UNIVERSIDAD DE ORIENTE Facultad de Construcciones

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UNIVERSIDAD DE ORIENTE Facultad de Construcciones
UNIVERSIDAD DE ORIENTE
Facultad de Construcciones
NATUREZAS ENQUADRADAS: OS QUINTAIS E CERCAS DE OLINDA, BRASIL
Maria Angélica da Silva* y Juliana Coelho Loureiro**
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo discutir a importância patrimonial dos quintais e cercas
conventuais na formação da Vila de Olinda, situada no nordeste do Brasil.
Fundada em 1537, foi um dos principais núcleos de povoamento português em terras
ocidentais, tendo sido bastante referenciada nos relatos de época e representada na
iconografia do século XVI e XVII. Esta vila participou de períodos importantes da
formação do Brasil, ao mesmo tempo em que é considerada uma referência da história
da arquitetura e do urbanismo nacional. Sua paisagem manteve o registro dessa
riqueza o que lhe permitiu a conquista do título de Patrimônio Mundial pela UNESCO
em 1982.
Na sobreposição de tempos, Olinda mantém vivos traços inaugurais das relações entre
os seus povoadores e a natureza, e são nos quintais e cercas conventuais um dos
lugares onde este diálogo ganha forma e conteúdo. Embora estas áreas verdes
estejam incluídas no âmbito da proteção patrimonial, acabam por receber um
tratamento diferenciado com relação às partes edificadas. Ocultas por trás das
fachadas dos edifiícios religiosos e residenciais, e por isto também mais facilmente
relegadas ao esquecimento, apresentam desafios para as estratégias de conservação
patarimonial. Zona de encontro fundamental entre natureza e cultura no interiror das
vilas e cidades, guardando traços singulares até os dias de hoje, muitas vezes não são
compreendidas dentro deste pacto. É neste sentido e buscando discutir as
possibilidades de manutenção deste patrimônio e ressaltar seus traços singulares, que
esta comunicação é apresentada. Pretende-se demonstrar a sua existência unificada
ao longo do tempo, e discutir as possibilidades de futuro deste pacto.
Palavras chaves: Quintas.
*
Professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Alagoas e do
Programa de Pós Graduação em Dinâmicas do Espaço Habitado.
Address: Loteamento Riacho Doce, 120, Bairro: Riacho Doce. CEP: 57033-000, Maceió – Alagoas –
BRASIL Tel: 00 55 82 3355-1046
E-mail:[email protected]
**
Mestranda do programa Dinâmicas do Espaço Habitado e professora da Faculdade de Arquitetura da
Universidade Federal de Alagoas.
E-mail: [email protected]
NATUREZAS ENQUADRADAS: OS QUINTAIS E CERCAS CONVENTUAIS DO SÍTIO
HISTÓRICO DE OLINDA, BRASIL
Este trabalho é resultado de pesquisas realizadas em torno do tema da construção da
paisagem do nordeste do Brasil, no período colonial, especialmente nos séculos XVI e
XVIIi. No caso específico desta comunicação, serão abordados aspectos relativos a
Olinda (figura 1), cidade tombada como patrimônio da humanidade pela UNESCO.
Apresentam-se aqui considerações a respeito dos limites tangenciais entre os aspectos
naturais e edificados da sua paisagem em dois tipos de programa arquitetônico, de
fortes repercussões urbanas: as habitações e as casas conventuais. Pretende-se
abordar, dentro da temática do evento, os quintais e cercas, espaços verdes,
fortemente humanizados, que partilham, deste os primórdios da sua implantação no
Brasil, as mesmas razões de existência do núcleo edificado destes espaços. Parte-se
da compreensão que a paisagem é um fenômeno cultural e que a natureza, dentro de
seu âmbito, é permeada pela percepção humana.
1. OLINDA E SUAS FRONTEIRAS URBANAS
Na América portuguesa, especialmente na zona do litoral, onde houve o surgimento das
primeiras vilas e cidades, não existiam ocupações prévias com caráter urbano
desenvolvidas pelos povos nativos, usualmente ligados aos hábitos da itinerância.
Portanto, o gesto urbano teve que se impor sobre a forte presença do meio natural.
Como agem os colonizadores? Uma decisão recorrente será o “aproveitamento” do sítio
anteriormente escolhido pelos nativos para se instalarem. Portanto, vilas e cidades
como Salvador, Filipéia, Olinda e outras surgem em locais onde havia previamente uma
aldeia. Pois, tanto para as populações nativas quanto para os colonizadores, algumas
das razões fundamentais da escolha do sítio eram compartilhadas. Requeria-se a
presença da água, solos férteis e uma distância determinada das matas mais fechadas.
Vilas e cidades surgem, portanto, sobre um solo previamente escolhido e sacralizado
pelos valores da cosmologia indígena. Destes, fica a toponímia, agregada ao nome
tirado da listagem hagiológica cristã.
Na gravura de Olinda que ilustra o livro de Johannes de Laet temos uma das mais
importantes vistas da vila intitulada Marin D’Olinda de Pernambuco (ca. 1630). Segundo
Varnhagenii Marim ou Mayr-y seria uma apropriação do topônimo da aldeia indígena
significando “Água ou Rio dos Franceses”, denunciando a primazia destes naquele
solo. Ainda segundo o autor, teria o donatário se aproveitado dos tujupares da aldeota
primitiva para o primeiro estabelecimento dos colonos.
Olinda, nome que se apresenta simplificado na maior parte dos documentos históricos,
inclusive em sua carta Foral, tem sido justificado pela historiografia como vinculado ao
apreço pelo sítio, ideal para a edificação de um lugar urbano. Sobre ele Nieuhof
comenta mais de um século depois de sua fundação: “Da parte mais alta da cidade
tinha-se uma linda vista, tanto para o sul como para a parte do norte, quer para o lado
do mar como para o de terra, em virtude da vegetação que circundava a cidade e que
se mantinha sempre verde através das estações”iii.
Deste momento ficou, excepcionalmente, uma carta foral, expediente comum nas vilas
e cidades portuguesas, mas que do Brasil Colônia não restaram outros exemplares. A
partir desta carta é possível perceber o cuidado do seu donatário, Duarte Coelho, em
setorizar as áreas da vila e demarcar futuros usos.
“No ano de 1537 deu e doou o senhor governador a esta sua Vila de Olinda, para seu
serviço e de todo o seu povo, moradores e povoadores, as cousas seguintes: Os
assentos deste monte e fraldas dele, para casaria e vivendas dos ditos moradores e
povoadores, (...) e as reboteiras de matos para roça a quem o conselho as arrendar,
que estão das campinas para o alagadiço e para os mangue...”iv
Este pequeno enquadramento histórico evidencia Olinda como um local privilegiado
para tratar do tema das fronteiras entre a paisagem natural e edificada. Eles são
elementos majoritários não só no contexto fundacional da vila, mas até os dias de hoje.
Acomodada em uma área em colinas, a cidade deixa perceber, ainda na atualidade, a
presença forte das áreas verdes que, no contexto das ruas, se escondem
discretamente por trás das fachadas.
Esta visão também se apresenta nas imagens mais antigas da vila, especialmente no
período em que a região nordeste foi invadida pelos holandeses. Conhecidos pela
capacidade de retratar através do desenho e da pintura, o mundo visto, deixarão, no
caso de Olinda, extenso material cartográfico e vistas urbanas (figura 2). Nestas vistas
se revela um pouco deste cenário que combina, deste o seu início, natureza e
edificações.
“Leur réalisme de représentation rigoureux repoussé, en quelque sorte, toute vision
fantastique du monde dans le but de répondre lê mieux possible à leur fonction
première qui est de répertorier la morphologie de cette terre nouvelle qu’est le Brésil”.
(...)“Le Brésil du XVII ème constituent en quelque sorte pour eux [os pintores
holandeses], la modernité absolue, c’est à dire l’inconnu, le seulement revê, imagine,
une espèce d’Eden que l’humanité aurait enfin découverte. Les valeurs de l’encien
monde accouplées à l’exotisme radical du Nouveaux Monde dont la nouveauté reside
dans son état encore vierge”v.
Observa-se que por mais descritiva que possa ser a arte holandesa no século XVII, ela
torna implícita o que a arte meridional deixa explícita: a narração vi. O discurso de Post,
como na vista de Olinda (figura 2), mesmo possuindo fidelidade descritiva, revela
influencia do imaginário arcádico inspirado ainda pela descoberta de novas terras, onde
homem e natureza pareciam estar em harmonia, numa co-existência pacífica.
“O olhar holandês que nesse momento contemplava o Brasil trazia consigo a
expectativa amorosa da paisagem ideal italiana, de uma Arcádia perdida na noite dos
tempos, uma paisagem ancestral que se legitimava também por ruínas recentes, como
as de Olinda incendiada”vii.
A princípio, a natureza representava para o português o desconhecido, o selvagem, a
negação da civilização e, portanto, deveria estar fora dos espaços oficiais da vila e
cidade colonial. As muralhas, que na Europa ocidental eram quase condição inequívoca
para a existência urbana, aqui são substituídas pelo local do “amaciamento” do verdeviii.
Os terrenos no entorno, são utilizados como rossio ao modo como se dá na Europa.
Assim, a risonha arcádia precisa de ser controlada para que a cidade surja, como
mostra os que se dedicam a estudar, hoje, as nossas antigas matas:
“A floresta tropical é um lugar inóspito para o homem. Embora nicho de nossos
ancestrais simiescos no passado, há muito fomos expulsos desse paraíso. Abrimos
nosso caminho no seu chão tropeçando entre as pernas de gigantes, com muito menor
destreza que nos campos abertos”
(...)“A floresta não é nenhum vale de idílios pastoris, de dríades, ninfas e elfos
brincalhões. As criaturas das árvores estão envolvidas em batalhas titânicas, em
câmera lenta, de que nós, frenéticos humanos de vida curta, sequer pudemos
suspeitar. Bem acima de nossas cabeças lutam entre si por espaço e luz do sol,
agarram os galhos uma das outras, umas fixam suas sementes nas forquilhas do tronco
das outras, arranham-se e penetram reciprocamente as cascas, engafinhando-se e
estrangulando-se entre si.” ix
Nesse embate entre sonho e realidade, natureza e o homem, paraíso e inferno, Olinda
estabelece seus limites.
A história escrita sobre a vila, no que tange à presença dos quintais e das cercas,
quase não lhes faz referência, mesmo sendo possível claramente inferir seu importante
papel econômico e social. Os relatos de viajantes, as crônicas, a iconografia histórica e
remanescente e as evidências materiais destes espaços que resistiram à passagem do
tempo foram as principais fontes utilizadas nesta pesquisa.
2. A INCORPORAÇÃO DA NATUREZA NO ESPAÇO URBANO – CERCAS E
QUINTAIS
Uma das primeiras dificuldades em trabalhar com estes dois espaços é precisar seu
significado. A palavra quintal, na atualidade, pode ser confundida com terreiro, com
horta. Ocorriam assim nos séculos XVI e XVII? A denominação “cercas”, ou seja, as
áreas não edificadas das casas conventuais, perdeu este nome com a passagem do
tempo e hoje não é empregada usualmente para referir-se a estes espaços. Portanto,
cabe pensar nos percursos destas palavras. A partir da consulta do dicionário de
Raphael Bluteau, uma das principais obras de referência do século XVIII da língua
portuguesa, encontramos que:
“Quintal he na cidade, ou villa, hu pedaço de chaõ, com árvores fructiferas & cerca de
muros. Chama de Quintal por servir como de Quinta no povoado. Nas casas religiosas
chama-se cerca. Naõ he fácil acharlhe nome proprio Latino, porque Hortus he jardim,
Hortus oitorius he Horta, Pomarium he Pomar, como tambem Vividarium, &
propriamente fallando, Quintal, não he jardim, nem horta, nem pomar. Mas a
necessidade no obriga a usar Vividarium ou Pomarium, & sendo preciso se lhe poderá
acrescentar, Muro septum”. x
Esta definição é interessante porque mostra que o quintal está relacionado ao cultivo e a
casa, nascido para “servir como de Quinta no povoado”, logo espaço por excelência
urbano e, como veremos mais tarde, por suas funções não se restringirem apenas ao
plantio. Como cita Bluteau, o quintal não é jardim, nem horta, nem pomar. Por outro
lado, a própria descrição do autor já alia os temas do quintal e da cerca.
Quanto ao vocábulo “cerca” propriamente, diz Bluteau ser “jardim, ou vinha cercada de
hum muro, de huma seve ou de qualquer coisa, que impida a entrada”xi .
Portanto, a ênfase está na limitação, no fechamento, no enquadramento de um
determinado sítio. E é assim que surgirá, no caso de Olinda, junto às áreas edificadas
das quatro ordens religiosas que se instalaram na vila: os beneditinos, os carmelitas, os
jesuitas e os franciscanos.
Deixando a questão da etimologia, buscamos evidências acerca da forma das cercas e
quintais através do exame da iconografia histórica. No caso de Olinda, destaca-se uma
carta que pertence ao Atlas Vingboons, produzida por volta de 1630, atualmente no
Arquivo Nacional da Holanda. Nesta imagem (figura 3) vê-se claramente o desenho
sinuoso que a vila adota, e os corações verdes das quadras, onde se instalam os
quintais. As divisões internas indicam que haviam limites traçados. Nas extremidades
verifica-se a presença das casas conventuais com suas cercas.
Podemos observar a partir desta carta, que quase todas as edificações possuíam áreas
não construídas anexas, possivelmente espaços destinados a plantio e criação de
animais. Assim também, estão os edifícios conventuais, com área muito superior às
residências, em alguns momentos até incorporando construções foreiras, como é o
caso do Mosteiro de São Bento e Convento do Carmo. Tanto os beneditinos quanto os
carmelitas, franciscanos e jesuítas se situam entre o mar e a vila, junto à paliçada,
como se protegessem as entradas de Olinda. Os beneditinos e os franciscanos chegam
mesmo a fazer parte dela. Um dos fortins leva o nome do santo seráfico.
Podemos notar também que existe uma distinção na representação dos quintais e das
cercas, onde os primeiros ganham uma convenção formal que faz alusão ao jardim
renascentista. As cercas conventuais demonstram ter maior área livre com potencial e
diversificação de usos. No entanto, a representação em perspectiva dos elementos
plantados (possivelmente alusivo à árvores e palmeiras) são semelhantes à vegetação
que circunda a vila e margeiam seus caminhos.
Ainda podemos destacar as casas da Rua Nova, cujos quintais se apresentam
externamente com impressão de unicidade, cujos limites são difíceis de perceber, e que
mais tarde se transformaram no Horto D’El Rey (figura 4).
Fontes textuais indicam que o espaço do quintal era delimitado por cercas ou muros de
taipa que seguiam estreitos em continuidade as paredes da edificação. O inventário de
Francisco Ribeiro, 1615, dizia, “Sítios com casas de taipa de pilão cobertas com telhas,
com seu quintal cercado de taipa”xii . Contudo, não se encontrou nenhuma referência ao
quintal como lugar de regulação, que tivesse métrica ou forma definida.
Sobre as cercas conventuais foi possível encontrar mais informação. No caso dos
jesuitas temos o colégio, com disposição organizada em quadras e a busca pela
funcionalidade, higiene e austeridade dos espaços. Do convento franciscano (figura 5),
há uma descrição do sítio deixada por Frei Jaboatão:
“Tem o seu assento ao descer do alto do monte, e principal fronteira para o Nascente, e
sobre o mar, em hum meyo razo, que fórma a ladeira, abaixo do Collegio dos Padres
Jesuítas hum tiro de mosquete, e quase dous da Sé Episcopal, que está no principio do
plano do mesmo monte, e rua principal para a Misericórdia, donde acaba esta primeira
planicie, e cabeço mais alto de toda a Cidade, ficando-lhe o muro, e cerca pela
quebrada abaixo, atè o salgado, que medeya entre o muro, e a pancada do mar, só
com a distancia de hum combro de area de algumas cincoenta braças entre ambos. He
o sitio, ainda que retirado, muy vistoso, participando mais do espaçoso do mar, que he o
principal objeto da sua vista, e muy pouco da Cidade, por lhe ficar esta para o Meyo dia,
e a mayor parte della encoberta com o empinado, que vay formando o monte em
circuito, desde a Sé quase ao Noroeste, até S. Bento ao Sul, que como muralha opposta
tira ao nosso a mais vista da Cidade, que cahe toda para o Poente, por lhe ficar para o
Nascente o da Senhora das Neves, de que fallamos.”xiii [grifo nosso]
As cercas possuem dimensões mais generosas não se restringindo apenas à parte
posterior do lote, mas abraçando o edifício também pelas laterais. Compartilham com os
quintais determinadas atividades e funções: possivelmente é à cerca que se refere a
carta do padre jesuíta de 10 de junho de 1562 mencionando inclusive a proximidade
entre o cultivo e a produção:
“Um dos Irmãos é coadjuntor temporal; não sabe ler nem escrever; homem de meia
idade, manso e humilde e prompto na obediência, serve commumente de cozinheiro e
hortelão, trata com muitos amos aos Irmãos, tem muitos legumes e fructas em seu
pomar, especialmente a que chamam de bananas, que duram todo o anno e são
grande ajuda para a sustentação desta casa”xiv
Sabe-se ainda pelo relato de Jaboatão, que a cerca franciscana abrigava um noviciado:
“Já neste tempo era entrado o anno de 1586, e os Religiosos também em novos
cuidados; porque era forçoso receber a Ordem alguns Noviços, tanto para ministerio da
Casa, como para dar satisfação aos dezejos do povo, e não havia ainda domicilio
particular para este effeito. Tambem se devia fabricar na cerca huma casa sufficiente, na
qual se criassem dentro os filhos dos Indios, convertidos, como em Seminario, para que,
bem instruidos primeiro nos rudimentos da Santa Fé, fossem depois Prégadores de seus
mesmos naturaes (...)” xv
Uma outra possibilidade de investigar cercas e quintais foi buscar seus antecedentes em
Portugal. Olinda guarda em suas linhas urbanísticas, influências da tradição e costumes
lusitanos, entretanto, sabe-se que estes tiveram que sofrer ajustes para se adequar à
nova realidade. E foi a partir desta necessidade, juntamente com a possibilidade de
fazer algo novo longe da Metrópole, que determinados elementos urbanos ganharam
diferentes concepções na América.
Portanto, não se pode pensar que os quintais e as cercas olindenses tivessem tido a
mesma aparência e composição dos exemplares portugueses a começar pelas
diferenças climáticas, topográficas, temporais entre outros. E minimamente, como se
pode observar em Bluteau, os portugueses não possuíam um modelo ou padrão para
quintal. Mas a sua presença em Lisboa era marcante no século XIV e XV, onde a
maioria das casas era rés-do-chão (térrea) ou assobradada e possuía quintais. “S.
Nicolau, apesar de ser uma das paróquias mais urbanizadas da cidade [Lisboa], contava
com uma profusão de eixidos de árvores, quintais com poços e almuinhas (hortas),
adscritos às casas”xvi.
Observa-se, com relação à arquitetura tradicional portuguesa, a descrição de alguns
traços destes espaços na zona do Ribatejo, encontrados em um importante
levantamento realizado em todo o território português em meados do século XX:
“Não há avareza no terreno que é fácil e vasto. As casas chegam-se à rua e deixam
para trás o quintal. (...) nos quintais cultivam pequenas hortas que amparam o sustento
da família. Nos núcleos compactos o limite da casa para a rua passa-se num plano
definido, onde as aberturas aparecem como acidentes. A superfície fechada domina.”xvii
E mais adiante:
“A casa isola-se da rua. Pode galgá-la e viver sobre ela, mas mantem-se sempre
fechada – toda a actividade se passa no interior, no quintal, abrigado por trepadeiras ou
latadas, verdadeiro prolongamento da habitação, desarrumado, confuso de planos, de
escadas e anexos, atafulhado de vasos e gaiolas, entre as casas, ou roubado à rua pelo
muro que nos aparece aí verdadeiramente integrado na sua função de elemento de
arranjo urbano. O dia-a-dia em relação ao quarteirão, um movimento centrípedo. É que
as populações do sul gostam do ar livre, só vivem ou trabalham em casa quando não
podem o fazer no quintal. (...) e ao mesmo tempo apreciam a intimidade que a rua lhes
nega. As janelas da frente abrem-se em dias de festa.”xviii
Não se pode afirmar que os quintais nasceram em Portugal com este tipo de
apropriação, ou ainda, se estas características acima citadas qualifica-os em outras
regiões. Sabemos, porém, que em relação aos quintais de Olinda, encontram-se
atualmente usos semelhantes, principalmente no que se refere ao contraste entre o
tratamento das fachadas anterior e posterior da casa e ao caráter “desarrumado,
confuso de planos, de escadas e anexos”.
Quanto às cercas em Portugal, serão frequentes não só aliadas às edificações
conventuais, mas também anexa aos castelos, às forticações, mas sempre como uma
reserva útil de natureza, engajada nas atividades da produção e do consumo.
Descrições destes espaços são encontradas nas crônicas das ordens religiosas, mas
também sem ponderações mais específicas sobre a sua função. Observam-se
comentários sobre sua importância, especialmente no caso dos beneditinos, pelo franco
valor concedido por esta ordem à exploração agrícola. No caso dos franciscanos, a
cerca era fundamental, já que, enquanto ordem mendicante, tinha que buscar seu
próprio sustento através de esmola ou na produção conventual. As cercas proviam
espaço para hortas, pomares e outras atividades de subsistência. Por outro lado, no
caso de Olinda, a casa franciscana provia de água potável grande parte da população,
graças a seu sistema de captação, desenvolvido na área da cerca.
3. PERCORRENDO CERCAS E QUINTAIS
Sabe-se que no mundo colonial, um problema bastante grave era a carência de
mantimentos. Este foi um dos principais temas tratados nas célebres cartas jesuíticas
do primeiro século colonial e também é assunto constantemente abordado nos relatos
holandeses no século seguinte. A princípio, a produção ficava a cargo dos gentios
convertidos que se encarregavam de trazer dos matos frutas, víveres, pescados e de
cuidar das plantações de mandioca (as roças).
Com referência às espécies vegetais podemos destacar as árvores frutíferas,
elementos predominantes nas representações da paisagem da Vila de Olinda no século
XVII. Estas foram rapidamente introduzidas na vida dos portugueses, descritas por
muitos viajantes, belissimamente registradas na pintura de Frans Post e Albert Eckhout
no período holandês, e permaneceram em grande parte no espaço urbano, mais
precisamente nos quintais e nas cercas, até os dias atuais.
Sobre o cultivo dessas espécies nas cercas conventuais e as atividades provenientes
dessa prática, Evaldo Cabral de Mello comenta: “Fundamental foi a esse respeito o
papel da Companhia de Jesus, cujos colégios possuíam invariavelmente suas “cercas”,
isto é, pomares e hortas, onde era um prazer merendar ao ar livre, como no Colégio de
Olinda...” xix.
Além dessas árvores, é fundamental lembrar as espécies de pequeno porte para fins
culinários, como a mandioca, por exemplo, que promoveu uma verdadeira revolução no
modo de vida e costumes no Novo Mundo, e as ervas medicinais.
A Manihot utilíssima, já exibindo seus atributos no próprio nome, entra definitivamente
no cardápio brasileiro. Segundo Câmara Cascudo, “A farinha é o primeiro conduto
alimentar brasileiro pela extensão e continuidade nacional, com o beiju e a carimã
consolidam a prestigiosa presença da mandioca”xx. Poderíamos ainda citar a tapioca,
manicueira, o molho tucupi, manisaua... Além de ser incorporada ao cardápio,
introduziu no espaço doméstico uma série de utensílios e modos indígenas para seu
preparo e armazenagem, como as urupemas, pilões, potes de barro e casas de farinha.
Pela distância do Reino, custo de transporte dos mantimentos, os religiosos começam a
descobrir uma infinidade de possibilidades de utilização da vegetação local. É o caso do
óleo de caboreíba: “Outras árvores há chamadas caboreíbas, que dão o suavíssimo
bálsamo com que se fazem as mesmas curas, e o Sumo Pontífice o tem declarado com
matéria legítima da santa unção e crisma, e como tal se mistura e sagra com os santos
óleos onde falta o da Pérsia”xxi. Embora combatessem as práticas místicas dos
curandeiros indígenas foram assimilando o conhecimento das espécies nativas. Diz o
franciscano Frei Vicente do Salvador:
“A folha da figueira do inferno, posta sobre nascidas e leicenços, mitiga a dor e a sara.
As de jurubeba saram as chagas, e as raízes são contrapeçonha. A caroba sara das
boubas; o cipó das câmeras. Enfim não há enfermidade contra a qual não haja
ervas em esta terra, nem os índios naturais dela têm outra botica ou usam de
outras medicinas”xxii. [grifo nosso]
Séculos depois, no importante receituário do médico Joaquim Jerônimo Serpa xxiii, do
século XIX, encontramos a indicação de muitas espécies fruto da influência nativa nos
hábitos lusitanos. A receita número 40 de 1823 diz: “PA J.E Gómez. R.e Cypo em pó
meia oitava infunda em água fervente q. b. coado com forte expressão marq.e em duaz
porçõez. J. J. Serpa”xxiv. Uma boa parte das receitas tinha elaboração doméstica: os
vegetais eram fervidos, coados e tomados como chás. Confeccionados a partir de
espécies plantadas e colhidas junto à casa e percorriam um caminho comum, indo do
quintal e da cerca para a panela da cozinha, e da cozinha para o enfermo.
Ainda dentro do universo dos quintais e cercas, cabe lembrar a presença dos animais.
Nos relatos do Padre Nóbrega se lê: “No fim de julho (1557) chegou aqui uma caravella
d’El Rei que trazia gado”xxv. Frei Vicente do Salvador ressalta a importância dessas
espécies na produção doméstica que possivelmente ocorria, no âmbito da vila ou
cidade, nas cercas e quintais: “Criam-se no Brasil todos os animais domésticos e
domáveis de Espanha, cavalos, vacas, porcos, ovelhas e cabras, e parem a dois e a
três filhos de cada ventre, e a carne do porco se come indiferentemente de inverno e
verão, e a dão a doentes como a de galinha”xxvi.
Pode-se inferir que a presença dos animais e conseqüente formação de áreas de
criatório, devem ter levado a quintais e cercas reorganizarem-se, com a introdução de
limites e divisões internas.
Neste momento, as plantas e animais executam um primeiro movimento de
globalização, e nesta dança, nas mais variadas tentativas de permuta, as paisagens do
ocidente e oriente conhecem um intenso movimento de intercâmbio. A titulo de
exemplo, podemos lembrar os coqueiros migrando da Ásia para o Brasil e hoje sendo a
marca distintiva das paisagens do nordestexxvii, a insistência em climatizar os abacaxis
na Inglaterra e Países Baixos e a introdução da mandioca e do cajueiro na África.
Evaldo Cabral de Mello denominará esse intercâmbio doméstico “uma verdadeira
revolução ecológica”.
4. OS QUINTAIS COMO PAISAGENS PRIVADAS
Finalizando, gostaríamos de atentar para um último aspecto vinculado ao tema destas
áreas: o seu papel enquanto zona de intimidade e de menor controle social. Há uma
casa n. 358 da Rua de São João (figura 6), de morada inteira, antiga, e quase sem
grande destaque na cidade. Contudo, ela guarda interessante contraste entre a fachada
principal e os fundos da residência e parece se moldar ao movimento que usualmente
caracteriza certas edificações quanto ao uso: da face mais pública para a mais privada
vão perdendo a ênfase do controle e tornando-se menos organizadas. No próprio
quintal usualmente, podemos perceber duas zonas distintas: uma mais próxima da casa
onde se localizam as atividades mais “limpas”, varal, água potável etc., e no fundo as
mais sujas, como a criação de bichos e o espaço para o escoamento do esgoto.
Esta constatação ganha longevidade quando tomamos alguns depoimentos de autores
que estiveram na região tempos atrás. O curioso viajante Vauthier, em relato do século
XIX, adverte:
“...quando as portas que dão para o interior da casa se entreabrirem para deixar passar
as negras apressadas que acorrem ao chamado do senhor, aproveitai a ocasião, se
não receais ser indiscreto, para lançar um olhar furtivo e essa parte dos aposentos, pois
não conseguireis ver mais do que isso daquelas misteriosas profundidades,
severamente fechadas ao olhar profano”xxviii.
Portanto, cercas e quintais permitem ações que não seriam cabíveis em outros
espaços. Na cerca franciscana, distante das partes de pedra e cal do convento, era
possível receber os nativos. Nas Denunciações do Santo Ofício de Pernambuco, 1593
a 1595, há testemunhas que incriminam Branca Dias, cristã nova, habitante da vila de
Olinda, de suas práticas judias, revelando algumas atividades femininas e sua
espacialização no quintal. Partes deste relato serão apresentadas a seguir, por
exemplo, dentro do processo de denúncia que acolhe o depoimento de Isabel Fragoso:
“... e nos ditos sabbados se fechavão a ditta Branca Dias com as dittas suas filhas todo
o dia pela menhaã até á noite, e não trabalhavão, e mãodavão as moças que
aprendiam pêra suas casas nos dittos sabbados e algumas vezes as mãodavão pêra
hum quintal a folgar, outros si vio que as dittas Branca Dias e suas filhas trabalhavão
nos domingos em todo o ditto tempo que em sua casa esteve abrindo algodão e fiando
e fazendo outros serviços assim como nos dias da semana toda mais...”xxix [grifo nosso].
Ainda sobre Branca Dias, outra depoente, Maria Lopes, declara:
“E Denunciando disse que averá trinta e sinquo annos sendo ela moça de oito annos
pouco mais ou menos estando em casa de seu pai e mãi nesta villa hia aprender a
coser e lavrar a casa de Diogo Fernandes e de sua molher Branca dias (...) e na ditta
casa que era na Rua de Palhais que vai da Matriz pera Jesus ...”xxx [grifo nosso]
Estes fragmentos, pinçados em um processo, deixam aflorar uma outra dimensão dos
espaços dos quintais, onde uma outra ordem de fatos construia um mundo à parte, para
além das óbvias e simples demandas de subsistência previstas para os quintais. O
feminino e o proibido reunem-se neste espaço abrigado, obscuro e secreto.
5. CERCAS E QUINTAIS: CONDIÇÃO DE FUTURO
A paisagem do sítio histórico de Olinda para além dos monumentos edificados e
tombados, mantém em suas entranhas, cercas e quintais. A apreciação estética da
cidade não se faz sem o horizonte marítimo e sem estes espaços de verde. Neles
podemos perceber que várias atividades descritas para o contexto colonial ainda
permanecem. Contudo, novas demandas colocadas pela vida moderna têm retalhado
os quintais e ameaçado a continuidade da existência das cercas. Os conventos,
destituidos do seu papel urbano, vazios de religiosos, não demandam seu uso intenso.
Contudo, faz-se necessário ressaltar a importância destes tecidos verdes e a obrigação
coletiva de mantê-los. Pode-se advogar até mesmo seu valor ecológico, provendo no
caso de Olinda, como foi visto, a área para o horto da cidade. Em Bangladesh os
quintais são encontrados na maioria das comunidades rurais e são cuidados pelas
mulheres: “Elas demonstram forte preferência pelo uso de variedades locais tradicionais
(...)Ao guardar as sementes produzidas em seus quintais e trocá-las com vizinhos,
amigos e parentes, conservam a agrobiodiversidade”xxxi.
Na sobreposição de tempos, Olinda mantém vivos traços inaugurais das relações entre
seus povoadores e a natureza, e são nos quintais e cercas conventuais alguns dos
lugares onde este diálogo ganha forma e conteúdo. Ocultos por trás das fachadas dos
edifícios religiosos e residenciais, e por isto mais facilmente relegados ao
esquecimento, apresentam desafios para as estratégias de conservação patrimonial.
Se por um lado a natureza emoldura a construção lhe dando destaque, por outro ela é
incorporada ao meio urbano e se impõe na paisagem.
Assim como outras manifestações culturais, cercas e quintais afirmam-se quando
integrados no cotidiano dos habitantes. Por seu caráter vivencial, asseguram a
transmissão de memórias e se destacam por manter em seus recônditos,
provalvemente mais que outros espaços, traços intangíveis da existência humana.
Foto: Juliana C. Loureiro
FIGURAS REFERENCIADAS NO TEXTO
Figura 1 – Foto atual do
sítio histórico de Olinda
(Ao fundo Igreja de São
Pedro Apóstolo).
Figura 2 – Olinda.
Frans Post, ca.16371645.
Figura 3 –
Planta de
Olinda no
século XVII e
a identificação
das cercas
conventuais e
detalhe com
os quintais.
Foto passarinho.
Figura 4 – Foto aérea atual
dos quintais da antiga Rua
Nova sobreposta por malha de
projeção do parcelamento do
solo (limites longitudinais dos
quintais).
Figura 5 – Foto aérea do
Convento Franciscano de
Olinda.
Figura 6 – Planta da casa n. 358
da Rua de São João (com a
indicação dos ambientes e a
relação entre fachada principal e
posterior).
i
Esta pesquisa recebe apoio do CNPq ( Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico) da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e da FAPEAL
(Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas).
ii
Ver VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. História Geral do Brasil – antes da sua separação e
independência de Portugal. 10 ed. São Paulo: Melhoramentos, 1978: 172.
iii
NIEUHOF, Joan. Memorável Viagem Marítima e Terrestre ao Brasil. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São
Paulo: Ed. Da Universidade de São Paulo, 1981: 46.
iv
Texto encontrado no Mosteiro de São Bento em 1654, sendo um dos poucos documentos resgatados
após o incêndio de Olinda. Este documento, denominado Carta Foral de Olinda, marca o nascimento da
Vila, bem como as áreas que ela abrange.
v
PETITDEMANGE, Frederick. Apresentação. In GUTLINCH, George Rembrandt. Arcádia nassoviana:
natureza e imaginário no Brasil holandês. São Paulo: Annablume, 2005: 12, 13.
vi
Ver GUTLINCH, George Rembrandt. Opus cit.
vii
GUTLINCH, George Rembrandt. Opus cit. Pág. 110/111.
viii
Alguns autores contemporâneos mostram a dificuldade no trato com a floresta tropical, que seria
evitada pelas próprias populações nativas. Neste sentido, dava-se preferência a áreas onde a mata era
mais rala e mais fácil de ser dizimada para a ocupação humana. Sobre este tema, ver DEAN, Warren,
DEAN, Warren. A ferro e fogo – a história da devastação da mata atlântica brasileira, São Paulo:
Companhia das Letras, 2002.
ix
DEAN, Warren. 2002: 28-29 e 29-30.
x
VOCABULARIO PORTUGUEZ E LATINO, AULICO, ANATOMICO, ARCHITECTONICO, BELLICO,
BOTANICO [...] autorizado com exemplos dos melhores escritores portuguezes, e latinos, e offerecido a
Elrei de Portugal, D. João V / pelo Padre D. Raphael Bluteau. - Coimbra : No Collegio das Artes da
Companhia de Jesu, 1712-1721. - 7 v.
xi
Idem. Pág. 346.
xii
Inventário de Francisco Ribeiro. 1615. INVENTÁRIOS. Inventários e testamentos. Vol. IV (1615-1679).
São Paulo: Publicação Oficial do Arquivo do Estado de São Paulo, 1920. pág. 16. In Museu da Casa
Brasileira. Equipamentos da casa brasileira, arquivo Ernani Silva Bruno. http://www.mcb.sp.gov.br
Acessado em 20.09.05.
xiii
JABOATAM, Fr. Antonio de Santa Maria, NOVO ORBE SERÁFICO BRASILICO OU CHRONICA DOS
FRADES MENORES DA PROVÍNCIA DO BRASIL, Rio de Janeiro, Thyp. Brasiliense, 1858: 445.
xiv
CARTA (181) DO BRASIL, DO ESPÍRITO SANTO, PERA O PADRE DOUTOR TORRES, POR
COMISSÃO DO PADRE BRAZ LOURENÇO, DE 10 DE JUNHO DE 1562, E RECEBIDA A 20 DE
SETEMBRO DO MESMO In NAVARRO, Azpicueta. Cartas avulsas, 1550-1568. (Cartas Jesuíticas; v.2)
Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Editora da universidade de São Paulo, 1988. Pág. 364.
xv
JABOARAM, 448.
xvi
MOITA, Irisalva (coord.). O Livro de Lisboa - Lisboa : Livros Horizonte, 1994. Pág. 91.
xvii
ARQUITETURA POPULAR EM PORTUGAL. Sindicato Nacional dos Arquitectos. Vol. 1. Lisboa:
Gráfica São Gonçalo LTDA, 1961: 29.
xviii
Idem. Pág. 30.
xix
MELLO, Evaldo Cabral de. À sombra dos coqueirais – a substituição do cajueiro pelo coqueiro no
Brasil do século 17 foi uma verdadeira revolução ecológica. Folha de São Paulo, 04.04.1999: 3.
xx
CASCUDO, Luis da Câmara. História da Alimentação no Brasil. São Paulo: Global, 2004. Pág.96.
xxi
SALVADOR, Frei Vicente do. História do Brasil 1500 – 1627. 7ª Ed. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São
Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1982:. 65.
xxii
Idem. Pág. 68.
xxiii
Joaquim Jerônimo Serpa, nasceu no Recife em 1773, e cursou medicina na Escola de Cirurgia do
Hospital Real de São José em Lisboa, e regressou ao Brasil como cirurgião-mor do Regimento de
Artilharia de Olinda. Foi diretor do Hospital de São Bento em 1814 e foi nomeado em 1834 diretor do
Jardim Botânico de Olinda onde lecionou a cadeira de Agricultura e Botânica. Ver SCHMALZ, Alfredo
Carlos. Receituário de Joaquim Jerônimo Serpa – Hospital de São Bento de Olinda. Recife: Arquivo
Público Estadual, Imprensa Oficial, 1966.
xxiv
O FORMULÁRIO (texto original) In SCHMALZ, Alfredo Carlos. Opus cit. Pág. 56.
xxv
CARTA PARA PROVINCIAL DE PORTUGAL (1557) In. NÓBREGA, Manuel da. Cartas do Brasil, 1549
– 1560. (Cartas Jesuíticas; v. 1) Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São
Paulo, 1988:170.
xxvi
SALVADOR, Frei Opus cit. Pág. 70.
xxvii
“E, entre os vegetais africanos e asiáticos, já sobressaía o coqueiro, que inicialmente só existia nas
hortas e quintais, donde viria a se disseminar pela franja costeira, habitat natural do cajueiro, tão ligado à
alimentação e à cultura indígena. Devido à pobreza da documentação, mal se vislumbra a verdadeira
mutação da paisagem que foi a marginalização de um pelo outro...”.MELLO, Evaldo Cabral de. Opus cit.
Pág. 3.
xxviii
VAUTHIER, L.L. Casas de residência no Brasil. Revista do Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional. V.7. Rio de Janeiro, 1943. In ARQUITETURA CIVIL I . São Paulo: FAUUSP e MEC- IPHAN,
1975: 85.
xxix
DENUNCIAÇÕES DE PERNAMBUCO 1593-1595. Primeira Visitação do Santo Officio ás partes do
Brasil Pelo licenciado Heitor Furtado de Mendoça. Capellão Fidalgo Del Rey nosso Senhor e do Seu
Desembargo, Deputado do Santo Officio. São Paulo: Homenagem de Paulo Prado, 1929. Pág.
Agradecemos ao professor José Luiz Mota Menezes a indicação desta fonte.
xxx
DENUNCIAÇÕES DE PERNAMBUCO 1593-1595.Opus cit.. Pág. 149.
xxxi
OAKLEY, Emily. Quintais domésticos: uma responsabilidade cultural. Agriculturas, v. 1, n. 1,
novembro de 2004: 37.