Fair-Play - CREF13 BA/SE

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Fair-Play - CREF13 BA/SE
FAIR PLAY, DE UM IDEAL À REALIDADE
Princípios, estudos de casos e exemplos práticos, estratégias e
assuntos instigantes.
Manual de Implementação
Comitê Internacional de Fair Play Índice
Índice
Página
Prefácio do presidente do Comitê Internacional de Fair Play (CIFP)
4
Fair Play no coração do esporte
5
Introdução
9
Performance e Conquista
14
Regras
19
Igualdade de Oportunidades
25
Respeito
33
Saúde
38
Estratégias para transmitir e disseminar Fair Play
3
44
Prefácio
Prefácio
Fair Play, de um ideal à realidade
O Comitê Internacional de Fair Play (CIFP) confiou a um grupo de trabalho, liderado pelo Professor
Albert Buisman (Universidade de Utrecht, Holanda), a realização de um estudo aprofundado sobre a
situação atual de Fair Play no esporte e sobre os meios de promovê-lo. Assistidos pela Sra. Kristina Bohnstedt e Sra. Katja Senkel (Universidade de Mainz), o grupo
também contou com a orientação do Professor Norbert Müller (Alemanha), Vice-Presidente do
comitê CIFP. Prof. Muller foi coordenador da Declaração intitulada "Fair Play for All" – Fair Play
para todos, distribuída em 1992 pelo CIFP, a qual na época, foi redigida por Norbert Müller, Albert
Buisman, Erwin Hahn (Alemanha) e William Slater (Reino Unido).
Os resultados de dois anos de pesquisa, sondagem, reflexão e debates finalmente se
materializaram em um Manual que desenvolve os diferentes aspectos e significados de Fair Play
e também propõe exemplos e estratégias para promover o Fair Play e de fato fazer dele uma
realidade de prática no esporte. E ganhou o seguinte título: "Fair Play, de um ideal à realidade"
Sendo assim, era desejável torná-lo disponível para todos aqueles envolvidos com o esporte,
assim como para pesquisadores e o público em geral. Embora o trabalho tenha sido realizado
por este grupo, o Professor Buisman, em perfeito acordo com o CIFP insistiu que a "Declaração" do
Comitê Internacional de Fair Play: "Esporte e Fair Play no século 21", tornada publica na UNESCO
em 7 de dezembro de 2007, estivesse presente nas páginas de abertura deste livro. Embora
com uma apresentação um tanto diferente, a Declaração, em síntese, foi em grande parte
inspirada por este estudo e seu conceito extenso, dinâmico e realista de Fair Play.
O Comitê Internacional de Fair Play trabalhará na "Declaração de 2011" nos próximos meses.
Presidente do Comitê Internacional de Fair Play
4
Fair Play no coração do esporte
O esporte tem muitas faces. O esporte competitivo existe largamente em diferentes níveis
de atividade, que vai do esporte de lazer e esporte pela saúde a, mais recentemente, um
número cada vez maior de adeptos do esporte de aventura ou diversão. O esporte pode
oferecer prazer, entusiasmo ou ser um meio de praticar exercício.
Acima de tudo aquilo que queremos assistir na televisão está poder experimentar a
emoção das atuações que quebram recordes. As atividades desportivas proporcionam a
um vasto número de pessoas no mundo inteiro uma válvula de escape para o estresse
diário através das quais elas podem alcançar equilíbrio interior. O esporte é tão variado quanto a própria vida e o ideal do fair play forma a base para toda
a atividade desportiva. Prazer e satisfação podem derivar de realizações desportivas
somente se o princípio de fair play é respeitado. Este fenômeno global se aplica a atletas
de todas as culturas.
O Comitê Internacional de Fair Play (CIFP) considera a
diversidade e o apelo do esporte como a base de seu entendimento de
fair play.
Fair play não pode ser compreendido sem a incorporação de valores éticos fundamentais,
tais como justiça e dignidade humana. Tal abordagem coloca o ideal de fair play ao
alcance de todos, enfatizando seu significado especial. Isto compreende não apenas mostrar respeito, honestidade e tolerância, mas também
proteger o próprio corpo durante a prática do esporte. Esta reciprocidade é de notável
importância no esporte competitivo porque sem adversário desportivo não há jogo. Um
jogo exige jogadores.
O senso de fair play no esporte depende da igualdade de oportunidades existentes em
ambas as modalidades de esporte competitivo ou de lazer. Isto é uma experiência
constante para aquele individuo engajado no treinamento de esporte competitivo, com
o meio social do atleta e os aspectos culturais específicos em vários países formando
fatores adicionais de influência. Fair play é a base necessária para o engajamento positivo no esporte. A prática justa do
esporte é divertida e prazerosa, proporcionando a aqueles envolvidos uma sensação boa e
assegurando que conquistas desportivas possam ser percebidas como merecidas e obtidas
honestamente. Isto se aplica a todos os campos nos quais o esporte é praticado, do
esporte de alto nível até o mais iniciante. Muitas vezes fair play é apenas mencionado em relação a crises no esporte. A necessidade
de estar em conformidade com o principio de fair play sempre é citado quando, por
exemplo, o problema do consumo de drogas ou a influência desenfreada da
comercialização coloca em questão o propósito tradicional do esporte como um modelo
educacional. Isto se aplica tanto ao esporte de alto nível para crianças saindo do controle
como às faltas graves ou manifestações violentas.
Exemplos de referencia de fair play são raramente relatados na mídia, embora eles
ocorram constantemente milhares de vezes. Em muitos países prêmios são concedidos aos
melhores exemplos de fair play pelos comitês nacionais e organizações esportivas com o
intuito de aumentar a opinião pública sobre fair play no esporte. Desde 1964, o CIFP
vem concedendo os mais elevados e desejados prêmios internacionais de Fair Play, os
prêmios Pierre de Coubertin, Jean Borotra e Willi Daume, por conduta especialmente
exemplar. O prêmio Pierre de Coubertin ostenta a inscrição: « Mieux qu’un victoire ».
O CIFP não se limita simplesmente a conferir premiações por condutas exemplares de fair
play, mas também faz campanhas pela pratica constante de fair play em todas as áreas do
esporte. Para tal, o ideal de fair play é uma diretriz que clama por esforços constantes
para jogarmos de forma justa, mesmo que nem sempre as exigências estruturais e o
ambiente social facilite isto para os esportistas na prática diária do esporte.5
Cada vez mais os desenvolvimentos modernos no esporte resultam em discrepâncias entre
o ideal do fair play e a realidade esportiva. O CIFP não sustenta uma visão
exclusivamente idealista, mas sim uma visão mais realista e, por conseguinte, uma
visão de fair play orientada pela ação. Fair play não se refere apenas ao jogo ou
competição e não exige uma conduta justa unicamente dos competidores. Ao contrario, fair play está direcionado a todos aqueles envolvidos com o esporte:
treinadores, juízes e árbitros, pais e professores, médicos, espectadores e fãs, diretorias,
cientistas/acadêmicos, a mídia, patrocinadores e organizações desportivas possuem tanta
responsabilidade de agir de forma correta e justa quanto os atletas. Com frequência a interpretação do ideal de fair play pode variar, dependendo do grupoalvo em questão; para as crianças, este pode frequentemente ter um significado diferente
do que para os adultos, assim como para os iniciantes, o significado é diferente do que
aquele para atletas de alto desempenho. Organizações desportivas têm diferentes
encargos por parte dos atletas ou treinadores, na medida que a implementação do fair
play no esporte está em questão.
Fair play destina-se a todos. Todos engajados no esporte são responsáveis pelo esporte justo.
Uma vez que o esporte é praticado por todas as nações e culturas, o conceito de fair
play deve ser entendido e praticado mundialmente.
Respeito e tolerância,
consequentemente, devem ser identificados e colocados em prática, mesmo contra a
bagagem das diferenças culturais.
O esporte não está vinculado a fronteiras nacionais. Para obter sucesso, fair play precisa
ser compreendido no mundo inteiro. Aspectos individuais do fair play, contudo, podem
certamente ser caracterizados por características culturais específicas e o fair play tem
que ser interpretado em comparação a respectiva bagagem cultural. Neste aspecto, fair
play também significa respeito, tolerância e reconhecimento de diferenças culturais. Por
exemplo, aspectos de saúde e respeito podem ter um significado diferenciado,
dependendo da bagagem cultural. O aspecto de desempenho é menos importante nos
esportes onde o foco não está no elemento competitivo. O desempenho individual
também é considerado como algo menos desejável em certas culturas, onde a ênfase está
muito mais nas atividades de grupo. Tais aspectos culturais específicos não devem ser
desconsiderados.
Fair play tem multi-facetas. Para facilitar o fair play no esporte, vários aspectos devem ser
considerados na prática.
O CIFP considera os cinco aspectos que seguem como sendo
cruciais para colocar o esporte justo em prática:
(1) Desempenho e conquista
(2) Criação de regras e cumprimento destas
(3) Igualdade de Oportunidades
(4) Respeito
(5) Saúde
Apenas através de uma visão conjunta destes cinco aspectos, é
possível desenhar uma imagem completa de fair play no esporte.
Desempenho
Na competição esportiva, fair play significa dar o melhor de si e melhorar continuamente
seu desempenho dentro das regras do esporte e levando em conta suas próprias
habilidades. Isto se aplica a ambos: melhorar o desempenho individual e comparar seu
desempenho com aquele do seu oponente, do desempenho de equipe ou em termos de
conquista pessoal.
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Na acepção de fair play, desempenho deve ser entendido como comprometimento e
esforço. A conduta violenta é, todavia, incompatível com o entendimento de
desempenho dentro do esporte. Fair play também significa evitar exercer pressão
excessiva sobre outros com intuito de ter um bom desempenho ( podendo assim
desempenhar-se sem ser forçado a fazê-lo”).
Criando regras e cumprindo-as
Fair play quer dizer cumprir as regras do esporte, comportando-se de acordo com elas e
agindo dentro do espirito dessas regras. As regras tornam o esporte possível em primeiro
lugar. Em um esporte específico, as regras são as mesmas no mundo inteiro e possibilitam
que diversas culturas e nações compitam uma contra a outra naquele esporte em questão.
Fair play forma a base deste acordo. No interesse do esporte, este acordo pode ser
modificado se isto ajudar a melhorar o jogo. Desta forma, as regras são inerentemente
dinâmicas e não são rigidamente inalteráveis. Dentro do espirito de fair play, os
riscos relacionados também devem ser considerados e deve ser assegurado que razões
externas ao esporte não sejam a causa exclusiva por detrás das mudanças das regras. Contudo, fair play também significa garantir que ao criar e interpretar as regras, elas
transmitam respeito, cuidem da saúde e garantam oportunidades iguais, de forma que
possibilitem o melhor desempenho possível.
Igualdade de Oportunidades Fair play significa observar e promover os princípios fundamentais e a ideia de
oportunidades iguais no esporte. O principio da igualdade de oportunidades requer
que as condições antes e durante a disputa esportiva obrigatoriamente sejam iguais
para todos participantes (na medida do possível). Para aproximar-se o máximo
possível desta igualdade, o fair play é indispensável. Além do esporte competitivo,
fair play significa dar a todos que gostariam de participar no esporte a oportunidade de
fazê-lo.
Respeito
Fair play quer dizer respeitar aqueles envolvidos no esporte e o esporte em si, com
tolerância por outras visões e opiniões exercendo um papel importante. Somente com
respeito pela dignidade de outros e por sua própria dignidade, o esporte pode desenvolver
suas muitas e variadas facetas. Através da demonstração de respeito de uns pelos outros
por aqueles que praticam esportes, vastas emoções adormecidas são trazidas à tona,
tornando os eventos esportivos uma experiência única – seja em uma dimensão pessoal
ou em um importante espetáculo internacional.
Saúde
Fair play significa garantir a saúde de jogadores parceiros assim como sua própria saúde
no esporte e também gerar bem estar. O esporte ajuda a melhorar ou preservar boa saúde
se praticado em concordância com os princípios de fair play. Neste sentido, fair play faz
um chamamento pelo monitoramento cuidadoso das habilidades próprias e resiliência de
alguém para evitar ir além de seus limites ou não se exigir suficientemente. Além disso,
a saúde de um oponente, assim como dos parceiros de equipe, deve ser reconhecida como
algo inviolável.
Estes cinco aspectos têm um papel importante em todos os níveis de desempenho e
de grupos etários no esporte, variando desde o esporte competitivo, tanto no nível de
elite quanto no popular, até o esporte por diversão, lazer e saúde assim como os
esportes radicais. Além disso, o CIFP não vê o esporte para aqueles com deficiência
como uma categoria independente, uma vez que os atletas com deficiência estão
engajados em categorias semelhantes de esporte.
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O CIFP está buscando aumentar a conscientização e compreensão de fair play no esporte
e assim encorajar a reflexão e o debate. O comitê deseja demonstrar como o termo pode
ser entendido e quais aspectos ele pode abranger.
O CIFP considera isto como uma de suas principais tarefas para promover fair
play em todos os países do mundo e estabelecer os fundamentos necessários. Ele
apoia todos aqueles responsáveis dentro do esporte no intuito de dar a aqueles envolvidos,
direta e indiretamente, uma compreensão do conceito de fair play. Assim, o CIFP está
buscando transmitir e propagar o conceito de fair play no mundo inteiro e estimular o
ímpeto por ideias e iniciativas que tenham como objetivo um esporte justo para todos.
Fair play – é isso que o esporte é! Sem fair play, o esporte perde sua ideia e apelo originais!!
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Introdução
Introdução
Parece muito difícil descrever com apenas algumas palavras o que significa exatamente o
termo fair play e quais as oportunidades que ele oferece, assim como os requisitos do fair
play naqueles que dele participam. Em um esforço para definir o termo praticamente e,
especificamente, as visões do que é justo e do que é injusto, especialmente nos seus limites,
os conceitos podem, realmente, divergir bastante. O entendimento do que é fair play
depende em larga escala da situação individual sendo revista, assim como da história
cultural do evento esportivo. Existem muitas definições diferentes de fair play. Essencialmente, os elementos centrais
do conceito são idênticos, no entanto, diferenças aparecem em relação aos valores dados ao
aspecto individual em um contexto sociocultural
Fair play formal e informal
As distinções comuns entre fair play formal e informal se relacionam em termos de
conteúdo aos requisitos que são inerentes aos aspectos individuais do fair play. Fair play
formal, por exemplo, é entendido como a observância das regras do esporte. O fair play
informal vai além disto, cobrindo a conduta dentro do espírito destas regras. Ele requer
observância e respeito por todos aqueles envolvidos no esporte e pelo esporte em si, e não
pode ser forçado através de penalizações.
Em relação a valorização e o alcance do fair play, a distinção é feita entre um
entendimento estreito e outro amplo do fair play.
Entendimento estreito do fair play
Neste caso, o termo fair play se relaciona apenas com o evento competitivo em si. Fair
play, neste sentido, descreve a maneira pela qual os desportistas tratam uns aos outros em
um evento esportivo. Ao mesmo tempo, fair play significa respeito pelo escrito
e pelo não escrito durante a disputa,
mutualmente respeitosa com o oponente, com
o colega jogador, treinador e árbitro em uma
competição específica, a maneira respeitosa e
apropriada de lidar com a vitória e a derrota, e o
resguardo das iguais oportunidades durante um
evento competitivo.
Entendimento amplo do fair play
Outros, por sua vez, têm um entendimento
um tanto mais amplo do que é fair play, o
qual existe além do evento competitivo atual e cobre a fase de treinamento antes e
depois da competição, o ambiente ao redor do treinamento e da competição, assim
como a busca individual pelo esporte. Isto engloba não apenas o comportamento de
espectadores e fãs, mas também o dos dirigentes de organizações esportivas, a equipe
médica, os pais e, não menos importante, a mídia. Afastado do evento esportivo, fair
play em um nível individual significa o respeito pelo corpo e pela saúde. A interpretação
ampla do fair play também leva em consideração as variadas influências culturais dentro
das quais o esporte é praticado.
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Introdução
O Comitê Internacional de Fair play apoia esta interpretação ampla,
significando que os aspectos fair play do desempenho, as regras, a igualdade de
oportunidade, o respeito e a saúde devem ser considerados significativos além
do evento esportivo. O Comitê Internacional de Fair play também destaca a
importância da natureza informal do fair play, que vai além do elemento formal.
Os níveis de responsabilidade
Fair play simboliza ações conscientes e responsáveis em relação ao próximo, a si
próprio e ao esporte. O Fair play no esporte é de interesse até certo grau para todos
aqueles que estão envolvidos com o esporte diretamente. Homens e mulheres
desportistas não são os únicos alvos do fair play. Treinadores, árbitros e juízes, pais,
professores, dirigentes, médicos, espectadores, fãs, mídia, acadêmicos esportivos, clubes,
patrocinadores, autoridades políticas e organizações esportivas carregam igualmente a
responsabilidade de garantir e proteger o fair play. Esta lista não é exaustiva. Qualquer um
que esteja relacionado com o esporte, de qualquer forma, deve ser incluído.
Dois níveis básicos de responsabilidade podem ser distinguidos: um nível individual e
um nível organizacional, ou estrutural. Ao nível individual, cada indivíduo carrega a
responsabilidade do fair play no esporte. Em relação a isto, cada indivíduo pode e
deve fazer sua própria contribuição dentro dos limites estipulados. Ao nível estrutural,
as organizações esportivas são especialmente responsáveis. Ao definir regras e
políticas transparentes, elas criam a fundação para o esporte justo e devem continuar
adaptando-as às condições que mudam de acordo com o ideal do fair play.
Alguns requisitos essenciais dos indivíduos envolvidos podem ser extraídos de exemplos na
visão geral, que serve primariamente como incentivo ao pensamento para as áreas
extensivas que constituem as ações conscientes no esporte e clamam por ações
responsáveis. As diversas pessoas responsáveis têm requisitos diversos a cumprir no
interesse do esporte justo:
Homens e mulheres esportistas
Orientação para o princípio de lutar pelo melhoramento (contínuo) de
desempenho ou de fazer o melhor esforço possível,
Adesão às regras (escritas ou não escritas),
Aceitação das decisões dos juízes e árbitros,
Tratamento crítico das regras e decisões de terceiros,
Tratamento respeitoso do oponente ou adversário antes, durante e depois da
atividade desportiva,
Relacionamento respeitoso com colegas jogadores, colegas membros de clube e
treinadores na situação competitiva, assim como na prática do treino diário,
Não colocar em risco sua própria saúde ou aquela do oponente ou do colega
jogador,
Tratamento respeitoso de si próprio e, especialmente, de seu próprio corpo,
Lidar de forma apropriada com a vitória ou derrota.
Treinadores
Assistência ao atleta de forma que eles tenham o melhor desempenho de sua habilidade,
Aceitação das decisões do juiz e árbitro,
Reconhecimento e respeito pelas regras do esporte,
Respeito pelo treino em conformidade com o desenvolvimento do atleta; também
representando os interesses de atletas infantis,
Respeito pelo atleta como um individuo,
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Introdução
Tratamento igual de atletas dentro de um grupo de treinamento (especialmente no
caso de jovens),
Garantia e proteção da saúde de atletas,
Habilidade para aceitar críticas (permitindo e aceitando críticas justificadas oriundas de atletas).
Juízes e Árbitros
Responsabilidade pela aplicação justa das regras,
Penalização rigorosa, porém flexível, de infrações das regras dentro do espírito
de fair play,
Habilidade para aceitar críticas (em termos de permitir e aceitar críticas
justificadas oriundas de atletas),
Abertura e sensibilidade em sugerir mudanças necessárias de regras.
Pais e professores
Equilíbrio entre os aspectos de fair play e valores educacionais,
Exigência e encorajamento moderados (pais podem sugerir que os filhos pratiquem esportes,
encorajando-os e tendo uma influência positiva sobre a decisão em prol do esporte),
Interesse em atividades desportivas de crianças e jovens,
Busca por debates regulares com os treinadores,
Evitar expectativas excessivas (de avanço desportista),
Assegurar que prazer e diversão sejam elementos essenciais na atividade desportiva.
Médicos Dar prioridade máxima à saúde dos atletas,
Exercer um papel ativo nos esforços para combater a ingestão de drogas,
explicando os perigos inerentes aos atletas,
Não apresentar preferência desproporcional por medidas analgésicas em
detrimento de tratamentos terapêuticos.
Espectadores e fãs
Torcer apropriadamente por seu próprio time/seu preferido pessoal,
Relacionar-se de forma aberta e amigável uns com os outros e, em especial, com
os fãs de outros times/equipes
Reconhecer a conduta justa por parte dos desportistas (e reprovar ações injustas),
Evitar ações que impactem no evento desportista (por exemplo, perturbar a
concentração dos esportistas, etc.),
Respeitar as decisões de treinadores e juizes/árbitros.
Diretorias Conscientização da responsabilidade individual pela tomada de decisão estrutural,
Decisões devem ser tomadas em prol do esporte e não em benefício próprio,
Interesse no esporte e nos esportistas,
Habilidade em aceitar críticas,
Capacidade para trabalho em equipe.
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Introdução
Esportes acadêmicos
Reflexão crítica sobre a prática desportiva,
Pesquisa independente; mantendo uma distância importante/crítica,
Habilidade para destacar desenvolvimentos que tomam uma direção errada e
encontrar possíveis soluções onde necessárias,
Orientação para o ideal do fair play, especialmente na teoria e dinâmica de
treinamento (os objetivos da pesquisa podem ser um indicador do tratamento de fair
play no esporte).
Mídia
Agir com conhecimento de que eles são muito mais do que observadores
imparciais que estão meramente transmitindo o que está acontecendo na arena
desportiva (reconhecendo os problemas de “dirigir” um evento de esporte e agindo
com o espírito de fair play),
Reflexão crítica sobre o que está sendo mostrado e como está acontecendo,
Agir com conhecimento de que através de suas reportagens, eles não estão apenas
pintando um quadro de esporte de alto nível, mas também estão formulando o que deve ser considerado como justo ou injusto,
Cautela contra uma representação distorcida: evitar a representação exagerada de violação das regras (proporcionalmente à menção de exemplos de ações no
espírito de fair play), evitando também comentários que minimizem injustiças
(“falta justa”),
Não repassar responsabilidade, por exemplo, para superiores, mas sim desenvolver
seu próprio senso da importância de fair play.
Patrocinadores
Reconhecimento e conscientização do fato de que eles não se beneficiam apenas da
excelência desportiva, mas também da imagem positiva do esporte,
Levar em consideração os interesses dos esportistas em condições contratuais
(por exemplo, não exercer direito extraordinário de rescisão no caso de lesão
(prolongada),
Premiação de conduta justa por parte dos esportistas,
Levar em consideração (também) os interesses do esporte em negociações
contratuais com organizadores e organizações (ex: não organizar competições em
períodos desfavoráveis para os atletas envolvidos).
Organizações de esporte
Responsabilidade por estabelecer, aplicar e fazer cumprir as regras, Garantir e salvaguardar oportunidades iguais,
Supervisão das condições da competição e treinamento para assegurar a saúde dos
atletas,
Modificação das regras e/ou o desenvolvimento e adaptação das formas e
programas de treinamento para as habilidades e motivação dos atletas em diversos
grupos etários,
Gestão da influência de interesses comerciais, políticos e da mídia (com alta
prioridade atrelada aos interesses desportivos),
Perseguição de uma política esportiva transparente.
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Introduction
A importância de fair play em todos os aspectos de esporte
Antes de lidarmos detalhadamente com os aspectos individuais de fair play, devemos
manter a ênfase naqueles aspectos que são importantes em todas as áreas, níveis de
performance e grupos etários do esporte, mesmo que estes, em geral, tenham
características diferenciadas nas diversas áreas .
É claro que as áreas em que a situação competitiva ocorre são especialmente importantes. Além do
esporte competitivo, os esportes denominados de
diversão, lazer, radicais ou esporte pela saúde, valem
ser mencionados. Mesmo nestes esportes há um foco
no sucesso. No esporte pela saúde, o aspecto de fair
play e muito importante no que diz respeito a
proteger o corpo paralelamente a diversão e prazer,
sendo estes últimos as características principais do
esporte de lazer ou de diversão. Todas as áreas
podem ser subdivididas em: esporte infantil e juvenil,
esporte para adultos e para idosos.
O conceito de fair play tem um caráter próprio,
especialmente para crianças, com valores de criação
conflitantes com o conteúdo do “esporte para adultos”.
Portanto, atenção especial é dedicada a esta distinção.
Esporte para deficientes ainda não foi mencionado. A razão para isso é que o CIFP não
considera o esporte para deficientes como uma categoria independente, uma vez que
esportistas com deficiência também participam em esportes de alto-nível, populares, de
lazer ou pela saúde. As questões que surgem com relação à conduta de fair play serão
tratadas nas respecticas seções. Somente onde características especiais de
natureza fundamental surgem, serão elas
expressamente mencionadas e analisadas. Isto
também é coerente com a abordagem
fundamental dos aspectos especiais do esporte
infantil, juvenil e para idosos. Os cinco aspectos principais de fair play (performance, regras, igualdade de oportunidades, respeito e saúde) serão descritos em maiores detalhes nos capítulos a seguir. Além da descrição geral, aspectos críticos e temas para reflexão, também serão apresentados exemplos clássicos oriundos da prática desportiva. Os exemplos críticos e temas para reflexão têm como objetivo chamar a atenção para certas áreas problemáticas e encorajar o leitor
a refletir sobre fair play nos esportes. Ao final, várias estratégias são apresentadas sobre
como fair play pode ser colocado em prática e mantido vivo. 13
Performance e Conquista
Performance e Conquista
Introdução
Sucesso desportivo
tem muitas facetas.
Esporte justo oferece
a todo mundo a
oportunidade de
desempenhar em
linha com seus
interesses.
Desempenho
individual foca
na experiência
desportiva
e
não
na
competição
com outros.
O recorde mundial dos 100 metros em
atletismo, o primeiro salto triplo em
ginástica, um recorde mundial no medley 4x100-metros que permanece no estádio
da natação – quase um dia normal nos
jogos olímpicos ou outro evento
esportivo importante. O público aplaude.
Conquistas especiais ou recordes
estabelecidos por alguém pela primeira
vez, ou que virtualmente ninguém tem
probabilidade de quebrar, recebem atenção especial do público em geral no mundo todo.
Ainda assim, a conquista no esporte não está confinada ao esporte de alto nível: na escola
um aluno aplaude o sucesso desportivo alcançado por toda a sua turma. Uma mulher
idosa, após uma cirurgia, desfruta de seu desempenho de aprimoramento constante em
esporte de reabilitação, que permite a ela voltar à vida diária com mais facilidade. Através
de atividades desportivas, crianças aprendem como podem conquistar coisas novas todos
os dias. As pessoas gostam de conquistas. Desempenho desportivo é multifacetado e não
significa somente comparar-se com outros em competições. Facetas do desempenho no esporte
Vamos nos colocar no lugar de crianças pequenas. Todos os dias elas fazem novas
descobertas e aprendem muitas coisas novas: engatinhar pela primeira vez, caminhar
sozinhas pela primeira vez, andar de bicibleta sem as rodinhas de apoio ou nadar
uma piscina de 25 metros sem parar. A risada nos seus rostos e exclamações como:
“Mamãe, papai, olhem pra mim!” mostram que as crianças ficam incrivelmente
orgulhosas do que realizam. Desempenho individual As crianças desempenham dentro de seu próprio mundo. Elas não
necessariamente se comparam com as outras. Elas querem aprender
coisas novas, se aprimorarem e, especialmente, sentirem e
experimentarem suas próprias conquistas. Em particular, esportes de
lazer e externos, como ciclismo, patinação in-line, canoagem,
escalada em montanhas, etc., oferecem
aventuras e experiências para as
crianças. Mas todos os outros tipos
de esportes também podem ser
praticados sem haver comparações
de forma que as crianças possam simplesmente
desfrutarem de uma realização desportiva.
Por que não uma campina, em vez de uma pista de corrida de 400 metros? Por que não
usar o equipamento de ginástica para apresentações criativas ao invés de competições?
Adultos também usufruem desta forma de atividade desportiva, como em esporte de lazer
e externo – os fatores importantes são a sensação de liberdade e a experiência de sentir-se
enlevado por seu próprio desempenho. Isto é esporte justo porque todos podem buscar
um desafio dentro de uma experiência baseada em seu próprio potencial de realização.
Rotas de escalada e rampas de esqui apresentam vários graus de dificuldade. Tem sempre
algo para todos. Que rota eu devo pegar? O que posso esperar de mim mesmo? Em vez
de outros decidirem o que será
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Performance e Conquista
alcançado, desportistas, homens ou mulheres, individualmente, podem decidir por eles
mesmos, baseados em suas próprias habilidades. As várias áreas desportivas, como o
esporte para deficientes, oferecem ao atleta a oportunidade de experimentar conquista
desportiva dentro de suas próprias possibilidades e sentir prazer com isso. Esta é outra
característica diferenciada do esporte justo. Uma resposta positiva externa pode fornecer
ao
desportista
apoio
adicional,
estimulando
sua
auto-confiança.
Comparando seu desempenho com o de outros
Em esporte competitivo e de alto-nível, outras
dimensões de desempenho entram em ação.
Frequentemente, até mesmo as crianças
encontram seu caminho no esporte competitivo.
Elas gostam de treinamento frequente, tanto
quanto de terem um bom desempenho,
aprimorando-se continuamente e sentindo o que
seus corpos são capazes de fazer. Elas ficam
orgulhosas das vitórias que conquistam, gostam
do reconhecimento e dos elogios dos seus pais e
ainda gostam do treinamento para boa forma física mesmo quando não vencem.
Desempenho em equipe, tanto em treinamento quanto em competição, é de especial
importância para crianças, jovens e adultos. É justo se todos têm a
oportunidade baseada
em suas habilidades e
interesses
em
experimentarem
e
desfrutarem
da
conquista desportiva.
"O treinamento é frequentemente exaustivo e eu tenho que renunciar a
muitas coisas. Mas é muito divertido aprender coisas novas e treinar com o
time. Em competições posso mostrar do que sou realmente capaz!“
Reconhecidamente, performance nem sempre significa vencer. Performance e
conquista podem ser avaliados de maneiras diferentes, como quando comparados com
um padrão do tipo recorde mundial ou uma vitória olímpica. Também é possível,
entretanto, comparar o desempenho alcançado em competição com o melhor
desempenho pessoal alcançado até aquele momento, focando assim no
desenvolvimento pessoal. O atleta pode orgulhosamente relatar, por exemplo, ter
saltado 5cm mais do que na competição anterior. A classificação é, então, de
importância secundária pois o mais importante é o aprimoramento pessoal que foi
alcançado graças ao treinamento. Esporte competitivo requer treinamento árduo, frequentemente diário e
comprometimento e esforço total. Crianças, jovens e adultos gostam de esporte
competitivo e sessões diárias com o treinador, descobrindo seus próprios limites de
desempenho, orgulhando-se de suas conquistas, e assim por diante. Graças aos esforços
desportivos, eles se tornam muito mais cientes do que o corpo pode fazer. Pessoas
ativas sentem-se saudáveis e mentalmente contentes. Contudo, o que acontece se
somente os melhores receberem apoio, se a pressão psicológica se tornar grande demais,
se a escola ou o treinamento vocacional acabarem sendo neligenciados ou se qualquer
lesão destruir anos de esforço e trabalho árduo?
Requisitos do esporte em termos de um conceito justo de performance
1. Completo comprometimento e performance
Em uma competição é importante que cada indivíduo faça todo o esforço para assegurar
uma competição justa. O esporte competitivo perde credibilidade se este aspecto de fair
play não for adotado porque ambos, oponente e espectador, presumem que está
sendo feito um esforço total. De outra maneira, seria possível influenciar o resultado
através de manipulação e conluio. Em última análise, aqueles que tiveram o melhor desempenho, baseados em suas
capacidades (treinamento, talento, etc.) e fazendo cada esforço possível, devem ser
os vencedores. 15
Esporte competitivo
pode ter um impacto
negativo e positivo.
É justo quando a
atenção não foca
somente em recordes
e vitórias.
É justo quando a
pessoa
que
tem
melhor desempenho
dentro das regras e
fez todos os esforços
necessários,
realmente vence. Performance e Conquista
É importante que comprometimento e esforço sejam produzidos dentro das regras.
Quando o esforço for completo, um certo grau de espírito de luta é permitido.
Especialmente em esporte de alto-nível, o atleta
requer este espírito de luta para convocar todo o seu
esforço. Para assegurar um esporte justo, este
espírito de luta nunca deve ser transformado em
violência. A organização de situações competitivas
exigentes mas realizáveis contribuem para o esporte
justo, possibilitando a todos desfrutaresm de sucesso
com base em suas circunstâncias e habilidades.
Uma competição dura mas justa. Isso é o
que os atletas gostam – baseada em total
comprometimento e esforço em conjunto com
os outros aspectos de fair play.
É justo elogiar os
aprimoramentos
individuais
em
desempenho
e
assim estimular a
motivação e a
auto-confiança do
atleta.
Esporte
justo
possibilita a cada um
desempenhar
de
acordo com seus
interesses
e
circunstâncias sem
ser compelido a fazêlo. 2. Ênfase em melhorar o desempenho individual
Em todas as áreas do esporte, a motivação, a auto-confiança e a auto-afirmação do atleta
podem ser encorajadas ao enfatizar o aprimoramento no desempenho pessoal individual.
O atleta aprende a avaliar seu próprio desempenho. Esta forma de auto-avaliação é
especialmente importante em termos de transferir experiência desportiva para outros
aspectos da vida. Se um atleta aprende somente a avaliar seu desempenho com relação a
um padrão internacional, podem emergir frustração e decepção, especialmente se a
carreira tiver que ser cancelada devido a uma lesão ou outros motivos similares. Se o
atleta aprendeu a analisar e a focar no desenvolvimento de seu próprio desempenho, pode
sempre – mesmo que a carreira termine cedo - olhar para trás, para sua carreira
desportiva de forma positiva, e transferir essas experiências positivas para outros aspectos
de sua vida. “O treinamento e a rotina diária eram frequentemente difíceis mas eu faria tudo de
novo porque eu também aprendi muitas lições sobre a vida:
disciplina,camaradagem, vencer e perder «“
Com atletas mais fracos e pessoas que não desejam mais a conquista e preferem evitar
comparações de seu desempenho com os demais, o foco no aprimoramento individual
pode ajudar a motivá-los a se engajarem no esporte novamente e a usufruirem dele. 3. Apto a boa performance sem ter que fazê-lo
Na sociedade de hoje, orientada à conquista, a falta de esforço é frequentemente
penalizada e o princípio da conquista é visto negativamente devido à alta pressão
envolvida. Graças as suas muitas facetas, o esporte, por outro lado, oferece através de
suas várias formas, uma gama de experiências na qual cada indivíduo pode apresentar
performances maneiras variadas e a gostar da experiência – não importa se através de
uma atividade desportiva eles estejam buscando melhorar, manter ou recuperar seu
desempenho ou se estão praticando aquele esporte por outras razões. O direito a
desempenhar de acordo com suas próprias habilidades e motivos pode ser concedido
a qualquer um no esporte através das suas várias formas, treinamento e possibilidades
de experiência. A natureza voluntária da participação no esporte é o princípio
orientador. Em esporte de alto-nível, atletas individuais fazem performances destacadas e são
frequentemente muito orientados ao desempenho. Outros (ex: treinadores, patrocinadores,
organizações desportivas, políticos) também podem ser beneficiados com esses
desempenhos. É tarefa dos envolvidos, dentro do escopo do esporte justo, não
declararem o princípio do desempenho como absoluto, para não explorarem atletas e para
não os colocarem sob pressão extra. Também é tarefa de todos os responsáveis
explicarem 16
Performance e Conquista
aos atletas os riscos envolvidos e apoiá-los em termos de alcançarem um desempenho
de excelência. Alguns atletas são tão orientados à performance, que não estabelecem
limites ao seu esforço desportivo. Eles treinam mais do que o necessário, não dão
descanso ao corpo, negligenciam a escola ou interesses vocacionais e querem
competir em um evento até mesmo quando estão lesionados. ?... ! ...?
Exemplos e temas para reflexão
Esporte para deficientes
Um atleta com uma deficiência física tem participado em
eventos de arco-e-flecha de alto nível durante anos, tanto
em competições nacionais quanto internacionais. Negam a
ele a oportunidade de competir contra desportistas sem
deficiência, já que não há competições “mistas”. A
associação argumenta que sentado em uma cadeira de
rodas o homem tem mais estabilidade e, portanto, uma
vantagem. Ele gostaria muito de testar a si mesmo contra
arqueiros sem deficiência. O sistema desportivo não
deveria
disponibilizar
esta
oportunidade?
Fórmula 1
A temporada de corridas está chegando ao fim. A última
corrida da temporada decidirá qual piloto se tornará o
campeão mundial. Durante a corrida, o parceiro de equipe
do piloto que está competindo pelo título está em primeiro
lugar e pilotando com foco na corrida, com poucos erros. Durante o pit stop a equipe
segura o piloto mais do que o necessário para possibilitar ao outro piloto da equipe, ir para
a primeira posição e ficar com o título mundial. A regra desta equipe é justa para o piloto
que nesta ocasião apresenta melhor desempenho? E quanto ao público que espera que o
piloto com melhor desempenho vença?
Dependência
Um jovem atleta competindo no mais alto nível é muito bem sucedido desde o início. Ele
treina duro todos os dias. Seu trabalho escolar deteriora lentamente porque ele está
concentrando demais em treinamentos, cursos e competições. Os pais dele o tiram da
escola e vão com ele para os EUA para que seu filho possa ser orientado por um treinador
famoso. Associações e patrocinadores exercem pressão extra, junto com os pais. O jovem
atleta sente falta de seus amigos, professores e seu treinador local. Isso é justo?
Esporte de clube sem comparação competitiva
Um garoto joga basquete entusiasticamente em um clube. Ele adora este esporte e gosta
de cada minuto de treinamento. Mas ele gostaria de jogar basquete por diversão e não
para participar em competições. O treinador o tira do grupo porque ele está interessado
em treinar só atletas que também participam dos jogos da liga. O garoto agora tem que
parar de jogar basquete porque não existe um grupo do tipo lazer neste clube. Isso é
justo?
17
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Performance e Conquista
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Avaliando performance na escola
Exemplos de melhores práticas
Um professor tem que avaliar o desempenho dos alunos nas
aulas de Educação Física.
Para salto de longa distância há tabelas de exigências
para os pontos a serem dados. O alunos fracos
recebem notas ruins no sistema de avaliação. O
professor, no entanto, gostaria de ser justo e avaliar o
aprimoramento da performance dos alunos. Ele
aplica dois testes de salto em distância dentro de um
perído de três semanas e conduz aulas de treinamento
entre os testes. Mas para os alunos que já são muito
bons e treinam regularmente no clube é muito difícil
melhorar num período de tempo tão curto. Como o
professor pode resolver este dilema e avaliar todos os
alunos de forma justa?
Ênfase em melhor desempenho pessoal
Um atleta chegou ao final dos Jogos Olímpicos e termina em último lugar apesar de
registrar um desempenho pessoal melhorado. Na entrevista, o jornalista congratula o atleta
pelo sucesso pessoal, focando no desempenho individual. A associação e o patrocinador
recompensam o atleta por sua performance porque ele deu tudo de si, mesmo que não tenha
sido suficiente para assegurar uma medalha pelos padrões internacionais. A mídia,
patrocinadores e organizações desportivas estão, assim, estabelecendo um bom exemplo e
abrindo caminhos. Contra a declaração do ideal da conquista desportiva como absoluto
Jovens atletas engajados em esporte de alto-nível, especialmente em tipos de esporte
que são altamente técnicos e conjuntos têm que completar um treinamento extenso. Por
consequência, ficam severamente limitados para atividades de lazer e com pouco tempo
para os trabalhos da escola e treinamento vocacional. Concentrar toda a sua vida em
esporte competitivo ainda é arriscado porque uma carreira em esporte competitivo é
sempre caracterizada por incertezas e poucas pessoas avançam ao nível do topo
internacional e status profissional. Escolas e internatos desportivos ajudam atletas
jovens a agruparem-se e a coordenarem esporte competitivo com seus interesses
escolares/vocacionais. Devido a alta carga de trabalho envolvida, os atletas obtêm mais
tempo para completarem seus estudos. Períodos estressantes de exames são coordenados
com o calendário de competições e professores particulares ajudam os jovens atletas a
manterem-se em dia com os trabalhos escolares perdidos por causa dos acampamentos
de treinamento, cursos e competições. Esforços organizacionais vigorosos são feitos
para evitar declarar o ideal de conquista desportiva como absoluto, sem negar sua
importância. Algumas escolas desportivas permitem a jovens atletas, que desistiram da
escola que treinem como técnicos, assim assumindo responsabilidade adicional para o
seu futuro. Faixa mista de atividades em clubes
Todos os tipos de esportes são oferecidos em clubes nas formas competitiva e de lazer.
Isso estabelece um bom exemplo porque todos os membros do clube podem escolher se
querem se engajar em esporte competitivo ou se preferem participar nas atividades
desportivas do clube como uma forma de exercício, sem terem que competir uns contra
os outros. Este é um bom exemplo que oferece aos membros do clube uma gama de
dimensões variadas de performance. 18
Regras
Regras
Introdução
Todos os lugares do estádio estão vendidos. Os
espectadores estão incentivando os atletas
entusiasticamente. Logo o jogo inicia e eles podem
sentir a vibração de acompanhar a ação emocionante
– sem ter que pensar muito. Tudo o que precisam
saber está acontecendo diretamente na frente deles.
Os atletas vão até a linha de partida; cai o silêncio
sobre o estádio. A pistola de largada soa. Todo
mundo está sujeito às mesmas condições e qualquer
um pode vencer. O nervosismo dos espectadores é palpável. Após 100 metros nós saberemos quem é o mais rápido; não é
necessária nenhuma avaliação mais profunda. Regras claras asseguram isso. As regras do esporte produzem esta tensão que todos podem sentir. Elas fazem do
esporte o que ele é, permitindo competições emocionantes, estimulantes e alegres. As
regras possibilitam comparar o desempenho dos atletas. Você pode medir sua
capacidade física, e onde aplicável, mental, adquirida somente através de talento e
trabalho árduo, em uma competição internacional, excluindo todos os fatores que não
são importantes ou que impedem a comparação de desempenho (ex: origem, status
social, etc.) Isso também inclui a proibição de doping e ingestão de medicamentos.
Isso é o que faz o esporte tão estimulante e atrativo a todos, independente da
participação ativa, ou não, dos espectadores. Um pré-requisito para isso é que todos os
envolvidos no esporte devem, por um lado, obedecer e seguir as regras, mas também
analisá-las criticamente. Somente unindo experiência prática, diálogo e testes
constantes, podem surgir regras que sejam atrativas ao esporte e que resistam aos testes.
.
Há até mesmo regras para desportistas engajados em esporte de lazer, como hiking ou surfe
ou em esporte para a saúde. Essas regras frequentemente não estão escritas e são
negociadas em um diálogo antes da atividade esportiva (com frequência,
individualmente). Fair play é a chave para assegurar que as emoções desejadas
possam ser experimentadas no esporte. Regras
permitem que
esportistas
compitam entre
eles dentro de uma
estrutura
estimulante e
atrativa.
Criando regras esportivas e aderindo a elas
No contexto das regras esportivas, fair play é importante com relação a dois aspectos:
primeiro, em criar regras e, segundo, em assegurar obediência a elas.
Criando regras
As regras têm que atender o objetivo do respectivo esporte e
às expectativas dos atletas. Para fazer com que o esporte seja
mais atrativo de acordo com o espírito do fair play, é
importante aprimorar continuamente as regras. Por
exemplo: podem ser desenvolvidas versões do jogo para
acomodar as habilidades de crianças, idosos ou atletas
com deficiência; devem ser tomadas precauções para
proteger
os atletas, ou pode-se estabelecer regras como meio contra a influência excessiva de
interesses comerciais e políticos. A criação, aplicação e cobrança de regras são
importantes neste sentido. As organizações desportivas, dirigentes e juizes e árbitros têm maior responsabilidade
nessas áreas. Todos são chamados a agirem no interesse do esporte e dos atletas.
19
Fair play
Significa
formatar regras
em linha com a
ideia do jogo.
Regras
Fair play, neste sentido, significa focar na ideia e nos interesses do esporte e de seus
participantes ao estabelecer e fazer ajustes às regras. A quesstão de como o jogo ou o
esporte pode ser aprimorado em termos de seus objetivos tem que ser continuamente
discutida. Deve ser continuamente monitorado na prática. As mudanças necessárias nas
regras precisam ser iniciadas pelos juízes e árbitros que, junto com os desportistas,
precisam
ter
voz
na
criação
destas.
Dar a palavra aos
desportistas na
formulação de regras está
conforme o espírito do
ideal de fair play.
Um requisito básico e essencial para a criação justa de regras é
formulá-las o mais claramente possível. A criação justa de
regras também é demonstrada na maneira como elas refletem
os aspectos de fair play, que são:
(1)O aspecto da coerência e aplicação,
(2)O aspecto das oportunidades iguais,
(3)O aspecto do respeito,
(4)O aspecto de garantir a própria saúde e a do oponente e
(5)O aspecto de observar e restringir desempenho.
Fair
play
significa
assegurar
no
estabelecimento
de regras, que as
regras do esporte
não contradigam
uma a outra. (1) Aspecto da coerência e aplicação
É importante que a pessoa a quem a regra é direcionada possa, fundamentalmente, aderir
àquela regra. Portanto, uma regra nunca deve contradizer outras regras do jogo. Uma
regra também não deve requerer desempenho impossível ou que seja possível somente se
o desportista tiver que infringir o aspecto de fair play com relação a seu próprio corpo, por
exemplo. Isso incluiria, por exemplo, para um esporte de alto nível, inúmeros padrões de
classificação para campeonatos que são estabelecidos a um nível que aparentemente só
pode ser alcançado violando a proibição de ingestão de drogas. A regra também deve ser aplicável, significando ser
possível monitorar obediência à ela. Na prática, isso
significa que o árbitro ou o juiz deve estar apto a
reconhecer a infração de uma regra. Isso pode ser
problemático com a regra do impedimento no futebol,
se o bandeirinha tiver que observar duas coisas ao
mesmo tempo (o momento em que a bola é passada e a
posição do primeiro jogador na frente do goleiro
oponente) e também
julgar se isso pode ser um caso de impedimento passivo. (2) Aspecto da igualdade de oportunidades
As regras definem o escopo da igualdade de oportunidades, estipulando o que é para ser
entendido por elas. Consequentemente, elas têm que excluir todos os fatores que
possivelmente impeçam a igualdade das condições competitivas. Isso requer uma
sensibilidade especial ao estabelecer as regras. Entretanto, com relação a isso, também é
importante não fugir das mudanças nas regras. Por exemplo: novos materiais podem
afetar negativamente oportunidades iguais se não for estabelecida ao mesmo tempo, uma
estrutura na qual o uso de novos materiais de apoio seja restrito ou disponibilizado a
As regras formulam os
todos igualmente. Frequentemente, as regras também estipulam pré-condições para
pré-requisitos para
oportunidades iguais. participação no esporte ou em competições específicas. Isso pode ser colocado em
prática incluindo, ou mesmo excluindo, grupos específicos de pessoas como os atletas
com deficiência. 20
Regras
(3) Aspecto do respeito
As regras permitem e proibem certos comportamentos. É importante proibir conduta que
possa, de alguma forma, diminuir o oponente, o jogador parceiro, etc. Aqueles que
quebram essas regras devem ser devidamente punidos. Exemplos incluem a proibição de
insultar ou abusar de outros. Tal comportamento cai sob a proibição de conduta nãodesportiva e é punido, principalmente, por exemplo, com um cartão vermelho no futebol.
Nem sempre é possível aplicar conduta respeitosa através de regras. Entretanto, tais regras
do jogo mostram a atitude que espera-se que os envolvidos no esporte tragam consigo
para
fazer
justiça
ao
esporte. Ao criar as regras, também é importante levar
em conta o aspecto cultural e ver os requisitos
de conduta respeitosa de várias perspectivas.
O que significa respeito para alguns pode ser
desrespeitoso para outros. Por exemplo:
gestos individuais, que na cultura ocidental
simbolizam respeito, podem resultar em
humilhação em outro lugar.
(4) Aspecto de garantir a própria saúde e a do oponente
A situação é similar com relação a assegurar a
própria saúde e a de outras pessoas. As regras
do esporte podem tomar precauções e
ajudarem a proteger a saúde dos atletas através
de requisitos e proibições. Dependendo dos
requisitos do esporte específico, o uso de
equipamento para proteger contra lesões pode
ser obrigatório (ex: uso de capacete).
Além disso, as regras podem proibir formas de
conduta que colocam em risco a saúde do
oponente.
Ações físicas contra o oponente dentro do propósito do jogo são fundamentalmente
permitidas. Especialmente nos esportes de ataque, as regras devem estipular uma clara
linha divisória para que a integridade física não possa ser desproporcionalmente
prejudicada. A extensão das punições relevantes pode ser uma indicação da importância
dada à ação de risco. Uma distinção deve ser feita entre ações de risco deliberadas e nãodeliberadas. Além disso, a saúde do atleta deve ser considerada. Regras que requerem exercícios e
conduta (desportiva) que possam colocar em risco significativamente a saúde do atleta,
ou que são especialmente arriscadas, parecem dúbias pela perspectiva de fair play. Isso
inclui, por exemplo, elementos especialmente arriscados em ginástica ou patinação no gelo,
onde um escore despropocionalmene alto pode ser alcançado somente ao executar um
elemento particularmente difícil (e portanto também perigoso), que não pode ser
igualado por muitos outros exercícios executados com excelência, mas menos
arriscados. 21
As
regras
expessam respeito
pela dignidade e
permanência
de
todos
os
protagonistas do
esporte, proibindo
e
requerendo
certas formas de
conduta. Dentro
do
espírito de fair
play,
é
importante que
os
requisitos
formulados nas
regras estipulem
limites além dos
quais a saúde dos
desportistas
estaria em risco. Regras
As regras do
esporte fazem
provisões para
assegurar que o
melhor
desempenho
seja possível.
(5) Aspecto de observar e restringir desempenho
Ao formular os requisitos relevantes, as regras podem ajudar os atletas e realizarem
um desempenho de excelência. As regras podem assegurar, por exemplo, que o indivíduo receba a oportunidade de
provar suas habilidades ao comparar seu desempenho com outros. O objetivo do seguinte exemplo negativo é
ilustrar o que se quer dizer: uma competição
de esqui alpino tem que ser cancelada por
causa das más condições climáticas. A
previsão para o dia seguinte é ideal,
significando que a corrida poderia ser adiada
por um dia. Entretanto, a competição é
cancelada, pelo motivo da mídia ter sinalizado
que não transmitiria o evento no dia seguinte.
Ninguém pensa nos atletas que teriam
condições
ideais
para
competir e poderiam colher as recompensas de seu treinamento árduo. Para realizar um desempenho de excelência, deve ser delineada uma linha clara indicando
o que é permitido para que o limite ótimo não seja excedido (de uma maneira prejudicial)
Isso é garantido em primeiro lugar pela proibição de ingestão de drogas. A estipulação de
uma idade mínima para participação em competições também funciona neste interesse.
Um ótimo desempenho só pode acontecer se o oponente não atrasar o jogo
deliberadamente, tentando administrar tempo para proteger o resultado a seu favor até o
apito final. A possibilidade de dar o seu melhor dentro do tempo de jogo disponível deve
ser garantida, a proibição de jogada passiva serve como um exemplo. Em handball, por
exemplo, um jogador não pode manter a bola sem estar claramente procurando atacar. A
regra excepcional do atletismo, que possibilita aos atletas competirem em várias
disciplinas também assegura que o atleta possa demonstrar suas habilidades de acordo
com seus talentos aderindo às regras.
Aderindo às regras
Fair play
significa
aderência
constante e
concenciosa às
regras, até
mesmo em
condições de
dificuldade.
Com relação à obediência às regras, fair play is
frequentemente entendido como sinônimo de
adesão às regras (escritas). Os atletas são leais
se obedecerem as regras do esporte. Isso é
frequentemente descrito como fair play formal. Ainda assim, não há também critérios
especiais neste sentido, que caracterizem esta
conduta como fair play?
Aqui está um exemplo: um jogo de futebol
está
entrando no minuto 86. O placar é 4X0. Um jogador do time que está vencendo sofre
uma pequena falta na área do pênalti. Ele poderia pegar a oportunidade com ambas as
mãos e dar uma “mergulhada” para que seu time assegure um pênalti. Mas ele não faz
isso. O que aconteceria na mesma situação se o placar fosse 0X0?
Quanto maior a pressão por performance e a importância da competição, mais difícil
pode ser para os desportistas, agirem no espírito de fair play e não explorarem situações
que poderiam dar a eles uma vantagem (não-justificada). Isso se aplica em alto-nível,
onde a aderência às regras, com muita frequência, depende de incentivos fora do esporte,
como o muito desejado prestígio social ou vantagens materiais no evento da vitória. As
expectativas de várias pessoas responsáveis também podem exercer forte pressão. 22
Regras
Lealdade às regras significa, entretanto, não só obediência ocasional dependendo de
como o competidor se sente ou da força dos incentivos externos, mas também manter
uma coerência (lealdade) na obediência às regras. Em última análise, há espírito de
fair play se o indivíduo em questão (atleta, treinador, etc.) estiver focado na ideia do jogo
e
aderir
conscientemente
às
regras.
Mas nem toda forma de comportamento no esporte é governada por regras. Sempre há
certas lacunas ou margens onde é necessário atender ao “espírito do esporte” ou ao
“espírito das regras”. Frequentemente também se fala nas regras não escritas, oferecendo
o escopo para fair play informal, que depende da aderência às regras, mas vai além
disso. Esta é uma referência à atitude moral, uma lealdade por parte do indivíduo para
com seu esporte e suas regras, resultando neste indivíduo estar ciente do objetivo e
propósito das regras, levando por sua vez a uma certa obrigação para com o esporte.
Isso significa agir lealmente em termos desportivos, incluindo situações que não estão
estipuladas nas regras e buscando um equilíbrio justo. Regras não cobrem
todas as formas de
conduta no esporte. Fair play significa
agir em todas as
situações dentro do
espírito desportivo. Aspectos críticos e temas para reflexão
Regras mudam pelo interesse do esporte?
Em tênis de mesa muitas mudanças nas regras foram discutidas e introduzidas ao longo de
um curto período de tempo. Muitos materiais e formas de lâminas de cobertura para raquete
foram proibidas, o tamanho da bola foi aumentado em dois milímetros, agora só o saque
backhand é permitido, os sets vão somente até 11 e o direito de saque sempre muda depois de
dois saques. Os desportistas em questão perguntam: “Temos que aceitar tudo sem que tenham
nos perguntado nada? Temos que aceitar tudas as mudanças nas regras que o público em geral
e até mesmo a maioria dos profissionais não querem? Houve períodos de testes suficientes, e
os profissionais e os representantes fundamentais têm voz suficiente sobre o assunto? E
algumas mudanças, na verdade, não prejudicam o esporte mais do que beneficiam?”
Evidência em vídeo
Em alguns esportes, como o futebol americano e o basquete,
hoquei no gelo, esgrima, ginástica e tênis, evidências em
vídeo já foram introduzidas com sucesso como um “juiz
assistente tecnológico”. Em outros esportes, como
futebol, isso é altamente controverso, sob o argumento
de que o fluxo da jogada será rompido e com isso
também a realização do melhor desempenho possível. O
presidente da FIFA, Joseph Blatter, mantém o seguinte
ponto de vista: “Futebol é um jogo com uma face
humana, com
erro humano – de treinadores, jogadores e juízes.” Fair play significa assegurar que
as regras sejam aplicadas o maior número de vezes possível, mas que também habilitem
os desportistas ao melhor desempenho em suas habilidades. Como pode esta situação ser
medida individualmente?
Esporte não regulamentado
Um praticante de snowboarding comenta: “É a alegria de viajar e a sensação de absoluta
felicidade, quando consigo transformar a descida difícil numa boa corrida para mim.
Relaxar na prancha, prazer, simplesmente usufruir alegremente da neve, da viagem e da
velocidade.” Esporte divertido- inovador e sem regras? A emoção, a experiência
fluindo, são centrais e podem desviar a atenção das regras e a obediência a elas. Mas e
quanto a conservação da natureza e os possíveis riscos à saúde? “Eu não penso em nada
naquele momento... É como se você estivesse entorpecido e ao mesmo tempo totalmente
consciente.” A responsabilidade por fair play está no indivíduo.
23
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Regras
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Limites de igualdade de oportunidades
A competição de classificação para um campeonato
importante está para começar. As condições
climáticas são variáveis. Em um momento não há
vento e no próximo há uma ventania soprando sobre a
arena, com o vento mudando constantemente de
direção. Essas são situações que ocorrem no esporte
virtualmente todos os dias em, por exemplo: remo,
salto
em
esquis
e
atletismo,
ou
em bobsleigh e tobogã. As condições externas da
competição podem ter um impacto considerável sobre a igualdade de oportunidades e,
assim, sobre o resultado da competição. O que os organizadores devem fazer para
enfrentarem essas condições? As regras oferecem orientação sobre como proceder? Há
quaisquer regras relevantes? Como podemos nos familiarizar com influências
ambientais e condições climáticas? Ajudaria a introdução de um fator que busque
ajustar o resultado no interesse da igualdade de oportunidades levando em
consideração, por exemplo, as condições do vento? Ou a pretensão de realizar absoluta
igualdade de oportunidades no esporte é, na verdade, utópica? Certamente o acaso
desempenha um papel importante. Mesmo assim, uma tentativa de minimizar este
acaso seria um desafio à criatividade daqueles que estabelecem as regras?
Exemplos de melhores práticas
Realizando igualdade de oportunidades
No tobogã, a igualdade de oportunidades pode ser prejudicada pelo peso corporal variado
entre os atletas. Mais peso significa melhor controle do tobogã, possibilitando
deslizamento mais rápido.
Para evitar esta vantagem, as regras estipulam que
atletas mais leves podem vestir coletes com pesos
para que os atletas mais pesados não possam ter
uma vantagem não-justificada por causa de seu
peso. No pentatlo moderno, os cavalos são alocados aos
atletas por lotes. No remo, os competidores são
avaliados de acordo com categorias separadas de
peso. Nos eventos de corrida, no atletismo, não só
aqueles colocados mais alto no ranking, mas
também os (próximos) perdedores mais rápidos
podem se classificar. Em patinação de velocidade, os 500 metros são corridos duas vezes
para que cada competidor corra uma vez na pista externa e uma vez na interna. .
Internalização das regras esportivas
A Associação Holandesa de Hóquei tem uma regra que diz que jogadores jovens devem
treinar para serem juízes a partir da idade de 14 anos e desempenharem um papel de juiz
(de vez em quando). Este aspecto é muito importante para as crianças, possibilitando a
elas aprenderem como aplicar as regras e seus requisitos, na prática. Isso também ajuda a
promover raciocínio criativo e crítico com relação à estrutura dos padrões e regas do
esporte e respeito por elas. Voz na tomada de decisões
Acompanhando as competições de jovens em ginástica, os membros do juri se reunem
com as crianças participantes para discutirem sua avaliação dos exercícios feitos baseado
em imagens de vídeo. 24
Igualdade de Oportunidades
Igualdade de Oportunidades
Introdução
Esta charge deixa claro: No futebol, um time é composto de um goleiro e dez jogadores
em campo. Isto significa que o jogador número doze está demais. O juiz ordena que ele
saia do campo. Um dos requisitos da competição é de que o jogo aconteça em condições
iguais. Portanto, ambos os times devem iniciar com o mesmo número de jogadores. Frequentemente esta ideia
de
igualdade
de
oportunidade não é tão
fácil de colocar em
prática. Em outro caso,
um time tinha dois
jogadores
a
menos.
Antes de um campeonato
de futebol para jogadores
entre 8 e 10 anos de idade,
um pai
telefonou da estrada. Ele estava preso em um engarrafamento de trânsito com dois dos
garotos que deveriam jogar e não conseguiria chegar a tempo para o início da partida. Isso
significa que faltavam dois garotos e que não haveria igualdade de oportunidade. Entretanto, o time da casa encontrou uma solução criativa: “Bem, vocês podem usar
dois dos nossos!” Todos ficaram satisfeitos com a solução, até mesmo os dois garotos
que teriam que jogar para o “oponente”. Mas e se aplicássemos as normas do jogo para
esta solução? Criaria problemas? Para esse grupo etário, não seria o caso. Os dois clubes
concordaram com esta alternativa. O jogo terminou com um empate. O verdadeiro
vencedor aqui é o próprio esporte e a diversão das crianças no jogo. Fair play
significa
desenvolver
criatividade para
realizar e
igualdade de
oportunidades Igualdade de Oportunidades como um Aspecto de Fair play
Igualdade de oportunidades no esporte, não é somente uma questão de ter o mesmo
número de jogadores. Igualdade de oportunidades tem muitos significados.
Naturalmente é muito importante, acima de tudo em esportes competititvos, pois
assegura que os desempenhos possam ser comparados. No entanto, não é só uma
questão de condições iguais na partida, mas também de estruturas iguais de treinamento
e criação de equipes que joguem praticamente no mesmo nível. Porém, até mesmo em
esportes não-competitivos, igualdade de oportunidades tem um papel a desempenhar
porque com muita frequência, o acesso ao esporte não é igual para todos. Igualdade de
oportunidades, neste caso, significa que todo mundo que quer participar no esporte
tenha a oportunidade de fazê-lo. Portanto, podemos distinguir entre três dimensões de igualdade de
oportunidades no esporte:
(1)Igualdade de oportunidades definida como igualdade de condições
para competir.
(2)Igualdade de oportunidades definida como igualdade na preparação
para competir. (3)Igualdade de oportunidades definida
possibilidade de participar no esporte. 25
como
igualdade
na
Fair play significa
reconhecer as
dimensões de
oportunidades iguais
e ajudar a alcançálas.
Igualdade de Oportunidades
Fair
play
significa
formular
condições
uniformes para a
competição.
Fair
play
significa oferecer
diferentes
disciplinas
de
acordo com os
atributos físicos
dos atletas.
Igualdade de oportunidades como igualdade de condições para competir. Quando aplicam o conceito de igualdade de oportunidades no esporte, as pessoas
frequentemente pensam primeiro na igualdade de condições para a competição.
Para assegurar isto, é necessário padronizar e regulamentar essas condições. Somente
então é possível fazer uma comparação verdadeira. Este aspecto da igualdade de
oportunidades tem sido largamente aceito em todos os níveis desportivos hoje em dia.
Foi o foco de atenção quando o sistema de regras foi desenvolvido. Parece fácil de
entender. Entretanto, mesmo aqui há diferentes aspectos que constituem igualdade nas
condições para competir:
(1) Força de jogo
Força de jogo em uma partida é composta por
atributos físicos dos jogadores, como: peso e
altura e a experiência que desenvolveram ao
longo do tempo naquele esporte. Em esportes
como o boxe, judô ou levantamento de peso, a
divisão dos atletas em categorias de peso é
indiscutível. É considerado muito injusto se
pesos-pesados competem contra atletas que são
muito mais leves e, portanto, como regra,
fisicamente mais fracos. A divisão em
categorias de peso está de acordo com a ideia de
Fair play. No entanto, isto ainda pode criar
problemas porque os atletas devem estar sempre
fazendo cálculos:
Uma competidora feminina pode pensar: “Agora eu peso 63 kg, mas nesta
categoria as oponentes são fortes demais e eu não teria uma chance real de
vencer. Então agora eu preciso baixar para 60 kg. Isto significa que eu tenho
que treinar com mais frequência e estar constantemente atenta para não
comer demais”
Isso pode levar a um dilema porque os atletas
de alta performance devem comer o suficiente
para assegurarem um bom nível de condição
física para não arriscarem suas chances de
sucesso na categoria de pesos mais leves.
Também há os esportes nos quais diferenças de
altura justificariam uma divisão em “categorias
de altura”, como o basquete ou o vôlei.
Atualmente, parece que em nível internacional,
estes esportes se tornaram esportes para
homens e mulheres gigantes. A questão da força de jogo tem um papel em
outros ramos do esporte. Em um esporte como
futebol,
os
times
das
competições
internacionais não são divididos de acordo com
a força de jogo. Então, a França pode jogar
contra Andorra e a
Inglaterra contra Luxemburgo. A diferença de gols é normalmente tão alta que nem sempre
satisfaz os espectadores, nem os próprios jogadores.
Entretanto, isso também tem suas vantagens, já que países pequenos têm a chance de
competir contra equipes superiores. Em esportes como handball e hockey no gelo, há uma
classificação entre países A, B e C. De acordo com os resultados, times de vários países
podem ser rebaixados ou promovidos para outra categoria.
26
Igualdade de Oportunidades
Há esportes nos quais a força de jogo tem
menos importância. Este é o caso, por
exemplo, do golfe, no qual as pessoas
podem compensar uma desvantagem.
Assim, jogadores com habilidades
diferentes podem jogar com, e não contra
o outro. Cada jogador tem sua própria
“desvantagem” e é, então, uma questão de
melhorar o desempenho de cada um.
Este é um tipo de esporte onde desempenho individual é predominante – uma
competição consigo mesmo. Porém, para muitas (outras) atividades desportivas nas
quais jogadores com habilidades diferentes se reúnem, o contentamento e o prazer de
praticar aquele esporte são mais importantes. (2) Estágio de Desenvolvimento
Em esportes para crianças e jovens, podem existir diferenças consideráveis no
desenvolvimento e talento dentro de um grupo etário. Se é para obtermos igualdade de
oportunidades, este aspecto é muito importante. O mesmo é verdade para esportes do
grupo etário “Sênior”. Compensar as diferenças de habilidade em esportes competitivos
é uma tarefa importante para os organizadores com o intuito de assegurar que o esporte
seja agradável e estimulante. Portanto, em futebol juvenil, as seleções podem
ocasionalmente serem colocadas em grupos etários mais velhos porque não conseguem
encontrar uma competição séria dentro do seu próprio grupo etário. Os oponentes podem
ser bem mais altos, mas por causa do talento desses jovens, eles estarão todos em um
mesmo nível de desenvolvimento e habilidade.
(3) Clima
Condições climáticas diferentes podem ser causa de
chances desiguais na competição. Entretanto, há
diferenças entre os vários esportes. Oportunidades
iguais no judô, com suas categorias de peso, têm
significado diferente daquele de uma prova de
patinação no gelo a 10.000 m a ceu aberto, no qual
um atleta pode ter que desempenhar sob o sol, e meia
hora depois, o próximo competidor não só precisa
lutar contra suas limitações, mas também contra uma
tempestade. Aqui, o acaso desempenha um papel e
frequentemente a natureza não está de acordo com o
roteiro.
Está claro que, por um lado, igualdade de
oportunidades pode ser planejada e organizada dentro
do contexto de uma competição, mas por outro lado, há
muitas situações nas quais as oportunidades de fazer isso são bem limitadas. Igualdade de oportunidades como igualdade na preparação para competir
No interesse da igualdade de oportunidades, deveriam ser organizadas comparações de
desempenho desportivo de forma que os atletas ou as equipes competissem sob condições
iguais. Naturalmente, os jogadores devem obedecer as regras estabelecidas. No
entanto, uma vitória ou um recorde frequentemente não surgem somente de excelência
desportiva, ou devido à igualdade na linha de partida. Eles podem também surgir de
vantagens que estão fora do próprio esporte como: equipamento técnico comprado
com suporte financeiro ou aconselhamento e apoio científico durante o processo de
treinamento. Fair play significa que a igualdade na preparação para competir também deve ser levada a
sério. Esta dimensão da igualdade de oportunidade normalmente levanta dificuldades
consideráveis na prática desportiva. Fair play também significa que as pessoas devem estar aptas a sentirem prazer no esporte, apesar das habilidades
diferentes. Fair play significa levar em conta o desenvolvimento pessoal dos jogadores.
Fair
play
significa
prestar
atenção
a
oportunidades
similares,
mesmo
durante
a
preparação para
as competições.
Fair play significa agir contra a ação do clima, conforme possível. Igualdade de Oportunidades
Igualdade na preparação para competição cobre os seguintes aspectos:
(1)Requisitos técnicos e qualidade dos equipamentos esportivos
(2)Habilidade dos treinadores e assistentes de treinador
(3)Condições para treinamento
(4)Condições de sobrevivência (rede de apoio social, etc.)
(5)Suporte científico para o processo de treinamento
(6)Suporte médico
(7)Qualidade da gestão desportiva
Fair
play
significa nivelar
diferentes
circunstâncias
financeiras
Fair
play
significa colocar
a habilidade do
atleta no centro
do palco. Fair
play
significa que o
próprio esporte, e
não seu valor de
entretenimento,
deve estabelecer
o padrão.
Nesta área, desigualdades podem surgir com frequência devido a uma diferença de
recursos financeiros disponíveis. As circunstâncias econômicas em diferentes países
variam muito. O dinheiro tem um papel decisivo, assim como a presteza de um país ou
de uma empresa em investir num esporte. Países ricos, com um alto nível de tecnologia
podem apoiar os esportes através de iniciativas políticas, pesquisas ou criando instituições que assegurem que os atletas sejam orientados e sustentados ao longo das suas carreiras. Isto
normalmente oferece vantagens consideráveis em comparação com países em desenvolvimento. Entretanto, esses fatores nem sempre são decisivos nos resultados de competições, conforme é demonstrado pelo sucesso de atletas de países Africanos nos eventos de corrida em atletismo.
A qualidade do equipamento esportivo tem uma influência enorme nos resultados.
Equipamentos de alta qualidade custam caro. Em eventos de ciclismo de pista, por
exemplo, o desenvolvimento de uma bicicleta custa quase um milhão de Euros.
Em certos esportes há um perigo de que o equipamento, ao invés da habilidade do atleta,
determine a vitória ou a derrota. Em competições de esqui alpino, por exemplo, isso
significa que nem sempre o melhor esquiador vence, mas sim a pessoa com os melhores
esquis ou os melhores acessórios (cera, etc.). Esportes como automobilismo, vela,
bobsleigh ou lugeing, frequentemente mais parecem ser uma competição entre os
engenheiros e seu conhecimento técnico ao invés de uma competição entre atletas bem
treinados. Por fim, a única coisa que podemos dizer é: “O vencedor é...: Renault”.
Além do mais, os recursos financeiros e a qualidade da
gestão dos clubes podem influenciar a igualdade de
oportunidades. No futebol, os clubes ricos da Primeira Liga, após um desempenho decepcionante no
meio da temporada, começam a procurar por jogadores
melhores para fortalecer seus times. E jogadores dentro da
mesma liga podem mudar de clube durante a temporada, se
jogadores e clubes entrarem em acordo e os procedimentos
seguirem as normas. Isso conta como interferência em uma
competição justa? Neste caso o esporte profissional
parece ter se transformado em empresas e eventos de
entretenimento.
Bons velhos tempos
Igualdade de condições de treinamento pode ser deslealmente afetada pelo uso de doping. Por meio do doping um atleta pode tolerar uma carga de treinamento mais pesada e
assim intensificar seu processo de treinamento. Para este propósito, os atletas que fazem
uso de doping frequentemente são dependentes do suporte médico, que monitora a
ingesta e a dosagem das substâncias. 28
Igualdade de Oportunidades
Igualdade de oportunidades como igualdade na possibilidade de participar num esporte
Mesmo fora de uma situação competitiva, a igualdade de oportunidades desempenha um
papel importante. Fair play significa que todo mundo que gostaria de participar em um
esporte tem a possibilidade de fazê-lo. Isto se aplica a todos os grupos de indivíduos, independente da cultura a que pertencem,
Se possuem alguma forma de deficiência ou podem sofrer discriminação por várias
razões. Além disso, esta dimensão de igualdade de oportunidades significa que sejam
fornecidas oportunidades para crianças menos talentosas para que usufruam das mesmas
condições de treinamento das talentosas, e que ofereçam a elas as mesmas chances de
participarem em competições. Na verdade, para certos grupos sociais, o acesso ao esporte é
(ainda) dificultado. Isso pode ter várias causas que são questionáveis quando vistas sob a
ótica do Fair play:
(1)Preconceito e discriminação contra certos grupos de pessoas;
Fair
play
significa que o
esporte é para
todos. (2) estruturas fechadas em clubes desportivos, etc. (status, prestígio, etc.),
(3)flexibilidade limitada em esportes competitivos (indisposição para adaptar-se a requisitos especiais),
(4)dominância do esporte competitivo (que significa uma maior atenção dada para
o encorajamento de crianças talentosas).
A foto das garotas com
Síndrome de Down vem de
uma “Olimpíada Especial” em
Dublin(2003), um festival
desportivo para indivíduos
com deficiências mentais. Para
as garotas, a coisa mais
importante é participar, estar
em movimento e reunidas.
Neste
sentido,
não
é
importante se é um esporte
competitivo ou não. Os pais e cuidadores têm ajudado a criar condições favoráveis. A participação nesse
festival desportivo deixa as garotas e seus pais orgulhosos. É importante que elas
tenham prazer e contentamento com o evento e que não sejam meramente forçadas por
seus pais ou cuidadores. Talvez elas também estejam cientes do que significa uma
performance a um certo nível e competir com outras pessoas. Entretanto, para essas
garotas isto não é exatamente o significado do esporte. Igualdade de oportunidades é ter a possibilidade de participar no esporte e também é
um tópico importante com relação a esporte para crianças e jovens. Em um de seus
módulos de ensino, a Comissão para Fair play no Canada busca esclarecer que Fair
play tem um significado particular para os jovens.. Eles dizem:
“A Comissão é da opinião de que no esporte, particularmente para
crianças e jovens, a mesma atenção que é dada para vencer, deve ser dada
para o desenvolvimento das habilidades, para participar e envolver-se,
para divertir-se e para fazer contatos sociais.”
29
Fair
play
significa capacitar
crianças menos
talentosas
a
usufruirem
do
esporte.
Igualdade de Oportunidades
Fair play significa não
aceitar meramente as
desvantagens para as
mulheres,
grupos
socialmente mais fracos
ou minorias nos esportes
Usaremos um exemplo para demonstrar que as coisas frequentemente parecem
diferentes na prática referente ao esporte competitivo:
“Vários anos atrás, Jarrod Barakett foi humilhado por um técnico de
hóquei que era obcecado por vencer. O time e o técnico concordaram em
fazer rotação, que permitia a cada jogador uma chance de jogar em todas as
partidas. Durante uma partida da liga, quando chegou a vez de Jarrod jogar,
este se levantou e o técnico disse a ele: ‘Sente-se, nós queremos ganhar este
jogo!’ Jarrod já tinha aguentado demais e pendurou seus patins para sempre.
Ele só tinha oito anos de idade.”
Neste exemplo, os valores do esporte colidem violentamente com os valores de educação
infantil. No esporte competitivo, onde o importante é vencer, significa que os melhores
são escolhidos e sempre mais promovidos. Crianças menos talentosas ficam cada vez mais
para trás e não conseguem aprender o jogo da forma apropriada.Fair Play significa que as crianças
deveriam ter o direito de tomar parte
no esporte, independente de seu
talento e habilidade, com as mesmas
chances das crianças talentosas. Isso
poderia ser implementado através de
um princípio de rotação (corretamente
executado).
O desenvolvimento de esportes femininos ocorreu muito lentamente, e mesmo em países
como os Estados Unidos, Alemanha, França ou Holanda ainda há muito preconceito, particularmente naqueles esportes que por um longo tempo foram considerados de domínio
masculino. Afirmações como a do golfista profissional Tiger Woods, em 2002, pouco
contribuem para o progresso:
“É uma pena que alguns clubes de golfe proibam a associação de mulheres e
grupos minoritários, mas é isso que acontece.”
Se alguém perguntar sobre as condições e o reconhecimento dados às mulheres no futebol,
muitas pessoas responderão que os homens nos clubes frequentemente não as tratam com
respeito, e que as mulheres obtêm muito menos oportunidades para desenvolvimento.
Pouquíssimos clubes de futebol têm seu próprio departamento jovem para garotas. E em
alguns outros esportes o quadro é o mesmo.
Existem vários meios e estratégias
para
superar
o
atraso
no
desenvolvimento
dos
esportes
femininos. Por exemplo: ensino e
educação, modelos, estímulo do
interesse, informação e também
maior flexibilidade no sistema de
esportes competitivos. Além disso,
leis poderiam ser aprovadas ou
aprimoradas. Assim é que os
direitos das garotas e das mulheres
em escolas e nos esportes foram
fortalecidos nos Estados Unidos.
Todos esses meios podem ser usados para melhorar as oportunidades para outros grupos
em desvantagem no meio desportivo.
30
Igualdade de Oportunidades
Aspectos críticos e temas para reflexão
A posição de atletas em desvantagem
Embora as Paralimpíadas tenham obtido um alto grau de importância recentemente, o
nível de interesse demonstrado pela mídia ainda é muito baixo. O público em geral
também mostra pouco interesse. E para começar, não há dúvida de que uma pequena parte
das Paralimpíadas está sendo levada para dentro do programa de competições dos Jogos
Olímpicos. Isto seria certamente possível para grupos de esportes atraentes como basquete
em cadeiras de rodas. Em um futuro próximo, esportes para pessoas com deficiência
continuarão a ocupar este status especial, mas aparentemente eles não são realmente
menbros da “Família Desportiva”. Isto é justo?
Ainda há esperança para o jogador de basquete baixinho?
Nos Estados Unidos, “basquete para 1m80cm e abaixo” foi desenvolvido em ambientes
chamados “Centros de Recreação das Faculdades”. Jogadores masculinos devem, de
acordo com essas regulamentações, terem uma altura mais baixa do que 1m86cm para
terem permissão para jogar. E também é afirmado que: “o jogador mais alto de cada time
deve estabelecer um período no qual ele possa ser medido por um diretor da Liga” Esta
variação das regras não conseguiu ser estabelecida no resto do mundo. Em outros esportes
de equipe, como futebol ou hóquei, a diferença de altura praticamente não importa.
Jogadores menores e ágeis podem dar uma contribuição valiosa para o jogo tanto quanto
os jogadores que são muito mais altos do que eles. Esta nova forma de basquete é
realista?
O que as crianças acham importante no esporte
Frequentemente as pessoas pensam que garotos e garotas acreditam que é muito
importante vencer o jogo. A partir de um grande número de estudos na Europa e nos
Estados Unidos, ficou claro que para as crianças a diversão do jogo e o prazer do
movimento são muito mais predominantes. Por isso é tão importante que todas elas tenham
as mesmas oportunidades para aprender.
Xadrez – uma salvaguarda masculina?
Mesmo em esportes intelectuais como o xadrez,
praticamente não há competições nas quais
homens e mulheres jogam juntos e como
oponentes. No xadrez há uma exceção: Judith
Polgar joga com muito sucesso em competições
internacionais masculinas. O pai dela, um
educador, treinou suas três filhas no xadrez
desde que elas tinham três anos de idade. Ele
queria demonstrar que pode-se alcançar muito
através de treinamento e educação sistemáticos. Ele conseguiu obter bons resultados com
todas as três filhas, mas especialmente com Judith. Através deste “experimento” ele também queria demonstrar que mitos (como Polgar, o
pai, diz) com relação a diferenças biológicas entre homens e mulheres (ex: homens
pensam mais analiticamente do que mulheres) devem ser vistas com algum ceticismo.
Oportunidades iguais. Sim, mas para quem?
Oscar Pistorius (com 21 anos) da África do Sul corre com membros artificiais, que são
pernas artificiais em forma de J, em fibra de carbono. A conquista dele nos esportes para
deficientes é marcante, e também é comparável com os desempenhos de atletas nãodeficientes. Agora, ele gostaria muito de participar dos Jogos Olímpicos. Entretanto, até
o momento, suas chances são muito pequenas. Ele diz: “Eu não sou deficiente, apenas
não tenho pernas”.
Neste caso, a IAAF é confrontada com um grande dilema. Por um lado, há o desejo do
atleta em ter uma chance igual de participar dos Jogos Olímpicos. Por outro lado,
suspeita-se que através de seus membros artificiais ele poderia ter uma vantagem quando
comparado com atletas não-deficientes. Em esportes de mais alto nível, já existem várias 31
? ! ?
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Equal Opportunities
formas de cirurgia restauradora: por exemplo, as pessoas podem receber articulações artificiais, doenças oculares
podem ser curadas com laser, etc. Onde está a fronteira entre terapia e “doping tecnológico!? Igualdade de
oportunidades pode ser vista de vários ângulos: do ponto de vista do esporte para os deficientes, mas também do
ponto de vista dos atletas não-deficientes. Exemplos de melhores práticas
Garotos e garotas jogam uns com os outros e como oponentes
Para tornar as coisas mais aceitáveis para as garotas participarem em
esportes competitivos a educação para garotos e garotas a partir dos
seis anos de idade até aproximadamente doze anos pode ser
conjunta. Também podem ser formados times mistos. O pessoal do
futebol tem tido boas experiências, particularmente quando as
crianças têm aproximadamente o mesmo nível de desempenho. No
treinamento e nas competições, as garotas aprendem exatamente da
mesma maneira que os garotos e, portanto, elas têm as mesmas
oportunidades para aprenderem o esporte. A partir do ponto de vista
da psicologia do desenvolvimento, não há nada contra isso.
Entretanto, se necessário, é possível formar equipes separados no
início da puberdade. Categorias de remo peso-pesado e peso-leve
No remo é feita uma distinção entre várias categorias para as quais o peso total dos remadores
do barco é tomado como padrão. O Comitê Internacional de Fair play deu para a Federação
Internacional de Remo um prêmio por esta mudança nas regras. Para possibilitar um esporte
justo e dar aos remadores peso-leve uma chance de participar em alto nível, a Federação
Internacional de Remo não hesitou em fazer esta divisão. Sem dúvida, isso aumentou o
trabalho, mas acima de tudo, os remadores dos países asiáticos, que geralmente são mais leves
do que os Americanos ou os Europeus, agora podem se beneficiarem desta decisão de Fair
play.
Divisão de crianças em categorias
Em esportes juvenis, outros aspectos desempenham um papel importante na decisão
do nível de
habilidade em um esporte. Os clubes
desportivos têm a tarefa de organizar isso de
forma apropriada. Assim, em muitos
esportes de equipe são feitas mudanças na
categoria jovem todos os anos. Metade do
time sobe para um grupo etário mais alto, e o
time é preenchido com crianças a partir de
um grupo etário mais jovem. Isso pode
significar que a habilidade de jogo de uma
equipe pode ser consideravelmente diferente
do nível do ano anterior. Para evitar que
surjam diferenças grandes demais na
habilidade de jogo (que podem ser vistas num
resultado como 21 a 0), jogos testes são
organizados antes do início da temporada para
estabelecer o nível
dos times. Somente depois disso é que são feitas as divisões finais entre as categorias.
Neste caso Fair play significa criar níveis similares de habilidade de jogo entre equipes para
que partidas mais estimulantes deem mais prazer para as crianças e elas aprendam melhor o
jogo. 32
Respeito
Respeito
Introdução
Por que os Jogos de Inverno de Lillehammer em
1994, as Olimpíadas e as Paralimpíadas de Sydney
em 2000 e a Copa do Mundo de Futebol da Alemanha
em 2006 são lembradas com tanta positividade?
Tem havido tantos outros eventos desportivos
importantes nos anos recentes e, ainda assim, o
que caracterizou essas competições de tal forma
que lembramos delas até hoje como algo muito
especial?
Foram os espectadores excepcionais que
demonstraram
respeito
por
cada
performance, cada atleta e cada nação
igualmente, criando uma atmosfera única.
O foco não estava somente no vencedor
pois os espectadores aplaudiram cada
atleta individualmente, mostrando a eles o
respeito que cada desportista, homem e
mulher, merece após anos de treinamento.
Ações respeitosas são, entretanto, tarefa
não só dos espectadores mas de todos os
participantes do esporte. Uma
atitude
respeitosa
entre
todos
os
protagonistas
no
esporte,
faz
das
competições
esportivas
eventos
únicos. Respeito no esporte como base para o ideal de fair play
Uma pessoa pode demonstrar respeito para com ela mesma (ex: seu próprio corpo), para
com outra pessoa e também para com alguma coisa. Para colocar o ideal de fair play em
prática é necessário um tratamento respeitoso entre vários parceiros desportivos. No
esporte, o tratamento respeitoso é demonstrado, entre outras coisas, pela renúncia a um
comportamento egoísta e permitir e respeitar os seguintes aspectos em suas ações:
1. a dignidade do indivíduo,
2.o desempenho desportivo de cada atleta,
3.as regras específicas do sistema esportivo (ex: anti-doping, etc.),
4. a saúde de alguém e de seus parceiros desportivos,
5.as diferenças culturais e conceitos morais, e
6.a proteção do meio-ambiente, da natureza.
Respeito é especialmente indispensável quando se refere a relações entre pessoas. Lidar
respeitosamente com outras pessoas requer, por exemplo, respeito mútuo pela dignidade do
indivíduo. Existem várias formas de interação no esporte. O atleta é sempre o foco do
mundo esportivo. Ao mesmo tempo, os atletas são rodeados de muitos grupos de interesse,
que também são responsáveis por colocar o ideal de fair play em prática. Esta
responsabilidade é de todos os envolvidos com o esporte. Em situações variáveis, cada
indivíduo dá sua contribuição ao lidar respeitosamente com outros: o patrocinador nas
negociações contratuais, a organização desportiva ao estabelecer as condições para
treinadores e atletas, os representantes da mídia ao apresentarem o esporte e os
desportistas, e assim por diante. Na prática, cada indivíduo enfrenta dilemas de vez em quando. O atleta estende a mão
respeitosamente para o seu rival antes do jogo e faz uma falta nele minutos depois. Uma
mentalidade de benefícios, de luta por reconhecimento e outros motivos é tentação
contínua para as pessoas agirem deslealmente em práticas esportivas em certas situações.
Neste sentido, o meio-ambiente pode ajudar 33
Ser justo no esporte
significa não só
perseguir
seus
próprios interesses,
mas também levar
outros aspectos em
conta
Respeito
Interesses egoístas
podem
tentar continuamente
um protagonista a
não
agir
com
lealdade.
O
ambiente desportivo
tem como fim ser
responsável
por
assegurar que atos
egoístas não sejam
recompensados.
Conquista desportiva é
muito trabalhada em
cada
disciplina
e
merece respeito. Justo
significa oferecer a
todos
as
mesmas
oportunidades.
a simplificar a decisão para o atleta. Se, por exemplo, os espectadores, a mídia, os
patrocinadores e as associações não aceitarem conduta desrespeitosa e negarem ao
esportista uma plataforma Ações respeitosas basedas em reconhecimento mútuo formam a base do esporte
com lealdade. Não só o atleta, mas todos os envolvidos no sistema esportivo são
responsáveis por isto!
para marketing, aquele desportista será orientado, numa situação de dilema, na direção de
optar por conduta respeitosa. Mas, e se o atleta que pratica faltas e age
desrespeitosamente realmente vencer e levar o prêmio?
Mesmo fora do esporte é importante que atletas e outros participantes demonstrem
conduta respeitosa. Desportistas bem sucedidos frequentemente são ídolos,
particularmente para os jovens. Todas as formas de empenho desportivo enfrentam problemas
relacionados ao respeito. Por exemplo, quando uma equipe de
futebol feminino recebe um campo mais pobre e treinamento
menos favorável e menos campeonatos do que os homens, ou
quando algumas pessoas engajadas em esporte competitivo
recebem mais investimento público do que os muitos
engajados em um esporte popular, isto nem sempre é justo.
Não há respeito suficiente pelas diferenças, mesmo hoje em
dia. Homosexuais ainda são tratados desrespeitosamente por
outros atletas ou espectadores e a conduta racista, inclusive,
ainda não foi completamente erradicada dos esportes.
O esporte é cheio de emoções e, como resultado, os protagonistas esquecem de tratarem- se
com respeito. Ao mesmo tempo, as emoções também podem ser usadas para demonstrar
respeito mútuo, como quando os oponentes celebram juntos
no final da competição ou os torcedores também aplaudem
o time derrotado.
Os esportistas estão fazendo cada vez mais incursões
na natureza. Mountain bikers pilotam atravessando o
interior, as florestas são abatidas para a construção de
rampas, e espaços verdes são substituídos por selvas
de concreto para novos estádios. Fair play no esporte
também significa abandonar tais interesses em favor
de proteger a natureza e preservar o meio-ambiente.
Onde esportistas, espectadores e outros ao redor
do mundo se unem, se adquire respeito por culturas
diferentes. O ideal de fair play não é entendido da
mesma forma em todos os lugares.
Nas várias regiões do mundo, o esporte tem raízes históricas variadas, das quais, dentro do sistema esportivo respectivo, também foram desenvolvidos conceitos morais. Lidar respeitosamente com outros e implementar o ideal de fair play, portanto, requer um diálogo constante entre todos os envolvidos no esporte, com o que o Comitê Internacional de Fair play gostaria de contribuir. O objetivo é entrar em acordo e
construir uma lista comum de valores apesar das diferenças culturais para facilitar a
prática do esporte leal, sendo o respeito a pré-condição. 34
Respeito
Ações respeitosas baseadas em regras e convicção moral
Ações respeitosas podem ser lastreadas em regras estipuladas ou em uma atitude moral.
Um esporte justo deve aplicar ambas. O desportista deve obedecer as regras, mas
também deve se comportar respeitosamente nas situações para as quais não há regra
estipulada. Esta forma de conduta respeitosa deve ser seriamente considerada porque é
baseada numa atitude moral. Uma violação de regras desportivas implica sanções.
Em situações nas quais não há regras escritas, é
decisão da pessoa agir respeitosamente ou não. Conduta baseada em convicção moral não deve ser
considerada óbvia e deve ser adquirida. O tom é
estabelecido ainda na infância. É tarefa dos pais
ensinarem as crianças e os jovens a se comportarem
respeitosamente no esporte e convencê-los quanto a
importância de tal conduta. Todos os envolvidos no
sistema desportivo carregam esta responsabilidade. O
exemplo estabelecido pelos adultos não deve ser
subestimado também. Os jovens buscam modelos de
comportamento, adaptam seu comportamento a eles e
aprendem com eles. Quando entregou o Prêmio Fair
play Internacional de 1997, Nelson Mandela descreveu
como a mãe serviu de modelo para ele, e como isso foi
crucial para sua vida mais tarde. Ao mesmo tempo, os pontos de vista dos atletas também devem ser respeitados se eles
analisarem as regras do esporte e a estrutura criticamente. Colocar fair play em prática
também pode significar respeitar opiniões contrárias.
Exemplos críticos e temas para reflexão
Conduta respeitosa é
baseada em convicção
moral e em regras. As
duas
são
complementares. É justo ensinar as
crianças a tratar os
outros
respeitosamente
porque conduta
respeitosa tem que ser
aprendida com base
em convicção moral. ?... ! ...?
Mídia
Um atleta considerado favorito, só consegue o décimo lugar nos Jogos Olímpicos. Após a
competição, a primeira pergunta do jornalista é por que aquele atleta fracassou. Com este
comentário o jornalista está demonstrando respeito pelo desempenho do atleta, pelo qual
ele treinou ao longo de muitos anos e fez muitos sacrifícios?
35
Respeito
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Regras
O código de vestuário foi mudado no volei
de praia. Todas as jogadoras têm que jogar
com tops justos e shorts curtinhos. Nas
transmissões
de
televisão,
o
foco
frequentemente é mais nos corpos das
jogadoras do que no próprio jogo. E quanto
ao respeito neste caso? Como as jogadoras
que prefeririam vestir algo diferente se
sentem? Como as jogadoras muçulmanas se
sentem
porque são excluídas dessas
competições por causa desta regra? A nova
regra foi adotada pela
Associação Internacional, muito embora roupas justas não sejam exigidas para
monitorar a execução correta de movimentos. Neste caso, os requisitos de marketing e
da mídia para este esporte estão sendo colocados antes da dignidade das jogadoras?
? ! ?
Espectadores
Os espectadores têm um impacto tanto positivo quanto negativo na competição
através da atmosfera que eles formam. Durante uma partida, um jogador comete
uma falta pela qual ele é penalizado pelo juiz. Enquanto a partida progride, os
espectadores continuam assoviando quando este jogador recebe a bola. Isto é justo?
Aqui está outra situação: um atleta da casa é um dos favoritos. Quando este atleta é
inesperadamente eliminado da competição, muitos espectadores saem do estádio. Eles
estão demonstrando respeito pelo desempenho dos outros atletas?
Em uma competição de patinação no gelo, os espectadores não concordam com as
notas dadas para um exercício. A multidão reclama tão alto que a competição é
interrompida por alguns instantes. Eles estão demostrando respeito pelo desempenho
dos juízes e este comportamento é justo para com o próximo atleta que já está
esperando no gelo e cuja concentração está sendo perturbada?
Exemplos de melhores práticas
Copa UEFA
Todos os anos a UEFA permite que três times que tenham demonstrado conduta leal, participem
nas rodadas classificatórias para a Copa UEFA, embora seus desempenhos por si só não tenham
sido suficientes para classificação. Ao selecionar os times, a UEFA leva em consideração casos
especiais de conduta respeitosa, com os seguintes critérios sendo cruciais:
·conduta justa por parte da torcida (sem tumultos, sem pirotecnia, etc.) ·conduta justa por parte dos jogadores (o número de cartões vermelhos e
amarelos são especialmente importantes neste caso)
·conduta justa por parte dos dirigentes (ex: em entrevistas ou aparições na
TV) ·conduta justa com relação ao oponente (sem insultos, etc.)
·conduta justa com relação aos juízes (sem ataques verbais, sem críticas não
justificadas e excessivas)
Desta maneira, a UEFA está recompensando conduta respeitosa no interesse do fair play.
36
Respeito
Eventos multidisciplinares em atletismo
Decatletas e heptatletas estabelecem um bom
exemplo em atletismo. Eles podem ser rivais
dentro da competição, mas trocam dicas e
congratulam-se por seus bons desempenhos.
Depois da competição, eles celebram juntos,
novamente congratulando-se. Eles se
apresentam para os espectadores como um
grupo de amigos. Atletas multidisciplinares
respeitam cada um de seus competidores e
suas performances. Dificilmente haverá um
exemplo melhor de fair play para
espectadores e atletas!
Linha de apoio no esporte (helpline)
A associação desportiva nacional holandesa, NOC*NSF, estabeleceu uma linha de apoio
para esportistas. A linha direta (hotline) oferece aos atletas, treinadores e pais a
oportunidade de contar com conselheiros e confidenciar a eles, de forma anônima,
sobre problemas, tais como assédio sexual ou outros delitos. Desportistas jovens
frequentemente se tornam dependentes das pessoas responsáveis por eles, como
treinadores e orientadores, e não se sentem confiantes para queixarem-se com eles.
Graças à linha direta, os desportistas têm um canal para tais situações – um aspecto
importante para deformar o sistema mais transparente e assim responsabilizar as
pessoas por suas más-condutas. 37
Saúde
Saúde
Introdução
O prazer que as crianças tiram de atividades
esportivas é claro. Elas ficam radiantes, mesmo
enfrentando possibilidades muito limitadas em suas
vidas. Elas brigam, se entusiasmam e desfrutam o que
estão fazendo. O foco aqui não é no elemento
competitivo, mas em experimentar o exercício em
conjunto. À primeira vista, não fica óbvio que o esporte
também seja benéfico para a saúde infantil porque
não se trata de aprimorar o potencial de
desempenho do corpo de uma maneira almejada,
tampouco se trata de programas específicos de
esporte pela a saúde com o objetivo de aprimorar a
condição física em geral. Tem a ver com muito
mais do que isso – porque através do esporte as
crianças podem
aprimorar seu
bem-estar
psicológico. Elas podem “libertar suas mentes” e aprimorar sua saúde mental, que já sofreu com
conflitos militares, por exemplo, ou traumas similares. Para elas, o esporte oferece uma boa
oportunidade para esquecer ou suprimir más memórias e conhecer seus supostos oponentes
como desportistas. Ao experimentarem isso por elas mesmas, elas podem chegar a um
equilíbiro mental, auto-confiança e terem suas energias renovadas. Saúde como objetivo de fair play
O que devemos realmente entender por saúde? De acordo com
a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde é
uma condição de completo bem-estar físico, mental e social. E o que isso significa para o esporte? Como o termo bem-estar pode ser descrito no
esporte?
As facetas do
Bem-estar no e através
do esporte podem ser
experimentadas
através de fair play.
No esporte, o participante individual pode perseguir metas abrangentes. Através do esporte eles podem aprimorar sua aptidão física, ter o exercício como uma
mudança de suas atividade diárias, fazer e manter contatos
sociais ou medirem seu desempenho pessoal comparado a outros. Neste sentido, o esporte competitivo pode ser distinguido do esporte feito por motivos de saúde,
aptidão física ou propósitos de reabilitação.
No âmago do esporte competitivo está a comparação
do desempenho pessoal de alguém com o
desempenho de outros. Para alcançar o melhor
desempenho possível ou um recorde em um esporte
competitivo, o atleta fica dependente de completa
estabilidade física, psicológica e social a longo prazo.
O atleta também nunca está sozinho em uma
competição. O indivíduo engajado em um esporte
conta com seus parceiros na busca das suas metas.
Além da saúde do próprio atleta, a de seu oponente
também está no âmago do esporte competitivo. 38
Saúde
Bem-estar no esporte é demonstrado aqui
de várias maneiras diferentes. A ideia de
competiçao não entra com conflito com
isso.
Por exemplo: as crianças
experimentam integração social em sua
equipe e após a puberdade, os jovens
podem
desenvolver,
através
de
treinamento e competições, uma atitude
positiva quanto às mudanças em seu
corpo. Mas também o entusiasmo
experimentado na competição é para
muitos atletas competitivos uma fonte
importante do seu bem-estar. Isso pode
contribuir para uma atitude aprimorada, mais equilibrada e mais relaxada no tabalho e na vida diária e nos momentos de lazer.
Fora do esporte de competição, especialmente em esporte de lazer, frequentemente há
um foco muito pronunciado na saúde, com a ênfase no esporte oferecendo uma mudança para
as atividades diárias, a diversão e o prazer a
partir do exercício e da promoção almejada das
funções do corpo do indivíduo. Bem-estar no esporte pode ser experimentado
através de movimentos bem sucedidos, atividades
prazerosas e estimulantes como hill-walking,
compartilhando a atmosfera social dentro do
grupo esportivo no qual as pessoas podem trocar pontos de vista livremente e
abertamente, terem confiança de assumir um compromisso ou sentirem satisfação em
realizar algo. Além disso, as mulheres, por exemplo, que se engajam em artes marciais ou esportes que
normalmente são reservados para homens, fortalecem sua confiança mental e física
consideravelmente e assim também o seu bem-estar diário. Fair play em
esporte
nãocompetitivo
significa
experimentar
ativamente
movimentos bem
sucedidos
e
esforços
benéficos.
Fair play: tudo depende de “como”
Para atingir bem-estar físico, mental e social em todos os níveis, os seguintes aspectos
de fair play são importantes:
1. Fair play para consigo no sentido de:
2.
-
Respeito por seu próprio corpo e suas habilidades,
Consideração por suas próprias necessidades,
A possibilidade de descobrir sobre seu próprio corpo (esforço, etc.),
Ver seu próprio corpo como parceiro.
Fair play para com outros no sentido de:
- Respeito pela saúde mental e física do competidor,
- Ver o competidor como um parceiro no esporte, isto é, consideração por
dependência mútua,
- Consideração pelo estado mental da equipe, membros do clube ou pelo comando de
alguém, - Responsabilidade por parte de todos os envolvidos no esporte, especialmente
do treinador, pela saúde, desenvolvimento físico e integração social de desportistas
jovens,
- Motivação para o exercício (através de treinadores em esporte da saúde e
reabilitação) e assegurar a experiência de que esporte pode ser divertido.
39
Fair play
para consigo e
para com os
outros garante
esporte que é
saudável
Saúde
Fair play para
consigo significa
integrar
um
equilíbrio
entre
esforço
e
moderação e entre
alongar-se
em
excesso e não
alongar
suficientemente na
vida diária. Fair play
Para
consigo
também
significa ver o
próprio
corpo
como
um
parceiro e não
somente como
um recurso. Fair play para consigo ........ ... é expresso como respeito por si mesmo, pelo
próprio corpo e também pela própria alma. Para
alcançar os requisitos da competição é necessário
um treinamento intensivo durante o qual você pode
sentir
muito
o
seu
corpo,
seus limites, seus músculos e o esforço que está
sendo feito. Crianças e jovens com um corpo
saudável podem, às vezes, desempenhar em
excesso e sentirem-se orgulhosos, assim forjando
sua própria identidade. Fora dos aspectos positivos ligados ao esporte
competitivo, dor e lesões frequentemente devem
ser toleradas. Em especial, em esporte de altonível, o treinamento para alcançar os padrões de
classificação e sucesso normalmente é
acompanhado de deterioração do bem-estar
físico. Atletas normalmente enfrentam um dilema com
relação a isso. Por um lado, eles têm que tentar
aprimorar seu desempenho de forma constante.
Isso
só é possível com treinamento duro, que pode,
por
sua
vez,
resultar
em
lesões. Por outro lado, eles confiam na sua saúde e precisam desenvolver consciência das
necessidades de seu corpo e levar essas necessidades em conta. As exigências que são
feitas em alguns esportes sobre aqueles participando ativamente são às vezes difíceis
de conciliar com a saúde. Em esporte de competição, a reciprocidade ou dependência
do competidor também é especialmente importante com relação a fair play para
consigo. Frequentemente você depende dos requisitos do oponente, tendo que responder
aos padrões (velocidade, tática, etc.) estabelecidos pelo competidor e para desempenhar
ações que podem danificar muito a saúde. Em tais casos, seu próprio corpo pode
parecer ser o “inimigo”, não funcionando como você gostaria. O bem-estar descrito pode ser
descoberto dentro e através do
esporte se você considerar
tratar o corpo como um
parceiro. Isso significa evitar
(falso)
orgulho
ou
superestimar as habilidades de
alguém, mesmo em um esporte
popular. O ambicioso jogador
de tênis que defende a posição
de seu clube ao ponto de um
ataque cardíaco ou o corredor
“fanático” que se quebra numa
corrida cross-country foram
injustos consigo mesmos.
Mesmo que nem sempre seja fácil ouvir os sinais do corpo porque a pressão para não
fracassar na competição é tão grande, é aconselhável sempre estar ciente do fato de que
você é, no final, responsável por sua saúde física. Ao persistir, você deve olhar além do
presente, para o futuro, mantendo em mente que você só tem este único corpo. 40
Saúde
Fair play para com outros
...significa não prejudicar a saúde de alguém do lado oposto, seja o competidor, o companheiro de jogo ou os membros do clube, bem como o comando de alguém no treinamento. Isso tem
como objetivo a responsabilidade de vários grupos de pessoas.
Os atletas são conjuntamente responsáveis
pela saúde física do oponente e do jogador
parceiro. Especialmente numa situação
muito emocional e tensa da competição, na
qual frequentemente são requeridas reações
relâmpago, fair play significa pensar na saúde do oponente e agir com este espírito. Isto
pode significar colocar de lado sua própria vantagem se for previsível que tal vantagem
poderia resultar em lesão para o oponente.
Os chamados esportes de contato, nos quais
os pontos fortes de alguém são diretamente
medidos contra os do oponente, como o
boxe, o futebol americano, o handball ou o
basquete, são baseados na ideia de saúde,
que é subjetivamente diferente de esportes
como tênis ou golfe. Portanto, os esportes
mais combativos não são injustos por si.
No entanto, cuidado especial é requerido e
proteção especial é necessária, porque até
mesmo um soco executado corretamente no
boxe pode lesionar seriamente o oponente.
Especialmente importante com relação ao aspecto saúde do fair play é o papel do
treinador. Fair play significa que o treinamento é adaptado às habilidades físicas de cada atleta.
No caso de atletas muito orientados ao desempenho, pode ser necessário que o
treinador os desacelere para que não se esgotem. No treinamento de crianças e jovens,
estar em linha com o estágio de desenvolvimento é muito importante. As
características físicas e mentais de vários estágios de desenvolvimento devem ser
analisadas profundamente. Também é importante reconhecer quando o emprego de
pressão – que pode ter o efeito de encorajamento – se transoforma em algo negativo,
levando a exigências mentais excessivas. Fair play significa
um por todos –
estimular o espírito
de equipe, autoestima e bem-estar
no esporte.
Fair play significa -
especialmente
em
esportes de contato –
demonstrar respeito
pela saúde de seu
oponente além de
puramente seguir as
regras. Aspectos críticos e temas para reflexão
Doping
Uso de drogas, ou doping, é o uso de substâncias proibidas e métodos proibidos. Uso de
drogas, ou doping, é utilizado somente para obter sucesso e sempre em detrimento da
saúde. As consequências subsequentes e frequentemente sérias devem ser levadas em
consideração acima de tudo. Doping está, sem questionamento, nitidamente em
desacordo com fair play, incluindo o aspecto da saúde. Como o seguinte caso deve ser
julgado: um jogador de tênis de mesa muito ambicioso tem treinado duro por muitos anos.
Ele nota, entretanto, que seu corpo nem sempre enfrenta bem o esforço, resultando em
lesões frequentes. Para contra-atacar isso, ele tenta aguentar as distensões usando
preparações regenerativas de todos os tipos de medicamentos que não estão na lista de
doping. Isto é justo?
41
?... ! ...?
Saúde
? ! ?
A criança “não-desportiva”
Durante uma lição de Educação Física, dois times de futebol
são selecionados para jogarem um contra o outro na
próxima aula. A mesma imagem emerge toda vez. Os bons
jogadores não querem os colegas com muito excesso de
peso e meio desajeitados nos seus times, muito embora este
tipo de criança desejasse muito fazer parte do time. Esta
criança se sente excluída, mal-entendida, solitária e com
problema de auto-estima. Esta situação tem um impacto
considerável em seu bem-estar mental, que poderia até
mesmo afetar sua saúde física com o tempo. O esporte seria
muito bom para ela, mas em vez disso ela se sente forçada a
desistir.
Explicando os riscos envolvidos
Em alguns esportes, como ginástica, o treinamento para o esporte competitivo inicia
muito cedo na infância. Os treinadores enfatizam que as meninas não devem exagerar
nosso exercícios e não ter medo. Portanto, não há discussão sobre os riscos envolvidos.
Fair play não exige que os possíveis riscos devam ser explicados?
? ! ?
? ! ?
Um vislumbre do calendário de competições
Um dos eventos esportivos mais importantes do mundo acontece em agosto, mês que, no
país sede, é o mais quente do ano. O calor durante este período é insuportável. Para os
atletas significa um considerável risco para a saúde. Um mês mais tarde, teria sido muito
mais frio lá, mas os responsáveis decidem, mesmo assim, por uma data em agosto.
A Copa Mundial de Salto em Esquis: o evento
salto em esquis está sendo transmitido ao vivo
na televisão e milhares de pessoas convergiram
para lá. Há uma atmosfera excelente. Somente o
clima não é ideal, com muitos ventos fortes.
Alguns dos saltadores têm problemas enormes e
mal conseguem permanecer eretos no pouso.
Então, acontece o inevitável e um dos saltadores
cai, se machucando seriamente.
Entretanto, a prova de salto não é suspensa imediatamente. Somente depois de outros
quatro saltadores arriscarem sua segurança, os responsáveis decidem suspender a
competição. Mais tarde foi explicado que os atletas estariam livres para decidirem
não saltar naquele tipo de clima. Isso é realista? Eles eram mesmo livres para
tomarem tal decisão?
Um evento automobilístico tem enorme popularidade – razão suficiente para estender a
rota e continuar adicionando novos estágios. Ainda assim, o grau de dificuldade não pode
permanecer o mesmo. Mais e mais, novos desafios fazem da corrida um grande evento.
As exigências sobre os esportistas participantes ainda são razoáveis?
O papel dos médicos
Médicos precisam assegurar que a saúde de seus pacientes esteja perfeita. Ainda assim,
quais são as reais tarefas do médico no esporte competitivo, especialmente em altonível? É do interesse da saúde do desportista que as medidas para eliminar dor sejam
tomadas para que ele esteja pronto a voltar ao jogo imediatamente? Ou o seguinte
exemplo: o desportista lesionado tem que estar em boas condições físicas novamente
dentro de três dias. Onde está o tempo para o processo de cura? Com relação a ingestão
de drogas e doping, a seguinte pergunta deve ser permitida: como que, por conta
própria, um desportista que ingere drogas adquire um conhecimento médico tão
detalhado do efeito dessas drogas e da dosagem requerida?
42
Saúde
Exemplos de melhores práticas
Acampamentos anti-doping para jovens atletas
Para aumentar a consciência da necessidade de esporte saudável, incluindo o de alto-nível,
acampamentos anti-doping são organizados em alguns países europeus para jovens atletas,
nos quais eles podem engajar-se em um diálogo transfronteiriço. Como incentivo especial
e para motivá-los a continuar a dizer não às drogas, os participantes são apontados como
“embaixadores junior na prevenção de doping”.
Aulas de esporte para promover bem-estar
Em algumas escolas africanas não há aulas
regulares de educação física. Foram estabelecidos
projetos para tentar melhorar esta situação sob a
qual aulas de esportes e parcerias esportivas são
oferecidas. Aspectos religiosos e sociais, bem
como grupos etários da escola são irrelevantes.
Alguns ajudantes em tempo integral, mas
principalmente voluntários do mundo todo,
buscam desenvolver as crianças entre seis e treze
anos, através do esporte.
Através de atividades desportivas, elas desenvolvem espírito de equipe, aprendem a
resolver conflitos sem o uso da força, fazem amigos e estimulam sua auto-confiança. Para
o bem-estar mental e físico das crianças, é crucial que elas tenham a oportunidade de
engajarem-se em esportes, de se exercitarem, de se testarem contra outros, de descobrirem
os limites de seus corpos e experimentarem diversão e prazer. Para esporte de saúde no nível clubístico, há vários conceitos estruturais ao longo das
linhas de fair play. Além do fortalecimento de recursos físicos, uma importância especial
é dada aos aspectos psico-sociais, como o aprimoramento da atitude de alguém com
relação a seu próprio corpo, influenciando o humor, desenvolvendo contatos sociais,
derrubando barreiras para engajarem-se no esporte, e às ideias sobre transferir a
experiência esportiva para as atividades diárias. Esses programas também são elaborados,
por exemplo, para motivar crianças com sobrepeso a iniciarem atividades esportivas com
foco não somente em perder peso, mas também no componente psico-social descrito. Terapia da corrida
Terapia da corrida pode ser útil na restauração do equilíbrio físico e mental, que fica sobrecarregado por estresses diários e pressão competitiva. O objetivo
da corrida relaxada, a um passo brando, serve para a pessoa ficar ciente de seu corpo e mente em comunicação com a natureza e para influenciá-los positivamente. Completamente no espírito de fair play a terapia da corrida inicia com o corpo, mas também lida holísiticamente com o todo do indivíduo. Pode até mesmo ajudar a lidar com problemas relacionados com
drogas e álcool, entre outros.
Passaporte de saúde
Para que crianças e jovens possam participar de competições de ginástica, muitos
organizadores de eventos esportivos exigem a apresentação de um passaporte de saúde,
que não deve ter mais de um ano de expedição. Isso assegura que a saúde e o
desenvolvimento das crianças sejam verificados em intervalos regulares. 43
Estratégias para Transmitir Fair play
Estratégias para Transmitir e Disseminar Fair play
Introdução
Definição de
estratégias
Estratégias em
um
nível
individual
e
organizacional
Estratégias topdown e bottomup
Estratégias
Pro-ativas
reativas
e
Uma estratégia, aqui, é entendida como uma campanha deliberadamente planejada
com o objetivo de influenciar a conduta de todos os envolvidos no esporte dentro do
espírito do ideal de fair play. Várias estratégias podem ser distinguidas. Quais delas são
as melhores, depende da situação respectiva e dos alvos estabelecidos. O melhor
resultado é frequentemente alcançado pela variação de estratégias que interagem entre si.
As estratégias podem ser elaboradas e usadas dentro de dois níveis: o individual e o
organizacional (ex: organizações desportivas, comitês etc.).
Clubes locais de esportes, associações regionais de
esportes e organizações internacionais de esportes
têm oportunidade de promover fair play no esporte
através de campanhas segmentadas. Isso pode ser atingido com o aprimoramento das
regras, fornecendo bom equipamento e instalações ou
através de programas educacionais. Há duas
abordagens gerais. Com a estratégia top-down, a gestão
da empresa toma as decisões sozinha e tenta
implementá-las. Esta estratégia é usada frequentemente
em situações de pressão, que não podem ser adiadas. A
estratégia bottom-up é mais interativa. Em um diálogo
com os membros da organização, as decisões são
preparadas e adotadas. Isto, às vezes, pode tomar muito
tempo, mas a vantagem é que a política é apoiada por
uma base mais ampla.
Frequentemente acontece que dentro de uma
organização, estas duas estratégias são perseguidas em um processo recíproco. Para promover fair play no esporte é muito importante diferenciar bem entre as
estratégias gerais. Pode-se adotar uma abordagem pró-ativa ou uma reativa. Com a
primeira estratégia, o objetivo é ver e promover fair play contra o pano de fundo positivo
do esporte. São feitos esforços para aprimorar continuamente a prática corrente para evitar
possíveis problemas no futuro. Isso inclui todas as abordagens preventivas, por exemplo.
Uma estratégia reativa responde aos problemas que já existem no esporte e tenta corrigí-los
na prática corrente. Para uma organização desportiva é importante analisar a relação entre
estratégias pró-ativas e reativas porque disparidades em favor da abordagem reativa podem
dificultar a eficácia dos passos pró-ativos a longo prazo. Estratégias individuais
Estratégia para aprimorar conhecimento
O objetivo desta estratégia é aprimorar e aprofundar o conhecimento das pessoas
que participam do esporte com a esperança de mudar uma conduta através de
maior conhecimento e assim promover um esporte justo. Muitos resultados bons
podem ser alcançados com esta estratégia, embora o impacto desta medida possa
ser relativamente limitado. Por exemplo, fumar é ruim para a saúde, como a
maioria dos fumantes sabem, mas eles não conseguem largar o hábito. Em fair
play no esporte também existem grandes disparidades entre “conhecimento” e “ação”.
44
Estratégias para Transmitir Fair play
Um exemplo positivo desta estratégia é
o esforço para promover conhecimento
das regras. A competição pode “sair dos
trilhos” porque as pessoas não sabem
suficientemente sobre ela. No nível do
clube, há várias maneiras de aprimorar o
conhecimento das regras de um esporte
através de testes, por exemplo. Jovens,
em particular, podem encontrar aí uma
grande diversão.
Outra estratégia chave preventiva é explicar para os esportistas sobre as possíveis lesões
que eles podem ter que suportar. Isso interessa não só no que diz respeito à saúde dos
jogadores individuais e membros da equipe, mas também à saúde do oponente. A maioria das estratégias deste tipo estão ligadas aos aspectos positivos do esporte
e seguem uma abordagem pró-ativa. Estratégias reguladoras de ação
Estratégias reguladoras de ação têm o objetivo de influenciar a conduta de
desportistas diretamente após a ação não desejada, como aquelas através de
advertências do juiz ou árbitro.
O juiz pode intervir diretamente com cartões verde (hockey), amarelo e vermelho
quando a conduta antidesportiva é evidente. Essas estratégias são usadas em uma
situação negativa onde também as sanções se fazem necessárias. Um jogador que é
expulso de campo com um cartão vermelho é um exemplo de uma ação reativa com
um impacto direto no curso da partida. Um segundo exemplo de uma estratégia reguladora de ação em uma situação
desportiva negativa, se refere a doping. Se um atleta é julgado culpado de doping, na
maioria dos esportes, ele enfrenta uma banição longa. Espera-se que tais medidas
venham a ajudar a assegurar oportunidades iguais e que promovam a saúde do atleta de
uma maneira preventiva. Cada vez mais, exames intensivos de doping são executados
com este fim.
Os “testes não-competição” são feitos sem aviso e quase que a qualquer hora. A Agência
Mundial Anti-Doping (WADA) estabeleceu diretrizes relevantes. Esta estratégia rigorosa também tem um lado negativo,
entretanto, com organizações desportivas enfrentando um
dilema maior. Esportistas honestos podem estar sujeitos a
suspeita geral como resultado. Além disso, os testes que são
frequentemente considerados como degradantes, invadem
profundametne a vida privada dos atletas, muitos dos quais se
sentem criminalizados. Infelizmente, deve ser observado que
esta estratégia usualmente afeta somente o atleta. A conduta
dos treinadores ou médicos não está normalmente sujeita a tal
monitoração rigorosa. Isso é justo?
Há também muitas estratégias de ação resultantes de um contexto
desportivo positivo. Esporte atrativo e justo é recompensado, como uma ação simpática no
campo de futebol ou uma combinação mais atraente. Podem até mesmo serem concedidos
prêmios para casos especiais, por exemplo, quando um jogador lesionado é ajudado ou
crianças com deficiência recebem a oportunidade de praticarem esporte em um clube. Com crianças poderia haver uma revisão semanal para determinar quem está jogando de
forma mais justa. O jogador mais justo poderia, então, ser apontado como o “Jogador da
Semana” e acompanhar a equipe principal ou carregar a bola. Desportistas adultos, no
nível de clube, poderiam ser apontados como “o mais valioso jogador da temporada”. A
honraria é importante, mas o título
Teste Fair play Educação para
Saúde
Estratégias
de
ação a partir de
um
contexto
competitivo
negativo
Necessidade de
sanções
Exames
de
doping e banições
das competições
Dilema do
doping
Estratégias
de
ação a partir de
um
contexto
competitivo
positivo
45
Recompensas
Estratégias para Transmitir Fair play
é até mais prazeroso se for acompanhado de um prêmio real. O clube está assim
demonstrando a importância que dá a fair play, respeito e conduta pro-social.
Um terceiro exemplo de uma estratégia reguladora de ação são as diretrizes, significando
entendimentos sobre conduta desejável por aqueles envolvidos diretamente e indiretamente
no esporte, como os desportistas, treinadores, médicos desportivos, jornalistas desportivos e
pais. Esses entendimentos são então registrados por escrito. As diretrizes são ainda
formuladas de uma maneira geralmente compreensível de maneira que os envolvidos
possam ajustar suas ações de acordo. No seguinte exemplo (tirado da Associação de Treinadores Britânicos) a situação da
criança é o ponto de partida. Aqui estão algumas diretrizes:
Exemplo de
diretrizes para
treinadores em
esporte
Impacto positivo
da
postura
e
atitude
daqueles
participando
no
esporte
Conversa é uma
estratégia
Feedback em vídeo
·Um treinador bem sucedido é mais preocupado com o bem-estar e
interesses dos jogadores do que com relatórios de vitórias e derrotas.
·Faz exigências sensatas com relação ao tempo que crianças e
jovens devem devotar ao treinamento esportivo.
·Energia e entusiasmo – eles precisam de outros incentivos. ·Crianças jogam por diversão e prazer. Vencer é somente parte disso
Portanto, nunca faça piada com o atleta jovem ou grite com eles, se
cometerem um erro ou perderem uma competição
· Evite dar aos jogadores talentosos mais tempo de jogo. Os jogadores só
“médios” precisam e merecem o mesmo tempo. Seja sensível e empático
com os menos talentosos. Essas diretrizes não implicam sanções, mas devem ser entendidas como requisitos
obrigatórios de conduta. Não são proibições, mas requisitos sobre os quais as ações de
alguém devem estar baseadas. Códigos de conduta também existem para vários grupos
profissionais no esporte, como jornalistas desportivos. Estratégias para influenciar atitude moral
Por trás dessas estratégias está a ideia de que fair play está sendo promovido através de
apelo às convicções pessoais daqueles envolvidos no esporte. Convicções neste sentido
significam aqueles padrões e valores desportivos com os quais as pessoas se sentem
comprometidas. Muitos desses padrões e valores são específicos ao esporte e
relacionados a esporte competitivo, como buscar os limites da capacidade física de
alguém. Outros são universalmente válidos na sociedade, um exemplo é o respeito.
Essas estratégias estão mais ao nível motivacional. Experiências pessoais são
conectadas à identidade da pessoa com relação à pergunta: quem sou eu? O que
pertence a mim e o que não?
Claro que frequentemente também falamos sobre tais questões com outros, mas
voluntariamente. Poder e compulsão não são parte dessas estratégias. A estratégia mais
óbvia e frequentemente mais eficaz neste contexto é a conversa. Para o desenvolvimento
do atleta é frequentemente importante falar sobre questões como: “Tenho permissão para
provocar meu oponente? Se sim, como? Se não, por que não?”
Uma conversa pode ser apoiada por audivisuais como uma gravação em vídeo, para que
o comportamento de alguém no jogo possa ser avaliado com a distância necessária.
Desta maneira, um ciclo desastroso pode ser rompido: “Os outros começaram a fazer
faltas em nós e nós tivemos que nos defender!” Reflexões sobre o meu próprio
comportamento e o de outros pode começar neste ponto. Reflexões sobre fair play também podem ser estimuladas por grupos desportivos.
Cada desportista reporta sobre sua própria experiência pessoal de conduta justa e
injusta no esporte, sem buscar
46
Estratégias para Transmitir Fair play
comentários imediatos de outros, tendo como objetivo ver fair play de várias
perspectivas.
Outra ferramenta excelente é encorajar
desportistas a se colocarem na
posição não do atleta, mas do juiz
ou do treinador e aprender a ver as
coisas do ponto de vista do outro.
Muitos pontos de vista e problemas
com relação a fair play podem ser
colocados em perspectiva desta forma.
É importante que experiências pessoais
dentro deste exercício de troca de
papéis sejam suficientemente discutidas
e faladas dentro da equipe ou do clube. Frequentemente se espera muito da estratégia de usar os melhores atletas como modelos.
Jovens gostam especialmente de se identificarem com seus herois do esporte, buscando
serem como seus ídolos em cada detalhe. Há ex-atletas superiores que desempenham seu
papel bem e têm um efeito benéfico sobre o desenvolvimento desportivo de jovens. Claro
que esses atletas top não são superhomens, mas algumas características pessoais devem
ser incorporadas no quadro geral de fair play.
Estratégias para organizações desportivas
Muitas estratégias individuais também são implementadas dentro de uma organização.
Ainda assim também há estratégias que são direcionadas à própria organização. A primeira, estratégia pró-ativa, se
preocupa em criar uma imagem positiva
para o esporte. O objetivo não é ser
empurrado para a defensiva devido à alta
atenção desproporcionalmente dada às
falhas no esporte, embora isso não
signifique abandonar uma postura crítica
interna. Ao invés, esta postura deveria ser
traduzida em uma abordagem ativa,
demonstrando a beleza e a atratividade
do esporte. As associações desportivas representam os
interesses de seus membros, incluindo competições internacionais. Isso nem sempre é
fácil, porque as atividades frequentemente são controladas por interesses comerciais e
forças políticas, um exemplo sendo os planos para transmissão dos eventos de natação
Olímpica em um horário que dificilmente é tolerado pelos nadadores. Os interesses de
empresas de televisão comercial nos Estados Unidos eram, aparentemente, mais
importantes neste caso do que os interesses dos nadadores. Organizações desportivas também devem cuidar da saúde e bem-estar dos atletas dentro
do espírito de fair play. Regras, para este efeito, podem ser estabelecidas e as regras
existentes melhoradas. Exemplos incluem capacetes em eventos de ciclismo, uma
idade mínima para crianças participando em campeonatos de tênis ou protetores de
cabeça no boxe Olímpico. As organizações desportivas também têm um papel educativo a desempenhar.
Normalmente elas são diretamente responsáveis pelo treinamento de técnicos e pelo
material de curso usado. Em materiais
47
Mudança de papeis
Atletas
top
como modelos
Imagem positiva
do esporte
Representando os
interesses
dos
desportistas
homens
e
mulheres
Estratégias para Transmitir Fair play
Publicação de
manifestos
Promovendo
participação no
esporte
Ajuda para o
desenvolvimento
no esporte
direcionados às crianças, nos quais as regras são explicadas, podem haver ilustrações
e explicações sobre os aspectos do fair play.
Outro exemplo é a organização de acampamentos juvenis através de associações
desportivas (internacionais), onde garotas e garotos de diferentes países podem se
conhecer e formar amizades.
Esta é uma estratégia muito próativa que ajuda a promover
entendimento e cooperação entre
países e culturas. Organizações
internacionais de esportes, como a
IOC e a CIFP, têm responsabilidade
pelo esporte como um todo. Nesta
estrutura, a publicação de manifestos
e declarações de fair play, para todas
as associações desportivas, é uma de
suas tarefas.
Eles também podem conceder prêmios para pessoas e organizações que têm feito uma
contribuição destacada ao fair play no esporte. Para colocar fair play em prática no sentido de
participação justa no esporte, pré-condições devem
ser criadas para aqueles grupos que frequentemente
não são tratados com igualdade no esporte. Isso inclui
os deficientes, mulheres e crianças que sofrem
discriminação. Ao nível internacional, países ricos poderiam oferecer
seu know-how e suas instalações esportivas e
equipamentos a países pobres, que não têm condições
para alocarem tal investimento para o esporte. Esta
ajuda para o desenvolvimento pode ser considerada
como uma faceta de fair play. Reunir conhecimento e
experiência é, certamente, uma das tarefas das
organizações desportivas, que também têm que
expressar crítica pública de tempos em tempos, como
contra o uso de mão-de-obra infantil na manufatura
de produtos esportivos. Além das estratégias delineadas acima, há muitas
outras maneiras de promover fair play no esporte.
Apresentando esses exemplos amplos, o Comitê
Internacional de Fair Play está procurando encorajar
as pessoas a refletirem mais sobre fair play e
maneiras de colocá-lo em prática. Juntas, todas
essas estratégias podem ajudar em um nível
individual e organizacional para realizar fair play
no esporte. Nós todos temos um papel a
desempenhar e nós todos não temos nada a perder. 48
Editeur
Editor
Président
Presidente
Secrétaire Général Secretário Geral
Equipe de rédaction
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Comité International Pour le Fair play (CIFP)
c/o CNOSF, 1 Av. Pierre de Coubertin
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Dr. Jenõ Kamuti
Jean Durry
Dr. Albert Buisman (Universität Utrecht) M.A. Katja Senkel (Universität Mainz)
M.A. Kristina Bohnstedt (Universität Mainz) Prof. Dr. Norbert Müller (Universität Mainz, advisory)
Kristina Bohnstedt
Viktória Dósa (French version)
Bohnstedt, Kristina Bruynestein, Dik
Buchwalder, Marc-André (Scort Foundation)
Buisman, Albert
Burggraf, Jürgen (Wildwechsel Mainz)
Cameron, Alastair
de Koning, Jan
Handstein, Sebastian Hirdes-Veelenturf, Karin Hondenbrink, Inge Hoogendoorn, Ronald Massey, Alexander Moch, Reinhard
Müller, Norbert Müller, Teresa
Museum von Herakleion
Nederlandse Ijshockey Bond
Photo Sales Reuters
Reimann, Anne Rogoll, Sandra Roza, Hanneke Sandrock, Silvia Senkel, Katja Spengler, Katja
Stichting Vrienden van het Mauritshuis
The Solomon R. Guggenheim Museum
Westerberg, Michael
Yamamoto, Yaya
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