Resumo

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Resumo
Sumário
Sensibilidade de Venturia inaequalis ao miclobutanil
C. M. Wolff, R. M. Valdebenito Sanhueza ...............................................................................
77
Aplicações foliares de cálcio em pessegueiro aumentam os seus teores na folha e não afetam
os teores no fruto
G. W. Melo, G. Brunetto .........................................................................................................
82
Efeito da interenxertia no controle do vigor de pessegueiro cv. Jubileu na região de Pelotas, RS
Z. F. P. Tomaz, C. S. M. Lima, S. P. Galarça, S. S. Silveira, A. R. Rufato, L. Rufato ............
87
“AGIR”: planejamento estratégico da Associação dos Produtores de Morango de Atibaia e
Jarinu (SP) para a implementação da Produção Integrada
V. S. Hammes, F. F. Calegario, T. A. Silva .............................................................................
Certificação participativa e gestão ambiental da Produção Integrada de Morango
C. C. de A. Buschinelli, F. F. Calegario, S. C. S. Bueno, J. S. Lino, B. M. C. Pastrello,
G. S. Rodrigues .......................................................................................................................
92
97
Diário de campo: ferramenta para desenvolver o hábito de registrar procedimentos na
Produção Integrada de Morango
A. C. de Abreu, F. F. Calegario, P. G. de Oliveira, H. Rosente, A. C. Borges, L. A.
Iwassaki ...................................................................................................................................
102
Estratégia operacional de implementação técnica da Produção Integrada de Morango em
Atibaia e Jarinu
F. F. Calegario, V. S. Hammes, T. A. Silva, N. F. C. Bagdonas .............................................
107
Comparação produtiva entre duas cultivares de amora-preta “Tupi” x “Xavante” região
Centro-Oeste do Paraná
P. R. Borszowskei, M. B. Malgarim ........................................................................................
112
Flutuação populacional das pragas e inimigos naturais na cultura da atemóia visando a
implantação da Produção Integrada de Frutas
M. D. da C. S. Moura, A. N. Moreira, S. A. dos S. Amorim, J. O. Perea, H. T. da Silva,
C. C. dos Santos ......................................................................................................................
117
Atributos químicos dos solos em áreas de produtores vinculados à produção integrada de
banana no projeto Formoso, Bahia
A. L. Borges, L. da S. Souza, Z. J. M. Cordeiro ......................................................................
122
Produção integrada de banana: avanços obtidos no norte de Minas Gerais e Sudoeste da Bahia
Z. J. M. Cordeiro, A. L. Borges, L. da S. Souza, M. Fancelli, J. T. A. da Silva, C. H. S. P.
Ritzinger, M. S. C. Dias, S. L. de Oliveira, C. D. A. Corsato, M. G. V. Rodrigues, M. E. C.
Pereira, M. B. Lima, W. B. Monteiro, A. V. Trindade, E. F. Coelho, M. A. Coelho Filho,
A. M. A. Accioly, A. S. Oliveira, D. M. V. Ferreira ................................................................
127
Diagnóstico de propriedades rurais para adoção da produção integrada de banana no Vale do
São Francisco
A. N. Moreira, M. M. da Silva, J. R. B. Pereira, J. O. Perez ..................................................
131
Avaliação do sistema de produção integrada do melão no Vale do São Francisco
N. D. Costa, J. S. de Assis, J. M. Pinto, J. L. P. Araujo, S. J. S. Almeida, C. A. P. dos
Santos ......................................................................................................................................
136
Compreensão dos atributos de qualidade de valoração do maracujá azedo oriundo da Bahia no
Entreposto Terminal de São Paulo da CEAGESP
M. Hiroi, C. R. Rivelles, A. S. D. Gutierrez ............................................................................
140
Culturas de cobertura na Produção Integrada de Abacaxi
A. P. de Matos, N. F. Sanches, L. F. da S. Souza, J. Elias Jr., F. A. Teixeira, S. C.
Siebeneichler ............................................................................................................................
144
Avaliação de in dicadores de segurança e qualidade em empresas que operam sob as Normas da
PIN-Manga no Pólo Petrolina-PE e Juazeiro-BA
J. S. Assis de, M. S. R. Bastos, P. A. Lima, S. J. S. Almeida ...................................................
149
Produção Integrada de Manga e Uva Fina de Mesa do Vale do São Francisco: perfil do monitor
C. A. P. dos Santos, F. N. P. Haji, P. R. C. Lopes, J. E. M. Oliveira, V. F. C. dos Santos .....
153
Produção Integrada de Prunáceas no Paraná safra 2006/07
L. S. Kowata, L. L. May-de-Mio, A. C. V. Motta, L. B. Monteiro, F. L. Cuquel .....................
156
Análise prospectiva de cadeia produtiva para inserção da mangaba no agronegócio
E. G. Ferreira, A. G. Guerra, I. B. Menino, I. A. de Araüjo ...................................................
161
Fruticultura: renda sustentável para a agricultura familiar
M. B. Thiesen, R. S. Lassen ...................................................................................................
165
Diagnóstico preliminar da atual situação, quanto à presença de resíduos de agrotóxicos, das
frutas comercializadas no atacado de São Paulo (SP)
L. R. P. Trevizan, G. C. de Baptista, G. V. B. Almeida ...........................................................
169
Produção de castanhas e caju-de-mesa nos sistemas de Produção Integrada e convencional
V. H. Oliveira, A. P. S. Andrade, E. de O. Silva ......................................................................
174
Qualidade de cajus-de-mesa nos sistemas de Produção Integrada e convencional
A. P. S. Andrade, V. H. Oliveira, R. B. de Lima ......................................................................
180
Período crítico de incidência de cercosporiose e perdas de produção em amendoim
V. M. R. A. Almeida, R. P. de Almeida ...................................................................................
186
Sistema de Produção Integrada de Café: fertilização x controle de doenças
U. P. Lopes, L. Zambolim, E. M. Zambolim, A. F. Souza, D. R. Costa, P. N. S. Neto ...........
191
Monitoramento de agroquímicos em áreas de Produção Integrada de Arroz Irrigado no Rio
Grande do Sul
M. L. Mattos, J. F. da S. Martins, C. D. M. Nunes, W. B. Scivittaro, F. Moura .....................
196
Produção Integrada de Trigo
C. S. Tibola, J. M. C. Fernandes, I. Lorini, P. L. Scheeren ....................................................
200
Níveis de adubação em tomate para processamento sob sistema de plantio direto e preparo
reduzido
N. R. Madeira, R. B. Souza, R. A. de C. e Melo, R. P. Caixeta ...........................................
202
Produção integrada de tomate industrial: validação de unidades piloto
M. Castelo Branco, A. M. Quezado-Duval, G. L. Villas Bôas, H. R. Silva, R. S. Liz .............
207
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Proposição de técnicas e parâmetros de irrigação para a Produção Integrada do Tomateiro para
processamento
H. R. Silva, W. A. Marouelli, G. L. Villas Bôas, M. Castelo Branco, R. B. Souza ..................
212
Sistema de produção convencional x Produção Integrada – efeitos sobre os atributos
microbiológicos do solo
J. E. B. de Carvalho, C. L. L. de Azevedo, M. C. da Silva, A. C. Barreto ..............................
217
Índice de risco ambiental para pontos de abastecimento de pulverizadores de agrotóxicos (IRAp),
uma adaptação do Environmental Risk Index (ERI) para a Produção Integrada
L. Gebler ..................................................................................................................................
221
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
77
SENSIBILIDADE DE VENTURIA INAEQUALIS AO MICLOBUTANIL
WOLFF, C. M.1; VALDEBENITO SANHUEZA, R. M.2
1
Engª Agrª, CNPUV, CP 1345, 95200-000, Vacaria , RS, [email protected] ; 2 Engª Agrª. Drª., CNPUV.
CP130, 95700-000, [email protected]
Introdução
O sistema de Produção Integrada de Maçã (PIM) limita o uso de pesticidas de alto risco
para selecionar estirpes resistentes estabelecendo limites ao número de pulverizações que o
produtor pode fazer por ciclo para o controle de determinado patógeno. Esta informação consta
nas Normas Técnicas Específicas da PIM e, no caso dos fungicidas inibidores da síntese do
ergosterol (IBE) são permitidas até 6 pulverizações para o controle da sarna da macieira
(Venturia inaequalis), sendo excepcionalmente liberado o uso de tratamentos adicionais. A
ocorrência, caracterização e manejo da resistência de V. inaequalis a este grupo de fungicidas tem
sido relatada no Brasil e em outros paises produtores de maçãs (DELP et al., 1988,
ERRAMPALLI, 2004; GHINI; KIMATI, 2000). O fungicida miclobutanil, do grupo dos IBE, é
utilizado para o controle de Venturia inaequalis na macieira, sendo que a dose inibitória de 50%
do crescimento micelial é de 0,07 ppm para isolados selvagens (ERRAMPALLI, 2004). Quando
usada a dose discriminatória de 0,1 ppm, Koller et al. (1997) consideram que haverá risco de
perda de controle naqueles pomares nos que se constata o tamanho das colônias desenvolvidas
em meio de cultura com fungicida e próxima ao constatado sem fungicida (crescimento relativo
superior a 80%). O objetivo do trabalho foi determinar a sensibilidade ao fungicida miclobutanil
“in vitro” de isolados de Venturia inaequalis coletados em pomares de diferentes regiões
produtoras de maçãs e determinar a produção de conídios e o crescimento de isolados resistentes
em meio de cultura sem fungicida.
Material e Métodos
Foram utilizados 63 isolados de V. inaequalis, coletados no ciclo 2005-2006 e
provenientes de 6 locais: Fraiburgo (SC), Cambará (RS), Vacaria (RS), São Francisco de Paula
(RS), Monte Alegre dos Campos (RS) e São Joaquim (SC). As estirpes foram preservadas em
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
placas de Petri com meio BDA-Extrato de Levedura (batata, 74 g; dextrose, 10 g; agar, 34 g e
extrato de levedura, 6 g.L¹‫)־‬.
Para instalação do experimento foi preparado meio de cultura BDA (batata, 200; dextrose,
10; agar, 18 g.L¹‫)־‬sem fungicida e com a dose discriminatória de 0,4 ppm de miclobutanil,
representado pelo Systhane (Dow Agrosciences). Na instalação do experimento foi retirado um
disco do BDA (0,85 cm x 0,85 cm) e substituído por outro de igual tamanho colonizado pelo
fungo. As placas foram incubadas a 20°C e fotoperíodo de 12 h. As avaliações de diâmetro das
colônias ocorreram no 5º, 9º, 13º, 17º e 21º dia de crescimento. Foram utilizadas duas repetições
por isolado e meio de cultura
Para determinação da inibição do desenvolvimento da colônia foi usada a fórmula citada
por Errampalli (2004): Inibição = ([Tamanho no BDA - Tamanho no BDA + Fungicida/Tamanho
no BDA] × 100) e o crescimento relativo (CR) citado por Koller et al. (1997) que consiste no
tamanho da colônia no BDA + Fungicida/Tamanho no BDA × 100. O diâmetro das colônias foi
medido com paquímetro digital, no sentido horizontal e vertical.
Os fatores de competividade de 5 isolados com e sem inibição (colônias que tiveram as
maiores inibições (25 a 50%) e colônias em que a inibição foi menor do que 1%) foram
comparados. Estes fatores foram a taxa de crescimento e a produção de conídios. A contagem de
conídios foi realizada no 25º dia de desenvolvimento da colônia usando hemacitómetro.
Resultados e Discussão
A sensibilidade de isolados de V. inaequalis foi variável dependendo do pomar de origem
não se detectando isolados com inibição do tamanho das colônias superior a 50%, como ocorreria
com isolados selvagens (Tabela 1). No pomar Fraiburgo 1, foi observada alta freqüência (73%)
de isolados com baixa inibição do crescimento das colônias (Fig. 1). Os dados referentes ao
tamanho das colônias de isolados com e sem inibição pelo miclobutanil mostraram que os
isolados mais sensíveis apresentaram colônias maiores em meio de cultura (teste T (p<0,05), mas
a quantidade de conídios nos dois grupos não apresentou diferenças significativas (Tabela 2).
Isolados com alta resistência são aqueles com crescimento relativo de isolados (CR) igual
ou maior a 80% quando avaliados em meio de cultura com 0,1 ppm de miclobutanil. Isolados
com este CR acarretarão perda de controle de 27% (KOLLER et al., 1997). Contudo, os autores
antes citados mostraram que, visto que a resistência aos IBE é de tipo contínuo quando a
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
79
freqüência de isolados com CR>80% é maior de 43%, haverá perda de controle nos pomares
comerciais. Os dados obtidos mesmo que com número pequeno de isolados nos pomares,
sugerem que sinais de ocorrência de resistência são claros no caso dos pomares avaliados, visto
que neste trabalho a freqüência de isolados resistentes (CR>80%) é alta mesmo usando 0,4 ppm
como dose discriminatória (Tabela 1). Assim, poderá haver perda de controle da doença nos
quando as condições sejam propícias á doença nos pomares Fraiburgo 1, Vacaria 1, 2, 3 e 4,
Monte Alegre dos Campos, Cambará e São Francisco de Paula e o risco será somente menos
grave nos outros pomares avaliados.
Os dados obtidos reforçam a validade da exigência da PIM para restringir o uso de
fungicidas IBE à exigência de uso em misturas com fungicidas eficazes e com diferente modo de
ação no patógeno e a limitação do número de pulverizações por ciclo atendendo as
recomendações do Comité de ações para estudo da resistência de patógenos aos fungicidas
(FRAC).
Tabela 1. Frequência de isolados de Venturia inaequalis com sensibilidade variável ao
miclobutanil em meio de cultura com 0,4 ppm do fungicida1.
Locais
Fraiburgo 1
Vacaria 1
Vacaria 2
Vacaria 3
São Joaquim 1
São Joaquim 2
São Joaquim 3
Monte Alegre dos Campos
Cambará
São Francisco de Paula
1
2
N° de
isolados
avaliados
15
5
6
4
6
3
4
6
4
4
Nº de isolados
com inibição
maior a 10%
4
3
5
0
5
3
4
2
1
2
N° de isolados
com inibição
menor a 5%
11
2
1
4
1
0
0
4
3
2
Crescimento
relativo2 dos
isolados de cada
pomar (%)
100,00
100,00
82,90
100,00
79,68
74,53
77,72
100,00
93,94
91,50
Freqüência (%) de
isolados com
crescimento
relativo >80%
93
60
66
100
33
66
75
83
75
75
Média de duas repetições por isolado.
Inibição = ([Tamanho no BDA - Tamanho no BDA + Fungicida/Tamanho no BDA] × 100); Crescimento relativo (CR):
(tamanho da colônia no BDA + Fungicida/Tamanho no BDA) × 100).
80
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Tabela 2. Características de isolados de Venturia inaequalis sensíveis e resistentes ao
miclobutanil.
Inibição em BDA com
miclobutanil
Isolados
Tamanho das colônias após N° de conídios após 21 dia
21 dia em BDA
em BDA
Resistentes
1. Fraiburgo 7
0
17,8
2. Fraiburgo 8
0
14,59
3. Fraiburgo 9
0
15,09
4. Vacaria 20
0
9,5
5. Vacaria 21
0
14,19
Média
14,23*
Sensíveis
1. São Joaquim 34
33,3
18,49
2. São Joaquim 37
38,2
17,79
3. São Joaquim 42
18,7
17,63
4. Vacaria 53
19,7
16,47
5. Vacaria 54
13,4
19,97
Média
18,07
1
Média de duas repetições por isolado.
* diferença entre o tamanho dos dois grupos conforme teste T (p<0.05).
2,5x105
<105
<105
<105
0,5x 105
1x105
2x105
<105
1x105
<105
Inibição do tamanho das colônias de isolados de
Venturia inaequalis obtidos em pomar de
Fraiburgo em BDA com 0,4 ppm de miclobutanil
25 a 50
N° de isolados
10 a 25
5 a 10
1a5
<1
0
1
2
3
4
5
6
7
Figura 1. Freqüência de isolados sensíveis (inibição > 25%) e resistentes (inibição < 25%) de
Venturia inaequalis obtidos de um pomar de Fraiburgo.
Conclusão
Há alta frequência de isolados de Venturia inaequalis com características de resistência ao
fungicida miclobutanil nas três principais regiões produtoras de maçãs no sul do país.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
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Referências Bibliográficas
DELP, C. J.; DELP, B. R; FORT, T. M.; MORTON, H. V.; SMITH, C. M. Fungicide Resistance
in North America. In: FORTH, T. M. (Ed.). Demethylathion Inhibitor (DMI) Fungicides.
Minessota: The American Phytopathological Society, 1988. 77 p.
ERRAMPALLI, D. Distribution of myclobutanil fungicide sensitivities among populations of
Venturia inaequalis, the causal agent of apple scab, in Ontario. Acta Horticulturae, v. 638, p.
157-162, 2004. Trabalho publicado no XXVI INTERNATIONAL HORTICULTURAL
CONGRESS, 2004 intitulado Sustainability of Horticultural Systems in the 21st Century.
GHINI, R; KIMATI, H. Resistência de fungos a fungicidas. Jaguariúna: Embrapa Meio
Ambiente, 2000. 78 p.
KOLLER, W.; WILCOX, W. F. Evaluation of Tactics for Managing Resistance of Venturia
inaequalis to Sterol Demethylation Inhibitors. Plant Disease, New York, v. 83, p. 857-853, 1999.
KOLLER, W.; WILCOX, W. F.; BARNARD, J.; JONES, A. L.; BRAUN, P. G. Detection and
quantification of Venturia inaequalis populations to sterol demethylation inhibitors.
Phytopathology, v. 87, p. 184-190, 1997.
82
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
APLICAÇÕES FOLIARES DE CÁLCIO EM PESSEGUEIRO AUMENTAM OS SEUS
TEORES NA FOLHA E NÃO AFETAM OS TEORES NO FRUTO
MELO, G. W.1; BRUNETTO, G.2
1
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Ciência do Solo, Pesquisador da Embrapa Uva e Vinho. Embrapa Uva e Vinho,
Caixa Postal 130, Rua Livramento 515, Cep: 95700-000, Bento Gonçalves, RS, Brasil. E-mail:
[email protected] (Apresentador do trabalho); 2 Engenheiro Agrônomo, Mestre em Ciência do Solo,
Doutorando do PPG em Ciência do Solo da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). UFSM, Centro de
Ciências Rurais (CCR), Dep. de Solos, Caixa Postal 221, Cep: 97105-900, Santa Maria, RS, Brasil. E-mail:
[email protected]
Introdução
O Estado do Rio Grande do Sul, RS, possui a maior área cultivada com pessegueiro do
Brasil e a região da Serra Gaúcha é importante produtora de pêssego para o consumo in natura.
Os pomares se localizam em solos com textura argilosa ou muito argilosa, alto teor de matéria
orgânica, baixa fertilidade e elevada acidez. Por isso, a calagem é indispensável em todos os
sistemas de produção de pêssego, entre eles, a produção integrada, uma vez que, cria um
ambiente favorável ao desenvolvimento das raízes e incrementa a oferta de cálcio para a planta.
Entretanto, como o pessegueiro absorve as maiores quantidades de cálcio do solo, durante um
pequeno período do ano, em taxas relativamente altas, pode ser necessário sua suplementação
com pulverizações dos frutos com sais de cálcio, para garantir melhores características aos frutos.
Alguns trabalhos realizados na região Sul do Brasil indicam que nem sempre a
pulverização de frutos de pêssego com fontes de cálcio melhora as características físicas e
químicas do fruto e aumenta seu período de armazenamento (VISOTTO, 2002). Entretanto, são
escassos os estudos que avaliam o efeito da aplicação de cálcio sobre o seu teor e de outros
nutrientes na folha, que é usada para estimar o estado nutricional da planta, e no fruto, que pode
ser usado como indicativo para definir a ocorrência de distúrbio fisiológico, uma vez que a sua
ocorrência está relacionada ao alto conteúdo de N, Mg e K e suas relações com o cálcio,
fenômeno já conhecido em frutos de macieira (ARGENTA; SUZUKI, 1994; NACHTIGALL;
FREIRE, 1998). O presente trabalho objetivou avaliar o efeito de pulverizações foliares de fontes
de cálcio no seu teor e de outros nutrientes nas folhas e nos frutos.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
83
Material e Métodos
O trabalho foi composto de dois experimentos realizados em um pomar comercial de
pessegueiro (Prunus persica, L. Batsch), cultivar Chimarrita, porta-enxerto Aldrighi, no
município de Pinto Bandeira, região fisiográfica da Serra Gaúcha do RS, safra agrícola de
2003/2004. Os pessegueiros foram plantados no ano de 1995, espaçamento 4,0 m x 2,5 m e
conduzidos em taça com quatro pernas. O solo do experimento foi um Cambissolo Húmico
(EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA-CNPS, 1999) e apresentava, na
camada de 0-20 cm, os seguintes atributos: argila 270 g kg-1; matéria orgânica 54 g kg-1; pH em
água 6,3; Índice SMP 5,7; Ca trocável 9,30 cmolc dm-3; Mg trocável 4,10 cmolc dm-3; Al trocável
0,0 cmolc dm-3; P disponível 113 mg dm-3 e K disponível 105 mg dm-3.
O experimento 1 compreendeu de uma, duas e três pulverizações foliares de cloreto de
cálcio nas concentrações de 0 (água), 0,5, 1,0 e 2,0%. O experimento 2 consistiu de uma, duas e
três pulverizações foliares de nitrato de cálcio nas concentrações de 0 (água), 0,5, 1,0 e 2,0%.
Nos dois experimentos a aplicação das concentrações de cloreto de cálcio e nitrato de cálcio
iniciou após a plena floração e finalizaram uma semana antes da colheita dos frutos. O
delineamento experimental usado foi de blocos ao acaso, com três repetições, sendo as parcelas
distribuídas ao longo da linha de plantio.
Nas plantas dos dois experimentos foram coletadas folhas completas (limbo + pecíolo) do
terço médio dos ramos do ano, no interior e exterior dos diferentes lados da planta, secas, moídas
e preparadas para a análise de cálcio, nitrogênio, potássio e magnésio (TEDESCO et al., 1995).
Na plena maturação os frutos foram colhidos e numa parte dos frutos foram cortadas duas frações
longitudinais triangulares em cada fruto, cortadas de forma radial, incluindo a epiderme.
Posteriormente, as frações foram trituradas e digeridas a 350°C, usando-se uma mistura de ácido
sulfúrico concentrado e água oxigenada 30 volumes e determinado o cálcio, nitrogênio, potássio e
magnésio (TEDESCO et al., 1995).
Resultados e Discussão
O cloreto de cálcio pulverizado uma, duas e três vezes em concentrações crescentes,
aumentou de forma linear a quantidade de cálcio nas folhas (Tabela 1). Os teores deste nutriente
em todas as concentrações e aplicações realizadas ficaram na faixa de interpretação abaixo do
normal, que varia entre 0,66 a 1,63%, e normal, 1,64 a 2,61% (COMISSÃO DE QUÍMICA E
84
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
FERTILIDADE DO SOLO – RS/SC, 2004). Por outro lado, a quantidade deste nutriente no fruto
não foi afetada (Tabela 1). O cloreto de cálcio pulverizado em nenhuma das aplicações alterou a
porcentagem de nitrogênio, potássio e magnésio nas folhas e nos frutos (Tabela 1). Os teores de
nitrogênio nas folhas em todas as concentrações e aplicações ficaram na faixa de interpretação
abaixo do normal, 1,89 a 3,25%, os de potássio ficaram normal, 1,64 a 2,61% e os de magnésio
abaixo do normal, 0,19 a 0,51% (COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO –
RS/SC, 2004).
Tabela 1. Cálcio, nitrogênio, potássio e magnésio nas folhas e nos frutos de pêssego submetidos
à aplicação de cloreto de cálcio.
Folha
Fruto
Nitrogênio Potássio Magnésio
Cálcio Nitrogênio Potássio Magnésio
g kg-1
mg kg-1
1 aplicação
0
15,781
24,05ns
14,62ns
5,69ns
41,64ns
481ns
1805ns
83ns
0,5
15,75
22,09
14,41
5,41
41,14
547
1806
84
1,0
16,35
24,10
15,89
4,88
42,29
545
1825
87
2,0
16,75
23,62
16,00
5,01
41,64
525
1805
86
CV, %
1,40
5,07
9,61
10,96
1,75
8,61
3,34
3,37
2 aplicações
0
16,322
23,50ns
15,90ns
6,30ns
41,14ns
520ns
1820ns
78ns
0,5
16,09
23,74
17,61
5,20
38,76
547
1858
79
1,0
17,10
23,20
16,39
5,60
38,76
613
1885
82
2,0
17,46
23,40
17,47
5,91
42,29
612
1889
83
CV, %
3,36
2,50
5,61
11,56
10,82
7,39
2,21
2,48
3 aplicações
0
15,213
24,15ns
14,00ns
6,20ns
39,64ns
515ns
1738ns
79ns
0,5
14,98
23,90
17,47
4,79
35,24
591
1752
84
1,0
16,10
24,72
17,47
4,66
38,76
535
1778
76
2,0
16,44
24,06
16,93
5,97
41,31
569
1740
85
CV, %
4,83
2,85
13,15
15,00
10,80
7,79
4,09
2,91
ns
= não significativo ao nível de 5% de erro;(1) y = 15,28 + 0,351x (R2 = 0,88*); (2) y = 15,63 + 0,443x (R2 = 0,78*); (3) y
= 14,48 + 0,481x (R2 = 0,79*).
Concentração
Cálcio
O nitrato de cálcio pulverizado uma, duas e três vezes em concentrações crescentes
aumentou de forma linear a quantidade de cálcio nas folhas (Tabela 2), sendo que os teores deste
nutriente em todas as concentrações e aplicações ficaram na faixa de interpretação abaixo do
normal, entre 0,66 a 1,63%, e normal, 1,64 a 2,61% (COMISSÃO DE QUÍMICA E
FERTILIDADE DO SOLO – RS/SC, 2004), como encontrado com o uso de cloreto de cálcio. Já
a quantidade deste nutriente nos frutos não foi afetada (Tabela 2), como observado no cloreto de
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
85
cálcio. Por outro lado, a pulverização de nitrato de cálcio em quantidades crescentes não afetou a
quantidade de potássio e magnésio nas folhas e nem tão pouco a quantidade de nitrogênio,
potássio e magnésio no fruto (Tabela 2). O teor de nitrogênio nas folhas em todas as
concentrações e aplicações foram interpretadas como abaixo do normal (1,89 a 3,25%), para
potássio foi normal (1,31 a 2,06%), igual ao encontrado com a aplicação de cloreto de cálcio, e
para magnésio abaixo do normal (0,19 a 0,51%) e normal (0,52 a 0,83%).
As pulverizações foliares de cálcio e a falta de aumento da sua quantidade no fruto esta
associado ao fato que o seu suprimento é limitado aos tecidos onde é depositado. Somado a isso,
a baixa resposta da aplicação foliar de cálcio esta associado aos teores de cálcio no solo, que nos
dois experimentos foi de 9,30 cmolc dm-3, que é considerado alto (COMISSÃO DE QUÍMICA E
FERTILIDADE DO SOLO – RS/SC, 2004).
Tabela 2. Cálcio, nitrogênio, potássio e magnésio nas folhas e nos frutos de pêssego submetidos
à aplicação de nitrato de cálcio.
Folha
Fruto
Nitrogênio Potássio Magnésio
Cálcio Nitrogênio Potássio Magnésio
g kg-1
mg kg-1
1 aplicação
0
16,151
22,50ns
15,05ns
5,55ns
40,14ns
520ns
1650ns
75ns
0,5
16,25
22,31
17,47
5,39
41,15
510
1646
74
1,0
16,55
22,53
16,79
5,36
39,00
517
1805
77
2,0
16,84
22,55
17,20
5,35
41,15
522
1725
76
CV, %
1,71
3,17
12,21
2,01
4,15
2,26
6,98
6,89
2 aplicações
2
3
ns
0
15,80
23,15
15,75
4,90ns
39,50ns
510ns
1830ns
79ns
0,5
15,33
24,25
16,03
4,94
40,64
512
1858
84
1,0
16,22
24,35
15,25
4,96
40,14
522
1859
81
2,0
16,50
24,28
15,57
5,01
40,15
522
1725
79
CV, %
1,27
1,50
1,21
1,91
4,34
2,00
5,88
5,47
3 aplicações
4
5
ns
0
15,90
23,85
16,55
4,88ns
42,29ns
520ns
1713ns
77ns
0,5
16,22
23,63
19,90
4,77
42,14
520
1776
83
1,0
16,81
24,72
17,47
4,96
42,28
522
1772
77
2,0
17,25
26,25
19,63
4,83
42,29
524
1802
74
CV, %
4,62
2,70
10,73
3,08
1,36
2,20
3,08
7,63
ns
= não significativo ao nível de 5% de erro;(1) y = 15,85 + 0,237x (R2 = 0,96*); (2) y = 15,21 + 0,299x (R2 = 0,57*); (3) y
= 23,13 + 0,349x (R2 = 0,62*); (4) y = 15,38 + 0,464x (R2 = 0,98*); (5) y = 22,54 + 0,829x (R2 = 0,81*).
Concentração
Cálcio
86
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Conclusão
As aplicações foliares de fontes de cálcio em pessegueiro aumentam o seu teor na folha,
mas não afeta o teor de potássio e magnésio, e no fruto, de cálcio, nitrogênio, potássio e
magnésio.
Referências Bibliográficas
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Agrociência, v. 8, p. 31-35, 2002.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
87
EFEITO DA INTERENXERTIA NO CONTROLE DO VIGOR DE PESSEGUEIRO CV.
JUBILEU NA REGIÃO DE PELOTAS, RS
TOMAZ, Z. F. P.1; LIMA, C. S. M.1; GALARÇA, S. P.1; SILVEIRA, S. S.2; RUFATO, A. R.3;
RUFATO, L.4
1
Eng Agro Mestranda do PPGA de Fruticultura de Clima Temperado FAEM UFPel, [email protected],
[email protected], [email protected], 2Estagiária Dep Fitotecnia FAEM UFPel; 3Eng Agro Dr, FAEM
UFPel Dep Fitotecnia, Cx. Postal 354, [email protected];; 4Eng Agro Dr, CAV UDESC,
[email protected]
Introdução
O Rio Grande do Sul é o principal Estado produtor de pêssegos do Brasil, responsável por
aproximadamente 50% da produção nacional da fruta. Por outro lado, o rendimento médio do
Estado, em torno de 7,0 toneladas.ha-1, situa-se entre os menores do País, denunciando a
existência de limitações no sistema de produção convencional da fruta. Neste sistema, prevalece
o manejo e práticas culturais utilizadas pelo produtor de acordo com sua opção de adoção
(GIOLO et al., 2005).
A produção integrada de frutas (PIF) é definida pela IOBC (Internacional Organization
for Biological and Integrated Control of Noxios Animals and Plants), como “o sistema de
produção que gera alimentos e demais produtos de alta qualidade, mediante a aplicação de
recursos naturais e regulação de mecanismos para a substituição de insumos poluentes e a
garantia da sustentabilidade da produção agrícola; enfatiza o enfoque do sistema holístico,
envolvendo a totalidade ambiental como unidade básica; o papel central do agroecossistema; o
equilíbrio do ciclo de nutrientes; a preservação e o desenvolvimento da fertilidade do solo e a
diversidade ambiental como componentes essenciais; métodos e técnicas biológicas e químicas
cuidadosamente equilibradas, levando-se em conta a proteção ambiental, o retorno econômico e
os requisitos sociais” (FACHINELLO et al., 2005).
As técnicas culturais relacionadas à cultura do pessegueiro têm sido fortemente
modificadas nos últimos anos. Passou-se a empregar densidades de plantio mais elevadas,
maximizando-se o aproveitamento da área e também os tratos culturais. O emprego de alta
densidade de plantas traz consigo a demanda por plantas de menor porte, sem, por sua vez,
88
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
reduzirem sua produtividade. Existem várias técnicas que podem ter efeito no controle do vigor
das plantas, como o emprego de porta-enxertos ananizantes, anelamento do tronco e dos ramos
das plantas, emprego de fitorreguladores de crescimento e a produção das mudas com o uso da
interenxertia (RUFATO et al., 2006).
A interenxertia que, segundo Hartmann et al. (1990), consiste na utilização de um fragmento de caule intermediário ou filtro compatível entre o porta-enxerto e o enxerto, pode influenciar no desenvolvimento da copa e das raízes. Esta é uma técnica que, em regra, tem o objetivo de
diminuir o vigor das plantas, aumentar a eficiência produtiva e melhorar a qualidade das frutas,
conforme já verificado em diversas espécies frutíferas, como cerejeira (LARSEN et al., 1987;
ROZPARA et al., 1990), macieira (KOIKE; TSUKAHARA, 1988), pereira (WESTWOOD et al.,
1989), damasqueiro (OGASANOVIC et al., 1991) e ameixeira (GRZYB et al., 1994).
O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito de diferentes comprimentos de
interenxertos de Granada no crescimento vegetativo do pessegueiro cultivar Jubileu em dois
ciclos vegetativos.
Material e Métodos
O experimento foi desenvolvido no Centro Agropecuário da Palma da Faculdade de
Agronomia Eliseu Maciel da Universidade Federal de Pelotas, Brasil. Na execução do
experimento, foi utilizado pomar de pessegueiro da cv. Jubileu interenxertada com interenxertos
da cultivar Granada com 5, 10, 15 e 20 cm de comprimento, mais a testemunha (sem
interenxerto). O porta-enxerto Capdeboscq foi obtido a partir da germinação de seus caroços; o
interenxerto e a cultivar copa foram enxertados através da técnica de borbulhia, em janeiro e
julho de 2001, respectivamente. O pomar foi implantado em 2002, num espaçamento de 1,5 x 5
m. As plantas foram conduzidas em “Fusetto”.
Durante o inverno dos anos de 2005 e 2006 foram avaliadas as variáveis: diâmetro do
tronco do porta-enxerto, do interenxerto e da cultivar copa: obtidos através da média das medidas
longitudinal e transversal a linha de plantio do diâmetro do tronco. No caso do diâmetro do
tronco do porta-enxerto, a medida foi realizada 5 cm abaixo do ponto de enxertia do interenxerto;
no caso do interenxerto, a medida foi realizada na metade do comprimento deste e na cultivar
copa a medida foi realizada 5 cm acima do seu ponto de enxertia; volume da copa: obtido pelas
medidas de largura e espessura da copa e a altura a partir do ponto de inserção do primeiro ramo
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
89
no tronco; altura das plantas: obtida pela medida linear da altura das plantas a partir do ponto de
enxertia da cultivar copa e índice de fertilidade de gemas: foram amostrados quatro ramos de
cada planta de pessegueiro, onde realizou-se a contagem do número de gemas floríferas no ramo
e seu respectivo comprimento, determinando o índice de fertilidade através da relação direta entre
o número de pares de gemas floríferas e o comprimento do ramo.
O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados, com 3 blocos e 5
repetições por tratamento. Os resultados obtidos foram submetidos à análise da variância, e as
médias comparadas pelo Teste Tukey com 5% de probabilidade de erro.
Resultados e Discussão
O índice de fertilidade de gemas no ano de 2005, não diferiu estatisticamente entre os
interenxertos, porém as plantas interenxertadas com interenxerto de 15 cm apresentaram maior
média que os demais tratamentos, confirmando o resultado encontrado por RUFATO et al.
(2006). No ano seguinte (2006) houve diferença significativa estatisticamente, entre os
tratamentos controle e 5 cm de interenxerto e o de 20 cm, observando-se maior índice de
fertilidade de gemas nos dois primeiros tratamentos. Os tratamentos 10 e 15 cm de interenxerto
não diferiram estatisticamente dos demais (Tabela 1).
No ano de 2005, não houve diferença significativa entre as médias das variáves diâmetro
do tronco do porta-enxerto, do interenxerto e da cultivar copa. No caso da primeira variável,
também em 2006, não foram observadas diferenças significativas entre os diferentes
comprimentos de interenxerto. Já em 2006 houve variação significativa entre as médias de
diâmetro do tronco do interenxerto e de diâmetro do tronco da cultivar copa. Para o diâmetro do
tronco do interenxerto, as plantas interenxertadas com interenxerto de 5 cm apresentaram
diâmetro significativamente superior às plantas com interenxerto de 20 cm de comprimento. No
caso do diâmetro do tronco da cultivar copa, a ausência de interenxerto resultou em diâmetro
estatisticamente superior ao tratamento com interenxerto de 20 cm de comprimento (Tabela 1).
O volume da copa não apresentou diferença significativa entre as médias dos tratamentos
nos anos de 2005 e 2006. Sendo que as maiores médias foram verificadas nas plantas sem
interenxerto, contrariando DE ROSSI et al. (2003) que observaram, no caso da macieira, que o
comprimento do interenxerto influenciou o volume de copa.
90
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
O diâmetro do tronco ou área da seção do tronco e volume de copa são variáveis
estreitamente relacionadas. Neste estudo, apesar de ter havido variação significativa entre os
tratamentos, no ano de 2006, para os diâmetros de tronco das três partes da planta, esta variação
não foi observada para o volume da copa.
Tabela 1. Diâmetro do tronco do porta-enxerto, do interenxerto e da copa, volume de copa e
índice de fertilidade de gemas das plantas de pessegueiro ‘Jubileu” interenxertadas com
pessegueiro ‘Granada’, anos 2005 e 2006.
Tratamentos
Índice de
Fertilidade
Diâmetro do PortaDiâmetro do
Diâmetro da Copa Volume da Copa
Enxerto (mm)
Interenxerto (mm)
(mm)
(m3)
Ano
Interenxerto
2005
2006
2005
2006
Sem (controle)
0,42a
0,71a
39.70a
5 cm
0,47a
0,72a
10 cm
0,52a
15 cm
20 cm
2005
2006
2005
2006
2005
2006
34.85a
0
0
33.90a
33.40a
0.85a
2.00a
39.02a
34.78a
42.55a
34.81a
34.02a
32.51ab 0.67a
1.92a
0,70ab
33.41a
32.12a
31.37a
30.55ab
29.12a
29.47ab 0.49a
1.21a
0,50a
0,75ab
43.32a
34.88a
40.31a
33.81a
35.93a
31.99ab 0.82a
1.85a
0,42a
0,62 b
27.95a
30.66a
25.53a
28.95 b
21.48a
21.46 b
1.02a
0.32a
* Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de
probabilidade de erro.
Conclusão
O emprego de interenxerto exerceu influência sobre o diâmetro do tronco tanto do portaenxerto, como do interenxerto e da cultivar copa, principalmente no último ano do estudo, porém
esta influência não foi confirmada no caso do volume da copa das plantas.
Referências Bibliográficas
DE ROSSI, A. et al. Comportamiento vegetativo del manzano ‘Imperial Gala’ con diferentes
longitudes de intermediario de EM9. Información Técnica Económica Agraria. v. 99, p. 140146, 2003.
FACHINELLO, J. C.; TIBOLA, C. S.; PICOLOTTO, L.; DE ROSSI, A.; RUFATO, L.
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Convencional. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 27, n. 1, p. 64-67, 2005.
GIOLO, F. P.; GRÜTZMACHER, A. D.; MANZONI, C. G.; FACHINELLO, J. C.;
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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Integrada
de
Pêssego
a
Trichogramma
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Brasileira
91
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GRZYB, Z. S.; ROZPARA, E.; HARTMANN, W. The influence of different interstems on
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92
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
“AGIR”: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES
DE MORANGO DE ATIBAIA E JARINU (SP) PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA
PRODUÇÃO INTEGRADA1
HAMMES, V. S.2; CALEGARIO, F. F.3; SILVA, T. A.4
1
Apoio financerio: CNPq (Processo 48.0016/2004-6); 2Engenheira Agrônoma, Embrapa Meio Ambiente, Rod SP
340 - km 127,5, Jaguariúna, SP, [email protected]; 3Engenheira Agrônoma, Embrapa Meio Ambiente,
Rod SP 340 - km 127,5, Jaguariúna, SP, [email protected], 4Bolsista CNPq, Graduação em Engenharia
Ambiental, Unipinhal, Espírito Santo do Pinhal, SP, [email protected].
Introdução
Em abril de 2006, a Embrapa Meio Ambiente em parceria com a Prefeitura da Estância de
Atibaia (convênio nº 21300.04/0003-3) e a Associação dos Produtores de Morangos e
Hortifrutigranjeiros de Atibaia, Jarinu e Região iniciou na região uma seqüência de eventos de
educação e conscientização ambiental da cadeia produtiva visando estimular a implementação da
Produção Integrada de Morangos (PIMo).
Configurou-se um grupo representativo da cadeia produtiva de morango local formado
por produtores, engenheiros agrônomos, técnicos agrícolas, gestores públicos e representantes de
revendas de produtos agropecuários. De acordo com a Macroeducação (HAMMES, 2004), o
processo construtivista e participativo de conscientização ambiental de um grupo proporciona a
re-construção do conhecimento da realidade ambiental local, segundo a práxis socioambiental
“Ver, Julgar e Agir” e subsidia a tomada de decisão de “mudança ou não de atitude”. Neste caso,
orienta a decisão sobre a adoção ou não da PIMo, mais especificamente nas áreas temáticas de
capacitação e organização de produtores conforme o Marco Legal da Produção Integrada de
Frutas do Brasil (ANDRIGUETO; KOSOSKI, 2002). Após o “Ver” da microrregião e das
propriedades rurais e o “Julgar” das vantagens e dificuldades da produção de morangos na região
(CALEGARIO et al., 2006a, 2006b, 2006c, 2006d; HAMMES et al., 2006), realizou-se o “Agir”,
que corresponde à fase de decisão e planejamento do processo de mudança de atitude. Este
trabalho visa descrever esta etapa, que resultou no Planejamento Estratégico da Associação dos
Produtores de Morangos e Hortifrutigranjeiros de Atibaia, Jarinu e Região (SP) para a
implementação da PIMo.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
93
Material e Métodos
Este trabalho foi estruturado numa programação de dias de campo, oficinas ou reuniões
técnicas organizados de forma construtivista, cuja participação dos atores sociais foi orientada
por planilhas obtidas pela decomposição do conhecimento sobre a realidade ambiental em “Ver”,
“Julgar” e “Agir”, utilizando técnicas de diagnóstico, avaliação de impacto e gestão ambiental,
respectivamente. O “Agir”, objeto deste trabalho, iniciou-se pela análise das planilhas sobre os
problemas agrupados pelos temas: a) Vizinhança e Planejamento da Cidade; b) Gestão Ambiental
Integrada dos Recursos Naturais; c) Questões de Pré-Colheita na Produção de Morango; e d)
Questões de Pós-colheita na Produção de Morango. Tais planilhas orientaram a priorização de
soluções e os encaminhamentos pelas entidades competentes presentes, a partir da análise da
diferença entre Importância (escala de 5 a 1, variando da mais para a menos importante) e o
Prazo (escala de 0 a 4, variando de emergencial a longo prazo), sendo que este último
considerava tempo, custo e urgência para a correção do problema. As planilhas foram
enriquecidas com as palestras “Fortalecimento da Associação” e “Você está disposto a arriscar?”,
que contribuíram para a estruturação de questionamentos, orientação resolutiva do debate em
torno dos problemas de maior relevância (pontuação 5), e o realinhamento das decisões. Para
caracterizar o “status” da organização associativa do grupo e analisar os benefícios oferecidos
pelas associações, foi realizada uma dinâmica dialógica de questionamentos sobre a infraestrutura, serviços e taxas, assim como a relação de pessoas associadas. Em seguida, foi
apresentado um documento de referência de planejamento estratégico para o processo de
implementação da PIMo, composto por: Apresentação; Introdução; Plano de ação de
implementação da PIMo (visão de futuro, missão, visão, valores, foco da atuação, objetivos
gerais, estratégias de implementação e de continuidade do processo); e a Matriz de
responsabilidades.
Resultados e Discussão
A atividade de educação ambiental relativa ao “Agir” para o aprimoramento da percepção
ambiental na tomada de decisão do grupo para a implementação da PIMo em Atibaia e Jarinu
resultou na estruturação de uma programação de eventos, conforme a Tabela 1:
O tempo de resposta do processo de re-construção do conhecimento sobre a realidade
ambiental em “Ver”, “Julgar” e “Agir” foi de 11 meses, sendo que a etapa “Agir” levou 6 meses.
94
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Tabela 1. Seqüência de cinco eventos e contribuições de educação ambiental para promover o “Agir”, ou
seja, a percepção da gestão ambiental para a implementação da Produção Integrada de Morangos na região
de Atibaia e Jarinu (SP).
Contribuições e encaminhamentos dos eventos
Evento 1
Alternativas para Tomada de Decisão na PIMo
Natureza
Dia de campo
Data: 19/10/2006
O grupo, auxiliado por especialistas, priorizou os problemas, apontou as ações preventivas, corretivas e mitigadoras, e as instituições
competentes presentes assumiram compromissos de providenciar as medidas preliminares.
Problemas identificados como prioritários e encaminhados a:
ü Agentes Públicos
ü Grupo de Agricultura:
1. a – falta planejamento dos produtores para a adoção de Boas Práticas Agrícolas (BPA);
2. b – degradação do solo; e
3. c – dificuldades para encontrar mudas de qualidade
ü Grupo do Meio Ambiente: degradação dos recursos hídricos
ü Grupo do Planejamento: falta planejamento do uso e ocupação do espaço rural, urbano e industrial
ü Associação de Produtores
ü Necessidade de fortalecimento da Associação para promover a adoção de Boas Práticas Agrícolas (BPAs)
Evento 2
Tomada de decisão rumo à PIMO
Natureza
Reunião técnica
Data: 05/12/2006
As ações foram priorizadas e os representantes das Secretarias Municipais de Planejamento, Agricultura e Meio Ambiente, bem
como da Associação apresentaram os encaminhamentos e o comprometimento, segundo a percepção sobre a viabilidade das ações,
parcerias e o enfrentamento de pontos críticos. As palestras motivaram o debate resolutivo aos questionamentos gerados, cujas
respostas registradas em fichas foram agrupadas por instituição competente e colocadas numa seqüência por ordem de realização.
Além da necessidade óbvia de capacitação técnica, o debate gerou inúmeros questionamentos que em síntese eram: Quem somos? O
que queremos ser? E como conquistar isso? E, por fim: Queremos adotar a PIMo? Isto resultou na percepção do grupo sobre a
dispersão dos produtores em várias associações ou não associados, na necessidade de se organizarem em um único grupo, na decisão
consciente de adotarem a PIMo e a necessidade de se planejarem para isso. Para tanto, foi considerada uma ação emergencial o
fortalecimento da organização associativa do grupo, que ainda estava indefinido. Além de fundamental, o estabelecimento do
processo de implementação da produção integrada e das responsabilidades individuais, pertinentes e integradoras, culminou com a
necessidade de registro desse processo, identificada como a elaboração participativa do Planejamento Estratégico da ação coletiva e
da gestão individual das propriedades rurais.
Evento 3
Planejamento Estratégico do Grupo Piloto de Implementação da PIMo
Natureza
Oficina
Data: 11/01/2007
Na caracterização das associações verificou-se que o grupo de produtores é formado por 4 não associados, 8 da Associação dos
Produtores de Morangos e Hortifrutigranjeiros de Atibaia, Jarinu e Região e 1 da Associação Hortifrutiflores de Jarinu. Os
produtores do grupo se reorganizaram, uns migraram, outros se integraram à Associação dos Produtores de Morangos e
Hortifrutigranjeiros de Atibaia, Jarinu e Região, mais estruturada e focada na produção de morango. Além disso, foi planejado o
processo de implementação da PIMo, do qual resultou no delineamento do calendário agrícola, na busca por um local de
comercialização pública, na criação de uma logomarca que reúne a logomarca da Associação, com a logomarca da PIF e mais as
palavras tradição, confiança e segurança, e na elaboração do Planejamento Estratégico composto por plano de ação e matriz de
responsabilidades e parcerias com coordenador, secretaria executiva, articulador, responsável técnico, organizador de eventos, apoio
comercial, apoio jurídico, normatização e certificação. Segundo as competências, identificaram parcerias, apoios e patrocinadores
potenciais: Embrapa, Prefeitura, Outras associações, Conselho de Desenvolvimento Rural, Sindicato Rural, SAAE, CEAGESP,
Revendas, MAPA, CATI, Universidades, Instituto de Pesquisas e Profissionais Autônomos.
Evento 4
Ação Gerencial da Implementação da PIMo
Natureza
Oficina
Data: 15/02/2007
O grupo de adesão à PIMo se associou conforme combinado. O grupo é formado por 12 produtores de morango, sendo 4 pequenos
(cultivam até 1000 plantas), 7 médios (cultivam de 10.000 a 200.000 plantas) e 1 grande (cultiva 1.200.000 plantas), representando
um total 2.464.500 mudas plantadas, e o compromisso de formação de talhões de 20 mil mudas para serem utilizados na pesquisaação da PIMo. Dentre os parceiros, destaca-se a Secretaria de Agricultura articulando a obtenção de recursos do orçamento
participativo e a contratação de estagiário. Os produtores definiram a logomarca (Figura 1) deste trabalho e se programaram também
para apresentarem sugestões para a proposta de norma e caderno de campo a serem utilizados ao longo da capacitação técnica, cujos
temas foram selecionados.
Evento 5
Consolidação do Planejamento Estratégico e Gerencial da PIMo
Natureza
Reunião
Data: 04/04/2007
Foram feitas as alterações sugeridas no encontro anterior, principalmente na matriz de responsabilidades e parceria. Foi definido o
Planejamento Estratégico Participativo da Implementação da Produção Integrada de Morangos pela Associação de Produtores de
Hortifrutigranjeiros de Atibaia e Jarinu e formado uma Comissão Técnica Local.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
95
Figura 1. Logomarca do Projeto de Implementação da Produção Integrada da Associação dos
Produtores de Morangos e Hortifrutigranjeiros de Atibaia, Jarinu e Região (SP).
Conclusão
Este trabalho permite concluir que a Macroeducação é uma ferramenta metodológica
aplicável às áreas temáticas de capacitação e organização de produtores indicadas no Marco
Legal da Produção Integrada de Frutas do Brasil. A descrição da etapa “Agir” demonstrou que a
Macroeducação é eficaz na conscientização ambiental e integração dos diversos elos da cadeia
produtiva, contribuindo para a organização associativa ou o seu fortalecimento. A eficiência da
“construção” desse processo decisório foi evidenciada pelo curto tempo de resposta e a
efetividade pelo Planejamento Estratégico Participativo, que se apresenta como um registro
palpável da decisão do grupo em implementar a PIMo.
Referências Bibliográficas
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do Brasil. Brasília, DF: MAPA, SARC, 2002. 60 p.
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potencial da microrregião de Atibaia/Jarinu para adoção da produção integrada de morango. In:
SEMINÁRIO BRASILEIRO DE PRODUÇÃO INTEGRADA, 8., 2006, Vitória, ES. Anais...
Vitória: Incaper, 2006a. p. 257.
CALEGARIO, F. F.; HAMMES, V. S.; SILVA, T. A. da; BAGDONAS, N. F. C. Ver 1:
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integrada de morango. In: SIMPÓSIO NACIONAL DO MORANGO, 3.; ENCONTRO SOBRE
PEQUENAS FRUTAS E FRUTAS NATIVAS DO MERCOSUL, 2., 2006, Pelotas. Resumos...
Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2006b. p. 101-106.
96
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
CALEGARIO, F. F.; HAMMES, V. S.; SILVA, T. A. da; BAGDONAS, N. F. C. Ver 2:
Percepção do diagnóstico ambiental das propriedades rurais de Atibaia/Jarinu para adoção da
produção integrada de morango. In: SIMPÓSIO NACIONAL DO MORANGO, 3.; ENCONTRO
SOBRE PEQUENAS FRUTAS E FRUTAS NATIVAS DO MERCOSUL, 2., 2006, Pelotas.
Resumos... Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2006c. p. 135-142.
CALEGARIO, F. F.; HAMMES, V. S.; SILVA, T. A. da; BAGDONAS, N. F. C. Dificuldades e
vantagens da produção de morangos segundo a percepção de produtores de Atibaia e Jarinu. In:
SIMPÓSIO NACIONAL DO MORANGO, 3.; ENCONTRO SOBRE PEQUENAS FRUTAS E
FRUTAS NATIVAS DO MERCOSUL, 2., 2006, Pelotas. Resumos... Pelotas: Embrapa Clima
Temperado, 2006d. p. 193-200.
HAMMES, V. S. (Ed.). Proposta metodológica de macroeducação. 2. ed. São Paulo: Globo,
2004. 280 p. (Educação ambiental para o desenvolvimento sustentável, v. 2.).
HAMMES, V. S.; CALEGARIO, F. F.; SILVA, T. A. da; BAGDONAS, N. F. C. Diagnóstico do
potencial de propriedades rurais de Atibaia/Jarinu para adoção da produção integrada de
morango. In: SEMINÁRIO BRASILEIRO DE PRODUÇÃO INTEGRADA, 8., 2006, Vitória,
ES. Anais... Vitória: Incaper, 2006. p. 258.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
97
CERTIFICAÇÃO PARTICIPATIVA E GESTÃO AMBIENTAL DA PRODUÇÃO
INTEGRADA DE MORANGO1
BUSCHINELLI, C. C. de A.2; CALEGARIO, F. F.3; BUENO, S. C. S.4; LINO, J. S.5;
PASTRELLO, B. M. C.6; RODRIGUES, G. S.7
1
Apoio financeiro: CNPq (Processo: 48.0016/2004-6); 2Ecólogo, Embrapa Meio Ambiente, C.P. 69, 13820-000,
Jaguariúna/SP, [email protected]; 2Enga Agra, Embrapa Meio Ambiente, C.P. 69, 13820-000,
Jaguariúna/SP, [email protected]; 3Enga Agra, Coordenadoria de Assistência Técnica Integral, São Bento do
Sapucaí/SP, 12490-000, [email protected]; 4Estudante de Ecologia, Embrapa Meio Ambiente, C.P. 69,
13820-000, Jaguariúna/SP, [email protected]; 5Estudante de Eng. Ambiental, C.P. 69, 13820-000,
Jaguariúna/SP, [email protected]; 6Ecólogo, Embrapa Labex Europe, Agropolis International,
Montpellier CEDEX 5, 34394, França, [email protected].
Introdução
No Brasil, a produção de morangos é de cerca de 100 mil toneladas, em uma área
cultivada de 3.500 hectares. Minas Gerais é o maior produtor nacional, seguido por São Paulo e
Rio Grande do Sul, sendo caracterizada pelo emprego de alta tecnologia e exigência em mão-deobra, principalmente na época da colheita, que é longa e gera em torno de quatro empregos
diretos por hectare (NAPOLEÃO, 2007). Além da questão simplesmente produtiva, a sociedade
começa a diferenciar e valorizar produtores que manejam responsavelmente o ambiente e os
recursos naturais, como forma de compensação e incentivo pela conservação. Iniciativas de
certificação permitem essa compensação do produtor, ao registrar e avaliar a eficácia de
investimentos e dedicação a adequadas práticas de manejo. A certificação de qualidade, que
busca diferenciar capacidades institucionais padronizadas, auditadas por agentes de terceira parte,
é frequentemente de difícil alcance para iniciativas locais e de pequenos produtores familiares
(característica de muitos produtores de morango), podendo ser alternativamente concebidos
sistemas de certificação participativa e inclusiva para preparação de produtores interessados em
ingressar no programa PIF (CAMPANHOLA et al., 2006).
Neste contexto, a Embrapa Meio Ambiente desenvolveu o Sistema de Avaliação
Ponderada de Impacto Ambiental de Atividades do Novo Rural (APOIA-NovoRural), um
instrumento de gestão ambiental participativo da atividade produtiva, aplicável no âmbito do
estabelecimento rural (RODRIGUES; CAMPANHOLA, 2003) e com caráter territorial quando
estes são avaliados coletivamente (RODRIGUES et al., 2007b). Nos últimos quatro anos, o
98
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
sistema vem sendo validado em centenas de estabelecimentos rurais, envolvendo uma variedade
de atividades produtivas, tais como: Unidades familiares, Atividades extrativas e Carcinicultura
(PB), Estabelecimentos dedicados à Horticultura Orgânica e Convencional, ao Agroturismo,
Pesque-pagues e Agricultura Ecológica nas regiões Sudeste e Sul; bem como em
estabelecimentos dedicados à Estrutiocultura, Agricultura de Precisão, Produção de Oleaginosas
para geração de Biocombustível e Produção Integrada de Frutas em todas as regiões do Brasil
(RODRIGUES et al., 2007a, 2007b; RODRIGUES et al., 2006). A estratégia de divulgação inclui
a apresentação em cursos de capacitação em produção integrada de frutas como o promovido
recentemente para pêssego e ameixa (BUSCHINELLI et al., 2007).
O objetivo deste trabalho é apresentar uma estratégia de gestão ambiental participativa e
voluntária dirigida aos produtores rurais, de forma a auxiliar a eco-certificação de suas atividades
produtivas, tendo como exemplo, a preparação de produtores para ingresso na produção integrada
de morango (PIMo).
Material e Métodos
O Sistema APOIA-NovoRural é constituído de cinco dimensões de avaliação
identificadas como Ecologia da Paisagem, Qualidade dos Compartimentos Ambientais
(Atmosfera, Água e Solo), Valores Socioculturais, Valores Econômicos e Gestão e
Administração (RODRIGUES; MOREIRA-VIÑAS, 2007), que comportam um total de 62
indicadores integrados em matrizes escalares de ponderação construídas em plataforma MSExcel®, resultando em Índices de Impacto para cada indicador, para as dimensões de avaliação e
em um Índice Geral de Impacto da atividade.
A estratégia utilizada na avaliação, que partiu do interesse de produtores e extencionistas
locais, envolveu as seguintes etapas: i) curso para produtores, extensionistas, pesquisadores,
envolvendo um componente teórico com detalhamento da metodologia; ii) dia de campo para o
preenchimento das matrizes com vistoria de estabelecimento/coleta de dados junto ao produtor e
de amostras de solo e água para análises de laboratório; iii) reunião final para entrega do
Relatório Técnico de Gestão Ambiental, indicando medidas corretivas para os impactos negativos
diagnosticados e políticas públicas pertinentes.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
99
Resultados
Como uma atividade do Projeto Produção Integrada de Morango e com apoio da
Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), foram realizados em São Bento do
Sapucaí (SP) nos dias 25 e 26/10/2006 o curso “Eco-Certificação da Produção de Morango" (14
participantes) e o dia de campo “Eco-Certificação da Produção de Morango" (21 participantes).
Na oportunidade foram avaliados dois estabelecimentos representativos da realidade local, um
muito diversificado (Estabelecimento A) e outro especializado na produção de morango (B),
cujos resultados são apresentados na Figura 1.
Figura 1. Níveis de sustentabilidade para estabelecimentos participantes do Programa de
Produção Integrada de Morango (PIMo) em São Bento do Sapucaí (SP), de acordo com o
“Sistema APOIA-NovoRural”. A linha mais destacada do gráfico representa o desempenho
obtido na avaliação e a linha mais clara mais próxima ao centro, a linha de base de conformidade
ambiental; índices de impacto ambiental da atividade nos dois estabelecimentos.
A avaliação da produção de morangos indicou que a atividade apresenta contribuições
importantes para a sustentabilidade dos estabelecimentos rurais. O Índice Geral de Impacto
alcançado (0,79 nos dois estabelecimentos) indica a tendência ao cumprimento com a linha de
base de conformidade ambiental (0,70), podendo ser empregado como um dos instrumentos
documentados para busca de uma certificação da gestão ambiental da atividade. Todas as
Dimensões avaliadas apresentaram valores superiores ou na linha de base de conformidade
100
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
ambiental, indicando contribuições do manejo praticado para a sustentabilidade. O índice médio
de sustentabilidade para Ecologia da Paisagem atingiu 0,72 e 0,75 para os estabelecimentos A e
B, respectivamente, apesar das restrições impostas pelo relevo da região. Um contraste principal
ocorreu no indicador de Diversidade produtiva (índices = 0,47 e 0,69, respectivamente, para os
estabelecimentos A e B), que representa uma medida importante das alternativas para a geração
de renda e segurança econômica das fazendas contra as flutuações de mercado. A qualidade de
água excelente (valores médios = 0,92 e 0,88 para os estabelecimentos A e B, respectivamente) e
as melhorias notáveis na qualidade do solo (0,69 e 0,70) foram associadas à PIMo. Importantes
contribuições foram associadas também com os Valores econômicos e Sócio-cultural. O contraste
principal observado entre os estabelecimentos foi a melhor influência do programa PIMo na
dimensão da gerência e da administração na fazenda diversificada (estabelecimento A), devido às
condições muito melhores de comercialização devido à integração de várias atividades
produtivas.
Conclusões
A Produção Integrada de Frutas pode ser avaliada utilizando-se o Sistema APOIANovoRural, buscando-se retratar os principais pontos favoráveis e aqueles que apresentam
problemas ao desempenho ambiental do estabelecimento, constituindo-se em um instrumento de
suporte à certificação participativa e voluntária.
O Sistema é adequado e aplicável a diferentes setores produtivos rurais, mesmo
considerando seus aspectos peculiares. É válida sua aplicação como um instrumento
documentado para a certificação participativa da atividade, segundo o desempenho ambiental
alcançado. O “Relatório de Gestão Ambiental” entregue aos produtores com análise crítica e
participativa, interpreta os índices de impacto e indica alternativas de formas de manejo e
tecnologias que permitam minimizar os impactos negativos e potencializar os impactos positivos,
contribuindo para o desenvolvimento local sustentável.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
101
Referências Bibliográficas
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PÊSSEGOS E AMEIXAS, 2., 2007, Curitiba. Anais... Curitiba: UFPR, 2007. p. 34-48.
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desenvolvimento rural sustentável. In: GEBLER, L.; PALHARES, J. C. P. Gestão ambiental na
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RODRIGUES, G. S., CAMPANHOLA, C., RODRIGUES, I. A.; FRIGHETTO, R. T. S. Gestão
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RODRIGUES, G. S.; RODRIGUES, I. A.; BUSCHINELLI, C. C. de A.; LIGO, M. A.; PIRES,
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Curitiba: Fundação O Boticário, 2007b. p. 51-52.
102
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
DIÁRIO DE CAMPO: FERRAMENTA PARA DESENVOLVER O HÁBITO DE
REGISTRAR PROCEDIMENTOS NA PRODUÇÃO INTEGRADA DE MORANGO1
ABREU, A. C. de2; CALEGARIO, F. F.3; OLIVEIRA, P. G. de4; ROSENTE, H.5; BORGES, A.
C.6; IWASSAKI, L. A.7
1
Apoio financeiro: CNPq (Processo 48.0016/2004-6); 2Engenheiro Agrônomo, R. dos Lírios, 580, Atibaia, SP,
12945-540, [email protected]; 3Engenheira Agrônoma, Pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente, C.P. 69,
Jaguariúna, SP, 13820-000, [email protected]; 3Produtor Rural, coordenador do Grupo da Produção
Integrada de Morango de Atibaia, Jarinu e Região, Sítio Giraldi, Rod. Dom Pedro I, km 75,5, Atibaia, SP (11)73163446; 4Engenheiro Agrônomo, Diretor Técnico da Secretaria de Agropecuária e Abastecimento, Prefeitura da
Estância de Atibaia, Rua José Pires, 514, Atibaia, SP, 12940-650, [email protected]; 6Produtor Rural, R. Padre
Antônio Pascoal, s/nº, Estiva, MG, 37542-000, (35)9957-5660; 7Engenheira Agrônoma, R. dos Japoneses, 148/404,
Guarulhos, SP, 07197-140, [email protected].
Introdução
Segundo as Normas Técnicas Gerais para a Produção Integrada de Frutas (NTGPIF),
descritas no Marco Legal da Produção Integrada de Frutas (PIF) do Brasil, é obrigatório o
registro de dados da cultura necessários à adequada gestão da PIF. A elaboração de cadernos de
campo e de pós-colheita, atualizados e fiéis à realidade, é necessária para garantir a
rastreabilidade (ANDRIGUETO; KOSOSKI, 2002). Assim sendo, rastreabilidade e cadernos de
campo e de pós-colheita são pressupostos também para a adoção da Produção Integrada de
Morango (PIMo) (ANTUNES et al., 2007).
A fim de cumprir com os preceitos da NTGPIF, porém, em função da heterogeneidade de
níveis técnicos entre produtores, bem como da falta de costume em registrar procedimentos
realizados no campo, o grupo da PIMo de Atibaia, Jarinu e Região propôs, de forma participativa,
a elaboração de um sistema simplificado de anotações.
O objetivo deste trabalho é apresentar um sistema simplificado de registros como
alternativa para iniciar a anotação de procedimentos em uma lavoura de morangos onde essa
prática ainda não tenha sido incorporada.
Material e Métodos
Produtores e engenheiros agrônomos de Atibaia, Jarinu e Região, cientes da necessidade
de registrar os procedimentos realizados na lavoura, analisaram uma proposta de caderno de
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
103
campo da PIMo, elaborada em nível nacional, confirmando que se tratava de uma forma muito
complexa para o nível tecnológico dos produtores de morango. Com base em métodos próprios
que já estavam sendo utilizados em Atibaia, Jarinu (SP) e Estiva (MG), este grupo analisou as
formas usuais de se anotar os procedimentos, resgatando calendários, cadernetas de bolso e
realizando uma intensa troca de informações e idéias em busca de propor uma forma mais
simples de anotar os procedimentos na PIMo.
A estratégia utilizada na elaboração, divulgação e avaliação dos diários de campo
envolveu as seguintes etapas: i) reunião entre produtores e técnicos para elaboração de
reprodução dos documentos; ii) dia de campo para entregar os diários de campo a cada produtor
ligado ao Programa PIMo, cadastrar esses produtores e instruir como registrar os procedimentos;
iii) dia de campo para avaliar o andamento do preenchimento do diário de campo através de
questionários aos produtores; iv) visitas técnicas para vistoria das propriedades e diários de
campo, com transferência de dados dos diários para os cadernos de campo.
Resultados e Discussão
O sistema criado consiste em uma encadernação denominada diário de campo, contendo a
logomarca do grupo, as informações cadastrais do produtor e do responsável técnico, uma lista de
procedimentos que devem ser registrados diariamente – lembrete (Figura 1a) e várias páginas
semelhantes a um calendário (Figura 1b).
Figura 1. a) Página inicial do diário, lembrando os itens que o produtor não pode esquecer de
anotar; b) Páginas principais, em forma de calendário, referentes aos dias/meses ao longo da
safra.
104
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
A Embrapa Meio Ambiente em parceria com as Prefeituras da Estância de Atibaia e de
Jarinu e com a Associação de Produtores de Morangos e Hortifrutigranjeiros de Atibaia, Jarinu e
Região realizou eventos e visitas técnicas para divulgar esse sistema de registro. Para distribuir o
diário, instruir como utilizá-lo e coletar informações sobre o grupo que iniciou a implementação
do sistema no campo, foi realizado no dia 26/04/07 o dia de campo “Orientação para
Preenchimento de Diário de Campo da PIMo" (15 participantes). Nessa ocasião, informou-se que
esse diário de campo deveria ser preenchido diariamente, sendo obrigatórias as anotação das
seguintes informações: praga ou doença observada na cultura; adubação (adubo, tipo, marca,
formulação, empresa, horário, quantidade, forma de adubação – cobertura, incorporação, ou
foliar); tratamentos fitossanitários (justificativa para aplicação, nome comercial do produto, dose
do produto, volume de calda, equipamento utilizado, horário de pulverização); irrigações
realizadas (quantidade de água, tempo, sistema adotado); colheita de morangos (tipo de morango
colhido – indústria ou mercado de morango fresco, quantidade de caixas colhidas, massa de
morangos contida em cada caixa, problemas observados); parcela onde estão sendo realizados os
procedimentos. Os produtores que receberam os diários responderam a um questionário, que
serviu para caracterizar o grupo de acordo com a Tabela 1.
Tabela 1. Característica do grupo que recebeu os diários de campo (código do produtor, local de
origem, total de plantas cultivadas nos sistemas convencional (PC) e de produção Integrada
(PIMo), responsáveis pelo registro de procedimentos e pela assistência técnica).
Código do
produtor
1
2
Origem
(Cidade, Estado)
Atibaia, SP
Atibaia, SP
PC + PIMo
(nº de plantas)
600
15.700
PIMo
(n° de plantas)
600
15.700
3
Jarinu, SP
100.000
2.000
0
28.000
1.200.000
14.000
250.000
80.000
88.000
300.000
12.900
150.000
116.000
363.000
2.239.200
2.718.200
0
1.500
10.000
2.000
2.000
2.000
1.500
2.000
12.900
1.500
6.000
363.000
53.700
422.700
4
Jarinu, SP
5
Jarinu, SP
6
Atibaia, SP
7
Atibaia, SP
8
Jarinu, SP
9
Atibaia, SP
10
Jarinu, SP
11
Jarinu, SP
12
Atibaia, SP
13
Jarinu, SP
14
Jundiaí, SP
15
Imbituva, PR
Total Atibaia e Jarinu (SP)
Total Geral
Responsável pelos
registros
A própria
O próprio
Funcionário ou o
próprio
O próprio
O próprio
O próprio
Funcionário
O próprio ou esposa
O próprio
Funcionário
O próprio
Produtor, técnico
-
Responsável pela
assistência técnica
Ninguém
Eng. agrônomo
Revendas
Revendas
Revendas
Revendas
Revendas
Revendas
Ninguém
Revendas
O próprio
Eng. Agrônomo
-
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
105
O grupo que recebeu orientações para preenchimento de diário de campo é formado por
15 produtores que juntos cultivam um total de 2.718.200 plantas (Tabela 1). Além dos produtores
de Atibaia e Jarinu, no grupo existe um produtor de Jundiaí (SP) e um engenheiro agrônomo de
Imbituva (PR) que presta assistência a 50 propriedades no Paraná, onde se almeja adotar a PIMo
em área total. Na maioria dos casos, o próprio produtor assume a responsabilidade de anotar os
dados no diário. A grande maioria recebe assistência técnica das revendas de produtos
agropecuários, fato que merece atenção, assim como os dois produtores que afirmaram não
receber assistência alguma.
Associado ao diário de campo existe um caderno de campo na forma tradicional, que
poderá ser futuramente auditado por certificadoras. O técnico responsável deverá transcrever
periodicamente para o caderno de campo todas as informações anotadas no diário, verificando se
o preenchimento do mesmo está correto. A Prefeitura da Estância de Atibaia está buscando a
contratação de um engenheiro agrônomo para acompanhar as atividades nas propriedades rurais
envolvidas no programa PIMo, inclusive o acompanhamento dos diários. No entanto, a
dificuldade na contratação desse profissional levou profissionais de empresas públicas e privadas
a formar, em caráter emergencial, um Grupo Técnico Local para dar apoio aos produtores. Com o
passar do tempo, a meta é que os produtores aprendam a registrar os procedimentos diretamente
no caderno de campo tradicional.
Decorridos pouco mais de dois meses da distribuição dos diários, visando avaliar a
receptividade aos mesmos, bem como as dificuldades que o grupo estava enfrentado com sua
adoção, foi realizado no dia 04/07/07 o dia de campo "Verificação do Preenchimento de Diários
de Campo da PIMo” (15 participantes). Através de debates e questionários, foi reforçada a
necessidade da contratação de um responsável técnico para acompanhamento das atividades do
grupo (principal deficiência). Alguns produtores afirmaram não encontrar dificuldades em
preencher os diários, sendo que dois produtores já estão registrando diretamente no caderno de
campo tradicional. Dentre as maiores dificuldades citadas pelos produtores estão: falta de
equipamento para medições na propriedade, falta de técnicos treinados, tempo gasto no
preenchimento, dificuldade em relatar alguma doença, dificuldade em saber se a adubação está
correta, depender do funcionário anotar todos os dias. As vistorias estão apenas iniciando.
106
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Conclusão
O diário de campo é uma ferramenta útil, capaz de desenvolver nos produtores o hábito de
anotar os procedimentos realizados no campo. Este documento de registro, mais simples que o
caderno de campo tradicional, teve boa aceitação por parte dos produtores de morangos, sendo
indicado para emprego em culturas em estágio inicial de implementação da PIMo. Este método é
uma forma de desenvolver no mais simples funcionário ou meeiro, desde que alfabetizado, o
hábito de realizar os registros. No entanto, há necesidade de melhoria do método de transferência
dos dados do diário de campo para o caderno de campo e da garantia de assistência técnica,
visando à obtenção de um documento auditável pelas certificadoras.
Referências Bibliográficas
ANDRIGUETO, J. R.; KOSOSKI, A. R. (Org.). Marco legal da produção integrada de frutas
do Brasil. Brasília, DF: MAPA, SARC, 2002. 60 p.
ANTUNES, L. E. C.; FILHO, J. D.; CALEGARIO, F. F.; COSTA, H.; JÚNIOR, C. R. Produção
integrada de morango (PIMo) no Brasil. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 28, n. 236,
p. 34-39, jan./fev. 2007.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
107
ESTRATÉGIA OPERACIONAL DE IMPLEMENTAÇÃO TÉCNICA DA PRODUÇÃO
INTEGRADA DE MORANGO EM ATIBAIA E JARINU1
CALEGARIO, F. F.2; HAMMES, V. S.2; SILVA, T. A.3; BAGDONAS, N. F. C.4
1
Apoio financeiro: CNPq (Processo 48.0016/2004-6); 2Engenheiras Agrônomas, Pesquisadoras da Embrapa Meio
Ambiente, C.P. 69, Jaguariúna, SP, 13820-000, [email protected] e [email protected];
3
Acadêmico de Engenharia Ambiental, Unipinhal, Espírito Santo do Pinhal, SP, Bolsista CNPq da Embrapa Meio
Ambiente, [email protected]; 4Acadêmica de Engenharia Ambiental, Unesp, Rio Claro, SP, Estagiária do
Departamento de Meio Ambiente da Prefeitura da Estância de Atibaia, [email protected].
Introdução
Em maio de 2006, a Embrapa Meio Ambiente, em parceira com a Prefeitura da Estância
de Atibaia e com a Associação dos Produtores de Morangos e Hotifrutigranjeiros de Atibaia,
Jarinu e Região, iniciou a organização de um grupo de produtores, técnicos agrícolas,
engenheiros agrônomos, gestores públicos e representantes de revendas de produtos
agropecuários com objetivo de promover a adoção da Produção Integrada de Morango (PIMo).
Seguindo uma seqüência de eventos, foi utilizada a Macroeducação (HAMMES, 2004) como
ferramenta orientadora do trabalho de educação ambiental, realizado em três etapas: Ver, Julgar e
Agir. Na etapa Ver, realizaram-se diagnósticos do potencial da microrregião e das propriedades
agrícolas para adoção da PIMo (HAMMES at al., 2006; CALLEGARIO et al., 2006a, 2006b,
2006c). Na etapa Julgar, identificaram-se as vantagens e dificuldades da produção de morango
(CALLEGARIO et al., 2006d). A etapa Agir reuniu os parceiros e instituições competentes para
buscar, de forma participativa, a solução para os problemas levantados. Como um dos resultados
dessa etapa foi elaborado, em janeiro de 2007, um Planejamento Estratégico e Gerencial da
Implementação da PIMo .
Este trabalho tem como objetivo apresentar a estratégia que o grupo de Atibaia e Jarinu
adotou para operacionalizar a implementação técnica e da PIMo na região.
Material e Métodos
A
implementação
técnica
da
PIMo
abordou
três
pontos
desenvolvidos
concomitantemente: a) elaboração de Normas Técnicas Específicas e Documentos de
108
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Acompanhamento da PIMo; b) capacitação do grupo de produtores e técnicos; c) validação do
sistema no campo. Uma série de eventos foi realizada para desenvolver esses pontos, gerando
resultados que, associados, orientam os atores envolvidos e indicam redirecionamentos. O
Planejamento Estratégico e Gerencial da Implementação da PIMo elaborado pela Associação dos
Produtores de Morangos e Hortifrutigranjeiros de Atibaia, Jarinu e Região foi o documento
orientador para o alcance das metas do grupo. A partir deste Planejamento, o grupo de trabalho
elaborou os detalhes da implementação da parte técnica, buscando estabelecer a sistemática
prática de validação da PIMo no campo.
Resultados e Discussão
A elaboração de Normas Técnicas Específicas da PIMo (NTE-PIMo) foi conduzida
inicialmente em âmbito nacional, com discussão entre representantes das principais regiões
produtoras de morango do Brasil (dias 23/10/06 e 08/11/06) (Tabela 1). Nessas reuniões, uma vez
que a cadeia produtiva do morango não é bem organizada, foi levantada a necessidade de focar
em conceitos básicos, adoção de Boas Práticas Agrícolas (BPA) e elaboração de uma norma
simples, com ênfase na grade e utilização adequada de agroquímicos. As discussões sobre essa
proposta continuaram no ano de 2007 na forma virtual (internet) e em reuniões regionais
(05/04/07) para revisão da norma (Tabela 1).
De forma construtivista e participativa, na Oficina “Ação Gerencial da Implementação da
PIMo” (15/02/07), o grupo elaborou um calendário agrícola regional de uma safra de morango.
Para cada trato cultural, foram associadas BPAs e o grau de dificuldade em implementá-las. As
práticas consideradas difíceis indicaram os temas prioritários para os treinamentos. Um
cronograma de capacitação foi agendado e está sendo realizado de acordo com a conveniência
para os produtores, com previsão de encerramento no pico da safra (Tabela 1).
Concomitante com a capacitação, iniciou-se o processo de validação do sistema no
campo. No dia 13/04/07 foi realizada a reunião técnica “Planejamento da Validação da PIMo”,
gerando resultados para orientar os atores envolvidos (Tabela 1).
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
109
Tabela 1. Seqüência de eventos, locais e datas de realização e principais resultados obtidos.
Evento
Reunião Técnica: Discussão das
NTE-PIMo Semi-Hidropônicos
(Embrapa Uva e Vinho, Bento
Gonçalves, RS)
Reunião Técnica: Elaboração de
NTE-PIMo (âmbito nacional,
Embrapa Clima Temperado, Pelotas,
RS)
Reunião Técnica: Agir - Tomada de
Decisão Rumo à PIMo (Atibaia, SP)
Data
Principal resultado
Discussão da versão original das NTE-PIMo, específica para o
23/10/06 sistema semi-hidropônico de produção de morangos, que evoluiu
para abranger o sistema de plantio em solo.
08/11/06
Esboço das normas para sistema de plantio em solo e indicação da
necessidade de versão simplificada do caderno de campo.
Decisão de reunir todos os produtores interessados em apenas uma
05/12/06 Associação e considerar grupo da PIMo os produtores que estavam
freqüentando os eventos.
Oficina: Planejamento Estratégico do
Definição do grupo de produtores e do Grupo de Apoio Técnico
Grupo de Implementação da PIMo
11/01/07
Local; matriz de gestão de responsabilidades.
(Atibaia, SP)
Elaboração da proposta de implementação técnica da PIMo
(Relação entre Normas, Documentos de Acompanhamento,
Oficina: Ação Gerencial da
Capacitação e Validação); Definição de calendário agrícola / Boas
Implementação da PIMo, (Atibaia,
15/02/07
Práticas Agrícolas (BPA) Associadas / Grau de dificuldade de
SP)
adoção das BPA / Definição de temas prioritários para
capacitação.
Oficina: Consolidação do
Elaboração de versão final do Planejamento Estratégico, com os
Planejamento Estratégico da PIMo,
04/04/07
representantes dos diversos atores e detalhamento da parte técnica.
(Atibaia, SP)
Oficina: Análise da Proposta de
Revisão da proposta nacional de NTE-PIMo pelos produtores e
NTE-PIMo pelos produtores de
05/04/07 técnicos locais; estabelecimento de cronograma de capacitação;
Atibaia e Jarinu, (Atibaia, SP)
apresentação de versão final do Planejamento Estratégico.
Criação e distribuição de diários de campo, detalhamento do
Reunião Técnica: Planejamento da
13/04/07 processo de validação no campo (parcelas, separação PC x PIMo,
Validação da PIMo, (Atibaia, SP)
sinalização das parcelas, documentos de registro, rastreabilidade).
Diários e cadernos de campo distribuídos, com instruções para
Dia de Campo: Orientação para
separação de parcelas e preenchimento dos documentos; entrevista
Preenchimento de Diário de Campo
dos produtores; separação de grupos de acordo com localização da
da PIMo (Atibaia, SP)
lavoura para organizar calendário de visitas técnicas; determinação
dos responsáveis técnicos.
04/07/07 Análise do preenchimento de cadernos e diários de campo;
Dia de Campo: Verificação do
levantamento das principais vantagens e dificuldades detectados
Preenchimento de Diários de Campo
pelos produtores; debate sobre formas de melhorar a
da PIMo (Atibaia, SP)
implementação da PIMo
10/05/07, Capacitação em: manejo de doenças; métodos alternativos de
Cursos, Seminário e Dias de Campo 31/05/07, controle de doenças; calibração de pulverizadores; irrigação; solos
para capacitação nos temas
13/06/07, e nutrição de plantas. Treinamentos previstos: manejo integrado de
prioritários, (Atibaia, SP)
27/06/07, pragas; colheita e pós-colheita. Encerramento em agosto de 2007.
12/07/07
Foi estabelecido que cada produtor separasse um mínimo de 1.500 a 2.000 plantas para
formar uma parcela de PIMo, devendo reservar também uma parcela correspondente conduzida
na forma convencional (PC) para se proceder à comparação. Duas situações foram observadas no
110
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
grupo: 1) produtor que deseja adotar a PIMo na área toda, que em geral são pequenos produtores,
não tradicionais, que não possuem manejo convencional bem estabelecido; 2) produtor que deseja
separar apenas uma parcela mínima de 1.500 a 2.000 plantas para a PIMo. Esta modalidade é
indicada para grandes produtores, como forma de fazer a conversão de forma gradual. No início
os produtores foram orientados a tratar a parcela da PIMo segundo o manejo usualmente
empregado. O diferencial seria a anotação de todos os tratos culturais realizados. A partir dos
cursos de capacitação, os tratos culturais na parcela da PIMo deveriam começar a se diferenciar,
seguindo as instruções recebidas. No entanto, em virtude das lavouras já estarem instaladas no
campo, os produtores encontraram dificuldades em separar adequadamente as parcelas da PIMo
da PC, utilizando bordaduras. Assim, somente a partir do preparo de solo para a safra de 2008
será possível diferenciar adequadamente as parcelas PC e PIMo. Outra sugestão do grupo foi a de
se eleger uma das propriedades como campo demonstrativo para a condução da PIMo, servindo
de referência para o restante. Além dessa dificuldade, a falta de pesquisa em morangueiro para
embasar a elaboração de normas e orientar principalmente o monitoramento de pragas e doenças
tem sido um fator que dificulta a conversão para a PIMo. Por outro lado, algumas soluções
interessantes surgiram em Atibaia, por exemplo a parceria com um laboratório de análises
fitopatológicas, que atende gratuitamente os produtores que aderiram ao programa. Mesmo com
todas as dificuldades apresentadas, o grupo de produtores já mostra sinais de evolução quanto à
adoção dos documentos de registro e intenção em alterar seu manejo após os cursos de
capacitação já realizados. Esses sinais serão mais bem evidenciados na safra de 2008.
Conclusão
Apesar da dificuldade de concomitantemente desenvolver normas técnicas e documentos
de registro, implementar cadernos de campo, capacitar os produtores e validar o sistema no
campo, o grupo mostrou alto grau de comprometimento em todas essas etapas.
A dificuldade em se separar as parcelas da PIMo das parcelas da PC poderá ser amenizada
na próxima safra, aprimorando-se a estratégia de validação do sistema no campo.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
111
Referências Bibliográficas
CALEGARIO, F. F.; HAMMES, V. S.; SILVA, T. A. da; BAGDONAS, N. F. C. Diagnóstico do
potencial da microrregião de Atibaia/Jarinu para adoção da produção integrada de morango. In:
SEMINÁRIO BRASILEIRO DE PRODUÇÃO INTEGRADA, 8., 2006, Vitória, ES. Anais...
Vitória: Incaper, 2006a. p. 257.
CALEGARIO, F. F.; HAMMES, V. S.; SILVA, T. A. da; BAGDONAS, N. F. C. Ver 1:
Percepção do diagnóstico ambiental da microrregião de Atibaia/Jarinu para adoção da produção
integrada de morango. In: SIMPÓSIO NACIONAL DO MORANGO, 3.; ENCONTRO SOBRE
PEQUENAS FRUTAS E FRUTAS NATIVAS DO MERCOSUL, 2., 2006, Pelotas. Resumos...
Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2006b. p. 101-106.
CALEGARIO, F. F.; HAMMES, V. S.; SILVA, T. A. da; BAGDONAS, N. F. C. Ver 2:
Percepção do diagnóstico ambiental das propriedades rurais de Atibaia/Jarinu para adoção da
produção integrada de morango. In: SIMPÓSIO NACIONAL DO MORANGO, 3.; ENCONTRO
SOBRE PEQUENAS FRUTAS E FRUTAS NATIVAS DO MERCOSUL, 2., 2006, Pelotas.
Resumos... Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2006c. p. 135-142.
CALEGARIO, F. F.; HAMMES, V. S.; SILVA, T. A. da; BAGDONAS, N. F. C. Dificuldades e
vantagens da produção de morangos segundo a percepção de produtores de Atibaia e Jarinu. In:
SIMPÓSIO NACIONAL DO MORANGO, 3; ENCONTRO SOBRE PEQUENAS FRUTAS E
FRUTAS NATIVAS DO MERCOSUL, 2., 2006, Pelotas. Resumos... Pelotas: Embrapa Clima
Temperado, 2006d. p. 193-200.
HAMMES, V. S. (Ed.). Proposta metodológica de macroeducação. 2. ed. São Paulo: Globo,
2004. 280 p. (Educação ambiental para o desenvolvimento sustentável, v. 2.).
HAMMES, V. S.; CALEGARIO, F. F.; SILVA, T. A. da; BAGDONAS, N. F. C. Diagnóstico do
potencial de propriedades rurais de Atibaia/Jarinu para adoção da produção integrada de
morango. In: SEMINÁRIO BRASILEIRO DE PRODUÇÃO INTEGRADA, 8., 2006, Vitória,
ES. Anais... Vitória: Incaper, 2006. p. 258.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
112
COMPARAÇÃO PRODUTIVA ENTRE DUAS CULTIVARES DE AMORA-PRETA
“TUPI” X “XAVANTE”, REGIÃO CENTRO-SUL DO PARANÁ
BORSZOWSKEI, P. R.1; MALGARIM, M. B.2
1
Engenheiro Agrônomo, Pesquisador, Fundação de Apóio a Pesquisa e desenvolvimento do Agronegócio
(FAPEAGRO) e Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), Rod. do Café, km 496, Av. Presidente Kennedy, s/nº,
Caixa Postal nº 129 - 84001-970, Ponta Grossa - PR. E-mail: [email protected]; 2Engenheiro
Agrônomo, Dr. Pesquisador na área de Fruticultura, Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), Rod. do Café, km
496, Av. Presidente Kennedy, s/nº, Caixa Postal nº 129 - 84001-970, Ponta Grossa - PR, E-mail:
[email protected]
Introdução
O cultivo de amora-preta no Brasil tem se destacado nos últimos anos, devido à difusão da
informação sobre características e propriedades dessas espécies e, também devido ao incentivo
dado atualmente para hábitos alimentares saudáveis nos quais se incluem as frutas
(BORSOWSKEI et al., 2006).
A cultura da amora-preta (Rubus spp) é promissora em se tratando de lucratividade,
principalmente para agricultores familiares, em razão do baixo custo de implantação e de
manutenção do pomar. Essa fruta pertence à família Rosaceae, gênero Rubus, sendo conhecidas
mais de trezentas espécies segundo Santos et al. (1997).
Segundo Pargot & Hoffmann (2003), o principal fator limitante para a produção de
amora-preta é a temperatura. A cultura requer uma combinação de horas de frio abaixo de 7
graus, nas estações mais frias, variando de 100 até 1.000 horas, em função da espécie/cultivar e
calor abundante, nas estações mais quentes, para que ocorram adequadas brotação, floração e
produtividade. Por essas razões, a cultura da amora-preta é recomendada, principalmente, para o
Estado do Rio Grande do Sul e para as regiões de microclima de Santa Catarina, Paraná, São
Paulo e Minas Gerais.
Na Região Centro-Sul do Paraná, alguns agricultores cultivam amora-preta como
alternativa de renda e diversificação de culturas. As cultivares inicialmente testadas na região
foram: Brazos, Comanche, Cherokee e Tupi, sob sistema orgânico de cultivo, destacando-se a
última como cultivar mais produtiva e resistente a pragas e doenças da região.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
113
Com o lançamento da cultivar Xavante, a qual não possui espinhos no seu tronco e
galhos, observou-se que a colheita seria executada com mais rapidez e sem causar ferimentos aos
produtores.
Neste contexto o trabalho teve como objetivo comparar a produção média entre as
cultivares “Tupi” e “Xavante” na Região Centro-Sul do Paraná.
Material e Métodos
O experimento foi realizado no Município de Rio Azul, localizado na microrregião
colonial de Irati-PR e integra o segundo planalto paranaense. O clima é do tipo Cfb (temperado),
temperatura média alta anual de 23,9 graus e média baixa anual de 12,8 graus, precipitação média
anual de 1.700 mm, solo classificado como alissolo (IAPAR, 2007).
O plantio das cultivares de amora-preta foi realizado em sistema de plantio direto na palha
de centeio1. As mudas foram plantadas no mês de outubro de 2004, utilizando espaçamento de
0,7 m entre plantas por 2,5 m entre linhas, sendo, 10 linhas de 100 m de comprimento para cada
cultivar, totalizando uma área de 5.500 m2. Cada linha comportava aproximadamente 140 plantas,
para a ocasião foram avaliadas 70 plantas de cada linha.
O sistema de condução utilizado foi o espaldeira, por adaptar-se bem ao hábito vegetativo
da cultura e por apresentar boa aeração. Realizou-se no inverno de 2005 a poda com o corte dos
ramos principais a altura de 1,2 m e ramos laterais 0,3 m, após a produção, foram eliminados os
ramos que produziram no ano, cortando-os rente ao solo e nova poda de manutenção doa ramos
principais conforme anteriormente descrito.
Aplicou-se após a realização de cada poda, calda bordaleza e calda sufocálcica,
proporcionando ampla ação acaricida, fungicida, inseticida, assim como fontes de cálcio, cobre e
enxofre, também fez-se o uso de cama aviária e fosfato natural, alternativas utilizadas para um
sistema de cultivo orgânico.
Avaliou-se os seguintes parâmetros: Número de frutos por Planta (NFP) expresso por
unidade (unid), Peso Médio dos Frutos (PMF) expresso em gramas (g), Produção Média de
Frutos por Planta (PMFP) expresso em gramas e Produção (P) expressa em quilogramas por
1
Técnica utilizada como fonte de adubação orgânica e cobertura de solo, visto que o solo da região apresenta
deficiência nutricional e alto risco de degradabilidade.
114
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
hectare (kg.ha-1). Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias foram
comparadas pelo teste Tukey 5% (Pr<0,05).
Resultados e Discussão
A cultura da amora-preta foi implantada no município de Rio Azul-PR na década de 1990,
tendo a cultivar "Brazos” como pioneira. Porém, a cultivar não apresentou resultados satisfatórios
aos produtores, estes procuraram auxílio técnico para encontrar uma cultivar adequada ao clima e
solo da região, proporcionando uma produção considerável.
No final da década de 1990 a cultivar “Tupi” foi implantada no município como promessa
de cultivar que se adaptaria ao clima da região e conseqüentemente teria uma boa produção. A
cultivar superou as expectativas, principalmente relacionada à produção, sendo rapidamente
disseminada para o município e posteriormente para a região.
Alguns agricultores, porém, têm dificuldades na colheita dos frutos, visto que a cultivar
apresenta grande número de espinhos no caule e galhos, os quais retardam a colheita e causam
pequenos ferimentos às mãos dos produtores.
A alternativa mais adequada foi à aquisição de mudas da cultivar “Xavante”, a qual não
apresenta espinhos. Para avaliar seu potencial produtivo fez-se necessária a execução de um
experimento comparativo com a cultivar “Tupi”.
Os resultados obtidos pelos parâmetros agronômicos avaliados podem ser observados na
Tabela1.
Tabela 1: Comparação produtiva entre a cultivar de amora–preta “Tupi” e “Xavante”, para as safras
2005/2006 e 2006/2007, Rio Azul-PR, 2007.
Cultivar
Safra 2005/2006
Safra 2006/2007
-1
NFP (uni)
PMF (g)
PMFP (g)
Tupi
256,7 A
5,91 A
1.517 A
8.616 A
259,5 A
Xavante
228,7 B
4,73 B
1.081 B
6.140 B
231,3 B
PMFP (g)
P (kg.ha-1)
6,01 A
1.559 A
8.858 A
4,78 B
1.105 B
6.279 B
P (kg.ha ) NFP (uni) PMF (g)
Médias seguidas de mesma letra, na coluna não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey ao nível de 5%
(Pr<0,05).
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
115
Os frutos da cultivar “Xavante” são menores, conseqüentemente mais leves, observa-se
que para o parâmetro PMF a cultivar “Tupi” obteve uma média entre as duas safras de 5,96 g e
para a cultivar “Xavante” 4,75 g. Esse parâmetro pode ser aplicado para a cultivar “Tupi”,
segundo Santos & Raseira (1988), a cultivar “Tupi” produz frutos grandes (6 gramas) no Rio
Grande do Sul.
A campo foi possível observar que a disposição dos frutos na planta da cultivar “Xavante”
é em forma de pequeno “cachos”. Nesta forma, tem-se a dificuldade da colheita individual do
fruto, implicando ocasionalmente na colheita de frutos ainda impróprios para o consumo.
Observa-se uma diferença de 2.476 kg.ha-1 ou 40,3% a mais na produção da cultivar
“Tupi” para a safra 2005/2006, quando comparada com a cultivar “Xavante” e 2.579 kg.ha-1 ou
41,7% para a safra 2006/2007. Isto pode ter ocorrido pelo fato que a cultivar “Tupi” apresentou
maior rusticidade e melhor adaptabilidade ao clima e solo da região, quando comparada à cultivar
“Xavante”.
Outro fator relevante é que a cultivar “Xavante” requer mais cuidados nos tratos culturais,
devido seu crescimento lento, tem-se a influência direta da supressão por plantas daninhas.
A colheita dos frutos da cultivar “Xavante” é realizada com maior agilidade, devido à
ausência de espinhos, porém, sua produção de 6.279 kg.ha-1, safra 2006/2007 é inferior quando
comparada com a cultivar “Tupi” (8.858 kg.ha-1, safra 2006/2007), refletindo menor retorno
financeiro.
A produção da safra 2004/2005 não foi contabilizada por demonstrar resultados
inexpressivos decorrentes de primeira safra. A produção média a partir da segunda safra para a
cultivar “Tupi” é de 8.100 kg.ha-1, já para a cultivar “Xavante” é de 6.150 kg.ha-1 para a Região
Centro-Sul do Paraná, segundo dados levantados através de coleta de informações de produtores.
Conclusão
A cultivar “Tupi” apresentou melhores resultados nos parâmetros agronômicos avaliados
e a cultivar “Xavante” proporcionou melhores condições de manejo na colheita, porém, baixa
produção.
116
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Referências Bibliográficas
BORSZOWSKEI, P. R.; MLGARIM, M. B.; AHRENS, D. C.; DEWULF, C. Análise e
Diagnóstico de uma propriedade Familiar com Plantio e Processamento de Amora e Framboesa,
no Município de Rio azul, PR. In: SIMPÓSIO NACIONAL DO MORANGO, 3.; ENCONTRO
SOBRE PEQUENAS FRUTAS E FRUTAS NATIVAS DO MERCOSUL, 2., 2006, Pelotas.
Resumos. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2006. p. 209-215.
INSTITUTO AGRONÔMICO DO PARANÁ. Monitoramento agroclimático do Paraná.
Disponível em: <http://200.201.27.14/Site/Sma/index.html>. Acesso em: 20 ago. 2007.
PAGOT, E.; HOFFMANN, A. Produção de pequenas frutas no Brasil: Origem e difusão. In:
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SANTOS, A. M. dos; RASEIRA, M. do C. B. Lançamento de cultivares de amoreira-preta.
Pelotas: EMBRAPA-CNPFT, 1988. n. p. (EMBRAPA. Informativo, 23).
SANTOS, A. M.; RASEIRA, M. C. B.; MADAIL, J. C. M. Amora-preta. 2. ed. Brasília:
Embrapa-SPI; Pelotas: Embrapa-CPACT, 1997. 61 p. (Coleção Plantar, 33).
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
117
FLUTUAÇÃO POPULACIONAL DAS PRAGAS E INIMIGOS NATURAIS NA
CULTURA DA ATEMÓIA VISANDO A IMPLANTAÇÃO DA PRODUÇÃO
INTEGRADA DE FRUTAS
MOURA, M. D. da C. S.1; MOREIRA, A. N.2; AMORIM, S. A. dos S.3; PEREZ, J. O.4; SILVA,
H. T. da5; SANTOS, C. C. dos6
1
Estudante do Curso Superior de Tecnologia em Fruticultura Irrigada - CEFET Petrolina, Bolsista FACEPE/CNPq,
Rua Coroacy Nunes 52 Vila São Francisco - Sobradinho - BA, [email protected]; 2Enga Agra, M.Sc.
Entomologia, Professora CEFET Petrolina, E-mail: [email protected]; 3Engo Agro, Esp. Irrigação,
Professor CEFET Petrolina, E-mail: [email protected]; 4Enga Agra, D.Sc. Fitopatologia, Professora CEFET
Petrolina, E-mail: [email protected]; 5Estudante do Curso Técnico em Agricultura, CEFET Petrolina;
6
Estudante do Curso Técnico em Agricultura, CEFET Petrolina, E-mail: [email protected]. Projeto
financiado pelo CEFET Petrolina e FACEPE/CNPq.
Introdução
A atemóia, híbrido interespecífico de Anonna cherimola Mill x Anonna squamosa L., é
cultivada principalmente nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Recentemente, esta fruta foi
introduzida com sucesso no Nordeste, apresentando destaque nos projetos de irrigação do Vale
do São Francisco (SÃO JOSÉ, 1997). Segundo Donadio (1997), a produção de atemóia tende a
crescer no Brasil, devido a sua maior versatilidade e adaptação às condições tropicais e
subtropicais em relação à cherimóia.
Entretanto, apesar dos esforços das instituições públicas e privadas, as tecnologias geradas
e/ou adaptadas para a exploração desta anonácea no país, têm sido insuficientes para uma posição
de destaque no cenário internacional desta fruteira a ponto de estar relegada a poucos dados
estatísticos e a limitadas informações técnico-científicas oriundas de pesquisa e experimentação
de campo, fato que limita os investimentos empresariais, além de propiciar uma exploração
empírica (CARDOSO, 1997).
Um dos fatores que concorrem para a baixa produtividade da atemóia nos pomares
brasileiros são os danos ocasionados por pragas e doenças, que podem interferir na qualidade do
produto, depreciando seu valor para a comercialização. O manejo integrado de pragas (MIP)
preconiza que o controle de pragas deve ser realizado por meio de técnicas eco-compatíveis que
visem manter a população de insetos abaixo do nível de dano econômico (BOTTON, 2001),
sendo um forte aliado à implantação de sistemas de Produção Integrada de Frutas (PIF). Dessa
118
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
forma, o estudo da flutuação populacional dessas pragas pode propiciar a obtenção de dados
referentes às épocas e picos de aparecimento delas, além da possibilidade de se estabelecerem os
níveis de equilíbrio e de dano das mesmas.
Material e Métodos
O trabalho foi realizado durante o período de agosto de 2006 a junho de 2007 em uma
área experimental de atemóia não pulverizada, na unidade agrícola do CEFET Petrolina, com
espaçamento 3 m x 3 m triangular, topografia plana e declividade de 1%, sendo o solo de textura
arenosa, bem drenado e de baixa fertilidade e sistema de irrigação por alternativa de gotejamento.
O acompanhamento da cadeia produtiva da atemóia foi realizado por meio de caderno de campo
constando nos registros a localização, tamanho da área, adubação, irrigação, tratos culturais,
colheita e pós-colheita, com a finalidade de permitir uma rastreabilidade das práticas na área em
estudo.
As amostragens das pragas, doenças e inimigos naturais foram realizadas em 30 plantas,
observando-se três ramos por planta, avaliando-se todo o ramo e a área foliar de todas as folhas
contidas no ramo, flores e frutos. Os ramos foram marcados e os dados da amostragem foram
registrados em uma planilha de campo, elaborada e adaptada à realidade regional,
especificamente ao Vale do São Francisco. As amostragens foram efetuadas semanalmente, com
o auxílio de uma lupa de bolso de aumento 10X. As pupas, ovos e larvas encontradas foram
coletadas e colocadas em placas de Petri ou tubos de ensaio tampados com tecido de nylon em
condições ideais de laboratório. Após a identificação, os insetos foram montados com alfinetes
entomológicos ou transferidos para frascos contendo álcool 70%.
A flutuação populacional foi analisada com base em análise gráfica e a correlação de
Pearson entre a quantidade de insetos capturados e os parâmetros climáticos (precipitação,
temperatura e umidade relativa do ar) coletados na estação metereológica da Embrapa SemiÁrido.
Resultados e Discussão
Durante o período de amostragem registrou-se a ocorrência das seguintes pragas: brocados-ramos-novos, cochonilhas (parda, algodão, escama farinha e branca), lagartas, cigarrinha
verde, minador, pulgão e soldadinho (Membracidae) (Figura 1), que também são comuns em
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
119
atemóia (TOKUNAGA, 2000) e outras anonáceas, tais como a graviola. Registrou-se também a
presença esporádica dos insetos irapuã, gafanhoto e serra-pau, porém sem causar danos à cultura.
As observações vêm apontando que a broca-dos-ramos-novos é a principal praga desta cultura na
região do Submédio do Vale do São Francisco, com picos populacionais de larvas verificados
nos meses de março, abril, outubro e novembro de 2006 (Figura 1), logo após a brotação dos
ramos e com ocorrência de período chuvoso. Também é importante mencionar a visível
deformação dos frutos em decorrência da ação da broca e dos problemas de floração e
frutificação da cultura que são reflexos da deficiência de polinização. Constatou-se, ainda, um
ataque intenso de pulgões entre meados de setembro e início de outubro, no entanto sem
relevância comercial e um aumento na incidência da cigarrinha nos meses de novembro e
dezembro de 2006 (Figura 1).
560
Número total de insetos
520
480
440
400
360
Broca
Cochonilha
Lagarta
Cigarrinha
Vaquinha
M os ca-branca
Soldadinho
M inador
Pulgão
Pe rce ve jo
Ácaro rajado
Gorgulho
320
280
240
200
160
120
80
40
26
/ 11
12 /05
/ 12
/05
3/1
/0
24 6
/ 1/
0
15 6
/ 2/
06
8/3
/06
27
/ 3/
0
17 6
/ 4/
06
9/5
/06
1/6
/0
20 6
/ 6/
0
12 6
/ 7/
06
1/
8/1 8/06
6/ 2
0
9/5 06
/20
9/2
06
8
10 / 200
/ 16
6
/2
11 006
/6
11 / 200
/ 27
6
/
12 2006
/ 18
/20
1/9 06
/20
2/1 07
/2
2/2 007
2/ 2
3/1 007
4/ 2
0
4/3 07
/20
07
4/2
7/ 2
5/1 007
8/ 2
0
6/8 07
/20
6/2
0
7/ 2 7
00
7
0
Data
Figura 1. Flutuação populacional das principais pragas da atemóia no período de novembro de
2005 até de junho de 2007. Petrolina, PE.
O monitoramento das pragas da atemóia não apresentou correlações significativas entre os
fatores climáticos de temperatura média, umidade relativa e precipitação (Figura 2).
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Pre cipitação (m m )
Te m pe ratura m é dia (oC)
Um idade re lativa (%)
Temperatura média e Umidade
relativa
90
80
160
140
70
120
60
100
50
80
40
60
30
40
20
20
10
m
ar
ab
r
m
ai
ju
n
se
t
ou
t
no
v
de
z
ja
n07
fe
v
ag
o
ju
l
m
ar
ab
r
m
ai
ju
n
fe
v
0
de
z
ja
n06
0
no
v05
Precipitação
120
Data
Figura 2. Dados climáticos no período de novembro de 2005 até de junho de 2007. Petrolina, PE.
Nas avaliações realizadas foram encontrados diversos inimigos naturais tais como,
aranhas de diversas espécies, joaninhas e ácaros predadores e bicho lixeiro (crisopídeo) (Figura
3), entretanto, não apresentaram também correlações significativas com as variáveis climáticas.
Em relação à ocorrência de doenças, até o momento não foi constatada na área experimental a
presença de fitopatogênicos, provavelmente devido às condições climáticas não serem favoráveis
para a desenvolvimento de doenças ou não ter a presença dos patógenos no local.
Conclusão
Os resultados obtidos demonstram que a broca-dos-ramos-novos é a principal praga da
atemóia na região do Submédio do Vale do São Francisco, com ocorrência preferencialmente
após a brotação dos ramos e períodos com ocorrência de precipitação.
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
560
Número total de insetos
520
480
440
400
360
Broca
Cochonilha
Lagarta
Cigarrinha
Vaquinha
M os ca-branca
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Soldadinho
M inador
Pulgão
Pe rce ve jo
Ácaro rajado
Gorgulho
320
280
240
200
160
120
80
40
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12 /05
/ 12
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3/1
/0
24 6
/ 1/
0
15 6
/ 2/
06
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7/ 2 7
00
7
0
Data
Figura 3. Flutuação populacional das principais dos inimigos naturais na cultura da atemóia no
período de novembro de 2005 até de junho de 2007, Petrolina, PE.
Referências Bibliográficas
BOTTON, M. Monitoramento e manejo. Cultivar Hortaliças e Frutas, Pelotas, v. 1, n. 6, p. 1820, 2001.
CARDOSO, J. E. Graviola: fitossanidade. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica;
Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 1997. p. 9-10. (Frutas do Brasil, 20).
DONADIO, L. C. Situação atual e perspectivas das anonáceas. In: SÃO JOSÉ, A. R.; SOUZA, I.
V. B., MORAIS, O. M.; REBOUÇAS, T. N. H. (Ed.). Anonáceas: produção e mercado (pinha,
graviola, atemóia e cherimóia). Vitória da Conquista: Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia, 1997. p. 1-4.
SÃO JOSÉ, A. R. Aspectos gerais das anonáceas no Brasil. In: SÃO JOSÉ, A. R., SOUZA, I. V.
B., MORAIS, O. M.; REBOUÇAS, T. N. H. (Ed.). Anonáceas: produção e mercado (pinha,
graviola, atemóia e cherimólia). Vitória da Conquista: Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia, 1997. p. 5-6.
TOKUNAGA, T. A cultura da atemóia. Campinas: CATI, 2000. 80 p. il. (CATI. Boletim
Técnico, 233).
122
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
ATRIBUTOS QUÍMICOS DOS SOLOS EM ÁREAS DE PRODUTORES VINCULADOS
À PRODUÇÃO INTEGRADA DE BANANA NO PROJETO FORMOSO, BAHIA
BORGES, A. L.1; SOUZA, L. da S.1; CORDEIRO, Z. J. M.1
1
Enga (o) Agra (o), Pesquisador (a) da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, Caixa Postal 007, 44380-000 Cruz
das Almas, BA, [email protected]; [email protected]; [email protected].
Introdução
A Região Nordeste é a maior produtora de banana do Brasil (36%), seguida das Regiões
Sudeste (31%), Norte (14,5%), Sul (15%) e Centro-Oeste (3,5%) (IBGE, 2005) e, embora
apresente excelentes condições de clima e solo para a produção, ainda são necessários ajustes em
alguns fatores que afetam a produtividade e a qualidade final dos frutos. Desta forma, a Produção
Integrada de Banana (PIN Banana) propõe-se a tornar o processo ambientalmente correto,
economicamente viável e socialmente justo, garantindo a certificação da produção de forma a
atender às exigências dos mercados, adotando para tanto as boas práticas agrícolas de campo e
pós-colheita.
No pólo de fruticultura do Projeto Formoso, Município de Bom Jesus da Lapa, Bahia,
irrigado com a água do rio Corrente, afluente do rio São Francisco, a banana é a principal cultura,
com 4.600 ha, empregando 10 mil pessoas. Dessa área, 542 ha estão sendo cultivados com
bananeira do subgrupo Cavendish (Williams e Grande Naine) visando a exportação (MAIA
FILHO, 2007). As variedades do tipo Prata (Prata Anã e Prata Rio) são as mais importantes do
projeto, ocupando mais de 87% da área plantada. O Projeto Formoso, mesmo colocando no
mercado uma banana de qualidade superior à média nacional, necessita implementar outras boas
práticas agrícolas (PIN Banana), para competir com vistas ao mercado internacional.
A bananeira desenvolve-se melhor em solos aluviais profundos, ricos em matéria
orgânica, bem drenados e com boa capacidade de retenção de água; contudo, é cultivada e se
adapta a diferentes tipos de solos. A planta demanda grandes quantidades de nutrientes para seu
desenvolvimento e obtenção de altos rendimentos, sendo o potássio (K) e o nitrogênio (N) os
nutrientes mais absorvidos. Em ordem decrescente a bananeira absorve os seguintes nutrientes:
macronutrientes: K > N > Ca > Mg > S > P; micronutrientes: Cl > Mn > Fe > Zn > B > Cu. Um
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
123
bananal retira, por tonelada de frutos, 1,2-2,4 kg de N; 0,11-0,30 kg de P; 3,1-8,2 kg de K; 0,13 a
0,38 kg de Ca e 0,20 a 0,37 kg de Mg. A exportação de micronutriente pelo cacho representa
28% para o B, 49% para o Cu e 42% para o Zn, em relação ao total absorvido (BORGES, 2004).
O trabalho objetivou avaliar os atributos químicos de alguns solos em áreas de produtores
vinculados à Produção Integrada de Banana no Projeto Formoso, Município de Bom Jesus da
Lapa, Sudoeste do Estado da Bahia, visando definir estratégias para adubação e nutrição dos
bananais.
Material e Métodos
A área de PIN Banana no Projeto Formoso, Sudoeste do Estado da Bahia, conta com
595,72 ha, sendo mais de 90% com banana do subgrupo Cavendish, pois visa a exportação dos
frutos para a Argentina e Europa. Apenas 13% da área plantada com banana no perímetro
participam da PIN e estão cultivadas em solos que variam de argilosos (Argissolo Vermelho) a
muito arenosos (Neossolo Quartzarênico).
Amostras de solo de 24 áreas, total de 245,68 ha, correspondendo a 41% da área da PIN
Banana, foram coletadas na camada de 0-20 cm de profundidade e submetidas a análises
químicas. Determinaram-se o pH em água (acidez ativa – reação do solo); P, K, Na, Fe, Mn, Cu e
Zn pelo extrator de Mehlich 1; Ca, Mg e Al extraído com KCl 1N; acidez potencial (H + Al) com
acetato de cálcio 1N a pH 7; S-SO42- pelo fosfato monobásico de cálcio e o B com água quente. A
matéria orgânica foi quantificada com dicromato de K em meio sulfúrico. Procederam-se os
cálculos da soma de bases (SB = K + Ca + Mg + Na), da CTC a pH 7 (SB + H + Al) e da
saturação por bases (V% = SB/CTC x 100).
Resultados e Discussão
O pH médio do solo variou de acidez média (pH = 5,8) a alcalinidade média (pH = 7,9)
(Tabela 1). Sabe-se que a faixa de pH mais favorável, em razão da disponibilidade de nutrientes,
é de 6,0 a 6,5. Valores de pH acima de 7,0 podem tornar indisponíveis os micronutrientes Fe, Cu,
Mn e Zn. Na faixa observada de pH os teores de Al trocável no solo são normalmente nulos.
O teor médio de P (7,8 mg/dm3), variando de 1 a 18 mg/dm3, é baixo para a bananeira
(Tabela 1), considerando-se que apenas acima de 30 mg/dm3 a adubação fosfatada seria
dispensada (BORGES, 2004).
124
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
O potássio, nutriente mais absorvido pela bananeira, mostrou-se baixo (média de 0,20
cmolc/dm3) com amplitude de 0,05 a 0,29 cmolc/dm3 (Tabela 1). Apenas para teores acima de 0,60
cmolc/dm3 não seria necessária suplementação do nutriente para a cultura.
Os teores de cálcio variaram de 4,1 a 21,0 cmol c/dm3 (Tabela 1). Nos solos mais argilosos
os teores de cálcio foram mais elevados. A relação entre as bases K:Ca:Mg é importante para a
bananeira, sendo recomendada como ideal a relação 0,5:4:1. Observou-se na área 14 a relação de
0,05:19:1, indicando valor de Ca bastante superior (Tabela 1). Posteriormente serão
correlacionados os teores de Ca com a produtividade da bananeira e os teores de argila no solo.
Os valores de Na e a acidez potencial (H + Al) foram considerados baixos. A soma de
bases (SB) classificou-se nas faixas de boa (3,61 a 6,00 cmolc/dm3) a muito boa (> 6,00
cmolc/dm3) (Tabela 1). A CTC variou na faixa de 5,57 a 23,20 cmolc/dm3, com valor médio de
10,20 cmolc/dm3, situado na faixa considerada boa (8,61-15,00 cmolc/dm3). Na área 11 o seu
valor classificou-se em faixa média (4,31-8,60 cmolc/dm3), enquanto nas áreas 13, 14, 15 e 23
classificou-se como muito boa (> 15 cmolc/dm3) (Tabela 1). A saturação por bases (V%) esteve
adequada em todos os solos, pois se recomenda para a bananeira valor de 70% (BORGES, 2004).
Quanto à matéria orgânica, os teores variaram de baixo (7,1-20,0 g/kg) a médio (20,1-40,0
g/kg) (Tabela 1), devendo ser incrementada nos solos mais arenosos para aumentar a retenção de
água e nutrientes.
A média do teor de S-SO42- encontrou-se no limite médio (5-10 mg/dm3) (Tabela 2);
contudo, existiram valores baixos (0-4 mg/dm3) e altos (> 10 mg/dm3).
Dos micronutrientes, B e Zn são, normalmente, os mais limitantes para a bananeira. Os
valores de B apresentaram-se na faixa média (0,21-0,60 mg/dm 3), exceto nas áreas 4 e 14 onde
foram baixos (< 0,20 mg/dm3) e nas áreas 22 e 23 onde foram altos (> 0,60 mg/dm 3). O Zn
mostrou teores muito altos nas áreas 16 a 19 (> 2,2 mg/dm3 é considerado alto). Contudo, teores
médios foram encontrados na maioria das áreas (1,0-1,5 mg/dm3), indicando que o pH elevado do
solo parece não estar interferindo na disponibilidade do nutriente, o mesmo acontecendo com o
Mn (> 12 mg/dm3 é considerado alto), que se apresentou elevado em todas as áreas, com exceção
da 24 (Tabela 2). Já os teores de Cu estiveram baixos (< 0,7 mg/dm 3) em todas as áreas, porém
ele não é considerado um micronutriente muito limitante para a cultura. O Fe variou de alto (> 45
mg/dm3) na área 3 até muito baixo nas áreas 8 e 20 (Tabela 2). Correlações com pH do solo e
produtividade da bananeira deverão ser realizadas para melhor entendimento dos resultados.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
125
Além disso, para acompanhamento mais preciso da nutrição das plantas, a diagnose foliar é
fundamental.
Tabela 1. Atributos químicos do solo nas áreas de produtores vinculados à Produção Integrada
de Banana, Projeto Formoso. Bom Jesus da Lapa-BA, 2007.
1
Área
pH água
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
Média
7,5
7,4
7,0
6,8
7,1
7,4
7,2
7,9
7,2
7,7
7,5
6,7
6,8
7,9
7,3
6,2
5,8
6,0
6,2
7,1
6,9
6,7
6,9
6,2
7,0
P
mg/dm3
18
8
4
7
9
14
11
10
6
4
9
11
4
1
6
2
8
10
7
8
10
8
7
4
7,8
Amplitude
5,8-7,9
1-18
2
Soma de bases; Matéria orgânica.
K
Ca
Mg
Na
H+Al
SB1
CTC
3
--------------------------- cmolc/dm -----------------------------0,16
5,4
0,6
0,00
0,9
6,16
7,07
0,10
4,9
0,5
0,00
0,9
5,50
6,41
0,22
8,0
1,0
0,00
1,2
9,22
10,42
0,16
5,8
0,7
0,02
1,3
6,68
7,98
0,06
4,5
0,4
0,03
1,0
4,99
6,00
0,15
7,5
0,6
0,04
1,0
8,28
9,29
0,11
5,8
0,6
0,05
1,2
6,55
7,75
0,10
5,5
0,4
0,03
0,0
6,03
6,94
0,22
5,3
0,5
0,03
0,9
6,05
6,96
0,19
5,7
2,1
0,02
1,0
8,01
9,02
0,22
4,1
0,3
0,05
0,9
4,67
5,57
0,08
5,8
0,8
0,00
1,8
6,68
8,48
0,21
12,0
1,2
0,03
1,8
13,4
15,20
0,05
21,0
1,1
0,05
1,0
22,2
23,20
0,20
15,0
1,6
0,02
1,6
16,8
18,40
0,12
8,4
1,0
0,03
1,9
9,52
11,42
0,29
5,9
0,9
0,04
2,4
7,09
9,49
0,25
6,2
1,4
0,05
2,2
7,85
10,05
0,29
6,7
1,1
0,05
1,9
8,09
9,99
0,15
7,5
0,9
0,04
1,2
8,55
9,75
0,16
6,9
0,9
0,04
1,3
7,90
8,26
0,19
13,6
0,8
0,00
0,3
14,59 14,89
0,14
14,2
1,0
0,00
0,3
15,34 15,64
0,13
4,5
0,6
0,02
1,3
5,23
6,53
0,20
7,9
0,9
0,03
1,2
9,00
10,20
0,054,10,004,675,570,3-2,1
0,0-2,4
0,29
21,0
0,05
22,2
23,20
V
-%87
86
88
84
83
89
85
87
87
89
83
79
88
96
91
83
75
78
81
88
86
98
98
80
86
75-98
MO2
g/kg
18,0
13,0
17,0
17,0
18,0
25,0
22,0
18,0
17,0
17,0
13,0
20,0
37,0
36,0
41,0
41,0
36,0
31,0
24,0
29,0
22,0
27,0
36,0
17,0
25,0
13,041,0
126
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Tabela 2. Enxofre e micronutrientes do solo nas áreas de produtores vinculados à Produção
Integrada de Banana, Projeto Formoso. Bom Jesus da Lapa-BA, 2007.
Área
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
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15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
Média
Amplitude
S
B
Cu
Fe
Mn
Zn
------------------------------------------------ mg/dm3 ----------------------------------------------22
0,21
0,1
14,0
97,2
1,5
14
0,20
0,4
12,0
74,7
1,0
6
0,23
0,4
50,0
92,6
1,0
2
0,18
0,3
23,0
56,1
1,1
4
0,29
0,1
19,0
66,2
1,0
4
0,30
0,1
33,0
124,0
2,4
4
0,27
0,2
20,0
99,0
1,6
6
0,27
0,1
7,0
79,4
2,2
2
0,24
0,6
11,0
55,6
0,1
6
0,23
0,3
37,0
69,3
0,9
6
0,22
0,4
20,0
65,8
1,1
2
0,24
0,4
27,0
65,2
1,2
12
0,30
0,0
22,0
157,0
3,6
6
0,12
0,0
10,0
162,0
1,0
6
0,31
0,0
11,0
194,0
1,3
7
0,20
0,4
11,5
13,5
9,5
11
0,20
0,5
8,0
15,0
19,0
11
0,20
0,5
15,5
15,5
19,0
9
0,30
0,4
8,5
16,0
21,0
4
0,20
0,3
7,5
13,5
4,0
5
0,20
0,4
17,5
14,5
4,0
3
0,80
0,3
18,0
120,2
1,9
2
0,90
0,2
8,0
97,6
2,5
6
0,20
0,3
20,0
8,5
2,5
6,6
0,30
0,3
17,9
73,9
4,4
2-22
0,12-0,90
0,0-0,6
7,0-50,0
8,5-194,0
0,1-21,0
Conclusão
As estratégias de adubação e nutrição dos bananais nos solos avaliados serão diferentes
em conseqüência da variação da reação do solo (acidez média a alcalinidade média) e dos teores
de nutrientes (P e K baixos, Ca alto e CTC e V% adequadas).
Referências Bibliográficas
BORGES, A. L. Calagem e adubação. In: BORGES, A. L.; SOUZA, L. da S. (Ed.). O cultivo da
bananeira. Cruz das Almas: Embrapa Mandioca e Fruticultura, 2004. p. 32-44.
IBGE. Produção agrícola Municipal. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br>. Acesso
em: 11 nov. 2005.
MAIA FILHO, J. P. Banana amplia as perspectivas de exportação. Disponível em:
<http://www.seagriba.gov.br/noticias>. Acesso em: 20 ago. 2007.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
127
PRODUÇÃO INTEGRADA DE BANANA: AVANÇOS OBTIDOS NO NORTE DE
MINAS GERAIS E SUDOESTE DA BAHIA
CORDEIRO, Z. J. M.1,2; BORGES, A. L.1; SOUZA, L. da S.1; FANCELLI, M.1; SILVA, J. T. A.
da3; RITZINGER, C. H. S. P.1; DIAS, M. S. C.3; OLIVEIRA, S. L. de1; CORSATO, C. D. A.4;
RODRIGUES, M. G. V.3; PEREIRA, M. E. C.1; LIMA, M. B.1; MONTEIRO, W. B.5;
TRINDADE, A. V.1; COELHO, E. F.1; COELHO FILHO, M. A.1; ACCIOLY, A. M. A.1;
OLIVEIRA, A. S.6; FERREIRA, D. M. V.7
Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, C. P. 007, 44380-000 Cruz das Almas, BA; 2Coordenador do projeto de
produção integrada de banana para o Norte de Minas Gerais, e-mail: [email protected] ; 3Epamig/CTNM,
Rod. MG T122, Km 155, 39527-000 Nova Porteirinha, MG; 4Unimontes, Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas;
Departamento de Ciências Agrárias; Rua Reinaldo Viana, 2630; Bico da Pedra; 39440-000 - Janaúba, MG; 5Técnico
do Instituto Mineiro Agropecuário – IMA, Montes Claros, MG; 6 Técnico da Agência de Defesa Agropecuária da
Bahia – ADAB, Escritório de Bom Jesus da Lapa, BA; 7 Técnico da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia –
ADAB, Escritório de Cruz das Almas, BA.
Introdução
O Brasil tem se mantido na segunda posição entre os maiores produtores mundiais de
banana com cerca de 6.700.000 t/ano. Os dados mais recentes apontam para uma redução de área
plantada acompanhada de aumentos na produtividade (cerca de 13 t/ha). Acredita-se que a
melhoria nesse indicador se deva a incrementos no nível tecnológico dos cultivos. Os Estados de
São Paulo, Bahia, Pará, Santa Catarina, Minas Gerais, Pernambuco e Ceará são os mais
importantes, tanto em área colhida quanto em produção. A bananicultura brasileira é formada, em
grande parte, por pequenos produtores, predominando o sistema convencional de produção, com
baixo nível técnico dos cultivos e de qualidade da fruta produzida. Alterações nessa situação
passam, obrigatoriamente, pela melhoria dos padrões tecnológicos de produção e de manejo póscolheita da fruta. Dentro dessa perspectiva, insere-se o sistema de produção integrada, que visa
exatamente o estabelecimento das boas práticas de produção e de pós-colheita, garantindo ao
consumidor alimento seguro e de qualidade. O Norte de Minas Gerais, onde estão implantados
cerca de 9.000 ha e o Sudoeste da Bahia com cerca de 4.600 ha, são importantes pólos de
produção de banana, comercializando a fruta para diversos Estados brasileiros e trabalhando para
inserção no mercado internacional. A implantação do sistema de produção integrada nessas
regiões é a grande expectativa para lograr êxito nos objetivos das duas regiões. Nesse trabalho
128
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
pretende-se mostrar as evoluções conseguidas na implantação do sistema de produção integrada
de banana no Norte de Minas Gerais e Sudoeste da Bahia.
Material e Métodos
A implantação do sistema de produção integrada no Norte de Minas Gerais e Sudoeste da
Bahia teve início em março de 2005, a partir das palestras de sensibilização, realizadas para
produtores e técnicos que atuam tanto no Norte de Minas quanto em Bom Jesus da Lapa. Após as
palestras, levantaram-se os produtores interessados em aderir à produção integrada. As primeiras
seis propriedades foram então selecionadas no Norte de Minas Gerais, com a participação direta
do corpo técnico local. O próximo passo foi a visita às áreas e o georreferenciamento das seis
quadras. Ato contínuo, definiram-se metodologias a serem empregadas no monitoramento de
pragas, aspectos ligados ao solo e à água, dando início ao monitoramento desses fatores nas
quadras demarcadas. Os trabalhos iniciados tomaram como base os documentos gerados em
Santa Catarina e São Paulo, principalmente as Normas Técnicas Específicas. Em visita às
propriedades foram levantados os principais problemas da cultura e a infra-estrutura disponível.
Posteriormente definiu-se um programa anual de treinamentos e, a partir dos anos 2006 e 2007,
foram liberadas novas adesões de produtores ao sistema, dando continuidade ao programa de
treinamentos de forma a atender toda a comunidade de técnicos, produtores e funcionários de
propriedades optantes pelo sistema de produção integrada. Paralelamente, tem-se buscado a
elaboração de publicações e a revisão dos documentos gerados por São Paulo e Santa Catarina.
Resultados e discussão
Os trabalhos de campo na produção integrada de banana iniciaram em seis propriedades,
localizadas no Norte de Minas Gerais, onde foram demarcadas pequenas quadras com área total
de 43,25 ha. Após definições metodológicas ocorridas em reunião técnica específica, iniciaram-se
nessas quadras o monitoramento das pragas mais importantes como Sigatoka-amarela, broca-dorizoma e nematóides; caracterização química do solo e da água de irrigação e avaliação da
eficiência dos sistema de irrigação utilizados nas propriedades. Estas ações foram temas de
treinamentos específicos ministrados nas propriedades e geraram ainda diversas publicações na
forma de resumos nos Anais do Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas (BORGES
et al., 2005; OLIVEIRA et al., 2005; RITZINGER et al., 2005; CORDEIRO et al., 2006) e em
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
129
capítulos de livros que estão sendo editados. Vale destacar que o monitoramento e controle da
Sigatoka-amarela da bananeira representou reduções de até 40% em relação à prática corrente
entre os produtores. A partir dos anos de 2006 e 2007 novas propriedades aderiram ao sistema,
onde o Norte de Minas Gerais participa com onze municípios e vinte propriedades inscritas,
atingindo o total de 1.027 ha. Já no projeto Formoso, Bom Jesus da Lapa, BA, estão inscritas
trinta e quatro propriedades num total de 578,72 ha. Nesse caso específico, existem cerca de 30%
dos produtores com menos de 10 ha plantados, o que indica a necessidade de ações diferenciais
visando a certificação. No conjunto das ações, a produção integrada em Minas Gerais e Bahia
atua em cinqüenta e quatro propriedades num total de 1.605,72 ha. As variedades Prata Anã,
Grande Naine, Williams, Galil e Tropical compõem o elenco de cultivares trabalhadas.
As atividades de treinamentos, previstas no item 1, das Normas Técnicas Específicas, têm
sido a base de implantação do sistema com atendimento a todas as áreas temáticas da produção
integrada de banana. Dessa forma, foram realizados 28 treinamentos e/ou reuniões técnicas,
atendendo a um público de 870 pessoas. Todos os participantes têm recebido o certificado de
participação, atendendo à obrigatoriedade de comprovação da capacitação continuada. Ressaltase a participação de um grupo multidisciplinar nos treinamentos e a colaboração de dez empresas
públicas e/ou privadas, sem as quais não seria possível levar adiante este trabalho.
Entre outras ações em andamento destacam-se: revisão das Normas Técnicas Específicas;
elaboração de cartilha sobre pragas e deficiências nutricionais; elaboração de publicação sobre
metodologias para o monitoramento de pragas e fatores ambientais; elaboração de dois capítulos
sobre produção integrada de banana a serem publicados num livro sobre produção integrada em
Minas Gerais e o outro num livro sobre o sistema PIF/SAPI de produção integrada.
Conclusão
A produção integrada de banana no Norte de Minas Gerais e Sudoeste da Bahia, está em
franca expansão, passando de uma adesão inicial de seis propriedades com área de 43,25 ha, para
cinqüenta e quatro propriedades (54), sendo vinte (20) no Norte de Minas e trinta e quatro (34) no
projeto Formoso, Bom Jesus da Lapa. A área total hoje trabalhada é de 1.605,72 ha, após dois
anos e três meses de início efetivo do projeto. Isso representa um crescimento de 90 vezes no
número de propriedades e de 3.712 vezes na área de produção no sistema PIB. O foco maior na
capacitação continuada, com 28 treinamentos oferecidos e 870 pessoas treinadas, é a principal
130
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
estratégia de ação adotada no trabalho, para o atendimento dos objetivos propostos. Os avanços
são sentidos a partir da clara evolução dos produtores em relação ao entendimento sobre o
sistema proposto e a visão de futuro sobre a necessidade de adesão ao mesmo.
Referências bibliográficas
BORGES, A. L., SILVA, J. T. A. da; SOUZA, L. da S.; CORDEIRO, Z. J. M. Caracterização
química do solo das áreas selecionadas para produção integrada de banana no Norte de Minas
Gerais. In: SEMINÁRIO BRASILEIRO DE PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS, 7.,
2005, Fortaleza. Programa e Resumos. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2005. p.
136. (Embrapa Agroindústria Tropical. Documentos, 99).
CORDEIRO, Z. J. M.; DIAS, M. S. C. BORGES, A. L; XAVIER, A. A.; SILVA, J. T. A. da;
OLIVEIRA, S. L. de; FANCELLI, M.; RITZINGER, C. H. S. P.; PEREIRA, M. E. C.; LIMA,
M. B.; RODRIGUES, M. G. V.; COSTA, E. L. Controle da Sigatoka-amarela na produção
integrada de banana (PIB) no Norte de Minas Gerais. In: MARTINS, D, dos S. (Ed.). Seminário
Brasileiro de Produção Integrada de Frutas, 8., 2006, Vitória, ES. Anais. Vitória: Incaper, 2006.
p. 179-180.
OLIVEIRA, S. L. de; EVERLING, P. R.; COELHO, E. F.; COELHO FILHO, M. A. Eficiência
de Irrigação na Produção Integrada de Banana no Norte de Minas Gerais. In: SEMINÁRIO
BRASILEIRO DE PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS, 7., 2005, Fortaleza. Programa e
Resumos. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2005. p. 157. (Embrapa Agroindústria
Tropical. Documentos, 99).
RITZINGER, C. H. S. P.; FANCELLI, M.; CORDEIRO, Z. J. M.; CORSATO, C. D. A.;
CALDAS, R. C. Monitoramento de pragas na produção integrada de banana. In: SEMINÁRIO
BRASILEIRO DE PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS, 7., 2005, Fortaleza. Programa e
Resumos. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2005. p. 167. (Embrapa Agroindústria
Tropical. Documentos, 99).
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
131
DIAGNÓSTICO DE PROPRIEDADES RURAIS PARA ADOÇÃO DA PRODUÇÃO
INTEGRADA DE BANANA NO VALE DO SÃO FRANCISCO
MOREIRA, A. N.1; SILVA, M. M. da2, PEREIRA, J. R. B.3, PEREZ, J. O.4
1
Enga Agra, M.Sc. Entomologia, Professora CEFET Petrolina, E-mail: [email protected]; 2Engo Agro,
D.Sc. Fruticultura, Professor UFRPE, E-mail: [email protected]; 3Engo Agro, D.Sc. Irrigação, Professor
CEFET Petrolina, E-mail: [email protected]; 4Enga Agra, D.Sc. Fitopatologia, Professora CEFET Petrolina, Email: [email protected]. Projeto financiado pelo CNPq, BNB, FACEPE.
Introdução
O Brasil é o terceiro maior produtor de bananas do mundo, produzindo 6,3 milhões de
toneladas numa área de 508 mil hectares (ANUÁRIO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA,
2003), constituindo parte importante da renda dos agricultores familiares e da alimentação das
camadas mais carentes da população. O pólo Petrolina/Juazeiro, situado no semi-árido
nordestino, no Submédio do Vale do São Francisco, tem apresentado acelerado crescimento da
produção agrícola irrigada (FRANÇA, 2000), com excelente potencial e condições climáticas
para a bananicultura.
Nas propriedades familiares dessa região, os cultivos são mais diversificados e voltados
para o mercado interno. Esta cultura pode ser considerada um símbolo de transição dos
produtores familiares temporários para a fruticultura perene, sendo cultivada, geralmente, em
áreas de 2 a 5 ha por produtor (EMBRAPA SEMI-ÁRIDO, 2004).
Contudo, as precárias estruturas de produção e comercialização da banana, o manejo do
produto a partir da colheita e a falta de cuidados no manejo pós-colheita, são responsáveis pela
desvalorização dessa cultura no mercado interno e pela perda de oportunidades de exportação da
fruta brasileira. Assim sendo, o objetivo deste trabalho foi diagnosticar o agronegócio da banana
na região de Petrolina-PE e envolver, conscientizar e preparar os produtores para iniciar o
processo de adoção e implantação da produção integrada.
Material e Métodos
O diagnóstico foi realizado por meio da aplicação de um questionário aos participantes de
dois treinamentos sobre “Novas Tecnologias de Manejo para a Cultura da Banana”, com 96
132
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
horas/aula cada, realizados nos períodos de 08 de novembro a 14 de dezembro de 2005 no
CEFET Petrolina e 25 de abril a 01 de junho de 2006 na Associação de Produtores Rurais do
Núcleo 6, no PISNC, totalizando 32 e 40 pessoas, respectivamente. O questionário continha 26
perguntas distribuídas entre avaliação da propriedade agrícola, produção e técnicas aprendidas
nos treinamentos, com opções de aplicabilidade dos novos conceitos. Os participantes foram
auxiliados pelos professores e alunos bolsistas e os resultados avaliados quanto à freqüência
relativa.
Resultados e Discussão
O diagnóstico da cultura da banana foi respondido por 95% dos participantes dos
treinamentos com os lotes agrícolas localizados no Projeto de Irrigação Senador Nilo Coelho e
Maria Tereza. Os resultados foram: a variedade Pacovan está presente em 100% das áreas dos
produtores, seguida da prata-anã (9,09%), grand naine (9,09%), maçã (4,54%) e nanica (4,54%).
As áreas de produção com a cultura da banana variaram de 0,2 a 12,0 ha, sendo a maior
concentração em áreas de 1,0 ha. A idade dos bananais também foi variável, encontrando áreas
recém implantadas e com até 10 anos de idade, entretanto a maioria dos produtores desconhece a
data de plantio. O mesmo se verifica para o espaçamento da cultura, sendo encontrado os mais
variados desde 2 m x 4 m até 6 m x 6 m. Em relação à previsão de colheita, a maioria não planeja
esta atividade. Os agricultores cultivam, também, outras culturas, tais como, manga, goiaba, uva,
acerola e coco, em áreas de até 1,0 ha, diversificando o seu sistema de produção.
A rede de drenagem nos lotes agrícolas foi considerada ineficiente, pois apenas 34,8% dos
lotes apresentam este sistema, 39,1% não possuem e 26,1% não sabem responder. A salinização
também está presente em 34,8% das áreas observadas, entretanto, 39,1% ainda não detectaram
este tipo de problema e 26,1% não sabem. O sistema de irrigação predominante foi aspersão
convencional (78,4%), seguido da microaspersão (17,4%) e irrigação por bacia (4,2%).
Constatou-se que não se controla a aplicação de água fornecida para a planta, aplicando-se
lâminas de água variáveis de 50 mm a 12 m, com freqüência de 10 a 2 dias, ocorrendo um
desperdício e até escassez de água para a planta.
Os problemas fitossanitários constatados nas áreas de produção foram moleque-dabananeira, tripes, lagarta, pulgão, ácaro e cochonilhas. Em relação a doenças temos sigatoka
amarela, nematóide, virose, podridão mole e moko. Apesar dos problemas detectados, 35% dos
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
133
agricultores não utilizam agrotóxicos; 30,4% usam o equipamento costal manual; 17,3% costal
motorizado; 13% trator/pistola e 4,3% trator/turbo pulverizador. Para os equipamentos de
proteção individual, 13% não utilizam qualquer proteção e dos que usam apenas 26,1% está com
o equipamento completo. No preparo da calda, 17,3% não utilizam qualquer equipamento de
medição. Constatou-se, porém, que a maioria dos produtores utiliza os agrotóxicos sob
recomendação de um agrônomo ou técnico agrícola, seguido de recomendações dos vendedores
ou fornecedores ou por iniciativa própria.
Para o manejo da adubação, 21,8% dos produtores utilizam o que se recomenda na análise
de solo, 4,3% não utiliza (manejo orgânico) e 73,9% adubam de acordo com seus conhecimentos,
apresentado dessa forma dosagens, épocas e quantidades de aplicações de fertilizantes variáveis e
muitas vezes inadequadas. Os problemas relacionados no lote agrícola pelos produtores, em
ordem de importância, foram: lençol freático inferior a 1,0 m por ocasião das chuvas (39,1%),
desperdício de água (34,7%), solos arenosos (30,4%) e atuação da pesquisa agropecuária na
região (30,4%). Após a colheita, a grande maioria dos produtores envia sua produção para o
mercado local, seguido das capitais nordestinas e capitais do sul, porém, encontramos produtores
que não sabem responder o destino da sua produção.
Em relação à aceitação das tecnologias apresentadas nos cursos, podemos observar que
para o manejo da bananeira, mais de 60% das técnicas apresentadas foram imediatamente
aplicadas, e que a condução de apenas uma família por cova ainda apresenta resistência por parte
de alguns produtores (10%). Para a amostragem de solo, 83,5% dos produtores pretendem
realizar esta técnica para recomendação da adubação e 75,6% vão utilizar os procedimentos
corretos para a coleta da análise. Entretanto, apenas 25,9% dos produtores confirmaram em
adotar imediatamente a prática de coleta de folhas para análise, provavelmente devido ao custo
adicional para este tipo de análise. A maioria dos produtores (48,9%) preferiu utilizar o manejo
de irrigação baseado em dados de solo, em comparação ao manejo baseado em dados climáticos
(27,3%) e a junção dos dois (29,5%). A maior dificuldade encontrada pelos produtores é mudar o
sistema de irrigação de aspersão convencional para uma irrigação localizada visando uma
otimização do recurso hídrico e evitar o desperdício de água, consequentemente reduzir os custos
de produção.
O manejo de doenças da bananeira não é praticado na região do Vale do São Francisco,
principalmente devido à baixa incidência das doenças e da difícil identificação dos sintomas no
134
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
campo. O levantamento realizado demonstrou que os produtores estão dispostos a implementar
algumas medidas, tais como realização do teste do copo para identificação da bactéria (58,8%),
remoção de restos vegetais nas linhas de plantio (56,2%), monitoramento de insetos
transmissores de viroses (46,1%), aquisição de mudas certificadas (40,2%) e análise de solo para
nematóides (48,1%). Observa-se, também, que 19,5% dos produtores não pretendem utilizar
produtos químicos na sua lavoura. Em relação a manejo de pragas, 72,6% dos produtores
aderiram à técnica do monitoramento, utilizando iscas atrativas (62,5%) ou o uso do feromônio
(34,4%), diminuindo dessa forma o número de pulverizações para o controle do moleque, e
consequentemente, melhorando a qualidade ambiental da sua área e do produto final.
Para a avaliação das técnicas de colheita e pós-colheita, observou-se que o manuseio
cuidadoso da fruta, lavagem, classificação, armazenamento refrigerado não apresentou adesão
pelos produtores (70%), provavelmente devido a esses procedimentos não serem praticados na
região e a banana ser comercializada por atravessadores que não exigem padrões de qualidade da
Produção Integrada de Frutas (PIF). Os produtores ressaltaram a importância desses cuidados,
necessitando de mais investimentos em pesquisa na busca de alternativas mais práticas e
econômicas. O mesmo ocorreu com as normas da PIF, apresentando índices de até 34% de
indecisão. Entretanto, no item caderno de campo, o índice de aceitação imediata pelos produtores
chegou a 43,1%, seguido da utilização de produtos da grade de agrotóxicos (43,7%), adequação
do local de armazenamento e preparo desses produtos (56,6%) e respeitar o período de carência
(70,5%).
O aproveitamento de subprodutos da banana foi vivenciado durante os cursos e bastante
elogiado por ter sido apresentada alternativa ainda não conhecida pelos agricultores. Entretanto,
constatamos que 16,2% dos agricultores não sabem se vão processar a banana e 30% deles
pretendem realizar esta atividade daqui a alguns anos.
A comercialização e logística foi o grande desafio dos produtores no gerenciamento das
unidades produtivas. A procura por informações de mercado (preço de venda) aparece como
prioritária com 76,2% dos participantes aplicando imediatamente esta técnica, seguida de
pesquisa de mercado (72,7%), procura da assistência técnica (69,1%), de alternativas para
agregar valor ao produto (56,0%), de manuais informativos (54,6%) e formação de grupos
(53,0%) foram os mais mencionados.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
135
Conclusão
Para os agricultores o acesso a novos mercados só será possível com a melhoria na
qualidade do produto e com a organização desse sistema de produção. Um dos pontos mais
importantes foi à percepção dos produtores na organização da base produtiva em grupos
associativistas, visando melhorar a comercialização da banana e de implantar um sistema de
qualidade da fruta.
Referências Bibliográficas
ANUÁRIO Brasileiro de Fruticultura. Santa Cruz do Sul: Gazeta Santa Cruz, 2003. 136 p.
EMBRAPA
SEMI-ÁRIDO.
Agricultura
familiar.
<http://www.cpatsa.embrapa.br>. Acesso em: 20 ago. 2007.
2004.
Disponível
em:
FRANÇA, F. M. C. Documento referencial do pólo de desenvolvimento integrado
Petrolina/Juazeiro. Fortaleza: Banco do Nordeste, 2000. 43 p.
136
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO INTEGRADA DO MELÃO NO VALE DO
SÃO FRANCISCO1
COSTA, N. D.2; ASSIS, J. S. de2; PINTO, J. M.2; ARAUJO, J. L. P.2; ALMEIDA, S. J. S3;
SANTOS, C. A. P. dos3
1
Trabalho financiado pelo CNPq; 2Pesquisadores Embrapa Semi-Árido, Br 428, Km 152, CP 23, Zona Rural,
Petrolina-PE, 56302-970; 3Bolsistas Embrapa Semi-Árido/CNPq - Br 428, Km 152, CP 23, Zona Rural, PetrolinaPE, 56302-970
Introdução
O melão (Cucumis melo L.) é uma olerácea muito apreciada e de grande popularidade no
mundo, tendo ocupado em 2005, uma área de 1,24 milhões de hectares, com uma produção de
27,5 milhões de toneladas de frutos e produtividade média de 22,10 t/ha (FAO, 2005). A China é
o maior produtor, com 55% da produção mundial, seguida pela Turquia, Irã, Estados Unidos e
Espanha. O Brasil é, atualmente, um dos maiores produtores de melão da América do Sul, com
17% da produção total. No período de 1970 a 2005, a área cultivada com melão passou de 4.777 ha para
15.981 ha, o que representou um aumento da ordem de 234,5%, enquanto o incremento da produção e
produtividade, no mesmo período, foram de 6.656,2% e 1.924,8%, respectivamente. A Região
Nordeste respondeu em 2005 por 94,6% da produção do País. Dentre os Estados brasileiros, o Rio
Grande do Norte tem a liderança na área e produção, tendo produzido em 2005, 45,4% do total
produzido no país, seguindo em ordem decrescente, pelos Estados do Ceará, Bahia, Pernambuco
e Rio Grande do Sul (IBGE, 2005). O país dispõe de tecnologias e conhecimentos capazes de dar
suporte a um salto quantitativo e qualitativo na produção integrada de melão para abastecer o
mercado interno e aumentar suas exportações para outros países, mediante o cumprimento das
Normas Técnicas e Documentos de Acompanhamento da Produção Integrada de Melão.
A Produção Integrada de Frutas é um sistema de exploração agrária que produz frutas de
alta qualidade, mediante o uso racional de insumos e defensivos, prevendo um maior respeito ao
homem e ao meio ambiente, assegurando uma produção sustentável e competitiva. Surgiu a partir
da demanda no mercado internacional que vem se preocupando cada vez mais com maior
segurança e inocuidade em relação aos produtos importados, havendo uma grande exigência em
se consumir frutas de boa aparência, boa qualidade, livre de contaminantes químicos, físicos e
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
137
biológicos e que seja possível rastrear todo o seu processo produtivo. A partir dos próximos anos,
haverá uma maior restrição quanto à entrada de frutas frescas no mercado externo,
principalmente na União Européia, onde permanecerão no mercado aqueles que estiverem em
conformidade com a Produção Integrada, processo economicamente viável, ambientalmente
correto e socialmente justo.
A grande vantagem de regiões semi-áridas para o cultivo do melão é a pequena ocorrência
de chuvas em períodos distintos, que favorecem a baixa incidência de doenças e a melhor
qualidade dos frutos em função de maior atividade fotossintética que favorece o aumento do teor
de sólidos solúveis. O teor de sólidos solúveis (°brix) é usado também como índice para
classificação de melão. Quando o teor de sólidos solúveis é menor que 9ºbrix o fruto é
considerado como não comercializável, quando o teor de sólidos solúveis situa-se entre de 9 a
12ºbrix, o fruto é classificado como comercializável, e acima de 12ºbrix como melão extra
(ARAUJO, 1999).
Material e Métodos
O trabalho constou de uma Unidade de Demonstração com dois tipos de manejo da
cultura do melão, um, conduzido, em Sistema de Produção Integrada e o outro conduzido em
Sistema Convencional instalado no Campo Experimental da Embrapa, Projeto Mandacaru no
município de Juazeiro-BA. A semeadura do melão em Produção Integrada foi feita em bandejas
de isopor no dia 18 de setembro de 2006 e o transplantio aos 10 dias após a semeadura,
utilizando-se a cultivar Tropical 10/00 (F1), no espaçamento: 2,0 x 0,40 m com irrigação por
gotejamento e fertirrigação. Para o Sistema Convencional utilizou-se a cultivar Tropical 10/00
(F2), no espaçamento 2,0 x 0,40 m, irrigação por sulco e área: 0,2 ha para cada sistema.
Para o sistema de Produção Integrada a adubação constou de 90 kg/ha de N, 160 kg/ha de
P2O5 e 60 kg/ha de K2O que foram aplicados diariamente via água de irrigação até 40 dias para o
Nitrogênio e Fósforo e 55 dias para Potássio. Para o sistema convencional os fertilizantes foram
aplicados diretamente no solo, sendo em fundação 30 kg/ha de Nitrogênio, 120 kg/ha de Fósforo
e 60 kg/ha de Potássio, e em cobertura 90 kg/ha de Nitrogênio e 60 kg/ha de Potássio em duas
coberturas aos 20 e 40 dias após o plantio.
As pulverizações para o sistema de Produção Integrada foram realizadas após amostragem
do número de pragas ou índice de doenças presente na área, sendo utilizado a seguinte
138
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
metodologia de amostragem para pragas, feitas a cada três dias, inicialmente pela linha lateral
percorrendo a área em zigue-zague examinando 20 pontos da mesma de preferência 40% nas
laterais do ensaio e quando o nível de ação chega a dois adultos da Mosca Branca ou dez adultos
da Mosca Minadora faz-se as pulverizações usando os produtos registrados para a cultura.
A amostragem de doenças foi iniciada a partir da primeira fileira à esquerda da parcela no
sentido longitudinal, avaliando todas as plantas da linha de plantio saltando quatro fileiras para
segunda amostragem até a última fileira a ser avaliada e quando o nível de ação atingiu acima de
10% para oídio e 30% para micosferela procedeu-se às pulverizações com produtos registrados,
enquanto que para o sistema convencional, as pulverizações eram feitas preventivas sem nenhum
monitoramento de pragas ou doenças, o que aumentaria o custo de produção e consequentemente
a poluição ambiental.
Resultados e Discussão
Tabela 1. Rendimento, brix e classificação dos frutos obtidos no ensaio de avaliação do Sistema
de Produção Integrada do Melão no Vale do São Francisco Juazeiro-BA, 2006.
SISTEMAS
PIF
Convencional
Rendimento
°BRIX
T/HA
22,7
20
(%)
12,5
11,8
Classificação por tipo (%)
5
21
10
6
41
23
7
25
28
8
2
14
9
9
6
10
2
12
Houve um aumento de 13,5% no rendimento e 0,7% no valor de ºbrix para os frutos de
Sistema de Produção Integrada. Quanto à classificação por tipo de fruto o Sistema de Produção
Integrada apresentou 87% de frutos dos tipos 5-7, os mais preferidos pelo mercado interno,
contra 61% dos frutos obtidos no Sistema Convencional.
Avaliações realizadas no período de armazenamento dos frutos em condições ambiente
(25°C ± 5°C e UR 50% ± 10%), mostraram que os melões da Produção Integrada ultrapassaram
em oito dias a vida útil de armazenamento dos melões do Sistema Convencional.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
139
Conclusão
O Sistema de Produção Integrada proporcionou aumento de 13,5% no rendimento do
cultivo, 07% no teor de sólidos solúveis e economia de água da ordem de 44,66%, quando
comparado com o Sistema Convencional.
Referências Bibliográficas
ARAUJO, J. L. P. Evaluación de la calidad comercial y posibilidades de mercado de melón
brasileño comercizable en Europa. 1999. 285 p. Tese (Doutorado) – Universidad de Córdoba.
FAO. Agricultural production, primary crops. Disponível em: <http://www.fao.org>. Acesso
em: 10 nov. 2005.
IBGE. Produção agrícola Municipal. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br>. Acesso
em: 11 nov. 2005.
140
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
COMPREENSÃO DOS ATRIBUTOS DE QUALIDADE DE VALORAÇÃO DO
MARACUJÁ AZEDO ORIUNDO DA BAHIA NO ENTREPOSTO TERMINAL DE SÃO
PAULO DA CEAGESP
HIROI, M.1; RIVELLES, C. R.2; GUTIERREZ, A. S. D.3
1
Aluno de Engenharia Agronômica da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São
Paulo (ESALQ/USP) e estagiário da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP), Av.
Dr. Gastão Vidigal, 1946, Loja 7, São Paulo-SP, 05316-900, [email protected]; 2Aluna de Engenharia
Agronômica da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP Jaboticabal e estagiária da CEAGESP,
[email protected]; 3Engenheiro Agrônomo Dr., chefe do Centro de Qualidade em Horticultura (SECQH) da
CEAGESP, [email protected].
Introdução
Um dos objetivos proposto pelo projeto Manejo e Logística da Colheita e Pós-Colheita na
Produção Integrada de Frutas no Brasil (banana, caqui, citros, figo, goiaba, maracujá e morango),
Processo CNPq 48.0037/02-7 é a compreensão das características qualitativas responsáveis pela
valoração das frutas de modo que se possa estabelecer requisitos mínimos para as frutas que serão
certificadas como de Produção Integrada. A compreensão do processo de valoração e dos
atributos de qualidade que o determina são imprescindíveis à implantação de programas de
modernização como a Produção Integrada de Maracujá, pois pode fornecer ao produtor subsídio
para a melhoria de renda, conseqüência da melhoria da qualidade e confiabilidade do seu
produto.
A produção brasileira de maracujá azedo totalizou 479.813 toneladas em 2005 que foram
colhidas em 35.856 hectares, sendo esta produção bastante distribuída pelo Brasil. A Bahia é a
maior produtora, colheu 139.910 toneladas (IBGE, 2007).
Segundo GUTIERREZ (2005), de todo produto que chega no ETSP da CEAGESP é
recolhida uma via de toda nota fiscal que é encaminhada ao setor de codificação da Seção de
Economia e Desenvolvimento (SEDES) da empresa, onde os seguintes dados são codificados,
digitados e registrados em seu sistema de informática: o produto, sua cultivar, município e
unidade da federação de origem, embalagem e o atacadista de destino. A base de dados
consolidada destas informações é denominada “Sistema de Informação de Mercado da
CEAGESP” ou SIM CEAGESP.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
141
De acordo com o SIM CEAGESP (2007) foram comercializadas, no ano de 2006, 32.818
toneladas de maracujá azedo, oriundas de 234 municípios brasileiros, de 10 Estados brasileiros e
comercializados por 207 atacadistas. Acompanhando o panorama brasileiro, a Bahia é a principal
fornecedora do ETSP da CEAGESP, contribuindo com 49% do total. Os principais fornecedores
do maracujá azedo ao ETSP foram os municípios baianos Bom Basílio (19,2%) e Livramento do
Brumado (13,4%) e os capixabas Linhares (6,6%) e Pinheiros (5,3%). Os cinco maiores
atacadistas concentram 36% do total comercializado, ou aproximadamente 12.000 toneladas.
Observa-se no ETSP da CEAGESP grande flutuação de preços do maracujá azedo ao
longo do ano e em cada dia de comercialização: por classes (tamanho) e por qualidade dentro de
cada classe. O maracujá azedo é vendido no mercado atacadista em caixas de papelão ondulado
ou madeira com massa aproximada de treze quilogramas. A classificação por classe separa os
maracujás nos tipos A, AA, AAA, AAAA e Super. Na venda do atacado para o varejo existe
diferenciação de preço por classe e dentro de cada classificação por qualidade.
Folegatti et al. (2006) iniciaram os trabalhos aplicando questionários a 35 atacadistas do
ETSP da CEAGESP para a identificação das características qualitativas mais importantes na
formação do preço ou valor no mercado atacadista de São Paulo. As características positivas
apontadas com maior freqüência pelos comerciantes foram: “maduro e com casca amarela”
(29%), “pesado e com bastante polpa” (25%) e “ausência de doenças e manchas” (16%).
O objetivo deste trabalho foi verificar em frutos oriundos da Bahia, maior fornecedora da
CEAGESP, a relação entre os valores de comercialização e suas características qualitativas.
Material e Métodos
Foram coletadas no ETSP da CEAGESP, em duas datas diferentes e de maneira
inteiramente casualizada, duas caixas (com a média de 50 frutos) de maracujá da classe tipo
AAAA, oriundos da região de Livramento do Brumado na Bahia. Uma caixa de maior valor,
chamada no mercado de “melhor” ou “campeão” e uma de baixo valor denominada “pior” ou
“fraca”. A amostragem de frutos de mesma classe permite aferir a importância da qualidade no
valor do maracujá azedo.
As seguintes análises físico-químicas foram realizadas em laboratório: massa total do
fruto (g), massa da polpa (g), diâmetro equatorial (mm), coloração da polpa (1 = amarelo-claro, 2
142
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
= amarelo alaranjado, 3 = laranja-amarelado, 4 = laranja, 5 = laranja escuro), conteúdo de sólidos
solúveis (SS) e acidez titulável (AT). Também foram anotados os defeitos dos frutos.
Resultados e Discussão
Os resultados obtidos em laboratório podem ser observados na tabela abaixo. Os
tratamentos são divididos em: 1 e 2 = frutos melhores, amostrados e analisados respectivamente
em 25/07/06 e 29/08/06. E, 3 e 4 = frutos piores, amostrados e analisados em 25/07/06 e
29/08/06.
Tabela 1. Resultados das análises físico-químicas do maracujá azedo.
Peso do Fruto
Calibre (mm)
(g)
Cor
da Polpa
Peso da Polpa
79,0475 A
2,6625 A
78,8193 A
195,9950 A
80,2865 A
2,800 A
79,1450 A
2,8150 A
212,5425 A
78,5685 A
2,7875 A
94,8175 A
2,8650 A
209,2500 A
54,0500 B
2,4500 A
82,5800 A
Tratamento
SS(ºBrix)
PH
1
9,1250 B
2,8750 A
200,8538 A
2
12,6850 A
2,8050 A
3
9,1250 B
4
9,8300 B
Teste de Tukey (99%).
A partir das análises laboratoriais pode-se concluir que o tratamento 2 teve um teor de
sólidos solúveis totais maior do que os outros tratamentos, atribuindo-se um sabor mais doce. Já
o tratamento 4 diferenciou-se perante os outros pelo calibre, sendo de tamanho menor que os
outros, conferindo-lhe menor valor de mercado.
O fruto de maracujá azedo “melhor” ou TOP apresenta os atributos mais valorizados,
como maior tamanho em diâmetro, polpa mais colorida, menor ocorrência de defeitos na casca,
maior rendimento de polpa, maior conteúdo de sólidos solúveis.
Conclusões
O processo de valoração do maracujá no mercado atacadista de São Paulo considera
atributos de qualidade externa e interna. A caracterização dos atributos de valoração permite ao
produtor a escolha do caminho para a obtenção de um melhor valor para o seu produto e uma
maior rentabilidade do negócio de produção de maracujá azedo para o mercado in natura.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
143
Referências Bibliográficas
CEAGESP: Sistema de Informação de Mercado da Companhia de Entrepostos e Armazéns
Gerais de São Paulo (CEAGESP). São Paulo, 2007. Não publicado.
FOLEGATTI, M. I. S; CALEGARIO, F. F.; MATSUURA, F. A. U.; ALMEIDA, G. V. B.;
GUTIERREZ, A. S. D. Análise da valoração do maracujá no mercado atacadista de São Paulo:
contribuição à padronização da qualidade na PIF In: SEMINÁRIO BRASILEIRO DE
PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS, 8., 2006, Vitória, ES. Anais... Vitória: Incaper, 2006.
GUTIERREZ, A. S. D. Danos mecânicos pós-colheita em pêssego fresco. 2005. 124 f. Tese
(Doutorado em Produção Vegetal) - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”,
Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2005.
IBGE.
Produção
agrícola
Municipal.
Disponível
em:
<http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/acervo/acervo2.asp?e=v&p=PA&z=t&o=10>. Acesso em: 19
jul. 2007.
144
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
CULTURAS DE COBERTURA NA PRODUÇÃO INTEGRADA DE ABACAXI
MATOS, A. P. de1; SANCHES, N. F.2; SOUZA, L. F. da S.3; ELIAS JR., J.4; TEIXEIRA, F. A.5;
SIEBENEICHLER, S. C6
1
Fitopatologista, PhD, Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, CP 07, 44380-000, Cruz das Almas, BA,
[email protected]; 2Entomologista, MSc, Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, CP 07, 44380-000,
Cruz das Almas, BA, [email protected]; 3Fertilidade do solo, MSc, Embrapa Mandioca e Fruticultura
Tropical, CP 07, 44380-000, Cruz das Almas, BA, [email protected]; 4Eng. Agr. Secretaria da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento do Tocantins, CP 104, 77003-020, Palmas, TO; 5Eng. Agr. Cooperativa Agropecuária de
Pedro Afonso, Rodovia TO-235, km 01, Pedro Afonso, TO (63) 77710-000; 6Nutrição de Plantas, DSc, Universidade
Federal do Tocantins, Campus Universitário de Gurupi, CP 66, 77404-970, Gurupi, TO, [email protected]
Introdução
O controle das plantas infestantes em plantios de abacaxi no Brasil e no mundo é
praticado de maneira intensiva, mantendo quase sempre a área completamente limpa, no
pressuposto de que o abacaxizeiro não suporta competição com o mato (REINHARDT; CUNHA,
1999). No Tocantins o controle das plantas infestantes em plantios convencionais de abacaxi é
realizado mediante capinas com enxada e aplicação de herbicidas. O total de capinas e de
pulverizações com herbicidas ao longo do ciclo depende da região produtora e da comunidade de
plantas infestantes. Em geral são realizadas seis capinas manuais e quatro pulverizações com
herbicidas em pré-emergência, que oneram o custo de produção e têm efeitos negativos à
preservação ambiental. Neste contexto, culturas de cobertura constituem excelente alternativa
para o manejo do mato e conservação do solo sob cultivo do abacaxizeiro. Além dos aspectos
ambientais, a cultura de cobertura apresenta uma série de vantagens, entre as quais se destacam a
melhoria na estrutura do solo, controle de erosão eólica e hídrica, ciclagem de nutrientes, redução
na lixiviação de nutrientes, controle das plantas infestantes, aumento na população de inimigos
naturais e conservação da umidade do solo (ROOS, 2007). A despeito de sua importância, a
cultura de cobertura, especialmente na abacaxicultura, é uma prática relativamente desconhecida
e não existem resultados de pesquisa que subsidiem seu uso. Assim, conduziu-se este trabalho
com o objetivo de avaliar o efeito de culturas de cobertura em plantios de abacaxi conduzidos sob
sistema de produção integrada na Fazenda São João, Município de Pedro Afonso, no Estado do
Tocantins.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
145
Material e Métodos
O trabalho foi conduzido em quadras contendo 6.000 plantas, espaçamento 1,20 x 0,50 x
0,40 m, cultivar Pérola, usando-se no plantio mudas do tipo filhote de tamanho grande (cerca de
50 cm de comprimento). As culturas de cobertura avaliadas foram o capim pé de galinha,
Cynodon dactylon, e o milheto, Pennisetum americanum, as quais foram semeadas, a lanço,
imediatamente após o plantio do abacaxi e repetido após a dissecação/roçagem. Na testemunha o
controle das plantas infestantes foi praticado de maneira convencional, mediante capinas manuais
e aplicação de herbicidas. A correção e adubação foram realizadas de acordo com os resultados
analíticos do solo, parcelando-se os adubos em quatro aplicações (SOUZA et al., 2005). O
manejo do capim pé de galinha e do milheto consistiu na dessecação com herbicida pósemergente, antes da formação das sementes e na roçagem com a roçadeira manual com motor a
explosão, mantendo-se a cobertura morta (MATOS et al., 2006). Durante o desenvolvimento
vegetativo das quadras com cultura de cobertura procedeu-se ao monitoramento da fusariose,
Fusarium subglutinans (MATOS; CABRAL, 2005), da podridão do olho, Phytophthora
nicotiana var. parasitica (MATOS, 2005), da murcha associada à cochonilha, “pineapple
mealybug wilt virus”/Dysmicoccus brevipes (SANCHES, 2005a) e da broca do fruto, Strymon
megarus (SANCHES, 2005b). Doze meses após o plantio foram colhidas folhas “D” para
determinação do estado nutricional das plantas e em seguida efetuou-se o tratamento de indução
floral mediante pulverização com etefon. Quando da colheita estabeleceu-se o percentual de
frutos com peso inferior a 1.200 g, de 1,201 a 1.500 g; de 1.501 a 1.800 g; e acima de 1.800 g.
Durante o ciclo da cultura foram feitos dois plantios das culturas de cobertura, as quais foram
manejadas mediante uma aplicação de herbicida pós-emergente e uma roçagem com roçadeira
manual com motor a explosão.
Resultados e Discussão
Na quadra conduzida sob sistema de produção convencional foram feitas seis capinas
manuais e duas químicas para o controle das plantas infestantes. Por outro lado nas quadras onde
o capim pé de galinha e o milheto foram utilizados como cultura de cobertura não se praticou o
controle das plantas infestantes. O uso da roçadeira no manejo das culturas de cobertura, uma das
tecnologias do projeto PIN-Abacaxi no Tocantins (MATOS et al., 2006), apresenta diversas
vantagens ambientais, sociais e econômicas em relação à capina manual, destacando-se: proteção
146
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
do solo contra a ação das intempéries mediante a manutenção da cobertura morta; menor esforço
do trabalhador na execução da atividade; redução acentuada na probabilidade de ocorrência de
acidentes de trabalho; e redução nos custos do controle das plantas infestantes de seis h/d na
capina manual para apenas um h/d para roçagem. O monitoramento não apontou a necessidade de
controle da podridão do olho, murcha associada à cochonilha nem da broca do fruto, resultando
em redução de custos referentes à aquisição e aplicação de agrotóxicos, assim como contribuindo
para a redução dos riscos de contaminação do trabalhador e do meio ambiente. Por outro lado
houve a necessidade de controle da fusariose realizado por meio de pulverizações das
inflorescências em desenvolvimento com fungicidas registrados para este fim (MATOS;
CABRAL, 2005), resultando em total controle da doença. Conforme consta da Tabela 1, a
avaliação do estado nutricional das plantas do abacaxizeiro com base na análise foliar mostrou
que as culturas de cobertura não apresentaram efeito de competição por nutrientes com o
abacaxizeiro em comparação com as mantidas sob condições convencionais de cultivo. Observase ainda na Tabela 1 que as plantas da quadra onde se usou o milheto como cultura de cobertura
apresentaram teores mais elevados dos nutrientes, sugerindo maior disponibilidade de macro e
micronutrientes ao abacaxizeiro, provavelmente em decorrência da ciclagem de nutrientes pelo
milheto como acontece com outras culturas de coberturas (ROOS, 2007).
Tabela 1. Avaliação nutricional de abacaxizeiros cultivados com milheto, capim pé de galinha ou
sob sistema convencional.
Tratamento
Milheto
Capim pé de galinha
Convencional
N
P
12,7
10,1
10,7
1,4
0,6
0,7
K
g/kg
26,6
18,7
19,1
Ca
Nutrientes
Mg
S
Bo
4,0
3,4
3,5
3,1
2,3
2,3
16
14
14
1,1
0,9
1,0
Zn
Fe
mg/kg
10
48
9
41
8
36
Mn
Cu
102
87
120
9
5
8
Os resultados das colheitas realizadas nas quadras onde se utilizou o capim pé de galinha
ou o milheto como cultura de cobertura assim como na conduzida no sistema de cultivo
convencional são apresentados na Tabela 2 onde se observa que a colheita na quadra com milheto
apresentou o maior percentual de frutos com mais de 1.800 g (37,73%) seguida do cultivo
convencional com 25,54% e do capim pé de galinha, 22,24%. A colheita na quadra onde se usou
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
147
o milheto como cultura de cobertura rendeu 46,57% de frutos com peso entre 1.501 e 1.800 g
(46,57%) enquanto na quadra conduzida com o capim pé de galinha como cultura de cobertura
constatou-se o percentual mais elevado (48,54%), com o cultivo convencional mostrando o
menor percentual (38,85%). Com referência aos frutos com peso entre 1.201 e 1.500 g o menor
percentual, 15,70%, foi obtido na quadra com milheto e o maior naquela com o capim pé de
galinha, 29,22%, com o cultivo convencional apresentando percentual intermediário, 20,08%.
Nenhum fruto com peso inferior a 1.200 g foi produzido nas quadras mantidas com milheto ou
capim pé de galinha como cultura de cobertura, por outro lado, na quadra conduzida sob sistema
de cultivo convencional 15,53% dos frutos colhidos apresentou peso abaixo de 1.200 g. Além de
não produzirem frutos com peso inferior a 1.200 g, os percentuais de frutos acima de 1.500 g
foram mais elevados nas quadras com milheto, 84,30%, e capim pé de galinha, 70,78% em
comparação com o cultivo convencional, 64,39%. Estes resultados mostram o efeito positivo do
uso de culturas de cobertura em plantios de abacaxi conduzidos sob sistema de produção
integrada, com reflexos inclusive no valor da produção.
Tabela 2. Percentuais de frutos de abacaxi colhidos, por classes, nas quadras com milheto, capim
pé de galinha ou sob sistema convencional.
Tratamento
Milheto
Capim pé de galinha
Convencional
menos de1.200
g
0,00%
0,00%
15,53%
Classes de frutos por peso
1.201-1.500 g
1.501-1.800 g
mais de 1.800 g
15,70%
29,22%
20,08%
46,57%
48,54%
38,85%
37,73%
22,24%
25,54%
Total
100%
100%
100%
Conclusões
O uso do capim pé de galinha ou do milheto como cultura de cobertura em plantios de
abacaxi conduzidos sob sistema de produção integrada no Estado do Tocantins não mostrou
efeito de competição por nutrientes com a cultura principal.
A utilização do milheto como cultura de cobertura possibilitou o maior percentual de
frutos com peso acima de 1.800 g, de maior valor comercial, em comparação com o capim pé de
galinha como cultura de cobertura e com o cultivo convencional.
148
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Referências Bibliográficas
MATOS, A. P. de. Manejo integrado da podridão-do-olho do abacaxizeiro. Cruz das Almas:
Embrapa-CNPMF, 2005, 2 p. (Embrapa-CNPMF. Abacaxi em Foco, 33).
MATOS, A. P. de; CABRAL, J. R. S. Manejo integrado da fusariose do abacaxizeiro. Cruz das
Almas: Embrapa-CNPMF, 2005, 2 p. (Embrapa-CNPMF. Abacaxi em Foco, 32).
MATOS, A. P. de; TEIXEIRA, F. A.; SANCHES, N. F.; CORDEIRO, D. G.; SOUZA, L. F. da
S. Roçadeira com motor a explosão: nova alternativa para manejo das plantas infestantes na
cultura do abacaxizeiro. Cruz das Almas: Embrapa-CNPMF, 2006 (Abacaxi, v. 4). Disponível
em: <http://www.cnpmf.embrapa.br/informativos/abacaxi/abacaxi_4_1_06.pdf>. Acesso em: 21
maio 2006.
REINHARDT, D. H.; CUNHA, G. A. P. da. Plantas daninhas e seu controle. In: CUNHA, G. A.
P. da; CABRAL, J. R. S.; SOUZA, L. F. da. (Org.). O abacaxizeiro: cultivo, agoindústria e
economia. Brasília, DF: Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia, 1999. p. 253268.
ROOS, D. Cover crops: benefits and challenges. 2006. Disponível em:
<http://www.ces.ncsu.edu/chatham/ag/SustAg/covcropindex.html>. Acesso em: 09 jun. 2007.
SANCHES, N. F. Manejo integrado da broca-do-fruto do abacaxi. Cruz das Almas: EmbrapaCNPMF, 2005a, 2 p. (Embrapa-CNPMF. Abacaxi em Foco, 36).
SANCHES, N. F. Manejo integrado da cochonilha do abacaxi. Cruz das Almas: EmbrapaCNPMF, 2005b, 2 p. (Embrapa-CNPMF. Abacaxi em Foco, 35).
SOUZA, L. F. da S.; MATOS, A. P. de; SIEBNEICHLER, S. C.; ELIAS JR., J. CORDEIRO, D.
G. Recomendação de adubação para o abacaxizeiro no Estado do Tocantins, com base na
análise do solo. [S.L.]: SEAGRO: 2005. 2 p. (SEAGRO. Comunicado Técnico, 4).
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
149
AVALIAÇÃO DE INDICADORES DE SEGURANÇA E QUALIDADE EM EMPRESAS
QUE OPERAM SOB AS NORMAS DA PIN-MANGA NO POLO PETROLINA-PE E
JUAZEIRO-BA
ASSIS, J. S. de1; BASTOS, M. do S. R.2; LIMA, P. A.3; ALMEIDA, S. J. S.4
1
Dr., Pesquisador, Embrapa Semi-Árido, BR 428, Km 152, Caixa Postal 23, 56.302-970, Petrolina-PE. E-mail:
[email protected]; 2Dr. Pesquisadora, Embrapa Agroindústria Tropical - Rua Dra Sara Mesquita, 2270 Planalto do Pici, CEP 60511-110 – Fortaleza-CE. Email: sbastos@cnpat embrapa br; 3Msc., Bolsista
CNPq/Desenvolvimento Tecnológico Industrial; E-mail: [email protected]; 4Engenheiro Agrônomo,
Bolsista CNPq/Desenvolvimento Tecnológico Industrial; E-mail: [email protected]
Introdução
A demanda por manga tem apresentado crescimento significativo no mercado
internacional. No Brasil, a utilização de técnicas de indução floral e pós-colheita têm permitido
explorar brechas de mercado, no momento em que se reduz a oferta dos países concorrentes
Sousa et al. 2002).
Embora a manga ocupe lugar de destaque entre as frutas mais exportadas pelo Brasil,
ainda existem muitas barreiras e/ou exigências à sua exportação impostas pelos Estados Unidos e
União Européia, que compram quase toda a manga exportada pelo país Pedrosa e Pierre (2002).
A maior barreira de exigência do mercado exportador para frutas é a fitossanitária e não a
tarifária. O que pode solucionar estas exigências são as Boas Práticas Agrícolas (BPAs),
representadas por um conjunto de normas empregadas no campo, pós-colheita, produtos,
processos e serviços. A sua implantação tem a finalidade de melhorar a qualidade, a segurança do
alimento e o poder competitivo dos produtos Pimentel (2000).
O objetivo do trabalho foi avaliar, se os indicadores e parâmetros técnicos de qualidade do
Sistema de Produção Integrada de Manga estão, atendendo aos requisitos exigidos pelos
mercados internacionais.
Material e Métodos
Foi aplicado em março de 2007, uma lista de verificação constituído de cento e sete
questões relativas ao manejo em campo e na empacotadora, baseadas em documentos do Food
and Drug Administration e Codex Alimentarius Comission e nas Normas Específicas da
150
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Produção Integrada de Manga, em uma amostra de 4 empresas, sorteadas entre as maiores
empresas exportadoras de manga, localizadas nos municípios de Juazeiro-BA e Petrolina-PE, no
Vale do São Francisco e cadastradas no Ministério da Agricultura como empresas que aderiram
ao Sistema de Produção Integrada de Manga. No questionário foram abordados aspectos do
sistema operacional da produção de manga para exportação, relativos a: conforto, saúde e higiene
dos trabalhadores, qualidade da água utilizada em pré e pós-colheita, infra-estrutura e limpeza da
empacotadora, conservação e manejo do solo, uso de esterco e resíduos orgânicos, instalações
sanitárias, manejo integrado de pragas, transporte e armazenamento, controle de qualidade do
produto e rastreabilidade.
Resultados e Discussão
Manejo Integrado de Pragas - Todas as empresas visitadas fazem o monitoramento de
pragas e doenças semanalmente para embasar a decisão sobre aplicação dos agroquímicos.
Obedecem ao critério de aplicação de produtos registrados para cada cultivo de acordo com os
critérios e normas do Ministério da Agricultura. Neste item em particular, todos os técnicos das
fazendas visitadas, reclamaram da pequena quantidade de produtos da grade de agroquímicos o
que não permite a alternância de produtos para uma mesma praga ou doença.
Água - A água utilizada na irrigação, captada diretamente do Rio São Francisco ou
fornecida pelo Distrito de Irrigação é considerada de boa qualidade e não recebe nenhum tipo de
tratamento, entretanto, todas as empresas informaram e comprovaram a realização semestral de
análises químicas, físico-químicas e biológicas da água, que fazem em amostras coletadas nas
áreas de cultivo. Quanto à água utilizada nas empacotadoras, as análises de potabilidade são
realizadas diariamente e, de acordo com os resultados encontrados, podem ser efetuadas
aplicações de produtos para correção tanto na água de lavagem dos frutos quanto na água dos
reservatórios.
Infraestrutura e limpeza da empacotadora – Em todas as empresas visitadas, a localização
das empacotadoras era adequada do ponto de vista de acesso, limpeza nos seus arredores e
possibilidade de acesso de animais. Embora seja grande o número de trabalhadores nas
empacotadoras, estas são construídas e montadas de modo a permitir perfeita separação entre as
diferentes atividades e equipamentos utilizados no fluxo do processo, o que torna muito mais
difícil a ocorrência de contaminação cruzada dos produtos. Observou-se que os produtos
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
151
utilizados para limpeza e sanificação das máquinas estavam armazenados adequadamente. Não
foi encontrado nenhum objeto em desuso ou com uso indevido no interior das empacotadoras.
Esterco e resíduos orgânicos - o esterco utilizado em algumas empresas não era
previamente curtido nem havia passado por nenhum tratamento de desinfecção, em outra, o
esterco era lavado e posto para secar antes da aplicação, porém nenhuma das empresas avaliadas
informou que realizava análises microbiológicas do esterco. A justificativa apresentada era de
que o esterco é aplicado em covas sob a copa das árvores, logo após a poda, o que ocorre pelo
menos seis meses antes da floração. Os cuidados tomados em todas as empresas são de localizar
o esterco fora da área de cultivo e em posição adequada em relação à direção do vento. Em todas
as empresas os responsáveis alegaram que o tempo de permanência do esterco nas áreas era
muito curto, não havendo então possibilidade de contaminação dos frutos. Quanto ao descarte de
resíduos orgânicos as empresas apresentaram destinos diferentes, podendo ser enterrado,
utilizado em compostagem ou simplesmente destinado ao lixo comum.
Saúde e Higiene - Todas as empresas informaram que no início de cada safra promovem a
realização de treinamentos para as equipes tanto de produção quanto de processamento, no que
diz respeito à higiene pessoal e manipulação das frutas. Na empacotadora, todos os funcionários
trabalham uniformizados e com equipamentos adequados para garantir sua segurança. Com
relação à saúde do trabalhador as fazendas contratam enfermeiros que trabalham 8 horas diárias.
Em uma das empresas existe também a equipe de socorro e independente disto todas elas
recebem a visita quinzenal de um médico. Existe ainda um plantão médico na cidade mais
próxima para atendimento de casos de urgência. Os refeitórios coletivos e os locais específicos
para descanso seguem todas regras do Ministério do Trabalho.
Instalações sanitárias - os banheiros e/ou vestiários são em número suficiente e suas
distâncias estão de acordo com as normas do Ministério do Trabalho. A limpeza destas
instalações é feita diariamente e algumas empresas mantêm funcionários só para fazerem a
limpeza dos banheiros na época de safra. Nas empacotadoras existem lavatórios e placas de
sinalização e orientação quanto aos perigos e os cuidados com a higiene.
Armazenamento e transporte - as empacotadoras possuem programas de adequação e
manutenção de câmaras de armazenamento e dos veículos de transporte, controlados com
planilhas de registros dos dados do sistema de refrigeração e da higienização de câmaras frias e
contêineres. Elaboram fichas de controle do programa de limpeza dos equipamentos, utensílios e
152
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
caixas de campo. Em algumas empresas visitadas a higienização dos contentores não era
eficiente.
Rastreabilidade - Os sistemas de rastreabilidade de todas as empresas permitiu recuperar
todas as informações necessárias, inclusive das frutas produzidas por terceiros, pois nos rótulos
das caixas foram registradas todas as informações pertinentes.
Qualidade do produto - Verificou-se que o risco de ocorrência de danos e da
contaminação cruzada nos frutos é praticamente nulo; Todas as etapas do processamento das
frutas são devidamente registradas. Na recepção sempre são coletadas amostras para a realização
das análises dos parâmetros de qualidade e amostras nos produtos embalados, para análise de
resíduos químicos e de contaminação microbiológicas.
Conclusões
A aplicação da lista de verificação demonstrou que embora tenham sido detectadas
algumas diferenças na forma de elaborar e implementar os protocolos de procedimentos
operacionais, as quatro empresas visitadas operavam rigorosamente de acordo com as Normas
Específicas do Sistema de Produção Integrada de manga.
Os parâmetros e indicadores de qualidade utilizados para a colheita e processamento da
manga atendem às exigências do mercado internacional.
Referências bibliográficas
SOUSA, J. P.; PRAÇA, E. F.; ALVES, R. E.; BEZERRA NETO, F.; DANTAS, F. F. Influência
do armazenamento refrigerado em associação com atmosfera modificada por filmes plásticos na
qualidade de mangas ‘Tommy Atkins’. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 24, n.
3, p. 665-668, 2002.
PEDROSA, J. M. Y.; PIERRE, F. C. Técnicas de pós-colheita e expansão da cultura da manga no
estado de São Paulo. Revista Brasileira Fruticultura, Jaboticabal, v. 24, n. 2, p. 381-384, 2002.
PIMENTEL, C. R. M. Oportunidades e Barreiras à Expansão do Comércio Internacional para a
Manga Nordestina. Revista Econômica do Nordeste, Fortaleza, v. 31, n. 2 , p. 166-176, 2000.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
153
PRODUÇÃO INTEGRADA DE MANGA E UVA FINA DE MESA NO VALE DO SÃO
FRANCISCO: PERFIL DO MONITOR1
SANTOS, C. A. P. dos2; HAJI, F. N. P.3; LOPES, P. R. C.4; OLIVEIRA, J. E. M.4; SANTOS, V.
F. C. dos2
1
Projeto financiado pelo CNPq; 2Bolsistas Embrapa Semi-Árido/CNPq - Br 428, Km 152, CP 23, Zona Rural,
Petrolina-PE, 56302-970 [email protected]; 3Consultora Embrapa Semi-Árido Br 428, Km 152, CP 23,
Zona Rural, Petrolina-PE, 56302-970 [email protected]; 4Pesquisadores Embrapa Semi-Árido, Br 428,
Km 152, CP 23, Zona Rural, Petrolina-PE, 56302-970 [email protected] / [email protected].
Introdução
A região do Vale do São Francisco possui uma área cultivada com uvas finas de mesa de
9.600 ha, e manga com 22.000 ha, desse total, 4.103 ha, correspondentes a 42% e 33% da área
são monitorados através do Sistema de Produção Integrada de Uvas Finas de Mesa (PI-UVA) e
7.299 ha no Sistema de Produção Integrada de Manga (PI-Manga). Esse monitoramento é feito
em 1.941 parcelas e 1.414 para uva e para manga, respectivamente, das empresas que fazem parte
do programa. Os monitoramentos são realizados por meio de inspeções semanais, onde o monitor
observa a presença da praga bem como sua injúria, além da sintomatologia do patógeno anotando
essas informações na planilha/ficha de campo. Já existem cerca de 2.695 e 2.490, técnicos
treinados e capacitados para realizarem esse monitoramento em PI-Uva e PI-Manga,
respectivamente. Os monitores são capacitados após freqüentar os cursos de capacitação, onde o
mesmo conhece a cultura a ser monitorada, e ficam habilitados em diagnose de pragas e doenças,
além dos inimigos naturais. Cursos de capacitação são realizados mensalmente pela Embrapa
Semi-Árido por meio de palestras teóricas e práticas. O processo produtivo visa a mínima
utilização de agrotóxicos, através do monitoramento de pragas e doenças por meio de Manejo
Integrado de Pragas (MIP), de forma a contribuir com os índices de degradação ambiental. Esta
prática inovadora de acompanhamento racional das pragas trouxe uma maior segurança para o
agrônomo, técnico ou produtor na tomada de decisão no controle de uma determinada população
da praga. Dessa forma, após 50 cursos elaborou-se o perfil dos monitores baseado nas seguintes
informações: grau de conhecimento do sistema PIF; tempo no programa; conhecimento das
normas e capacidade de parcelas a serem monitoradas diariamente.
154
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Material e Métodos
O trabalho consistiu na elaboração de um questionário que foi aplicado em 20 empresas
participantes do programa Produção Integrada de Frutas – PIF. Nesse questionário, abordou-se
questões como a formação e o acesso que os monitores tinham às normas específicas da cultura
monitorada, além do tempo que disponibilizava diariamente para o monitoramento em cada fase.
Manuais de monitoramento de pragas e doenças foram elaborados para orientar os
produtores na identificação dos danos e sintomas das pragas e doenças no campo, assim como os
níveis de ação para intervenção química. O monitoramento das principais pragas e doenças, bem
como a ocorrência de inimigos naturais foi realizado por amostragens semanais, envolvendo o
conhecimento sobre a fenologia da cultura, esquema experimental, número de plantas amostradas
por área (unidade produtiva), freqüência, partes amostradas da planta (tronco, brotações, gemas,
folhas, ramos, inflorescências e frutos), níveis de ação, conhecimento da praga e epidemiologia
da doença, além das condições climáticas. A metodologia de amostragens das pragas, doenças e
inimigos naturais, bem como as planilhas a serem utilizadas foram desenvolvidas pela Embrapa
Semi-Árido (BARBOSA et all, 2000, 2001; HAJI et al., 2000; TAVARES et al., 2001).
Resultados
Na região do São Francisco, a maioria desses monitores possui o 2º grau completo, sendo
alguns deles técnicos agrícolas. Observou-se que os mesmos têm acesso às normas da PIF, sendo
que a maioria com tempo de permanência de mais de um ano no programa, monitorando entre
quatro e oito parcelas por dia de até 1 ha. Muitos ainda têm outras funções na empresa, inclusive
para o preenchimento do Caderno de Campo – Seção 2, onde passam os resultados dos níveis de
ação obtidos em cada parcela monitorada (Tabela 1).
Conclusões
Conclui-se que, no Vale do São Francisco, os monitores após os treinamentos e com nível
de conhecimento adquirido estão devidamente capacitados para realizarem o monitoramento de
pragas e doenças na cultura da manga e uva.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
155
Tabela 1. Demonstrativo do perfil dos monitores.
PERFIL DO MONITOR
Manga
Uva
Sem
Fundamental Médio 2º grau
Fundamental Médio 2º grau
resposta
01
05
13
01
01
02
15
4 anos
1 ano
Sim
Sim
Nível de formação
Tempo no programa
Acesso as Normas
Diagnose pragas
doenças
Inimigos naturais
Outras funções
Parcelas monitoradas
e
Sem
resposta
02
Sim
Sim
Sim
05 responderam que possuem outras
funções
Entre 4 a 6 parcelas por dia
Sim
07 responderam que possuem outras
funções
Entre 4 a 8 parcelas por dia
Referências Bibliográficas
BARBOSA, F. R.; MOREIRA, A. N.; ALENCAR, J. A. de; HAJI, F. N. P.; MEDINA, V. D.
Monitoramento de pragas na cultura da mangueira. Petrolina: Embrapa Semi-Árido, 2001. 22
p. il. (Embrapa Semi-Árido. Documentos, 159).
BARBOSA, F. R.; HAJI, F. N. P.; ALENCAR, J. A. de; MOREIRA, A. N.; TAVARES, S. C. C.
H.; LIMA, M. F.; MOREIRA, W. A. Monitoramento de pragas e doenças na cultura da
mangueira. Petrolina: Embrapa Semi-Árido, 2000b. 33 p. il. (Embrapa Semi-Árido.
Documentos, 150).
HAJI, F. N. P.; ALENCAR, J. A. de; BARBOSA, F. R.; MOREIRA, A. N.; LIMA, M. F.;
MOREIRA, W. A.; TAVARES, S. C. C. H. Monitoramento de pragas e doenças na cultura
da videira. Petrolina: Embrapa Semi-Árido, 2000. 40 p. il. (Embrapa Semi-Árido. Documentos,
151).
TAVARES, S. C. C. de H.; COSTA, V. S. de O.; SANTOS, C. A. P.; MOREIRA, W. A.; LIMA,
M. F. Monitoramento de doenças na cultura da manga. Petrolina: Embrapa Semi-Árido, 2001.
21 p. il. (Embrapa Semi-Árido. Documentos, 158).
156
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
PRODUÇÃO INTEGRADA DE PRUNÁCEAS NO PARANÁ SAFRA 2006/07
KOWATA, L. S.1; MAY-DE MIO, L. L.2; MOTTA, A. C. V.3; MONTEIRO, L. B.4;
CUQUEL, F. L.5
1
Engenheira agrônoma, Universidade Federal do Paraná-UFPR. E-mail: [email protected]; 2Engenheira
agrônoma, Doutora em Agronomia, Prof. do Dep. de Fitotecnia e Fitossanitarismo (DFF) da UFPR, Rua dos
Funcionários, 1540, 80035-050, Curitiba - PR. E-mail: [email protected]; 3Eng. agrônomo, Dr. em Agronomia,
Prof. do Dept.de Solos e Eng. Agrícola da UFPR. E-mail: mottaacv.ufpr.br; 4Eng. agrônomo, Dr em Agronomia,
Prof. do DFF da UFPR. [email protected]; 5Eng. agrônoma, Dra. em Agronomia, Prof. do DFF da UFPR, Email: [email protected]
Introdução
Produção Integrada de Frutas (PIF) visa obter produtos com qualidade, passíveis de
rastreabilidade, ambientalmente corretos e que ofereçam segurança alimentar (TIBOLA et al.,
2005). Para assegurar a transparência do processo produtivo, a PIF atua através do controle e
registro das atividades desenvolvidas durante a produção, integração das áreas agronômicas com
visão multidisciplinar, otimizando as condições de trabalho e redução dos impactos ambientais
(SANSAVINI, 2002).
A PIF surgiu nos anos 70 para reduzir o uso de agrotóxicos e preservar o ambiente
(FACHINELLO; HERTER, 2000). Sendo atualmente empregada em vários países com
resultados positivos, inclusive no Brasil. Este novo preceito iniciou-se no Brasil com a produção
de maçã e em 1999 envolveu o pêssego no Rio Grande do Sul (FACHINELLO et al., 2003b).
Sendo fundamental para a continuidade do processo, a ampliação da Produção Integrada de
Pêssego (PIP) para o Estado do Paraná, o qual vem destacando-se ao longo do tempo pelo
volume produzido e época de oferta da safra.
Para o processo de implantação da PIP, após a adequação técnica são necessários
determinados procedimentos como o preenchimento do caderno de campo. Este trabalho teve
como objetivo relatar a situação da PIP no Paraná, safra 2006/07, em pequenas propriedades em
fase inicial de implantação, realizando-se um acompanhamento mensal para fiscalizar e orientar o
preenchimento do caderno de campo. Além disso, a equipe buscou identificar os principais
pontos de estrangulamento para o avanço da PI para o pequeno produtor.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
157
Material e Métodos
O acompanhamento técnico, safra 2006/07, foi realizado em 20 propriedades rurais,
distribuídas nos municípios de Campo Largo (cinco), Araucária (quatro), Lapa (oito), Campo do
Tenente (uma); Quitandinha (uma) e Mandirituba (uma), região centro sul do Paraná. As
propriedades foram subdivididas em unidades homogêneas denominadas parcelas, caracterizadas
por possuírem o mesmo cultivar, ano de plantio, condução e localizadas na mesma região. Para o
monitoramento de doenças, pragas e produtividade em cada parcela foram marcadas 10 plantas
por hectare para a coleta de amostras (FACHINELLO et al., 2003a). Os locais foram georeferenciados e os dados anotados no caderno de campo. Os cadernos da safra 2005/2006 foram
recolhidos para análise do conteúdo (entre os dias 11 a 29/05/2006) e os novos cadernos
devolvidos entre o período de 05 a 14/06/2006.
Os produtores foram orientados para o preenchimento do caderno de campo, assim como
proceder aos monitoramentos de pragas e doenças durante as 66 visitas realizadas na safra
2006/07. Também foram entregues pluviômetros e termômetros de máxima e mínima
temperatura para a coleta dos dados climáticos. O projeto PIP-PR custeou 37,5% do valor da
compra. Os produtores já tinham as armadilhas delta (grafolita) e Mcphail (mosca-das-frutas)
para realizar o monitoramento.
Resultados e Discussão
As áreas das propriedades estudadas variavam de 0,01 a 1 ha contendo diferentes espécies
de prunáceas (pessegueiro, ameixeira e nectarineira) e também com diversas cultivares por
espécie (Tabela 1).
Em relação ao caderno de campo, de modo geral, o preenchimento foi satisfatório,
principalmente na caracterização das parcelas e aplicação de agroquímicos, o que demonstra o
entendimento do produtor em dividir o pomar em áreas homogêneas e referir cuidados especiais
para cada parcela. As maiores dificuldades estavam na quantificação da colheita e o
monitoramento da mosca-das-frutas (Anastrepha fraterculus) e da mariposa-oriental (Grapholita
molesta) (Fig. 1), devido à queda da produção decorrente da geada. O que induziu com que
muitos produtores abandonassem os pomares, porém independente da quantidade produzida em
cada ano, o monitoramento deve ser constante, para não prejudicar a próxima safra.
158
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Tabela 1. Produtores assistidos pelo projeto de Produção Integrada de Pêssegos e descrição das parcelas
de Pessegueiro (P), Nectarineira (N) e Ameixeira (A), safra 2006/07.
Produtor
Gilberto Olchel*
Augusto Brongel*
Eloir Lenartoviczs*
Constante Lech*
Antonio Knapik*
João Stabach*
Município
Araucária
Araucária
Araucária
Araucária
Lapa
Lapa
Tadeu Stabach*
Lapa
Casemiro Woicik*
Lino Martinez*
Lapa
Lapa
Edir Buske**
Amauri Costa*
Casemiro Krupa*
Lapa
Lapa
Lapa
Campo do
Tenente
Quitandinha
Mário Kaiss*
Eduardo Santos *
Parcelas Espécies (cultivares)
8
P (Chimarrita) N (Bruna) A (Letícia, Reubennel, Polli Rosa)
4
P (Rio Grande, Coral, Chimarrita e Charme)
8
P (Chimarrita, Charme, Ouro e BR-1) N (Bruna) A (Reubennel e Irati)
4
P (São Pedro, Chimarrita e Coral)
7
P (Chimarrita, Premier e BR-1) N (Bruna) A (Reubennel e Irati)
5
P (Chimarrita, Ouro e Delanona) N (Bruna)
P (Chimarrita, Premier e BR-1) N (Bruna, Sun Red e Sun Gold) A (Irati
10
e Reubennel)
P (Chimarrita, Delanona e Eragil) N (Bruna, Sun Red e Sun Gold) A
14
(Irati e Reubennel)
6
P (Chimarrita e Texano) N (Bruna) A (HP e Reubennel)
Pessegueiro (Chatar, BR-1, Coral II, Chimarrita, Charme, São Pedro e
Texano) N (Bruna e Sun Gold) A (Irati, Amarelinha, Letícia e
21
Reubennel)
6
P (Chimarrita e Eragil) N (Bruna e Sun Gold) A (Irati e Reubennel)
6
P (Delanona, Charme e Eragil) N (Bruna) ; A (Ameixeira)
8
3
P (Coral e Marli) A (Irati e Reubennel)
P (Chimarrita, Planalto e BR-1)
P (Ouro, Eldorado, Fla-9, Chiripa e Barbosa) N (Sun Ripe e Bruna) A
Clóvis Hoffmann** Mandirituba 25
(Santa Rosa, Irati, Reubennel e Letícia)
Miguel F. Santos* Campo Largo 1
A (Irati)
Luis Gogola *
Campo Largo 6
P (Chimarrita e Chiripá) A (HP e Polli Rosa)
Valdir Gogola*
Campo Largo 2
P (Granada) A (Polli Rosa)
Carlos Gogola *
Campo Largo 2
P (Charme e Eldorado)
Luiz Passos*
Campo Largo 1
P (Delanona)
* Nível tecnológico: Boas Práticas Agrícolas, ** Nível tecnológico: Produção Integrada.
1. Identificação do produtor e técnico
Panorama Geral dos itens preenchidos
2. Identificação da propriedade
3. Identificação das parcelas
4. Histórico de aplicações químicas
% de preenchim en to
100
5. Histórico de adubação
6. Histórico de manejo do solos e plantas invasoras
80
7. Histórico de tratos culturais
8. Histórico de colheita
60
9. Monitoramento de grapholita
10. Monitoramento de mosca-das-frutas
40
11. Monitoramento de pragas
12. Monitoramento de crespeira, antracnose,
chumbinho e ferrugem
13. Monitoramento de podridão-parda, gomose,
queima-de-ramos
e bacteriose).
20
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9 1 0 1 1 12 13 14 15
14. Histórico de maquinário
15. Monitoramento climático
Figura 1. Porcentagem de preenchimento do caderno de campo em 20 propriedades dos municípios de
Campo Largo, Araucária, Mandirituba, Quitandinha, Campo do Tenente e Lapa (PR), safra 2006/07.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
159
O ítem “caracterização da propriedade” não foi adequadamente preenchido devido à falta
de um técnico fixo. Lembrando que neste caso, por tratar-se de um exercício de preenchimento
não foi solicitado que o responsável fosse credenciado pela PIP. Outro aspecto crítico foi o
monitoramento climático, a anotação diária de temperatura foi considerada dificultosa pelos
fruticultores, no entanto o registro contínuo é fundamental para correlação entre clima e doença,
bem como para o acompanhamento histórico da ocorrência de geada relacionando com as fases
de desenvolvimento das plantas nas diferentes parcelas. O relato climático na propriedade
(detalhado e contínuo) pode servir de subsídio para um programa futuro de previsão de
epidemias.
Diferente do monitoramento da grapholita e mosca-das-frutas, as planilhas de
monitoramento de doença e demais pragas foram preenchidas de modo adequado, pois os
integrantes do PIP-PR realizaram este procedimento para que os dados coletados auxiliem a
pesquisa de distribuição temporal e espacial de doenças na região.
Para melhorar o preenchimento de caderno são necessários o acompanhamento
profissional interado nas normas da PIP e a conscientização da importância de formar um
histórico da área por parte do produtor. A grande parte das propriedades apresentadas está na fase
inicial de implantação de Produção Integrada e apresenta certas dificuldades devido à área
reduzida de pomar e pouco capital para benfeitorias. No entanto, outras propriedades não
mencionadas neste trabalho estão em estágio avançado na implementação da PI, podendo obter a
certificação.
Conclusão
Apesar das dificuldades encontradas para a implantação, a Produção Integrada de
prunáceas no Paraná apresenta avanços, principalmente porque todos produtores já entenderam
sobre a necessidade do uso de armadilhas para monitoramento de pragas e da importância do
preenchimento do caderno de campo para uma produção mais segura e ambientalmente correta.
Apesar de viável, algumas correções e modificações em determinados pontos ainda são
importantes para a concretização do uso da Produção Integrada por pequenos produtores no
Estado do Paraná tais como: responsável técnico credenciado em PI fixo na propriedade,
adequação de instalações, maior critério para preenchimento do caderno de campo mesmo em
anos de quebra de produção.
160
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Referências Bibliográficas
FACHINELLO, J. C.; COUTINHO, E. F.; MARONDIN, G. A. B.; BOTTON, M.; MIO, D.; L.
M. Normas técnicas e documentos de acompanhamento da produção integrada de pêssego.
Pelotas: Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, 2003a. 95 p.
FACHINELLO, J. C.; HERTER, F. G. Diretrizes para produção integrada de frutas de
caroço. Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2000. 46 p. (Embrapa Clima Temperado. Circular
Técnica, 19).
FACHINELLO, J. C.; TIBOLA, C. S.; VICENZI, M.; PARISOTTO, E.; PICOLOTTO, L.;
MATTOS, M. L. T. Produção Integrada de pêssegos: três anos de experiência na região de
Pelotas-RS. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 25, n. 2, p. 256-258, 2003b.
SANSAVINI, S. La rintracciabilità delle produzioni ortofrutticole. Rivista di Frutticoltura,
Bologna, n. 1, p. 5-7, 2002.
TIBOLA, C. S.; FACHINELLO, J. C.; GRUTMACHER, A. D. Handling of pests and diseases in
integrated and conventional production of peach. Revista Brasileira de Fruticultura,
Jaboticabal, v. 27, n. 2, p. 215-218, 2005.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
161
ANÁLISE PROSPECTIVA DE CADEIA PRODUTIVA PARA INSERÇÃO DA
MANGABA NO AGRONEGÓCIO
FERREIRA, E. G.1; GUERRA, A. G.2; MENINO, I. B.1; ARAÜJO, I. A. de1
1
Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S/A – EMEPA-PB [email protected]; 2Empresa
Estadual de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte S/A – EMPARN [email protected].
Introdução
A mangabeira (Hancornia speciosa, Gomes), planta da família das apocináceas, é
encontrada vegetando espontaneamente em áreas da região tropical da América do Sul: Brasil,
Paraguai, Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia. No Brasil, é encontrada com freqüência nas
regiões Centro-Oeste, Sudeste, Norte, e com maior abundância nas áreas de tabuleiros e baixadas
litorâneas do Nordeste, onde se concentra a quase totalidade da produção comercial de frutos
(ESPÍNDOLA; FERREIRA, 2003).
No Nordeste brasileiro, é uma planta que vegeta abundantemente na faixa litorânea,
ambiente de solos pobres, de textura arenosa e de fácil drenagem. Na Paraíba, é facilmente
encontrada, na região do litoral, com grandes pomares nativos em terras devolutas, em reservas
indígenas, e em pomares cultivados.
Atualmente, o interesse pela cultura da mangaba no Brasil, e mais particularmente nas
Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, tem crescido substancialmente, quer seja pelos agentes
diretamente envolvidos nos diferentes segmentos da sua cadeia produtiva, quer seja pelos setores
responsáveis pelo desenvolvimento e difusão de novas tecnologias agrícolas e de processamento
da polpa. Apesar desse crescente interesse, a mangaba continua a ser uma cultura essencialmente
extrativista, embora que, já existem pomares organizados ou implantados com a finalidade de
exploração racional para a produção de frutos.
A mangabeira produz frutos para o consumo in natura e para industrialização nas formas
de polpa, principalmente de sucos, batidas, coquetéis, doces, geléias, sorvetes, licores, vinhos e
xaropes. Ainda, pode-se extrair o látex para borracha, e também tem sua aplicação na
farmacologia, o que mostra um grande potencial de aproveitamento.
162
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
A exploração desta fruteira é feita de duas formas: 1) sob a forma de extrativismo, em
pomares nativos, que ocupam mão-de-obra não qualificada, caracterizando a sua importância do
ponto de vista sócio-econômico para as populações da zona rural, que têm como fonte de renda
essa frutífera, sem investimento prévio, considerando-se que se encontra em estado silvestre; 2)
pomares cultivados, que utilizam recomendações geradas pela pesquisa, e, por ser uma cultura
que está despontando no cenário da fruticultura pelas suas qualidades e aplicações, apontam uma
forte demanda.
Metodologia
O estudo da cadeia produtiva da mangaba baseou-se no método do diagnóstico, de Castro
et al. (1995). Este trabalho objetivou a uma descrição dinâmica da produção e dos circuitos de
comercialização, identificando os agentes, os fluxos e seus pontos de estrangulamento. Esta
identificação e descrição foram baseadas em levantamento de dados, entrevistas com os
principais agentes envolvidos, do produtor até o consumidor, visitas de campo e às feiras livres e
da produção; identificação de pessoas chaves e dos principais segmentos da cadeia; tabulação de
dados;
apresentação,
confirmação
e
ampliação
das
informações
e
das
entrevistas
complementares; verificação das informações e estudo da dinâmica da cadeia produtiva da
mangaba.
O diagnóstico visou uma descrição dinâmica, da produção e dos circuitos de
comercialização, descrevendo através de fluxograma os agentes, os fluxos e seus pontos de
estrangulamento, desde insumos, produção de frutas, indústria, distribuição e consumo.
O principal objetivo do estudo foi: analisar, diagnosticar e estabelecer um fluxograma da
cadeia produtiva da cultura da mangaba nos Estados da Paraíba e Rio Grande do Norte, visando à
organização da base produtiva.
Resultados e Discussão
Esse enfoque enfatiza a questão da dependência intersetorial ao longo da cadeia produtiva
(CASTRO et al., 1995; ZYLBERSZTAJN, 2000). Esses autores destacam, para o ano de 2000, o
valor total das operações ligadas ao complexo agroindustrial brasileiro seguiu as seguintes
proporções: 9% “antes da porteira”, 19% para a “produção propriamente dita” e 72% “depois da
porteira”, mostrando a importância do enfoque sistêmico no estudo.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
163
O processo de coordenação na cadeia produtiva da mangaba, nos Estados do Rio Grande
do Norte e Paraíba se assemelham, e, variam de acordo com o sistema de cultivo. O sistema de
produção extrativista tem sua comercialização basicamente na forma de mercado livre, no qual,
os exploradores comercializam sua produção com intermediários que a repassam para varejistas,
ou entregam às indústrias de processamento de frutas. Os frutos advindos de plantios tecnificados
e de produtores que são receptivos à tecnologia gerada pela pesquisa, recebem melhores tratos
pós-colheita.
Dependendo da oscilação de preços na época, estes frutos também poderão ser entregues
nas agroindústrias de processamento, que, em determinadas fases do ano, pagam preços
semelhantes aos praticados em outros segmentos da cadeia produtiva e não levam em
consideração alguns atributos de qualidade dos frutos.
O processo de comercialização dos frutos processados nas agroindústrias nas formas de
sucos e polpas, é feito de forma convencional, ou seja, obedecendo às leis de mercado, da procura
e oferta. As redes de supermercados, lanchonetes e restaurantes absorvem toda produção.
Estruturas de Coordenação
Mercado, Programas e Políticas públicas.
Cooperativas, Associações e firmas
individuais.
Insumos
Produtor /
Extrativista
Indust.de
Processamento
Infra-estrutura e Serviços
Trabalho, crédito, transporte, energia,
embalagem, tecnologia, propaganda,
armazenagem e logística.
Comércio
Atacadista e
Varejista
Consumidor
Instituições
Figura 1: Representação da Cadeia Produtiva da Mangaba na Paraíba e Rio Grande do Norte.
Fonte: Guerra e Ferreira (2007).
164
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Conclusões
•
A cultura da mangabeira está se consolidando pelo seu potencial de produção;
•
a domesticação e difusão da cultura concorrem significativamente para sua expansão;
•
a base produtiva está se conscientizando da sua importância social e econômica;
•
os programas de governo que envolve a cultura melhoram o marketing da cultura.
Bibliografia
CASTRO, A. M. G. de; COBBE, R. V., GOEDERT, W. J. Prospecção de demandas
tecnológicas: Manual metodológico para o SNPA. Brasília, DF: Embrapa-DPD, 1995. 82 p.
ESPÍNDOLA, A. C. de M., FERREIRA, E. G. Aspectos Nutricionais e adubação da mangabeira.
In: SIMPÓSIO BRASILEIRO SOBRE A CULTURA DA MANGABA, 1., 2003, Aracajú, SE.
Anais... Aracajú: Embrapa-CPATC, 2003. 1 CD-ROM.
ZYLVERSZTAJN, D. Conceitos gerais, evolução e apresentação do sistema agroindustrial. In:
ZYLBERSZTAJN, D.; NEVES, M. F. Economia e gestão dos negócios agroalimentares. São
Paulo: Pioneira, 2000.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
165
FRUTICULTURA: RENDA SUSTENTÁVEL PARA A AGRICULTURA FAMILIAR
THIESEN, M. B.1; LASSEN, R. S.2
1
Bacharel em Desenvolvimento Rural e Gestão Agroindustrial pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul.
Endereço: Avenida Central, 403 - Bairro Glória - Santo Augusto. E-mail: [email protected]; 2Bacharel
em Desenvolvimento Rural e Gestão Agroindustrial pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul. Endereço:
Estrada Mangueirão, 400 – Bela Vista – Três Passos. E-mail: [email protected].
Introdução
A agricultura familiar vem resgatar a cidadania tornando-se a principal produtora de
alimentos abastecendo os mercados e as demandas crescentes por produtos cada vez mais
naturais e que garantam qualidade de vida.
Partindo-se desse ponto buscaremos apresentar a produção frutífera do município de Três
Pasos, no Rio Grande do Sul visando esta como uma alternativa de diversificação produtiva, bem
como agroindustrialização como forma de agregar valor aos produtos oriundos da produção
familiar. Para tanto faremos uso de pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo com conversa
informal junto a uma propriedade rural produtora de frutas e à Agroindústria Frutipassos.
Podemos averiguar que a produção frutífera no município de Três Passos expandiu-se
com a implantação do Programa da Fruticultura oriundo do Plano Estratégico de
Desenvolvimento Municipal, os agricultores têm a alternativa de diversificação das culturas e
agregação de renda à propriedade familiar, além disso a criação da Frutipassos, objetivando unir
os agricultores do município, visa o desenvolvimento técnico e a busca de mercado e
industrialização para os produtos.
Diagnosticamos que a Região Celeiro conta com um clima subtropical favorável à
produção de frutas e além disso a elevada demanda pelo consumo de frutas in natura, compotas,
schimmier, frutas cristalizadas, geléias e sucos naturais entre outros que favorecem a expansão da
produção dentro do município.
166
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Material e Métodos
O trabalho de estudo da fruticultura no município de Três Passos baseou-se em pesquisa
bibliográfica, pesquisa a campo com entrevista informal junto a uma propriedade e à
Agroindústria Frutipassos.
Resultados e Discussão
O município de Três Passos localiza-se na região Noroeste do Estado do Rio Grande do
Sul, sua área superficial é de 438,07 km2 e altitude de 501,8 m acima do nível do mar. O
município conta com uma população de 24.645 habitantes e clima subtropical. Suas principais
atividades agrícolas são: bovinocultura leiteira, suinocultura, fruticultura, fumicultura, entre
outras.
O programa de fruticultura na agricultura familiar apresenta-se como uma alternativa de
inovação nas propriedades familiares, uma vez que surge com o intuito de diversificar as
atividades produtivas das mesmas. Conforme a Secretaria de Agricultura do Estado do Rio
Grande do Sul (1982), as instalações de um pomar devem levar em consideração alguns pontos
preliminares como o consumo em elevação de frutas, o que demanda da implantação de novos
pomares.
Produção de Frutas na Propriedade
No distrito de Padre Gonzales encontramos um produtor de frutas que possui 3,8 hectares
com pomares, assim distribuídos: 1,8 hectares de figo, comportando 2.000 pés da fruta, 1 hectare
de pêssego com 700 pés e 1 hectare de uva com 1.000 pés da fruta. Além dessas frutíferas que
estão em plena produção o produtor está aumentando sua área e implantado em sua propriedade
novas variedades como banana, caqui, maçã, pêra, nectarina, bergamota, ameixa e laranja.
A produção de figo resultou em 2006 numa produção de 8 toneladas de frutos maduros e
5 toneladas de frutos verdes; já a produção de uva, no ano passado, resultou em 1.600 kg e a
produção de pêssego irá dar frutos pela primeira vez em 2007.
Os principais tratamentos realizados nos pomares a fim de manter a produtividade são: a
aplicação de calda sulfocálcica para controlar as doenças, podas, tratamento com fungicidas, isso
de iscas naturais para controle de insetos e adubação verde e química. A colheita dos frutos é
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
167
realizada manualmente em cestos ou caixotes e a venda ocorre diretamente ao consumidor e os
excedentes são destinados à agroindustrialização.
A Agroindustrialização das Frutas
A Cooperativa de Fruticultores de Três Passos (Frutipassos) é constituída por fruticultores
do município e por técnicos ligados a atividades de fruticultura. A cooperativa tem como
finalidade fazer reuniões para discutir e desenvolver projeções para o melhoramento da produção
frutífera, além de incentivar estudos, pesquisa e exposições em feiras, seminários e cursos. Outra
finalidade é a vistoria periódica nos pomares.
A organização da comercialização das frutas, tanto na forma verde quanto madura,
incunbindo-se de breves estudos de mercado e fiscalização fitossanitária.
A Frutipassos é constituída por um número ilimitado de cooperados, e estes são escritos
pelos seguintes categorias:
1°- Fundadores – Aqueles que ajudam a criar a cooperativa;
2°- Efetivos – Os que ingressam na cooperativa após o fim das inscrições dos sócios
fundadores;
3°- Beneméritos – Aqueles que prestam relevantes serviços à cooperativa;
4°- Remidos – Aqueles que pagaram antecipado igual ou superiores a 20 anos de
cooperação.
A Frutipassos tem como missão a geração de renda extra na agricultura familiar através
de implantação de fruticultura como uma atividade extra. Além disso busca também a
diferenciação dos produtos a fim de manter qualidade produtiva. O principal objetivo da
agroindústria é o auxilio aos produtores na venda do produto in natura e o processo de
excedentes com logística de venda realizada pela própria cooperativa. Entre as principais
estratégias da agroindústria estão:
•
a padronização;
•
a rotulação;
•
a divulgação em feiras;
•
o aumento da produção;
168
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
•
a implantação de novas variedades produtivas;
•
a redução de custo.
Conclusão
Analisamos que o Programa de fruticultura do município de Três Passos resultou nos
seguintes pontos:
1)
Uniu e incentivou os pequenos produtores familiares que antes estavam
assolados a simples produtores de comodittis a tornarem-se potenciais
produtores de frutas, o que propiciou aos mesmos a diversificação de suas
propriedades e agregação de valor em seus produtos;
2)
Outro ponto que impulsionou esse programa é o clima presente no município
que favorece a produção frutífera como o figo, pêssego, uva, caqui, ameixa,
abacaxi, banana, etc.;
3)
A criação da Agroindústria Frutipassos permitiu que os agricultores reunidos
em forma de cooperativa se organizassem na comercialização de seus produtos,
tanto verdes como maduros, e que seus excedentes fosse beneficiados
agregando mais valor ao produto final.
Em suma, a produção frutífera, além de diversificar as pequenas propriedades familiares
permite que os produtores criem seus próprios mecanismos de produção, beneficiamento,
divulgação e comercialização de seus produtos.
Referências Bibliográficas
GRAFFITTI, L. G. Três Passos: Imigração e Colonização. Ijuí: [s.n.], 2004.
SECRETARIA DA AGRICULTURA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. Cartilha do
Agricultor: as lavouras e as plantas. 2. ed. Porto Alegre, 1982. v. 2.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
169
DIAGNÓSTICO PRELIMINAR DA ATUAL SITUAÇÃO, QUANTO A PRESENÇA DE
RESÍDUOS DE AGROTÓXICOS, DAS FRUTAS COMERCIALIZADAS NO ATACADO
DE SÃO PAULO (SP)
TREVIZAN, L. R P.1; BAPTISTA, G. C. de2; ALMEIDA, G. V. B.3
1
Engenheiro agrônomo Dr., AgroSafety Monitoramento Agrícola, Incubadora Tecnológica ESALQTEC, Av.
Limeira s/n, Sala 01, 13414-018, Piracicaba-SP, [email protected] (Apresentador do trabalho);
2
Engenheiro agrônomo Dr., Laboratório de Resíduos de Pesticidas e Análises Cromatográficas (LARP-USP),
ESALQ/USP, Av. Pádua Dias, 11, CP09, 13418-900, Piracicaba-SP, [email protected]; 3 Engenheiro agrônomo
Msc., Centro de Qualidade em Horticultura (SECQH) da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São
Paulo (CEAGESP), Av. Dr. Gastão Vidigal, 1946, 05316-900, São Paulo-SP, [email protected]
Introdução
Para um diagnóstico preliminar do nível atual de segurança oferecido aos consumidores
das frutas abrangidas pelo escopo do projeto Manejo e Logística da Colheita e Pós-Colheita na
Produção Integrada de Frutas no Brasil (banana, caqui, citros, figo, goiaba, maracujá e
morango), Processo CNPq 48.0037/02-7, se montou uma parceria entre o Centro de Qualidade
em Horticultura (SECQH) da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo
(CEAGESP) Laboratório de Resíduos de Pesticidas e Análises Cromatográficas (LARP-USP) da
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ).
O Entreposto Terminal de São Paulo (ETSP) é o local perfeito para um monitoramento
deste tipo, nele passam diariamente altas porcentagens da produção nacional de frutas, quase
sempre o ETSP é responsável, para cada fruta, pela comercialização de mais de 10% do total
produzido no país. Do maracujá, como exemplo, 11% do total da produção nacional passa
anualmente pelo entreposto (GUTIERREZ, 2007). O volume diário de comercialização supera a
dez mil toneladas (SIM CEAGESP, 2007).
Como um dos principais objetivos da Produção Integrada é oferecer ao consumidor e ao
mercado um produto seguro é de grande importância sabermos quais fruteiras apresentam os
maiores problemas, tanto os de resíduos acima do limite, como as que sofrem com a falta de
produtos registrados. Desta maneira podem-se oferecer os comitês técnicos dos projetos
específicos das fruteiras, subsídios na decisão de quais são os pontos prioritários para serem
atacados.
170
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Material e Métodos
As amostras foram recolhidas, sempre nas manhãs das segundas-feiras e de maneira
inteiramente casualizada, entre os principais atacadistas do produto eleito para o dia. A
localização dos atacadistas foi feita através da análise das notas fiscais recolhidas pelo pessoal de
portaria da CEAGESP e que, posteriormente, são encaminhadas à Seção de Economia e
Desenvolvimento (SEDES) da empresa. De cada atacadista era recolhida uma amostra de massa
aproximada de um quilograma e no período da tarde as amostras eram encaminhadas para serem
analisadas no LARP-USP. No total foram analisadas 117 amostras com a seguinte distribuição
entre os produtos: 3 de banana, 5 de figo, 5 de goiaba, 8 de caqui, 8 de lima ácida Tahiti, 15 de
laranja, 16 de maracujá azedo, 24 de tangerinas e 33 de morango. A cronologia das análises está
descrita na Tabela 1.
Tabela 1. Cronologia do recolhimento de amostras no Entreposto Terminal da CEAGESP
(ETSP).
Cultura
Maracujá
Figo
Goiaba
Caqui
Laranja
Limão
Tangerina
Tangerina
Laranja
Maracujá
Morango
Tangerina
Tangerina
Morango
Morango
Morango
Morango
Morango
Morango
Morango
Data da Coleta
25/10/2005
24/11/2005
29/11/2005
21/03/2006
28/03/2006
04/04/2006
23/05/2006
31/05/2006
06/06/2006
14/06/2006
21/06/2006
29/06/2006
29/06/2006
08/08/2006
17/08/2006
22/08/2006
30/08/2006
05/09/2006
27/09/2006
17/11/2006
Número de amostras
8
5
5
8
7
8
8
8
8
8
3
5
3
6
5
6
3
6
5
2
As análises de resíduos foram realizadas no LARP-USP. Foram utilizados dois métodos
de análise, adaptados a partir de Holanda (1996) e Andersson e Palsheden (1998), um para se monitorar 102 princípios ativos através de cromatografia gasosa e outro específico para analisar ditiocarbamatos.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
171
No primeiro, os resíduos são extraídos da amostra com acetato de etila; o extrato é
concentrado por evaporação; após ressuspensão em mistura de ciclohexano + acetato de etila (1 +
1), procede-se a limpeza do extrato por cromatografia de permeação em gel, sendo a eluição
procedida com a mesma mistura de ciclohexano + acetato de etila. A determinação quantitativa é
feita por técnica de cromatografia em fase gasosa, usando-se cromatógrafo equipado com
detector seletivo de massas.
Os ditiocarbamatos foram analisados por técnica de “head space”. A amostra é aquecida
em solução de cloreto estanhoso e ácido clorídrico, para que os resíduos de ditiocarbamatos
originem o gás bissulfeto de carbono (CS2). A determinação quantitativa é feita por técnica de
cromatografia em fase gasosa, usando-se cromatógrafo equipado com detector fotométrico de
chama (FPD).
Resultados e Discussão
Os resultados das análises foram condensados na Tabela 2. Das 117 amostras, em 51
foram detectados algum nível de resíduo, destas apenas 23 apresentaram algum tipo de infração,
21 com produtos não autorizados para a cultura e 10, todas de morango, com resíduos acima do
LMR permitido pela legislação. Amostras de morango apresentaram, ao mesmo tempo, os dois
problemas. É importante salientar a problemática de metabólitos, como no caso do carbosulfam
que se metaboliza em carbofuram, o primeiro possui registro para isso na cultura de citros
enquanto o segundo não.
Conclusão
Os resultados indicam que, a exceção do morango, o maior problema para as outras
culturas é a carência de produtos autorizados para o uso. O morango apresenta uma situação mais
problemática, das 33 amostras levadas à analise, 10 apresentaram níveis de resíduos de produtos
registrados para a cultura com resíduos acima do LMR permitido pela legislação.
Agradecimentos
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio
dados através dos projetos Manejo e Logística da Colheita e Pós-Colheita na Produção Integrada
de Frutas no Brasil (processo 48.0037/02-7)
172
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Aos técnicos Bertoldo Borges Filho e Eduardo Ortiz Doniani, respectivamente da
SECQH/CEAGESP e LARP/ESALQ, pelo valioso trabalho de coleta e transporte das amostras.
Tabela 2. Resultados de análises de resíduos por cultura, número de amostras com resíduos e
infrações provenientes de uso de agrotóxicos não autorizados para a cultura (NA) ou por infringir
o Limite Máximo de Resíduos (LMR).
Cultura/agrotóxico
Figo/ditiocarbamatos
Goiaba/metidationa
Laranja/carbofurano
Laranja/dimetoato
Laranja/ditiocarbamatos
Laranja/metidationa
Laranja/procloraz
Maracujá/carbofurano
Maracujá/ditiocarbamatos
Maracujá/profenofós
Morango/azoxistrobina
Morango/captana
Morango/carbaril
Morango/cipermetrina
Morango/clorotalonil
Morango/dimetoato
Morango/ditiocarbamatos
Morango/endossulfam
Morango/fenitrotiona
Morango/fenpropatrina
Morango/fentiona
Morango/fluazinam
Morango/folpete
Morango/iprodiona
Morango/lambda-cialotrina
Morango/metalaxil
Morango/procimidona
Morango/profenofós
Morango/propargito
Morango/tebuconazol
Morango/tetradifona
Morango/tebuconazol
Tangerina/bromopropilato
Tangerina/ditiocarbamatos
Tangerina/etiona
Tangerina/permetrina
Tangerina/permetrina
Amostras com
Resíduos
5
1
1
1
1
1
2
1
1
1
5
2
1
1
2
1
6
1
1
8
1
4
3
5
4
1
22
2
1
4
6
4
1
5
3
1
1
Amplitude dos
Resíduos (mg.kg-1)
0,2-06
0,02
0,03
0,2
0,3
0,03
0,4-1,1
0,09
0,2
0,03
0,02-0,2
0,3-2,1
0,9
0,05
1,2-3,1
0,06
0,2-14,8
0,03
0,2
0,07-1,2
0,2
0,05-1,2
0,02-0,09
0,05-1,8
0,03-0,2
0,08
0,05-4,3
0,03-0,2
0,05
0,2
0,04-0,7
0,2
0,03
0,1-0,2
0,06-0,2
0,1
0,1
LMR (mg.kg-1)
Infrações
2
NA
NA
2
2
2
NA
NA
NA
NA
5
NA
NA
NA
NA
NA
NA
NA
NA
2
NA
2
NA
2
0,5
NA
3
NA
7
0,1
NA
0,1
3
2
2
NA
NA
0
1
NA
0
0
0
2
1
1
1
0
2
1
1
2
1
5
1
1
0
1
0
3
0
0
1
1
2
0
4
6
4
0
0
0
1
1
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
173
Referências Bibliográficas
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gerais de São Paulo (CEAGESP). São Paulo, 2007. Não publicado.
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residues in foodstuffs. 6th ed. [S.l.: s.n.], 1996.
174
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
PRODUÇÃO DE CASTANHAS E CAJU-DE-MESA NOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO
INTEGRADA E CONVENCIONAL1
OLIVEIRA, V. H.2; ANDRADE, A. P. S.3, SILVA, E. de O.4
1
Trabalho financiado pelo CNPq/Embrapa/MAPA; 2Engo Agro DSc., Embrapa Agroindústria Tropical, R. Sara
Mesquita, 2270 Pici Fortaleza-CE, E-mail: [email protected]; 3Enga Agra MSc., R. Sabino Borges, 169
Aerolandia Fortaleza-CE, E-mail: [email protected]; 4Engº Agrº DSc., Embrapa Agroindústria Tropical,
E-mail: [email protected]
Introdução
O cajueiro possui relevante importância socioeconômica para o Nordeste brasileiro, em
função da mobilização de 300 mil pessoas no campo e por proporcionar uma produção anual de
147.129 toneladas de castanha (IBGE, 2006) e 1.650.000 toneladas de pedúnculo (FAO, 2006). A
matéria-prima castanha supre fábricas e mini-fábricas, responsáveis pela obtenção da amêndoa de
castanha de caju – ACC e do líquido da casca da castanha – LCC (OLIVEIRA; ANDRADE,
2004).
Apesar desse potencial, a participação brasileira nas exportações mundiais de ACC tem
declinado e, atualmente, o país ocupa a terceira posição, antecedido pela Índia e Vietnã (FAO,
2006; PESSOA et al., 2000). Adendo a isso, os mercados mundiais exigem a qualidade dos
produtos para realizarem suas importações (FACHINELLO et al., 2000). A utilização de novas
tecnologias, através do sistema de Produção Integrada de Frutas (PIF), poderá contribuir para a
reversão deste quadro. Este trabalho teve o objetivo de comparar os sistemas de Produção
Integrada e Convencional para cajueiro-anão precoce, quanto à produção de castanha e de cajude-mesa, em Beberibe (CE).
Material e Métodos
O trabalho foi realizado em plantas com quatro anos de idade, variedade CCP-09,
espaçadas de 7 x 7 m, numa área de um hectare, onde foram desenvolvidos os sistemas de
Produção Integrada (PI) e Convencional (PC). Cada um ocupou uma área de 0,5 ha, separados
entre si por uma bordadura composta de cinco fileiras de plantas.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
175
Na área sob PI aplicaram-se as práticas contidas nas Normas Técnicas e Documentos de
Acompanhamento da Produção Integrada de Caju (OLIVEIRA, 2003), que consistiram da
manutenção de uma cobertura vegetal viva nas entrelinhas e limpeza das linhas de plantio, e
adubação conforme a análise do solo. Efetuou-se uma poda de limpeza, uma de manutenção e
outra para o levantamento da copa. O controle fitossanitário foi realizado através de amostragem,
segundo Mesquita et al. (2002) e Cardoso e Freire (2002). Na PC as práticas consistiram na
limpeza das linhas e entrelinhas, com a adubação do solo similar à empregada na PI. Realizou-se
uma poda de limpeza e os tratos fitossanitários foram feitos no início da produção e após cada
fluxo produtivo.
Foram escolhidas 12 plantas ao acaso para se proceder as avaliações. A colheita foi
realizada semanalmente durante seis meses. Os cajus foram classificados em “caju-de-mesa”
(consumo in natura) e “caju indústria” (produção de doces, sucos, etc.). Após a classificação os
cajus e as castanhas foram contados e pesados. Os “cajus indústria” foram descastanhados e as
castanhas remanescentes foram computadas juntamente com as colhidas no solo (Fig. 1).
Figura 1. Fluxograma da operação de seleção realizada no experimento.
Foram analisadas: produção de castanhas comerciais (kg planta-1), número de castanhas
comerciais (contagem de castanhas oriundas do caju indústria e das colhidas no solo), peso médio
de castanhas (g) e número total de castanhas (soma do número de cajus-de-mesa e do número de
castanhas comerciais). Para o caju-de-mesa foram avaliados: produção (kg planta-1), número por
planta e peso médio (g), sendo considerados todos os cajus de cada planta. Para as variáveis
176
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
foram estimadas médias a partir de amostras obtidas nos dois tratamentos, que foram comparadas
pelo teste t (P≤0,05).
Resultados e Discussão
Observou-se diferença significativa para a produção de castanhas comerciais entre os
tratamentos PI e PC, com a média do primeiro superior a do segundo (Fig. 2). Esta diferença
ocorreu, provavelmente, devido ao manejo do solo, que na PC foi realizado utilizando-se a grade
para o controle de plantas daninhas. Isto pode ter causado prejuízos às raízes do cajueiro devido
às lesões provocadas durante a operação, diminuindo a área de absorção das raízes, causando um
estresse na planta. Conforme Wahid et al. (1989), 72% das raízes absorventes do cajueiro
8
-1
(kg planta )
Produção de castanhas
comerciais
encontram-se a uma distância radial de 2,0 m da planta.
6,03
6
4,88
4
2
0
PI
PC
Sistemas
Figura 2. Médias de produção de castanhas comerciais (kg planta-1) nos sistemas PI e PC.
Beberibe-CE, 2006.
Os resultados obtidos diferem dos encontrados por Marangoni (1999) e Sansavini (1995),
em pessegueiro, segundo os quais os resultados iniciais obtidos geralmente não apresentam
diferenças consideráveis entre PI e PC. As plantas de cajueiro sob PI produziram um número de
castanhas comerciais significativamente superior às da PC (Fig. 3). O manejo mais intensivo da
parte aérea na PI pode ter contribuído para esta diferença, pois o cajueiro apresenta um elevado
índice de brotações após a poda, com a emissão de ramos produtivos.
Apesar de alguns autores relatarem que os resultados iniciais normalmente não
apresentam diferenças consideráveis entre PI e PC (MARANGONI, 1999; SANSAVINI, 1995),
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
177
Farias (2002) e Nunes et al. (2004), comparando os sistemas PI e PC em pessegueiro, no
primeiro ano de condução, observaram valores significativos para o número de frutos, em
consonância com os resultados encontrados neste trabalho.
-1
comerciais planta
Número de castanhas
1000
800
816,96
647,04
600
400
200
0
PI
PC
Sistemas
Figura 3. Número de castanhas comerciais produzidas por planta, nos sistemas PI e PC.
Beberibe-CE, 2006.
A média do número total de castanhas obtida na PI foi significativamente superior ao da
PC (Fig. 4), com um incremento de cerca de 20% no número de castanhas produzidas na PI em
relação à PC. Esta diferença, à semelhança do que ocorreu com o número de castanhas
comerciais, provavelmente deveu-se ao manejo do solo realizado na PI, considerado menos
-1
1200
1000
800
planta
No total de castanhas
agressivo, que interfere menos na estrutura do solo e mantém as raízes absorventes.
1006,07
838,87
600
400
200
0
PI
PC
S istemas
Figura 4. Número total de castanhas produzidas por planta, nos sistemas PI e PC. Beberibe-CE,
2006.
178
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Conclusão
A produção e o número de castanhas foram influenciados pelos sistemas de produção.
Referências Bibliográficas
CARDOSO, J. E.; FREIRE, F. C. O. Identificação e manejo das principais doenças. In: MELO,
Q. M. S. (Org.). Caju: fitossanidade. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2002. p.
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Grande do Sul, Porto Alegre, 2002.
IBGE.
Banco
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dados
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Disponível:
<www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/listabl.asp?z=t&o=18&i=p&c=1618>. Acesso em: 20 ago.
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MARANGONI, B. Fertilidade do solo e a nutrição de plantas no sistema de produção integrada
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TEMPERADO NO BRASIL, 1., 1999, Bento Gonçalves. Resumos... Bento Gonçalves: Embrapa
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MESQUITA, A. L. M.; BRAGA SOBRINHO, R.; OLIVEIRA, V. H. Monitoramento de
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NUNES, J. L. S.; GUERRA, D. S.; ZANINI, C.; GRASSELLI, V.; ARGENTA, F.; FACCHIN,
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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
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PESSOA, P. F. A.; OLIVEIRA, V. H.; SANTOS, F. J. S.; SEMRAU, L. A. S. Análise da
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Nordeste, Fortaleza, v. 31, n. 2, p. 178-187, abr./jun. 2000.
SANSAVINI, S. Dalla produzione integrata alla “Qualità Totale” della frutta. Revista di
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WAHID, P. A.; KAMALAM, N. V.; ASHOKAN, P. K.; VIDYADHARAN, K. K. Root activity
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17, n. 2, p. 85-89, 1989.
180
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
QUALIDADE DE CAJUS-DE-MESA NOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO INTEGRADA E
CONVENCIONAL1
ANDRADE, A. P. S.2; OLIVEIRA, V. H.3, LIMA, R. B. de4
1
Projeto financiado pelo CNPq/Embrapa/MAPA; 2Enga Agra MSc., R. Sabino Borges, 169 Aerolandia Fortaleza-CE,
E-mail: [email protected]; 3Engo Agro DSc., Embrapa Agroindústria Tropical, R. Dra. Sara Mesquita,
2270 Pici Fortaleza-CE, E-mail: [email protected]; 4Estudante de Agronomia, Universidade Federal do CearáUFC, Rua 922, Casa 55, 4ª Etapa Conjunto, Fortaleza-CE, E-mail: [email protected].
Introdução
O cajueiro (Anacardium occidentale L.) é uma planta de grande importância sócioeconômica devido ao seu fruto e pedúnculo originarem produtos variados e também pela
exploração de aproximadamente 690.131 mil hectares de cajueiros, que mobilizam no campo 300
mil pessoas e proporcionam uma produção anual de 147.129 t de castanha (IBGE, 2006) e
1.650.000 t de pedúnculo (FAO, 2006).
Apesar dessa pujança, o agronegócio caju atravessa uma crise agrícola e econômica, com
implicações na produção e na geração de emprego e renda. Com isto, a cadeia produtiva do caju
brasileiro vem apresentando sinais evidentes de perda de competitividade (OLIVEIRA;
ANDRADE, 2004). A conversão de pomares tradicionais para o sistema de Produção Integrada
de Frutas (PIF) poderá contribuir para a reversão deste quadro. Este trabalho teve o objetivo de
comparar os sistemas de Produção Integrada e Convencional para cajueiro-anão precoce, quanto
à qualidade do pedúnculo, na safra de 2005/2006, em Beberibe (CE).
Material e Métodos
O trabalho foi realizado em plantas com quatro anos de idade, conduzidas em
espaçamento 7 x 7 m, utilizando-se mudas do tipo anão precoce. O experimento foi instalado
numa área de 1 ha, onde foram desenvolvidos os sistemas de Produção Integrada (PI) e
Convencional (PC). Cada um ocupou uma área de 0,5 ha, separados entre si por uma bordadura
composta de cinco fileiras de plantas.
No PI aplicaram-se as práticas recomendadas pelas Normas Técnicas e Documentos de
Acompanhamento da Produção Integrada de Caju, segundo Oliveira (2003), que consistiram da
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
181
manutenção de cobertura vegetal viva nas entrelinhas e limpeza das linhas de plantio, e adubação
conforme análise do solo. Efetuou-se uma poda de limpeza, uma de manutenção e uma para
levantamento da copa. O controle fitossanitário foi realizado através de amostragem, segundo
Mesquita et al. (2002) e Cardoso e Freire (2002). A colheita foi feita manualmente e em horários
com temperaturas amenas. Posteriormente, os cajus foram acondicionados em caixas plásticas,
com capacidade de 15 kg, numa única camada, contendo uma esponja de 1 cm de espessura no
fundo.
Na PC as práticas consistiram de limpeza das linhas e entrelinhas de plantio, com a
adubação do solo similar à empregada na PI. Realizou-se uma poda de limpeza, com os
tratamentos fitossanitários aplicados no início do período de produção e após cada fluxo
produtivo. Os cajus colhidos foram acondicionados em mais de uma camada e em caixas
similares às da PI, mas sem camada de esponja no fundo. Do total de cajus colhidos nas 12
plantas escolhidas ao acaso, em cada sistema, retirou-se uma amostra de 50 cajus para análise da
qualidade.
Em ambos os sistemas os cajus foram colhidos quando se desprendiam facilmente da
panícula, transportados para o laboratório, caracterizados quanto à cor da película e firmeza de
polpa, congelados em freezer doméstico e descastanhados. Em seguida foram processados, e
então, analisaram-se as variáveis: acidez titulável (AT) (%); sólidos solúveis totais (SST) (°Brix);
vitamina C (mg100g-1) e pH. Estimaram-se médias a partir de amostras dos tratamentos, que
foram comparadas utilizando-se o teste t (P≤0,05).
Resultados e Discussão
Não se observaram diferenças significativas para firmeza de polpa, sólidos solúveis totais
e cor, em ambos os sistemas. Quanto à variável AT, verificou-se diferença significativa nos
valores obtidos, com a média da PI superior a da PC, provavelmente devido às diferentes técnicas
pós-colheita empregadas, já que a técnica utilizada na PC influencia no teor de vitamina C;
resultando num menor valor de AT, em relação à PI. Na PC a AT foi similar à encontrada por
Figueiredo (2000) (0,29%), mas superior ao obtido por Silva Júnior e Paiva (1994) com 0,23% de
AT no CCP 09. As diferenças podem ser devidas às condições edafoclimáticas dos locais dos
experimentos (Fig. 1).
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
AT (%)
182
0,4
0,35
0,3
0,25
0,2
0,15
0,1
0,05
0
0,37
PI
0,28
PC
Sistemas
FIGURA 1. Acidez total titulável em pedúnculos de cajueiro-anão precoce, nos sistemas PI e PC.
Beberibe-CE, 2006.
A média de pH da PI foi estatisticamente inferior a da PC (Fig. 2). Este resultado não é
comumente encontrado na literatura, mas pode ter ocorrido devido à significativa diferença
encontrada entre as médias do teor de AT nos sistemas. De acordo com Kays (1991), o pH é
influenciado diretamente pela concentração de ácidos orgânicos, que é representada pela AT. Os
resultados encontrados para esta característica foram superiores aos observados por Silva Júnior e
Paiva (1994) e Paiva et al. (1998), que obtiveram valores médios de, respectivamente, 4,31 e 4,1.
Contudo, Moura (2004) relata que a variação do pH nesta espécie é de 4,10 a 4,64. Embora a
diferença tenha sido significativa, é considerada pequena e dentro da faixa de variação acima
pH
definida.
5
4
3
2
1
0
4,4
4,6
PI
PC
Sistemas
FIGURA 2. Médias de pH em pedúnculos de cajueiro-anão precoce, nos sistemas PI e PC.
Beberibe-CE, 2006.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
183
O valor obtido para o teor de vitamina C no sistema PI diferiu estatisticamente e foi
superior ao obtido no sistema PC (Fig. 3). Essa diferença pode ter ocorrido devido às melhores
práticas pós-colheita na PI, quando comparadas às práticas na PC, já que a vitamina C apresenta
alta sensibilidade aos fatores do meio e outros intrínsecos ao processo de senescência (KLEIN,
1987; FAVELL, 1998). Em conjunto, esses fatores podem ter contribuído para a diferença entre
as médias dos teores de vitamina C. O teor de vitamina C obtido no sistema PC foi inferior aos
relatados por Silva Júnior e Paiva (1994) e Paiva et al. (1998), que avaliando as características
dos pedúnculos do clone CCP 09, em área de produção convencional obtiveram, respectivamente,
170,00 e 160,34 mg 100g-1 de vitamina C. Também foi inferior aos valores obtidos por Souza
Filho (1987), que realizando o mesmo estudo, nos clones CCP 76, 1001 e 06, obteve,
respectivamente, 158,26, 157,60 e 153,20 mg 100g-1 de vitamina C. As diferenças entre os teores
encontrados por estes autores e os obtidos neste experimento podem ser atribuídas à localização
dos plantios, diferentes tratos culturais e tipos de solo.
Vitamina C
(mg100g -1 )
120
111,7
100
8 9,41
80
60
40
20
0
PI
Sistemas
PC
FIGURA 3. Teor de vitamina C em pedúnculos de cajueiro-anão precoce, nos sistemas PI e
PC. Beberibe-CE, 2006.
Conclusão
Os cajus produzidos no sistema de produção integrada apresentaram melhor qualidade.
184
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Referências Bibliográficas
CARDOSO, J. E.; FREIRE, F. C. O. Identificação e manejo das principais doenças. In: MELO,
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FAVELL, D. J. A comparison of the vitamin C content of fresh and frozen vegetables. Food
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Ciência dos Alimentos) - Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São
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PAIVA, J. R.; ALVES, R. E.; BARROS, L. M.; CAVALCANTI, J. J. V.; ALMEIDA, J. H. S.;
MOURA, C. F. H. Produção e qualidade de pedúnculos de clones de cajueiro-anão-precoce
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Agroindústria Tropical. Comunicado Técnico, 19).
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
185
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SOUZA FILHO, M. de S. M. de. Aspectos da avaliação física, química, físico-química e
aproveitamento industrial de diferentes clones de caju (Anacardium occidentale L.). 1987.
167 f. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) - Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal
do Ceará, Fortaleza, 1987.
186
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
PERÍODO CRÍTICO DE INCIDÊNCIA DE CERCOSPORIOSE
E PERDAS DE PRODUÇÃO EM AMENDOIM
ALMEIDA, V. M. R. A.1; ALMEIDA, R. P. de2
1
Unidade Técnica Regional Agropecuária-UTRA-CGE, Rua Coronel Salvino Figueiredo, 354, Centro, 58100-650,
Campina Grande, PB, [email protected]; 2Unidade de Bioecologia e Taxonomia / Laboratório de
Entomologia / Embrapa Algodão, Cx. Postal 174, 58107-720, Campina Grande, PB, [email protected]
Introdução
As Cercosporioses, mancha castanha (Cercospora arachidicola Hori) e pinta preta
(Cercosporidium personatum (Berk & Curtis) Deighton), são provavelmente as mais sérias
doenças do amendoim em todo o mundo. As perdas econômicas são estimadas de 15% a 50% da
produção em muitas áreas produtoras do mundo (JACKSON; BELL, 1969). Destacam-se pela
disseminação na lavoura e pelos danos causados. Sua maior conseqüência é a intensa desfolha,
diminuindo a área de fotossíntese e o rendimento de grãos (FREZZI, 1960).
O método mais econômico e efetivo para o controle das cercosporioses é o uso de
variedades resistentes agronomicamente aceitáveis. Entretanto, tais variedades não são
disponíveis para a maioria das áreas de cultivo. Em função disto, o controle químico apresenta-se
como principal método por sua disponibilidade. Seu uso dependerá do nível econômico do
agricultor, da extensão e severidade da doença e da fase de desenvolvimento da cultura na época
de surgimento da doença. Neste sentido, este trabalho teve por objetivo determinar os efeitos da
época de incidência de cercosporiose sobre a produção de amendoim, para que medidas de
controle possam ser utilizadas de forma eficiente.
Material e Métodos
Este trabalho foi conduzido em propriedade particular no município de Itabaiana-PB. Para
realização do experimento utilizou-se a cultivar CNPA BR-1, plantada no espaçamento de 0,50 x
0,20 m, deixando-se duas plantas por cova.
Foi utilizado o delineamento estatístico em blocos ao acaso com 8 tratamentos e 4
repetições. As épocas de proteção da cultura (tratamentos) foram as seguintes: 1) após os 40
primeiros dias da emergência das plantas até 95 dias após a germinação (dag); 2) após os 55
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
187
primeiros dias até 95 dag; 3) entre os 40 e 55 dag e entre os 70 e 95 dag; 4) entre os 40 e 70 dag e
entre os 85 e 95 dag; 5) entre os 40 e 85 dag; 6) entre 70 e 95 dag; 7) entre 85 e 95 dag; e 8) sem
proteção da cultura (Testemunha). A unidade experimental foi de 64 m2, sendo a área
experimental total de 2.048 m2. A distância entre bloco foi de 2 m e entre tratamentos de 3 m.
Para proteção da cultura contra cercosporiose, utilizou-se benomil (280 g.i.a/ha), com
aplicações semanais. Para o controle de insetos-praga foram utilizados monocrotofós (750
g.i.a/ha) e malathiom (1500 g.i.a/ha), aplicados semanalmente durante todo o ciclo da cultura.
A incidência de cercosporiose foi avaliada através do Índice de Doença (I%) (ALMEIDA
et al., 1992). Também foram avaliados: a produção de grãos/planta (g), as perdas de produção
segundo Bertels (1950) e o percentual de desfolha. Para análise da qualidade fisiológica das
sementes, foram determinados o percentual de germinação, vigor e peso de 100 sementes (g).
Resultados e Discussão
Através da Tabela 1 pode-se observar que aos 65 dag os tratamentos (1, 3, 4 e 5), com
menor números de lesões de mancha castanha/folíolos, foram aqueles em que houve proteção da
cultura do amendoim com fungicida incluindo a fase do ciclo fenológico entre 40 e 55 dias.
Entretanto só houve diferença estatística significativa entre esses trantamentos e o tratamento 6,
com proteção entre 70 e 95 dag. Para a pinta preta estas mesmas observações foram detectadas,
observando-se porém que os tratamentos 1, 3, 4 e 5 foram estatisticamente diferentes dos demais.
Tabela 1. Comparação de médias1 para número de lesões de mancha castanha e de pinta
preta/folíolo aos 65 e 93 dias após emergência das plântulas. Itabaiana-PB.
Mancha Castanha
Tratamento
_____________________________________
Pinta Preta
____________________________________
65 dag
93 dag
65 dag
1 - Proteção após 40 até 95 dag
1,542 b
1,492 a
2,212 b
2 - Proteção após 55 até 95 dag
1,81 ab
2,06 a
4,58 a
3 - Proteção entre 40 e 55 e 70 e 95 dag
1,71 b
1,55 a
2,26 b
4 - Proteção entre 40 e 70 e 85 e 95 dag
1,61 b
1,41 a
2,18 b
5 - Proteção entre 40 e 85 dag
1,66 b
1,48 a
2,16 b
6 - Proteção entre 70 e 95 dag
2,18 a
1,77 a
4,85 a
7 - Proteção entre 85 e 95 dag
1,86 ab
1,98 a
4,72 a
8 - Sem proteção (Testemunha)
1,81 ab
2,08 a
4,51 a
C.V.(%)
9,68
21,48
12,74
1
Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (P≤0,05)
2
Dados transformados em √ x+1
93 dag
2,242 bc
3,61 ab
2,46 bc
2,21 c
2,02 c
4,56 a
4,19 a
4,41 a
18,06
188
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Aos 93 dag (Tabela 1) não se verificou direrença estatística entre os tratamentos para o
número de lesões de mancha castanha/folíolo. Para pinta preta houve comportamento semelhante
ao observado aos 65 dag, verificando-se os menores números de lesões nos tratamentos 1, 3, 4 e
5, havendo somente diferença estatística entre os tratameantos 4 e 5 e os tratamentos 2, 6, 7 e 8.
À semelhança das observações de Jackson e Bell (1969) e Subrahmaniam et al. (1992), os
sintomas em ataques severos são também seguidos por união de lesões, e por amarelecimento,
seca, senescência e queda prematura de folíolos. Lesões ovais a alongadas semelhantes às vistas
na mancha precoce são formados também nos caules, pecíolos, estípulas e ginóforos.
Na Tabela 2 é apresentado o Índice de Doença (I%) das cercosporiose aos 65 e 93 dag.
Pode-se observar que para mancha castanha não se verificou diferença estatística e para pinta
preta só houve diferença entre os tratamentos 6 (maior I%) e o 4 que apresentou menor I%. Aos
93 dag o I% também não apresentou diferença estatística para a mancha castanha, confirmandose para pinta preta o maior I% para o tratamento 6, diferindo estatisticamente dos tratamentos 1,
2, 3, 4 e 5. Observando-se ainda a Tabela 2, verifica-se que, de modo geral, a pinta preta ocorreu
com maior intensidade na cultura do amendoim que a mancha castanha.
Tabela 2. Comparação de médias1 para índice de doença de mancha castanha e de pinta
preta/folíolo aos 65 e 93 dias após emergência das plântulas. Itabaiana-PB.
Mancha Castanha
Tratamento
____________________________________
Pinta Preta
_____________________________________
65 dag
93 dag
65 dag
2
2
1 - Proteção após 40 até 95 dag
0,17 a
0,16 a
0,182 ab
2 - Proteção após 55 até 95 dag
0,21 a
0,21 a
0,23 ab
3 - Proteção entre 40 e 55 e 70 e 95 dag
0,21 a
0,18 a
0,20 ab
4 - Proteção entre 40 e 70 e 85 e 95 dag
0,18 a
0,18 a
0,16 b
5 - Proteção entre 40 e 85 dag
0,22 a
0,15 a
0,19 ab
6 - Proteção entre 70 e 95 dag
0,24 a
0,22 a
0,26 a
7 - Proteção entre 85 e 95 dag
0,17 a
0,21 a
0,23 ab
8 - Sem proteção (Testemunha)
0,18 a
0,22 a
0,25 ab
C.V.(%)
19,37
21,77
18,01
1
Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (P≤0,05)
2
Dados transformados em √ x+1
93 dag
0,182 cd
0,25 bcd
0,29 bcd
0,19 bcd
0,15
d
0,39 a
0,30 ab
0,29 abc
20,39
Pela Tabela 3 pode-se observar que não houve diferença estatística para producão de
grão/planta, havendo entretanto perdas de produção. As maiores perdas foram para os
tratamentos sem proteção de fungicida (17,90%), com proteção entre 70 e 95 dag (24,49%) e com
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
189
proteção entre 85 e 95 dag (24,79%). Shokes e Culbreath (1997) e Almeida et al. (1992) relatam
redução de produção de até 50%. Neste estudo, as maiores desfolhas ocasionadas em função da
incidência das cercosporioses, que variou de 61,92 a 70,27%.
Tabela 3. Comparação de médias1 para produção de grãos de amendoim/planta e valores de
percentual de perdas de produção e de desfolha ocasionadas por cercosporiose. Itabaiana-PB.
Tratamento
Prod. de grãos/planta (g)
Perdas (%)
Desfolha (%)
1 - Proteção após 40 até 95 dag
12,29 a
7,94
37,67
2 - Proteção após 55 até 95 dag
11,83 a
11,39
55,34
3 - Proteção entre 40 e 55 e 70 e 95 dag
12,37 a
7,34
41,45
4 - Proteção entre 40 e 70 e 85 e 95 dag
13,35 a
0,00
38,13
5 - Proteção entre 40 e 85 dag
11,90 a
10,86
34,67
6 - Proteção entre 70 e 95 dag
10,08 a
24,49
70,27
7 - Proteção entre 85 e 95 dag
10,04 a
24,79
63,63
8 - Sem proteção (Testemunha)
10,96 a
17,90
61,92
C.V.(%)
21,82
1
Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (P≤0,05)
Quanto à análise da qualidade fisiológica da semente, não foram observadas diferenças
estatísticas significativas para as variáveis estudadas, com exceção para o peso de 100 sementes
em que o tratamento 3 foi superior ao tratamento 7 (Tabela 4).
Tabela 4. Comparação de médias1 para as qualidades fisiológicas das sementes. Itabaiana-PB.
Tratamento
% de Germinação
Vigor (cm)
Peso 100 sementes (g)
1 - Proteção após 40 até 95 dag
93,50 a
10,37 a
40,63 ab
2 - Proteção após 55 até 95 dag
97,00 a
12,14 a
41,56 ab
3 - Proteção entre 40 e 55 e 70 e 95 dag
94,50 a
9,54 a
43,85 a
4 - Proteção entre 40 e 70 e 85 e 95 dag
94,50 a
11,15 a
41,50 ab
5 - Proteção entre 40 e 85 dag
95,00 a
10,99 a
42,30 ab
6 - Proteção entre 70 e 95 dag
96,00 a
11,79 a
40,33 ab
7 - Proteção entre 85 e 95 dag
97,50 a
10,35 a
39,08 b
8 - Sem proteção (Testemunha)
92,50 a
12,18 a
40,18 ab
C.V.(%)
4,37
17,95
4,73
1
Médias dos valores originais seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (P≤0,05)
Conclusão
O período chave para o controle de cercosporiose é dos 40 aos 70 dag da cultura.
190
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Referências Bibliográficas
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amendoim. In: EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa do Algodão. Relatório Técnico Anual:
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ALMEIDA, V. M. R. A.; CARVALHO, J. M. C. F.; SANTOS, R. C. dos; ALMEIDA, R. P. de.
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Information Bulletin, n. 36, 1992. 78 p.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
191
SISTEMA DE PRODUÇÃO INTEGRADA DE CAFÉ: FERTILIZAÇÃO x CONTROLE
DE DOENÇAS
LOPES, U. P.(1*); ZAMBOLIM, L.(2*); ZAMBOLIM, E. M.(3*); SOUZA, A. F.(4*); COSTA, D.
R.(5*); NETO, P. N. S(6*)
*Departamento de Fitopatologia, UFV, Viçosa-MG-365700-000. [email protected](1), [email protected](2),
[email protected](3), [email protected](4), [email protected](5), [email protected](6). Projeto
financiado pelo(CNPq/MAPA).
Introdução
O café é um dos principais produtos comercializado no mundo, tendo grande destaque na
economia brasileira. O mercado torna-se cada vez mais exigente principalmente no que diz
respeito ao setor alimentício, aumentando a procura dos consumidores por produtos de qualidade,
produzidos com respeito ao meio ambiente. Para atender esta demanda do mercado, é necessário
a criação de um sistema de produção que produza alimentos e outros produtos de qualidade,
mediante a exploração sustentável do uso de recursos naturais e de mecanismos reguladores que
visam minimizar o uso de insumos e contaminantes ambientais, assegurando dessa forma, uma
produção sustentável (ZAMBOLIM; ZAMBOLIM, 2006).
O presente trabalho teve como objetivos a condução de áreas de cafeeiro utilizando-se
boas práticas agrícolas: nutrição equilibrada, manejo adequado de pragas, doenças e plantas
daninhas que são a base da produção integrada do café (PIC) e a obtenção de informações para
compor o conjunto de normas da PIC.
Material e Métodos
Foram instalados em dezembro de 2005 três campos experimentais da Produção Integrada
(PI), manejados seguindo as boas práticas agrícolas e comparado a três campos sob manejo dos
produtores das áreas onde foram instalados os campos da produção integrada (CPI).
O Campo experimental 1 (CPI-1) foi conduzido na Fazenda São João, de propriedade de
Oswaldir Martins (P-1) na Zona Rural de Coimbra-MG, possuindo uma área de 0,19 ha. O
cafezal está com cinco anos de idade e foi plantado no espaçamento de 2,5 x 0,8 m.
192
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
O Campo experimental 2 (CPI-2) foi conduzido no Sítio Boa Vista, de propriedade de
Carmo Rosa Loures (P-2), Zona Rural de Coimbra-MG, possuindo uma área de 0,11 ha. O
cafezal está com sete anos de idade e foi cultivado no espaçamento de 2,5 x 0,8 m. O Campo
experimental 3 (CPI-3) foi conduzido na Fazenda Vista Alegre, de propriedade da Vista Alegre
Agropecuária S.A. (P-3), Zona Rural de Jaboticatubas-MG, possuindo uma área de 0,45 ha. O
cafezal está com sete anos de idade e foi cultivado no espaçamento de 3,5 x 0,5 m, sendo este
campo irrigado por gotejamento. A variedade utilizada em todos os campos da Produção
Integrada foi o Catuaí IAC 44.
A quantificação das doenças foram feitas, mensalmente em amostras de folhas coletadas
(Ferrugem e Mancha-de-olho pardo causadas pelos fungos Hemileia vastatrix e Cercospora
coffeicola, respectivamente) nos campos de PI e nas áreas dos produtores. As amostras para
avaliação foram retiradas tomando ao acaso, cinco folhas de cada lado da planta, entre o terço
médio e o inferior para a avaliação da Ferrugem, e entre o terço médio e o superior para avaliação
de Mancha-de-olho pardo, no 3º ou 4º par de folhas completamente desenvolvidas totalizando 20
folhas/planta e 20 plantas em cada campo de Produção Integrada totalizando 200 folhas por área.
As avaliações da incidência da Ferrugem e da Mancha-de-olho pardo foram realizadas
determinando-se a percentagem de folhas com pústulas esporuladas (Ferrugem) e folhas com
manchas (Mancha-de-olho pardo) nas 200 folhas coletadas.
A fertilização dos campos foi feita de acordo com os resultados da análise química do
solo, feita anualmente no mês de setembro. As pulverizações de fungicidas foram realizadas com
base nas amostragens de folhas e determinação da incidência da ferrugem. O controle foi
realizado com calda viçosa (Sulfato de cobre + ácido bórico + Sulfato de magnésio + sulfato de
zinco + cal hidratada) quando a incidência da ferrugem estava abaixo de 5% e com aplicação de
fungicida sistêmico (epoxiconazole + piraclostrobina) quando a incidência da doença ultrapassou
5%; a primeira aplicação foi feita na dose 1,5 L/ha e, quando foi necessário, uma segunda
aplicação na dose de 1,0 L/ha. O controle da Mancha-de-olho pardo foi realizado com uma
fertilização equilibrada, aplicação de calda viçosa e do fungicida sistêmico (epoxiconazole +
piraclostrobina).
No CPI-1 foram realizadas aplicações do fungicida sistêmico em março e abril de 2006 e
2007 e uma aplicação de calda viçosa em agosto de 2006. A fertilização foi realizada com 350
g/planta do formulado NPK 20-05-20 em março de 2006 e 175 g/planta em dezembro de 2006 e
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
193
85 g/planta de calcário em outubro de 2006. No CPI-2 foram realizadas duas aplicações com o
fungicida sistêmico uma em fevereiro de 2006 e outra em março de 2007 e uma com calda viçosa
em março de 2006. Foi realizada a aplicação de 6 kg de cama de aviário e 150 g/planta do
formulado NPK 20-05-20 em fevereiro e 100 g/planta do mesmo formulado e 6 kg de cama de
aviário em dezembro de 2006. No CPI-3 foram realizadas duas aplicações de fungicida sistêmico
em janeiro e março de 2006 e janeiro e março de 2007 sendo que a de 2007 foi em mistura com
calda viçosa. As fertilizações com macro e micronutrientes foram realizadas normalmente, de
acordo com o calendário da fazenda, via fertirrigação e o complemento feito com 75 g/planta de
superfosfato simples e 150 g/planta sulfato de amônio em novembro de 2007.
Os tratos culturais exigidos pela cultura como controle de plantas daninhas, arruação,
colheita e varrições de café do chão foram realizados de acordo com a necessidade da cultura.
Para avaliação da produtividade foi colhida e quantificada a produção de 500 plantas em
cada campo de PI e na área do produtor, quando estas apresentavam mais de 80% dos frutos no
estágio de cereja.
Resultado e discussão
A incidência da Ferrugem nos CPI-1 e CPI-2 foram menor que a do P-1 e P-2,
respectivamente, devido ao controle realizado com calda viçosa e fungicida sistêmico, evitando o
aumento da incidência da doença que ocorreu em junho/julho de 2006 e 2007 no P-1 e em julho
de 2006 no P-2 (Figura 1-A e B). No CPI-3 em 2006 foi feito o controle das doenças com
aplicação de fungicida sistêmico em janeiro e março de 2006. Em 2007 foi realizado o controle
com fungicida sistêmico em mistura com calda viçosa que se mostrou eficiente (Figura 1-C). A
incidência da Ferrugem no P-1 foi mais elevada que o P-2 e P-3 (Figura 1-A-B-C) pelo fato de P1 não utilizado fungicida sistêmico no controle das doenças. Quanto à incidência da Mancha-deolho pardo os campos CPI-1 e CPI-2 apresentaram pouca diferença em relação ao P-1 e P-2,
mesmo com a aplicação de fungicida sistêmico e calda viçosa nos campos da PI (Figura 2-B e C).
Apenas no CPI-3 observou-se uma menor incidência da Mancha-de-olho pardo em relação ao P-3
(Figura 2-C).
A incidência da Ferrugem na colheita foi mais elevada nos P-1 e P-3 em 2006 e 2007. A
alta incidência da Ferrugem em 2006 causou desfolha das plantas que interferiu na produtividade
do ano seguinte, como pode ser observado principalmente no CPI-1 comparativamente com P-1
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
194
(Figura 3-A, Figura 4). A incidência da Mancha-de-olho pardo na colheita foi menor no CPI-3 no
ano de 2006 e 2007 e no CPI-2, apenas no ano de 2006, o que não foi problema porque a
Mancha-de-olho pardo só causa prejuízos quando sua incidência ultrapassa 20% na colheita.
Houve um aumento da produção em todos os Campos de PI em 2007 mostrando que o manejo no
sistema PI se mostrou eficiente quando se analisa o fator produtividade (Figura 4).
80
A
Incidência (%)
B
C
CPI-2
P-2
CPI-1
P-1
60
CPI-3
P-3
40
20
0
F A J A O D F A J
F A J A O D F A J
F A J A O D F A J
Figura 1:Incidência da Ferrugem nos campos (CPI-1, CPI-2 e CPI-3) e nos produtores (P-1,P-2 e P-3) no período de fevereiro
de 2006 a junho de 2007
30
A
B
Incidência (%)
25
20
C
CPI-1
P-1
15
CPI-2
P-2
CPI-3
P-3
10
5
F A J A O D F A J
F A J A O D F A
J
F A J A O D F A J
Figura 2 :Incidência da Mancha-de-olho pardo nos campos (CPI-1,CPI-2 e CPI-3) e nos produtores(P-1, P-2 e P-3) no período
de fevereiro de 2006 a junho de 2007.
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
30
A
2006
2007
25
Incidência (%)
Incidência (%)
0
B
2006
2007
20
15
10
5
0
P-1 CPI-1 P-2 CPI-2 P-3
P-1 CPI-1 P-2 CPI-2 P-3 CPI-3
Figura 3:Incidência da Ferrugem e Mancha-de-olho pardo na época da colheita no ano de 2006 e
2007 nos campos de PI (CPI-1, CPI-2 e CPI-3) e respectivos produtores (P-1, P-2 e P-3).
CPI-3
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
195
Café cereja (kg /ha)
25000
CPI
P
20000
15000
10000
5000
0
3
3
1
2
2
2006
2007
Figura 4: Produção em kg/hectare de café cereja no ano de 2006 e2007 nos campos de
PI (CPI-1,CPI-2 e CPI-3) e produtores (P-1, P-2 e P-3).
1
Conclusão
O manejo seguindo as boas práticas agrícolas foi eficiente no controle das doenças e
resultou em maior produtividade nos campos da produção integrada.
Referência Bibliográfica
ZAMBOLIM, L.; ZAMBOLIM, M. E. Subsídios pra a Produção Integrada de Café. Certificação
de Café. In: ZAMBOLIM, L. (Ed.). In: ENCONTRO SOBRE PRODU7ÇÃO DE CAFÉ COM
QUALIDADE, 8., 2006, Viçosa. Certificação e Boas Práticas Agrícolas. Viçosa: UFV, 2006.
p. 25-97.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
196
MONITORAMENTO DE AGROQUÍMICOS EM ÁREAS DE PRODUÇÃO
INTEGRADA DE ARROZ IRRIGADO NO RIO GRANDE DO SUL
MATTOS, M. L. T.1; MARTINS, J. F. da S.1; NUNES, C. D. M.1; SCIVITTARO, W. B.1;
MOURA, F.2
1
Engo. Agro., Pesquisador, Embrapa Clima Temperado, BR 392 km 78, C.P. 403, 96001-970, Pelotas, RS,
[email protected],.br; 2Engo. Agro., Embrapa Arroz e Feijão, C.P. 179, 75.357-000, Goiânia, GO,
[email protected]
Introdução
O maior desafio da orizicultura irrigada no Rio Grande do Sul é o aumento de
rentabilidade, com base na redução de custos de produção, aumento de produtividade e da
qualidade do produto, bem como a minimização de riscos de impactos ambientais negativos,
visando maior competitividade para inserção em novos mercados, como a Europa, África e
Oriente Médio. A Produção Integrada de Arroz Irrigado (PIA) surge nesse cenário como uma
alternativa para agregação de valor e diferenciação do produto que é obtido conservando os
recursos naturais, portanto, disponibilizando um alimento seguro ao consumidor e respeitando à
saúde do trabalhador rural.
Na PIA, a inserção de métodos biorracionais de manejo integrado de pragas (MIP),
visando reduzir a grande quantidade usada de agrotóxicos, associada ao uso racional da água e de
fertilizantes, pode diminuir os riscos de contaminação dos recursos naturais.
A estratégia da PIA pode, ainda, viabilizar a produção de arroz irrigado por submersão do
solo com qualidade alimentar e ambiental, servindo de base à certificação, possibilitando o
alcance de mercados exigentes no cumprimento de normas fitossanitárias, de segurança alimentar
e ambiental. A introdução do sistema PIA, reduzirá as aplicações de insumos agrícolas, passando
o cultivo do arroz a ser conduzido segundo normas que visam à produção do cereal com
sustentabilidade ambiental. Para tal, tornam-se necessários diagnósticos e monitoramentos
ambientais de agroquímicos.
O conhecimento sobre os sistemas químicos, biológicos e físicos do ambiente, bem como
sobre os vários processos que influenciam o comportamento dos agroquímicos, está baseado na
coleta e análise de dados. Para alcançar esse tipo de conhecimento, torna-se necessária a
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
197
realização do monitoramento ambiental. Entre os principais componentes do monitoramento,
inclui-se o desenvolvimento de planos de amostragem e métodos de coleta de amostras de solo e
água (Artiola et al., 1996, citados por PEPPER et al., 1996).
O monitoramento das águas superficiais e subterrâneas, enfocando resíduos de
agrotóxicos, formas de nitrogênio (N) e fósforo (P), merece destaque nas regiões orizícolas do
Rio Grande do Sul. O Estado possui grande riqueza em mananciais de água doce que, além de
suprirem à demanda de irrigação dos arrozais, abastecem a população. Além disso, possui áreas
de recarga do Aqüífero Guarani, onde é praticada a atividade orizícola, como no município de
Alegrete. Nesse contexto, este trabalho objetivou monitorar a presença de agroquímicos em
amostras de solo e de água, coletadas em áreas piloto (AP) da PIA, nos municípios de Alegrete e
Uruguaiana, de modo a avaliar o impacto do uso de agroquímicos sobre os recursos edáficos e
hídricos.
Material e Métodos
O monitoramento foi realizado na safra de 2006/2007, na área de quatro empresas
orizícolas (EP), nos municípios de Alegrete e Uruguaiana. Coletaram-se amostras compostas de
solo, nos arrozais, amostras de água superficial, em fontes de captação, da lâmina d’água, no
interior dos arrozais e em canais de irrigação e drenagem, em diferentes datas, no período de
novembro a fevereiro. Imediatamente após a coleta, no campo, as amostras foram acondicionadas
em caixas de isopor com gelo e em seguida armazenadas em freezers. Em data posterior, as
amostras congeladas foram encaminhadas, em caixas de isopor, com gelo seco, a laboratórios,
para análise. As análises de resíduos de agrotóxicos e de nutrientes (nitrato e fósforo total) foram
realizadas no Laboratório Bioensaios Análises e Consultoria Ambiental Ltda., em Porto Alegre,
RS, acreditado no Inmetro pela Cgere/Inmetro de acordo com a NBR ISO/IEC 17025, sob o
número CRL-0227, na REBLAS (ANALI-017), na Rede Metrológica RS (Parecer Técnico
189/2004) e MAPA (Portarias 36 e 37 de 04/06/2003). As análises quantitativas foram realizadas
em um cromatógrafo líquido de alta eficiência (CLAE) acoplado a um espectrômetro
massa/massa (LC/MS/MS), modelo Applied Biosystems 3200 Qtrap, e em um cromatógrafo
gasoso acoplado a um espectrômetro de massa (GC/MS), modelo Shimadzu QP5050. Os
ingredientes ativos analisados foram: 3 hidroxi-carbofurano, 2,4-D, azoxistrobina, bentazona,
beta-ciflutrina, captana, carbosulfano, carboxina, carpropramida, ciflutrina, cipermetrina,
198
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
clorotalonil, etoxisulfurom, ciclosulfamurom, difenoconazol, ditiocarbamatos (CS2), edifenfós,
fenitrotiona, fentina acetato, fentina hidróxido, fipronil, glifosato, imazapic, imazetapir,
metsulfuron-metilico, molinato, oxadiazon, oxifluorfen, propanil, pirazosulfuron-etil, quinclorac,
quintozeno, tebuconazol, tetraconazol, tiabendazol, tiametoxano, tiobencarb, tiram tricicazol,
triclopir, trifloxistrobina. O limite de quantificação (LQ) foi de 0,0001 mg kg-1 para todos os
ingredientes ativos, com exceção para os ditiocarbamatos que foi de 0,07 mg kg-1.
Resultados e Discussão
A água de irrigação da lavoura de arroz é enquadrada, conforme a resolução nº 357, de 17
de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), como água doce
“Classe 2”. Nesta classe, o padrão de qualidade de água para o fósforo total é de 0,050 mg L-1 e
para o nitrato de 10,0 mg L-1. Observam-se valores de fósforo total superiores a 0,050 mg L -1 e de
nitrato inferiores a 10 mg L-1, em diferentes pontos amostrais das empresas orizícolas, na safra de
2006/2007. Esses resultados evidenciaram a necessidade de uma avaliação da qualidade dos
corpos hídricos que fornecem a água para irrigação aos arrozais amostrados e da água de
drenagem dos mesmos para os corpos receptores, considerando os valores de fósforo acima do
máximo permitido. Neste particular, cabe ressaltar que teores elevados de P na lâmina d’água de
lavouras de arroz são esperados em razão do aumento da disponibilidade do nutriente decorrente
do alagamento do solo. Ao mesmo tempo, demonstraram que, nos referidos arrozais, fertilizantes
nitrogenados estão sendo usados com base em princípios técnicos, visto não haver evidência de
aplicação excessiva de nitrogênio.
Resíduo do herbicida 2,4-D foi detectado em uma amostra de solo de uma AP, na
concentração de 0,001 mg kg-1. A adsorção do 2,4-D é mais forte em solos argilosos e ricos em
matéria orgânica (RODRIGUES; ALMEIDA, 1995), característica do solo da AP onde a amostra
foi coletada. Os resultados evidenciam a necessidade de uma reavaliação sobre resíduos de 2,4-D,
na referida AP, porém, envolvendo um maior número de amostras. Nos demais pontos amostrais
das AP, bem como nos pontos de captação de água (levante do rio Ibirapuitã e barragens) e nos
canais de irrigação e drenagem, não houve detecção de resíduos de qualquer um dos demais
ingredientes ativos antes relacionados.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
199
Conclusão
A detecção de resíduos de um nutriente (fósforo), em água, e de um herbicida (2,4-D), no
solo, demonstra a aplicabilidade dos monitoramentos na indicação da qualidade dos recursos
naturais de um determinado agroecossistema onde a Produção Integrada de Arroz está sendo
praticada, podendo viabilizar sua certificação.
Referências Bibliográficas
EATON, A. D.; CLESCERI, L. S.; GREENBERG, A. E. Standard methods for examination of
water and wastewater. Washington, D.C.: American Public Health association, 2006. 1000 p.
MATTOS, M. L. T.; MARTINS, J; F; da S.; NOLDIN, J. A. Modelo conceitual da produção
integrada de arroz. In: CONGRESSO BRASILEIRO DA CADEIA PRODUTIVA DE ARROZ,
2.; REUNIÃO NACIONAL DE PESQUISA DE ARROZ, 7., 2006, Brasília, DF. Anais...
Brasília, DF: Embrapa Arroz e Feijão, 2006. 1 CD ROM.
PEPPER, I. L.; GERBA, C. P.; BRUSSEAU, M. L. Pollution science. London: Academic Press,
1996, 397 p.
RODRIGUES, B. N.; ALMEIDA, F. S. Guia de herbicidas. 3. ed. Londrina, [s.n.], 1995. 675 p.
200
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
PRODUÇÃO INTEGRADA DE TRIGO
TIBOLA, C. S.1; FERNANDES, J. M. C.; LORINI, I.; SCHEEREN, P. L.
1
Embrapa Trigo. Rodovia BR285, KM 294, Passo Fundo/RS. Caixa Postal 451. CEP: 99001-970,
[email protected]
Resumo
O setor de grãos, tradicionalmente caracterizado por commodities, está sofrendo uma
forte tendência no sentido de diferenciação de produtos. Considerando a ampla variabilidade nas
características que definem a aptidão tecnológica e a qualidade, a triticultura é um setor no qual, a
comercialização de produtos segregados favorece a qualificação e sua comercialização. A
produção integrada, adequando e racionalizando o manejo integrado de pragas, o manejo dos
recursos do solo, a preservação ambiental, a qualificação da mão-de-obra, o planejamento da
recepção, da conservação e do armazenamento, contribui para a certificação da qualidade de
trigo. A Embrapa Trigo está propondo a implementação da Produção Integrada de Trigo (PIT),
nas diferentes regiões produtoras de trigo do Brasil, visando a obtenção de um produto rastreado
com qualidade certificada. Os documentos previstos na PIT são: as normas para a produção, a
relação de agroquímicos, o caderno de campo, o caderno de pós-colheita e as listas de
verificação. As normas estão sendo elaboradas a partir do conhecimento e tecnologias disponíveis
nas diferentes etapas da produção de trigo, desde a lavoura até o armazenamento. As informações
relevantes serão registradas permitindo a rastreabilidade e a obtenção do histórico que caracteriza
e identifica o produto. Na lavoura, as informações deverão ser anotadas no caderno de campo, de
forma manual ou através de equipamentos móveis, que possibilitam a transmissão automática
para o banco de dados. O caderno de pós-colheita deverá ser específico por lote, ou seja, por silo,
informatizado e conter os procedimentos técnico-operacionais realizados na unidade
armazenadora. Após a padronização dos grãos, os lotes deverão ser segregados conforme as
características de interesse, vinculados às informações contidas no caderno de campo e de póscolheita. Atualmente, o projeto PIT está sendo implementado de forma experimental em
cooperativas de produtores, sendo que, na safra 2007 está prevista a produção de oito toneladas
de trigo nesse sistema. O aumento da demanda por qualidade certificada no mercado de
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
201
alimentos, exige a qualificação em todas as cadeias produtivas. A segregação e a agregação de
valor ao trigo, favorecem a minimização das perdas, devido ao melhor planejamento da
produção, desde a escolha da cultivar até a definição de lotes no armazenamento.
202
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
NÍVEIS DE ADUBAÇÃO EM TOMATE PARA PROCESSAMENTO SOB SISTEMAS
DE PLANTIO DIRETO E PREPARO REDUZIDO
MADEIRA, N. R.1; SOUZA, R. B.1; MELO, R. A. de C. e 1; CAIXETA, R. P.1
1
Embrapa Hortaliças, Cx. Postal 218, 70359-970, Brasília, DF
Introdução
A produção integrada de tomate industrial (PITI) está em fase de implantação, na fase de
estabelecimento de normas técnicas. Estão sendo realizados ensaios de campo para subsidiar
estas normas. Com relação ao sistema de plantio, não é prática obrigatória, mas recomendada a
adoção de cultivo mínimo ou plantio direto com o objetivo de manter ou aumentar os teores de
matéria orgânica do solo, evitar processos erosivos e promover a melhoria das características
físicas, químicas e biológicas do solo, no intuito de desenvolver um sistema mais sustentável,
princípio básico da produção integrada. Como alternativa ao plantio convencional (PC),
apresenta-se o plantio direto (PD) como um sistema preservacionista que visa obter o máximo do
potencial produtivo das culturas, baseado em três princípios básicos: o revolvimento mínimo,
restrito ao sulco de plantio, a cobertura do solo e a rotação de culturas (FREITAS, 2002). Já o
plantio com preparo reduzido (PPR) refere-se a sistemas com objetivos semelhantes ao PD, mas
que não atendem a um dos três princípios básicos.
De forma geral, o que se observa é a demanda por elevadas produtividades associadas à
estabilidade da produção. Neste sentido, alguns produtores começaram a adotar o PD,
principalmente pela drástica redução no uso de máquinas e minimização dos processos erosivos,
problema importante em especial nos plantios mais precoces. Hoje, o PD é utilizado em cerca de
40-50% da área total (informação pessoal de Sebastião Hernandez, Gustavo Gondim e Weber
Moreira, profissionais da Unilever Bestfoods, parceiros neste trabalho). Entretanto, não existe
uma preocupação com o pleno estabelecimento do sistema PD, sem sua manutenção no tempo,
incorporando-se os restos culturais de tomate após sua colheita. Ainda, mesmo em cultivos sob
PD, é comum a passada superficial de grade niveladora, o que facilita o transplante sobre a
palhada. Entretanto, neste caso, não se trata de PD, mas de PPR.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
203
Com relação à adubação de base, independente do sistema de produção e do solo, o que se
observa na prática de forma generalizada é a utilização de 1.500 kg ha-1 da fórmula NPK 04-3016 como adubação de base.
Este trabalho teve por objetivo avaliar os sistemas preservacionistas PD e PPR associado
a diferentes níveis de adubação de plantio.
Material e Métodos
Foi instalado um experimento em parceria com a Unilever Bestfoods, em sua Fazenda
Experimental, localizada em Goiânia, GO, de fevereiro a outubro de 2006. Este experimento está
sendo repetido em 2007, de modo a dar maior validade aos resultados obtidos. Utilizou-se
palhada de milheto, semeado a lanço em fevereiro de 2006, na densidade de 100 kg ha-1 de
sementes com incorporação superficial por meio de uma ligeira gradagem niveladora.
O experimento foi instalado no delineamento em blocos casualizados, em subparcelas,
dispondo-se os sistemas de plantio (PC, PD e PPR) nas parcelas e os diferentes níveis de
adubação de plantio nas subparcelas, com três repetições. A parcela foi constituída por três linhas
com dez plantas em cada linha.
Partindo da recomendação básica da empresa parceira junto aos cooperados, 1.500 kg ha-1
de NPK 04-30-16, avaliaram-se os níveis de adubação de base de 1.146, 1.293, 1.493 e 2.000 kg
ha-1 de NPK 04-30-16, valores determinados em função da regulagem da máquina.
Como preparo da área, foi feita a trituração e dessecação da palhada de milheto em 02 de
junho de 2006 nas áreas sob PD e PPR e subsolagem e passada de rotocultivador por duas vezes
na área sob PC. Na área sob PPR, foi passada previamente ao plantio a grade niveladora,
parcialmente fechada. O sulcamento e adubação foram realizados com uma plantadeira, modelo
Exacta JM 2900 PD, efetuando-se três linhas espaçadas de 1,5 m entre si. O transplante foi
manual, no dia 09 de junho de 2006, no espaçamento de 22 cm entre plantas, perfazendo um
estande de 30.303 plantas por hectare. A cultivar utilizada foi a Heinz 9992, a mais utilizada
atualmente, representando algo em torno de 40% da área de plantio.
A adubação de cobertura foi feita em uma única aplicação 30 dias após o transplante,
utilizando-se a recomendação básica de 300 kg ha-1 de NPK 18-00-27. O controle das plantas
espontâneas e das pragas e doenças foi o rotineiramente empregado, ficando por conta do
204
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
parceiro, não se observando nenhum problema fitossanitário ou de infestação por mato que
pudesse interferir nos resultados.
Foram coletadas análises de solo antes e depois da instalação do experimento. A colheita
foi realizada em 30 de setembro. A parcela útil foi de cinco plantas na linha central. Foram
pesados os frutos maduros, coloridos, verdes e podres e coletadas amostras para avaliação do
grau brix. Os dados foram submetidos a análises de variância e, quando verificadas diferenças
significativas, foram aplicados testes de média para o caso de sistemas de produção e feitas
análises de regressão para níveis de adubação de base.
Resultados e Discussão
Não foram observadas interações significativas entre sistema de plantio e adubação de
plantio para as características avaliadas.
A produção comercial por planta foi estatisticamente superior no sistema PD (Tabela 1), o
que é justificável pelo menor estande final, considerando que o tomate rasteiro tem uma boa
capacidade compensatória.
Corrigindo-se as perdas no estande nos diferentes sistemas de produção, a produtividade
foi superior no PC e no PPR, não diferindo estatisticamente entre si (Tabela 1). No PD, mesmo
com a maior produção por planta, a ligeira capacidade compensatória observada não foi
suficiente para compensar as falhas no estande, em média de 25% no PD (Tabela 1). Com relação
à adubação de base, no intervalo estudado observou-se ligeiro aumento da produtividade à
medida que se elevam os níveis de adubação, segundo a equação y = 72.268,82 + 7,6055 x, com
R2 = 68,91%.
A porcentagem de frutos podres foi maior no PC (Tabela 1), em concordância com
Giordano et al. (2000) e Revista Plantio Direto (2007). No PD e no PPR, os frutos desenvolvemse sobre a palhada e não em contato direto com o solo, reduzindo a ocorrência de podridões. A
porcentagem de frutos verdes foi semelhante, apesar de uma tendência de superioridade no PC,
em relação ao PD e ao PPR (Tabela 1). Quanto à adubação, à medida que se aumentaram os
níveis de adubação de base, observou-se ligeiro crescimento na ocorrência de frutos verdes,
segundo a equação y = 582,67 + 0,6209 x, com R2 = 57,53%.
O teor de sólidos solúveis totais foi superior no PC, resultado esperado em função do
mesmo manejo de água nos três sistemas. O PPR e, especialmente, o PD apresentam maior
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
205
capacidade de retenção de água no solo. Nestes sistemas, utilizando um manejo de água
adequado, muito provavelmente esta diferença não será observada. Segundo Marouelli et al.
(2006), verifica-se no PD uma maior eficiência no uso da água e a conseqüente economia de até
11% no volume de água de irrigação durante o ciclo da cultura.
Por se tratar do primeiro ano de cultivo, a análise de solo revelou algumas tendências que
deverão ser confirmadas à medida que se avance no tempo nos diferentes sistemas.
Tabela 1: Produção comercial, produção de frutos verdes e podres, grau brix e produtividade em
função do sistema de plantio. Goiânia, 2006.
Prod. Comercial
Prod. Frutos
Prod. Frutos
Produtividade
Brix
kg planta-1)
Verdes (kg ha-1) Podres (kg ha-1)
(kg ha-1)
PC
3,263 b
11.418 b
6.619 b
5,002 a
89.896 a
PPR
3,440 b
6.541 a
3.863 a
4,754 b
83.442 a
PD
3,766 a
8.722 a b
3.034 a
4,604 b
75.981 b
Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo Teste Tukey a 5% de probabilidade.
Sistema de Plantio
Na camada superficial, de 0 a 5 cm de profundidade, foram observados teores de matéria
orgânica de 25,55, 29,61 e 32,19 g dm -3 nos solos sob PC, PD e PPR, respectivamente. O maior
valor observado no PPR provavelmente decorre da leve incorporação pela gradagem. No sistema
PD, o tempo de mineralização e a disponibilização da matéria orgânica para o solo é mais lenta, o
que se pôde perceber por ocasião da colheita, quando ainda havia resíduos da palhada de milheto
na superfície do solo. Na camada sub-superficial, de 5 a 20 cm de profundidade, foi observada a
mesma tendência. Os teores de matéria orgânica dos solos submetidos a PC, PD e PPR foram de
25,55, 27,48 e 29,81 g dm-3, respectivamente. O mesmo teor de matéria orgânica nas duas
profundidades (0-5 e 5-20 cm) no solo sob PC é resultado do revolvimento do solo neste sistema
de plantio. Por outro lado, nos sistemas PD e PPR, observa-se o início de acúmulo de matéria
orgânica na camada superficial, cerca de 8% maior na camada de 0 a 5 cm em relação à camada
de 5 a 20 cm.
A capacidade de troca catiônica (CTC) dos solos seguiu o mesmo padrão de variação da
matéria orgânica. Os valores de CTC da camada de 0 a 5 cm de profundidade foram de 8,59, 8,75
e 9,53 cmolc/dm3 dos solos sob PC, PD e PPR. A camada de 5 a 20 cm de profundidade
apresentou valores de 8,02, 8,62 e 9,16 cmolc/dm3 de CTC nos solos manejados sob PC, PD e
206
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
PPR, respectivamente. Maior tempo de cultivo sob PD ou PPR evidenciará os benefícios destes
sistemas nos teores de nutrientes e na fertilidade do solo como um todo.
O sistema de Plantio com Preparo Reduzido (PPR) apresentou produtividade semelhante
ao Plantio Convencional (PC). Entretanto, os reconhecidos benefícios da adoção de sistemas
conservacionistas como a melhoria das características do solo, a minimização dos processos
erosivos, a economia de água e mecanização e a redução de ocorrência de frutos podres e verdes
são base para a escolha deste sistema.
Referências Bibliográficas
FREITAS, P. L. de. Sustentabilidade: harmonia com a natureza. Agroanalysis, v. 22, n. 2, p. 1217, fev. 2002.
GIORDANO, L. de B.; SILVA, J. B. C. de; BARBOSA, V. Escolha de cultivares de plantio. In:
SILVA, J. B. C. de; GIORDANO, L. de B. (Org.). Tomate para processamento industrial.
Brasília, DF: Embrapa Comunicação: Embrapa Hortaliças, 2000. p. 36-57.
MADEIRA, N. R. Plantio direto de hortaliças. Direto no Cerrado, v. 8, n. 34, p. 09, fev. 2004.
MAROUELLI, W. A.; SILVA, H. R.; MADEIRA, N. R. Uso de água e produção de tomateiro
para processamento em sistema de plantio direto com palhada. Pesquisa Agropecuária
Brasileira, Brasília, v. 41, n. 9, p. 1399-1404, 2006.
REVISTA PLANTIO DIRETO. Plantio Direto de Tomate em Rio Verde. Disponível em:
<http://www.plantiodireto.com.br/?body=cont_int&id=106>. Acesso em: 19 jun. 2007.
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207
PRODUÇÃO INTEGRADA DE TOMATE INDUSTRIAL: VALIDAÇÃO DE UNIDADES
PILOTO
CASTELO BRANCO, M.1; QUEZADO-DUVAL, A. M.; VILLAS BÔAS, G. L.; SILVA, H. R.,
LIZ, R. S.
1
Embrapa Hortaliças. Caixa Postal 218. 70.359-970. Brasília-DF. e-mail: [email protected]
Introdução
O Estado de Goiás é o maior produtor de tomate industrial do Brasil. Ainda que as
indústrias ofereçam produtos de boa qualidade, as exigências do mercado consumidor quanto à
rastreabilidade, garantia de ausência de resíduos de agrotóxicos e mínimo impacto ambiental da
produção não são atualmente plenamente atendidas. A adoção de um sistema de Produção
Integrada pode responder a estas exigências. Por isso, em 2005, foi iniciado o projeto de
Produção Integrada de Tomate Industrial que tem como unidade coordenadora a Embrapa
Hortaliças e como parceiros o Ministério da Agricultura, o CNPq, a DFA-GO, a UFG, a
Agrodefesa-GO, a AgênciaRural-GO e a maioria das indústrias processadoras de tomate. Nos
anos 2005/2006 foram elaboradas as Normas Técnicas para o programa e o Caderno de Campo a
ser preenchido pelos produtores (VILLAS BÔAS et al., 2007). A partir de maio de 2007 foram
instaladas cinco unidades piloto, em quatro municípios de Goiás (Itaberaí, Goianésia, Morrinhos
e Silvânia) em áreas de produtores ligados às empresas parceiras (Goialli, Produtos Dez e
Unilever) a fim de validar as normas e o Caderno de Campo. Assim, o objetivo deste trabalho é
descrever e avaliar os resultados obtidos nessas unidades piloto até o momento.
Material e Métodos
As mudas utilizadas nas unidades pilotos foram produzidas em viveiros comerciais
terceirizados estabelecidos em Goiás, e as sementes, de variedades híbridas importadas, foram
fornecidas pelas empresas processadoras.
Em Itaberaí foram instaladas duas unidades piloto. A primeira está situada em área de 19
ha, com irrigação por gotejamento, onde as mudas do híbrido Heinz 7155 N2 foram
transplantadas de 21 a 24/03. A segunda está em uma área de 16,5 ha onde o híbrido ‘Heinz
208
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
9992’ é irrigado por pivô-central. Esta unidade foi transplantada transplantada de 9 a 12/04. Em
Silvânia a unidade é composta de uma área de 55 ha de ‘Hypeel 108’ e ‘Heinz 7155 N2’, com
irrigação por gotejamento e as plantas foram transplantada de 16 a 20/04. Em Goianésia a
unidade foi instalada no período de 13 a 23/05, é de 55,5 ha do híbrido Heinz 7155 N2 e irrigada
por gotejamento. A unidade de Morrinhos possui 47,7 ha com os híbridos ‘Hypeel 108’ e ‘Sun
6352’. O transplante foi feito de 21 a 25/05 e a área é irrigada por pivô-central.
Nas unidades de Itaberaí e Silvânia o manejo da irrigação é realizado pelo Sistema
Irriga®, enquanto na unidade de Goianésia, o manejo segue o balanço de água no solo com o uso
do tanque classe A e uso de tensiômetros. Por outro lado, a unidade de Morrinhos irriga
empiricamente com base na experiência, respeitando os diferentes estádios de desenvolvimento
da cultura.
Para a validação das Normas e avaliação do preenchimento do Caderno de Campo, as
unidades piloto foram visitadas em intervalos que variaram de 21 a 28 dias. Durante as visitas foi
verificada a condição da lavoura, o manejo empregado e as anotações realizadas no Caderno de
Campo.
Resultados e Discussão
a) Manejo das lavouras
No que se refere à adubação de plantio, foi observado que quatro unidades realizaram
análise de solo, mas não levaram em consideração o resultado destas para o emprego de
fertilizantes. Pelo contrário, empregaram a adubação padrão recomendada para a região (1,5 t ha-1
da fórmula 4-30-16). Em uma unidade o produtor levou em consideração a análise de solo e
reduziu em 50% a quantidade da fórmula empregada. Este resultado mostrou a necessidade de
treinar produtores e técnicos a fim de que eles compreendam a importância de realizar as
adubações com base nos resultados da análise de solo. Isto significará não só uma redução nos
custos de produção, mas também uma redução dos custos ambientais associados ao uso excessivo
de adubos, já que estes produtos podem poluir águas subterrâneas e superficiais (DEFRA, 2007).
No que se refere aos problemas fitossanitários, a mosca-branca (Bemisia argentifolli),
com conseqüente disseminação de geminiviroses, e a mancha-bacteriana (Xanthomonas spp.)
foram os principais. A mosca-branca ocorreu nas unidades piloto de Itaberaí, Morrinhos e
Sivânia. Plantios de tomate de diferentes idades, em uma mesma região, com o objetivo de
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
209
atender às necessidades de processamento das diferentes indústrias favoreceram o aumento da
população do inseto. Em Itaberaí, apesar da redução da população de mosca-branca em
decorrência das pulverizações com inseticidas, ao final do ciclo da cultura a incidência de
geminiviroses foi superior a 50%, o que levou a perdas significativas na produtividade. Estes
resultados indicaram que a mosca branca é um problema importante e o melhor zoneamento das
lavouras parece ser fundamental para tentar resolver os problemas da praga.
A mancha-bacteriana foi observada em Itaberaí e é comumente encontrada na região. A
doença pode estar associada à sua perpetuação na área por meio de plantas voluntárias
contaminadas em ciclos anteriores, disseminação a partir de lavouras próximas de idade mais
avançada e/ou mudas aparentemente sadias, porém infectadas em baixa incidência (JONES et al.,
1986). Outras doenças relevantes observadas foram a requeima e a septoriose. O equipamento
Colpan® foi empregado para o manejo da requeima em apenas duas unidades (gotejamento em
Itaberaí e Silvânia). Para o controle dos diferentes problemas fitossanitários foram empregados
diferentes agrotóxicos em intervalos que variaram de três a sete dias.
No que se refere à irrigação, duas unidades empregavam o sistema Irriga®, que é um
serviço disponível ao produtor para o monitoramento e o manejo da irrigação com base na
interatividade das relações água-solo-clima-planta. Foi verificado que o sistema Irriga® apresenta
problemas de recomendação de água, normalmente em exceso, em razão principalmente de
necessidade de ajustes no coeficiente de cultura aos diferentes estádios de desenvolvimento do
tomateiro. O principal problema da aplicação de água em excesso é a maior incidência de
doenças. Outros problemas constatados foram com o equipamento de irrigação, principalmente
entupimento de gotejadores e manejo da fertirrigação, manejo inadequado do tensiômetro,
critérios empíricos para ajustes na lâmina de irrigação recomendada, entre outros. Todos esses
fatores negativos contribuem para o aumento no custo de produção e redução na produtividade
com conseqüente impacto ambiental na conservação de água e energia.
b) Preenchimento dos Cadernos de Campo
Três unidades piloto encontraram dificuldades para cumprir a exigência das Normas para
o monitoramento de pragas e doenças. Isto ocorreu pela falta de mão-de-obra especializada, com
experiência no reconhecimento de sintomas e sinais de doenças e pragas (o chamado “pragueiro”)
e pelo tempo demandado para a atividade, que foi considerado elevado (três a quatro horas). Para
210
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
uma unidade piloto um “pragueiro” foi contratado pela empresa parceira para realizar as
anotações nas planilhas de monitoramento e, deste modo, testar o sistema em relação à utilização
das informações na tomada de decisão sobre a aplicação dos agrotóxicos. Apesar de ter havido
redução no número de pulverizações, o tempo demandado para a atividade também foi
considerado elevado. Este resultado demonstra a necessidade de reavaliar o sistema de
monitoramento proposto para adequá-lo às necessidades dos produtores. Além disso, ficou claro
que, para a viabilização do sistema de produção integrada, há a necessidade de
contratação/disponibilização, por parte da empresa processadora ou pelo próprio produtor, de
profissionais especializados no monitoramento de pragas e doenças do tomateiro.
A falta de monitoramento de pragas descrita anteriormente fez com que muitos produtores
adotassem a prática de pulverizações preventivas para o controle de insetos e de doenças, baseado
no histórico de ocorrência de pragas na área e/ou no estádio da cultura, embora isso não seja
recomendado pelas Normas de Produção Integrada. Algumas pragas e doenças foram
identificadas incorretamente devido ao desconhecimento de produtores e técnicos. Este resultado
indica que há também necessidade de treinamento dos envolvidos no monitoramento e tomadas
de decisão, a fim de que a identificação dos problemas fitossanitários seja feita de forma correta.
No que se refere à irrigação, a anotação dos parâmetros de manejo não era realizada nas
unidades atendidas pelo Sistema Irrigas®, tendo em vista que este fornece relatório completo da
recomendação de irrigação. Nas outras unidades foram feitas anotações incompletas das
condições climáticas e nenhuma anotação do manejo realizado. De maneira geral, pode-se ter
dificuldades para a compreensão dos critérios para o manejo racional da irrigação.
Conclusão
Foi observado que existem problemas no manejo das lavouras no que se refere à
adubação, irrigação e controle de pragas e doenças. O melhor manejo destes aspectos deve
contribuir não só para reduzir os custos de produção, mas também para reduzir os custos
ambientais por meio da redução da demanda de um recurso escasso (água) e por meio da redução
do potencial de poluição de adubos e agrotóxicos.
Para a viabilização do preenchimento do Caderno de Campo, de modo a atender às
exigências das Norma da Produção Integrada, há necessidade de treinamento e disponibilização
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
211
de mão-de-obra para a correta identificação de pragas e doenças e para a realização do
monitoramento destas.
Referências Bibliográficas
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<http://www.defra.gov.uk/environment/water/quality/nitrate/intro.htm>. Acesso em: 20 ago.
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VILLAS BÔAS, G. L.; MELO, P. E.; CASTELO BRANCO, M.; GIORDANO, L. B.; MELO,
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ZAMBOLIM, L.; LOPES, C. A.; PICANÇO, M. C.; COSTA, H. (Ed.). Manejo Integrado de
Doenças e Pragas. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa; Brasília, DF: Embrapa Hortaliças,
2007. p. 349-362.
212
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
PROPOSIÇÃO DE TÉCNICAS E PARÂMETROS DE IRRIGAÇÃO PARA A
PRODUÇÃO INTEGRADA DO TOMATEIRO PARA PROCESSAMENTO
SILVA, H. R.1; MAROUELLI, W. A.2; VILLAS BÔAS, G. L3; CASTELO BRANCO, M.4;
SOUZA, R. B.5
1
Eng.Agr., Ph.D., Embrapa Hortaliças, Caixa Postal 218, CEP 70359-970, Brasília-DF, e-mail:
[email protected] (Apresentador do trabalho); 2Eng.Agric., Ph.D., Embrapa Hortaliças, Caixa Postal 218,
CEP 70359-970, Brasília-DF, e-mail: [email protected]; 3Eng.Agr., D.Sc., Embrapa Hortaliças, Caixa Postal
218, CEP 70359-970, Brasília-DF, e-mail: [email protected]; 4Eng.Agr., Ph.D., Embrapa Hortaliças, Caixa
Postal 218, CEP 70359-970, Brasília-DF, e-mail: [email protected]; 5Eng.Agr., D.Sc., Embrapa Hortaliças,
Caixa Postal 218, CEP 70359-970, Brasília-DF, e-mail: [email protected]
Introdução
O Brasil é um grande produtor de tomate para processamento, com produção anual de 1,4
milhões de toneladas, numa área de 19,5 mil hectares. Os Estados de Goiás (GO) e Minas Gerais
(MG) produzem mais de 75% da produção nacional.
A análise da base ecoenergética da agricultura convencional e o esgotamento dos recursos
naturais sinalizam para a necessidade de desenvolvimento sustentável que considere a integração
dos fatores econômicos, sociais e ecológicos (FREITAS, 2003). Diante disso, surgiu no país nos
anos 70 a produção integrada de frutas (PIF), com o objetivo de produção de alimentos de alta
qualidade, utilizando-se técnicas que minimizem os impactos negativos da produção sobre o
ambiente e qualidade dos produtos.
Em 2004, teve início na Embrapa Hortaliças projeto de produção integrada de tomate
indústria (PITI), para as regiões produtoras de GO e MG. A conservação de água e energia é um
dos aspectos da produção a serem controlados na PITI já que o cultivo ocorre durante a estação
seca, com o uso de irrigação.
A irrigação por aspersão com pivô central é o sistema mais empregado; cerca de 5% é
irrigado por gotejamento. A irrigação tem efeito direto sobre a incidência de pragas e,
principalmente, de doenças. Irrigações em excesso, especialmente por aspersão, favorecem
doenças fúngicas e bacterianas. Independente do sistema de irrigação utilizado há necessidade de
adoção de estratégias para o manejo adequado de água, de forma a racionalizar seu uso,
minimizar o gasto de energia, a incidência de doenças e os impactos ambientais.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
213
Outro aspecto importante a ser considerado na produção integrada é a qualidade da água.
Águas de baixa qualidade podem causar problemas de entupimento de gotejadores, transmissão
de doenças às plantas e ao homem.
O objetivo deste trabalho foi propor técnicas e parâmetros de irrigação direcionados para
a PITI, a serem validados em unidades piloto localizadas nas principais regiões produtoras,
incluindo aspectos de manejo de água de irrigação e de qualidade da produção.
Material e Métodos
As normas para a PITI foram aprovadas pelo Comitê Gestor da PITI no final de 2006. No
que se refere à irrigação, normas obrigatórias incluem aspectos sobre sistemas e manejo de irrigação
e qualidade da água (Tabela 1) que deverão ser seguidas nas unidades piloto.
Tabela 1. Normas de irrigação e drenagem e qualidade da água propostas para a PITI.
Norma
Obrigatórias
Recomendadas
Utilizar sistemas de irrigação
eficientes, que minimizem o uso
da água e de energia, realizando a
manutenção periódica.
Utilizar critério que permita
Sistema e
minimizar a aplicação de excesso
Manejo
de água às plantas.
da
Irrigação Realizar manutenção preventiva e,
a cada 2 anos, avaliar a
uniformidade de distribuição de
água.
Utilizar práticas de cultivo que
conservem ou melhorem a
drenagem natural do solo.
Utilizar água com qualidade igual
ou superior às exigidas pela
Resolução CONAMA nº 357, de
17 de março de 2005 ou legislação
Análise
estadual pertinente.
da
qualidade Fazer análise anual das
da água
características físicas, químicas e
biológicas da água, anualmente no
caso de água corrente ou a cada
dois anos no caso de represas,
açudes e poços.
Proibidas
Irrigação em
excesso.
Permitidas com
restrições
Utilizar dados
históricos de
evapotranspiração
para manejo da
água
Utilizar método racional para o
manejo da água de irrigação,
como o do balanço ou da
tensão de água no solo.
Avaliar anualmente a
compactação do solo.
Utilizar água
para irrigação
que não
atenda aos
padrões
Uso de águas
estabelecidos residuárias sem
na Resolução tratamento.
CONAMA nº
357, de 17 de
março de
2005.
214
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Para o manejo da cultura no campo, é necessário estabelecer cartilhas de acompanhamento
contendo as técnicas e os parâmetros de irrigação a serem validados. As técnicas e parâmetros de
manejo da irrigação foram estabelecidos com base em trabalhos de pesquisa realizados pela
Embrapa Hortaliças nos últimos 15 anos. Assim, podem ser utilizados os métodos do turno de rega
simplificado, conforme descrito por Marouelli (2001); que é um método simples, não requer o uso
de equipamentos e utiliza dados históricos de evapotranspiração ou, para um manejo mais preciso de
irrigação, os métodos do balanço ou da tensão de água no solo. Deve-se considerar ainda, no manejo
de água, a data da última irrigação pela sua importância na qualidade da produção, viz., o teor de
sólidos solúveis (Tabela 2). Nas unidades piloto implantadas em 2007, estão sendo usados uma
combinação dos métodos do balanço e da tensão de água no solo.
Tabela 2. Recomendação de parâmetros para o manejo da irrigação em sistemas por gotejamento
e aspersão (valores entre parêntesis).
Estádio de desenvolvimento (ciclo médio de 115 dias)
Inicial
Vegetativo
Frutificação
Maturação
Duração fase (dias)
7
25
55
28
Turno rega (dias)
1-2 (1-3)
4-6 (5-10)
1-2 (5-8)
3-4 (7-10)
Tensão crítica (kPa)
--50-100 (100-200)
10-15 (30-50)
40-50 (100-200)
Coeficiente de cultura
0,45-0,55 (0,60-0,70) 0,40-0,50 (0,50-0,60)
0,95-1,05 (0,95-1,05)
0,75-0,85 (0,60-0,70)
Paralisar as irrigações com 30-50% de frutos maduros para aspersão e 60-70% para gotejamento.
Parâmetros
Fonte: Marouelli et al. (1991, 2004, 2006) e Marouelli e Silva (2005).
Relativo à qualidade da água, não existem trabalhos específicos para tomate, tendo sido
considerada a Resolução nº 357 do CONAMA, que dispõe sobre a classificação e uso dos corpos
d’água (CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – CONAMA, 2005). No que se
refere à periodicidade de análises, no caso de água corrente, esta deve ser anual e no caso de
represas, açudes e poços a cada dois anos. Neste caso, poderia ser utilizado o critério proposto
por Gilbert e Ford (1986).
Resultados e Discussão
As normas indicam obrigatoriedade de uso de sistemas de irrigação eficientes, que
minimizem o uso de água e energia, que seja realizada manutenção preventiva periódica e que a
cada dois anos seja avaliada a uniformidade de distribuição de água. Como regulamentação, os
sistemas devem apresentar coeficiente de uniformidade de distribuição acima de 80%.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
215
Muito embora a norma não recomende um sistema de irrigação específico, tem-se que o
gotejamento, comparativamente ao pivô central, minimiza em até 50% o requerimento de fungicidas
e em até 30% o uso de água e energia, além de possibilitar incrementos de produtividade de até 30%
(MAROUELLI; SILVA, 2000).
Pela norma, é obrigatório o uso de critério de manejo de irrigação que minimize a aplicação
de excesso de água. Assim, tanto o método simplificado quanto os métodos do balanço ou da tensão
de água no solo podem ser utilizados. A norma prevê ainda, a utilização de práticas de cultivo que
conservem ou melhorem a drenagem natural do solo, pois o excesso de água favorece doenças de
solo. Isto pode ser obtido minimizando o trafego de máquinas na área e realizando rotação de
culturas, práticas de cultivo mínimo e subsolagem.
A fim de adequar a qualidade da água às normas da PITI, deve-se realizar análise de água
em conformidade com a Resolução nº 357 do CONAMA. Em caso de não conformidade da
qualidade para fins de uso na irrigação, realizar o tratamento para adequar as características físicas,
químicas e biológicas da água para fins de irrigação.
Conclusão
No que se refere à irrigação, o produtor deverá seguir as normas obrigatórias da PITI de
usar sistemas de irrigação mais eficientes, algum método de manejo, água de boa qualidade e
práticas poupadoras e conservadoras de água.
Referências Bibliográficas
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (Brasil). Resolução nº 357, de 17 de março
de 2005. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama>. Acesso em: 20 ago. 2007.
FREITAS, J. A. D. (Ed.). Normas técnicas e documentos de acompanhamento da produção
integrada de melão. Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2003. 89 p. (Embrapa
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GILBERT, R. G.; FORD, H. W. Emitter clogging. In: NAKAYAMA, F. S.; BUCKS, D. A.
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MAROUELLI, W. A.; SILVA, H. R.; OLIVEIRA, C. A. S. Produção de tomate industrial sob
diferentes regimes de umidade no solo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 26, n. 9,
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216
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
MAROUELLI, W. A.; SILVA, W. L. C.; MORETTI, C. L. Production, quality and water use
efficiency of processing tomato as affected by the final irrigation timing. Horticultura
Brasileira, Brasília, v. 22, n. 2, p. 225-230, 2004.
MAROUELLI, W. A.; SILVA, W. L. C.; SANT’ANA, R. R.; SILVA, H. R.; HERNANDEZ, S.;
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Goiânia, GO. Anais.... Goiânia: ABID, 2006. 1 CD-ROM.
MAROUELLI, W. A.; SILVA, W. L. C. Irrigação. Tomate para processamento Industrial.
Brasília, DF: Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia: Embrapa Hortaliças,
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DE IRRIGAÇÃO E DRENAGEM, 15., 2005, Teresina, PI. Anais.... Teresina: ABID, 2005. 1
CD-ROM.
MAROUELLI, W. A.; SILVA, W. L. C.; SILVA, H. R. Irrigação por aspersão em hortaliças:
qualidade da água, aspectos do sistema e método prático de manejo. Brasília, DF: Embrapa
Informação Tecnológica: Embrapa Hortaliças, 2001. 111 p.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
217
SISTEMA DE PRODUÇÃO CONVENCIONAL X PRODUÇÃO INTEGRADA – EFEITO
SOBRE OS ATRIBUTOS MICROBIOLÓGICOS DO SOLO
CARVALHO, J. E. B. de1; AZEVEDO, C. L. L. de2; SILVA, M. C. da 3; BARRETO, A. C.4
1
Engo Agro D.Sc. Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, Rua Embrapa, s/n. Cx.P. 007 – CEP: 44.380-00, Cruz
das Almas, BA. E-mail: [email protected]; 2Engo Agro M.Sc. Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical,
Rua Embrapa, s/n. Cx.P. 007 – CEP: 44.380-00, Cruz das Almas, BA. E-mail: clá[email protected];
3
Discente de Agronomia da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Cruz das Almas, BA, CEP: 44.380-000;
4
Engenheira Agrônoma, M.Sc. Ciência do Solo, Convênio ADAB/CNPMF, Cruz das Almas, BA, CEP: 44.380-000.
Introdução
Os solos dos Tabuleiros Costeiros apresentam como fatores limitantes à produtividade
agrícola baixa capacidade de retenção de água, baixa disponibilidade de nutrientes e impedimento
ao crescimento radicular decorrente da existência de uma camada coesa entre os horizontes AB e
BA. O manejo mecânico adotado pelos produtores no controle do mato e o trânsito exagerado de
máquinas no pomar têm contribuído para aumentar a compactação do solo, redução da produção
e da longevidade dos pomares de citros. Nesta linha de trabalho Rezende (2000), relata que uma
das alternativas para contornar o problema seria o uso de subsolagem, com destaque para suas
vantagens: aumento da macroporosidade, diminuição da resistência à penetração e aumento da
taxa de infiltração de água no solo. A capacidade produtiva de um solo não depende unicamente
da fertilidade química, mas também de interações de fatores bióticos e abióticos. Neste sentido, o
uso de atributos microbianos aliados ao teor de carbono orgânico do solo, tem sido utilizado para
avaliar o grau de sustentabilidade de um sistema agrícola.
Buscou-se avaliar o impacto do sistema de Produção Integrada em comparação ao sistema
de produção convencional dos produtores sobre os atributos microbiológicos de um solo coeso
dos Tabuleiros Costeiros.
Material e métodos
O trabalho foi conduzido em um pomar de lima ácida ‘Tahiti’ sob Citrumelo Swingle,
instalado no Município de Cruz das Almas-BA, na área experimental do Centro Nacional de
Pesquisa de Mandioca e Fruticultura Tropical da Embrapa, com uma área total aproximada para
os dois manejos de 3.600 m2, utilizando-se o espaçamento de 5 m entre as linhas e 4 m entre
218
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
plantas na linha. O trabalho foi constituído por dois tratamentos: 1. Sistema convencional,
adotado pela maioria dos produtores, envolvendo aração, gradagem, abertura de covas e plantio
das mudas cítricas e o controle mecânico do mato com três a quatro capinas nas linhas e mesmo
número de gradagens nas ruas; 2. Sistema em Produção Integrada, com subsolagem cruzada a
uma profundidade média de 0,55 m, plantio direto de feijão-de-porco (Canavalia ensiformis)
como cultura de espera e melhoradora do solo. Nesse sistema, o controle integrado das plantas
infestantes foi realizado dessecando-se o mato nas linhas com glifosato e nas entrelinhas a
substitição das gradagens pelo uso de uma cobertura verde permanente proporcionada pelo
amendoim forrageiro (Arachis pintoi).
Para avaliar o carbono da biomassa microbiana do solo (BMS-C) e a respiração basal do
solo foram retiradas amostras nas profundidades 0-10 e 10-30 cm na linha e ruas da cultura, no
mês de fevereiro (período de verão). Com auxílio de um trado, foram coletadas seis sub-amostras
em pontos eqüidistantes e representativos da parcela, sendo estas homogeneizadas, formando
uma amostra composta para cada parcela. As amostras de solo foram colocadas em sacos
plásticos e mantidas em câmara fria (5°C) até o momento das análises em laboratório.
A estimativa do carbono da biomassa microbiana foi feita segundo o método de
fumigação – extração, que tem como princípio a análise da biomassa microbiana extraível em
solução aquosa de sulfato de potássio K2SO4 a 0,5 M (VANCE et al., 1987). A respiração do solo
foi avaliada pela evolução do CO2 em potes fechados (NANNIPIERI et al., 1990). O dióxido de
carbono é adsorvido em uma solução de NaOH, e titulado com HCL. A avaliação do quociente
metabólico foi realizada de acordo com o procedimento descrito por Anderson e Domsch (1986),
obtida pela razão entre o C respirado por unidade de C microbiano. Foi realizado análise de
variância e as médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.
Resultados e Discussão
Os valores médios observados para capacidade máxima de retenção de água variaram de
45,27 a 57,93% para sistema convencional, e 51,24 a 61,11% para o sistema que envolveu a
subsolagem e o manejo de coberturas vegetais nas entrelinhas. Independente do sistema adotado,
a capacidade máxima de retenção de água na entrelinha foi maior na profundidade de 10-30 cm,
mas a umidade do solo no momento da coleta não foi influenciada pelos fatores estudados
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
219
(Tabela 1). A biomassa microbiana também apresentou, nos dois sistemas de produção testados,
maiores valores na profundidade de 10-30 cm, tanto na linha como na entrelinha. D´Andréa et al.
(2002) concluíram, em trabalhos avaliando alterações nos atributos biológicos em solo de cerrado
nativo, que a instalação de pastagens e sistemas de manejo agrícola reduziu os teores de carbono
da biomassa microbiana na camada superficial do solo. Silva et al. (2002) não observaram
diferenças significativas no carbono da biomassa microbiana em diferentes sistemas de preparo
do solo no Cerrado.
Tabela 1. Valores médios de biomassa microbiana (µgC.g-1), capacidade máxima de retenção de
água, respiração basal (µgC-CO2.g-1), umidade (%) e quociente metabólico (µgC-CO2.g-1/µgC.g1
), na linha e entrelinha, nas profundidades de 0-10 cm e 10-30 cm, nos sistemas de produção
convencional e de subsolagem.
Entrelinha
Média
0 a 10 cm
10 a 30 cm
Média
-1
Biomassa microbiana (µgC. g )
Produtor
837,75 aA
1128,05 aA
982,90 a
832,97 aA
1008,20 aA
920,59 a
Produção ntegrada
954,42 aA
1049,87 aA 1002,15 a 825,05 aA
1207,32 Aa
1016,19 a
Média
896,09 B
1088,96 A
829,01 B
1107,76 A
Capacidade máxima de retenção de água
Produtor
49,43 aA
55,49 aA
52,46 a
45,27 bB
57,93 aA
51,60 b
Produção ntegrada
51,24 aA
55,93 aA
53,59 a
53,92 aB
61,11 aA
57,5 a
Média
50,34 A
55,71 A
49,60 B
59,52 A
Respiração basal (µgC- CO2. g-1)
Produtor
1,28 aA
0,92 aA
1,10 a
1,71 aA
0,90 aA
1,30 a
Produção ntegrada
1,58 aA
0,98 aB
1,28 a
1,20 aA
0,92 aA
1,06 a
Média
1,43 A
0,95 A
1,46 A
0,9 A
Umidade (%)
Produtor
9,71 aA
10,21 aA
9,96 a
7,59 aA
11,20 aA
9,40 a
Produção ntegrada
8,07 aA
11,95 aA
10,01 a
18,94 aA
12,32 aA
15,63 a
Média
8,89 A
11,08 A
13,27A
11,76 A
Quociente metabólico (µgC- CO2. g-1/ µgC. g-1)
Produtor
1,51 aA
0,96 aA
1,23 a
2,02 aA
0,92 aB
1,47 a
Produção ntegrada
1,65 aA
1,12 aA
1,39 a
1,46 aA
0,79 aA
1,13 a
Média
1,58 A
1,04 A
1,74 A
0,85 B
Médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúsculas nas linhas para cada posição (linha e
entrelinha) não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
0 a 10 cm
Linha
10 a 30 cm
Na linha de plantio o tratamento em Produção Integrada, a taxa de respiração basal na
camada de 0-10 cm foi estatisticamente superior a da camada de 10-30 cm. Em trabalho
desenvolvido por Balota et al. (1998) avaliando as alterações na atividade microbiana em um
Latossolo Roxo em Londrina-PR sob diferentes sistemas de preparo e sucessão de culturas, foi
220
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
concluído que a biomassa microbiana mostrou-se boa indicadora das alterações microbianas
ocorridas no solo, conforme o manejo.
Observou-se para o quociente metabólico maiores valores na camada inicial (0-10 cm)
sendo este efeito estatisticamente significativo no sistema do produtor. Os maiores valores de
qCO2 observados, indicam que a população microbiana está consumindo mais carbono oxidável
para sua manutenção.
Conclusão
O sistema de Produção Integrada não contribuiu para melhoria dos atributos
microbiológicos do solo quando comparado ao sistema convencional do produtor. Apenas a
biomassa microbiana foi mais elevada na camada mais profunda, independente do sistema de
produção adotado.
Referências Bibliográficas
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4., 2002, Rio de Janeiro, RJ. Anais… Rio de Janeiro: SBCS, 2002. 1 CD-ROM.
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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
221
ÍNDICE DE RISCO AMBIENTAL PARA PONTOS DE ABASTECIMENTO DE
PULVERIZADORES DE AGROTÓXICOS (IRAp), UMA ADAPTAÇÃO DO
ENVIRONMENTAL RISK INDEX (ERI) PARA A PRODUÇÃO INTEGRADA
GEBLER, L.1
1
Engenheiro Agrônomo, MSc. Engenharia Ambiental, Pesquisador da Embrapa Uva e Vinho rodovia BR-285, Km
115, Caixa Postal 1513, CEP 95200-000 Vacaria, RS, e-mail: [email protected]
Introdução
O significado de risco pode ser descrito como o produto entre Perigo X Exposição, que
implica na possibilidade de que algo adverso possa ocorrer para alguém ou alguma coisa
(ALISTER; KOOGAN, 2006). O processo de se avaliar riscos deve ser claramente ordenado,
representando diferentes graus de refinamento, sempre buscando a melhor representação possível
da realidade (SUTTER, 1996; U. S. ENVIROMENTAL PROTECTION AGENCY –EPA, 1998).
Com a expansão e o barateamento da informatização vista nos dias atuais, computadores com
processadores de alta performance se tornaram comuns, nas propriedades agrícolas brasileiras,
viabilizando o trabalho com softwares de gestão, permitindo a introdução de indicadores de
análise de risco ambiental como ferramentas de apoio.
Indicadores servem como orientadores de respostas a eventos, sem preocupação com a
quantificação física do processo analisado, pois perdem em eficiência e precisão para modelos
matemáticos numéricos (BILYARD et al., 1997). Mesmo com esta limitação, os indicadores
demonstram ser um sistema eficaz e valioso, tanto pelo seu baixo custo operacional e razoável
significância do resultado, classificando-os como ferramentas de avaliação preliminar de risco.
Para sistemas certificados, como a Produção Integrada, onde falta um pacote tecnológico
que atenda a todos os casos em que serão avaliados os impactos ambientais, concorda-se que o
uso de agrotóxicos está entre as atividades que apresentam grandes riscos envolvidos durante seu
manejo, sendo o foco da análise do indicador ambiental descrito neste resumo.
O Índice de Risco Ambiental pontual (IRAp) é um indicador teórico baseado em um
sistema similar, produzido por Alister e Kogan (Environmental Risk Index – ERI) (2006), e nos
critérios ambientais exigidos liberação comercial de agrotóxicos no Brasil (IBAMA), e propõe
reduzir a condição de incerteza sobre o grau de risco destes produtos em um local de alta
222
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
probabilidade de impacto ambiental, os pontos (rampas) de abastecimento de pulverizadores de
agrotóxicos. Nestes locais se trabalha com grande variedade de produtos comerciais
concentrados, algumas vezes, repetidamente durante uma sessão de aplicação, podendo afetar em
diferentes graus os processos locais de atenuação natural ambiental e os seres humanos
envolvidos. Este indicador permite uma idéia do nível de risco existente neste local, auxiliando
na tomada de decisão sobre métodos de prevenção ou necessidade de mitigação.
Material e Métodos
No IRAp são adotados dados que refletem o pior cenário (maior lixiviação, menor KOC,
maior persistência, dentre outros), considerando este procedimento como margem de segurança, e
por isto, mesmo existindo um limite com certo grau de impermeabilidade (piso), será considerado
como solo sem impedimento. O índice original (ERI), previa a distribuição e análise dos
parâmetros físico-químicos e ecotoxicológicos de agrotóxicos numa equação linear simples, a fim
de avaliar qual dos produtos poderia apresentar maior risco ambiental em relação a outro onde, à
medida que o resultado numérico final aumentasse, maior seria o risco.
ERI = ( P + L + V + TP ) D
P = Persistência no solo (meia vida); L = Lixiviação (LIX [5]); V = Volatilização (Pressão de
vapor); D = Dose (quantidade aplicada de ingrediente ativo por ha); TP = Perfil toxicológico do
agrotóxico (propriedades químicas e testes de campo), dado por:
TP = K OW + Rfd + CL50 + AT
KOW = Coeficiente de partição octanol-água do agrotóxico; Rfd = Dose de referência; CL 50 =
Dose letal dermal humana para 50% da população; AT = Parâmetros toxicológicos para animais
de referência.
Os dados para a execução do modelo podem ser obtidos de publicações científicas ou
banco de dados específicos (WAUCHOPE et al., 1991; GEBLER, 2007).
O IRAp foi criado para analisar a contaminação pontual, no momento do carregamento do
pulverizador, e não a contaminação difusa, como o ERI. Além disso, Alister e Kogan (2006)
efetuaram os cálculos baseados somente em herbicidas, não atendendo à variabilidade exigida
pela PIM. No mesmo artigo foi demonstrado que o ERI pode sofrer adaptações (ERI loading), sendo
a equação no IRAp alterada nos seguintes pontos: a) o parâmetro AT foi eliminado ao se assumir
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
223
que a contaminação pontual será infinitamente maior que a difusa (a exemplo do ERI loading); b) os
limites do LIX para lixiviação foram recalculados estatisticamente, para o grupo dos produtos
listados na grade de agrotóxicos da Produção Integrada de Maçãs (PIM), entre fungicidas,
inseticidas, herbicidas e outras classes, numa variabilidade química esperada em um ponto de
abastecimento de pulverizadores; c) o parâmetro D foi modificado para Índice de Dose Pontual
(iDp), agregando-se ao parâmetro D, já normalizado, dois novos fatores (NC – número de cargas
e CT – classe toxicológica). Isto permite ao modelo, acrescentar o potencial de risco de derrames,
proporcionado pela repetibilidade da operação de carregamento do pulverizador sempre no
mesmo local, potencializado pelo incremento de riscos resultantes da classe toxicológica do
produto comercial concentrado sendo preparado. Isto resulta em:
iDp = D + ( NCxe − CT )
Mantendo a equação na forma linear, estabeleceu-se a nova conformação:
IRAp = ( P + L + V + TP )iDp e TP = K OW + Rfd + CL50
Os fatores para cada agrotóxico são classificados como potencial baixo (1), médio (2),
alto (3) ou muito alto (4), gerando no final da equação um número inteiro entre 4 e 64, que
representa o nível de risco estimado, conforme a Tabela 1.
Tabela 1. Tabela de classificação de parâmetros humanos, físico-químico e ecotoxicológicos,
para aplicação no Índice de risco Ambiental pontual – IRAp.
Tipo
Nível de
risco
1 = Baixo
2 = Médio
3 = Alto
4 = Muito
alto
<1,33x10-3
Rfd
mg/kg
p.v.
> 0,1
KOW
(adimensional)
<1
1,33x10-3 a
<1,33x10-2
1,33x10-2 a
1,33x10-1
>1,33x10-1
0,1 a >
0,01
0,01 a
0,001
< 0,001
1a<2
P
(dias)
L
(LIX)
V
(Pascal)
< 30
0
30 a
<60
60 a
<90
>90
>0a
0,025
> 0,025
a 0,135
> 0,135
2a<3
>3
< 1,001
CL50
(mg/kg
p.v.)
> 4000
< 1,001
4a8
1,001 a
2
2,001 a
2,999
> 2,999
4000 a > > 3 a 1,001 a
400
6
2
400 a 40 > 6 a 2,001 a
9
2,999
< 40
> 9 > 2,999
9 a 24
D
kg
TP
iDp
3
IRAp
25 a
48
> 48
A seguir, numa planilha de Excel, com banco de dados auxiliar, foi obtido o índice para
cada agrotóxico, variando condições (mesmo produto, mesma dose, número de cargas diferentes;
produto, dose e número de cargas iguais, classe toxicológicas diferentes, dentre outros).
224
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Resultados e Discussão
O ERI e o IRAp foram comparados ao serem aplicados sobre os produtos listados na
grade de agrotóxicos da PIM, que apresentavam o conjunto de dados necessário para a geração
do índice. Individualmente, utilizando-se a mesma dose e número de cargas, o IRAp obteve
níveis mais críticos em relação ao ERI quando os produtos apresentavam classe toxicológica de
maior risco (1 ou 2), chegando a resultar em 2 níveis de diferença entre os resultados (sempre
mais baixos no ERI). Isto era esperado, pois o novo índice reforça a noção do risco de manuseio
nos pontos de carga, não só pela questão de possíveis casos de intoxicação ao operador, mas pela
introdução de um indicador ligado à probabilidade da ocorrência de derrames acidentais de
produtos comerciais concentrados numa área muito pequena, comparada ao risco representado
pelo produto diluído, em concentração de campo. Com estes índices, o produtor pode decidir
antecipadamente se aplica métodos de prevenção (barreiras físicas, químicas, redução da
toxicidade dos produtos, redução do número de cargas, treinamento, dentre outros), ou tem a
indicação do possível grau de mitigação posterior (se necessária). Além disto, foi avaliado a
facilidade de uso e compreensão do modelo, e o seu uso em planilhas de cálculo (Excel®) e
linguagens facilmente disponíveis (Visual Basic®), implementado no sistema beta do modelo.
Conclusão
O índice de Risco Ambiental pontual reproduziu os resultados esperados durante as
simulações. Apresenta fácil manuseio em planilhas e clareza de resultado, através do índice
numérico direto. É um modelo que pode ser adotado em situações em que não se exige elevado
grau de precisão, servindo como ferramenta de screening para indicação de risco, suporte a
treinamento de operadores e apoio à tomada de decisão por parte do gestor ambiental. Sugere-se
que venha a ser utilizado como ferramenta de apoio ao sistema de gestão ambiental na Produção
Integrada, devendo ser validada para cada sistema previamente.
Referências Bibliográficas
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agrochemicals for agriculture use. Crop Protection, v. 25, p. 202-211, 2006.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
225
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