central de África, Programa para Sistemas de Segurança
Biológica (PBS)
Acra, Gana
3.
Mpoko Bokanga
Director-Executivo
Fundação Africana Para as Tecnologias Agrícolas
Nairóbi, Quénia
4. Assétou Kanouté
Coordenador, Rede Oeste e Centro de África para a Investigação Agrícola Participativa/Rede Oeste e Centro
de África para a Promoção de Investigação Agrícola Participativa (ROCAPA/WECANPAR)
Bamako, Mali
5. Kevin B. Nachtrab
Consultor Sénior de Patentes, Johnson & Johnson
Bélgica
6. Eugene Terry
Atecho & Associates
Washington DC, EUA
7. Wilson Songa
Secretário da Agricultura, Ministério da Agricultura
Nairóbi, Quénia
8. Michael W. Trimble
Director, Trimble Genetics International
Johnston, Iowa, EUA
9. Alhaji Bamanga Mohamed Tukur
Presidente do Grupo, BHI Holdings Limited (Grupo de Empresas Daddo)
Lagos, Nigéria
10.Josephine Okot
Directora-Geral, Victoria Seeds Ltd
Kampala, Uganda
11.Michio Oishi
Director, Kazusa DNA Research Institute
Kazusa-Kamatari, Kisarazu, Chiba, Japão
12.Adrianne Massey
Directora, A. Massey & Associates
Chapel Hill, Carolina do Norte, EUA
Resolver as Limitações dos Agricultores
ConselhoAtravés
de Administração
de Intervenções
da AATF
Científicas
- 2008
45
Pessoal da AATF – 2008
1
2
5
1. Mpoko Bokanga
Director Executivo
2. Richard Boadi
Conselheiro Legal
3. Zainab Ali
Assistente Especial do Director
Executivo
4. Hodeba Jacob D. Mignouna,
Gestor de Operações Técnicas
5. Francis Nang’ayo
Gestor de Assuntos
Regulamentares
8
46
3
4
6
7
6. Gospel Omanya
Gestor de Sistemas de Sementes
7. George Marechera
Especialista de Negócios Agrícolas
8. Nompumelelo H. Obokoh
Gestor de Projecto, Feijão-Frade
9. Stella Simiyu-Wafukho
Funcionária do Programa
10.Jacquine Kinyua
Assistente Administrativa
11.David Tarus
Assistente do Programa
9
10
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções Científicas
11
12
13
14
16
17
18
15
17. Maurice Ojow
Contabilista do Projecto
18. Samuel M. Kariuki
12. Nancy Muchiri
Assistente Administrativo
Gestora de Comunicações e Parcerias 19. Joan Abila Oballa
13. Peter Werehire
Assistente de Administração e
Funcionário de Publicações e Website
Operações
14. Grace Wachoro
20. Gordon Ogutu
Funcionária de Comunicações do
Assistente de Protocolos e Ligação
Projecto
21. George Njogu
15. Moussa Elhadj Adam
Motorista
Gestor de Administração e Finanças
16. Martin Mutua
Funcionário de Contabilidade
19
20
21
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções
Pessoal da AATF
Científicas
- 2008
47
Publicações da AATF – 2008
AATF [African Agricultural Technology Foundation]. 2008.
Annual Report 2006: Delivering the Promise: Impacting Lives
with New Technologies. Nairóbi, Quénia: Fundação Africana
Para as Tecnologias Agrícolas. 39 pp.
AATF [African Agricultural Technology Foundation].
2008. Feasibility Study on Technologies for Improving Banana
for Resistance Against Bacterial Wilt in Sub-Saharan Africa.
Nairóbi, Quénia: Fundação Africana Para as Tecnologias
Agrícolas. 92 pp.
AATF [African Agricultural Technology Foundation].
2008. Rapport Annuel 2006: Tenir la promesse. Changer les vies
grâce aux nouvelles technologies. Nairóbi, Quénia: Fundação
Africana Para as Tecnologias Agrícolas. 39 pp.
Alene Arega D, Manyong Victor M, Omanya Gospel O,
Mignouna Hodeba D, Bokanga Mpoko and Odhiambo
George D. 2008. Economic Efficiency and Supply Response
of Women as Farm Managers: Comparative Evidence from
Western Kenya. World Development 36: 1247–1260.
Boadi RY. 2008. National and International Comparisons.
Em: Castle D (ed). The Role of Intellectual Property Rights
in Biotechnology Innovation. Cheltenham: Edward Elgar
Publishing Ltd. 496 pp.
Manyong VM, Alene AD, Olanrewaju A, Ayedun B,
Rweyendela V, Wesonga AS, Omanya G, Mignouna HD
and Bokanga M. 2008. Baseline Study of Striga Control using
48
Imazapyr-Resistant (IR) Maize in Western Kenya: An
agricultural collaborative study on Striga control by
the African Agricultural Technology Foundation and
the International Institute of Tropical Agriculture.
Nairóbi, Quénia: Fundação Africana Para as
Tecnologias Agrícolas. 56 pp.
Manyong VM, Nindi SJ, Alene AD, Odhiambo
GD, Omanya G, Mignouna HD and Bokanga M.
2008. Farmer Perceptions of Imazapyr-Resistant (IR)
Maize Technology on the Control of Striga in western
Kenya: An agricultural collaborative study on Striga
control by the African Agricultural Technology
Foundation and the International Institute of Tropical
Agriculture. Nairóbi, Quénia: Fundação Africana
Para as Tecnologias Agrícolas. 82 pp.
Mignouna HD, Abang MM and Asiedu R. 2008.
Genomics of yams, a common source of food
and medicine in the tropics. In: P. Moore and R.
Ming (eds). Plant Genetics and Genomics: Crops and
Models, Vol 1, Genomics of Tropical Crop Plants.
Heidelberg: Springer: 549-570.
Mignouna Hodeba D, Abang Mathew M, Omanya
Gospel, Nang’ayo Francis, Bokanga Mpoko, Boadi
Richard, Muchiri Nancy and Terry Eugene. 2008.
Delivery of Agricultural Technology to Resourcepoor Farmers in Africa. Annals of the
New York Academy of Sciences 1136: 369–376.
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções Científicas
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções Científicas
49
50
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções Científicas
Membre du Conseil d'administration de l'AATF 2008
Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções Científicas
51
AFRICAN AGRICULTURAL TECHNOLOGY FOUNDATION
FUNDAÇÃO AFRICANA PARA AS TECNOLOGIAS AGRÍCOLAS
P.O. Box 30709-00100 Nairóbi, Quénia Tel.: 254-20-422 370 • Fax: 254-20-422 3701
Via EUA – Tel.: 1 650 833 6660 • Fax: 1 650 833 6661 E-mail: [email protected] • Website: www.aatf-africa.org
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Resolver as Limitações dos Agricultores Através de Intervenções Científicas