Bike Santos dificulta usuários na retirada de bicicletas
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Bike Santos dificulta usuários na retirada de bicicletas
PRIMEIRO TEXTO Jornal Laboratório do 3º semestre de Jornalismo (FaAC) - Jun/15 versão online: santaportal.com.br/online Bike Santos dificulta usuários na retirada de bicicletas Serviço melhora, porém sistema ainda é falho, segundo queixas GABRIEL SOARES Implantado em 2012, o sistema atende usuários que buscam a bicicleta como alternativa ao transporte tradicionai, mas que têm enfrentado problemas Gabriel Soares O que era para ser um auxílio no transporte e incentivo na diminuição no trânsito se tornou um problema para muitos usuários. Ciclistas que utilizam o Bike Santos vêm reclamando dos serviços, das condições e da quantidade de bicicletas nos horários de “pico”, quando a rotatividade aumenta. As principais reclamações quanto ao Bike Santos são o sistema e o atendimento, que é pago e demorado. E a procura tem crescido. Desde o início das atividades do serviço, em novembro de 2012, já procuraram o serviço 78.933 pessoas. Nem sempre é fácil a retirada das bicicletas nos terminais. Por diversas vezes, o sistema trava e nem entrando em contato com o SAC pelo telefone 40039890 (ligação local), que deveria ser uma ferramenta de ajuda, o usuário consegue um suporte, tornando-se uma grande dor de cabeça. Bicicletas que são liberadas pelo sistema não se desprendem da estação. Usuários que utilizam o sistema do Bike Santos reclamam da demora no atendimento por telefone e que a ligação não é gratuita. Quando o autoatendimento não funciona e o cidadão precisa falar com um aten- dente, ele precisa ter muita paciência e uma conta de celular com ligações ilimitadas, pois a espera, às vezes, é longa. “O aplicativo muitas vezes consta como estação em manutenção, não consegui cadastrar meu cartão transporte e desisti de tentar”, disse o estudante Miguel Silveira. “Durante o uso, tive problemas também como soltar o banco e a corrente sair” concluiu. Outro problema é a falta de bicicleta quando os usuários mais precisam. Nas saídas da faculdade ou bairros com maiores movimentos como Boqueirão e Gonzaga, faltam bicicletas nos momentos que os usuários mais precisam, enquanto elas sobram no Centro de Santos. Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), que administra o serviço, as estações mais utilizadas são as do Embaré (em frente à igreja), Aquário e Canal 3 (Concha Acústica). No geral, as bicicletas estão em bom estado. Porém, algumas precisam de manutenção e da colaboração dos usuários para que não haja depredação das mesmas. No site do Bike Santos, a empresa informa que as bicicletas devem ter espelho retrovisor, selim anatômico com ajuste de altura e guidão emborrachado. “Durante o uso, tive problemas como soltar o banco Miguel Silveira e a corrente sair” Porém, é comum existirem bicicletas sem o espelho, com o banco sem pino e, em alguns casos, até sem os bancos. Algumas com freios quebrados e com correntes frouxas. Usuários dizem que existe uma demora na manutenção. Para a retirada das bicicletas, o Bike Santos conta com os serviços de aplicativo, telefone e cartão transporte. Para o estudante Mario Oliveira, 23 anos, o uso do cartão transporte foi muito útil e serviu para agilizar o serviço. “Para mim, agilizou o processo na hora da retirada da bicicleta e é muito mais seguro porque não preciso ficar com o celular à mostra”. Para a professora Laís Zanin, 24 anos, que diariamente utiliza o sistema as falhas são frequentes. “Tive vários problemas com aplicativo do celular. Descobri que pelo autoatendimento é bem mais fácil para retirar”. E quando perguntada sobre o uso do cartão transporte, ela conta que nunca usou, pois na primeira vez que tentou não estava funcionando. A Reportagem tentou retirar alguma bicicleta na estação 11, localizada na rua Lobo Viana, em frente à Universidade Santa Cecília, no Boqueirão, em Santos. Foi utilizado o aplicativo no celular e ocorreram alguns problemas. No aplicativo, constavam que três bicicletas estavam retiradas quando na verdade não estavam. No final do ano passado, o tempo de uso aumentou de 30 para 45 minutos. Na renovação do contrato em março deste ano, o tempo para a retirada das bicicletas passou a ser até às 23h, podendo devolver em qualquer outra estação até às 23h45. Este tempo foi aumentado para beneficiar os estudantes universitários na volta para casa, segundo a Prefeitura de Santos. O novo contrato com a CET é de R$ 1 milhão 50 mil/anuais. O serviço é implantado e operado pela empresa Samba. O sistema também está disponível em diversas cidades do país como Fortaleza, Belo Horizonte, Sorocaba, Brasília, Recife, São Paulo, Rio de Janeiro, entre outras mais. OUTRO LADO Segundo a CET, as bicicletas públicas do projeto Bike Santos recebem diariamente uma atenção especial da Serttel, empresa operadora do sistema, para que os veículos permaneçam limpos e em boas condições de uso. Das 370 bicicletas disponíveis para uso compartilhado na cidade, cerca de 40 são retiradas das estações para limpeza e manutenção preventiva. Em oficina própria, os mecânicos fazem a avaliação dos veículos e verificam o sistema de regulagem de freio e marchas, calibragem dos pneus e demais procedimentos para manter o sistema em ordem. De forma a não comprometer o seu funcionamento, a retirada das bicicletas é realizada fora do horário de pico. A empresa também dispõe de atendimento nos casos de emergência. Conforme a CET, as bicicletas possuem quadro de alumínio e raio em aço inox. Elas são feitas com peças exclusivas para evitar furto de peças. As chaves utilizadas também são especiais para servir como dispositivo de segurança. 2 PRIMEIRO TEXTO JUNHO DE 2015 OPORTUNIDADE Mercado de trabalho é favorável para mulheres Pesquisa realizada pelo IBGE mostra avanço feminino em diversas áreas JAQUELINE SOUZA Jaqueline Souza O número de mulheres no mercado de trabalho está aumentando cada vez mais no Brasil, bem como as melhorias das condições trabalhistas. Cargos antes ocupados só por homens cedem espaço para as mulheres, que demonstram a mesma qualidade no serviço e até mesmo superior. Segundo o estudo de Estatísticas de Gênero do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), baseado no último Censo realizado em 2011, a participação da mulher no mercado de trabalho, de 2003 a 2011, teve um crescimento de quase 4%, atingindo 46,1% da população economicamente ativa. O índice das mulheres com ensino superior cresceu nas áreas da indústria, comércio, administração pública e até mesmo na construção civil. Apesar do predomínio de homens exercendo essas funções, o crescimento foi de 73,4% para as mulheres, contra 55,4% dos homens, no Kimiye Nishida, gerente de Operações de uma multinacional, conta sua experiência na área período de 2003 a 2011. O comércio é uma área de constante crescimento da população feminina e as oportunidades estão sempre aparecendo. Kimiye Nishida é um exemplo. Formada em Administração de Empresas, trabalha em uma loja de artigos espor- tivos multinacional, na unidade de Praia Grande, na qual apenas três das 21 lojas do Brasil possuem mulheres como Gerente de Operações, cargo ocupado por ela e que é caracterizado como masculino, pois lida com diversas equipes de manutenção e segurança. “Eu gosto muito do que faço, e todos me respeitam. No começo, foi difícil lidar com essas equipes masculinas, mas eu aprendi a conquistar meu espaço e até mesmo me impor, e não deixar me intimidar só porque sou mulher, porque tem aquele preconceito de homens machistas”, salientou ela. Kimiye disse também que seu cargo inicial na empresa foi como vendedora de uma seção de bicicletas, e sendo a única mulher na equipe, era sempre questionada se não havia algum homem para atender e realizar os serviços. “No começo senti muita dificuldade, porque percebi que os clientes se sentiam mais seguros com os vendedores homens. Foi um pouco complicado, mas eu consegui trabalhar bem meu psicológico para isso e, em três meses, subi de cargo, tornando-me gerente de uma seção em que toda minha equipe era masculina”. Kimiye disse, ainda, que ficou dois anos no cargo de Gerente de Seção até se tornar Gerente de Operações. “Minha experiência foi o que me ajudou a vencer os desafios. Não há nenhum manual de instruções”, disse ela. A Gerente de Operações já fez diversas contratações para a loja, e sente que o mercado de trabalho para as mulheres está mesmo em expansão, mas que ainda pode haver certas preferências por homens em algumas áreas. Por outro lado, com o rompimento do preconceito, o País tende a aumentar esses números. MAYARA PISCIOTTA capacitação Da sala de aula para a vida profissional Mayara Pisciotta A Secretaria de Turismo de São Vicente conta há cerca de três anos com um programa de estágio para estudantes de Turismo, seja para curso universitário ou técnico. O programa leva os estudantes para além das obrigações diárias de trabalho. Toda a segunda-feira, eles são levados para uma “aula prática” por algum técnico responsável da secretaria. Além destas “aulas” sobre pontos turísticos da cidade, eles participam de outras atividades desenvolvidas. A capacitação consiste em ir até determinado ponto turístico da cidade e aprender como ele funciona e qual a sua história, além de também visitar hotéis da região. A iniciativa começou a funcionar de forma sistematizada há três anos. Antes, o projeto existia, mas não desta forma. A técnica de turismo Marcia Aguiar, que acompanha as capacitações, está animada com os resultados. “Os estagiários participam de palestras, visitas técnicas, aprendem toda uma metodologia de como aplicar pesquisas. Assim, quando realizamos a pesquisa eles estão aptos. Eles têm a oportunidade de vivenciar todo o processo, seja no dia da capacitação até depois durante o trabalho quando eles podem passar a informação correta no posto de informação ou na aplicação de uma pesquisa até a sua conclusão”, explica. A estudante do curso de Turismo, Yasmim Ribeiro de Andrade, conta que o programa de capacitação é importante para ela, pois A técnica de turismo Marcia Aguiar, junto com os estagiários, atua em ações de capacitação ajuda a complementar o aprendizado na faculdade. “Além de participar das capacitações, nós podemos trocar informações sobre turismo com os técnicos e outros estagiários. O que aprendemos aqui poderemos usar não só nos postos de informação, mas também no futuro em outras situações”, conta. O conteúdo passado durante as capacitações, seja palestra ou visita, não serve somente para o trabalho na secretaria. “Uma das palestras que tivemos recentemente foi de primeiros socorros e também tivemos uma aula no Santos e Região Convention & Visitors Bureau, onde eles aprenderam sobre metropolização, realização de eventos e atrações. É um conhecimento que eles vão levar para a vida toda”, conta Márcia. Para participar do programa de estágio é necessário estar cursando faculdade ou o curso técnico de turismo. Para se inscrever, é necessário aguardar a abertura do processo seletivo da Prefeitura de São Vicente (www.saovicente. gov.br) ou pelo Facebook da Secretaria de Turismo (facebook.com/destinosaovicente). JUNHO DE 2015 PRIMEIRO TEXTO 3 literatura Jovens mostram influência da leitura em suas vidas Ler não é um hábito dos brasileiros, mas alguns jovens convivem com outra realidade Luna Oliva A Federação do Comércio do Rio de Janeiro (Fecomércio) fez uma recente pesquisa que mostrou que 70% dos brasileiros não leram sequer um livro em 2014. A resposta da grande maioria dos entrevistados é que eles não lêem por falta de hábito. Segundo a professora universitária e teacher coach, Martha Vergine, de 35 anos, não há uma preocupação em incentivar os jovens à leitura “Quando há essa preocupação, indicam apenas livros técnicos, chatos, obrigatórios, e isso é algo que não estimula a vontade de ler. Quando os jovens são obrigados a ler um livro escrito há 100 anos, uma leitura rebuscada, palavras difíceis, eles acabam achando aquilo enfadonho”, completa a professora e responsável pelo blog e vlog Eu Estudo Certo, que dá dicas de leitura e como estudar melhor. Em contrapartida, algumas crianças têm o incentivo à leitura dentro de casa. Foi o caso de Dhiego Morais, que com apenas 21 anos já é autor de um livro, impresso em 2013. “Minha mãe sempre leu muito e aquilo me inspirava, eu ficava encantado. Senhor dos Anéis é um livro que me marcou demais. Eu lembro que ela ficava sentada e lendo em voz alta para mim”, contou o garoto que tam- Luna Oliva Dhiego escreve literatura fantástica bém escreve para o site Intocados, um portal sobre literatura fantástica. Dhiego começou a escrever no Ensino Médio, por incentivo de uma colega de classe que já escrevia. “Quando acabei o livro, vi que tinha escrito algo legal. Comecei a receber vários feedbacks de pessoas que leram e isso me incentivou a continuar. A ideia é que seja uma série de cinco livros, não sei se pode terminar em mais ou menos, mas já estou na me- tade do segundo e sei aonde tenho que chegar”. O primeiro livro do autor foi batizado como As crônicas de Engard, que já está registrado na Biblioteca Nacional, mas ainda não tem editora. Por enquanto, aguarda respostas de editoras para colocá-lo no prelo. Dhiego, que também é estudante de Engenharia Química da Unisanta, ressaltou que adora ler e escrever literatura fantástica, tema central do seu primeiro livro, mas que também gosta de ler outras publicações e escrever histórias com outros temas. “Já comecei um novo projeto, um romance. A ideia veio e eu comecei a escrever. Sou realmente criativo. Escrevo até letras de música, acho que tenho um CD inteiro pronto”, brinca. Quando perguntado sobre a escolha por um curso de Exatas, o estudante explicou que Matemática é sua paixão, até mesmo antes de descobrir os livros, e afirmou que com certeza é possível ser um estudante de Engenharia e ser apaixonado por literatura. O jovem afirma já ter lido mais de 500 livros. “Amo minha profissão, quero fazer as duas coisas paralelamente, acredito que uma coisa não exclui a outra”, afirmou. Jornalismo, Diego Corumba. “Sempre tive o hábito de ler. Inicialmente lia muitos quadrinhos. Mas aos 9 anos li meu primeiro livro O Mistério do Cinco Estrelas, e foi extraordinário, pois descobri um mundo por meio daquelas páginas”, contou o estudante de 24 anos. Diego escreve um livro, que ainda está em andamento, intitulado Batizado Por Fogo. A história é uma ficção que mistura heróis com mitologia. O estudante de Jornalismo afirmou que começou escrever aos 19 anos, mas a primeira história se perdeu quando seu computador foi formatado. Este ano, Diego voltou a escrever. “Pelas mudanças que passei na vida e pela mentalidade estar diferente, alterei alguns aspectos do texto e isso tem me animado, saber o que posso mudar e melhorar”. Como aprender Para quem tem veia literária e quer aprimorar esta aptidão, existem cursos que ajudam a ‘lapidar’ textos brutos que podem se tornar em material literário. Os professores Marcus Vinicius Batista e André Rittes oferecem cursos na Livraria Realejo (Avenida Marechal Deodoro, nº 2, Gonzaga). Os cursos são: Como escrever crôAmpliando horizontes nicas, ministrado por Marcus Vinicius Outro jovem que contrasta com as Batista e Como escrever contos, por estatísticas é o aluno do 4º ano de André Rittes. HQs Desenhistas brasileiros ganham mercado internacional Bruno Lestuchi Muitos podem não saber, mas o Brasil é o lar de vários artistas em quadrinhos. Entre esses, desenhistas, arte-finalistas e roteiristas que dão vida às páginas de personagens e super-heróis preferidos. Com as adaptações de filmes baseados nas HQ’s se tornando cada vez mais comuns, a fama e a ascensão dessa arte, que passava despercebida, é inevitável. A Baixada Santista também é moradia de alguns desenhistas que trabalham em casa e que enviam desenhos para grandes editoras do exterior, como DC Comics e a Marvel. É o caso do desenhista e arte-finalista da DC Comics e da Supernova Produções, Denis Freitas, de 28 anos. Ele já foi o responsável por séries em HQ famosas, como Star Wars e Percy Jackson, e conta que sempre quis ser desenhista profissional. “Nasceu comigo. Meus pais contam que, desde os três anos de idade, os presentes que eu mais gostava de ganhar eram papeis e canetas”. Em relação à popularidade dos quadrinhos no Brasil, Denis afirma: “Não considero um comic book artist uma pessoa famosa. Podemos andar na rua sem nunca ninguém reconhecer a gente, mas eu diria que a popularidade dos comics e seus relacionados realmente aumentaram bastante nos últimos anos. Vemos isso no número de pessoas usando estampas nerds nas roupas, conversando sobre personagens, e até mesmo temos eventos de “quadrinhos” de nível tão bom quanto os internacionais, como a Comic Con Experience, por exemplo”. Outro artista brasileiro que também trabalhava na DC Comics é Eduardo Vienna, de 35 anos, que agora atua como publicitário e ilustrador há quase dois anos, porém não abandonou o mundo dos quadrinhos, “Atualmente estou trabalhando em um novo projeto que não posso divulgar, mas que será lançado em parceria na CCXP (Comic Con Experience) 2015. Vou lançar também um projeto próprio que é segredo até agora. Só posso afirmar que é sobre um super-herói com história ambienO caiçara Denis Dym é um dos profissionais do segmento tada em São Paulo” afirma. Como entrar no mercado Para ingressar na área, o desenhista tem que solicitar roteiros para agências que intermediam a busca por esses trabalhos. Ao ler o roteiro, o desenhista prepara as páginas que são chamadas de amostras (samples) e as envia para a agência, que por sua vez encaminha para as editoras. Em relação à disputa por espaço, o desenhista caiçara Denis conclui: “É muito concorrido. Diariamente, o artista precisa estar se superando para não ser ultrapassado por outros artistas que também almejam uma vaga no mercado. Acaba vivendo sempre uma incerteza”. A arte pode ser feita de forma tradicional ou por meio da digitalizadora. A forma tradicional é no lápis em folha de tamanho A3 ou A4. Depois, o material é digitalizado e enviado. Já com a digitalizadora, o artista desenha em um monitor com lápis específicos e o desenho já aparece no computador. Nas adaptações cinematográficas trouxeram jovens leitores para o mundo dos quadrinhos. Blockbusters como Vingadores, por exemplo, ultrapassam a marca de bilhões de dólares de retorno e despertam a curiosidade do público em saber como os Divulgação heróis são retratados nas HQ’s, e, com isso, a cultura só tem a ganhar. Locais Há algumas escolas de desenhos especializados em HQ na Baixada Santista. Em Santos, há a Escola Oficina (Av. Conselheiro Nébias, 621 – Boqueirão), a Academia de Arte Edison Muniz (Rua Dr. Oswaldo Cruz, 106 sala, 3 – Boqueirão), fora os cursos realizados por desenhistas e arte-finalistas da região que trabalham para fora, como o caso do workshop de arte-final que ocorre em determinados meses no estúdio Flexa Arts. 4 PRIMEIRO TEXTO JUNHO DE 2015 ALFABETIZAÇÃO PROLER abre caminhos para o conhecimento A busca por novas ações de incentivo às práticas em prol da democratização e acesso à leitura Raquel Vasconcelos Imagine viver em um mundo indecifrável, repleto de códigos complexos, símbolos indescritíveis, com uma quantidade enorme de fatos acontecendo simultaneamente. Um mundo onde todo o seu conhecimento não parece ser o suficiente e é facilmente ignorado. Poucas coisas parecem fazer sentido e dessa forma você é levado a conviver com uma realidade à parte, marginalizada e oprimida. Em 2013, o analfabetismo, incluindo o completo ou funcional, que impede a interpretação e análise de textos atingiu cerca de 13 milhões de pessoas no Brasil, seg- undo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), realizada pelo IBGE. Além de dados estatísticos, esse número representa uma parcela significativa da população que provavelmente possui dificuldades para refletir a própria realidade. Estar apto a escolher um político que a represente, analisar a mensagem que um meio de comunicação veicula, tratar de questões éticas no meio profissional ou pessoal são só alguns itens que compreendem a instrução escolar como fator crucial no exercício da cidadania. O regresso às salas de aula na Educação para Jovens e Adultos (EJA) reflete a busca por uma in- clusão social plena e abre discussão entre educadores sobre as dificuldades e necessidades específicas desse público. Tratandose de ações de incentivo ao público EJA em Santos, o Programa Nacional de Incentivo à Leitura – Núcleo Baixada Santista, em parceria com a Universidade Santa Cecília (PROLER – BS/Unisanta), tem impulsionado a partir do apoio, divulgação e premiação projetos que promovam a reflexão sobre a leitura e escrita como pontos essenciais na formação de qualquer ser humano. O apoio ocorre inicialmente pela realização mensal de reuniões e palestras com educadores ocorridas na Universidade, contadores de história e interessados que passam a trocar experiências, sendo constantemente estimulados a dividir conteúdo e material sobre os projetos que estão sendo desenvolvidos em suas escolas ou comunidades. “Eu me sinto fazendo uma pequena parte, que se junta a outras pequenas e se torna em algo grandioso. Nós conseguimos muitas vezes levantar escolas neste sentido, ajudando-as e também as comunidades com aquilo que mais precisamos no momento, a leitura e a escrita’’, diz a coordenadora do PROLER- BS, professora doutora Conceição Dante. Raquel Vasconcelos Educação para Jovens e Adultos. Estímulo a participação. Compreendendo essa necessidade de despertar maior estímulo ao EJA, o PROLER vem premiando anualmentealunos com o Troféu Escreler, referente aos melhores projetos de incentivo à escrita neste modo de ensino. Produzindo seus próprios textos, os alunos são motivados a expor suas ideias e criatividade ao mesmo tempo que conquistam seu próprio espaço. Considerado o maior educador brasileiro, Paulo Freire defendia a leitura como um direito e forma de inclusão social, pois era capaz de transformar o ser humano em um ser crítico com base para interpretar de diversas formas o mundo a sua volta. Dessa forma, o indivíduo que era oprimido pela desinformação e exclusão em sociedade passa a usar o conhecimento para se libertar. O PROLER conseguiuampliar seu espaço porque tem compreendido que o ler e escrever agrega valor à formação de seres humanos cada vez mais capazes de enxergar o mundo com uma percepção que será refletida em atitudes melhores, “pequenas” como diria a professora Conceição Dante - mas que mudam pessoas, aptas a mudar o mundo. Educadores têm encontros periódicos na Universidade Santa Cecília, para discutir estratégias de incentivo à leitura nas escolas Campus e educação Clínica de Odontologia atende 680 pacientes especiais por ano Vinícius Tognetti Por acaso, sem planos ou pretensões, num sábado, após uma indicação de uma ex-aluna, uma pessoa compareceu ao consultório, que trouxe mais duas e, na semana seguinte, já eram onze pessoas. Então, começava a nascer a Clínica de Odontologia da Universidade Santa Cecília, que atenderia pacientes especiais. Nela, os alunos aprendem, na prática, como é a profissão que eles escolheram para seguir e tratar dessas pessoas que, na região, têm dificuldades de encontrar tratamento. Com tamanha procura, as disciplinas, que antes eram optativas e flexíveis, se tornaram obrigatórias, ou seja, caso não passe por essa etapa, o aluno não conseguirá seu diploma. Dentre elas, uma chama a atenção: Disciplina de Pacientes com Necessidades Especiais. Os alunos tratam da saúde bucal de pacientes com todos os tipos de deficiências, como é o caso de Willian de Souza Brito. Ele é um garoto que sofre de Microcefalia (uma condição neurológica rara em que a cabeça da pessoa é significativamente menor do que a de outros da mesma idade e sexo.) e Epilepsia (uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro, que não tenha sido causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos e que se expressa por crises repetidas.) A mãe de Willian Brito, dona Miriam Souza Brito, falou o que os futuros dentistas representavam para ela. “Eu não tenho o que falar. Esse carinho que eles têm por mim e pelo meu filho é gratificante. É muito especial!”, concluiu, emocionada. Também emocionado após ouvir as palavras de dona Miriam Brito, o aluno Heleno Stevani Lopes disse que faz isso com muito amor. Ele comentou ainda que, para ele, o mais legal é receber esse carinho. “Essa reciprocidade é uma das coisas que me motiva”, disse. Coordenadora da Faculdade de Odontologia da Unisanta e diretora da Clínica de Odontologia, a Dra. Rosangela Aló Maluza Florez disse que essas disciplinas não deixam de ser um ato social. Pelo fato de ser gratuito e qualquer pessoa ter o direito de fazer os diversos tratamentos oferecidos, as pessoas de menor poder econômico são as mais be- neficiadas. Hoje já consolidada, a Clínica de Odontologia é referência na Baixada Santista. Atende por ano mais de 30 mil pessoas. Os pacientes especiais são atendidos as quintas-feiras. Vinícius Tognetti A clínica atende pacientes com síndromes variadas JUNHO DE 2015 responsabilidade Social PRIMEIRO TEXTO 5 Fisioterapeutas do Sorriso levam alegria às comunidades de Santos Alunos da Unisanta realizam o projeto há 14 anos junto a pacientes de hospitais e entidades da região Paolo Perillo O grupo Fisioterapeutas do Sorriso é formado por alunos da Faculdade de Fisioterapia da Universidade Santa Cecília (UNISANTA) e há 14 anos realizam um trabalho de levar amor e alegria às crianças, jovens, idosos, pessoas especiais e até enfermeiros. Criada em 2001, a iniciativa partiu de exestudantes de Fisioterapia da UNISANTA, que viram uma oportunidade de aplicar alguns conhecimentos específicos da profissão, como exercícios de coordenação motora e orientação postural aliados à muita alegria, descontração e brincadeiras. Sempre atuando de forma voluntária e fora do horário de aula, os alunos proporcionam suporte emocional para as pessoas da comunidade por intermédio de simples gestos, por exemplo, sorrisos. Nas apresentações, os integrantes do grupo sempre estão caracterizados como palhaços, com rostos pintados, calças largas, penteados especiais e, claro, sem faltar o tradicional nariz vermelho. O objetivo é buscar a diminuição do sofrimento e da dor entre os pacientes, melhorar qualidade do sono, estimular a imunidade natural e a disposição para alimentação, aliviar a sensação de insegurança que existe entre os enfermos, quando estão internados ou acolhidos em instituições. Para o coordenador do projeto, Gabriel Sousa Lima, a mudança de comportamento dos pacientes durante as visitas pode gerar uma diminuição do tempo de internação e melhorar a convivência dentro do ambiente hospitalar, sem contar que o sorriso é um remédio sem custo e com grande eficiência. “Participar do projeto contribui para a carreira de um futuro fisioterapeuta, pois possibilita estar em contato com os desafios da profissão desde o início do curso e também colocar em prática o que se aprende nas aulas”, diz a estudante do 1º semestre de Fisioterapia da UNISANTA, e voluntária do projeto, Aline Inácio, 18 anos. Algumas instituições que já receberam os Fisioterapeutas do sorriso: a creche Estrela do Amor, no México 70, em São Vicente; o Hospital Santo Amaro, em Guarujá; instituições santistas, como a Casa do Sol, Associação Anjo da Guarda, Universo do Ser, Casa da Esperança, SESC, creches Estrela Guia e Santo Antônio, AEA Stella ´Paolo Perillo Estudantes levam descontração Maris, Catedral de Santos, Educandário Anália Franco, Educandário Santista, Casa de Repouso São Miguel Arcanjo, Centro Espírita Dr. Luiz Monteiro de Barros, Sociedade São Vicente de Paulo, Núcleo de Reabilitação do Excepcional São Vicente (Nurex), Núcleo Tia Édna e Instituição Amadef. Educação À procura do ensino de qualidade Mayra Rodrigues Mayra Rodrigues Hoje em dia, o jovem vive em um mundo de cobranças e distrações. Para muitos, está cada vez mais difícil pensar em uma carreira para seguir. Um dos motivos apontados são as dificuldades enfrentadas pelo País no sistema educacional. Guilherme Cipriano tem 17 anos, cursa o 3º ano do Ensino Médio e pretende estudar Engenharia Química. Ele relata que pesquisou bastante antes de tomar a decisão. O jovem se mostra preocupado com a situação da educação no País, mas disse que a situação econômica também pesa, pois, para ele, a faculdade vai definir o seu futuro financeiro e profissional. Ele pretende buscar algo que seja prazeroso para trabalhar e, ao mesmo tempo, ofereça algum tipo de estabilidade financeira. Guilherme estuda em escola particular, mas quer entrar em uma faculdade pública por achar o ensino mais forte e melhor. “Tenho uma boa rotina de estudos, aproximadamente 10 horas por dia, mas sei que talvez não consiga competir com pessoas que estão tentando há mais tempo. Por isso, Guilherme Cipriano estuda 10 horas por dia e espera passar em uma boa universidade vou à escola pela manhã e à noite faço cursinho prévestibular. Se não passar, continuarei estudando e tentarei no outro ano”. Já com Matheus Azevedo, 20 anos, foi diferente. Após seus quatro anos (um ano de curso técnico) estudando no Ensino Médio, ele ainda não conseguiu ingressar na faculdade pretendida. O jovem estudou em um colégio federal, mas não conseguiu resultado satisfatório, recorrendo assim a um cursinho prévestibular. Assim como Guilherme, ele estuda 10 horas por dia e levou um tempo para escolher o que realmente gostaria de fazer: Ciências Econômicas. “Não podemos ser inocentes ao ponto de pensarmos que a opção de escolha do nosso curso seja apenas algo que a gente goste, devemos olhar para a situação do Brasil. Preciso de algo que também me ofereça um bom futuro financeiro, claro que isso também depende do meu esforço”. Matheus é uma pessoa ligada em política e economia e se mostra decepcionado com os caminhos da educação no Brasil. Ele diz que a situação é desanimadora, fazendo com que as pessoas não sintam vontade de estudar e sejam menos comprometidas com esse tema. “Nosso País é burocrático. Trabalha com números e estatísticas para tudo. Neste governo, eles resolveram acabar com o analfabetismo. O problema é que estão fazendo isso de forma errada, eles colocam crianças em escolas sem qualquer condição e cobram frequência. Não querem saber de notas e de ensino. Isso está errado, pois forma uma pessoa sem ela saber nada. Temos que mostrar às crianças desde cedo que estudar é legal, que com um ensino de qualidade, elas podem alcançar muitos caminhos”. Pedagogia Na visão da pedagogia, o aluno demora para escolher a carreira porque a escola ainda não o prepara para o mercado. Segundo a pedagoga Neli dos Santos, não existe um conteúdo voltado para isso. A escola faz com que eles aprendam a ler, escrever, interpretar, e contar, mas não há preocupações de que eles serão profissionais no futuro. “A atual fase da educação do País prejudica totalmente os alunos, pois os pais jogaram a responsabilidade de educar em cima da escola e dos professores, fazendo com que ela sofra mais cobranças de resultados”, afirmou a pedagoga. 6 PRIMEIRO TEXTO JUNHO DE 2015 EDUCAÇÃO Incrições do FIES 2015 ocasionam complicações Estudantes enfrentam problemas com registros e aditamentos, desde janeiro Michely Arashiro Michely Arashiro Muitos alunos que contavam com a bolsa do FIES (Financiamento Estudantil) neste ano acabaram tendo dificuldades com a inscrição e, por causa disso, vários deles tiveram que incluir no orçamento uma dívida que não contavam. Por terem a certeza de que conseguiriam a bolsa, estudantes como Pedro Henrique de Freitas, 19 anos, que se matriculou na instituição de sua preferência e passou a frequentar as aulas no início do ano, não conseguiram fazer a inscrição até o prazo estipulado e acabaram contraindo dívidas devido às mensalidades que foram cobradas pelo tempo em que assistiu as aulas. O jovem tentava a bolsa desde 30 de janeiro, dia quando foram abertas as inscrições, mas entrava no site do FIES mesmo antes da virada do ano. Pedro contou que ele precisava da bolsa porque, mesmo tendo nota suficiente no Enem, não havia conseguido entrar pelo ProUni (Programa Universidade para Todos). “Como não tenho qualificação profissional é quase impossível arrumar um emprego e, ten- Reclamações apontam lentidão do site desde a abertura das inscrições do FIES do pais divorciados, fica difícil te ajudarem a pagar seus estudos...”, explicou ele. Por ter frequentado a faculdade por três meses, Pedro ficou com uma dívida de quase R$ 2.500 e, por não ter conseguido a bolsa, o valor deverá ser pago pelo próprio estudante, pois, para aqueles que são bolsistas pelo programa, o próprio FIES cobre as mensalidades em aberto. Stefano Luz, 22 anos, passou pelo mesmo problema. O estudante de Administração tentava a inscrição desde a abertura do prazo, porém também não conseguiu. Agora, todo o seu salário vai para a mensalidade. “Sobram apenas 10 reais por mês”. Mas os problemas não começaram apenas neste ano. Igor Oliveira da Silva, de 22 anos, entrou no FIES em 2012 e desde o segundo semestre de financiamento vem tendo dificuldades. De acordo com o aluno, no primeiro aditamento, o site pedia um novo financiador e, depois de um ano e meio, o seu avalista acabou tendo problemas particulares e ele ficou sem fiador. Desde então, tentou mudar para Fundo Garantidor de Créditos e, mesmo tendo todos os requisitos pedidos, não conseguiu. Igor está com uma dívida de mais de R$ 20 mil e diz que não conseguirá pagar tão cedo porque, como não terminou o curso, a chance de conseguir trabalho é menor. Aditamentos Além de todas as dificuldades com as inscrições, o FIES 2015 também apresentou problemas com os aditamentos daqueles que já eram bolsistas pelo programa do MEC. Stephani Santos da Silva, de 20 anos, ainda não conseguiu realizar o aditamento neste ano. Estudante do 2º ano de Enfermagem na Unimonte, em Santos (SP), Stephani conta que seus problemas começaram depois que ela se transferiu da UNIP para a nova instituição no segundo semestre de 2014. De acordo com ela, em todas as vezes que tentou renovar o aditamento, o sistema recusava, alegando problemas nos números semestrais. Tanto ela como a instituição já mandaram e-mails, abriram demandas, mas o MEC responde que está em análise. Seu colega de classe, Victor Ribeiro Coffers, de 21 anos, teve mais sorte, apesar da demora de três meses para que seu aditamento fosse renovado. Ele contou que ligava todos os dias desde a primeira dificuldade em realizar a renovação e, depois de conversar com a faculdade, descobriu que o problema não era na Insituição, mas no próprio MEC que não liberava o aditamento. Imóveis Mercado imobiliário tem queda no litoral paulista, segundo o Creci Bruna Ribeiro A pesquisa realizada pelo Conselho Regional de Corretores de Imóveis (CRECISP) aponta que as vendas no Litoral em fevereiro de 2015 tiveram uma queda de 7,04% em relação a janeiro do mesmo ano.Em fevereiro, houve o total de 265 imóveis vendidos no Litoral, sendo 149 apartamentos e 116 casas. Para o professor Jorge Manuel Ferreira, do curso de Administração na Universidade Santa Cecília, a economia tem dado sinais de estresse, com um crescimento muito pequeno, assim afetando o comércio, e consequentemente o mercado imobiliário. “A área tem tido uma certa dificuldade em comercializar os imóveis”, afirma o professor. Com a queda, o gerente de Vendas, da imobiliária Brasil Brokers, Alan Kanesaki, afirma: “As imobiliárias estão dando grandes facilidades para a compra, com uma onda de descontos, para atrair compradores nesta fase de baixa no mercado”. Para os que sonharam com a casa própria, como Karla Roberta de Sousa Oliveira e seu marido, Sandreoly Silva de Oliveira, que acabaram de comprar um imóvel em Praia Grande, foram três meses para encontrar o apartamento do jeito que desejavam, dentro do valor que pretendiam gastar. Karla falou sobre a diferença dos valores entre Santos e Praia grande. “Resolvemos nos mudar para Praia Grande devido à diferença de valores em relação a um imóvel com as mesmas características em Santos. E também porque os preços santistas estão com valores de venda congelados enquanto que, os de Praia Grande, como tem muita gente de Santos começando a migrar para lá, estão valorizando muito rápido”. Segundo o Creci, a média de valor de um apartamento de três dormitórios em Santos é de R$ 600 mil a R$ 867 mil. Já em Praia Grande a média é de R$ 430 mil a R$ 480 mil. O professor Jorge Manuel dá dicas para os compradores. “Agora é um bom momento para quem tem Bruna Ribeiro Momento é bom para comprar e investir em imóveis, segundo especialistas dinheiro, pois tem o poder de barganhar e o mercado está desaquecido. Outra dica é procurar imóveis usados que estão com preços retroativos”. Já para os que querem vender, Jorge afirma que não é um bom momento, pois os preços estão baixos. JUNHO DE 2015 PRIMEIRO TEXTO CVV 7 141:um telefone que pode mudar a vida de alguém Centro da Valorização da Vida (CVV) tenta resgatar a autoestima das pessoas Há 53 anos, eles se tornaram abnegados. Escolheram abrir mão de suas identidades, crenças, ideologias políticas e dos seus problemas para se tornarem anônimos. Anônimos que resolveram oferecer parte do seu tempo para ouvir o problema de pessoas desconhecidas e oferecê-las amizade e atenção. São homens, mulheres, médicos, engenheiros, professores, donas de casa, advogados, jornalistas, operários, comerciantes, aposentados, enfim pessoas com profissões diferentes, mas com o mesmo objetivo: valorizar a vida de alguém. Estes abnegados voluntários são os plantonistas do CVV (Centro de Valorização da Vida). Eles trabalham 24 horas por dia, e sete dias por semana. Para eles, não importa se é inverno ou verão. Se é fim de semana ou feriado. Quando o plantão começa – cujo tempo varia de 2 a 4 horas, dependendo da disponibilidade de cada um, eles estão à espera e sempre dispostos a atender ao telefone, pois sabem que aquela chamada poderá mudar a vida de alguém. Todo o atendimento é gratuito. SÃO VICENTE “É tão fácil ser bom! Porque não ser? Porque não espalhar o perfume sutil do bem querer que faz a vida para melhor?”. “A vida é um ótimo negócio tanto é a que recebemos de graça”. “E se a valorizar mais viveSuicídio, tema tabu KARINA COSTA KARINA COSTA 50 anos ouvindo pessoas: este é o trabalho do CVV - Centro de Valorização da Vida. mos intensamente. Não podemos estar alegre o tempo todo. Mas podemos ser feliz ou infeliz uma vida inteira, só depende de você” “Que bom que você veio!” “Não existe amor maior do que devemos ter pela vida”. Estas são as seis frases coloridas com letras e tamanhos diferentes que compõem a lousa branca fixada na sala da recepção do CVV (Centro de Valorização da Vida) de São Vicente: [email protected]. br,que ao lado de Santos são as duas únicas cidades da Baixada Santista que oferecem o serviço. Elas que o tema “suicídio” ainda é visto como um tabu pela O suicídio é algo planejasociedade. As pessoas não do. Os motivos para cometer conversam sobre o assunto suicídio podem ser a solidão, e, quando tomam conhecicondições físicas, saúde, en- mento de algum caso, costutre outros. Segundo a psicómam procurar um “culpado”. loga e professora universitária A religião também contribui Luci Mara da Silva Lundin, 54 para isto. anos, para o potencial suicida, • No Brasil, 25 pessoas não há uma perspectiva de morrem vítimas de suicídio melhora de sua situação de por dia e ao menos outras 50 tristeza e não há esperança tentam tirar a própria vida. em relação ao futuro. • No mundo, uma Alguns podem indicar pessoa se mata a cada 40 sinais de comportamentos segundos. suicidas. Entre eles, estão • Segundo pesquisa da se desfazer de bens, perda Unicamp, 17% dos brasileiros de vontade de realizar ativipensaram seriamente em dades rotineiras, isolamento cometer suicídio no decorrer e até mesmo o abandono de suas vidas. de cuidados com higiene e • De todos os casos, alimentação. Outros, porém, mais de 90% poderiam ser não apresentam qualquer evitados. tipo de sinal. • Quem tenta suicídio A psicóloga comenta pede ajuda. transmitem os ideais do trabalho desenvolvido pelos doze voluntários que fazem parte do projeto. Em razão de número pequeno de colaboradores, o CVV vicentino trabalha 7h às 12h e 19h às 23h. SANTOS “O nosso trabalho é simples, mas não é fácil”, diz o plantonista Renato, de 51 anos, que há 32 se dedica ao trabalho no CVV. Ele conta que ouvir as pessoas é simples, porém não é tão fácil como parece, pois é preciso saber lidar com toda a carga emocional que Como vai você? O livro Como Vai Você? CVV, 50 anos ouvindo pessoas foi escrito em 2011, como parte das comemorações dos 50 anos da instituição. A obra conta a trajetória do grupo paulistano de 17 pessoasque decidiram iniciar um trabalho de prevenção ao suicídio, mesmo sem obter qualquer conhecimento especializado e médico sobre o assunto. Eles tinham apenas o desejo de oferecer carinho ao próximo. Essa experiência foi transmitida para milhares de pessoas e a mais de 30 mil voluntários que já passaram pela entidade. A obra pode ser adquirida no posto do CVV de Santos, ou pelo site da Editora Aliança. O livro custa 25 reais e o dinheiro é revertido para manter a instituição. CONTATOS Os mais de um milhão de atendimentos anuais são realizados por 2.200 voluntários em 18 estados mais o Distrito Federal, pelo telefone 141 (24 horas), pessoalmente (nos 68 postos de atendimento) ou pelo site www.cvv.org. recebe de outras pessoas, além de cuidar dos seus próprios problemas. Para que o voluntário não sofra, absorvendo o problema de outras pessoas, a instituição oferece aconselhamentos e avaliações periódicas. Renato conta que o trabalho só tem dado certo por causa do respeito que o CVV tem pelas pessoas e pelas histórias que escuta. O plantonista não oferece conselhos e não interfere na vida do atendido, procurando mostrar a ele que o entende e o respeita. Apenas em casos extremos é que pode ocorrer algum tipo de interferência da instituição. Exemplo:se uma pessoa começa a tentar o suicídio, liga para o CVV e, ao longo da conversa, desiste do ato. Para ajudá-la, o voluntário pede então seu nome e endereço, para enviar uma ambulância ao local. O posto santista trabalha 24 horas por dia e é o mais antigo da Baixada, com 35 anos de trabalho. No momento, ele conta com a ajuda de 53 voluntários, que trabalham no período de quatro horas. No plantão da madrugada, chamado de “Corujão”, o trabalho é de seis horas. Além do telefone, o posto também atua com atendimento pessoal, e-mail: [email protected], chat e Skype. Mesmo no Skype, a identidade é mantida em sigilo, pois não aparece imagem. Para se tornar um voluntário, o interessado deve ter mais de 18 anos e participar de um curso preparatório de dois meses, oferecido pela instituição. Ao final do curso, ele será avaliado se está apto ou não para o trabalho pelos mais experientes. Cada posto define quando ocorrerão os cursos. Em Santos, eles acontecem nos meses de março e agosto. A proximidade com a tecnologia também está levando ao surgimento dos “postos virtuais”, onde o atendimento é feito por meio de dispositivos móveis. Assim, cada plantonista se torna um posto do CVV. Or ig e m d o s Sa m a r it a n o s Os samaritanos foram fundados pelo Reverendo Chad Varah na década de 30 em Londres. Varah estava em sua primeira paróquia quando descobriu que uma jovem havia se suicidado por presumir que estava com uma doença venérea quando na verdade apresentava sua primeira menstruação. O reverendo ficou perturbado não tanto pelo suicídio, mas pela causa que levou a jovem a ele. Varah resolveu fazer um anúncio na imprensa que dizia “Se você está pensando em se matar, ligue para mim: MANSION HOUSE 9000”. Assim nascia os Samaritanos, projeto que inspirou o CVV. São Paulo foi o local onde CVV nasceu em 1961. Ele é fruto da iniciativa de um grupo de jovens, que fascinados pela iniciativa que já havia começado em Londres, decidiram criar uma entidade semelhante no Brasil. O modelo estrutural da instituição britânica foi adotado e consequentemente alguns anos depois a sigla CVV-Samaritanos passou a ser utilizada, pois os Samaritanos reconheceram o CVV como um propagador de seus ideais na América do Sul. 8 PRIMEIRO TEXTO JUNHO DE 2015 estética Apesar de eficiente, depilação a laser exige atenção e cuidados A operadora de caixa Alice dos Santos Oliveira se submeteu à técnica e sofreu queimaduras de segundo grau Gilson Santos Procurada em sua grande maioria por mulheres, a técnica de depilação a laser se popularizou nos últimos anos e cada vez mais pessoas procuram clínicas especializadas. De acordo com o cirurgião plástico Alexandre Nunes de Andrade, a procura é grande devido à preocupação pela qualidade da pele e a praticidade que o laser oferece, como a remoção periódica de pelos, pois, segundo ele, em alguns casos eles só voltam a crescer após cinco anos. Nunes aconselha ao cliente que queira usar este tipo de benefício a necessidade de se tomar cuidados especialmente para quem estiver bronzeado, pois a pele fica menos sensível à ação do laser. Além disso, ele também ressalta a importância de um teste prévio. “A orienta- ção é a pessoa vir para fazermos uma avaliação. Ela pode realizar um teste para saber se dói ou se ela gosta para depois voltar e fazer a depilação”. Cuidados Mas as técnicas exigem cuidados especiais, pois queimaduras e manchas podem ocorrer durante as sessões. Isso ocorreu com a operadora de caixa, Alice dos Santos Oliveira, que se submeteu à técnica de depilação a laser e teve queimaduras de 2º grau nas duas pernas e agora está com manchas brancas nos locais. “Já faço tratamento para depressão, não saia de casa, e agora quando estava voltando à vida ativa veio esse problema. Fiquei mais de dois meses sem sair de casa, porque as queimaduras ficaram feias.” Segundo ela, ao procurar a clínica, não obteve resposta do ARQUIVO PESSOAL responsável. É por isso que a dermatologista Yanne Villanova sugere que antes da execução do procedimento, algum profissional seja consultado para avaliar a viabilidade da depilação “O primeiro passo para um tratamento seguro é fazer o procedimento com um dermatologista ou especialista em medicina estética”. Ainda, segundo ela, gestantes, mães em fase de amamentação, pessoas com doença de pele e aquelas que tendem a formar quelóides não devem realizar o procedimento. A depilação funciona da seguinte forma: a luz do laser ultrapassa a pele, aquece o pelo e o carboniza, realizando o aquecimento da célula-mãe, a matriz, o que a deixa mais fraca. O procedimento é aos poucos e podem ser necessárias mais sessões para acabar com todos os Técnica ocasionou queimaduras de 2º grau em cliente pelos indesejáveis. VÍTOR HENRIQUE Quitéria (direita) e suas irmãs, Tereza (centro) e Josefa (esquerda) mantém um salão de beleza há 32 anos no bairro do Campo Grande, em Santos ESTILO Terceira idade santista busca qualidade de vida Vitor Henrique Santos já é considerada terra dos mais experientes, ou maduros, também chamados de mais velhos ou idosos. O índice de presença da terceira idade é um dos maiores do País (20% dos habitantes), o que faz com que essa população busque manter a qualidade de vida de diferentes formas, trabalhando ou descansando. O município conta com serviços ofere- cidos pela Prefeitura e que atraem esse público. Além disso, há os recursos naturais que a Cidade oferece para visita e contemplação. Os centros de convivência criados pela Prefeitura recebem diariamente idosos de todo o Município. A aposentada Gladiz Ferreira, 71, diz que frequenta um deles há cerca de 10 anos. “Eu vou até o local pelo menos duas vezes por semana. Lá eu fiz vários amigos e sai da depressão. Faço dança de salão, alongamento e inglês. Os professores são ótimos”. Alguns preferem fazer do trabalho o seu lazer. E o caso de Quitéria Maria de Oliveira, 62, dona de um salão de beleza, que relata como é trabalhar mesmo após os 60 anos. “Eu e minhas irmãs começamos quando éramos bem mais novas. Estamos aqui até o dia de hoje e mantemos o nosso salão graças às nossas clientes, que sempre nos acompanharam. Trabalhar é muito bom. Cerca de 80% de nosso público também é da terceira idade. É muito interessante, pois nos entendemos muito bem com todas”, relatou. Quitéria diz ainda o que faz para manter uma boa qualidade de vida quando não está no trabalho. “Gosto de dançar e faço academia. Isso tudo é para que eu possa ter uma velhice saudável. Sinto-me com o corpo de uma menina de 22 anos (risos)”, concluiu. Eleita em 2014 a melhor Cidade grande para se viver, cercada por várias belezas naturais, Santos tem várias opções para o lazer dos idosos ao ar livre. O au- tônomo Hélio da Silva, 81, aproveita os 7 da orla da praia para se distrair. “Venho quase todo dia aqui. Corro e caminho, e não é porque sou velho que não posso me exercitar e me manter saudável”, reforça. A enfermeira Patrícia Almeida, 41, que trabalha em uma das clínicas especializadas em terceira idade em Santos, alerta que é fundamental ter uma atenção diferenciada com as pessoas dessa faixa etária. “Os idosos carecem de alguns cuidados especiais. É essencial o apoio da família. Além de uma boa alimentação, é necessário atividades físicas para que a pessoa se sinta bem”. JUNHO DE 2015 GERAL PRIMEIRO TEXTO Guerreiras do bem 9 CRÉDITOS: JANE FREITAS Guardas municipais auxiliam com informação, orientação e apoio contra o crime Jane Freitas Os olhares estão sempre atentos. Os traços delicados não escondem a força, a coragem e a determinação que demonstram durante todo o trabalho. Cuidados que vão além de suas residências. Dia a dia, juntamente com toda uma equipe bem preparada, elas zelam pelos patrimônios públicos da cidade, informam, orientam e atendem ocorrências em prol da segurança e integridade humana. São trabalhadoras e guerreiras. A Guarda Municipal de Santos foi fundada em 1985 e, desde esse período, as mulheres fazem parte da categoria. Atualmente, elas representam aproximadamente 30% do efetivo. Wagner Luiz Fernandes da Silva, coordenador da corporação Central, com 29 anos de profissão, relata a contribuição das mulheres e sua importância na categoria: “O papel da Guarda Municipal feminina é de suma importância. Elas trabalham em postos, setor de monitoramento, orla da praia, escolas, prefeitura, pontos turísticos, fazem parte de algumas guarnições em viatura e abordagens com o auxí- JANE FREITAS A inspetora Andrea atende às ocorrências com disposição lio de outro guarda. A instituição é diferenciada pelo fato de ter disciplina, hierarquia e dar muito trabalho. Então é bem valoroso”. Prestação de Serviço Por meio de ações preventivas durante o patrulhamento, as guardas municipais realizam abordagens e também auxiliam no combate às drogas. Quem anda pela orla da praia e ruas da cidade, sempre se depara com viaturas, quadriciclos e bicicletas elétricas, veículos utilizados pelas equipes na prevenção ao crime. O atendimento às ocorrências e a prestação de serviços é um trabalho considerado gratificante para a Inspetora Andrea Lino Franco, que atua há 25 anos na GM: “O que mais me faz gostar da profissão é poder ajudar. É a gente estar à disposição para qualquer coisa”. A inspetora ainda forneceu dicas para quem deseja fazer parte da corporação: “Tem que ter perfil, tem que gostar. É preciso estar disponível 24 horas para ir a qualquer lugar, fazer parte, gostar do que faz como em qualquer outra profissão”. Para iniciar a carreira é preciso prestar concurso público e, o número de mulheres na profissão cresce consideravelmente a cada ano. Com 21 anos de Guarda Municipal, a supervisora Iracema Nascimento Reis tem orgulho de fazer parte da corporação: “Para mim é muito importante trabalhar na Guarda. Já consegui muitas coisas e estou muito satisfeita. Atuo no administrativo, mas já estive nas praias, praças, escolas e em vários outros locais”. Além da prestação de serviço, o trabalho desenvolvido na corporação se torna também um aprendizado para os próprios integrantes, como relata Iracema Neri da Rocha, que está há 23 anos na profissão: “Desde que eu ingressei na Guarda Municipal, ela se tornou primordial. Eu conheci muitas coisas aqui e aprendi muito. Coisas da vida que a maioria das pessoas nunca viram. Na rua a gente aprende bastante. Você tem que ter jogo de cintura para lidar com todo tipo de pessoa. Mas, é conversando que conseguimos driblar muita coisa”. Essas profissionais vivenciam histórias reais, de dedicação da vida pela Atendimento 24 horas O Trabalho A força-tarefa atua com patrulhamento em toda a cidade. O serviço também tem a linha telefônica 153 e o sistema de monitoramento conta com agentes da Guarda Municipal, com apoio da CET e da Polícia. segurança pública. Estar disponível a todo momento pelo bem estar alheio. Uma corrida contra o tempo no combate ao crime e na preservação da ordem. Estes são alguns dos muitos trabalhos realizados pelas guardas municipais de Santos, consideradas guerreiras do bem, mulheres cidadãs em alerta sete dias da semana, 24 horas por dia. ECONOMIA Mídias digitais ultrapassam físicas Benny F. Benny F. 2015 ‘80 Nos anos 80 e 90, os CDs dominavam as prateleiras das rádios. Hoje, em razão da tecnologia, todo o acervo perdeu espaço para as mídias digitais gravadas Benny Coquito Filho Pela primeira vez na história, o mercado de música digital ultrapassou as plataformas físicas no mundo: US$ 6,85 milhões contra US$ 6,82 milhões. Segundo relatório divulgado pela IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica), o total arrecadado da música mundial foi de US$ 14,97 bilhões em 2014 (bem menos que a metade do que se obtinha há seis anos: US$ 40 bilhões). No Brasil, em contrapartida, o mercado musical cres- ceu 2% entre 2013 e 2014. A venda digital já ocupa 37% do espaço. Segundo os dados da Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD), as mídias físicas somaram R$ 236,5 milhões (40,7% do mercado total) e as digitais R$ 218 milhões (37,5%). Somando-se a isso, vieram os direitos de execução pública R$ 122,7 (21%) e R$ 4,5 milhões (0,7%) em Sincronização, totalizando R$ 581,7 milhões. Tadeu Patolla, um dos maiores produtores do rock nacional, vencedor de um Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock Brasileiro, afirma que ainda é importante produzir CD’s, mas agora com outra finalidade. “O CD, hoje, é mais um cartão de visita do que um produto para se comprar. Alguns artistas vendem seus CD’s em shows por um preço simbólico ou até oferecem grátis para o público, com a intenção de divulgar seu trabalho”. Para o integrante da banda Bula e ex-baterista do Charlie Brown, Pinguim, esta mudança no mercado não alterou a maneira de compor nem fazer a música, mas já vi muitas gravadoras não fecharem contrato e até falirem por causa desta queda do mercado. Se adaptar é necessário. De uma maneira geral, os profissionais deste ramo estão se adaptando ao novo mercado e migrando para as plataformas digitais, sem deixar de produzir os “tradicionais” CD’s e DVD’s. Entretanto, ainda não encontraram uma maneira de fazer esta migração de forma organizada e rentável para todos os lados. A aposta da vez é no streaming (transmissão de áudio e vídeo, sem necessidade de download): com crescimento de 39%, este tipo de plataforma já representa 23% do mercado global, onde os artistas ganham uma porcentagem do lucro, de acordo com o número de visualizações. Sobre este mercado, Patolla afirma que “a maioria das pessoas que consomem música não ligam para qualidade do áudio que estão ouvindo, o que é triste. Para os mais os ouvidos mais apurados, ouvir música em resolução de CD, é essencial”. 10 PRIMEIRO TEXTO JUNHO DE 2015 TERCEIRIZAÇÃO Projeto é visto com bons olhos por empresários As regras abrangem diversos tipos de comércio e empresas e estão sendo votadas pelo Senado Matheus Doncev O projeto de lei 4330/2004 que regulamenta a terceirização no mercado de trabalho foi aprovado pela Câmara dos Deputados no dia 8 de abril. As normas atingem empresas privadas e públicas, sociedade de economias mistas, produtores rurais e profissionais liberais. Os empresários Osvaldo Dancev e Renata Girotti, donos das lojas de roupas infantis Baby Clean, em Praia Grande, são completamente a favor da terceirização. Eles afirmam que não há perigo de não falta de funcionários. “Se o funcionário falta, eu não tenho problema, pois haverá reposição da empresa que eu contratei”, disse Renata. Osvaldo enfatiza. “Eu também não preciso pagar por rescisão, caso eu precisa tirar um funcionário. Fica tudo para a contratada”. O comerciante Nazmi INTERNET Morched El Khatib afirma que com a lei também é a favor. Segundo ele, abrirá mais espaços no mercado de trabalho. “Haverá pessoas mais qualificadas para prestar serviços e assim mais espaço terão para arrumar empregos”. Todos têm um ponto em comum na questão ruim da terceirização: o custo. Dancev afirmou que o valor é maior. “Os R$1050 que eu pago para uma funcionária contratada diretamente por mim, por uma terceirizada eu pago R$1900”, afirmou.O síndico do prédio residencial Giovannina, Pedro Cardoso de Sá Júnior, em Praia Grande, completou dizendo que um terceirizado é 20% mais caro. A terceirização já é algo constante no Brasil. De acordo com o Sindicato das Empresas de Prestação de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário do Estado de São Paulo (Sin- Divulgação A expectativa é de que o mercado de trabalho abrirá mais de 3 milhões de vagas no Brasil deprestem), com apoio da Federação Nacional dos Sindicatos de Empresas de RH, Trwabalho Temporário e Terceirizado (Fenaserhtt) e Central Brasileira do Setor de Serviços (Ce- brasse), no ano de 2014, 14.3 milhões de trabalhadores eram empregados de empresas terceirizadas. E a lei trará mais benefícios. Com a abrangência da lei para todos as funções da empresa, desde limpeza a diretores, o mercado de trabalho terá 700 mil vagas para empregos no ano em São Paulo, e mais de 3 milhões no Brasil. Sonhos em forma de links Paula Freitas O Brasil possui segundo o Ibope, 105 milhões de internautas e é o 5º país mais conectado do mundo. Até o fim desse ano, deve ser o 4º, ultrapassando o Japão. O número de brasileiros ligados na rede aumentou de 27% para 48%, entre 2007 e 2011, ou seja, praticamente metade da população possui acesso à internet. Com este cenário, porque não investir na internet como meio de sobrevivência? Essa é a realidade de muitos em nosso País. As pessoas estão cada vez mais investindo em blogs, vlogs e outras redes sociais para alcançarem a fama e o dinheiro. O YouTube, por exemplo, que é a mais popular plataforma de vídeos do mundo, começa a anunciar a partir de 200 mil visualizações, podendo assim o vlogger (pessoa que faz vídeos para YouTube) ganhar dinheiro com isso. Como exemplo de alguém que deu certo, temos a blogueira e ex-BBB santista Juliana Goés, que fala sobre beleza na internet, e com isso ganhou muitos patrocínios de marcas de cosméticos, além de receber por seu canal no YouTube que conta com 315 mil inscritos, aproximadamente. Mas, isso nem sempre dá certo. Produzir conteúdo para um blog diariamente, é algo desgastante e que exige tempo e dedicação, fatores que nem sempre estão disponíveis nesse mundo moderno. Renata Souza Martins tentou manter seu blog e seu canal no YouTube por três anos, mas mesmo depois de tanto tempo, não estava tendo o retorno esperado de seu público: “Além dos meus amigos da escola e família, era muito difícil alguém ler, é muito difícil começar do zero, por isso admiro muito quem consegue.” Mesmo com as dificuldades, ainda tem gente na luta. Existe uma competição mundial chamada Technovation Challenge, onde só meninas participam. Elas têm que criar um aplicativo com o intuito de ajudar pessoas Divulgação/Facebook Fan page do aplicativo For You no Facebook, com quase 5 mil inscritos de seu país. Devido aos escândalos, com fotos íntimas vazadas na internet, que tem acontecido com cada vez mais frequência, um grupo de meninas de Santos criou o aplicativo For you. Uma das meninas do grupo, Larissa Rodrigues Arruda, disse que o app tem o objetivo de ajudar meninas que passam por isso, pois é um trauma psicológico muito grande, tanto para a pes- soa, quanto para a família. Larissa e seu grupo de amigas não têm a intenção de lucrar com o aplicativo, mas, para que ele possa ir além de um protótipo, é necessário um investimento de R$30 mil. Como meio de divulgação, elas têm uma página no Facebook, que leva o nome do aplicativo. Hoje, cada menina seguiu seu caminho, mas Larissa disse que elas leva- rão o aplicativo para frente, caso o investidor apareça. A internet carrega hoje milhares de sonhos em formas de links. A possibilidade de se fazer o que se gosta, sem ter que sair de casa, é tentadora, mas nem sempre dá certo. Como em tudo, a concorrência é muito grande, mas cabe a cada um fazer o que gosta com amor e ser retribuído com todo o sucesso merecido, seja obtendo lucro, ou ajudando as pessoas. JUNHO DE 2015 PRIMEIRO TEXTO 11 A vaquinha dos ovos de ouro Financiamento online é uma alternativa para quem quer tirar boas ideias do papel sem correr grandes riscos Felipe Cincinato O Passo a passo da vaquinha Ideia: O primeiro passo para se fazer uma vaquinha 1 online bem sucedida é uma ideia na qual você acredita que poderá cativar o seu público Projeto: Nesta fase, você deve pensar nos custos, 2 na execução e na logística que envolvem sua ideia. Um projeto bem estruturado é fundamental para o sucesso. Campanha: Escolha a forma de campanha: “tudo ou 3 nada” ou “flexível”. No primeiro tipo, se você não conseguir bater a meta, não recebe nada, diferentemente do segundo. 4 apoiadores e também de agradecê-los pela confiança depositada em seu projeto. para cada uma delas, seja generoso! E lembre-se que quanto maior o leque de valores, maior público será atingido. Site: Existem sites de crowdfunding para vários tipos de 6 7 Recompensas: Esta é a principal forma de atrair Valores: Decida o valor das doações e as recompensas 5 projetos e com diferentes taxas. A escolha do site em que você hospedará o seu projeto é fundamental. Orçamento: Faça com cuidado e divulgue. As pessoas gostam de saber que seus R$10, R$ 15 contam para que o seu projeto saia do papel. ‘Cara de Pau’ Milena Azevedo, sócia da Aprovação: Antes de ser divulgado, seu projeto MBP, de Natal (RN), selo precisa ser aprovado. Alguns sites como o Kickante e o editorial que apoia projetos Catarse oferecem assessorias nesta fase. editoriais como os Carvalhos, define a vaquinha-online como “cara de pau” já Campanha: Após a aprovação do projeto, chega a que o autor tem que “confase mais difícil: a campanha. Seja “cara de pau”, divulge vencer as pessoas de que seu projeto para amigos, familiares e nas redes sociais. seu trabalho é interessante e que merece sair da gaExecução: Seu projeto foi um sucesso! Agora chegou a veta ou espaço virtual e se hora de botar a mão na massa. Cumpra os prazos prometidos materializar”, contou. e você ganhará credibilidade para os próximos projetos. “Optei pelo crowdfunding porque fazer um livro desvinculado da editora tem Divulgação Divulgação um custo muito alto para se tirar do bolso”, explica Ana Luiza. “Desta vez, firmei parceria com a MBP, que vai me ajudar nas vendas e na questão burocrática de registro do livro”. Apesar da parceria, a “cara de pau” é Ana Luiza Medeiros Uma das tirinhas de “Carvalhos” criada por Ana Luiza toda da quadrinista. “A camvo”. Com a ajuda da MBP, original; já para quem con- nanciamento coletivo é o panha está sob minha resum selo editorial, a quadri- tribuir com o valor máximo planejamento. Muitos sites ponsabilidade”, explicou. nista lançou o projeto na in- ganha uma série de itens como o Kickante e o Caternet pedindo aos leitores que incluem, entre outros tarse exigem dos empre- Vantagens Além de minimizar riscos que contribuíssem financei- mimos, o livro em PDF, uma endedores virtuais planos ramente com seu livro em cópia física autografada, financeiros e de marketing e possíveis perdas financeitroca de alguns benefícios. um conjunto de porta copos que mostrem como o valor ras caso o projeto não seja A primeira fase foi um su- e um isqueiro. arrecadado será investido 100% financiado e minimicesso. Conseguiu arrecae como o “produto” chegará zar o tempo de retorno do investimento, a vantagem dar R$ 4 mil para a impres- Diversidade ao apoiador. A vaquinha online utilisão básica. Na nova fase, O empreendedor deve da vaquinha online é inela espera o mesmo suces- zada por Ana Luiza não se pensar também no tipo de discutível. “A falta de buroso para concluir a obra, que limita ao financiamento de campanha que pretende cracia tanto para colocar a livros. Esta plataforma já é fazer. Alguns sites ofere- campanha no ar quanto no será toda colorida. Para financiar seu livro, utilizada para lançar filmes, cem duas fórmulas: “tudo pós-campanha, ou seja, no Ana pede contribuições que documentários, montar ex- ou nada” ou “flexível”. Na momento do repasse do divariam de R$ 10 a R$ 350, posições de arte e fotogra- primeira modalidade, caso nheiro angariado”, pondera sendo que para cada valor fias e até mesmo realizar a meta não seja alcança- Milena Azevedo. Para muitos autores, arhá uma recompensa espe- trabalhos de conclusão de da, as doações são devolvicial. Com a contribuição mí- curso – ou TCCs, como são das aos apoiadores. Já na tistas, músicos, companima, o colaborador ganha chamados nas faculdades. segunda, caso a meta não nhias culturais, e ONGs, os livros Carvalhos e Ana e seja batida, o empreende- o crowdfunding tem sido O Sapo (ambos em formato Planejamento dor deverá pagar pela dife- a “vaquinha dos ovos de A palavra chave para o rença do valor restante. ouro” ao ajudar colocar em digital), além do sorteio de uma tatuagem ou ilustração sucesso dos projetos de fiAs recompensas são con- prática boas ideias. 8 Arte: Felipe Cincinato Fonte: kickante.com.br / catarse.me Para Albert Einstein, a criatividade é o resultado da inteligência se divertindo e é baseando-se nesta premissa que Ana Luiza Medeiros, de Natal (RN), se aproveitou das situações cotidianas e das aulas do cursinho – que não eram muito interessantes – para dar vida aos seus personagens. Em meados de 2006, surgiu o Zé, seu primeiro personagem da história em quadrinhos Carvalhos. Mesmo quando o tempo ficou mais escasso, na época em que cursava a faculdade de Arquitetura e Urbanismo, os desenhos durante as aulas não pararam. “Desculpa, professores!”, pedia Luiza, que em meados de 2008 já havia criado outros personagens e, para cada um deles, um pequeno histórico. Mas foi somente a partir de 2012, quando percebeu que havia perdido o hábito de desenhar, que Luiza criou o site Tiraninha (www. tiraninha.com.br): “Foi a forma que encontrei de colocar disciplina”, conta. “A obrigação de manter o site atualizado me força a produzir mais para conseguir aumentar os acessos do site”. A estratégia funcionou. Ana e o Sapo, uma das tirinhas que marcam presença às segundas, quartas e sextas no Tiraninha, virou livro em 2013 por meio do financiamento online. A premissa das tirinhas é bastante simples: “Como falar sozinha é deveras estranho, o Sapo apareceu para conversar comigo”, explica Ana Luiza. Hoje, a quadrinista enfrenta mais uma vez o desafio de transformar suas tirinhas em livro, mas agora com a “família que todo mundo gostaria de fazer parte”. Trata-se de Carvalhos, que encarnam as situações cotidianas vividas por sua autora. “Eu sou uma pessoa meio respondona e, às vezes, a civilidade não permite que a gente diga certas coisas a certas pessoas e/ ou em certas situações”, reconhece Ana Luiza. “Eu acabo passando para as tirinhas as coisas que eu gostaria de poder dizer, mas que podem trazer consequências ruins na vida real. Felizmente, elas funcionam em um contexto cômico”, conclui a urbanista quadrinista. Para lançar seu segundo livro, Ana Luiza optou novamente pelo crowdfunding – termo em inglês que pode ser traduzido livremente como “financiamento coleti- sideradas um dos itens mais importantes para os sites de vaquinha online. O Catarse, por exemplo, recomenda que os “presentinhos” oferecidos aos apoiadores sejam generosos e atrativos. Outra questão apontada pelos sites é clareza do destino das doações. O site Kickante, que oferece um manual com vídeos explicativos sobre como lançar uma vaquinha online, é claro. “As pessoas gostam de saber que seus R$ 10, R$ 20 contam”. Vale dizer que na maioria dos sites, os projetos são submetidos à análise para aprovação e, no caso de algumas plataformas como o Catarse e o Kickante, o empreendedor conta com apoio de consultores que ajudam a ajustar o projeto. Com o projeto bem estruturado e campanha lançada, chega à fase de divulgação, crucial para que o projeto pretendido alcance a meta estipulada e seja concretizado. 9 10 12 PRIMEIRO TEXTO JUNHO DE 2015 Prostituição DIVULGAÇÃO Cinderelas nos dias de Gata Borralheira Projeto de lei que pretende profissionalizar a prostituição causa polêmica Victória Silva Quarta-feira, 15h30. Manuela (nome fictício), 25 anos, inicia mais uma longa jornada de trabalho. Uniformizada e maquiada, a moça torna-se uma caricatura, é fácil saber como ganha a vida a metros de distância. Ao chegar ao Centro de Santos, seu ponto de trabalho, Manu – para os íntimos – não tem acesso às informações nem do que acontece do outro lado da cidade. “Prefiro me manter longe de tudo o que não faz parte da realidade que vivo” explica a jovem, que divide sua casa com outras garotas que escolheram a profissão mais antiga do mundo para sobreviver. Desde os 18 anos, Manuela decidiu sair do interior paulista para ganhar a vida no litoral. Pensava fazer faculdade de Biologia Marinha. Chegou a dar início ao curso, mas, sem emprego fixo, a vida mudou completamente. Sem recursos, um colega de classe a convidou para sair em troca de dinheiro. Foi o início da mudança radical em sua vida. “Descobri uma forma fácil de ganhar dinheiro”. E assim, a futura bióloga se tornou uma garota de programa. Apesar de não saber seus direitos, tem gente engajada em mudar seu estilo de vida. Não em Santos ou São Paulo, mas em Brasília. Profissão legalizada O projeto de lei 4211/2012, do deputado Jean Wyllys (PSOL – RJ), ganhou notoriedade mesmo após amargar durante três anos as ga- vetas do plenário. E, ainda na fila de espera, desperta a curiosidade de muitas pessoas. Afinal de contas, a lei Gabriela Leite prevê que a prostituição torne-se uma profissão legalizada. “Como assim, profissão legalizada?”, questionou Manuela, que tomava uma coca-cola gelada, mesmo com o vento frio que batia na calçada do boteco, aqueles que expõem ovos coloridos e bacon encharcado de óleo. Caso seja aprovado, o projeto tornará a atividade das profissionais do sexo oficial, como qualquer outro emprego. Para isso, será preciso ter, no mínimo, 18 anos e exercer o serviço por escolha, uma forma de eliminar a figura dos cafetões. O objetivo era que a lei tivesse entrado em vigor antes da Copa do Mundo de 2014, o que evitaria a exploração sexual nas cidades-sede. Atualmente, Wyllys tenta emplacá-la antes de outro grande evento, as Olimpíadas do Rio de Janeiro. Ao descobrir que o projeto defende a aposentadoria após 25 anos de trabalho, Manu fica animada, no entanto, muda de ideia rapidamente. “Acredito que para mim seria ótimo, mas eu já estou neste mundo e é algo sem saída. Não posso ser egoísta. Caso virasse algo legalizado, muitas pessoas iriam ver como uma forma fácil de ganhar dinheiro, mas não é bem assim. Você sofre humilhações. E tem o peso de saber que nunca vai ser amada, nunca vai construir uma família, nin- VICTÓRIA SILVA Gabriela Leite: Conheça a história O Centro de Santos é o ponto de trabalho das profissionais guém vai te aceitar sabendo o que faz para ganhar dinheiro” diz, com os olhos cheios de lágrimas. Após longo silêncio, emenda: “Tem gente que acredita que isso aqui é algo como o filme Uma Linda Mulher, pura ilusão, não é e nunca vai ser. Quem entra para a prostituição é Cinderela nos dias de Gata Borralheira”. “Prefiro assim, sem sofrimento antecipado ou consciência pesada, é o que a vida me deu” . Manu, 25 anos A justificativa do projeto contra-argumenta visões como a de Manuela. A proposta, disponível no site da Câmara dos Deputados, explica que a ideia é desmarginalizar a atividade, garantir o direito à saúde, ao trabalho, segurança e dignidade e não incentivar a ação. “Não acho que tornar lei fará com que as pessoas aceitem. Se virar lei e eu for abrir um crediário e falar que me prostituo, vão me olhar torto, dar risadinha e me constranger. Talvez sirva para educar as pessoas e daqui a muitos anos isso aconteça. Mas acho que o ideal era não rolar prostituição nessa época”. Enquanto os deputados não decidem qual será o destino do projeto, Manu termina seu refrigerante, arruma a roupa no reflexo minúsculo de um espelho sujo no bar e parte para a mesma esquina de sempre. Não sabe que horas voltará para casa, quanto irá arrecadar e quem será seu parceiro. Manuela, e tantas outras garotas de programa, não tem o domínio de seus destinos. Gabriela Leite (1951 - 2013) foi a primeira prostituta a levantar a voz pelos direitos da classe. Quando jovem, largou a faculdade de Ciências Sociais na USP para começar a trabalhar como profissional do sexo. A luta pelos direitos começou em São Paulo, quando se deparou com a violência, em maioria dos policias. Em 2009 Gabriela publicou o livro “Filha, mãe, avó e puta” onde conta toda sua história de vida. Foi fundadora do projeto Davida e da grife Daspu. Além de ter se candidatado à deputada federal pelo Partido Verde, em 2010, defendendo o fortalecimento do Sistema Único de Saúde, a união civil homossexual, o direito ao aborto e a regulamentação da prostituição. Morreu em 2013, com câncer de pulmão. O deputado Jean Wyllys (PSOL – RJ) continua sua luta. Mundo Pet Animal precisa de cotidiano saudável Gabriela Ribeiro Não importa seu tamanho, raça, cor: quando se tem um é necessário dar amor e carinho, ainda mais se for um daqueles com alguma limitação. E essa recomendação não é só de especialistas, vem da sensibilidade humana. Sabe aquele animalzinho que late no quintal e faz festa quando o dono chega? Sim, o cachorro, também conhecido por aquela frase típica: “O melhor amigo do homem”. Pensando nesse “com- panheiro” de quatro patas, uma pergunta vem à mente de muitos: “Será que eles precisam seguir uma rotina, assim como os humanos? Isto é, comer em tal horário, sair sempre e tudo mais, para ser saudável?”. Renata Maturino, veterinária que atualmente trabalha no Pet Shop Canal 3, garante que a resposta é sim. E ela sugere uma rotina simples, mas que considera funcional. “A comida nos horários certos faz com que o animal tenha seu ritmo defi- nido e não seja obeso. Claro, que nos intervalos, pode-se dar um biscoito.”, explica a veterinária. “Ter momentos para sair e brincar com o cachorro também é necessário para que ele não fique es- tressado. Assim como nós quando não saímos, eles também sentem isso”, concluiu. JUNHO DE 2015 PRIMEIRO TEXTO 13 Coleta seletiva Para aonde vai o lixo? Praia Grande produz 7 mil toneladas mensais de lixo domiciliar, boa parte, porém, poderia ser reciclada Larissa França A reciclagem é um processo que ajuda o País a preservar o meio ambiente. É uma alternativa para que se possa reaproveitar materiais que, quando transformados, possam ser utilizados de outras formas. A Baixada Santista produz diariamente 1.659,10 toneladas por dia de lixo, segundo o IBGE. Isso equivale a 0,7% de tudo que é produzido no País diariamente. Grande parte da população ainda não tem informações sobre o que acontece com o lixo depois dele ser recolhido e como funciona o processo de reciclagem. Praia Grande, por exemplo, produz uma média de 7 mil toneladas de lixo domiciliar por mês. Na cidade, existem cerca de 50 depósitos, sem vínculos com a prefeitura, que trabalham com sucata, comprando materiais de carrinheiros. Até o final do processo de reciclagem, o material passa por duas empresas intermediárias que desmontam, separam e revendem os produtos recolhidos. Segundo Carla Priscila Gomes de Alencar, 32 anos, responsável por um depósito no bairro da Vila Caiçara, os materiais mais coletados são alumínio, ferro, sucata de ferro, papelão, plástico, moto- Solução LARISSA FRANÇA res, motor elétrico e latinhas. Ela diz também que é comum as pessoas levarem materiais que não são recicláveis. “Trazem copos descartáveis, caixa de leite e aqui ainda não recicla. Eles trazem bastante, mas a gente é obrigada a descartar. Eu sei que em São Paulo existem caixas de leite e tubos de televisão que já estão sendo reciclados, mas na Baixada Santista ainda não tem isso. A gente ainda está em um processo que agora está ficando além do que fazemos”. Carla explicou que é preciso tomar certos cuidados ao comprar o material. “É um ramo difícil. Tem que saber de quem você compra. Já fui até ameaçada. Na semana passada, por exemplo, chegou um homem com um saco de panelas, duas torneiras e um registro de gás sem procedência. Mas eu não posso sair comprando sem saber a origem dos produtos”. Responsável pelo grupo Paco, existente há mais de 40 anos e que recolhe ferro e papelão em toda a região, o empresário Fernando Prada Fernandes, 30 anos, trabalha no setor desde os 13 anos, e chega a recolher mil toneladas mensalmente, material que certamente teria como destino os aterros sanitários. Gm 2014, Praia Grande recolheu oficialmente 587 toneladas de lixo reciclável, pouco em relação ao comum Parte do material a ser reciclado é vendido para empresas que fornecem peças à indústria automotiva. Miriam Souza Pontes, 61 anos, moradora do Balneário Maracanã, compra óleo de restaurantes, bares e com algumas doações de vizinhos transforma o óleo em sabão e os revende. Com a reciclagem, chegou a ter 150 litros em sua casa, quantidade que muitas vezes é jogada nos ralos ou em pias. Ecopontos Existem iniciativas da prefeitura como o Ecoponto, programa onde os moradores deixam o lixo que pode ser reciclado nos pontos principais de cada bair- ro. Além deste projeto, há dois tipos de serviço: coleta solidária e a coleta domiciliar. No serviço de coleta solidária, o trabalho é feito em repartições públicas de Praia Grande, de segunda a quarta-feira. Já o serviço domiciliar acontece em todos os bairros, de segunda a sexta-feira, sempre a partir de dois horários: às 8 e 14 horas. A ideia é que os moradores entreguem os materiais reciclados diretamente aos membros da Cooperativa de Coletores e Recicladores de Materiais Inorgânicos Nova Vida (Coopervida), no esquema “porta a porta”. Os materiais são encaminhados para a cooperativa, que realiza a triagem Risco de falta de água incentiva alternativa de abastecimento Fábio Prado A crise hídrica é um problema sério que está afetando todo o Estado de São Paulo. O período sem chuva fez com que os níveis dos rios baixassem, porém, na Baixada Santista, os que abastecem a região estão com 90% da capacidade. Mas, mesmo com essa “reserva”, alguns condomínios estão arrumando maneiras para economizar agua. É o caso de um edifício localizado no Gonzaga, em Santos, que fez um investimento de R$ 5.600,00. Como resultado, passou a gastar menos com um perí- odo maior de lavagem das áreas comuns. Isso sem afetar o estoque de nenhum reservatório. Essa redução do consumo e da conta foi possível graças à implantação de um sistema de reaproveitamento do lençol freático (água subterrânea), conforme explicam a síndica, Sônia Afonso, e o funcionário responsável por operar o sistema, Roberto Pereira. O sistema foi implantado há seis meses. Antes, as áreas comuns eram lavadas a cada 15 dias. Agora, acontece a cada semana, e sem interferência na conta. Montado na garagem do subsolo do residencial, o sistema capta água subterrânea e a direciona, depois de uma filtragem com cristais de quartzo, para quatro pontos: o próprio subsolo (que conta com vagas de estacionamento), o térreo, o mezanino e a área de lazer. “É uma água que só serve para lavagem das áreas. Não se pode beber”, afirma a síndica. Segundo Pereira, quando o reservatório (com capacidade para 70 mil litros de água) enche muito, o sistema automático de bombas faz liberar o excedente para a rua. A capacidade de armazenamento e encaminha para empresas responsáveis pela reciclagem destes materiais. São recolhidos cerca de 49 toneladas de lixo por mês. Em 2014, foram recolhidas 587 toneladas de lixo reciclável em Praia Grande. De acordo com a prefeitura, eles têm realizado campanhas de divulgação sobre os trabalhos nas redes sociais e os seis caminhões responsáveis pela coleta seletiva ganharam aparelhos de som e alto-falantes, que anunciam o serviço de recolha dos produtos, que devem ser ensacados separadamente do lixo comum e identificados ou entregues diretamente aos coletores. FÁBIO PRADO Zelador Roberto Pereira demonstra o uso do sistema de bomba do líquido tem sido suficiente para as lavagens constantes das áreas em comuns, mesmo no período de estiagem de chuvas. Sônia comenta que qualquer prédio que contar com área de subsolo pode instalar o sistema “em até três dias”. Ela diz que a economia do gasto na conta foi em torno de 15%. Para evitar reclamações de vizinhos e até moradores que não conhecem o sistema e, eventualmente, acusassem o prédio de desperdício de água, o residencial tomou o cuidado de colocar um aviso na máquina de pressão de água, informando que se trata de água vinda do subsolo (e não potável). 14 PRIMEIRO TEXTO JUNHO DE 2015 rECICLAGEM Carrinheiros ajudam a preservar o meio ambiente com coleta de lixo São 4 horas da manhã, horário que Chico, ao lado de Pipoca, começa o trabalho de coleta de objetos para reciclagem Larissa Martins Os calos nas mãos e as marcas de expressão não superam o sorriso cheio de esperança em meio à tantas dificuldades e barreiras vencidas. Carrinheiro há 8 anos, Francisco da Silva, de 56 anos de idade, acredita que o sorriso abre oportunidades. Apesar da vida difícil que teve após a morte de seu pai, hoje o carrinheiro colhe os frutos do que plantou até aqui. “Trabalhar com reciclagem foi a opção que encontrei para sobreviver, já que nunca tive uma boa oportunidade de trabalho por não ter terminado os estudos. É um trabalho pesado, mas me garante o pão de cada dia e em breve vai me garantir um ‘barraco’ também.” Por ser morador de rua, Chico (como é conhecido no bairro) diz que já sofreu com preconceito das pessoas, mas nunca se sentiu sozinho, pois tem Pipoca ao seu lado. “Quando dizem que o cachorro é o melhor amigo do homem é a mais pura verdade, Pipoca é mais fiel do que muita gente. É como se fosse minha filha, tudo que é meu é dela!”, declara. A rotina de Francisco se inicia às 4 horas da manhã, quando sai pelas ruas do bairro Vila Fátima, em São Vicente, com seu carrinho, construído por ele com ajuda dos donos de alguns ferros-velhos. Após passar parte da madrugada e da manhã recolhendo as sucatas, Chico vai para o depósito “Sucateira”, onde entrega os materiais que conseguiu e os separa com Antônio Sérgio Almeida, dono do depósito. A seguir, todo material que será aproveitado passa por mais três processos. “É importante verificar a procedência das sucatas, pois de vez em quando aparecem materiais suspeitos. Tendo em vista a diversidade de vendedores (além dos carrinheiros e carroceiros), chegam muitos utensílios roubados de pessoas que não frequentam o depósito, o que gera muitas vezes a vistoria da polícia por aqui”, ressalta o dono do galpão. Para ambos, trabalhar com reciclagem é uma maneira de contribuir com o meio ambiente e evitar a poluição e o esgotamento natural desses materiais, bem como o barateamento do produto final por eles industrializados. Além de complementar o trabalho dos coletores da coleta seletiva, já que os carrinheiros recolhem os materiais deixados pelas ruas, praças e avenidas. LARISSA MARTINS Enquanto não consegue um lar, Chico dorme pelas ruas de SV JUNHO DE 2015 futebol PRIMEIRO TEXTO 15 Belas da Bola O retorno das Sereias da Vila, futebol feminino do Santos Futebol Clube, marca uma nova fase da modalidade LETHICIA GABRIELA Lethícia Gabriela No dia 14 de abril de 2015 um sonho do presidente Modesto Roma e toda equipe do Santos Futebol Clube virou realidade. Após três anos paralisado, o futebol feminino alvinegro praiano retornou com toda força com as Sereias da Vila. Criada em 1997, as antigas formações chegaram a contar com as jogadoras Marta, considerada a melhor atleta do mundo em cinco ocasiões pela Fifa, e Cristiane, a maior artilheira da história dos Jogos Olímpicos. Atualmente, são 25 atletas, que vieram do Rio Grande do Sul ao Piauí, que já jogaram em times grandes e pequenos. Alline Calandrini, de 27 anos, por exemplo, está voltando à sua antiga casa. A zagueira é de Macapá, capital do Amapá, e já jo- gou nas Sereias de 2006 a 2011. (confira o vídeo). “A torcida santista é muito acolhedora. Essa volta é muito especial, ainda mais para quem já jogou no clube”, relembra. Quem também já é veterana no esporte é Fernanda Hemann, de 32 anos. A futebolista nasceu em Capanema, no Paraná, e desde os 11 o futebol é sua grande paixão. Como todo início não foi fácil, Fernanda revela suas dificuldades para ascender no esporte. “O futebol feminino não possui escola de base para iniciar e conseguir um patrocínio é difícil. Por isso, no primeiro jogo de apresentação, eu chorei, pois é uma emoção muito forte estar no Santos”. O treinador Caio Couto Gonçalves conta que está trabalhando o entrosamento das novas jogadoras e Formada por 25 atletas, novas Sereias da Vila treinam no CT Meninos da Vila, no Saboó de toda equipe. “São atletas experientes e jovens em um ambiente fantástico de treino que temos. As meninas estão se conhecendo, dentro e fora de campo, e isso alavanca os resultados do time”, completa. Quem também está retornando ao projeto é Luana Paula Silva. Ela já foi estagiária do ex-treinador Kleiton Lima em 2007, e hoje é a preparadora física das Sereias da Vila. “Estou muito feliz pela oportunidade. Esse retorno significa um aprendizado coletivo.”. LETHICIA GABRIELA Rosane e Maria Aparecida fazem atividades físicas e treino com a bola, formando uma nova ‘família’ de meninas que integram a equipe santista COMÉRCIO ‘Epidemia’ europeia em ascensão ESTHER ZANCAN Esther Zancan É fato que nem a decepção pela derrota do Brasil por 7x1 para a Alemanha, na Copa, disputada em casa, arrefeceu o amor que o brasileiro tem pelo futebol. Mas, parece que não só as equipes brasileiras e a seleção canarinho despertam paixões entre a torcida. Os mais observadores já perceberam: é só sair por aí, em uma rua movimentada do centro, uma porta de faculdade, um shopping, que logo se vê alguém com camisa de algum clube estrangeiro, em sua maioria europeus. Outros sinais apontam para a “epidemia”: os índices de audiência da TV aberta durante os jogos da UEFA Champions League vêm deixando as emissoras satisfeitas; e, em um rápido passeio pelas redes sociais, como Facebook e Twitter, é possível ver diversas páginas criadas por brasileiros destinadas a reunir os amantes desses times. Na Baixada Santista, visitando lojas de materiais esportivos que vendem as camisas oficiais das equipes, além de constatar que a febre já atingiu a faixa litorânea, pode-se também tentar tirar uma dúvida: qual equipe “gringa” é a nº 1 em torcida por aqui? Pelo visto, Barcelona e Real Madrid conquistaram corações por estas bandas. Em todos os estabelecimentos visitados, os balconistas foram unânimes em enumerar os plantéis espanhóis como campeões de venda. “Elas têm boa saída durante todo ano”, diz Jennifer Caroline, 26, vendedora da loja A Esportiva, do Shopping Brisamar, em São Vi- cente. Já Eliane dos Santos, 35, visual merchandinsing da loja Centauro, do Litoral Plaza Shopping, em Praia Grande, enfatiza que o perfil do consumidor que procura esse tipo de produto é, em sua maioria, de homens mais jovens, e eles costumam chegar focados, pois já entram na loja sabendo o que querem. Mas não são só equipes internacionais que andam fazendo sucesso. É bem comum também encontrar quem curta camisas de outras seleções, que não a brasileira. “A da Alemanha é a mais procurada”, declara Fabiana Brito, 33, vendedora na loja Empório Brasil Esportes, também em São Vicente. Na UNISANTA, no curso de Jornalismo, um aluno é conhecido por sua coleção de camisas. Guilherme Hen- Loja de São Vicente destaca camisas de times europeus rique Loureiro, 22, cursa o 4º ano e tem aproximadamente 20 “mantos”. “Comecei há uns cinco anos”, declara o futuro jornalista. Guilherme disse também ter admiração pelo Bayern de Munique, da Alemanha, e pela Juventus, da Itália. Já entre as Sele- ções internacionais, ele é fã das tetracampeãs mundiais Alemanha e Itália, demonstrando que o lado bom dessa “epidemia” é a diminuição de um certo revanchismo que existia entre os torcedores frente aos adversários da “amarelinha”. 16 PRIMEIRO TEXTO esporte JUNHO DE 2015 O mar não é o limite Estudante de Educação Física, com paralisia cerebral, dava aulas de surf na praia do Itararé Danielle Lopes Danielle Lopes Algumas pessoas até acreditam e contam que o surf não nasceu em Santos. Mas não se engane, assim como Santos Dumont inventou o avião, o surf nasceu na Cidade, em 1937. Na época da ditadura, a cidade viveu um momento muito ruim para o esporte. Os surfistas eram considerados marginais e julgados como usuários de drogas, irresponsáveis e com uso de adjetivos piores. Muitas pranchas eram apreendidas e muitos pioneiros têm histórias tristes para contar, como policiais chutando pranchas e repreendendo surfistas. Porém, o tempo passou e o surf tem crescido cada vez mais e pessoas de todos os tipos e idade têm praticado o esporte, alterando a fama que havia no passado. Em 1991, nasceu a primeira escola de surf do Brasil, localizada na cidade de Santos, com ensino gratuito e para todas as idades. E desde seu início, foi a primeira a trabalhar com idosos e pessoas especiais. Há aproximadamente 16 anos, a Escola de Surf Radical de São Vicente apareceu com a mesma proposta da unidade santista e é dirigida pelo professor e coordenador Alex Costa. Alex fazia natação desde seus 4 anos e começou a sua história com o surf em 1992, com 12 anos, quando participou da competição de bodyboard, na praia de Toque Toque, em São Sebastião, e, segundo ele, ’Foi amor à primeira vista’. A partir dai, foi em busca de todos os equipamentos que precisava para surfar. Em 6 anos, se profissionalizou no esporte e participou de várias competições. Depois de ter que parar o surf para trabalhar em um escritório de contabilidade, em 2006 se rendeu e voltou como atleta e como professor em escolinhas gratuitas de São Vicente. Atualmente dá aulas de segunda a sexta na Escola de Surf e Bodyboarding, localizada no Quiosque 36b, próximo à Pedra da Feiticeira, na praia do Itararé. Atualmente, atende aproximadamente 260 alunos, onde metade deles é formada por portadores de necessidades especiais. A Escola de Surf e Bodyboarding de São Vicente atende também as escolas especiais para pessoas com deficiência. Houve uma parceiria de 4 anos com a CECOF (Centro de Conveniência e Formação), que foi interrompida, e este ano só está mantida com o N.A.P.N.E (Núcleo de Atendimento a Portadores de Necessidades Especiais) e tem cerca de 160 alunos que frequentam às aulas de surf. Exemplo Por meio desse trabalho, o professor Alex Costa conheceu Ulisses Caruso Garavatti, de 24 anos, aluno do quarto ano de Educação Física na Universidade Santa Cecília. Ulisses tem paralisia cerebral por conta de uma complicação na hora de seu nascimento. A deficiência afeta sua coordenação motora, então só foi aprender a andar com 6 anos de idade depois de fazer aulas de equoterapia, método que usa o cavalo para o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência ou com necessidades especiais. Desde pequeno, Ulisses praticou esportes, atividades físicas e Danielle Lopes Cerca de 260 alunos participaram de atividades na Escola Radical de Surf e Bodybording em SV Expediente Ulisses Caruso, portador de paralisia cerebral, exemplo de vida. colecionou títulos. Foi três vezes campeão brasileiro de adestramento equestre, o primeiro faixa preta de judô do Estado, e durante um ano, deu aulas de surf como estagiário na Escola de Surf e Bodyboarding de São Vicente, onde conheceu o professor Alex. O universitário de Educação Física disse que não sabia surfar antes de dar aulas, e em apenas duas semanas já estava em pé na prancha e ensinando seus alunos a fazer o mesmo. Falou que é muito gratificante poder ensinar o que se sabe para outras pessoas, ainda mais quando elas são especiais. Ele mencionou seus dois únicos alunos especiais que teve, um menino com síndrome de down e uma garota com autismo. Ulisses comentou que o surf o ajudou no seu equilibro, e que é uma das coisas mais difíceis por causa da falta de coordenação motora.‘’ Só é deficiente quem se acha deficiente’’. Então nada o abala, muito menos o impede de fazer as coisas que quer. Ele tem seu próprio carro e se vira como pode. Em algumas atividades, porém, ele necessita de ajuda, como, passar suas roupas, fazer seu prato e abotoar camisa, segundo sua esposa Valeria Nonato, de 34 anos. O casal está junto há quatro anos. ‘’Para mim, ele é normal e tem suas limitações. Já fui casada com pessoas sem deficiência e não tem a força de vontade de correr atrás das coisas como o Ulisses’’, ressalta. Ela comenta que sempre incentiva seu marido, e o auxilia para que ele seja independente. Quanto às dificuldades do marido, Valéria acrescenta, ‘’Vou arrumar uma forma de ele conseguir se virar’’. Ulisses é um exemplo de vida e mostra que o fato de ser deficiente não o impede de fazer algo que os considerados não deficientes possam fazer. Infelizmente, ele não dá mais as aulas de surf. Aqueles que quiserem conhecer a Escola Radical de Surf de São Vicente, contato 97406-9583. PRIMEIRO TEXTO é o jornal laboratório do curso de jornalismo. Redação, edição e diagramação dos alunos do 2º ano de Jornalismo do período noturno. Diretor da FaAC: Humberto Challoub Coordenador de Jornalismo: Prof. Dr. Robson Bastos. Professores Responsáveis: Prof. Fernando Claudio Peel (diagramação), Prof. Dr. Fernando De Maria e Prof. Ms. Luiz Carlos Bezerra (textos), Prof. Luiz Nascimento (fotos), Prof. Valéria Vargas (vídeos/digital). Diagramadores: Cultura 1 Lucas Santos e Eder Traskini; Cultura 2 Laura Bojart e Karoline Oliveira; Campus 1 Paolo Perillo e Mayra Rodrigues; Esporte 1 Lethícia Gabriela e Esther Zancan; Geral 1 Gabriel Soares; Geral 2 Karina Costa; Geral 3 Luna Oliva, Bruno Lestuchi e Alexia Faria; Geral 4 Jane Freitas e Benny Coquito Filho; Política 1 Michely Arashiro e Bruna Ribeiro; Política 2 Jaqueline Souza e Mayara Pisciotta; Politica 3 Victória Silva e Gabriela Ribeiro; Política 4 Felipe Cincinato; Saúde 1 Gilson Santos e Vitor Henrique. O teor das matérias são de responsabilidade de seus autores, não representando, portanto, a opinião da instituição mantenedora - UNISANTA - UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA - Rua Oswaldo Cruz. 266, Boqueirão, Santos (SP). Telefone: (13) 3202-7100, Ramal 191 - CEP: 11045-101 Versão on line: primeirotextounisanta.wordpress.com www.santaportal.com.br/online JUNHO DE 2015 PRIMEIRO TEXTO 17 SÉTIMA ARTE Luzes, câmera, tradição O Cine Roxy e a sua história como o único cinema de rua restante na Baixada Santista Laura Bojart Em uma cidade que leva mais de 1,5 milhões de espectadores por ano ao cinema não é surpresa que um estabelecimento esteja sempre inovando e buscando trazer as maiores novidades do ramo para oferecer a melhor experiência fílmica possível à população santista. Este é o caso do Cine Roxy, que recebe cerca de 50% deste público cinéfilo. Fundado em 1934 como um cinema de rua, o Cine Roxy nasceu no Centro de Santos, que, na época, era considerada área nobre da cidade. Era comum para os moradores mais privilegiados se firmarem por lá e manterem uma espécie de “casa de praia” próxima à orla. Como é de costume, o passar do tempo levou à mudança: as pessoas começaram a migrar para mais perto da praia e os tradicionais cinemas de rua começaram a dizer adeus em favor dos cinemas multiplex. A virada dos anos 90 para o novo século marcou um momento muito difícil para os estabelecimentos mais tradicionais em todo o mundo. Enquanto os cinemas multiplex se espalhavam rapidamente pelos shoppings, os de rua desapareciam. No entanto, o Cine Roxy se manteve forte. Em 2003, o empresário Toninho Campos abriu o primeiro multiplex de rua no tradicional bairro do Gonzaga. “Foi um desafio muito grande, mas conseguimos montá-lo no Roxy 5, enquanto muitos colegas precisaram fechar suas portas”, comenta. As realizações não pararam por aí. Apenas quatro anos depois, o Roxy 6 abriu as portas no Shopping Brisamar, em São Vicente – município que leva 600 mil pessoas às salas de projeção todos os anos. Em 2010, o Roxy 4 foi inaugurado no Shopping Pátio Iporanga, o mais novo da cidade de Santos. Com 125 mil moradores, Cubatão voltou a ganhar seu cinema em 2012: após quase 20 anos sem um cinema na cidade, o Roxy 3 passou a fazer parte do Parque Anilinas para saciar a vontade da população. Atualmente, é a única rede do país com unidades de rua, em shoppings e em parque. Apesar de seus avanços, Toninho ainda busca manter a tradição com a qual JORNAL A TRIBUNA/DIVULGAÇÃO eles começaram. É o equilíbrio entre ela e a modernidade que garantem a conexão com o público santista que hoje traz mais de 50% do market share da região. “Ao longo de oito décadas, construímos uma personalidade: um cinema de rua que sempre busca estar à frente das novidades tecnológicas. Não abre mão de sua relação com a comunidade, mas ao mesmo tempo tem um caráter global.” A geração Netflix Assim como ocorreu com os cinemas multiplex, o Netflix e outros serviços de streaming (transmissão em tempo real pela internet) têm se propagado cada vez mais com o passar do tempo. As pessoas estão se utilizando deles porque eles contam com algo que as salas de cinema não têm: você pode assistir ao filme que quiser, quando quiser e no conforto da sua casa. Além disso, o preço também é menor. Ricardo Prado, community manager de 27 anos, não pensa duas vezes antes de dar preferência a ele. “O preço é um atrativo, mas, para mim, a melhor parte é que você não precisa sair Primeira unidade do Cine Roxy, no centro de Santos, em 1939 de casa. E você consegue realmente aproveitar o filme, sem depender da boa educação dos outros, que muitas vezes desconhecem essa noção.” Mas não é assim para todo mundo. Para a tradutora Rebeca Amaral, os dois têm suas vantagens. “Não dá para escolher os dois?”, brinca. Já Rodrigo Budrush, roteirista, comenta que gosta de ambos, mas para coisas diferentes. “Eu vou ao cinema quando quero sair, estar com os meus amigos, não só assistir a um filme. Nós todos gostamos de cinema, é legal compartilhar a experiência com eles. Mas, às vezes, também gosto de ficar sozinho.” Ainda assim, estes serviços não apresentam uma ameaça para o Roxy. Segundo Campos, que se considera cinéfilo e busca assistir a todos os filmes que vão estrear, as experiências são completamente diferentes. “O cinema é o local onde a experiência é única. Onde as pessoas encontram seus iguais, pessoas apaixonadas por filmes que, ao apagar das luzes, podem emergir naquela experiência maravilhosa, que é mergulhar na história mostrada na tela.” E ainda afirma que não há competição: “Todas as mídias podem conviver.” Oswald de Andrade, em São Paulo, e depois o governador Mario Covas levou essa oportunidade para o interior também, até que o número chegou a 22 oficinas no estado todo, incluindo as da Capital. Entre 1994 e 2011, a Cadeia Velha foi sede da Oficina Cultural Pagu. Lá, eram realizados cursos gratuitos, como teatro, cinema, circo, dança e artes plásticas. Semanalmente, cerca de 600 pessoas passavam pelo equipamento, que desde outubro de 2013 funciona em um imóvel menor, localizado à Rua Espírito Santo, 17, no Campo Grande. Segundo a coordenadora do equipamento, Mônica Tranjan Real de Toledo, antes de ocuparem essa nova sede, onde já estão há pouco mais de um ano, a oficina ficou por dois funcionando no Centro Comunitário São Judas Tadeu. Mônica disse não ter uma preferência por local, já que o trabalho da oficina é realizado da mesma forma em ambos os lugares. “Claro que na Cadeia Velha tínhamos um espaço muito maior, também recebíamos pessoas que queriam apresentar teatro. Aqui estamos fazendo o mesmo trabalho, porém, em um ambiente menor”, contou ela. A preferência do público é clara: na última audiência, o pessoal pediu muito a volta da Pagu para a Cadeia Velha, por vários motivos. Um deles é por ser ao lado da rodoviária, o que facilitava para pessoas de outras cidades participarem do projeto e conseguir chegar e ir embora com tranquilidade. Além do espaço, que seria muito melhor utilizado. Sobre a frase Não queremos + 1 museu, escrita em frente à Cadeia Velha a coordenadora esclareceu que, na audiência pública, os artistas explicaram que não é o fato de não se querer mais um museu. Eles acham que Santos já tem muitos, e que os mesmos deveriam ser melhorados, ao invés de se criar um novo. “Como o prédio da Cadeia Velha sempre foi usado para a Oficina Pagu e também como refúgio para os artistas da cidade, eles preferem que ali volte a ser um centro de atividades artísticas”, concluiu Mônica. Futuro da Cadeia Velha continua sem definição KAROLINE OLIVEIRA Karoline Oliveira A Cadeia Velha, na Praça dos Andradas, Centro de Santos, pode se tornar um museu sobre a história da Baixada Santista. A informação, porém, não é confirmada pela Prefeitura nem pela Secretaria de Estado da Cultura, responsável pelo prédio, cuja construção data de 1839. A entrega do espaço é prevista para o primeiro semestre de 2016, após o término do restauro, iniciado em abril deste ano. Se a proposta for concretizada, Santos poderá ganhar seu 11º museu. No início de maio, foi realizada a segunda audiência pública para decidir o futuro da Cadeia Velha. A reunião aconteceu às 19h no Teatro Guarany e o objetivo foi abrir um debate com a classe artística e a população da cidade. O secretário de Estado da Cultura, Marcelo Mattos Araújo, e o secretário municipal de Cultura de Santos, Fábio Alexandre Nunes, estavam presentes. Araújo disse que veio para ouvir os artistas e, só então, em 30 dias, formar uma alternativa para a Cadeia. “A A Cadeia Velha está em reforma desde abril de 2014 utilização será o resultado da discussão com a população da região e com a Secretaria Municipal de Cultura”, salientou, já prevendo outras audiências sobre a velha questão. O secretário Fábio Nunes também não definiu nada ainda. “Essa audiência é uma prova de governança. A previsão de abertura do imóvel é fevereiro e a função sociocultural do espaço será construída de maneira coletiva”, disse, lembrando apenas que não há investimento para transformar a Cadeia em museu, no momento. Com isso, os artistas e fomentadores da cultura saíram frustrados do segundo encontro, pois só eles apre- sentaram proposta. Se os representantes do Município e Estado têm dúvidas sobre o que fazer com o equipamento, os artistas não têm. Eles enfatizaram o desejo de que a Cadeia Velha seja um espaço de formação e fomento de artes integradas da Baixada Santista, que foi seu papel nos últimos 30 anos, dentro da proposta das Oficinas Culturais Pagu. Os artistas não querem museu e nem que o espaço seja municipalizado, ou seja, que continue sob a gestão do Estado. Oficina Cultural Pagu As oficinas Culturais foram criadas no governo Franco Montoro. A primeira foi a 18 PRIMEIRO TEXTO JUNHO DE 2015 rap Rappers buscam sucesso na música para crescer na Baixada Santista Enfrentando preconceito, músicos buscam seu espaço no cenário do rap Lucas Santos Um sonho cantado, inspirado na rima e na poesia. É assim que vivem jovens rappers da Baixada Santista. Devotos do rap, a maioria deles sonha em um dia alcançar o sucesso graças ao estilo musical. Hoje, quase todos fazem por amor. Desde a primeira quinta-feira do ano, cerca de 40 jovens se encontram em frente ao banco da orla da praia, próximo à Concha Acústica, no canal 3, em Santos, onde realizam uma roda de rima, cantando músicas e cravando batalhas de rima improvisada. A atração cultural é divulgada pelo Facebook e tem a presença de MCs de várias cidades do litoral paulista, como, por exemplo, o vocalista do grupo Freeside (estilo livre), Carlos Eduardo Policarpo, mais conhecido como Dudu Skill. O Freeside é uma das renovações do rap na Baixada. O grupo despontou nacionalmente após se apresentar no programa Superstar, da Rede Globo, onde tiveram o voto positivo dos três jurados (Ivete Sangalo, Fábio Jr. e Dinho Ouro Preto), mas não alcançou a meta votada pelo público. O vocalista Dudu falou sobre o começo difícil do grupo, o porquê do nome e como batalhou para alcançar seu sonho. “No começo era ruim, eu ficava assim “hã, tô aqui comendo esse pão”. Tá ligado? Começou na brincadeira”, lembra. “Aí eu comecei a gostar mais de rap, querer mais, sempre mais, e com 13 anos eu gravei minha primeira música. Houve um dia que a gente estava na balada e decidiu. Somos amigos desde infância. O Freeside significa lado livre. Cada um de nós gosta de um rap diferente, como o underground, rap mais nacional, snap, um rap mais gringo, outro mais hardcore, rap mais pesado, enfim, diferentes” destaca. “Como cada um tem seu lado livre de se expressar na música, eles decidiram. Eu vim de uma infância muito sofrida, nunca tive algo, sempre tive que trabalhar cedo. Meu primeiro emprego foi entregando água. Graças a Deus, a gente começou com uma brincadeira e deu certo. Nós não vamos largar o grupo porque nos amamos. Não estamos ali só para cantar. Quando as pessoas se amam, tudo fica mais favorável e acontece”, comentou. A cada semana, mais MCs e simpatizantes do rap comparecem ao local. A organizadora do evento, Sarah Rodriguez, falou da gratidão a todos que fizeram acontecer este encontro. “O momento mais marcante foi quando eu percebi que a Roda De Rima 013 estava caminhando organicamente sozinha. As pessoas se encontram, trazem seus instrumentos, suas letras, poesias, vozes. Cada quinta-feira à noite é única. Eu me sinto muito grata de ter encontrado tantas pessoas com o mesmo intuito: fazer, curtir e apresentar música de qualidade. Estamos em crescente estado de evolução cultural e social. Pessoas de diversas LUCAS SANTOS MC Ne-Green e Thiago Baccarat: incentivadores do rap cidades e países já passa- o mestre de cerimônias do ram por aqui”, afirmou. Guarujá ganhou pela terceira vez e comentou: “Eu Batalha do Bonde já vinha me preparando É na cidade de Santos nas últimas semanas, toque acontece também um dos os dias, pensando em dos eventos que vem ga- temas que fossem comennhando os rappers. A ter- tados. Muita alegria ganhar ceira Batalha do Bonde mais um prêmio fazendo o aconteceu em abril na Pra- que amo. Sonho um dia viça dos Andradas, no Cen- ver apenas fazendo minha tro, onde cerca de 100 pes- paixão, o rap”. soas assistiram aos duelos. O evento teve a presenEm forma classificatória, ça da rapper Sara Donaos rappers se enfrentaram to, que saiu de São Carem melhor de três pontos, los, interior paulista, para cantando rima improvisada abrir o evento. A cantora sobre temas como Terceira vive apenas da música, diGuerra Mundial, Petrobras, ferente de muitos rappers Maioridade Penal, Dilma, que ainda estão em busracismo, entre outros. Per- ca deste sonho. Sara fasistindo o empate em um a lou sobre a força feminina um, a última batalha era de- neste estilo musical. Ela finida em “sangue”, quando afirmou já ter sofrido preum faz rima tirando sarro conceito machista. do outro, sem preconceito. “A gente sabe como é O vencedor foi o MC Fá- complicado o movimenbio Araújo Filho, conhecido to. A gente vem de longe como Ilhados. Com 20 anos, para fortalecer mesmo. Tem que ser ‘resistente. A ideia é essa mesmo, fortalecer ‘pras mina ver’ que têm mulher fazendo rap. As meninas precisam ter mais representatividade. Já sofri mais machismo mesmo. Se chegava em algum lugar, achavam que eu era mina de algum cara. Os caras olhavam e desacreditavam e depois chegavam e falavam ‘nossa, da hora, legal’. Efeito dominó A intenção das batalhas é alavancar o movimento cultural na região. Segundo o MC Ne-Green, um dos organizadores, é prazeroso ver o resultado e espera gerar um ‘efeito dominó’. “O movimento é para todo mundo. É muito da hora ver a molecada aí, independente de cor, e tal. É tudo mérito deles. Isso é tudo por amor e para incentivar outro a querer fazer também. É como se fosse um efeito dominó, um vê e leva a outros lugares e assim proliferar o ‘bagulho’ na Baixada. Um dos meus sonhos é que a mensagem entre na cabeça deles e que saibam enxergar o que acontece a sua volta. Nunca fechar os olhos”, afirmou. Criado nos Estados Unidos, o rap é um gênero musical criado pelos negros e chegou ao Brasil na década de 80. Apesar da maioria dos músicos ser homens negros, no litoral há uma grande mistura e o preconceito praticamente não existe entre eles. O objetivo é que a sociedade também aceite esta expressão cultural, que tem atraído cada vez mais gente. rock Banda Zimbra prepara novo álbum para 2015 Eder Traskini “Esse disco novo vai vir para quebrar a banca, anota aí!”. As palavras foram colocadas na rede social de Rafael Costa, vocalista da banda Zimbra. Depois de dois EPs, um CD e vários prêmios, os santistas planejam lançar o segundo disco no segundo semestre deste ano. Antes disso, a banda pretende lançar um single - que estará presente no novo álbum – diretamente no Youtube, utilizando um lyric vídeo (clipe com a letra da música). Formada em 2011, a Zimbra foi criada ainda na escola, quando se chamava Panorama. “Vimos que existiam outras bandas com esse nome e, para evitar problemas, resolvemos mudar”, conta Rafael Costa. Vitor Fernandes (guitarra), Guilherme Goes (baixo) e Pedro Henrique (bateria) completam o grupo. A palavra Zimbra deriva do indígena e significa blablablablá. Os músicos a escolheram porque representa bem seus motivos. No final do ano passado, a banda venceu duas categorias do prêmio Rock Show: EP do Ano (com o EP Mocado) e Aposta Nacional 2015. O prêmio não poderia estar mais certo. Em 2013, a banda ficou entre as 20 finalistas – escolhidas por sites especializados – de um concurso online que escolheria uma banda para tocar no Rock in Rio. Foram mais de 1200 participantes. Mas, como já previa o prêmio, o ano da banda era mesmo 2015. Isso se confirmou quando a Zimbra venceu o concurso Temos Vagas, da Rádio 89 FM, da Capital, que selecionava uma banda independente para se apresentar no Lollapalooza. Mais do que isso, a banda santista abriu o festival. “Minha namorada ligou falando que havíamos vencido o concurso. Não acreditei. Disse que ela estava se confundindo. Mas, da forma como ela falava, comecei a crer. Foi então que liguei para os outros dois parceiros e contei. Ninguém imaginava. Era um sonho se tornando realidade”. O novo CD ainda não tem nome, assim como nenhuma de suas músicas,. Entretanto, Rafael Costa garante que todas já estão escritas. “Nomear as músicas é a parte mais difícil. Escrevo sempre a letra primeiro e deixo o nome por último. Música é como um filho, depois que você dá o nome todos vão chamá-la daquele jeito”, pontua. Costa evitou estipular uma data específica, mas garantiu que o álbum chegará no segundo semestre. Agora, aos fãs da banda, o que resta é esperar e pedir, como diz a letra de um dos sucessos da banda: “Tenta ser breve por nós!” PRIMEIRO TEXTO JUNHO DE 2015 19 literatura Academia Peruibense de Letras: a escrita de um sonho Após 10 anos de fundação, a Academia Peruibense de Letras coleciona diversas histórias e trabalhos de sucesso AMANDA OLIVEIRA Amanda Oliveira “Um grupo de pessoas que gostam de cultura, literatura, teatro e artes plásticas se reuniu exatamente há dez anos e alguns meses, e resolvemos fundar a Academia Peruibense de Letras”. É dessa forma que a fundadora e presidente em exercício Eugenia Flavian define o nascimento da APLetras, como o grupo é conhecido. Foi no dia 21 de novembro de 2004 que um grupo de intelectuais de Peruíbe assinou a Carta Constitutiva da Academia Peruibense de Letras. Essa foi uma segunda tentativa de fundar a instituição. No ano de 1995, foi criada a Oficina Cultural Tom Jobim, um projeto que fazia trabalhos semelhantes, que funcionou durante cinco anos. Mas, sem recursos, suas atividades tiveram de ser encerradas. Foi, então, que em 2004 nasceu a organização, a qual completou no ano passado 10 anos de existência. A APLetras é uma associação sem fins lucrativos, mas tem todos os registros legais de uma instituição. Ela segue o estatuto da Academia Bra- Critérios de seleção Para um escritor ser aceito na Academia Peruibense de Letras, precisa atender a alguns requisitos: •Ser brasileiro nato ou naturalizado; •Ter mais de 30 anos de idade; •Residir em Peruíbe há mais de três anos; •Ter obra literária escrita, publicada ou não. A sede da APLetras fica localizada na Av. Padre Anchieta, nº 4297, Peruíbe. Contatos: Facebook: www.facebook.com/AcademiaPeruibensedeLetras Fundadora e Presidente da APLetras, Eugenia Flavian destaca o papel da entidade fundada em 2004 sileira de Letras, mas tem o seu próprio. A academia tem no total 40 cadeiras, das quais 23 estão ocupadas por acadêmicos efetivos. Ela também conta com oito acadêmicos correspondentes, ou seja, pessoas que deixaram de morar em Peruíbe, mas que ainda querem contribuir com seus trabalhos. Estes têm também a função de divulgar a APLetras nas cidades onde residem. Todo ano a APLetras abre inscrições para a entrada de novos acadêmicos. Quando todas as cadeiras forem preenchidas, ninguém mais será aceito, a não ser que alguém venha a falecer. Segundo a presidente Eugenia Flavian, “todo ano entram, três ou quatro (au- Blog: http://apeletras. blogspot.com.br/ tores) novos. Mas, também saem, por alguma razão. E o lugar fica vago”. A presidente conta que, desde sua fundação, a academia nunca preencheu as 40 cadeiras. Em 10 anos, muitos saíram e três faleceram. dança ONG Vida Plena procura patrocínio para manter projeto social Ana Claudia A ONG Vida Plena, localizada no Bairro Santa Rosa, em Guarujá, disponibiliza aulas gratuitas e pagas de ballet dadas pela professora Rebeca Lima. O intuito desse projeto social, criado no final de 2013, é ajudar as crianças sem condições financeiras para que possam praticar algum esporte contemporâneo, além de ensinar a importância da arte que o ballet proporciona para a sociedade. Hoje, são 25 crianças e adolescentes e dois adultos atendidos. Deste montante,15 alunos pagam pelo serviço e a outra parte assiste as aulas gratuitamente. Segundo a professora, a ONG não conta com qualquer ajuda de custo. No entanto, está à procura de patrocínios, inclusive da Prefeitura de Guarujá, o que ainda não acontece, por conta das burocracias necessárias para conseguir a ajuda. No momento, o espaço se custeia apenas com as doações vindas da população, que sentem a empatia pela causa. De início, as aulas eram totalmente gratuitas e feitas por meio de cadastros, porém a procura foi pouca. Portanto, eles abriram vagas com o pagamento de uma ajuda de custo para a manutenção da ONG. “Não temos fins lucrativos. O único valor cobrado (R$50,00) é revertido para investimento na sala. Já pintamos, colocamos a barra e também o espelho. E aos poucos, vamos reformando tudo”, diz a professora. Rebeca disse que as roupas de algumas meninas também foram compradas com o dinheiro Ana Claudia ONG Vida Plena, de Guarujá, proporciona aulas de ballet para quem não tem condições cobrado pelos nãocadastrados. “As mães que fizeram o cadastro na ONG e não tem condições de pagar também não têm gastos. Por exemplo: o uniforme de algumas meninas, nós compramos os tecidos e mandamos para uma costureira, que não cobrou pelo serviço. Esse é o intuito que a ONG proporciona”, comenta. As aulas seguem de segunda a quinta-feira em horários alternativos. Funciona de segunda e quarta para alunos de 7 a 14 anos, das 19h às 20 horas; terças e quintas, dos 7 aos 14 anos, no mesmo horário, e no mesmo dia há a turma adulta, das 20h às 21h. 20 esportes PRIMEIRO TEXTO MAIO DE 2015 Nem tudo são gols no mundo do futebol Dificuldades e obstáculos são frequentes no sonho de se tornar um jogador de futebol Juliana Villela Juliana Villela Glória, fama, dinheiro e uma sempre comovente história de superação de vida. Essas são as únicas palavras que vêm à cabeça quando aparece na TV um jogador bem sucedido de futebol. Porém, ninguém lembra sobre os impedimentos e faltas que esses atletas enfrentam até chegarem ao tão famoso balançar das redes. É essencial que o treinamento comece o mais cedo possível, como é o caso de Kaue Ramos, 20 anos, jogador profissional de futebol que diz ter entrado na vida dos gramados com apenas 4 anos. ‘’É bom começar quando criança, que é a hora de aprender, porque quando chega no profissional, já tem que estar pronto’’, revela o atleta que aos 6 anos já competia em campeonatos de futebol e hoje joga pelo São Caetano. Para ir em busca desse sonho tão comum entre os meninos brasileiros, é necessário passar por diversos tipos de seleções, as conhecidas ‘’peneiras’’, as quais os índices de apro- Kaue Ramos, 20 anos, jogador do São Caetano, que iniciou nos gramados aos quatro anos vações são mínimos, chegando ao percentual de 0,8% em média por clube. Ou seja, de cada 100 atletas pelo menos 1 passa no teste. Mesmo quando aprovados e selecionados, oficializando-se como jogadores profissionais, os atletas ainda não podem desfrutar das regalias dos craques conhecidos e idolatrados, muitas vezes. Afinal, 82% dos jogado- res de futebol do Brasil ganham até dois salários mínimos (R$1.564) e, somente 2% dos jogadores, recebem uma quantia superior a 20 salários mínimos por mês. O ex jogador do Santos e do São Paulo, atual técnico do Jabaquara, Axel Rodrigues, relata que não há segredo para se destacar nos campos: ‘’É preciso muito sacrifício, esforço, determinação e CMTB – Confederação de Muay Thai Brasileira, sediada na cidade de Campinas, no interior paulista, e a CBMT – Confederação Brasileira de Muay Thai, do Rio de Janeiro. Ambas divulgam em seus sites que possuem o intuito de organizar eventos e ajudar no crescimento e organização do esporte no Brasil. Segundo o mestre Fabiano Castanho, dono da academia de Muay Thai Gorila Team é grande a dificuldade para ganhar reconhecimento e patrocínios visando o crescimento no esporte.Afinal, muitos confundem o Muay Thai com o MMA (do inglês Mixed Martial Arts – Artes Marciais Mistas), esporte bem mais badalado e midiático e que usa as técnicas do Muay Thai junto com o Jiu-Jitsu. Castanho conta que a época quando lutava, nos anos 90, e até mesmo na atualidade é difícil conseguir algum patrocínio. Até mesmo para pagar uma taxa de inscrição para lutar, que, na maioria das ve- zes, custa cerca de R$ 30. Ele diz que muitas vezes deixou de lutar e ir para eventos importantes que eram distantes por falta de dinheiro e porque não conseguia ajuda financeira. O mestre diz que para conseguir o mínimo de apoio, às vezes, precisou se humilhar para obter recursos. Os atletas Danilo Pereira, 21 anos, e Guilherme Rodrigues, 17 anos estão no esporte há quatro anos e até hoje não conseguiram uma ajuda financeira. Guilherme conta que no começo o mais difícil para ele era pagar a mensalidade, motivo o qual o deixava desanimado, mas hoje em dia ele tem o incentivo e a ajuda de Castanho, que o deixa fazer aula na academia sem pagar mensalidade. Os três dão conselhos às novas pessoas que estão tentando crescer no esporte. Eles dizem para não desistir, pois por mais que a caminhada seja longa, no final sempre vale a pena. renúncias’’, diz ele que também revela o impacto que o futebol teve em sua vida: ‘’Mudou tudo o que você pode imaginar. Culturalmente, pessoalmente e até mesmo psicologicamente. Mudou toda minha estrutura como pessoa que sou’’. Enfrentando problemas muito comuns na área do futebol, como os empresários aproveitadores, alojamentos em péssimas con- dições, clubes com pouco capital que fazem pagamentos atrasados (quando pagam) e diversos outros problemas, os jovens atletas não pensam em desistir, pois seus objetivos vão muito além de todos os obstáculos. Muitos em busca de tirar a família da miséria, outros seguindo o que consideram um dom que possuem, mas sempre com o mesmo sonho: se tornar um ícone do futebol brasileiro. Segundo o jogador Cassiano Morelli, 20 anos, que já passou por alojamentos de diversos clubes, os quais faltavam até funcionários para preparação da alimentação dos atletas, o futebol hoje em dia é muito mais influência e dinheiro do que talento por si só, dificultando ainda mais a jornada daqueles que têm menos condições financeiras. ‘’Se eu soubesse que há tanta máfia e maldade no ramo do futebol, eu pensaria duas vezes antes de escolher seguir essa área’’, confessa o atualmente desempregado jogador que começou a jogar com apenas 8 anos. de idade. Luta para crescer e ser reconhecido no Muay Thai Alessandra Oliveira Esporte tão popular na Tailândia quanto o futebol no Brasil, o Muay Thai faz do país a maior potência da modalidade no mundo. A arte inclui golpes de combate em pé e é conhecida como “a arte das 8 armas” pelo uso combinado de punhos, cotovelos, joelhos, canelas e pés. O esporte ajuda a melhorar o condicionamento físico e a concentração da pessoa. Em razão da divulgação cada vez maior na mídia, a modalidade tem atraído cada vez mais adeptos. Todo golpe do Muay Thai tem o objetivo de acabar com a luta (knock out). Utilizam-se socos parecidos com os do boxe, golpes com as ‘canelas e pés’, típicos desta luta, e também os joelhos e cotovelos. Apesar do crescimento do interesse, inclusive da mídia, o esporte ainda sofre com a falta de apoio. No Brasil, existem duas confederações de Muay Thai, a ALESSANDRA OLIVEIRA Atleta Danilo Pereira e Mestre Fabiano Castanho (“Gorila”) JUNHO DE 2015 PRIMEIRO TEXTO 21 fim das dívidas? Governo lança medida para equilibrar financeiramente clubes de futebol A presidente Dilma Rousseff assinou a MP 671, que visa auxiliar os clubes a quitar suas dívidas fiscais Andherson Oliveira A Medida Provisória do Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro (Profut) é uma nova maneira criada pelo Governo Federal para equilibrar financeiramente os clubes. Nos últimos tempos, com o capital arrecadado, essas entidades romperam a fronteira do esporte e, hoje, se tornaram grandes empresas, que mexem diretamente com a economia do País. Mas que, nem sempre, têm suas finanças demonstradas de forma organizada e transparente. Para muitos, essa gestão é considerada uma caixa-preta. Não é de hoje que o futebol é o esporte mais rentável e, com o passar dos anos, o volume de dinheiro injetado cresceu absurdamente. As formas de se obter receitas se multiplicaram e se renovaram. Os espaços para o anúncio de patrocínios aumentaram. Os novos estádios, na grande maioria, viraram ‘arenas multiuso’ que, além de partidas, comportam shows. Na grande maioria, possuem prédios anexos, com instalações como shoppings, hotéis e centros de convenções. Mesmo os clubes que não aderiram às arenas adaptaram seus estádios à realidade do futebol moderno, e assim como os atuais gigantes do futebol brasileiro, também são acusados por seus torcedores de se elitizarem. A consequência disso é que, nos grandes centros, justamente onde o esporte é mais popular, hoje em dia há poucos estádios, com arquibancadas apenas de concreto, sem assentos, assim como era no passado recente. Olhar marqueteiro Outro ponto bastante visado pelas gestões que estão à frente das maiores marcas (clubes) da área é o do Marketing. A cada ano, este departamento tem se tornado valiosíssimo dentro das entidades, por ser o carro-chefe das arrecadações no futebol. Hoje em dia, os clubes usam essa técnica para aproximar-se dos torcedores e, com isso, alavancar suas receitas. Os investimentos em camisas personalizadas, brindes, promoções e até em Reprodução: BBC Brasil pulares (Flamengo, Corinthians e São Paulo). Atualmente, existe uma espécie de abismo, que separa os clubes que mais ganham da maioria. Esta nova forma de negociação, implantada no futebol brasileiro, deixou descontentes todos os outros clubes, que tiveram o número de jogos de suas respectivas equipes transmitidos em rede reduzidos drasticamente. Isso também fez com que a busca por patrocínios se tornasse ainda mais acirrada e demorada. A maior prova disto é que, até o início deste ano, duas das quatro potências do Estado de São Presidente Dilma Rousseff, membros do Bom Senso FC e políticos na assinatura da MP 671 Paulo (Santos e São Paulo) Reprodução: Câmara Legislativa estão sem patrocínio master (maior cota). A negociação independente das cotas de TV fez com que alguns cartolas cometessem loucuras, antecipando o pagamento destinado aos seus clubes. Uma simples forma de “tapar buracos” financeiros. Resultado: ao invés de suas dívidas diminuírem, aumentaram e hoje as entidades estão absolutamente endividadas. Outra razão para o aumento das dívidas dos clubes são planejamentos sucessivos abortados em plena implementação e Dirigentes da CBF com presidente da Câmara, Eduardo Cunha que geram ano a ano muiprodutos alimentícios au- da. ‘’O Santos tem cerca de trato de cada um, deixou de tas demissões, além de mentaram muito e têm sido sete milhões de torcedores, existir, o que fez com que multas rescisórias. uma das saídas que esses está entre os que têm mais cada clube tivesse que neclubes têm tido para desa- torcida e, mesmo assim, gociar seu próprio contrato. MP 671 Como forma de resolver pertar um pouco o laço que passa dificuldades financeiA expectativa inicial era se encontra em volta da ras. Imagina, então, a gran- a de que essa alternativa essa situação e melhorar a garganta, com o endivida- de maioria, que não chega seria a salvação. Mas, com saúde financeira dos clumento. Alguns como Inter- a ter milhares de torcedo- o passar do tempo, o novo bes, o Governo Federal, nacional, Palmeiras e Grê- res. Como fazem para es- acordo acabou por aumen- por intermédio da medida mio, através de ações de tar em dia com suas contas tar a desigualdade entre os Provisória 671, definiu uma marketing, como comerciais e aos mesmo tempo gerar clubes, pois a TV Globo, renogociação, permitindo televisivos, descontos em capital para se manter fu- principal negociadora dos que os clubes façam o pasupermercados e uma série turamente ? É difícil, né?!”, direitos, entendeu que de- gamento das dívidas sem de opções de lazer, conse- pergunta Alemão. veria pagar o que achasse deixar de obter receitas e inguiram aumentar suas renecessário para cada agre- vestir no futebol. O objetivo ceitas, com o aumento do Cotas de Televisão miação. Isso fez com que maior é fazer com o esporte número de torcedores, que Além das formas mais surgisse um ‘monopólio’ se reerga e o Brasil volte a resolveram se aliar às en- tradicionais de captar recei- entre emissora (TV Globo) figurar entre as maiores potidades e participar de pro- ta, nos anos mais recentes e os três clubes mais po- tências do mundo da bola. gramas de Sócio Torcedor. surgiu um formato novo, O conselheiro e ex-diretor que a princípio os clubes do Santos Futebol Clube, enxergavam como o melhor Alberto Francisco, conheci- jeito de aumentar mais aindo como Alemão reconhe- da os seus ganhos. ce o quanto a receita obtida Eis que surgem as cotas pelo marketing é importan- de transmissão, que são te. Clubes como o Santos, valores negociados e pagos que não têm o programa de por emissoras para os clusócio torcedor como recei- bes de futebol. Com isso, ta, têm maiores dificuldades obtém-se exclusividade nas para diminuir suas dívidas, transmissões das partidas. que aumentam ano a ano. Em 2011 o Clube dos Segundo Alemão, para 13, que era responsável clubes com esse perfil, uma por fazer a mediação entre nova forma de refinanciar clubes, federações e emisas dívidas é muito bem-vin- soras, e por negociar o con-