UNIVERSIDAD DE ORIENTE Facultad de Construcciones
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UNIVERSIDAD DE ORIENTE Facultad de Construcciones NATUREZAS ENQUADRADAS: OS QUINTAIS E CERCAS DE OLINDA, BRASIL Maria Angélica da Silva* y Juliana Coelho Loureiro** RESUMO Este trabalho tem como objetivo discutir a importância patrimonial dos quintais e cercas conventuais na formação da Vila de Olinda, situada no nordeste do Brasil. Fundada em 1537, foi um dos principais núcleos de povoamento português em terras ocidentais, tendo sido bastante referenciada nos relatos de época e representada na iconografia do século XVI e XVII. Esta vila participou de períodos importantes da formação do Brasil, ao mesmo tempo em que é considerada uma referência da história da arquitetura e do urbanismo nacional. Sua paisagem manteve o registro dessa riqueza o que lhe permitiu a conquista do título de Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1982. Na sobreposição de tempos, Olinda mantém vivos traços inaugurais das relações entre os seus povoadores e a natureza, e são nos quintais e cercas conventuais um dos lugares onde este diálogo ganha forma e conteúdo. Embora estas áreas verdes estejam incluídas no âmbito da proteção patrimonial, acabam por receber um tratamento diferenciado com relação às partes edificadas. Ocultas por trás das fachadas dos edifiícios religiosos e residenciais, e por isto também mais facilmente relegadas ao esquecimento, apresentam desafios para as estratégias de conservação patarimonial. Zona de encontro fundamental entre natureza e cultura no interiror das vilas e cidades, guardando traços singulares até os dias de hoje, muitas vezes não são compreendidas dentro deste pacto. É neste sentido e buscando discutir as possibilidades de manutenção deste patrimônio e ressaltar seus traços singulares, que esta comunicação é apresentada. Pretende-se demonstrar a sua existência unificada ao longo do tempo, e discutir as possibilidades de futuro deste pacto. Palavras chaves: Quintas. * Professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Alagoas e do Programa de Pós Graduação em Dinâmicas do Espaço Habitado. Address: Loteamento Riacho Doce, 120, Bairro: Riacho Doce. CEP: 57033-000, Maceió – Alagoas – BRASIL Tel: 00 55 82 3355-1046 E-mail:[email protected] ** Mestranda do programa Dinâmicas do Espaço Habitado e professora da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal de Alagoas. E-mail: [email protected] NATUREZAS ENQUADRADAS: OS QUINTAIS E CERCAS CONVENTUAIS DO SÍTIO HISTÓRICO DE OLINDA, BRASIL Este trabalho é resultado de pesquisas realizadas em torno do tema da construção da paisagem do nordeste do Brasil, no período colonial, especialmente nos séculos XVI e XVIIi. No caso específico desta comunicação, serão abordados aspectos relativos a Olinda (figura 1), cidade tombada como patrimônio da humanidade pela UNESCO. Apresentam-se aqui considerações a respeito dos limites tangenciais entre os aspectos naturais e edificados da sua paisagem em dois tipos de programa arquitetônico, de fortes repercussões urbanas: as habitações e as casas conventuais. Pretende-se abordar, dentro da temática do evento, os quintais e cercas, espaços verdes, fortemente humanizados, que partilham, deste os primórdios da sua implantação no Brasil, as mesmas razões de existência do núcleo edificado destes espaços. Parte-se da compreensão que a paisagem é um fenômeno cultural e que a natureza, dentro de seu âmbito, é permeada pela percepção humana. 1. OLINDA E SUAS FRONTEIRAS URBANAS Na América portuguesa, especialmente na zona do litoral, onde houve o surgimento das primeiras vilas e cidades, não existiam ocupações prévias com caráter urbano desenvolvidas pelos povos nativos, usualmente ligados aos hábitos da itinerância. Portanto, o gesto urbano teve que se impor sobre a forte presença do meio natural. Como agem os colonizadores? Uma decisão recorrente será o “aproveitamento” do sítio anteriormente escolhido pelos nativos para se instalarem. Portanto, vilas e cidades como Salvador, Filipéia, Olinda e outras surgem em locais onde havia previamente uma aldeia. Pois, tanto para as populações nativas quanto para os colonizadores, algumas das razões fundamentais da escolha do sítio eram compartilhadas. Requeria-se a presença da água, solos férteis e uma distância determinada das matas mais fechadas. Vilas e cidades surgem, portanto, sobre um solo previamente escolhido e sacralizado pelos valores da cosmologia indígena. Destes, fica a toponímia, agregada ao nome tirado da listagem hagiológica cristã. Na gravura de Olinda que ilustra o livro de Johannes de Laet temos uma das mais importantes vistas da vila intitulada Marin D’Olinda de Pernambuco (ca. 1630). Segundo Varnhagenii Marim ou Mayr-y seria uma apropriação do topônimo da aldeia indígena significando “Água ou Rio dos Franceses”, denunciando a primazia destes naquele solo. Ainda segundo o autor, teria o donatário se aproveitado dos tujupares da aldeota primitiva para o primeiro estabelecimento dos colonos. Olinda, nome que se apresenta simplificado na maior parte dos documentos históricos, inclusive em sua carta Foral, tem sido justificado pela historiografia como vinculado ao apreço pelo sítio, ideal para a edificação de um lugar urbano. Sobre ele Nieuhof comenta mais de um século depois de sua fundação: “Da parte mais alta da cidade tinha-se uma linda vista, tanto para o sul como para a parte do norte, quer para o lado do mar como para o de terra, em virtude da vegetação que circundava a cidade e que se mantinha sempre verde através das estações”iii. Deste momento ficou, excepcionalmente, uma carta foral, expediente comum nas vilas e cidades portuguesas, mas que do Brasil Colônia não restaram outros exemplares. A partir desta carta é possível perceber o cuidado do seu donatário, Duarte Coelho, em setorizar as áreas da vila e demarcar futuros usos. “No ano de 1537 deu e doou o senhor governador a esta sua Vila de Olinda, para seu serviço e de todo o seu povo, moradores e povoadores, as cousas seguintes: Os assentos deste monte e fraldas dele, para casaria e vivendas dos ditos moradores e povoadores, (...) e as reboteiras de matos para roça a quem o conselho as arrendar, que estão das campinas para o alagadiço e para os mangue...”iv Este pequeno enquadramento histórico evidencia Olinda como um local privilegiado para tratar do tema das fronteiras entre a paisagem natural e edificada. Eles são elementos majoritários não só no contexto fundacional da vila, mas até os dias de hoje. Acomodada em uma área em colinas, a cidade deixa perceber, ainda na atualidade, a presença forte das áreas verdes que, no contexto das ruas, se escondem discretamente por trás das fachadas. Esta visão também se apresenta nas imagens mais antigas da vila, especialmente no período em que a região nordeste foi invadida pelos holandeses. Conhecidos pela capacidade de retratar através do desenho e da pintura, o mundo visto, deixarão, no caso de Olinda, extenso material cartográfico e vistas urbanas (figura 2). Nestas vistas se revela um pouco deste cenário que combina, deste o seu início, natureza e edificações. “Leur réalisme de représentation rigoureux repoussé, en quelque sorte, toute vision fantastique du monde dans le but de répondre lê mieux possible à leur fonction première qui est de répertorier la morphologie de cette terre nouvelle qu’est le Brésil”. (...)“Le Brésil du XVII ème constituent en quelque sorte pour eux [os pintores holandeses], la modernité absolue, c’est à dire l’inconnu, le seulement revê, imagine, une espèce d’Eden que l’humanité aurait enfin découverte. Les valeurs de l’encien monde accouplées à l’exotisme radical du Nouveaux Monde dont la nouveauté reside dans son état encore vierge”v. Observa-se que por mais descritiva que possa ser a arte holandesa no século XVII, ela torna implícita o que a arte meridional deixa explícita: a narração vi. O discurso de Post, como na vista de Olinda (figura 2), mesmo possuindo fidelidade descritiva, revela influencia do imaginário arcádico inspirado ainda pela descoberta de novas terras, onde homem e natureza pareciam estar em harmonia, numa co-existência pacífica. “O olhar holandês que nesse momento contemplava o Brasil trazia consigo a expectativa amorosa da paisagem ideal italiana, de uma Arcádia perdida na noite dos tempos, uma paisagem ancestral que se legitimava também por ruínas recentes, como as de Olinda incendiada”vii. A princípio, a natureza representava para o português o desconhecido, o selvagem, a negação da civilização e, portanto, deveria estar fora dos espaços oficiais da vila e cidade colonial. As muralhas, que na Europa ocidental eram quase condição inequívoca para a existência urbana, aqui são substituídas pelo local do “amaciamento” do verdeviii. Os terrenos no entorno, são utilizados como rossio ao modo como se dá na Europa. Assim, a risonha arcádia precisa de ser controlada para que a cidade surja, como mostra os que se dedicam a estudar, hoje, as nossas antigas matas: “A floresta tropical é um lugar inóspito para o homem. Embora nicho de nossos ancestrais simiescos no passado, há muito fomos expulsos desse paraíso. Abrimos nosso caminho no seu chão tropeçando entre as pernas de gigantes, com muito menor destreza que nos campos abertos” (...)“A floresta não é nenhum vale de idílios pastoris, de dríades, ninfas e elfos brincalhões. As criaturas das árvores estão envolvidas em batalhas titânicas, em câmera lenta, de que nós, frenéticos humanos de vida curta, sequer pudemos suspeitar. Bem acima de nossas cabeças lutam entre si por espaço e luz do sol, agarram os galhos uma das outras, umas fixam suas sementes nas forquilhas do tronco das outras, arranham-se e penetram reciprocamente as cascas, engafinhando-se e estrangulando-se entre si.” ix Nesse embate entre sonho e realidade, natureza e o homem, paraíso e inferno, Olinda estabelece seus limites. A história escrita sobre a vila, no que tange à presença dos quintais e das cercas, quase não lhes faz referência, mesmo sendo possível claramente inferir seu importante papel econômico e social. Os relatos de viajantes, as crônicas, a iconografia histórica e remanescente e as evidências materiais destes espaços que resistiram à passagem do tempo foram as principais fontes utilizadas nesta pesquisa. 2. A INCORPORAÇÃO DA NATUREZA NO ESPAÇO URBANO – CERCAS E QUINTAIS Uma das primeiras dificuldades em trabalhar com estes dois espaços é precisar seu significado. A palavra quintal, na atualidade, pode ser confundida com terreiro, com horta. Ocorriam assim nos séculos XVI e XVII? A denominação “cercas”, ou seja, as áreas não edificadas das casas conventuais, perdeu este nome com a passagem do tempo e hoje não é empregada usualmente para referir-se a estes espaços. Portanto, cabe pensar nos percursos destas palavras. A partir da consulta do dicionário de Raphael Bluteau, uma das principais obras de referência do século XVIII da língua portuguesa, encontramos que: “Quintal he na cidade, ou villa, hu pedaço de chaõ, com árvores fructiferas & cerca de muros. Chama de Quintal por servir como de Quinta no povoado. Nas casas religiosas chama-se cerca. Naõ he fácil acharlhe nome proprio Latino, porque Hortus he jardim, Hortus oitorius he Horta, Pomarium he Pomar, como tambem Vividarium, & propriamente fallando, Quintal, não he jardim, nem horta, nem pomar. Mas a necessidade no obriga a usar Vividarium ou Pomarium, & sendo preciso se lhe poderá acrescentar, Muro septum”. x Esta definição é interessante porque mostra que o quintal está relacionado ao cultivo e a casa, nascido para “servir como de Quinta no povoado”, logo espaço por excelência urbano e, como veremos mais tarde, por suas funções não se restringirem apenas ao plantio. Como cita Bluteau, o quintal não é jardim, nem horta, nem pomar. Por outro lado, a própria descrição do autor já alia os temas do quintal e da cerca. Quanto ao vocábulo “cerca” propriamente, diz Bluteau ser “jardim, ou vinha cercada de hum muro, de huma seve ou de qualquer coisa, que impida a entrada”xi . Portanto, a ênfase está na limitação, no fechamento, no enquadramento de um determinado sítio. E é assim que surgirá, no caso de Olinda, junto às áreas edificadas das quatro ordens religiosas que se instalaram na vila: os beneditinos, os carmelitas, os jesuitas e os franciscanos. Deixando a questão da etimologia, buscamos evidências acerca da forma das cercas e quintais através do exame da iconografia histórica. No caso de Olinda, destaca-se uma carta que pertence ao Atlas Vingboons, produzida por volta de 1630, atualmente no Arquivo Nacional da Holanda. Nesta imagem (figura 3) vê-se claramente o desenho sinuoso que a vila adota, e os corações verdes das quadras, onde se instalam os quintais. As divisões internas indicam que haviam limites traçados. Nas extremidades verifica-se a presença das casas conventuais com suas cercas. Podemos observar a partir desta carta, que quase todas as edificações possuíam áreas não construídas anexas, possivelmente espaços destinados a plantio e criação de animais. Assim também, estão os edifícios conventuais, com área muito superior às residências, em alguns momentos até incorporando construções foreiras, como é o caso do Mosteiro de São Bento e Convento do Carmo. Tanto os beneditinos quanto os carmelitas, franciscanos e jesuítas se situam entre o mar e a vila, junto à paliçada, como se protegessem as entradas de Olinda. Os beneditinos e os franciscanos chegam mesmo a fazer parte dela. Um dos fortins leva o nome do santo seráfico. Podemos notar também que existe uma distinção na representação dos quintais e das cercas, onde os primeiros ganham uma convenção formal que faz alusão ao jardim renascentista. As cercas conventuais demonstram ter maior área livre com potencial e diversificação de usos. No entanto, a representação em perspectiva dos elementos plantados (possivelmente alusivo à árvores e palmeiras) são semelhantes à vegetação que circunda a vila e margeiam seus caminhos. Ainda podemos destacar as casas da Rua Nova, cujos quintais se apresentam externamente com impressão de unicidade, cujos limites são difíceis de perceber, e que mais tarde se transformaram no Horto D’El Rey (figura 4). Fontes textuais indicam que o espaço do quintal era delimitado por cercas ou muros de taipa que seguiam estreitos em continuidade as paredes da edificação. O inventário de Francisco Ribeiro, 1615, dizia, “Sítios com casas de taipa de pilão cobertas com telhas, com seu quintal cercado de taipa”xii . Contudo, não se encontrou nenhuma referência ao quintal como lugar de regulação, que tivesse métrica ou forma definida. Sobre as cercas conventuais foi possível encontrar mais informação. No caso dos jesuitas temos o colégio, com disposição organizada em quadras e a busca pela funcionalidade, higiene e austeridade dos espaços. Do convento franciscano (figura 5), há uma descrição do sítio deixada por Frei Jaboatão: “Tem o seu assento ao descer do alto do monte, e principal fronteira para o Nascente, e sobre o mar, em hum meyo razo, que fórma a ladeira, abaixo do Collegio dos Padres Jesuítas hum tiro de mosquete, e quase dous da Sé Episcopal, que está no principio do plano do mesmo monte, e rua principal para a Misericórdia, donde acaba esta primeira planicie, e cabeço mais alto de toda a Cidade, ficando-lhe o muro, e cerca pela quebrada abaixo, atè o salgado, que medeya entre o muro, e a pancada do mar, só com a distancia de hum combro de area de algumas cincoenta braças entre ambos. He o sitio, ainda que retirado, muy vistoso, participando mais do espaçoso do mar, que he o principal objeto da sua vista, e muy pouco da Cidade, por lhe ficar esta para o Meyo dia, e a mayor parte della encoberta com o empinado, que vay formando o monte em circuito, desde a Sé quase ao Noroeste, até S. Bento ao Sul, que como muralha opposta tira ao nosso a mais vista da Cidade, que cahe toda para o Poente, por lhe ficar para o Nascente o da Senhora das Neves, de que fallamos.”xiii [grifo nosso] As cercas possuem dimensões mais generosas não se restringindo apenas à parte posterior do lote, mas abraçando o edifício também pelas laterais. Compartilham com os quintais determinadas atividades e funções: possivelmente é à cerca que se refere a carta do padre jesuíta de 10 de junho de 1562 mencionando inclusive a proximidade entre o cultivo e a produção: “Um dos Irmãos é coadjuntor temporal; não sabe ler nem escrever; homem de meia idade, manso e humilde e prompto na obediência, serve commumente de cozinheiro e hortelão, trata com muitos amos aos Irmãos, tem muitos legumes e fructas em seu pomar, especialmente a que chamam de bananas, que duram todo o anno e são grande ajuda para a sustentação desta casa”xiv Sabe-se ainda pelo relato de Jaboatão, que a cerca franciscana abrigava um noviciado: “Já neste tempo era entrado o anno de 1586, e os Religiosos também em novos cuidados; porque era forçoso receber a Ordem alguns Noviços, tanto para ministerio da Casa, como para dar satisfação aos dezejos do povo, e não havia ainda domicilio particular para este effeito. Tambem se devia fabricar na cerca huma casa sufficiente, na qual se criassem dentro os filhos dos Indios, convertidos, como em Seminario, para que, bem instruidos primeiro nos rudimentos da Santa Fé, fossem depois Prégadores de seus mesmos naturaes (...)” xv Uma outra possibilidade de investigar cercas e quintais foi buscar seus antecedentes em Portugal. Olinda guarda em suas linhas urbanísticas, influências da tradição e costumes lusitanos, entretanto, sabe-se que estes tiveram que sofrer ajustes para se adequar à nova realidade. E foi a partir desta necessidade, juntamente com a possibilidade de fazer algo novo longe da Metrópole, que determinados elementos urbanos ganharam diferentes concepções na América. Portanto, não se pode pensar que os quintais e as cercas olindenses tivessem tido a mesma aparência e composição dos exemplares portugueses a começar pelas diferenças climáticas, topográficas, temporais entre outros. E minimamente, como se pode observar em Bluteau, os portugueses não possuíam um modelo ou padrão para quintal. Mas a sua presença em Lisboa era marcante no século XIV e XV, onde a maioria das casas era rés-do-chão (térrea) ou assobradada e possuía quintais. “S. Nicolau, apesar de ser uma das paróquias mais urbanizadas da cidade [Lisboa], contava com uma profusão de eixidos de árvores, quintais com poços e almuinhas (hortas), adscritos às casas”xvi. Observa-se, com relação à arquitetura tradicional portuguesa, a descrição de alguns traços destes espaços na zona do Ribatejo, encontrados em um importante levantamento realizado em todo o território português em meados do século XX: “Não há avareza no terreno que é fácil e vasto. As casas chegam-se à rua e deixam para trás o quintal. (...) nos quintais cultivam pequenas hortas que amparam o sustento da família. Nos núcleos compactos o limite da casa para a rua passa-se num plano definido, onde as aberturas aparecem como acidentes. A superfície fechada domina.”xvii E mais adiante: “A casa isola-se da rua. Pode galgá-la e viver sobre ela, mas mantem-se sempre fechada – toda a actividade se passa no interior, no quintal, abrigado por trepadeiras ou latadas, verdadeiro prolongamento da habitação, desarrumado, confuso de planos, de escadas e anexos, atafulhado de vasos e gaiolas, entre as casas, ou roubado à rua pelo muro que nos aparece aí verdadeiramente integrado na sua função de elemento de arranjo urbano. O dia-a-dia em relação ao quarteirão, um movimento centrípedo. É que as populações do sul gostam do ar livre, só vivem ou trabalham em casa quando não podem o fazer no quintal. (...) e ao mesmo tempo apreciam a intimidade que a rua lhes nega. As janelas da frente abrem-se em dias de festa.”xviii Não se pode afirmar que os quintais nasceram em Portugal com este tipo de apropriação, ou ainda, se estas características acima citadas qualifica-os em outras regiões. Sabemos, porém, que em relação aos quintais de Olinda, encontram-se atualmente usos semelhantes, principalmente no que se refere ao contraste entre o tratamento das fachadas anterior e posterior da casa e ao caráter “desarrumado, confuso de planos, de escadas e anexos”. Quanto às cercas em Portugal, serão frequentes não só aliadas às edificações conventuais, mas também anexa aos castelos, às forticações, mas sempre como uma reserva útil de natureza, engajada nas atividades da produção e do consumo. Descrições destes espaços são encontradas nas crônicas das ordens religiosas, mas também sem ponderações mais específicas sobre a sua função. Observam-se comentários sobre sua importância, especialmente no caso dos beneditinos, pelo franco valor concedido por esta ordem à exploração agrícola. No caso dos franciscanos, a cerca era fundamental, já que, enquanto ordem mendicante, tinha que buscar seu próprio sustento através de esmola ou na produção conventual. As cercas proviam espaço para hortas, pomares e outras atividades de subsistência. Por outro lado, no caso de Olinda, a casa franciscana provia de água potável grande parte da população, graças a seu sistema de captação, desenvolvido na área da cerca. 3. PERCORRENDO CERCAS E QUINTAIS Sabe-se que no mundo colonial, um problema bastante grave era a carência de mantimentos. Este foi um dos principais temas tratados nas célebres cartas jesuíticas do primeiro século colonial e também é assunto constantemente abordado nos relatos holandeses no século seguinte. A princípio, a produção ficava a cargo dos gentios convertidos que se encarregavam de trazer dos matos frutas, víveres, pescados e de cuidar das plantações de mandioca (as roças). Com referência às espécies vegetais podemos destacar as árvores frutíferas, elementos predominantes nas representações da paisagem da Vila de Olinda no século XVII. Estas foram rapidamente introduzidas na vida dos portugueses, descritas por muitos viajantes, belissimamente registradas na pintura de Frans Post e Albert Eckhout no período holandês, e permaneceram em grande parte no espaço urbano, mais precisamente nos quintais e nas cercas, até os dias atuais. Sobre o cultivo dessas espécies nas cercas conventuais e as atividades provenientes dessa prática, Evaldo Cabral de Mello comenta: “Fundamental foi a esse respeito o papel da Companhia de Jesus, cujos colégios possuíam invariavelmente suas “cercas”, isto é, pomares e hortas, onde era um prazer merendar ao ar livre, como no Colégio de Olinda...” xix. Além dessas árvores, é fundamental lembrar as espécies de pequeno porte para fins culinários, como a mandioca, por exemplo, que promoveu uma verdadeira revolução no modo de vida e costumes no Novo Mundo, e as ervas medicinais. A Manihot utilíssima, já exibindo seus atributos no próprio nome, entra definitivamente no cardápio brasileiro. Segundo Câmara Cascudo, “A farinha é o primeiro conduto alimentar brasileiro pela extensão e continuidade nacional, com o beiju e a carimã consolidam a prestigiosa presença da mandioca”xx. Poderíamos ainda citar a tapioca, manicueira, o molho tucupi, manisaua... Além de ser incorporada ao cardápio, introduziu no espaço doméstico uma série de utensílios e modos indígenas para seu preparo e armazenagem, como as urupemas, pilões, potes de barro e casas de farinha. Pela distância do Reino, custo de transporte dos mantimentos, os religiosos começam a descobrir uma infinidade de possibilidades de utilização da vegetação local. É o caso do óleo de caboreíba: “Outras árvores há chamadas caboreíbas, que dão o suavíssimo bálsamo com que se fazem as mesmas curas, e o Sumo Pontífice o tem declarado com matéria legítima da santa unção e crisma, e como tal se mistura e sagra com os santos óleos onde falta o da Pérsia”xxi. Embora combatessem as práticas místicas dos curandeiros indígenas foram assimilando o conhecimento das espécies nativas. Diz o franciscano Frei Vicente do Salvador: “A folha da figueira do inferno, posta sobre nascidas e leicenços, mitiga a dor e a sara. As de jurubeba saram as chagas, e as raízes são contrapeçonha. A caroba sara das boubas; o cipó das câmeras. Enfim não há enfermidade contra a qual não haja ervas em esta terra, nem os índios naturais dela têm outra botica ou usam de outras medicinas”xxii. [grifo nosso] Séculos depois, no importante receituário do médico Joaquim Jerônimo Serpa xxiii, do século XIX, encontramos a indicação de muitas espécies fruto da influência nativa nos hábitos lusitanos. A receita número 40 de 1823 diz: “PA J.E Gómez. R.e Cypo em pó meia oitava infunda em água fervente q. b. coado com forte expressão marq.e em duaz porçõez. J. J. Serpa”xxiv. Uma boa parte das receitas tinha elaboração doméstica: os vegetais eram fervidos, coados e tomados como chás. Confeccionados a partir de espécies plantadas e colhidas junto à casa e percorriam um caminho comum, indo do quintal e da cerca para a panela da cozinha, e da cozinha para o enfermo. Ainda dentro do universo dos quintais e cercas, cabe lembrar a presença dos animais. Nos relatos do Padre Nóbrega se lê: “No fim de julho (1557) chegou aqui uma caravella d’El Rei que trazia gado”xxv. Frei Vicente do Salvador ressalta a importância dessas espécies na produção doméstica que possivelmente ocorria, no âmbito da vila ou cidade, nas cercas e quintais: “Criam-se no Brasil todos os animais domésticos e domáveis de Espanha, cavalos, vacas, porcos, ovelhas e cabras, e parem a dois e a três filhos de cada ventre, e a carne do porco se come indiferentemente de inverno e verão, e a dão a doentes como a de galinha”xxvi. Pode-se inferir que a presença dos animais e conseqüente formação de áreas de criatório, devem ter levado a quintais e cercas reorganizarem-se, com a introdução de limites e divisões internas. Neste momento, as plantas e animais executam um primeiro movimento de globalização, e nesta dança, nas mais variadas tentativas de permuta, as paisagens do ocidente e oriente conhecem um intenso movimento de intercâmbio. A titulo de exemplo, podemos lembrar os coqueiros migrando da Ásia para o Brasil e hoje sendo a marca distintiva das paisagens do nordestexxvii, a insistência em climatizar os abacaxis na Inglaterra e Países Baixos e a introdução da mandioca e do cajueiro na África. Evaldo Cabral de Mello denominará esse intercâmbio doméstico “uma verdadeira revolução ecológica”. 4. OS QUINTAIS COMO PAISAGENS PRIVADAS Finalizando, gostaríamos de atentar para um último aspecto vinculado ao tema destas áreas: o seu papel enquanto zona de intimidade e de menor controle social. Há uma casa n. 358 da Rua de São João (figura 6), de morada inteira, antiga, e quase sem grande destaque na cidade. Contudo, ela guarda interessante contraste entre a fachada principal e os fundos da residência e parece se moldar ao movimento que usualmente caracteriza certas edificações quanto ao uso: da face mais pública para a mais privada vão perdendo a ênfase do controle e tornando-se menos organizadas. No próprio quintal usualmente, podemos perceber duas zonas distintas: uma mais próxima da casa onde se localizam as atividades mais “limpas”, varal, água potável etc., e no fundo as mais sujas, como a criação de bichos e o espaço para o escoamento do esgoto. Esta constatação ganha longevidade quando tomamos alguns depoimentos de autores que estiveram na região tempos atrás. O curioso viajante Vauthier, em relato do século XIX, adverte: “...quando as portas que dão para o interior da casa se entreabrirem para deixar passar as negras apressadas que acorrem ao chamado do senhor, aproveitai a ocasião, se não receais ser indiscreto, para lançar um olhar furtivo e essa parte dos aposentos, pois não conseguireis ver mais do que isso daquelas misteriosas profundidades, severamente fechadas ao olhar profano”xxviii. Portanto, cercas e quintais permitem ações que não seriam cabíveis em outros espaços. Na cerca franciscana, distante das partes de pedra e cal do convento, era possível receber os nativos. Nas Denunciações do Santo Ofício de Pernambuco, 1593 a 1595, há testemunhas que incriminam Branca Dias, cristã nova, habitante da vila de Olinda, de suas práticas judias, revelando algumas atividades femininas e sua espacialização no quintal. Partes deste relato serão apresentadas a seguir, por exemplo, dentro do processo de denúncia que acolhe o depoimento de Isabel Fragoso: “... e nos ditos sabbados se fechavão a ditta Branca Dias com as dittas suas filhas todo o dia pela menhaã até á noite, e não trabalhavão, e mãodavão as moças que aprendiam pêra suas casas nos dittos sabbados e algumas vezes as mãodavão pêra hum quintal a folgar, outros si vio que as dittas Branca Dias e suas filhas trabalhavão nos domingos em todo o ditto tempo que em sua casa esteve abrindo algodão e fiando e fazendo outros serviços assim como nos dias da semana toda mais...”xxix [grifo nosso]. Ainda sobre Branca Dias, outra depoente, Maria Lopes, declara: “E Denunciando disse que averá trinta e sinquo annos sendo ela moça de oito annos pouco mais ou menos estando em casa de seu pai e mãi nesta villa hia aprender a coser e lavrar a casa de Diogo Fernandes e de sua molher Branca dias (...) e na ditta casa que era na Rua de Palhais que vai da Matriz pera Jesus ...”xxx [grifo nosso] Estes fragmentos, pinçados em um processo, deixam aflorar uma outra dimensão dos espaços dos quintais, onde uma outra ordem de fatos construia um mundo à parte, para além das óbvias e simples demandas de subsistência previstas para os quintais. O feminino e o proibido reunem-se neste espaço abrigado, obscuro e secreto. 5. CERCAS E QUINTAIS: CONDIÇÃO DE FUTURO A paisagem do sítio histórico de Olinda para além dos monumentos edificados e tombados, mantém em suas entranhas, cercas e quintais. A apreciação estética da cidade não se faz sem o horizonte marítimo e sem estes espaços de verde. Neles podemos perceber que várias atividades descritas para o contexto colonial ainda permanecem. Contudo, novas demandas colocadas pela vida moderna têm retalhado os quintais e ameaçado a continuidade da existência das cercas. Os conventos, destituidos do seu papel urbano, vazios de religiosos, não demandam seu uso intenso. Contudo, faz-se necessário ressaltar a importância destes tecidos verdes e a obrigação coletiva de mantê-los. Pode-se advogar até mesmo seu valor ecológico, provendo no caso de Olinda, como foi visto, a área para o horto da cidade. Em Bangladesh os quintais são encontrados na maioria das comunidades rurais e são cuidados pelas mulheres: “Elas demonstram forte preferência pelo uso de variedades locais tradicionais (...)Ao guardar as sementes produzidas em seus quintais e trocá-las com vizinhos, amigos e parentes, conservam a agrobiodiversidade”xxxi. Na sobreposição de tempos, Olinda mantém vivos traços inaugurais das relações entre seus povoadores e a natureza, e são nos quintais e cercas conventuais alguns dos lugares onde este diálogo ganha forma e conteúdo. Ocultos por trás das fachadas dos edifícios religiosos e residenciais, e por isto mais facilmente relegados ao esquecimento, apresentam desafios para as estratégias de conservação patrimonial. Se por um lado a natureza emoldura a construção lhe dando destaque, por outro ela é incorporada ao meio urbano e se impõe na paisagem. Assim como outras manifestações culturais, cercas e quintais afirmam-se quando integrados no cotidiano dos habitantes. Por seu caráter vivencial, asseguram a transmissão de memórias e se destacam por manter em seus recônditos, provalvemente mais que outros espaços, traços intangíveis da existência humana. Foto: Juliana C. Loureiro FIGURAS REFERENCIADAS NO TEXTO Figura 1 – Foto atual do sítio histórico de Olinda (Ao fundo Igreja de São Pedro Apóstolo). Figura 2 – Olinda. Frans Post, ca.16371645. Figura 3 – Planta de Olinda no século XVII e a identificação das cercas conventuais e detalhe com os quintais. Foto passarinho. Figura 4 – Foto aérea atual dos quintais da antiga Rua Nova sobreposta por malha de projeção do parcelamento do solo (limites longitudinais dos quintais). Figura 5 – Foto aérea do Convento Franciscano de Olinda. Figura 6 – Planta da casa n. 358 da Rua de São João (com a indicação dos ambientes e a relação entre fachada principal e posterior). i Esta pesquisa recebe apoio do CNPq ( Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e da FAPEAL (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas). ii Ver VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. História Geral do Brasil – antes da sua separação e independência de Portugal. 10 ed. São Paulo: Melhoramentos, 1978: 172. iii NIEUHOF, Joan. Memorável Viagem Marítima e Terrestre ao Brasil. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. Da Universidade de São Paulo, 1981: 46. iv Texto encontrado no Mosteiro de São Bento em 1654, sendo um dos poucos documentos resgatados após o incêndio de Olinda. Este documento, denominado Carta Foral de Olinda, marca o nascimento da Vila, bem como as áreas que ela abrange. v PETITDEMANGE, Frederick. Apresentação. In GUTLINCH, George Rembrandt. Arcádia nassoviana: natureza e imaginário no Brasil holandês. São Paulo: Annablume, 2005: 12, 13. vi Ver GUTLINCH, George Rembrandt. Opus cit. vii GUTLINCH, George Rembrandt. Opus cit. Pág. 110/111. viii Alguns autores contemporâneos mostram a dificuldade no trato com a floresta tropical, que seria evitada pelas próprias populações nativas. Neste sentido, dava-se preferência a áreas onde a mata era mais rala e mais fácil de ser dizimada para a ocupação humana. Sobre este tema, ver DEAN, Warren, DEAN, Warren. A ferro e fogo – a história da devastação da mata atlântica brasileira, São Paulo: Companhia das Letras, 2002. ix DEAN, Warren. 2002: 28-29 e 29-30. x VOCABULARIO PORTUGUEZ E LATINO, AULICO, ANATOMICO, ARCHITECTONICO, BELLICO, BOTANICO [...] autorizado com exemplos dos melhores escritores portuguezes, e latinos, e offerecido a Elrei de Portugal, D. João V / pelo Padre D. Raphael Bluteau. - Coimbra : No Collegio das Artes da Companhia de Jesu, 1712-1721. - 7 v. xi Idem. Pág. 346. xii Inventário de Francisco Ribeiro. 1615. INVENTÁRIOS. Inventários e testamentos. Vol. IV (1615-1679). São Paulo: Publicação Oficial do Arquivo do Estado de São Paulo, 1920. pág. 16. In Museu da Casa Brasileira. Equipamentos da casa brasileira, arquivo Ernani Silva Bruno. http://www.mcb.sp.gov.br Acessado em 20.09.05. xiii JABOATAM, Fr. Antonio de Santa Maria, NOVO ORBE SERÁFICO BRASILICO OU CHRONICA DOS FRADES MENORES DA PROVÍNCIA DO BRASIL, Rio de Janeiro, Thyp. Brasiliense, 1858: 445. xiv CARTA (181) DO BRASIL, DO ESPÍRITO SANTO, PERA O PADRE DOUTOR TORRES, POR COMISSÃO DO PADRE BRAZ LOURENÇO, DE 10 DE JUNHO DE 1562, E RECEBIDA A 20 DE SETEMBRO DO MESMO In NAVARRO, Azpicueta. Cartas avulsas, 1550-1568. (Cartas Jesuíticas; v.2) Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Editora da universidade de São Paulo, 1988. Pág. 364. xv JABOARAM, 448. xvi MOITA, Irisalva (coord.). O Livro de Lisboa - Lisboa : Livros Horizonte, 1994. Pág. 91. xvii ARQUITETURA POPULAR EM PORTUGAL. Sindicato Nacional dos Arquitectos. Vol. 1. Lisboa: Gráfica São Gonçalo LTDA, 1961: 29. xviii Idem. Pág. 30. xix MELLO, Evaldo Cabral de. À sombra dos coqueirais – a substituição do cajueiro pelo coqueiro no Brasil do século 17 foi uma verdadeira revolução ecológica. Folha de São Paulo, 04.04.1999: 3. xx CASCUDO, Luis da Câmara. História da Alimentação no Brasil. São Paulo: Global, 2004. Pág.96. xxi SALVADOR, Frei Vicente do. História do Brasil 1500 – 1627. 7ª Ed. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1982:. 65. xxii Idem. Pág. 68. xxiii Joaquim Jerônimo Serpa, nasceu no Recife em 1773, e cursou medicina na Escola de Cirurgia do Hospital Real de São José em Lisboa, e regressou ao Brasil como cirurgião-mor do Regimento de Artilharia de Olinda. Foi diretor do Hospital de São Bento em 1814 e foi nomeado em 1834 diretor do Jardim Botânico de Olinda onde lecionou a cadeira de Agricultura e Botânica. Ver SCHMALZ, Alfredo Carlos. Receituário de Joaquim Jerônimo Serpa – Hospital de São Bento de Olinda. Recife: Arquivo Público Estadual, Imprensa Oficial, 1966. xxiv O FORMULÁRIO (texto original) In SCHMALZ, Alfredo Carlos. Opus cit. Pág. 56. xxv CARTA PARA PROVINCIAL DE PORTUGAL (1557) In. NÓBREGA, Manuel da. Cartas do Brasil, 1549 – 1560. (Cartas Jesuíticas; v. 1) Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1988:170. xxvi SALVADOR, Frei Opus cit. Pág. 70. xxvii “E, entre os vegetais africanos e asiáticos, já sobressaía o coqueiro, que inicialmente só existia nas hortas e quintais, donde viria a se disseminar pela franja costeira, habitat natural do cajueiro, tão ligado à alimentação e à cultura indígena. Devido à pobreza da documentação, mal se vislumbra a verdadeira mutação da paisagem que foi a marginalização de um pelo outro...”.MELLO, Evaldo Cabral de. Opus cit. Pág. 3. xxviii VAUTHIER, L.L. Casas de residência no Brasil. Revista do Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. V.7. Rio de Janeiro, 1943. In ARQUITETURA CIVIL I . São Paulo: FAUUSP e MEC- IPHAN, 1975: 85. xxix DENUNCIAÇÕES DE PERNAMBUCO 1593-1595. Primeira Visitação do Santo Officio ás partes do Brasil Pelo licenciado Heitor Furtado de Mendoça. Capellão Fidalgo Del Rey nosso Senhor e do Seu Desembargo, Deputado do Santo Officio. São Paulo: Homenagem de Paulo Prado, 1929. Pág. Agradecemos ao professor José Luiz Mota Menezes a indicação desta fonte. xxx DENUNCIAÇÕES DE PERNAMBUCO 1593-1595.Opus cit.. Pág. 149. xxxi OAKLEY, Emily. Quintais domésticos: uma responsabilidade cultural. Agriculturas, v. 1, n. 1, novembro de 2004: 37.