Kaelin Monika

Transcrição

Kaelin Monika
Revista da SBOP
Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediátrica
ano I - n° 1 - abril/junho/2011
Apoio da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia - Regional Minas Gerais
Novo presidente da IFPOS
International Federation of Paediatric Orthopaedic Societies
Dr. Carlo Milani durante solenidade de posse em Seul
O brasileiro Carlo
Milani assumiu o cargo
durante o Congresso da
entidade internacional,
em Seul, para um
mandato de três anos.
A eleição reafirma o
excelente conceito que a
Ortopedia Pediátrica
brasileira possui.
Pág. 07
Linha do Tempo: Memórias da nossa história ...........Pag 08
Como anda a Ortopedia Pediátrica ................ Pag 11
3
Sociedade Brasileira
de Ortopedia Pediátrica
Al. Lorena, 427 - 14º Andar
Cep: 01424-000 - São Paulo/SP
www.sbop.org.br
[email protected]
F: (11) 2137 5400
Diretoria:
Presidente:
Dr. Rui Maciel de Godoy Jr
Vice-Presidente:
Dr. Alexandre F. de Lourenço
Secretário-Geral:
Dr. Miguel Akkari
1º Secretário:
Dr. Gilberto Francisco Brandão
1º Tesoureiro:
Dr. Gilberto Waisberg
2º Tesoureiro:
Dr. Pedro Henrique Barros Mendes
Comissão Científica:
Dr. Mauro César de Morais Filho
Dr. Luís Eduardo Munhoz da Rocha
Dr. Jamil Faissal Soni
Dr. André Luis Fernandes Andujar
Revista da SBOP:
Criação / edição:
Via Comunicação/BH
Telefax: (31) 3291-1305
Fotolito/Impressão:
Gráfica Premier
F: (31) 3025-3333
Periodicidade:
trimestral
Tiragem:
2.000 exemplares
As informações
da Revista da SBOP podem
ser reproduzidas, desde
que citadas as fontes.
Palavra do Presidente
Dr. Rui Maciel de Godoy Junior
Presidente da SBOP
Trabalho em prol da SBOP
Prezados colegas,
É uma grande honra e privilégio poder estar à
frente dessa Sociedade, que tem em seus quadros
verdadeiros expoentes da Ortopedia e Traumatologia Brasileira. Apesar de reconhecer as dificuldades
pelas quais passam todas as Sociedades de Ortopedia Pediátrica do mundo, vejo com enorme otimismo o futuro de nossa sociedade e da Ortopedia Pediátrica no Brasil.
O brilhantismo dos nossos membros tem feito
com que a SBOP esteja cada vez melhor. Quem participou dos nossos últimos CBOPs, cursos, dias da
especialidade e pré-congressos durante o CBOT pode
comprovar este fato. Vejo na nossa sociedade, além
de sócios do mais alto gabarito, uma união ímpar.
A amizade e confraternização que nos unem são
notórias.
Este ano, temos muito trabalho pela frente. A
gestão anterior encabeçada pelo colega Anastácio
Kotzias Neto teve grandes realizações. Vamos nos
esforçar para manter as conquistas alcançadas e
manter a SBOP em franco desenvolvimento. Para
isso, esperamos contar com a colaboração de todos.
editorial
4
Novo canal de comunicação
Estimados colegas,
Dr. Gilberto Brandão
1° Secretário da SBOP
“Esperamos
Aceitei o desafio e fique lisonjeado com o convite feito
pelo nosso presidente para editar esta revista. Este novo
canal de comunicação vem preencher uma lacuna de
informação entre a sociedade e seus membros.
Este primeiro número traz matérias referentes aos eventos oficiais da nossa sociedade, com destaque para o
TROIA, em Santos, e o CBOP 2012, em Fortaleza /
Ceará, bem como informações referentes a inclusão
de novos sócios
que esta revista
seja um importante
veículo de
comunicação
entre a SBOP
e os ortopedistas
brasileiros”
Apresenta ainda a coluna Linha do Tempo, uma sessão
onde iremos resgatar a memória da nossa Ortopedia
Pediátrica, os grandes nomes que fizeram e fazem a
nossa história.
Além disso, nesta primeira edição, o colega Carlo Milani fala dos desafios a frente da International Federation of Paediatric Orthopaedic Societies.
Conclamo os colegas para auxiliarem na publicação
desta revista, enviando matérias e sugerindo pautas para
o endereço [email protected] .
Um grande abraço e ótima leitura
5
Em agosto, a cidade de Santos / São Paulo será
sede do maior evento da especialidade em 2011
Anote já em sua agenda e participe
A cidade de Santos / São
Paulo, irá sediar nos dias 5
e 6 de agosto, o Tróia
(Traumatologia Ortopédica
Infantil – Atualização). O
evento é considerado um
dos maiores acontecimentos científicos, sendo realizado pela Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediátrica a cada 2 anos , intercalando-se com o Congresso Brasileiro de Ortopedia Pediátrica.
Este ano, o colega Fábio Peluzo estará presidindo o evento com o apoio
de uma Comissão Organizadora formada pelos colegas Celso Cruz, Alexandre Zuccon, Mauro Morais, Francisco Violante,
Marcus Vinicius Moreira,
Paulo Kanaji e Rafael
Yoshida.
Todos os profissionais
de saúde já estão convidados. Podem participar também estudantes de medicina. As inscrições pelo site
www.troia2011.com.br .
Como as vagas são limitadas a 350 participantes,
é bom o interessado fazer
logo sua inscrição.
Organizadores e convidados do TROIA 2009
O Troia foi idealizado
pelo Dr. Santili. A criança é diferente do adulto e
tem particularidades que
a diferem na abordagem
terapêutica. Quando tratada pelo Ortopedista Pediátrico, as chances de
complicações são minimizadas, destaca o presidente do Troia 2011, ao
explicar que o evento tem
como principal objetivo a
atualização científica do
especialista sobre as novas formas de tratamento do Trauma Pediátrico.
As novidades serão
amplamente debatidas
durante o evento por re-
nomados profissionais
brasileiros e internacionais, entre eles, o Dr.
Slongo, responsável pelo
curso AO Pediátrico na
Suíça.
Previsto ainda debates
sobre os novos rumos da
Ortopedia Pediátrica no
Brasil com a participação
dos ex–presidentes da
Sociedade Brasileira de
Ortopedia. Haverá espaço também para mais novos exporem suas idéias.
Santos é uma cidade
muito agradável e acolhedora e o ortopedista poderá desfrutar de suas
atrações com a família.
6
CBOP 2012:
Atualização em Ortopedia Pediátrica
Contato: [email protected]
As doenças ortopédicas
do quadril e neuromusculares, além das lesões do
esporte e as correções de
deformidades ortopédicas
na criança e no adolescente serão o tema central do
X Congresso Brasileiro de
Ortopedia Pediátrica marcado para 6 a 9 de junho
de 2012, em Fortaleza, Ceará. A escolha deste temário tem em vista a importância de cada assunto para
os profissionais da área.
De acordo com o Dr.
Paulo Colares, que está à
frente do evento, “o quadril do adolescente acometido com deformidades
congênitas, residual ou do
desenvolvimento, continua
sendo um desafio para o
ortopedista pediátrico e a
necessidade de popularização de novas técnicas cirúrgicas se faz necessário.
Da mesma forma, a doença ortopédica neuromuscular na criança e no adolescente é um tema sempre desafiador e sua filosofia de tratamento está
passando por importantes
mudanças. Por outro lado,
a crescente exposição de
Dr. Paulo Colares:
apostando na
programação científica
crianças e adolescentes a
atividades físicas escolares
está provocando um aumento de pacientes em
nossos consultórios. Devemos nos habilitar a tratá-los com métodos modernos e eficazes. E a
correção de deformidades
ortopédicas é um assunto
que devemos estar sempre
nos atualizando”.
Esses e outros temas
serão apresentados através
de mesas redondas, palestras, conferências, cursos
pré congressos e seminários por renomados especialistas.
Inscrições - O X CBOP
é aberto a todos os ortopedistas pediátricos, ortopedistas em geral e profissionais de especialidades
afins. As inscrições serão
abertas a partir do TROIA
2011, marcado para 5 e 6
de agosto, em Santos. Os
trabalhos científicos poderão ser inscritos a partir do
CBOT, em São Paulo, entre os dias 13 e 15 de novembro.
A Comissão Organizadora está trabalhando para
que o X CBOP seja um
grande evento. “A reconhecida complexidade e
amplitude de assuntos pertencentes a Ortopedia Pediátrica é o nosso maior
trunfo e, ao mesmo tempo, nosso maior desafio.
Áreas pediátricas como a
mão, coluna, artroscopia,
medicina esportiva e quadril do adolescente serão
amplamente abordadas,
proporcionando a atualização científica do participante, que terá uma oportunidade única de aprofundar seus conhecimentos”,
conclui.
International Federation of Paediatric Orthopaedic Societies
IFPOS
7
Dr. Carlo Milani e congressistas convidados durante o
Congresso da IFPOS, em Seul
Fundada em abril de 1996
para congregar todas as entidades de ortopedia pediátrica
do mundo, a International Federation of Paediatric Orthopaedic Societies - IFPOS possui hoje 51 filiadas, uma força
que movimenta milhares de
profissionais.
Como a IFPOS é uma sociedade virtual, não tem sede
própria. Sua sede, atualmente,
é a Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediátrica.
Recentemente, um brasileiro foi eleito para comandar
a entidade entre o período de
2010 e 2013. O Dr. Carlo Milani foi eleito e empossado em
setembro do ano passado, durante o 5° Congresso Trienal
da IFPOS, em Seul, que aconteceu simultaneamente ao
26th Annual Meeting of the
Korean Paediatric Orthopaedic Society.
“O cargo, na realidade, foi
para o Brasil”, afirma o Dr.
Carlo Milani ao comentar sua
indicação. À frente da entida-
de, agora, ele pretende colocar
os países em desenvolvimento
dentro da IFPOS, incentivando os colegas que têm possibilidade com relação a tempo, vocação e condições financeiras,
a socorrerem as sociedades que
pedirem ajuda, dando cursos de
atualização e até se dedicando
à prática da ortopedia pediátrica nestes locais.
Segundo ele, a ortopedia
pediátrica brasileira não tem
nada a dever à ortopedia pediátrica mundial. “Nós, sem qualquer modéstia, somos o primeiro mundo em ortopedia pediátrica. Não temos a mesma
infraestrutura ambulatorial e
hospitalar dos países do primeiro mundo, mas capacidade
técnica, nós temos”, enfatiza,
ressaltando que “somos muito
bem vistos pelos colegas de entidades européias -EPOS, e
norte americanas - POSNA. A
eleição de um brasileiro só reforça este excelente conceito da
ortopedia pediátrica brasileiro”, conclui.
8
LINHA DO TEMPO
Do Cirurgião Geral ao Ortope
Inicialmente a atenção
ao paciente ortopédico era
prestada pelo cirurgião geral, depois pelo ortopedista generalista e mais tarde,
pelos que se dedicaram ao
tratamento da criança e do
adolescente. As enfermidades ortopédicas que acometem a criança sempre
despertaram o interesse e a
preocupação dos que prestam atendimento a elas, e
seu estudo acompanha a
história da Ortopedia brasileira, tanto que no II
CBOT, em 1937, um dos temas oficiais foi a ”Luxação
Congênita do Quadril”
Na década de 80, um
grupo de Ortopedistas influenciados por aqueles
precursores, e oriundos de
estágios em centros de excelência no exterior, formaram grupos de estudos,
cujo ponto alto foram os Seminários Internacionais de
Ortopedia Pediátrica.
Em 1989, nasceu o Comitê de Ortopedia Pediátrica da SBOT, oficializado por
Paulo Cezar de Malta
Schott, então Presidente da
entidade. O Comitê também
teve especial apoio na gestão de José Laredo Filho,
passando desde então pelo
trabalho incansável e dedi-
cado de suas diretorias, a
exercer a coordenação da
difusão do conhecimento
por meio dos eventos que
promove, como o TROIA, o
Congresso Brasileiro de Ortopedia Pediátrica, e o Dia
da Especialidade. Em parceria com a SBOT, a SBOP participa de atividades de educação continuada e de campanhas para a população na
prevenção do trauma e da
violência à criança.
As novidades na área
são muitas, abordarei de
maneira sucinta as mais comuns no nosso dia a dia.
Kobayashi et al, comparando os quadris nas radiografias de bacia de pacientes com displasia unilateral, notaram que as alterações radiográficas aparecem após os seis anos de
idade e que nenhuma das
articulações com índice CE
de Wiberg <15° evoluiu
para a normalidade.
Na Epifisiólise, Dodds et
al concluíram que os graus
de Southwick não têm relação com o impacto fêmuroacetabular, e, em um seguimento de 6,1 anos, 31% de
seus pacientes apresentavam sintomas de impacto.
Nas lesões do LCA, Lawrence et al mostraram que,
9
eral ao Ortopedista Pediátrico
Dr. Anastácio Kotzias
com a técnica de reconstrução intra-epifisária, a estabilidade foi recuperada e
todos os pacientes voltaram a desempenhar suas
atividades.
A pesquisa de Tsai et al
mostrou que o Ciprofloxacin pode degradar o colágeno tipo I e afetar o desenvolvimento musculoesquelético da criança.
Nos pacientes com PC e
deambuladores, Gorton et al
avaliaram as cirurgias nos
membros inferiores utilizando o laboratório de marcha,
medidas de função motora e
um questionário aos pais.
Concluíram que após um ano
de seguimento os pacientes
operados não apresentaram
melhora significativa se
comparados ao grupo que
não foi operado.
No tratamento do Cisto
Ósseo Solitário, Hou et al
realizaram estudo comparativo sobre a eficácia do tratamento com diferentes técnicas. Concluíram que a curetagem, cauterização com
etanol, enxerto ósseo sintético de Sulfato de Cálcio e
parafuso canulado para drenar o Cisto foi o tratamento
menos invasivo e que apresentou a maior taxa de cicatrização radiográfica.
Samson-Fang mostrou
que o maior impacto do uso
de Bisfosfonato no tratamento da Osteogênese Imperfeita não acontece nas
formas intermediárias nem
severas da doença.
Mubarak et al consideram que no tratamento da
coalisão calcâneo-navicular o preenchimento com
gordura é mais efetivo do
que a utilização de parte do
músculo do Extensor Curto
dos dedos. Mostraram que
o tendão é curto, preenche
somente 64% do orifício e
altera a anatomia da face
dorso-lateral do pé.
Flynn et al notaram que
não aconteceu síndrome
compartimental nos pacientes tratados de fratura dos
ossos do antebraço após
24 horas do trauma, o atraso na consolidação ocorreu
nos pacientes mais velhos
e que foram submetidos a
redução cruenta.
Basener et al, em estudo sobre o uso de hastes
flexíveis nas fraturas do
Fêmur, encontraram deformidade rotacional maior de
15° em mais de 45% dos
pacientes.
Ballock et al sugerem
que as Artrites devam ser
tratadas com qualquer método de drenagem e com
antibiótico endovenoso.
Iniciam a via oral da medicação quando o paciente
está afebril por mais de 24
horas, apresenta melhora
do estado geral e da articulação, e quando os valores
do PCR diminuem.
A Ortopedia Pediátrica é
a mais ampla de todas as
sub-especialidades ortopédicas, abrange toda a variabilidade de doenças e tipos de trauma que acometem as crianças e adolescentes. Congrega profissionais que vislumbram um
horizonte cada vez mais
qualificado e integral de
atendimento, prevenção,
proteção e promoção da
saúde aos pequenos e jovens brasileiros.
10
Entrevista: Homenagens às ortopedistas
D r a. Patrícia Fucs
Não há dúvidas de que a
Ortopediadia Pediátrica brasileira é uma das melhores do
mundo. Este conceito se
deve a excelência dos prossifissionais, entre eles a Dra.
Patrícia Moraes Barros Fucs,
de São Paulo. Graduada pela
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São
Paulo, em 1981, onde trabalha até hoje, ela faz a diferença em seu trabalho.
Sua vida profissional começou no Pavilhão “Fernandinho Simonsen”. No primeiro contato que teve com o
“Pavilhão”, a mágica aconteceu, ressalta a Dra. Patrícia
Fucs. “Foi paixão à primeira
vista pela Ortopedia. No entanto, a escolha pela O.P.
aconteceu depois, no tratar
as crianças, especialmente,
as crianças portadoras de
afecções neuro-musculares,
especialidade que abraçei, de
certa forma, influenciada pelo
saudoso professor Carvalho
Pinto”, afirma.
Ex presidente da SBOP e,
atualmente, Chefe de Clínica
Adjunta na Santa Casa, a
Dra. Patrícia Fucs é ainda
Professora da Graduação e
da Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da
Homenagem mais do que justa
Santa Casa e Coordenadora
da Pós-Graduação no Departamento de Ortopedia também da Santa Casa. Além
disso, está à frente de uma
equipe de ortopedistas pediátricos no Hospital Infantil
Sabará, instituição privada.
Dar conta de tanta responsabilidade não é fácil,
principalmente quando se
trabalha em instituições distintas como a Santa Casa e o
Hospital Infantil Sabará. As
comparações são inevitáveis
e muitas vezes podem gerar
angústias.
De acordo com a Dra.
Patrícia Fucs, “sempre haverá um conflito quando nos
deparamos com as dificuldades do sistema público (embora a Santa Casa seja uma
fundação privada, atende os
pacientes do SUS). Mas o
mais importante no atendimento é a relação médico-paciente, que deve ser de confiança e de cuidado para com
o paciente. Isso requer tempo que muitas vezes pode ser
complicado num ambulatório
cheio. Os pacientes que tratamos na Santa Casa, também por serem pacientes durante muito tempo, têm a atenção e o cuidado de um paciente privado, mesmo não
tendo as condições melhores de internação. Muitos
deles têm acesso ilimitado ao
grupo e a mim. Não é incomum os pais me telefonarem
quando precisam ou têm alguma dúvida”.
Ser mulher em uma profissão basicamente masculina deveria ser também um problema, o que na visão da Dra.
Patrícia Fucs isto não acontece. “Nós, mulheres, encontramos o nosso espaço sem
grandes dificuldades. Não
precisa ser forte, só ter jeitinho para fazer tudo”, afirma.
E jeitinho é o que não falta,
principalmente no trato com
a criança. Segundo ela,”essa
coisa de instinto maternal não
dá para negar:somos mesmos
diferentes dos homens”.
11
Como anda a Ortopedia Pediátrica
Dr. Alexandre Lourenço
Embora, a rigor, não possamos falar em Ortopedia
Pediátrica (O.P.) como especialidade, uma vez que ela
não é reconhecida oficialmente como tal, percebemos
um reconhecimento cada vez
maior da sociedade, principalmente pelos pais e pediatras, como uma área bem consolidada da Ortopedia.
A SBOP é hoje uma das
maiores sociedades de Ortopedia Pediátrica do mundo
não apenas em número,
como, também, em qualidade.
E muitos trabalhos científicos
apresentados aqui não ficam
a dever para os que são apresentados nos congressos do
POSNA e do EPOS.
Nos últimos anos, temos
testemunhado um crescimento da O.P. no nosso país,
a despeito de haver uma maior procura dos residentes recém formados por outras
áreas, como ombro e joelho.
Também, nos Estados
Unidos e na Europa há uma
preocupação sentido. Sem
dúvida, a remuneração mais
baixa é um fator determinante. Porém, para muitos colegas estrangeiros, a falta de
procedimentos - aliada à tecnologia, pode ter uma maior
influência.
Talvez, uma maneira de se
encorajar o interesse pela O.P.
seja tentar incluir técnicas mais
D r. A l e x a n d r e L o u r e n ç o
modernas, como artroscopia e
fixadores externos, e aumentar o escopo da nossa área,
melhorando a formação em coluna, joelho, ombro e medicina esportiva voltada para a
criança e o adolescente.
Nos nossos últimos congressos, foram definidos os
novos critérios para se tornar membro da SBOP, já disponíveis em nosso site e publicados a seguir, para conhecimento de todos:
1. Ser membro da SBOT
2. Indicação por dois sócios fundadores, titulares,
remidos ou eméritos.
3. Participação em pelo
menos um Congresso oficial
da SBOP (CBOP ou TROIA.)
4. Estágio nacional ou internacional na especialidade,
cuja duração deverá ser de
ao menos 1 ano.
5. Possuir pelo menos
três dos seguintes itens:
A - Trabalhos publicados na
especialidade
B - Trabalhos da especialidade apresentados em Congressos
C - Participação em congressos da especialidade
D - participação em curso e
no dia da especialidade do
Congresso Brasileiro de Ortopedia e Traumatologia
E - Participação em curso de
atualização da especialidade
6. Ter sua proposta aprovada pela Diretoria da SBOP
Apesar da O. P. brasileira
ter avançado muito, ainda
precisamos aprofundar algumas questões, que ainda não
estão definidas: Quais seriam os requisitos mínimos
para formar um o ortopedista pediátrico? Onde estão
sendo formados os ortopedistas pediátricos no Brasil?
Devemos ter uma prova nos
moldes da SBOT para novos
membros da SBOP?
Talvez possamos realizar
uma pesquisa on-line sobre
isso. Mas, desde já, conclamamos todos os chefes de
serviços no nosso país para
enviar dados pelo site da
SBOP sobre quantos R4’s estão formando por ano? Qual
o tempo do estágio? Há remuneração? Quando é feita
a seleção? Precisamos destes dados para poder orientar melhor novos residentes
interessados em seguir a carreira da Ortopedia Pediátrica.
12
Aliviando
o estresse
Fatos
Método Ponseti
Dr. Cláudio Santili
Gestão 2005/2007
Belo Horizonte foi sede
do Curso Avançado do Tratamento do Pé Torto Congênito pelo Método de
Ponseti. O curso foi organizado pelo Grupo Ponseti
Brasil, coordenado pela
Dra. Mônica Nogueira, e
teve como convidados os
Drs. Shafique Pirani / Canadá; José Morcuende /
EUA; Cristina Alves / Portugal; Ana Ey / Espanha; e
Flagrante da plenária
Dália Sepúlveda / Chile. Participaram do evento teórico prático 179 ortopedistas de
todo o Brasil.
Posse em BH
Pescaria no
Amazonas
Quem não queria estar no lugar dos nossos
colegas Chang Po e Paulo Su? Para aliviar o
estresse do dia a dia, e
as preocupações com o
trânsito, convênios e planos de saúde que exploram o trabalho médico,
eles conseguiram arrumar um tempinho para
uma pescaria.Como eles
moram em Manaus, peixe é o que não falta, o
que pode ser comprovado com a foto acima.
Osvandré Lech, Francisco Carlos e Rui Maciel
O ortopedista pediátrico Dr. Francisco Carlos assumiu a
presidência da Regional Minas Gerais da Sociedade Brasileira de Ortopedia, sucedendo o colega Gilberto Brandão. A
transmisão do cargo ocorreu na Associação Médica de Minas Gerais, com a presença de vários ortopedistas, que
prestigiaram a posse, dentre eles, os presidentes Osvandré
Lech, da SBOT, e Rui Maciel Godoy Jr, da SBOP.
&
13
&
Agenda
Fotos
Sucesso absoluto
Sucesso absoluto o IX
Congresso Brasileiro e o V
Latino Americano de Ortopedia Pediatrica, realizados, simultaneamente, nos dias 16
a 19 de junho de 2010, em
Campos do Jordão. Destaque para o curso da Dra. Patrícia Fuchs que, em conjunto com o Dr. Perry Schoenecker, da Universidade de Washington, EUA, trouxeram
grandes profissionais do
POSNA, EPOS e da SLAOTI, entre eles os colegas Baxter Willis, Steve Richards,
Eric Gordon, Norman Rami-
Dr. Gilberto Waisberg
rez, Mathew Dobbs, John
Dormans, Alain Dimeglio e
Alexandre Arkader. O IX
CBOP foi presidido pelo Dr.
Gilberto Waisberg e teve
como convidados internacionais o Dr. Luciano Dias,
de Chicago, EUA, e o Dr.
Andre Kaelin, da Suiça,
Criança 2010
A terceira edição do Criança 2010 – Congresso Internacional de Especialidades Pediátricas, promovido pelo Hospital Pequeno Príncipe, reuniu entre os dias 28 e 31de agosto de 2010, em Curitiba, cerca de 3 mil pessoas para debaterem temas da Pediatria. O congresso contou com Cerca
de 30 especialistas internacionais e 140 profissionais convidados de diferentes partes do Brasil. Para o chefe do
Serviço de Ortopedia, Dr. Luiz Antônio Munhoz da Cunha,
o módulo de Ortopedia do Criança 2010, com 200 inscritos,
contou com dois convidados internacionais: Profs. John
Anthony Hering e Dennis Wenger, ambos dos Estados
Unidos. Presentes também representantes dos principais
serviços de ortopedia pediátrica do Brasil. “Foram praticamente 14 congressos em um”, conclui Cunha.
TROIA 2011
Traumatologia Ortopédica
Infantil - Atualização
Data: 5 e 6 / 08 / 2011
Local: Santos-SP
Informações e inscrições:
www.troia2011.com.br

SICOT 2011 - XXV Triennial
World Congress
www.sicot.org
Data: 6 a 9 / 09 / 2011
Local: Praga, Rep. Tcheca
Atenção: Dia 07 / 09 reservado para as atividades
da IFPOS - IFPOS DAY

43º CBOT
Congresso Brasileiro de Ortopedia e Traumatologia
Data: 13 a 15 /11 / 2011
Local: São Paulo/SP
Prazo para submissão de
temas livres: 31/ 05 / 2011
Site: www.cbot2011.com.br
Sugestão de
Leitura
Análise comparativa em
modelo computadorizado
bidimensional com simulação do emprego de hastes
flexíveis de aço e titânio, na
fratura do fêmur da criança,
utilizando o método dos
elementos finitos.
Tese Doutorado:
Prof. Dr. Jamil Faissal Soni
Faculdade Medicina da
Santa Casa de São Paulo
RBO (www.rbo.org.br ).
14
Palavra dos ex-presidentes
Dr. Cláudio Santili
Chamem o IBAMA
Tomo a liberdade hoje de reproduzir trechos do editorial que tive oportunidade de
escrever há exatos 12 anos quando assumi a
presidência da SBOP (RBO vol 34 nº 1-1999).
“ Distamos pouco tempo das descobertas da ciência genética e do crescimento dos
conhecimentos adquiridos sobre o desenvolvimento humano, e já estamos diante de avanços tão surpreendentes que deixariam os
seus descobridores estarrecidos com as possibilidades intermináveis, tanto no diagnóstico como no tratamento das afecções malformativas e desenvolvimentais do sistema
músculo-esquelético. Pouco mais de um século destas descobertas e a mais antiga subespecialidade dentro da própria Ortopedia
(Orthos= reto, direito; paedo = criança), privilegiada com o crescimento cultural de importantes áreas afins, pode ser hoje muito
mais profilática e interveniente do que contemplativa e expectante.
A Ortopedia como instrumento a serviço
do homem é envolvente e está sempre às voltas com o desenvolvimento humano. Sua
abrangência ultrapassa seus próprios limites
e nos propugna tanto aos caminhos do aconselhamento genético quanto à investigação
e tratamento precoce de afecções que podem interferir na liberdade do movimento.
Movimento que retroalimenta e mantém a sobrevivência de outros sistemas, os quais dependem dos elementos estocados no esqueleto, para a manutenção da vida.
A Ortopedia Pediátrica, por sua vez, tem
importância dística, o que a faz sempre atual
e atuante, haja vista o seu envolvimento na
prevenção e tratamento daquela que é a doença do século, e porque não dizer do futuro,
que é o trauma. Dados epidemiológicos evidenciam a nossa necessidade, como especialistas e educadores, de deixarmos um pouco os consultórios e as salas de aulas e participarmos mais ativamente nas campanhas
preventivas de conscientização popular.
Não se deve impor que o especialista adote como paradigma, mas aconselha-se que
persiga como objetivo o dogma altruístico
de que : se toda criança tem direito à “proteção”, você, como ortopedista pediátrico, se
instruído e competente, pode ser o seu guardião, num importante momento de sua vida.
Bem-vindo à Ortopedia Pediátrica Brasileira! “
Acho-o ainda pertinente e atual, muito
mais pelo contexto de perspectivas e de
dificuldades por que passa a classe médica
como um todo, pois não há união consistente para que nossos movimentos sejam
produtivos em termos de resgate da dignidade profissional.
Hoje, a formação de um bom ortopedista
pediátrico demanda muito tempo e grande
investimento, além de estar mais raro conseguirmos jovens motivados a dedicarem – se
a uma especialidade que é mais trabalhosa,
desafiadora e menos lucrativa. Talvez por
isso, tenho observado um êxodo em relação
à Pediátrica, que era sim, a opção dos profissionais mais ecléticos do passado.
Daí, por que estamos rareando, e diria até
que estamos quase em extinção.
Por favor chamem o IBAMA !

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