Untitled - dinâmia`cet-iul - iscte-iul

Transcrição

Untitled - dinâmia`cet-iul - iscte-iul
 1
Habitações para o maior número:
Lisboa, Luanda, Macau
Projecto de Investigação financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT)
PTDC/ATP-AQI/3707/2012
Investigadora Responsável – Ana Vaz Milheiro
INVESTIGADORES
Ana Vaz Milheiro | DINÂMIA'CET-IUL / CIAAM
Bruno Macedo Ferreira | DINÂMIA'CET-IUL
Débora Félix | CIAAM
Filipa Fiúza | DINÂMIA'CET-IUL
Hugo Coelho | Macau
Isabel Martins | Universidade Agostinho Neto
Isabel Guerra | DINÂMIA'CET-IUL
João Cardim | DINÂMIA'CET-IUL
Jorge Figueira | CES | DARQ-UC
José Luís Saldanha | DINÂMIA'CET-IUL / CIAAM
Juliana Guedes | UTANGA
Luís Urbano | FAUP
Mónica Pacheco | DINÂMIA’CET-IUL / CIAAM
Paulo Tormenta Pinto | DINÂMIA'CET-IUL / CIAAM
Rogério Paulo Vieira de Almeida | DINÂMIA'CET-IUL / CIAAM
Rui Leão | DOCOMOMO, Macau
Sandra Marques Pereira | DINÂMIA'CET-IUL
CONSULTORES CIENTÍFICOS
José António Bandeirinha | CES / DARQ-UC, Coimbra
Ângela Mingas | Universidade Lusíada de Angola, Luanda
Monique Eleb | LABORATOIRE ACS Architecture, Culture, Société XIXe-XXIe siècles, Paris
Fernão Lopes Simões de Carvalho | FA-UTL, Lisboa
Manuel Vicente (até 2013) | Dep. Arq.-UAL, Lisboa-Macau
ENTIDADES PARTICIPANTES
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa
DINÂMIA'CET-IUL
IHRU – Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana
AAM – Associação dos Arquitectos de Macau
Proceedings available at: www.http://optimisticsuburbia.wix.com/portuguese
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TEMA DA
Optimistic Suburbia
CONFERÊNCIA Large housing complexes for the middle-class beyond
Europe
A conferência internacional “Optimistic Suburbia” parte da investigação sobre
conjuntos habitacionais nos arredores das cidades de Lisboa, Luanda e Macau.
Durante as últimas décadas de colonização portuguesa, em África e Macau,
estes conjuntos foram instrumentais para a expansão destas cidades, revelando
paralelismos mas também diferenças.
É a partir deste contexto que a
conferência pretende alargar a reflexão sobre estes conjuntos a outras
realidades, equacionando as características multifacetadas de urbanizar em
diversos contextos, tanto geográficos, cronológicos e/ou sociais.
O objectivo é colocar em perspectiva a formação e o padrão de bairros
autónomos, tanto de iniciativa privada quanto de promoção pública, na periferia
das grandes cidades, destinados à classe média, construídos na segunda metade
do século XX. Originalmente isolados, caracterizavam-se por serem constituídos
por edifícios em altura, de desenho e traçado urbano modernos,
progressivamente articulados com a cidade histórica através da construção de
grandes vias, e outras infraestruturas, que acabariam por determinar os seus
limites.
Este modelo surgiu, de uma forma geral, em cidades afectadas pela guerra,
marcando cerca de 40 anos de planeamento urbano convicto das vantagens de
descongestionar os centros históricos, libertando-os das suas condições de vida
degradadas e insalubres. Apostou na racionalização e no desenvolvimento de
metrópoles servidas por sistemas de circulação e de transportes públicos que
ligavam o núcleo histórico denso até aos subúrbios arborizados. Imbuído de
desejos de progresso e aspirações sociais de uma nova cultura e optimismo, foi
igualmente controverso e alvo de críticas.
Apesar da origem inicial do referido modelo se enquadrar no âmbito de uma
cultura arquitectónica de matriz centro-europeia, a sua utilização ocorreu num
tempo alongado e em contextos muito diversos, como África, América do Sul e
Ásia (ao contrário dos Estados Unidos da América, onde nunca vingou face à
força da “American dream house”). Teve como alvo privilegiado a classe média.
Com esta conferência pretende-se reconhecer os pressupostos iniciais do modelo
urbano e residencial proposto para a classe média, descrever e refletir sobre a
diversidade de resultados da sua aplicação, e das diferentes formas de
apropriações ocorridas em contextos geográficos, sociais, cronológicos e
culturais também muito diversos.
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CONFERENCE
THEME
Optimistic Suburbia
Large housing complexes for the middle-class beyond
Europe
The "Optimistic Suburbia" International Conference has its starting point in a
research on large housing complexes in the outskirts of Lisbon, Luanda and
Macau. In the last decades of Portuguese domain in Africa and Macau, these
housing complexes were instrumental for the urban growth, showing similarities
as well as diferences. Drawing from this context the Conference intends to open
the reflection on these complexes on broad realities, showing the multiple features
of urbanizations in several geographical, chronological and social contexts.
The objective is to put into perspective the shaping and the pattern of autonomous
neighbourhoods, both of private and public promotion, on the outskirts of big
cities, for the middle-class and designed in the second half of the twentieth
century. Originally isolated in the orbit of large cities, they were characterized by
a set of high-rise buildings of modern design, which were progressively
articulated with the evolution of the historical city through major roads, which
often ended up determining its limits.
This model, which arose in the interwar period (1918-1939), marked, globally
and in particular in the cities which were most affected by the two major wars,
more than 40 years of an urban planning convinced of the benefits of
decongesting the historic centres – freeing them of degraded and insalubrious
living conditions –, of the rationalization of the city and of the development of
metropolises served by circulatory systems of transportation to wooded suburbs.
Imbued with desires of progress and social aspirations of a new culture and
optimism, this model was also controversial and the target of criticism.
Although the origin of the referred model is located within an architectonic culture
of central European matrix, its use occurred throughout a long time and in very
diverse contexts, such as in Africa, South America and Asia (while in the United
States of America this model never triumphed, facing the strength of the
“American dream house”), with the middle-class as its target.
The objective of this International Conference is that of acknowledging the initial
principles of the model proposed for the middle-class, describing and reflecting on
the diversity of results and on the different ways of appropriation in very diverse
geographical, social, chronological and cultural contexts.
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Programa
20 de Maio
Ed.II
Exposição
Optimistic Suburbia?
The Students’
Perspective
Galeria Hestnes Ferreira
17:30-18:00
Optimistic Suburbia?
The Students’ Perspective
Inauguração
Galeria Hestnes Ferreira
18:00-18:30
Abertura
Optimistic Suburbia
Large housing complexes for the middle-class beyond Europe
Aud. B203
Maria Eduarda Gonçalves
Directora do DINÂMIA’CET – IUL
Abertura
Ricardo Fonseca
Aud. B203
Director da Escola de Tecnologias e Arquitectura - ISTA
Conferência
Inaugural
Aud. B203
Ana Vaz Milheiro
Investigadora Responsável
Habitações para o maior número: Lisboa, Luanda, Macau
18:30-20:00
Manuel Aires Mateus
Aud. B203
5
Programa
Sessões Únicas
21 de Maio
Auditório
Afonso de Barros
Ala Autónoma
9:00-9:30
José António Bandeirinha
[DARQ/FCTUC. Coimbra]
Little boxes on the hill side - Uma leitura pós-colonial do subúrbio angloamericano
9:30-11:00
Habitações para o maior número: Lisboa, Luanda, Macau
Ana Vaz Milheiro, Filipa Fiúza, Rogério Vieira de Almeida, Débora Felix
LLM: a research project story (perspectives and methodology)
Sandra Marques Pereira
Portela: an (almost) incident story of success
Isabel Guerra
The life story of a colonial real state utopia: The Prenda Neighbourhood
in Luanda, 2014
11:30-12:30
Margarida Acciaiuoli de Brito
[FCSH/IHA, Lisboa]
O regime da Propriedade Horizontal e a figura da casa própria
14:00-16:00
Sessões Paralelas – Ver programa
16:15-18:00
Sessões Paralelas – Ver programa
18:30-20:00
Carlos Eduardo Comas
[UFRGS, Porto Alegre]
Optimistic Brasília. The Superquadra Story
6
Programa
Sessões Únicas
22 de Maio
Auditório
Afonso de Barros
Ala Autónoma
9:00-9:30
Rui Leão
[DOCOMOMO Macau]
A Habitação em Macau
9:30-11:00
Habitações para o maior número: Lisboa, Luanda, Macau
Bruno Macedo Ferreira
Área Metropolitana Norte de Lisboa - casos de estudo
Débora Félix
A Habitação Colectiva na Área Metropolitana de Lisboa: o caso do
arquitecto Fernando Silva
José Luís Saldanha
De São Paulo de Luanda a São Paulo de Macau. Fundação e
consolidação de duas cidades quinhentistas no Ultramar Português
Jorge Figueira
Habitar Pós-Moderno: Manuel Vicente em Macau
11:30-12:30
Rui Ramos
[FAUP, Porto]
Casa-crise. Por uma história crítica. A defesa do estado-social
14:00-16:00
Sessões Paralelas – Ver programa
16:15-18:00
Sessões Paralelas – Ver programa
18:00-18:30
Workshops – Inauguração da Exposição
Ed I – Corredor Este – Piso 2
18:30-20:00
Monique Eleb
[LABORATOIRE ACS Architecture, Culture, Société XIXe-XXIe siècles,
Paris]
Grands ensembles pour les classes moyennes des années 50 à 70
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Oradores
20 de Maio
18h30
Auditório
B203
Ed. II
Manuel Aires Mateus
Manuel Aires Mateus nasceu em Lisboa em 1963 e formou-se na Faculdade de Arquitectura
/U.T.L. em 1986. Começou a colaborar com o Arqº Gonçalo Byrne em 1983 e começou a
desenvolver projectos com o seu irmão Francisco em 1988. O atelier Aires Mateus foi nessa
altura constituído pelos dois irmãos apesar de ocupar um espaço dentro do atelier do Arq.
Gonçalo Byrne. A crescente escala de projectos fê-los estabelecer um espaço autónomo para
responder às solicitações de trabalho. Desde essa altura a dimensão e quantidade de
trabalho tem sido prolífica resultando em diversos prémios de arquitectura nacionais e
internacionais. A visibilidade do seu trabalho fez com que fossem convidados para fazer
conferências e lecionar em várias instituições. Entre elas estão a Graduate School of Design
em Harvard, A Accademia de arquitectura de Mendrisío e outras em Portugal. A estrutura
neste momento abrange dois escritórios, ambos em Lisboa, tendo estabelecidas diversas
parcerias com ateliers locais para os projetos internacionais.
Manuel Aires Mateus was born in Lisbon in 1963 and graduated from “Faculdade de
Arquitectura / U.T.L” in 1986. He started collaborating with the Arch. Gonçalo Byrne in
1983 and started developing projects with his brother Francisco in 1988. The office Aires
Mateus was then established independently by the two brothers although it was housed in
Gonçalo Byrne’s studio in the first years. The increasing scale of work made them establish a
larger and autonomous space to fulfil the demands. Since then the scale and the amount of
projects has been prolific, resulting in several national and international awards. The visibility
of their work has made them being invited and accepting lecturing and teaching at several
institutions. Among these are the Graduate School of Design in Harvard, The Accademia di
Architetura in Mendrízio as well as several others in Portugal. The structure right now spans
through two studios both based in Lisbon, having several partnerships with local studios for
international works.
8
Oradores
21 de Maio
09h00
Auditório
Afonso de
Barros
Ala Autónoma
José António Bandeirinha
É arquitecto pela Escola Superior de Belas-Artes do Porto (1983). Exerce profissionalmente e
é Professor Associado com Agregação do Departamento de Arquitectura da Faculdade de
Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, onde se doutorou em 2002 com uma
dissertação intitulada O Processo SAAL e a Arquitectura no 25 de Abril de 1974.
Tomando como referência central a arquitectura e a organização do espaço, tem vindo a
dedicar-se ao estudo de diversos temas — cidade, teatro, cultura.
É investigador do Centro de Estudos Sociais.
Foi Presidente do Conselho de Departamento de Arquitectura da Universidade de Coimbra.
Foi Pró-Reitor para a Cultura da Universidade de Coimbra.
Foi Director do Colégio das Artes da Universidade de Coimbra.
Das suas publicações destacam-se:
⋅ O Processo SAAL Arquitectura e Participação 1974-1976. Porto: Fundação de Serralves,
2014
⋅ Fernando Távora Modernidade Permanente Permanent Modernity. Porto: Casa da
Arquitectura, 2012
⋅ O Processo SAAL e a Arquitectura no 25 de Abril de 1974. Coimbra: Imprensa da
Universidade, 2007
⋅ Quinas Vivas. Memória Descritiva do conflito entre fazer moderno e fazer nacional na
Arquitectura portuguesa dos anos 40. Porto: FAUP Publicações, 1996.
Is an architect, graduated in Escola Superior de Belas-Artes of Porto (1983), associate
professor in Department of Architecture from Science and Technology Faculty of Coimbra
University, where he did a PhD in 2002 entitled The SAAL process and the architecture in
April 25th 1974.
Having as main reference architecture and space organization, he has been devoting his
work to diverse subjects — city, housing, theatre, culture.
He is a senior researcher in Centre of Social Studies, coordinator of Cities, Cultures and
Architecture research group.
He was President of the Department of Architecture of the University of Coimbra and Prorector for Cultural Issues.
He was Director of the College of Arts of the University of Coimbra.
Between others has published:
⋅ O Processo SAAL e a Arquitectura no 25 de Abril de 1974. Coimbra: Imprensa da
Universidade, 2014.
⋅ The SAAL Process Architecture and Participation 1974-1976. Porto: Fundação de Serralves,
2014.
⋅ Fernando Távora Modernidade Permanente Permanent Modernity. Porto: Casa da
Arquitectura, 2012.
⋅ Quinas Vivas. Memória Descritiva do conflito entre fazer moderno e fazer nacional na
Arquitectura portuguesa dos anos 40. Porto: FAUP Publicações, 1996.
9
Oradores
21 de Maio
11h30
Auditório
Afonso de
Barros
Ala Autónoma
Margarida Acciaiuoli de Brito
É Professora Catedrática do Departamento de História da Arte da Faculdade de Ciências
Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. É coordenadora e docente da área
de História da Arte Contemporânea – tendo sido, até à data e entre o ciclo de Mestrado e
o de Doutoramento, responsável pela orientação de 88 teses.
É doutorada em História da Arte Contemporânea (1991) pela FCSH-UNL.
Foi curadora das exposições Almada Negreiros – Exposição Retrospectiva (CAM-FCG,
1984), Amadeo de Souza-Cardoso (Europália - Museu de Arte Moderna de Bruxelas,
1991) e KWY. Paris 1958-1968 (CCB, 2001).
É autora de diversificada bibliografia, tendo, entre outros títulos, publicado:
⋅ Exposições do Estado Novo. 1934-1940, Livros Horizonte, 1998;
⋅ Os Cinemas de Lisboa, Bizâncio, 2012;
⋅ António Ferro – A Vertigem da Palabra, Bizâncio, 2013.
Trabalha actualmente num livro dedicado ao tema A casa comum entre dois terramotos.
Is a Full Professor at the Art History Department of Faculdade de Ciências Sociais e
Humanas of Universidade Nova de Lisboa. She is the coordinator of the Contemporary
Art History section – and has been, between Master and PhD levels, responsible for the
supervision of 88 thesis.
She has a PhD in Contemporary Art (1991) from FCSH-UNL.
She curated the exhibitions Almada Negreiros – Exposição Retrospectiva (CAM-FCG,
1984), Amadeo de Souza-Cardoso (Europália – Museu de Arte Moderna de Bruxelas,
1991) and KWY. Paris 1958-1968 (CCB, 2001).
She is the author of a diverse bibliography, having published, between other titles:
⋅ Exposições do Estado Novo. 1934-1940, Livros Horizonte, 1998;
⋅ Os Cinemas de Lisboa, Bizâncio, 2012;
⋅ António Ferro – A Vertigem da Palabra, Bizâncio, 2013.
Currently Works on a book dedicated to the theme The common house between two
earthquakes.
10
Oradores
21 de Maio
18h30
Auditório
Afonso de
Barros
Ala Autónoma
Carlos Eduardo Comas
Arquiteto formado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1966). Mestre em
Planejamento Urbano e Arquitetura pela University of Pennsylvania (1977) e doutor em Projet
Architectural et Urbain pela Université de Paris VIII (2002). É Professor Titular e foi Coordenador
do Programa de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura (2005-2008), na Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (PROPAR- UFRGS). Coordenador do DOCOMOMO Núcleo- RS
(2005-2007 e 2012) e coordenador geral do DOCOMOMO Brasil de 2008 a 2011.
Representante adjunto da área na CAPES no triénio 2005-2007. Membro do conselho editorial
das revistas Arqtexto (UFRGS), Arcos (ESDI/UERJ), Arquitextos- Vitruvius e Architectural
Research Quarterly (Cambridge University). Membro do CICA (Comité Internacional dos Críticos
de Arquitetura) da União Internacional de Arquitetos. É presentemente curador convidado do
Museu de Arte Moderna de Nova York para a exposição "Latin America in Construction.
Architecture 1955-1980," inaugurada em março de 2015. Tem publicado extensamente sobre a
arquitetura e o urbanismo modernos com ênfase na experiência brasileira, de que se destacam:
⋅ La Casa Moderna Latinoamericana
⋅ Le Corbusier y Suramérica
⋅ Solid states: concrete in transition
⋅ Cruelty and Utopia: landscapes and cities of Latin America
⋅ Transculturation: cities, spaces and architectures of Latin America
⋅ Le Corbusier. An Atlas of Modern Landscapes
⋅ Latin America in construction. Architecture 1966-1980
Architect by the Federal University of Rio Rande do Sul (1966). Master in Urban Planning and
Architecture by the University of Pennsylvania (1977) and PhD in Architectural and Urban
Design by the University of Paris VIII (2002). He is Full Professor and Coordinator of Research
and Post-graduate Studies in Architecture (2005-2008) at the Federal University of Rio Grande
do Sul. Coordinator of DOCOMOMO (RS, Brasil, 2005-2007, and 2012), and DOCOMOMOBrasil (2008-2011).
Deputy representative of CAPES (2005-2007). Member of editorial board of several reviews
(Arqtexto-UFRGS, Arcos -ESDI/UERJ, Arquitextos- Vitruvius e Architectural Research Quarterly Cambridge University. Member of CICA (International Committee of Architectural Critics).
He is the curator exhibition of "Latin America in Construction. Architecture 1955-1980," (2015),
in the MOMA (Museum of Modern Art, New York).
Has published widely, mainly on modern architecture and urbanism in Brasil, amongt which:
⋅ La Casa Moderna Latinoamericana
⋅ Le Corbusier y Suramérica
⋅ Solid states: concrete in transition
⋅ Cruelty and Utopia: landscapes and cities of Latin America
⋅ Transculturation: cities, spaces and architectures of Latin America
⋅ Le Corbusier. An Atlas of Modern Landscapes
⋅ Latin America in construction. Architecture 1966-1980
11
Oradores
22 de Maio
09h00
Auditório
Afonso de
Barros
Ala Autónoma
Rui Leão
Arquitecto com actividade em Macau. Conjuntamente com a sua prática de arquitectura,
é professor convidado na Universidade de Hong Kong (HKU SPACE Architecture), na
Inuvsersidade de Saint Joseph (Macau) e na Universidade de São Paulo (Brasil).
Tem escrito sobre Arquitectura e Design em Macau, e é editor correspondente do Jornal
dos Arquitectos (Ordem dos Arquitectos, Lisboa). De 2001 a 2006 foi editor de AM
(Arquitectura Macau) publicado pela Associação dos Arquitectos de Macau. Recebeu em
2006 a Medalha de Ouro Arcasia de Arquitectura e o Prémio da UNESCO para o
Património da Ásia-Pacífico.
As suas obras de arquitectura, design e planeamento urbano têm sido publicadas
internacionalmente (AD – Architectural Design of London, INTERNI, Arquitectura & Vida) e
patente em exposições no Salone Satellitte (Milan’s Salone del Mobile), Experimenta
Design / Bienal de Lisboa, IDExpo, Concepta, Trienal de Arquitectura (Lisboa), Habitar
Portugal 2005, 10ª Exposição Internacional de Arquitectura da Bienal de Veneza e na 7ª
Bienal Internacional de Arquitectura de São Paulo (Brasil).
Foi membro do Comissão da Arcasia para a Educação em Arquitectura, é Vice-Presidente
do Conselho Internacional dos Arquitectos de Língua Portuguesa, Vice-Presidente da
Associação dois Arquitectos de Macau e membro do Comissão de Planeamento Urbano
do Governo de Macau. Tem em curso investigação de doutoramento em Arquitectura e
Urbanismo no Royal Melbourne Institute of Technology.
Architect located in Macao. In parallel to his Architectural practice he is a visiting professor
at the HKU SPACE Architecture program and a visiting lecturer at USJ and USP (University
of S. Paulo, Brasil). He has writings on Architecture and Design in Macau, and is a
corresponding editor for JA (Jornal dos Arquitectos, Lisbon, OA). From 2001 to 2006 he
was editor of AM (Arquitectura Macau) published by AAM (Macau Architects
Association). He is the recipient of the Arcasia Gold Medal for Architecture 2006, and the
UNESCO Asia-Pacific Heritage Awards. His Architectural Work has been widely published
internationally (AD – Architectural Design of London, INTERNI, Arquitectura & Vida). His
Design, Architecture and Urban Design works have been exhibited in the Salone Satellitte
of Milan’s Salone del Mobile, Experimenta Design / Lisbon Biennale, IDExpo, Concepta,
Trienal de Arquitecura (Lisboa), Habitar Portugal 2005, 10th Mostra Internazionale di
Architectura of the Biennale di Venezia and at the 7th Bienal Internacional de Arquitectura
de São Paulo.
He is a past chairperson of the Arcasia Committee for Architectural Education and is
currently Vice-President of CIALP (International Council of Portuguese Speaking Architects),
Vice-President of the Architects Association of Macau and the nominated member of the
Urban Planning Committee (CPU) of the Macau Government. Currently conducts research
for PhD in the RMIT (Royal Melbourne Institute of Technology) on Architecture and
Urbanism
12
Oradores
22 de Maio
11h30
Auditório
Afonso de
Barros
Ala Autónoma
Rui Ramos
Rui Jorge Garcia Ramos (Alvarães, Viana do Castelo, 1961) é arquitecto e Professor
Associado com Agregação da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP)
onde leciona as unidades curriculares de Projeto, no Mestrado Integrado (MIARQ), e de
Teoria, no Programa de Doutoramento (PDA). Doutorado em Arquitetura (FAUP, 2005).
Investigador do grupo Atlas da Casa no Centro de Estudos de Arquitetura e Urbanismo
(CEAU-FCT) onde coordena diversos projetos.
Tem como principiais áreas de estudo os dispositivos espaciais da casa; a relação entre
sistemas culturais e formas de habitar; a questão identitária e arquitetura na passagem
para o século XX português, sobre os quais tem diversos trabalhos publicados.
É membro do Conselho de Administração da Fundação Arquiteto Marques da Silva
(FIMS), integra o Conselho Científico, é Director do Programa de Doutoramento em
Arquitectura (PDA) da FAUP, e vice-reitor da Universidade do Porto.
Publicou entre outros:
⋅ Leituras de Marques da Silva. Reexaminar a modernidade no início do século XXI:
arquitectura, cidade, historia, sociedade, ciência, cultura. Fundação Instituto Arquitecto
José Marques da Silva, 2011.
⋅ A Casa: Arquitectura e projecto doméstico na primeira metade do século XX portugués.
Porto, 2010.
Rui Jorge Garcia Ramos (1961) is an Architect and Associate Professor with Habilitation
lecturer at the Faculty of Architecture of the University of Porto (FAUP). He is currently
engaged in the Integrated Master’s Degree course (MIARQ) and in the Ph.D. Programme
in Architecture (PDA).
He presented his PhD dissertation in Architecture (2005) with the title «The Bourgeois
Single-Family Dwelling in Portuguese Architecture: change and continuity in the domestic
space in the first half of the 20th century». He is a researcher at the Study Centre of
Architecture and Urbanism (CEAU) in the working group "Atlas da Casa", financed by the
Portuguese Foundation for Science and Technology (FCT). His research interests include:
the house; living spaces and lifestyles; culture and housing; architecture and identity in
20th-century Portugal. He is a regular participant in courses, conferences and workshops,
both in Portugal and abroad.
He is a member of the Governing Board of the Architect José Marques da Silva Foundation
(FIMS) and the Scientific Committee of FAUP and is Director of the PhD Program in
Architecture (PDA) of FAUP, e vice-dean of University of Porto.
Books:
⋅ Leituras de Marques da Silva. Reexaminar a modernidade no início do século XXI:
arquitectura, cidade, historia, sociedade, ciência, cultura. Fundação Instituto Arquitecto
José Marques da Silva, 2011.
⋅ A Casa: Arquitectura e projecto doméstico na primeira metade do século XX português.
Porto, 2010.
13
Oradores
22 de Maio
18h30
Auditório
Afonso de
Barros
Ala Autónoma
Monique Eleb
Psicóloga, doutorada em sociologia e com habilitação para a direcção de investigações (HDR).
Professora na ’École Nationale Supérieure d'Architecture de Paris-Malaquais, onde dirige o
Laboratoire Architecture Culture et Société, XIXe-XXe siècle, de l’UMR/CNRS/MCC.
O seu âmbito de pesquisa é a genealogia da habitação, a análise da concepção
arquitectónica e a sociologia do habitat e dos modos de vida.
Participou em 2010 na 2ª Trienal de Arquitectura de Lisboa, a convite de Ana Vaz Milheiro.
Trabalha actualmente sobre a “Habitabilidade dos territórios” para o Centre National de
Recherche Scientifique, fazendo parte da equipa de MVRDV/ACS/AAF que trabalha sobre a
Grand Paris.
Autora de numerosas publicações sobre a socio-história do habitat e a produção de
arquitectura contemporânea, entre as quais:
⋅ Penser l'habiter. Mardaga, 1988, (with A.-M. Châtelet et T. Mandoul);
⋅ Architectures de la vie privée; maisons et mentalités. XVIIe-XIXe s. AAM, 1989 (with A.
Debarre);
⋅ L'invention de l'habitation moderne : Paris, 1880-1914. AAM/Hazan, 1995, (with A.
Debarre) ;
⋅ Entre voisins. Dispositif architectural et mixité sociale. Edition de l'Epure, 2000 (avec JeanLouis Violeau).
⋅ Vu de l'intérieur. Habiter un immeuble en Ile de France (1945-2010), (co-auteur
⋅ Sabri Bendimérad avec deux articles de Thierry Roze et de Lionel Engrand).
⋅ Entre confort, désir et normes. Le logement contemporain,1995-2010. Mardaga, (avec
Philippe Simon).
⋅ Les 101 mots de l’habitat à l’usage de tous. Ed. Archibooks, 2014.
Psychologist, PhD in Sociology, and entitled to direct researches (HDR).
Professeur at the the Paris-Malaquais School of Architecture, she is director of the Architecture,
Culture et Société research unit (part of UMR/AUSSER, C.N.R.S./MCC).
Her research work focus on genealogy and sociology of housing and on the analysis of
contemporary trends in the architecture of housing.
She participated in the 2nd Lisbon Architecture Triennale 2010 invited by Ana Vaz Milheiro.
She is working now on « L’habitabilité des territoires » for the CNRS with the team of ACS she
run, working on « the Grand Paris » with MVRDV.
Her published work includes:
⋅ Penser l'habiter. Mardaga, 1988, (with A.-M. Châtelet et T. Mandoul);
⋅ Architectures de la vie privée; maisons et mentalités. XVIIe-XIXe s. AAM, 1989 (with A.
Debarre);
⋅ L'invention de l'habitation moderne : Paris, 1880-1914. AAM/Hazan, 1995, (with A.
Debarre);
⋅ Entre voisins. Dispositif architectural et mixité sociale. Edition de l'Epure, 2000 (with JeanLouis Violeau).
⋅ Vu de l'intérieur. Habiter un immeuble en Ile de France (1945-2010). (co-author
⋅ Sabri Bendimérad with articles of Thierry Roze and Lionel Engrand).
⋅ Entre confort, désir et normes. Le logement contemporain,1995-2010. Mardaga (with
Philippe Simon).
⋅ Les 101 mots de l’habitat à l’usage de tous. Ed. Archibooks, 2014.
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Programa
21 de Maio
Auditório Afonso de Barros
Sessão Temática 1
Resgatando a distopia espacial.
Grandes complexos
habitacionais para a classe
média
Sessão 1.1 |
Ana Vaz Milheiro
14.00 – 16.00
Tom Broes – Ghent University, Dept. of Architecture & Urban
Planning, Bélgica
Michiel Dehaene – Ghent University, Dept. of Architecture &
Urban Planning, Bélgica
When the market produced housing for the greatest
numbers: the short-lived optimism of private property
tycoons in post-war Belgium
Tiago Bragança Borges – ISCTE-IUL, Portugal
Ana Vaz Milheiro
DINÂMIA'CET-IUL / CIAAM
Filipa Fiúza
DINÂMIA'CET-IUL
Urban Expansion in Aveiro: the Dr. Álvaro Sampaio
Neighbourhood in the work of Alfredo Ângelo de
Magalhães
Els De Vos – Faculty of Design Sciences, Antuérpia
João Cardim
DINÂMIA'CET-IUL
Bruno Macedo Ferreira
DINÂMIA'CET-IUL
High-Rise Suburbia in Antwerp. An analysis of diverse large
housing complexes
Elisiário Miranda – Universidade do Minho
Este tema tem como objectivo reflectir sobre o papel
destes conjuntos habitacionais no quadro da cultura
arquitectónica e urbana do século XX. Enquanto
modelo urbano, constituem uma síntese de ideias e de
conceitos que desde o século XIX em torno de questões
formais, culturais, sociais e técnicas sobre a cidade tais
como o higienismo e saúde; a cidade-jardim; o direito
à habitação para todos; a cidade do futuro; a cidade
e as novas máquinas (transportes e telefone); as
relações casa-trabalho, as novas técnicas construtivas e
a consciência geral de uma nova situação histórica. O
resultado da confluência de debates, reflexões e
propostas caracterizou-se muitas vezes por edifícios
modernos em altura, rodeados de espaços verdes e
servidos por um traçado viário funcional.
O enquadramento analítico pode variar desde a
análise de casos de estudo, até ao estudo do
fenómeno em âmbitos nacionais ou transnacionais.
Através de enfoques morfológicos, historiográficos ou
mais estritamente conceptuais, pretende-se que as
diversas abordagens possam incluir:
1.1 | Os conceitos e formas que estão presentes nestes
conjuntos habitacionais;
1.2 | Os antecedentes e contextos que levaram à
formulação de modelos de habitação em massa;
1.3 | A forma como o modelo foi utilizado, importado,
exportado e adaptado numa grande multiplicidade de
contextos cronológicos, geográficos e culturais;
1.4 | Os novos conjuntos como campo de experiência
para novos conceitos de habitação e novas técnicas de
construção;
1.5 | O contributo dos mesmos em torno de debates
como a (des)densificação e a cidade compacta;
1.6 | A pertinência do conceito de megaform
(Frampton, 1999) à luz destes projectos; ou, por
oposição, do de megaestrutura.
Programmatic Microcosms: Modern referential buildings
from the urban landscapes of Mozambican colonial cities
Sessão 1.2 |
João Cardim
16.15 – 18.00
Inês Lima Rodrigues – ESTAB-UPC, Barcelona
Urban strategies in Lisbon, Luanda and Macau through
modern “boxes and People Shelves” for many people
Ana Magalhães
The Unité as an unavoidable model: three case studies of
collective housing in Angola and Mozambique
Maria Pommrenke – ISCTE-IUL, Portugal
Habitação lisboeta dos anos de 1950: a obra do
arquitecto Manolo Potier
Gaia Caramellino – Politecnico di Torino, Italia
Cristina Renzoni – IUAV University of Venice, Italia
Negotiating the postwar Italian city. Shaping public spaces
and facilities through housing complexes for the middleclass: 1950s-1970s.
15
Programa
22 de Maio
Auditório Afonso de Barros
Sessão Temática 1
Resgatando a distopia espacial.
Grandes complexos
habitacionais para a classe
média
Ana Vaz Milheiro
DINÂMIA'CET-IUL / CIAAM
Filipa Fiúza
Sessão 1.3 |
Bruno Macedo Ferreira
16.15 – 18.00
Ana Mafalda Soudo Pinheiro – MIA ISCTE-IUL, Portugal
Um Mundo Novo: Transformações na Margem Sul (o
sector industrial como gerador de habitação)
Telma Ribeiro
Da "Barraca" à Casa e da Casa à Cidade. O Programa
Especial de Realojamento em Lisboa (Casos de Estudo)
João Cardim
Da Célula à Cidade: Composição Modular e Planeamento
Urbano na Obra de Justino Morais (1966-1975)
Filipa Serpa – CIAUD-FAUL, Portugal
A habitação como projecto de cidade. Lisboa, os projectos
de promoção pública – 1910|2010
DINÂMIA'CET-IUL
João Cardim
DINÂMIA'CET-IUL
Bruno Macedo Ferreira
DINÂMIA'CET-IUL
16
Programa
21 de Maio
Auditório Silva Leal
Sessão Temática 2
Re-territorialização
metropolitana. A expansão
urbana e os grandes complexos
habitacionais
Paulo Tormenta Pinto
Sessão 2.1 |
Paulo Tormenta Pinto
14.00 – 16.00
Délia Paulo
Luís Cristino da Silva, Nova Oeiras, Portugal (1952- 1967)
João Pedro Caria Lopes – ISCTE-IUL, Portugal
A Mancha, a Linha e o Ponto: A expansão de Lisboa ao
longo da Linha de Sintra
Vitor Mingacho – DINÂMIA’CET-IUL
A ambição de metropolização das cidades médias do
interior Português. O PDM como projecto de cidade: o
caso de Castelo Branco
DINÂMIA'CET-IUL / CIAAM
José Luís Saldanha
DINÂMIA'CET-IUL / CIAAM
Bruno Macedo Ferreira
DINÂMIA'CET-IUL
Bruno Macedo Ferreira – DINÂMIA’CET-IUL
Plano Director da Região de Lisboa, 1964
Sessão 2.2 |
José Luís Saldanha
Os novos bairros modernos implicam uma articulação
territorial com a cidade existente, tendo sido num
primeiro momento entendidos enquanto pólos de
fixação que contribuíam para o crescimento
sustentável das metrópoles. Nas décadas subsequentes
verificam-se fenómenos como a sua absorção pela
cidade e/ou integração numa realidade metropolitana
mais vasta, até à sua renovação face a fenómenos
como as “shrinking cities”. Efectivamente,
contrariamente ao que muitos autores previram
relativamente às consequências urbanas das novas
tecnologias digitais, as cidades não só se mantiveram
como cresceram, muitas vezes com padrões de
densificação altos.
No contexto mais alargado das realidades
metropolitanas e territoriais, estes conjuntos desafiam
noções e conceitos relativamente estabilizados do
ponto de vista disciplinar e sobre os quais importa
reflectir:
16.15 – 18.00
2.1 | A dialéctica entre os modelos central,
policêntrico ou bipolar por oposição à cidade
sectorizada;
2.2 | A organização e controle (social, político,
administrativo) do espaço na (des)agregação de
fragmentos;
2.3 | Os limites e contextos de subúrbio e periferia,
em particular nos casos das megacidades, e a
articulação destas novas realidades territoriais e
metropolitanas;
2.4 | O entendimento da cidade não enquanto
entidade mas enquanto processo;
2.5 | O papel das infra-estruturas viárias (e portanto
do planeamento estratégico de transportes) no
desenvolvimento de modelos urbanos de larga escala,
bem como os seus potenciais e constrangimentos;
2.6 | O modo como as novas realidades territoriais e
metropolitanas do final do século XX e início do século
XXI evoluíram a partir destes modelos.
Jorge Bassani – FAUUSP, São Paulo, Brasil
Rui Leão – DOCOMOMO Macau
Novas propostas habitacionais em Macau: o conjunto Fai
Chi Kei
Juliana Guedes Rodrigues – Univ. Técnica de Angola
Programas nacionais de habitação de Angola. A nova
cidade do Quilamba
Ahmed Abd Elghany Morsy
The urban upgrading projects in Cairo
Through social sustainable perspective
Periferias metropolitanas em São Paulo – territorialização
17
Programa
21 de Maio
Sala AA 229
Sessão Temática 3
Morte e vida dos grandes
complexos habitacionais.
Apropriações, usos e
identidades
Sessão 3.1
14.00 – 16.00
Olivier Boucheron – ENSAPLV/LAA/LAVUE/CNRS, França
Maria Anita Palumbo ENSAPLV/LAA/LAVUE/CNRS, França
In between slabs, the “infraordinary” of Modernity
Jorge Gonçalves – IST, CESUR-Centro de Sistemas Regionais e
Urbanos, Portugal
Da simpliCidade à complexiCidade ou a urgência da
transformação dos complexos habitacionais
Isabel Guerra
DINÂMIA'CET-IUL
Maria Assunção Gato – DINÂMIA’CET- ISCTE/IUL, Portugal
Sandra Marques Pereira
DINÂMIA'CET-IUL
Sessão 3.2
Débora Félix
Investigadora LLM
A partir de meados do século XX, os bairros de
subúrbio tinham como destinatário inicial uma classe
média cuja aspiração era a de uma habitação
moderna e de um novo estilo de vida fora da cidade
tradicional, virado para o futuro e marcado pelo
progresso tecnológico. Muitas vezes descritos,
pejorativamente, pela sua monofuncionalidade
residencial, anonimato e isolamento do espaço
privado – a casa – em relação ao espaço colectivo,
estes bairros originam um conjunto de questões a
partir destes pressupostos:
3.1 | Qual a correspondência entre as propostas
desses modelos habitacionais modernos e os modos de
vida efetivos dos seus habitantes?
3.2 | De que modo a modernidade arquitectónica e o
cosmopolitismo interagiram com aspectos formais e/ou
informais de identidade local e com outros aspectos
mais abrangentes relativos a novas políticas públicas e
novas identidades urbanas?
3.3 | Qual o impacto do espaço físico na estruturação
dos modos de vida e de que modo a diversidade das
sucessivas ocupações se reflectiram na manutenção ou
alteração desses espaços, dada e a sua exposição
posterior a usos e a contextos sociais e culturais muito
diversos?
3.4 | De que modo a construção de bairros em
contextos geográficos não europeus, com ocupações
muito diversificadas na sua origem étnica, religiosa,
social e cultural se relaciona com o seu “sucesso" ou
“insucesso”, quer económico, quer social?
3.5 | Como se verificou a coexistência entre o
cosmopolitismo inicial destes bairros com elementos de
pertença local, e a emergência de fenómenos
identitários, de indiferença ou anonimato?
Parque das Nações - a selective large housing complex?
21/5/2015, 16.15 – 18.00 | Sala AA 229
Diego Beja Inglez de Souza – Univ. Católica de Pernambuco
(UNICAP), BR
Tumulto no conjunto: Habitação, utopia e urbanização nos
limites de duas metrópoles contemporâneas, São Paulo /
Paris (1960-2010)
Marta Santos – GEBALIS, Portugal
Dialéctica espacial na promoção pública de habitação: o
factor dimensão de bairro na satisfação residencial
Roberto Vanacore – Univ. of Salerno, Dept. of Civil Eng., Itália
Felice De Silva – Univ. of Salerno, Dept. of Civil Eng., Itália
Open spaces and design of public residential settlements of
the late twentieth century
18
Programa
Sessão 4.1 |
22 de Maio
Auditório Afonso de Barros
Bruno Parente – DATMC ISCTE-IUL, Portugal
Sessão Temática 4
Rute Figueiredo
14.00 – 16.00
Quando o modernismo chegou à “Arquitectura” – a
divulgação de dois casos de habitação colectiva em
Alvalade
O problema da habitação na
imprensa periódica de
arquitectura: manifesto, crítica e
divulgação
Rui Seco – Universidade de Coimbra
Rute Figueiredo
Luciane Scottá – FAUP
ETH Zurich / D-ARCH/gta
Margarida Brito Alves
FCSH/IHA
Rogério Vieira de Almeida
DINÂMIA'CET-IUL / CIAAM
As publicações de arquitectura desempenharam um
papel fundamental quer na abertura do debate em
torno do problema da habitação, quer na divulgação
de modelos e tipologias habitacionais. Com efeito,
apesar da sua utilização generalizada ter ocorrido
depois da Segunda Guerra Mundial, já na década de
1930 os Grands Ensembles faziam o seu aparecimento
na imprensa periódica da especialidade (L’Architecture
d’Aujourd’hui, vol. 1, no. 6, Junho 1935), passando a
ser um tema recorrente nas décadas subsequentes.
Procura-se, assim, reflectir sobre as diferentes formas
de que se revestiu a presença desse modelo na
imprensa periódica. De um modo geral, pretende-se
discutir:
Portugal, antes de zero
João Silva – Portugal
Publi/cidades: uma leitura do problema da habitação a
partir da divulgação publicitária
A habitação moderna no livro-catálogo Brazil Build:
Architecture New and Old; 1652-1942
Daniela Simões – Instituto de História da Arte, FCSH–
Universidade Nova de Lisboa, Portugal
A questão da habitação na revista Binário
4.1 | Em que medida a presença destes conjuntos nos
periódicos de arquitectura contribuiu para a discussão
e utilização dos mesmos?
4.2 | Que protagonistas foram difundidos e qual a
expressão dessa difusão?
4.3 | Que tipo de análise e discussão crítica é possível
detectar?
4.4 | Que discursos predominantes – de aceitação,
rejeição ou crítica – se formaram a partir da presença
destes conjuntos nas publicações periódicas de
arquitectura?
4.5 | Até que ponto estas publicações se constituem
actualmente como matéria de reflexão sobre a
habitação?
19
Programa
22 de Maio
Sala AA 229 (Ala Autónoma)
Sessão Temática 5
Para além do modelo.
Deslocamentos conceptuais
Mónica Pacheco
DINÂMIA'CET-IUL / CIAAM
Ana Vaz Milheiro
DINÂMIA'CET-IUL / CIAAM
Rogério Vieira de Almeida
DINÂMIA'CET-IUL / CIAAM
Os conjuntos habitacionais tiveram ao longo de várias
décadas uma situação diversa relativamente à sua
produção. Panaceia inicial para os problemas de
habitação e resposta ao sonho de uma classe média
em ascensão, foram adoptados por parte de
promotores públicos e privados: Ao mesmo tempo alvo
de críticas, e proibição legislativa (França, 1973), mais
recentemente foram considerados como património a
salvaguardar (Faut-il protéger les Grands Ensembles?,
Ministère de la Culture, DAPA, 2007). Finda a época
vitoriana e a redefinição do espaço interior que
alastrou um pouco a toda a Europa e findo também o
período mais conturbado de realojamentos de larga
escala, o tema da habitação perdeu de certa forma o
seu elã inicial. É eventualmente a partir dos grandes
promotores privados que se desenvolvem alguns dos
modelos mais interessantes para uma classe média
com novas aspirações, síntese de quase um século de
investigação sobre a habitação. Por outro lado, o
facto de esta ser uma classe que se movia de carro
para o trabalho alterou também, de algum modo, a
configuração do espaço público e do entendimento
sobre este. Enquanto alguns exemplos reinterpretaram
o conceito de Clarence Perry de Unidade de
Vizinhança, outros constituíram-se como autênticos
bairros dormitório. No âmbito deste tema pretende-se
entender:
5.1 | Se de um ponto de vista tipológico existe, ou
não, correspondência entre uma determinada ideia de
urbanidade inerente ao modelo na definição da
domesticidade actual?
5.2 | Que modos de vida urbana, social e individual
propõe este modelo e de que forma se reflectem no
desenho do espaço público/colectivo e do espaço
mais íntimo da “casa”?
5.3 | De que forma determinados contextos, quando
confrontados com este modelo, o transformaram numa
cidade satélite, numa “unidade de vizinhança” ou
simplesmente num bairro dormitório?
5.4 | Que transformações implicaram as diferenças
entre os contextos locais, climatéricos, culturais,
sociais, ou até mesmo as diferentes estruturas
familiares, na implementação deste modelo?
5.5 | De que modo o estudo e análise destes modelos
arquitectónico-urbanísticos se reflectem na produção?
5.6 | De que forma a diversidade de promotores
(privados e públicos) interroga o impacto de um
modelo habitacional “universalista”, centrado numa
cultura moderna e ocidentalizada, e na emergência de
posições mais abrangentes de afirmação e combate
sobre o urbanismo e arquitectura da habitação da
classe média?
Sessão 5.1 |
Mónica Pacheco
14.00 – 16.00
David Peleman – Dept of Architecture and Urban Planning Faculty
of Engineering and Architecture GHENT UNIVERSITY, Bélgica
Urbanization without a model. Searching for an urban
project for the Belgian territory
Ricardo Camacho – Dar al-Athar al-Islamiyyah, Arabian Gulf
Street, Kuwait City, Kuwait
Kuwait experimental housing, from land use policies to
social display
António Carvalho – Universidade Católica Portuguesa,
Universidade da Beira Interior, Portugal
Alvalade neighbourhood: towards an optimist ageing in
place
Rodrigo Coelho – CEAU-FAUP, Portugal
O espaço público como suporte da expansão da cidade:
modelos, antecedentes, experiências recentes
Inês Lima Rodrigues – ESTAB-UPC, Espanha
Around the Form of Portuguese Modern Housing in the
Lisbon-Luanda-Macau triangle
20
Programa
22 de Maio
Auditório Silva Leal
Sessão Temática 6
Outside looking in. Visões do
outro − arte, literatura, cinema
e música
Jorge Figueira
CES / DARQ, Coimbra
José Luís Saldanha
Sessão 6.1 |
Alexandra Areia | Luís Urbano
14.00 – 16.00 | Auditório Silva Leal
Alessandra Como – Univ. of Salerno, Itália
Luisa Smeragliuolo Perrotta, Univ. of Salerno, Itália
Crossing Stories for an Interpretation of Modernity
Fabrícia Maria Silva Valente – Universidade de Évora, Portugal
Lisboa mapeada por sons pós-modernos
João Rosmaninho – Escola de Arquitectura da Universidade do
Minho, Portugal
The Portela Story: uma margem à margem de Lisboa
Maximina Almeida – DINÂMIA’CET - IUL, Portugal
Provocação excêntrica em NO PLACE LIKE
DINÂMIA'CET-IUL / CIAAM
Luís Urbano
Sessão 6.2 |
FAUP
Jorge Figueira
Alexandra Areia
16.15 – 18.00
DINÂMIA'CET-IUL
António Olaio – Darq FCTUC, Coimbra, Portugal
Os bairros modernos de subúrbio constituíram desde
cedo uma realidade social e icónica, fonte de atracção
para vários campos de produção artística. Como
centro problemático de acção e/ou representação ou
cenário presente, o subúrbio moderno está presente
em inúmeros meios de expressão cultural como a
pintura, a produção cinematográfica, a literatura e a
música, revelando uma multiplicidade de significados e
perspectivas. É sobre a diversidade de olhares que a
produção cultural desenvolveu que se pretende
reflectir, privilegiando as perspectivas cruzadas,
designadamente:
6.1 | De que modo particular foram utilizados os
meios artísticos como veículos críticos?
6.2 | De que modos contribuíram as artes para a
construção de um determinado imagético urbano?
6.3 | Como é que o meio artístico representou estes
lugares, contribuindo para a forma como a cidade é
agora imaginada e/ou (re)lembrada?
6.4 | Qual o papel da produção artística, que espelha
esta realidade, na definição da cultura arquitectónica
e urbana contemporânea?
6.5 | Como é que a multiplicidade de significados que
estes meios podem sobrepor contribuíram para a ideia
actual de classe média e suas aspirações?
O individuo enquanto acontecimento urbano
Bruno Gil – Darq FCTUC, Coimbra, Portugal
Em contraciclo com a realidade. Desarmonias projectuais e
expositivas do subúrbio americano
Margarida Brito Alves – FCSH – Universidade Nova de Lisboa
On Tract Houses, Temporary Constructions and Vacant
Lots. Suburbia and Contemporary Art
Leonor Matos Silva – DINÂMIA’CET-IUL
Tempos de optimismo. Expressões sobre a cidade da
Escola de Belas-Artes de Lisboa no pós-25 de Abril
21
Programa
Sessão 7.1 |
22 de Maio
Sala AA 229 (Ala Autónoma)
Katila Godinho Vilar – Universidad del Bio-Bio, Chile
Sessão Temática 7
Habitação e cidade: tema
aberto
Ana Vaz Milheiro
DINÂMIA'CET-IUL / CIAAM
Filipa Fiúza
DINÂMIA'CET-IUL
Rogério Vieira de Almeida
DINÂMIA'CET-IUL / CIAAM
Rogério Vieira de Almeida
16.15 – 18.00
Desenho Urbano e Capital Social em assentamentos
precários
Rita Patinha Pereira Dias – MIA ISCTE-IUL, Portugal
Arquitectura Residencial Mineira. Aljustrel 1898-1993
João Rafael Santos – CIAUD-FAUL, Portugal
Lisbon suburbia: entre a rotura infraestrutural e a produção
de um tecido metropolitano conectivo
Ana Silva Fernandes | Augusto Nascimento
Dream cities’ in africa: polemics around expu gongá, the
‘new city of São Tomé’
22
Abstracts
Sessão 1.1
Autores:
Tom Broes
Michiel Dehaene
W hen the market produced housing for the greatest numbers: the short-lived
optimism of private property tycoons in post-war Belgium.
When the market produced housing for the greatest numbers: the short-lived optimism of private
property tycoons in post-war Belgium.
In the Belgian context, the production of Public Mass housing remained limited in scope. Apart
from a few well published examples Cité Moderne (Braem), Kiel (Braem), Luchtbal (Van Kuyck),
Cité de Droixhe (Groupe EGAU), Belgian housing policies focused on the promotion and
construction of private homeownership. Mass housing in Belgium took the form of the massive
production of private houses, constituting a sprawled urban landscape that has been described as
the ‘banlieue radieuse’. Less studied is the short lived but quantitatively significant private
production of large scale high-rise apartments. This paper studies the close relationship between
the production of these very different forms of ‘mass housing’: low- and high rise, inner-city and
suburban. While the public policy context is rather well known (De Meulder et al., 1999; Van
Herck et al., 2006; Devos, 2008; De Caigny, 2010; Smets, 1977; Grosjean, 2010), the private
developers that produced this landscape have hardly been studied. This paper studies major
players (Amelinckx n.v., Etrimo n.v., Extensa n.v., Van Kerkhove & Gilson n.v.,…) and the
architectural and development models through which they managed to create and capture a vast
market of commodified housing. Through the detailed reconstruction of large scale commercial
development schemes in Antwerp and Brussels, the paper describes the optimism of these
mavericks of the Belgian property boom and recollects the radiant suburban promise they
delivered.
The underrepresented history of these property tycoons leads back to the inter-war period.
Somewhat surprisingly, an emerging real estate business reached out to the public sector, aiming
to install a joint practice of property and urban development, exploring working methods that
easily transcend today’s forms of public private partnership. Moreover, this modus operandi was
fueled with a 1938 law that allowed private development companies to accumulate individual
savers’ capital. As such, the middle-class masses were openly invited to actively co-produce their
own daily environment in the Belgian suburbs. History has proven these ambitions to be far too
optimistic. Looking back at it now, these property tycoons seem to have been waiting for a political
context and a public that never catered to their entrepreneurial ambitions.
In the post-war period, the developers radically changed tactics, swaying from optimistic coproduction to commercial opportunism. Lacking a thorough governmental framework, they started
to develop their own spatial policies. This privatization of the real estate sector inspired tycoons
such as Jean-Florian Collin (Etrimo n.v.) and François Amelinckx (Amelinckx n.v.) to become the
founding fathers of professional organizations such as the U.P.C.L. (1957, Union professionnelle
des créateurs de lotissements et de logements) and the U.E.C.L. (1958, Union Européenne des
Constructeurs de Logements / secteur privé). Such an international turn was a logical next step in
the sequence of earlier evolutions in the liberal Europe of the fifties (with the unified European coal
and steel market in 1951, the establishment of the European Economic Community in 1957 as main
examples). This ongoing professionalization and de-contextualization led to an extreme abstraction
of their modus operandi, both in terms of architecture and urbanization and increasingly left
private property development at odds with social housing policy.
Although these property tycoons seem to have had little difficulty in luring in the middle classes and
in persuading local political boards, today it becomes clear that the premises with which they sold
the suburban dream were in most cases imbued with a thin instantaneous optimism that appeared
to be too volatile and unilateral to keep up with today’s totalizing and multiple logics of
urbanization. While their activities are mostly remembered for the trauma of their bankruptcy
affecting many private investors, this paper will highlight the collective failure to embed these large
scale endeavors within enduring and intelligent (public) urban development strategies.
23
Abstracts
Sessão 1.1
Autor:
Tiago Bragança
Urban Expansion in Aveiro: the Dr. Álvaro Sampaio Neighbourhood in the work of
Alfredo Ângelo de M agalhães
Partindo do estudo das dinâmicas de crescimento e expansão da cidade de Aveiro, este ensaio
pretende enquadrar a obra do arquitecto portuense Alfredo Ângelo de Magalhães (1919 –
1988), com raízes aveirenses, no desenvolvimento e consolidação do tecido urbano da cidade.
Alfredo Magalhães iniciou a sua carreira em 1943, com o projecto turístico do pinhal de Ofir
(Fão, Esposende), tendo feito, durante o seu percurso profissional, um significativo número de
edifícios ligados ao turismo, provenientes não só da encomenda de grupos hoteleiros, mas
também de famílias pertencentes à emergente burguesia industrial. A obra deste arquitecto, ainda
em inventariação e estudo, constitui-se por um grande números de projectos de desenvolvimento
turístico, desde complexos turísticos de grande escala (Complexo Hoteleiro da Restinga de Ofir,
Ofir 1968) a moradias unifamiliares de programa reduzido (casa Alfredo Ângelo de Magalhães,
Ofir 1943), bem como por projectos de programas residenciais unifamiliares (casa António
Pereira do Vilar, Ofir 1956) ou industriais (fábrica de lanifícios em Arrancada do Vouga)
A encomenda privada de moradias unifamiliares a Alfredo Magalhães está, na sua maioria,
associada ao desenvolvimento da indústria que se registou em Portugal nos anos subsequentes à
Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945). A encomenda privada de projectos residenciais, feita
por uma classe média em crescimento, ligada sobretudo à industria e comércio a retalho, traduziuse urbanisticamente na expansão dos centros urbanos.
Os planos urbanísticos iniciados pelo Estado Novo (1933 – 1974) com vista ao ordenamento do
território, constituíram-se não só em “melhoramentos” de determinados aglomerados urbanos, mas
também em planos de expansão de cidades. Estes planos visaram controlar o sentido de
crescimento dos centros urbanos mais desenvolvidos, ancorando-se, na generalidade dos casos, a
equipamentos públicos, como por exemplo, numa primeira fase, as estações de caminhos de ferro
e mais tardiamente os liceus.
Inseridos nos planos de expansão dos centros urbanos, estes equipamentos constituíram-se como
elementos de referência urbana, nomeando estas áreas, como se verifica no caso de Aveiro, onde
a zona de expansão Sudeste, o bairro Dr. Álvaro Sampaio, corresponde, na cidade, ao “Bairro
do Liceu”. A ocupação desta área de crescimento da cidade constituiu-se, numa fase inicial, por
moradias unifamiliares, isoladas ou em banda, e blocos plurifamiliares de dois e três pisos, sendo
o carácter do bairro de acentuado cariz residencial.
O bloco residencial, encomendado por José Pereira Zagalo, que Alfredo Ângelo de Magalhães
projectou em 1958 para esta área da cidade destaca-se pelo facto de se encontrar implantado
por forma a definir toda a frente do quarteirão sem, no entanto estar adossado às construções
adjacentes, de menor escala. Com um programa residencial e de comércio – localizado no
extremo noroeste, em contacto com o tecido urbano preexistente – este bloco possui uma rua de
serviço, afecta apenas aos moradores, à qual estão associadas as circulações, exteriores, e as
zonas de serviço de cada um dos três pisos.
Interessa perceber que importância teve este bloco de habitação e comércio, na definição do
desenvolvimento residencial, que posteriormente se registou e que definiu uma significativa área
de expansão da cidade de Aveiro.
24
Abstracts
Sessão 1.1
High-Rise Suburbia in Antwerp
An analysis of diverse large housing complexes
In the postwar period, there was a serious housing shortage in Belgium, as well as in the rest of
Europe. Although the majority of the surrounding countries fully choose for high-rise buildings in
order to solve the housing need, that was not the case in Belgium. The Christian-Democrats who
dominated the political landscape, argued for free standing single family homes on the
countryside, their electoral territory. The social-democrats on the other hand, promoted high-rise
buildings and large housing complexes in urban areas where the employment rate was high.
In Antwerp, where the social-democrats were in power since the second World War and even
before, high-rise housing was seen as a good solution. In a belt around the city, mixed
development estates with high-rises were developed. In the North of Antwerp, the Luchtbal-estate
of Hugo Van Kuyck (1954-1962) emerged, at the left bank in the West Europark designed by
Aelbrecht, Bruynswijck, Moureau and Wathelet (1968-1972), and in the South the Kiel-estate
designed by Renaat Braem (1953). Although all the four complexes are modernist projects, they
completely differ in concept, architectural quality, degree of detailing, etcetera. While the oldest
estate, the Kiel-estate is appreciated as a very prestigious, avant-garde social housing project, the
youngest one, Europark, is rather seen as a watered down version of modernist housing. And
while Renaat Braem was inspired by the Russian Constructivists and Le Corbusier, Hugo Van Kuyck
was influenced by American modernism. The layout of the apartments was clearly influenced by
the modernist movement. For example, all apartments contain a small laboratory kitchen in line
with modernist ideas of the rationalization of the household. However, the size and the plans of the
apartments in the various complexes differed considerable.
In terms of population, a quite parallel evolution took place in all complexes. While the housing
complexes were initially seen as a symbol of progress and modernity, nowadays they are
stigmatized as places of marginality and associated with criminality, illegal dumping and migrants.
Initially, middle and lower middle class people inhabited the complexes. However, in the seventies,
the majority of the initial population left; the newcomers mainly belong to a very social vulnerable
class of society.
The aim of this paper is to show the diversity of modernist high rise buildings in the fringe of
Antwerp. By a comparative analysis, a broad range of modernist high rises and the different
concepts that lay at its design, will be revealed. In order to trace back their very roots, some trips
to the interwar period will be made.
Autor:
Els De Vos
25
Abstracts
Sessão 1.1
Programmatic M icrocosms: M odern referential buildings from the urban landscapes
of M ozambican colonial cities
O investimento do governo central e provincial no desenvolvimento infraestrutural de
Moçambique, que assumiu maior dimensão no período entre o final da II Guerra Mundial e o
eclodir da guerra colonial ou de libertação, conduziu a um acréscimo na programação e
construção de edifícios de equipamento coletivo destinados a colmatar as lacunas existentes e
acompanhar o contínuo crescimento populacional.
O que confere homogeneidade a estas arquiteturas de grande escala não reside na natureza
oficial ou privada da sua encomenda e produção ou na especificidade do seu programa, mas
antes na formação e prática dos seus autores nos princípios, métodos e linguagens da arquitetura
do Movimento Moderno. Mas é igualmente garante desta identidade a liberdade permitida pelas
estruturas oficiais e pelos clientes particulares para aplicação de uma nova linguagem, bem como
a sua adequação às condicionantes programáticas, económicas, climáticas, tecnológicas e
produtivas de um território em acelerada expansão, e ao icónico papel urbano que quase sempre
desempenharam.
Ao longo desta comunicação serão observados dois exemplos de edifícios de grande dimensão e
complexidade, a filial do Banco Nacional Ultramarino, em Lourenço Marques, atual Maputo, e o
Complexo Comercial, Turístico e Habitacional Montegiro, em Quelimane. À época da sua
edificação ambos constituíram microcosmos programáticos que incorporaram espaços de uso
coletivo e espaços habitacionais privados, atuaram como elementos referenciais no continuum
espacial das paisagens urbanas nas quais se inscreveram, e simbolizaram os valores de
progresso, modernidade e permanência proclamados pelo regime do Estado Novo e expressos
pelas sociedades coloniais locais.
Autor:
Elisiário
Miranda
26
Abstracts
Sessão 1.2
Urban strategies in Lisbon, Luanda and M acau through modern “boxes and People
Shelves” for many people
Esta apresentação pretende abordar os antecedentes e os legados da habitação coletiva
moderna, através de experiências realizadas em Lisboa, Luanda e Macau. O fio condutor é
justamente a cultura arquitetónica portuguesa e a utopia do Movimento Moderno transformada
em realidade através do habitar coletivo à escala da cidade.
Com o epicentro na Europa, os princípios modernos foram implantados tardiamente em Portugal,
e projetaram-se em Angola e Macau quando já não era esperado pela crítica internacional. A
partir de 1950 assistiu-se ao protagonismo do bloco de apartamentos como interveniente no
processo de construção da cidade, integrado em amplos espaços verdes e numa estrutura viária
eficaz. Influenciada por Le Corbusier e pela arquitectura moderna brasileira, a primeira geração
moderna portuguesa movia-se entre os ideais dos CIAM. Reconhecemos a supremacia da forma
linear que prevalecerá na ordem do traçado urbano e no triunfo de muitos conjuntos
habitacionais. Em Lisboa, são exemplo: os vários casos da avenida EUA e o conjunto Montepio na
avenida Brasil em Alvalade, as propostas de Martins e Melo e a Unité de Abel Manta nos Olivais
ou o conjunto da avenida Infante Santo.
Na década de 60, os fundamentos modernos e a influência brasileira foram perdendo o seu
protagonismo em Portugal continental e em simultâneo, foram projetados com pujança nos
contextos tropicais. Luanda foi transformada num laboratório urbano de experimentação da
modernidade ocidental, que se refletiu quer em visões globais de transformação urbana e
territorial, quer em séries de obras isoladas e dispersas pela cidade. Evidenciamos as Unidades de
Vizinhança de Simões de Carvalho à luz da Carta de Atenas e da regra das 7V de Le Corbusier
ou os edifícios isolados de Vieira da Costa, Pereira da Costa, entre outros. Traçamos o percurso
do edifício em Torre, desde as experiências de Pereira e Portas no bairro Olivais às torres
macaenses do Leal Senado de Ramalho e do projeto-tipo de Vicente como um modelo a ser
aplicado em diferentes pontos de Macau e ainda em Luanda.
São respostas que não se esgotam e que apareceram em décadas e lugares distintos para fazer
cidade dentro e fora do tecido urbano consolidado, como forma de extensão, ou para facilitar
operações de descentralização.
Destacamos a modernidade dos programas residenciais a nível arquitetónico, urbano e social,
mas também a investigação formal e tecnológica que a fundamentou. Valorizam-se espaços
ajardinados coletivos, desenvolvem-se sistemas entre universalidade e a adaptação, a
funcionalidade e a economia, a veracidade dos materiais e a sinceridade da estrutura. Estes
projetos, suscetíveis de ser entendidos como modelos gerais, têm implícitos na sua proposta
urbano-arquitectónica elementos de análise e de racionalidade num contexto particular. A clareza
das fórmulas compositivas, sistemas de ordem e uso que se traduzem numa determinada estrutura
viária, na organização dos bairros residenciais e na forma de incluir os espaços verdes.
Autora:
Inês Lima
27
Abstracts
Sessão 1.2
The Unité as an unavoidable model: three case studies of collective housing in
Angola and M ozambique
O projecto da Unidade de Habitação de Marselha, desenhada por Le Corbusier entre 1945 e
1952, contribuiu de modo significativo e universal para a definição das tipologias de habitação
colectiva no segundo pós-guerra. A “Unité d’habitation de grandeur conforme”, desenvolvida
como um protótipo que reequaciona a dimensão funcionalista através da expressão-manifesto da
casa como máquina de habitar, permitirá uma experimentação alargada no estudo do alojamento
para as massas, pesquisando novas formas de conjugação e de organização interna dos fogos,
esquemas de circulação ou de hierarquização dos espaços.
O modelo da Unidade de Habitação, bloco misto e repetível, será explorado exaustivamente, não
apenas na reconstrução europeia do período pós-guerra, mas também noutros territórios e
geografias, procurando adaptar-se a diferentes climas, culturas ou contextos sociais.
Nas cidades de Angola e Moçambique, antigas colónias portuguesas, a doutrina e a obra de Le
Corbusier têm um especial impacto na produção arquitectónica das décadas de 50 e 60,
especialmente na obra de encomenda privada. Embora o modelo urbano predominante nas
principais cidades africanas de colonização portuguesa se caracterize por um modelo de cidade
sectorizada de desenho inspirado na Cidade- jardim assente numa composição radial e axial, de
avenidas largas e extensas áreas residenciais de baixa densidade que privilegiam a habitação
unifamiliar, observam-se, pontualmente, e especialmente em Luanda ou Maputo, alguns planos de
pormenor que se enquadram conceptual e formalmente em modelos urbanos desenvolvidos a
partir da Carta de Atenas e que fomentam a construção de unidades de habitação colectiva.
Estes edifícios de habitação, dirigidos a uma burguesia colonial urbana, são projectados a partir
do final da década de 50 e marcam significativamente as maiores cidades de Angola e
Moçambique durante a década de 60. Embora de dimensão muito inferior à Unidade de
Habitação de Marselha, são blocos mistos de habitação, serviços e comércio, que partem das
premissas do modelo de referência e ensaiam novas tipologias habitacionais adequadas a um
clima tropical.
Em Maputo, o edifício Tonelli (1954-1958), projectado por Pancho Miranda Guedes (1925-), o
edifício do Montepio de Moçambique (1955-1960), de Alberto Soeiro (1917-?), ou no Lobito, o
edifício Universal (1957-1961), desenhado por Francisco Castro Rodrigues (1920-2015), são
casos exemplares da interpretação do protótipo corbusiano. A circulação em galeria periférica
exterior, a composição hábil da estrutura de conjugação das células de habitação e o sentido
racional da organização interna dos fogos são denominadores comuns aos três projectos e
reflectem não apenas uma adequada às características climáticas mas também o desejo de
modernização da sociedade colonial.
Estas obras, herdeiras da Unité e das premissas modernas, são, no entanto, exemplos tardios,
desenvolvidos entre o final da década de 50 e ao longo da década de 60, no momento em que,
na Europa, os arquitectos ganhavam uma consciência crítica relativamente às posições dogmáticas
do Movimento Moderno.
Autora:
Ana
Magalhães
28
Abstracts
Lisbon housing from the 1950s: the work of the architect M anolo Potier
Sessão 1.2
Embora pouco conhecido, Manolo Gonzalez Potier (1922) “o arquitecto violinista” tem um
significativo contributo na construção do território lisboeta nos anos 50 do seculo XX e luandense
nas décadas de 60 e 70. Em Lisboa, em parceria com o José Lima Franco, constrói em dez anos
cerca de 110 edifícios, sendo assim com outros contemporâneos desta altura contribuiu
seguramente para a dinâmica e crescimento urbanístico da capital portuguesa depois da segunda
guerra mundial. A considerável produção arquitectónica, principalmente habitação privada marca
bairros, ruas e quarteirões inteiros entre eles a Rua Dr. Gama Barros no bairro Alvalade e uma
grande parte dos prédios na Rua João do Nascimento Costa no bairro da Picheleira. Em geral
trata-se de uma construção simples com uma planta que corresponde aos mínimos de
comodidades de saúde e higiene, isto é, habitação económica para uma “nova” classe media.
Falamos maioritariamente de uma arquitectura de continuidade que procura um compromisso
entre um estilo tradicionalista e uma arquitectura mais moderna.
Mas é o conjunto de três edifícios no lote definido pela Avenida Fontes Pereira de Mello, pela
Avenida Sidónio Pais e pela Avenida Augusto Aguiar que marcou a arquitectura dos anos 50 na
capital. A dupla Potier/Lima Franco é responsável por um momento inovador com a
“configuração do prédio de rendimento, encarado como grande conjunto de unidades de
habitação ou trabalho” em pleno centro de lisboa. Os apartamentos em bateria de habitação
multifamiliar são facilmente transformável em escritório expansível, casa temporária unipessoal ou
até num aparthotel. Os arquitectos renovaram a imagem arquitectónica no arranque das avenidas
novas junto ao Parque Eduardo sétimo com uma estética mais modernista, anteriormente
caracterizado por projectos do estilo ”portuguese suave” e a introdução funcional de uma grande
flexibilidade programática. Segundo Ana Tostões este projecto de 1955 reflecte a postura da
C.M.L perante uma arquitectura moderna, encerrando definitivamente a questão da “procura do
estilo lisboeta” .
E é este projecto que Potier, anos depois de ter deixado Lisboa em 1959 para trabalhar em
Angola, mantem na memória e concretiza de forma semelhante quanto ao conceito e a
configuração contudo agora na antiga Avenida dos Combatentes em luanda. A arquitecto
pertence com as suas obras em Angola a geração de arquitectos portugueses que levaram a lição
da arquitectura moderna para o universo colonial português na segunda metade do século XX,
marcando desta forma a arquitectura moderna tropical. Manolo Potier volta para Lisboa em
1975, altura em que se torna violinista de profissão principal ainda hoje tocando uma vez por
semana no Palácio Estoril.
Autora:
Maria
Pommrenke
29
Abstracts
Sessão 1.2
Negotiating the postwar Italian city. Shaping public spaces and facilities through
housing complexes for the middle-class: 1950s-1970s.
Urban public facilities embrace a range of spaces, diverse in terms of dimension and use, shaped
and produced through a variety of different policies, as well as through the encounter between a
plurality of actors and initiatives (private, public, semi-public…).
This paper observes the patchwork of fragmented collective spaces and public facilities shaped in
the Italian cities between the 1950s and the 1970s, as the result of processes of negotiation
between public institutions, private developers and stakeholders, in relation to the construction of
residential buildings and large-scale housing complexes devoted to the middle-class. Our
contribution deals with medium and small-sized public spaces/facilities as the typical outcome of
the building process that marked the construction of the Italian cities between the 1950s and
1970s. From the scale of the playground – originated close to the “condominio” – to the mediumsized public park at the edge of the new residential sectors, from the neighborhood’s kindergartens
and primary schools, to the community’s and sport centers, the analysis of a number of case studies
help to revise some interpretative assumptions and consolidated rhetoric on the construction of
post-war Italian cities.
As part of an ongoing research on the Italian middle-class housing, this paper aims at contributing
to the construction of a more nuanced narrative of the forms and the phases of the urban growth in
Italy since WWII. Facilities and housing have mainly been studied separately and in a “sectorial”
way, as the product of processes that are rarely interweaved, often addressed through one unique
perspective - the one of the city plan on the one hand, or the one based on the study of social
housing, on the other. However, in middle-class housing complexes, these two dimensions of
“living/inhabiting” are closely interrelated and together they contributed to actively build the
“ordinary” Italian city. In fact, the aggregation between middle-class houses and shared/collective
spaces bring to the light a fragmented process of construction, implemented through series of
punctual processes of negotiations between private and public actors. Nowadays their
interrelationships still represent a focal point of social cohesion, urban quality and livability.
Autoras:
Gaia
Caramellino
Cristina
Renzoni
30
Abstracts
Sessão 1.3
Um M undo Novo: Transformações na M argem Sul (o sector industrial como gerador
de habitação)
A industrialização na segunda metade do século XIX aumentou a procura pela habitação de
baixo custo nas cidades. Cerca de um terço da população residente na cidade de Lisboa era
maioritariamente constituída por pessoas de origem rural. Os fluxos migratórios justificavam-se
com a esperança de conseguir trabalho nas indústrias que floresciam.
O desenvolvimento industrial das últimas décadas do século XIX corresponde ao período onde
existiram mais transformações tecnológicas e mudanças estruturais no sector, foi também marcado
por acontecimentos políticos e por mudanças sociais forte impacto para a sociedade portuguesa à
época.
Autora:
Mafalda
Pinheiro
Assiste-se a um período de declínio na manufaturação e ao crescimento da produção industrial .
As condições de vida dos trabalhadores agravam-se nas últimas décadas do século XIX,
correspondendo ao período de concentração da indústria na capital. Os salários reais sofrem uma
forte quebra e em paralelo dá-se um aumento nos preços de alimentação, vestuário e habitação.
A introdução das maquinarias nas fábricas fez com que se poupasse a força humana, permitindo
desta forma a redução do preço de mão-de-obra de mulheres e crianças nos meios industriais.
Originando a que as famílias de operários procurassem a habitação de custo mais reduzido.
A partir de 1870, começou-se a construir a “vilas” para as classes sociais mais baixas. Esta foi
uma iniciativa tomada quer por pequenos proprietários quer por industriais, que construíam
habitação para os seus próprios operários. Não se pode dizer que existia uma classe operária
que se distinguisse. Os trabalhadores industriais coabitavam com outros estratos socias de
ocupação mais tradicional, formando um grupo social denominado por “classes laboriosas” que
ocupavam os “pátios” e “vilas”.
A habitação torna-se uma questão de discussão politica. Até ao final do século tanto as entidades
governamentais como as autoridades municipais rejeitavam a responsabilidade na construção de
habitação de baixo custo. Tendo como preocupação dar incentivos a promotores privados para a
construção de habitação e controlar a atividade desses construtores privados.
Na nova cidade em que os tecidos urbanos se expandem para além dos tradicionais limites. O
planeamento urbano é substituído pelos interesses privados de promotores imobiliários em que as
suas múltiplas propostas e desconexas entre si geram uma cidade decomposta e ineficaz.
31
Abstracts
Sessão 1.3
Autora:
Telma Ribeiro
Da "Barraca" à Casa e da Casa à Cidade. O Programa Especial de Realojamento
em Lisboa (Casos de Estudo)
Numa análise geral do programa PER, pode dizer-se que, tal como acontecia com programas de
realojamento anteriores, este pretendia construir habitação de baixo custo, com o objetivo
específico de realojar, num curto espaço de tempo, grandes massas que viviam anteriormente em
condições consideradas indignas.
Algumas questões, mesmo que aparentemente simples, ganhavam forma à medida que progredia
a pesquisa: Será o PER um programa totalmente bem-sucedido? Qual a qualidade arquitectónica
destes bairros de baixo custo? Quem os desenhou e em que contexto foram construídos? Quais as
condições atuais de vida dos seus habitantes?
Uma das questões de fundo deste trabalho de investigação abordava ainda novos pontos:
perante a diversidade de programas de realojamento testados desde a Revolução de Abril de
1974, que aspetos inovadores podiam ser apontados ao PER? Teria este programa sido bemsucedido na construção de uma cultura nova na abordagem ao problema da habitação em
massa? Existiria um modelo de intervenção às diferentes escalas de projeto (cidade, bloco
residencial, célula habitacional) que distinguisse o programa PER? Que conclusões poderíamos
retirar após 21 anos do início do desenvolvimento do PER e com 65 bairros construídos, dos quais
25 são promovidos pelo próprio município e 40 por aquisição realizada por várias entidades, no
total de 8.817 unidades residenciais, e uma população estimada em 8.595 habitantes realojados,
num custo total de 446.579.504 €? Finalmente, que cidade construíram os diferentes bairros
concretizados ao abrigo do Programa?
Com o estudo de alguns bairros PER na área metropolitana de Lisboa, este trabalho visa, então,
analisar um tema que não foi ainda estudado de forma ampla. Limita-se o estudo a uma área
geográfica muito definida: a Cidade de Lisboa, tendo em conta a extensão possível desta
dissertação, que não permitiria uma análise mais alargada do PER, estendendo-a ao Porto onde o
programa também foi implementado, por exemplo. Optando por apenas uma zona, a escolha
recaiu sobre aquela que se encontra mais próxima e, portanto, mais acessível para observação
direta.
32
Abstracts
Sessão 1.3
Autor:
João Cardim
Da Célula à Cidade: Composição M odular e Planeamento Urbano n a Obra de
Justino M orais (1966-1975)
Esta comunicação incide na apresentação de uma proposta de investigação, a sua breve
descrição e uma proposta metodológica para o seu desenvolvimento, no âmbito do programa de
Doutoramento em Arquitectura dos Territórios Metropolitanos Contemporâneos do ISCTE - Instituto
Universitário d Lisboa.
Pretende-se, nesta tese de doutoramento, efectuar um estudo comparativo de 19 conjuntos
habitacionais projectados e construídos entre 1966 e 1975 em várias cidades do território
português, no âmbito das Habitações Económicas - Federação de Caixas de Previdência (HE-FCP)
e do Fundo de Fomento da Habitação (FFH). O elo de ligação entre estes conjuntos, bem como o
especial interesse no seu estudo, reside no facto de terem sido desenhados pelo mesmo arquitecto
– Justino Morais (1928-2011) – e de serem o resultado da aplicação de um “Sistema Modular”
desenvolvido por Morais em 1962 enquanto “Arquitecto Regional” das HE-FCP. A análise destes
conjuntos, que totalizam cerca de 4500 fogos e que estão localizados em diversas zonas do país
– como na Grande Lisboa, em Braga, Setúbal, Portalegre ou Évora – permitirá colmatar em parte
a carência de estudos sobre a habitação económica fora do Município de Lisboa entre 1960 e
1980 (segundo Francisco Silva Dias, in Portas, 2013: 11).
Pretende-se, igualmente, enquadrar esta produção urbanística e arquitectónica no contexto
temporal, conceptual e territorial em que se insere. Importa então perceber como se efectuou a
discussão multifacetada em torno da questão do habitat humano nos anos do pós-guerra,
nomeadamente nos países ocidentais, e como este tema foi introduzido e desenvolvido em
Portugal, dando especial enfoque ao design modular como ferramenta de projecto e como
resposta mais económica e eficiente aos desafios da habitação em grande escala.
33
Abstracts
Sessão 1.3
A habitação como projecto de cidade. Lisboa, os projectos de promoção pública –
1910|2010
A cidade constrói-se ao longo do tempo através da conjugação de duas partes essenciais que
compõem o seu tecido urbano – os espaços públicos e os espaços privados (COELHO et al.
2013). Se aos espaços públicos se atribui a missão de estruturar a cidade, aos espaços privados
cabe o papel de dar corpo ao conjunto. Este corpo, é essencialmente constituído por habitação, a
função que, sendo a mais “silenciosa” face ao protagonismo do espaço público, é a que constitui
o seu tecido conjuntivo.
A esta leitura de que a cidade é, essencialmente, constituída por matéria residencial, junta-se a
questão da crise da habitação cuja problemática marca o século XX; estudam-se, portanto, os
projectos habitacionais de promoção pública, desenvolvidos entre 1910 e 2010, em Lisboa.
A «cidade das sete colinas», conhecida pela sua topografia acidentada e decorrente diversidade
urbana, apresenta um manancial vasto de tecidos residenciais de natureza morfológica
distinta. No decurso destes 100 anos, os desenhos dos projectos, tanto o desenho legal como o
desenho urbano, registam alterações que são dignas de reflexão e registo. Verificados o início e o
fim de um processo, importa fazer um balanço, que, neste contexto, se dedica à questão do
projecto urbano habitacional.
No processo de leitura dos projectos habitacionais de promoção pública planeados e construídos
na cidade de Lisboa a partir de 1910, implementação da I República e até 2010, podem ser
identificadas diversas invariantes sociais, politicas, legais, processuais, de localização,
morfológicos, tipológicos e de relação com a cidade e território existentes capazes de estabelecer
padrões de ocupação per si. Através da leitura dos projectos habitacionais de promoção pública
construídos em Lisboa e das suas invariantes, este trabalho propõem-se identificar padrões
morfológicos na produção da cidade habitacional de promoção pública no período de 1910 a
2010.
Propõem-se, então, a construção de um quadro morfológico assente no cruzamento de factores de
ordem supra-estrutural, de abordagens de análise ao nível da estrutura da cidade assim como de
uma leitura formal dos conjuntos edificados que, articulados com a análise de uma tábua
diacrónica desenhada, constroem o argumento deste trabalho. Resulta deste cruzamento a
definição de uma Cronologia dos Projectos Habitacionais de Promoção Pública em Lisboa entre
1910 e 2010. O desenho de uma classificação permite uma sistematização que, a par, propõe
uma reflexão acerca da capacidade destes projectos para o fazer cidade.
Das características próprias do objecto e do objectivo do estudo, decorre a necessidade de
utilizar uma metodologia comparativa de análise, assente no desenho como instrumento de
reflexão. É, portanto, pela análise de casos de estudo e verificação, por via do desenho, de
fenómenos urbanos que, pela sua permanência constituem padrões, que são deduzidas as “regras
abstractas” (BUSQUETS e CORREA 2006) ou implícitas que desenham uma categorização. Desta
proposta de classificação tipo-morfológica, resulta a leitura de sete tipos que estabilizam as formas
urbanas dos projectos habitacionais de promoção pública produzidos em Lisboa no séc. XX.
Autora:
Filipa Serpa
34
Abstracts
Luís Cristino da Silva, Nova Oeiras, Portugal (1952- 1967)
Sessão 2.1
Será Nova Oeiras, uma Ville Contemporaine portuguesa?
Sob a égide desta questão pretende-se uma reflexão sobre o papel que a utopia exerce no modo
de pensar e fazer arquitectura, originando mudanças de paradigma nos nossos modos de habitar
e viver a cidade.
À luz deste postulado interessa-nos perceber, por um lado, de que modo os ensinamentos de
Corbusier, e mais precisamente a Ville Contemporaine de 3 millions de habitants (1922) estão ou
não decalcados em Nova Oeiras; por outro lado, como a realidade de meio século passado
português bebeu estes ensinamentos, aplicou-os e repecurtiu-os nos métodos dos nossos dias.
A Ville, no pensamento corbusiano constituí os princípios fundamentais do urbanismo moderno. É
uma utopia de blocos-torre criteriosamanete zonados num imenso verde com sol e ar para todos.
É através do zonamento tipológico, da relação da arquitectura com a natureza, bem como no
conteúdo dessa arquitectura que são estabelecidos os paralelos com Nova Oeiras.
É na organização zonal das tipologias do plano (equipamentos e habitacionais - torres, blocos e
moradias), que a grande mudança de paradigma habitacional reside. No centro da composição,
para a classe média são projectadas torres. Não se deixa de viver individualmente mas passa-se a
viver em colectivo, vive-se na casa mas é na torre que a vida moderna é vivida em sociedade. No
entanto, é esta mudança que carece aceitação por parte da sociedade portuguesa. Se por um
lado a torre é ao longo dos tempos objecto de desejo, é também de controversia. Neste sentido,
aquando da construção do plano de Nova Oeiras, mais do que o papel difusor das publicações
periódicas, foi o 1º Congresso Nacional de Arquitectura (1948) o factor preponderante na
divulgação e consequente aceitação do postulado corbusiano: por via do congresso, a ideologia
moderna de Corbusier difundiu-se propocionando a mudança de mentalidade e originando uma
revisão nos modos de habitar.
A desinficação vertical, a torre, é a imagem do colectivo e do moderno. Ao longo dos tempos tem
sido o objecto de diversas utopias, e foi o objecto que gerou controversia na aceitação do plano
de Nova Oeiras. No entanto, a imagem que associamos a Nova Oeiras, e a imagem que
pretendemos preservar, é a de seis torres implantadas num verdejante parque urbano à procura
do melhor sol. Foi esta mesma imagem de torre que domina uma paisagem, que Cristino da Silva
na década de 60 perseguiu em diversos estudos. “Utopiou” uma torre de 20 pisos para o centro
do plano que jamais foi construída.
Nas seis torres (D, E, F, G -1958; I, H-1965), construídas, de 10 pisos, os seus 39 fogos estavam
pensados de modo a adequarem-se à realidade social e económica das famílas que os iriam
habitar. Internamente organizavam-se funcionalmente em consonância com a melhor exposição
solar para cada zona da casa (privada, social e serviços). Apesar dos contextos urbanos serem
distintos, encontram-se similitudes entre a torre do Areeiro e as torres de Nova Oeiras, algo que
nos deixa a reflectir.
Autora:
Délia Paulo
35
Abstracts
A M ancha, a Linha e o Ponto: A expansão de Lisboa ao longo da Linha de Sintra
Sessão 2.1
Tendemos a avaliar o outro por analogia connosco próprios; o mesmo tem acontecido entre a
Cidade e o seu outro – o Subúrbio – o que trouxe ao estudo desta nova forma urbana, contínuas
confusões e vagas designações como difuso, disperso, fragmentado, extensivo, descontínuo.
Desde os anos 60 que termos como Exurbia (Vernon 1962), Metropolis (Vance 1964), Outer City
(Herrington 1984), Edge City (Garreau 1992), Ville Archipel (Viard 1994), Troisiéme Ville
(Mongin 1995), Métapolis (Archer 1995), Ville Émergente (Dubois-Taine, G. e Chalas, Y. 1997),
Ville Éclatée (Haumont e Lévy 1998) e Pulp Urbanscape (Gaspar 1999) têm sido utilizados para
suportar reflexões sobre o crescimento de territórios plurais nas formas de ocupação e de
povoamento, em torno de grandes cidades.
No caso específico de Lisboa, recentes estudos sobre a alteração da mobilidade e da demografia
– “Da cidade pedestre à metrópole do automóvel” e “Dos subúrbios citadinos aos subúrbios
metropolitanos”, Nunes (2009/10) – da forma – “Formas de habitat suburbano”, Cavaco (2011)
– da infraestrutura – “A rua da estrada”, Domingues (2012) – e da cartografia multi-temporal –
“Processos de expansão de urbana e mudanças na paisagem”, Sá Marques (2012) – que
informam os mesmos territórios suburbanos através do estudo de elementos específicos e de
pontos de vista disciplinares diferentes mas complementares. Ainda assim, o processo de
suburbanização de Lisboa é menos conhecido (Nunes 2010), especialmente a partir da dinâmica
dos povoamentos que a constituem, em vez de analisar o mesmo a partir da cidade de Lisboa.
Quando olhamos a evolução demográfica de Lisboa e dos seus subúrbios verificamos não estar
perante uma cidade que tenha assimilado os habitantes exteriores a si, num sentido centrípeto,
esvaziando-se depois para os territórios contíguos, num sentido centrífugo, num processo de
suburbanização clássico.
Lisboa-cidade nunca teve mais de 800 mil habitantes (1981, INE 1960-2011), o que faz com que
os restantes 1,2 milhões de residentes na AML, tenham vindo diretamente para o subúrbio,
fazendo parte da evolução dos povoamentos periféricos, antes de fazerem parte da metrópole.
O artigo a entregar é um ensaio para o desenvolvimento de uma investigação mais ampla que
ambiciona rever as transformações urbanas dos últimos 60 anos na região metropolitana de
Lisboa através de um novo ponto de vista: em vez de centrar na cidade para estudar a mancha
suburbana, propõe-se analisar a expansão de Lisboa através do crescimento das povoações da
periferia. Para tal escolheu-se a Linha de Sintra como caso de estudo, desde Sintra à Amadora,
pela sua variedade de tecidos urbanos, de planos realizados e de intervenções urbanas recentes,
como o Cacém Polis, mas também por ser a linha suburbana que maior concentração demográfica
alcançou nas últimas décadas, atualmente com mais de 555 mil residentes.
Propõe-se através deste ensaio a revisão crítica do modelo vigente, a “mancha de óleo”,
demonstrando – através das diferentes evoluções morfológicas e demográficas dos povoamentos
ao longo da Linha de Sintra – que os fluxos demográficos/urbanos entre campo/cidade/subúrbio
são melhor definidos através de uma ideia de relação gravitacional e expansiva entre pontos
(aglomerados rurais e urbanos) do que como uma expansão difusa em mancha, tendo a cidade
de Lisboa como centro de origem do “derrame”.
Autor:
João Pedro
Caria Lopes
36
Abstracts
Sessão 2.1
Autora:
Vítor Mingacho
A ambição de metropolização das cidades médias do interior Português. O PDM
como projecto de cidade: o caso de Castelo Branco
O presente artigo pretende contribuir para a compreensão sobre o modo como os Planos
Directores Municipais se estabeleceram como o grande projecto de concretização das ambições
de metropolização das cidades médias do interior de Portugal. Efectuar-se-á, assim, uma
contextualização das origens e objectivos na criação destes instrumentos de planeamento urbano.
Segue-se numa leitura crítica do PDM de Castelo Branco, do seu regulamento e das suas
sucessivas alterações, bem como na verificação das previsões de crescimento aí presentes e no
questionamento dos seus pressupostos programáticos. Será assim explicitado o modo como este
instrumento de planeamento se estabelece como um marco fundamental na criação de uma
economia de urbanização, assente numa forte expansão da oferta habitacional de iniciativa
privada, destinada a uma classe média emergente fortemente ligada à criação de valências
públicas. Analisar-se-á, ainda, a forma como este modelo de desenvolvimento se implanta num
contexto de valores de crescimento económico, mais lentos que a média nacional, e em que a
iniciativa privada se revela incapaz de acompanhar o investimento público e promover, por si só,
grandes acções de modificação da realidade urbana destas cidades.
37
Abstracts
A (re)produção urbana de Luanda, O caso da Cidade do Kilamba
Sessão 2.2
Compartilhando da crescente inquietação que agita os meios especializados no destino da função
urbana e arquitetônica atual em Luanda, província sede do governo de Angola, este artigo está
orientado, através do estudo de caso da Cidade do Kilamba, a produzir uma reflexão sobre o
processo de (re)produção do espaço urbano, planeado como parte do Programa Nacional de
Reconstrução nos primeiros dez anos do pós guerra civil (de 2002 a 2012).
Durante os 26 anos da guerra civil angolana, a capital foi a que mais sofreu alteração na sua
estrutura urbana, pois recebeu fugitivos de todas as outras províncias do país, gerando um
aumento significativo da sua densidade populacional. A atual morfologia é resultado de um
processo histórico que reflete desigualdades sociais materializadas em territórios segregados no
interior do tecido urbano e que se expandem para além dos limites da cidade formal. Problemas
de infraestrutura, ocupação irregular, carência habitacional e falta de planeamento são
realidades que influenciam a qualidade do ambiente construído.
Com o fim da guerra, o Governo de Angola passou a criar políticas de reconstrução e
desenvolvimento com o intuito de reordenar e regulamentar o território e de reduzir o deficit
habitacional presente em todos os níveis sociais, projetando assim, um futuro com mais condições
de habitabilidade para a população.
Contemplada com vários programas de investimentos públicos e privados, Luanda viveu uma
década de um acelerado processo de urbanização gerando intensa expansão do seu caráter
metropolitano e modificando as interligações urbanas.
A Cidade do Kilamba, para além de ser o maior projecto habitacional implementado em Angola,
é também o primeiro a se desenvolver no âmbito das novas estratégias definidas pelo governo e
serviu como modelo de reprodução em diversas províncias do país.
O objetivo do estudo é avaliar algumas das variantes do modelo de intervenção, produzindo
indicativos que possam apontar factores determinantes do resultado do espaço construído.
Pretende-se identificar como se deu o processo de criação e implementação da Cidade do
Kilamba e quais foram os modelos e as referências utilizados. Interessa perceber de que forma
este território se articula e de que forma se relaciona com a capital. Quatro anos depois de sua
inauguração, que contraposição é possível apontar entre os objetivos iniciais do projeto e a
realidade que se apresenta.
Autora:
Juliana Guedes
38
Abstracts
The urban upgrading projects in Cairo. Through social sustainable perspective
Sessão 2.2
Most Developing nations suffer from exploding and hard to harness Housing problems primarily
manifested in a steadily expanding gap between provision and demand in the lower
socioeconomic sectors of the population.
Autor:
Ahmed Abd
Elghany Morsy
The troubles are further accentuated by rapidly deteriorating housing stock, high rates of
population development, regional imbalance, urbanization explosion, low productivity, deficient
housing &construction industry, inappropriate formal housing policies and inadequate housing and
development legislations.
Which of necessity lead to the topic of urban deteriorated pockets specially in the center of the old
town , the state tries hard to resolve the trouble.
But most of the state effort in the three past decades didn’t succeed to solve the problem or to
change the physical situation of the existing areas, for a number of reasons, the most important
one is the financial burden, and the main conflict existing between the different types of
stakeholders :
Local Landowners those are seeking for rebuilding their land , for themselves use and
limited investment.
Housing units occupiers , who are seeking for securing their homes after upgrading .
Some investors those are seeking for the maximum revenues.
It demands to change our vision to the problem and to freshen up the mechanisms of upgrading to
boost the stakeholders participation under the state supervision , to boil down the state burdens ,
and to balance between the rights of all types of stakeholders
This research seeks to present a fresh look to the urban mechanisms for dealing with the
deteriorated areas, depending on the local community participation, which can help to encourage
stakeholders, to develop their local deteriorated areas, taking into account the different needs and
objectives of each type of stakeholders.
This paper will focus on the stackholders participation approache in order to plan for equality in
the urban planning and upgrading projects , with application on one of the most famous upgrading
projects in cairo (maspero) .
39
Abstracts
In between slabs, the “infraordinary” of M odernity
Sessão 3.1
Between the 1950s and the 1980s housing projects where constructed around the globe
embodying an idea of modernity, due to the construction technology and to the way everyday life
was given shape, whether it was the habitat for a “modern way of life”, in the west, or for the
collective life of the “home nouveau”, in the east. This globalized form of towers and (high-rise)
blocks of social housing is interesting at a double level: as an « imposed » urbanism provoking a
standardization of way of life and, at the same time, as the context of multiple forms of reappropriation and transformations by inhabitants. In fact, from Europe to Asia, passing by Africa
and North and South America, we can observe diverse “evolutions” and “hybridizations” of the
same urban-architectural form reshaped by the forces of everyday practices and initiatives of
ordinary citizens or communities transforming them. In the context of contemporary debate on 1)
conservation or destruction of these architectural and urban form and 2) informality and the city,
attention must be paid to the genesis and comparisons of these diverse inhabitant’s initiatives that
have been and are taking place within the context of big social housing projects. In this paper we
will focus on the process of hybridizations of such a “hard” urban model by analysing the “infraordinary” production of space as emancipation from the “form”, emancipation from Modernity
and its ideal way of inhabiting the world. We will present a comparative and inter-disciplinary
study built on cases from France, Italy, Senegal, Mongolia, Vietnam, and Myanmar. Our paper
seeks to critically examine the re-shaping forces of everyday practice and community appropriation
of hard and standardise habitat in order to discuss this process as the place where the conflict
between globalized design trends and the struggle to locally belong unfolds. Following the idea
that focusing on the interaction between standardisation and differentiation is a way to reframe our
understanding of mainstream urban planning, our paper presents and examines worldwide
situated case-studies of this phenomenon, particularly from a grounded, i.e. ethnographical, and
inter-disciplinary perspective.
Autores:
Olivier
Boucheron
Maria Anita
Palumbo
40
Abstracts
Sessão 3.1
Da simpliCidade à complexiCidade ou a urgência da transformação dos complexos
habitacionais
O crescimento suburbano foi quase sempre um crescimento optimista. Optimista para proprietários
que rentavelmente davam destino a terrenos há muito desligados das práticas agrícolas; para
especuladores que se valiam da enorme pressão de uma procura sem alternativas viáveis no
mercado do alojamento; para os compradores que, na contínua (e aparentemente infinita)
valorização da propriedade, viam o seu património inchar; para o capital financeiro que
encontrava níveis de rentabilização estratoféricos e a muito baixo risco; para as autarquias, enfim,
que dali obtinham recursos (envenenados pelo que representam no futuro) que eram parte
significativa dos seus orçamentos anuais.
Foi deste optimismo irrepetível, espécie de alienação colectiva, que se permitiu o surgimento de
uma área metropolitana carente de ordenamento territorial. Este, aliás, seria uma exigência pouco
aceitável neste quadro de euforia para todos, inclusivamente para o Estado central que sentia
com agrado o alívio da pressão social neste domínio. Relembre-se que já no período de formação
dos bairros clandestinos (hoje AUGI) o Estado permitia a construção “à multa”, isto é, ao mesmo
tempo que marcava a sua presença autoritária através de uma fiscalização soft jamais o fazia de
modo a dissuadir os proprietários da construção da sua própria casa, já que isso lhe estava a
resolver um dos maiores problemas que tinha entre mãos.
Estas breves notas ajudam a contextualizar as duas originalidades que esta comunicação pretende
fazer ressaltar duas originalidades ligadas aos grandes complexos habitacionais dos subúrbios
lisboetas: a sua geração em espaços que tiveram apenas de acolher infra-estruturas e que
correspondiam integralmente a propriedades que ficaram perpetuadas na toponímia dessas
urbanizações (ou complexos habitacionais) - Quinta da Piedade, Alto da Eira, Quinta das Drogas,
Morgado, etc., - e sem qualquer articulação entre si do ponto de vista viário, espaço público,
urbanístico ou arquitectónico; a sua organização e estrutura interna onde se destaca a aridez
funcional e a ausência de centralidades formais, isto é, espaços públicos que se constituam como
referências identitárias para as comunidades residentes.
A ideia de complexo parece assim completamente despropositada na sua aplicação a estes
conjuntos de edifícios esmagadoramente de natureza habitacional sem capacidade de estabelecer
relações com os demais espaços construídos (também eles nas mesmas condições) mas também
sem capacidade de promover no seu seio a coesão interna e a multifuncionalidade de que são
feitas os espaços urbanos de sucesso. E assim se construiu o subúrbio.
O optimismo de ciclo curto da especulação exige agora o realismo para contrariar o declínio e
garantir o ciclo longo da sustentabilidade. Pretende-se, assim, olhar de perto para casos
emblemáticos da primeira e segunda coroa metropolitana de modo a demonstrar estas duas
originalidades que fazem a simpliCidade e contribuir para a concepção de mecanismos e
instrumentos capazes de a reverter para uma maior complexiCidade, através do ajustamento dos
instrumentos de gestão urbanística; de financiamento municipal e comunitário; de intervenções
urbanísticas dirigidas para a criação de espaços de referência; de animação urbana e
comunitária.
Autor:
Jorge
Gonçalves
41
Abstracts
Sessão 3.1
Autora:
Marta Santos
Dialéctica espacial na promoção pública de habitação: o factor dimensão de bairro
na satisfação residencial
Resultado da promoção pública de habitação na cidade de Lisboa existem hoje, com especial
incidência na cintura interna, 66 núcleos habitacionais bastante heterogéneos do ponto de vista
da sua antiguidade e da sua dimensão (que vão desde as 20 habitações até 2173).
Os residentes destes bairros foram objeto de um inquérito de satisfação residencial e participação
cívica promovido pela empresa municipal GEBALIS (entidade gestora do arrendamento social no
concelho de Lisboa). Os resultados desta pesquisa apontam para uma relação muito significativa
entre a dimensão de bairro e os indicadores de satisfação residencial, ao mesmo tempo que dão
conta de fortes sentimentos de identidade local depositado nestes espaços habitacionais que
interrogam as veiculadas «imagens» estigmatizantes dos bairros de realojamento.
Trata-se de pistas de reflexão, sobre a associação entre a construção do espaço físico e a sua
apropriação, prática e simbólica, que evidenciam por um lado, a diversidade que se estrutura por
detrás de uma aparência de homogeneidade social e a complexidade da conceptualização da
satisfação residencial para populações onde a cidade é, ao contrário de outras, o lugar da não
escolha.
42
Abstracts
Sessão 3.2
Habitação, utopia e urbanização nos limites de duas metrópoles contemporâneas
São Paulo / Paris (1960-2010)
A partir do entendimento simultâneo da situação de territórios emblemáticos de habitação social
na periferia de São Paulo e Paris - a Cité Balzac, um grand ensemble característico dos anos 1960
que atravessou recentemente um profundo processo de ‘renovação urbana’ confrontada com um
fragmento da Cidade Tiradentes, o maior complexo de conjuntos habitacionais da América Latina,
na tese de doutorado em cotutela recentemente defendida procuramos estabelecer similitudes,
contrastes, questões comuns e ‘olhares cruzados’ entre a história da habitação social nos últimos
cinquenta anos em ambos os países, para além das diferenças entre os dois contextos nacionais.
Esta ‘aventura comparativista’ nos permite entrever o que há de estrutural nos projetos de grandes
conjuntos habitacionais tanto na Europa quanto na América do Sul, além de acompanhar em
paralelo as transformações que este modelo urbanístico sofreu ao longo das últimas cinco
décadas.
Projetos recentes de renovação urbana, de novos conjuntos habitacionais e equipamentos públicos
de excelência em ambos os territórios confirmam a excepcionalidade dos casos estudados,
apontando para transformações nos horizontes políticos, nas utopias e nos paradigmas projetuais.
Nesta comunicação, após uma breve apresentação dos territórios estudados e de sua história dos dias gloriosos à crise, passando pelas transformações sociais e pelo começo do fim, com a
generalização da violência e da estigmatização de seus moradores, procuraremos enfocar três
aspectos que emergem como traços comuns entre os dois contextos, agrupados esquematicamente
sob os títulos ‘a nova velha ‘questão’ da habitação social’, ‘heterotopias ou novas utopias’ e
‘tumulto no conjunto’.
Autor:
Diego Beja
Inglez de
Souza
43
Abstracts
Parque das Nações - a selective large housing complex?
Sessão 3.2
Parque das Nações is a very recent neighbourhood of Lisbon and one of the most prestigious.
Located in the eastern part of the city and spreading over five miles of river front, this territory
results from the major operation of urban regeneration inherited from the World Exhibition
Expo'98, that brought it a new centrality, multifunctional though largely residential, and greatly
increasing its value in economic, social, aesthetic and symbolic terms.
While some positive urban solutions were implemented, it was also impossible to avoid some of the
most common weaknesses attached to this model of urban projects, namely, the financial interests
of the private sector and the discretionary nature of the urban project. The success achieved in
commercializing the site meant it took approximately 10 years to finish the project and this area
has become emblematic of the sophisticated and contemporary image that Lisbon wants to present
to the world. The result was a new neighbourhood with a more or less deliberate system of social
identity and selective belonging, repeating examples of appropriation of renewed waterfronts by
groups with higher economic power.
Moreover, the exceptional circumstances involved in its construction, its image of urban unity, the
contrast with its surroundings and the homogeneous characteristics of residents (in social,
economic, cultural and lifestyle terms) allow perceiving a strong link between the residents and
their space and a social identity constructed internally by them as a way of distinction from the
outside world.
Despite the close proximity, the Parque das Nações is not a suburban territory. However, some of
its urban and experiential components allow to establish some parallels with large housing
complexes, as it’s intended to demonstrate.
Autora:
Maria
Assunção Gato
44
Abstracts
Sessão 3.2
Autores:
Roberto
Vanacore
Felice De Silva
Open spaces and design of public residential settlements of the late twentieth
century.
The quality of the open spaces in the public residential settlements determines the quality of living
and acts on the overall quality of the city.
In this view the paper is about the issue of the quality of the open spaces of public residential
settlements through a survey on the habitability of the open spaces in the southern suburbs of the
city of Avellino, to explore their physical dimension, but also the social and symbolic one, and
represents an opportunity to reconsider the regeneration project of the public residential
settlements starting just from their open spaces, with a critical view on the new ways of living in the
house and in the city.
45
Abstracts
Sessão 4.1
Autor:
Bruno Parente
Quando o modernismo chegou à “Arquitectura” – a divulgação de dois casos de
habitação colectiva em Alvalade
Suporte de eleição para a experiência do moderno em Lisboa, o plano de Faria da Costa para o
Bairro de Alvalade permitiu, além da expansão periférica da cidade face ao núcleo histórico
central, a concretização de algumas das bases canónicas do modernismo enunciadas na Carta de
Atenas. Este património moderno tem porém sofrido, ao longo das últimas décadas, alterações
significativas decorrentes de reconfigurações do uso e de apropriações informais por parte dos
seus habitantes. São mutações que questionam a resiliência identitária do modernismo e a
racionalidade proposta no urbanismo progressista de Corbusier.
O artigo que nos propomos desenvolver procura, a partir de um conjunto seleccionado de
edifícios modernistas de habitação colectiva do Bairro de Alvalade, analisar, numa perspectiva
diacrónica, o discurso presente na divulgação e representação deste edificado na imprensa e
publicações da especialidade. A análise dos artigos publicados incidirá sobre as seguintes obras:
Bairro das Estacas - Ruy Jervis d’Athouguia e Sebastião Formosinho Sanchez
Conjunto habitacional na intersecção da Avenida de Roma com a Avenida Estados
Unidos América - Filipe Figueiredo e José Segurado
Conjunto habitacional na Avenida Estados Unidos América, 12-48 - Manuel Laginha,
Pedro Cid e João Esteves
Conjunto habitacional na Avenida Estados Unidos América, 113-131 - Croft de
Moura, Henrique Brandão Albino e Nuno Craveiro Lopes.
Procurar-se-á evidenciar a amplitude do debate disciplinar em torno da divulgação do projecto
moderno ao longo de mais de meio século na imprensa especializada e a evolução desse discurso
durante a consolidação, o declínio e a influência que o modernismo recuperou na
contemporaneidade e que Eduardo Souto de Moura sintetiza num artigo de 2001 do Jornal dos
Arquitectos: “O que me interessa no Bairro das Estacas é a sua referência hoje. É o Método 50
anos depois; (…) passados 50 anos por muito que nos custe, a Carta de Atenas ainda não tem
alternativa viável”1. No entanto, as mesmas imagens de suporte fotográfico que surgem
publicadas no artigo evitam todas as apropriações e deformações introduzidas no conjunto pelos
seus moradores e expõem antes uma realidade nostálgica recortada e filtrada que não tem
correspondência com a expressão real do edificado na actualidade.
Pretende-se assim confrontar o modo como a difusão dos fundamentos metodológicos, políticos e
sociais do modernismo se tem intersectado criticamente com a experiência efectiva do uso e da
vivência e qual a expressão dessa crítica na imprensa periódica perante as fendas e lacunas que
o racionalismo moderno abriu ou deixou sem resposta.
46
Abstracts
Portugal, antes de zero.
Sessão 4.1
1976 era baptizado o ano dois de Portugal pelo olhar exterior de uma das grandes referências
editoriais de arquitectura da época, a revista L’Architecture d’Aujourd’hui, através da publicação
de um dossier temático dedicado ao país. A visibilidade adquirida pela revolução de abril e pelo
processo que se lhe seguiu – em contraste com a afirmação da cultura pop de que a revolução
não seria televisionada – orientava-se também para o âmbito disciplinar da arquitectura e para a
sua relação com a transformação social em curso.
Essa atenção viria a ser determinante para a internacionalização da arquitectura portuguesa, que
ganharia máxima expressão no protagonismo que posteriormente viria a adquirir Álvaro Siza.
No rescaldo do entusiasmo por um período em que todas as possibilidades pareciam em aberto,
inteiras e limpas, o dossier ‘Portugal an II’ apresentava uma abordagem algo ecléctica, que
procurava sintetizar a experiência do período anterior, sob o regime de ditadura, para depois
apresentar experiências diversas, de arquitectos que desenvolviam soluções individuais, baseadas
nas suas experiências e influências particulares. Os autores apresentados faziam já parte do
universo publicado dentro do país anteriormente, alguns deles ligados ao grupo que tinha tomado
a dianteira do debate e da divulgação na revista Arquitectura. Sintomaticamente, no período a
seguir à revolução, esta iniciativa editorial tinha esmorecido – era o tempo de participar e de
fazer, mais do que de reflectir.
Mas e antes, antes desse ano zero? Como se discutia a arquitectura e a cidade, como se
processava o debate num tempo em que se estimava uma necessidade massiva e premente de
produção de habitação? Propõe-se aqui realizar uma análise da discussão disciplinar, a partir das
publicações periódicas especializadas, relacionando-a com o âmbito internacional e a sua
perspectiva sobre o país. Num tempo em que na Europa se questionava a cidade produzida no
pós-guerra, se contestava sem a premência de desenvolver novos modelos, o momento
contrastava com a situação portuguesa, em que a necessidade era ainda de construir, e o modo
como se debatia era também a preparação do futuro que viria.
Autor:
Rui Seco
47
Abstracts
Sessão 4.1
Publi/cidades: uma leitura do problema da habitação a partir da divulgação
publicitária.
Entre as décadas de 1940 e 1980 assistiu-se a um crescimento significativo do parque
habitacional português. Durante este período, delimitado pela construção dos primeiros conjuntos
habitacionais no segundo pós-guerra e pelo início da construção dos grandes empreendimentos
nas periferias das principais cidades, a construção de habitação em larga escala perseguiu a
supressão das enormes carências habitacionais do país e constituiu um factor determinante na
definição da expansão das cidades, assim como dos modos de habitar que lhe são inerentes.
Os periódicos portugueses especializados em arquitectura assumiram um papel fundamental neste
debate e os anúncios publicitários, especificamente os publicados nas suas páginas, oferecem
(hoje) uma possibilidade de reinterpretação deste fenómeno à luz daquilo que é uma
característica intrínseca da publicidade: o despertar do desejo sobre um determinado produto e
consequente definição dos parâmetros do que se considera “desejável”, factor decisivo para a
aceitação, por parte do público – neste caso, o consumidor-utilizador –, das tipologias
habitacionais e modelos de cidade então propostos.
Recorrendo aos anúncios publicados nos periódicos Arquitectura e Binário durante estas décadas,
traçaremos um panorama da publicidade de imobiliário – da publicidade à construção e consumo
e da forma como esta acompanhou o referido processo de urbanização – e analisaremos as
imagens de urbanidade e do doméstico que a constitui e lhe dá forma, procurando os modelos
propostos e o estilo de vida subjacente. Por um lado, demonstraremos que os complexos
habitacionais expostos pela publicidade obedecem a uma lógica de criação de desejo no
consumidor-utilizador através do recurso sistemático a uma narrativa ancorada na promessa de
uma “felicidade inadiável”; por outro, verificaremos que, por essa razão, assumiram um papel
singular na divulgação dos propósitos que nortearam essas construções – sobretudo ao nível da
interpretação do gosto e das aspirações de toda uma população –, contribuindo, desta forma,
para a definição do crescimento da cidade.
Autor:
João Silva
48
Abstracts
A habitação moderna no livro-catálogo Brazil Builds
Sessão 4.1
O presente artigo busca traçar um perfil para o programa da habitação através da análise das
obras existentes no livro-catálogo Brazil Builds: Arquitetura nova e Antiga: 1652-1942.
A produção arquitetónica do Brasil nas primeiras décadas do século XX foi bastante expressiva, e
isto chamou a atenção do Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova York, que resolveu montar
uma exposição em Nova York, seguida de um catálogo chamado Brazil Builds: Arquitetura nova e
Antiga: 1652-1942. A produção arquitetónica mostrada naquele período era bastante expressiva
e a repercussão foi grande, inicialmente na exposição em Nova York, que passou por mais
algumas cidades da América e com o catálogo que levou a outros países. Este livro-catálogo, com
300 fotografias coloridas e a preto-e-branco, se tornou um documento importante ao retratar a
arquitetura antiga e a nova arquitetura modernista brasileira. Embora também retratasse a
arquitetura antiga, foi a arquitetura moderna e suas inovações que desencadearam maior
interesse. O fato impressionante era a arquitetura derivar das premissas modernas europeias, mas
conter um certo nacionalismo. Foi a busca por se adequar às características locais que
transformaram esses exemplares em obras únicas e intrigantes.
O Brasil vinha atravessando um período de crescente urbanização, juntamente com a
industrialização e a instalação de rodovias e ferrovias, e realizava neste momento uma intensa
campanha de modernização e revitalização das suas cidades. O modo de morar também se
atualizava e ao mesmo tempo que surgiam arranha-céus residenciais multifamiliares nos centros
das cidades, eram reservados à elite os bairros-jardins nas periferias. A procura por habitações
multifamiliares se acentuou bastante, modificando drasticamente a paisagem do centro urbano em
São Paulo e a orla marítima do Rio de Janeiro.
Para esta análise será apenas considerada a parte da Arquitetura Nova, ou seja, a então
promissora arquitetura moderna. O número de exemplares arquitetónicos residenciais nesta parte
é considerável, correspondendo a mais de 1/3 do total. O livro-catálogo revela os mais diferentes
tipos de habitações: há residências multifamiliares e unifamiliares; edifícios de apartamento
somente para moradia, e os que agregam outras funções. O foco principal desse estudo será o
Edifício Esther, de Álvaro Vital Brazil e Ademar Marinho, que é um dos edifícios mais
representativos deste período e um exemplar instigante, já que conjuga vários usos no mesmo
edifício. No entanto estará entrelaçado a uma rede já que os demais edifícios serão analisados e
categorizados para montar um panorama que possibilite o entendimento da esfera habitacional
nessa época.
Autora:
Luciane Scottá
49
Abstracts
A questão da habitação na revista Binário
Sessão 4.1
Criada em 1958 e com grande longevidade (1977), a revista “Binário. Arquitectura, Construção,
Equipamento” procurou manter os profissionais ligados ao sector da construção informados dos
desenvolvimentos decorrentes nos campos da arquitectura, urbanismo, engenharia civil e design.
A questão da habitação foi sem dúvida uma das mais debatidas no periódico, com exemplos
predominantemente oriundos do continente americano mas também europeu. O presente artigo
procura focar‐se na forma como a habitação foi debatida ao longo dos anos na imprensa
especializada, particularmente, na revista Binário. Desta forma, procura‐se mapear e quantificar
as distintas latitudes bem como as práticas discursivas decorrentes da publicação de grandes
conjuntos habitacionais.
Autora:
Daniela V. de
Freitas Simões
Encontraremos assim um modelo crítico e reflexivo sobre a divulgação e publicação destes
modelos no contexto nacional através de um veículo tautológico como o são as revistas de
arquitectura.
Este artigo insere‐se na pesquisa desenvolvida durante o projecto de I&D financiado pela FCT, “O
Lugar do Discurso” (PTDC/CPC‐HAT/4894/2012)
50
Abstracts
Sessão 5.1
Urbanization without a model
Searching for an urban project for the Belgian territory
As Bernardo Secchi characterized it, ‘urbanism is in essence not a collection of works, projects,
theories or norms unified by a subject, by a language and by a discursive
Autor:
David
Peleman
organization.[…] It rather must be understood as the trace left behind by a wide range of
practices’.1 In that case, to practice urbanism is a matter of reading this trace and gently ordering
the multiple sources from which it resulted. It is a matter of organizing a conversation among the
many stakeholders who contribute to the making – and in some cases also the designing – of the
inhabited space. According to Erik Swyngedouw, the urban designer is only one of many actors
involved in making the city and in the process of creating a properly governed space.
Swyngedouw observes how ‘urban governing today is carried by a wide variety of institutions and
organisations. It operates through a range of geographical scales, and mobilises a wide
assortment of social actors, including private agents, financial engineers, designers, architects, and
planners, non-­‐governmental organisations, civil-­‐society groups, corporations, and the more
traditional forms of local, regional or national government.
Therefore, the starting point for this paper is a meticulous reading of a coherent number of sources
that cover this wide variety of actors involved in urbanization: a series of thematic booklets
published in 1958 – as part of the series Cahiers d’Urbanisme – at the occasion of the World Fair
in Brussels during the same year. The booklets address various topics of the Belgian urbanization
and they were published on demand by the State’s department of Urban Planning. Each booklet
had a different author, who was an architect or an expert in the field that was being covered by
the specific booklet: industry, agriculture, green spaces, commerce, housing (images above: covers
of the booklets). The booklets aimed to inform and educate a broad audience about the ‘modern’
future of the nation’s territory and how this future could create a sort of added value for everyday
life. In this paper I will in particular address the booklet on housing (L’Habitat) and how this
booklet – that was clearly inspired by the modern dogma’s from CIAM’s Charter of Athens – tried
to establish a systematic approach to urbanism. An approach that was not defined by rigid models,
but rather by the search for an almost scientific precision in establishing an urbanized society.
More specifically, I will look at the premises and forms of urbanization that were suggested in this
booklet, and what was the role of housing in the entire discourse that was being established for this
new modern Belgium of the postwar era. Thereby, following Secchi, I start from the presumption
that the added value of urbanizition can not be read in terms of an intelligent variety of (housing)
models that are projected on the territory, but rather in terms of the interaction that emerges from a
diverse set of practices on the territory.
51
Abstracts
Sessão 5.1
Kuwait experimental housing.
From land use policies to social display.
This paper examines a series of urban and architectural dwelling schemes in the context of post-oil
Kuwait – an arab city-state that has undergone a rapid urban development based on the
distribution of oil revenues through housing policies started in the 1950s after the discovery of oil.
The demolition of the old town together with its built environment and urban hierarchies brought a
unique dependency on material modes of social equality and representation such as the house and
the residential neighborhood. The national housing program and the domestic space in particular,
are then “a way to” the new and the modern, either by the attribution of land to individuals for the
construction of their family homes, known as social housing, or ready homes under public housing.
The public programs, initially conceived to relocate the old town residents outside its walls and to
extinguish the rural life, will produce a contemporary culture of urban suburbia dependent on
“drive through” and “highways”. The new life standards supported by the low price of fuel and
foreign man power have been stimulated by popular social policies, legitimated by the 1962
constitutional rights, that subsidize individuals and their families keeping those at home. Policies
that together with the local building codes and regulations transformed the modern Kuwait in a
dense amalgamations of gigantic homes between 1200m2 and 2800m2. Boxes with
15mx15mx15m above the ground, detached from each others 3m, and taking over the street
sidewalks spiting cars and boats. The relocation of the governmental “jobs” outside the city and
the post 1952 conception of neighborhood units based on local serviced cores, including schools,
clinic, post ofce, commercial gallery and supermarket, will support a centralized satellite cities
scheme. To this day, the right for housing and the fascination for the construction of a new and
modern urban 'scape' dominates the local community social structure and behavior. During the
early stages of Kuwait modernization, representational images of national pride and identity were
reproduced through buildings at a institutional and domestic level. These images became part of
local urban 'scape' and navigation systems. Many of them were produced by a certain elite of
foreign architects or foreign educated Kuwaitis that, mainly during 1970's became aware of the
region modes of life and building performance. The diversity of production sources together with
the local strong motivation for experimentalism generated and still generates a series of
remarkable architectonic-urbanistic models. The study and analyses of these schemes produced by
authors as Alison and Peter Smithson, Candilis-Josic-Woods, Arthur Erickson, Luigi Moretti, Jafar
Tukan or corporations as BBPR studio, Iraq Consult, The Architects Collaborative (TAC) , Doxiadis
Associates, Dorsch Consult, Energoprojekt, I. M. Pei & Partners and recently OMA, AGI and
Pad10, offers a relevant content for the debate of the arab town development in particular and the
housing urbanism and architecture in general.
Autor:
Ricardo
Camacho
52
Abstracts
Alvalade neighbourhood: towards an optimist ageing in place
Sessão 5.1
The Alvalade Plan (Faria da Costa, 1945) was designed in a suburban area of Lisbon, aiming to
house the growing population fleding from the countryside into the capital and also to relocate
many low income families displaced from the city center. During the long implementation of the
plan, from its inception (1947) until the last building blocks to be raised (in the 1970’s) Portuguese
society changed.
Autor:
António
Carvalho
An area intended to mix different social levels of population managed in fact to consolidate and
absorbe very different typologies, architectural languages and social changes throughout these
decades until now. Conceived upon a system of urban cells, much inspired on Clarence Perry’s
(1929) neighbourhood unit concept, Alvalade became a successful mixed urban area, which
meant a great resilience from the urban fabric and social tissue, whose population remained,
ageing in place.
This paper will discuss the Alvalade neighbourhood virtues and potential towards an age-friendly
city (WHO, 2007) dealing with the new Portuguese demographic reality: in the year 2000 the
young were surpassed by the old for the first time in Portugal — and this tendency remains: until
2050, only the age groups above 65 years of age will grow.
Considering the nature of the Alvalade plan, based upon the repetition of buildings with the same
design layout —in order to get a faster implementation to house the growing population of the
1950’s—, we selected some buildings for case studies. Based on these case studies, we will show,
propose and discuss in this paper how to refurbish the average existing apartment buildings in
order to become age-friendly, allowing its residents to age in place (Pastalan, 1999). Small scale
interventions on the existing buildings, preserving its (highly qualified) image will be presented and
discussed, somehow turning the normal apartment building into an assisted living facility for the
coexistence of different generations.
A similar approach will be presented and discussed towards the urban space around these
selected buildings, proving that Alvalade Plan, differently from other suburban plans which
followed it in the 1960’s, had a global design of buildings and outside spaces, with a highly
qualified and human-friendly urban environment. This characteristic allows the development of
small scale (acupuncture) urban design solutions necessary for an age-friendly city, which will be
presented and discussed.
The final point of the paper will be the discussion on how to recycle the Alvalade neighbourhood,
from its original aim of housing an ever growing young and active population towards the need of
keeping in place a fastly ageing population, taking advantage of the new silver economy, thus
contributing to the local economy, the use of all the existing urban facilities, while mixing
generations in a friendly manner and facilitating the gradual renewal of the city social tissue
through the minimal architectural refurbishing of the existing urban fabric.
From an initial suburb, Alvalade neighbourhood grew into a central and prestigious urban area.
The next step beyond will be turning it into a real age-friendly environment.
53
Abstracts
Sessão 5.1
Autor:
Rodrigo Coelho
O espaço publico como suporte de da expansão da cidade: modelos, antecedentes,
experiências recentes
Se, na primeira metade do século XX, as propostas de habitação colectiva se constituíram no
principal protagonista da construção da cidade europeia, já na segunda metade do século o
programa de habitação colectiva transforma-se num importante factor da sua desagregação,
contribuindo decisivamente para a perda de coerência do espaço urbano, que de uma forma
geral podemos reconhecer na cidade do Movimento Moderno de entre Guerras.
A questão fulcral neste processo está não apenas ligada aos violentos fenómenos de urbanização
dispersa, decorrentes da especulação imobiliária e do aumento da população, mas reside também
no facto das expansões de cidade das últimas duas décadas (mesmo aquelas conotadas com uma
arquitectura ou urbanismo de autor) negarem de forma mais ou menos subtil a importância
urbanística do espaço público e o papel do desenho urbano nos processos de construção da
cidade.
Por um lado verificamos que as recentes expansões de cidade, geradas, em muitos casos, a partir
da individualidade arquitectónica e apoiadas do ponto de vista do espaço público na ideia do
fragmento (em detrimento de concepções de sistemas urbanos integrados e em detrimento da
valorização da continuidade urbana) constituem uma das razões pelas quais o espaço público
perde a sua vocação arquitectónica e urbanística.
Considerando este diagnóstico procuraremos nesta comunicação reflectir sobre os novos temas e
problemas, centrando a reflexão sobre o papel que o espaço público pode desempenhar na
estruturação da cidade nova, por forma a garantir, dentro das condições urbanas actuais, uma
ideia de cidade como lugar habitável e estruturado, capaz de tornar significativa a vivência nestas
novas partes de cidade.
O primeiro tópico de reflexão, e problema de projecto mais específico prende-se com as respostas
possíveis à inserção ou integração dos novos fragmentos urbanizados no meio do território
heterogéneo e pulverizado, resultante da sobreposição do rural com o urbano e do artificial com
o natural.
Como segundo tópico de análise mais específico, julgamos crucial considerar e reflectir sobre as
diferentes tipologias de espaço público, por forma a lidar com o problema da dispersão, da
fragmentação, assim como com a perda de significado e legibilidade do espaço público.
Tal como alguns autores (entre os quais Jordi Borja ou Oriol Bohigas) têm vindo a salientar,
defenderemos que a recuperação da consistência e significado urbano no desenho da cidade e
dos seus espaços públicos depende, em larga medida, da recuperação da ideia de tecido, que
nas expansões recentes foi abandonada. Referimo-nos fundamentalmente à necessidade de
continuidade e complementaridade morfológica e funcional, bem como da consideração da
interdependência entre os vários componentes que compõem o espaço urbano.
Procuraremos enquadrar esta reflexão recorrendo a referentes históricos mas também exemplos
recentes. Os exemplos que nos interessam (que se balizarão entre os siedlungen centro-europeus
construídos nos anos 20 e 30 do século XX e propostas construídas mais recentemente como o
Plano de Bornéu-Sporenburg, ou o Bairro da Malagueira), estão directamente filiados em modelos
de edificação em linha que tomam da Cidade-Jardim a exigência de uma relação imediata com o
espaço livre, e da cidade concentrada a preferência pela habitação plurifamiliar organizada em
blocos .
54
Abstracts
A forma da casa moderna em 3 cidades lusas: Lisboa, Luanda e M acau
Sessão 5.1
Esta apresentação explora os fundamentos de projeto que caracterizam a casa moderna lusa,
através da análise de casos paradigmáticos em Lisboa, Luanda e Macau. Em Portugal, o moderno
apadrinhado pelo Internacional Style arrancou tarde, no final da década de quarenta. Em Lisboa,
ganham forma novos bairros residenciais - Alvalade e Olivais - entendidos como zonas de
expansão da cidade. Em Luanda, Simões de Carvalho projetou diferentes Unidades de Vizinhança
e, a outra escala, Manuel Maneiras realizou o conjunto S. Francisco em Macau. Realçam-se
também, as obras residenciais projetadas para os Funcionários do Estado, como o bloco de Vieira
da Costa em Luanda ou, a torre Leal Senado de Ramalho e o projeto-tipo Torre de Vicente, cujo
objetivo seria a repetição em diversos pontos de Macau e ainda em Luanda.
Autor:
Inês Lima
Rodrigues
No entanto, poder-se-á falar de «vitória» dos ideais da geração moderna? Reconhecemos a luta
por iniciativas de promoção pública e principalmente duma “habitação para todos”, ainda que
muitas das intervenções tenham sido de iniciativa privada, definitivamente mais aberta à
modernidade. Alguns exemplos são os blocos na avenida Brasil promovidos pela Montepio ou o
bloco Águas Livres patrocinado pela Fidelidade. No caso de Luanda, destacam-se as iniciativas da
Precol responsável pela construção dos conjuntos residenciais no bairro Prenda ou da
Cirilo&Irmão que construiu a Unité de Pereira da Costa, junto à baia de Luanda.
Poder-se-ão recuperar estas obras? Falamos de conjuntos urbanos completos quanto às quatro
funções: habitar, trabalhar, recrear e circular, com o objetivo de consolidar zonas residenciais
centrais ou periféricas da cidade, que tiveram no entanto resultados muito diferentes. Podemos
evidenciar o triunfo dos bairros lisboetas em oposição ao fracasso das experiências angolanas,
pois não foram concluídas em toda sua dimensão e escala. Casos como o Prenda ou S. Francisco
são hoje bairros esquecidos e descaraterizados.
A comparação de tipologias permite identificar a casa moderna lusa com as bases conceptuais do
Movimento Moderno em tudo o que concerne a relação entre objecto e paisagem, entre casa e
cidadão. A evolução para a forma linear aparece como um resultado lógico, os acessos em
galeria como solução económica e coletiva, as cozinhas funcionais e as salas de estar abertas
para espaços exteriores. Procuram-se as condições ótimas de ventilação e luz natural para todas
as peças da casa. Projetos que materializaram novos métodos de estandardização e produção em
série, que permitiram alcançar rapidez e economia na construção da habitação e, portanto, do
seu custo. A diversidade tipológica demostra a vontade de impulsionar novos laços sociais e
coletivos entre diversos tipos de famílias e classes sociais. São modelos que foram projetados com
princípios de sustentabilidade e de prática de projeto e poderiam, sem modificação alguma,
adaptar-se às necessidades atuais.
Ao identificar as qualidades inerentes aos projetos selecionados, pretende-se abrir, o debate
sobre a sua recuperação e requalificação. Atualmente, mais de meio século passado, estamos em
condições de interpretar os factos ocorridos como um processo normal de evolução e progresso.
Aprender da história dos últimos cinquenta anos, ativá-la com as tecnologias de hoje para
eventualmente ser aplicada amanhã.
55
Abstracts
Crossing Stories for an Interpretation of M odernity
Sessão 6.1
The Cité des 4000 is in La Courneuve, a town not far from Paris. The quarter was designed to
respond to the increased urban crowding of the capital city. When its construction was finished, in
1956, the Cité offered 4000 new accommodations, a large number which gave the name to the
housing complex. Ten years after its construction, Jean-Luc Godard set there his film Two or three
things I know about her, tying the events of the leading character with the city and the
neighbourhood life till a degree of a total identification. Stories of social problems intersect with the
story of a city that is growing and expanding. The difficulty of not finding a meaning of life beyond
the comfort and the reassurance of an average life expressed by the Godard film had made the
Cité the unforgettable setting representing the disillusion of the modernity dream. In the 80s, the
neighbourhood was one of the most criticized banlieues of France. Later an urban regeneration
process started, leading to its gradual demolition.
Autores:
Alessandra
Como
Luisa
Smeragliuolo
Perrotta,
In the same years of the construction of the Citè, in an another continent, in the American town of
St. Louis, begun the design project of Pruitt Igoe. 2,870 housing units in 33 buildings of eleven
floors, designed for the middle class. After the initial enthusiasm for the design project, there were
many problems and, long time before its full demolition, in 1973, the Pruitt Igoe was considered an
unsuccessful experiment. The implosion shown on television of the buildings has created an
enduring symbol of the American failure in the collective memory. That sequence of demolition has
gone around the world as a symbol of the failure of the CIAM and of the modern solution to the
housing problems. The director Godfrey Reggio has used shots of the abandoned Pruitt Igoe - just
before its demolition - and the famous sequence of the demolition, has been used as a clip in the
documentary Koyaanisqatsi, which deals on the topics of nature, humanity and modern civilization.
What connects these stories and these movies? The Cité des 4000 and the Pruitt Igoe have crossed
destinies. They are both complex, they carry loads of aspirations, they were greeted with great
enthusiasm and then they had finally become a mountain of dust. Their stories - their beginnings
and their demolition - inspired two directors who, in different ways, used them as critical tools for
the interpretation of modernity. There are no remains of something real and concrete of the two
complexes. Their story and their meaning that convey from the movies, such as the interpretation of
modernity, today communicate a sense of memory of the places and of the disregarded aspirations
of the modern and social urban model. This study – here proposed - explores the relationship
between the built environment and cinematography in the work of the two directors, showing the
diversity and how technical and narrative solutions reflect the binding of cinematic stories with the
real life of the two complexes.
56
Abstracts
Sessão 6.1
Autora:
Fabrícia
Valente
Lisboa mapeada por sons pós-modernos
A Arquitectura e a Música são disciplinas que sempre se relacionaram intimamente através da
materialização em formalizações de espaços físicos e criações de atmosferas musicais que, na
génese de ritmos, matérias, vazios e sensações, ditam condutas quotidianas do Homem. Fazendo
analogia à expressão de Goethe “Arquitectura é Música Petrificada” mais do que estabelecer
paralelismos entre Musicais e Arquitectura interessa explorar géneros musicais enquanto fruto de
contextos sociais e urbanos, onde a arquitectura de um lugar e de um tempo promove encontros e
convulsões. O cenário de fundo é geralmente, de um modo muitas vezes inconsciente, o centro
gerador de novos referentes imaginários.
As cidades, enquanto espaços de encontros entre culturas e contextos económico-sociais, são
locais privilegiados para a origem de fenómenos musicais, onde as malhas urbanas e os contextos
arquitectónicos são paradigmáticos para a produção musical. Por conseguinte, as grandes cidades
albergam diferentes subúrbios remetentes para geografias, tempos e histórias alternativas,
promovendo ambientes, dinâmicas, apropriações de espaço público e modelos arquitectónicos
específicos que estimulam um olhar particular e originam sonoridades distintas.
Estas analogias são confirmadas por leituras que estreitam relações entre cidades e fenómenos
musicais que delas surgem, como são exemplo o “grunge” de Seatlle, a franja Rock associada ao
betão do pós-industrial de Manchester, os “guetos” que trouxeram um som específico de Brooklyn,
a cultura hip-hop suburbana de Nova Iorque ou experimentações electrónicas de Tóquio.
Em Portugal, as diferenças musicais nas cidades são traduzidas em projectos realmente distintos,
entre a apreensão de referências absorvidas num contexto internacional e a adaptação específica
a um contexto local. Do Porto, o pop/rock dos GNR, dos BAN ou dos Ornatos Violeta são
exemplos de como em diferentes tempos a cidade trouxe sons dificilmente surgidos noutro
contexto e em Lisboa as diferenças são notórias tanto no contexto da cidade para o País, como
nas ramificações que existem em si mesma.
A grande Lisboa promove distintas traduções musicais. Certamente podemos mapear Lisboa
através de cartografias musicais e entender as suas pautas numa leitura da composição urbana
manifestada através da música. Não nos foquemos na óbvia associação da cidade ao Fado, mas
numa análise fenomenológica, territorial e social que apresenta dos anos 80 até à actualidade
especificidades do circuito Pop/Rock.
Associamos a sonoridade dos Heróis do Mar à vivência específica das Avenidas Novas, no
contexto pós moderno dos anos 80? Que diferença notamos para a música oriunda da margem
Sul em relação ao centro da cidade? O que potenciou o optimismo do Estoril traduzido no som
dos Delfins? Qual a base dos recentes fenómenos musicais da Linha da Amadora, como Boss AC e
Buraka Som Sistema?
Analisando o contexto específico dos Olivais, um dos subúrbios da cidade de Lisboa que
contribuiu, ao longo da década de 80, para um contexto de contracultura que ainda hoje subsiste
por sucessivas metamorfoses intrinsecamente enraizadas num momento histórico onde a produção
arquitectónica desempenhou um papel absolutamente fundamental. A vivência deste bairro
originou o aparecimento de bandas tão importantes como os Radar Kadafi em 84 e continua a
originar novos grupos como os actuais The Poppers. Os paradigmas são distintos e a abertura a
um contexto internacional eminente mas o contexto local ditado pela arquitectura continua a ser
uma âncora fundamental.
Conhecer a Cidade de Lisboa não negando mas, pelo contrario, aceitando a mais-valia dos
contextos suburbanos produzidos através da análise destas camadas musicais, arquitectónicas,
sociais e imaginárias dando lugar a um entendimento do Pós Moderno da Cidade, numa
pluralidade de interfaces que permitem ouvir Lisboa ser entoada por sons díspares e ainda assim
unificadores.
57
Abstracts
Sessão 6.1
Autor:
João
Rosmaninho
The Portela Story: uma margem à margem de Lisboa
Desde há cerca de cem anos que Lisboa tem sido construída no cinema através de uma sucessão
de visões singulares muito dificilmente categorizável. Sob diferentes géneros ou inúmeras autorias,
segundo longas ou curtas-metragens, em lugares comuns ou incomuns, localizada nos centros ou
na periferia da urbe, a ficção cinematográfica na cidade tem permitido transformar territórios
aparentemente negligenciáveis em espaços de carga e presença espacial indiscutíveis. Na
verdade, a montagem de paisagens Lisboetas tem sido experimentada, permanentemente, desde
a sinfonia anedótica da cidade ou da comédia de bairro até ao objecto militante ou produto
importado mais recente. Sem concessões, o cinema enquanto processo de construção de imagens
(e, também, de espaços) tem, então, explorado tantas aproximações para Lisboa quantas as suas
identidades e complexidades.
Nesta comunicação, com base em obras de ficção cinematográfica rodadas na Urbanização da
Portela ou nas suas margens (que se adivinham posteriores a 1974), sugerir-se-ão alguns
problemas urbanos cuja formulação e contemporaneidade importa relevar. A partir de excertos
de filmes tão distantes entre si quanto Dina e Django (1983), de Solveig Nordlund, Arena (2009),
de João Salaviza, ou Tabú (2012), de Miguel Gomes, procurar-se-á primeiro definir e depois
propor um corpo crítico para uma leitura e análise do espaço urbano, seguindo diferentes escalas
e usos e especificamente concretizado no objecto de estudo que é o subúrbio da Portela.
58
Abstracts
Sessão 6.1
Autor:
Maximina
Almeida
Provocação excêntrica em NO PLACE LIKE
A apresentação centra-se especificamente num fragmento da Representação Portuguesa na 12ª
Exposição Internacional de Arquitectura na Bienal de Veneza de 2010. Tem como objectivo
principal fazer uma interpretação, a diferentes profundidades, daquilo que se entende ser a
provocação despoletada pelo filme produzido por João Onofre - o artista e convidado
- para um dos pares das casas de No Place Like - 4 Houses, 4 Films, a casa em Santa Isabel,
Lisboa, de Ricardo Bak Gordon.
Questiona-se sobre os eventuais olhares daquele criador - destemido nos meios utilizados,
desvinculado das obrigações disciplinares da arquitectura, ou desconcertante nas imagens
produzidas - ou ainda, meramente absorvido pela ideia de uma provocação excêntrica, inspirada
em imaginários de campanhas publicitárias conhecidas e contemporâneas. Estará a
excentricidade no desejo do proprietário em ver erguida a sua casa unifamiliar num dos bairros
mais densamente construídos da cidade de Lisboa, ou, na vontade do arquitecto em fazer
renascer uma cidade oculta através da ocupação desses espaços vazios?
É na inflexão de Optimistic Suburbia ou, na quase inversão do seu limite que se tenta interrogar o
alcance desta ficção.
59
Abstracts
O individuo enquanto acontecimento urbano
Sessão 6.2
Quando Duchamp deixa esta frase para que seja o seu epitáfio, deixa-a também para a
posteridade como declaração significante na definição da identidade deste artista, da identidade
de um artista, ou, melhor, da identidade de um indivíduo. Porque, mais do que artista, Duchamp
afirma a condição de ter gozado da possibilidade de ser um indivíduo. E, assim, a própria arte
como manifestação desta condição.
Autor:
António Olaio
Mas, quando se morre, são os outros que morrem. E Duchamp revela, assim, uma identidade que
se traduz pelos outros, que existe enquanto polo de relações interpessoais.
Na relação entre o ser individual e o ser colectivo, Armando Azevedo, em 1976, faz cartazes
anunciando a sua exposição no Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, deixando que um buraco
com a silhueta do perfil da sua cabeça se preencha com a propaganda política. Uma identidade
assim multiplicada, mas também definida, pelos escritos daquelas paredes.
Na exposição “A Casa Pública”, enquadrados numa série de trabalhos que exploram a ideia de
uma subjectividade enquanto assimilação de uma condição urbana, alunos de desenho do curso
de arquitectura da Universidade de Coimbra criam percursos nas silhuetas do corpo enquanto
território. Manifestação plástica do espaço público interiorizado nesta Casa no lugar de Causa.
Na forma como o sujeito se assume simultaneamente colectivo e individual, encontramos a
dimensão ética da arte, não só na diluição de fronteiras entre o eu e os outros como na própria
possibilidade da arte ser ubíqua, na simultaneidade de pontos de vista.
A exposição “Heading West”, que fiz na galeria Appleton Square em Lisboa, partindo da
representação de alunos de arquitectura, coloca os seus corpos num enquadramento que lhes
omite a cabeça e, na ausência desta, é exponenciada a teia de relações espaciais, gerando-se um
espaço que reforça a ideia de um espaço expositivo enquanto espaço urbano, condição que esta
galeria de arte reconhece no seu próprio nome, na arte enquanto celebração desta condição.
60
Abstracts
Sessão 6.2
Em contraciclo com a realidade.
Desarmonias projectuais e ex positivas do subúrbio americano
O projecto expositivo do Museum of Modern Art de Nova Iorque, principalmente a partir do
Departamento dedicado à Arquitectura, promoveu reconhecidamente ao longo do seu historial
exposições dedicadas à questão da habitação: desde a mostra itinerante “Look at your
Neighborhood”, de 1944, até à recente “Foreclosed: Rehousing the American Dream”, de 2012.
Autor:
Bruno Gil
De facto, a promoção e curadoria destas exposições é normalmente disciplinar e com uma visão
subjacente institucional. Mas é igualmente pertinente a percepção de como a arte e o prosaico, o
conceptual e o quotidiano, são colocados no mesmo patamar – sinónimo de um quadro cultural
particular – que neste artigo procuramos aferir tomando a habitação e o subúrbio como tema.
Em “Look at your Neighborhood”, em pleno pós-guerra, era transportada uma visão
simultaneamente optimista e paternalista para os visitantes, através de mensagens que evocavam
a relevância do planeamento do bairro à cidade, pensado para o individual, a família, a
comunidade. Em perspectiva, o subúrbio americano era sinónimo do American Dream. A
desurbanização em extensão era caracterizada por conjuntos habitacionais, de casas, lares – as
“Homes for America” – que Dan Graham fotografa e representa em 1966. Entre 24 novos
aglomerados enunciava já Levittown, com a qual Denise Scott Brown e Robert Venturi também
aprenderiam, nos anos 1970.
Em 4 de Abril de 1968, Martin Luther King é assassinado. Este episódio é marcante para a
criação no mesmo ano da Urban Development Corporation (UDC) em Nova Iorque, um
organismo destinado ao desenvolvimento de soluções habitacionais colectivas, de promoção
pública. Em parceria com o Institute for Architecture and Urban Studies (IAUS), que iniciara em
1970 a investigação “Streets Project”, são desenhadas tipologias arquitectónicas em alternativa à
torre. A recuperação da escala da rua e do bairro é procurada, em sintonia com o “sidewalk
ballet” de Jane Jacobs e a demolição de Pruitt Igoe em 1972, que Charles Jencks enunciaria
como a “morte do modernismo”.
Os resultados dos projectos dos conjuntos habitacionais, para Brooklyn e Staten Island, são
apresentados no MoMA em 1973, em “Another Chance for Housing”, simbolicamente no
momento em que se dá início à construção de um dos conjuntos projectados, Marcus Garvey, em
Brooklyn. Será esta exposição que aprofundaremos, a partir do catálogo da exposição que
pudemos encontrar no arquivo pessoal do arquitecto Duarte Cabral de Mello, fruto da sua
colaboração enquanto investigador no IAUS. Faremos a leitura disciplinar das soluções
arquitectónicas em cruzamento com a sua divulgação expositiva.
A par dos desenhos e maquetes colocados perante o olhar do visitante, e que conceptualizavam
as transições tipológicas da construção em altura para a denominada LRHD (“low rise high
density”), a exposição era igualmente composta por desenhos perspécticos coloridos que
perspectivavam a arquitectura e a sua habitabilidade, através de uma visão ideal de um subúrbio
optimista. As figuras humanas desenhadas com contorno e sem cor, eram no entanto acríticas do
difícil contexto social, marcadamente turbulento nas convivências raciais entre comunidades de
negros, judeus e hispânicos, que caracterizavam aquele lugar – Brownsville – um bairro em
Brooklyn.
Por fim, será explorado o contraponto com a apropriação do bairro, até à contemporaneidade.
Tido ainda como o mais problemático subúrbio de Nova Iorque, marcado pelo crime, e que Al
Pacino percorre em “Serpico” de 1973, Brownsville mantém uma identidade íntrinseca através de
expressões sociais e raciais manifestadas pelo rap e o hip hop. A cultura artística de rua é, por
ventura, a demonstração de optimismo naquele quotidiano.
61
Abstracts
Sessão 6.2
On tract houses, temporary constructions and vacant lots.
Suburbia and contemporary art
In twentieth-century art, it´s clearly identifiable a general overcoming of the traditional boundaries
between different media, and the development of obvious interchanges between art and
architecture in particular.
Autora:
Margarida
Brito Alves
In fact, the transgressive process initiated in the scope of the first avant-gardes, was recaptured
and consolidated during the second half of the century by the dynamics created by the neo avantgardes – in which we can recognize a deliberate convergence between the fields conventionally
established by artistic and architectural production. From the 1950s on, a contact zone between
these two areas has been defined: a blurred territory determined not only by a mutual influence,
but even by the sharing of a tectonic lexicon.
In a scenario determined by slips between media, and in articulation with the revisions of
modernism that began to emerge, it was then that artistic practice, somehow functioning as an
heterotopia, became a critical space where architecture was analyzed, confronted and
challenged. Moreover, revisiting and discussing its practices, and questioning its solutions, to a
certain extent, art expanded the debate on architecture.
Recapturing some of the main theoretical references that define this process, and drawing from the
work of several artists, this paper aims to discuss some of the multiple ways contemporary art has
been addressing urban growth and suburbia.
62
Abstracts
Sessão 6.2
Autora:
Leonor Matos
Silva
Tempos de optimismo.
Expressões sobre a cidade da Escola de Belas Artes de Lisboa no pós-25 de Abril.
Até ao ano 1986 existiam apenas dois cursos de arquitectura em Portugal - no Porto e em Lisboa ambos sediados, de origem, nas respectivas Escolas de Belas-Artes, e portanto ambos enraizados
na tradição beaux-arts.
O convívio entre os estudantes dos vários cursos ministrados na ESBAL (Escola Superior de Belas
Artes de Lisboa) era uma consequência lógica da geminação programática entre as diversas
disciplinas - o que resultava num quotidiano, se não fraterno, inquestionavelmente próximo.
Com a Revolução de 25 de Abril, Portugal inicia uma viagem cultural inédita que tem, no campo
da arquitectura, um paralelo com o questionamento ao Movimento Moderno veiculado pelo pósguerra – embora de natureza por vezes diametralmente oposta, como será referido neste estudo.
O contexto académico é particularmente importante para esta crítica porque a considera
(idealmente) como uma disciplina; a Direcção do curso de Arquitectura da ESBAL tem como lema,
na década de 1980, a criação de uma “contra-cultura”; no entanto a crítica cultural que ocorre é,
mais do que uma intenção programática, o resultado de uma soma de acidentes “felizes” - ou
optimistas, no sentido da euforia pós-traumática que experiencia o tempo presente e o indivíduo
(ainda que em expressão colectiva), e que o faz de forma descomprometida.
Ao darmos conta de alguma da produção criativa que se desenrolou ao abrigo dos cursos da
ESBAL neste período – nomeadamente do curso de Arquitectura, mas não só – observamos esse
modo não convencional, para a época, de uma crítica que nos leva, de uma forma implícita mas
extremamente expressiva e sagaz, a refletir sobre cidade de Lisboa e sobre a identidade
portuguesa desde então.
Esta comunicação pretende dar a conhecer parte de um trabalho de fundo para doutoramento
que, pelo seu carácter, assenta grandemente na recolha de fontes primárias e que trata de uma
leitura da cultura arquitectónica portuguesa, e nomeadamente lisboeta, entre 1976 e 1986,
através de testemunhos e documentos relativos ao curso de arquitectura da ESBAL.
De modo a estabelecer uma análise estruturada, será exposta uma parte desta recolha,
nomeadamente exemplos de manifestações artísticas que integrem duas componentes: (1) ser
produzidas pelo Centro de audiovisuais da ESBAL – designado de Centro de Estudos Técnicos de
Informação e Teoria da Comunicação em Arquitectura e criado em 1983 com uma forte
componente de vídeo - e (2) ter como temática central a cidade de Lisboa.
Procurou-se de seguida agrupar estes trabalhos sob três pontos de vista: (1) experiências
académicas e artísticas de alunos; (2) registos documentais dos alunos; (3) registos documentais
semi-profissionais.
Por fim, será dado um exemplo de desdobramentos artísticos de autores singulares para cada
uma destas três abordagens previamente citadas - nomeadamente no campo da literatura,
fotografia e vídeo.
A necessidade de estruturar uma lógica para a apresentação destes casos é sintomática da
reflexão teórica que se irá propôr como ponto de partida a qual argumenta que é no campo
aberto para a expressividade artística que se estabelece a miscigenação que caracteriza uma
geração de arquitectos - ou seja, que só é possível o entendimento deste tempo histórico como
uma soma de expressões individuais.
Esta comunicação permitirá portanto o desenvolvimento de uma reflexão sobre a cultura
arquitectónica polarizada no centro cultural e social do país na década de 1980, revelando-a
como componente fundamental da definição da cultura urbana de hoje.
63
Abstracts
Sessão 7.1
Lisbon suburbia:
Entre a rotura infraestrutural e a produção de um tecido metropolitano conectivo
A rápida urbanização e a pobreza fizeram dos assentamentos espontâneos um dos artefactos
sociais dominantes do século XXI. Actualmente, reconhece-se que estes territórios são um modo de
vida de muitas populações nos países emergentes e não podem ser facilmente erradicados. Desde
o final dos anos 90 que existe uma preocupação urgente em encontrar estratégias de
planeamento e de desenho urbano eficazes que visem a redução da pobreza, a integração
espacial bem como a inclusão e a coesão social das comunidades de baixa renda. Neste sentido,
tendo como referente o contexto histórico do fenómeno de expansão da cidade de Medellín e os
processos antrópicas assentes no bairro Moravia, este estudo visa compreender a inter-relação
entre meio social, meio natural e meio construído, a partir de um ponto de vista multi-dimensional
da teoria do desenvolvimento local e do discurso do “Urbanismo Social” como estratégia de
planeamento territorial.
Autor:
Katila Vilar
Entre 2005-2011, o bairro Moravia foi intervido pelo Plano Parcial de Melhoramento Integral
(PPMIM), desenvolvido a partir de três componentes: de urbanismo/ambiental, sociocultural e a
socioeconômica. Este, sobretudo através de estratégias de desenho urbano, pretendeu atender
aos problemas ambientais, de salubridade, de habitabilidade e habitação bem como aos
problemas sociais inerentes que atravessava a comunidade. Para tal, desenvolve-se a partir do
reconhecimento e do fortalecimento das capacidades dos diferentes actores e da construção dos
laços de associativismo e de confiança mútua. A requalificação do território in-loco veio trazer a
recuperação física, ecológica, cultural e social do assentamento de gênese precária, bem como
permitiu recuperar a memória histórica da comunidade e fortalecer alguns aspectos do capital
social, nomeadamente as redes bridging e linking.
A investigação pretende identificar, compreender e avaliar os processos de inclusão social através
da transformação urbanística integral que se desenvolveu em Moravia e como é que esta se
pronunciou no capital social da comunidade. Para tal, parte inicialmente do discurso de
planeamento do PPMIM onde prevalece o conceito de sustentabilidade, para posteriormente
identificar, através da análise do projecto realizado, quais as estratégias de desenho urbano
implementadas e qual o impacto destas ao nível da percepção e da vivência da comunidade
relativamente ao território requalificado e, por fim, como é que estas incidiram relativamente ao
tema do capital social.
Para finalizar, a investigação apoia-se em conceitos como desenho urbano, capital social,
desenvolvimento local e sustentabilidade. Ao nível do desenho urbano parte dos princípios actuais
de “construção de lugares” e do novo urbanismo, bem como das prácticas, no terreno, exercidas
por uma nova geração de arquitectos/urbanistas que têm como principal fundamento ético,
projectar para o desenvolvimento com o intuito de criar mais oportunidades e um maior impacto
social. Ao nível do capital social e da teoria do desenvolvimento, assenta-se nos discursos de
alguns autores tais como, James Coleman, Robert Putman e Bernard Kliksberg.
Por fim, pretende sintetizar, no âmbito das estratégias de desenho urbano em assentamentos
precários, uma proposta inter-disciplinar que tenha como enfoque fulcral o fortalecimento do
capital social e por conseguinte, a melhoria da qualidade de vida dos habitantes deste tipo de
territórios e sua sustentabilidade.
64
Abstracts
Arquitectura Residencial M ineira - Aljustrel 1898-1993
Sessão 7.1
Este artigo derivou das minhas raízes familiares e da aprendizagem adquirida ao longo de todo o
percurso académico, que me permitiu compreender a oportunidade que seria estudar a Vila
Mineira de Aljustrel.
Autor:
Rita Patinha
O objectivo da dissertação de Mestrado foi entender a forma como a Indústria Mineira foi capaz
de gerar tecido urbano neste concelho, directa e indirectamente. Sobretudo, durante o período
em que a Société Anonyme Belge des Mines d’Aljustrel foi proprietária da empresa, entre 1898 e
1993. Realizei o levantamento e o estudo da contribuição que esta Sociedade teve no
desenvolvimento urbanístico da Vila de Aljustrel, um crescimento que resultou de uma relação
paternalista entre empregador e empregado. Esta relação garantiu a construção de residências
para todos os funcionários, sendo que o cargo que desempenhavam na empresa definia a
tipologia habitacional onde residiam, assim como a sua localização e até investimento estético.
Contudo, não foram as únicas infra-estruturas criadas. Para além dos edifícios industriais, a
SABMA criou infra-estruturas sociais e de lazer para os seus funcionários e comunidade em geral.
Para a metodologia utilizada na elaboração deste trabalho teórico foi essencial o contacto directo
e pessoal com esta realidade, para além da bibliografia recolhida. Assim como a possibilidade de
aceder aos arquivos e espólios, tanto da Câmara Municipal da Aljustrel como da actual empresa
proprietária da empresa de extracção do minério, a ALMINA Minas do Alentejo, SA, para além
de bibliografia complementar.
Este conhecimento permitiu-me escolher casos de estudo de tipologias habitacionais,
representativas de todas as classes trabalhadoras. Analisei as residências seleccionadas e produzi
um estudo sobre cada uma, de forma a perceber o grau de satisfação com as residências e as
diferenças habitacionais entre os diferentes funcionários. Assim como, a entrevista que tive
oportunidade de realizar ao único projectista que ainda consegue relatar a experiência de
projectar para a SABMA, o Arquitecto Pedro da Cunha Paredes.
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Abstracts
Sessão 7.1
Lisbon suburbia:
Entre a rotura infraestrutural e a produção de um tecido metropolitano conectivo
A transformação do território metropolitano de Lisboa ocorrida entre meados da década de 1960
e meados da década de 1990 pautou-se por diversos níveis de rotura na relação entre o
desenvolvimento do suporte infraestrutural e a produção do espaço urbano: rotura entre a
programação e a implementação das redes de acessibilidade, transporte e abastecimento; rotura
pela desagregação e fraccionamento da matriz rústica, base do mosaico cadastral da
urbanização. De uma estrutura urbana assente em radiais definidas no século XIX, emergem
padrões de crescimento urbano de configuração mais difusa e intensidade muito variável,
apoiados numa rede de acessibilidade viária e numa rede eléctrica que, em conjunto, permitem a
desconcentração residencial e produtiva por áreas mais afastadas das linhas de transporte
ferroviário. As tensões geradas entre as dimensões funcional e morfológica traduzem-se numa
produção frágil e coalescente do tecido urbano, suportada por uma pauta mínima de suporte
funcional e ambiental que, só a partir dos anos 1990, é reforçada com a concretização diferida
de infraestruturas de escala metropolitana antes programadas.
Autor:
João Rafael
Santos
Neste quadro, a produção de grandes conjuntos residenciais constitui um processo que só pode
ser entendido numa perspectiva dialéctica com outras formas e suportes de produção do urbano
metropolitano. A própria condição de grande conjunto residencial, no contexto lisboeta,
apresenta caracteres próprios e relativamente distintos face a situações análogas no contexto
europeu – onde ganharam considerável protagonismo espacial e disciplinar na arquitectura e na
urbanística: por um lado, nas formas e nos agentes de promoção; por outro, nos modelos urbanos
e tipológicos; finalmente, pelo quadro económico, social e político que reflecte um profundo
estado de transição de que se destaca a revolução de 1974.
Na transição de século, as formas de tecedura metropolitana reflectem já uma recomposição
interna induzida por operações singulares de regeneração urbana e ambiental e de demarcação
intensiva de programas específicos. Associam-se a uma topologia conectiva cada vez mais
equipotencial, mas reflectem, ainda assim, uma inércia de produção urbana mais corrente que
tende a colmatar os espaços disponíveis, num quadro de maior formalização normativa e
paramétrica conferida pela aprovação de instrumentos de gestão territorial de vária ordem.
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Abstracts
Sessão 7.1
‘DREAM CITIES’ IN AFRICA: POLEM ICS AROUND EXPU GONGÁ, THE ‘NEW CITY
OF SÃO TOM É’
In the African archipelago of São Tomé and Príncipe, a new project announced an urban
revolution: involved in great polemics, the Expu Gongá - a private development by the Chinese
group Guangxi Hidroeclectric Contruction Bureau and the Angolan company Investimentos e
Projectos Angolanos, with public participation -, if confirmed, would be located in the outskirts of
the capital city and occupy 210 hectares of land, in a 58-month construction process of 300 million
dollars of investment.
Autor:
Ana Silva
Fernandes
Augusto
Nascimento
In a country of around 187.000 inhabitants, two thirds of which living below the poverty line and
in precarious dwelling conditions (according to the Census of 2012), and where housing policies
hardly contribute to tackling the needs of the low-income population, the prospect of a ‘new
beginning’ appears fascinating. Nevertheless, while some see this project as the ultimate
opportunity of modernization, critics arise to the process, the adequacy to the demand and the
indifference to the problems within the existing urban areas.
Indeed, on the one hand, where the public capacities for improvement of the built environment are
very limited and dependent on unpredictable external aid, private investment is not only welcomed
but thoroughly encouraged. The long-desired house in a brand new ‘dream city’ - picture
profoundly imprinted in the imaginary of a society to which much if often denied - is here
advertised by the developers as finally possible, both for the upper and middle classes and for the
low-budget families.
Nevertheless, on the other hand, a process that started with a 25-day competition for a proposal
for both design and construction of a development area of this size, raises questions right at the
launching point: by limiting the number and profile of interested participants and rushing the
suggested solutions. This commission raises comparisons with other large-scale developments in
African contexts - sector in which the Chinese construction companies have been very active -,
which have been intensely criticized for inadequate high-density solutions and low-quality
construction standards. Furthermore, recent experiences of current housing provision - both in São
Tomé and Príncipe and other African territories -, when not accompanied by careful economic
support, have often proved incapable of reaching the lower-income populations, therefore
perpetuating the inadequate living conditions of the most needed and offering no solutions
whatsoever for the most severe situations.
The future of this specific project is still uncertain: as the government changed, the new political
decision-makers have announced that this process is to be suspended. Nevertheless, rather than
discussing the content of the proposal or its future, this paper aims at debating the process, the
social aspirations and representations, as well as the political background that have created the
conditions for this process to take place and that have shaped the discourses and debates around
it.
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20 DE MAIO | EDIFÍCIO II EXPOSIÇÃO OPTIMISTIC SUBURBIA ABERTURA E CONFERÊNCIA INAUGURAL 21-­22 DE MAIO | ALA AUTÓNOMA CONFERÊNCIAS SESSÕES ÚNICAS E SESSÕES PARALELAS 22 DE MAIO | EDIFÍCIO I INAUGURAÇÃO DOS WORKSHOPS 68