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UNIVERSIDADE DO OESTE DE SANTA CATARINA - UNOESC
DENISE DAIANE DICK
CARREGANDO DESIGN NAS COSTAS:
Projeto de mochila com barraca acoplada para acampamento
Xanxerê
2009
2
DENISE DAIANE DICK
CARREGANDO DESIGN NAS COSTAS:
Projeto de mochila com barraca acoplada para acampamento
Trabalho de Conclusão de Conclusão de
Curso apresentado ao Curso de Design,
Área das Ciências Exatas e da Terra, da
Universidade do Oeste de Santa Catarina,
como requisito parcial à obtenção do grau
de Bacharel em Design Industrial.
Orientadora: Prof. Michelle Françoise Haswany de Almeida
Xanxerê
2009
3
DENISE DAIANE DICK
CARREGANDO DESIGN NAS COSTAS:
Projeto de mochila com barraca acoplada para acampamento
Trabalho de Conclusão de Conclusão de
Curso apresentado ao Curso de Design,
Área das Ciências Exatas e da Terra, da
Universidade do Oeste de Santa Catarina,
como requisito parcial à obtenção do grau
de Bacharel em Design Industrial.
Aprovado em 14 de Dezembro de 2009
BANCA EXAMINADORA
Prof. Michelle Françoise Haswany de Almeida
Universidade do Oeste de Santa Catarina
Nota atribuída:
Prof. Esp. Walter Strobel Neto
Universidade do Oeste de Santa Catarina
Nota atribuída:
_______________________________________________________________
Prof. Msc. Luiz Claudio Mazolla Vieira
Universidade do Oeste de Santa Catarina
Nota atribuída:
4
Agradecimentos
Agradeço primeiramente à minha mãe Elisete Maria Pedott, que em
todos os momentos da minha vida me apoiou, acreditou em meu potencial e
com muito amor me apóia para eu conquistar meu sonho. A meu pai, Darcy
Dario Dick, agradeço por sempre me fazer sentir o amor e a alegria com suas
brincadeiras, e apoio quando mais preciso. Agradeço a meus irmãos Deise,
Dimitri e David, que por traz das brincadeiras sempre me ajudaram a
conquistar o que almejo. Agradeço a meu padrasto Marcos, que com suas
palavras sensíveis e compreensivas, me ajuda a ter clareza e consciência
sobre a vida. Agradeço a minha boadrasta, Juciane, e a minha irmãzinha
Danielle. Agradeço a meus avós maternos por me apoiarem de forma
significativa na graduação, a meus avós paternos, que mesmo distantes, sei
que sempre acreditaram em mim.
Agradeço à minhas amigas Roberta, Cátia e Emanuelle, por acreditarem
no meu amor e amizade, e por me fazerem ficar com os pés no chão nos
momentos certos. E agradeço pelos momentos cheios de risos que sempre
estarão em meu coração.
Agradeço a meu namorado Mateus, por seu apoio incondicional durante
todo o processo do trabalho de conclusão de curso, e que com sua alegria e
amor me ajudou a ver tudo com mais simplicidade, e também a sua família,
que me ajudou de forma significativa no processo final.
Agradeço aos professores e a minha orientadora Michelle, por
repassarem seus conhecimentos com entusiasmo e que fizeram alguns
momentos serem marcantes em minha vida.
5
“Há um tal prazer nos bosques inexplorados;
Há uma tal beleza na solitária praia;
Há uma sociedade que ninguém invade
Perto do mar profundo
E na música do seu bramir;
Não que eu ame menos o homem
Mas amo mais a natureza...”
(Lord Byron)
6
RESUMO
O presente projeto teve como objetivo desenvolver uma mochila multifuncional
que acopla barraca, com intuito de melhorar o transporte até o local do
acampamento. O foco principal do produto é tornar o hábito de acampar mais
prático e funcional, evitando a fadiga com utensílios e materiais. O estudo
iniciou com pesquisas bibliográficas sobre diversos assuntos relacionados ao
projeto e pesquisas através da internet. O público envolve pessoas que gostam
de aventuras, natureza, que tenha espírito livre e que são financeiramente
estáveis. Foi utilizada a metodologia aberta de Flavio Anthero N. V. Santos,
envolvendo três etapas: pré-concepção, concepção e pós-concepção, a partir
delas havendo vários desdobramentos. Após analisar todas as informações
estudadas, houve a geração de alternativas baseadas nos painéis imagéticos e
pesquisas de similares, e assim foi escolhida a alternativa que mais se
adequou com as exigências e conceitos do produto e, aliando estética à
funcionalidade, a mochila com barraca acoplada para acampamento foi
finalizada.
Palavras-chave: Mochila, acampamento e design.
7
ABSTRACT
This project aimed to develop a multi-functional backpack that attaches tent, to
improve the transport to the campground. The main focus of the product is to
make a habit of camping more practical and functional, avoiding fatigue with
tools and materials. The study started with literature searches on various
subjects related to design and research via the Internet. The public has people
who like adventure, nature, that have free spirit and who is financially stable.
We used the open methodology made by Flavio Anthero N. V. Santos, involving
three stages: pre-conception, design and post-conception, from their various
developments are made. After reviewing all the information studied, there was
the drawing of alternatives based on signs and iconographic research similar,
and thus was chosen the alternative that best suits the requirements and
concepts of the product, combining aesthetics with functionality, so the
backpack with tent attached camping has been finished.
Keywords: Backpacking, camping and design.
8
LISTA DE IMAGENS
Imagem 01: Cesto de fibra natural .....................................................
30
Imagem 02: Cesto estruturado com bambu preso à testa..................
32
Imagem 03: Primeira mochila de armação externa............................
33
Imagem 04: Barracas nômades .........................................................
34
Imagem 05: Estrutura radial ...............................................................
35
Imagem 06: Fase pré-concepção ......................................................
37
Imagem 07: Fase concepção .............................................................
38
Imagem 08: Fase pós-concepção ......................................................
39
Imagem 09: Metodologia MD3E .........................................................
40
Imagem 10: Variações do corpo em pé ..............................................
42
Imagem 11: Formas como o peso é distribuído .................................
44
Imagem 12: Lugares apropriados na mochila ....................................
44
Imagem 13: Tipos de mochila ............................................................
45
Imagem 14: Teste de resistência à abrasão ......................................
47
Imagem 15: Tecido aerado ................................................................
48
Imagem 16: Costado côncavo ...........................................................
49
Imagem 17: Regulagem da altura das alças .....................................
49
Imagem 18: Regulagem das alças ....................................................
50
Imagem 19: Regulagem barrigueira ..................................................
50
Imagem 20: Sistema Lady Fit ............................................................
51
Imagem 21: Medidas e pesos da barraca Iglu ...................................
52
Imagem 22: Votação “Qual a marca de sua mochila?” ......................
53
Imagem 23: Mochilas Trilhas e Rumos ..............................................
54
Imagem 24: Mochilas Deuter ..............................................................
54
Imagem 25: Mochilas Curtlo ...............................................................
55
Imagem 26: Conceitos mochila ..........................................................
58
Imagem 27: Conceitos público ...........................................................
58
Imagem 28: Conceitos acampamento ................................................
59
Imagem 29: Alternativas 1 e 2.............................................................
60
Imagem 30: Alternativas 3 e 4.............................................................
61
Imagem 31: Alternativas 5 e 6.............................................................
61
9
Imagem 32: Teste de modelo 1...........................................................
63
Imagem 33: Teste de modelo 2...........................................................
64
Imagem 34: Teste de modelo 3...........................................................
64
Imagem 35: Teste de modelo 4...........................................................
65
Imagem 36: Teste de modelo 5...........................................................
66
Imagem 37: Modelo Virtual 3D ...........................................................
68
Imagem 38: Modelo final ....................................................................
69
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 01: Medidas antropométricas femininas ..............................
42
Tabela 02: Medidas antropométricas masculinas ...........................
43
Tabela 03: Seleção de alternativas
62
11
LISTA DE FICHAS TÉCNICAS
01: Tampa – Mochila para acampamento........................................
70
02: Superior tampa...........................................................................
71
03: Alça mochila...............................................................................
72
04: Bolso médio lateral – 2 peças....................................................
73
05: Bolso grande lateral...................................................................
74
06: Barrigueira..................................................................................
75
07: Compartimento superior.............................................................
76
08: Compartimento inferior...............................................................
77
09: Desenho técnico.........................................................................
78
12
SUMÁRIO
1INTRODUÇÃO....................................................................................
14
1.1 OBJETIVOS....................................................................................
15
1.1.1 Objetivo Geral..........................................................................
15
1.1.2 Objetivos Específicos..............................................................
15
1.2 QUESTÕES DE PESQUISA...........................................................
16
1.3 JUSTIFICATIVA.............................................................................
16
2 BASES DO CONHECIMENTO..........................................................
18
2.1 DESIGN..........................................................................................
18
2.1.1 Design de produtos....................................................................
21
2.2 ERGONOMIA..................................................................................
25
2.3 O ATO DE ACAMPAR....................................................................
29
3 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE DESIGN.........................
35
3.1 METODOLOGIA DO PROJETO DE DESIGN...............................
35
3.1.1 Metodologia do projeto adaptada...........................................
37
3.2 PROJETO DE DESIGN.................................................................
40
3.2.1 Coleta e análise de dados........................................................
40
3.2.1.1 Dados ergonômicos antropométricos......................................
41
3.2.1.2 Mochila.....................................................................................
45
3.2.1.3 Barraca....................................................................................
51
3.2.1.4 Similares..................................................................................
53
3.2.1.5 Público.....................................................................................
55
3.2.2 Atributos do produto................................................................
56
3.2.3 Caminhos criativos...................................................................
57
3.2.4 Geração de alternativas...........................................................
59
3.2.5 Seleção e Adequação...............................................................
62
3.2.6 Testes de modelos....................................................................
63
3.2.7 Componentes............................................................................
67
4 RESULTADO DO PROJETO...........................................................
68
13
4.1 MODELO........................................................................................
68
4.2 DESENHOS TÉCNICOS...............................................................
69
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................
79
REFERÊNCIAS
80
ANEXOS
85
14
1 INTRODUÇÃO
O design é uma área de conhecimento multidisciplinar. Ele engloba
várias ciências que trabalham desde a história e cultura de uma sociedade, o
desenvolvimento estético através de formas até as técnicas que envolvem
materiais, processos de produção e aspectos que geram conforto, praticidade e
qualidade de vida. Duas das ciências envolvidas no design são a ergonomia e
a semiótica. São utilizadas como instrumentos complementares na elaboração
de qualquer produto de design. Auxiliam, respectivamente, nos aspectos de
conforto, qualidade e segurança, como também nos significados interpretados
pelos usuários.
A ergonomia irá auxiliar no desenvolvimento do presente projeto, que se
trata de mochila multifuncional para acampamento com barraca acoplada.
Desta forma, busca-se maior eficiência e praticidade na hora de acampar,
transportar e relaxar, com o objetivo de suprir as necessidades de transporte e
abrigo para esta atividade. Já a semiótica auxiliará na interpretação da estética
e da função da mochila, passando a mensagem correta sobre o significado
deste produto.
De que maneira, a partir do design, desenvolver uma mochila que acopla
barraca e possibilita levar para o acampamento todos os utensílios básicos e
necessários para esta atividade, com o objetivo de suprir as necessidades que
os usuários encontram com mochilas já existentes?
A partir desta pergunta, determinar o objetivo geral, perceber e elencar
os objetivos específicos para possibilitar a visualização de cada passo a se
tomar durante o projeto, torna possível chegar ao resultado esperado. Além de
observar o porquê deste projeto e como ele afetará a vida do usuário.
15
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo geral
O objetivo geral deste trabalho é projetar, através do design, mochila
multifuncional para acampamento que possui barraca acoplada, com intuito de
solucionar as necessidades de transporte e abrigo para esta atividade, com o
objetivo de promover maior conforto, praticidade e leveza.
1.1.2 Objetivos específicos
a) Estudar sobre Design para verificar sua grande importância para o
desenvolvimento de produtos e como ele se relaciona com o mercado e
o público alvo;
b) Estudar sobre ergonomia para projetar uma mochila confortável para
o usuário, analisando medidas, volumes e pesos adequados;
c) Entender sobre mochilas e como elas funcionam para projetar de
forma mais atraente para o consumidor;
d) Analisar os hábitos de acampamento para verificar características e
necessidades que apresentam;
e) Pesquisar sobre os consumidores para entender seus hábitos e
necessidades relacionados ao tema sugerido;
f) Pesquisar materiais e processos industriais para desenvolver uma
mochila com qualidade, ou seja, leve e com um ciclo de vida maior que
as já presentes no mercado e entender sobre barracas, como elas
funcionam e quais são os modelos, medidas e peso para selecionar qual
se adaptará melhor na mochila;
16
h) Desenvolver o projeto da mochila;
i) Confeccionar os moldes, modelos de teste e modelo final para
apresentação.
1.2 QUESTÕES DE PESQUISA
a)
O que é Design e como ele ajuda nas necessidades dos
consumidores?
b)
Como a ergonomia ajuda no desenvolvimento de produtos?
c)
Como funcionam as mochilas e quais materiais e processos
industriais para a produção de mochilas?
d)
Quais são os hábitos em um acampamento e quais são os objetos
básicos e necessários para um acampamento?
e)
Como se comporta o consumidor que tem como hábito o
acampamento?
f)
Como funcionam as mochilas e as barracas, e quais são os
processos industriais e materiais para sua produção?
1.3 JUSTIFICATIVA
Contemporaneamente, a cultura urbana passa por diversas mudanças,
que permeia a importância que as pessoas dão para a qualidade de vida que
possuem. O dia-a-dia em uma cidade gera stress e depressão, sendo estas, as
maiores causas de doenças. Com tantas tarefas e rotinas desgastantes, as
pessoas procuram atividades que os distraiam e os acalmem.
Várias são as pessoas que procuram atividades para relaxar junto com
amigos ou familiares, algumas escolhem simplesmente passar alguns
momentos junto à natureza. Assim, as atividades que envolvem o meio
17
ambiente tem sido a principal escolha para fugir do caos da cidade, uma destas
é a prática do acampamento.
O campismo resgata a vivência junto à natureza, sentido de
comunidade, solidariedade e preservação. É um hábito, que além de ser
prazeroso, é econômico, pois não envolve grandes investimentos na sua
prática.
Tendo em vista este panorama, devido ao crescimento deste hábito, a
criação e a produção de produtos destinados para esta atividade aumentam
cada vez mais. Desta forma, surgem novas idéias e soluções para o transporte
de utensílios até o local do acampamento. Preocupar-se com a mochila
transforma este hábito em uma atividade desgastante e pouco aproveitável.
Sendo assim, o presente projeto visa tornar o acampamento uma atividade
prazerosa, e evitar a fadiga com o manuseio de equipamentos.
Utilizar as ciências do design, tais como ergonomia, funcionalidade,
estética e semiótica, é possível desenvolver um produto multifuncional apto
para o acampamento, que possibilita a organização e que seja prático e leve,
objetivando maior conforto.
18
2
REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 DESIGN
O termo design tem sua origem na língua inglesa, no qual significa tanto
desenho quanto projeto, e está direcionado e definido em português como
“concepção de um projeto ou modelo”. É uma palavra que hoje está em tudo,
relacionado à criatividade no que diz respeito à configuração de algo, seja um
aparelho eletrônico, um móvel, um ambiente, ou uma embalagem.
O design teve seu grande início após a 1ª Revolução Industrial,
conforme citado por Norman (2002), que ocorreu na Inglaterra, onde houve
evolução não só na parte da mecanização e produção de produtos, como
também teve um largo passo na sociedade e costumes. A industrialização
começou a gerar demanda em vez de apenas suprir aquela que já existia. A
indústria têxtil atingiu um custo de produção super baixo, que tornou acessível
para outras classes o consumo de tecidos. As pessoas começaram a se
interessar mais pelos produtos não só por necessidade, mas também por
desejo e identidade. Isto devido ao aumento de empregos, inserção da mulher
nas indústrias e diminuição da carga horária de trabalho. O design, então, entra
com um grande papel para chamar este novo público consumidor, as mulheres
e classe operária. Através da identificação de necessidade e diferenciação.
Após esta época, segundo Denis (2000), surgiram grandes idéias e
mudanças no que engloba o design, e como é possível desenvolvê-lo. As
escolas de design surgiram para aliar arte, criatividade e produção à função do
produto. Espalhando esta prática para outros países, e hoje, cada vez mais,
aperfeiçoando e aliando-se as outras áreas de estudo e criação. Englobando
várias disciplinas e assuntos, desde história, cultura e criatividade até aspectos
como conforto, praticidade, beleza e ergonomia. É capaz, através do design,
aperfeiçoar o processo produtivo, aumentar a lucratividade, reduzir custos e
19
elevar a qualidade de serviços e produtos, além de comunicar de forma
eficiente a seu público alvo.
De acordo com Norman (2002):
O design é um empreendimento complexo, abrangendo várias
disciplinas. Engenheiros projetam pontes e represas, circuitos
eletrônicos e novos padrões de materiais. O termo “design” é usado
para se referir à moda, à decoração de interiores e à jardinagem.
Muitos designers são artistas, enfatizando a estética e o prazer. Outros
estão interessados nos custos. Tudo levado em conta, muitas
disciplinas estão envolvidas no desenvolvimento dos vários produtos
que usamos.
Através das várias disciplinas utilizadas complementando o design, tais
como semiótica, ergonomia, metodologia visual, desenho técnico, teoria do
design, estética, processos e materiais industrias e gráficos, se verifica nos
produtos e peças gráficas ajustes e necessidades, com isto o design entra
neste contexto como fator primordial para a melhoria e para as necessidades
encontradas. Uma destas necessidades do consumidor é a identificação e a
diferenciação através de produtos, isso fazendo com que o design se volte para
os gastos e desejos do público.
Gabriella Carelli (2004) afirma que o aumento da oferta de produto com
desenho inovador acabou por criar uma vida de mão dupla, pois o consumidor
também passou a exigir objetos mais bonitos e com os quais se identifique.
Dentro dessa realidade, o design é cada vez mais um aspecto
fundamental na conquista de preferência do consumidor, em disputa em um
mercado cada vez mais exigente. Cores, formas, materiais e funções são
determinantes na escolha do que levar para casa e da empresa a ser escolhida
para serviços.
20
Segundo Baudrillard (1981) citado por Faggiani (2006, p. 23):
Em nenhum outro período os significados imputados aos produtos se
multiplicaram com tanta velocidade, multiplicando-se constantemente
e ultrapassando as características funcionais, como nos dias atuais.
O sistema de signos e símbolos vinculado aos objetos nunca foi tão
forte e representativo da ordem social e tão emaranhado na
coletividade. Essa é a característica que diferencia a sociedade atual
das suas predecessoras: o mundo do consumo é um conjunto de
signos e significados interligados e interdependentes e oferece uma
maneira de socialização aos seus indivíduos.
Design apropriado e centrado no humano exige que todas as
considerações sejam abordadas desde o princípio, tais como fatores
funcionais, estéticos e simbólicos, trabalhando-os como um todo. A maior parte
do design visa ser usada por pessoas, de modo que as necessidades e
exigências delas devem constituir a força que impulsiona grande parte do
trabalho ao longo de todo processo. Norman (2002) afirma que bons designs
incluem prazer estético, artes e criatividade e ao mesmo tempo são usáveis, de
fácil operação e prazerosos.
O designer tem visão, encontra necessidades que as pessoas nem
percebem que tem. O design tem o papel de mostrar para as pessoas de como
é possível ter uma vida com simplicidade e praticidade.
Conforme Margolin(1991) citado por Bigal (2001) “No design podemos
ver a representação como a vida deveria ser vivida. Design é o resultado das
escolhas.”
O design oferece para o público não somente o que já é predestinado,
mas sim muito além, trazendo soluções eficientes para os produtos tanto
industriais
quanto
gráficos,
visando
a
melhoria
dos
problemas
dos
consumidores.
Este deve ser visto como parte integrante do desenvolvimento de um
produto, onde é definido como a atividade responsável pela configuração dos
21
objetos industriais (BONFIM, 1998). É a melhoria de aspectos funcionais,
estéticos e simbólicos. Não é apenas centrado no objeto ou em seus
significados objetivos, mas sim, centrado no ser humano e no seu modo de ver,
interpretar e conviver com um produto.
Os designers, tal como observou Krippendorff (2001) citado por Damazio
(2008), começaram a perceber que seus produtos não eram apenas “coisas”,
mas práticas sociais, símbolos e preferências.
A partir do design é possível desenvolver produtos sustentáveis, com
apelo ecológico, projetá-los com simbologias aplicadas levando mensagens
para os consumidores e/ou também tornando um simples objeto em símbolo de
um grupo de pessoas e até de uma nação.
2.1.1 Design de produtos
Os produtos revelam comportamentos, visões de mundo, valores
estéticos e estágios tecnológicos que permite uma interpretação da cultura em
que os consumidores são incluídos. Estes refletem aspectos do individuo
dentro de seu ambiente histórico, portanto, é indispensável entendê-los para se
criar produtos de forma coesa com seus desejos e necessidades (BONETO,
1993).
O principal foco do design de produtos é o público a qual se destina o
projeto de design, pois assim é possível desenvolver um objeto com mais
características que o público alvo se identifica. É necessário analisar cultura e
aspectos que englobam a vida deste consumidor, assim facilitando a
comunicação entre o produto e o indivíduo, passando uma mensagem mais
clara e objetiva.
22
Conforme Ng e outros (1998) citado por Damazio (2008):
O projeto centrado no usuário pode ser obtido através do estudo de
seu processo cognitivo e sua habilidade e capacidade de processar
estas informações. Esta premissa representa um dos princípios
básicos para o projeto de qualquer sistema: o projeto do sistema
deve ter sempre o usuário em mente.
Como o trabalho de criar produtos envolve aspectos de comportamento
e a agregação de significados aos objetos, os produtos não podem ser vistos
como um produto neutro e separado de seu contexto social e funcional
(Faggioni, 2006), assim modificando o conceito em relação à responsabilidade
do design junto à sociedade e a cultura material.
O produto deve causar impacto em seu consumidor, trazendo sensações
e emoções através de significados imputados, dando ênfase na particularidade
do individuo (DAMAZIO e outros, 2008, p. 51.). A comunicação do produto com
o consumidor só é eficiente quando o mesmo percebe e entende o que o objeto
quer lhe transmitir, caso não exista esta relação, não haverá consumo deste
produto. Sendo assim, o produto só é identificado pelos indivíduos que vivem
no contexto em que o mesmo foi desenvolvido, ou os que tenham uma relação
próxima com este contexto.
Segundo Costa(1993) citado por Faggioni (2006, p. 74):
Todos os produtos, todos os vestígios da atividade técnica humana
têm de ser compreendidos como fatos culturais, como produtos da
cultura material. É assim que qualquer objeto, material, comum e
anônimo, estabelece dialeticamente nexos com a civilização, a qual,
por sua vez, se torna inteligível por seu intermédio.
O diálogo entre homem e objeto, acontece através do uso, este é
possível através do estudo centrado nesta ligação. Assim, deve-se refletir nas
funções básicas que permitem a percepção e a compreensão do produto,
satisfazendo e resolvendo as diversas necessidades dos consumidores.
23
Em virtude disto é perceptível que os produtos apresentam variados
públicos, classificando e determinando estilos de vida, classes sociais e
desejos.
Características
presentes
nestes
objetos
diferenciam
qual
personalidade será atraída. Os signos e símbolos imputados oferecem uma
maneira de socialização, sendo estes um sistema representativo da vida social
e econômica, implicando um determinado modo de ver e de viver do usuário.
Conforme Bourdieu (2001) citado por Faggioni (2006, p.73):
Os produtos, considerados sob o fator simbólico, são elementos
formadores e determinantes de um estilo de vida e revelam que mesmo
as trocas econômicas são trocas simbólicas. As preferências de
consumo e estilo de vida estão associadas a classes específicas
definindo o status social, passível de ser classificados pelos outros.
Além de todos os significados presentes nos produtos, existem outros
elementos necessários para que estes sejam mais eficientes. Adequar o
produto às necessidades fisiológicas do usuário, tais como, facilidade de uso,
conforto, segurança e eficácia na utilização, são essenciais para projetar e
planeja-lo de forma mais coesa.
Conforme Faggiani (2006, p. 72) “A criação de objetos é uma atividade
que abrange planejamento e concepção.”
Pensar nas funções básicas, tanto prática quanto estética e simbólica, é
fundamental para elaborar e desenvolver objetos centrados no usuário. O
planejamento focado nestas três funções torna mais simples e mais acertiva a
resolução do problema e a criação de objetos.
A função estética aborda o lado psicológico do usuário através do
processo de percepção em relação ao objeto. É o primeiro elemento que cria
laços entre produto e consumidor, pois a visão é o primeiro contato com o
mundo exterior.
24
Logo após, há a interpretação e compreensão da mensagem passada
através do produto, envolvendo a função simbólica, ou seja, fatores sociais,
políticos, culturais e econômicos. Estabelecendo assim relações com
experiências e sensações já antes vividas. Esta função tem o papel de trazer
uma conexão mais profunda, despertando emoções no usuário.
Conforme Damazio e outros (2008):
Um equilíbrio entre as habilidades pessoais e os desafios impostos
pelo produto promove nos usuários experientes um sentimento
prazeroso de intimidade. Também um sentimento de controle sobre
o uso do produto ou sobre toda a situação envolvida no uso dá uma
sensação de segurança e autoconsciência.
O produto deve fluir e ter um feedback junto a seu usuário, despertando
uma relação íntima com o mesmo. O objeto apresentando resposta imediata a
seu consumidor evita que haja erros em seu comportamento, isto devido ao
hábito que é estabelecido junto com o produto. Quando a interação homem e
produto é mais desafiadora, o consumidor vive uma sensação de poder ir além
de seu limite, pois este ultrapassa idéias já formadas ou imaginadas.
Por fim, pensa-se na função prática, onde existe a analise e adequação
do produto ao uso, de uma forma mais eficiente e funcional. As características
práticas e técnicas devem satisfazer as necessidades do consumidor,
cumprindo a função do objeto. Para desenvolver um produto funcional,
confortável, seguro e prático, é preciso estudar a ergonomia. Pois através dela
projetar um produto com usabilidade elevada é mais simples e eficiente.
Após a concepção do projeto, inicia-se a fase de determinação de
materiais e processos propícios para fabricação deste produto. Há também a
analise do contexto tecnológico em que o mercado se encontra, pois a partir
destas informações é possível utilizar materiais mais adequados, eficientes e
de qualidade, assim como processos industriais mais avançados em que a
matéria irá passar para se transformar em um produto.
25
2.2 ERGONOMIA
O termo ergonomia, conforme afirma Moraes (2003), compreende os
termos gregos ergo (trabalho) e nomos (normas, regras). Foi utilizado pela
primeira vez em 1949, quando psicólogos, fisiologistas e engenheiros
resolveram formar uma sociedade para o estudo dos seres humanos no
ambiente de trabalho, surgiu assim a primeira sociedade de Ergonomia.
No inicio da era industrial os trabalhadores e usuários deviam se adaptar
à máquina e produto, pois estes eram projetados apenas pensando na sua
função e eficiência durante a produção, causando assim dores corporais,
desgaste físico e mental nos operários e possibilidades de erros e acidentes no
manejo com a máquina ou produto. Segunto Damazio (2008), a intensificação
de ritmo de trabalho nesta época resultou em sobrecarga para os operários,
fazendo com que se pensasse em uma resolução para este problema. Projetar
máquinas e produtos pensando no usuário, no manejo e uso, transformando-os
em algo confortável e seguro foi o resultado de análises fisiológicas,
psicológicas e cognitivas. Houve assim a automatização de sistemas
produtivos e adaptação às características e capacidades humanas.
Conforme Moraes (2003) estas mudanças possibilitam
[...] maximizar o conforto, a satisfação e o bem estar, garantir a
segurança, minimizar constrangimentos, custos humanos e carga
cognitiva, psíquica e física do operador e/ou usuário e otimizar o
desempenho da tarefa, o rendimento do trabalho e a produtividade
[...]
Os avanços dos estudos ergonômicos juntamente com avanços
tecnológicos dos sistemas de produção, desenvolvimento de outros materiais e
novos processos, resultaram no aprimoramento de padrões de qualidade de
uso, desempenho funcional, conforto e segurança. A ergonomia é utilizada no
estágio inicial de planejamento de um produto e na modificação de
equipamentos existentes, ou seja, é possível iniciar o desenvolvimento já
26
pensando em ergonomia, a qual tornaria o objeto mais eficiente e seguro, ou
adapta-lo seguindo esta ciência, conforme afirmou Iida (2000).
Percebe-se
que
a
ergonomia
é
utilizada
como
instrumento
complementar no desenvolvimento de um produto. É a certeza de que um
produto terá resultados positivos. Pois, assim como no design, a ergonomia se
preocupa primeiramente com o individuo, desenvolvendo produtos adequados
para cada público consumidor.
Segundo Chapani (1994) citado por Moraes (2003)
Ergonomia é um corpo de conhecimentos sobre as habilidades
humanas, limitações humanas e outras características humanas que
são relevantes para o design. Projeto ergonômico é a aplicação da
informação ergonômica ao design de ferramentas, máquinas,
sistemas, tarefas, trabalhos e ambientes para o uso humano seguro,
confortável e efetivo.
Estes requisitos citados por Chapani (1994) são as diversas qualidades
desejadas para a materialização de um produto final.
A tarefa se resume nos termos funcionais, operacionais e ergonômicos
de um produto. Sendo o conjunto de ações do usuário que torna possível
atingir o objetivo de uso do objeto. Quando há problemas relacionados à
dificuldade de utilização do produto, sendo estes, por características
antropométricas, de sexo, de experiência, de grau de instrução, idade ou
habilidade, é porque o projeto não foi bem elaborado juntamente com a
ergonomia, assim deve-se pensar mais no estudo de ações para ter um
resultado positivo.
Já a segurança é a confiança que o produto passa para seu usuário em
relação as suas características funcionais, de percepção, de montagem, entre
outras. É a utilização segura e confiável do objeto. O conforto vem como
condição de comodidade e bem estar, através da ergonomia é possível evitar a
fadiga ou doenças no uso. Outro requisito ligado às características anatômicas
e fisiológicas do corpo humano é a postura. Segundo Gomes (2003) “[...]
define-se postura como a organização dos segmentos corporais no espaço.”
27
Ou seja, as posições em que o corpo se encontra no momento de uso do
produto. Os problemas ergonômicos deste fator estão ligados diretamente com
o conforto, segurança e utilização. Más posturas podem gerar fadiga muscular
e defeitos físicos.
A aplicação de força, conforme afirma Chimenti (2007), é o esforço
necessário para manejo e uso de determinados objetos. É um requisito
importantíssimo de projeto, pois se devem desenvolver peças compatíveis com
níveis de força do usuário, para evitar que estas não estraguem ou quebrem
com facilidade. Fundamental analisar fatores de idade, sexo e biotipo do
individuo.
O ato de manuseio ou operação com qualquer objeto chama-se ações
de manejo. É respectivo a todos os manuseios, desde o mais simples até o
mais complexo, como pilotar um avião. Para estas funções é necessário
analisar os atributos do usuário, englobando a habilidade, sensibilidade, força,
precisão, treinamento e experiência. Verifica-se qual facilidade, percepção,
interação e conhecimento o usuário tem em relação ao produto.
Segundo Moraes (2003), existem diferentes níveis de qualificações de
manuseio, tais como: manejo fino, exige muita habilidade, precisão e
sensibilidade; o médio, que exige certa força, habilidade, precisão e
experiência, já o manejo grosseiro exige muita força, treinamento e precisão.
Mas isto depende também de cada tipo de produto ou situação de uso.
Outro fator já citado, que influencia diretamente na hora de projetar um
produto são as características dos usuários. O biotipo é classificado
antropometricamente, ou seja, por medidas do corpo. São eles: endomorfos,
que possuem formas mais arredondadas, braços curtos com gordura;
mesomorfos são do tipo musculosos, sem gordura; os ectomorfos, que são os
de corpos e membros longos e finos; e por fim a mescla dos três, a qual a
maioria dos indivíduos se encaixa, sendo difícil encontrar um que se encaixe
em apenas um tipo, pois isto depende muito do estilo de vida a qual as
pessoas tem. Já o sexo é um fator muito importante também, principalmente no
quesito força, pois as mulheres ,segundo Gomes (2003), tem 25% menos força
28
que os homens. Assim evidenciando a importância de pensar primeiramente na
adequação a mulher. A idade também exerce uma influência significativa no
desenvolvimento de um produto, pois cada faixa etária pode ter diferentes
experiências, habilidades e forças. Chegando assim ao fator instrução, que é a
capacidade intelectual e emocional do usuário, estes podendo ser tanto
letrados quanto analfabetos.
Segundo Damazio (2008), as ações de percepção agem diretamente
com os sentidos humanos, é a comunicação entre um emissor e um receptor,
assim sendo, quando esta mensagem é transmitida para o usuário significa que
houve interação e aceitação, e por fim há a decisão de escolha. A primeira
ação de percepção é a visão, a qual há a decodificação de cores e formas,
levando-se em conta a acuidade, capacidade de perceber pequenos detalhes,
e a legibilidade, capacidade de perceber a informação imputada ao produto. A
audição é outro elemento em que é possível se aprofundar e complementar um
objeto. O sentido por qual é possível perceber texturas e sensações térmicas é
o tato, este sendo uma alternativa para cativar o publico em foco. A partir do
sentido sinestésico é possível a percepção dos movimentos do corpo sem
acompanhamento visual, ou seja, utilizando um produto sem controle visual,
por exemplo, acionando pedais sem olhar.
A escolha do material é crucial na hora de fabricar um produto, pois
através dele é possível obter o resultado desejado. Esta escolha pode ser
estabelecida através de vários critérios de análises de materiais, tais como as
dimensões, forma, peso, resistência mecânica, resistência ao desgaste,
facilidade de fabricação e de montagem, custo e durabilidade. Segundo Cybis
(2007), para selecionar o material para o produto, além destes critérios,
existem outros fatores que implicam como qual a forma do produto, qual a cor
desejada, se terá transparência, se será possível reciclar o produto, qual o
tempo de vida e investimento previsto para o produto. Adequar a matéria às
funções
de
uso,
técnicas,
perceptivas
e
estéticas
é
essencial
no
desenvolvimento do projeto. A ergonomia não é mais colocada como opção no
planejamento de produtos, mas sim parte integrante e essencial no design.
29
2.3 O ATO DE ACAMPAR
O hábito de acampar tem crescido cada vez mais ao passar dos anos,
por conta da mudança de hábito e cultura da sociedade. Segundo Trigo (1998)
acampar se tornou um hábito mais prazeroso e econômico encontrado pelas
pessoas que cansaram do caos das cidades e das atividades que nelas
existem. O sentido é resgatar a vivência junto à natureza que foram esquecidas
com a cultura urbana. O acampamento traz o sentimento de solidariedade
perante outros campistas, como também, perante a natureza.
Segundo Civitate (2000), a escolha do lugar para acampar depende do
objetivo do campista nesta atividade. Existem lugares propícios para
acampamento, com uma infra-estrutura já montada com banheiros e cozinhas
comunitárias. Nestes lugares terão outros campistas e é uma opção mais
relaxante, pois também possui energia elétrica, tornando o hábito mais prático,
assim podendo aproveitar outras atividades propostas pelo ambiente escolhido.
Existe também o acampamento selvagem, ou seja, é um ambiente que não
possui infra-estrutura apta para esta atividade, sendo que as instalações
devem ser providenciadas pelos campistas. Este tipo de acampamento é mais
atrativo para os olhos de pessoas que gostam de ter um encontro maior com a
natureza. É uma atividade que precisa de maior preparação para enfrentá-la e
conseguir aproveitar, pois é necessário levar mais objetos do que em um
acampamento organizado.
Conforme Pivari (2007), em um acampamento a alimentação saudável é
essencial para se desfrutar de uma boa estadia. Pois geralmente existem
atividades que exigem mais da energia corporal, como por exemplo, trilhas. Os
exercícios que podem ser praticados junto à natureza são diversos, tais como
caminhadas, trilhas, mergulho e alpinismo. Estes fazem com que o
acampamento seja mais divertido e que haja uma aproximação maior com o
meio ambiente. A preocupação com a natureza e com o local onde se acampa
é essencial para que esta prática possa se repetir. Estas preocupações
englobam economizar recursos naturais e evitar jogar materiais não
degradáveis no solo ou em rios.
30
O acampamento, nas suas mais variadas formas, atinge pessoas de
todas as classes sociais e faixas etárias. É uma atividade que atrai e aproxima
pessoas, trazendo mais prazer e harmonia em suas vidas.
Rodrigues
(2003)
afirma
que
a
fadiga
com
instrumentos
de
acampamento, tais como mochila e barraca, faz com que esta atividade não
seja apropriadamente aproveitada, isto pelo fato de que as pessoas que tem o
acampar como uma atividade de prazer e relaxamento, acabam se estressando
e não tendo a experiência esperada.
Conforme Gal (2008), a mochila é um objeto essencial para o
acampamento, e também para diversas outras atividades que envolvem o
deslocamento do usuário de um local ao outro. É uma maneira de se
locomover e de viajar.
Os indígenas tinham diversos sistemas de carregar seus pertences.
Objetos mais pesados eram levados nas costas de animais, já outros eram
carregados em modelos de cestos feitos de fibra natural ou couro nas próprias
costas. A imagem 01 mostra um exemplo de cesto utilizado pelos índios que
era produzido de forma artesanal, o qual tinha grande resistência e a principal
função era carregar alimentos para levá-los até a tribo.
Imagem 01: Cesto de fibra natural
Fonte: Nadia Gal (2008)
Em alguns casos, as mochilas tinham armações de madeira ou bambu,
onde era possível amarrar os objetos. As alças eram presas aos ombros, à
cintura e até mesmo na testa, conforme a imagem 02. Após as colonizações
nas Américas, os subjugados eram quem carregavam os pertences. Com o
31
desaparecimento das doenças que mataram milhares no século XIX e início do
século XX, apareceram as mochilas propriamente ditas.
Imagem 02: Cesto estruturado com bambu preso à testa
Fonte: Ruffaldi (1999)
A mochila aparece como instrumento de vida prática, principalmente na
vida dos soldados americanos. Pois nas grandes guerras as distâncias
percorridas eram longas, fazendo com que os soldados necessitassem levar
mais suprimentos para sobreviver durante esta época de conflitos.
Na guerra do Paraguain segundo Gal (2008), é onde se identifica os
primeiros modelos de mochilas utilizadas por soldados com alças para os dois
ombros, já na I Guerra Mundial a grande maioria já utilizava mochilas. Mas na II
Guerra Mundial foi onde as mochilas foram usadas intensamente, fazendo com
que elas fossem produzidas em grande escala e com boa qualidade. No pós
guerra, os equipamentos militares sem uso começaram a serem vendidos nas
lojas por preços baixos, as quais eram freqüentadas por um publico que
freqüentavam as florestas e montanhas. Com isto intensificando as atividades
junto à natureza.
Nos anos 50 percebe-se a necessidade de mochilas maiores, vindo
juntamente com o aumento do consumo e maiores interesses em viagens do
32
estilo “mochilão”, que são viagens, sem muita comodidade, feitas apenas com
uma mochila, onde nela estão todos os pertences do usuário. Surgem assim as
armações inspiradas nas armações de madeiras utilizadas pelos índios. Dick
Kelty cria a primeira mochila de armação externa, como verifica-se na imagem
03, que continua em produção até os dias de hoje.
Imagem 03: Primeira mochila de armação externa
Fonte: Drollinger (2007)
Estas mochilas apresentam capacidade de carga elevada e conforto
extremo. Mas, por outro lado, tem aspectos que atrapalham na hora do uso,
pois as armações engancham em galhos e dificulta a passagem por caminhos
estreitos.
Devido a estes fatores negativos, as mochilas de armação interna foram
se popularizando, e os processos de fabricação se tornando mais simples.
Estas têm maior conforto e transferem o peso da carga para as estruturas da
mochila e não para o usuário. Surgem assim diferentes tamanhos e estilos de
mochilas.
A barraca é outro fator que se deve ter atenção na hora de acampar,
pois ela irá abrigar o usuário, sendo assim deve ser resistente e com materiais
adequados. A montagem dela deve ser prática para não desgastar o usuário e
33
não
tomar
tempo enquanto este
poderia
aproveitar e
desfrutar
do
acampamento.
A origem da barraca não tem local nem data determinada. É um objeto
que surgiu em diferentes povos e locais, onde estes sequer tinham ligações um
com o outro. Foi a forma que encontraram para se protegerem e abrigarem
suas famílias. É possível perceber a influencia da cultura em cada tipo de
abrigo.
Os povos nômades a cada certo período de tempo mudavam-se de local
em busca de alimento. Assim seu abrigo era feito de forma mais simples,
utilizando madeira para suporte e tecido ou palha para cobrir, conforme Jack
(2005), exemplificado na imagem 04. Já os esquimós, não viviam em grandes
grupos, e moravam em locais com climas extremamente baixos, estes tinham
como abrigo o iglu, que era feito de neve. Sendo esta um excelente isolante
mantendo a temperatura no interior agradável. O povo indígena, ao contrario
dos esquimós, viviam, e ainda vivem, em grandes aldeias, onde a família
possui vários integrantes. As ocas são utilizadas por eles como abrigo, estas
são dispostas em círculos e tem forma elíptica.
Imagem 04: barracas de nômades
Fonte: Drollinger (2007)
34
Portanto, só a partir da I Guerra Mundial as barracas foram produzidas
industrialmente, onde vários soldados foram enviados para lugares longes e
desconhecidos, e assim tentavam sobreviver em condições extremas,
necessitando de abrigo seguro.
No século XX, aconteceram as conquistas das grandes montanhas,
assim necessitando apropriar as barracas já existentes, tornando-as fortes,
resistentes e ao mesmo tempo leves. Hoje em dia a produção e inovação neste
produto são abundantes. Os materiais utilizados são variados, fazendo com
que o uso seja mais eficiente.
Assim, com utensílios aptos, o acampamento se torna um hábito
prazeroso e que a cada dia existem mais pessoas que o tem como uma
atividade de lazer e integração.
35
3
DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE DESIGN
3.1 METODOLOGIA DO PROJETO DE DESIGN
A metodologia aplicada para o desenvolvimento deste projeto, é a do
método
aberta
ou
também
conhecida
como
MD3E
–
Método
de
Desdobramento em 3 (três) Etapas. Esta metodologia foi desenvolvida pelo
professor e doutor em Design Flavio Anthero dos Santos (2006). Este foi
desenvolvido para sua tese de doutorado, onde ele percebeu que os métodos
que estavam sendo usados até o presente momento eram pouco adaptáveis e
dificultavam o uso de alunos que iniciavam o curso de design. Resolveu assim,
criar um método mais flexível e adaptável, ou seja, as etapas do projeto são
feitas pelo usuário da forma que lhe for mais interessante e é possível adaptála com outras metodologias. Esta metodologia possui estrutura radial, ilustrada
na imagem 06, o qual possibilita a visualização do projeto como um todo.
Partindo de uma base circular que durante o processo vai se desdobrando e
expandindo-se.
Imagem 06: Estrutura radial
Fonte: Santos (2006)
36
As
etapas
básicas,
conforme
Santos
(2006),
para
iniciar
os
desdobramentos e desenvolver o projeto com características mais pessoais e
com assuntos melhores estudados são:
a) Pré-concepção: definir todas as atividades que precisam ser
desenvolvidas antes da geração de alternativas. Envolve o planejamento
do projeto, que possui o cronograma, investimentos, tecnologias a serem
utilizada, análise do problema, que engloba o conceito, temática,
pesquisas. E também atributos do produto, tendo elementos funcionais,
estéticos, formais e simbólicos;
b) concepção: envolve três etapas: Caminhos criativos, através de
painéis imagéticos, geração de alternativas, onde são desenhadas
opções baseadas nas pesquisas realizadas, conceitos e temática, e a
seleção e adequação, que é onde há a escolha da melhor alternativa
para se desenvolver;
c) pós-concepção: onde se define todas as atividades a serem
desenvolvidas após a definição da melhor solução. Envolvendo
componentes, que são as partes do produto, os processos de fabricação
e materiais de cada componente, e por fim o documento escrito com
todo o projeto, tendo desenho técnico e rendering.
Após desenvolver as etapas básicas serão traçados assuntos nos
seguintes níveis que estão diretamente ligados aos citados anteriormente.
Assim planejando o projeto focado nas etapas de desenvolvimento, dando
maior flexibilidade e visualização do projeto como um todo.
37
3.1.1 Metodologia do projeto adaptada
A metodologia aberta desenvolvida por Flávio Anthero dos Santos
possibilita selecionar os assuntos a serem abordados e trabalhados no projeto
de design conforme habilidades do designer ou estudante de design.
Com isto, no presente projeto as etapas foram escolhidas e
desenvolvidas de acordo com características e afinidades da autora. Estas
fases foram separadas nos seguintes subtítulos: a fase de pré-concepção
possui coleta e análise de dados, onde terão dados técnicos e suas análises de
dados ergonômicos antropométricos, que irá auxiliar na definição de medidas,
pesos e volumes da mochila e barraca, além de análises sobre produtos
similares e público e por seguinte, atributos do produto, que definirá
características do projeto, tais como atributos funcionais, estéticos e
simbólicos, como verifica-se na imagem 07.
Imagem 07: Fase pré-concepção
Fonte: a autora
38
A coleta de dados iniciou por questionários realizados via internet em
sites de relacionamentos e fóruns de discussão. Pesquisas bibliográficas e via
internet sobre o tema do projeto foram realizadas logo após os questionários.
Foram coletadas informações técnicas sobre antropometria, mochilas,
barracas e similares. O público definiu-se a partir de pesquisas via internet e de
campo.
A concepção envolverá os caminhos criativos; geração de alternativa; e
por fim, seleção e adequação da alternativa, que se dará pela matriz de
avaliação, na imagem 08 é ilustrada esta fase. Os painéis imagéticos trazem os
conceitos determinados pela autora, e a partir deles foram desenvolvidas as
alternativas.
Imagem 08: Fase concepção
Fonte: a autora
39
Por último, tem-se a fase da pós-concepção. Esta apresenta os
componentes do projeto, com detalhes dos materiais e processos, que são:
barrigueira, alças, bolsos, tampa, costado e acabamentos. Após é desenvolvido
o desenho 3D virtual, os desenhos técnicos e as fichas técnicas de cada
componente, a imagem 09 ilustra estes passos na metodologia MD3E.
Imagem 09: Fase pós-concepção
Fonte: a autora
A determinação dos passos a se tomar torna mais fácil o processo de
desenvolvimento do projeto. Tem-se uma visão geral de todas as fases e
desdobramentos, como é exemplificado na imagem 10.
40
Imagem 10: Metodologia MD3E
Fonte: a autora
Após a fase de planejamento da metodologia, são desenvolvidas as
outras fases determinadas pela autora.
3.2 PROJETO DE DESIGN
3.2.1 Coleta e análise de dados
41
3.2.1.1 Dados ergonômicos antropométricos
A antropometria é a parte da ergonomia que estuda as medidas do
corpo humano.
As medidas antropométricas são indispensáveis para se
projetar um produto, pois é a partir dela que é possível a adequação do objeto
para o usuário.
As medidas antropométricas variam de país para país, pois o fisiotipo é
diferente nas variadas etnias. No Brasil há grandes variações também, isto é
influenciado também pelo estilo de vida que o consumidor tem. Outra variação
significativa é entre sexos, conforme afirma Iida (2000), homens e mulheres
diferenciam-se entre si desde o nascimento. Sendo que os meninos são 0,6
mais compridos e 0.2 kg mais pesados ,em média, do que as meninas. Na fase
adulta, o homem apresenta tórax maior, ombros mais largos, braços mais
longos e pés maiores. Já as mulheres possuem ombros estreitos, tórax menor
e bacia mais larga.
A tabela de norma alemã DIN 33402 de junho de 1981, é uma das
tabelas mais completas, que possui medidas de 54 variáveis do corpo humano.
Na imagem 11 é ilustrada as principais variáveis usadas em medidas de
antropometria estática do corpo humano.
Imagem 11: Variações corpo em pé
Fonte: Iida (2000)
42
A partir da tabela alemã DIN 33402, realizou-se um levantamento
antropométrico brasileiro, com medidas de 400 trabalhadores de fábricas e 100
trabalhadores de escritórios na região de São Paulo. A tabela 1 apresenta as
medidas antropométricas de mulheres colhidas nesta pesquisa, a numeração é
diretamente relacionada às da tabela 01. A medida colocada na tabela como
D.P. é o desvio padrão que há da média calculada.
Medidas
Antropométricas
5%
50%
95%
Média
D.P.
estática (cm)
1.1 Estatura
149
159
169
158,8
6,13
1.2 Altura dos olhos
138,5
147,5
157,5
147,6
5,98
1.3 Altura dos ombros
122
131
139,5
131
5,45
dos 92,5
99,5
107
99,5
4,29
1.5 Altura das mãos
56,5
61,5
67
61,8
3,31
1.9 Largura do tronco
34
38
44
38,9
3,27
1.10 largura do quadril
33
39
45
39,1
4,03
1.4
Altura
cotovelos
Tabela 01: medidas antropométricas femininas
Fonte: Iida (2000)
As medidas são classificas em 5%, 50% e 95%, sendo a primeira e
ultima classificação os extremos da população, que possui as medidas mais
extremas. Já os 50% é a medida média da população. Um produto deve pensar
em todos os usuários e suas variações, sendo assim importante utilizar as
medidas de 5% a 95%. Na tabela 02 é apresentada as medidas
antropométricas dos homens.
43
Medidas
Antropométricas
5%
50%
95%
Média
D.P.
estática (cm)
1.1 Estatura
160
171,5
183,5
171,5
6,79
1.2 Altura dos olhos
149
159,5
172
160
6,61
1.3 Altura dos ombros
133
143
154,5
143,2
6,46
1.4 Altura dos cotovelos
100,5
109
118
109,1
5,31
1.5 Altura das mãos
59,5
66
73
66,1
4,31
1.9 Largura do tronco
36
43
49
42,8
4,70
1.10 largura do quadril
29
36
42
35,5
3,63
Tabela 02: medidas antropométricas masculinas
Fonte: Iida (2000)
As medidas analisadas com mais atenção foram a da largura do tronco e
do quadril, pois é onde a mochila é apoiada e onde o peso é segurado. Na
imagem 12 é ilustrada a forma como o peso é distribuído no corpo do usuário.
Imagem 12: Forma como o peso é distribuído
Fonte: Curtlo
44
O peso é outro fator a se analisar, conforme Gomes Filho (2003), o peso
da mochila deve ser 10% do peso do usuário, isto para ser mais confortável o
uso, evitar a fadiga, e outro fator é o peso estipulado pelos aeroportos para
viajar, que é de 21 Kg.
Imagem 13: Lugares apropriados para colocar os objetos
Fonte: Curtlo
O maior peso deve ser colocado na parte inferior da mochila, para que
seja possível o apoio nos ossos da bacia e/ou também colocados na parte
junto às costas, equilibrando o peso entre quadril e ombros. Na imagem 13 é
possível verificar onde é apropriado colocar os objetos conforme seu peso.
Assim, o centro da gravidade irá se localizar na região lombar.
3.2.1.2 Mochila
A mochila é uma representante da liberdade, passando a imagem de
que com ela é possível chegar onde quiser apenas usando uma mochila.
Sendo assim, esta precisa ser resistente e de boa qualidade para que não
dificulte o uso durante o percurso em que ela é utilizada.
45
As mochilas de uso diário variam de 10 a 40 litros, ilustradas na imagem
14. Elas possuem variados bolsos que ajudam na hora de organizar os objetos.
As mochilas de uso tanto diário como uso em trilhas e passeios vão de 40 a 60
litros, as mochilas com maior capacidade de carga, são as chamadas
cargueiras, que são propícias para viagens maiores ou se necessitar de maior
carga.
Mochila 10 Litros
Mochila 60 Litros
Imagem 14: Tipos de mochilas
Fonte: Curtlo
Na escolha de uma mochila é preciso analisar se esta irá se adaptar ao
corpo, se a costura é bem feita e qual material foi utilizado para a fabricação.
Existem variados materiais e tecidos utilizados neste produto, alguns com
menor qualidade e outros muito resistentes à abrasão. As regulagens são feitas
por fivelas, botões e zíperes. Elas estão presentes em diferentes locais da
mochila, como nas alças, costas, bolsos e barrigueira. As alças são essenciais
para regular a mochila ao corpo do usuário, se estas não forem confortáveis e
com boa regulagem a fadiga aparece com pouco tempo de uso. A barrigueira é
um cinto largo que tem a função de transferir o peso para a bacia, geralmente
possui fitas ao lado para regulagens laterais. O acesso à mochila pode ser
46
tanto na parte superior, quanto inferior ou até mesmo acessos frontais e nas
costas.
Os materiais e acessórios presentes na mochila refletem diretamente no
peso da mesma. Esta não pode pesar muito, pois o peso da mochila mais o
volume dos objetos que nela são colocados podem prejudicar o uso e afetar na
prática do acampamento ou trilhas. Os materiais e acabamentos são os
elementos que proporcionam uma qualidade boa ou não. O tecido escolhido
para a produção da mochila deve ser resistente à abrasão e leve. Alguns dos
tecidos mais utilizados em mochilas são: nylon 400 denier¹, poliéster 600
denier, lã, algodão, polipropileno e Cordura® 100 – 600 denier. A lã, o
polipropileno e o algodão são os tecidos menos resistente, que em um teste
realizado pela empresa Curtlo, foi constatado que tem menos resistência em
abrasão, como ilustrado na imagem 15. Já o nylon, poliéster e Cordura® são os
tecidos que resistem por número maior de ciclos de uso, além de serem
impermeáveis.
47
Imagem 15: Testes de resistência à abrasão
Fonte: Curtlo
O tecido Cordura® é marca registrada da empresa InvistaTM. É um
tecido produzido com fios de poliamida 6.6 de alta tenacidade. Possui
resistência à ruptura acima da média de outros tecidos, apresenta alta
resistência à abrasão, rasgamento e perfuração. Cordura® pode ser tingido ou
estampado, além de ser fácil de lavar, secar e ser leve. Geralmente é revestido
com resinas ou Teflon, a qual se torna impermeável a água, óleo e retarda
chamas. Este tecido pode ser produzido com fios lisos, indo de 210 denier à
840 denier, ou pode ser texturizados, sendo utilizados fiode de 500 denier à
1000 denier. Os fio lisos possuem maior resistência à ruptura, já os
texturizados tem grande resistência à abrasão.
A mochila será produzida com o tecido Cordura® 1000 denier, sendo o
tecido texturizado, possuindo grande diferença e resistência comparado à
outros tecidos. As partes onde serão utilizadas este tecido serão o
compartimento superior e inferior, os bolsos laterais, a tampa e as alças como
revestimento da espuma 18 mm. Outro fator para que o ciclo de vida da
48
mochila seja longo é o tipo de costura do tecido em áreas de grande tração.
Esta deve ser dupla para que resista à ruptura.
O costado do tecido é produzido com tecnologia Dry System,
desenvolvida pela empresa Curtlo. É um tecido aerado, ilustrado na imagem
16, com três camadas que transporta o vapor e umidade através de controle
termostático. Este permite a circulação do ar e diminui o suor e o calor,
proporcionando mais conforto.
Imagem 16: Tecido aerado
Fonte: Curtlo
Este tecido não deixa o suor em contato com a pele do usuário,
mantendo-o mais seco e protegido. O costado é feito de forma côncava,
apoiando a parte superior e inferior nas costas do usuário, assim sendo
possível a passagem de ar para resfriamento, ilustrado na imagem 17.
49
Imagem 17: Costado côncavo
Fonte: Curtlo
As alças feitas com tecido Cordura® 1000 denier revestindo a espuma
EVA 18 mm. Elas possuem regulagens de altura nas costas, sendo possível a
utilização por qualquer medida de estatura do usuário, mostradas na imagem
18.
Imagem 18: Regulagem da altura das alças
Fonte: Curtlo
As alças também possuem regulagens para aproximar nas costas a
mochila, conforme imagem 19, equilibrando o peso entre os ombros. Assim,
50
possível facilitar o carregamento da mochila. Também é ilustrado o
estabilizador de peso peitoral, que ajuda a aliviar o peso dos ombros.
Imagem 19: Regulagens alças
Fonte: Curtlo
A barrigueira serve para transferir o peso dos ombros para a bacia do
corpo do usuário, ela é feita de tecido Cordura® 1000 denier revestindo a
espuma 18 mm. Nela possuem alças para regulagem do tamanho do quadril,
exemplificada na imagem 20.
Imagem 20: Regulagem barrigueira
Fonte: Curtlo
O sistema lady fit, é um sistema de regulagem para o corpo feminino,
podendo ajustar à cintura da mulher. Este é representado na imagem 21.
51
Imagem 21: Sistema Lady Fit
Fonte: Curtlo
Com estes sistemas e tecnologias torna o uso da mochila mais
confortável e duradouro, tornando possível grandes ciclos de uso sem fadiga.
Analisando as pesquisas realizadas, verificou-se que os usuários não
utilizam a mochila de 75L para ir fazer trilhas ou visitar cachoeiras enquanto
estão acampando, verificando esta necessidade, desenvolver uma mochila
menor para levar poucos objetos para passar algumas horas somente é
essencial. E para não ocupar mais espaço dentro da mochila, pensou-se em
projetar uma mochila de 10L que seja destacável da mochila de 75L. Assim o
usuário poderá escolher se quer utiliza-la ou não, além de ter mais um
compartimento para guardar os utensílios.
3.2.1.3 Barraca
A barraca é um utensílio essencial para o acampamento, ela deve
resistir as mais variadas temperaturas climáticas. Existem 3 tipos principais de
barracas, a iglu que é a mais utilizada, possui vários modelos e sua armação é
de fibra de carbono ou de alumínio, é leve e prática. Algumas possuem teto
duplo, o qual ajuda a evitar a passagem de umidade para o interior da barraca.
existe também a barraca bangalô, que possui um formato mais quadrado e
possui divisões em seu interior. É ideal para famílias, já que possui estrutura
grande, porém é pesada pelo fato de ser feita de lona e armação de aço. Sua
52
montagem é mais trabalhosa, sendo mais eficientes em acampamentos onde
não precise carregá-la por muito tempo e que dure vários dias. A barraca tipo
canadense possui um formato mais triangular e possui armação de aço. É
durável e pesada para grandes caminhadas.
Elas devem possuir costuras reforçadas e são equipadas com 3 ou 4
armações. As varetas devem resistir à flexão e ruptura durante um tempo com
muito vento ou neve. As feitas de alumínio são as mais confiáveis e resistentes.
Existem variados tipos de tecidos para utilizar em uma barraca. O
algodão é um tecido simples, mas pesado e apodrece facilmente. O nylon
poliamida tem grande resistência, não apodrece, é leve e elástico. Já o nylon
ripstop possui mais linhas de reforço do que o anterior é ideal para a relação
peso/resistência. Todavia o poliéster possui grande resistência ao rasgo. Não
apodrece e nem deforma sob ação da umidade. É leve, entretanto, não possui
grande elasticidade.
Os revestimentos podem ser feitos com: silicone é leve, durável, elástico
e protege do raio ultravioleta; o poliuretano é impermeável a baixas
temperaturas; e o PVC é barato, pesado e pode rachar em baixas
temperaturas.
As barracas mais utilizadas são de 2/3 a 3/4 lugares. Na imagem 22
ilustra as medidas e pesos destes produtos.
Imagem 22: Medidas e pesos da barraca iglu
Fonte: Nautika (2007)
53
A barraca será acoplada no compartimento inferior da mochila, onde irá
reverter o peso para a parte lombar das costas.
3.2.1.4 Similares
A pesquisa realizada dos similares foi via internet, analisando sites de
vendas deste produto, fóruns relacionados ao tema e sites de relacionamentos.
No site mochileiros, verificou-se nos fóruns de debates que havia uma votação
com o nome “Qual a marca de sua mochila?”, a qual foi votada por 127
usuários do produto mochila. Na imagem 23 é possível analisar a votação que
foi realizada a partir de 2007.
Imagem 23: Votação “Qual a marca de sua mochila?”
Fonte: Mochileiros
54
Com este gráfico é possível verificar que a marca mais utilizada de
mochilas é a Trilhas e Rumos, que é uma marca brasileira com grande
qualidade, onde 31% dos votantes possuem mochila desta marca. Na imagem
24 estão alguns exemplos das mochilas desta marca. As mochilas de 75L
variam de 200,00 reais a 500,00 reais, segundo consta no site da própria
marca.
Imagem 24: Mochilas Trilhas & Rumos
Fonte: Trilhas & Rumos
Em segundo lugar, com 24% dos votos, é a marca Deuter, esta marca
teve sua origem na Alemanha, e conquistou seu espaço em vários países.
Possui uma grande variedade de produtos relacionados a viagens. Seus
produtos de 75L possuem preços que variam de R$ 530,00 a R$ 900,00. Na
imagem .25 estão as fotografias de algumas mochilas da marca Deuter.
Imagem 25: Mochilas Deuter
Fonte: Deuter
55
A marca que ficou em terceiro lugar na votação realizada no site
mochileiros é a Curtlo. Esta marca é brasileira e cada vez mais vem
conquistando seu espaço no mercado com produtos de qualidade e
esteticamente atraentes. As mochilas de 75L da Curtlo variam de R$ 200,00 a
R$ 500,00. é possível verificar suas característica na imagem.26.
Imagem 26: Mochilas Curtlo
Fonte: Curtlo
Os produtos similares possuem grandes semelhanças entre si, isto pelo
fato de serem características atraentes para os usuários. Analisa-se que todos
possuem a barrigueira para apoio do peso sobre os ossos da bacia, além de
possuírem bolsos laterais expansíveis e divisão em dois compartimentos, onde
um tem acesso ao outro.
3.2.1.5 Público
A vida urbana está cada vez mais estressante e entediante, devido a
estes fatores, a população está a procura de atividades relaxantes e que lhes
traga bem estar. Uma destas atividades é o acampamento, que a cada ano
cresce mais o número de campistas.
56
O público que resolve partir para esta atividade está cansado da rotina
que a cidade traz, até mesmo na área do lazer. Este público que esta entre 25
a 35 anos de idade, o qual já possui um emprego e renda estável, e que pensa
em aproveitar a vida com seu espírito aventureiro. É um público que possui
graduação geralmente nas áreas de biologia, naturologia, oceanografia,
história, geografia e até mesmo em áreas como medicina e odontologia.
Indiferente, são pessoas que gostam da natureza, de conviver com ela e que a
respeitam.
Possui uma renda mensal que é possível ter uma vida confortável e ter a
possibilidade de poder sair da cidade sem grandes preocupações. É um
público que aprecia as artes de maneira geral, possui um lado espiritual
desenvolvido, independente qual seja. O acampamento é uma atividade que
abrange tanto homens quanto mulheres.
O público tem espírito livre e aventureiro, aceita aventuras e desafios
sem pensar duas vezes. Gosta de viajar e conhecer novas culturas sem se
prender a nada e a ninguém.
3.2.2 Atributos do produto
A mochila tem como função transportar objetos do usuário até o local
desejado. Assim possuindo várias divisões e bolsos para melhor organizar os
utensílios. A mochila terá bolso na tampa da mochila, onde se devem carregar
objetos leves, bolsos laterais e frontais para objetos mais pesados. No seu
interior possuirá dois compartimentos, sendo o primeiro para guardar utensílios
e no compartimento inferior para guardar a barraca dobrada. As alças terão
regulagens tanto de altura quanto de tamanho. Regulagem na tampa da
mochila e também nas laterais. E para carregá-la de forma confortável, terá
apoio lombar e barrigueira.
57
A mochila precisa ser leve, através de cores e formas como também
através de materiais escolhidos para seus componentes. Além de ser
ergonômica, tornando o uso mais agradável, e também deve ser um produto
prático, que seja eficiente na hora de transportar os pertences.
As cores ajudam a transmitir juntamente com a forma do produto a
mensagem desejada. Ela pode tanto atrair ou expelir o usuário. Como o hábito
de acampar envolve natureza, geralmente as mochilas apresentam cores
escuras, pois elas sujam facilmente. As cores mais utilizadas são preto, verde,
vermelho, amarelo e azul. O preto transmite sofisticação, modernidade,
anonimato e poder. A cor verde passa a mensagem de natureza, jovialidade e
boa sorte. Os sentimentos de paixão, força e energia vêm da cor vermelha, o
otimismo, alegria e riqueza da cor amarela e a cor azul transmite segurança,
conforto e confiança.
O espírito de aventura e natureza será representado fisicamente pela
mochila, mostrando como é bom conviver junto à natureza e desfrutar com
respeito. Trazendo a liberdade que muitas pessoas ainda não encontraram, a
liberdade de ir e vir quando quiser.
3.2.3 Caminhos criativos
Para aguçar a criatividade foram feitos painéis imagéticos. As imagens
foram pesquisadas na internet, mostrando os conceitos e aspectos simbólicos
do produto. Todos os conceitos elencados foram determinados pela autora.
O primeiro painel imagético traz três conceitos sobre mochila, a partir
deles, imagens foram selecionadas para ilustrar e exemplificar. A imagem 27
ilustra o esquema realizado.
58
Imagem 27: Conceitos mochila
Fonte: a autora
A ergonomia foi o primeiro conceito determinado para a mochila, é um
aspecto essencial no desenvolvimento deste produto, pois é com ele que é
possível o conforto, segurança, leveza e praticidade, através da adequação do
produto ao usuário.
O segundo conceito elencado foi a multifuncionalidade, ou seja, a
mochila ter várias funções para facilitar o uso. E por fim, o conceito liberdade,
que com apenas uma mochila o consumidor poderá escolher o caminho a
trilhar.
O seguinte painel imagético, presente na imagem 28, traz os conceitos
do público alvo, o qual são pessoas que gostam de aventura, tem espírito livre
e são financeiramente estáveis.
Imagem 28: Conceitos público
Fonte: a autora
59
O público aventureiro busca a todo o momento estar conhecendo
lugares diferentes e alguns não explorados ainda, se misturando com a
natureza e a respeitando. A pessoa aventureira traz consigo o espírito livre,
que envolve a idéia de estar em qualquer lugar quando quiser. E para este
conceito se realizar, também é importante o público ser financeiramente
estável, para que o acampamento seja positivo e os utensílios e materiais
sejam adequados para esta atividade.
O último painel imagético ilustra os conceitos dados para o hábito de
acampar, presente na imagem 29. O lazer, a natureza e o bem estar foram as
palavras relacionadas ao acampamento.
Imagem 29: Conceitos acampamento
Fonte: a autora
O ato de acampar traz a idéia de lazer, de ser um refúgio da vida
urbana, onde é capaz encontrar a tranqüilidade e o silêncio não vivenciados
nas cidades, assim trazendo o bem estar para as pessoas. E, a natureza é o
cenário ideal para que haja o acampamento. Com as análises realizadas
através das imagens, será possível desenvolver alternativas que traduzam
estes conceitos determinados.
3.2.4 Geração de Alternativas
As alternativas foram desenvolvidas a partir da análise de dados, tais
como, ergonomia, produtos similares, público alvo e imagens ilustrativas.
60
As duas primeiras alternativas desenvolvidas surgiram do repertório
visual da autora, onde foi desenhado mochilas com poucas diferenciações
funcionais. Na imagem 30 as duas primeiras alternativas são ilustradas.
Imagem 30: Alternativas 1 e 2
Fonte: a autora
O desenho 2 ilustra uma mochila de 75 L que possui uma mochila
pequena de 10 L destacável, sendo possível utiliza-las separadamente.
A alternativa três apresenta variações de bolsos para melhor
organização dos utensílios. A alternativa 4 apresenta aberturas diferentes para
o compartimento maior da mochila, abertura superior, ventral e traseira. Na
imagem 31 é apresentado as duas alternativas.
61
Imagem 31: Alternativas 3 e 4.
Fonte: a autora
Todas as alternativas suprem a necessidade do acoplamento da
barraca, com as mesmas características apresentadas nas alternativas
presentes na imagem 32, tais como, bolsos expansíveis, fitas de compressão,
bolso pequeno para documentos na barrigueira, bolso em tela para hidratação
e rede externa para itens molhados.
Imagem 32: Alternativas 5 e 6.
Fonte: a autora
.
62
Após o desenvolvimento das alternativas, a próxima fase a executar é a
da seleção e adequação, para analisar qual alternativa se adequa mais ao
esperado pelo projeto.
3.2.5 Seleção e Adequação
A ferramenta utilizada para selecionar a alternativa foi a matriz de
avaliação de Gomes (2004), em que as alternativas foram avaliadas com notas
de 1 a 5 em relação aos critérios e em seus pesos, também de 1 a 5. Os
critérios foram baseados a partir das exigências estabelecidas para o produto e
de seus conceitos. A tabela 03 apresenta os pesos e critérios avaliados.
Tabela 03: Tabela de seleção
Fonte: a autora
A partir da avaliação de seleção é possível verificar quais alternativas
apresentam características mais próximas às exigidas pelo projeto. A
alternativa 2 apresenta peso maior nos quesitos praticidade e funcionalidade,
isto devido ao fato de ter uma mochila menor destacável. A alternativa 3
apresenta maior praticidade por possuir mais bolsos para organização, e seus
atributos estéticos vem de encontro com idéias mais orgânicas. A alternativa 4
63
por outro lado possui atributos estéticos mais atraentes, além de ser bastante
funcional com diversos bolsos.
Com isto, estas três alternativas foram selecionadas e adaptadas em um
só objeto, sendo ele a alternativa escolhida para ser desenvolvida e produzida.
3.2.6 Testes de modelo
A partir das informações coletadas e analisadas, foi desenvolvido
moldes com papel paraná de cada compartimento e componente da mochila.
Sendo deixado 2cm a mais nos moldesDesta forma, foram repassados para a
costureira. A montagem do primeiro mock-up está presente no quadro da
imagem 33.
Imagem 33: Teste de modelo 1.
Fonte: a autora
O tecido utilizado para o primeiro teste foi o nylon 600 na cor preta,
sendo que a costura foi simples e de uma passada. Os acabamentos foram
feitos com zíperes e fitas de regulagens. A mochila de 10L foi a primeira a ser
produzida, onde as peças se encaixaram perfeitamente e na medida certa.
64
Imagem 34: Teste de modelo 2.
Fonte: a autora
Para revestir a espuma presente no costado, barrigueira e alças, foi
utilizado tecido aerado, como mostra a imagem 34.
Os componentes foram costurados nas partes que compõem os
compartimentos primeiramente, na imagem 35 é demonstrado o bolso grande
costurado na parte lateral e também o costado e barrigueira costurados na
parte de trás da mochila.
Imagem 35: Teste de modelo 3.
Fonte: a autora
65
As partes dos compartimentos, inferior e superior, foram costuradas e
assim finalizando com a aplicação de forros e elásticos para a entrada superior
da mochila.
Imagem 36: teste de modelo 4.
Fonte: a autora
Na imagem 36 é apresentada duas fotografias da mochila, a primeira
com a mochila de 10L acoplada, e segunda sem ela. Com este modelo
verificaram-se algumas falhas no desenvolvimento dos moldes, pois a mochila
ficou mais comprida e mais larga do que a esperada. Assim ajustes foram
feitos em todas as partes, tais como os bolsos laterais, compartimento superior,
inferior, barrigueira e tampa.
No segundo modelo as alterações demonstraram poucas diferenças em
relação ao primeiro modelo. Neste segundo foi produzido com o tecido nylon
400 preto para a maioria das partes e o nylon 600 azul para os detalhes da
mochila. Na imagem 37 possui algumas fotografias do modelo 2.
66
Imagem 37: teste de modelo 5.
Fonte: a autora
Neste modelo a tampa da mochila não se encaixa com a parte superior
como se deseja. É possível perceber como ela ficou larga em relação ao corpo
do usuário. Sendo assim as medidas da tampa e dos bolsos foram
modificadas, e o corte do compartimento superior também foi mudado para
ficar com formas mais orgânicas como a alternativa escolhida. Os bolsos da
barrigueira, quando usada pelo usuário, ficam em um local que incomoda ao
movimentar os braços, por este motivo o comprimento da barrigueira será
maior e os bolsos se localizarão em frente ao corpo do usuário. As medidas
ficaram maiores pelo fato de que os moldes foram feitos com medidas do
escalímetro e a costureira utilizou fita métrica nas medidas no tecido para o
corte. Com isto se percebe que os materiais de medidas são diferentes
dificultando o desenvolvimento do projeto, e tendo como solução utiilizar a
67
mesma ferramenta de medição que a produção usa. Os detalhes em azul estão
em locais errados e alguns não foram feitos.
3.3.7 Componentes
Os componentes presentes na mochila foram determinados a partir de
estudos de similares e necessidades do público alvo. São eles:
a) Barrigueira: feita de Cordura® 1000 denier revestindo espuma EVA
18mm. Ela serve para que o peso da mochila seja apoiado nos ossos da
bacia, assim não deixa acumular todo o peso nos ombros. Possui fitas
de regulagem, bolso pequeno para guardar documentos ou GPS e um
bolso de tela para hidratação;
b) alças: feita de tecido Cordura® 1000 denier, preenchimento com
espuma EVA 18mm. Possui regulagem de altura, de aproximação da
mochila ao corpo do usuário, regulagem de comprimento e fitas peitorais
para aliviar o peso dos ombros;
c) bolsos: possui bolsos laterais expansíveis, sendo o bolso do lado
esquerdo para colocar as hastes da barraca. Bolso lateral direito
pequeno para objetos menores. Os bolsos são feitos de tecido Cordura®
1000 denier e tem o fechamento com zíperes.
d) tampa: produzida com tecido Cordura® 1000 denier, possui bolso
traseiro na parte superior para guardar a capa de chuva.
e) capa de chuva: feita de nylon 400, sendo este tecido impermeável, e
possui fechamento com elástico.
f) acabamentos: fitas de nylon 3.0 e 4.0, que possuem resistência e
trama de difícil desfiamento. Fechos em nylon poliacetal. Costuras
reforçadas com 2 costuras e lugares com maior atrito 3 costuras.
68
4
RESULTADO DO PROJETO
4.1 Modelo
O modelo virtual foi feito no software Maya 2009. Na imagem 38
exemplifica o modelo final da mochila, sendo que apresenta a mochila de 10L
com a mochila acoplada e na segunda ela destacada.
Imagem 38: Modelo virtual 3D
Fonte: a autora
69
O modelo foi desenvolvido em Nylon 400 preto e nylon 600 verde, que é
impermeável para exemplificar o tecido Cordura®. A mochila de 75L acopla a
barraca no compartimento inferior, possui dois bolsos laterais na direita e um
na esquerda para guardar as hastes da barraca. Na imagem 39 está o modelo
final produzido.
Imagem 39: Modelo final.
Fonte: a autora
70
4.2 Desenhos Técnicos
Os desenhos técnicos e as fichas técnicas foram elaborados no Corel
Draw.
As fichas técnicas foram feitas com cada parte da mochila e com todos
seus detalhamentos, tais como costuras, zíperes e elásticos, como é possível
observar nas fichas técnicas que vão da 01 à 08.
FICHA TÉCNICA
MODELO: TAMPA - MOCHILA PARA
ACAMPAMENTO
REFERÊNCIA: 01/08
TECIDO: CORDURA 1000 DENIER
FORNECEDOR: COUTRE BOLSAS
DESENHO TÉCNICO
71
FICHA TÉCNICA
MODELO: SUPERIOR TAMPA -
REFERÊNCIA: 02/08
TECIDO: CORDURA 1000 DENIER
FORNECEDOR: COUTRE BOLSAS
DESENHO TÉCNICO
72
FICHA TÉCNICA
MODELO: ALÇA MOCHILA
REFERÊNCIA: 03/08
TECIDO: CORDURA 1000 DENIER E
TECIDO AERADO
FORNECEDOR: COUTRE BOLSAS
DESENHO TÉCNICO
73
FICHA TÉCNICA
MODELO: BOLSO MÉDIO LATERAL – 2
PEÇAS
REFERÊNCIA: 04/08
TECIDO: CORDURA 1000 DENIER
FORNECEDOR: COUTRE BOLSAS
DESENHO TÉCNICO
74
FICHA TÉCNICA
MODELO: BOLSO GRANDE LATERAL
REFERÊNCIA: 05/08
TECIDO: CORDURA 1000 DENIER
FORNECEDOR: COUTRE BOLSAS
DESENHO TÉCNICO
75
FICHA TÉCNICA
MODELO: BARRIGUEIRA
REFERÊNCIA: 06/08
TECIDO: CORDURA 1000 DENIER
FORNECEDOR: COUTRE BOLSAS
DESENHO TÉCNICO
76
FICHA TÉCNICA
MODELO: COMPARTIMENTO
SUPERIOR
REFERÊNCIA: 07/08
TECIDO: CORDURA 1000 DENIER
FORNECEDOR: COUTRE BOLSAS
DESENHO TÉCNICO
77
FICHA TÉCNICA
MODELO: COMPARTIMENTO
INFERIOR
REFERÊNCIA: 08/08
TECIDO: CORDURA 1000 DENIER
FORNECEDOR: COUTRE BOLSAS
DESENHO TÉCNICO
78
79
UNOESC
Orientadora: MICHELLE
Acadêmica: DENISE
DESENHO
Medida: m.m.
Escala: 1: 10
TÉCNICO
Data: 15/11/2009
1/1
80
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O processo de design trabalha com sistemas de produção, materiais,
tecnologias, conhecimentos econômicos, culturais e estéticos. Dentro deste
contexto, o desenvolvimento do projeto proporcionou a vivência desses
processos e estimulou a análise, o planejamento, e a implementação dos
conceitos, técnicas e processos de design.
Percebeu-se que quanto o uso de uma metodologia é importante, e
como cada passo é essencial para que o resultado seja alcançado.
Para projetar a mochila com barraca acoplada, se fez necessário
reinventar além da forma, também os conceitos e funções do trabalho. Buscouse atribuir ao produto uma série de significados com valores estéticos,
simbólicos e funcionais, através de formas e cores.
Todos os objetivos, tanto específicos quanto o geral foram estudados e
realizados com vista em desenvolver um produto que possibilite um maior
conforto, tornando assim o ato de acampar mais agradável.
81
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86
ANEXOS
87
Anexo 1 - Dicas para um acampamento
Segundo Sefirah (2008) as principais dicas para um acampamento são:
1 - Escolha um local que seja permitido acampar e avise seus parentes
para onde está indo e quando pretende voltar;
2 - Escolha uma superfície plana, regular, elevada em um ambiente
limpo e arejado para armar sua barraca;
3 - Não acampe perto de rios e praias, dê preferência à terrenos
permeáveis, gramado ou areia, por exemplo. Dessa forma, você evitará
possíveis alagamentos;
4 - Evite lugares com pedras, tocos, e mata muito fechada;
5 - Há diferentes tipos de barracas (bangalô, Canadense, Iglu). Verifique
qual a sua e siga corretamente as instruções de como montá-la;
6- Estique bem o toldo de sua barraca de forma que não encoste-se ao
tecido do quarto. Assim, você evitará passagem de água para o interior
da barraca;
7 - Após armar sua barraca, faça uma canaleta em toda sua volta. Dessa
maneira, você evitará que a água da chuva entre na barraca.
8 - Caso prefira cozinhar no camping, procure fazer uma alimentação
equilibrada;
9 - Se você fizer uma fogueira a noite, acenda-a longe da sua barraca
para evitar possíveis acidentes, utilize gravetos e folhas do chão, evite
cortar árvores e quando for embora cubra com terra o local da sua
fogueira.
10 - Faca, isqueiro e/ou fósforo são essenciais em um acampamento;
11 - Leve sacos de lixo e recolha tudo o que utilizou. Alguns campings
possuem tambores próprios para plásticos, lixo orgânico etc;
12 - Não deixe alimentos ao redor da sua barraca, isso poderá atrair
animais e prejudicar o meio ambiente;
13 - Repelentes são essenciais em um acampamento;
14 - Quando arrumar sua mala para acampar, dobre suas roupas como
um "rolinho" ou "rocambole". Assim, sobrará mais espaço;
15 - Não coloque botijões de gás ou gás descartável dentro das
88
barracas, isso pode gerar graves acidentes;
16 - Mantenha sua barraca sempre limpa;.
17 - Tenha sempre um kit de primeiros socorros. Seu kit deve conter
pelo menos: band-aid, algodão, pomadas para queimaduras e
contusões, analgésico, antitérmico, esparadrapo, gase, Tesoura,
antiácido, atadura, mertiolate e antialérgico (em caso de alergias).