AUTOBIOGRAFIA Quem sou eu?! Olá, eu sou a Renata, tenho 24

Transcrição

AUTOBIOGRAFIA Quem sou eu?! Olá, eu sou a Renata, tenho 24
AUTOBIOGRAFIA
Quem sou eu?!
Olá, eu sou a Renata, tenho 24 anos de idade e, atualmente, sou professora de Libras e de
Língua Portuguesa como segunda língua em uma escola para surdos na cidade de Uberaba,
Minas Gerais. Sou formada em Letras na Universidade Federal do Triângulo Mineiro- UFTM e estudo Mestrado em Estudos Linguísticos na Universidade Federal de Uberlândia – UFU.
Apesar de nunca ter sonhado em ser professora, ingressei em um curso de Letras, em 2008. A
princípio, a ideia era me formar, passar em um concurso público e atuar em alguma área
qualquer que não fosse a sala de aula. Porém, foi no último período da graduação que me
interessei por um curso semestral intitulado “Formação de professores para atuar com alunos
surdos em um contexto bilíngue” e, através dele, conheci de perto a Língua Brasileira de Sinais
e me apaixonei. Através desse curso, despertou em mim a vontade de trabalhar com alunos
surdos e passei a desenvolver um trabalho voluntário na escola onde trabalho atualmente.
Hoje, quase três anos após realizar esse curso, percebo que, sem me dar conta, fui professora
de surdo a vida toda, especificamente de um surdo, meu primo. Nós crescemos juntos, como
irmãos; estudávamos juntos, brincávamos e descobríamos as fases da vida também juntos,
como grandes amigos. Durante a vida escolar, estudávamos todos os dias e eu sempre
repassava a matéria trabalhada pelo professor em sala de aula. E hoje vejo, muitas vezes, em
meus alunos, o que meu primo enfrentou durante os anos na escola, ainda tão despreparada
para lidar com o que é dito “diferente”.
Tenho outras paixões como o ballet, o teatro, a música, as crianças, os cachorros e a escrita.
Ultimamente, tenho passado por uma fase de grandes escolhas e decisões pessoais e
profissionais, e, confesso, não tem sido nada fácil. Mas, acredito que aprendo muito com isso.
Acredito que o pouco que faço pode ser muito na vida do outro. Que o outro sempre tem um
pouco para oferecer. Que o mundo tem jeito. E que de sonhador, palhaço e louco todo mundo
tem um pouco!
1) Análise da forma:
Antes de iniciar a narrativa da colega apresenta um título: “Quem sou eu?!”. O título me
lembra a pergunta inicial par escrever o perfil em uma rede social, o que pode dar um tom
pessoal e informal ao texto. A informalidade é reafirmada pela junção dos pontos “?!”, redigido,
em geral, em chats, mensagens de celular e redes sociais. Ao colocar um título na narrativa é
demonstrado pela colega que ela preferiu representar o gênero com uma pergunta chave. Talvez
responder esta pergunta seja o modo mais fácil, para a colega, de desenvolver sua narrativa e
expor as informações que considera necessárias.
A narrativa é iniciada por um cumprimento “olá”, o que reafirma a informalidade no texto.
Após cumprimentar seu leitor, a colega se apresenta – nome completo, idade, profissão
detalhada, local onde trabalha, escolaridade, instituição de formação e status acadêmico atual.
A apresentação pessoal demonstra que a colega acredita que estas informações fazem parte da
estrutura de uma narrativa e são necessárias para que o objetivo do texto (autobiografia) seja
alcançado.
No decorrer da narrativa a narrativa segue em primeira pessoa – “ingressei”, “percebo”,
“tenho”. Ela utiliza expressões simples e acessíveis para demonstrar seus gostos, angústias e
emoções.
A expressões utilizadas no texto são corriqueiras e aproximam leitor e autor, essa
aproximação apresenta um traço de intimidade. A impressão que tive era que estava lendo o
diário da Renata (o que achei muito legal, pois pude conhecê-la um pouco mais). Exemplos de
expressões que estabelecem tal aproximação são: “Apesar de nunca ter sonhado”, “sem me dar
conta”, “tenho paixões”, entre outras.
Para finalizar o texto, a colega utiliza uma adaptação do ditado popular “de médico, de
gênio e louco todo mundo tem um pouco”, a transformando em “e que de sonhador, palhaço e
louco todo mundo tem um pouco!” para expressar sua opinião.
2) Análise do conteúdo
A narrativa segue uma ordem temática: apresentação pessoal, escolha da profissão,
origem/raízes dessa escolha, apresentação de gostos pessoais, status de vida atual, metáfora
para justificar suas escolhas.
A principal crença que percebi no texto da Renata foi a percepção da colega de que suas
motivações profissionais decorrem de suas experiências pessoais.
O primeiro detalhe que pode ser percebido na narrativa é que a escolha da profissão da
colega foi aleatória e não idealizada por longos anos antes de ingressar no mercado de trabalho.
Isto é demonstrado na frase “Apesar de nunca ter sonhado em ser professora, ingressei em um
curso de Letras, em 2008”. Seu objetivo inicial não era ser professora, nas palavras da colega
“A princípio, a ideia era me formar, passar em um concurso público e atuar em alguma área
qualquer que não fosse a sala de aula”.
Foi no período da faculdade que estas condições iniciais da profissão da colega se alteraram.
Um evento experienciado por ela, a fez mudar de opinião quanto ao seu futuro profissional. Tal
evento ocorreu no último período da graduação, quando ela se interessou por um curso
semestral intitulado “Formação de professores para atuar com alunos surdos em um contexto
bilíngue” e, através dele, conheceu de perto a Língua Brasileira de Sinais e se ‘apaixonou’. O
curso além de acender a paixão da colega por uma nova profissão a fez sentir desejo de atuar
nesta área. O resultado foi o desenvolvimento de um trabalho voluntário na escola onde trabalha
atualmente. Isto demonstra que uma experiência prévia, decorrente de um evento do cotidiano
acadêmico da colega, foi marcante e resultou em seu trabalho atual.
Dando continuidade à narrativa, um novo personagem além da narradora aparece. O primo
da colega é caracterizado e seu papel é exposto. O rapaz bem próximo da colega – “Nós
crescemos juntos, como irmãos; estudávamos juntos, brincávamos e descobríamos as fases da
vida também juntos, como grandes amigos. Sua proximidade com o primo a fez ser “professora
de surdo a vida toda”. Durante a vida escolar, eles estudavam juntos todos os dias. Esta
experiência faz com que a colega perceba as dificuldades que seus alunos enfrentam – “E hoje
vejo, muitas vezes, em meus alunos, o que meu primo enfrentou durante os anos na escola,
ainda tão despreparada para lidar com o que é dito “diferente””.
O histórico profissional é interrompido no último parágrafo e informações pessoais são
apresentadas. Gostos pessoais como ballet, teatro, música, crianças, cachorros e escrita são
citados. Um recorte é feito demonstrando status e sentimentos atual, “Ultimamente, tenho
passado por uma fase de grandes escolhas e decisões pessoais e profissionais, e, confesso, não
tem sido nada fácil. Mas, acredito que aprendo muito com isso”.
Para finalizar o texto, a colega justifica suas ações e escolhas demonstrando suas crença
sobre seu papel social: “Acredito que o pouco que faço pode ser muito na vida do outro. Que o
outro sempre tem um pouco para oferecer. Que o mundo tem jeito”. O texto é finalizado com a
adaptação de um ditado popular que reflete esta crença - “E que de sonhador, palhaço e louco
todo mundo tem um pouco!”.