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PRÊMIO Bruno Morgado O debate continua Vencedores da edição 2015 participam da Cerimônia de Entrega do Prêmio. Nas páginas seguintes publicamos mais dois artigos participantes do Prêmio ABDE-BID de Monografias sobre o Sistema Nacional de Fomento – edição 2015. Desta vez, serão apresentados resumos dos trabalhos classificados na segunda colocação em cada uma das categorias, “Financiando o Desenvolvimento” e “Melhores Práticas do Sistema Nacional de Fomento”. O primeiro texto é sobre a experiência dos convênios operacionais no Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). Escrito por Eversão Leão, Mateus Müller e Nicolas Suhadolnik, o trabalho premiado analisa os principais resultados obtidos pela instituição entre 2005 e 2014 com a estruturação desses convênios, com uma série de indicadores que demonstram o êxito da estratégia. Já o artigo de Fabio Biagini e Filipe Borsato da Silva, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), trata do capital de risco e do desenvolvimento de empresas de base tecnológica no Brasil. No texto, há o relato sobre a importância dos Fundos Criatec, criados pelo banco para apoiar esse segmento que tem se desenvolvido de forma crescente no país. RUMOS NOVIDADES Em 2016, o prêmio chega à sua terceira edição com O edital do Prêmio uma grande novidade: ABDE-BID antes restrito à participação de funcionários das e demais instituições associadas à informações estão ABDE, a partir deste ano, disponíveis em qualquer pessoa interes- www.abde.org.br. sada poderá inscrever seu Participe! trabalho. A categoria I, “Desenvolvimento em Debate”, será aberta a membros de universidades, instituições de pesquisa e interessados na temática. A categoria II, que tem como tema “Financiamento: desafios e soluções”, segue exclusiva para empregados das instituições de fomento associadas, mas também conta com novidades. Os trabalhos serão divididos em dois grupos – o primeiro reunirá os bancos públicos federais, bancos cooperativos, Finep e Sebrae; e no outro, os bancos de desenvolvimento controlados por estados da federação, os bancos públicos comerciais estaduais com carteira de desenvolvimento e as agências de fomento. O edital e demais informações estão disponíveis em www. abde.org.br. As inscrições começaram em 1º de março e se estendem até 25 de julho. Participe! 23 PRÊMIO Alianças para o desenvolvimento 24 rativista nacional. Já em Santa Catarina, uma parcela considerável do valor total contratado foi direcionada para as MPMEs, com destaque para o setor de comércio e serviços. No Rio Grande do Sul, as cooperativas de crédito assumem o protagonismo nas parcerias estabelecidas, e mais os convênios firmados com fabricantes e distribuidores autorizados de máquinas e equipamentos. Apesar das particularidades observadas na constituição e operacionalização em cada estado, os convênios estão em perfeita sintonia com a missão do BRDE. Como principais elementos que contribuem para o sucesso e manutenção das alianças estabelecidas, podemos destacar: o interesse comum no desenvolvimento econômico e social em suas regiões de atuação; o reconhecimento do crédito como instrumento indispensável para a obtenção de níveis de produtividade e qualidade compatíveis com as necessidades de maior competitividade no mercado nacional e internacional; a ampliação dos limites operacionais junto aos provedores de funding; a redução do custo efetivo total das operações para os mutuários; e o desenvolvimento e compartilhamento de conhecimento técnico entre os parceiros. Para o BRDE, os Convênios Operacionais foram essenciais para consolidar sua atuação como agente de fomento à agricultura familiar e aos sistemas integrados de produção agropecuária na Região Sul, contribuindo, dessa forma, para a geração de renda e aumento do bem-estar das famílias. EVERSON LEÃO Mestre em Economia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Gerente Adjunto de Operações – Micro e Pequenas Empresas do BRDE . MATEUS MÜLLER Economista pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Analista da Gerência de Planejamento do BRDE. NICOLAS SUHADOLNIK Divulgação As alianças estratégicas, estabelecidas sob a forma de Convênios Operacionais, foram fundamentais para o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) conquistar reconhecimento e uma posição de destaque entre as instituições integrantes do Sistema Nacional de Fomento (SNF). A experiência de Convênios Operacionais, iniciada há mais de 20 anos pelo BRDE, permitiu, entre outros benefícios, maior capilaridade e “interiorização” na oferta de crédito de longo prazo em toda sua região de atuação. Os Convênios Operacionais têm como objetivo principal o desenvolvimento de ações conjuntas buscando o suprimento de recursos financeiros para o atendimento da demanda de crédito dos associados, integrados e clientes dos parceiros envolvidos. Os recursos são direcionados para o financiamento da aquisição de máquinas, equipamentos, implementos agrícolas, ônibus e caminhões. Além disso, são atendidas solicitações para o financiamento de projetos de investimentos, incluindo a construção e modernização de benfeitorias e instalações agropecuárias e industriais, com destaque para a avicultura, suinocultura e pecuária leiteira, em sistemas integrados de produção. Por meio de mecanismos de cooperação entre os agentes envolvidos, os convênios conseguem atingir a quase totalidade dos municípios da Região Sul, incluindo diversas áreas com baixo grau de desenvolvimento, que enfrentam obstáculos para acesso ao crédito nos canais tradicionais oferecidos pelas instituições financeiras. Desde o início da operacionalização até 2014, foram contratadas 89.435 operações de crédito pelos Convênios Operacionais, no valor de R$ 4,44 bilhões. Deste total, mais da metade, 58% do valor contratado, foi direcionado para o Paraná. Esse resultado pode ser explicado, em parte, pela presença de cooperativas de crédito e produção agropecuária que apresentam longo histórico de relacionamento com o BRDE neste estado e, além disso, ocupam lugar de destaque no sistema coope- Mestre em Economia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Analista da Gerência de Produtores Rurais e Convênios do BRDE . Todos trabalham na Agência do Paraná, do BRDE. JANEIRO | FEVEREIRO 2016 PRÊMIO A Experiência dos Fundos Criatec RUMOS prazo, cabendo o reconheci- Os produtos financeiros mento de que as iniciativas tais como os fundos da série públicas nesse sentido pos- Criatec permitem que os suem grande importância. empreendedores de alto impacto O BNDES iniciou, em 1995, e os pesquisadores desenvolvam seu apoio à estruturação de empresas de alta tecnologia fundos fechados destinados à realização de investimentos na forma de subscrição pela BNDESPAR de valores mobiliários. O conhecimento adquirido pela equipe do banco nesse período serviu como importante insumo para a estruturação de um novo modelo para atuação na participação nos fundos de capital semente materializada no lançamento do Programa Criatec, em 2007. O Fundo Criatec I inovou ao se configurar como um fundo de capital semente nacional com presença física em diversos polos regionais de inovação, sendo capaz de unir prospecção ampla de empresas de base tecnológica, diversificação de riscos, diluição de custos e proximidade das empresas investidas. O sucesso desse fundo levou o BNDES a lançar o Fundo Criatec II, em 2013, e o Criatec III, no início de 2016. Os patrimônios comprometidos dos três Fundos da Série Criatec ao serem somados chegam a cerca de R$ 500 milhões. O fomento ao desenvolvimento de empresas inovadoras com alto potencial de crescimento e com práticas de governança transparentes é de fundamental importância para a constituição de um país mais competitivo e com melhores oportunidades para seus cidadãos. Nesse sentido, os produtos financeiros tais como os fundos da série Criatec permitem que os empreendedores de alto impacto e os pesquisadores desenvolvam empresas de alta tecnologia, mesmo em locais de menor atividade econômica no Brasil, contando com o suporte financeiro e gerencial. FABIO LUIZ BIAGINI Mestre em Finanças pela PUC-Rio, com MBA em Engenharia Econômica pela UFRJ. Divulgação O mercado internacional de capital de risco surgiu e se desenvolveu para preencher a lacuna do sistema financeiro que não era suprida nem pelo crédito tradicional nem pela capitalização por meio de listagem em bolsa de valores. O termo capital de risco se refere a todos os investimentos em participações negociados privadamente em empresas não listadas em bolsas de valores. O BNDES é reconhecido como um impulsionador relevante do crescimento da indústria de capital de risco no Brasil e, até o final de 2014, a sua carteira de fundos de investimento era composta por 34 fundos, dos quais 19 eram de Seed Capital e Venture Capital e os outros 15 eram de Private Equity. Os fundos voltados para inovação apresentam o maior número de empresas investidas indiretamente pela BNDESPAR, respondendo por quase 50% da sua carteira. O patrimônio comprometido nesses 34 fundos totalizava, ao final de 2014, R$ 2,51 bilhões, sendo o banco o investidor institucional nacional com a carteira mais relevante de fundos de Seed Capital e Venture Capital. Os fundos atualmente ativos e acompanhados pela BNDESPAR aprovaram aportes em mais de 200 empresas e investiram efetivamente em mais de 160 empresas. Verifica-se que, se no Brasil a obtenção de recursos financeiros para realização de investimentos em geral é algo difícil, para as empresas de base tecnológica são ainda mais escassos. Nesse sentido, instituições e agentes do setor público possuem uma função importante ao direcionarem capital para segmentos em que ocorre maior escassez de recursos, como o desenvolvimento de empresas de base tecnológica. Dessa forma, o Fundo Criatec se insere em um contexto de evolução da atuação do BNDES, tendo como uma de suas principais características o fato de cobrir uma clara lacuna de recursos existente para os estágios mais incipientes do setor, notadamente o capital semente. A construção de um circuito virtuoso para utilização do capital de risco no fomento ao desenvolvimento tecnológico, associado à inovação e empreendedorismo, é uma iniciativa de longo FILIPE BORSATO DA SILVA Mestre em Finanças pela PUC-Rio, com MBA em Gestão Internacional pela Université Pierre-Mendés-France e engenheiro de Telecomunicações pela UFF. Ambos trabalham na Área de Capital Empreendedor do BNDES. 25