ENBT Programa de Pós-graduaçã - Instituto de Pesquisas Jardim
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ENBT Programa de Pós-graduaçã - Instituto de Pesquisas Jardim
Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro Escola Nacional de Botânica Tropical/ ENBT Programa de Pós-graduação Stricto Sensu Chuva de sementes: potencial de regeneração entre fragmentos florestais secundários de Mata Atlântica, em uma área de várzea na Reserva Biológica de Poço das Antas, RJ, e sua influência em áreas manejadas. Daniella Martins Tourinho da Silva Rio de Janeiro 2011 Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro Escola Nacional de Botânica Tropical/ ENBT Programa de Pós-graduação Stricto Sensu Chuva de sementes: potencial de regeneração entre fragmentos florestais secundários de Mata Atlântica, em uma área de várzea na Reserva Biológica de Poço das Antas, RJ, e sua influência em áreas manejadas. Daniella Martins Tourinho da Silva Tese apresentada ao Programa de PósGraduação em Botânica, Escola Nacional de Botânica Tropical, do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Doutor em Botânica. Orientadora: Helena de Godoy Bergallo Co-orientadora: Tânia Sampaio Pereira Rio de Janeiro 2011 ii Chuva de sementes: potencial de regeneração entre fragmentos florestais secundários de Mata Atlântica, em uma área de várzea na Reserva Biológica de Poço das Antas, RJ, e sua influência em áreas manejadas Daniella Martins Tourinho da Silva Tese submetida ao corpo docente da Escola Nacional de Botânica Tropical, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro - JBRJ, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Doutor. Aprovada por: Profa. Dra. Helena de Godoy Bergallo (Orientadora) _______________________________ Profa. Dra. Adriana Maria Zanforlin Martini _______________________________ Prof. Dr .Marcelo Trindade Nascimento _______________________________ Prof. Dr. André Felippe Nunes de Freitas ________________________________ Prof. Dr. Ricardo Ribeiro Rodrigues _______________________________ Em 28/02/2011 Rio de Janeiro 2011 iii S586c Silva, Daniella Martins Tourinho da. Chuva de sementes : potencial de regeneração entre fragmentos florestais secundários de Mata Atlântica, em uma área de várzea na Reserva Biológica de Poço das Antas, RJ, e sua influência em áreas manejadas / Daniella Martins Tourinho da Silva. – Rio de Janeiro, 2011. xvi, 190 f. : il. ; 28 cm. Tese (doutorado) – Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro / Escola Nacional de Botânica Tropical, 2011. Orientadora: Helena de Godoy Bergallo Co-orientadora: Tânia Sampaio Pereira Bibliografia. 1. Chuva de sementes. 2. Regeneração natural. 3. Fragmentação. 4. Mata Atlântica. 5. Reserva Biológica de Poço das Antas (RJ). I. Título. II. Escola Nacional de Botânica Tropical. CDD 333.9516 iv “O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim, esquenta e esfria, aperta e depois afrouxa, aquieta e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre e amar, no meio da alegria. E ainda mais no meio da tristeza. Todo o caminho da gente é resvaloso, mas cair não prejudica demais, a gente levanta, a gente sobe, a gente volta”. (João Guimarães Rosa em “Grande Sertão Veredas”, 1956). v Aos meus pais Francisco e Fátima que me encaminharam para os ensinamentos da vida, Ao Eduardo, presente em todos os momentos e à Maria Eduarda, alegria de nossas vidas. Dedico . vi AGRADECIMENTOS Ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro/Escola Nacional de Botânica Tropical pela oportunidade de realização do Doutorado e a CAPES pela concessão da bolsa. A Dra. Tânia Sampaio Pereira pela orientação, pelos ricos ensinamentos e apoio nessa árdua jornada. A Dra. Helena de Godoy Bergallo pela valiosa orientação, ensinamentos no campo da estatística e empenho para a realização desse sonho. Aos membros da banca examinadora, Dra. Adriana Martini, Dr. André Felipe Nunes, Dr. Marcelo Trindade, Dr. Ricardo Rodrigues pelas valiosas considerações e aos membros suplentes. Ao Prof. Antônio Carlos Silva de Andrade pelas considerações pertinentes e pelo incentivo durante o desenvolvimento da tese. À equipe e colegas do Laboratório de Sementes do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Paula, Marina, Naziel, Marly, Charles, Nilza e Ricardo, que sempre se dispuseram a colaborar nos trabalhos de triagem, contagem e armazenamento das sementes. Ao apoio inestimável de campo, do Adilson, Antônio e Lino, com os quais sempre pude contar. Aos Doutores taxonomistas pela ajuda na difícil identificação das sementes coletadas e a paciência de examinar material tão restrito de informações: Marli Pires Morim, Ariane Luna Peixoto, Haroldo Lima, José Fernando Baumgratz, Ângela Vaz, João Marcelo, Marcelo Souza, Sebastião Neto, Alexandre Quinet, Ronaldo Marquete e muitos outros colegas que colaboraram para a identificação do máximo de material possível. Ao ICMbio e a Associação do Mico Leão Dourado que deram suporte e foram facilitadores nos trabalhos realizados na Reserva Biológica de Poço das Antas e especialmente a Ana Maria de Godoy do laboratório de Geoprocessamento. Aos colegas de curso Jerônimo, Jackeline, Alexandre, Amanda, Maria Lúcia, Viviane pelas palavras de incentivo e aos colegas do laboratório de pequenos mamíferos/UERJ À coordenação e equipe de Pós-graduação da ENBT E a minha família pelo carinho, incentivo e paciência. vii Resumo Os estudos envolvendo mecanismos de regeneração natural estão direcionados para o atual panorama das florestas tropicais: áreas de vegetação remanescente, cada vez mais reduzidas, em uma paisagem extremamente fragmentada. A chuva de sementes nessas áreas é influenciada pela estrutura e composição da vegetação e pela conectividade entre os fragmentos. Na Reserva Biológica de Poço das Antas, RJ, podem ser observadas várias fisionomias florestais secundárias, devido aos distúrbios antrópicos e diferentes históricos de sucessão. O presente estudo teve como objetivo caracterizar a chuva de sementes quanto à composição de espécies e abundância de sementes nas áreas selecionadas verificando se a relação entre a chuva de sementes e a vegetação circundante é a mesma nas diferentes fisionomias florestais analisadas. Para inferir no potencial de regeneração via chuva de sementes, foi avaliado se há diferença na chuva de sementes entre as áreas, quanto à síndrome de dispersão, forma de crescimento e grupo ecológico das espécies e, se há chegada de sementes de espécies alóctones nas áreas manejadas (Capítulo 1). Para tanto foram selecionadas cinco áreas: A1 (50 anos), A2 (30 anos), A3 (matriz de pastagem), A4 e A5 (áreas manejadas com plantio de 10 anos e 12 anos, respectivamente). Para verificar se existia diferença entre as mesmas quanto à densidade das sementes e à riqueza das espécies ocorrentes na chuva de sementes foi usada a ANOVA. Quanto à riqueza, os resultados confirmaram a hipótese de que o número de espécies aumenta conforme aumenta o tempo histórico de sucessão, considerando as áreas selecionadas em que não houve intervenção (A1, A2 e A3). Quanto à abundância de sementes, não houve o padrão esperado, já que na A2 foi registrada menor abundância de sementes em relação às demais áreas. Na A1 ocorreu o maior número de espécies (68 espécies) e a maior densidade (91,39 sementes/m2) na chuva de sementes. Na A2 foram registradas 56 espécies e a menor densidade (14,6 sementes/m2), na A3 foram registradas 21 espécies e uma densidade de 25,66 sementes/m2. Quanto às áreas plantadas, a chuva de sementes indicou o ingresso de novas espécies, permitindo inferir qual o modelo mais favorável à chegada de sementes e estabelecimento de plântulas. No capítulo II foi avaliado se a chuva de sementes pode indicar o efeito de borda, sendo verificado se havia diferença, quanto à abundância e composição de espécies, entre borda e interior dentro de cada área e entre as mesmas. Não houve diferença, indicando elevada degradação das fisionomias selecionadas. No capítulo III foi caracterizada a distribuição temporal da chuva de sementes nas áreas selecionadas e a disponibilidade de recursos para a fauna dispersora. Todas as áreas apresentaram baixas proporções de espécies com baixa limitação de dispersão, indicando não estar havendo aporte suficiente via chuva de sementes para que o processo de sucessão continue a avançar. Períodos sem oferta de recursos para a fauna dispersora pode ser um fator que esteja limitando o aporte de propágulos, diminuindo o potencial da chuva de sementes para a regeneração natural nestas áreas. Palavras-chave: Chuva de sementes, regeneração natural, fragmentos florestais secundários, Mata Atlântica, áreas manejadas. viii Abstract Studies involving natural recovery mechanisms are geared toward the current landscape of tropical forests: vegetation remaining areas, more and more reduced, in a highly fragmented landscape. Seed rain in these areas is influenced by the structure and composition of vegetation and connectivity among fragments. It can be observed in Biological Reserve of Poço das Antas, RJ, several secondary forest formations, due to human disturbances and different historical succession. This study aimed to characterize seed rain on the species composition and abundance of seeds in selected areas by checking if the relationship between seed rain and the surrounding vegetation is the same in different forest formations analyzed. To infer about the potential for regeneration via seed rain, we evaluated whether exist differences in seed rain among areas, as to the type of dispersal, growth form and ecological group of species, and if there are arrival of seeds from aloctone species in managed areas (Chapter 1). We selected five areas: A1 (50 years), A2 (30 years), A3 (pasture matrix), A4 and A5 (plantation areas managed for 10 and 12 years, respectively). To check whether there was any difference among them regarding the density of seeds and richness of species of the seed rain, we used Analysis of Variance. The results confirmed the hypothesis that the number of species increases as the time history of succession, considering selected areas without intervention (A1, A2 and A3). Considering the abundance of seeds, the pattern was not the expected, as in A2 we recorded lower abundance of seeds than in the other areas. In A1, we recorded the greatest numbers of species (68 species) and the highest density (91.39 seeds/m2) in seed rain. In A2, we recorded 56 species and the lower density (14.6 seeds/m2) than in A3 where we recorded 21 species and a density of 25.66 seeds/m2. As for the areas planted, the seed rain showed the entry of new species, allowing to infer which model is more favorable to the arrival of seeds and seedling establishment. In Chapter II we evaluated whether seed rain may indicate the edge effect, and checked whether there was difference in the abundance and species composition between edge and center within each area and among them. There was no difference, indicating high degradation of selected physiognomies. In Chapter III, we aimed to characterize the temporal distribution of seed rain in selected areas and to check the availability of resources for the disperser fauna. All areas showed low proportions of species with low dispersal limitation, indicating there may not be sufficient supply of seeds by seed rain so that the process of succession can not continues to advance. Periods without offering resources for the disperser fauna may be a factor that is limiting the supply of seedlings, decreasing the potential seed rain for regeneration in these areas. Key-words: Seed rain, natural regeneration, secondary forest fragments, Atlantic Forest, managed areas. ix Sumário Lista de figuras …………………………………………………………………... xii Lista de tabelas …………………………………………………………………... xv Introdução Geral………………………………………………………………… 1 Capítulo I - Composição e abundância da chuva de sementes em diferentes fisionomias de florestas secundárias em área de várzea na Reserva Biológica de Poço das Antas, RJ ................................................................................................. 19 Resumo ..................................................................................................................... 19 Abstract .................................................................................................................... 20 Introdução ................................................................................................................. 21 Metodologia .............................................................................................................. 26 Resultados ................................................................................................................. 30 Discussão .................................................................................................................. 64 Conclusões ................................................................................................................ 78 Referências bibliográficas ........................................................................................ 79 Anexos ...................................................................................................................... 89 Capítulo II - Influência do efeito de borda sobre a chuva de sementes em diferentes fisionomias florestais na Reserva Biológica de Poço das Antas, RJ ....... 96 Resumo ..................................................................................................................... 96 Abstract .................................................................................................................... 97 Introdução ................................................................................................................. 98 Metodologia .............................................................................................................. 102 Resultados e Discussão ............................................................................................ 106 Conclusões ................................................................................................................ 126 Referências bibliográficas ........................................................................................ 127 Capítulo III - Variação temporal da chuva de sementes e distribuição de recursos x para frugívoros em diferentes fisionomias florestais na Reserva Biológica de Poço das Antas, RJ ........................................................................................................... 134 Resumo ..................................................................................................................... 134 Abstract .................................................................................................................... 135 Introdução ................................................................................................................. 136 Metodologia .............................................................................................................. 139 Resultados ................................................................................................................. 144 Discussão .................................................................................................................. 162 Conclusões ................................................................................................................ 167 Referências Bibliográficas ........................................................................................ 168 Anexos 173 Considerações finais ................................................................................................. 179 Referências bibliográficas da introdução geral ....................................................... 181 xi Lista de figuras Introdução geral Figura 1 – Localização da Reserva Biológica de Poço das Antas ........................... 11 Figura 2 – Diagrama ombrotérrmico ........................................................................ 12 Figura 3 – Distribuição das áreas selecionadas ......................................................... 14 Figura 4 – Foto ilustrativa da Área 1 e Área 2 .......................................................... 15 Figura 5 – Foto ilustrativa da área manejada e da matriz de pastagem .................... 17 Capítulo I Figura 1 – Coletor instalado na Área 3 ..................................................................... 27 Figura 2 – Abundância relativa das sementes por espécie/ Área 1 .......................... 36 Figura 3 – Número de espécies e abundância de sementes distribuídos quanto à síndrome de dispersão nas diferentes formas de crescimento/A1 ............................ 38 Figura 4 – Percentual de espécies e de sementes classificadas de acordo com o grupo ecológico/A1 .................................................................................................. 39 Figura 5 - Número de sementes distribuído quanto à síndrome de dispersão nas diferentes categorias de grupo ecológico das espécies/A1 ....................................... 40 Figura 6 - Abundância relativa das sementes por espécie/A2 .................................. 41 Figura 7 - – Número de espécies e abundância de sementes distribuídos quanto à síndrome de dispersão nas diferentes formas de crescimento/A2 ............................ 43 Figura 8 - Percentual de espécies e de sementes classificadas de acordo com o grupo ecológico/A2 .................................................................................................. 45 Figura 9 - Número de espécies e número de sementes distribuídos quanto à síndrome de dispersão nas diferentes categorias de grupo ecológico/A2 ................ 46 Figura 10 - Abundância relativa das sementes por espécie /A3 ................................ 47 Figura 11 - – Número de espécies e abundância de sementes distribuídos quanto à síndrome de dispersão nas diferentes formas de crescimento/A3 ............................ 49 Figura 12 - Número de espécies e número de sementes distribuídos quanto à síndrome de dispersão nas diferentes categorias de grupo ecológico/A3 ................ 50 Figura 13 - Abundância relativa das sementes por espécie /A4 ................................ 52 xii Figura 14 - – Número de espécies e abundância de sementes distribuídos quanto à síndrome de dispersão nas diferentes formas de crescimento/A4 ............................ 54 Figura 15 - Número de espécies e número de sementes distribuídos quanto à síndrome de dispersão nas diferentes categorias de grupo ecológico/A4 ................ 56 Figura 16 - Abundância relativa das sementes por espécie /A5 ................................ 57 Figura 17 - Número de espécies e abundância de sementes distribuídos quanto à síndrome de dispersão nas diferentes formas de crescimento/A5 ............................ 59 Figura 18 - Número de espécies e número de sementes distribuídos quanto à síndrome de dispersão nas diferentes categorias de grupo ecológico/A5 ................ 61 Figura 19 - Gráfico resultante da ANOVA quanto à riqueza de espécies da chuva de sementes entre as áreas ........................................................................................ 62 Figura 20 - Gráfico resultante da ANOVA quanto à densidade de sementes da chuva de sementes entre as áreas .............................................................................. 63 Capítulo II Figura 1 – Ordenação dos coletores quanto à composição e abundância de sementes na Área 1 (MDS) ...................................................................................... 106 Figura 2 – Número de sementes coletadas na borda e no interior por forma de crescimento, síndrome de dispersão e grupo ecológico/A1 ..................................... 108 Figura 3 – Ordenação dos coletores quanto à composição e abundância de sementes na Área 2 (MDS) ...................................................................................... 110 Figura 4 – Número de sementes coletadas na borda e no interior por forma de crescimento, síndrome de dispersão e grupo ecológico/A2 ...................................... 113 Figura 5 - Ordenação dos coletores quanto à composição e abundância de sementes na Área 4 (MDS) ...................................................................................... 116 Figura 6 - Número de sementes coletadas na borda e no interior por forma de crescimento, síndrome de dispersão e grupo ecológico/A4 ...................................... 118 Figura 7 - Ordenação dos coletores quanto à composição e abundância de sementes na Área 5 (MDS) ...................................................................................... 120 Figura 8 - Número de sementes coletadas na borda e no interior por forma de crescimento, síndrome de dispersão e grupo ecológico/A5 ...................................... 122 xiii Figura 9 - Gráfico mostrando a dissimilaridade quanto à composição de espécies e abundância de sementes entre as áreas ..................................................................... 123 Capítulo III Figura 1 - Diagrama ombrotérmico com as médias mensais de precipitação e temperatura do período de coleta .............................................................................. 143 Figura 2 - Variação mensal da chuva de sementes/A1 ............................................. 144 Figura 3 – Distribuição da abundância das sementes anemocóricas, zoocóricas iniciais e zoocóricas tardias ao longo do período de um ano/A1 ............................. 147 Figura 4 - Variação mensal da chuva de sementes/A2 ............................................. 149 Figura 5 – Distribuição da abundância das sementes anemocóricas, zoocóricas iniciais e zoocóricas tardias ao longo do período de um ano/A2 ............................. 150 Figura 6 - Variação mensal da chuva de sementes/A3 ............................................. Figura 7 – Distribuição da abundância das sementes anemocóricas, zoocóricas iniciais e zoocóricas tardias ao longo do período de um ano/A3 ............................. 153 Figura 8 - Variação mensal da chuva de sementes/A4 ............................................. 154 Figura 9 – Distribuição da abundância das sementes anemocóricas, zoocóricas iniciais e zoocóricas tardias ao longo do período de um ano/A4 ............................. 155 Figura 10 - Variação mensal da chuva de sementes/A5 ........................................... 157 Figura 11 – Distribuição da abundância das sementes anemocóricas, zoocóricas iniciais e zoocóricas tardias ao longo do período de um ano/A5 ............................. 158 xiv Lista de tabelas Capítulo I Tabela 1 – Comparação dos resultados da chuva de sementes coletada nas áreas 1, 2, 3, 4 e 5, quanto à riqueza de espécies ................................................................... 31 Tabela 2 - Comparação dos resultados da chuva de sementes coletada nas áreas 1, 2, 3, 4 e 5, quanto à abundância de sementes ........................................................... 33 Tabela 3 - Resultado do teste de Tukey mostrando as diferenças significativas entre as áreas quanto à riqueza da chuva de sementes ............................................. 62 Tabela 4 - Valores resultantes do teste de Tukey mostrando não haver diferença significativa entre as áreas quanto à densidade de sementes .................................... 63 Tabela 5 - Comparação das espécies ocorrentes e identificadas na chuva de sementes da área 4 com as espécies arbóreas utilizadas no plantio ......................... 75 Tabela 6 - – Comparação das espécies ocorrentes e identificadas na chuva de sementes da área 5 com as espécies arbóreas utilizadas no plantio ......................... 76 Capítulo II Tabela 1 - Resultado da ANOVA com dois fatores entre borda e interior com relação ao hábito das espécies ocorrentes/A1 .......................................................... 109 Tabela 2 - Resultado da ANOVA com dois fatores entre borda e interior com relação à forma de crescimento das espécies ocorrentes/A2 .................................... 112 Tabela 3 - Resultado da ANOVA com dois fatores entre borda e interior com relação ao grupo ecológico das espécies/A2 ............................................................ 114 Tabela 4 - Resultado da ANOVA com dois fatores entre borda e interior com relação à síndrome de dispersão das espécies/A2 .................................................... 115 Tabela 5 - Resultado da ANOVA com dois fatores entre borda e interior com relação ao grupo ecológico das espécies/A4 ............................................................ 117 Tabela 6 - Resultado da ANOVA com dois fatores entre borda e interior com relação ao grupo ecológico das espécies/A5 ............................................................ 121 xv Capítulo III Tabela 1 - Resultados da correlação de Pearson /r (p)/ entre abundância total das sementes, riqueza total, abundância de sementes e os dados de clima .................... 159 Tabela 2 - Proporção de espécies anemocóricas, zoocóricas iniciais e zoocóricas tardias com baixa limitação de dispersão (L ≤ 0,5) nas áreas selecionadas ............. 160 Tabela 3 - Comparação da variação mensal das maiores abundâncias de sementes de espécies anemocóricas, zoocóricas iniciais e zoocóricas tardias ao longo de um ano entre as áreas ...................................................................................................... 161 xvi Introdução Geral Os anos 2000 marcaram 500 anos de massiva destruição da Mata Atlântica, o que pode resultar em sua extinção eminente (Morellato & Haddad 2000). As políticas de governo foram um dos principais fatores da destruição deste bioma, especialmente quando do desenvolvimento industrial e da crise energética, resultando em plantios de cana-de-açúcar e construções de numerosas barragens e usinas hidrelétricas (Dean 2000). Pouco se conhece da Floresta Atlântica, mas se sabe que esta contém maior diversidade de espécies que muitas das florestas da Amazônia e é caracterizada por um alto grau de endemismo. Quanto à biodiversidade, a Mata Atlântica constantemente figura no topo da lista de espécies endêmicas (Myers et al. 2000). Este bioma foi devastado principalmente para extração de madeira e lenha, carvão, agricultura, criação de gado e construção de cidades. As florestas remanescentes ainda estão sob forte pressão antropogênica, tendo a Mata Atlântica sido reduzida a 7,6% de sua extensão original (Ministério do Meio Ambiente 1999, Fundação Centro de Informação e Dados do Rio de Janeiro 2000) Outra conseqüência marcante dessa devastação foi um grande número de fragmentos florestais remanescentes na paisagem, com tamanhos e formas variadas, cuja composição e estrutura de vegetação vêm sendo alteradas nesse processo. A taxa com que o homem está modificando as paisagens naturais é milhares de vezes maior do que a dinâmica de perturbação natural dos ecossistemas (Tabarelli & Gascon 2005). Algumas idéias são comuns entre os profissionais que trabalham com a conservação da Mata Atlântica como a necessidade de se preservar cada pequeno fragmento de floresta, a necessidade de conexão entre os mesmos para garantir o fluxo da fauna dispersora até áreas mais conservadas adjacentes bem como o aumento da permeabilidade da matriz na paisagem, e por último, a busca de alternativas de procedimentos de manejo, tais como controle de efeitos de borda, que é particularmente um problema em pequenos fragmentos (Tabanez & Viana 2000; Morellato & Haddad, 2000). Com a diminuição e o isolamento das áreas florestais causados pela fragmentação, há uma redução de populações de espécies locais e processos como dispersão, imigração e migração são interrompidos (Tabarelli et al. 1999). Com isso estes fragmentos reduzidos não 1 atraem agentes dispersores, o que reduz ainda mais a sua passagem pelos fragmentos e conseqüentemente a chegada de sementes (Metzger 2003). A Mata Pluvial Atlântica cobre as áreas de baixa a médias elevações (≤ 1000 m) das encostas ao longo da linha costeira do sudeste ao nordeste brasileiro, de clima ameno e chuvoso, sem uma estação seca muito definida (Morellato & Haddad 2000). O estado do Rio de Janeiro, inserido centralmente nesse bioma, abrange áreas com elevados índices de riqueza e diversidade e um alto grau de endemismo, resultantes de variações em sua topografia e clima. É considerada, por exemplo, área prioritária para a conservação da avifauna pelo alto grau de endemismo e presença de maior número de espécies ameaçadas das Américas (Jenkins 2003). Ainda 20% do estado permanecem com cobertura florestal (Fundação Centro de Informação e Dados do Rio de Janeiro 2000), sendo que a Reserva Biológica de Poço das Antas representa significativo papel na composição do corredor biológico do Rio de Janeiro denominado Cordão de Mata. Embora em pequeno grau, este corredor tem o objetivo de permitir a conectividade entre fragmentos maiores, possibilitando o fluxo gênico e consequentemente acelerando o processo de regeneração natural da Mata Atlântica nessa região e áreas adjacentes (Anderson et al. 2003). A cobertura florestal da Reserva Biológica de Poços das Antas representa um trecho de Floresta Ombrófila Densa Submontana (IBGE 1993, Veloso et al. 1991), drasticamente reduzida por atividades antrópicas ao longo dos anos. Sua relevância não é só por abrigar elementos típicos a esta fisionomia (Lima et al. 2006), ainda que bastante fragmentada, como também por abrigar populações do mico-leão-dourado (Leonthopithecus rosalia L.), espécie ameaçada de extinção(Guedes-Bruni 1998). Esta reserva constitui uma das áreas de estudo do Programa Mata Atlântica/Instituto de pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, criado em 1988, que busca conhecimento sobre a dinâmica da vegetação nos remanescentes florestais, sob uma ótica conservacionista, conciliando desenvolvimento econômico com a conservação dos recursos naturais (Moraes et al. 2002). Uma das principais questões quanto ao manejo e conservação de áreas florestais fragmentadas é saber como reativar e acelerar o processo de regeneração nas áreas desflorestadas, o que tem sido objeto de estudos conduzidos pelos pesquisadores do Programa. 2 Em 1993 foi ali estabelecido um projeto para estudar a restauração de áreas degradadas buscando estabelecer técnicas que possam acelerar a regeneração natural. Para tanto foram implantados diferentes modelos de plantio, utilizando-se espécies arbóreas nativas, a fim de se quebrar a barreira de pastagem e acelerar os processos naturais de regeneração dessas áreas (Moraes et al. 2002; Moraes 2005). Segundo Engel & Parrota (2003), uma área experimental de restauração pode fornecer informações e servir de referência, já que se conhece o histórico do plantio como a data em que este foi realizado, as espécies, o espaçamento e a densidade de indivíduos utilizados. A chuva de sementes tem papel fundamental no aporte de propágulos para dar continuidade ao processo de regeneração, tanto para compor o banco de sementes no solo, como para germinação direta. A distribuição de propágulos é elemento chave na dinâmica dos ecossistemas, especialmente naqueles em fase de formação ou regeneração (Espíndola et al. 2003). No entanto, o banco de sementes em áreas a serem recuperadas ou conservadas deve ser observado com restrições, pois o estoque de sementes pode apresentar baixa densidade de espécies arbóreas e arbustivas (Araújo et al. 2004). É a chuva de sementes que tem potencial para contribuir efetivamente na reabilitação de áreas alteradas próximas a fragmentos florestais, enquanto o banco de sementes no solo pode contribuir somente imediatamente após a alteração. Moraes (2005), em estudo na Rebio de Poço das Antas, ressaltou que o aspecto mais crítico é do ponto de vista qualitativo, pois o banco de sementes aparentou ser pobre em espécies arbóreas, comprometendo a resiliência da floresta. Em um curto período de coleta de chuva de sementes nas áreas de plantio, foram registradas somente duas espécies arbóreas, não plantadas. A inexistência de corredores e o isolamento em relação a remanescentes florestais é provavelmente a causa do baixo ritmo de regeneração apontado pelo autor. Em outra área de plantio, com características semelhantes, também na Reserva Biológica de Poço das Antas, Araújo (2002) observou que das 23 espécies usadas no plantio, somente quatro foram coletadas na chuva de sementes. A chuva de sementes foi considerada um bom indicador, pois se mostrou importante ferramenta na avaliação do potencial de regeneração florestal. 3 No entanto, o que se tem nos estudos é uma grande dificuldade de se correlacionar a abundância e riqueza da chuva de sementes com a estrutura da vegetação já estabelecida em determinada área, seja pelo pouco tempo de coleta de dados, geralmente de um ano e muitas das espécies em florestas tropicais apresentam variações nos padrões de frutificação (Howe & Smalwood 1982; Penhalber & Mantovani 1997) ou pelo desconhecimento de outros fatores naturais que interferem neste processo, além da falta de padronização nas metodologias utilizadas. Chuva de sementes e dispersão de sementes A dispersão é o transporte das sementes para um local próximo ou distante da planta geradora destas sementes (planta-mãe), esta distância variando de centímetros a quilômetros (Howe, 1986). Nathan & Muller-Landau (2000) corroboram esta definição de dispersão, mas contrapõem que a chuva de sementes é o fluxo de sementes de plantas em reprodução que chegam ao chão em determinada área. De qualquer forma, os dois processos resultam dos mecanismos de dispersão das sementes e das estratégias de dispersão inerentes a cada espécie dentro de uma comunidade florística. Para realização desse transporte há uma ampla extensão de mecanismos de dispersão de sementes caracterizando diferentes espécies de plantas e estratégias de dispersão (Van der Pijl 1982, Howe & Smallwood 1982). Segundo esses autores, sementes transportadas por animais são denominadas zoocóricas; pelo vento, anemocóricas, pela gravidade ou pela abertura dos frutos e explosão das sementes, autocóricas. Estas estratégias são denominadas síndromes de dispersão. As síndromes de dispersão predominantes na comunidade permitem inferir sobre a estrutura da vegetação, seu estádio sucessional e seu grau de conservação. Em florestas tropicais úmidas, as espécies tardias, especialmente em estratos intermediários, são dispersas por animais (aves principalmente), enquanto as espécies iniciais são geralmente anemocóricas (Harper 1977, Martínez-Ramos & Soto-Castro 1993). As espécies do dossel, bem como muitas lianas, também estão geralmente associadas à dispersão anemocórica (Howe & Smallwood 1982). 4 A proporção de espécies em relação às síndromes varia conforme a forma de crescimento (forma de vida) e a umidade das florestas tropicais (Fenner 1985). Nas florestas tropicais úmidas, a zoocoria predomina em árvores e arbustos e a proporção de espécies de árvores anemocóricas no dossel ou emergentes é de 0 a 16%, diferindo das florestas estacionais secas, cuja proporção pode variar de 30% a 63% (Vieira & Scariot 2006). Nas lianas a síndrome predominante é a anemocoria, independente de fatores climáticos (Fenner 1985). A forma mais freqüente de dispersão das sementes em florestas tropicais é através dos animais (zoocoria). Cerca de 60% a 90% das espécies vegetais dessas florestas são adaptadas a este tipo de transporte de propágulos (Morellato & Leitão-Filho 1992). Essa diversidade de frugívoros é representada principalmente por aves e mamíferos (Howe 1986). Este processo envolve animais mais generalistas do que a polinização, ou seja, uma espécie que possui fruto zoocórico geralmente atrai animais de espécies, habitats, tipos e tamanhos bem distintos (Howe, 1986). A dispersão zoocórica se inicia quando um frugívoro retira o diásporo da planta, mas não há garantias de que a semente será depositada num local adequado, germinará e por fim se estabelecerá como uma nova planta (Harper 1977, Howe & Smallwood 1982). Embora a produção de frutos pelas plantas zoocóricas seja extremamente variada, dependendo do habitat, os padrões fenológicos poderão determinar a dinâmica dessa interação planta-frugívoro. Por exemplo, florestas tropicais pluviais podem apresentar uma estacionalidade quanto à produção de frutos (Foster 1982). Frugívoros podem responder a esta variação alternando sua dieta entre os frutos localmente disponíveis ou migrarem para regiões com maior oferta alimentar. Em época de escassez, a frutificação abundante de determinada espécie (espécie chave) pode ter papel vital na sobrevivência de muitos frugívoros (Howe 1984 apud Silva 2003b). Estágios de sucessão e grupo ecológico A regeneração da floresta foi definida, de forma reducionista, como o processo pelo qual a floresta perturbada atinge características da floresta madura, o que pressupõe modificações nas características da comunidade e mudanças direcionais na composição de 5 espécies (Klein, 1980; Gomes-Pompa & Vásquez-Yanes, 1981; Whitmore, 1991; Saldarriaga & Uhl, 1991, Kapelle et al. 1996). No entanto, atualmente em termos gerais a sucessão florestal secundária é influenciada por estocasticidade, pela interação entre espécies (entre plantas ou entre plantas e animais), pela interação de componentes bióticos e abióticos (vegetação e clima). Todos estes fatores determinam a composição florística particular de uma fase e também influenciam o grau de recuperação estrutural e funcional da vegetação (Guariguata e Ostertag 2001). Este processo de retomada da cobertura vegetal é de suma importância, do ponto de vista teórico-prático, quando se busca a restauração de áreas degradadas. Estudos dos mecanismos de funcionalidade dos sistemas florestais, de como estes sistemas retornam funcional e estruturalmente de floresta secundária inicial aos estádios de sucessão mais avançados são apontados como ferramenta fundamental para o alcance deste objetivo (Alves et al. 2005). Estas questões têm estimulado a classificação ou enquadramento de espécies em grupos funcionais ou ecológicos, porém cada classificação tende a utilizar características de acordo com a especificidade dos estudos, o que reduz o grau de informação, havendo uma grande dificuldade em se criar uma classificação única ou um modelo que atenda a todos os objetivos. A definição de grupo ecológico que melhor se ajusta a cada espécie deve ser muito criteriosa, uma vez que nem sempre existem limites naturais e claros entre os grupos (Oliveira-Filho, 1994). Algumas espécies apresentam certa plasticidade, movendo-se para categorias diferentes de sucessão dependendo de interações com o ambiente (Moraes, 2005). A maioria das classificações de grupos ecológicos de espécies arbóreas é subjetiva (Santos et al. 2004). Estes autores, em estudo comparativo de classificações ecológicas por meio de técnicas multivariadas, concluíram que as espécies estudadas deveriam ser classificadas em maior número de grupos ecológicos. O presente estudo adotou a classificação proposta por Budowski (1965), considerando que esta tem um maior número de categorias e que foi usada em muitos levantamentos na região de estudo. Segundo o autor, as espécies podem ser classificadas em quatro grupos ecológicos: pioneiras (intolerantes à sombra, de rápido crescimento, muito rara no banco de plântulas, forma um estrato muito denso, produzem grande quantidade de sementes, de tamanho pequeno com viabilidade por longo período, formando banco de sementes no solo); 6 secundárias iniciais (intolerantes à sombra e de rápido crescimento, pouco presentes na regeneração, formam dois estratos bem diferenciados, possuem sementes de tamanho pequeno e com viabilidade por longo período); secundárias tardias (tolerantes à sombra no estágio juvenil, formam o banco de plântulas, com grande mortalidade de indivíduos nos primeiros anos, apresentam sementes pequenas à médias com baixa viabilidade) e clímax (tolerantes à sombra na fase jovem e intolerantes na fase adulta, abundância de indivíduos na regeneração natural, possui sementes grandes e de curta viabilidade, não formando banco de sementes no solo). Hartshorn (1980), baseado na regeneração natural, dividiu as espécies em tolerantes e intolerantes à sombra. Dois grupos também foram propostos por Swaine & Whitmore (1988), separando as pioneiras das não pioneiras (ou clímax) através de um conjunto de características associadas. Denslow (1980) diferenciou três grupos, entre especialistas de subbosque, de clareira pequena e de clareira grande, assim como outros autores preferiram também três grupos (Vázquez-Yanes & Sada 1985; Kageyama & Viana 1989). As classificações são muito variadas, de acordo com os critérios escolhidos ou direcionados para um determinado enfoque. A falta de padrão dificulta quando buscamos na literatura a classificação de espécies. Dentre os critérios utilizados podemos citar características morfológicas e ecológicas das espécies (Kageyama & Gandara 1997), características que possam indicar estágio de sucessão de determinada comunidade (Budowski 1965; Leitão-Filho 1993) bem como para a determinação do papel funcional das espécies (Morellato & Leitão-Filho 1995; Oliveira 2002). As listagens classificatórias para região Sudeste podem ser obtidas em Costa & Mantovani (1995), Gomes (1992), LeitãoFilho (1993), Mantovani (1993), Roizman (1993), Sampaio (1997), Tabarelli (1994), Torezan (1995), Paula et al. (2004) e Santos et al. 2004, dentre outros. Justificativa Entender como funcionam os mecanismos da dinâmica de regeneração natural da cobertura vegetal em áreas fragmentadas é fundamental quando visamos a sua preservação ou conservação. 7 Um dos fatores fundamentais para o sucesso de um projeto de recuperação de áreas degradadas é a sua perpetuação no tempo e um processo essencial para que isto ocorra é o constante aporte de sementes, geralmente determinado pela chuva de sementes. Estas podendo ser produzidas por espécies do local (autóctones) ou provenientes de outros locais (alóctones) que, neste caso alcançam a área por intermédio de algum agente dispersor (Martínez-Ramos & Soto-Castro, 1993). Num ambiente intensamente fragmentado, como o da área da Reserva de Poço das Antas, o conhecimento da composição da chuva de semente ali ocorrente torna-se relevante, pois pode servir de modelo para ações de manejo em formações florestais semelhantes no entorno. Estas ações devem favorecer e catalisar a regeneração natural via chuva de sementes como complementação ao plantio, que é uma alternativa considerada como de custo elevado. A realização de estudos em áreas fragmentadas, que sofreram manejo para sua restauração, possibilita uma comparação da dinâmica natural de regeneração após o plantio, especialmente quanto ao aporte de diásporos alóctones que favorece um enriquecimento na restauração pretendida. A ação de restauração pode ser uma ocasião única para se testar ou validar alguns modelos sobre o funcionamento de uma paisagem. Essa é uma oportunidade singular para se gerar conhecimento e, ao mesmo tempo, contribuir para restaurar uma paisagem saudável, onde as atividades econômicas e a conservação dos processos biológicos vitais se equilibram (Bell et al. 1997). O plantio de mudas ainda continua sendo a técnica mais tradicional empregada para recomposição do perfil estrutural e florístico das áreas a serem restauradas. A vantagem em se utilizar espécies de plantas dispersadas por animais, é que estes agentes dispersores não apenas garantem a sua disseminação na área, mas também adicionam diversas outras espécies importantes para o processo de regeneração, cujas sementes não foram incluídas no plantio, quase sempre por serem desconhecidas quanto ao uso pela fauna (Tabarelli & Peres 2002, Silva 2003b). Dessa forma, o estudo da chuva de sementes na área permitirá a identificação e o conhecimento funcional (composição e síndrome de dispersão/grupo ecológico) dessas espécies adicionais ao plantio, contribuindo assim para o aprimoramento de técnicas de restauração para fragmentos florestais com características similares. A permanência de corredores de vegetação entre fragmentos florestais é uma garantia não apenas da 8 continuidade do fluxo de organismos transportadores de sementes entre fragmentos, mas também da maior probabilidade de que áreas desmatadas que circundam o fragmento recebam parte da chuva de sementes gerada pelos animais em trânsito (Silva 2003b). Para garantir a máxima permanência de frugívoros nessas áreas é interessante organizar o plantio de modo que a oferta de frutos seja constante ao longo do ano. Estudando a variação temporal da chuva de sementes nesses plantios, pode-se inferir sobre a efetividade da produção, e caso haja lacunas, medidas poderão ser sugeridas para uma produção mais homogênea de frutos ao longo do ano. A quantidade de sementes que cai em determinada área, tem sido considerada uma fonte importante de propágulos para a regeneração natural da floresta. Buscando informações de como funciona este mecanismo, quais as espécies que efetivamente vão contribuir para esta regeneração, que condições ambientais favorecem o papel exercido pela chuva de sementes, que influência a conectividade entre remanescentes exerce na estrutura da vegetação e outras questões, teremos maiores subsídios para manejo e restauração de florestas fragmentadas, especialmente em áreas protegidas, onde há maior possibilidade de um estudo a prazo mais longo. Na Reserva Biológica de Poço das Antas, a comparação da composição da chuva de sementes com a composição e estrutura da vegetação iniciais das áreas de plantio nos permitirá inferir o quanto esta chuva contribui para o processo de restauração da área. Provavelmente a dinâmica de regeneração nessas áreas fragmentadas, como na área de estudo, vai depender da quantidade, qualidade e da distância dos trechos de vegetação circunvizinhos (Metzger 2003, Pivello et al. 2006). Objetivo geral O presente estudo tem o objetivo geral de avaliar a chuva de sementes em uma área de florestas secundárias da Reserva Biológica de Poço das Antas, Silva Jardim, RJ, no período de outubro de 2006 a setembro de 2008. Neste sentido visa no Capítulo 1 descrever a chuva de sementes quanto à riqueza de espécies e densidade de sementes nas diferentes áreas selecionadas. Além disso, avaliar o potencial de regeneração das áreas de plantios, 9 buscando verificar se há contribuição de espécies vindas de áreas florestais adjacentes e se esta chuva de sementes contribui para o enriquecimento das áreas plantadas. No Capítulo 2, comparar a riqueza de espécies e densidade de sementes entre as áreas de borda e interior das áreas selecionadas, verificando se o efeito de borda vai influenciar na composição e abundância da chuva de sementes, inclusive na distribuição de propágulos. Já no Capítulo 3, avaliar a distribuição temporal da chuva de sementes verificando a disponibilidade de recursos para dispersores frugívoros ao longo do ano, tanto para as áreas sem intervenção como para as áreas plantadas. Entender como a fragmentação da paisagem afeta os processos de regeneração e como isso pode influenciar na permanência ou não de espécies em determinadas áreas é um dos desafios atuais para a conservação e manejo da cobertura florestal, especialmente da Mata Atlântica. Material e Métodos Área de estudo O presente estudo foi realizado na Reserva Biológica de Poço das Antas (Figura 1), localizada na região das Baixadas Litorâneas do Rio de Janeiro, no Município de Silva Jardim entre os paralelos de 22o 30’ e 22o 33’ S e os meridianos 42o 15’ e 42o 19’W, em extensa planície na região central do estado, atualmente com uma área aproximada de 5.500 hectares (Silva 2003a), com acesso pela Rodovia BR 101 Rio de Janeiro/Vitória, Km 214. O rio São João é o principal curso d’água da região e seus afluentes (Capivari, Bacaxá, Aldeia Velha, Preto e Iguape) percorrem grande parte da Reserva, inundando as áreas de várzea (Guedes-Bruni 1998). Esta Unidade de Conservação caracteriza-se por uma cobertura florestal nitidamente fragmentada, circundada pelos municípios de Casemiro de Abreu e Araruama e representa um significativo remanescente florestal na paisagem de baixada do estado do Rio de Janeiro. Sua topografia é predominantemente de planície, com a presença de morros e morrotes de 10 perfis arredondados, conhecidos como meias laranjas, com alturas variando entre 30 a 200 metros, e que são separados por várzeas de fundo achatado e alagadiças (IBDF/FBCN 1981). Figura 1 – Localização da Reserva Biológica de Poço das Antas no estado do Rio de Janeiro e no Brasil. Fonte: Programa Mata Atlântica/JBRJ Na região predomina o clima tropical úmido com estação chuvosa no verão, sem inverno pronunciado, se enquadrando, pela classificação de Koeppen (1948) no tipo As (tropical chuvoso com estação seca no inverno), com a quantidade de chuva anual oscilando entre 1500 mm e 2000 mm (Primo & Volker 2003). Os meses de junho a agosto representam o período menos chuvoso e de temperaturas menos elevadas e os meses de novembro a março o período mais chuvoso, de temperaturas mais elevadas. Os demais meses representam situações intermediárias entre os dois períodos (Figura 2) (Pessoa 2003, Lima et al. 2006). No período de 1993 a 2002, na Reserva Biológica de Poço das Antas, foi registrada a temperatura média anual de 25,5oC, sendo registrada no mês de julho a temperatura média mais baixa de 21,8 oC e a maior temperatura média durante os meses de janeiro e fevereiro (29 oC). Quanto à precipitação, foi observado no período um valor médio anual de 1995 mm, 11 correspondendo ao mês de dezembro o maior índice (320 mm) e o menor valor (38,9 mm) ao mês de julho (Lima et al. 2006). 50 5 0 0 Precipitação Temperatura Dezembro 10 Novembro 100 Outubro 15 Setembro 150 Agosto 20 Julho 200 Junho 25 Maio 250 Abril 30 Março 300 Fevereiro 35 Janeiro 350 Figura 2 – Diagrama ombrotérmico com a distribuição dos totais mensais de precipitação e das temperaturas médias mensais, na série temporal de 1993 a 2002 para a Reserva Biológica de Poço das Antas, RJ. Fonte: Lima et al. 2006. As florestas de baixada que caracterizam a região do presente estudo foram classificadas de Floresta Ombrófila Densa Submontana (de 0 a 250m de altitude) sensu Veloso et al. (1991). Atualmente a cobertura vegetal da região é constituída principalmente por campos antrópicos (pastos, momoculturas, áreas urbanas), áreas de regeneração florestal (capoeiras) e remanescentes de florestas de baixadas, sujeitas ou não ao alagamento (Primo & Volker 2003). Com a aplicação desse sistema de classificação, Lima et al 2006 delimitaram e descreveram seis unidades fisionômicas, para fins de estudo e manejo, na paisagem da Reserva Biológica de Poço das Antas: floresta submontana, floresta aluvial, formação pioneira com influência fluvial, capoeira submontana, capoeira aluvial e campo antrópico. O presente estudo foi realizado, em sua maior parte, nas extensas áreas degradadas, capoeiras e campos, os quais são resultantes de desbastes no passado para implantação agrícola e de pastagens. Segundo Moraes et al. (2006), a existência do ciclo gramínea-fogo parece ser a principal barreira natural destas áreas degradadas de pastagem, considerada um dos pontos com maior pressão antrópica na Rebio. As áreas florestadas, ainda conservadas, somaram 12 segundo mapeamento da vegetação realizado no período de 1995 a 1996 pelo Programa Mata Atlântica na Reserva, uma superfície de 52, 17% de toda a área. A Reserva Biológica de Poço das Antas tem cerca de 40% de sua área coberta por pastagens (Lima et al. 2006). Embora a vegetação da região de estudo (bacia do rio São João) esteja inserida no domínio da Floresta Ombrófila Densa sensu Veloso et al. (1991), Carvalho et.al. 2008 sugeriram que a proximidade com outras formações florestais (florestas estacionais de baixas altitudes do Norte Fluminense e regiões costeiras, e, as florestas ombrófilas de elevadas altitudes na cadeia da Serra do Mar) parecem exercer influência sobre a composição de espécies arbóreas. Ainda ressaltaram que a fragmentação florestal nesta área resultou em manchas de vegetação heterogêneas, com algumas espécies presentes em certas localidades e ausentes ou raras em outras, ao passo que as espécies mais adaptadas a distúrbios, colonizadoras, podem ter expandido sua distribuição. Dentre as espécies mais freqüentes, as espécies que ocorrem na região com abundâncias relativas mais elevadas são: Astrocaryum aculeatissimum, Casearia sylvestris, Cupania oblongifolia, Euterpe edulis, Guapira opposita, Guarea guidonia, Lacistema pubescens, Miconia cinnamomifolia, Nectandra oppositifolia, Pseudopiptadenia contorta, Sparattosperma leucanthum, Tapirira guianensis e Xylopia sericea (Borém & Ramos 2001; Borém & Oliveira Filho 2002; Carvalho et al. 2006; Guedes-Bruni et al. 2006a; b; Pessoa & Oliveira 2006). Seleção das áreas de coleta As cinco áreas de coleta foram selecionadas com base em estudos anteriores realizados via Programa Mata Atlântica/JBRJ sobre composição e estrutura da vegetação (com o intuito de se ter uma base de dados que auxilie na identificação do material e na caracterização da vegetação dos mesmos). Estas áreas foram denominadas Área 1 (A1) – floresta de encosta, Área 2 (A2) - Floresta Aluvial, Área 3 (A3) – pastagem, Área 4 (A4)plantio 10 anos e Área 5 (A5) – plantio 12 anos distribuídas conforme Figura 3. 13 A5 A4 A3 A2 A1 Figura 3 – Distribuição das áreas selecionadas para o presente estudo na Reserva Biológica de Poço das Antas/RJ. A4 e A5 correspondem às áreas de plantio 10 e 12 anos respectivamente, ladeando a BR 101; A3, distando aproximadamente 150 m de A4, corresponde a uma área de pastagem em início de regeneração natural; A2 corresponde a Floresta ladeando o curso dos rios Preto e da Aldeia e A1 a Floresta de encosta. Fonte: Associação Mico Leão Dourado/Laboratório de Geoprocessamento. Área 1 Floresta Ombrófila Densa Submontana em estágio secundário de sucessão, cujo dossel atinge altura de 25m a 30m, com um subbosque caracterizado pela presença de palmeiras e mais aberto em relação à Floresta Aluvial. Esta cobertura florestal de encosta foi delimitada em uma área aproximada de 30 ha, na superfície do morrote mamelonar voltada 14 para a área mais intensamente antropizada (área de pastagem) (Figuras 3 e 4), matriz plana onde estão inseridas as demais áreas de coleta. Geralmente as florestas de encostas são as mais conservadas pela dificuldade de acesso (Lima et al. 2006). Historicamente é uma vegetação mais antiga. Segundo Sansevero (2008), baseado em fotografias aéreas, desde 1956 estas áreas não foram submetidas a impactos severos, apenas a cortes seletivos de indivíduos arbóreos. No local ainda podem ser observados vestígios de antigos fornos de barro usados para produção de carvão vegetal. Considerando este histórico e as características estruturais e florísticas da vegetação, a Área 1 (> 100 ha) foi definida como provável fonte de propágulos, com histórico de sucessão de 50 anos. Como o recorte para o estudo foi delimitado pela virada do morro, as áreas de borda foram consideradas limítrofes com o topo deste, onde há predomínio de uma vegetação herbácea de pteridófitas e, com o rio Preto e rio da Aldeia, localizados na base deste morrote mamelonar (figura 4). A1 A2 Figura 4 – Foto ilustrativa da Área 1 (encosta) e da Área 2 (Floresta Aluvial). 15 Área 2 Floresta aluvial ladeando o curso de água, na base da encosta onde se encontra a Área 1 (Figura 4). Esta área florestal foi delimitada, para fins deste estudo, em aproximadamente 10 ha, por uma estrada de acesso ao rio Preto, pela matriz de pastagem e pela curva de intersecção do rio Preto com o rio da Aldeia. Está localizada em superfície mais plana, na base da encosta, isolada da Área 1 por estes dois rios. Esta vegetação apresenta adaptações a áreas que são periodicamente inundáveis, com dossel ligeiramente mais baixo, com indivíduos atingindo até 25 m de altura, sem emergentes e um sub-bosque mais fechado, com emaranhados de trepadeiras próximas a borda limitada pela pastagem ou pelos rios. Esta Área também foi considerada como possível fonte de propágulos, tanto pelo histórico de sucessão de 30 anos como pela sua interface com a matriz de pastagem, quadro este que buscamos reverter. Uma descrição mais detalhada destes dois tipos de vegetação pode ser encontrada em Lima et al. (2006) e Guedes-Bruni (2006a). Área 3 Para fins comparativos com as áreas de plantios, foi selecionada uma área de aproximadamente 5 ha na matriz de pastagem, distando aproximadamente 150 m das Área 4 (Figura 5). Representa um estágio mais inicial de sucessão secundária, caracterizado pela presença de arbustos e arvoretas que podem estar espalhados ou reunidos formando núcleos de vegetação. Geralmente esta pequena formação está relacionada a áreas onde predomina o sapé (Imperata brasiliensis Trin.), provavelmente por ser mais permeável à chegada de sementes ao solo que o capim colonião (Panicum maximum Jacq.) e a áreas menos atingidas pela lâmina da água quando na época de intensas chuvas. 16 A3 A4 Figura 5 – Foto ilustrativa da Área 4 (plantio 10 anos), ladeando a BR 101. No plano de fundo, os morrotes mamelonares cobertos pela Floresta Ombrófila Densa Submontana, a frente destes, a Floresta Aluvial e a matriz de pastagem. Áreas 4 e 5 Com o objetivo de conhecer o papel da chuva de sementes em áreas manejadas (áreas plantadas) e seu potencial para regeneração de áreas naturais, foram selecionados dois plantios de 1 ha, com 10 e 12 anos respectivamente. Para os plantios foram selecionadas espécies nativas, baseadas em levantamentos anteriores e considerando as seguintes características: rápido crescimento, atratividade para a fauna dispersora e disponibilidade de frutos e sementes para a produção de mudas. Estas foram separadas em grupos ecológicos e plantadas no campo com o objetivo de suprimir ou inibir o desenvolvimento das gramíneas invasoras (associação entre Panicum maximum Jacq. e Brachiaria mutica (Forsk) Stapf) através do sombreamento. As espécies 17 selecionadas, o modelo do consórcio e o desenvolvimento do plantio foram descritos em Moraes et al. (2002), Moraes (2005), Moraes et al. 2006, Sansevero (2008). 18 Capítulo I Composição e abundância da chuva de sementes em diferentes fisionomias de florestas secundárias em área de várzea na Reserva Biológica de Poço das Antas, RJ Resumo Os estudos envolvendo mecanismos de regeneração natural estão direcionados para o atual panorama das florestas tropicais: áreas de vegetação remanescente, cada vez mais reduzidas, em uma paisagem extremamente fragmentada. A chuva de sementes nessas áreas é influenciada pela estrutura e composição da vegetação e pela conectividade entre os fragmentos. Na Reserva Biológica de Poço das Antas, RJ podem ser observadas várias fisionomias de florestas secundárias, devido aos distúrbios antrópicos e diferentes históricos de ocupação. O presente estudo teve como objetivo caracterizar a chuva de sementes quanto à composição de espécies e abundância de sementes nas áreas selecionadas verificando se a relação entre a chuva de sementes e a vegetação circundante é a mesma nas diferentes fisionomias florestais. Para inferir no potencial de regeneração via chuva de sementes, foi avaliado se há diferença na chuva de sementes entre as áreas, quanto à síndrome de dispersão, forma de crescimento e grupo ecológico das espécies e, se há chegada de sementes de espécies alóctones nas áreas manejadas. Para tanto foram selecionadas cinco áreas: A1 (50 anos), A2 (30 anos), A3 (matriz de pastagem em regeneração natural), A4 e A5 (áreas manejadas com plantio de 10 anos e 12 anos, respectivamente). Para verificar se existia diferença entre as mesmas quanto à densidade relativa das sementes e à riqueza das espécies ocorrentes na chuva de sementes foi usada a ANOVA. As espécies identificadas foram classificadas quanto à forma de vida, síndrome de dispersão e grupo ecológico e estes parâmetros comparados entre as áreas pelo teste Qui-quadrado. Quanto à riqueza de espécies, os resultados confirmaram a hipótese de que o número de espécies aumenta conforme aumenta o tempo histórico de sucessão, considerando as fisionomias da paisagem em que não houve intervenção (A1, A2 e A3). Quanto à abundância de sementes, não houve o padrão esperado já que na área 2 foi registrada menor abundância de sementes em relação às demais áreas. Na A1 ocorreu o maior número de espécies (68 espécies) e a maior densidade (91,39 sementes/m2). Na A2 foram registradas 56 espécies e uma densidade inesperadamente inferior em relação as demais áreas, o que indicou um reinício do processo de sucessão. Na A3 foram registradas 21 espécies e uma densidade de 25,66 sementes/m2. Quanto às áreas de plantio, A5 registrou a maior abundância (28,91 sementes/m2) e também maior riqueza de espécies (21), com um número maior de espécies arbustivas e de espécies secundárias tardias em relação à A4. Nesta foram registradas 16 espécies e uma densidade de 19,56 sementes/m2. A chuva de sementes refletiu a composição e estrutura da vegetação das diferentes fisionomias florestais estudadas, desde que levados em consideração (1) quanto à riqueza, o grupo ecológico das espécies ocorrentes na chuva de sementes e, (2) quanto à abundância, as síndromes de dispersão, a forma de crescimento e o grupo ecológico das espécies. Quanto às áreas plantadas, a chuva de sementes indicou o ingresso de novas espécies favorecidas pela estrutura e composição do plantio, permitindo inferir qual modelo mais favorável à chegada de sementes e estabelecimento de plântulas. Palavras-chave: chuva de sementes, regeneração natural, Mata Atlântica, floresta secundária, áreas manejadas. 19 Abstract Studies involving natural recovery mechanisms are geared toward the current landscape of tropical forests: vegetation remaining areas, more and more reduced, in a highly fragmented landscape. Seed rain in these areas is influenced by the structure and composition of vegetation and the connectivity among fragments. It can be observed in Biological Reserve of Poço das Antas, RJ, several secondary forest formations, due to human disturbances and different historical of succession. The present study aimed to characterize the seed rain according to the species composition and seed abundance in the selected areas in order to evaluate if the relation between the seed rain and surrounding vegetation is the same in the forest formation analyzed. Moreover, as vegetation restoration was established in this area, another objective was to respond if seed rain may be an indicative of the development of these plantations as accelerators of natural regeneration. Therefore, we selected five areas: A1 (50 years), A2 (30 years), A3 (pasture area in natural regeneration), A4 and A5 (pasture area by planting 10 years and 12 years respectively), where seed rain was collected. To check whether there were differences between the relative density and species richness among them occurring in the seed rain we used ANOVA. The species were classified according to growth form, dispersal syndrome and ecological group and these parameters were compared among the areas by Chi-square test. About richness the results confirmed the hypothesis that species number increases as the time of historical succession increases, if only no managed areas have been considered (A1, A2 and A3). However, about seed abundance, the pattern expected did not occur because in A2 was registered the lower seed abundance when it compared with the others areas studied. A1 showed the highest number of species (68 species) and the highest density (91.39 seeds/m2) in seed rain. A2 had 56 species and an unexpectedly lower density compared to other areas, which indicated a resumption of the succession process. In A3 (pasture area), there were 21 species and a density of 25.66 seeds/m2. As the planting areas, A5 recorded the highest abundance (28.91 seeds/m2) and 21 species, with a greater number of shrub species and late secondary species in relation to A4. In the planting of 10 years (A4) were recorded 16 species and a density of 19.56 seeds/m2. The seed rain reflected composition and structure vegetation from the different forest physiognomies studied, taken into consideration (1) as to the richness, the ecological group of species occurring in the seed rain, and (2) as the abundance, dispersal syndromes, the growth form and the ecological group of species. Regarding planted areas the seed rain showed the entry of new species favored by the structure and composition of the planting, allowing infer which model was more favorable to the arrival of seeds and establishment of seedlings. Key words: seed rain, natural regeneration, Atlantic Forest, secondary forests, managed areas 20 Introdução Na década de 1970 foi sedimentada a idéia da existência de uma grande disparidade quanto à riqueza, entre a regeneração da floresta (formada por espécies secundárias que se regeneram a partir de sementes no solo) e a composição de florestas maduras nas regiões tropicais (Whitmore 1983). A devastação das florestas causada pela ação antrópica segue em tal ritmo que as fontes de sementes são incapazes de suprir a regeneração até os estádios finais de sucessão. Diante desta constatação alarmante, vários autores consideraram as florestas tropicais úmidas primárias como frágeis (Gomez-Pompa et al. 1972, Guevara Sada & Gomez-Pompa 1972, Gomez-Pompa et al. 1976, Denslow 1978, Whitmore 1983). Embora Symington (1933) na Malásia e posteriormente Keay (1960) na Nigéria tenham demonstrado a presença de sementes de espécies secundárias no solo sob dossel de floresta primária (clímax), foi a partir da década de 1970 que se começou a investigar diferentes aspectos da sucessão secundária a fim de se vislumbrar algum padrão geral nesta dinâmica sucessional (Whitmore 1983). Posteriormente, na década de 1980, estudos foram direcionados para a sucessão secundária a partir de sementes que ocorrem em clareiras causadas por fenômenos naturais ou antrópicos. Isso levou à criação de outros sistemas de classificação ecológica das espécies quanto ao processo de sucessão nas florestas tropicais, tendo como referência a luminosidade ou incidência de luz. Estudos em dinâmica de clareiras foram revisados em Denslow (1980; 1987) e Hartshorn (1980). A questão de retorno funcional e estrutural das florestas secundárias à madura tem suscitado propostas de diversas classificações (Alves et al. 2005) quanto aos grupos ecológicos: Kageyama & Castro (1989), Martínez-Ramos (1985), Swaine & Whitmore (1988), Whitmore (1990), Kageyama & Gandara (1997), dentre outros. Santos et al. (2004), através de aplicações de técnicas multivariadas, apontaram a subjetividade na maioria dessas classificações, indicando o uso das que abrangem maior número de categorias ou grupos ecológicos. A classificação de Budowski (1965) apresenta um número abrangente de categorias (4), podendo ser usada para indicar estágios de sucessão e ainda é adotada em muitos trabalhos de fitossociologia e florística (Alves et al. 2005). Esta classificação também foi utilizada no presente estudo. 21 A regeneração natural ocorre através dos seguintes mecanismos: da chuva de sementes (sementes movimentadas e depositadas através dos diferentes processos de dispersão), do banco de sementes do solo (sementes estocadas no solo), do banco de plântulas (plântulas estabelecidas e suprimidas no chão da floresta) e através de crescimento vegetativo, emissão rápida de brotos e/ou raízes provenientes de indivíduos danificados (Harper 1977; Garwood 1989). Estudos de sucessão secundária em clareiras, revisados por Whitmore (1983), apontaram algumas questões envolvendo estes mecanismos de regeneração natural: Como espécies arbóreas pioneiras ocorrem de forma rara e isolada (eg. árvores emergentes em florestas na Amazônia) em florestas primárias? Symington (1933) e Keay (1960) já haviam demonstrado a presença de sementes de espécies pioneiras no solo sob dossel de floresta primária, indicando uma resposta; Sementes que germinavam após uma grande abertura no dossel já estavam acumuladas no solo, após determinado período de tempo ou as sementes chegavam após a abertura devido a uma chuva de sementes mais ou menos contínua? O banco de sementes ou a chuva de sementes apresentam-se homogêneos no espaço e no tempo? O entendimento da dinâmica de regeneração natural é importante para ações conservacionistas direcionadas à manutenção e recuperação das florestas tropicais (Tabarelli & Gascon 2005). Os estudos recentes têm buscado conhecimento sobre como o estado atual de devastação da cobertura vegetal com áreas remanescentes reduzidas e fragmentadas influem nesses mecanismos de regeneração (Holl 2002, Fahrig 2003, Baum et al 2004, Oliveira et al. 2004, Pivello et al. 2006, Bruna et al. 2009) e que afetam diretamente a resiliência do sistema florestal. Agora os espaços a serem ‘recolonizados’ são grandes extensões de área entre remanescentes florestais que são as fontes de sementes. Dessa forma, a chuva de sementes tem um papel fundamental para iniciar e prover os processos de sucessão secundária até estádios mais avançados de sucessão (Harper, 1977, Howe & Smallwood 1982). Os mecanismos de regeneração natural estão interligados, sendo muito bem representados através de fluxogramas abertos e contínuos em que a entrada de sementes (chuva de sementes) se dá com a chegada desses propágulos ao solo vindos de áreas mais distantes ou adjacentes (sementes alóctones) ou originárias da produção da comunidade 22 vegetal local (sementes autóctones) (Harper 1977). Estas sementes são transportadas por distintos processos de dispersão como anemocoria (pelo vento), zoocoria (através de animais) e autocoria (depende exclusivamente da planta) (Van der Pijl 1982; Araújo 2002; Faria et al. 2003), com a chuva de sementes alimentando o banco de sementes no solo e, indiretamente, o banco de plântulas. A chuva de sementes dentro da floresta determina parte da população potencial de um ecossistema, pois este é constantemente invadido por propágulos provenientes de vegetação externa ou da própria área. Conseqüentemente, a sucessão em determinado habitat depende do potencial de dispersão das plantas, já que todas as espécies estão restritas aos seus habitats e sua sobrevivência depende do ciclo de vida, da freqüência e distância que os seus propágulos podem alcançar (Harper 1977). Assim, a produção, dispersão e germinação de sementes constituem elementos chaves no esclarecimento dos padrões de distribuição e abundância das espécies vegetais (Flores & Dezzeo 2004). O banco de sementes no solo pode ser compartimentado em transitório e permanente (Roberts 1973). O primeiro é constituído por sementes que germinam dentro de um ano, estando distribuídas mais superficialmente, na serrapilheira e na camada logo subjacente. É nesta camada que geralmente se encontram as sementes recalcitrantes. São geralmente grandes, com altas taxas metabólicas e de curta viabilidade, não sobrevivendo sob condições secas ou de alta umidade (Roberts 1973). A maioria das espécies arbóreas de florestas úmidas é recalcitrante. Já o banco de sementes permanente é formado por sementes que germinam num período superior a um ano. São sementes em geral ortodoxas, relativamente pequenas, com maior facilidade de percolar para camadas mais profundas do solo e que devido a uma baixa taxa de metabolismo e respiração, permanecem dormentes por um longo período com baixa umidade e baixa temperatura. O banco de sementes do solo está envolvido em pelo menos quatro processos nos níveis de população e comunidade, que são: o estabelecimento de populações, a manutenção da diversidade de espécies, o estabelecimento de grupos ecológicos e a restauração da riqueza de espécies durante a regeneração da floresta após distúrbios naturais ou antrópicos (Garwood 1989). A chuva de sementes é preponderante na formação e manutenção do banco transitório, sendo responsável pelo ingresso de espécies em estádios de sucessão mais 23 avançados. Estas sementes são incorporadas principalmente via dispersão zoocórica, seja ela primária ou secundária, favorecendo a chegada em sítios favoráveis para a germinação e estabelecimento das sementes bem como à quebra de dormência após passar pelo trato digestivo dos agentes dispersores (Garwood 1989). Em áreas submetidas a perturbações constantes o banco de sementes permanente tende a diminuir a densidade de suas sementes. Por isso a chuva de sementes tem sido considerada fonte importante de propágulos para a regeneração de florestas (Flores & Dezzeo 2004). Nas duas últimas décadas os estudos envolvendo os mecanismos de regeneração estão direcionados ao atual panorama das florestas tropicais, com áreas de vegetação remanescente, cada vez mais reduzidas em uma paisagem extremamente fragmentada. A chuva de sementes nessas áreas é grandemente influenciada pela conectividade entre os remanescentes e pela estrutura de sua vegetação (Pivello et al. 2006). Dessa forma, ela propicia a chegada de sementes que podem colonizar áreas em processo de sucessão primária ou secundária, formando o banco de sementes e o banco de plântulas (Espíndola et al 2003). A abundância e composição da chuva de sementes que são incorporadas ao banco de sementes podem ser provenientes de plantas próximas, mas grandes quantidades de sementes de plantas mais distantes podem ser incorporadas a este banco através de frutos dispersos por agentes primários, ou da dispersão secundária ou transporte horizontal (Pereira & Mantovani 2001). Dessa forma, algumas espécies arbóreas podem ter o tamanho de suas populações limitado pelo baixo suprimento de sementes ocasionado pela falta de árvores reprodutoras, combinado a uma dispersão restrita (Giraldelli et al. 2003). De qualquer forma, é claro que as perturbações afetam a estrutura e composição florística e, conseqüentemente, modificam em maior ou menor grau a dinâmica de sementes, afetando os processos de regeneração da floresta (Flores & Dezzeo 2004, Martini & Santos 2007). A distância de remanescentes mais conservados e em estádio mais avançado de sucessão, que são geralmente os fragmentos fonte de propágulos, irá influir na composição e riqueza da chuva de sementes. Há uma forte relação entre a distância de fragmentos florestais e a abundância e riqueza de espécies da chuva de sementes e, conseqüentemente, do banco de sementes do solo. Quanto maior a distância menor a abundância e riqueza de espécies (Cubiña & Aide 2001). 24 O efeito da distância diminui com a conexão entre fragmentos, que é extremamente importante nos trópicos onde a síndrome de dispersão mais freqüente é a zoocoria. Na Mata Atlântica esta síndrome é estimada para mais de 80% das espécies (Mantovani 1993). Por isso a estratégia de dispersão das espécies também é um fator a ser considerado quando avaliamos a questão de composição e abundância das espécies na chuva de sementes. A proporção de espécies zoocóricas é maior em florestas tropicais úmidas primárias em relação às estacionais ou secundárias (Tabarelli & Peres 2002). Estudos sugerem haver uma correlação positiva entre o número de espécies zoocóricas com o estádio sucessional de remanescentes de floresta tropical úmida, sendo maior nas florestas primárias. Quanto mais madura a floresta, menor a proporção de espécies com frutos e sementes pequenas, maior a proporção de espécies com frutos e sementes grandes (Oliveira et al. 2004). Se a chuva de sementes tem como fonte de propágulos a cobertura vegetal local, além das comunidades vegetais adjacentes e/ou mais distantes, é de se esperar diferenças que são reflexos do grau de desenvolvimento e complexidade da área amostrada, da distância até possíveis fontes de propágulo e da permeabilidade da matriz em que ocorrem estes remanescentes florestais (Oosterhoorn & Kapelle 2000). Assim, a chuva de sementes vem sendo apontada como possível indicador do potencial de regeneração em florestas tropicais (do avanço de estágios de sucessão e busca de resiliência do sistema) (Silva 2003, Moraes 2005). Considerando que a área de estudo é caracterizada por vegetação secundária resultante de diferentes históricos de sucessão, a hipótese a ser verificada é de que haverá diferença significativa da riqueza de espécies e abundância de propágulos na chuva de sementes entre as áreas selecionadas, havendo um aumento nestes parâmetros da área de pastagem (A3), para as áreas que sofreram intervenção (plantios) (A4 e A5), e para as áreas florestadas adjacentes a matriz de pastagem, possíveis fontes de sementes (A2/30 anos e A1/50 anos). Então, o presente estudo teve como objetivo geral caracterizar a chuva de sementes quanto à riqueza de espécies e abundância de sementes nas diferentes áreas selecionadas, verificando se a relação entre a chuva de sementes e a vegetação circundante é a mesma nas diferentes situações analisadas, ou seja, se alguma dessas áreas é mais propícia à chegada alóctone de sementes. 25 E como objetivos específicos verificar se há diferença na chuva de sementes entre as áreas selecionadas quanto à síndrome de dispersão, forma de crescimento e grupo ecológico, inferindo assim no potencial de regeneração via chuva de sementes e verificar se na chuva de sementes das áreas plantadas houve ocorrência de espécies alóctones. Metodologia Amostragem Para amostragem da chuva de sementes foram instalados coletores circulares com área interna de 0,5 m2, confeccionados com tela de nylon (malha 1 mm) e bojo com profundidade de 20cm (Figura 1). Tubos de PVC flexíveis formaram os aros, suspensos a 90 cm do solo, a fim de evitar coleta de espécies herbáceas (Jesus et al. 2003, Araújo et al. 2004, Pivello et al. 2006). As áreas A1 e A2 foram divididas em compartimento borda e interior para a amostragem da chuva de sementes e nesses compartimentos foram aleatorizados nove pontos para instalação de um coletor. Na área de pastagem sem intervenção (A3) foram aleatorizados 18 pontos de coleta sem divisão de compartimento borda e interior por não se tratar de uma área florestada (Anexo1). Nos plantios 10 anos (A4) e 12 anos (A5), os coletores foram distribuídos nas parcelas sorteadas, aproveitando o modelo de plantio já instalado. Embora o tamanho e forma do plantio (200 x 50 m) indicassem um forte efeito de borda, foram observadas diferenças na estrutura da vegetação como presença de capim e maior adensamento de lianas na interface destes plantios com a área de pastagem. Então os plantios também foram divididos em compartimento borda e interior, sendo sorteadas nove parcelas na borda e nove parcelas no interior para instalação dos coletores (Anexo1). 26 Figura 1 – Coletor instalado na área 3 (matriz de pastagem). Em cada área foram instalados 18 coletores, totalizando uma área amostral de 9,0 2 m por remanescente. Os cinco remanescentes somam um total de 90 coletores, resultando uma área amostral de 45,0 m2. 27 Coleta A chuva de sementes foi coletada mensalmente por um período de dois anos, iniciado em outubro de 2006 a setembro de 2008. Os propágulos (frutos, sementes, plântulas em início de desenvolvimento) depositados nos coletores, foram levados ao laboratório de campo da Reserva Biológica de Poço das Antas para uma primeira triagem (separar os propágulos de folhas, galhos, botões florais ou restos de insetos) e secagem em temperatura ambiente. Acondicionados em pequenos sacos plásticos, o material foi identificado com data, área de coleta, número do coletor e localização (borda ou interior). Posteriormente, foi levado ao laboratório de sementes do Jardim Botânico do Rio de Janeiro para separação, contagem e identificação das sementes. Somente aquelas provavelmente viáveis (sem sinal de predação ou que os frutos e sementes não estivessem vazios) e maiores que 1,0 mm foram consideradas para análise (Grombone-Guarantini & Rodrigues 2002). Identificação Para identificação das espécies foram utilizadas chaves embasadas na morfologia de frutos e sementes (Barroso et al. 1999), comparação do material triado com fotografias e/ou desenhos esquemáticos (Barroso et al. 1984, Lorenzi, 1992, Barroso et al. 1999), comparação com material em frutificação do Herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB) e por último, confirmação com especialistas do Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro. A listagem de espécies vasculares da área de estudo (Lima et al. 2005) e o banco de dados do RB foram referências adicionais que auxiliaram na determinação do material coletado. Algumas sementes foram colocadas para germinar em temperatura controlada no laboratório de sementes para auxiliar na identificação. Algumas características morfológicas indicativas de Família podem ser observadas na fase de plântula. A dificuldade deste caminho é que não se tem conhecimento da fisiologia da maioria das espécies arbóreas 28 florestais e, muitas vezes, não se consegue quebrar a dormência ou não se conhece as necessidades para germinação e desenvolvimento da plântula. Paralelamente foram feitas coletas de espécies arbóreas e arbustivas em frutificação ao redor dos coletores, para comparação com o material coletado da chuva de sementes. Análise dos dados Os dados analisados referem-se ao total de sementes registradas nos cinco remanescentes estudados com 18 coletores cada (n = 90), em freqüência mensal durante dois anos (24 coletas). A chuva de sementes foi avaliada em termos de densidade relativa (%) de sementes e riqueza de espécies. Foi calculada a densidade relativa de sementes da cada espécie por área através da fórmula: DRi = 100 ni/N (Mueller-Dombois & Ellenberg 1974 adotado por Pivello et al. 2006), onde DRi representa a densidade relativa (%) de sementes da espécie i; ni é o número de sementes da espécie i no remanescente considerado e N é número total de sementes amostradas no remanescente considerado. Para avaliar se existe diferença entre os remanescentes quanto à densidade relativa e a riqueza de espécies da chuva de sementes acumuladas nos 24 meses de coleta, utilizou-se a Análise de variância (ANOVA) com o Teste de Tukey a posteriori. Os 18 coletores dentro de cada área amostral foram usados como réplicas. Com base na morfologia do fruto e/ou semente, no conhecimento da espécie via literatura (Lorenzi 1992, Barroso et al. 1999, Silva 2003) e na observação de campo, as espécies identificadas na chuva de sementes foram classificadas quanto à forma de crescimento, se árvore, arbusto ou lianas; quanto à síndrome de dispersão, se zoocórica, anemocórica ou autocórica, senso Van der Pijl (1982) e quanto ao grupo ecológico, se pioneiras, secundárias iniciais, secundárias tardias ou clímax; segundo Budowisk (1965), Leitão-Filho (1993), Ferreti et al. (1995). As síndromes de dispersão das sementes observadas foram comparadas entre as áreas pelo teste Qui-quadrado. O mesmo teste foi utilizado para comparar a forma de crescimento e 29 o grupo ecológico das espécies entre as mesmas. Em todos os casos, as análises foram feitas tanto para riqueza das espécies quanto para abundância das sementes. Resultados Os resultados quanto à riqueza e densidade da chuva de sementes serão apresentados para cada área amostrada, das áreas florestadas (A1 e A2) para a área de pastagem (A3) e para as áreas plantadas (A4 e A5). Então, no final estes resultados serão comparados para verificar a similaridade entre os mesmos e qual componente ou fator tem mais influência nessa similaridade (síndrome de dispersão, hábito ou grupo de sucessão). Área 1 Riqueza e densidade relativa No período de coleta, de outubro de 2006 a outubro de 2008, foram registradas na chuva de sementes desta área (A1) 68 espécies, dentre as quais sete foram identificadas ao nível de família (Asteraceae/3, Leguminosae/2 e Myrtaceae/2), sete ao nível de gênero (Fridericia, Dioscorea, Lacistema, Stigmaphyllon, Eugenia, Ceiba e Reissekia), 32 ao nível de espécie (Anexo 2) e 22 morfo-espécies não foram identificadas (Tabela 1). As 46 espécies identificadas foram distribuídas em 25 famílias, sendo as mais representativas quanto ao número de espécies, as famílias Euphorbiaceae (Euphorbiaceae + Peraceae) (5 sp), Bignoniaceae (4 sp), Fabaceae (4 sp), Myrtaceae (4 sp), Annonaceae (3 sp) e Asteraceae (3 sp) (Tabela 1). O total de espécies identificadas em pelo menos um a mais níveis taxonômicos (46) correspondeu a 67,6% das morfo-espécies coletadas. 30 Tabela 1 – Comparação dos resultados da chuva de sementes coletada nas áreas 1, 2, 3, 4 e 5, quanto à riqueza de espécies. No. de espécies No. de espécies identificadas No. de espécies indeterminadas Total de famílias Famílias mais representadas: Bignoniaceae Fabaceae Myrtaceae Euphorbiaceae Peraceae Annonaceae Asteraceae Melastomataceae Lacistemataceae Malvaceae Lauraceae Meliaceae Sapindaceae Verbenaceae Espécies zoocóricas (%) arbóreas arbustivas lianas indeterminadas Espécies anemocóricas (%) arbóreas arbustivas lianas indeterminadas Espécies autocóricas (%) arbóreas arbustivas lianas indeterminadas Espécies indeterminadas (%) arbóreas A1 A2 A3 A4 A5 68 46 22 25 56 31 25 18 21 16 5 13 16 14 2 10 21 18 3 11 4 sp 4 sp 4 sp 3 sp 2 sp 3 sp 3 sp 2 sp 6 sp 3 sp 3 sp 2 sp 2 sp 2 sp 27 (58,7) 24 (52,2) _ 3 (6,5) _ 16 (34,8) 7 (15,2) _ 6 (13,1) 3 (6,5) 1 (2,2) 1 (2,2) _ _ _ 2 (4,3) 2 (4,3) 2 sp 2 sp 3 sp 2 sp 3 sp 2 sp 4 sp 2 sp 2 sp 9 (64,3) 8 (57,2) 1 (7,1) _ _ 5 (35,7) 2 (14,3) _ 1 (7,1) 2 (14,3) _ _ _ _ _ _ _ 10 (55,6) 8 (44,4) 2 (11,1) _ _ 7 (38,9) 4 (22,2) _ 1 (5,6) 2 (11,1) 1 (5,5) 1 (5,6) _ _ _ _ _ 2 sp 2 sp 2 sp 2 sp 14 (45,2) 10 (32,3) 2 (6,4) 2 (6,4) _ 14 (45,2) 5 (16,2) _ 6 (19,4) 3 (9,7) 2 (6,4) 2 (6,4) _ _ _ 1 (3,2) 1 (3,2) 9 (56,2) 7 (43,8) 2 (12,5) _ _ 7 (43,8) 2 (12,5) _ 2 (12,5) 3 (18,7) _ _ _ _ _ _ _ 31 Espécies arbóreas (%) zoocóricas anemocóricas autocóricas indeterminadas Espécies arbustivas (%) zoocóricas Espécies lianas (%) zoocóricas anemocóricas Espécies indeterminadas (%) anemocóricas 34 (73,9) 24 (70,6) 7 (20,6) 1 (2,9) 2 (5,9) _ _ 9 (19,6) 3 (33,3) 6 (66,7) 3 (6,5) 3 (100) 18 (58,1) 10 (55,6) 5 (27,8) 2 (11,1) 1 (5,5) 2 (6,4) 2 (100) 8 (25,8) 2 (25) 6 (75) 3 (9,7) 3 (100) 9 (56,2) 7 (77,8) 2 (22,2) _ _ 2 (12,5) 2 (100) 2 (12,5) _ 2 (100) 3 (18,8) 3 (100) 10 (71,4) _ 1 (7,2) 1 (100) 1 (7,2) _ 1 (100) 2 (14,2) 2 (100) 13 (72,2) 8 (61,5) 4 (30,8) 1 (7,7) _ 2 (11,1) 2 (100) 1 (5,6) _ 1 (100) 2 (11,1) 2 (100) Espécies pioneiras (%) zoocóricas anemocóricas autocóricas indeterminadas Espécies secundárias iniciais zoocóricas anemocóricas autocóricas indeterminadas Espécies secundárias tardias zoocóricas anemocóricas autocóricas indeterminadas Espécies clímax zoocóricas anemocóricas autocóricas indeterminadas Espécies não classificadas zoocóricas anemocóricas autocóricas indeterminadas 6 (13) 2 (33,3) 3 (50) 1 (16,7) _ 15 (32,6) 11 (73,3) 4 (26,7) _ _ 12 (26,1) 10 (83,3) 2 (16,7) _ _ 1 (2,2) 1 (100) _ _ _ 12 (26,1) 3 (25) 7 (58,3) _ 2 (16,7 7 (22,5) 3 (42,9) 3 (42,9) 1 (14,2) _ 9 (29,1) 5 (55,6) 3 (33,3) 1 (11,1) _ 5 (16,1) 3 (60) 2 (40) _ _ 1 (3,2) 1 (100) _ _ _ 9 (29,1) 2 (22,2) 6 (66,7) _ 1 (11,1) 7 (43,8) 4 (57,1) 3 (42,9) _ _ 6 (37,5) 4 (57,1) 3 (42,9) _ _ 1 (6,2) 1 (100) _ _ _ _ _ _ _ _ 2 (12,5) _ 2 (100) _ _ 8 (57,2) 5 (62,5) 3 (37,5) _ _ 5 (35,7) 4 (80) 1 (20) _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ 1 (7,1) _ 1 (100) _ _ 9 (50) 5 (55,6) 3 (33,3) 1 (11,1) _ 6 (33,3) 5 (83,3) 1 (16,7) _ _ 2 (11,1) 1 (50) 1 (50) _ _ _ _ _ _ _ 1 (5,6) _ 1 (100) _ _ 8 (80) 2 (20) _ 32 As sementes identificadas representaram 99,49% do total de 19741 sementes coletadas (91,39 sementes/m2). As sementes de espécies não identificadas corresponderam a apenas 0,51% das sementes coletadas (Tabela 2). Tabela 2 - Comparação dos resultados da chuva de sementes coletada nas áreas 1, 2, 3, 4 e 5, quanto à abundância de sementes. No. de sementes 2 No. de sementes/m No. de sem identificadas Sem identificadas (%) No.de sem ñ ident Sem ñ identificadas (%) Famílias mais abundantes: Melastomataceae Asteraceae Lacistemataceae Rhamnaceae Bignoniaceae Myrtaceae Verbenaceae Urticaceae A1 A2 A3 A4 A5 19741 3154 5544 4226 6245 91,39 19640 99,49% 101 0,51% 14,6 3060 97,02% 94 2,98% 25,66 5524 99,64% 20 0,36% 19,56 4224 99,95% 2 0,05% 28,91 6233 99,81% 12 0,19% 61,47% 29,43% 3,54% 11,98% 45,60% 12,27% 9,83% 6,21% 26,38% 61,05% 4,65% 26,99% 46,79% 43,34% 61,45% Síndrome de dispersão: Sementes zoocóricas arbóreas 13359 (68,0%) 13355 (67,95%) arbustivas lianas indeterminadas Sementes anemocóricas arbóreas lianas _ 4 (0,02%) _ 6125 (31,2%) 174 (0,9%) 141 949 (31,0%) 907 (29,6%) 40 (1,3%) 2 (0,07%) _ 2105 (68,8%) 212 (6,9%) 455 5249 (95,0%) 2841 (51,4%) 2408 (43,6%) 3100 (73,4%) 3097 (73,3%) 3 (0,1%) 2576 (41,33%) 2571 (41,2%) 5 (0,1%) _ _ 275 (5,0%) 7 (0,1%) 10 _ _ 1124 (26,6%) 1064 (25,2%) 3 _ _ 3656 (58,66%) 1645 (26,4%) 1686 33 indeterminadas Sementes autocóricas arbóreas Sementes indeterminadas arbóreas Forma de crescimento: Sementes de esp. arbóreas zoocóricas anemocóricas autocóricas indeterminadas Sem de espécies arbustivas zoocóricas Sem de espécies de lianas zoocóricas anemocóricas Sem não caracterizadas anemocóricas indeterminadas Grupo ecológico: Sem de espécies pioneiras zoocóricas anemocóricas (0,7%) 5810 (29,6%) 151 (0,77%) 151 (0,8%) 5 (0,03%) (14,9%) 1438 (47%) 5 (0,2%) 5 (0,2%) 1 (0,03%) 1 (0,03%) (0,2%) 258 (4,7%) 57 (1,3%) _ _ _ _ (27,0%) 325 (5,2%) 1 (0,02%) 1 (0,02%) _ _ _ _ _ _ 2848 (51,37%) 2841 (99,75%) 7 (0,25%) _ 4161 (98,46%) 3097 (74,43%) 1064 (25,57%) _ _ _ 4217 (67,53%) 2571 (60,97%) 1645 (39,01% 1 (0,02%) _ 145 (0,73%) 4 (2,76%) 141 (97,24%) 5911 (29,94%) 5810 (98,29%) 101 (1,71%) 1125 (35,67%) 907 (80,63%) 212 (18,84%) 5 (0,44%) 1 (0,09%) 40 (1,27%) 40 (100%) 457 (14,49%) 2 (0,44%) 455 (99,56%) 1532 (48,57%) 1438 (93,86%) 94 (6,14%) 2408 (43,43%) 2408 (100%) 10 (0,18%) _ 3 (0,07%) 3 (100%) 3 (0,07%) _ 5 (0,08%) 5 (100%) 1686 (26,99%) _ 10 (100%) 278 (5,02%) 258 (92,81%) 20 (7,19%) 3 (100%) 59 (1,40%) 57 (96,61%) 2 (3,39%) 1686 (100%) 337 (5,40%) 325 (96,44%) 12 (3,56%) 6138 (31,09%) 177 (2,88%) 5810 1880 2726 (59,61%) (49,17%) 438 2468 (23,30%) (90,54%) 1438 258 3834 (90,72%) 2773 (72,33%) 1061 1943 (31,11%) 221 (11,37%) 1721 5 (0,03%) 13685 (69,33%) 13355 (97,59%) 174 (1,27%) 151 (1,10%) 5 (0,04%) _ _ (0,1%) 34 autocóricas Sem de espécies sec iniciais zoocóricas anemocóricas autocóricas Sem de espécies sec tardias zoocóricas anemocóricas Sem de espécies clímax zoocóricas Sem de esp. não classificadas zoocóricas anemocóricas indeterminadas (94,66%) 151 (2,46%) 13235 (67,04%) 13080 (98,83%) 155 (1,17%) _ 96 (0,49%) 82 (85,42%) 14 (14,58%) 16 (0,08%) 16 (100%) 256 (1,30%) 4 (1,56%) 146 (57,03%) 106 (41,41%) (76,49%) 4 (0,21%) 417 (13,22%) 408 (97,84%) 8 (1,92%) 1 (0,24%) 293 (9,29%) 89 (30,38%) 204 (69,62%) 12 (0,38%) 12 (100%) 552 (17,50%) 2 (0,36%) 455 (82,43%) 95 (17,21%) (9,46%) _ (27,67%) _ 194 (3,50%) 187 (96,39%) 7 (3,61%) _ 387 (9,16%) 327 (84,50%) 60 (15,50%) _ 2594 (46,79%) 2594 (100%) _ _ _ _ 4 (0,06%) 3 (75%) 1 (25%) _ _ _ _ 30 (0,54%) _ 5 (0,12%) _ 1698 (27,19%) _ 10 (33,33%) 20 (66,67%) 3 (60%) 2 (40%) 1686 (99,29%) 12 (0,71%) _ _ (88,57% 1 (0,06%) 2600 (41,64%) 2352 (90,46%) 248 (9,54%) _ Quanto à densidade relativa das sementes, duas famílias se destacaram: Melastomataceae representada por uma única espécie, Miconia cinammomifolia (DC. Naudim, com 61,47% das sementes (N = 19741) e Asteraceae, representada por três espécies com 29,43% das sementes (N = 19741). A seguir está a família Lacistemataceae com 3,54%, representada pelas espécies Lacistema sp (2,65%) e Casearia sylvestris SW. (0,89%) (Figura 2). 35 Espécies indet_97 X. sericea T. serratifolia T. martiana Stigmaphyllon sp. S. verticillata S. leucanthum S. guianensis S. globulifera Reissekia sp. R. dolabripetala P. trigonia P. schomburgkiana P. heteranthera Ocotea sp. Myrtaceae 2 Myrtaceae 1 M. piriri M. frondosus M. fistulifera M. coriacea M. cinnamomifolia Lacistema sp. Indet_96 Indet_95 Indet_94 Indet_91 Indet_88 Indet_86 Indet_81 Indet_79 Indet_70 Indet_68 Indet_65 Indet_61 Indet_58 Indet_56 Indet_47 Indet_44 Indet_42 Indet_40 Indet_39 Indet_36 Indet_31 H. heptaphyllus G. sellowiana Fridericia sp. Fabaceae 3 Fabaceae 2 F. pilosa Eugenia 2 E. pisiformes Dioscorea sp. D. lateriflora Ceiba sp. C. triplinerve C. sylvestris C. racemosa C. nodosa C. fruticosum C. erianthos C. brasiliense Asteraceae1 Asteraceae 3 Asteraceae 2 A.aculeatissimum A. pyrifolia A. floribunda 0 20 40 60 80 Abundância relativa (%) 100 Figura 2 - Abundância relativa das sementes (%) por espécie coletadas na Área 1. Síndrome de dispersão e forma de crescimento das espécies Das 46 espécies identificadas na chuva de sementes, 58,7% apresentaram síndrome de dispersão zoocórica, 34,8% apresentaram síndrome anemocórica e 2,2% síndrome autocórica. Do total, 4,3% das espécies não puderam ser determinadas. Quanto à forma de crescimento, 73,9% das espécies corresponderam às arbóreas, 19,6% às lianas e 6,5% não puderam ser determinadas (Tabela 1). 36 Do total de sementes identificadas (19640), 68% corresponderam à síndrome zoocórica, 31,2% à síndrome anemocórica, 0,77% corresponderam à síndrome autocórica e 0,03% das sementes permaneceram com síndrome indeterminada. Quanto à forma de crescimento, 69,3% das sementes identificadas corresponderam a espécies arbóreas, 0,7% corresponderam às lianas e 30% não foram caracterizadas (Tabela 2). A zoocoria predominou na forma de crescimento arbórea com 70,6% das espécies, a anemocoria correspondeu a 20,6% das espécies arbóreas seguida pela autocoria representada por uma espécie (2,9%). As espécies arbóreas sem síndrome determinada corresponderam a 5,9% das espécies (Tabela 1; Figura 3A). Já nas lianas as espécies anemocóricas corresponderam a 66,7% enquanto as zoocóricas a 33,3%. Dentre as de forma de crescimento indeterminada, 100% das espécies eram anemocóricas pertencentes à família Asteraceae. Quanto à abundância relativa das sementes, nas espécies arbóreas predominou a síndrome de dispersão zoocórica com 97,6% das sementes, seguida pelas anemocóricas (1,2%) e autocóricas (1,1%). As sementes indeterminadas corresponderam a 0,1% (Figura 3B). Já nas lianas predominou a síndrome anemocórica com 97,2% das sementes enquanto a zoocórica correspondeu a apenas 2,8% das sementes. Quanto à forma de crescimento indeterminada, a anemocoria correspondeu a 98,3% das sementes (Asteraceae) e síndrome indeterminada a 1,7%. 100 Número de espécies (%) 90 80 70 60 50 40 Síndrome de dispersão 30 20 10 0 Arbóreo Indet Hábito Liana Anemocórica Autocórica Indet Zoocórica (A) 37 100 Número de sementes (%) 90 80 70 60 50 40 Síndrome de dispersão 30 20 10 0 Arbóreo Indet Hábito Liana Anemocórica Autocórica Indet Zoocórica (B) Figura 3 – Número de espécies (A) e número de sementes (B) distribuídos quanto à síndrome de dispersão nas diferentes categorias de forma de crescimento na Área 1. Grupo ecológico das espécies Sementes provenientes de espécies secundárias iniciais foram dominantes na chuva de sementes, correspondendo a 13235 sementes (67,0%) e a 15 espécies (32,6%). As pioneiras corresponderam a 6138 sementes (31,1%) e a seis espécies (13%). As secundárias tardias corresponderam a 96 sementes (0,5%) e a 12 espécies (26,1%) e clímax a 16 sementes (0,1%) e a uma espécie (2,2%). As não classificadas corresponderam a 256 sementes (1,3%) e a 12 espécies (26,1%) (Figuras 4A e 4B). A diferença proporcional entre a zoocoria e anemocoria foi maior para as espécies secundárias tardias (10/2) do que para as espécies secundárias iniciais (11/4). Já para as pioneiras, houve predomínio das espécies anemocóricas (2/3) e somente neste grupo ecológico foram registradas sementes de espécies autocóricas (Tabela 1). 38 100 Número de espécies (%) 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 ím Cl i l a sif dia cia eir ini ta r las on i c c c P o Se Se Nã ax Grupo ecológico (A) 100 Número de sementes (%) 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 a ifi ial ax dia eir ss ím ar nic ion cla Cl ci ct P e e o S S Nã Grupo ecológico (B) Figura 4 – Percentual de espécies (A) e de sementes (B) classificadas de acordo com o grupo ecológico (GE) na Área 1. Do total de sementes provenientes de espécies pioneiras, 177 (2,9%) foram provavelmente dispersas por frugívoros (Pera heteranthera e Casearia sylvestris), 151 (2,5%), o meio de dispersão foi autocórico (Mabea fistulifera), e 5810 (94,7%) por agente abiótico (Asteraceae). Das espécies secundárias iniciais, 13080 (98,8%) sementes foram provavelmente dispersas por frugívoros (maior abundância de espécie M. cinnamomifolia) e 155 (1,17%) por agente abiótico. De espécies secundárias tardias, 82 (85,4%) provavelmente 39 por frugívoros e 14 (14,6%) por agente abiótico. Dentre as 256 sementes não classificadas quanto ao grupo ecológico, 146 (57%) sementes corresponderam à dispersão anemocórica, na maioria proveniente de lianas, que são difíceis de serem enquadradas nesta categoria, e quatro (1,6%) sementes corresponderam à dispersão zoocórica, provenientes também de lianas (Tabela 2, Figura 5). Número de sementes (%) 100 80 60 40 Síndrome de dispersão 20 0 ia al sif ax ira ici as ím ne ard n l l i o c i C ct c o P e e S S Nã Anemocórica Autocórica Indet Zoocórica Grupo ecológico Figura 5 – Número de sementes (%) distribuído quanto à síndrome de dispersão nas diferentes categorias de grupo ecológico das espécies. Área 2 Riqueza e densidade relativa Na chuva de sementes desta Área foi registrada a ocorrência de 56 espécies distribuídas em 18 famílias. Cinco espécies foram identificadas ao nível de família (Asteraceae/3, Fabaceae/1, Melastomataceae/1), seis ao nível de gênero (Anexo 2) e 20 espécies. Vinte e cinco morfoespécies (44,6% das espécies) não puderam ser identificadas (Tabela 1). Sementes identificadas ao nível de espécie, gênero ou família contribuíram com 40 97% da chuva de sementes (3060 sementes) e as não identificadas com 2,9% (94 sementes). Na chuva de sementes foram coletadas 3154 sementes (14,6 sementes/m2) (Tabela 2). As famílias Fabaceae, Melastomataceae e Asteraceae foram as mais representadas, com seis, três e três espécies respectivamente, seguidas das famílias representadas por duas espécies: Bignoniaceae, Lauraceae, Meliaceae e Sapindaceae (Tabela 1). A família Asteraceae, com 45,6% das sementes, foi a mais abundante, seguida das famílias Lacistemataceae, com abundância relativa de 12,3%, Melastomataceae, com abundância relativa de 11,9%, Rhamnaceae (9,8%) e Bignoniaceae (6,2%) (Tabela 2). A espécie Asteraceae 1 (não identificada ao nível de gênero) foi responsável pela elevada abundância da família Asteraceae e a espécie Casearia sylvestris pela elevada Espécies abundância da família Lacistemataceae (Figura 6). indet_16 T. serratifolia T. martiana Stigmaphyllon sp. Serjania sp. S. guianensis Reissekia sp. P. trigonia P. rohrii P. grandiflorum P. gonoacantha Ocotea sp. O. odorifera Melastomataceae 1 M. prasina M. coriacea M. cinnamomifolia L. cultratus Indet_65 Indet_30 Indet_27 Indet_26 Indet_25 Indet_23 Indet_22 Indet_21 Indet_20 Indet_19 Indet_18 Indet_17 Indet_14 Indet_13 Indet_11 Indet_10 Indet_09 Indet_08 Indet_06 Indet_04 Indet_03 Indet_02 Indet_01 Indet_00 H. heptaphyllus G. guidonia Fabaceae 6 F. pilosa Eugenia 1 Dioscorea sp. D. lateriflora C. sylvestris Asteraceae 4 Asteraceae 2 Asteraceae 1 A. pyrifolia A. polycephala A. integrifolia 0 20 40 60 80 Abundância relativa (%) 100 Figura 6 - Abundância relativa das sementes (%) por espécie coletadas na Área 2. 41 Síndrome de dispersão e forma de crescimento das espécies Das 31 espécies identificadas na chuva de sementes, 45,2% apresentaram síndrome de dispersão zoocórica, 45,2% síndrome de dispersão anemocórica, 6,4% síndrome autocórica e 3,2% permaneceram com síndrome indeterminada. Dentre as espécies zoocóricas predominou a forma de crescimento arbórea (32,3% das espécies identificadas), enquanto nas espécies anemocóricas houve predomínio das lianas (19,4% das espécies identificadas) e 9,7% destas espécies (anemocóricas) não puderam ter o hábito identificado (Tabela 1). Quanto à forma de crescimento, a arbórea foi predominante com 58,1% das espécies. As lianas representaram 25,8%, as arbustivas 6,4% e as indeterminadas 9,7% (Tabela 1) Do total de sementes identificadas, 31,0% apresentaram síndrome de dispersão zoocórica, 68,8% apresentaram síndrome anemocórica, 0,2% apresentaram síndrome autocórica e 0,03% permaneceram indeterminadas. Quanto à forma de crescimento, 35,7% das sementes identificadas foram provenientes de árvores, 1,2% de arbustos, 14,5% de lianas e, 48,6% não tiveram hábito caracterizado (Tabela 2). A zoocoria predominou na forma de vida arbórea correspondendo a 55,6% das espécies desta categoria. A anemocoria correspondeu a 27,8%, seguida pela autocoria com 11,1% das espécies. As espécies arbóreas com síndrome indeterminada corresponderam a 5,5%. Nas lianas, as espécies anemocóricas corresponderam a 75,0%, enquanto as zoocóricas a 25,0%. Na forma de vida arbustiva, 100% das espécies eram zoocóricas (Aegiphila integrifolia, Melastomataceae 1). Dentre as de forma de crescimento indeterminado, 100% das espécies eram anemocóricas representadas pela família Asteraceae (Figura 7A). Quanto à abundância relativa, nas espécies arbóreas predominou a síndrome de dispersão zoocórica com 80,6% das sementes, seguida pelas anemocóricas (18,9%) e autocóricas (0,4%). As sementes indeterminadas corresponderam a 0,1%. Nas lianas, a síndrome anemocórica foi predominante, com 99,6% das sementes, enquanto a zoocórica correspondeu a apenas 0,4% das sementes. Quanto à forma de crescimento não caracterizada, a anemocoria correspondeu a 100% das sementes identificadas (Asteraceae) (Figura 7B). 42 Número de espécies (%) 100 80 60 40 Síndrome de dispersão 20 0 bó Ar a re bu Ar sti va e Ind t n Lia a Anemocórica Autocórica Indet Zoocórica Forma de crescimento (A) Número de sementes (%) 100 80 60 40 Síndrome de dispersão 20 0 re bó Ar a s bu Ar tiv a Ind et Lia na Anemocórica Autocórica Indet Zoocórica Forma de crescimento (B) Figura 7 - Número de espécies (A) e número de sementes (B) distribuídos quanto à síndrome de dispersão nas diferentes categorias de forma de crescimento na Área 2. 43 Grupo ecológico das espécies Sementes provenientes de espécies pioneiras predominaram na chuva de sementes, correspondendo a 1880 sementes (59,61%) e a sete espécies (22,5%). As secundárias iniciais corresponderam a 417 sementes (13,22%) e a nove espécies (29,1%). As secundárias tardias corresponderam a 293 sementes (9,29%) e a cinco espécies (16,1%). As sementes de espécies clímax foram representadas por uma espécie (3,2%) correspondendo a 12 sementes (0,38%) coletadas. As não classificadas quanto ao grupo ecológico corresponderam a 552 sementes (17,50%) e a nove espécies (29,1%), sendo 455 sementes de espécies anemocóricas (83,43%) correspondentes em sua maioria às lianas, assim como sementes zoocóricas (0,36%) e as indeterminadas com 95 sementes (3,02%) (Figura 8A e 8B) 100 Número de espécies (%) 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 if a al ax d ia ss e ir ici a ím n n l l i t ar c o i C c c o P Se Se Nã Grupo ecológico (A) 44 100 Número de sementes (%) 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 al sif ax ira dia ici as ím ne ar l n l i t c o i C c c o P Se Se Nã Grupo ecológico (B) Figura 8 - Percentual de espécies (A) e de sementes (B) classificadas de acordo com o grupo ecológico (GE) na Área 2. A proporção entre zoocoria e anemocoria para espécies pioneiras foi equilibrada (de 3/3), no entanto foram registradas na chuva de sementes seis espécies de lianas anemocóricas não classificadas quanto ao grupo sucessional. 14,2% corresponderam a espécies autocóricas nesta categoria. Para as secundárias iniciais a proporção entre zoocoria e anemocoria foi de 5 (55,6%)/3(33,3%) e autocóricas corresponderam a 11,1% das espécies desta categoria. Para as secundária tardias foi de 3 (60%)/2 (40%). Não houve registro de espécies autocóricas nesta categoria. A categoria espécies clímax foi representada por uma espécie (100%) de síndrome de dispersão zoocórica. Dentre as espécies não classificadas quanto ao grupo ecológico, 22,2% apresentaram síndrome provavelmente zoocórica, 66,7%, síndrome anemocórica. 11,1% permaneceram indeterminadas quanto à síndrome de dispersão (Figura 9A). Do total proveniente de espécies pioneiras (1880 sementes), 438 sementes (23,3%) apresentaram característica para síndrome zoocórica, quatro (0,2%) para autocórica e 1438 (76,5%) para dispersão abiótica. Dentre as espécies secundárias iniciais (417), 408 sementes (97,8%) apresentaram características para síndrome zoocórica, 1 (0,2%) para autocórica e 8 45 (2,0%) para dispersão abiótica. Das secundárias tardias (293), 89 sementes (30,4%) apresentaram características para síndrome de zoocoria, 204 (69,6%) para dispersão abiótica. As sementes da única espécie clímax registrada na chuva de sementes desse remanescente apresentou características para a zoocoria (12 sementes ou 100%). Das sementes não classificadas quanto ao grupo ecológico 2 (0,36%) apresentaram características de síndrome zoocórica (lianas), 455 de síndrome anemocórica (maioria lianas) e 95 (17,21%) não foram identificadas (Figura 9B). Número de espécies (%) 100 80 60 40 Síndrome de dispersão 20 0 l if a ax dia ss cia eir ím ini tar cl a ion Cl c c o P Se Se Nã Anemocórica Autocórica Indet Zoocórica Grupo ecológico (A) Número de sementes (%) 100 80 60 40 Síndrome de dispersão 20 0 l if a ax dia ss cia eir ím ini tar cl a ion Cl c c o P Se Se Nã Anemocórica Autocórica Indet Zoocórica Grupo ecológico (B) Figura 9 – Número de espécies (%) (A) e número de sementes (%) (B) distribuídos quanto à síndrome de dispersão nas diferentes categorias de grupo ecológico na Área 2. 46 Área 3 Riqueza e densidade relativa Nesta área foram registradas na chuva de sementes 21 espécies distribuídas em 13 famílias (Tabela 1). Dentre as espécies coletadas, três foram identificadas ao nível de família (Asteraceae), duas ao nível de gênero (Lacistema sp. e Reissekia sp.) (Anexo 2) e cinco morfo-espécies não foram identificadas. As sementes identificadas representaram 99,6% do total de 5544 coletadas (25,7 sementes/m2). As espécies não identificadas correspondem a 0,4% das sementes coletadas (Tabela 2). As famílias mais representadas foram Asteraceae (3 espécies) e Lacistemataceae (2 espécies) (Tabela 1). No entanto, quanto ao número de sementes, as famílias mais abundantes foram Myrtaceae representada por uma única espécie (Psidium guineense), que representou 46,8% das sementes, Verbenaceae com 43,3% (Lantana camara) e Asteraceae com 4,7% (Tabela 2). Duas espécies (Psidium guineense e Lantana camara) contribuíram com 4997 sementes (90,1%) do total coletado (Figura 10). V. polygama S. leucanthum Reissekia sp. P. guineense P. grandiflorum M. nobilis Espécies M. coriacea Lacistema sp. L. camara Inde_5 Inde_4 Inde_3 Inde_2 Inde_10 G. guidonia C. sylvestris C. biserrata Asteraceae 3 Asteraceae 2 Asteraceae 1 A. pyrifolia 0 20 40 60 80 Abundância relativa (%) 100 Figura 10 – Abundância relativa (%) por espécie das sementes coletadas na Área 3. 47 A soma das espécies da família Asteraceae correspondeu a 258 sementes (4,6%), seguidas por Myrsine coriacea com 93 sementes (1,7%), Margaritaria nobilis com 58 sementes (1,1%), Lacistema sp., com 50 sementes (0,9%) e Guarea guidonia com 43 sementes (0,8%). As demais espécies apresentaram uma densidade pouco expressiva na chuva de sementes amostrada (Figura 10). Síndrome de dispersão e forma de crescimento das espécies Das 16 espécies identificadas na chuva de sementes, 56,2% apresentaram síndrome de dispersão zoocórica e 43,8% síndrome de dispersão anemocórica (Tabela 1). Dentre as espécies zoocóricas, predominou a forma de crescimento arbórea (43,8% das espécies identificadas) com as arbustivas correspondendo somente a 12,5%. Nas anemocóricas as espécies com forma de crescimento indeterminada corresponderam a 18,8%, as lianas a 12,5% e as arbóreas a 12,5% (Tabela 1). Das espécies identificadas na chuva de sementes, 56,2% apresentaram forma de crescimento arbórea; 12,5% arbustiva e, 12,5% corresponderam às lianas. 18,8% das espécies não foram caracterizadas quanto à forma de crescimento (Tabela 1). No entanto, em termos de abundância relativa, as árvores correspondem a 51% das sementes e os arbustos a 43% (Tabela 2). Dentre as espécies arbóreas, 77,78% corresponderam à síndrome zoocórica; das espécies arbustivas, 100% corresponderam às zoocóricas e das lianas 100% corresponderam às anemocóricas. Dos 18,8% das espécies indeterminadas quanto à forma de crescimento, 100% corresponderam à síndrome anemocórica (Figura 11A). Quanto ao número de sementes, dentre as espécies arbóreas houve a predominância da zoocoria (99,8%), sendo Psidium guineense SW a espécie mais abundante (91,08%). A síndrome anemocórica representou apenas 0,2 % das sementes nessa categoria. Dentre as espécies arbustivas 100% das sementes foram zoocóricas, com maior representatividade da espécie Lantana camara L (99,8%). Quanto às indeterminadas, as anemocóricas representaram 92,8% das sementes, sendo todas Asteraceae. As indeterminadas corresponderam a 7,2% das sementes (Figura 11B). 48 Número de espécies (%) 100 80 60 40 Síndrome de dispersão 20 0 re bó Ar a sti bu Ar va Ind et L ia na Anemocórica Autocórica Indeterminada Zoocórica Forma de crescimento (A) Número de sementes (%) 100 80 60 40 Síndrome de dispersão 20 0 a va re sti bó bu r Ar A et Ind na L ia Anemocórica Autocórica Indeterminada Zoocórica Forma de crescimento (B) Figura 11 - Número de espécies (A) e número de sementes (B) distribuídos quanto à síndrome de dispersão nas diferentes categorias de forma de crescimento na Área 3. Grupo ecológico das espécies As espécies zoocóricas pioneiras e zoocóricas secundárias iniciais apresentaram o mesmo número de espécies, 4 (57,1%), assim como as anemocóricas pioneiras e anemocóricas secundárias iniciais com três espécies (42,9%). As secundárias tardias foram representadas por uma espécie zoocórica, correspondendo a 100% desta categoria de grupo 49 ecológico. Das espécies indeterminadas, 2 (100% das espécies) apresentaram síndrome de dispersão anemocórica (figura 12A). Número de espécies (%) 100 80 60 40 Síndrome de dispersão 20 0 Cl ax ím la s oc Nã sif ia l ir a d ia ne ar n ic ct ci P io e e S S Anemocórica Autocórica Indeterminada Zoocórica Grupo ecológico (A) Número de sementes (%) 100 80 60 40 Síndrome de dispersão 20 0 if a ial ax dia ss eir ím ar nic cla ion Cl ct ci o P e e S S Nã Anemocórica Autocórica Indeterminada Zoocórica Grupo ecológico (B) Figura 12 – Número de espécies (%) (A) e de sementes (%) (B) distribuídos quanto à síndrome de dispersão nas diferentes categorias de grupo ecológico na Área 3. Somando todas as espécies pioneiras, independentemente da síndrome de dispersão, estas corresponderam a 44% das espécies, seguidas das secundárias iniciais correspondendo a 38%. As tardias corresponderam a 6% e as não classificadas a 12% (Tabela 1). 50 As sementes de espécies pioneiras predominaram nesta área, em início de sucessão, correspondendo a 2726 sementes (49,2%) entre zoocóricas e anemocóricas. As espécies secundárias tardias corresponderam a 2594 sementes (46,8%), sendo representada por uma única espécie, Psidium guineense SW. As espécies secundárias iniciais corresponderam a 194 sementes (3,5%) e as espécies não classificadas corresponderam a 30 sementes (0,54%) (Tabela 2). Dentre as sementes de espécies pioneiras (2726), as sementes de espécies zoocóricas predominaram, correspondendo a 2468 sementes (90,5%) e as anemocóricas corresponderam a 258 sementes (9,5%). Nas secundárias iniciais (194 sementes) predominaram as espécies de dispersão zoocóricas correspondendo a 187 sementes (96,4%). As espécies de dispersão anemocórica corresponderam a 7 sementes (3,6%). Nas espécies secundárias tardias houve predomínio das espécies de dispersão zoocórica com 2594 sementes (100%). Dentre as sementes de espécies não classificadas, 33,3% corresponderam a sementes de espécies anemocóricas e 66,7% a espécies indeterminadas (Figura 12B). Área 4 - Plantio (10 anos) Riqueza e densidade relativa Nesta área foi registrada a ocorrência de 16 espécies na chuva de sementes, distribuídas em dez famílias. Duas espécies foram identificadas em nível de família e duas não puderam ser identificadas (12,5%). A família Melastomataceae foi representada por três espécies, seguida pela Verbenaceae e Asteraceae com duas espécies respectivamente (Tabela 1). Sementes identificadas em nível de espécie, gênero ou família contribuíram com 99,95% da chuva de sementes (4224 sementes) e as não identificadas com 0,05% (2 sementes) (Tabela 2). De um total de 4226 sementes coletadas (19,56 sementes/m2), a família Urticaceae apresentou maior abundância relativa (61,4%) representada por um único gênero (Cecropia sp.), seguida da família Melastomataceae (26,4%) (Tabela 2). Nesta família a espécie Tibouchina granulosa, com um total de 1004 propágulos, correspondeu a 24,0% do total de sementes amostradas. As demais famílias, Meliaceae (Guarea guidonia) apresentou 51 abundância relativa de 5,3%; Fabaceae (Inga edulis), de 2,7%; Malvaceae (Pseudobombax grandiflorum), de 1,4%; Asteraceae (Asteraceae 1 e Astaraceae 2), de 1,3% e Myrsinaceae (Myrsine coriacea), de 1,1% (Figura 13) T. granulosa Siparuna sp. P. grandiflorum M. serrulata M. prasina Espécies M. coriacea L. camara Inde_17 Inde_16 I. edulis G. guidonia Cecropia sp. C. myrianthum Asteraceae 2 Asteraceae 1 A. pyrifolia 0 20 40 60 80 Abundância relativa (%) 100 Figura 13 – Abundância relativa (%) por espécie das sementes coletadas na Área 4. 52 Síndrome de dispersão e forma de crescimento das espécies Das espécies identificadas coletadas na chuva de sementes, 71,4% apresentaram forma de crescimento arbórea; 7,2% arbustiva e, 7,2% corresponderam às lianas, sendo 14,2% das espécies não caracterizadas quanto à forma de crescimento (Tabela 1). No entanto, em termos de abundância relativa, as sementes das espécies arbóreas corresponderam a 98,5% (4161 sementes) e das espécies arbustivas a 0,07% (3 sementes) assim como das lianas, também com 0,07% (3 sementes). As sementes não identificadas quanto à forma de crescimento corresponderam a 1,4% (59 sementes) (Tabela 2). Dentro de cada categoria de forma de crescimento, a síndrome zoocórica predominou nas espécies arbustivas (100% das espécies) e arbóreas (80% das espécies). A anemocoria ocorreu nas espécies arbóreas (20%), lianas (100%) e indeterminadas quanto à forma de crescimento (100%) (Asteraceae)(Figura 14A) Número de espécies (%) 100 80 60 40 Síndrome de dispersão 20 0 b Ar óre a b Ar a tiv us et Ind Lia na Forma de crescimento Anemocórica Autocórica Indeterminada Zoocórica (A) 53 Número de sementes (%) 100 80 60 40 Síndrome de dispersão 20 0 Ar r bó ea bu Ar v sti a Ind et Lia na Forma de crescimento Anemocórica Autocórica Indeterminada Zoocórica (B) Figura 14 – Número de espécies (%) (A) e número de sementes (%) (B) distribuídos quanto à síndrome de dispersão nas diferentes categorias de forma de crescimento na Área 4. Quanto ao número de sementes, as sementes anemocóricas foram as mais abundantes em lianas (100% das sementes) e em indeterminadas (96,6% das sementes); entre as espécies arbustivas, 100% das sementes foram zoocóricas. Já nas espécies arbóreas ocorreram 74,4% de sementes zoocóricas e 25,6% de sementes anemocóricas. As espécies indeterminadas corresponderam a 3,4% (Figura 14B). Grupo ecológico das espécies Nesta área de plantio as espécies pioneiras predominaram, correspondendo a 57,2% das espécies classificadas quanto ao grupo de sucessão. As secundárias iniciais corresponderam a 35,7% das espécies, não havendo registro de espécies secundárias tardias e clímax. Espécies não classificadas quanto ao grupo ecológico corresponderam a 7,1% (Tabela 1). 54 Quanto à abundância de sementes, houve também predomínio das espécies pioneiras com 90,7% das sementes. As secundárias iniciais corresponderam a 9,2% e as não classificadas a 0,1% (Tabela 2). Nas espécies pioneiras houve predomínio da síndrome zoocórica, correspondendo a 62,5% das espécies e a 72,3% das sementes. As espécies anemocóricas corresponderam a 37,5% das espécies e a 27,6% das sementes. Nas espécies secundárias iniciais também predominou a síndrome zoocórica, correspondendo a 80,0% das espécies e a 84,5% das sementes. As espécies anemocóricas corresponderam a 20% das espécies e a 15,5% das sementes. Nas espécies identificadas não classificadas quanto ao grupo ecológico houve predomínio da síndrome anemocórica (100% das espécies e 60% das sementes). Os 40% restante corresponderam às sementes não identificadas (Figuras 15A e 15B). Número de espécies (%) 100 80 60 40 Síndrome de dispersão 20 0 ím Cl ax Nã l as oc sif l a dia cia eir tar ini on i c c P Se Se Grupo ecológico Anemocórica Autocórica Indeterminada Zoocórica (A) 55 Número de sementes (%) 100 80 60 40 Síndrome de dispersão Anemocórica Autocórica Indeterminada Zoocórica 20 0 ia al sif ax i ra ici as ím ard ne l n l i c o i C c ct o P e e S S Nã Grupo ecológico (B) Figura 15 – Número de espécies (%) (A) e número de sementes (%) (B) distribuídos quanto à síndrome de dispersão nas diferentes categorias de grupo ecológico na Área 4. Área 5 - Plantio (12 anos) Riqueza e densidade relativa Nesta área de plantio foi registrada a ocorrência de 21 espécies na chuva de sementes distribuídas em onze famílias. Apenas duas espécies foram identificadas em nível de família e três outras não puderam ser identificadas (14,3% das espécies) (Tabela 1). A família Melastomataceae foi a mais representada, com quatro espécies, seguida pelas famílias Bignoniaceae, Asteraceae, Fabaceae e Verbenaceae (estas representadas por duas espécies respectivamente) (Anexo 2). Sementes identificadas em nível de espécie, gênero ou família contribuíram com 99,8% da chuva de sementes (6233 sementes) e as não identificadas com 0,2% (12 propágulos) (Tabela 2). Do total de 6245 sementes (28,9 sementes/m2) coletadas, a família Melastomataceae apresentou maior abundância relativa (61,1%), predominando as espécies Miconia serrulata (59,3% da família) e Tibouchina granulosa (36,6% da família) (Figura 16). 56 A familia Rhamnaceae foi a segunda mais abundante, representada por um único gênero, Reissekia sp. (26,9%), seguida pelas famílias Asteraceae (5,2%), Malvaceae (2,4%) e Bignoniaceae (1,6%). T. granulosa S. leucanthum S. guianensis Reissekia sp. P. grandiflorum Myrtaceae 3 Espécies M. serrulata M. prasina M. coriacea M. bimucronata L. camara Inde_24 Inde_20 Inde_19 I. edulis H. heptaphyllus G. guidonia C. myrianthum C. biserrata Asteraceae 2 Asteraceae 1 0 20 40 60 80 Abundância relativa (%) 100 Figura 16 – Abundância relativa (%) por espécie das sementes coletadas na Área 5. Síndrome de dispersão e forma de crescimento das espécies Das espécies identificadas na chuva de sementes, 10 (55,6%) corresponderam às espécies zoocóricas, 7 (38,9%) às espécies anemocóricas e uma (5,5%) à espécie autocórica (Mimosa bimucronata) (Tabela1). Sementes de espécies zoocóricas corresponderam a 41,3% das espécies identificadas (2576 sementes), de anemocóricas a 58,7% (3656 sementes) e de autocóricas a 0,02% (1 semente) (Tabela 2). Das espécies amostradas e identificadas na chuva de sementes, 13 (72,2% das espécies) apresentaram forma de crescimento arbórea, duas (11,1%) apresentaram forma de 57 crescimento arbustiva e uma (5,6%) correspondeu às lianas. Do total de espécies identificadas, duas (11,1%) não foram caracterizadas quanto à forma de crescimento (Tabela 1). Em termos de abundância relativa, as espécies arbóreas corresponderam a 4217 sementes (67,5%), as arbustivas a cinco sementes (0,1%) e as lianas a 1686 sementes (26,9%) (Tabela 2). Dentro de cada categoria de forma de crescimento, a síndrome zoocórica predominou nas espécies arbustivas (100% das espécies) e nas arbóreas (61,5%). Já a síndrome anemocórica predominou nas lianas (100,0% das espécies), ocorreu em 33,3% das espécies arbóreas e em 100,0% das espécies indeterminadas (Figura 17A). Quanto à abundância relativa, nas espécies arbóreas houve predomínio de sementes de espécies zoocóricas, correspondendo a 2571 sementes (60,9%), as de espécies anemocóricas corresponderam a 1645 sementes (39,0%) e as de espécies autocóricas à uma semente (0,02%); nas espécies arbustivas predominaram as sementes de espécies zoocóricas, correspondendo a cinco sementes (100,0%); nas lianas predominaram as sementes de espécies anemocóricas, correspondendo a 1686 sementes (100,0%) e nas sementes não caracterizadas quanto à forma de crescimento, 325 sementes (96,4%) correspondeu às sementes de espécies anemocóricas e 12 sementes (3,6%) às espécies indeterminadas(Figura 17B). Número de espécies (%) 100 80 60 40 Síndrome de dispersão 20 0 b Ar ea ór A u rb va sti In d et Lia na Forma de crescimento Anemocórica Autocórica Indeterminada Zoocórica (A) 58 Número de sementes (%) 100 80 60 40 Síndrome de dispersão 20 0 re bó Ar a va sti bu Ar et In d na Lia Anemocórica Autocórica Indeterminada Zoocórica Forma de crescimento (B) Figura 17 - Número de espécies (%) (A) e número de sementes (%) (B) distribuídos quanto à síndrome de dispersão nas diferentes categorias de forma de crescimento na Área 5. Grupo ecológico das espécies Nesta área de plantio as espécies pioneiras foram predominantes, correspondendo a 50,0% das espécies identificadas e classificadas quanto ao grupo ecológico. As espécies secundárias iniciais corresponderam a 33,3%, as secundárias tardias a 11,1% e as não classificadas a 5,6%. Não houve registro de espécies clímax (Tabela 1). Quanto à abundância relativa, as sementes de espécies secundárias iniciais predominaram, correspondendo a 2600 sementes (41,6%), as de espécies pioneiras corresponderam a 1943 sementes (31,1%) e as de espécies secundárias tardias a quatro sementes (0,06%). As sementes de espécies não classificadas corresponderam a 1698 sementes (27,2%) (Tabela 2). Na categoria das espécies pioneiras houve predomínio da síndrome zoocórica, correspondendo a cinco espécies (55,6%), a síndrome anemocórica correspondeu a três espécies (33,3%), a autocórica a uma espécie (11,1%). Nas secundárias iniciais também predominaram as espécies zoocóricas, correspondendo a cinco espécies (83,3%). A síndrome 59 anemocórica foi representada por uma espécie, Sparattosperma leucanthum, (16,7%). Nas secundárias tardias foi registrada a mesma proporção de espécies zoocóricas e anemocóricas, correspondendo a 50% (1/1). Não houve registro de espécies clímax e dentre as espécies não classificadas foi registrada uma espécie anemocórica (Reissekia sp.), correspondendo a 100% das espécies. (Figura 18A). Na categoria de espécies pioneiras foi registrada maior abundância de sementes de espécies anemocóricas, correspondendo a 1721 sementes (88.6%). As sementes de espécies zoocóricas corresponderam a 221 sementes (11,4%) e as de espécies autocóricas a uma semente (0,06%). Nas espécies secundárias iniciais predominaram as sementes de espécies zoocóricas, correspondendo a 2352 sementes (90,5%), seguidas pelas sementes de espécies anemocóricas, correspondendo a 248 sementes (9,5%). Nas espécies secundárias tardias, as sementes de espécies zoocóricas corresponderam a três sementes (75,0%) e as sementes de espécies anemocóricas a uma semente (25,0%). Dentre as sementes de espécies não classificadas houve registro de 1686 sementes (99,3%) de espécies anemocóricas e de 12 sementes (0,7%) de espécies indeterminadas (Figura 18B). Número de espécies (%) 100 80 60 40 Síndrome de dispersão 20 0 Cl ax ím Nã sif las c o l a dia cia e ir tar in i on i c c P Se Se Grupo ecológico Anemocórica Autocórica Indeterminada Zoocórica (A) 60 Número de sementes (%) 100 80 60 40 Síndrome de dispersão 20 0 l if a ax dia cia ss eir ím ini tar cla ion Cl c c o P Se Se Nã Anemocórica Autocórica Indeterminada Zoocórica Grupo ecológico (B) Figura 18 – Número de espécies (%) (A) e número de sementes (%) (B), distribuídos quanto à síndrome de dispersão nas diferentes categorias de grupo ecológico na Área 5. A diferença proporcional das pioneiras entre zoocoria e anemocoria (5/3) foi menor que nas secundárias iniciais (5/1). As secundárias tardias apresentaram a mesma proporção de espécies. Diferenças na riqueza e na abundância de sementes entre os tratamentos O número de espécies total na chuva de sementes foi maior para a área 1 seguida das áreas 2, 3, 5 e 4, respectivamente (Tabela 1). Considerando a riqueza de espécies na chuva de sementes, o resultado da ANOVA foi significativo (N = 90, F = 26,606, P < 0,001), sendo que a área 1 diferiu de todos os demais significativamente. A área 2 diferiu das áreas 3 e 4 e a área 3 diferiu da área 5 (Figura 19; Tabela 3). Então a área 2 está mais próxima da área 5 quanto à riqueza, assim como as áreas 3 e 4 são mais similares entre si. 61 Least Squares Means 14.0 ESPECIES 11.4 8.8 6.2 3.6 1.0 A1 A2 A3 Área A4 A5 Figura 19 – Gráfico resultante da ANOVA quanto à riqueza de espécies da chuva de sementes entre as áreas. Tabela 3 – Resultado do teste de Tukey mostrando as diferenças significativas (em negrito) entre as áreas quanto à riqueza da chuva de sementes. Área A1 A2 A3 A4 A1 1.000 A2 0.034 1.000 A3 0.000 0.000 1.000 A4 0.000 0.000 0.588 1.000 A5 0.000 0.157 0.002 0.120 A5 1.000 A densidade relativa média de sementes, embora tenha sido maior para o fragmento I (anexo 2), não diferiu significativamente (N = 90; F = 1,920, p = 0,115) (Figura 20; Tabela 4). 62 Least Squares Means 1433.0 SEMENTES 1034.5 636.0 237.5 -161.0 A1 RI A2RII A3RIII A4RIV A5RV Área Figura 20 - Gráfico resultante da ANOVA quanto à densidade de sementes da chuva de sementes entre as áreas. Tabela 4 – Valores resultantes do teste de Tukey mostrando não haver diferença significativa entre as áreas quanto à densidade de sementes. R1 R2 R3 R4 R1 1.000 R2 0.127 1.000 R3 0.252 0.997 1.000 R4 0.176 1.000 1.000 1.000 R5 0.301 0.992 1.000 0.998 R5 1.000 Os resultados do teste Qui-quadrado mostraram que a riqueza de espécies na chuva de sementes para cada síndrome (X2 = 5,93, gl = 12, p = 0.919) e forma de crescimento (X2 = 13,85, gl = 12, p = 311) foi proporcional entre os remanescentes. Contudo, a riqueza de espécies na chuva de sementes segundo os grupos ecológicos diferiu estatisticamente entre os mesmos (X2 = 30,08; gl = 16; p = 0,018). Quanto à densidade de semente, todos os testes de qui-quadrado para síndrome de dispersão, forma de crescimento e grupo ecológico resultaram altamente significativos (p < 0,0001). 63 Discussão A chuva de sementes em florestas tropicais úmidas ou estacionais primárias contínuas tende a apresentar maior riqueza de espécies e menor abundância de sementes, em relação às florestas secundárias, bordas e remanescentes, onde é observada uma maior abundância de sementes e uma riqueza mais baixa (Penhalber & Mantovani 1997, Grombone-Guarantini & Rodrigues 2002, Pivello et al. 2006). Entretanto, as áreas selecionadas se encontram em matriz grandemente fragmentada, representando diferentes fisionomias e diferentes históricos de sucessão na paisagem. Quanto à riqueza da chuva de sementes, o resultado corroborou a hipótese, já que o número de espécies total na chuva de sementes foi maior para as áreas 1 e 2 (áreas com histórico mais antigo de sucessão e sem intervenção), seguido pelas áreas 3, 5 e 4 respectivamente, em estágio mais inicial de sucessão e com intervenção (Tabela 1). O resultado da ANOVA demonstrou maio diferença significativa da área 1 em relação às demais, no entanto a área 2 diferiu significativamente da área de pastagem (A3) e do plantio 10 anos (A4), indicando maior similaridade com o plantio 12 anos (A5). Isso provavelmente ocorreu devido a um maior recrutamento de espécies diferentes das que foram plantadas em relação ao outro plantio, demonstrando um resultado um pouco melhor quanto ao processo de restauração ali implantado. Quanto ao número de sementes, embora este tenha sido maior para a área 1, não houve diferença significativa (Figura 20; Tabela 4). Em relação às áreas mais próximas espacialmente (A1 e A2) foi registrada uma diferença no número de espécies de 68/56 (12 espécies) e a maior diferença quanto ao número total de sementes. Este resultado provavelmente está relacionado com a estrutura e composição da vegetação de cada área, reflexo da heterogeneidade de habitat (um está em ambiente plano de várzea e o outro em área de encosta). Segundo Melo et al. (2010) alguns fatores como heterogeneidade de habitats, composição florística, estrutura e estádio sucessional da vegetação, além de atividades de agentes dispersores, podem influir na densidade e composição da chuva de sementes. 64 Os resultados do teste Qui-quadrado demonstraram que a riqueza de espécies na chuva de sementes para síndrome de dispersão e hábito da espécie foi proporcional entre as áreas selecionadas. Contudo a riqueza de espécies na chuva de sementes em relação ao grupo ecológico das mesmas diferiu estatisticamente entre as áreas. Quanto à densidade de sementes, todos os testes de qui-quadrado para síndrome de dispersão, forma de crescimento e grupo ecológico resultaram altamente significativos. Na área mais conservada, as famílias com maior representação de espécies, na chuva de sementes foram Euphorbiaceae, Bignoniaceae, Myrtaceae, Fabaceae, Annonaceae e Asteraceae (Tabela 1). Levantamentos de florística e estrutura, em Floresta Ombrófila Densa sobre morrote mamelonar realizados na Reserva Biológica de Poço das Antas (Guedes-Bruni et al. 2006) apontam estas famílias, dentre outras, como de alto valor de importância, com exceção da família Asteraceae. Outras espécies, destacadas pelos autores, que ocorreram neste remanescente foram Mabea piriri, Casearia sylvestris e Senefeldera verticillata, que são características de estágios iniciais de sucessão. Pessoa (2003) e Pessoa & Oliveira (2006) destacam a família Euphorbiaceae como a mais importante, especialmente pela elevada ocorrência de S. verticillata (espécie de maior índice de valor de importância na área estudada pelos autores na Reserva Biológica de Poço das Antas). Quanto ao número de sementes, a família Melastomataceae (representada pela espécie Miconia cinnamomifolia) apresentou maior densidade, seguida por Asteraceae e Lacistemataceae (Lacistema sp.). A família Melastomataceae constitui um importante grupo em floresta tropical atlântica pela expressiva densidade de indivíduos e riqueza de espécies, especialmente no sub-bosque (Baumgratz 2006). A espécie M. cinnamomifolia produz numerosos frutos pequenos com muitas sementes em um ciclo de duração longa. Outra estratégia dessa espécie é o amadurecimento heterogêneo dos frutos, tanto em relação à copa do indivíduo quanto à inflorescência (Pereira & Mantovani 2001). Dessa forma há uma grande abundância dessas sementes por um longo período de tempo, tendo dessa forma uma boa representatividade na chuva de sementes. Guedes-Bruni (1998) aponta dentre outras, Lacistema pubescens e M. cinnamomifolia como espécies indicadoras de alto grau de alteração dos fragmentos da região, embora o remanescente estudado por esta autora represente um dos mais compatíveis com características de um remanescente bem conservado. 65 Segundo Lima et al. (2006), as áreas mais preservadas na Reserva Biológica de Poço das Antas encontram-se nas encostas de alguns morros e morrotes com maior dificuldade de acesso. Porém com o histórico de exploração de madeira da área para lenha e carvão, é provável que mesmo estes trechos em melhor estado de preservação tenham sofrido perturbações antrópicas. No entanto, os processos sucessionais diferenciados que ocorrem simultaneamente, em escalas temporais, como resposta à interferência nos remanescentes e a heterogeneidade de ambientes, acabam por gerar elevadas riqueza e diversidade de espécies (Guedes-Bruni et al. 2006). A área 1 (trecho de Floresta Ombrófila Densa de encosta), apresentou maior densidade de sementes 19741 (91,39 sementes/m2; 1096,72 sementes/m2/ano, 3,0 sem/m2/dia) em relação às demais áreas do presente estudo, e alta densidade de sementes quando comparada aos resultados de outras áreas. Estudos em florestas tropicais úmidas encontraram uma variação entre 0,55 a 2,68 sementes/m2/dia (Martini & Santos 2007; Rother et al. 2009). Pivello et al. (2006) em área fragmentada, de borda e interior, registraram abundância de 2,63 sementes/m2/dia. Holl (1999) registrou 4,64 sementes/m2/dia. Para florestas estacionais ripárias úmidas os valores de densidades de sementes apresentados foram mais baixos. No interior de florestas estacionais primárias GromboneGuarantini & Rodrigues (2002) registraram 1,25 sementes/m2/dia. Battilani (2010) obteve em floresta ripária sazonal densidade de 1,40 sementes/m2/dia. Em florestas estacionais ripárias secundárias em processo de restauração ecológica, Barbosa & Pizo (2006) e Vieira & Gandolfi (2006) registraram 1,69 sementes/m2/dia e 0,83 sementes/m2/dia respectivamente. Em floresta ripária decídua, Araújo et al. (2004) apresentaram densidade de 0,43 sementes/m2/dia. Esta diferença de resultados corrobora o que foi dito no início do texto, em que a densidade de sementes tende a diminuir nas florestas mais conservadas, primárias, como geralmente é o caso das florestas ripárias com densidades maiores, como é o caso do presente estudo. Então embora as áreas fonte da Reserva consistam em matas secundárias, apresentaram um resultado quanto à abundância de sementes semelhante ou acima do padrão encontrados em outros estudos. As acentuadas diferenças encontradas entre as áreas 1 e 2, apesar de serem adjacentes, se deve provavelmente à localização e à topografia. A área 1 está localizada na 66 encosta, enquanto a área 2 está localizada na várzea, estando separadas pelos rios da Aldeia e Preto. Isso vai determinar um conjunto de diferenças nas características do solo, tais como umidade e disponibilidade de nutrientes, o que irá determinar a composição florística e, num efeito causal, a composição da chuva de sementes. Mantovani (2003) ressalta que pela característica topográfica dessas áreas de baixada, pequenas alterações no relevo condicionam a existência de várzeas, em manchas muito próximas às florestas ombrófilas densas, que formam gradiente crescente de diversidade, resultante de estresses relacionados ao grau e intensidade de encharcamento do solo. Então, compõem um mosaico extremamente fino, de manchas de diferentes biomas, amplificando a diversidade beta destas paisagens. A área estudada (A2) apresentou 56 espécies distribuídas em 18 famílias sendo as mais representadas Fabaceae, Asteraceae, Melastomataceae, Lauraceae, Meliaceae e Sapindaceae. Quanto à densidade, as famílias que se destacaram foram Asteraceae, Lacistemataceae, Melastomataceae, Rhamnaceae e Bignoniaceae. Esta caracterização da chuva de sementes está bem diferente dos padrões descritos de composição e estrutura de floresta aluvial descritos por Lima et al. (2006), em que nas áreas pouco perturbadas predominam espécies de Myrtaceae, Melastomataceae, Palmae, Rubiaceae, Fabaceae, Meliaceae, Urticaceae, Euphorbiaceae, entre outras. Com isso, os resultados refletidos na chuva de sementes do remanescente II remetem a um estádio sucessional menos avançado que Lima et. al. (2006) fisionomicamente descreveram como capoeira aluvial. Esta é, segundo os autores, uma unidade fisionômica resultante de processos naturais de sucessão, após supressão total ou parcial da cobertura arbórea em áreas de floresta aluvial, causada por ações antrópicas, podendo ocorrer árvores remanescentes da vegetação primária. A fisionomia varia conforme o estádio de sucessão e pela intensidade das mudanças ocorridas, principalmente pelas mudanças do regime hídrico. A área 2 apresentou uma riqueza maior que as áreas em estágios mais iniciais de sucessão (A3, A4 e A5), maior porcentagem de espécies secundárias tardias (16,1%) e climáxicas (3,2%) em relação a estas áreas, sendo estas espécies provavelmente representadas por indivíduos que sobreviveram a um distúrbio antrópico anterior, como fogo, por exemplo. 67 Por outro lado, esta mesma área (A2) apresentou a mais baixa densidade de sementes registrada no presente estudo (Figura 21; Tabela 2), o que pode ser explicado por três aspectos complementares: 1) Manutenção de características de uma floresta aluvial mais conservada, mas que com o distúrbio antrópico reiniciou um processo de sucessão, levando a uma densidade mais baixa de sementes em relação às demais áreas. Resultados como a maior porcentagem de sementes anemocóricas registradas (68,8%) em relação aos demais remanescentes bem como elevada densidade de sementes pioneiras anemocóricas (76,5%) sugerem características de estádios iniciais de sucessão (Tabela 2). Comparando com a área 1, esta apresentou alta porcentagem de sementes provenientes de lianas (14,5%), cuja síndrome de dispersão predominante foi a anemocoria, distribuídas em sua maioria na área de borda. 2) A maior porcentagem de sementes anemocóricas registradas (68,8%) em relação às demais áreas, ocorrendo predominantemente na área de borda (ver capítulo 2) pode indicar um efeito negativo desta borda em relação à chegada de animais frugívoros. Características ecológicas de dispersão e regeneração das espécies dominantes em florestas secundárias e em pequenos remanescentes de florestas influem diretamente na abundância de propágulos na chuva de sementes (Penhalber & Mantovani 1997). 3) A baixa resiliência da área, associada a limitantes edáficos (solos aluviais) pode estar dificultando ou impedindo o estabelecimento e avanço de espécies até seu estágio final de desenvolvimento. Estes solos apresentam acidez mais acentuada, provavelmente devido a uma textura mais arenosa, tornando a decomposição da matéria orgânica mais lenta (Siqueira & Moreira 1997 apud Moraes 2005). Para este autor, embora o ambiente de várzea apresente melhores condições edáficas, em relação a nutrientes, que o de encosta, ainda precisa receber intervenções para que haja uma melhora na resiliência dessas áreas de pastagens abandonadas. Com esse retardo no processo de sucessão, pode ser que existam elementos na estrutura da 68 comunidade em estádio juvenil, que ainda não tenham atingido a fase reprodutiva (que poderiam estar somando propágulos à densidade) (Moraes et al. 2006). Barbosa & Pizo (2006) não encontraram influência direta dos parâmetros da vegetação por eles analisados (estrutura e composição) nem da distância dos pontos de coleta até a borda do remanescente. Mas levando em conta as síndromes de dispersão, observaram diferença para sementes dispersas por frugívoros generalistas que apareceu na correlação com a estrutura e composição da vegetação. Diferente das sementes anemocóricas, a abundância e riqueza das sementes dispersas por vertebrados podem ser influenciadas pela abundância e riqueza de plantas nas proximidades. Provavelmente a matriz de pastagem está atuando como barreira para chegada e saída de dispersores. Como a maioria das espécies florestais é dispersa por animais, e estes tendem a evitar lugares muito abertos, especialmente se não forem propícios para sua alimentação ou abrigo. Atualmente, diversos estudos têm ressaltado a importância dos corredores e trampolins ecológicos para permitir o fluxo gênico e a potencialização da regeneração de coberturas vegetais isoladas (Oosterhoorn & Kapelle 2000, Fahrig 2003). Embora a família Melastomataceae tenha sido uma das mais representadas na chuva de sementes na área 2 (Tabela 1), apresentou menor densidade em relação às sementes da família Asteraceae (anemocóricas), que predominou neste fragmento (47,0%) (Tabela 2). Dentre as plantas arbustivas mais comuns destacam-se espécies das famílias Rubiaceae (Psychotria sp) e Melastomataceae (Leandra sp., Clidemia biserrata, Miconia sp., e Tibouchina sp.). Baunmgratz et al. (2006) destacam esta última como a família mais diversificada no sub-bosque, onde está representada por elementos do gênero Clidemia, Leandra, Ossaea, Miconia e Tibouchina. Estes autores destacam que muitas espécies são comuns tanto em morrotes como em áreas alagadas. As sementes provenientes de espécies de forma de crescimento arbustiva corresponderam em 100% à síndrome zoocórica. No entanto essa forma de crescimento apresentou menor densidade de sementes nesta área. A área 3 (A3) representou um estágio inicial de regeneração natural sem intervenção, adjacente às áreas plantadas (A4 e A5), servindo como controle em relação a estas e como área em estágio mais inicial de sucessão em relação às áreas 1 (A1) e 2 (A2). Esta área apresentou baixa riqueza de espécies na chuva de sementes, compatível com início 69 de sucessão (Tabela 1) e uma densidade de 0,84 sementes/m2/dia, ligeiramente superior às áreas 2 e 4 (Tabela 2). Apresenta características semelhantes à área estudada por Vieira & Pessoa (2001) na Reserva Biológica de Poço das Antas, com vegetação predominantemente herbácea, com indivíduos lenhosos distribuídos esparsamente ou em moitas. A vegetação do entorno é também composta por floresta aluvial e estreita faixa de mata ciliar. Estes autores direcionaram o levantamento para vegetação herbáceo/subarbustiva usando a metodologia de pontos. Como também associaram coletas aleatórias a essa metodologia, os resultados de florística puderam ser usados para fins comparativos, excluídas as criptógamas e espécies herbáceas, as quais também foram excluídas do presente estudo. Na chuva de sementes desta área foi registrada a ocorrência de 21 espécies distribuídas em 13 famílias, sendo Asteraceae a mais representada seguida pelas famílias Verbenaceae e Lacistemataceae. Vieira & Pessoa (2001) registraram a ocorrência de 24 espécies (três de forma de crescimento escandente) distribuídas em 14 famílias, sendo as famílias mais representadas Fabaceae e Melastomataceae. No entanto, quanto à densidade da chuva de sementes na área estudada, predominaram as famílias Myrtaceae (46,8%), Verbenaceae (43,3%) e Asteraceae (4,6%). O predomínio de espécies pioneiras e secundárias iniciais (43,8% e 37,5% respectivamente) indica um estágio mais inicial de sucessão. As sementes de espécies pioneiras corresponderam a 49,2% e as de secundárias tardias a 46,8% indicando o papel relevante das duas espécies para a regeneração na área de pastagem, Psidium guineense (Myrtaceae) e Lantana camara (Verbenaceae). Dentre as arbustivas, a síndrome zoocórica predominou em 100% das espécies, especialmente devido à pioneira Lantana camara. Comparando as áreas estudadas, esta apresentou maior densidade de espécies arbustivas (43,4%), o que também caracteriza estágio inicial de sucessão. Moitas de espécies subarbustivas e arbustivas, a exemplo de Clidemia biserrata, C. hirta, L. camara e Miconia staminea, que constituem pequenos agrupamentos de uma ou várias espécies, foram registradas visualmente por Vieira & Pessoa (2001), mas são os elementos lenhosos os principais formadores de moitas. Segundo as autoras, a metodologia adotada não levantou esses dados provavelmente devido a distribuição espacial espaçada dos agrupamentos e a morfologia das espécies. Estas moitas com espécies que frutificam por um 70 longo período e produzem grande quantidade de frutos e sementes, funcionam como trampolins para que os dispersores se desloquem pela área, aumentando a permeabilidade da matriz (Zimmerman et al. 2000, Metzger 2003, Baum et al 2004), além de propiciar sítios favoráveis à germinação e estabelecimento de plântulas (Holl 2002). Alguns resultados apontam que no trecho de coleta (mesmo com a matriz herbácea dominante devido à área de pastagem) possam estar circulando ou transitando dispersores frugívoros, o que pode explicar a densidade relativamente alta de sementes de espécies tardias (46,8%) (Tabela 2). Embora esta categoria tenha sido representada por uma única espécie (Psidium guineense), cujo valor foi induzido pela grande quantidade de sementes por fruto e pela posição do coletor (registrada basicamente em apenas dois coletores), se observou no local, vários indivíduos dessa espécie compondo agrupamentos lenhosos (moitas ou manchas de vegetação) espalhados pela área. Outros resultados como alta densidade de sementes de espécies zoocóricas (95,0%), elevada densidade de sementes de espécies arbóreas e arbustivas zoocóricas (99,8% e 100% respectivamente) (Tabela 2) indicam que a área está avançando no processo de sucessão, atraindo fauna de coberturas vegetais do entorno. A análise indicou diferença significativa quanto à riqueza de espécies para grupo ecológico, ficando registrado o predomínio das espécies pioneiras e secundárias iniciais em relação às climáxicas nas áreas 1 e 2 (Tabela 1). Quanto à densidade de sementes, houve diferença significativa para síndrome de dispersão, hábito e grupo ecológico das espécies. Na área 3 a densidade de sementes de espécies arbustivas (43,4%) foi bem maior em relação à área 1 (não houve registro de sementes de espécies arbustivas) e área 2 (1,3%). Quanto ao número de sementes de espécies zoocóricas, a área 3 apresentou maior densidade de sementes (95,0%) em relação à área 1 (68,0%) e à 2 (31,0%); quanto ao grupo ecológico, apresentou densidades maiores de sementes de espécies pioneiras (49,2%) e secundárias tardias (46,8%) em relação às áreas 1 e 2 (Tabela 2), conforme discutido no parágrafo anterior. Espécies arbustivas, arbóreas e lianas (típicas de florestas secundárias, clareiras e bordas de florestas) geralmente frutificam anualmente, produzem grandes quantidades de sementes pequenas, dispersas pelo vento ou por frugívoros generalistas (Fenner 1985). Estas 71 estratégias de dispersão vão influenciar a composição e densidade de sementes da chuva de sementes, sendo indicativo de estádios mais iniciais de sucessão. Por outro lado, quanto maior número de espécies arbóreas, secundárias tardias e zoocóricas; quanto maior o remanescente e quanto maior o grau de conectividade há indicação de um amadurecimento da comunidade e melhores condições para a fauna dispersora (Oosterhoorn & Kapelle 2000, Fahrig 2003). Nesta situação, na chuva de sementes será registrada maior proporção de sementes arbóreas em relação a arbustivas, sementes de tamanhos maiores, de espécies tardias e uma densidade total mais baixa, indicando estádios mais avançados de sucessão. As áreas 3, 4 e 5 estão muito próximas entre si, o que pode explicar a ausência de diferenças significativas entre os remanescentes na densidade relativa média de sementes coletadas. No entanto, os dados indicaram diferenças significativas entre estes remanescentes quanto ao grupo ecológico. O teste do qui-quadrado apontou algumas diferenças quanto ao estágio sucessional que provavelmente são mais perceptíveis quando incluímos o compartimento borda e interior, tema abordado no capítulo 2 dessa dissertação. Quanto à riqueza de espécies em relação ao grupo ecológico, que foi a categoria que diferiu significativamente no teste qui-quadrado, a área 4 apresentou maior porcentagem de espécies pioneiras (62,5%) e nenhuma espécie secundária tardia foi registrada em relação às áreas 3 e 5. Ainda apresentou maior porcentagem de espécies secundárias iniciais em relação à área 5. Já esta área (A5) apresentou porcentagem de espécies secundárias iniciais mais próxima à área 2 e maior porcentagem de espécies secundárias tardias em relação às áreas 3 e 4. Provavelmente essas características de grupo ecológico aproximaram mais a área 5 da área 2. O predomínio da síndrome zoocórica nessas três áreas (A3, A4 e A5), na maioria das categorias de grupo ecológico, indica estar havendo prosseguimento do processo de sucessão, possivelmente graças a presença de frugívoros generalistas. Geralmente nos estádios iniciais de sucessão predominam frutos e sementes pequenas (< 0,6 cm) (Tabarelli & Peres 2002). Os autores observaram que frutos das famílias Melastomataceae, Rubiaceae, Lacistematataceae e Myrsinaceae, características de florestas secundárias em estágios iniciais de sucessão, são consumidos por pequenos pássaros. No 72 presente estudo foram registradas como mais abundantes, dentre as zoocóricas, as famílias Melastomataceae e Lacistemataceae, além da Verbenaceae que também produzem frutos com estas características. Galindo-González et al. (2000) destacaram a importância dos pássaros e morcegos como dispersores em áreas de pastagem porque dispersam sementes de espécies pioneiras e primárias (árvores, arbustos, herbáceas), conectando remanescentes e mantendo a diversidade das plantas. Já os frutos das famílias Myrtaceae e Lauraceae são maiores (> 1,5 cm), dispersados por vertebrados maiores e relacionados a florestas mais maduras (Tabarelli & Peres 2002). Estas famílias, dentre outras, foram registradas como as mais representadas na área 1 (Myrtaceae) e na área 2 (Lauraceae), consideradas estágios de sucessão mais avançados sob o aspecto de fisionomia de vegetação no presente estudo. Alguns fatores relacionados à paisagem podem limitar a chegada de propágulos, como a disponibilidade de sementes, especialmente em áreas cuja distância das fontes das mesmas pode limitar este aporte (Holl 2002). O número, de sementes e de espécies na chuva de sementes e no banco de sementes no solo, diminui com a distância de florestas secundárias adjacentes (Zimmerman et al. 2000). Pode haver outras barreiras que limitam este aporte de propágulos. Moraes (2005) observou na Reserva Biológica de Poço das Antas que o aporte de sementes em plantio na várzea foi 25% maior que em um plantio na encosta, no qual 98% das sementes pertenciam à espécie anemocórica Gochnatia polymorpha. A chuva de sementes estava relacionada à estrutura da vegetação, com uma baixa riqueza de espécies relacionada a fatores limitantes do solo. A presença de árvores, seja em plantios, em grupos, em linhas ou em forma isolada, pode contribuir para recuperar condições favoráveis ao processo de regeneração de espécies arbóreas (Holl et al. 2000, Holl 2002). Indivíduos arbóreos atraem dispersores frugívoros, o que aumenta a freqüência de chegada de sementes, acelerando o processo de sucessão quando comparado com áreas adjacentes de pastagem abertas (Zamora & Montagnini 2007). Estes autores também observaram que a maioria das sementes coletadas em áreas de plantio pertenciam a espécies heliófilas relacionadas a estágios iniciais de sucessão, e que nas áreas de pastagem as sementes eram predominantemente menores que nas áreas de plantio. Além disso, as áreas de pastagem mais distantes de áreas fonte eram dominadas por 73 gramíneas e herbáceas, ao contrário das áreas controle próximas às manchas de vegetação, indicando que áreas plantadas com espécies nativas podem acelerar ou catalisar processos de sucessão secundária. De acordo com Moraes et al. (2006), o rápido crescimento das várias espécies, a exemplo daquelas introduzidas nos plantios de restauração nas áreas 4 e 5, pode possibilitar o controle da população de espécies herbáceas invasoras e facilitar o estabelecimento do processo de sucessão. O modelo de sucessão adotado para os plantios mostrou-se igualmente eficiente, pois o sombreamento promovido pelas espécies de rápido crescimento (pioneiras e secundárias iniciais) favoreceu o estabelecimento e o desenvolvimento de espécies tardias, mais longevas, aumentando a probabilidade de permanência do sistema implantado naturalmente. Em estudo comparativo da regeneração natural em áreas de sucessão mais avançadas com a regeneração nas áreas plantadas, Sansevero (2008) corroborou o sucesso desses plantios (áreas 4 e 5) na regeneração de áreas de pastagem nas baixadas. O incremento de novas espécies em ambos os estratos do plantio confirmou a capacidade das áreas reflorestadas atuarem como catalisadores, acelerando o processo de sucessão ecológica. Na área 4 (plantio 10 anos) foi registrada a ocorrência de dez espécies na chuva de sementes que não haviam sido utilizadas no modelo do plantio quando este foi implantado: cinco espécies zoocóricas arbóreas, uma espécie zoocórica arbustiva, uma espécie anemocórica arbórea, duas espécies anemocóricas com forma de crescimento indeterminada e uma espécie anemocórica liana, ou seja, um total de dez espécies além das quatorze plantadas originalmente (Tabela 5). 74 Tabela 5 – Comparação das espécies ocorrentes e identificadas na chuva de sementes da área 4 com as espécies arbóreas utilizadas no modelo do plantio. * espécies ocorrentes na chuva de sementes não utilizadas no modelo de plantio. Z = espécie zoocórica; A = espécies anemocórica; A = espécie arbórea; AB = espécies arbustiva; L = espécies lianas; I = espécie indeterminada. Espécies utilizadas no plantio em agosto de 1999/área 4 – plantio 10 anos Espécies ocorrentes na chuva de sementes (A4) Anacardiaceae Schinus terebinthifolius Raddi Bignoniaceae Tabebuia cassinoides (Lam.) DC. Cannabaceae Trema micrantha (L.) Blume Caricaceae Jaracatia spinosa (Aubl.) A.DC. Clusiaceae Calophyllum brasiliensis Cambess. Euphorbiaceae Alchornea triplinervia (Spreng.) Müll.Arg. Fabaceae Copaifera langsdorfii Desf. Inga edulis Mart. Asteraceae Asteraceae 1 * (A) ( I ) Asteraceae 2 * (A) ( I ) Fabaceae Inga edulis (Vell.) Mart. Malvaceae Pseudobombax grandiflorurm (Cav.) A. Robyns Melastomataceae Miconia prasina (SW) DC. * (Z) (A) Miconia serrulata (DC) Naudin * (Z) (A) Tibouchina granulosa (Desr.) Cogn. * (A) (A) Inga laurina (Sw.) Willd. Mimosa bimucronata (DC.) Kuntze Malvaceae Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A.Robyns Meliaceae Guarea guidonia (L.) Sleumer Phyllanthaceae Margaritaria nobilis L.f. Verbenaceae Citharexylum myrianthum Cham. Meliaceae Guarea guidonia (L.) Sleumer Myrsinaceae Myrsine coriacea (Sw.) R.Br. ex Roem. & Schult. * (Z) (A) Siparunaceae Siparuna sp. * (Z) (A) Urticaceae Cecropia sp. * (Z) (A) Verbenaceae Citharexylum myrianthum Cham. Lantana camara L. * (Z) (AB) Violaceae Anchietea pyrifolia (Mart.) G.Don * (A) (L) 75 Na área 5 (plantio 12 anos) foi registrada a ocorrência de onze espécies na chuva de sementes que não haviam sido utilizadas no modelo do plantio quando este foi implantado: cinco espécies zoocóricas arbóreas, duas espécies zoocóricas arbustiva, uma espécie anemocórica arbórea, duas espécies anemocóricas com forma de crescimento indeterminada e uma espécie anemocórica liana, ou seja, um total de dez espécies além das dez plantadas originalmente (Tabela 6). Tabela 6 – Comparação das espécies ocorrentes e identificadas na chuva de sementes da área 5 com as espécies arbóreas utilizadas no modelo do plantio. * espécies ocorrentes na chuva de sementes não utilizadas no modelo de plantio. Z = espécie zoocórica; A = espécies anemocórica; A = espécie arbórea; AB = espécies arbustiva; L = espécies lianas; I = espécie indeterminada. Espécies utilizadas no plantio em maio Espécies ocorrentes na chuva de sementes (A5) de 1996/ área 5 – plantio 12 anos Anacardiaceae Schinus terebinthifolius Raddi Bignoniaceae Sparattosperma leucanthum (Vell.) K.Schum. Fabaceae Inga edulis (Vell.) Mart Lonchocarpus cultratus (Vell.) A.M.G.Azevedo & H.C.Lima Mimosa bimucronata (DC.) Kuntze Malvaceae Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A.Robyns Meliaceae Guarea guidonea (L.) Sleumer Melastomataceae Tibouchina granulosa (Desr.) Cogn. Solanaceae Cestrum axillare Vell. Asteraceae Asteraceae 1 * (A) ( I ) Asteraceae 2 * (A) ( I ) Bignoniaceae Sparattosperma leucanthum (Vell.) K.Schum. Handroanthus heptaphyllus Mattos * (A) (A) Fabaceae Inga edulis (Vell.) Mart Mimosa bimucronata (DC.) Kuntze Malvaceae Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A.Robyns Meliaceae Guarea guidonea (L.) Sleumer Melastomataceae Clidemia biserrata DC. * (Z) (AB) Miconia prasina (SW) DC. * (Z) (A) Miconia serrulata (DC) Naudin * (Z) (A) Tibouchina granulosa (Desr.) Cogn. Meliaceae Guarea guidonea (L.) Sleumer 76 Verbenaceae Citharexylum myrianthum Cham. Myrsinaceae Myrsine coriacea (Sw.) R.Br. ex Roem. & Schult. * (Z) (A) Myrtaceae Myrtaceae * (Z) (A) Rhamnaceae Reissekia sp. * (A) (L) Siparunaceae Siparuna guianensis Aubl. * (Z) (A) Verbenaceae Citharexylum myrianthum Cham. Lantana camara L. * (Z) (AB) Proporcionalmente, a chuva de sementes indica um maior incremento na riqueza de espécies para a área 5, que dobrou o número de espécies em relação à época do plantio (Tabela 6), além de estar atraindo maior número de espécies zoocóricas. O registro de espécies secundárias tardias na chuva de sementes nesta área é um indicativo de que esta estrutura pode estar funcionando ligeiramente melhor que a da área 4. Provavelmente a menor densidade no plantio da área 5 (2000 indivíduos/ha) comparada à da área 4 (2500 indivíduos/ha) resultou em melhores condições para o ingresso e estabelecimento de novos indivíduos. Outro fator a ser considerado é que a área 5 tem mais dois anos no histórico de sucessão em relação a área 4. De fato, a chuva de sementes refletiu a composição e estrutura da vegetação nos plantios e, considerando a riqueza média das espécies ocorrentes na chuva de sementes, a área 5 está mais próxima da área 2 (um estágio mais avançado) (Figura 20; Tabela 3). Já a área 4 está mais próximo da área 3 (área em estágio mais inicial de sucessão). 77 Conclusões Quanto à riqueza de espécies, os resultados confirmaram a hipótese de que o número de espécies aumenta conforme aumenta o tempo histórico de sucessão, considerando as fisionomias da paisagem em que não houve intervenção (áreas 1 – 50 anos, 2 - 30 anos e 3 – matriz de pastagem). No entanto, quanto à abundância de sementes não houve o padrão esperado, já que na área 2 foi registrada menor abundância de sementes em relação às demais áreas. A chuva de sementes refletiu a composição e estrutura da vegetação das diferentes fisionomias florestais estudadas, desde que levados em consideração (1) quanto à riqueza: o grupo ecológico das espécies ocorrentes na chuva de sementes e, (2) quanto à abundância: as síndromes de dispersão, a forma de crescimento e o grupo ecológico das espécies. (p < 0,0001 para estas categorias). Os resultados mostraram que há diferença entre as áreas quanto à síndrome de dispersão, forma de crescimento e grupo ecológico na chuva de sementes coletada. Justamente esta diferença permitiu a caracterização da chuva de sementes nos diferentes históricos de sucessão. Dentre as áreas selecionadas, a área 1 representou a fisionomia com cobertura florestal mais antiga e conservada, e a área 2 representou um histórico médio de sucessão com uma riqueza intermediária. Embora a densidade de sementes tenha sido mais baixa que na área 3, as características analisadas (forma de crescimento, síndrome de dispersão e grupo ecológico) indicaram um distúrbio recente nesta fisionomia. A área 3 representou o estágio mais inicial de sucessão, com cobertura herbácea predominando, com baixa riqueza de espécies e principalmente o predomínio de espécies pioneiras e de sementes de espécies arbustivas. A presença predominante de espécies arbóreas zoocóricas, arbustivas zoocóricas e a ocorrência de uma espécie secundária tardia, cuja densidade de sementes no remanescente é relativamente alta, sugerem estar havendo trânsito de dispersores frugívoros nesta área, o que é muito positivo sob o ponto de vista de regeneração natural da região de estudo. 78 Quanto às áreas plantadas, como a chuva de sementes reflete a composição e estrutura da vegetação, permite inferir sobre o desenvolvimento do processo de sucessão, sendo bom indicador para acompanhar este processo. Referências Bibliográficas Alves, S. L.; Zaú, A. S.; Oliveira, R. R.; Lima, D. F.; Moura, C. J. R. 2005. Sucessão florestal e grupos ecológicos em Floresta Atlântica de encosta, Ilha Grande, Angra dos Reis, RJ. Revista Universidade Rural: Série Ciências da Vida 25(1): 26-32. EDUR, Seropédica, RJ. Araújo, R. S. 2002. 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Nas tabelas constam os pontos com as coordenadas geográficas aleatorizadas. Já nas Áreas 4 e 5 as parcelas foram sorteadas, aproveitando o modelo dos plantios. (A) Coordenadas dos coletores na Área 1 (A1) Interior 0 1 2 3 4 5 6 7 8 X 780582 780400 780329 780451 780463 780313 780422 780598 780302 Borda Y 7507390 7507405 7507374 7507411 7507403 7507390 7507381 7507360 7507355 0 1 2 3 4 5 6 7 8 X 780342 780509 780526 780673 780471 780377 780226 780322 780503 Y 7507288 7507449 7507437 7507432 7507447 7507304 7507390 7507448 7507337 89 (B) Coordenadas dos coletores na Área 2 (A2) Interior Borda X Y X 0 780583 7507713 0 780402 1 780508 7507692 1 780599 2 780556 7507643 2 780544 3 780499 7507698 3 780608 4 780481 7507723 4 780425 5 780552 7507711 5 780560 6 780468 7507692 6 780635 7 780584 7507652 7 780482 8 780616 7507649 8 780418 Y 7507734 7507752 7507753 7507588 7507741 7507611 7507634 7507749 7507704 90 (C) Coordenadas dos coletores na Área 3 (A3) o X Y 0 779896 7508279 1 779806 7508323 2 779877 7508325 3 779834 7508270 4 779838 7508266 5 779805 7508308 6 779853 7508264 7 779900 7508333 8 779902 7508325 9 779815 7508286 10 779802 7508298 11 779852 7508330 12 779829 7508303 13 779905 7508279 14 779894 7508336 15 779905 7508275 16 779860 7508312 17 779893 7508293 91 Área 4 (Plantio 10 anos, próximo à Área 3 – matriz de pastagem) (D) ___________________ 200 m x 50 m _____________________________________________>> >>>>> * B3 B2 I 1 B5 I4 B6 I 6 I 5 B1 I 2 I 8 I 7 I3 B4 B7 I 9 B9 B8 * Parcelas de 10m x 10m Área 5 (Plantio 12 anos) (E) ____________________________________________ 200 m x 50 m _____________________<<<<<<< B 9 B 6 I 7 B 8 I 8 I9 * B 7 B 5 B 3 I 6 I 2 I 5 I 4 B 2 I 1 I 3 B 4 B 1 * Parcelas de 10m x 10m 92 Anexo 2 – Espécies ocorrentes na chuva de sementes das áreas 1, 2, 3, 4 e 5. Forma de crescimento (FC): A = arbórea, AB = Arbustiva, L = liana e I = indeterminada. Síndrome de dispersão (SD): Z = zoocórica, A = anemocórica, AU = autocórica e I = indetreminada. Grupo ecológico (GE): PI = pioneira, SI = secundária inicial, ST= secundária tardia, C = clímax e NC = não classificada. FAMÍLIA/ESPÉCIE Annonaceae Guatteria sellowiana Schltdl. Xilopia sericea A.St.-Hil. Annona dolabripetala Raddi Apocynaceae Forsteronia pilosa (Vell.) Müll.Arg. Arecaceae Astrocaryum aculeatissimum (Schott) Burret Asteraceae Asteraceae1 Asteraceae 2 Asteraceae 3 Asteraceae 4 Bignoniaceae Fridericia sp. Sparattosperma leucanthum (Vell.) K.Schum. Handroanthus heptaphyllus Mattos Tabebuia serratifolia (Vahl) G.Nichols. Clusiaceae Calophyllum brasiliense Cambess. Symphonia globulifera L.f. Combretaceae Combretum fruticosum (Loefl.) Stuntz Dioscoreaceae Dioscorea sp. Euphorbiaceae Mabea fistulifera Mart. Mabea piriri Aubl. Senefeldera verticillata (Vell.) Croizat Fabaceae Fabaceae 2 Fabaceae 3 A1 FC SD GE X A Z SI X A Z SI X A Z ST L A NC A Z SI X A2 A3 A4 A5 X X X X X X X I A PI X X X X X I A PI I A PI I A PI X X X X L A NC X A A SI X A A ST A A SI X A Z ST X A Z ST X L Z NC L A NC X A AU PI X A Z SI X A Z SI X A I NC X A I NC X X X X X X X X 93 Myrocarpus frondosus Allemão Dalbergia lateriflora Benth. Albizia polycephala (Benth.) Killip ex Record Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F.Macbr. Lonchocarpus cultratus (Vell.) A.M.G.Azevedo & H.C.Lima Pterocarpus rohrii Vahl Fabaceae 6 Inga edulis Mart. Mimosa bimucronata (DC.) Kuntze Lacistemataceae Lacistema sp. Casearia sylvestris Sw. Lamiaceae Aegiphila integrifolia (Jacq.) Moldenke Vytex polygama Cham. Lauraceae Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer Ocotea sp. Cinnamomum triplinerve (Ruiz & Pav.) Kosterm. Malpiguiaceae Stigmaphyllon sp. Malvaceae Ceiba erianthos (Cav.) K.Schum. Ceiba sp. Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A.Robyns Melastomataceae Clidemia biserrata DC. Melastomataceae 1 Miconia cinnamomifolia (DC.) Naudin Miconia prasina (Sw.) DC. Miconia serrulata (DC.) Naudin Tibouchina granulosa (Desr.) Cogn. Meliaceae Guarea guidonia (L.) Sleumer Trichilia martiana C.DC. Myrsinaceae Myrsine coriacea (Sw.) R.Br. ex Roem. & Schult. Myrtaceae X X A A ST X L Z NC X A AU PI X A A SI X A AU SI X A A ST X A I NC X X A Z PI X A AU PI X A Z SI X A Z PI AB Z SI A Z SI X A Z ST X A Z ST A Z ST L A NC X A A SI X A A NC X A A SI X AB Z PI X AB Z PI X A Z SI X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X A Z PI X X A Z SI X X A A PI X X A Z SI A Z CL A Z SI X X 94 Myrtaceae 1 X A Z ST Eugenia pisiformes Cambess. Eugenia 1 Eugenia 2 Myrtaceae 2 Myrtaceae 3 (p) Psidium guineense Sw. Nyctagenaceae Andradaea floribunda Allemão Peraceae Pogonophora schomburgkiana Miers ex Benth. Pera heteranthera (Schrank) I.M.Johnst. Phyllanthaceae Margaritaria nobilis L.f. Rhamnaceae X A Z ST A Z ST A Z ST Reissekia sp. X Rubiaceae Coussarea nodosa (Benth.) Müll.Arg. Sapindaceae Cupania racemosa (Vell.) Radlk. Paullinia trigonia Vell. Serjania sp. Siparunaceae Siparuna guianensis Aubl. Siparuna sp. Urticaceae Cecropia sp. Verbenaceae Citharexylum myrianthum Cham. Lantana camara L. Violaceae Anchietea pyrifolia (Mart.) G.Don X X X A Z ST A Z ST A Z ST X A A SI X A Z SI X A Z PI A Z PI L A NC X A Z ST X A Z SI X L Z NC X L A NC X X X X X X X X X X X A Z SI X X A Z SI X A Z PI X X A Z PI X X X AB Z PI X X L A NC 95 Capítulo II Influência do efeito de borda sobre a chuva de sementes em diferentes fisionomias florestais na Reserva Biológica de Poço das Antas, RJ Resumo Uma das conseqüências da fragmentação de habitats é a criação de bordas abruptas entre os remanescentes isolados e o entorno desflorestado que o cerca. O aumento dessas áreas causa uma série de mudanças no micro-clima e no solo, que levam a mudanças nas comunidades biológicas, afetando vários processos ecológicos, dentre eles o de regeneração natural das florestas. Em relação à vegetação, ocorrem alterações em sua estrutura e composição, resultando muitas vezes em diminuição de riqueza e diversidade e que vai alterar profundamente a produção, a dispersão e o aporte de propágulos (via chuva de sementes). Diante disso, o presente estudo teve como objetivo avaliar se a chuva de sementes pode indicar a intensidade do efeito de borda em diferentes fisionomias florestais em planície costeira do estado do Rio de Janeiro. Para tanto, foram selecionadas quatro áreas representando diferentes fisionomias florestais secundárias, nas quais foi coletada a chuva de sementes em área de borda e interior de outubro de 2006 a setembro de 2008. Em cada área foram instalados nove coletores, totalizando uma área amostral de 4,5 m2 de borda e 4,5 m2 de interior e mais 9 m2 referente à área controle, na matriz de pastagem. Foi avaliado se havia diferenças entre borda e interior em cada área quanto à abundância e composição das espécies e quanto aos atributos forma de crescimento, síndrome de dispersão e grupo ecológico. Os resultados demonstraram não haver diferença significativa quanto à composição e abundância de espécies entre borda e interior nas áreas 1, 2 e 4, assim como quanto aos atributos forma de crescimento, síndrome de dispersão e grupo ecológico das espécies. A área 5 foi a única que apresentou uma diferença entre borda e interior, pela elevada abundância da família Melastomataceae no interior da mesma. Sem considerar a posição borda e interior, os resultados quanto aos atributos apontaram diferença entre os remanescentes. A análise comparando a composição de espécies da borda e do interior de todas as áreas juntas mostrou que as bordas são semelhantes aos seus respectivos interiores. Então as fisionomias de vegetação secundária selecionadas na área se encontram com alto grau de degradação, provavelmente relacionado ao histórico de sucessão (temporal e tipo de perturbação). Palavras-chave: chuva de sementes, efeito de borda, regeneração natural, Mata Atlântica, fisionomias florestais secundárias 96 Abstract One of the consequences of habitat fragmentation is the creation of sharp edges between the isolated remaining and the deforested environment that surrounds it. The increase in these areas causes a series of changes in microclimate and soil, leading to changes in biological communities, affecting various ecological processes, including the natural regeneration of forests. Regarding vegetation, changes occur in their structure and composition, often resulting in a decrease in richness and diversity that will profoundly alter the production, dispersal and propagule supply (via seed rain). Thus, the present study aimed to evaluate if the seed rain can indicates the intensity of edge effect in different forest physiognomies in the coastal plain of the state of Rio de Janeiro. Four areas were selected representing different physiognomies of secondary vegetation, where the seed rain was collected in border and interior areas from October 2006 to September 2008. In each area, nine collectors were installed, with a total sample area of 4.5 m2 in the edge and 4.5 m2 in the center. The control area in pastures had 9m2 of sampling area. We evaluated whether there were differences between edge and center of each area in the abundance and species composition as well as in the attributes such as habits, dispersal syndrome and ecological group. The results showed no significant difference regarding the composition and abundance of species between edge and center in the areas 1, 2 and 4, as well as in the attributes habit, dispersal syndrome and ecological group of species. The area 5 was the only one that showed a difference between edge and center and this was probably due to the high abundance of Melastomataceae in its interior. Without considering the edge and center position, the results pointed differences in attributes among the areas. The analysis comparing the species composition in the edge and in the center of all areas showed that the edges are similar to their respective centers. Then the secondary vegetation physiognomies selected in the area are under a high degree of degradation, probably related to the history of succession (temporal and type of disturbance). Key words: seed rain, edge effect, natural regeneration, Atlantic Forest, secondary forest physiognomies 97 Introdução Uma das conseqüências da fragmentação de habitats, além do isolamento de remanescentes florestais, é a criação de bordas abruptas entre estes e o entorno desflorestado que o cerca. Quanto mais extensa a área dessas bordas, ou seja, quanto maior a proporção da borda exposta a outros habitats em relação à área de interior dos mesmos, mais chance há que componentes florísticos da paisagem circundante passem a ser uma característica dominante e que a influência do efeito de borda torne-se extensiva sobre estes (Kapos et al., 1997). Nessas bordas ocorre uma série de mudanças no microclima e no solo, que levam a mudanças nas comunidades biológicas, afetando vários processos ecológicos (Fox et al. 1997, Fahrig 2003) sendo denominadas efeitos de borda. Em resposta a esses efeitos, a estrutura e composição da vegetação na borda são diferentes quando comparadas às da floresta de interior (Oosterhoorn & Kappelle 2000) Diversos estudos têm demonstrado que há uma redução no recrutamento de árvores em conseqüência de alterações na chuva de sementes e dessecação de habitats, o que diminui a ocorrência de prováveis sítios favoráveis à germinação de sementes e estabelecimento de plântulas, além de danos causados a estas pela queda de serrapilheira e de árvores próximo das bordas (Bruna 1999, Melo 2004). Também há maior mortalidade de juvenis pela competição com lianas, plantas trepadeiras e ruderais, além do aumento de mortalidade de indivíduos adultos pela exposição de raízes e quedas de árvores próximas à borda (Tabarelli et al. 2004). O efeito de borda influencia a chuva de sementes tanto na composição de espécies quanto na abundância, já que esta depende diretamente e em maior proporção da própria estrutura da vegetação (Pivello et al. 2006), especialmente em áreas fragmentadas, onde o isolamento e barreiras comuns às áreas de pastagem são mais difíceis de serem superadas. Com isso a chuva de sementes pode ser um indicador do grau em que o efeito de borda está atuando em determinado remanescente e quais fatores limitantes, relacionados ao aporte e dispersão de propágulos estão atuando no processo de regeneração natural do mesmo. Muitas das alterações ambientais decorrentes da criação das bordas podem diminuir de intensidade após cinco anos, já que os fragmentos são tamponados por vegetação secundária (Gascon et al. 2000). Esta vegetação irá amenizar os impactos ambientais 98 (reduzindo a incidência de ventos, amenizando alterações no micro-clima e no solo), permitindo o restabelecimento da regeneração natural direcionada para a estrutura da vegetação anterior, caso a matriz seja permeável e favoreça os processos naturais de sucessão. Por outro lado, se a matriz for mais impermeável e sofrer constantes distúrbios antrópicos, poderá haver um tamponamento com efeito negativo, pois espécies associadas às áreas perturbadas presentes na mesma podem invadir esses remanescentes, especialmente as bordas florestais (Tabarelli et al. 1999, Tabarelli et al. 2004) e, dependendo do uso do solo (pastagem ou floresta secundária), a matriz poderá ampliar o efeito de borda (Mesquita et al. 1999). A diversidade de espécies nas bordas pode variar fortemente entre os fragmentos devido a sua estrutura e o seu grau de isolamento, geralmente sendo negativa a relação entre diversidade de espécies e grau de isolamento. É possível haver diferenciação na utilização de bordas por espécies, ou as bordas podem ter propriedades seletivas, inibindo a dispersão de algumas espécies e facilitando a de outras (Metzger 2000). Outro aspecto a ser considerado quando analisamos áreas de borda é o tamanho do remanescente. As bordas de remanescentes grandes (maiores que 10 ha) têm composições de espécies diversas das bordas de fragmentos menores (Rodrigues 1998) Como resultado do isolamento do remanescente e do efeito de borda, pode haver mudanças na composição e estrutura da comunidade: diminuição de espécies típicas do interior da floresta (secundárias tardias ou tolerantes à sombra), das espécies dispersas por animais, incremento das espécies de clareiras e de espécies competidoras, como lianas, bambus e herbáceas (Benitez-Malvido & Martinez-Ramos 2003, Tabarelli et al. 1999). A chuva de sementes pode refletir as mudanças estruturais que estejam ocorrendo na vegetação, podendo com isso ser um indicador do grau de perturbação da vegetação bem como do estádio de sucessão em que determinada vegetação se encontra, quando se tem referências históricas e de florestas mais conservadas para comparação. Rozza et al. (2007), em estudo de floresta semi-decídua em Campinas, registrou uma elevada presença de lianas que funcionavam como barreira para a chegada de propágulos trazidos por frugívoros através da fauna dispersora. 99 Espera-se que a riqueza de espécies arbóreas em pequenos fragmentos e em bordas de florestas apresente acentuada diferença em relação a florestas contínuas (Fox et al. 1997). Oliveira et al. (2004), analisando borda e interior em remanescente de floresta Atlântica submontana em Alagoas, encontrou resultados significativos para grupo ecológico: a proporção de espécies arbóreas pioneiras foi o dobro na borda que no interior e as emergentes equivaleram a apenas 1/3 na borda em relação às ocorridas no interior. Não houve diferença quanto à proporção de espécies dispersas por vertebrados e nem ao tipo de fruto (em toda área predominaram baga e drupa). No entanto o tamanho de fruto e sementes diferiu significativamente, predominando frutos grandes e largos no interior, assim como sementes maiores em relação à borda. Uma das estratégias para se minimizar os efeitos de borda é o aumento da permeabilidade funcional da matriz, o que permite fluxo em maior ou menor grau das espécies entre os remanescentes isolados (Metzger 2003). Uma das práticas mais utilizada é a criação, através de plantios ou conservação de remanescentes, de corredores de vegetação, e, em menor escala, de pontos de ligação através de poleiros artificiais ou árvores isoladas na matriz que induzem à formação de pequenas manchas de vegetação, e funcionando como trampolins para a fauna dispersora (Baum et al. 2004). A eficácia dessa estratégia irá depender do grau de resistência da matriz em que estão inseridos. Matas secundárias permitem maior movimentação de animais devido à similaridade com a vegetação dos remanescentes, enquanto áreas de pastagem tendem a impedir a passagem de grande parte da fauna florestal (Baum 2004, Tabarelli & Gascon 2005). Os animais que dispersam árvores e arbustos (pássaros e morcegos em sua maioria) evitam áreas abertas para se protegerem dos predadores, especialmente se na matriz não houver atração para esses frugívoros (Howe & Smallwood 1982) Teoricamente, as espécies de interior (restritas às condições ambientais que existem na área interna do remanescente) são excluídas das bordas, por competição, pelas espécies adaptadas a este tipo de habitat. O efeito de borda pode elevar a taxa de mortalidade de indivíduos adultos (Laurance et al. 2000), especialmente as espécies sensíveis à fragmentação. Por outro lado, espécies adaptadas às perturbações antrópicas, principalmente árvores e arbustos pioneiros, tenderão a dominar os fragmentos. 100 Esta extinção de espécies e incremento de espécies pioneiras sugere que remanescentes pequenos com maior razão borda-interior e circundado por uma matriz agressiva, com pressão antrópica, tenderão a ter menor riqueza de espécies do que aqueles em situação inversa (Tabarelli et al. 2004). Por causa dos processos relacionados ao efeito de borda, várias espécies arbóreas tolerantes à sombra ou secundárias tardias, emergentes e de sementes grandes são consideradas sensíveis à borda e espera-se que sua abundância diminua nessa área (Tabarelli et al. 2004). Por outro lado, espécies pioneiras, com ciclo de vida curto, tendem a se beneficiar da fragmentação de habitat, e sua abundância aumenta nos pequenos remanescentes (Mesquita et al. 1999, Tabarelli et al. 1999). Isso leva a uma expectativa de que poderá existir diferença marcante entre os grupos de espécies arbóreas que ocorrem nos pequenos remanescentes e áreas de bordas, e os de florestas contínuas mais preservadas e de interior de remanescentes maiores, em termos de riqueza e diversidade de espécies (Fox 1997). Enfocando essa diferença entre borda e interior tem-se que as espécies pioneiras estão relacionadas mais às áreas de borda (Oliveira et al. 2004, Pivello et al.2006) e que, em florestas tropicais, a síndrome de dispersão anemocórica está ligada geralmente à essas espécies iniciais (Harper 1977, Van der Pijl 1982, Martínez-Ramos & Soto-Castro 1993), às espécies do dossel, bem como às lianas (Howe & Smallwood 1982) típicas de bordas e clareiras (Oosterhoorn & Kapelle 2000, Fahrig 2003). Já a síndrome zoocórica é predominante em florestas tropicais (Morellato & LeitãoFilho 1992), podendo uma espécie generalista atrair animais de espécies, habitats, tipos e tamanhos distintos (Silva 2003). No entanto sabe-se que o tamanho dos propágulos tende a ser menor na borda que no interior dos remanescentes, já que a densidade de vertebrados dispersores em áreas fragmentadas encontra-se reduzida, especialmente na borda dos pequenos remanescentes (Melo & Tabarelli 2003, Melo 2004). As espécies tardias, com sementes maiores, estão mais relacionadas com áreas de interior e de remanescentes mais conservados (Melo 2004). A estrutura da vegetação e o histórico de perturbação (histórico de sucessão) são fatores principais para a determinação de padrões quanto ao hábito, síndrome de dispersão e 101 grupo ecológico das espécies que compõem a chuva de sementes do que fatores relacionados à paisagem como conectividade e permeabilidade da matriz (Pivello et al. 2006). Diante do exposto acima, o presente estudo tem como objetivo avaliar se a chuva de sementes pode indicar a intensidade do efeito de borda em diferentes fisionomias florestais de planície costeira do estado do Rio de Janeiro, na Reserva Biológica de Poço das Antas. Para tanto objetiva mais especificamente: (1) Verificar se existe diferença significativa na composição e abundância da chuva de sementes entre os compartimentos borda e interior dentro das áreas 1, 2, 4 e 5. (2) Verificar se há diferença significativa entre borda e interior quanto ao hábito, síndrome de dispersão e grupo ecológico, em relação à riqueza e densidade da chuva de sementes nas áreas selecionadas. (3) Avaliar se existe diferença significativa na composição e abundância da chuva de sementes dos compartimentos borda e interior entre as Áreas 1, 2, 4 e 5. (4) Averiguar o quanto cada área avançou no processo de sucessão, se existe diferença na composição e abundância da chuva de sementes do compartimento interior entre as áreas e se há correlação dessas variáveis com a forma de crescimento, síndrome de dispersão e grupo ecológico das espécies. Metodologia Amostragem Para amostragem da chuva de sementes foram instalados coletores circulares com área interna de 0,5 m2, confeccionados com tela de nylon (malha 1,0 mm) e bojo com profundidade de 20,0 cm, suspensos a 90,0 cm do solo, a fim de evitar a coleta de espécies herbáceas. Nas áreas selecionadas, a área de amostragem foi dividida em área de borda (B) (10,0 m a partir da borda) e área de interior ( I ) (a partir desses 10m para o centro da área selecionada). Em cada uma dessas áreas foram aleatorizados nove pontos, onde os coletores foram posicionados. As bordas das áreas eram delimitadas por vegetação herbácea (capim ou samambaia), estrada e rio. Apenas a área 3 não foi incluída nas análises já que a mesma se 102 trata de uma área de pastagem com pequenas moitas de vegetação espaçadas, não havendo distinção de área de borda e de interior. Nas áreas de plantio (Áreas 4 e 5) os coletores foram distribuídos em parcelas sorteadas aleatoriamente, aproveitando o modelo de plantio já instalado. Embora o tamanho e forma do plantio (200 m x 50 m) indicassem um completo efeito de borda, foram observadas diferenças na estrutura da vegetação, como a presença de capim e de lianas nas áreas mais abertas e maior adensamento de sub-bosque nas áreas centrais destes plantios. Então estas áreas também foram divididas em área de borda e de interior, sendo sorteadas nove parcelas em cada, para instalação dos coletores. Em cada área foram instalados nove coletores, totalizando uma área amostral de 4,5 2 m de borda e 4,5 m2 de interior (18,0 m2 de borda e 18,0 m2 de interior). A chuva de sementes foi coletada mensalmente por um período de dois anos, iniciado em outubro de 2006 a setembro de 2008. Os propágulos foram secados em temperatura ambiente e acondicionados para posterior identificação em pequenos sacos plásticos com data, número da área, número do coletor e local (se de borda ou interior). Somente aquelas provavelmente viáveis (sem sinal de predação ou cujos frutos e sementes não estejam vazios) e maiores que 1,0 mm foram consideradas para análise (GromboneGuarantini & Rodrigues 2002). Identificação Para identificação das espécies foram utilizadas chaves embasadas na morfologia de frutos e sementes (Barroso et al. 1999), comparação do material triado com fotografias e/ou desenhos esquemáticos (Barroso et al. 1984, Lorenzi 1992, Barroso et al. 1999), comparação com material em frutificação do Herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB) e, por último, confirmação com especialistas do Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro. A listagem de espécies vasculares da área de estudo (Lima et al. 2005) e o banco de dados do RB foram referências adicionais que auxiliaram na determinação do material coletado. Paralelamente foram feitas coletas de material em frutificação de indivíduos arbóreos e arbustivos ao redor dos coletores, para identificação e comparação com o material coletado da chuva de sementes. 103 Com base na morfologia do fruto e/ou semente, no conhecimento da espécie obtidos a partir da literatura (Silva 2003, Lorenzi, 1992, Barroso et al. 1999) e nas observações de campo, as espécies identificadas na chuva de sementes foram classificadas quanto à forma de vida (se árvore, arbusto ou lianas), quanto à síndrome de dispersão (se zoocórica, anemocórica ou autocórica) (Van der Pijl 1982) e quanto ao grupo ecológico em pioneiras, secundárias iniciais, secundárias tardias e climáxicas (Budowisk 1965, Leitão-Filho 1993, Ferreti et al. 1995). A nomenclatura das espécies foi atualizada segundo o sistema de classificação APG II (APG II 2003), consultado na Lista de Espécies da Flora do Brasil (Forzza et al. 2010). Análise dos dados Os dados analisados referem-se ao total de sementes registradas nos compartimentos borda e interior das áreas 1, 2, 4 e 5, com nove coletores em cada compartimento (n = 36 para cada compartimento), em freqüência mensal durante dois anos (24 coletas). A chuva de sementes foi avaliada em relação à composição de espécies e a abundância de sementes. Os valores foram transformados em logaritmo na base 10. Então foi utilizada uma técnica de ordenação denominada escalonamento multidimensional (MDS) (Legendre & Legendre 1998), usando o índice de Bray-Curtis (no caso de abundância das espécies) para avaliar a similaridade entre borda e interior dentro das áreas e entre as áreas. As unidades amostrais foram os 18 coletores em cada área selecionada e as somas dos coletores localizados na borda e no interior de cada área, respectivamente. O MDS consiste em agrupar as unidades amostrais (nesse caso os coletores) quanto à similaridade, num espaço bidimensional. Devido à redução para dois eixos de dados (índice de Bray-Curtis) que estão num espaço n-dimensional, o resultado gera uma distorção quanto aos dados originais. Essa distorção é medida no MDS pelo “stress”. Quanto mais alto o valor do stress, mais distante o resultado está dos dados originais. 104 Para avaliar se no espaço bidimensional gerado pelo MDS os coletores se separavam quanto a sua localização na borda ou no interior foi realizada uma análise de variância (ANOVA) entre o primeiro ou o segundo eixo do MDS. Uma ANOVA de dois fatores foi utilizada para avaliar se havia diferença quanto à forma de crescimento, à síndrome de dispersão e ao grupo ecológico das abundâncias das espécies entre borda e interior de cada área. O modelo utilizado considerou um dos fatores (forma de crescimento, síndrome de dispersão ou grupo ecológico), a posição do coletor (borda ou interior) e a interação entre esses dois fatores, como apresentado no exemplo abaixo: log da abundância = constante+Forma de crescimento+Posição+Foma de crescimento*Posição As síndromes de dispersão das sementes observadas foram comparadas entre as áreas pelo teste Qui-quadrado. O mesmo teste foi utilizado para comparar a forma de crescimento e o grupo ecológico das espécies entre as áreas. Em todos os casos, as análises foram feitas tanto para riqueza relativa das espécies quanto para abundância das sementes. Todas as análises foram realizadas no programa Systat 11. 105 Resultados e discussão Comparação da chuva de sementes ocorrente na área de borda e de interior nas áreas selecionadas Área 1 Quanto à riqueza da chuva de sementes foram registradas 43 espécies na borda, e 46 espécies no interior. Quanto ao número de sementes, na borda foram registradas 17993 sementes ou 91,15% do total coletado. No entanto 12134 sementes (61,47%) corresponderam à espécie Miconia cinnamomifolia (DC.) Naudim, responsável por essa discrepância (“outlier”) no resultado de densidade de sementes e que pôde ser observado no gráfico mostrando a similaridade entre os coletores de borda e interior (Figura 1). A chuva de sementes quanto à composição e abundância de sementes não diferiu significativamente entre a área de borda e de interior na Área 1 (ANOVA, N = 18; F = 3,219; p = 0,092), considerada a fisionomia florestal mais conservada. 2 I 1 B MDS2 I I I B B B B I 0 I I I B -1 -3 B -2 -1 MDS1 0 B I B 1 Figura 1 – Ordenação dos coletores quanto à composição e a abundância de sementes na chuva de sementes na Área 1 (MDS - stress 0.190). A letra B indica os coletores da borda e a letra I indica os coletores do interior. 106 A elevada abundância da espécie Miconia cinnamomifolia indica que esta é uma área de floresta secundária, o que corrobora uma situação mais similar quanto à composição de espécies entre borda e interior. Segundo Lima et al. (2006), nas áreas de encosta da Reserva Biológica de Poço das Antas, principalmente em florestas secundárias em estádio médio a avançado de sucessão, uma das espécies que se sobressai dentre as dominantes é a M. cinnamomifolia, refletindo o histórico de perturbação, já que no passado recente houve retirada seletiva de madeira para produção de carvão, conforme indicado por resquícios de fornos de barro usado para queima da madeira, ainda encontrados no local (observação pessoal). Segundo Pereira & Mantovani (2001), esta espécie fornece à comunidade florestal, uma longa safra de frutos de sementes viáveis em diferentes estágios de maturação, repondo ainda recursos alimentares para uma avifauna muito diversa. Entre as dez espécies identificadas ocorrentes somente na área de borda da Área 1, cinco eram pioneiras ou secundárias iniciais, uma era liana, três eram secundárias tardias e uma não pôde ser classificada. Entre as dezesseis espécies identificadas ocorrentes somente na área de interior, sete eram secundárias tardias, quatro eram pioneiras ou secundárias iniciais, três eram lianas e duas não puderam ser classificadas. Ou seja, as espécies características de borda foram distribuídas por todo o remanescente sem uma diferença marcante, assim como as espécies típicas de interior, o que está em consonância com os resultados da ANOVA. Quando se analisou a abundância de sementes em relação aos atributos hábito, síndrome de dispersão e grupo ecológico das espécies, não houve distinção entre área de borda e interior nesta Área (Figura 2). 107 10 10 b i 8 7 6 5 4 3 2 1 0 bi i i ib i bbi bbi i bbi ii b bi bbi bb ii bbi i i bibb bi i i ibi ibi AR b 9 Número de sementes (Ln) Número de sementes (Ln) 9 b i i bb b bbb iiii IND b i 8 7 6 5 bb ii i i ibb bi bb b i b i bbb ibi i 4 3 2 1 0 LI ANE Forma de crescimento bi i ii b i i AU IND SINDROME i i bi bb ii b bib bbbi bib i i i ibibi i ZOO 10 b Número de sementes (Ln) 9 b i 8 7 6 5 4 3 i 2 1 0 b CL i i bb b i bbbb iiiii b bb ii i i i i i ibb bibb i b bb bi i b NC PI SI Grupo Ecológico bi i i b i bi bbi b i i i ibi ST Figura 2 - Número de sementes (em ln) coletadas na borda e no interior por forma de crescimento, síndrome de dispersão e grupo ecológico de uma fisionomia florestal secundária de encosta (A1) na Reserva Biológica de Poça das Antas, RJ. Legenda: AR = árvores; IND = indeterminadas; LI = lianas. ANE = anemocóricas; AU = autocóricas; IND = indeterminadas; ZOO = zoocóricas e CL = climáxicas; NC = não classificadas; PI = pioneiras; SI = secundárias iniciais; ST = secundárias tardias A análise de variância para dois fatores não foi significativa para os atributos síndrome de dispersão e grupo ecológico (F = 1,672; p = 0,176 e F = 0,790; p = 0,534, respectivamente). Ou seja, as interações esperadas entre os fatores síndrome de dispersão x 108 posição e grupo ecológico x posição não foram observadas. Nem mesmo os efeitos da síndrome de dispersão ou grupo ecológico na abundância foram observados para esta Área. No entanto, a análise de variância apresentou diferença significativa quanto ao atributo forma de crescimento das espécies ocorrentes na chuva de sementes na Área 1 (F = 9,850; p < 0,001), independentemente da posição de área de borda ou interior (Tabela 1). Tabela 1 – Resultado da análise de variância (ANOVA) com dois fatores entre borda e interior com relação à forma de crescimento das espécies ocorrentes na Área 1. O negrito indica um resultado significativo (p < 0,05). Fonte Posição Forma de crescimento (FC) Posicao*FC Erro Soma dos Quadrados 0.122 88.200 0.312 429.829 GL Quadrado Médio F P 1 0.122 0.041 0.840 3 29.400 9.850 0.000 3 0.104 0.035 0.991 144 2.985 Esta diferença significativa quanto à forma de crescimento corroborou o resultado apresentado no capítulo I, em que as espécies arbóreas são dominantes na chuva de sementes (73,9% das espécies e 69,3% das sementes). Não houve registro de espécies arbustivas na chuva de sementes desta área. Outro aspecto que deve ser levado em consideração é a largura do remanescente. Embora este represente uma área maior que 150 ha, no topo do morrote há uma área de vegetação herbácea dominada por samambaias em oposição à base limitada pelo rio, resultando em uma área de vegetação de encosta com aproximadamente 250 m de largura. Estudos têm demonstrado que a proporção área de borda/área de interior pode variar conforme a largura do remanescente. Laurance (1991) propôs 300 m de entrada de efeito de borda e, posteriormente, Laurance et al. (1998) apresentaram uma perspectiva de que o efeito de borda pode penetrar no mínimo 100 m em direção ao interior da área. Então, nesse aspecto, esta área se caracteriza como borda em sua extensão. Por outro lado, Metzger (1998), estudando remanescentes às margens do rio JacaréPepira, não conseguiu atestar efeito direto da largura em relação à composição da vegetação, relacionando mais às condições hidromórficas do local. Provavelmente, no presente estudo, a estreita faixa de vegetação, aliada a um solo pobre em matéria orgânica e outros componentes 109 químicos (Moraes 2005, Sansevero 2008) pode estar agindo como fator limitante para o estabelecimento e crescimento de novas espécies. Área 2 Mesmo com resultados próximos, quanto à composição de espécies e abundância de sementes, na área de borda ocorrendo 37 espécies e 1799 sementes e na de interior 39 espécies e 1355 sementes, a área 2 apresentou uma aparente distinção entre a área de borda e área de interior (Figura 3), tendo como referência o segundo eixo do MDS, na composição de espécies e abundância de sementes da chuva de sementes nas respectivas áreas. No entanto o resultado da ANOVA com o segundo eixo demonstrou não haver diferença significativa (F = 3,490; p = 0,08) entre essas duas áreas. 2 I 1 MDS2 I B B B B B 0 B B B I B I I I -1 I I -2 -2 -1 0 MDS1 I 1 2 Figura 3 – Ordenação dos coletores quanto à composição e a abundância de sementes na chuva de sementes na área 2 (MDS - stress 0,222). A letra B indica os coletores da borda e a letra I indica os coletores do interior. No entanto o resultado da ANOVA marginalmente significativo e os dados obtidos indicam que há uma tendência a diferenciação entre as mesmas, podendo ser considerado que 110 há uma nucleação nesta área, indicado pela presença de indivíduos arbóreos remanescentes de uma floresta aluvial pretérita (Lima et al. 2006 e capítulo 1). A estrutura desta área reflete o histórico de sucessão e ainda está sujeita às alterações do regime hídrico, ou seja, mesmo não havendo impactos negativos, o processo de regeneração natural e de sucessão se dá de forma mais lenta nesta fisionomia florestal. Metzger et al. (1997) sugeriram que a estrutura florística de matas de várzea pode ser determinada pela influência do alagamento e pelo histórico de sucessão após distúrbio, mas não pela largura do remanescente. A remoção periódica da serrapilheira e do banco de sementes pelo regime hídrico, atua sobre as sementes e recrutamentos de plântulas, e conseqüentemente, na seleção de espécies que sobrevivem nessas áreas (Rodrigues 1992). As espécies que caracterizam áreas alagadiças (Inga affinis e Mimosa bimucronata, por exemplo) são altamente adaptadas às condições hidromórficas, ao contrário de áreas com influência menos acentuada do regime fluvial como a área do presente estudo, que favorecem a presença de espécies secundárias, ocorrendo maior diversidade (Metzger et al. 1997). Estas áreas são geralmente afetadas pela abundância de espécies pioneiras e secundárias que crescem após distúrbio. A dinâmica acelerada, devido a altas taxas de recrutamento e crescimento de espécies pioneiras, pode exercer uma pressão ecológica contra espécies vegetais associadas a estágios mais avançados de sucessão e favorecer espécies colonizadoras das fases iniciais desse processo (Sizer & Tanner 1999). No presente estudo foi registrada uma grande abundância de sementes de espécies anemocóricas (66, 74%) e de sementes de espécies características de estágios iniciais de sucessão, incluindo pioneiras e secundárias iniciais (72,7%) para esta área, conforme descrito no capítulo 1. O crescimento de diferentes espécies em cada remanescente está relacionado às condições espaciais no momento do distúrbio como o estado do banco de sementes e a chegada de sementes das áreas vizinhas, e, do período de tempo desde o último distúrbio (Guevara & Laborde 1993, Metzger et al. 1997). Por isso o peso do fator histórico de sucessão. Na área 2 houve um predomínio da forma de crescimento arbórea (p < 0,001), mas não houve efeito de interação entre a forma de crescimento e a posição (p = 0,931) (Tabela 2 e Figura 4). 111 Tabela 2 – Resultado da análise de variância (ANOVA) com dois fatores entre borda e interior com relação à forma de crescimento das espécies na Área 2. O negrito indica um resultado significativo (p < 0,05). Fonte Posição Forma de crescimento (FC) Posicao*FC Erro 0.523 53.942 0.956 30.533 6 ib 5 b i i bi i 4 3 2 ib 1 0 AB bi i i ib i bb b i ibb bi ib bibi i GL Quadrado Médio F P 1 0.523 0.243 0.623 3 17.981 8.365 0.000 3 0.319 0.148 0.931 144 2.150 7 b i bi b b bi i ibi AR IND LI Forma de HABITO crescimento Número de sementes (Ln) Número de sementes (Ln) 7 Soma dos Quadrados 6 5 4 3 2 1 0 b ib i bi i b i i bi i b bb bi b b bibi ANE ib i bi i i ib i b b i ibb ii i AU IND SINDROME ib ZOO 112 Número de sementes (Ln) 7 b 6 bi i 5 4 i bi 3 b 2 1 0 ib i b b bi i ibi i CL i i ib b b i ii b i bbb bi ibi b b i i bi NC PI SI Grupo Ecológico ST Figura 4 - Número de sementes (em ln) coletadas na borda e no interior por forma de crescimento, síndrome de dispersão e grupo ecológico de uma fisionomia florestal aluvial (A2) na Reserva Biológica de Poça das Antas, RJ. Legenda: AR = árvores; IND = indeterminadas; LI = lianas. ANE = anemocóricas; AU = autocóricas; IND = indeterminadas; ZOO = zoocóricas e CL = climáxicas; NC = não classificadas; PI = pioneiras; SI = secundárias iniciais; ST = secundárias tardias O predomínio da forma de crescimento arbórea na chuva de sementes da Área 2 e a baixa densidade de sementes de espécies arbustivas refletem uma proximidade a um estágio de sucessão mais avançado. Em situação de borda predominariam espécies arbóreas e arbustivas secundárias iniciais (Oosterhoorn & Kappelle 2000). A análise de variância para esta área demonstrou não haver diferença significativa quanto à abundância de sementes entre área de borda e interior. No entanto, quando considerada a abundância de sementes na Área 2, independente da posição, quanto ao atributo forma de crescimento o resultado foi altamente significativo (p = 0,001) (Tabela 2). Provavelmente o resultado significativo quanto à forma de crescimento foi influenciado pelas baixas abundâncias de espécies arbustivas (ver capítulo 1). 113 Embora haja um predomínio de espécies arbóreas nesta área, espécies arbóreas tardias podem estar sendo excluídas da área de borda, visto a baixa densidade de sementes dessas espécies (9,38%) (ver capítulo 1). Melo & Tabarelli (2003) apontam a competição com espécies de estádios iniciais de sucessão e baixa freqüência dessas espécies na chuva de sementes, pela redução da densidade de agentes dispersores vertebrados como fatores limitantes para recrutamento das mesmas. Segundo Melo (2004) as sementes de espécies tardias, de estádios de sucessão mais avançados, conseguem germinar e se estabelecer nas áreas de borda. O fator limitante predominante apontado pelo autor foi a não-chegada dessas sementes maiores na área de borda. A ocorrência, mesmo que em baixa densidade de sementes dos gêneros Ocotea (Lauraceae) e Eugenia (Myrtaceae), dentre mais alguns, na chuva de sementes, indica a presença de indivíduos arbóreos remanescentes, pois estas são espécies tardias de estádios mais avançados de sucessão. Quanto ao atributo grupo ecológico nesta área, não houve uma clara distinção entre borda e interior (Tabela 3). Entre as sete espécies ocorrentes somente na área de borda, quatro eram secundárias iniciais, duas eram secundárias tardias e uma era liana; entre as espécies ocorrentes somente na área de interior, quatro eram pioneiras ou secundárias iniciais, duas eram secundárias tardias, três eram lianas e uma não pôde ser classificada quanto ao grupo ecológico. Tabela 3 – Resultado da análise de variância (ANOVA) com dois fatores entre borda e interior com relação ao grupo ecológico das espécies na Área 2. Fonte Posição Grupo ecológico (GE) Posicao*GE Erro Soma dos Quadrados 1.441 1.645 4.339 358.447 GL 1 4 4 142 Quadrado Médio 1.441 0.411 1.085 2.524 F P 0.571 0.451 0.163 0.957 0.430 0.787 A baixa densidade total de sementes poderia estar ligada a uma estrutura e composição de estádios mais maduros de sucessão, quando as espécies pioneiras e iniciais com produção numerosa de sementes tendem a diminuir (Oosterhoorn & Kappelle 2000). No 114 entanto, as espécies mais abundantes registradas na chuva de sementes desta área pertencem à família Asteraceae, provavelmente espécies ruderais que estão invadindo e, às espécies secundárias iniciais zoocóricas (Casearia sylvestris e Miconia cinnamomifolia), produtoras de grande número de frutos e sementes. Conforme discutido anteriormente, este incremento de espécies pioneiras pode resultar em uma menor riqueza para remanescentes pequenos rodeados por matriz agressiva (Tabarelli et al. 2004). Também houve diferença significativa no atributo síndrome de dispersão (Tabela 4), o que pode ter sido influenciada pelas elevadas densidades de espécies anemocóricas. Isso indica que os distúrbios sofridos pela área estão permitindo o ingresso de prováveis espécies ruderais ou de estágios iniciais de sucessão, o que pode estar servindo como uma barreira para o ingresso e estabelecimento de espécies tardias, seja pela competição ou pelas características da área, que podem ser pouco atrativas para a fauna dispersora (Oliveira et al. 2004). Tabela 4 – – Resultado da análise de variância (ANOVA) com dois fatores entre borda e interior com relação à síndrome de dispersão das espécies na Área 2. O negrito indica um resultado significativo (p < 0,05). Fonte Posição Síndrome Posicao*Síndrome Erro Soma dos Quadrados 0.270 26.214 0.293 337.924 GL 1 3 3 144 Quadrado Médio 0.270 8.738 0.098 2.347 F 0.115 3.724 0.042 P 0.735 0.013 0.989 Área 4 (plantio 10 anos) A chuva de sementes quanto à composição junto com abundância de sementes, não diferiu significativamente entre a área de borda e de interior nesta área (F = 0,072; p = 0,792) (Figura 5). De um total de 4226 sementes, 3071 sementes foram coletadas na borda e 1155 no interior. Esta discrepância de valores quanto à abundância foi influenciada pelo gênero Cecropia, com 2039 sementes (48,25% do total de sementes) registradas em um único 115 coletor na borda. Além dessa espécie, as que apresentaram maiores abundâncias foram Tibouchina granulosa (1004 sementes), Guarea guidonia (225 sementes) e Inga edulis (114 sementes). 1 B I B I B B B I I I I I MDS 2 0 I B -1 B I B -2 -2 B -1 0 MDS 1 1 2 Figura 5 – Ordenação dos coletores quanto à composição e a abundância de sementes na chuva de sementes na Área 4 (MDS - stress 0.155). A letra B indica os coletores da borda e a letra I indica os coletores do interior. Quanto à riqueza, ocorreram 13 espécies na área de borda e 13 espécies na área de interior. As duas espécies identificadas ocorrentes somente na borda eram pioneiras (Lantana camara e Citharexylum mirianthum). Já duas espécies identificadas ocorrentes somente na área de interior (Anchietea pyrifolia e Miconia prasina), eram uma não classificada quanto ao grupo ecológico (liana) e uma pioneira, respectivamente. Embora não tenha havido distinção entre as áreas de borda e interior (Figura 5), a análise de variância apresentou resultado altamente significativo para o atributo grupo ecológico das espécies quando independente da posição nesta área (Tabela 5). 116 Tabela 5 – Resultado da análise de variância (ANOVA) com dois fatores entre borda e interior com relação ao grupo ecológico das espécies na Área 4. O negrito indica um resultado significativo (p < 0,05). Fonte Posição Grupo ecológico (GE) Posicao*GE Erro 0.007 46.200 0.053 249.058 i 6 5 bb 4 b iiii bi i 3 b i 2 0 b AB Quadrado Médio 0.007 11.550 0.013 1.754 8 b 7 1 GL 1 4 4 142 i b i b b bib AR IND HABITO Forma de crescimento i LI Número de sementes (Ln) Número de sementes (Ln) 8 Soma dos Quadrados 7 F P 0.004 0.951 6.585 0.000 0.008 1.000 b i 6 5 4 3 2 1 0 b b i b iiii bi i bb i b i i b b bib ANE ZOO SINDROME Síndrome 117 Número de sementes (Ln) 8 b 7 i 6 b b 4 ib ii ii bi 3 i b i b b i 5 2 1 0 i b b NC b bi PI SI ST Grupo Ecológico Figura 6 – Número de sementes (em ln) coletadas na borda e no interior por forma de crescimento, síndrome de dispersão e grupo ecológico da área de plantio (10 anos) (A4) na Reserva Biológica de Poça das Antas, RJ. Legenda: AR = árvores; IND = indeterminadas; LI = lianas. ANE = anemocóricas; AU = autocóricas; IND = indeterminadas; ZOO = zoocóricas e CL = climaxicas; NC = não classificadas; PI = pioneiras; SI = secundárias iniciais; ST = secundárias tardias Este resultado provavelmente foi influenciado pelo grande numero de sementes da espécie pioneira Cecropia sp em um único coletor na borda e pelo reduzido número de sementes da espécie Anchietea pyrifolia, liana não classificada (Figura 6) quanto ao grupo ecológico. Mesmo com características similares à de uma área de borda, há uma dominância de sementes e de riqueza de espécies pioneiras zoocóricas, indicando que o plantio está atraindo fauna dispersora, especialmente quando observamos maiores freqüências das espécies Guarea guidonia e Myrsine coriaceae e o recrutamento e estabelecimento de novas espécies (capítulo 1). Além disso, a presença dessas espécies na área de pasto adjacente indica que o plantio pode estar servindo como uma das fontes de sementes para colonização dessa área. A eficácia de corredores e trampolins em conectar remanescentes isolados aumenta de acordo com o grau de permeabilidade da matriz (Beier & Noss 1998, Metzger 2003). 118 Na chuva de sementes coletada nesse plantio foi registrada maior proporção de espécies pioneiras em relação aos grupos ecológicos relacionados aos estágios de sucessão mais avançados (capítulo 1). Provavelmente este resultado está relacionado com as espécies selecionadas para o plantio e a um maior adensamento de indivíduos arbóreos, demonstrando que a composição e estrutura da vegetação influenciam diretamente e em maior grau a composição e abundância da chuva de sementes que fatores externos como conexão e proximidade de remanescentes (Barbosa & Pizo 2006, Pivello et al. 2006). Segundo Sansevero (2008), esta área está mais próximo a uma fonte de propágulos que a área 5, cujos resultados indicaram um maior avanço no processo de sucessão em relação à área 4. Área 5 (plantio 12 anos) Nesta área foi registrado um total de 6245 sementes, pertencentes a 21 espécies e 11 famílias. Na área de borda foram registradas 1461 sementes e 14 espécies, enquanto no interior foram registradas 4784 sementes e 17 espécies. Em termos de riqueza de espécies não houve diferença acentuada, estando uma maior diferença relacionada à abundância de sementes. Entre as três espécies identificadas ocorrentes somente na borda, uma era secundária inicial (Siparuna guianensis) e duas secundárias tardias (Handroanthus heptaphyllus e outra da família Myrtaceae). Entre as cinco espécies identificadas ocorrentes somente na área de interior, quatro eram pioneiras (Clidemia biserrata, Mimosa bimucronata, Lantana camara, Inga edulis) e a outra, secundária inicial (Miconia serrulata). As espécies que apresentaram maiores abundâncias foram Miconia serrulata (2260 sementes), Reissekia sp (1686 sementes), Tibouchina granulosa. (1396 sementes), Asteraceae 1 (265 sementes), Miconia prasina (155 sementes) e Pseudobombax grandiflorum (149 sementes). O MDS indicou que houve uma tendência das áreas de borda se separem das áreas de interior, quando analisado o segundo eixo da ordenação (Figura 7). A análise de variância indicou diferenças significativas nos valores do eixo 2 entre áreas de borda e interior (F = 8.684; p = 0.009), que podem ser explicadas pelo maior abundância de sementes no interior do plantio, principalmente de espécies da família Melastomataceae com elevada produção de 119 sementes, como T. granulosa, M. prasina e M. serrulata. Esta espécie apresentou uma elevada abundância e ocorreu exclusivamente em área de interior. Outras espécies, como Clidemia biserrata e Inga edulis, também foram exclusivas de interior. As espécies exclusivas das áreas de borda do plantio apresentaram valores mais baixos de abundância de sementes, o que também pode ter contribuído para este resultado. 1 I B B I I B I B B MDS 2 0 I I I I I B B -1 B B -2 -2 -1 0 MDS 1 1 2 Figura 7 – Ordenação dos coletores quanto à composição e a abundância de sementes na chuva de sementes na Área 5 (MDS - stress 0.185). A letra B indica os coletores da borda e a letra I indica os coletores do interior. A tendência a uma diferenciação entre borda e interior indica um maior avanço no processo de sucessão deste plantio em relação à Área 4 e que o modelo deste plantio funcionou mais eficazmente para acelerar o processo de regeneração natural e potencializá-lo via chuva de sementes ao facilitar o recrutamento de um maior número espécies não plantadas. Conforme descrito em Sansevero (2008) e discutido no capítulo I, o número de espécies plantadas (10) foi menor que na área 4 (14), mas foi obtido um número maior de espécies recrutadas (10) distribuídas entre espécies arbóreas, arbustivas e lianas. Provavelmente o espaçamento 2,5 x 2,0 e menor densidade de plantio (2000 indivíduos/ha) 120 em relação à Área 4 favoreceu o estabelecimento de novos indivíduos, que ultrapassaram barreiras como competição por espaço, luz e nutrientes. Em relação aos atributos forma de crescimento e síndrome de dispersão das espécies não houve diferença significativa (F = 2,243; p = 0,086 e F = 2,113; p = 0,101, respectivamente). No entanto o resultado foi significativo para grupo ecológico (Tabela 6). Provavelmente este resultado foi influenciado pela baixa abundância de secundárias tardias (Figura 8). Embora tenha sido registrada baixa abundância de secundárias tardias, o registro dessas espécies na chuva de sementes indica que sementes estão chegando via dispersores (espécies da família Myrtaceae) e que o plantio está atraindo frugívoros de áreas adjacentes. Tabela 6 – Resultado da análise de variância (ANOVA) com dois fatores entre borda e interior com relação ao grupo ecológico das espécies na Área 5. O negrito indica um resultado significativo (p < 0,05). Fonte Posição Grupo ecológico (GE) Posicao*GE Erro Soma dos Quadrados 0.092 31.278 1.745 346.486 GL 1 4 4 142 Quadrado Médio 0.092 7.819 0.436 2.440 F P 0.038 0.846 3.205 0.015 0.179 0.949 121 7 b 5 i bi b i bb 4 3 2 0 i i i bi ibb b i b b i AR IND Forma de crescimento HABITO 5 Número de sementes (Ln) 6 b i bb 3 i 2 1 b 0 ANE i i bbi i ib i AU ZOO SINDROME Síndrome i i b i b 5 ii b 4 bb bi i bb 3 i i 2 i ib i i 1 0 i i b bi b 4 LI 8 7 ii b b 6 ib AB i 7 i i 6 1 8 i Número de sementes (Ln) Número de sementes (Ln) 8 i b b b NC PI SI ST Grupo Ecológico Grupo ecológico Figura 8 – Número de sementes (em ln) coletadas na borda e no interior por forma de crescimento, síndrome de dispersão e grupo ecológico da área de plantio (12 anos) (A5) na Reserva Biológica de Poça das Antas, RJ. Legenda: AR = árvores; IND = indeterminadas; LI = lianas. ANE = anemocóricas; AU = autocóricas; IND = indeterminadas; ZOO = zoocóricas e CL = climáxicas; NC = não classificadas; PI = pioneiras; SI = secundárias iniciais; ST = secundárias tardias 122 Comparação entre as áreas O resultado da análise de escalonamento multidimensional usando o índice de distância de dissimilaridade Bray-Curtis para comparar os valores de composição e abundância das sementes (transformados em logaritmo na base 10 e com stress = 0.039), entre os remanescentes, demonstrou que não há diferença entre as áreas de borda e interior dos mesmos (Figura 9). A área 3 foi incluída representando o estágio mais inicial de sucessão. As bordas são semelhantes aos seus respectivos interiores quanto à composição de espécies ocorrentes na chuva de sementes. As áreas 4 e 5 são as mais semelhantes entre si. 1.0 3 0.5 1I MDS2 4B 1B 4I 0.0 5I 5B -0.5 2B 2I -1.0 -2 -1 0 MDS1 1 2 Figura 9 – Gráfico mostrando a dissimilaridade quanto à composição de espécies e abundância de sementes entre as áreas. O resultado demonstra que as áreas de vegetação secundária selecionadas não apresentaram distinção entre borda e interior, provavelmente pelo estado de degradação das mesmas, provavelmente relacionado aos seus respectivos históricos de sucessão (temporal e tipo de distúrbio). Moraes (2005) aponta a pastagem abandonada e fogo como barreiras à regeneração natural na Reserva Biológica de Poço das Antas. 123 Pivelo et al. (2006), estudando a influência de alguns parâmetros sobre a chuva de sementes em área fragmentada, com remanescentes similares em tamanho e estrutura da vegetação, aos daqui estudados, encontraram situações semelhantes entre borda e interior para os menores (4,75 ha e 5,48 ha) e uma situação bem definida entre borda e interior no remanescente grande (175 ha). O pequeno tamanho torna a estrutura da vegetação mais homogênea, fazendo com que não seja possível identificar a presença de uma área nuclear. Esta situação tem sido observada para pequenos remanescentes (< 10 ha) (Oosterhoorn & Kapelle 2000). Em estudo sobre o efeito do tamanho do remanescente sobre a composição e estrutura de guildas de espécies arbóreas, Tabarelli et al. (1999) relacionaram os menores (5 ha e 10 ha) com maior proporção de espécies heliófilas e de espécies de dossel dispersas por meios abióticos (anemocórica ou por balística). Essas espécies vão diminuindo em importância à medida que o tamanho do remanescente aumenta. Os autores também registraram um considerável número de espécies ruderais coletadas em todos os remanescentes por eles amostrados, mas que prevaleceram nos menores remanescentes, predominando a dispersão abiótica (52%). Esta riqueza está correlacionada negativamente com o tamanho do remanescente. Dessas espécies, as espécies ou gêneros ruderais ou pioneiras oportunistas encontrados na chuva de sementes do presente estudo foram Cecropia sp., Asteraceae 1 (provavelmente Vernonia), Asteraceae 2, (provavelmente Gochnatia polymorpha), Piptadenia gonoacantha, Myrsine coriacea e Aegephilla integrifolia. Somado a isso, algumas espécies pertencentes a gêneros também registrados por Tabarelli et al. (1999) também foram encontradas neste estudo, tais como os gêneros Lantana, Tibouchina, Dalbergia, Psidium, Lonchocarpus, todos ligados às áreas em estágios iniciais de sucessão (áreas 2, 3, 4 e 5) e predominante na área de borda da área 1. Estudos têm apontado que o fator mais influente na determinação dos padrões da chuva se sementes é a estrutura da vegetação. Pivelo et al. (2006) encontraram uma oposição entre os efeitos de conectividade e estrutura da vegetação. O padrão da chuva de sementes coletado em um remanescente pequeno isolado estava mais próximo do grande que o pequeno conectado a este por um corredor. Esta forte influência da estrutura da vegetação foi 124 corroborada no presente estudo, com resultados muito próximos entre borda e interior (Figura 9). Segundo Oliveira et al. (2004), o efeito de borda pode penetrar um fragmentos até entre 100 m a 200 m em direção ao interior do remanescente, divergindo de Laurance (1991) que havia proposto até 300 m. Resultados apresentados por estes autores indicaram que a borda e interior de florestas são habitats diferentes em termos de riqueza de espécies arbóreas, diversidade de espécies, composição ecológica e composição taxonômica. O interior conserva uma rica gama de espécies arbóreas, em sua maioria, tolerantes à sombra (tardias) e espécies emergentes (algumas dessas espécies, de sementes grandes e exclusivas de interior, podem ser raras em nível local ou regional). Já a área de borda tem uma gama empobrecida de espécies arbóreas adaptadas aos distúrbios ali ocorridos. Além das alterações comumente consideradas para explicar estas diferenças, tais como redução no recrutamento de plântulas pelo dessecamento de habitats e mortalidade de indivíduos arbóreos adultos, Melo (2004) sugeriu que alterações na chuva de sementes alóctones (vindas de outros remanescentes) podem reduzir a freqüência e abundância de sementes maiores de espécies arbóreas na borda, mudando drasticamente a composição de espécies nesse habitat. Segundo este autor, essas sementes germinariam e se estabeleceriam melhor no ambiente de borda que no ambiente de interior, indicando a não chegada dessas sementes na borda. Por outro lado, esta situação de borda propicia a invasão de espécies ruderais, oportunistas que favorecidas pela predominância da dispersão anemocórica podem ocupar as pequenas clareiras em direção ao interior do remanescente, e acentuar barreiras à regeneração e estabelecimento de espécies dispersas por grandes vertebrados (Tabarelli, 1999). 125 Conclusões Não houve diferença significativa, quanto à composição e abundância de sementes, entre área de borda e interior nas áreas 1, 2 e 4. Quanto aos atributos hábito, síndrome de dispersão e grupo ecológico das espécies, não houve diferença significativa entre borda e interior. Na área 5, embora o resultado tenha sido significativo, foi resultado de uma intervenção na área de pastagem há 12 anos que demonstra estar dando resultados positivo quanto ao ingresso de novas espécies conforme apresentado no capítulo I. Houve diferença na composição e abundância da chuva de sementes das áreas de borda x interior entre as áreas 1, 2, 4 e 5, mostrando que as áreas são distintas quanto a estas características. No entanto as áreas de bordas são similares com as respectivas áreas de interior de cada área selecionada, demonstrando acentuado grau de degradação nas diversas fisionomias de vegetação da Reserva Biológica de Poço das Antas. As áreas 4 e 5 são mais semelhantes entre si, provavelmente devido ao histórico de sucessão semelhante. O fator histórico de sucessão também demonstrou ser preponderante na chuva de sementes, visto que o remanescente II (10 ha) apresentou valor de diferença, entre borda e interior, próximo do significativo, indicando que esta área esteja menos degradada que as outras selecionadas. A área 1 (>150 ha) não apresentou diferença entre os componentes borda e interior, provavelmente devido ao histórico de extração de madeira somado à área mais desmatada no topo do morrote mamelonar. Quanto à diferença, na composição e abundância da chuva de sementes, entre os interiores das áreas, para se inferir sobre o quanto cada uma estava avançando no processo de sucessão, não pôde ser realizada por não interior definido. 126 Referências Bibliográficas APG II. 2003. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for orders and families of flowering plants: APG II. Bot. J. Linn. Soc. 141: 399-436. Barbosa, K.C. & M.A. Pizo. 2006. Seed rain and seed limitation in a planted gallery forest in Brazil. Restoration Ecology. 14(4): 504-515. Barroso, G. M.; Peixoto, A. L.; Costa, C. G.; Ichaso, C. L. F.; Guimarães, E. F.; Lima, H. C. 1984. Sistemática das Angiospermas do Brasil, 2. Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. Barroso, G. M.; Morim, M. P.; Peixoto A. L., Ichaso, C. 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A existência de um padrão sazonal de produção de propágulos, de variações na intensidade de frugivoria e da disponibilidade de agentes dispersores, pode afetar a composição da chuva de sementes e proporcionar heterogeneidade temporal e espacial na composição de sementes que caem em diferentes locais de floresta. Buscando inferir o potencial da regeneração natural via chuva de sementes em área de várzea na Reserva Biológica de Poço das Antas, o presente estudo buscou caracterizar a distribuição temporal da chuva de sementes em diferentes fisionomias florestais e verificar a disponibilidade de recursos para dispersores frugívoros. Para tanto a chuva de sementes foi coletada em cinco áreas, nas quais foram instalados 18 coletores de 0,5 m2, totalizando uma área amostral de 9m2 por área. A chuva de sementes foi coletada mensalmente de outubro de 2006 a setembro de 2008. Para avaliar se há diferença na distribuição temporal e na disponibilidade de recursos para dispersores frugívoros entre as áreas (A1, A2, A3, A4 e A5), as espécies ocorrentes na chuva de sementes foram divididas em três categorias de espécies: anemocóricas, zoocóricas iniciais e zoocóricas tardias. O padrão temporal da chuva de sementes foi determinado pela comparação do número de espécies e quantidade de sementes coletadas num período de 24 meses. A existência de correlação entre o número de sementes e o número de espécies com as variáveis climáticas foi realizada através de correlação de Pearson. Também foi avaliada a limitação de dispersão das sementes pela proporção de coletores de sementes que não receberam sementes de uma determinada espécie após 24 meses de coleta. Os resultados mostraram que a distribuição temporal da chuva de sementes ao longo do ano foi heterogênea. O número de sementes e o número de espécies não apresentaram correlação significativa com os dados climáticos. Este resultado corroborou a diferença da distribuição mensal das sementes entre as áreas. A distribuição está diretamente relacionada à distribuição das espécies mais abundantes em cada fisionomia florestal. Todas as áreas apresentaram baixas proporções de espécies com baixa limitação de dispersão, indicando não estar havendo aporte suficiente via chuva de sementes para que o processo de sucessão continue a avançar. Lacunas quanto à oferta de recursos para a fauna dispersora apontadas nesse estudo pode ser um fator que esteja limitando o aporte de propágulos nas áreas, diminuindo assim o potencial da chuva para a regeneração natural da área. Palavras-chave: chuva de sementes, variação temporal, recursos para fauna dispersora 134 Abstract The annual production of fruits and seeds influences the recruitment of populations and represents an important component in the regeneration potential of a forest. The existence of a seasonal pattern of production of propagule, variations in the intensity of frugivory and the availability of dispersal agents, can affect the composition of the seed rain and provide temporal and spatial heterogeneity in the composition of seeds that fall in different places of the forest. Seeking to infer the potential for natural regeneration via seed rain in Biological Reserve of Poço das Antas, this study sought to characterize the temporal distribution of seed rain at different forest physiognomies and verify the availability of resources to frugivorous dispersers. The seed rain was collected in five areas. In each one were installed 18 collectors of 0.5 m2, with a total sample area of 9m2 per area. Seed rain was collected monthly from October 2006 to September 2008. To evaluate whether there are differences in the temporal distribution and availability of resources to frugivorous dispersers among these areas (A1, A2, A3, A4 and A5), the species of the seed rain were divided into three categories of species: wind dispersed, early zoochorous and late zoochorous. The temporal pattern of seed rain was determined by comparing the number of species and number of seeds collected in a period of 24 months. A correlation between the number of seeds and number of species with the climatic variables was performed using Pearson correlation. We also evaluated the limit of seed dispersal by the proportion of seed collectors who have not received seeds of a species after 24 months of collection. The results showed that the temporal distribution of seed rain throughout the year was heterogeneous. The number of seeds and number of species showed no significant correlation with climatic data. This result confirmed the difference in the monthly distribution of seeds among the areas. The distribution is directly related to the distribution of most abundant species in each area. All forest physiognomies had low proportions of species with low dispersal limit, indicating there may not be sufficient supply of seeds by seed rain so that the process of succession continues to advance. Gaps in the provision of resources for the disperser fauna outlined in this study may be a factor that is limiting the supply of seedlings in the physiognomies, diminishing the potential of seed rain for the regeneration of the area. Key words: seed rain, temporal distribution, availability of resources to frugivorous dispersers. 135 Introdução As estratégias de reprodução das espécies, associadas aos respectivos mecanismos de dispersão, vão definir a distribuição de suas sementes no tempo e no espaço. Essas características, associadas às interações ambientais, podem resultar em amplas flutuações na produção de sementes no tempo, relacionadas principalmente à freqüência e ao período de reprodução das espécies (Fenner 1985). A variação anual na produção de frutos e sementes influencia o recrutamento das populações e representa um importante componente no potencial de regeneração de uma floresta (Grombone-Guarantini & Rodrigues 2002). A existência de um padrão sazonal de produção de propágulos, de variações na intensidade de frugivoria e da disponibilidade de agentes dispersores pode afetar a composição da chuva de sementes e proporcionar heterogeneidade temporal e espacial na composição de sementes que caem em diferentes locais de floresta, influenciando o recrutamento das populações (Penhalber & Mantovani, 1997). Muitas espécies de florestas tropicais produzem frutos anualmente por longos períodos, enquanto outras reproduzem de forma irregular, várias com intervalos de muitos anos. Segundo Penhalber & Mantovani (1997), anos com picos de produção intercalados com baixa produção de sementes são características de algumas espécies arbóreas de grande porte nas florestas. Sob clima com forte sazonalidade, a tendência geral observada em florestas tropicais em relação à fenologia, chuva de sementes e dispersão de sementes, é a ocorrência de um pico de produção de propágulos no início da estação chuvosa, tanto em número de frutos produzidos, quanto em número de espécies produzindo frutos no período (Foster 1982, Morellato & Leitão-Filho 1992, Penhalber & Mantovani 1997, Grombone-Guarantini & Rodrigues 2002). Nessas florestas estacionais o período de dispersão é bem marcado e previsível, com maturação dos frutos carnosos ocorrendo em sua maioria na estação chuvosa e a dos frutos secos relacionada à estação seca (Grombone-Guarantini & Rodrigues, 2002, Vieira & Scariot 2006). Nos ambientes de florestas tropicais sazonais, a zoocoria é predominante, com 72 a 90% das espécies apresentando esta estratégia (White 1994). Estas espécies, que produzem frutos carnosos dispersados geralmente por animais, tendem a amadurecer e dispersar seus 136 frutos no início e no meio da estação chuvosa (Morellato & Leitão Filho 1992, Penhalber & Mantovani 1997). Já a anemocoria, que também é bem representada, sendo geralmente a segunda estratégia mais importante (Ibarra-Manriquez et al. 1991), tende a ter seu período de maturação e dispersão de frutos e sementes relacionado a períodos de baixa precipitação, baixa temperatura e com ventos fortes, que são característicos dessa estação, e que propicia a abertura dos frutos e dispersão das sementes (Morellato & Leitão Filho 1992). Esta sincronia com o período de chuva potencializa a capacidade de germinação e estabelecimento de plântulas em sítios favoráveis e em período favorável (Garwood 1989). Isso se deve especialmente a umidade no solo, que tem sido considerado um fator relevante nesses padrões, já que, por exemplo, no início da estação chuvosa as primeiras sementes a germinar podem ter vantagem. Em ambientes tropicais não sazonais, os curtos períodos de seca são ocasionais, imprevisíveis e com durações variadas. Segundo Putz (1979), é esperado que nesses ambientes não-sazonais haja uma ausência de picos de produção e dispersão de sementes, além de uma falta de períodos distintos para dispersão de sementes dentro de grupos que possuem diferentes estratégias de dispersão (zoocoria e anemocoria). Uma maior proporção de espécies zoocóricas poderia ser observada nesses ambientes. Conseqüentemente a germinação não deve ser limitada em nenhum período definido do ciclo anual, diminuindo assim a competição para se estabelecerem (Zimmerman 2000), ao contrário do que ocorre quando a produção de sementes é concentrada em determinado período. A quantidade de sementes que cai temporalmente em uma determinada área tem sido considerada como fonte importante de propágulos para a regeneração, especialmente nas áreas que sofrem perturbações constantes, em que o banco de sementes exaurido precisa de reposição de novas sementes (Aide et al. 1995, Araújo et al. 2004). Espécies pioneiras apresentam uma produção freqüente ou contínua de grande quantidade de sementes pequenas e dispersas pelo vento ou por animais (Whitmore 1983). Já as espécies secundárias tardias ou tolerantes à sombra apresentam sementes grandes, dispersas por grandes vertebrados ou que atingem o solo diretamente por gravidade (Foster 1986 apud Martini 2002). Em ambientes perturbados, a presença marcante de espécies pioneiras leva a uma produção de frutos durante longos períodos, ou mesmo durante todo o ano, fazendo com que 137 ocorra uma produção homogênea de sementes ao longo do ano (Martini et al. 2003). Já a produção de frutos de espécies zoocóricas, que não segue um padrão bem definido, continua relacionada ao período de chuva. Como a maioria dessas sementes é recalcitrante, permanecendo por curto período no banco de sementes (Loiselle et al. 1996), isso favoreceria a germinação e o estabelecimento dessas espécies. Espécies arbustivas, árvores e lianas típicas de estádios iniciais de sucessão (florestas secundárias, clareiras e bordas de florestas) geralmente frutificam anualmente, produzem grandes quantidades de sementes pequenas, dispersas pelo vento ou por frugívoros generalistas (Fenner 1985). Já as sementes de interior de florestas, tolerantes à sombra, possuem padrões de frutificação supra-anuais, ou ocorrência de anos de alta produção de sementes, entremeados com anos de baixa ou nenhuma produção (Penhalber e Mantovani 1997). A limitação de dispersão é a incapacidade das sementes alcançarem áreas de potencial recrutamento, devido à ausência de vetores de dispersão ou pela baixa produção de frutos, tendo influência na dinâmica de populações, comunidade e diversidade de espécies (Nathan & Muller-Landau 2000; Wang & Smith 2002). Provavelmente uma maior proporção de espécies zoocóricas com baixa limitação de dispersão (ou ampla dispersão) na chuva de sementes, indica um potencial da regeneração via este tipo de dispersão. Espera-se então, que nos estágios mais avançados de sucessão a limitação de dispersão de espécies zoocóricas iniciais e tardias aumente. A forma de dispersão, o tamanho dos frutos e sementes e o comportamento de animais frugívoros influenciam diretamente na limitação de dispersão das sementes na chuva de sementes e resultam em grandes concentrações de sementes em determinados habitats em detrimento de outros que recebem baixa abundância de sementes (Schupp et al. 1989). A limitação de dispersão é maior para as sementes de dispersão abiótica ou daquelas que produzem frutos grandes e pesados, que em geral caem a curtas distâncias das plantas parentais (Clark et al. 2001) e que dependem da dispersão secundária para alcanças sítios favoráveis à germinação e estabelecimento. Já as sementes pequenas com dispersão biótica apresentam menor limitação de dispersão, sendo dispersas em diferentes áreas e micro habitats. 138 Buscando inferir o potencial da regeneração natural via chuva de sementes em área degradada (matriz de pastagem) na Reserva Biológica de Poço das Antas, o presente estudo teve como objetivos caracterizar a distribuição temporal da chuva de sementes nas diferentes fisionomias de vegetação secundária e verificar a disponibilidade de recursos para dispersores frugívoros. Para tanto, buscou-se responder as seguintes questões: (1) Na distribuição temporal há períodos de pico no número de sementes e de espécies na chuva de sementes? Esses períodos de pico são similares entre os diferentes estádios de sucessão? (2) Existe relação entre o número de sementes e o número de espécies observado na chuva de sementes e as variáveis climáticas? 3) Há diferença na proporção das espécies em relação à limitação de dispersão, quando levadas em consideração as categorias espécies anemocóricas, espécies zoocóricas iniciais e espécies zoocóricas tardias entre os estádios de sucessão? Metodologia Amostragem Para amostragem da chuva de sementes foram instalados coletores circulares com área interna de 0,5 m2, confeccionados com tela de nylon (malha 1,0 mm) e bojo com profundidade de 20,0 cm, suspensos a 90,0 cm do solo, a fim de evitar a coleta de espécies herbáceas (Jesus et al. 2003, Araújo et al. 2004, Pivello et al. 2006). Nas áreas 1, 2 e 3 foram aleatorizadas coordenadas e nas áreas 4 e 5 foram sorteadas parcelas aproveitando o modelo dos plantios, para a instalação dos coletores. Em cada área foram instalados 18 coletores, totalizando uma área amostral de 9m2 por área. As cinco áreas selecionadas somam um total de 90 coletores resultando uma área amostral de 45m2. 139 Coleta A chuva de sementes foi coletada mensalmente por um período de dois anos, iniciado em outubro de 2006 a setembro de 2008. Os propágulos foram secados em temperatura ambiente e acondicionados para posterior identificação em pequenos sacos plásticos com data, número da área e número do coletor. Somente aquelas provavelmente viáveis (sem sinal de predação ou cujos frutos e sementes não estejam vazios) e maiores que 1,0 mm foram consideradas para análise (Grombone-Guarantini & Rodrigues 2002). Identificação Para identificação das espécies foram utilizadas chaves embasadas na morfologia de frutos e sementes (Barroso et al. 1999), comparação do material triado com fotografias e/ou desenhos esquemáticos (Barroso et al. 1984, Lorenzi 1992, Barroso et al. 1999), comparação com material em frutificação do Herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB) e, por último, confirmação com especialistas do Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro. A listagem de espécies vasculares da área de estudo (Lima et al. 2005) e o banco de dados do RB foram referências adicionais que auxiliaram na determinação do material coletado. Paralelamente foram feitas coletas de material em frutificação de indivíduos arbóreos e arbustivos ao redor dos coletores, para identificação e comparação com o material coletado da chuva de sementes. Com base na morfologia do fruto e/ou semente, no conhecimento da espécie obtidos a partir da literatura (Silva 2003a, Lorenzi, 1992, Barroso et al. 1999) e nas observações de campo, as espécies identificadas na chuva de sementes foram classificadas quanto à forma de vida (se árvore, arbusto ou lianas), quanto à síndrome de dispersão (se zoocórica, anemocórica ou autocórica) (Van der Pijl 1982) e quanto ao grupo ecológico em pioneiras, secundárias iniciais, secundárias tardias e climáxicas (Budowisk 1965, Leitão-Filho 1993, Ferreti et al. 1995). A nomenclatura das espécies foi atualizada segundo o sistema de classificação APG II (APG II 2003), consultado na Lista de Espécies da Flora do Brasil (Forzza et al. 2010). 140 Análise dos dados Para avaliar se há diferença na distribuição temporal e na disponibilidade de recursos para dispersores frugívoros nas áreas 1, 2, 3, 4e 5, as espécies ocorrentes na chuva de sementes foram divididas em três categorias, considerando a síndrome de dispersão das espécies: espécies anemocóricas, espécies zoocóricas iniciais e espécies zoocóricas tardias. Uma maior abundância de sementes anemocóricas geralmente relaciona-se estágios mais iniciais de sucessão, assim como às estações mais secas. Uma maior proporção de espécies zoocóricas iniciais, aos estádios iniciais de sucessão e um aumento da ocorrência de espécies zoocóricas tardias aos estádios mais avançados de sucessão, conforme descrito no início deste capítulo e no capítulo II. O aumento da abundância de sementes zoocóricas geralmente relaciona-se ao período chuvoso. O padrão temporal da chuva de sementes foi determinado pela comparação da riqueza de espécies e da abundância de sementes coletadas num período de 24 meses. Para uma melhor visualização no programa Comunidata 1.5 (software livre), as abundâncias de sementes foram somadas para meses coincidentes (ex. outubro de 2006 + outubro de 2007), a fim de se determinar um padrão temporal da chuva de sementes ao longo do ano. Com a finalidade de verificar a existência de algum padrão na distribuição temporal da chuva de sementes foram realizadas análises de correlação de Pearson (Zar 1996) entre a abundância total de sementes e riqueza total das espécies, abundância de sementes e riqueza das espécies anemocóricas, abundância das sementes e riqueza das espécies zoocóricas iniciais, abundância de sementes e riqueza das espécies zoocóricas tardias e as variáveis climáticas, durante os 24 meses de coleta. A análise de Pearson também foi realizada com as espécies individualmente. As variáveis ambientais utilizadas foram precipitação mensal, temperatura média mensal, temperatura média máxima e temperatura média mínima do período de amostragem. O limitação de dispersão de sementes (L) foi avaliado pela proporção de coletores de sementes que não receberam sementes de uma determinada espécie após 24 meses de coleta (Muller-Landau et al. 2002) e pode ser expressado pela fórmula: 141 L = 1 – a/n onde a é o número de coletores alcançados por uma determinada espécie e n é o número total de coletores). A limitação de dispersão de sementes foi avaliado por área, sendo o n igual a 18, correspondendo ao número total de coletores em cada área. A proporção de espécies com valor igual ou abaixo ao valor médio L= 0,5 indicou os remanescentes com menor ou maior limite de dispersão. O índice foi usado em relação às categorias de dispersão descritas anteriormente. Variação climática Houve uma ligeira flutuação em relação ao período seco do primeiro ano para o segundo ano de coleta. No primeiro, o déficit hídrico ocorreu de junho a setembro de 2007 enquanto no segundo, ocorreu de julho a agosto de 2008, com o mês de maio correspondendo a uma situação limítrofe nesse segundo ano (Figura 1). O período de temperaturas mais baixas correspondeu aos meses de junho a setembro em 2007 e, julho e agosto em 2008, correspondendo ao período mai seco. O período de chuva foi de outubro/2006 a maio/2007 e de outubro de 2007 a abril de 2008. Para as análises, foi considerado que o período de seca esteve compreendido entre os meses de junho a agosto, enquanto o período de chuvas entre setembro e maio. 142 Precipitação 200 300 150 200 100 100 50 0 06 06 06 07 07 07 07 07 07 07 07 07 07 07 08 08 08 08 08 08 08 08 08 08 T/ V/ Z/ N/ V/ R/ AI/ N/ L/ O/ T/ T/ V/ Z/ N/ V/ R/ R/ AI/ N/ L/ O/ T/ T/ OU NO DE JA FE AB M JU JU AG SE OU NO DE JA FE MA AB M JU JU AG SE OU Temperatura média 400 0 Meses Figura 1 - Diagrama ombrotérmico com as médias mensais de precipitação em mm (barras) e temperatura em 0C (linha), durante o período de outubro de 2006 a outubro de 2008. Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia – 6o distrito de Meteorologia/RJ (INMET/RJ). 143 Resultados Distribuição temporal da chuva de sementes Área 1 (floresta de encosta - 50 anos) No período de outubro de 2006 a setembro de 2008 foram coletadas, em toda a área de estudo, 38910 sementes (180 sementes/m2), sendo que 50,74% (19743 sementes) destas sementes ocorreram na Área 1. As sementes de espécies relacionadas a estágios iniciais de sucessão, secundárias iniciais (64,5%) e pioneiras (30,20%), ocorreram predominantemente nesta área. A distribuição temporal da chuva de sementes ao longo do ano foi heterogênea, com a chegada de sementes anemocóricas ocorrendo em maior proporção nos meses de agosto a novembro, mas registradas de julho a fevereiro (Figura 2). 9000 Número de sementes 8000 7000 6000 Anemocóricas Zoocóricas iniciais Zoocóricas tardias 5000 4000 3000 2000 1000 0 T V Z N V R R AI N L O T OU NO DE JA FE MA AB M JU JU AG SE Meses Figura 2 – Variação mensal da chuva de sementes, quanto à abundância de sementes, das espécies anemocóricas, zoocóricas iniciais e zoocóricas tardias ao longo do período de 1 ano na Área 1 (floresta de encosta) na Reserva Biológica de Poço das Antas, RJ. 144 A família Asteraceae foi relacionada com o pico de produção das anemocóricas no mês de agosto, especialmente a Asteraceae 2 (98,1% do total das sementes anemocóricas coletadas no referido mês) somada às espécies Sparattosperma leucanthum, Anchietea pyrifolia, Tabebuia serratifolia e Andradea floribunda. Nos meses de setembro a novembro as espécies da família Asteraceae apresentaram as maiores abundâncias, mas outras espécies que contribuíram com esse pico, em menores proporções, foram a arbórea Tabebuia serratifolia e as lianas Stigmaphyllum sp e Anchietea pyrifolia (Figura 3A). As maiores abundâncias de sementes de T. serratifolia ocorreram nos coletores alocados na área de borda, enquanto as duas espécies de liana foram coletadas em maior proporção nos coletores do interior. Estas espécies foram registradas em mais de 70% dos coletores desta área, exceto a espécie Anchietea pyrifolia que correspondeu a uma freqüência de coleta de 50%. Já as sementes zoocóricas secundárias iniciais, que foram dominantes e caracterizaram este remanescente (capítulo 1), tiveram o pico de coleta de março a julho (Figura 3B), sendo que estas sementes foram registradas na coleta de chuva de sementes de novembro a setembro, quando somadas a abundância dos dois anos de coleta. Os picos de coleta na área 1, onde houve um aumento de abundância de sementes coletadas, foram relacionados à espécie Miconia cinnamomifolia, cuja abundância de sementes correspondeu a 61,47% do total de sementes coletadas neste remanescente. No período de março a julho esta espécie foi dominante. A abundância mais elevada na coleta correspondeu ao mês junho/2008 (Figura 2). A freqüência de registro de coleta da M. cinammomifolia foi de 44,44%, Senefeldera verticillata de 27,8%, Myrsine coriaceae de 16,7%, Mabea fistulifera e Xilopia sericea de 11,11%. As demais espécies zoocóricas iniciais, que são a maioria, apresentaram uma freqüência de coleta de 5,5%. As sementes de espécies zoocóricas tardias apresentaram maiores abundâncias de coleta de outubro a janeiro, com picos em outubro, novembro e janeiro. As espécies zoocóricas tardias que apresentaram maiores abundâncias foram Lacistema sp., Siparuna guianensis e Cinnamomum triplinerve, seguidas, com abundâncias mais baixas, pelas espécies Trichilia martiana, Coussarea nodosa e Eugenia pisiformes (Figura 3C) As espécies Siparuna guianensis e Lacistema sp. apresentaram as maiores freqüências, com 38,9% e 33,3%, respectivamente. Coussarea nodosa apresentou freqüência 145 de coleta de 27,8%, seguidas pelas espécies E. pisiformess, Trichilia martiana, Cinnamomum triplinerve e Ocotea odorifera que apresentaram freqüência de 11,11%. As espécies não identificadas da família Myrtaceae apresentaram freqüência de 5,5%. Anemocóricas A1 (A) Zoocóricas iniciais A1 OND J F MAM J J A S (B) ON D JF MAM J J A S 146 (C) Zoocóricas tardias A1 O N D J F M A M J J A S Figura 3 – Distribuição da abundância das sementes de espécies anemocóricas (A), zoocóricas iniciais (B) e zoocóricas tardias (C) ao longo do período de 1 ano na Área 1. Cada linha do diagrama corresponde a uma espécie registrada na chuva de sementes 147 Quanto à limitação de dispersão das espécies, 41,2% das espécies anemocóricas (de um total de 17 espécies) apresentaram L ≤ 0,5 (baixa limitação de dispersão), 11,1% das zoocóricas iniciais (de um total de 10 espécies) apresentaram L ≤ 0,5. Para as zoocóricas tardias (de um total de 14 espécies), nenhuma alcançou o valor médio de limitação de dispersão. O limite de dispersão mais baixo das zoocóricas tardias foi L = 0,6 do gênero Lacistema sp. (Anexo1). Área 2 (floresta aluvial - 30 anos) Embora em termos de número de espécies esta área tenha se aproximado mais da área 1, apresentou a menor abundância, representando 8% do total de sementes coletadas (14,6 sementes/m2). As sementes de espécies anemocóricas predominaram, correspondendo a 66,7%. Considerando o grupo ecológico, as sementes de espécies pioneiras foram mais abundantes (47,6%) que os demais grupos, predominando também a síndrome anemocórica (capítulo 1). Dentre as espécies arbóreas e secundárias iniciais houve predomínio da síndrome zoocórica. A distribuição temporal da chuva de sementes foi bem heterogênea com picos mais curtos de sementes anemocóricas e zoocóricas iniciais distribuídos ao longo do ano (Figura 4). As sementes anemocóricas apresentaram picos de coleta de maio a agosto, em outubro e novembro referente ao ano 2006/2007 e em fevereiro (Figura 5A). O pico de coleta correspondente a fevereiro/2007 está relacionado à elevada abundância da espécie Asteraceae 1. Em outubro as espécies mais abundantes foram Reissekia sp., Handroanthus heptaphyllus, Asteraceae 2 e Anchietea pyrifolia. Em novembro a família Asteraceae predominou. Já de maio a agosto houve uma maior abundância de espécies caindo nos coletores. As espécies mais freqüentes neste remanescente foram Handroanthus heptaphyllus, Asteraceae 2 e Anchietea pyrifolia, registradas em 77,8% dos coletores, seguidas pelas espécies Asteraceae 1 e Forsteronia pilosa, em 66,7%. As espécies Pseudobombax grandiflorum, Tabebuia serratifolia e Stigmaphyllum sp. apresentaram uma freqüência de 11,1% nos coletores. 148 900 Número de sementes 800 700 600 Anemocóricas Zoocóricas iniciais Zoocóricas tardias 500 400 300 200 100 0 T V Z N V R R AI N L O T OU NO DE JA FE MA AB M JU JU AG SE Meses Figura 4 – Variação mensal da chuva de sementes, quanto à abundância de sementes, das espécies anemocóricas, zoocóricas iniciais e zoocóricas tardias ao longo de 1 ano na Área 2 (floresta aluvial) na Reserva Biológica de Poço das Antas, RJ. As sementes zoocóricas iniciais foram coletadas ao longo do ano, com picos de coleta em setembro e novembro com ligeiro aumento da abundância de sementes em fevereiro e outubro (Figura 4). As espécies mais abundantes relacionadas a estes picos foram Casearia sylvestris (setembro e outubro/2008), Miconia cinammomifolia (novembro de 2006) e Guarea guidonia, responsável pela distribuição de sementes zoocóricas iniciais ao longo do ano, porém apresentando maior abundância em outubro. As espécies que foram registradas em maior número de coletores foram Guarea guidonia (66,7%), M. coriacea (38,9%), M. cinnamomifolia e Aegiphila integrifolia (16,7%). As demais espécies apresentaram uma freqüência de 5,5%. As sementes zoocóricas tardias apresentaram uma distribuição descontínua ao longo do ano, com maiores abundância de sementes correspondendo aos meses de agosto, outubro e novembro (Figura 5C). Os gêneros mais abundantes foram Ocotea (Ocotea odorifera), Eugenia e Trichilia (Trichilia martiana), respectivamente. 149 (A) Anemocóricas A2 (B) Zoocóricas iniciais A2 ONDJFMAMJJAS (C) Zoocóricas tardias A2 O N D J F MAM J J A S O NDJ F MAMJ J A S Figura 5 – Distribuição da abundância das sementes de espécies anemocóricas (A), zoocóricas iniciais (B) e zoocóricas tardias (C) ao longo do período de 1 ano na Área 2. Cada linha do diagrama corresponde a uma espécie registrada na chuva de sementes 150 A espécie Ocotea odorifera ocorreu em 44,4% dos coletores, a espécie Eugenia sp. em 38,9% e Ocotea sp., em 16,7%. A espécie Siparuna guianensis ocorreu em 11,11% das peneiras e as demais espécies zoocóricas tardias em 5,5%. Quanto à limitação de dispersão das espécies, 27,8% das anemocóricas (de um total de 14 espécies) alcançaram um valor de L ≤ 0,5, das zoocóricas iniciais (de um total de 7 espécies) 14,3% apresentaram um valor de L ≤ 0,5 representado pela espécie Guarea guidonia. Para as zoocóricas tardias, nenhuma alcançou o valor médio de dispersão. O valor mais baixo alcançado foi L = 0,6 para a espécie zoocórica tardia Ocotea odorifera e para a espécie Eugenia sp. (Anexo 1) Área 3 (matriz de pastagem) As sementes coletadas neste remanescente corresponderam a 14,25% do total coletado na chuva de sementes em toda área amostrada. Uma elevada abundância de sementes zoocóricas (94,68%) caracterizou este remanescente, além de proporção similar de espécies arbóreas e arbustivas e de espécies pioneiras e secundárias tardias (Capítulo 1). As sementes anemocóricas apresentaram uma distribuição mais homogênea ao longo do ano, com abundância ligeiramente elevada em junho e agosto, relacionada à família Asteraceae (Asteraceae 1) (Figura 6 e 7A). A Compositae 1 correspondeu à espécie anemocórica coletada com maior freqüência (61,1%), já a maioria ocorreu em 11,11% dos coletores. Pseudobombax grandiflorum e Sparattosperma leucanthum apresentaram uma freqüência de 5,5%. A coleta de sementes de espécies zoocóricas iniciais foi registrada ao longo de todo o ano (Figura 6), com aumento na abundância dessas sementes de março a julho, mais acentuado ainda em março e junho (Figura 7B). A espécie relacionada a estes picos de coleta foi Lantana camara, a mais abundante dentre as zoocóricas iniciais (90,51%). Em outubro (Figura 7B) houve também contribuição das espécies Lacistema sp e Myrsine coriaceae para aumento da abundância das sementes. 151 Número de sementes 2000 1500 Anemocóricas Zoocóricas iniciais Zoocóricas tardias 1000 500 0 T V Z N V R R AI N L O T OU NO DE JA FE MA AB M JU JU AG SE Meses Figura 6 – Variação mensal da chuva de sementes, quanto à abundância de sementes, das espécies anemocóricas, zoocóricas iniciais e zoocóricas tardias ao longo de um período de um ano na Área 3 (matriz de pastagem) na Reserva Biológica de Poço das Antas, RJ. As espécies mais freqüentes nos coletores foram L. camara (88,9%), G. guidonia (55,5%) e M. coriaceae (50,0%) e a espécie arbustiva C. biserrata (11,1%). Todas as demais espécies contribuíram com 5,5% de freqüência nos coletores. A categoria zoocóricas tardias foi representada na chuva de sementes por uma única espécie, Psidium guineense, com uma elevada abundância (Figura 7C). Esta espécie foi registrada na chuva de sementes ao longo de quase todo o ano, apresentando dois picos de abundância, um em janeiro (considerado como um outlier) e nos meses de junho e julho (Figura 7). Quanto à freqüência, a espécie ocorreu em 88,9% dos coletores. Quanto à limitação de dispersão das espécies, das anemocóricas (de um total de 7 espécies) 14,3% alcançaram um valor de L ≤ 0,5 correspondendo a família Asteraceae (Asteraceae 1), das zoocóricas iniciais (de um total de 8 espécies) 37,5% alcançaram um valor de L ≤ 0,5 (Lantana camara, Guarea guidonia e Myrsine coriaceae) e a espécie 152 zoocórica tardia (Psidium guineense) apresentou baixa limitação de dispersão (L = 0,1), ou seja, boa dispersão no local (Anexo 1). (A) Anemocóricas A3 Zoocóricas iniciais A2 iniciais A3 (B) O N D J F M A M J J A S Zoocóricas tardias A3 O N D J F MA M J J A S O NDJ F MAMJ J A S (C) O N D J F M A M J J A S Figura 7 – Distribuição da abundância das sementes de espécies anemocóricas (A), zoocóricas iniciais (B) e zoocóricas tardias (C) ao longo do período de um ano na Área 3 (matriz de pastagem). Cada linha do diagrama corresponde a uma espécie registrada na chuva de sementes. 153 Área 4 (plantio 10 anos) As sementes coletadas neste plantio corresponderam a 10,9% do total coletado na chuva de sementes em toda área amostrada. Uma elevada abundância, de sementes de espécies arbóreas zoocóricas (74,4%) e de espécies zoocóricas pioneiras (72,3%), caracterizou esta área (capítulo 1). Não foi registrada ocorrência de sementes de espécies tardias na chuva de sementes neste plantio. As espécies anemocóricas foram distribuídas de forma irregular ao longo do ano (Figura 8), com maiores abundâncias concentradas em junho, julho, agosto e outubro (Figura 9A). A espécie relacionada a esta maior abundância foi Tibouchina granulosa, especialmente em outubro de 2006. Número de sementes 3000 2000 Anemocóricas Zoocóricas iniciais Zoocóricas tardias 1000 0 T V Z N V R R AI N L O T OU NO DE JA FE MA AB M JU JU AG SE Meses Figura 8 – Variação mensal da chuva de sementes, quanto à abundância de sementes, das espécies anemocóricas, zoocóricas iniciais e zoocóricas tardias ao longo de um período de 1 ano na Área 4 (plantio 10 anos) na Reserva Biológica de Poço das Antas, RJ. 154 A espécie Tibouchina granulosa foi a mais freqüente nos coletores (77,8%), seguida pelas espécies Pseudobombax grandiflorum (66,7%), Asteraceae 1 (55,6%) e Asteraceae 2 (38,9%). (A) Anemocóricas A4 O N D J (B) Zoocóricas iniciais A4 F MA M J J A S O N D J F M A M J J A S Figura 9 – Distribuição da abundância das sementes de espécies anemocóricas (A) e zoocóricas iniciais (B) ao longo do período de um ano na Área 4 (plantio 10 anos). Cada linha do diagrama corresponde a uma espécie registrada na chuva de sementes. 155 A produção de sementes das espécies zoocóricas iniciais ocorreu ao longo de todos os meses do período de amostragem, embora com uma baixa abundância de sementes (Figura 8). Houve um pico de coleta em janeiro, relacionado à queda de frutos do gênero Cecropia. Nos meses de outubro e novembro, as espécies relacionadas ao aumento de abundância de sementes foram Inga edulis, G. guidonia, M. coriacea e M. prasina, respectivamente (Figura 9B). As espécies mais freqüentes foram G. guidonia (94,5%), I. edulis e M. coriacea (50%), seguidas pelas espécies M. prasina e Cecropia sp. (22,2%) e Miconia serrulata (16,7%). Não houve registro de sementes de espécies zoocóricas tardias na chuva de sementes coletada neste plantio. Quanto ao limite de dispersão das espécies, das anemocóricas (N = 5 espécies) 60% apresentaram um valor de L ≤ 0,5 (T. granulosa, P. grandiflorum e Asteraceae 1) e das zoocóricas iniciais (N = 9), 33% apresentaram um valor de L ≤ 0,5 (G. guidonia, I. edulis e M. coriacea) (Anexo 1). Área V (plantio 12 anos) As sementes coletadas neste plantio corresponderam a 16,1% do total coletado na chuva de sementes em toda área amostrada. O que caracterizou este plantio foi uma proporção mais equilibrada entre abundância das sementes de espécies anemocóricas e zoocóricas (58,6% e 41,3% respectivamente), e entre de espécies pioneiras (31,1%) e secundárias iniciais (41,6%). Houve registro de espécies zoocóricas tardias (capítulo 1). A chuva de sementes das espécies anemocóricas apresentou um padrão descontínuo ao longo do ano (Figura 10), com picos de coleta em agosto e outubro (Figura 11A). As maiores abundâncias foram registradas de junho a dezembro. Em agosto e outubro o pico de coleta está relacionado às espécies Reissekia sp. (liana) e T. granulosa, somado a valores mais baixos das espécies Asteraceae 1, Pseudobombax grandiflorum e Sparattosperma leucanthum. As espécies anemocóricas apresentaram freqüência elevada neste plantio. As sementes da espécie Pseudobombax grandiflorum foram coletadas em 88,9% dos coletores, 156 Sparattosperma leucanthum em 83,3%, Reissekia sp em 77,8%, Tibouchina granulosa e Asteraceae 2 em 72,2% e Asteraceae 1 em 66,7%. 1200 Número de espécies 1000 800 Anemocóricas Zoocóricas iniciais Zoocóricas tardias 600 400 200 0 T V Z N V R R AI N L O T OU NO DE JA FE MA AB M JU JU AG SE Meses Figura 10 – Variação mensal da chuva de sementes, quanto à abundância de sementes, das espécies anemocóricas, zoocóricas iniciais e zoocóricas tardias ao longo de um período de 1 ano na Área 5 (plantio 12 anos) na Reserva Biológica de Poço das Antas, RJ. A distribuição de espécies zoocóricas iniciais foi contínua ao longo do ano, com as maiores abundâncias ocorrendo de abril a julho, enquanto o período de menores abundâncias ocorreu de agosto a março (Figura 10). A espécie relacionada com o aumento da abundância na chuva de sementes foi Miconia serrulata. E o período relacionado à diminuição da abundância, foi um ligeiro aumento na coleta de sementes das espécies G. guidonia e M. prasina, porém uma acentuada redução na coleta de sementes da M. serrulata. A espécie G. guidonia apresentou a maior freqüência (61,1%), seguida pelas espécies M. prasina (50,0%), M. serrulata e Citharexylum myrianthum (38,9%), Myrsine coriaceae (27,8%) e Siparuna guyanensis (16,7%). A categoria espécies zoocóricas tardias, foi representada pela espécie Myrtaceae 3, sendo coletada no mês de junho (Figura 11C) em um único coletor, representando 5,5% de freqüência. 157 (A) Zoocóricas iniciais A5 Anemocóricas A5 O N D J F M A M J J A S Zoocóricas tardias A5 O N D J F M A M J (B) (C) O N D J F M A M J J A S J A S Figura 11 – Distribuição da abundância das sementes de espécies anemocóricas (A), zoocóricas iniciais (B) e zoocóricas tardias (C) ao longo de um período de 1 ano na Área 5 (plantio 12 anos). Cada linha do diagrama corresponde a uma espécie registrada na chuva de sementes. Quanto ao limite de dispersão das espécies, das anemocóricas (de um total de 7 espécies) 85,7% apresentaram um valor de L ≤ 0,5; das zoocóricas iniciais (de um total de 9 158 espécies) 22,2% apresentaram um valor de L ≤ 0,5 (G. guidonia e M. prasina). A única representante das zoocóricas tardias, Myrtaceae 3, apresentou um alto limite de dispersão (L ≤ 0,94) (Anexo 1). Correlação com os dados climáticos Resultados significativos quando relacionadas abundância de sementes e riqueza de espécies de toda área amostral com os dados de clima só foram obtidos para as espécies anemocóricas. Não houve correlação significativa com o total de sementes e nem com a riqueza de espécies (Tabela 1). A riqueza de espécies anemocóricas apresentou correlação significativa negativa (r = -0,421; p = 0,04) e a abundância de sementes dessas espécies apresentou uma correlação marginalmente significativa negativa (r = - 0,373; p = 0,07) (Tabela 1) com dados de temperatura máxima, indicando maior coleta de sementes dessas espécies no período de temperaturas mais baixas. Não houve correlação com a precipitação. Tabela 1 – Resultados da correlação de Pearson /r (p)/ entre abundância total das sementes, riqueza total, abundância de sementes e riqueza das espécies anemocóricas, abundância de sementes e riqueza das espécies zoocóricas iniciais, abundância de sementes e riqueza das espécies zoocóricas tardias e os dados de temperatura máxima, temperatura mínima, temperatura média e precipitação. Dados clima AB total Riqueza total AB Ane Riqueza Ane AB Z Ini Riqueza Z Ini AB Z Tard Riqueza Z Tard T máx - 0,348 (0,095) - 0,269 (0,204) - 0,373 (0,073) - 0,421 (0,040) - 0,157 (0,463) 0,013 (0,953) - 0,135 (0,529) - 0,312 (0,138) T mín - 0,293 (0,165) 0,044 (0,838) - 0,271 (0,200) - 0,159 (0,459) - 0,195 (0,362) 0,275 (0,194) 0,215 (0,313) 0,032 (0,883) Temp média - 0329 (0,116 - 0,094 (0,664) - 0,328 (0,118) - 0,282 (0,181) - 0,186 (0,384) 0,169 (0,429) 0, 068 (0,754) - 0,120 (0,576) Precip. - 120 (0,576) 0,013 (0,952) - 0,319 (0,129) - 0,133 (0,557) 0,053 (0,804) 0,168 (0,432) 0,222 (0,297) 0,049 (0,822) 159 Comparação entre as Áreas As maiores proporções de espécies zoocóricas com baixo limite de dispersão foram registradas para as áreas 3, 4 e 5 e as maiores proporções de espécies anemocóricas com baixo limite de dispersão foram observadas nas áreas 5, 4 e 1 (Tabela 2). Tabela 2 – Proporção de espécies anemocóricas, zoocóricas iniciais e zoocóricas tardias com baixa limitação de dispersão (L ≤ 0,5) nas áreas selecionadas. A1 A2 A3 A4 A5 Anemocóricas 41,2% 27,8% 14,3% 60% 85,7% Zoocóricas iniciais 11,1% 14,3% 37,5% 33% 22,2% Zoocóricas Tardias ----------- Comparando a variação mensal da produção de sementes (em termos de abundâncias) nas três categorias de dispersão (espécies anemocóricas, espécies zoocóricas iniciais e espécies zoocóricas tardias) entre os remanescentes foram observadas diferenças quanto ao período em que as sementes foram coletadas (Tabela 3). Quanto às anemocóricas, na Área 1 o período de coleta foi registrado de agosto a novembro, enquanto na Área 2 de maio a agosto e de outubro a novembro, na Área 3, de maio a agosto, na Área 4, de junho a agosto e setembro e na Área 5, de Junho a Dezembro. Quanto às espécies zoocóricas iniciais, a coleta na Área 1 foi registra de agosto a novembro, na Área 2, de setembro a novembro e fevereiro, na Área 3, de Março a Julho e outubro, na Área 4 de outubro a novembro e fevereiro e na Área 5, durante todo o ano. 160 Tabela 3- Comparação da variação mensal das maiores abundâncias de sementes de espécies anemocóricas, zoocóricas iniciais e zoocóricas tardias ao longo de um ano entre as áreas. Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Anemo RI Anemo RII Anemo RIII Anemo RIV Anemo RV Zoo iniciais R I Zoo iniciais R II Zoo iniciais R III Zoo iniciais R IV Zoo iniciais R V Zoo tardias R I Zoo tardias R II Zoo tardias R III Zoo tardias R IV Zoo tardias R V Período chuvoso Período seco Quanto às espécies zoocóricas tardias, na Área 1, o período de coleta foi registrado de outubro a janeiro, na Área 2 de agosto a novembro, na Área 3, ao longo de todo o ano, na Área 4 não houve registro dessa categoria na coleta da chuva de sementes e na Área 5 a coleta foi registrada apenas em junho. Lacunas puderam ser observadas na distribuição de recursos para a fauna dispersora, ao longo do ano. A Área 2 (floresta aluvial em regeneração) e, principalmente, a Área 4 (plantio 10 anos) apresentam longos períodos sem disponibilidade de frutos para a fauna dispersora (Tabela 3). 161 Discussão Quanto ao padrão de distribuição temporal da chuva de sementes O resultado da correlação de Pearson indicou uma tendência a um padrão sazonal para as espécies anemocóricas, (quando correlacionada categoria de dispersão e dados climáticos), relacionando-as aos meses de baixa temperatura e o resultado marginalmente significativo em relação à abundância de sementes indica uma tendência ao aumento de produção das mesmas nesse período. No entanto, quanto ao total mensal de sementes e de espécies não houve correlação significativa, e nem quanto à correlação com a síndrome zoocórica. Este resultado está mais próximo da distribuição temporal de clima não-sazonal, provavelmente reflexo de uma sazonalidade pouco demarcada, já que o período de seca e de baixas temperaturas na região do presente estudo é relativamente curto. Além disso, em ambientes intensamente perturbados, há presença marcante de espécies pioneiras que tendem a produzir frutos por longo período, ou mesmo durante todo o ano (Swaine & Whitmore 1988), levando a uma produção mais contínua ao longo do ano. Pereira et al. (2008), em estudo fenológico de espécies arbóreas de Florestas Ombrófilas Densas submontanas e aluviais na Reserva Biológica de Poço das Antas, verificaram que a maioria das espécies apresentou ciclo anual, com frutificação de longa duração. Segundo Martini et al (2003), em áreas iniciais de sucessão, a variação do número de sementes apresentou forte influência da distribuição das espécies mais abundantes. Os picos de produção dessas espécies irão influenciar o aumento da coleta em determinado período. Os autores não encontraram relação entre o número total de espécies por mês e variáveis climáticas em área inicial de sucessão. No presente estudo, por exemplo, foi observada influência das espécies Cecropia sp., T. granulosa, M. serrulata, M. cinnamomifolia e P. guineense nos picos de coleta. Essa ausência de relação com as variáveis climáticas e a produção de sementes é explicada por Martini et al. (2003) em função de adaptações dessas espécies pioneiras para sobreviverem em situações adversas. 162 A produção dos frutos também pode variar conforme a localização da matriz (indivíduo arbóreo em frutificação). Pereira et al. (2008) observaram frutificação mais intensa nos indivíduos situados na margem da estrada, onde estavam expostos a condições de maior luminosidade, quando comparada à dos indivíduos localizados no interior da floresta aluvial. Espécies arbustivas, árvores e lianas típicas de estádios iniciais de sucessão (florestas secundárias, clareiras e bordas de florestas) geralmente frutificam anualmente, e produzem grandes quantidades de sementes pequenas, dispersas pelo vento ou por frugívoros generalistas (Fenner 1985). Estratégias reprodutivas de espécies características de estágios iniciais de sucessão podem estar influenciando na variação temporal da chuva de sementes, dificultando a percepção de um padrão sazonal. Os picos em fevereiro e outubro/novembro estão relacionados com a distribuição da família mais abundante, Asteraceae. Nesses meses ainda houve registro de precipitação (Figura 1) e o esperado seria os picos corresponderem a períodos mais secos. Já o pico em agosto está relacionado ao maior número de espécies anemocóricas registrado, aliado às maiores abundâncias das espécies H. heptaphyllus e Reissekia sp. Este mês correspondeu a um período seco e de baixas temperaturas, o que explicaria a ocorrência de uma maior proporção de espécies anemocóricas nesse período do ano (Morelato & Leitão Filho 1992, Grombone-Guarantini & Rodrigues 2002). Na Área 3 (matriz de pastagem), a distribuição mensal de sementes foi contínua ao longo do ano, com ligeira elevação em junho e agosto, mas a proporção do número de sementes anemocóricas em relação às demais categorias foi muito mais baixa quando comparada às outras áreas, provavelmente pela alta abundância das espécies zoocóricas L. camara e P. guineense. Na Área 1 (floresta de encosta) as maiores abundâncias das espécies zoocóricas iniciais (que foram dominantes) foram coletadas no período de março a julho. Mais uma vez os picos de coleta estão relacionados à distribuição (44,4% de freqüência na chuva de sementes) da espécie mais abundante e que caracteriza esta área, M. cinnamomifolia. Esta espécie apresenta uma estratégia de longo período de frutificação, de sete a oito meses, com o período de maturação dos frutos irregular em relação à posição na copa e na infrutescência, com a maturidade fisiológica ligada ao meio da safra (Pereira & Mantovani 163 2001). Provavelmente o pico de coleta de sementes está relacionado com o período de maturidade fisiológica das sementes e com o longo período de frutificação, estratégias de dispersão intrínsecas a esta espécie. Os autores apontaram oito famílias de aves e um primata (Leontopithecus rosalia L.) como dispersores, além da dispersão secundária realizada por formigas cortadeiras (Atta sp.). Na Área 2 (floresta aluvial), os picos de coleta foram mais pontuais, ocorrendo em setembro e em novembro, com um ligeiro aumento da abundância de sementes em fevereiro e outubro. A espécie C. sylvestris está relacionada ao pico em setembro correspondendo ao ano 2008, provavelmente relacionado a queda de frutos direta no coletor, já que as sementes desta espécie corresponderam a 90% do total de sementes desse coletor e a freqüência de coleta foi de 5,5% (L = 0,95) e ao ligeiro aumento da abundância de sementes em outubro correspondendo ao ano 2006. Esse período corresponde ao início da estação chuvosa. O pico de novembro e o ligeiro aumento de abundância de sementes em fevereiro foram relacionados à espécie M. cinnamomifolia, que ocorreu em três coletores, com freqüência de 11,1% (L=0,89), mas com 87,8% das sementes em um único coletor. Este período não coincidiu com o período de pico para a espécie na Área 1. A espécie G. guidonia representa a espécie que efetivamente está relacionada com a distribuição das sementes zoocóricas iniciais ao longo do ano e ao aumento de abundância de sementes em outubro. Esta espécie apresentou uma freqüência de 66,7% (L = 0,3). O aumento da abundância dessa espécie, assim como o aumento no número de espécies também correspondeu ao início da estação chuvosa. Este resultado é semelhante ao observado, em geral, nas florestas de clima sazonal, em que há um pico, tanto em números de frutos produzidos quanto em números de espécies produzindo frutos no início da estação chuvosa (Penhalber & Mantovani 1997, Grombone-Guarantini & Rodrigues 2002). Na Área 3 (matriz de pastagem) a distribuição mensal das sementes zoocóricas iniciais foi contínua ao longo do ano, com período de maior abundância de sementes de março a julho, com picos de coleta em março e junho. Esta variação na distribuição de sementes está relacionada à espécie L. camara, cuja estratégia é produzir frutos ao longo do ano, com um pico maior de coleta na estação chuvosa e outro menor na estação seca. A freqüência correspondeu a 88,9% dos coletores (L=0,1%). 164 O maior número de espécies zoocóricas iniciais, assim como o maior número de sementes, com exceção da espécie ruderal L. camara, ocorreu em outubro e novembro, correspondendo ao início da estação chuvosa. O aumento da abundância das espécies zoocóricas inciais estão relacionadas às espécies Lacistema sp. (5,5%, L = 0,95), Margaritaria nobilis (5,5%, L = 0,95), G. guidonia (55,5%, L = 0,44) e M. coriacea (50,0%, L = 0,5). Quanto às espécies zoocóricas tardias, na Área 1, os picos de coleta corresponderam aos meses de outubro a janeiro, relacionados à estação chuvosa. Outubro e novembro corresponderam às maiores abundâncias das espécies Lacistema sp. e Cinnamommum triplinerve, dezembro às espécies Lacistema sp e T. martiana, com abundâncias menores, e janeiro à espécie S. guianensis, com aumento da abundância. O período mais favorável à dispersão de frutos zoocóricos de espécies tardias é na estação chuvosa, uma vez que a maioria dessas sementes é recalcitrante, permanecendo por curto período no banco de sementes (Garwood 1989, Loiselle et al. 1996). No entanto, mesmo as espécies mais abundantes apresentaram uma baixa freqüência neste remanescente, S. guianensis com 38,9% (L = 0,61%) e Lacistema sp com 33,3% (L = 0,67), indicando uma alta limitação de dispersão. Na Área 2, a variação mensal foi mais pontual, com coletas de sementes em agosto, outubro (maior abundância registrada) e em novembro. Agosto correspondeu à estação seca e outubro e novembro ao início da estação chuvosa. Outubro está relacionado à maior abundância da espécie O. odorifera, novembro à espécie T. martiana somada à espécie O. odorifera e agosto a uma maior abundância da espécie Eugenia sp. 1. Nesta área a espécie O. odorifera apresentou uma freqüência de 44,4% (L = 0,56) e a Eugenia sp. 1, de 38,9% (L = 0,61%). Na Área 3, a espécie zoocórica tardia registrada na coleta foi P. guineense, com distribuição de sementes ao longo do ano, similar a espécie L. camara. Um pico de coleta em janeiro, período com maiores índices pluviométricos e julho, período seco e de baixas temperaturas. No entanto apresentou uma freqüência mais baixa (22,2%, L = 0,78%). Quanto à distribuição de recursos para a fauna 165 No geral as espécies anemocóricas apresentaram maior percentual de espécies com baixo limite de dispersão. Em estágios iniciais de sucessão esta síndrome é característica de algumas pioneiras, de secundárias iniciais e da maioria das lianas. Na Área 1, embora tenha sido observado uma maior proporção de espécies anemocóricas com baixo limite de dispersão em relação às zoocóricas, a abundância de sementes zoocóricas nesta área é aproximadamente duas vezes maior. Mesmo assim, foi observado um baixo percentual de espécies zoocóricas com baixo limite de dispersão. Comparando com os outros remanescentes, este é o que apresenta, proporcionalmente, menos espécies atrativas para a fauna dispersora (Tabela 2). Na Área 2, o percentual de espécies com baixo limite de dispersão é um pouco maior, no entanto ainda continua baixo. Provavelmente o elevado número de sementes anemocóricas indica o incremento de espécies ruderais, e este efeito pode estar atuando como barreira para que a fauna passe de áreas adjacentes para o interior desta área. As demais áreas em estágios mais iniciais de sucessão, embora apresentem valores de limite de dispersão para espécies anemocóricas bem diferentes, apresentam valores mais próximos de proporção de espécies zoocóricas com baixo limite de dispersão. Isso indica, dada a maior proximidade entre elas (A3 está a 150 m de A4 e um pouco mais distante de A5), que os plantios estejam estimulando o movimento da fauna dispersora e que a matriz de pastagem com pequenas manchas isoladas esteja servindo como fonte e vice-versa. A ocorrência das mesmas espécies zoocóricas, com baixo limite de dispersão, nas três áreas, indica que os plantios estejam catalisando a regeneração de áreas adjacentes. Estas espécies são G. guidonia, M. coriacea e L. camara. Os resultados (Tabela 3) indicam que há recurso para a fauna na Área 1, de março a julho. No entanto a espécie responsável por este recurso é principalmente a M. cinnamomifolia, que embora atenda a uma variedade de famílias de aves e um primata, não atende a nichos mais específicos. Agosto, setembro e fevereiro não houve coleta de frutos, o que indica um período deficitário. De outubro a janeiro foi registrada coleta de frutos de zoocóricas tardias, que do ponto quantitativo deixa a desejar, já que geralmente produzem menor quantidade de frutos. 166 Na Área 2 houve boa oferta de recurso no período de agosto a novembro tendo sido registrada coleta tanto de zoocóricas iniciais quanto tardias. No entanto foi observada uma grande lacuna de dezembro a julho. Nas Áreas 3 e 5 houve uma contínua distribuição de recursos ao longo do ano, o que já não ocorreu na Área 4. Conclusões Embora a área de estudo se encontre em uma região que apresenta uma tendência a um clima sazonal, com duas estações, chuvosa e seca, definidas (estação seca e de baixas temperaturas no período de junho a agosto, e, estação chuvosa com temperaturas mais elevadas, no período de setembro a maio), o padrão temporal da chuva de sementes, em termos de abundância de sementes, é mais influenciado pela distribuição das espécies mais abundantes e suas estratégias reprodutivas e de dispersão. Isso foi evidenciado pela diferença da distribuição mensal do número de sementes e de espécies em diferentes fisionomias de vegetação (A1, A2 e A3) de uma mesma área e pela correlação não significativa entre as abundâncias mensais totais de sementes e a riqueza de espécies mensal e os dados de temperatura e pluviosidade. Os picos de coleta não são coincidentes entre as áreas, o que pode ser uma resposta das diferenças na composição e estrutura da vegetação, que influenciam diferentemente o padrão temporal de distribuição das sementes ao longo do ano em cada área. A maior proporção de espécies zoocóricas com baixo limite de dispersão na área 3 indica uma maior movimentação da fauna dispersora e espécies coincidentes ocorrentes na chuva de sementes nas áreas 4 e 5 sugerem que as áreas plantadas estão influindo na regeneração de área de pastagem adjacente. Este resultado mostra a importância da chuva de sementes para a regeneração natural em áreas fragmentadas na Reserva Biológica de Poço das Antas. Como em todas as fisionomias foi encontrada alta limitação de dispersão, é necessário intervenções para que haja um aumento do potencial via chuva de sementes para a restauração da cobertura vegetal dessas áreas degradadas (matriz de pastagem). 167 Referências Bibliográficas Aide, M. T.; Zimmerman, J. 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Myrsine coriacea Cinnamomum triplinerve Mabea fistulifera Ocotea odorifera Trichilia martiana Xilopia sericea Eugenia pisiformes Andradea floribunda Reissekia sp. B1 0 0 0 23 0 11 0 0 1 14 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 B2 94 15 3 1 1 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 B3 B4 B5 B6 1223 1520 72 249 3 16 0 42 3 7 0 0 1 1 4 0 8 59 0 51 4 2 0 3 2 24 1 0 0 0 1 8 0 0 10556 1045 2 2 2 0 1 2 0 2 0 0 0 46 0 0 3 19 0 0 2 2 2 2 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 3 0 0 2 0 0 0 0 0 0 15 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 10 0 0 0 0 0 0 0 0 21 0 0 0 0 1 B7 13 0 2 4 7 0 0 0 0 0 3 1 0 0 0 0 0 0 0 136 0 0 0 0 1 0 B8 90 0 0 0 0 14 1 8 0 1 3 129 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 B9 208 28 1 3 1 1 0 1 502 0 0 60 8 0 1 0 0 1 0 0 3 0 1 0 0 0 I1 507 3 0 8 5 0 0 6 0 0 0 129 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 I2 164 3 3 3 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 I3 244 7 1 0 13 0 0 25 3 0 0 0 5 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 I4 15 1 1 3 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 5 3 0 9 0 0 0 0 0 0 0 I5 39 6 1 7 53 0 1 3 4 0 0 157 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 I6 363 1 42 4 3 4 2 0 0 3 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 I7 188 41 1 0 3 23 112 1 19 132 0 0 0 0 0 0 0 0 46 0 0 15 0 0 0 0 I8 106 10 1 0 1 5 0 0 0 0 0 0 0 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 I9 330 4 4 1 0 0 7 0 4 0 1 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 4 0 0 L 0,056 0,222 0,278 0,278 0,333 0,445 0,445 0,5 0,556 0,611 0,667 0,667 0,722 0,722 0,778 0,833 0,833 0,833 0,889 0,889 0,889 0,889 0,889 0,889 0,889 0,889 173 Guatteria sellowiana P. schomburgkiana Paulinia trigonia Combretum fruticosum Mabea piriri Dalbergia lateriflora Fridericia sp. Myrtaceae 1 Calophyllum brasiliensis Casearia sylvestris Leguminosae 3 Leguminosae 2 Symphonia globulifera Eugenia 2 Pera heteranthera Myrtaceae 2 Annona dolabripetala A. aculeatissimum Ceiba erianthos Dioscorea sp 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 7 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 4 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 176 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 42 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,944 0,944 0,944 0,944 0,944 0,944 0,944 0,944 0,944 0,944 0,944 0,944 0,944 0,944 0,944 0,944 0,944 0,944 0,945 0,945 174 Área 2 Espécies H. heptaphyllus Anchietea pyrifolia Asteraceae 2 Asteraceae 1 Guarea Guidonia Forsteronia pilosa Ocotea odorifera Myrsine coriacea Eugenia 1 Reissekia sp. Miconia cinnamomifolia Ocotea sp. Aegiphila integrifolia Melastomataceae 1 Stigmaphyllon sp. Albizia polycephala Siparuna guianensis Miconia prasina P. grandiflorum Tabebuia serratifolia Piptadenia gonoachantha Dalbergia lateriflora Lonchocarpus cultratus Leguminosae 6 Casearia sylvestris Trichilia martiana Serjania sp. Dioscoria sp Asteraceae 4 Paullinia trigonia Pterocarpus rohrii B1 0 0 5 19 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 13 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 B2 20 0 0 4 1 2 1 0 0 12 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 387 0 0 0 0 0 0 B3 3 1 77 821 2 1 0 1 0 0 0 0 4 0 0 0 0 0 0 2 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 B4 14 1 94 2 1 8 13 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 12 0 0 0 0 11 B5 24 0 4 3 10 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 B6 34 0 1 3 0 3 0 2 6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 B7 0 5 2 44 11 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 B8 9 1 0 0 0 10 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 B9 4 1 2 1 1 4 15 0 2 3 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 I1 0 1 1 2 1 0 3 0 0 0 33 0 0 0 48 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 I2 6 1 3 0 0 0 17 1 4 0 287 2 0 31 0 0 0 18 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 I3 7 2 2 0 0 2 1 1 0 0 0 0 0 1 0 2 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 I4 3 1 1 5 3 1 1 0 1 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 I5 1 2 174 0 1 6 0 0 16 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 146 0 0 I6 0 2 1 6 23 1 0 3 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 I7 6 1 0 0 4 0 0 0 0 0 7 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 1 0 0 0 I8 3 19 0 0 2 0 3 0 1 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 I9 59 4 3 12 0 0 0 1 0 294 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 L 0,222 0,222 0,222 0,333 0,333 0,333 0,556 0,611 0,611 0,778 0,833 0,833 0,833 0,889 0,889 0,889 0,889 0,889 0,889 0,889 0,944 0,944 0,944 0,944 0,944 0,944 0,944 0,944 0,944 0,944 0,944 175 Área 3 Espécies Lantana camara Asteraceae 1 Guarea guidonia Myrsine coriacea Psidium guineense Anchietea pyrifolia Reissekia sp. Asteraceae 2 Clidemia biserrata Asteraceae 3 Lacistema sp. Casearia sylvestris Margaritaria nobilis Vytex polygama P. grandiflorum S. leucanthum P1 10 33 2 5 1 0 0 6 0 1 0 0 0 0 0 0 P2 1 28 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 P3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 P4 10 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 P5 462 34 4 8 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 P6 33 0 18 46 3 0 7 0 4 0 0 0 0 0 6 0 P7 20 7 6 2 0 0 0 0 0 11 0 2 0 0 0 0 P8 44 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 P9 17 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 P10 31 30 2 10 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 P11 162 96 1 3 0 0 0 3 0 0 0 0 0 1 0 0 P12 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 P13 1457 0 0 0 0 0 0 0 0 0 50 0 0 0 0 0 P14 40 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 P15 13 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 P16 36 1 6 15 0 1 1 0 0 0 0 0 58 0 0 1 P17 P18 L 1 66 0,111 2 2 0,389 0 0 0,444 3 1 0,5 1124 1466 0,787 0 1 0,889 0 0 0,889 0 0 0,889 0 0 0,889 0 0 0,889 0 0 0,944 0 0 0,944 0 0 0,944 0 0 0,944 0 0 0,944 0 0 0,944 176 Área 4 Espécies Guarea guidonia Tibouchina granulosa P. grandiflorum Asteraceae 1 Myrsine coriacea Inga edulis Asteraceae 2 Miconia prasina Cecropia sp. Miconia serrulata Siparuna sp. Lantana camara Anchietea pyrifolia C. myrianthum B1 147 5 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 B2 3 31 10 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 B3 8 135 2 0 29 0 0 0 365 0 0 0 0 0 B4 6 0 4 1 0 42 0 0 0 0 0 0 0 0 B5 4 16 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 B6 1 0 2 0 0 8 6 0 0 2 0 0 0 0 B7 3 2 0 3 1 18 0 0 0 0 0 0 0 0 B8 1 16 0 1 2 0 1 0 132 0 0 0 0 0 B9 1 0 0 10 2 0 0 0 2039 0 1 3 0 1 I1 6 76 8 3 3 0 18 5 0 0 0 0 0 0 I2 2 7 4 0 3 0 0 43 0 0 0 0 0 0 I3 4 16 5 1 0 8 0 0 0 0 0 0 0 0 I4 4 212 16 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 I5 12 336 6 1 2 7 2 0 0 0 0 0 0 0 I6 18 0 1 5 0 16 1 5 0 29 0 0 0 0 I7 1 18 1 0 0 2 1 0 0 0 0 0 0 0 I8 4 92 1 1 0 12 0 0 0 0 1 0 3 0 I9 0 42 0 0 0 0 0 5 61 22 0 0 0 0 L 0,056 0,222 0,333 0,444 0,5 0,5 0,611 0,778 0,778 0,833 0,889 0,944 0,944 0,944 177 Área 5 Espécies P. grandiflorum S. leucanthum Reissekia sp. Asteraceae 2 Tibouchina granulosa Asteraceae 1 Guarea guidonia Miconia prasina Miconia serrulata Citharexylum myrianthum Myrsine coriacea Siparuna guianensis Lantana camara Clidemia biserrata Inga edulis Mimosa bimucronata H. heptaphyllus Myrtaceae B1 3 2 15 2 0 0 0 1 0 35 0 1 0 0 0 0 0 0 B2 0 8 197 14 30 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 B3 1 4 3 27 0 1 0 0 0 4 0 1 0 0 0 0 0 0 B4 12 4 27 4 0 55 0 1 0 4 0 0 0 0 0 0 0 0 B5 9 0 0 1 0 24 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 B6 28 0 5 0 98 0 28 1 0 7 23 2 0 0 0 0 0 3 B7 15 4 41 0 107 23 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 B8 1 9 200 0 208 8 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 B9 0 0 112 2 30 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 I1 10 3 150 1 0 1 8 0 285 5 1 0 3 0 0 0 0 0 I2 19 8 44 0 80 0 2 14 864 0 0 0 0 0 0 0 0 0 I3 19 10 292 1 291 9 3 6 857 0 0 0 0 0 0 0 0 0 I4 7 1 128 1 257 0 2 101 16 0 0 0 0 2 0 0 0 0 I5 4 3 0 2 121 2 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 I6 5 3 0 1 35 27 5 0 1 2 0 0 0 0 0 1 0 0 I7 3 1 0 3 1 36 1 28 4 0 0 0 0 0 3 0 0 0 I8 11 35 7 0 73 76 2 2 233 0 1 0 0 0 0 0 0 0 I9 2 4 465 1 65 0 4 1 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 L 0,111 0,167 0,222 0,278 0,278 0,333 0,389 0,5 0,611 0,611 0,722 0,833 0,944 0,944 0,944 0,944 0,944 0,944 178 Considerações finais No contexto atual, em que áreas de Mata Atlântica encontram-se reduzidas a 7,6% de sua extensão original numa paisagem extremamente fragmentada, entender os mecanismos de regeneração e os processos envolvidos nos diferentes estádios secundários de sucessão ocorrentes nos mesmos é de suma importância para os que buscam a restauração e conservação desse bioma. A Reserva Biológica de Poço das Antas assume um importante papel na conservação de florestas de baixadas litorâneas, fazendo parte de um dos poucos complexos de remanescentes, juntamente com a Reserva Biológica União para formação de corredores ecológicos no estado do Rio de Janeiro. Os resultados obtidos neste estudo mostraram que embora os remanescentes localizados nas encostas sejam considerados os mais conservados, os remanescentes em área de várzea assume um papel preponderante, apresentando maior potencial de regeneração via chuva de sementes. Nos remanescentes de capoeiras aluviais ainda há ocorrência de indivíduos arbóreos remanescentes de florestas aluviais primárias, o que contribui para o incremento de riqueza das espécies zoocóricas frugívoras. Como estas florestas acompanham os cursos d’água, acabam formando corredores que permitem a dispersão e manutenção do fluxo gênico entre populações que ocorrem na região e ainda serve como uma das poucas fontes de sementes para regeneração de pastagens adjacentes. Além disso, quando estas florestas estão localizadas próximas à base dos morrotes, pode funcionar como fonte complementar de recursos para frugívoros, nas lacunas de produção de frutos ao longo do ano. Devido ao histórico de sucessão da vegetação resultante dos distúrbios antrópicos ocorridos na região em diferentes épocas, os remanescentes da reserva se encontram em estádios secundários de sucessão. Os remanescentes estudados apresentaram intenso efeito de borda. Os resultados indicam que alguns remanescentes de florestas aluviais possam estar mais conservados que muitos remanescentes de encosta. A menor riqueza de espécies das florestas aluviais é resultante de fatores inerentes ao regime hídrico, já que estas estão localizadas em áreas de várzea. Além disso, o solo em área de encosta tem sido apontado como fator limitante para o estabelecimento de novas espécies. 179 Devido ao alto grau de perturbação pretérita na Reserva Biológica de Poço das Antas, especialmente na área de várzea, onde houve maior pressão antrópica, o efeito de borda se faz sentir mais na interface dos remanescentes aluviais com a pastagem. Há uma interiorização de espécies ruderais nessa interface. Medidas que tamponassem este efeito poderiam permitir uma melhor resiliência dessas florestas. Na floresta de encosta, além do fator limitante do solo, há o efeito de borda, pois no cume do morrote há uma área coberta por vegetação herbácea (samambaias) que está ampliando a área de borda deste remanescente. Os fatores mais influentes na chuva de sementes que ocorre em remanescentes de vegetação secundária foram composição e estrutura da vegetação e histórico de sucessão, mais que fatores inerentes à paisagem como distância da fonte ou permeabilidade da matriz. Portanto a chuva de semente pode ser usada para indicar estádios de sucessão de florestas ou grau de perturbação das mesmas. Os resultados do presente estudo indicam que a chuva de sementes em área de várzea apresenta, de forma geral, um baixo potencial para regeneração na Reserva Biológica de Poço das Antas, resultante do predomínio de uma vegetação secundária. No entanto as florestas aluviais e capoeiras aluviais, ambientes freqüentados pela espécie ameaçada de extinção, o mico-leão-dourado (Leonthopitechus rosalia L.), consistem em potenciais fontes de propágulos para regeneração da área. O aumento de proporções de espécies com baixo limite de dispersão na área dos remanescentes III, IV e IV mostrou que os plantios conseguiram vencer a barreira de pastagem e aumentar o potencial da chuva de sementes na regeneração de áreas adjacentes. Outras medidas para aumentar a permeabilidade da matriz podem ser tomadas, especialmente direcionadas a aumentar o potencial da chuva de sementes nas florestas e capoeiras aluviais de várzea. 180 Referências Bibliográficas Alves, S. L.; Zaú, A. S.; Oliveira, R. R.; Lima, D. F.; Moura, C. J. R. 2005. Sucessão florestal e grupos ecológicos em Floresta Atlântica de encosta, Ilha Grande, Angra dos Reis, RJ. Revista Universidade Rural: Série Ciências da Vida 25(1): 26-32. EDUR, Seropédica, RJ. Anderson, A. B.; May, P. H.; Jenkins, C. N. 2003. Cordão de Mata: planning and implementation of biological corridor in the Atlantic Forest of Rio de Janeiro. Chapter in Índice de qualidade dos municípios – verde II. Fundação CIDE (em Português). 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