Página 10
Transcrição
Página 10
A RAZÃO PÁGINA 10 JUNHO / 2012 Artigo Comentário internacional CLECY RIBEIRO Meio ambiente, missa cantada S ob a égide de muita fartura documental e retórica, participação talvez superior à Eco-Rio, consenso quanto a necessidades, mas discordância quanto a conceitos e ações plurais, eis que chega a Rio+20. Ou, como a chamam, com certo cinismo, alguns especialistas, a nova missa cantada da ONU sobre a preservação do planeta. E que não passaria além de nova reflexão para novo debate. Já lá se vão 20 anos desde que o homem se deu conta de que viver bem é preciso. As cúpulas da Ter ra, a cada dez anos, trouxeram esperança (Estocolmo, 1972), revezes (Nairóbi, 1982), a retomada da ecologia pelas multinacionais (Rio, 1992 e Joha nes burgo, 2002). No mesmo ritmo, 2012 saúda o capitalismo verde. Nos precedentes da conferência, a Rio+20 recebeu mais de 600 propostas, frontalmente dirigidas a sete pontos considerados críticos: energia, cidades, emprego ou inclusão social, alimentos, água, oceanos, desastres naturais. E ainda, obviamente, florestas e biodiversidade. A explicação é fácil, a julgar pelos números. A Terra, hoje, tem 7 bilhões de habitantes, que, em 2050, serão 9 bilhões. Ainda há 1,4 bilhão de pessoas em extrema pobreza, vivendo (?) com US$ 1,25 dólar por dia. Os subnutridos ou desnutridos, à mercê de pandemias e endemias, constituem um sexto da população mundial. Metade da humanidade vive em cidades e, logo, serão 60%, dos quais 1,5 bilhão sem acesso à eletricidade e 2,5 bilhões desconhecendo o uso de banheiros. Abençoado com recursos naturais com que Mater Na tura lhe prodigalizou em abundância, o Brasil, desde logo (dois anos antes de Esto colmo), iria proclamarse descontente com a orientação dada à questão ambiental. “A proteção do meio ambiente deve ser encarada como um meio de promover o desenvolvimento e não como um obstáculo [...] às novas aspirações do mundo subdesenvolvido”. Pa ra le lamente, pequena coorte de países ricos, o Grupo de Bruxelas, soava o brado contra qualquer compromisso contrário a seus interesses comerciais. Tra vava-se, assim, o primeiro debate intergovernamental. Porque o homem estava mudando e infligindo danos ao meio ambiente, era preciso buscar soluções. O setor energético despontava como a mola, o motor. Seu acesso incide sobre a criação de empregos, segurança, mudança climática, produção de alimentos, aumento de renda. Se fortalecer a economia, protegerá os ecossistemas, levará à igualdade. Mas... Ser fértil em energia quase nunca significa desenvolvimento sustentável. Tomemos o exemplo de casa. O modelo extrativista sul-americano centra-se na o sumak kamsy dos indígenas que, em língua quéchua, implica “um meio ambiente sadio, ecologicamente equilibrado, sustentável e sustentado”. Mas... Também chamado, na América Latina, socialismo do século XXI, o modelo tenta afirmar-se na Bolívia, Equador, Venezuela, fazendo escola na Argentina. As nacionalizações na indústria petrolífera são o marco. Reduzindo os lucros das transnacionais, desviam par- O futuro que queremos talvez não seja o que teremos. Energia, a chave que abre todas as portas. economia para exportação de matérias-primas. Os críticos constatam: extrativismo é ecologicamente destrutivo e mantém os países que o adotam na miséria, dependência e/ou subdesenvolvimento. Ideal, rezam, seria um modelo pós-extrativista: usar os recursos naturais de modo racional e sustentável, ou seja, uma economia endógena. As novas Constituições da Bolívia e Equador já reconhecem esse fato e se orientam para a filosofia do “viver bem” – te dos fundos cambiais para programas sociais. Con tudo, como ressaltou, em data recente, o ex-ministro equatoriano de Minas e Meio Ambiente, Alberto Acosta, não há mudança na estrutura; prevalece a lógica extrativista. É fato a maior participação do Es tado na economia, mas pouco ou nada mudou quanto ao padrão de acumulação e concentração de riqueza. “Sob esse estilo de desenvolvimento, o emprego gerado não é suficiente, o RE FO RM A S E M AN UT EN ÇÃ O EM G E RA L Pintura, gesseiro, marcenaria, instalação e manutenção das partes elétricas e hidráulicas, alvenaria em geral e outros serviços. maior volume de exportação sobrepuja a produtividade, aumenta a pressão sobre os recursos naturais, e com ela os conflitos sociais”. Assim constata, por sua vez, o economista uruguaio Eduardo Gudynas, do Centro LatinoAmericano para a Ecologia. Enquadram-se no modelo, dentre outras, as megaobras das hidrelétricas brasileiras. Vinte até a próxima década, sob o argumento da “demanda de eletricidade”. E as já citadas nacionalizações de recursos (petróleo, gás, minérios), sob o pensamento, ora esboçado, de que a América do Sul, um dia, se tornará um novo Oriente Médio. A região não faz por menos: uma agenda energética carregada, ideologicamente, com aumento crescente de recursos estratégicos. E historicamente mergulhada numa onda de populismo. Só o Brasil estaria em quinto lugar entre as principais reservas de gás (atrás da Rússia, Irã, Qatar e Arábia Saudita). Em 2020 chega, dizem as projeções, ao quarto lugar como produtor de cru. A Vene zuela, há um ano, desbancou a Arábia Saudita como o primeiro país em reservas de petróleo. O Peru detém enormes reservas de urânio, disper- Email: [email protected] Clecy Ribeiro é jornalista, professora das Facul dades In tegradas Hélio Alonso, RJ. LUAR R E P R E S E N TA Ç Õ E S Persianas verticais e horizontais, novas e refor madas, painéis, toldos, esquadrias de alumínio em geral. Fazemos também aplicações de insulfilm. Marque uma visita sem compromisso. Procuramos ajustar nossa prestação de serviços de acordo com a sua necessidade. Telefones para contato: (21) 2627-4424 (Fernando Vaz) (21) 8403-4136 (Fernando Sales) (21) 8859-8600 (Evandro) sas por 13 de suas 25 regiões. Etc. etc. Como corolário, a América Latina tornou-se o primeiro destino dos investimentos mundiais em mineração, com 25% do total, divulga Raúl Zibechi ( La Journada, 4 de maio 2012). Uma avalanche de capital predador da natureza e da independência. “A boa nova é que o menu ampliouse... Às tradicionais megaempresas do Norte somam-se agora as chinesas e as brasileiras. Os que acreditam que isso seja melhor, que indaguem a seus povos e também a seus governos”, diz. Na Rio+20, o tema mudança climática tende a ceder. Em xeque, mudança conceitual ou do debate sobre desenvolvimento sustentável. Tanta coisa aconteceu ao longo desses 40 anos desde Estocolmo que, hoje, evitar o impacto ambiental chegou ao impossível. Outra era, outro lema: destruir para desenvolver; reconstruir ou reparar para continuar a desenvolver. Xis da questão: quanto se destrói e quanto se constrói. Luiz Monteiro Te l s . : ( 2 1 ) 2 2 5 8 - 8 4 8 3 e ( 2 1 ) 9 1 5 4 - 2 6 1 4 Rua Teodoro da Silva, 402 - Gr. 206 - Vila Isabel - Rio - RJ REFORMAS EM GERAL DISK OBRAS Pinturas em Geral Eletricista Instalador Estevez Tel.: (21) 7860-9008 e 3884-9870 Fax: (21) 3888-4613 ID 120* 117 500 Rua Apiai, 09 - Lj. C - Penha - RJ CEP 21.020-0980 WWW.zenitram.com.br email [email protected] Material elétrico, hidráulico, tintas, ferragens e ferramentas Avenida Independência, 400 Fone 055-3742-1101 Palmeiras das Missões (RS) Bombeiro Hidráulico Tels: (21) 3301-2944 (21) 7447-0987 email:[email protected] ORÇAMENTO GRÁTIS Pirâmide Moldes Plásticos Ltda. Valdemir Bressan Diretor Industrial Rua Caetano Rodrigues, nº 02 Jd. Nove de Julho CEP: 03951-040 São Paulo - SP Telefax: (11) 2962-5558 Telefone: (11) 2919-1698 Serviço de eletro-erosão, injeção de tampas para embalagens em geral. http://www.piramidemoldes.com.br/ E-mail: [email protected]